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Sir, E. A.

WALLIS BUDGE

A RELIGIÃO EGÍPCIA
Idéias Egípcias Sobre a Vida Futura

Tradução de
OCTÁVIO MENDES CAJADO

EDITORA CULTRIX
SÃO PAULO
I

Título do original inglês:


Egyptian Religion
Egyptian Ideas of the Future Life

.0 M „ w i , &£1>M

PARA

SIR JOHNÍ EVANS, K.C.B., D.C.L., F.R.S,


etc., etc., etc.
1
Como gfata recordação
de
: muita ajuda e muito estímulo amigo

Edição
2-3-4-5-4-T-8-9-10
SO-91-9J-93-94-M
Todos os direitos reservados
EDIT0RA
Rua nr U- „• CULTRIXLTDA.
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impresso nas oficinas gráficas da Editora Pensamento.


índice

Prefácio

AS IDÉIAS EGÍPCIAS SOBRE A


VIDA FUTURA

I. A Crença em Deus Todo-poderoso


II. Osíris, o Deus da Ressurreição
III. Os "Deuses" dos Egípcios
IV. O Julgamento dos Mortos
V. A Ressurreição e a Imortalidade
V

ILista de Ilustrações

I. A CRIAÇÃO ......... . i
I I'
II. ISIS AMAMENTA HORO1 NOS PÂNTANOS DE PA-
PIROS
1
III. OE O S i p E A ALMA DE RA ENCON-
TR^M-SE EM TATU: RA, NA FORMA DE UM
I
?MVÀSC0RTA A C A B E Ç A D A s e r p e n t e
DAS
IV. O JULGAMENTO DOS MORTOS NA SALA DE
MAAII I

y. E C I D
OSIRK ? -É C O N D U Z I D O À
PRESENÇA DE
í ' ' ' ; ' ' 'li
VI. OS SEQUETJAARU OU " C A M P O S ELÍSEOS"
( í ) DO PAPIRO DE NEBSENI
(2) DO PAPIRO 1 DE ANI
(3) | p o PAPIRO DE ANHAI
«i:

Prefácio

As páginas seguintes destinam-se a colocar diante do leitor, de


forma conveniente, uma exposição das principais idéias e crenças
dos antigos egípcios acerca da ressurreição e da vida futura, intei-
ramente derivada de obras religiosas nativas. Vasta é a literatura
egípcia que versa tais assuntos e, como era de se esperar, produto
de diferentes períodos que, no todo, cobrem diversos milhares de
anos; e é dificílimo reconciliar, às vezes, os enunciados e crenças
de um escritor num período com os de um escritor em outro. Até
o presente, não se descobriu nenhum relato sistemático da doutrina
da ressurreição e da vida futura, e não há razão para esperar que
uma coisa dessas venha a ser encontrada algum dia, pois os egípcios
não pareciam julgar necessário escrever uma obra dessa natureza.,
A dificuldade inerente ao assunto e a impossibilidade natural de
que homens diferentes, que vivem em lugares diferentes em épocas
diferentes, pensem da mesma maneira a respeito de assuntos que,
afinal de contas, pertencem à região da fé, tornam mais do que
improvável que algum colégio de sacerdotes, por poderoso que fosse,
se sentisse capaz de formular um sistema de crenças aceito em todo
o Egito, assim pelo clero como pelos leigos, e copiado pelos escribas
como um trabalho final e autorizado sobre a escatologia egípcia.
Além disso, o gênio e a estrutura do idioma egípcio são de tal ordem
que excluem a possibilidade de nele se comporem obras de caráteT
filosófico ou metafísico no verdadeiro sentido das palavras. Em que
pese a tais dificuldades, todavia, é possível colher grande cópia de
informações importantes sobre o assunto nas obras funerárias e re-
ligiosas que chegaram até nós, sobretudo no que toca à grande idéia
central da imortalidade, que existiu, imutável, por milhares de anos e
formou o eixo em torno do qual girou a vida religiosa e social dos
antigos egípcios. Do princípio ao fim de sua existência, o egípcio
se preocupava sobretudo com o viver no além-túmulo, o talhar daj
sua sepultura na rocha e o apetrechá-la; tais atividades, cujas me-
nores minúcias eram prescritas pelos costumes do país, absorviam-lhe

11.'
os melhores pensamentos e ampla cota dos bens terrenos, man-
tendo-o sempre atento ao instante em que o seu corpo mumificado
seria conduzido à "morada eterna" no rechão ou no mprro de
• pedra calcária.
_ A principal fonte de nossas informações concernentes à dou-
trina da ressurreição e da vida futura, esposada pelos egípcios é
a grande coleção de textos religiosos conhecida pelo nome de
Livro dos Mortos". As várias recensões dessas composições mara-
vilhosas abrangem um período de mais de cinco mil anos, e refletem IDjÉli^S1 EGÍPCIAS SOBRE A
com fidelidade não só as crenças sublimes, os ideais alevantados e !
1 1
VIDA! FUTURA
as nobres aspirações dos egípcios cultos, mas também as superstições, , I
a pueril veneração dos amuletos, os ritos mágicos, e os encanta-
mentos, herdados, provavelmente, de seus avós pré-dinásticos, e ha- i ' ! ''li Capitulo I
vidos por essenciais à sua salvação. É forçoso ter em mente que
muitas passagens e alusões do Livro dos Mortos permanecem ' t I
obscuras e que, em determinados trechos, qualquer tradutor se verá I ! A crença em Deus Todo-poderoso |
em palpos de aranha para tentar verter certas palavras importantes 1
I j, !
'

num idioma europeu moderno. Seria absurdo, porém, tachar de fal-


seado quase todo o texto do Livro dos Mortos, pois personagens [Uni, estudo dos antigos textos religiosos do Egito convencerá o
régias, sacerdotes e escribas, para não falar nas pessoas cultas comuns leitor de que os egípcios acreditavam em Um Deus existente por si
não teriam mandado fazer cópias dispendiosas de uma obra tão mesmo, imortal, invisível, eterno, onisciente, todo-poderosoj e ines-
extensa e ilustrá-las por artistas habilidosíssimos, se ela não lhes crutável; autor dps ,;céus, da terra 1 e do mundo inferior; Icriádor
fosse de algum valor, além de necessária ao alcançamento da vida do céu e do mar,, dps homens e das mulheres, dos animais e 'dos,
de além-túmulo. Os "achados" dos últimos anos no Egito redun- pasparpp, c}os peixes e d ^ coisafe que1 rojam, das árvores e das plantas,
daram na recuperação de textos valiosos, por cujo intermédio se e dos seres incorpóreos,, mensageiros encarregados de cumprir-lhe
esclareceram inúmeras dificuldades; e devemos esperar que os erros os desejos e as, o^dená. Fprça ,é colocar esta definição da primara
cometidos hoje na tradução sejam corrigidos pelas descobertas de parte da 1 crença dtp .egípciò no (princípio do primeiro capítulo^ deste
amanha. Apesar de todas as complexidades, quer de texto quer de resumo das principais idéias, religiosas que ele adotava, poiã nisápl
gramatica, já se sabe hoje o bastante da religião egípcia para provar se estribava o conjunto da sua teologia q da sua religião; e forçà é
que os egípcios possuíam, há seis mil anos, uma religião e um sis-
também acrescentar que, por mais que retrocedamos na esteira 1 da
tema de moral que, despidos de todos os acréscimos corrutores
nada ficam a dever aos desenvolvidos pelas maiores nações do sua literatura, nunca parecemos'aproximar-nos de um tempo em que
mundo. ele viveu sçm essa creiiça notável. pÇ verdade que ele também d e -
senvolveu idéias e creriçlas politeístas, que as cultivou com diligência
em certos ( períodos i^a, sua ftistória, e de tal maneira, que as nações
E . A . WALLIS BUDGE circunvizinhas e até o estrangeiro em seu país, induzidos em erro
pelos sei^s atos,, descreviam-no como um idólatfa politeístaJ Sem
Londres, 21 de agosto de 1899. embafgo, porém, db todo 'esse afastamento das observâncias cujo
cumprimento era .prpprio dos qi*e acreditavam em Deus e em sua
unidade, nunca se'pbrdeu de vista essa idéia sublime; fao contrário
!da veip reproduzida na literatura religiosa de todos os períodos
Nmguejn poderá, èzei^dè onde procede essa característica notável
da religião egípcia e não existe prova alguma que justifique a teoria
de que ela foi levada ab Egito por imigrantes vindos do Leste, fomd
12
!
' ' ' '13
dissecam alguns, ou que era o produto natural de povos indígenas
que formavam a população do vale do Nilo há coisa de dei; mil anos, diversidade de opinião sobre o assunto. Adotando o ponto de vista
nó 'dizer de outros. Só se sabe que ela já existia ali num período tão de que existe em copta o equivalente da palavra sob a forma de
remoto que seria inútil tentar medir por ands o ! intervalo de tempo ' Nuti, e porque o copta é um antigo dialeto egípcio, buscaram alguns
idecorrido desde o seu crescimento e desenvolvibento na mente de deduzir-lhe o sentido procurando, naquela língua, o radical de que
homens, e que é muito para duvidar tenhamos algum dia um conhe- | se teria derivado a palavra. Mas todas essas tentativas deram em
cimepto muito definido desse ponto tão iptetíessapte. ! ' agua de barreia, porque a palavra Nuti tem vida própria e, em lugar
de derivar de um radical copta, equivale ao egípcio neter,2 e dela
_ Mas embora nada saibamos sobre o péríOdo em que áurgiu noj ,
se apossaram os tradutores das Sagradas Escrituras para expressar
Egito a crença na existência de 1 um Deus i Uno todo-poderoso,
as palavras "Deus" e "Senhor". Não se pode ligar, de maneira algu-
mostram-nos as inscrições que [se dava a este Sei1 um nome iparecido 1
ma, o radical copta nomti a nuti, e só se fez a tentativa de provar
com JJeter, 1 cujo sinal ideográfico era um? çabeça_dç_machado,
que as duas são associadas com o objetivo de ajudar a explicar os
provavelmente de pedra, enfiada num' longo cabo de madeira. O '
, princípios fundamentais da religião egípcia por meio de analogias
ideograma colorido mostra que a cabeça do machado, presa ao cabo , 1
sanscríticas e outras analogias arianas. É muito possível que a pa-
por | tiras de couro ou cordas, devia te;r sido tima, arma'formidável
lavra neter signifique "força", "poder", e que tais, mas estes são
em mãos fortes e hábeis, a julgar pêlo aspecto geral do objeto,J
apenas alguns significados derivados, e temos de examinar as
Aventou-se recentemente a hipótese de que, o' lideograiría representa 1
ínscriçpes hieroglíficas para poder determinar-lhe o sentido mais
um bordão com um trapo colorido> amarrado qo'topo, nias esta di- '
provável. O eminente egiptólogo francês E. de Rougé ligou o nome
ficilmente será aceita por um arqueólogo. As linhas que cruzam o
de Deus, neter, à outra palavra jieier, "renascimento" ou "renovação".
ladoI da, cabeça do macha'do representam cordas ou tiras de, couro
Í e dir-se-ia, de acordo com o seu ponto de vista, que á""idéia fun-
e indicam que ela era feita de pedra, a qual^ sendo quebradiça,
damental de Deus_ era á do _Set que tinha o poder de renovar-se
I estava sujeita a fender-se; os idèdgramas que |delineiami q objeto
perpetuamente — ou, em outras palavras, "existência independente".
nas dinastias ulteriores mostram que 'o metal tomôu <o lugar da pedra
° finado Dr. H. Brugsçh aceitou em parte esse mo3o de ver, pois
; na cabeça do machado e que, por ser rija, 1 a nova substância dis-
definiu neter como "o poder ativo que produz e_cria-coisas f.m
perisáva o suporte. [O homem mais poderoso nos dias pré-históricos
recorrência regular; que lhes confere vida nova e lhes devolve ó
era o i que possuía a melhór arma e sabia, mánejá-la de modo que
vigorjuvenil." 3 Não parece haver dúvida de que, na medida em qué
prçdúzisse o maior efeito;' quando o herói pré-histórico de muitos
élmpüsslvel encontrar alguma palavra que traduza neter adequada é
combates e vitórias afinal descansava, sua própria arma, ou outra
satisfatoriamente, as expressões "existência independente" e "què'
semelhànte, enterrada com ele, permitia-lhe guerrear com pxito no
possui o poder de renovar indefinidamente a vida", juntas, podem'
outro mundo.^Ç) homem mais robusto possuía 0 machado ttiaior, e
ser tomadas como o equivalente de neter em nossa língua, ti
este veio assim a tornar-se símbolo do homem mais vkproso. E ,
Sr. Maspero combate com justeza a tentativa de fazer de "forte" o
como ele, mercê da narrativa amiúde ,repetida de seus, feitos de co-
significado de neter (masc.), ou neterit (fem.) com estas palavras:'
ragem 30 pé da fogueira, no acampamento pré-histórico, 'ao1 bair
"Será certo que nas expressões 'uma cidade neterit, um braçõ'
da tirde, passasse,[com o tempo, ,da condição de herói'pa^a a , d e
neteri',. . . 'uma cidade forte', 'um braço forte', nos dão o primitivo
deus, o machado passou igualmente de símbolo db herói a. ísímbolo
sentido de neteri Quando, entre nós, alguém fala em 'divina música','
do deus J Nos tempos remotíssimos em que auroreceu a civilização |,
'poesia divina', 'o divino sabor de um pêssego', 'a divina beleza dé
no Egitó, o objeto que identifico como maclia^lo'pôde ter tido outra
uma mulher', [a palavra] divina é uma hipérbole, mas seria um erro
significação mjas, se a teve, esta se! perdeu muito antes do período de •
1 i asseverar que ela, originalmente, significava 'maravilhoso' porque nas
domínio das dinastias naquele país. i ' i
frases que imaginei é possível aplicá-la como 'música maravilhosa','
Passando agora a considerar o signififcadó do npme dado 1 a i 'poesia maravilhosa', 'o maravilhoso sabor de um pêssego', 'a ma-'
Deus, neter, constatamos a existência, entrfe osl egiptólogos, de grande ' ravilhosa beleza de uma mulher'. De maneira semelhante, em egípcio,'
: '; ' *
1. N ã o existe e no idioma egípcio, e esta vogal ê acrescentada tão-so- 1
mente para tornar a palavra pronunciável. i !
, 2. A letra r desapareceu no copta graças à decadência fonética.
3. Religion und Mythologie, pág. 93.
'uma cidade neteri? é 'uma cidade divina'; 'um braço neteri é
tura, proclamadas còmo o produtp peculiar das nações cultas do
'um braço divino', e neteri se emprega metaforicamente em egípcio nosSo tempo. , !' |
como [a palavra] divino em francês, sem que seja necessário
atribuir-lhe o significado primitivo de 'forte', como não o é atribuir Precisamos vçr a^ora, no entanto, como se emprega em tqxtos
a''divino' o primitivo significado de 'maravilhoso'." 4 Pode ser, ' religiosos1 e nas ob|ras que' contam preceitos morais a palavra rieter,
naturalmente, que neter tivesse outro significado, agora perdido, mas destinada, a nomear Deus. No texto de Unas, 5 que reinou por volta
parece que a grande diferença entre Deus e seus mensageiros e de 3300'fi.C., encontramos este passo: — "O que é mandado pelò
coisas criadas é ser ele o Ser existente por si mesmo e imortal, ao teu ca venp a ti, o que é mandado poi1 teu pai vem a ti, o que é
passo que eles não existem por si mesmos e são mortais. < mandado por Ra vem a ti, e chega no séquito do teu Ra. És puro,
t^us ossos ção os deuses |e as deusas-do céu, existes ao lado de Deus,
^ Os que afirmam estar a antiga idéia egípcia de Deus no mesmo
és solto,, aproximas-te | de tua alma, pois todas as más palavras
nível da idéia desenvolvida por povos e tribos relativamente próximos
^ou coisas) escritas erh nome de Unas foram pqstas de parte." E
de animais muito inteligentes, objetarão, a esta altura, que concepções, de novo, no texto dé, Teta, 0 no trecho que se refere ao sítio na
elevadas como a da existência independente e da imortalidade per- parte orientàl do céu ,"onde os deuses parem a si mesmos, onde
tencem a um povo já num grau elevado de desenvolvimento e nasce aquilo que eles'i parem,, e onde eles renovam fcua juventude"
civilização. Pois é este, precisamente, o caso dos egípcios quando , diz-se desse rei: "Tçta ergue-se na forma da e s t r e l a . . . pesa
primeiro os conhecemos. Na realidade, nada sabemos a respeito de I palavras (ou ensàiaí feitos), e, vede, Deus presta atenção ao que ele
suas ideias sobre Deus antes que se desenvolvessem o suficiente para fdiz." Em outro lugar \ do mesmo texto lemos: "Vede, Teta chegou
erguer os monumentos que sabemos que ergueram, e antes que às culpinâncias, tio péu, e os seres henmemet o viram; o barco
possuíssem a religião, a civilização e o sistema social complexo que Semquetet 8 o conhece1, jf é Teta quem o dirige, e o barco Mantchet 9
,-i/ sçus escritos nos revelam.[Nos mais. remotos tempos pré-históricos é o chama, e é Tetá qudm o imobiliza. Teta viu seu corpo no barco
jyovável que suas opiniões acerca de E,eus e da vida futura fossem Semquetet, ele conhece o uraeus que está no barco Mantchet e
pouco melhores que as das tribos selvagens, ora vivas, com as quais i Deus chaipou-p pêlo ríòme. . . ,d leivou-o à presença de Ra." E temos
alguns os compararam. O deus primitivo era uma característica novamentp: 10 "Recebeste a forma (ou atributo) de Deus, p tor-
essencial da família e a sua fortuna variava com a fortuna da família- naste-te grande com, ela, perante Os deuses"; e de Pepi I, que reinou'
o deus da cidade em que o homem vivia era considerado o soberano por volta do ano 300Ò a.C., diz-se: "Este Pepi é Deus, o filho
da cidade e o povo citadino tanto pensava em deixar de provê-lo de Deus." 1 1 1
, |
do que cuidava devido à sua dignidade e posição quanto pensava
em deixar de suprir às próprias necessidades. O deus da cidade , Ora, a alusão que se faz nestas passagens endereçasse ao
tornou-se o centro_da_estrutura social urbana, e c á d ã l I m T õ s seus Ser iSupremo no outro mundo, o Ser que tem o poder de invocar e
habitantes herdava7~ãutõmaficãmentêr^5rtos devereiT^ul^descum- obter uma recepção favbráVel por parte de Ra, o deus-sol, tipo e
- pnmento iüe icarretava sofrimentos e penalidades específicas J A símbolo de, Deus, ao, r d 'falecido. Claro está que se poderá insistir,
notável peculiaridade da religião egípcia é que ó conceito primitivo em que a palavra neteri' neste ponto, se refere a Osíris, mas não 1 é
do deu.s da cidade está sempre surgindo nela de repente, razão pela costume .mencioná-lo dessa maneira1 nos textos; e ainda que ádmi->'
qual encontramos idéias semi-selvagens de Deus ao lado de algumas tosemos o contrário,lisio mostraria tão-somente que os poderes de'
concepçoes sublimes, e ele, naturalmente, constitui a base das lendas Deus haviam sido,1 atrjbuídos a Osíris, o qual se acreditáva' que :
dos deuses em que estes possuem todos os atributos humanos Em ocupasse,' erq relação a Ra e ao falecido, a posição ocupada jjelo
seu estado semi-selvagem, o egípcio não era melhor nem pior do
1
que qualquer outro homem no mesmo estádio de civilização, mas 5! 'Ed., Maspero, Pyramides de Saqqarah, pág 25 i
ele sobressai facilmente entre as nações por sua capacidade de desen- 6. Ibid.j pág. 113. '
volvimento e de criar concepções respeitantes a Deus e à vida fu- 7. Ibid., pág. lll. ! | ,
8'. O ibarco matutino db sol.
9. O barco vespertino do sol.
4. La Mythologie Êgyptiewie, pág. 215. 10. ,lbid., pág. 1Í0.
1
11. Ibid., pág. 222.' '

16
'ját

próprio Ser supremo. Nos dois últimos ,qdtatoá acima citàdos po- governador da cidade, não sejas duro de coração em virtude dò teu
derios 1er "um deus" em vez de "Deus", n>as não há sentido algum progresso, porque te tornaste tão-só o guardião das coisas que Deus
em receber o rei a forma ou os atributos de um deus inominado- 'e proporcionou."
a menos de Pepi tornar-se filho dei Deus, a horíra 'que o red'ator desse
texto pretende atribuir ao rei torna-se pequena e até ridícula. 8. "Deus ama a obediência; e detesta a desobediência."

Passando dos textos religiosos a obras que contêm' preceitos 9. "Na verdade um bom filho é uma dádiva de D e u s . " 1 2
morais, encontramos muita luz projetada sobre, a idéia de Deu& pelos, A mesma idéia de Deus, porém consideravelmente ampliada em
escritos dos primitivos sábios do Egito, Os primeiros e niais notáveis alguns sentidos, encontra-se nas Máximas de Quensu-hetep, obra
dentre eles são og "Preceitos de Caqueitana" e os "Preceitos de provavelmente composta durante a X V I I I dinastia e estudada em
Pta-hetep", obras compostas 1 já em 13000 aJC. O exemplar mais suas minúcias por certo número de eminentes egiptólogos; e se bem
antiáo que possuímos data, infelizmente, de 25001 a.C., mas ésse fato tenha súrgido entre eles considerável divergência de opinião no to-
nao 'invalida a nossa tese. Tais "preceitos" destinam-se a dirigir e cante a pormenores e sutilezas gramaticais, o sentido geral das
orientar o jovem no cuniprimento do seu dever, para comi a socie- máximas ficou claramente estabelecido. Para ilustrar o emprego da
dade em que vivia e para com Deus! Mahda â justiça que se diga palavra neter, dela se escolheram as seguintes passagens: 13 —
que ( o leitor neles buscará em vão o? conselhos' encoijtraÜos em
eiscritos de natureza semelhante corhpostos ulteriormente; mas como 1. "Deus enaltece o seu nome."
obra1 destinada a demonstrar "todo o dever, do hpmem" à juventude 2 . "A casa de Deus detesta a demasia no falar. Faze com o
do tçmpo em' que a Grande Pirâmide ainda era urtia ccftistt^çãb re- coração amante todos os pedidos que estão em secreto. Ele levará a
cente, os "preceitos" são nôtabilíssimos. Os, trebhos seguintes ilustram cabo teus negócios, ouvirá o que dizes e aceitará tuas oferendas."
a idéia de Deus sustentada por Ptá-hetep: —i 1 3. "Deus decreta o que é justo."
1 1. "Não incutirás medo em homem nefti em mulher, pois Deus 4 . "Quando fizeres uma oferenda ao teu Deus, guarda-te das
se opõe a isso; e se algum homem disser que'viverá por e&se meio coisas que ele abomina. Contempla-lhe os planos com teus olhos, é
1 1
Ele o [fará carecer de pão." ' consagra-te à adoração do seu nome. Ele dá almas a milhões dé
_ 2 . "Quanto ao nobre que possui abundância de bens, pode formas e enaltece quem o enaltece." i
agir de acordo com seus próprios ditames; e pode ! fazeir1 consigõ 5 . "Se tua mãe erguer as mãos para Deus ele lhe ouvirá as
mesjno o que lhe apraz; se não fi^er absolutamente nadà, iáso tam- preces [e te repreenderá]." ; .
bém será como lhe apraz. Pelo simples fato f(de éstender a' mão, o
7. "Entrega-te a Deus, e conserva-te diariamente para Deus."
nobre faz o que a humanidade (ou uma pessoa) não alcança; mas
na medida em que o comer do pão está dé, ácòrdo com |0 plano Ora, se bem revelem a idéia exaltada que os egípcios faziam'
de Deus, não^ se pode negá-lo." 1 , 'I . ' , í do Ser supremo, os lugares que acabamos de citar não nos fornecem
nenhum dos títulos e epítetos que lhe eram aplicados; para conhecê-los
3. "Se tens chão para lavrar, trabalha nb campo que Deus te t
precisamos recorrer aos belos hinos e meditações religiosas que cons-
deu;1 melhor do que encher tua boca com p qpe pertence aos téus f
1 tituem parte tão importante do "Livro dos Mortos". Antes, porém-
vizinhos é aterrorizar o que tèm po'sses |[pa^a que tàs dê]." ,
de citá-los,fcumpre-nos mencionar os neteru, ou seja, seres ou exis- y
4 . "Se te humilhas no serviço dé um homem perfeito,> tua con- tências que, de certo modo, partilham da natureza ou do caráter
1
duta será justa aos olhos de Deus." I de Deus, e são habitualmente denominados "deuses". As nações'
5. "Se quiseres ser um homem sábio, k z e que teu - filho sejai'
agradável a Deus." 1, , • • 12. O texto foi publicado por Prisse d'Avennes com o título de Facsi-
6. "Satisfaze aos que dependém de ti até ,pnde fores capaz dç' mile d'un papyrus Égyptien en caractères hiératiques, Paris, 1847. Sobre uma1
tradução da obra toda veja Virey, Études sur le Papyrus Prisse, Paris, 1887.-
fazê-lo; isso deve ser feito por aqueles a quem Deuè favoreceu," 13. Elas são apresentadas com transliteração e tradução em meu Pa-
7. "Se, tendo sido sem nenhujna importância, tu te tornaste' pyrus of , Ani, pág. lxxxv e seguiu es, onde se encontrarão referências à lite-'"
grande; se, tendo sido pobre, tu te tornaste rico; e se te tornaste ratura mais antiga sobre o assunta • t
;
l! 1 1
is I , ' j , 19

1
• "aiureza aesses seres, e vários escritores ocidentais minha cidáde". Dir-se-á qpe aqui indicamos duas camadas diferentes
de crença, a mais .velha das quais é representada pela alusão ao
•de í o vSamorn110 ^ eqUÍV0C0
" Q u a n d o os examfnamo deus dà cidade", caso em que recuaria para o tempo em que o
fases ou a t í S T n q T S a ° , m a i s d o 1 u e f o r m a s . manifestações, estilo de vida egípcio era muito primitivo. Se presumirmos que
rases, ou atributos de um deus, deus esse que era Ra o deiís solar Deus (mencionado n(a linhp 38) é Osíris, isso não eliminará o fato
tipo e símbolo de Deus.!Não obstante, o culto dos Dew
egípcios deu origem à acusação de "idolatria g r o s s e i r a " a u ^ t l de ßernele, çonsideradp um ser inteiramente diferente do "deus da
cidade" e_ tão ^importante que merecia, se lhe dedicasse uma linha
S ^ t m T v i v t d 6 emHraZa°^ ^ representados por da 'Confissão". Os egípcios não viam incongruência em colocar
mguns como vivendo no baixo nível intelectual das tribos selvaeens referencias aos. "deuses" ao lado de alusões a um deus que, só j po-
É certo que, desde os tempos mais remotos, a religião egTpck tendeu demos ídèntificár cpm o Ser Supremo e o Criador do mundo; suas
L textoTimnof0, 6
^ ^ ^ P ° d e s e r o â e r v ^ d f e m todo ideias e crenças,, pbr conseguinte, tristemente mal representadas, fo-J
« s r r ^ £g- ^ ram transformadas por certos escritores 1 em objeto de chacota Que
poderia ser, por exemplp, uma, descrição mais tola do culto edpcio
do que est ? ? "Quem não conhpce> ó Volúsio de Bitínia, a espécie
de monströs que o Egito, em sua insensatez, adora? Uma parte
venpra o crocodilo; oiitra, < estremece diante de um íbis empantur-
rado de serpentes. A imagem de um macaco sagrado reluz em ouro
« deuses foram multiplicados pela adição de deuses íocais e ná
onde soam os mágicos acordes de Mémnon partidi pela metade'
M
StoS.^k?ÍS°?, rÍ5 n h
"aT c , d >
™ s
monottísmo"/ e a antiga Tebas jazi sepultada em ruínas, com suas cem portas'
Num lugar cultuam os peixes do mar, em outro os peixes dos rios-
ali, cidadÈs inteifaai adoram um cão: ninguém adora Diana É um
I ato ímpio violar ou quebrar com os dentes um alho-porro ou uma
-cebola, Ó santas haçõdáL cujos deuses prolificam nos jardinsi Todas
as mesas.se abstêm de animais lanígeros: é um crime ali matar um

gs^^jssses»
cabrito. Mas a cafrie .humana |é comida legítima." 16

Os epítetos que 9s egípcios aplicavam aos seus deuses também


representam valioso testemunho das idéias que faziam de Deus Já
dissemos |que os "deuses" são meras formas, manifestações e fases
° Í U S 0 l ' ftip i°^ 6 S Í m b o l o s d e D e u s > e a n a í ^ e z a desses
epítetos evidencia que 'só se aplicavam aos "deuses" porque • repre-
podo d a origem da religião egípcia, relativamente tardios de onde " 1 I .1
yem, portanto, encontrarmos neles os três elementos misturados
™J6' Sát ra
í X
T ( t ! l a d u ? ã 0 de Evan na Bohrís Series, pág1 180)
uns aos outros e a certo número de assuntos est a n h o T o l
e° r d v e u T - ^ ^ ° n°SS° b ° m Ò e ° r g e H e r b e r t Í C h u ^ u Z í j
torna impossível descobrir qual deles é o mais antigo Não se node
dar melhor exemplo do modo frouxo com que idéias di erente L d ^ í r A 6le (ÍStü Pec d
^ °) foi o Egito e semeou
Jardins de deuses, que todo aao prpduziam
ÍS3S Frescas e belas divindàdes. Pagavam alto preço
Os que, por um dèys,1 perdiam claramente uma salada 1
1
adiamte^(linha 42) a c S S m ^ N ã ^ i V S S ^ Ah, como e triste o homem desprovido de graça ' , 1

