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Livro Eletrônico

Aula 06

Execução Penal p/ PC-MG (Delegado) Pós-Edital


Professor: Vitor De Luca

01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA


INFORMATIVO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES

INFORMATIVO 595 DO STJ


Execução Penal

USO DE TORNOZELEIRA ELETRÔNICA, PERÍMETRO ESTABELECIDO


PARA MONITORIAMENTO. NÃO OBSERVÂNCIA. CONSTITUIÇÃO DE
FALTA GRAVE, NÃO OCORRÊNCIA. APLICAÇÃO DE SANÇÃO
DISCIPLINAR.
A não observância do perímetro estabelecido para monitoramento de
tornozeleira eletrônica configura mero descumprimento de condição
obrigatória que autoriza a aplicação de sanção disciplinar, mas não configura,
mesmo em tese, a prática de falta grave.
Resp 1.519.802-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade,
julgado em 10/11/2016, DJe 24/11/2016.

Comentários pelo Prof. Vitor De Luca:

a) Resumo do caso: A questão enfrentada pelo Superior Tribunal de Justiça


versa sobre a possibilidade do descumprimento de uma condição imposta para o
uso de tornozeleira eletrônica consistente na inobservância do perímetro
estabelecido para o monitoriamento figurar como falta grave.

Essa discussão é importantíssima, porquanto o reconhecimento de falta grave na


seara administrativa deve ser comunicado pelo diretor do estabelecimento penal
ao Juízo da Execução Penal para os fins de regressão de regime (art. 118, I, da
LEP), revogação de saídas temporárias (art. 125 da LEP), perda dos dias remidos

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(art. 127 da LEP) e conversão da pena restritivas de direitos em privativa de


liberdade (art. 181, §§1, “d” e 2º, da LEP).

b) Conteúdo teórico pertinente: De plano, é necessário destacar 2 aspectos:

1) Para auxiliar na vigilância do condenado durante a execução da pena, é


permitido o emprego de tornozeleira eletrônica na concessão de saída
temporária no regime semiaberto e na prisão domiciliar (art. 146-B da
LEP). O condenado ainda deve ser instruído dos cuidados que deverá adotar
com o equipamento eletrônico, devendo abster-se de remover, de violar,
de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração
eletrônica, bem como receber visitas do servidor responsável pela
==2bde9==

monitoração eletrônica, responder os seus contatos e cumprir suas


orientações.

2) As faltas disciplinares em sede de execução penal são divididas em 3


espécies: leves, médias e graves. Enquanto as faltas leves e médias, assim
como as suas sanções correspondentes, são descritas em legislação
estadual (estatutos penitenciários), as faltas graves de condenado por pena
privativa de liberdade estão delimitadas de modo taxativo na LEP (arts. 50
e 52, caput, primeira parte). Vejamos:

Art. 50 da Lei nº 7.210/84: Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade
que:
I – incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina:
II – fugir
III – possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;
IV – provocar acidente de trabalho;
V – descumprir, no regime aberto, as condições impostas;
VI – inobservar os deveres previstos nos incisos II e V do art. 39 desta Lei.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório.

Art. 52, caput, da Lei nº .7210/84: A prática de fato previsto como crime doloso constitui
falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso
provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplina diferenciado,
com as seguintes características:
(...)

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Como se vê, o descumprimento de uma das condições impostas para o uso de


tornozeleira eletrônica não encontra respaldo em nenhum dos dispositivos legais
citados acima, ou seja, não consta do rol taxativo da LEP. De tal forma, admitir
uma falta grave fora das hipóteses legais malfere os princípios da legalidade e da
anterioridade consagrados no art. 45, caput, da LEP (Não haverá falta nem
sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar).

Todavia, o descumprimento de uma condição obrigatória para uso de tornozeleira


eletrônica durante a execução da pena não passa desapercebida pelo Juízo da
Execução, que pode aplicar uma das seguintes sanções disciplinares catalogadas
no art. 146-C da LEP: regressão de regime, revogação de saída temporária,
revogação de prisão domiciliar e advertência por escrito, nos termos do art. 146-
C da LEP.

