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DIAGNÓSTICO TÉCNICO-ECONÔMICO DE
PROPRIEDADES LEITEIRAS NO TERRITÓRIO DE
IDENTIDADE DE ITAPETINGA - BAHIA
ITAPETINGA
BAHIA – BRASIL
2011
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
Área de concentração: Produção de Ruminantes
ITAPETINGA
BAHIA – BRASIL
2011
À minha esposa, Patrícia Novaes Nascimento, e filhos, Paulo Cristhian Novaes Nascimento e
Lethícia Novaes Nascimento, pela paciência, força, incentivo, pelo amor e carinho;
Aos meus pais amados, Valter Alves Nascimento e Givanda Nunes Silveira, pelo incentivo,
ensinamentos, força, confiança e amor, pois vocês são um exemplo de vida e sempre irei me
espelhar em vocês;
À minha irmã, Patrícia Nunes Nascimento, pela grande amizade e confiança que sempre teve
em mim.
DEDICO...
Aos meus familiares e aos meus orientadores, Prof. Fabiano Ferreira da Silva e Profa
Aureliano José Vieira Pires, pelos preciosos ensinamentos, pela dedicação e amizade.
OFEREÇO...
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, pois tudo o que tenho e o que sou hoje devo a eles, pois sem sua confiança não
estaria aqui hoje; vocês são tudo em minha vida;
Ao meu grande amigo e irmão, Fábio Andrade Teixeira, que sempre me incentivou;
Aos meus grandes amigos, Prª Josecélia, Ana Paula, John, Mateus, que sempre estiveram
comigo nos momentos de cansaço;
Aos meus irmãos da Igreja do Evangelho Quadrangular, pela força espiritual e inúmeras
orações que fizeram;
Ao Professor, Dr. Fabiano Ferreira da Silva, pelas orientações, amizade, ensinamentos e boa
vontade que sempre tem de ajudar;
Aos funcionários da UESB, que sempre estiveram à disposição para ajudar no que precisei;
E a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, pois,
sozinho, torna-se impossível terminar um trabalho deste.
*Orientador: Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc., UESB e Co-orientador: Aureliano José Vieira Pires, D.Sc.,
UESB.
v
ABSTRACT
NASCIMENTO, P.V.N. Diagnosis of technical and economic dairy farms in the territory of
identity Itapetinga-Bahia. Itapetinga-BA: UESB, 2011. 112f. (Thesis - PhD in Animal
Science, Area of Concentration in Ruminant Production).*
The objective was to evaluate the technical and economic profile of the dairy farms in the
microregion Itapetinga-Bahia, being used for 33 to 28 properties, respectively. The period
of analysis was from October 2009 to September 2010, and the values in R$ were adjusted
by IGP-DI (General Price Index Internal Availability) Getulio Vargas Foundation in
September 2010. In the first chapter were described indicators of economic performance of
farms, sourced from data collected through monthly visits to the properties. In the second
chapter tried to evaluate the profile of the producer, characterization of property, labor,
production system, milking hygiene, sanitation practices related to the level of production
(up to 200 liters / day, 201 to 400 liters / day and above 400 liters / day) of the properties
participating in this project, chosen randomly, and the data obtained through a
questionnaire to producers. The data were analyzed descriptively. The value of "patrimony
invested in ground" was the item most representative (52.32%) of the total investment, the
fixed assets per hectare was R$ 6,430.85 ± 1,648.52 (mean standard deviation) per array
lactating R$ 15,195.37 ± 8,618.90 per kg of milk produced per day R$ 2,328.69 ± 1,474.40.
The average gross income of the activity during the period was R$ 118,004.53 (±
119,161.11), which corresponded to the sum of the values obtained with the sale of milk
(70.37%), animals (18.08%) and animal inventory change (11.56%). The average price paid
per liter of milk in the region during the period was R$ 0.63 (± 0.05), less variation of the
item. The total cost per liter of milk was R$ 0.82 (± 0.34) and the result (profit or loss) per
liter of milk from R$ 0.09 (± 0.33). The profit was 10.25% (± 42.71%) and profitability of
1.44% (± 4.66%). The manpower has affected the cost of production in 43.92% (±
14.42%), and the item that most influenced the cost of production. The net margin and the
positive result suggested farmers are able to produce medium and long term, with constant
capitalization. There is a positive relation between the dedication and production activity.
The manpower in strata up to 200 L / day, 201 to 400 L / day and above 400 L / day is
being underutilized. The average stocking rate of the properties (0.96 AU / ha) indicates
that the production system has a poor utilization of pastures. The net margin and the result
were positive, the most influential component in the operational cost was labor, efforts
should be made to increase productivity. There is potential in dairy farming in the region,
but there is a dearth of information on dietary practices, especially with regard to strategic
reserves.
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
Da Depreciação anual
Vi Valor inicial
Vf Valor final
Ra Remuneração anual
RB Renda bruta
MB Margem bruta
COE Custo operacional efetivo
COT Custo Operacional total
CT Custo total
ML Margem líquida
VFP Valor fixo de produção
CI Capital investido
L Lucratividade
R Rentabilidade
CFT Custo fixo total
Q Quantidade de leite a ser produzido
P Preço do leite
CVu Custo variável unitário
IGP-DI Índice Geral de Preços de disponibilidade interna
RBA Renda bruta anual
RBL Renda bruta do leite na renda bruta da atividade
PN Ponto de nivelamento
DP Desvio padrão
SUMÁRIO
RESUMO.................................................................................................................... v
ABSTRACT............................................................................................................... vi
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 16
2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 18
2.1 Características da microrregião de Itapetinga................................................... 18
2.2 Custo de produção na pecuária leiteira............................................................. 19
2.2.1 Finalidade dos Custos de Produção.......................................................... 24
2.2.2 Determinação dos Custos........................................................................ 25
2.2.3 Classificação do Custo de Produção....................................................... 26
2.2.4 Estrutura de Custo Total de Produção..................................................... 26
2.2.5 Custos diretos........................................................................................... 27
2.2.6 Custos Indiretos....................................................................................... 27
2.2.7 Custos operacionais................................................................................ 27
2.2.8 Remuneração da mão de obra familiar................................................... 27
2.2.9 Depreciação............................................................................................ 28
2.2.10 Remuneração do capital investido........................................................ 30
2.3 Medidas de resultado econômico.................................................................... 31
2.3.1 Renda bruta........................................................................................... 31
2.3.2 Margem bruta........................................................................................ 31
2.3.3 Margem líquida..................................................................................... 32
2.3.4 Resultado (Lucro ou Prejuízo).............................................................. 32
2.3.5 Custo médio.......................................................................................... 32
2.3.6 Custo unitário do leite.......................................................................... 33
2.3.7 Rentabilidade do capital........................................................................ 33
2.3.8 Lucrativiade........................................................................................... 33
2.3.9 Ponto de equilíbrio ou nivelamento....................................................... 34
3. REFERENCIAS.................................................................................................... 35
CAPÍTULO 1
RESUMO................................................................................................................... 39
ABSTRACT............................................................................................................... 40
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 41
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 44
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 47
4. CONCLUSÕES..................................................................................................... 64
5. REFERÊNCIAS..................................................................................................... 65
CAPÍTULO 2
RESUMO.................................................................................................................. 69
ABSTRACT.............................................................................................................. 70
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 71
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 74
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 78
3.1 Perfil do produtor.............................................................................................. 78
3.2 Características das propriedades....................................................................... 85
3.3 Mão de obra na atividade leiteira...................................................................... 89
3.4 Estrutura produtiva das propriedades............................................................... 93
3.4.1 Manejo do sistema forrageiro.................................................................. 94
3.4.2 Suplementação......................................................................................... 96
3.4.3 Controle zootécnico................................................................................. 98
3.4.4 Ordenha.................................................................................................... 100
4. CONCLUSÕES................................................................................................. 104
5. REFERÊNCIAS..................................................................................................... 105
6. ANEXO.................................................................................................................. 107
1. INTRODUÇÃO
16
A pecuária de leite tem se tornado, a cada dia, um desafio maior para aqueles que a
exercem, pois é do conhecimento de todos que se precisa melhorar a produtividade dos
rebanhos, aumentar a escala de produção e reduzir os custos envolvidos no processo
produtivo para que haja competitividade e lucro. Historicamente, o Brasil é um país
classificado como grande importador mundial de derivados lácteos. Este quadro se deve ao
fato da produção interna não atender à demanda de leite, fazendo com que o Brasil seja um
importador do produto oriundo de países como Argentina, Uruguai, Nova Zelândia, entre
outros. Além disso, o mercado consumidor é bastante exigente em preços baixos e algumas
correntes vêm incentivando o consumo de produtos que sejam produzidos, respeitando o
meio ambiente. A partir dessas imposições do mercado, os produtores têm outro desafio
pela frente, inovar na forma de exploração e com os sistemas adotados, produzir sem
agredir ao meio ambiente, e ainda, apresentar preços acessíveis. Então, faz-se necessário
que as propriedades rurais brasileiras aumentem a escala de produção, reduzam os custos,
para que possam atender à demanda do mercado interno e se tornarem competitivas frente
ao mercado mundial.
Dados publicados por Krug (2000) refletem a má distribuição mundial do leite e
elucida o potencial que a pecuária brasileira tem à sua frente para explorar. Segundo o
autor, apenas 30% do leite produzido no mundo encontra-se nos países em
desenvolvimento, que abrigam 78% da população mundial. Por outro lado, observa-se que
22% da população mundial, presente nos países desenvolvidos, têm à sua disposição a
comercialização de 70% do leite produzido. Isto gera um déficit na disponibilidade de leite
per capita mundial. Recentemente, grandes mercados foram abertos, principalmente no
continente asiático, podendo citar países como a China, a Índia, entre outros. Para a Food
and Agriculture Organization (FAO) e a Organização das Nações Unidas (ONU), a
recomendação mínima de leite por habitante por ano deve ser de 146 litros, porém, registra-
se uma disponibilidade mundial de 83 litros per capita. Segundo Krug (1996), nos países
desenvolvidos, esse índice alcança, em média, 273 litros por habitante por ano, ao passo
que, nos países em desenvolvimento, a média está em 26 litros per capita. Ao analisar estes
dados, deparamos com um quadro catastrófico e de oportunidade, pois, considerando que o
leite é uma das principais fontes de alimentação do ser humano, é inadmissível que em
muitos países esse produto não atenda às necessidades da população.
17
2. REVISÃO DE LITERATURA
18
(clima tropical com estação seca de inverno), porém, aparecem também, com frequência, os
tipos Am (clima de monção) e BSh (clima das estepes quentes de baixa latitude e altitude)
(Agrossistemas, 1976).
O município de Itapetinga encontrou na pecuária um dos pilares do seu
desenvolvimento econômico, ocorrendo um segundo ciclo de industrialização, sendo este
voltado para criação de um pólo calçadista no estado, com a implantação da indústria de
calçados Azaléia. Possui uma unidade industrial de produtos lácteos da Indústria de
Laticínios Palmeira dos Índios S.A e várias pequenas indústrias de laticínios. Também
possui duas cooperativas ligadas ao setor rural, a Cooperativa dos Produtores de Leite de
Itapetinga Ltda. (Cooleite) e a Cooperativa Mista do Médio Rio Pardo (Coopardo).
19
modelos de exploração adequados às realidades de cada região brasileira. Países como
Nova Zelândia, Argentina e Uruguai encaram a pecuária leiteira como sendo uma atividade
enquadrada na cadeia agroindustrial com exploração racional, altamente produtiva e
rentável. Qualquer investimento de capital implica em dispêndio monetário em bens
duráveis (bens de capital), destinados a produzir outros bens, durante certo período definido
de tempo no futuro (NORONHA, 1987). Baseado nisso, todo produtor, ao definir o tipo de
atividade que irá exercer e qual o melhor sistema de produção a adotar, deverá considerar
as consequências futuras de decisões tomadas no presente. Nessa premissa, a análise
financeira vem fornecer informações importantes e decisivas na tomada de decisão dos
produtores, podendo estes continuar na atividade, devido à boa remuneração recebida, ou
realizar inovações e modificações no processo produtivo, melhorando a rentabilidade
econômica de sua atividade.
Segundo Noronha et al. (2000), em uma análise econômica, é imprescindível que o
produtor faça anotações dos dados de forma coerente e real, além de realizar os cálculos
corretamente e, por fim, interpretar os resultados obtidos com imparcialidade. Porém, no
Brasil, é difícil encontrar propriedades com custos de produção e análise financeira
corretos, principalmente, entre pequenos e médios produtores.
A pecuária de leite é uma exploração que apresenta grande diversidade quanto aos
sistemas de produção adotados, pois se desenvolvem nas mais variadas condições de solo,
combinações de forrageiras, raças bovinas e práticas de manejo da pastagem e do rebanho.
A segmentação da atividade nas fases de cria, recria e lactação aumenta ainda mais essa
diversidade. A maximização dos lucros e a minimização dos custos, possibilitando localizar
os pontos de estrangulamento da atividade, são fundamentais para a aplicação dos esforços
gerenciais e tecnológicos, objetivando o sucesso da pecuária leiteira (LOPES &
CARVALHO, 2000). Ao realizar uma análise financeira, tem-se então, como primeira
dificuldade, as restrições e a generalização colocadas por cada sistema de produção, sendo
necessárias uma definição metodológica e a caracterização de cada sistema avaliado
(COSTA et al., 1986).
