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PREFÁCIO À SEGUNDA EDIÇÃO
- 35-
OS PENSADORES
~~\,\~
II I I Nl llureza que se tornaram o que agora são por uma revolução
das mãos os pr~n~í}2ios unicamente seg!!ndo os uais fenômenos con- " Id n efeito de uma só vez, seriam suficientemente notáveis para
" . ÇQrdante~ ent~e SI podem valer como leis, e na outra o ex erimento III 1'1' Jl1 ditar acerca do elemento essencial da transformação da ma-
ele ~\.,'lue e~a Imagmou segundo a ueles }2rinCÍ}2ios, na verdade para ser III' I I le pensar que lhes foi tão vantajosa e, na medida em que o
Jt m~trUl~a pela natureza, não porém na qualidade de um aluno que se I" III ii l sua analogia com a metafísica como conhecimentos da razão,
l d eIxa d~tar tudo o que o professor quer, mas na de um juiz nomeado 111I1 I n i tá-las nisso ao menos como tentativa. Até agora se su ôs ue
N~()\~que o~nga ~s testemu~~ a responder às perguntas que lhes propõe. li "ln 11 sso conhecimento tinha ue se re ~ elos ob'~tos; porém,
E ass~m ate mesmo a FlSlca deve a tão vantajosa revolução na sua
,
li 11111:1 a tentativas de mediante conceitos estabelecer algo a priori sobre
~anelfa de pensar apenas à idéia de procurar na natureza (não lhe
II " " \ mos, através do que o nosso conhecimento seria ampliado, fra-
Imputar), segundo o que a própria razão coloca nela, aquilo que precisa Illrlr Ir, 111 sob esta pressuposição. furi s o tente-se ver uma vez se não
apren~er ~a mesm~A m~neira e sobre o que nada saberia por si própria.
1"11)',1' ' climos melhor nas tarefas da Metafísica admitindo que os objetos
Atr~ves dISSO, a CIenCla da Natureza foi pela primeira vez levada ao
I. III q u se E _ lar :(2elo nosso conhecimento, o gue assim já concorda
ca~nh? seguro de uma ciência, já que por muitQs séculos nada mais
11\1.11101' com .ª-If.. uerida :(2ossibilidade de um conhecimento a_priori
havIa SIdo que um simples tatear. til! tn 'smos que deve estabek cer aI . o sobre os objetos antes de nos
A fv!etafísica, um conhecimento da razão inteiramente isolado e 'I 11'11 dad~ O mesmo aconteceu com os primeiros pensamentos de
esp.eculativo que através de simples conceitos (não como a Matemática Co /
.\....Vapl~cando os mesmos à intuição), se eleva completamente acima d~
Me\1Jl!-ensll:mmento da _experiência, na qual portanto a razão deve ser aluna
I "I"lmico que, depois das coisas não quererem andar muito bem com
II pli ação dos movimentos celestes admitindo-se que todo o exército
ti, II/ Ir s girava em torno do espectador, tentou ver se não seria mais tO (
r:
S i \-~ de SI. ~esma, nao teve ~té agora um destino tão favorável que lhe 1'1 III ' lI cedido se d eixasse o expectador mover-se e, em contrapartida, 05
per:rutIs~e encetar o camInho seguro de uma ciência, não obstante ser II' I Iro em repouso. Na Metafísica }2ode-se então tentar algo similar
maIS an~ga do que todas as demais e de que sobreviveria mesmo que 1111 qm' diz respeito à intui ção dos objgtos. Se a intuição tivesse que }, / '
as de~als fossen: tragadas pelo abismo de uma barbárie que a tudo I 11 '1', 111, r pela natureza dos objetos, não vejo como se poderia saber
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r?O?~~ kv~ e;s\~ Wl:>\)~~~\f\ 1,. o] J 2: ~ih,,1-t)-~ ck
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os PENSADORES ~ , 16jV~ . KANT
mais tarde uma esplêndida pedra-de-toque daquilo que tomamos I I t'ncontrado não em coisas na medida em que as conhecemos (nos
como o método transformado da maneira de pensar, a saber, que das I II ladas), mas sim nelas na medida em que não as conhecemos,
coisas conhecemos a priori só o que nós mesmos colocamos nelas. 1 ' 1 1I1\ ~) coisas em si mesmas; ,então §e mostra que é fundado o q.yg..
, Esta tentativa alcança o êxito desejado e promete à metafísica o I II I I, Imente admitíamos ap-enas a título de tentativa.! Após ter sido
caminho seguro de uma ciência na sua primeira parte, na qual se , I l lll • ' tado à razão especulativa todo progresso neste campo do su-
ocupa com conceitos a priori cujos objetos correspondentes podem ser 1'"1 11 nsível, agora ainda nos resta tentar ver ~e no seu conheci~ento
dados adequadamente na experiência. Após esta mudança na maneira I'" li o não se encontram dados para determmar aquele conceito ra-
de pensar, pode-se com efeIto explicar muito bem a possibilidade de I lllla l transcendente do incondicionado e, deste modo, de acordo com
um conhecimento a priori e, mais ainda, dotar de provas satisfatórias II II ' jo da Metafísica, conseguir elevar-n~s acima do.s ~mites de t?da
as leis que subjazem a priori' à natureza enquanto conjunto dos objetos I II pcriência possível com ;? ,nosso conheCimento a pno:z, mas possi~el
da experiência, coisas impossíveis segundo a maneira de proceder 11 111 >nte com o propósito prático. Com um tal procedimento, a razao
adotada até agora. Entretanto, na :primeira :parte da Metafísica, esta , I' \ ulativa ainda assim nos conseguiu pelo menos lugar para tal
dedução da nossa faculdade de conhecer a TJ.Tiori conduz a um estranho .111'1 liação, embora tivesse que deixá-lo vazio, e ainda somosAPor con-
r~sultado_ apMentemente muitQ...p-rejudicial ao inteiro fim da mesma ''I' uinte livres, e a tanto até exortados por ela, a preenche-lo, se o
2
e do qual se ocupa sua segunda parte _a saber, que com esta faculdade I" ' I rmos, com dados práticos da mesma. • •
j~mais podemos ultrapassar os limit~da experiência possível, o que O assunto desta crítica da razão pura especulativa consiste na-
é justament~ a_ocuI2ª.Ção desta ciência. Mas aqui reside precisamente "tlPla tentativa de transformar o procedimento tradicio~al da Metafí-
o experimento de uma contraprova da verdade do resultado daquela II' \ e promover através disso uma completa revoluçao na mesma;
primeira apreciação do nosso conhecimento racional a p.riori, ou seja, "gundo o exemplo dos geômetra.s e investi~~do.res da natu~eza. E
(\ que ele só concerne a fenômenos, deixando ao contrário a coisa em 11111 lratado do método e não um Sistema da CienCia mesma; nao obs-
te.~~ :,. i mesma de lado como real :para si,~ não conhecida Ror IlÓS. Pois I tlll , traça como que todo o seu contorno, tendo em vist~ tanto ~s
o que nos impele necessariamente a ultrapassar os limites da expe- j'US limites como também toda a sua estrutura interna. POiS a razao
riência e de todos os fenômenos é o incondicionado o qual, e nas coisas pltl' especulativa possui a peculiaridade de que pode e deve medir
em si mesmas, a razão exige o último necessariamente e com todo o I ' I ~I própria faculdade segundo as diversas maneiras de escolher os
Cc> \6'<>.,. direito para todo o condicionado, e através disso a completude da l ' tl l! objetos de pensamentos bem como enumerar completamente os
série das condições. Ora, ~uando se admite ue o nosso conheci- v, ri s modos dela se propor tarefas e traçar assim todo o esboço de
€' ~ mento de ex:periência se gt,!ie pelo Qb~s_como coisas em_si mesmas, IIIll is tema da Metafísica. Com efeito, no que diz respeito ao primeiro
~\ ocorre gue o incondicionado de maneira algumª-pode ser pensado_sem , p 'cto, no conhecimento a priori não se po~e acre~centar aos objetos
contradiçiiQ; se contrariamenle quando se admite que a nossa repre- IIlId, a não ser o que o sujeito pensante retira de Si mesmo e, no que
sentação das coisas como nos são dadas se guie não por estas como I I I. r speito ao segundo aspecto, com referência aos princípios do co-
coisas em si mesmas, mas que estes objetos, como fenômenos, muito
antes se guiem pelo nosso modo de representação, ocorre que a con-
tradição desaparece; e que, conseqüentemente, o incondicionado tem de I) ti Ir ex erimento da razão ura tem muito em comum com o !lue os químicos chamam freq~
h'menle de ensaio de redu ão em geral porém de procedimento S!l1t~tICO .. A análise do metafiSICO
II'l'fmrou o conhecimento puro a priori em dois eleme~tos. mU.lto desIguaiS, a saber, o das COisas
(limo fenômenos e o das coisas em si mesmas. A dlaléllca hga de novo ambos para tomá-los
G} Este método cop~ado do investigador da naturez.a consiste, portanto, no seguinte: procurar os III/A rrimes com a idéia racional necessária do incondicionado e descobre que .esta unarmrudade
eleme?tos da razao ura na utlo ~e ser confirmado ou refutado por um-1!E!.erimenjo. Ora, não Illinois vem à luz senão através daquela distinção que é, portanto, a verdadeIra. .
