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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU

CURSO DE GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA MECÃNICA

ANDERSON CLEBER DOS SANTOS FRAZÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

QUALIDADE DO AR EM AMBIENTE HOSPITALAR CLIMATIZADO


EM UNIDADE DA CIDADE DO RECIFE

RECIFE

2017
ANDERSON CLEBER DOS SANTOS FRAZÃO

QUALIDADE DO AR EM AMBIENTE HOSPITALAR CLIMATIZADO


EM UNIDADE DA CIDADE DO RECIFE

Trabalho apresentado ao Curso de Graduação de


Engenharia Mecânica do Centro Universitário
Maurício de Nassau do estado de Pernambuco como
pré-requisito para a conclusão do Curso de
Engenharia Mecânica, sob orientação do Professor
Alfredo José Batista.

RECIFE

2017
Dedico essa monografia para Márcia Mendes Pimentel e
aos meus pais, eles me ajudaram a conseguir atingir meus
objetivos e foram minha força.
RESUMO
Nos dias atuais é comum a climatização dos ambientes internos com a finalidade de
lazer, moradia ou de trabalho, aumentando o conforto e possibilitando o controle da
temperatura, umidade e velocidade do ar nos edifícios. A qualidade do ar em
ambientes hospitalares é de suma importância para a saúde pública, pois pode
acarretar o aumento da estadia do paciente hospitalizado, assim como comprometer
o desempenho dos profissionais que atuam no serviço. A falta do controle e
manutenção corretos dos sistemas de climatização pode contribuir para a
disseminação de microrganismos como fungos, bactérias e vírus, assim como o
acúmulo de substâncias poluentes de origem química como aerodispersóides,
monóxido de carbono, dióxido de carbono e ozônio. A presença desses poluentes
desencadeia a SED - Síndrome do Edifício Doente, ocasionando problemas de saúde
imediatos, conforme a permanência da pessoa no ambiente doente, e com o potencial
de tornarem-se crônicos ou até fatais. O acúmulo de tais substâncias nocivas no
interior das edificações é ocasionado por uma troca ineficaz do sistema de
climatização do ar interno, contaminado, pelo ar externo, limpo. Nesse contexto, o
presente estudo objetivou investigar a situação da qualidade do ar interno de
ambientes dos setores de Urgência, Unidades de Tratamento Intensivo, Sala de
Exames Especializados e Centro Cirúrgico de um hospital universitário da cidade do
Recife. Foram utilizados como instrumentos de pesquisa os Relatórios de Qualidade
do Ar de Interiores das unidades supracitadas para avaliar a velocidade do ar,
temperatura, umidade, aerodispersóides, concentração de fungos e concentração de
bactérias. Este estudo identificou que a maioria dos ambientes analisados
apresentavam valores médios recomendados pela legislação vigente, portanto uma
qualidade do ar satisfatória. Poucos ambientes apresentaram algumas distorções
como excesso de umidade, alta concentração de dióxido de carbono e de fungos.
Dentre os microrganismos presentes no ar dos ambientes estudados, nenhum tinha
caráter patogênico ao indivíduo saudável.

Palavras-chave: Qualidade do ar interior, infecção hospitalar, Síndrome do Edifício


Doente, poluição do ar.
ABSTRACT
Nowadays, it is common to air-conditioning the indoor environments for leisure,
housing or work, increasing comfort and allowing the control of temperature, humidity
and air velocity in buildings. Air quality in hospital environments is of paramount
importance for public health, since it can lead to an increase in hospitalized patients'
stay, as well as compromise the performance of professionals working in the service.
The lack of correct control and maintenance of air conditioning systems can contribute
to the spread of microorganisms such as fungi, bacteria and viruses, as well as the
accumulation of chemical substances such as aerodispersoid, carbon dioxide, carbon
dioxide and ozone. The presence of these pollutants triggers the SBS - sick building
syndrome, causing immediate health problems, according to the person's stay in the
sick environment, and with the potential to become chronic or even fatal. The
accumulation of such harmful substances inside the buildings is caused by an
inefficient exchange of the indoor air conditioning system, contaminated, by the
external, clean air. In this context, the present study aimed to investigate the situation
of indoor air quality in environments of the emergency, intensive care units, specialized
examination room and surgical center of a university hospital in the city of Recife. The
indoor air quality reports of the aforementioned units were used as instruments of
research to evaluate the air speed, temperature, humidity, aerodispersoid,
concentration of fungi and concentration of bacteria. This study identified that most of
the analyzed environments presented average values recommended by the current
legislation, thus a satisfactory air quality. Few environments presented some
distortions such as excess humidity, high concentration of carbon dioxide and fungi.
Among the microorganisms present in the air of the studied environments, none was
pathogenic to the healthy individual.

Keys Words: Indoor Air Quality, cross infection, Sick Building Syndrome, air pollution.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Sistema de Ar Condicionado com retorno pelo forro 05

Figura 2: Filtro HEPA 06


Figura 3: Conjunto de impactador de Andersen para medição
de fungos e bactérias 19
Figura 4: Aparelhos medidores de CO2, umidade e temperatura utilizados 20
Figura 5: bomba de ar e filtros cassete para controle de aerodispersóides 21
Figura 6: Cortinas de ar instaladas nas entradas do
hospital e recepção do ambulatório 26
Figura 7: Ilustrando a troca do filtro A3 HEPA 32
Figura 8: medição microbiológica no setor de UTI Pediátrica 32
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Demonstrativo da classificação e métodos de

ensaio para filtros de ar 10

Tabela 2 - Velocidade do ar em relação aos anos de 2014 – 2017 (m/s) 23


Tabela 3 - Concentração do gás dióxido de carbono durante o intervalo
de ano 2014-2017 (ppm) 24
Tabela 4 - Temperatura (°C) nos ambientes entre os anos de 2014 e 2017 28
Tabela 5 - Umidade (%) dos setores no intervalo de tempo 2014-2015 29
Tabela 6 - Concentração de fungos durante o intervalo de tempo 2014-2017 30
Tabela 7 - Relação da concentração fúngica entre os ambientes interiores e
exteriores (I/E) durante o intervalo de tempo 2014-2017 31
Tabela 8 - Quantitativo de colônias de bactérias no intervalo
de tempo 2014-2017 33
Tabela 9 - Aerodispersóide (µg/m³) no ar encontrados no intervalo
de tempo 2014-2017 34
Tabela 10 – Achados máximos de outros estudos 35
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Poluentes de origem biológica 08

Quadro 2: Poluentes de origem química 08

Quadro 3: Limpeza e troca de componentes do ar condicionado 11


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Concentração de CO2 25


Gráfico 2 – Concentração de CO2 x Ocupação na URCT 27
Gráfico 3 – Concentração de CO2 x Ocupação
no Corredor 1 da urgência 27
LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CFM – Pés Cúbicos por Minuto

CO – Monóxido de carbono

CO2 – Dióxido de carbono

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

HEPA – High Efficiency Particulate Air (filtro de partícula de ar de alta eficiência)

O3 – Ozônio

PPM – Partes por milhão

SED – Síndrome dos Edifícios Doentes

UFC – Unidade de Formação de Colônias

UTI – Unidade de Tratamento Intensivo

URCT – Unidade de Recuperação de Cirurgia Torácica


SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO 01

2.OBJETIVOS 03

2.2. Objetivo Geral 03

2.3. Objetivos Específicos 03

3. REFERENCIAL TEÓRICO 04

3.1. Circulação do ar, insuficiência de ar exterior 09

3.2. Climatização 12

3.3. Compostos inorgânicos 12

3.3.1. Dióxido de carbono (CO2) 12

3.3.2. Monóxido de carbono (CO) 13

3.3.3. Monóxido de nitrogênio e dióxido de nitrogênio (NO e NO2) 13

3.3.4. Ozônio 14

3.3.5. Aerodispersóides 14

3.4. Contaminantes biológicos 14

3.4. Síndrome do Edifício Doente (SED) 16

4. METODOLOGIA 18

4.1. ÁREA DE ESTUDO 18

4.2. COLETA DE DADOS 18

4.2.1 COLETA DAS AMOSTRAS MICROBIOLOGICAS 19

4.2.2 MEDIÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE CO2 20

4.2.3 MEDIÇÃO DA TEMPERATURA, UMIDADE E VELOCIDADE DO AR 20

4.2.4 MEDIÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE AERODISPERSÓIDES 21

4.3. ANÁLISE DE DADOS 21

5. RESULTADO E DISCUSSÕES 23
5.1 Velocidade do ar 23

5.2 Concentração de CO2 24

5.3 Temperatura 28

5.4 Umidade 29

5.5 Microbiológicos 30

5.6 Aerodispersóides 34

6. CONCLUSÕES 36

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37
1

1. INTRODUÇÃO

Com o surgimento de novas tecnologias, foi permitido ao homem modificar o ambiente


a sua volta, possibilitando um melhor aproveitamento dos recursos e a permanência
em locais com um mínimo de conforto e segurança. Ambientes que impossibilitavam
uma permanência prolongada, agora são habitáveis através do controle da
temperatura ou umidade, por exemplo. A utilização dos sistemas de climatização foi
fundamental para permitir um melhor uso dos ambientes fechados (KULCSAR, 2007).

