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FELIPE CASAROLI
LETÍCIA GARRETO
THIAGO BARROS
São Luís – MA
2017
FELIPE CASAROLI
LETÍCIA GARRETO
THIAGO BARROS
SÃO LUÍS – MA
2017
RESUMO
Among all energy sources presented nowadays petroleum has been the main one. In view of
the economical and environmental implications of this energy source, the development of
alternative energy sources has been an important point to research throughout the world. In this
context, the evolution of biofuels presents promising prospects. Biofuels are produced from
biomass, as vegetal or animal products, so they are less harmfull to nature. Brazil is in the
second position in the biodiesel production world rank, presenting between 2014 and 2015 an
increasing of 15%, producing around 4 billion liters of biodiesel. The project idea was planning,
developing and economical evaluating of a biodiesel plant located in Maranhão. In this way,
babaçu was chosen as feedstock, and the machinery choice was made based on the sequence of
biodiesel production. The feedstock amount, reaction efficiency, dimensioning parameters, as
well as the mass and energy balance were done aiming a production around 370 m³/day of
biodiesel and the economic evaluation of the project was developed according to theory
presented in class, resulting in a payback time in 7 years. Considering a bank interest rate of
15%, the price of the unit value obtained was R$ 15,31/kg.
1. Introdução .......................................................................................................................... 1
2. Revisão bibliográfica ......................................................................................................... 3
2.1. Mercado e custos de produção de um processo ........................................................... 3
2.2. Produto: Biodiesel........................................................................................................ 4
2.3. Mercado e capacidade de produção de uma indústria de biodiesel ............................. 5
2.4. Processamento do biodiesel no brasil ao longo dos anos ............................................ 7
3. Definição do mercado de biodiesel ................................................................................... 9
4. Capacidade de produção – Processo de produção de biodiesel .................................. 11
5. Localização do processo industrial ................................................................................ 12
6. Processo de produção de biodiesel ................................................................................. 14
6.1. Processo de preparação da matéria-prima ................................................................. 14
6.2. Produção de biodiesel ................................................................................................ 15
6.3. Fluxograma ................................................................................................................ 15
7. Memorial de cálculo (balanços de massa e energia)..................................................... 17
7.1. Balanço de massa ....................................................................................................... 17
7.1.1. Balanço global .................................................................................................... 17
7.1.2. Balanço de massa no tanque de mistura ............................................................. 18
7.1.3. Balanço de massa no decantador ........................................................................ 19
7.1.4. Balanço de massa no evaporador........................................................................ 19
7.1.5. Balanço de massa no tanque de lavagem ........................................................... 19
7.1.6. Balanço de massa na torre de destilação ............................................................ 19
7.2. Balanços de energia ................................................................................................... 19
7.2.1. Condensador de metanol .................................................................................... 19
7.2.2. Evaporador de água ............................................................................................ 20
7.2.3. Troca de calor entre a camisa de resfriamento e o reator ................................... 20
7.3. Dimensionamento de equipamentos .......................................................................... 21
7.3.1. Dimensionamento do tanque de decantação ....................................................... 21
7.3.2. Dimensionamento do tanque de mistura ............................................................ 22
7.3.3. Dimensionamento do impelidor considerado do tanque de mistura: ................. 23
7.3.4. Dimensionamento do reator CSTR..................................................................... 23
7.3.5. Dimensionamento do tanque de lavagem ........................................................... 25
7.3.6. Dimensionamento do Evaporador ...................................................................... 26
7.3.7. Dimensionamento do Condensador de Metanol ................................................. 26
7.3.8. Dimensionamento da coluna de destilação ......................................................... 27
8. Avaliação financeira do projeto ..................................................................................... 30
8.1. Cálculo do custo dos equipamentos ........................................................................... 30
8.1.1. Custo dos tanques de mistura, tanque de lavagem, decantador, reatores e coluna
de destilação ...................................................................................................................... 30
8.1.2. Custo do evaporador e condensador ................................................................... 31
8.2. Investimento fixo ....................................................................................................... 32
8.3. Investimento de giro .................................................................................................. 32
8.4. Custos variáveis totais ............................................................................................... 33
8.4.1. Custos de mão de obra ........................................................................................ 33
8.4.2. Custo de matéria prima ....................................................................................... 33
8.5. Custos fixos totais ...................................................................................................... 34
8.6. Preço do valor unitário ............................................................................................... 34
8.7. Lucros ........................................................................................................................ 35
8.7.1. Lucro bruto ......................................................................................................... 35
8.7.2. Lucro total .......................................................................................................... 35
8.8. Lucro líquido.............................................................................................................. 35
8.9. Payback ...................................................................................................................... 36
9. Impactos socioambientais do projeto............................................................................. 38
9.1. Impactos ambientais .................................................................................................. 38
9.2. Impactos sociais ......................................................................................................... 39
10. Conclusão ..................................................................................................................... 41
Referências .............................................................................................................................. 42
ANEXO I: Tabela – Unidades produtoras de biodiesel e respectivas capacidades de produção
.................................................................................................................................................. 48
ANEXO II: LEILÃO PÚBLICO nº.05/2015-ANP .................................................................. 50
1. Introdução
Tendo em vista o aumento do consumo dos derivados de petróleo, a provável redução das
suas reservas e a degradação do meio ambiente gerada pelo consumo excessivo do petróleo e
de seus derivados, existe uma preocupação crescente com o desenvolvimento de matrizes
energéticas que possam substituí-lo, levando assim a maneiras mais sustentáveis e menos
agressivas de mover a máquina da civilização.
