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1
A importância
do tema.
Índice.
A importância deste tema. 3
Definições. 4
O que é? 5
Porque motivo preciso de saber? As crianças e jovens
Roda do poder e controlo. 6 Em Portugal, tal como noutros países, todos os anos, atingidos/as por esta
milhares de crianças e adolescentes são expostos/as
Dados sobre a violência doméstica em Portugal. 7 à violência nas suas casas, nas escolas, nos seus bair- forma de violência
ros e através dos meios de comunicação social. Uma
Impacto nas crianças e adolescentes. 8
proporção significativa destas crianças e jovens está sofrem, frequentemente,
Potenciais impactos em diferentes idades. 9
Sinais de alerta. 10
exposta à violência doméstica – ou seja, ao compor-
tamento abusivo utilizado por uma pessoa para con-
impactos a curto
O que os docentes podem “ver”. 11 trolar e dominar outra, com quem se tem uma relação
íntima ou familiar. As crianças e jovens atingidos/as
e a longo prazo
Como agir quando as crianças ou jovens manifestam perturbações de comportamento. 12 por esta forma de violência sofrem, frequentemente, que podem afectar
Estratégias para o pessoal docente. 14 impactos a curto e a longo prazo que podem afectar
Quando existe violência conjugal. 17
a sua integração na escola. a sua integração
Como apoiar uma criança ou jovem que revela uma situação de violência. 18 ¬¬ As crianças e adolescentes que convivem com na escola.
violência doméstica poderão vir a manifestar pro-
Quando e como denunciar à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens? 20
blemas emocionais e comportamentais, incluindo
Planeamento da segurança. 24 um comportamento violento e agressivo. Correm
Prevenção da violência na escola. 26 ainda um maior risco de serem directamente alvo
de abusos emocionais ou físicos. Estas vivências Como poderá este manual ajudar-me?
Parcerias entre a escola e a comunidade. 28 podem comprometer a aprendizagem e a capaci-
Recursos. 30 dade de consolidar amizades na escola. Este manual contém informações que poderão
ajudar-me a:
¬¬ A identificação precoce das dificuldades pode le-
var a um apoio e a uma intervenção mais rápidos ¬¬ Saber mais acerca da violência doméstica e do seu
e eficazes junto dos/as jovens e das suas famí- impacto em crianças e adolescentes;
lias. O pessoal docente encontra-se numa posi-
ção ideal para perceber quando é que um aluno, ¬¬ Reconhecer os sinais que os alunos e alunas
ou aluna, está a ter problemas. poderão mostrar quando estão a ter problemas.
Ficha Técnica. Pedidos. Estes sinais podem ocorrer por vários motivos, in-
¬¬ A intervenção na escola e as iniciativas de preven- cluindo violência doméstica;
Adaptado da publicação original: Este Manual pode ser adquirido directamente ção podem reduzir o risco e aumentar os factores
Children Exposed to Domestic Violence ou solicitado à Livraria Municipal de Cascais. de protecção das crianças e jovens. Os professo- ¬¬ Aprender formas de apoiar alunos/as e de lidar
Autores: Linda L. Baker, Peter G. Jaffe, Lynda Ashbourne, Janet Carter Preço: 3,50€ (IVA incluído) res e professoras podem ser as pessoas que fa- com os comportamentos problemáticos na escola;
Patrocinado por: The David and Lucile Packard Foundation (Canadá) zem a diferença na vida dos/as alunos/as que têm
ISBN: 1-895953-13-8 Câmara Municipal de Cascais problemas em casa. As escolas podem constituir- ¬¬ Oferecer apoio e informação acerca dos recursos
Morada: Pç. 5 de Outubro, 2754-501 Cascais se como locais de segurança e apoio para crianças disponíveis para os pais, e sobretudo as mães,
Adaptação: Fórum Municipal de Cascais contra a Violência Doméstica Tel. 21 482 53 79 e jovens mais vulneráveis e os adultos que nelas que podem, também elas, ser vítimas de violência
Design: www.ideia-ilimitada.pt Fax. 21 483 69 70 trabalham, podem contribuir para mudar a vida doméstica.
de uma criança afectada pela violência.
ISBN: 978-972-637-198-4
2 3
Cascais, Junho de 2009
Definições. O que é?
