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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE QUÍMICA DE SÃO CARLOS


Departamento de Química e Física Molecular

Laboratório de Físico-Química

Prof. Dr. Edson Antonio Ticianelli

RELATÓRIO DA PRÁTICA – CALOR DE REAÇÕES IÔNICAS E DE DISSOLUÇÕES

Nomes:

São Carlos, 18 de agosto de 2017


1 - INTRODUÇÃO

Variações energéticas estão presentes em processos físicos e químicos


e estas variações podem ser medidas através de um calorímetro, um dispositivo
que consiste em um recipiente fechado acoplado a um termômetro [1].

A variação de temperatura observada no calorímetro é proporcional ao


calor liberado ou absorvido durante um processo. Porém, o sistema pode
absorver ou liberar energia para o calorímetro e esta quantidade de calor é
proporcional à constante do calorímetro (w), como mostrado na Equação 1 [2].
Q = W · ΔT Equação 1

A constante W pode ser determinada pela medição da transferência de


calor de um processo conhecido. Neste experimento, W foi determinada pela
transferência de calor entre água morna e fria e pôde ser calculada pela Equação
2.
q
mH2 O ·cH2 O · |∆T q | = W|∆T f | + mfH2 O ·cH2 O · |∆T f | Equação 2

Além disso, através do calorímetro é possível calcular o calor de reações


de neutralização. Quando estas reações são realizadas através de ácidos e
bases fortes, os sais formados podem ser considerados como completamente
dissociados. Assim sendo, o calor produzido na reação corresponde ao calor de
formação da água líquida a partir dos íons hidrogênio e hidroxila [1].

Para ácidos e bases que não estão completamente dissociados a


afirmação acima não é válida. O ácido acético, por exemplo, está parcialmente
ionizado em solução e seu calor de neutralização será o calor de formação da
água menos a energia requerida para dissociar as moléculas do ácido acético
não ionizadas.

Também é possível estudar o equilíbrio entre um soluto a solução e o soluto


sólido puro. Nesta condição a solução encontra-se saturada. Temos:

𝜕(𝑙𝑛𝑆) 𝛥𝐻𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙.
1 = − Equação 3
𝜕(𝑇) 𝑅

Em que:
S = solubilidade, T = temperatura, R = constante dos gases, 𝛥𝐻𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙. =
variação de entalpia envolvida na dissolução de um soluto para formar uma
solução saturada.

É possível determinar 𝛥𝐻𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙. através da inclinação do gráfico lnS vs. 1/T [1].

2 - OBJETIVOS

Determinar, quantitativamente por método calorimétrico, o calor de


neutralização da reação entre os ácidos clorídrico e acético e a base hidróxido
de sódio, bem como calcular o calor de dissolução do ácido benzoico.

3 – MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 – Materiais
Calorímetro (frasco Dewar), termômetro; agitador; erlenmeyer 250 mL;
proveta de 200 mL; bureta; bastão de vidro; pipeta volumétrica de 25 mL.

3.2 – Reagentes

Solução de hidróxido de sódio 0,5 mol.L-1; solução de ácido clorídrico 0,5


mol.L-1; solução acético 0,5 mol.L-1; ácido benzoico p.a.; fenolftaleína.

3.2 – Métodos
a) Determinação do equivalente em água do calorímetro
Colocou-se, no calorímetro, 150 mL de água destilada a temperatura
ambiente. Agitou-se moderadamente com o auxílio de uma pulga magnética até
que o equilíbrio térmico fosse atingido. Com uma proveta previamente aquecida,
uma amostra de 150 mL de água destilada aquecida e de temperatura conhecida
- cerca de 6 °C acima da temperatura ambiente – foi tomada e rapidamente
adicionada no calorímetro. Novamente, quando o equilíbrio térmico foi atingido,
a leitura da temperatura foi realizada.
b) Determinação do calor de neutralização usando ácidos clorídricos e
acético e a base hidróxido de sódio
Adicionou-se, no calorímetro, 150 mL de solução 0,5 mol L-1 de NaOH.
Agitou-se a solução moderadamente com auxílio de uma pulga magnética até
que o equilíbrio térmico fosse atingido. Em seguida, adicionou-se 150 mL de
solução de HCl 0,5 mol L-1, com temperatura igual àquela da solução contida no
calorímetro. Novamente, a solução foi agitada moderadamente com auxílio de
uma pulga magnética e, quando o sistema atingiu o equilíbrio térmico, a leitura
da temperatura foi realizada.

