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PROVA II DE SOCIOLOGIA III

1) Questões sobre Bauman:

a) Discuta a definição de cismogênese na relação nós-eles.

Cismogênese foi o nome dado por Gregory Bateson à cadeia de ações e reações
consequente às relações entre “nós” e “eles” ou, nas palavras de Norbert Elias, dos
“estabelecidos” e dos “outsiders”. As ações e reações vão aumentando em força e, ao
longo do tempo, o controle sobre a situação vai se perdendo. Para esse autor, há dois
tipos de cismogênese: simétrica e complementar.
Na cismogênese simétrica, os dois grupos têm força o bastante para reagirem à
altura um do outro. Isso significa dizer que, a cada manifestação de poder de um lado, o
outro procura ser ainda mais determinado e poderoso em busca de superar o primeiro
grupo. Tal tipo de cismogênese produz a autoafirmação dos dois lados e entrava a
possibilidade de um acordo racional.
O outro tipo de cismogênese proposta pelo autor, apesar de levar aos mesmos
resultados, desenvolve-se a partir de pressupostos opostos. Nesse caso, o poder e
determinação demonstrado por um dos grupos é apoiado sobre a fraqueza do outro.
Enquanto o primeiro grupo tende a aumentar a sua autoconfiança, o segundo tende a se
submeter ainda mais.
Por fim, Bauman trata de um terceiro modo de interação, a reciprocidade, em
que há a neutralização das tendências destrutivas. Nesse tipo de relação, cada interação
é assimétrica, mas não da mesma forma, fazendo com que haja um equilíbrio a longo
prazo, porque os dois grupos têm algo a oferecer ao outro, que o necessita. Contudo,
continua-se a correr o risco de se transformar em relação simétrica ou complementar,
levando ao processo de cismogênese.

b) Como o autor incorpora o tema da identidade em seu argumento?

Bauman cita alguns autores, como Michel Foucault e Jacques Derrida, para
defender a ideia de que não há um núcleo fixo de identidade; ou seja, não há uma
essência própria e imutável de nenhum grupo. A identidade é, portanto, relacional, e os
elementos que utilizamos para formar nossa identidade são decorrentes dos recursos
extraídos do mundo ao nosso redor, dos grupos que fazemos parte e aqueles aos quais
nos opomos. A identidade então se forma a partir de uma oposição entre “nós” e “eles”
que, interdependentes, acabam se sedimentando em uma relação antagônica, o que
fornece a unidade e a coerência necessária a cada grupo. Dessa forma, o extragrupo é a
oposição imaginária que o intragrupo necessita para estabelecer sua identidade, além de
solidariedade interna e segurança emocional. Tais oposições são essenciais para nos
localizarmos no mundo social.
Exemplos: estabelecidos x outsiders de Elias // classe, gênero e nação como
exemplos de grupos grandes e dispersos (comunidades imaginárias)

c) Comunidades e organizações, quais os seus significados para Baumann?

