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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E SAÚDE


CURSO DE PSICOLOGIA

DAVI DANIEL DE SOUZA FERREIRA

INTERNET E SUBJETIVIDADE NO SÉCULO XXI


UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS DA INTERNET NO SUJEITO PÓS-
MODERNO

SANTOS
2016
DAVI DANIEL DE SOUZA FERREIRA

INTERNET E SUBJETIVIDADE NO SÉCULO XXI


UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS DA INTERNET NO SUJEITO PÓS-
MODERNO

Projeto de pesquisa apresentado como


exigência para elaboração do Trabalho de
Conclusão de Curso de Psicologia da
Universidade Católica de Santos.
Orientadora: Thalita Lacerda Nobre

SANTOS
2016
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................pg

1 INTERNET E SOCIEDADE.....................................................................................pg

2 SUBJETIVIDADE E NARCISISMO........................................................................pg

3 INTERNET E POSSIBILIDADES DE UM FUTURO NÃO TÃO DISTANTE ........pg


3.1 Série Black Mirror.................................................................................................pg
3.2 Análise do Episódio “Natal”..................................................................................pg

4 INTERNET: TEMIDA OU IDOLATRADA? ............................................................pg

5 OBJETIVO..............................................................................................................pg
5.1 Hipótese...............................................................................................................pg
5.2 Problema..............................................................................................................pg

6 METODO.................................................................................................................pg
6.1 Procedimento.......................................................................................................pg
6.2 Sujeito...................................................................................................................pg
6.3 Local.....................................................................................................................pg

REFERÊNCIAS..........................................................................................................pg
INTRODUÇÃO

A internet como tecnologia e expressão social na contemporaneidade não é Formatted: Centered, Tab stops: Not at 0.32"

mais apenas um simples instrumento para facilitar a comunicação ou o acesso à Formatted: Font color: Light Blue

informação, mas – como veremos adiante – compõe uma nova realidade, com
definições, temporalidade e linguagem próprias, onde conceitos como as relações
humanas e o isolamento social se encontram e se afastam, em uma dança de
elementos que parecem ser heterogêneos, mas que apesar disso na temperatura
dos acontecimentos da contemporaneidade se fundem e formam algo novo, um Formatted: Font color: Text 1

novo todo humano em uma nova realidade que se apresenta bem diante dos olhos. Formatted: Font color: Green

Aprofundaremos algumas questões basilares como aspectos sociais e seus


nuances históricos e aplicações para a atualidade, trabalhando a internet em sua
forma mais originária – como um avanço técnico de uma técnica tipicamente Formatted: Font color: Text 1

humana.

Em seguida, nos utilizaremos de teóricos da Psicologia – mais


especificamente do campo psicanalítico – para propormos uma humilde, porém
consistente, definição e descrição da constituição da subjetividade, na perspectiva
do narcisismo, imprescindível para a constituição do sujeito e seus desdobramentos.

Após isso, analisaremos uma produção midiática que traz conceitos


importantes e latentes sobre o uso da Internet e sua influência e imanência no
imaginário e nas práticas humanas de um futuro não muito distante do nosso.

Por fim, analisaremos o panorama do que temos até aqui, como sociedade,
indivíduos e cultura globalizada da qual fazemos parte, com espaço para algumas
considerações e hipóteses sobre a nossa realidade e a dinâmica psíquica nas
relações humanas da contemporaneidade. Formatted: Font color: Text 1

Fique “online” para essa pesquisa e se permita navegar orientado pelas Formatted: Font: Italic

placas e sinalizações que encontramos no trajeto, viajando conosco por esse mundo
amplo, complexo, social e subjetivo que é a Internet. Commented [TL1]: Muito legal!
1.INTERNET E SOCIEDADE Formatted: Centered

A internet atual caminha a passos largos pelo planeta, em um contexto que


tem se tornado indispensável e soberana. A bem da verdade, ela não se limita a
somente transitar por esse mundo, mas também criou por meio de si mesma um
próprio mundo, um ambiente compartilhável que denominamos como “mundo virtual”
– cada vez mais integrado à nossa realidade – inaugurando assim um novo espaço
de relações e transmissão de informações em proporção e velocidades como nunca
antes visto, desde os primórdios da história da humanidade.