Quç adora o alho com' semblante humilde


E implora] sua comida àquilo que pode comer 1 ' i
pág. 25. A l t \ t t S T 8 Íy P Sa n^ R eSh s T
lon
í - t ° U d h e i d > Amsterdã, 1893, , Q que faz de uma raiz seu deus, quão baixo será,
vações sobre o assunto " ^eblem apresenta valiosas obser- Sje Deus e ö homem fqrem infinitamente separados'
15. Le Livre des Morts (Resenha em Muséon, tom. xiii, 1893). Que misèrabilidade 1 pode dar algum espaço àquele
1 1
Que adora uma vassourp enquanto a casa está suja?
20 1 1
sentavam alguma qualidade ou atributo que teçíam aplicado a Deus'
se tivessem por hábito dirigir-se a Ele.( Toinemos por exemplo òs em forma de um homenzarrão com seios de mulher. É claro por-
epítetos aplicados a Hapi, o deus do Nilo. fc> formoso hino " diri-' tanto que os epítetos citados se lhe aplicam unicamente como â
gido a esse deus principia da seguinte maqeira: — ' uma forma de Deus. Em outro hino, muito apreciado na XVIII e
na XIX dinastias, Hapi é denominado "Um" e diz-se que ele mesmo
"Homenagem a ti, ó Hapi! Apaifeces nèsta terra e chegas em' se criou; mas como mais adiante, no texto, Hapi se identifica com
paz para fazer viver o Egito, ó oculto, guia da escuridão quando 1 Ra, aplicam-se-lhe os epítetos que pertencem ao deus-sol. O fa-
quer I que te apraz guiá-la. Irrigas .os campos' que Ra criou, fazes lecido Dr. H. Brugsch coligiu 18 grande número de epítetos apli-
viver todos os animais, e a terra beber sem cessar; desces o caminho
cados aos deuses, respigando-os em texto de todos os períodos- e
do ceu, es o amigo da comida e dai bebida, o dador da semente, e
por eles podemos ver que is idéias e crenças dos egípcios sobre
fazes reflorir todos os locais de trabalho, ó ptá!'. . . Se viessôs a ser
Deus eram quase idênticas ÍS dos hebreus e muçulmanos em pe-
I vencido no ceu, os deuses cairiam de ponta-cabeça e o gênero hu-
ríodos subseqüentes. Classific idos, os epítetos diziam deste teor: —
manò pereceria. Fazes o gado abrir (ou afàr) a terra toda, e o1
príncipe e o camponês deitam-se para descansar, j . Sua disposição "Deus é Uno e só, e nenhum outro existe com Ele; Deus é
( o u f o r m a ) é a de Cnemu; quando ele brilha sõbre a terra há re- o Único, O que fez todas as coisas.
gozijo, pois todas as pessoas estão contentes,, o homem (?) pode-
, "Deus é espírito, espírito oculto, espírito dos espíritos, o grande
roso t-ecebe sua comida e não há um dente sequer que não tenha espírito dos egípcios, o espírito divino.
alimento para èonsumir." ^,,
"Deus é desde o princípio, e tem sido desde o princípio; existe
depois de exaltá-lo pelo que ele faz em prol da humanidade desde ha muito e era quando nada mais tinha ser. Existia quando
e dos animais, e por fazer a relva crescer para o uso de todos os nada mais existia, e o que existe foi criado por Ele depois que Ele
1
homens, diz o texto: — .'. veio a ser. Ele é o pai dos princípios.
_ , '"Ele não pode ser figurado em-pedra;'não deve ser ivisto nds "Deus é o eterno, Ele é eterno e infinito; e dura para todo
o sempre; tem durado por séculos sem conto, e durará por toda a
imagens esculpidas sobre as quais os homeis colocam as coroas eternidade. "-,:•
unidas do Sul e do Norte guarnecidas de uraei; nem trabalhos nem •A-
oferendas lhe podem ser feitos; e não é possível obrigá-lo a sair "Deus é o Ser oculto, e homem algum Lhe conheceu a formai/
do seu ,lugar secreto. Não se conhece o sítio %m. que ele vivte; não • Nenhum homem foi capaz de achar-Lhe o semblante; escondido dos
o encoritramos em santuários inscritos; não existe habitação capaz i deuses e dos homens, Ele é um mistério para as suas criaturas. '
de contê-lo; e não podes conceber-lhe a forma em teu colação." "Nenhum homem sabe como conhecê-lO. Seu nome permanece
Notamos primeiro que a Hapi se dãt> os nomes de Ptá e ,Cne- oculto; Seu nome é um mistério para Seus filhos. Seus nomes são
|mu, não por cuidar o autor que os três deuses fossem üm; só,' mas inumeráveis, múltiplos, e ninguém lhes conhece o número.
porque Hapi, como o grande fornecedor de água ao Egito, se tor- "Deus é verdade, vive da verdade e dela se alimenta. Rei da
nou^ por assim dizer, um deus criador, como Ptá e CÁpmu. Em, 1 verdade, descansa sobre a verdade. Afeiçoa a verdade, e executa-a
seguida, lemos a declaração de que é imposgíyel retratá-lo 'em pin- através do mundo todo.
turas, ou mesmo imaginar-lhe a forma, pois éle é desconhecido, sua1 "Deus é vida, e só através d'Ele pode o homem viver. Ele dá
morada nao pode ser encontrada e ríenhum lugaf pode contê-lo. Na vida ao homem, e sopra o sopro da vida em suas narinas.
realidade, contudo, várias imagens e 1 esculturas I de Hapi se preser-
"Deus é pai e mãe, pai dos pais, e mãe das mães. Gera, mas
varam, e sabemos que o pintam geralmente em forma de dois deu- 1 nunca foi gerado; produz, mas nunca foi produzido; Ele Se gerou
ses,; um deles tem sobre a cabaça um pé dè papiro, ao passo que e Se produziu. Cria, mas nunca foi criado; é o fazedor da própria
o outro ostenta um pé de loto. O primeiro é o deus-Nilo do Sul e forma, e o modelador do próprio corpo.
o ^egundo, o deus-Nilo do Norte. Em1 outros lugares represeníam-no
"Deus é existência. Vive em todas as coisas, e vive de todas
as coisas. Dura sem aumento nem diminuição. Multiplica-se mi-'
co17'
t o68 ° hin0 inteir0 foi
P u b M c a d o Por Maspero em Hymne au Nil, Paris
'o - il ' . n , '
' li: ' I i 18. Religion und Mythologie, págs. 96-99.
22
23
1 1
.
lhões de vezes, e possui multidões de formas e multidões de
membros. seguinte foi a formação j de um germe, ou ovo, do qual saltou Ra,
y deus-sól, dentro'11de cuja forma brilhante estava incluído o poder
•.j. "Deus fez o universo e criou quanto está nele: Ele é o Criador absoluto do espírito divino..""'
•'do que está neste mundo, do que estava, do que está e do que
estará. Criador do mundo, foi Ele Quem o modelou com Suas mãos Tal1 foi o esboço da criação, qual o descreveu o finadoj Dr. H.
1
antes de haver qualquer começo; e consolidou-o com o que saiu Brugsfch, e ç curioso verificar ò modo com que suas opiniões coin-
d'Ele. Criador dos céus e da terra, é o Criador dos céus, e da terra cidem estreitamente com um capítulo do Papiro de Nesi Amsu pre-
e do mar, o Criador dos céus, e da terra, e do mar, e das águas servado no Museu Britânico.20 Na terceira seção desse papiro [en-
e das montanhas. Deus estendeu os céus e fez a terra. O que Seu cOntraiftos um trabalhb 'escrito com o objetivo exclusivo de derrubar
coração concebia acontecia imediatamente, e quando Ele falou Sua Xpep, 6 grande ínjmigjo ae Ra, e na própria composição encontra-
palavra aconteceu, e durará para sempre. i mos duas versões dp capítulo que descreve a criação da terra e de
todas as coisas qúe ela contém. Quem fala é o deus Neb-er-tcher,
"Deus é o pai dos deuses e o pai do pai de todas as divin- que djp: — > 1! i • ,
dades; fez soar a sua voz e as divindades nasceram, e os deuses
"Desenvolvi' o evolver das evoluções. Desenvolvi-me sob a for-
passaram a existir depois de haver Ele falado com a Sua boca
ma das evoluções dó| deus Quépera, desenvolvidas no começo de
Formou o gênero humano e afeiçoou os deuses. É o grande Mestre
o Oleiro primevo que fez sair homens é deuses de Suas mãos, é todos os • tempos.I Ddsenvolvi-me com as evoluções do deius Qué r
formou homens e deuses sobre uma mesa de oleiro. pera; desenvolvi-me pela evolução das evoluções — o que quer
dizer, fjíesenvoRi-me, a\ partir da matéria primeva1 que eu fiz, |dé-t£-
"Os céus descansam sobre a Sua cabeça e a terra supdrta-Lhe senvolvi-me a partir, da matéria primeva. Meu nome é Ausares
ps pés; o céu Lhe oculta o espírito, a terra Lhe oculta a forma e (Osíris),, germe | d!a matéria primeva. Realizei inteiramente miiha
o mundo inferior encerra-Lhe o mistério dentro de si. Seu corpo é vontade nesta terrâ, éstendi-me e', enchi-a, fortaleci-a [com] miijha
mão. Eu estava só, j^ois nada havia sido gerado; eu ainda não
M m ? r ? , a r , ' L ° c é u r e p o u s a s o b r e S u a c a b e S a > e a n ova inundação
[do Nilo] Lhe contem a forma. emitira'de mim .mesmo nem Xu nem Tefnut. Pronunciei mèu.prp- '
"Deus é misericordioso com os que O reverenciam, e ouve o prio nome, como uma palavra de poder, com minha própria bocà,,,
que O mvoca. Protege os fracos contra os fortes e escuta o grito e desenyplvi-me incqntinenti. Desenvolvi-me sob a forma das , evo-
do que está agrilhoado; decide entre os poderosos e os fracos. Deus luções do deus Quépera e desenvolvi-me a partir da matéria piá-!1
conhece o que O conhece, recompensa o que O serve e protege o meva, que desenvolveu multidões de evoluções desde o princípio dos
6 tempos. Nadà existia sobre a terra, e fiz todas as coisas. Ninguém
que O segue."
mais trabalhava | comigo nesse tempo. Executei todas as evoluçáès
Cumpre-nos agora considerar o emblema visível, tipo e sím- por meio da Alma divina .quejali afeiçoei, e que permanecera ino-
bolo de Deus, a saber, o deus solar Ra, adorado no Egito em tem- perante no abismo aqüífero. Nao encontrei lugar algum em que pu-
pos pré-históricos .f De acordo com os escritos dos egípcios, houve desse ficar. Mas eu era forte em meu coração, fiz uma base parq
umi tempo em que não existia céu nem terra e nada era senão a mim e fiz tudo o q ú é f o i feitp. Eu estava só. Fiz uma basô para o
água primeva 1 9 sem limites, amortalhada, contudo, em densa es- meu coração (ou vontade), e criei multidões de coisas que evol-
curidão. Nessas condições permaneceu a água primeva por tempo veram como as evoluções do deus Quépera, e sua prole 'veio a
considerável, muito embora contivesse dentro em si os germes das existir mercê das bvoluçoes dos seus nascimentos. Emiti de mim
coisas que, mais tarde, vieram a existir neste mundo, e o próprio 'mesmo 051 deuses Xu e Tefnut, e com ser Uno 'tornei-mej Trino;
mundo Por fim, o espírito da água primeva sentiu o desejo da eles saltaram de min), e passaram a existir na t e r r a . . . Xu ei Tefnut
atividade criadora e, tendo pronunciado a palavra, o mundo existiu geraram Seb e Nut, e Nut gerou Osíris, Horo-quent-an-maa,. Sut,
imediatamente na forma já traçada na mente do espírito antes de Isis e Néftis no mesnjio parto." _í 1 -
pronunciar a palavra que redundou na criação. O ato de criação

19. Veja Brugsch, Religion, pág. 101. 20. NL 10.188. Veja mi nha transcrição c tradução de todo o papiro CM
Archaeoloçia, vol. '52, Londres, 1891. ,' 1

24
deus Quépera, que produziu esse resultado pelo simples pronunciar
do próprio nome. i Os grandes deuses cósmicos, como Ptá e Cnemu,
aos quais se fará alusão mais tarde, são frutos de outro grupo dê
opiniões religiosas, e a cosmogonia em que desempenham os papéis
principais é totalmente diversa. Há que notar, de passagem, que o
deus cujas palavras citamos 1 á pouco declara haver evolvido sob a
forma de Quépera, e que se i nome é Osíris, "a matéria primeva
da matéria primeva", sendo Osíris, em resultado disso, idêntico a
Quépera no que respeita às suas evoluções. A palavra qiie se traduz
por "evoluções" é queperu, literalmente, "rolamentos"; e a palavra
traduzida por "matéria primeva" é paut, a "substância" original da
qual tudo se fez. Em ambas as versões somos inteirados de que os
homens e as mulheres nasceram das lágrimas caídas do "Olho" dé
Quépera, o que quer dizer, do Sol, o qual, diz o deus, "fiz tomar
seu lugar no meu rosto, e depois governou a terra toda".

Vimos como Ra se tornou o tipo visível e símbolo de Deus, 1


criador do mundo e de quanto há nele; podemos agora considerar
a posição que ocupava no tocante aos mortos. Já no período dà'
IV dinastia, por volta de 3700 a.C., era havido pelo grande deus
do céu, rei de todos os deuses e seres divinos e dos mortos bem-
aventurados que ali moravam. As decisões sobre a posição dos
bem-aventurados no céu são tomadas por Ra, e de todos os deuses
que ali se acham só Osíris parece ter o poder de reclamar proteção
para seus seguidores; as oferendas que os falecidos fariam a Ra
são-lhe, na verdade, apresentadas por Osíris. Em determinada oca-
o b a f c S n d£e u s s , e r g u e " s e - d a á g u a p r i m e v a e s t ó t e n t a ^ maos
L . x; ' " ° . que está acompanhado 'de certo núrrtero de di-1 sião, ao que tudo indica, a maior esperança do egípcio era poder
vindades N a porção superior da cena vê-se a' região do mundo inferior! fe-' tornar-se não só "Deus, filho de Deus", por adoção, mas também
hr3 « , C ° ; P 0 d e 0 s í r i s ' s o b r e c u j a c a b e ? a está. a deusa í i u t com
braços estendidos para receber o disoo do Sol) "
os vir a ser, realmente, filho de Ra. Pois no texto de Pepi I,2® está
I ' ! ,1 escrito: "'Pepi é filho de Ra, que o ama; surge e eleva-se ao céu.
Ra gerou Pepi, que surge e se eleva ao céu. Ra concebeu Pepi, que
• O fato de existirem duas versões deste Capítulo notável prova surge e se eleva ao céu. Ra deu origem a Pepi, que surge e se
que, a composição é muito mais antiga do que o papiro 21 em que eleva ao céu." Substancialmente, tais idéias permaneceram as mes-
se encontra, e as várias interpretações que locorrfem em cada uma mas desde os tempos mais remotos até os mais recentes, e Ra man-
evidenciam a dificuldade que os escribas egípcios encontravam para teve sua posição como o grande cabeça das companhias, em que
compreender o que estavam escrevendo. Pode1 dizer-se que essa ver- pese à elevação de Amon a um lugar de destaque, e à tentativa para
são .da cosmogonia é incompleta, porque nao explica a ò r i & m d e fazer de Aten o deus dominante do Egito pelos chamados "adora-
nentam dos deuses, exceto os que pertencem ao ciclo de Osíris e dores do Disco". Os bons e típicos exemplos de Hinos a Ra, que
a .objeção e válida; neste lugar, porém, só nós' interessa .mostrar se seguem, foram tirados dos exemplares mais antigos da Recensão
que Ra, o deus solar, evolveu do abismo aqüífero primevo por obra tebana do Livro dos Mortos.

! 1
21. Cerca de 300 a.C.
' ' 'i 22. Ed. Maspero, linha 576.
1
26 ,,
27
I. Tirado do Papiro de Ani. 23 ti

q Deus y n o que 'nasceu no priacípip dos tempos. Criaste a f r i a


m J S í n ° 0 M e ?li r T S t \ ° a b i s m 0 a * r o d 0 formaste
S J H Nilo!),, f i a s t e o grande mar e dás'vida a quantos
• •em tua mae Nut (isto é, o céu); és coroado re dos deuses Tua éxistem dentro deffe. Jbntaste) as montanhas umas às outras, produ-
3 Ü Com a
f o gênero hupapo e os animais do campo, fteeste os céus e a
Aregião T Z l T c T ™bas ^ m í
P «n"^ V x ? 8 ^ Ó' t U ' a q M e m 3 d e u s a M a a t a b r a ? a d e manhã
e ao átaoitecer. Viajás através do, céu com o coração transbordante
cer. 24 Salve todos vos, deuses do Templo da Alma « que oesais o 1 de alegria;, o grantieí abismo do/céu está contente por isso O de-

SaL6 T a S n ^ o u f S ^ 6 ^ ^ C mida
° d i v i n a V L S S S ia K ° ; f r p e n í f Nacl28' e s e u s b r a o s e s t ã 0 corta
? d o s . o barco
n„ P S t r e C V ^ o s favoráveis e regozija-se o coração b a 4c e l e
e F ^ e d o r da subsfânrin H 'H^ * ° C r Í a d o r d o S ê n e r o humano
1CO Ue
-que está no( seu santuario.
L . substancia dos deuses do sul e do norte, do oeste e
do leste! Vmde e aclamai Ra, senhor do céu e Criador dos deuses "Coroado Príncipe do céu, és o Ünico [dotado de toda a; so-
r em SUa b d a f rma Uando berania] que, aparecfe h 9 céu: Ra é o que é verdadeiro de voz.*>
vino b ^ ° o . ° <* ^ manhã em seu S fcalve divino màncebo, herdeiro 1 da sempiternidade, ó tu que nas-
ceste de ti pesmo! Salve, ó tu, que pariste a ti mesmo! Salve! ü S
•nas ^ f S d e S ^ ^ S V n ^ J n \ í t u r a s e os ser poderoso, de miríades de formas e aspectos, rei do mundo prín-
rteu c u ™ i rf^H ^ 7 0 t ® a d e u s a M a a * marcaram para ti cipe de Anu (Hehâpolis), senhor, da eternidade e governador ' d a
:loi
oi iançaaa
l a S l ao
ao fogo, d d £ ' t 0 d 0 S 0 8 d i a s "Sebau
f o t on demomo-serpente Tua
caiu dea Donta
Serpente
™ H - ê ! f t C O m ^ n h i a d o s d e u s e s regozija-se quando velejas
-beça; seus braços foram presos em correntes, e tu lhe cortaste as através do ceu, o tu qub és exaltado no barco Sectet." *
"Homenagem I a ti, À m o r i - R a q u e descansas sobre M a a f W
passas pelo ceuie todos os rostos te vêem. Aumentas à proporção
que avança a túa Majestade, e teus raios incidem sobre todos òs
rostos. És desconhecido, e nenhuma língua será capaz de descrever
V M a e S t a d e d 0 d e u s sa ra eu aspecto; so mesmo tu [podes fazê-lo]. És U n o . . . Os homdns'
f r ^ S n W. t f g d o aparece e avança até
.à região de Manu; ele torna a terra brilhante ao nascer todos os te exaltanji em teu ribme, e juram por ti, pois és senhor deles. oTves,
j.dias; e prossegue viagem para o lugar em que estava ontem »
Í US ^° UV M~ 0? 6 ^ C 0 1 í l t e u s o l h o s - M i l h õ e s d e a n o s passaram
pelo mundo. Nao, posso dizer o número dos anos por que passastS
n. Tirado do Papiro de Hunefer.27 Teu coraçao decretoú um dia de felicidade em teu nome de «ViaL'
jor . Passas por cima e viajas através de espaços imensos [que
requerem] milhões e centenas' dé milhares de anos [para ser atra!
• - ' " H ?menagem a ti, que és Ra quando te levantas e Temu auan vessados]; i passas ,por eles em paz, e segues teu camiíiho através dô
,abismo aquífero rumo ao sítio que amas; fazê-lo num ápice e depois
afundas e poes termo às horas." ucpuis
.dos que habita* nas a t o a s , . £ £ £ 1 1
.' V li '

, 29' Sco0eSmnZpSpda Ser Pente


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?S trevas
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» a t a v a diariamente.
na VegaV d mei0
30 Is?o é Z À ** D 5 ° "dia 30
entardecer. P
6 no m o m e n t o
e
luta e infalível regularidade marcado com abso- pítu. s o ^ íuíS° e0ntoqUdeosRMo°rt:aà X T ! ^ ° ~
a a menCÍOna n reIat0 da
26. í t o I; R Í H ? l i 6 p o l i s ° a P * 25. Egípcios" ' rC
° d6 S
' | A m
° n 0 ca
P™° ^titulado "Os Deuses dos
27. D o Papiro de Hunefer (Museu Britânico N . ° 9.901).
5 1 0 5 são o r d e 6
.deJL ^ t í ^ u ^ ^ : ^ " ^
28 1
' I
1
(29

I
III. Tirado do Papiro de Ani.33 Ponto ^ precisam ser vistas antes que se possa medir o mie está
1
escondido [em ti].»« M ostras-te só e por tuas próprias forçaf[quan-
A formosa composição que se segue, em parte hino e em parte1 do] surges acima de Nu. Avance eu como tu avanças; nunca cesse
1
prece, encerra excepcional interesse. ,' eu [de prosseguir] como não cessa tua Majestade [de prosseguirl
_ 'fSalve, ó Disco, ó senhor dos raios, que te ergues no horizonte nem que seja por um momento; pois, com algumas passadas, num, '
dia após dia! Brilha com teus raios de luz sbl?re o rosto de Osíris instante, atravessas espaços que [o homem] precisaria de ccnteD
Arii, que é verdadeiro de voz; pois te entoa | hinos de louvor ao de milhares, sim, de milhões de anos para atravessar; fazes [ stoT
e de
amanhecer e faz que te ponhas ao entardecer com palavras de ado- P ° l s a f u n d a s P ^ a descansar. Pões fim às horas da noite e ti'* ;
ração'. Surja contigo no céu a alma Ide Ani, e siga no barco Matet. mesmo as contas; dás cabo delas na oportunidade do teu próprio - ;<
Chegue ao porto no barco Sectet, e abra seu,'caminho por entre as momento e a terra se ilumina. Encetas a tua tarefa à s e m S j a ' .
v
estrelas do céu que nunca descansam. de Ra; sobes no horizonte.' |
"Em paz e em triunfo,' Osíris Ani adora o seu senhor, o senhor "Osíris, o escriba Ani, proclama seus louvores a ti quando bril í
:
cja eternidade, dizendo: 'Homenagem a ti, 'p Heru-cuti (Harma- lhas e, quando te levantas ao despontar da aurora, grita de alesria
pelo teu nascimento, dizendo: — .
çhifj, que és o deus Quépera, o que se criou a si mesmo; quando,
te ergues no horizonte e vertes teus raios de luz sobre as regiões' " 'Coroado com a majestade da tua formosura, afeiçoas teus
db Norte e do Sul, és belo, sim, belo, e todos ^©s deusès jubilam membros à proporção que avanças, e os produzes sem trabalhos de'
ao| contemplar-te, rei do céu. A deusa Nebt-Unut consolidou-se so- ,na f o r m a d \ R a > a maneira que te ergues na altura celestia
bre a tua cabeça; e os seus uraei do Sul e db Norte estão sobre a Concede que eu chegue ao céu eterno e à montanha onde vivem
tup testa; ela toma o seu lugar diante de ti. O deus Tot está insta- teus favoritos. Junte-me eu aos seres cintilantes, santos e perfeitos
lado na proa do teu barco a fim de destruir completamente todoá que estão no mundo inferior; e saia com eles para contemplar tua '
teujs inimigos. Os que estão no Tuat (mund;o inferior) adiantam-se pulcritude quando resplandeces ao entardecer e voltas para tua m ã e ' .
ao jteu encontro e inclinam-se até ao chão papa homenagear-te, à Nut. Colocas-te no oeste, e minhas mãos [te] adoram quando t e ' 1
medida que se aproximam de ti para contemplai; tüa forma venusta. poes como um ser vivo-" Eterno criador, és adorado [como tal , ' *
Entrei à tua presença para poder estar contigí) à fim de .contemplar quando] te poes no céu. Dei-te meu coração sem titubear, ó tu m i e '
o teu Disco todos os dias. Não seja eu encerrado [no túmulo], não es mais poderoso do que os deuses.' > l
Seja eu obrigado a voltar atrás, rèmovem-se 03 membros do meu
corpo quando eu contemplar a tua formosura, tal como [o são] os "Um hino de louvor a ti, que te ergues como se foras de ouro/"
de todos os teus favorecidos, porque sou'um dos que te adoraram e mundas o mundo de luz no dia do teu nascimento. Tua mãe tê i '
sobre a terra, chegue eu à região da eternidade, chegue até à região da a luz, e imediatamente dás luz no caminho do [teu] Disco ó
sempiterna, pois vê, meu senhor,,foi isso m « m ó 1 que ordenaiste park grande Luz que cintilas nos céus. Fazes que floresçam as gerações •
mim.' 11i j de homens através da cheia do Nilo, e que exista alegria em todas
as terras,, em todas as cidades, em todos os templos. Ês glorioso
"'Homenagem a ti, que te ergues em teii hjórizonté como Ra, em razao dos teus esplendores, e fortaleces teu CA (isto é Duplo) 1
que descansas sobre Maat. 34 Passas pelo céu; e todos os gostos te com alimentos divinos, ó poderoso nas vitórias, ó Poder dos Po- '
observam e observam-te o curso, pois estivestè subtraídp aos seus deres, que robusteces teu trono contra os demônios perversos — ó
olhares. Mostrasse ao amanhecer e ao entardecer, dia após dia. O tu que és glorioso de Majestade no barco Sectet e poderosíssimo
barco Sectet, dentro do qual está tua Majestade, prossegue coip no barco Atet!" 38
força; teus raiòs estão sobre [todas] as faqes; os raios1 vetínelhos e
amarelas não podem ser conhecidos, e teus raios brilhantes não
podem ser contados. As terras' dós deuses: e' às r terras' orientais do
f( • costafdo I rordt , St : S d a C Africa 0rÍentaÍS 6 d
° Mar Verme,h0
> 6
-
36. Tenho dúvidas acerca do significado desse trecho. i 1
33. Estampa 20. r i ' ' 37. Isto e, "porque quando te pões não morres" fyj
34. Isto é, lei imutável'e inalterável. , ' , ,
38. Respectivamente, o barco matutino e o barco vespertino do sol
30
31
Esta seleção pode ser conveniei temente rematada com um hi-
n o » 8 curto que, embora de data mais recente, reproduz em forma exaltam
- És o soberano $ todos os deuses, e tens alegria de
breve os elementos essenciais dos hinos mais extensos da XVIII di- icoraçao no interior do teu santuário; pois o demônio-serpente Nac
1
nas tia (por volta de 1700 a 1400 a.C.). foi condenado ao f o g o ' e teu coração se alegrará para sempre." _ j
"Homenagem a ti, Ser glorioso, dotado [de toda a soberania] „, ' Pelas considerações expendidas nas páginas anteriores, pelos
O Temu^Harmachis,« quando te elevas no horizonte do céu, um . e* ratos de textos reliçiósps de vários períodos e pelos hinos citados,
grito de alegria sobe para ti da boca de todas as pessoas. Ó formoso o leitor poderá julgár p 9 r si mesmo as convicções do egípcio antigo
_» <£ e t e i n o v a s em tua época na forma do Disco dentro de tua e m relaçao a Deus TOdo-poderoso e seu tipo visível e'símbolo, Ra
m a e Hator;« eis porque, em todos os lugares, todos os corações 'Q deus-spl. Os egiptólfgos, diferem 'em suas interpretações de certos
se enchem de alegria quando te ergues para sempre. As regiões , t ^ h o s , mas concordaria no tocante aos fatos gerais. No lidar com
do -Norte e do Sul vêm a ti com homenagem e desferem aclamações os^ fatos nunca ^setó demasiado repetir que as idéias religiosas do
e g i ^ j r é j n s t o n c o diferiam muito das idéias (To -sacerdote culto
ao ver-te subir no horizonte do céu; iluminas as duas terras com
d^MenfislIaT™
raios de luz turquesa. Salve, Ra, ó tu que és Ra-Harmachis, divino
deu
infante-homem, herdeiro da eternidade, autogerado e autonasCido, ' f d o solTpõente, na IV dinastia. Os compüadores de
íei da terra, príncipe do mundo inferior, governador das regiões dê textos religiosos de , todos os períodos conservaram muitas crenças
Auquert (isto é, o mundo inferior)! Saíste da água, saltaste do rudes, foscamente supersticiosas; que bem sabiam sér produto da
deus Nu, que te quer e te ordena os membros. Salve, deus da vida, imaginação dos seus1 antepassados selvagens ou semi-selvagenl não
' d
° a m o r > t o d o s o s homens vivem quando brilhas; és coroado porque elçs mesmos acreditassem nelas, ou pensassem que os leigos
: rei d o s deuses. A deusa Nut rende-te homenagem, e a deusa Maat
para os quais oficiavam as aceitariam', mas por reverência às tra-
te abraça em todas as ocasiões. Os que fazem parte do teu séquito dições herdadas. Os seguidores de cada grande religião do mundo
. c a n t a m para ti com alegria e prosternam-se, tocando o solo com a nunca, se|,livraram completamente das1 superstições que, em todas as
5 fronte» quando se encontram contigo, senhor do céu, senhor da gerações, herdaram dos seus avós; e o que é verdadeiro em relação
{ terra, rei da Justiça e da Verdade, senhor da eternidade, príncipe
aos povos do passàdp é Verd^deüjo, .até certo ponto, em relação aoá
I i da sempiternidade, soberano de todos os deuses, deus da vida cria- povos de< hoje. No Cliente, 'quanfq mais velhas forem, tanto à a i s
I dor d a eternidade, fazedor do céu, em que estás instalado com fir- sagradas se tornarão asPidéias,, crenças e tradições; o que não im-

I
meza. A companhia dos deuses alegra-se com o teu nascimento, a , pediu que homens, ali,, desenvolvessem elevadas concepções morais
$ ta?? e x u l t a quando contempla os teus raios; as pessoas mortas há e espirituais e continuassem a crê-las; e eAtre elas é mister incluir
3 muito tempo surgem com gritos de júbilo para admirar cotidiana- a do Deus Uno, aútogerado e 'auto-existente, que os egípcios ado-
mente tua formosura. Avanças todos os dias sobre o céu e sobre a ' ravam. , ^ •' .' ' i 1 1
,
terra, e todos os dias tua mãe Nut te fortifica. Passas airavés das
. alturas do ceu com o coração pleno de alegria; nisso se 'compraz o
f a b ' s m o do ceu. O demônio-serpente caiu, os braços lhe foram cor-
f tados e a faca separou-lhe as juntas. Ra vive em Maat, a bela O
barco Sectet prossegue e chega ao porto; o Sul e o Norte o Oeste
|i e o Leste voltam-se para louvar-te, ó substância primeva da terra
| que nasceste de teu moto próprio. Isis e Néftis te saúdam, en-
* toam-te cantos de alegria quando te levantas no barco, protegem-te 1
l com as maos. As almas do Leste te seguem, as almas do Oeste

39. D o Papiro de Nect (Museu Britânico n.° 10 471)


40. O sol vespertino e o sol matutino, respectivamente
d a r t i c u l
em q u e o T nasce. ° ^ P ~te da região dele

© 3|3
ÉF

por volta do meado do primeiro século da nossa era. Nela, infeliz-


mente, Plutarco identifica deuses egípcios com deuses gregos e acres-
centa certo número de afirmações apoiadas na sua imaginação ou
resultantes de informações erradas. A tradução, 42 da autoria de.
Squire, reza deste teor:
"Réia, 43 dizem eles, tendo acompanhado Saturno 4 4 pela calada,
! Capítulo II ' 1I , \ | ! r foi descoberta pelo Sol, 45 que, diante disso, lançou uma maldição
sobre ela, pela qual a deusa 'não poderia dar à luz em nenhum mês
Osíris, o deus da Ressurreição i ou ano' — Mercúrio, no entanto, que também estava apaixonado
pela deusa, em paga dos favores que dela recebera, jogando gam^o
com a lua, ganhou-lhe a sétima parte de cada uma das suas lumi-
1 1j 1
'' r , 1 ' ' >' nárias; em seguida, juntando essas diversas partes, que formaram, ao
t [ Os egípcios de todos os períodos que conhecemos acreditavam
todo, cinco dias, acrescentou-os aos trezentos e sessenta que com-
que "Osíris, de origem divina, padeceu a morte !e a mutilação às mãos
punham anteriormente o ano, motivo pelo qual esses dias ainda
dias potências do mal e, após um grande combate com essas potên-
hoje são chamados pelos egípcios a Epacta, ou acrescentados, e
cias,! voltou a levantar-se, tornando-se, dali p'or diante, rei do mundo
observados por eles como os dias aniversários dos seus deuses.
}pferior e juiz dos mortos;; acreditavam outrossim que, por ter ele Pois no 'primeiro, dizem, nasceu Osíris; e no exato momento em que
vencido a morte, os virtuosos também podem vencê-la; e guindavam- Osíris éstava entrando no mundo, ouviu-se dizer uma voz: "Nasceu
P° a uma posição tão exaltada no céu que Osíris passou a ser o o senhor de toda a terra". Alguns, todavia, referem a circunstância
li^ual e, em certos casos, o superior de Ra, o deus' solar, imputando- de maneira diferente; segundo estes, certa pessoa, de nome Pamiles,
Ihé atributos pertencentes a Deus. pjor mais que|recuémos no tem- estava buscando água no templo de Júpiter, em Tebas, quando ouviu
po, lencontramos sempre a suposição de que essas opiniões a respeito' uma voz que o mandava proclamar a brados que 'o bom e grande rei
Osíris eram conhecidas do leitor de textos, religiosos e aceitas por Osíris acabava de nascer'; razão pela qual Saturno o incumbiu da edu-
i ele, e já no primeiro dos livros fúnebres a pdsição de Osíris com res- cação da criança. Em memória desse evento, foram mais tarde insti-
peito à dos outros deuses é idêntica à , que ele ácupa nos exemplares tuídas as Pamílias, festival muito parecido com á Faliforia ou as
majs.recentes, do Livro dos Mortos. Os primeiros autores dos antigos Priapéias dos gregos. No segundo desses dias nasceu AROUERIS, 4 6
textos hieroglíficos fúnebres e seus mais recefrtes compiladqres pre- que alguns chamam de Apolo, e que outros distinguem pelo nome
supiram de maneira tão completa que a história de Osíris 'era co- de Oro, o Velho. \No terceiro veio ao mundo Tífon,48"A que não
nhecida de todos,os homens, que npnhum, ao1 que nps consta, julgou nasceu na ocasião apropriada, nem pelo lugar apropriado, senão
necessário redigir uma narrativa coerente dá vid'a e dos sofrimentos 1 forçando sua passagem através de um ferimento por ele produzido
desáe deus na terra ou, se o fizeram, ela não nos chegou ãs mãos; na ilharga de sua mãe. ISIS nasceu, no quarto dia, nos pântanos
Até na) V dinastia vemos Osíris e os deuses dò séu ciclq.ou com- do Egito e, no derradeiro, nasceu NÊFTIS, a quem alguns chamam
panhia, ocupando um lugar peculiar e espeéíal ,nas composições es- Teleute e Afrodite, e outros Nique — Agora, quanto aos pais dás
critas por intenção dos mortos, e a pedra e ioutrds monumentos, que , crianças, dizem que os dois primeiros foram gerados pelo Sol, Isis
pertencem a períodos ainda mais recuados, irienlcionam,. cerimônias por Mercúrio, Tífon e Néftis por Saturno; e, concordantemente, por
cuja celebração assumia a exatidãó'substancial'dá história de Osíris,
tal como no-la transmitiram escritores mais recentes. Teixos, tódavia, 42. Plutarchi de Iside et Osiride liber: Graece et Anglice. Por S. Squi-
uma história coerente de Osíris que, femborá não fosse,'escrita e h re, Cambridge, 1744.
egípcio, contém tanta coisa de origem égí^ciaique podemos afirmar 1
43. Isto é, Nut.
haver o autor sacado suas informações de fohteá egípcias! JRefiro-me 44. Isto é, Seb.
45. Isto é, Ra. ;
à obra De Iside et Osiride, do escritor grego Plutarco, que floresceu 46. Isto é, Heru-ur, "Horo, o Antigo".
1 1
í 'i , ' li 46-A. Isto é Set. ;
34 , , I . ' • ,
35
nomeiam senão cotai riiarcas apropositadas de detestaçao. Dizem que
a ^ s i s s s « * « essas coisas foram executadas no 1 7 . ° « dia do njês de Atir, quando
o sol estava em Escorpião, no 2 8 ° ano do reinado de Osíris- em-
refresco enquanto não chegassea noite v l tomavam nenhum bora outros teimepv |em assegurar-nos que ele não tinha mais de 28
las ,acre s centai
T í f o n casou com N é f t i s e S u e uSí . J ° que anos de idade àquele tempo.
ção mútua, am^ram- e ^ m ao n trn ° S m S ' Por u m a 1
nascer, comércio do ^ a U u r g V C u r l " o n f ^ ^ • m ã ? 3 n t e S d e "O? iprimeirosj ,qúe tiveram notícia do acidente que vitimara o
6 05 sátir0s
cognominavam Oro,'o V «5E>?o os ^ g ò s ^ o L ^ 0 5 I g U a l m e n t e t habitavam a região pefto de
seus S e r S o f T e s v l r n Í o°s S f , " ^ ^ ^ a
Chemmis (Banopolis);, e, iriteirando imediatamente o povo do acon-
gente e bárbaro além d í o L ? " " a n t l g ° CStÍ1° d e vida> i n d i " tecido; deram a primeira ocásião à expressão Terrores pânicos a
qual, a partir desse momento, foi sempre usada para significar qual-
quer medo súbito ou estupefação da multidão. Quanto a Isis, logo
na reverência^ X « que a nova lhe chegoü aos ouvidos,, cortou imediatamente uma das

