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Construção Civil
Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro
Marcos Crivelaro
Qualidade na
Construção Civil
1ª Edição
Bibliografia
ISBN 978-85-365-0947-1
1. Construção civil 2. Construção civil - Controle da qualidade 3. Construção civil - Materiais 4. Construção civil - Orçamentos
5. Indústria de construção civil - Administração I. Crivelaro, Marcos. II. Título.
14-03959 CDD-690.092
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Conteúdo adaptado ao Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em execução desde 1º de janeiro de 2009.
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tem os editores.
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) – autarquia fede-
ral de ensino gratuito – que, pelo exercício do magistério, nos permitiu a aquisição de experiência
docente e a convivência com alunos do curso técnico de nível médio em Edificações.
Ao centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS), que, por meio das
Escolas Técnicas Estaduais (ETEC) Getúlio Vargas, Guaracy Silveira e Martin Luther King e da
Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) – instituições paulistas de ensino gratuito –, pos-
sibilitou-nos aprimoramento profissional mediante a prática docente exercida no ensino tecnológico
em cursos de Construção Civil.
Ao corpo docente das instituições citadas, pelo convívio repleto de alegria e troca de conheci-
mentos.
Às empresas do setor privado fornecedoras de materiais e prestadoras de serviços, que sempre
colaboraram em palestras, minicursos e doações voluntárias.
Às instituições de ensino e pesquisa, que permitiram a obtenção de titulação na graduação e
no stricto sensu: Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo (EPUSP) e Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen-USP).
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Sobre os autores
Antonio Carlos da Fonseca Bragança Pinheiro é bacharel em Engenharia Civil pela Universida-
de Presbiteriana Mackenzie e doutor em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo (EPUSP). Na área de construção civil, foi chefe de departamento de projetos, geren-
te de engenharia e diretor técnico. Foi professor e diretor da Escola de Engenharia da Universida-
de Presbiteriana Mackenzie, diretor de campus, coordenador e docente na área de construção civil
do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). É docente da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP),
da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) e da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul).
Marcos Crivelaro é bacharel em Engenharia Civil pela EPUSP e pós-doutor em Engenharia de
Materiais pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares de São Paulo (Ipen-USP). Na área
de construção civil, foi diretor de engenharia e planejamento de obras residenciais e comerciais de
grande porte. É professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
(IFSP), da Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec-SP) e da Faculdade de Informática e
Administração Paulista (FIAP). É também pesquisador e orientador no curso de mestrado do
Centro Paula Souza.
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4.3.2 Comitê de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos (CMCS)........................................72
4.3.3 Programa de Qualidade de Obras Públicas (QUALIOP) ...............................................................74
4.4 Programa Mineiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PMQP-H) ...........................................75
Agora é com você! ...............................................................................................................................................78
Bibliografia ..........................................................................................................117
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8 Qualidade na Construção Civil
1
História da
Qualidade
Para começar
Este capítulo tem por objetivo apresentar as origens da qualidade nas atividades do homem, bem
como definir seus conceitos básicos ao longo da história.
Fique de olho!
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece que o Estado deve promover, na forma da lei, a
defesa do consumidor.
O conceito sobre qualidade (do latim qualitas) surgiu com o filósofo grego Aristóteles (384-
322 a.C.); porém, até os dias de hoje ainda não há consenso sobre o seu significado.
9
Os estudiosos da qualidade, importantes especialistas da segunda metade do século XX, serão
apresentados na sequência, mas já é possível destacar como alguns eles entendiam esse conceito. A
Figura 1.1, por exemplo, apresenta as frases de Deming, Juran, Crosby e Ishikawa.
Com certeza, você concorda com as frases apresentadas na Figura 1.1. Todas podem ser iden-
tificadas quando, por exemplo, se compra um aparelho celular. A frase de Deming (“melhoria con-
tínua”) demonstra o interesse do consumidor por um aparelho com uma melhor tecnologia, uma
câmera de melhor resolução, com utilização de 4G, dentre outros. A frase de Juran (“próprio para o
uso”) lembra que não adianta possuir um telefone móvel que não faz nem recebe chamadas. A frase
de Crosby (“em conformidade com os requisitos”) estabelece que o celular somente funciona utili-
zando determinada faixa de frequências. E por fim, a frase de Ishikawa (“o mais econômico, o mais
útil e que sempre satisfaça o consumidor”) alerta que nem sempre o mais caro e o mais moderno
satisfazem o consumidor. Continuando no exemplo do celular, a possibilidade de usar simultanea-
mente dois chips de operadoras distintas não está presente nos celulares top de linha.
Em termos gerais, a prática da qualidade deve ser uma filosofia organizacional, expressa por
meio de ações que focalizem o processo produtivo e que busquem a vantagem competitiva a longo
prazo. Mas como conseguir isso? A melhoria contínua, o respeito, a participação e a confiança de
todos os fornecedores, clientes e colaboradores são as atitudes necessárias. O conjunto de processos
que determinam a excelência de um produto ou serviço é denominado Gestão para a Qualidade
Total (GQT), Gerência da Qualidade Total (GQT) ou Controle de Qualidade Total (CQT). Essas
siglas surgiram no período após a Segunda Guerra Mundial. Nessa época era necessário fabricar
armas em grande quantidade e que não falhassem perante o confronto com o inimigo.
Entretanto, quando teve início a concepção da qualidade? Como isso aconteceu? Provavel-
mente com os primeiros seres humanos, que tinham que caçar (e não ser caçados) para a subsis-
tência de suas famílias. Os caçadores mais hábeis e com os melhores instrumentos garantiam a
melhor caça. Assim, intrinsecamente eles sabiam o que era qualidade para ter sucesso na caçada e
se manter vivos. A Figura 1.2 (a) apresenta a caricatura de dois homens pré-históricos carregando
sua caça e (b) apresenta figuras rupestres marcadas em cavernas rochosas mostrando os hábitos e
as práticas de caça.
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(a) (b)
Figura 1.2 - (a) Caça sendo carregada e (b) ilustrações pré-históricas em rochas (pinturas rupestres).
Avançando na linha do tempo, nos séculos XVIII e XIX, a qualidade era controlada pelos
artesãos, que fabricavam seus artefatos. Eles escolhiam a matéria-prima e realizavam todas as etapas do
processo construtivo, bem como a venda de seus produtos. Se durante o processo produtivo ocorressem
erros de fabricação, eles mesmos percebiam e corrigiam.
A partir da Revolução Industrial, a necessidade de produção em grande escala ocasionou
a troca dos artesãos por mão de obra não especializada auxiliada por máquinas de grande porte,
movidas a vapor. James Watt, construtor de instrumentos científicos, destacou-se pelos melhora-
mentos que introduziu no motor a vapor, que se constituíram um passo fundamental para a Revolu-
ção Industrial.
