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A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
1. Introdução
2.1. O Programa 5s
O Programa 5s teve início no Japão na década de 50, logo após a Segunda Guerra Mundial,
devido a necessidade de combater a desordem estrutural e a sujeira das fábricas. Em
consequência do sucesso que a adesão a prática garantiu ao Japão, visto que até hoje o país é
tido como símbolo de produção de qualidade, outros países passaram a disseminar tal
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ferramenta. No Brasil, o Programa foi lançado formalmente em maio de 1991, tendo sido o
ramo empresarial um dos primeiros a adotá-lo.
A denominação 5s é oriunda de cinco palavras japonesas que iniciam com a letra esse. Em
português a melhor forma encontrada para representá-las foi através da utilização do termo
"senso de" antecedendo cada palavra. A palavra senso possui significado de julgar, faculdade
de apreciar, de sentir, sentido ou sentimento.
O Programa 5s pode ser apresentado tanto na forma sistêmica, conforme Figura 1 de Silva
(1994), como na forma evolutiva. No arranjo em um sistema interconectado, ganha
importância e destaque a autodisciplina, que exerce influência e é influenciada por todos os
outros esses. Este senso é o que vai manter unida a proposta do Programa, como ilustrado na
Figura 1.
Senso de Saúde
(seiketsu)
A visão evolutiva da aplicação do Programa 5s pode ser entendida como tendo por base (os
três primeiros esses) os sensos de utilização, organização e limpeza, e os dois últimos sendo a
saúde e a autodisciplina.
Ainda, ressalta-se que não é necessário fazer uma discriminação perfeita do que pertence a
cada senso, e sim que para fazer o Programa 5s acontecer, seja adotado um método de
abordagem, que seja implementado, administrado, avaliado e melhorado.
Dentre as mais diversas aplicações possíveis do Programa 5s, a construção civil possui um
vasto campo de aplicação. Este campo pode englobar tanto as áreas administrativas como as
áreas técnicas.
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As dimensões da qualidade entendidas conforme proposta de Campos (1992) como sendo “...
aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no
tempo certo às necessidades do cliente.” influem na produtividade, na competitividade e na
sobrevivência da empresa. O Programa 5s apresenta-se como uma metodologia capaz de
contribuir para que estas dimensões aconteçam.
Os cinco sensos possuem uma visão restrita (entendida como aplicada somente nas estruturas
físicas das empresas) e uma visão ampla (entendida como a resultante das aplicações nas
estruturas físicas, no comportamento das pessoas e nos sistemas administrativos das
empresas).
2.2.1. Utilização
O senso de utilização pode ser entendido sob dois sentidos. O sentido restrito como sendo
“manter no ambiente considerado, somente os recursos necessários” e o sentido amplo como
sendo “utilizar os recursos disponíveis, com bom senso e equilíbrio, evitando ociosidade e
carências”, entendimento apresentado por Silva (1996).
Alguns dos benefícios decorrentes do senso de utilização são: liberação de espaços, melhor
leiaute, diminuição da poluição visual e da movimentação desnecessária, reaproveitamento e
reciclagem de recursos, realocação de pessoal, combate a burocracia, maior segurança no
trabalho, evacuação em caso de perigo e diminuição de custos.
2.2.2. Ordenação
O sentido amplo utilizado para o senso de ordenação é para, de acordo com Silva (1996),
“dispor os recursos de forma sistemática e estabelecer um excelente sistema de comunicação
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visual para rápido acesso a eles”, e ainda organizar o fluxo de pessoas. E o sentido restrito
diz respeito somente a disposição física dos objetos de trabalho.
2.2.3. Limpeza
2.2.4. Saúde
Com o desenvolvimento dos três sensos anteriores (utilização, organização e limpeza) o senso
de saúde já esta iniciado, basta acrescer, aponta Silva (1996), a segurança no trabalho, higiene
e saúde. O sentido restrito tende a ser interpretado como uma extensão da limpeza, ou seja,
condições de limpeza do ambiente das pessoas envolvidas. O sentido amplo do senso de
saúde significa manter as condições de trabalho, físicas e mentais, favoráveis à saúde é ainda
acrescentado os aspectos da segurança individual e coletiva do trabalho.
2.2.5. Autodisciplina
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pessoal e organizacional”, citado por Silva (1996). No sentido restrito pode ser entendido
como cumprimento de horários e de normas de segurança.
A metodologia, entendida como caminho lógico para chegar a um determinado lugar, deve
prever os instrumentos de trabalho a serem adotados em cada fase, tempo de implantação,
RHs envolvidos, formas de tabulação, regras estatísticas e tratamento dos dados, apresentação
de resultados e planos de ação. Em relação aos recursos humanos, envolve experiências
necessárias, formação, treinamento e capacidade de comunicação. Os recursos financeiros são
previstos para alavancar e manter ao longo do tempo o Programa. Enquanto que os recursos
físicos são destinados para suprir carências estruturantes e de manutenção das atividades de
trabalho. A retroalimentação, prevista no método, busca abordar a dificuldade encontrada no
processo de obter retorno das informações após os trabalhos realizados.