Ambientes enclausurados são como se apresentam a maiorias das novas construções


do meio urbano após a década de 70. Prédios selados e sem ventilação por motivos
de estética, economia de energia com refrigeração, climatização ou controle do ruído,
tornaram-se comuns em residências e locais de trabalho onde se passa boa parte da
vida cotidiana. Com as vantagens desse novo modelo de ocupação do ambiente,
surgiram alguns problemas: nesses locais fechados, os contaminantes biológicos
como fungos, bactérias e algas podem se proliferar nas partículas dispersas no
ambiente, multiplicando sua quantidade em intervalo de tempo pequeno (KULCSAR,
2007; DANTAS, 1998).

É de conhecimento comum que a concentração de gases como o CO e CO2, fumaça


de cigarro ou outros produtos químicos em ambientes selados podem acarretar
problemas respiratórios, podendo levar até a asfixia. Um ambiente é considerado
aceitável quando 80% dos seus ocupantes estão isentos de queixas ou não há
concentração potencialmente perigosa de contaminantes (ANVISA, 2003).

Nesse contexto, o ambiente hospitalar é um local de referência para a manutenção da


saúde de uma população e, portanto, é onde se encontram uma grande quantidade
de indivíduos ocupando um ambiente único, desde funcionários a pacientes e
visitantes, possibilitando um risco potencial para infecções e outros agravos de saúde,
uma vez que há o acúmulo de poluentes biológicos e não biológicos, produtos que
liberam elementos químicos nocivos no ar, produtos presentes na composição
química da mobília, fármacos, elementos de construção e material de limpeza
(QUADROS, 2008).

Assim, a avaliação da qualidade do ar em ambiente climatizado hospitalar é vital e de


interesse da saúde pública, pois evita prolongar a permanência do paciente internado
2

por complicações advindas da má qualidade do ar ao diminuir os riscos de infecção


hospitalar e melhorar o desempenho dos funcionários, assim como identificar se há a
Síndrome do Edifício Doente (SED) (LOPES, 2004).

Os setores estudados apresentam níveis 2 ou 3 em relação à classificação como


críticos para o risco de infecção: urgência, bloco cirúrgico, Unidades de Tratamento
Invasivo (UTI), e Ambientes de Exames de Alta Complexidade. Nestes setores, os
pacientes são submetidos a procedimentos invasivos ou apresentam imunidade
comprometida (ABNT, 2005).

Diante do exposto foi adotada a cidade do Recife como local de estudo, pois apresenta
um polo hospitalar, com várias unidades, públicas e particulares. O hospital escolhido
é um hospital universitário, com 256 leitos. Foram avaliados os laudos técnicos da
inspeção de qualidade do ar de interiores do primeiro semestre do ano 2014 ao ano
2017 realizados por uma empresa terceirizada. As variáveis investigadas foram
temperatura, velocidade do ar, umidade, concentração de CO 2, bioaerossóis e
aerodispersóides, observando-se a resolução RE n°9 de 2003, norma reguladora da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que estabelece os padrões para a
qualidade do ar interior em ambientes climatizados artificialmente.
3

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar a qualidade do ar em ambiente hospitalar climatizado em unidade


pública do Recife, nos ambientes de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI),
Urgência, Salas de Exames de Alta Complexidade e Centro Cirúrgico.

2.2 Objetivos específicos

• Avaliar a qualidade do ar em ambiente hospitalar de uso público e coletivo, no


que diz respeito a quantidade de bioaerossóis e contaminantes químicos.

• Verificar os parâmetros de conforto como, temperatura, velocidade e umidade


relativa do ar.

• Avaliar os parâmetros de renovação do ar nos ambientes como, a velocidade


e circulação do ar, assim como a concentração de dióxido de carbono (CO2).

• Determinar a eficiência dos filtros do sistema de ar condicionado quanto a


remoção dos fungos e bactérias do ar.
4

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Francisco Kulcsar Neto defende que o ser humano permanece de 80% a 90% do seu
tempo em ambientes interiores que podem ser climatizados artificialmente. A
manutenção ineficaz de tais locais pode acarretar agravos a saúde por proliferação
de microrganismos ou liberação de produtos químicos. Este problema é denominado
Síndrome do Edifício Doente (SED), que tem caráter mais danoso no ambiente
hospitalar devido a este ser um ambiente típico de circulação de microrganismos
patógenos e também por causa da baixa imunidade que os pacientes podem
apresentar. Como causa mais provável de poluição interna em um ambiente
climatizado, 68% é referente ao ar condicionado com pouca renovação de ar, filtros e
manutenção inadequados e o controle precário de temperatura e umidade
(KULCSAR, 2009).

Os sistemas de climatização têm entre suas funções, o combate da carga térmica e o


controle da Qualidade do Ar Interno (QAI) para as pessoas que ocupam os
estabelecimentos onde estão instalados, a renovação do ar externo e a filtração eficaz
possibilitam uma qualidade de saúde a esses ocupantes. Para se obter uma boa QAI
é necessária uma boa manutenção dos aparelhos e das casas de máquina do sistema
de climatização, levando em conta que a casa de máquina e o condicionador são
considerados como fonte primária de contaminação, os dutos como fonte secundaria
e o meio ambiente como fonte terciária (ANVISA, 2017; KULCSAR, 2007).

Lima de Paula (2003) mostra que, em geral, três tipos de sistemas de ar condicionado
podem ser encontrados em relação ao tipo de tratamento dado ao ar:
“ar condicionado comum, sem controles de troca de ar, assim como ausência de
filtros de alta eficiência;
convencional plenum mixing, com filtros do tipo HEPA, realiza 16-20 trocas de ar
por hora, apresenta pressão positiva de entrada de ar, regulagem
termoigrometrica. Dependendo da contagem de pessoas e suas atividades
físicas, pode apresentar um quantitativo de bactérias no ar de 50 ufc/m³ a 150
ufc/m³, podendo apresentar valores maiores.
ar ultra limpo ou fluxo laminar, que re-circula grandes volumes de ar estéril através
de filtros HEPA, realiza 400-500 trocas de ar por hora, mantem o ambiente com
uma contagem de bactérias menor 10 ufc/m³.”
5

A Figura 1, exemplifica um sistema de ar condicionado com alguns dos seus


componentes e sua tomada de ar.

Figura 1: Sistema de Ar Condicionado com retorno pelo forro

ITEM DENOMINAÇÃO TAMANHO QUANTIDADE

1 BOCA DE INSUFLAMENTO 50X20 cm 8

2 GRELHAS DE RETORNO 50X30 cm 1

3 TOMADA DE AR EXTERNO 50X40 cm 1

4 TOMADA AR CONDENSADO 105X110X200 cm 1

Fonte: Fernandes, 2011.

No Brasil há algumas leis e normas com relação a distribuição manutenção,


tratamento e qualidade do ar em interiores climatizado, por exemplo:

“ABNT NBR 7256, de 2005. Tratamento de ar em estabelecimentos


assistenciais de saúde (EAS) – Requisitos para projeto e execução das
instalações.
6

ABNT NBR 6401, de 2008. Instalações de ar condicionado – Sistemas centrais


e unitários.

ABNT NBR 13971, de 2014. Sistemas de refrigeração, condicionamento de ar


ventilação e aquecimento – Manutenção programada.”

Há normas da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), como a resolução


número 9, de 16 de janeiro de 2003, Padrões Referenciais de Qualidade do Ar Interior
em Ambientes Climatizados Artificialmente de Uso Público e Coletivo, que ditam os
padrões para controle de da temperatura, umidade, velocidade, concentração de CO2,
controle de microrganismos (ANVISA, 2003).