Importante também não confundir o caso concreto (condenado que fica fora do
âmbito territorial delimitado no período noturno) com as situações em que o
condenado rompe a tornozeleira eletrônica ou mantém a bateria sem carga
suficiente para o uso normal. Para essas duas últimas situações, o STJ tem
reconhecido a prática de falta grave, nos termos do art. 50, VI c.c o art. 39, V,
ambos da LEP, por ter desobedecido ordem recebida para o manuseio do
equipamento eletrônico. Enquanto no primeiro caso o condenado ainda
permanece sob regular vigilância, nas duas últimas hipóteses a vigilância se
revela impossível. Daí a distinção feita pelo Superior Tribunal de Justiça.

c) questão de prova:
Se o condenado faltar com o respeito com os demais condenados do
estabelecimento penal não poderá ser apenado com falta grave ante a
inexistência dessa hipótese como dita transgressão disciplinar na LEP.

A assertiva está CORRETA.

d) Síntese: Descumprimento de condição imposta para o uso de tornozeleira


eletrônica não autoriza a catalogação como falta grave se não tiver
correspondência com qualquer hipótese dos artigos 50 e 52 da LEP.

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INFORMATIVO 595 DO STJ

Execução Penal

EXECUÇÃO PENAL.MARCO INICIAL PARA SUBSEQUENTE PROGRESSÃO


DE REGIME. DATA EM QUE O REEDUCANDO PREENCHEU OS
REQUISITOS DO ART. 112 DA LEP.
A data-base para subsequente progressão de regime é aquela em que o
reeducando preencheu os requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal.
HC 369.774-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, por maioria, julgado em
22/11/2016, DJe 07/12/2016.

a) Resumo do caso: A questão enfrentada pelo Superior Tribunal de Justiça


versa sobre a fixação da data-base para fins de subsequente progressão de
regime.

Vamos imaginar a seguinte situação: João foi condenado a pena de 20 anos de


reclusão, em regime inaugural fechado. Na data de 25/11/2015 preencheu os
requisitos necessários para obter a progressão de regime. A decisão judicial
concessiva do benefício da promoção carcerária se deu apenas em 18/04/2016.
Devido à ausência de vaga em Colônia Agrícola, Industrial ou estabelecimento
similar, João teve sua transferência postergada para o regime semiaberto, que
se concretizou apenas em 05/10/2016. Diante dessa situação, indaga-se: Qual
será a data-base para a subsequente progressão de regime?

Veja que há 3 possibilidades: a) Data do preenchimento dos requisitos legais da


progressão de regime (25/11/2015); b) Decisão Judicial que concede o benefício
(18/04/2016); c) Data do efetivo ingresso no estabelecimento penal para o qual
foi promovido (05/10/2016).

b) Conteúdo teórico pertinente: Para obter a progressão de regime, o art.


112 da LEP exige a observância de requisitos objetivo (lapso temporal no
estabelecimento penal) e subjetivo (bom comportamento carcerário). Vejamos:

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Art. 112 da Lei nº 7.210/84: A pena privativa de liberdade será executada em forma
progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinado pelo juiz,
quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas
as normas que vedam a progressão.
§1º. A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e
do defensor.
§2º. Idêntico procedimento será adotado na concessão do livramento condicional, indulto e
comutação de penas, respeitado os prazos previstos nas normas vigentes.

Dessa forma, para os crimes comuns os requisitos para a promoção carcerária


são o cumprimento de um sexto da pena (requisito objetivo) e o bom
comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento
(requisito subjetivo).

Lembre-se ainda que para os crimes hediondos e equiparados (tráfico de drogas,


terrorismo e tortura), a progressão de regime exige o cumprimento de 2/5 (dois
quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se
reincidente. Já nos crimes contra a administração pública, a promoção carcerária
é condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do
ilícito praticado com os acréscimos legais (art. 33, §4º, do CP).