é posslvel fazer nenhum experimento com os objetos da razão pura (como na Ciência da Natureza) \ (." e modo as leis centrais dos movimentos dos corpos celestes proporcionaram certeza maruf~ta
para testar suas proposições, sobretudo quando se arriscam para além d e todos os limites da 110 que Copérnico tomou inicialmente só como hipótese, provando ao ~esmo temI><? a força lnvlSlvel
expe~iência p?ssível: portanto, isso SÓ será factível com conceitos e princfpios aceitos por nós a q\l ' liga a estrutura do mundo (a atração de Newton), a qual tena permanecido para sempre
prIOri na medida em que forem dispostos de tal modo que os mesmos objetos possam ser con- Ot ull A não houvesse o primeiro ousado, de maneira paradoxal mas verdadeira, procuT.ar 05 .~o
siderados desde dois aspectos diversos, por <1m lado como objetos dos sentidos e do entendimento vI m nlos observados não nos objetos celestes, mas no seu espectador. Neste prefác~o, enJo a
para a experiência, por outro lado porém como objetos apenas pensados, quer dizer, como objetos 1" lln9formação da maneira de pensar exposta na Cr(t~ca apenas como hipótese análoga a antenor,
da razão iso1ada que aspira elevar-se acima dos limites da experiência. Ora, se ao se considerar " ",ba ra no tratado mesmo seja provada não hipotética, mas apodlll~amente pela natureza tanto
as coisas desde aquele duplo ponto de vista ocorrer a concordância com o prinápio da razão " 1\ nossas representações do espaço e do tempo 'luanto do.s conceitos elementares do e."tendl'
pura e se desde um só ponto de vista surgir um inevitável conflito da razão consigo mesma, ",,'nlO a fim de chamar a atenção para as pnmeIras tentallvas de uma tal transformaçao, que
neste caso o experimento decide pela justeza daquela distinção. () H'mpre hipotéticas .
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OS PENSADORES KANT
nhecimento, a razão pura especulativa é uma unidade que subsiste I dlld positiva desse serviço prestado. :pela Críti~a. equivaleria a di~er[~obbJl
por si de um modo bem peculiar e na qual, como num corpo orga- '1 111 ' u política não possui nenhuma utilidade posltlVa por s_er sua pnn-
nizado, cada membro existe em função de todos os demais e todos I jllll ocupação fechar a porta à violência que os cldadao~ ..possam
os demais em função dele, e assim nenhum princípio pode ser tomado II 'IIH'" uns dos outros, para que cada um po:~a tratar t:~nqUlla e se-
com segurança numa relação sem ter sido ao mesmo tempo investigado I'o lll'o lmente dos seus afazeres. Na parte an~llt1~a_ da Cn,tica prova-se
na sua relação universal com todo o uso puro da razão. Para tanto a ,\\1(' spaço e tempo são apenas forma~ de mtUlçao :enslVel, portar;to
Metafísica também possui uma rara felicidade da qual não pode par- III \l 'nte condições da existência das COlsas como fer:omenos, que alem
ticipar nenhuma outra ciência da razão que tenha a ver com objetos II O não possuímos nenhum conceito do ent~nd1men_to e porta~to
(pois a Lógica só se ocupa com a forma do pensamento em geral), a 11I 'l\hum elemento para o conhecimento das .COlS~~ senao na med1da
saber, que uma vez conduzida por esta Crítica ao caminho seguro de I III que a esses conceitos pqssa ser dada uma mtUlçao c?rresponde~te,
uma ciência, poderá abranger completamente todo o campo dos co- qllí' por conseguinte não" podemos conhecer nenhum o~leto co~o C?l:,a
nhecimentos a ela pertencente e, por conseguinte, concluir sua obra, 1'11\ Iii mesma, mas somente na medida em q.ue for ?bJeto da mtmç.ao
podendo legá-la à posteridade como um patrimônio utilizável jamais I'IlHfvel isto é como fe ômeno; disto se segue, e .bem verd~de, a
a ser aumentado, pois ela se ocupa somente com princípios e com as I I"ilação de todo o possível conhecimento especulativo, da razao aos
limitações do seu uso determinadas por aqueles mesmos princípios. 111\'1' s objetos da experiência. Todavia, note-se b.em,~er.a..s~pLE!-pr.e::
Como ciência fundamental, por conseguinte, também está obrigada a II/O ressalyacque, seJ1ã.Q.p-o_deffi-o..s_conbe.c.eLess_esJllesmos::-obJ~tos_com~ •
essa completude, e dela deve poder ser dito: nil actom repuntans, si I II HOS em si mesmas, temos pelo menos que poder _~ensa-l~s. Do con
quid superesset agendum. 1 III do seguir-se-ia a proposição absurda que havena fenomeno sem
Mas que tesouro é este, perguntar-se-á, que pretendemos legar II"t' houvesse algo aparecendo. 2 Suponhamos a,g?ra que de mod? al-
à posteridade com semelhante metafísica purificada pela crítica e con- 1', lIm se tivesse feito a distinção, torn~~a r:ecessan.a pela nossa Cntica,
duzida por esse meio a um estado duradouro? Com um lance super- t'lItr as coisas como objetos da expenenoa e preClsamente as ~esmas
(j ficial de olhos sobre esta obra, acreditar-se-á perceber que sua utilidade I \ IIno coisas em si mesmas; neste caso, o princípio de causahdade e,
V seja somente negativa, ou seja, de jamais ousarmos elevar-nos com a )1111' onseguinte, o mecanismo natural na determin~ção dessa causa-
razão especulativa acima dos limites da ex eriência, e esta é, na ver- I ,Iad teria que valer cabahnente para todas as COlsas em geral en-
• dade sua primeira utilidade. Ela se tornará porém imediatamente po-
sitiva se nos dermos conta que os princlplOs, com os quais a razão
I" 1,lnto causas eficientes. Com respeito a um m~smo ente, por exemplo~
1 lima humana, eu não poderia portanto d1z:r que ~ua vontade e