O mesmo procedimento foi realizado, entretanto, ao invés da adição de


ácido clorídrico, o ácido acético tomou seu lugar.

c) Calor de dissolução do ácido benzoico


Pipetou-se 25 mL do sobrenadante das diferentes soluções de ácido
benzoico em diferentes temperaturas (25°C, 35°C, 45°C e 55°C), transferindo-
as para um erlenmeyer. As soluções foram tituladas uma por vez, utilizando-se
soluções padronizadas de hidróxido de sódio de 0,1 N, com a presença de
fenolftaleína como indicador em todos os casos.

4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 - Determinação do equivalente em água do calorímetro


São apresentadas, na Tabela 1: os valores das temperaturas iniciais tanto
da água previamente aquecida (Tq) quanto da água em temperatura ambiente
(Tf); a temperatura final do sistema quando atingido o equilíbrio térmico (Tfinal); a
diferença entre os valores das temperaturas iniciais e final, tanto em relação à
água previamente aquecida (‫׀‬ΔqT‫ )׀‬quanto em temperatura ambiente (‫׀‬ΔfT‫)׀‬.

Tabela 1: Valores de temperatura registrados ao longo dos experimentos

Tf (K) Tq (K) Tfinal (K) ‫׀‬ΔfT‫(׀‬K) ‫׀‬ΔqT‫(׀‬K)


Experimento 1 296,7 304,6 300,4 3,7 4,2
Experimento 2 297,0 301,6 299,5 2,5 2,1
É possível determinar o valor do equivalente em água do calorímetro pela
Equação 2, onde: mqH2O e mfH2O são as massas de água previamente aquecida
e em temperatura ambiente, respectivamente; cqH2O e cfH2O são os calores
específicos da água nas temperaturas ela se encontra; W é o equivalente em
água do calorímetro.

Dessa maneira, sendo os valores encontrados de cqH2O e cfH2O para as


temperaturas de 297,0 K, e 304,0 K iguais a, respectivamente, 4,176 J K-1 g-1 e
4,178 J K-1 g-1 e a quantidade, em gramas, de água utilizada nos experimentos,
considerando sua densidade de 1g mL-1, iguais a 150 g para todos os casos,
tem-se que W vale 25,11 cal K-1 para o primeiro (W 1). Já o segundo experimento
(W 2) o equivalente em água apresentou um valor negativo - 23,92 cal K-1, o que
não é possível fisicamente. Tal resultado é devido ao fato da temperatura da
água não estar 6 ºC acima da água em temperatura ambiente, já que o valor de
‫׀‬ΔqT‫(׀‬K) para o segundo experimento foi de 2,5 K, e para o primeiro foi 2,1 K o
que torna a equação negativa.

0,150 . 4,178 . 4,2 − 0,150 . 4,176 . 3,6 𝐽


𝑊1 = = 105,0
3,6 𝐾

0,150 . 4,178 . 2,1 − 0, 150 . 4,176 . 2,5 𝐽


𝑊2 = = − 100,0
2,5 𝑘

Análise dimensional:

𝐽 𝐽
𝑔 . 𝐾 .𝑔 .𝐾 − 𝑔𝐾 . 𝑔 .𝐾 𝐽
𝑊= =
𝐾 𝐾

Transformando para calorias, sendo 1 caloria equivalente a 4,18 joule:


105,0 𝑐𝑎𝑙
𝑊1 = = 25,11
4,18 𝐾

−100 𝑐𝑎𝑙
𝑊2 = = − 23,92
4,18 𝐾

Entretanto, a equivalência em água de um corpo é a massa de água que


tem a mesma capacidade térmica que o corpo, ou seja, é a massa de água que,
recebendo a mesma quantidade de calor, sofre a mesma variação de
temperatura que o corpo. Portanto, espera-se que o valor de W seja dado em
gramas. Para isso, divide-se o valor encontrado para W pelo calor específico da
água, uma vez que é ela que está em questão, o qual equivale a 0,999 cal g-1 K-
1, nas temperaturas registradas.

25,11 𝑐𝑎𝑙 𝑔. 𝐾
𝑊1 = . = 25,14 𝑔
0,999 𝐾 𝑐𝑎𝑙

A média para os valores de W é, então, igual a 25,14 g.

O valor de W não é comparável com qualquer outro valor, pois é um valor


intrínseco ao calorímetro utilizado. Até esse ponto, pode-se dizer apenas que os
valores obtidos pelos dois experimentos foram próximos, apresentando,
portanto, possível reprodutibilidade.