A Revolução Industrial foi a transição para novos processos de manufatura (trabalhos com
máquinas) no período entre 1760 e 1840. Essa transformação incluiu a fabricação de novos produtos
químicos, os novos processos de produção de ferro, a maior eficiência da energia da água e o uso
crescente da energia a vapor. A primeira atividade fabril de mecanização foi a fabricação de tecidos.
Teares de grande capacidade produtiva foram desenvolvidos na Europa, Estados Unidos e Japão.
A Figura 1.3 mostra tecelões peruanos confeccionando tapetes e apresenta um selo comemora-
tivo com a ilustração representando James Watt e a máquina a vapor.
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(a) (b)
Figura 1.3 - (a) Trabalho manual de artesãos e (b) trabalho mecanizado utilizando vapor.
História da Qualidade 11
O aumento de escala da produção introduziu o chamado controle da qualidade, com o obje-
tivo principal de evitar os custos do retrabalho. Inicialmente com foco na inspeção do produto final,
o controle da qualidade evoluiu com a adoção da inspeção em diferentes etapas do processo produ-
tivo, como o controle estatístico da qualidade, as cartas de controle, dentre outros. Todavia, o con-
trole da qualidade tinha ênfase na detecção de defeitos ou falhas. O distanciamento entre quem pro-
duzia e quem consumia e a segmentação do controle da qualidade, como consequência da produção
seriada, diluíram a responsabilidade pela qualidade e os problemas com a qualidade dos produtos
surgiram com maior intensidade.
A produção em grande escala, proporcionada pelas grandes máquinas, precisava de traba-
lhadores integrados a esse novo cenário. Esse movimento, conhecido como taylorismo, procurava
aliar o máximo de produção e rendimento ao mínimo de tempo e de atividade. Elaborado pelo
engenheiro e economista americano Frederick W. Taylor (1856-1915), tal sistema promoveu grande
racionalização do trabalho e alta produtividade, por meio do trabalho em série. E a qualidade? Na
maioria dos casos, ocorria uma diminuição da qualidade dos produtos.
No início do século XX, o norte-americano Henry Ford fundou a Ford Motor Company e
inventou a montagem em série, produzindo grande quantidade de automóveis em menos tempo
e a um menor custo. Seu modelo Ford T, lançado em 1908, promoveu uma revolução nos trans-
portes e na indústria dos Estados Unidos. Tratava-se de um veículo confiável, robusto, seguro,
simples de dirigir e principalmente barato. Sua fabricação tomou novo rumo em 1913, quando
Ford baseou-se nos processos de produção dos revólveres Colt e das máquinas de costura Singer,
para criar a linha de montagem e a produção em série, proporcionando outra revolução, dessa vez
na indústria automobilística.
A Figura 1.4 apresenta um selo comemorativo com a imagem de Henry Ford com o modelo
Ford T ao fundo e uma fotografia do modelo Ford T.
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(a) (b)
Figura 1.4 - (a) Selo comemorativo com imagem de Henry Ford e (b) modelo Ford T.
História da Qualidade 13
» 11o princípio: elimine padrões de trabalho (quotas) na linha de produção. Substitua-os
pela liderança; elimine o processo de administração por objetivos. Elimine o processo de
administração por cifras e por objetivos numéricos. Substitua-os pela administração por
processos por meio do exemplo de líderes,
» 12o princípio: remova as barreiras que privam o operário horista de seu direito de orgu-
lhar-se de seu desempenho. A responsabilidade dos chefes deve ser mudada de números
absolutos para a qualidade. Remova as barreiras que privam as pessoas da administra-
ção e da engenharia de seu direito de orgulhar-se de seu desempenho. Isso significa a
abolição da avaliação anual de desempenho ou de mérito, bem como da administração
por objetivos,
» 13o princípio: institua um forte programa de educação e autoaprimoramento,
» 14o princípio: engaje todos da empresa no processo de realizar a transformação. A trans-
formação é da competência de todo mundo (DEMING, 1990).
Em 1954, o engenheiro Joseph M. Juran também foi ao Japão ensinar qualidade e colaborou
na criação da JUSE (Japanese Union of Scientists and Engineers) para acompanhar e desenvolver as
normas da qualidade.
No final dos anos 1950 e no início dos anos 1960, Kaoru Ishikawa aprendeu os princípios do
controle estatístico da qualidade desenvolvido por Deming e Juran. Seu papel-chave ocorreu no
desenvolvimento de uma estratégia especificamente japonesa da qualidade. A característica japonesa
é a ampla participação na qualidade, não somente de cima para baixo, dentro da organização, mas
igualmente começando e terminando no ciclo de vida de produto. Em conjunto com a JUSE, em
1962, Ishikawa introduziu o conceito de Círculo de Qualidade. Em 1982, criou o Diagrama de Causa
e Efeito, também conhecido como Diagrama de Ishikawa, ferramenta poderosa que facilmente
pudesse ser usada por não especialistas para analisar e resolver problemas.
A Figura 1.5 apresenta munição utilizada durante a Segunda Guerra Mundial, que foi uma
das preocupações do desenvolvimento dos procedimentos da Qualidade e o desembarque de tropas
americanas, durante esse mesmo conflito, em uma ilha do Oceano Pacífico, ocasião em que a qua-
lidade dos armamentos e equipamentos – que estavam molhados – deveria garantir seu funciona-
mento ao chegarem a terra firme.
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(a) (b)
Figura 1.5 - (a) Munição de guerra e (b) desembarque de soldados.
O Código de Defesa do Consumidor – CDC, foi criado pela Assembleia Nacional Constituinte e apresenta a responsabili-
dade por vício do produto e dos serviços, indicando que os vícios de qualidade se dão por inadequação do bem de con-
sumo à sua destinação, sendo eles aparentes ou ocultos.
História da Qualidade 15
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(a) (b)
Figura 1.6 - (a) Processo robotizado de soldagem e (b) linha de montagem de automóveis.
A qualidade está presente não apenas no setor secundário, a indústria, mas também no setor
primário (agricultura) e terciário (comércio). Aliás, nesses setores, o Brasil possui a liderança em
vários segmentos de mercado.
O conceito da qualidade evoluiu na agricultura. O conceito antigo da qualidade entende a
palavra qualidade como associada a certas manifestações físicas mensuráveis no produto. Por exem-
plo: tamanho, peso e aspecto exterior dos produtos hortifrutigranjeiros, percentagem de gordura
no leite e produtividade de cereais em kg/ha. O conceito moderno da qualidade entende a palavra
qualidade no seu sentido amplo e dinâmico. Por exemplo: em uma fruta, mais importante que seu
aspecto ou tamanho serão, por exemplo, a quantidade de resíduos tóxicos que ela possui e as altera-
ções da riqueza da vida microbiana do solo, induzidas por aqueles insumos, que acabam se embu-
tindo no processo produtivo.
A Figura 1.7 apresenta o ciclo de engarrafamento de um recurso natural, a água. Em (a), a
amostra de água é coletada; em (b), a amostra de água é analisada em laboratório; e em (c), a amos-
tra de água é engarrafada sem contato manual por meio de um processo industrial.
