Vous êtes sur la page 1sur 2

Ainda não terminei a série (estou no 7º episódio), mas por conta dos comentários que ando

observando preciso falar sobre isso.

Primeira coisa que devemos fazer antes de começar a analisar essa série: esqueça suas
ideologias políticas, esqueça ideologia política do outro. Vamos analisar a série em si, como
material cinematográfico.

Antes de qualquer coisa, um aspecto deve ser reconhecido: a Netflix sabe como criar aberturas
de seriados.

O primeiro episódio como qualquer outro conteúdo dessa natureza, nos apresenta o local
onde vai ser desenrolada a maior parte da série, a sala do departamento da polícia federal.
Todo diálogo é equilibrado com narração em off. Lá a gente conhece os agentes que vão
protagonizar toda a trama. Não sei bem qual a especialização de cada um ali dentro, isso ficou
um pouco vago pra mim, então chamarei apenas de policiais.

O começo se desenrola bem, a composição de toda fotografia do filme é belíssima e isso não
deixa a desejar. Somos apresentados à Rufus, um policial que descobriu uma quantia
absurdamente alta em uma conta de um ex- colega de escola, e que segundo ele, hoje ganha
todo esse dinheiro corruptamente. Enquanto o policial tenta convencer seus amigos de
começar uma investigação séria, a cena que intercala esse momento é a cena de perseguição
que sua mulher sofre, e que acaba em um acidente. Nessa cena, em narração em off, Rufus diz
que já trabalha há 20 anos para a policia federal, e “só” deu para comprar um carro usado e
um sítio para sua filha. Esse já é um ponto que me incomoda na série. A Polícia Federal tem
salários acima de 14 mil, e com a posição de Rufus dentro do departamento, ele facilmente
ganharia em torno de 20 mil, mas tudo bem se esse for um universo alternativo inspirado em
eventos reais.

O drama dessa sequência continua quando Rufus desconfia que, quem perseguiu sua mulher
na estrada e provocou o acidente, foi esse mesmo ex-colega de escola que ele tanto quer
investigar. O problema está na onipresença do protagonista. A cena é cortada de forma seca e
sem qualquer explicação de como ele sabia que Ibrahim, seu ex- colega de escola, estaria em
uma barbearia. A gente percebe outra onipresença mais a frente da série, que é quando Rufus
está sentado em uma praça à espera de uma pessoa, o juiz. Porém, como acontece na
sequência anterior, pela reação do juiz, Rufus não tinha marcado de se encontrar com ele.
Como Rufus sabe o paradeiro de todas essas pessoas?

Outro problema que encontrei nesse primeiro episódio é a construção dos personagens. Rufus
é um policial, porém, um homem impulsivo, emocional, bipolar, e que não separa a vida
pessoal de seu trabalho profissional. A segunda pergunta é: Como alguém ficaria tanto tempo
na polícia sendo exatamente assim? Em uma cena ele chega a quebrar a moto de um dos seus
suspeitos, atitude dúbia, que é acompanhada por sua colega também policial, Verena, que ri
com a cena como se fossem duas crianças se vingando do amiguinho. Não é verossímil. É uma
daquelas cenas que existem pra causar uma carga dramática maior e, consequentemente,
deixar o público mais desavisado, achar tudo aquilo um espetáculo visual, quando só é algo
fora de sintaxe dentro do roteiro.
Mais tarde vamos perceber que sim, o policial tem um problema de bipolaridade, o que,
provavelmente, explica e justifica seus atos.

Porém, (LÁ VEM SPOILER) quando nos deparamos com ele lá pelo quarto/quinto episódio,
onde sabemos que não está morto, e que na verdade só tinha se afastado para se recuperar,
na verdade estava o tempo todo agindo por debaixo dos panos, fazendo com que um amigo
próximo servisse de marionete. Todo esse tempo que Rufus permaneceu afastado, não causou
nenhum problema e foi tão melhor quanto era antes. Outro motivo para acreditar que a carga
dramática do personagem não serviu para nada, a não ser causar um impacto visual e
emocional no público, mas dentro do roteiro ela não serve para nada.

Verena é outra personagem que age feito criança a maior parte do tempo. Revira os olhos
quando seu chefe dirige a palavra, toma atitudes profissionais sem comunicar com seus
superiores, tudo isso revelando um comportamento antiprofissional. Atitude que se justifica se
pensarmos nessa personagem como alguém faminta por justiça, e que vê naquela situação
uma esperança no fim do túnel.

Ainda no primeiro episódio, percebemos o quanto Rufus age de forma pessoal, quando
enfurecido pelo acordo que o juiz faz com Ibrahim, joga a mesa para o alto na frente de todos
seus colegas e superiores.

Na tentativa de mostrar um sistema completamente burocrático que não coopera para uma
investigação séria e que acarretaria o futuro do país, o roteiro parece se perder e o que é
mostrado são policiais impulsivos e que deixam assuntos pessoais interferirem em uma
investigação. Rufus sonha com a prisão de Ibrahim, mesmo sabendo que, com alguma
estratégia poderia não apenas prender um, mas a gangue toda (mesmo se por um tempo
Ibrahim permanecesse solto). Verena sonha em comandar uma grande operação, e pra isso
passa por cima dos seus superiores para conseguir isso. A ambiguidade (sem necessidade
alguma) está nesse ponto. A série parece querer mostrar o sonho pessoal de cada policial, e
dessa forma, cria uma trama inspirada em eventos reais, com subtramas que acabam
superando a principal.

A série cresce gradualmente no roteiro do quarto episódio em diante, que passa a ser mais
intrincado. Os personagens ganham maior profundida psicológica na media em que param de
demonstrar tanta pessoalidade, e agora, mesmo que com artifícios que beiram ao novelesco,
possuem um objetivo mais definido. Algo que começa a parecer mais plausível, não apenas
com os fatos em si, mas com a própria realidade.

Vou continuar acompanhando a série e continuar postando por aqui os meus comentários.

Vous aimerez peut-être aussi