especulativa se aventura além dos seus limites, de fato têm como ine- \l V I" e que está ao mesmo tempo submetida a nec~s~ldade natural,
vitável resultado, se o observarmos mais de perto, não uma ampliação, I lo é, não é livre, sem cair numa evidente contrad1çao; porque. e~
mas uma restrição do uso da nossa razão na medida em que realmente IlI1bas as proposições usei a palavra ahna ex~tamente. na mesma Slgnt-
ameaçam estender sobre todas as coisas os limites da sensibilidade à 1tr'1I fio, ou seja, como coisa em geral (~omo .cOlsa em Sl mesma), e,s.em
qual pertencem propriamente, ameaçando assim anular o uso puro I I' li a anterior nem sequer podia usa-la d1ferentemente. S~ a .c~lt1~a,
(prático) da razão. Por isso, uma crítica que limita a razão especulativa 1 ' m, não errou ensinando a tomar? objeto ~uma dupla slgnificaç~o,
'111
é, nesta medida, negativa; na medida em que ao mesmo tempo elimina II Ilnber, como fenômeno ou como COlsa em Sl mesma; se .a deduç.ao
com isso um obstáculo que limita ou até ameaça aniquilar o uso prático, ,lo seus conceitos do entendimento é certa, se por consegu~te. o pnn-
de fato }2ossui utilidade p-ositiva muito im}2ortante tão 10go_lte_estej,iL I ' I lo de causalidade só incide sobre coisas tomadas no pnme1ro sen-
ti~o, ou seja, na medida em que objetos da experiência, e se as mesmas IIIl'Smo tempo tirar1 da razão especulativa sua pretensão a visões exa-
COIsas ~omadas contudo na segunda significação não se lhe acham Iwradas, (überschwenglicher Einsichten), pois para chegar a estas ela pre-
s~bmetidas, ent~o e~a:a~ente a mesma vontade será pensada no fe- I ' Il< empregar princípios que, estendendo-se de fato apenas a objetos
nomeno (nas açoes vIsIveIs) como necessariamente conforme à lei na- ti I experiência possível não obstante serem aplicados ao que não pode
tural e nessa medida ~ão livre, e por outro lado ainda assim, enquanto 1' 1' objeto da experiência, na realidade sempre transformam o último
per~encente a uma COIsa em si mesma, pensada como não submetida " I)) fenômeno e assim declaram impossível toda a ampliação prática da
a .1:'1 natural e portanto como livre, sem que isso Ocorra uma contra- I' Izão pura. Portanto, tive que elevar (aufhebenF o saber para obter
dIça~. ~onquanto não possa conhecer a minha alma, considerada sob IlI gar para a fé, e o dogmatismo da Metafísica, isto é, o preconceito
este ultimo as~ecto, m~~iante razão especulativa alguma (menos ainda II ' progredir nela sem crítica da razão pura, é a verdadeira fonte de
pela observ~çao empmca) e por conseguinte tampouco a liberdade Ioda a sempre muito dogmática incredulidade antagonizando a mo-
c?mo pr?pne?ade de um ente ao qual atribuo efeitos no mundo sen- I'nlidade. - Portanto, se ·cmrt uma Metafísica sistemática composta
sI~el~ p~IS tena que conhecer um tal ente como determinado em sua 'gundo o critério da Crítica da Razão Pura não pode ser difícil legar
eXIst~nCIa : todavia como não determinado no tempo (o que é im- ligo à posteridade, tal não constitui dádiva de valor desprezível: veja-
possIvel, nao podendo eu pôr intuição alguma sob o meu conceito) ) apenas a cultura alcançável pela razão através do caminho seguro
posso contudo pensar a liberdade, isto é, sua representação não conté~ I uma ciência em geral em comparação com o tatear sem fundamento
p~l~ ~enos, ~enhuma contradição em si desde que Ocorra a nossa , o vaguear leviano da razão sem crítica, ou também o emJ2rego melhor
dIsh~çao cntica entre ambos os modos de representação (o sensível lo teml2º--12or }2arte de uma juventude ávida de saber que no costu-
e o mt:lectual) e daí proveniente limitação dos conceitos puros do meiro d.Qgm<ID~l!lQ,. recebe ~Jlcorqjamento }2ara sofismqr (vernünfteln)
entendIme~to e portanto também dos princípios decorrentes dos mes- 'omodamente sobre .coisas das quais nada entende e no qual, tanto
~os. Admitamos agora que a Moral pressuponha necessariamente a quanto ningyéin no mundo jamais chegará a discernir algp,_ou até
lIberdade (n~ sentido mais rigoroso) como propriedade da nossa von- I ara ter em vista novos pensamentos e opiniões e assim descurar a
t~de na medIda em que aduz a priori princípios práticos originários prendizagem de ciências meticulosas; em grau máximo, contudo,
sItos em .nossa ~az~o como dados da mesma, os quais seriam absolu- quando se leva em consideração a inestimável vantagem, para pôr
tamente I~possIveIs sem a pressuposição da liberdade e que não obs- fim, para todo o tempo futuro, a todas as objeções contra a moralidade
tante,a ra.zao especulativa tivesse pro~~do que a liberdade não é sequer a Religião de maneira socrática, isto é, através da prova mais clara
per:savel. neste caso, essa pressuposIçao, ou seja a Moral, teria neces- da ignorância dos adversários. Com efeito, uma ou outra Metafísica
s~r~amente que .~eder àquela cujo oposto contém uma notória contra- sempre existiu e continuará a existir no mundo, e com ela também
dIçao, e conse~uentem,ente a .l iberdade e com ela a moralidade (pois uma dialética da razão pura, pois esta lhe é natural. A }2rimeira e
o seu oposto nao contem nenhuma contradição se a liberdade já não mais importante }2reocu12ação da filoJiQfi~é,--PD.is, afastar de uma....\!.eL
for press.uposta) ?ar lugar .ao mecanismo natural.S.omo para a moral por todas toda a influência noc'va e.ss..<Ulialé.t.i..cLobslruind~
Dada maIS necessito que a liberdade não se contradiga e portanto seja dos erros.