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(a) (b)
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(c) (d)
Figura 1.8 - (a) Plantio, (b) colheita, (c) armazenamento em caixa de madeira
e (d) armazenamento em caixa de plástico.
Esse exemplo demonstra que a qualidade deve estar presente em todas as etapas do processo.
De nada adianta ser cuidadoso na escolha da semente, no cultivo e na colheita e depois descuidar-se
nas etapas de armazenamento e transporte. E perceba que a solução adotada foi simples, sem encare-
cer demasiadamente o preço do produto final.
História da Qualidade 17
Em 1991, a Fundação Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ) foi criada e, a partir do estudo
de vários modelos de prêmios de excelência, definiu e passou a conceder anualmente o Prêmio
Nacional da Qualidade (PNQ). Em 2005, a FPNQ tornou-se a Fundação Nacional da Qualidade
(FNQ), cuja missão é propagar os fundamentos da excelência em gestão para o aumento da competi-
tividade das organizações e do Brasil.
As empresas que implantaram qualidade apresentaram três conceitos básicos para detectar
defeitos e oportunidades de melhorias:
» a informação interna e em relação aos concorrentes;
» a redução do tempo de ciclos e processos;
» o acompanhamento e a documentação de tarefas e processos.
A prestação de serviço apresenta como característica um contato próximo ao consumidor. De
nada adianta o produto ser de qualidade e a sua exposição à venda não seduzir o cliente. Deve ser
percebido pelo cliente itens como limpeza, organização e atendimento adequado, com gentileza e
fornecimento de informações sobre o produto.
As pessoas costumam acreditar que a qualidade está relacionada ao produto final. No entanto,
na realidade a qualidade deve ser mantida em cada etapa do processo de execução de um serviço,
pois em muitos casos, um material de péssima qualidade pode ocasionar sérios problemas ao con-
sumidor e grandes prejuízos na vida do trabalhador. Por isso, é extremamente importante manter a
qualidade presente no fluxo de todos os procedimentos.
A Figura 1.9 apresenta a preocupação com a qualidade de carnes expostas em um supermer-
cado e apresenta a preocupação com a qualidade de pães frescos recém-saídos do forno.
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(a) (b)
Figura 1.9 - (a) Exposição de carnes refrigeradas (venda de carnes) e
(b) prateleira repleta de pães de forma (venda de pães).
A qualidade é um conceito dinâmico e estratégico para as empresas e sociedades. A qualidade de um produto está dire-
tamente relacionada com a percepção das pessoas envolvidas. Isso ocorre desde a sua concepção na fase de projeto, sua
elaboração na etapa de produção, seu nível de desempenho quando de sua utilização como produto final e seu descarte
no pós-utilização.
Vamos recapitular?
Neste capítulo foi visto como se deu a origem do conceito de qualidade nas atividades do homem,
bem como foram definidos seus conceitos básicos ao longo da História. A preocupação com a quali-
dade sempre foi relacionada à sobrevivência do homem, particularmente em situação de guerra, ou em
ambientes mercadológicos.
História da Qualidade 19
Agora é com você!
Para começar
Este capítulo tem por objetivo apresentar como os parâmetros da qualidade eram observados
pelos principais povos do mundo antigo.
21
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Figura 2.1 - Ferramentas e armas feitas de pedra.
As principais “ferramentas” utilizadas para a execução das pinturas rupestres eram os dedos
das mãos e, na sequência evolutiva, apareceram os pincéis rudimentares de penas ou de madeira. A
matéria-prima utilizada para obter uma grande variedade de cores eram o carbono e as rochas em
pó, com destaque para o óxido de ferro, do qual se obtinha a coloração vermelha-alaranjada. A fixa-
ção nas paredes de rocha ocorria por conta da diluição em substâncias gordurosas ou seivas vegetais.
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(a)
Figura 2.6 - Pirâmides de Gizé.
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(c)
Figura 2.6 - Pirâmides de Gizé (continuação).
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(a) (b)
Figura 2.7 - (a) Medida-padrão e (b) máscara mortuária de um faraó mostrando o antebraço.
O que muitos historiadores chamam de milagres ou mistérios nas grandes construções egíp-
cias pode ser traduzido por:
» adoção de sistemas construtivos inovadores;
» planejamento detalhado do sistema de construção;
» atendimento às normas de qualidade estabelecidas;
» implantação de novos materiais;
» controle rígido de processos.
Há um velho provérbio chinês que diz: “O povo chinês tem uma mente histórica”, ou seja, o
passado é considerado um fator crucial para o entendimento da mentalidade chinesa. Durante
o período da dinastia Zhou, muitos avanços importantes foram conseguidos, como:
» surgimento de grandes filósofos, como Confúcio (nome latino do pensador chinês Kung-
-Fu-Tze), a figura histórica mais conhecida na China;
» formação de um sistema de comércio sólido, que utilizava dinheiro em vez da prática do
escambo, ou seja, troca de mercadorias como meio de pagamento;
» proibição da venda de utensílios e matérias-primas cujas dimensões ou qualidade não
atendessem às exigências das normas.
A Figura 2.9 apresenta artefatos cerâmicos fabricados na China, sujeitos ao controle de quali-
dade da época.
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(a)
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(b)
Figura 2.9 - (a) Prato e (b) jarros cerâmicos chineses.
Atualmente os carros de luxo têm em seu motor, por exemplo, a inscrição do nome do enge-
nheiro que o fabricou. Na China Antiga, durante a Dinastia Tang (618 d.C.–907 d.C.), a venda de
armamentos de guerra somente ocorria se seguisse padrões estipulados pelos governantes e se eles
tivessem o nome dos trabalhadores inseridos na própria peça. As punições nessa época não eram
multas, mas castigos físicos.
Já na Dinastia Ming (1368 d.C.–1644 d.C.), as punições tinham foco nos artigos e utensílios de
baixa qualidade (produtos descartáveis) e para aqueles que tecessem seda abaixo das especificações.
A Figura 2.10 apresenta armamentos de guerra e roupa feita de seda.
A fim de se proteger de invasões dos povos ao norte, os chineses começaram a erguer muros, o
que ocorreu antes da unificação do império. Com a unificação dos sete reinos em um país, o impera-
dor Qin Shihuang (259–210 a.C.), da Dinastia Chin, procedeu à unificação da muralha, com o apro-
veitamento de outras fortificações existentes. Medindo cerca de 3.000 km de extensão naquela época,
foi gradativamente ampliada nas dinastias seguintes. Diversos segmentos desta obra foram construí-
dos com tijolos, tendo-se alcançado um alto nível de tecnologia.
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(a) (b)
Figura 2.10 - (a) Cavaleiro com armamentos e (b) bailarina com fantasia em seda.
Houve uma reconstrução durante os séculos XV e XIX, concluída com 2.400 km que cru-
zam parte do país de leste a oeste, atravessando planícies e montanhas. Sua parte mais estreita tem
40 cm de espessura e a mais larga mede 6 metros, com altura de 7 metros. Em toda a sua história, a
muralha só foi medida em 1700, por ordem do imperador Kangxi, (quando se contaram aproxima-
damente 8.000 km) e em 2006 (ocasião em que foram registrados 21.196,18 km).
