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Universidade Federal de Uberlândia

UFU
Assistente em Administração

ÍNDICE

CONHECIMENTOS GERAIS

1. LÍNGUA PORTUGUESA
Será avaliada a capacidade de o candidato:
• Ler, compreender e interpretar textos diversos de diferentes gêneros, redigidos em Língua Portuguesa e produzidos em situa-
ções diferentes e sobre temas diferentes.
• Argumentar e justificar opiniões.
• Apreender informações não explicitadas, apoiando-se em deduções.
• Identificar elementos que permitam extrair conclusões não explicitadas no texto.
• Integrar e sistematizar informações.
• Identificar elementos que permitam relacionar o texto lido a outro texto ou a outra parte do mesmo texto.
• Identificar informações pontuais no texto.
• Identificar e corrigir, em um texto dado, determinadas inadequações em relação à língua padrão.
• Inferir o sentido de palavras a partir do contexto.
• Identificar objetivos discursivos do texto (informar ou defender uma opinião, estabelecer contato, promover polêmica, humor,
etc.).
• Identificar as diferentes partes constitutivas de um texto.
• Reconhecer e identificar a estrutura dos gêneros textuais.
• Estabelecer relações entre os diversos segmentos do próprio texto e entre textos diferentes.
• Estabelecer articulação entre informações textuais, inclusive as que dependem de pressuposições e inferências (semânticas,
pragmáticas) autorizadas pelo texto, para dar conta de ambiguidades, ironias e opiniões do autor.
• Reconhecer marcas linguísticas necessárias à compreensão do texto (mecanismos anafóricos e dêiticos, operadores lógicos e
argumentativos, marcadores de sequenciação do texto, marcadores temporais, formas de indeterminação do agente).
• Reconhecer e avaliar, em textos dados, as classes de palavras como mecanismos de coesão e coerência textual.
• Reconhecer os recursos linguísticos que concorrem para o emprego da língua em diferentes funções, especialmente no que se
refere ao uso dos pronomes, dos modos e tempos verbais e ao uso das vozes verbais.
• Reconhecer a importância da organização gráfica e diagramação para a coesão e coerência de um texto.
• Identificar e empregar recursos linguísticos próprios da língua escrita formal: pontuação, ortografia, concordância nominal e
verbal, regência nominal e verbal, colocação pronominal, estruturação de orações e períodos ...................................................... 01/62

1
2. NOÇÕES DE INFORMÁTICA
MS-Windows 7: controle de acesso e autenticação de usuários, painel de controle, central de ações, área de trabalho, manipulação de arqui-
vos e pastas, uso dos menus, ferramentas de diagnóstico, manutenção e restauração ................................................................................. 01
MS-Word 2007: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, rodapés, parágrafos, fontes, colunas, marcado-
res simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas, índices, inserção de objetos, campos
predefinidos, caixas de texto, mala direta, correspondências, envelopes e etiquetas, correção ortográfica ................................................... 17
MS-Excel 2007: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração de tabelas e gráficos, uso
de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de quebras e numeração de páginas, obtenção
de dados externos, classificação e filtragem de dados .................................................................................................................................... 22
MS-Power Point 2007: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, slide mestre, modos de exibição, anotações, régua, guias,
cabeçalhos e rodapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de páginas, botões de ação, anima-
ção e transição entre slides .............................................................................................................................................................................. 31
Correio Eletrônico: uso do aplicativo de correio eletrônico Mozilla Thunderbird, protocolos, preparo e envio de mensagens, anexação de arqui-
vos. Internet: Navegação Internet (Internet Explorer, Mozilla Firefox, Google Chrome), conceitos de URL, proxy, links/apontadores, sites/sítios
Web, sites/sítios de pesquisa (expressões para pesquisa de conteúdos/sites (Google)). Noções de Segurança e Proteção: Vírus, Cavalos de
Tróia, Worms, Spyware, Phishing, Pharming, Spam e derivados .................................................................................................................... 35

3. LEGISLAÇÃO
Regime jurídico dos servidores públicos civis da União. Lei 8.112 de 1990 e suas alterações ....................................................................... 01
Código de Ética Profissional no Serviço Público. Decreto 1.171 de 22 de junho de 1994 ............................................................................... 20
Lei da Improbidade Administrativa. Lei nº 8.429/1992...................................................................................................................................... 22
Processo Administrativo disciplinar. Lei nº 9.784/1999 .................................................................................................................................... 25

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1. Noções em Administração
1.1 Administração: conceitos, teorias e tendências .......................................................................................................................................... 01
1. 2 Planejamento: objetivos e formulação estratégica .................................................................................................................................... 32
1.3 Organização: modelos, poder e estruturas organizacionais ....................................................................................................................... 32
1.4 Motivação, liderança e comunicação nas organizações ............................................................................................................................. 41
1.5 Controle: processos, sistemas e instrumentos de controle do desempenho organizacional ..................................................................... 54
1.6 Gestão de tempo, recursos e informações ................................................................................................................................................. 32

2. Redação Oficial
2.1 Características Fundamentais da Redação Oficial. 2.2 Emprego dos Pronomes de Tratamento. 2.3 Gêneros da Redação Oficial.
2.3.1 Aviso. 2.3.2 Declaração. 2.3.3 E-mail. 2.3.4. Memorando. 2.3.5. Ofício. 2.4 Sintaxe e Semântica da Redação Oficial......................... 63

3 Noções de Arquivologia
3.1 Conceitos Fundamentais de Arquivologia. 3.2 Gestão de Documentos. 3.3 Instrumentos de Gestão de Documentos. 3.4 Protocolo.
3.5 Legislação Arquivística. 3.6 Documentos Arquivísticos Digitais ................................................................................................................. 73

2
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O conteúdo dessa apostila almeja abordar os tópicos do edital de forma prática e


esquematizada, porém, isso não impede que se utilize o manuseio de livros, sites, jornais,
revistas, entre outros meios que ampliem os conhecimentos do candidato, visando sua melhor
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elaboração da apostila, poderão ser encontradas gratuitamente no site das apostilas opção, ou
nos sites governamentais.

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dos concursos, assim como a distribuição gratuita do material retificado, na versão impressa,
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PORTUGUÊS
APOSTILAS OPÇÃO

Língua Portuguesa Compreensão e


interpretação de textos

Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por finali-


Será avaliada a capacidade de o candidato: dade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve
compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de
Ler, compreender e interpretar textos diversos de di- necessitar de um bom léxico internalizado.
ferentes gêneros, redigidos em Língua Portuguesa e pro- As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto
duzidos em situações diferentes e sobre temas diferentes. em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sempre fazer um
Argumentar e justificar opiniões. confronto entre todas as partes que compõem o texto.
Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas
Apreender informações não explicitadas, apoiando-se por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedimento
em deduções. justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do
Identificar elementos que permitam extrair conclu- autor diante de uma temática qualquer.
sões não explicitadas no texto.
Denotação e Conotação
Integrar e sistematizar informações. Sabe-se que não há associação necessária entre significante (ex-
pressão gráfica, palavra) e significado, por esta ligação representar uma
Identificar elementos que permitam relacionar o texto convenção. É baseado neste conceito de signo linguístico (significante +
lido a outro texto ou a outra parte do mesmo texto. significado) que se constroem as noções de denotação e conotação.
Identificar informações pontuais no texto. O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicioná-
rios, o chamado sentido verdadeiro, real. Já o uso conotativo das palavras
Identificar e corrigir, em um texto dado, determina- é a atribuição de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua compre-
das inadequações em relação à língua padrão. ensão, depende do contexto. Sendo assim, estabelece-se, numa determi-
nada construção frasal, uma nova relação entre significante e significado.
Inferir o sentido de palavras a partir do contexto.
Os textos literários exploram bastante as construções de base conota-
Identificar objetivos discursivos do texto (informar ou tiva, numa tentativa de extrapolar o espaço do texto e provocar reações
defender uma opinião, estabelecer contato, promover diferenciadas em seus leitores.
polêmica, humor, etc.). Ainda com base no signo linguístico, encontra-se o conceito de polis-
semia (que tem muitas significações). Algumas palavras, dependendo do
Identificar as diferentes partes constitutivas de um
contexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra
texto. ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Neste
Reconhecer e identificar a estrutura dos gêneros tex- caso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra ponto, e sim
tuais. ampliando sua significação através de expressões que lhe completem e
esclareçam o sentido.
Estabelecer relações entre os diversos segmentos do
próprio texto e entre textos diferentes.
Como Ler e Entender Bem um Texto
Estabelecer articulação entre informações textuais, Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e
inclusive as que dependem de pressuposições e inferên- de reconhecimento e a interpretativa.
cias (semânticas, pragmáticas) autorizadas pelo texto, A primeira deve ser feita de maneira cautelosa por ser o primeiro con-
para dar conta de ambiguidades, ironias e opiniões do tato com o novo texto. Desta leitura, extraem-se informações sobre o
autor. conteúdo abordado e prepara-se o próximo nível de leitura. Durante a
interpretação propriamente dita, cabe destacar palavras-chave, passagens
Reconhecer marcas linguísticas necessárias à com- importantes, bem como usar uma palavra para resumir a ideia central de
preensão do texto (mecanismos anafóricos e dêiticos, cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça a memória visual, favo-
operadores lógicos e argumentativos, marcadores de recendo o entendimento.
sequenciação do texto, marcadores temporais, formas de
Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjeti-
indeterminação do agente). va, há limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a
Reconhecer e avaliar, em textos dados, as classes de fim de responder às interpretações que a banca considerou como perti-
palavras como mecanismos de coesão e coerência textual. nentes.
No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele tex-
Reconhecer os recursos linguísticos que concorrem to com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da
para o emprego da língua em diferentes funções, especi- época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momen-
almente no que se refere ao uso dos pronomes, dos modos tos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida.
e tempos verbais e ao uso das vozes verbais. Aqui não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência biblio-
gráfica da fonte e na identificação do autor.
Reconhecer a importância da organização gráfica e
diagramação para a coesão e coerência de um texto. A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções
de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras como não,
Identificar e empregar recursos linguísticos próprios exceto, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha
da língua escrita formal: pontuação, ortografia, concor- adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do
dância nominal e verbal, regência nominal e verbal, colo- "mais adequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento
cação pronominal, estruturação de orações e períodos. proposto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à per-
gunta, mas não ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por
haver uma outra alternativa mais completa.

Língua Portuguesa 1
APOSTILAS OPÇÃO
Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmen- O narrador que está a contar a história também é uma personagem,
to do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor-
ao texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A des- tância, ou ainda uma pessoa estranha à história.
contextualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um
recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso-
posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor, desta manei- nagem: as planas: que são definidas por um traço característico, elas não
ra a resposta será mais consciente e segura. alteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos e
tendem à caricatura; as redondas: são mais complexas tendo uma di-
mensão psicológica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas
Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de reações perante os acontecimentos.
texto. Para isso, devemos observar o seguinte:
01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; • Sequência dos fatos (enredo): Enredo é a sequência dos fatos,
a trama dos acontecimentos e das ações dos personagens. No enredo
02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá podemos distinguir, com maior ou menor nitidez, três ou quatro estágios
até o fim, ininterruptamente; progressivos: a exposição (nem sempre ocorre), a complicação, o clímax,
03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos o desenlace ou desfecho.
umas três vezes ou mais; Na exposição o narrador situa a história quanto à época, o ambiente,
04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas; as personagens e certas circunstâncias. Nem sempre esse estágio ocorre,
na maioria das vezes, principalmente nos textos literários mais recentes, a
05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
história começa a ser narrada no meio dos acontecimentos (“in média”),
06. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; ou seja, no estágio da complicação quando ocorre e conflito, choque de
07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor com- interesses entre as personagens.
preensão; O clímax é o ápice da história, quando ocorre o estágio de maior ten-
08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto são do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfe-
correspondente; cho, ou seja, a conclusão da história com a resolução dos conflitos.
09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;
• Os fatos: São os acontecimentos de que as personagens partici-
10. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta,
pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o
incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto e outras; palavras que
gênero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento coti-
aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se
diano constitui uma crônica, o relato de um drama social é um
perguntou e o que se pediu;
romance social, e assim por diante. Em toda narrativa há um fato
11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais central, que estabelece o caráter do texto, e há os fatos secundá-
exata ou a mais completa; rios, relacionados ao principal.
12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de • Espaço: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos
lógica objetiva; lugares, ou mesmo em um só lugar. O texto narrativo precisa con-
13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais; ter informações sobre o espaço, onde os fatos acontecem. Muitas
vezes, principalmente nos textos literários, essas informações são
14. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta, extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos tex-
mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto; tos narrativo.
15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a • Tempo: Os fatos que compõem a narrativa desenvolvem-se num
resposta; determinado tempo, que consiste na identificação do momento,
16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor, dia, mês, ano ou época em que ocorre o fato. A temporalidade sa-
definindo o tema e a mensagem; lienta as relações passado/presente/futuro do texto, essas rela-
17. O autor defende ideias e você deve percebê-las; ções podem ser lineares, isto é, seguindo a ordem cronológica
dos fatos, ou sofre inversões, quando o narrador nos diz que an-
18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importan- tes de um fato que aconteceu depois.
tíssimos na interpretação do texto.
Ex.: Ele morreu de fome. O tempo pode ser cronológico ou psicológico. O cronológico é o tem-
de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realiza- po material em que se desenrola à ação, isto é, aquele que é medido pela
ção do fato (= morte de "ele"). natureza ou pelo relógio. O psicológico não é mensurável pelos padrões
Ex.: Ele morreu faminto. fixos, porque é aquele que ocorre no interior da personagem, depende da
faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se encontra- sua percepção da realidade, da duração de um dado acontecimento no
va quando morreu. seu espírito.
19. As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as • Narrador: observador e personagem: O narrador, como já dis-
ideias estão coordenadas entre si; semos, é a personagem que está a contar a história. A posição
20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza em que se coloca o narrador para contar a história constitui o fo-
de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. Eraldo co, o aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser ca-
Cunegundes racterizado por:
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS - visão “por detrás”: o narrador conhece tudo o que diz respeito
TEXTO NARRATIVO às personagens e à história, tendo uma visão panorâmica dos
• As personagens: São as pessoas, ou seres, viventes ou não, acontecimentos e a narração é feita em 3a pessoa.
forças naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no desen- - visão “com”: o narrador é personagem e ocupa o centro da nar-
rolar dos fatos. rativa que é feito em 1a pessoa.
Toda narrativa tem um protagonista que é a figura central, o herói ou - visão “de fora”: o narrador descreve e narra apenas o que vê,
heroína, personagem principal da história. aquilo que é observável exteriormente no comportamento da per-
O personagem, pessoa ou objeto, que se opõe aos designíos do pro- sonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narra-
tagonista, chama-se antagonista, e é com ele que a personagem principal dor é um observador e a narrativa é feita em 3a pessoa.
contracena em primeiro plano. • Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de
As personagens secundárias, que são chamadas também de compar- apresentar um foco narrativo, isto é, o ponto de vista através do
sas, são os figurantes de influência menor, indireta, não decisiva na narra- qual a história está sendo contada. Como já vimos, a narração é
ção. feita em 1a pessoa ou 3a pessoa.
Língua Portuguesa 2
APOSTILAS OPÇÃO
Formas de apresentação da fala das personagens É predominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecer
Como já sabemos, nas histórias, as personagens agem e falam. Há convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou meca-
três maneiras de comunicar as falas das personagens. nismos, a fenômenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc.
• Discurso Direto: É a representação da fala das personagens
através do diálogo. TEXTO DISSERTATIVO
Exemplo: Dissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertação
“Zé Lins continuou: carnaval é festa do povo. O povo é dono da consta de uma série de juízos a respeito de um determinado assunto ou
verdade. Vem a polícia e começa a falar em ordem pública. No carna- questão, e pressupõe um exame crítico do assunto sobre o qual se vai
val a cidade é do povo e de ninguém mais”. escrever com clareza, coerência e objetividade.
No discurso direto é frequente o uso dos verbos de locução ou des- A dissertação pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persua-
cendi: dizer, falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e dir o leitor a respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter como
etc.; e de travessões. Porém, quando as falas das personagens são curtas finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questão.
ou rápidas os verbos de locução podem ser omitidos. A linguagem usada é a referencial, centrada na mensagem, enfati-
zando o contexto.
• Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas Quanto à forma, ela pode ser tripartida em:
próprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens. • Introdução: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda-
Exemplo: mentais do assunto que está tratando. É a enunciação direta e
“Zé Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passa- objetiva da definição do ponto de vista do autor.
dos, os meus primeiros passos em liberdade, a fraternidade
• Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias co-
que nos reunia naquele momento, a minha literatura e os
locadas na introdução serão definidas com os dados mais rele-
menos sombrios por vir”.
vantes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de
• Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem ideias articuladas entre si, de forma que a sucessão deles resulte
se mistura à fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narra- num conjunto coerente e unitário que se encaixa na introdução e
ção. Exemplo: desencadeia a conclusão.
“Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando • Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado pela síntese da
alto. Quando me viram, sem chapéu, de pijama, por aqueles ideia central. Na conclusão o autor reforça sua opinião, retoman-
lugares, deram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensas- do a introdução e os fatos resumidos do desenvolvimento do tex-
sem que estivesse doido. Como poderia andar um homem to. Para haver maior entendimento dos procedimentos que podem
àquela hora, sem fazer nada de cabeça no tempo, um branco ocorrer em uma dissertação, cabe fazermos a distinção entre fa-
de pés no chão como eles? Só sendo doido mesmo”. tos, hipótese e opinião.
(José Lins do Rego) - Fato: É o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida;
é a obra ou ação que realmente se praticou.
TEXTO DESCRITIVO - Hipótese: É a suposição feita acerca de uma coisa possível ou
Descrever é fazer uma representação verbal dos aspectos mais ca- não, e de que se tiram diversas conclusões; é uma afirmação so-
racterísticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc. bre o desconhecido, feita com base no que já é conhecido.
As perspectivas que o observador tem do objeto são muito importan- - Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões de aprovação ou
tes, tanto na descrição literária quanto na descrição técnica. É esta atitude desaprovação pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje-
que vai determinar a ordem na enumeração dos traços característicos tos descritos, é um parecer particular, um sentimento que se tem
para que o leitor possa combinar suas impressões isoladas formando uma a respeito de algo.
imagem unificada.
Uma boa descrição vai apresentando o objeto progressivamente, va- O TEXTO ARGUMENTATIVO
riando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a Baseado em Adilson Citelli
pouco.
Podemos encontrar distinções entre uma descrição literária e outra A linguagem é capaz de criar e representar realidades, sendo caracte-
técnica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas: rizada pela identificação de um elemento de constituição de sentidos. Os
• Descrição Literária: A finalidade maior da descrição literária é discursos verbais podem ser formados de várias maneiras, para dissertar
transmitir a impressão que a coisa vista desperta em nossa mente ou argumentar, descrever ou narrar, colocamos em práticas um conjunto
através dos sentidos. Daí decorrem dois tipos de descrição: a de referências codificadas há muito tempo e dadas como estruturadoras
subjetiva, que reflete o estado de espírito do observador, suas do tipo de texto solicitado.
preferências, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e Para se persuadir por meio de muitos recursos da língua é necessário
não o que vê realmente; já a objetiva traduz a realidade do mundo que um texto possua um caráter argumentativo/descritivo. A construção de
objetivo, fenomênico, ela é exata e dimensional. um ponto de vista de alguma pessoa sobre algo, varia de acordo com a
• Descrição de Personagem: É utilizada para caracterização das sua análise e esta dar-se-á a partir do momento em que a compreensão
personagens, pela acumulação de traços físicos e psicológicos, do conteúdo, ou daquilo que fora tratado seja concretado. A formação
pela enumeração de seus hábitos, gestos, aptidões e tempera- discursiva é responsável pelo emassamento do conteúdo que se deseja
mento, com a finalidade de situar personagens no contexto cultu- transmitir, ou persuadir, e nele teremos a formação do ponto de vista do
ral, social e econômico. sujeito, suas análises das coisas e suas opiniões. Nelas, as opiniões o que
• Descrição de Paisagem: Neste tipo de descrição, geralmente o fazemos é soltar concepções que tendem a ser orientadas no meio em
observador abrange de uma só vez a globalidade do panorama, que o indivíduo viva. Vemos que o sujeito lança suas opiniões com o
para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger as simples e decisivo intuito de persuadir e fazer suas explanações renderem
partes mais típicas desse todo. o convencimento do ponto de vista de algo/alguém.
• Descrição do Ambiente: Ela dá os detalhes dos interiores, dos Na escrita, o que fazemos é buscar intenções de sermos entendidos e
ambientes em que ocorrem as ações, tentando dar ao leitor uma desejamos estabelecer um contato verbal com os ouvintes e leitores, e
visualização das suas particularidades, de seus traços distintivos todas as frases ou palavras articuladas produzem significações dotadas
e típicos. de intencionalidade, criando assim unidades textuais ou discursivas.
• Descrição da Cena: Trata-se de uma descrição movimentada, Dentro deste contexto da escrita, temos que levar em conta que a coerên-
que se desenvolve progressivamente no tempo. É a descrição de cia é de relevada importância para a produção textual, pois nela se dará
um incêndio, de uma briga, de um naufrágio. uma sequência das ideias e da progressão de argumentos a serem expla-
• Descrição Técnica: Ela apresenta muitas das características ge- nadas. Sendo a argumentação o procedimento que tornará a tese aceitá-
rais da literatura, com a distinção de que nela se utiliza um voca- vel, a apresentação de argumentos atingirá os seus interlocutores em
bulário mais preciso, salientando-se com exatidão os pormenores. seus objetivos; isto se dará através do convencimento da persuasão. Os
Língua Portuguesa 3
APOSTILAS OPÇÃO
mecanismos da coesão e da coerência serão então responsáveis pela Para melhor exemplificarmos o que foi dito, tomamos como exemplo
unidade da formação textual. um Editorial, no qual o autor expõe seu ponto de vista sobre determinado
Dentro dos mecanismos coesivos, podem realizar-se em contextos assunto, uma descrição de um ambiente e um texto literário escrito em
verbais mais amplos, como por jogos de elipses, por força semântica, por prosa.
recorrências lexicais, por estratégias de substituição de enunciados. Em se tratando de gêneros textuais, a situação não é diferente, pois
Um mecanismo mais fácil de fazer a comunicação entre as pessoas é se conceituam como gêneros textuais as diversas situações
a linguagem, quando ela é em forma da escrita e após a leitura, (o que sociocomunciativas que participam da nossa vida em sociedade. Como
ocorre agora), podemos dizer que há de ter alguém que transmita algo, e exemplo, temos: uma receita culinária, um e-mail, uma reportagem, uma
outro que o receba. Nesta brincadeira é que entra a formação de argu- monografia, e assim por diante. Respectivamente, tais textos classificar-
mentos com o intuito de persuadir para se qualificar a comunicação; nisto, se-iam como: instrucional, correspondência pessoal (em meio eletrônico),
estes argumentos explanados serão o germe de futuras tentativas da texto do ramo jornalístico e, por último, um texto de cunho científico.
comunicação ser objetiva e dotada de intencionalidade, (ver Linguagem e
Persuasão). Mas como toda escrita perfaz-se de uma técnica para compô-la, é
extremamente importante que saibamos a maneira correta de produzir
Sabe-se que a leitura e escrita, ou seja, ler e escrever; não tem em esta gama de textos. À medida que a praticamos, vamos nos
sua unidade a mono característica da dominação do idioma/língua, e sim o aperfeiçoando mais e mais na sua performance estrutural. Por Vânia
propósito de executar a interação do meio e cultura de cada indivíduo. As Duarte
relações intertextuais são de grande valia para fazer de um texto uma
alusão à outros textos, isto proporciona que a imersão que os argumentos
dão tornem esta produção altamente evocativa.
O Conto
A paráfrase é também outro recurso bastante utilizado para trazer a
um texto um aspecto dinâmico e com intento. Juntamente com a paródia, É um relato em prosa de fatos fictícios. Consta de três momentos per-
a paráfrase utiliza-se de textos já escritos, por alguém, e que tornam-se feitamente diferenciados: começa apresentando um estado inicial de
algo espetacularmente incrível. A diferença é que muitas vezes a paráfra- equilíbrio; segue com a intervenção de uma força, com a aparição de um
se não possui a necessidade de persuadir as pessoas com a repetição de conflito, que dá lugar a uma série de episódios; encerra com a resolução
argumentos, e sim de esquematizar novas formas de textos, sendo estes desse conflito que permite, no estágio final, a recuperação do equilíbrio
diferentes. perdido.
A criação de um texto requer bem mais do que simplesmente a junção Todo conto tem ações centrais, núcleos narrativos, que estabelecem
de palavras a uma frase, requer algo mais que isto. É necessário ter na entre si uma relação causal. Entre estas ações, aparecem elementos de
escolha das palavras e do vocabulário o cuidado de se requisitá-las, bem recheio (secundários ou catalíticos), cuja função é manter o suspense.
como para se adotá-las. Um texto não é totalmente autoexplicativo, daí Tanto os núcleos como as ações secundárias colocam em cena persona-
vem a necessidade de que o leitor tenha um emassado em seu histórico gens que as cumprem em um determinado lugar e tempo. Para a apresen-
uma relação interdiscursiva e intertextual. tação das características destes personagens, assim como para as indica-
ções de lugar e tempo, apela-se a recursos descritivos.
As metáforas, metonímias, onomatopeias ou figuras de linguagem,
entram em ação inseridos num texto como um conjunto de estratégias Um recurso de uso frequente nos contos é a introdução do diálogo
capazes de contribuir para os efeitos persuasivos dele. A ironia também é das personagens, apresentado com os sinais gráficos correspondentes
muito utilizada para causar este efeito, umas de suas características (os travessões, para indicar a mudança de interlocutor).
salientes, é que a ironia dá ênfase à gozação, além de desvalorizar ideias,
A observação da coerência temporal permite ver se o autor mantém a
valores da oposição, tudo isto em forma de piada.
linha temporal ou prefere surpreender o leitor com rupturas de tempo na
Uma das últimas, porém, não menos importantes, formas de persuadir apresentação dos acontecimentos (saltos ao passado ou avanços ao
através de argumentos, é a Alusão ("Ler não é apenas reconhecer o dito, futuro).
mais também o não-dito"). Nela, o escritor trabalha com valores, ideias ou
conceitos pré-estabelecidos, sem, porém, com objetivos de forma clara e A demarcação do tempo aparece, geralmente, no parágrafo inicial. Os
concisa. O que acontece é a formação de um ambiente poético e sugerí- contos tradicionais apresentam fórmulas características de introdução de
vel, capaz de evocar nos leitores algo, digamos, uma sensação... temporalidade difusa: "Era uma vez...", "Certa vez...".
Texto Base: CITELLI, Adilson; “O Texto Argumentativo” São Paulo SP, Os tempos verbais desempenham um papel importante na construção
Editora .Scipione, 1994 - 6ª edição. e na interpretação dos contos. Os pretéritos imperfeitos e o perfeito pre-
dominam na narração, enquanto que o tempo presente aparece nas
descrições e nos diálogos.
Reconhecimento de tipos e gêneros textuais.
O pretérito imperfeito apresenta a ação em processo, cuja incidência
A todo o momento nos deparamos com vários textos, sejam eles chega ao momento da narração: "Rosário olhava timidamente seu preten-
verbais e não verbais. Em todos há a presença do discurso, isto é, a ideia dente, enquanto sua mãe, da sala, fazia comentários banais sobre a
intrínseca, a essência daquilo que está sendo transmitido entre os história familiar." O perfeito, ao contrário, apresenta as ações concluídas
interlocutores. no passado: "De repente, chegou o pai com suas botas sujas de barro,
olhou sua filha, depois o pretendente, e, sem dizer nada, entrou furioso na
Esses interlocutores são as peças principais em um diálogo ou em um sala".
texto escrito, pois nunca escrevemos para nós mesmos, nem mesmo
falamos sozinhos. A apresentação das personagens ajusta-se à estratégia da definibili-
dade: são introduzidas mediante uma construção nominal iniciada por um
É de fundamental importância sabermos classificar os textos dos artigo indefinido (ou elemento equivalente), que depois é substituído pelo
quais travamos convivência no nosso dia a dia. Para isso, precisamos definido, por um nome, um pronome, etc.: "Uma mulher muito bonita
saber que existem tipos textuais e gêneros textuais. entrou apressadamente na sala de embarque e olhou à volta, procurando
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um fato presenciado alguém impacientemente. A mulher parecia ter fugido de um filme român-
ou ocorrido conosco, expomos nossa opinião sobre determinado assunto, tico dos anos 40."
ou descrevemos algum lugar pelo qual visitamos, e ainda, fazemos um O narrador é uma figura criada pelo autor para apresentar os fatos
retrato verbal sobre alguém que acabamos de conhecer ou ver. que constituem o relato, é a voz que conta o que está acontecendo. Esta
É exatamente nestas situações corriqueiras que classificamos os voz pode ser de uma personagem, ou de uma testemunha que conta os
nossos textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e fatos na primeira pessoa ou, também, pode ser a voz de uma terceira
Dissertação. pessoa que não intervém nem como ator nem como testemunha.

Língua Portuguesa 4
APOSTILAS OPÇÃO
Além disso, o narrador pode adotar diferentes posições, diferentes Lembramos que, para medir o verso, devemos atender unicamente à
pontos de vista: pode conhecer somente o que está acontecendo, isto é, o distância sonora das sílabas. As sílabas fônicas apresentam algumas
que as personagens estão fazendo ou, ao contrário, saber de tudo: o que diferenças das sílabas ortográficas. Estas diferenças constituem as cha-
fazem, pensam, sentem as personagens, o que lhes aconteceu e o que madas licenças poéticas: a diérese, que permite separar os ditongos em
lhes acontecerá. Estes narradores que sabem tudo são chamados onisci- suas sílabas; a sinérese, que une em uma sílaba duas vogais que não
entes. constituem um ditongo; a sinalefa, que une em uma só sílaba a sílaba final
de uma palavra terminada em vogal, com a inicial de outra que inicie com
A Novela vogal ou h; o hiato, que anula a possibilidade da sinalefa. Os acentos
finais também incidem no levantamento das sílabas do verso. Se a última
É semelhante ao conto, mas tem mais personagens, maior número de palavra é paroxítona, não se altera o número de sílabas; se é oxítona,
complicações, passagens mais extensas com descrições e diálogos. As soma-se uma sílaba; se é proparoxítona, diminui-se uma.
personagens adquirem uma definição mais acabada, e as ações secundá-
rias podem chegar a adquirir tal relevância, de modo que terminam por A rima é uma característica distintiva, mas não obrigatória dos versos,
converter-se, em alguns textos, em unidades narrativas independentes. pois existem versos sem rima (os versos brancos ou soltos de uso fre-
quente na poesia moderna). A rima consiste na coincidência total ou
A Obra Teatral parcial dos últimos fonemas do verso.

Os textos literários que conhecemos como obras de teatro (dramas, Existem dois tipos de rimas: a consoante (coincidência total de vogais
tragédias, comédias, etc.) vão tecendo diferentes histórias, vão desenvol- e consoante a partir da última vogal acentuada) e a assonante (coincidên-
vendo diversos conflitos, mediante a interação linguística das persona- cia unicamente das vogais a partir da última vogal acentuada). A métrica
gens, quer dizer, através das conversações que têm lugar entre os partici- mais frequente dos versos vai desde duas até dezesseis sílabas. Os
pantes nas situações comunicativas registradas no mundo de ficção versos monossílabos não existem, já que, pelo acento, são considerados
construído pelo texto. dissílabos.

Nas obras teatrais, não existe um narrador que conta os fatos, mas As estrofes agrupam versos de igual medida e de duas medidas dife-
um leitor que vai conhecendo-os através dos diálogos e/ ou monólogos rentes combinadas regularmente. Estes agrupamentos vinculam-se à
das personagens. progressão temática do texto: com frequência, desenvolvem uma unidade
informativa vinculada ao tema central.
Devido à trama conversacional destes textos, torna-se possível en-
contrar neles vestígios de oralidade (que se manifestam na linguagem Os trabalhos dentro do paradigma e do sintagma, através dos meca-
espontânea das personagens, através de numerosas interjeições, de nismos de substituição e de combinação, respectivamente, culminam com
alterações da sintaxe normal, de digressões, de repetições, de dêiticos de a criação de metáforas, símbolos, configurações sugestionadoras de
lugar e tempo. Os sinais de interrogação, exclamação e sinais auxiliares vocábulos, metonímias, jogo de significados, associações livres e outros
servem para moldar as propostas e as réplicas e, ao mesmo tempo, recursos estilísticos que dão ambiguidade ao poema.
estabelecem os turnos de palavras.
TEXTOS JORNALÍSTICOS
As obras de teatro atingem toda sua potencialidade através da repre-
sentação cênica: elas são construídas para serem representadas. O Os textos denominados de textos jornalísticos, em função de seu por-
diretor e os atores orientam sua interpretação. tador (jornais, periódicos, revistas), mostram um claro predomínio da
função informativa da linguagem: trazem os fatos mais relevantes no
Estes textos são organizados em atos, que estabelecem a progressão momento em que acontecem. Esta adesão ao presente, esta primazia da
temática: desenvolvem uma unidade informativa relevante para cada atualidade, condena-os a uma vida efêmera. Propõem-se a difundir as
contato apresentado. Cada ato contém, por sua vez, diferentes cenas, novidades produzidas em diferentes partes do mundo, sobre os mais
determinadas pelas entradas e saídas das personagens e/ou por diferen- variados temas.
tes quadros, que correspondem a mudanças de cenografias.
De acordo com este propósito, são agrupados em diferentes seções:
Nas obras teatrais são incluídos textos de trama descritiva: são as informação nacional, informação internacional, informação local, socieda-
chamadas notações cênicas, através das quais o autor dá indicações aos de, economia, cultura, esportes, espetáculos e entretenimentos.
atores sobre a entonação e a gestualidade e caracteriza as diferentes
cenografias que considera pertinentes para o desenvolvimento da ação. A ordem de apresentação dessas seções, assim como a extensão e o
Estas notações apresentam com frequência orações unimembres e/ou tratamento dado aos textos que incluem, são indicadores importantes
bimembres de predicado não verbal. tanto da ideologia como da posição adotada pela publicação sobre o tema
abordado.
Os textos jornalísticos apresentam diferentes seções. As mais co-
O Poema
muns são as notícias, os artigos de opinião, as entrevistas, as reporta-
Texto literário, geralmente escrito em verso, com uma distribuição es- gens, as crônicas, as resenhas de espetáculos.
pacial muito particular: as linhas curtas e os agrupamentos em estrofe dão
A publicidade é um componente constante dos jornais e revistas, à
relevância aos espaços em branco; então, o texto emerge da página com
medida que permite o financiamento de suas edições. Mas os textos
uma silhueta especial que nos prepara para sermos introduzidos nos
publicitários aparecem não só nos periódicos como também em outros
misteriosos labirintos da linguagem figurada. Pede uma leitura em voz
meios amplamente conhecidos como os cartazes, folhetos, etc.; por isso,
alta, para captar o ritmo dos versos, e promove uma tarefa de abordagem
nos referiremos a eles em outro momento.
que pretende extrair a significação dos recursos estilísticos empregados
pelo poeta, quer seja para expressar seus sentimentos, suas emoções, Em geral, aceita-se que os textos jornalísticos, em qualquer uma de
sua versão da realidade, ou para criar atmosferas de mistério de surrea- suas seções, devem cumprir certos requisitos de apresentação, entre os
lismo, relatar epopeias (como nos romances tradicionais), ou, ainda, para quais destacamos: uma tipografia perfeitamente legível, uma diagramação
apresentar ensinamentos morais (como nas fábulas). cuidada, fotografias adequadas que sirvam para complementar a informa-
ção linguística, inclusão de gráficos ilustrativos que fundamentam as
O ritmo - este movimento regular e medido - que recorre ao valor so-
explicações do texto.
noro das palavras e às pausas para dar musicalidade ao poema, é parte
essencial do verso: o verso é uma unidade rítmica constituída por uma É pertinente observar como os textos jornalísticos distribuem-se na
série métrica de sílabas fônicas. A distribuição dos acentos das palavras publicação para melhor conhecer a ideologia da mesma. Fun-
que compõem os versos tem uma importância capital para o ritmo: a damentalmente, a primeira página, as páginas ímpares e o extremo supe-
musicalidade depende desta distribuição. rior das folhas dos jornais trazem as informações que se quer destacar.

Língua Portuguesa 5
APOSTILAS OPÇÃO
Esta localização antecipa ao leitor a importância que a publicação deu ao justificar esta tese; para encerrar, faz-se uma reafirmação da posição
conteúdo desses textos. adotada no início do texto.
O corpo da letra dos títulos também é um indicador a considerar sobre A efetividade do texto tem relação direta não só com a pertinência dos
a posição adotada pela redação. argumentos expostos como também com as estratégias discursivas usa-
das para persuadir o leitor. Entre estas estratégias, podemos encontrar as
A Notícia seguintes: as acusações claras aos oponentes, as ironias, as insinuações,
as digressões, as apelações à sensibilidade ou, ao contrário, a tomada de
Transmite uma nova informação sobre acontecimentos, objetos ou distância através do uso das construções impessoais, para dar objetivida-
pessoas. de e consenso à análise realizada; a retenção em recursos descritivos -
As notícias apresentam-se como unidades informativas completas, detalhados e precisos, ou em relatos em que as diferentes etapas de
que contêm todos os dados necessários para que o leitor compreenda a pesquisa estão bem especificadas com uma minuciosa enumeração das
informação, sem necessidade ou de recorrer a textos anteriores (por fontes da informação. Todos eles são recursos que servem para funda-
exemplo, não é necessário ter lido os jornais do dia anterior para interpre- mentar os argumentos usados na validade da tese.
tá-la), ou de ligá-la a outros textos contidos na mesma publicação ou em A progressão temática ocorre geralmente através de um esquema de
publicações similares. temas derivados. Cada argumento pode encerrar um tópico com seus
É comum que este texto use a técnica da pirâmide invertida: começa respectivos comentários.
pelo fato mais importante para finalizar com os detalhes. Consta de três Estes artigos, em virtude de sua intencionalidade informativa, apre-
partes claramente diferenciadas: o título, a introdução e o desenvolvimen- sentam uma preeminência de orações enunciativas, embora também
to. O título cumpre uma dupla função - sintetizar o tema central e atrair a incluam, com frequência, orações dubitativas e exortativas devido à sua
atenção do leitor. Os manuais de estilo dos jornais (por exemplo: do Jornal trama argumentativa. As primeiras servem para relativizar os alcances e o
El País, 1991) sugerem geralmente que os títulos não excedam treze valor da informação de base, o assunto em questão; as últimas, para
palavras. A introdução contém o principal da informação, sem chegar a ser convencer o leitor a aceitar suas premissas como verdadeiras. No decor-
um resumo de todo o texto. No desenvolvimento, incluem-se os detalhes rer destes artigos, opta-se por orações complexas que incluem proposi-
que não aparecem na introdução. ções causais para as fundamentações, consecutivas para dar ênfase aos
A notícia é redigida na terceira pessoa. O redator deve manter-se à efeitos, concessivas e condicionais.
margem do que conta, razão pela qual não é permitido o emprego da Para interpretar estes textos, é indispensável captar a postura
primeira pessoa do singular nem do plural. ideológica do autor, identificar os interesses a que serve e precisar sob
Isso implica que, além de omitir o eu ou o nós, também não deve re- que circunstâncias e com que propósito foi organizada a informação
correr aos possessivos (por exemplo, não se referirá à Argentina ou a exposta. Para cumprir os requisitos desta abordagem, necessitaremos
Buenos Aires com expressões tais como nosso país ou minha cidade). utilizar estratégias tais como a referência exofórica, a integração crítica
dos dados do texto com os recolhidos em outras fontes e a leitura atenta
Esse texto se caracteriza por sua exigência de objetividade e veraci- das entrelinhas a fim de converter em explícito o que está implícito.
dade: somente apresenta os dados. Quando o jornalista não consegue
comprovar de forma fidedigna os dados apresentados, costuma recorrer a Embora todo texto exija para sua interpretação o uso das estratégias
certas fórmulas para salvar sua responsabilidade: parece, não está des- mencionadas, é necessário recorrer a elas quando estivermos frente a um
cartado que. Quando o redator menciona o que foi dito por alguma fonte, texto de trama argumentativa, através do qual o autor procura que o leitor
recorre ao discurso direto, como, por exemplo: aceite ou avalie cenas, ideias ou crenças como verdadeiras ou falsas,
cenas e opiniões como positivas ou negativas.
O ministro afirmou: "O tema dos aposentados será tratado na Câmara
dos Deputados durante a próxima semana. A Reportagem

O estilo que corresponde a este tipo de texto é o formal. É uma variedade do texto jornalístico de trama conversacional que,
para informar sobre determinado tema, recorre ao testemunho de uma
Nesse tipo de texto, são empregados, principalmente, orações figura-chave para o conhecimento deste tópico.
enunciativas, breves, que respeitam a ordem sintática canônica. Apesar
das notícias preferencialmente utilizarem os verbos na voz ativa, também A conversação desenvolve-se entre um jornalista que representa a
é frequente o uso da voz passiva: Os delinquentes foram perseguidos pela publicação e um personagem cuja atividade suscita ou merece despertar a
polícia; e das formas impessoais: A perseguição aos delinquentes foi feita atenção dos leitores.
por um patrulheiro. A reportagem inclui uma sumária apresentação do entrevistado, reali-
A progressão temática das notícias gira em tomo das perguntas o zada com recursos descritivos, e, imediatamente, desenvolve o diálogo.
quê? quem? como? quando? por quê e para quê?. As perguntas são breves e concisas, à medida que estão orientadas para
divulgar as opiniões e ideias do entrevistado e não as do entrevistador.
O Artigo de Opinião
A Entrevista
Contém comentários, avaliações, expectativas sobre um tema da atu-
alidade que, por sua transcendência, no plano nacional ou internacional, já Da mesma forma que reportagem, configura-se preferentemente me-
é considerado, ou merece ser, objeto de debate. diante uma trama conversacional, mas combina com frequência este
tecido com fios argumentativos e descritivos. Admite, então, uma maior
Nessa categoria, incluem-se os editoriais, artigos de análise ou pes- liberdade, uma vez que não se ajusta estritamente à fórmula pergunta-
quisa e as colunas que levam o nome de seu autor. Os editoriais expres- resposta, mas detém-se em comentários e descrições sobre o entrevista-
sam a posição adotada pelo jornal ou revista em concordância com sua do e transcreve somente alguns fragmentos do diálogo, indicando com
ideologia, enquanto que os artigos assinados e as colunas transmitem as travessões a mudança de interlocutor. É permitido apresentar uma intro-
opiniões de seus redatores, o que pode nos levar a encontrar, muitas dução extensa com os aspectos mais significativos da conversação manti-
vezes, opiniões divergentes e até antagônicas em uma mesma página. da, e as perguntas podem ser acompanhadas de comentários, confirma-
ções ou refutações sobre as declarações do entrevistado.
Embora estes textos possam ter distintas superestruturas, em geral se
organizam seguindo uma linha argumentativa que se inicia com a identifi- Por tratar-se de um texto jornalístico, a entrevista deve necessa-
cação do tema em questão, acompanhado de seus antecedentes e alcan- riamente incluir um tema atual, ou com incidência na atualidade, embora a
ce, e que segue com uma tomada de posição, isto é, com a formulação de conversação possa derivar para outros temas, o que ocasiona que muitas
uma tese; depois, apresentam-se os diferentes argumentos de forma a

Língua Portuguesa 6
APOSTILAS OPÇÃO
destas entrevistas se ajustem a uma progressão temática linear ou a O tema-base (introdução) e sua expansão descritiva - categorias bá-
temas derivados. sicas da estrutura da definição - distribuem-se espacialmente em blocos,
nos quais diferentes informações costumam ser codificadas através de
Como ocorre em qualquer texto de trama conversacional, não existe tipografias diferentes (negrito para o vocabulário a definir; itálico para as
uma garantia de diálogo verdadeiro; uma vez que se pode respeitar a vez etimologias, etc.). Os diversos significados aparecem demarcados em
de quem fala, a progressão temática não se ajusta ao jogo argumentativo bloco mediante barras paralelas e /ou números.
de propostas e de réplicas.
Prorrogar (Do Jat. prorrogare) V.t.d. l. Continuar, dilatar, estender
uma coisa por um período determinado. 112. Ampliar, prolongar 113.
Fazer continuar em exercício; adiar o término de.
TEXTOS DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA
Esta categoria inclui textos cujos conteúdos provêm do campo das ci-
ências em geral. Os referentes dos textos que vamos desenvolver situam- A Nota de Enciclopédia
se tanto nas Ciências Sociais como nas Ciências Naturais.
Apresenta, como a definição, um tema-base e uma expansão de tra-
Apesar das diferenças existentes entre os métodos de pesquisa des- ma descritiva; porém, diferencia-se da definição pela organização e pela
tas ciências, os textos têm algumas características que são comuns a amplitude desta expansão.
todas suas variedades: neles predominam, como em todos os textos
informativos, as orações enunciativas de estrutura bimembre e prefere-se A progressão temática mais comum nas notas de enciclopédia é a de
a ordem sintática canônica (sujeito-verbo-predicado). temas derivados: os comentários que se referem ao tema-base constitu-
em-se, por sua vez, em temas de distintos parágrafos demarcados por
Incluem frases claras, em que não há ambiguidade sintática ou se- subtítulos. Por exemplo, no tema República Argentina, podemos encontrar
mântica, e levam em consideração o significado mais conhecido, mais os temas derivados: traços geológicos, relevo, clima, hidrografia, biogeo-
difundido das palavras. grafia, população, cidades, economia, comunicação, transportes, cultura,
O vocabulário é preciso. Geralmente, estes textos não incluem vocá- etc.
bulos a que possam ser atribuídos em multiplicidade de significados, isto Estes textos empregam, com frequência, esquemas taxionômicos,
é, evitam os termos polissêmicos e, quando isso não é possível, estabele- nos quais os elementos se agrupam em classes inclusivas e incluídas. Por
cem mediante definições operatórias o significado que deve ser atribuído exemplo: descreve-se "mamífero" como membro da classe dos vertebra-
ao termo polissêmico nesse contexto. dos; depois, são apresentados os traços distintivos de suas diversas
variedades: terrestres e aquáticos.
A Definição
Uma vez que nestas notas há predomínio da função informativa da
Expande o significado de um termo mediante uma trama descritiva, linguagem, a expansão é construída sobre a base da descrição científica,
que determina de forma clara e precisa as características genéricas e que responde às exigências de concisão e de precisão.
diferenciais do objeto ao qual se refere.
As características inerentes aos objetos apresentados aparecem atra-
Essa descrição contém uma configuração de elementos que se rela- vés de adjetivos descritivos - peixe de cor amarelada escura, com man-
cionam semanticamente com o termo a definir através de um processo de chas pretas no dorso, e parte inferior prateada, cabeça quase cônica,
sinonímia. olhos muito juntos, boca oblíqua e duas aletas dorsais - que ampliam a
Recordemos a definição clássica de "homem", porque é o exemplo base informativa dos substantivos e, como é possível observar em nosso
por excelência da definição lógica, uma das construções mais generaliza- exemplo, agregam qualidades próprias daquilo a que se referem.
das dentro deste tipo de texto: O homem é um animal racional. A expan- O uso do presente marca a temporalidade da descrição, em cujo teci-
são do termo "homem" - "animal racional" - apresenta o gênero a que do predominam os verbos estáticos - apresentar, mostrar, ter, etc. - e os
pertence, "animal", e a diferença específica, "racional": a racionalidade é o de ligação - ser, estar, parecer, etc.
traço que nos permite diferenciar a espécie humana dentro do gênero
animal. O Relato de Experimentos
Usualmente, as definições incluídas nos dicionários, seus portadores Contém a descrição detalhada de um projeto que consiste em
mais qualificados, apresentam os traços essenciais daqueles a que se manipular o ambiente para obter uma nova informação, ou seja, são textos
referem: Fiscis (do lat. piscis). s.p.m. Astron. Duodécimo e último signo ou que descrevem experimentos.
parte do Zodíaco, de 30° de amplitude, que o Sol percorre aparentemente
antes de terminar o inverno. O ponto de partida destes experimentos é algo que se deseja saber,
mas que não se pode encontrar observando as coisas tais como estão; é
Como podemos observar nessa definição extraída do Dicionário de La necessário, então, estabelecer algumas condições, criar certas situações
Real Academia Espa1ioJa (RAE, 1982), o significado de um tema base ou para concluir a observação e extrair conclusões. Muda-se algo para cons-
introdução desenvolve-se através de uma descrição que contém seus tatar o que acontece. Por exemplo, se se deseja saber em que condições
traços mais relevantes, expressa, com frequência, através de orações uma planta de determinada espécie cresce mais rapidamente, pode-se
unimembres, constituídos por construções endocêntricas (em nosso colocar suas sementes em diferentes recipientes sob diferentes condições
exemplo temos uma construção endocêntrica substantiva - o núcleo é um de luminosidade; em diferentes lugares, areia, terra, água; com diferentes
substantivo rodeado de modificadores "duodécimo e último signo ou parte fertilizantes orgânicos, químicos etc., para observar e precisar em que
do Zodíaco, de 30° de amplitude..."), que incorporam maior informação circunstâncias obtém-se um melhor crescimento.
mediante proposições subordinadas adjetivas: "que o Sol percorre aparen-
temente antes de terminar o inverno". A macroestrutura desses relatos contém, primordialmente, duas cate-
gorias: uma corresponde às condições em que o experimento se realiza,
As definições contêm, também, informações complementares relacio- isto é, ao registro da situação de experimentação; a outra, ao processo
nadas, por exemplo, com a ciência ou com a disciplina em cujo léxico se observado.
inclui o termo a definir (Piscis: Astron.); a origem etimológica do vocábulo
("do lat. piscis"); a sua classificação gramatical (s.p.m.), etc. Nesses textos, então, são utilizadas com frequência orações que co-
meçam com se (condicionais) e com quando (condicional temporal):
Essas informações complementares contêm frequentemente
abreviaturas, cujo significado aparece nas primeiras páginas do Dicionário: Se coloco a semente em um composto de areia, terra preta, húmus, a
Lat., Latim; Astron., Astronomia; s.p.m., substantivo próprio masculino, etc. planta crescerá mais rápido.

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APOSTILAS OPÇÃO
Quando rego as plantas duas vezes ao dia, os talos começam a os enunciados das fontes como para incorporar os comentários e opiniões
mostrar manchas marrons devido ao excesso de umidade. do emissor.
Estes relatos adotam uma trama descritiva de processo. A variável Se o propósito da monografia é somente organizar os dados que o
tempo aparece através de numerais ordinais: Em uma primeira etapa, é autor recolheu sobre o tema de acordo com um determinado critério de
possível observar... em uma segunda etapa, aparecem os primeiros brotos classificação explícito (por exemplo, organizar os dados em tomo do tipo
...; de advérbios ou de locuções adverbiais: Jogo, antes de, depois de, no de fonte consultada), sua efetividade dependerá da coerência existente
mesmo momento que, etc., dado que a variável temporal é um componen- entre os dados apresentados e o princípio de classificação adotado.
te essencial de todo processo. O texto enfatiza os aspectos descritivos,
apresenta as características dos elementos, os traços distintivos de cada Se a monografia pretende justificar uma opinião ou validar uma hipó-
uma das etapas do processo. tese, sua efetividade, então, dependerá da confiabilidade e veracidade das
fontes consultadas, da consistência lógica dos argumentos e da coerência
O relato pode estar redigido de forma impessoal: coloca-se, colocado estabelecida entre os fatos e a conclusão.
em um recipiente ... Jogo se observa/foi observado que, etc., ou na primei-
ra pessoa do singular, coloco/coloquei em um recipiente ... Jogo obser- Estes textos podem ajustar-se a diferentes esquemas lógicos do tipo
vo/observei que ... etc., ou do plural: colocamos em um recipiente... Jogo problema /solução, premissas /conclusão, causas / efeitos.
observamos que... etc. O uso do impessoal enfatiza a distância existente Os conectores lógicos oracionais e extra oracionais são marcas lin-
entre o experimentador e o experimento, enquanto que a primeira pessoa, guísticas relevantes para analisar as distintas relações que se estabele-
do plural e do singular enfatiza o compromisso de ambos. cem entre os dados e para avaliar sua coerência.

A Monografia A Biografia
Este tipo de texto privilegia a análise e a crítica; a informação sobre É uma narração feita por alguém acerca da vida de outra(s)
um determinado tema é recolhida em diferentes fontes. pessoa(s). Quando o autor conta sua própria vida, considera-se uma
Os textos monográficos não necessariamente devem ser realizados autobiografia.
com base em consultas bibliográficas, uma vez que é possível terem como Estes textos são empregados com frequência na escola, para apre-
fonte, por exemplo, o testemunho dos protagonistas dos fatos, testemu- sentar ou a vida ou algumas etapas decisivas da existência de persona-
nhos qualificados ou de especialistas no tema. gens cuja ação foi qualificada como relevante na história.
As monografias exigem uma seleção rigorosa e uma organização coe- Os dados biográficos ordenam-se, em geral, cronologicamente, e, da-
rente dos dados recolhidos. A seleção e organização dos dados servem do que a temporalidade é uma variável essencial do tecido das biografias,
como indicador do propósito que orientou o trabalho. Se pretendemos, por em sua construção, predominam recursos linguísticos que asseguram a
exemplo, mostrar que as fontes consultadas nos permitem sustentar que conectividade temporal: advérbios, construções de valor semântico adver-
os aspectos positivos da gestão governamental de um determinado per- bial (Seus cinco primeiros anos transcorreram na tranquila segurança de
sonagem histórico têm maior relevância e valor do que os aspectos nega- sua cidade natal Depois, mudou-se com a família para La Prata), proposi-
tivos, teremos de apresentar e de categorizar os dados obtidos de tal ções temporais (Quando se introduzia obsessivamente nos tortuosos
forma que esta valorização fique explícita. caminhos da novela, seus estudos de física ajudavam-no a reinstalar-se
Nas monografias, é indispensável determinar, no primeiro parágrafo, o na realidade), etc.
tema a ser tratado, para abrir espaço à cooperação ativa do leitor que, A veracidade que exigem os textos de informação científica mani-
conjugando seus conhecimentos prévios e seus propósitos de leitura, fará festa-se nas biografias através das citações textuais das fontes dos dados
as primeiras antecipações sobre a informação que espera encontrar e apresentados, enquanto a ótica do autor é expressa na seleção e no modo
formulará as hipóteses que guiarão sua leitura. Uma vez determinado o de apresentação destes dados. Pode-se empregar a técnica de acumula-
tema, estes textos transcrevem, mediante o uso da técnica de resumo, o ção simples de dados organizados cronologicamente, ou cada um destes
que cada uma das fontes consultadas sustenta sobre o tema, as quais dados pode aparecer acompanhado pelas valorações do autor, de acordo
estarão listadas nas referências bibliográficas, de acordo com as normas com a importância que a eles atribui.
que regem a apresentação da bibliografia.
Atualmente, há grande difusão das chamadas "biografias não -
O trabalho intertextual (incorporação de textos de outros no tecido do autorizadas" de personagens da política, ou do mundo da Arte. Uma
texto que estamos elaborando) manifesta-se nas monografias através de característica que parece ser comum nestas biografias é a inten-
construções de discurso direto ou de discurso indireto. cionalidade de revelar a personagem através de uma profusa acumulação
Nas primeiras, incorpora-se o enunciado de outro autor, sem modifi- de aspectos negativos, especialmente aqueles que se relacionam a defei-
cações, tal como foi produzido. Ricardo Ortiz declara: "O processo da tos ou a vícios altamente reprovados pela opinião pública.
economia dirigida conduziu a uma centralização na Capital Federal de
toda tramitação referente ao comércio exterior'] Os dois pontos que pre-
nunciam a palavra de outro, as aspas que servem para demarcá-la, os TEXTOS INSTRUCIONAIS
traços que incluem o nome do autor do texto citado, 'o processo da eco-
nomia dirigida - declara Ricardo Ortiz - conduziu a uma centralização...') Estes textos dão orientações precisas para a realização das mais di-
são alguns dos sinais que distinguem frequentemente o discurso direto. versas atividades, como jogar, preparar uma comida, cuidar de plantas ou
animais domésticos, usar um aparelho eletrônico, consertar um carro, etc.
Quando se recorre ao discurso indireto, relata-se o que foi dito por ou- Dentro desta categoria, encontramos desde as mais simples receitas
tro, em vez de transcrever textualmente, com a inclusão de elementos culinárias até os complexos manuais de instrução para montar o motor de
subordinadores e dependendo do caso - as conseguintes modificações, um avião. Existem numerosas variedades de textos instrucionais: além de
pronomes pessoais, tempos verbais, advérbios, sinais de pontuação, receitas e manuais, estão os regulamentos, estatutos, contratos, instru-
sinais auxiliares, etc. ções, etc. Mas todos eles, independente de sua complexidade, comparti-
Discurso direto: ‘Ás raízes de meu pensamento – afirmou Echeverría - lham da função apelativa, à medida que prescrevem ações e empregam a
nutrem-se do liberalismo’ trama descritiva para representar o processo a ser seguido na tarefa
empreendida.
Discurso indireto: 'Écheverría afirmou que as raízes de seu
pensamento nutriam -se do liberalismo' A construção de muitos destes textos ajusta-se a modelos convencio-
nais cunhados institucionalmente. Por exemplo, em nossa comunidade,
Os textos monográficos recorrem, com frequência, aos verbos dis- estão amplamente difundidos os modelos de regulamentos de coproprie-
cendi (dizer, expressar, declarar, afirmar, opinar, etc.), tanto para introduzir dade; então, qualquer pessoa que se encarrega da redação de um texto
Língua Portuguesa 8
APOSTILAS OPÇÃO
deste tipo recorre ao modelo e somente altera os dados de identificação A Carta
para introduzir, se necessário, algumas modificações parciais nos direitos
e deveres das partes envolvidas. As cartas podem ser construídas com diferentes tramas (narrativa e
argumentativa), em tomo das diferentes funções da linguagem (informati-
Em nosso cotidiano, deparamo-nos constantemente com textos ins- va, expressiva e apelativa).
trucionais, que nos ajudam a usar corretamente tanto um processador de
Referimo-nos aqui, em particular, às cartas familiares e amistosas, is-
alimentos como um computador; a fazer uma comida saborosa, ou a
to é, aqueles escritos através dos quais o autor conta a um parente ou a
seguir uma dieta para emagrecer. A habilidade alcançada no domínio
um amigo eventos particulares de sua vida. Estas cartas contêm aconte-
destes textos incide diretamente em nossa atividade concreta. Seu em-
cimentos, sentimentos, emoções, experimentados por um emissor que
prego frequente e sua utilidade imediata justificam o trabalho escolar de
percebe o receptor como ‘cúmplice’, ou seja, como um destinatário com-
abordagem e de produção de algumas de suas variedades, como as
prometido afetivamente nessa situação de comunicação e, portanto, capaz
receitas e as instruções.
de extrair a dimensão expressiva da mensagem.
As Receitas e as Instruções Uma vez que se trata de um diálogo à distância com um receptor co-
nhecido, opta-se por um estilo espontâneo e informal, que deixa transpa-
Referimo-nos às receitas culinárias e aos textos que trazem instru- recer marcas da oralidade: frases inconclusas, nas quais as reticências
ções para organizar um jogo, realizar um experimento, construir um artefa- habilitam múltiplas interpretações do receptor na tentativa de concluí-las;
to, fabricar um móvel, consertar um objeto, etc. perguntas que procuram suas respostas nos destinatários; perguntas que
Estes textos têm duas partes que se distinguem geralmente a partir encerram em si suas próprias respostas (perguntas retóricas); pontos de
da especialização: uma, contém listas de elementos a serem utilizados exclamação que expressam a ênfase que o emissor dá a determinadas
(lista de ingredientes das receitas, materiais que são manipulados no expressões que refletem suas alegrias, suas preocupações, suas dúvidas.
experimento, ferramentas para consertar algo, diferentes partes de um Estes textos reúnem em si as diferentes classes de orações. As
aparelho, etc.), a outra, desenvolve as instruções. enunciativas, que aparecem nos fragmentos informativos, alternam-se
com as dubitativas, desiderativas, interrogativas, exclamativas, para
As listas, que são similares em sua construção às que usamos habi-
manifestar a subjetividade do autor. Esta subjetividade determina também
tualmente para fazer as compras, apresentam substantivos concretos
o uso de diminutivos e aumentativos, a presença frequente de adjetivos
acompanhados de numerais (cardinais, partitivos e múltiplos).
qualificativos, a ambiguidade lexical e sintática, as repetições, as interjei-
As instruções configuram-se, habitualmente, com orações bimembres, ções.
com verbos no modo imperativo (misture a farinha com o fermento), ou
orações unimembres formadas por construções com o verbo no infinitivo A Solicitação
(misturar a farinha com o açúcar).
É dirigida a um receptor que, nessa situação comunicativa estabeleci-
Tanto os verbos nos modos imperativo, subjuntivo e indicativo como da pela carta, está revestido de autoridade à medida que possui algo ou
as construções com formas nominais gerúndio, particípio, infinitivo apare- tem a possibilidade de outorgar algo que é considerado valioso pelo
cem acompanhados por advérbios palavras ou por locuções adverbiais emissor: um emprego, uma vaga em uma escola, etc.
que expressam o modo como devem ser realizadas determinadas ações
(separe cuidadosamente as claras das gemas, ou separe com muito Esta assimetria entre autor e leitor um que pede e outro que pode ce-
cuidado as claras das gemas). Os propósitos dessas ações aparecem der ou não ao pedido, — obriga o primeiro a optar por um estilo formal,
estruturados visando a um objetivo (mexa lentamente para diluir o conteú- que recorre ao uso de fórmulas de cortesia já estabelecidas con-
do do pacote em água fria), ou com valor temporal final (bata o creme com vencionalmente para a abertura e encerramento (atenciosamente .com
as claras até que fique numa consistência espessa). Nestes textos inclui- votos de estima e consideração . . . / despeço-me de vós respeitosamente.
se, com frequência, o tempo do receptor através do uso das dêixis de . / Saúdo-vos com o maior respeito), e às frases feitas com que se iniciam
lugar e de tempo: Aqui, deve acrescentar uma gema. Agora, poderá mexer e encerram-se estes textos (Dirijo-me a vós a fim de solicitar-lhe que ... O
novamente. Neste momento, terá que correr rapidamente até o lado abaixo-assinado, Antônio Gonzalez, D.NJ. 32.107 232, dirigi-se ao Senhor
oposto da cancha. Aqui pode intervir outro membro da equipe. Diretor do Instituto Politécnico a fim de solicitar-lhe...)
As solicitações podem ser redigidas na primeira ou terceira pessoa do
singular. As que são redigidas na primeira pessoa introduzem o emissor
através da assinatura, enquanto que as redigidas na terceira pessoa
TEXTOS EPISTOLARES identificam-no no corpo do texto (O abaixo assinado, Juan Antônio Pérez,
Os textos epistolares procuram estabelecer uma comunicação por es- dirige-se a...).
crito com um destinatário ausente, identificado no texto através do cabeça- A progressão temática dá-se através de dois núcleos informativos: o
lho. Pode tratar-se de um indivíduo (um amigo, um parente, o gerente de primeiro determina o que o solicitante pretende; o segundo, as condições
uma empresa, o diretor de um colégio), ou de um conjunto de indivíduos que reúne para alcançar aquilo que pretende. Estes núcleos, demarcados
designados de forma coletiva (conselho editorial, junta diretora). por frases feitas de abertura e encerramento, podem aparecer invertidos
Estes textos reconhecem como portador este pedaço de papel que, em algumas solicitações, quando o solicitante quer enfatizar suas condi-
de forma metonímica, denomina-se carta, convite ou solicitação, depen- ções; por isso, as situa em um lugar preferencial para dar maior força à
dendo das características contidas no texto. sua apelação.
Essas solicitações, embora cumpram uma função apelativa, mostram
Apresentam uma estrutura que se reflete claramente em sua organi- um amplo predomínio das orações enunciativas complexas, com inclusão
zação espacial, cujos componentes são os seguintes: cabeçalho, que tanto de proposições causais, consecutivas e condicionais, que permitem
estabelece o lugar e o tempo da produção, os dados do destinatário e a desenvolver fundamentações, condicionamentos e efeitos a alcançar,
forma de tratamento empregada para estabelecer o contato: o corpo, parte como de construções de infinitivo ou de gerúndio: para alcançar essa
do texto em que se desenvolve a mensagem, e a despedida, que inclui a posição, o solicitante lhe apresenta os seguintes antecedentes... (o infiniti-
saudação e a assinatura, através da qual se introduz o autor no texto. O vo salienta os fins a que se persegue), ou alcançando a posição de... (o
grau de familiaridade existente entre emissor e destinatário é o princípio gerúndio enfatiza os antecedentes que legitimam o pedido).
que orienta a escolha do estilo: se o texto é dirigido a um familiar ou a um
amigo, opta-se por um estilo informal; caso contrário, se o destinatário é A argumentação destas solicitações institucionalizaram-se de tal ma-
desconhecido ou ocupa o nível superior em uma relação assimétrica neira que aparece contida nas instruções de formulários de emprego, de
(empregador em relação ao empregado, diretor em relação ao aluno, etc.), solicitação de bolsas de estudo, etc.
impõe-se o estilo formal. Texto extraído de: ESCOLA, LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS, Ana Maria
Kaufman, Artes Médicas, Porto Alegre, RS.

Língua Portuguesa 9
APOSTILAS OPÇÃO
Nessas palavras, m e n indicam a nasalização das vogais que as an-
tecedem.
Fonética e fonologia: fonemas, vogais, Veja ainda:
consoantes e semivogais; encontros nave: o /n/ é um fonema;
vocálicos, consonantais e dígrafos, dança: o n não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita
classificação das palavras quanto à pelas letras a e n.
sílaba tônica, paronímia e homonímia;
ortoépia e prosódia.
6) A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.
Exemplos:
FONEMA hoje fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono ( "som, 1 2 3 1234
voz") e log, logia ( "estudo", "conhecimento") . Significa literalmente " Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php
estudo dos sons" ou "estudo dos sons da voz". O homem, ao falar, emite Vogais
sons. Cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar esses sons no
ato da fala. Essas particularidades na pronúncia de cada falante são As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar
estudadas pela Fonética. que passa livremente pela boca. Em nossa língua, desempenham o papel
de núcleo das sílabas. Assim, isso significa que em toda sílaba há neces-
Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta- sariamente uma única vogal.
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos
exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção entre os pares de
palavras: Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entreaberta. As vogais
amor - ator podem ser:
morro - corro a) Orais: quando o ar sai apenas pela boca.
vento - cento Por Exemplo:
Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que /a/, /e/, /i/, /o/, /u/.
está em sua memória: a imagem acústica que você, como falante de
português, guarda de cada um deles. É essa imagem acústica, esse
referencial de padrão sonoro, que constitui o fonema. Os fonemas formam b) Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparecem represen- Por Exemplo:
tados entre barras. Assim: /m/, /b/, /a/, /v/, etc. /ã/: fã, canto, tampa
/ /: dente, tempero
Fonema e Letra / /: lindo, mim
1) O fonema não deve ser confundido com a letra. Na língua escrita, /õ/ bonde, tombo
representamos os fonemas por meio de sinais chamados letras. Portanto,
/ / nunca, algum
letra é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por exemplo,
a letra s representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra s
representa o fonema /z/ (lê-se zê). c) Átonas: pronunciadas com menor intensidade.
Por Exemplo:
2) Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de até, bola
uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que pode ser representado
pelas letras z, s, x:
d)Tônicas: pronunciadas com maior intensidade.
Exemplos:
Por Exemplo:
zebra
casamento até, bola
exílio
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
3) Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fo- Abertas
nema. A letra x, por exemplo, pode representar:
Exemplos:
- o fonema sê: texto
pé, lata, pó
- o fonema zê: exibir
Fechadas
- o fonema chê: enxame
Exemplos:
- o grupo de sons ks: táxi
mês, luta, amor
4) O número de letras nem sempre coincide com o número de fone-
mas. Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das palavras.
Exemplos: Exemplos:
tóxico fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o dedo, ave, gente
1234567 123456
galho fonemas: /g/a/lh/o/ letras: g a l h o Quanto à zona de articulação:
12 3 4 12345 Anteriores ou Palatais - A língua eleva-se em direção ao palato
duro (céu da boca).
5) As letras m e n, em determinadas palavras, não representam fo- Exemplos:
nemas. Observe os exemplos: é, ê, i
compra Posteriores ou Velares - A língua eleva-se em direção ao palato mo-
conta le (véu palatino).