Para o autor, chama-se comunidade um grupo de pessoas não claramente


definidas nem circunscritas, mas que concordem com algo que outras rejeitem e que,
com base nessa crença, atestem alguma autoridade. Caracteriza-se, sobretudo, por sua
unidade espiritual. O acordo é a sustentação primária de todos os membros e os fatores
que os unificam tendem a se sobrepor às diferenças. Pode ser pensada como unidade
natural, mas pode diferir muito quanto à uniformidade que exige de seus membros.
Geralmente, os membros dividem pontos de vista, de modo que se constituam como
verdades e mereçam crédito e respeito. O silêncio e o não-questionamento da
comunidade como tal geralmente aparece como a sua maior força.
Uma comunidade pode vincular seus membros através de diversos aspectos,
como sangue, terra, religião etc. Pode estar fortemente baseado na tradição ou
predisposição genética, mas também em um ideal novo, um objetivo, futuro comum.
Nesse contexto, não se pode esquecer a importância que os rituais adquirem, pois
reforçam e sustentam as devoções à comunidade.
Ainda para Bauman, há comunidades que mantêm pessoas reunidas com o único
objetivo de realizar tarefas definidas. Como é uma finalidade limitada, o controle que a
comunidade têm sobre o tempo e disciplina de seus membros é reduzida. São os
chamados grupos de finalidade ou organizações. A característica mais distintiva desse
grupo é a autolimitação deliberada e declarada. Geralmente, as organizações têm
estatutos escritos, detalhando as regras que os membros devem cumprir. São, dessa
forma, somente esse os aspectos da vida do integrante do grupo que será regulado pela
organização. São especializadas de acordo com as regras que executam, assim como
também o são os seus membros, recrutados para cumprir objetivos específicos. Permite,
portanto, que o mesmo membro participe de diversas organizações, já que não há um
englobamento total de sua vida por parte de nenhuma delas. Ainda é importante
ressaltar, que não há uma importância de uma pessoa em específico, mas sim de um
papel, de tarefas a serem executadas. Isso significa dizer que independente de seus
membros, uma organização mantém certa estabilidade e continuidade que independe
individualmente de seus membros.
Outros pontos: 1) É importante que todos na organização ajam exclusivamente
em termos de sua racionalidade funcional; 2) Os funcionários devem ser orientados por
regras abstratas, a fim de que não haja menção a peculiaridades pessoais; 3) Os
funcionários são indicados, promovidos ou rebaixados somente segundo o critério do
mérito.

2) Questões sobre Foucault:


a) Discuta o conceito de genealogia para Foucault.
Foucault realizou diversas pesquisas críticas, particulares, locais e descontínuas,
o que acabou colaborando para uma produção teórica autônoma e não centralizada ou,
como ele chama, uma insurreição dos saberes dominados. Esses saberes dominados
correspondem, para Foucault, a) aos conteúdos históricos que foram mascarados em
coerências funcionais ou sistematizações formais; b) uma série de saberes
desqualificados como não competentes ou insuficientemente elaborados, ingênuos,
hierarquicamente inferiores, abaixo do nível requerido de cientificidade. São nesses
saberes que Foucault diz residir a memória dos combates e, com suas pesquisas
genealógicas, pretende constituir um saber histórico das lutas e utilizar este saber nas
táticas atuais. A ideia principal é ativar saberes locais, descontínuos, desqualificados,
não legitimados, contra a instância teórica unitária que pretende hierarquizá-los e
ordená-los em nome de um conhecimento verdadeiro. É, portanto, uma anti-ciência, na
medida em que quer, sobretudo, questionar os efeitos de poder centralizadores que estão
ligados à instituição e ao funcionamento de um discurso científico. São esses efeitos que
a genealogia deve combater, sendo um empreendimento para libertar os saberes
históricos da sujeição, tornando-os capazes de oposição e luta contra a coerção de um
discurso teórico, unitário, formal e científico.