E é nesse mundo, ou melhor ainda, no encontro desses dois mundos – real e


virtual - que vamos nos empenhar nessa nossa aventura de pesquisa, cheia de
descobertas do passado, constatações para o presente e talvez até algumas
hipóteses para o futuro, com os olhos focados naquela que transita entre essas
dimensões – a subjetividade humana.

1.1. Histórico e precedentes

Projetado e produzido por Atanasoff e Berry, o instrumento patenteado como


o primeiro computador, mesmo não sendo completamente funcional, foi criado em
1939. Sua versão completa e operacional foi finalizada em 1946 por Eckert e
Mauchly na Universidade da Pensilvânia, com o poder de execução de cinco mil
operações por segundo (CMH 2006 apud COSENTINO, 2006).

Como abordado por Cosentino (2006), inicialmente o propósito do computador


era basicamente matemático, servindo como instrumento para processar e até
mesmo decodificar um grande contingente de dados com eficiência.

Todavia, seu objetivo não é inovador e de maneira nenhuma algo recente,


pois apresenta-se como um avanço natural de instrumentos que serviam ao
propósito do termo latino computare – que significa “o ato de contar”, e deu origem a
palavra atual computador - realizada por instrumentos antigos como o ábaco,
evoluindo para a Pascalina no século XVI, e passando pela Máquina Analítica no
século XVIII, até que com avanços e aprimoramentos ao longo dos tempos
chegasse ao desenvolvimento do que seria esse primeiro computador (FARAH,
2009)

De princípio usados somente por governos, universidades ou grandes


corporações, os equipamentos passaram por uma remodelação em sua forma de
fabricação, que os tornou menores, mais acessíveis e ao mesmo tempo mais
potentes, fatos que o tornaram popular na década de 80 (GUIZZO 1999 apud
COSENTINO, 2006).

Todavia, tal instrumento não era apenas coberto de benefícios e elogios, pois,
como também ressalta Cosentino (2006, p. 62) “[...] a crítica que decorreu sobre a
imensa expansão do uso do computador declarava que o homem se isolaria
passando a interagir somente com a máquina, afastando-se do convívio e do meio
social. ”

No entanto, tal crítica não perdurou por muito tempo, pois

[...] com a liberação da estrutura da Internet para fins comerciais e


consequentemente sua popularização, o computador passou a
conter mais uma característica importante. Segundo Guizzo (1999, p.
9), “com o desenvolvimento da gigantesca rede global de
computadores – a Internet –, as críticas perderam seu fundamento.
De mecanismo isolador, o computador tornou-se um meio de
comunicação e contato. E mais: de interação” (COSENTINO, 2006,
p. 62).

Assim a internet se popularizou e se distribuiu pelo mundo. Aqui no Brasil os


primeiros acessos foram realizados em 1988 em ambientes acadêmicos em parceria
com a Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo (FAPESP) e
seguidos por iniciativas de instituições do Rio de Janeiro e do governo federal.
(FARAH, 2009)

Dessa forma, coadunando ao que relata Fortim (2004 apud COSENTINO,


2006) fica clara a transformação na utilização do computador enquanto ferramenta,
de uma máquina de cálculo matemático para um instrumento de informação,
conhecimento e, sobretudo, comunicação. Tal transformação é percebida como
natural quando se fala em grandes centros urbanos na atualidade, onde as
instâncias “computador” e “internet” fazem parte da nossa existência mesmo antes
de efetivamente nascermos.

Então, usando como deixa a influência da internet sobre nós antes de


nascermos, para compreendermos como é estreita e importante nossa relação com Commented [TL2]: Isso para os mais jovens. Deixar claro,
logo no inicio, de que sujeito pós moderno se trata a
a tecnologia – e como prometido no início - sairemos da atualidade e por um pesquisa.

momento retornaremos não algumas décadas, mas aos próprios primórdios do


surgimento da nossa espécie, milhares de anos antes que a internet sequer tivesse
sido pensada, para vermos como se deu e como evoluiu a relação do ser humano
com os instrumentos que utiliza.