r^assÉSase
11 b a dis osl ão via
mais tarde, p d o r e s S do l í T* !? ° P ? ' i™, madeixas do cabelp,« e vestiu um trajo.de luto no mesmo lugar em
a p a r t e , a submeterse à s u f 5 k r ? A r r ^ ~ n d 0 a s P e s s o a s ' e m toda que lhe: sucedia-ést^r, 'o qual, por conseqüência, em razão desse
acidenfle, foi desde entã®, denominado Coptis, ou cidade do luto em-
bora alguns sejarij d'e ç^kiião que a palâvra significa antes privação.
Depois; disso, vagueoti por, ^odos os cantos do país, inquieta ,e pbr-
plexa, 'em busca da arca, perguntando a todas as pessoas que èn-
contrava,. ate algumas crianças; se sabiam ou não o que fora fèito i
circunstância essa da qual o s T r e e o f d e n r i n H 01211108 musicais: dela. Ora, acontecik que as crianças tinham presenciado o que : os
m e s m o Dionísio ou Baco E f a u S t o o S ? qUC d c e r a 0 s e u cúmplices de Tifo* haviam feito com o corpo e, por conseguinte
reino, Tífon não teve n e n h u m a J l e f v e a u s e n f e do seu indicaraip-lhe a t^ca do Nilo 'pela qual ele fora dar ao mar, -
n o estado, pois Is is se m n í r o 0 p 0 r t u m d a d e d e realizar inovações I? por essa razão q u t os egípcios' cdnsideram as crianças deitadas de
sempre de K V j g Ü a n t e n
° g0ye™' e uma como 1 faculdade d,b adivinhação, em decorrência do que'lhes
meiro persuadido setenTa e l í n • S S ° ' e n t r e t a n t o , tendo pri- pbs_ervam ,com muita çurioridade as tagarelices acidentais enqúanto
conspiração, j u n L S t ^ *•^ 3 ele n a estão .brincando (mormente,se for num local sagrado), tirando dela
que acertava de estar n o ^ i t o na S ã o r f ^ ' ^ A&
°' augunos P( presságios - Durante esse intervalo, 'informada de que
gema p a r a alcancar seus inf l ! ^ ' Tlfon
S IZ0U U m
estrata- Osiri^, enganado por sua irmã Néftis, que estava apaixonada por
gredo as medidas do c o ^ f d e n V ^ 1 0 8 ; T e n d o t o m a d o se- ele, se unira involuntariamente a,ela, Néftis, em vez de unir-se à
g m e n t e desse L a n h o tão ' m+and°U faZer u m a arca c á - esposa, Isis, como Idèpreendia da, grinalda de trevos-de-cheiro 48 U e
todos o s ornamentos d a ' a te P SSÍVe1
° ' 6 acreécida 'que ele deixara c ç m l é l a í s i s decidiu igualmente procurar a'çrian-
Ç a
de banquetes; onde depo de w T d í * arCa
'J evou a à
" sua sala m ; r T d ® comércio ilegal (pois sua irmã, receando a cólera do
os presentes, Tífon s S u L d o Z ™ mmt0
1 a d m i r a d a P°r todos mando, Tífon á abandonara assim que ela nascera) e, por conse-
dá-la à pessoa cm o c o ™ s e z h J Z ? T * b r m c a d e i ^ > prometeu quência, depois ae muitos trabalhos e dificuldades, por meio de al-
Diante disso, toda a S m n a E P 5e feitament
e ao seu tamanho, guns caes q u q a conduziram ao sítio em que estava o meninb
arca; m a s como ela n í o se í d i r P 1S d
° ° °Utr°' e n t r o u n a encontrou-o e cnou-o; de tal sorte que', com o correr do tempo, çSte
nela p o r último; tanto que o fez f * ™eaím> °síris ^tou-se
CO s lradores
se juntaram, p u s ^ a m depressa a L Z " P imediatamente
S bre ela e
fora c o m pregos derramando V ^ ° u Pregaraçi-na por nefasto.' N
° ^Mrip' 1
egípcio èsse dia era assinalado como Triplanfente
chu
Feito isso, c a r r e g a r a ™ ™ b o d e t i d o sobre ela.
para o m a r pela ^ ^ T n a t a a t a l " o^ m a D d a r « na b m 0 SÍnal de lut0
> era
habitualmente ! colocjado
é36amda objeto da máxima a b o m i n a d o s £ ^ 49. Isto é, uma coroa de trevos. |1
i >
se tornou set guarda e servidor fconstante,,1 de onde lhe adveio o
< nome dp Anúbis, pois se supunha que ele vigiada e .guardava ds d e u - e de tirar de dentro dele o que desejava, envolveu o restante o tronco
ses, como fazem os cães em relação ao gênéyo humano; i j em panos finos de linho e, derramando óleo perfumado sobre ele
depô-lo de novo nas mãos do rei e da rainha (pedaço dé madeira
"Por fim, ela recebeu notícias da arca, que ^orà carregada pelas que ate hoje se conserva no templo de Isis, onde é adorado pelo
• ; ondas do mar para a costa de Biblo,5? e ali' gentilmente depositada povo de Biblo). Feito isso, atirou-se sobre a arca, lamentando-se
nos ramos de um tamarindo novo, que, em curto' espaço cie tempo com brados tao altos e terríveis que o mais novo dos filhos do rei
se desenvolveu e transformou numa grande e linda, árvore, que' ouvindo-a, morreu de susto. Mas ela, levando consigo o mais velho'
crescei^ em volta da arca, fechando-a de todds os lados, 'de modo ' fez-se de vela, com a arca, para o Egito; e como já fosse de manhã
que ela não podia ser vista; e soube mais, ique, assombrado peta e o rio Fedro lançasse um ar áspero e cortante, secou-lhe a corrente.
tamanho descomunal da árvore, o'reji mandata "cortá-la e fizera da, "Tanto que chegou a um lugar deserto, onde se cuidava só
parte do tronco que escondia a arca úm pilar para kstentar o telha- abriu sem detença a arca e, encostando o rosto no rosto do marido
do da sua casa. Tendo sido essas coisas, dizem .eles, comunicadas morto,:abraçou-lhe o cadáver e chorou amargamente; percebendo
a Isis de modo extraordinário pelo relato de! Demônios, ela. partiu ' porem, que o menininho, deslocando-se em silêncio para trás dela
imediatamente para Biblo; onde, instalando-se à beira de uma fonte, descobrira o motivo da sua dor, virou-se de repente ej colérica lhe
recusou-se a falar com quem quer qàe fosse, excètuando-sç apenas dirigiu um olhar tão feroz e tão severo que ele imediatamente mor-
as mulheres da rainha que adergavam de éstar;,lá; a estas; tom 1 efei- reu dé medo. Afiançam outros que a morte dele não ocorreu dessa
to, cortejou e ^çarinhou da maneira mais bondosa ;possível, entran- forma, senão, como foi sugerido acima, que ele caiu no mar, rece-4
çando-lhes os cabelos e transmitindo-lhes pa'tfè do perfume riiarávi- bendo, depois, as maiores honras por amor da Deusa; por isso o
lhosamente agradável que emanava do seu corpo, ó que lhes Maneros, 51 que os os egípcios evocam com tanta freqüência nos ban-
despertou na ama, a rainha, um grande desejo, de ver a .estrangeira quetes, outro não é senão esse mesmíssimo menino. Tal narrativa
que possuía a admirável faculdade de transfundir tão fragrante odor e contestada pelos que nos dizem ser o verdadeiro nome da criança
nos cabelos e na pele de outras pessoas. NÍandoú, portanto,', que á Palestino, ou Pelúsio, em cuja memória a Deusa construiu a cida-
levassem à corte e, após conhecê-la melhor, fê-la, ama de um dos de desse nome; acrescentando que o Maneros supracitado é assim
seuS filhos. Ora, o nome do rei que então reinava eip 1 Biblo era honrado pelos egípcios em seus festins por ter sido o primeiro a
Melcartus, e o da sua rainha, Astarte, ou, de acordo com ' outros, 1 inventar a música. Outros ainda afirmam que Maneros não é nome
Saosis, bem que houvesse quem lhe chamasse. Nemanoun, hoirie que de pessoa alguma em particular, porém mera forma consuetudinária
1
corresponde ao grego Atenais. - ' e maneira de saudação empregada pelos egípcios em suas relações
1
I recíprocas nas festas e banquetes mais solenes, que por esse modo
"Isis amamentou a criança dando-lhe pahj chupar o dedo em so pretendiam desejar que o que estavam em vias de fazer se lhes
lugar do seio; d,a mesma forma, pünhà-à todas as noites no fogo revelasse afortunado è feliz, sendo esta a verdadeira acepção da pa-
para que este lhe consumisse a parte mortal, enqpanto ela mesma, lavra. Do mesmo jeito, dizem eles, o esqueleto humano, que nos
transformada em andorinha, girava em'torno Ido pilar lastimando b , momentos de festa, transportado numa caixa, se mostra a todos os
seu triste fado. E assim continuou por ^lguiii tempo, até que a' convivas, não se destina, como imaginam alguns, a representar os
rainha, que andava a vigiá-la, vendo o filho1 envolto em, chamas,i infortúnios de Osíris, senão lembrar-lhes a própria mortalidade e por
abriu a gritar, privando-o, dessa maneira, da imortalidade' que, dê esse modo, excitá-los a usar e desfrutar livremente as boas coisas
outro modo, lhe teria sido conferida.' Diante ' d|isso, a Deusa, des-1' colocadas diante deles, visto que depressa se tornariam como o que
cobrindo-se, solicitou que o pilar, que sustentava o tetq, lhe fosse la viam; e que esta é a verdadeira razão por que o apresentavam
dado; a seguir, deitou-o abaixo e, depois de |cort£-lo com facilidade nos banquetes — Mas prossigamos com a narrativa.

-i , . • •
i 50. Nao e a Biblo da Síria (Jebel), sénão os pântanos de papiros do
U6it<ã. ródoto' i i F 7 9 ° d
° primeir0 rei e
>'P c i o > mort
° ainda muito jovem; veja He-
li
38 , • ,
39

I
P

Tencionando fazer uma visita a seu filho Oro, que estava sen- 11 1
' : ,I
do educado em Buto, depositou a arca, entrementes, num sítio re-
esta necessitado de ajúdp, o cavalo 52 é mais útil no alcançar e deter
moto e não freqüentado: Tífon, contudo, caçando certa noite à luz um adversário em fu^a1'. Tíiis respostas muito agradaram a Osíris,
lu
f ' d e u acidentalmente com ela; e, conhecendo o corpo que nela 'pois lhe mostravânr que o filho estava suficientemente preparado
se achava encerrado, fê-lo em pedaços, catorze ao todo, e disper- para o seu inimigo — Contam-nos ainda que, entre os muitos que
sou-os por diferentes partes do país — Quando soube desse acon- desertavahi de contínub o parfido de Tífon, figurava sua concubina
tecimento, Isis, mais uma vez, saiu em busca dos fragmentos dispersos Tueri's, e que uma serpente, que: a perseguia quarido ela se encami-
do corpo do mando, utilizando um barco feito de canas de papiro nhava para Oro, 'foi' morta pelps seus soldados — ação cuja lem-
a fim de facilitar a passagem pelas partes mais baixas e pantanosas jbrança, dizem, ainda sq preserva na corda arremessada no meio das
do pais — razao pela qual, dizem, c crocodilo nunca toca pessoa suas assembléias,, è depois cortada em pedaços — Mais tardei, tra-
alguma que viaje nesse tipo de barco, ou porque receia a cólera da vou-se 1 uma batalha^i que durou muitos dias; mas a vitória, afinal,
deusa, ou porque a respeita por havê- a, de uma feita, transportado pendeu para Oro d Tífon foi feito prisioneiro. Isis, porém, a cuja
A esse motivo portanto, deve imputar-se o haver tantos sepulcros guarda o entregarap, tão lojnge estava de mandá-lo matar, que até
diferentes de Osins no Egito; pois, segundo nos contam, toda vez i lhe desiatou os laçòs e'pô-lo ein, liberdade. O procedimento da mãe
que Isis deparava com algum membro disperso do marido, ali o en- exasperou por tanta maneira Oro, que esta lhe deitou a mão ei ar-
terrava. Outros, todavia, contradizem esse relato e nos informam rancou-lhe11 o emblema de realeza que ela usava na cabeça; e, em
que a variedade de sepulcros se deve antes à política da rainha que lugar do emblema, Hfermes enfiou-lhe na cabeça um e,lmo em fqrma
em vez do corpo verdadeiro, oferecia às diversas cidades apenas a' de cabeça de boi Depois disso, Tífon acusou publicamente lOro
imagem do marido: o que fazia não só para que as honras que por de bastardia; mas, poip a assistência de Hermes (Tot) sua le^iti-,
esse meio seriam prestadas à memória dele, fossem mais extensas ( mídade foi plenamente ( estabelecida por julgamento dos próprios

mas também para poder, assim, iludir a busca maldosa de Tífon' o Deuses —j Houve aliada mais duas batalhas travadas entre eleJ ç,
qual, s e suplantasse Oro na guerra que logo travariam, furioso dián- nas duas, Tífon levou a pioi. Diz-se, além disso, que Isis se juntou
a Osíris depois da, morte dele .e, em conseqüência disso, pariu H i -
P 3 d e d e se ulcros
^ P > t a l vez desesperasse de encontrar pócrates, que vei<j)\ao mundo antes do tempo e coxo dos membros
:i
o verdadeiro — Contam-nos também que, a despeito de toda a sua inferiores." , ^~
procura, Isis nunca pôde descobrir o falo de Osíris, o qual, atirado • Quando examinamos essa história à luz dos resultados dá dè-
no Nilo, fora devorado pelo lepidoto, pelo fagro e pelo oxirrindo cifraçao hieroglífica, constatamos que grande parte dela é icompro-
peixes que sao, por esse motivo, especialmente evitados pelos epíp- váda pelos .textos egípcios: por exemplo, Osíris era filho de Seb e
cios entre todos os mais. Entretanto, para compensar de certo modo Nut; a lEpacta e conhecida nos Calendários como "os cinco diás
a perda Isis consagrou o Falo, feito à sua imitação, e instituiu um adicionais do ano"; o(s cinco deuses, Osíris, Horo, Set, Isis e Néftls
solene festival em sua memória, até hoje observado pelos egípcios. nasceram nos dias, meqcionádols por Plutarco; o 1 7 ° dia de Atir
(Hator) e assinalado como triplamente infausto nos Calendários-1
"Depois dessas coisas, voltando do outro mundo, Osíris apare-
descrevem-se as peregrinações e dificuldades de Isis, e as "lamenta-
ceu a seu filho Oro, animou-o para a batalha e, ao mesmo tempo
r e s que se supõe, tenha ela proferido encontram-se nos textos- as
mstruiu-o no exercício das armas. Em seguida, perguntou-lhe 'qual
listas Idos^ntuários d^, Osíris estãb preservadas em várias inscrições-
era no seu entender a ação mais gloriosa que um homem poderia
o haver Horo vingado seu .pai ê fato amiúde mencionado em papiros
executar?' ao que Oro replicou: 'Vingar as afrontas feitas a seu ,
,e outros documentos; o confjito entre Set e Horo vem descrito, na
pai e a sua mae. Mas Osíris voltou a indagar 'que animal supunha
íntegra, num papliro conservado no Museu Britânico (N 0 1 1 0 184) -
fosse mais util a um soldado?' e como lhe fosse respondido 'o um hino no papiro de. Hunefer relata tudo o que Tot fez em' favpr
cavalo, a resposta provocou-lhe o pasmo, de modo que o pai lhe '
perguntou ainda 'por que preferia ele um cavalo a um leão''' 'Porque'
acudiu Oro, 'se bem o leão seja a mais útil criatura pára quem' V v m 2 V P a l i - c e q u e i ° C * V a I ° s ó s e t o r n o u conhecido no Egito a partit da
XVIII dinastia; epsa parte da versão da História de Osíris, de Plutarw
deve de ser, portanto; .posterior a 1500 a C '
40
Mu

de Osíris; e a geração de Horo por Osíris é mencionada .num hino


a Osíris da XVIII'dinastia no seguinte p a s s o : — 'i
"Tua irmíã exerceu por ti o seu ppder ( protetor, dispersou em
diferentes direções os seus inimigos, afastou la, má so^te, 'pronunciou
poderosas palavras de poder, feziastuta a sua língua e silas' pklàvràs
não| falharam. A gloriosa Isis esteve perfeita no'ordenar ie kó falar,
e vingou seu irmão. Buscou-o sem cessar, vagou por todos òs cantos
(ia terra desferindo gritos de dor e não descansou (ou pousou) en r
quanto não o encontrou. Lançou sombras soire' èle com suàs penas,
fez ar (ou vçnto) com suas asas e despediu, griíds no sepultamento
de seu irmão. Ergueu a forma prostrada daquel^ cujo coração parou
de bater, tirou dele um pouco da sua essêrícia, concebeu e dek à'
luz um filho, amamentou-o em segredo le rjlng^iém ficõu 'satibndo'o
lugar em que estava; e o braço da criança cresceu fort^ na grande
casa de Seb. Rejubila-se a companhia dos Reuses e alegra-se com
a chegada de Horo, filho de Osíris, e firme cie coração e triunfanté,
está o filho de Isis, herdeiro de Osíris." 63 ( ', . '!
É impossível dizer a forma qué tomaram os pormenores da his-
tória de Osíris nas primeiras dinaptias e não sabemos'se Osíris era,
o deusj da ressurreição para os egípcios pré-dinásticos ou prç-histó-
ricos, nem se essse papel lhe foi atribuído depois que Mèna prin-
cipiou a reinar no Egito. Há, contudo, boã{ razões para presumir
que, nos primeiros tempos dinásticos, ele ocupava, a posição c^e deus
e juiz dos que se haviam erguido dentre os mortos com sua' ajuda,
pois já na IV dinastia, por volta dé 3800 a.C.; o rei Men-cau-Ra
(o Miquerino dos gregos) é identificado cony ele1 e, em seu ataúde,
não só lhe chatiam "Osíris, Rei do Sul e dp Nprte, Men-cau-Ra, que
vive para sempre", mas também lhe atribuem! a genealogia de Osíris
Ç dele se declara ser "nascido do céu, desceridente de Nut, carne e
ossos de Seb". É evidente que os sacerdotes de Heliópolis "organi-
zaram" os textos religiosos copiados e multiplicados no Colégio para
ad,equá-los às suas próprias opiniões mas, nos primeirop tempob,
quando encetaram o seu trabalho, o culto de Osíris estava tão difun-
dido e a crença nele como deus da iressurreiçãp tão profundamente
arraigada no coração dos egípcios, que) até no sistema helíppolitano
de teologia Osíris e seu ciclo, ou companhia de deuses, vieram a
ocupar posição proeminente. Ele representava piara os homens a idéia
de Um ser que era, ao mesmo tempo, deus e hpmem, e tipificou para

53. Este hino notável foi divulgado, pila primeira vez, , por, Chabas,
que publicou uma tradução sua, acompanhada de notas, na Revuè Archéo-
logique, Paris.. 1857', t. xiv, pág. 65 e seguintes.

@ • '
os egípcios de todas as épocas a entidade capaz, em razão de seus
sacerdoteis. Esqueceram-se as idéias originais relacionadas com o deus
padecimentos e de sua morte como homem, de compreender-lhes as
e nova,s idéias surgiram; depois de haver sido o exemplo do homem
próprias enfermidades e a morte. A idéia da sua personalidade hu- que se erguera de entre os mortos e lograva a vida eterna, ele passou
m a n a também lhes satisfazia os anseios pelo intercâmbio com um a ser a causa da ressurreição dos mortos, transferindo-se dos deuses
ente que, conquanto em parte divino, tinha muita coisa em comum para ele o poder de ionceder a vida eterna aos mortais. O alegado
com eles mesmos. Originalmente, encaravam Osíris como um homem desmembramento' de 'Osíris foi obscurecido pelo fato de que ele Imo-
que vivera na terra como eles, comera e bebera, sofrera morte cruel rava num corpo perfeito no mundo inferior e, desmembrado ou não,
e, c o m a ajuda de certos deuses, triunfara da morte e alcançara a se tornara, depois çla morte, pai de Horo, em conseqüência dejsuá
vida eterna. Mas o que Osíris tinha feito eles também poderiam união com Isis. Já pa XII dinastia, por volta de 2500 a.C., o culto
fazer, e o que os deuses tinham feito por Osíris, teriam de fazer desse deus se universalizara, ou quase, e um milhar de anos depois
por eles também e, assim como o haviam ressuscitado, assim teriam Osíris passara a ser um como deus nacional. Eram-lhe imputados os
de ressuscitá-los, e assim como o tinham feito soberano do mundo atributès dos grandes deuses cósmicos e ele se apresentava áo Üo-.
inferior, assim teriam de fazê-lo entrar em seu reino e ali viver tanto mem não. só como deus e juiz dos mortos, mas também como criador
tempo quanto vivesse o próprio deus. Em alguns dos seus aspectos, do mundo 1 e de tqdas as coisas nele existentes. Filho de Ra, tor-
identificava-se Osíris com o Nilo, c( m Ra e com diversos outros nou-se o igual de s|3u pai e tomou seu lugar ao lado dele no céii;
"deuses" conhecidos dos egípcios, m; s era em seu aspecto de deus
da ressurreição e da vida eterna quu ele encantava os homens do Uma prova interessante; d^ identificação de Osíris com Ra dá-nòs
vale d o Nilo; e por milhares de anos, homens e mulheres morreram o Capítulo. XVII do Livro dos Mortos. Não nos esqueçamos de que
acreditando que, como tudo o que fora feito por Osíris seria feito i esse Capítulo consiste numa série do que quase poderíamos deno-
simbolicamente por eles, voltariam a erguer-se e herdariam a vida m i n a r artigos de fé1, pada um deles acompanhado de uma ou mais
eterna. Por mais que retrocedamos no tempo acompanhando as idéias explanações, que : representam opiniões totalmente distintas uma da
religiosas dp Egito, nunca nos aproximamos de uma época em que I outra; o Capítulo também é seguido de uma série de Vinhetas. Na
podemos dizer que não existia a crença na Ressurreição, pois em linha 11,0 está dito:! "Sou a alma que mora nas duas tchafi.Si Quç é
[_toda a parte se presume haver-se Osíris erguido dentre os mortos; isto? É Qsíris quando vai a Tatu (isto é, Busíris) e ali encontra a
céticos devem ter existido, e é provável que fizessem a seus sacer- alma de Ra; ym dei^s abraça o outro, e almas passam a existir dentro
dotes a pergunta que os coríntios fizeram a São Paulo: "Como se 'das duas tchafi.'\ Na Vinhetji que ilustra este trecho vêem-se as almas
de Ra e de Osírig pip fofma de falcões pousados num pilono e de
erguerão os mortos? E com que corpo virão?" Mas, sem dúvida, a
frente um para o outro; o primeiro traz um disco' sobre a cabeça e
crença na^ Ressurreição foi aceita pelas classes dominantes do Egito.
o segundo, ,com CaÜeça humana, a coroa branca. É muito para notar
As cerimônias realizadas pelos egípcios com a intenção de assistir ao
que até,no encoritro com Ra a alma de Osíris preserva o rosto hu-
"falecido no ordálio do julgamento e na vitória sobre os inimigos no
manó, , sinal do seu1 parentesço com o homem. |
outro mundo, serão descritas em outro lugar, como o será também
a f o r m a em que se erguiam os mortos; voltamos, portanto, à história , , Assirh Osíris se tornou não só o igual de Ra, porém, ein muitos
teológica de Osíris. :jentidòji,lum deus maior do que ele. Diz-se que das narinas da sua
cabeça, sepultada em Abido, saiu o escarabeu 5S que logo se tornou
_ O centro do culto de Osíris no Egito durante as primeiras di- o emblema e o tipo ido deus Quépera, autor da'existência de todas
nastias foi Abido, onde se 'dizia estar enterrada a cabeça do deus. as coisas e da ressurreição. Dessa maneira, Osíris tornou-se fonte
Com o c o r r e r ã o tempo, ele se espalhou para o norte e para o sul e origem de deuses, homens e coisas e sua condição humana foi es-
e várias grandes cidades afirmavam possuir um ou outro1 membro quecida. O passo segúinte era imputar-lhe os atributos de Deus e
do seu corpo. Os vários episódios da vida do morto constituíram nas ^ V I I I e X I X dinastias ele, parece ter disputado a soberania
tema d e solenes representações no templo e, a pouco e pouco, a
execução dos serviços obrigatórios e não-obrigatórios em conexão
com eles ocupava, em alguns templos, a maior parte do tempo dos 54. Isto é, as almas de Osíris e Ra.
55. Veja Von| Bergmahn enj Aeg. Zeitschrift, 1880, pág. 88 e seguintes.

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das coroas do Sul e do Norte, senhor da sublime coroa branca; como
príncipe: de deuses e de homens ele recebeu o bastão e o açoite, e
a dignidade dos seus divinos pais. Alegre-se o teu coração, que
assiste na montanha de Ament, pois teu filho Horo está instalado
em teu trono. Foste coroado senhor de Tatu (Busíris) e soberano
de Abido."
"Louvores 5 8 te sejam lados, ó Osíris, senhor da eternidade,
Un-nefer, Heru-Cuti (Harmachis) cujas formas são múltiplas e cujos
atributos são grandes, que és Ptá-Sequer-Tem em Anu (Heliópolis),
n ô.--^' £; senhor ido lugar oculto e criador de Het-ca-Ptá (Mênfis) e dos
deuses [lá dentro], guia do mundo inferior, a quem [os deuses] glo-
t i x ^ f ^ ,
rificam quando te instalas em Nut. Isis abraça-te em paz e afasta
os demônios da boca dos teus caminhos. Voltas o rosto para Amen-
tet e fazes brilhar a terra como se fosse revestida de cobre refinado.
Levantam-se os mortos para ver-te, respiram o ar e olham para o
i H õ t ó c ^
fifíí teu rosto quando o disco emerge no horizonte; seus corações estão
em paz, na medida em que te contemplam, ó tu que és eternidade
e sempiternidade."
No último extrato identifica-se Osíris com os grandes deuses
Itvrjll, de Heliópolis e Mênfis, onde existiam santuários do deus-sol em
tempos quase pré-dinásticos e, finalmente, é declarado "eternidade
e sempiternidade"; unem-se, destarte, as idéias de ressurreição e
imortalidade no mesmo ser divino. Na seguinte Litania continua o
processo de identificação com os deuses: —
Á alma de Ra (1) encontra-se com a alma de Osíris (2) em Tatu. O
gato (isto é, Ra) ao pé do abacateiro (3) corta a'cabeça da iserpente quei
1. "Homenagem a ti, que és as cintilantes divindades de Anu
tipifica a noite. e os seres celestiais de Quer-aba; 6 9 ó tu, deus Unti, 60 mais glorioso
do que os deuses escondidos em Anu. Dá-me um caminho por onde
eu possa passar em paz, pois sou justo e verdadeiro; não proferi
das três companhias de deuses, o que queri dizer, a trindade das mentiras cientemente, nem fiz coisa alguma com dolo."
trindades de trindades, 50 com Amon-^a, a este tempo usualmente
chamado "rei dos deuses". As idéias sobre Osíris nesse período se- 2. "Homenagem a ti, An em Antes, Harmachis; caminhas pelo
rão melhor avaliadas pelos seguintes extratoã|de hinos, contempo- céu com largas passadas, ó H arinachis. Dá-me um caminho", etc. 61
râneos: — 3. "Homenagem a ti, alma de perenidade, tua Alma que re-
57 side em Tatu, Un-nefer, filho de Nut; és senhor de Aquert (isto é,
' , "Glória a ti, ó Osíris, Un-nefer, o grande deus dentro de do mundo inferior). Dá-me um caminho", etc.
Abtu (Abido), rei da eternidade, senhor da, sempiternidade,' que
passâs por milhões de anos em tua existência., Filho mais velho do 58. Ibid., pág. 34.
Vèntre de Nut, gerado por Seb, o Antepassadq [dos deuses], senhor 59. Distrito próximo de Mênfis.
60. Deus que caminha à frente do barco do deus Af, segurando uma
| 56. Cada companhia dos deuses era formada de três trindades ou tríades. estrela em cada mão.
57. Veja Chapters of Corning Forth by Day (tradução, pág. 11). 61. O pedido está escrito apenas uma vez, mas destina-se a ser repe-
tido depois de cada uma das nove seções da litania.
46
47
4 . "Homenagem a ti em teu domínio sobre Tatu; 1 a coroa ' «' •• • i ' '
Ureret está consolidada sobre tua cabeça; és o Ünico que faz a força "Vim .a ti, o filho de Nut, Osíris, Príncipe da perpetuidade;
que a si mesma se protege, e habitas em paz em Tatu. Dá-me um estou no'séquito do déi^ Tot e rejubilei-me com tudo o que ele fez
caminho", etc. por ti. Infundiu ò ap- fragrarite no interior das tuas narinas e vida e
5 . "Homenagem a ti, senhor da Acácia, 62 o barco Sequer« 3 força no teu belo rosto; e trouxe o vento norte, que vem de Temu,
está colocado sobre a sua zorra; fizeste recuar o Demônio, o fautor para as tuas narinas, ó senhor de Ta-tchesert. Fez que o deus Xu
do Mal, e fazes o Utchat (isto é, o Olho de Horo ou de Ra) des- brilhasse áobre o teu 'corpo; iluminou-te o caminho com raios de
cansar em seu lugar. Dá-me um caminho", etc. luz;,destruiu para ti as faltas e defeitos dos teus membros pelo poder
mágico das palavras ide sua boca; fez que Set e Horo permanecesjsçm
6. "Homenagem a ti, que és poderoso em tua hora, grande |em pazl por amor de ti; destruiu o vento de tempestade e o furacão;
e poderoso Príncipe, que habitas em An-rut-f, 64 senhor da eterni- .obrigou os dois còmtiatentes (isto é, Set e Horo) a serem gratiosos
dade e criador da sempiternidade, senhor de Suten-henen (isto é e as duas, terras a''estarem em paz diante de ti; acabou com a cólera
Heracleópolis Magna). Dá-me", etc. que havia em seus peitos e cada qual se reconciliou com o seu irmão
(isto é, tu mesmo). . i
7 . "Homenagem a ti, que repousas na Justiça e na Verdade,
senhor de Abido, cujos membros estão juntos em Ta-tchesert (isto "Teu filho Horo triunfa nk presença da plena assembléia dos
é, a Terra Santa, o mundo inferior); és o que detesta a fraude e a deuses,, foi-lhe outorgada a soberania sobre o mundo e o seu'do-
perfídia. Dá-me", etc. mínio se estende até | às partes mais remotas da terra. O trono do
deus Seb lhe foi concedido, juntamente com a posição criada (pelo
8 . "Homenagem a ti, que estés dentro do teu barco, trazes deus Temu,' estabelecida por decretos [feitos] na Câmara dos jAr-
Hapi (isto é, o Nilo) da sua nascenti; a luz brilha sobre teu corpo quivos e inscrita nu'ma' tabuinha de ferro de acordo com as ordens !
e és o que mora em Nequen. Dá-me etc. de teu pai Ptá-Tanen quandp se assentou no grande trono. Instalou
9 "Homenagem a ti, criador dos deuses, rei do Sul e do seu irmão sobre o'que o dkis Xu sustenta (isto é, os céus), para
Norte, ó Osíris, vitorioso, soberano do mundo em tuas graciosas es- estender as éguas sobre as montanhas, fazer surgir o que cresce tias
tações; és o senhor do mundo celestial. Dá-me", etc. colinas e o grão (?) que brota na terra, e dá proventos por água'
e por terra. Deuses celestes e deuses terrestres transferem-se pata
E de novo: "Ra se pôs como Osíris com todos os diademas dos o serviço de teu filho Horo e seguem-no até à sua sala [ondp] se
espíritos divinos e dos deuses de Amentet. Ele é a forma divina a expede W decreto pelo qual ele será o senhor e eles lhe farão 'í||a
forma escondida do Tuat, a Alma sagrada à testa de Amentet Ún- vontade] num abrir e fechar de olhos. , ;
neter, cuja vida durará para sempre." 6 8
"Rejübile-se ,o ''tpu coração, o senhor dos deuses, rejubilejse
à Tot a I§ÍS u a n d o Ihe grandemente; o Egito e a Terra Vermelha estão em paz e serveta,
palavrÍTueteT' ^ ^ ^ entregou as
palavras que lhe fizeram reviver o marido morto, mas o melhor humildes, sob o teu ppder solberano. Os templos estão instalados
resumo dos benefícios feitos a Osíris por esse deu está num hin" sobrei suas próprips (terras, cidades e nomos possuem, em segurança;
os bens que' têm em, seus nomes, e far-te-emos as divinas oferendas
fdeddo-0- Un£fer
' °nde 56 P 0 e m estas
P ^ v r a s na boca do que somos obrigados,a fazer, e' ofereceremos sacrifícios em teu nome
para,sempre. Aclamam-te o nome, fazem-se libações para o,teu CA,
refeiçpes sepulcrais [té são trazidas] pelos espíritos da tua comitiva!
estava^ "sentado S f * 0
* * 0
é, o So. e asperge-se á g u a . . . de cada lado das almas dos mortos nesta terra!
Completaram-se 'todos os planos decretados para ti por ordem de
S
brava-se aí r S p t t í u r o ^ ° ^ °bre a
^ — cele- Ra de,sde o principie). Agora, portanto, ó filho de Nut, és coroado
como se coroa Neb-ertcher| ao nascer. Vives, estás instalado, renovas
fiS4' v i U
™ ° n d e medra
- 0
mundo inferior.
66: l!l Í T m o f n s F o r t h by Day pág
- -334- tua juventude e és verdadeiro e perfeito; teu pai Ra fortifica ,teus
membros e a companhia dos deuses' te aclama. A deusa Isis está
48
contigo e nunèa te deixa; [não és] jderruMd o pelos teus inimigos. presença de Isis, pelo filho nascido em circunstâncias tão notáveis
Os senhores de todas as terras exaltam-te a formosura, como exaltam seria fatalmente deferido; pois o filho gerado após a morte do corpo
Ra quando nasce no princípio de cada dia. Elevas-te' como 'um ser do pai era, naturalmente, o melhor advogado para o falecido.
exaltado sobre o teu pedestal, tua, formosura ergue' o rqsfo iÇdo .ho- Mas conquanto prevalecessem, de um modo geral, durante a
mem] e alonga-lhe os passos. Fòi-te outorgadaí a soberania do'teu XVIII dinastia (por volta de 1600 a.C.), tais idéias exaltadas sobre
pai Seb e a deusa Nut, tua mãé, que pariu os,, deuses, deu-te à luz Osíris é sua posição entre os deuses, há indícios de que alguns acre-
como o primogênito de cinco deuses, criou j tiila. beleza e |afeiçooU ditavam pudesse o corpo decompor-se, apesar de todas as precauções,
teus membrosj. Estás consolidado 'comlo rei, a coroa branca adorna-te pelo que era necessário fazer um apelo especial ao deus a fim de
a cabeça & empolgaste com as mãos o bastãq»1 e o açoite; enquanto evitar esse desastre. A notável oração que se segue foi encontrada,
estavas no ventre, e ainda não havias saído <Je Impara o mundo, foste pela primeira vez, escrita numa atadura de linho, que envolvera a
coroado senhor das duas terras, e a corqa 'jfítef' de Rai te ornava la, múmia de Tutmósis III mas, a partir desse tempo, o texto, hiero-
testa. G)s deuses vêm a ti inclinando-se profundamente até ao chão,' glífico, foi encontrado inscrito no Papiro de Nu,68 e figura no
i e temem-te; recuam e partem quando te vêe^ com o tei±or de Ra, recente papiro preservado em Turim, que o finado Dr. Lepsius -pu-
e a vitória de tua Majestade está em seus 'corações. Tens ' a vida blicou em 1842. Esse texto, agora geralmente conhecido como o
contigo, e oferendas de comida e bebida te aco'ippanham, e o que1' Capítulo CLIV do Livro dos Mortos, intitula-se "Capítulo de não
1 !
te é devido se oferece diante do te.u rosto." , deixar que o corpo pereça". Inicia-se o texto com as seguintes pa-
lavras: —
Num parágrafo de outro hino mais ou-mènos semelhante
descrevem-se outros aspectos de Ósíris e, deptoià, 'das palavras "Ho 1 "Homenagem a ti, ó ireu divino pai Osíris! Vim procurar-te
menagem a ti, ó Governador dos que estão em |\mentet", chamam-lhè , para que embalsames, sim, embalsames meus membros, pois não
o ser que "dá à luz homens e mulheres pel^lsegunda yez", 67 istò,'é, quero perecer e chegar ao f m, [mas quero ser] como meu divino
"que faz que os mortais nasçam de novo". Como todo o1 parágrafo pai Quépera, cujo divino tipo nunca viu a corrupção. Faze, pois,
se, refere a Osíris "renovando-se" e fazendo-se, "jovem como Ra , que eu tenha o domínio da minha respiração, ó senhor dos ventos,
todos os dias", não pode haver dúvida de que. a ressurreição dos,'1 que enalteces os seres divinos como tu. Consolida-me e fortalece-me,
mortos, a saber, o seu nascimento para uma rtova vida, e ò qúe tem,; I ó senhor da arca funerária. Concede que eu entre na terra da pere-
em. mente o ajutor quando fala no segundo nascimento de homens nidade, como te foi concedido a ti, e a teu pai Temu, 6 tu cujo
e mulheres. Por essa passagem podfemos vetf1 também que Osíris se ! corpo não conheceu a corrupção, ó tu que jamais conheceste a
tornou o igual de Ra e deixou de ser o deus dos mortos para ser corrupção. Nunca fiz o que detestas, antes proferi aclamações com
o deus dos vivos. De mais a mais, na ocasiã^ em que, os extratos os que amaram o teu CA. Nío' permitas que o meu corpo se trans-
acima foram copiados, não só se presumia que Osíris ocupava a mude em vermes, mas livra-me [deles] como tu mesmo te livraste.
ppsição anteriormente ocupada por Ra, más também que seu filljio Suplico-te, não me deixes cair na podridão como deixas os deuses,
Horo, gerado após a sua morte, era reconhecido, em virtude da vi- as deusas, os animais e os reptis conhecerem a corrupção depois que
tória sobre Set, como herdeiro e sucessor de Osíris. E i ele não só ; a alma deles se aparta após a morte. Pois quando a alma se vai,
sucedeu à "posição e dignidade" de seu pai Osíris, ma^ também, o homem conhece a corrupção e os ossos do seu corpo apodrecem
como "vingador do pai", atingiu, aos pouco?, la posição pèculiar de e tornam-se totalmente nojentos, os membros se decompõem em pe-
intermediário e intercessor em favor dos filhos dos homens. Assim, daços, os ossos se desfazem em massa inerte, a carne se converte
na Cena do Julgamento, conduz o falecido à precença de Osíris e em líquido fétido e ele se torna irmão da decomposição que o salteia.
roga ao pai que faculte ao falecido o gozo dos' benefícios gqzados por E transforma-se numa infinidade de vermes, e se demuda numa massa
todos os "verdadeiros de voz" e justifi'cadols no julgamento. E p.| de vermes, e chega ao fim, e perece à vista do deus Xu, como acon-
egípcio acreditava que um apelo dessa natureza feito a Osíris, em