A NBR 7256 da Associação de Normas e Técnicas Brasileira (ABNT), informa que


99,9% dos agentes microbiológicos presentes no ar podem ser retidos em filtros finos
de alta eficiência, como filtro de particula de ar de alta eficiência (high efficiency
particulate air – HEPA) que são filtros absolutos com eficiência igual ou superior a
99,97% (Figura 2). Isso ocorre, pois, os microrganismos formam grumos e se unem a
poeira formando colônias.

Figura 2: filtro HEPA

Fotos internas da instituição, 2017


7

A mesma norma classifica o ambiente hospitalar em 04 níveis de risco de ocorrência


de eventos adversos por exposição ao ar ambiental (ABNT, 2005):

Nível 0 – Área onde o risco não excede aquele encontrado em ambientes de uso
público e coletivo.

Nível 1 – Área onde não foi constatado risco de ocorrência de agravos à saúde
relacionados à qualidade do ar, porém algumas autoridades, organizações ou
investigadores sugerem que o risco seja considerado.

Nível 2 – Área onde existem fortes evidências de risco de ocorrência de agravos à


saúde relacionados à qualidade do ar, de seus ocupantes ou de pacientes que
utilizarão produtos manipulados nestas áreas, baseadas em estudos experimentais,
clínicos ou epidemiológicos bem delineados.

Nível 3 – Área onde existem fortes evidências de alto risco de ocorrência de agravos
sérios à saúde relacionados à qualidade do ar, de seus ocupantes ou pacientes que
utilizarão produtos manipulados nestas áreas, baseadas em estudos experimentais,
clínicos ou epidemiológicos bem delineados.

O ambiente hospitalar apresenta vários setores distintos, desde a recepção que pode
ser enquadrado como nível 0, a sala de indução anestésica como nível 1, a enfermaria
que se encontram no nível 2, até o bloco cirúrgico e a unidade de tratamento intensivo
(UTI) tratando de pacientes em isolamento respiratório com nível 3.

A poluição do ar pode se originar dos usuários do ambiente, através de produtos


químicos empregados na produção e manutenção dos equipamentos, a utilização de
produtos químicos na execução de limpeza, no transporte de microrganismos de um
ambiente para o outro através do ar ou com ajuda de um hospedeiro, entre outras
atividades (QUADROS, 2008). Podemos dividir as principais fontes de poluentes em
dois conjuntos, apresentados nos 2 quadros abaixo.
8

Quadro 1: Poluentes de origem biológica

Agente Fonte

Algas Torres de resfriamento e bandeja de


condensado

Animais Roedores, aves e morcegos

Artrópodes Poeira domestica

Bactéria Torres de resfriamento e bandeja de


condensado, água parada e
umidificadores

Fungos Ambientes húmidos, forros, paredes,


ar externo e dutos de ventiladores

Protozoários Água contaminada e bandeja de


humidificadores

Pólen Plantas e o ar externo

Vírus Hospedeiro humano

Fonte: Adaptado de Anvisa, 2003

Quadro 2: Poluentes de origem química

Agente Fonte

Monóxido de carbono (CO) Combustão, fumaça de tabaco,


fogão

Dióxido de carbono (CO2) Combustão, metabolismo, motores

Ozônio (O3) Equipamentos eletrônicos

Dióxido de nitrogênio (NO2) Combustão, motores

Formaldeído (H2CO) Móveis, madeira compensada

Fonte: Adaptado de Anvisa, 2003 e Quadros, 2008


9

A identificação dessas fontes de poluentes é de importância para a manutenção da


qualidade do ar, por isso é importante a busca por indicadores, os mais comuns são:
concentração de contaminantes, velocidade de circulação do ar, percepção sensorial
do ar e odor, razão interna/externa de fungos (I/E) e número de ocupantes do
ambiente (BRICKUS, 1999).

3 .1.Circulação do ar, insuficiência de ar exterior

A maior causa de problemas decorrente da má qualidade do ar interno é a troca


ineficaz de ar do meio externo e o meio interno (BATISTA, 2008). Uma boa circulação
do ar e troca do mesmo com o meio externo, inibe que os poluentes acarretem
malefícios aos usuários do ambiente interno.

A movimentação do ar, no sentido da área menos contaminada para a mais


contaminada, permite uma melhor circulação e o transporte das partículas até os filtros
e sua eliminação, assim como os gases e odores (ABNT, 2005). O aumento da troca
de 5 cfm de ar por pessoa para 25-32 cfm, em um prédio da Califórnia, diminuiu as
queixas dos ocupantes de 60% a 73% para 20% a 30%. Essas queixas podem ser
advindas, além dos poluentes, do surgimento de bolsões de ar frio ou quente, tornando
o ambiente desconfortável (SIQUEIRA, 1999). A ANVISA informa que a taxa de
renovação do ar, em ambientes climatizados, deve ser de no mínimo 27m 3/h.pessoa,
devendo ser de no mínimo 17m3/h.pessoa nos ambientes com grande rotatividade.

Nos ambientes interiores a velocidade máxima recomendável (VMR) do ar, a distância


de 1,5m do piso, na região de influência da distribuição do ar, de 0,25 m/s (BRASIL,
Anvisa 2003). Para a captação do ar exterior é necessário a utilização de filtros da
classe G1, nos condicionadores de sistemas centrais é utilizado, no mínimo, filtros de
classe G3 para manter um nível de pureza no ar ambiente (ANVISA, 2003). Os filtros
utilizados devem atender ensaios que comprovem sua eficácia, filtro absoluto, como
o A3 HEPA deve apresentar ensaios de integridades individuais. Segundo a NBR
7256 os estágios de filtragem devem ser (ABNT, 2005):

“o primeiro estágio deve ser instalado na entrada do condicionador, de


forma a pré-filtrar todo o ar a ser tratado, exterior e recirculado;
10

o segundo estágio deve ser instalado no lado pressurizado do duto, a


jusante de umidificadores;
o terceiro estágio deve ser instalado no lado pressurizado do duto, o mais
perto possível do ambiente tratado, preferivelmente no próprio terminal de
insuflamento.”

A Tabela 1 mostra as classes de filtros e suas respectivas eficiências.

Tabela 1: Demonstrativo da classificação e métodos de ensaio para filtros de ar

Classe de filtros Eficiência (%)

Grossos G1 50 ≤ Eg < 65
G2 65 ≤ Eg < 80
G3 80 ≤ Eg < 90
G4 90 ≤ Eg

Finos F5 40 ≤ Ef < 60
F6 60 ≤ Ef < 80
F7 80 ≤ Ef < 90
F8 90 ≤ Ef < 95
F9 95 ≤ Ef

Absolutos A1 85 ≤ Edop < 94,9


A2 95 ≤ Edop < 99,96
A3 (HEPA) 99,97 ≤ Edop

Nota:
1.Filtros grossos e finos:

• classificados de acordo com a EN779:2002

• Eg – Eficiência gravimétrica para pó sintético padrão Ashrae 52.1


Arrestance;

• Ef – Eficiência para partículas de 0,4 µm.

2. Filtros absolutos:

• Edop - Eficiência para partículas de 0,3 µm, de acordo com a norma


U.S.Military Standard 282 (Teste DOP).

Fonte: NBR 7256 ABNT, 2005


11

A tomada de ar externo deve ter alguns cuidados como evitar a aspiração de


contaminantes do piso circundante, proteção a entrada de água da chuva, evitar a
tomada de exaustão de cozinhas, sanitários, laboratórios, lavanderia, proximidades
de depósitos de lixo, centrais de gás combustível, estacionamentos, assim como
fontes de contaminação infecciosa ou gases nocivos, estabelecendo uma distância
mínima de 8 metros. É importante atentar o comportamento dos ventos dominantes e
o perfil do fluxo de ar da vizinhança (ABNT, 2005).

Em 1998, com a portaria n° 3523, o Ministério da Saúde implementa o Plano de


Manutenção, Operação e Controle (PMOC) para sistemas com capacidade acima de
5 TR (15.000 kcal/hora = 60.000 BTU/H), com o intuito de auxiliar a manutenção e
limpeza dos sistemas de refrigeração. Essa portaria descreve as atividades que
devem ser seguidas, abaixo algumas dessas atividades (BRASIL, 1998):

“Condicionador de Ar (do tipo expansão direta e água gelada) :


eliminar sujeira das serpentinas e bandeja, verificar drenagem da água
da bandeja, remoção do biofilme (lodo), verificar filtros de ar;
Ventiladores: retirar sujidade, avaliar lubrificação, verificar
vazamentos, verificar vibrações;
Casa de máquina do Condicionador de ar: verificar e eliminar sujeira
e água, verificar e eliminar corpos estranhos, verificar e eliminar as
obstruções no retorno e tomada de ar externo, limpar a face de
passagem do fluxo de ar;
Dutos: verificar e eliminar sujeira (interna e externa), danos e corrosão;
Limpar as grelhas;
Reparo e reposição de isolamentos térmicos e acústicos danificados.”