Relo menos pe~ável sem nece~sidade çLe discerni-la ulteriormente, Nesta importante mudança no campo da ciência e na perda que
que portanto nao oponha nenhum obstáculo ao mecanismo natural a razão especulativa tem que sofrer na posse que até agora se arrogou,
preClsa~ente da mesma ação (tomada em outra relação), assim tanto tudo o que diz respeito à geral ocupação humana e ao proveito que
a doutrm~ da :noralidad.e como a da natureza mantém o seu lugar, o mundo tirou das teorias da razão pura permanece no mesmo estado
o que porem ~ao ~correna se a crítica não tivesse antes nos instruído vantajoso de outrora, ~ a perdª- ati!}ge só o monopólio das escolas, mas
s.ob:e a nossa mevItável ignorância acerca das coisas em si mesmas e de modo algum o interesse dos homens. Pergunto ao mais inflexível
lImitando a. meros fenômenos tudo o que podemos conhecer teorica- dogmático se a prova da perduração da nossa alma depois a morte
~e~te. P~~ClSamente essa discussão sobre a utilidade positiva dos prin- pela simplicidade da substância, se a prova da liberdade da vontade
CIpIOS cntIcos da razão pura pode ser patenteada nos conceitos de contra o mecanismo universal por meio das distinções sutis embora
Deus e da n~tureza simples de nossa alma, o que passo por alto para
ser breve. N~o posso portanto sequer admitir Deus, liberdade e imorta- 1 Jogo com as palavras cognatas annehmetr (admitir) e betrehmetr (tirar) (N. dos T.)
lIdade com VIstas ao uso prático necessário da minha razão sem ao 2 Na tradução deste termo seguimos a proposta de A. Gulyga. (N. dos T.)
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importantes entre necessidade prática subjetiva e objetiva, ou se a !III' direitos da razão especulativa, o escândalo que cedo ou tarde tem
prova da existência de Deus pelo conceito de um ente realíssimo (da 111 11 ' H r provocado mesmo no povo pelas disputas em que o~ m~ta
contingência do mutável e da necessidade de um primeiro motor), II' ,'os (e como tais por fim também os clérigos) se enredam mevIta-
depois de terem saído das escolas chegaram a alcançar o 'público e 1, 1111 nte sem crítica, acabando mesmo depois por falsificar as suas
conseguiram exercer a mínima influência sobre sua convicção? Se isso tllIlIl rinas. Só mediante essa crítica podem ser cortados pela raiz o
não aconteceu, e também jamais se pode esperar que aconteça em IIlr1i1'rialismo, o fatalismo, o ateísmo, a incredulidade dos ~ivr.e:-~ensadores,
virtude da inaptidão do entendimento humano comum para a espe- II ftlllatismo e a superstição, que podem ~o.rnar-se pre!UdlCl~IS em.geral,
culação tão sutil; mais ainda, se no referente ao primeiro ponto a no- I' por fim também o idealismo e o cetzclsmo, ~u~ sao maIS pengosos
tável disposição da natureza de cada homem de jamais poder ser sa- 1'.11'11 as escolas e dificilmente passam ao pu~lico, .Se a~s governos
tisfeita pelo temporal (como insuficiente às disposições da sua inteira .11'1' z ocupar-se dos assunto~ dos erud~:os',entao sena maIS adequado
determinação) teve que provocar totalmente sozinha a esperança numa 1\ ua sábia solicitude para com as ClenClas e mesmo para com os
vida futura, se com relação ao segundo a mera apresentação clara dos III 1m ns favorecer a liberdade de uma tal crítica, unicamente pela qual
deveres em oposição a todas as pretensões das inclinações teve sozinha \' d aborações da razão podem ser conduzidas a pisar fin~es, em ,:,ez i'
que fazer nascer a consciência da liberdade, e se finalmente no referente III' < poiar o despotismo ridículo das escolas, que alarde.l am ~er~go ~
ao terceiro a ordem, beleza e providência magníficas, visíveis por toda I" I lico quarido se destrói as sua~ teias de ara~a, d~s quaIS o pubhco ~
a parte na natureza, tiveram por si sós que suscitar a fé num sábio e 1\lInCa tomou conhecimento e cUJa perda tambem nao pode, portanto,
grande ~utor do mundo, convicção esta que se propaga entre o público I IInais sentir. . '. -
na medIda em que repousa sobre fundamentos racionais, então essa A crítica não é contra.Eosta ao procedImento do matlco da razao
posse não apenas permanece intata, mas antes ganha ainda em pres- 111 ) eu conhecimento Euro como ciência (pois esta ~em que.se~ s~mpre
tígio pelo fato des escolas serem doravante instruídas a não se arro- d,)gmática, isto é, provando rigo~osa~ente, a, partir d: prmClplOs s~-
garem, num ponto que diz respeito à geral ocupação humana, nenhum 1', lII'os a priori),.mE.s silJl ao dogm~tls!JlJ2, lsto.e, a Ereten:>ao d~..I~rog:~0r
discernimento ~ais alto e difundido do que aquele que a grande massa 1'1 ' nas com um conhecimentº-puro a_partir d: conceitos .(0 fllosoflco)
(para nós digna de respeito) pode também facilmente alcançar, e se I'gundo princípios há tempo usados .E.el'!..!'azao, sem se mdag.ar COI~-
limitarem, por conseguinte, ao cultivo desses argumentos acessíveis II Ido de que modo e com que di:~ito chego~ a eles. Dogmatism? e'l\
a todos e suficientes ao propósito moral. A mudança atinge, portanto, portanto, o procedimento dogmatico da raza? yura sen;. uma cntlca
III' cedente da sua própria capacidade. Essa oposlçao da ~r~ti~a ao dog-
1
apenas as arrogantes pretensões das escolas que gostariam de se con-
III tismo não deve por isso defender a causa da superflClahda?~ ver-
siderar aqui (como com direito em muitos outros pontos) os únicos
conhecedores e guardiães de tais verdades, das ' quais comunicam ao I t) a, sob o pretenso nome da popularid~d.e, ou me:~o ~ do cetiCl.sm~,
~úblico apenas o uso, conservando porém a chave delas apenas para
que liquida sumariamente toda a MetaÍlslca; a Cntica, ~ antes a InstI-
SI (quod mecum nescit, solus vu/t scire videri),1 Não obstante, também se \11 ição provisória necessária para promover u~a MetafíSiCa fundam~n
,cuidou de um reclamo mais justo do filósofo especulativo. Ele per- \.11 como ciência que precisa ser desenvolVIda de modo nec~s~ar~a
manece sempre o depositário exclusivo de uma ciência útil ao público l1'l nte dogmático e sistemático segu~do a ma~s Arig?r?sa eXI~e~1Cla~
sem que este o saiba, a saber, de crítica da razão, pois esta jamais I rtanto escolástica (não popular); pO!s essa ~xlgenCla a Metaflslca e
poderá tornar-se popular e não tem sequer necessidade de sê-lo. Com Indispensável, já que se compromete a realiz~r s~a obra d: modo
efeito, assim como os argumentos finalmente tecidos não querem entrar Inteiramente a priori, portanto para a plena satis,f~çao. da ~azao espe-
na cabeça do povo como verdades úteis, assim tampouco lhe chegam ' ulativa. Na execução do plano prescnto pela CntIca, Isto e, no futuro
a aflorar na mente as objeções exatamente tão sutis contra os mesmos. listema da Metafísica, temos pois que seguir algum dia o mé~odo
Em contrapartida, como a escola e cada homem que se eleva à espe- rigoroso do famoso Wolff, o maior de todos os filósofos d~gmá~lcos.
culação caem inevitavelmente em ambos, a crítica se vê obrigada a lIste deu pela primeira vez o exemplo (e com este exemplo fO! o cnador
prevenir de uma vez por todas, através de meticulosas investigações
Em alemão: Verméigen. Enquanto designando alguma função lógico-transcendental de caráter ideal,
traduzimos sempre por faculdade. Neste caso, porém, o contexto justifica verter por capacIdade.
lOque não sabe comigo, pretende parecer saber sozinho. (N. dos T.) (N . dos T.)