Vale ressaltar inicialmente que não fomos os únicos que se utilizavam de um


aparato externo para interagir com o meio ambiente,

O uso e a construção de ferramentas certamente é uma


característica de nós homo sapiens, porém não somos os únicos
seres capazes de produzir ou utilizar ferramentas. Além de nós e
outros primatas, alguns mamíferos e, curiosamente, algumas
espécies de aves também usam utensílios (PINKER, 1998; LEWIN,
1999 apud COSENTINO, 2006, p. 63)

Através da investigação paleoantropológica (LEWIN 1999 apud COSENTINO,


2006) foi descoberto que os primeiros instrumentos desenvolvidos por nossos
antepassados foram criados para facilitar a alimentação, seja proporcionando maior
facilidade para atacar suas presas animais quanto auxiliando na ruptura de duras
cascas de frutas ou sementes.

A complexidade desses instrumentos, principalmente para o processamento


da carne de acordo com Issac (1983 apud COSENTINO, 2006) aponta para uma
intensa ligação com uma maneira sociocultural de se viver, pois aponta para um
sistema de obtenção e manutenção desses alimentos, o que sugere trocas sociais e
conhecimentos repassados entre o grupo. (BUSSAB; RIBEIRO 1998 apud
COSENTINO, 2006).

Somos seres sociais, segundo Foley (1996 apud COSENTINO, 2006), e como
ele indica, isso influenciou até mesmo na evolução biológica de nosso cérebro, que
cresceu e complexou-se cada vez mais potencialmente – entre outros fatores -
devido à necessidade de acompanhar o fluxo das demandas das relações sociais às
quais nos submetemos, que exigiam cada vez mais intricadas estratégias de
socialização. Commented [DD3]: É direta ou indireta?

Com o avançar da História, o ser humano foi construindo mais e mais


ferramentas, então,

[...] a tecnologia começou a permear cada vez mais o cotidiano do ser humano. Mesmo não Formatted: Centered, Indent: Left: 0"
sendo a única espécie capaz de utilizar ferramentas, somos (...) os únicos animais que se
tornaram dependentes dos frutos da tecnologia, incluindo os povos com os modos de
subsistência mais simples” (LEWIN 1999 apud COSENTINO, 2006, p. 65)

Formatted: Centered, Indent: Left: 0", First line: 0",


Space Before: 12 pt, After: 8 pt

Seguindo o raciocínio, e coadunando aos comentários de Pinker (1998 apud Formatted: Centered

COSENTINO, 2006) e Goodall (1991 apud COSENTINO, 2006), percebemos que as


ferramentas que nossa espécie usou para moldar seu espaço acabou por moldá-la
também, e ao contrário de outras espécies que não precisam estritamente de
ferramentas para sua sobrevivência, o homo sapiens tornou-se dependente delas.

De um modo geral, com as inovações das técnicas e a invenções cada vez


mais constantes de instrumentos para manutenção do modo de vida da nossa
espécie desde o seu início, o ambiente foi transformado por nossas criações e
modos de operar no mundo. Todavia isso se deu em um ritmo exponencial tão veloz
que não acompanhou a nossa própria adaptação psicobiológica natural (que pode
demorar de milhares a milhões de anos); então, mais do que qualquer outra na
História, nossa realidade pode ser classificada como profundamente divergente da
vivida por nossos antepassados mais próximos – com ênfase em grandes
transformações humanas, como a transição do modo de vida caçador-coletor para o
agrícola, os avanços expressivos no domínio das técnicas agronômicas e, mais
recentemente, a Revolução Industrial, há aproximadamente duzentos anos (IZAR no
prelo apud COSENTINO, 2006).
Isso significa, com base em Cosmides e Tooby (1997, apud COSENTINO,
2006) que essas rápidas modificações no ambiente provocadas pelo avanço
surpreendente das inovações tecnológicas, por não serem acompanhadas por uma
evolução anatômica e mental para lidar com as situações desse novo ambiente que
se apresenta, tornaram (paradoxalmente) o ser humano obsoleto em um contexto
criado por ele mesmo, procurando responder questões e solucionar problemas que
Commented [TL4]: Isso é importante. Freud fala isso em
nem existiam anteriormente. totem e tabu e o mal estar na civilização (capítulo 3).