Língua Portuguesa 10
APOSTILAS OPÇÃO
Exemplos: É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que pertencem a
ó, ô, u sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais de uma vogal numa sílaba.
Por Exemplo:
Médias - A língua fica baixa, quase em repouso.
saída (sa-í-da)
Por Exemplo:
poesia (po-e-si-a)
a
Encontros Consonantais
2) Semivogais O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal intermediá-
Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. Aparecem apoi- ria, recebe o nome de encontro consonantal.Existem basicamente dois
ados em uma vogal, formando com ela uma só emissão de voz (uma tipos:
sílaba). Nesse caso, esses fonemas são chamados de semivogais. A - os que resultam do contato consoante + l ou r e ocorrem numa
diferença fundamental entre vogais e semivogais está no fato de que estas mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no, a-tle-ta, cri-se...
últimas não desempenham o papel de núcleo silábico.
- os que resultam do contato de duas consoantes pertencentes a síla-
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: pa-pai. Na bas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta...
última sílaba, o fonema vocálico que se destaca é o a. Ele é a vogal. O
outro fonema vocálico i não é tão forte quanto ele. É a semivogal. Há ainda grupos consonantais que surgem no início dos vocábulos;
são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,psi-có-lo-go...
Outros exemplos: Dígrafos
saudade, história, série. De maneira geral, cada fonema é representado, na escrita, por ape-
Obs.: os fonemas /i/ e /u/ podem aparecer representados na es- nas uma letra.
crita por" e", "o" ou "m". Por Exemplo:
Veja: lixo - Possui quatro fonemas e quatro letras.
pães / pãis mão / mãu/ cem /c i/ Há, no entanto, fonemas que são representados, na escrita, por duas
letras.
3) Consoantes Por Exemplo:
Para a produção das consoantes, a corrente de ar expirada pelos bicho - Possui quatro fonemas e cinco letras.
pulmões encontra obstáculos ao passar pela cavidade bucal. Isso faz com Na palavra acima, para representar o fonema | xe| foram utilizadas
que as consoantes sejam verdadeiros "ruídos", incapazes de atuar como duas letras: o c e o h.
núcleos silábicos. Seu nome provém justamente desse fato, pois, em Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para repre-
português, sempre consoam ("soam com") as vogais. sentar um único fonema (di = dois + grafo = letra). Em nossa língua, há
Exemplos: um número razoável de dígrafos que convém conhecer. Podemos agrupá-
/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc. los em dois tipos: consonantais e vocálicos.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono2.php
Dígrafos Consonantais
Encontros Vocálicos Letras Fonemas Exemplos
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, lh lhe telhado
sem consoantes intermediárias. É importante reconhecê-los para dividir nh nhe marinheiro
corretamente os vocábulos em sílabas. Existem três tipos de encontros: o
ch xe chave
ditongo, otritongo e o hiato.
rr Re (no interior da palavra) carro
1) Ditongo
ss se (no interior da palavra) passo
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) numa
mesma sílaba. Pode ser: qu que (seguido de e e i) queijo, quiabo
a) Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal. gu gue (seguido de e e i) guerra, guia
Por Exemplo: sc se crescer
sç se desço
sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
xc se exceção
b) Decrescente: quando a vogal vem antes da semivogal.
Por Exemplo:
Dígrafos Vocálicos: registram-se na representação das vogais
pai (a = vogal, i = semivogal)
nasais.
c) Oral: quando o ar sai apenas pela boca.
Fonemas Letras Exemplos
Exemplos:
ã am tampa
pai, série
an canto
d) Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais.
Por Exemplo: em templo
mãe en lenda
2) Tritongo im limpo
É a sequência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivo- in lindo
gal, sempre nessa ordem, numa só sílaba. Pode ser oral ou nasal. õ om tombo
Exemplos: on tonto
Paraguai - Tritongo oral um chumbo
quão - Tritongo nasal un corcunda
3) Hiato Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono4.php

Língua Portuguesa 11
APOSTILAS OPÇÃO
Separação Silabica
Não se separam as letras que formam os dígrafos CH, NH, LH, QU,
GU.
1- chave: cha-ve Ortografia, Acentuação gráfica
aquele: a-que-le
palha: pa-lha
manhã: ma-nhã As dificuldades para a ortografia devem-se ao fato de que há fonemas
guizo: gui-zo que podem ser representados por mais de uma letra, o que não é feito de
modo arbitrário, mas fundamentado na história da língua.
Não se separam as letras dos encontros consonantais que apresen-
tam a seguinte formação: consoante + L ou consoante + R Eis algumas observações úteis:
2- emblema: em-ble-ma abraço: a-bra-ço DISTINÇÃO ENTRE J E G
reclamar: re-cla-mar recrutar: re-cru-tar 1. Escrevem-se com J:
flagelo: fla-ge-lo drama: dra-ma a) As palavras de origem árabe, africana ou ameríndia: canjica. cafajes-
globo: glo-bo fraco: fra-co te, canjerê, pajé, etc.
implicar: im-pli-car agrado: a-gra-do b) As palavras derivadas de outras que já têm j: laranjal (laranja), enrije-
atleta: a-tle-ta atraso: a-tra-so cer, (rijo), anjinho (anjo), granjear (granja), etc.
prato: pra-to c) As formas dos verbos que têm o infinitivo em JAR. despejar: despejei,
despeje; arranjar: arranjei, arranje; viajar: viajei, viajeis.
Separam-se as letras dos dígrafos RR, SS, SC, SÇ, XC. d) O final AJE: laje, traje, ultraje, etc.
3- correr: cor-rer desçam: des-çam e) Algumas formas dos verbos terminados em GER e GIR, os quais
passar: pas-sar exceto: ex-ce-to mudam o G em J antes de A e O: reger: rejo, reja; dirigir: dirijo, dirija.
fascinar: fas-ci-nar
2. Escrevem-se com G:
Não se separam as letras que representam um ditongo. a) O final dos substantivos AGEM, IGEM, UGEM: coragem, vertigem,
4- mistério: mis-té-rio herdeiro: her-dei-ro ferrugem, etc.
cárie: cá-rie b) Exceções: pajem, lambujem. Os finais: ÁGIO, ÉGIO, ÓGIO e ÍGIO:
estágio, egrégio, relógio refúgio, prodígio, etc.
Separam-se as letras que representam um hiato. c) Os verbos em GER e GIR: fugir, mugir, fingir.
5- saúde: sa-ú-de cruel: cru-el
rainha: ra-i-nha enjoo: en-jo-o DISTINÇÃO ENTRE S E Z
1. Escrevem-se com S:
Não se separam as letras que representam um tritongo. a) O sufixo OSO: cremoso (creme + oso), leitoso, vaidoso, etc.
6- Paraguai: Pa-ra-guai b) O sufixo ÊS e a forma feminina ESA, formadores dos adjetivos pátrios
saguão: sa-guão ou que indicam profissão, título honorífico, posição social, etc.: portu-
guês – portuguesa, camponês – camponesa, marquês – marquesa,
Consoante não seguida de vogal, no interior da palavra, fica na sílaba burguês – burguesa, montês, pedrês, princesa, etc.
que a antecede. c) O sufixo ISA. sacerdotisa, poetisa, diaconisa, etc.
7- torna: tor-na núpcias: núp-cias d) Os finais ASE, ESE, ISE e OSE, na grande maioria se o vocábulo for
técnica: téc-ni-ca submeter: sub-me-ter erudito ou de aplicação científica, não haverá dúvida, hipótese, exe-
absoluto: ab-so-lu-to perspicaz: pers-pi-caz gese análise, trombose, etc.
e) As palavras nas quais o S aparece depois de ditongos: coisa, Neusa,
Consoante não seguida de vogal, no início da palavra, junta-se à síla- causa.
ba que a segue f) O sufixo ISAR dos verbos referentes a substantivos cujo radical
8- pneumático: pneu-má-ti-co termina em S: pesquisar (pesquisa), analisar (análise), avisar (aviso),
gnomo: gno-mo etc.
psicologia: psi-co-lo-gia g) Quando for possível a correlação ND - NS: escandir: escansão;
pretender: pretensão; repreender: repreensão, etc.
No grupo BL, às vezes cada consoante é pronunciada separadamen-
te, mantendo sua autonomia fonética. Nesse caso, tais consoantes ficam 2. Escrevem-se em Z.
em sílabas separadas. a) O sufixo IZAR, de origem grega, nos verbos e nas palavras que têm o
mesmo radical. Civilizar: civilização, civilizado; organizar: organização,
9- sublingual: sub-lin-gual organizado; realizar: realização, realizado, etc.
sublinhar: sub-li-nhar b) Os sufixos EZ e EZA formadores de substantivos abstratos derivados
sublocar: sub-lo-car de adjetivos limpidez (limpo), pobreza (pobre), rigidez (rijo), etc.
c) Os derivados em -ZAL, -ZEIRO, -ZINHO e –ZITO: cafezal, cinzeiro,
Preste atenção nas seguintes palavras: chapeuzinho, cãozito, etc.
trei-no so-ci-e-da-de
gai-o-la ba-lei-a
DISTINÇÃO ENTRE X E CH:
des-mai-a-do im-bui-a
1. Escrevem-se com X
ra-diou-vin-te ca-o-lho
te-a-tro co-e-lho a) Os vocábulos em que o X é o precedido de ditongo: faixa, caixote,
du-e-lo ví-a-mos feixe, etc.
am-né-sia gno-mo b) Maioria das palavras iniciadas por ME: mexerico, mexer, mexerica,
co-lhei-ta quei-jo etc.
pneu-mo-ni-a fe-é-ri-co d) EXCEÇÃO: recauchutar (mais seus derivados) e caucho (espécie de
dig-no e-nig-ma árvore que produz o látex).
e-clip-se Is-ra-el e) Observação: palavras como "enchente, encharcar, enchiqueirar,
mag-nó-lia enchapelar, enchumaçar", embora se iniciem pela sílaba "en", são

Língua Portuguesa 12
APOSTILAS OPÇÃO
grafadas com "ch", porque são palavras formadas por prefixação, ou c) substantivo:
seja, pelo prefixo en + o radical de palavras que tenham o ch (enchen- O MAL não tem remédio,
te, encher e seus derivados: prefixo en + radical de cheio; encharcar: Ela foi atacada por um MAL incurável.
en + radical de charco; enchiqueirar: en + radical de chiqueiro; encha-
pelar: en + radical de chapéu; enchumaçar: en + radical de chumaço). CESÃO/SESSÃO/SECÇÃO/SEÇÃO
CESSÃO significa o ato de ceder.
2. Escrevem-se com CH: Ele fez a CESSÃO dos seus direitos autorais.
a) charque, chiste, chicória, chimarrão, ficha, cochicho, cochichar, estre- A CESSÃO do terreno para a construção do estádio agradou a todos
buchar, fantoche, flecha, inchar, pechincha, pechinchar, penacho, sal- os torcedores.
sicha, broche, arrocho, apetrecho, bochecha, brecha, chuchu, ca-
chimbo, comichão, chope, chute, debochar, fachada, fechar, linchar, SESSÃO é o intervalo de tempo que dura uma reunião:
mochila, piche, pichar, tchau. Assistimos a uma SESSÃO de cinema.
b) Existem vários casos de palavras homófonas, isto é, palavras que Reuniram-se em SESSÃO extraordinária.
possuem a mesma pronúncia, mas a grafia diferente. Nelas, a grafia
se distingue pelo contraste entre o x e o ch. SECÇÃO (ou SEÇÃO) significa parte de um todo, subdivisão:
Exemplos: Lemos a notícia na SECÇÃO (ou SEÇÃO) de esportes.
• brocha (pequeno prego) Compramos os presentes na SECÇÃO (ou SEÇÃO) de brinquedos.
• broxa (pincel para caiação de paredes)
• chá (planta para preparo de bebida) HÁ / A
• xá (título do antigo soberano do Irã) Na indicação de tempo, emprega-se:
• chalé (casa campestre de estilo suíço) HÁ para indicar tempo passado (equivale a faz):
• xale (cobertura para os ombros) HÁ dois meses que ele não aparece.
• chácara (propriedade rural) Ele chegou da Europa HÁ um ano.
• xácara (narrativa popular em versos) A para indicar tempo futuro:
• cheque (ordem de pagamento) Daqui A dois meses ele aparecerá.
• xeque (jogada do xadrez) Ela voltará daqui A um ano.
• cocho (vasilha para alimentar animais)
• coxo (capenga, imperfeito) FORMAS VARIANTES
Existem palavras que apresentam duas grafias. Nesse caso, qual-
DISTINÇÃO ENTRE S, SS, Ç E C quer uma delas é considerada correta.
Observe o quadro das correlações: Eis alguns exemplos.
Correlações Exemplos aluguel ou aluguer hem? ou hein?
t-c ato - ação; infrator - infração; Marte - marcial alpartaca, alpercata ou alpargata imundície ou imundícia
ter-tenção abster - abstenção; ater - atenção; conter - contenção, deter - amídala ou amígdala infarto ou enfarte
detenção; reter - retenção assobiar ou assoviar laje ou lajem
rg - rs aspergir - aspersão; imergir - imersão; submergir - submersão; assobio ou assovio lantejoula ou lentejoula
rt - rs inverter - inversão; divertir - diversão azaléa ou azaleia nenê ou nenen
pel - puls impelir - impulsão; expelir - expulsão; repelir - repulsão bêbado ou bêbedo nhambu, inhambu ou nambu
corr - curs correr - curso - cursivo - discurso; excursão - incursão bílis ou bile quatorze ou catorze
sent - sens sentir - senso, sensível, consenso cãibra ou cãimbra surripiar ou surrupiar
ced - cess ceder - cessão - conceder - concessão; interceder - intercessão. carroçaria ou carroceria taramela ou tramela
exceder - excessivo (exceto exceção) chimpanzé ou chipanzé relampejar, relampear, relampeguear ou
gred - gress agredir - agressão - agressivo; progredir - progressão - progresso - debulhar ou desbulhar relampar
progressivo fleugma ou fleuma porcentagem ou percentagem
prim - press imprimir - impressão; oprimir - opressão; reprimir - repressão.
tir - ssão admitir - admissão; discutir - discussão, permitir - permissão.
(re)percutir - (re)percussão EMPREGO DE MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS

PALAVRAS COM CERTAS DIFICULDADES Escrevem-se com letra inicial maiúscula:


1) a primeira palavra de período ou citação.
ONDE-AONDE Diz um provérbio árabe: "A agulha veste os outros e vive nua."
Emprega-se AONDE com os verbos que dão ideia de movimento. No início dos versos que não abrem período é facultativo o uso da
Equivale sempre a PARA ONDE. letra maiúscula.
AONDE você vai? 2) substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos, nomes
AONDE nos leva com tal rapidez? sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiradentes, Brasil,
Naturalmente, com os verbos que não dão ideia de “movimento” em- Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã, Minerva,
prega-se ONDE Via-Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.
ONDE estão os livros? O deus pagão, os deuses pagãos, a deusa Juno.
Não sei ONDE te encontrar. 3) nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas
MAU - MAL religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da
MAU é adjetivo (seu antônimo é bom). Independência do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc.
Escolheu um MAU momento. 4) nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da
Era um MAU aluno. República, etc.
MAL pode ser: 5) nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Nação,
a) advérbio de modo (antônimo de bem). Estado, Pátria, União, República, etc.
Ele se comportou MAL. 6) nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremiações,
Seu argumento está MAL estruturado órgãos públicos, etc.:
b) conjunção temporal (equivale a assim que). Rua do 0uvidor, Praça da Paz, Academia Brasileira de Letras,
MAL chegou, saiu Banco do Brasil, Teatro Municipal, Colégio Santista, etc.
Língua Portuguesa 13
APOSTILAS OPÇÃO
7) nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, literárias derivados, de origem estrangeira. Por exemplo, Gisele Bündchen não vai
e científicas, títulos de jornais e revistas: Medicina, Arquitetura, deixar de usar o trema em seu nome, pois é de origem alemã. (neste
Os Lusíadas, O Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro, Correio caso, o “ü” lê-se “i”)
da Manhã, Manchete, etc.
8) expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente, QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA
Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc. 1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em “A”, “E”, “O”, seguidas
9) nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos ou não de “S”, inclusive as formas verbais quando seguidas de “LO(s)”
do Oriente, o falar do Norte. ou “LA(s)”. Também recebem acento as oxítonas terminadas em ditongos
abertos, como “ÉI”, “ÉU”, “ÓI”, seguidos ou não de “S”
Mas: Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste. Ex.
10) nomes comuns, quando personificados ou individuados: o Amor, Chá Mês nós
o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc.
Gás Sapé cipó
Escrevem-se com letra inicial minúscula: Dará Café avós
1) nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes Pará Vocês compôs
gentílicos, nomes próprios tornados comuns: maia, bacanais, vatapá pontapés só
carnaval, ingleses, ave-maria, um havana, etc. Aliás português robô
2) os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando dá-lo vê-lo avó
empregados em sentido geral:
recuperá-los Conhecê-los pô-los
São Pedro foi o primeiro papa. Todos amam sua pátria.
guardá-la Fé compô-los
3) nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o rio
Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Neblina, etc. réis (moeda) Véu dói
4) palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação méis céu mói
direta: pastéis Chapéus anzóis
"Qual deles: o hortelão ou o advogado?" (Machado de Assis) ninguém parabéns Jerusalém
"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso,
mirra." (Manuel Bandeira) Resumindo:
Só não acentuamos oxítonas terminadas em “I” ou “U”, a não ser que
seja um caso de hiato. Por exemplo: as palavras “baú”, “aí”, “Esaú” e
ORTOGRAFIA OFICIAL “atraí-lo” são acentuadas porque as semivogais “i” e “u” estão tônicas
Por Paula Perin dos Santos nestas palavras.
O Novo Acordo Ortográfico visa simplificar as regras ortográficas da 2. Acentuamos as palavras paroxítonas quando terminadas em:
Língua Portuguesa e aumentar o prestígio social da língua no cenário • L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível.
internacional. Sua implementação no Brasil segue os seguintes parâme- • N – pólen, abdômen, sêmen, abdômen.
tros: 2009 – vigência ainda não obrigatória, 2010 a 2012 – adaptação • R – câncer, caráter, néctar, repórter.
completa dos livros didáticos às novas regras; e a partir de 2013 – vigên- • X – tórax, látex, ônix, fênix.
cia obrigatória em todo o território nacional. Cabe lembrar que esse “Novo • PS – fórceps, Quéops, bíceps.
Acordo Ortográfico” já se encontrava assinado desde 1990 por oito países • Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs.
que falam a língua portuguesa, inclusive pelo Brasil, mas só agora é que • ÃO(S) – órgão, bênção, sótão, órfão.
teve sua implementação. • I(S) – júri, táxi, lápis, grátis, oásis, miosótis.
É equívoco afirmar que este acordo visa uniformizar a língua, já que • ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon.
uma língua não existe apenas em função de sua ortografia. Vale lembrar • UM(S) – álbum, fórum, médium, álbuns.
que a ortografia é apenas um aspecto superficial da escrita da língua, e • US – ânus, bônus, vírus, Vênus.
que as diferenças entre o Português falado nos diversos países lusófonos Também acentuamos as paroxítonas terminadas em ditongos cres-
subsistirão em questões referentes à pronúncia, vocabulário e gramática. centes (semivogal+vogal):
Uma língua muda em função de seus falantes e do tempo, não por Névoa, infância, tênue, calvície, série, polícia, residência, férias, lírio.
meio de Leis ou Acordos. 3. Todas as proparoxítonas são acentuadas.
Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, pálido, sândalo, crisân-
A queixa de muitos estudantes e usuários da língua escrita é que, de-
temo, público, pároco, proparoxítona.
pois de internalizada uma regra, é difícil “desaprendê-la”. Então, cabe aqui
uma dica: quando se tiver uma dúvida sobre a escrita de alguma palavra,
QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS ENCONTROS VOCÁLICOS
o ideal é consultar o Novo Acordo (tenha um sempre em fácil acesso) ou,
4. Acentuamos as vogais “I” e “U” dos hiatos, quando:
na melhor das hipóteses, use um sinônimo para referir-se a tal palavra.
• Formarem sílabas sozinhos ou com “S”
Mostraremos nessa série de artigos o Novo Acordo de uma maneira Ex. Ju-í-zo, Lu-ís, ca-fe-í-na, ra-í-zes, sa-í-da, e-go-ís-ta.
descomplicada, apontando como é que fica estabelecido de hoje em
diante a Ortografia Oficial do Português falado no Brasil. IMPORTANTE
Alfabeto Por que não acentuamos “ba-i-nha”, “fei-u-ra”, “ru-im”, “ca-ir”, “Ra-ul”,
A influência do inglês no nosso idioma agora é oficial. Há muito tempo se todos são “i” e “u” tônicas, portanto hiatos?
as letras “k”, “w” e “y” faziam parte do nosso idioma, isto não é nenhuma Porque o “i” tônico de “bainha” vem seguido de NH. O “u” e o “i” tôni-
novidade. Elas já apareciam em unidades de medidas, nomes próprios e cos de “ruim”, “cair” e “Raul” formam sílabas com “m”, “r” e “l” respectiva-
palavras importadas do idioma inglês, como: mente. Essas consoantes já soam forte por natureza, tornando natural-
km – quilômetro, mente a sílaba “tônica”, sem precisar de acento que reforce isso.
kg – quilograma
Show, Shakespeare, Byron, Newton, dentre outros. 5. Trema
Não se usa mais o trema em palavras da língua portuguesa. Ele só
Trema vai permanecer em nomes próprios e seus derivados, de origem estran-
Não se usa mais o trema em palavras do português. Quem digita mui- geira, como Bündchen, Müller, mülleriano (neste caso, o “ü” lê-se “i”)
to textos científicos no computador sabe o quanto dava trabalho escrever
linguística, frequência. Ele só vai permanecer em nomes próprios e seus

Língua Portuguesa 14
APOSTILAS OPÇÃO
6. Acento Diferencial • Antes da palavra casa, se estiver determinada:
O acento diferencial permanece nas palavras: Referia-se à Casa Gebara.
pôde (passado), pode (presente)
pôr (verbo), por (preposição)
Nas formas verbais, cuja finalidade é determinar se a 3ª pessoa do • Não há crase quando a palavra "casa" se refere ao próprio lar.
verbo está no singular ou plural: Não tive tempo de ir a casa apanhar os papéis. (Venho de casa).
SINGULAR PLURAL
• Antes da palavra "terra", se esta não for antônima de bordo.
Ele tem Eles têm
Voltou à terra onde nascera.
Ele vem Eles vêm Chegamos à terra dos nossos ancestrais.
Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de “ter” e “vir”, co-
mo: conter, manter, intervir, deter, sobrevir, reter, etc.
Mas:
Os marinheiros vieram a terra.
O comandante desceu a terra.
Emprego do sinal indicativo de
• Se a preposição ATÉ vier seguida de palavra feminina que aceite o
Crase
artigo, poderá ou não ocorrer a crase, indiferentemente:
Vou até a (á ) chácara.
Crase é a fusão da preposição A com outro A. Cheguei até a(à) muralha
Fomos a feira ontem = Fomos à feira ontem.
• A QUE - À QUE
EMPREGO DA CRASE Se, com antecedente masculino ocorrer AO QUE, com o feminino
• em locuções adverbiais: ocorrerá crase:
à vezes, às pressas, à toa... Houve um palpite anterior ao que você deu.
• em locuções prepositivas: Houve uma sugestão anterior à que você deu.
em frente à, à procura de... Se, com antecedente masculino, ocorrer A QUE, com o feminino não
• em locuções conjuntivas: ocorrerá crase.
à medida que, à proporção que... Não gostei do filme a que você se referia.
• pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo,
Não gostei da peça a que você se referia.
a, as
Fui ontem àquele restaurante.
Falamos apenas àquelas pessoas que estavam no salão: O mesmo fenômeno de crase (preposição A) - pronome demonstrati-
Refiro-me àquilo e não a isto. vo A que ocorre antes do QUE (pronome relativo), pode ocorrer antes
do de:
Meu palpite é igual ao de todos
A CRASE É FACULTATIVA
Minha opinião é igual à de todos.
• diante de pronomes possessivos femininos:
Entreguei o livro a(à) sua secretária.
NÃO OCORRE CRASE
• diante de substantivos próprios femininos: • antes de nomes masculinos:
Dei o livro à(a) Sônia. Andei a pé.
Andamos a cavalo.
CASOS ESPECIAIS DO USO DA CRASE
• antes de verbos:
• Antes dos nomes de localidades, quando tais nomes admitirem o Ela começa a chorar.
artigo A: Cheguei a escrever um poema.
Viajaremos à Colômbia.
(Observe: A Colômbia é bela - Venho da Colômbia) • em expressões formadas por palavras repetidas:
Estamos cara a cara.
• Nem todos os nomes de localidades aceitam o artigo: Curitiba, Brasí-
lia, Fortaleza, Goiás, Ilhéus, Pelotas, Porto Alegre, São Paulo, Madri, • antes de pronomes de tratamento, exceto senhora, senhorita e dona:
Veneza, etc. Dirigiu-se a V. Sa com aspereza.
Viajaremos a Curitiba. Escrevi a Vossa Excelência.
(Observe: Curitiba é uma bela cidade - Venho de Curitiba). Dirigiu-se gentilmente à senhora.
• quando um A (sem o S de plural) preceder um nome plural:
Não falo a pessoas estranhas.
• Haverá crase se o substantivo vier acompanhado de adjunto que o
Jamais vamos a festas.
modifique.
Ela se referiu à saudosa Lisboa.
Vou à Curitiba dos meus sonhos. Pontuação
• Antes de numeral, seguido da palavra "hora", mesmo subentendida:
Às 8 e 15 o despertador soou.
Pontuação é o conjunto de sinais gráficos que indica na escrita
• Antes de substantivo, quando se puder subentender as palavras as pausas da linguagem oral.
“moda” ou "maneira":
PONTO
Aos domingos, trajava-se à inglesa. O ponto é empregado em geral para indicar o final de uma frase de-
Cortavam-se os cabelos à Príncipe Danilo. clarativa. Ao término de um texto, o ponto é conhecido como final. Nos
casos comuns ele é chamado de simples.

Língua Portuguesa 15
APOSTILAS OPÇÃO
Também é usado nas abreviaturas: Sr. (Senhor), d.C. (depois de Cris- • Enumeração após os apostos:
to), a.C. (antes de Cristo), E.V. (Érico Veríssimo). Como três tipos de alimento: vegetais, carnes e amido.

PONTO DE INTERROGAÇÃO TRAVESSÃO


É usado para indicar pergunta direta. Marca, nos diálogos, a mudança de interlocutor, ou serve para isolar
Onde está seu irmão? palavras ou frases
Às vezes, pode combinar-se com o ponto de exclamação. – "Quais são os símbolos da pátria?
A mim ?! Que ideia! – Que pátria?
– Da nossa pátria, ora bolas!" (P. M Campos).
PONTO DE EXCLAMAÇÃO
– "Mesmo com o tempo revoltoso - chovia, parava, chovia, parava outra
É usado depois das interjeições, locuções ou frases exclamativas.
vez.
Céus! Que injustiça! Oh! Meus amores! Que bela vitória!
– a claridade devia ser suficiente p'ra mulher ter avistado mais alguma
Ó jovens! Lutemos!
coisa". (M. Palmério).
VÍRGULA • Usa-se para separar orações do tipo:
A vírgula deve ser empregada toda vez que houver uma pequena – Avante!- Gritou o general.
pausa na fala. Emprega-se a vírgula: – A lua foi alcançada, afinal - cantava o poeta.
• Nas datas e nos endereços:
São Paulo, 17 de setembro de 1989. Usa-se também para ligar palavras ou grupo de palavras que formam
Largo do Paissandu, 128. uma cadeia de frase:
• A estrada de ferro Santos – Jundiaí.
• No vocativo e no aposto:
• A ponte Rio – Niterói.
Meninos, prestem atenção!
• A linha aérea São Paulo – Porto Alegre.
Termópilas, o meu amigo, é escritor.
• Nos termos independentes entre si: ASPAS
O cinema, o teatro, a praia e a música são as suas diversões. São usadas para:
• Com certas expressões explicativas como: isto é, por exemplo. Neste • Indicar citações textuais de outra autoria.
caso é usado o duplo emprego da vírgula: "A bomba não tem endereço certo." (G. Meireles)
Ontem teve início a maior festa da minha cidade, isto é, a festa da pa- • Para indicar palavras ou expressões alheias ao idioma em que se
droeira. expressa o autor: estrangeirismo, gírias, arcaismo, formas populares:
Há quem goste de “jazz-band”.
• Após alguns adjuntos adverbiais: Não achei nada "legal" aquela aula de inglês.
No dia seguinte, viajamos para o litoral. • Para enfatizar palavras ou expressões:
• Com certas conjunções. Neste caso também é usado o duplo empre- Apesar de todo esforço, achei-a “irreconhecível" naquela noite.
go da vírgula: • Títulos de obras literárias ou artísticas, jornais, revistas, etc.
Isso, entretanto, não foi suficiente para agradar o diretor. "Fogo Morto" é uma obra-prima do regionalismo brasileiro.
• Em casos de ironia:
• Após a primeira parte de um provérbio.
A "inteligência" dela me sensibiliza profundamente.
O que os olhos não veem, o coração não sente.
Veja como ele é “educado" - cuspiu no chão.
• Em alguns casos de termos oclusos:
Eu gostava de maçã, de pêra e de abacate. PARÊNTESES
Empregamos os parênteses:
RETICÊNCIAS • Nas indicações bibliográficas.
• São usadas para indicar suspensão ou interrupção do pensamento. "Sede assim qualquer coisa.
Não me disseste que era teu pai que ... serena, isenta, fiel".
• Para realçar uma palavra ou expressão. (Meireles, Cecília, "Flor de Poemas").
Hoje em dia, mulher casa com "pão" e passa fome... • Nas indicações cênicas dos textos teatrais:
• Para indicar ironia, malícia ou qualquer outro sentimento. "Mãos ao alto! (João automaticamente levanta as mãos, com os olhos
Aqui jaz minha mulher. Agora ela repousa, e eu também... fora das órbitas. Amália se volta)".
(G. Figueiredo)
PONTO E VÍRGULA
• Separar orações coordenadas de certa extensão ou que mantém • Quando se intercala num texto uma ideia ou indicação acessória:
"E a jovem (ela tem dezenove anos) poderia mordê-Io, morrendo de
alguma simetria entre si.
fome."
"Depois, lracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desco-
(C. Lispector)
nhecido, guardando consigo a ponta farpada. "
• Para isolar orações intercaladas:
• Para separar orações coordenadas já marcadas por vírgula ou no seu "Estou certo que eu (se lhe ponho
interior. Minha mão na testa alçada)
Eu, apressadamente, queria chamar Socorro; o motorista, porém, Sou eu para ela."
mais calmo, resolveu o problema sozinho. (M. Bandeira)

DOIS PONTOS COLCHETES [ ]


• Enunciar a fala dos personagens: Os colchetes são muito empregados na linguagem científica.
Ele retrucou: Não vês por onde pisas?
• Para indicar uma citação alheia: ASTERISCO
Ouvia-se, no meio da confusão, a voz da central de informações de O asterisco é muito empregado para chamar a atenção do leitor para
passageiros do voo das nove: “queiram dirigir-se ao portão de embar- alguma nota (observação).
que".
BARRA
• Para explicar ou desenvolver melhor uma palavra ou expressão A barra é muito empregada nas abreviações das datas e em algumas
anterior: abreviaturas.
Desastre em Roma: dois trens colidiram frontalmente.
Língua Portuguesa 16
APOSTILAS OPÇÃO
Além desses processos, a língua portuguesa também possui outros
processos para formação de palavras, como:
Emprego das classes de palavras • Hibridismo: são palavras compostas, ou derivadas, constituídas
por elementos originários de línguas diferentes (automóvel e monóculo,
grego e latim / sociologia, bígamo, bicicleta, latim e grego / alcalóide,
alcoômetro, árabe e grego / caiporismo: tupi e grego / bananal - africano e
Formação de palavras latino / sambódromo - africano e grego / burocracia - francês e grego);
As palavras, em Língua Portuguesa, podem ser decompostas em • Onomatopeia: reprodução imitativa de sons (pingue-pingue, zun-
vários elementos chamados elementos mórficos ou elementos de zum, miau);
estrutura das palavras. • Abreviação vocabular: redução da palavra até o limite de sua
Exs.: compreensão (metrô, moto, pneu, extra, dr., obs.)
cinzeiro = cinza + eiro
endoidecer = en + doido + ecer • Siglas: a formação de siglas utiliza as letras iniciais de uma se-
predizer = pre + dizer quência de palavras (Academia Brasileira de Letras - ABL). A partir de
siglas, formam-se outras palavras também (aidético, petista)
Os principais elementos móficos são: • Neologismo: nome dado ao processo de criação de novas pala-
RADICAL vras, ou para palavras que adquirem um novo significado. pciconcursos
É o elemento mórfico em que está a ideia principal da palavra.
Exs.: amarelecer = amarelo + ecer
enterrar = en + terra + ar CLASSES DE PALAVRAS
pronome = pro + nome
SUBSTANTIVOS
PREFIXO
É o elemento mórfico que vem antes do radical. Substantivo é a palavra variável em gênero, número e grau, que dá
Exs.: anti - herói in - feliz nome aos seres em geral.
São, portanto, substantivos.
SUFIXO a) os nomes de coisas, pessoas, animais e lugares: livro, cadeira, ca-
É o elemento mórfico que vem depois do radical. chorra, Valéria, Talita, Humberto, Paris, Roma, Descalvado.
Exs.: med - onho cear – ense b) os nomes de ações, estados ou qualidades, tomados como seres:
trabalho, corrida, tristeza beleza altura.
CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
a) COMUM - quando designa genericamente qualquer elemento da
espécie: rio, cidade, pais, menino, aluno
As palavras estão em constante processo de evolução, o que torna a b) PRÓPRIO - quando designa especificamente um determinado ele-
língua um fenômeno vivo que acompanha o homem. Por isso alguns mento. Os substantivos próprios são sempre grafados com inicial
vocábulos caem em desuso (arcaísmos), enquanto outros nascem (neolo- maiúscula: Tocantins, Porto Alegre, Brasil, Martini, Nair.
gismos) e outros mudam de significado com o passar do tempo. c) CONCRETO - quando designa os seres de existência real ou não,
Na Língua Portuguesa, em função da estruturação e origem das pala- propriamente ditos, tais como: coisas, pessoas, animais, lugares, etc.
vras encontramos a seguinte divisão: Verifique que é sempre possível visualizar em nossa mente o subs-
• palavras primitivas - não derivam de outras (casa, flor) tantivo concreto, mesmo que ele não possua existência real: casa,
cadeira, caneta, fada, bruxa, saci.
• palavras derivadas - derivam de outras (casebre, florzinha) d) ABSTRATO - quando designa as coisas que não existem por si, isto
• palavras simples - só possuem um radical (couve, flor) é, só existem em nossa consciência, como fruto de uma abstração,
• palavras compostas - possuem mais de um radical (couve-flor, sendo, pois, impossível visualizá-lo como um ser. Os substantivos
aguardente) abstratos vão, portanto, designar ações, estados ou qualidades, to-
mados como seres: trabalho, corrida, estudo, altura, largura, beleza.
Para a formação das palavras portuguesas, é necessário o conheci-
Os substantivos abstratos, via de regra, são derivados de verbos ou
mento dos seguintes processos de formação:
adjetivos
Composição - processo em que ocorre a junção de dois ou mais ra- trabalhar - trabalho
dicais. São dois tipos de composição. correr - corrida
• justaposição: quando não ocorre a alteração fonética (girassol, alto - altura
sexta-feira); belo - beleza
• aglutinação: quando ocorre a alteração fonética, com perda de
elementos (pernalta, de perna + alta). FORMAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS
Derivação - processo em que a palavra primitiva (1º radical) sofre o a) PRIMITIVO: quando não provém de outra palavra existente na língua
acréscimo de afixos. São cinco tipos de derivação. portuguesa: flor, pedra, ferro, casa, jornal.
b) DERIVADO: quando provem de outra palavra da língua portuguesa:
• prefixal: acréscimo de prefixo à palavra primitiva (in-útil); florista, pedreiro, ferreiro, casebre, jornaleiro.
• sufixal: acréscimo de sufixo à palavra primitiva (clara-mente); c) SIMPLES: quando é formado por um só radical: água, pé, couve,
ódio, tempo, sol.
• parassintética ou parassíntese: acréscimo simultâneo de prefixo d) COMPOSTO: quando é formado por mais de um radical: água-de-
e sufixo, à palavra primitiva (em + lata + ado). Esse processo é responsá- colônia, pé-de-moleque, couve-flor, amor-perfeito, girassol.
vel pela formação de verbos, de base substantiva ou adjetiva;
• regressiva: redução da palavra primitiva. Nesse processo forma- COLETIVOS
se substantivos abstratos por derivação regressiva de formas verbais Coletivo é o substantivo que, mesmo sendo singular, designa um gru-
(ajuda / de ajudar); po de seres da mesma espécie.
Veja alguns coletivos que merecem destaque:
• imprópria: é a alteração da classe gramatical da palavra primitiva alavão - de ovelhas leiteiras
("o jantar" - de verbo para substantivo, "é um judas" - de substantivo alcateia - de lobos
próprio a comum). álbum - de fotografias, de selos
antologia - de trechos literários escolhidos

Língua Portuguesa 17
APOSTILAS OPÇÃO
armada - de navios de guerra a) SUBSTANTIVOS BIFORMES, são os que apresentam duas formas,
armento - de gado grande (búfalo, elefantes, etc) uma para o masculino, outra para o feminino:
arquipélago - de ilhas aluno/aluna homem/mulher
assembleia - de parlamentares, de membros de associações menino /menina carneiro/ovelha
atilho - de espigas de milho
atlas - de cartas geográficas, de mapas Quando a mudança de gênero não é marcada pela desinência, mas
banca - de examinadores pela alteração do radical, o substantivo denomina-se heterônimo:
bandeira - de garimpeiros, de exploradores de minérios padrinho/madrinha bode/cabra
bando - de aves, de pessoal em geral cavaleiro/amazona pai/mãe
cabido - de cônegos
cacho - de uvas, de bananas b) SUBSTANTIVOS UNIFORMES: são os que apresentam uma única
cáfila - de camelos forma, tanto para o masculino como para o feminino. Subdividem-se
cambada - de ladrões, de caranguejos, de chaves em:
cancioneiro - de poemas, de canções 1. Substantivos epicenos: são substantivos uniformes, que designam
caravana - de viajantes animais: onça, jacaré, tigre, borboleta, foca.
cardume - de peixes Caso se queira fazer a distinção entre o masculino e o feminino, de-
clero - de sacerdotes vemos acrescentar as palavras macho ou fêmea: onça macho, jacaré
colmeia - de abelhas fêmea
concílio - de bispos 2. Substantivos comuns de dois gêneros: são substantivos uniformes
conclave - de cardeais em reunião para eleger o papa que designam pessoas. Neste caso, a diferença de gênero é feita pelo
congregação - de professores, de religiosos artigo, ou outro determinante qualquer: o artista, a artista, o estudante,
congresso - de parlamentares, de cientistas a estudante, este dentista.
conselho - de ministros 3. Substantivos sobrecomuns: são substantivos uniformes que designam
consistório - de cardeais sob a presidência do papa pessoas. Neste caso, a diferença de gênero não é especificada por
constelação - de estrelas artigos ou outros determinantes, que serão invariáveis: a criança, o
corja - de vadios cônjuge, a pessoa, a criatura.
elenco - de artistas Caso se queira especificar o gênero, procede-se assim:
enxame - de abelhas uma criança do sexo masculino / o cônjuge do sexo feminino.
enxoval - de roupas
esquadra - de navios de guerra AIguns substantivos que apresentam problema quanto ao Gênero:
esquadrilha - de aviões São masculinos São femininos
falange - de soldados, de anjos o anátema o grama (unidade de peso) a abusão a derme
farândola - de maltrapilhos o telefonema o dó (pena, compaixão) a aluvião a omoplata
fato - de cabras o teorema o ágape a análise a usucapião
o trema o caudal a cal a bacanal
fauna - de animais de uma região
o edema o champanha a cataplasma a líbido
feixe - de lenha, de raios luminosos o eclipse o alvará a dinamite a sentinela
flora - de vegetais de uma região o lança-perfume o formicida a comichão a hélice
frota - de navios mercantes, de táxis, de ônibus o fibroma o guaraná a aguardente
girândola - de fogos de artifício o estratagema o plasma
horda - de invasores, de selvagens, de bárbaros o proclama o clã
junta - de bois, médicos, de examinadores
júri - de jurados Mudança de Gênero com mudança de sentido
legião - de anjos, de soldados, de demônios Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido.
malta - de desordeiros Veja alguns exemplos:
manada - de bois, de elefantes o cabeça (o chefe, o líder) a cabeça (parte do corpo)
matilha - de cães de caça o capital (dinheiro, bens) a capital (cidade principal)
o rádio (aparelho receptor) a rádio (estação transmissora)
ninhada - de pintos
o moral (ânimo) a moral (parte da Filosofia, conclusão)
nuvem - de gafanhotos, de fumaça o lotação (veículo) a lotação (capacidade)
panapaná - de borboletas o lente (o professor) a lente (vidro de aumento)
pelotão - de soldados
penca - de bananas, de chaves Plural dos Nomes Simples
pinacoteca - de pinturas 1. Aos substantivos terminados em vogal ou ditongo acrescenta-se S:
plantel - de animais de raça, de atletas casa, casas; pai, pais; imã, imãs; mãe, mães.
quadrilha - de ladrões, de bandidos 2. Os substantivos terminados em ÃO formam o plural em:
ramalhete - de flores a) ÕES (a maioria deles e todos os aumentativos): balcão, balcões;
réstia - de alhos, de cebolas coração, corações; grandalhão, grandalhões.
récua - de animais de carga b) ÃES (um pequeno número): cão, cães; capitão, capitães; guardião,
romanceiro - de poesias populares guardiães.
resma - de papel c) ÃOS (todos os paroxítonos e um pequeno número de oxítonos):
revoada - de pássaros cristão, cristãos; irmão, irmãos; órfão, órfãos; sótão, sótãos.
súcia - de pessoas desonestas Muitos substantivos com esta terminação apresentam mais de uma
vara - de porcos forma de plural: aldeão, aldeãos ou aldeães; charlatão, charlatões ou
vocabulário - de palavras charlatães; ermitão, ermitãos ou ermitães; tabelião, tabeliões ou tabe-
liães, etc.
FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS
3. Os substantivos terminados em M mudam o M para NS. armazém,
Como já assinalamos, os substantivos variam de gênero, número e
armazéns; harém, haréns; jejum, jejuns.
grau.
Gênero 4. Aos substantivos terminados em R, Z e N acrescenta-se-lhes ES: lar,
Em Português, o substantivo pode ser do gênero masculino ou femi- lares; xadrez, xadrezes; abdômen, abdomens (ou abdômenes); hífen,
nino: o lápis, o caderno, a borracha, a caneta. hífens (ou hífenes).
Podemos classificar os substantivos em: Obs: caráter, caracteres; Lúcifer, Lúciferes; cânon, cânones.

Língua Portuguesa 18
APOSTILAS OPÇÃO
5. Os substantivos terminados em AL, EL, OL e UL o l por is: animal, marinha, guarda-marinhas ou guardas-marinhas; padre-nosso,
animais; papel, papéis; anzol, anzóis; paul, pauis. padres-nossos ou padre-nossos; salvo-conduto, salvos-condutos
Obs.: mal, males; real (moeda), reais; cônsul, cônsules. ou salvo-condutos; xeque-mate, xeques-mates ou xeques-mate.
6. Os substantivos paroxítonos terminados em IL fazem o plural em:
fóssil, fósseis; réptil, répteis. Adjetivos Compostos
Os substantivos oxítonos terminados em IL mudam o l para S: barril, Nos adjetivos compostos, apenas o último elemento se flexiona.
barris; fuzil, fuzis; projétil, projéteis. Ex.:histórico-geográfico, histórico-geográficos; latino-americanos, latino-
americanos; cívico-militar, cívico-militares.
7. Os substantivos terminados em S são invariáveis, quando paroxíto- 1) Os adjetivos compostos referentes a cores são invariáveis, quan-
nos: o pires, os pires; o lápis, os lápis. Quando oxítonas ou monossí- do o segundo elemento é um substantivo: lentes verde-garrafa,
labos tônicos, junta-se-lhes ES, retira-se o acento gráfico, português, tecidos amarelo-ouro, paredes azul-piscina.
portugueses; burguês, burgueses; mês, meses; ás, ases. 2) No adjetivo composto surdo-mudo, os dois elementos variam:
São invariáveis: o cais, os cais; o xis, os xis. São invariáveis, também, surdos-mudos > surdas-mudas.
os substantivos terminados em X com valor de KS: o tórax, os tórax; o 3) O composto azul-marinho é invariável: gravatas azul-marinho.
ônix, os ônix.
8. Os diminutivos em ZINHO e ZITO fazem o plural flexionando-se o Graus do substantivo
substantivo primitivo e o sufixo, suprimindo-se, porém, o S do subs- Dois são os graus do substantivo - o aumentativo e o diminutivo, os
tantivo primitivo: coração, coraçõezinhos; papelzinho, papeizinhos; quais podem ser: sintéticos ou analíticos.
cãozinho, cãezitos.
Substantivos só usados no plural Analítico
afazeres anais Utiliza-se um adjetivo que indique o aumento ou a diminuição do ta-
arredores belas-artes manho: boca pequena, prédio imenso, livro grande.
cãs condolências
confins exéquias Sintético
férias fezes Constroi-se com o auxílio de sufixos nominais aqui apresentados.
núpcias óculos
olheiras pêsames Principais sufixos aumentativos
viveres copas, espadas, ouros e paus (naipes) AÇA, AÇO, ALHÃO, ANZIL, ÃO, ARÉU, ARRA, ARRÃO, ASTRO,
ÁZIO, ORRA, AZ, UÇA. Ex.: A barcaça, ricaço, grandalhão, corpanzil,
Plural dos Nomes Compostos caldeirão, povaréu, bocarra, homenzarrão, poetastro, copázio, cabeçorra,
1. Somente o último elemento varia: lobaz, dentuça.
a) nos compostos grafados sem hífen: aguardente, aguardentes;
claraboia, claraboias; malmequer, malmequeres; vaivém, vaivéns; Principais Sufixos Diminutivos
b) nos compostos com os prefixos grão, grã e bel: grão-mestre, ACHO, CHULO, EBRE, ECO, EJO, ELA, ETE, ETO, ICO, TIM, ZI-
grão-mestres; grã-cruz, grã-cruzes; bel-prazer, bel-prazeres; NHO, ISCO, ITO, OLA, OTE, UCHO, ULO, ÚNCULO, ULA, USCO. Exs.:
c) nos compostos de verbo ou palavra invariável seguida de subs- lobacho, montículo, casebre, livresco, arejo, viela, vagonete, poemeto,
tantivo ou adjetivo: beija-flor, beija-flores; quebra-sol, quebra-sóis; burrico, flautim, pratinho, florzinha, chuvisco, rapazito, bandeirola, saiote,
guarda-comida, guarda-comidas; vice-reitor, vice-reitores; sem- papelucho, glóbulo, homúncula, apícula, velhusco.
pre-viva, sempre-vivas. Nos compostos de palavras repetidas me- Observações:
la-mela, mela-melas; recoreco, recorecos; tique-tique, tique- • Alguns aumentativos e diminutivos, em determinados contextos,
tiques) adquirem valor pejorativo: medicastro, poetastro, velhusco, mulher-
zinha, etc. Outros associam o valor aumentativo ao coletivo: pova-
2. Somente o primeiro elemento é flexionado: réu, fogaréu, etc.
a) nos compostos ligados por preposição: copo-de-leite, copos-de- • É usual o emprego dos sufixos diminutivos dando às palavras valor
leite; pinho-de-riga, pinhos-de-riga; pé-de-meia, pés-de-meia; bur- afetivo: Joãozinho, amorzinho, etc.
ro-sem-rabo, burros-sem-rabo; • Há casos em que o sufixo aumentativo ou diminutivo é meramente
b) nos compostos de dois substantivos, o segundo indicando finali- formal, pois não dão à palavra nenhum daqueles dois sentidos: car-
dade ou limitando a significação do primeiro: pombo-correio, taz, ferrão, papelão, cartão, folhinha, etc.
pombos-correio; navio-escola, navios-escola; peixe-espada, pei- • Muitos adjetivos flexionam-se para indicar os graus aumentativo e
xes-espada; banana-maçã, bananas-maçã. diminutivo, quase sempre de maneira afetiva: bonitinho, grandinho,
A tendência moderna é de pluralizar os dois elementos: pombos- bonzinho, pequenito.
correios, homens-rãs, navios-escolas, etc. Apresentamos alguns substantivos heterônimos ou desconexos. Em
lugar de indicarem o gênero pela flexão ou pelo artigo, apresentam radi-
3. Ambos os elementos são flexionados: cais diferentes para designar o sexo:
a) nos compostos de substantivo + substantivo: couve-flor, couves- bode - cabra genro - nora
flores; redator-chefe, redatores-chefes; carta-compromisso, car- burro - besta padre - madre
tas-compromissos. carneiro - ovelha padrasto - madrasta
b) nos compostos de substantivo + adjetivo (ou vice-versa): amor- cão - cadela padrinho - madrinha
perfeito, amores-perfeitos; gentil-homem, gentis-homens; cara- cavalheiro - dama pai - mãe
pálida, caras-pálidas. compadre - comadre veado - cerva
frade - freira zangão - abelha
São invariáveis: frei – soror etc.
a) os compostos de verbo + advérbio: o fala-pouco, os fala-pouco; o
pisa-mansinho, os pisa-mansinho; o cola-tudo, os cola-tudo; ADJETIVOS
b) as expressões substantivas: o chove-não-molha, os chove-não-
molha; o não-bebe-nem-desocupa-o-copo, os não-bebe-nem- FLEXÃO DOS ADJETIVOS
desocupa-o-copo; Gênero
c) os compostos de verbos antônimos: o leva-e-traz, os leva-e-traz; Quanto ao gênero, o adjetivo pode ser:
o perde-ganha, os perde-ganha. a) Uniforme: quando apresenta uma única forma para os dois gêne-
Obs: Alguns compostos admitem mais de um plural, como é o ca- ros: homem inteligente - mulher inteligente; homem simples - mu-
so por exemplo, de: fruta-pão, fruta-pães ou frutas-pães; guarda- lher simples; aluno feliz - aluna feliz.

Língua Portuguesa 19
APOSTILAS OPÇÃO
b) Biforme: quando apresenta duas formas: uma para o masculino, Esta cidade é muito poluída.
outra para o feminino: homem simpático / mulher simpática / ho- - Superlativo relativo
mem alto / mulher alta / aluno estudioso / aluna estudiosa Consideramos o elevado grau de uma qualidade, relacionando-a
Observação: no que se refere ao gênero, a flexão dos adjetivos é se- a outros seres:
melhante a dos substantivos. Este rio é o mais poluído de todos.
Este rio é o menos poluído de todos.
Número
a) Adjetivo simples Observe que o superlativo absoluto pode ser sintético ou analítico:
Os adjetivos simples formam o plural da mesma maneira que os - Analítico: expresso com o auxílio de um advérbio de intensidade -
substantivos simples: muito trabalhador, excessivamente frágil, etc.
pessoa honesta pessoas honestas - Sintético: expresso por uma só palavra (adjetivo + sufixo) – anti-
regra fácil regras fáceis quíssimo: cristianíssimo, sapientíssimo, etc.
homem feliz homens felizes Os adjetivos: bom, mau, grande e pequeno possuem, para o compa-
Observação: os substantivos empregados como adjetivos ficam rativo e o superlativo, as seguintes formas especiais:
invariáveis: NORMAL COM. SUP. SUPERLATIVO ABSOLUTO RELATIVO
blusa vinho blusas vinho bom melhor ótimo
camisa rosa camisas rosa melhor
b) Adjetivos compostos mau pior péssimo
Como regra geral, nos adjetivos compostos somente o último pior
elemento varia, tanto em gênero quanto em número: grande maior máximo
acordos sócio-político-econômico maior
acordos sócio-político-econômicos pequeno menor mínimo
causa sócio-político-econômica menor
causas sócio-político-econômicas
Eis, para consulta, alguns superlativos absolutos sintéticos:
acordo luso-franco-brasileiro
acre - acérrimo ágil - agílimo
acordo luso-franco-brasileiros
agradável - agradabilíssimo agudo - acutíssimo
lente côncavo-convexa
amargo - amaríssimo amável - amabilíssimo
lentes côncavo-convexas
amigo - amicíssimo antigo - antiquíssimo
camisa verde-clara
áspero - aspérrimo atroz - atrocíssimo
camisas verde-claras
audaz - audacíssimo benéfico - beneficentíssimo
sapato marrom-escuro
benévolo - benevolentíssimo capaz - capacíssimo
sapatos marrom-escuros
célebre - celebérrimo cristão - cristianíssimo
Observações:
cruel - crudelíssimo doce - dulcíssimo
1) Se o último elemento for substantivo, o adjetivo composto fica in-
eficaz - eficacíssimo feroz - ferocíssimo
variável:
fiel - fidelíssimo frágil - fragilíssimo
camisa verde-abacate camisas verde-abacate
frio - frigidíssimo humilde - humílimo (humildíssimo)
sapato marrom-café sapatos marrom-café
incrível - incredibilíssimo inimigo - inimicíssimo
blusa amarelo-ouro blusas amarelo-ouro
íntegro - integérrimo jovem - juveníssimo
2) Os adjetivos compostos azul-marinho e azul-celeste ficam invari- livre - libérrimo magnífico - magnificentíssimo
áveis: magro - macérrimo maléfico - maleficentíssimo
blusa azul-marinho blusas azul-marinho manso - mansuetíssimo miúdo - minutíssimo
camisa azul-celeste camisas azul-celeste negro - nigérrimo (negríssimo) nobre - nobilíssimo
3) No adjetivo composto (como já vimos) surdo-mudo, ambos os pessoal - personalíssimo pobre - paupérrimo (pobríssimo)
elementos variam: possível - possibilíssimo preguiçoso - pigérrimo
menino surdo-mudo meninos surdos-mudos próspero - prospérrimo provável - probabilíssimo
menina surda-muda meninas surdas-mudas público - publicíssimo pudico - pudicíssimo
sábio - sapientíssimo sagrado - sacratíssimo
Graus do Adjetivo salubre - salubérrimo sensível - sensibilíssimo
As variações de intensidade significativa dos adjetivos podem ser ex- simples – simplicíssimo tenro - tenerissimo
pressas em dois graus: terrível - terribilíssimo tétrico - tetérrimo
- o comparativo velho - vetérrimo visível - visibilíssimo
- o superlativo voraz - voracíssimo vulnerável - vuInerabilíssimo

Comparativo Adjetivos Gentílicos e Pátrios


Ao compararmos a qualidade de um ser com a de outro, ou com uma Argélia – argelino Bagdá - bagdali
outra qualidade que o próprio ser possui, podemos concluir que ela é Bizâncio - bizantino Bogotá - bogotano
igual, superior ou inferior. Daí os três tipos de comparativo: Bóston - bostoniano Braga - bracarense
- Comparativo de igualdade: Bragança - bragantino Brasília - brasiliense
O espelho é tão valioso como (ou quanto) o vitral. Bucareste - bucarestino, -bucarestense Buenos Aires - portenho, buenairense
Pedro é tão saudável como (ou quanto) inteligente. Cairo - cairota Campos - campista
- Comparativo de superioridade: Canaã - cananeu Caracas - caraquenho
O aço é mais resistente que (ou do que) o ferro.
Catalunha - catalão Ceilão - cingalês
Este automóvel é mais confortável que (ou do que) econômico.
Chicago - chicaguense Chipre - cipriota
- Comparativo de inferioridade:
A prata é menos valiosa que (ou do que) o ouro. Coimbra - coimbrão, conimbricense Córdova - cordovês
Este automóvel é menos econômico que (ou do que) confortável. Córsega - corso Creta - cretense
Ao expressarmos uma qualidade no seu mais elevado grau de inten- Croácia - croata Cuiabá - cuiabano
sidade, usamos o superlativo, que pode ser absoluto ou relativo: Egito - egípcio EI Salvador - salvadorenho
- Superlativo absoluto Equador - equatoriano Espírito Santo - espírito-santense, capixaba
Neste caso não comparamos a qualidade com a de outro ser: Filipinas - filipino Évora - eborense
Esta cidade é poluidíssima. Florianópolis - florianopolitano Finlândia - finlandês
Língua Portuguesa 20
APOSTILAS OPÇÃO
Fortaleza - fortalezense Formosa - formosano 2ª pessoa: com quem se fala, o receptor.
Gabão - gabonês Foz do lguaçu - iguaçuense Tu saíste (tu)
Genebra - genebrino Galiza - galego Vós saístes (vós)
Goiânia - goianense Gibraltar - gibraltarino Convidaram-te (te)
Groenlândia - groenlandês Granada - granadino Convidaram-vos (vós)

Guiné - guinéu, guineense Guatemala - guatemalteco 3ª pessoa: de que ou de quem se fala, o referente.
Himalaia - himalaico Haiti - haitiano Ele saiu (ele)
Hungria - húngaro, magiar Honduras - hondurenho Eles sairam (eles)
Iraque - iraquiano Ilhéus - ilheense Convidei-o (o)
João Pessoa - pessoense Jerusalém - hierosolimita
Convidei-os (os)
La Paz - pacense, pacenho Juiz de Fora - juiz-forense
Os pronomes pessoais são os seguintes:
Macapá - macapaense Lima - limenho
NÚMERO PESSOA CASO RETO CASO OBLÍQUO
Maceió - maceioense Macau - macaense
singular 1ª eu me, mim, comigo
Madri - madrileno Madagáscar - malgaxe
2ª tu te, ti, contigo
Marajó - marajoara Manaus - manauense
3ª ele, ela se, si, consigo, o, a, lhe
Moçambique - moçambicano Minho - minhoto plural 1ª nós nós, conosco
Montevidéu - montevideano Mônaco - monegasco 2ª vós vós, convosco
Normândia - normando Natal - natalense 3ª eles, elas se, si, consigo, os, as, lhes
Pequim - pequinês Nova lguaçu - iguaçuano
Porto - portuense Pisa - pisano PRONOMES DE TRATAMENTO
Quito - quitenho Póvoa do Varzim - poveiro Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tra-
Santiago - santiaguense Rio de Janeiro (Est.) - fluminense tamento. Referem-se à pessoa a quem se fala, embora a concordância
São Paulo (Est.) - paulista Rio de Janeiro (cid.) - carioca deva ser feita com a terceira pessoa. Convém notar que, exceção feita a
São Paulo (cid.) - paulistano Rio Grande do Norte - potiguar você, esses pronomes são empregados no tratamento cerimonioso.
Terra do Fogo - fueguino Salvador – salvadorenho, soteropolitano
Três Corações - tricordiano Toledo - toledano Veja, a seguir, alguns desses pronomes:
Tripoli - tripolitano Rio Grande do Sul - gaúcho PRONOME ABREV. EMPREGO
Veneza - veneziano Varsóvia - varsoviano Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Vitória - vitoriense Vossa Eminência V .Ema cardeais
Vossa Excelência V.Exa altas autoridades em geral
Locuções Adjetivas Vossa Magnificência V. Mag a reitores de universidades
As expressões de valor adjetivo, formadas de preposições mais subs- Vossa Reverendíssima V. Revma sacerdotes em geral
tantivos, chamam-se LOCUÇÕES ADJETIVAS. Estas, geralmente, podem Vossa Santidade V.S. papas
ser substituídas por um adjetivo correspondente. Vossa Senhoria V.Sa funcionários graduados
Vossa Majestade V.M. reis, imperadores
PRONOMES
São também pronomes de tratamento: o senhor, a senhora, você, vo-
Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa, que re- cês.
presenta ou acompanha o substantivo, indicando-o como pessoa do
discurso. Quando o pronome representa o substantivo, dizemos tra-
tar-se de pronome substantivo. EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS
• Ele chegou. (ele) 1. Os pronomes pessoais do caso reto (EU, TU, ELE/ELA, NÓS, VÓS,
• Convidei-o. (o) ELES/ELAS) devem ser empregados na função sintática de sujeito.
Considera-se errado seu emprego como complemento:
Quando o pronome vem determinando o substantivo, restringindo a Convidaram ELE para a festa (errado)
extensão de seu significado, dizemos tratar-se de pronome adjetivo. Receberam NÓS com atenção (errado)
• Esta casa é antiga. (esta) EU cheguei atrasado (certo)
• Meu livro é antigo. (meu) ELE compareceu à festa (certo)
Classificação dos Pronomes
Há, em Português, seis espécies de pronomes: 2. Na função de complemento, usam-se os pronomes oblíquos e não os
• pessoais: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas e as formas oblíquas pronomes retos:
de tratamento: Convidei ELE (errado)
• possessivos: meu, teu, seu, nosso, vosso, seu e flexões; Chamaram NÓS (errado)
• demonstrativos: este, esse, aquele e flexões; isto, isso, aquilo; Convidei-o. (certo)
• relativos: o qual, cujo, quanto e flexões; que, quem, onde; Chamaram-NOS. (certo)
• indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, pouco, vá-
rios, tanto quanto, qualquer e flexões; alguém, ninguém, tudo, ou-
3. Os pronomes retos (exceto EU e TU), quando antecipados de prepo-
trem, nada, cada, algo.
sição, passam a funcionar como oblíquos. Neste caso, considera-se
• interrogativos: que, quem, qual, quanto, empregados em frases
correto seu emprego como complemento:
interrogativas.
Informaram a ELE os reais motivos.
PRONOMES PESSOAIS Emprestaram a NÓS os livros.
Pronomes pessoais são aqueles que representam as pessoas do dis- Eles gostam muito de NÓS.
curso:
1ª pessoa: quem fala, o emissor. 4. As formas EU e TU só podem funcionar como sujeito. Considera-se
Eu sai (eu) errado seu emprego como complemento:
Nós saímos (nós) Nunca houve desentendimento entre eu e tu. (errado)
Convidaram-me (me) Nunca houve desentendimento entre mim e ti. (certo)
Convidaram-nos (nós)
Língua Portuguesa 21
APOSTILAS OPÇÃO
Como regra prática, podemos propor o seguinte: quando precedidas 9. Há pouquíssimos casos em que o pronome oblíquo pode funcionar
de preposição, não se usam as formas retas EU e TU, mas as formas como sujeito. Isto ocorre com os verbos: deixar, fazer, ouvir, mandar,
oblíquas MIM e TI: sentir, ver, seguidos de infinitivo. O nome oblíquo será sujeito desse
Ninguém irá sem EU. (errado) infinitivo:
Nunca houve discussões entre EU e TU. (errado) Deixei-o sair.
Ninguém irá sem MIM. (certo) Vi-o chegar.
Nunca houve discussões entre MIM e TI. (certo) Sofia deixou-se estar à janela.
É fácil perceber a função do sujeito dos pronomes oblíquos, desen-
Há, no entanto, um caso em que se empregam as formas retas EU e volvendo as orações reduzidas de infinitivo:
TU mesmo precedidas por preposição: quando essas formas funcionam Deixei-o sair = Deixei que ele saísse.
como sujeito de um verbo no infinitivo.
Deram o livro para EU ler (ler: sujeito) 10. Não se considera errada a repetição de pronomes oblíquos:
Deram o livro para TU leres (leres: sujeito) A mim, ninguém me engana.
A ti tocou-te a máquina mercante.
Verifique que, neste caso, o emprego das formas retas EU e TU é
Nesses casos, a repetição do pronome oblíquo não constitui pleo-
obrigatório, na medida em que tais pronomes exercem a função sintática
nasmo vicioso e sim ênfase.
de sujeito.

5. Os pronomes oblíquos SE, SI, CONSIGO devem ser empregados 11. Muitas vezes os pronomes oblíquos equivalem a pronomes possessi-
somente como reflexivos. Considera-se errada qualquer construção vo, exercendo função sintática de adjunto adnominal:
em que os referidos pronomes não sejam reflexivos: Roubaram-me o livro = Roubaram meu livro.
Querida, gosto muito de SI. (errado) Não escutei-lhe os conselhos = Não escutei os seus conselhos.
Preciso muito falar CONSIGO. (errado)
Querida, gosto muito de você. (certo) 12. As formas plurais NÓS e VÓS podem ser empregadas para represen-
Preciso muito falar com você. (certo) tar uma única pessoa (singular), adquirindo valor cerimonioso ou de
modéstia:
Observe que nos exemplos que seguem não há erro algum, pois os Nós - disse o prefeito - procuramos resolver o problema das enchen-
pronomes SE, SI, CONSIGO, foram empregados como reflexivos: tes.
Ele feriu-se Vós sois minha salvação, meu Deus!
Cada um faça por si mesmo a redação
O professor trouxe as provas consigo 13. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de VOSSA, quando
nos dirigimos à pessoa representada pelo pronome, e por SUA, quan-
6. Os pronomes oblíquos CONOSCO e CONVOSCO são utilizados do falamos dessa pessoa:
normalmente em sua forma sintética. Caso haja palavra de reforço, Ao encontrar o governador, perguntou-lhe:
tais pronomes devem ser substituídos pela forma analítica: Vossa Excelência já aprovou os projetos?
Queriam falar conosco = Queriam falar com nós dois Sua Excelência, o governador, deverá estar presente na inauguração.
Queriam conversar convosco = Queriam conversar com vós próprios.
14. VOCÊ e os demais pronomes de tratamento (VOSSA MAJESTADE,
7. Os pronomes oblíquos podem aparecer combinados entre si. As VOSSA ALTEZA) embora se refiram à pessoa com quem falamos (2ª
combinações possíveis são as seguintes: pessoa, portanto), do ponto de vista gramatical, comportam-se como
me+o=mo me + os = mos pronomes de terceira pessoa:
te+o=to te + os = tos Você trouxe seus documentos?
lhe+o=lho lhe + os = lhos Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus problemas.
nos + o = no-lo nos + os = no-los
vos + o = vo-lo vos + os = vo-los COLOCAÇÃO DE PRONOMES
lhes + o = lho lhes + os = lhos Em relação ao verbo, os pronomes átonos (ME, TE, SE, LHE, O, A,
NÓS, VÓS, LHES, OS, AS) podem ocupar três posições:
A combinação também é possível com os pronomes oblíquos femini- 1. Antes do verbo - próclise
nos a, as. Eu te observo há dias.
me+a=ma me + as = mas
te+a=ta te + as = tas 2. Depois do verbo - ênclise
- Você pagou o livro ao livreiro? Observo-te há dias.
- Sim, paguei-LHO.
3. No interior do verbo - mesóclise
Verifique que a forma combinada LHO resulta da fusão de LHE (que Observar-te-ei sempre.
representa o livreiro) com O (que representa o livro).
Ênclise
8. As formas oblíquas O, A, OS, AS são sempre empregadas como Na linguagem culta, a colocação que pode ser considerada normal é a
complemento de verbos transitivos diretos, ao passo que as formas ênclise: o pronome depois do verbo, funcionando como seu complemento
LHE, LHES são empregadas como complemento de verbos transitivos direto ou indireto.
indiretos: O pai esperava-o na estação agitada.
O menino convidou-a. (V.T.D ) Expliquei-lhe o motivo das férias.
O filho obedece-lhe. (V.T. l )
Ainda na linguagem culta, em escritos formais e de estilo cuidadoso, a
Consideram-se erradas construções em que o pronome O (e flexões) ênclise é a colocação recomendada nos seguintes casos:
aparece como complemento de verbos transitivos indiretos, assim como 1. Quando o verbo iniciar a oração:
as construções em que o nome LHE (LHES) aparece como complemento Voltei-me em seguida para o céu límpido.
de verbos transitivos diretos:
Eu lhe vi ontem. (errado) 2. Quando o verbo iniciar a oração principal precedida de pausa:
Nunca o obedeci. (errado) Como eu achasse muito breve, explicou-se.
Eu o vi ontem. (certo) 3. Com o imperativo afirmativo:
Nunca lhe obedeci. (certo) Companheiros, escutai-me.