Segundo Pilau et al. (2003), muitas vezes, os trabalhos científicos visam otimizar o
potencial biológico dos sistemas de produção explorados, não sendo a sua viabilidade
econômica o fator determinante para avaliar o sucesso dos resultados obtidos. Para Pötter et
20
al. (2000), a maioria dos trabalhos não avalia a viabilidade financeira das novas tecnologias
estudadas, havendo pouca informação sobre os seus benefícios na lucratividade dos
sistemas de produção explorados. No entanto, informações sobre a rentabilidade e o risco
de diferentes sistemas de produção e de novas tecnologias são de extrema importância para
o produtor rural, pois permite-o inovar e melhorar não só os índices zootécnicos, mas
também tornar sua atividade mais atrativa.
Peres et al. (2004) analisaram a viabilidade econômica de três sistemas de produção
em pastagem de capim-elefante na recria de novilhas leiteiras, na região Norte Fluminense.
Os sistemas estudados foram: SP1- pastagem de capim-elefante sem suplementação, SP2 -
pastagem de capim-elefante com suplementação concentrada e SP3 - pastagem de capim-
elefante com suplementação volumosa de estilosantes Mineirão (leguminosa). Foram
aplicadas sobre o fluxo de caixa de cada sistema de produção taxas de desconto de 8, 10 e
12% ao ano. Os autores concluíram que todos os sistemas testados apresentaram
viabilidade econômica à taxa de desconto de 10 % ao ano. Determinaram a taxa interna de
retorno dos três sistemas, observando taxas atraentes, pois foram obtidas 29,58; 30,10 e
10,46% ao ano, respectivamente, para SP1, SP2 e SP3, ou seja, taxas superiores à
remuneração obtida com investimentos disponíveis no mercado, como a caderneta de
poupança, que no mesmo período de estudo apresentou um rendimento médio de 6% ao
ano. Os autores recomendaram que, na interpretação do indicador econômico, seja feita
uma análise comparativa dos resultados e não do valor absoluto apresentado. Realizaram,
ainda, as análises de sensibilidade para determinar os itens que exercem maior influência
nos resultados econômicos de cada sistema e risco, para determinar a probabilidade de
insucesso do sistema, diante das oscilações de preços ocorridas no mercado. Observaram
que o item que exerce maior impacto econômico sobre os resultados dos sistemas foi o
preço de venda das novilhas. O preço de compra das novilhas foi o item que apresentou
sensibilidade secundária para os sistemas, que não utilizaram suplementação ou
suplementação com concentrados e a mão de obra foi o segundo item mais sensível, quando
o sistema adotou suplementação volumosa com o fornecimento de leguminosa. Quando
submetido à análise de risco (Simulação de Monte Carlo), o sistema de produção em
pastagem de capim-elefante, que utilizava suplementação com pastagem de leguminosa
estilosantes cv. Mineirão, apresentou maior risco econômico, quando comparado aos
21
demais sistemas. A probabilidade observada pelos autores dos sistemas se tornarem
inviáveis, quando submetidos à taxa de desconto de 10 % a.a., foi de 70,19%, 11,70% e
5,08%, respectivamente, para capim-elefante + estilosantes, capim-elefante + concentrado e
capim-elefante sem suplementação.
Nascif (2008) estudou indicadores técnicos e econômicos em sistemas de produção
de leite de quatro mesorregiões do estado de Minas Gerais e observou que a área média
utilizada na atividade foi de 137,6 ha, apresentando uma produtividade de leite por área de
3095,71 kg/ha/ano e como resultados econômicos por litro de leite: custo operacional
efetivo de R$ 0,37, custo operacional total R$ 0,45, custo total R$ 0,71, margem bruta R$
0,16, margem líquida R$ 0,06, rentabilidade R$ - 0,01 e capital imobilizado R$ 1.279,90.
Este mesmo autor concluiu que os indicadores técnicos-referência que se correlacionaram
com o desempenho econômico foram aqueles referentes aos fatores de produção terra
(produtividade da terra em l/ha/ano) e mão de obra (produtividade da mão de obra em
l/d.h). Os indicadores de tamanho-referência foram estoque de capital empatado na
atividade leiteira (R$/L) e volume de leite produzido por ano (L/ano).
A produção de leite constitui atividade na qual sempre se levanta a questão da
viabilidade econômica com base nos indicadores do custo de produção. Na análise da
exploração de vacas para produção de leite, deve-se procurar estabelecer índices de
produtividade, porque somente por meio destes tornar-se-ia possível elaborar apreciação
técnica da atividade (FARIA e CORSI, 2000).
O estudo do custo de produção é um dos assuntos mais importantes da
microeconomia, pois fornece ao empresário um indicativo para a escolha das linhas de
produção a serem adotadas e seguidas, permitindo à empresa dispor e combinar os recursos
utilizados na produção, visando apurar melhores resultados econômicos (REIS, 1999a).
Os dados obtidos da apuração dos custos de produção têm sido utilizados para
diferentes finalidades, tais como: estudo da rentabilidade da atividade leiteira; redução dos
custos controláveis; planejamento e controle das operações do sistema de produção do leite;
identificação e determinação da rentabilidade do produto; identificação do ponto de
equilíbrio do sistema de produção de leite; e instrumento de apoio ao produtor no processo
de tomada de decisões seguras e corretas. A partir daí, o empreendedor passa a conhecer e
utilizar, de maneira inteligente e econômica, os fatores de produção (terra, trabalho e
22
capital), localizando os pontos de estrangulamento, para depois concentrar esforços
gerenciais e/ou tecnológicos para obter sucesso na sua atividade e atingir os seus objetivos
de maximização de lucros ou minimização de custos (LOPES e CARVALHO, 2000).
Mesmo que se reconheça a importância das estimativas dos custos é preciso não
aludir quanto à facilidade de conseguir tais estimativas. É preciso saber como anotar os
dados, fazer os cálculos e interpretá-los. Por isso, é raro encontrar, sobretudo entre os
pequenos e médios produtores, qualquer tipo de cálculo de custos feito individualmente.
Mesmo entre os grandes produtores, esta ainda é uma atividade rara, embora o interesse
venha crescendo. É muito provável que o controle de custos seja uma atividade de grande
interesse, sobretudo, na atual fase de elevados preços dos insumos e baixo preço do leite
(FARIA e CORSI, 2000).
Diante desse novo cenário, ter controle adequado e, principalmente, possuir um
sistema de custo de produção de leite que gere informações para a tomada de decisões
rápidas e objetivas são fundamentais para o sucesso da empresa (LOPES et al., 2007). Este
cenário, confrontado com as perspectivas de futuro, tem motivado a realização de estudos
de custo de produção com a finalidade de revelar a real situação econômica das
explorações, para que produtores, técnicos e políticos possam orientar-se nas tomadas de
decisões (PRADO et al., 2007).
Fassio et al. (2006) destacaram a importância de que os produtores de leite
conheçam os recursos financeiros e as condições necessárias para implementar mudanças
dentro do sistema de produção e, ainda, o quanto podem resistir à queda dos preços
recebidos. Em outras palavras, é preciso que se estime o preço mínimo necessário para
manter o produtor de leite na atividade.
Devido ao perfil do produtor rural brasileiro, que explora a atividade de maneira
extrativista e ineficiente, obtendo baixos índices de produtividade e, ainda, com elevado
custo de produção por litro de leite produzido, o quadro atual é caracterizado por
produtores que estão abandonando a atividade leiteira e migrando para a atividade de corte
ou para os grandes centros em busca de outras atividades. A pecuária de leite tem se
tornado, a cada dia, um desafio maior para aqueles que a exercem, pois é do conhecimento
de todos que se precisa melhorar a produtividade dos rebanhos, aumentar a escala de
23
produção e reduzir os custos envolvidos no processo produtivo para que haja
competitividade e lucro.
Nesse sentido, estudos têm sido realizados visando identificar os principais
indicadores zootécnicos e econômicos que influenciam a rentabilidade dos sistemas de
produção de leite no Brasil (KRUG, 2001; GOMES, 2005b).
24
Diversas transformações, dentre outros fatos, têm contribuído para que os
produtores de leite reflitam sobre a necessidade de administrarem bem a atividade,
tornando-se mais eficientes e, consequentemente, competitivos (CARVALHO et al., 2007).
O custo de produção é um instrumento necessário para o administrador da atividade leiteira,
entretanto, seu cálculo envolve algumas questões simples, outras nem tanto, razão pela qual
seu uso é pouco praticado (GOMES et al., 2007).
25
lucratividade, a liquidez e o retorno sobre o capital. Muitas vezes, o custo de produção pode
ser baixo, mas pode deixar pouco retorno sobre o capital investido na atividade (BUENO
2004).
26
2.2.5 Custos Diretos
São identificados com precisão na produção, por meio de um sistema capaz de ser
diretamente apropriado, sem haver necessidade de nenhum tipo de rateio dos valores, tais
como: mão de obra contratada, alimentação, medicamentos, energia e combustível,
manutenção, reparos, etc.
27
estabelecido o valor residual dado pela diferença entre a renda bruta e o custo total da
atividade, o lucro.
Conforme Gomes (1999), a mão de obra familiar tem participação importante no
custo de produção da atividade leiteira, em especial do pequeno produtor, quando realiza
atividades indispensáveis ao desenvolvimento da atividade.
Segundo Noronha (1987), os valores imputados como remuneração da mão de obra
familiar e do empresário são arbitrários, portanto, só têm valor prático, quando os critérios
adotados são razoáveis.
Perosa (1998) apresenta dois fatores que justificam a postura de não se adicionar um
custo alternativo à utilização de mão de obra familiar. O primeiro, quando a produção a ser
efetivada está vinculada a produtores com ociosidade no uso do fator trabalho, havendo
disponibilidade de mão de obra para ser utilizada na atividade. O segundo está relacionado
ao mercado de trabalho local, metodologicamente se justifica à necessidade de ser
adicionado o valor da mão de obra, quando o mercado de trabalho local realmente se
constitui numa alternativa para a mão de obra ociosa.
2.2.9 Depreciação
De acordo com Antunes e Ries (2001), são os montantes (valores) relacionados à
perda de valor dos bens do inventário por sua utilização nas atividades produtivas. A forma
como os valores de depreciação (desgaste dos bens) podem ser calculados poderá variar
significativamente, de acordo com os seguintes fatores: a) taxa de utilização do bem
(aproveitamento); b) método de depreciação escolhido (cotas constantes, cotas variáveis,
soma dos dígitos dos anos); c) vida útil e vida estimada do bem; d) integração com
quantidade dos sistemas de manutenção adotados.
Segundo Antunes e Engel (1999), para o cálculo de maneira correta dos bens, é
preciso conhecer a vida útil de cada um, utilizado no processo produtivo. Vida útil é a
expectativa de tempo (geralmente, determinada em anos) que certo bem tem de se manter
útil às atividades produtivas para as quais serve. Este valor deverá ser sempre estimado e
por isso pode, nem sempre, apresentar a realidade de forma precisa (o nível de manutenção
e o tipo de trabalho ao qual o bem será submetido terão influência direta na sua vida útil).
28
A depreciação é o custo necessário para substituir os bens de capital, quando
tornados inúteis pelo desgaste físico ou quando perdem valor com o decorrer dos anos,
devido às inovações técnicas, depreciação econômica ou obsolescência (HOFFMANN et
al., 1987). O empresário tem que considerar o custo de depreciação sob pena de não ter
recursos para substituir estes bens de capital. Somente têm depreciação os bens que
possuem vida útil limitada, portanto, a terra não tem depreciação (NORONHA, 1987;
LOPES e CARVALHO, 2000).
Dentre os custos fixos, os de principal representação são as depreciações. A
depreciação é um custo não monetário, na qual não há desembolso efetivo de dinheiro, mas
que representa uma reserva que deve ser realizada para posterior substituição do bem, por
se tornar inútil pelo desgaste físico (ABRANTES, 2009).
Segundo Gomes (1999), uma observação importante diz respeito à depreciação da
categoria vaca. Quando no cálculo do custo se considera todo o rebanho, e este se encontrar
estabilizado, não é feita a depreciação das vacas, uma vez que as novilhas substituem as
vacas, mantendo-se a mesma idade média da categoria vaca. O custo de recria das novilhas
que substituem as vacas corresponde à depreciação dessas vacas.
Porém, quando no cálculo do custo de produção se considera um rebanho em
expansão não estabilizado, elas devem ser depreciadas.
Existem vários métodos para se calcular a depreciação, sendo o mais comum o
método linear ou de cotas fixas (NORONHA, 1987; GOMES, 1999; LOPES e
CARVALHO, 2000). Para os cálculos, foi adotada a equação: Da=(Vi - Vf)/n; em que: Da
= valor da depreciação anual; Vi = valor inicial do bem; Vf = valor final do bem (valor de
sucata) e n = vida útil do bem. Já para as cotas variáveis, é o que recomenda Antunes e
Engel (1999), que deprecia os bens em cotas maiores, nos primeiros anos de sua vida útil, e
vão decrescendo com o passar do tempo, mediante a seguinte equação: Cota de depreciação
= 2* Valor Atual do Bem – Cota Anual Vida útil total.
Valor residual é o valor que o bem possui ao final de sua vida útil, (alguns autores
utilizam o “valor de sucata”). Para o cálculo do valor residual, utiliza-se uma porcentagem
de 10% para máquinas e equipamentos e 15% para instalações do valor do bem novo.
29
2.2.10 Remuneração do capital investido
A remuneração de capital é definida como a taxa de retorno que o capital
empregado na produção obteria em investimentos alternativos. Este valor representa a
oportunidade perdida pelo produtor ao deixar de aplicar o mesmo montante de recursos
numa outra atividade. Na prática, as bases de comparação para o custo de oportunidade do
capital do produtor são aplicações tradicionais do mercado financeiro, como a caderneta de
poupança (CANZIANI, 1999).