Neste contexto surgem os combustíveis provenientes de óleos vegetais, dentre ele o
biodiesel. Segundo Knothe et al (2006) biodiesel é produto derivado de muitas matérias-primas
distintas, entre elas, óleos vegetais, gorduras animais, óleos usados em frituras e matérias graxas
de alta acidez. Fatores como a geografia, o clima e a economia determinam quais matérias-
primas apresentam maior interesse e melhor potencial para emprego como biodiesel. Nos
Estados Unidos o óleo de soja é a principal matéria-prima, na Europa é o óleo de colza (canola)
e o óleo de palma é muito utilizado em países tropicais.
A história dos óleos de origem vegetal não é nova, segundo Mattei (apud Rathmann et al.
2005), em 1937 foi concedida a primeira patente relativa aos combustíveis oriundos de óleos
vegetais ao pesquisador G. Chavanne, em Bruxelas, e já em 1938 foi realizado o primeiro
registro de uso de combustíveis de óleos vegetais em um ônibus, para Brasil o biodiesel foi
introduzido na matriz energética brasileira em dezembro de 2004 com a criação do Programa
Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, onde o governo federal através da Lei n. 11.097,
autorizou a adição de 2% de biodiesel (B2) ao diesel mineral, tornando tal mistura obrigatória
a partir de janeiro de 2008 (BRASIL, 2005), percentual que foi ampliado pelo Conselho
Nacional de Política Energética [CNPE] para 5% (B5) em janeiro de 2010 e em 2014, através
da Lei n. 13.033, ficou instituído o B6 a partir de julho, B7 a partir de novembro, deixando
perspectivas de 10% (B10) para o ano de 2019.
De acordo com Moura (aput Cremonez et al. 2014), a produção e consumo de biodiesel
no Brasil possuem perspectivas de crescimento elevadas, principalmente pela crescente
demanda de combustíveis, expansão da frota veicular brasileira e a expectativa de aumentar
cada vez mais a adição de biodiesel ao diesel convencional. O PNPB tem por objetivo utilizar
a produção de biodiesel como uma ferramenta de inclusão social de pequenos produtores,
condicionando o fornecimento de matéria-prima de acordo com o perfil desses produtores
(Tavora, 2010). Segundo o relatório final do Balanço Energético Nacional (BEN) de 2015, o
montante de biodiesel produzido no Brasil atingiu 3.419.838 m³ no ano de 2014, o que
1
representa um aumento de mais de 17% se comparado ao ano anterior, apontando assim para
um panorama promissor para o biodiesel no país.
Sendo o Brasil um dos maiores produtores de grão do mundo e possuindo uma indústria
de agronegócio forte e em desenvolvimento, a produção de biodiesel se apresenta como uma
alternativa lucrativa e em ascensão em nosso mercado. Apresentando-se como uma fonte
energética renovável, de baixo impacto ambiental e que auxilia o país não somente a diminuir
a importação de petróleo, mas também no desenvolvimento estratégico de determinadas regiões
do país, promovendo inclusão social.
O Maranhão por sua vez é produtor de 80% do babaçu do país, e também região de
expansão de fronteiras agrícolas, assim, se insere neste contexto como região promissora a
instalação de uma usina de produção de biodiesel, pela disponibilidade de matéria-prima,
presença de terras agricultáveis a preços mais acessíveis em relação às demais localidades do
país, além de ser um estado que muito será beneficiado com a inclusão social e geração de
empregos trazida pelo projeto.
Tendo em vista as perspectivas do mercado para o biodiesel a nível nacional o presente
projeto tem como proposta a criação de uma usina de produção de biodiesel no estado no
Maranhão. A escolha do projeto de uma usina de biodiesel foi motivada pela crescente aceitação
deste produto no mercado, que de acordo com a Lei nº 13.033, de 24 de setembro de 2014,
passa a ter sua adição no diesel consumido no país regulamentada, atingindo em um senário
otimista até 15% de sua composição ao final de 2017, garantindo assim uma constante demanda
no mercado.
A cidade de Bacabal foi escolhida como sede e o babaçu foi designado como a matéria
prima para produção. Para o desenvolvimento do projeto realizou-se o planejamento da linha
de produção, determinaram-se os componentes viáveis para produção em larga escala do
processo (catalisadores e reagentes), os balanços de massa e energia foram realizados com base
nas teorias da termodinâmica, fenômenos de transporte e operações unitárias, que fundamentam
a base teórica da ciência e tecnologia da engenharia química. Por fim, realizou-se avaliação
econômica do projeto para determinação da viabilidade do projeto, obtendo-se um tempo de
retorno de 7 anos.
2
2. Revisão bibliográfica
O mercado pode ser definido como toda instituição social na qual bens serviços e fatores
de produção são trocados livremente. Na economia de mercado, os consumidores tentam
maximizar seu bem-estar e os produtores tentam maximizar seu lucro.
Existem basicamente quatro estruturas de mercado: Concorrência perfeita, monopólio,
oligopólio e concorrência monopolística.
No modelo de concorrência perfeita, considera-se que há um número grande de empresas
e igual número de compradores que agem de forma independente, de tal forma que não há
diferenciação em produtos concorrentes. Como consequência, o preço prevalece como único
fator na competição pelos clientes.
No monopólio, existe apenas uma empresa no mercado, dominante da oferta do setor e
há barreiras à entrada de outras empresas. No oligopólio, poucos vendedores suprem a demanda
do mercado e o controle sobre o preço do produto é grande.
No caso da concorrência monopolística, há muitas empresas concorrendo pelos mesmos
consumidores e o controle de preço depende da diferenciação dos produtos concorrentes.
Nos processos de produção alguns fatores são empregados de forma a serem
racionalmente utilizados para maximizar a produção e atender as necessidades dos indivíduos.
Podem ser citados como fatores de produção: recursos naturais, tecnologia, pessoas e capital.
A partir das relações entre os fatores de produção, produtores e consumidores são
estabelecidas as seguintes regras, sujeitas a condição Ceteris Paribus (mantém-se inalterados
“n” fatores a fim de analisar um em particular).