O julgado em comento representou a uniformização da jurisprudência do Superior


Tribunal de Justiça que passou a seguir o entendimento do Supremo Tribunal
Federal acerca do tema.

Anteriormente, a 5ª e a 6ª Turmas que compõem a Terceira Seção do STJ eram


firmes no sentido de indicar como termo inicial para a obtenção da progressão de
regimes a data do efetivo ingresso do condenado no regime anterior.

Já o Supremo Tribunal Federal nos autos do HC 115.254 julgado pela Segunda


Turma em 26/02/2016 asseverou que o marco inicial (data-base) para a
progressão de regime era a data em que o apenado cumpriu os requisitos legais
(art. 112 da LEP), e não a data do início do cumprimento da pena no regime
anterior. Com isso, o Pretório Excelso sedimentou que a natureza jurídica da
decisão que concede a progressão de regime é declaratória, e não constitutiva.
Vale dizer, preenchidos os requisitos legais da promoção carcerária o condenado

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faz jus ao benefício a contar dessa data, ainda que a decisão judicial declarando
esse direito demore meses, não podendo o condenado ser penalizado pela mora
judiciária. O Pretório Excelso ainda trouxe um importante argumento, qual seja,
a mesma lógica aplicada para a regressão de regime em caso de reconhecimento
de falta disciplinar deve ser aplicada na promoção de regime, em que a data-
base é a data da prática do fato, e não da decisão posterior que reconhece a
falta. Com isso, o período de permanência no regime mais gravoso, por demora
do Poder Judiciário, deve ser considerado para o cálculo de futuro benefício, sob
pena de ofender o princípio da dignidade humana (art. 1º, III, da CF).

Após o julgado acima, a 5ª Turma do STJ se curvou ao entendimento exarado


pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do AgRG no REsp de nº 1.582.285/MS,
Rel. Ministro Ribeiro Dantas, 5ª T, DJe 24/8/2016.

Para prestigiar a segurança jurídica e o dever de estabilidade da jurisprudência,


a Sexta Turma do STJ nesse julgado alinhou-se aos entendimentos da Quinta
Turma do STJ e do Supremo Tribunal Federal acerca da data-base para
superveniente progressão de regimes.

c) questão de prova:
Segundo entendimento atual do STJ, a decisão que concede a progressão de
regime tem natureza declaratória, sendo a data-base fixada a contar do
preenchimento dos requisitos legais e não da data do efetivo ingresso do
reeducando no regime anterior.

A assertiva está CORRETA.

d) Síntese: A Sexta Turma do STJ revisitou a sua jurisprudência para alinhar-se


ao entendimento do STF e da Quinta Turma do STJ para fixar como data-base o
exato momento em que o reeducando preenche os requisitos legais para a sua
progressão de regimes.

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INFORMATIVO 595 DO STJ


Execução Penal

EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA. NÃO ESGOTAMENTO DA


JURISDIÇÃO ORDINÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
A execução da pena depois da prolação de acórdão em segundo grau de
jurisdição e antes do trânsito em julgado não é automática, quando a decisão
ainda é passível de integração pelo Tribunal de Justiça.
HC 369.907-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, por unanimidade, julgado em
06/12/2016, DJe 16/12/2016.

a) Resumo do caso: A questão enfrentada pelo Superior Tribunal de Justiça diz


respeito acerca da execução provisória da pena quando ainda pendente o
julgamento de recurso de embargos declaratórios na Corte de Justiça (órgão de
segundo grau de jurisdição).