Como explicitado por Cosentino (2006, p. 66), isso se concretizou na


contemporaneidade, pois,

Parece, então, que “não houve tempo suficiente para que nossas
mentes tenham mudado em função dos novos sistemas de
produção” (Izar, no prelo). É esse o motivo que leva o ser humano a
aprender mais facilmente a temer cobras que tomadas elétricas e a
lidar melhor com pequenos grupos de pessoas, do tamanho típico de
bandos de caçadores-coletores, do que com multidões.

1.2 Internet e seu impacto social Commented [TL5]: A estrutura do raciocínio do item
anterior está ótimo, somente sugiro que inclua outros autores
para que haja diálogo entre eles.
Se, conforme abordado há pouco, a utilização coletiva de qualquer tecnologia
independente do objetivo de sua função modifica a sociedade e suas inter-relações,
imagine o que é possível então quando essa tecnologia é feita com o propósito
específico de ser um meio para essas relações. Por isso a utilização crescente e
natural da internet também fez crescerem as dúvidas sobre quais são os seus
efeitos reais nas interações humanas.

Vale ressaltar o paralelo que Marcondes Filho (2001 apud COSENTINO,


2006, p. 69) nos traz:

Não foi diferente com a invenção do cronômetro como um aparelho


que passou a reordenar o cotidiano das pessoas, das comunidades e
das culturas segundo um ritmo mecânico, uma regularidade física
abstrata, forçando-os a uma submissão lógico-racional que
trabalhava em direção oposta ao ritmo do próprio corpo e da
natureza.
Ainda segundo Cosentino (2006, p. 67),

O comportamento cultural, selecionado pela pressão seletiva desde


que a sobrevivência ficou afetada pela cultura, possibilitou o
surgimento de formas avançadas de acúmulo e transmissão de
informação e, consequentemente, um avanço extremo da tecnologia.
Dentro dessa perspectiva, a tecnologia reverberou até mesmo no
suprimento de nossas necessidades mais básicas.

Todavia, juntando-se ao já citado sentimento de obsolescência humana frente


ao avanço vertiginoso da tecnologia, há também no âmago da sociedade uma ferida
que tem causado incômodo em um âmbito cultural e histórico, principalmente no
Ocidente - uma espécie de “impotência social”, causada pela falta de controle
externo e da falta de segurança social.

Lasch (1983) desenvolve esse conceito relatando que não existe mais um
ímpeto pró-ativo de mudanças na sociedade, de lutar para impedir ou afastar os
desastres e possíveis tragédias como existia há décadas atrás no último século.
Após todas as guerras, holocaustos e desastres naturais repentinos e destruidores
pelo mundo, a sociedade, de forma geral, fez um movimento de aceitação dessas
tragédias como parte do cotidiano e agora sua preocupação não é mais com sua
iminência, mas sim com as estratégias necessárias para sobreviver a esse mundo.
Tirando o foco da sociedade pela falta de esperança de modificá-la, na descrença
em uma mudança real, o movimento do indivíduo virou-se na direção oposta,
focalizando a si mesmo; o objetivo tornou-se o “auto-crescimento psíquico”, formas
de tornar a vida individual melhor e mais saudável.

Como expressa claramente Lasch (1983, p. 26),

Uma vez que ‘a sociedade’ não tem futuro, faz sentido vivermos
somente para o momento, fixarmos nossos olhos em nossos próprios
‘desempenhos particulares’, tornamo-nos peritos em nossa própria
decadência, cultivamos uma ‘auto-atenção transcendental.