3
Em função da variação de preços, pode ser definida uma grandeza conhecida como
elasticidade, que demonstra o efeito da demanda por produtos em função do aumento ou queda
de preços. Alguns fatores que podem influir na elasticidade são: preço, bens substitutos,
necessidade, renda e satisfação do consumidor.
Em uma situação ideal, as quantidades ofertadas pelos produtores e demandadas pelos
consumidores são iguais, adequando as necessidades e desejos de ambos. Denomina-se esta
situação de equilíbrio de mercado, onde o preço do produto é o fator preponderante que controla
o ponto de equilíbrio.
A exploração dos fatores de produção com o intuito de maximizar os lucros de uma
empresa incide em uma série de custos. Ao combinar fatores de produção, as empresas geram
despesa para si de modo que para alcançar o equilíbrio nos gastos é necessária a definição de
um ponto ótimo para o custo total de produção de um determinado produto a partir de uma
capacidade de produção desejada.
Os custos podem ser definidos como:
Custos fixos: independem do nível de produção e representam as despesas com
fatores fixos: aluguéis, depreciação, salários. Dependem essencialmente do
mercado local, tamanho e composição do parque industrial, etc.
Custos variáveis: dependem do nível de tecnologia que se emprega, da
localização, das matérias-primas e outros insumos. Representam gastos que
dependem do volume da produção.
Custos totais: determinados pela soma entre os custos variáveis e os custos fixos.
O custo total da produção é dado pelo total das despesas com a combinação mais
econômica dos fatores de produção.
O biodiesel iniciou sua trajetória do mercado por volta do ano de 1900, onde o
pesquisador alemão Rudolf Diesel testou óleos vegetais para mover motores de carros.
Segundo Mattei (apud Rathmann et al. 2005), após os ensaios de Diesel, em 1937 foi
concedida a primeira patente relativa aos combustíveis oriundos de óleos vegetais ao
pesquisador G. Chavanne, em Bruxelas, e já em 1938 foi realizado o primeiro registro de uso
de combustíveis de óleos vegetais em um ônibus. Há diversos outros registros ainda durante o
período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em que carros de guerra eram abastecidos
com combustível de origem vegetal. Todavia, a expansão efetiva da produção de biodiesel
ocorre somente após as crises internacionais do petróleo na década de 70, momento onde vários
países buscam novas alternativas energéticas.
Atualmente o bloco econômico com o maior parque industrial e tecnológico desse
combustível verde é justamente a União Europeia, onde se encontram alguns dos maiores
programas de biodiesel do mundo, onde a adição de 5,75% de biodiesel será obrigatória a partir
do ano que vem. Isto significa uma demanda de mais de 50 milhões de litros de biodiesel por
dia. A Alemanha é quem mais se destaca, maior produtor mundial de biodiesel, com 3,1 bilhões
de litros em 2008.
O Brasil está em segundo lugar no ranking mundial de produção de biodiesel. De 2014 a
2015, houve um aumento de 15% na produção nacional de biocombustível, em um total de
quase 4 bilhões de litros de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), porém esta história da formação do mercado do biodiesel no Brasil
remete a 1980 com a criação do Programa Nacional de Óleos Vegetais para Fins Energéticos –
Pro-óleo, cujo objetivo era promover a substituição de até 30% do óleo diesel mineral, este após
um curto período de existência foi abandonado em 1986. Somente em 2004, quando foi lançado
o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) é que a produção e consumo de
biodiesel começa a se alavancar.
Mesmo após sancionada a Lei 11.097 de 2005 que permitia a mistura de 2% de biodiesel
no diesel, com prazo três anos para a mistura se tornar obrigatória, as plantas instaladas em
5
condições de produzir biodiesel não encontravam interessados em comprar a produção e
cogitava-se chegar em 2008 sem capacidade instalada suficiente para atender o mercado
obrigatório de 2% de mistura. Assim o governo decidiu instituir leilões de compra de biodiesel,
garantindo a instalação de uma capacidade mínima de produção para atender à demanda
obrigatória de biodiesel. Considera-se que o mercado de biodiesel no Brasil se iniciou
realmente, em 2006, com as compras do biodiesel via leilão da Agência Nacional de Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). (Prates at al. 2007)
Atualmente a partir de 2017, conforme a Lei nº 13.623/2016 a adição de biodiesel no
diesel é de 8%, com perspectiva de aumento para 10% até março de 2019.
A Tabela 1 fornece o cronograma da evolução do percentual de biodiesel adicionado ao
diesel no Brasil.
MÊS/ANO PERCENTUAL
2003 Facultativo
Jan/2008 2%
Jul/2008 3%
Jul/2009 4%
Jan/2010 5%
Ago/2014 6%
Nov/2014 7%
Mar/2017 8%
Mar/2018 9%
Mar/2019 10%
Disponível em: http://www.anp.gov.br/wwwanp/biocombustiveis/biodiesel
As crescentes adições impostas pela legislação, a criação dos leilões, somados com os
crescentes esforços, a nível mundial, para substituição das matrizes energéticas atuais por fontes
mais limpas e menos poluentes, tem aberto o mercado para produção de biodiesel no Brasil. O
principal mercado atual para os produtores de biodiesel é a participação nos leilões promovidos
pela ANP, estes visam promover a igualdade de acesso aos produtores de biodiesel no mercado,
bem como assegurar uma qualidade do produto, uma vez que a ANP exige padrões para que as
empresas participem dos leilões.