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1\ OS PENSADORES KANT
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KANT
OS PENSADORES
que diversas coisas na reil.lldade não pertencentes essenciil.lmente à discurso são pinçáveis aparentes contradições quando se arrancam
completude do todo, mas de que muito leitor não gostaria de prescindir partes isoladas do seu conjunto e se as compara entre si, contradições
na medida em que podem ser úteis desde um outro ponto de vista, \ sas que aos olhos daquele que se abandona ao julgamento de outros
precisaram ser supressas ou apresentadas abreviada mente para darem projetam por sua vez uma luz prejudicial sobre esses escritos, mas
lugar à minha exposição agora mais compreensível, como espero; esta que se resolvem muito facilmente para aquele que se apoderou da
nova exposição não muda no fundo absolutamente nada no tocante idéia no seu todo. Todavia, quando uma teoria é sólida, tanto a ação
às proposições e mesmo aos seus argumentos, mas no tocante ao mé- quanto a reação que inicialmente a ameaçavam com grande perigo,
todo da exposição às vezes se afasta a tal ponto da precedente que om o tempo servem somente para aplainar os seus desníveis, e quando
não era possível intercalá-la na mesma. Essa pequena perda, que por homens dotados de imparcialidade, discernimento e verdadeira po-
outro lado cada um pode reparar à sua vontade pela comparação com pularidade ocuparem-se cqm ela, em pouco tempo servem para pro-
a primeira edição, será preponderantemente compensada, como espe- porcionar-lhe também a el~gância requerida .
ro, pela maior compreensibilidade. em diversos escritos publicados Konigsberg, no mês de abril de 1787.
Cl:)~tu,,«,e) "\'\
(seja por ocasião da recensão de muitos livros, seja em tratados espe-
ciais), percebi, com grata satisfação, que o espírito de meticulosidade [t\ ~f~tJ~s~() l't\~t~í61~ ~S
não se extinguiu na Alemanha, mas foi somente sufocado por algum
tempo pelo modismo de uma liberdade de pensamento às raias do I ~ .u~) pn'tt,,*,\\} ~eh~\) ~ ~. ~J1\6e ~~
genial, e que as espinhosas veredas da crítica que conduzem a uma
ciência escolástica da razão pura, mas como tal a única duradoura e -~]
por isso absolutamente necessária, não impediram as cabeças corajosas
e lúcidas de se apoderarem dela. A estes homens beneméritos, que a
meticulosidaçle do discernimento aliam de modo tão feliz o talento
de uma exposição luminosa (a qual não me sinto bem consciente de
possuir), deixo o encargo de concluir, no tocante ao último ponto,
minha elaboração aqui e ali porventura ainda defeituosa; pois o perigo
neste caso reside não em ser refutado, mas em não ser compreendido.
De minha parte, não posso doravante meter-me em controvérsias, em-
bora atente cuidadosamente a todas as sugestões, sejam de amigos
ou de inimigos, para utilizá-las, de acordo com esta propedêutica, na
futura execução do sistema. Já-que durante estes trabalhos atingi uma
idade relativamente avançada (este mês completarei sessenta e quatro
anos), se quero executar meu plano de fornecer tanto a Metafísica da
Natureza quanto a Metafísica dos Costumes como confirmação da
correção da crítica da razão tanto especulativa como prática, tenho
que usar com parcimônia o meu tempo como esperar dos homens
beneméritos que tomaram a si essa tarefa tanto o esclarecimento das
obscuridades inicialmente inevitáveis nesta obra quanto a defesa do
todo. Em pontos isolados cada exposição filosófica é vulnerável (pois
não pode apresentar-se tão blindada como a exposição matemática).
Entretanto, a estrutura do sistema, considerada como unidade, não
corre com isso o mínimo perigo; com efeito, só poucos possuem a
agilidade de espírito para abranger com a vista o sistema quando este
é novo, e menor número ainda tem prazer nisso, pois toda novidade
lhes é importuna. Em cada escrito desenvolvido sob forma de livre
- 51-
-50-
INTRODUÇÃO
r. Da distinção entre conhecimento puro e empírico -
..
.'
~
I Na quinta edição original (1799) consta a "capacidade do entendimento". (N. dos T.)
KANT
oS PENSADORES
posta. Com efeito, de muito conhecimento derivado de fontes da ex- até a que vale para todos, como por exemplo na proposição: todos os
peri~n~ia costuma-se dizer que somos capazes ou participantes dele l' rpos são pesados. Ao contrário, onde a universalidade rigorosa é
I ' sencial a um juízo, indica uma fonte peculiar de conhecimento do
a przon porque o derivamos não imediatamente da experiência, mas
~: uz:ta re~a ge~al que, não obstante, tomamos emprestada da expe- l'\'IeSmo, a saber, uma faculdade de conhecimento a priori. Necessidade
nenCla. Asslfi, dIz-se de alguém que solapou os fundamentos de sua , universalidade rigorosa são, I2ortanto, se _ ras características de um
c~sa: ele .podia saber a priori' que a casa desmoronar-se-ia, quer dizer, 'onhecimento a Wiori e também .I2ertencem inseparavelmen te uma à
nao precIsava esperar pela experiência de seu desmoronamento efetivo. outra. Mas como no uso desses critérios é às vezes mais fácil mostrar
.1 limitação empírica dos juízos do que sua contingência, ou às vezes
Co.ntudo, mesmo assim ele não podia sabê-lo inteiramente a priori,
pOIS 0_ fat? dos corpos serem pesados e de portanto caírem quando mais convincente fazer ver a universalidade ilimitada que lhe atribuí-
lhes sao tirados os sustentáculos, tinha de tornar-se antes conhecido In os do que sua necessidade, é aconselhável servir-se separadamente
pela experiência. I ambos os critérios, que. são cada um por si infalíveis.