Língua Portuguesa 22
APOSTILAS OPÇÃO
4. Com o infinitivo impessoal: Quando digo, por exemplo, “meu livro”, a palavra “meu” informa que o
A menina não entendera que engorda-las seria apressar-lhes um livro pertence a 1ª pessoa (eu)
destino na mesa. Eis as formas dos pronomes possessivos:
1ª pessoa singular: MEU, MINHA, MEUS, MINHAS.
5. Com o gerúndio, não precedido da preposição em: 2ª pessoa singular: TEU, TUA, TEUS, TUAS.
E saltou, chamando-me pelo nome, conversou comigo. 3ª pessoa singular: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
6. Com o verbo que inicia a coordenada assindética. 1ª pessoa plural: NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOSSAS.
A velha amiga trouxe um lenço, pediu-me uma pequena moeda de 2ª pessoa plural: VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOSSAS.
meio franco. 3ª pessoa plural: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
Os possessivos SEU(S), SUA(S) tanto podem referir-se à 3ª pessoa
Próclise (seu pai = o pai dele), como à 2ª pessoa do discurso (seu pai = o pai de
Na linguagem culta, a próclise é recomendada: você).
Por isso, toda vez que os ditos possessivos derem margem a ambi-
1. Quando o verbo estiver precedido de pronomes relativos, indefinidos, guidade, devem ser substituídos pelas expressões dele(s), dela(s).
interrogativos e conjunções. Ex.:Você bem sabe que eu não sigo a opinião dele.
As crianças que me serviram durante anos eram bichos. A opinião dela era que Camilo devia tornar à casa deles.
Tudo me parecia que ia ser comida de avião. Eles batizaram com o nome delas as águas deste rio.
Quem lhe ensinou esses modos? Os possessivos devem ser usados com critério. Substituí-los pelos
Quem os ouvia, não os amou. pronomes oblíquos comunica á frase desenvoltura e elegância.
Que lhes importa a eles a recompensa?
Emília tinha quatorze anos quando a vi pela primeira vez. Crispim Soares beijou-lhes as mãos agradecido (em vez de: beijou as
2. Nas orações optativas (que exprimem desejo): suas mãos).
Papai do céu o abençoe. Não me respeitava a adolescência.
A terra lhes seja leve. A repulsa estampava-se-lhe nos músculos da face.
O vento vindo do mar acariciava-lhe os cabelos.
3. Com o gerúndio precedido da preposição EM:
Em se animando, começa a contagiar-nos. Além da ideia de posse, podem ainda os pronomes exprimir:
Bromil era o suco em se tratando de combater a tosse. 1. Cálculo aproximado, estimativa:
Ele poderá ter seus quarenta e cinco anos
4. Com advérbios pronunciados juntamente com o verbo, sem que haja
2. Familiaridade ou ironia, aludindo-se á personagem de uma histó-
pausa entre eles.
ria
Aquela voz sempre lhe comunicava vida nova.
O nosso homem não se deu por vencido.
Antes, falava-se tão-somente na aguardente da terra.
Chama-se Falcão o meu homem
Mesóclise 3. O mesmo que os indefinidos certo, algum
Usa-se o pronome no interior das formas verbais do futuro do presen- Eu cá tenho minhas dúvidas
te e do futuro do pretérito do indicativo, desde que estes verbos não Cornélio teve suas horas amargas
estejam precedidos de palavras que reclamem a próclise. 4. Afetividade, cortesia
Lembrar-me-ei de alguns belos dias em Paris. Como vai, meu menino?
Dir-se-ia vir do oco da terra. Não os culpo, minha boa senhora, não os culpo
Mas: No plural usam-se os possessivos substantivados no sentido de pa-
Não me lembrarei de alguns belos dias em Paris. rentes de família.
Jamais se diria vir do oco da terra. É assim que um moço deve zelar o nome dos seus?
Com essas formas verbais a ênclise é inadmissível: Podem os possessivos ser modificados por um advérbio de intensidade.
Lembrarei-me (!?) Levaria a mão ao colar de pérolas, com aquele gesto tão seu, quando
Diria-se (!?) não sabia o que dizer.

PRONOMES DEMONSTRATIVOS
O Pronome Átono nas Locuções Verbais
São aqueles que determinam, no tempo ou no espaço, a posição da
1. Auxiliar + infinitivo ou gerúndio - o pronome pode vir proclítico ou
coisa designada em relação à pessoa gramatical.
enclítico ao auxiliar, ou depois do verbo principal.
Quando digo “este livro”, estou afirmando que o livro se encontra per-
Podemos contar-lhe o ocorrido.
to de mim a pessoa que fala. Por outro lado, “esse livro” indica que o livro
Podemos-lhe contar o ocorrido.
está longe da pessoa que fala e próximo da que ouve; “aquele livro” indica
Não lhes podemos contar o ocorrido.
que o livro está longe de ambas as pessoas.
O menino foi-se descontraindo.
O menino foi descontraindo-se. Os pronomes demonstrativos são estes:
O menino não se foi descontraindo. ESTE (e variações), isto = 1ª pessoa
2. Auxiliar + particípio passado - o pronome deve vir enclítico ou proclíti- ESSE (e variações), isso = 2ª pessoa
co ao auxiliar, mas nunca enclítico ao particípio. AQUELE (e variações), próprio (e variações)
"Outro mérito do positivismo em relação a mim foi ter-me levado a MESMO (e variações), próprio (e variações)
Descartes ." SEMELHANTE (e variação), tal (e variação)
Tenho-me levantado cedo.
Emprego dos Demonstrativos
Não me tenho levantado cedo.
1. ESTE (e variações) e ISTO usam-se:
O uso do pronome átono solto entre o auxiliar e o infinitivo, ou entre o
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 1ª pessoa (aquela que
auxiliar e o gerúndio, já está generalizado, mesmo na linguagem culta.
fala).
Outro aspecto evidente, sobretudo na linguagem coloquial e popular, é o
Este documento que tenho nas mãos não é meu.
da colocação do pronome no início da oração, o que se deve evitar na
Isto que carregamos pesa 5 kg.
linguagem escrita.
b) Para indicar o que está em nós ou o que nos abrange fisicamente:
PRONOMES POSSESSIVOS
Este coração não pode me trair.
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribu-
Esta alma não traz pecados.
indo-lhes a posse de alguma coisa.
Tudo se fez por este país..
Língua Portuguesa 23
APOSTILAS OPÇÃO
c) Para indicar o momento em que falamos: Ao conversar com lsabel e Luís, notei que este se encontrava nervoso
Neste instante estou tranquilo. e aquela tranquila.
Deste minuto em diante vou modificar-me.
5. Os pronomes demonstrativos, quando regidos pela preposição DE,
d) Para indicar tempo vindouro ou mesmo passado, mas próximo do pospostos a substantivos, usam-se apenas no plural:
momento em que falamos: Você teria coragem de proferir um palavrão desses, Rose?
Esta noite (= a noite vindoura) vou a um baile. Com um frio destes não se pode sair de casa.
Esta noite (= a noite que passou) não dormi bem. Nunca vi uma coisa daquelas.
Um dia destes estive em Porto Alegre.
6. MESMO e PRÓPRIO variam em gênero e número quando têm caráter
e) Para indicar que o período de tempo é mais ou menos extenso e no reforçativo:
qual se inclui o momento em que falamos: Zilma mesma (ou própria) costura seus vestidos.
Nesta semana não choveu. Luís e Luísa mesmos (ou próprios) arrumam suas camas.
Neste mês a inflação foi maior.
Este ano será bom para nós. 7. O (e variações) é pronome demonstrativo quando equivale a AQUILO,
Este século terminará breve. ISSO ou AQUELE (e variações).
Nem tudo (aquilo) que reluz é ouro.
f) Para indicar aquilo de que estamos tratando: O (aquele) que tem muitos vícios tem muitos mestres.
Este assunto já foi discutido ontem. Das meninas, Jeni a (aquela) que mais sobressaiu nos exames.
Tudo isto que estou dizendo já é velho. A sorte é mulher e bem o (isso) demonstra de fato, ela não ama os
homens superiores.
g) Para indicar aquilo que vamos mencionar:
Só posso lhe dizer isto: nada somos. 8. NISTO, em início de frase, significa ENTÃO, no mesmo instante:
Os tipos de artigo são estes: definidos e indefinidos. A menina ia cair, nisto, o pai a segurou

2. ESSE (e variações) e ISSO usam-se: 9. Tal é pronome demonstrativo quando tomado na acepção DE ESTE,
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 2ª pessoa (aquela com ISTO, ESSE, ISSO, AQUELE, AQUILO.
quem se fala): Tal era a situação do país.
Esse documento que tens na mão é teu? Não disse tal.
Isso que carregas pesa 5 kg. Tal não pôde comparecer.

b) Para indicar o que está na 2ª pessoa ou que a abrange fisicamente: Pronome adjetivo quando acompanha substantivo ou pronome (atitu-
Esse teu coração me traiu. des tais merecem cadeia, esses tais merecem cadeia), quando acompa-
Essa alma traz inúmeros pecados. nha QUE, formando a expressão que tal? (? que lhe parece?) em frases
Quantos vivem nesse pais? como Que tal minha filha? Que tais minhas filhas? e quando correlativo
DE QUAL ou OUTRO TAL:
c) Para indicar o que se encontra distante de nós, ou aquilo de que Suas manias eram tais quais as minhas.
desejamos distância: A mãe era tal quais as filhas.
O povo já não confia nesses políticos. Os filhos são tais qual o pai.
Não quero mais pensar nisso. Tal pai, tal filho.

d) Para indicar aquilo que já foi mencionado pela 2ª pessoa: É pronome substantivo em frases como:
Nessa tua pergunta muita matreirice se esconde. Não encontrarei tal (= tal coisa).
O que você quer dizer com isso? Não creio em tal (= tal coisa)

e) Para indicar tempo passado, não muito próximo do momento em que PRONOMES RELATIVOS
falamos: Veja este exemplo:
Um dia desses estive em Porto Alegre. Armando comprou a casa QUE lhe convinha.
Comi naquele restaurante dia desses. A palavra que representa o nome casa, relacionando-se com o termo
casa é um pronome relativo.
f) Para indicar aquilo que já mencionamos: PRONOMES RELATIVOS são palavras que representam nomes já
Fugir aos problemas? Isso não é do meu feitio. referidos, com os quais estão relacionados. Daí denominarem-se relativos.
Ainda hei de conseguir o que desejo, e esse dia não está muito dis- A palavra que o pronome relativo representa chama-se antecedente.
tante. No exemplo dado, o antecedente é casa.
Outros exemplos de pronomes relativos:
3. AQUELE (e variações) e AQUILO usam-se: Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos.
a) Para indicar o que está longe das duas primeiras pessoas e refere-se O lugar onde paramos era deserto.
á 3ª.
Traga tudo quanto lhe pertence.
Aquele documento que lá está é teu?
Leve tantos ingressos quantos quiser.
Aquilo que eles carregam pesa 5 kg.
Posso saber o motivo por que (ou pelo qual) desistiu do concurso?
b) Para indicar tempo passado mais ou menos distante.
Naquele instante estava preocupado. Eis o quadro dos pronomes relativos:
Daquele instante em diante modifiquei-me. VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
Usamos, ainda, aquela semana, aquele mês, aquele ano, aquele Masculino Feminino
século, para exprimir que o tempo já decorreu. o qual a qual quem
os quais as quais
4. Quando se faz referência a duas pessoas ou coisas já mencionadas, cujo cujos cuja cujas que
usa-se este (ou variações) para a última pessoa ou coisa e aquele (ou quanto quanta quantas onde
variações) para a primeira: quantos

Língua Portuguesa 24
APOSTILAS OPÇÃO
Observações: c) Fenômeno:
1. O pronome relativo QUEM só se aplica a pessoas, tem antecedente, Chove. O céu dorme.
vem sempre antecedido de preposição, e equivale a O QUAL.
O médico de quem falo é meu conterrâneo. VERBO é a palavra variável que exprime ação, estado, mudança de
estado e fenômeno, situando-se no tempo.
2. Os pronomes CUJO, CUJA significam do qual, da qual, e precedem
sempre um substantivo sem artigo. FLEXÕES
Qual será o animal cujo nome a autora não quis revelar? O verbo é a classe de palavras que apresenta o maior número de fle-
xões na língua portuguesa. Graças a isso, uma forma verbal pode trazer
3. QUANTO(s) e QUANTA(s) são pronomes relativos quando precedidos em si diversas informações. A forma CANTÁVAMOS, por exemplo, indica:
de um dos pronomes indefinidos tudo, tanto(s), tanta(s), todos, todas. • a ação de cantar.
Tenho tudo quanto quero. • a pessoa gramatical que pratica essa ação (nós).
Leve tantos quantos precisar. • o número gramatical (plural).
Nenhum ovo, de todos quantos levei, se quebrou. • o tempo em que tal ação ocorreu (pretérito).
• o modo como é encarada a ação: um fato realmente acontecido
4. ONDE, como pronome relativo, tem sempre antecedente e equivale a no passado (indicativo).
EM QUE. • que o sujeito pratica a ação (voz ativa).
A casa onde (= em que) moro foi de meu avô. Portanto, o verbo flexiona-se em número, pessoa, modo, tempo e voz.
1. NÚMERO: o verbo admite singular e plural:
PRONOMES INDEFINIDOS O menino olhou para o animal com olhos alegres. (singular).
Estes pronomes se referem à 3ª pessoa do discurso, designando-a de Os meninos olharam para o animal com olhos alegres. (plural).
modo vago, impreciso, indeterminado.
1. São pronomes indefinidos substantivos: ALGO, ALGUÉM, FULANO, 2. PESSOA: servem de sujeito ao verbo as três pessoas gramaticais:
SICRANO, BELTRANO, NADA, NINGUÉM, OUTREM, QUEM, TUDO 1ª pessoa: aquela que fala. Pode ser
Exemplos: a) do singular - corresponde ao pronome pessoal EU. Ex.: Eu adormeço.
Algo o incomoda? b) do plural - corresponde ao pronome pessoal NÓS. Ex.: Nós adorme-
Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve. cemos.
Não faças a outrem o que não queres que te façam.
2ª pessoa: aquela que ouve. Pode ser
Quem avisa amigo é.
a) do singular - corresponde ao pronome pessoal TU. Ex.:Tu adormeces.
Encontrei quem me pode ajudar.
b) do plural - corresponde ao pronome pessoal VÓS. Ex.:Vós adorme-
Ele gosta de quem o elogia.
ceis.
2. São pronomes indefinidos adjetivos: CADA, CERTO, CERTOS, 3ª pessoa: aquela de quem se fala. Pode ser
CERTA CERTAS. a) do singular - corresponde aos pronomes pessoais ELE, ELA. Ex.: Ela
Cada povo tem seus costumes. adormece.
Certas pessoas exercem várias profissões. b) do plural - corresponde aos pronomes pessoas ELES, ELAS. Ex.:
Certo dia apareceu em casa um repórter famoso. Eles adormecem.

PRONOMES INTERROGATIVOS 3. MODO: é a propriedade que tem o verbo de indicar a atitude do


Aparecem em frases interrogativas. Como os indefinidos, referem-se falante em relação ao fato que comunica. Há três modos em portu-
de modo impreciso à 3ª pessoa do discurso. guês.
Exemplos: a) indicativo: a atitude do falante é de certeza diante do fato.
Que há? A cachorra Baleia corria na frente.
Que dia é hoje? b) subjuntivo: a atitude do falante é de dúvida diante do fato.
Reagir contra quê? Talvez a cachorra Baleia corra na frente .
Por que motivo não veio? c) imperativo: o fato é enunciado como uma ordem, um conselho, um
Quem foi? pedido
Qual será? Corra na frente, Baleia.
Quantos vêm?
Quantas irmãs tens? 4. TEMPO: é a propriedade que tem o verbo de localizar o fato no tem-
po, em relação ao momento em que se fala. Os três tempos básicos
são:
VERBO
a) presente: a ação ocorre no momento em que se fala:
Fecho os olhos, agito a cabeça.
CONCEITO b) pretérito (passado): a ação transcorreu num momento anterior àquele
“As palavras em destaque no texto abaixo exprimem ações, situando- em que se fala:
as no tempo. Fechei os olhos, agitei a cabeça.
Queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me a queixa. Deu-me a c) futuro: a ação poderá ocorrer após o momento em que se fala:
receita de como matá-las. Que misturasse em partes iguais açúcar, fari- Fecharei os olhos, agitarei a cabeça.
nha e gesso. A farinha e o açúcar as atrairiam, o gesso esturricaria dentro O pretérito e o futuro admitem subdivisões, o que não ocorre com o
elas. Assim fiz. Morreram.” presente.
(Clarice Lispector)
Veja o esquema dos tempos simples em português:
Essas palavras são verbos. O verbo também pode exprimir: Presente (falo)
a) Estado: INDICATIVO Pretérito perfeito ( falei)
Não sou alegre nem sou triste. Imperfeito (falava)
Sou poeta. Mais- que-perfeito (falara)
Futuro do presente (falarei)
b) Mudança de estado: do pretérito (falaria)
Meu avô foi buscar ouro. Presente (fale)
Mas o ouro virou terra. SUBJUNTIVO Pretérito imperfeito (falasse)
Futuro (falar)
Língua Portuguesa 25
APOSTILAS OPÇÃO
Há ainda três formas que não exprimem exatamente o tempo em que 2) ACONTECER, SUCEDER
se dá o fato expresso. São as formas nominais, que completam o esque- Houve casos difíceis na minha profissão de médico.
ma dos tempos simples. Não haja desavenças entre vós.
Infinitivo impessoal (falar) Naquele presídio havia frequentes rebeliões de presos.
Pessoal (falar eu, falares tu, etc.)
FORMAS NOMINAIS Gerúndio (falando) 3) DECORRER, FAZER, com referência ao tempo passado:
Particípio (falado) Há meses que não o vejo.
Haverá nove dias que ele nos visitou.
5. VOZ: o sujeito do verbo pode ser: Havia já duas semanas que Marcos não trabalhava.
a) agente do fato expresso. O fato aconteceu há cerca de oito meses.
O carroceiro disse um palavrão. Quando pode ser substituído por FAZIA, o verbo HAVER concorda no
(sujeito agente) pretérito imperfeito, e não no presente:
O verbo está na voz ativa. Havia (e não HÁ) meses que a escola estava fechada.
b) paciente do fato expresso: Morávamos ali havia (e não HÁ) dois anos.
Um palavrão foi dito pelo carroceiro. Ela conseguira emprego havia (e não HÁ) pouco tempo.
(sujeito paciente) Havia (e não HÁ) muito tempo que a policia o procurava.
O verbo está na voz passiva.
c) agente e paciente do fato expresso: 4) REALIZAR-SE
O carroceiro machucou-se. Houve festas e jogos.
(sujeito agente e paciente) Se não chovesse, teria havido outros espetáculos.
O verbo está na voz reflexiva. Todas as noites havia ensaios das escolas de samba.
6. FORMAS RIZOTÔNICAS E ARRIZOTÔNICAS: dá-se o nome de 5) Ser possível, existir possibilidade ou motivo (em frases negativas e
rizotônica à forma verbal cujo acento tônico está no radical. seguido de infinitivo):
Falo - Estudam. Em pontos de ciência não há transigir.
Dá-se o nome de arrizotônica à forma verbal cujo acento tônico está Não há contê-lo, então, no ímpeto.
fora do radical. Não havia descrer na sinceridade de ambos.
Falamos - Estudarei. Mas olha, Tomásia, que não há fiar nestas afeiçõezinhas.
E não houve convencê-lo do contrário.
7. CLASSIFICACÃO DOS VERBOS: os verbos classificam-se em: Não havia por que ficar ali a recriminar-se.
a) regulares - são aqueles que possuem as desinências normais de sua
conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical: canto - Como impessoal o verbo HAVER forma ainda a locução adverbial de
cantei - cantarei – cantava - cantasse. há muito (= desde muito tempo, há muito tempo):
b) irregulares - são aqueles cuja flexão provoca alterações no radical ou De há muito que esta árvore não dá frutos.
nas desinências: faço - fiz - farei - fizesse. De há muito não o vejo.
c) defectivos - são aqueles que não apresentam conjugação completa,
como por exemplo, os verbos falir, abolir e os verbos que indicam fe- O verbo HAVER transmite a sua impessoalidade aos verbos que com
nômenos naturais, como CHOVER, TROVEJAR, etc. ele formam locução, os quais, por isso, permanecem invariáveis na 3ª
d) abundantes - são aqueles que possuem mais de uma forma com o pessoa do singular:
mesmo valor. Geralmente, essa característica ocorre no particípio: Vai haver eleições em outubro.
matado - morto - enxugado - enxuto. Começou a haver reclamações.
e) anômalos - são aqueles que incluem mais de um radical em sua Não pode haver umas sem as outras.
conjugação. Parecia haver mais curiosos do que interessados.
verbo ser: sou - fui Mas haveria outros defeitos, devia haver outros.
verbo ir: vou - ia
A expressão correta é HAJA VISTA, e não HAJA VISTO. Pode ser
QUANTO À EXISTÊNCIA OU NÃO DO SUJEITO construída de três modos:
1. Pessoais: são aqueles que se referem a qualquer sujeito implícito ou Hajam vista os livros desse autor.
explícito. Quase todos os verbos são pessoais. Haja vista os livros desse autor.
O Nino apareceu na porta. Haja vista aos livros desse autor.
2. Impessoais: são aqueles que não se referem a qualquer sujeito implí- CONVERSÃO DA VOZ ATIVA NA PASSIVA
cito ou explícito. São utilizados sempre na 3ª pessoa. São impessoais: Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o
a) verbos que indicam fenômenos meteorológicos: chover, nevar, ventar, sentido da frase.
etc.
Garoava na madrugada roxa. Exemplo:
b) HAVER, no sentido de existir, ocorrer, acontecer: Gutenberg inventou a imprensa. (voz ativa)
Houve um espetáculo ontem. A imprensa foi inventada por Gutenberg. (voz passiva)
Há alunos na sala. Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito da ati-
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Anica com seus olhos va passará a agente da passiva e o verbo assumirá a forma passiva,
claros. conservando o mesmo tempo.
c) FAZER, indicando tempo decorrido ou fenômeno meteorológico. Outros exemplos:
Fazia dois anos que eu estava casado. Os calores intensos provocam as chuvas.
Faz muito frio nesta região? As chuvas são provocadas pelos calores intensos.
Eu o acompanharei.
O VERBO HAVER (empregado impessoalmente) Ele será acompanhado por mim.
O verbo haver é impessoal - sendo, portanto, usado invariavelmente Todos te louvariam.
na 3ª pessoa do singular - quando significa: Serias louvado por todos.
1) EXISTIR Prejudicaram-me.
Há pessoas que nos querem bem. Fui prejudicado.
Criaturas infalíveis nunca houve nem haverá. Condenar-te-iam.
Brigavam à toa, sem que houvesse motivos sérios. Serias condenado.
Livros, havia-os de sobra; o que faltava eram leitores.

Língua Portuguesa 26
APOSTILAS OPÇÃO
EMPREGO DOS TEMPOS VERBAIS c) Pretérito Perfeito
a) Presente Emprega-se o pretérito perfeito composto do subjuntivo para apontar
Emprega-se o presente do indicativo para assinalar: um fato passado, mas incerto, hipotético, duvidoso (que são, afinal, as
- um fato que ocorre no momento em que se fala. características do modo subjuntivo).
Eles estudam silenciosamente. Que tenha estudado bastante é o que espero.
Eles estão estudando silenciosamente. d) Pretérito Mais-Que-Perfeito - Emprega-se o pretérito mais-que-
- uma ação habitual. perfeito do subjuntivo para indicar um fato passado em relação a outro
Corra todas as manhãs. fato passado, sempre de acordo com as regras típicas do modo sub-
- uma verdade universal (ou tida como tal): juntivo:
O homem é mortal. Se não tivéssemos saído da sala, teríamos terminado a prova tranqui-
A mulher ama ou odeia, não há outra alternativa. lamente.
- fatos já passados. Usa-se o presente em lugar do pretérito para dar e) Futuro
maior realce à narrativa. Emprega-se o futuro do subjuntivo para indicar um fato futuro já
Em 1748, Montesquieu publica a obra "O Espírito das Leis". concluído em relação a outro fato futuro.
É o chamado presente histórico ou narrativo. Quando eu voltar, saberei o que fazer.
- fatos futuros não muito distantes, ou mesmo incertos: VERBOS IRREGULARES
Amanhã vou à escola. DAR
Qualquer dia eu te telefono. Presente do indicativo dou, dás, dá, damos, dais, dão
Pretérito perfeito dei, deste, deu, demos, destes, deram
b) Pretérito Imperfeito Pretérito mais-que-perfeito dera, deras, dera, déramos, déreis, deram
Emprega-se o pretérito imperfeito do indicativo para designar: Presente do subjuntivo dê, dês, dê, demos, deis, deem
- um fato passado contínuo, habitual, permanente: Imperfeito do subjuntivo desse, desses, desse, déssemos, désseis,
Ele andava à toa. dessem
Nós vendíamos sempre fiado. Futuro do subjuntivo der, deres, der, dermos, derdes, derem
- um fato passado, mas de incerta localização no tempo. É o que ocorre
MOBILIAR
por exemplo, no inicio das fábulas, lendas, histórias infantis.
Presente do indicativo mobilio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais,
Era uma vez...
mobiliam
- um fato presente em relação a outro fato passado. Presente do subjuntivo mobilie, mobilies, mobílie, mobiliemos, mobilieis,
Eu lia quando ele chegou. mobiliem
Imperativo mobília, mobilie, mobiliemos, mobiliai, mobiliem
c) Pretérito Perfeito
Emprega-se o pretérito perfeito do indicativo para referir um fato já AGUAR
ocorrido, concluído. Presente do indicativo águo, águas, água, aguamos, aguais, águam
Estudei a noite inteira. Pretérito perfeito aguei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes,
Usa-se a forma composta para indicar uma ação que se prolonga até aguaram
o momento presente. Presente do subjuntivo águe, agues, ague, aguemos, agueis, águem
Tenho estudado todas as noites.
MAGOAR
d) Pretérito mais-que-perfeito Presente do indicativo magoo, magoas, magoa, magoamos, magoais,
Chama-se mais-que-perfeito porque indica uma ação passada em magoam
relação a outro fato passado (ou seja, é o passado do passado): Pretérito perfeito magoei, magoaste, magoou, magoamos, magoastes,
A bola já ultrapassara a linha quando o jogador a alcançou. magoaram
e) Futuro do Presente Presente do subjuntivo magoe, magoes, magoe, magoemos, magoeis,
Emprega-se o futuro do presente do indicativo para apontar um fato magoem
futuro em relação ao momento em que se fala. Conjugam-se como magoar, abençoar, abotoar, caçoar, voar e perdoar
Irei à escola.
APIEDAR-SE
f) Futuro do Pretérito Presente do indicativo: apiado-me, apiadas-te, apiada-se, apiedamo-
Emprega-se o futuro do pretérito do indicativo para assinalar: nos, apiedais-vos, apiadam-se
- um fato futuro, em relação a outro fato passado. Presente do subjuntivo apiade-me, apiades-te, apiade-se, apiedemo-
- Eu jogaria se não tivesse chovido. nos, apiedei-vos, apiedem-se
- um fato futuro, mas duvidoso, incerto. Nas formas rizotônicas, o E do radical é substituído por A
- Seria realmente agradável ter de sair?
Um fato presente: nesse caso, o futuro do pretérito indica polidez e às MOSCAR
vezes, ironia. Presente do indicativo musco, muscas, musca, moscamos, moscais,
- Daria para fazer silêncio?! muscam
Presente do subjuntivo musque, musques, musque, mosquemos, mos-
Modo Subjuntivo queis, musquem
a) Presente Nas formas rizotônicas, o O do radical é substituído por U
Emprega-se o presente do subjuntivo para mostrar:
- um fato presente, mas duvidoso, incerto. RESFOLEGAR
Talvez eles estudem... não sei. Presente do indicativo resfolgo, resfolgas, resfolga, resfolegamos,
- um desejo, uma vontade: resfolegais, resfolgam
Que eles estudem, este é o desejo dos pais e dos professores. Presente do subjuntivo resfolgue, resfolgues, resfolgue, resfoleguemos,
resfolegueis, resfolguem
b) Pretérito Imperfeito Nas formas rizotônicas, o E do radical desaparece
Emprega-se o pretérito imperfeito do subjuntivo para indicar uma
hipótese, uma condição. NOMEAR
Se eu estudasse, a história seria outra. Presente da indicativo nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos,
Nós combinamos que se chovesse não haveria jogo. nomeais, nomeiam
Língua Portuguesa 27
APOSTILAS OPÇÃO
Pretérito imperfeito nomeava, nomeavas, nomeava, nomeávamos, Imperfeito do subjuntivo fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos,
nomeáveis, nomeavam fizésseis, fizessem
Pretérito perfeito nomeei, nomeaste, nomeou, nomeamos, nomeastes, Futuro do subjuntivo fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem
nomearam Conjugam-se como fazer, desfazer, refazer satisfazer
Presente do subjuntivo nomeie, nomeies, nomeie, nomeemos,
nomeeis, nomeiem PERDER
Imperativo afirmativo nomeia, nomeie, nomeemos, nomeai, nomeiem Presente do indicativo perco, perdes, perde, perdemos, perdeis, perdem
Conjugam-se como nomear, cear, hastear, peritear, recear, passear Presente do subjuntivo perca, percas, perca, percamos, percais. percam
Imperativo afirmativo perde, perca, percamos, perdei, percam
COPIAR
Presente do indicativo copio, copias, copia, copiamos, copiais, copiam PODER
Pretérito imperfeito copiei, copiaste, copiou, copiamos, copiastes, copia- Presente do Indicativo posso, podes, pode, podemos, podeis, podem
ram Pretérito Imperfeito podia, podias, podia, podíamos, podíeis, podiam
Pretérito mais-que-perfeito copiara, copiaras, copiara, copiáramos, copiá- Pretérito perfeito pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam
reis, copiaram Pretérito mais-que-perfeito pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudé-
Presente do subjuntivo copie, copies, copie, copiemos, copieis, copiem reis, puderam
Imperativo afirmativo copia, copie, copiemos, copiai, copiem Presente do subjuntivo possa, possas, possa, possamos, possais,
possam
ODIAR Pretérito imperfeito pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudés-
Presente do indicativo odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam seis, pudessem
Pretérito imperfeito odiava, odiavas, odiava, odiávamos, odiáveis, Futuro puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem
odiavam Infinitivo pessoal pode, poderes, poder, podermos, poderdes, pode-
Pretérito perfeito odiei, odiaste, odiou, odiamos, odiastes, odiaram rem
Pretérito mais-que-perfeito odiara, odiaras, odiara, odiáramos, odiá- Gerúndio podendo
reis, odiaram Particípio podido
Presente do subjuntivo odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem O verbo PODER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmati-
Conjugam-se como odiar, mediar, remediar, incendiar, ansiar vo nem no imperativo negativo

PROVER
CABER
Presente do indicativo provejo, provês, provê, provemos, provedes,
Presente do indicativo caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem
proveem
Pretérito perfeito coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes,
Pretérito imperfeito provia, provias, provia, províamos, províeis, proviam
couberam
Pretérito perfeito provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram
Pretérito mais-que-perfeito coubera, couberas, coubera, coubéramos,
Pretérito mais-que-perfeito provera, proveras, provera, provêramos,
coubéreis, couberam
provêreis, proveram
Presente do subjuntivo caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam
Futuro do presente proverei, proverás, proverá, proveremos, provereis,
Imperfeito do subjuntivo coubesse, coubesses, coubesse, coubés-
proverão
semos, coubésseis, coubessem
Futuro do pretérito proveria, proverias, proveria, proveríamos, proverí-
Futuro do subjuntivo couber, couberes, couber, coubermos, couberdes,
eis, proveriam
couberem
Imperativo provê, proveja, provejamos, provede, provejam
O verbo CABER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmati-
Presente do subjuntivo proveja, provejas, proveja, provejamos,
vo nem no imperativo negativo
provejais. provejam
Pretérito imperfeito provesse, provesses, provesse, provêssemos,
CRER
provêsseis, provessem
Presente do indicativo creio, crês, crê, cremos, credes, creem
Futuro prover, proveres, prover, provermos, proverdes,
Presente do subjuntivo creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam
proverem
Imperativo afirmativo crê, creia, creiamos, crede, creiam
Gerúndio provendo
Conjugam-se como crer, ler e descrer
Particípio provido
DIZER QUERER
Presente do indicativo digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem Presente do indicativo quero, queres, quer, queremos, quereis, querem
Pretérito perfeito disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram Pretérito perfeito quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram
Pretérito mais-que-perfeito dissera, disseras, dissera, disséramos, Pretérito mais-que-perfeito quisera, quiseras, quisera, quiséramos,
disséreis, disseram quiséreis, quiseram
Futuro do presente direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão Presente do subjuntivo queira, queiras, queira, queiramos, quei-
Futuro do pretérito diria, dirias, diria, diríamos, diríeis, diriam rais, queiram
Presente do subjuntivo diga, digas, diga, digamos, digais, digam Pretérito imperfeito quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos quisés-
Pretérito imperfeito dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissés- seis, quisessem
seis, dissesse Futuro quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem
Futuro disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem
Particípio dito REQUERER
Conjugam-se como dizer, bendizer, desdizer, predizer, maldizer Presente do indicativo requeiro, requeres, requer, requeremos,
requereis. requerem
FAZER Pretérito perfeito requeri, requereste, requereu, requeremos, reque-
Presente do indicativo faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem reste, requereram
Pretérito perfeito fiz, fizeste, fez, fizemos fizestes, fizeram Pretérito mais-que-perfeito requerera, requereras, requerera, reque-
Pretérito mais-que-perfeito fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, reramos, requerereis, requereram
fizeram Futuro do presente requererei, requererás requererá, requereremos,
Futuro do presente farei, farás, fará, faremos, fareis, farão requerereis, requererão
Futuro do pretérito faria, farias, faria, faríamos, faríeis, fariam Futuro do pretérito requereria, requererias, requereria, requereríamos,
Imperativo afirmativo faze, faça, façamos, fazei, façam requereríeis, requereriam
Presente do subjuntivo faça, faças, faça, façamos, façais, façam Imperativo requere, requeira, requeiramos, requerer, requeiram

Língua Portuguesa 28
APOSTILAS OPÇÃO
Presente do subjuntivo requeira, requeiras, requeira, requeira- Futuro do presente abolirei, abolirás, abolirá, aboliremos, abolireis,
mos, requeirais, requeiram abolirão
Pretérito Imperfeito requeresse, requeresses, requeresse, requerêsse- Futuro do pretérito aboliria, abolirias, aboliria, aboliríamos, aboliríeis,
mos, requerêsseis, requeressem, aboliriam
Futuro requerer, requereres, requerer, requerermos, reque- Presente do subjuntivo não há
rerdes, requerem Presente imperfeito abolisse, abolisses, abolisse, abolíssemos, abolís-
Gerúndio requerendo seis, abolissem
Particípio requerido Futuro abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem
O verbo REQUERER não se conjuga como querer. Imperativo afirmativo abole, aboli
Imperativo negativo não há
REAVER Infinitivo pessoal abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem
Presente do indicativo reavemos, reaveis Infinitivo impessoal abolir
Pretérito perfeito reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, Gerúndio abolindo
reouveram Particípio abolido
Pretérito mais-que-perfeito reouvera, reouveras, reouvera, reouvéra- O verbo ABOLIR é conjugado só nas formas em que depois do L do
mos, reouvéreis, reouveram radical há E ou I.
Pretérito imperf. do subjuntivo reouvesse, reouvesses, reouvesse,
reouvéssemos, reouvésseis, reouvessem AGREDIR
Futuro reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reouverdes, reouverem Presente do indicativo agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agri-
O verbo REAVER conjuga-se como haver, mas só nas formas em que dem
esse apresenta a letra v Presente do subjuntivo agrida, agridas, agrida, agridamos, agridais, agri-
dam
SABER Imperativo agride, agrida, agridamos, agredi, agridam
Presente do indicativo sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem Nas formas rizotônicas, o verbo AGREDIR apresenta o E do radical substi-
Pretérito perfeito soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, soube- tuído por I.
ram
Pretérito mais-que-perfeito soubera, souberas, soubera, soubéramos, COBRIR
soubéreis, souberam Presente do indicativo cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, cobrem
Pretérito imperfeito sabia, sabias, sabia, sabíamos, sabíeis, sabiam Presente do subjuntivo cubra, cubras, cubra, cubramos, cubrais, cu-
Presente do subjuntivo soubesse, soubesses, soubesse, soubés- bram
semos, soubésseis, soubessem Imperativo cobre, cubra, cubramos, cobri, cubram
Futuro souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem Particípio coberto
Conjugam-se como COBRIR, dormir, tossir, descobrir, engolir
VALER
Presente do indicativo valho, vales, vale, valemos, valeis, valem FALIR
Presente do subjuntivo valha, valhas, valha, valhamos, valhais, valham Presente do indicativo falimos, falis
Imperativo afirmativo vale, valha, valhamos, valei, valham Pretérito imperfeito falia, falias, falia, falíamos, falíeis, faliam
Pretérito mais-que-perfeito falira, faliras, falira, falíramos, falireis, faliram
TRAZER Pretérito perfeito fali, faliste, faliu, falimos, falistes, faliram
Presente do indicativo trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem Futuro do presente falirei, falirás, falirá, faliremos, falireis, falirão
Pretérito imperfeito trazia, trazias, trazia, trazíamos, trazíeis, traziam Futuro do pretérito faliria, falirias, faliria, faliríamos, faliríeis, faliriam
Pretérito perfeito trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, Presente do subjuntivo não há
trouxeram Pretérito imperfeito falisse, falisses, falisse, falíssemos, falísseis, falis-
Pretérito mais-que-perfeito trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéra- sem
mos, trouxéreis, trouxeram Futuro falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem
Futuro do presente trarei, trarás, trará, traremos, trareis, trarão Imperativo afirmativo fali (vós)
Futuro do pretérito traria, trarias, traria, traríamos, traríeis, trariam Imperativo negativo não há
Imperativo traze, traga, tragamos, trazei, tragam Infinitivo pessoal falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem
Presente do subjuntivo traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam Gerúndio falindo
Pretérito imperfeito trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, Particípio falido
trouxésseis, trouxessem
Futuro trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem FERIR
Infinitivo pessoal trazer, trazeres, trazer, trazermos, trazerdes, traze- Presente do indicativo firo, feres, fere, ferimos, feris, ferem
rem Presente do subjuntivo fira, firas, fira, firamos, firais, firam
Gerúndio trazendo Conjugam-se como FERIR: competir, vestir, inserir e seus derivados.
Particípio trazido
MENTIR
VER
Presente do indicativo minto, mentes, mente, mentimos, mentis, mentem
Presente do indicativo vejo, vês, vê, vemos, vedes, veem
Presente do subjuntivo minta, mintas, minta, mintamos, mintais, mintam
Pretérito perfeito vi, viste, viu, vimos, vistes, viram
Imperativo mente, minta, mintamos, menti, mintam
Pretérito mais-que-perfeito vira, viras, vira, viramos, vireis, viram
Conjugam-se como MENTIR: sentir, cerzir, competir, consentir, pressentir.
Imperativo afirmativo vê, veja, vejamos, vede vós, vejam vocês
Presente do subjuntivo veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam FUGIR
Pretérito imperfeito visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem Presente do indicativo fujo, foges, foge, fugimos, fugis, fogem
Futuro vir, vires, vir, virmos, virdes, virem Imperativo foge, fuja, fujamos, fugi, fujam
Particípio visto Presente do subjuntivo fuja, fujas, fuja, fujamos, fujais, fujam
ABOLIR
IR
Presente do indicativo aboles, abole abolimos, abolis, abolem
Presente do indicativo vou, vais, vai, vamos, ides, vão
Pretérito imperfeito abolia, abolias, abolia, abolíamos, abolíeis, aboliam
Pretérito imperfeito ia, ias, ia, íamos, íeis, iam
Pretérito perfeito aboli, aboliste, aboliu, abolimos, abolistes, aboliram
Pretérito perfeito fui, foste, foi, fomos, fostes, foram
Pretérito mais-que-perfeito abolira, aboliras, abolira, abolíramos, abolíreis,
Pretérito mais-que-perfeito fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram
aboliram
Língua Portuguesa 29
APOSTILAS OPÇÃO
Futuro do presente irei, irás, irá, iremos, ireis, irão SUMIR
Futuro do pretérito iria, irias, iria, iríamos, iríeis, iriam Presente do indicativo sumo, somes, some, sumimos, sumis, somem
Imperativo afirmativo vai, vá, vamos, ide, vão Presente do subjuntivo suma, sumas, suma, sumamos, sumais, sumam
Imperativo negativo não vão, não vá, não vamos, não vades, não vão Imperativo some, suma, sumamos, sumi, sumam
Presente do subjuntivo vá, vás, vá, vamos, vades, vão Conjugam-se como SUMIR: subir, acudir, bulir, escapulir, fugir, consumir,
Pretérito imperfeito fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem cuspir
Futuro for, fores, for, formos, fordes, forem
Infinitivo pessoal ir, ires, ir, irmos, irdes, irem ADVÉRBIO
Gerúndio indo
Particípio ido Advérbio é a palavra que modifica a verbo, o adjetivo ou o próprio ad-
vérbio, exprimindo uma circunstância.
OUVIR
Os advérbios dividem-se em:
Presente do indicativo ouço, ouves, ouve, ouvimos, ouvis, ouvem
1) LUGAR: aqui, cá, lá, acolá, ali, aí, aquém, além, algures, alhures,
Presente do subjuntivo ouça, ouças, ouça, ouçamos, ouçais, ouçam nenhures, atrás, fora, dentro, perto, longe, adiante, diante, onde,
Imperativo ouve, ouça, ouçamos, ouvi, ouçam avante, através, defronte, aonde, etc.
Particípio ouvido 2) TEMPO: hoje, amanhã, depois, antes, agora, anteontem, sempre,
nunca, já, cedo, logo, tarde, ora, afinal, outrora, então, amiúde, breve,
PEDIR brevemente, entrementes, raramente, imediatamente, etc.
Presente do indicativo peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem 3) MODO: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, debalde, pior,
Pretérito perfeito pedi, pediste, pediu, pedimos, pedistes, pediram melhor, suavemente, tenazmente, comumente, etc.
Presente do subjuntivo peça, peças, peça, peçamos, peçais, peçam 4) ITENSIDADE: muito, pouco, assaz, mais, menos, tão, bastante,
Imperativo pede, peça, peçamos, pedi, peçam demasiado, meio, completamente, profundamente, quanto, quão, tan-
Conjugam-se como pedir: medir, despedir, impedir, expedir to, bem, mal, quase, apenas, etc.
5) AFIRMAÇÃO: sim, deveras, certamente, realmente, efefivamente, etc.
POLIR 6) NEGAÇÃO: não.
Presente do indicativo pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem 7) DÚVIDA: talvez, acaso, porventura, possivelmente, quiçá, decerto,
Presente do subjuntivo pula, pulas, pula, pulamos, pulais, pulam provavelmente, etc.
Imperativo pule, pula, pulamos, poli, pulam
Há Muitas Locuções Adverbiais
REMIR 1) DE LUGAR: à esquerda, à direita, à tona, à distância, à frente, à
Presente do indicativo redimo, redimes, redime, redimimos, redimis, entrada, à saída, ao lado, ao fundo, ao longo, de fora, de lado, etc.
redimem 2) TEMPO: em breve, nunca mais, hoje em dia, de tarde, à tarde, à
Presente do subjuntivo redima, redimas, redima, redimamos, redimais, noite, às ave-marias, ao entardecer, de manhã, de noite, por ora, por
redimam fim, de repente, de vez em quando, de longe em longe, etc.
3) MODO: à vontade, à toa, ao léu, ao acaso, a contento, a esmo, de
RIR bom grado, de cor, de mansinho, de chofre, a rigor, de preferência,
Presente do indicativo rio, ris, ri, rimos, rides, riem em geral, a cada passo, às avessas, ao invés, às claras, a pique, a
Pretérito imperfeito ria, rias, ria, riamos, ríeis, riam olhos vistos, de propósito, de súbito, por um triz, etc.
Pretérito perfeito ri, riste, riu, rimos, ristes, riram 4) MEIO OU INSTRUMENTO: a pau, a pé, a cavalo, a martelo, a máqui-
Pretérito mais-que-perfeito rira, riras, rira, ríramos, rireis, riram na, a tinta, a paulada, a mão, a facadas, a picareta, etc.
Futuro do presente rirei, rirás, rirá, riremos, rireis, rirão 5) AFIRMAÇÃO: na verdade, de fato, de certo, etc.
6) NEGAÇAO: de modo algum, de modo nenhum, em hipótese alguma,
Futuro do pretérito riria, ririas, riria, riríamos, riríeis, ririam
etc.
Imperativo afirmativo ri, ria, riamos, ride, riam
7) DÚVIDA: por certo, quem sabe, com certeza, etc.
Presente do subjuntivo ria, rias, ria, riamos, riais, riam
Pretérito imperfeito risse, risses, risse, ríssemos, rísseis, rissem Advérbios Interrogativos
Futuro rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem Onde?, aonde?, donde?, quando?, porque?, como?
Infinitivo pessoal rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
Gerúndio rindo Palavras Denotativas
Particípio rido Certas palavras, por não se poderem enquadrar entre os advérbios,
Conjuga-se como rir: sorrir terão classificação à parte. São palavras que denotam exclusão, inclusão,
situação, designação, realce, retificação, afetividade, etc.
VIR 1) DE EXCLUSÃO - só, salvo, apenas, senão, etc.
Presente do indicativo venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm 2) DE INCLUSÃO - também, até, mesmo, inclusive, etc.
Pretérito imperfeito vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham 3) DE SITUAÇÃO - mas, então, agora, afinal, etc.
Pretérito perfeito vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram 4) DE DESIGNAÇÃO - eis.
5) DE RETIFICAÇÃO - aliás, isto é, ou melhor, ou antes, etc.
Pretérito mais-que-perfeito viera, vieras, viera, viéramos, viéreis,
6) DE REALCE - cá, lá, sã, é que, ainda, mas, etc.
vieram
Você lá sabe o que está dizendo, homem...
Futuro do presente virei, virás, virá, viremos, vireis, virão
Mas que olhos lindos!
Futuro do pretérito viria, virias, viria, viríamos, viríeis, viriam Veja só que maravilha!
Imperativo afirmativo vem, venha, venhamos, vinde, venham
Presente do subjuntivo venha, venhas, venha, venhamos, ve- NUMERAL
nhais, venham
Pretérito imperfeito viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, vies- Numeral é a palavra que indica quantidade, ordem, múltiplo ou fração.
sem O numeral classifica-se em:
Futuro vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem - cardinal - quando indica quantidade.
Infinitivo pessoal vir, vires, vir, virmos, virdes, virem - ordinal - quando indica ordem.
Gerúndio vindo - multiplicativo - quando indica multiplicação.
Particípio vindo - fracionário - quando indica fracionamento.
Conjugam-se como vir: intervir, advir, convir, provir, sobrevir
Língua Portuguesa 30
APOSTILAS OPÇÃO
Exemplos: XVI capítulo da telenovela (décimo sexto)
Silvia comprou dois livros.
Antônio marcou o primeiro gol. Quando se trata do primeiro dia do mês, deve-se dar preferência ao
Na semana seguinte, o anel custará o dobro do preço. emprego do ordinal.
O galinheiro ocupava um quarto da quintal. Hoje é primeiro de setembro
Não é aconselhável iniciar período com algarismos
QUADRO BÁSICO DOS NUMERAIS 16 anos tinha Patrícia = Dezesseis anos tinha Patrícia
Algarismos Numerais
Roma- Arábi- Multiplicati- A título de brevidade, usamos constantemente os cardinais pelos or-
Cardinais Ordinais Fracionários
nos cos vos dinais. Ex.: casa vinte e um (= a vigésima primeira casa), página trinta e
I 1 um primeiro simples - dois (= a trigésima segunda página). Os cardinais um e dois não variam
II 2 dois segundo Duplo / dobro meio nesse caso porque está subentendida a palavra número. Casa número
III 3 três terceiro tríplice terço
vinte e um, página número trinta e dois. Por isso, deve-se dizer e escrever
IV 4 quatro quarto quádruplo quarto
também: a folha vinte e um, a folha trinta e dois. Na linguagem forense,
V 5 cinco quinto quíntuplo quinto
VI 6 seis sexto sêxtuplo sexto
vemos o numeral flexionado: a folhas vinte e uma a folhas trinta e duas.
VII 7 sete sétimo sétuplo sétimo
VIII 8 oito oitavo óctuplo oitavo ARTIGO
IX 9 nove nono nônuplo nono
X 10 dez décimo décuplo décimo
décimo Artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para determi-
XI 11 onze onze avos ná-los. Indica-lhes, ao mesmo tempo, o gênero e o número.
primeiro
décimo Dividem-se em
XII 12 doze doze avos
segundo • definidos: O, A, OS, AS
XIII 13 treze
décimo
treze avos
• indefinidos: UM, UMA, UNS, UMAS.
terceiro
XIV 14 quatorze décimo quarto quatorze avos Os definidos determinam os substantivos de modo preciso, particular.
XV 15 quinze décimo quinto quinze avos
dezesseis Viajei com o médico. (Um médico referido, conhecido, determinado).
XVI 16 dezesseis décimo sexto
avos
dezessete Os indefinidos determinam os substantivos de modo vago, impreciso,
XVII 17 dezessete décimo sétimo
avos geral.
XVIII 18 dezoito décimo oitavo dezoito avos
dezenove Viajei com um médico. (Um médico não referido, desconhecido, inde-
XIX 19 dezenove décimo nono
avos
terminado).
XX 20 vinte vigésimo vinte avos
XXX 30 trinta trigésimo trinta avos
lsoladamente, os artigos são palavras de todo vazias de sentido.
XL 40 quarenta quadragésimo quarenta avos
quinquagési- cinquenta
L 50 cinquenta
mo avos CONJUNÇÃO
LX 60 sessenta sexagésimo sessenta avos
LXX 70 setenta septuagésimo setenta avos Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações.
LXXX 80 oitenta octogésimo oitenta avos Coniunções Coordenativas
XC 90 noventa nonagésimo noventa avos
1) ADITIVAS: e, nem, também, mas, também, etc.
C 100 cem centésimo centésimo
2) ADVERSATIVAS: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão,
CC 200 duzentos ducentésimo ducentésimo
CCC 300 trezentos trecentésimo trecentésimo
no entanto, etc.
quatrocen- quadringenté- quadringenté- 3) ALTERNATIVAS: ou, ou.., ou, ora... ora, já... já, quer, quer, etc.
CD 400 4) CONCLUSIVAS. logo, pois, portanto, por conseguinte, por conse-
tos simo simo
quingentési- quingentési- quência.
D 500 quinhentos 5) EXPLICATIVAS: isto é, por exemplo, a saber, que, porque, pois, etc.
mo mo
DC 600 seiscentos sexcentésimo sexcentésimo
septingenté- septingenté- Conjunções Subordinativas
DCC 700 setecentos
simo simo 1) CONDICIONAIS: se, caso, salvo se, contanto que, uma vez que, etc.
octingentési- octingentési- 2) CAUSAIS: porque, já que, visto que, que, pois, porquanto, etc.
DCCC 800 oitocentos
mo mo 3) COMPARATIVAS: como, assim como, tal qual, tal como, mais que,
CM 900 novecentos nongentésimo nongentésimo
etc.
M 1000 mil milésimo milésimo
4) CONFORMATIVAS: segundo, conforme, consoante, como, etc.
5) CONCESSIVAS: embora, ainda que, mesmo que, posto que, se bem
Emprego do Numeral
que, etc.
Na sucessão de papas, reis, príncipes, anos, séculos, capítulos, etc.
6) INTEGRANTES: que, se, etc.
empregam-se de 1 a 10 os ordinais.
7) FINAIS: para que, a fim de que, que, etc.
João Paulo I I (segundo) ano lll (ano terceiro)
8) CONSECUTIVAS: tal... qual, tão... que, tamanho... que, de sorte que,
Luis X (décimo) ano I (primeiro)
de forma que, de modo que, etc.
Pio lX (nono) século lV (quarto)
9) PROPORCIONAIS: à proporção que, à medida que, quanto... tanto
mais, etc.
De 11 em diante, empregam-se os cardinais:
10) TEMPORAIS: quando, enquanto, logo que, depois que, etc.
Leão Xlll (treze) ano Xl (onze)
Pio Xll (doze) século XVI (dezesseis)
Luis XV (quinze) capitulo XX (vinte) VALOR LÓGICO E SINTÁTICO DAS CONJUNÇÕES

Se o numeral aparece antes, é lido como ordinal. Examinemos estes exemplos:


XX Salão do Automóvel (vigésimo) 1º) Tristeza e alegria não moram juntas.
VI Festival da Canção (sexto) 2º) Os livros ensinam e divertem.
lV Bienal do Livro (quarta) 3º) Saímos de casa quando amanhecia.

Língua Portuguesa 31
APOSTILAS OPÇÃO
No primeiro exemplo, a palavra E liga duas palavras da mesma ora- Conjunções subordinativas
ção: é uma conjunção. As conjunções subordinativas ligam duas orações, subordinando uma
à outra. Com exceção das integrantes, essas conjunções iniciam orações
No segundo a terceiro exemplos, as palavras E e QUANDO estão li- que traduzem circunstâncias (causa, comparação, concessão, condição
gando orações: são também conjunções. ou hipótese, conformidade, consequência, finalidade, proporção, tempo).
Abrangem as seguintes classes:
Conjunção é uma palavra invariável que liga orações ou palavras da 1) Causais: porque, que, pois, como, porquanto, visto que, visto como,
mesma oração. já que, uma vez que, desde que.
O tambor soa porque é oco. (porque é oco: causa; o tambor soa:
No 2º exemplo, a conjunção liga as orações sem fazer que uma de- efeito).
penda da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira: por Como estivesse de luto, não nos recebeu.
isso, a conjunção E é coordenativa. Desde que é impossível, não insistirei.

No 3º exemplo, a conjunção liga duas orações que se completam uma 2) Comparativas: como, (tal) qual, tal a qual, assim como, (tal) como,
à outra e faz com que a segunda dependa da primeira: por isso, a conjun- (tão ou tanto) como, (mais) que ou do que, (menos) que ou do que,
ção QUANDO é subordinativa. (tanto) quanto, que nem, feito (= como, do mesmo modo que), o
mesmo que (= como).
As conjunções, portanto, dividem-se em coordenativas e subordinati- Ele era arrastado pela vida como uma folha pelo vento.
vas. O exército avançava pela planície qual uma serpente imensa.
"Os cães, tal qual os homens, podem participar das três categorias."
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS (Paulo Mendes Campos)
As conjunções coordenativas podem ser: "Sou o mesmo que um cisco em minha própria casa."
1) Aditivas, que dão ideia de adição, acrescentamento: e, nem, mas (Antônio Olavo Pereira)
também, mas ainda, senão também, como também, bem como. "E pia tal a qual a caça procurada."
O agricultor colheu o trigo e o vendeu. (Amadeu de Queirós)
Não aprovo nem permitirei essas coisas. "Por que ficou me olhando assim feito boba?"
Os livros não só instruem mas também divertem. (Carlos Drummond de Andrade)
As abelhas não apenas produzem mel e cera mas ainda polini- Os pedestres se cruzavam pelas ruas que nem formigas apressadas.
zam as flores. Nada nos anima tanto como (ou quanto) um elogio sincero.
Os governantes realizam menos do que prometem.
2) Adversativas, que exprimem oposição, contraste, ressalva, com-
pensação: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, sendo, ao 3) Concessivas: embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda
passo que, antes (= pelo contrário), no entanto, não obstante, quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por
apesar disso, em todo caso. menos que, se bem que, em que (pese), nem que, dado que, sem que
Querem ter dinheiro, mas não trabalham. (= embora não).
Ela não era bonita, contudo cativava pela simpatia. Célia vestia-se bem, embora fosse pobre.
Não vemos a planta crescer, no entanto, ela cresce. A vida tem um sentido, por mais absurda que possa parecer.
A culpa não a atribuo a vós, senão a ele. Beba, nem que seja um pouco.
O professor não proíbe, antes estimula as perguntas em aula. Dez minutos que fossem, para mim, seria muito tempo.
O exército do rei parecia invencível, não obstante, foi derrotado. Fez tudo direito, sem que eu lhe ensinasse.
Você já sabe bastante, porém deve estudar mais. Em que pese à autoridade deste cientista, não podemos aceitar suas
Eu sou pobre, ao passo que ele é rico. afirmações.
Hoje não atendo, em todo caso, entre. Não sei dirigir, e, dado que soubesse, não dirigiria de noite.

3) Alternativas, que exprimem alternativa, alternância ou, ou ... ou, 4) Condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que
ora ... ora, já ... já, quer ... quer, etc. (= se não), a não ser que, a menos que, dado que.
Os sequestradores deviam render-se ou seriam mortos. Ficaremos sentidos, se você não vier.
Ou você estuda ou arruma um emprego. Comprarei o quadro, desde que não seja caro.
Não sairás daqui sem que antes me confesses tudo.
Ora triste, ora alegre, a vida segue o seu ritmo.
"Eleutério decidiu logo dormir repimpadamente sobre a areia, a menos
Quer reagisse, quer se calasse, sempre acabava apanhando.
que os mosquitos se opusessem."
"Já chora, já se ri, já se enfurece."
(Ferreira de Castro)
(Luís de Camões)
5) Conformativas: como, conforme, segundo, consoante. As coisas
4) Conclusivas, que iniciam uma conclusão: logo, portanto, por
não são como (ou conforme) dizem.
conseguinte, pois (posposto ao verbo), por isso.
"Digo essas coisas por alto, segundo as ouvi narrar."
As árvores balançam, logo está ventando.
(Machado de Assis)
Você é o proprietário do carro, portanto é o responsável.
O mal é irremediável; deves, pois, conformar-te. 6) Consecutivas: que (precedido dos termos intensivos tal, tão, tanto,
tamanho, às vezes subentendidos), de sorte que, de modo que, de
5) Explicativas, que precedem uma explicação, um motivo: que, forma que, de maneira que, sem que, que (não).
porque, porquanto, pois (anteposto ao verbo). Minha mão tremia tanto que mal podia escrever.
Não solte balões, que (ou porque, ou pois, ou porquanto) podem Falou com uma calma que todos ficaram atônitos.
causar incêndios. Ontem estive doente, de sorte que (ou de modo que) não saí.
Choveu durante a noite, porque as ruas estão molhadas. Não podem ver um cachorro na rua sem que o persigam.
Não podem ver um brinquedo que não o queiram comprar.
Observação: A conjunção A pode apresentar-se com sentido adver-
sativo: 7) Finais: para que, a fim de que, que (= para que).
Sofrem duras privações a [= mas] não se queixam. Afastou-se depressa para que não o víssemos.
"Quis dizer mais alguma coisa a não pôde." Falei-lhe com bons termos, a fim de que não se ofendesse.
(Jorge Amado) Fiz-lhe sinal que se calasse.

Língua Portuguesa 32
APOSTILAS OPÇÃO
8) Proporcionais: à proporção que, à medida que, ao passo que, quan- 2) Condicional: Ninguém será bom cientista, sem que estude muito.
to mais... (tanto mais), quanto mais... (tanto menos), quanto menos... (sem que = se não,caso não)
(tanto mais), quanto mais... (mais), (tanto)... quanto.
3) Consecutiva: Não vão a uma festa sem que voltem cansados.
À medida que se vive, mais se aprende.
(sem que = que não)
À proporção que subíamos, o ar ia ficando mais leve.
Quanto mais as cidades crescem, mais problemas vão tendo. 4) Modal: Sairás sem que te vejam. (sem que = de modo que não)
Os soldados respondiam, à medida que eram chamados. Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações.

Observação:
São incorretas as locuções proporcionais à medida em que, na medi- PREPOSIÇÃO
da que e na medida em que. A forma correta é à medida que:
"À medida que os anos passam, as minhas possibilidades diminuem." Preposições são palavras que estabelecem um vínculo entre dois
(Maria José de Queirós) termos de uma oração.
O primeiro, um subordinante ou antecedente, e o segundo, um subor-
9) Temporais: quando, enquanto, logo que, mal (= logo que), sempre dinado ou consequente.
que, assim que, desde que, antes que, depois que, até que, agora Exemplos:
que, etc. Chegaram a Porto Alegre.
Venha quando você quiser. Discorda de você.
Não fale enquanto come. Fui até a esquina.
Ela me reconheceu, mal lhe dirigi a palavra. Casa de Paulo.
Desde que o mundo existe, sempre houve guerras.
Agora que o tempo esquentou, podemos ir à praia. Preposições Essenciais e Acidentais
"Ninguém o arredava dali, até que eu voltasse." (Carlos Povina Caval- As preposições essenciais são: A, ANTE, APÓS, ATÉ, COM, CON-
cânti) TRA, DE, DESDE, EM, ENTRE, PARA, PERANTE, POR, SEM, SOB,
SOBRE e ATRÁS.
10) Integrantes: que, se.
Sabemos que a vida é breve. Certas palavras ora aparecem como preposições, ora pertencem a
Veja se falta alguma coisa. outras classes, sendo chamadas, por isso, de preposições acidentais:
afora, conforme, consoante, durante, exceto, fora, mediante, não obstante,
Observação: salvo, segundo, senão, tirante, visto, etc.
Em frases como Sairás sem que te vejam, Morreu sem que ninguém o
chorasse, consideramos sem que conjunção subordinativa modal. A NGB,
porém, não consigna esta espécie de conjunção. INTERJEIÇÃO
Locuções conjuntivas: no entanto, visto que, desde que, se bem
que, por mais que, ainda quando, à medida que, logo que, a rim de que, Interjeição é a palavra que comunica emoção. As interjeições podem
etc. ser:
Muitas conjunções não têm classificação única, imutável, devendo, - alegria: ahl oh! oba! eh!
portanto, ser classificadas de acordo com o sentido que apresentam no - animação: coragem! avante! eia!
contexto. Assim, a conjunção que pode ser: - admiração: puxa! ih! oh! nossa!
1) Aditiva (= e): - aplauso: bravo! viva! bis!
Esfrega que esfrega, mas a nódoa não sai.
- desejo: tomara! oxalá!
A nós que não a eles, compete fazê-lo.
- dor: aí! ui!
2) Explicativa (= pois, porque): - silêncio: psiu! silêncio!
Apressemo-nos, que chove. - suspensão: alto! basta!
3) Integrante:
Diga-lhe que não irei. LOCUÇÃO INTERJETIVA é a conjunto de palavras que têm o mesmo
valor de uma interjeição.
4) Consecutiva: Minha Nossa Senhora! Puxa vida! Deus me livre! Raios te partam!
Tanto se esforçou que conseguiu vencer. Meu Deus! Que maravilha! Ora bolas! Ai de mim!
Não vão a uma festa que não voltem cansados.
Onde estavas, que não te vi?
5) Comparativa (= do que, como):
A luz é mais veloz que o som.
Ficou vermelho que nem brasa. Concordância Nominal e Verbal
6) Concessiva (= embora, ainda que):
Alguns minutos que fossem, ainda assim seria muito tempo.
Beba, um pouco que seja. Concordância é o processo sintático no qual uma palavra determinan-
te se adapta a uma palavra determinada, por meio de suas flexões.
7) Temporal (= depois que, logo que): Principais Casos de Concordância Nominal
Chegados que fomos, dirigimo-nos ao hotel. 1) O artigo, o adjetivo, o pronome relativo e o numeral concordam em
8) Final (= pare que): gênero e número com o substantivo.
Vendo-me à janela, fez sinal que descesse. As primeiras alunas da classe foram passear no zoológico.

9) Causal (= porque, visto que): 2) O adjetivo ligado a substantivos do mesmo gênero e número vão
"Velho que sou, apenas conheço as flores do meu tempo." (Vival- normalmente para o plural.
do Coaraci) Pai e filho estudiosos ganharam o prêmio.
A locução conjuntiva sem que, pode ser, conforme a frase:
3) O adjetivo ligado a substantivos de gêneros e número diferentes vai
1) Concessiva: Nós lhe dávamos roupa a comida, sem que ele pe- para o masculino plural.
disse. (sem que = embora não) Alunos e alunas estudiosos ganharam vários prêmios.

Língua Portuguesa 33
APOSTILAS OPÇÃO
4) O adjetivo posposto concorda em gênero com o substantivo mais 3) Se o núcleo do sujeito é um nome terminado em S, o verbo só irá
próximo: ao plural se tal núcleo vier acompanhado de artigo no plural.
Trouxe livros e revista especializada. Os Estados Unidos são um grande país.
Os Lusíadas imortalizaram Camões.
5) O adjetivo anteposto pode concordar com o substantivo mais pró- Os Alpes vivem cobertos de neve.
ximo. Em qualquer outra circunstância, o verbo ficará no singular.
Dedico esta música à querida tia e sobrinhos. Flores já não leva acento.
O Amazonas deságua no Atlântico.
6) O adjetivo que funciona como predicativo do sujeito concorda com o
Campos foi a primeira cidade na América do Sul a ter luz elétrica.
sujeito.
Meus amigos estão atrapalhados.
4) Coletivos primitivos (indicam uma parte do todo) seguidos de nome
7) O pronome de tratamento que funciona como sujeito pede o predi- no plural deixam o verbo no singular ou levam-no ao plural, indife-
cativo no gênero da pessoa a quem se refere. rentemente.
Sua excelência, o Governador, foi compreensivo. A maioria das crianças recebeu, (ou receberam) prêmios.
A maior parte dos brasileiros votou (ou votaram).
8) Os substantivos acompanhados de numerais precedidos de artigo
vão para o singular ou para o plural. 5) O verbo transitivo direto ao lado do pronome SE concorda com o
Já estudei o primeiro e o segundo livro (livros). sujeito paciente.
Vende-se um apartamento.
9) Os substantivos acompanhados de numerais em que o primeiro vier Vendem-se alguns apartamentos.
precedido de artigo e o segundo não vão para o plural.
Já estudei o primeiro e segundo livros. 6) O pronome SE como símbolo de indeterminação do sujeito leva o
verbo para a 3ª pessoa do singular.
10) O substantivo anteposto aos numerais vai para o plural. Precisa-se de funcionários.
Já li os capítulos primeiro e segundo do novo livro.
7) A expressão UM E OUTRO pede o substantivo que a acompanha
11) As palavras: MESMO, PRÓPRIO e SÓ concordam com o nome a no singular e o verbo no singular ou no plural.
que se referem. Um e outro texto me satisfaz. (ou satisfazem)
Ela mesma veio até aqui.
Eles chegaram sós. 8) A expressão UM DOS QUE pede o verbo no singular ou no plural.
Eles próprios escreveram. Ele é um dos autores que viajou (viajaram) para o Sul.