Crianças expostas Violência no namoro ¬¬ Ocorre num relacionamento íntimo ou familiar, ac- ¬¬ É uma ofensa criminal em que se utiliza a força
à violência doméstica entre adolescentes tual ou passado; ou ameaça da força física ou sexual;
Maus-tratos a crianças ¬¬ É utilizada para intimidar, humilhar ou assustar ¬¬ Pode representar um risco acrescido para
Agressor/a as vítimas, como forma sistemática de manter a vítima e filhos/as no momento de separação
Também denominado “abuso”, é um termo que se o poder e controlo sobre as mesmas; ou divórcio;
Refere-se às pessoas que são violentas para com aplica à violência física, sexual, emocional e/ou ne-
os companheiros ou companheiras ou filhos/as. gligência exercida sobre filhos/as menores. ¬¬ É um comportamento violento e abusivo que, ¬¬ Resulta num comportamento por parte da vítima
É usado com o mesmo significado de ofensor/a na maioria dos casos, foi aprendido pelo/a que se direcciona para garantir a sobrevivência
ou progenitor/a ofensor/a. agressor/a (p.ex., modelo de comportamento (p.ex., minimizar ou negar a violência, assu-
abusivo na família de origem; comportamento mir a responsabilidade pela violência, proteger
Estratégia de Coping abusivo recompensado – alcança resultados de- o/a agressor/a, consumir álcool ou drogas, au-
sejados para o/a agressor/a); todefesa, procurar ajuda, permanecer na relação
Consiste numa forma de reagir a uma situação emocio- de abuso);
nalmente dolorosa. Às vezes é referida como estratégia
de sobrevivência.
4 5
Roda do poder Dados sobre
e controlo. violência doméstica
em Portugal.
De acordo com os dados do Ministério da Administração Interna, foram regista-
dos pelas forças de segurança, em 2007, 22.063 crimes de violência doméstica,
sendo que entre Janeiro e Outubro de 2008, o número de denúncias nas forças
de segurança ascendia já a 23.462 ocorrências. Trata-se na esmagadora
maioria de casos de violência conjugal, exercida contra mulheres entre
os 25 e os 64 anos de idade.
Crianças em idade
pré-escolar
apropriada, a agressão e a raiva, e a agressão, possivelmente confundidas por mensagens
Assistir, ouvir ou ter conhecimento de que a mãe assim como outras emoções. dissonantes (o que vejo versus o que me dizem).
é maltratada pelo companheiro põe em risco o sentimento Pensam de forma egocêntrica.
Poderão atribuir a violência a algo que tenham feito.
de estabilidade e a segurança das crianças e jovens. Formam ideias sobre o papel
Aprendem os papéis de género associados à violência
de homens e mulheres com base
e à vitimação.
em mensagens sociais.
A instabilidade poderá inibir a autonomia; poderá haver
Aumentam a sua autonomia
comportamentos regressivos.
As crianças e adolescentes poderão sofrer maiores Os/as jovens poderão imitar e aprender as atitudes (vestir-se sozinho/a, etc.).
problemas comportamentais e emocionais. e comportamentos violentos a que assistem em casa
e tomá-los como modelo.
Aumento da consciência emocional Maior consciência das próprias reacções à violência no lar
Adolescentes
de estimação; ¬¬ Visibilidade da situação da mãe dentro da comu- e autonomia em relação à família. ciação com respeito poderão ser mal desenvolvidas devido
nidade; à violência; a transição para a adolescência pode ser mais
¬¬ Falar às crianças de forma negativa acerca do com- Mudanças físicas trazidas
difícil para o/a jovem e para a família.
portamento da vítima; ¬¬ Desconfiança de adultos/as em posições de au- pela puberdade.
toridade (p.ex., agentes da Polícia); Poderão tentar deter a violência fisicamente; poderão utilizar
Aumento da influência dos pares
¬¬ Manter as crianças reféns ou raptá-las para punir o seu crescimento físico para impor a sua vontade através
e desejo de aceitação.
a vítima adulta ou obter condescendência; ¬¬ Preocupação crescente com o secretismo; de intimidação física ou agressão.
Os namoros levantam questões
Poderão ficar socialmente constrangidos/as pela violência
sobre sexo, intimidade e formas
¬¬ Esconder documentos importantes das crianças ¬¬ Isolamento social; de relacionamento.
em casa; poderão tentar afastar-se da violência ficando
(p.ex., certidão de nascimento, cartões de saúde, cada vez mais tempo fora de casa; poderão utilizar estraté-
passaporte). ¬¬ Recursos e apoios limitados; Influência crescente dos meios gias erradas para fugir à violência (p.ex., drogas).
de comunicação social.