Segundo Yamaguchi (1999), o valor a ser apropriado como remuneração do capital
imobilizado segue diferentes critérios. Como remuneração pelo uso do fator terra, imputa-
se o valor de arrendamento da terra em vigor na região. Na ausência desse valor, imputa-se
a taxa anual de juros sobre o valor do capital médio imobilizado nesse fator. O valor
apropriado para remuneração dos demais itens de capital imobilizado (benfeitorias,
equipamentos, animais e forrageiras não anuais), sendo computado com a equação: Ra =
(Vi – Vf)/2xr, em que Ra = valor de remuneração anual; Vi = valor inicial do bem; Vf =
Valor final do bem (valor de sucata) e r = taxa de juros de longo prazo, em geral, a taxa em
vigor para empréstimos financeiros no setor de agronegócio.
Segundo Pereira (2003), assume-se que o custo de oportunidade do capital investido
na produção de leite é o quanto esse capital renderia se fosse aplicado no mercado
financeiro, na caderneta de poupança ou em linhas de créditos específicas para a atividade.
É importante ressaltar que estão sendo considerados os ganhos reais de capital, ou seja, de
juros de remuneração de capital e não de correção monetária que apenas repõe as perdas
com inflação.
No caso da remuneração do capital circulante (custo operacional efetivo), pode-se
imputar a taxa de juros do mercado financeiro do agronegócio, vigente no período anual,
sobre o seu valor médio. No entanto, Yamaguchi (1999) ressalta que, ao colocar esse valor
como item de custo, é necessário proceder da mesma forma para remunerar a renda bruta
decorrente das vendas realizadas.
Tupy et al. (2000) sugerem não aplicar juros sobre custeio, pois admite ser ele
financiado pela produção de leite. E quem optar pela aplicação de juros sobre este item de
dispêndio deve também aplicar juros sobre as receitas da venda de leite e animais.
30
2.3 Medidas de Resultado Econômico
Segundo Hoffmann et al. (1987), a análise da renda de uma atividade pode ser feita
empregando-se as medidas de resultados econômicos, ou seja, alguns indicadores de
eficiência econômica de uso dos fatores de produção, verificando a atratividade do negócio.
31
A remuneração de curto prazo do empresário pode ser definida como a diferença
entre preço unitário recebido pelo leite vendido e as despesas operacionais unitárias
incorridas, representadas pelos gastos efetivamente realizados no segmento de produção de
leite. Consistindo, basicamente, dos itens concentrado, sais minerais, volumosos, salários,
sanidade, energia elétrica, combustível e despesas gerais (YAMAGUCHI, 1999).
Quando a margem bruta for positiva, significa que a exploração está se
remunerando e sobreviverá pelo menos no curto prazo. Margem bruta negativa significa
que a atividade está antieconômica. Logo, o que se compra e consome é maior do que se
consegue produzir.
32
devido ao fato dos custos fixos onerarem bastante as primeiras unidades produzidas, isto é,
se distribuírem por um número pequeno delas. Mas, à medida que estas aumentam, os
custos fixos irão se distribuir sobre um número cada vez maior de unidades, declinando,
então, gradualmente o custo total médio. Uma vez que os custos fixos tenham sido
distribuídos sobre muitas unidades de produção, sua influência fica reduzida, tornando-se,
então, relativamente importante os custos variáveis (HOFFMANN, 1987).
2.3.8 Lucratividade
Representa, em percentual, qual foi o lucro obtido em determinada atividade ou na
empresa rural com a venda dos produtos desenvolvidos e/ou produzidos, ou seja, é quanto
cada produto deixa de resultado, após ser descontado o valor dos custos para a sua
produção, descrito da seguinte forma: lucratividade (L= RB-CT*100)/RB), o total das
renda bruta menos o custo total versus 100, dividido pelo total da renda bruta, segundo
Antunes e Ries (2001).
33
Segundo Aguiar e Almeida (2004), lucratividade representa o quanto um produto
deixa de resultado em relação ao seu preço de venda e aos seus custos de produção; em
outras palavras, é o número percentual resultante da divisão o resultado pelo total de
receitas.
34
3. REFERÊNCIAS
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38
CAPÍTULO 1
Resumo
39
CHAPTER 1
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the economic profile of milk-producing farms of
the microregion of Itapetinga-Bahia, 28 properties being used. The period of analysis was
from October 2009 to September 2010, the values in U.S. $ were adjusted by IGP-DI
(General Price Index Internal Availability) Getulio Vargas Foundation in September 2010.
Were used indicators of economic outcomes and indicators of economic performance. The
data were derived from monthly visits to the properties analyzed descriptively. The value of
"patrimony invested in ground" was the item most representative (52.32%) of the total
investment, the fixed assets per hectare was R$ 6,430.85 ± 1,648.52 (mean standard
deviation) for matrix lactation R$ 15,195.37 ± 8,618.90 per kg of milk produced per day of
R$ 2,328.69 ± 1,474.40. The average gross income of the activity during the period was R
$ 118,004.53 (119,161.11 ±), which corresponded to the sum of the values obtained with
the sale of milk (70.37%), animals (18.08%) and animal inventory change (11.56%). The
average price paid per liter of milk in the region during the period was R$ 0.63 (± 0.05),
less variation of the item. The total cost per liter of milk was R $ 0.82 (± 0.34) and the
result (profit or loss) per liter of milk from R$ 0.09 (± 0.33). The profit was 10.25% (±
42.71%) and profitability of 1.44% (± 4.66%). The manpower has affected the cost of
production in 43.92% (± 14.42%), and the item that most influenced the cost of production.
The net margin and positive results suggested the farmers are able to produce medium and
long term, with constant capitalization, the component that pursued more influence on the
cost was labor, realizing that it must be better exploited through improved productivity
activity.
40
1. INTRODUÇÃO
41
elaborar uma apreciação técnica da atividade. A análise dos custos de produção deve ser
feita minuciosamente, pois se isto não ocorrer, pode não ser capaz de revelar os fatores
determinantes do sucesso ou fracasso da exploração (FARIA e CORSI, 2000).
O estudo do custo de produção é um dos assuntos mais importantes da
microeconomia, pois fornece ao empresário um indicativo para a escolha das linhas de
produção a serem adotadas e seguidas, permitindo à empresa dispor e combinar os recursos
utilizados na produção, visando apurar melhores resultados econômicos (REIS, 1999a).
Os dados obtidos da apuração dos custos de produção têm sido utilizados para
diferentes finalidades, tais como: estudo da rentabilidade da atividade leiteira; redução dos
custos controláveis; planejamento e controle das operações do sistema de produção do leite;
identificação e determinação da rentabilidade do produto; identificação do ponto de
equilíbrio do sistema de produção de leite; e instrumento de apoio ao produtor no processo
de tomada de decisões seguras e corretas (LOPES e CARVALHO, 2000). A partir daí, o
empreendedor passa a conhecer e utilizar, de maneira inteligente e econômica, os fatores de
produção (terra, trabalho e capital), localizando os pontos de estrangulamento para depois
concentrar esforços gerenciais e/ou tecnológicos para obter sucesso na sua atividade e
atingir os seus objetivos de maximização de lucros ou minimização de custos (LOPES e
CARVALHO, 2000).
Devido ao perfil do produtor rural brasileiro, que explora a atividade de maneira
extrativista e ineficiente, obtendo baixos índices de produtividade e, ainda, com elevado
custo de produção por litro de leite produzido, o quadro atual é caracterizado por
produtores que estão abandonando a atividade leiteira e migrando para a atividade de corte
ou para os grandes centros em busca de outras atividades. A pecuária de leite tem se
tornado, a cada dia, um desafio maior para aqueles que a exercem, pois é do conhecimento
de todos que se precisa melhorar a produtividade dos rebanhos, aumentar a escala de
produção e reduzir os custos envolvidos no processo produtivo para que haja
competitividade e lucro.
Nesse sentido, estudos têm sido realizados visando identificar os principais
indicadores zootécnicos e econômicos que influenciam a rentabilidade dos sistemas de
produção de leite no Brasil (KRUG, 2001; GOMES, 2007).
42
Entretanto, pela diversidade do ambiente de produção e a elevada diferenciação
socioeconômica, cultural e edafo-climática, que caracterizam os sistemas de produção,
associados ao fato de a pecuária leiteira estar presente em mais de 80% dos municípios do
Brasil, impõem-se a necessidade de estudos regionalizados.
Diante disso, objetivou-se identificar e quantificar o custo de produção de leite na
microrregião de Itapetinga na região sudoeste da Bahia.
43
2. MATERIAL E MÉTODOS
44
preparados especificamente para este objetivo. Tais dados foram cadastrados em arquivo do
Microsoft Excel, preparado para o processamento eletrônico dos dados, bem como na
análise de rentabilidade.
Foi utilizado do artifício de considerar a divisão dos custos da atividade leiteira, de
acordo com a participação de cada componente na renda bruta, ou seja, a porcentagem de
participação da renda do leite na renda bruta total da atividade leiteira que corresponderia
ao fator de conversão do custo da atividade para custo de leite (NORONHA, 1987;
GOMES, 1999; CANZIANI, 1999; LOPES e CARVALHO, 2000).
O método adotado para o cálculo da depreciação anual do capital imobilizado em
instalações foi o da aplicação financeira das cotas fixas, conforme Noronha (1987), Gomes,
(1999), Lopes et al. (2005), tendo sido utilizado a equação: Da=(Vi - Vf)/n; em que: Da =
valor da depreciação anual; Vi = valor inicial do bem; Vf = valor final do bem (valor de
sucata) e n = vida útil do bem.
Segundo Frank (1991), um dos grandes problemas com respeito aos custos é a
adoção de uma taxa de juros, na qual se deve a três fatores: a oferta e a demanda, o risco e a
duração do empréstimo. O mercado entende que o investimento em terra está entre os mais
seguros, enquanto os investimentos em capital de exploração fixo apresentam maiores
riscos. Dessa forma, as taxas de juros devem ser maiores para o capital circulante e fixo do
que para o capital fundiário. Baseado nisso, foi adotado como remuneração de capital para
o custo operacional efetivo, máquinas e equipamentos, animais e benfeitorias a taxa de
juros de 5,34% (média dos juros da caderneta de poupança no período estudado) e de 3%
para o item terra (NOGUEIRA 2007; GOTTSCHALL et al., 2002).
A medodologia de cálculo de custo foi baseada nos métodos de custo operacional
(MATSUNAGA et al., 1976). Os indicadores de resultados econômicos avaliados foram:
renda bruta da atividade leiteira - RBA (R$/ano); renda bruta do leite - RBL (R$/ano);
participação da renda bruta do leite na renda bruta da atividade; preço do leite (R$/litro);
custo operacional efetivo da atividade leiteira – COE (R$/ano) = mão de obra contratada,
concentrados, manutenção de forrageiras não-anuais, mineralização, sanidade, energia e
combustíveis, material de ordenha, inseminação artificial, frete de leite, impostos e taxas,
reparos em benfeitorias e máquinas, e outras despesas de custeio; custo operacional total da
atividade leiteira-COT (R$/ano) = COE + mão de obra familiar + depreciação; custo total
45
da atividade leiteira- CT (R$/ano) = COT + remuneração do capital médio investido em
animais, benfeitorias, máquinas, forrageiras não anuais e terra; margem bruta da atividade -
MB (R$/ano) e margem líquida da atividade - ML (R$/ano).
Os indicadores de desempenho econômico foram avaliados pelo ponto de
nivelamento (PN = CT/Preço do leite); custo unitário por litro de leite (CUL=
CT/Produção); lucratividade (L= RB-CT*100)/RB) R$/ano; rentabilidade; custo
operacional efetivo por litro de leite (R$/litro); custo operacional total por litro de leite
(R$/litro); custo total por litro de leite (R$/litro); margem bruta por litro de leite (R$/litro);
margem líquida por litro de leite (R$/litro); lucro por litro de leite (R$/litro); participação
do COE na RBA (%); COT na RBA (%); taxa de remuneração do capital investido (% ao
ano) = ML / capital médio investido em animais, benfeitorias, máquinas e terra; capital
investido na atividade em relação à produção diária de leite (R$/litro/dia).
A renda bruta da atividade leiteira (RBA) considerou, além da renda bruta do leite, a
renda oriunda da venda de animais e a variação do inventário animal, utilizado para corrigir
eventual distorção no valor do plantel, oriunda de compras ou vendas excessivas de
animais, simulando uma situação hipotética de rebanho estabilizado (NASCIF, 2008).
Para evitar duplicidade de lançamento de despesas, a análise não considerou a
depreciação de matrizes, uma vez que o sistema avalia o custo de produção da atividade
como um todo e os custos de cria e recria de fêmeas de reposição, assim, como os de
manutenção de vacas secas também foram contemplados.
O gasto de cada mês foi corrigido para reais de setembro de 2010, pelo Índice Geral
de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Os valores
mensais corrigidos foram, então, somados, gerando o custo total para o período.
Os índices produtivos e econômicos foram comparados por meio de análises
descritivas, utilizando o aplicativo MS Excel ®, e agrupados em tabelas, objetivando uma
melhor comparação, discussão e apresentação dos resultados.
46
2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
47
Isto demonstra que as áreas destinadas à produção de leite da microrregião de
Itapetinga devem ser melhor utilizadas, pois este resultado tem consequências no impacto
do custo de oportunidade da terra, na perda de áreas para outras culturas mais rentáveis e na
contribuição para gerar índices de produtividades baixos, entre outros.
