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Livro de Tribo 14
Sangue
jorrou
naquele dia.
,
Os Nascidos dos Tumulos
Roteiro – Bill Bridges
Arte – John Bridges
Como esse horror chegou até aqui?
Ouvindo os sussurros daqueles que um
dia respiraram, eu me apressei sobre
charnecas e ondas até as Órcades.
Theurge a quem os
mortos se revelam.
Mutilador-de-Sangue e Face da
Rocha, lobos de bruto renome.
Uma luta,
velho Crina-
Cinzenta? Aye!
Conte conosco! O Clã do Couro de Javali – nossos
Parentes – está morto. As fogueiras queimam
com ódio de seus celeiros, nos clamando a
averiguar o sangue.
Espere! Por
que matar a última
sobrevivente?
Não
agachado em
duas patas...
... sob as
quatro nós
corremos.
Eu convoco os ancestrais
a despertar, a enfurecer, a
estremecer as rochas – para
enterrar essa colina
Unam-se a sua
família. Não podem Nosso povo,
enfrentar vocês
mesmos... transformado em
criaturas podres e
putrefatas.
Criaturas que
temos que
matar.
A ruína rubra
cair sobre nossa
linhagem.
Fúria é nossa
resposta!
Sangue deve
jorrar.
O demônio está morto!
A estrada espiral... Vencemos!
gira... gira... O poço é o
seu destino!
A maldição do
pássaro cadáver... o
que pode significar?
Porém, o chiado do
Curiango eu ouço, e
procuro por uma sombra
crescente.
Por Jess Hartley 10
Créditos Advertência
Este material foi elaborado por fãs e é desti-
Autor: Jess Hartley nado a fãs, sendo assim, ele deve ser removi-
Desenvolvimento: Stew Wilson do de seu computador em até 24h, exceto no
Edição: Carol Darnell caso de você possuir o material original (pdf
Diretor de Criação: Rich Thomas registrado ou livro físico). Sua impressão e/
Direção de Arte e Design: Mike Chaney ou venda são expressamente proibidas. Os di-
reitos autorais estão preservados e destacados
Arte da Contracapa: Steve Prescott
no material. Não trabalhamos no anonima-
Arte Interior: John Bridges, Brian LeBlanc, Jeff Holt, to e estamos abertos a qualquer protesto dos
Steve Prescott e James Daley. proprietários dos direitos caso o conteúdo os
Créditos da Edição Brasileira desagrade. No entanto, não nos responsabili-
zamos pelo mal uso do arquivo ou qualquer
Copyright: CCP hf espécie de adulteração por parte de terceiros.
Título Original: White Howlers Tribebook Equipe do Nação Garou Traduções Livres
Tradução: Chokos http://nacaogarou2014.blogspot.com.br/
Revisão: Chokos e RGT Contato: nacaogarou@yahoo.com.br
Capa e Imagens: RGT (Nosso 30º trabalho concluído em 03/12/2015)
Diagramação: RGT
Agradecimentos Especiais
John “Uivante” Morke por nos dar uma nova visão
sobre o fim dos Uivadores Brancos.
Holden “Dragão Verde” Shearer por mostrar os re-
flexos distorcidos dos poderes dos Uivadores Brancos.
13 Uivadores Brancos
Índigo Furioso 75 Dragão Verde 78 Comedor-de-Salmão 83
Velas Fantasmas 75 Totens de Sabedoria 78 Filha-do-Alce 85
Bolo de Aveia 75 Ruído do Túmulo 78 Explorador 87
Totens 76 Cabra Montês 78 Protetor Monstruoso 89
Ninhada do Leão 76 Totens de Astúcia 78 Apêndice Dois: Lendas dos
Totens de Respeito 76 Gália 78 Uivadores Brancos 91
Alce 76 Kelpie 79 Eubh, o Imortal 91
Leão 76 Apêndice Um: Exemplos de Hathawulf Quebra-Lança 92
Totens de Guerra 77 Personagens 80 Morag “Memória da Pedra” 93
Pássaro Carniceiro 77 Espiã Nômade 81
14
Introdução
“Eles prometeram que sonhos podem virar realida-
de – mas se esqueceram de mencionar que pesadelos tam-
bém são sonhos”
– Oscar Wilde
A História dos
cacos de verdade que ainda existem derramados e espa-
lhados, coloridos e cobertos por séculos de tempo e his-
tórias contadas e maculados pela associação com o que os
Finalmente Contada
desprezíveis traidores, dependendo de quem conta a his-
tória.
Por dois mil anos, a Nação Garou lidou com dor, Diferente dos Croatan, cujo sacrifício trouxe um
raiva e culpa ao que cerca a perda dos Uivadores Brancos. bem maior, ou dos Bunyip. Cuja perda nunca foi graças a
Por vinte séculos, os Dançarinos da Espiral Negra seus próprios feitos, os Uivadores Brancos mergulharam
serviram como uma lembrança constante dos caídos Ui- na bocarra da Wyrm e suas ações geraram um exército
vadores – e o destino que o resto da Nação terá, caso bai- para servir os inimigos dos Garou. Essa escolha foi a mais
xem a guarda por um momento sequer. desonrosa, estúpida e desonrosa em toda a história da
Nação Garou.
O mundo precisou de dois milênios para esquecer
quem e o que os Uivadores Brancos realmente eram. Será?
Antes da Queda
A realidade foi substituída por geração após geração de
adaptações, interpretações e – em alguns casos – absolu-
tas criações destinadas a reproduzir o que aconteceu com Ouça agora, pela primeira vez, as palavras dos Uiva-
a tribo para seus próprios propósitos. dores Brancos sobre sua própria tribo. Viaje de volta ao
Assim como seus Parentes pictos, a história perdeu a começo da Era Comum, e além. Reúna-se ao redor das
maior parte da verdade sobre os Uivadores Brancos. Os fogueiras de turfa e ouça as histórias que se pensara per-
15 Uivadores Brancos
didas para sempre há tempos, contada por aqueles que as A história pintou essa escolha com vinte séculos de
viveram. Caminhe por entre suas vilas. Prove a maresia uma compreensão tardia. Mas para verdadeiramente com-
de suas praias, e ouça os sussurros de seus mortos vindos preender as escolhas feitas – e aprender com eles – nós
das sombras. devemos retirar as incontáveis camadas de lições de moral
Juntos, nós viajaremos ao passado e ouviremos os e preconceitos acumulados sobre o evento. Nós devemos
contos dos Uivadores e seus Parentes, contados através olhar com olhos imparciais o momento que os leva para
das suas próprias vozes. Nós conduziremos você pelas vi- a fatídica batalha, e examinar as crenças e mentalidade
las, pausaremos para ouvir nas fogueiras de seus lares e dos Garou envolvido e quais opções – ou a falta delas –
partilharemos pão com seus Parentes. Abaixo da antiga existiam para eles.
lua, viajaremos com esses guerreiros ferozes e de destino Dentro desses contextos, nós oferecemos aos leitores
sombrio, mantendo o passo enquanto eles combatem os a oportunidade de fazer mais do que apenas conhecer
servos da Wyrm, defendem suas terras natais contra todos essa tribo há muito perdida. Damos a eles a chance de
os males e – por fim – caem para seu destino sombrio. verdadeiramente conhecer quem os Uivadores Brancos
Apenas então você verdadeiramente conhecerá os eram, o que eles defendiam e, por fim, porque eles caí-
Uivadores Brancos, em todas suas paixões e fúrias, e com- ram para a Wyrm.
preenderá seu conhecimento secreto e costumes segredos. Essa exploração, além do papel único que os Uiva-
Apenas então você reclamará todas as fatias que o tempo dores Brancos (e suas encarnações modernas e corruptas)
espalhou, escavará o que foi enterrado e recuperará o que desempenham no passado, presente e futuro dos Garou,
foi perdido nos anais do tempo. torna esse livro de tribo diferente de qualquer outro.
O Mundo Deles
Nenhuma tribo da Nação Garou existe em um vá-
Obrigado
 É raro existir a oportunidade de assumir um pro-
cuo. A fim de fazer justiça aos Uivadores Brancos, nós jeto que há muito foi ventilado pela comunidade como
devemos compreender não apenas a tribo em si – sua his- uma lenda urbana e, finalmente, trazido à vida.
tória, seus hábitos, suas visões e crenças – mas também Apesar de ser os mais famosos (e mais infames) dos
sua dinâmica dentro da Nação Garou daquela era, e a metamorfos “Perdidos”, os Uivadores Brancos foram la-
amplamente distinta dinâmica entre os Garou e o resto mentavelmente sub-examinados nos primeiros vinte anos
do mundo naquele período de tempo. de Lobisomem: o Apocalipse. Por muito tempo tem sido
Para entender o papel que os Uivadores Brancos de- nosso sonho trazer essa história para a luz e compartilhá-
sempenham no mundo antigo, olhamos não apenas para -la com os fãs de Lobisomem ao redor do globo.
a tribo e sua terra natal, mas o mundo em que eles existem Através do apoio e generosidade de mais de 2100
naquele momento. Nós examinamos a rica trama de cul- apoiadores de Werewolf: The Apocalypse Deluxe 20th
turas que formava a Nação Garou e seus aliados daquela Anniversary Edition Kickstarter, esse sonho tornou-se
era, e como a tribo perdida interagia com cada um deles, uma realidade. Em nome dos criadores do Livro de Tribo
provendo informação suficiente para permitir jogadores Uivadores Brancos e daqueles que irão ler, usar e jogar
e Narradores para criar suas próprias histórias no passado com o ele nos anos que virão, nós gostaríamos de dizer
antigo, caso eles assim queiram. obrigado àqueles que apoiaram essa campanha. Seu apoio
não só financiaram esse projeto, mas também sua parti-
A Escolha Funesta cipação ativa no processo criativo através de jogos-testes,
beta-leitura e discussão de desenvolvimento tornou o pro-
O mergulho dos Uivadores Brancos no Labirinto
Negro é, talvez, a ação mais significativa e de longo alcan- jeto o melhor que poderia ser.
ce que qualquer grupo de Garou jamais tenha feito. Os Vocês tornaram possível para que contemos um dos
efeitos dessa escolha colorem os próximos dois mil anos contos mais esperados da história do Mundo das Trevas.
da história dos lobisomens, dando lugar aos maiores ini- Obrigado.
migos da Nação, e inclinando a balança cósmica a favor
da Wyrm.
Introdução 16
Capítulo Um:
História
Conto de Morag
memória perfeita do que eu vi ou ouvi, sou apenas uma
única pessoa e meu conhecimento sobre nossa tribo cer-
tamente está longe de ser tudo o que há para se saber.
Dever é algo estranho, mais forte do que o ferro e
Não sei porque nessa noite, ao invés da anterior, ou
mais nebuloso que as névoas. Algumas vezes, o caminho
da seguinte, que ele pediu isso de mim. Posso ouvir o res-
do dever é claro: um erro que deve ser consertado, um
to de minha tribo preparando para a batalha de amanhã,
mal a ser purgado. O dever chama e estamos destinados
e não há nada mais que eu queira do que estar com eles,
a responder.
para compartilhar seu trabalho e emprestar minha força
Outras vezes, entretanto, é mais oculto. Uma criança a seus esforços. Mas meu dever é claro.
pode não compreender a necessidade da tarefa que sua
Não sei porque ele deseja que essas histórias sejam
mãe põe diante dela, ou um aluno compreender todo o
contadas para a noite, ao invés de para um aluno ou mes-
significado de uma lição até muito tempo após ela estar
mo um espírito. Meu povo corre apressadamente, fazendo
terminada.
seu caminho até o portal que nos levará para nossa bata-
Frequentemente, essa é a forma de dever para com lha. Caso eles ouçam algo, é um pedacinho aqui, ou uma
os espíritos, que encontrei. Chiminage é a moeda com a frase ali, pouco demais para fazer sentido ou ser impor-
qual nós trocamos favores e apoio no mundo espiritual, tante. Talvez essas histórias sejam para os ouvidos dele.
mas até mesmo aqueles que lidam com o mundo espiritu- Ou talvez, uma vez contadas, elas simplesmente desapare-
al raramente entendem porque uma efêmera deseja que cerão na escuridão, deixando nenhum rastro de que um
uma certa árvore seja poupada quando um campo é cla- dia foram contadas.
reado, ou um alce em particular de um rebanho inteiro
Não sei a razão, em face de tudo o que encararemos
ser sacrificado.
com a aurora, pela qual o Leão me pediu o que pediu. Sei
Algumas vezes os significados tornam-se claros com apenas que sou abençoada por sua bênção, assim como
o passar do tempo, algumas vezes, permanecem um mis- minha mãe, e a mãe de minha mãe, e a mãe de sua mãe.
tério. Porém, o dever é o que é, independente se nós o Faço o que posso – o que devo – para cumprir meu dever
compreendemos por completo ou não. Assim, inicio meu para com o Leão, já que ele cumpre seu papel como nosso
chiminage quando o sol nasce e o dia inicia-se. totem. Nessa noite, esse dever é recitar tudo o que é co-
Não sei porque o Leão me pediu para contar tudo nhecido sobre nosso povo, para qualquer um que queira
o que sei sobre nosso povo antes da aurora do novo dia. ouvir.
Apesar de ser abençoada – e amaldiçoada – com uma
Capítulo Um: História 18
Que os ventos carreguem minha palavras para onde aproveitou dos arredores severos, fez um ninho para si no
o Leão deseja, através da Película, através das milhas, atra- alto das colinas e isolou seus ninhos dentro de vales e tú-
vés de qualquer fronteira que se mostre entre meus lábios neis tão fundos e escuros que a luz do sol nunca os tocou.
e os ouvidos daqueles que o Leão deseje que ouçam. Ela procriou fora de vista, usando a maravilha primal de
Assim, como em todas as coisas, cumpro meu dever. nossa terra como camuflagem para suas terríveis maqui-
Eu sou Morag, chamada de “Memória da Pedra”. Eu che- nações.
guei a esse mundo sob a lua minguante, destinada a con- Entretanto, tudo isso a serviu de nada. Nossos an-
tar os contos de meu povo. Hoje, contarei tudo aquilo tigos antepassados descobriam a mácula da Wyrm não
que sei. importando quão bem oculta ela estava. A Wyrm era for-
Antiga Caledônia
redor de todas fogueiras, em todas vilas e castros, crianças
de nossos Parentes humanos ouvem com grande atenção
Caledônia significa “o lugar rude” e apesar do tem- às gloriosas lendas daqueles que viveram e morreram no
po ter acertado as pontas um pouco, o nome encaixava passado antigo.
perfeitamente nos tempos antigos. As ilhas eram mais pe- Ferozes e destemidos, esses antigos guerreiros luta-
dregosas do que são hoje, repletas de straths e vales, espa- ram com garras e presas, destruindo qualquer manifes-
lhados com montanhas escarpadas e rodeadas por mares tação que a Wyrm pudesse trazer para suas terras. Mais
famintos, limitados por penhascos. Existiam florestas tão importante, eles não lutaram sozinhos.
densas de árvores que o solo permanecia na escuridão da
noite, mesmo no meio do verão e rios tão selvagens que
nunca foram cruzados. Existiam criaturas tão magníficas
Antigos Parentes
As lendas dizem que nossos Parentes lupinos de um
que fariam seu coração gritar só em vê-las. Rebanhos de
passado distante eram grandes feras, tão grandes quanto
alces ficavam tão altos em suas pernas que eram confun-
um Hispo, e capazes de esmagar crânios com suas man-
didos por árvores e pássaros faziam seus ninhos em suas
díbulas de ferro. Eles caçavam com uma letalidade que
galhadas. Lobos do tamanho de cavalos. Leões tão gran-
agora podemos apenas imaginar, trabalhando em conjun-
des quanto ursos. Ásperos olifantes, gatos com espadas
to para derrubar criaturas vinte vezes seu tamanho. Eles
como dentes e maravilhos do tipo que não existem mais
eram os ancestrais dos lobos de hoje, selvagens e indo-
desde então. Era um lugar inspirador e um tempo glo-
máveis, não deviam nada a ninguém e o sangue de nossa
rioso, e nossas histórias mais antigas contam sobre suas
tribo era mais forte por esse parentesco.
maravilhas. Gaia era forte ali, mas Ela não era a única
Incarna com olhos sob nossa bela terra natal. Humanidade ainda estava em sua infância nesse mo-
mento. Comparados a hoje, nossos Parentes humanos
A Wyrm cobiçou nossa terra para si, e fez tudo o
eram quase irreconhecíveis como tal. Eles não tinham
que podia para cravar profundamente suas garras. Ela se
19 Uivadores Brancos
uma linguagem intrincada, nenhum símbolo para marcar dernos agora vivem, através de florestas e colinas de nos-
nas pedras, apenas rosnados e uivos e resmungos. Suas sas ilhas. Eles seguiam os grandes rebanhos selvagens à
mentes eram mais próximas às de nossos Parentes lupi- medida que migravam, abatendo as presas arremessando
nos – primitivas e ferozes – e seus modos refletiam essas rochas ou com lanças de madeira endurecida, e coletavam
características. as frutas da terra à medida que cada estação oferecia sua
Eles não possuíam cidades, vilas, muralhas ou telha- dádiva. Nas praias, eles pegavam mexilhões nas rochas e
dos permanentes sobre suas cabeças. Suas ferramentas pescavam nas ondas com redes precárias, mas não possu-
eram osso e pedra semi-trabalhados, fracas demais para íam barcos para retirar a colheita do oceano.
construir como fazemos hoje em dia, então eles carrega- A vida era dura para eles – e sem a ajuda de nossa
vam as posses que tinham com eles. Vestiam apenas ru- tribo, teria sido ainda pior. Ainda assim, como nossos Pa-
des capas de pêlos amarradas ao redor do corpo como rentes lupinos, eles eram fortes e ferozes. Serviam a Gaia
vestimenta, e dormiam onde quer que a noite caía sob e eram Parentes dignos para nossos ancestrais em toda
eles, não chamando um morro de lar mais do que chama- forma que eram capazes, incluindo enfrentar a Wyrm a
riam qualquer outro. Eles não deixaram rastros, nenhum nosso lado.
caern fúnebre, casas ou pedras marcadas. Sabemos sobre Houve um adversário, no entanto, que nossos Paren-
eles através das histórias contadas pelos nossos Galliards, tes humanos não foram capazes de fazer frente: o Grande
e as memórias compartilhadas pelos fantasmas que cami- Inverno.
nhavam entre eles naquele tempo. O tempo e o Grande
Inverno podem ter varrido todo rastro de sua existência,
mas não pode apagá-los de nossas memórias. O Grande Inverno
Nossos Parentes de outrora viajavam em famílias, Todo inverno é duro. Caçar torna-se difícil, as planta-
bem menores do que as tribos que nossos Parentes mo- ções não crescem e as dádivas da terra permanecem ocul-
Tempos Antigos
cariam nervosos se você esperasse aqui para ouvir minha
história? Eu n’ao quero que eles o punam por parar para
ouvi-la”.
Com o fim do Grande Inverno, aqueles de nossa
Hélios olhou com raiva, sua fúria crescendo. “Eu não
tribo que permaneceram no gelo enviaram mensagens
sou servo dos outros Incarna! Se decido parar e ouvir seu
a seus distantes primos pelo mundo. Sua mensagem era
conto, farei exatamente isso!”
simples:
Tearlach assentiu, se desculpando por qualquer in-
“Venham para casa”.
sulto que possa ter causado ao grande e poderoso espírito
do sol. Retirando seu pesado casaco de pêlos – a proximi- E para casa eles vieram, dos desertos e das monta-
dade de Hélios espantava o frio do ar – ela começou sua nhas, das longínquas ilhas pelo mar, e das praias do con-
história. tinente. À medida que vieram, eles trouxeram Parentes
com eles, homens e lobos.
Hélios pairou sobre sua cabeça até que Tearlach en-
cerrasse seu conto, e quando ela terminou, ele elogiou a A tribo que se reformou na Caledônia era diferente
Galliard por seu trabalho. daquela que existiu nos tempos mais antigos. Por milha-
res de anos ficamos separados, crescemos em direções di-
“Essa foi, de fato, a melhor história que já ouvi. Es-
ferentes e a reintegração não foi uma tarefa simples.
tou satisfeito por você não ter morrido antes dela ter sido
Nômades e Fazendeiros
contada”. E então ele se preparou para mover pelos céus
novamente.