12) A palavra OBRIGADO concorda com o nome a que se refere. 9) A expressão MAIS DE UM pede o verbo no singular.
Muito obrigado. (masculino singular) Mais de um jurado fez justiça à minha música.
Muito obrigada. (feminino singular).
10) As palavras: TUDO, NADA, ALGUÉM, ALGO, NINGUÉM, quando
13) A palavra MEIO concorda com o substantivo quando é adjetivo e empregadas como sujeito e derem ideia de síntese, pedem o verbo
fica invariável quando é advérbio. no singular.
Quero meio quilo de café. As casas, as fábricas, as ruas, tudo parecia poluição.
Minha mãe está meio exausta.
É meio-dia e meia. (hora) 11) Os verbos DAR, BATER e SOAR, indicando hora, acompanham o
sujeito.
14) As palavras ANEXO, INCLUSO e JUNTO concordam com o subs- Deu uma hora.
tantivo a que se referem. Deram três horas.
Trouxe anexas as fotografias que você me pediu. Bateram cinco horas.
A expressão em anexo é invariável. Naquele relógio já soaram duas horas.
Trouxe em anexo estas fotos.
12) A partícula expletiva ou de realce É QUE é invariável e o verbo da
15) Os adjetivos ALTO, BARATO, CONFUSO, FALSO, etc, que substi- frase em que é empregada concorda normalmente com o sujeito.
tuem advérbios em MENTE, permanecem invariáveis. Ela é que faz as bolas.
Vocês falaram alto demais. Eu é que escrevo os programas.
O combustível custava barato.
Você leu confuso. 13) O verbo concorda com o pronome antecedente quando o sujeito é
Ela jura falso. um pronome relativo.
Ele, que chegou atrasado, fez a melhor prova.
16) CARO, BASTANTE, LONGE, se advérbios, não variam, se adjeti- Fui eu que fiz a lição
vos, sofrem variação normalmente. Quando a LIÇÃO é pronome relativo, há várias construções possí-
Esses pneus custam caro. veis.
Conversei bastante com eles. • que: Fui eu que fiz a lição.
Conversei com bastantes pessoas. • quem: Fui eu quem fez a lição.
Estas crianças moram longe. • o que: Fui eu o que fez a lição.
Conheci longes terras.
14) Verbos impessoais - como não possuem sujeito, deixam o verbo na
CONCORDÂNCIA VERBAL terceira pessoa do singular. Acompanhados de auxiliar, transmitem
CASOS GERAIS a este sua impessoalidade.
1) O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa. Chove a cântaros. Ventou muito ontem.
O menino chegou. Os meninos chegaram. Deve haver muitas pessoas na fila. Pode haver brigas e discussões.

2) Sujeito representado por nome coletivo deixa o verbo no singular. CONCORDÂNCIA DOS VERBOS SER E PARECER
O pessoal ainda não chegou. 1) Nos predicados nominais, com o sujeito representado por um dos
A turma não gostou disso. pronomes TUDO, NADA, ISTO, ISSO, AQUILO, os verbos SER e
Um bando de pássaros pousou na árvore. PARECER concordam com o predicativo.
Língua Portuguesa 34
APOSTILAS OPÇÃO
Tudo são esperanças. 5. PREFERIR - (= gostar mais de) transitivo direto e indireto
Aquilo parecem ilusões. Prefiro Comunicação à Matemática.
Aquilo é ilusão.

2) Nas orações iniciadas por pronomes interrogativos, o verbo SER 6. INFORMAR - transitivo direto e indireto.
concorda sempre com o nome ou pronome que vier depois. Informei-lhe o problema.
Que são florestas equatoriais?
Quem eram aqueles homens? 7. ASSISTIR - morar, residir:
3) Nas indicações de horas, datas, distâncias, a concordância se fará Assisto em Porto Alegre.
com a expressão numérica. • amparar, socorrer, objeto direto
São oito horas. O médico assistiu o doente.
Hoje são 19 de setembro. • PRESENCIAR, ESTAR PRESENTE - objeto direto
De Botafogo ao Leblon são oito quilômetros.
Assistimos a um belo espetáculo.
4) Com o predicado nominal indicando suficiência ou falta, o verbo SER • SER-LHE PERMITIDO - objeto indireto
fica no singular. Assiste-lhe o direito.
Três batalhões é muito pouco.
Trinta milhões de dólares é muito dinheiro.
8. ATENDER - dar atenção
5) Quando o sujeito é pessoa, o verbo SER fica no singular. Atendi ao pedido do aluno.
Maria era as flores da casa. • CONSIDERAR, ACOLHER COM ATENÇÃO - objeto direto
O homem é cinzas. Atenderam o freguês com simpatia.
6) Quando o sujeito é constituído de verbos no infinitivo, o verbo SER
concorda com o predicativo. 9. QUERER - desejar, querer, possuir - objeto direto
Dançar e cantar é a sua atividade. A moça queria um vestido novo.
Estudar e trabalhar são as minhas atividades. • GOSTAR DE, ESTIMAR, PREZAR - objeto indireto
O professor queria muito a seus alunos.
7) Quando o sujeito ou o predicativo for pronome pessoal, o verbo SER
concorda com o pronome.
A ciência, mestres, sois vós. 10. VISAR - almejar, desejar - objeto indireto
Em minha turma, o líder sou eu. Todos visamos a um futuro melhor.
• APONTAR, MIRAR - objeto direto
8) Quando o verbo PARECER estiver seguido de outro verbo no infiniti- O artilheiro visou a meta quando fez o gol.
vo, apenas um deles deve ser flexionado. • pör o sinal de visto - objeto direto
Os meninos parecem gostar dos brinquedos. O gerente visou todos os cheques que entraram naquele dia.
Os meninos parece gostarem dos brinquedos.
11. OBEDECER e DESOBEDECER - constrói-se com objeto indireto
Devemos obedecer aos superiores.
Desobedeceram às leis do trânsito.
Regência verbal e nominal
12. MORAR, RESIDIR, SITUAR-SE, ESTABELECER-SE
• exigem na sua regência a preposição EM
Regência é o processo sintático no qual um termo depende gramati- O armazém está situado na Farrapos.
calmente do outro. Ele estabeleceu-se na Avenida São João.
A regência nominal trata dos complementos dos nomes (substantivos
e adjetivos). 13. PROCEDER - no sentido de "ter fundamento" é intransitivo.
Essas tuas justificativas não procedem.
Exemplos: • no sentido de originar-se, descender, derivar, proceder, constrói-se
- acesso: A = aproximação - AMOR: A, DE, PARA, PARA COM com a preposição DE.
EM = promoção - aversão: A, EM, PARA, POR
PARA = passagem
Algumas palavras da Língua Portuguesa procedem do tupi-guarani
A regência verbal trata dos complementos do verbo.
• no sentido de dar início, realizar, é construído com a preposição A.
ALGUNS VERBOS E SUA REGÊNCIA CORRETA
O secretário procedeu à leitura da carta.
1. ASPIRAR - atrair para os pulmões (transitivo direto)
• pretender (transitivo indireto) 14. ESQUECER E LEMBRAR
No sítio, aspiro o ar puro da montanha. • quando não forem pronominais, constrói-se com objeto direto:
Nossa equipe aspira ao troféu de campeã. Esqueci o nome desta aluna.
Lembrei o recado, assim que o vi.
2. OBEDECER - transitivo indireto • quando forem pronominais, constrói-se com objeto indireto:
Devemos obedecer aos sinais de trânsito. Esqueceram-se da reunião de hoje.
Lembrei-me da sua fisionomia.
3. PAGAR - transitivo direto e indireto
Já paguei um jantar a você. 15. Verbos que exigem objeto direto para coisa e indireto para pessoa.
• perdoar - Perdoei as ofensas aos inimigos.
4. PERDOAR - transitivo direto e indireto. • pagar - Pago o 13° aos professores.
Já perdoei aos meus inimigos as ofensas. • dar - Daremos esmolas ao pobre.

Língua Portuguesa 35
APOSTILAS OPÇÃO
• emprestar - Emprestei dinheiro ao colega. Sinonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras ou
• ensinar - Ensino a tabuada aos alunos. mais que apresentam significados iguais ou semelhantes, ou seja, os
• agradecer - Agradeço as graças a Deus. sinônimos: Exemplos: Cômico - engraçado / Débil - fraco, frágil / Distante -
• pedir - Pedi um favor ao colega. afastado, remoto.
Antonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras ou
mais que apresentam significados diferentes, contrários, isto é, os
16. IMPLICAR - no sentido de acarretar, resultar, exige objeto direto:
antônimos: Exemplos: Economizar - gastar / Bem - mal / Bom - ruim.
O amor implica renúncia.
Homonímia: É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de
• no sentido de antipatizar, ter má vontade, constrói-se com a preposi-
possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica,
ção COM:
ou seja, os homônimos:
O professor implicava com os alunos

As homônimas podem ser:


• no sentido de envolver-se, comprometer-se, constrói-se com a prepo-
sição EM: Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia.
Implicou-se na briga e saiu ferido Exemplos: gosto (substantivo) - gosto / (1ª pessoa singular presente
indicativo do verbo gostar) / conserto (substantivo) - conserto (1ª pessoa
singular presente indicativo do verbo consertar);
17. IR - quando indica tempo definido, determinado, requer a preposição
A: Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita.
Ele foi a São Paulo para resolver negócios. Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo) / cessão (substantivo) - sessão
quando indica tempo indefinido, indeterminado, requer PARA: (substantivo) / cerrar (verbo) - serrar ( verbo);
Depois de aposentado, irá definitivamente para o Mato Grosso. Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos:
cura (verbo) - cura (substantivo) / verão (verbo) - verão (substantivo) /
cedo (verbo) - cedo (advérbio);
18. CUSTAR - Empregado com o sentido de ser difícil, não tem pessoa
como sujeito: Paronímia: É a relação que se estabelece entre duas ou mais
O sujeito será sempre "a coisa difícil", e ele só poderá aparecer na 3ª palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas
pessoa do singular, acompanhada do pronome oblíquo. Quem sente na pronúncia e na escrita, isto é, os parônimos: Exemplos: cavaleiro -
dificuldade, será objeto indireto. cavalheiro / absolver - absorver / comprimento - cumprimento/ aura
Custou-me confiar nele novamente. (atmosfera) - áurea (dourada)/ conjectura (suposição) - conjuntura
(situação decorrente dos acontecimentos)/ descriminar (desculpabilizar) -
Custar-te-á aceitá-la como nora.
discriminar (diferenciar)/ desfolhar (tirar ou perder as folhas) - folhear
(passar as folhas de uma publicação)/ despercebido (não notado) -
desapercebido (desacautelado)/ geminada (duplicada) - germinada (que
germinou)/ mugir (soltar mugidos) - mungir (ordenhar)/ percursor (que
Semântica percorre) - precursor (que antecipa os outros)/ sobrescrever (endereçar) -
subscrever (aprovar, assinar)/ veicular (transmitir) - vincular (ligar) /
descrição - discrição / onicolor - unicolor.
Polissemia: É a propriedade que uma mesma palavra tem de
SEMÂNTICA apresentar vários significados. Exemplos: Ele ocupa um alto posto na
empresa. / Abasteci meu carro no posto da esquina. / Os convites eram de
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
graça. / Os fiéis agradecem a graça recebida.
Homonímia: Identidade fonética entre formas de significados e
origem completamente distintos. Exemplos: São(Presente do verbo ser) -
São (santo)

Conotação e Denotação:
Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do
original, criado pelo contexto. Exemplos: Você tem um coração de
pedra.
Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original.
Exemplos: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das
rochas.
Semântica (do grego σηµαντικός, sēmantiká, plural neutro de
sēmantikós, derivado de sema, sinal), é o estudo do significado. Incide Sinônimo
sobre a relação entre significantes, tais como palavras, frases, sinais e Sinônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado idêntico
símbolos, e o que eles representam, a sua denotação. ou muito semelhante à outra. Exemplos: carro e automóvel, cão e
cachorro.
A semântica linguística estuda o significado usado por seres humanos O conhecimento e o uso dos sinônimos é importante para que se
para se expressar através da linguagem. Outras formas de semântica evitem repetições desnecessárias na construção de textos, evitando que
incluem a semântica nas linguagens de programação, lógica formal, e se tornem enfadonhos.
semiótica.
A semântica contrapõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a Eufemismo
primeira se ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça Alguns sinônimos são também utilizados para minimizar o impacto,
sobre as estruturas ou padrões formais do modo como esse algo normalmente negativo, de algumas palavras (figura de linguagem
é expresso(por exemplo, escritos ou falados). Dependendo da concepção conhecida como eufemismo).
de significado que se tenha, têm-se diferentes semânticas. A semântica Exemplos:
formal, a semântica da enunciação ou argumentativa e a semântica • gordo - obeso
cognitiva, fenômeno, mas com conceitos e enfoques diferentes. • morrer - falecer
Na língua portuguesa, o significado das palavras leva em
consideração:
Língua Portuguesa 36
APOSTILAS OPÇÃO
Sinônimos Perfeitos e Imperfeitos Homófono
Os sinônimos podem ser perfeitos ou imperfeitos. Palavras homófonas são palavras de pronúncias iguais. Existem dois
tipos de palavras homófonas, que são:
Sinônimos Perfeitos • Homófonas heterográficas
Se o significado é idêntico. • Homófonas homográficas
Exemplos:
• avaro – avarento, Homófonas heterográficas
• léxico – vocabulário, Como o nome já diz, são palavras homófonas (iguais na pronúncia),
• falecer – morrer, mas heterográficas (diferentes na escrita).
• escarradeira – cuspideira,
• língua – idioma Exemplos
• cozer / coser;
• catorze - quatorze
• cozido / cosido;
Sinônimos Imperfeitos • censo / senso
Se os signIficados são próximos, porém não idênticos. • consertar / concertar
Exemplos: córrego – riacho, belo – formoso • conselho / concelho
• paço / passo
Antônimo • noz / nós
Antônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado • hera / era
contrário (também oposto ou inverso) à outra. • ouve / houve
O emprego de antônimos na construção de frases pode ser um recurso • voz / vós
estilístico que confere ao trecho empregado uma forma mais erudita ou • cem / sem
que chame atenção do leitor ou do ouvinte. • acento / assento
Palavra Antônimo
aberto fechado Homófonas homográficas
alto baixo Como o nome já diz, são palavras homófonas (iguais na pronúncia), e
bem mal homográficas (iguais na escrita).
bom mau Exemplos
bonito feio Ele janta (verbo) / A janta está pronta (substantivo); No caso,
demais de menos janta é inexistente na língua portuguesa por enquanto, já que
doce salgado deriva do substantivo jantar, e está classificado como
forte fraco neologismo.
Eu passeio pela rua (verbo) / O passeio que fizemos foi
gordo magro
bonito (substantivo).
salgado insosso
amor ódio
Parônimo
seco molhado
Parônimo é uma palavra que apresenta sentido diferente e forma
grosso fino semelhante a outra, que provoca, com alguma frequência, confusão.
duro mole Essas palavras apresentam grafia e pronúncia parecida, mas com
doce amargo significados diferentes.
grande pequeno O parônimos pode ser também palavras homófonas, ou seja, a
soberba humildade pronúncia de palavras parônimas pode ser a mesma.Palavras parônimas
louvar censurar são aquelas que têm grafia e pronúncia parecida.
bendizer maldizer
ativo inativo Exemplos
simpático antipático Veja alguns exemplos de palavras parônimas:
progredir regredir acender. verbo - ascender. subir
rápido lento acento. inflexão tônica - assento. dispositivo para sentar-se
sair entrar cartola. chapéu alto - quartola. pequena pipa
sozinho acompanhado comprimento. extensão - cumprimento. saudação
concórdia discórdia coro (cantores) - couro (pele de animal)
pesado leve deferimento. concessão - diferimento. adiamento
quente frio delatar. denunciar - dilatar. retardar, estender
presente ausente descrição. representação - discrição. reserva
escuro claro descriminar. inocentar - discriminar. distinguir
inveja admiração
despensa. compartimento - dispensa. desobriga
destratar. insultar - distratar. desfazer(contrato)
Homógrafo
Homógrafos são palavras iguais ou parecidas na escrita e diferentes emergir. vir à tona - imergir. mergulhar
na pronúncia. eminência. altura, excelência - iminência. proximidade de ocorrência
emitir. lançar fora de si - imitir. fazer entrar
Exemplos
• rego (subst.) e rego (verbo); enfestar. dobrar ao meio - infestar. assolar
• colher (verbo) e colher (subst.); enformar. meter em fôrma - informar. avisar
• jogo (subst.) e jogo (verbo); entender. compreender - intender. exercer vigilância
• Sede: lugar e Sede: avidez; lenimento. suavizante - linimento. medicamento para fricções
• Seca: pôr a secar e Seca: falta de água.

Língua Portuguesa 37
APOSTILAS OPÇÃO
migrar. mudar de um local para outro - emigrar. deixar um país para as palavras, suas combinações. É a linguagem figurada apresentada em
morar em outro - imigrar. entrar num país vindo de outro obras literárias, letras de música, em algumas propagandas etc.
peão. que anda a pé - pião. espécie de brinquedo
recrear. divertir - recriar. criar de novo Função metalinguística
centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A
se. pronome átono, conjugação - si. espécie de brinquedo poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comen-
vadear. passar o vau - vadiar. passar vida ociosa ta outro texto. Principalmente os dicionários são repositórios de metalin-
venoso. relativo a veias - vinoso. que produz vinho guagem.
vez. ocasião, momento - vês. verbo ver na 2ª pessoa do singular Obs.: Em um mesmo texto podem aparecer várias funções da lingua-
gem. O importante é saber qual a função predominante no texto, para
então defini-lo.
Denotaçao e Conotaçao
A denotação é a propriedade que possui uma palavra de limitar-se a Variação linguística
seu próprio conceito, de trazer apenas o seu significado primitivo, original. Uma variação de uma língua é uma forma que difere de outras
formas da linguagem sistemática e coerentemente. Variedade é um
A conotação é a propriedade que possui uma palavra de ampliar-se conceito maior do que estilo de prosa ou estilo de linguagem.
no seu campo semântico, dentro de um contexto, podendo causar várias Alguns escritores de sociolinguística usam o termo leto,
interpretações. aparentemente um processo de criação de palavras para termos
específicos como dialeto e idioleto.
Exemplos de variações são:
Observe os exemplos: • dialetos, isto é, variações faladas por comunidades
Denotação geograficamente definidas.
As estrelas do céu. Vesti-me de verde. O fogo do isqueiro. • idioma é um termo intermediário na distinção dialeto-linguagem e
é usado para se referir ao sistema comunicativo estudado (que
poderia ser chamado tanto de um dialeto ou uma linguagem)
Conotação
quando sua condição em relação a esta distinção é irrelevante
As estrelas do cinema. (sendo, portanto, um sinônimo para linguagem num sentido mais
O jardim vestiu-se de flores geral);
O fogo da paixão • socioletos, isto é, variações faladas por comunidades socialmente
definidas
SENTIDO PRÓPRIO E SENTIDO FIGURADO • linguagem padrão ou norma padrão, padronizada em função da
comunicação pública e da educação
• idioletos, isto é, uma variação particular a uma certa pessoa
As palavras podem ser empregadas no sentido próprio ou no sentido • registros (ou diátipos), isto é, o vocabulário especializado e/ou a
figurado: gramática de certas atividades ou profissões
Construí um muro de pedra - sentido próprio • etnoletos, para um grupo étnico
Maria tem um coração de pedra – sentido figurado. • ecoletos, um idioleto adotado por uma casa
A água pingava lentamente – sentido próprio.
Variações como dialetos, idioletos e socioletos podem ser distinguidos
não apenas por seu vocabulários, mas também por diferenças na
gramática, na fonologia e na versificação. Por exemplo, o sotaque de
palavras tonais nas línguas escandinavas tem forma diferente em muitos
Funções da Linguagem dialetos. Um outro exemplo é como palavras estrangeiras em diferentes
socioletos variam em seu grau de adaptação à fonologia básica da
linguagem.
Função emotiva (ou expressiva) Certos registros profissionais, como o chamado legalês, mostram uma
centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela variação na gramática da linguagem padrão. Por exemplo, jornalistas ou
prevalece a 1ª pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a lingua- advogados ingleses frequentemente usam modos gramaticais, como o
gem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor. modo subjuntivo, que não são mais usados com frequência por outros
falantes. Muitos registros são simplesmente um conjunto especializado de
Função referencial (ou denotativa) termos (veja jargão).
centralizada no referente, quando o emissor procura oferecer informa-
ções da realidade. Objetiva, direta, denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa É uma questão de definição se gíria e calão podem ser considerados
do singular. Linguagem usada nas notícias de jornal e livros científicos. como incluídos no conceito de variação ou de estilo. Coloquialismos e
expressões idiomáticas geralmente são limitadas como variações do
Função apelativa (ou conativa) léxico, e de, portanto, estilo.
centraliza-se no receptor; o emissor procura influenciar o comporta-
mento do receptor.
Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, Sintaxe da oração e do período
ou o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativo. Usada nos discur-
sos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor.

Função fática No período simples há apenas uma oração, a qual se diz absoluta.
centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato Fui ao cinema.
com o receptor, ou testar a eficiência do canal. Linguagem das falas O pássaro voou.
telefônicas, saudações e similares.
PERÍODO COMPOSTO
Função poética
No período composto há mais de uma oração.
centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados
pelo emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se (Não sabem) (que nos calores do verão a terra dorme) (e os homens
folgam.)
Língua Portuguesa 38
APOSTILAS OPÇÃO
Período composto por coordenação ORAÇÃO INTERCALADA OU INTERFERENTE
Apresenta orações independentes. É aquela que vem entre os termos de uma outra oração.
(Fui à cidade), (comprei alguns remédios) (e voltei cedo.) O réu, DISSERAM OS JORNAIS, foi absolvido.
A oração intercalada ou interferente aparece com os verbos:
Período composto por subordinação CONTINUAR, DIZER, EXCLAMAR, FALAR etc.
Apresenta orações dependentes.
(É bom) (que você estude.) ORAÇÃO PRINCIPAL
Oração principal é a mais importante do período e não é introduzida
Período composto por coordenação e subordinação por um conectivo.
Apresenta tanto orações dependentes como independentes. Este ELES DISSERAM que voltarão logo.
período é também conhecido como misto. ELE AFIRMOU que não virá.
(Ele disse) (que viria logo,) (mas não pôde.) PEDI que tivessem calma. (= Pedi calma)

ORAÇÃO COORDENADA ORAÇÃO SUBORDINADA


Oração coordenada é aquela que é independente. Oração subordinada é a oração dependente que normalmente é
introduzida por um conectivo subordinativo. Note que a oração principal
As orações coordenadas podem ser: nem sempre é a primeira do período.
- Sindética: Quando ele voltar, eu saio de férias.
Aquela que é independente e é introduzida por uma conjunção Oração principal: EU SAIO DE FÉRIAS
coordenativa.
Oração subordinada: QUANDO ELE VOLTAR
Viajo amanhã, mas volto logo.
- Assindética: ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA
Aquela que é independente e aparece separada por uma vírgula ou Oração subordinada substantiva é aquela que tem o valor e a função
ponto e vírgula. de um substantivo.
Chegou, olhou, partiu. Por terem as funções do substantivo, as orações subordinadas
substantivas classificam-se em:
A oração coordenada sindética pode ser: 1) SUBJETIVA (sujeito)
1. ADITIVA: Convém que você estude mais.
Expressa adição, sequência de pensamento. (e, nem = e não), mas, Importa que saibas isso bem. .
também: É necessário que você colabore. (SUA COLABORAÇÃO) é
Ele falava E EU FICAVA OUVINDO. necessária.
Meus atiradores nem fumam NEM BEBEM.
A doença vem a cavalo E VOLTA A PÉ. 2) OBJETIVA DIRETA (objeto direto)
Desejo QUE VENHAM TODOS.
2. ADVERSATIVA: Pergunto QUEM ESTÁ AI.
Ligam orações, dando-lhes uma ideia de compensação ou de
contraste (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão, no entanto, 3) OBJETIVA INDIRETA (objeto indireto)
etc).
Aconselho-o A QUE TRABALHE MAIS.
A espada vence MAS NÃO CONVENCE.
Tudo dependerá DE QUE SEJAS CONSTANTE.
O tambor faz um grande barulho, MAS É VAZIO POR DENTRO.
Daremos o prêmio A QUEM O MERECER.
Apressou-se, CONTUDO NÃO CHEGOU A TEMPO.
4) COMPLETIVA NOMINAL
3. ALTERNATIVAS: Complemento nominal.
Ligam palavras ou orações de sentido separado, uma excluindo a Ser grato A QUEM TE ENSINA.
outra (ou, ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer, etc).
Sou favorável A QUE O PRENDAM.
Mudou o natal OU MUDEI EU?
“OU SE CALÇA A LUVA e não se põe o anel, 5) PREDICATIVA (predicativo)
OU SE PÕE O ANEL e não se calça a luva!” Seu receio era QUE CHOVESSE. = Seu receio era (A CHUVA)
(C. Meireles) Minha esperança era QUE ELE DESISTISSE.
4. CONCLUSIVAS: Não sou QUEM VOCÊ PENSA.
Ligam uma oração a outra que exprime conclusão (LOGO, POIS,
PORTANTO, POR CONSEGUINTE, POR ISTO, ASSIM, DE MODO QUE, 6) APOSITIVAS (servem de aposto)
etc).
Só desejo uma coisa: QUE VIVAM FELIZES = (A SUA FELICIDADE)
Ele está mal de notas; LOGO, SERÁ REPROVADO.
Só lhe peço isto: HONRE O NOSSO NOME.
Vives mentindo; LOGO, NÃO MERECES FÉ.
7) AGENTE DA PASSIVA
5. EXPLICATIVAS: O quadro foi comprado POR QUEM O FEZ = (PELO SEU AUTOR)
Ligam a uma oração, geralmente com o verbo no imperativo, outro A obra foi apreciada POR QUANTOS A VIRAM.
que a explica, dando um motivo (pois, porque, portanto, que, etc.)
Alegra-te, POIS A QUI ESTOU. Não mintas, PORQUE É PIOR. ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Anda depressa, QUE A PROVA É ÀS 8 HORAS. Oração subordinada adjetiva é aquela que tem o valor e a função de
um adjetivo.

Língua Portuguesa 39
APOSTILAS OPÇÃO
Há dois tipos de orações subordinadas adjetivas: Aqui viverás em paz, SEM QUE NINGUÉM TE INCOMODE.
1) EXPLICATIVAS:
Explicam ou esclarecem, à maneira de aposto, o termo antecedente, ORAÇÕES REDUZIDAS
atribuindo-lhe uma qualidade que lhe é inerente ou acrescentando-lhe Oração reduzida é aquela que tem o verbo numa das formas
uma informação. nominais: gerúndio, infinitivo e particípio.
Deus, QUE É NOSSO PAI, nos salvará. Exemplos:
Ele, QUE NASCEU RICO, acabou na miséria. • Penso ESTAR PREPARADO = Penso QUE ESTOU
PREPARADO.
2) RESTRITIVAS: • Dizem TER ESTADO LÁ = Dizem QUE ESTIVERAM LÁ.
Restringem ou limitam a significação do termo antecedente, sendo • FAZENDO ASSIM, conseguirás = SE FIZERES ASSIM,
indispensáveis ao sentido da frase: conseguirás.
Pedra QUE ROLA não cria limo. • É bom FICARMOS ATENTOS. = É bom QUE FIQUEMOS
ATENTOS.
As pessoas A QUE A GENTE SE DIRIGE sorriem.
• AO SABER DISSO, entristeceu-se = QUANDO SOUBE DISSO,
Ele, QUE SEMPRE NOS INCENTIVOU, não está mais aqui. entristeceu-se.
• É interesse ESTUDARES MAIS.= É interessante QUE
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS ESTUDES MAIS.
Oração subordinada adverbial é aquela que tem o valor e a função de • SAINDO DAQUI, procure-me. = QUANDO SAIR DAQUI,
um advérbio. procure-me.
As orações subordinadas adverbiais classificam-se em:
1) CAUSAIS: exprimem causa, motivo, razão:
Desprezam-me, POR ISSO QUE SOU POBRE.
O tambor soa PORQUE É OCO. Redação oficial

2) COMPARATIVAS: representam o segundo termo de uma


comparação. AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
O som é menos veloz QUE A LUZ. CAPÍTULO I
Parou perplexo COMO SE ESPERASSE UM GUIA. ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL
1. O que é Redação Oficial
3) CONCESSIVAS: exprimem um fato que se concede, que se Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela
admite: qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações. Interessa-
POR MAIS QUE GRITASSE, não me ouviram. nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo.
Os louvores, PEQUENOS QUE SEJAM, são ouvidos com agrado. A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do
padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade.
CHOVESSE OU FIZESSE SOL, o Major não faltava.
Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe,
no artigo 37: "A administração pública direta, indireta ou fundacional, de
4) CONDICIONAIS: exprimem condição, hipótese: qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
SE O CONHECESSES, não o condenarias. Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
Que diria o pai SE SOUBESSE DISSO? moralidade, publicidade e eficiência (...)". Sendo a publicidade e a impes-
soalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro
5) CONFORMATIVAS: exprimem acordo ou conformidade de um fato está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunica-
com outro: ções oficiais.
Fiz tudo COMO ME DISSERAM. Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja re-
digido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A
Vim hoje, CONFORME LHE PROMETI.
transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibili-
dade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um
6) CONSECUTIVAS: exprimem uma consequência, um resultado: texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois,
A fumaça era tanta QUE EU MAL PODIA ABRIR OS OLHOS. necessariamente, clareza e concisão.
Bebia QUE ERA UMA LÁSTIMA! Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos norma-
Tenho medo disso QUE ME PÉLO! tivos obedece a certa tradição. Há normas para sua elaboração que
remontam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo, a
7) FINAIS: exprimem finalidade, objeto: obrigatoriedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de
Fiz-lhe sinal QUE SE CALASSE. 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de anos trans-
corridos desde a Independência. Essa prática foi mantida no período
Aproximei-me A FIM DE QUE ME OUVISSE MELHOR.
republicano.
Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade,
8) PROPORCIONAIS: denotam proporcionalidade: concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais:
À MEDIDA QUE SE VIVE, mais se aprende. elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente
QUANTO MAIOR FOR A ALTURA, maior será o tombo. impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de linguagem.
Nesse quadro, fica claro também que as comunicações oficiais são
9) TEMPORAIS: indicam o tempo em que se realiza o fato expresso necessariamente uniformes, pois há sempre um único comunicador (o
na oração principal: Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço
ENQUANTO FOI RICO todos o procuravam. Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o
QUANDO OS TIRANOS CAEM, os povos se levantam. conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o
público).
10) MODAIS: exprimem modo, maneira: Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações oficiais
foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de tratamento e
Entrou na sala SEM QUE NOS CUMPRIMENTASSE.
Língua Portuguesa 40
APOSTILAS OPÇÃO
de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, etc. ção restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técni-
Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para comunicações co, tem sua compreensão dificultada.
oficiais, regulados pela Portaria no 1 do Ministro de Estado da Justiça, de 8 Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua fa-
de julho de 1937, que, após mais de meio século de vigência, foi revogado lada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de forma imedi-
pelo Decreto que aprovou a primeira edição deste Manual. ata qualquer alteração de costumes, e pode eventualmente contar com
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou fazer das outros elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a
características específicas da forma oficial de redigir não deve ensejar o entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis
entendimento de que se proponha a criação – ou se aceite a existência – por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as
de uma forma específica de linguagem administrativa, o que coloquialmen- transformações, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas
te e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma distorção do de si mesma para comunicar.
que deve ser a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de
e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um
frases. amigo, podemos nos valer de determinado padrão de linguagem que
A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à incorpore expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com impes- parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico
soalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz correspondente. Nos dois casos, há um padrão de linguagem que atende
da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, ao uso que se faz da língua, a finalidade com que a empregamos.
da correspondência particular, etc. O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por
Apresentadas essas características fundamentais da redação oficial, sua finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles
passemos à análise pormenorizada de cada uma delas. requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão
culto é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b)
1.1. A Impessoalidade se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É
importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. redação oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças
Para que haja comunicação, são necessários: a) alguém que comunique, lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares,
b) algo a ser comunicado, e c) alguém que receba essa comunicação. No das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a
caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este pretendida compreensão por todos os cidadãos.
ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção);
o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de ex-
órgão que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o pressão, desde que não seja confundida com pobreza de expressão. De
conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros nenhuma forma o uso do padrão culto implica emprego de linguagem
Poderes da União. rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem
próprios da língua literária.
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado
aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre: Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um "padrão ofi-
cial de linguagem"; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comuni-
a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora cações oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas
se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de determi- expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
nada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é feita a comuni- sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a
cação. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, que permite que utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático,
comunicações elaboradas em diferentes setores da Administração guar- como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão
dem entre si certa uniformidade; limitada.
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas pos- A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a
sibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre concebido como exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos
público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, temos um destinatário acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são de
concebido de forma homogênea e impessoal; difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo te- ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a
mático das comunicações oficiais se restringe a questões que dizem outros órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
respeito ao interesse público, é natural que não cabe qualquer tom particu- Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologismo
lar ou pessoal. e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica.
Desta forma, não há lugar na redação oficial para impressões pesso-
ais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de
um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação 1.3. Formalidade e Padronização
oficial deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora. As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obede-
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos va- cem a certas regras de forma: além das já mencionadas exigências de
lemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda,
seja alcançada a necessária impessoalidade. certa formalidade de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida
quanto ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para
uma autoridade de certo nível (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos
1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais Pronomes de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito à
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a
e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio caráter público comunicação.
desses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária uni-
aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras formidade das comunicações. Ora, se a administração federal é una, é
para a conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos natural que as comunicações que expede sigam um mesmo padrão. O
públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empregada a estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que
linguagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja se atente para todas as características da redação oficial e que se cuide,
finalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade. ainda, da apresentação dos textos.
As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto defini-
compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse tivo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroni-
objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados zação. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de
grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões de circula- normas específicas para cada tipo de expediente.
Língua Portuguesa 41
APOSTILAS OPÇÃO
1.4. Concisão e Clareza serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto análise, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modalidades
oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informa- de comunicação oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a forma
ções com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade, dos fechos e a identificação do signatário.
é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o
qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto. 2.1. Pronomes de Tratamento
É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias 2.1.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento
ou repetições desnecessárias de ideias.
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga
O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao princípio de tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após serem incor-
economia linguística, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de porados ao português os pronomes latinos tu e vos, "como tratamento
palavras para informar o máximo. Não se deve de forma alguma entendê- direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra", passou-se a
la como economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar passa- empregar, como expediente linguístico de distinção e de respeito, a se-
gens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se gunda pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierarquia superior.
exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que Prossegue o autor:
nada acrescentem ao que já foi dito.
"Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que se di-
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo texto rigia a palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de ca-
de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias secundárias. Estas tegoria superior, e não a ela própria. Assim aproximavam-se os vas-
últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; salos de seu rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria
mas existem também ideias secundárias que não acrescentam informação (...); assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e adota-
alguma ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais, podendo, ram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência, vossa paternida-
por isso, ser dispensadas. de, vossa eminência, vossa santidade."
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indireto já
já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como claro estava em voga também para os ocupantes de certos cargos públicos.
aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o
a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que provém
demais características da redação oficial. Para ela concorrem: o atual emprego de pronomes de tratamento indireto como forma de
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que dirigirmo-nos às autoridades civis, militares e eclesiásticas.
poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento 2.1.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento
geral e por definição avesso a vocábulos de circulação restrita, como a
gíria e o jargão; Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresen-
tam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pro-
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível nominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com
uniformidade dos textos; quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que
que nada lhe acrescentam. integra a locução como seu núcleo sintático: "Vossa Senhoria nomeará o
É pela correta observação dessas características que se redige com substituto"; "Vossa Excelência conhece o assunto".
clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo texto redigido. Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de
A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramati- tratamento são sempre os da terceira pessoa: "Vossa Senhoria nomeará
cais provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua seu substituto" (e não "Vossa ... vosso...").
correção. Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero grama-
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de tical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o
fácil compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for ho-
desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos as- mem, o correto é "Vossa Excelência está atarefado", "Vossa Senhoria
suntos em decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz deve estar satisfeito"; se for mulher, "Vossa Excelência está atarefada",
com que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é "Vossa Senhoria deve estar satisfeita".
verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o
significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos que não
possam ser dispensados. 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento
A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secu-
são elaboradas certas comunicações quase sempre compromete sua lar tradição. São de uso consagrado:
clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja segui- Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
da por sua revisão. "Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados", a) do Poder Executivo;
diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão Presidente da República;
no redigir. Vice-Presidente da República;
Por fim, como exemplo de texto obscuro, que deve ser evitado em to- Ministros de Estado;
das as comunicações oficiais, transcrevemos a seguir um pitoresco qua-
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;
dro, constante de obra de Adriano da Gama Kury , a partir do qual podem
ser feitas inúmeras frases, combinando-se as expressões das várias Oficiais-Generais das Forças Armadas;
colunas em qualquer ordem, com uma característica comum: nenhuma Embaixadores;
delas tem sentido! O quadro tem aqui a função de sublinhar a maneira de Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos
como não se deve escrever: de natureza especial;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
CAPÍTULO II Prefeitos Municipais.
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
2. Introdução b) do Poder Legislativo:
A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, seguir os Deputados Federais e Senadores;
preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da Redação Oficial. Ministro do Tribunal de Contas da União;
Além disso, há características específicas de cada tipo de expediente, que Deputados Estaduais e Distritais;
Língua Portuguesa 42
APOSTILAS OPÇÃO
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; 2.2. Fechos para Comunicações
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de
arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que
c) do Poder Judiciário: vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério
da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simpli-
Ministros dos Tribunais Superiores;
ficá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de somente
Membros de Tribunais; dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:
Juízes; a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:
Auditores da Justiça Militar. Respeitosamente,
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo: Atenciosamente,
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autorida-
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, des estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exterio-
res.
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, segui-
do do cargo respectivo:
2.3. Identificação do Signatário
Senhor Senador,
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República,
Senhor Juiz, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da
Senhor Ministro, autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da
Senhor Governador, identificação deve ser a seguinte:
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssi- (espaço para assinatura)
mo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressu- Nome
posto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República
sua repetida evocação. (espaço para assinatura)
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para par- Nome
ticulares. O vocativo adequado é: Ministro de Estado da Justiça
Senhor Fulano de Tal, (...) Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em pá-
gina isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última
No envelope, deve constar do endereçamento: frase anterior ao fecho.
Ao Senhor
Fulano de Tal
3. O Padrão Ofício
Rua ABC, no 123
70.123 – Curitiba. PR Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade
do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o fito de unifor-
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego mizá-los, pode-se adotar uma diagramação única, que siga o que chama-
do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento mos de padrão ofício. As peculiaridades de cada um serão tratadas adian-
de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de te; por ora busquemos as suas semelhanças.
tratamento Senhor.
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título
3.1. Partes do documento no Padrão Ofício
acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empre-
gue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes partes:
por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o
por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em expede:
Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada Exemplos:
formalidade às comunicações. Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à
força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade. direita:
Corresponde-lhe o vocativo: Exemplo: Brasília, 15 de março de 1991.
Magnífico Reitor, c) assunto: resumo do teor do documento
(...)
Exemplos:
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierar- Assunto: Produtividade do órgão em 2002.
quia eclesiástica, são:
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo
correspondente é:
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a co-
Santíssimo Padre,
municação. No caso do ofício deve ser incluído também o endereço.
(...)
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comuni-
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de do-
cações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
cumentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
– introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das for-
(...) mas: "Tenho a honra de", "Tenho o prazer de", "Cumpre-me informar que",
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigi- empregue a forma direta;
das a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver
Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágra-
Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religi- fos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
osos.
Língua Portuguesa 43
APOSTILAS OPÇÃO
– conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do
posição recomendada sobre o assunto. conteúdo
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em Ex.: "Of. 123 - relatório produtividade ano 2002"
que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.
Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estru- 3.3. Aviso e Ofício
tura é a seguinte: 3.3.1. Definição e Finalidade
– introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial praticamente
encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada, idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclusi-
deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encami- vamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia,
nhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos
(tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da
qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula: Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também com particula-
"Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, enca- res.
minho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Depar-
tamento Geral de Administração, que trata da requisição do servidor
Fulano de Tal." 3.3.2. Forma e Estrutura
ou Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão ofício,
com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1 Pronomes de
"Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do Tratamento), seguido de vírgula.
telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do Presidente da Con-
federação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de moderni- Exemplos:
zação de técnicas agrícolas na região Nordeste." Excelentíssimo Senhor Presidente da República
– desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum Senhora Ministra
comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar Senhor Chefe de Gabinete
parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de
desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento. Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguintes in-
formações do remetente:
f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações); – nome do órgão ou setor;
– endereço postal;
g) assinatura do autor da comunicação; e
– telefone e endereço de correio eletrônico.
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signatário).
3.4. Memorando
3.2. Forma de diagramação 3.4.1. Definição e Finalidade
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à seguinte forma O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades admi-
de apresentação: nistrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em
mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto, de uma forma de
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no
comunicação eminentemente interna.
texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman poder-
exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por deter-
se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
minado setor do serviço público.
c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número da pági-
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando
na;
em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do núme-
em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direta ro de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no
terão as distâncias invertidas nas páginas pares ("margem espelho"); próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continua-
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da ção. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplifi-
margem esquerda; cado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, e permitin-
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0 do que se historie o andamento da matéria tratada no memorando.
cm de largura;
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; 3.4.2. Forma e Estrutura
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pon- Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício,
tos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não comportar com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencionado pelo
tal recurso, de uma linha em branco; cargo que ocupa.
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras Exemplos:
maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subchefe pa-
de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento; ra Assuntos Jurídicos
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco.
A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e ilustrações; 4. Exposição de Motivos
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impres- 4.1. Definição e Finalidade
sos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da Repú-
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich blica ou ao Vice-Presidente para:
Text nos documentos de texto;
a) informá-lo de determinado assunto;
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o
b) propor alguma medida; ou
arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de
trechos para casos análogos; c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser for- Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da Repú-
mados da seguinte maneira: blica por um Ministro de Estado.

Língua Portuguesa 44
APOSTILAS OPÇÃO
Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, a Forma e Estrutura
exposição de motivos deverá ser assinada por todos os Ministros envolvi- A estrutura da lei é composta por dois elementos básicos: a ordem le-
dos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial. gislativa e a matéria legislada.
A ordem legislativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei; a
4.2. Forma e Estrutura matéria legislada diz respeito ao texto ou corpo da lei.
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do padrão
ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a exposição de Ordem Legislativa
motivos que proponha alguma medida ou apresente projeto de ato norma- Das partes do ato normativo
tivo, segue o modelo descrito adiante.
O projeto de ato normativo é estruturado em três partes básicas:
A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta du-
as formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclu- a) A parte preliminar, com a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o enun-
sivamente informativo e outra para a que proponha alguma medida ou ciado do objeto e a indicação do âmbito de aplicação das disposições
submeta projeto de ato normativo. normativas;
No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmente leva b) A parte normativa, com as normas que regulam o objeto definido na
algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, sua estrutu- parte preliminar;
ra segue o modelo antes referido para o padrão ofício. c) A parte final, com as disposições sobre medidas necessárias à im-
Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Presiden- plementação das normas constantes da parte normativa, as disposições
te da República a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a que lhe transitórias, se for o caso, a cláusula de vigência e a cláusula de revoga-
apresente projeto de ato normativo – embora sigam também a estrutura ção, quando couber.
do padrão ofício –, além de outros comentários julgados pertinentes por
seu autor, devem, obrigatoriamente, apontar: Epígrafe
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da medida A epígrafe é a parte do ato que o qualifica na ordem jurídica e o situa
ou do ato normativo proposto; no tempo, por meio da data, da numeração e da denominação.
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele ato Exemplo de epígrafe:
normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais alternativas LEI No 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990.
existentes para equacioná-lo; Ementa ou Rubrica da Lei
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual A ementa é a parte do ato que sintetiza o conteúdo da lei, a fim de
ato normativo deve ser editado para solucionar o problema. permitir, de modo imediato, o conhecimento da matéria legislada.
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de mo- Exemplo de ementa:
tivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte modelo previsto
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.
no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002.
A síntese contida na ementa deve resumir o tema central ou a finali-
dade principal da lei; evite-se, portanto, mencionar apenas um tópico
ATOS NORMATIVOS - CONCEITOS BÁSICOS genérico da lei acompanhado do clichê “e dá outras providências”.
Preâmbulo
LEI ORDINÁRIA O preâmbulo contém a declaração do nome da autoridade, do cargo
em que se acha investida e da atribuição constitucional em que se funda
Definição para promulgar a lei e a ordem de execução ou mandado de cumprimento,
A lei ordinária é um ato normativo primário e contém, em regra, nor- a qual prescreve a força coativa do ato normativo.
mas gerais e abstratas. Embora as leis sejam definidas, normalmente, Exemplo de autoria:
pela generalidade e abstração (“lei material”), estas contêm, não raramen- O Presidente da República
te, normas singulares (“lei formal” ou “ato normativo de efeitos concretos”). Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se-
Exemplo de lei formal: guinte lei (...)
– Lei orçamentária anual (Constituição, art. 165, § 5o); Exemplo de ordem de execução:
– Leis que autorizam a criação de empresas públicas, sociedades de O Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
economia mista, autarquias e fundações (Constituição, art. 37, XIX). Âmbito de aplicação
O STF tem entendido que os atos normativos de efeitos concretos, O primeiro artigo da lei indicará o objeto e o âmbito de aplicação do
por não terem o conteúdo material de ato normativo, não se sujeitam ao ato normativo a ser editado de forma específica, em conformidade com o
controle abstrato de constitucionalidade. conhecimento técnico ou científico da área respectiva.
Objeto Fecho da Lei
O Estado de Direito (Constituição, art. 1o) define-se pela submissão Consagrou-se, entre nós, que o fecho dos atos legislativos haveria de
de diversas relações da vida ao Direito. conter referência aos dois acontecimentos marcantes de nossa História:
Assim, não deveria haver, em princípio, domínios vedados à lei. Essa Declaração da Independência e Proclamação da República.
afirmativa é, todavia, apenas parcialmente correta. Exemplo de fecho de lei:
A Constituição exclui, expressamente, do domínio da lei, as matérias “Brasília, 11 de setembro de 1991, 169o da Independência e 102o da
da competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49), que devem ser República.”
disciplinadas mediante decreto legislativo. Também não podem ser trata-
das por lei as matérias que integram as competências privativas do Sena- Matéria Legislada: Texto ou Corpo da Lei
do e da Câmara (Constituição, arts. 51 e 52). O texto ou corpo da lei contém a matéria legislada, isto é, as disposi-
Por fim, a Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, ções que alteram a ordem jurídica. Ele é composto por artigos, que, dis-
reservou matérias para decreto do Presidente da República (art. 84, VI, postos em ordem numérica, enunciam as regras sobre a matéria legislada.
alíneas a e b). Na tradição legislativa brasileira, o artigo constitui a unidade básica
Acentue-se, por outro lado, que existem matérias que somente podem para a apresentação, a divisão ou o agrupamento de assuntos de um texto
ser disciplinadas por lei ordinária, sendo, aliás, vedada a delegação normativo. Os artigos desdobram-se em parágrafos e incisos, e estes em
(Constituição, art. 68, § 1º, I, II, III). alíneas.
Por exemplo, o art. 206 do Código Civil de 10 de janeiro de 2002:
“Art. 206. Prescreve:

Língua Portuguesa 45
APOSTILAS OPÇÃO
§ 1o Em um ano: além de cumprir a finalidade de marcar o encerramento do texto legislativo
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destina- – remete com precisão aos dispositivos revogados.
dos a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospe-
dagem ou dos alimentos; Cláusula de Vigência
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra Além da cláusula de revogação, o texto ou corpo do ato normativo
aquele, contado o prazo: contém, normalmente, cláusula que dispõe sobre a sua entrada em vigor.
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da Caso a lei não consigne data ou prazo para entrada em vigor, aplica-se
data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo preceito constante do art. 1o da Lei de Introdução ao Código Civil, segun-
terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do do o qual, salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o
segurador; país 45 dias após a sua publicação.
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da preten-
são; (...)” Assinatura e Referenda
Para terem validade, os atos normativos devem ser assinados pela
Agrupamento de Artigos autoridade competente. Trata-se de práxis amplamente consolidada no
Como assinalado no item “Sistemática Externa”, a dimensão de de- Direito Constitucional e Administrativo brasileiros.
terminados textos legais exige uma sistematização adequada. No direito As leis devem ser referendadas pelos Ministros de Estado que res-
brasileiro consagra-se a seguinte prática para a divisão das leis mais pondam pela matéria (Constituição, art. 87, parágrafo único, I), que assu-
extensas: mem, assim, a co-responsabilidade por sua execução e observância. No
– um conjunto de artigos compõe uma SEÇÃO; caso dos atos de nomeação de Ministro de Estado, a referenda será
– uma seção é composta por várias SUBSEÇÕES; sempre do Ministro de Estado da Justiça, nos termos do art. 29 do Decreto
no 4.118, de 7 de fevereiro de 2002, que “Dispõe sobre a organização da
– um conjunto de seções constitui um CAPÍTULO; Presidência da República e dos Ministérios e dá outras providências”.
– um conjunto de capítulos constitui um TÍTULO;
– um conjunto de títulos constitui um LIVRO.
LEI COMPLEMENTAR
Se a estrutura alentada do texto requerer desdobramentos, adotam-se
as PARTES, que se denominam Parte Geral e Parte Especial.
Definição
Por exemplo, o Código Civil de 10 de janeiro de 2002: As leis complementares constituem um terceiro tipo de leis que não
ostentam a rigidez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam a
PARTE GERAL
revogação por força de qualquer lei ordinária superveniente. Com a insti-
LIVRO I tuição de lei complementar buscou o constituinte resguardar certas maté-
DAS PESSOAS rias de caráter paraconstitucional contra mudanças céleres ou apressa-
TÍTULO I das, sem lhes imprimir uma rigidez exagerada, que dificultaria sua modifi-
DAS PESSOAS NATURAIS cação.
CAPÍTULO I A lei complementar deve ser aprovada pela maioria absoluta de cada
uma das Casas do Congresso (Constituição, art. 69).
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
Objeto
CAPÍTULO II
Caberia indagar se a lei complementar tem matéria própria. Poder-se-
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
ia afirmar que, sendo toda e qualquer lei uma complementação da Consti-
CAPÍTULO III tuição, a sua qualidade de lei complementar seria atribuída por um ele-
DA AUSÊNCIA mento de índole formal, que é a sua aprovação pela maioria absoluta de
Seção I cada uma das Casas do Congresso. A qualificação de uma lei como
Da Curadoria dos Bens do Ausente complementar dependeria, assim, de um elemento aleatório. Essa não é a
Seção II melhor interpretação. Ao estabelecer um terceiro tipo, pretendeu o consti-
tuinte assegurar certa estabilidade e um mínimo de rigidez às normas que
Da Sucessão Provisória regulam certas matérias. Dessa forma, eliminou-se eventual discricionari-
Seção III edade do legislador, consagrando-se que leis complementares propria-
Da Sucessão Definitiva mente ditas são aquelas exigidas expressamente pelo texto constitucional.
Cláusula de Revogação Disto decorre que:
Até a edição da Lei Complementar no 95, de 1998, (art. 9o – v. Apên- – Não existe entre lei complementar e lei ordinária (ou medida provi-
dice) a cláusula de revogação podia ser específica ou geral. Desde então, sória) uma relação de hierarquia, pois seus campos de abrangência são
no entanto, admite-se somente a cláusula de revogação específica. Assim, diversos. Assim, a lei ordinária que invadir matéria de lei complementar é
atualmente é incorreto o uso de cláusula revogatória do tipo “Revogam-se inconstitucional e não ilegal;
as disposições em contrário.”. – Norma pré-constitucional de qualquer espécie que verse sobre ma-
A revogação é específica quando precisa a lei ou leis, ou parte da lei téria que a Constituição de 1988 reservou à lei complementar foi recepcio-
que ficam revogadas . nada pela nova ordem constitucional como lei complementar.
Exemplo de cláusulas revogatórias específicas: – Lei votada com o procedimento de Lei Complementar e denominada
“Fica revogada a Lei no 4.789, de 14 de outubro de 1965.” como tal, ainda assim, terá efeitos jurídicos de lei ordinária, podendo ser
“Ficam revogadas as Leis nos 3.917, de 14 de julho de 1961, 5.887, revogada por lei ordinária posterior, se versar sobre matéria não reservada
de 31 de maio de 1973, e 6.859, de 24 de novembro de 1980.” constitucionalmente à lei complementar.
“Ficam revogados os arts. 16, 17 e 29 da Lei no 7.998, de 11 de janei- – Dispositivos esparsos de uma lei complementar que não constituí-
ro de 1990.” rem matéria constitucionalmente reservada à lei Complementar possuem
efeitos jurídicos de lei ordinária.
Ademais, importantes doutrinadores já ressaltavam a desnecessidade
da cláusula revogatória genérica, uma vez que a derrogação do direito No texto constitucional são previstas as seguintes leis complementa-
anterior decorre da simples incompatibilidade com a nova disciplina jurídi- res:
ca conferida à matéria (Lei de Introdução ao Código Civil, art.2o, § 1o). – Lei que disciplina a proteção contra despedida arbitrária (Constitui-
Destarte, afigura-se mais útil o emprego da cláusula específica, que – ção, art. 7º, I);

Língua Portuguesa 46
APOSTILAS OPÇÃO
– Lei que estabelece casos de inelegibilidade e prazos de sua cessa- – Lei que regula a competência para instituição do imposto de trans-
ção (art. 14, § 9º); missão causa mortis e doação, se o doador tiver domicílio ou residência
– Lei que regula a criação, transformação em Estado ou reintegração no exterior, ou se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou
ao Estado dos Territórios Federais e que define a incorporação, subdivi- teve o seu inventário processado no exterior (art. 155, § 1o, III);
são e desmembramento dos Estados mediante plebiscito e aprovação do – Lei que define os serviços sujeitos a imposto sobre serviços de
Congresso Nacional (art. 18, §§ 2o, 3o e 4o); qualquer natureza, define as suas alíquotas máxima e mínima, exclui da
– Lei que dispõe sobre os casos em que se pode permitir o trânsito ou sua incidência a exportação de serviços para o exterior e regula a forma e
a permanência temporária de forças estrangeiras no território nacional (art. as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão conce-
21, IV); didos e revogados (art. 156, III e § 3o);
– Lei que faculta aos Estados legislar sobre questões específicas das – Lei que estabelece normas sobre distribuição das quotas de receitas
matérias relacionadas na competência legislativa privativa da União (art. tributárias (art. 161, I, II, III e parágrafo único);
22, parágrafo único); – Lei que regulamenta as finanças públicas; o controle das dívidas ex-
– Lei que fixa normas para a cooperação entre a União e os Estados, terna e interna; a concessão de garantias pelas entidades públicas; a
o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvol- emissão e o resgate de títulos da dívida pública; a fiscalização das institui-
vimento e do bem-estar em âmbito nacional (art. 23, parágrafo único); ções financeiras; as operações de câmbio realizadas por órgãos e entida-
– Lei dos Estados que institui regiões metropolitanas, aglomerações des da União, do Distrito Federal e dos Municípios; a compatibilização das
urbanas e microrregiões. (art. 25, § 3o); funções das instituições oficiais de crédito da União (art. 163, I a VII);
– Lei que define as áreas de atuação de sociedades de economia – Lei que regulamenta o exercício e a gestão financeira e patrimonial
mista, empresas públicas e fundações criadas pelo poder público (art. 37, da administração direta e indireta, bem como as condições para a institui-
XIX); ção e o funcionamento de fundos (art. 165, § 9o, I e II);
– Lei que estabelece exceções aos limites de idade para aposentado- – Lei que estabelece limites para a despesa com pessoal ativo e inati-
ria do servidor público no caso de exercício de atividades consideradas vo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 169);
penosas, insalubres ou perigosas (art. 40, § 4o); – Lei que estabelece procedimento contraditório especial para o pro-
– Lei que dispõe sobre as normas gerais para a instituição de regime cesso judicial de desapropriação (art. 184, § 3o);
de previdência complementar pela União, Estados, Distrito Federal e – Lei que dispõe sobre o sistema financeiro nacional (art. 192);
Municípios, para atender aos seus respectivos servidores titulares de – Lei que estabelece o montante máximo de débito para a concessão
cargo efetivo (art. 40, § 15); de remissão ou anistia de contribuições sociais
– Lei que estabelece o procedimento de avaliação periódica para per- – Lei que regula a aplicação de recursos dos diversos entes da fede-
da de cargo de servidor público (art. 41, §1o); ração em saúde (art. 198, § 3o);
– Lei que dispõe sobre as condições para integração das regiões em – Lei que estabelece casos de relevante interesse público da União,
desenvolvimento e a composição dos organismos regionais (art. 43, § 1o, quanto aos atos que tratam da ocupação, do domínio e da posse das
I, II); terras indígenas, ou da exploração das riquezas naturais do solo, fluviais e
– Lei que estabelece o número de Deputados, por Estado e pelo Dis- lacustres nelas existentes (art. 231, § 6o).
trito Federal, proporcionalmente à população (art. 45, § 1o);
– Lei que autoriza o Presidente da República a permitir, sem manifes- LEI DELEGADA
tação do Congresso, em determinadas hipóteses, que forças estrangeiras
Definição
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente.
(art. 49, II, e art. 84, XXII). Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo Presidente
da República em virtude de autorização do Poder Legislativo, expedida
– Lei que dispõe sobre a elaboração, redação, alteração e consolida-
mediante resolução e dentro dos limites nela traçados (Constituição, art.
ção das leis (art. 59, parágrafo único);
68, caput e §§).
– Lei que confere outras atribuições ao Vice-Presidente da República
De uso bastante raro, apenas duas leis delegadas foram promulgadas
(art. 79, parágrafo único);
após a Constituição de 1988 (Leis Delegadas no 12, de 7 de agosto de
– Lei que dispõe sobre o Estatuto da Magistratura (art. 93); 1992 e no 13, 27 de agosto de 1992).
– Lei que dispõe sobre organização e competência dos tribunais elei- Objeto
torais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais (art. 121);
A Constituição Federal (art. 68, § 1o) estabelece, expressamente, que
– Lei que estabelece a organização, as atribuições e o estatuto do Mi- não podem ser objeto de delegação os atos de competência exclusiva do
nistério Público (art. 128, § 5o); Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara ou do Sena-
– Lei que dispõe sobre a organização e o funcionamento da Advoca- do Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação
cia-Geral da União (art. 131); sobre:
– Lei que dispõe sobre a organização da Defensoria Pública da União, a) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira
do Distrito Federal e dos Territórios, e prescreve normas gerais para sua e a garantia de seus membros;
organização nos Estados (art. 134, parágrafo único); b) nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
– Lei que estabelece normas gerais a serem adotadas na organiza- c) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
ção, no preparo e no emprego das Forças Armadas (art. 142, § 1o);
Forma e Estrutura
– Lei que dispõe sobre conflitos de competência, em matéria tributá-
Sobre a estrutura e a forma da Lei Delegada são válidas, fundamen-
ria, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, regula
talmente, as considerações expendidas em 11.3. Forma e Estrutura.
limitações ao poder de tributar e estabelece normas gerais, em matéria
tributária (art. 146, I, II, III a, b, c); Exemplo de Lei Delegada:
– Lei que institui empréstimos compulsórios para atender a despesas “LEI DELEGADA Nº 12, DE 7 DE AGOSTO DE 1992.
extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou Dispõe sobre a instituição de Gratificação de Atividade Militar para os
sua iminência, ou para possibilitar investimento público de caráter urgente servidores militares federais das Forças Armadas.
e de relevante interesse nacional (art. 148, I e II); O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
– Lei que institui imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII); Faço saber que, no uso da delegação constante da Resolução no 1,
– Lei que institui outros impostos federais não previstos na Constitui- de 1992 - CN, decreto a seguinte lei:
ção (art. 154, I); Art. 1o Fica instituída a Gratificação de Atividade Militar, devida men-
sal e regularmente aos servidores militares federais das Forças Armadas,

Língua Portuguesa 47
APOSTILAS OPÇÃO
pelo efetivo exercício de atividade militar, ou, em decorrência deste, 2001, em relação às contas a que se refere o caput, será caracterizada no
quando na inatividade. ato de recebimento do valor creditado na conta vinculada, dispensada a
(...) comprovação das condições de saque previstas no art. 20 da Lei no
Art. 5o Esta lei delegada entra em vigor na data de sua publicação, 8.036, de 11 de maio de 1990.
com efeitos financeiros a contar de 1° de julho de 1992, observada a § 2º Caso a adesão não se realize até o final do prazo regulamentar
graduação estabelecida pelo art. 2°. para o seu exercício, o crédito será imediatamente revertido ao FGTS.
Art. 2º O titular de conta vinculada do FGTS, com idade igual ou supe-
rior a setenta anos ou que vier a completar essa idade até a data final para
MEDIDA PROVISÓRIA
firmar o termo de adesão de que trata o art. 6o da Lei Complementar no
Definição 110, de 2001, fará jus ao crédito do complemento de atualização monetá-
Medida Provisória é ato normativo com força de lei que pode ser edi- ria de que trata a referida Lei Complementar, com a redução nela prevista,
tado pelo Presidente da República em caso de relevância e urgência. Tal em parcela única, no mês seguinte ao de publicação desta Medida Provi-
medida deve ser submetida de imediato à deliberação do Congresso sória ou no mês subsequente ao que completar a mencionada idade.
Nacional. Art. 3º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publica-
As medidas provisórias perdem a eficácia desde a edição se não fo- ção.
rem convertidas em lei no prazo de 60 dias, prorrogável por mais 60.
Neste caso, o Congresso Nacional deverá disciplinar, por decreto legislati-
DECRETO LEGISLATIVO
vo, as relações jurídicas decorrentes da medida provisória. Se tal discipli-
na não for feita no prazo de 60 dias após a rejeição ou perda de eficácia Definição
de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de Decretos Legislativos são atos destinados a regular matérias de com-
atos praticados durante a vigência da medida provisória conservar-se-ão petência exclusiva do Congresso Nacional (Constituição, art. 49) que
por ela regidas. tenham efeitos externos a ele.
Objeto Objeto
As Medidas Provisórias têm por objeto, basicamente, a mesma maté- Objeto do Decreto Legislativo são as matérias enunciadas no art. 49
ria das Leis Ordinárias; contudo, não podem ser objeto de medida provisó- da Constituição, verbis:
ria as seguintes matérias: “Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direi- I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internaci-
to eleitoral; onais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio
b) direito penal, processual penal e processual civil; nacional;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira II – autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a
e a garantia de seus membros; paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
adicionais e suplementares, ressalvada a abertura de crédito extraordiná- complementar;
rio, a qual é expressamente reservada à Medida Provisória (Constituição, III – autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se au-
art. 167, § 3º); sentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
e) as que visem a detenção ou sequestro de bens, de poupança po- IV – aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o
pular ou qualquer outro ativo financeiro; estado de sítio, ou suspender qualquer dessas medidas;
f) as reservadas a lei complementar; V – sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
g) já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
e pendente de sanção ou veto do Presidente da República; VI – mudar temporariamente sua sede;
h) aprovação de Código; e VII – fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senado-
i) regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido res, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4o, 150, II, 153, III, e
alterada por meio de emenda constitucional promulgada no período com- 153, § 2o, I;
preendido entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação da Emenda VIII – fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da Repú-
Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001. blica e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI,
Por fim, o Decreto no 4.176, de 2002, recomenda que não seja objeto 39, § 4o, 150, II, 153, III, e 153, § 2o, I;
de Medida Provisória a matéria “que possa ser aprovada dentro dos IX – julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da Repú-
prazos estabelecidos pelo procedimento legislativo de urgência previsto na blica e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;
Constituição” (art. 40, V). X – fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas,
Forma e Estrutura os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;
São válidas, fundamentalmente, as considerações expendidas em XI – zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da
10.3. Forma e Estrutura. atribuição normativa dos outros Poderes;
Exemplo de Medida Provisória XII – apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de
“MEDIDA PROVISÓRIA Nº 55, DE 7 DE JULHO DE 2002. emissoras de rádio e televisão;
Autoriza condições especiais para o crédito de valores iguais ou infe- XIII – escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da
riores a R$ 100,00, de que trata a Lei Complementar no 110, de 29 de União;
junho de 2001, e dá outras providências. XIV – aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe con- nucleares;
fere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com XV – autorizar referendo e convocar plebiscito;
força de lei: XVI – autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento
Art. 1º Fica a Caixa Econômica Federal autorizada a creditar em con- de recursos hídricos, e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;
tas vinculadas específicas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - XVII – aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras pú-
FGTS, a expensas do próprio Fundo, os valores do complemento de blicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.”
atualização monetária de que trata o art. 4o da Lei Complementar no 110, Acrescente-se, ainda, como objeto do Decreto Legislativo a disciplina
de 29 de junho de 2001, cuja importância, em 10 de julho de 2001, seja das relações jurídicas decorrentes de medida provisória não convertida
igual ou inferior a R$ 100,00 (cem reais). em lei (Constituição, art. 63, § 3o).
§ 1º A adesão de que trata o art. 4º da Lei Complementar no 110, de
Língua Portuguesa 48
APOSTILAS OPÇÃO
Forma e Estrutura e os elementos de identificação dos destinatários. Na delegação, ao revés,
São válidas, fundamentalmente, as considerações expendidas no item não se identificam, na norma regulamentada, o direito, a obrigação ou a
11.3. Forma e Estrutura. Ressalte-se, no entanto, que no decreto legislati- limitação.
vo a autoria e o fundamento de autoridade antecedem o título. Estes são estabelecidos apenas no regulamento.
Exemplo de Decreto Legislativo: Decretos Autônomos
“Faço saber que o Congresso Nacional aprovou, e eu, Ramez Tebet, Com a Emenda Constitucional no 32, de 11 de setembro de 2001, in-
Presidente do Senado Federal, nos termos do art. 48, item 28, do Regi- troduziu-se no ordenamento pátrio ato normativo conhecido doutrinaria-
mento Interno, promulgo o seguinte mente como decreto autônomo, i. é., decreto que decorre diretamente da
DECRETO LEGISLATIVO Nº 57, DE 2002 Constituição, possuindo efeitos análogos ao de uma lei ordinária.
Aprova solicitação de o Brasil fazer a declaração facultativa prevista Tal espécie normativa, contudo, limita-se às hipóteses de organização
no artigo 14 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento
Formas de Discriminação Racial, reconhecendo a competência do Comitê de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, e de extinção de
Internacional para a Eliminação da funções ou cargos públicos, quando vago (art. 84, VI, da Constituição).
Discriminação Racial para receber e analisar denúncias de violação Forma e Estrutura
dos direitos humanos cobertos na Convenção. Tal como as leis, os decretos compõem-se de dois elementos: a or-
O Congresso Nacional decreta: dem legislativa (preâmbulo e fecho) e a matéria legislada (texto ou corpo
Art. 1º Fica aprovada solicitação de fazer a declaração facultativa pre- da lei).
vista no artigo 14 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Assinale-se que somente são numerados os decretos que contêm re-
Todas as Formas de Discriminação Racial, reconhecendo a competência gras jurídicas de caráter geral e abstrato.
do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação Racial para receber e Os decretos que contenham regras de caráter singular não são nume-
analisar denúncias de violações dos direitos humanos cobertos na Con- rados, mas contêm ementa, exceto os relativos a nomeação ou a designa-
venção. ção para cargo público, os quais não serão numerados nem conterão
Parágrafo único. Ficam sujeitos à aprovação do Congresso Nacional ementa.
quaisquer atos que possam resultar em revisão da referida Convenção, Todos os decretos serão referendados pelo Ministro competente.
bem como, nos termos do inciso I do art. 49 da Constituição Federal, Exemplo de Decreto:
quaisquer ajustes complementares que acarretem encargos ou compro- “DECRETO Nº 4.298, DE 11 DE JULHO DE 2002.
missos gravosos ao patrimônio nacional.
Dispõe sobre a atuação dos órgãos e entidades da Administração Pú-
Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publica- blica Federal durante o processo de transição governamental.
ção.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe con-
Senado Federal, em 26 de abril de 2002 fere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
Senador RAMEZ TEBET DECRETA:
Presidente do Senado Federal” Art. 1º Transição governamental é o processo que objetiva propiciar
condições para que o candidato eleito para o cargo de Presidente da
DECRETO República possa receber de seu antecessor todos os dados e informações
necessários à implementação do programa do novo governo, desde a data
Definição
de sua posse.
Decretos são atos administrativos da competência exclusiva do Chefe
Parágrafo único. Caberá ao Chefe da Casa Civil da Presidência da
do Executivo, destinados a prover situações gerais ou individuais, abstra-
República a coordenação dos trabalhos vinculados à transição governa-
tamente previstas, de modo expresso ou implícito, na lei. Esta é a defini-
mental.
ção clássica, a qual, no entanto, é inaplicável aos decretos autônomos,
tratados adiante. Art. 2º O processo de transição governamental tem início seis meses
antes da data da posse do novo Presidente da República e com ela se
Decretos Singulares
encerra.
Os decretos podem conter regras singulares ou concretas (v. g., de-
Art. 3º O candidato eleito para o cargo de Presidente da República
cretos de nomeação, de aposentadoria, de abertura de crédito, de desa-
poderá indicar equipe de transição, a qual terá acesso às informações
propriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto de perda de nacionali-
relativas às contas públicas, aos programas e aos projetos do Governo
dade, etc.).
Federal.
Decretos Regulamentares
Parágrafo único. A indicação a que se refere este artigo será feita por
Os decretos regulamentares são atos normativos subordinados ou meio de ofício ao Presidente da República.
secundários.
Art. 4º Os pedidos de acesso às informações de que trata o art. 3o,
A diferença entre a lei e o regulamento, no Direito brasileiro, não se qualquer que seja a sua natureza, deverão ser formulados por escrito e
limita à origem ou à supremacia daquela sobre este. A distinção substan- encaminhados ao Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da
cial reside no fato de que a lei inova originariamente o ordenamento República, a quem competirá requisitar dos órgãos e entidades da Admi-
jurídico, enquanto o regulamento não o altera, mas fixa, tão-somente, as nistração Pública Federal os dados solicitados pela equipe de transição,
“regras orgânicas e processuais destinadas a pôr em execução os princí- observadas as condições estabelecidas no Decreto no 4.199, de 16 de
pios institucionais estabelecidos por lei, ou para desenvolver os preceitos abril de 2002.
constantes da lei, expressos ou implícitos, dentro da órbita por ela cir-
Art. 5º Os Secretários-Executivos dos Ministérios deverão encaminhar
cunscrita, isto é, as diretrizes, em pormenor, por ela determinadas”.
ao Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da República as
Não se pode negar que, como observa Celso Antônio Bandeira de informações de que trata o art. 4o, as quais serão consolidadas pela
Mello, a generalidade e o caráter abstrato da lei permitem particulariza- coordenação do processo de transição.
ções gradativas quando não têm como fim a especificidade de situações
Art. 6º Sem prejuízo do disposto nos arts. 1o a 5o, o Secretário-
insuscetíveis de redução a um padrão qualquer. Disso resulta, não raras
Executivo da Casa Civil solicitará aos Secretários-Executivos dos Ministé-
vezes, margem de discrição administrativa a ser exercida na aplicação da
rios informações circunstanciadas sobre:
lei.
I - programas realizados e em execução relativos ao período do man-
Não se há de confundir, porém, a discricionariedade administrativa,
dato do Presidente da República;
atinente ao exercício do poder regulamentar, com delegação disfarçada de
poder. Na discricionariedade, a lei estabelece previamente o direito ou II - assuntos que demandarão ação ou decisão da administração nos
dever, a obrigação ou a restrição, fixando os requisitos de seu surgimento cem primeiros dias do novo governo;

Língua Portuguesa 49
APOSTILAS OPÇÃO
III - projetos que aguardam implementação ou que tenham sido inter- c) data, por extenso:
rompidos; e Brasília, em 12 de novembro de 1990;
IV - glossário de projetos, termos técnicos e siglas utilizadas pela Ad- d) identificação do signatário, abaixo da assinatura:
ministração Pública Federal. NOME (em maiúsculas)
Art. 7º O Chefe da Casa Civil expedirá normas complementares para Secretário da Administração Federal
execução do disposto no art. 5º.
No original do ato normativo, próximo à apostila, deverá ser mencio-
Art. 8º As reuniões de servidores com integrantes da equipe de transi- nada a data de publicação da apostila no Boletim de Serviço ou no Boletim
ção devem ser objeto de agendamento e registro sumário em atas que Interno.
indiquem os participantes, os assuntos tratados, as informações solicita-
das e o cronograma de atendimento das demandas apresentadas. Exemplo de Apostila:
Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. “APOSTILA
Brasília, 11 de julho de 2002; 181º da Independência e 114º da Repú- O cargo a que se refere o presente ato foi transformado em Assessor
blica. da Diretoria-Geral de Administração, código DAS-102.2, de acordo com o
Decreto no 99.411, de 25 de julho de 1990.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Brasília, 12 de novembro de 1990.
Silvano Gianni”

NOME
PORTARIA Subchefe da Secretaria-Geral da Presidência da República”
Definição e Objeto
É o instrumento pelo qual Ministros ou outras autoridades expedem
instruções sobre a organização e funcionamento de serviço e praticam
outros atos de sua competência.
Forma e Estrutura A produção de textos (logicidade,
Tal como os atos legislativos, a portaria contém preâmbulo e corpo. correção, clareza, objetividade).
São válidas, pois, as considerações expendidas no item 11.3. Forma e
Estrutura.
Exemplo de Portaria:
A linguagem escrita tem identidade própria e não pretende ser mera
“PORTARIA Nº 5, DE 7 DE FEVEREIRO DE 2002.
reprodução da linguagem oral. Ao redigir, o indivíduo conta unicamente
Aprova o Regimento Interno do Conselho com o significado e a sonoridade das palavras para transmitir conteúdos
Nacional de Arquivos - CONARQ. complexos, estimular a imaginação do leitor, promover associação de
O CHEFE DA CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no ideias e ativar registros lógicos, sensoriais e emocionais da memória.
uso da atribuição que lhe confere o art. 9º do Decreto nº 4.073, de 3 de
janeiro de 2002, Redação é o ato de exprimir ideias, por escrito, de forma clara e orga-
R E S O L V E: nizada. O ponto de partida para redigir bem é o conhecimento da gramáti-
Art. 1º Fica aprovado, na forma do Anexo, o Regimento Interno do ca do idioma e do tema sobre o qual se escreve. Um bom roteiro de
Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ. redação deve contemplar os seguintes passos: escolha da forma que se
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. pretende dar à composição, organização das ideias sobre o tema, escolha
do vocabulário adequado e concatenação das ideias segundo as regras
PEDRO PARENTE”
linguísticas e gramaticais.