Os indicadores “imobilizados por hectare” e “por matriz” podem ser utilizados
como parâmetros na construção de um sistema de produção, quando na ausência de um
projeto de viabilidade econômica, desde que o sistema de referência tenha apresentado um
resultado positivo. O indicador “imobilizado por litro de leite por dia” tem a mesma
característica. No entanto, tal inferência deve ser feita para sistemas que apresentem a
mesma média de produtividade por matriz (SANTOS, 2010).
O valor imobilizado por hectare (R$6.430,85 ± 1.648,52) pode ser utilizado como
indicador de intensificação de produção (Tabela 1). Segundo o SEBRAE (2006), em um
diagnóstico realizado no estado de Minas Gerais, as propriedades que entregam mais de
1.000 litros de leite por dia tiveram o valor imobilizado/ha de R$6.723,78. Apesar deste
valor ser semelhante ao encontrado no presente estudo, observa-se que a produção diária de
leite deste trabalho é muito inferior (371,68 L ), isto demonstra que na região estudada é
necessário intensificar os sistemas de produção existentes para haver uma melhor produção
por área.
Com relação aos valores do total imobilizado por matriz em lactação (R$15.195,37
± 8.618,90), observa-se, na Tabela 1, que o valor é considerado elevado. Para fazer esta
avaliação, pode-se levar em consideração o preço alto da terra, o menor preço da matriz e a
menor quantidade de matrizes em lactação em relação ao total de matrizes do rebanho.
Neste caso, este último item que no presente estudo foi de 54,8% teve influência neste
resultado.
Com relação ao total imobilizado por litro de leite produzido por dia, a região
estudada apresentou valor de R$2.328,69 (± 1.474,40) (Tabela 1). Este valor também é
considerado alto, sendo afetado, principalmente, pela baixa produtividade (6,52
litros/animal/dia) encontrada no presente estudo. Segundo Gomes (2009), um valor de
referência para sistemas rentáveis seria algo em torno de R$500,00, imobilizados por kg de
leite/dia.
48
Tabela 2 – Resumo da análise de rentabilidade do custo de produção de leite da microrregião
de Itapetinga-Bahia, durante o período de outubro de 2009 a setembro de 2010
Especificação Unid Média D.P
1. Renda bruta
1.1 LEITE L 133.805,73 114.633,14
1.1 Venda do leite R$ 85.506,50 72.664,90
1.2 Venda de animais R$ 21.964,45 30.248,68
Sub total R$ 107.470,96 94.987,97
Variação de inventário animal R$ 14.044,76 50.088,92
Total da renda bruta da atividade leiteira (R.B) R$ 121.515,72 119.161,11
Valor pago por litro de leite R$ 0,63 0,05
Renda bruta/litro R$ 0,91 0,37
2. Custo operacional efetivo (C.O.E) R$ 57.310,64 40.771,76
3. Custo operacional total
3.1 Custo operacional efetivo R$ 57.310,64 40.771,76
3.2 Depreciação R$ 6.726,68 5.210,93
Custo operacional total (C.O.T) R$ 64.037,32 44.032,18
4. Custo total
4.1 Custo operacional total R$ 64.037,32 44.032,18
4.2 Remuneração do capital circulante R$ 308,57 219,46
4.3 Remuneração do capital investido R$ 21.574,94 11.526,57
4.4 Remuneração da terra nua R$ 23.245,35 19.609,89
Custo total (C.T) R$ 109.065,98 66.468,02
5. Indicadores de resultados
5.1 Margem Bruta (R.B – C.O.E) R$ 64.205,08 78.389,35
5.2 Margem Líquida (R.B – C.O.T) R$ 57.478,40 75.128,93
5.3 Resultado (lucro ou prejuízo) (R.B – C.T) R$ 12.449,74 52.693,09
6. Indicadores de desempenho econômico
6.1 Lucratividade da atividade % 10,25 42,71
6.2 Rentabilidade da atividade % 1,44 4,66
6.3 Ponto de equilíbrio L 119.788,57 80.345,17
Na Tabela 2, pode ser observado um resumo dos dados de renda bruta (RB), Custo
Operacional Efetivo (COE), Custo Operacional Total (COT), Custo Total (CT), Margem
49
Bruta (MB), Margem Líquida (ML), Resultado e indicadores de desempenho econômico da
atividade leiteira na microrregião de Itapetinga-Bahia, no período estudado.
A renda bruta média da atividade, durante o período de estudo, foi de R$121.515,72
(± 119.161,11), o que correspondeu à soma dos valores apurados com a venda de leite
(70,37%), animais (18,08%) e variação de inventário animal (11,56%) (Tabela 3). A venda
de animais, que representou 18,08%, contribuindo com a renda bruta, favoreceu na diluição
dos custos com a produção em todo o período estudado, porém, os dados encontrados são
superiores aos valores verificados por Lopes et al. (2008) de 12,2%, trabalhando com 17
propriedades leiteiras da região de Lavras-MG, e inferiores a 25,1% no ano I e 25,9% no
ano II, encontrados por Moraes et al. (2004), utilizando gado mestiço F1 alimentados
basicamente com pastagem e suplementação com volumoso. O valor encontrado neste
estudo, possivelmente, justifica-se devido a decisões gerenciais em não ser realizado na
unidade o sistema de cria e recria, visto que, em curto prazo não é importante
economicamente manter esse tipo de atividade. Para Almeida Junior et al. (2002), a venda
de animais excedentes contribui decisivamente para o melhor desempenho econômico na
atividade leiteira.
Em Goiás, em uma amostra de 1.000 fazendas, a renda do leite representou 83,5%
da RB total (FAEG, 2009), superiores aos dados deste estudo. Entretanto, Marques et al.
(2002) observaram que, em uma amostragem de rebanhos pouco tecnificados de Minas
Gerais, a venda de leite contribuiu com 71,9% da RB, resultados estes semelhantes ao do
presente estudo, sugerindo que a participação da venda de animais foi mais representativa
em rebanhos com baixo desempenho zootécnico, nos quais a produtividade foi
supostamente penalizada. Este fato denota a importância dos fatores ligados à
produtividade e à venda do leite e sugere que práticas focadas na venda de animais, mas
capazes de comprometer a produção de leite, podem induzir perda significativa na renda
das fazendas. Segundo Nascif (2008), em períodos de preço baixo de leite, a maioria dos
sistemas que utilizam cruzamentos com gado zebu tem a venda de animais como uma
forma de complementar a renda da atividade, o que não acontece com raças mais
especializadas. Este tipo de cruzamento, provavelmente, diminui a especialização leiteira
do rebanho.
50
Desta forma, realmente, a venda de animais tem grande importância e participação
nas receitas da atividade de pecuária leiteira. Porém, nem sempre ela é suficiente para
equilibrar as contas e proporcionar lucro. É importante observar que cada sistema tem
características econômicas próprias e que a distribuição em porcentagem de participação na
formação de custos e de receitas pode ser a mesma de um sistema para outro. O que vai
definir a maior ou a menor venda de animais são as metas do sistema de produção, a
necessidade de levantar receitas (LOPES et al., 2009), bem como os aspectos referentes à
saúde do rebanho (DEMEU, 2010). O que verdadeiramente importa é que o valor absoluto
do custo total de produção de um litro de leite seja sempre inferior à receita obtida na venda
dele, independentemente do sistema que se utiliza. Somente nesta situação é que a receita
obtida com a venda de animais vai poder proporcionar o lucro da atividade.
Quanto à venda de subprodutos (esterco), estes não são vendidos, e sim utilizados,
em alguns casos, como adubo orgânico em reservas estratégicas alimentar. De acordo com
Lopes et al. (2004a), o fato de ele ser utilizado no próprio sistema de produção, embora, em
um primeiro momento, significa redução da receita, representa também uma redução nas
despesas com manutenção das capineiras. Durante o projeto, foi observado que há bastante
desperdício desse subproduto, em consequência das condições inadequadas de
armazenamento. Tal fato pode também justificar a não comercialização e,
consequentemente, a diminuição da renda.
A variação de inventário animal, índice que mede a valorização ou a desvalorização
patrimonial em animais, foi de R$14.000,00 (± 50.088,92). Essa variação, quando positiva,
pode ser um indicativo de que o sistema de produção está crescendo, aumentando a taxa de
lotação, que o rebanho ainda não está estabilizado ou que ocorreu uma valorização no preço
do produto. Observa-se, ainda, na Tabela 2, que o valor médio pago por litro de leite no
51
período na região foi de R$ 0,63 (± 0,05). Considerando o desvio, este valor foi semelhante
à média de valores pagos nos estados do Paraná (R$0,62), São Paulo e Rio Grande do Sul
(R$0,65), Goiás (R$0,66), Minas Gerais (R$0,67), e superior ao estado de Santa Catarina
(R$0,57), segundo Anualpec (2010). Dentre as variáveis estudadas, o preço do leite foi a de
menor desvio padrão entre fazendas, enfatizando que este, definido pela indústria, tem
caráter mais constante dentro da região que as práticas de produção, definidas pelas
fazendas. Pesquisas recentes indicam que o coeficiente de variação da produção de leite
reduziu 6,48% ao ano, enquanto o da variação do preço reduziu apenas 0,61% ao ano. Isto
quer dizer que a produtividade tem maior influência no custo de produção do que o preço
do leite em si.
Segundo Gomes (2009), nos últimos nove anos, o preço recebido pelo produtor de
leite, variou significativamente, sendo que, no verão, os preços foram, sistematicamente,
menores que os praticados no inverno. O comportamento sazonal dos preços relativos ajuda
a explicar a preferência, de muitos produtores, por sistemas de produção flexíveis, de
menor custo médio no verão e maior no inverno. Tais sistemas privilegiam, no verão,
pastagens de boa qualidade em substituição à parte do concentrado.
A renda bruta da atividade por litro de leite produzido foi de R$0,91 (± 0,37). A
diferença em reais em relação ao preço pago por litro de leite (R$0,63) foi de R$0,28, esta
diferença refere-se à venda de animais e à variação de inventário animal. Dependendo da
receita proveniente desses itens, a diferença existente entre o preço pago por litro de leite e
a renda bruta por litro de leite pode variar para mais ou para menos.
O Custo Operacional Total (COT) de R$64.037,32 (± 44.032,18) foi obtido pela
soma do custo operacional efetivo (R$57.310,64), que foi o desembolso, com o custo de
depreciação (R$6.726,68) (Tabela 2). O valor referente à depreciação representa uma
reserva de caixa que deveria ser feita para se repor os bens patrimoniais ao final de sua vida
útil. A receita do período permitiu que essa reserva fosse feita. Isso significa que, ao final
da vida útil do bem, em permanecendo constantes as condições atuais, o pecuarista teria
recursos monetários para a aquisição de um novo bem substituto, não havendo uma
descapitalização em médio prazo.
A margem bruta é um indicador de desempenho para análise de curto prazo. Se esta
for negativa, significa que, se o processo produtivo for interrompido, será melhor, pois não
52
se está obtendo renda com a atividade, sequer para cobrir os custos operacionais efetivos.
Segundo Antunes e Ries (2001), é o índice que representa quanto da renda gerado pela
venda de cada unidade de produto é comprometido para cobrir os desembolsos efetuados
para a produção do mesmo.
Observa-se, na tabela 2, que a média desse indicador para microrregião de
Itapetinga foi de R$64.205,08 (±R$78.389,35), ou seja, o resultado foi positivo, o que
indica que a atividade vem cobrindo os custos operacionais efetivos, aqueles que estão
diretamente relacionados com a produção. A margem bruta positiva evidencia que a
atividade tem condições de sobreviver pelo menos a curto prazo. Porém, considerando o
desvio, observa-se que, em algumas situações (três propriedades), esse resultado encontra-
se negativo, demonstrando que a compra e o consumo é maior do que a produção,
provavelmente, devido à baixa produtividade de leite, que tem influência direta nos
resultados econômicos da atividade.
A margem líquida é um indicador de desempenho para análise de médio prazo.
Observa-se, na tabela 2, que a margem líquida também foi positiva (R$57.478,40 ±
R$75.128,93), evidenciando que as receitas cobriram os custos totais da atividade,
indicando que a atividade pode sobreviver pelo menos a médio prazo, pois cobre também
os custos com as depreciações. Semelhante à margem bruta, observa-se que, considerando
o desvio, algumas propriedades (quatro) também não conseguiram cobrir os custos totais,
demonstrando que estas, se não mudarem de atividade, correm o risco de se
descapitalizarem ao longo do tempo.
O indicador margem líquida não avalia a remuneração do capital utilizado na
atividade. Mesmo o resultado sendo positivo, pode ser que o capital utilizado na atividade,
esteja sendo remunerado abaixo, igual ou acima da taxa de juros adotada, como
oportunidade de aplicação do capital investido na atividade leiteira.
Nascif (2008), conduzindo um trabalho com objetivo de levantar indicadores
técnico-econômicos para o Estado de Minas Gerais, em 318 propriedades leiteiras,
observou que: a área utilizada pela pecuária de leite é, em média, 137,60 ha; a maior
produção de leite/dia encontra-se na região sul/sudoeste de Minas, com 1.719
kg/dia/propriedade; a produtividade por área foi de 3.095,71 kg/ha/ano e o custo
operacional efetivo/litro, custo operacional total/litro e o custo total/litro foram de
53
R$0,3729, R$0,4514 e R$0,5166, respectivamente. As margens bruta e líquida/litro de leite
e o resultado da atividade leiteira no estado de Minas Gerais foram de R$0,1638, R$0,0640
e -R$0,0193, respectivamente, e a atividade apresentou um capital imobilizado por litro de
leite produzido de R$1.279,90.