Tearlach suspirou. “Verdade, verdade, foi um bom Nos mais antigos dos dias, os Uivadores Branco ba-
conto. Mas, infelizmente, acho que, após ouvi-lo, não era seavam-se apenas nos dons dados a nós por Gaia para so-
uma história tão boa quanto outro sobre você na qual breviver. Nossa velocidade. Nossa astúcia. Nossas presas
tenho trabalhado. É uma pena que agora nunca saberei e garras. Nossos Parentes, humanos e lupinos, faziam o
com certeza qual das duas era melhor”. Ela encostou con- mesmo.
tra a rocha, e fechou seus olhos. Quando o gelo expulsou a tribo para fora de nossa
Como ela imaginou, Hélios não apenas pausou, ele terra natal, eles encontraram outras culturas, muitas das
na verdade andou um pouco para trás no céu, até que es- quais eram parte de suas terras por quase tanto tempo
tivesse diretamente acima de sua cabeça novamente. “Ou- quanto nós estávamos na Caledônia, apesar de não serem
tro conto? Melhor do que esse, você disse?” tão próximos a Gaia como nós éramos. Enquanto nós se-
E assim foi, conto após conto, com o Incarna do sol guíamos os rebanhos através de nossas terras, eles doma-
se permitindo ser convencido a ficar por apenas mais uma vam os animais como gado. Onde nós nos apoiávamos
história. em Gaia nos prover as riquezas das florestas e clareiras,
eles cultivavam campos e forçavam sua vontade sobre o
Tearlach contou histórias até que o gelo da Caledô-
crescimento natural de suas terras. Eles viviam em casas,
nia derretesse, e a grama crescesse verde novamente. Con-
enquanto nós dormíamos em qualquer abrigo que podí-
tou histórias até que todos os rebanhos retornassem e seu
amos encontrar.
povo pudesse novamente caçar. Ela contou histórias até
que ela não era mais uma jovem mulher, e sim uma anciã, Essas idéias eram estranhas para nós, claro, e apesar
curvada pela idade, e enrugada e de pele marrom devido de que aprendemos a ver a sabedoria em Gaia com os
aos sempre presentes raios de sol. dons que Ela compartilhou com eles – e através deles,
conosco – não foi uma transição fácil de se fazer. Apesar
Apenas então, quando a primavera novamente tinha
de muitos Uivadores Brancos adotarem os modos dos es-
chegado à Caledônia, e o Grande Inverno encerrado, a
trangeiros com quem vivemos, quando eles retornaram
voz de Tearlach cessou. Hélios pausou, esperando que os
para a Caledônia após o Grande Inverno encerrar, aque-
contos da Galliard começassem novamente, mas não ha-
les que ficaram para trás foram surpreendidos por essas
via mais som, apenas as lufadas de brisas aquecidas atra-
inovações.
Capítulo Um: História 26
À medida que os membros selvagens da tribo e seus beleceu, só retornamos após reivindicar a terra, pouco a
recém-chegados irmãos tentavam despertar caerns há mui- pouco, das mãos de qualquer mal que tivesse cravado ali
to dormentes e reconstruir novas seitas, nossos anciões suas garras.
A Invasão Romana
debatiam se integrar a agricultura e pecuária no modo de
vida dos Uivadores Brancos enfraqueceriam nosso povo.
Aqueles que trouxeram essas inovações com eles reivindi-
cavam que essas habilidades os ajudaram em seus deveres, Quando os malditos invasores de Roma chegaram na
dando a eles mais tempo para enfrentar a Wyrm do que Caledônia, nós não os enxergamos imediatamente como
quando caçavam e coletavam, pois a sobrevivência não inimigos. Nossas lições sobre pular para o conflito com
necessitava mais de tanto esforço. Entretanto, aqueles de nossos primos nos tempos antigos permaneciam conosco
mente mais tradicionais diziam que esses novos modos através de histórias contadas a cada nova geração de Ui-
eram muletas com as quais os membros que retornaram vadores Brancos, e apesar de termos sido cautelosos com
precisavam se apoiar, pois não eram mais fortes o sufi- os recém-chegados, nós demos a eles uma oportunidade
ciente para caçar como Gaia havia planejado. de provar suas intenções.
No fim, cada seita e sua tribo humana de Parentes Não tínhamos a menor idéia.
desenvolveu sua própria visão sobre o assunto. Algumas Isolados em nossa ilha, não tínhamos idéia de como
abraçaram as técnicas completamente, e essas formaram a civilização romana havia crescido, quão preciso era seu
muitas das primeiras reais vilas e cidades da Caledônia. treinamento, quão letais suas armas tinham se tornado.
Outras continuaram a ver esses novos desenvolvimentos Não tínhamos noção da meticulosidade e organização de
com ceticismo, e continuaram a viver um estilo de vida seu exército. Certamente não sabíamos que seus olhos es-
mais nômade, apoiando-se em sua própria astúcia e fero- tavam sobre nada menos que a dominação mundial. Nós
cidade para ajudá-los, e não na agricultura e pecuária. os vimos, e sua falta de habilidades sobrenaturais, e pen-
Em sua maioria, a separação permitiu que vários samos que eles não eram uma ameaça para nossa terra,
pontos de vistas dentro da tribo coexistissem sem os Ga- nosso povo, nossa tribo. Afinal de contas, nós éramos os
rou chegassem à agressão contra seus irmãos. Porém, isso Garou. Os guerreiros escolhidos de Gaia. Que ameaça es-
também levou a um período de isolacionismo tanto dos ses humanos estrangeiros poderiam representar para nós?
Garou fora das fronteiras da Caledônia quanto entre as Nosso orgulho, e a segregação que tínhamos desen-
várias seitas e grupos dos Uivadores Brancos. volvido entre a tribo no período após o fim do Grande
Inverno quase foi nosso fim.
Uma Tribo de Muitos Os romanos primeiros enviaram batedores e explo-
rados para a Caledônia, e então diplomatas. Nós permi-
É estranho, talvez, pensar que existem mais contos
timos que eles entrassem em nossas terras, e observamos
do período anterior ao Grande Inverno do que após o
enquanto nossos Parentes compartilhavam pão com eles
evento. Claro, os bardos de cada seita contam histórias de
em seus castros, fazendas e brochs. Houveram disputas e
suas próprias lendas e vitórias. Mas essas, em sua maioria,
brigas, verdade, mas nossa tribo estava acostumada. As
são únicas para aquela seita, e não para a tribo como um
tribos humanas de nossos Parentes compartilhavam mi-
todo. Uma vez que havia pouca cooperação – ou mesmo
lhares de anos de história e, esse período continha tantas
comunicação – entre os vários ramos da tribo durante
batalhas e guerras entre uma e outra quanto haviam nas-
esse período, e ainda menos com as tribos fora da Cale-
cimentos e casamentos. E, claro, nós, Garou, estávamos
dônia, os contos desse período eram igualmente segrega-
envolvidos em nossa própria guerra, protegendo nossa
dos. Temo que até mesmo nos dias de hoje, muitos con-
terra das depredações da Wyrm e seus servos. Tempos de
tos nunca chegarão aos ouvidos de qualquer pessoa além
paz na Caledônia eram poucos e passageiros. O conflito
das tribos de sua origem.
não era nada que chamasse nossa atenção. Pelo menos,
Mas um declínio nos contos lembrados não deve ser não no começo.
confundido por um abandono do dever. Longe disso.
Porém, meses se transformaram em anos, e batedo-
Não é que nós, Garou, estávamos parados durante essas
res, e então soldados, e depois exércitos inteiros seguiram
gerações entre o Grande Inverno e a invasão romana. Exa-
os diplomatas que visitaram nossas terras. Eles monta-
tamente o oposto. Era um momento de foco, de reclamar
ram acampamentos, que cresceram em fortalezas, que vi-
nossas terras e tornarmos uno com elas novamente.
raram assentamentos tão grandes quanto qualquer uma
Em muitos locais, a Wyrm foi mais rápida do que de nossas vilas tribais. Eles se mantiveram afastados, no
nós para seguir o degelo e retornar ao coração de nossa começo, oferecendo ajuda ou comércio, mas sem interfe-
terra natal. Em qualquer lugar que nossa tribo se esta- rências. Isso não durou muito tempo.
27 Uivadores Brancos
À medida que o tempo passou, o jogo romano tor- furiosos assolavam brochs, e bruxas da noite roubavam
nou-se mais claro. Eles jogaram nossos Parentes uns con- crianças de suas camas e atormentavam grávidas por toda
tra outros, oferecendo proteção a essa tribo, ou ajudando a terra. Aqueles Uivadores Brancos cujas habilidades cor-
a conquistar seus rivais de longa data. Alguns, como os riam mais do lado espiritual do que marcial tinham suas
Orcadii, caíram na isca. Os romanos ofereceram a eles mãos cheias, por tentar acalmar esse súbito levante de
proteção contra os Cornavaii, que habitavam a terra ao atividades sobrenaturais, e mal tinham eles colocado um
sul de suas ilhas, e os Orcadii foram rápidos em aceitar. fantasma para descansar e já eram chamados a lidar com
Logo, porém, eles se encontraram “protegidos” de suas o próximo.
próprias riquezas, seus bens, seus filhos e esposas, e, even- Esse desafio em duas frentes e a atitude separatista
tualmente, sua liberdade. Seus senhores estrangeiros es- nos permitiu nos reintegrar à nossa terra natal após mui-
tupraram tudo que era bom e valioso de suas terras e cul- tas gerações separados durante o Grande Inverno – mas
tura, deixando espíritos quebrados e corpos famintos em a que custo? Com nossa atenção dividida, as disputas que
seu rastro. nossos Parentes experimentavam não atraíam toda a aten-
No entanto, a maior parte das tribos humanas não ção da tribo até que fosse tarde demais.
caiu nos truques romanos, e recusaram a se submeter à
“proteção”. Essa recusa traiu a verdadeira natureza dos Em Guerra Com Roma
romanos, e eles responderam com violência rápida e im- Em questões de guerra, os Uivadores Brancos logo
piedosa, mesmo contra aqueles com quem eles tinham perceberam que enfrentar as legiões romanas de frente
anteriormente buscado como aliados. era inútil; nosso povo não tinha o treinamento e nem os
recursos para enfrentar frente-a-frente com as paredes de
Nossa Tolice escudos e batalhões em uma luta direta. Eles, no entanto,
Muitas das histórias dos primeiros anos da invasão tinham uma vantagem que os romanos nunca possuiriam
romana soam como nossa tribo estivesse negligenciando – a Caledônia era o seu território. De coração e alma, a
nossos Parentes, e talvez por algumas definições isso seja terra era seu lar, e eles conheciam cada colina, cada vale,
verdade. Se estivéssemos mais alertas às interações que cada rio e riacho e suas pedras. Ao invés de enfrentar os
nossos Parentes humanos estavam tendo com os invaso- estrangeiros diretamente, nossas tribos de Parentes usa-
res de Roma, talvez não estivéssemos na posição que hoje ram seu conhecimento da terra, sua aclimatização com o
estamos. clima local e, claro, seus familiares Garou para contraba-
Não é, entretanto, como se nós, os Garou, estivésse- lancear contra o treinamento, armamento e organização
mos relaxando nas divisas de nossos caerns, comendo ja- superior das tropas romanas. Nós atacamos seus acampa-
vali assado e admirando os ornamentos uns dos outros. A mentos, arrasamos seus assentamentos e os atormenta-
invasão dos romanos coincidiu com um período de cres- mos até que eles construíram grandes muralhas de mar a
cente atividade da Wyrm na Caledônia, apesar de que mar em vários locais pela nossa ilha, na esperança de nos
se os dois eventos estavam diretamente ligados ou não, é manter a distância de onde eles se estabeleceram. Por um
um assunto de grande conjectura, até os dias de hoje. Du- momento, pareceu que tínhamos os expulsados de nossas
rante o período que os romanos começaram a se enraizar terras, mas então, sua invasão intensificou-se.
em nossa terra natal; nossos guerreiros estavam constan- Centenas de seus barcos chegaram, alguns tão gran-
temente engajados em batalhas, travando guerra contra des quanto uma pequena vila, sendo propelidos por velas
as grandes criaturas da Wyrm que irrompiam incessante- e remos, até que pareceu que nenhuma onda chegava à
mente da superfície de nossa amada ilha, assolando suas nossas praias sem um barco romano com ela. E nesse mo-
costas e poluindo as florestas e recantos da Caledônia. mento, não foi apenas os soldados humanos que saltaram
Grandes líderes, como Hathawulf Quebra-Lança e Gisel- desses galeões para nossas terras sagradas.
le Sangue-da-Neblina, lideraram suas seitas para derrotar Tempos desesperados pedem por medidas desespera-
esses monstros, mas tinham pouco tempo além de suas das, e apesar de que talvez nunca saibamos quais pactos
guerras para se devotar aos encontros diários de seus Pa- profanos os estrangeiros fizeram para ter uma vantagem,
rentes tribais. ficou claro que não mais lidávamos com forças meramen-
Como a reagir à intrusão dos estrangeiros em seus te mundanas. As tropas fomori – caricaturas deformadas
domínios, os fantasmas de incontáveis gerações de nosso das bravas legiões romanas – transbordaram dos cais e
povo também despertaram de seu sono durante esse pe- das barrigas dessas novas armadas. Alguns evitavam a
ríodo. Espíritos há muito silenciosos escolheram aquele armadura corporal segmentada de seus companheiros,
momento para se levantar e começar a atormentar a ter- precisado de nada mais além de suas ásperas carapaças,
ra. Fantasmas famintos assombravam vilas, poltergeists conchas esmagadas ou couro desbotado de seus corpos
Capítulo Um: História 28
blasfemos. Alguns possuíam três olhos, o terceiro sendo ralmente arrancando o crânio de seus líderes caso a sur-
um orbe amarelada que os permitia a enxergar através gisse a oportunidade.
da escuridão ou ver mesmo o adversário melhor escondi- Nós tomamos grande cuidado em planejar a campa-
do. Outros não tinham olhos, baseando-se em seus tentá- nha. Os romanos tinham recuado bem além de nosso
culos ou línguas sibilantes para pegar informações sobre alcance, isolando seus quartéis generais nas partes mais
seus arredores. Gigantes, altos como árvores, aliados com ao sul da terra que nós chamamos de lar. Seria necessária
criaturas agitadas tão vis que a luz ao redor deles se dobra- uma campanha coordenada de viagem furtiva e ataques
va ao invés de recair sobre sua presença maligna. Onde os orquestrados para conseguir desferir o golpe debilitante
romanos encontraram esses aliados pútridos nós nunca que precisávamos contra seu exército. Milhares de solda-
saberemos, mas os encontraram. Eles os soltaram sobre dos estavam aquartelados além da muralha, centenas de
nossa terra e nossos Parentes e nossos caern com uma fú- fomori e um número inimaginável de antigos caledônios
ria que nossas ilhas nunca esquecerão. traidores que foram levados para o lado romano através
Seus soldados atropelavam nossos campos, queimado de suborno, chantagem ou à força.
nossas matas e envenenando nossos poços. Eles escravi- Esse não era um trabalho para uma única matilha,
zaram aqueles que podiam, mataram e devoraram os que uma seita solitária; seria necessária toda uma tribo.
não seriam escravos e trataram nossas mulheres como se Aqueles que se reuniram no Grande Conselho via-
fossem deles antes de enviá-las para seu destino final. Eles jaram de volta para suas seitas e começaram os prepara-
não mais mantinham a pretensão da diplomacia ou a es- tivos. Meses depois, eles viajaram novamente, dessa vez
perança da paz, e a dura verdade tornou-se clara. acompanhados por todas as seitas de Uivadores Brancos
A menos que fizéssemos uma ação drástica, os ro- que podiam reunir. Em duas ou quatro patas, eles parti-
manos, sem dúvida, maculariam nossa terra, destruiriam ram ao sul através das florestas e vales. Com pequenos
nosso povo e acabariam com nosso dever sagrado. barcos e jangadas, eles passaram as praias e desbravaram
Tínhamos que fazer algo. as ondas de nossos mares brilhantes. Através da Umbra,
acompanhado por qualquer aliado espiritual que pudes-
O Grande Conselho sem reunir para sua tarefa, eles viajaram profundamente
até a terra mantida pelos estrangeiros.
Nossos anciões não podiam mais ignorar a ameaça
que os romanos apresentavam. Eles convocaram uma
grande assembleia, que aconteceu na Ilha de Mull, em Rumo ao Sul
um de nossos mais velhos e sagrados caerns. Centenas A jornada foi longa e perigosa, mesmo para os esco-
de Uivadores, muitos que nunca tinham conhecido mais lhidos por Gaia. Cada seita dos Garou estava acostumada
do que um punhado de seu próprio povo fora de suas aos desafios e perigos de suas próprias regiões, mas rara-
seitas locais, viajaram através de toda a extensão da Ca- mente viajavam além de seu próprio território, e essa jor-
ledônia para participarem do conselho. O Povo de Ce- nada os levou para longe do que era conhecido. Os mo-
rones, cumprindo seu dever, atravessou os viajantes pelo radores da floresta enfrentavam passagens montanhosas.
Firth de Lorn, que fica entre a grande ilha e Mull, até as As tribos que cavalgavam perderam suas montarias para
praias arenosas de Loch Buidhe, onde a Seita do Chifre os vaus selvagens. Aqueles que viviam em ilhas se encon-
Prateado os encontrou, os protetores do Caern do Cervo traram praticamente perdidos longe das praias.
Vermelho na ilha. À medida que viajavam, eles encontraram muitas
Representantes das seitas por toda Caledônia foram ameaças: fantasmas famintos e mortos inquietos, criatu-
até o Grande Conselho, onde os mais sábios, mais co- ras da Wyrm e espíritos maculados. Eles lutaram brava-
rajosos e mais astutos montaram um plano. Apesar da mente antes de continuar sua jornada, sempre evitando a
organização dos exércitos romanos tornar difícil para der- atenção das patrulhas dos guardas romanos, grupos seus
rotá-los em uma batalha aberta, eles se baseavam bastante colaboradores fomori ou simpatizantes dos invasores es-
na direção e supervisão de seus líderes, tanto no planeja- trangeiros.
mento estratégico quanto no campo de batalha. Muitas Meses passaram, à medida que os maiores guerreiros
disputas viraram a nosso favor quando matamos o líder e de Gaia rumavam ao sul da muralha e reuniam-se em
levamos suas forças ao subsequente caos. acampamentos clandestinos próximos de cada quartel ro-
Percebendo isso, nossos anciões formularam um pla- mano. Eles se organizaram, de acordo com o plano dese-
no desesperado. Eles levariam a batalha além das mura- nhado pelos mais velhos e mais sábios da tribo, e aguar-
lhas para os acampamentos mais fortemente guardados daram o momento certo. Então, na noite em que a lua
dos romanos e decapitariam o exército estrangeiro, lite- estava cheia e a neblina era densa o suficiente para cobrir
29 Uivadores Brancos
sua aproximação, os melhores e mais brilhantes da tribo orgulho de sua vitória, no entanto, poucos dos Uivadores
atacaram cada um dos quartéis generais romanos em um Brancos ouviram e seus companheiros mais confiantes
esforço coordenado que não deixou qualquer oportuni- rapidamente desaprovavam aqueles que ficavam em silên-
dade de retirada, e pouco para a retaliação. cio.
31 Uivadores Brancos
continuaram com o terror dos ataques romanos muito
tempo depois que seus “criadores” já tinham sua atenção A Narrativa de Morag
em outro lugar. É aqui que meu papel como contadora de len-
Outras evidências do veneno dos fomori demorou das termina, e meu lugar como uma oradora
mais tempo para surgir. Os fomori visitaram crimes em do que eu vi começa, pois meu próprio passa-
nossos Parentes muito piores do que a tortura ou o assas- do, antes de minha Primeira Mudança, é para
sinato. À medida que semanas e meses os drogavam, suas mim um mistério.
barrigas incharam profanamente rápido no despertar da Nasci, para todos os propósitos, de um frenesi
fúria dos fomori. As coisas que emergiram não eram Pa- repleto de Fúria. Meu berçário foi a ruína de
rentes e nem Garou. Garras envenenadas rasgavam seus um lugar que não consigo me lembrar, man-
caminhos para fora dos úteros dos Parentes. Monstros es- chado de sangue, e repleto de cadáveres da-
camosos nasceram onde esperançosos corações rezavam queles cujos nomes eu não me lembro.
para bebês humanos ou filhotes lupinos. Monstros de Esse fardo eu carrego, pois me lembro de tudo
meio espírito esganavam suas mães antes de respirar pela que vem depois. Esse é o preço que pago, pois
primeira vez, e então fugiam para a escuridão para encon- nunca serei capaz de esquecer.
trar outra presa.
A Wyrm tinha se consolidado na Caledônia da forma isso minou nossa vontade. Cada golpe contra nossos Pa-
mais dolorosa possível – nos espíritos, mentes e corpos de rentes transformados quebrou nossos espíritos de forma
nossos amados Parentes. Seus números foram reduzidos que a destruição de seus criadores nunca poderia fazê-lo.
à metade, e à metade novamente, até que encontrar um Esse amargo dever continuou por muito mais tempo
humano ou lobo com nosso sangue em suas veias fosse do que qualquer um podia ter imaginado, mais tempo do
como procurar por um único peixe em um mar eterno de que qualquer tribo pudesse suportar. Anos após os fomo-
sangue e lágrimas. ri terem partido, nossos Parentes maculados ainda davam
O que se seguiu foi uma guerra como os Uivadores à luz à sua prole com uma frequência de cortar o coração.