Como a muralha foi construída com materiais disponíveis em cada região, ela conta com par-
tes feitas de pedra e outras revestidas de tijolos. As construções realizadas tinham garantia de um
ano; caso houvesse danos durante esse período, eram aplicadas punições aos oficiais e artesãos res-
ponsáveis pelo trabalho, sendo refeito o trabalho sem qualquer ônus para o Estado. A Figura 2.11
apresenta trecho superior da Muralha e perfil da Muralha.
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(b)
Figura 2.11 - (a) Trecho superior da Muralha da China e (b) perfil da Muralha.
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Figura 2.12 - Edificação chinesa antiga.
A pedra é um dos materiais antigos mais utilizados. As técnicas de sua obtenção e de sua uti-
lização eram conhecidas pelas civilizações antigas. Rochas coloridas e de texturas exclusivas eram
consideradas como material nobre. A sua utilização ocorria em partes ou em todos os templos,
monumentos e obras de arte. O mármore era muito cobiçado pelos imperadores em arcadas de jane-
las, por exemplo.
Existiam artesãos com grande habilidade na confecção de esculturas que eram anexadas às
edificações e aos monumentos. A Figura 2.13 apresenta a imagem de um dragão esculpido em rocha.
A Dinastia Sui (581 d.C.–618 d.C.) cravou a sua marca da história chinesa com a construção
da Cidade de Shang-Na, construída com a utilização de cerca de 2 milhões de trabalhadores civis.
Além de sua beleza arquitetônica diferenciada, a extensão de uma área de 84 quilômetros quadrados
é um destaque. A inovação urbanística residia nas grandes avenidas na direções norte-sul e leste-
-oeste, com formação de grandes quadras divididas por 108 alamedas.
A ligação do povo chinês com a natureza se materializou com a construção de rios e canais.
Além da prática de pesca artesanal em grande escala, esses sistemas aquaviários eram utilizados nos
sistemas de abastecimento de água potável, nos sistemas de drenagem e como vias de transporte.
A rápida construção perante os padrões existentes (nove meses) somente foi possível graças
ao extraordinário planejamento. Outros fatores que também
podem ser atribuídos a esse sucesso são:
» detalhamento do projeto (uso de escala 1:100 nos
A qualidade era uma preocupação dos
projetos); governantes de grandes impérios da Anti-
» controle rígido da qualidade da construção; guidade, sendo colocada em prática por
meio de decretos governamentais.
» gestão detalhada as atividades.
O Panteão romano é o principal prédio romano e o único edifício da Antiguidade Clássica que
se encontra em perfeito estado de conservação. Esse é apenas um exemplo das grandes construções
romanas que demandaram um grande volume de mão de obra (sem qualificação). Isso realmente era
um problema. Por isso, foi necessário desenvolver métodos simplificados e de fácil entendimento de
construção. Essas grandes realizações somente ocorreram porque existiu um incremento no número
de supervisores e foram criados procedimentos de inspeção para acompanhar a força de trabalho
não qualificada. Muitos historiadores relatam que nessa época foram criadas associações de artesãos
e de sindicatos de trabalhadores qualificados.
A Figura 2.15 apresenta a fachada do Panteão romano e a vista interna onde ocorre a incidên-
cia de luz solar através de uma abertura circular vazada, sem fechamento.
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(b)
Figura 2.15 - Panteão romano: (a) fachada e (b) vista interna.
Fique de olho!
A definição da qualidade no mundo antigo é cultural, pois recebe influência dos objetivos dos governantes e das condi-
ções de mão de obra, materiais e tecnologias existentes.
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Figura 2.17 - Telhas romanas feitas à mão.
Os romanos herdaram dos povos conquistados as suas técnicas construtivas. Os fenícios con-
tribuíram com as técnicas aplicadas na construção de portos e faróis em todo o Mediterrâneo. A
construção de faróis é classificada como obra de grande porte, na qual o problema mais grave era o
do levantamento de cargas pesadas, efetuado por guindastes de roldanas. Esses equipamentos sofisti-
cados para a época e de grandes dimensões tinham como fonte de energia a força física dos escravos.
O maior e mais famoso símbolo do Império Romano foi o Coliseu. Ele era um enorme anfiteatro reservado para as lutas
entre gladiadores, ou entre eles e animais selvagens. Sua construção foi iniciada em 72 d.C. por ordem do imperador
Flávio Vespasiano, sucessor do imperador Nero. Tinha uma altura de 48,5 metros e uma forma elíptica com 189 metros
no maior eixo e 156 metros no menor eixo. Sua arena tinha 85 metros por 53 metros. Suas arquibancadas foram cons-
truídas a partir de 3 metros do solo e tinha capacidade para mais de 50 mil pessoas. Em sua construção, foram utiliza-
dos 100 mil metros cúbicos de mármore travertino, principalmente no revestimento da fachada exterior, além de tijolos
de barro, blocos de tufa (pedra vulcânica) e concreto.
Os romanos antigos eram um povo objetivo, com mentalidade aberta e receptiva. O que era considerado bom dos povos
conquistados era copiado e adaptado às suas necessidades.
Como consequência dessa mentalidade, surgiu uma forte indústria da construção, com legislação específica para regular
alguns aspectos construtivos e algumas normas de serviços obrigatórios para a mão de obra (similares às do serviço militar).
Eles estabeleceram também regulamentações específicas para o controle da qualidade dos materiais, dentre elas a obri-
gatoriedade, a partir do séc. II a.C., do uso de marcas nas unidades de alvenaria (tijolos e blocos de pedra) que iden-
tificassem o fabricante. Conseguiram, dessa forma, unificar as técnicas construtivas em todo o império, porém sempre
respeitando as vantagens dos sistemas construtivos locais.
Neste capítulo foi visto como os parâmetros da qualidade eram observados pelos principais povos
do mundo antigo. O Império Romano foi o que mais tempo durou, e uma das razões é a de que ele
era muito pragmático; fazia uso das normas da qualidade dos povos conquistados, adaptando e introdu-
zindo-as em suas práticas culturais.
Para começar
Este capítulo tem por objetivo apresentar a família de normas ISO 9000 (Qualidade), bem como
sua origem, seus objetivos, sua terminologia e os benefícios de sua utilização. É também apresentada a
NBR ISO 14000 (meio ambiente) e sua relação, suas intenções, definições e diretrizes. Por fim, são apre-
sentadas as normas OHSAS 18000 – saúde e segurança do trabalhador.
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da padronização de atividades correlacionadas de forma a possibilitar o intercâmbio econômico,
científico e tecnológico entre os países.
Fique de olho!
O PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de todos os bens e serviços produzidos em um país durante certo período.