4.2 - Determinação do calor de neutralização usando os ácidos clorídricos


e acético e a base hidróxido de sódio

Na Tabela 2, são apresentados os valores de: temperaturas iniciais (T i)


do ácido clorídrico e ácido acético; a temperatura final (T f) do sistema quando
atingido o equilíbrio térmico; a diferença entre os valores das temperaturas
iniciais e finais (ΔT) tanto para o experimento com o ácido clorídrico quanto para
com o ácido acético. É importante ressaltar que a temperatura registrada do
hidróxido de sódio antes da adição dos ácidos foi idêntica àquelas iniciais dos
ácidos em questão.
Tabela 2. Valores de temperatura iniciais e finais do ácido clorídrico e ácido acético

Ti (K) Tf (K) ΔT (K)


Ácido clorídrico 296,2 299,4 3,2
Ácido acético 296,2 299,3 3,1

O calor liberado pela mistura do ácido pode ser calculado pela Equação 4

𝑄𝑝 = 𝑚𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 . 𝑐𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 . 𝛥𝑇 + 𝑊 𝛥𝑇 Equação 4

onde: msolução é a massa total da solução em questão; csolução é o calor específico


da solução; W é o equivalente em água do calorímetro determinado na seção
anterior; ΔT a variação de temperatura do sistema. O segundo termo da equação
(W . ΔT) é justamente a contribuição do calorímetro, uma vez que ele não é
idealmente adiabático, ou seja, ele absorve calor do sistema.

Os valores de msolução e csolução foram assumidos como sendo iguais a 300


g e 1 cal K-1 g-1, respectivamente. Assim, a Equação 4 se torna Equação 5.

𝑄 = 300 . 𝛥𝑇 + 𝑊 𝛥𝑇 Equação 5

Para o caso da mistura de ácido clorídrico e hidróxido de sódio, tem-se


que o valor de ΔT é igual a 3,2 K e, consequentemente, o calor liberado de
neutralização é igual a 1,04 kcal.

𝑄𝑝 = 300 . 3,2 + 25,14 . 3,2 = 1,04 𝑘𝑐𝑎𝑙

Por sua vez, o caso da mistura de ácido acético e hidróxido de sódio, tem-
se que o valor de ΔT é igual a 3,1 K e, consequentemente, o calor liberado de
neutralização é igual a 0,9888 kcal.

𝑄𝑝 = 300 . 3,1 + 25,14 . 3,1 = 1,00 𝑘𝑐𝑎𝑙

Análise dimensional:

𝑐𝑎𝑙 𝑐𝑎𝑙
𝑄𝑝 = 𝑔 . .𝐾 + . 𝐾 = 𝑐𝑎𝑙
𝐾𝑔 𝐾
Considerando que os experimentos foram realizados a pressão constante,
pela condição particular da primeira lei da termodinâmica, temos que o calor
liberado de neutralização da reação é igual a variação de entalpia do sistema.
Dessa maneira, divide-se o valor de Qp pela quantidade molar de base, a qual é
determinada considerando sua concentração e volume utilizado.

𝑄𝑝 𝑄𝑝
𝑛𝑁𝑎𝑂𝐻 = 𝐶𝑁𝑎𝑂𝐻 . 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻 𝛥𝐻 = . . . 𝛥𝐻 =
𝑛𝑁𝑎𝑂𝐻 𝐶𝑁𝑎𝑂𝐻 . 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻

1040 𝑘𝑐𝑎𝑙 1000 𝑘𝑐𝑎𝑙


𝛥𝐻𝐻𝐶𝑙 = = 14,2 𝛥𝐻𝐻𝐴𝑐 = = 13,7
0,488 . 0,150 𝑚𝑜𝑙 0,488 . 0,150 𝑚𝑜𝑙

Assim, a variação de entalpia para a neutralização do ácido clorídrico é


equivalente a -14,2 kcal mol-1 e do ácido acético equivalente a -13,7 kcal mol-1.
Naturalmente, o sinal negativo representa a liberação de calor, a qual é
observada pelo aumento da temperatura do sistema.

Os valores observados são relativamente próximos daquele encontrado


como sendo o valor limite igual a -13,4 kcal mol-1. Levando em conta que não
houve controle rigoroso da temperatura dos reagentes e que o experimento não
foi replicado o suficiente para gerar uma amostra estatisticamente considerável.

4.3 - Calor de dissolução do ácido benzoico

A solução de NaOH utilizada foi padronizada e a concentração média


obtida foi de 0,1041 mol L-1.