O Quadro 3 mostra a periocidade que deve ser feita a manutenção dos componentes do
sistema de climatização, para dessa forma o sistema poder desempenhar sua função.

Quadro 3: Limpeza e troca de componentes do ar condicionado

Fonte: RE – 09 da ANVISA
12

3.2. Climatização

A climatização é o controle do ar do ambiente para o conforto humano, podendo ser


a retirada do calor do ambiente onde ele não é desejado (MILLER, 2014). As
condições térmicas internas dependem do clima, mas as atividades desempenhadas
no meio interno e o maquinário utilizado irão contribuir para aumentar a temperatura
(CÉSAR RUAS, 1999). Nos componentes do sistema de climatização pode se alojar
e proliferar microrganismos, como nos dutos, bandejas de condensado, reservatórios
de água, desumidificador, umidificadores, serpentina e/ou torres de resfriamento,
esses microrganismos podem acabar sendo lançados no ambiente interno (LIMA DE
PAULA, 2003).

Em todos ambientes climatizados a temperatura, no verão, deve estar entre 23 e 26


°C, já na época do inverno deve se encontrar entre 20 e 22°C. Os valores
recomendados para a umidade devem variar entre 40% a 60% no verão, o valor
máximo de operação deve ser 65%, podendo ultrapassar para 70% nas áreas de
acesso, a humidade tem grande importância pois ira influenciar na proliferação de
fungos, assim como na evaporação dos líquidos em contato com a pele influenciando
no controle de troca de calor do corpo humano. No inverno a faixa recomendável de
operação é de 35% a 65% (ANVISA, 2003).

O controle termoigrometrico é importante não apenas para o conforto como também


para tornar o ambiente favorável para certos tipos de tratamentos, inibir a proliferação
de microrganismos e permitir a operação ideal de equipamentos especiais (ABNT,
2005).

3.3. Compostos inorgânicos

3.3.1. Dióxido de carbono (CO2)

É um subproduto da respiração, expelido naturalmente, pode ser gerado também


através da combustão e funcionamento de motores (GIODA, 2003). É um gás incolor,
inodoro e asfixiante, seu valor máximo recomendado, como indicador de renovação
de ar e bem-estar, é menor ou igual a 1.000 ppm (ANVISA, 2003). Em pequenas
quantidades causa uma sensação de desconforto, mas apenas em concentrações
13

acima de 30.000 ppm pode causar danos à saúde, normalmente em ambientes


internos sua concentração é de 700 a 2.000 ppm. (QUADROS, 2008).

Conforme a Resolução número 09 da ANVISA de 2003, na norma técnica 002, para a


leitura da concentração de CO2 é utilizado aparelho portátil de leitura direta por meio
de sensor infravermelho não dispersivo ou célula eletroquímica, com faixa de 0 a 5.000
ppm (como exemplificação o Medidor de Dióxido de Carbono, Temperatura e Umidade
modelo CO-2 da Instrutherm). Cada setor do hospital é amostrado de forma
isoladamente em horários de pico de utilização do espaço, conforme sua área física,
1 amostra para até 1.000 m2, 3 amostras para ambientes entre 1.000 – 2.000 m2 e 5
amostras para ambientes entre 2.000 – 3.000 m2 (ANVISA, 2003).

3.3.2. Monóxido de carbono (CO)

É um gás inodoro, incolor e toxico, esse gás tem afinidade pela hemoglobina e se
combinando com ela, diminuindo assim a oferta de oxigênio para o corpo, podem
causar problemas principalmente para órgãos que dependem muito do oxigênio, como
coração e o cérebro (SCHIRMER, 2011), em doses pequenas pode apresentar
sintomas como uma gripe, em casos graves de intoxicação pode causar a morte. A
principal produção desse gás se oriunda de veículos automobilísticos, desta forma,
sendo desta forma alheio ao meio interno, mas seu transporte pode ocorrer através
do sistema de condicionamento de ar (BATISTA, 2008).

3.3.3. Monóxido de nitrogênio e dióxido de nitrogênio (NO e NO2)

Esses gases são formados em ambientes com alta pressão e temperatura, unindo a
molécula de nitrogênio com a de oxigênio, oxidando de forma parcial ou total
(QUADROS, 2008). Podem causar complicações respiratórias, competir com o
oxigênio como o CO, podem causar enfisema pulmonar (NO) ou edema pulmonar
(NO2) (SHIMER, 2011).
14

3.3.4. Ozônio (O3)

A principal fonte do ozônio é o ar externo, produzido por reações químicas de produtos


orgânicos voláteis em ambientes com luz solar e calor, mas sua produção também
pode ocorrer através de equipamentos eletrônicos, essa substância pode causar
problemas respiratórios graves (BATISTA, 2008).

3.3.5. Aerodispersóides

A resolução 09 da Anvisa considera como aerodispersóides os sistemas dispersos de


partículas sólidas e/ou líquidas em meio gasoso, sendo sinônimo de aerossol. O
estudo da concentração do aerossol é um indicador do grau de pureza doa ar e
limpeza do ambiente climatizado, a sua concentração total no ar deve ser menor ou
igual a 80 mg/m3 (ANVISA 2003). Segundo a resolução número 03 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), essas partículas em excesso podem ser
danosas a saúde, a fauna e a flora, tornando o ar improprio ou até nocivo (CONAMA,
1990). Como exemplo de aerodispersóides temos as poeiras, a fumaça, os
radionuclídeos, entre outros.

3.4. Contaminantes biológicos

Os microrganismos estão presentes em todo ambiente, a principal fonte de vírus no


ambiente interno é através do ser humano, pode morrer em pouco tempo ou se
encontrar capsulado após ser disperso no ar, se propagando em partículas de
materiais contaminados suspensas no ar ou até gotículas de saliva. Deve-se ter
cuidado com esses agentes microbiológicos, pois podem estar presentes no sistema
de ar condicionado, na casa de máquinas, nos dutos e no ambiente interior ocupado.
São muitas as bactérias causadoras de doenças, do tipo gran-positiva ou gran-
negativa, que podem ser propagadas pelo sistema de ar-condicionado ou por outras
pessoas. Os fungos estão sempre presentes no ambiente urbano, tem uma grande
importância para o controle da qualidade do ar, a infecção em humanos é chamada
15

de micose e são classificadas como superficiais, cutâneas e sistêmicas, podendo


progredir pelos três estágios, sendo a cutânea e sistêmica as mais graves
(QUADROS, 2009; ENGELKIRK, 2012, P.81; KULCSAR, p.8, 2007).

A norma técnica 001 da resolução n.09 da ANVISA utiliza os fungos encontrados no


ambiente como um indicador para a qualidade do ar ambiental interior, esse fato
demonstra a importância em mensurar e controlar o quantitativo desses
microrganismos, que podem ser danosos e causar infecções hospitalares (Anvisa
2003). A consultoria publica número 109 da ANVISA, realizada em 2003, dispõem os
limites máximos para partículas biológicas dispersas no ar conforme com o nível de
exposição, para ambientes do nível 0 deve apresentar valores de partículas menores
ou igual a 750 ufc/m3, para o nível 1 deve ser igual a 500 ufc/m 3, para o nível 2 deve
ser igual a 200 ufc/m3 e para o nível 3 deve ser igual a 50 ufc/m3 (ANVISA, 2003).

Os microrganismos, como fungos, bactérias e vírus apresentam resistência variada a


sobreviver em ambiente salubres, alguns deles podem sobreviver por um longo
período no meio ambiente. Vários fatores podem contribuir para a proliferação desses
microrganismos, como edifícios selados, humidade, ventilação ineficaz, acumulo de
água ou condensado (como em torres de condensação) (BATISTA, 2008). Afonso et
al (2004, p.181-188) identificou no seu estudo os principais microrganismos
causadores de patologias encontrados nos sistemas de ar-condicionado: Legionella
pneumophila, Bacillus sp, Flavobacterium sp, Pseudomonas aeruginosa,
Staphylococcus aureus, Mycobacterium tuberculosis, Neisseria meningitidis,
Streptococcus pneumoniae, Actinomyces sp, Paracoccidioides sp, Aspergillus sp,
Penicillium sp, Cladosporium sp, Fusarium sp, vírus da influenza e sincicial
respiratório.