O campo de ação da ISO sobre normalização está estabelecido em quase todos os campos do
conhecimento. Ela não atua em normas da área de engenharia eletrônica e elétrica, que são de res-
ponsabilidade da International Eletrotechnical Commission. No Brasil, é representada pela Associa-
ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A ISO procura conciliar interesses de produtores, usuários, governos e da comunidade cientí-
fica na preparação de normas internacionais. Seu trabalho é desenvolvido por intermédio de mais de
2.600 grupos técnicos de trabalho, compostos por mais de 20 mil especialistas de todo o mundo, e
que participam anualmente dos trabalhos técnicos da ISO, dos quais já resultou a publicação de mais
de 13 mil normas desde a fundação da organização.
Os objetivos da normalização realizada pela ISO são:
» Proteção do consumidor: prover a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade de
bens e serviços,
» Segurança: proteger a vida e a saúde,
» Economia: proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e procedimentos,
» Comunicação: proporcionar meios mais eficientes de troca de informações entre o fabri-
cante e o cliente, melhorando a confiabilidade das relações comerciais,
» Eliminação de barreiras técnicas e comerciais: evitar a existência de regulamentos conflitan-
tes sobre bens e serviços em diferentes países, facilitando, assim, o intercâmbio comercial.
Dessa forma, a normalização encontra-se na fabricação dos produtos, na transferência de
tecnologia e na melhoria da qualidade de vida, por meio de normas relativas à saúde, à segurança e à
preservação do meio ambiente.
As práticas da ISO estão relacionadas aos campos do crescimento econômico, da igualdade
social e da integridade ambiental. Assim, suas ações nesses campos são:
Relacionada com a palavra isonomia, que é um princípio de igualdade, a ISO tem como obje-
tivo a padronização do gerenciamento do sistema da qualidade, visando sua unificação de forma
universal. Assim, a sua função é a de promover a normalização de produtos (bens e serviços) para
que sua qualidade seja permanentemente melhorada.
A rotulagem ambiental ou “selo verde” é a certificação de produtos adequados ao uso, que apresentam menor impacto no
meio ambiente em relação a outros produtos comparáveis disponíveis no mercado.
Fique de olho!
Os gases de efeito estufa (GEE) ou greenhouse gases (GHG) são os gases considerados responsáveis pelo aquecimento
global. De acordo com o Anexo A do Protocolo de Quioto, os GEEs:
» dióxido de carbono (co2);
» metano (ch4);
» óxido nitroso (n2o);
» hidrofluorcarbonos (hfcs);
» perfluorcarbonos (pfcs);
» hexafluoreto de enxofre (SF6).
Neste capítulo foi abordada a família de normas ISO 9000 (qualidade), bem como sua ori-
gem, seus objetivos, sua terminologia e os benefícios de sua utilização. Foi também apresentada
a NBR ISO 14000 (meio ambiente) e sua relação, suas intenções, definições e diretrizes. Por fim,
foram apresentadas as normas OHSAS 18000 (saúde e segurança do trabalhador).
Para começar
Este capítulo tem por objetivo defi nir os programas e as políticas da qualidade no setor de
Construção Civil.
63
Habitacionais. Eram recomendações técnicas para subsidiar as Companhias de Habitação (Cohabs)
na implantação de um Programa de Controle da Qualidade das obras. Incluíam recomendações para
projeto, recebimento de materiais e controle da execução, cujos conteúdos baseavam-se em normas
nacionais e estrangeiras e em manuais de bem construir.
O primeiro trabalho de ordenamento da cadeia produtiva da construção, no âmbito do PBQP,
foi o Subprograma Setorial da Qualidade e Produtividade da Indústria da Construção Civil, elabo-
rado em 1992. A efetiva mobilização do poder de compra do Estado no sentido de induzir o desen-
volvimento da qualidade e produtividade da indústria da Construção Civil foi de fato implementada
pelo Programa da Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São Paulo (QUALIHAB),
instituído em 1996. E na sequência foi instituído o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtivi-
dade do Habitat (PBQP-H), de âmbito nacional, instituído em 1998.
O modelo PBQP foi transformado em uma nova forma de atuação denominada Movimento
da Qualidade e Produtividade no Brasil, passando a integrar o Movimento Brasil Competitivo
(MBC) em 2001.
A seleção de fornecedores por critério exclusivo de menor preço pode acarretar problemas ao
empreendimento, desde a má qualidade dos serviços até sua não execução por inviabilidade técnica
e/ou financeira da empresa contratada. Esses programas governamentais têm como conceito a parce-
ria do poder público com o setor produtivo, fi rmada por meio de acordos setoriais privilegiando,
nas contratações governamentais, as empresas que tenham aderido ao Programa Setorial da Quali-
dade, valorizando-as quando da escolha de fornecedores. O poder de compra do Estado serve para
fomentar a qualidade das moradias, entendida aqui em suas múltiplas dimensões (arquitetônica,
construtiva, desempenho ao longo da vida útil, ambiental etc.).
Fique de olho!
A qualidade presente na construção de uma edificação é função do trabalho contínuo de todos os envolvidos (gestores,
operários, fornecedores, agentes financeiros, governo, incorporadores e clientes).
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Fique de olho!
As entidades públicas ou privadas que contratam empresas da Construção Civil sentem uma
pressão interna bastante agressiva no sentido de utilizar seu poder de compra, mas, ao mesmo
tempo, verificam que somente criar ferramentas pré-qualificatórias para selecionar empresas cons-
trutoras participantes de processos licitatórios não é suficiente. Faz-se necessário também atentar a
alguns fatores prioritários:
» comprometimento de todos com a qualidade;
» objetivos claros com relação à implantação de um sistema da qualidade;
» formação e requalificação de profissionais;
» boa remuneração aos funcionários;
» estratégia de implantação do programa da qualidade;
» cronograma e metas de implantação;
» desenvolvimento de sistemas de fiscalização;
» existência de possibilidade de punição para as empresas que não trabalharem dentro dos
padrões da qualidade (liberação de faturas, impossibilidade de participar das pró-
ximas licitações);
» publicação interna e externa dos resultados do programa da qualidade.
No ano 2000, o escopo do Programa foi ampliado: ele passou a integrar o Plano Plurianual
“Avança Brasil” (PPA) e agora também engloba as áreas de saneamento, infraestrutura e transporte
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O QUALIHAB possui diversos comitês, que tratam de criação de projetos, gestão de obras,
fabricação de materiais e componentes que congregam as entidades dos produtores de insumos para
as obras e de sistemas construtivos. Busca induzir os segmentos do meio produtivo a estabelecerem
o desenvolvimento de programa da qualidade para cada um dos setores representados. O Programa
deseja motivar a evolução tecnológica de processos produtivos e produtos, criando maior valor agre-
gado; modificar o perfil dos profissionais do setor; criar novas profissões que fixem os trabalhadores
na Construção Civil. As construtoras seriam auxiliadas para serem transformadas em montadoras
integradoras de serviços e produtos, tendo como resultado o aumento de competitividade dentro
dos padrões internacionais.