Poderão ter dificuldade em estabelecer relacionamentos
¬¬ Racismo; saudáveis; poderão correr maior risco de se envolver em
As crianças e adolescentes poderão manifestar
relações de namoro violentas (p.ex., rapazes como agresso-
uma forte ambivalência sentimental para com o/a ¬¬ Discriminação; res, estereótipos dos papéis masculino/feminino).
8 progenitor/a violento/a: o afecto coexiste com senti- 9
mentos de ressentimento e desapontamento. ¬¬ Falta de documentos. Poderão ser mais influenciados pelas mensagens dos meios
de comunicação social sobre violência e estereótipos dos pa-
péis de género.
Sinais de alerta. O que os docentes
podem “ver”.
As crianças e jovens poderão manifestar determinados sintomas quando convivem com violência domés- Faltar às aulas Violência no Namoro
tica. Estes mesmos sintomas também podem ocorrer por outros motivos (p.ex., morte de pessoa/familiar
próxima, situação habitacional muito precária, violência por parte de colegas, alcoolismo por parte dos pais). O Martim, com 10 anos, foi advertido por faltar A Daniela, com 15 anos, cresceu a assistir à violência
Nestas situações, poderá consultar colegas, supervisores/as ou outros/as profissionais de apoio para discutir às aulas. A carta de advertência questionava se o Mar- constante contra a mãe. Recorda muitas vezes quan-
as suas preocupações. tim estaria a desenvolver uma fobia à escola. Parecia do a mãe e ela iam para uma casa abrigo para esta-
Os sintomas normalmente incluem: especialmente confusa a natureza do seu absentismo rem mais seguras. Conta que odeia o pai e o padrasto
dado que ele ia para a escola de manhã, mas fugia pela forma como trataram a mãe. Está determinada
durante o intervalo da manhã. a não entrar num relacionamento violento. Duran-
¬¬ Mal-estar físico (dor de cabeça, dor de barriga); ¬¬ Dificuldade em prestar atenção nas aulas, Durante a segunda entrevista, o Martim revela que te uma avaliação ordenada pelo tribunal por faltar
em concentrar-se nos trabalhos e em aprender o pai é bastante violento e “bate com força na mãe.” às aulas, a Daniela descreve que o namorado a es-
¬¬ Cansaço; novas matérias; O Martim explica que há dias em que tem de ir a casa bofeteia e lhe dá pontapés. Explica que a culpa é sua
para se certificar de que a sua mãe está bem. Diz porque falou com um rapaz de quem o namorado
¬¬ Preocupação constante com um eventual peri- ¬¬ Explosões de raiva dirigidas ao pessoal docente, que fica na rua e espreita pela janela, pronto a intervir não gosta. Mais tarde, revela que já não se encontra
go ou com a segurança dos membros da famí- a colegas ou a si próprio/a; se a mãe precisar dele. com as suas amigas pois tem de estar em casa, caso
lia (p.ex., necessidade de confirmar se os irmãos o namorado queira estar com ela.
ou irmãs estão bem); ¬¬ Violência ou agressão para com colegas dentro
e fora da sala de aula; Preocupação e Secretismo
¬¬ Tristeza ou afastamento dos/as colegas e das ac- Raiva e Agressão
tividades; ¬¬ Crenças estereotipadas acerca de homens en- O Gonçalo, com 8 anos, está extremamente per-
quanto agressores e mulheres enquanto vítimas. turbado. Acaba por revelar que o seu companheiro O Pedro, com 13 anos, e a sua mãe falam com
¬¬ Baixa auto-estima e falta de confiança, especial- de carteira, o David, estava muito triste durante a aula a assistente social da escola. A mãe está muito preo-
mente ao experimentar coisas novas (incluindo de Matemática. O David tinha dito que a mãe tinha cupada com a falta de respeito verbal do Pedro para
tarefas escolares); saído a meio da noite após uma grande discussão com as professoras quando o repreendem. Também
com o pai. O David acordou durante a noite devido é agressivo fisicamente para com ela quando a mãe
à discussão. Disse ter visto o pai puxar a mãe pelos lhe diz que não pode sair com os amigos. A mãe está
cabelos, arrastando-a pelas escadas. O Gonçalo co- surpreendida com as atitudes do Pedro. Conta que
menta com os pais que o David lhe disse que o mata- ele testemunhou a violência do pai para com ela até
Além dos comportamentos acima mencionados, ria caso ele contasse a alguém. Nenhum dos rapazes aos 8 anos. Relata que tem uma relação muito pró-
os alunos e alunas mais crescidos/as poderão revelar: acabou os exercícios de matemática. xima com o filho e tem orgulho em dizer que um dia
Na semana seguinte, o Gonçalo conta aos pais ele atacou o pai com uma colher de pau para im-
¬¬ Feridas auto-infligidas ou mutilação que o David estava muito zangado com a mãe. Mais pedir que ele a sufocasse. Sabe que o filho odiava
uma vez, durante um teste de Matemática, o David o comportamento violento do pai e está magoada
¬¬ Pensamentos e acções suicidas contou ao Gonçalo que a sua mãe estava com outro e admirada com as agressões do Pedro para com ela
homem e que iria tentar ficar com todo o dinheiro do pai. e as professoras.