Prado et al. (2007) estudaram a rentabilidade da exploração leiteira de uma
propriedade em cinco anos e observaram que a margem líquida negativa atingiu R$ -
201.091,89, embora a margem bruta fosse positiva (R$130.003,54). Isso foi um indicativo
de descapitalização a médio prazo da atividade, uma vez que se fica impossibilitado de
realizar a reposição de bens de capital.
Resultados de pesquisas têm demonstrado que a atividade leiteira apresenta um
resultado positivo (MANCIO et al., 1999; MORAES et al., 2004; GOMES et al., 2007;
OLIVEIRA et al., 2007; SILVA et al., 2008), outros têm mostrado que a atividade
apresenta margem líquida positiva (LOPES et al., 2007, 2004a, 2004b; SEBRAE, 2006;
NASCIF, 2008; GOMES, 2007) e a maioria tem mostrado apenas a margem bruta positiva
(PRADO et al., 1995; REIS, 2001; FASSIO et al., 2006; LOPES et al., 2007; PRADO et
al., 2007).
O resultado (lucro ou prejuízo) da atividade leiteira é uma medida de desempenho
econômico de longo prazo. Em situação de resultado menor do que zero, significa que a
remuneração do capital investido na atividade está menor que a taxa de juros de
oportunidade utilizada. Quando o negócio está em equilíbrio, considera-se o resultado igual
a zero (normal), ou seja, o capital investido na atividade está sendo remunerado conforme a
taxa de juros de oportunidade adotada. O resultado maior do que zero, ou seja, o capital
investido na atividade está sendo remunerado acima da taxa de juros de oportunidade
adotada. Espera-se que esse valor do lucro maior do que zero seja reinvestido na atividade
leiteira, para que o empresário possa continuar crescendo e acompanhando as evoluções do
seu negócio. Sendo assim, o resultado igual a zero não pode ser considerado um mal
resultado, pois pagou-se o custeio da atividade, considerou-se o custo de depreciações,
remunerou-se a mão de obra familiar e cobriu-se o capital investido na atividade, ou seja, a
empresa está em uma situação equilibrada.
O resultado encontrado na atividade leiteira da microrregião de Itapetinga foi de
R$12.449,74 (± 52.693,09). Observa-se que o comportamento foi semelhante ao
54
encontrado nos resultados da margem bruta e líquida, ou seja, algumas propriedades da
região, devido aos valores negativos dos indicadores anteriormente citados, houve uma
influência direta nos resultados, sendo que, das 28 propriedades pertencentes a esta
pesquisa, 12 conseguiram cobrir todos os seus custos, inclusive remunerando o capital
investido na atividade (lucro), indicando que estas se encontram estáveis e com
possibilidade de crescimento, porém, 16 apresentaram resultados negativos, indicando que
o empresário poderá continuar produzindo por um determinado período, embora com um
problema crescente de descapitalização, tornando a atividade não atrativa. O
comportamento de lucro ou prejuízo tem uma influência direta na produção de leite, pois as
propriedades que tiveram os resultados positivos apresentaram uma melhor produtividade
por vaca e isso colaborou com a melhoria da receita, diluindo, dessa forma, os custos. Tal
fato demonstra alguns benefícios de se produzir em altas escalas, pois, além de reduzir os
custos, pela otimização da infraestrutura (LOPES et al., 2007), a maioria dos laticínios
bonifica os pecuaristas por maiores volumes (DEMEU, 2010).
A lucratividade e a rentabilidade da atividade leiteira da microrregião de Itapetinga
apresentaram resultados médios de 10,25% (± 42,71%) e 1,44% (± 4,66%),
respectivamente. Esses resultados demonstram que existe uma grande variabilidade na
lucratividade e rentabilidade das propriedades estudadas, porém, se considerar a média da
região para lucratividade, pode-se interpretar que, para cada R$100,00 apurados na receita
total, obtém-se R$10,25 de lucro, resultado este inferior aos encontrados por Santos
(2011) de 14,73%, 29,14% e 12,08%, estudando diferentes sistemas de produção. A venda
de animais e a variabilidade na produtividade das propriedades estudadas tiveram uma
influência significativa na receita da atividade e isto proporcionou uma maior variação nos
resultados encontrados, tendo, dessa forma, um reflexo nos grandes valores de desvios
padrões encontrados.
Pela lucratividade, pode-se comparar com outros sistemas de produção de leite,
analisando qual foi o mais lucrativo e, pela rentabilidade, pode-se comparar com atividades
diferentes, mostrando a melhor opção de investimento, como, por exemplo, com a
caderneta de poupança, que no período de 12 meses obteve uma taxa real de juros de
5,34%. Nesse caso, 19 propriedades, das 28 estudadas, demonstraram que a aplicação em
caderneta de poupança teria sido melhor negócio para os pecuaristas. Tal comparação é
55
feita apenas para se ter um referencial e não objetiva sugerir ao pecuarista que abandone a
atividade e invista em caderneta de poupança. Alguns cuidados deverão ser observados
antes de se optar pela desativação ou abandono de uma atividade, pois uma parcela
significativa dos custos fixos continuará a existir ainda por um período de tempo. É
importante verificar a composição dos custos e índices técnicos e observar se há
possibilidade de melhor remanejamento dos fatores de produção e técnicas que poderão
permitir minimizar custos e/ou aumentar a produtividade.
Lopes et al. (2009), estudando a rentabilidade de sistemas de produção de leite com
alto nível tecnológico, encontraram 9,90% da receita total composta pela venda de animais
e rentabilidade de 0,72%. Possivelmente, essa maior representação da venda de animais na
receita contribuiu para tornar os sistemas rentáveis.
Por ponto de nivelamento entende-se que é o nível de produção em que uma
atividade tem seus custos totais iguais às suas receitas totais (LOPES e CARVALHO,
2000). A média do ponto de nivelamento em produção de leite do presente trabalho foi de
119.788,57 (±80.345,17) litros, com uma média diária de 328,19 litros. Esse índice
evidencia que muitos esforços gerenciais e até mesmo tecnológicos devam ser feitos
objetivando aumentar as médias diárias de leite, sem, contudo, aumentar o custo variável
médio que, uma vez elevado, aumentará ainda mais o ponto de nivelamento. De acordo
com Lopes et al. (2004a), uma alternativa é aumentar a eficiência produtiva, ou seja, a
produtividade por matriz, otimizando, assim, as despesas com mão de obra, medicamentos,
inseminação artificial, impostos fixos, energia e diversas. Tais despesas, aumentando-se a
produtividade por matriz, não serão afetados.
Na tabela 4, observa-se o Custo Operacional Efetivo (COE), Custo Operacional
Total (COT), Custo Total (CT), Margem Bruta (MB), Margem Líquida (ML) e Resultado
(R) em R$ por litro de leite da microrregião de Itapetinga-Bahia, durante o período de
outubro de 2009 a setembro de 2010.
Os custos Operacionais Efetivos e Totais por litro de leite, que foram de R$0,43 (±
0,17) e R$0,48 (± 0,19), apresentaram o comportamento semelhante às análises
apresentadas anteriormente, ou seja, foram cobertos pela receita da atividade, porém,
quando se comparou estes resultados, considerando o desvio, com o preço pago por litro de
leite (R$0,63), algumas propriedades apresentaram valores dos custos superiores à receita.
56
Isso indica que, propriedades com baixa produtividade tem uma maior dependência da
receita proveniente da venda de animais.
Tabela 4 – Custo Operacional Efetivo (COE), Custo Operacional Total (COT), Custo Total
(CT), Margem Bruta (MB), Margem Líquida (ML) e Resultado (R) em R$ por
litro de leite da microrregião de Itapetinga-Bahia, durante o período de outubro
de 2009 a setembro de 2010
Especificação Média D.P
Custo operacional efetivo/litro 0,43 0,17
Custo operacional total/litro 0,48 0,19
Custo total/litro 0,82 0,34
Margem Bruta/litro 0,48 0,33
Margem Líquida/litro 0,43 0,33
Resultado/litro 0,09 0,33
57
Tabela 5 – Índices técnicos/gerenciais da microrregião de Itapetinga-Bahia, no período de
outubro de 2009 a dezembro de 2010
Especificação Média D.P
COE / COT (%) 89,50 4,97
COE/RB (%) 47,16 22,25
COT/RB(%) 52,70 25,96
Mão de obra permanente/ COT (%) 43,92 14,42
Depreciação / Custo Total (%) 10,50 4,97
Produtividade animal / dia (Litros de leite) 6,52 2,26
Produção diária (Litros de leite) 371,68 318,43
Produção de leite por hectare / ano (L) 994,20 802,82
Produção de leite / mão de obra (L/ dia) 133,42 55,19
Capital investido/produção diária de leite (R$) 9,49 5,42
Quantidade de vacas em lactação/ha 0,46 0,26
COE = Custo operacional efetivo; COT = Custo operacional total; RB = Renda bruta
58
Tabela 6 – Contribuição em % de cada item do Custo Operacional Efetivo (COE) no Custo
Operacional Total (COT) da microrregião de Itapetinga-Bahia, no período de
outubro de 2009 a setembro de 2010
Especificação Média D.P
Mão de obra permanente 43,92 14,42
Mão de obra temporária 5,12 5,71
Ração comercial 9,14 8,51
Sal mineral 3,77 1,87
Fertilizantes 0,55 0,85
Defensivos 0,93 1,40
Sementes e mudas 0,22 0,59
Volumosos comprados 0,01 0,02
Sêmen 0,43 0,99
Reprodução 1,20 2,07
Medicamentos 5,00 2,29
Exames sanitários 0,04 0,11
Material de ordenha 0,31 0,71
Ferramentas e utensílios 0,46 0,60
Combustíveis 4,04 3,03
Mecanização terceirizada 0,42 1,64
Manutenção de máquinas 0,68 1,16
Manutenção de instalações 1,89 2,82
Energia elétrica 3,66 2,68
Telefone 0,30 0,72
59
certo ponto, tem um comportamento de custo fixo, pois pode aumentar a quantidade de
vacas em lactação sem necessidade de aumentar a quantidade de funcionários.
Oliveira et al. (2007), trabalhando com indicadores referência de sistemas de
produção de leite no extremo sul da Bahia, citaram que a participação do gasto com
concentrado e mão de obra, na renda bruta do leite, consiste em um indicador de eficiência
econômica largamente adotado. Neste trabalho, observou-se maior participação da mão de
obra na renda bruta do leite em relação à participação do concentrado, o que difere de
sistemas nos quais se utilizam vacas de maior nível de produção de leite, em decorrência da
maior adoção de tecnologias poupadoras de mão de obra e da maior intensidade de uso de
concentrado neste tipo de sistema de produção.
Observa-se, na Tabela 5, que a produção de leite/mão de obra/dia foi de 133,42
litros (±55,19), valores estes inferiores aos estudos ocorridos em 1000 fazendas de Minas
Gerais e 1000 de Goiás, apresentando uma média de 182 e 169 litros, respectivamente.
Segundo Costa (2007), propriedades que apresentam bom desempenho para estes
indicadores deverão apresentar valores superiores a 7.300 L/ha/ano e 200 L/d.h.. Os
menores valores encontrados neste estudo sugerem que os sistemas de produção avaliados
deverão realizar investimentos para intensificar o uso das pastagens e melhorar a eficiência
da mão de obra.
O baixo uso de capital moderno nas fazendas do presente estudo influenciou na
redução da produtividade da mão de obra e, consequentemente, aumentou o seu custo. Com
a tendência de elevação do valor real dos salários e, consequentemente, do custo do
trabalho, os gastos com mão de obra contratada podem limitar cada vez mais o desempenho
e sustentação econômica das fazendas de leite do Brasil.
O papel da produtividade da mão de obra (PMDO), como fator determinante da
lucratividade, é coerente com dados da literatura. Em fazendas de Minas Gerais, a
produtividade da mão de obra contratada foi um dos três índices mais determinantes da
lucratividade (FASSIO et al., 2006). Este índice também foi positivamente correlacionado
com a taxa de remuneração do capital investido em fazendas de leite da Bahia
(SCHIFFLER et al., 1999; LIMA, 2007). Com a tendência de elevação real dos salários
(Cepea, 2009), gastos com mão de obra podem ser o determinante cada vez mais
importante da lucratividade da atividade leiteira brasileira (ALVES, 1999).
60
A PMDO impacta fortemente o custo da mão de obra na atividade leiteira, podendo
inviabilizar a produção de leite, mesmo com um nível salarial baixo. Entretanto, melhorias
da PMDO proporcionam forte redução na despesa, podendo viabilizar melhorias na
remuneração do trabalhador com os ganhos adicionais. Por isso, a avaliação e o
acompanhamento mensal da evolução da PMDO são recomendáveis.
A melhoria da PMDO depende da melhoria da produtividade do rebanho e de
condições favoráveis para o trabalho (instalações, máquinas e equipamentos apropriados),
sendo afetado pelo sistema de alimentação (pasto ou pasto mais suplementação com
volumoso no cocho), sistema de ordenha (manual ou mecânica), e da própria mão de obra
(capacitação, qualidade, racionalização do uso).
A alimentação foi responsável por 9,14% das despesas operacionais efetivas. Esse
percentual é inferior aos encontrados por Lopes et al. (2008), de 55,9%, no qual todos os
sistemas de produção utilizaram suplementação concentrada durante todo o ano e, na
estação seca, suplementação volumosa e concentrada. Em dois dos 16 sistemas de
produção, as vacas foram totalmente confinadas. Isso significa que a região do presente
estudo trabalha ainda com uma alimentação a base de pasto, utilizando algum suplemento
apenas no período de escassez de alimento (período seco), sendo isto um indicativo que o
rebanho da região ainda possui um baixo potencial genético, demonstrando a baixa
produtividade encontrada neste trabalho (6,52 litros por vaca/dia). Estudando a
rentabilidade de rebanhos de alta produtividade leiteira no estado do Paraná, Almeida et al.