Vamos imaginar a seguinte situação: Marcos foi condenado em primeiro grau de


jurisdição, com direito de apelar em liberdade ante a ausência dos requisitos da
prisão preventiva. O Tribunal de Justiça, por sua vez, nega provimento ao apelo
defensivo, mantendo a condenação e determina a imediata expedição de
mandado de prisão. Do acórdão do Tribunal de Justiça a defesa opõe embargos
declaratórios. Indaga-se: Após o julgamento do recurso de apelação, o Tribunal
de Justiça de modo automático pode expedir mandado de prisão?

b) Conteúdo teórico pertinente: O Supremo Tribunal Federal ao enfrentar o


ARE de nº 964.243 reafirmou a jurisprudência de ser possível a execução da pena
depois de proferido o acórdão em segundo grau e antes do manto da coisa
julgada. A regra especial dos artigos 637 do CPP c/c os arts. 995 e 1029, §5º,
ambos do CPC que atribui apenas efeito devolutivo aos recursos extraordinário e
especial afastam a norma geral do art. 283, caput, do CPP. Com isso, encerrada
a jurisdição ordinária no Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal é
possível a execução da reprimenda, ainda que pendente o trânsito em julgado.

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Art. 283 do CPP: Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita
e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença
condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude
de prisão temporária ou prisão preventiva.
Art. 637 do CPP: O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados
pelo recorrido aos autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a
execução da sentença.
Art. 3º do CPP: A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.
Art. 995 do NCPC: Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal
ou decisão judicial em sentido diverso.

Art. 1029, §5º, do NCPC: O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso


extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:
I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão
de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame
prevento para julgá-lo.
II – ao relator, se já distribuído o recurso;
III – ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre
a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como
no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1037.

Todavia, para a Sexta Turma do STJ a regra acima deve ser ponderada em caso
de oposição de embargos de declaração em face do acórdão condenatório de
órgão de segundo grau de jurisdição.

De acordo com esse julgado, opostos embargos de declaração desse acórdão que
julga o recurso de apelação não se devem expedir de forma automática mandado
de prisão, principalmente nos casos em que o acusado respondeu o processo em
liberdade ante a ausência dos pressupostos da prisão preventiva.

Apesar de os embargos declaratórios não ser dotado de efeito suspensivo e


apenas interromper o prazo para recursos cabíveis, é sabido que em muitas
hipóteses eles têm efeito infringente. Por ainda ser passível de integração o
acordão condenatório, conclui-se que ainda não houve deliberação definitiva do
TJ/TRF, não existindo razão para expedição de mandado de prisão de um acusado
que recorreu em liberdade.

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No ponto, não houve ainda o esgotamento da jurisdição do Tribunal de Justiça


(órgão de segundo grau). Com isso, depreende-se que somente é possível a
determinação de prisão de acusados em liberdade ao longo da persecução penal
judicial quando é julgado todos os recursos opostos contra o acórdão
condenatório do TJ/TRF, confirmando, assim, a condenação, que pode ser
desafiada por recurso especial e recurso extraordinário, meios recursais sem
efeito suspensivo.

c) questão de prova:
O Tribunal de Justiça não deve ordenar a prisão de acusado, que recorreu em
liberdade, quando a Defesa se valeu de embargos declaratórios para buscar a
integração do acórdão condenatório, porquanto não houve o esgotamento da
jurisdição daquela Corte de Justiça.

A assertiva está CORRETA.

d) Síntese: A Sexta Turma do STJ firmou posição no sentido que a execução da


pena depois do acórdão em segundo grau de jurisdição e antes do manto da coisa
julgada não é automática quando ainda for cabível a integração do julgado pelo
Tribunal de Justiça por meio de embargos de declaração. Afinal de contas, não
houve ainda o esgotamento da jurisdição do órgão de segunda instância.

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INFORMATIVO 613 DO STJ


EXECUÇÃO PENAL. REMIÇÃO. ATIVIDADE REALIZADA EM CORAL. INTERPRETAÇÃO
EXTENSIVA IN BONAM PARTEM DO ART. 126 DA LEP. REDAÇÃO ABERTA. FINALIDADE
DA EXECUÇÃO ATENDIDA. INCENTIVO AO APRIMORAMENTO CULTURAL E
PROFISSIONAL. O reeducando tem direito à remição de sua pena pela atividade musical
realizada em coral.
REsp 1.666.637-ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, por unanimidade, julgado em 26/09/2017,
DJe 09/10/2017

Comentários pelo Prof. Vitor de Luca

a) Apresentação resumida do caso

A questão enfrentada pelo Superior Tribunal de Justiça versa sobre a


possibilidade de o reeducando ter a sua pena abatida por exercer atividade de
canto em coral. Em outros termos, a atividade musical pode ser levada em conta
para os fins da remição.