b) Quais as cinco precauções que o autor se utiliza para abordar os temas da


dominação e da sujeição?
1) Não se trata de analisar as formas regulamentares e legítimas do poder em seu
centro, no que possam ser seus mecanismos gerais e seus efeitos constantes.
Trata−se, ao contrário, de captar o poder em suas extremidades, em suas
últimas ramificações, lá onde ele se torna capilar; captar o poder nas suas
formas e instituições mais regionais e locais, principalmente no ponto em que,
ultrapassando as regras de direito que o organizam e delimitam, ele se prolonga,
penetra em instituições, corporifica−se em técnicas e se mune de instrumentos
de intervenção material, eventualmente violento.
2) Estudar o poder onde sua intenção − se é que há uma intenção − está
completamente investida em práticas reais e efetivas; estudar o poder em sua
face externa, onde ele se relaciona direta e imediatamente com aquilo que
podemos chamar provisoriamente de seu objeto, seu alvo ou campo de
aplicação, quer dizer, onde ele se implanta e produz efeitos reais. Tentar saber
como foram constituídos, pouco a pouco, progressivamente, realmente e
materialmente os súditos, a partir da multiplicidade dos corpos, das forças, das
energias, das matérias, dos desejos, dos pensamentos, etc.
3) Não tomar o poder como um fenômeno de dominação maciço e homogêneo de
um indivíduo sobre os outros, de um grupo sobre os outros, de uma classe sobre
as outras; mas ter bem presente que o poder não é algo que se possa dividir
entre aqueles que o possuem e o detêm exclusivamente e aqueles que não o
possuem e lhe são submetidos. O poder deve ser analisado como algo que
circula, ou melhor, como algo que só funciona em cadeia. Nunca está
localizado aqui ou ali, nunca está nas mãos de alguns, nunca é apropriado
como uma riqueza ou um bem. O poder funciona e se exerce em rede. Nas
suas malhas os indivíduos não só circulam mas estão sempre em posição de
exercer este poder e de sofrer sua ação; nunca são o alvo inerte ou consentido do
poder, são sempre centros de transmissão. Em outros termos, o poder não se
aplica aos indivíduos, passa por eles. O indivíduo é um efeito do poder e
simultaneamente, ou pelo próprio fato de ser um efeito, é seu centro de
transmissão. O poder passa através do indivíduo que ele constituiu.
4) Deve−se, antes, fazer uma análise ascendente do poder: partir dos
mecanismos infinitesimais que têm uma história, um caminho, técnicas e
táticas e depois examinar como estes mecanismos de poder foram e ainda
são investidos, colonizados, utilizados, subjugados, transformados,
deslocados, desdobrados, etc., por mecanismos cada vez mais gerais e por
formas de dominação global. Não é a dominação global que se pluraliza e
repercute até embaixo. Creio que deva ser analisada a maneira como os
fenômenos, as técnicas e os procedimentos de poder atuam nos níveis mais
baixos; como estes procedimentos se deslocam, se expandem, se modificam;
mas sobretudo como são investidos e anexados por fenômenos mais globais;
como poderes mais gerais ou lucros econômicos podem inserir−se no jogo
destas tecnologias de poder que são, ao mesmo tempo, relativamente autônomas
e infinitesimais.
5) Não creio que aquilo que se forma na base sejam ideologias: é muito menos e
muito mais do que isso. São instrumentos reais de formação e de acumulação
do saber: métodos de observação, técnicas de registro, procedimentos de
inquérito e de pesquisa, aparelhos de verificação. Tudo isto significa que o
poder, para exercer−se nestes mecanismos sutis, é obrigado a formar,
organizar e por em circulação um saber, ou melhor, aparelhos de saber que
não são construções ideológicas.

Resumo útil das cinco precauções metodológicas: em vez de orientar a pesquisa


sobre o poder no sentido do edifício jurídico da soberania, dos aparelhos de Estado e
das ideologias que o acompanham, deve−se orientá−la para a dominação, os
operadores materiais, as formas de sujeição, os usos e as conexões da sujeição
pelos sistemas locais e os dispositivos estratégicos. E preciso estudar o poder
colocando−se fora do modelo do Leviatã, fora do campo delimitado pela soberania
jurídica e pela instituição estatal. E preciso estudá−lo a partir das técnicas e
táticas de dominação. Esta é, grosso modo, a linha metodológica a ser seguida e
que procurei seguir nas várias pesquisas que fizemos nos últimos anos a propósito
do poder psiquiátrico, da sexualidade infantil, dos sistemas políticos, etc.

c) Qual a relação entre poder e dominação para o autor?

Foucault coloca que há dois esquemas de análise do poder: o primeiro deles é


centrado no contrato-opressão, no qual a opressão existe quando os limites colocados
pelo contrato são ultrapassados – seria o modelo jurídico de soberania. O outro sistema
analisa o poder segundo o esquema guerra-repressão ou dominação-repressão. Nesse
último esquema, o qual o autor está mais próximo, a repressão não é um abuso, mas o
simples efeito e continuação de uma relação de dominação. Isso porque, para esse autor,
a política é a guerra prolongada por outros meios, o que significa dizer que há relações
de poder e de força contínuas nas sociedades, mesmo em períodos de “paz”. Essa guerra
silenciosa continua perpetuando as relações de força através das instituições,
desigualdades econômicas, da linguagem e até pelo controle dos corpos dos indivíduos.
Foucault identifica no direito um instrumento dessa dominação, procurando buscar de
que forma ele põe em prática e veicula relações de dominação – que não se trata de uma
dominação global de um sobre outros, mas que possibilita as inúmeras e dinâmicas
formas de dominação que são exercidas na sociedade, as múltiplas sujeições que
existem e funcionam no interior do corpo social.