68. Museu Britânico, n.° 10.477, folha 18. Publiquei o texto no meu
66-A. Veja Chapters of Corning Forth by Day, pág. 342. Chapters of Corning Forth by Day, págs. 398-402.
67. As palavras são mes íememu em nem. <

98 51
tece com todos os deuses, deusas, aves emplumadas, peixes, seres
foi depositado no túmulo. É interessante notar que não se faz rrenção
rastejantes, reptis, todos os animais e todas as coisas, sejam quais
de coipidft ou bebida no Capítulo CLIV e a única coisa que o fa-
forem. Quando os vermes me virem e conhecerem, deixa-os cair
lecido afirma ser necessária à sua existência é o ar, que obtém através
sobre seus ventres, e que o medo de mim os aterrorize; e assim seja
do deus 1 Temu, o deus sempre retratado em forma humana,, aqui.
com todas as criaturas após a [minha] morte, quer se trate de animal
mencionado em seu aspecto de Sol noturno, em contraste com. Ra,
de pássaro, de peixe, de verme ou de réptil. E da morte surja a vida.'
o Sol diurno, visando 'a fazer uma comparação entre a morte d-iái;ia
N ã o permitas que a ruína causada por qualquer réptil dê cabo [de
do Sol e a' morte do falecido. Já se mencionou o depósito em Abido
mim], e não permitas que eles venham contra mim em suas várias
da cabeça do homem-deus Osíris e era comum em todo o Egito
formas. Não me entregues àquele carniceiro que mora em sua câ-
a crença de que el,a ali' se conservava. Mas no texto acima, diz o
m a r a (?) de torturas, que mata os membros do corpo e os deixa
falecido: "Minha (cabeça não será separada do meu pescoço", o 'que 1
apodrecer, que provoca a destruição de muitos corpos mortos, ao
parece indicar que ele desejava manter intacto o seu corpo, múfto • |
passo que ele próprio permanece escondido e vive da chacina- con-
embora Osíris, todo-poderoso, pudesse restaurar os membros è re-
sente que eu viva e execute sua mensagem, e faça o que ele ordena.
constitqir o corpo, como fizera com seus próprios membros e Corpo,,
N ã o me entregues aos seus dedos e não deixes que ele ganhe domínio
feitos em pedaços pbr Set. O Capítulo XLI1I do Livro dos Mortos' 68
sobre mim, pois estou sob as tuas ordens, ó senhor dos deuses.
tambénji traz importante referência à cabeça de Osíris. Intitula-se j
"Homenagem a ti, ó meu divino pai Osíris, tens o teu ser com "Capítulo de não d e k a r que a cabeça de um homem lhe seja déce-
os teus membros. Não apodreceste, não te mudaste em vermes não pada no mundo inferior", e deve ter considerável antigüidade. Nele
te tornaste em corrupção, não te putrificaste e não te desfizeste em diz o falecido: "SQU O Grande p n o , filho do Grande Uno; sou Fqgo, :i'
vermes. filho do Fogo, a qüeni foi devolvida a cabeça depois de decepada.
A cabeça de, Osíris^ não lhe foi tirada, não deixes, portanto, que à
E o falecido, identificando-se com Quépera, o deus que criou ''do falecido lhe seja tirada. Juntei minhas partes úmas às outras (ou
Osíris e sua companhia de deuses, diz: reconstitui-me); fizí-me inteiro e completo; renovei minha juventude;
'sou Osíris, o senhor1 da, eternidade."
XT- " S ° j ° d e U S Q u é P e r a > e m e u s membros terão existência eterna.
Nao apodrecerei, não me decomporei, não me putrefarei, não me Do que acima fica dito colhe-se que, de acordo com uma versão
transformarei em vermes, não conh :cerei a corrupção sob os olhos da história de OsirfS, a sua cabeça não somente foi cortada, senão
do deus Xu. Terei o meu ser, terei' c meu ser; viverei, viverei; germi- que também passou pelo fogo; e se for muito antiga, como prova-
narei, germinarei, germinarei; desper.arei em paz. Não me putrefarei- velmente é, essa vprsão nb^ leva de volta aos tempos pré-históricos
minhas entranhas não perecerão; não serei ferido; meu olho não' do Egito, quando se tnutilavam e queimavam os corpos dos mortos.
apodrecerá; não se desfará a forma do meu semblante; meus ouvido^ Supõe o Prof. Wiedemann 70 que a mutilação e o despedaçamento
nao se tornarão surdos; minha cabeça não será separada do meu dos cadávères resultavam da crença de que, para o CA, ou "duplo",
pescoço; a língua não me será arrancada; ninguém cortará meus ca- deixar e^ta terra, era mister despedaçar o corpo a que ele pertencia;
belos; minhas sobrancelhas não serão raspadas, e nenhum ferimento e o professor ilustr1^ a sua hipótese com o fato de objetos de toda
sinistro me será produzido. Meu corpo, consolidado, não cairá em casta seirem quebrados na ocasião em que se colocavam nos túmulos.
rumas nem será destruído nesta terra." Ele também registra1 uip costume efêmero nas sepulturas pré-histó-
^ A julgar pelos textos acima citados, podemos pensar que alguns ,ricas do Egito, qnde, parece que se misturavam os métodos de en-
egípcios esperavam a ressurreição do corpo físico, e a menção dos terrar o corpo ihteiçó e eni pedaços, pois conquanto em algumas o
vários membros do corpo parece corroborar esse ponto de vista Mas corpo foi quebrado, é evidente que se fizeram tentativas bem-suce-
o corpo cuja incorruptibilidade e imortalidade são afirmadas com didas para recoijistjtuí-|lo, colocando os pedaços, o quanto possível,
tantas energia e o SAHU, ou corpo espiritual, que passava a existir nos lugares' apropriados. E pode ser a esse costume !que se faz refe-
ao sair do corpo físico, transformado graças às orações recitadas e
às cerimonias realizadas no dia do sepultamento, ou no dia em que 69. iVeja The Chapters of Coming Forth by Day, pâg. 98. i
70. Veja J. de Morgan, Ethnographie Préhistorique, pâg. 210.'
52
rência em vários lugares do Livro dos portos,, quando o falecido
'declara haver reunido seus memb|ros "e tornádo seu corpo inteird insistiram em que não se fazia mister mumificar os defuntos. Santo
'outra vez", e quando, já na V dinastia o Rei Teta é assim inter- Antônio, o Grande, rogou aos seus seguidores que não lhe embalsa-
ipelado — "Ergue-te, ó Teta! Recebeste tua, cabeça, juntaste teus massem o corpo nem o guardassem numa casa, senão que o enter-
ossos,71 reuniste teus membros." rassem e não contassem a ninguém onde fora inumado, não viessem
; 1
i os que amavam tirá-lo da cova e mumificá-lo, como costumavam
I , Investigou-se a história de Osíris, deus'da ressürreipão,, desde fazer com os corpos dos que eles haviam por santos. "Há muito
c^s teijnpos mais primitivos até o fim do período do domínio, dos sa- tempo", disse, "venho suplicando aos bispos e pregadores que exor-
-|cèrdotes de Amon (cerca de 900 a.C.), ocasião em que: Amon-Ra tem o povo a descontinuar a observância desse costume inútil"; "e
foi introduzido entre os deuses do njundo inferior e se faziam orações ajuntou, referindo-se ao próprio corpo: "No dia da ressurreição dos
Ç ele, em certos casos, em vez de se fazerem f Osíris.' A partir desse mortos eu o receberei do Salvador incorruptível". 72 A divulgação
momento manteve Amon essa posição'destacada e, no período ptole- dessa idéia desferiu na arte da mumificação o golpe de misericórdia,
ípaico, num discurso endereçado ao finado .Qüeraxer, lemos: "Teu. e embora, fosse por conservantismo inato, fosse pelo desejo de ter
rosto brilha diante de Ra, tua alma viie diante dé Amon, e teu corpo à sua beira os verdadeiros corpos dos mortos queridos, os egípcios
s^ renova diante de Osíris." E' também se1 dfsse: "Amon está junto continuassem, por algum tempo, a preservá-los como dantes, aos
dè ti para fazer-te viver outra vez. . . Amon vai a ti com o sopro poucos se esqueceram as razões para mumificar, perdeu-se o conhe-
ida vida e faz-te respirar dentro de tua casa| funérea." Apesar disso, cimento da arte, abreviaram-se as cerimônias fúnebres, as orações se
porém, Osíris manteve e conservou a posição' inais elevada na mente tornaram letra morta e o costume de fazer múmias obsoletou-se.
dos egípcios, do princípio ao fim, como o homem-deus, ser divino' Com a morte da arte morreram também a crença em Osíris e o seu
ehumano a um tempo; e nenhuma invasão estrangeira,' nenhum dis>- culto, passando Osíris de deus dos mortos a deus morto e, ao menos
túrbio político ou religioso, nenhuma influência eventualmente exer- para os cristãos do Egito, seu lugar foi ocupado pelo Cristo, "as
cida por algum povo de fora sobre, os egípcioà consegúirairi fazê-los primícias dos que dormiram", cuja ressurreição e poder de assegurar
considerar o deus como algo menos qlie a tfausá,, o símbolo e o ti,po a vida eterna estavam sendo pregados, nessa época, na maior parte
dal ressurreição e da vida eterna. Durante cerda de cinco mil anos do mundo conhecido. Em Os ris encontraram os egípcios cristãos o
npmificaram-se os homens à imit3ção da forma mumificada de Osí- protótipo de Cristo, e nas gravuras e estátuas de Isis aleitando o
ris; e eles foram para os seus túmulos crenieside que1 seus .corpos filho Horo, distinguiram os protótipos da Virgem Maria e do seu
venceriam os poderes da morte, o pimulo e a decomposição,' porque Filho. Jamais encontrou o Cristianismo em qualquer outra parte do
Osíris os vencera; e alimentavam a esperánça; de ressurreição' num mundo um povo cuja mente estivesse tão preparada para receber-lhe
corpo imortal, 'eterno e espiritual, porque Osíris' se erguera numi as doutrinas quanto os egípcios.
corpo espiritual transformado, e subira ao'céu,'onde se, tornara ,'rei
e ijuiz dos mortos, e ali alcançara a Vida jèterna.' ! Este capítulo pode ser apropriadamente rematado por uns pou-
cos excertos dos Cantos de Isis e Néftis, entoados no Templo de
, _ A principal razão da persistência do, cúltõ, de Osíris no Egito' Amon-Ra em Tebas por duas sacerdotisas que personificavam as duas
foi, provavelmente, o prometer elé assim a ressurreição conio a vida deusas.113
eterna 1 aos fiéis. Mesmo | depois de haver abraçado o criãtianismò, "Salve, ó senhor do mundo inferior, Touro dos que estão aí
continuaram os egípcios a mumificar seus mortps e, por myito tempo dentro, Imagem de Ra-Harmachis, Infante de pulcra aparência, vem
ainda, a misturar os atributos do seu Deus e 'dos, seus "deuses" aos a nós em paz. Repeliste teus desastres, afastaste a má sorte; Senhor,
de peus Todo-poderoso e aos do (Cristo,. Por sú!a vontade, os> egípcios vem a nós em paz. Ó Un-nefer, senhor da comida, chefe, 6 tu, cuja
íhunca se afastaram da crença de 'que 1 é preciso mumificar o corpo majestade é terrível, Deus, presidente dos deuses, quando inundas
para assegurar a vida eterna aos mortos,i mas,os cristãos, embora a terra [todas] as coisas são engendradas. Ês mais afável do que os
preguem a mesma doutrina da ( ressqrreiçãy, derám um pàssò! a mais e
72, Veja Rosweyde, Vime Patrum, pág. 59; Life of St. Anthony, de Atha-
nasius ( M i g n e ) , Patrologiae, Ser. Graec. tom. 26, col. 972.
71. Recueil de Travaux, tom. v, pág. 4 0 (1.287).
73. Veja o meu Hieratic Papyrus of Nesi-Amsu (Archaeologia, vol. lii).

55
deuses. As emanações do teu corpo f izem viver os mortos e os vivos,
ó senhor da comida, príncipe das ervas verdes, poderoso senhor!
bordão da vida, dador das oferenda ; aos deuses e das refeições se-
pulcrais aos mortos bem-aventurados. Tua alma voa para Ra, brilhas
ao aurorecer, pões-te ao anoitecer, levantas-te todos os dias; elevar-
te-ás na mão esquerda de Atmu para todo o sempre. És o glorioso,
o vigário de Ra; a companhia dos deuses vem a ti invocando o teu
rosto, cuja chama atinge teus inimigos. Nós jubilamos quando reúnes Capítulo III
teus ossos, e quando inteiras teu corpo todos os dias. Anúbis vem
a ti, e as duas irmãs (Isis e Néftis) vêm a ti. Elas obtiveram for-
mosas coisas para ti, e reúnem teus membros para ti, e procuram i Os| "deuses" dos egípcios
juntar os membros mutilados do teu corpo. Limpa as impurezas ' , " 1
que estão neles sobre nossos cabelos e vem a nós sem nenhuma 1
, •
lembrança do que te causou tristeza. Vem com o teu atributo de Em todo este livro tivemos de referir-nos com íreqüência aos
'Príncipe da terra', deixa de lado a tua trepidação e está em paz "deuses^' do Egito; |CB|egou a hora de explicar quem eram e o que
conosco, ó Senhor. Serás proclamado herdeiro do mundo, deus Uno, eram eles. Já tivemos ocasião de mostrar o quanto o lado monoteísta
realizador dos desígnios dos deuses. Todos os deuses te invocam! da,religião egípcia semelha a religião das modernas nações cristãs,
vem, pois, ao teu templo e não tenhas medo. ó Ra (isto é, Osíris) | e terá sjdó Surpresa para alguns que um povo, que possuía idéia^ tão
és amado de Isis e Néftis; descansa em tua habitação para sempre." aleVant^das d^ Deus como os egípcios, viesse a ser algum dia motivo
de riso^ cqmo ele oi foi, mercê do seu suposto culto a uma multidão
de "deuses" em várias fprmas. É verdade que os egípcios honravam
grande Inúmero de deuses, um número tão vasto que só a lista dos
seus nonies encheria 'um volume, mas é igualmente verdade que as
suas classes cultas jamais colocaram os "deuses" no mesmo nível ide
Deus e nunca imaginaram que suas opiniões sobre esse ponto pu-
dessem pjér mal-interpiWdas.l Nos teinpos pré-históricos, toda aldeia-
zinha ou cidade pequena, todo distrito e província e toda cidade
grande tinham o sesjj de'us particular; podemos da:r mais um passo,ie
dizer que 'toda famijia de alguma) riqueza e posição tinha o seu' pró-
prio deus. A faníília rica escolhia alguém para servir ao deus e pro-
ver às suas necessidades, e a família pobre contribuía, de acordo
com os meios de qjile dispunha, para um 'fundo comum destinado1 a
acudir às necessidades de moradia, vestuário, etc., do deus em tela.
Mas o deus fazia {jante integrante ,da> família, rica ou pobre, e o seu
destino estava praticamèqte ligado ao dela. A ruína da família acar-
retava a ruína do', deusf e pèríodos de prosperidade resultavam' em
oferendas ' abundantes, novas roupas, talvez um novo santuário, e
coisas assim. Conquanto fosse um ser mais importante, o deus da
aldeia poderia ser lçVado ao cativeiro juntamente com os demais ha-
bitantes, mas depois de uma vitória dos seus fiéis numa incursão ou
numa batalha ampli^aip-se as honras que lhe eram prestadas e lhe
idavam nóvo destacjup ao renome .j"
Í ': li '
56 .1 57
( _ Aos deuses das províncias ou das cidades grandes, forçosamente,
maiore
f Q u e os das aldeias e famílias particulares, dedicayamrse ca- verdadeira companhia dos deuses e, ao mesmo tempo, uma das mais
sajs grandes, isto é, templos, onde se encontrava um número, consi- notáveis características da cena. Assim sendo, uma idéia nascida nos
derável de divindades, representadas por estátuas. Às vezes, impu- tempos mais remotos passou de geração a geração até cristalizar-se
taram-se^ os atributos de um deus a outro, às vepí! dois ou mqis deu- nos melhores exemplares do Livro dos Mortos, num período em que
sès se "fundiam" ou uniam para formar um' terceiro, as vezes se o Egito se achava no zénite do seu poder e da sua glória. A espécie
importavam deuses de aldeias e cidades rembtás,1 e até de países es- peculiar do macaco com cabeça de cachorro, representada em está-
trangeiros e, de longe em longe, uma Icomun^dadé ou Cidade repu- tuas e papiros, é famosa por sua astúcia, e foram as palavras por
diava o seu deus, ou deuses, e • adotava um j fonjunto novinho em' eles ministradas a Tot,, o qual, por sua vez, as transmitiu a Osíris,
folha de algum distrito vizinho. Desse modo,-o número idos numes que permitiram a este último ser "verdadeiro de voz", ou triunfante
estava sempre mudando, e a posição relativa das deidádes indi- sobre seus inimigos. É provavelmente nessa capacidade, isto é, como
viduais não cessava de alterar-se;' um deu:} Iócal,''hoje obscuro e amigo dos mortos, que o macaco com cabeça de cachorro aparece
quafee desconhecido, poderia transformar-se, graças a uma vitória nas sentado no topo do pedestal da Balança em que o coração do fale-
armas, no deus principal de uma cidade, ao mèsmo terrípo que um cido está sendo posto em confronto com a pena simbólica de Maat;
deus adorado com abundância de oblatas e grandes cerimônias nurp Ipois os títulos mais comuns do deus são "senhor dos livros divinos",
mês Ipoderia mergulhar na insignificâhcia e Jorna^-se, para todos os "senhor das palavras divinas", isto. é, as fórmulas que permitem ao
efeitos e propósitos, um deus morto no1 mês sepuinte, Mas além doâ falecido ser obedecido por amig DS e inimigos no outro mundo. Mais
deuses da família e da aldeia haviam ainda demete nacionais, deuses tarde, quando Tot veio a ser i apresentado pelo íbis, seus atributos
dos rios e das montanhas, deuses da, terra e do,céu, todos os'quais, se multiplicaram e ele tornou-se o deus das letras, da ciência, da ma-
em conjunto, formavam um número formidável de seres > "divinos"! temática, etc.jjna criação, parece ter desempenhado um papel seme-
cüja boa vontade cumpria, assegurar e cuja má vontade urgia aplacar.' lhante do da 'sabedoria", tão formosamente descrito pelo autor dos
Além desses deuses, certos animais, por serem consagradps' a èlei, Provérbios (veja o Cap. VIII, vv. 23-31).
eram também havjdos por "divinos", e 'tantcjb o rçiedo quanto o amor Quando e onde quer que os egípcios tentassem estabelecer um
levavam os egípcios a aumenta^ suas numero^s classes de numqs. sistema de deuses sempre constatavam que era preciso tomar em
consideração os velhos deuses locais e encontrar um lugar para eles
Os deuses do Egito cujos nomes nos são Conhecidos não repre- no sistema. Isso podia fazer-se incluindo-os em tríades, ou grupos de
sentam a totalidade dos que foram concebidos péla imaginação egíp- nove deuses, ora comumente denominados "enéades"; mas, de um
cia, pois em relação a eles, como em, relação! a1 muita outra coisa,; modo ou de outro, eles tinham de aparecer. As investigações levadas
funciona a lei da sobrevivência dcj> mais apto, , Nada'sabemos dos a cabo nos últimos anos mostraram que deve ter havido diversas
dèusés do homem pré-histórico, mas é| mais do que prdVável que
grandes escolas de pensamento teológico no Egito, cujos sacerdotes,
alguns deuses adorados em tempos dinásticos1 representem, em forma
em cada uma delas, faziam o máximo possível para proclamar a su-
modificada, as divindades do egípcio secagem 1 ou semi-splvagem
perioridade dos seus deuses. jNos tempos dinásticos houve, de certo,
que lhe influíram na mente poí mais tempo, pasta-nos um èxemplo
grandes colégios em Heliópolis, Mênfis, Abido e em um ou mais
típico de um deus assim: J o ^ cujo emblema original era o macaco
lugares do Delta, para não mencionar' as escolas menores de sacer-
coin cabeça de cachorro. Em1 tempos mujto recuados devotava-se
enorme respeito a esse animal em virtude da sua sagacidade, inteli- dotes, que provavelmente existiam em sítios de ambas as margens
1
gência e astúcia;] e o egípcio simplório,, ouvindo-o tagarelar antes do do Nilo, de Mênfis para o sul. Das teorias e doutrinas de todas essas
nascer do sol e'xio ocaso, presumia que ele estava, de alguih modo, escolas e colégios, as de Heliópolis sobreviveram de maneira mais
conversando com o astro-rei ou que lhe era intimamente lidado. Essa completa e, pelo exame atento dos textos fúnebres inscritos nos mo-
idéia aferrou-se-lhe à mente, e vamos descobrir! ,nos tempbs dinás- numentos dos reis do Egito da V e da VI dinastias, podemos di-
ticos! n a vinheta que representa o sol nascente, que os maçados, que zer o que pensavam a respeito de muitos deuses. No princípio, o
dizem ser os abridores transformados das portas dd céu, formãm uma grande deus de Heliópolis foi Temu ou Atmu, o sol poente, a quem
os sacerdotes locais imputavam os atributos que com razão pertencem