Para melhor compreender esse tema, devemos nos indagar se o rol do artigo 126
da Lei de Execução (dispositivo legal que cuida da remição) é taxativo ou cuida-
se de norma compatível com a interpretação extensiva in bonam partem.

b) Conteúdo teórico pertinente: Inicialmente é necessário destacar 2


aspectos:

1) Devemos lembrar que o instituto da remição autoriza o abreviamento da


pena por meio do trabalho e/ou do estudo, tendo como grande finalidade a
ressocialização do reeducando ou, nos exatos termos da Lei de Execução
Penal, “proporcionar condições para a harmônica integração social do
condenado” (art. 1º da LEP).

2) Em razão do grande objetivo a ser alcançado em sede de execução penal


(ressocialização do preso), a redação que versa sobre o instituto da remição
admite interpretação extensiva em prol do preso e da sociedade. Com isso,
é possível remir a pena com base em atividades que não estejam expressas
no texto legal. Exemplo: A aprovação de reeducando no Exame Nacional
do Ensino Médio – ENEM – autoriza a remição da pena (HC 382.780/PR,
Relator Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em
04/4/2017). Não se esqueça ainda que o Conselho Nacional de Justiça

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editou a recomendação de nº 44/2013 para conferir uma redação aberta


ao instituto da remição.

Vejamos o teor dos arts. 126 e 128 da LEP:

Art. 126 da Lei nº 7.210/84: O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou
semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.
§1º A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:
I – 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar – atividade de ensino
fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação
profissional – divididas, no mínimo, em 3 dias:
II – 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.

§2º As atividades de estudo a que se refere o §1º deste artigo poderão ser desenvolvidas
de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas
pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados.
§3 Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo
serão definidas de forma a se compatibilizarem.
§4 O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos
continuará a beneficiar-se com a remição.
§5º O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no
caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da
pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação.
§6º O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui
liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de
educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova,
observado o disposto no inciso I do §1º deste artigo.
§7º O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar.
§8º A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa.

Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos.

Justamente para evitar que o reeducando permaneça ocioso no estabelecimento


prisional, a remição pelo trabalho e/ou estudo é o instrumento encontrado pelo
legislador para fomentar o aperfeiçoamento desse condenado de forma a melhor
prepará-lo para o mercado de trabalho quando deixar o sistema penitenciário em
busca de uma atividade lícita.

Mostra-se, assim, perfeitamente compatível a atividade musical, profissão


legalmente regulamentada pela Lei 3.857/1960, para os fins de remição,
computando-se como pena cumprida o tempo remido, nos exatos termos do art.
128 da LEP.

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c) questão de prova:
O reeducando João da Silva Silvério por se dedicar 8 horas diárias ao trabalho no
“Coral Recomeço” pleiteou na Vara de Execuções Penais da Comarca de
Campinas/SP a remição de sua pena, pedido esse que foi deferido pela
magistrada.

A assertiva está CORRETA.

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INFORMATIVO 860 DO STF

Execução Penal
REMIÇÃO DA PENA E JORNADA DE TRABALHO INFERIOR A SEIS HORAS. A Segunda
Turma deu provimento a recurso ordinário em “habeas corpus” e concedeu a ordem para que
seja considerado, para fins de remição da pena, o total de horas trabalhadas em jornada diária
inferior a seis horas.
RHC 136509/MG, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 4.4.2017. (RHC-136509)

Comentários pelo Prof. Vitor de Luca

A) APRESENTAÇÃO RESUMIDA DO CASO:

A questão enfrentada pelo Supremo Tribunal Federal diz respeito à jornada


mínima de trabalho para fins de remição penal quando a direção do
estabelecimento prisional estabelecer uma carga diária de trabalho inferior a 6
horas.