6
O mercado do biodiesel tem crescido de forma tão relevante que tem chamado a
atenção de grandes multinacionais, que uma vez instaladas dominam o mercado e tornam cada
vez mais difícil a situação das pequenas usinas. Em uma matéria publicada pelo site Biodieselbr,
intitulada “A sombra de gigantes”, a realidade sobre os desafios enfrentados pelas pequenas
plantas de biodiesel mediante da inserção de gigantes mundiais como Cargil, Bunge, ADM e
Noble e seus investimentos milionários é apresentada como sufocante para as usinas menores,
apresentando escalas de produções esmagadoras, podem entrar nos leilões de biodiesel com
preços que nenhuma empresa de menor porte teria coragem de oferecer. Também é afirmado
por Rodrigo Rodrigues, chefe da Comissão Executiva Interministerial do Biodiesel sobre se ter
um mercado regulador mais livre, sem a criação de cotas para nenhum nicho de mercado,
indicando que não há sinais de que o governo pretenda evitar o domínio do mercado pelas
empresas de grande porte.
Assim, visando uma concorrência que possa justificar um investimento rentável e
considerando-se que 26 das 51 plantas cadastradas pela ANP no país, ou seja, 52% do total,
apresentam uma produção de biodiesel considerada grande, com produções acima de 360
m³/dia, determinou-se que a LTF Biodiesel Maranhão irá iniciar suas atividades com instalações
apresentando capacidade de produção acima de 360 m³/dia.
8
Tabela 2 - Matérias-primas utilizadas para a produção de biodiesel
9
o mesmo produto num regime de leilão faz com que esse mercado seja competitivo, impedindo
que algum produtor consiga parcela significativa do mercado.
A demanda de biodiesel brasileira é estimada com base na projeção de demanda de diesel
do país, que é função do nível de atividade e crescimento do Produto Interno Bruto – PIB e de
outros fatores. Estima-se que, em média, a demanda de diesel e biodiesel, aumente cerca de
3,6% ao ano a partir de 2011.
As exportações brasileiras de biodiesel ainda são marginais, pois há imposições dos
grandes mercados estrangeiros (União Europeia) sobre as especificações técnicas, às quais o
biodiesel nacional produzido com base em óleo de soja não se enquadra. Por causa disso,
considera-se que a inserção do biodiesel brasileiro nesses mercados poderia acontecer apenas
no longo prazo, apesar de haver demanda por biodiesel no mercado externo. Portanto, a
possibilidade de exportação do biodiesel está descartada.
A utilização do biodiesel pode ser dividida em dois mercados distintos, mercado
automotivo e usos em estações estacionárias, que caracterizam as instalações de geração de
energia elétrica. O outro grupo seria o consumo a varejo, com a venda do biodiesel em postos
de revenda tradicionais e leilões organizados pela Agência Nacional de Petróleo - ANP.
A ANP estipula a quantidade a ser comprada pelos produtores de diesel mineral, o preço
máximo do biodiesel a ser vendido e o prazo de entrega, hoje fixado em três meses.
Os leilões promovidos pela ANP são importantes para assegurar a igualdade de acesso
aos produtores de biodiesel neste mercado, reduzindo os riscos não somente na etapa industrial,
mas também na etapa agrícola.
Podemos apontar como benefícios apresentados pelos leilões:
O modelo de comercialização do biodiesel adotado pela ANP leva usinas recém inseridas
no mercado a aderirem os leilões como forma viável de comercialização.
10
4. Capacidade de produção – Processo de produção de biodiesel
Segundo o boletim mensal do Biodiesel publicado pela ANP em janeiro de 2017,
atualmente existem 51 usinas de produção de biodiesel cadastradas pela ANP no Brasil, sendo
que mais 3 já possuem a autorização necessária para começarem a ser construídas. Estas plantas
asseguram ao Brasil uma produção de aproximadamente 20.930,81 m³/dia, com potencial de
expansão para mais 2.947 m³/dia até o final do ano.
A produtividade diária de uma planta pode apresentar grandes variações, que vão de 6
m³/dia, na planta da BIG FRANGO no estado do Paraná, até 1352 m³/dia produzidos na ADM
em Rondonópolis em Mato Grosso, conforme apresentado no Anexo I.
Uma vez analisados os dados da produção de biodiesel em m³/dia apresentada por cada
planta, a Figura 1 foi criada. Este expressa a porcentagem de empresas que produzem abaixo
de 200 m³/dia, de 200 a 360 m³/dia e acima de 360 m³/dia, bem como, o número de companhias
que se encontram nesta faixa de produção.
Podemos verificar que embora a produtividade possua uma ampla faixa numérica, as
companhias predominantes no mercado, correspondentes a 52 % do total, apresentam
produtividade acima de 360 m³/dia.
Utilizando como exemplo o LEILÃO PÚBLICO N.º 005/2015-ANP, cuja descrição
encontra-se no Anexo II, e tendo como base as empresas com produção acima de 360 m³/dia,
somou-se a participação das maiores produtoras e se comparou com o valor apresentado por
todas as demais. A Figura 2 apresenta os resultados. Nela podemos avaliar que as empresas na
11
faixa de produção acima de 360 m³/dia são maioria e seu lote de venda corresponde a 77% do
valor total do leilão, enquanto todas as demais representam apenas 23%.
Assim para que uma justa competitividade seja obtida, optou-se por instalações com
capacidade de produção acima de 360 m³/dia. Como fatores econômicos também devem ser
considerados, a planta terá uma capacidade de produção entre 370 a 400 m³/dia de Biodiesel.
12
deve permanecer dominante, devido a baixa produtividade do óleo por área plantada em relação
a outras fontes. A Tabela 3 apresenta os dados de produtividade e teor de óleo destes frutos.
13
Figura 3 - Região dos cocais
O clima dessa região varia de acordo com o local, sendo equatorial úmido a oeste e
semiárido a leste, com temperatura média anual de aproximadamente 26 °C, marcado, em sua
maioria, por inverno seco e verão chuvoso.
Nesta região, a cidade de Bacabal atua como uma espécie de centro econômico regional.