59
i-flttju^o ^ ^ KaAicÉpoK? - â . V ^ y » \u>-ff a

a R a , deus-sol diurno. Por uma ou outra razão, eles formularam a


idéia de uma companhia de nove deuses, que foi cognominada a ses, contivesse sempre nove, este não era o caso, e o número nove
"grande companhia (paut) dos deuses", a cuja testa colocaram o assim aplicado é„ p o r . k z e s , enganoso. Existem diversas passaeens
deus Temu. No Capítulo XVII do Livro dos Mortos 7 4 damos com a nos textos em que se enumeram os deuses de uma paút, e o número
seguinte passagem: , total se as vezes é de' nove, às vezes, é de onze. Explica-se fácil- V
•k r "Sou o deus Temu em seu levantar; sou o Ünico. Nasci em Nu. mente p fato: basta-nos lembrai L que os egípcios deificavam as vá-
Sou R a que se ergueu no princípio." " a ? / ? r i n £ ? : ™ L a s | ^ õ s T n n F ^ r ~ o u a s váriaT!ãsês~dê~lsuã~vida
V e m depois a pergunta, "Mas quem é este?" E a resposta: "Este Destarte, o j o T p o e n t e , , phamado Temu ou Atmu, e õ sol nal^íTtei
é Ra quando, no princípio, se ergueu ia cidade de Suten-henen (He- chamado Quepera, e o Uol do meio^dia, chamado Ra,'eram três!Si-
racleópohs Magna) coroado como un rei ao levantar-se. Os pilares mas do mesmo deus; e se qualquer uma delaslosse incluída numa :
do deus Xu ainda não tinham sido criados quando ele já estava em \paut, ou companha de move dquses., as outras duas também o seriam
cima da escada do que assiste em Quemenu (Hermópolis Magna) " ptor imphcaçao, mesmo1 que a paut passasse a conter, nesse caso, on-
Por essas afirmativas verificamos serem Temu e Ra o mesmíssimo ze em lugar de nove deuses. Do mesmo modo se supunha que as vá-
deus, primeiro filho do deus Nu, a massa aqüífera primeva, da qual 'has formas de cada ,deus, ou deusa, da paut figuravam nela, por
nasceram todos os deuses. Mas o texto prossegue: "Sou o grande maior qu e i viesse a tornasse o número total dos deuses. Não devemos
deus N u que pariu a si mesmo e fez existirem os seus nomes, que portanto, jmagmar que ap três companhias de deuses fossem limita-
formaram a companhia dos deuses. Mas quem é este? É Ra, o cria- das em numbro a 9 x 3, ou vinte e sete, ainda que o símbolo de
dor d o s nomes de seus membros, nascidos na forma dos deuses que deus figurasse ,vinte e setjè vqzes nos tectos.
estão n a comitiva de Ra." E de novo: "Sou o que não é repelido entre , ,Já aludimos ao grande número de deuses conhecidos dos egíp-
os deuses. Mas quem é este? É Tem, o que mora em seu disco ou cios, mas não será diíípiHimaginar que apenas os que lidaVam com
como outros dizem, é Ra quando se ergue no 'horizonte oriental do o destino do homemj aqui e na, outra vida, obtinham o culto e a
céu. Aprendemos assim que Nu foi autoproduzido e que os deuses reverenciai do povo. Epte^ eram em número relativamente limitado e
sao os nomes dos seus membros; mas Ra é Nu e os deuses do seu na verdade, pode dizet-se que consistiam nos membros da grande
séquito ou comitiva são meras personificações dos nomes dos seus companhia de deuses db 'Heliópolis, o que quer dizer, nos deuses
membros. O que não pode ser repelido entre os deuses é Temu ou pertencenlps ,.4o g e l o de Osíris. Que podem ser brevemente d e i c r i f e
/Ra, e assim chegamos à conclusão de que Nu, Temu e Ra s ã o ' u m daiseguime i maleita:
único deus. Colocando Temu à testa da sua companhia dos deuses
os sacerdotes de Heliópolis deram a Ra, e a Nu, um lugar muito L ffi^17'- ÍSt
° é ' 0 " f e c h a d ° r " do dia, exatàmente
3 a n or d0 d i a N a h i s t ó r i a d a
honroso; lograram, inteligentemente, guindar o seu deus local à po- hZr Hf ° , 5 l ' ele declara
sição d e chefe da companhia mas, ao mesmo tempo, brindaram os Que é o6 . S i ? ' ? 5 a f 0 r ™ d 0 d e u s Q u é P e r a e> hinos, diz-se
que e o fazedor dos 'deuses", o "criador de homens", etçj Usurpou
deuses mais antigos com posições importantes. Dessa maneira ado- , a posição de Ra e n t r e i s ,deuses do Egito: Sey culto já devia ser muito1
radores de Ra, para os quais o seu era o mais antigo dos deuses antigo ao tempo dos reis da V dinastia, pois sua íorma tradicional
teriam poucos motivos de queixa quanto à introdução de Temu ná e a de umjihomem daquele tçmpo. 1 1
companhia dos deuses, e a vaidade local de Heliópolis estaria plena-
m e n t e satisfeita. F
retl^nt; f Í n ? 0 g ê n Í t ° , 6 T e m U ' c o n s o a n t e uma lenda, saiu di-
de
uZZrrt- f ' e ' . c o n á o a n í e o V tra, da deusa Hator, sua mãe; e ,i
M a s além dos nove deuses que fnrmavam a "grande companhia" uma terceira/lenda a f i ^ a ser èle fi|ho de Temu e da deusa I u s a s k
de deuses da cidade de Heliópolis, b;via um segundo grupo de nove Foi ele quem abriu cabinho.entrç os deuses Seb e Nut e ergueu esta
deuses denominado a "pequena companhia" dos deuses, e ainda um uhima para formar o céu, crença essa comemorada pelas figuras do,
terceiro, também de nove deuses, que constituíam a companhia me-
ÍscodUn\0 ,r'PreSenttm L m n U m e a er uer se d a t e
S " " a com o
nor. Ora, se bem se esperasse que a paut, ou companhia de nóve deu- 1 d sco,do sol nos ombros. Como potência da natureza, tipificava a
luz e, em pe, np topo de Uma escada é p Hermópolis M a g n a , " er-
74. Veja Chapters of Coming Forth by Day, pág. 49. 75. Veja . acima, págs. 49 le 59j I
1
l' , •
60 i
, ' 61
guia o céu e sustentava-o durante o dia. Para 'ajudá-lo qesse traba- tao completo que basta aqui fazer-lhe breve referência.! Havido nor
lho, colocava um pilar em cada um dos (pontos cardeais, de,sqrte q^e homem embora de origem divina, vivia e reinava como r d na t e m
os fsuportes de Xu" são os esteios do céu. J. j • 1 , ; ( 1 , quando foi traiçoeiramente assassinado pelo irmão, S ? t % eS como
j 3. TEFNUT era irmã gêmèa de Xu; como potênéia, da natu- ' cortado em catorze pedaços, espalhado pelo Egito; depois da suá
rçza, tipificava a umidade ou algum aspecto : do calor do > sol mas, morte, uühzando fórmulas mágicas que lhe dera To Isis conseeSu
como divindade dos mortos, parece ter estado, |de certa maneira, as- faze-lo voltar à vida e ele gerou um filho chamado' S r o q S o
sociada ao fornecimento de bebida ao falecido. Seu irmão Xu era o • Horo cresceu, empenhou-se num combate com Set, venceu-o e as-
olho direito 'de Temu e ela, o esquerdo, ist,ô é, Xu representava un? S6U P
aspecto do Sol e Tefnut, um aspecto da Lua. <ps deuses Temu, ^Cu e ' , ror S T f ;- P ° r m e ! ° d e f ó r m u l a s m ^ c a s fornecidas por
I Tot Osiris reconstituiu e revivificou seu corpof passando a ser o
Tefnut formavam, assim, uma trindade e,j na história da criação, 1 •
depois de haver descrito o modo com que Xu e Tefnut saíram dele, S a i S S U e r r d Ç ã 0 H ° S í m b 0 l ° d a Í m o r t a l Í d a d V e r a também a e S pe-
J deus d0S mortos
I diz o deus Temu: "assim, sendo um deus, fornei-me três". J S - c provavelmente até em tempos pré-
í 4. J j £ J 3 era filho do deus Xu. Chamaim-ttie o "Erpa", isto é, dmasticos. Em certo sentido, foi uma divindade solar e o r i S m e n t e
parece ter representado o sol de ,ois que este se punha mas é t a m S m
"chefe hereditário" dos deuses e "pai dos deuses",, sendo, estes, na- identficado com a l u a . j N a XVIII dinastia, contídò já se S u a t
turalmente, Osíris, Isis, Set e Néftis. Originalmente deus da terra,
6
passou a ser, mais tarde, um deus dos mortos, representando a terra f o r t i t S d r ' °S atrÍbUt0S
^ DCUS C d e t 0 d 0 S
°S
em cujo seio os jmortos eram depositados. ,Uma lenda identifica-oj 1 7. esposa de Osíris e mãe de Horo tinha m m n ri«,.,«
com o ganso, o pássaro que, em tempos mais jrécentes, lhe foi con-
da natureza um lugar no barco do sol no instante da c r S quan
sagrado", e ele é amiúde denominado o "Grande Cacarejador", em do, provavelmente, tipificava a j u r o r a . Em razão do seu bom S o
alusão à idéia de que fez o ovo primevo do qual,surgiu o inundo. T 1 no revivifiçar o c o r p o _ d o m a r . d F l ^ r meio da pronunciacão l ^ ó r
T5. NUT, esposa de Seb e mãe de Osíris, Isis1, Set e Néftis, mulasmágicas é c h a n ^ ^ f f i õ l j ^ ^
originalmente personificação do céu, representava o princípio femi-j'
grinaçoes em busca do corpo de Osíris, a ^ r i i t i i T q u e sendu ao da
nino ativo na criação do universo. De acordo, com uma• velnai teoria,|
a luz e ao criar seu filho no pântanos de papiros do Del a e a perse
Seb jé Nut existiam no abismo aqüífero primevo ao lado 'de Xu e'
gmçao que sofreu às mãos dos inimigos do marido, con kuem aísun
Tefnut; mais "farde, Seb passou a ser a terra ei Nut, o céu. Supunha-se
to de muitas alusões nos textos de todos os períodos. P o s s S vários
que essas divindades se uniam todas as noites e permaneciam abra-
aspectos, mas um dos que mais encantaram a? imaginação dos e S p
çadas até a manhã, quando o deus Xu as separava e colocava a deusa
cios foi o de "divina mãe"; nessa qualidade, milhares de estátuas S -
do céu sobre os seus quatro pilares até à noite., Considérava-se Nut,
naturalmente, mãe dos _deuses e de todas ap coisas vivas, e ela e seu ~ " o e ? h r ada> amamentand
° ° fÍlh
°' H0r
° ' que ela segura
marido Seb eram tidos como os dadòres de comida, não só aos vWos '
mas também aos mortos.^ Se bem circulassem no Egito opiniões dife-
rentes quanto à exata localização do céu dos mortos bem-avénturados, • ^ S i S S S S ^ O A S I ?
todas as escolas de pensamento em todos os períodos situavam-no O Aroeuns dos gregos. Set representava a noite, ao passi que Ho°o
em certa região do firmamento, e as copiosas alusões, ericontradas 1 representava o dia. Cada um desses d e u s e s ^ c u t o u m u i t o s s e ^ s
no? textos, aos corpos celestiais — isto,é, ao sol, à lua e às estrelas; o " " : 6 2 3 / ™ 3 / 0 5 3 P,ara 0 8 m o r t o s e' outros, ergueu e segu-
— ;Com as quais moravam os defuntos, provahi qúe a habitação final' rou a escada pela qual os falecidos subiam desta terra para o c R
das almas dos virtuosos não ficava na tferra.^A deusa Nut é, às ve-i ajudando-os a escalá-la. Num período subseqüente, t o d a v í , as S
zes, representada como uma f ê n i e a _ a Q L l . o n R Q _ ^ g _ ç u i o corpo viaja o' ' i moe, dos eg,pcios tocantes a Set se modificaram l o g o depois do
j i o l e, às vezes, como uma v a c a d a árvore que lhe fora, consagrada
era ò sicômoro. 1 1 por ba°se o O S nome C Í a m ; d O S " S e t Í " Í S t 0 é ' ^ U e , e s C U Í 0 S - - e S a m
por base o nome do deus, tornou-se a personificação de todo o mal
de tudo o que é horrível e terrível na n a l ^ V o m õ W ^ S l o
6. A história de£oSIRIS, filho dé Seb e cie N u t J m a r i d o de
Isis. e pai de Horo, é narrada em outro lugar deste livro de modo o deserto em sua mais desolada forma, a borrasca e'a^empesTa^e,'

63
etc. C o m o potência da natureza, estava sempre em guerra com Horo o deus-soj, como, "Abridor" do dia. Infere-se de certas alusões
o Antigo, vale dizer, a noite estava sempre em guerra com o dia constantes do"" Livro | dos Mortos que ele "abrira a boca" 76 dos
em_busça_da_supremacia; ambos os deuses, no entantõT'provinham deuses, e foi' nessa capacidade que se tornou um deus do ciclo de
da m e s m a fonte, visto que as cabeças de ambos, numa cena apa- Osíris. Seu equivalente fbminino era a deusa SEQUET, e o tetceirp
recem unidas ao mesmo corpo. Quando Horo, filho de Isis, cresceu
membro da tríade encábeçada por ele era NEFER-TEMU. I,
batalhou com Set, que assassinara Osíris, seu pai, e venceu-o; em
inúmeros textos, as duas lutas, originalmente distintas, se confundem PTÁ-SEQUÈR e o deus duplo formado pela fusão de Sequel,
como também se confundem os dois deuses Horo. A vitória dê nome egipciano da encarnação do Boi Apis de Mênfis, com Ptá.
Horo sobre Set no primeiro_janflitQj£pjficava apenas ã~vTtória do PTÁ-SEQUER-AUSAR, três deuses em um, simbolizava a '
dia sobre a noite, mas a derrota de Set no segundo parece ;er sido vida, a morte e a ressurreição. i'
entendida como a vitória da vida sobre a morte, do bem sobre o CNEMU, 1 um dos velhos deuses cósmicos, ajudava Ptá a, i
m d . O símbolo de ^ S 6 T ê r ã H i m ~ ã M 5 i g 1 ^ h m - > a ^ CO m cumprir] as ordens de Tot e deu expressão verbal ao Poder criafivo !•
a de um camelo, mas ainda não satisfatoriamente identificada; as primevo; descrevem-no como "autor das coisas que são, origeAi
figuras do deus não são comuns, visto que os egípcios as destruíram das coisas icriadas, pai dos pais e mãe das mães". Foi ele quem,1 a "|
em s u a maioria, quando mudaram de opinião a respeito d e l e . n crermos numa lenda, modelou o homem numa roda de oleiro^ !
NEFTIS QUEPERA, velho deus primevo e o tipo da matéria que cóni-
- i r m ã de Isis e sua companheira em todas as tém em si o germe d^ vida dm vias de rebentar numa nova exis-j
peregrinações e dificuldades, tinha, como ela, um lugar no barco tência, representava o corpo morto do qual estava prestes a surgir '
do Sol no momento da criação, quando provavelmente tipificava o
J). corpo espiritual. iPintadp na forma de um homem com cabeça 1
cregusculo ou a sobretarde. Era, segundo .reza a lenda, mãe de
dp besouro, fez que èsse inseto se tornasse o seu emblema porque
Anúbis, nascido da sua união com O s í r i s n o s textos, pôrSmTse
p supunham autogerado e autoproduzido. Até nos dias atuais certos
declara que o pai de Anúbis é Kai Nos papiros fúnebres, nas esteias
habitantes do Sudão moém o escarabeu, ou besouro, seco e bebem-
etc., Néftis sempre acompãnEã~IsTs~em suas ministrações aos mortos
e, assim como assistiu Osíris e Isis a derrotar a maldade do próprio nb, com água, crentes de que ele lhes prodigalizará numerosa pro-
m a n d o (Set), assim assistia os falecidos a superar os poderes da génie. O nome "Quépera" significa "aquele que rola", e quando se
morte e do túmulo, 7 toma em consideração o hábito que tem o inseto de rolar a sua
bola cheia de ovos, j tornk-se aparente a propriedade do nome. À
Temos aqui, portanto, os nove deuses da divina companhia de proporção que a bola de ovos vai rolando, os germes amadurecei!}
Heliopolis, mas não se faz menção alguma de Horo, filho de Isis e explodem, em vidas; e à proporção que o sol rola pelo céu emi-
que desempenhou tão importante papel na história de seu pai Osíris' tindo luz, calor e, com eles, vida, as coisas terrenas são produzidas
e n a d a se diz a respeito de Tot; esses dois deuses, porém, são in- e adquirem existência.
cluídos na companhia em vários passos do texto e pode ser que RA era, provavelmente, o mais velho dos deuses adorados no
a omissão deles seja o resultado de um erro do escriba. Já demos EgitolT|Seú| nome pertence a um período tão remoto que já não ,
os principais detalhes da história dos deuses Horo e Tot e só nos Se lhe conheçe o significado. Emblema visível de Deus em tódos os
falta agora nomear rapidamente os deuses principais das outras períodos_era o deus desta terra ao q u a f l ê " faziam diariamente" ofe-
companhias. rendas e sacrifícios; o tempo principiou quando Ra apareceu acima
N U , "pai_dos_deuses", progenitor da "grande companhia dos do horizonte, no momento da criação, em forma de Sol, e a vida
deuses , era amassajãgjíiífera primeva, de onde procederam todas do homem tem sido Comparada ao seu curso diário desde uma data
as coisas. assaz remota. Supunha-se, que Ra velejasse pelo céu e m dois barcos,
o b a r c o ' A T E t ou MATET, em que viajava desde o nascer do sol
P T Á , um dos mais ativos dos três grandes deuses que puseram
em ação as ordens de Tot e deram expressão, em palavras, à von- , 76. "Que o deus Ptá ,abra minha boca"; "que o deus Xu abra minha
tade d o Poder criador primevo, aut x r i a d o , era uma forma de Ra bcjica com1 o séu instrumento de ferro, com o qual abriu a boca dos deuses"
(Cap. XXIII). ||

64
I m
i
i
até ao meio-dia, e o barco SECTET, ein'qye viajava 'desde
PÔr
20. "Louvado sejas, ó Ra, exaltado Poder, que habitas nas
S S ^ W » "d°'S0L A
° naScer
' era at
^ a d o Por Apep PC° profundezas celestes e as iluminas, vê [teu] corpo é N u . " 7 7
deroso dragao ou serpente, tipo do mall e das trevaá, e combatS Nos parágrafos que se seguem identifica-se Ra com grande
d e X n V t qUe 05 d3rd0S a r d e m e S qUe
^carreg
a ^ no corpo numero de deuses e personagens divinos, cujos nomes não ocorrem
a S C m 6 q U C Í m a V m nte ramente
aue s S l í r ' T - - f ' ' ; os demônios com tanta frequência nos te> tos quanto os já nomeados e, de um
que serviam o terrível inimigo eram I também destruídos pelo fogo modo ou de outro, os atributo; de todos os deuses lhe são imputados
e ? eus corpos cortados em pedaços. EncoAtra-se uma repetição dessa
historia na lenda da luta entre Horo e Set, qué em ambls as foiSas? Na ocasião em que o hino foi escrito é claro que o politeísmo, e não
IJ l ? , 0ngli;aImente a Iuta se
supunha traVar-se, todo o pahteismo, como querem alguns, estava em ascensão, em que
I o dias, entre a luz e as trevas, Depois, entretanto, quando Osíri pese o fato de estar sendo o deus tebano Amon gradualmente for-
usurpou a posição de Ra, e Horo representava um p o t e d i J S o V e s t e çado a! assumir o primeiro lugar das companhias de deuses do
a vingar a morte cruel do pai, e o agravo queP lhe fora feho a , fcgito, topamos, em toda a parte, com a tentativa de enfatizar a
concepções m o r i s do certo e do errado, ; d p bem e do mal da tese de que cada deus, estrangeiro ou nativo, era um aspecto ou
forma de Ra.
H o r o e a Set. ^ ^ * ^ ^ ^ » ^ o u t j a / *
Vist0 O deus Amon, a que acabamos de referir-nos, originalmente
i g L ^ L Q , "Pai dos deuses", nada mais natural aue cada um deus local de Tebas, teve o seu santuário fundado, ou recons-
e quê- ele Y e p F e i - é S S g d a um truído, já na XII dinastia, por volta de 2500 a. C. Esse deus "oculto",
g^deuses. B ^ O ^ g õ ^ fato rtos fornece um Hino" a Ra que tal é o sentido do nome Amon, era essencialmente um deus do
sul do Egito mas, quando os reis tebanos derrotaram seus inimigos
do norte e se tornaram senhores de todo o país, Amon passou a
d
° an
° 1370
"a-,C' C d
° * * * * * ser um deus de primeiríssima importância, e os reis da XVIII; da
qUe entraS naS
XIX e da X X dinastias prodigalizaram aos seus templos suntuosa^
i dotaçoes. Os sacerdotes do deus lhe chamavam "rei dos deuses''
e procuraram fazer que o Egito inteiro o aceitasse como tal mas,
' i s c o n d e n i n ^ A ^ K 5 ^ 3 5 ' rÓ R a ' e x a l t a ^ ' P o d e r , q u e , entras no a despeito de todo o seu poder, perceberam que só poderiam obter
esconderijo de Anúbis, vê [teu] corpo é Quqpera.
• 13 "Louvado sejas, ó Ra, exaltado Poder, cuja i vida tem esse resultado se o identificassem com os mais antigos deuses do
,maior duraçao que a das formas ocultas, vê, [teu] corpo é Xu. pais. Declararam-no representante do poder oculto'e misterioso que
criou e sustenta o universo, simbolizado pelo sol; acrescentaram-lhe
1
ié'Tefmit " L ° U V a d ° sejas
' ó Ra
> exaltad
o P o d e r . . . vê [teu] corpo' portanto, o nome ao de Ra e, dessa maneira, a pouco e pouco, ele
usurpou os atributos e os poderes de Nu, Cnemu, Ptá, Hapi e outros
,15. "Louvado sejas, ó Ra, exaltado Poder; 'que produzes coisas' grandes deuses. Durante a XVIII dinastia, uma revolta capitaneada
Verdes em sua época, vê [teu] corpo é Seb. por Amon-hetep, ou Amenófis IV (cerca de 1500 a . C . ) estalou
N 16. "Louvado sejas, ó Ra, exaltado Poder,' poderoso ser que contra a supremacia de Amon, mas sem êxito. Esse rei odiava
Julgas,. . . ve [teu] corpo é Nut. , , , tanto o deus e seu nome que mudou o próprio apelido para o de
Cu-en-Aten , isto é, "glória do Disco solar", e ordenou que o
' c j p p o é ísisL0UVad° SejaS
' Ó Ra
' exaltad0 Soder
> ' s e n h ° r - • • vê [teu] nome de Amon fosse riscado, sempre que possível, dos templos
' • , 1 8 . "Louvado sejas, ó Ra, exaltado ,Poder, cuja • cabeça dá e de outros grandes monumentos; o que realmente foi feito em
luz ao que esta diante de ti, vê [teu] corpo é, Néftis. muitos lugares. É impossível dizer com exatidão quais eram as
opiniões religiosas do rei, mas é certo que ele desejava substituir
hro, "LoUvado fias' ó Ra
- exaltado Poder, origem dos mem-
corpo é mHoS;oqUe £S 6 traZéS à 1UZ Q q U S f 0 i g e r a d 0
' vê [teu
>
(ed. u f é b ^ S , °pàris, 0 T m A
Tly S d
" MüSée Guime
': U T
°mbeau de Seti 1

66
,
67
o culto de Arnon pelo de Aten, forma do deus-sol adorado em
Anu (isto e On ou Heliópolis) em épocas muito remotas "Aten" bebida sao feitas l e fornecidas, e [por quem] são criadas as coisas
significa, literalmente, "Disco do Sol" e, posto seja difícil compreen- que existem. Senhor do tempo, atravessa a eternidade; ancião que
der, depois de tanto tempo, em que consistia a diferença entre o renova sua juventudk . . é o Ser que não pode ser conhecido, e
culto de Ra e o culto de "Ra em seu Disco", podemos estar certos está majs escondido que todos os d e u s e s . . . Dá vida longa aos
de que havia uma sutil distinção teológica entre eles. Mas fosse que favprecp e multiplic^-,lhes òs anis; magnânimo protetor do que
qual fosse a diferença que pode ter havido, bastava obrigar Ame- se instala em seu coração, é o modelador da eternidade e da perpe-
nófis a abandonar a velha capital, Tebas, e a recolher-se a um tuidade. . Rei do Norte b dq Su|, Amon-Ra, rei dos deuses,' senhpr
lugar a alguma distância ao norte da cidade, onde ele continuou do céu, 'dâ terra, da^,águas è das| montanhas, com cujo surgimehto a
adorando o seu querido deus Aten. Nas gravuras do culto de Aten terra começou a'existir, p poderoso, mais esplêndido que todos'os
que n o s chegaram, o deus aparece na forma de um disco do qual deuses da primeira 1 companhia." ( '
procedem braços e mãos, que conferem vida aos seus adoradores No extrato acima notar-se-á que Amon é cognominado o
Apos a morte de Amenófis, o culto de Aten declinou, e Ainon re- "Üiiico • de Único",i ou o, "Único 1 Único", título que, segundo já; se
conquistou sua influência sobre a mente dos egípcios. explicou, não se relábipna de máneira alguma com a unidade de,
Deus tal 'como é compreendida nos tempos modernos: mas; se
dos i , S a Hde
? e AAmon,
SpaS V£da ÍnSerÇã
° a q U Í do
° e um Ibreve extrato d e u m a lista com
Pleta epas ^alaVras nãq ,se, destinam a expressar a idéia d'e unidadet que
dos £títulos Papiro da Princesa' significam elas? Diz-se também que ele é "sem secundo", de modo
Nesi-Quensu - nos fará conhecer o conceito em que o deuT e a
que não há, a menor dyvida de que, ao declarar o seu deus Único
l d
°Jnr í? an
° 1 0 0 0 a ' C " N e l e ' A m o n é chamado de "de" e sem segundo, os egípcios queriàm dizer precisamente o que queriam
sagrado, senhor de todos os deuses, Amon-Ra, dono dos tronos do dizer hebreus e árabes ao afirman que o seu deus era Único. 81 Um
mundo, príncipe de Apt (isto é, Carnaque), 'alma santa ue ve Deus nessas condições era üm Ser totalmente distinto das personi-
a existir no principio, o grande deus que vive do direito e da justiça ficações dos poderes da' natureza e das existências que, à faltai de
primeira eneade que deu origem às outras duas,*» o ser no qual riome . melhor, fofaçri dbnorpinados "deuses".
todos o s deuses existem, o único de único, criador das coisas que
vieram a existir quando a terra tomou forma no começo, cujos Map, além de Ra, existiu em tempos muito remotos um deus
nascimentos sao ocultos, cujas formas são múltiplas e cujo cresci- chamado HORO, simbolizado pelo falcão, que parece ter sido a
primeir^ coisa viva 'que 'os egípcios adoraram; Horo era o deus-spl,
P ° d e , S V 0 n h e C Í d 0 - F o r m a s a S r a d a , amada, terrível e
como Ra em épocas mais recentes, foi confundido com Horo,'
p o d e r o s a . . . senhor do espaço/possante Uno da forma de Quépera
filho de, Isis. Suas principais formas apresentadas nos textos são
que veio a existir através de Quépera, senhor da forma de Quéper a :
as seguintes: 1) HERU-UR (Aroueris), 2) HERUrMERTI ,'3)
quando passou a existir, nada existia senão ele mesmo. Brilha sobre
HERU-NUB.I 4) 'HERU-QUENT-CAT, 5) H E R U - Q U E N T U N -
l ^ r a d e s d e ° s t e m P ° s Primevos, ele, o Disco, o príncipe da luz
MAA, 6) HERU-CUTI, 7) HERU-SAM-TAUI, 8) HERU-HE-
L e i 1 5 ' ' • • Q u a n d ° e S S e d e u s s a g r a d 0 se modelou a s
QUENU, 9) HERU-BEHUTET. Associados a uma das formas ^e
E l e ° l oeDSiscn d ter T a f 0 r a m f f 0 S p e l ° s e u c o r a ? ã o mente) Horo çstavam, originalmente, os quatro deuses dos pontos cardeais;
CUJa f o r m o s u r a
rei' indefeso p h p l f ™pregna céus e terra, ou os "quatro espíritos de Horo", que sustentavam o céu em seus
até oue se nõe l ' ? ? V O n í a d e g e r m i n a d e s d e <V» *ascê quatro ( cantos; chamavam-se , HAPI, TUAMUTEF, AMSET ' e
atê que se poe de cujos divinos olhos procedem homens e mu- QUEBSENUF, e representavam o norte, o leste, o sul & o oestí,,
lheres, de cuja boca provêm os deuses, [por quem] a Comida T a
respectivamente. Embalsamavam-se os intestinos do morto e ccjlo-
cavam-sô| em quatro jarros, ficando cada um deles sob a protèçãp
79 marcado pelas ruínas de Te!l-el-Amarna. de um dos quatro' deuses. Outros deuses importantes dos mprtos
? sao: 1) ANÚBIS,| filho de Ra ou Osíris, que presidia à morada
pero^4°^, ™ 594 ^ f f i S . ^ Ma,
d S
cada companhia' °
81.' Veja Deuteronômio, vi, 4; e o Corão, capítulo cxii.
68
fwierária n c h^ i ^ partilhava do domínio da «mèntanha
MhfH V ™b0l° desses deuses um
chacal. 2) H U e SA
J hos de Temu ou Ra, que aparecem na barca do sol na é p o S
da cnaçao e, posteriormente, na Cena do Julgámento. 3) A deusa

Iniílà direito" " T V * r * ^ q U e é Mc o r0r eb troa d a 0



S real t l í '-° > ' verdadeiro, autên-
tico real, genuíno, integro, virtuoso, justo, firme, inalterável,. etc.
H E
í ofrte T J - ™ R T ( H a t o r ) . i s to é, a "casa de Horo", ou
cônPsa ado T "M6 5 0 1 n a S C C 6 SC
PÕe- |0 sicômoro f o r k h e Capítulo IV
' c o S l i ' . ? , ° f f a l e c l d 0 o r a v a P a r a q ^ pia,, o alimentasse com
colhida celestial fornecida por ele. 5) A deusa M E H - U R T que O julgamento dos mortos
r e p i n t a v a ,parte do céu por onde o sol faz 6 seu trajeto diário
de acordo com uma teoria sustentada pelo nienos durante um pe-,
d a W r T " ' ° i u > a m e n t 0 d 0 falecido. ' 6) NElHH,' a mãe A crença em que os atos praticados no corpo seriam submetidos
t a m b e m da
; nACT P°rç^° o r i e n t a l d 0 7) SEQUET a uma análise e a um exame minucioso pelos poderes divinos, após
re esei tados c o m
l l r & f - ' P|' ? a cabeça de uh< léão e de um gato a morte do homem, pertence ao período mais primitivo da civili-
Respectivamente símbolos do poder destruidor e causticante 'do sol zação egípcia e subsistiu, substancialmente a mesma, em todas as
e do seu suave calor. 8) SERQ, uma forma dd Isis. 9) TA-URT gerações. Conquanto não tenhamos informações sobre o local em
S t n T 6 ^ ' f T u 1 Z d o s d e u s e s - 1 0 ) U A t t H Ê T , uma fdrma de que ocorria o Ültimo Julgamento e sobre se a alma egípcia passava
Î Œ Ô U E B F T pra 2 d0m ni0
í d0 Céu s t e n t o n a
f " l ' assim comol para a sala do julgamento logo após a morte do corpo, ou depois
NfcQUEBET era senhora do céu, meridiòna. 11) NEHEB-CA que, terminada a mumificação, se depositava o corpo no túmulo,
deusa que possuía poderes mágicos'e, em certos sentidos, se parecia é quase certo que a crença no julgamento estava tão arraigada nos
com Isis em seu atributos. 12) SEBAC, forma, do deus r sòl, poste- egípcios quanto a crença na imortalidade. Tudo indica não ter ha-
A^?T e T nte c o n f u n í J l d o c o m Sebac, ou Sebec, amigo de 'Set 13) vido nenhuma idéia de um julgamento geral, quando os que tinham
AMSU (ou MIN ou Q U E M ) , personificação dos pdderes geradores 'vivido no mundo receberiam seu prêmio pelos atos praticados no
n - ? , ? ^ 1 " ^ n a t U r e Z a ' 1 4 1 B E B , o u B A B A ' "Primogênito d l corpo; todos os indícios de que dispomos, ao contrário, mostram
u s m s . 15) HA.PI, deus do Nilo, com o qu'ai a maioria dos grandes que se lidava com cada alma individualmente, e ou lhe permitiam
B
deuáes
\
se identificava. 1 , I • ^h I i I passar p reino de Osíris e dos bem-aventurados, ou a destruíam
Os nomes dos seres que, num oili noutro 1 tempo, foram cha- incontinenti. Certas passagens do texto parecem sugerir a idéia da
mados "deuses" no Egito pão ião numerosos que uma simples lista existênbia de um lugar para os espíritos que houvessem partido e
deles encheria vintenas de páginas, q nurp trabalho deste' gênero onde as almas condenadas no julgamento poderiam morar; cumpre
estaria deslocado. Recomendo, portanto, ao leitor,que consulte a não esquecer, todavia, que habitavam essa região os inimigos de
Mitologia Eguia, de Lanzone, on'de se enuméra e descréve um Ra, o deus-sol; e não é possível imaginar que os poderes divinos
numero considerável deles. i '! que presidiam ao julgamento permitissem às almas dos maus viver
depois de condenadas e tornadas inimigas dos puros e bem-aventu-
rados. Por outro lado, se dermos alguma importância às idéias dos
coptas, sobre o assunto, e considerarmos que elas representam
crenças antigas havidas tradicionalmente dos egípcios, teremos de
admitir que o mundo inferior egípcio continha regiões em que as almas
dos maus eram punidas durante um período indefinido. As vidas
de santos e mártires dos coptas estão cheias de alusões aos sofri-
mentos dos danados, mas nem sempre se poderá dizer se as des-
22