A Figura 4.3 apresenta um conjunto habitacional que utiliza estrutura metálica na construção
das varandas das edificações.
Fique de olho!
O financiamento da construção de edificações leva em consideração as políticas de qualidade praticadas pela construtora.
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A dinâmica de implantação do programa tem, como cliente principal e final, o cidadão e segue
duas grandes linhas de ação: a negociação de acordos setoriais, que promovem a integração e o
envolvimento de fornecedores de serviços no Estado junto às áreas de abrangência do programa; e
o desenvolvimento de Programas Setoriais da Qualidade, que realizam diagnósticos de situação,
identificam demandas e definem as atividades necessárias para atender aos requisitos específicos de
cada um dos setores envolvidos, bem como das entidades participantes.
Fique de olho!
As políticas da qualidade têm proporcionado redução do desperdício nas obras e, consequentemente, aumento do lucro
das construtoras.
O PMQP-H foi instituído pelo Governo de Minas Gerais em julho de 2003, por meio do
Decreto no 43.418. O objetivo do programa é promover o desenvolvimento econômico e social por
meio da melhoria da qualidade das obras contratadas pelo Governo de Minas Gerais, considerando
o fortalecimento do mercado mineiro e o desenvolvimento de novas tecnologias.
São muitas as ações desse Programa. Entre elas, podemos citar:
» qualificação, certificação e padronização dos procedimentos de contratação, gerencia-
mento e fiscalização de projetos e obras dos órgãos contratantes do Estado;
» implantação de sistema de avaliação da conformidade dos serviços contratados;
Vamos recapitular?
Neste capítulo foram vistas as definições dos programas e políticas da qualidade no setor de Cons-
trução Civil.
Para começar
Este capítulo tem por objetivo apresentar as percepções quanto às ações da qualidade em serviços
no canteiro de obras. É apresentada a cadeia produtiva presente na construção de edificações, os setores
envolvidos e sua complexidade.
79
A utilização de projetos em arquivos eletrônicos oferece diversas vantagens: agilidade na dis-
tribuição de versões atualizadas, possibilidade de manipular os desenhos com a ampliação de ima-
gem e cálculo automático de distâncias, áreas e volumes. Além disso, permite efetuar na própria obra
a alteração do projeto original (as built) perante modificações realizadas na obra.
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(a) (b)
Figura 5.1 - (a) Foto e vídeo com tablet e (b) visualização de projeto com notebook.
Segundo um ditado popular, “a primeira impressão é a que fica”. Qualquer pessoa que entra
no canteiro de obras precisa utilizar capacete para se proteger da queda de um tijolo, por exemplo.
A Figura 5.2 apresenta capacetes disponíveis na portaria da obra, para sua utilização por operários
ou por visitantes. Em sua opinião, leitor, esses capacetes apresentam condição adequada para um
cliente, um fornecedor ou uma visita utilizar? Certamente, não! Esses capacetes usados são aceitáveis
no uso cotidiano dos operários, porque é comum estarem sujos pela condição das obras. Entretanto,
devem ser periodicamente limpos e, em caso de avaria, substituídos. De nada adianta um operário
utilizar um capacete trincado, pois não irá proteger sua cabeça em caso de queda de objeto. Também
apresenta operários que causam boa impressão. Eles estão utilizando uniformes com tecidos resis-
tentes, capacetes novos, luvas, cintos porta-ferramentas e ferramentas novas e adequadas.
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(a) (b)
Figura 5.2 - (a) Capacetes em mau estado de conservação;
(b) equipe de obra com equipamentos de segurança e ferramentas adequadas.
Fique de olho!
Cuidado para não esticar a trena metálica além de sua medida máxima e evite que ela fique com areia, terra ou grama no
ato de enrolá-la.
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(c) (d)
Figura 5.3 - (a) Metro, (b) trena, (c) paquímetro digital e (d) paquímetro sendo utilizado para medir um perfil metálico.
Escala natural
Escala de redução
Múltiplas
escalas
Escala de ampliação
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(a) (b)
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(c) (d)
Figura 5.5 - (a) Esquadro em madeira, (b) esquadro em parede, (c) prumo de face e (d) nível de bolha.
A tomada de medidas de grandes distâncias nas obras pode ser feita com trenas comuns, pro-
duzidas em fibra de vidro ou aço, com comprimento variando entre 1 e 100 metros. Durante as
medições, deve-se manter a trena sempre horizontalmente e, assim, obter-se no campo diretamente
as distâncias horizontais. A Figura 5.7 apresenta trenas de diferentes comprimentos: quanto maior o
comprimento, maior a largura da trena; também apresenta uma trena de 50 metros utilizada em ser-
viços de topografia.
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(b)
Figura 5.7 - (a) Trenas de diversos tamanhos; (b) trena utilizada em serviços topográficos.
(a) (b)
Figura 5.8 - (a) Trena eletrônica; (b) estação total.
A utilização de equipamentos com alta tecnologia está cada vez mais comum nas obras de
Construção Civil. Logo após a conclusão dos serviços de terraplenagem, por exemplo, já podem ser
escavadas valas e instalados tubos metálicos que transportarão combustíveis, por exemplo. O risco
de explosão deve ser evitado a todo custo.
A Figura 5.9 apresenta um operário no canteiro de obras inspecionando com equipamento ele-
trônico a qualidade do tubo metálico (espessura da parede e existência de defeitos de fabricação),
dois tubos sendo unidos por meio de um processo de soldagem e a verificação da qualidade da solda
aplicada e a busca por pontos defeituosos utilizando a técnica de inspeção com a aplicação de partí-
culas magnéticas.
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(a) (b)
Figura 5.10 - (a) Alicate de grande porte; (b) alicate de pequeno porte.
O maior uso de equipamentos que substituem o trabalho manual também demonstra uma
preocupação com a qualidade. Geralmente, a utilização de equipamentos promove o aumento da
produtividade e da qualidade. Por exemplo, demolir um piso de concreto é uma tarefa difícil, mas
que é facilitada com a utilização de equipamentos adequados.
A Figura 5.11 apresenta três soluções para a demolição de um piso de concreto: (a) manual –
picareta; (b) mecanizada – rompedor pneumático manual; (c) mecanizada – rompedor pneumático
acoplado a uma retroescavadeira.
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Outros exemplos de ganho de produtividade no canteiro de obras podem ser citados, como
o da Figura 5.12, na qual é apresentado o transporte de areia manual – carrinho de pedreiro – e o
mecanizado – trator carregadeira.
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(a) (b)
Figura 5.12 - (a) Transporte manual – carrinho de pedreiro; (b) transporte mecanizado – trator carregadeira.
A Figura 5.13 apresenta exemplos de transporte de carga tradicionais versus soluções inova-
doras; um andaime, no qual se utiliza uma corda amarrada a um balde para transportar material em
pequenas quantidade; um guindaste de grande capacidade de carga; uma grua; e uma ponte rolante
para a movimentação de peças pré-moldadas de concreto armado ao longo do canteiro de obras.