Brancos nunca se viram travando. Aqueles que retorna- A mácula da Wyrm corria profundamente, e nossa pró-
ram, aqueles poucos que ficaram para trás e sobrevive- xima geração morreu em seus berços, sufocando em suas
ram, e nós que passamos pela nossa Primeira Mudança próprias línguas mal-formadas ou estrangulados por pais
nos dias que seguiram o ataque fomori se reuniram, e aterrorizados pela maldade de seus corpos. Aqueles que
partiram para a caçada. sobreviveram enfrentavam um destino ainda mais cruel,
condenados à loucura, mesmo quando crianças. Conde-
O Caminho da Espiral
pedras caíram do teto e a poeira surgiu na escuridão, à me-
dida que os mais ferozes e furiosos daqueles ali reunidos
Eu ouvi muitos relatos dessa espiral nos dias que se uivaram seu desejo de atravessar o portal sem esperar por
seguiram. Cada conto contradiz os outros, para não men- mais um momento sequer. Para enfrentar o mal, onde ele
cionar o que eu mesmo testemunhei nesse dia. residia. Para vingar nossos amigos e familiares caídos.
Alguns falam de um rio oleoso, circulando para baixo “Vocês são tolos!”
na direção do estômago do esquecimento. Outros viram A caverna ficou em silêncio novamente.
uma trilha reluzente como obsidiana, cada polegada mais “Como vocês podem considerar entrar na passagem
afiada e mais irregular do que as anteriores. Uma vidente, agora, quando o resto de nosso povo não sabe nada do que
conhecida por seu trabalho com os espíritos dos mortos encontramos aqui? E se nossa entrada quebrar as amarras
inquietos, disse que viu uma mortalha abaixo onde grita- desse portal? Vocês liberariam o que quer que além dele
vam incontáveis almas amaldiçoadas à escuridão eterna. sobre o resto do mundo? Seus Parentes não sofreram o
Ela pensou que reconhecer algumas das vozes, e a simples suficiente? Vocês entregariam à própria Wyrm a entra-
idéia causou listras brancas em seu cabelo que não esta- da em nossas terras, tudo porque são impacientes demais
vam ali antes de entramos na caverna. para pensar com suas cabeças, e não com suas garras? Não
Quanto a mim, talvez foi algum truque da escuridão, aprenderam nada com sua batalha ao sul?”
ou da minha imaginação, mas eu não vi rochas ou água Tão surpresa quanto eu estava ao me ver falando, fi-
na cintilante espiral. Eu vi uma serpente, brilhante e po- quei ainda mais de perceber que os outros estavam ouvin-
lida, suas escamas cada uma maior do que qualquer um do minhas palavras. Todos de nós ainda suportávamos o
dos escudos dos soldados romanos. Ela se retorcia e tran- peso do que tinha acontecido com nossos Parentes du-
çava sinuosamente, me convidando a percorrer o cami- rante nossos ataques aos romanos. Ninguém estava dis-
nho mortal em sua espinha, até a obscuridade em seu posto a discutir se valia o risco infligir tais horrores a eles
centro. Em algum lugar, mais abaixo do que era possível novamente, não se houvesse uma outra opção.
enxergar, eu juro que podia sentir o lânguido piscar de
uma pálpebra, e o brilho de veneno pingando de uma
presa de ônix.
Capítulo Um: História 34
Um Chamado Anunciado Apenas silêncio venho em resposta.
Cada augúrio uivou sua súplica, e todos eles foram ig-
Assim, deixando guardas e mensageiros na caverna norados. Faltando estavam apenas as vozes daqueles cujos
para observar o portal, nós retornamos para nossas seitas papéis eram cantar as histórias de antigamente, e de teste-
levando a palavra do que tínhamos visto. Reconhecendo munhar a composição de novas histórias. Apenas os Can-
que isso era mais do que uma questão de nossa própria tores não emprestaram sua voz a essas súplicas.
terra e povo, enviamos notícias para todas as tribos da Na-
Ouvimos os sussurros dos mais sábios, falando sobre
ção Garou. Através de mensageiros espirituais e Pontes
os efeitos de manter o portal em observação por tanto
da Lua, através mensageiros a cavalo e de barcos, usamos
tempo, e sobre os destinos que eles temiam que nós en-
qualquer forma possível para convencer as outras tribos a
frentássemos quando o portal fosse finalmente aberto. Es-
vir e nos ajudar, na mais sagrada das tarefas.
peramos com os Místicos e Batedores, os Guerreiros e os
Combate a Wyrm Onde Ela Proliferar Onde Estiver, Juízes, enquanto eles enviavam seus uivos, e vimos a dor
afinal de contas. A Litania é clara, e a lei não é apenas nos- e a resignação nos olhos de nossos companheiros de tribo
sa, mas dada por Gaia a todas as tribos. Certamente eles quando suas súplicas permaneceram sem resposta.
se uniriam a nós, não é? Achávamos que eles pulariam na
Então nós não cantamos nossa súplica aos Galliards,
oportunidade de atacar nosso inimigo profundamente em
não emprestamos nossas declarações para aquelas que já
seu coração serpentino, certo?
tinham alcançado ouvidos surdos. Ao invés disso, como
Nós estávamos errados. também é o nosso papel, nós uivamos as profecias para os
Nossos mensageiros encontraram diplomacia em al- Garou, palavras nascidas do destino e predições destina-
guns lugares. Outras audiências ofereceram a descrença, das a serem cumpridas, apesar de que ainda não sabíamos
ou suspeita, ou aberta hostilidade. Sejam por impedimen- exatamente como.
tos bem-educados, ou promessas de considerar a possibi- “Ouçam, vocês que dão as costas a nós,” cantamos.
lidade, os resultados foram os mesmos. As respostas for- “Ouçam e lembrem de nossas palavras, apesar de fingirem
maram uma harmonia de rejeição, e a Nação nos deu as que não as escutam. Não marcharemos para nosso destino
costas. com cabeças baixas, por mais desgostoso que pareça ser.
Entretanto, não aceitaríamos a recusa levemente. Nós Nossos corações estão cheios, pois sabemos que fazemos
quem tínhamos visto o portal, visto o caminho em espiral nosso dever. Nós dançaremos a mais negra das espirais até
negro como o piche, nós sabíamos o que estava em ris- o coração da Wyrm e venceremos ou perderemos; nós en-
co. Cada um de nossos augúrios reuniram, procurando contraremos nosso destino com nossas cabeças erguidas.
os Garou que compartilhavam a mesma lua de nascença. Nosso conto não acaba aqui. Nossa canção continuará”.
Eles solicitaram, cada um de sua própria maneira, para Como imaginávamos, não houve resposta.
aqueles mais próximos compartilhassem seus deveres, en-
viando mensagens desesperadas através do globo. Hoje
“Venham,” disseram os Místicos. “Nossa vontade está Agora nos reunimos. Nosso povo: todo batedor, todo
minguando como a fina lua, nossos corações estão pesa- guerreiro, místico, curandeiro, reunido aqui em uma onda
dos e nossos espíritos estão fracos. Venham deixar a luz de de corpos que vai da caverna até a superfície. Por causa de
sua sabedoria nos guiar através desse terrível lugar escuro”. meu dever com o Leão, estou aqui na entrada do Fosso, e
Não houve resposta. conto minhas histórias enquanto meu povo marcha para
as profundezas. Eu me unirei a eles, quando a aurora che-
“Venham,” disseram os Batedores. “Nosso caminho
gar e minhas histórias chegarem ao fim. Será necessário
adiante é trançado, e estamos incertos de qual seguir. Ve-
cada um de nós trabalhando em conjunto para ter uma
nham nos ajudar a encontrar o caminho para a vitória e
chance de sucesso.
para a vingança”.
Para ter uma chance de sobreviver.
Não houve resposta.
Mas a noite já se foi pela metade, e minha história está
“Venham,” disseram os Guerreiros. “Nossas armas es- longe de estar terminada. Eu contei sobre nossa história,
tão cansadas nos ossos de nossos inimigos, nossos escudos nosso passado e nosso presente, mas há muito mais sobre
estão destruídos, e a maior das batalhas está diante de nós. nós. Eu não falei nada sobre nossos Parentes, nossa cultu-
Venham nos emprestar seus braços, suas garras e suas pre- ra, nossos modos. O Leão me pediu para contar tudo, e
sas, e nós mataremos a Wyrm de uma vez por todas!” farei o meu melhor.
Não houve resposta. A lua está ao fundo.
“Venham,” disseram os Juízes. “A lei é clara, e deve- Devo prosseguir.
mos obedecer. Venham nos ajudar a mantê-la!”
35 Uivadores Brancos
Capítulo Dois:
Cultura
Eu falei sobre a história do meu povo, mas isso é mas não retornaram ao ciclo. Sejam Garou ou não, nos-
como contar a forma de algo sem dizer sobre sua natu- so povo é parte do mundo à nossa volta, e eles possuem
reza. Nós somos mais do que o nosso passado, mais do um espírito assim como toda rocha, ou esquilo, ou tem-
que nosso presente e mais do que qualquer coisa que pos- pestade. Quando eles morrem, seus espíritos deveriam se
sa vir em nossa futura aurora. Nós somos os Uivadores voltar para Gaia para um dia serem chamados de volta
Brancos, e nos conhecer é conhecer nosso dever, nossos ao Seu dever sagrado. Mas algumas vezes, uma alma está
modos, nossas mentes e nossos corações. tão proximamente ligada ao reino mortal, seja através do
Nossos Deveres
medo, ganância ou um desejo por vingança. Essa alma
não é mais a pessoa que era antigamente, não mais capaz
de argumentar ou de uma escolha verdadeira de ação. É
Gaia criou todos os Garou para combater a Wyrm e o nosso fardo proteger os vivos daqueles que se foram e,
proteger tudo o que a Mãe criou – o mundo e a Umbra, quando possível, devolver aqueles muito ligados a esse
o físico e o espiritual – das máculas, corrupção e destrui- mundo ao ciclo, para que eles possam novamente conhe-
ção. Mas nossa Mãe deu a cada tribo tarefas adicionais, cer Gaia e sua compaixão.
tarefas das quais somos os unicamente adaptados, e com
os Uivadores Brancos não é diferente.
Primeiro, nós somos os guardiões de nossas terras, e Parentes
nossos corações e espíritos estão conectados à Caledônia Nossa tribo não está sozinha. Apesar de sermos fe-
de uma maneira que a maioria das tribos acha impossível rozes e nobres, fortes e dedicados, sem nossos Parentes
de compreender completamente. Quando o Grande In- não seríamos nada. Nossas mães, pais, irmãs e irmãos,
verno forçou a maioria de nós a sair de nossas terras na- de duas ou quatro patas, nos dão raízes para sobreviver
tais, isso mudou nosso povo de uma maneira profunda e as tempestades mais severas. Eles cuidam dos ferimen-
fundamental. Muitas das gerações que vieram depois que tos de nossos corpos, corações e espíritos, nos tornando
retornamos foram gastas nos reinventando como uma tri- completos quando a destruição da Wyrm teria nos devas-
bo e nos comprometendo novamente com esse dever pri- tado. Eles nos inspiram quando estamos lânguidos, nos
mário. apoiam quando vacilamos, e nos dão sabedoria de uma
Nosso segundo dever, não menos sagrado do que o forma que não poderíamos encontrar sozinhos. Nossos
primeiro, é cuidar daqueles que se foram antes de nós, Parentes são o coração da nossa tribo.
38 Uivadores Brancos
no, pássaros no ar, feras pelas terras ou espíritos na Um-
bra. Nossas tribos cultivam o trigo, caçam javalis selva- Tribos dos Parentes dos
gens ou desbravam as águas mais profundas para retirar a
colheita do mar. Eles se guardam, buscam comércio, ou
Uivadores Brancos
algumas vezes a guerra, com aqueles ao seu redor. Eles são Até os romanos chegarem, tínhamos pouca utilidade
os Povos da Terra Rude. Eles são os Pintados. Eles são os para nomes além das descrições que uma tribo usava para
Parentes dos Uivadores Brancos e não há iguais a eles em se referir à outra. Desde sua chegada, no entanto, nomes
todo o mundo. foram dados a nós, rudes lembretes do impacto que tais
virulentos invasores podem ter nas culturas à sua volta.
Até mesmo eu, que fiz de minha função conhecer
tudo o que puder sobre nossa tribo, não estou certa de Caledones: “O Grande Povo Rude” ocupa o centro
que aprendi sobre todas as tribos humanas que comparti- da Caledônia, e reivindica ser o mais velho de todas as tri-
lham nossa herança, e seria tolice dizer o contrário. Afinal bos. Seu povo constrói gigantescos castros, em parte para
de contas, até o Grande Inverno nos empurrar além de protege-los das incursões romanas. Como seu nome in-
nossas tradicionais fronteiras, nós acreditávamos ser os dica, eles são poderosos guerreiros, bem preparados para
únicos filhos-lobo de Gaia. Melhor assumir que possam manter uma posição contra os soldados estrangeiros.
existir outros além do meu conhecimento do que afirmar Cornavaii: “O Povo do Chifre” possui seu lar na dis-
falsas certezas. Digo, então, que essas são as tribos entre tante costa nordeste da Caledònia, onde eles têm mais re-
os nossos Parentes das quais tenho conhecimento, seja lações com os Orcadii do que com o resto da Caledônia.
em primeira-mão ou através de histórias confiáveis. A in- Os invasores Cornavaii eram uma motivação maior para
formação é escassa, mas quando a Wyrm contorce abaixo os Orcadii aceitarem a “proteção” dos invasores romanos.
da superfície, nossos deveres raramente nos dão tempo Cerones: Conhecidos como “O Povo dos Caerns”,
de sobra o suficiente para visitar aqueles tão distantes de os Cerones são mais um coletivo de pequenas tribos do
nós.
Capítulo Dois: Cultura 39
que uma tribo única. Alguns os chamam de Carnonacae, zes” clamam ter um profundo conhecimento do oculto, e
ou Caereni, ou os Creones, mas eles portam os maiores todo membro de sua tribo (Parente ou não) é dito possuir
e mais poderosos caerns na Caledônia, espalhados pela pelo menos alguma habilidade com profecia, canalizar es-
costa noroeste da ilha, e eles levam muito a sério seu de- píritos, falar com os mortos ou outras habilidades arca-
ver de protegê-los. nas.
Damnonii: Antes uma tribo pacífica de fazendeiros Taexali: Nós ficamos de luto com a perda dos Taexa-
que moravam na área central da Caledônia, próxima de li, uma tribo pacífica de pastores e tratadores de animais
onde os romanos construíram sua muralha norte. Eles que antes viveram ao norte dos Venicones. Aninhados
foram espalhados ou absorvidos pelos Votadinii após a nos afloramentos leste da Caledônia, eles nunca sentiram
incursão romana em nossas terras. a necessidade de construírem os castros em que muitos
Decantae: Apesar de que a maioria do nosso povo do resto das nossas tribos Parentes viviam. Essa escolha,
nada ter a ver com os Parentes feéricos de nossos primos, junto com sua natureza pacífica, levou as forças romanas
os Fianna, “O Povo Bom” que tem seu lar nas costas da a tê-los como alvo, quando eles redobraram seus esforços
grande Moray Firth tem grande orgulho de seus laços com de invasão. Eles tiveram suas casas queimadas e foram
as fadas. expulsos para as montanhas pelas forças romanas antes
Epidii: Apesar de todas nossas tribos Parentes usa- da Batalha de Mons Gramaus, onde os legionários sob o
rem cavalos de alguma forma como bestas de carga e para maldito general, Agrícola, assassinaram os membros so-
cavalgar, “O Povo Cavalo” incorpora os animais em todos breviventes da tribo.
os aspectos de suas vidas. Eles dizem que aprendem a ca- Venicones: De todas as tribos de nossos Parentes,
valgar antes de conseguirem caminhar e que são capazes talvez aqueles conhecidos como “Os Cães de Caça” com-
de falar com seus cavalos, da mesma forma que nós fala- partilham as ligações mais intrincadas com seus primos
mos com nossos Parentes lupinos. metamorfose. Eles têm seus lares na área entre as duas
Novantae: Os Novantae moram próximo da muralha grandes bacias na costa leste central da Caledônia, onde
romana sul, ao mar oeste. Existem rumores de que eles bancos de terra e estuários tornaram difícil para os invaso-
venderam suas crianças e esposas para os invasores roma- res romanos ataca-los tão severamente quanto aos Taexali
nos em troca de seus exércitos passarem por eles sem ser mais ao norte.
molestados, mas tribos ciumentas como os Selgovae e os Votadini: Os Votadini vivem ao sul da Bodotria, o
Damnonii, que não foram tão afortunados em escapar grande estuário onde os romanos construíram a Muralha
dos invasores, foram quem provavelmente criou tais his- de Antonino. Suas terras se estendem pela costa leste e
tórias. vão até o coração centro-sul das terras baixas da Caledô-
Orcadii: A “Tribo Javali” vive em terras espalhadas nia, apesar de que sua capital é o castro de Traprain Law
da ponta nordeste da Caledônia. Apesar de seu isolamen- em Lowthan. Algumas das outras tribos olham com des-
to ter protegido-os das lutas entre as tribos do continente, confiança pelos Votadini terem concordado com a trégua
eles sofreram um grande preço a ser pago quando os inva- com os romanos; mas se não fosse por eles terem sido um
sores romanos colocaram seus olhos sobre as riquezas das divisor entre a Caledônia e o exército romano, muitas
ilhas a cerca de cem anos atrás. Agora, eles existem pre- outras tribos teriam compartilhado o mesmo destino dos
dominantemente como uma população escrava agrícola, Taexali e os Orcadii.
com os estrangeiros retirando tudo, exceto a subsistência,
dos frutos de seu trabalho. Um Povo, Muitas
Faces
Selgovae: A tribo que se chama de “Os Caçadores”
antigamente guardava o território por todo o sudoeste da
Caledônia. Eles tiveram grandes perdas durante as inva-
Assim como nossos Parentes humanos são diversos e
sões romanas e, quando a invasão se tornou ocupação,
ainda assim, um povo, também existe uma grande varie-
eles se encontraram forçados a um estilo de vida nômade.
dade entre os Garou de nossa tribo. Nós somos um, mais
Longe de destruídos, no entanto, eles levaram sua tra-
próximos uns dos outros do que qualquer um de nós é
gédia até seus agressores, adotando um estilo de ataque
dos lobisomens de qualquer outra parte do mundo. Ain-
baseado em seu conhecimento de seus antigos territórios,
da assim, somos tão diferentes como duas bolotas de uma
que eles usam para atacar as tropas romanas que ocupam
mesma árvore; compartilhamos uma grande diversidade
a área.
de habilidade e mentalidade, dever e filosofia.
Smertae: Poucas tribos da Caledônia são amplamen-
te conhecidas – ou temidas – como os Smertae. “Os Saga-
40 Uivadores Brancos
Raças Impuro
O mandamento da Litania que nos comanda a não
Talvez a mais clara diferença entre os membros de
acasalar com outros dentre os Garou é ignorado por aque-
nossa tribo é a de nosso nascimento, muitos vêm do lobo,
les que colocam seus prazeres perversos acima de tudo. O
outros da mulher, e alguns do acasalamento fadado à des-
próprio ato é errado por mil razoes, e aqueles que que-
graça de metamorfo com metamorfo. Todos possuem um
bram a Litania devem ser punidos por seus crimes.
lugar e propósito, e todos servem um papel importante
em nossos deveres sagrados. Por outro lado, alguns defendem esse mandamento
tão firmemente que eles castigam o resultado desse peca-
Theurge Galliard
Aqueles nascidos na lua crescente guardam a chave Nós, Garou nascido na lua quase cheia, carregamos
para nossas vidas como mais do que criaturas mortais. um grande fardo em nossos ombros. Para nós, recai o de-
Para eles, Gaia deu o dom – e o fardo – de verdadeira- ver da atemporalidade. Nossas mentes devem guardar os
mente compreender o que é ser carne e espírito, ao mes- contos dos antigos, as canções de mil gerações e assegurar
mo tempo. Eles são incumbidos de guardar os segredos que o passado nunca seja esquecido. Nossos olhos devem
da magia, que o homem nunca deveria conhecer e que o testemunhar tudo que acontece a nossa volta: batalha e
lobo não pode esperar compreender. Em suas mãos, os traição, triunfo e tragédia, e tecer aqueles feitos em pala-
rituais se tornam mais do que palavras e ações; eles trans- vras dignas de serem lembradas. Nossas vozes devem ser
formam o mundo ao seu redor. capazes de carregar o clamor de um campo de batalha ou
O mundo do Theurge é efêmero; os espíritos da na- os sussurros de um sacrifício final, a solenidade do dever
tureza e de nossos ancestrais, de emoções e pensamentos ou a iluminação da esperança.
e de forças muito além de nossa compreensão são um Nós, Galliards, somos os cantores da história dos Ui-
dever e uma ferramenta para eles. Eles servem como di- vadores Brancos. Nós testemunhamos a glória de nossa
plomatas para nossos Parentes e povos que caíram mas tribo, sua sabedoria, honra e asseguramos que nenhum
foram incapazes de retornar ao ciclo, aliviando sua dor feito – maligno ou não – seja esquecido. Quando fazemos
e os guiando em sua jornada. Eles falam para nós sobre bem nosso trabalho, acendemos as fogueiras nas almas de
Gaia e Sua bondade, sobre os espíritos desse mundo e da- nossos companheiros de tribo, estimulamos a risada para
queles além, e de criaturas estranhas cujas almas, caso de suavizar seus corações e tecemos bálsamos para mitigar
fato as possuam, são indecifráveis para todos, exceto para seus espíritos
os Luas Crescentes.