APOSTILA Para adquirir um estilo próprio e eficaz é conveniente ler e estudar os


Definição e Finalidade grandes mestres do idioma, clássicos e contemporâneos; redigir frequen-
Apostila é a averbação, feita abaixo dos textos ou no verso de decre- temente, para familiarizar-se com o processo e adquirir facilidade de
tos e portarias pessoais (nomeação, promoção, ascensão, transferência, expressão; e ser escrupuloso na correção da composição, retificando o
readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração, recondução, remo- que não saiu bem na primeira tentativa. É importante também realizar um
ção, exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade e aposentadoria), exame atento da realidade a ser retratada e dos eventos a que o texto se
para que seja corrigida flagrante inexatidão material do texto original (erro refere, sejam eles concretos, emocionais ou filosóficos. O romancista, o
na grafia de nomes próprios, lapso na especificação de datas, etc.), desde cientista, o burocrata, o legislador, o educador, o jornalista, o biógrafo,
que essa correção não venha a alterar a substância do ato já publicado. todos pretendem comunicar por escrito, a um público real, um conteúdo
Tratando-se de erro material em decreto pessoal, a apostila deve ser que quase sempre demanda pesquisa, leitura e observação minuciosa de
feita pelo Ministro de Estado que o propôs. fatos empíricos. A capacidade de observar os dados e apresentá-los de
maneira própria e individual determina o grau de criatividade do escritor.
Se o lapso houver ocorrido em portaria pessoal, a correção por aposti-
lamento estará a cargo do Ministro ou Secretário signatário da portaria.
Nos dois casos, a apostila deve sempre ser publicada no Boletim de Para que haja eficácia na transmissão da mensagem, é preciso ter em
Serviço ou Boletim Interno correspondente e, quando se tratar de ato mente o perfil do leitor a quem o texto se dirige, quanto a faixa etária, nível
referente a Ministro de Estado, também no Diário Oficial da União. cultural e escolar e interesse específico pelo assunto. Assim, um mesmo
A finalidade da correção de inexatidões materiais por meio de apostila tema deverá ser apresentado diferentemente ao público infantil, juvenil ou
é evitar que se sobrecarregue o Presidente da República com a assinatura adulto; com formação universitária ou de nível técnico; leigo ou especiali-
de atos repetidos, e que se onere a Imprensa Nacional com a republica- zado. As diferenças hão de determinar o vocabulário empregado, a exten-
ção de atos. são do texto, o nível de complexidade das informações, o enfoque e a
condução do tema principal a assuntos correlatos.
Forma e Estrutura
A apostila tem a seguinte estrutura:
Organização das ideias. O texto artístico é em geral construído a par-
a) título, em maiúsculas e centralizado sobre o texto: tir de regras e técnicas particulares, definidas de acordo com o gosto e a
APOSTILA; habilidade do autor. Já o texto objetivo, que pretende antes de mais nada
b) texto, do qual deve constar a correção que está sendo feita, a ser transmitir informação, deve fazê-lo o mais claramente possível, evitando
iniciada com a remissão ao decreto que autoriza esse procedimento; palavras e construções de sentido ambíguo.

Língua Portuguesa 50
APOSTILAS OPÇÃO
Para escrever bem, é preciso ter ideias e saber concatená-las. Entre- fala do personagem; (2) discurso indireto, no qual o narrador conta o que o
vistas com especialistas ou a leitura de textos a respeito do tema aborda- personagem disse, lançando mão dos verbos chamados dicendi ou de
do são bons recursos para obter informações e formar juízos a respeito do elocução, que indicam quem está com a palavra, como por exemplo
assunto sobre o qual se pretende escrever. A observação dos fatos, a "disse", "perguntou", "afirmou" etc.; e (3) discurso indireto livre, em que se
experiência e a reflexão sobre seu conteúdo podem produzir conhecimen- misturam os dois tipos anteriores.
to suficiente para a formação de ideias e valores a respeito do mundo
circundante. O conjunto dos acontecimentos em que os personagens se envolvem
chama-se enredo. Pode ser linear, segundo a sucessão cronológica dos
É importante evitar, no entanto, que a massa de informações se dis- fatos, ou não-linear, quando há cortes na sequência dos acontecimentos.
perse, o que esvaziaria de conteúdo a redação. Para solucionar esse É comumente dividido em exposição, complicação, clímax e desfecho.
problema, pode-se fazer um roteiro de itens com o que se pretende escre-
ver sobre o tema, tomando nota livremente das ideias que ele suscita. O Dissertação. A exposição de ideias a respeito de um tema, com base
passo seguinte consiste em organizar essas ideias e encadeá-las segundo em raciocínios e argumentações, é chamada dissertação. Nela, o objetivo
a relação que se estabelece entre elas. do autor é discutir um tema e defender sua posição a respeito dele. Por
essa razão, a coerência entre as ideias e a clareza na forma de expressão
Vocabulário e estilo. Embora quase todas as palavras tenham sinôni- são elementos fundamentais.
mos, dois termos quase nunca têm exatamente o mesmo significado. Há
sutilezas que recomendam o emprego de uma ou outra palavra, de acordo A organização lógica da dissertação determina sua divisão em intro-
com o que se pretende comunicar. Quanto maior o vocabulário que o dução, parte em que se apresenta o tema a ser discutido; desenvolvimen-
indivíduo domina para redigir um texto, mais fácil será a tarefa de comuni- to, em que se expõem os argumentos e ideias sobre o assunto, fundamen-
car a vasta gama de sentimentos e percepções que determinado tema ou tando-se com fatos, exemplos, testemunhos e provas o que se quer
objeto lhe sugere. demonstrar; e conclusão, na qual se faz o desfecho da redação, com a
finalidade de reforçar a ideia inicial. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil
Como regras gerais, consagradas pelo uso, deve-se evitar arcaísmos Publicações Ltda.
e neologismos e dar preferência ao vocabulário corrente, além de evitar
cacofonias (junção de vocábulos que produz sentido estranho à ideia ELEMENTOS DA NARRATIVA
original, como em "boca dela") e rimas involuntárias (como na frase, "a
audição e a compreensão são fatores indissociáveis na educação infan- Introdução
til"). O uso repetitivo de palavras e expressões empobrece a escrita e, A narração é um relato centrado num fato ou acontecimento; há per-
para evitá-lo, devem ser escolhidos termos equivalentes. sonagens a atuar e um narrador que relata a ação. O tempo e o ambien-
te (ou cenário) são outros elementos importantes na estrutura da narra-
ção.
A obediência ao padrão culto da língua, regido por normas gramati-
cais, linguísticas e de grafia, garante a eficácia da comunicação. Uma
frase gramaticalmente incorreta, sintaticamente mal estruturada e grafada O Enredo
com erros é, antes de tudo, uma mensagem ininteligível, que não atinge o O enredo, ou trama, ou intriga, é, podemos dizer, o esqueleto da nar-
objetivo de transmitir as opiniões e ideias de seu autor. rativa, aquilo que dá sustentação à história, ou seja, é o desenrolar dos
acontecimentos. Geralmente, o enredo está centrado num conflito, res-
Tipos de redação. Todas as formas de expressão escrita podem ser ponsável pelo nível de tensão da narrativa; podemos ter um conflito entre
classificadas em formas literárias -- como as descrições e narrações, e o homem e o meio natural (como ocorre em alguns romances modernis-
nelas o poema, a fábula, o conto e o romance, entre outros -- e não- tas), entre o homem e o meio social, até chegarmos a narrativas que
literárias, como as dissertações e redações técnicas. colocam o homem contra si próprio (como ocorre em romances introspec-
tivos).

Descrição. Descrever é representar um objeto (cena, animal, pessoa,


lugar, coisa etc.) por meio de palavras. Para ser eficaz, a apresentação Em O Ateneu o enredo desenvolve-se a partir da entrada do menino
das características do objeto descrito deve explorar os cinco sentidos Sérgio, aos onze anos de idade, no colégio interno. Colocado diante de
humanos -- visão, audição, tato, olfato e paladar --, já que é por intermédio um mundo diferente, sem estar preparado para isso, o menino vivência
deles que o ser humano toma contato com o ambiente. uma série de experiências e acontecimentos que culminam com o incên-
dio e a consequente destruição do colégio.

A descrição resulta, portanto, da capacidade que o indivíduo tem de


perceber o mundo que o cerca. Quanto maior for sua sensibilidade, mais O Ambiente
rica será a descrição. Por meio da percepção sensorial, o autor registra O ambiente é o espaço por onde circulam personagens e se desenro-
suas impressões sobre os objetos, quanto ao aroma, cor, sabor, textura ou la o enredo. Em alguns casos, é de importância tão fundamental que se
sonoridade, e as transmite para o leitor. transforma em personagem, como no caso do colégio interno em O Ate-
neu, de Raul Pompéia, e da habitação coletiva em O cortiço, de Aluísio
Azevedo.
Narração. O relato de um fato, real ou imaginário, é denominado nar-
ração. Pode seguir o tempo cronológico, de acordo com a ordem de
sucessão dos acontecimentos, ou o tempo psicológico, em que se privile- O Tempo
giam alguns eventos para atrair a atenção do leitor. A escolha do narrador, Observe, no fragmento de O Ateneu, como o tempo é um elemento
ou ponto de vista, pode recair sobre o protagonista da história, um obser- importante: "Eu tinha onze anos", afirma o personagem-narrador (perceba
vador neutro, alguém que participou do acontecimento de forma secundá- a expressividade do pronome pessoal e do verbo no pretérito). Fica carac-
ria ou ainda um espectador onisciente, que supostamente esteve presente terizada, assim, uma narrativa de caráter memorialista, ou seja, o tempo
em todos os lugares, conhece todos os personagens, suas ideias e senti- da ação é anterior ao tempo da narração. O personagem-narrador na sua
mentos. vida adulta narra fatos acontecidos durante a sua pré-adolescência.

A apresentação dos personagens pode ser feita pelo narrador, quan- As Personagens
do é chamada de direta, ou pelas próprias ações e comportamentos deste, Os seres que atuam, isto é, que vivem o enredo, são as personagens.
quando é dita indireta. As falas também podem ser apresentadas de três Em geral a personagem bem construída representa uma individualidade,
formas: (1) discurso direto, em que o narrador transcreve de forma exata a
Língua Portuguesa 51
APOSTILAS OPÇÃO
apresentando, inclusive, traços psicológicos distintos. Há personagens Inserindo-se numa abordagem mais geral sobre os mecanismos de
que não representam individualidades, mas sim tipos humanos, identifica- elaboração textual, com base nos conceitos de coesão e coerência, o
dos antes pela profissão, pelo comportamento, pela classe social, enfim, trabalho pedagógico de leitura e produção do texto de base descritiva
por algum traço distintivo comum a todos os indivíduos dessa categoria. E deve partir dos seguintes pontos:
há também personagens cujos traços de personalidade ou padrões de a) O texto de base descritiva tem como objetivo oferecer ao leitor
comportamento são extremamente acentuados (às vezes tocando o /ouvinte a oportunidade de visualizar o cenário onde uma ação se
ridículo); nesses casos, muito comuns em novelas de televisão, por exem- desenvolve e as personagens que dela participam;
plo, temos personagens caricaturais. b) A descrição está presente no nosso dia-a-dia, tanto na ficção (nos
romances, nas novelas, nos contos, nos poemas) como em ou-
A personagem Sérgio, do romance O Ateneu, constitui-se numa indi- tros tipos de textos (nas obras técnico-científicas, nas enciclopé-
vidualidade, ou seja, numa figura humana complexa que vive conflitos com dias, nas propagandas, nos textos de jornais e revistas);
o mundo exterior e consigo mesmo. Já o diretor do colégio, o Dr. Aristar- c) A descrição pode ter uma finalidade subsidiária na construção de
co, embora não seja uma caricatura, apresenta alguns traços de persona- outros tipos de texto, funcionando como um plano de fundo, o que
gem caricatura. explica e situa a ação (na narração) ou que comenta e justifica a
argumentação;
O Nome das Personagens d) Existem características linguísticas próprias do texto de base
É interessante observar como os bons escritores se preocupam com a descritiva, que o diferenciam de outros tipos de textos;
relação personagem/nome próprio. Veja Graciliano Ramos, em Vida e) Os advérbios de lugar são elementos essenciais para a coesão
secas: Vitória é o nome de uma nordestina que alimenta pequenos e a coerência do texto de base descritiva, permitindo a localiza-
sonhos, nunca concretizados; Baleia é o nome de uma cachorra que ção espacial dos cenários e personagens descritos;
morre em consequência da seca, em pleno sertão nordestino. f) O texto descritivo detém-se sobre objetos e seres considerados
na sua simultaneidade, e os tempos verbais mais frequentes são
Machado de Assis é outro exemplo brilhante; em Dom Casmurro, o o presente do indicativo no comentário e o pretérito imperfeito
personagem-narrador chama-se Bento e tem sua vida em grande parte do indicativo no relato.
determinada pela carolice da mãe, que queria torná-lo padre.
O que é um texto descritivo
Lima Barreto também trabalha muito bem o nome dos seus persona- Segundo Othon M. Garcia (1973), "Descrição é a representação ver-
gens: Clara do Anjos é uma rapariga negra que é engravidada e abando- bal de um objeto sensível (ser, coisa, paisagem), através da indicação dos
nada por um rapaz branco; Isaías Caminha é um escrivão (lembra-se do seus aspectos mais característicos, dos pormenores que o individualizam,
Pero Vaz ?); Quaresma é um ingênuo nacionalista que morre às mãos de que o distinguem."
um ditador.
Descrever não é enumerar o maior número possível de detalhes, mas
No romance O Ateneu, o diretor autocrático e majestático, responsá- assinalar os traços mais singulares, mais salientes; é fazer ressaltar do
vel por um ensino conservador e ultrapassado, é significativamente bati- conjunto uma impressão dominante e singular. Dependendo da intenção
zado de Aristarco (de áristos, "ótimo" + arqué, "governo", ou seja, o bom do autor, varia o grau de exatidão e minúcia na descrição.
governo, com toda ironia possível). Conclusão: ao ler bons autores ou
mesmo ao criar personagens, preste atenção aos nomes. Diferentemente da narração, que faz uma história progredir, a des-
crição faz interrupções na história, para apresentar melhor um persona-
gem, um lugar, um objeto, enfim, o que o autor julgar necessário para dar
Em Quincas Borba temos um narrador omnisciente. Veja como o mais consistência ao texto. Pode também ter a finalidade de ambientar a
narrador "lê" os sentimentos, os desejos e mesmo o jogo de cena da história, mostrando primeiro o cenário, como acontece no texto abaixo:
personagem; sabemos, por exemplo, que Rubião mirava disfarçadamen-
te a bandeja, que amava de coração os metais nobres. O narrador co- "Ao lado do meu prédio construíram um enorme edifício de aparta-
nhece as prováveis opções de Rubião: a preferência pela bandeja de mentos. Onde antes eram cinco românticas casinhas geminadas, hoje
prata aos bustos de bronze. instalaram-se mais de 20 andares. Da minha sala vejo a varandas (estilo
mediterrâneo) do novo monstro. Devem distar uns 30 metros, não mais.
Narração na 3ª Pessoa e narrador omnisciente e omnipresente
E foi numa dessas varandas que o fato se deu."
O narrador omnisciente ou omnipresente é uma espécie de testemu-
nha invisível de tudo o que acontece, em todos os lugares e em todos os (Mário Prata. 100 Crônicas. São Paulo, Cartaz Editorial, 1997)
momentos; ele não só se preocupa em dizer o que as personagens fazem A descrição tem sido normalmente considerada como uma expansão
ou falam, mas também traduz o que pensam e sentem. Portanto, ele tenta da narrativa. Sob esse ponto de vista, uma descrição resulta frequente-
passar para o leitor as emoções, os pensamentos e os sentimentos das mente da combinação de um ou vários personagens com um cenário, um
personagens. meio, uma paisagem, uma coleção de objetos. Esse cenário desencadeia
Nas narrações em terceira pessoa, o narrador está fora dos aconte- o aparecimento de uma série de subtemas, de unidades constitutivas que
cimentos; podemos dizer que ele paira acima de tudo e de todos. Esta estão em relação metonímica de inclusão: a descrição de um jardim (tema
situação permite ao narrador saber de tudo, do passado e do futuro, das principal introdutor) pode desencadear a enumeração das diversas flores,
emoções e pensamentos dos personagens. Daí dizer-se omnisciente. canteiros, árvores, utensílios, etc., que constituem esse jardim. Cada
subtema pode igualmente dar lugar a um maior detalhe (os diferentes
Texto Descritivo tipos de flor, as suas cores, a sua beleza, o seu perfume...).
Vamos abordar o texto descritivo, sob o ponto de vista da sua produ-
Em trabalho recente, Hamon (1981) mostra que o descritivo tem ca-
ção e funcionamento discursivo, com base na ideia de que um texto se
racterísticas próprias e não apenas a função de auxiliar a narrativa, che-
define pela sua finalidade situacional - todo o ato de linguagem tem uma
gando a apontar aspectos linguísticos da descrição: frequência de ima-
intencionalidade e submete-se a condições particulares de produção, o
gens, de analogias, adjetivos, formas adjetivas do verbo, termos
que exige do falante da língua determinadas estratégias de construção
técnicos... Além disso, o autor ressalta a função utilitária desempenhada
textual. Em cada texto, portanto, podem combinar-se diferentes recursos
pela descrição face a qualquer tipo de texto do qual faz parte: "descrever
(narrativos, descritivos, dissertativos), em função do tipo de interação que
para completar, descrever para ensinar, descrever para significar, descre-
se estabelece entre os interlocutores. Nesse contexto teórico, o texto
ver para arquivar, descrever para classificar, descrever para prestar con-
descritivo identifica-se por ter a descrição como estratégia predominante.
tas, descrever para explicar."

Língua Portuguesa 52
APOSTILAS OPÇÃO
No texto dissertativo, por exemplo, a descrição funciona como uma em Euclides da Cunha, Eça de Queiroz, Flaubert, Zola), enquanto em
maneira de comentar ou detalhar os argumentos contra ou a favor de textos não-Literários (técnicos e científicos), a descrição subjetiva reflete o
determinada tese defendida pelo autor. Assim, para analisar o problema estado de espírito do observador, as suas preferências. Isto faz com que
da evasão escolar, podemos utilizar como estratégia argumentativa a veja apenas o que quer ou pensa ver e não o que está para ser visto. O
descrição detalhada de salas vazias, corredores vazios, estudantes des- resultado dessa descrição é uma imagem vaga, diluída, nebulosa, como
motivados, repetência. os quadros impressionistas do fim do século passado. É uma descrição
em que predomina a conotação.
Numa descrição, quer literária, quer técnica, o ponto de vista do au- "Ao descrever um determinado ser, tendemos sempre a acentuar al-
tor interfere na produção do texto. O ponto de vista consiste não apenas guns aspectos, de acordo com a reação que esse ser provoca em nós. Ao
na posição física do observador, mas também na sua atitude, na sua enfatizar tais aspectos, corremos o risco de acentuar qualidades negativas
predisposição afetiva em face do objeto a ser descrito. Desta forma, existe ou positivas. Mesmo usando a linguagem científica, que é imparcial, a
o ponto de vista físico e o ponto de vista mental. tarefa de descrever objetivamente é bastante difícil.
a) Ponto de vista físico Apesar dessa dificuldade, podemos atingir um grau satisfatório de im-
b) É a perspectiva que o observador tem do objeto; pode determinar parcialidade se nos tornarmos conscientes dos sentimentos favoráveis ou
a ordem na enumeração dos pormenores significativos. Enquanto desfavoráveis que as coisas podem provocar em nós. A consciência disso
uma fotografia ou uma tela apresentam o objeto de uma só vez, a habilitar-nos-á a confrontar e equilibrar os julgamentos favoráveis ou
descrição apresenta-o progressivamente, detalhe por detalhe, le- desfavoráveis.
vando o leitor a combinar impressões isoladas para formar uma Um bom exercício consiste em fazer dois levantamentos sobre a coisa
imagem unificada. Por esse motivo, os detalhes não são todos que queremos descrever: o primeiro, contendo características tendentes a
apresentados num único período, mas pouco a pouco, para que o enfatizar aspectos positivos; o segundo, a enfatizar aspectos negativos.
leitor, associando-os, interligando-os, possa compor a imagem
que faz do objeto da descrição.
Observamos e percebemos com todos os sentidos, não apenas Características linguísticas da descrição
com os olhos. Por isso, informações a respeito de ruídos, cheiros, O enunciado narrativo, por ter a representação de um acontecimento,
sensações tácteis são importantes num texto descritivo, depen- fazer-transformador, é marcado pela temporalidade, na relação situação
dendo da intenção comunicativa. inicial e situação final, enquanto que o enunciado descritivo, não tendo
c) Outro fator importante diz respeito à ordem de apresentação dos transformação, é atemporal.
detalhes.
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-semânticas
Texto - Trecho de conversa informal (entrevista) encontradas no texto que vão facilitar a compreensão:
"Vamos ver. Bom, a sala tem forma de ele, apesar de não ser grande,
né, dá dois ambientes perfeitamente separados. O primeiro ambiente da Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores de pro-
sala de estar tem um sofá forrado de couro, uma forração verde, as almo- priedades, atitudes, qualidades, usados principalmente no presente e no
fadas verdes, ladeado com duas mesinhas de mármore, abajur, um qua- imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, situar-se, existir, ficar).
dro, reprodução de Van Gogh. Em frente tem uma mesinha de mármore e
em frente a esta mesa e portanto defronte do sofá tem um estrado com
Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é descrito;
almofadas areia, o aparelho de som, um baú preto. À esquerda desse
estrado há uma televisão enorme, horrorosa, depois há em frente à televi- Exemplo:
são duas poltroninhas vermelhas de jacarandá e aí termina o primeiro "Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num
ambiente. Depois então no outro, no alongamento da sala há uma mesa colarinho direito. O rosto aguçado no queixo ia-se alargando até à calva,
grande com seis cadeiras com um abajur em cima, um abajur vermelho. A vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma
sala é toda pintadinha de branco ..." orelha à outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto lustroso
dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o
grisalho, farto, caído aos cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as
Comentário sobre o texto
lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito
Neste trecho da entrevista, a informante descreve a sala, nomeando despegadas do crânio. "(Eça de Queiroz - O Primo Basílio)
as peças que compõem os dois ambientes, reproduzidos numa sequência
Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações, sinestesi-
bem organizada. A localização da mobília é fornecida por meio de diver-
as).
sas expressões de lugar, como em frente, defronte, à esquerda, em cima,
que ajudam a imaginar com clareza a distribuição espacial. Há uma preo- Exemplos:
cupação da informante em fazer o nosso olhar percorrer a sala, dando os "Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito gordo,
detalhes por meio das cores (verde, areia, preto, vermelhas), do tamanho ( mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Apesar de seu corpo rechon-
televisão enorme, poltroninhas, mesinhas, sala pintadinha). É também chudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que lhe dava petulância
interessante observar que essa informante deixa transparecer as suas de rapaz e casava perfeitamente com os olhinhos de azougue." (José de
impressões pessoais, como por exemplo ao usar o adjetivo horrorosa, Alencar - Senhora)
para falar da televisão e pintadinha, no diminutivo, referindo-se com cari- Uso de advérbios de localização espacial.
nho à sua sala de estar e de jantar.
Exemplo:
"Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa casa
b) ponto de vista mental ou psicológico era assim: na frente, uma grade de ferro; depois você entrava tinha um
A descrição pode ser apresentada de modo a manifestar uma impres- jardinzinho; no final tinha uma escadinha que devia ter uns cinco degraus;
são pessoal, uma interpretação do objeto. A simpatia ou antipatia do aí você entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido de onde
observador pode resultar em imagens bastante diferenciadas do mesmo saíam três portas; no final do corredor tinha a cozinha, depois tinha uma
objeto. Deste ponto de vista, dois tipos de descrição podem ocorrer: a escadinha que ia dar no quintal e atrás ainda tinha um galpão, que era o
objetiva e a subjetiva. lugar da bagunça ..." (Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)
A descrição objetiva, também chamada realista, é a descrição exata,
dimensional. Os detalhes não se diluem, pelo contrário, destacam-se "A ordem dos detalhes é, pois, muito importante. Não se faz a descri-
nítidos em forma, cor, peso, tamanho, cheiro, etc. Este tipo de descrição ção de uma casa de maneira desordenada; ponha-se o autor na posição
pode ser encontrado em textos literários de intenção realista (por exemplo, de quem dela se aproxima pela primeira vez; comece de fora para dentro

Língua Portuguesa 53
APOSTILAS OPÇÃO
à medida que vai caminhando na sua direção e percebendo pouco a Internacional das Mulheres Inúteis", ajudar o marido nos negócios, fazer
pouco os seus traços mais característicos com um simples correr d'olhos: ginástica todas as manhãs, ser pontual, ter imensos amigos, dar muitos
primeiro, a visão do conjunto, depois a fachada, a cor das paredes, as jantares, ir a muitos jantares, não fumar, não envelhecer, gostar de toda
janelas e portas, anotando alguma singularidade expressiva, algo que dê gente, toda gente gostar dela, colecionar colheres do século XVII, jogar
ao leitor uma ideia do seu estilo, da época da construção. Mas não se golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo, comer iogurte, fazer ioga, gostar
esqueça de que percebemos ou observamos com todos os sentidos, e de pintura abstrata, ser sócia de todas as sociedades musicais, estar
não apenas com os olhos. Haverá sons, ruídos, cheiros, sensações de sempre divertida, ser um belo exemplo de virtudes, ter muito sucesso e
calor, vultos que passam, mil acidentes, enfim, que evitarão que se torne a ser muito séria.
descrição uma fotografia pálida daquela riqueza de impressões que os Tenho conhecido na vida muitas pessoas parecidas com a Mônica.
sentidos atentos podem colher. Continue o observador: entre na casa, Mas são só a sua caricatura. Esquecem-se sempre do ioga ou da pintura
examine a primeira peça, a posição dos móveis, a claridade ou obscurida- abstrata.
de do ambiente, destaque o que lhe chame de pronto a atenção (um
móvel antigo, uma goteira, um vão de parede, uma massa no reboco, um Por trás de tudo isto há um trabalho severo e sem tréguas e uma dis-
cão sonolento...). Continue assim gradativamente. Seria absurdo começar ciplina rigorosa e contente. Pode-se dizer que Mônica trabalha de sol a
pela fachada, passar à cozinha, voltar à sala de visitas, sair para o quintal, sol.
regressar a um dos quartos, olhar depois para o telhado, ou notar que as De fato, para conquistar todo o sucesso e todos os gloriosos bens que
paredes de fora estão descaiadas. Quase sempre a direção em que se possui, Mônica teve de renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à
caminha, ou se poderia normalmente caminhar rumo ao objeto serve de santidade.
roteiro, impõe uma ordem natural para a indicação dos seus pormenores." Texto - Calisto Elói
Fica evidente que esse "passeio" pelo cenário, feito como se tivésse-
mos nas mãos uma câmara cinematográfica, registrando os detalhes e Calisto Elói, naquele tempo, orçava por quarenta e quatro anos. Não
compondo com eles um todo, deve obedecer a um roteiro coerente, evi- era desajeitado de sua pessoa. Tinha poucas carnes e compleição, como
tando idas e vindas desconexas, que certamente perturbam a organização dizem, afidalgada. A sensível e dissimétrica saliência do abdômen devia-
espacial e prejudicam a coerência do texto descritivo. se ao uso destemperado da carne de porcos e outros alimentos intumes-
centes. Pés e mãos justificavam a raça que as gerações vieram adelga-
Textos descritivos çando de carnes. Tinha o nariz algum tanto estragado das invasões do
Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-literária ou rapé e torceduras do lenço de algodão vermelho. A dilatação das ventas e
literária. Na descrição não-literária, há maior preocupação com a exatidão o escarlate das cartilagens não eram assim mesmo coisa de repulsão.
dos detalhes e a precisão vocabular. Por ser objetiva, há predominância (Camilo Castelo Branco, A queda dum anjo)
da denotação.
Comentário sobre a descrição de pessoas
Textos descritivos não-literários A descrição de pessoas pode ser feita a partir das características físi-
A descrição técnica é um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto cas, com predomínio da objetividade, ou das características psicológicas,
usando uma linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para com predomínio da subjetividade. Muitas vezes, o autor, propositadamen-
descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os compõem, te, faz uma caricatura do personagem, acentuando os seus traços físicos
para descrever experiências, processos, etc. ou comportamentais.
Exemplo:
a) Folheto de propaganda de carro Os personagens podem ser apresentados diretamente, isto é, num
• Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir o es- determinado momento da história, e neste caso a narrativa é momentane-
paço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando tran- amente interrompida. Podem, por outro lado, ser apresentados indireta-
quilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat Variant mente, por meio de dados, como comportamentos, traços físicos, opini-
possuem direção hidráulica e ar condicionado de elevada capaci- ões, que vão sendo indicados passo a passo, ao longo da narrativa.
dade, proporcionando a climatização perfeita do ambiente.
• Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capacidade Texto - Trecho de "A Relíquia" (Eça de Queiroz)
de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 litros, com o
encosto do banco traseiro rebaixado. "Estávamos sobre a pedra do Calvário.
• Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em plástico Em torno, a capela que a abriga, resplandecia com um luxo sensual e
reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para evitar a de- pagão. No teto azul-ferrete brilhavam sóis de prata, signos do Zodíaco,
formação em caso de colisão. estrelas, asas de anjos, flores de púrpura; e, dentre este fausto sideral,
pendiam de correntes de pérolas os velhos símbolos da fecundidade, os
ovos de avestruz, ovos sacros de Astarté e Baco de ouro. [...] Globos
Textos descritivos literários espelhados, pousando sobre peanhas de ébano, refletiam as jóias dos
Na descrição literária predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no retábulos, a refulgência das paredes revestidas de jaspe, de nácar e de
conjunto de associações conotativas que podem ser exploradas a partir de ágata. E no chão, no meio deste clarão, precioso de pedraria e luz, emer-
descrições de pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; situa- gindo dentre as lajes de mármore branco, destacava um bocado de rocha
ções e coisas. Vale lembrar que textos descritivos também podem ocorrer bruta e brava, com uma fenda alargada e polida por longos séculos de
tanto em prosa como em verso. beijos e afagos beatos."

Descrição de pessoas Considerações Finais


A descrição de personagem pode ser feita na primeira ou terceira Um enunciado descritivo, portanto, é um enunciado de ser. A descri-
pessoa. No primeiro caso, fica claro que o personagem faz parte da histó- ção não é um objeto literário por princípio, embora esteja sempre presente
ria; no segundo, a descrição é feita pelo narrador, que, ele próprio, pode nos textos de ficção, ela encontra-se nos dicionários, na publicidade, nos
fazer ou não parte da história. textos científicos.
Há autores que apresentam a definição como um tipo de texto descri-
Texto - Retrato de Mônica tivo. Para Othon M.Garcia (1973), "a definição é uma fórmula verbal
através da qual se exprime a essência de uma coisa (ser, objeto, ideia)",
Mônica é uma pessoa tão extraordinária que consegue simultanea-
enquanto "a descrição consiste na enumeração de caracteres próprios dos
mente: ser boa mãe de família, ser chiquíssima, ser dirigente da "Liga
seres (animados e inanimados), coisas, cenários, ambientes e costumes
Língua Portuguesa 54
APOSTILAS OPÇÃO
sociais; de ruídos, odores, sabores e impressões tácteis." Enquanto a caráter totalmente diferenciado, na medida em que não fala de pessoas ou
definição generaliza, a descrição individualiza, isto porque, quando defini- fatos específicos, mas analisa certos assuntos que são abordados de
mos, estamos a tratar de classes, de espécies e, quando descrevemos, modo impessoal.
estamos a detalhar indivíduos de uma espécie.
A NARRAÇÃO
Definições de futebol Tipos de narrador
Texto extraído de uma publicidade - encontramos aqui uma interes- Narrar é contar um ou mais fatos que ocorreram com determinadas
sante definição do futebol, feita de uma maneira bastante diferente daque- personagens, em local e tempo definidos. Por outras palavras, é contar
la que está nos dicionários. uma história, que pode ser real ou imaginária.
Futebol é bola na rede. Festa. Grito de golo. Não só. Não mais. No Quando vai redigir uma história, a primeira decisão que deve tomar é
Brasil de hoje, futebol é a reunião da família, a redenção da Pátria, a união se você vai ou não fazer parte da narrativa. Tanto é possível contar uma
dos povos. Futebol é saúde, amizade, solidariedade, saber vencer. Fute- história que ocorreu com outras pessoas como narrar fatos acontecidos
bol é arte, cultura, educação. Futebol é balé, samba, capoeira. Futebol é consigo. Essa decisão determinará o tipo de narrador a ser utilizado na
fonte de riqueza. Futebol é competição leal. Esta é a profissão de fé da sua composição. Este pode ser, basicamente, de dois tipos:
***. Porque a *** tem o compromisso de estar ao lado do torcedor e do 1. Narrador de 1ª pessoa: é aquele que participa da ação, ou seja,
cidadão brasileiro. Sempre. que se inclui na narrativa.
Enciclopédia e Dicionário Koogan/Houaiss Trata-se do narrador-personagem. 1. Narrador de 1ª pessoa: é
Desporto no qual 22 jogadores, divididos em dois conjuntos, se aquele que participa da ação, ou seja, que se inclui na narrativa. Trata-se
esforçam por fazer entrar uma bola de couro na baliza do conjunto do narrador-personagem.
contrário, sem intervenção das mãos. (As primeiras regras foram Exemplo:
elaboradas em 1860).
Andava pela rua quando de repente tropecei num pacote embrulhado
em jornais. Agarrei-o vagarosamente, abri-o e vi, surpreso, que lá havia
A diferença entre descrição, narração e dissertação uma grande quantia em dinheiro.
Esquema da narração
Tipos de redação ou composição 2. Narrador de 3ª pessoa: é aquele que não participa da ação, ou se-
Tudo o que se escreve recebe o nome genérico de redação (ou com- ja, não se inclui na narrativa. Temos então o narrador-observador. 2.
posição). Existem três tipos de redação: descrição, narração e disserta- Narrador de 3ª pessoa: é aquele que não participa da ação, ou seja, não
ção. É importante que perceba a diferença entre elas. Leia, primeiramen- se inclui na narrativa. Temos então o narrador-observador.
te, as seguintes definições: Exemplo:
João andava pela rua quando de repente tropeçou num pacote em-
Descrição brulhado em jornais. Agarrou-o vagarosamente, abriu-o e viu, surpreso,
É o tipo de redação na qual se apontam as características que com- que lá havia uma grande quantia em dinheiro.
põem um determinado objeto, pessoa, ambiente ou paisagem.
Exemplo: OBSERVAÇÃO:
A sua estatura era alta e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o Em textos que apresentam o narrador de 1.ª pessoa, ele não precisa
sol dos trópicos. Os olhos negros e amendoados espalhavam a luz interior ser necessariamente a personagem principal; pode ser somente alguém
de sua alegria de viver e jovialidade. Os traços bem desenhados compu- que, estando no local dos acontecimentos, os presenciou.
nham uma fisionomia calma, que mais parecia uma pintura. Exemplo:
Estava parado na paragem do autocarro, quando vi, a meu lado, um
Narração rapaz que caminhava lentamente pela rua. Ele tropeçou num pacote
É a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que embrulhado em jornais. Observei que ele o agarrou com todo o cuidado,
ocorreram em determinado tempo e lugar, envolvendo certas persona- abriu-o e viu, surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro.
gens.
Exemplo: Elementos da narração
Numa noite chuvosa do mês de Agosto, Paulo e o irmão caminhavam Depois de escolher o tipo de narrador que vai utilizar, é necessário
pela rua mal-iluminada que conduzia à sua residência. Subitamente foram ainda conhecer os elementos básicos de qualquer narração.
abordados por um homem estranho. Pararam, atemorizados, e tentaram Todo o texto narrativo conta um FATO que se passa em determinado
saber o que o homem queria, receosos de que se tratasse de um assalto. TEMPO e LUGAR. A narração só existe na medida em que há ação; esta
Era, entretanto, somente um bêbado que tentava encontrar, com dificulda- ação é praticada pelos PERSONAGENS.
de, o caminho de sua casa.
Um fato, em geral, acontece por uma determinada CAUSA e desenro-
Dissertação la-se envolvendo certas circunstâncias que o caracterizam. É necessário,
É o tipo de composição na qual expomos ideias gerais, seguidas da portanto, mencionar o MODO como tudo aconteceu detalhadamente, isto
apresentação de argumentos que as comprovem. é, de que maneira o fato ocorreu. Um acontecimento pode provocar CON-
Exemplo: SEQUÊNCIAS, as quais devem ser observadas.
Tem havido muitos debates sobre a eficiência do sistema educacio- Assim, os elementos básicos do texto narrativo são:
nal. Argumentam alguns que ele deve ter por objetivo despertar no estu- 1. FATO (o que se vai narrar);
dante a capacidade de absorver informações dos mais diferentes tipos e 2. TEMPO (quando o fato ocorreu);
relacioná-las com a realidade circundante. Um sistema de ensino voltado
para a compreensão dos problemas socioeconômicos e que despertasse 3. LUGAR (onde o fato se deu);
no aluno a curiosidade científica seria por demais desejável. 4. PERSONAGENS (quem participou do ocorrido ou o observou);
Não há como confundir estes três tipos de redação. Enquanto a des- 5. CAUSA (motivo que determinou a ocorrência);
crição aponta os elementos que caracterizam os seres, objetos, ambien- 6. MODO (como se deu o fato);
tes e paisagens, a narração implica uma ideia de ação, movimento em-
7. CONSEQUÊNCIAS.
preendido pelos personagens da história. Já a dissertação assume um
Língua Portuguesa 55
APOSTILAS OPÇÃO
Uma vez conhecidos esses elementos, resta saber como organizá-los Embora não tivessem demorado a chegar, os bombeiros não conse-
para elaborar uma narração. Dependendo do fato a ser narrado, há inúme- guiram impedir que o quarto e a sala ao lado fossem inteiramente destruí-
ras formas de dispô-los. Todavia, apresentaremos um esquema de nar- dos pelas chamas. Não obstante o prejuízo, a família consolou-se com o
ração que pode ser utilizado para contar qualquer fato. Ele propõe-se fato de aquele incidente não ter tomado maiores proporções, atingindo os
situar os elementos da narração em diferentes parágrafos, de modo a apartamentos vizinhos.
orientá-lo sobre como organizar adequadamente a sua composição. Vamos observar as características desta narração. O narrador está na
3ª pessoa, pois não toma parte na história; não é nem membro da família,
Esquema de narração nem o porteiro do restaurante, nem um dos bombeiros e muito menos
alguém que passava pela rua na qual se situava o prédio. Outra caracte-
1º Parágrafo: Explicar que fato será narrado. Determinar o tempo e rística que deve ser destacada é o fato de a história ter sido narrada com
o lugar INTRODUÇÃO objetividade: o narrador limitou-se a contar os fatos sem deixar que os
2º Parágrafo: Causa do fato e apresentação das personagens. seus sentimentos, as suas emoções transparecessem no decorrer da
DESENVOLVIMENTO narrativa.
3º Parágrafo: Modo como tudo aconteceu (detalhadamente). Este tipo de composição denomina-se narração objetiva. É o que
4º Parágrafo: Consequências do fato. CONCLUSÃO costuma aparecer nas "ocorrências policiais" dos jornais, nas quais os
redatores apenas dão conta dos fatos, sem se deixar envolver emocio-
nalmente com o que estão a noticiar. Este tipo de narração apresenta um
OBSERVAÇÕES: cunho impessoal e direto.
1. É bom lembrar que, embora o elemento Personagens tenha sido
citado somente no 2º parágrafo (onde são apresentados com
A narração subjetiva
mais detalhes), eles aparecem no decorrer de toda a narração,
uma vez que são os desencadeadores da sequência narrativa. Existe também um outro tipo de composição chamado narração sub-
jetiva. Nela os fatos são apresentados levando-se em conta as emoções,
2. O elemento Causa pode ou não existir na sua narração. Há fatos
os sentimentos envolvidos na história. Nota-se claramente a posição
que decorrem de causa específica (por exemplo, um atropela-
sensível e emocional do narrador ao relatar os acontecimentos. O fato não
mento pode ter como causa o descuido de um peão ao atravessar
é narrado de modo frio e impessoal, pelo contrário, são ressaltados os
a rua sem olhar). Existe, em contrapartida, um número ilimitado
efeitos psicológicos que os acontecimentos desencadeiam nas persona-
de fatos dos quais não precisamos explicar as causas, por serem
gens. É, portanto, o oposto da narração objetiva.
evidentes (por exemplo, uma viagem de férias, um assalto a um
banco, etc.). Daremos agora um exemplo de narração subjetiva, elaborada tam-
bém com o auxílio do esquema de narração. Escolhemos o narrador de
3. três elementos mencionados na Introdução, ou seja, fato, tempo
1.ª pessoa. Esta escolha é perfeitamente justificável, visto que, participan-
e lugar, não precisam necessariamente aparecer nesta ordem.
do da ação, ele envolve-se emocionalmente com maior facilidade na
Podemos especificar, no início, o tempo e o local, para depois
história. Isso não significa, porém, que uma narração subjetiva requeira
enunciar o fato que será narrado.
sempre um narrador em 1.
Utilizando esse recurso, pode narrar qualquer fato, desde os inciden-
tes que são noticiados nos jornais com o título de ocorrências policiais Com a fúria de um vendaval
(assaltos, atropelamentos, raptos, incêndios, colisões e outros) até fatos
Numa certa manhã acordei entediada. Estava nas minhas férias esco-
corriqueiros, como viagens de férias, festas de adeptos de futebol, come-
lares do mês de Agosto. Não pudera viajar. Fui ao portão e avistei, três
morações de aniversário, quedas e acontecimentos inesperados ou fora
quarteirões ao longe, a movimentação de uma feira livre.
do comum, bem como quaisquer outros.
Não tinha nada para fazer, e isso estava a matar-me de aborrecimen-
É importante ressaltar que o esquema apresentado é apenas uma su-
to. Embora soubesse que uma feira livre não constitui exatamente o
gestão de como se pode organizar uma narração. Temos inteira liberdade
melhor divertimento do qual um ser humano pode dispor, fui andando, a
para nos basearmos nele ou não. Mostra-se apenas uma das várias
passos lentos, em direção daquelas barracas. Não esperava ver nada de
possibilidades existentes de se estruturarem textos narrativos. Caso se
original, ou mesmo interessante. Como é triste o tédio! Logo que me
deseje, poderá inverter-se a ordem de todos os elementos e fazer qual-
aproximei, vi uma senhora alta, extremamente gorda, discutindo com um
quer outra modificação que se ache conveniente, sem prejuízo do enten-
feirante.
dimento do que se quer transmitir. O fundamental é conseguir-se contar
uma história de modo satisfatório. O homem, dono da barraca de tomates, tentava em vão acalmar a
nervosa senhora. Não sei por que brigavam, mas sei o que vi: a mulher,
imensamente gorda, mais do que gorda (monstruosa), erguia os seus
A narração objetiva enormes braços e, com os punhos cerrados, gritava contra o feirante.
Observe-se agora um exemplo de narração sobre um incêndio, criado Comecei a assustar-me, com medo de que ela destruísse a barraca (e
com o auxílio do esquema estudado. Lembre-se de que, antes de começar talvez o próprio homem) devido à sua fúria incontrolável. Ela ia gritando
a escrever, é preciso escolher o tipo de narrador. Optamos pelo narrador empolgando-se com a sua raiva crescente e ficando cada vez mais verme-
de 3ª pessoa. lha, como os tomates, ou até mais.
De repente, no auge de sua ira, avançou contra o homem já atemori-
O incêndio zado e, tropeçando em alguns tomates podres que estavam no chão, caiu,
tombou, mergulhou, esborrachou-se no asfalto, para o divertimento do
Ocorreu um pequeno incêndio na noite de ontem, num apartamento pequeno público que, assim como eu, assistiu àquela cena incomum.
de propriedade do Sr. António Pedro.
No local habitavam o proprietário, a sua esposa e os seus dois filhos. OBSERVAÇÃO:
Todos eles, na hora em que o fogo começou, tinham saído de casa e
estavam a jantar num restaurante situado em frente ao edifício. A causa A narração pode ter a extensão que convier. Pode aumentá-la ou di-
do incêndio foi um curto circuito ocorrido no sistema elétrico do velho minuí-la, suprimindo detalhes menos importantes. Lembre-se: quando um
apartamento. determinado parágrafo ficar muito extenso, pode dividi-lo em dois. Desta-
camos, mais uma vez, que o esquema dado é uma orientação geral e não
O fogo começou num dos quartos que, por sorte, ficava na frente do precisa ser necessariamente seguido; ele pode sofrer variações referentes
prédio. O porteiro do restaurante, conhecido da família, avistou-o e imedia- ao número de parágrafos ou à ordem de disposição dos elementos narra-
tamente foi chamar o Sr. António. Ele, rapidamente, ligou para os Bombei- tivos.
ros. Fonte: http://lportuguesa.malha.net/content/view/27/1/

Língua Portuguesa 56
APOSTILAS OPÇÃO
Retórica gos cristãos, que, quanto ao conteúdo, seguiam com fidelidade as doutri-
Existe uma retórica natural, assimilada empiricamente junto com a lin- nas ditadas pela igreja, embora imitassem o estilo dos autores clássicos.
guagem. É um patrimônio coletivo, embora não inteiramente consciente, Por volta do século XVI, era aplicada à redação de cartas. Sob a influência
de todos os membros de uma sociedade falante. Essa retórica natural vem do humanista francês Petrus Ramus foi reduzida principalmente a ques-
a ser a base desenvolvida e sistematizada pela retórica escolar. tões de estilo e se tornou uma coleção de figuras de linguagem. A partir de
então ganhou a fama de ser mera ornamentação formal, sem conteúdo.
Retórica é a arte de exprimir-se bem pela palavra, ou seja, de utilizar Foi relegada às escolas para ensino do latim e permaneceu por três
todos os recursos da linguagem com o objetivo de provocar determinado séculos sem maiores alterações.
efeito no ouvinte. A premissa básica da retórica é que todo discurso é feito
com a intenção de alterar uma situação determinada. A retórica escolar Retórica moderna. As transformações registradas na teoria do conhe-
tem sentido mais restrito: é a arte do discurso partidário, exercida princi- cimento, iniciadas após o Renascimento com René Descartes e John
palmente nos tribunais. Como disciplina ensinada e aprendida, a retórica Locke, superaram algumas das ideias da retórica clássica. Nietzsche e
apresenta um sistema de formas de pensamento e de linguagem, que filósofos contemporâneos como Thomas Kuhn já não consideram a lin-
devem ser conscientemente utilizadas. guagem como simples espelho da realidade e expressão da verdade
absoluta, mas, pelo contrário, acreditam que atua como um filtro que
Evolução histórica. A arte da retórica nasceu na Sicília, em meados condiciona a percepção.
do século V a.C., quando a política dos tiranos deu lugar à democracia. No
mundo grego, a oratória veio a ser uma necessidade fundamental do Devido a essas mudanças na epistemologia, a retórica clássica forne-
cidadão, que teria de defender seus direitos nas assembleias. Pouco a ce um modelo capcioso para os estudiosos da linguagem enquanto comu-
pouco, começaram a surgir profissionais da retórica -- os primeiros advo- nicação ou transmissão de conhecimento. A verdade não é mais definida
gados -- que ainda não representavam seus clientes na tribuna, mas como ideia prefixada que a linguagem apresenta de forma atraente, mas
orientavam seus discursos, quando não os escreviam totalmente, obrigan- como ideia relativa a uma perspectiva que é intrínseca à própria lingua-
do os clientes a decorá-los, para realizar uma exposição correta e obter o gem. Pensadores do pós-estruturalismo, que veem a linguagem como
ganho da causa. estrutura cultural preexistente, que condiciona o indivíduo, pretendem
fazer o exame retórico inclusive de outras formas de discurso relacionadas
Os primeiros profissionais retores de que há notícia são dois sicilianos à linguagem.
de Siracusa, Córax e Tísias, que, no ano de 460 a.C., definiram-na como a
arte da persuasão e começaram a sistematizar as regras do discurso Tornam-se objeto desse estudo o cinema, a televisão, a publicidade, o
forense, para o qual prescreveram três seções: provímion, "proêmio", mercado financeiro, os partidos políticos e os sistemas educacionais,
agones, "pleito" e epílogos, "epílogo". estruturas produtoras de discurso e intrinsecamente retóricas, já que
instituídas para persuadir e provocar resultados específicos. Outros retóri-
No mesmo século, os sofistas foram responsáveis por um grande im- cos modernos compreendem toda comunicação linguística como argu-
pulso na evolução da retórica. Consideravam que, sendo a verdade relati- mentação e advogam que a análise e a interpretação do discurso sejam
va, poderia depender da forma do discurso no qual fosse apresentada. baseadas em um entendimento da reação e da situação social da audiên-
Criaram então escolas de retórica, que passaram a ser frequentadas pelas cia. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
pessoas que tinham necessidade de falar em público. Platão não compar- Figuras de Linguagem
tilhava das ideias dos sofistas e postulava a existência de uma verdade Consideradas pelos autores clássicos gregos e romanos como inte-
absoluta, inquestionável. Portanto, a linguagem seria fundamentalmente grantes da arte da retórica, de grande importância literária, as figuras de
um meio de expressão dessa verdade e das leis da moral. linguagem contribuem também para a evolução da língua.

Aristóteles é o autor do mais importante tratado da antiguidade sobre Figuras de linguagem são maneiras de falar diferentes do cotidiano
o tema. Em sua Retórica, estabeleceu como qualidades máximas para o comum, com o fim de chamar a atenção por meio de expressões mais
estilo a clareza e a adequação dos meios de expressão ao assunto e ao vivas. Visa também dar relevo ao valor autônomo do signo linguístico, o
momento do discurso. Relacionou os métodos de persuasão do júri e da que é característica própria da linguagem literária. As figuras podem ser
assembleia e classificou-os em três categorias: os que induzem atitude de dicção (ou metaplasmos), quando dizem respeito à própria articulação
favorável à pessoa do orador, os que produzem emoção e os argumentos dos vocábulos; de palavra (ou tropos), quando envolvem a significação
lógicos e exemplos. Concordou com Platão quanto aos aspectos morais dos termos empregados; de pensamento, que ocorre todas as vezes que
da retórica e distinguiu três tipos de discurso: deliberativo, para ser pro- se apresenta caprichosamente a linguagem espiritual; ou de construção,
nunciado nas assembleias políticas; forense, para ser ouvido no tribunal; e quando é conseguida por meios sintáticos.
epidíctico, ou demonstrativo, tais como panegíricos, homenagens fúnebres
etc. Cada tipo de discurso se estruturava segundo regras próprias para Metaplasmos. Todas as figuras que acrescentam, suprimem, permu-
efetuar a persuasão. tam ou transpõem fonemas nas palavras são metaplasmos. Assim, por
exemplo, mui em vez de muito; enamorado, em vez de namorado; cuido-
so, em vez de cuidadoso; desvario, em vez de desvairo.
A Roma republicana adotou a teoria aristotélica e em seu sistema le-
gislativo e judicial atribuía grande importância à oratória, disciplina básica Figuras de palavras. As principais figuras de palavras são a metáfora,
em seu sistema de educação. A prática da retórica decaiu no período a metonímia e o eufemismo. Recurso essencial na poesia, a metáfora é a
imperial, em consequência da perda das liberdades civis. Os maiores transferência de um termo para outro campo semântico, por uma compa-
oradores romanos foram Cícero, no século I a.C., e Quintiliano, um século ração subentendida (como por exemplo quando se chama uma pessoa
depois. A retórica romana elaborou as práticas gregas e desenvolveu um astuta de "águia"). A metonímia consiste em designar um objeto por meio
processo de composição do discurso em cinco fases: a invenção, escolha de um termo designativo de outro objeto, que tem com o primeiro uma
das ideias apropriadas; a disposição, maneira de ordená-las; a elocução, dentre várias relações: (1) de causa e efeito (trabalho, por obra); (2) de
que se referia ao uso de um estilo apropriado; a memorização; e, final- continente e conteúdo (garrafa, por bebida); (3) lugar e produto (porto, por
mente, a pronunciação. A retórica se estruturava assim como uma técnica vinho do Porto); (4) matéria e objeto (cobre, por moeda de cobre); (5)
mecanicista de construção do discurso. concreto e abstrato (bandeira, por pátria); (6) autor e obra (um Portinari,
por um quadro pintado por Portinari); (7) a parte pelo todo (vela, por
O declínio do Império Romano levou ao desaparecimento dos foros embarcação). O eufemismo é a expressão que suaviza o significado
públicos e a retórica civil praticamente se restringiu à elaboração dos inconveniente de outra, como chamar uma pessoa estúpida de "pouco
panegíricos dos imperadores. A retórica foi também praticada pelos teólo- inteligente", ou "descuidado", ao invés de "grosseiro".

Língua Portuguesa 57
APOSTILAS OPÇÃO
Figuras de construção e de pensamento. Tanto as figuras de constru- acréscimos anotam-se os fonemas que se agregam às antigas formas. Em
ção quanto as de pensamento são às vezes englobadas como "figuras "estrela" há um e inicial, e mais um r, que não havia no originário stella.
literárias". As primeiras são: assindetismo (falta de conectivos), sindetismo Observem-se essas evoluções: foresta > floresta, ante > antes. "Brata",
(abuso de conectivos), redundância (ou pleonasmo), reticência (ou inter- oriundo de blatta, diz-se atualmente "barata". Decréscimos são supres-
rupção), transposição (ou anástrofe, isto é, a subversão da ordem habitual sões como as observadas na transformação de episcopus em "bispo". Ou
dos termos). As principais figuras de pensamento são a comparação (ou em amat > ama, polypus > polvo, enamorar > namorar.
imagem), a antítese (ou realce de pensamentos contraditórios), a grada-
ção, a hipérbole (ou exagero, como na frase: "Já lhe disse milhares de
vezes"), a lítotes (ou diminuição, por humildade ou escárnio, como quando Apontam-se trocas em certas transformações. Note-se a posição do r
se diz que alguém "não é nada tolo", para indicar que é esperto). em: pigritia > preguiça, crepare > quebrar, rabia > raiva. Os acentos
também se deslocam às vezes, deslizando para a frente (produção), como
em júdice > juiz, ou antecipando-se (correpção), como em amassémus >
Figuras de sintaxe. Quando se busca maior expressividade, muitas amássemos. A crase (ou fusão) é um caso particular de diminuição,
vezes usam-se lacunas, superabundâncias e desvios nas estruturas da característico aliás da língua portuguesa, e consiste em se reduzirem duas
frase. Nesse caso, a coesão gramatical dá lugar à coesão significativa. Os ou três vogais consecutivas a uma só: avoo > avô, avoa > avó, aa > à,
processos que ocorrem nessas particularidades de construção da frase maior > mor, põer > pôr. A crase é também normal em casos como "casa
chamam-se figuras de sintaxe. As mais empregadas são a elipse, o ze- amarela" (káz ãmáréla).
ugma, o anacoluto, o pleonasmo e o hipérbato.

Os metaplasmos são, em literatura, principalmente na poesia, figuras


Na elipse ocorre a omissão de termos, facilmente depreendidos do de dicção. Os poetas apelam para as supressões, para as crases, para os
contexto geral ou da situação ("Sei que [tu] me compreendes."). Zeugma é hiatos, como para recursos de valor estilístico. A um poeta é lícito dizer no
uma forma de elipse que consiste em fazer participar de dois ou mais Brasil: "E o rosto of'rece a ósculos vendidos" (Gonçalves Dias). Quando
enunciados um termo expresso em apenas um deles ("Eu vou de carro, Bilac versifica: "Brenha rude, o luar beija à noite uma ossada" dá ao
você [vai] de bicicleta."). O anacoluto consiste na quebra da estrutura encontro u-a um tratamento diferente daquele que lhe notamos adiante
regular da frase, interrompida por outra estrutura, geralmente depois de em: "Contra esse adarve bruto em vão rodavam "no ar". No ar reduzido a
uma pausa ("Quem o feio ama, bonito lhe parece."). O pleonasmo é a um ditongo constitui uma sinérese. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil
repetição do conteúdo significativo de um termo, para realçar a ideia ou Publicações Ltda.
evitar ambiguidade ("Vi com estes olhos!"). Hipérbato é a inversão da
ordem normal das palavras na oração, ou das orações no período, com
finalidade expressiva, como na abertura do Hino Nacional Brasileiro: FIGURAS DE ESTILO
"Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / de um povo heróico o brado METÁFORA = significa transposição. Consiste no uso de uma palavra
retumbante. ("As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumban- ou expressão em outro sentido que não o próprio, fundamentando-se na
te de um povo heróico.") ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações íntima relação de semelhança entre coisas e fatos. A metáfora é sempre
Ltda. uma imagem, isto é, representação mental de uma realidade sensível. É
uma espécie de comparação latente ou abreviada. Por exemplo: Paulo é
Metaplasmo um touro.
As palavras, tanto no tempo quanto no espaço, estão sujeitas a alte- COMPARAÇÃO = consiste em comparar dois termos, em que vêm
rações fonéticas, que chegam por vezes a desfigurá-las. Só se admite que expressos termos comparativos, constituindo-se em intermediário entre o
a palavra "cheio" era, em sua origem latina, o vocábulo plenus, porque leis sentido próprio e o figurado. Por exemplo: Paulo é forte como um touro.
fonéticas e documentos provam essa identidade. METONÍMIA = significa mudança de nome. Consiste na troca de um
nome por outro com o qual esteja em íntima relação por uma circunstân-
cia, de modo que um implique o outro. Há metonímia quando se emprega:
Metaplasmo é a alteração fonética que ocorre na evolução dos fone-
mas, dos vocábulos e até das frases. Os metaplasmos que dizem respeito • o efeito pela causa = Sócrates tomou a morte(= o veneno).
aos fonemas são vários. Na transformação do latim em português alguns • a causa pelo efeito = Vivo do meu trabalho(= do produto de meu
foram frequentíssimos, como o abrandamento, a queda, a simplificação e trabalho).
a vocalização. • o autor pela obra = Eu li Castro Alves(= a obra de Castro Alves).
• o continente pelo conteúdo = Traga-me um copo d’água(= a água
No caso do abrandamento, as consoantes fortes (proferidas sem voz) do copo).
tendem a ser proferidas com voz, quando intervocálicas (lupus > lobo, • a marca pelo produto = Comprei um gol(= carro).
defensa > defesa). Na queda, as consoantes brandas tendem a desaparer • o conteúdo pelo continente = As ondas fustigavam a areia(= a
na mesma posição (luna > lua, gelare > gear). Excetuam-se m, r, e por praia).
vezes g (amare > amar, legere > ler, regere > reger). O b, excetuando-se
também, muda-se em v (debere > dever). • o instrumento pela pessoa = Ele é um bom garfo(= comilão).
• o sinal pela coisa significada = A cruz dominará o Oriente(= Cris-
Ocorre a simplificação quando as consoantes geminadas reduzem-se tianismo).
a singelas (bucca > boca, caballus > cavalo). O atual digrama ss não • o lugar pelo produto = Ele só fuma Havana(= cigarro da cidade de
constitui exceção, porque pronunciado simplesmente como ç (passus > Havana).
passo). Quanto ao rr, para muitos conserva a geminação, na pronúncia
trilada, como no castelhano (terra > terra); para outros os dois erres se
SINÉDOQUE = consiste em alcançar ou restringir a significação pró-
simplificam num r uvular, muito próximo do r grasseyé francês.
pria de uma palavra. É o emprego do mais pelo menos ou vice-versa, isto
é, a troca de um nome pelo outro de modo que um contenha o outro.
Consiste a vocalização na troca das consoantes finais de sílabas inte- • a parte pelo todo = No horizonte surgia uma vela(= um navio).
riores em i, ou u: (acceptus > aceito, absente > ausente). Muitos brasilei-
ros estendem isso ao l, como em "sol", que proferem "çóu", criando um • o todo pela parte = O mundo é egoísta(= os homens).
ditongo que não existe em português. • o singular pelo plural = O homem é mortal(= os homens).
• a espécie pelo gênero = Ganhei o pão com o suor do rosto(= ali-
Os vocábulos revelam, em sua evolução, metaplasmos que se classi- mento).
ficam como de aumento, de diminuição, e de troca. Como exemplos de • o indivíduo pela classe = Ele é um Atenas(= cidade culta).
Língua Portuguesa 58
APOSTILAS OPÇÃO
• a espécie pelo indivíduo = No entender do Apóstolo…(São Paulo). APÓSTROFE = é uma invocação, um chamado emotivo. Por exem-
• a matéria pelo instrumento = Ela possui lindos bronzes(= objetos). plo: Deuses impassíveis… Por que é que nos criastes?(Antero de Quen-
tal).
• o abstrato pelo concreto = A audácia vencerá(= os audaciosos).
GRADAÇÃO = é a disposição das ideias numa ordem gradativa. Por
exemplo: Homens simples, fortes, bravos… hoje míseros escravos sem ar,
CATACRESE = é o desvio da significação de uma palavra por outra, sem luz, sem razão…(Castro Alves).
ante a inexistência de vocábulo apropriado. Origina-se da semelhança ASSÍNDETO = é a ausência de conectivos numa sequência de frases.
formal entre dois objetos, dois seres. É uma metáfora estereotipada. Por Por exemplo: Destrançou os cabelos, soltou-os, trançou-os de novo(Pedro
exemplo: Dente de alho; pernas da mesa. Rabelo).
ELIPSE = é a omissão de um termo da frase facilmente subentendido. HIPÉRBATO = é uma inversão dos termos da frase, uma alteração na
Por exemplo: "Na terra tanta guerra, tanto engano, tanta necessidade ordem direta. Por exemplo: Já da morte o palor me cobre o rosto (Álvares
aborrecida, no mar tanta tormenta e tanto engano"(Camões). Os casos de Azevedo).
mais comuns são de verbos(ser e haver), a conjunção integrante(que), a
ANÁFORA = é a repetição de um termo no início das frases ou ver-
preposição(de) das orações subordinadas substantivas indiretas e comple-
sos. Por exemplo: Tem mais sombra no encontro que na espera. Tem
tivas nominais, sujeito oculto.
mais samba a maldade que a ferida (Chico Buarque de Holanda).
ZEUGMA = é a omissão de um termo já expresso anteriormente na
ALITERAÇÃO = é a repetição de sons consonantais iguais ou seme-
frase. Por exemplo: Nem ele entende a nós, nem nós a ele.
lhantes. Por exemplo: E as cantilenas de serenos sons amenos fogem
PLEONASMO = consiste na repetição de uma mesma ideia por meio fluidas, fluindo à fina flor dos fenos(Eugênio de Castro).
de vocábulos ou expressões diferentes. Por exemplo: Resta-me a mim
ASSONÂNCIA = é a repetição de sons vocálicos iguais ou semelhan-
somente uma esperança.
tes. Por exemplo: Até amanhã, sou Ana da cama, da cana, fulana, saca-
POLISSÍNDETO = é a repetição de uma conjunção. Por exemplo: E na(Chico Buarque de Holanda).
rola, e rebola, como uma bola.
PARANOMÁSIA = é o encontro de duas palavras muito semelhantes
ANACOLUTO = consiste na interrupção do esquema sintático inicial quanto à forma. Por exemplo: Ser capaz, como um rio, (…) de lavar do
da frase, que termina por outro esquema sintático. Por exemplo: Este, o límpido a mágoa da mancha(Thiago de Mello).
rei que têm não foi nascido príncipe(Camões). Fonte: http://www.micropic.com.br/noronha/grama_fig.htm
ONOMATOPEIA = consiste no uso de palavras que imitam o som ou
a voz natural dos seres. Graças a seu valor descritivo, é também excelen-
te subsídio da linguagem afetiva. Por exemplo: Os sinos bimbalhavam PROVA SIMULADA
ruidosamente.
RETICÊNCIA = consiste na proposital suspensão do pensamento, 01. Assinale a alternativa correta quanto ao uso e à grafia das palavras.
quando se julga o silêncio mais expressivo que as palavras. Por exemplo:
(A) Na atual conjetura, nada mais se pode fazer.
Nós dois … e, entre nós dois, implacável e forte.
(B) O chefe deferia da opinião dos subordinados.
SILEPSE = concordância ideológica. A concordância não é feita com (C) O processo foi julgado em segunda estância.
o elemento gramatical expresso, mas sim com a ideia, com o sentido real.
(D) O problema passou despercebido na votação.
A silepse pode ser: de gênero = Vossa Majestade mostrou-se genero- (E) Os criminosos espiariam suas culpas no exílio.
so. (V.Majestade = feminino e generoso = masculino); de número = O
povo lhe pediram que ficasse. (o povo = singular e pediram = plural); de
02. A alternativa correta quanto ao uso dos verbos é:
pessoa = Os brasileiros somos nós.(os brasileiros = 3ª pessoa e somos =
1ª pessoa). (A) Quando ele vir suas notas, ficará muito feliz.
(B) Ele reaveu, logo, os bens que havia perdido.
ANTÍTESE = consiste na exposição de uma ideia através de conceitos
(C) A colega não se contera diante da situação.
ou pensamentos opostos, quer fazendo confrontos, quer associando-os.
Por exemplo: Buscas a vida, e eu a morte; procuras a luz, e eu as trevas. (D) Se ele ver você na rua, não ficará contente.
(E) Quando você vir estudar, traga seus livros.
IRONIA = consiste no uso de uma expressão, pela qual dizemos o
contrário do que pensamos com intenção sarcástica e entonação apropri-
ada. Por exemplo: A excelente D. Celeste era mestra na arte de judiar dos 03. O particípio verbal está corretamente empregado em:
alunos. (A) Não estaríamos salvados sem a ajuda dos barcos.
(B) Os garis tinham chego às ruas às dezessete horas.
EUFEMISMO = consiste no uso de uma expressão em sentido figura-
do para suavizar, atenuar uma expressão rude ou desagradável. Por (C) O criminoso foi pego na noite seguinte à do crime.
exemplo: Ficou rico por meios ilícitos(= roubou). (D) O rapaz já tinha abrido as portas quando chegamos.
(E) A faxineira tinha refazido a limpeza da casa toda.
HIPÉRBOLE = consiste em exagerar a realidade, a fim de impressio-
nar o espírito de quem ouve. Por exemplo: Ele se afogava num dilúvio de
cartas. 04. Assinale a alternativa que dá continuidade ao texto abaixo, em
conformidade com a norma culta.
PROSOPOPEIA = consiste na personificação de coisas e evocação
Nem só de beleza vive a madrepérola ou nácar. Essa substância do
de deuses ou de mortos. Por exemplo: As estrelas disseram-me: aqui
interior da concha de moluscos reúne outras características interes-
estamos.
santes, como resistência e flexibilidade.
ANTONOMÁSIA = substituição de um nome próprio por um nome (A) Se puder ser moldada, daria ótimo material para a confecção de
comum, por uma apelido ou por um título que tornou a pessoa conhecida. componentes para a indústria.
Por exemplo: O Mártir da Inconfidência (para Tiradentes). (B) Se pudesse ser moldada, dá ótimo material para a confecção de
PERÍFRASE = rodeio de palavras, circunlóquio: por exemplo: A mais componentes para a indústria.
antiga das profissões (a prostituição). (C) Se pode ser moldada, dá ótimo material para a confecção de
SINESTESIA = figura que se baseia na soma de sensações percebi- componentes para a indústria.
das por diferentes órgãos dos sentidos. Por exemplo: A ondulação sonora (D) Se puder ser moldada, dava ótimo material para a confecção de
e táctil entrava pelos meus ouvidos. componentes para a indústria.
PARADOXO = expressão contraditória. Por exemplo: Ia divina, num (E) Se pudesse ser moldada, daria ótimo material para a confecção de
simples vestido roxo, que a vestia como se a despisse(Raul Pompéia). componentes para a indústria.