3) Questões sobre Latour:

a) Qual a concepção de ator-rede, segundo Latour?

A concepção ator-rede vem de uma teoria que surgiu no âmbito dos estudos de
ciências e tecnologia. Trata-se de uma nova teoria social ajustada para incorporar os
“não humanos” na análise, visto que eles têm influência significativa. Para que esses
“não humanos” sejam inclusos no corpus da pesquisa, devem ter um papel atribuído, ou
seja, devem ser atores e não meras projeções simbólicas. Na descrição da ANT (ator-
network theory), o social não permanece estável – é um estudo que visa reagregar o
social, ao invés de fixá-lo em um discurso fechado que o paralisa. Essa teoria enfatiza a
concessão de espaço para os atores se expressarem pois eles, segundo Latour, já faziam,
raciocinavam, teorizavam, etc., antes do pesquisador aparecer para investigá-los. É
relativista por inteiro, pois propõe que uma coisa suporta diversos pontos de vista. O
ator na ANT é central e “faz diferença”, não é visto como um ser substituível dentro de
uma estrutura. A ANT deve ser pensada não como simplesmente “atores em rede”, mas
primeiramente como um método, um “pincel” com que se descreve as “coisas”, e não o
objeto. Além de estar conectado, interconectado e ser heterogêneo, o que importa é o
trabalho, movimento, o fluxo, as mudanças; como as ações fluem de um para o outro;
como a rede (“net”) é trabalhada (“work”).

b) Latour propõe uma sociologia antropológica, explique porque.


Etnografia, dilema natureza/cultura, centrada nas controvérsias, no micro, nas
associações...

c) O que é o social para Latour?

A concepção de Latour sobre o que é o "social" difere da noção tradicional deste


termo/conceito. O autor compreende o social como um movimento de associação de
elementos heterogêneos, contrapondo a visão tradicional que ao utilizar o "social",
refere-se a um estado de coisas estáveis, como se o adjetivo social fosse algo
solidificado. Latour destaca que é impossível estabelecer os elementos que compõem o
domínio social.Na busca por redefinir o termo social, Latour acaba por elaborar uma
metasociologia, e repensar a própria disciplina que, classicamente entendida como
ciência do social, vê-se diante de um empecilho, pois, a sociedade e a dimensão social,
tranformou-se radicalmente. Com a transformação da sociedade e das relações sociais,
então, objeto e metodologia das ciências sociais são questionadas. Latour buscar
redefinir o social sem descartar o que foi desenvolvido até então. Porém, segundo o
autor, esta visão "clássica" da sociologia tornou-se senso-comum, na medida em que
formalizou ou buscou axiomatizar um fenômeno específico chamado por distintos
nomes: sociedade, ordem social, estrura social, etc. Esta primeira abordagem aparecia
mais como complemento a outras ciências. Ela considera que haja um contexto social e
parece existir para explicar os aspectos secundários que escapam dos outros domínios,
ou seja, explicar as dimensões sociais dos fenômenos não sociais.Latou evoca uma
segunda abordagem que afirma não haver nada de específico na ordem social, não há
dimensão social, não existe contexto social, não existe uma esfera distinta da realidade
que possa ser chamada de social ou sociedade. Não existem estruturas sociais! Enquanto
a primeira abordagem considera o social como elemento capaz de explicar os fatores
residuais de outros domínios, a segunda afirma que a dimensão social deve ser
explicada por associações específicas dadas por e entre estes outros domínios. Ou seja,
o social de ve ser compreendido não como uma coisa entre outras, mas, como uma
espécie de conexão entre coisas que não são em si mesmas sociais. A dificuldade de se
estabelecer quais os elementos que compõem o social, então, deriva do fato de que estes
elementos se reassociam a todo tempo. A cada momento é preciso se refazer a noção
daquilo que estava associado. Ou seja, o social é feito da possibilidade de coexistência
entre elementos heterogêneos. Associações que se reassociam, reagregam e
reconfiguram recorrentemente.Redefinir o social está, então, ligado à busca de novas
associações e ao desenho dos seus agregados. O social não é um domínio especial, mas,
um movimento idiossincrático de reassociação e reagragação.

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