E quando o fim vier, nossas vozes são aquelas que
Deles é o caminho do espírito, e como espíritos, sua retornam seus espíritos para o ciclo para que eles um dia
natureza não é verdadeiramente compreendida por nin- se levantem e sirvam Gaia novamente.
guém, a não ser eles mesmos. Eles enxergam o que é invi-
42 Uivadores Brancos
Nosso é o caminho do vento, e como os ventos,
um Galliard pode levantar o espírito de um Garou,
ou colocá-lo de joelhos. Nossas canções são tão vi-
tais para a Nação quanto o ar é para nossos corpos.
Ahroun
Aqueles que entram nesse mundo sob toda a
luz de Luna são uma força a ser considerada. Não há
meias medidas com um Ahroun, nenhuma hesita-
ção, nenhuma incerteza. Eles são o que são sempre
de maneira completa, sejam guerreiros ou líderes,
protetores ou executores. A chama dentro de nós
todos queima mais forte na alma dos Luas Cheias,
uma chama que os alimenta e ameaça consumi-los,
caso eles não sejam fortes o suficiente para sobrevi-
ver ao seu calor.
Em todo desafio, seja por esporte ou sobrevi-
vência, os Ahroun se encontram nas linhas de fren-
te, mostrando aos outros o caminho à frente. Eles
assumem de maneira bem disposta as tarefas mais
difíceis, aquelas que quebrariam os corpos ou es-
píritos de seres mais fracos. Em toda grande bata-
lha, todo ataque, toda emboscada, os Luas Cheias
suportam o fardo mais difícil em nome de seus ir-
mãos. Eles são o adversário mais feroz, e os proteto-
res mais passionais, e sem eles, nosso dever sagrado
não teria a esperança de ser cumprido.
Deles é o caminho do fogo, e como o fogo, eles
são capazes de todos os extremos. Eles podem ilu-
minar e proteger. Eles podem inspirar medo. Ou
podem destruir.
Campos Tribais
A Boderia
Conhecidos como “Os Silenciosos” e “Os Sur-
dos”, a Boderia serve como um canal entre os Ui-
vadores Brancos e os mortos: os fantasmas de seus
ancestrais, aliados caídos e até mesmo inimigos der-
rotados. Apesar de toda a tribo compartilhar um
dever sagrado de honrar aqueles que vieram antes
de nós e de assegurar que os mortos não incomo-
dem os vivos, a Boderia assume esse papel como seu
propósito vital.
Os Silenciosos executam os rituais que home-
nageiam aqueles que se foram, supervisam funerais
para ajudar os mortos a retornar pacificamente para
o ciclo e, quando necessário, lida com aqueles que
partiram, mas que não se foram por completo desse
mundo. Os caminhos dos mortos podem ser con-
fusos aos vivos. Os laços que prendem um espírito
humano, ou Garou, no mundo mortal podem ser tão mais selvagens da Caledônia. Uma vez ali, um penitente
simples quanto uma vingança contra seu assassino, ou deve rastrear uma das matilhas dos Mactire, e convencer
tão complexos a ponto de serem completamente incom- seu lider de seu valor. Poucos retornam de tal jornada,
preensíveis para as mentes dos vivos. Ainda assim, lidar seja por serem aceitos ou por morrer no processo.
com essas questões é o escopo da Boderia. Apesar de não odiarem os humanos ou os Garou ho-
Os seus membros não escondem sua afiliação ao minídeos, os Mactire vêem como seu dever sagrado pro-
campo; na verdade, fazê-lo é impossível. Entrar no campo teger e promover as necessidades e os melhores interesses
inclui um ritual onde o recém-iniciado passa por escarifi- dos membros Parentes lupinos da tribo. Sua maioria é
cações ou outras formas de modificações corporais extre- lupina, apesar de que eles também recebem bem os impu-
mas, como um símbolo de sua dedicação a esse caminho. ros, quando somos capazes de nos provar valorosos.
Um dos Silenciosos pode se marcar com carvão quente Os membros dos Mactire também protegem os caer-
e então esfregar pigmentos sagrados na queimadura para ns localizados em áreas onde a mudança climática ou os
marcar o padrão permanentemente em sua pele. Outro invasores estrangeiros expulsaram as populações huma-
pode entalhar símbolos místicos em sua pele, tratando nas. Alguns ainda cuidam de caerns adormecidos que fo-
os cortes com unguentos destinados a evitar que as ci- ram abandonados no Grande Inverno, na esperança de
catrizes se fechem por completo, para que os ferimentos que um dia nossa tribo seja numerosa o suficiente para
curem em padrões com significado espiritual. O Boderia despertá-los novamente e os colocar à serviço de Gaia.
que serve em nossa seita é cego de um olho, e não tem
as duas orelhas. Primeiro achei que os ferimentos fossem
cicatrizes de batalha, mas logo descobri que foram auto- Os Toutatis
-infligidos. Quando perguntei porque ele faria tal ato, ele Protetores tribais, os Toutatis são um grupo frouxa-
disse que isso o ajudava a perceber o mundo dos mor- mente ligado de matilhas de Uivadores Brancos, cada
tos sem ser eclipsado pelos sentidos dos vivos. Durante o uma dedicada a uma das numerosas tribos humanas que
tempo que o conheci, ele também decepou os dois dedos formam os Parentes do Uivadores Bracos. Um grupo me-
mindinhos da mão, e vários de seus dedos dos pés graças nos coeso do que a Boderia, uma matilha dos Toutatis
a seu dever. Aparentemente, modificações contínuas são pode ter quase nada em comum com outra, exceto que
feitas frequentemente, já que um Boderia lida com vários ambas servem como protetoras dos humanos a que são
espíritos dos mortos; é considerado uma honra dar paz a dedicadas.
um fantasma inquieto fazendo um sacrifício de sua pró- É um ponto de honra para os Uivadores Brancos que
pria forma mortal, de um jeito ou de outro. toda tribo de Parentes na Caledônia tenha pelo menos
Quase todas as seitas de Uivadores Brancos contêm uma matilha dos Toutatis observando-a. Quando muitas
pelo menos um membro do campo da Boderia, e mem- matilhas enviaram pelo menos uma porção de seus mem-
bros de seitas distintas mantém contato uns com os ou- bros para longe de seus protegidos humanos para ajudar
tros, algumas vezes se reunindo para ajudar a colocar um no ataque aos quartéis romanos, o propósito dos Toutatis
fantasma particularmente desafiador para descansar. Por tornou-se claro. Apesar de que uma única matilha possa
causa disso, e devido ao respeito inerente da tribo pela não ter sido o suficiente para evitar completamente a cor-
Boderia e seus deveres, a comunicação entre as seitas ge- rupção de nossos Parentes que aconteceu em nossa au-
ralmente recai os ombros dos membros do campo. sência, muitos dizem que caso os Toutatis tivessem ficado
para trás, o dano teria sido menor, e o preço pago pelos
Os Mactire romanos muito maior.
44 Uivadores Brancos
Litania
são levados através das charnecas. É seu orgulho que nos
garante que não importando as dificuldades, nós perseve-
raremos.
Apesar de seitas possuírem costumes e leis que são
O Leão é uma força a ser considerada. Ele é orgulho-
únicas a elas, a Litania permanece uma constante. Essas
so e forte, protegendo tudo o que é seu. Ele personifica
regras não são do alcance de qualquer indivíduo ou grupo
nossa terra – primitiva e atemporal.
de Garou para alterar ou ignorar. São nossos mandamen-
Aqueles Que Não tos sagrados, passados desde de nossa criação e formam a
fundação de nossa tribo.
Responderam
Não Permita Um Caern Ser Violado
Lendas dizem que quando nosso povo deixou a Ca-
Possuímos apenas interações limitadas com o resto ledônia nas profundezas do Grande Inverno, nossos lupi-
dos Garou. Apesar de nossas viagens durante o Grande nos ficaram para trás em cada um dos caerns mais fortes
Inverno ter nos levado ao contato deles, ao retornar para para protegê-los. Quando poucos demais permaneceram
nossa terra natal e para nosso dever sagrado, muitos de em uma área para proteger um caern ou executar o ritu-
nós tivemos pouca ou nenhuma interação om aqueles al de assembleia, um único Garou se voluntariava para
fora de nossa tribo. Porém, ainda somos Garou e as outras observar o caern até o fim dos tempos. Aquele que per-
tribos são nossas irmãs, não importa quão estranhas elas manecia dedicaria o resto de sua vida àqueles caern, can-
possam ser. Apesar das lendas contarem de muitas tribos, tando para ele noite após noite, lua após lua, louvando
eu só ouvi sobre algumas, mesmo assim pouca coisa. os espíritos leais ao caern. O guardião não abandonaria
seu dever, nem mesmo para caçar. Inevitavelmente, ele
Fianna morreria: por exposição, fome, sede, antes do espírito do
caern cair em modorra. Mesmo então o espírito do guar-
Nossos primos ao sul são como nós, e ainda assim dião permaneceria, protegendo o local sagrado por toda
diferentes. Não teríamos sobrevivido ao Grande Inverno eternidade.
sem sua ajuda, mas a fissura que nossa recusa a servir seus
Se nossos ancestrais estavam dispostos a oferecer
sombrios Parentes feéricos criou entre nós não foi restau-
tudo, até mesmo sua chance de voltar ao ciclo, para prote-
rada até os dias de hoje.
ger um de nossos locais sagrados, como nós poderíamos
Crias de Fenris
fazer por menos?
Garras Vermelhas
respeito ou consideração pelo impacto de nossas ações. O
malefício que nossas ações criaram levou séculos para se
Uma tribo inteira como nossos Mactire? Parece im- desfazer. Quando aprendemos a interagir com eles corre-
provável, na melhor das hipóteses. Gaia nos fez homem e tamente, com o respeito de alguém que caminho no ter-
fera, para cuidarmos de ambos, mas também para ter as ritório de outra pessoa, ambas as tribos se fortaleceram.
forças de cada um dos lados. A astúcia lupina e o intelec- Após o fim do Grande Inverno, retornamos a nos-
to humano. A velocidade dos lobos e a força dos homens. so território sagrado. Uma vez lá, nós protegemos nossa
O instinto lupino e a lógica humana. Ambos são necessá- terra natal dos invasores por séculos. Cumprimos nosso
rios para se fazer um Garou. dever, nossos Parentes prosperaram e tudo ia bem. Então,
os romanos vieram, e tudo mudou. Não contentes em
Presas de Prata guardar suas próprias terras, os invasores buscaram fazer
o que ninguém deveria: conquistar o mundo e colocá-lo
Existem rumores de Garou a serviço do exército inva-
sob seu controle. Nós os golpeamos de volta, atacando
sor, nobres de pêlos prateados na corte com seus generais
profundamente no território que eles reivindicaram. E
e conselheiros. Claro, nenhum Garou seria tão deprava-
por essa ação, pagamos um preço terrível.
do a ponto de liberar os males que temos enfrentado em
seu próprio povo, certo? Gaia criou locais para todos seus filhos e deu a eles o
dever de proteger tais lugares. Quando alguém viola isso,
46 Uivadores Brancos
Com experiência, vem a sabedoria, e com sabedoria Mas esse dever deve ser dado livremente. Não somos
vem a responsabilidade para enxergar além de seus pró- fomori, para plantar nossas sementes com força e medo.
prios interesses e ver o bem da matilha, da seita, da tribo Já vimos o que acontece desses acasalamentos; não ape-
como um todo. É o direito, e responsabilidade, dos de nas a prole profana, mas o dano causado nos corações,
posto mais elevado dar a cada um o que lhes é de direito. mentes e corpos daqueles que são tomados. Não somos
Assim, damos a presa, seja ela carne ou magia, para aque- monstros para fazer o mesmo.
les com a experiência para assegurar que ela sirva a um O lobo não pode deitar-se com o cervo e então se
bem maior. banquetear dele na manhã seguinte. Que cervo iria volun-
tariamente, sabendo que o lobo devorou seus amantes?
Em Tempos de Paz, Caso nossos Parentes acreditem que os enxergamos como
nada mais do que presas, como alimento para nossos es-
Líderes Fracos Devem Ser tômagos e quadris, como eles poderiam cumprir com seu
dever para conosco e Gaia? Eles devem saber que estão
Obedecidos
sem. Os homens tremiam ao som de nossas canções ao
vento, pois sabiam que suas vidas eram mantidas apenas
Nós somos os guerreiros de Gaia, mas qualquer guer- por nosso desejo. Eles enlouqueciam ao nos ver, pois sa-
reiro é apenas tão forte quanto seu foco. Até mesmo o biam que entre nossa ira e de nossos inimigos, eles não ti-
maior dos heróis pode ser derrotado, caso seja distraído nham qualquer esperança de se defender ou a suas crian-
do dever que tem em suas mãos. ças. Nós os destruímos, como uma criança faz com uma
boneca de argila.
Nossa força está no trabalho conjunto, como uma
matilha, uma seita e uma tribo. Gaia nos criou para coo- Aqueles foram tempos vergonhosos. Aqueles tempos
perar. Quando nosso foco deve ser sobre Seus inimigos, já se foram.
nós A servimos melhor ao ignorar nossas diferenças, pelo A memória da humanidade é curta. A maioria, fe-
menos por um momento. Se estamos mordendo os cal- lizmente, se esqueceu das transgressões feitas por nossos
canhares de nossos líderes, distraindo-os de seus deveres ancestrais. Eles não se lembram mais dos erros que come-
por nossos próprios anseios por poder, nós estamos ser- temos contra eles. Mas assim como fragmentos de argila
vindo ao inimigo. Não iremos fazer o trabalho da Wyrm. permanecem rachados quando reunidos, o dano que cau-
samos permanece. Em seus sonhos – em seus pesadelos
Não Consuma a Carne de – eles ainda se lembram.
Não somos os mestres da humanidade, nem mons-
seu Povo tros para eles temerem, exceto quando eles servem os pro-
pósitos da Wyrm além da redenção. Gaia nos ordenou a
Homem e lobo são o nosso povo. Pedimos a eles um proteger a humanidade; para assegurar que Suas criações,
dever sagrado: assegurar que os Garou continuem viven- não importando quão fracas, sobrevivam para cumprir
do. Sem eles, não podemos fazer o que Gaia colocou dian- com seus desígnios. E parte dessa proteção é mantê-los
te de nós, e nossos números se reduziriam a nada. no desconhecido. Devemos evitar aprofundar nas racha-
duras que nossos ancestrais colocaram em seus corações,
Não Acasale Com os Seus combater a Wyrm. Até que a Wyrm esteja morta – ou nós
– continuaremos a enfrentá-la.
Nossa jornada pode ser uma jornada difícil, longa, É para isso que convocamos todos os lobisomens que
solitária e nenhuma companhia – seja ela Parente, ho- conhecemos quando encontramos a Espiral Negra. É para
mem ou lobo – pode realmente saber o que é caminhar isso que nos preparamos para entrar o portal e desafiar a
pelas trilhas que nós caminhamos. A camaradagem e pro Wyrm em seu refúgio. É para isso que vivemos. E quando
idade de se infiltrar e causar o caos. o momento chegar, será para isso que morreremos.
Aurora
Porém, o preço de sucumbir a tais desejos é a morte.
Não a morte do indivíduo, apesar de que algumas vezes
ela vem quando o impuro nasce, mas a morte de nossa
Assim como o Leão me ordenou, eu obedeci. Contei
tribo inteira. Nossos Parentes são nosso sangue vital, a
tudo que sei, sobre meu povo, nossa história, nossos fei-
força que nos conecta não apenas com a Caledônia, mas
tos e nossos caminhos.
também com Gaia a cada geração que nasce. Dar as cos-
tas para isso é dar as costas para nosso dever, nossa alma O sol se ergue e minha história encerra-se. Posso ape-
e nossa tribo. nas esperar que o que quer que nos aguarde do outro
lado da manhã, alguns sobreviverão para continuar nos-
Ela Estiver
Esse mandamento da Litania é a raiz de tudo aqui-
lo que somos, e tudo que fazemos. Enquanto as outras
48 Uivadores Brancos
Capítulo Três:
O Mundo dos
Uivadores
Brancos
Por que Contos Os Desafios
Histórias ambientadas em eras históricas possuem
Históricos? um grupo de desafios únicos para os Narradores e joga-
dores. Ao narrar jogos em uma ambientação moderna, os
Certos locais e épocas carregam suas próprias atmos- “como”, “por que” e “onde” são geralmente conhecidos
feras emocionais, as atormentadas ruas da Londres da Se- o suficiente para exigir pouca pesquisa ou compartilha-
gunda Guerra Mundial, por exemplo, ou as inexploradas mento de informações. História alternativa ou ambienta-
florestas da América Pré-Colombiana. O tempo e lugar ções originais permitem ao grupo uma liberdade criativa
que uma crônica se situa pode reforçar o tema dominan- completa para construir o mundo por completo o mundo
te, apenas por virtude da atmosfera inerente dessa am- que desejam. Ambientações históricas, por outro lado,
bientação. exigem pesquisa para dar certo.
Assim, algumas vezes um certo período é o melhor A maioria das pessoas não está muito familiarizada
para contar uma história em particular. Quando há uma com os verdadeiros fatos sobre os períodos de milhares
mudança significante em tipos de personagens, montar de anos no passado. Apenas uma dúzia de pessoas talvez
um jogo antes ou depois dessa modificação afeta a rea- possua acesso aos documentos de uma escavação arque-
lidade dos personagens e do mundo em que eles estão. ológica de um acampamento escocês do século II DC,
Histórias focadas nos aspectos centrais dos Sentinelas dos mas milhões já leram as histórias do Conan ou livros Dis-
Homens, os Garou que se tornaram os Tetrasomianos, cworld que possuem versões fictícias dos pictos. Roman-
que por sua vez viraram os Cavaleiros do Ferro, que even- ces fantásticos, lendas, folclore e filmes pseudo-históricos
tualmente tornaram-se os Andarilhos do Asfalto, são me- geralmente colorem nossas percepções de como eram os
lhores ambientadas na antiguidade, por exemplo. Contar dias antigos, resultando em “conhecimento comum” que
uma história dos Sentinelas dos Homens na Idade Mé- é mais ficção do que fatos.
dia ou em tempos modernos altera a natureza básica de Da mesma forma, ao lidar com períodos muito antigos e
quem são os Sentinelas dos Homens, e assim, um tipo locais muito distantes sem nenhum tipo real de referên-
diferente de história. Similarmente, uma crônica de Ui- cia, diferentes eras e locações podem se mesclar. Isso pode
vadores Brancos ambientada durante a Revolução Fran- criar um falso amálgama de culturas muito diferentes, o
cesa, apesar de potencialmente divertida, retrata os Ui- equivalente de um soldado americano moderno vestin-
vadores Brancos muito diferentemente do que eles são do o uniforme de um soldado mexicano do século XIX
representados no material cânone.
Capítulo Três: O Mundo dos Uivadores Brancos 50
enquanto porta um sabre da Guerra de Secessão e uma Nenhum evento história acontece em um vácuo; a
pistola de duelo da Revolução Francesa. Apesar de diver- queda dos Uivadores está intimamente ligada com outros
tido, esse tipo de mistura não fornece uma atmosfera for- elementos que aconteceram no mundo naquele momen-
te para uma campanha focando em alguma dessas eras. to. Por causa disso, a informação aqui fornecida esclarece
no geral o Mundo das Trevas durante a porção final do
Uma História Diferente meio da Idade do Ferro. Inclui as culturas humanas e Ga-
rou, assim como outros acontecimentos significantes que
Apesar do foco desse capítulo ser narrar uma
os Narradores e jogadores podem desejar incorporar em
campanha de Uivadores Brancos ambientada du-
suas campanhas históricas.
rante um período particular, nem todos os Nar-
radores e jogadores vão querer se prender a isso.
Algumas pessoas sempre querem criar algo único O Mundo dos
Uivadores Brancos
e diferente com as idéias centrais de um jogo.