¬¬ Alto risco comportamental (incluindo actividades O David também contou que o seu pai nunca magoa-
criminosas e abuso de álcool e drogas) ria a mãe se esta não estivesse a prejudicar a família.
perturbações
que se relacionam com a educação do aluno ou
Os problemas podem ser explicados por diversos fac- aluna, de forma construtiva e não ameaçadora.
tores na vida da criança ou jovem. A exposição à vio-
lência doméstica é apenas uma possibilidade. ¬¬ Pergunte-lhe se notou algo em casa e se tem al-
guma ideia sobre o que poderá estar a contribuir
de comportamento.
para a dificuldade do/a filho/a na escola.
Crie um ambiente seguro e calmo que Assegure-se de que os alunos e alunas Utilize várias estratégias de ensino. Tire partido de oportunidades para
promova o respeito para com os outros. sabem o que esperar. falar com os alunos e alunas sobre re-
Arranje algum tempo, durante o dia na escola, para lações saudáveis, igualdade e o papel
Estabeleça uma norma explícita contra a violência. Faça um plano do dia ou da semana e prepare o/a aluno/a fazer os trabalhos de casa quando este/a do homem e da mulher.
Imponha de forma consistente a não-aceitação os/as alunos/as para as iniciativas. esteja mais disponível para os terminar.
da violência.
Minimize alterações de última hora ao que está Utilize estratégias de aprendizagem em cooperação Lembre-se que algumas actividades
Ensine e recompense a resolução de conflitos programado. que permitam um reforço positivo mais imediato, oca- ou situações podem fazer os/as alu-
de forma não violenta e a cooperação. siões para partilhar e oportunidades de trabalho em nos/as recordarem acontecimentos
Avise antecipadamente sobre eventos futuros. pequenos grupos. perturbadores associados à violência
Incentive modelos de educação, comportamento nas suas casas.
respeitoso e igualdade entre homens e mulheres. Avise antecipadamente sobre aulas ou actividades Pense em formas de estimular fisicamente a sua
futuras em que poderão abordar experiências difíceis. turma, tendo em linha de conta uma variedade de es- Exemplos de acontecimentos ou temas que podem
Promova a cooperação e reduza a competição e situ- tilos de aprendizagem. ser difíceis para crianças ou jovens que convivem com
ações em que os/as alunos/as possam ser humilha- a violência incluem:
dos/as (p.ex: colegas a escolher as equipas). Aumente os laços positivos com a escola. Pergunte regularmente se estão a perceber, para ver
se o que diz ou faz está a ser ouvido e compreendido. ¬¬ Prevenção de álcool/drogas;
Procure uma ligação entre os interesses e capacida- Repita a informação de forma calma.
Forneça experiências e actividades des das crianças ou jovens e as aulas (p.ex. envol- ¬¬ Fazer algo para dar ao pai ou à mãe;
positivas que promovam a segurança, vê-los um projecto especial), a escola (p.ex., ajudar Permita que os/as estudantes utilizem auxiliares
a auto-estima e aprendizagem. auxiliares em determinadas tarefas) ou actividades ex- de aprendizagem, tais como gravadores, calculado- ¬¬ Educação para a prevenção de violência;
tracurriculares (p.ex., grupos temáticos, desportos). ras, mapas de referência e processadores de texto
Reforce de forma positiva os esforços dos alunos – se necessário. ¬¬ Brigas entre colegas;
e das alunas. Encoraje a participação. Interaja com o/a aluno/a
de vez em quando com o intuito de o/a fazer falar ¬¬ Gritos na sala de aula.