B) CONTEÚDO TEÓRICO PERTINENTE

Para melhor compreender esse julgado devemos lembrar aspectos teóricos


atinentes ao instituto da remição.

Remição, em linhas gerais, significa a possibilidade conferida ao reeducando de


reduzir o tempo de cumprimento da pena se desenvolver atividade ligada ao
trabalho e/ou ao estudo.

Art. 126 da Lei nº 7.210/1984: O condenado que cumpre pena em regime fechado ou
semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.

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§1º. A contagem do tempo referida no caput será feita à razão de:


I – 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar – atividade de ensino
fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação
profissional – divididas, no mínimo, em 3 (três) dias;
II – 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho;

Art. 33 da Lei nº 7.210/1984: A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) e
nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados.

Como se vê, para cada 3 dias de trabalho regular, o preso fará jus ao desconto
de 1 dia de pena. Tanto faz se esse trabalho ocorrer no interior do
estabelecimento penal ou fora dele. A comprovação do trabalho deve ser feita
através de atestado do diretor do estabelecimento. De acordo com o art. 33 da
Lei de Execução Penal, a jornada normal de trabalho terá o limite mínimo de 6
horas diárias e o limite máximo de 8 horas diárias.

Indaga-se: E o se o diretor do estabelecimento prisional estabelecer uma jornada


de trabalho inferior ao mínimo de horas exigidos em lei? Tal trabalho poderá ser
levado em conta para fins de remição?

Realizando uma interpretação exclusivamente literal da Lei de Execução Penal,


chegaríamos a conclusão que não pode ser considerado no cômputo da remição
uma jornada de trabalho inferior ao mínimo legal de 6 horas, por força do previsto
no art. 33 da LEP. Todavia, no caso concreto, em que a fixação da jornada de
trabalho se deu em razão de determinação do diretor do estabelecimento
prisional, o Supremo Tribunal Federal realizou uma interpretação teleológica e,
por conseguinte, autorizou a remição de um reeducando que efetuava uma
jornada de trabalho de 4 horas diárias.

Ora, o reeducando que teve sua jornada de trabalho de 4 (quatro) horas diárias
estipulada pela própria administração penitenciária, não tendo isso sido fruto de
qualquer ato de insubmissão ou de indisciplina do preso, não pode ter desprezado
o período laborado para fins de remição penal, sob pena de afrontar os princípios
da segurança jurídica e da proteção da confiança e representar um verdadeiro
desestímulo ao trabalho e à ressocialização. Em outras palavras, o apenado ao
cumprir o horário designado pelo agente estatal tem a legítima expectativa de
poder gozar da consequência jurídica favorável descrita na norma em caso de fiel
cumprimento.

Com esse entendimento, o Supremo Tribunal Federal asseverou que deve ser
levado em conta para o cálculo da remição penal a jornada diária de trabalho

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inferior a 6 horas, desde que tal jornada de trabalho seja determinada pela
própria Administração Penitenciária e não derive de ato voluntário de indisciplina
ou de insubmissão do detento.

C) QUESTÃO DE PROVA

Pode ser considerado para fins de remição penal a jornada diária de trabalho
inferior a 6 horas quando essa for oriunda de imposição da Administração
Penitenciária e não for fruto de ato voluntário ou de insubmissão do reeducando.
Resposta: A afirmação está CORRETA.

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INFORMATIVO 861 DO STF

Execução Penal
CUMPRIMENTO DE PENA EM REGIME SEMIABERTO OU ABERTO E ESTABELECIMENTO
PRISIONAL ADEQUADO. A Segunda Turma julgou improcedente reclamação ajuizada para
garantir a observância, pela instância de origem, da Súmula Vinculante 56 (1).
Rcl 25123/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 18.4.2017. (Rcl-25123)