Língua Portuguesa 59
APOSTILAS OPÇÃO
05. O uso indiscriminado do gerúndio tem-se constituído num problema 12. A maior parte das empresas de franquia pretende expandir os
para a expressão culta da língua. Indique a única alternativa em que negócios das empresas de franquia pelo contato direto com os pos-
ele está empregado conforme o padrão culto. síveis investidores, por meio de entrevistas. Esse contato para fins
(A) Após aquele treinamento, a corretora está falando muito bem. de seleção não só permite às empresas avaliar os investidores com
(B) Nós vamos estar analisando seus dados cadastrais ainda hoje. relação aos negócios, mas também identificar o perfil desejado dos
(C) Não haverá demora, o senhor pode estar aguardando na linha. investidores.
(D) No próximo sábado, procuraremos estar liberando o seu carro. (Texto adaptado)
(E) Breve, queremos estar entregando as chaves de sua nova casa.
Para eliminar as repetições, os pronomes apropriados para substitu-
06. De acordo com a norma culta, a concordância nominal e verbal está ir as expressões: das empresas de franquia, às empresas, os inves-
correta em: tidores e dos investidores, no texto, são, respectivamente:
(A) As características do solo são as mais variadas possível. (A) seus ... lhes ... los ... lhes
(B) A olhos vistos Lúcia envelhecia mais do que rapidamente. (B) delas ... a elas ... lhes ... deles
(C) Envio-lhe, em anexos, a declaração de bens solicitada. (C) seus ... nas ... los ... deles
(D) Ela parecia meia confusa ao dar aquelas explicações. (D) delas ... a elas ... lhes ... seu
(E) Qualquer que sejam as dúvidas, procure saná-las logo. (E) seus ... lhes ... eles ... neles

07. Assinale a alternativa em que se respeitam as normas cultas de 13. Assinale a alternativa em que se colocam os pronomes de acordo
flexão de grau. com o padrão culto.
(A) Nas situações críticas, protegia o colega de quem era amiquíssimo. (A) Quando possível, transmitirei-lhes mais informações.
(B) Mesmo sendo o Canadá friosíssimo, optou por permanecer lá (B) Estas ordens, espero que cumpram-se religiosamente.
durante as férias. (C) O diálogo a que me propus ontem, continua válido.
(C) No salto, sem concorrentes, seu desempenho era melhor de todos. (D) Sua decisão não causou-lhe a felicidade esperada.
(D) Diante dos problemas, ansiava por um resultado mais bom que (E) Me transmita as novidades quando chegar de Paris.
ruim.
(E) Comprou uns copos baratos, de cristal, da mais malíssima qualida- 14. O pronome oblíquo representa a combinação das funções de objeto
de. direto e indireto em:
(A) Apresentou-se agora uma boa ocasião.
Nas questões de números 08 e 09, assinale a alternativa cujas pa- (B) A lição, vou fazê-la ainda hoje mesmo.
lavras completam, correta e respectivamente, as frases dadas. (C) Atribuímos-lhes agora uma pesada tarefa.
(D) A conta, deixamo-la para ser revisada.
08. Os pesquisadores trataram de avaliar visão público financiamento (E) Essa história, contar-lha-ei assim que puder.
estatal ciência e tecnologia.
(A) à ... sobre o ... do ... para (B) a ... ao ... do ... para
(C) à ... do ... sobre o ... a (D) à ... ao ... sobre o ... à 15. Desejava o diploma, por isso lutou para obtê-lo.
(E) a ... do ... sobre o ... à Substituindo-se as formas verbais de desejar, lutar e obter pelos
respectivos substantivos a elas correspondentes, a frase correta é:
09. Quanto perfil desejado, com vistas qualidade dos candidatos, a (A) O desejo do diploma levou-o a lutar por sua obtenção.
franqueadora procura ser muito mais criteriosa ao contratá-los, pois (B) O desejo do diploma levou-o à luta em obtê-lo.
eles devem estar aptos comercializar seus produtos. (C) O desejo do diploma levou-o à luta pela sua obtenção.
(A) ao ... a ... à (B) àquele ... à ... à (D) Desejoso do diploma foi à luta pela sua obtenção.
(C) àquele...à ... a (D) ao ... à ... à (E) Desejoso do diploma foi lutar por obtê-lo.
(E) àquele ... a ... a
16. Ao Senhor Diretor de Relações Públicas da Secretaria de Educação
10. Assinale a alternativa gramaticalmente correta de acordo com a do Estado de São Paulo. Face à proximidade da data de inaugura-
norma culta. ção de nosso Teatro Educativo, por ordem de , Doutor XXX, Dignís-
(A) Bancos de dados científicos terão seu alcance ampliado. E isso simo Secretário da Educação do Estado de YYY, solicitamos a má-
trarão grandes benefícios às pesquisas. xima urgência na antecipação do envio dos primeiros convites para
(B) Fazem vários anos que essa empresa constrói parques, colaboran- o Excelentíssimo Senhor Governador do Estado de São Paulo, o
do com o meio ambiente. Reverendíssimo Cardeal da Arquidiocese de São Paulo e os Reito-
(C) Laboratórios de análise clínica tem investido em institutos, desen- res das Universidades Paulistas, para que essas autoridades pos-
volvendo projetos na área médica. sam se programar e participar do referido evento.
(D) Havia algumas estatísticas auspiciosas e outras preocupantes Atenciosamente,
apresentadas pelos economistas. ZZZ
(E) Os efeitos nocivos aos recifes de corais surge para quem vive no Assistente de Gabinete.
litoral ou aproveitam férias ali. De acordo com os cargos das diferentes autoridades, as lacunas
são correta e adequadamente preenchidas, respectivamente, por
11. A frase correta de acordo com o padrão culto é: (A) Ilustríssimo ... Sua Excelência ... Magníficos
(A) Não vejo mal no Presidente emitir medidas de emergência devido (B) Excelentíssimo ... Sua Senhoria ... Magníficos
às chuvas. (C) Ilustríssimo ... Vossa Excelência ... Excelentíssimos
(B) Antes de estes requisitos serem cumpridos, não receberemos (D) Excelentíssimo ... Sua Senhoria ... Excelentíssimos
reclamações.
(E) Ilustríssimo ... Vossa Senhoria ... Digníssimos
(C) Para mim construir um país mais justo, preciso de maior apoio à
cultura.
17. Assinale a alternativa em que, de acordo com a norma culta, se
(D) Apesar do advogado ter defendido o réu, este não foi poupado da
respeitam as regras de pontuação.
culpa.
(A) Por sinal, o próprio Senhor Governador, na última entrevista, reve-
(E) Faltam conferir três pacotes da mercadoria.
lou, que temos uma arrecadação bem maior que a prevista.

Língua Portuguesa 60
APOSTILAS OPÇÃO
(B) Indagamos, sabendo que a resposta é obvia: que se deve a uma (B) Qual jardineiro? e Galhos de quê?
sociedade inerte diante do desrespeito à sua própria lei? Nada. (C) Que jardineiro? e Podou o quê?
(C) O cidadão, foi preso em flagrante e, interrogado pela Autoridade (D) Que vizinho? e Que galhos?
Policial, confessou sua participação no referido furto. (E) Quando podou? e Podou o quê?
(D) Quer-nos parecer, todavia, que a melhor solução, no caso deste
funcionário, seja aquela sugerida, pela própria chefia. 24. O público observava a agitação dos lanterninhas da plateia.
(E) Impunha-se, pois, a recuperação dos documentos: as certidões Sem pontuação e sem entonação, a frase acima tem duas possibili-
negativas, de débitos e os extratos, bancários solicitados. dades de leitura. Elimina-se essa ambiguidade pelo estabelecimen-
to correto das relações entre seus termos e pela sua adequada pon-
tuação em:
18. O termo oração, entendido como uma construção com sujeito e
(A) O público da plateia, observava a agitação dos lanterninhas.
predicado que formam um período simples, se aplica, adequada-
(B) O público observava a agitação da plateia, dos lanterninhas.
mente, apenas a:
(C) O público observava a agitação, dos lanterninhas da plateia.
(A) Amanhã, tempo instável, sujeito a chuvas esparsas no litoral. (D) Da plateia o público, observava a agitação dos lanterninhas.
(B) O vigia abandonou a guarita, assim que cumpriu seu período. (E) Da plateia, o público observava a agitação dos lanterninhas.
(C) O passeio foi adiado para julho, por não ser época de chuvas.
(D) Muito riso, pouco siso – provérbio apropriado à falta de juízo. 25. Felizmente, ninguém se machucou.
(E) Os concorrentes à vaga de carteiro submeteram-se a exames. Lentamente, o navio foi se afastando da costa.
Considere:
Leia o período para responder às questões de números 19 e 20. I. felizmente completa o sentido do verbo machucar;
O livro de registro do processo que você procurava era o que esta- II. felizmente e lentamente classificam-se como adjuntos adverbiais
va sobre o balcão. de modo;
III. felizmente se refere ao modo como o falante se coloca diante do
19. No período, os pronomes o e que, na respectiva sequência, remetem a fato;
(A) processo e livro. IV. lentamente especifica a forma de o navio se afastar;
(B) livro do processo. V. felizmente e lentamente são caracterizadores de substantivos.
(C) processos e processo. Está correto o contido apenas em
(D) livro de registro. (A) I, II e III. (B) I, II e IV.
(E) registro e processo. (C) I, III e IV. (D) II, III e IV.
(E) III, IV e V.
20. Analise as proposições de números I a IV com base no período
acima: 26. O segmento adequado para ampliar a frase – Ele comprou o car-
I. há, no período, duas orações; ro..., indicando concessão, é:
II. o livro de registro do processo era o, é a oração principal; (A) para poder trabalhar fora.
III. os dois quê(s) introduzem orações adverbiais; (B) como havia programado.
IV. de registro é um adjunto adnominal de livro. (C) assim que recebeu o prêmio.
Está correto o contido apenas em (D) porque conseguiu um desconto.
(A) II e IV. (B) III e IV. (E) apesar do preço muito elevado.
(C) I, II e III. (D) I, II e IV. (E) I, III e IV.
27. É importante que todos participem da reunião.
21. O Meretíssimo Juiz da 1.ª Vara Cível devia providenciar a leitura do O segmento que todos participem da reunião, em relação a
acórdão, e ainda não o fez. Analise os itens relativos a esse trecho: É importante, é uma oração subordinada
I. as palavras Meretíssimo e Cível estão incorretamente grafadas;
(A) adjetiva com valor restritivo.
II. ainda é um adjunto adverbial que exclui a possibilidade da leitura
pelo Juiz; (B) substantiva com a função de sujeito.
III. o e foi usado para indicar oposição, com valor adversativo equiva- (C) substantiva com a função de objeto direto.
lente ao da palavra mas; (D) adverbial com valor condicional.
IV. em ainda não o fez, o o equivale a isso, significando leitura do (E) substantiva com a função de predicativo.
acórdão, e fez adquire o respectivo sentido de devia providenciar.
Está correto o contido apenas em 28. Ele realizou o trabalho como seu chefe o orientou. A relação esta-
(A) II e IV. belecida pelo termo como é de
(B) III e IV. (A) comparatividade.
(C) I, II e III. (B) adição.
(D) I, III e IV. (C) conformidade.
(E) II, III e IV.
(D) explicação.
22. O rapaz era campeão de tênis. O nome do rapaz saiu nos jornais. (E) consequência.
Ao transformar os dois períodos simples num único período com-
posto, a alternativa correta é: 29. A região alvo da expansão das empresas, _____, das redes de
(A) O rapaz cujo nome saiu nos jornais era campeão de tênis. franquias, é a Sudeste, ______ as demais regiões também serão
(B) O rapaz que o nome saiu nos jornais era campeão de tênis. contempladas em diferentes proporções; haverá, ______, planos
(C) O rapaz era campeão de tênis, já que seu nome saiu nos jornais. diversificados de acordo com as possibilidades de investimento dos
(D) O nome do rapaz onde era campeão de tênis saiu nos jornais. possíveis franqueados.
(E) O nome do rapaz que saiu nos jornais era campeão de tênis. A alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas e
relaciona corretamente as ideias do texto, é:
23. O jardineiro daquele vizinho cuidadoso podou, ontem, os enfraque- (A) digo ... portanto ... mas
cidos galhos da velha árvore. (B) como ... pois ... mas
Assinale a alternativa correta para interrogar, respectivamente, (C) ou seja ... embora ... pois
sobre o adjunto adnominal de jardineiro e o objeto direto de podar. (D) ou seja ... mas ... portanto
(A) Quem podou? e Quando podou? (E) isto é ... mas ... como

Língua Portuguesa 61
APOSTILAS OPÇÃO
30. Assim que as empresas concluírem o processo de seleção dos _______________________________________________________
investidores, os locais das futuras lojas de franquia serão divulga-
dos. _______________________________________________________
A alternativa correta para substituir Assim que as empresas concluí- _______________________________________________________
rem o processo de seleção dos investidores por uma oração reduzi-
da, sem alterar o sentido da frase, é: _______________________________________________________
(A) Porque concluindo o processo de seleção dos investidores ... _______________________________________________________
(B) Concluído o processo de seleção dos investidores ...
(C) Depois que concluíssem o processo de seleção dos investidores ... _______________________________________________________
(D) Se concluído do processo de seleção dos investidores... _______________________________________________________
(E) Quando tiverem concluído o processo de seleção dos investidores
_______________________________________________________
_______________________________________________________
RESPOSTAS _______________________________________________________
_______________________________________________________
01. D 11. B 21. B
02. A 12. A 22. A _______________________________________________________
03. C 13. C 23. C
_______________________________________________________
04. E 14. E 24. E
05. A 15. C 25. D _______________________________________________________
06. B 16. A 26. E
_______________________________________________________
07. D 17. B 27. B
08. E 18. E 28. C _______________________________________________________
09. C 19. D 29. D
_______________________________________________________
10. D 20. A 30. B
_______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
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Língua Portuguesa 62
INFORMÁTICA
APOSTILAS OPÇÃO
Desktops e notebooks

Noções de Vamos dar uma repassada nos tipos básicos de computador. Os


desktops são os computadores de mesas. Compostos por monitor, mouse,
teclado e a Unidade de Processamento Central (CPU), aquele módulo

Informática onde ficam o drive óptico, disco rígido e demais componentes, é o formato
mais tradicional dos PCs.
A maior vantagem dos desktops é maior possibilidade de se fazer
upgrade no hardware. Trocar o disco rígido por um mais espaçoso, insta-
lar mais memória RAM ou mesmo uma placa de vídeo mais robusta são
MS-Windows 7: controle de acesso e tarefas bem mais fáceis do que em outros tipos de computador. Os note-
books (termo cuja tradução literal é cadernos), são a versão móvel dos
autenticação de usuários, painel de desktops. E este é o seu grande trunfo: poder ser levado para tudo quanto
controle, central de ações, área de tra- é lado. E com o aprimoramento dos processadores voltados para esse tipo
balho, manipulação de arquivos e pas- de equipamento, muitos notebooks – também conhecidos como laptops ou
tas, uso dos menus, ferramentas de di- computadores de colo – não perdem em nada para os desktops quando o
agnóstico, manutenção e restauração. assunto é desempenho. Aliás, há modelos portáteis tão poderosos e
grandes que até foram classificados em outra categoria de computador: a
dos desknotes, notebooks com telas de 17 polegadas ou mais, que mais
servem para ficar na mesa do que na mochila. O lado ruim dos notes
Definição tradicionais é que são mais limitados em termos de upgrade, já que além
A informática é a ciência que tem como objetivo estudar o tratamento de não contarem com a mesma diversidade de componentes que os seus
da informação através do computador. Este conceito ou esta definição é irmãos de mesa, uma expansão de funções em um notebook é bem mais
ampla devido a que o termo informática é um campo de estudo igualmente cara.
amplo.
A informática ajuda ao ser humano na tarefa de potencializar as capa-
cidades de comunicação, pensamento e memória. A informática é aplica- All-in-one ou Tudo-em-um
da em várias áreas da atividade social, e podemos perfeitamente usar Como o próprio nome diz, esse computador de mesa – ou desktop –
como exemplo as aplicações multimídia, arte, desenho computadorizado, traz tudo dentro de uma única peça. Nada de monitor de um lado e CPU
ciência, vídeo jogos, investigação, transporte público e privado, telecomu- do outro: tudo o que vai neste último foi incorporado ao gabinete do moni-
nicações, robótica de fabricação, controle e monitores de processos tor, o que inclui placa-mãe, disco rígido, drive óptico, portas USB e por aí
industriais, consulta e armazenamento de informação, e até mesmo vai. Já teclado e mouse continuam de fora. Mas o bom é que diversos
gestão de negócios. A informática se popularizou no final do século XX, modelos de computador AIO vêm com modelos sem fios desse acessório.
quando somente era usada para processos industriais e de uso muito Ou seja, se você for o felizardo comprador de um PC do tipo com uma tela
limitado, e passou a ser usada de forma doméstica estendendo seu uso a de 20 polegadas ou superior, mais placa sintonizadora de TV (digital, de
todo aquele que pudesse possuir um computador. A informática, à partir preferência) poderá usá-lo com um televisor turbinado. Imagina poder
de essa época começou a substituir os costumes antigos de fazer quase assistir TV, gravar a programação, dar stop na transmissão de TV ao vivo
tudo a mão e potencializou o uso de equipamentos de música, televisores, e, ainda por cima, dar uma “internetada” na hora do intervalo? E, pra
e serviços tão essenciais nos dias atuais como a telecomunicação e os completar, sem ver a bagunça de cabos típica dos desktops convencionais
serviços de um modo geral. e ainda contar com tela touschscreen – como o modelo ao lado, o HP
O termo informática provém das palavras de origem francesa “infor- TouchSmart? Os pontos negativos desse equipamento são o custo, bem
matique” (união das palavras “information”, Informática e “Automatique”, mais alto do que o de um desktop convencional.
automática. Se trata de um ramo da engenharia que tem relação ao trata-
mento da informação automatizada mediante o uso de máquinas. Este Tablet PC
campo de estudo, investigação e trabalho compreende o uso da computa- Há anos que a indústria aposta nos tablets PCs, computadores portá-
ção para solucionar problemas vários mediante programas, desenhos, teis que contam com tela sensível ao toque rotacionável. A possibilidade
fundamentos teóricos científicos e diversas técnicas. de torcer a tela e dobrá-la sobre o teclado faz com que seja possível
A informática produziu um custo mais baixo nos setores de produção segurá-lo com uma mão (o que pode ser um pouco penoso por causa do
e o incremento da produção de mercadorias nas grandes indústrias graças peso) e escrever ou desenhar na tela com a outra por meio de uma cane-
a automatização dos processos de desenho e fabricação. tinha conhecida como stylus. Os ancestrais diretos dos tablets atuais já
Com aparecimento de redes mundiais, entre elas, a mais famosa e viveram dias melhores no mercado. No entanto, ainda são lançados
conhecida por todos hoje em dia, a internet, também conhecida como a modelos do tipo todos os anos, como o netbook conversível Asus EeePC
rede das redes, a informação é vista cada vez mais como um elemento de Touch T101MT que testamos há alguns dias. Voltados principalmente
criação e de intercâmbio cultural altamente participativo. para o mercado corporativo, dificilmente você, usuário doméstico, verá um
A Informática, desde o seu surgimento, facilitou a vida dos seres hu- desses sendo usado por aí.
manos em vários sentidos e nos dias de hoje pode ser impossível viver
sem o uso dela.queconceito.com.Br
Netbook
Tipos De Computadores Versão reduzida e bem mais econômica dos notebooks, os netbooks
Emerson Rezende surgiram como a mais nova sensação do mercado – mas não consegui-
Podemos dizer com tranquilidade que vivemos atualmente um verda- ram manter o pique. A queda do preço dos notebooks e o surgimento de
deiro “boom” no que se refere à diversidade de formas, preços, tamanhos outros tipos de computador reduziram o alcance desses pequenos. Como
e cores de computadores pessoais. A variedade é tão grande que o con- contam com pouquíssimos recursos computacionais, são voltados para o
sumidor pode se sentir perdido em meio a tantas opções ou, na pior das usuário que vive em trânsito e só precisa acessar a internet para baixar e-
hipóteses, até mesmo enganado ou prejudicado. Afinal, já pensou adquirir mails, visitar um site ou outro e só. Nem com drive óptico eles vêm, o que
determinado equipamento e descobrir que poderia ter comprado outro? E obriga o proprietário a comprar um drive externo ou depender de arquivos
que ele só não fez isso porque não havia sido informado, seja pela im- que possam ser rodados a partir de pen drives caso necessite instalar
prensa especializada, pelos “amigos que manjam de informática” ou, pior, mais programas. E como são equipados com telas de até 10 polegadas e
pelo vendedor da loja? processadores da família Intel Atom, dificilmente o usuário conseguirá
Quem detém a informação, detém o poder, caro leitor internauta. Va- rodar algum programa diferente do que os que já vêm com ele. Por outro
mos mostrar aqui alguns exemplos do quanto o formato dos computadores lado, em matéria de consumo de bateria, os netbooks são imbatíveis: há
pessoais (PCs) pode variar. E detalhe: com exceção do tablet, todos os modelos que aguentam até 10 horas longe da tomada em uso normal.
modelos estão à venda por aí.

Noções de Informática 1
APOSTILAS OPÇÃO
Nettop Dispositivos de Entrada e Saída
Eis um dos formatos (ou fatores de forma, para os mais técnicos) de O avanço da tecnologia deu a possibilidade de se criar um dispositivo
computador mais surpreendente que você pode encontrar. com a capacidade de enviar e transmitir dados. Tais periféricos são classi-
Trata-se da versão de mesa dos netbooks. Ou seja, pegue um des- ficados como dispositivos de entrada e saída. São eles:
ses, tire a tela, o teclado e coloque tudo isso em um gabinete do tamanho Pen Drives – Tipo de memória portátil e removível com capacidade
de uma caixa de DVD (ok, um pouco maior, vai) e você terá um glorioso de transferir dados ou retirar dados de um computador.
nettop. Feitos inicialmente para serem uma versão econômica de PCs Impressora Multifuncional - Como o próprio nome já diz este tipo
para uso comercial – como caixas de lojas e supermercados, por exemplo impressora poder servir tanto como copiadora ou scanner.
– logo surgiram modelos para serem conectados à TV, como o aparelho Monitor Touchscreen – Tela de monitor sensível ao toque. Através
produzido pela Positivo Informática ao lado. Com saída HDMI, leitor de dela você recebe dados em forma de imagem e também enviar dados e
disco Blu-Ray e um processador Intel Atom que trabalha em conjunto com comandos ao computador através do toque.
um chip gráfico poderoso, esse computador ainda traz o poder do Win- A tecnologia é mais usada na indústria telefônica e seu uso em moni-
dows Media Center para dar mais inteligência à sua TV. O lado ruim do tores de computadores ainda está em fase de expansão.
nettop é que ainda há pouquíssimos modelos no mercado e, os que já
foram lançados, não são nada baratos.
Secure Digital Card
Dispositivos de Entrada e Saída do Computador No básico, cartões SD são pequenos cartões que são usados
Dispositivos de entrada/saída é um termo que caracteriza os tipos de popularmente em câmeras, celulares e GPS, para fornecer ou aumentar a
dispositivo de um computador. memória desses dispositivos. Existem muitas versões, mas a mais
Imput/Output é um termo da informática referente aos dispositivos conhecida, sem dúvida é o micro-SD, o cartão de memória que funciona
de Entrada e Saída. na maioria dos celulares.
Quando um hardware insere dados no computador, dizemos que ele é Os cartões de memória Secure Digital Card ou SD Card são uma
um dispositivo de entrada. Agora quando esses dados são colocados a evolução da tecnologiaMultiMediaCard (ou MMC). Adicionam capacidades
mostra, ou quando saem para outros dispositivos, dizemos que estes de criptografia e gestão de direitos digitais (daí oSecure), para atender às
hardwares são dispositivos de saída. exigências da indústria da música e uma trava para impedir alterações ou
Saber quais são os dispositivos de entrada e saída de um computador a exclusão do conteúdo do cartão, assim como os disquetes de 3½".
é fácil. Não pense que é um bicho de sete cabeças. Listarei neste artigo Se tornou o padrão de cartão de memória com melhor custo/benefício
os principais dispositivos de entrada e saída do computador. do mercado (ao lado do Memory Stick), desbancando o concorrente
Compact Flash, devido a sua popularidade e portabilidade, e conta já com
Dispositivo de Entrada do Computador a adesão de grandes fabricantes como Canon,Kodak e Nikon que
anteriormente utilizavam exclusivamente o padrão CF (sendo que seguem
Teclado – Principal dispositivo de entrada do computador. É nele que usando o CF apenas em suas câmeras profissionais). Além disso, está
você insere caracteres e comandos do computador. No início da computa- presente também em palmtops, celulares (nos modelos MiniSD, MicroSD
ção sua existência era primordial para que o ser humano pudesse interagi e Transflash), sintetizadores MIDI, tocadores de MP3 portáteis e até em
com o computador. O inserimento de dados eram feitos através dos aparelhos de som automotivo.
prompt de comandos.
Mouse – Não menos importante que os teclados os mouses ganha-
ram grande importância com advento da interface gráfica. É através dos
botões do mouse que interagirmos com o computador. Os sistemas ope-
racionais de hoje estão voltados para uma interface gráfica e intuitiva onde
é difícil imaginar alguém usando um computador sem este periférico de
entrada. Ícones de programas, jogos e links da internet, tudo isto é clicado
através dos mouses.
Touchpad – É um dispositivo sensível ao toque que na informática
tem a mesma função que o mouse. São utilizados principalmente em
Notebooks.
Web Cam – Câmera acoplada no computador e embutida na maioria
dos notebooks. Dependendo do programa usado, sua função e capturar
imagens que podem ser salvos tanto como arquivos de imagem ou como
arquivos de vídeo. Hardware
Scanner – Periférico semelhante a uma copiadora, mas com função O hardware pode ser definido como um termo geral para
contraria. O escâner tem a função de capturar imagens e textos de docu- equipamentos como chaves, fechaduras, dobradiças, trincos, puxadores,
mentos expostos sobre a sua superfície. Estes dados serão armazenados fios, correntes, material de canalização, ferramentas, utensílios, talheres e
no próprio computador. peças de máquinas. No âmbito eletrônico o termo "hardware" é bastante
utilizado, principalmente na área de computação, e se aplica à unidade
Microfone – Periférico de entrada com a função de gravação de voz e central de processamento, à memória e aos dispositivos de entrada e
testes de pronuncias. Também podem ser usados para conversação saída. O termo "hardware" é usado para fazer referência a detalhes
online. específicos de uma dada máquina, incluindo-se seu projeto lógico
pormenorizado bem como a tecnologia de embalagem da máquina.
Dispositivo de Saída do Computador O software é a parte lógica, o conjunto de instruções e dados
Monitor – Principal dispositivo de saída de um computador. Sua fun- processado pelos circuitos eletrônicos do hardware. Toda interação dos
ção é mostrar tudo que está sendo processado pelo computador. usuários de computadores modernos é realizada através do software, que
é a camada, colocada sobre o hardware, que transforma o computador em
Impressora – Dispositivo com a função de imprimir documentos para algo útil para o ser humano.
um plano, folha A4, A3, A2, A1 e etc. Este documento pode ser um dese-
O termo "hardware" não se refere apenas aos computadores
nho, textos, fotos e gravuras. Existem diversos tipos de impressora as
pessoais, mas também aos equipamentos embarcados em produtos que
mais conhecidas são a matricial, jato de tinta, a laser e a Plotter.
necessitam de processamento computacional, como os dispositivos
Caixas de Som – Dispositivo essencial para quem desejar processar encontrados em equipamentos hospitalares, automóveis, aparelhos
arquivos de áudio como MP3, WMA e AVI. celulares (em Portugal telemóveis), entre outros.

Noções de Informática 2
APOSTILAS OPÇÃO
Na ciência da computação a disciplina que trata das soluções de Arquitetura aberta
projeto de hardware é conhecida como arquitetura de computadores. A arquitectura aberta (atualmente mais utilizada, criada inicialmente
Para fins contábeis e financeiros, o hardware é considerado um bem pela IBM) é a mais aceita atualmente, e consiste em permitir que outras
de capital. empresas fabriquem computadores com a mesma arquitetura, permitindo
História do Hardware que o usuário tenha uma gama maior de opções e possa montar seu
próprio computador de acordo com suas necessidades e com custos que
A Humanidade tem utilizado dispositivos para auxiliar a computação
se enquadrem com cada usuário.
há milênios. Pode se considerar que o ábaco, utilizado para fazer cálculos,
tenha sido um dos primeiros hardwares usados pela humanidade. A partir
do século XVII surgem as primeiras calculadoras mecânicas. Arquitetura fechada
Em 1623 Wilhelm Schickard construiu a primeira calculadora A arquitetura fechada consiste em não permitir o uso da arquitetura
mecânica. APascalina de Blaise Pascal (1642) e a calculadora de Gottfried por outras empresas, ou senão ter o controle sobre as empresas que
Wilhelm von Leibniz (1670) vieram a seguir. fabricam computadores dessa arquitetura. Isso faz com que os conflitos de
hardware diminuam muito, fazendo com que o computador funcione mais
Em 1822 Charles Babbage apresenta sua máquina diferencial e em rápido e aumentando a qualidade do computador. No entanto, nesse tipo
1835 descreve sua máquina analítica. Esta máquina tratava-se de um de arquitetura, o utilizador está restringido a escolher de entre os produtos
projeto de um computador programável de propósito geral, empregando da empresa e não pode montar o seu próprio computador.
cartões perfurados para entrada e uma máquina de vapor para fornecer
Neste momento, a Apple não pertence exatamente a uma arquitetura
energia. Babbage é considerado o pioneiro e pai da computação. 8Ada
fechada, mas a ambas as arquiteturas, sendo a única empresa que produz
Lovelace, filha de lord Byron, traduziu e adicionou anotações ao Desenho
computadores que podem correr o seu sistema operativo de forma legal,
da Máquina Analítica.
mas também fazendo parte do mercado de compatíveis IBM.
A partir disto, a tecnologia do futuro foi evoluindo passando pela Principais componentes
criação de calculadoras valvuladas, leitores de cartões perfurados,
máquinas a vapor e elétrica, até que se cria o primeiro computador digital 1 Microprocessador (Intel, AMD e VIA)
durante a segunda guerra mundial. Após isso, a evolução dos hardwares 2 Disco rígido (memória de massa, não volátil, utilizada para
vem sendo muita rápida e sofisticada. A indústria do hardware introduziu escrita e armazenamento dos dados)
novos produtos com reduzido tamanho como um sistema embarcado, 3 Periféricos (impressora, scanner, webcam, etc.)
computadores de uso pessoal, telefones, assim como as novas mídias 4 Softwares (sistema operativo, softwares específicos)
contribuindo para a sua popularidade. 5 BIOS ou EFI
6 Barramento
Sistema binário 7 Memória RAM
Os computadores digitais trabalham internamente com dois níveis de 8 Dispositivos de multimídia (som, vídeo, etc.)
tensão (0:1), pelo que o seu sistema de numeração natural é o sistema 9 Memórias Auxiliares (hd, cdrom, floppy etc.)
binário (aceso, apagado). 10 Memória cache
11 Teclado
Conexões do hardware 12 Mouse
Uma conexão para comunicação em série é feita através de um cabo 13 Placa-Mãe
ou grupo de cabos utilizados para transferir informações entre a CPU e um
dispositivo externo como o mouse e o teclado, um modem, um Redes
digitalizador (scanner) e alguns tipos de impressora. Esse tipo de conexão
Existem alguns hardwares que dependem de redes para que possam
transfere um bit de dado de cada vez, muitas vezes de forma lenta. A
ser utilizados, telefones, celulares, máquinas de cartão de crédito, as
vantagem de transmissão em série é que é mais eficaz a longas
placas modem, os modems ADSL e Cable, os Acess points, roteadores,
distâncias.
entre outros. A criação de alguns hardwares capazes de conectar dois ou
Uma conexão para comunicação em paralelo é feita através de um mais hardwares possibilitou a existência de redes de hardware, a criação
cabo ou grupo de cabos utilizados para transferir informações entre a CPU de redes de computadores e da rede mundial de computadores (Internet)
e um periférico como modem externo, utilizado em conexões discadas de é, hoje, um dos maiores estímulos para que as pessoas adquiram
acesso a rede, alguns tipos de impressoras, um disco rÍgido externo hardwares de computação.
dentre outros. Essa conexão transfere oito bits de dado de cada vez, ainda
assim hoje em dia sendo uma conexão mais lenta que as demais.
Overclock
Uma conexão para comunicação USB é feita através de um cabo ou Overclock é uma expressão sem tradução (seria algo como sobre-
um conjunto de cabos que são utilizados para trocar informações entre a pulso (de disparo) ou ainda aumento do pulso). Pode-se definir o
CPU e um periférico como webcams, um teclado, um mouse, uma câmera overclock como o ato de aumentar a frequência de operação de um
digital, um pda, um mp3 player. Ou que se utilizam da conexão para componente (em geral chips) que compõe um dispositivo (VGA ou mesmo
armazenar dados como por exemplo um pen drive. As conexões USBs se CPU) no intuito de obter ganho de desempenho. Existem várias formas de
tornaram muito populares devido ao grande número de dispositivos que efetuar o overclock, uma delas é por software e outra seria alterando a
podiam ser conectadas a ela e a utilização do padrão PnP (Plug and Play). BIOS do dispositivo.
A conexão USB também permite prover a alimentação elétrica do
dispositivo conectada a ela.
Exemplos de hardware
Caixas de som
Arquiteturas de computadores
Cooler
A arquitetura dos computadores pode ser definida como "as
Dissipador de calor
diferenças na forma de fabricação dos computadores".
CPU ou Microprocessador
Com a popularização dos computadores, houve a necessidade de um
equipamento interagir com o outro, surgindo a necessidade de se criar um Dispositivo de armazenamento (CD/DVD/Blu-ray, Disco Rídido
padrão. Em meados da década de 1980, apenas duas "arquiteturas" (HD), pendrive/cartão de memória)
resistiram ao tempo e se popularizaram foram: o PC (Personal Computer Estabilizador
ou em português Computador Pessoal), desenvolvido pela empresa IBM e Gabinete
Macintosh (carinhosamente chamado de Mac) desenvolvido pela empresa Hub ou Concentrador
Apple Inc.. Impressora
Como o IBM-PC se tornou a arquitetura "dominante" na época, Joystick
acabou tornando-se padrão para os computadores que conhecemos hoje. Memória RAM

Noções de Informática 3
APOSTILAS OPÇÃO
Microfone Com exceção de Códigos de barras e OCR, o armazenamento
Modem eletrônico de dados é mais fácil de se revisar e pode ser mais econômico
Monitor do que métodos alternativos, devido à exigência menor de espaço físico e
Mouse à facilidade na troca (re-gravação) de dados na mesma mídia. Entretanto,
No-Break ou Fonte de alimentação ininterrupta a durabilidade de métodos como impressão em papel é ainda superior à
muitas mídias eletrônicas. As limitações relacionadas à durabilidade
Placa de captura
podem ser superadas ao se utilizar o método de duplicação dos dados
Placa sintonizadora de TV eletrônicos, comumente chamados de cópia de segurança ou back-up.
Placa de som
Tipos de dispositivos de armazenamento:
Placa de vídeo
Placa-mãe Por meios magnéticos. Exemplos: Disco Rígido, disquete.
Scanner ou Digitalizador Por meios ópticos. Exemplos: CD, DVD.
Teclado Por meios eletrônicos (SSDs) - chip - Exemplos: cartão de
Webcam memória, pen drive.
Frisando que: Memória RAM é um dispositivo de armazenamento
Dispositivo de armazenamento temporário de informações.
Dispositivos de armazenamento por meio magnético
Os dispositivos de armazenamento por meio magnético são os mais
antigos e mais utilizados atualmente, por permitir uma grande densidade
de informação, ou seja, armazenar grande quantidade de dados em um
pequeno espaço físico. São mais antigos, porém foram se aperfeiçoando
no decorrer do tempo.
Para a gravação, a cabeça de leitura e gravação do dispositivo gera
um campo magnético que magnetiza os dipolos magnéticos,
representando assim dígitos binários (bits) de acordo com a polaridade
utilizada. Para a leitura, um campo magnético é gerado pela cabeça de
leitura e gravação e, quando em contacto com os dipolos magnéticos da
mídia verifica se esta atrai ou repele o campo magnético, sabendo assim
se o pólo encontrado na molécula é norte ou sul.
Como exemplo de dispositivos de armazenamento por meio
magnético, podemos citar os Discos Rígidos .
Os dispositivos de armazenamento magnéticos que possuem mídias
removíveis normalmente não possuem capacidade e confiabilidade
equivalente aos dispositivos fixos, pois sua mídia é frágil e possui
capacidade de armazenamento muito pequena se comparada a outros
tipos de dispositivos de armazenamento magnéticos.
Dispositivos de armazenamento por meio óptico
Os dispositivos de armazenamento por meio óptico são os mais
utilizados para o armazenamento de informações multimídia, sendo
amplamente aplicados no armazenamento de filmes, música, etc. Apesar
disso também são muito utilizados para o armazenamento de informações
Dispositivo de armazenamento é um dispositivo capaz de e programas, sendo especialmente utilizados para a instalação de
armazenar informações (dados) para posterior consulta ou uso. Essa programas no computador.
gravação de dados pode ser feita praticamente usando qualquer forma de Exemplos de dispositivos de armazenamento por meio óptico são os
energia, desde força manual humana como na escrita, passando por CD-ROMs, CD-RWs, DVD-ROMs, DVD-RWs etc.
vibrações acústicas em gravações fonográficas até modulação de energia A leitura das informações em uma mídia óptica se dá por meio de um
eletromagnética em fitas magnéticas e discos ópticos. feixe laser de alta precisão, que é projetado na superfície da mídia. A
Um dispositivo de armazenamento pode guardar informação, superfície da mídia é gravada com sulcos microscópicos capazes de
processar informação ou ambos. Um dispositivo que somente guarda desviar o laser em diferentes direções, representando assim diferentes
informação é chamado mídia de armazenamento. Dispositivos que informações, na forma de dígitos binários (bits). A gravação das
processam informações (equipamento de armazenamento de dados) informações em uma mídia óptica necessita de uma mídia especial, cuja
podem tanto acessar uma mídia de gravação portátil ou podem ter um superfície é feita de um material que pode ser “queimado” pelo feixe laser
componente permanente que armazena e recupera dados. do dispositivo de armazenamento, criando assim os sulcos que
Armazenamento eletrônico de dados é o armazenamento que requer representam os dígitos binários (bits).
energia elétrica para armazenar e recuperar dados. A maioria dos
dispositivos de armazenamento que não requerem visão e um cérebro Dispositivos de armazenamento por meio eletrônico (SSDs)
para ler os dados se enquadram nesta categoria. Dados eletromagnéticos
podem ser armazenados em formato analógico ou digital em uma Este tipo de dispositivos de armazenamento é o mais recente e é o
variedade de mídias. Este tipo de dados é considerado eletronicamente que mais oferece perspectivas para a evolução do desempenho na tarefa
codificado, sendo ou não armazenado eletronicamente em um dispositivo de armazenamento de informação. Esta tecnologia também é conhecida
semicondutor (chip), uma vez que certamente um dispositivo semicondutor como memórias de estado sólido ou SSDs (solid state drive) por não
foi utilizado para gravá-la em seu meio. A maioria das mídias de possuírem partes móveis, apenas circuitos eletrônicos que não precisam
armazenamento processadas eletronicamente (incluindo algumas formas se movimentar para ler ou gravar informações.
de armazenamento de dados de computador) são considerados de Os dispositivos de armazenamento por meio eletrônico podem ser
armazenamento permanente (não volátil), ou seja, os dados permanecem encontrados com as mais diversas aplicações, desde Pen Drives, até
armazenados quando a energia elétrica é removida do dispositivo. Em cartões de memória para câmeras digitais, e, mesmo os discos rígidos
contraste, a maioria das informações armazenadas eletronicamente na possuem uma certa quantidade desse tipo de memória funcionando como
maioria dos tipos de semicondutores são microcircuitos memória volátil, buffer.
pois desaparecem com a remoção da energia elétrica.

Noções de Informática 4
APOSTILAS OPÇÃO
A gravação das informações em um dispositivo de armazenamento o Tamanho Cache L3: 12 MB
por meio eletrônico se dá através dos materiais utilizados na fabricação o Arquitetura: Core i7 Westmere
dos chips que armazenam as informações. Para cada dígito binário (bit) a Nota-se a diferença entre os processadores. O CPU 8086 tem fre-
ser armazenado nesse tipo de dispositivo existem duas portas feitas de quência de 8 MHz, enquanto que o i7 tem uma frequência de 3,2 GHz
material semicondutor, a porta flutuante e a porta de controle. (3200 MHz), lembrando que o i7 tem 8 núcleos, cada um com estas espe-
Entre estas duas portas existe uma pequena camada de óxido, que cificações.
quando carregada com elétrons representa um bit 1 e quando
Processadores bons são indispensáveis para as mais simples aplica-
descarregada representa um bit 0. Esta tecnologia é semelhante à
ções no dia a dia. Tarefas como abrir um arquivo, até rodar os games
tecnologia utilizada nas memórias RAM do tipo dinâmica, mas pode reter
mais atuais, o processador é quem faz tudo isso acontecer. A Tecnologia
informação por longos períodos de tempo, por isso não é considerada
dos processadores está evoluindo cada vez mais. Atualmente temos
uma memória RAM propriamente dita.
processadores domésticos com 8 núcleos, e cada vez aumenta mais a
Os dispositivos de armazenamento por meio eletrônico tem a capacidade de processamento dos novos produtos lançados no mercado.
vantagem de possuir um tempo de acesso muito menor que os Yuri Pacievitch
dispositivos por meio magnético, por não conterem partes móveis. O
principal ponto negativo desta tecnologia é o seu custo ainda muito alto,
portanto dispositivos de armazenamento por meio eletrônico ainda são Memória RAM e ROM
encontrados com pequenas capacidades de armazenamento e custo De uma forma bastante simplificada, memória é um dispositivo que
muito elevado se comparados aos dispositivos magnéticos. possui a função de guardar dados em forma de sinais digitais por certo
tempo. Existem dois tipos de memórias: RAM e ROM.
A memória RAM (Random Access Memory) é aquela que permite a
Processador gravação e a regravação dos dados, no entanto, se o computador for
O processador, também chamado de CPU (central processing unit), desligado, por exemplo, perde as informações registradas. Já a memória
é o componente de hardware responsável por processar dados e trans- ROM (Read Only Memory) permite a gravação de dados uma única vez,
formar em informação. Ele também transmite estas informações para a não sendo possível apagar ou editar nenhuma informação, somente
placa mãe, que por sua vez as transmite para onde é necessário (como o acessar a mesma.
monitor, impressora, outros dispositivos). A placa mãe serve de ponte
entre o processador e os outros componentes de hardware da máquina. SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS
Outras funções do processador são fazer cálculos e tomar decisões CONHECIMENTO DO APLICATIVO DO MICROSOFT
lógicas.

Software, logiciário ou suporte lógico é uma sequência de


instruções a serem seguidas e/ou executadas, na manipulação,
redirecionamento ou modificação de um dado/informação ou
acontecimento. Software também é o nome dado ao comportamento
exibido por essa sequência de instruções quando executada em um
computador ou máquina semelhante além de um produto desenvolvido
pela Engenharia de software, e inclui não só o programa de computador
propriamente dito, mas também manuais e especificações. Para fins
contábeis e financeiros, o Software é considerado um bem de capital.
Algumas características do processador em geral:
Este produto passa por várias etapas como: análise econômica,
• Frequência de Processador (Velocidade, clock). Medido em hertz, análise de requisitos, especificação, codificação,teste, documentação,
define a capacidade do processador em processar informações ao mesmo Treinamento, manutenção e implantação nos ambientes.
tempo.
• Cores: O core é o núcleo do processador. Existem processado-
rescore e multicore, ou seja, processadores com um núcleo e com vários Software como programa de computador
núcleos na mesma peça. Um programa de computador é composto por uma sequência de
• Cache: A memória Cache é um tipo de memória auxiliar, que faz instruções, que é interpretada e executada por um processador ou por
diminuir o tempo de transmissão de informações entre o processador e uma máquina virtual. Em um programa correto e funcional, essa
outros componentes sequência segue padrões específicos que resultam em um
comportamento desejado.
• Potência: Medida em Watts é a quantia de energia que é consu-
mida por segundo. 1W = 1 J/s (Joule por segundo) O termo "software" foi criado na década de 1940, e é um trocadilho
A Evolução dos processadores é surpreendente. A primeira marca no com o termo hardware. Hardware, em inglês, significa ferramenta física.
mercado foi a INTEL, com o a CPU 4004, lançado em 1970. Este CPU era Software seria tudo o que faz o computador funcionar excetuando-se a
para uma calculadora. Por isto, muitos dizem que os processadores parte física dele.
começaram em 1978, com a CPU 8086, também da Intel. Um programa pode ser executado por qualquer dispositivo capaz de
Alguns anos mais tarde, já em 2006, é lançado o CORE 2 DUO, um interpretar e executar as instruções de que é formado.
super salto na tecnologia dos processadores.
Para comparar: Quando um software está representado como instruções que podem
ser executadas diretamente por um processador dizemos que está escrito
• CPU 8086: em linguagem de máquina. A execução de um software também pode ser
o Numero de transistores 29000 intermediada por um programa interpretador, responsável por interpretar e
o Frequência máxima 8 Mhz executar cada uma de suas instruções. Uma categoria especial e o
o Tamanho do registro da CPU 16 bits notável de interpretadores são as máquinas virtuais, como a máquina
o Tamanho da BUS externa 16 bits virtual Java (JVM), que simulam um computador inteiro, real ou imaginado.
• Core i7
o Suporte: Socket LGA 1366 O dispositivo mais conhecido que dispõe de um processador é o
o Frequência (MHz): 3,2 GHz computador. Atualmente, com o barateamento dos microprocessadores,
o Bus processador: 4,8 GTps existem outras máquinas programáveis, como telefone celular, máquinas
o Gravação: 32 nm de automação industrial, calculadora etc.
o Tamanho Cache L1: 6 x 64 KB
o Tamanho Cache L2: 6 x 256 KB
Noções de Informática 5
APOSTILAS OPÇÃO
A construção de um programa de computador Sistemas operacionais
Um programa é um conjunto de instruções para o processador Drivers
(linguagem de máquina). Entretanto, pode-se utilizar linguagens de ferramentas de diagnóstico
programação, que traduza comandos em instruções para o processador. ferramentas de Correção e Otimização
Normalmente, programas de computador são escritos em linguagens Servidores
de programação, pois estas foram projetadas para aproximar-se das Software de programação: O conjunto de ferramentas que
linguagens usadas por seres humanos. permitem ao programador desenvolver programas de computador usando
Raramente a linguagem de máquina é usada para desenvolver um diferentes alternativas e linguagens de programação, de forma prática.
programa. Atualmente existe uma quantidade muito grande de linguagens Inclui, entre outros:
de programação, dentre elas as mais populares no momento são Java, Editores de texto
Visual Basic, C, C++, PHP, dentre outras. Compiladores
Alguns programas feitos para usos específicos, como por exemplo
Intérpretes
software embarcado ou software embutido, ainda são feitos em linguagem
de máquina para aumentar a velocidade ou diminuir o espaço consumido. linkers
Em todo caso, a melhoria dos processadores dedicados também vem Depuradores
diminuindo essa prática, sendo a C uma linguagem típica para esse tipo Ambientes de Desenvolvimento Integrado : Agrupamento das ferramentas
de projeto. Essa prática, porém, vem caindo em desuso, principalmente anteriores, geralmente em um ambiente visual, de modo que o
devido à grande complexidade dos processadores atuais, dos sistemas programador não precisa digitar vários comandos para a compilação,
operacionais e dos problemas tratados. Muito raramente, realmente interpretação, depuração, etc. Geralmente equipados com uma interface
apenas em casos excepcionais, é utilizado o código de máquina, a de usuário gráfica avançada. Fonte Wikipedia
representação numérica utilizada diretamente pelo processador.
O programa é inicialmente "carregado" na memória principal. Após WINDOWS 7
carregar o programa, o computador encontra o Entry Point ou ponto inicial
de entrada do programa que carregou e lê as instruções sucessivamente Como Criar Contas de Usuário com as Ferramentas Administrati-
byte por byte. As instruções do programa são passadas para o sistema ou vas do Windows
processador onde são traduzidas da linguagens de programação para a Na plataforma Windows a tarefa de criar contas de usuário não se de-
linguagem de máquina, sendo em seguida executadas ou diretamente ve apenas ao item Contas de Usuário do Painel de Controle. Existe um
para o hardware, que recebe as instruções na forma de linguagem de outro caminho que permite a mesma funcionalidade, porém com mais
máquina. detalhes, este caminho é através das Ferramentas Administrativas do
Tipos de programas de computador Windows. Para que você entenda com mais clareza veja o tutorial abaixo
Qualquer computador moderno tem uma variedade de programas que realizado no Windows.
fazem diversas tarefas. Acesse o Painel de Controle e entre no item Ferramentas Adminis-
Eles podem ser classificados em duas grandes categorias: trativas, em seguida acesse as ferramentas do item Gerenciamento do
1. Software de sistema que incluiu o firmware (O BIOS dos Computador.
computadores pessoais, por exemplo), drivers de dispositivos, o sistema
operacional e tipicamente uma interface gráfica que, em conjunto,
permitem ao usuário interagir com o computador e seus periféricos.
2. Software aplicativo, que permite ao usuário fazer uma ou mais
tarefas específicas. Aplicativos podem ter uma abrangência de uso de
larga escala, muitas vezes em âmbito mundial; nestes casos, os
programas tendem a ser mais robustos e mais padronizados. Programas
Acessando o Gerenciamento do Computador você visualizará o
escritos para um pequeno mercado têm um nível de padronização menor.
menu de navegação localizado a esquerda do painel e no painel central
Ainda é possível usar a categoria Software embutido ou software todas as contas disponíveis para acesso ao Windows. Para criar uma
embarcado, indicando software destinado a funcionar dentro de uma nova conta utilize o painel de navegação, em Ferramentas do Sistema
máquina que não é um computador de uso geral e normalmente com um expanda o item Usuários e Grupos Locais para visualizar a pasta Usuá-
destino muito específico. rios. Clique com o botão direito do mouse na pasta Usuários e selecione
Software aplicativo: é aquele que permite aos usuários Novo Usuário...
executar uma ou mais tarefas específicas, em qualquer campo de Em seguida observamos a janela Novo Usuário, onde você digitará
atividade que pode ser automatizado especialmente no campo dos as informações pertinentes do novo usuário para o Windows onde apenas
negócios. Inclui, entre outros: o campo Nome de Usuário é obrigatório.
Aplicações de controle e sistemas de automação industrial.
A senha deve ser inserida, quanto maior e mais complexa melhor pa-
aplicações de informática para o escritório. ra sua segurança, caso não deseje colocá-la apenas deixe em branco. Os
Software educacional. itens restantes podem ser configurados de acordo com as necessidades
Software de negócios. do administrador do computador e do novo usuário.
Banco de dados.
Telecomunicações.
video games.
Software médico.
Software de calculo numérico e simbólico.
Atualmente, temos um novo tipo de software. O software como
serviço, que é um tipo de software armazenado num computador que se
acessa pela internet, não sendo necessário instalá-lo no computador do
usuário. Geralmente esse tipo de software é gratuito e tem as mesmas
funcionalidades das versões armazenadas localmente.
Outra classificação possível em 3 tipos é:
Software de sistema: Seu objetivo é separar usuário e
programador de detalhes do computador específico que está sendo Após criar a nova conta é necessário realizar o logoff (via menu Ini-
usado. O software do sistema lhe dá ao usuário interfaces de alto nível e ciar) da conta atual, e automaticamente o novo usuário aparecerá na tela
ferramentas que permitem a manutenção do sistema. Inclui, entre outros: de boas-vindas do Windows. Lembrando que todo este procedimento só

Noções de Informática 6
APOSTILAS OPÇÃO
poderá ser realizado pelo usuário administrador ou pela própria conta de Primeiro vamos ás caixinhas de seleção, nelas você poderá aplicar os
administrador padrão do sistema assim como toda e qualquer alteração só seguintes recursos:
poderá ser feita via administrador. - Bloquear barra de tarefas (Para fixá-la obrigatoriamente na parte
Como criar um slide para a área de trabalho do Windows inferior da área de trabalho)
No Windows os planos de fundo da área de trabalho estão mais per- - Ocultar Automaticamente a barra de tarefas (Para usá-la somente
sonalizados do que no Windows vista. Agora você pode selecionar várias quando passar o mouse)
imagens ao mesmo tempo com o objetivo de criar um slide, e configurá-las - Usar ícones pequenos (Ajuda a diminuir o tamanho total da barra
para que mudem aleatoriamente. de tarefas)
No Painel de controle acesse o ícone Personalização, e em seguida No recurso de seleção a seguir você poderá definir o local dessa bar-
você poderá escolher dentre alguns pacotes de imagens para criar um slide ra para as posições: Superior, Direita, Esquerda ou Inferior.
para o plano de fundo da sua área de trabalho. Dentre essas imagens é E o mais novo recurso é o da combinação de janelas, perfeito para
possível escolher fotos, imagens da internet, enfim, que ficará ao seu critério. aqueles que utilizam muitos programas ao mesmo tempo, pois agora você
Na imagem abaixo você pode escolher dentre vários pacotes de planos de não se preocupará de ter que ficar olhando para um monte de janelas.
fundo. Basta selecionar o desejado e partir para configurá-los. As opções são:
- Sempre combinar, ocultar rótulos (Não importando a quantidade
de programas a barra combinará as janelas somente pelo ícone do pro-
grama, ou seja, sem rótulos)
- Combinar quando a barra de tarefas estiver cheia (Exibirá nor-
malmente as janelas do modo tradicional com os rótulos até o quanto a
barra suportar, quando ultrapassar combinará os rótulos sumirão)
- Nunca combinar (As janelas serão exibidas tradicionalmente como
nos sistemas anteriores)
E por último as notificações dos ícones da parte direita da barra de ta-
refas que também não são novidades para nós usuários das versões
anteriores do Windows.
Após configurar á seu gosto clique em Aplicar e Ok.
Nos itens Plano de fundo da área de trabalho é possível configurar
o tempo em que um slide muda para outro e cor de janela. Isso você verá
Como ajustar efeitos visuais no Windows
na tela abaixo.
No Windows você também pode configurar alguns recursos visuais
para melhorar o desempenho. Para acessar rapidamente utilize as teclas
Windows + Pause Break, clique em Configurações avançadas do
sistema e entre na aba avançado, na guia Desempenho clique no botão
Configurações para visualizar as Opções de desempenho.

Depois de personalizar ao seu gosto clique em Salvar alterações pa-


ra aplicar as configurações.

Como personalizar a barra de tarefas do Windows


No Windows a barra de tarefas apresenta alguns novos recursos que
o Windows Vista não possui, uma das principais novidades é a combina-
ção de telas quando utilizadas do mesmo programa. Na imagem abaixo
você poderá enxergar como configurar e personalizar ao seu gosto. Para
acessá-la clique com o botão direito no menu Iniciar e clique em Proprie-
dades.

Na janela opções de desempenho você verá as opções de ajuste de


efeitos visuais. Onde 2 são contraditórias, Ajustar para obter uma me-
lhor aparência e Ajustar para obter um melhor desempenho. Pois a 1°
opção citada define cada item da lista marcado para utilizar todos os
recursos visuais do sistema de vídeo otimizando a aparência a todo vapor,
e a 2° opção desmarcar todos os itens da lista definindo o sistema de

Noções de Informática 7
APOSTILAS OPÇÃO
vídeo para a configuração mínima, porém otimizando o desempenho do Marque as bibliotecas desejadas para o compartilhar e clique em
sistema operacional justificando que quanto mais recursos visuais menor é Avançar.
o desempenho do computador e vice-versa.
Mas com a opção Personalizar você poderá escolher o item a qual
deseje que o sistema de vídeo utilize, dessa maneira haverá um maior
equilíbrio entre a aparência e o desempenho. Após escolher os itens
clique em Aplicar e Ok para que a configuração desejada entre em vigor
no Windows.

Como utilizar as Notas autoadesivas do Windows


Dentre os programas novos que acompanham no novo sistema Win-
dows temos as Notas Autoadesivas que simula uma espécie de etiqueta
adesiva de anotação. É um novo recurso que permite a inserção de pe-
quenos textos que servem para avisos, recados, etc.
Para utilizá-las, basta clicar sobre Notas Autoadesivas na lista de
programas no menu Acessórios do menu Iniciar. Ao executar uma nova
nota será inserida na área de trabalho pronta para receber textos. Você
também poderá modificar a cor clicando com o botão direito sobre a nota e
selecionar dentre as cores disponíveis.
Para adicionar uma nova nota posicione a seta do mouse em sua O próximo passo é anotar a senha gerada pelo grupo e repassar para
área superior e clique no botão +. Para fechá-la clique no botão x na outra as outras máquinas (usuários) se conectarem ao grupo doméstico criado.
extremidade da nota, mas lembre-se que dessa maneira o texto digitado Ao estar conectados poderão compartilhar tudo que foi configurado para o
não será salvo. O programa salva as notas automaticamente se for fecha- grupo.
do, sendo que as notas só aparecerão na área de trabalho com o progra-
ma em execução, você poderá checar que estará minimizado na barra de
tarefas e as notas estarão sendo exibidas.

Como Configurar Grupo Doméstico no Windows


Um novo recurso no sistema Windows é a possibilidade de criar gru-
pos domésticos que facilita todo um processo para realizar o compartilha-
mento de impressora e arquivos. Muito útil para Administradores de redes.
É uma forma mais simples de se configurar uma "rede" lógica. Tendo uma
estrutura física que garanta o interligamento de máquinas é possível criar
um grupo doméstico em uma única máquina e distribuir para as outras
com Windows. Siga o tutorial abaixo.
Para criar o grupo acesse a Central de Rede e Compartilhamento
do Windows pelo Painel de controle.
Para que outro usuário se conecte ao grupo basta entrar no Centro
de Rede e Compartilhamento, clicar em Disponível para ingressar,
inserir a senha gerada e pronto. Depois de ingressar o usuário poderá
acessar os arquivos compartilhados pelo Windows explorer.

Em seguida clique em Escolher o que você deseja compartilhar.

Como utilizar o Windows Defender no Windows


Uma combinação interessante e razoavelmente eficaz de proteção no
Windows é a utilização manual do Windows Defender aliado a um bom
antivírus. A execução contínua de um bom programa antivírus constante-
mente atualizado ajuda muito a proteger o seu computador de vírus,
spywares, etc. No caso do Windows Defender é aconselhável sua ativa-
ção manual a cada período prolongado do seu computador. Para executá-
lo rapidamente faça o seguinte:
Abra o menu Iniciar, no campo Pesquisar programas e arquivos,
digite Windows defender. O ícone do programa surgirá no painel superior
do campo de pesquisa do menu Iniciar.

Noções de Informática 8
APOSTILAS OPÇÃO
Em seguida clique no botão Verificar agora e aguarde o término da
verificação.

Ao executá-lo pela primeira vez o programa mostrará uma mensagem


indicando a necessidade de verificação, na imagem acima a mensagem
se refere que a verificação já foi realizada com sucesso e sem detecção
nenhuma. Quanto ao escaneamento você poderá realizar 3 tipos: Verifi- Lembre-se que o Windows Defender não é um Antivírus, e que deve
cação Rápida, Completa ou Personalizada. As 2 primeiras verificações ser utilizado juntamente com qualquer antivírus legítimo para que seu
são iniciadas automaticamente ao se clicá-las, quanto a verificação Per- Windows mantenha-se protegido.
sonalizada será possível selecionar os diretórios do seu sistema para ser
scaneado. Para acioná-la clique na setinha ao lado do botão Verificar, em
seguida clique em Verificação Personalizada. Criando Ponto de Restauração no Windows
Durante o uso do computador, instalamos e removemos dezenas de
programas do sistema operacional. Estas mudanças podem causar falhas
e problemas sérios ao Windows, em especial quando lidamos com desen-
volvedores ruins e certas aplicações específicas, como antivírus e temas
para a Área de Trabalho.
Muitas vezes instalamos o aplicativo e tudo parece correr bem, até
que algumas funções passam a apresentar erros e outras simplesmente
não funcionam mais. Tudo o que queremos nessa hora é voltar no tempo,
o que pode ser feito graças à Restauração do Sistema.
A função também serve como tentativa de solucionar qualquer com-
portamento diferente que o Windows passe a apresentar, o que pode ser
causado por diversos fatores – falhas inexplicadas do sistema, atualiza-
ções feitas de modo errado, vírus.

Como funciona
Ao criarmos um ponto de retorno dentro da Restauração do Sistema,
fazemos com que o computador memorize todas as configurações ineren-
tes ao funcionamento da máquina, o que em geral acontece no registro do
Windows.
Clique no botão Selecionar e marque as unidades desejadas para Desta forma, temos a segurança de poder voltar atrás quando insta-
realizar a verificação e clique em Ok e você voltará para a janela anterior. lamos um aplicativo danoso à saúde do sistema operacional. Criar um
ponto de restauração no Windows é muito fácil e demanda poucos segun-
dos de atenção. Siga os seguintes passos para realizar o processo:

Crie o ponto de restauração


1. Clique no botão Iniciar e digite Criar ponto na lacuna de pesquisa
para encontrar a função, como indicado na figura:

Noções de Informática 9
APOSTILAS OPÇÃO
2. Selecione a função Criar, localizada na parte inferior da janela: 3. Escolha o ponto de sua preferência e clique para avançar:

4. Salve seus arquivos importantes e somente após ter certeza de que


tudo está correto clique em Concluir para começar a restauração.