Isso não é algo ruim; pensar fora da caixa pode
ser uma forma excitante de transformar material Como muitas das tribos de Lobisomem: o Apoca-
conhecido em algo novo e inovador, e nós enco- lipse, os Uivadores Brancos estão integralmente associa-
rajamos os Narradores a criar a ambientação e dos com uma cultura específica: no caso deles, os pictos.
os arcos de história que melhor combinam com Porém, diferente da maioria das tribos, a sociedade dos
seu grupo de jogadores e estilo de jogo. Uivadores Brancos não existe mais. Bem parecido com a
Para alguns pontos iniciais, cheque “Fatos, Pro- própria tribo, a cultura picta desapareceu séculos atrás, e
vas e a Verdade”, pág. 58, para sugestões sobre deixou pouco mais do que lendas e alguns artefatos para
como fazer isso com os Uivadores Brancos, a Ca- trás.
ledonia, e o final da Idade do Ferro no Mundo
das Trevas. O Apogeu
Apesar da história dos Uivadores Brancos se es-
O Auge dos Uivadores tender até a criação da tribo em tempos pré-his-
tóricos, o apogeu da tribo está próximo do fim
Brancos de sua história, que é o período logo antes e de-
pois que a “Era Atual” começou. Esse período
Para ajudar os Narradores e jogadores a explorar o le-
de tempo possui um potencial fascinante como
vante e queda dos Uivadores Brancos, essa seção introduz uma ambientação para histórias de Lobisomem:
uma campanha histórica da Idade do Ferro. Ao recapitu- o Apocalipse, que culmina no que é, indiscuti-
lar e apresentar uma breve e geral olhada na vida imedia- velmente, o ponto de virada mais dramático na
tamente antes da queda dos Uivadores, ela pavimenta o história da Nação Garou.
caminho para campanhas que são únicas à ambientação
Durante os quatro séculos de 200 AC até 200
da tribo e permite aos Narradores as ferramentas para DC, os Uivadores Brancos foram de uma dedi-
construir suas próprias histórias nesse período sem se afo- cada tribo protetora de sua terra natal e Paren-
gar em pesquisas acadêmicas. Ao apresentar uma breve tes, para a mais depravada legião de inimigos
olhada nessa era e locais, nós também queremos ajudar a que a Nação Garou enfrentaria. Seu contato e
demonstrar porque a tribo era tão dedicada em seu dever. conflito com o Império Romano iniciou uma
Essa seção explora os fatores contribuintes que resulta- trágica história que terminaria com a morte de
ram no resto da Nação não vir em sua ajuda e empresta uma tribo milenar, e o nascimento de uma intei-
um discernimento na tribo não como tolos que correram ramente nova ferramenta das forças do mal.
até sua perdição, mas como heróis desesperados que eles A despeito do sacrifício pessoal em nome de um
realmente acreditavam ser. bem maior ser um elemento vital nos contos
Nosso foco para esse capítulo é especificamente os Garou, o apogeu dos Uivadores Brancos perma-
Uivadores Brancos durante seu auge (os quatro séculos nece como um assombroso lembrete de que não
que levaram até sua queda), aproximadamente 200 AC há garantias na guerra contra a Wyrm. Algumas
até 200 DC. Fisicamente, nós nos concentramos na Ca- vezes, a intenção nobre e o abnegado sacrifício
ledônia, a área atualmente conhecida como Escócia e, não são o suficiente. Quando se combate a per-
especificamente, nas várias tribos caledonii (comumente sonificação da corrupção, perversão e poluição,
chamados de pictos), que os Uivadores Brancos reivindi- existem consequências muito maiores do que a
cavam como Parentes. simples falha, e muito piores do que a morte.
51 Uivadores Brancos
Os Mitos dos Pictos
Ilhas Shetland. Ao oeste, as Hébrides Exteriores e Interio-
res, referidas como Hiperbórea pelos romanos, contendo
Um dos primeiros desafios ao explorar a cultura pic- centenas de ilhas e vários milhares de metros quadrados
ta são os mitos dos próprios pictos. As representações de terra. A terra natal dos Fianna está a menos de 20
modernas dos “pictos” tendem a uma cultura minúscula milhas ao sudoeste do outro lado do Canal do Norte,
de bárbaros meio feéricos, cobertos em tinta azul e por- enquanto o território Fenrir está a quase 200 milhas ao
tando lanças venenosas contra seus inimigos. Apesar de nordeste, separado pelo Mar do Norte.
muitos desses elementos possuir raízes na verdade, como A costa da Caledônia é dramática, contendo muitos
um todo elas estão longe de uma imagem acurada dos estuários (baías estreitas gravadas pelas geleiras e erosão),
Parentes dos Uivadores Brancos. bacias, estreitos. Muitas das praias são pedregosas e não
Para começar, durante o apogeu dos Uivadores Bran- arenosas e cheias de aberturas rochosas ocultas, cavernas
cos, os pictos não existiam. marinhas e penhascos.
Pelo menos, os humanos não possuem registro algum A Caledônia possui duas regiões de relevo distintas.
de um povo chamado de pictos. Uma vez que os povos da As Terras Altas que contêm várias cadeias de montanha
Idade de Ferro da Escócia não deixaram registro escrito que cortam a porção norte da Caledônia, indo em diago-
sobre sua cultura, temos que nos basear em registros es- nal do sudoeste até nordeste pela ilha. As Terras Baixas
trangeiros. O primeiro uso registrado do termo “picto” é ao sul, por outro lado, são menos montanhosas. Isso as
do orador romano Eumenius, em 297 AC, aproximada- torna mais apropriadas para a agricultura e uma região
mente um século após a queda dos Uivadores Brancos. mais populosa.
Antes disso, os romanos registram grupos de povos indí- O relevo da Caledônia fornece uma imensidão de
genas vivendo em regiões ao norte de partes do que hoje oportunidades de histórias. Seitas separadas por barreiras
é chamado de Escócia, a que eles se referiam como Cale- naturais desenvolvem tradições diferentes e defendem seus
dônia, mas não se referem a eles como “pictos”. pontos de vista sobre quais mandamentos da Litania são
mais importantes. Povos focados no mar desenvolvem ri-
Nomes tuais sazonais muito diferentes, quando comparados com
os que vivem no interior ou nas montanhas. Os Garou
Apesar do termo “picto” não ser o mais correto a se com Parentes guerreiros provavelmente possuem visões
usar, é um termo útil e abrangente que fala sobre os povos distintas daqueles cujo Parentes são pastoris. Como essa
da Escócia da Idade do Ferro. Não tendo quaisquer infor- diversidade dentro da tribo afeta a política tribal? Como
mações sobre como eles se chamam, os termos romanos as relações entre as seitas acontecem quando uma ameaça
se tornam o padrão para discutir essa cultura: “Caledô- externa, como a invasão romana, chega até eles
nia”, como um termo para a antiga Escócia, e “Caledo-
nii” como um nome coletivo para os povos indígenas que As Muralhas
ali viviam. Os nomes individuais das tribos: Verturiones,
Durante a invasão e a ocupação da Caledônia, o Im-
Taexali, Vericones e coisas do tipo, são descritas na na-
pério Romano construiu duas grandes muralhas de pedra
tureza e locais assim como possíveis com a informação
e terra pela extensão da ilha. Essas muralhas, e as forta-
limitada disponível através de registros romanos milena-
lezas situadas a cada milha ou mais por todas elas, ajuda-
res. Apesar desses serem termos latinos, não há registro
ram a fornecer uma defesa contra a retaliação das tribos
de como os povos do final da Idade do Ferro na Escócia
do norte e estabeleceram as fronteiras da Britâniia manti-
chamavam sua terra, seus povos ou a si mesmo.
da pelos romanos ao sul. Da mesma forma, elas forçaram
Isso é, na melhor hipótese, uma versão super sim- o tráfego entre a Caledônia e Britânia para passar através
plificada de uma visão cultural de uma área naquele mo- de pontos específicos, que permitiram o Império a regular
mento, apropriada para Narradores e jogadores que de- o comércio e impostos no comércio entre as duas áreas.
sejam ter seus jogos na Escócia da Idade do Ferro. Não é
Primeiro eles começaram a Muralha de Adriano em
a intensão representar todo o escopo e amplitude de um
122 DC, sob o governo do Imperador Adriano, e termi-
estudo acadêmico da cultura e do período de tempo.
naram em 128 DC. Ela se estende por mais de 70 milhas,
Caledônia
em uma direção leste-oeste do forte romano de Segendu-
num na costa leste até o Solway Firth no oeste. Fotalezas
A “ilha” da Caledônia é, na verdade, o terço norte da romanas foram construídas a cerca de cada milha pela
ilha maior agora conhecida como Bretanha, assim como muralha, fazendo dela a fronteira mais amplamente forti-
quase 800 ilhas menores ao redor da maior. As Ilhas do ficada de todo o Império Romano.
Norte incluem as Ilhas Órcades e, mais ao nordeste, as
Capítulo Três: O Mundo dos Uivadores Brancos 52
Clima
A Muralha de Antonino está aproximadamente a
cem milhas ao norte da Muralha de Adriano, e personifi-
ca os alcances mais ao norte do Império Romano. A cons- Após várias centenas de anos de padrões climáticos
trução dessa muralha começa em 142 DC sob o governo razoavelmente moderados, a Caledônia experimentou
do Imperador Antonino Pio, e terminou em 154 DC. A mudanças climáticas significantes entre 300 AC e 200
construção dessa muralha é, provavelmente, um dos fa- DC. As terras cultiváveis foram significantemente reduzi-
tores que encorajaram os ataques de retaliação dos Uiva- das pela seca nas Terras Altas e aumento de umidade nas
dores Brancos contra os quartéis de comando romanos. Terras Baixas (que converteram antigas terras cultiváveis
Diferente da Muralha de Adriano, que a grosso modo em turfeiras), combinadas com temperaturas mais baixas
está na fronteira entre a Caledônia e as terras governadas por toda região. Com o curso de gerações, distintos po-
pelos romanos, a Muralha de Antonino estava dentro do vos nativos se mudaram para novas áreas, competindo
território da Caledônia. Assim, ela sofreu resistência sig- por terras que continuavam cultiváveis. Eles derrubaram
nificante das tribos nativos e os romanos eventualmente florestas, tanto pela madeira quanto para fazer espaços
a abandonaram por volta de 160 DC. para seus novos campos. À medida que velhos territórios
A construção de ambas muralhas pode ser um lugar se transformavam em pântanos, as pessoas estabeleciam
de início para um arco de história. Como os Uivadores propriedades e vilas em áreas marginais, como em pânta-
Brancos e seus Parentes se sentem em relação à constru- nos salgados.
ção da maior estrutura que seu povo jamais viu? O que As várias tribos dos Parentes dos Uivadores Brancos
eles acreditam ser o propósito dessas muralhas e como e as seitas com que se relacionavam estavam em grande
eles reagem a isso? Eles observarão passivamente enquan- competição pelos mesmos – e cada vez menores – recur-
to o exército romano ergue as muralhas e suas fortalezas sos. A tensão resultante pode formar a base para uma
por sua terra? Quais ramificações espirituais surgiram de crônica de Uivadores Brancos destacando o drama intra-
tamanho posto avançado da Weaver sendo criado em um -seita que ocorr quando duas tribos de Parentes entram
território, em sua maioria, da Wyld? em guerra, ou dar uma tensão adicional a uma história
que se foca em outros tópicos.
53 Uivadores Brancos
As tribos coletavam bolotas e avelãs para o consumo
56
nesse período foi encontrado, em um território provavel- retratadas ou quebradas, em uma forma de V, ou quebra-
mente ocupado pelos Caledones ou Decante. A maioria das duas vezes, em uma formação Z.
usava cerâmica, chifres, couro ou madeira como recipien- Considerando as interações entre os Uivadores Bran-
tes para beber, tigelas e outros recipientes para líquidos. cos e seus Parentes humanos, não é uma surpresa que
Da mesma forma, madeira, couro, argila, pedra e os- uma ampla variedade de animais também apareçam na
sos eram os materiais mais comuns para objetos domésti- arte dos Caledonii. Pássaros, como gansos e águias eram
cos. geralmente representados, assim como serpentes, peixes
Entre os Garou da Caledônia, lâminas de ferro e de e uma variedade de mamíferos mundanos: touros, lobos,
obsidianas eram muito estimadas por aqueles que prefe- cavalos, javalis e cervos. Adicionalmente, uma criatura
riam lutar com armas forjadas. Armaduras, usadas como mais misteriosa era frequente em sua arte. Geralmente
decoração ou intimidação, além de proteção, eram feitas referida como a “Fera Picta”, alguns antropólogos antigos
em sua maioria com couro, com ossos ou finas folhas de acreditavam que o nariz alongado da criatura era uma
ferro ou placas de bronze. As jóias dos lobisomens se es- tradução primitiva da tromba de um elefante, apesar de
pelhavam nas de seus Parentes: metal com gemas, ossos que a explicação mais plausível é que fosse uma versão
ou vidro retirados de seus inimigos derrotados e decora- estilizada de um golfinho. É possível que essa fera seja na
dos com símbolos de respeito, poder ou misticismo. verdade, uma entidade espiritual, e não natural, presente
na Caledônia, pela qual os antropólogos modernos não
Moedas possuem quadro de referência algum.
Esses símbolos, junto com os símbolos de Gaia, ge-
Apesar de possuir a tecnologia de trabalhar com
metais para fazê-lo, os Caledônios desse período ralmente eram incorporados em itens sagrados e do dia-a-
não possuíam sua própria cunhagem de moedas -dia pelos Uivadores Brancos. Armas, armadura, roupas,
até boa parte do século IX DC. Seus vizinhos jóias e objetos pessoais frequentemente possuíam ador-
bretões ao sul, no entanto, começaram a cunhar nos com uma combinação de decorações da Caledônia e
moedas de ouro, prata e bronze no século I AC dos Garou, e muitas das tatuagens sagradas dos Uivado-
(principalmente devido a suas interações com os res incorporavam ambos.
Aparência
romanos) e aqueles Caledonii mais próximos das
fronteiras sul adotaram o uso de moedas mais
cedo que seus primos ao norte. Em 98 DC, o Senador Caio Cornélio Tácito escre-
As tribos que possuíam interação suficiente com veu que os Caledonii possuíam cabelos vermelhos e gran-
os romanos, ou outras culturas focadas no comér- des braços, e sugeriu que isso indicava uma ligação aos
cio, eram mais prováveis a utilizar moedas em suas germânicos do continente. É possível que as várias tribos
relações. Em geral, entretanto, a economia pasto- da Caledônia possuíssem uma compleição e coloração di-
ral dependia amplamente mais do escambo e da ferentes, já que tinham ligações com culturas diferentes
troca com comunidades locais de forma diária, em sua origem. Seus vizinhos, os Silures, que habitavam
ao invés de uma economia interna baseada em o que agora é Gales, por exemplo, possuíam cabelos escu-
moedas, ou em uma indústria econômica focada ros e ondulados e compleições mais sombrias. Os bretões,
em comércio com estrangeiros. em outra parte da ilha, eram ditos possuir cabelos loiros
e pele clara, então uma ampla variedade nas cores é pos-
Símbolos Recorrentes sível de ser encontrada entre os habitantes da Caledônia.
Independente da cor de seus cabelos e de sua pele em
Vários padrões aparecem frequentemente em itens
Hominídeo, os Uivadores Brancos portam pêlos brancos
decorados desse período, sejam eles enormes pedras ou
como a neve em todas as suas formas de lobo. Apesar
pequeninas peças de jóias. Alguns eram mundanas: pen-
de que estrangeiros possam vê-los como idênticos, os Ui-
tes eram um elemento recorrente, assim como espelhos,
vadores Brancos não têm dificuldade em diferenciar vi-
chifres de bebida e caldeirões. Jóias e outros itens eram
sualmente entre os lobisomens de suas várias linhagens
decorados com imagens: colares, braceletes, broches e si-
humanas das tribos Caledonii.
milares.
Ferramentas, armas e armamentos também eram re-
tratados como elementos decorativos nos itens Caledo-
Vestuário
Lã de ovelhas domesticadas é a maior fonte de fibra
nii. Martelos e tenazes eram comuns, assim como flechas
para roupas na Caledônia durante esse período, apesar
e lanças e objetos retangulares que acredita-se que repre-
de que eles usavam cânhamo e linho, assim como pêlos
sentavam escudos. Geralmente as flechas e lanças eram
57 Uivadores Brancos
de outros animais: bode, cavalo, coelho e até mesmo texu-
go! Couro, encontrado normalmente em sapatos, cintos,
cordões e fios, e roupas de cima compunham seu guarda-
Plaids e Kilts
-roupa. Seda era uma raridade extrema, importada ape- Os Caledonii – Garou ou humanos – não ves-
nas através dos romanos ou outras rotas de comércio até tiam kilts. Não existe documentação verossímil
a Ásia e o Mediterrâneo. de um kilt antes do final de 1500. Plaids ou man-
tos eram longos pedaços de tecido sem forma que
A criação de roupas era altamente desenvolvida nes-
eram usados como uma combinação de cobertor
se período. Tecelões teciam fibras, com as mãos através
e capa, mas eram uma peça de vestimenta exte-
de carretéis e usavam uma variedade de tipos de teares (es-
rior até a Renascença.
tacionários e portáteis) para criar grandes quantidades de
tecido em padrões elaborados, incluindo tartãs ou plaids. Os plaids eram úteis como um cobertor para dor-
Os fios eram pintados antes de serem tecidos, apesar de mir, especialmente ao ar livre, ou presos no peito
que algumas vezes o tecido era deixado sem pintura, ou como uma capa. Eles normalmente tinham algo
pintado após ser tecido. Costura e crochê não foram de- entre 12 e 18 pés de comprimento e cerca de 5 pés
senvolvidos até muito depois desse período, apesar de de largura. Como os teares na época comumente
que os nós (como os usados em redes e similares) eram não tinham mais do que 30 polegadas de largura,
comumente usados. isso significava que eles eram feitos a partir de
duas longas faixas de tecido, costuradas de forma
Apesar de que alguns tecidos eram deixados sem tin-
a se unir. Plaids podiam não ser pintados, ou de
tura, outras cores eram possíveis utilizando as técnicas de
uma cor única, listrados ou mais elaboradamente
pintura dessa época: marrom e ferrugem, amarelo dou-
tecidos, no pano xadrez que carrega a definição
rado, verde, cinza, preto, vermelho escarlate, azul ou até
mais moderna de um plaid.
mesmo roxo e rosa.
Plaids eram populares entre os Uivadores Bran-
O item básico de vestuário para homens e para mu-
cos, por sua versatilidade e porque eles se aco-
lheres era uma correia, uma bata semi-ajustada. A camisa,
modavam facilmente às mudanças de forma com
normalmente costurada dos lados, nem sempre ficava nos
suas variedades de formas e tamanhos. É possível
ombros; algumas vezes a correia era presa nos ombros.
que os primeiros verdadeiros kilts foram desen-
Uma bata podia ser sem mangas ou ter suas mangas cos-
volvidos quando um as roupas não dedicadas de
turadas no ombro. Por cima disso, uma pequena jaqueta
um Garou da Caledônia foram destruídas graças
chamada de ionar, ou uma capa retangular chamada de
à uma mudança de forma inoportuna, e ele teve
brat ou plaid podia ser vestida para aquecer (veja o qua-
que improvisar com o que sobrou de suas vestes.
dro lateral Plaids e Kilts).
Mulheres e homens nobres geralmente vestiam lon-
gas batas, na altura dos tornozelos para as mulheres e da
Tatuagens
No século I AC, Júlio César disse, “Omnes vero se Bri-
batata da perna até os tornozelos para os homens.
tanni vitro in ficiunt, quod caeruleum efficit coloremc”.
Apesar de ser comum andar com as pernas descober- Essa afirmação geralmente interpretada como “Todos os
tas, os homens algumas vezes vestiam calças conhecidas bretões se pintam de azul com índigo”, criando a imagem
como trews ou braes por baixo da bata. Elas iam até o joe- dos pictos cobertos apenas por tinta ou tatuagens azuis.
lho ou tornozelo, dependendo do clima e se prendiam na Porém, muitos historiadores modernos são céticos a res-
cintura com cordões. Como as descrições das mulheres peito dessas primeiras interpretações; o índigo não mar-
dessa época mostram saias na altura do tornozelo, não é ca a pele tão bem quando utilizado como tinta corporal,
sabido se elas vestiam as trews por baixo. mas também não funciona como um agente para tatua-
Os sapatos Caledonii desse período eram distintos gem, uma vez que faz com que a ferida não se cicatrize
pois eram uniformemente criados a partir de um único apropriadamente, e não “cicatrizará dentro da ferida”.
pedaço de couro ou pele. O sapateiro costurava o mate- A palavra “vitro” também se traduz em “vidro”, fa-
rial ao redor do pé com um fio ou cortava para dobrá-lo zendo com que alguns historiados postulassem que a refe-
primorosamente ao redor do pé antes de amarrá-lo bem rência era a se usar vidro como uma forma de jóia. Porém,
apertado. como os antigos Caledônios não trabalhamavam vidro,
Os Uivadores vestiam roupas similares em suas for- mesmo que eles o trocasse com os europeus do continen-
mas humanas, geralmente usando o Ritual da Dedicação te, essa interpretação também não é satisfatória.
do Talismã para assegurar que não destruíssem suas rou- Entretanto, caso os antropólogos estivessem cientes
pas favoritas durante as mudanças de forma. sobre os Garou, o significado seria muito mais fácil de se
Capítulo Três: O Mundo dos Uivadores Brancos 58
interpretar. Tanto os Fianna quanto os Uivadores Bran- Os Garou dessa época usavam as mesmas armas, o
cos regularmente usavam tatuagens, incluindo tatuagens que dava a eles um estilo de luta muito diferente dos in-
fetiches, e aqueles Caledonii que se tatuavam eram Paren- vasores europeus. Os Uivadores Brancos e seus Parentes
tes, que o faziam como uma forma de denotar sua cone- eram melhores equipados para a guerra de guerrilha e
xão com os seus familiares Garou. Os rituais e processos para táticas de “cortar e correr”, enquanto Roma (e seus
que os lobisomens usavam para criar suas tatuagens certa- aliados sobrenaturais) baseava-se amplamente em sua me-
mente eram compartilhados com seus Parentes, permitin- talurgia mais avançada e em táticas com suas unidades
do a eles que criassem algo que no final os historiadores mais próximas umas das outras.
mundanos não possuiriam o contexto, conhecimento so-
brenatural ou habilidade para recriar. Transporte
Armas e Armaduras A maioria dos Caledonii vivam suas vidas inteiras, e
morriam, dentro dos limites de seu local de nascimento.