Comentários pelo Prof. Vitor de Luca

A) APRESENTAÇÃO RESUMIDA DO CASO

A Defensoria Pública ajuizou uma reclamação constitucional no Supremo Tribunal


Federal aduzindo, em síntese, que o Juízo da Execução Penal havia desrespeitado
o teor da súmula vinculante de nº 56, porquanto o reeducando cumpria a pena
em presídio do regime fechado ante a ausência de vagas em colônia agrícola ou
industrial, malgrado o regime inicial carcerário fixado na condenação tenha sido
o regime semiaberto. Em razão disso, pleiteava a imediata transferência para o
regime aberto ou fixação de prisão domiciliar. No caso concreto, o apenado
estava numa seção separada do presídio destinada aos condenados em regimes
semiaberto e aberto, gozando dos benefícios legais atinentes ao seu regime de
cumprimento da pena.

B) CONTEÚDO TEÓRICO PERTINENTE

De plano, é necessário destacar os seguintes aspectos:

1) A reclamação constitucional foi ajuizada com base no art. 103-A, §3º, da


Constituição Federal: “ Do ato administrativo ou decisão judicial que
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá
reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente,

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anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e


determinará que outra seja proferida com ou sem aplicação da súmula,
conforme o caso.

2) A súmula vinculante 56 determina: “A falta de estabelecimento penal


adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional
mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados
no RE 641.320/RS”.

3) Por sua vez, são esses os parâmetros fixados no RE 641.320/RS: a) a falta


de estabelecimento penal adequado não autorizaria a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso; b) os juízes da execução
penal poderiam avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes
semiaberto e aberto, para qualificação como adequados a tais regimes.
Seriam aceitáveis estabelecimentos que não se qualificassem como “colônia
agrícola, industrial” (regime semiaberto) ou “casa de albergado ou
estabelecimento adequado” (regime aberto) (art. 33, §1º, “b” e “c”). No
entanto, não deverá haver alojamento conjunto de presos dos regimes
semiaberto e aberto com presos do regime fechado; c) havendo “déficit”
de vagas, deveria ser determinada: i) a saída antecipada de sentenciado
no regime com falta de vagas; ii) a liberdade eletronicamente monitorada
ao sentenciado que saísse antecipadamente ou fosse posto em prisão
domiciliar por falta de vagas; iii) o cumprimento de penas restritivas de
direito e/ou estudo ao sentenciado que progredisse ao regime aberto; d)
até que fossem estruturadas as medidas alternativas propostas, poderia
ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado.

4) A execução da pena em regime semiaberto será realizada em colônia


agrícola, industrial ou estabelecimento similar (art. 33, §1º, “b”, do Código
Penal). Já a execução da pena em regime aberto será efetivada em casa
de albergado ou estabelecimento adequado.

5) Tanto o art. 33, §1º, “b”, do Código Penal como o art. 91 da Lei de Execução
Penal não definiram o termo “estabelecimento similar” previsto para os
condenados em regime semiaberto. Assim, cabe ao Juízo da Execução
efetuar tal qualificação.

Em razão de o apenado não estar cumprindo pena em colônia agrícola ou


industrial, a grande questão enfrentada na reclamação constitucional em
comento circunscreve-se ao termo “estabelecimento similar” contido no art. 33,
§1º, “b”, do Código Penal. Em outras palavras, o cumprimento da pena em ala

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separada de presídio, com detentos apenas dos regimes aberto e semiaberto,


pode ser encarado como regime semiaberto?
A resposta a essa indagação está justamente nos parâmetros traçados pelo
Pretório Excelso nos autos do RE 641.320/RS. De acordo com o STF, os juízes
da execução penal poderiam avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes
semiaberto e aberto, para qualificação como adequados a tais regimes. Seriam
aceitáveis estabelecimentos que não se qualificassem como “colônia agrícola,
industrial” (regime semiaberto) ou “casa de albergado ou estabelecimento
adequado” (regime aberto) (art. 33, §1º, “b” e “c”). No entanto, não deverá haver
alojamento conjunto de presos dos regimes semiaberto e aberto com presos do
regime fechado.