jel k, No que se segue, portanto conhecimentos a priori entenderemos ' Ora, é fácil mostrar que no conhecimento humano realmente há
\ -
• p ~r~o ~s que ocorrem
d e m.o do independente desta ou daquela expe- l is juízos necessários e em sentido estrito universais por conseguinte
r \J'r'\~\\ r~enCla, mas absolutamente mdependente de toda a experiência. A eles puros a priori. Caso se queira um exemplo das ciências, basta olhar
'11\ \ ~ao contrapo.s;os. ou aqueles que são possíveis apenas a posteriori, isto lodas as 'proposi ões da matemática; caso se queira um do uso mais
e, por expenen.cIa. Dos conhecimentos a priori denominam-se puros omum do entendimento, poderá servir a proposição de que toda mu-
aqueles a.o~ quaIS nada de empírico está mesclado. Assim, por exemplo, lança tem que ter uma causa. Nesta última, o próprio conceito de
a propos:çao: cada n:udança tem sua causa, é uma proposição a priori, uma causa contém tão manifestamente o conceito de necessidade da
so que n~? p~a, pOIS mudança é um conceito que só pode ser tirado onexão com um efeito e o de uma universalidade rigorosa da regra
da expenencIa. que se perderia completamente tal conceito de uma causa caso se
quisesse derivá-lo como Hume o fez, de uma freqüente associação da-
II. Somos possuidores de certos conhecimentos a priori e mesmo o quilo que acontece com aquilo que o antecede, e do hábito daí decor-
entendimt;nto2 comum jamais está d!!provido deles . I' nte (por conseguinte, de uma necessidade meramente subjetiva) de
. \.\IJI. ~()5 r\\e,ce6S1>-')-\1J.S Uf'\\\tQ,Yó~15 conectar representações. Também sl'UJoderia demonstrar a imprescin-
dibilidade de rincí ios uros a p'riori I2ara a ossibilidade da ex e-
O que zmpor~a aquz e um traço pelo qual possamos distinguir de mode
seguro ~m conheczmento puro de um empírico. Na verdade, a experiência riência sem 12recisar de semelhan tes exem p los para provar sua reali-
nos e.nsma ~e algo. é c?nstituído deste ou daquele modo, mas não que possa iade em_nosso conhecimento, I2ortanto d e modo a priori. Pois de onde
ser diferente. Em pnmezro lugar, portanto, se se encontra uma rroI2os.!ç.[o queria a própria experiência tirar sua certeza se todas as regras, se-
pensada ao mesmo tem o corri sua necessidade, então ela é um uízo - !' undo as quais progride, fossem semp re empíricas e portanto contin-
E-p'riorij se além disso não é derivada senão de um;-;álida por sua g ntes? Por isso, dificilmente se pod e deixar semelhantes regras va-
vez c.Rmo uma proposição necessária, então ela é absolutamente a I 'rem como primeiros princípios. Só que aqui podemos nos contentar
priori.~'Em segundo !ugar, ~ eXI2eriência jamais dá aos seus juízos_uni- d haver exposto como um fato o uso puro de nossa faculdade de
'ljers'!l.zdade ~erdadeIra ou. ngoros.?, mas somente suposta e comparativa nhecimento junto com su as características. Não a enas nos juízos,
(por mduçao), de maneIra que temos propriamente que dizer: tanto mas também nos conceitos revela-se uma origem ~priori de aI ~s
quanto percebemos até agora, não se encontra nenhuma exceção desta deles. Em vosso conceito de experiência de um corpo, renunciai aos E
ou daquela regra. Portanto, se um juízo é pensado com universalidade I ucos a tudo o que nele é empírico: à cor, à dureza ou à maleabilidade, iIZ.
rigorosa, isto é, de modo a não lhe ser permitida nenhuma exceção peso e mesmo à impenetrabilidade, mesmo assim resta o espaçctlt ~
como possível, então não é derivado da experiência, mas vale abso- lue ele (agora completamente desaparecido) ocupou e o qual não po- .L-
lutamente a priori. Logo, a universalidade empírica é somente uma I is suprimir. Da mesma maneira( quando suprimirdes do vosso con- Cl%~'I'1\'l
elevação arbitrária da validade, da que vale para a maioria dos casos , ' i to empírico de um objeto corpóreo ou incorpóreo todas as proprie-~ f?-x'p .
d. des ensinadas pela experiência, não podereis tirar-lhe aquela pela 0 steJb
qual o pensais como substância ou como aderente a uma substância 106 ~
Na quinta edição original consta "a posterion", sem sentido porém no contexto da frase. (N. dos T.)
Na qwnta edição original, "condição" (staná), eventualmente um erro gráfico de Verstand. (N. dos T.)
(n50 obstante esse conceito conter maior determinação do que a de %S
_ 55 _ I 'b.. ~'r\c}i\
-54 -
OS PENSADORES KANT
um objeto em geral). Convencidos pela necessidade com que esse con- da esfera da ex eriência, então se está segyro de não ser contestado
ceito se vos impõe, tereis portanto que confessar que ele tem a sua pela experiência. O estímulo para ampliar seus conhecimentos é tão
sede em vossa faculdade de conhecimento a priori. grande que só se pode ser detido em seu progresso por. uma clara
contradição em seu caminho. Esta pode ser contudo evitada se as
III. A filosofia precisa de uma ciência que determine a possibilidade, ficções forem forjadas cautelosamente, sem que por isso deixem de
os princípios e o âmbito de todos os conhecimentos a priori ser ficções. A matemática dá-nos um esplêndido exemplo de quão
longe conseguimos chegar no conhecimento a priori independentemen-
Muito mais significativo que todo o precedente é o fato de que te da experiência. Na verdade, a Matemática se ocupa com objetos e
certos conhecimentos abandonam mesmo o campo de todas as expe- conhecimentos apenas na medida em que se deixam apresentar na
riências possíveis e parecem estender 6 âmbito dos nossos juízos acima intuição. Mas essa circunstância é facilmente descurada, porque mesmo
de todos os limites da experiência mediante conceitos aos quais em tal intuição pode ser dada a priori e, portanto, dificilmente é distinguida
parte alguma pode ser dado um objeto correspondente na experiência. de um simples conceito puro. Tornado por tal prova do poder da
E justamente nestes últimos conhecimentos, que se elevam acima razão, o impulso de ampliação não vê mais limites. A leve pomba,
do mundo sensível, onde a experiência não pode dar nem guia nem enquanto no livre vôo fende o ar do qual sente a resistência, poderia
correção, residem as investigações de nossa razão que pela sua im- imaginar-se 'que seria ainda muito melhor sucedida no espaço sem
portância consideramos muito mais eminentes e pelo seu propósito ar. Do mesmb modo, Platão abandonou o mundo sensível porque este
último muito mais sublimes do que tudo o que o entendimento pode estabelece limites tão estreitos ao entendimento, e sobre as asas das
aprender no campo dos fenômenos; mesmo sob o p~i o de errar, idéias aventurou-se além do primeiro no espaço vazio do entendimento
nisto arriscamo-ª--ant~~ tudo a d~ver desi stir_de tão importantes inves- puro. Não observou que por .meio de seus esforços não ganhava ne
!igações por uma razão qualquer de escrúpulo,_de menosI2rezo ou de nhum terreno, pois não possuía nenhum ponto em que, como uma
i ndiferença. Esses problemas inevitáveis da própria razão pura são espécie de base, pudesse apoiar-se e empregar suas forças para fa~er
Deus, liberdade e imortalidade. A ciência, porém, cujo propósito último o entendimento sair do lugar. Na especulação é, contudo, um destino t
está propriamente dirigido com todo o seu aparato só à solução desses habitual da razão humana concluir o quanto antes seu edifício e apenas ,
problemas denomina-se Metafísica; o procedimento desta é de início depois investigar se também seu fundamentos está bem assentado. ,
dogmático, ou seja, assume confiantemente a sua execução sem um Procurar-se-ão então pretextos de toda espécie para nos consolar da
exame prévio da capacidade ou incapacidade da razão para um tão sua solidez ou mesmo para preferivelmente recusar tal exame tardio