Providencie oportunidades de divertimento. acerca do seu envolvimento.
Ensine todos os alunos e alunas a reconhecer Elabore uma lista de colegas (p.ex., conselheiro/a
as suas forças e tente assegurar que todos/as têm mais velho/a) e de adultos/as (p.ex., funcionários/as
algum sucesso. da escola; voluntários/as; profissionais de outras or-
ganizações que acompanham a criança ou jovem) que “A escola serviu como o meu abrigo contra muitas
Respeite os costumes culturais e religiosos possam encorajar e fortalecer a ligação da criança tempestades… Os professores abriram-me portas
dos/as alunos/as. ou jovem à escola.
para mundos que o resto da minha vida tinha fechado.”
Use pessoas famosas, que valorizem a educação
e com quem os alunos e alunas se possam identificar,
como modelos.
14 15
Quando existe
violência conjugal.
Ao planear falar com um dos progenitores que pode
ser vítima de violência doméstica:
16 17
Como apoiar
uma criança ou jovem
que revela uma O pessoal docente poderá ser confrontado com revelações
sobre situações de violência em casa, mas poderão dispor
de informações limitadas sobre como dar apoio.
situação de violência.
As directrizes que se seguem pretendem aumentar
a sua capacidade e confiança para responder eficazmente
e ajudar a criança ou jovem quando este/a faz uma revelação.
Informe a criança ou jovem sobre os limi- Tranquilize-o/a. Apoie-o/a sempre que possível na altu- Não faça promessas que não pode cumprir.
tes da confidencialidade. ra de fazer escolhas.
Se um aluno, ou aluna, lhe confiar uma revela- Por vezes, os/as professores/as ficam tão comovi-
Diga-lhe quando não puder manter a informação ção sobre um incidente perturbador que tenha As crianças e jovens não controlam situações pertur- dos com a situação da criança ou jovem e desejam
confidencial (p.ex., se alguém está a ser mal tratado; acontecido em casa, tranquilize-o/a corroborando badoras. Poderá aumentar o sentimento de controlo tanto protegê-la/o e confortá-la/o, que fazem afir-
se alguém planear fazer mal a si próprio ou a outros). os seus sentimentos (p.ex., “Deve ter sido muito ao oferecer-lhes escolhas. Por exemplo, algumas mações que não podem cumprir. Como por exemplo,
O que disser será influenciado pela legislação e pelas assustador para ti. Estás bem?”). Dependendo crianças e jovens poderão querer distanciar-se du- as seguintes promessas: “Manter-te-ei em segurança”;
práticas adoptadas pela escola. da situação, também poderá ser útil deixar trans- rante algum tempo da sala de aula após fazerem uma “Não deixarei que ele volte a magoar a tua mãe”; “Não
parecer que gostou que lhe tivesse contado; que revelação e poderão preferir sentar-se na biblioteca. contarei a ninguém o que me contaste.” Ainda que seja
a violência não é culpa dele/a e que ninguém de- Outros/as poderão preferir voltar para a sala. Sempre com boas intenções, tais promessas podem diminuir
Deixe que a criança ou jovem conte veria ser magoado/a. que possível apoie-os/as naquilo que sentem neces- a confiança da criança ou jovem nos outros quando
a sua história. sitar na altura. descobrir que estas afirmações não são verdadeiras.
Um/a aluno/a mais crescido/a poderá pedir-lhe Isto poderá fazer com que ele/a pense que ninguém
Ter alguém em quem confiar, normalmente ajuda que não diga nada a ninguém sobre o que lhe con- é capaz de ajudar e que não vale a pena contar as coi-
as crianças e jovens a falar sobre a violência em casa tou. Será importante que o/a informe se precisar Não critique nem fale negativamente sas desagradáveis que se passam em casa.
ou outros acontecimentos perturbadores que ocorram de contar a algumas pessoas que o/a possam aju- sobre o/a agressor/a.
nas suas vidas. dar (e a outros) a estar em segurança.