No caso em concreto, o Supremo Tribunal Federal entendeu que, em perfeita


sintonia com os parâmetros do RE 641320/RS, o Juízo da Vara de Execuções
Penais qualificou corretamente como “estabelecimento similar” a ala destacada
do presídio em que o apenado não tinha qualquer contato com os integrantes do
regime carcerário mais gravoso (fechado), gozando, inclusive, dos benefícios
legais previstos ao regime semiaberto. Diante desse cenário, a reclamação
constitucional foi julgada improcedente ante a inexistência de transgressão à
súmula vinculante 56.

C) QUESTÃO DE PROVA

Em virtude de inexistir conceituação legal acerca da expressão “estabelecimento


similar” descrita no art. 33, §1º, “b”, do Código Penal, caberá tal tarefa ao Juízo
de Execução Penal que necessariamente deverá observar para tanto os
parâmetros delineados no Recurso Extraordinário de nº 641320/RS.

A assertiva está CORRETA.

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INFORMATIVO 884 DO STF


INDULTO E PENA DE MULTA. O indulto da pena 2 privativa de liberdade não alcança a pena de
multa que tenha sido objeto de parcelamento espontaneamente assumido pelo sentenciado.
EP 11 IndCom-AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 8.11.2017.

Comentários pelo Prof. Vitor de Luca

A) APRESENTAÇÃO RESUMIDA DO CASO

Nesse julgado o Supremo Tribunal Federal analisou se a concessão de


indulto da pena privativa de liberdade também alcança a pena de multa, que
tenha sido objeto de parcelamento mediante prévio ajuste entre reeducando e a
Fazenda Nacional, e imposta ainda como condição para a progressão de regime
de cumprimento da pena.

B) CONTEÚDO TEÓRICO PERTINENTE: Inicialmente é necessário destacar os


seguintes aspectos:

1) O indulto é concedido mediante Decreto Presidencial. Em razão da


previsão estampada no artigo 84, § único, da Constituição Federal1, o Presidente
da República pode delegar essa missão ao Advogado-Geral da União, ao Ministro
de Estado (Ministro da Justiça) e ao Procurador-Geral da República.

1
Art. 84, §único, da CF: O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas
nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da
República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas
delegações.

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2) O indulto atinge tão somente a pretensão executória. Vale dizer,


permanecem intactas as demais consequências penais (reincidência, maus
antecedentes), bem como extrapenais (dever de indenizar o dano causado e a
sentença vale como título executivo na esfera cível).

3) O indulto pode ser classificado em total (quando a punibilidade é extinta)


ou parcial (quando ocorre uma redução da pena ou substituição por outra menos
grave).

Vejamos alguns artigos da Lei de Execução Penal:

b
Art. 192 da Lei nº 7.210/84: Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do decreto, o
Juiz declarará extinta a pena ou ajustará a execução aos termos do decreto, no caso de
comutação.

Art 193 da Lei nº 7.210/84: Se o sentenciado for beneficiado por indulto coletivo, o Juiz, de
ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Público, ou por iniciativa do Conselho
Penitenciário ou da autoridade administrativa, providenciará de acordo com o disposto no
artigo anterior.

Embora tenha ocorrido a extinção de punibilidade da pena privativa de liberdade


em razão da edição do indulto, nota-se que esse benefício em sede de execução
penal não atinge a pena de multa, objeto de parcelamento, sobretudo por essa
ter sido anteriormente ajustada com a Fazenda Nacional e imposta como condição
para a promoção carcerária do reeducando.

C) QUESTÃO DE PROVA

O reeducando Eustáquio Silva foi condenado às penas privativas de liberdade e


de multa. Por não ter condições de pagar integralmente a pena de multa, ajustou
com a Fazenda Nacional o parcelamento daquela sanção, imposta, inclusive,
como condição para sua progressão de regime. Posteriormente, esse reeducando
é agraciado com o indulto que extingue sua pena privativa de liberdade. Todavia,
Eustáquio deve ainda honrar o pagamento do parcelamento da pena de multa,
pois o indulto não alcança essa sanção.

A assertiva está CORRETA.

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