(2009) encontraram correlação positiva (r=0,66) e significativa (P<0,01) entre este
indicador e o rendimento dos animais (em litros por cabeça por dia). Verificaram também
correlação positiva (r = 0,55) entre os gastos com alimentação e a produtividade das vacas,
no entanto, a correlação mudou de sinal (r = - 0,32), quando eles associaram a
produtividade com o custo alimentar unitário. Potencial genético do rebanho, práticas
corretas de manejo e a tradição da região com a bovinocultura leiteira foram outras
variáveis importantes apontadas pelos autores para explicar as variações no retorno
econômico da atividade.
Hansen et al. (2005) estudaram 27 indicadores da produção de leite em fazendas da
Noruega, por metodologia de análise de componentes principais (JOLLIFFE, 2002) e
61
identificaram que a despesa com concentrados e a diferença entre a renda bruta total e o
custo com alimentação foram os principais determinantes da lucratividade.
As despesas com medicamentos representaram 5,00% do custo operacional efetivo,
valor semelhante ao encontrado por Lopes et al. (2008), de 4,9%, e abaixo da média
encontrada por outros pesquisadores. Desse percentual, a maior parte foi consumida com
produtos terapêuticos, como antibióticos; uma outra parte, com vacinas contra aftosa; e um
pequeno valor, com outras vacinas consideradas essenciais e com antiparasitários. Tais
fatos demonstram que um trabalho de educação e conscientização da importância da saúde
animal precisa ser realizado urgentemente com os produtores de leite. É possível diminuir
os custos de produção, principalmente, com medicamentos, quando medidas profiláticas,
como esquemas de limpeza, desinfecção, vacinações, “vermifugações” etc. são aplicadas
nas propriedades. Na maioria das propriedades rurais do país, os elevados custos com
controle sanitário resultam do emprego de medicamentos para cura de enfermidades e não
na forma preventiva.
Quanto às despesas com inseminação artificial - sêmen, nitrogênio líquido, além de
outros materiais, o percentual obtido de 0,43 está muito abaixo da média encontrada por
outros pesquisadores, devido ao fato de apenas cinco (17%) das 28 propriedades leiteiras
terem adotado essa tecnologia. A média de tais despesas nas cinco propriedades foi de
2,55%. A inseminação artificial é um indicativo de desenvolvimento tecnológico que
influencia junto com outros itens, diretamente na maior eficiência reprodutiva do rebanho.
Pelos resultados encontrados, verifica-se que a região ainda não ver esta tecnologia como
prática importante para ser aplicada, usando, na maioria das vezes, a monta natural.
É interessante observar que a assistência técnica não representou mais do que 7,09%
do custo operacional efetivo e, em média, representou apenas 2,62%, resultados estes
semelhantes aos encontrados por Santos (2011). Apesar dessa pequena representatividade,
muitas vezes, o técnico é o primeiro a ser dispensado em momento de crise.
Portanto, o bom resultado no desempenho econômico depende invariavelmente do
bom desempenho tecnológico das propriedades. Sendo assim, o profissional da assistência
técnica é indispensável para utilizar os resultados econômicos para melhor intervenção
tecnológica, tendo uma visão holística e menos cartesiana dos sistemas de produção. Não
tem sentido calcular custos de produção, que é econômico, retratando um passado, se estes
62
não forem utilizados para a tomada de decisão estratégica futura, que é a administração.
Mais importante do que o cálculo de custos em si é a sua interpretação. Não há
possibilidade de uma empresa rural, na atividade leiteira, obter bons resultados econômicos
se o seu sistema de produção não estiver equilibrado e nem possibilitar flexibilidade na sua
condução. Por outro lado, o empresário rural tem que estar aberto às mudanças, pois não é
possível obter resultados diferentes agindo da mesma maneira, sabendo que a tendência é
de grandes produtores de leite em pequenas áreas.
63
3. CONCLUSÕES
64
4. REFERÊNCIAS
ANTUNES, L. M.; RIES, L.R. Gerência Agropecuária; 2a ed. Guaíba Agropecuária, São
Paulo – SP, 2001. 272 p.
65
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66
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68
CAPÍTULO 2
RESUMO
69
CHAPTER 2
ABSTRACT
70
1. INTRODUÇÃO
O sistema agroindustrial (SAG) do leite tem apresentado resultados importantes
tanto na economia nacional quanto na geração de emprego e renda para os brasileiros.
Devido ao aumento da produção de leite, o Brasil tem importado uma quantidade menor de
produtos lácteos nos últimos anos. Além disso, o SAG do leite é um importante agente na
geração de empregos diretos e indiretos. No cenário internacional, o Brasil tornou-se o
sexto maior produtor de leite do mundo, possuindo uma produção crescente por volta de
4% ao ano, taxa superior a de todos os países que ocupam os primeiros lugares no ranking
internacional (EMBRAPA, 2011). Segundo Vilela (2011), a cada dolár gerado na cadeia
produtiva de leite no país, cinco doláres são criados no Produto Interno Bruto (PIB).
A atividade leiteira nacional tem passado nos últimos anos por profundas
transformações, entre elas estão: a desregulamentação do setor, que tem ocasionado a
liberação dos preços do leite; a abertura econômica, que tem intensificado a participação do
país no mercado internacional de lácteos; e, por fim, a maior profissionalização dos
produtores de leite e a modernização do parque industrial brasileiro, segundo informações
da Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás (ALVES, 2009).
Atualmente, a produção nacional de leite tem superado a marca de 26 bilhões de
litros por ano. Sobre uma pesquisa divulgada em fevereiro de 2009, o vice-presidente da
Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Ronaldo Ernesto Scucato, afirmou que as
expectativas são boas em torno da produção de leite nacional, pois se espera que a produção
dobre nos próximos 12 anos, sem necessidade de ampliar a área de exploração da pecuária
(AGÊNCIA BRASIL, 2010).
O Estado da Bahia, por sua vez, em relação aos estados do nordeste, ocupa o
primeiro lugar em produção de leite, com 1,18 bilhão de litros de leite no ano de 2009
(IBGE, 2010). Sétima maior produtora de leite do Brasil, a Bahia possui apenas 3,56% da
produção nacional e sequer consegue atender à demanda dos baianos, que consomem cerca
de 1,5 bilhão de litros por ano.
A região Sudoeste da Bahia tem aptidão natural para a pecuária, e já foi considerada
uma das mais importantes regiões produtora de carne e leite, pois apresenta o solo propício
para pastagens, o que influenciou a pecuária obter uma expressão que, em pouco tempo, se
tornou a principal atividade econômica dessa região. Dentro desta região, destaca-se para
71
produção de leite a microrregião de Itapetinga, formada pelos municípios de Caatiba,
Firmino Alves, Ibicuí, Iguaí, Itambé, Itapetinga, Itarantim, Itororó, Macarani, Maiquinique,
Encruzilhada e Ribeirão do Largo. Segundo Ferreira et al. (2005), o aproveitamento de seu
potencial leiteiro surgiu com algumas pequenas unidades de produção de creme para
fabricação de manteiga. O crescimento desse potencial despertou em alguns empresários a
possibilidade do transporte e venda do leite para outras regiões, principalmente, para
Salvador, Bahia, e propiciou a instalação de fábricas para industrialização do leite. Houve
uma resposta por parte dos produtores, porém, os índices zootécnicos conseguidos por eles
foram baixos em função do rebanho apresentar alto percentual de sangue com raças de
baixo potencial genético. Alguns produtores com apoio da indústria instalada começaram a
introduzir sangue de gado europeu, que são mais aptos para produção de leite.
A instalação da atividade pecuarista ocorreu entre 1912 e 1952, sendo este período
marcado pela instalação e expressão da pecuária de corte, e pela ocupação plena dos
espaços naturais. Região de difícil penetração, devido aos obstáculos naturais da vegetação
de mata densa e à resistência indígena, pelos nativos da tribo Mongoyós, ao invasor branco,
Itapetinga foi um dos últimos espaços explorados no Estado da Bahia (OLIVEIRA, 2003).
Na Bahia, 80% dos produtores de leite são classificados como pequeno e a grande
dispersão territorial dos estabelecimentos, aliada à precariedade dos meios de transporte,
resultam em altas perdas e custo de frete elevado. Outras carências, como a insuficiência e
a baixa qualidade da alimentação do gado, manejo sanitário inadequado, baixo padrão
genético, longo intervalo entre partos, induzem o reduzido rendimento médio do rebanho
(CARVALHO JÚNIOR, 2011).
A falta de informação, assistência e investimentos na produção leiteira geram baixas
produtividade e qualidade do produto. Pode-se observar que, propriedades com maior
produção leiteira, frequentemente, produzem leite de melhor qualidade, quando comparadas
àquelas com menor produção. Há diferenças de qualidade no leite produzido pelos
diferentes Estados brasileiros, que podem ser atribuídas às condições encontradas em cada
região, como perfil do produtor, maior acesso à assistência técnica, presença de órgãos
extensionistas e programas regionais de controle sanitário de rebanhos e, principalmente,
laticínios com políticas de pagamento por qualidade.
72
Diante disso, objetivou-se caracterizar as propriedades leiteiras da microrregião de
Itapetinga do estado da Bahia, observando o perfil do produtor, caracterização da
propriedade, da mão de obra e aspectos correlacionados, em função do nível de produção
das propriedades.
73
2. MATERIAL E MÉTODOS
74
uma vegetação variada, apresentando os seguintes tipos: floresta estacional decidual e
semidecidual, floresta ombrófila densa, floresta estacional e submontana (Bahia, 1994).
Foram escolhidas aleatoriamente, com base em listas de fornecedores de laticínios
da região, 33 propriedades rurais da microrregião de Itapetinga-Bahia-Brasil, todas elas
produtoras de leite, no período de outubro de 2009 a setembro de 2010, sendo a escolha do
público alvo de forma aleatória (Figura 2).
75
O questionário aplicado foi elaborado com linguagem acessível ao produtor rural,
independentemente de seu nível cultural, observando a sequência dos tópicos e organizando
as perguntas de maneira que a entrevista fluísse de forma natural e agradável, na medida do
possível, permitindo a colheita dos dados com rapidez e eficácia.
As primeiras entrevistas foram realizadas como forma de pré-teste, com abertura
para possíveis manipulações dos questionários seguintes, a fim de aperfeiçoá-los pela
correção de complexidade de perguntas, ordenação destas, a fim de obter uma sequência
lógica, maximização da clareza em geral e adição de eventuais perguntas ou itens que
pudessem servir como auxílio na obtenção de informações.
Os produtores foram identificados por numerações de 1 a 33 na primeira coluna e
nas demais colunas foram constadas as informações obtidas pelas respostas dos mesmos.
Após a elaboração da planilha, procedeu-se a seleção e análise dos dados pelo programa
software Microsoft Excel for Windows e sistematizados em gráficos e tabelas ou
percentuais. Para estabelecer uma compreensão mais esclarecedora das informações
colhidas, optou-se por uma abordagem basicamente descritiva, com análise voltada para
este tipo de estatística (FERREIRA et al., 2005).
Para facilitar as análises, foi realizada uma distribuição dos produtores de acordo
com as médias de produção diária da propriedade, estabelecendo, dessa forma, três
extratos: até 200 litros/dia (A), de 201 a 400 litros/dia (B) e maior que 401 litros/dia (C)
(Figura 3).
Figura 3 – Distribuição das quantidades de amostras em função das médias de produção diárias.
76
As avaliações realizadas foram feitas em função do nível de produção das
propriedades, dos dados da propriedade, do produtor, características da propriedade, mão
de obra na bovinocultura, tecnologia (as) para melhorar a produtividade da atividade, uso
da terra, dados zootécnicos e sanitários dos animais, e ordenha.
77
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pode-se observar, na Tabela 1, que 91,0%, 75,0% e 60,0% dos produtores dos
estratos, até 200 litros/dia (A), 201-400 litros/dia (B) e maior que 400 litros/dia (C),
respectivamente, não residem nas propriedades. Vale salientar que os produtores do estrato
A, normalmente, possuem outra fonte de renda e utilizam a propriedade como uma renda
auxiliar, isso pode ser comprovado pelo item dedicação exclusiva, observando que, dos três
estratos, o de menor dedicação foi o de até 200 litros/dia. O comportamento inverso que
ocorre com as propriedades que tem dedicação exclusiva à atividade, por parte dos seus
proprietários (45,4%, 50,0% e 60%), mostra que à medida que ocorre uma maior dedicação
à atividade, consequentemente, há um incremento na produção de leite. Com isso, pode-se
deduzir que não basta residir na propriedade para que haja um aumento na produção e sim
dedicar-se a mesma, o que é comprovado no estrato de maior produção (C). A presença
direta, junto à atividade, quando em caráter efetivamente gerencial, com monitoramento
dos desempenhos de cada setor, pode possibilitar interferências relacionadas à redução do
custo de produção, trabalhando os recursos disponíveis com uso de técnicas adequadas e
aumentando, consequentemente, a receita do negócio.
Segundo Neves et al. (2011), a falta de dedicação à atividade é uma realidade que
dificulta a gestão da propriedade que, em grande parte das vezes, é feita à distância pelo
78
proprietário ou, em casos prementes, as decisões são tomadas de forma inadequada pelo
pessoal de apoio, sem qualificação profissional.