Para auditar o Programa elaboram-se listas de verificação para cada esse, contendo os
quesitos a serem avaliados (em pontos) e seus respectivos pesos. O resultado da pontuação é
decorrente da multiplicação dos pontos obtidos pelo peso do quesito. As folhas de verificação
são formatadas com a mesma base de total de pontos possíveis de serem obtidos. Estes check
list são utilizados para implementar e acompanhar a evolução do Programa com a execução
de auditorias periódicas. Para gerenciar o Programa 5s utiliza-se o ciclo PDCA:
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b) CAPACITAR (P): A capacitação dos recursos humanos deve envolver desde a alta
administração até os funcionários de apoio. O processo de capacitação deve partir da
exposição dos fundamentos para a implementação/manutenção do programa, que são
resumidos nas seguintes questões, adaptado de Silva (1994,1996) e Campos (1992) de
que: a educação é a alavanca, mas só educar não resolve, é necessário o treinamento,
como prática do uso do conhecimento, sendo o aprendizado um processo em que as
regras não devem ser muito rígidas;
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Ao transportar os quesitos para as tabelas que formatam a lista de verificação de cada esse,
estes são numerados para facilitar a localização dentro da tabela.
O peso da importância (Bi) de cada quesito definido pelo Manual do Programa 5s, obedece a
escala de 1 à 4, em números inteiros (Figura 2) para a organização em que se está
implantando o Programa. Este trabalho de obtenção do valor é desenvolvido com a equipe que
definiu os quesitos (Ai) de cada esse.
1 2 3 4
Menos Mais
Importante Importante
Fonte: Adaptado de Duarte (2001. 2005 e 2006)
Deve-se efetuar um teste para comprovar que a base de referência para os cinco esses está
devidamente equalizada, a base utilizada é 50.
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Programa 5s, é a apresentada na Figura 3, onde (Ci) pode assumir: 0 = Péssimo; 1 = Ruim; 2 =
Regular; 3 = Bom; e 4 = Ótimo.
0 1 2 3 4
Péssimo Ruim Regular Bom Ótimo
Fonte: Adaptado de Duarte (2001. 2005 e 2006)
A auditoria é realizada por equipe designada e devidamente treinada. Para realizar o teste
deve-se preencher o campo (Ci) com o valor máximo (4) da escala de avaliação de cada
requisito.
O cálculo dos pontos obtidos por cada requisito (BiCi) é obtido pela multiplicação do peso (Bi)
pelo valor obtido na auditoria (Ci), conforme apresenta a Equação 1.
O total de pontos possíveis em cada esse deve fechar sempre em 200 pontos. O cálculo do
total de pontos obtidos (BCj) é desenvolvido pela soma dos “n” resultados obtidos por cada
requisito (BiCi), conforme apresenta a Equação 2.
i 1 = somatório dos BiCi, com i variando de 1 a n.
BiCi = total de pontos obtidos por quesito.
Resultado = número com uma casa após a vírgula.
Já o cálculo do percentual dos pontos obtidos (Di) após a auditoria, é obtido pela Equação 3.
uhOnde:
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valor abaixo do mínimo foi obtido. O valor de 80% é orientativo, pois cada empresa define
seus parâmetros mínimos aceitáveis para o programa.
Os resultados podem vir acompanhados de gráfico sequencial para cada esse (Figura 5),
apresentados em função da pontuação absoluta obtida na auditoria acrescentado da linha de
tendência linear para a série de dados levantados pelas auditorias.
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Utilização Organização
200 165 200 171
152 150
129 130
150 150
100 100
50 50
0 0
Aud 1 Aud 2 Aud 3 Aud 1 Aud 2 Aud 3
Limpeza Saúde
200 172 200 158
157 145
132 130
150 150
100 100
50 50
0 0
Aud 1 Aud 2 Aud 3 Aud 1 Aud 2 Aud 3
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3. Considerações Finais
A formatação dos check list utilizados para os sensos do Programa 5s, o conjunto de modelos
de equações e de gráficos de resultados apresentados facilitam a obtenção de uma sólida e
consistente metodologia de obtenção e apresentação padronizada de resultados. Esta
padronização estabelece uma base normativa de comunicação com sua linguagem e códigos
(definição de quesitos, equação para o cálculo, método de arredondamento e apresentação dos
resultados), que facilita o entendimento pelos envolvidos, do que será medido (quais
quesitos), como ocorre (evidência da avaliação dos quesitos), de como foi calculado e como
será apresentado (gráficos de resultados). Esta metodologia proposta pavimenta a estrada de
comunicação entre os envolvidos e facilita a implantação do Programa 5s na organização. Tal
método, facilita o tratamento, o agrupamento de informações a serem gerenciadas, e a sua
totalização de forma a minimizar as perdas que ocorrem na cadeia que transporta as
informações na organização.
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REFERÊNCIAS
CAMPOS, V. F. TQC: Controle da Qualidade Total (no estilo japonês). 3a ed. Belo
Horizonte, MG: Fundação Christiano Ottoni, Escola de Engenharia da UFMG, Rio de Janeiro:
Bloch Ed. 1992. 224 p.
DUARTE, L. C. S. Programa 5s. Série Engenharia de Produção, no 03, Ed. Unijuí. Ijuí, 58 p.
Coleção Cadernos Unijuí. 2005.
SILVA, J. M. 5s: o ambiente da qualidade. 2a ed. Belo Horizonte, MG: Fundação Christiano
Ottoni, Escola de Engenharia da UFMG, 1994. 160 p. il.
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