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1ª AVALIAÇÃO ESCRITA
ACARAPE - CEARÁ
2018
QUESTÕES E SUAS RESPECTIVAS RESPOSTAS:
2) Escolha um tema/assunto que possa ser pensado a partir de duas disciplinas que
estejas matriculado/a neste semestre. Destaque as contribuições que cada uma
dessas disciplinas poderia oferecer ao estudo sobre esse tema (preencha as
colunas abaixo). Por fim, aponte as reflexões sobre esse tema a partir das trocas
entre os saberes dessas disciplinas (colocar na terceira coluna). (2,5 pontos)
Tema/assunto: Capitalismo
A monocultura do saber científico e do rigor. Que é a ideia de que existe apenas uma
forma de conhecimento e todas as outras não são válidas, ou seja, considerar que todo
conhecimento que não está dentro dessa monocultura é ignorante. Tratar qualquer que
seja o conhecimento de ignorante é a primeira forma de produzir ausência. Podemos
exemplificar esse tipo de monocultura como acreditar que a medicina científica é mais
importante e válida que as medicinas realizadas por conhecimentos homeopáticos.
A monocultura das classificações é a ideia de normalizar e naturalizar diferenças de
hierárquicas de culturas, sexos, raças superiores e outras inferiores. Como exemplo
podemos
A monocultura da escala dominante é o tipo de conhecimento considerado universal
independente de onde foi criado. Segundo o texto de Boaventura, a globalização
classificou alguns conhecimentos e áreas como universais. Um exemplo é o que
fazemos com o estudo das artes na universidade que trata as artes clássicas gregas e
romanas como as centrais ou mais importantes, ignorando outras formas de estudos
artísticos como a arte japonesa ou chinesa, por exemplo. Essa ausência trás a
invisibilidade desse tipo de conhecimento e a continuidade da dominação do
conhecimento considerado universal.
O quarto tipo de monocultura é a linear, que é a ideia de que os países desenvolvidos
caminham na direção e o sentido histórico do tempo e todo conhecimento que está
fora dessa simetria de desenvolvimento mundial de acordo com o tempo cronológico
do mundo não pode ser credibilizado.
Dos tipos de monocultura, temos como última a monocultura da produção capitalista
5que mostra que a estrutura da produtividade capitalista é baseada na competitividade
e emergência de lucros chegando a tornar a jornada de trabalho humana em moldes de
sistemas escravistas. O sistema de produção de alimentos através da agricultura, por
exemplo, são acelerados através de transformações químicas dos alimentos, mudando
a forma de produção para um único ciclo.
O estudo sugerido por Boaventura de uma Ecologia dos Saberes propõe uma nova
epistemologia, a do Sul, que nos trás uma proposta de inclusão global de vários tipos de
conhecimento. Em minha opinião, a Ecologia dos Saberes é um caminho introdutório para o
respeito das diferenças culturais, raciais, sexuais, etc. Levando em consideração que nenhum
conhecimento seja empírico ou não, é mais importante que o outro, mas sim, o contrário.
Descolonizar o conhecimento é abrir os olhos para novas perspectivas e trazer à tona vozes
que foram caladas até hoje em nosso conhecimento ocidentalizado e, em consequência,
limitado da vida.
Certo dia vivenciei um episódio real do qual fiquei bastante impactado. Estava eu comendo
um pastel com uma amiga na praça da Gentilândia no bairro Benfica, quando avistei cerca de
5 rapazes (brancos) atacando com palavras 1 rapaz (negro) que, aparentemente, tinha
problemas mentais. Este rapaz estava com suas vestimentas sujas e caído no chão próximo
onde eu estava. Um dos rapazes brancos estava numa moto chutando o rapaz (negro) e
gritando acusava o rapaz de ter tentado roubar o celular de sua namorada. Após ser chutado
várias vezes, o rapaz negro conseguiu correr para o centro da praça e então os 5 rapazes
brancos vieram atrás dele e o pararam com chutes. Um deles pegou uma casca de côco para
jogar no rapaz. Vendo essa cena de longe não consegui aguentar. Fui para perto deles e
conversei com o que estava na moto perguntando porque estavam fazendo aquilo. Ele
respondeu que o rapaz teria tentado roubar o celular de sua namorada. Nesse momento já
tinham várias pessoas ao redor do rapaz negro. Algumas querendo linchá-lo e outras
indignadas com a cena esbravejando que aquilo era desumano. Eu voltei a conversar com o
rapaz branco e disse deixasse ele ir embora, que talvez devesse estar com fome e que era
morador de rua, que aparentemente tinha problemas mentais. Após alguns minutos de
discussão os rapazes resolveram deixa-lo ir embora.
Bem, nessa situação a amiga que estava comigo me disse que aquilo era justo já que o rapaz
tinha tentado roubar um celular. E eu perguntei se realmente era justo ver 5 pessoas brancas,
privilegiadas assassinarem em praça pública um rapaz morador de rua, com problemas
mentais e negro, que se torna ainda mais invisibilizado pela sociedade. Acredito que eram pra
ter denunciado à polícia. Nesse momento refleti que nada foi analisado naquele contexto. O
rapaz tinha vários marcadores sociais, era negro, pobre, morador de rua e mentalmente
problemático e teria sido morto sem qualquer sentimento de culpa.
Possivelmente caso esse mesmo rapaz fosse rico, branco e mentalmente sadio, poderia ter
sido diferente. Ou se ele fosse morador de rua branco e mentalmente sadio poderia ter sido
apenas denunciado à polícia. Com certeza diriam que ele era louco ou algo do tipo. Mas não,
todos esses marcadores, principalmente o da cor, o deixou em apuros sem voz e sem o direito
humano à vida naquele momento.