O quantitativo de fungos máximo recomendado deve ser igual ou menor que 750
ufc/cm3, considerando a relação I/E menor ou igual que 1,5 (relação entre os fungos
do meio interior e os fungos do meio exterior) (ANVISA, 2003). As bactérias Gram
negativas não devem ter presença superior no ambiente de 500 ufc/cm 3 (KULCSAR,
1998).

A presença desses microrganismos em ambientes críticos, como UTI, Hemodinâmica


e Bloco Cirúrgico, acarretam em um aumento da estadia do paciente e de mortalidade,
principalmente se os pacientes apresentarem comorbidades que diminuam sua
16

imunidade, pode ocorrer a infecção cruzada ocasionada pelo fluxo hospitalar


(BRICKUS, 1999).

Conforme a Resolução número 09 da ANVISA de 2003, na norma técnica 001, para


monitorar e realizar a pesquisa de fungos em ar ambiental interno é utilizado um
Amostrador de ar por impactação com acelerador linear de 1, 2 ou 6 estágios, com
meios de cultivo dos tipos Agar Extrato de Malte, Agar Sabouraud Dextrose 4% ou
outro semelhante, na taxa de vasão de 25 a 35l/minuto por um intervalo de tempo de
5 a 15 minutos, com volume mínimo de 140 l a 500 l, com embalagem lacrada e
identificada com risco biológico (ANVISA, 2003).

Quadros (2008) sita, no seu estudo, alguns exemplos de doenças causadas por
fungos no sistema respiratório inferior:
• Aspergilose: Infecção pulmonar e/ou sistêmica, causada por espécies do
gênero Aspergillus, que pode se manifestar em pacientes com baixa
imunidade;
• Histoplamose: Hystoplasma capsulatum é o causador dessa doença que se
assemelha a tuberculose;
• Pneumocitose: é uma pneumonia causada pelo Pneumocystis jiroveci, que
está presente nos pulmões de pessoas saudáveis como flora natural, afeta
pacientes com baixa imunidade e crianças desnutridas.

3.5. Síndrome do Edifício Doente (SED)

A Síndrome do Edifício Doente, termo com uso iniciado na década de 70, é


configurada quando uma porcentagem dos ocupantes de um edifício apresenta sinais
de desconforto e problemas de saúde que não estão relacionados a uma doença, mas
sim ao tempo de permanecia no edifício. As queixas podem estar disseminadas por
toda a construção ou apenas por algum cômodo, normalmente ocorrendo em edifícios
selados. Contaminantes com fontes de várias origens, associadas ou não, podem
acarretar a SED, algumas das queixas podem diminuir apenas com o afastamento do
meio interno, retornando quando o indivíduo adentra ao meio interno (BRICKUS,
1999). Segundo Cohen (2004, apud QUADROS, 2009) a SED ira causar aos
ocupantes do recinto uma perda na sua produtividade, problemas no desempenho
durante o trabalho e nas relações sociais. Aerodispersóides, bioaerossóis,
contaminantes químicos, contaminantes gerados pelo metabolismo humano e fumaça
17

de cigarro são alguns dos fatores que estão relacionados a ocorrência da SED
(HOPPE, 1999, apud GIODA e AQUINO, 2003).

Algumas características comuns dos prédios doentes são: apresentam sistemas de ar


climatizado em todo edifício, ou em porções do mesmo, com uma circulação parcial
de ar; são de construção leve; apresentam decoração interna com materiais que
acumulam poeira, ácaros, insetos ou fungos; o edifício é tipo envelope fechado,
janelas não abrem; ambientes lotados e com maquinas geradoras de poluentes
(KULCSAR, 2007).

As principais queixas relatadas são: irritação nos olhos, garganta seca, tosse, alergias,
fadiga mental, dores de cabeça e náuseas. Outras doenças graves do trato
respiratório podem ser causadas também, como exemplo a legionelose, causada pela
Legionella pneumophyla, que pode ser fatal, acredita-se que essa bactéria pode ser
desenvolvida nas torres de refrigeração (KULCSAR, 2010). Os sintomas podem durar
algumas semanas, mas irão desaparecer após o indivíduo se afastar por um tempo
do edifício doente. Em ambientes hospitalares os pacientes, funcionários e visitantes
estão expostos as distorcias causadas pela SED, principalmente os pacientes, que
apresentam a imunidade mais comprometida, mas os funcionários estão expostos a
produtos químicos e a agentes biológicos por um longo período de tempo (GIODA,
2003).

Kulcsar defende que para a prevenção da SED deve ser adotado medidas simples
como o uso de filtro de alta eficiência, utilizar ar de diluição externo captado em um
ambiente limpo, utilização de métodos modernos de limpeza e higienização dos
ductos e dos componentes do sistema de climatização, assim como a utilização de
equipamento e mobiliário amigáveis ao ar em interiores, isto é que não liberem
partículas químicas que possam poluir (KULCSAR, 2009).
18

4. METODOLOGIA

4.1. ÁREA DE ESTUDO

Pesquisa quantitativa aplicada, com objetivo exploratório, foi realizada em um hospital


universitário da região metropolitana do Recife, com 19.000 m 2, nas áreas de
Ambulatório, UTI, Centro Cirúrgico, Sala de Exames Especializados de alta
complexidade e Emergência. O hospital possui 256 leitos, sendo 40 de UTI, prestando
serviços ao SUS. Atende pacientes das Regiões Norte/Nordeste através da Central
Nacional de Regulação de Alta Complexidade – CNRAC. O setor de Emergência
recebe em média 20.951 pacientes por ano, o que significa a média mensal de 1746
pacientes. O ambulatório atende uma população anual de 84.603 pacientes, com
média de 7.050 pacientes/mês.

4.2. COLETA DE DADOS

Foram utilizados como instrumentos de pesquisa os Relatórios de Qualidade do Ar de


Interiores dos anos de 2014 a 2017, das unidades supracitadas para avaliar a
velocidade do ar, temperatura, umidade, aerodispersóides, concentração de fungos e
concentração de bactérias. Os Relatórios de Qualidade do Ar de Interiores foram
produzidos por uma empresa terceirizada e especializada nessa rotina. A empresa
seguiu a resolução número 9 da ANVISA. Conforme as normas técnicas 001, 002, 003
e 004 desta resolução, todos os equipamentos estavam devidamente calibrados, e as
últimas folhas dos relatórios apresentavam os certificados de calibração e sua devida
validade.
19

4.2.1 COLETA DAS AMOSTRAS MICROBIOLOGICAS

As medições foram realizadas por uma empresa terceirizada e especializada nessa


rotina. A empresa seguiu a resolução número 9 da ANVISA. Conforme a norma
técnica 001 desta resolução, todos os equipamentos estavam devidamente
calibrados, e as últimas folhas dos relatórios apresentavam os certificados de
calibração e sua devida validade.

Para a coleta de microrganismos foi utilizado Bomba de amostragem –


Aerodispersóide da marca Gillian/Sensidyne modelo BDX-II e Bomba de amostragem
– Bioaerosol da marca SEM e modelo 6025SE-V (Impactador de Andersen) (Figura
3). Meio de Cultivo com Agar Extrato de Malte, Agar Sabouraud Dextrose a 4% ou
Agar Batata Dextrose; Taxa de Vazão fixa entre 25 a 35 l/min, sendo recomendada
28,3 l/min; Tempo de Amostragem de 5 a 15 minutos; Volume entre 140 l e 500 l;
utilizado rotina de embalagem para proteção da amostra com nível de biossegurança
2 (recipiente lacrado, devidamente identificado com símbolo de risco biológico).

Figura 3: Conjunto de Impactador de Andersen para medição de fungos e bactérias

Fotos internas da instituição e adaptadas pelo autor, 2017


20

4.2.2 MEDIÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE CO2

Conforme a norma técnica 002 da resolução n09 da ANVISA, que recomenda utilizar
sensor infravermelho não dispersivo ou célula eletroquímica a 1,5 m do piso no centro
do ambiente. Para a medição da concentração de CO2 utilizou-se como analisador de
gases o medidor de CO2 da marca Sem do modelo 535 (Figura 4).