O percentual de produtores residindo nas propriedades com mais de 400 litros/dia é
inferior ao levantamento realizado em Minas Gerais por Gomes (2006), que encontrou 77%
nessa condição, e aos observados por Ferrão (2000), que encontrou 62,5% dos produtores
de Pedro Leopoldo morando na fazenda, o que pode ser devido ao nível econômico dos
produtores encontrados atualmente, que difere em muito da realidade dessa região, frente à
do estado de Minas Gerais.
No presente estudo, o estrato que apresentou o maior percentual de produtores
residindo na propriedade foi o C, isso pode ser explicado, pois as propriedades deste estrato
localizam-se mais próximas dos centros urbanos, o que permite possuir uma melhor
estrutura como água encanada, energia elétrica, disponibilidade de meios de informação
como rádio, TV, internet e telefone.
A baixa frequência de produtores, que têm a atividade leiteira como fonte única ou
principal de renda, sugere uma baixa rentabilidade econômica desta nos moldes praticados.
Prado (1991) descreve que os produtores que têm na bovinocultura leiteira uma fonte
secundária de renda apresentam mais paixão do que razão com relação à atividade e, via de
regra, esta se perde na irracionalidade administrativa gerencial, reproduzindo resultados
negativos que, geralmente, são ignorados, dado o habitual desinteresse qualificado dentro
de uma lógica mais especulativa do que empresarial. Assim, as falhas administrativas foram
relacionadas entre os principais problemas que afetam a pecuária de leite.
Em relação à administração pelo sexo masculino ou feminino, observa-se, na tabela
1, que no estrato A não possui administração do sexo feminino. Observou-se neste estudo
que as propriedades, na maioria das vezes, são administradas por homens, em apenas
16,6% (estrato B) e 10% (estrato C) delas estão sob a responsabilidade de pessoas do sexo
feminino, representando a tradição masculina no ramo pecuário. Estes pequenos
percentuais femininos que aparecem nos estratos A e B podem ser justificados, pois essas
mulheres já possuem tradição na lida com as propriedades e receberam de herança essas
terras. França (2006), pesquisando o perfil dos produtores de leite em dois municípios de
Minas Gerais, observou que apenas 5% das propriedades eram administradas por pessoas
do sexo feminino, resultado este inferior ao encontrado no presente estudo. Patez (2011)
79
observou, na região sudoeste da Bahia, a presença de apenas 7% de mulheres na
administração das propriedades. Estudo feito pelo IPARDES (2008) constatou que a grande
maioria dos produtores paranaenses de leite é do sexo masculino, aproximadamente 93%.
Tradicionalmente, caracterizam-se como atividades masculinas aquelas próprias do
mundo da produção, e que envolvem o mercado e a geração de renda. Quanto mais a
produção do leite estiver voltada para a comercialização e se transformar em atividade de
renda principal para o produtor, mais será encarada como de responsabilidade masculina.
Em relação à presença de filhos na atividade, foi constatado no estrato A apenas
18,2% dos filhos dos produtores envolvidos na atividade, enquanto 81,8% não têm nenhum
envolvimento. Nos estratos B e C, os percentuais dessa característica já se equilibram, 50%
(A) e 50% (B). Isso demonstra que os filhos dos produtores do estrato A, na sua maioria,
não se sentem estimulados a se envolverem na atividade, provavelmente, porque seus pais
usam a propriedade como renda auxiliar e a baixa rentabilidade da mesma, entre outros
fatores, fazem com que estes sejam estimulados a procurarem outra fonte de renda, porém,
esse aspecto pode afetar diretamente o processo de sucessão nas propriedades.
Quanto à participação em palestras, pode ser observado que os produtores do estrato
A tem uma menor participação (54,5%) em relação aos estratos B (80%) e C (70%). Isso
comprova que estes, por terem esta atividade apenas como um complemento na renda,
possuem outra fonte de renda como principal e não são estimulados, na maioria das vezes, a
se atualizarem, o que não foi observado nos estratos B e C.
O grau de instrução dos produtores constitui um indicativo do nível de educação e
conhecimento dos mesmos, pois é por meio do conhecimento que haverá condição de
identificar os problemas e obter uma melhor organização na produção.
De acordo com a Figura 4, em todos os níveis de produção não existem produtores
sem ensino fundamental 1 completo e incompleto, isso facilita no aproveitamento dos
cursos e palestras. Encontrou-se apenas no estrato A 18% de produtores com ensino
fundamental 2 incompleto, isso chama a atenção para os programas de extensão tecnológica
para o meio rural, pois os mesmos precisam utilizar formas de abordagem compatível com
este nível de instrução, a fim de que as medidas propostas sejam inseridas nos sistemas e
manifestem resultados positivos para o desenvolvimento do setor. No estrato B, 50%
possuem nível médio, enquanto no C, 50% apresentam ensino fundamental 2 completo.
80
Figura 4 – Percentual do grau de instrução do produtor em função do nível de produção.
81
caracterizada por produtores com nível superior. Acredita-se que produtores com níveis
mais elevados de escolaridade buscam mais informações e tecnologias que os demais
produtores, e que o fator educação possa determinar o grau de desenvolvimento econômico
e tecnológico da fazenda.
82
Figura 6 - Fonte de obtenção de informações dos produtores em função do nível de produção.
83
(23,0%) e técnico da EMATER (6,2%). Apenas 26,43% dos produtores participam de
algum treinamento (curso, palestra, dia de campo), dificultando a evolução técnica do setor.
Em relação à experiência na atividade, observa-se, na Figura 7, que o tempo de
experiência predominante nos três estratos estudados foi acima de 20 anos, sendo de 54%,
66,7% e 60% nos estratos A, B e C, respectivamente, tendo como destaque o estrato B. Por
outro lado, os produtores do estrato A, apesar da maioria possuir mais de vinte anos na
atividade, ainda possuem um nível de produção considerado baixo, provavelmente, por não
utilizarem novas tecnologias para melhoria da sua produção; deve-se também levar em
consideração que, neste estrato, ocorreu o maior percentual de produtores com até 10 anos
na atividade (18%). A menor experiência na atividade pode influenciar diretamente na não
aplicação de novos níveis tecnológicos e, consequentemente, na produção.
84
3.2 Características das propriedades
Ao analisar os dados sobre quem administra a fazenda (Figura 8), constatou-se que
o produtor, independente do nível de produção, é o principal responsável pela
administração direta ou indireta, mesmo nas propriedades com nível de produção acima de
400 litros, onde 20% das propriedades quem administrava é seu filho. Esses resultados
confirmam os de Carvalho Júnior (2011). Deve ser levado em consideração que, no
momento de desenvolver um programa de capacitação rural, quem deverá participar do
programa são justamente as pessoas responsáveis pela administração. Um dado que
também deve ser observado é que, no estrato A, 45,5% das propriedades eram
administradas pelos vaqueiros, dependendo do nível de instrução dos mesmos, isso pode
influenciar diretamente na aplicação de novos conhecimentos para melhoria da atividade, e
por não apresentarem um acompanhamento mais qualificado esta pode não apresentar os
resultados esperados.
85
O gerente administra as propriedades em apenas 8,4% e 10% nos estratos B e C,
respectivamente. O gerente, geralmente, é utilizado quando os donos das propriedades têm
envolvimento com outras atividades e não disponibiliza de tempo para gerir os seus
próprios negócios.
O técnico não aparece administrando nenhum estrato, pois, tradicionalmente, na
região, a assistência técnica se resume a uma visita mensal e está relacionada com
orientação inerente à produção da propriedade, tendo pouca influência nas questões
administrativas da mesma.
Kolling (1999) salienta que a luta por uma educação voltada à realidade dos sujeitos
do campo tem como finalidade promover o desenvolvimento sociocultural e econômico,
respeitando diferenças históricas, uma educação que contribua para a permanência e a
reprodução dos homens do campo e a melhora de sua qualidade de vida.
Como observamos na Figura 9, os estratos A, B e C localizam-se, na sua maioria,
próximos às escolas (63,3%, 83,3% e 70%), colaborando para a permanência dos jovens no
campo, mantendo a sua tradição. A falta dessa estrutura, nas propriedades ou próxima,
estimulam os jovens do campo a buscá-las na zona urbana, enfraquecendo, dessa maneira,
os laços da juventude com o campo e aumentado a migração para a zona urbana.
Segundo Peres et al. (2009), somente nas primeiras décadas do século XX é que a
educação rural passou a constar como preocupação do governo brasileiro, pois era
86
necessário melhorar as condições de vida dos camponeses para fixá-los à terra,
diminuindo, assim, sua migração para as cidades e evitando a baixa da produtividade, ou
seja, atendendo as expectativas da oligarquia rural.
A energia elétrica não será um impedimento para implantação de programas de
desenvolvimento na atividade leiteira da região, pois, como é demonstrado na Figura 10, a
maioria das fazendas dos diferentes estratos estudados possuem energia elétrica,
respondendo com 81,8%, 91,7% e 100% nos estratos A, B e C, respectivamente.
87
irrigação, que bem estruturados podem melhorar a oferta de forragem para os animais e,
consequentemente, aumentar a produtividade.
Apesar de não ser objeto do presente estudo, vale salientar que a qualidade da água
deve ser observada no processo produtivo, pois, na maioria das regiões do Brasil, esta se
apresenta na zona rural com qualidade muito inferior, independente da sua fonte.
Ao analisar as condições de acesso às propriedades (Figura 12), constatou-se que as
condições da maioria das estradas foi considerada boa (27%, 58% e 70%) ou regular (64%,
34% e 30%) nos diferentes estratos. Esse resultado demonstra que o acesso às propriedades
não será um obstáculo para o desenvolvimento da atividade. Apenas 9% e 8% nos estratos
A e B, respectivamente, foram consideradas ruins, principalmente no período chuvoso,
resultado sinalizador de que o problema pode ser identificado e apresenta fácil solução,
desde que se consiga, através da organização dos produtores, o apoio do governo
municipal.
88
Figura 12 – Acesso à propriedade em função do nível de produção.
89
A produtividade da mão de obra impacta fortemente o custo da mão de obra na
atividade leiteira, podendo inviabilizar a produção de leite, mesmo com um nível salarial
baixo. Entretanto, melhorias neste índice proporcionam forte redução na despesa, podendo
viabilizar melhorias na remuneração do trabalhador com os ganhos adicionais. Por isso, a
avaliação e o acompanhamento mensal da evolução da mão de obra são recomendáveis.
Segundo EMBRAPA (2008), a melhoria da produtividade da mão de obra depende
da melhoria da produtividade do rebanho e de condições favoráveis para o trabalho
(instalações, máquinas e equipamentos apropriados), sendo afetado pelo sistema de
alimentação (pasto ou pasto mais suplementação com volumoso no cocho), sistema de
ordenha (manual ou mecânica), e da própria mão de obra (capacitação, qualidade,
racionalização do uso).
Sim Não
90
pelo aumento no número de propriedades com parte ou a totalidade da mão de obra
constituída por contrato.
A remuneração média dos trabalhadores é de 1,2 salários mínimos, apresentando
uma baixa variação dos valores praticados. Dos entrevistados, 63,30% disseram pagar
remuneração especial (mais de um salário mínimo) para o ordenhador. Entre as
propriedades com produções diferentes, constatou-se que as que apresentam uma produção
de até 200 litros/dia possuem um menor percentual (54,5%) de propriedades que pagam
remuneração especial ao ordenhador, enquanto que, nas propriedades com produção acima
de 400 litros, 100% dos proprietários pagam uma remuneração especial para o ordenhador
(Figura 13).
Figura 13 - Percentual de propriedades que possuem algum tipo de remuneração especial para o ordenhador.
Em pesquisa realizada pelo SENAR com 401 produtores de leite de várias regiões
do país constatou que um dos fatores mais importantes dentro da propriedade para o
sucesso da atividade, por 72% dos produtores, foi a eficiência da mão de obra contratada.
Em relação aos custos de produção de leite, 79% avaliaram o tema como "muito
importante", e 84% consideraram "muito importante" a gestão da propriedade. Dessa
91
forma, o estímulo ao trabalhador rural, através de uma remuneração especial, é um fator de
suma importância.
Segundo Nascif (2008), precisam ser feitos programas de capacitação e treinamento
da mão de obra, buscando sua maior produtividade, como também, quando viável
economicamente, a mecanização e automação de alguns processos produtivos. Outra
medida que vem sendo implementada com sucesso são as bonificações por resultados, o
que estimula o maior comprometimento das pessoas envolvidas no processo.
Em relação ao nível de escolaridade do ordenhador, observou-se, na Figura 14, que
100% são alfabetizados. Todos os estratos apresentaram um percentual semelhante de
ordenhadores com o ensino fundamental completo e incompleto, sendo que o maior
percentual foi para os trabalhadores com o ensino fundamental incompleto, com 72,3%,
75% e 75% para os estratos A, B e C, respectivamente.
Um melhor nível de escolaridade apresentado pelo ordenhador facilita no
aprimoramento profissional, na participação de cursos técnicos como de vaqueiro,
inseminador, tratorista e outros, sendo fundamental na tecnificação do sistema. O baixo
aprimoramento profissional pode refletir nos parâmetros zootécnicos obtidos e,
consequentemente, na eficiência econômico-financeira da atividade leiteira.
92
A baixa escolaridade do ordenhador pode estar relacionada à necessidade de início
das atividades profissionais precocemente, ou pela dificuldade de acesso até as escolas, que
eram fatos constantes em décadas passadas. Este cenário cultural também foi descrito por
outros autores (ANDRADE, 2003). A tendência é de que este nível de escolaridade se eleve
em médio prazo, uma vez que hoje nota-se baixo emprego de trabalhadores com idade
inferior a 18 anos, e o ensino vem sendo cada vez mais estimulado, inclusive no meio rural,
ainda que este tenha qualidade questionável em muitos casos.