Tabela 1. Volumes de NaOH gasto e solubilidades do ácido benzoico a diferentes temperaturas.

Temperatura Volume de NaOH Solubilidade do ácido Solubilidade do ácido


(°C) 0,1 M (mL) benzoico (mol L-1) benzoico (g/100g)

24,1 6,4 0,026 0,32


32,5 8,1 0,034 0,42
37,0 11,3 0,047 0,57
42,5 17,3 0,072 0,88
Os cálculos das solubilidades em mol L-1 e em g/100g (g de ácido
benzoico/100 g de água) foram realizados através das equações 5 e 6,
respectivamente.
VNaOH ·MNaOH
[C7 H6 O2 ] = Equação 6
VC7 H6 O2

nC7 H6 O2 ·MMC7 H6 O2
S C 7 H6 O 2 = × 100 Equação 7
1000 g

Como citado anteriormente, é possível determinar 𝛥𝐻𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙. através da


inclinação do gráfico lnS vs. 1/T. Os dados necessários para plotar o gráfico
estão na Tabela 2.

Tabela 2: Dados utilizados na construção do gráfico lnS vs. 1/T

T (°C) T (K) 1/T (K-1) ln S


24,1 297,25 0,00336 -1,1394
32,5 305,65 0,00327 -0,8675
37,0 310,15 0,00322 -0,5621
42,5 315,65 0,00317 -0,1278
0,0
Equation y = a + b*x
Plot B
-0,2 Intercept 16,19777
Slope -5183,40102
Residual Sum of Squares 0,0356

-0,4 Pearson's r -0,96797

-0,6
lnS

-0,8

-1,0

-1,2

0,00315 0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340


1/T

Gráfico 1: Variação do logaritmo natural da solubilidade em função do inverso da temperatura

𝜕(𝑙𝑛𝑆)
A equação da reta é y = - 5183,40x + 16,198. Considerando-se que 1
𝜕( )
𝑇

corresponde ao coeficiente angular da reta, podemos calcular 𝛥𝐻 pela equação


3.

Então:

𝛥𝐻𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙.
−5183,40 K −1 = −
1,9872 cal K−1 mol−1

𝛥𝐻𝑑𝑖𝑠𝑠𝑜𝑙. = 10,3 kcal. mol−1

A partir do valor encontrado pode-se inferir que se trata de uma reação


endotérmica, ou seja, (𝛥𝐻 > 0). Quando comparamos o valor de entalpia de
dissolução calculado com o valor encontrado na literatura (7,23 kcal.mol-1),
constatamos que houve um erro relativo de 42,4%. O erro associado ao cálculo
é relativamente alto, devido à imprecisão dos instrumentos, já que a operação
utiliza o logaritmo natural que resulta em números com muitos algarismos após
a vírgula e que não podem ser contabilizados devido à propagação dos erros
associados aos instrumentos. Existem também fatores experimentais que
podem ter contribuído para o erro obtido, dentre eles podemos destacar o tempo
de transferência da solução que pode ter levado a cristalização do ácido
benzoico dentro da pipeta; e também uma possível demora por parte dos
operadores na titulação, que pode ter feito com que a temperatura da solução de
ácido benzoico não se mantivesse constante durante todo o processo.

5 - CONCLUSÃO

Primeiramente, o equivalente em água do calorímetro foi determinado,


encontrando-se o valor de 25,14 g. Na segunda etapa, foi calculada a variação
de entalpia para a neutralização do ácido clorídrico, -14,2 kcal mol-1, e do ácido
acético, 13,7 kcal mol-1, sendo os valores encontrados bem próximos dos
registrados na literatura.
Já na última etapa do experimento, a partir dos dados obtidos
experimentalmente pode-se calcular o logaritmo natural da solubilidade do ácido
benzoico e plotar uma reta em razão do inverso da temperatura. Usando o valor
da inclinação da reta calculou-se então a entalpia de dissolução do ácido
benzoico como sendo 10,3 kcal.mol-1, que quando comparado com o valor
encontrado na literatura apresentou um erro de 42,4 %.

6 - REFERENCIAS

[1] TICIANELLI, Edson A.; MOTHEO, Artur J.; VARELA, Hamilton. Laboratório
de Físico Química 2017. São Carlos, 2017.

[2] ATKINS, Peter; PAULA, Júlio de. Físico Química. 8 ed. Rio de Janeiro: LTC,
2006. V. 1.

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