Figura 4: aparelhos medidores de CO2, umidade e temperatura utilizados

Foto interna da instituição, 2017

4.2.3 MEDIÇÃO DA TEMPERATURA, UMIDADE

E VELOCIDADE DO AR

Para a medição dos parâmetros de temperatura e umidade do ar, conforme a norma


técnica 003 da ANVISA, foi utilizado Termo-higrômetro digital da marca Sem e modelo
625 e velocidade do ar, um Termo anemômetro digital da marca Sem e modelo 425
(Figura 4). As medições foram feitas a 1,5 m do piso e nos difusores.
21

4.2.4 MEDIÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE AERODISPERSÓIDES

Para a coleta das amostras, conforme a norma técnica 004 da NAVISA, foi utilizado
uma Bomba de amostragem – Aerodispersóide da marca Gillian/Sensidyne modelo
BDX-II (Figura 5). Unidade de captação constituída por filtros de PVC, diâmetro de 37
mm e porosidade de 5 mm de diâmetro de poro específico para poeira total a ser
coletada; Suporte de filtro em disco de celulose; Portafiltro em plástico transparente
com diâmetro de 37 mm. Bomba de amostragem, que mantenha ao longo do período

de coleta, a vazão inicial de calibração com variação de 5%.

Figura 5: bomba de ar e filtros cassete para controle de aerodispersóides

Foto interna da instituição, 2017

4.3. ANÁLISE DE DADOS

Os dados serão apresentados em tabelas e gráficos, produzidos com o EXCEL 2016,


e comparados seus valores brutos com os valores máximo e mínimos apresentados
na Resolução n°09 da ANVISA de 2003. O sistema de climatização do Hospital
estudado é central do tipo fan-coil, subdividido em zonas, alguns ambientes podem
corresponder a uma determinada zona, por isso durante a escolha dos locais de coleta
22

foi priorizado um ambiente por zona, as áreas de interesse do estudo correspondem:


zona 5 (emergência), zona 12 (salas de exames de alta complexidade), zona 11 (UTI
1), zona 14 (UTI 2), zona 37 (sala cirúrgica 1), zona 38 (sala cirúrgica 2), zona 35 (sala
cirúrgica 3), zona 36 (sala cirúrgica 4), zona 40 (UTI pediátrica) e zona 48 (UTI pós-
operatória).
23

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo são relatados e debatidos os achados nos relatórios da instituição no


intervalo de tempo de 2014 a 2017. Os resultados foram agrupados considerando os
parâmetros de medição para facilitar a sua visualização e discussão. Os resultados
foram comparados com achados de outros estudos que foram aglutinados numa única
tabela que se encontra no fim da discussão.

5.1 Velocidade do ar

Ao observar a velocidade do ar dos ambientes estudados (Tabela 2), o ano de 2017


apresentou um aumento em comparação aos anos anteriores, que apresentaram uma
menor variação, mas todos respeitam o valor máximo de 0,25 m/s preconizado pela
resolução número 9 da ANVISA, permitindo assim um parâmetro de conforto para os
usuários. O único setor que apresentou valor próximo ao máximo foi a UTI 2, com
velocidade de 0,24 m/s no ano de 2017.

Tabela 2 – Velocidade do ar em relação aos anos de 2014 – 2017 (m/s)

Setores 2014 2015 2016 2017


UTI Pós-cirúrgico 0,04 0,04 0,07 0,13
UTI Pediátrica 0,04 0,04 0,002 0,16
Sala Cirúrgica 1 0,03 0,04 0,04 SM
Sala Cirúrgica 2 0,04 0,03 0,16 0,12
Sala Cirúrgica 3 0,03 0,03 0,03 0,08
Sala Cirúrgica 4 0,02 0,03 SM 0,1
UTI 1 0,03 0,04 0,07 0,16
UTI 2 0,01 0,03 0,1 0,24
Urgência Corredor 1 0,02 0,04 0,05 0,19
Urgência Corredor 2 0,03 0,04 0,11 0,18
Sala de Exame de Alta Complexidade 1 0,03 0,04 0,04 0,16
Sala de Exame de Alta Complexidade 2 0,01 0,04 0,09 0,17

SM= sem medições VMR = 0,25 m/s


24

O excesso da velocidade do ar pode incomodar os seus ocupantes e atrapalhar a


realização dos afazeres dos profissionais. Por sua vez a insuficiência da circulação do
ar faz surgir bolsões onde gases podem se acumular. Neste estudo, não foram
encontrados setores com o ar interno estagnado ou turbulento.

Pinto (2014) e Schirmer (2010) encontraram velocidades do ar fora do padrão


recomendado da ANVISA, ar estagnado ou turbulento respectivamente, fato que não
ocorreu no hospital universitário.

5.2 Concentração de CO2

Em relação a concentração do gás dióxido de carbono (tabela 3), alguns setores


apresentam valores próximos ao limite da resolução n 09 da Anvisa que é de 1000
ppm. Os valores que superam o limite máximo preconizado foram encontrados nos
setores da urgência nos anos de 2014 e 2015. Os anos posteriores apresentaram
valores normais. Fato ocorrido também na sala cirúrgica 1 e UTI 1, que apresentavam
valores iguais ao limite máximo. Esses resultados indicam a tendência a uma
concentração elevada de CO2 em alguns setores avaliados, o que indica a
possibilidade de acumular também outros produtos nocivos à saúde.

Tabela 3 – Concentração do gás dióxido de carbono durante ointervalo de ano 2014-2017 (ppm)

Setores 2014 2015 2016 2017


UTI Pós-cirúrgico (URCT) 650 777 784 816
UTI Pediátrica 558 657 796 701
Sala Cirúrgica 1 676 771 884 SM
Sala Cirúrgica 2 776 1000 755 993
Sala Cirúrgica 3 856 705 998 996
Sala Cirúrgica 4 572 883 SM 843
UTI 1 964 1000 841 855
UTI 2 798 886 904 801
Urgência Corredor 1 1691 1554 995 994
Urgência Corredor 2 1672 1611 996 993
Sala de exames de alta complexidade 1 928 948 994 659
Sala de exames de alta complexidade 2 958 875 992 992

SM= sem medições VMR = 1.000 PPM


25

Observando o Gráfico 1, observa-se de forma mais clara a diferença nos valores


encontrados nos anos posteriores e com os outros setores. A concentração do gás
está diretamente relacionada ao número de ocupantes e à renovação do ar. O ano de
2015 foi o que apresentou maior ocupação na urgência, com os corredores 1 e 2
apresentando 56 e 68 ocupantes respectivamente. Já no ano de 2014, estes
corredores apresentaram uma quantidade menor, de 38 e 26 ocupantes,
respectivamente, porém com níveis mais altos da concentração de CO2. Esse
resultado mostra a necessidade na modificação na renovação do ar, aumentar sua
diluição e troca com o ar externo.

1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0

2014 2015 2016 2017

Gráfico 1 – Concentração de CO2

No fim do ano de 2015 foi realizado uma reunião entre as equipes multidisciplinares,
onde estavam presentes o engenheiro de segurança do trabalho e o chefe de gerência
da manutenção. Nela foi debatido a possibilidade de aumentar a renovação do ar com
o meio externo nos setores não conformes. O resultado das ações planejadas e
implementadas foi observado nos anos seguintes com uma redução na concentração
do CO2 nestes ambientes. O controle do quantitativo de ocupantes dos setores não é
algo fácil de ser realizado, pois há uma intensa circulação de pacientes, funcionários
e visitantes, principalmente no setor da urgência.
26

A Figura 6 mostra uma cortina de ar instalada nas entradas de acesso de pessoas ao


hospital. Dessa forma, possibilitou-se aumentar a renovação do ar externo, auxiliando
na diminuição dos índices de CO2 proveniente do alto número de pessoas nas
recepções (principal e ambulatorial). Este sistema, em conjunto com a modificação na
renovação do ar, potencializou a diminuição da concentração de CO2, se o controle
do numero de ocupantes da urgência não fosse tão necessário, esta estratégia seria
viável, mas acarretaria deixar as portas abertas, algo que não é possível.

Figura 6: Cortinas de ar instaladas nas entradas do hospital e recepção do ambulatório

Fonte: produzida pelo autor, 2017

A concentração do dióxido de carbono está diretamente relacionada a renovação do


ar interno com o externo, assim como ao número de ocupantes do ambiente.