3. Digite um nome para identificar o ponto e evitar enganos posterior-


mente:

Em alguns casos podem ser necessários diversos minutos para retor-


nar o seu Windows a um ponto anterior no tempo. Para problemas cau-
4. Clique em criar e aguarde o término do processo.
sados por aplicativos instalados e danos feitos ao registro, a tarefa recupe-
Fácil assim, seu primeiro ponto de restauração do sistema está cria- ra o bom funcionamento do computador na grande maioria dos casos.
do! Agora vamos ensiná-lo a reverter situações complicadas que o Win-
Fonte: computerdicas
dows possa apresentar. O processo é tão fácil quanto o primeiro e em
boa parte dos casos gera resultados satisfatórios para os usuários.

Restaure o sistema
1. Abra novamente o Menu Iniciar e digite Restauração para encon-
trar o processo:

2. Caso a restauração recomendada não seja a que você criou, mar-


Em alguns casos podem ser necessários diversos minutos para retor-
que a seleção Escolher um outro ponto de restauração:
nar o seu Windows a um ponto anterior no tempo. Para problemas cau-
sados por aplicativos instalados e danos feitos ao registro, a tarefa recupe-
ra o bom funcionamento do computador na grande maioria dos casos.
Fonte: computerdicas

Windows RT 8.1

O Windows RT 8.1 é um sistema operacional baseado no Windows


que foi otimizado para computadores leves e dinâmicos com vida útil da
bateria estendida, projetados para uso em trânsito. O Windows RT 8.1 só
executa aplicativos nativos ou baixados da Windows Store. O Windows
Update mantém automaticamente o computador atualizado, e o Windows
Defender oferece proteção atualizada contra vírus e malware.

Noções de Informática 10
APOSTILAS OPÇÃO
Se você já tem um computador ou tablet que veio com o Windows RT Organizar a Tela Start do Windows 8
pré-instalado, pode baixar a atualização gratuita para o Windows RT 8.1 Essa tela nova funciona como o antigo Menu Iniciar e consiste em um
na Windows Store. Você só pode instalar o Windows RT 8.1 em computa- mosaico com imagens animadas. Cada mosaico representa um aplicativo
dores ou tablets que já estejam executando o Windows RT. que está instalado no computador. Os atalhos dessa área de trabalho, que
representam aplicativos de versões anteriores, ficam com o nome na parte
O Windows RT 8.1 contém muitos recursos iguais aos do Windows de cima e um pequeno ícone na parte inferior. Novos mosaicos possuem
8.1, mas foi criado para computadores leves e dinâmicos que usam pro- tamanhos diferentes, cores diferentes e são atualizados automaticamente.
cessadores ARM. Alguns recursos comuns ao Windows 8.1 e ao Windows
RT 8.1 são: A tela pode ser customizada conforme a conveniência do usuário. Al-
• Design de interface fluido, intuitivo, fácil de usar e de personalizar guns utilitários não aparecem nessa tela, mas podem ser encontrados
clicando com o botão direito do mouse em um espaço vazio da tela. Se
• Aplicativos nativos, como Email, Calendário, Fotos e OneDrive, deseja que um desses aplicativos apareça na sua tela inicial, clique com o
com muitos outros aplicativos disponíveis na Windows Store botão direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar na Tela Inicial.
• Internet Explorer 11, para navegação rápida e intuitiva
• Projetado para touch, para você interagir com o Windows de uma Charms Bar
maneira inteiramente nova O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa e esse recurso
• Projetado para mouse e teclado, para você ser tão produtivo possibilita “esconder” algumas configurações e aplicações. É uma barra
quanto precisa localizada na lateral que pode ser acessada colocando o mouse no canto
direito e inferior da tela ou clicando no atalho Tecla do Windows + C. Essa
função substitui a barra de ferramentas presente no sistema e configurada
O Windows RT 8.1 também inclui alguns outros recursos: de acordo com a página em que você está.
• O Windows Update e o Windows Defender estão sempre prontos Personalizando o Windows 8
e atualizados para reforçar a segurança de seu computador.
• A tecnologia BitLocker oferece proteção avançada de dados para Cor do Papel de Parede
manter suas informações mais seguras. Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na busca em configura-
• Todos os computadores com o Windows RT 8.1 usam o Ins- ções. Depois escolha a opção tela inicial e em seguida escolha a cor da
tantGo para ligar instantaneamente e manter os blocos e outros tela. O usuário também pode selecionar desenhos durante a personaliza-
serviços online atualizados, mesmo quando a tela estiver desliga- ção do papel de parede.
da (nem todos os computadores com oWindows 8.1 incluem o
InstantGo). Redimensionar as tiles
• Vem com o Office 2013 RT, oferecendo versões de área de traba- Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os outros, mas isso
lho do Word, Excel, PowerPoint, OneNote e Outlook otimizadas pode ser alterado clicando com o botão direito na divisão entre eles e
para touch. Para obter mais detalhes, confira a página do produto optando pela opção menor. Você pode deixar maior os aplicativos que
Office 2013 RT. você quiser destacar no computador.

Grupos de Aplicativos
Alguns recursos não estão incluídos no Windows RT 8.1:
Pode-se criar divisões e grupos para unir programas parecidos. Isso
• Windows Media Player pode ser feito várias vezes e os grupos podem ser renomeados.
• Windows Media Center
• Criação de Grupo Doméstico (é possível ingressar em um Grupo Visualizar as pastas
Doméstico existente, mas não criar um novo) A interface do programas no computador podem ser vistos de maneira
• Capacidade de conexão ao computador com o Windows RT 8.1 a horizontal com painéis dispostos lado a lado. Para passar de um painel
partir de outro computador via Área de Trabalho Remota para outro é necessário usar a barra de rolagem que fica no rodapé.

• Ingresso no domínio Compartilhar e Receber


Comando utilizado para compartilhar conteúdo, enviar uma foto, etc.
Com o Windows RT 8.1, você pode instalar aplicativos diretamente da Tecle Windows + C, clique na opção Compartilhar e depois escolha qual
Windows Store, mas não pode instalar aplicativos da área de trabalho que meio vai usar. Há também a opção Dispositivo que é usada para receber e
você usava com versões anteriores do Windows. enviar conteúdos de aparelhos conectados ao computador.
Fonte: http://windows.microsoft.com/pt-br/windows/windows-rt-faq
Alternar Tarefas
Windows 8 Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os programas abertos
no desktop e os aplicativos novos do SO. Com o atalho Windows + Tab é
possível abrir uma lista na lateral esquerda que mostra os aplicativos
É o sistema operacional da Microsoft que substituiu o Windows 7 em modernos.
tablets, computadores, notebooks, celulares, etc. Ele trouxe diversas
mudanças, principalmente no layout, que acabou surpreendendo milhares Telas Lado a Lado
de usuários acostumados com o antigo visual desse sistema.
A tela inicial completamente alterada foi a mudança que mais impac- Esse sistema operacional não trabalha com o conceito de janelas,
tou os usuários. Nela encontra-se todas as aplicações do computador que mas o usuário pode usar dois programas ao mesmo tempo. É indicado
ficavam no Menu Iniciar e também é possível visualizar previsão do tem- para quem precisa acompanhar o Facebook e o Twitter, pois ocupa ¼ da
po, cotação da bolsa, etc. O usuário tem que organizar as pequenas tela do computador.
miniaturas que aparecem em sua tela inicial para ter acesso aos progra-
mas que mais utiliza. Visualizar Imagens
Caso você fique perdido no novo sistema ou dentro de uma pasta, cli- O sistema operacional agora faz com que cada vez que você clica em
que com o botão direito e irá aparecer um painel no rodapé da tela. Caso uma figura, um programa específico abre e isso pode deixar seu sistema
você esteja utilizando uma das pastas e não encontre algum comando, lento. Para alterar isso é preciso ir em Programas – Programas Default –
clique com o botão direito do mouse para que esse painel apareça. Selecionar Windows Photo Viewer e marcar a caixa Set this Program as
Default.

Noções de Informática 11
APOSTILAS OPÇÃO
Imagem e Senha nhar três formas em touch ou com o mouse: uma linha reta, um círculo e
O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao invés de escolher um ponto. Depois, finalize o processo e sua senha estará pronta. Na
uma senha digitada. Para fazer isso, acesse a Charm Bar, selecione a próxima vez, repita os movimentos para acessar seu computador.
opção Settings e logo em seguida clique em More PC settings. Acesse a
opção Usuários e depois clique na opção “Criar uma senha com imagem”. Internet Explorer no Windows 8
Em seguida, o computador pedirá para você colocar sua senha e redireci-
onará para uma tela com um pequeno texto e dando a opção para esco- Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da página inicial, você
lher uma foto. Escolha uma imagem no seu computador e verifique se a terá acesso ao software sem a barra de ferramentas e menus.
imagem está correta clicando em “Use this Picture”. Você terá que dese-

Atalho do Novo Windows

Comando Atalho no Word Comando Atalho no Word


Troca entre a Área de Trabalho e Mostra as configurações, dispositivos instalados,
Tecla Windows Windows + C
a última aplicação rodada opções de compartilhamento e pesquisa.
Abre o desktop Windows + D Abre o Windows Explorer para ver seus arquivos. Windows + E
Abre o painel de busca de arquivos e pastas. Windows + F Abre o painel de compartilhamento de dados. Windows + H
Abre a tela de configurações. Windows + I Abre o painel de dispositivos. Windows + K
Minimiza o Windows Explorer ou o Internet
Windows + M Troca para um segundo monitor, caso exista. Windows + P
Explorer
Abre a ferramenta de busca. Windows + Q Trava o computador. Windows + L
Digite Power e você terá links para opções de gerenciar
Mostra os avisos do sistema (notifications). Windows + V Windows + W
energia, desligar, reiniciar e hibernar o computador.
Mostra o menu de contexto do botão direito do
Windows + Z Permite fazer zoom. Windows + +
mouse em tela cheia.
Abre o centro de acessibilidade, permitindo configura-
Abre a caixa de execução. Windows + R Windows + U
ções de tela, teclado e mouse, entre outros.
Efeito zoom out. Windows + - Abre o programa narrador. Windows + Enter

REQUISITOS DO SISTEMA deve ser usado o comando ls −a para também listar arquivos ocultos.
CPU
Seu computador deve possuir um processador 386, 486, Pentium, ou Extensão de arquivos
Pentium Pro, ou um dos clones desses processadores produzido por A extensão serve para identificar o tipo do arquivo. A extensão são as
fabricantes tal como Cyrix, AMD, TI, IBM, etc. Se seu processador tem letras após um "." no nome de um arquivo, explicando melhor:
letras como "sx", "sl", "slc", etc. depois do número como em "386sx", isto é • relatorio.txt − O .txt indica que o conteúdo é um arquivo texto
bom. O sistema não rodará em processadores 286 ou mais antigos • script.sh − Arquivo de Script (interpretado por /bin/sh).
• system.log − Registro de algum programa no sistema
• arquivo.gz − Arquivo compactado pelo utilitário gzip
Video • index.aspl − Página de Internet (formato Hypertexto)
Você deveria usar uma interface de video VGA-compatível para o
terminal de console. Quase toda placa de video moderna é compatível A extensão de um arquivo também ajuda a saber o que precisamos
com VGA. CGA, MDA, ou HGA trabalham OK para texto, mas elas não fazer para abri−lo. Por exemplo, o arquivo relatorio.txt é um texto simples
trabalharão com o Sistema X Window, e nós não as testamos. O uso de e podemos ver seu conteúdo através do comando cat, já o arquivo in-
um terminal serial para o console ainda não é suportado. dex.aspl contém uma página de Internet e precisaremos de um navegador
para poder visualiza−lo (como o lynx, Mosaic ou o Netscape).
Outro Hardware
O Linux suporta uma grande variedade de dispositivos de hardware A extensão (na maioria dos casos) não é requerida pelo sistema ope-
como mouses, impressoras, scanners, modems, placas de rede, etc. racional GNU/Linux, mas é conveniente o seu uso para determinarmos
Entretanto, nenhum desses dispositivos são requisitados na instalação do facilmente o tipo de arquivo e que programa precisaremos usar para
sistema. abri−lo.
Arquivos Arquivo texto e binário
É onde gravamos nossos dados. Um arquivo pode conter um texto fei- Quanto ao tipo, um arquivo pode ser de texto ou binário:
to por nós, uma música, programa, planilha, etc.
Texto
Cada arquivo deve ser identificado por um nome, assim ele pode ser Seu conteúdo é compreendido pelas pessoas. Um arquivo texto pode
encontrado facilmente quando desejar usa−lo. Se estiver fazendo um ser uma carta, um script, um programa de computador escrito pelo pro-
trabalho de história, nada melhor que salva−lo com o nome historia. Um gramador, arquivo de configuração, etc.
arquivo pode ser binário ou texto.O GNU/Linux é Case Sensitive ou seja,
ele diferencia letras maiúsculas e minúsculas nos arquivos. O arquivo Binário
historia é completamente diferente de Historia. Esta regra também é válido Seu conteúdo somente pode ser entendido por computadores. Con-
para os comandos e diretórios. tém caracteres incompreensíveis para pessoas normais. Um arquivo
binário é gerado através de um arquivo de programa (formato texto)
Prefira, sempre que possível, usar letras minúsculas para identificar através de um processo chamado de compilação. Compilação é básica-
seus arquivos, pois quase todos os comandos do sistema estão em mi- mente a conversão de um programa em linguagem humana para a lingua-
núsculas. gem de máquina.
Um arquivo oculto no GNU/Linux é identificado por um "." no inicio do
nome . Arquivos ocultos não aparecem em listagens normais de diretórios,
Noções de Informática 12
APOSTILAS OPÇÃO
Diretório Exemplo de diretório
Diretório é o local utilizado para armazenar conjuntos arquivos para Um exemplo de diretório é o seu diretório de usuário, todos seus ar-
melhor organização e localização. O diretório, como o arquivo, também é quivos essenciais devem ser colocadas neste diretório. Um diretório pode
"Case Sensitive" (diretório /teste é completamente diferente do diretó- conter outro diretório, isto é útil quando temos muitos arquivos e queremos
rio/Teste). melhorar sua organização. Abaixo um exemplo de uma empresa que
precisa controlar os arquivos de Pedidos que emite para as fábricas:
Não podem existir dois arquivos com o mesmo nome em um diretório, /pub/vendas − diretório principal de vendas /pub/vendas/mes01−05 −
ou um sub−diretório com um mesmo nome de um arquivo em um mesmo diretório contendo vendas do mês 01/2005 /pub/vendas/mes02−05 −
diretório. diretório contendo vendas do mês 02/2005/pub/vendas/mes03−05 −
diretório contendo vendas do mês 03/2005
Um diretório nos sistemas Linux/UNIX são especificados por uma "/" e
• o diretório vendas é o diretório principal.
não uma "\" como é feito no DOS.
• mes01−05 subdiretório que contém os arquivos de vendas do mês
01/2005.
Diretório Raíz
Este é o diretório principal do sistema. Dentro dele estão todos os di- • mes02−05 subdiretório que contém os arquivos de vendas do mês
retórios do sistema. O diretório Raíz é representado por uma "/", assim se 02/2005.
você digitar o comando cd / você estará acessando este diretório. • mes03−05 subdiretório que contém os arquivos de vendas do mês
03/2005. 
Nele estão localizados outros diretórios como o /bin, /sbin, /usr, • mes01−05, mes02−05, mes03−05 são diretórios usados para ar-
/usr/local, /mnt, /tmp, /var, /home, etc. Estes são chamados de mazenar os arquivos de pedidos do mês e ano
sub−diretórios pois estão dentro do diretório "/". A estrutura de diretórios e • correspondente. Isto é essencial para organização, pois se todos
sub−diretórios pode ser identificada da seguinte maneira: os pedidos fossem colocados diretamente no diretório vendas, se-
·/ ria muito difícil encontrar o arquivo do cliente "João" ;−)
· /bin Você deve ter reparado que usei a palavra sub−diretório para
· /sbin mes01−05, mes02−05 e mes03−05, porque que eles estão dentro do
· /usr diretório vendas. Da mesma forma, vendas é um sub−diretório de pub.
· /usr/local
· /mnt Estrutura básica de diretórios do Sistema Linux
· /tmp O sistema GNU/Linux possui a seguinte estrutura básica de diretórios:
· /var • /bin Contém arquivos programas do sistema que são usados com
· /home frequência pelos usuários.
• /boot Contém arquivos necessários para a inicialização do siste-
A estrutura de diretórios também é chamada de Árvore de Diretórios ma.
porque é parecida com uma árvore de cabeça para baixo. Cada diretório • /cdrom Ponto de montagem da unidade de CD−ROM.
do sistema tem seus respectivos arquivos que são armazenados conforme • /dev Contém arquivos usados para acessar dispositivos (periféri-
regras definidas pela FHS (FileSystem Hierarchy Standard − Hierarquia cos) existentes no computador.
Padrão do Sistema deArquivos), definindo que tipo de arquivo deve ser • /etc Arquivos de configuração de seu computador local.
armazenado em cada diretório. • /floppy Ponto de montagem de unidade de disquetes
• /home Diretórios contendo os arquivos dos usuários.
Diretório padrão
• /lib Bibliotecas compartilhadas pelos programas do sistema e mó-
É o diretório em que nos encontramos no momento. Também é cha-
dulos do kernel.
mado de diretório atual. Você pode digitar pwd para verificar qual é seu
• /lost+found Guia Completo Linux.Local para a gravação de ar-
diretório padrão.
quivos/diretórios recuperados pelo utilitário fsck.ext2. Cada parti-
O diretório padrão também é identificado por um . (ponto). O comando
ção possui seu próprio diretório lost+found.
comando ls . pode ser usado para listar os arquivos do diretório atual (é
claro que isto é desnecessário porque se não digitar nenhum diretório, o • /mnt Ponto de montagem temporário.
comando ls listará o conteúdo do diretório atual). • /proc Sistema de arquivos do kernel. Este diretório não existe em
seu disco rígido, ele é colocado lá pelo kernel e usado por diver-
Diretório home sos programas que fazem sua leitura, verificam configurações do
Também chamado de diretório de usuário. Em sistemas GNU/Linux sistema ou modificar o funcionamento de dispositivos do sistema
cada usuário (inclusive o root) possui seu próprio diretório onde poderá através da alteração em seus arquivos.
armazenar seus programas e arquivos pessoais. • /root Diretório do usuário root.
Este diretório está localizado em /home/[login], neste caso se o seu • /sbin Diretório de programas usados pelo superusuário (root) para
login for "joao" o seu diretório home será /home/joao. O diretório home administração e controle do funcionamento do sistema.
também é identificado por um ~(til), você pode digitar tanto o comando • /tmp Diretório para armazenamento de arquivos temporários cria-
ls/home/joao como ls ~ para listar os arquivos de seu diretório home. dos por programas.
• /usr Contém maior parte de seus programas. Normalmente aces-
O diretório home do usuário root (na maioria das distribuições sível somente como leitura.
GNU/Linux) está localizado em /root. Dependendo de sua configuração e • /var Contém maior parte dos arquivos que são gravados com fre-
do número de usuários em seu sistema, o diretório de usuário pode ter a quência pelos programas do sistema, e−mails, spool de impresso-
seguinte forma: /home/[1letra_do_nome]/[login], neste caso se o seu login ra, cache, etc.
for "joao" o seu diretório home será /home/j/joao.
Nomeando Arquivos e Diretórios
Diretório Superior e anterior No GNU/Linux, os arquivos e diretórios pode ter o tamanho de até 255
O diretório superior (Upper Directory) é identificado por .. (2 pontos). letras. Você pode identifica−lo com uma extensão (um conjunto de letras
Caso estiver no diretório /usr/local e quiser listar os arquivos do diretó- separadas do nome do arquivo por um ".").
rio /usr você pode digitar, ls .. Este recurso também pode ser usado para
copiar, mover arquivos/diretórios, etc. Os programas executáveis do GNU/Linux, ao contrário dos programas
O diretório anterior é identificado por −. É útil para retornar ao último de DOS e Windows, não são executados a partir de extensões .exe, .com
diretório usado. ou .bat. O GNU/Linux (como todos os sistemas POSIX) usa a permissão
Se estive no diretório /usr/local e digitar cd /lib, você pode retornar fa- de execução de arquivo para identificar se um arquivo pode ou não ser
cilmente para o diretório /usr/local usando cd −. executado.

Noções de Informática 13
APOSTILAS OPÇÃO
No exemplo anterior, nosso trabalho de história pode ser identificado A posição onde o comando será digitado é marcado um "traço" pis-
mais facilmente caso fosse gravado com o nome trabalho.text ou traba- cante na tela chamado de cursor. Tanto em shells texto como em gráficos
lho.txt. Também é permitido gravar o arquivo com o nome Trabalho de é necessário o uso do cursor para sabermos onde iniciar a digitação de
Historia.txt mas não é recomendado gravar nomes de arquivos e diretórios textos e nos orientarmos quanto a posição na tela.
com espaços. Porque será necessário colocar o nome do arquivo entre
"aspas" para acessa−lo (por exemplo, cat "Trabalho de Historia.txt"). Ao O aviso de comando do usuário root é identificado por uma # (tralha),
invés de usar espaços, prefira capitalizar o arquivo (usar letras maiúsculas e o aviso de comando de usuários é identificado pelo símbolo $. Isto é
e minúsculas para identifica−lo): TrabalhodeHistoria.txt. padrão em sistemas UNIX.

Comandos Você pode retornar comandos já digitados pressionando as teclas Se-


Comandos são ordens que passamos ao sistema operacional para ta para cima / Seta para baixo. A tela pode ser rolada para baixo ou para
executar uma determinada tarefa. cima segurando a tecla SHIFT e pressionando PGUP ou PGDOWN. Isto é
útil para ver textos que rolaram rapidamente para cima.
Cada comando tem uma função específica, devemos saber a função
de cada comando e escolher o mais adequado para fazer o que deseja- Abaixo algumas dicas sobre a edição da linha de comandos):
mos, por exemplo: • Pressione a tecla Backspace ("<−−") para apagar um caracter à
• ls − Mostra arquivos de diretórios esquerda do cursor.
• cd − Para mudar de diretório • Pressione a tecla Del para apagar o caracter acima do cursor.
• Pressione CTRL+A para mover o cursor para o inicio da linha de
Opções comandos.
As opções são usadas para controlar como o comando será executa- • Pressione CTRL+E para mover o cursor para o fim da linha de
do, por exemplo, para fazer uma listagem mostrando o dono, grupo, comandos.
tamanho dos arquivos você deve digitar ls −l. • Pressione CTRL+U para apagar o que estiver à esquerda do cur-
sor. O conteúdo apagado é copiado para uso com CTRL+y.
Opções podem ser passadas ao comando através de um "−" ou "−−": • Pressione CTRL+K para apagar o que estiver à direita do cursor.
− Opção identificada por uma letra. Podem ser usadas mais de uma O conteúdo apagado é copiado para uso com CTRL+y.
opção com um único hifen. O comando ls • Pressione CTRL+L para limpar a tela e manter o texto que estiver
−l −a é a mesma coisa de ls −la sendo digitado na linha de comando
• Pressione CTRL+Y para colocar o texto que foi apagado na posi-
Opção identificada por um nome. O comando ls −−all é equivalente a ção atual do cursor.
ls −a.
Interpretador de comandos
Pode ser usado tanto "−" como "−−", mas há casos em que somente Também conhecido como "shell". É o programa responsável em inter-
"−" ou "−−" esta disponível. pretar as instruções enviadas pelo usuário e seus programas ao sistema
operacional (o kernel). Ele que executa comandos lidos do dispositivo de
Parâmetros entrada padrão (teclado) ou de um arquivo executável. É a principal liga-
Um parâmetro identifica o caminho, origem, destino, entrada padrão ção entre o usuário, os programas e o kernel. O GNU/Linux possui diver-
ou saída padrão que será passada ao comando. sos tipos de interpretadores de comandos, entre eles posso destacar o
bash, ash, csh, tcsh, sh, etc. Entre eles o mais usado é o bash. O interpre-
Se você digitar: ls /usr/doc/copyright, /usr/doc/copyright será o parâ- tador de comandos do DOS, por exemplo, é o command.com.
metro passado ao comando ls, neste caso queremos que ele liste os
arquivos do diretório /usr/doc/copyright. Os comandos podem ser enviados de duas maneiras para o interpre-
tador: interativa e não−interativa:
É normal errar o nome de comandos, mas não se preocupe, quando
isto acontecer o sistema mostrará a mensagem command not found Interativa
(comando não encontrado) e voltará ao aviso de comando. Os comandos Os comandos são digitados no aviso de comando e passados ao in-
se encaixam em duas categorias: Comandos Internos e Comandos Exter- terpretador de comandos um a um. Neste modo, o computador depende
nos. do usuário para executar uma tarefa, ou próximo comando.
Por exemplo: "ls −la /usr/doc", ls é o comando, −la é a opção passada Não−interativa
ao comando, e /usr/doc é o diretório passado como parâmetro ao coman- São usados arquivos de comandos criados pelo usuário (scripts) para
do ls. o computador executar os comandos na ordem encontrada no arquivo.
Comandos Internos Neste modo, o computador executa os comandos do arquivo um por um e
São comandos que estão localizados dentro do interpretador de co- dependendo do término do comando, o script pode checar qual será o
mandos (normalmente o Bash) e não no disco. Eles são carregados na próximo comando que será executado e dar continuidade ao processa-
memória RAM do computador junto com o interpretador de comandos. mento.
Quando executa um comando, o interpretador de comandos verifica
primeiro se ele é um Comando Interno caso não seja é verificado se é um Este sistema é útil quando temos que digitar por várias vezes segui-
Comando Externo. das um mesmo comando ou para compilar algum programa complexo.

Exemplos de comandos internos são: cd, exit, echo, bg, fg, source, O shell Bash possui ainda outra característica interessante: A comple-
help. tação dos nomes de comandos. Isto é feito pressionando−se a tecla TAB,
o comando é completado e acrescentado um espaço. Isto funciona sem
Comandos Externos problemas para comandos internos, caso o comando não seja encontrado,
São comandos que estão localizados no disco. Os comandos são o Bash emite um beep.
procurados no disco usando o path e executados assim que encontrados.
Terminal Virtual (console)
Aviso de comando (Prompt) Terminal (ou console) é o teclado e tela conectados em seu computa-
Aviso de comando (ou Prompt), é a linha mostrada na tela para digita- dor. O GNU/Linux faz uso de sua característica multi−usuária usando os
ção de comandos que serão passados aointerpretador de comandos para "terminais virtuais". Um terminal virtual é uma segunda seção de trabalho
sua execução. completamente independente de outras, que pode ser acessada no com-
putador local ou remotamente via telnet, rsh, rlogin, etc.

Noções de Informática 14
APOSTILAS OPÇÃO
No GNU/Linux, em modo texto, você pode acessar outros terminais Você pode acessar uma partição de disco usando o comando mount.
virtuais segurando a tecla ALT e pressionando F1 a F6. Cada tecla de mount [dispositivo] [ponto de montagem] [opções]
função corresponde a um número de terminal do 1 ao 6 (o sétimo é usado
por padrão pelo ambiente gráfico X). O GNU/Linux possui mais de 63 Onde:
terminais virtuais, mas apenas 6 estão disponíveis inicialmente por moti- Identificação da unidade de disco/partição que deseja acessar (como
vos de economia de memória RAM . /dev/hda1 (disco rígido) ou /dev/fd0 (primeira unidade de disquetes).
Se estiver usando o modo gráfico, você deve segurar CTRL+ ALT en- Ponto de montagem
quanto pressiona uma tela de <F1> a <F6>. Diretório de onde a unidade de disco/partição será acessado. O dire-
Um exemplo prático: Se você estiver usando o sistema no Terminal 1 tório deve estar vazio para montagem de um sistema de arquivo. Normal-
com o nome "joao" e desejar entrar como "root" para instalar algum pro- mente é usado o diretório /mnt para armazenamento de pontos de monta-
grama, segure ALT enquanto pressiona <F2> para abrir o segundo termi- gem temporários.
nal virtual e faça o login como "root". Será aberta uma nova seção para o
usuário "root" e você poderá retornar a hora que quiser para o primeiro Exemplo de Montagem:
terminal pressionando ALT+<F1>. Montar uma partição Windows (vfat)em /dev/hda1 em /mnt somente
para leitura: mount
Login e logout /dev/hda1 /mnt −r −t ext2
Login é a entrada no sistema quando você digita seu nome e senha. Montar a primeira unidade de disquetes /dev/fd0 em /floppy: mount
/dev/fd0 /floppy −tvfat
Logout é a saída do sistema. A saída do sistema é feita pelos coman- Montar uma partição DOS localizada em um segundo disco rígido
dos logout, exit, CTRL+D, ou quando o sistema é reiniciado ou desligado. /dev/hdb1 em /mnt:mount
/dev/hdb1 /mnt −t msdos.
Partições
São divisões existentes no disco rígido que marcam onde começa on- fstab
de termina um sistema de arquivos. Por causa destas divisões, nós pode- O arquivo /etc/fstab permite que as partições do sistema sejam mon-
mos usar mais de um sistema operacional no mesmo computador (como o tadas facilmente especificando somente o dispositivo ou o ponto de mon-
GNU/Linux, Windows e DOS), ou dividir o disco rígido em uma ou mais tagem. Este arquivo contém parâmetros sobre as partições que são lidos
partes para ser usado por um único sistema operacional. pelo comando mount. Cada linha deste arquivo contém a partição que
desejamos montar, o ponto de montagem, o sistema de arquivos usado
Formatando disquetes compatíveis com o DOS/Windows pela partição e outras opções.
A formatação de disquetes DOS no GNU/Linux é feita usando o co- Após configurar o /etc/fstab, basta digitar o comando mount /dev/hdg
mando superformat que é geralmente incluido no pacote mtools. O super- ou mount /cdrom para que a unidade de CD−ROM seja montada.
format formata (cria um sistema de arquivos) um disquete para ser usado
no DOS e também possui opções avançadas para a manipulação da Desmontando uma partição de disco
unidade, formatação de intervalos de cilindros específicos, formatação de Para desmontar um sistema de arquivos montado com o comando
discos em alta capacidade e verificação do disquete superformat [opções] mount, use o comando umount. Você deve ter permissões de root para
[dispositivo] desmontar uma partição.
umount [dispositivo/ponto de montagem].
Dispositivo
Unidade de disquete que será formatada. Normalmente /dev/fd0 ou path
/dev/fd1 especificando respectivamente a primeira e segunda unidade de Path é o caminho de procura dos arquivos/comandos executáveis. O
disquetes. path (caminho) é armazenado na variável de ambiente PATH. Você pode
ver o conteúdo desta variável com o comando echo $PATH.
Opções
• −v [num] Especifica o nível de detalhes que serão exibidos duran- Executando um comando/programa
te a formatação do disquete. O nível 1 especifica um ponto mos- Para executar um comando, é necessário que ele tenha permissões
trado na tela para cada trilha formatada. de execução (veja a Tipos de Permissões de acesso, e que esteja no
• −superverify Verifica primeiro se a trilha pode ser lida antes de caminho de procura de arquivos.
formata−la. Este é o padrão. No aviso de comando #(root) ou $(usuário), digite o nome do coman-
• −−dosverify, −B Verifica o disquete usando o utilitário mbadblocks. do e tecle Enter. O programa/comando é executado e receberá um núme-
Usando esta opção, as trilhas defeituosas encontradas serão au- ro de identificação (chamado de PID − Process Identification), este núme-
tomaticamente marcadas para não serem utilizadas. ro é útil para identificar o processo no sistema e assim ter um controle
• −−verify_later, −V Verifica todo o disquete no final da formatação. sobre sua execução. Todo o programa executado no GNU/Linux roda sob
• −−noverify, −f Não faz verificação de leitura o controle das permissões de acesso.
Segue abaixo exemplos de como formatar seus disquetes com o su-
performat: Tipos de Execução de comandos/programas
Um programa pode ser executado de duas formas:
• superformat /dev/fd0 − Formata o disquete na primeira unidade de
Primeiro Plano − Também chamado de foreground. Quando você de-
disquetes usando os
ve esperar o término da execução de um programa para executar um novo
• valores padrões.
comando. Somente é mostrado o aviso de comando após o término de
• superformat /dev/fd0 dd − Faz a mesma coisa que o acima, mas execução do comando/programa.
assume que o disquete é deDupla Densidade (720Kb).
• superformat −v 1 /dev/fd0 − Faz a formatação da primeira unidade Segundo Plano − Também chamado de background. Quando você
de disquetes (/dev/fd0)e especifica o nível de detalhes para 1, não precisa esperar o término da execução de um programa para executar
exibindo um ponto após cada trilha formatada. um novo comando. Após iniciar um programa em background, é mostrado
um número PID (identificação do Processo) e o aviso de comando é
Pontos de Montagem
novamente mostrado, permitindo o uso normal do sistema.
O GNU/Linux acessa as partições existente em seus discos rígidos e
disquetes através de diretórios. Os diretórios que são usados para acessar
O programa executado em background continua sendo executado in-
(montar) partições são chamados de Pontos de Montagem. No DOS cada
ternamente. Após ser concluído, o sistema retorna uma mensagem de
letra de unidade (C:, D:, E:) identifica uma partição de disco, no
pronto acompanhado do número PID do processo que terminou. Para
GNU/Linux os pontos de montagem fazem parte da grande estrutura do
iniciar um programa em primeiro plano, basta digitar seu nome normal-
sistema de arquivos raiz.
Noções de Informática 15
APOSTILAS OPÇÃO
mente.Para iniciar um programa em segundo plano, acrescente o caracter O Help on Line não funciona com comandos internos (embutidos no
"&" após o final do comando. Bash)
Por exemplo, ls −−help.
OBS: Mesmo que um usuário execute um programa em segundo pla-
no e saia do sistema, o programa continuará sendo executado até que Help
seja concluido ou finalizado pelo usuário que iniciou a execução (ou pelo Ajuda rápida, útil para saber que opções podem ser usadas com os
usuário root). comandos internos do interpretador de comandos. O comando help so-
mente mostra a ajuda para comandos internos, para ter uma ajuda similar
Exemplo: find / −name boot.b & para comandos externos. Para usar o help digite:
O comando será executado em segundo plano e deixará o sistema li- help [comando]
vre para outras tarefas. Após o comando find terminar, será mostrada uma
mensagem. Por exemplo, help echo, help exit.

Executando programas em sequência Principais comandos do Linux


Os programas podem ser executados e sequência (um após o término
do outro) se os separarmos com ;. Por exemplo: echo primeiro;echo cd Este comando mudará o diretório atual de onde o usuário está.
segundo;echo terceiro. Sintaxe cd [nome_do_diretório]

Interrompendo a execução de um processo ls Este comando lista os arquivos, nada mais que isso. Se você exe-
Para cancelar a execução de algum processo rodando em primeiro cutar apenas o ls sozinho, ele vai mostrar todos os arquivos existentes no
plano, basta pressionar as teclas CTRL+C. A execução do programa será diretório atual.
cancelada e será mostrado o aviso de comando. Você também pode usar Sintaxe ls [opções] [arquivo/diretório]
o comando kill, para interromper um processo sendo executado.
mkdir Este comando criará o diretório paginas no seu diretório home.
Parando momentaneamente a execução de um processo Sintaxe mkdir <nome_do_diretório>
Para parar a execução de um processo rodando em primeiro plano,
basta pressionar as teclas CTRL+Z. O programa em execução será pau- rmdir Apaga um diretório que esteja vazio.
sado e será mostrado o número de seu job (job comando jobs mostra os Sintaxe rmdir <nome_do_diretorio>
processos que estão parados ou rodando em segundo plano), e o aviso de
comando. Para retornar a execução de um comando pausado, use fg, ou cp O comando cp copia arquivos e diretórios
bg.O programa permanece na memória no ponto de processamento em Sintaxe cp [opções] <arquivo_origem> <arquivo_destino>
que parou quando ele é interrompido.
Você pode usar outros comandos ou rodar outros programas enquan- mv Este comando simplesmente move algum arquivo para outro lu-
to o programa atual está interrompido. gar. Ele também é usado para renomear um arquivo.
Sintaxe mv <arquivo_origem> <arquivo_destino>
Portas de impressora
Uma porta de impressora é o local do sistema usado para se comuni- rm Este comando apaga definitivamente o arquivo ou diretório.
car com a impressora. Em sistemas GNU/Linux, a porta de impressora é Sintaxe rm [opções] <arquivo>
identificada como lp0, lp1, lp2 no diretório /dev, correspondendo respecti-
vamente a LPT1, LPT2 e LPT3 no DOS e Windows. Recomendo que o Ln Este comando é usado para gerar links simbólicos, ou seja, que se
suporte a porta paralela esteja compilado como módulo no kernel. comportam como um arquivo ou diretório, mas são apenas redirecionado-
res que mandam seu comando para outro arquivo ou diretório.
Imprimindo diretamente para a porta de impressora Sintaxe ln -s <arquivo_origem> <link simbólico>
Isto é feito direcionando a saída ou o texto com > diretamente para a
porta de impressora no diretório /dev. cat Este comando existe para mostrar o conteúdo de um arquivo, ou
para fazer a cópia deste arquivo, ou uma junção
Supondo que você quer imprimir o texto contido do arquivo traba- Sintaxe cat <arquivo>
lho.txt e a porta de impressora em seusistema é /dev/lp0, você pode usar
os seguintes comandos: file Este comando identifica o tipo de arquivo ou diretório indicado pe-
cat trabalho.txt >/dev/lp0. Direciona a saída do comando cat para a lo usuário conforme os padrões do sistema operacional.
impressora.  Sintaxe file <arquivo>
cat <trabalho.txt >/dev/lp0. Faz a mesma coisa que o acima.
cat −n trabalho.txt >/dev/lp0 − Numera as linhas durante a impressão. ps - Listando processos
head −n 30 trabalho.txt >/dev/lp0 − Imprime as 30 linhas iniciais do sintaxe ps [opções]
arquivo. 
cat trabalho.txt|tee /dev/lp0 − Mostra o conteúdo do cat na tela e envia kill - Matando um processo
também para a impressora. Sintaxe kill [-SINAL] <PID>

Os métodos acima servem somente para imprimir em modo texto (le- killall - Matando processos pelo nome
tras, números e caracteres semi−gráficos). Sintaxe killall [-SINAL] <comando>

Help on line w - Listas os usuários logados


Ajuda rápida, é útil para sabermos quais opções podem ser usadas Sintaxe w
com o comando/programa. Quase todos os comandos/programas
GNU/Linux oferecem este recurso que é útil para consultas rápidas (e rpm Para instalar um pacote
quando não precisamos dos detalhes das páginas de manual). É útil Sintaxe rpm
quando se sabe o nome do programa mas deseja saber quais são as
opções disponíveis e para o que cada uma serve. Para acionar o help on Outros tipos de comandos
line, digite:
help[comando] Descompactar arquivos
comando − é o comando/programa que desejamos ter uma explicação Extensão .tar.gz tar zxpvf arquivo.tar.gz
rápida. Extensão .tar tar xpvf arquivo.tar

Noções de Informática 16
APOSTILAS OPÇÃO
Extensão .gz gunzip arquivo.gz Cabeçalhos
Extensão .tar.bz2 bunzip2 arquivo.tar.bz2 ; tar xpvf arquivo.tar Escolha no menu Formatar –> Página a guia Cabeçalho
Extensão .bz2 bunzip2 arquivo.bz2 Para ativar este recurso selecione a opção Cabeçalho ativado. Tam-
Extensão .zip unzip arquivo.zip bém é possível formatá-lo ajustando suas margens, altura e, clicando no
botão Mais, suas bordas e plano de fundo.
Compactar arquivos Para excluir um cabeçalho, basta desativar o recurso.
Informações do sistema
date Mostra a data e hora atual Rodapés
cal Mostra um calendário Escolha no menu Formatar –> Página a guia Rodapé.
uptime Mostra quanto tempo seu sistema está rodando Para ativar este recurso selecione a opção Ativar rodapé. Também é
free Exibe a memória livre, a usada, e os buffers da memória RAM possível formatá-lo ajustando suas margens, altura e, clicando no botão
top Mostra os processos que mais gastam memória Mais, suas bordas e plano de fundo.
uname -a Mostra informações de versão do kernel Para excluir um rodapé, basta desativar o recurso.

Programas (console) NÚMERO DE PÁGINAS


vi Editor de texto Numerando Páginas
pico Editor de texto Depois de inserido o rodapé, selecione no menu Inserir –> Campos a
pine Leitor de E-Mail opção Número da Página.
mutt Leitor de E-Mail Também é possível utilizar a numeração no formato “Página 1 de 30”,
lynx Navegador Web basta, depois de inserida a numeração no rodapé, digitar no rodapé, antes
do número da página, a palavra Página e, depois do número, a palavra
links Navegador Web
de. Como na figura a seguir.

MS-Word 2007: estrutura básica dos docu-


mentos, edição e formatação de textos, cabe-
çalhos, rodapés, parágrafos, fontes, colunas,
marcadores simbólicos e numéricos, tabelas,
impressão, controle de quebras e numeração
de páginas, legendas, índices, inserção de
objetos, campos predefinidos, caixas de texto,
mala direta, correspondências, envelopes e
etiquetas, correção ortográfica Em seguida selecione no menu Inserir –> Campos a opção Conta-
gem de Páginas.

EDIÇÃO E FORMATAÇÃO
WORD
EDIÇÃO DE TEXTO
Estrutura básica dos documentos Selecionando texto
O processador de textos BrOffice.org Writer é um software similar ao Muitas vezes é preciso alterar, copiar, mover, apagar palavras ou pa-
Microsoft Word, destinado à edição de palavras (textos, documentos, rágrafos, porém todas essas operações e muitas outras são precedidas
formulários) com o objetivo de produzir correspondências, relatórios, pela seleção de texto.
brochuras ou livros. Entretanto, ao contrário de seu similar, é distribuído Para selecionar uma palavra, dê um clique duplo nela.
gratuitamente. Para selecionar um parágrafo inteiro dê um clique triplo em qual-
Ao iniciar o BrOffice.org Writer é apresentada a seguinte área de tra- quer palavra do parágrafo.
balho, contendo uma janela genérica de documento em branco: Para selecionar qualquer bloco de texto, mantenha o botão es-
Criando Texto querdo do mouse pressionado desde o início e mova o ponteiro até o final.
Para criar um novo texto, No menu suspenso, vá em Arquivo – Do- Experimente também utilizar a tecla SHIFT associada com as setas
cumento de texto ou clique no ícone "Novo" ou utilize a tecla de atalho do teclado para realizar essas operações de seleção. Mantenha-a pressi-
CTRL + N. onada enquanto move as setas para a direção desejada.
Para abrir um documento já existente, clique no menu Arquivo/Abrir e
em seguida localize e selecione (com duplo clique) o documento desejado, Movendo e Copiando
ou utilize a tecla de atalho CTRL + O. Ao iniciar o Writer, o modo de A maneira mais prática e comum de copiar um texto ou um trecho de
edição é ativado. Isto significa que você pode começar a digitar seu do- texto é, após selecioná-lo, pressionar a tecla de atalho CTRL e, manten-
cumento imediatamente. Ao digitar o texto, só pressione a Tecla <Enter> do-a pressionada, pressionar também a tecla “C”. Para colar esse texto
quando desejar iniciar um novo parágrafo, pois o Writer mudará de linha coloque o ponto de inserção no local desejado e pressione CTRL + “V”.
automaticamente a cada linha preenchida. Para movê-lo é utilizada a operação de recortar, que consiste em, após
É possível escolher e executar comandos rapidamente usando os selecionado o texto desejado, pressionar CTRL + “X”.
menus, a barra de ferramentas ou ainda teclas de atalho. Obs: A barra de ferramentas Padrão também apresenta todas essas
opções. O simples movimento do mouse sobre os botões dessa barra
BARRA DE FERRAMENTAS exibem sua funcionalidade. Lembre-se: antes de qualquer ação deve-se
O BrOffice.org Writer possui barras de ferramentas práticas para tor- selecionar o texto desejado.
nar rápida a escolha de muitos comandos utilizados com frequência.
Usando o comando do menu Exibir –> Barras de ferramentas é possível Excluir, Desfazer e Refazer
escolher quais barras estarão ativadas ou desativadas. Observe: Para excluir textos ou elementos gráficos selecione e pressione a te-
As opções de ferramentas são auto-explicativas e sua utilização é cla DEL ou Delete.
muito específica. As barras mais comuns e utilizadas são a Padrão – Se um erro foi cometido, é possível desfazer a ação simplesmente
apresenta opções para salvar, abrir e imprimir documentos, entre outros; a pressionando CTRL + “Z”. Para refazer uma ação desfeita pressione
Formatação – cujo conteúdo se refere aos formatos de fonte, de direção, CTRL + “Y”. O menu Editar também apresenta estas mesmas opções.
entre outros incluindo Desenho – com a qual é possível inserir figuras e Para mudar a aparência dos caracteres, é preciso selecionar o texto e
outros desenhos. clicar sobre o menu Formatar –> Caractere.

Noções de Informática 17
APOSTILAS OPÇÃO
MARCADORES SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS
Para adicionar listas numeradas ou marcadores com o objetivo de
numerar tópicos, clique sobre o botão marcadores ou numeração na
barra de ferramentas Formatação.

O menu Formatar apresenta o submenu Marcadores e Numeração,


que mostra várias opções e estilos para os mesmos.

COLUNAS
Especifica o número de colunas e o layout de coluna para um estilo
de página, quadro ou seção.
Nesta caixa é selecionada a fonte, estilo, tamanho, cor e efeitos. Caso
Inserir Colunas
a formatação de uma palavra seja necessária para outra, é possível copiar
No menu suspenso, vá em Formatar > Colunas...
a formatação da primeira usando a ferramenta pincel:
Para isso selecione o texto que possui os formatos a serem copiados
e clique na ferramenta pincel, quando o ponteiro do mouse mudar para um
pincel selecione o texto a ser formatado com o mouse.
Algumas formatações mais comuns se encontram na barra de ferra-
mentas de formatação, como o tipo de letra. Experimente as diversas
fontes disponíveis e selecione a que mais agrada. Destaques como negri-
to, itálico e sublinhado podem ser interessantes em algumas partes do
texto.
Para mudar o espaçamento entre linhas ou alinhamento do texto, se-
lecione o parágrafo e aplique as formatações abaixo

Configurações padrão
Você pode selecionar entre layouts de colunas predefinidos ou criar o
seu próprio. Quando um layout é aplicado a um estilo de página, todas as
páginas que utilizam o estilo são atualizadas. Do mesmo modo, quando
um layout de coluna é aplicado a um estilo de quadro, todos os quadros
que utilizam o estilo são atualizados. Você também pode alterar o layout
da coluna para um único quadro.

USO DA BARRA DE FERRAMENTAS


O BrOffice.org Writer possui barras de ferramentas práticas para tor-
nar rápida a escolha de muitos comandos utilizados com frequência.
Alinhar o texto pela margem esquerda e deixar a borda direita desali- Usando o comando do menu Exibir –> Barras de ferramentas é possível
nhada é o padrão. Justificar significa alinhar à esquerda e à direita ao escolher quais barras estarão ativadas ou desativadas.
mesmo tempo.

Noções de Informática 18
APOSTILAS OPÇÃO
Observe: Nome do objeto
Digite um nome para o objeto de legenda, de modo que você possa
usar o Navegar para ir rapidamente até a legenda no documento.

Opções
Adiciona o número do capítulo ao rótulo da legenda.
Para usar este recurso, você deve primeiro atribuir um nível da estru-
tura de tópicos a um estilo de parágrafo e, em seguida, aplicar o estilo
aos títulos de capítulos do documento.

Controle de quebras
Permite realizar três opções de quebra, quebra de linha, quebra de
coluna e quebra de página. Ao inserir uma quebra de página é possível
alterar o estilo da página e alterar a sua numeração.

No menu suspenso, vá em INSERIR > QUEBRA MANUAL.


Será aberta a caixa de diálogo.

Inserir quebra manual


Insere uma quebra manual de linha, de coluna ou de página na posi-
As opções de ferramentas são auto-explicativas e sua utilização é ção atual em que se encontra o cursor.
muito específica. As barras mais comuns e utilizadas são a Padrão –
apresenta opções para salvar, abrir e imprimir documentos, entre outros; a Tipo
Formatação – cujo conteúdo se refere aos formatos de fonte, de direção, Selecione o tipo de quebra que você deseja inserir.
entre outros incluindo Desenho – com a qual é possível inserir figuras e
outros desenhos. Quebra de Linha
Termina a linha atual e move o texto encontrado à direita do cursor
Legendas para a próxima linha, sem criar um novo parágrafo.
Em documentos de texto, você pode adicionar legendas com numera-
ção sequencial a figuras, tabelas, quadros e objetos de desenho. Você também pode inserir uma quebra de linha teclando Shift+Enter
Você pode editar o texto e os intervalos numéricos de tipos de legen-
das diferentes. Quebra de Coluna
Quando você adiciona uma legenda a uma figura (ou a um objeto), a Insere uma quebra manual de coluna (no caso de um layout de várias
figura (ou objeto) e o texto da legenda são colocados juntos em um novo colunas) e move o texto encontrado à direita do cursor para o início da
quadro. Quando você adiciona uma legenda a uma tabela, o texto da próxima coluna. A quebra manual de coluna será indicada por uma borda
legenda é inserido como um parágrafo ao lado da tabela. Quando você não-imprimível no canto superior da nova coluna.
adiciona= uma legenda a um quadro, o texto da legenda é adicionado ao
texto que se encontra dentro do quadro, antes ou depois do texto já exis- Quebra de Página
tente. Insere uma quebra de página manual e move o texto encontrado à di-
Para mover o objeto e a legenda, arraste o quadro que contém esses reita do cursor para o início da próxima página. A quebra de página inseri-
itens. Para atualizar a numeração das legendas depois que você mover o da será indicada por uma borda não-imprimível no canto superior da nova
quadro, pressione F9. página.
Definição de Legendas Tabelas
Selecione o item ao qual você deseja adicionar uma legenda. Para criar uma tabela posicione o ponto de inserção no local desejado
No menu suspenso, vá em INSERIR > LEGENDA. e, na barra de Ferramentas Padrão, clique sobre o botão Inserir Tabela.
Você também pode acessar este comando clicando com o botão direi-
to do mouse no item ao qual deseja adicionar a legenda. Inserir Tabela
Arraste a grade para selecionar o tamanho de tabela desejado e solte
Legenda o botão do mouse.
Digite o texto a ser exibido após o número da legenda. Por exemplo,
se desejar rotular os objetos como "Objeto 1: texto", digite dois-pontos (:),
um espaço e, em seguida, o texto.

Propriedades
Define as opções de legenda para a seleção atual.

Categoria
Selecione a categoria da legenda ou digite um nome para criar uma
nova categoria. O texto da categoria aparecerá antes do número da le-
genda no rótulo da legenda. Cada categoria de legenda predefinida é
formatada com o estilo de parágrafo de mesmo nome. Por exemplo, a
categoria "Ilustração" é formatada com o estilo de parágrafo "Ilustração".
Numeração
Selecione o tipo de numeração que deseja usar na legenda.
Cada caixa na grade é uma célula.
O menu Tabela apresenta diversas opções para a formatação da ta-
Separador
bela, como o comando Inserir que permite Inserir células, linhas e colu-
Insira caracteres de texto opcionais para aparecerem entre o número
nas. Não se esqueça que antes de inserir é preciso selecionar uma célula,
e o texto da legenda.
linha ou coluna existente.
Posição
A opção AutoFormatação de Tabela permite definir uma formatação
Adiciona a legenda acima ou abaixo do item selecionado. Esta opção
já pronta para a tabela. Escolha a mais agradável.
só está disponível para alguns objetos.

Noções de Informática 19
APOSTILAS OPÇÃO

Para mesclar células, selecione-as e a partir do menu Tabela -> Mes-


clar Células, o BrOffice.org Writer converterá o conteúdo de cada célula
mesclada em parágrafos dentro da célula combinada.
Para classificar informações de uma tabela, selecione as linhas ou os Na caixa Nome do Arquivo, digite ou selecione o nome do documen-
itens da lista que será classificada to que deseja abrir. Se o arquivo não aparecer nesta lista, selecione a
No menu Tabela, escolha Classificar. unidade de disco onde ele se encontra e Ok.

OPERAÇÕES COM ARQUIVOS


Abrir, Salvar
Para salvar o documento editado, clique no botão salvar na barra de Impressão
ferramentas Padrão. Para imprimir um documento clique no botão imprimir na barra de
ferramentas Padrão.

Digite o nome do documento que deseja salvar e selecione o local em


que este ficará armazenado.
Para definir opções de impressão, escolha no menu Arquivo a opção
Imprimir.

Índices
Para criar um índice, deve-se posicionar o cursor no local desejado e
selecionar no menu Inserir –> Índices e Tabelas a opção Índices e
Sumários.

Há vários tipos de índices. Neste caso demonstraremos o índice ana-


lítico a partir dos estilos pré-definidos no texto anterior (pág. 21). Clique
Para editar o método de backups e auto-salvar o arquivo em interva- em Ok.
los de tempo, vá em Ferramentas -> Opções.., no menu a esquerda abra
o submenu Carregar/Salvar -> Geral, então em salvar, você pode editar Ortografia e gramática
de quantos minutos ele deve auto-salvar e se o programa deve salvar O BrOffice.org Writer exibe linhas onduladas vermelhas abaixo das
backups, os backups serão salvos em "C:/Arquivos de progra- palavras erradas e linhas onduladas verdes abaixo de sentenças que
mas/BrOffice.org 2.3/backup". apresentem problemas gramaticais.
Para verificar ortografia e gramática em seu documento, clique no
Para abrir um documento existente, clique no botão abrir na barra de menu Ferramentas – Verificação Ortográfica.
ferramentas Padrão.

Noções de Informática 20
APOSTILAS OPÇÃO
Campo de visualização
Exibe uma visualização da seleção atual.

MALA DIRETA
Para criar cartas ou e-mails padronizados que serão enviados para
uma grande quantidade de destinatários, deve-se utilizar o recurso de
mala direta. Para criar Cartas-Modelo associadas a um banco de dados,
ou seja, criar um modelo (de carta comercial por exemplo), com o texto
raramente alterado e associar a este documento um banco de dados com
nomes de clientes, devemos seguir estes passos:
- Abra um arquivo novo;
- Selecione o menu Ferramentas – Assistente de Mala Direta;

Caracteres Especiais
Para inserir caracteres especiais no documento clique em Inserir –
Caracteres Especiais.

Inserir figuras e caixa de texto


Para inserir uma figura em seu documento posicione o ponto de in-
serção onde deseja inserir a mesma e, em seguida, clique em Inserir –
- Escolha a opção Usar documento atual e clique em Próximo.
Figura. Também é possível inserir figuras através da barra de ferramentas
- Selecione a opção Carta e clique em Próximo;
Desenho. Esta, por sua vez, permite inserir, entre outras coisas, Caixa de
- Clique em Selecionar lista de endereços e na tela que será
Texto.
exibida clique em Criar;

Objetos
Para inserir recursos especiais de outros aplicativos BrOffice, pode-se - Ao terminar do preenchimento, salve a lista (fonte de dados) em
usar o Inserir - Objeto - Objeto OLE. um local apropriado.
Assim poderá ser inserido formulas do Math, planilhas do Calc, dese- - O próximo passo é destinado à criação da saudação.
nhos do Draw e outros, e pode-se também inserir arquivos prontos:
ex: Desenvolve uma fórmula no BrOffice.org Math, salva, e abre ela
em seu documento Writer.

Desenhos e Clipart
Insere uma figura no arquivo atual.
No menu suspenso, vá em INSERIR > FIGURA – Do arquivo Estilo
Selecione

Estilo
Selecione um estilo de quadro para a figura.

Vínculo
Insere o arquivo gráfico selecionado como um vínculo.

Visualizar
Exibe uma visualização do arquivo gráfico selecionado.

Noções de Informática 21
APOSTILAS OPÇÃO
8. O passo seguinte permite alinhar a saudação na página 3. No campo Colunas especifique o número de colunas desejada
ou selecione um dos exemplos de colunas mostrado ao lado.
4. Caso deseje especificar a largura da coluna desmarque a opção
Largura automática e em Largura especifique a largura de cada
coluna.
5. Após realizadas as configurações da coluna clique no botão OK.
6. O texto será dividido em colunas.
Atalhos
Uso do Teclado
Para navegar Pressione
Uma letra para direita Seta para direita
Uma letra para esquerda Seta para esquerda
Uma palavra para direita Ctrl + seta para direita
Uma palavra para esquerda Ctrl + seta para esquerda
Até o final da linha End
Até o início da linha Home
9. No próximo passo é possível escrever a carta clicando em Editar
Até o final do texto Ctrl + End
documento.
10. Terminada a carta clique em Retornar ao Assistente de Mala Até o início do texto Ctrl + Home
Direta. Uma tela para cima Page Up
Para finalizar conclua a mesclagem (documento com a fonte de da- Uma tela para baixo Page Down
dos), imprima ou salve o documento para posterior impressão Um caracter para a direita Shift + seta para direita
Um caracter para a esquerda Shift + seta para esquerda
Até o final de uma palavra Ctrl + Shift + seta
Até o final de uma linha Shift + End
Até o início de uma linha Shift + Home
Uma tela para baixo Shift + Page Down

PROTEÇÃO DE DOCUMENTOS
Proteção de Todos os Documentos ao Salvar
Opção disponível somente para o formato ODT. Ou seja, ao tentar
abrir o documento no Word, o mesmo não abrirá. Os documentos salvos
com senha não poderão ser abertos sem essa senha. O conteúdo é
protegido de modo que não possa ser lido com um editor externo. Isso se
aplica ao conteúdo, às figuras e aos objetos presentes no documento.
Ativação da proteção:
_ Escolha Arquivo - Salvar Como e marque a caixa de seleção Salvar
com senha. Salve o documento.
CONFIGURAR PÁGINA Desativação da proteção:
Recomenda-se antes de iniciar o documento definir o tamanho do pa- _ Abra o documento, inserindo a senha correta. Escolha Arquivo -
pel, a orientação da página, cabeçalhos, rodapés e outras opções que Salvar como e desmarque a caixa de seleção Salvar com senha.
veremos a seguir.
Proteção de Marcas de Revisão
Tamanho, Margens e Orientação A cada alteração feita no Calc e no Writer, a função de revisão grava
No menu Formatar -> Página selecione a guia Página. o autor da mudança.
Permite selecionar um tamanho de papel predefinido ou digitar suas Essa função pode ser ativada com proteção, de forma que só possa
medidas de largura e altura; selecionar a opção Retrato ou Paisagem em ser desativada quando a senha correta for inserida. Até então, todas as
Orientação e definir o espaçamento entre as bordas e o texto; além de alterações continuarão sendo gravadas. Não é possível aceitar ou rejeitar
outras opções como o layout de página. as alterações.
Para definir as margens usando a régua, no modo de edição de tex- Ativação da proteção:
to, arraste os limites das margens nas réguas horizontais e verticais. O _ Escolha Editar - Alterações - Proteger Registros. Insira e confirme
ponteiro do mouse transforma-se numa seta dupla quando está sobre o uma senha de, no mínimo, 5 caracteres.
limite da margem. Desativação da proteção:
_ Escolha Editar - Alterações - Proteger Registros. Insira a senha cor-
TEXTO COLUNADO reta.
Colunas
Através desse recurso pode-se dividir um texto em colunas.
1. Selecione a porção do texto que será dividido em colunas.
2. No menu suspenso vá em Formatar > Colunas. Será aberta a MS-Excel 2007: estrutura básica das plani-
caixa de diálogo a seguir: lhas, conceitos de células, linhas, colunas,
pastas e gráficos, elaboração de tabelas e
gráficos, uso de fórmulas, funções e macros,
impressão, inserção de objetos, campos
predefinidos, controle de quebras e nume-
ração de páginas, obtenção de dados exter-
nos, classificação e filtragem de dados.

EXCEL
Estrutura Básica das planilhas
Conceitos de células, linhas e colunas

Noções de Informática 22
APOSTILAS OPÇÃO
Efetue cálculos, analise informações e visualize dados em planilhas
usando

Para executar o Microsoft Office Excel, clique em Iniciar Todos os


programas Microsoft Office Microsoft Office Excel.
Quando você cria uma planilha nova, a tela do computador é dividida
em linhas e colunas, formando uma grade. A interseção de uma linha e de
uma coluna é chamada de célula. As linhas são numeradas sequencial- Quando abrimos o Microsoft Office Excel, já aparece um desenho bá-
mente, as colunas são identificadas por letras também sequenciais e cada sico de planilha na tela. Precisamos, então, organizar as informações em
célula pela linha e coluna que a forma. linhas e colunas e determinar uma região para cada tipo de informação.
Uma célula pode conter números, texto ou fórmulas. Por exemplo, a No layout, apenas definimos onde cada informação será colocada, mas
célula A4 (na tela abaixo) contém o valor 10 e a célula D2 contém o texto ainda não a digitamos. No nosso exemplo, vamos registrar o faturamento
“Valor total”. de cada um dos quatro produtos, mês a mês. A partir dessas informações,
calcularemos:
- O faturamento mensal de cada produto.
- O faturamento anual de cada produto.

A planilha tem espaços reservados tanto para as informações que se-


rão digitadas quanto para as que serão calculadas automaticamente.
As informações serão digitadas da célula B4 até a célula E15. Por
exemplo, na célula B4 digitaremos o faturamento do mês de janeiro cor-
Em geral, informações da mesma categoria são digitadas em uma co- respondente a engrenagens; na célula C4, o faturamento de janeiro de
luna (no exemplo, a coluna B é a descrição do produto vendido; a coluna parafusos; na célula B5, o faturamento de fevereiro de engrenagens, e
C é o valor unitário), mas essa estrutura não é rígida: você pode agrupar assim por diante, até o faturamento de dezembro de arruelas na célula
as informações por linha ou por outras formas mais convenientes para o E15.
seu caso. As informações da coluna F, sobre faturamento mensal total, e as in-
A possibilidade de usar fórmulas é o que diferencia um programa de formações da linha 17, sobre o faturamento anual por produto, serão
planilha de uma calculadora. Quando colocamos uma fórmula em uma calculadas automaticamente.
célula, dizemos que o conteúdo dessa célula deve ser calculado em
Primeiro, vamos escrever as fórmulas para calcular o faturamento to-
função dos valores contidos em outras células.
tal mensal (coluna F). Esse faturamento é a soma dos valores vendidos de
Na planilha abaixo, o preço total de uma venda é calculado multipli-
cada produto.
cando- se o preço unitário pela quantidade vendida de produtos do mesmo
tipo. Em nosso exemplo, a coluna A registra a quantidade de produtos e a
coluna C traz o preço unitário do produto. A coluna D mostra o preço total. Assim, o faturamento total de janeiro (célula F4) será a soma do fatu-
O conteúdo de cada célula é calculado multiplicando-se os valores da ramento de cada produto nesse mês (da célula B4 até a E4). Portanto, na
coluna A pelos valores da coluna C. Para que esse cálculo seja feito célula F4 digitaremos a seguinte fórmula:
automaticamente, devemos digitar a fórmula =A4*C4 na célula D4.
Quando modificamos o valor de A4, o valor de D4 é recalculado au-
tomaticamente de acordo com a fórmula registrada na célula.

Isso indica para o programa de planilha que o valor de F4 será a so-


ma dos valores das células B4, C4, D4 e E4.

Pastas e Gráficos
Inserindo e Excluindo Planilhas
Uma pasta de trabalho padrão apresenta, inicialmente, 3 planilhas.
Caso necessite de mais planilhas, você pode incluí-las, utilizando o se-
guinte comando: Inserir Planilha (SHIFT + F11).
Normalmente, uma planilha é criada em duas etapas. Primeiro você
determina os itens que deseja calcular e as fórmulas a serem usadas para
fazer esse cálculo. Depois, na fase de utilização da planilha, é preciso
digitar os valores correspondentes a cada item; os resultados serão calcu-
lados automaticamente.
Aqui mostraremos como criar uma planilha, usando o programa Mi-
crosoft Office Excel, mas o procedimento descrito aplica-se a qualquer
programa de planilha. Como exemplo, vamos fazer uma planilha para Uma pasta de trabalho padrão apresenta, inicialmente, 3 planilhas.
controlar o faturamento de uma empresa que vende apenas quatro produ- Caso não necessite de todas, você pode excluir as desnecessárias, sele-
tos. Embora as fórmulas sejam diferentes para cada planilha, o procedi- cionando-as e utilizando os comandos: Clique com o botão direito do
mento será sempre o mesmo. mouse sobre a planilha e clique na opção Excluir.

Noções de Informática 23
APOSTILAS OPÇÃO
Renomeando Planilhas
No Microsoft Office Excel, um arquivo, ou seja, uma pasta, pode con-
ter várias planilhas diferentes, sendo, portanto, fundamental nomeá-las de
maneira a distingui-las. A nomeação não grava a planilha, por isso é
necessário utilizar o comando Salvar (CTRL + B).
Para nomear a planilha, utilize um dos seguintes comandos: Clique
duplamente na guia da planilha que deseja renomear.
Digite o nome da planilha e pressione a tecla ENTER.
Alterando a Altura e Largura de Linhas e Colunas
Inserindo e Excluindo Gráficos A definição de tamanho é extremamente comum para as linhas e co-
O Microsoft Office Excel apresenta um excelente recurso para a cria- lunas.
ção dos gráficos: a guia Inserir. Com esse recurso, o programa orienta o Porém, no Microsoft Office Excel, as linhas e colunas da planilha que
usuário a construir um gráfico. contêm títulos ou aquelas que contêm células de conteúdo formatado com
Para inserir um gráfico, selecione a área com os dados que deseja um tipo de letra diferente podem ter a altura aumentada ou diminuída.
apresentar nele. Selecione, inclusive, os dados que serão apresentados Para alterar a altura de uma linha ou largura de uma coluna, faça o se-
como legenda e como gráfico. guinte: aponte o mouse entre as linhas 1 e 2, clique e arraste para alterar
a altura da linha ou aponte o mouse entre as colunas A e B, clique e
arraste para alterar a largura da coluna.
Formatação da planilha
Formatando a Tabela
Seção Fonte

Você pode mudar o visual das letras, números ou outros caracteres


digitados das células selecionadas.

Seção Alinhamento

O Microsoft Office Excel identifica dentro da área selecionada o que Você pode modificar o alinhamento das letras, números ou outros ca-
irá ser apresentado como legenda e como gráfico, porque o programa racteres digitados das células selecionadas.
“entende” que, na maioria das vezes, a área selecionada está disposta
segundo padrões que facilitam a identificação dos elementos. Seção Número

Você pode formatar os números das células selecionadas.


Gráficos - Elaboração de tabelas e gráficos
Trabalhando com Linhas e Colunas
Inserindo e Excluindo Linhas e Colunas
Imagine que, durante a digitação de uma sequência de dados, alguns
dados foram esquecidos, ficando a tabela incompleta. Os dados podem
ser introduzidos posteriormente nos locais corretos, bastando para isso
fazer a escolha adequada entre as opções de inserção, encontradas na
guia Início: Selecione o local adequado e clique na ferramenta Inserir,
Inserir Linhas na Planilha ou Inserir Colunas na Planilha.

Os gráficos transformam dados em imagens.


Vamos supor que você esteja vendo uma planilha que mostra quantas
caixas de geleia do Sir Rodney foram vendidas por três vendedores duran-
te três meses. Como você criaria um gráfico para fazer uma análise com-
parativa do desempenho desses vendedores a cada mês?
De modo semelhante é possível fazer a exclusão de colunas ou linhas Para começar, selecione os dados desejados para o gráfico, além dos
que tenham sido introduzidas equivocadamente ou que não sejam mais títulos de coluna e de linha.
necessárias.
Em seguida, clique no botão Assistente de Gráfico na barra de
O comando de exclusão de linhas ou colunas pode ser encontrado na ferramentas para abrir o Assistente de Gráfico.
guia Início, na ferramenta Excluir, Excluir Linhas da Planilha ou Excluir Quando o assistente for aberto, o tipo de gráfico de Colunas será se-
Colunas da Planilha. lecionado. Você poderá selecionar facilmente outro tipo de gráfico para

Noções de Informática 24
APOSTILAS OPÇÃO
comunicar suas ideias, mas nesse caso, aceite o tipo de Colunas que é Quando o gráfico é um objeto, é possível movê-lo e redimensioná-lo.
geralmente usado para a comparação de itens. Você verá como fazer isso nesta sessão prática. Também é possível
Em seguida, clique no botão Concluir na parte inferior do assistente. imprimi-lo junto com os dados de origem.
Basta seguir esse procedimento para criar um gráfico rapidamente.