71
cnçoes se.devem a imaginação do egípcio cristão ou à tendência 105
das opmioes do escriba. Quando ponderamos que o inferno coo a poderes havia ali a .infligir-me castigos! Quando fui lançado às
pouco mais era que uma forma modificada do antigo Amen i esíocio trevas exteriores, i vi; ififn grande poço de mais de duzentos côvados
ou Amentet, e difícil acreditar que só se tomava m p r e t a o o nomé de profundidade, cheio de reptis, cada um dos quais tinha sete
do mundo inferior egípcio e que as idéias e crençasdos a n S cabeças e corpo de escorpião. Nesse lugar vivia também o ,Grande
Verme', cuja simples kista aterrorizava quem o mirasse. Na boca,
E - V ° r t e S ~3 6 l e n ã ° C r a m ^ u l t a n e a m e n t e absorvidas Algun
autores cristãos sao mu,to minuciosos em sua classificação dos mau ostentava dentes que se diriam estacas de ferro. Um dos reptis
me pegou e 'atirou a esse verme, que nunca parava de comer;: e
Hsêic e o ™ 0 ' b i r ° d e P o e T S V6r - P d 0 SegUÍnte e X t r a t 0 vida d imediatamente todos efe' [outros] animais se juntaram em torno dele,
risencio, bispo de Queft, no século VII da nossa era O santo e quando ele encheu a boca [cipm minha carne], os que estavam por
homem refugiara-se numa tumba- cade haviam sido e m p i l h a i s ali enchefam a sua.", Em reápqsta à pergunta do santo homem
algumas múmias e, quando leu a lis a dos nomes das pTssoas a ] pobre se'gozara de âlgum descanso ou de algum período sem sofri-
enterradas, deu-a ao seu discípulo para repô-la no lugar Em se mento enquanto ali estivera, a múmia replicou: "Sim, meu pai, os
r D a ; U f S d ? , ^ a 0 d Í S T 1 0 ' a d m o - t o u - o P que fizesse o t r a l h o que estão em1 tormentpS são tratados com piedade todos os sábados
ser c ^ m o T gei Cia a d v e r t l n d
Í ' ° - ° d e q ^ todo homem precisava >e domingos. Mas tanto que finda o domingo, somos lançados aos
"E a?Íuns'' dT,e C m a S ^ " mÚmÍ3S ^ Í a z i a ™ diante deles tormentos que merecekpos, para podermos esquecer os anoá que
ÀmJnrt^,; ' , 0 S p e c a d o s f o r a m muit
°s> estão agora em passamos no mundo; e assim que nos esquecemos da dor desse
te de nZ aãS t r e V 3 S e X t e r Í ° r e S ' O U t r O S a i n d a ^ poços e^ fossos suplício, somos atiradoíj1 a putro ainda mais doloroso."
ri d e f g0; a estes último
deu descanso E
aeu descanso. E outros,
n^ da° mesma ° forma, estão num * nmguém
sítio de , _ , Ora, é fácil deduzir! da descrição das torturas que se supunha'
repouso, em razão das suas boas obras.» Depois que o dS L i o viviam os maus a sofrer,' que o autor tinha em mente alguns quadros
com os quais estamos agora familiarizados, graças às escavações
r d d a 0 d e S d ? E r n T e n T 3 M a r C ° m U m a d 3 S - m i a s nafur
Aericofaos F S H ' AT d o^ a Td o r^ d e 6 C u j ° p a i e m ã e s e chamavam de túmulos feitas no^ Ejgito nos últimos anos; e também é fácil ver
de n n í r r l ' f P ^ o n , nunca ouvira a notícia cjue ele, como muitos* outros autores coptas, não lhes captou direito
de que Cristo viera ao mundo. "E ai de mim", disse ela "ai de mim a intenção. As trevas éxteriores, isto é, o lugar mais negro de tqdos
que nasci no mundo. Por que não se tornou meu túmulo o ventre no munqlo 'inferior, o rio e os poços de fogo, a cobra, o escorpião
de minha mae? Quando foi necessário que eu morresse os an os e , coisas ,desse Jaez, todos têih seus análogos, ou melhor, seus ori-
Cosmocratores foram os primeiros a vir rodear-me £ m d todo ginais, nas jcenas anexas aos textos que descrevem a passagem do
os pecados que eu cometera, e me disseram: 'Deixa qu?venha cá ,,sol através do mundo inferioy durante as horas da noite. Mal inter-
o que pode salvar-te dos tormentos a que serás arremessão' TT pretado o; sentido geral de tais cenas, era fácil converter os inimigos
5 d de Ra, o deus-sol, nas,almas dos proscritos e encarar a queima
taZ 1 Z Z % f e r r ° 6 a g U Í l h Õ e s p o n t u d o s semelhantes a desses inimigos — que,'afinal de contas, não passavam de poderés
lanças aguçadas, que enfiaram em minhas ilhargas, rangendo os
personificados da natureza — como o merecido castigo aplicado
S m P v ? a T o t Q U a n d 0 ' / 0 l V Í d 0 3lgUm t e m p o — «lhos s aos que perpetraram d mal na terra! Não se pode dizer até que
a b m a m , vi a morte pairando no ar em suas múltiplas formas e
0 a J0S desapÍedados a a ponto1 os coptas reproduziram inconscientemente as opiniões dos
rcoroo Taím'a J P — r a m e me arrancaram
do corpo a alma desgraçada e, tendo-o amarrado sob a forma de seus antepassados, ir^as niesmp depois de se dar um bom desconto ai
r l T ' C ° n d U Z Í r a m - m e P a r a Amenti. Maldito seja odo essa possibilidade, aípda falte explicar grande número de creiiças'
pecador, como eu, que nasceu no mundo! O meu amo e pai fui e teses que parecem ter sido o, produto peculiar da imaginação do
cristão egípcio. •
S d a d e r T 6 a s ? ã 0 S d e u m a ™ltidão de atormentadores sem
godade, cada_ um dos quais tinha uma forma diferente. Que infi- ! i
mdade d e a n i m a i s se
^vagens vi pelo caminho! Que infinidade de _ Foi dito acima qye a idéia do julgamento dos mortos é anti-
quíssima^ no • Egito; itão aptiga, com pfeito, que seria inútil tentar
82. Ed. Amélineau, Paris, 1887, pág. 144 e seguinte. averiguar a data do período em que'principiou a desenvúlver-se.
Nos textos religiosos mais i primitivos que conhecemos ,há indicações
72 i' 1
' • '
de que os egípcios esperavam uni julgamento; rias tão'pouco defi-
nidas que nao nos permitem argumentar tornando-as .por base; e Grande Deus, Senhor de Amentet." " Diante dessas passagens temos
e du
. vidoso pensar que o julgamento fossé tão completo e minu- o direito de presumir que, antes do fim da IV dinastia, a idéia de
cioso quanto o fpi em períodos ulteriores. Já no reinado de Men- ser pesado na balança" já se desenvolvera; que as escolas religiosas
cau-Ra, o Micenno dos gregos, por volta 1 dei' 3600 a.'C., príncibe do Egito haviam atribuído a um deus a obrigação de vigiar a ba-
reart H e r u t a t a f « encontrou um texto religioso, que mais tarde formpu lança durante o julgamento dos casos; que a pesagem na balança
o. Capitulo 30B do Livro dos, Mortos, inscrito, numa laje de ferro ocorria na presença dos seres chamados Xenit, os quais, consoante
ná caligrafia do deus Tot. Não se pode dizer quÜ fosse' o propósito a cren(ça geral, controlavam os atos e feitos dos homens; que se
original da composição do texto, mas não há dúvida, de que ele sè pensava que, no julgamento, os inimigos poderiam produzir provas
déstinava a beneficiar o fklecido no julgamento ç,,se lhe traduzirmos desfavoráveis ao falecido; que a pesagem acontecia na presença do
literalmente o texto, a impedir que o'seu toração "caísse no mundo Grande Deus, Senhor de Amentet; e que o coração do falecido
poderia faltar-lhe, física ou moralmente. O falecido dirige-se ao
«Li ° r " ' N a P r i m e i r a P arte > dePd>is dç conjürár o cora,çãb, diz o coraçao chamando-lhe sua "mãe" e, logo, o identifica com o seu
falecido: "Nada surja para opor-se1 a iúim po jiilgamento; .não haja ca, ou duplo, associando a menção do ca ao nome do deus Cnemu-
oposição a mim em presença dos príncipes soberanos; não haja se- tais_ latos, importantíssimos, provam que, para o falecido, o co-
paraçao entrè mim e ti na pripsençfi do ifue guarda a Balànçà!. . . raçao era a fonte da vida e do ser, e a menção do deus Cnemu
Nao deixem os funcionários da corte de Qsí^is (em egípcio Xenit), recua , a data da composição para um período coevo dos primórdios
qye estipulam as condições da vida dos homens, que rtieu nome do pensamento religioso no Egito. Foi o deus Cnemu quem ajudou
cheire mal! Seja [o julgamento] satisfatório para mim, seja a au- Tot a executar as ordens de Deus na criação, e uma escultura
diência satisfatória para mim, e tenha eu alegria de coração na muito interessante em File mostra Cnemu no ato de modelar o
pesagem das palavras. Não se permita que b falso se profira contra homem numa roda de oleiro Ao mencionar-lhe o nome, o falecido
mim perante o Grande Deus, Senhor de Amentèt." | 1. 1
parece invocar-lhe a ajuda como modelador do homem e o ser
Ora, ainda que o papiro em que se encontram esta deòiaíação'1 responsável, em certos sentidos, pelo seu estilo de vida na terra.
e ésjta prece fosse escrito dois mil, anos após o reinado de Nlen-cau-
Ra, não há dúvida de que elas foram tiradas de textos 1 também No Capítulo 30A não se faz menção do "guardião da balança",
copiados em período muito anterior, k de que' a hisfória da desco r e; diz o falecido: "Nada se me oponha no julgamento em presença
berta) do texto inscrito numa laje de ferrp > é contemporânea do dos penhores das coisas!" Os "senhores das coisas" tanto podem ser
seu efetivo descobrimento por jJarte' de H e p t a t a f . Não cabe aqui os senhores da criação", isto é, os grandes deuses cósmicos, quanto
indagar se. a palavra "achar" (em egípcio' geç) significa ou não os senhores dos negócios [da sala do julgamento]", isto é, do
uma descoberta autêntica, mas é claro que bs que mandaram copiar' processo. Neste capítulo o falecido não se dirige a Cnemu, mas "aos
( o papiro não viam absurdeza riem impropriedade em atribuir o tçxto
deuses^ que habitam as nuvens divinas, exaltados mercê dos seus
ao período de Men-cau-Rn. Outro texto, que ao depois se transfor- cetros , a saber, os quatro deuses dos pontos cardeais, chamados
mou igualmente num capítulo do Livro dós Mortos sob o título Mesta, Hapi, Tuamutef e Quebsenuf, que também presidem aos
de "Capítulo de não permitir que o coraçãi do falecido lhe seja1 principais orgaos internos do corpo humano. Aqui, novamente, se
arrebatado no mundo inferior", foi inscrito num ataúde da XÍ tem a impressão de que o falecido estava ansioso por tomar esses
dinastia, cerca do ano 2500 a. C.,- e nele encontramos a seguinte deuses, de certo modo, responsáveis pelos atos executados por ele
petição: "Nada se oponha a mim no julgamento em presença do^ em sua vida, visto que, como presidentes dos seus órgãos, eram os
senhores do juízo (literalmente, "sÈnhores das', coisas"); não se diga motores primeiros de suas ações. Seja como for, ele os considera
de mim nem do que fiz, que 'Ele praticou atos contrários ao que intercessores, pois lhes supl ca que "falem palavras favoráveis a
é muito justo e verdadeiro'; nada seja contra mim na presença'do Ka em seu nome e que o façam prosperar diante da deusa Ne-
N e s t e cas
° . procura-sn o favor de Ra, o deus-sol, emblema

83. Veja Chapters of Coming Forth by Day, tradução, pág. 80.


84. Chapters of Coming Forth by Day, pág. 78.

74 I I
75
os hinos sejam .diferentes, .0 arranjo é o mesmo. Justifica-se nor-
itanto, a nossa presunção de que os hinos e a Cena do Julgamento
T ° q U C V e r C o m 0 5 d e s t i n ° s dos mortos Não se f S ilormavarn, juntos, uma seção introdutória ao Livro dos Mortos
nenhuma alusao ao Senhor de Amentet - Osíris
e e possível que ela indique a existência da crença, ao menos durante
n i , , i ^ m e s d e P a s s a r m o s a considerar o modo com que se descreve 10 período de maior pode,r dos sacerdotes de Amon, de 1700 a C
o julgamento nos mais belos exemplos dos papiros ilustrados orca a 800 a. C de c K o julgameríto dos mortos pelos'atos praticados
no corpo I lhes precedia a admissão ao reino de Osíris. Como os
ni ^ r l t o e n n n e a b s o r a papiros de Nebse-
aÔ ser i ^ n, ^ d 1S p a p Í r S v e m o s a fi ura d
° ° S ° falecido , hinos que acompanham a Cena do Julgamento são magníficos
ao ser pesado na balança em confronto com o próprio coracão exemplos de uma' altà1 classe de composições devotas, apresentamos
a seguir ;a traduçãò dp alguns.
S r o corno O P L . g ! C U r S 0 111112 c r e n ? a n a Possibilidade de
ser o corpo pesado em confronto com o coração, a fim de descobrir
que seja™no° en fam ° b e d e d d ° 3 ° S d Í t a m 6 S d ° - g u n d o ; c o m T qu Hino a Ra. 80
to C a & f n i n n T l 6 C e r t ° q U e e s s a n o t á v e l variante da vinheta t I
1 '
dois papiros da í v í n T S Í g n Í f Í C a d ° C S p e C Í a l C' C o m o o c o r r e ^
que renresenta iirn^ dmaStia
' J U S t i f i c a " s e a n ^ s a presunção de "Homenagem a ti, que te ergues em N u , " e que, graças' à tua
Manifestação, deixas o fnundo brilhante de luz; toda a comèanhia
T q S f mane ra n Ç a , V I g e n t e ^ perí d
° ° ^ o mais antigo, dos deuses entoa hinos de louvor a ti depois que apareces As di-
rfn m ™ a n e i r a > o julgamento aqui descrito tem de ser dife-
vinas deusàs Merti, 92 que te ajudam, estimam-te como o Rbi do
r a n d o sulteriores
iraaos t l t e q r i ^ da n T C e Hdinastia
T i vXVIII a Í m
f s s dinastias
e Pdas
i o n a
^ nos papiros Hus-
subseqüentes Norte e do Sul, o belo e amado homem-infante. Quando te ergues
homens e mulheres vrnfcn. As nações regozijam-se em, ti e as Almas'
já era m a b ceha te e n m ham0S - Pr0VaC ! 0 q U £ a idéia do
i s e n t o dos mortos de Anu 3 (Heliópolis) entoam para ti cânticos de aletria. As Almas
3600 a r J £SC t0S reli iosos
" S da
IV dinastia, por volta de
iz l ^ r ^ ^ i r rsLéssz da cidade, de Pe 94 e ás Almas da cidade de Nequem »* te exaltam
os macacos da aurora te adoram e todos os animais e todo o gado'
te louvam unânimes. A deusa Seba derruba teus inimigos, e por
isso tens jubilb em teu. barco; ali se alegram teus marinheiros Al-
cançaste o barco Atet e teu coração se expande de alegria. Quando
os criastes, ó senhor dos deuses, eles gritaram eufóricos. A cerúlea
nennuma Cena do Julgamento e, quando a vemos faltar deusa Nut te abraça P p r todoi ds lados, e o deus Nu te inunda com
r a i o s d e luz
comenta. de tanto peso quanto o Papiro de N e S e n i e o de Nu - - Lança tua luz sobre mim e deixa-me ver tua for-
m o s u r a ; e quando! passares sobrè a terra entoarei louvores ao teu
venusto rosto. Ergues-te no horizonte do céu e teu disco é adorado
quando repousa sobre * montanha para dar vida ao mundo."
s ^ s - ç s s s i è 1
í -
eja
' I o?' X - fhe Cha.P'erK°f^Corning FoYth by Day, pág. 7
O ceu personificadd.
85. Museu Britânico, N . ° 9.900 92. , Literalmente, i s d o i s Olhos, isto é, Isis e Néftis
86. Museu Britânico, N . ° 9.964 93. Isto é, Ra, Xu e Tefnut.
87. Museu Britânico, N . ° 10.477
88. Museu Britânico, N . ° 10 470 M e s t r e SapL ^ ^ ^ B U t ° ( P è r " U á t c h i t > - A s Almas de Pe eram Horo,
1
89. Museu Britânico, N . ° 9^01! 95. , Isto é, Horo, Tuamutef e Quebsenuf.
96. O barco em que o sol viaja até ao meio-dia.
76
77
I
te êr ues
. 7 " S ' tu te ergues, e sais do deus Nu Renova, t„ a Tatu como uma alma viva, e para Abtu como a fénix; e consente
juventude e pões-te no lugar em que estavas ontem S Z n o In-
que eu entre e saia pelos pilonos das terras do mundo inferior sem
fante que a ti te criaste, não sou capaz de [descrever-Jte Vieste
impedimento e sem empecilho. Sejam-me dados pães na casa do
euí aios T ° r a S ' e , d d X a S t e ° C é u e 3 t e r r * -splandencVnles com frescor e oferendas de comida e bebida em Anu (Heliópolis), e
p u r a Iuz esmera
S V ? r ^ i n a . A ter!ra do P o n t o " 'festá c o ? uma herdade para todo o sempre no Campo dos Caniços 101 com
solidada [para dar] os perfumes que aspiramVtuas narinas Nasces" trigo é cevada para esse fim."
ó Ser maravilhoso, e as duas deusas-serperttes, Mert es ão insta-'
No longo e importante hino do Papiro de Hunefer 1 0 2 ocorre
odos os
todos os sseus a í f ' É S °todos os deuses
L f hhabitantes; leÍS Ó S e n h o r d
' te ' adoram." ° mundo e de a seguinte petição, colocada na boca do falecido: —
i i i
"Consente que eu siga na comitiva de tua Majestade, como fiz
Hino a Osíris.98 l' 1 sobre a terra. Seja minha alma chamada [à presença] dos senhores
1 : da justiça e da verdade e seja ela encontrada ao lado deles. Vim à Ci-
i '
dade de Deus, a região que existia no tempo primevo, com [minha]
Abid7re a i S l a ^ " í ' Ó 0 S í . d S U n - n e f e r ' S r a n d e d e u * dentro de alma, com [meu] duplo, e com [minha] forma translúcida, para morar
Abido, rei da eternidade e senhor da perpetuidade, deus aue n a s « , nesta terra. O seu Deus, senhor da justiça e da verdade, senhor da
d ? Nu fos t d e a n °H £ m t U a e X Í S t ê n d a velho?do S E comida tchejau dos deuses, é sacratíssimo. Sua terra atrai para si
ínhn ^ n ê C m d , ° P ° r S e b ' 0 Antepassado dos deuses és o todas as terras; o Sul navega rio abaixo para lá, e o Norte, dirigido
S n c T o e dos d 0 3 3 d ° ? r t e 6 d Ô S U I da
sublime coroa branca? pelos ventos, para lá se enc iminha diariamente a fim de ali foliar,
Príncipe dos deuses e dos homens/ recebeste o cajado o chicote de acordo com a ordem do seu Deus, Senhor da paz. E não é ele
e a dignidade dos teus divinos pais. . Alegrete o teu coração aue quem diz: 'Da sua felicidade me encarrego eu'? O deus que ali mora
reside na montanha de A m e n t " p o i s ' o . t e V í i l h o H o ? o e s t á ^confir- pratica a justiça e a verdade; ao que as exerce dá idade avançada
mado no teu trono. Foste coroado senhor dé- Tatu (MendesT e e ao que as segue, posição e honras, até que, afinal, atinja um
sobera n o d e Abtu (Abido). Através de ti enverdec 0 m u n í o L feliz funeral na Terra Santa" (isto é, no mundo inferior).
tnunfo diante da força de Neb-er-tcher.™ Conduzes e S túa ca
Tendo recitado tais palavras de oração e adoração a Ra, sím-
3mda é teU
levas A t e r r a a^reb ^ ^ ^ ^ T a - t ^ n S i bolo do Deus Todo-poderoso, e a seu filho Osíris, o falecido "entra
de
1'pJderoso em fe , n ^ ' S e c 4 u e r ' ; é s excessivamente na Sala de Maati, para poder ser apartado de todo pecado que haja
I S , ' n o m e Te 'Un-nefer'" 6 ^ ' ' dUr3S P 3 " t 0 d ° ° SemPre e m cometido e contemplar os rostos dos deuses." 103 Desde os tempos
mais remotos, as Maati eram as duas deusas Isis e Néftis, assim
cine Z ° n e n a g e m t a ^ t Í ' J Ó R e i d o s r e i s ' S e ? h o r d o s senhores; Prín- chamadas porque representavam as idéias de retidão, integridade,
cipe idos príncipes! Desde o ventre de Nut iovernaste o mundo X honradez, o certo, a verdade, etc.; a palavra Maat significava, origi-
mundo mfenor. Teu cor F o é de metal brilhante e r e ° p S e c e n t e nalmente, caniço ou vara de medir. Supunha-se que elas se sentavam
£ k í £ Ç a 6 a 2 u l - c o b a l t 0 ' e o f ^ g o r da túrquesa te 'envolve ó na Sala de Maat, fora do santuário de Osíris, ou ficavam em pé
dbus An, que existes há milhões de anos, penetras t o d a ^ a s cSsas no santuário, ao lado desse deus; ver-se-á um exemplo da primeira
com o teu corpo, és belo de semblante na Terra da Sant dade ( to posição no Papiro de Ani (Estampa n.» 31), e da última no Papiro
de Hunefer (Estampa n.° 4 ) . Segundo a sua idéia original, a Sala
;rrar ndtriulen0r)' ^ ^ ° e s P l e n d o r ' ™ <éu, a,força na
terra eo o triunfo no mundo inferior. Consentq que eu navegue para de Maat ou Maati continha quarenta e dois deuses, fato que po-
demos deduzir do seguinte passo da Introdução ao Capítulo CXXV
do Livro dos Mortos. Diz o falecido a Osíris: —
da Á f r i c a . ^ 0 é
' * de 3mb
° S °S Iados do Mar V e r
^ ° e do Nordeste
98. Veja The Chapters of Corning Forth by Dúy, pâg. 11. i 101. Uma divisão dos "Campos de Paz", ou Campos Elíseos.
99. Isto e, o mundo inferior. , ' i
100. Um dos nomes de Osíris. 1
, i 102. Veja The Chapters of Corning Forth by Day, págs. 343-346
103. Esta citação é do título do Capítulo CXXV, do Livro dos Mortos
! 1
78 ' 1
I ,
79
I
1 !l
í

Maat! v r r r m e \ % 2 r e d n e D e U % Ó ^ das duas


^usas as mãos, a direita1 iSobrfe o 0 \ í q de Horo, e a esquerda sobre um
templar-te a b d e z T C o n o t e c o n Z Í T 3 * P a r a P ° d e r c o n " lago. Na extremidade da Sala estão sentadas as deusas de Maat 1
nomes dos quaren t a e d o T s d e u , « n ? ° n ° m e ' 6 C o n h e Ç ° os isto e, Isis e^ Néftis, | enquanto o falecido adora Osíris, instalado
C0ntig0 nesta Sala
de Maati, que vTvem como & 2 num trono; veem-se ainda uma balança com o coração do falecido
dg
sangue deles no dia em Z P e c a d o r e s e se nútrem do i)um dos pratos,'e,, a pluma, símbolo de Maat, no outro e Tot
são avaliados (ou ornadoT em ^ f v i d a s ) dos h

ÍTZTTdZ
™ s que pinta uma grande „ pena. Nesta Sala se assentam os quarehtà
Un-nefer. Na T S S S L ? S ? ^ e dois deuses e, ao passar por cada um deles, o falecido o interpela
gemeas dos dois olhos) Srnhnr ^ „ ^ 7 I VÍ ( s t 0 e> a s l r m a s pelo nome e, ao • mesmo tempo, declara não haver cometido deter-
Na verdade vim a minado pecado. Um exame dos diferentes papiros mostra que 'Os
escribas se equivocaram amiúde ao redigir a lista de deuses e^ a
0 S dos pecados e, em' resultado disso, o falecido é obrigado a recitar
« J ^ ^ S t S J T Z p uroeCaso0S ° U a g r a V 0 S q u e n ã 0 dian e de um deus a confissão que, a rigor, pertence a outro. Como'
puro. Minha pureza é a pureza do f r H R U p U r ° ; s o u P u r 0 ; de
de Suten-henen ( H e r a c l e ó S J qUC eStá n a c i d a d e •Vã ft P r o n u n c i a r 0 n°me de cada deus, semprq fdiz
respiração, que f ^ v v ^ g n e r o ^ u m a n n ^ d
° Deus da Nao çometi" tal' e tal .pecado, todo o grupo de falas rewbeu 8
de R a está cheio em Anu S ó Í S ' n d l e m
°t \ ^ ° Olho nome de. Confissão Negativa". As idéias fundamentais de religião
da estação PERT.^^-a y t o O m T ^ v n ° do se undo
* mês e moral implícitas1 ma Confissão são velhíssimas e delas podemos
Anu; 1 0 4 por conseguinte I m , 7 R a q u a n d o e s t á c h e i o em inferir, com tolerável clareza, o que o antigo egípcio acreditada
nesta Saía de S f a f porque o n h ? ^ m a l a I g U m n e s t a t e r r a "em ser o seu dever pára com Deus f para com os semelhantes.
q heÇ
se acham lá dentro » ° ° S n o m e s d o s d e ^ e s que
,e ]DlÍCar
Wnf i ° f a t ° d e s ó q u a r e n t a e d o i s deuses
a M Sa de Maat com
serem interpelados, pomo também é impossível dizer por que, se
são em númer°o de t u S n í a " • ? Osíris adotou esse, numero. Acreditaraín alguns que cada um dos quarenta
d e 6Sperar
mencionados quarenta^e d o t pecado,' ^ f°«en. sécíndad?UST r e p r e s ç " t ! v a u m do Egito, e essa teoria é
dirige o falecido; não é este porém T r T ™ * n M M ã S q u e l h e s secundada , pela constatàçao- de que a maioria das listas arrola qua-
mérados na Introdução n í n V S L , ' P°1S °S p e C a d o s e n u " renta e dois nomos; acontece, todavia, que as listas também1 não
papiros ilustrados da X V l í l e d a S T T™™' Nos grandes sao concordes. Os autores clássicos diferem igualmente uns ! dos
grado a o fato de se menc ona? na ^ Z ™ V/m0S ^ mal
~ joutros, pois ao passo que alguns afirmam serem os nomos trinta
Ç3 gr3nde
pecados que o falecido d e d a r a í ° quantidade de e
artistas acrescenta am uVa r e d e d ^ ^ C ° m e t Í d ° ' 0 5 e s c r i b a s e nnHpm ™ m e r T q d a r e n t a e seis. Tais diferenças, contudo,!
podem ser facilmente ' explicadas, uma vez que a administração
de quarenta e d, Ia n ^ J T " ! . u e c í a r a Ç ° e s negativas, em número central,! a qualquer momento, poderia ter aumentado ou diminuído
dentemente, de uma tentetíva 1 * t a b u l a r Trata"se' evi" o numero de nomos, atendendo a considerações de ordem fiscal
mendonad
igualem em númvo da Saía ^ ^ ou outras, de sortç que provavelmente não erraremos ao presumki
33t 6 dir se ia
preferissem dar uma forma f n t e i r ^ I , ' " " eles
capítulo a qualquer tentação S n V3 3 esta se ão d o
° « 125.« tah^'ilar° t e T ° £ m ^ 56 redÍgÍU 3
Confissão Negativa em fprma
antiga. O s a n i s t ^ T o ^ r . ^ l ! ™ ! 1 1 ^ ^ o u iterar a seção mais auàren; a q U lH ' , e n n c o n t l ' a m o s , n a XVIII dinastia, os nomos èram
M a a t Cora as quarenta e'dois. Outr 3 c 9 isa Ique parece apoiar essa tese é o fato
escancaradas, e a comZ foffifadf Portas
de uraei e enas
Maat. Sobre a metade £ ™ P > símbolos de ao S an
n ? v í ? r m a d a C o n f i s s ã 0 ' q^e constitui a Introdução
metade da cornija, uma divindade, sentada, estende ^ ^ mencionar menos de quarenta pecados. A
proposito, convém notar que os quarenta e dois deuses, subordina-
ido a Osíris, ocupam ui^ia posição menor na Sala de Julgamento
coptas" Mequir!' 0 * ° ^ dia do sext0
^ do ano egípcio, chamado pelos
< qu lhe d e c l n 0 / ' 3 P é S a g e m d ° C O r a ? ã o d 0 f a l e c i d ^ na balança
104. A alusão aqui parece ser ao Solstício do Verão ou do Inverno. que lhe depide o futuro. Antes de passarmos à descrição da S<üa
80 , J u l g a m e n t o . «"de está instalada a balança, faz-se mister trans-
' I
1
ti 81
crever a Confissão Negativa, que o falecido recita, presumivelmente
antes da pesagem do seu coração na balança; ésta é tirada do Papiro 16. "Salve Am-senef (isto é, Comedor de sangue), que sais
de Nu. 105 I ,1 ' i da casa do cepo, não matei animais que são propriedade de Deus.
17. "Salve Am-besec (isto é, Comedor de entranhas), que
1. "Salve Usec-nemtet (isto é, Longo de passoè), que' sais
sais de Mabet, não devastei terras aradas.
de Anu (Heliópolis), não obrei iniqüidadb. i
18. "Salve Meb-Maat (isto é, Senhor de Maat), que sais da
2. "Salve Hept-Sexet (isto é, Abraçado pela chama), que sais cidade das duas Maati, não meti o bedelho em negócios nara
de Quer-aba, 105 não roubei com violência. , ' 1
i semear a discórdia. r

^ 3. "Salve Fenti (isto é, Nariz), que, sais de Quemenu (Her-


mopolis), nao pratiquei violência'ccjntra honieríi algum. í 19. "Salve Tenemi (is'o é, O que recua), que sais de Bast
(isto e, Bubaste), não pus milha boca em movimento contra homem
4. "Salve Am-caibitu (isto é, Cpmedor de sombras), que sai? nenhum.
de Quereret (isto é, a caverna onde nasce <p| Nilo), não furtei.
^ 20. "Salve, Anti, que sais de Anu (Heliópolis), não dei vazão
5. "Salve Neha-hra (isto é, Rosto qal-cheiroso), que sais a cólera sem motivo justo.
de Restau, não matei homem nem mdlher. '1
21. "Salve, Tututef, que sais do nomo de Ati, não pratiquei
_ |6. "Salve Rereti (isto é, duplo deus-leão),
1
que sais do céu I fornicação nem sodomia.
nao aligeirei o alqueire. ,
22. "Salve, Uamenti, que sais da casa da matança, não me
7. "Salvle Maata-f-em-sexet (isto é, Cj)lhos ferozes), que sais poluí.
de Sequem (Letópolis), não obrei com dolo. 1 1
,
23. "Salve, Maa-ant-f (isto é, O que vê o que lhe é trazido),
_ 8. "Salve Neba (isto é, Chama), que ,sais e tornas a entrar, que sais da casa do deus Amsu, não me deitei com a esposa de
nao i furtei as coisas que pertencem a Deus.
nenhum homem.
; i,9. "Salve Set-quesu (isto é, Esmaga'dor de1 ossos)i, que sáis
24. "Salve, Her-seru, que sais de Nehatu, não incuti medo
de Suten-henen (Heracleópolis), não pronunciei falsidade. em homem nenhum.
i 10. "Salve Quemi (isto é, Demolidor), que sais ,de Xetait
(jsto^é, o lugar oculto), não me apossei de tpens à forçai- 25. "Salve, Neb-Sequem, que sais do Lago de Caui, não deixei
que minha fala se queimasse de ira. 107
1. "Salve Uatch-nesert (isto é, Vigoroso de Chama), que
sais, de Het-ca-Ptá (Mênfis), não pronunciei palavras' torpes (ou 26. "Salve, Sexet-queru (isto é, Ordenador da fala), que sais
mas). || ^ de Urit, não fiz ouvidos de mercador às palavras da justiça e da
verdade.
12. "Salve Hra-f-ha-f (isto é, Aquele cujo rosto !está atrás
de si), que sais da caverna e das profundeza? do oceano, não 27. "Salve, Nequem (isto é, Infante), que sais do Lago de
me apossei de comida à força. | Hecat, não fiz ninguém chorar.
13. "Salve Querti (isto é, duplo imanancial do Nilo), que 28. "Salve, Quenemti, que sais de Quenemet, não proferi
1 blasfêmias.
sais do mundo inferior, não agi com falsidade} •' , (

__ 14. "Salve Ta-ret (isto é, Pé-selvagem)* que1 sais da escuridâp,, 29. "Salve, An-hetep-f (isto é, O que traz sua oferenda),
nao comi meu coração (isto é, não perdi á, paciência nem me1 que sais de Sau, não agi com violência.
1
zanguei). i • i
30. "Salve, Ser-queru (isto é, Arbitro da fala), que sais de
15. "Salve Hetch-abehu (istoj é, Dente? brilhantes), que sais Unsi, não apressei meu coração. 108
de Ta-xe (isto é, Faium), não invadi [as terras de ninguém).
1
105. Museu Britânico, N . ° 10.477. '• 107. Literalmente, "Não fui quente de boca".
106. Cidade próxima de Mênfis. i' 108. Isto é, agi sem a devida consideração.
h
' , ' M
' ' |
82, . ' I
83
do deus. pele (?)
' e nao me
vinguei cipitado, pem hipóqim, nem subserviente, nem blasfemador nem
astuto,,hem avaro, nem,fraudulento', nem surdo a palavras P °edos*
nha Sk ^ ^ " X o * ^ ^ -
orgulho, nao aterrorizou homeni algum, não enganou nin 2 u »m na

faz i ^ d a d ^ C 0 t e u n ! d a d e - E s t a é, em suma, a confissão 'que,


taz o falecido e o afo seguinte na Cena ,do Julgamento é a pesagem
n u n c a ' ' * S 0r a 0 a
L Tvro do s M rbalanÇa- ? ° m ° n e n h U m ^ P ™ -ais" n f o "
do Livro dos Mortos, ijos fornece uma representação desta cena
qUe Vens de Tatu emos de a c o r r e r 'ko, melhorés dentre o.s papiros ilus do dà
corrente. > n t o poluí a água

36 ofes d a S a d o a T ^ I n ^ 6 d a
bastia S^porme-
fala. " "SalVe' Ari
"em"ab-f' sais de Tebti, não exaltei minha mntnc Julgamento variam consideravelmente nos vários,
papiros, mas suas partes essenciais são sempre preservadas S e 3 se
Deus37' "SaIV6' AhÍ
' q U e S3ÍS d e Nu
> nã0
P~feri maldição contra uma descrição do , juLgamento de Ani, tal como aparece em V u
maravilhoso papiro, conservado no Museu Britânico
U Í t d
me c o n d u 7 S ' i S S S ^ ° ^ ™ »*> Sala d e ° M r t d ° ^ T 1 0 1 ' ' 6 n a P 0 r ? ã 0 d e l e a 1 u e s e dá o nome de
Cm qU£ S6rá
do fafeçido O b « £ * P£Sado 0
belecf d i s t S õ e s e í o 9 N e h e b - n e f e r t ' que sais d
° * u templo, não esta- do SUSP nS0 POr u m anel s o b r e u m a
ao pedestal, feito em forma de pena, símbolo de Maat ouProjeção
pede í l ?eitn ^ V / do oná
ie da e h a T r d a d e i r ° - Q u a n d 0 0 braço fica exatamente'no n i v e l o '
m i n h a ° r i q l a â V e ; e n ã o e nor"' ^ T d a tUa caverna
' aumentei fiel da balança, pres 9 a ele, é tão direito quanto o pede lai i
minha. q ° P°r mei° das coisas
<Jue *ão propriedade
quando uma oü outra extremidade do braço se inclina para baixo
o fiel nao permanece em posição p e r p e n d i c u l a r T p £ ÏÏ'
maldições ^ P
í r e í i z S f oPe S ' 6qSUPee r ae VS taa VqaU e110 ° o uCt rOor a Ç ãi °n 'c l i n a rc o Ü ^ ^ .
sais S - I S V S & r ^ - ^ São ' n J '
nao se pedia nem requeria ao| falecido senão que seu córacão
contrabalançasse exataineW o símbolo da lei O pedestal era
> o braço; pois
Ï
do egípcio r j ^ h S ^ m Stra
° ^ ° CÓdÍg° d e m 0 r a l vezes, encimado de uma cabeça humana que o s L f a v a a pena d
m U Í t 0 difícil d e s c o b r i r
ato, cuja prática fosse Í 2 ' * um Anúíis V V e à s e S ; P í ^ ^ ^ d e ChaCa1
' animal
consagrado!
fissko",J n a ? r i n d ^ r n h u a m ? : r n o u T a a t r a d n d , ° V « ^ 3 " C ° n - á To nn P d
f U m a C a b e ç a d e íbis > pássaro consagrado
palavras correspondentes a c e r " o s D L d - ^ A s traduÇÕes das a Tot, no Papiro de Ani,, um macaco com cabeça de cachorro
ou exatas, porque não c o n h S S o ? « f n ^ Sã
° claras companheiro de Tot, está sentado no topo do p e d ï î a l Em
pr6CIS3 d o lane a Pápiros (como por exemplo, nos de Ani no THunefer m ) além
desse notável documento O S S n P Í dor
dições contra Deus ním d e l r e t u o d e H ^ f ° lãnÇ°U maI"
Seu ciclo ou companhia aparecem como testemunhas do j u r a m e n t o

^ j K s r - I P
« imperioso
1
^ ^ S
í s k£
T Í S
Britânico r0
britânico, dua
a
o ^ 0 ?
duass ccompanheiras
qUe 56 e n c o n t r a
dos deuses, a grande e ano' n eMuseunnhT
testemunhas, n^as o artiste f o f tão d e s l e L ^ q S

109. Isto é, não fui culpado de favoritismo. 110. Cerca de 1500 a.C
111. Cerca de 1Í70 a.C.
84 112. Cerca de 1000 a.C

; !
*1 ' '
85
em lugar de nove deuses em cada grupo, pintou seis num grupo e
cinco no outro. No papiro de Turim 1 1 3 vemos os quarenta e dois
i deuses, para os quais o falecido recitava a "Confissão Negativa",
sentados na sala do julgamento. Os deuses presentes à pesagem do
coração de Ani são: —

1. RA-HARMACHIS, com cabeça de falcão, deus-sol do


amanhecer e do meio-dia.
2. TEMU, deus-sol do entardecer, o grande deus de Helió-
polis, sempre retratado em forma humana e com o rosto de homem,
o que prova que, num período muito primitivo, ele já havia pas-
sado por todas as formas em que se representam os deuses e
chegara à do homem. Traz na cabeça as coroas do Sul e do Norte.
3. XU, com cabeça de homem, filho de Ra e Hator, perso-
nificação da luz solar.
4. TEFNUT, com cabeça de leão, irmã gêmea de Xu, per-
sonificação da umidade.
5. SEB, com cabeça de homem, filho de Xu, personificação
da terra.
6. NUT, com cabeça de mulher, equivalente feminino dos
deuses Nu e Seb; personificação da água primeva e, mais tarde,
personificação do céu.
7. ISIS, com cabeça de mulher, irmã-esposa de Osíris e mãe
de Horo.
8. NEFTIS, com cabeça de mulher, irmã-esposa de Osíris e
mãe de Anúbis.
9. HORO, o "grande deus", com cabeça de falcão, cujo
culto foi, provavelmente, o mais antigo do Egito.
10. HATOR, com cabeça de mulher, personificação da parte
do céu em que o sol nasce e se põe.
11. HU, com cabeça de homem, e
12. SA, também com cabeça de homem; esses deuses estão
presentes no barco de Ra nas cenas que descrevem a criação.
Num dos lados da balança, ajoelhado, o deus Anúbis, com
cabeça de chacal, segura o peso do fiel da balança na mão direita,
e atrás dele Tot, o escriba dos deuses, com cabeça de íbis, segura
nas mãos um caniço com o qual anotará o resultado da pesagem.