Por isso, ainda segundo o autor,


Viver para o momento é a paixão predominante – viver para si, não
para os que virão a seguir, ou para a posteridade. Estamos
rapidamente perdendo o sentido de continuidade histórica, o senso
de pertencermos a uma sucessão de gerações que se originaram no
passado e que se prolongarão no futuro”. (LASCH, 1983, p. 25)

Correndo o risco de ser repetitivo, cabe ressaltar com a especificidade de


Lasch (1983) que não é o hoje que importa simplesmente, mas o “agora”, o “nesse
instante”, tudo que seja atualizado constantemente, que não se importe em ligar-se
ao passado. Há a necessidade do novo em detrimento do velho, do qual não há
valorização e no qual não há mérito algum, pois foi - como a língua portuguesa pode
expressar melhor - não somente o passado, mas com velocidade o ultra-passado. Formatted: Font: Not Italic
Formatted: Font: Not Italic
Não há a necessidade de origem nem de legado, tudo que é preciso é o momento
presente.

E se você nos acompanhou até aqui e compreende o momento da


contemporaneidade em que este texto foi escrito pode perceber que é nesse
contexto que a Internet assume novamente um papel paradoxal e importante.
Mesmo que, como a tecnologia que é, ela tenha nos tornado obsoletos em nosso
próprio mundo – em uma realidade na qual nos sentimos impotentes socialmente e
por isso entre outros aspectos voltados ao individualismo - ao mesmo tempo a
Internet que conhecemos hoje se tornou o instrumento mais perfeitamente adaptável
para a contemporaneidade, como se fosse perfeitamente ajustada para nossos
tempos como a ferramenta representativa que é, de manifestação e resposta à
nossas demandas atuais, pois atende perfeitamente aos desejos dessa sociedade
auto-referente – possuindo um foco nesse imediatismo, com a rapidez das suas
publicações e atualização constante de informações definidas para o hoje (ROSA;
ZAMORA, 2012).

Ao mesmo tempo a internet também permitiu, pelo seu uso, não somente
uma revitalização de uma sensação de potência social antes perdida, agora com
possibilidades reais de mudança social e até mesmo cultural através do alcance
ampliado que a internet proporciona (DEIRO; SILVEIRA, 2004) mas vai ainda além,
promovendo agora um sentimento de onipotência, pois traz consigo certas
liberdades, facilidades e possibilidades que antes não existiam nas interações
humanas e na obtenção de informações, realçando o narcisismo já adquirido
anteriormente e munindo seus usuários de algo denominado por terapeutas como
uma espécie de super poder pessoal (LEITÃO; NICOLACI-DA-COSTA, 2005) que
juntamente com outros fatores tem contribuído e influenciado significativamente a
própria construção de identidades e subjetivações na contemporaneidade (DEIRO;
SILVEIRA, 2004).

Assim, a internet demonstra através de seus paradoxos sua importância


para a sociedade, pois abarca as complexidades, variabilidades e adaptabilidades
de seus múltiplos usuários, mostrando-se como uma realidade cada vez mais
integrada à nossa, uma rede que se estende entre nós e através de nós, como um
instrumento tipicamente humano.

1.3 Internet e cultura local e global

Esse aspecto multifacetado da Internet e as transformações que causa essa


revolução digital nos fazem pensar que “[...] um conhecimento mais aprofundado das
transformações radicais em curso no mundo atual pode ajudar os psicólogos a rever
suas antigas certezas a respeito do homem e a aventurar novos olhares sobre os
também novos fenômenos humanos” (LEITÃO; NICOLACI-DA-COSTA, 2003).

Todavia, não basta uma análise teórica da internet em seu âmbito macro,
pois, como aborda Silverstone (2002 apud DEIRO; SILVEIRA, 2004) é preciso
analisar o papel do que ele chama de “textura da experiência”, que seria o conjunto
de aspetos comuns, características naturais, corriqueiras, e até mesmo banalidades
que compõem, influenciam e modificam nossa forma de trabalhar, se relacionar e
viver nesse mundo.