Os Gráficos 2 e 3 comparam a relação entre a concentração do CO2 e o número de


ocupantes dos setores da URCT e corredor 1 da urgência. No setor da URCT pode
ser notado uma pequena variação entre o número de ocupantes e a concentração do
gás durante os quatro anos, fato que não ocorre no corredor da urgência, confirmando
a necessidade de uma maior troca do ar interno com o externo.
27

2014 2015 2016 2017

816
784
777
650

28

27
22

20
CO2 OCUPAÇÃO

Gráfico 2 – Concentração de CO2 x Ocupação na URCT

2014 2015 2016 2017


1691

1554

995

994

56
38

34

28

CO2 OCUPAÇÃO

Gráfico 3 – Concentração de CO2 x Ocupação no Corredor 1 da urgência

Este estudo apresentou resultados semelhantes aos estudos de Quadros e Pinto nos
setores de UTI. Seus estudos foram realizados em hospitais na região sul do país.
Quadros encontrou valores máximos de concentração de CO2 nas unidades de UTI e
UTI Neonatal pouco abaixo dos valores encontrados nas UTIs do hospital universitário
estudado. Pinto encontrou resultados próximos ao limite recomendados pela Anvisa.
Schirmer, por outro lado, apresentou valores muito superiores ao valor máximo obtido
em 2017 desse estudo, cujo resultado foi o maior encontrado nas UTIs no intervalo de
tempo estudado. O motivo do valor obtido por Schirmer ser superior ao desse trabalho
28

é devido ao sistema de climatização estudado por ele não ser do tipo central,
dificultando a manipulação da troca de ar com o meio externo.

Nos centros cirúrgicos, os valores obtidos neste estudo se encontram próximos aos
obtidos por Quadros e Machado, principalmente os do ano de 2017, mas o menor
resultado encontrado ainda ficou acima do valor obtido por Pinto (QUADROS, 2008;
MACHADO, 2016; PINTO, 2014; SCHIRMER, 2010).

5.3 Temperatura

As medições da temperatura (Tabela 4) para qualidade do ar se mantiveram na


margem recomendada pela ANVISA (20-26°C), mas como foram realizadas na época
do verão em Pernambuco, leva-se em conta o limite de 23-26 °C para um melhor
conforto dos ocupantes. Considerando esses resultados, as salas de cirurgia estariam
fora do recomendado, mas a NBR 7256 considera como margem de temperatura ideal
para os setores de centro cirúrgico temperaturas entre 18-22°C.

Tabela 4 – Temperatura (°C) nos ambientes entre os anos de 2014 e 2017.

Setor 2014 2015 2016 2017


UTI Pós-cirúrgico 24,3 24,5 24,5 25,8
UTI Pediátrica 24,2 23,1 24 23,1
Sala Cirúrgica 1 23 23 23,7 SN
Sala Cirúrgica 2 23,1 21 24,4 20,3
Sala Cirúrgica 3 23 20,6 23 20,6
Sala Cirúrgica 4 23 21,2 SN 20,7
UTI 1 23,3 24,4 23,8 24,4
UTI 2 23 23 23,2 24,2
Urgência Corredor 1 23,6 26 25 25,8
Urgência Corredor 2 23,4 25,9 25,1 25,5
Sala de exames de alta complexidade 1 23,3 23,6 23,9 23,4
Sala de exames de alta complexidade 2 23,3 23,6 23,5 23,4

SM= sem medições VMR = 18 – 26 °C

Os valores máximos de temperatura encontrados no presente estudo ainda foram


menores do que alguns dos resultados obtidos nos estudos em comparação, que
29

apresentaram quatro resultados superiores a 26°C e fora da margem recomendada


pela NBR 7256 e Resolução n° 09 da Anvisa. O hospital universitário estudado
apresentou valores máximos nos anos de 2015 e 2017, nos setores de urgência
(25,9°C) e UTI (25,8°C), respectivamente.

5.4 Umidade

Os valores de umidade (Tabela 5) apresentaram-se fora da faixa de 40-65% apenas


no ano de 2017 nos setores de UTI pós-operatória, Sala cirúrgica 4, UTI 1 e urgência.
Alguns outros setores apresentaram valores muito próximo a 65%, como as salas
cirúrgicas 2 e 3 em 2015 e UTI 2 em 2017.

O controle dessa umidade deve ser realizado, pois em conjunto com a temperatura e
a velocidade do ar, formam um ambiente climatizado confortável e produtivo para seus
ocupantes, diminuindo acidentes de trabalho, assim como pode contribuir para a
diminuição da proliferação de microrganismos e a incidência de doenças.

Tabela 5 – Umidade (%) dos setores no intervalo de tempo 2014-2015

Setor 2014 2015 2016 2017


UTI Pós-cirúrgico 60,7 63,9 62,8 67,2
UTI Pediátrica 60,9 65 64,3 62,6
Sala Cirúrgica 1 62,4 65 55,4 SM
Sala Cirúrgica 2 57,6 64,9 44 65
Sala Cirúrgica 3 59,4 64,8 57,5 64,3
Sala Cirúrgica 4 56,7 61,9 SM 70,2
UTI 1 63,9 62 64,2 68,1
UTI 2 64,8 59 64,4 64,8
Urgência Corredor 1 62,8 59,3 64,1 72,3
Urgência Corredor 2 62,4 59,3 64,7 68
Sala de exames de alta complexidade 1 64 58,9 59,6 60,2
Sala de exames de alta complexidade 2 64,7 58,9 61,5 52,4

SM= sem medições VMR = 40-65%

O aumento da umidade encontrada no ano de 2017 não estava relacionado a umidade


externa. No dia da coleta (21.03.2017) apresentou 0mm de precipitação, a umidade
30

externa pode influenciar a umidade interna das edificações; provável problema no


desumidificador indicando a necessidade de manutenção.

Quadros e Schirmer apresentaram na UTI valores máximos de umidade semelhantes


ao encontrado no ano de 2017 no hospital universitário, com resultados próximos ou
superiores a 65%, limite da resolução n° 09 da Anvisa. Porém, nos demais setores
estudados, estes se encontram semelhantes aos dos outros estudos, abaixo do limite
da Anvisa.

5.5 Microbiológicos

Em relação a quantidade de fungos encontrados nos ambientes estudados, apenas a


URCT e as salas cirúrgicas 1 e 4 no ano de 2015 apresentaram valores acima do
limite de 750 ufc/m².h (Tabela 6), com valores normalizados nos outros anos. Esse
acúmulo de microbiológicos pode indicar a necessidade da troca dos filtros ou de
realizar uma limpeza nos dutos de ar.

Tabela 6 – Concentração de fungos durante o intervalo de tempo 2014-2017

Setor 2014 2015 2016 2017


UTI Pós-cirúrgico 43 1029 171 79
UTI Pediátrica 64 229 143 86
Sala Cirúrgica 1 21 1071 164 SM
Sala Cirúrgica 2 57 43 207 114
Sala Cirúrgica 3 29 14 250 79
Sala Cirúrgica 4 14 1143 SM 79
UTI 1 71 107 293 229
UTI 2 71 500 221 314
Urgência Corredor 1 121 229 307 107
Urgência Corredor 2 107 150 186 93
Sala de exames de alta complexidade 1 57 600 357 86
Sala de exames de alta complexidade 2 43 71 207 164

SM= sem medições VMR = 750 ufc/m².h


31

No mesmo ano, a relação I/E entre os fungos do meio interno com os fungos do meio
externo também apresentou uma diferença em relação ao valor recomendado pela
ANVISA, que é de 1,5 (Tabela 7).

Em seu estudo Quadros defende que valores acima de 1,0 indicam acúmulo de
contaminantes biológicos. Apenas no ano de 2015 foram observados setores com
valores de I/E igual ou superior a 1,0 (URCT, UTI 2, sala cirúrgica 1 e 2) (QUADROS
2008).

Tabela 7 – Relação da concentração fúngica entre os ambientes

interiores e exteriores (I/E) durante o intervalo de tempo 2014-2017

Setor 2014 2015 2016 2017


UTI Pós-cirúrgico 0,13 2,48 0,28 0,22
UTI Pediátrica 0,2 0,55 0,24 0,24
Sala Cirúrgica 1 0,07 2,59 0,27 SM
Sala Cirúrgica 2 0,18 0,1 0,34 0,31
Sala Cirúrgica 3 0,09 0,03 0,41 0,22
Sala Cirúrgica 4 0,04 2,76 SM 0,22
UTI 1 0,21 0,26 0,48 0,63
UTI 2 0,21 1,21 0,36 0,86
Urgência Corredor 1 0,35 0,49 0,51 0,29
Urgência Corredor 2 0,31 0,32 0,31 0,25
Sala de exames de alta complexidade 1 0,17 1,45 0,59 0,24
Sala de exames de alta complexidade 2 0,13 0,2 0,34 0,45

SM= sem medições VMR = 1,5

Não foi encontrado no estudo o crescimento de fungos patógenos que possam causar
doenças em pacientes com imunidade íntegra.