113. Escrito no período ptolemaico.

87
1 i , i
Perto dele está sentado o animal triforme Am rr.it n « n J
Mortos", q u e espera a ocasião de devorai" t . ç ã o ^ l n i t nÇm C nf rÍa SaÚde 305 seus 1
? ^', ? f membros. » Desses cinco deuses
se constatar que este é leve. No Papiro de Neb auet ^ P • sis N ^ t i iMesquençt, Hequet e Cnemu, os três primemos, a 3

^ tum 30macaco
^ ^comUmcabeca
l3g0 Isis, Ne tis e, Mesquehet, estão presentes ao julgamento de Ani'
"esta asentado ^de rarhnrm-
^ „ , S r a U dadiante),
mais i a m e e r een a apenas,
ad0
° Hequet d£ Ani
° ^ não ara
° seu » « ç í
está Prepresentada. (veja
J

Ani - ^ ° M ^ r 0 , X Í m a - " S | ° u 0 m e n t 0 d a P e s a S e m d 0 s e u coração, diz

m&^ãmãÊ
corácão^ndr o i Ç a ° ' m ã e ! M e U COra ão
? ' m i n h a mãe! Meu
coração por cujo mte f !nedio nasci! Nada se oponha a mim no
ja, Pb SÍ a
í?Kr
fíuaXa
nrhaiI
fiTní
° l - ^'> P 1aÇa0 ntre
^m i m n a6 Pr£SenÇa
li e m
dos
P
Presença do que
^

serás quando te ergueres <^m t r u n f o ' " granae

SSHSpES
H e , » « °0 C n L e u q n i a q d , e ^ N
«'ÍS'

Em resposta a estè ,relato, a companhia dos deuses denominada

mããmmm
sai r i a Z T ^ T o t ^ ^
Osíris o escriba Ani T ^ f 6 habUaS 6m Quemenu
(Hermópolisjj,

Berlim
glífica/estampas f e T o ' . > "50, transcrição hiero,
88 l
no Campo da Paz, como as que se1 concedem aos seguidores de favorável da pesagem do coração de Ani, levada a efeito por Tot,
Horo." 1 1 5 I | os deuses lhe chamam maa queru, ou seja, conferem-lhe poder para
• I debelar toda e qualquer oposição com que possa topar. Dali por
Aqui notamos de pronto que |o falecido 'se identifica com diante, todas as portas se abrirão a uma ordem sua, todos os deuses
(psííis, deus e juiz dos mortos, e que lhe foi, conferidd o próprio se apressarão em obedecer-lhe imediatamente depois de ouvir-lhe
nome do deus; a razão disto é a seguinte. Como os amidos do fa- o nome, e aqueles cuja obrigação consiste em fornecer comida ce-
lecido executaram, por ele, todas as cerimônias e ritos que Isis lestial para os bem-aventurados farão o mesmo por ele quando a
e Néftis executaram por Osíris, presumiu-se que,, em resultado disso, ordem for dada. Antes de passar a outros assuntos, convém reparar
as mesmas coisas que ocorreram em favor d^ Òsíris ocorreriam em em que a expressão maa queru não é aplicada por Ani a si mesmo
favor' do falecido, e que este, de fato, |viria a ser a contrapartida na Cena do Julgamento, nem por Tot, o escriba ,dos deuses, nem
de òsíris. Em toda a parte dos textos do Livro dos Mortos o falecido por Horo, quando este o apresenta a Osíris; só os deuses são
se identifica com Osíris, desde 3400 a. C. até ad período romano. capazes de fazer um homem maa queru, e, por esse modo, ele
Outro ponto digno de nota é a aplicação das palavras ' maa queru também escapa ao Devorador.
ao falecido, expressão que, à míngua de palavra melhor, traduzi
por "triunfante". Essas palavras, na realidade, significam'"verdadeiro Concluído o julgamento, Horo, filho de Isis, que assumiu todos
de vòz" ou "certo de palavra" e iijdicam qfte a pessoa'à qual se os atributos do pai, Osíris, pega a mão esquerda de Ani com a sua
aplicam adquiriu o poder de usar sua voz de 'maneira que, quando mão direita e condu-lo ao santuário em que o deus Osíris está
interpelados por ela, os seres invisíveis lhe prestarão todos os serviços1 sentado. Ostentando a coroa branca de penas, segura o nume nas
q'ue ela obteve o direito de exigir. £ sabidd que, em outrps tempos, 1 mãos um cetro, um cajado, um chicote ou mangual, que tipificam
íhagos e bruxos costumavam interpelar espíritos ou demônios num a soberania e o domínio. Seu túmulo é uma tumba, cujas portas
t<j)m de voz especial e que todas as fórmulas ^mágicas1 eram recitadas aferrolhadas e cuja cornija de uraei se vêem pintadas do lado. Pen-
dç' maneira semelhante; o emprego do som ou do tom de voz errados de-lhe da nuca o menat, ou símbolo da alegria e da felicidade; à
acarretaria as mais desastrosas conseqüências ao i homem que falara, sua mão direita está Néftis e, à esquerda, Isis. À frente, em pé
talvez até a morte. O falecido tinha de abrjr caminho através de sobre uma flor de loto, estão os quatro filhos de Horo, Mesta, Hapi,
unha serie de regiões do mundo inferior e passai* por muitas séries Tuamutef e Quebsenuf, que presidem aos intestinos dos mortos e
èe salas, cujas portas eram guardadas por seres que, se não fosseni os protegem; perto dali vê-se pendurada a pele de um touro, à qual
apropriadamente abordados, estavam preparados 1 para hostilizar o parecem ter sido associadas idéias mágicas. O cimo do santuário
fècém-chegado; era-lhe também preciso fazer uma viagem de'barco em que o deus está sentado é cercado de uraei, que usam discos
è,obter a ajuda dos deuses e dos poderes das Várias localidades pelas na cabeça, e a cornija é também decorada de maneira semelhante.
quais desejava transitar se quisesse chegar em .segurança ao lugar Em diversos papiros vê-se o deus em pé no santuário, às vezes com
oi|ide lhe cumpria estar. O Livro dos Mortos, proporcionava-lhe todds as deusas Isis e Néftis e às vezes sem elas. No Papiro de Hunefer
oSj textos e fórmulas que ele teria de récitaj- a firri d^ garantir esse encontramos uma variante interessantíssima desta parte da cena,
, resultado mas, a não ser que as, suas palavras i,fossem pronunciadas pois o trono de Osíris repousa sobre a água, ou nela. Isso nos recorda
da maneira adequada e ditas num tom apropriado !de voz, 'não teriam a passagem do Capítulo CXXVI do Livro dos Mortos, em que o
efeito sobre os poderes do mundo inferior. A expressão| maa queru, deus Tot pergunta ao falecido: "Quem é aquele cujo telhado é de
que raro se aplica aos vivos, emprega-se comumente em se tratando fogo, cujas paredes são uraei vivos e cuja casa tem por piso um
'dei mortos, os quais, de fato, eram ós rriais precisados do poder1 curso de água corrente? Quem é ele?" Responde o falecido: "Ê
indicado por essas palavras. No ckso de Ani,' aceitando o relato Osíris", e o deus ordena: "Adianta-te; pois, na verdade, serás men-
cionado [a ele]".
| 115. H á umâ classe de seres mitológicos, cju seplideuses, cjuk já n a ' V Depois de conduzir Ani, Horo dirige-se a Osíris, dizendo: "Vim
dinastia se supunha recitassem orações por intenção jQo falecido' e Ajudassem a ti, Un-nefer, e trouxe-te o Osíris Ani, Constatou-se que o seu cora-
H o r o e Set a celebrarem cerimônias fúnebres. Veja! o meu Papyrus of Aki,
1 ção é virtuoso e saiu da balança; não pecou contra nenhum deus e
pág. CXXV. ! > •f•

90 '| 91
nenhuma deusa. Tqt pesou-o de acordo com o decreto que lhe foi
'transmitido pela companhia dos deuses; e ele é assaz verda' 3 o e
justo. Cqncede-lhe bolos e cerveja; deixa-o entrar à tua p r e í n í a
possa cfle • f e r como os seguidores de Horo para sempre!"' D poi
& $!'• aj0el?and°-sei ao lad° mesas de oferendas de S o
flores, etq,, que trouxe para Osíris, diz Ani: "õ Senhor de Amente '
estou em tua presença. N ã o há pecado em mim, não menti de caso
, pensado,; nem fiz coisa.'alguma com um coração falso Concede aúe
eu seja como os favorecidos que andam 'à t?ua luta e q u e e u S
0
Z S T Í T ° r v f b d r ,d° f0rm03
° d6US 6 a m a d 0
Senhor do
de M a a t qUe ama Ani
' ° ' ' d i a n t e
do c o r a d o ' , C h , e g a 7 $ ' a s $ i m > 3 0 f i m d a cena da pesageip
Ao homem que passou por essa prova difícil cabe agora enfren,

« p i ^ A ^ 0 - ^ ' 6
° dos
Morfos m i S
as palavras que o ; coraçao virtuoso e sen pecado" lhes dirá Uni
dos textos mais completos e corretos "da fala do falecido ao
. verdadeiro d 6 voz, d a ^ a l a das deqsas Maati" - a c h a - e no ?ap? o
'de, Nu, em que diz o fáleqido: * no rapiro
1 dèuses,que m o r a i s na Sala das deusas
M t o t lconneço-vos
.maaii, ^ S S T o s ^ eS ?cbnheço
'í vossos nomes. Não me deixeis cair
o d e u s W n f a C a S d S m : U a ^ a - n ã 0 & ^ a i s minha p e r v e ^ d a d e
Ja COmitlvá estais;! e n ã 0
n^rl, deixeis que a má sorte me
persiga por vosso intermédio. Deçlarai-me verdadeiro de vo7 n ,
K ( i s t o V t ^ V - q U e f * ° q U g é J u s ^° e verdadeiro e l
i ^ mera (isto e ( E g i t o ) , Nao .amaldiçoei Deus e portanto não

dqxeis qqe a m á ^ r . t e ^me persiga aíavés do Rei q T m S a Tm

H e a 6 deUS£S qU£ habitais na SaIa

sMaatiKo u T s3o ? sBt n P^ i ' ? '


« das deusas
£

e ahmento-me da iustica e da v^rHari» n e aa vejrüade


« a s s i m ^ ^ « c â ^ ^ ^ - a S
pedido^e ^ " T S f S u v í l o ^ " S V °SÍrÍS'' é
- Ani faz seu1
lavras certas da maneira c e r t o V n o ^ T S r S ' d / v T 5 * ^ " ^
n / . i-ilho primogénito de Osíris. I
92 I i

• ' • '
fiz que Deus ficasse em paz [comigo fazendo] a, sua vontade. Dei sílex chamado Dador de Ar' [sobrevenho]: 'Que farás com a chama
pão ao homem faminto e água ao sedento, roupas ao nu e um ardente e a tabuinha de cristal depois que as tiveres enterrado?'
barcp ao marinheiro [naufragado], Fiz offerendasi santas aos deuse^ [inquirem eles]. 'Recitarei palavras diante delas no sulco. Extinguirei
e. refeições sepulcrais aos mortos bem-aventurados. Sede,'pois1, meus o fogo, quebrarei a tabuinha e farei um poço de água' [respondo].
lilibertadores, sede, pois, meu protetores, e não'façais acusação contrai Deixai, então, que os deuses me digam:'Vem, entra, passa pela porta
mim !na presença de [Osiris]. Sou limpo de boca'e de mãos;'portanto, : desta Sala das deusas Maati, pois tu nos conheces'."
seja-me dito pelos que me contemplarem. 'Vem ém paz, vem em A essas notáveis orações segue-se um diálogo travado entre cada
páz.' : Ouvi a palavra poderosa que cjs corpoi espirituais disseram ao uma das partes da Sala de Maati e o falecido, que reza deste teor:
G^to ] 18 na casa de Hapt-re. Testemunhei na presença de Hra-f-ha-f, Ferrolhos de porta. "Não permitiremos que entres, passando por
e, (ele deu [sua] decisão. Vi as coisas sobre as' quais o abacateiro
nós, a não ser que digas nossos nomes."
se expande dentro de Re-stau. Sou ' o que dirigiú orações aos deuses
e lhes i conhece as pessoas. Vim e adiantei-me para fazer a decla- Falecido. " 'Língua do sítio da Justiça e da Verdade' é o vosso
rbçãp da justiça e da verdade e instalar a Balança no que $ susten- nome."
tava na região de Auquert. '. [ Poste direito. "Não deixarei que entres passando por mim
! "Salve, ó tu que és exaltado sobre o teu pedestal (isto é, Osíris), enquanto não disseres o meu nome."
senhor da coroa 'Atefu', cujo nome é proclamado como 'Senhor Falecido. " 'Lâmina do ascensor da justiça e da verdade' é o
dps ventos' livra-me dos teus mensageiros por cuja causa acontecem teu nome."
cóisas terríveis, que dão origem a calamidades e não têm cobertura Poste esquerdo. Não deixarei que entres passando por mim se
pata seus rostos, pois fiz o que é justo e verdadeiíq para o Senhor
não disseres o meu nome."
da Ijustiça e da verdade. Purifiquei-me e pi^rifiqudi meu peito com
libações, e minhas partes traseiras com as coisas qup limpam, e Falecido. " 'Escala de vinho' é o teu nome."
minhas partes internas foram [imensas] na Lagda i da Justiça e da Limiar. "Não consentirei que passes sobre mim até que digas o
Verdade. Não há um único membro meu carente de justiça e de meu nome."
verdade. Fui purificado na Lagoa do Sul e déscansei na!Cidade do Falecido. " 'Boi do deus Séb' é o teu nome."
Ndrte, que se ergue no Campo dos Gafanhotos, onde os divinos Cadeado. "Não abrirei para ti a não ser que digas o meu nome."
marinheiros de Ra se banham na segunda hdra da noite e 'na tercei-1 Falecido. " 'Osso da perna de sua mãe' é o teu nome."
ra hora do dia; e o coração dos deuses sé regozija depois que passa-
ram por isso, seja de noite, seja de dia. E ^u quisera que me' Buraco do bocal. "Não abrirei para ti enquanto não disseres o
dissessem, 'Avança', e 'Quem és tu?'.e 'Quáil é p. !teu nome!?' Estas meu nomç."
são as palavras que eu quisera ouvir dos deuses. [E eu redargüiria] j Falecido. ' " O l h o vivo de Sebec, senhor de Bacau', é o teu
'Mieu nome é O que está provido de flores,, e Habitante da sua nome."
ôliveira'. E eles me diriam de pronto "Passa'1', ë eu passaria,para Criado. "Não abrirei para ti se não disseres o meu nome."
a cidade ao norte da Oliveira. 'E qpe verás aqui?' [indagam eles.
Falecido. " 'Cotovelo do deus Xu quando se coloca para prote-
E eu respondo]: |A Perna e a Coxa'. 'Que :Ihès dirias?' [tornam eles.]
'Deixai-me ver regozijos na terra do Fencu' [replico]. ' Q u e t e darão ger Osíris' é o teu nome."
eles?' [indagam,]. 'Uma chama ardente e uthá tabuinha de icrist^l' Postes laterais. "Não te deixaremos passar por nós a menos
[retruco]. 'Que farás com elas?' ' [insíétemi1 eles?]. "Enterrá-las-ei ao que digas nossos nomes."
pé do sulco de Maat como Coisas para a n^itç' • [respondo]. 'Qpe Falecido. " 'Filhos das deusas-uraei' é o vosso nome."
entontrarás ao pé do sulco dè M3at?' [perguntam]. 'Um cetro de "Tu 1 nos conheces; por conseguinte, passa por nós" [dizem estes].
Soàlho. "Não te deixarei pisar em mim porque sou silencioso
118. Isto é, Ra como Aiatador da serpente dds tremas, cuja cabeça ele e santo, e porque não conheço os nomes dos teus pés com os quais
corta com uma faca. (Veja acima, pág. 46) f A tradução' usual é "qi^e o Burro
andarias sobre mim; portanto, dize-mos."
disse ao Gato"; o Burro seria Osíris e o Gato, Ra. , ,
95
e esquerdo ^ ^ ^

PortZ '0NheCeS: PaSSa'-P0ÍS' P r


° dma de mim
" ^ ele],
o meu? ' Na° anUnCiam ° teu
enquanto não disseres

teu n o m e ? 0 ' " ' D Í S C e r n Í d o r corações e buscador dos rins' é o

lhe o><nome." é
° d6US qUC h a b i t a sua
hora? Pronuncia- l' Capítulo V
Falecido. " 'Maau-Taui> é o seu nome." ' í '' !i 1
Í . ' 1

Porteiro. "E quem é Maau-Taui?" A ressurreição e a imortalidade


Falecido. "É Tot."
Tot. "Vem! Mas por que vieste?" ÜleratUr3 d S
• e g í p c i a prim ^ Í S a T e °
im resslona 0
Falecido. "Vim e insisto em que o meu nome seja mencionado." qüência das alusões à vida f u t u r a o P espírito é a fre-
J.ot. b m que estado estás?" Os autores das vSías obra e Z ^ M ^ qW
^ ^ res eito
P "
os períodoi da Mstória etípc a aue no' T 3 5 ' P e r t e « c e n t e s a todos
che aram
e completamente aue o í n , V 2 ' Presumem tácit*
c o n t r f o ? t s l r t r o Prs 1S Íds aSd oq uued ev i v^e m n"
C0ÍS3S m á s
* Regido sua v 4 no m u n d T d e .além L 7 f r a m
" T mundo "™aram"
deles." ° ° « t e s dias; não sou um
que o tempo dehe' deeffi A K ° ' ^ — 3 VÍVem 6 viverão at
é

íao * quem é
VÍV0S 6 C U j
soalho é um curso d ^ g u a f S e m e l ^ l r °
Falecido. "É Osíris."

n o m e r T e u ? b Ó L T ; ; - ; ã P f S d o N ^ ; o e t d ^ S e r " l h e - á a c i o n a d o teu lhes possa, atribuir t ^ i p r o b S d a d H ' P°IS nenhuma data


1ue se

Olho de Ra; e tuas r S e s s e m í . r , u' * t U a C e r v e Í a t ^ á ] do


eiÇ0£S se u crai
de R a . " P ^ s sobre a terra, [virão] do Olho

m a n e f r r c o m q u P o T a T e d S o l : 3 ° ^ 0 C a p í t u l ° CXXV. Vimos'a
Pr V3 dÍfídl d
e a maneira c Z q ^ ^ K t ° ° J u l » t 0 ' sua estada no vale do Nilo tentaram nr egipC S
'° ' no início da
hin s e o r a 119 seus morto
as palavras de uma confffão d e S n / ^ T ^ ° ^s, e da mumificação. i Se feles' Í T / ™ ^ P°r meio
através da terrível Saía das díu as Maari ? f T " " 3 p a s s a ^ m rps ali chegados depois d e a S , g £ n t e p e n s a
' i n v a s o
"
registrou a resposta que se sunõ? ttnh !f Í' I n f e h z m e n t e , não se e o deserto oriLtaT £ S i l o Z T 3 A r á b Í 3
' ° M a r Ve™eIho
filho Horo em relação ao falecido m l 1 ° d e u s 0 s í r ^ a seu habíto de preservar s e i m o r Z ' T ^ C O n s ^ ° 3 i d é i a e o1
entender dos egípcios ela K • f n a o h á d ú v i d a de que no em forma m o K í S j Z f n r f ? ° - m t a m b 6 m P d e m t e r adotad
° 4>.
6 0 deUS da a
permissão para f n C r ^ toÍas H Z ^ * aborígines que c ^ t ^ Z ? ^ ^ °s habitantS
Ihar dos deleites desfruTados L o s ' ^ « , 0 ^ parti- um desses casos é' cèrío m í t? ? Eglt0; 6m
<3ualquer
Cerf
domínio de Ra e de Osíris bem-aventurados sob o ' ° q U e t e n t a r a m Preservar seus mortos pel 9

96 Veja J. de Morgan, EthnograpMe PréhUicrtçue, Paris, 1897, pág. 139.

! i
• í ^ r T r - I 97/
1
tpso de substâncias capazes de deter a decomposição e, em determina-
ao sentido, sua tentativa foi coroada de êxito. ', sao amuletos, mostram que até nesses tempos primitivos acreditava
o homem poder proteger-se dos inimigos sobrenaturais e invisíveis
A existência de habitantes não-históricos do Egito foi-nos reve- por meio de talismãs. Para caçar e lutar no outro mundo o homem
lada recentemente por meio de escavações felizes feitas no Alto deveria tornar a viver; e se tornasse a viver só poderia fazê-lo em
.Egitoj de ambos os lados do Nilo, por diversos1 exploradores euro- seu corpo antigo ou num corpo novo; no primeiro caso, o corpo
peus è nativos,, e um dos resultados maife hptáveis vèio a ser a teria de ser revivificado. Mas tendo imaginado uma vida nova pro-
déscoberta de três tipos diferentes de inumaçõés, pertencentes, sem vavelmente num corpo novo, o egípcio pré-histórico com certeza
dúvida, a três períodos diversos, como se depreende do, lexame de esperaria que uma segunda morte estivesse fora dos limites da possi-
vários objetos encontrados nos túmulos primitivos de Nacadá e bilidade. Eis aqui, portanto, a origem das idéias da RESSURREI-
outros .sítios não-históricos da mesma época è do: mesmo tipo. Nas ÇÃO e da IMORTALIDADE.
sepulturas mais velhas depara-se-nos o esqueleto 1 deitado sobre o,
ladp esquerdo, com os membros arqueados: joélhos no nível do Temos motivos de sobra para acreditar que o egípcio pré-histó-
peito ej mãos diante do rosto. A cabeça,, p^r via de regia, está, rico esperava comer, beber e levar uma vida regalada na região
em que supunha estar o céu, e não há dúvida de que, no seu enten-
voltada para o sul, mas não parece que se tenha observado uma regra)
der, o corpo em que ali viveria não seria diferente do corpo que
invariável no tocante à sua "orientação'''. Àntep' de ser depositado 1
tivera enquanto esteve na terra. Nessa fase, suas idéias a respeito
no chão, o corpo era envolto em 'pele dte gazelá ou deposto eijn
do sobrenatural e da vida futura seriam iguais às de qualquer homem
grama fofa; a substância usada cbm 'a finalidade de enyolvimento
da mesma raça que se achasse no mesmo nível na escala da civili-
dependia, provavelmente, da condição social dó falecido. Nos enter- zação, mas contrastava, em todos os sentidos, com o egípcio que
ros dessa natureza não há vestígios de mumjficação, riem, de queima- Vivia, digamos, no tempo de Mena, o primeiro rei histórico do país,
dura, nem de arrancamento da carne dps o^sos. Nos túmulos mais cuja data, por amor da conveniência foi colocada em 4400 a.C O
velhos, depois dos primeiros, constata-se qbe os cadáyerès forapi ' intervalo entre o tempo em que os egípcios pré-históricos fizeram
total ou parcialmente despojados da ,sua , carne;, no prihleiro caso, os túmulos acima descritos e o reinado de Mena deve ter sido
.vêém-se todos os ossos arremessados' indiácrimiriaaamenté ao túmu- considerável e podemos acreditar que abrange alguns milhares de
lOi, ao passo que, no segunjdoi ofe ossos das te^os e dps. pés estão 1, anos; rpas, seja qual for a sua duração, concluímos que o tempo
juntos, enquanto o resto do esqüeleto foi éspalhado em' 'terrível nao foi suficiente para eliminar as idéias primitivas, comunicadas
confusão. Os túmulos desse período estão orientados para o norte de geraçao a geração, nem para modificar algumas crenças que
ou para o sul e os corpos em seu inferior têm, geralmente ia 'cabeça sabemos terem existido num estado pouco alterado no período mais
separada do resto; às vezes, é evidente que os corpos foram "junta- recente da história egípcia. Nos textos organizados pelos sacerdo-
dos'! para ocupar menos espaço, b e vez eqí quando se'.encontram tes de Heliópolis, encontramos referências a um estado de coisas
èorpos deitados de costas, com as pernas e ps b p ç o s dobrados sobre no que diz respeito a questões sociais, que só poderia existir numa
eles; nesse caso estão inteiramente cobertds de úm revestimento de sociedade de homens semi-selvagens. E, compulsando obras ulterio-
argila. Em certos sepulcros, aiqueima do corpo é patente.' Ora, em res, quando se fazem extratos dos textos mais antigos que contêm
todas as classes de túmulos do período pré-histórico no Egita encon- tais referências, vemos que as passagens em que ocorrem alusões
tramos oferendas de vasos e vasilhas de todo gêriero, fato que prova, 1 repreensiveis são de todo omitidas ou modificadas. Sabemos com
sem nenhuma sombra de dúvida, que os construtores dessas túmulos certeza que os homens cultos do Colégio de Heliópolis não pode-
acreditavam que seus amigos e parentes mortos viveriam 1 de novo riam ter-se entregue aos excessos a que, segundo se presumia, se
em algum lugar (de cuja localização talvèz tivessem a mais 'vaga' entregavam os reis falecidos, para os quais preparavam os textos
das idéias) uma vida que não era, presumivelmente, mui^ò ; diferente fúnebres, e só se permitiu que perdurasse neles a menção da abomi-
da que viviam na terra. Os instrumentos de sílex, faéas, raspadeiras nação sem nome infligida pelo egípcio selvagem ao inimigo derrota-
e quejandos indicam que, ao ver deles, os mbrtps caçariaip, mata- , do, por motivo da própria reverência à palavra escrita.
riam a caça quando a derrubasseih e combateriam os inimigas; e os
objetos de xisto encontrados nos túmulos, que para M. de Morgan Cumpre mencionar, de caminho, que as idéias religiosas dos
homens sepultados sem mutilação de membros, sem despojamento da

98
99
II

s^^is^rra*devem ter sid diferent


° - *»
m rt S 0 s
enterrados na p o S n e n a t S H ? ° ° ' P ^ e i r o s são vam a. alimenta, o CA, que irá capaz, segundo se supunha ° f c o m e r "
9 Se j u s t i f i c u e
0
vermos nesse costume o s ^ L í " ™ * ' * ^ l d
ï= c e r f ™ " ° ? P ™ ™ tempos separa-

parece indicar que c o n s o a i í «,,„ proteger o corpo,


outra vez. Os fios S m u t i l é *XpeCtatlV3' 0 c o r p o n a s c e r i a

homens eram
como » s a c e r d M « ' L r ï " M ' conhecidos
S . espi-

ela „ f „ ^ X , í a m a V a " S e B A
> as idéiSS dos
relativas a

às idéias

• î S w ' F S » « S '
z s i z £ £ ? 1
— - SS
. S ^ â í ^ p H S S
f X ^ ù E s r = s ' « y ele. Como o coração1 ÀR ™ " f í™" 1 0 e m a n t ^ conversação com
S6ntÍd S
vida dorhotbem. S s ° a i ^ d T m S n T ^ ° ' a> da
bem aventurad
céu' com, os deuses e ali n r S h f - ° s - o r a v a ! no
ah
gozos 'celestiais. ' P e a v a m , para sempre, de todos os
modo notável estava o CA ou "duo o» T £ C
°rp° de algui
? fo U d0
denominava-se
9 2 b n l h a n6 t e d e S 6 r e s
vdoi v icorpo
a T c L os
os dn ei ul l s f C ' f s n T r ' — ' Ominosa celestiais
e intangível^ e
' os C A Z - p o ^ ^ ' à S i ï S * 0 ^ . 0 * 0 , s ã 0 claras; Como
Pendente, « a « ^ W J ^ catástro è SÊ c L p u n h a S ' e Í f T * 0 6' P 3 r a ° b v i a r a e s s a
í6im, la
CU, ia ».para o l ë u o u t r a n a S i ? eSpeciais' A l é m d °
p r ss ma 1
hom'em, a saber;' doe séu ^EOlteVT A ™ ° i da entidade
l i t e r a do
í "ter
textoso primitivos
domínio s íil gS uàm a o^ oSf s?l ' ' ! ' , C^° m ° ^é e m P r e § a d a ^ tnos e,
347. 3 2 5 3 ) V e j a ReCUeÜ de TraV
™*> "»»• v, Págs. 55 e 185 (linhas .69, • de alguma coisa ' to "podïr" AAp anr eTn t V ^ tCr
° ,domínio
eme
homem era a s ù a X S J £ i " n t e , o SEQÚEM do
100 1 ( . , . sua ^ fcprça vital ou vigor personificado, e criam os
|| 1 i i
1
• ' ' ' 101
I,
egípcios que, em certas condizes,' poderia , seguir, e seguia, ao céu
o que 6, possuísse na terra. Outra parte do homemicliamava-se CAIBIT, "A alma para o céu, o corpo para a terra"; 121 e três mil anos
ou "sombra", a miúdo mencionada em conexão com a alma e, em depois, o escritor egípcio declarou a mesma coisa, porém com pala-
vras diferentes, ao escrever: 122
épocas mais recentes, sempre considerada próxima dela. Por 'fim,
!
mencionemos o REN, ou "nome" dd homem, corpo uma ! de suas "O céu tem a tua alma e a terra, o teu corpo".
partqs constituintes mais importantes. 1 0,s egípcibs,, em comum com O egípcio esperava, entre outras coisas, navegar pelo céu no
tddas as nações orientais, davam enorme ímpqrtancia à preservação do barco de Ra, mas sabia-se incapaz de fazê-lo enquanto estivesse em
nome e, no seu entender, qualquer pessoa1 que levasse a efeito 'a seu corpo mortal; acreditava firmemente que viveria milhões de anos
eliminação do nome de um homem destruía-o fambém. c W i o CA, mas, com a experiência da raça humana à sua frente, conhecia que
erâ uma porção da identidade especialíssima dp homem, e é fácií isso seria impossível se o corpo em que teria de viver fosse o mesmo
ver por que lhe foi atribuída tamanha importância; um ser sem nome em que vivera na terra. A princípio, cuidou que o seu corpo físico
não poderia ser apresentado aos deuses e,' coiho i nenhuhia coisa poderia, à maneira do sol, "renovar-se diariamente" e que a sua
criada existe sem nome, o homem que nãc) tinha nome estava em vida nova semelharia a do emblema do deus-sol, Ra, com o qual
ípior situação diante dos poderes divinos do qtie o mais frágil dos procurava identificar-se. Mais tarde, entretanto, a experiência ensi-
objetos inanimados. O bom filho se obrigava a perpetrar d).,nome do nou-lhe que o corpo mais bem mumificado era, por vezes, destruído,
pai e manter os túmulos dos mortos em bom estado de conservação1,,1 já pela umidade, já pelo caruncho, já pela decomposição, e que a
de njodo que todos pudessem ler os nomes doij! que neles Be afchavam só mumificação não bastava a assegurar a ressurreição ou o alcan-
enterrados, era um ato muito meritório. Por outro lado, 1 sé o fale-, çamento da vida futura; e descobriu que nenhum meio humano po-
eido conhecesse os nomes de seres divinos, foSgeml eles amigos oui deria toijnar incorrutível o que é de seu natural corrutível, pois até
inimigos, e soubesse pronunciá-los, obtinha inlcohtinenti podèr sobre os aninhais em que os deuses se encarnavam adoeciam e morriam
eles e era capaz de obrigá-lós a 'fazer • a sua, yontade. na época marcada. É difícil dizer por que os egípcios continuaram a
mumificar os mortos visto que já não esperavam ver o corpo físico
Vimos que a entidade do homem consistia rio, corpo, no duplo, levantar-se outra vez. Pode ser que lhe achassem a preservação ne-
na alma,1 no coração, na inteligência espirrai), ou espírito, nõ )podeí|, cessária ao bem-estar do CA, ou "duplo", e ao desenvolvimento do
na sombra e no nome. Essas oito partes pòdèm. reduzir-se a três,' corpo novo que dele resultaria; aliás, a persistência do costume
, deixando-se de lado o duplo, o coração, o,,1 poder; a sòmbr^ é> o também pode ter sido conseqüência de intenso conservantismo. Mas,
nome como representantes de crénças produzidas pelos egípcios à fosse qual fosse a razão, nunca deixaram de tomar todas as precau-
medida que subiam, pouco a .pouco, na escala da' civilização e por • ções possíveis para preservar intacto o corpo morto e buscavam
serem o produto peculiar da sua raç.a; podemos dizer, portanto, que, ajuda em sua dificuldade de outra procedência.
o homem consistia em corpo, alma e espírito. Mas subiam, todos
ao mundo de além r túmulo e lá vivi^mf Os textos egípcios respondem! Cumpre lembrar que, ao dar com o corpo morto do marido,
de maneira precisa a essa pergunta; a lalma e o espírito dos yirtuosos Isis pôs-se a trabalhar imediatamente por protegê-lo. Afugentou os
saíam do corpo e iam viver no céu com os bem-aventurados e, os inimigos e tornou sem efeito a má sorte que se abatera sobre ele
deuses; o corpo físico, porém, não tornava á [erguer-se; e,acrpdita- No intuito de produzir esse resultado "fortaleceu sua fala com toda
va-se que nunca deixaria a sepultura. Pessoas ignorarttes' ácredita- a força da sua boca, pois era perfeita de língua, e não se detinha
vam, sem dúvida, no Egito, na ressurreição d o ' c o r p o corrutível e em sua fala," e pronunciou uma série de palavras ou fórmulas que
figuravam a nova vida como algo muito semelha,ntf a um prossegui- Tot lhe dera; dessa maneira, conseguiu "agitar a inatividade do
mento da vida que viviam neste mundo; m a s ' o egípcio que Seguia Coração-que-parou-de-bater" e realizar o seu desejo em relação a
os ensinamento^ dos seus escritos sagrados conjhecia que tais crenças ele. Seus gritos, inspirados pelo amor e pela dor, não teriam tido
efeito algum no corpo morto se não fossem acompanhados das
não se coadunavam com as opiniões djos sacerdotes e ^ias pessoa^
cultas em geral. Já na V dinastia, por volta áe 3400 a.C., afirma-
1
va-se de modo preciso: — — 121. Recueil de Travaux, tom. iv, pág. 71 (1. 582)
122. Horrack, Lamentations d'Isis, Paris, 1866, pág. 6.