grande empreendimento. e perigoso. O que porém durante a construção n~s lib~ra de :oda a
Na verdade, parece natural que, tão logo se tenha abandonado apreensão e suspeita e lisonjeia com aparente metIculosIdade e o ~e
o solo da experiência, não se erija imediatamente, com conhecimentos guinte. A ocupação da razão consiste, em grande e talvez na malOr
que se possui sem saber de onde e sobre o crédito de princípios Qe parte, em desmembramentos! dos conceitos que já temos de objetos. Isso
origem desconhecida, um edifício, sem estar antes assegurado dos nos pro icia uma porção de conhecimentos Hue, embora não assem
fundamentos mediante cuidadosas investigações, que antes portanto de esclarecimentos ou elucidações daquilo que já foi pensado (embora
se tenha há tempo levantado a pergunta de como o entendimento de modo confuso) em nossosconceito~~ão pelo menos guanto à forma
possa chegar a todos esses conhecimentos a priori e que âmbito, va- tidos na mesma conta gue conhecimentos novos, não obstante não
lidade e valor possam ter. De fato, nada é também mais natural se am12liarem, mas só analisarem os conceitos que .E..0ssl.:!.ÍID~ quant? à
sob a I2-alavra natural se entender aquilo q.Ye ,eqüitativa e racion.alm.en!;e sua matéria 011 conteÚdo Ora, já que esse procedimento dá um efetIvo
deveria acontecer: mas se por essa palavra se entende aquilo que cos- conhecimento a priori que toma um incremento seguro e útil, a razão,
tumeiramente acontece, então nada é novamente mais natural e con- sem dar-se conta, obtém ilicitamente sob essa miragem afirmações de
cebível do que o fato que essa investigação por muito tempo teve que espécie totalmente diversa acrescentando a conceitos dados outros
deixar de efetuar-se. Com efeito, uma parte desses conhecimentos, completamente estranhos, e isso a priori, sem que se saiba como chega
como os matemáticos, é há muito tempo detentora de confiança e
favorece assim a expectativa para outros conhecimentos, embora estes
possam ser de natureza bem diversa. Além disso uando se está acima I Na quinta edição original, "desmembramento". (N. dos T.)
cido a priori ao mesmo algo que não pensara nele. A proposição não seus olhos o nosso problema na sua universalidade, ja~ais ~eria in-
é portanto analítica, mas sintética e não obstante pensada a priori, e cidido em semelhante afirmação destruidora de toda fIlosofIa pura,
assim nas restantes proposições da parte pura da Ciência da Natureza. uma vez que teria então compreendid~ ~ue segund.o seu argumento
também não poderia haver uma ma~e~ahca pura, pOlS esta certamente
3. Na Metafísica que se encare como uma ciência até agora apenas contém proposições sintéticas a pnon, e n~ste ca_so o seu bom senso
tentada não obstante indispensável devido à natureza da razão hu- talvez o teria preservado de semelhante ahrmaçao. .
mana, devem estar contidos conhecimentos sintéticos a priori, e de maneira Na solução do problema precedente está ao mesmo tempo m-
alguma lhe cabe apenas desmembrar conceitos que nos fazemos a cluída a possibilidade de o uso puro da. razão fu~d.ar e le,:ar. a cabo
priori de coisas e por meio disso elucidá-los analiticamente, mas que- todas as ciências que contêm um conheClmento teonco a pnon de ob-
remos ampliar o nosso conhecimento a priori; para tanto, temos de jetos, isto é, responder às per,g untas:
servir-nos daqueles princípios que ao conceito dado acrescentam algo Como é possível a matemiítica pura?
não contido nele e que por meio de juízos sintéticos a priori venhamos Como é possível a ciência pura da natureza? .
quiçá a ir tão longe que a própria experiência não pode nos seguir Ora, visto que essas ciências são realmente dadas, parece, p~rti:
até tal ponto, por exemplo na proposição: o mundo tem de ter um nente perguntar como são possíveis, pois qu~ têm q~~ ser pOSSIV;IS e
primeiro começo, em outras ocasiões ainda, e destarte a Metafísica provado pela sua realidade. 1 No ~ue tange a Me~afíslca, o seu m~sero
Relo menos segundo o seu fim, consiste em meras Rroposições sintéticas progresso. até . aqui e o fato de nao se poder dIzer, com. respeito a
-ª-.12riori. nenhuIri dos sistemas até hoje expostos, que realmente eXIsta ~o que
concerÍle ao seu fim essencial, dão a cada um razões para duvIdar de
VI. Problema geral da razão pura sua possibilidade. . . ,
Não obstante, essa espécie de conheclmen!o tambe~ po~e ser con-
Ganha-semuitíssimo quando se pode submeter grande quanti- sider.ada dadiLem certo sentido, e embora nao como Clez:tCla, a Me~a
dade de investigações à fórmula de um único problema. Pois assim física é contudo real como disposiçª-o natural (metaphy~lc~ natura~ls) .
não se facilita só .o próprio trabalho na medida em que se o determina . Com efeito, sem ser movida pela mera vaidade da erudlçao, ?,as. Im-
exatamente, mas também o juízo de qualquer outra pessoa que quiser pelida pela sua própria necessidade, a razão humana p~ogrlde Irre-
examinar se realizamos a contento o nosso propósito ou não. Ora, o sistivelmente até perguntas que não podem ser.re:P?ndld~s por ne-
verdadeiro problema da razão pura está contido na pergunta: como nhum uso da razão na experiência nem por prmClpl~s daI to~ado~
são possíveis juízos sintéticos a priori? emprestados, e assim alguma metafísica sempre eXlstiu_e continuara
Que até hoje a Metafísica permaneceu numa situação tão vaci- a existir realmente em todos os homens, tão logo a razao se estenda
lante entre incertezas e contradições, deve atribuir-se apenas à causa neles até a especulação. Com respeito a ess~ me~a!ísica cab~ agora. a
de não se ter antes deixado vir à mente esse problema e talvez mesmo pergunta: como é possível a metafísica como dlsposl~ao natural. ou seja,
a giiere!lç~ntre juízos analíticos e sintéticos. Sobre a solução desse como surgem da natureza da razão humana ~~ver~al as perguntas
problema ou sobre uma prova satisfatória de que de fato absolutamente que a razão pura levanta para si mesma e que e Impelida a responder,
não ocorre a possibilidade que a Metafísica exige saber explicada, re- tão bem quanto pode, por sua própria necessidade?
pousa a ascensão e queda da Metafísica. David Hume, que dentre todos Já que em todas as tentativas feitas até agora para responder a
os filósofos mais se aproximou desse problema sem contudo sequer essas perguntas naturais, por exemplo se o mundo tem u.m c?~eç.o
de longe pensá-lo determinado o suficiente e em sua universalidade, ou se é desde toda a eternidade etc. encontram-se sempre m.evIta::ls
mas se detendo apenas na proposição sintética da conexão do efeito contradições, não se pode então contentar-se com a mera dIsposIçao
\fcom suas causas (principium causalitatis), creu estabelecer que tal pro-
o posição a priori fosse inteiramente impossível; §gg!!ndo suas conclu- I Alguns ainda poderiam duvidar desta última coisa relativa à ciência pura da natureza. Tod~~ia,
sões tudo o g.ue denominamos Metafísica desembocaria em mera ilu- basta ver as diversas proposições que ocorrem no começo da Física pr?priamente d~ta (empmca)
são de uma ]2retensa _compr~nsão racioné!l daquil,Q que de fato_ foi _ como a da permanência da mesma quantidade de matéria, a da mérCla, a da Igualdade de
ação e reação etc. _ para logo se convencer de que perfazem uma physicam pura", (ou ra_clOnaI)
simRJesmente tomado emprestadQ Q.a_eJSperiência e..,gue pelo hábito que, como ciência especial, bem merece ser erigida separadamente em toda a sua extensao, seja
§.e revestiu da aparência de necessidade. Se tivesse tido diante dos esta restrita ou vasta.