Os principais gêneros fúngicos encontrados foram Aspergillus sp e Neurospora sp.


Quadros e Lima de Paula, em seus estudos, também identificaram no ambiente
hospitalar climatizado a predominância do gênero Aspergillus sp (QUADROS 2008;
LIMA DE PAULA, 2003).

Durante a reunião multidisciplinar realizada em 2015 foram estabelecidos métodos


para o controle de microrganismos, como a limpeza dos dutos e a troca dos filtros
32

HEPA assim como reparos no sistema de refrigeração da sala cirúrgica 4, que estava
avariado, sempre conforme prazos recomendados pela ANVISA. Os resultados
dessas ações foram colhidos durante os anos subsequentes, apresentando valores
abaixo do limite máximo. No ano de 2017 o maior valor encontrado de unidades de
colônia foi de 314 e a relação I/E foi de 0,86, ambos na UTI 2. A Figura 7 ilustra a troca
do filtro A3 HEPA.

Figura 7: Ilustrando a troca do filtro A3 HEPA

Foto interna da instituição e adaptada pelo autor, 2017

A Figura 8 mostra o impactador de Andersen posicionado na UTI pediátrica durante a


sua ocupação máxima ao longo do dia para a coleta de amostra.

Figura 8: medição microbiológica no setor de UTI Pediátrica

Foto interna da instituição, 2017


33

A quantidade de colônias de bactérias encontradas nos meios de cultura foi baixa,


inferior a 500 ufc/m² (Tabela 8). A sua soma com o número de colônias de fungos
encontradas nos respectivos anos e setores mostram que a maioria dos setores ainda
mantêm valores abaixo de 750 ufc/m².h de partículas de microrganismos. No ano de
2014 não ocorreu crescimento bacteriano em nenhuma das amostras colhidas, fato
atípico uma vez que em anos anteriores ao intervalo de tempo desse estudo foi
relatado crescimento de bactérias nos setores de interesse (UTIs, hemodinâmica,
salas cirúrgicas e emergência), assim como também nos anos posteriores. Nenhuma
das bactérias do estudo era do tipo patogênico para um individuo saudável, dessa
forma, com sua baixa concentração no ar permitindo menor risco para doenças
respiratórias.

Tabela 8 – Quantitativo de colônias de bactérias no intervalo de tempo 2014-2017

Setor 2014 2015 2016 2017


UTI Pós-cirúrgico SC 5 21 SM
UTI Pediátrica SC 3 SC 7
Sala Cirúrgica 1 SC 23 7 SM
Sala Cirúrgica 2 SC 59 14 6
Sala Cirúrgica 3 SC 21 21 4
Sala Cirúrgica 4 SC 18 SM 2
UTI 1 SC 19 21 10
UTI 2 SC 9 21 5
Urgência Corredor 1 SC 31 14 9
Urgência Corredor 2 SC SM SM 13
Sala de exames de alta complexidade 1 SC 31 7 7
Sala de exames de alta complexidade 2 SC SM SM SM

SM= sem medições SC= sem crescimento VMR = 500 ufc/m².h

Os resultados microbiológicos do hospital demonstram que há um gerenciamento


satisfatório em relação a manutenção dos filtros e limpeza dos dutos, medidas essas
que auxiliam no controle das infecções hospitalares, principalmente no centro
cirúrgico, já que podem prolongar em 60% o tempo médio de internação do paciente
(QUADROS 2009). A infecção hospitalar decorrente de fontes dispersas nos ares está
34

entre as dez principais causas de morbidade no mundo; em relação às infecções


hospitalares, é a segunda de maior importância.

5.6 Aerodispersóides

Os resultados das concentrações dos aerodispersóides (Tabela 9) em todo o intervalo


de tempo nos setores avaliados ficou muito abaixo de 80 µg/m³, limite máximo adotado
pela norma RE 9 da ANVISA. Esses resultados informam um grau satisfatório de
pureza do ar e de limpeza do ambiente climatizado, demonstrando baixos índices de
partículas líquidas ou sólidas dispersas no ar. Isto corrobora a eficiência dos filtros do
sistema de ar condicionado em barrar a circulação dessas partículas no ambiente.
Esse controle encontra-se diretamente relacionado ao combate da SED.

Tabela 9 – Aerodispersóide (µg/m³) encontrados no intervalo de tempo 2014-2017

Setor 2014 2015 2016 2017


UTI Pós-cirúrgico 27 29 26 16
UTI Pediátrica 23 27 22 15
Sala Cirúrgica 1 20 40 25 SM
Sala Cirúrgica 2 19 17 32 17
Sala Cirúrgica 3 17 17 29 21
Sala Cirúrgica 4 20 39 SM 23
UTI 1 23 22 32 25
UTI 2 26 20 28 24
Urgência Corredor 1 25 26 39 25
Urgência Corredor 2 24 16 26 16
Sala de exames de alta complexidade 1 20 31 40 23
Sala de exames de alta complexidade 2 27 20 33 22

SM= sem medições. VMR = 80 µg/m³

Nos tópicos acima os achados do hospital universitário foram comparados com os


encontrados por outros autores brasileiros, na Tabela 10 é realizado a aglutinação
desses dados para uma melhor visualização.
35

Tabela 10 – Achados máximos de outros estudos

Setor CO2 (ppm) Velocidade do ar (m/s) Temperatura (°C) Umidade (%) Autor
UTI 635 0,16 25 64,7 Quadros 2008
UTI Neo 685 0,09 28,4 51,1 Quadros 2008
CC 917 0,15 25,7 59,1 Quadros 2008
UTI 2156 0,3 24,6 72,9 Schirmer 2010
CC 2848 7,07 27,2 64,4 Schirmer 2010
UTI 938 0,0 27,3 45 Pinto 2014
CC 342 0,0 22,1 48 Pinto 2014
CC 999 -- 28,5 55,1 Machado 2016
VMR 1000 0,25 18-26 40-65
36

6. CONCLUSÕES

Este estudo demonstrou que houve períodos em que a qualidade do ar em interiores


não estava adequada em alguns setores, verificados através da análise dos relatórios,
o que permitiu à equipe responsável planejar e implantar ações corretivas que
sanaram tais irregularidades nos anos posteriores.

Na maioria dos setores estudados foi encontrado uma boa qualidade do ar,
favorecendo uma melhor atuação dos profissionais, dessa forma auxiliando na
recuperação dos pacientes. Concluiu-se que o sistema de climatização está
desempenhando sua função de forma adequada. Os resultados observados do ano
de 2017 são satisfatórios, o que permite que a estadia dos pacientes internados não
tenda a aumentar por infecções respiratórias nosocomiais.

O hospital universitário, como toda instituição pública, apresenta limitações, porém as


mesmas não interferiram no desempenho do sistema de climatização. Quadros e
Schirmer também evidenciaram em seus estudos que o sistema de ar condicionado
tipo fan-coil apresenta um bom desempenho em sistemas de saúde, quando realizado
uma boa manutenção.

Para obtenção de uma boa qualidade do ar interior em qualquer ambiente climati.


zado, o ponto de partida é atender a legislação da ANVISA, que é a Resolução RE-
09, que estabelece as periodicidades de limpeza e troca de filtros.

O estudo da qualidade do ar em ambientes interiores climatizados parece não ser


desenvolvido como rotina em muitos hospitais do Recife, conforme identificado nas
visitas e buscas durante a escolha da instituição a ser estudada no início esta
pesquisa. É fundamental que o estudo da qualidade do ar em ambientes interiores
climatizados seja rotina nas instituições hospitalares públicas e privadas da cidade do
Recife, para que estas apresentem um padrão de qualidade aceitável e para que,
consequentemente, o ambiente laboral seja saudável e livre de doenças ocupacionais,
e a assistência de saúde ofertada à população seja terapêutica e não iatrogênica.
Dentre as instituições hospitalares públicas visitadas, a que foi objeto desta pesquisa
é uma das poucas nas quais o estudo e manutenção da boa qualidade do ar é
realizado, e conforme evidenciado no presente trabalho, o faz de forma satisfatória.
37

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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n°9 de 16 de janeiro de 2003. Brasília, 2003.

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de Imprensa. Disponivel em: <http://portal.anvisa.gov.br>, acesso em 06/05/2017.

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