Devido estar localizada no centro do estado, exerce influência em relação às cidades vizinhas,
sendo um grande centro de distribuição e logística. Localiza-se também a 240 km da capital,
São Luís, facilitando o escoamento de produtos para os grandes fornecedores. A população da
cidade consta de aproximadamente 100 mil hab. (IBGE) e na educação há escolas públicas e
privadas, além de campi universitários de faculdades de referência regional. Deste modo, o
município de Bacabal foi escolhido para instalação de uma unidade de produção de biodiesel,
em particular pela proximidade com a matéria-prima.
O processo de extração mecânica do óleo de babaçu passa por 7 etapas: limpeza das
sementes, descascamento, pesagem, moagem, cozimento, prensagem e filtração de óleo.
I. Limpeza da semente: São utilizadas peneiras. As sementes que serão utilizadas devem
estar livres de sujeira para não prejudicar o equipamento e não reduzir o rendimento de
óleo.
II. Descascamento de sementes: As cascas são retiradas com auxílio de quebradores e
peneiras de separação.
14
III. Pesagem: Realizada para controle do rendimento obtido.
IV. Moagem: Facilita o processo de cozimento e prensagem.
V. Cozimento: Realizada em tachos cozedores, onde ocorre controle de temperatura,
umidade e tempo que a semente permanece no equipamento. Isso tem por finalidade
liberar as partículas de óleo contidas nos invólucros celulares e eliminar toxinas. O
cozedor é construído com câmaras de vapor saturado.
VI. Prensagem: Pressão para expulsão do óleo, que pode ser contínua ou descontínua. Na
prensagem contínua, a massa é comprimida por um eixo helicoidal que gira dentro de
um recipiente com aberturas por onde sai o óleo. Na prensagem descontínua, a massa é
prensada por um cilindro hidráulico dentro do recipiente.
VII. Filtração de óleo: Utiliza-se filtro prensa, filtro de placas verticais e peneiras vibratórias
para a remoção de partículas de massa presente no óleo, antes de realizar-se a
estocagem.
6.3. Fluxograma
1 4
Tanque Reator de
3
de Transesterificação
2
mistura
11
Evaporador
8
5 12
9
Decantador 6
Tanque de
Lavagem
Condensador
13 14
Destilação
10
7
15
16
Tabela 4 – Dados das correntes do fluxograma do processo de produção de biodiesel
17
capacidade de produção definida em 13600 kg/h, obteve-se uma vazão de óleo de babaçu de
13758,1365 kg/h.
(𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎𝐾𝑂𝐻/𝑛𝑒𝑢𝑡𝑟𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑟 +𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎𝐾𝑂𝐻/𝑐𝑎𝑡𝑎𝑙𝑖𝑠𝑎𝑟 )
𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐾𝑂𝐻 = (3)
𝑃𝑢𝑟𝑒𝑧𝑎𝐾𝑂𝐻
Onde:
NAóleo = índice de acidez do óleo babaçu em mg KOH/g = 0,505 mg KOH/g;
móleo = quantidade de óleo de babaçu que entra = 13758,1365 kg/h;
Ycat = quantidade de catalisador necessário para reação em %massa = 1% de catalisador;
Pureza (KOH) = 0,85.
3∙𝑀𝑀
𝐾𝑂𝐻 ∙1000
𝑀𝑀𝑡𝑟𝑖𝑔𝑙𝑖𝑐𝑒𝑟í𝑑𝑒𝑜 = (í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑠𝑎𝑝𝑜𝑛𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎çã𝑜)−(í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 (8)
𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑧)
Onde:
RM = relação molar;
MM (metanol) = massa molar do metanol = 32,04 g/mol;
MM (KOH) = massa molar do hidróxido de potássio = 56,105 g/mol;
Índice de saponificação do óleo babaçu = 233,767 mg KOH/g;
Vazão mássica de KOH = 161,87 kg/h
Vazão mássica de Metanol = 3665,40 kg/h
18
7.1.3. Balanço de massa no decantador
Duas fases distintas foram obtidas: glicerina bruta e biodiesel + metanol. Considerou-se
uma corrente 7 que sai com glicerina bruta. Em uma reação de transesterificação, cerca de 9%-
10% do produto é glicerina. Assim, considerou-se uma vazão de 3194,696 kg/h (glicerina e
álcool em excesso).
Na composição da corrente 6, obteve-se 13600 kg/h de biodiesel. Cerca de 5% do produto
é metanol como resultado da reação, obtendo-se uma vazão de 790,697 kg/h. A corrente 6,
portanto, tem uma vazão de 14390,7 kg/h.
Após a lavagem, o biodiesel obtido possui uma umidade de 2% e esta água é removida
no evaporador. Definiu-se a corrente 11 e a 9.
Considera-se que todo o metanol é removido na lavagem e segue com excesso de água
para a separação.
19
Metanol, Metanol,
vapor líquido
saturado saturado
m1h1 - ṁ2h2= Q (10)
T = 338 K T = 338 K
Como m1 = m2, vem:
Q = ṁ1ΔHvap = 790,7kg/h · 1100 kJ/kg = 869770 kJ/h (11)
Vapor saturado de
aquecimento, água
Biodiesel, L
(S)
T = 373 K
P = 2 bar
H = 778,247 kJ/kg
H = 2529,1 kJ/kg
OBS. Dados de entalpia para biodiesel estimados a partir do componente de maior fração
molar presente na mistura de ésteres (ácido laúrico).
20
Q = ṁref Cpref (T-T0) (16)
Onde:
𝑉𝑠 𝜌𝑆 𝜌
𝜌𝐶 = (1 − 𝜌 ) + 𝜌 (20)
𝑉𝑇 𝑆
Onde:
21
VT = volume total que entra no decantador;
𝐻𝑇 = 1,5 + 𝐻 (21)
Onde H representa altura da zona de compactação. Por ser muito pequeno, este foi
desconsiderado e tomou-se HT = 1,5 m. Assim, o volume obtido para o decantador foi de 98,85
m³, com diâmetro de 9,16 m.