i 02
103
immmm
Decidido como estava a promover T Pronunciá-las {an-uh). tuai. (SÀH ou SAHU), que já encontramos em textos da V dinas
parentes pelos mesmos me os e Z r e . a T n n ? ? 0 d ° S " " a m i ^ 0 s e
P
las d e Tot, o egípcio de outrorT tinh ° / t Í S 1 S ' I s t 0 é - a s fórmu-
56 f a t
objetivo, a cada pessoa morta ? ° e m m e n t e = c o m tal
d e textos
se inscreviam no seu a L d J o u m £ T ^ ^ >
6 amuletos
efeito idêntico ao das palavra, £ T ? > e que teriam
os parentes do falecdotamhJ™ t u Pr0nunciadas Isis. Mas !
S l e f u n T t' P ° r V O l t a d £ | 3 3 0 0 a ' C > h á um uecho em que o
rei d e f u n t o a t e r r o r i z a todos los p o d e r e s d o rV>„ P ^ ,„ a P 4 r q U â
caso, a saber, o d^propórcTon^ ~e T * * 1 " u m d e v e r "esse "surge como uma alma (BA) m 1 J ? " °
de cerimônia simbo P lcasd'anteL Ç3
° de °I3ÇÕes e a execu?ã°
depositado no jaSgo pa a de" ansar a T a , T r " 0 qUe d e fosse
3 Urgla oferecer
fício, a que assistiam o falecido , ™ sacri-
6 SCUS
cada cerimônia era " c o m p a n h i a Paren^, e
que tudo houvesse sidoT i f o e d t d e » r n T * a P r o P r i a d a s : depois
d
dos sacerdotes, levava-se o com« n t j ° C , 0 m a s d e t e™inações
P s e u lu ar n a
múmia. Mas as palavras de Tn^ / ^ c 8 câmara da
corpo se t r a n s a s s e num "SAHU"'ou ° S S a C e r d ° t e S f a z i a m q U C 0
vel, que passava diretamente da t.VmL ° r p ° £ ? p i n t u a l i n c o r ™tí-
com o s deuses. Q u a n d o n o L i v r o ^ J " ? ° C é u ' o n d e c o ™ v i a
."Eu existo, eu existo; eú Z 0 e u \ w ^ T * ' ° M e Ü à ° e x d a m a :
e de novo, " eu germino o m o \ s p L a s'' ™ n T ' e U S ™ " ' 1 2 3
seu corpo físico está lancanrir» ™ P ' nao
^ u e r dizer que
? S de
• senão um corpo e p r i t u a l " L m ^ n T ° ° ° COrpo
Utr
^
J3m31S s o f r e r á dimi
ção, como Ra». Para o SAHU f® ™i-
corpo do homem na terra e dir-s ia n u f o " ' ' 3 l m a q u e v i v e r a n o "Consome n Z l US6S que a
P a r e c e m em formas visíveis
q C0rp0 novo
formasse a morada da alm! ™ - ' in corrutível,
fora a sua morada t e r e t T A s r ^ T * ™ ^ C ° m ° 0 c o r P ° f í ^ o
vam a mumificar seus morfos a s Z T f S e g í p d o s continua"
por acreditar que os s e u s c o í p o s S 0 I J í f ° ã 0 ° faziam
desejarem que" o corpo e s p i r i t u a l ^ ^ m 3 S p o r
e, se possível - ao menos é o que pareS r
g
f ™ i n a S f deIes d d i i n ^ e o espirito dos deuses estão nele."
q
corpo físico. Dessa maneira • P ece revestisse
a forma do
e nesse corpo vinham aSCI3m m rt0S s e g u n d o os
° ' egípcios, ' vagen?de0tnSScte PáSf
°- CrÍStaHna
' Uma aIusão
costume dos sei-

da ami°jdu:drr c í " t^sr 6 nio haver - - p- d mortos


^ a r
e a
' :sítíos ím re.aS?
?
á ^ c soleVïCe° em al
S""s
imortalidade, e a p r o S g? r a °i "
2 de considera
arqueológicas como r e l i l L f f « ' , H ÇÕes assim
via, quanto a o J ç ^ ^ V ^ S Tão velha, toda-
V e a cren a
* ? especifica num corpo espiri-
J23. Veja o cap. cliv.
124. Veja o cap. lxxxviii, 3.

104

' ' ' '' ' , ; '


105
I 1
I'
!
mesmo rei: "Vê, não foste pomo um mdrto, mas. como um viyo, períodos, à comida e à bebida de que se nutriam os seres que, segun-
sentar-te no trono de Osíris"; 12 "' e nuin plapiro escrito quase,dois do se acreditava, viviam no mundo de além-túmulo. Em épocas
mil anos depois o próprio rei falecido diz: "Minha ajma é Deus, pré-históricas era muito natural que os amigos do morto lhe colo-
minha alma é eternidade", 120 prova evidente) identidade da^ idéias cassem comida no túmulo, por acharem que ele teria necessidade
sobre à existência de Deus e a eternidade. Mais uni exemplo, contu- dela em sua jornada ao outro mundo; esse costume também pressu-
do,, merece ser citado, ainda que seja apenas, {para mostrar o cuidado! punha que o falecido teria um corpo igual ao que deixara para trás
com que os autores de textos religiosos impfiniiam no espírito dos na terra e que esse corpo necessitaria de comida e bebida. N a V
leitores a idéia da imortalidade da alma. De acordo com o Capítulo dinastia, criam os egípcios que os mortos bem-aventurados se alimen-
CLXXV do Livro dos Mortos, o'falecido enèoritta-se num, lugar em' tavam de comida celestial e não sofriam de fome nem de sede:
que não há água riem ar, de "profundeza insondável, negro como a , comiam o que comem os deuses, bebiam o que eles bebem, eram o
mais negra das noites, onde os homens ^rram, desamparados. O que eles são, e tornavam-se, em assuntos como esses, os equivalentes
homem não pode ali viver com o coração 'sereno, pem ali podem dos deuses. Em outro passo, lemos que trajavam roupas de linho'
ser satisfeitos os anseios de amor. Mas," diz o falecido 90 deus Tot, branco, calçavam sandálias brancas e iam para o grande lago, bem
"seja-me dado o estado dos espíritos em lugar 'dei água, de ar e da no meio do Campo da Paz, onde se assentam os grandes deuses,
satisfação dos anseios de amor, e seja-me; dáda a serenidade dej que lhes davam de comer da comida (ou árvore) da vida, que
coração em Ijigar de bolos e cerveja. O deus TemU decretou que também os sustentava. É certo, porém, que havia outrossim os que
i verei teu rosto e que não me farão padece^ as coisas q u e ' t e fize- esposavam outras opiniões acerca da comida dos mortos, pois já
ram sofrer; transmita cada deus a ti (tó Osíris] seu tronô por milhões na V dinastia se cogitava da existência de uma região, denominada
de ,ands! Teu trono passou para teu filho Horo e o deuS Temu JssquÊicAaru, ou Sequet-Aanru, a que a alma do egípcio piedoso
determinou-lhe o curso entre os príncipes sagrados. Na verdade, ele almejava chegar. Não temos meios de dizer onde se situava Sequetr
reinará sobre o teu trono e herdará o troitq do Habitante cjlp Lago Aaru e os textos não nos oferecem a menor pista da sua localiza-
dós Dois Fogos. Na verdade se 'decretou que ele verá erh mim sua ção; cuidam alguns eruditos que ela ficava longe, a leste do Egito,
semelhança, 127 e que meu rosto' olhará para o rosto do ideus Tem." mas é muito mais provável que representasse algum distrito do'
Recitadas estas palavras, o falecido pergunta a Tot: "Ifor quanto Delta, na sua porção norte ou na sua porção nordeste. Felizmente,
tempo viverei?" ao que o deus retruca: "Está decretado que viverás temos uma descrição dela no Papiro de Nebseni, 128 provavelmente
milhões e milhões de anos, uma vida de milhões de anos." Querendo o mais velho dos papiros, da qual podemos inferir que Sequet-Aaru,
lst0 é
dai; ênfase e maior efeito às suas palavras, o deus fala tautologica- > 0 "Campo" dos Caniços", tipificava uma região fertilíssima,
mente, para que nem o mais inculto dos homfens deixe de pompreen- onde podiam ser levadas a cabo com facilidade ê~bom êxifõ~~õpera-
der-lhes o significado. Um pouco adiadte, no mesmo Capítulo, 1 diz I ções agrícolas, pois nela abundavam canais e cursos-d'água. Numa
o falecido: "Ó meu pai Osíris, fizeste por mim o que fezt por ti teu de suas seções, dizem-nos, habitavam os espíritos dos bem-avéntu-
pai Ra. Por isso morarei na terra permanentemente, cçnservarei a rados; a gravura representa, provavelmente, um "Paraíso" tradicio-
posse do meu assento; meu cabelo será forte; toieu jazigo e meusi nal ou "Campos Elíseos", e as características gerais dessa terra feliz
amigos, que estão sobre a terra, floresderão;' meus inimigo^ ser^o são as de uma herdade grande, bem conservada e bem provida,
votados à destruição e aos grilhões da deusa ,Serc. Sou'teu filho, ei situada a pequena distância do Nilo ou de um de seus principais
Ra é meu pai; para mim também, farás vida, força e saúde!" afluentes. No Papiro de Nebseni, as divisões do Sequet-Aaru contêm
interessante notar que o falecido primeiro idbiitifica Osíris com F ^ , o seguinte: —
e depois se identifica com Osíris; dessa mari^ira, identifica-se com Ra.'1
1. Nebseni, o escriba e artista do Templo de Ptá, com os
Ao lado dos temas da ressurreição e da imortalidade, força é braços pendentes, entra nos Campos Elíseos.
íjiencionar as freqüentes referências, nos textos' religiosos de todos os 2. Nebseni faz uma oferenda de incenso à "grande companhia
dos deuses".
125. Recueil de Travau.r,, tom. v, pág. 167 (1. 6 5 ) . ,
126. Papiro de Ani, E s t a m p a 28, 1. 15 (capítulo Ixxxiv). 128. Museu Britânico, N.° 9.900; este documento pertence à XVIII
h ; 127. Isto é, serei c o m o H o r o , filho de Osíris.' 1 dinastia.

106
107
NebSen 3SpÍra perfume de uma flor reza
Lto*«M$£l«°Á l ° : o
texto. Milhares de poisas boas e puras para o CA de Nebseni."
9. 'Uma mesa de oferendas. '
P a (?)°'e §e U tep 0 ^ ^ L ag S
' ° Chamad S
° NebWaU1
' Uaca,

11. Com o auxílio de bois, Nebseni ara a terra à mareeik de


um curto d agua qilfe ffem mil [medidas] de comprimen o e cuia
J
largura nao se podei dizer; nele não há peixes n e m T m e s
_ 12, Com o aujtfip de'bois, Nebseni ara a terra numa 'ilha
cujo comprimento e a extensão' do céu"

esss •jsxs&sb
escada. ( O sitio e m i . p e está chama-se "Domínio de Net"
!l
16. Duas Lagoas, de nomes ilegíveis }

s s^ f fp a ide t í Sn i .^^ ^^ »
(Ipena
Tutu 6 Tot que lhe em
P ™ hdiríop
* a1
Os Campos Elíseos dos egípcios de acordo com o Paniro de MM, • pena e a paleta. Anr moye um barco a poder' de remos Ani
P de Nebseal
(XVIII dinastia) -

barC0 NebSenÍ
símbolos d f S d T ' « á m a do barco há três

4. Nebseni dirige-se a uma figura barbuda e mumificada.


r S M -
5- Tres Lagoas ou Lagos chamados Urti, Hetep e Q M etquet.
Nebsem realiza
- sega em Sequet-hetepet

naftLo S3r2tK a°c5ÜS?? 5r&SapoIei™do num pedestal;


I a

108 I 129. ' Museu Britânico, N.° 10.470, Estampa 35. I

109 !
4. O sítio de nascimento do "deus da cidade"; uma ilha na
qual há uma escada; uma região cognominada o "lugar dos espíri-
tos" com sete côvados de altura, em que o trigo mede três côvados,
e onde os SAHU, ou corpos espirituais, o colhem; a região Axet,
habitada pelo deus Un-nefer (isto é, uma forma dé Osíris); um
barco com oito remos largado na extremidade de um canal; e um
barco a flutuar num canal. O nome do primeiro barco é Behutu-
tcheser, e o do segundo, Tchefau.
Vimos até agora que no céu e no mundo de além-túmulo o
falecido só encontrou seres divinos, e os duplos, as almas, os espíritos
e os corpos espirituais dos bem-aventurados; mas nenhuma alusão
se fez à possibilidade de os mortos se reconhecerem, ou de serem
capazes de prosseguir nas amizades ou relações que mantinham na
terra. No Sequet-Aaru, entretanto, o caso é diferente, pois temos
três razões para acreditar que as relações, reconhecidas, constituíam
motivo de júbilo. Assim, no Capítulo LII do Livro dos Mortos,
composto com a idéia de ser o falecido, à míngua de comida apro-
priada no mundo inferior, obrigado a comer imundícies, 130 e com
o objetivo de obstar a uma coisa tão medonha, diz ele: "Não me
deixeis comer o que é uma abominação para mim, o que é uma
abominação para mim. Uma abominação para mim, uma abominação
para mim é a imundície; não seja eu obrigado a comê-la em lugar
dos bolos sepulcrais oferecidos ao CAU (isto é, "duplo"). Não
toque ela o meu corpo, não seja eu obrigado a segurá-la com as
mãos; nem compelido a pisar nela com minhas sandálias." "-
Algum ser, ou seres, provavelmente os deuses, perguntam-lhe,
então: "De que viverás, agora, na presença dos deuses?" E ele redar-
güi: "Venha a mim a comida do lugar da comida e seja-me permi-
tido viver dos sete pães que serão trazidos como alimento diante
de Horo, e do pão que será trazido diante de Tot. E quando os
deuses rtie disserem, 'Que tipo de comida terias dado a ti mesmo?'
replicarei: 'Deixai-me comer a minha comida debaixo do sicômoro
da minha senhora, a deusa Hator, e deixai que eu passe o tempo
entre os seres divinos que, ali pousaram. Tenha eu o poder de orde-
nar meus campos em Tatu (Busíris) e minhas colheitas em Anu.
Deixai-me viver do pão feito de grãos brancos e da cerveja feita de

130. Esta idéia é uma sobn vivência de tempos pré-históricos, quando


se supunha que, se as refeições sep ílcrais apropriadas não fossem depositadas,
a intervalos regulares, num lugar im'<jue o CA ou "duplo" do falecido pu-
desse alcançá-las, este se veria ob igado a vaguear por ali e colher o que
quer que pudesse encontrar para comer em seu caminho.

111
meu pai e
P
eu sadio e forte tenha S °rdenar minha herdade
- Seja
m Ver me e se a ca a
de sentar-me onde S m ^ ° - ' Í P *

ter su E a S t pro C p a Sd°; e l ^ t T n o f ^ ° f a I e d d o deseÍava


é
do IX nomo ^ B a i L Egito (Busirhe^ ^ t - f '^pert° d a caPital
S nt prOXImo da cidade
de Semenud (isto é L b e n h n ! °

Sede
do m a i o r ^ t ^ M S ^

S S E S T Í Í 53: s s r r »
mei OS c o m u m d o
que a branca T a a guard e da oort^d ^ ^ !
d a SUa ro
falecido as "formas (ou n e s s L Í I P P"edade pede o
e U 3 1 6 d e S u a mãe
confirma o d e s e j o d a ^ L t e do / "> 0 ^
PC10 de COntinuar a vida
encetada na terra fora o c L n l ' ' , familial
dessas se não houVesse a p e r s D ec fv a T ^ °ã° pediria u m a coisa
C n h e C e r S6US p a i s n o o u t r o
mundo. Interessante prova disso no« f °
Sequet-Aaru, os Campos Elís os e s ^ L t T ' a D r e p r e S e n t a ç ã o dos
sacerdotisa de A m o 7 q u e v veu n í v P f n
° Papir° de Anhai>m
pro aveIment
a.C. Vemo-la aqui enírandn n,' ! e > P«r volta de 1000
dirigindo-se a d^ias pe^soTs dignas ^ acima1 de ^ d
° ^ 6

tas as palavras "sua mãe'' a c o m n f n h ^ ^ 6 U m a d e l a s e s t ã o e s c " "


que se segue é, provavelmente T d o nal e í n 0 m e , N e f e r i t u - A forma
SSIm P d e m o s t e r a certe
za de que os egíocios T c r e d L L m ° "
0Utr
°A ^ ^
que f o Z 7 o % ^ x T L l t S S ^ T ^ ^ ^ teXt0
'
grande quantidade de i n f o r m a ^ r r e l a t i v ^ 0 1 ' 0 - ^ 0 1 1 1 0 d e ministra

tempos primitivos a resp ito dessa rt£L . ^ ! d f m s esposadas nos


e pr0jeta muita
a vida semimaterial a u e J S J ® ° sobre

131. Museu Britânico, N . ° 10.472.

112
«k

Sequet-Aaru; de estar em Sequet-Hetepet, região poderósa, sepliora dos completa a eternidade e possui existência perpétua, como Hetep, o
ventos; de ter poder ali; de se tornar um espírito ( C V ) ; ^ e colher; senhor Hetep.
de comer; de beber; de fazer amor; e de realizár ali quanto 1 realiza
o'homem sobre a terra." Diz a falecida: ', "O deus Horo faz-se forte como o Falcão que mede mil côvados
de 'comprimento e dois mil [de largura] em vida; traz equipamentos
"Set agarrou Horo, que olhava com osi dois olhos 1 3 2 para consigo, viaja e chega onde o trono de seu coração deseja estar
; a construção (?) em torno de Sequet-hetep, "mas libertei, Horo [e nos Lagos [de Hetep] e nas suas cidades. Gerado na câmara de
tirei-o] de Set, e Set abriu o caminho dos dbis fclhos [que estão] nascimento do deus da cidade, recebe oferendas do deus da cidade,
no céu. Set lançou (?) sua umidade aos'ventos sobre a alma que faz o que convém fazer, promove a união e leva a cabo t u d o o
tem o seu dia e mora na cidade de Mert, e libertou o interior do que diz respeito à câmara de nascimento da cidade divina. Quando
coifpo de Horo dos deuses de Aquert. ,11 | ' ] se põe na vida, como cristal, executa todas as coisas, e as coisas
"Ved,e-me agora, faço o poderosé barpo, viajár pelo Lago de que faz são como as que se fazem no Lago do Fogo Duplo, onde
Hetep,! e trouxe-o, à força, do palácio'de X u ; , o domínio de• suas' ninguém se regozija, e onde iiá toda sorte de coisas más. O deus
estrelas rejuvenesce e renova a força,que ele item há muito. Levei, Hetep entra, e sai, e volta para trás [no] Campo, que reúne todo
o barco para os lagos dali, para , poder apátécer nas cidadès, e o tipo de coisas para a câmara de nascimento do deus da cidade.
ijaveguei em sua divina cidade de. Hetep. E vede,; é porque estou Quando se põe na vida, como cristal, executa todas as coisas que
em, paz com suas estações, sua direção, seu território, e com a com- são como as que se fazem no Lago do Fogo Duplo, onde ninguém
panhia dos deuses que são seus primogênitos. , Ele faz Horo ,e Set se regozija e onde há toda a sorte de coisas más.
fiçíjr em paz com os que vigiam os vivos que criou em bela fôrma,.
"Deixai-me viver com o deus Hetep, vestido e não saqueado
e ttaz a paz; faz Horo e Set estar em paz coiA' os que os vigiam.' pelos senhores do norte, e deixai que o senhor das coisas divinas
Cortai o cabelo de Horo e Set, afasta a tempestade dos indefesos me traga comida. Deixai-o fazer-me progredir, deixai-me sair, e
j e mantém apartado dos espíritos (CU) todo ó mal. Deixai4mè ter deixai-o levar-me ali o meu poder; deixai-me recebê-lo, e seja o
j domjnio dentro desse campo, pois o conheço, e naveguei pelos feeus meu equipamento proveniente do deus Hetep. Deixai-me òbter o
I, latos para poder chegar às suas cidades. Minhai boca é firme, 133 ' domínio sobre a grande e poderosa palavra que está em meu corpo
I ésíòu aparelhado para resistir aos espíritos ( C U ) : e , pqrtanto, eles neste lugar, pois por seu intermédio me lembrarei e esquecerei.
i, não| terão domínio sobre mim. Deixa que eu iejà recompensado Deixai-me progredir em meu caminho e deixai-me arar a terra.
cqih os teus campos, ó deus Hetep; mas faze o, que é teu desejo, Estou em paz com o deus da cidade e conheço as águas, as cidades,
ó selnhor dos ventos. Torne-me eu um espírito ali, copia, beba, lavre os nomos e os lagos de Sequet-Hetep. Existo, sou forte, tornei-me
a terra, ceife as messes, lute, faça amdr, sçjám minhas .palavras 1 um espírito ( C U ) , como, semeio sementes, colho a messe, lavro a
podelrosas; nunca chegue eu a um estado d'e sirvidão;, mas tenha terra, faço amor e ali estou em paz com o deus Hetep. Vede, es-
autoridade ali. (Fortificaste a boca (ou porta) e a garganta, ( ? ) de' palho sementes, navego pelos lagos e me encaminho para as cidades,
Hetep; Quetet-bu é o seu nome. Ele está instalado'sobre os pilares 1 3 4 ó divino Hetep. Vede, minha boca está provida de meus [dentes,
de }Çu, e está ligado às coisas agradáveis de Ra'. Èle é o divisor de que são como] chifres; concedei-me, portanto, um suprimento su-
anosi está oculto de boca, sua boca é> muda, o que, profere é secreto, perabundante da comida de que vivem os "Duplos" (CAU) e os
Espíritos ( C U ) . Passei pelo julgamento a que Xu submeteu o que
o conhece, portanto deixai-me partir para as cidades de [Hetep],
navegar por entre os seus lagos e caminhar em Sequet-Hetep. V e d e ,
k i 1
•, ' ! Ra está no céu e o deus Hetep i a dupla oferenda dali. Adiantei-me
132.Isto é, o Olho de Ra e o Olho de Horo., 11' para a terra [de Hetep], atei ; s ilhargas e apareci, a fim d e que
133.Isto é, sei como pronunciar as palavras de poder que possuo com me sejam dados os presentes que me devem ser dados, estou con-
1
vigor. ! " | i'
134. Isto é, os quatro pilares, colocados em cada um dos pontos, car-
tente, e apossei-me da minha força, que o deus Hetep aumentou
j deais, que sustentam o céu. i ( , grandemente para mim."

1.14'
' , . i 115
mi nha
. ~ í " a v e i 0 a p ó s mim> ' ' 'i
terras, 136
q u e consolidaste nSS, , maos
' ó S e n
^ a das duas > "Ó Hast, 1 « enfrei em ti e afugentei os que queriam chegar
lembro e esqurço ^ Por intermédio me
agravo me fseja f ito Concede l m C Ó I u m \ e s e m que,nenhum G r L T S,Déus
Grande ? ^ é o dque
é u : deu-me' a cabeça, a
— em
P ^mim
a dos d e uf<Ji
a ligou ^O
0
ração; faz-me estar em n ^ í ' ° c 0 n c e d e " m e ' alegria de co-
P 83 t£ndÕes e m e u isto Ari en ab f
e faz-me receber o a r " ' ^ " ósculos, - - - *

mostrd - U r n h T ; h a b e e S f a l i ? R ^ d ° S V6nt S
° ' entrei
* * - divino." ? e r t ' 1 4 3 ChegUd,a à CaS3 e m qUe m e é trazíd0 0
Emento
aS eu estou
e a deusa Hast permanece à Í o n a ™ ^ord^do "Ó Smam, 144
cheguei a ti. Meu coração vigia e estou provido
durante 3 noite
ram-se obstáculos S de mim n , ? ' CoIoca- da coroa branca. S^u levado a regiões telestia% e faço floresce?
Estou em minha cidade.» ' m3S r6Um 0 que R a emit
^- as coisa* da terra;, há! alegria de cqração para b Tou o, p a r a T s
seres -cé&tes e para a cofepanhia dos deuses. Sou o deus que é o
C lheit3 e
para ' u a q u t - ^ S o u ^ f / o u r o ' ° ^nto-me Touro, o senhor dos depões quando sai da turquesa [céu]"
em UrqUeSa
Campo do Touro, o senhor da r • J ' 0 s e n h o r do
em suas horas. <3 U a q u e e n t r e i e S * d a deUSa Se tet
P <Sótis) p a r a ? e d l n e ^ n ° T d° ^ * | d a C £ V a d a ' v i m a ü> adiantei-mé
mínio de pedaços escolWdo! I ' / T m e u P ã o ' l o grei o do- Para ti, e peguei o que me segue, vale dizer, a melhor das libações1
& b da companhia dos, deuses. Amarrei meu b,arco nos lagos ce e s t i a ?
e os pássaros í x T r n ^ r L ^ T f 6 d 3 S a v e s d e Penas>
d3d0S; a &
'Duplos' ( C A U J ? P os deuses e os divinos S T Z P0S
Í - , a n C ° r a g e m ' r e c i t e i a s Palavras p f S c n t om
^ , V 0 Z
' touvores aos. deuses que habitam em SequeN
V6StÍmentas e
veni-me I ^ o C ã o ^ P -
Ve d e CStá n o céu
. Outra^ alegrias, contiido,, além das já descritas aguardam i o
que ali moram seguem-no e eu t a r n Z ' ' hopiem que 1 passou de modo satisfatório pelo julgamento e a M u
hetep, senhor d a s d u a s / e l ! ? * ° S l g 0 n o c é u ' 0 Unen-em- caminho para o reino dos deuses. Pois, em t e s p X T Í m l o n S
de Tchesertj con emp . r a g o r r S i s 6 ? ^ 6 m e r g u l h e i n o s petição n o . p a p i r o de Api, acinja apresentada (veja a pág 30 l
de mim. O Grande D e u T c r e °ce ah e ! ' 3 S U J Í d a d e s e a P a r t ™ seguintes), 1 o deu 5 fya promete ao falecido- "Entrarás no L
fc mida
preparei armadilhas para as ves L n i ' ° passar a s sobre o firmamento,í serás'acrescentado às d S a d e s c S
P S aves em lumad
melhores." P a s e alimento-me das lantes como estrelas. Louvores te serão entoados' em teu b a S '

e
^ ' S S T X f & amroe; e
a^e V Í
° ^ ^
f q ü e h á ali]
fronte da díusa S e
e liberte 1 T n „ i ?
e^^em ^
P

" í ®
°S VCrmes

d
° d e u s
e as ser

está
P^tes
de-
« T ^ M f c t í r . . - sf o4SS
ele colhe, mas eu a r 0 'c h o °S hS0S 6 é pr
°VÍd° d e

e cheea ao nnTn g i T Í 1 - / 6 1 1 1 0 p r Ó S P e r 0 ' e 0 b a ^ o Sectet avança !


e chegç a©' porto. Rejubilam-se os marinheiros de Ra e o coracãn
Í365: S r f a g o % f s ™ d a g r r a e l - de
ao C
" 3do
l6gra
' P° ÍSdo° barco, e Tot
137. Literalmente ® de S
^uet"Aaru. ao chfo"ve rá?H°
chao. Veras ' ' po, lugar
Horo piloto « e S
Ma{t
de
ÍII: & de um t £ £ fiSS ^
rCgla0 d e Se
140. N o m e de um d i s t r i t a ^ f 9^-Aaru.
141. N o m e de um í g Ó da J w T de Se
^t-Aaru. 143* SCme Se um ' f e ^ ^ ^ de Set
l^t-Aaru.
m
da
P o e i r a região de Sequet-Aaru. ilá M •j ' l a g 0 d a t e r c e ' r a região de Sequet-Aaru í
0 m e i e , u a da t e r c
116 u f 'íí i ® ®? ' ^ a região de Sequet-Aaru
145. N o m e de U m peixe mitológico que /adava na p £ a £ T a r d o de Ra |

1 !l
1í " '
• 117,1
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quando 7 r Á 7 J t ^ ° ^ °d°S 05 deuse
* filarão g
rnmn - P 0 1 S ' d l Z 0 f a l e c i d o : " N ã o h á m e * b r o algum do -ieu
â n t S Í T S i f r tm p
f para fazer viver 05 c
° r a ões dos corpo qup nao seja o membro de um deus. O deus Tot fom
se^^&srs»65^3
Mas nao
dos descendentes d !s
° escudo todo o meu corpo e eu sou Ra dia após d i a »

. > contènte com navegar no barco de R* „o j- Vemos, assim, pòr que meios acreditavam os egípcios pudesse
o homem mortal renascer dos mortos e alcançar a vida eterna A
re surrcçao era o objetivo com que se recitava cada ora ã o e si
celebrava cada cerimônia, e todos os textos, amuletos e fórmulas
falecido: — yapitul° X U I do Llv
™ dos M o r t o s d i z o
de todos os períodos! destinavam-se a permitir ao, m o a í r S S
de
"Meu cabelo é o cabelo de Nu. ' rificZ ? V Í V e r e t e r n a m e n t e «um corpo trlnsformado glo-
"Meu rosto é o rosto do Disco. rificado. Se se tiver esse fato em mente, muitas dificuldades apa-
rentes se desfarão aos olhos do leitor neste exame dos textos egípcTos
"Meus olhos são los olhos de Ha :or. ' e ver-se-a que a religião egípcia possui uma coerência de propósitos
1
"Meus ouvidos são os ouvidos d : Ap-uat. parece c a r e c e r , P r Í n d p i ° S ^ qUC
' para algUnS
' à
P'^™ vista,
"Meu nariz é o npriz de Quenti-Cas. ' ''
"Meus lábios sã<j> os lábios de Anpu. , '
1
. "Meus dentes são os dentes de Serquet. ' '
"Meu pescoço é o pescoço da divina deusa Isis '
"Minhas mãos são as mãos de Ba-neb-Tatu
"Meus antebraços, são os antèbraços de Neit, Senhora dé Sais
Minha coluna vertebral é a coluna vertebra} de Suti
1
"Meu falo é o falo de Osíris. • Í
"Meus rins são bs rins dos Senhores de >Quer-aba.
"Meu peito >é o peito do Poderoso do terror

Sequel11113 ^ í * ^ C0stas são a


barriga e',as dostas de

"Minhas nádegas são as nádegas do Olho de fíoro '»'


^Minhas ancas e minhas pernas são as ancas é as pernas de Nut
Meus pes são os pés de Ptá.

o s . o s T p L " 1 ' l i L S ' • » » -o « „ oi

ÍIT Y ^ C ^ " °f Comin


S For
'h by Day, pág. 93

118
105
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