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O romance face aos demais géneros narrativos

Romance - Particularmente talhado para modelizar [representar], em registo ficcional, os


conflitos, as tensões e o devir de um Homem inscrito na História e na Sociedade, o romance
tem sofrido, ao longo do tempo, uma constante renovação temática e técnica, bem patente
na diversidade de subgéneros que contempla (de cavalaria, histórico, epistolar, de
aventuras, policial, de ficção científica, de tese, de costumes, etc.).

Por um lado, distingue-se da epopeia pelo facto de os acontecimentos e as


personagens deixarem de ser do plano do sobre-humano e se aproximarem da realidade
conhecida do leitor. Por outro, são as dimensões e a profundidade do universo diegético
representado (história) que fazem do romance um género distinto do conto e da novela.
Desde logo, no romance relata-se normalmente uma acção relativamente extensa,
eventualmente complicada por ramificações secundárias, podendo implicar componentes
de ordem social, cultural ou psicológica e envolvendo de modo decisivo os destinos das
personagens [...], também elas normalmente em quantidade e complexidade mais
elevada do que nos restantes géneros narrativos. Ora, é sobretudo pela caracterização (que
no romance pode ser consideravelmente minudente e muito alargada) que se apreende
essa complexidade, traduzida nos seus conflitos íntimos, traumas, sonhos, obsessões,
ideais, qualidades e vícios. Não podemos ainda esquecer a importância do espaço, num
género particularmente propenso à representação do real; de facto, o espaço do romance,
pela sua amplidão e pormenor de caracterização, revela potencialidades consideráveis de
representação sócio-cultural, económica, etc., em conexão estreita com as personagens e
o tempo, que no romance suscita tratamentos muito diversificados.

NB: O termo ‘romance’, na acepção aqui apresentada, não designa relato amoroso
ou sentimental, nomeando tão-somente um género narrativo com características
específicas e aberto ao desenvolvimento de temáticas diversas.
Outros géneros narrativos

Conto – A definição de conto surge normalmente em conexão com a de romance; não raro é por isso
apresentado como relato pouco extenso (short-story, em inglês), por comparação com a dimensão mais
ampla daquele género. Esta limitação de extensão implica, como observa H. Bonheim, «um reduzido
elenco de personagens, um esquema temporal restrito, uma acção simples ou pelo menos poucas acções
separadas, e uma unidade de técnica e de tom.»

Crónica – género de definição algo problemática, por não constituir um género estritamente literário (a
grande maioria das crónicas de imprensa, por exemplo, não têm o valor literário que possuem algumas
crónicas historiográficas ou outros textos de natureza cronística assinados por autores da literatura). Pode,
no entanto, dizer-se que a crónica (do grego cronos, tempo) se define pela sua temporalidade, quer se
trate do registo de uma época histórica ou do registo de um facto, incidente ou aspecto retirado do
quotidiano e referente a um momento temporal muito específico. O cronista, no fundo, encarrega-se de
comentar, através de um discurso eminentemente pessoal, esse facto ou incidente, realçando nele
dimensões (culturais, ideológicas, sociais, psicológicas, etc.) que à primeira vista escapariam a um
observador desarmado. Não há dúvida, no entanto, de que a relativa notoriedade cultural da crónica (que
alguns consideram um género menor ou, quando muito, híbrido, por conjugar o registo diarístico, o
ensaístico, o memorial, etc.) advém do seu culto por escritores literários. Muitos exercitam mesmo nas
suas crónicas uma competência narrativa, que chega a fazer delas esboços de contos ou ponto de partida
para a escrita de outros textos mais extensos.

Epopeia – Presente entre as mais antigas manifestações literárias da antiguidade e também entre as mais
prestigiadas, trata-se de uma narrativa em verso em que se relatam acontecimentos grandiosos (ex: a
fundação ou História de uma nação, o triunfo militar de um povo ou as suas gestas guerreiras, etc.) e em
que se movimentam personagens também elas elevadas, encarnação de importantes virtudes. O
maravilhoso (referências ao sobrenatural ou à intervenção dos deuses, a proezas sobrehumanas, à
confrontação dos heróis com os elementos da natureza) tem um lugar de destaque na acção, a que se dá
um tom heróico; as personagens, partilhando desta atmosfera, conservam uma ligação estrita com os
deuses ou destes se aproximam.
Ex: A Ilíada, do poeta grego Homero; A Odisseia, do mesmo autor; A Eneida, do poeta romano Virgílio; Os
Lusíadas, do poeta português Luís de Camões.

Fábula – Relato quase sempre breve, de acção relativamente tensa, mas não muito sinuosa, interpretada
por personagens também não complexas – geralmente animais irracionais ou seres inanimados,
personificados. Com uma marcada dimensão ético-moral, apresenta uma finalidade didáctica ou
moralizadora.

Novela – Apesar da fluidez semântica que envolve o termo, até pelas diversas acepções que assume em
línguas diferentes, pode dizer-se que a construção da novela implica o específico tratamento das
fundamentais categorias da narrativa. Na novela, a acção desenvolve-se normalmente em ritmo rápido, de
forma concentrada e tendendo para um desenlace único; o tempo representa-se quase sempre de forma
linear e o espaço surge desvanecido, ofuscado por uma personagem que se caracteriza pela
excepcionalidade, pela turbulência ou pelo inusitado.

Nota: As definições apresentadas resultam de uma síntese, com adaptações, dos respectivos verbetes do Dicionário de
narratologia, de Carlos Reis e Ana Cristina Macário Lopes (consultar bibliografia constante do programa da cadeira).

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