Observando essa textura, é perceptível o poder de influência da internet em


transmitir, por meio de aspectos por variadas vezes simples, valores e
comportamentos para culturas locais tendo como base uma cultura global, como
relatam Deiro e Silveira (2004, p. 48),
Provavelmente, o efeito mais aparente da internet em relação às
culturas locais é o de exacerbar os efeitos das mídias convencionais
há bastante tempo denunciados pelas teorias críticas derivadas da
escola de Frankfurt: favorecer o avanço sem fronteiras da indústria
cultural, unificando valores, crenças, estilos de vida e determinando
padrões de consumo, com o consequente enfraquecimento de
identidades culturais e de laços comunitários tradicionais.

Todavia – justiça seja feita – o consumismo, individualismo e hedonismo não


são os únicos valores passados pela rede, pois a internet possui como parte de sua
cultura global valores como a democracia, liberdades individuais, igualdade étnica e
de gênero e os direitos humanos como base (MORIN, 2002 apud DEIRO; SILVEIRA,
2004).

Há mais de 10 anos Arnet (2002 apud DEIRO; SILVEIRA, 2004) já previa que
provavelmente a internet superaria a televisão – até então o maior influenciador de
identidades culturais globais – devido à possibilidade de relação direta entre
pessoas e o acesso voluntário e autônomo à informação, em oposição à mídia da
qual o sujeito era passivo servindo apenas como receptáculo dos dados. Hoje com a
internet há opções e possibilidades distintas, tão cheias de diversidade quanto o
próprio mundo real.

Levi (2000), finaliza e complementa já nos dando um spoiler da discussão Commented [TL6]: Colocar nota de rodapé explicando a
palavra estrangeira
que deixaremos mais para frente, pois segundo ele todos os modos de Formatted: Font: Italic

conhecimento, relação e aprendizagem dessa cultura global advinda da internet, a


cibercultura,

[...] não paralisam nem substituem os já existentes, mas os


transformam, ampliando e tornando-os mais complexos. Marcondes
Filho (2001) afirma que não permanecemos incólumes diante da
inovação tecnológica. O advento de cada inovação técnica deixa
suas marcas na cultura, que vão impregnar novos modos de pensar
e agir a partir dela. (apud COSENTINO, 2006, p. 68).
5. OBJETIVO

Investigar as formas pelas quais o uso da internet tem se enraizado no


cotidiano das relações humanas e verificar se isso tem modificado a subjetividade e
consequentemente as atitudes de indivíduos em sua relação com mundo e com o
outro.

5.1 Hipótese

Se há influência da internet, em pessoas de ambos os sexos, da classe média


e na geração Y, então há mudança na subjetividade dos sujeitos, percebida em Commented [TL7]: Fazer um item, na fundamentação
teórica, definindo o que é esse termo e a quem se refere.
aspectos complexos e também rotineiros, com impacto crescente na alimentação do
narcisismo.

5.2 Problema

Em que medida a internet impacta a subjetividade humana no século XXI na


perspectiva de uma geração que não a tinha presente e agora é englobada por ela?
6.MÉTODO

Essa pesquisa pode ser classificada como qualitativa, pois


Enquanto estudos quantitativos geralmente procuram seguir com
rigor um plano previamente estabelecido (baseado em hipóteses
claramente indicadas e variáveis que são objeto de definição
operacional), a pesquisa qualitativa costuma ser direcionada, ao
longo de seu desenvolvimento; além disso, não busca enumerar ou
medir eventos e, geralmente, não emprega instrumental estatístico
para análise dos dados; seu foco de interesse é amplo e parte de
uma perspectiva diferenciada da adotada pelos métodos
quantitativos. (NEVES, 1996, p. 01)

A pesquisa realizada será de natureza exploratória, o que, de acordo com Gil


(2002, p. 41), tem como objetivo “proporcionar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses”. Tal tipo de pesquisa
torna a investigação do tema bastante flexível, com a possibilidade de utilização de
diversos aspectos do assunto em questão que podem ser levados em consideração
na análise do problema, o que é retratado por Gil (2002, p. 41).