Registros dos primeiros armamentos da Caledônia A ampla maioria do transporte pessoal ocorria a pé, com
e das vestes de guerra encontram-se gravados em rochas, os cavalos sendo usados para viajar distâncias maiores,
retratando os guerreiros tribais nativos da época vestindo caso estivessem à disposição.
curtas túnicas (do comprimento do joelho ou coxa) e car- Carroças, puxadas por cavalos ou bois, eram usadas
regando pequenos escudos quadrados ou redondos, mas como transporte pessoal e para carregar produtos. Carru-
nenhuma outra armadura. agens de um único eixo com rodas de raios podiam ser
Os combates aconteciam a pé, ou em cima de cava- usadas para guerra e para entretenimento, mas raramente
los, em um estilo de guerrilha de ataque que era ainda o eram. Como nenhuma carruagem intacta desse perío-
mais letal por virtude do conhecimento das tribos de seu do foi descoberta na Escócia, é difícil dizer se as raras ima-
território natal. Apesar de que eles não possuíam o trei- gens de carruagem das artes dos Caledonii desse período
namento formal e nem a armadura dos invasores roma- representam itens que eram
nos, os Caledonii ainda eram respeitados e temidos por usados por esse povo ou
seus inimigos por sua ferocidade e astúcia, muito do qual se são representações
era um resultado da próxima ligação das tribos humanas de itens romanos ou
com seus familiares Garou. Os guerreiros lobisomens as- histórias de outras
sumiam o fardo de ensinar táticas semelhantes a matilhas épocas e locais.
para grupos promissores de guerreiros humanos das tri-
bos que eles protegiam.
Armas
Quando em combate próximo, a arma quintessencial
era a lança, tanto de uma quanto de duas mãos, com um
cabo de madeira, e a ponta de osso, sílex ou metal. Ma-
chados também eram comuns: machados pequenos de
cabeça quadrada ou machados de batalha de duas mãos.
Os guerreiros da Caledônia também usavam espadas e
facas de muitos tipos. Alguns eram apenas extensões
das facas comumente usadas como ferramentas; qual-
quer coisa que pudesse tirar a pele de um cervo ou cor-
tar um peixe poderia ser capaz de fazer a mesma coisa
em um cenário de batalha. Eles também usavam espadas
pequenas, com menos de dois pés de comprimento, em
sua maioria. A maioria possuía pontas arredondadas, e
eram usadas mais para retalhar e destroçar do que para
perfurar.
Para armas de alcance, as tribos Caledonii usa-
vam javelins, que geralmente eram apenas madei-
ra descascada até ganhar forma, arcos com flechas
com ponta de madeira endurecida, pedra ou metal e fun-
das com pedras de rio como projéteis.
59 Uivadores Brancos
Os desafios do terreno da Caledônia, combinado
com a falta de estradas, contribuíram fortemente para
uma atmosfera de isolamento entre as seitas e as tribos da
Carnyx - Uivos de Guerra
Uma das únicas qualidades que os romanos per-
área. Isso enfatiza as pontes da lua como o único método ceberam a respeito dos Caledônios foi o uso que
confiável de viagem entre seitas, com um tempo eficiente, eles tinham para o carnyx, chifres de batalha se-
mas também tornava difícil para os Garou estabelecer os melhantes a trombetas usadas para inspirá-los e
níveis de confiança exigidos para eles para desejar imple- colocar medo no coração de seus inimigos. Eles
mentar tais pontes da lua. eram tão distintos que eles foram um dos emble-
Morte e Funeral
mas que os romanos usaram para identificar os
Caledonii.
Apesar do foco dos Uivadores Brancos em interagir Eles geralmente fabricavam essas trombetas na
com os mortos, os funerais de seus povos eram, em sua forma de cabeças de animais: javalis, águias, ser-
maioria, muito informais. Já que o número de cemitérios pentes e, claro, lobos. Tribos de Parentes original-
encontrados é relativamente pequeno, é provável que a mente fizeram esses carnyx em uma tentativa de
maioria de seus mortos fosse enterrada sem proteção al- replicar os poderosos uivos de seus aliados Garou.
guma e, assim, retornavam para os elementos rapidamen-
te.
Nos exemplos onde houve enterros formais, os cor-
Linguagem
Como a língua Caledonii (ou línguas, mais provavel-
pos eram deitados, com a face para cima, em uma sepul-
mente, já que cada tribo provavelmente falava seu próprio
tura alinhada com longas pedras e cobertas com pedras
dialeto) não sobreviveu até os dias modernos, existe uma
semelhantes. Ou essas sepulturas eram marcadas com
grande quantidade de suposições sobre a fala dos povos
uma pequena pilha de pedras, arranjadas de forma qua-
da Escócia da Idade do Ferro. É provável que as antigas
dradas, redondas ou como halteres. Algumas vezes pedras
tribos da Caledônia falassem uma variedade de dialetos,
de quartzo branco eram colocadas sobre a pilha, apesar
e é provável que eles tivessem ligações com as mesmas lín-
de que não é certo se era por pura decoração ou se pos-
guas antigas que deram origem ao irlandês, gaélico esco-
suía algum significado espiritual. Lápides perpendiculares
cês, galês e córnico. Mas além de alguns nomes de locais
eram raras; uma pedra sobre a sepultura era um sinal de
que traçam suas raízes até aquela época, pouca evidência
que a pessoa enterrada era de alguma significância social.
permanece para apoiar a teoria de uma forma ou de ou-
Apesar de que muitas sepulturas eram localizadas bem
tra.
distantes umas das outras, agrupamentos semelhantes a
cemitérios não eram tão incomuns. Também não existe uma evidência sólida da utiliza-
ção de escrita pelos proto-celtas da Idade do Ferro. Exis-
Diferente de muitas culturas ao seu redor, os povos
tem pedras que datam desse período, inscritas com sím-
da Caledônia não enterravam pertences com seus mor-
bolos e desenhos que alguns discutem possuir significado
tos. Uma pessoa particularmente importante poderia ser
linguístico, mas não há um consenso dos historiadores
enterrada com um ou dois pequenos itens de valor: vi-
se os pictos (ou suas tribos predecessoras) usavam uma
dro importado, uma peça de jóia, ou similares. Porém,
linguagem escrita. Os romanos não mencionam o fato,
diferente de muitos, os Caledonii não equipavam seus
e as outras inscrições, além das Ogham, algumas vezes
mortos com riqueza e itens que viajariam com eles na
são atribuídas aos pictos porque não se encaixam com os
pós-vida. Isso parece indicar uma compreensão distinta
padrões de outras línguas celtas. Não existe rastro de co-
das diferenças entre o corpo físico e o espiritual, um co-
municação escrita sendo usada pelos nativos da Escócia
nhecimento talvez auxiliado por suas interações com seus
durante a era dos Caledonii.
irmãos Garou.
Além da língua falada por suas respectivas culturas,
Os Uivadores Brancos seguiam práticas similares. Os
os Uivadores Brancos também usavam a mesma lingua-
lobisomens sabiam que o que ficava para trás após a mor-
gem falada e escrita que os Garou usam entre si desde
te era apenas uma casca carnal; o espírito tinha se reuni-
o início dos tempos. Isso permitiu a eles se comunicar
do ao ciclo. Como tal, nada de importante era colocado
não apenas com os outros Uivadores, mesmo que não
sobre o corpo de uma Garou caído, exceto para protege-lo
compartilhassem o mesmo dialeto humano, mas também
de ser usado pelas forças do inimigo para magia ou outros
com os Fianna, Crias de Fenris ou outros Garou que eles
vis propósitos.
pudessem ter encontrado.
61 Uivadores Brancos
manos de climas mais temperados para substi-
tuir aqueles que foram incapazes de sobreviver
a Era Glacial na Caledônia. Através dos séculos
XIX e VIII AC, esses Parentes evoluíram de ru-
des unidades familiares de caçadores-coletores
para acampamentos tribais mais permanentes.
Por volta de 300 AC, o rebanho humano da
tribo tinha desenvolvida todas as tecnologias
básicas para a civilização: agricultura, cerâmica,
tapeçaria, mineração, navegação e astronomia.
Eles construíram casas e trabalhavam com fer-
ramentas de pedras, apesar de suas tecnologias
ainda serem cruas quando comparadas com o
resto do mundo ao redor deles. Os habitantes
da Escócia não entraram na Idade do Bronze
até cerca de 2000 AC (comparado com 3300
AC, para a maioria do Oriente Próximo).
Nesse período, a tecnologia fez seu cami-
nho do continente até as Ilhas Britânicas, onde
as antigas tribos começaram a fundir cobre e
liga-lo com estanho para fazer bronze. Eles usa-
vam esses metais em ferramentas e armas, jun-
to com o sílex, que eles já usavam anteriormen-
te. Sua tecnologia em trabalhar com metais:
fornalhas, foles e similares mais sofisticadas –
conduziram para uma produção imensamente
mais sofisticada de peças ornamentais e jóias,
ferramentas e armas: pontas de lanças, macha-
dos, facas e adagas.
A Caledônia entrou na Idade do Ferro em
aproximadamente 750 AC, provavelmente por
pegar a tecnologia da Inglaterra e do continen-
te. As ferramentas que os ferreiros da Idade do
Ferro criaram pareciam bem similares às mo-
dernas: serras, cinzéis, tenazes e martelos. Eles
relegaram o bronze ao uso ornamental nesse
momento.
Em 55 AC, o general romano Júlio César
invadiu as Ilhas Britânica com 10.000 tropas.
Apesar de que seria um século antes dos roma-
nos marcharem para a Caledônia, conduzida
por Quinto Petílio Cerial em 71 DC, o ataque
de César monta o cenário para vários séculos
de hostilidade entre as tribos nativos e os inva-
sores romanos.
Era Moderna
Como os Uivadores Brancos caíram a qua-
se dois mil anos atrás, a maioria das histórias
sobre eles irão se ambientar no passado. É,
entretanto, possível incorporar os Uivadores
Brancos em histórias modernas e cada possibi-
62
lidade oferece suas próprias vantagens e oportunidades a resto da Nação Garou, mas também implora por uma res-
explorar temas diferentes em um enredo. posta: De onde vieram os Dançarinos da Espiral Negra,
se não da queda dos Uivadores?
Renascimento Espontâneo Outra tribo caiu no lugar dos Uivadores Brancos? A
Mesmo na genética atual, pesquisadores frequente- Wyrm encontrou uma maneira de recrutar lobisomens
mente encontram resultados inesperados. Acrescente es- individualmente e não em massa, das mais diversas tri-
píritos na mistura e praticamente tudo é possível. Pois um bos dos Garou? Ou os Dançarinos da Espiral Negra do
Uivador Branco nascer de um par de pais Parentes que Mundo das Trevas é algum tipo de reflexo sombrio dos
há muito esqueceram suas ligações com os lobisomens Garou, o mal manifestado por toda a eternidade, ao invés
seria praticamente impossível; mas coisas mais estranhas da corrupção de uma das tribos guerreiras de Gaia? Cada
aconteceram. opção apresenta um ambiente e tema diferente para um
Tal nascimento certamente atrairia a atenção dos es- jogo moderno.
Um Novo Elenco
píritos, especialmente o Leão, que agora serve como par-
te da ninhada do Grifo. Ele teria que recuperar seu lugar
como totem de uma tribo inteira novamente. Ele poderia
prometer praticamente qualquer coisa para aqueles que Apesar dos Uivadores Brancos serem os candidatos
pudessem recuperar o novo filhote e mantê-lo longe do naturais a ocupar o centro do palco em uma crônica na
perigo, tudo isso enquanto guardam o desgosto do Grifo Idade do Ferro, eles estão longe de ser as únicas estrelas
por perder um poderoso servo. em potencial. Muito dos conselhos desse capítulo se foca
em criar uma história focada nos Uivadores Brancos am-
Infelizmente, os Dançarinos da Espiral Negra tam-
bientada na Caledônia durante a era da invasão romana,
bém saltariam na oportunidade de puxar um de seus ir-
mas poderia muito bem fornecer a base para um jogo sem
mãos há muito perdido para o seu não-tão-amável abraço
ser dos Uivadores, ou até mesmo sem ser sobre os Garou,
familiar. Suas tentativas de reivindicar o filhote Uivador
ambientado no advento da Era Comum.
Branco, com todo o apoio da Wyrm por trás deles, po-
dem dar até mesmo ao Garou mais valente a pensar me-
lhor em se envolver na busca do Leão. Outras Tribos
O isolamento auto-imposto dos Uivadores Brancos
A Grande Busca nos séculos que levaram até a invasão romana pode con-
A Grande Busca traz os Uivadores Brancos de volta tribuir com o silêncio que eles ouviram ao uivarem por
para os tempos modernos não através do renascimento, ajuda com a Espiral Negra. Nenhuma tribo, no entanto,
mas através da restauração do Leão como o totem tribal. existe em um vácuo e, até a sua queda, eles ainda eram
Apesar de que os Garou vivos possam não compartilhar a parte da Nação Garou, e capazes de se comunicar e inte-
ancestralidade dos clãs Caledonii, ao tentar tirar o Leão ragir com outros Garou, mesmo que tais relações fossem
da servidão do Grifo e executar feitos o suficiente em seu difíceis e raras.
nome, eles poderiam iniciar um movimento para resgatar
a tribo e seu antigo totem para sua antiga glória. Fúrias Negras
Talvez o Leão aproxime-se da matilha diretamente, Tendo visto em primeira mão os efeitos do poder do
ou através de um lobisomem que é obcecado com os Ui- exército romano quando sua amada Grécia foi conquis-
vadores Brancos e tenha recebido visões de uma jornada tada, as Fúrias Negras provavelmente são umas das mais
espiritual que poderia recuperar o bom nome do antigo simpáticas o problema dos Uivadores Brancos. Sua hesi-
totem dos Uivadores Brancos. Apesar de muitos totens te- tação em se envolver com a batalha da Espiral Negra foi
rem caído, nenhum se recuperou; a glória associada com mais prática do que filosófica. A totalidade do território
uma possível vitória poderia muito bem ser o suficiente entre a terra natal das Fúrias Negras e a Caledônia era a
para motivar os Garou a vir em auxílio do Leão. província do Império Romano, e todo o continente entre
a Grécia e a terra natal dos Uivadores Brancos estava re-
Nunca Caíram pleta de mulheres oprimidas e antigas terras da Wyld se
Talvez a opão mais exigente para reintegrar os Uiva- transformando em cidades e fazendas da Weaver.
dores Brancos aos dias modernos é remover sua queda Certamente as Fúrias adorariam ajudar, mas tinham
por completo. Essa modificação exige mais do Narrador- tanto a ser feito próximo de casa, que seria irresponsabi-
do que qualquer uma das outras opões. Ela não apenas lidade virar o rosto para as necessidades locais em nome
pede que ele preencha quase 2000 anos da história dos daqueles que foram incapazes de proteger seu próprio
Uivadores Brancos e encaixá-los na história existente do povo e território.
63 Uivadores Brancos
Roedores de Ossos dos Uivadores Brancos e persistiu por centenas de anos
após. Não é de se surpreender que o Irmão do Meio não
Roma não foi construída com voluntários; foi ergui- atendeu o chamado feito pelos Uivadores.
da – assim como muitas civilizações antigas – sobre as cos- Durante essa era, os Parentes dos Croatan esten-
tas dos escravos. Onde quer que os romanos se espalhas- diam-se por toda a costa leste central da América do Nor-
sem pelo globo, eles o faziam através do suor, lágrimas te, onde pescavam e caçavam, assim como desenvolviam
e sangue das pessoas possuídas como propriedade e, em culturas de agricultura pelo continente por todo o rio
cada cidade, os Roedores de Ossos trabalharam contra os Mississippi. Eles tinham forte parentesco e comunicação
abusos individuais das classes baixas e da proliferação da com os Uktena e Wendigo, mas quase nenhum contato
escravidão como um todo. com o resto da Nação Garou.
A sociedade Caledonii, por outro lado, não era
baseada em um sistema de trabalho escravo, e muito si- Fianna
milar à sociedade Garou, o potencial de cada indivíduo De todas as tribos dos Garou, os Fianna eram os mais
era uma questão de sua própria força, engodo e iniciativa. próximos dos Uivadores Brancos, tanto física quanto es-
Assim, apesar de que os romanos assumiam as tribos hu- piritualmente. Suas terras, separadas pelos cursos d’água
manas, nórdicos ou mesmo seus primos celtas, como es- mais estreitos, mostrava que eles compartilharam territó-
cravos, seus acampamentos raramente atraíam a atenção rio durante o Grande Inverno, e que seus Parentes, algu-
dos Roedores de Ossos que estavam trabalhando duro mas vezes para o desgosto dos Fianna, tinham se mistura-
para proteger os escravos nas cidades pelo globo. do quando o gelo empurrou ambas as tribos para fora de
65 Uivadores Brancos
Após um conselho e consultar profecias astronômi- Apesar de serem, das Tribos Puras, os mais fisica-
cas e espirituais, os místicos da tribo acreditaram que um mente próximos da Caledônia, os Wendigo ainda esta-
grande mal viria a todos os lobisomens caso os Portado- vam a milhares de milhas do outro lado de mares de gelo
res da Luz Interior não se juntassem aos esforços dos Ui- e terras congeladas de seus primos Uivadores Brancos.
vadores Brancos. Não muito após a decisão ser tomada, Mesmo que isso não fosse um impedimento, suas atitu-
entretanto, um “convidado” apareceu no céu noturno. des agressivas e independentes, aliadas ao isolamento co-
Essa supernova alterou as predições dos astrônomos; eles mum das tribos da América os impediria de participar de
a viram como um sinal de grande mau presságio. Caso uma resposta ao pedido dos Uivadores.
Recursos Adicionais
os Portadores da Luz não se juntassem com os Uivadores
Brancos, um grande mal viria até a Nação. Caso eles o fi-
zessem, eles e os Uivadores Brancos deixariam de existir.
A informação fornecida nesse capítulo é apenas uma
Sob a luz dessa premonição de desastre, os Portado-
breve olhada na história do mundo durante o apogeu dos
res da Luz Interior decidiram permanecer no Leste, uma
Uivadores Brancos. Narradores e jogadores interessados
decisão que eles ainda debatem até o dia de hoje.
em uma pesquisa adicional podem desejar checar os li-
Uktena vros a seguir:
Durante esse período, os povos indígenas do sudo- The Art of the Picts: Sculpture and Metalwork in
este e leste da América do Norte e da Mesoamérica do Early Medieval Scotland de George e Isabel Henderson
México Central e América Central tinham formado cul- – um tesouro repleto de fotos de representações gráficas
turas de agricultura. Mais ao sul, as civilizações Chavín e dos tipos de maravilhas que os antigos povos escoceses
Moche estavam prosperando nos Andes do que agora é a eram capazes de criar.
América do Sul. Porém, o hemisfério ocidental permane- A New History of the Picts por Stuart McHardy –
cia isolado do resto do mundo, como assim permaneceria Esse livro integra pesquisa moderna e uma perspectiva
pelo milênio que se seguiria. histórica acadêmica de uma maneira que é acessível e in-
Assim como os Croatan e Wendigo, os Uktena ti- formativa.
nham pouca interação com os Uivadores Brancos, sepa- The Picts: A History por Tim Clarkson – Apesar de
rados como eram por distância, terreno e o envolvimento muitos livros disponíveis sobre a cultura picta serem es-
dos Uivadores no Impergium junto com o resto dos Ga- critos várias décadas atrás, esse foi publicado em 2012, e
rou europeus. assim tem o benefício de uma pesquisa significantemente
mais moderna.