22
𝜋𝐷 2 ℎ
𝑉= (22)
4
Assumindo: Dt = H
Para consideração acima temos 7,78 m de altura para o tanque, e considerando um fator
de 10% de segurança teremos uma altura e diâmetro final de 8,60m para o tanque de mistura.
O que nos fornece um tanque com volume de 499, 56 m³, que se aproximou para 500m³.
𝐷𝑎
= 0,4 (23)
𝐷𝑡
𝑊 1
=5 (24)
𝐷𝑎
𝐿 1
=4 (25)
𝐷𝑎
𝐶 1
= (26)
𝐷𝑡 3
𝐽 1
= (27)
𝐷𝑡 12
𝑘1
𝑇𝐺 + 𝑅𝑂𝐻 → 𝐷𝐺 + 𝑅 ′ 𝐶𝑂2 𝑅 (28)
𝑘4
𝐷𝐺 + 𝑅 ′ 𝐶𝑂2 𝑅 → 𝑇𝐺 + 𝑅𝑂𝐻 (29)
𝑘2
𝐷𝐺 + 𝑅𝑂𝐻 → 𝑀𝐺 + 𝑅 ′ 𝐶𝑂2 𝑅 (30)
𝑘5
𝑀𝐺 + 𝑅 ′ 𝐶𝑂2 𝑅 → 𝐷𝐺 + 𝑅𝑂𝐻 (31)
𝑘3
𝑀𝐺 + 𝑅𝑂𝐻 → 𝐺𝐿 + 𝑅 ′ 𝐶𝑂2 𝑅 (32)
𝑘6
𝐺𝐿 + 𝑅 ′ 𝐶𝑂2 → 𝑅 𝑀𝐺 + 𝑅𝑂𝐻 (33)
23
Onde:
TG = triacilglicerídeos;
DG = diacilglicerídeos;
MG = monoacilglicerídeos;
ROH = álcool;
GL = glicerina;
R’CO2R = éster.
As constantes cinéticas utilizadas na temperatura de trabalho estão especificadas na
Tabela 6 abaixo:
As equações cinéticas:
𝑑[𝑇𝐺]
− = 𝑘1 𝐶𝑇 𝐶𝐴 − 𝑘2 𝐶𝐸 𝐶𝐷 (34)
𝑑𝑡
𝑑[𝐷𝐺]
= 𝑘1 𝐶𝑇 𝐶𝐴 − 𝑘2 𝐶𝐸 𝐶𝐷 − 𝑘3 𝐶𝐷 𝐶𝐴 + 𝑘4 𝐶𝐸 𝐶𝑀 (35)
𝑑𝑡
𝑑[𝑀𝐺]
= 𝑘3 𝐶𝐷 𝐶𝐴 − 𝑘4 𝐶𝐸 𝐶𝑀 − 𝑘5 𝐶𝑀 𝐶𝐴 + 𝑘6 𝐶𝐸 𝐶𝐺 (36)
𝑑𝑡
𝑑[𝑅 ′ 𝐶𝑂2 𝑅]
= 𝑘1 𝐶𝑇 𝐶𝐴 − 𝑘2 𝐶𝐸 𝐶𝐷 + 𝑘3 𝐶𝐷 𝐶𝐴 − 𝑘4 𝐶𝑀 𝐶𝐸 + 𝑘5 𝐶𝑀 𝐶𝐴 − 𝑘6 𝐶𝐸 𝐶𝐺 (37)
𝑑𝑡
𝑑[𝐺𝐿]
= 𝑘5 𝐶𝑀 𝐶𝐴 − 𝑘6 𝐶𝐸 𝐶𝐺 (38)
𝑑𝑡
Através do MATLAB, dados das concentrações variando com o tempo foram obtidos, e
então plotou-se um gráfico de –(1/rTG) versus [TG]. A curva obtida foi separada em 3 pontos,
24
caracterizando 3 áreas de CSTR’s.
Figura 6 - Gráfico para obtenção de área do CSTR
Q = UA𝛥𝑇 (41)
Segundo AZEVEDO et. al. (2013), para evaporadores do tipo “tubo longo vertical” em
circulação forçada, o valor do coeficiente global de transferência de calor (U) varia de 2000
W/m²K a 10000 W/m²K. Considerando-se a estimativa de coeficiente global de troca térmica
de 10000 W/m²K, temos:
A = Q/U𝛥𝑇 (42)
A = 163,098 m² (43)
Q = UA𝛥𝑇ln (47)
A = Q/U𝛥𝑇ln (48)
A = 10,3 m² (49)
Para um trocador de calor do tipo casca e tubo, a área efetiva de troca térmica é definida
como:
A = πLD0N (50)
27
Figura 7 – Diagrama de McCabe Thiele para metanol-água
𝑛º 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑎𝑡𝑜𝑠 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜𝑠
𝐸(%) = × 100 (51)
𝑛º 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑎𝑡𝑜𝑠 𝑟𝑒𝑎𝑖𝑠
𝜎 0,2 𝜌 −𝜌
𝐿 𝐺
𝑢𝑣 = 𝐾𝑣 (0,02) ( ) (52)
𝜌𝐺
28
Figura 8 – Determinação do fator de inundação (Fonte: Azevedo, E.;Alves, A.2013)
Onde:
ψ é o parâmetro de fluxo, ρL e ρv são as massas específicas de líquido e vapor.
Em seguida obtém-se o valor da área livre ativa (An) dividindo-se a vazão de vapor Vw
pelo produto entre a massa específica do vapor e a velocidade de inundação (uv), conforme
Equação 53 (TOWLER, 2008).