93
Tabela 3 – Tamanho da propriedade, quantidade de unidade animal por hectare, produção média de
leite litros/ha/ano, litros/vaca/ano e litros/vaca/dia em função das médias de produção
diária
Médias de produção Tamanho da Produção de leite
diária propriedade UA/ha Litros/ha/ano Litros/vaca/ano Litros/vaca/dia
(ha)
A produtividade de litros de leite por vaca também reflete o que foi comentado
anteriormente, apresentando a melhor média o estrato C, com 7,88 litros de leite/vaca/dia,
seguido do B, com 6,80 litros/vaca/dia, e, por fim, o que apresentou o menor valor foi o A,
com 6,49 litros por vaca/dia. A média diária, considerando todos os estratos, foi de 7,06
litros de leite/vaca/dia, superior à média da região, encontrada por Ferreira (2002), de 3,86
litros/vaca/dia; à média do estado, de 3,44 litros/vaca/dia; e à média nacional, de 5,32
litros/vaca/dia (Anualpec, 2010). Esses resultados foram inferiores aos verificados por
Ferrão (2000), de 10,48 L/vaca/dia, na região de São Leopoldo, Minas Gerais.
Esta oscilação entre as propriedades com áreas diferentes é um reflexo das
disparidades, tanto genéticas quanto de manejos, que são encontradas na região.
A média geral para produção de leite foi de 2.117,59 litros/vaca/ano, muito superior
à encontrada para o estado da Bahia (687 litros/vaca/ano) pela Superintendência de Estudos
Econômicos e Sociais (SEI), e também à média nacional, de 900 litros/vaca/ano (Bahia,
2000).
94
principalmente, por capim colonião, que apresenta uma boa capacidade de suporte, por esta
razão ainda aparece em algumas fazendas.
É importante salientar que a forragem pastejada representa a melhor alternativa
para se produzir leite mais barato. Produtor de leite que não cuida do pasto, fica dependente
do cocho por um longo período do ano.
Entre os estratos de produção das propriedades, aqueles com produção maior que
400 L/dia apresentaram maior percentual (70%) de propriedades que fazem ou já fizeram
análise de solo. Os demais estratos variaram entre as que fizeram em apenas 36,4% com
produção de até 200 L/dia, e 50% com produção variando entre 201 e 400 L/dia.
A limpeza das pastagens é habitualmente praticada por todos os produtores, porém,
apenas 27,3% dos produtores do estrato A e 50% do estrato B revelaram que,
eventualmente, fazem a prática da adubação. Destacam-se em relação à utilização da
prática da adubação os produtores do estrato C (70%), justificando a sua melhor capacidade
de suporte comparada aos estratos A e B (Tabela 3).
Quando se trata de calagem, apenas 16,6% dos proprietários do estrato B já fizeram
esta prática, sendo que nos estratos A e B nunca usaram corretivos nos solos, porém, estes
justificaram dizendo que, de acordo com a análise do solo, esta prática não era necessária
na região em função do pH ser adequado para pastagens. Gomes e Detoni (1998),
95
trabalhando com solos da microrregião de Itapetinga, observaram um pH com amplitude de
5,5 a 6,4, que consideraram normal para pastagens.
A prática do pastejo rotacionado tem sido aplicada em várias regiões do país como
alternativa para a melhoria nos manejos de pastagem. Observou-se que todos os estratos
utilizaram esta prática quase que na sua totalidade, apresentando os percentuais de
utilização de 90,1%, no estrato A, 92,0% no B e 90% no C.
3.4.2 Suplementação
Foi constatado que a produção leiteira na região apresentou uma baixa
produtividade relacionada ao pequeno nível tecnológico dos sistemas leiteiros
desenvolvidos pelos produtores. Ter um padrão com produtividade média por vaca de
quatro a seis litros pode parecer uma desvantagem, no entanto, os produtores conseguem
essa produtividade a custos baixos. Nas condições da região, assim como em praticamente
todo o território nacional, a pastagem é à base da produção leiteira. Observa-se que, em
todos os estratos estudados, têm sido utilizadas para manter a produção algumas
alternativas de alimentação, sendo observado que estas alternativas aparecem com menor
frequência no estrato A (até 200 litros L/dia), o que justifica a sua menor produção (Figura
15).
A alternativa de suplementação com silagem, apesar de ser utilizada nos três
estratos, aparece no estrato A com menor frequência (18,2%), sendo mais utilizada no
estrato B (41,7%).
A utilização de subproduto aparece apenas nos estratos B (16,7%) e C (20%), isso
pode ser justificado, pois, para sua utilização requer um conhecimento mais aprofundado
deste tipo de alimentação, dessa forma, o seu fornecimento precisa ser acompanhado por
um técnico mais especializado, pois a mesma, às vezes, apresentam restrições no
fornecimento.
96
Figura 15 – Tipo de suplementação utilizada em relação ao nível de produção.
97
3.4.3 Controle zootécnico
98
rebanhos cujas vacas apresentam lactações normais, o controle pode ser feito a cada 30 ou
45 dias.
3.4.4 Ordenha
A ordenha manual apresentou-se com maior frequência em todos os estratos
estudados (Figura 17), sendo 90,9%, 100% e 80% nos estratos A, B e C, respectivamente.
Vale salientar que, no estrato de maior produção (C), houve o aparecimento em maior
percentual (20%) da ordenha mecânica, prática esta que, segundo a pesquisa atual, ainda é
pouca utilizada nesta região.
Em relação à frequência de ordenhas diárias, observou-se que, no estrato A, todas as
propriedades que realizam a ordenha manual (90,9%) realizam uma ordenha diária, assim
como aquelas que realizam ordenha mecânica (9,1%) tem uma frequência de duas ordenhas
diárias. No estrato B, não foi realizada a ordenha mecânica, porém, apesar do maior
100
percentual ser de uma ordenha diária (83,3%), existe alguns casos que realizam duas
ordenhas diárias, o que pode justificar o nível de produção. No estrato C, as frequências de
lactação já se equilibraram, sendo 50% com uma ordenha diária e 50% com duas ordenhas
diárias, isso pode ser justificado pelo nível de produção das propriedades e percentual de
ordenha mecânica.
101
A ordenha manual é realizada por 100% dos produtores nos horários matutinos. No Brasil,
um grande número de produtores rurais retira leite por meio da ordenha manual. A
contagem bacteriana, um dos fatores que determinam a qualidade do produto, costuma ser
bastante alta nesse tipo de ordenha. Isso ocorre devido a procedimentos incorretos, que
levam a uma higiene deficiente, tanto dos tetos da vaca quanto das mãos dos ordenhadores
e dos utensílios utilizados (SOUZA et al., 2005).
A higiene, expressa pela frequência de lavagem do úbere e das tetas, antes da
ordenha, foi realizada apenas em 9% no estrato A, na propriedade que possuía ordenha
mecânica, e em 50% nas propriedades do estrato C, não apenas naquelas que possuíam
ordenha mecânica, mas também em parte das que realizavam a ordenha manual. O pré e
pós-dipping foram realizados em 9% das propriedades do estrato A e em 50% e 10% das
propriedades do estrato C, respectivamente (Figura 18).
Observou-se que 100% das propriedades do estrato B não realizavam nenhuma
prática de assepsia das glândulas mamárias e apenas em 50,0% das propriedades
realizavam o teste da caneca. É interessante notar que estas práticas acompanharam as
propriedades que utilizaram a ordenha mecânica (Figura 15), pois é necessário também
para evitar contaminações aos equipamentos utilizados e, provavelmente, por esta razão
não aparecem no estrato B.
O teste do CMT, apesar de possuir uma importância na detecção de problemas de
mastite sub-clínica, 100% dos produtores que participaram desta pesquisa declararam não
utilizar este método. Provavelmente, pelo tempo dispendido neste teste, ou pela forma de
aplicação que requer uma certa experiência no preparo do material.
A assepsia é uma prática importante, pois evita que as tetas das vacas entrem em
contato com impurezas, tais como fezes, lama e areia, durante a ordenha. Caso estas
impurezas fiquem aderidas às tetas e ao úbere, e não forem removidos antes da ordenha,
pode ocorrer a contaminação do leite (CARVALHO JÚNIOR, 2011).
102
Figura 18 – Higiene na ordenha em relação ao nível de produção.
103
4. CONCLUSÕES
104
5. REFERÊNCIAS
105
FASSIO, L. H.; REIS, R. P.; GERALDO, L. G. Desempenho técnico e econômico da
atividade leiteira em Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n. 6, p. 1154-
1161, nov./dez. 2006.
106
NEY, M. G.; HOFFMANN, R. A distribuição da posse da terra e a recente queda da
desigualdade de renda no Brasil. Anais do XLVII Congresso Brasileiro de Economia e
Sociologia Rural. Porto Alegre, 2009.
PERES, C.P.; WIZNIEWSKY, C.R.F. A escola e seu papel na formação dos sujeitos do
campo: o caso da escola municipal de ensino fundamental Bernardino Fernandes,
distrito Pains, Santa M|aria, RS. V ENCONTRO DE GRUPOS DE PESQUISA,
“Agricultura, desenvolvimento regional e transformações sócioespaciais”. Universidade
Federal de Santa Maria, 2009.
SOUZA, G.N.; BRITO, J.R.F.; MOREIRA, M.A.V.P. et al. Fatores de risco associados a
alta contagem de células somáticas do leite do tanque em rebanhos leiteiros da Zona da
Mata de Minas Gerais. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo
Horizonte, v.57, supl. 2, p.251-260, 2005.
107
ANEXO
QUESTIONÁRIO (Diagnóstico)
1. Dados da unidade produtiva:
Localização:
Distância do local de entrega (km):___________________________________
Nome da propriedade:_____________________________________________________
Nome do proprietário (opcional):_____________________________________
Tamanho (ha):______
2. Do produtor(a):
Quanto tempo está na atividade:___________________
Realiza planejamento anual da atividade: Sim □ Não □
Residência: Na propriedade □ Fora □
Estado civil do proprietário(a) ? Solteiro(a) □ Casado(a) □ Divorciado(a) □
Viúvo(a) □
Escolaridade: Ensino fundamental 1 imcompleto □ Ensino fundamental 1 completo □
Ensino Fundamental 2 incompleto □ Ensino Fundamental 2 completo □
Ensino Médio □ Graduação □ Pós-graduação □ Em quê?______________________
Experiência na atividade: < 10 anos □ 10-20 anos □ > 20 anos □
Filhos na atividade: Sim □ Não □
Dedicação ao negócio: Total □ Parcial □
Como obtém informações: Livros □ Palestras □ Internet □ Conversas com outros □
Tv □ Rádio □
3. Características da propriedade:
Posse da terra: Própria □ Arrendada □
Natureza da atividade: Familiar □ Empresarial □
Quem administra a fazenda?__________________________________________________
Tem escola na proximidade : Sim □ Qual(is) série(s) atende:_______________________
Não □
Como se dá o abastecimento de água da propriedade: Rio □ Açude □ Poço □
outro:____________
108
Energia elétrica: Sim □ Não □
Condições de acesso: Bom □ Regular □ Ruim □
4. Mão de obra na bovinocultura:
Nº de pessoas:___________________ Tempo de trabalho (diário):___________________
Grau de instrução do ordenhador: ________________________
Remunera especialmente o ordenhador? Sim □ Não □
Assina carteira dos empregados: Sim □ Não □ Não opinou □
9. Usa inseminação artificial: Sim □ Não □
5. Infraestrutura da fazenda:
Item Sim Não Quantos
Galpão
Curral
Estábulo
Energia
Telefone
Computador
Internet
Tanque de expansão
Ordenha mecânica
Estradas (asfalto – A;
terra - T) Km
Trator
Reserva forrageira
Tração Animal
Tanque de expansão
Outros
6. Manejo do sistema de produção forrageiro:
Pastos cultivados: Sim □ Não □ Área (ha) _________________
Utiliza capineira: Sim □ Não □ Área (ha) _________________
Análise do solo: Sim □ Não □ Período:________________________
Adubação: Sim □ Não □ Que tipo (orgânica ou mineral ) ______
109
Calagem: Sim □ Não □
Rotação: Sim □ Não □
Nativos: Sim □ Não □
7. Animais:
Inventário animal (em n° de cabeças):
Categorias Bubalinos Bovinos Equínos Outros
Leite Corte
Reprodutores
Matrizes
Novilhos
Novilhas
Bezerros (as)
Total
110
11. O manejo dos animais:
Faz anotações zootécnicas: Sim□ Não □
Pode ceder para estudos técnicos: Sim □ Não □
12. Ordenha dos animais
Ordenha manual ou mecânica?_______________________________________________
Quantas ordenhas? _________________________________________________________
Higiene de ordenha
□ Lavagem de tetas □ pré-dipping (H2 0 clorada) □ caneca de fundo preto □ CMT
□ pós-dipping (iodo)
13. Práticas Sanitárias
Vacinas Sim Não Freqüência
Brucelose
Aftosa
Raiva
Outras
Clostidiose
Teste de Brucelose
Endoparasitas Recomendado Freqüência Produto
Sim Não
Bezerros
Adultos
Ectoparasitas Recomendado Freqüência Produto
Sim Não
Bezerros
Adultos
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Figura 19- Mapa da microrregião de Itapetinga com ênfase nas unidades amostrais
Figura 19- Mapa da microrregião de Itapetinga com ênfase nas unidades amostrais
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