Wendigo The Picts and their Symbols por W. A. Cummins
Diferente dos Croatan e Uktena, o clima severo que – Uma forte análise dos símbolos encontrados nos mo-
os Wendigo e seus Parentes chamavam de lar tornava a numentos rochosos dos pictos, incluindo fotografias e de-
agricultura impossível. Devido a isso, a tribo permaneceu senhos.
nômade e focada na caça por muito depois que o Irmão Picts, Gaels, and Scots por Sally M. Foster – Apesar
do Meio e o Irmão Mais Novo tinham estabelecido raízes de muito desse livro se focar nos últimos períodos da his-
permanentes e desenvolvido assentamentos e civilizações. tória escocesa, a informação sobre as antigas tribos tam-
bém é muito útil.
Rituais de Pacto Uma vez que o cadáver (ou cadáveres, já que o ritual
pode ser usado em muitos mortos ao mesmo tempo, desde
que cada um esteja propriamente preparado e cremado)
Ritual do Sobrevivente é consumido, os ritualistas colocam quaisquer resquícios
Nível Um sob pilhas de pedras ao invés de enterrá-los, para manter
Nascer em guerra contra a Wyrm não dá necessaria- os servos subterrâneos da Wyrm de ter acesso livre a eles.
mente a alguém os recursos para aguentar as tragédias Sistema: Se bem-sucedido, as almas dos mortos são
e horrores dessa guerra. Esse ritual permite que alguém enviadas de volta para o ciclo da vida. Seus corpos não
que tenha visto ou experimentado um evento debilitante podem ser usados de maneira bem-sucedida para propó-
expurgue-o de sua mente permanentemente. sitos necromânticos ou erguidos como os mortos-vivos,
Sistema: Geralmente, esse ritual é executado em um nem suas almas podem retornar como fantasmas.
alvo, ao invés de ser executado por ele, para ajudá-lo a recu-
perar de um trauma, seja ele humano, Parente ou Garou.
Se bem sucedido, uma memória de até dez minutos pode
Rituais Místicos
Tatuagens são mais do que simples decorativos para
ser apagado da mente do alvo. Ela é substituída por uma
as tribos pictas; elas são uma parte importante da cultura
nova memória que, apesar de não diretamente contradi-
dos Uivadores Brancos e da cultura de seus Parentes. Os
tória ao resultado da cena perdida, é mais fácil de lidar.
Garou as usam não apenas como decoração, mas tam-
A testemunha direta de uma tortura pode lembrar-se que
bém como um registro de seu Renome, como uma decla-
a cena aconteceu atrás de uma porta fechada; a memória
ração de conexão com seu espírito totem (ou espíritos),
de esbarrar com um corpo decepado pode agora incluir
e como fetiches. Os últimos dois casos são completados
um lençol convenientemente colocado para bloquear os
como uma parte de rituais sagrados, combinando a arte
ferimentos piores; uma vítima de etupro agora pode se
mundana e foco espiritual com uma forma de arte sobre-
lembrar apenas que elas desmaiaram antes da violação.
natural. Além dos efeitos detalhados abaixo, os Uivado-
O alvo desse ritual deve participar por sua vontade; res Brancos e seus Parentes tem em grande estima aque-
qualquer hesitação por parte do alvo causará a falha do les que portam tatuagens sobrenaturais criadas a partir
ritual. do Ritual da Tatuagem Sagrada. Aqueles que as possuem
ganham um dado de bônus em todo teste Social contra
Rituais de Morte os Uivadores Brancos e seus Parentes. Apenas um bônus
desse pode ser usado por um Garou em um alvo específi-
Ritual da Fogueira dos Ossos co, mesmo que ele possua várias tatuagens.
Nível Um
Vivendo uma terra onde as forças da Wyrm geral-
Ritual da Tatuagem Sagrada
mente atacam os mortos e os enterrados, os Uivadores Nível Três
Brancos desenvolveram um ritual que assegura que seus Através desse ritual, um Garou pode declarar e refor-
amigos mortos, familiares e até mesmo inimigos não se çar suas ligações sobrenaturais com um espírito em par-
levantem para serem usados contra eles. Esse ritual pode ticular. Os benefícios dessa declaração variam de acordo
ser utilizado em cadáveres, não importando quão antigo com a natureza da relação entre o espírito e o lobisomem.
ou recentemente morto, mas é não é efetivo contra aque- Entretanto, de toda forma, o lobisomem reduz a dificul-
les que já se levantaram dos mortos. dade de todos os testes Sociais com qualquer espírito que
O corpo é deitado e então borrifado com líquido. ele tenha se dedicado em um, além dos efeitos listados na
Água pura ou bebidas destiladas são mais comumente tabela abaixo.
71 Uivadores Brancos
Ritual da Tatuagem Sagrada
Espírito Nível Relação Efeito
Gaia Incarna Mãe Sagrada Ao recuperar Gnose de qualquer maneira, recupe-
ra o dobro do normal.
Luna Incarna Matrona Lunar Recebe os efeitos da Qualidade: Ligado à Lua. Ele
se acumula com os efeitos caso o personagem já
possua a Qualidade.
Leão Incarna Patrono Tribal Pode gastar um ponto de Fúria adicional por turno.
Espírito Avatar Incarna / Totem de Matilha Recebe os efeitos do Dom: Comunicação Mental
Gaffling com os membros da matilha. Se já possuir o Dom,
não há custo de Força de Vontade para falar com a
matilha.
Espírito Avatar Incarna / Totem Pessoal Recebe um dado extra em todos os testes Sociais ao
Gaffling lidar com qualquer espírito da Ninhada do totem
Espírito — Não totem Nenhum efeito adicional
73 Uivadores Brancos
Bons Instintos (Qualidade: 3 Sobrenaturais
pontos) Visões Proféticas (Qualidade: 2
Você possui a incrível habilidade de intuir o melhor
curso de ação em situações envolvendo respostas instinti- pontos)
vas ao invés de lógica ou pensamento racional. Essa Qua- O véu entre os mundos é fino para você, e algumas
lidade faz de você a companhia ideal nas matas, onde a vezes você recebe vislumbres do que o futuro aguarda.
ação tem precedência sobre a razão. Você faz todos os Essas visões são, no entanto, envoltas em mistério e sim-
testes envolvendo Instinto Primitivo e Sobrevivência com bolismo. Uma vez por sessão de jogo, você recebe uma vi-
-2 de dificuldade. são que pode pertencer a um futuro próximo ou ditante.
O Narrador faz um teste de Inteligência + Enigmas (ou
Temperamento Rude (Defeito: Ocultismo) para você (dificuldade baseada na importân-
cia da informação a ser descoberta). Seus sucessos deter-
2 pontos) minam quão clara é a visão. Caso não obtenha sucessos,
Você sofre de raiva perpétua, e isso é demonstrado isso indica que as visões dão informações perigosamente
em suas palavras e ações. Você é rápido para morder seus errôneas.
companheiros de matilha e facilmente perde seu tem-
peramento. Como você frenquentemente está nervoso, Parente de Fantasmas
você tem dificuldade em acumular Fúria, já que nervoso
é seu estado de ser, e é difícil focar sua ira para algo mais (Qualidade: 2 pontos)
potente. Sempre que você encontrar uma situação que Há algo em você que os fantasmas acham interessan-
normalmente resultaria no ganho de um ponto de Fúria, te. Ao fazer testes Sociais para lidar com fantasmas (não
você deve fazer um teste de Força de Vontade (dificulda- com espíritos ou ancestrais), sua dificuldade é reduzida
de 6) para fazê-lo. em 2. Essa Qualidade não fornece a habilidade de sentir
fantasmas.
Sociais
Amigo dos Pictos (Qualidade: 1
Fetiches
Os Uivadores Brancos possuem acesso a qualquer
ponto) fetiche conhecido pela Nação Garou, desde que eles en-
volvam materiais e fabricação que estejam disponíveis
Apesar da diferente natureza dos povos pictos, você quando a tribo era viva. Obviamente, eles não usam item
não tem problema para interagir com nenhuma de suas tecnologicamente avançados, como Óculos de Espelho,
tribos humanas. Você tem talento para lidar com os diale- Assistente Digital Umbral Pessoal, e coisas do tipo. Além
tos das outras tribos, um entendimento firme de seus cos- disso, os Uivadores Brancos criaram outros fetiches, tais
tumes e, talvez, até mesmo uma reputação positiva entre como os listados abaixo.
as pessoas. Você faz os testes Sociais envolvendo Parentes
ou humanos (não Garou) das regiões pictas com -1de di-
ficuldade.
Escudo Fantasma
Nível 3, Gnose 6
Xenófobo (Defeito: 3 ou 6 Maior do que os escudos normais usados pelas tribos
pictas, esses escudos de corpo inteiro retangulares fazem
pontos) mais do que proteger um Uivador Branco de ataques;
eles o escondem da vista também. O Escudo Fantasma é
Você desconfia aqueles de fora de sua tribo e acha
ligado a um espírito de uma caça ou pássaro, geralmente
difícil lidar com eles. Você faz todos os testes Sociais que
um esquilo da rocha ou narceja. O escudo é de madeira,
não envolvam Intimidação com estrangeiros com +2 de
mas coberto pela pele do mesmo tipo de animal preso no
dificuldade, e os testes Sociais deles em relação a você
fetiche.
também recebem +2 de dificuldade. Além disso, qualquer
teste envolvendo cooperação ou trabalho em grupo com Ativado, o fetiche imediatamente assume a exata apa-
os de fora de sua tribo são feitos com +2 de dificuldade. rência de seus arredores, tornando possível esconder atrás
A versão de três pontos desse Defeito estende a qualquer dele e permanecer virtualmente invisível. Ver um lobiso-
um fora dos Uivadores Brancos (e seus Parentes). A versão mem usando esse fetiche exige um teste bem-sucedido de
de seis pontos inclui qualquer um fora de sua tribo huma- Percepção + Prontidão (dificuldade 8 se o lobisomem não
na (Venicones, Taexali, Vacomagi, etc.) ou os Uivadores estiver se movendo). A dificuldade cai para 7 caso o lobi-
Brancos diretamente relacionados com a tribo humana. somem se mova. O fetiche só é efetivo como camuflagem
se estiver diretamente entre o alvo e o lobisomem.
Capítulo Quatro: Poderes 74
Quando usado em combate, o Escudo Fantasma au- gem de um membro da tribo conhecido por suas habili-
menta a dificuldade de testes de Briga ou Armas Brancas dades visionárias.
de um ofensor em 1. Ele também aumenta a dificuldade Quando ativado, o pincel permite seu usuário a pin-
de ataques à distância contra seu usuário em 1, mas ape- tar visões do que veio antes e do que está por vir no fu-
nas os ataques que usam flechas, pedras ou similares. Ele turo. Um teste de Inteligência + Enigmas (dificuldade 7)
não é forte o suficiente para parar balas. é exigido para interpretar o significado e simbolismo da
pintura.
Broche Animal
Nível 2, Gnose 6
Esse cuidadosamente decorado broche anular de
Amuletos
bronze é forjado com padrões de animais interlaçados
que representam um tipo geral de animal, aves, insetos,
Índigo Furioso
etc. Quando ativado, o Broche Animal dá ao usuário os Gnose 6
Dons: Comunicação com Animais e Vida Animal, mas Esse amuleto é uma pasta grossa criada a partir de
apenas para o tipo de animal em seus adornos. glastum desperto, a planta índigo comum. A substância
Tipos comuns de animais incluem lobos, cavalos, cães azul brilhante é usada para criar ferozes símbolos na pele
domesticados, morcegos, abelhas, peixes, aves de rapina, ou pêlo do usuário. Os símbolos agem como uma forma
corvídeos, pássaros canoros, cobras, etc. Caso o tipo seja temporária de armadura, acrescentando um dado nos tes-
muito amplo ou muito estreito, fica a cargo do Narrador. tes de absorção do usuário para todas as formas de dano
pela duração da cena.
Espelho do Túmulo Para criar o Índigo Furioso, deve-se despertar as plan-
Nível 2, Gnose 5 tas índigos e, então, destilá-las em uma tinta índigo, mis-
turando o pigmento com gordura ou graxa para formar
Esse pequeno círculo de metal polido é decorado por
uma tintura grossa.
todo seu aro externo com figuras cadavéricas intrincada-
mente entremeadas. Ele é tradicionalmente usado pelos
Uivadores Brancos para averiguar o conteúdo dos túmu- Velas Fantasmas
los e cairns de pedra, ou para buscar passagens subterrâ- Gnose 6
neas que possam levar a fossos da Wyrm. Essas velas são gravadas com inscrições ogham de pro-
Quando ativado e pressionado contra uma superfí- teção. Enquanto a vela queimar, nenhum fantasma pode
cie sólida (o chão, uma porta, um muro, etc), o centro se aproximar a 20 pés da vela, e nenhum poder usado por
sólido do espelho torna-se opaco, revelando uma visão fantasmas pode afetar aqueles dentro desse mesmo raio.
clara da área além da superfície do espelho a uma pro- Cada Vela Fantasma queimará por um total de oito horas
fundidade de aproximadamente 10 pés. Materiais sólidos e, pode ser apagada e acesa quantas vezes necessárias.
aparecem fantasmagoricamente e semi-transparente, per- Para criar uma Vela Fantasma, um espírito do cão de
mitindo que o lobisomem veja uma passagem opaca além caça ou outro espírito de proteção deve ser ligado a uma
da rocha estratificada que ele está, por exemplo, ou para vela adornada.
determinar a grossura de uma muralha ou se alguém está
escondendo do outro lado. Da mesma forma, caso pres- Bolo de Aveia
sionado contra uma caixa, ele pode revelar um desenho Gnose 4
fantasmagórico de uma sacola dentro do container, assim
Esses simples bolos de aveia podem ser secos e sem
como a forma sombria de uma faca dentro da sacola. Áre-
gosto, mas permanecem comestíveis por anos sem se es-
as de escuridão vistas através do fetiche aparecem ilumi-
tragar. Um Garou que consuma um deles está renovado;
nadas o suficiente para permitir uma observação geral, o
o bolo apaga todos os efeitos de exaustão, fome e sede.
suficiente para perceber a roupa de um humano enterra-
Pelas próximas 24 horas, o Garou se sente descansado, hi-
do, mas não o suficiente para ler os detalhes em Ogham
dratado e saciado. Ao fim desse período, sua fome, sede e
inscritos em seu broche. cansaço começam novamente, mas todos os antigos efei-
Pincel da Profecia tos de privação somem. Ferimentos ou mazelas causadas
por outros motivos além da privação não são afetadas pelo
Nível 1, Gnose 5 Bolo de Aveia.
Esse fetiche é um pequeno pincel com cabo de ma- Para criar um Bolo de Aveia, um espírito do grão ou
deira, gravado com marcas ogham e símbolos arcanos. As de outras plantas comestíveis deve ser ligado a um bolo
cerdas quase sempre são retiradas de um animal albino, de aveia.
apesar de que alguns usam um tufo do cabelo ou da pela-
75 Uivadores Brancos
Totens
portar o peso de seus deveres como juízes e árbitros e,
para ambos, equilíbrio é vital. O Alce ensina seus segui-
dores a pensar cuidadosa e completamente antes de agir
Laços familiares são de suma importância para os Ui- ou fazer julgamentos
vadores Brancos, mas eles não são os únicos laços que Tempos Modernos: O cauteloso Alce foi enfraqueci-
unem a tribo. Até mesmo mais que as outras tribos, é do pela corrupção daqueles que ele abençoava. Agora, ele
incomum para um Uivador passar algum tempo significa- raramente é convencido a servir como um Totem para os
tivo sem estar ligado a uma matilha. Aqueles que o fazem Garou, temendo uma nova traição.
geralmente são encorajados insistentemente – seja através
de convites, repreensões de boa natureza ou até mesmo Características Individuais: Aqueles que seguem o
ameaças diretas – para acabar com seu status solitário e Alce recebem um ponto de Honra e recebem dois dados
“unir-se”. extras para qualquer teste de Investigação relacionado
com a descoberta da verdade.
Devido a isso, os totens de matilha de maneira geral
são de grande importância para a tribo. Mesmo os Ga- Características de Matilha: As matilhas que seguem
rou que estão em matilhas devotadas a outros patronos o Alce podem conjurar três pontos de Direito e três pon-
compreendem a importância de respeitar aqueles espíri- tos de Investigação por história. Além disso, aqueles do
tos que emprestam sua força e ajudam as matilhas dos augúrio Philodox encontram-se bem dispostos a elas.
Uivadores Brancos. Dogma: O Alce exige que seus seguidores nunca re-
A maioria das matilhas dos Uivadores segue espíritos cusem a ouvir os dois lados de qualquer discussão.
dentro da ninhada do Leão. Aqueles que não o fazem
geralmente buscam a bênção das ninhadas do Cervo ou Leão
do Fenris, já que os Fianna e os Fenrir são as tribos que Custo em Antecedentes: 5
compartilham relativa proximidade tanto física quanto Orgulhoso e forte, o Leão é o senhor de tudo que
em opiniões de sociedade com os Uivadores Brancos. observa. Ele é um rastreador experiente, um lutador po-
deroso e um nobre líder. Aqueles que ele protege podem
Ninhada do Leão estar tranquilos de sua segurança; enquanto o Leão cami-
nha, nenhum mal virá a eles. Já aqueles que invadem seu
Até os Uivadores Brancos dançarem a Espiral, a ni- território, usurpam seu manto ou atacam aqueles que ele
nhada do Leão era uma família poderosa de espíritos que chama de seu? Pobres deles, pois o Leão é tão impiedoso
serviam o Incarna e trabalhavam lealmente com as mati- quanto régio.
lhas de Garou que a seguia. Após a queda, eles foram dis- Alguns dos que ouvem sobre a bênção do Leao so-
persados, seus destinos jogados aos quatro ventos. Alguns bre os Uivadores Brancos ficam confusos, por associar
continuaram a seguir o muito enfraquecido Leão, even- o nome com o grande felino do continente africano. O
tualmente se unindo à ninhada do Grifo junto com seu patrono dos Uivadores, no entanto, possui apenas um
antigo Incarna. Outros tiveram o mesmo destino dos Ui- longíquo parentesco com o felino da savana. O Leão é a
vadores e caíram para a Wyrm, onde eles foram corrom- representação espiritual do Leão da Caverna, uma gigan-
pidos e presos ao serviço do Curiango. Alguns outros, tão tesca fera que caçava elefantes pré-históricos e ursos antes
enfraquecidos pela crise, não sobreviveram como Incar- de ser extinto milhares de anos atrás.
nae. Espíritos como o Kelpie podem ser encontrados nos
dias de hoje apenas como Gafflings, mera sombras de sua Enquanto muitos espíritos desapareceram ou se reti-
antiga glória, enquanto outros, como o Caern-Rattler, de- raram para a Pangéia após os animais naturais com quem
sapareceram completamente. eles estavam associados se extiguiram,o Leão deixou uma
impressão indelével nos Garou que se alinharam com ele.
Nos tempos modernos, aqueles que conseguem ga- Mesmo após os leões das cavernas terem desaparecido,
nhar a bênção de um Totem da antiga ninhada do Leão os Galliards ao redor das fogueiras dos Uivadores Bran-
pode muito bem se ver como suspeito por parte dos ou- cos e dos seus Parentes continuaram a contar histórias de
tros Garou, e é provável que seja mais difícil para eles re- seu poder, ferocidade e força. Essa dedicação manteve o
ceber Honra como Renome, mesmo que seu Totem não Leão, forte e poderoso, até o dia em que seus seguidores
seja um que tenha caído para a Wyrm. caíram para a Wyrm.
Totens de Respeito
Tempos Modernos: Quando a tribo abençoada por
ele caiu para a Wyrm, foi um imenso golpe no orgulho
insuperável do Leão. Se pudesse ser dito que um espírito
Alce entra em Harano, esse seria o estado do Leão quando o
Custo em Antecedentes: 5 Grifo o encontrou. Não querendo permitir a esse totem
que caísse em uma modorra suicida, o Grifo atormentou
O Alce foi feito para suportar o grande fardo de sua
o intratável Leão até que por fim o espírito-felino rugiu
coroa de galhadas, assim como os legisladores devem su-
em fúria e se levantou para atacar seu atormentador. Eles
Capítulo Quatro: Poderes 76
lutaram e, apesar de que o Grifo era muito mais forte do ceiro aceita apenas matilhas que são constantes sobrevi-
que o enfraquecido Leão, o totem dos Garras Vermelhas ventes, mas não tem interesse algum em covardes. Apenas
sabia do valor de uma luta provocadora para o espírito por se provar capazes de entrar em situações perigosas e
ferido. Ele permitiu que a luta se enfurecesse até que o sobreviver a elas uma matilha pode receber (e manter) o
lânguido espírito do Leão revivesse e se recuperasse, e sua favor do Pássaro Carniceiro.
forma foi enfraquecida pelo esforço, mas não mais em Apesar das versões naturais do Pássaro Carniceiro se-
risco de se dissipar devido ao desespero. rem considerados subespécies do Corvo ou Gralha, seu
Quando o Leão se recuperou, ele se uniu à ninhada aspecto sobrenatural não possui aliança alguma com o
do Grifo, onde ele agora orienta Garou predominante- Avô Trovão ou outros patronos do Corvo ou da Gralha.
mente Fianna e Garras Vermelhas. Como uma bênção Pássaros Carniceiros seguem o Leão, e apenas ele, pelo
por ter salvo o Leão, o Grifo impôs um novo dogma sobre menos enquanto isso servir seus interesses.
aqueles que viriam a seguir o Leão: eles devem destruir Tempos Modernos: Quando os Uivadores Brancos
aqueles que caçam animais selvagens por esporte. se tornaram os Dançarinos da Espiral Negra, esse prag-
Características Individuais: Aqueles que seguem o mático totem também mudou sua aliança. Ele agora age
Leão recebem um ponto temporário de Honra e 1 pon- como um totem predominantemente para aqueles que
to de Briga ou Armas Brancas (es- servem à Wyrm. Qualquer um que o siga após a queda
colhido ao receber a bênção do dos Uivadores subtrai dois pontos de qualquer re-
Leão). Anciões e aqueles parti- compensa temporária de Honra que
cularmente respeitosos às tradi- recebam e, provavelmente, serão
ções tendem a receber bem os seguidores suspeitos de portarem a má-
do Leão. cula da Wyrm.