As crianças e jovens têm, frequentemente, sen-
timentos confusos ou contraditórios para com
Não o/a pressione a falar. Informe-o/a sobre o que irá fazer. o/a agressor/a. Poderão repudiar o abuso, mas
gostar dos momentos “de brincadeira” que também
É importante ter em mente que o seu papel não As crianças e jovens costumam sentir-se aliviados/ partilham com quem inflige o abuso. As crianças
é juntar provas ou investigar a situação. O seu papel as, mas vulneráveis, após uma revelação. A si- e adolescentes podem sentir-se, simultaneamente,
é ouvir e entender os sentimentos que o/a aluno/a tuação perturbadora com que estão a lidar também muito zangados/as e leais para com o/a progenitor/a
está a partilhar. os/as pode fazer sentirem-se impotentes. Infor- agressor/a. Se o/a julgar ou criticar, os sentimentos
mar o/a aluno/a sobre os passos que pretende dar de lealdade e protecção que a criança ou jovem nutre
e quando voltará a falar com ele/a pode diminuir pelo pai, ou pela mãe, poderão levá-lo/a a sentir
a ansiedade. que não pode falar acerca do abuso.
Todas as pessoas têm a obrigação legal Considera-se que a criança ou jovem está em perigo Quem faz a denúncia? E se não tiver a certeza?
de apresentar imediatamente denúncia quando, designadamente, se encontra numa das se-
à Comissão de Protecção de Crianças guintes situações: A pessoa que tenha motivos razoáveis para O seu dever é relatar qualquer situação que envol-
e Jovens (CPCJ)* se suspeitarem que suspeitar que uma criança ou jovem necessita va uma criança ou jovem com menos de 18 anos
uma criança ou jovem, com menos ou poderá vir a necessitar de protecção, deverá em que tenha “motivos razoáveis” para suspeitar
de 18 anos, necessita ou poderá neces- ¬¬ Está abandonado/a ou vive entregue a si própria; efectuar a denúncia directamente. de abusos físicos, sexuais, psicológicos e/ou negli-
sitar de protecção devido a agressões gência ou perigo para a sua segurança.
ou negligência. ¬¬ Sofre maus-tratos físicos ou psíquicos ou é vítima Não delegue essa responsabilidade. Reveja
de abusos sexuais; e siga as orientações internas da sua escola, in- “Motivos razoáveis” são os que levariam uma pes-
As Comissões de Protecção de Crianças e Jovens, cluindo o que for necessário para informar outras soa comum, em função da sua formação, antece-
enquadradas pela Lei 147/99 de 1 de Setem- ¬¬ Não recebe cuidados ou a afeição adequados pessoas, como o/a director/a da escola. dentes e experiência, no exercício de uma avaliação
bro – Lei de Promoção e Protecção de Crianças à sua idade e situação pessoal; normal e honesta, a suspeitar.
e Jovens em Perigo - intervém quando uma criança
ou jovem se encontra numa situação de perigo ¬¬ É obrigado/a a exercer actividades ou trabalhos Cabe às técnicas e aos técnicos dos serviços de pro-
e os seus pais, o/a representante legal ou quem tem excessivos ou inadequados à sua idade, dignidade tecção, habilitadas/os para o efeito, avaliar cada situ-
a guarda de facto não actuem de modo adequado e situação pessoal ou prejudiciais à sua formação ação individualmente para determinar se uma criança
a remover essa situação. e desenvolvimento; ou jovem necessita de protecção e, em caso afirma-
tivo, como protegê-lo/a da melhor forma.
¬¬ Está sujeito/a, de forma directa ou indirecta,
a comportamentos que afectem gravemente a sua
segurança ou o seu equilíbrio emocional;
¬¬ Assume comportamentos ou se entrega a acti- Nenhuma política ou directiva pode prever as circunstâncias
vidades ou consumos que afectem gravemente específicas de cada aluno/a ou família.
a sua saúde, segurança, formação, educação
ou desenvolvimento. Portanto, a segurança e a protecção de qualquer dano
20 iminente deve ser a sua principal preocupação. 21
22 23
24 25
Prevenção
da violência
na escola. Apesar da prevenção da violência beneficiar todos
os alunos e alunas, poderá ser particularmente importante
para os/as que estão expostos/as à violência doméstica.
Por exemplo, um ambiente escolar seguro pode ser um
refúgio longe dos problemas de casa.
26 27
Parcerias
entre a escola
e a comunidade.