-63-
OS PENSADORES
que se tenha esperanças de levá-lo. co.mpletamente a termo., po.de-se 1I\I'I\ t nenhum co.nceito. co.ntendo. algo. empírico. seja admitido. nela,
avaliar já antecipadamente pelo. fato. do. o.bjeto. não. consistir aqui na na- III I que o. co.nhecimento. a priori seja inteiramente puro.. Po.r isso., embo.ra
III I rincj pio.s supremo.s e o.S co.nceito.s fundamentais da mo.ralidade
tureza das co.isas, que é inesgo.tável, mas no. entendimento., que julga
I' lIn co.nhecimento.s a priori, não. pertencem à filo.so.fia transcendental
so.bre a natureza das coisas, e este também, po.r sua vez, só no. to.cante
ao. seu co.nhecimento. a priori, pelo. fato. de não. precisarmo.s procurá-la l" lI'ljue eles mesmo.s na verdade não. to.mam co.mo. fundamento. do.s
fo.r~ ~e nós, não. po.de permanecer o.culta e é, segundo. todas conjeturas, ' I'U preceito.s o.S conceito.s de prazer e des razer, de dese'o.s e incli-
sufiCientemente pequena para ser completamente abarcada, julgada co.n- JI \ ' f S etc. que são. to.do.s de o.rigem emp-írica, to.davia, na co.mpo.sição.
fo.rme a seu valo.r o.U desvalo.r e submetida a uma avaliação. co.rreta. do Histema da mo.ralidade pura têm necessariamente que envo.lvê-Io.s
Meno.s ainda se po.de esperar aqui uma crítica do.s livros e sistemas da IlO o.nceíto. de dever, seja co.mo. o.bstáculo. a ser vencido. o.U seja co.mo.
:r;azão. pura, mas sim a da própria faculdade da pura razão.. So.mente l'lll mulo. que não. deve ser trilnsformado. em mo.tivo.. A filo.so.fia trans-
so.bre a base desta crítica se po.ssui urna pedra de to.que segura para l'I'ndental é po.rtanto. uma sabedoria mundana da razão. pura mera-
avaliar o. conteúdo. filo.sófico. de o.bras antigas e no.vas neste ramo.s; caso. IIwnte especulativa. Po.is to.do. o. prático., na medida em que co.ntém
co.ntrário., o. histo.riógrafo. e juiz inco.mpetente julga afirmações infundadas lI\oLivo.s, refere-se a sentimento.s, o.S quais pertencem à fo.ntes empíricas
de o.utro.s mediante suas próprias, que são. igualmente infundadas. do co.nhecimento..
A filo.so.fia transcendental é a idéia de uma ciência para a qual
Se se quiser estabelecer a divisão. desta ciência desde o. po.nto.
a .Crítica da razão. pura deverá pro.jetar o. plano. co.mpleto., arquiteto.- II : vista universal de um sistema em geral, então. a divisão. que ago.ra
II po.mo.s precisa co.nter primeiro. uma doutrina dos elementos, segundo.
rucamente, isto. é, a partir de princípio.s, co.m plena garantia da co.m-
pletude e segurança de to.das as partes que perfazem este edifício.. Ela IIma doutrina do método da razão. pura. Cada uma dessas partes prin-
é o. sistema de to.do.s o.S princípio.s da razão. pura. Que esta Crítica já 1'1 pais teria sua subdivisão. ~ujas razões ainda não. po.dem, to.davia, ser
não. se deno.mina ela mesma filo.so.fia transcendental repo.usa simples- " po.stas aqui. Co.mo. intro.dução. o.U advertência parece necessário. dizer
mente no. fato. de que, para ser um sistema completo., precisaria co.nter 'penas que há do.is tronco.s do. co.nhecimento. humano. que talvez bro.-
também uma análise detalhada de to.do. o. co.nhecimento. humano. a I 'ln de uma raiz comum, mas desco.nhecida a nós, a saber, sensibilidade
priori. Ora, é verdade que no.ssa Crítica certamente tem que pôr diante (' entendimento: pela primeira o.bjeto.s são.-no.s dados, mas pelo. segundo.
I o. pensados. Ora, na medida em que a sensibilidade devesse co.nter
do.s o.lho.s também uma enumeração. co.mpleta de to.do.s o.S co.nceito.s
I' 'presentações a priori, as quais perfazem a co.ndição. so.b a qual no.s
primitivo.s que perfazem o. referido. co.nhecimento. puro.. Só que é dado.
à Crítica abster-se da análise detalhada desses mesmo.s co.nceito.s bem o. dado.s o.bjetos, pertenceria à filo.so.fia transcendental. A do.utrina
co.mo. da co.mpleta recensão. do.s daí derivado.s, em parte po.rque esse transcendental do.s sentido.s teria que pertencer à primeira parte da
desmembramento. não. seria co.nveniente na medida em que não. apre- li ncia do.s elemento.s, po.is as co.ndições so.b as quais unicamente o.S
senta a dificuldade enco.ntrada na síntese, em vista da qual propria- objetos do. co.nhecimento. humano. são. dado.s precedem aquelas so.b as
mente existe a Crítica inteira, em parte po.rque co.ntrariaria a unidade luais o.S mesmo.s são. pensado.s.
do. plano. o.cupar-se co.m a respo.nsabilidade da co.mpletude de uma
tal análise e derivação., da qual bem se po.deria estar dispensado. no.
que tange ao. no.sso. pro.pósito.. Essa co.mpletude tanto. do. desmembra-
mento. quanto. da derivação. a partir do.s co.nceito.s a priori a serem
fo.rnecido.s futuramente é, entretanto., fácil de co.mpletar, co.ntanto. que
esses co.nceito.s estejam primeiramente aí co.mo. princípio.s detalhado.s
da sín~ese e que nada falte co.m respeito. a esse propósito. essencial.
. A ~rítica da razão. pura pertence, portanto., tudo. o. que perfaz
a filo.so.fia transcendental, e ela é a idéia completa da filo.so.fia trans-
cendental, mas não. ainda esta ciência mesma, po.is a Crítica avança
na análise apenas até o. quanto. é requerido. para o. julgamento. co.mpleto.
do co.nhecimento. sintético. a priori.
O principal alvo., na divisão. de uma tal ciência, é que abso.luta-
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