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(a) (b)
Figura 5.13 - (a) Transporte com andaime, corda e balde; (b) transporte com guindaste de grande capacidade de carga.
(c) (d)
Figura 5.13 - (c) Transporte com grua; (d) transporte com ponte rolante (continuação).
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(a) (b)
Figura 5.14 - (a) Cravação de estacas; (b) perfuração tipo rosca sem fim.
A Figura 5.15 apresenta dois métodos de confecção de argamassa e concreto. O item (a) é uma
betoneira manual. É fundamental que, após cada lote de argamassa, ou concreto feito, esse equipamento
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(a) (b)
Figura 5.15 - (a) Betoneira manual; (b) caminhão betoneira.
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(a) (b)
Figura 5.16 - (a) Alvenaria de bloco cerâmico; (b) alvenaria de bloco de concreto.
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(a) (b)
Figura 5.17 - (a) Posicionamento dos blocos cerâmicos; (b) preenchimento com argamassa.
A Figura 5.18 ressalta a importância da atenção na realização dos serviços e na acuidade visual.
Apresenta barras de aço destinadas à confecção de estruturas de concreto armado, cujos cuidados são,
por exemplo, utilizar o diâmetro, as dimensões e curvaturas adequadas para as armaduras; e as arma-
duras para a montagem de pilares, cujos cuidados são, por exemplo, unir as barras adequadamente
com arame de aço recozido, na sequência indicada no projeto e com os diâmetros adequados.
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(a) (b)
Figura 5.18 - (a) Barras de aço dobradas; (b) armadura para montagem de pilares.
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(a) (b)
Figura 5.19 - (a) Finalização da armadura de aço; (b) lançamento de concreto.
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(a)
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(b)
Figura 5.20 - (a) Mármore rosa e (b) mármore cinza.
O recebimento de produtos e sua conferência é outra atividade que exige atenção e rotina
administrativa. A Figura 5.21 apresenta um operário contando os produtos recebidos e operários do
almoxarifado abrindo embalagens e conferindo o conteúdo.
(b)
Figura 5.21 - (a) Contagem de produtos; (b) conferência de produtos.
Um edifício, em termos de qualidade, além dos atributos da construção, é constituído por atributos como o terreno no
qual está implantado, isto é, o preço e a qualidade do empreendimento imobiliário estão vinculados à localização do imó-
vel (padrão socioeconômico do bairro/entorno) e às condições da infraestrutura e equipamentos urbanos disponíveis na
proximidade (pavimentação; redes de água, luz, telefone; proximidade de escolas; hospitais; comércio; etc.).
A construção de edificações envolve uma complexa cadeia produtiva. É necessária, para sua execução, uma série de insu-
mos materiais (materiais de construção, componentes e equipamentos) e serviços (projetos, subempreiteiros), que são
gerados em diversos segmentos industriais e com graus de industrialização, patamares tecnológicos e exposição interna-
cional discretos. Assim, a cadeia produtiva da construção é marcada pela heterogeneidade, abrangendo o fornecimento de
diferentes tipos de produtos (bens e serviços), bem como a participação de empresas de porte completamente diferentes.
A cadeia produtiva envolve ações integradas, como fabricação, transporte, vendas, planeja-
mento de materiais, suprimentos, planejamento da produção, manufatura, armazenagem e comer-
cialização do produto final, ocupação da edificação e os serviços de pós-ocupação. Essa integração
tem como objetivo a garantia da qualidade do produto final, de modo a atender os requisitos do
cliente e especificações das normas técnicas, Figura 5.22.
Cliente Conservação
Marketing Insumos Financiamento consumidor final e manutenção
elaborados
Incorporação Legalização
Mão de obra
Seguro
Máquinas e
equipamentos
De maneira sistêmica, as etapas podem ser agrupadas em três fases: pré-produção, produção e
pós-produção.
5.2.1.1 Pré-produção
» Idealização: intenção de lançar um empreendimento imobiliário;
» Projetos: elaboração dos projetos e estudo de viabilidade;
» Legalização: documentação e taxas para legalização da obra;
» Marketing: pesquisa de mercado;
» Incorporação: incorporação de capital que viabilize a execução do projeto.
5.2.1.2 Produção
» Transporte: caminhões, elevadores, gruas, guinchos, carrinhos de mão etc.;
» Insumos básico: areia, brita, madeira etc.;
» Insumos elaborados: aço, cimento, caixilharia, metais de acabamento, louças sanitá-
rias etc.;
» Mão de obra: construção da edificação;
» Máquinas e equipamentos: betoneiras, ferramentas, EPIs etc.
5.2.1.3 Pós-produção
» Marketing: divulgação;
» Vendas: corretores imobiliários;
» Financiamento: agentes financeiros;
5.2.3.1 Madeira
A cadeia produtiva de produtos de madeira se inicia na extração, passa pelo comércio de pro-
dutos in natura e chega às serrarias, onde ocorre o desdobramento da madeira, ou seja, onde ela é
serrada e trabalhada. Ela é adquirida diretamente pela Construção Civil (na forma de vigas e tábuas,
por exemplo) ou é laminada ou transformada em chapas (compensada, prensada ou aglomerada), ou
ainda é utilizada para a fabricação de esquadrias, de casas pré-fabricadas, de estruturas de madeira e
artigos de carpintaria.
5.2.3.3 Calcários
A cadeia produtiva dos calcários (minerais não metálicos e não orgânicos) se inicia na extra-
ção, seguindo para a fabricação de produtos à base de calcários, como cimento, cal, gesso, concreto e
fibrocimento.
5.2.3.5 Siderurgia
Essa cadeia produtiva é composta por produtos metálicos de siderurgia, de fabricação de pro-
dutos de metais ferrosos.
Fique de olho!
Para a construção de edifícios, a percepção da qualidade está na evolução tecnológica de técnicas, materiais e componen-
tes, bem como nos procedimentos organizacionais (planejamento, administração e controle das operações construtivas).
Vamos recapitular?
Foi vista a importância das percepções quanto às ações da qualidade em serviços no canteiro
de obras e apresentada a cadeia produtiva da construção de edificações, os setores envolvidos e sua
complexidade.
Para começar
Este capítulo tem por objetivo apresentar a dinâmica em obras de edificações. Também apresenta
o planejamento da execução e as ferramentas de gestão da qualidade.
101
6.2 O planejamento da execução de obras de
edificações
A empresa construtora deve ter uma organização administrativa que represente sua visão de
negócios. Eis as etapas de planejamento:
» Estratégico: neste nível deve-se definir os objetivos do empreendimento (definição do
prazo da obra, fontes de financiamento, parcerias etc.) com base nas diretrizes do cliente
ou do proprietário.
» Tático: este nível intermediário de decisões envolve, principalmente, a seleção e a aquisi-
ção dos recursos necessários para atingir os objetivos do empreendimento (por exemplo,
tecnologia, materiais, mão de obra etc.), bem como a elaboração de um plano geral para a
utilização desses recursos;
» Operacional: este nível está relacionado à definição detalhada das atividades a serem reali-
zadas, seus recursos e momento de execução.