𝑉𝑤
𝐴𝑛 = 𝜌 (53)
𝑣 ∙𝑢𝑣
𝑢𝑣 = 0,85 ∙ 𝑢𝑓 (54)
Por fim, estima-se a área transversal da coluna (Ac), segundo Towler (2008),
consideramos:
𝐴𝑛 = 0,88 ∙ 𝐴𝑐 (55)
4∙𝐴𝑐
𝐷𝑐 = √ (56)
𝜋
Através dos cálculos efetuados encontra-se a um valor de 4,75 metros para o diâmetro da
coluna de destilação e uma altura de 7,2 metros, considerando uma distância entre pratos de 0,9
metros.
29
A Tabela 10 apresentada a seguir cita os demais parâmetros utilizados para os cálculos:
Tabela 10 - Dados utilizados para os cálculos dos demais parâmetros
PARÂMETRO VALOR
Para determinar o custo dos tanques de mistura, tanque de lavagem, reatores, coluna de
destilação e decantador, utilizou-se uma relação estabelecida por James M. Douglas:
30
𝑓(2013)
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 (𝑅$) = × (101,9 × 𝐷1,066 × 𝐻 0,802 × 𝐹𝑐 ) × 3,20 (57)
280
Onde:
f = fator de atualização de preços para o ano de 2013 = 567,3;
D = diâmetro em ft;
H = altura em ft;
Fc = Fm ∙ Fp;
Fp = fator de pressão no tanque = 1;
Fm = fator do material do tanque;
Preço do dólar = R$ 3,20
Os valores obtidos estão da Tabela 11 a seguir:
Onde:
A = área em ft²
Fs = fator de segurança = 1,10
Fc = Fm ∙ (Fd + Fp)
O custo de cada equipamento encontra-se na Tabela 12 abaixo:
31
Tabela 12 - Custo dos equipamentos
Equipamento Área (ft²) Fp Fd Fm Fc Custo (R$)
Evaporador 1755,57 0 1,35 1 1,35 R$ 145.512,66
Condensador 110,87 0 1,35 1 1,35 R$ 22.864,73
Terreno 6% R$ 211.809,08
Subtotal R$ 9.143.091,89
Total R$ 10.057.401,08
Onde:
NOL = número de operadores por turno;
P = processos particulados;
Np = processos não particulados.
O custo da matéria prima foi determinado com base em valores obtidos para o óleo de
babaçu bruto, tomando como referência os dados disponíveis no website BIOMERCADO.
Considerou-se então o valor de R$ 6,50/kg do óleo bruto.
Os custos variáveis totais estão resumidos na Tabela 14 a seguir:
33
Tabela 14 - Custo variáveis totais
Custos variáveis Custos (R$)
Custo de matéria prima R$ 652.823.57,93
Custo de mão de obra R$ 112.437,23
Total R$ 1.795.260.352,22
Os custos fixos totais foram determinados a partir dos custos de impostos e o custo de
depreciação, que corresponde a um total de R$ 685.449,48.
𝐶𝑉𝑇
𝐶𝑉𝑈 = (60)
𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙
para determinar a capacidade no ponto de equilíbrio (Npe), que foi calculado pela Equação 61:
𝐶𝐹𝑇
𝑁𝑝𝑒 = (61)
𝑃𝑉𝑈−𝐶𝑉𝑈
Onde CFT corresponde aos custos fixos totais. A capacidade no ponto de equilíbrio é de
48.176.640 kg/ano.
Com o Npe, encontrou-se um ponto de equilíbrio de operação, utilizando a Equação 62
abaixo:
34
𝑁𝑝𝑒
𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑙í𝑏𝑟𝑖𝑜 = (62)
𝑄
8.7. Lucros
𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑏𝑟𝑢𝑡𝑜 − (3% 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑝𝑟é𝑑𝑖𝑜𝑠 + 10% 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑝𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜)
(65)
Corresponde ao lucro total descontando o imposto de renda. O lucro líquido pode ser
obtido por:
35
8.9. Payback
O payback é o tempo necessário para que a empresa pague os custos iniciais e comece a
gerar lucros. Uma forma de determinar é desconsiderando o valor monetário no tempo. Temos
então:
𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 = (68)
𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
Onde:
Cn = fluxo de caixa (lucro líquido anual);
i = taxa de juros.
Para uma taxa de juros de 15% ao ano, o lucro líquido anual passa a ser R$
1.649.218,51/ano. Portanto, o tempo de retorno considerando os juros passa a ser 7 anos. A
Tabela 15 na página seguinte resume os cálculos realizados.
36
Tabela 15 – Dados calculados para análise econômica do processo de produção de biodiesel
37
9. Impactos socioambientais do projeto
O biodiesel é um produto composto por ácidos graxos de cadeias longas que se encontram
ligadas a um álcool. Nos últimos anos, apresenta-se como uma alternativa viável, capaz de
reduzir as emissões de poluentes e o efeito estufa no mundo.
O interesse no uso do biodiesel é crescente, em particular por ser uma alternativa ao uso
de fontes não-renováveis de energia. Entre as principais vantagens de seu uso, destaca-se a
constituição do que os especialistas chamam de “ciclo virtuoso” (BIODIESELBR, 2011). Neste
ciclo, os gases gerados pela queima do biocombustível seriam reabsorvidos pelas plantas
durante seu processo de fotossíntese, “neutralizando” as emissões.
Entretanto, sabe-se que devido ao uso de outros insumos e gastos inerentes relacionados
ao transporte de produto (em geral em veículos motores movidos a combustíveis fosseis),
contribuem na poluição atmosférica em quantidades superiores ao que é absorvido na
fotossíntese das plantas.
Desta forma, o uso de biodiesel como combustível alternativo representa reduções nas
emissões de gases, mas não se pode dizer que é uma opção completamente sustentável. Além
disto, durante sua combustão, liberam-se gases do tipo NOX (óxidos de nitrogênio) que são
responsáveis pela baixa qualidade do ar em grandes centros urbanos (Marques et. al.).