Estabelecer parcerias com entidades locais que tra- Fomentar as parcerias e os protocolos entre escolas
balham na área da violência doméstica poderá ser e serviços locais que trabalham na área da violência
benéfico. doméstica tornará mais fácil o aconselhamento sobre
as necessidades dos alunos e das alunas. Os profis-
Estas ligações entre organizações ajudam a colmatar sionais das organizações de apoio a vítimas de vio-
lacunas que possam existir no sistema institucional lência doméstica são uma excelente fonte de apoio,
e permitem ao pessoal das escolas dar informação informação e aconselhamento.
mais precisa às vítimas sobre os recursos existentes.
Em muitos locais, tal como em Cascais, existem
redes e parcerias focadas na violência domésti-
ca. Estas parcerias podem oferecer oportunidades
de trabalho em rede, e poderão ter grupos de trabalho
focados nas necessidades de crianças e jovens.
Fórum Municipal de Cascais Núcleo de Apoio à Família União de Mulheres Alternativa Comissão Nacional de Protecção
contra a Violência Doméstica e à CrianÇa do Centro Hospitalar e Resposta (UMAR) das Crianças e Jovens em Risco
Conjunto de entidades locais que, conjuntamente, abordam de Cascais
a temática da violência doméstica através da informação Morada Rua de São Lázaro, nº111, 1º Morada Rua Castilho, n.º 24 - 7º Esquerdo
e sensibilização; da promoção de serviços de apoio Morada Centro Hospitalar de Cascais 1150¬330 Lisboa 1250¬069 Lisboa
a vítimas; da edição de materiais pedagógicos e da Rua Francisco Avillez, Apartado 132
realização de estudos sobre o fenómeno no Concelho de Telefone 21 887 30 05 ou 21 294 21 98 (Almada) Telefone 21 311 49 00
Cascais. 2751¬953 Cascais Fax 21 888 40 86 Fax 21 310 87 59
Telefone 21 482 77 00 E-mail umar.sede@sapo.pt E-mail cnpcjr@seg-social.pt
Fax 21 484 48 43 Site www.umarfeminismos.org Site www.cnpcjr.pt
Morada Câmara Municipal de Cascais
Gabinete da Rede Social e Igualdade de Género
Pç. 5 de Outubro
2754¬501 Cascais. Espaço V Associação de Mulheres contra Comissão para a Cidadania
Telefone 21 481 52 63 (Serviço de atendimento e acompanhamento a Violência (AMCV) e Igualdade de Género (CIG)
Fax 21 482 50 62 de vítimas de violência doméstica)
E-mail forum.violenciadomestica@cm-cascais.pt Sede Morada Av. da República, 32 - 1º
Telefone 21 099 43 21 Telefone 21 380 21 60 1050¬193 Lisboa
E-mail: cooperactiva@gmail.com Fax 21 380 21 68 Telefone 21 798 30 00
E-mail sede@amcv.org.pt Fax 21 798 30 98
Comissão de Protecção E-mail cig@cig.gov.pt
de Crianças e Jovens de Cascais Centro Anti-Violência Site www.cig.gov.pt
APAV – Gabinete de Cascais Telefone 21 380 21 65
Morada Av. 25 de Abril, nº 1011 C (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) Fax 21 380 21 69
Galerias “O Navegador” E-mail ca@amcv.org.pt
2750¬515 Cascais Morada Centro Comercial São Pedro, Loja 28, 2º Piso; www.amcv.org.pt Serviço de Informação a Vítimas
Telefone 21 481 52 82 Rua Nunes dos Santos; São Pedro do Estoril; de Violência Doméstica – 800 202 148
Fax 21 481 24 09 2765¬546 Estoril. Linha Verde de apoio telefónico assegurada pela Comissão
E-mail cpcjc@cm-cascais.pt Telefone 21 468 17 27 ou 21 466 42 71 para a Cidadania e Igualdade de Género e pela Associação
Fax 21 468 17 27 Instituto de Apoio à Criança (IAC) Portuguesa de Apoio à Vítima.
E-mail apav.cascais@apav.pt
Site www.apav.pt Morada Largo da Memória 14
1349¬045 Lisboa
Telefone 21 361 78 80
Fax 21 361 78 89
Emergência E-mail iacsede@netcabo.pt
Site www.iacrianca.pt
Linha SOS Criança 21 793 16 17