Cada nível hierárquico pode ter a necessidade de ser subdividido em outros níveis, depen-
dendo da natureza do empreendimento. Cada um desses níveis requer informações em um grau de
detalhe adequado.
Se o planejamento não for bem detalhado, é muito difícil utilizá-lo para a execução da obra.
Fique de olho!
O sucesso de uma obra depende muito de seu planejamento. É necessário que se tenha a integração
de todas as ações, presentes nos diversos níveis de planejamento.
100,00%
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
C
A B
20,00%
10,00%
0,00%
0 1 2 3 4 5
Máquinas e Meio
equipamentos Dimensões ambiente
Efeito
Falta cimento
para argamassa
A Definir Estabelecer
metas prioridades
Ações:
corretivas Planejar
preventivas Definir as ações
melhorias métodos
Estabelecer
medições
Educar e
treinar
Verificar
metas x resultados Executar
Coletar
dados
C D
O ciclo PDCA é contínuo, isto é, deve ser constantemente retroalimentado para se alcançar excelentes níveis da qualidade.
O diagrama de causa e efeito, também chamado de diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe, pode ser utilizado para
evitar atrasos em obras por meio da análise dos fatores intervenientes em cada uma das atividades.
Vamos recapitular?
Foi vista a dinâmica em obras de edificações. Também foi apresentado o planejamento da execu-
ção e as ferramentas de gestão da qualidade.
Para começar
Este capítulo tem por objetivo apresentar a definição de impacto ambiental e a classificação dos
resíduos. Também são apresentados o Greenhouse Gas Protocol (GRH), o Plano de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil (PGRCC) e o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). Por
fim, é apresentada uma metodologia para qualificação de fornecedores.
107
» Resíduos de Classe II-A: são resíduos não inertes; assim como os de Classe II-B, podem
ser dispostos em aterros sanitários ou reciclados. Entretanto, devem ser observados os
componentes destes resíduos (matérias orgânicas, papeis, vidros e metais), a fim de que
seja avaliado o potencial de reciclagem. Esses resí-
duos, em contato com a água com pH neutro, alte-
ram o padrão de potabilidade da água.
» Resíduos de Classe II-B: inertes, podem ser dispos- A qualidade é relacionada com os resí-
tos em aterros sanitários ou reciclados. São aqueles duos gerados no processo de fabricação
de todos os componentes utilizados na
que, em contato com a água com pH neutro, não construção.
alteram o padrão de potabilidade da água.
No campo da qualidade devemos utilizar os conceitos dos 3Rs da logística reversa: reduzir, reutilizar e reciclar.
Fique de olho!
Transporte: deve ser apresentada a descrição do tipo de transporte interno e externo utilizado para remoção e existência
de áreas de transbordo. O transporte deverá ser realizado de acordo com normas técnicas;
Tratamento: devem ser apresentados o tratamento e a destinação para cada grupo ou classe de resíduo;
Plano de contingência: deve ser apresentado o plano contingência para o caso de o tratamento e a destinação final pro-
postos falharem temporariamente;
Empresas recebedoras: deve ser informado o nome das empresas recebedoras dos resíduos, se estas possuem Licença
Ambiental e ainda solicitar cópia da Licença de Operação;
Rotinas: o Plano deve prever a elaboração de rotinas com instruções de procedimento para a higienização, o manuseio, a
segregação e a coleta interna dos resíduos, que deverão permanecer à disposição de todos os operários;
Treinamento: deverá ser previsto treinamento para novos contratados e reciclagem periódica para a aplicação de rotina e
sua modernização, com todos os operários do empreendimento, contemplando, assim, a origem dos resíduos até a desti-
nação final. Deverá ainda possuir um funcionário treinado para o controle do Plano de Gerenciamento;
Relatórios: devem ser apresentados relatórios semestrais de avaliação do PGRCC, identificando necessidades de melho-
rias, alterações necessárias, mudanças de procedimentos, entre outros;
Planilha: deve ser elaborada uma planilha referindo a geração mensal de resíduos, tipos de resíduos, classificação, forma
e local de armazenamento, destino final, entre outros.
Endereço:
Bairro:
CNPJ:
2. Identificação do responsável pela elaboração do projeto de gerenciamento de resíduos da construção civil - PGRCC
Nome:
R.G.:
Profissão:
Registro no CREA:
3. Caracterização do empreendimento
Não:
Sim:
(Informar o local de empréstimo/jazida e documento que comprove que o material não está contaminado).
Não:
Sim:
Volume Bota-fora:
m3
3.3.1
Peso Bota-fora
kg
Empréstimo Volume:
m3
3.3.2
Empréstimo
kg
Peso:
4. Apresentar croqui do canteiro de obras, indicando locais previstos para a triagem e para o armazenamento temporário dos
resíduos segregados (os locais de armazenamento devem ser cobertos e impermeabilizados)
Não:
Sim:
5. Informar se será realizada reciclagem e/ou reutilização de resíduos da construção civil na própria obra
Não:
Sim:
Reciclagem
Tipo de Resíduo Reutilização Quantidade (m3)
Processo Aplicação
Classe A
Classe B
Quantidade (m3)
A qualidade de uma obra não é apenas relacionada aos produtos empregados na construção, mas pela escolha criteriosa
de seus fornecedores.
Os fornecedores devem ter condições para desenvolver seus processos com profissionalismo e
comprometimento, primando a importância em requisitos como:
» analisar criteriosamente as especificações dos pedidos de compra;
» atender às especificações de entrega e os prazos acordados;
» fornecer informações imediatas na confirmação dos pedidos sobre quaisquer mudanças;
» fornecer todas as documentações solicitadas;
» fornecer os dados estatísticos, mostrando os parâmetros críticos de teste e os parâmetros
do processo, quando solicitados;
» apresentar as informações solicitadas em tempo
hábil;
» ter a flexibilidade em casos de mudanças nas quan-
tidades dos pedidos e nas datas de entrega;
Todos os resíduos gerados na construção
» cumprir os preços acordados; de uma edificação devem ser classifica-
dos, quantificados, acondicionados, trans-
» realizar todos os procedimentos de faturamento cor- portados e dispostos conforme a legislação
retamente; vigente.
» prestar feedback durante todo o processo de compra.
Vamos recapitular?
Neste capítulo foram vistas a definição de impacto ambiental e a classificação dos resíduos. Tam-
bém foram apresentados os significados do Greenhouse Gas Protocol (GRH), Plano de Gerenciamento
de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) e do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS).
Por fim, foi apresentada uma metodologia para a qualificação de fornecedores.
1) O que é GRH?
2) O que é PGRCC?
3) Defina impacto ambiental.
4) Comente as expectativas de conduta dos fornecedores das construtoras.
ALBUQUERQUE, J. L. (Org.). Gestão ambiental e responsabilidade social. São Paulo: Atlas, 2009.
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______. NBR 10005: procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos.
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