Em seu processo de produção, grandes quantidades de glicerina são produzidas,
representando 10% da produção total (Dasari et. al., 2005). Uma opção seria a venda deste
subproduto para indústrias que o utilizem como matéria-prima. Contudo, devido à grande
oferta, o preço do produto no mercado cai e torna-se inviável a comercialização do glicerol. O
descarte inadequado deste produto provoca poluição em rios e lagos, alterando
consequentemente a fauna e a flora da região. Estudos vêm sendo realizados para
aproveitamento do glicerol produzido na reação de transesterificação, porém ainda não foram
obtidas conclusões satisfatórias e economicamente viáveis.
Os padrões da biodiversidade natural também podem ser alterados devido a produção em
larga escala. A extração de grandes quantidades de babaçu (matéria-prima) e plantio em grandes
centros rurais pode resultar em modificações nas florestas em detrimento das demais espécies
nativas na região. Do mesmo modo, a produção intensiva de matéria-prima leva a um
esgotamento das capacidades do terreno, aumentando assim o risco de erradicação das espécies
e aparecimento de novos parasitas no solo.
38
Tais preocupações relacionadas ao impacto ambiental dos processos industriais têm
provocado discussões no cenário internacional, de modo que a produção de fontes “limpas” de
energia como o biodiesel possibilita também financiamentos internacionais no mercado de
créditos de carbono, gerando vantagens econômicas para o país. (Pinheiro et. al., 2010).
40
10. Conclusão
41
Referências
BIODIESELBR. A sombra dos gigantes: ADM, Bunge, Cargill, Noble... (n.d.). Disponível
em <https://www.biodieselbr.com/revista/026/a-sombra-dos-gigantes.htm> Acessado em
março de 2017.
LEVENSPIEL, O. Engenharia das reações químicas. 3ª Edição. São Paulo: Edgard Blucher,
2000.
44
MENDES, A. P. A., COSTA, R. C. Mercado brasileiro de biodiesel e perspectivas futuras.
Disponível em <https://jornalggn.com.br/sites/default/files/documentos/set3107.pdf>.
Acessado em março de 2017.
45
PRATES, C. P., PIEROBOM, E. C., COSTA, R. C. (2007). Formação de mercado de
biodiesel no Brasil. BNDS biblioteca digital, (25), 39 - 64. Biblioteca Digital do BNDES
Disponível em
<https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/2528/1/BS%2025%20Forma%C3%A7%
C3%A3o%20do%20mercado%20de%20biodiesel%20no%20brasil_P.pdf> Acessado em maio
de 2017
TAVORA, F. L., 2010. História e Economia dos Biocombustíveis no Brasil, Brasília: Centro
de Estudos da Consultoria do Senado
46
UNIP, Universidade Paulista Interativa
<http://www.unipvirtual.com.br/material/MATERIAL_ANTIGO/economia_mercado/modulo
7/mod_7.pdf> Acessado em abril/2017
47
ANEXO I: Tabela – Unidades produtoras de biodiesel e respectivas capacidades de produção
48
07.445.656/0001- Nº 374 de 27/3/2013 DOU
JATAÍ Jataí GO 50
67 de 28/3/2013
02.916.265/0133- Nº 16 de 12/1/2010
JBS Lins SP 560,23
00 DOU de 14/1/2010
Palmeiras de 67.620.377/0047- Nº 25 de 19/1/2011
MINERVA GO 45
Goiás 05 DOU de 20/1/2011
06.315.338/0026- Nº 552 de 21/6/2013 DOU
COFCO Rondonópolis MT 600
77 de 24/6/2013
88.676.127/0002- Nº 640 de 21/10/2010 DOU
OLEOPLAN Veranópolis RS 1.050
57 de 22/10/2010
13.463.913/0003- Nº 319 de 23/11/2006 DOU
OLEOPLAN NORDESTE Iraquara BA 360
58 de 27/11/2006
91.830.836/0006- Nº 210 de 28/4/2010 DOU
OLFAR Erechim RS 600
83 de 29/4/2010
91.830.836/0040- Nº 19 de 19/1/2017
OLFAR Porto Real RJ 450
85 DOU de 21/1/2017
53.309.845/0001- Nº 12 de 15/01/2015 DOU
ORLÂNDIA Orlândia SP 367
20 de 16/01/2015
PETROBRAS 10.144.628/0004- Nº 532 de 21/11/2012 DOU
Montes Claros MG 422,73
BIOCOMBUSTÍVEIS 67 de 22/11/2012
PETROBRAS 10.144.628/0002- Nº 558 de 09/11/2009 DOU
Quixadá CE 301,71
BIOCOMBUSTÍVEIS 03 de 10/11/2009
PETROBRAS 10.144.628/0003- Nº 528 de 26/8/2010 DOU
Candeias BA 603,42
BIOCOMBUSTÍVEIS 86 de 27/8/2010
12.613.484/0001- Nº 393 de 10/08/2016 DOU
POTENCIAL Lapa PR 1.063
23 de 11/8/2016
10.737.181/0001- Nº 487 de 28/12/2007 DOU
RONDOBIO Rondonópolis MT 10
97 de 31/12/2007
05.164.528/0001- Nº 492 de 24/11/2014 DOU
SPBIO Sumaré SP 200
10 de 25/11/2014
24.748.311/0001- Nº 166 de 12/4/2012 DOU
SSIL Rondonópolis MT 50
00 de 20/4/2012
08.079.290/0001- Nº 216 de 11/6/2008 DOU
TAUÁ Nova Mutum MT 100
12 de 12/6/2008
TRANSPORTADORA 75.817.163/0007- Nº 606 de 01/12/2009 DOU
Rondonópolis MT 100
CAIBIENSE 56 de 02/12/2009
94.813.102/0017- Nº 722 de 23/9/2013 DOU
TRÊS TENTOS Ijuí RS 500
37 de 24/9/2013
49
ANEXO II: LEILÃO PÚBLICO nº.05/2015-ANP
50
51