Delineamento

Será uma pesquisa bibliográfica, pois é um procedimento técnico que permite


ao investigador “a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que
aquela que poderia pesquisar diretamente” (GIL, 2002, p. 45), o que é muito
importante visto que a complexidade e amplitude do tema solicitam muitos dados, e
não somente sobre os aspectos da atualidade, mas também são a fonte para uma
construção histórica do tema em si e partindo de lá aumentar a compreensão e a
possibilidade de formular hipóteses.

Como é natural para esse delineamento de pesquisa, se dará através do


estudo aprofundado e detalhado de um material já estabelecido e de cunho
científico, sendo o mais utilizado para a análise de diversas posições sobre um
problema comum (GIL, 2002, p. 44). Nos utilizaremos de materiais como livros, tanto
obras de divulgação quanto livros correntes; livros de referência sobre o tema;
periódicos e artigos, tanto impressos quanto obtidos pela Internet em plataformas
acadêmicas disponíveis.

6.1 Procedimento

Após a prévia escolha do tema, levantamento bibliográfico preliminar e


formulação do problema, seguido pela elaboração inicial do plano provisório de
assunto com a orientação direcionada, serão identificadas as fontes – com seus
tipos descritos acima – bem como obtidas pelos diversos meios possíveis, e assim
investigadas através de leitura exploratória, seletiva, analítica e interpretativa com a
tomada de apontamentos adequada para uma avaliação consistente e aprofundada
do tema em questão (GIL, 2002).

6.2 Sujeito

Os sujeitos da pesquisa serão a geração Y na transição entre o período


imediatamente anterior e posterior à popularização da internet em solo brasileiro.

6.3 Local

Os locais de pesquisa serão bibliotecas, bases de dados e sistemas de busca


informatizados (GIL, 2002).
REFERÊNCIAS

COSENTINO, Leonardo A. M. Aspectos evolutivos da interação homem máquina: Formatted: Centered

tecnologia, computador e evolução humana. In: PRADO, Oliver Z.; FORTIM, Ivelise;
COSENTINO, Leonardo A. M. (Org.). Psicologia & Informática: Produções do III
PSICOINFO e II Jornada do NPPI. São Paulo: CRP, 2006. p. 61-71. Disponível em:
<http://newpsi.bvs-psi.org.br/ebooks2010/en/Acervo_files/PsiInfo.pdf>. Acesso em
15/09/2015.

DEIRO, Marcelo; SILVEIRA, Prates da. Efeitos da Globalização e da Sociedade em


Rede Via Internet na Formação de Identidades Contemporâneas. Psicologia Ciência
e Profissão, 2004, p. 42-51.

FARAH, Rosa M. Ciberespaço e seus navegantes: novas vias de expressão de


antigos conflitos humanos. 2009. Dissertação (mestrado), PUC, São Paulo.

GIL, Antônio C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.

LASCH, Christopher. A cultura do narcisismo. Imago, Rio de Janeiro, 1983

LEITÃO, Carla F.; NICOLACI-DA-COSTA, Ana M. Impactos da Internet sobre


pacientes: A visão de psicoterapeutas. Psicologia em Estudo, v. 10, n. 3, p. 441-450.
Maringá, 2005. Formatted: Font color: Light Blue

NICOLACI-DA-COSTA, A. M. Ciberespaço: Nova Realidade, Novos Perigos, Novas


Formas de Defesa. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 23, n. 2, 2003, p. 66-75.
ROSA, Carlos M.; ZAMORA, Maria H. Usos da Internet: algumas reflexões ético-
políticas. Laboratório de Estudos Contemporâneos.Revista Polem!ca, vol. 11, nº 04,
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publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/view/4326/3124>. Acesso em
abril/2016

Formatted: Left, Tab stops: Not at 0.32"

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