Características de Característi-
Matilha: Matilhas cas Individuais:
que seguem o Leão Aqueles que
recebem três pon- seguem o
tos de Empatia com Ani-
mais, bem como dois pontos
de Força de Vontade por
história.
Dogma: Os seguido-
res do Leão devem proteger
os Parentes Uivadores Brancos,
humanos ou lobos, mesmo de
tribos humanas diferentes das
quais os seguidores per-
tencem.
Totens
de Guerra
Pássaro
Carniceiro
Custo em Antecedentes: 7
A morte é um processo de
seleção natural e aqueles que
morreram se provaram não serem
mais dignos de continuar a existir. Aos
olhos do Pássaro Carniceiro, eles
tornaram-se nada mais do que
um recurso para aqueles que
ainda vivem. O Pássaro Carni-
77 Uivadores Brancos
Pássaro Carniceiro subtraem um de todas as dificulda- um espírito ancestral, o Ruído do Túmulo personifica o
des dos testes de Sobrevivência e recebem um dado extra conhecimento de todos aqueles que já se foram, a sabedo-
para qualquer teste onde sua própria morte está em jogo, ria e experiência de incontáveis gerações.
incluindo – mas não se limitando a – combates. Cada Tempos Modernos: O Ruído do Túmulo desapare-
membro da matilha subtrai um de qualquer recompensa ceu após os Parentes dos Uivadores Brancos serem cor-
temporária de Honra. rompidos e adotados nas linhagens Fianna. Não é sabido
Características de Matilha: As matilhas do Pássaro se o totem foi destruído ou está simplesmente inacessível
Carniceiro recebem três pontos de qualquer teste rela- atualmente.
cionado a buscas, saprofagia, ou a utilização de materiais Características Individuais: Os seguidores do Ruído
descartados (ou cadáveres). E dois pontos de Força de do Túmulo recebem três pontos de Ancestrais. Isso repre-
Vontade por história. Os Corax vêem com bons olhos senta a conexão dada pelo totem a uma reserva de conhe-
essas matilhas. cimento cultural, e não uma conexão com um espírito
Dogma: Aqueles que seguem o Pássaro Carniceiro ancestral, mesmo membros de tribos que normalmente
não podem participar de rituais ou práticas funerárias não poderiam comprar o Antecedente Ancestrais podem
(formais ou informais) de qualquer tipo. usar esse poder.
Características de Matilha: Matilhas que seguem o
Dragão Verde Ruído do Túmulo recebem três pontos de Ocultismo e
Custo em Antecedentes: 7 três pontos de Enigmas.
Quando os Uivadores Brancos rugiam em batalha, Dogma: O Ruído do Túmulo exige que seus segui-
poucos podiam se manter diante de sua força e bravura. dores lidem com os mortos de maneira respeitosa, como
Aqueles que seguiam o Dragão Verde estavam entre os apropriado segundo sua cultura, seja através de enterros,
mais ferozes dos ferozes, recusando a considerar a derrota cremações, etc. Mesmo no campo de batalha, eles não
como uma opção. devem abandonar corpos ou deixá-los para os carnicei-
Tempos Modernos: A ferocidade e recusa de recu- ros. Além disso, criaturas da Wyrm devem ser purificadas
ar do Dragão Verde tiveram grande parte na decisão dos após a morte.
Uivadores em atacar o Labirinto, e em sua derrota. Com
grande hubris, vem grande potencial para a corrupção e, Cabra Montês
em tempos modernos, o Dragão Verde age como um dos Custo em Antecedentes: 4
totens mais fortes da ninhada do Curiango, agindo como Uma distante prima do Cervo, a Cabra Montês en-
patrono de algumas das matilhas mais ferozes dos Dança- contra uma forma de assegurar que os outros sobrevivam,
rinos da Espiral Negra. mesmo nos climas mais severos. Ela é a personificação da
Características Individuais: Três vezes por dia os se- providência feminina nas matas, um precursor indomá-
guidores do Dragão Verde podem cuspir fogo. O jogador vel das deusas do lar e da colheita.
gasta um ponto de Fúria e testa Destreza + Briga (dificul- Tempos Modernos: A Cabra Montês foi duramen-
dade 8) para atacar, com um alcance de seis metros. A te golpeada pela queda dos Uivadores Brancos, e seu lu-
cuspida causa dois níveis de dano agravado. gar foi amplamente ocupado pelo Cervo. Ela agora existe
Características de Matilha: Matilhas que seguem o como um membro da ninhada do Grifo.
Dragão Verde recebem três pontos de Força de Vonta- Características Individuais: Os seguidores da Cabra
de por história e são tidas em grande consideração pelos Montês recebem dois pontos temporários de Honra e
Ahrouns. dois pontos de Empatia.
Dogma: O Dragão Verde odeia covardia. Qualquer Características de Matilha: As matilhas que seguem
um de seus seguidores que correr de uma luta ou entrar a Cabra Montês recebem três pontos de Sobrevivência
em Frenesi Raposa por qualquer razão perde as Caracte- usáveis apenas em ambientes selvagens, e dois pontos de
rísticas Individuais recebidas de seu patrono por um dia Força de Vontade por história. Os Fianna são bem dis-
inteiro. postos com a matilha.
Dogma: A Cabra Montês exige que seus seguidores
Totens de Sabedoria nunca neguem comida àqueles que necessitam.
79 Uivadores Brancos
Apêndice Um:
Exemplos de
Personagens
81 Uivadores Brancos
Nome: Raça: Impura Nome da Matilha:
Jogador: Augúrio: Ragabash Totem da Matilha:
Crônica: Tribo: Uivadores Brancos Conceito: Espiã Nômade
Atributos
Físico Social Mental
Força Carisma Percepção
Destreza Manipulação Inteligência
Vigor Aparência Raciocínio
Habilidades
Talentos Perícias Conhecimentos
Prontidão Emp. C/ Animais Acadêmicos
Esportes Ofícios Cultura
Briga Etiqueta Enigmas
Empatia Crime Investigação
Expressão Armas Brancas Direito
Intimidação Performance Medicina
Liderança Arqueirismo Ocultismo
Instinto Primitivo Cavalgar Rituais
Manha Furtividade Ciência
Lábia Sobrevivência Tecnologia
Vantagens
Antecedentes Dons Rituais
Aliados Cheiro de Sangue
Contatos Abrir Selos
Parentes Persuasão
Atributos
Físico Social Mental
Força Carisma Percepção
Destreza Manipulação Inteligência
Vigor Aparência Raciocínio
Habilidades
Talentos Perícias Conhecimentos
Prontidão Emp. C/ Animais Acadêmicos
Esportes Ofícios Cultura
Briga Etiqueta Enigmas
Empatia Crime Investigação
Expressão Armas Brancas Direito
Intimidação Performance Medicina
Liderança Arqueirismo Ocultismo
Instinto Primitivo Cavalgar Rituais
Manha Furtividade Ciência
Lábia Sobrevivência Tecnologia
Vantagens
Antecedentes Dons Rituais
Herança Espiritual Sentidos Aguçados
(Espíritos Elementais) Sentir a Wyrm
Rituais Falar com Espíritos
85 Uivadores Brancos
Nome: Raça: Hominídeo Nome da Matilha:
Jogador: Augúrio: Philodox Totem da Matilha:
Crônica: Tribo: Uivadores Brancos Conceito: Filha do Alce
Atributos
Físico Social Mental
Força Carisma Percepção
Destreza Manipulação Inteligência
Vigor Aparência Raciocínio
Habilidades
Talentos Perícias Conhecimentos
Prontidão Emp. C/ Animais Acadêmicos
Esportes Ofícios Cultura
Briga Etiqueta Enigmas
Empatia Crime Investigação
Expressão Armas Brancas Direito
Intimidação Performance Medicina
Liderança Arqueirismo Ocultismo
Instinto Primitivo Cavalgar Rituais
Manha Furtividade Ciência
Lábia Sobrevivência Tecnologia
Vantagens
Antecedentes Dons Rituais
Totem (Alce) Persuasão
Sentir a Wyrm
Verdade de Gaia
87 Uivadores Brancos
Nome: Raça: Hominídeo Nome da Matilha:
Jogador: Augúrio: Galliard Totem da Matilha:
Crônica: Tribo: Uivadores Brancos Conceito: Explorador
Atributos
Físico Social Mental
Força Carisma Percepção
Destreza Manipulação Inteligência
Vigor Aparência Raciocínio
Habilidades
Talentos Perícias Conhecimentos
Prontidão Emp. C/ Animais Acadêmicos
Esportes Ofícios Cultura
Briga Etiqueta Enigmas
Empatia Crime Investigação
Expressão Armas Brancas Direito
Intimidação Performance Medicina
Liderança Arqueirismo Ocultismo
Instinto Primitivo Cavalgar Rituais
Manha Furtividade Ciência
Lábia Sobrevivência Tecnologia
Vantagens
Antecedentes Dons Rituais
Ancestrais Comunicação com Animais
Raça Pura Uivo Assombroso
Simular Odor de Homem
Atributos
Físico Social Mental
Força Carisma Percepção
Destreza Manipulação Inteligência
Vigor Aparência Raciocínio
Habilidades
Talentos Perícias Conhecimentos
Prontidão Emp. C/ Animais Acadêmicos
Esportes Ofícios Cultura
Briga Etiqueta Enigmas
Empatia Crime Investigação
Expressão Armas Brancas Direito
Intimidação Performance Medicina
Liderança Arqueirismo Ocultismo
Instinto Primitivo Cavalgar Rituais
Manha Furtividade Ciência
Lábia Sobrevivência Tecnologia
Vantagens
Antecedentes Dons Rituais
Aliados Força Desesperada
Fetiche Garras Afiadas
Parentes Simular Odor de Homem
Hathawulf Quebra-
matilha em direção ao mesmo propósito que ele tinha se
dedicado desde sua Primeira Mudança: erradicar os inva-
sores romanos.
Morag “Memória da
Posto: 4
Físicos: Força 2 (4/6/5/3), Destreza 3 (3/4/5/5),
Vigor 3 (5/6/6/5)
Pedra”
Sociais: Carisma 3, Manipulação 4 (2/1/1/1), Apa-
rência 2 (1/0/2/2)
Mentais: Percepção 4, Inteligência 5, Raciocínio 3
É meu dever – e minha maldição – lembrar de tudo. Talentos: Prontidão, Esportes 1, Briga 1, Empatia 3,
Prelúdio: Você não se lembra nada de seu passado, Expressão 4, Intimidação 2, Liderança 3, Instinto Pri-
mas todo o resto não pode ser esquecido. Sua vida antes mitivo 2, Lábia 2
Perícias: Empatia com Animal 2, Ofícios 1, Etiqueta
de sua Primeira Mudança é um grande branco. Você é 3, Armas Brancas 1, Performance 4, Furtividade 2,
impura e, por tanto, teve que passar os primeiros anos Sobrevivência 1
de sua vida em Crinos, mas nenhuma seita admitirá ter Conhecimentos: Acadêmicos 1, Enigmas 2, Investi-
criado você. Você acordou após sua Primeira Mudança, gação 3, Medicina 1, Ocultismo 2, Rituais 3
milhas de distância do acampamento mais próximo e cer- Antecedentes: Ancestrais 2, Rituais 3, Totem (Pesso-
cado por corpos humanos que foram rasgados tão brutal- al – Leão) 5
Fúria: 8; Gnose: 8; Força de Vontade: 9
mente que não podiam ser identificados. Um Campeador Glória: 7; Honra: 2; Sabedoria: 6
de Parentes buscou os Garou mais próximos, mas o espí- Dons: (1) Chamado da Wyld, Uivo Assombroso, Sen-
rito de vontade fraca foi incapaz de dar àqueles que ele tidos Aguçados, Memória Perfeita, Sentir a Wyrm,
trouxe qualquer informação sobre sua infância. Ninguém Marcas Luminosas; (2) Maldição do Ódio, Uivo de
nas fazendas ou vila ao redor parecia saber qualquer coisa Banshee, Uivos na Noite; (3) Comunicação Mental,
sobre você, mesmo aqueles Parentes cientes da existência Canção dos Heróis, Canção da Sereia; (4) Teatro
de Sombras, Visões da Matança
dos Garou. Todo Ritual da Herança executado em você Rituais: (Pequenos) Presságio, Saudação ao Sol; (Ní-
falhou. vel Um) Cerimônia pelos Falecidos, Última Bênção,
Desde sua Primeira Mudança, você provou ser uma Ritual da Fogueira; (Nível Dois) Ritual de Conquis-
dedicada membro da Tribo, calma em seu temperamento ta; (Nível Três) Descida ao Mundo Inferior, Ritual do
Lobo do Inverno
e até em seu porte. Tentativas de te encorajar a lembrar
93 Uivadores Brancos
Nome: Raça: Nome da Matilha:
Jogador: Augúrio: Totem da Matilha:
Crônica: Tribo: Conceito:
Atributos
Físico Social Mental
Força Carisma Percepção
Destreza Manipulação Inteligência
Vigor Aparência Raciocínio
Habilidades
Talentos Perícias Conhecimentos
Prontidão Emp. C/ Animais Acadêmicos
Esportes Ofícios Cultura
Briga Etiqueta Enigmas
Empatia Crime Investigação
Expressão Armas Brancas Direito
Intimidação Performance Medicina
Liderança Arqueirismo Ocultismo
Instinto Primitivo Cavalgar Rituais
Manha Furtividade Ciência
Lábia Sobrevivência Tecnologia
Vantagens
Antecedentes Dons Rituais
Combate
Arma/Manobra Teste Dif. Dano Alcance Cad. Pente Tabela de Briga
Manobra Teste Dif Dano
Mordida Des + Briga 5 Força + 1/A
Encontro Des + Briga 7 Especial/C
Garra Des + Briga 6 Força + 2/A
Agarrar Des + Briga 6 Força/C
Chute Des + Briga 7 Força + 1/C
Soco Des + Briga 6 Força/C
A = Dano Agravado C = Dano de Contusão
Armadura:
Natureza: Comportamento:
Qualidades & Defeitos
Qualidade Tipo Custo Defeito Tipo Bônus
Antecedentes Detalhados
Aliados Mentor
Contatos Totem
Parentes Recursos
Outros ( ) Outros ( )
Posses Seita
Equipamento(Carregado): Nome:
Localização do Caern:
Tipo: Nível:
Totem:
Líder:
Detalhes:
Equipamento(Possuído):
Experiência
História
Descrição
Idade:
Cabelo:
Olhos:
Raça:
Nacionalidade:
Sexo:
Altura Peso
Cicatrizes de Batalha:
Hominídeo:
Glabro:
Crinos:
Hispo: Deformidade do Impuro:
Lupino:
Visual
Relações da Matilha Esboço do Personagem
Uivos do Poço
Foram muitos dias. Nosso último trabalho data de Os números do Nação Garou continuam a crescer,
2012. E então tudo pareceu que acabaria. Foi a época de e ampliaremos ainda mais. Iniciamos um novo projeto
transição em massa do Orkut para o Facebook. Perde- para o NG. Em nossa página, disponibilizamos a cada 15
mos muitos dos contatos com o antigo pessoal da comu- dias um novo episódio do GarouCast – um podcast que
nidade, fizemos novos contatos nos novos grupos. Mas tem como alvo Lobisomem o Apocalipse. Discussões e
no geral, tudo ficou estagnado. O cenário também já não opiniões de mesa de bar estarão ali, sempre com o viés no
se apresentava mais como antigamente. Uma nova onda jogo, falando de seu mundo e cenário. A equipe do Ga-
de RPG tomou conta dos jogadores brasileiros. E então, rouCast se amplia cada vez mais, e geraremos conteúdo
nessa nova onda surgiu uma palavra que levaria adiante para as mesas brasileiras. Junto com nossos fãs.
nosso jogo favorito: Kickstarter. As traduções continuarão a acontecer, com a veloci-
Através de um financiamento coletivo, Lobisomem o dade mais rápida possível. Sempre precisamos de ajuda,
Apocalipse ganharia sua edição de 20 anos. E junto do li- seja com uma tradução, com diagramação ou com revisão.
vro básico, vários suplementos foram anunciados. E logo, Além daquele apoio moral que vocês estão acostumados
nossos fãs chegaram com vontade, perguntando quando a nos dar. Não nos dedicaremos única e exclusivamente
faríamos essa nova coleção. Foi uma guerra para ter um li- aos livros da edição de 20 anos. Se essa é uma volta, te-
vro feito. Diagramação, revisão, tradução, tudo isso toma remos também material antigo, livros que ainda não fize-
tempo e trabalho. Estamos mais velhos também – ou ape- mos. Nosso projeto continua.
nas com mais XP – e isso faz com que tenhamos mais res- Junte a nós o seu uivo! Venha fazer parte do Nação
ponsabilidades. Mas nos juntamos e prosperamos. Garou!
Uivos do Poço 98
Chokos Velocidade-do-Trovão RGT
Ragabash Senhor das Sombras Ancião Iluminado Wingus Testocruciblo um Nocker entediado que foi
Já faz algum tempo que não escrevo Palavras Finais achado por um bando de lobinho
em um livro. Tempo demais. As viagens na Umbra nos Porra... mas nem me deixam dormir nessa budega...
levaram para perto demais do Abismo, mas não caímos. Como assim 6 anos? Você tá me dizendo que eu puxei
Ao observar o Abismo, vimos o oblívio, o esquecimento. um ronco de 6 anos? Caramba... e eu tinha um encontro
Tudo aquilo que ficou para trás estava sendo arrancado com uma boggan supimpa. Tá certo que elas são meio
de nós. Mas não permitiríamos isso. A Nação é forte. Os baixinhas, mas um pouco de dor nas costas no dia seguin-
Garou são fortes. te é aceitável, rá!
Em uma resolução de nossos guerreiros, erguemos Ah, pera... você me acorda depois de 6 anos para eu
nossos olhos e contemplamos o futuro. Seguimos então forjar mais um desses livrinhos tontos ai de vocês lobi-
em sua direção. Agora, atacando em duas frentes. Com nhos? Vocês se acham muito só porque são os protegidos
força, como uma matilha. Me parece um futuro que eu daquela vadia da Gaia, né não?
gostaria de ver. Vamos nos dedicar a isso. Ou! Fica assim não! Foi brincadeira, caralho! Você não
Livros e podcast. Essas são – hoje – nossas ferramen- sabe brincar? Pra que essa faca gigante ai! Para! PARA!!!!
tas. Muitos planos são moldados em nossas mentes a (resmungos incompreensíveis saindo de uma gargan-
cada dia. Não sabemos quantos deles verão a luz do dia, ta cheia de sangue e vômito)
quantos serão realizados e muito menos quantos darão
certo. Mas tenham em mente que estamos produzindo,
estamos empenhados. Quando o Apocalipse chegar, esta-
remos aqui lutando.
Um grande uivo de despedida para todos vocês. Nos
encontramos em nosso caern!
99 Uivadores Brancos
Todos conhecem a história dos Uivadores Brancos. Garou tão orgulhosos que se jogaram no estômago da Wyrm,
esperando matá-la por dentro. Eles não a mataram e ela não os matou. Porém, os Uivadores Brancos seriam lembrados
pelo seu passado e também pelo que se tornaram.
Os Uivadores Brancos sofreram com o Grande Inverno, com a reconstrução e invasões, com uma paz inquieta e uma
guerra horrível. Eles lutaram por seus Parentes e por suas terras. Eles eram orgulhosos, mas todos os Garou o são. Deles
é uma história que muitos Garou não conhecem. Aproxime-se e me deixa contá-la.
Livro de Tribo:
Uivadores Brancos inclui:
• A história dos Uivadores Brancos, dos
tempos antigos até seu grande sacrifício.
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