O assistente posicionou o gráfico na mesma planilha que os dados.


Clique no botão Assistente de Gráfico na barra de ferramentas para Você pode mover o gráfico na planilha arrastando-o para qualquer lugar.
abrir o Assistente de Gráfico. Diga ao assistente o que você deseja

Como os dados da planilha aparecem no gráfico


A linha de dados de cada vendedor recebeu uma cor no gráfico. A le-
genda do gráfico, criada com base nos títulos das linhas na planilha,
informa qual cor representa os dados de cada vendedor. Os dados de
Peacock, por exemplo, são representados pela cor lavanda. Os dados de
cada vendedor aparecem em três colunas separadas do gráfico, uma para
cada mês.
A célula B2 da planilha torna-se a coluna de gráfico janeiro de Pea-
cock, C2 torna-se a coluna fevereiro e D2 torna-se a coluna março de
Peacock.
Todas as colunas do gráfico atingem uma altura proporcional ao valor
da célula que representam. Você pode comparar o desempenho total ou
mês a mês dos vendedores.
No lado esquerdo do gráfico, o Excel criou uma escala de números
segundo a qual é possível interpretar a altura das colunas. Você pode definir como o Assistente de Gráfico compara os dados.
Agora, os títulos das colunas da planilha estão na parte inferior do Vamos supor que você queira comparar o desempenho dos vendedo-
gráfico. Esses títulos tornam-se as categorias nas quais os valores das res individualmente, para que possa analisar como eles se saíram ao
linhas da planilha são organizados. longo do tempo. Novamente, selecione os dados da Geleia do Sir Rodney
Como você pode observar por meio de uma análise geral, o gráfico e abra o Assistente de Gráfico clicando no botão Assistente de Gráfico.
indica que Suyama vendeu mais geleia em janeiro e fevereiro, mas seu
desempenho caiu em março, quando Peacock saiu-se melhor.
Mas dessa vez, clique no botão Avançar, em vez de clicar em Con-
cluir. Isso fará com que seja exibida a guia Intervalo de Dados como a
Etapa 2 do Assistente de Gráfico.

Guia Intervalo de Dados


É possível alterar a estrutura do gráfico nesta guia.
O gráfico da primeira lição (à esquerda na imagem) compara os ven-
dedores entre si, a cada mês. Para fazer isso, o Excel agrupou pelas
colunas e comparou as linhas da planilha. Se o Excel agrupasse por linhas
e comparasse as colunas, o gráfico mostraria algo completamente diferen-
te. Indicaria o melhor ou o pior desempenho de cada vendedor, mensal-
mente, conforme exibido à direita na imagem.
Você poderia escolher a comparação a ser feita selecionando Linhas
ou Colunas na opção Séries em. A opção recebeu esse nome porque os
valores da planilha usados no gráfico são chamados séries de dados.
As linhas da planilha tornam-se colunas do gráfico. Os rótulos das linhas tor-
nam-se o texto da legenda do gráfico, e os rótulos das colunas tornam-se os nomes
Você decide se deseja comparar e agrupar a série em linhas ou colunas.
das categorias na parte inferior do gráfico. Atualizar e posicionar gráficos Veja o resultado da sua escolha na visualização da guia.
Você mesmo testará essa escolha na sessão prática.
As alterações feitas aos dados da planilha serão mostradas instanta- Guia Série
neamente no gráfico. Você pode usar essa guia para excluir ou adicionar uma série de da-
O assistente posicionou o gráfico como um objeto na planilha, junto dos ao gráfico. Por exemplo, talvez você decida colocar no gráfico somen-
com os dados, conforme mostrado na imagem. Também é possível posi- te dois dos vendedores, em vez dos três selecionados na planilha. A guia
cionar um gráfico em uma outra planilha de uma pasta de trabalho. Esse permite a realização dessa alteração, sem que você volte à planilha, além
procedimento será mostrado na próxima lição. de oferecer a visualização das alterações.

Noções de Informática 25
APOSTILAS OPÇÃO
Observação A exclusão ou a adição de uma série de dados nessa 3. Legenda Onde é possível colocar a legenda do gráfico em
guia não altera os dados na planilha. locais diferentes no mesmo.
4. Rótulos de Dados Onde você pode definir o rótulo do gráfico
com os títulos de linha e de coluna para cada valor, e com os
próprios valores numéricos. No entanto, tenha cuidado: é fácil
truncar um gráfico e tornar sua leitura difícil.
5. Tabela de Dados Onde é possível exibir uma tabela contendo
todos os dados usados na criação do gráfico. Você poderá
fazer isso se colocar um gráfico em uma planilha separada na
pasta de trabalho e quiser que os dados fiquem visíveis com
esse gráfico. Esse é o próximo passo.
6. Local do Gráfico A Etapa 4 do assistente oferece a você a
opção de posicionar o gráfico. Como nova planilha ou Como
objeto em. Se optar por uma nova planilha, você poderá
escolher um título para ela. Se decidir posicionar o gráfico
como objeto, ele aparecerá na mesma planilha com os dados
usados em sua criação. Se você criar o gráfico da maneira
rápida clicando em Concluir assim que vir esse botão no
De acordo com o modo que você escolher, assistente, ele será posicionado automaticamente Como
selecione Linhas ou Colunas na opção Séries em. objeto em.
Adicionar títulos
É uma boa ideia adicionar títulos descritivos ao gráfico, para que os
leitores não tenham que adivinhar seu conteúdo.
A guia Títulos na Etapa 3 do assistente possui caixas para três títu-
los: um para o gráfico, na parte superior, e um para cada eixo do gráfico,
vertical e horizontal. Após a inserção dos títulos, eles serão mostrados na
visualização da guia.
Você pode adicionar um título ao gráfico digitando-o na caixa Título
do gráfico. Por exemplo: Geleia do Sir Rodney.
Em seguida vem a caixa de título do Eixo das categorias (X). Esta é
a designação do Excel para as categorias na parte inferior do gráfico
(janeiro etc.). Você pode denominar esse eixo como Vendas do Primeiro
Trimestre.
Em seguida vem a caixa de título do Eixo dos valores (Y). A escala
de números que indicam a quantidade de caixas vendidas fica neste
gráfico. Você pode denominar esse eixo como Caixas Vendidas. Linhas de Grade
Legenda
Tabela de Dados

Uso de fórmulas
Funções de uma planilha são comandos mais compactos e rápidos
para se executar fórmulas. Com elas é possível fazer operações comple-
xas com uma única fórmula. As funções são agrupadas em categorias,
para ficar mais fácil a sua localização. As funções também facilitam o
trabalho com planilhas especializadas.
Um engenheiro pode utilizar funções matemáticas para calcular a re-
sistência de um material. Um contador usará funções financeiras para
elaborar o balanço de uma empresa. Entre as diversas funções, desta-
cam-se:
Funções financeiras - Para calcular juros, rendimento de aplicações,
depreciação de ativos etc.
Funções matemáticas e trigonométricas - Permite calcular raiz
quadrada, fatorial, seno, tangente etc.
Funções estatísticas - Para calcular a média de valores, valores má-
ximos e mínimos de uma lista, desvio padrão, distribuições etc.
Inserir títulos de gráficos e eixos no Assistente de Gráfico.
Funções lógicas - Possibilitam comparar células e apresentar valo-
res que não podem ser calculados com fórmulas tradicionais.
Há mais guias no Assistente de Gráfico e você poderá ver as opções
de cada uma na sessão prática. Cada guia oferece uma visualização para A escolha de um ou outro tipo de função depende do objetivo da pla-
que seja possível observar a aparência do gráfico, caso você mude algu- nilha.
ma de suas escolhas. Vários tipos de gráficos oferecem diversos conjun- Por isso, a Ajuda do programa de planilha é um valioso aliado. Ela
tos de opções. No caso de um gráfico de colunas agrupadas, as guias contém a lista de todas as funções do programa, normalmente com exem-
são: plo.
1. Eixos Onde é possível ocultar ou exibir as informações Para ilustrar, usaremos a função estatística MÉDIA e a função lógica
mostradas ao longo dos eixos. SE em uma planilha que controla a nota dos alunos de uma escola. Se a
média for superior a 5, o aluno é aprovado; caso contrário, é reprovado.
2. Linhas de Grade Onde é possível ocultar ou exibir as linhas
que se estendem pelo gráfico.

Noções de Informática 26
APOSTILAS OPÇÃO
Na tela abaixo, as notas foram digitadas nas colunas de B até E e su- Em primeiro lugar vem o nome da função e uma abertura de parênte-
as médias colocadas na coluna F, com o auxílio da função MÉDIA. Essa ses. Por Ex.
função calcula a média das células indicadas. Para aplicá-la: =Soma(
Em seguida, vem uma lista de parâmetros separados por ponto-e-
vírgula (;). O número de parâmetros varia de função para função. Algumas
possuem um único parâmetro, outras possuem dois ou mais, e assim por
diante. Por exemplo, a função soma pode conter, no mínimo, um parâme-
tro e, no máximo, trinta parâmetros. Por Ex.
=Soma(A1;C3;F4). Essa fórmula retorna o valor da soma dos valores
das células passadas como parâmetros, ou seja, essa fórmula é equiva-
lente à: =A1+C3+F4.
Após a lista de parâmetros, fechamos os parênteses. Por Ex. =Soma
(A1;C3;F4).
Agora nossa fórmula está completa.
Na a seguir temos mais alguns exemplos de utilização da função
SOMA().
Primeiro efetuaremos a fórmula para calcular a média do aluno =SOMA(A1:A20) Soma dos valores no intervalo de células de A1 até
Digite a fórmula =Média(B3:E3) na célula F3. Ela indica o próximo A20.
passo a ser dado: o cálculo da média das células de B3 a E3 (a média de =SOMA(A1:A20;C23) Soma dos valores no intervalo de células de A1
B3, C3, D3 e E3). até A20, mais o valor da célula C23.
=SOMA(A1:A20;C23;235) Soma dos valores no intervalo de células
de A1 até A20, mais o valor da célula C23, mais o valor 235, o qual foi
passado diretamente como parâmetro.
=SOMA(A1:A20;C10:C50) Soma dos valores no intervalo de células
de A1 até A20 mais os valores do intervalo de C10 até C50.

Função média
=MÉDIA( )
Essa função produz a média (aritmética) dos argumentos. Ela aceita
de 1 a 30 argumentos, e os argumentos devem ser números, matrizes ou
referências que contenham números.
Importante: o nome da função deve ser escrito com o acento; caso
contrário será gerado um erro.
Sintaxe: =MÉDIA(núm1;núm2;intervalo 1;intervalo 2;...)
Por ex.: =MÉDIA(5;6;7) irá retornar o valor 6.
=MÉDIA(A1:A20) irá retornar a média dos valores na faixa de A1 até
A20
Célula Fórmula
F3 =Média(B3:E3) =MÁXIMO( )
Essa função retorna o maior número da lista de argumentos, ou seja,
Fórmula SE fornece o valor do maior número que estiver dentro do intervalo de células
Para que o programa indique se um aluno foi aprovado ou não, a mé- passado como parâmetro. A função MÁXIMO( ) aceita até 30 argumentos.
dia obtida por esse aluno deve ser comparada com 5. Isso é feito digitan- Os argumentos devem ser números ou matrizes ou referências que conte-
do-se a fórmula =Se(F3<5;”Reprovado”;”Aprovado”) na célula G3. nham números.
O conteúdo da célula G3 é determinado pela condição de teste F3<5. Importante: o nome da função deve ser escrito com o acento; caso
Ela exibirá o “Reprovado” caso a condição F3<5 seja verdadeira, ou contrário será gerado um erro.
seja, se o aluno obtiver média inferior a 5. Mostrará o valor “Aprovado” no Sintaxe: =MÁXIMO(núm1;núm2;intervalo 1;intervalo 2;...)
caso de a condição F3<5 ser falsa, ou seja, se o aluno obtiver uma média São usados argumentos que sejam números, células vazias, valores
igual ou maior que 5. lógicos ou representações de números em forma de texto. Argumentos
que sejam valores de erro ou texto que não possa ser traduzido em núme-
ros causarão erros.
Exemplo:
Se o intervalo A1:A5 contiver os números 10, 7, 9, 27 e 2, então:
O uso da função soma: =MÁXIMO(A1:A5) resultado 27
Uma função é uma fórmula especial, predefinida, que toma um ou =MÁXIMO(A1:A5;30)resultado 30
mais valores (os parâmetros), executa uma operação e produz um valor =MÍNIMO( )
ou valores. As funções podem ser usadas isoladamente ou como bloco de Essa função é bem parecida com a função MÁXIMO(), só que retorna
construção de outras fórmulas. O uso de funções simplifica as planilhas, o menor número de uma lista de argumentos, ou que esteja dentro do
especialmente aquelas que realizam cálculos extensos e complexos. Por intervalo de células. Essa função também aceita até 30 argumentos que
exemplo, ao invés de digitar a fórmula =A1+A2+A3+A4+...+A200, você devem ser números, ou matrizes ou referências que contenham números.
pode usar a função SOMA(A1:A200), para calcular a soma das células do Sintaxe: =MÍNIMO(núm1;núm2;intervalo 1;intervalo2;...)
intervalo entre a célula A1 e a célula A200. =MÍNIMO( )
Essa função é bem parecida com a função MÁXIMO(), só que retorna
Se uma função aparecer no início de uma fórmula, anteceda-a com o menor número de uma lista de argumentos, ou que esteja dentro do
um sinal de igual, como em qualquer fórmula. Os parênteses informam ao intervalo de células. Essa função também aceita até 30 argumentos que
Excel onde os argumentos iniciam e terminam; lembre-se de que não devem ser números, ou matrizes ou referências que contenham números.
pode haver espaço antes ou depois dos parênteses. Os argumentos Sintaxe: =MÍNIMO(núm1;núm2;intervalo 1;intervalo2;...)
podem ser números, textos, valores lógicos ou referências. Exemplo:
A sintaxe de uma função começa com o nome da função, seguido de Se A1:A5 contiver os números 10, 7, 9, 27 e 2, então:
um parêntese de abertura, os argumentos da função separados por ponto- =MÍNIMO(A1:A5) resultado 2
e-vírgula (;) e um parêntese de fechamento. Se a função iniciar uma =MÍNIMO(A1:A5;0) resultado 0
fórmula, digite um sinal de igual (=) antes do nome da função. Essa sinta- Funções e Macros
xe não possui exceções, ou seja: Essa função conta a quantidade de valores contida

Noções de Informática 27
APOSTILAS OPÇÃO
na lista de argumentos ou no intervalo das células especificadas como Duas ou mais planilhas adjacentes Clique na guia da primeira plani-
argumento. Essa função aceita de 1 a 30 argumentos. Os argumentos lha. Em seguida, mantenha pressionada a tecla SHIFT enquanto clica na
devem ser números, ou matrizes ou referências que contenham números. guia da última planilha que deseja selecionar.
Sintaxe: =CONT.VALORES(valor1;valor2;intervalo1;...) Duas ou mais planilhas não adjacentes Clique na guia da primeira
Exemplo: planilha. Em seguida, mantenha pressionada a tecla CTRL enquanto clica
Se todas as células em A1:A10 contiverem dados, quer sejam núme- nas guias das outras planilhas que deseja selecionar.
ros, textos ou qualquer outro dado, exceto a célula A3, então: Todas as planilhas de uma pasta de trabalho Clique com o botão di-
=CONT.VALORES(A1:A10) --> resulta 9 reito do mouse em uma guia de planilha e clique em Selecionar Todas as
=CONT.SE( ) Planilhas no menu de atalho (menu de atalho: um menu que mostra uma
Essa função conta de acordo com um critério definido. Por exemplo, lista de comandos relevantes a um item específico. Para exibir um menu
em uma planilha com dados sobre os funcionários, podemos querer contar de atalho, clique com o botão direito do mouse em um item ou pressione
quantos funcionários estão locados para o departamento de Contabilida- SHIFT+F10.).
de. Podemos usar a função CONT.SE, para, a partir da coluna Seção, Dica Quando várias planilhas estão selecionadas, aparece [Grupo]
contar quantos funcionários pertencem ao departamento de Contabilidade. em uma barra de título na parte superior da planilha. Para cancelar uma
seleção de várias planilhas em uma pasta de trabalho, clique em qualquer
Sintaxe: =CONT.SE(FAIXA; Critério) planilha não selecionada. Se não houver uma planilha não selecionada
Exemplo: visível, clique com o botão direito do mouse na guia de uma planilha
Se na faixa de B2 até B50 tivermos 10 vezes a palavra CONTAB, in- selecionada e clique em Desagrupar Planilhas no menu de atalho.
dicando que o funcionário é da Contabilidade, então:
=CONT.SE(B2:B50;"CONTAB") --> Retorna 10 Clique no Botão do Microsoft Office e clique em Imprimir.
NOTA: o critério deve vir sempre entre aspas, mesmo que seja Atalho do teclado Também é possível pressionar CTRL+P.
um teste numérico. Por exemplo, para contar quantos valores maiores Dica Para imprimir rapidamente ou visualizar a impressão antes de
do que 20 existem na faixa de A1 até A50, utilizamos a seguinte fórmula: executá-la, clique no Botão do Microsoft Office , na seta próximo a Impri-
=CONT.SE(A1:A50;">20"). mir e, em seguida, clique em Impressão Rápida ou Visualizar Impressão.
=SOMASE( ) Imprimir uma tabela do Excel
Essa função procura em uma coluna por determinados valores Para ativar a tabela, clique em uma de suas células.
(por exemplo, procura em uma coluna pela Seção do funcionário) e, Clique no Botão do Microsoft Office e em Imprimir.
caso encontre o valor procurado, utiliza os valores de outra coluna para ir Atalho do teclado Também é possível pressionar CTRL+P.
somando. Por exemplo, em uma planilha com dados sobre os funcioná- Em Imprimir, selecione Tabela.
rios, podemos querer somar o total de salários para todos os funcionários
que estão locados para o departamento de Contabilidade. Podemos usar Inserção de objetos
a função SOMASE() para, a partir da coluna Seção, verificar os funcioná- Podemos incorporar tabelas, figuras, cliparts do Word dentro no Ex-
rios que pertencem a Contabilidade (CONTAB) e somar os respectivos cel, objetos do Power Point, clip multimídia etc, ou seja poderemos adicio-
salários na coluna de Salários. nar ferramentas de outros aplicativos do Office dentro de uma planilha do
Excel.
Sintaxe:
=SOMASE(FAIXA_DE_TESTE;Critério;FAIXA_VALORES_A_SOMAR) Inserir um objeto vinculado ou um objeto incorporado a partir de
um arquivo do Excel
Exemplo: 1. Abra o documento do Word e a planilha do Excel que contém
Se na faixa de B2 até B50 tivermos 10 vezes a palavra CONTAB, in- os dados a partir dos quais você deseja criar um objeto
dicando que o funcionário é da Contabilidade, e na coluna F, de F2 até vinculado ou um objeto incorporado.
F50, tivermos as informações sobre o salário, então: 2. Alterne para o Excel e, em seguida, selecione toda a planilha,
um intervalo de células ou o gráfico que deseja.
=SOMASE(B2:B50;"CONTAB";F2:F50) 3. Pressione CTRL+C.
Retorna a soma dos salários dos 10 funcionários da Contabilidade. 4. Alterne para o documento do Word e clique no local que você
Em resumo, procura na faixa de B2:B50 pela palavra CONTAB; ao encon- deseja que as informações sejam exibidas.
trar, desloca-se para a coluna F (onde está o valor dos salários) e vai 5. Na guia Início, no grupo Área de Transferência, clique na seta
somando os valores dos salários para os funcionários do departamento de abaixo de Colar e, em seguida, clique em Colar Especial.
Contabilidade. 6. Na lista Como, selecione objeto do Microsoft Office
Excel .
Impressão 7. Clique em Colar para inserir um objeto incorporado
Clique na planilha que deseja visualizar antes de imprimi-la. ou clique em Colar vínculo para inserir um vínculo ao objeto.
Clique no Botão do Microsoft Office , clique na seta ao lado de Im-
primir e, em seguida, clique em Visualizar Impressão. Controle de quebras
Atalho do teclado Você também pode pressionar CTRL+F2. Para imprimir o número exato de páginas desejadas, use Visualizar
Na guia Visualizar Impressão, siga um destes procedimentos: Quebra de Página para ajustar rapidamente as quebras de página (quebra
Para visualizar as páginas anterior e posterior, no grupo Visualizar, de página: divisor que separa as páginas de uma planilha para impressão.
clique em Próxima Página e Página Anterior. O Excel insere quebras de página automáticas com base no tamanho do
Para exibir as margens da página, no grupo Visualizar, marque a cai- papel, nas configurações de margem, nas opções de escala e nas posi-
xa de seleção Mostrar Margens. ções de qualquer quebra de página manual inserida por você.). Nesse
Isso exibirá as margens no modo de exibição Visualizar Impressão. modo de exibição, as quebras de página inseridas manualmente são
Para alterar as margens, você pode arrastá-las para a altura e largura exibidas como linhas sólidas. As linhas tracejadas indicam onde o Micro-
desejadas. Você também pode alterar a largura das colunas arrastando soft Office Excel insere quebras de página automaticamente.
identificadores no topo da página de visualização de impressão. O modo de exibição Visualização da Quebra de Página é especial-
mente útil para ver de que forma outras alterações feitas por você (como
Imprimir várias planilhas de uma vez alterações na orientação de página e na formatação) afetam as quebras
Selecione as planilhas que você deseja imprimir. de página automáticas. Por exemplo, alterar a altura da linha e a largura
Para selecionar Faça o seguinte da coluna pode afetar o posicionamento das quebras de página automáti-
Uma única planilha Clique na guia da planilha. cas. Também é possível fazer alterações nas quebras de página afetadas
Caso a guia desejada não esteja exibida, clique nos botões de rola- pelas configurações da margem do driver da impressora atual.
gem de guias para exibi-la e clique na guia. 1 .Na guia Exibir, no grupo Modos de Exibição da Planilha, clique em
Visualização da Quebra de Página.

Noções de Informática 28
APOSTILAS OPÇÃO
1. passo: Clique no menu dados e escolha a opção obter dados ex-
ternos:
Escolha a opção Criar nova consulta como na figura abaixo:
Classificação
Em uma classificação crescente, o Microsoft Office Excel usa a ordem
a seguir. Em uma classificação decrescente, essa ordem é invertida.
Números Os números são classificados do menor número negativo ao
Siga um destes procedimentos: maior número positivo. Datas As datas são classificadas da mais antiga
Para mover uma quebra de página, arraste a quebra de página para para a mais recente. Texto O texto alfanumérico é classifico da esquerda
um novo local. para a direita, caractere por caractere.
Observação Mover uma quebra de página automática a transforma
em uma quebra de página manual.
Para inserir uma quebra de página horizontal ou vertical, selecione
uma linha ou coluna abaixo ou à direita do local no qual deseja inseri-la,
clique com o botão direito do mouse e clique em Inserir Quebra de Página
no menu de atalho.
Para remover uma quebra de página manual, arraste-a para o exterior
da área de visualização de quebra de página.
Para remover todas as quebras de página manuais, clique com o bo-
tão direito do mouse em qualquer célula na planilha e, em seguida, clique
em Redefinir Todas as Quebras de Página no menu de atalho.
Para retornar ao modo de exibição Normal depois de concluir o traba-
lho com as quebras de página, na guia Exibir, no grupo Modos de Exibição
da Pasta de Trabalho, clique em Normal. Use o AutoFiltro para ver apenas o que deseja, por exemplo, o nome
Numeração de páginas de um produto entre vários.
No menu Ver, clique em Cabeçalho e Rodapé. Pronto para Filtrar? Primeiro, você decide o que deseja ver. Vamos
Clique em Personalizar Cabeçalho ou Personalizar Rodapé. supor que tenha uma planilha de registros de vendas que inclua vendedo-
Para especificar onde pretende que apareça o número de página, cli- res, produtos e região de cada venda. Você deseja concentrar-se nas
que dentro da caixa Secção esquerda, Secção central ou Secção direita. vendas de um vendedor, de uma região ou de um produto? A escolha é
Clique no botão do número de página e, em seguida, clique em OK. sua.
Será apresentada uma imagem de pré-visualização do cabeçalho ou Você pode usar filtros para várias finalidades diferentes. Ver os produ-
rodapé na caixa de diálogo Configurar Página. tos mais ou menos vendidos, identificar os funcionários com mais ou
Sugestão: Para começar a numerar páginas com um número diferen- menos tempo de férias ou localizar os alunos com as maiores ou menores
te do 1, clique no separador Página da caixa de diálogo Configurar Página notas. Você também pode criar seus próprios filtros. Deseja localizar dois
e, em seguida, escreva o número na caixa Número da Primeira Página. itens ao mesmo tempo? Números em um intervalo específico? Números
acima ou abaixo de um determinado valor? O Excel pode fazer tudo isso
Obtenção de dados externos falta tela para você.
Muitas vezes os dados que você precisaria digitar para criar uma pla-
nilha estão prontos em outro arquivo. O Excel pode importar informações
da Internet, de bancos de dados e de arquivos de texto:

Da Internet
Para importar dados de uma página de Internet você deve informar o
endereço da página e quais dados serão importados. Faça assim:
No menu Dados clique em Obter dados externos e em Criar consulta
à Web. Surgirá a caixa de diálogo Nova consulta à Web:

De bancos de dados
O Excel pode importar dados de vários tipos de bancos de dados. Pa-
ra isso ele conta com o auxílio do programa Microsoft Query, que faz a
tarefa de se conectar a um banco de dados. Para importar dados de um
Planilhas bem organizadas são fáceis de filtrar.
banco de dados faça assim:
Escolha o tipo de banco de dados desejado e siga as instruções do Títulos de coluna que descrevem o respectivo conteúdo.
Microsoft Query. Para cada banco de dados a sequência a seguir é dife-
rente. Uma coluna contendo apenas números.
Uma coluna contendo apenas texto.
De arquivos de texto Será mais fácil filtrar dados nessa planilha, pois ela está bem organi-
Arquivos de texto podem ser importados para o Excel. Lembre-se que zada. Se os dados da planilha ainda não estão organizados, o ideal é
o texto precisa estar dividido em partes, cada parte será inserida numa organizá-los antes de filtrar. Lembre-se destas diretrizes ao preparar
célula. O Excel procura os separadores de texto para saber como colocar dados da planilha para filtrar:
cada parte do texto numa célula. Os separadores comuns são tabulação, 1. Use títulos A primeira linha de cada coluna deve ter um título
vírgula, ponto-e-vírgula ou espaço. Devemos definir um separador na hora que descreva o conteúdo, como "Nome do Produto" ou "Nome
de importar os dados. do Funcionário".
Para importar dados de um arquivo de texto faça assim: 2. Não misture Os dados de cada coluna devem ser apenas de
1. No menu Dados, escolha Obter dados externos e clique em Impor- um tipo. Não misture texto em uma coluna com números nem
tar arquivo de texto; números em uma coluna com data.
2. Selecione o arquivo na lista de pastas do computador; 3. Não interrompa Os dados não devem ser interrompidos por
3. Responda às perguntas do assistente e clique em Concluir. linhas ou colunas vazias. Não há problema quanto a células
individuais vazias.
Importação de dados: 4. Mantenha separado Os dados a serem filtrados deverão estar
Para importar dados de um banco de dados externo basta seguir os em sua própria planilha. Se isso não for possível, deverão ser
seguintes passos: separados dos outros dados por uma linha ou coluna vazia.

Noções de Informática 29
APOSTILAS OPÇÃO
Primeiro, preparar-se para filtrar Você pode ver os produtos fornecidos pela Biscoitos Especiais na co-
luna Nome do Produto. Como as linhas de todos os outros fornecedores
estão ocultas, os produtos dos outros fornecedores também estão. Na
imagem, você pode ver os quatro produtos fornecidos pela Biscoitos
Especiais.
Aplicar mais de um filtro

Clique em Biscoitos de Chocolate para Chá para aplicar outro filtro


Clique em uma célula nos dados que deseja filtrar. No menu Dados, e ver dados apenas desse produto.
aponte para Filtrar e clique em AutoFiltro. As setas de AutoFiltro são
exibidas à direita do título de cada coluna.
O comando AutoFiltro mostrado como selecionado pela marca de
seleção.
Setas de AutoFiltro na planilha.
Clique em qualquer célula nos dados que deseja filtrar. No menu Da-
dos, aponte para Filtrar e clique em AutoFiltro.
Crie outro filtro clicando na seta de AutoFiltro na coluna Cidade e cli-
As setas de AutoFiltro são exibidas à direita do título de cada colu-
cando em Boston.
na.
É isso. Você está pronto para filtrar.

Na coluna Quantidade, você vê todos os pedidos desse produto em


Boston cronologicamente.
Depois de filtrar uma coluna, se você quiser se concentrar em infor-
mações ainda mais específicas, poderá filtrar em outras colunas sucessi-
vamente. Você pode clicar na seta ao lado de qualquer título de qualquer
coluna e aplicar um filtro.
Por exemplo, depois de filtrar por fornecedor, você pode clicar na seta
de AutoFiltro da coluna Nome do Produto e filtrar essa coluna para ver
apenas um dos quatro produtos fornecidos pela Biscoitos Especiais. Na
imagem, você pode ver a coluna Nome do Produto com sua lista de
AutoFiltro.
Depois de filtrar por produto, você pode filtrar por local se desejar, cli-
cando na seta de AutoFiltro da coluna Cidade e clicando em Boston.
Depois disso, você verá, na coluna Quantidade, todos os pedidos de
Clique na seta de AutoFiltro na coluna Fornecedor para ver uma lista biscoitos em Boston no trimestre.
alfabética dos nomes nessa coluna. Na lista, clique em Biscoitos Observação Você pode filtrar colunas em qualquer ordem escolhida.
Especiais Ltda. para ocultar todos os dados, com exceção de Biscoitos Os filtros são aplicados progressivamente, na ordem em que são aplica-
Especiais. dos. Cada filtro limita os dados aos quais é possível aplicar o próximo
filtro.
Usar 10 Primeiros para localizar os maiores ou menores

Depois de filtrar a coluna Fornecedor, você verá na coluna Nome do


Produto apenas os produtos distribuídos pela Biscoitos Especiais.
Clique na seta de AutoFiltro ao lado da coluna e clique em (10 Primeiros...).
Vamos supor que uma planilha contenha dados de vários produtos
alimentícios diferentes, distribuídos por 28 fornecedores diferentes. Diga-
mos que você queira ver apenas os produtos fornecidos pela Biscoitos
Especiais Ltda.
Você ativou o AutoFiltro e as setas foram exibidas. O Excel está pron-
to para você selecionar os dados que deseja ver.
Para ver apenas os dados desse fornecedor, filtre por fornecedor e,
para isso, clique na seta de AutoFiltro na coluna Fornecedor. Filtre os primeiros ou últimos itens ou porcentagens usando a caixa de
Quando você clica em uma seta de AutoFiltro, é exibida uma lista. A diálogo AutoFiltro - 10 Primeiros.
lista contém todos os itens da coluna, em ordem alfabética ou numérica, Selecione Primeiros ou Últimos.
para que você possa localizar rapidamente o item desejado. Neste exem-
plo, você pode rolar para Biscoitos Especiais Ltda. e clicar. Selecione um número de 1 a 500.
Quando você clica em Biscoitos Especiais Ltda., o Excel oculta to- Selecione Itens ou Por cento.
das as linhas da planilha, com exceção daquelas que contêm esse texto Outro filtro versátil é o 10 Primeiros. Você pode usá-lo em colunas de
nessa coluna. números ou datas.

Noções de Informática 30
APOSTILAS OPÇÃO
O filtro 10 Primeiros faz muito mais do que o nome indica. Com esse Modo de Filtro é exibido na barra de status.
filtro, você pode localizar os primeiros itens ou os últimos itens (os meno-
Os números das linhas mostram que há algumas ocultas e os
res ou maiores números ou datas). E, apesar do nome, você não está
números das linhas visíveis mudam de cor.
limitado a localizar os 10 primeiros ou os 10 últimos itens. É possível
escolher quantos itens deseja ver: apenas um ou até 500. A seta de AutoFiltro na coluna filtrada muda de cor.
O filtro 10 Primeiros também pode filtrar pela porcentagem do total Os filtros ocultam dados. É para isso que eles servem. Mas se você
das linhas de uma coluna. Se uma coluna contém 100 números e você não souber que os dados foram filtrados, talvez queira saber por que eles
deseja ver os 15 maiores, pode selecionar 15%. Para ver os 50 últimos, não são exibidos. Você pode ter aberto a planilha filtrada de outra pessoa
selecione 50%. ou até mesmo ter esquecido que aplicou um filtro. Portanto, o Excel infor-
Você pode usar o filtro 10 Primeiros para localizar os produtos de ma, de várias maneiras, quando uma planilha contém filtros.
maior ou menor preço, para identificar funcionários com as datas de 1. Barra de status Logo após a filtragem dos dados, você verá os
contratação mais recentes ou para ver as maiores ou menores notas do resultados do filtro no canto inferior esquerdo da barra de status:
aluno. "126 de 2155 registros localizados" ou algo semelhante. Depois
Para usar o filtro 10 Primeiros em uma coluna de dados, clique na se- de um tempo, os números desaparecerão e, no lugar deles,
ta AutoFiltro da coluna. Você verá (10 Primeiros...) ao lado do início da Modo de Filtro será exibido na barra de status.
lista exibida quando faz isso. Clicar na lista abre a caixa de diálogo Auto- 2. Números das linhas Você pode dizer pelos números das linhas
Filtro - 10 Primeiros. Na caixa de diálogo, selecione Primeiros ou Últi- descontínuos que algumas estão ocultas e os números das linhas
mos. Em seguida, selecione um número. Finalmente, selecione Itens ou visíveis mudam de cor para indicar que estão filtradas.
Por cento. Você experimentará isso na sessão prática no final da lição. 3. Cor da seta As setas de AutoFiltro de cada coluna filtrada
Criar filtros personalizados mudarão de cor para mostrar que a coluna está filtrada.
Remover filtros

Clique na seta de AutoFiltro ao lado da coluna e clique em (Personalizar...).

Para remover um filtro de uma coluna, clique na seta de Auto-


Filtro ao lado da coluna e clique em (Tudo).
Para remover todos os filtros de uma vez, no menu Dados,
Crie um filtro personalizado usando a caixa de diálogo aponte para Filtrar e clique em Mostrar Todos.
Personalizar AutoFiltro. Para remover as setas de AutoFiltro das colunas, no menu Da-
Ao filtrar escolhendo na lista ao lado de uma seta de AutoFiltro, você dos, aponte para Filtrar e clique em AutoFiltro.
oculta tudo com exceção da escolha feita. Para ver mais do que uma A maneira de remover um filtro depende de quantos filtros foram apli-
seleção em uma coluna, você pode criar filtros personalizados. cados e de quantos você deseja remover.
É possível também usar AutoFiltros personalizados para localizar • Uma coluna Para remover um filtro de uma única coluna, clique
itens não disponíveis na lista ao lado da seta, como: na seta de AutoFiltro ao lado da coluna e clique em (Tudo). Isso exibirá os
1. Valores em um intervalo, como todos os números entre dados ocultos pelo filtro.
dois números específicos. • Todas as colunas Para remover todos os filtros de uma vez,
2. Valores fora de um intervalo, como todas as datas aponte para Filtrar no menu Dados e clique em Mostrar Todos. Isso
anteriores ou posteriores a um par de datas específico. exibirá todos os dados ocultos mas manterá o AutoFiltro ativado.
3. Valores iguais a outro valor ou diferentes.
• AutoFiltro Para desativar o AutoFiltro, aponte para Filtrar no
4. Especificar texto que faz parte de outro texto.
menu Dados e clique em AutoFiltro.
5. E você verá muitas outras opções no Cartão de Referência
Lembre-se: a filtragem não muda os dados de forma alguma. Assim
Rápida no final do curso.
que você remover o filtro, todos os dados voltarão a ser exibidos da mes-
Para criar um filtro personalizado, clique na seta de AutoFiltro e clique
ma maneira que antes.
em (Personalizar...) para abrir a caixa de diálogo AutoFiltro.
Ver se os dados foram filtrados

MS-Power Point 2007: estrutura básica das


apresentações, conceitos de slides, slide mes-
tre, modos de exibição, anotações, régua,
guias, cabeçalhos e rodapés, noções de edição
e formatação de apresentações, inserção de
objetos, numeração de páginas, botões de
ação, animação e transição entre slides.

No Microsoft PowerPoint, você cria sua apresentação usando apenas


um arquivo, ele contém tudo o que você precisa – uma estrutura para sua
apresentação, os slides, o material a ser distribuído à plateia, e até mesmo
Os resultados do filtro são exibidos na barra de status. as anotações do apresentador.

Noções de Informática 31
APOSTILAS OPÇÃO
Você pode utilizar o Microsoft PowerPoint 2003 para planejar todos os Clique no botão Apresentação em branco.
aspectos de uma apresentação bem sucedida. O Microsoft PowerPoint Clique no layout que deseja aplicar ao slide atual. Para aplicar o la-
2003 ajuda a organizar as ideias da apresentação. Para obter essa ajuda, yout aos slides selecionados, reaplicar estilos mestres ou inserir um novo
utilize o Assistente de Auto Conteúdo do Microsoft PowerPoint. slide, clique na seta para baixo na miniatura do layout do slide.
Clique no botão Fechar. Insira textos ou gráficos nos slides.
Iniciando o Microsoft PowerPoint
Clique no botão Iniciar da barra de tarefas do Microsoft Windows
.Aponte para o grupo Programas. Selecione Microsoft PowerPoint.
A tela do Microsoft PowerPoint 2003 é composta por vários elementos
gráficos como ícones, menus e alguns elementos que são comuns ao
ambiente Microsoft Windows 2003, com o qual você já deve estar familia-
rizado.
Antes de iniciarmos propriamente o trabalho com textos, é necessário
que se conheça e identifique a função dos elementos que compõem a tela
do aplicativo.

Iniciando o Documento
Criar uma apresentação no Microsoft PowerPoint engloba: iniciar com
um design básico; adicionar novos slides e conteúdo; escolher layouts;
modificar o design do slide, se desejar, alterando o esquema de cores ou Salvando o Documento
aplicando diferentes modelos de estrutura e criar efeitos, como transições Quando você salva uma apresentação pela primeira vez, o Microsoft
de slide animados. As informações a seguir enfatizam as opções que PowerPoint exibe a caixa de diálogo Salvar Como, que permite digitar um
estarão disponíveis quando você for iniciar o processo. nome para a apresentação e especificar onde o arquivo será salvo.
O painel de tarefas Nova apresentação no PowerPoint oferece um in-
tervalo de formas com as quais você pode iniciar a criação da apresenta- Clique no menu Arquivo, Salvar.
ção. Estão incluídos: A gravação de uma apresentação sobre outra ou simples geração de
• Em branco - Inicia com slides que têm o design mínimo e não uma atualização da apresentação faz com que o modelo anterior seja
têm cores. “perdido” por sobreposição (isto é: a gravação é feita “por cima”).
• Apresentação existente - Baseie sua nova apresentação em Clique no botão Salvar.
uma já existente. Esse comando cria uma cópia da apresentação
existente para que você possa desenvolver um design ou altera-
ções de conteúdo que você deseja para uma nova apresentação. Fechando o Documento
• Modelo de estrutura - Baseie sua apresentação em um modelo Para fechar uma apresentação do Microsoft PowerPoint, liberando
PowerPoint que já tenha design, fontes e esquema de cores con- espaço na memória para continuar o trabalho com outras apresentações,
ceituados. Além disso, para os modelos que acompanham o Po- selecione o seguinte comando:
werPoint, você pode usar um dos modelos que você mesmo criou. Clique no menu Arquivo, Fechar.
• Modelos com sugestão de conteúdo - Use o Assistente de Au- Se a apresentação que estiver sendo fechada tiver sido modificada e
toConteúdo para aplicar um modelo de estrutura que tenha suges- não gravada em disco, o programa questiona se você deseja gravar,
tões para o texto de seus slides. Em seguida, digite o texto que desprezar (não gravar), ou cancelar o comando de fechar a apresentação.
você deseja.
• Um modelo em um site da Web - Crie uma apresentação usan-
do um modelo localizado em um site da Web. Abrindo o Documento
• Um modelo do Microsoft.com - Escolha um modelo adicional no Para se abrir uma apresentação, é indispensável que ela tenha sido
Microsoft Office Template Gallery do PowerPoint. Esses modelos salva, ou seja, transportada para o disco.
estão organizados de acordo com o tipo de apresentação. Para abrir uma apresentação, efetue o seguinte comando: Clique no
• Observação - O hiperlink neste tópico vai para a Web. Você pode menu Arquivo, Abrir.
voltar para a Ajuda a qualquer momento.
• Conteúdo inserido a partir de outras origens - Você também Uma vez selecionado esse comando, o Microsoft PowerPoint mostra
pode inserir slides de outras apresentações ou inserir texto de ou- uma caixa de diálogo quase idêntica à de gravação de arquivos, para que
tros aplicativos, como o Microsoft Word. você informe qual o nome e, em caso de necessidade, o drive e/ou diretó-
rio do arquivo.
Clique no menu Arquivo, Novo. Clique duas vezes sobre o arquivo.Durante uma sessão de trabalho
com o Microsoft PowerPoint, cada apresentação aberta ocupa uma nova
janela de documento. Não abra muitas apresentações ao mesmo tempo,
se você for trabalhar isoladamente com cada uma delas. A abertura des-
controlada de apresentações pode ocupar todo o espaço disponível na
memória do computador, impedindo desenvolvimento de um bom trabalho.

Configurando a página
Define as margens, origem do papel, tamanho do papel, orientação da
página e outras opções de layout do arquivo ativo.
Clique no menu Arquivo, Configurar página.

Noções de Informática 32
APOSTILAS OPÇÃO
Clique no tipo de slide que deseja criar. Se você clicar em Personali-
zado, o PowerPoint alterará as configurações Largura e Altura para preen-
cher a área de impressão da impressora ativa.
Insira o número inicial para o primeiro slide.
Altera a orientação dos slides, páginas de anotações, tópicos e folhe-
tos na apresentação. Clique em Retrato para obter uma orientação vertical
ou em Paisagem para obter uma orientação horizontal.
Clique no botão OK para aplicar as alterações.

Imprimindo o Documento
Visualizar impressão (menu Arquivo)
Mostra como será a aparência de um arquivo quando ele for impres-
so.
Clique no menu Arquivo, Visualizar impressão.

• Clique no menu Exibir, Cabeçalho e rodapé.


• Adiciona a data e a hora ao rodapé do slide.
• Adiciona o número do slide ao rodapé.
• Adiciona à parte inferior do slide o texto digitado na caixa Rodapé.
• Clique no botão Aplicar a todos.
• Configurando Ação

Clique na seta indicada para baixo da ferramenta Imprimir e Selecione


uma opção desejada.
Clique na ferramenta Fechar da barra de ferramentas Visualizar im-
pressão. Configurar ação
Imprimir (menu Arquivo)
Imprime o arquivo ativo ou itens selecionados. Para selecionar opções
de impressão, clique em Imprimir no menu Arquivo.

Clique no menu Arquivo, Imprimir.


Clique em uma impressora na caixa Nome. As informações exibi-
das abaixo da caixa Nome aplicam-se à impressora selecionada. A
impressora na qual você clicar passará a ser a impressora padrão
durante o restante da sessão atual do PowerPoint, ou até que você a
altere.
Clique na parte da apresentação que você deseja imprimir.
Insira o número de cópias que você deseja imprimir.
Selecione as opções desejadas para a impressão dos folhetos.
Clique no botão OK para aplicar as alterações.

Atribui uma ação ao objeto selecionado ou Botão de ação que é exe-


cutado quando você aponta para o objeto ou clica sobre ele com o mouse.
Selecione um objeto.
Clique no menu Apresentações, Configurar ação.
Clique em uma ação na guia Clique do mouse para atribuir ao objeto
selecionado uma ação causada por um clique do mouse. Clique em uma
ação na guia Passar o mouse para atribuir ao objeto selecionado uma
ação causada pela passagem do mouse. Clique em Nenhuma para remo-
Cabeçalhos e Rodapés ver uma ação causada por um clique ou passagem do mouse anterior-
Cabeçalho e rodapé (menu Exibir) mente atribuída ao objeto. Para atribuir duas ações diferentes a um objeto,
Adiciona ou altera o texto que aparece na parte superior e inferior de digite uma ação na guia Clique do mouse e digite outra ação na guia
cada página ou slide. Passar o mouse.

Noções de Informática 33
APOSTILAS OPÇÃO
Clique no botão OK para aplicar as alterações. Adiciona ou altera o efeito especial da apresentação de um slide. Por
Configurando Efeitos de animação exemplo, você pode reproduzir um som quando o slide aparecer ou pode
fazer com que o slide surja gradativamente a partir de um fundo preto.
Efeitos de animação Clique no menu Apresentações, Transição de slide.
Adiciona ou altera os efeitos de animação do slide atual. Os efeitos de
animação incluem sons, movimentação de objetos e texto, e filmes que
ocorrem durante uma apresentação de slides.
Selecione um slide.
Clique no menu Apresentações, Esquemas de animação.
Lista os esquemas de animação que podem ser aplicados à sua apre-
sentação. Clique em um esquema de animação para aplicá-lo ao slide
atual ou aos slides selecionados ou clique em Aplicar a todos os slides
para aplicá-lo a toda a apresentação. Você também pode clicar em Aplicar
ao mestre para aplicá-lo ao mestre selecionado.
Clique no botão Fechar.
Outros efeitos de animação
Clique no menu Apresentações, Personalizar animação.

Selecione uma transição.


Define a velocidade da transição de slides. Sempre que você clicar
em uma velocidade, poderá visualizar a transição de slides selecionada
nessa velocidade.
Clique no botão Fechar.
Ocultando e Exibindo Slides

Ocultar slide (menu Apresentações)


Se você estiver no modo de classificação de slides, oculta o slide se-
lecionado. Se estiver no modo de slides, oculta o slide atual para que ele
não seja exibido automaticamente durante uma apresentação eletrônica
de slides.
Para aplicar um novo efeito de animação, clique no objeto que deseja Clique no menu Apresentações, Ocultar slide.
animar e, em seguida, clique em Adicionar efeito. Apresentações personalizadas
Define quando será iniciado um efeito de animação aplicado a um
item selecionado. Você pode definir o efeito ao clicar em Ao clicar (a Apresentações personalizadas
animação será iniciada mediante um clique do mouse), Com anterior (a Cria uma apresentação personalizada - uma apresentação dentro de
animação será iniciada ao mesmo tempo que o item anterior) ou Após outra apresentação. Ao criar uma apresentação personalizada, você
anterior (a animação será iniciada quando o item anterior tiver concluído a agrupa slides em uma apresentação existente para mostrar com facilidade
animação). Para definir que um efeito seja executado sem que haja ne- essa seção da apresentação para um público específico e omiti-la de outro
cessidade de um clique para iniciá-lo, mova o item para o início da lista de público.
animação e selecione Com anterior no começo da lista. Clique no menu Apresentações, Personalizar apresentações.
Define uma propriedade para o seu efeito de animação, como a dire-
ção de um voo ou a fonte para o efeito de alteração de fonte. A lista de
propriedades é alterada dependendo do tipo de efeito.
Define a velocidade ou duração da animação para o efeito seleciona-
do.
Clique no botão Executar.
Clique no botão Fechar.
Configurando Transição de Slides
Transição de slides (menu Apresentações)

Clique no botão Nova para abrir a caixa de diálogo Definir apresenta-


ção personalizada, na qual você pode definir e nomear uma nova apresen-
tação personalizada.

Noções de Informática 34
APOSTILAS OPÇÃO
Selecione um slide da primeira lista e clique no botão Adicionar. Intranet é uma rede interna baseada no protocolo de comunicação
Adicione os slides que serão apresentados na apresentação persona- TCP/IP, o mesmo da Internet. Ela utiliza ferramentas da World Wide Web,
lizada. como a linguagem de marcação por hipertexto, Hypertext Markup Lan-
Clique no botão OK para aplicar as alterações. guage (HTML), para atribuir todas as características da Internet à sua rede
particular. As ferramentas Web colocam quase todas as informações a
seu alcance mediante alguns cliques no mouse. Quando você dá um
clique em uma página da Web, tem acesso a informações de um outro
computador, que pode estar em um país distante. Não importa onde a
informação esteja: você só precisa apontar e dar um clique para obtê-la.
Um procedimento simples e poderoso.
Pelo fato de as Intranets serem de fácil construção e utilização, tor-
nam-se a solução perfeita para conectar todos os setores da sua organi-
zação para que as informações sejam compartilhadas, permitindo assim
que seus funcionários tomem decisões mais consistentes, atendendo
melhor a seus clientes.
Clique no botão Mostrar para apresentar a apresentação personaliza-
da. HISTÓRIA DAS INTRANETS
Ocultando e Exibindo Slides De onde vêm as Intranets? Vamos começar pela história da Internet e
da Web, para depois abordar as Intranets.
Ocultar slide (menu Apresentações)
Se você estiver no modo de classificação de slides, oculta o slide se-
Primeiro, a Internet
lecionado. Se estiver no modo de slides, oculta o slide atual para que ele
não seja exibido automaticamente durante uma apresentação eletrônica O governo dos Estados Unidos criou a Internet na década de 70, por
de slides. razões de segurança nacional. Seu propósito era proteger as comunica-
Clique no menu Apresentações, Ocultar slide. ções militares, caso ocorresse um ataque nuclear. A destruição de um
computador não afetaria o restante da rede. Na década seguinte, a Fun-
dação Nacional de Ciência (Nacional Science Foundation — NSF) expan-
diu a rede para as universidades, a fim de fornecer aos pesquisadores
acesso aos caros supercomputadores e facilitar a pesquisa.
Correio Eletrônico: uso do aplicativo de
correio eletrônico Mozilla Thunderbird, No começo da década de 90, a NSF permitiu que a iniciativa privada
protocolos, preparo e envio de mensa- assumisse a Internet, causando uma explosão em sua taxa de crescimen-
to. A cada ano, mais e mais pessoas passam a usar a Internet, fazendo
gens, anexação de arquivos. Internet:
com que o comércio na Web continue a se expandir.
Navegação Internet (Internet Explorer,
Mozilla Firefox, Google Chrome), concei-
tos de URL, proxy, links/apontadores, A INTRANET
sites/sítios Web, sites/sítios de pesquisa Com a introdução do Mosaic em 1993, algumas empresas mostraram
(expressões para pesquisa de conteú- interesse pela força da Web e desse programa.
dos/sites (Google)). Noções de Segurança A mídia noticiou as primeiras organizações a criar webs internas, en-
e Proteção: Vírus, Cavalos de Tróia, tre as quais a Lockheed, a Hughes e o SÃS Instituto. Profissionais prove-
Worms, Spyware, Phishing, Pharming, nientes do ambiente acadêmico sabiam do que as ferramentas da Internet
Spam e derivados. eram capazes e tentavam avaliar, por meio de programas pilotos, seu
valor comercial. A notícia se espalhou, despertando o interesse de outras
empresas.
Essas empresas passaram a experimentar a Internet, criando gate-
O que é uma Intranet? ways (portal, porta de entrada) que conectavam seus sistemas de correio
Vamos imaginar que você seja o diretor de informática de uma com- eletrônico com o resto do mundo. Em seguida, surgiram os servidores e
panhia global. A diretora de comunicações precisa de sua ajuda para navegadores para acesso à Web. Descobriu-se então o valor dessas
resolver um problema. Ela tem de comunicar toda a política da empresa a ferramentas para fornecer acesso a informações internas. Os usuários
funcionários em duas mil localidades em 50 países e não conhece um passaram a colocar seus programas e sua documentação no servidor da
meio eficaz para fazê-lo. web interna, protegidos do mundo exterior.
1. O serviço de correio é muito lento.
Mais tarde, quando surgiram os grupos de discussão da Internet, per-
2. O correio eletrônico também consome muito tempo porque exige
cebeu-se o valor dos grupos de discussão internos.
atualizações constantes dos endereços dos funcionários.
3. O telefone é caro e consome muito tempo, além de apresentar o Este parece ser o processo evolutivo seguido por muitas empresas.
mesmo problema do caso anterior. Antes que pudéssemos perceber, essas ‘internets internas’ receberam
4. O fax também é muito caro e consome tempo, pelas mesmas ra- muitos nomes diferentes. Tornaram-se conhecidas como webs internas,
zões. clones da Internet, webs particulares e webs corporativas.
5. Os serviços de entrega urgente de cartas e pacotes oferecido por Diz-se que em 1994 alguém na Amdahl usou o termo Intranet para re-
algumas empresas nos Estados Unidos não é prático e é bastan- ferir-se à sua Internet interna. A mídia aderiu ao nome e ele passou a ser
te dispendioso em alguns casos. usado. existiam outras pessoas que também usavam isoladamente esse
6. A videoconferência também apresenta um custo muito alto. termo. Acredito que esta seja uma daquelas ideias que ocorrem simulta-
neamente em lugares diferentes. Agora é um termo de uso geral.
Você já agilizou a comunicação com pessoas fora da empresa dispo-
nibilizando um site Web externo e publicando informações para a mídia e CRESCIMENTO DAS INTRANETS
analistas. Com essas mesmas ferramentas, poderá melhorar a comunica- A Internet, a Web e as Intranets têm tido um crescimento espetacular.
ção com todos dentro da empresa. De fato, uma Internei interna, ou Intra- A mídia costuma ser um bom indicador, a única maneira de não ouvir falar
net, é uma das melhores coisas para proporcionar a comunicação dentro do crescimento da Internet e da Web é não tendo acesso a mídia, pois
das organizações. muitas empresas de pequeno e praticamente todas de médio e grande
Simplificando, trata-se de uma Internet particular dentro da sua orga- porte utilizam intranets. As intranets também são muito difundidas nas
nização. Um firewall evita a entrada de intrusos do mundo exterior. Uma escolas e nas Faculdades.

Noções de Informática 35
APOSTILAS OPÇÃO
QUAIS SÃO AS APLICAÇÕES DAS INTRANETS? e indicadas apenas para casos em que haja dificuldade de instalação de
A aplicabilidade das Intranets é quase ilimitada. Você pode publicar uma rede com cabos.
informações, melhorar a comunicação ou até mesmo usá-la para o
groupware. Alguns usos requerem somente páginas criadas com HTML, SURGE A WEB
uma linguagem simples de criação de páginas, mas outras envolvem A World Wide Web foi criada por Tim Berners-Lee, em 1989, no Labo-
programação sofisticada e vínculos a bancos de dados. Você pode fazer ratório Europeu de Física de Partículas - CERN, passando a facilitar o
sua Intranet tão simples ou tão sofisticada quanto quiser. A seguir, alguns acesso às informações por meio do hipertexto, que estabelece vínculos
exemplos do uso de Intranets: entre informações. Quando você dá um clique em uma frase ou palavra de
• Correio eletrônico hipertexto, obtém acesso a informações adicionais. Com o hipertexto, o
• Diretórios computador localiza a informação com precisão, quer você esteja em seu
escritório ou do outro lado do mundo.
• Gráficos A Web é constituída por home pages, que são pontos de partida para
• Boletins informativos e publicações a localização de informações. Os vínculos de hipertexto nas home pages
• Veiculação de notícias dão acesso a todos os tipos de informações, seja em forma de texto,
• Manuais de orientação imagem, som e/ou vídeo.
• Informações de benefícios Para facilitar o acesso a informações na Web, Marc Andreessen e al-
• Treinamento guns colegas, estudantes do Centro Nacional de Aplicações para Super-
computadores (National Center for Supercomputing Applications - NCSA),
• Trabalhos à distância (job postings)
da Universidade de Illinois, criaram uma interface gráfica para o usuário da
• Memorandos Web chamada Mosaic. Eles a disponibilizaram sem nenhum custo na
• Grupos de discussão Internet e, assim que os usuários a descobriam, passavam a baixá-la para
• Relatórios de vendas seus computadores; a partir daí, a Web decolou.
• Relatórios financeiros
• Informações sobre clientes INTERNET
Computador e Comunicação
• Planos de marketing, vídeos e apresentações
O computador vem se tornando uma ferramenta cada vez mais impor-
• Informações de produto tante para a comunicação. Isso ocorre porque todos eles, independente-
• Informações sobre desenvolvimento de produto e esboços mente de marca, modelo, tipo e tamanho, têm uma linguagem comum: o
• Informações sobre fornecedores sistema binário.
• Catálogos de insumos básicos e componentes Pouco a pouco, percebeu-se que era fácil trocar informações entre
• Informações de inventario computadores. Primeiro, de um para outro. Depois, com a formação de
• Estatísticas de qualidade redes, até o surgimento da Internet, que hoje pode interligar computadores
de todo o planeta.
• Documentação de usuários do sistema
É claro que, além do custo da conexão, o candidato a internauta pre-
• Administração da rede cisa ter um computador e uma linha telefônica ou conexão de banda larga.
• Gerência de ativos O software necessário para o acesso geralmente é fornecido pelo prove-
• Groupware e workflow dor.

COMO SE CONSTITUEM AS INTRANETS? Da Rede Básica à Internet


Cada Intranet é diferente, mas há muito em comum entre elas. Em al- A comunicação entre computadores torna possível desde redes sim-
gumas empresas, a Intranet é apenas uma web interna. Em outras, é uma ples até a Internet. Isso pode ser feito através da porta serial, uma placa
rede completa, que inclui várias outras ferramentas. Em geral, a Intranet é de rede, um modem, placas especiais para a comunicação Wireless ou as
uma rede completa, sendo a web interna apenas um de seus componen- portas USB ou Firewire. O backbone – rede capaz de lidar com grandes
tes. Veja a seguir os componentes comuns da Intranet: volumes de dados – dá vazão ao fluxo de dados originados deste forma.
1. A porta serial é um canal para transmissão de dados presente em
• Rede
praticamente todos os computadores. Muitos dispositivos podem
• Correio eletrônico ser conectados ao computador através da porta serial, sendo que
• Web interna o mais comum deles é o mouse. A porta serial pode também ser
• Grupos de discussão usada para formar a rede mais básica possível: dois computado-
• Chat res interligados por um cabo conectado a suas portas seriais.
• FTP 2 Para que uma rede seja realmente útil, é preciso que muitos
• Gopher computadores possam ser interligados ao mesmo tempo. Para is-
• Telnet so, é preciso instalar em cada computador um dispositivo chama-
Rede do placa de rede. Ela permitirá que muitos computadores sejam
Inicialmente abordaremos a rede, que é a parte mais complexa e es- interligados simultaneamente, formando o que se chama de uma
sencial de uma Intranet. Ela pode constituir-se de uma ou de várias redes. rede local, ou LAN (do inglês Local Area Network). Se essa LAN
As mais simples são as locais (local área network — LAN), que cobrem for ligada à Internet, todos os computadores conectados à LAN
um único edifício ou parte dele. Os tipos de LANs são: poderão ter acesso à Internet. É assim que muitas empresas pro-
- Ethernet. São constituídas por cabos coaxiais ou cabos de par porcionam acesso à Internet a seus funcionários.
trançado (tipo telefone padrão) conectados a um hub (eixo ou
ponto central), que é o vigilante do tráfego na rede. 3. O usuário doméstico cujo computador não estiver ligado a ne-
- Token Ring. Também compostas de cabos coaxiais ou de par nhuma LAN precisará de um equipamento chamado modem. O
trançado conectados a uma unidade de junção de mídia (Media modem (do inglês (modulator / demodulator) possibilita que com-
Attachment Unit — MAU), que simula um anel. putadores se comuniquem usando linhas telefônicas comuns ou a
- Os computadores no anel revezam-se transmitindo um sinal que banda larga. O modem pode ser interno (uma placa instalada
passa por cada um de seus dispositivos, permitindo a retransmis- dentro do computador) ou externo (um aparelho separado). Atra-
são. vés do modem, um computador pode se conectar para outro
- Interface de fibra para distribuição de dados (Siber Distributed Da- computador. Se este outro computador for um provedor de aces-
ta Interface). Essas redes usam cabos de fibra ótica em vez dos so, o usuário doméstico também terá acesso à Internet. Existem
de par trançado, e transmitem um sinal como as redes Token empresas comerciais que oferecem esse serviço de acesso à In-
Ring. ternet. Tais empresas mantêm computadores ligados à Internet
LANs sem fio (wireless) são uma tecnologia emergente, porém caras para esse fim. O usuário faz uma assinatura junto a um provedor

Noções de Informática 36
APOSTILAS OPÇÃO
e, pode acessar o computador do provedor e através dele, a In- Username (Nome do Usuário) ou ID
ternet. Alguns provedores cobram uma taxa mensal para este • Significado: Nome pelo qual o sistema operacional identifica o
acesso. usuário.
• usenet - Conjunto dos grupos de discussão, artigos e computado-
A História da Internet res que os transferem. A Internet inclui a Usenet, mas esta pode
Muitos querem saber quem é o “dono” da Internet ou quem ou quem ser transportada por computadores fora da Internet.
administra os milhares de computadores e linhas que a fazem funcionar. • user - O utilizador dos serviços de um computador, normalmente
Para encontrar a resposta, vamos voltar um pouco no tempo. Nos anos registado através de um login e uma password.
60, quando a Guerra Fria pairava no ar, grandes computadores espalha- • Senha é a segurança utilizada para dar acesso a serviços priva-
dos pelos Estados Unidos armazenavam informações militares estratégi- dos.
cas em função do perigo de um ataque nuclear soviético.
PROTOCOLOS E SERVIÇOS DE INTERNET
Surgiu assim a ideia de interconectar os vários centros de computa-
Site - Um endereço dentro da Internet que permite acessar arquivos e
ção de modo que o sistema de informações norte-americano continuasse
documentos mantidos no computador de uma determinada empresa,
funcionando, mesmo que um desses centros, ou a interconexão entre dois
pessoa, instituição. Existem sites com apenas um documento; o mais
deles, fosse destruída.
comum, porém, principalmente no caso de empresas e instituições, é que
O Departamento de Defesa, através da ARPA (Advanced Research tenha dezenas ou centenas de documentos. O site da Geocities, por
Projects Agency), mandou pesquisar qual seria a forma mais segura e exemplo, fica no endereço http://www.geocities.com
flexível de interconectar esses computadores. Chegou-se a um esquema
chamado chaveamento de pacotes. Com base nisso, em 1979 foi criada a A estrutura de um site
semente do que viria a ser a Internet. A Guerra Fria acabou, mas a heran- Ao visitar o site acima, o usuário chegaria pela entrada principal e es-
ça daqueles dias rendeu bastante. O que viria a ser a Internet tornou-se colheria o assunto que lhe interessa. Caso procure informações sobre
uma rede voltada principalmente para a pesquisa científica. Através da móveis, primeiro seria necessário passar pela página que fala dos produ-
National Science Foundation, o governo norte-americano investiu na tos e só então escolher a opção Móveis. Para facilitar a procura, alguns
criação de backbones, aos quais são conectadas redes menores. sites colocam ferramentas de busca na home page. Assim, o usuário pode
dizer qual informação está procurando e receber uma relação das páginas
Além desses backbones, existem os criados por empresas particula- que falam daquele assunto.
res, todos interligados. A eles são conectadas redes menores, de forma As ligações entre as páginas, conhecidas como hyperlinks ou ligações
mais ou menos anárquica. É nisso que consiste a Internet, que não tem de hipertexto, não ocorrem apenas dentro de um site. Elas podem ligar
um dono. informações armazenadas em computadores, empresas ou mesmo conti-
nentes diferentes. Na Web, é possível que uma página faça referência a
Software de Comunicação praticamente qualquer documento disponível na Internet.
Até agora, tratamos da comunicação entre computadores do ponto de Ao chegar à página que fala sobre os móveis da empresa do exemplo
vista do equipamento (hardware). Como tudo que é feito com computado- acima, o usuário poderia encontrar um link para uma das fábricas que
res, a comunicação requer também programas (software). fornecessem o produto e conferir detalhes sobre a produção. De lá, pode-
O programa a ser utilizado depende do tipo de comunicação que se ria existir uma ligação com o site de um especialista em madeira e assim
pretende fazer. por diante.
Os sistemas operacionais modernos geralmente são acompanhados
de algum programa básico de comunicação. Por exemplo, o Internet Na Web, pode-se navegar entre sites diferentes
Explorer acompanha o Windows. O que faz essa malha de informações funcionar é um sistema de en-
dereçamento que permite a cada página ter a sua própria identificação.
Com programas desse tipo é possível acessar: Assim, desde que o usuário saiba o endereço correto, é possível acessar
- Um computador local utilizando um cabo para interconectar as qualquer arquivo da rede.
portas seriais dos dois computadores; Na Web, você vai encontrar também outros tipos de documentos além
- Um computador remoto, através da linha telefônica, desde que os dessas páginas interligadas. Vai poder acessar computadores que man-
dois computadores em comunicação estejam equipados com mo- tém programas para serem copiados gratuitamente, conhecidos como
dens. servidores de FTP, grupos de discussão e páginas comuns de texto.
Além desses programas de comunicação de uso genérico, existem
outros mais especializados e com mais recursos. Geralmente, quando URL - A Web tem um sistema de endereços específico, também cha-
você compra um computador, uma placa fax modem ou um modem exter- mado de URL (Uniform Resource Locator, localizador uniforme de recur-
no eles vêm acompanhados de programas de comunicação. Esses pro- sos). Com ele, é possível localizar qualquer informação na Internet. Tendo
gramas podem incluir também a possibilidade de enviar e receber fax via em mão o endereço, como http://www.thespot.com, você pode utilizá-lo no
computador. navegador e ser transportado até o destino. O endereço da página, por
exemplo, é http://www.uol.com.br/internet/fvm/url.htm
Resumo Você pode copiá-lo e passar para um amigo.
Uma rede que interliga computadores espalhados por todo o mundo. Cada parte de um endereço na Web significa o seguinte:
Em qualquer computador pode ser instalado um programa que permite o http://www.uol.com.br/internet/fvm/url.htm
acesso à Internet. Para este acesso, o usuário precisa ter uma conta junto
a um dos muitos provedores que existem hoje no mercado. O provedor é o Onde:
intermediário entre o usuário e a Internet. http://
É o método pelo qual a informação deve ser buscada. No caso, http://
MECANISMOS DE CADASTRAMENTO E ACESSO A REDE é o método utilizado para buscar páginas de Web.
Logon Você também vai encontrar outras formas, como ftp:// (para entrar em
Significado: Procedimento de abertura de sessão de trabalho em um servidores de FTP), mailto: (para enviar mensagens) e news: (para aces-
computador. Normalmente, consiste em fornecer para o computador um sar grupos de discussão), entre outros.
username (também chamado de login) e uma senha, que serão verifica- www.uol.com.br
dos se são válidos, ou não. Pode ser usado para fins de segurança ou É o nome do computador onde a informação está armazenada, tam-
para que o computador possa carregar as preferências de um determina- bém chamado de servidor ou site. Pelo nome do computador você pode
do usuário. antecipar que tipo de informação irá encontrar. Os que começam com
Login - É a identificação de um usuário para um computador. Outra www são servidores de Web e contém principalmente páginas de hipertex-
expressão que tem o mesmo significado é aquele tal de "User ID" que de to. Quando o nome do servidor começar com ftp, trata-se de um lugar
vez em quando aparece por aí. onde pode-se copiar arquivos. Nesse caso, você estará navegando entre

Noções de Informática 37
APOSTILAS OPÇÃO
os diretórios desse computador e poderá copiar um programa imediata- FERRAMENTAS E APLICATIVOS COMERCIAIS DE
mente para o seu micro. NAVEGAÇÃO, DE CORREIO ELETRÔNICO,
DE GRUPOS DE DISCUSSÃO, DE BUSCA E PESQUISA
/internet/fvm/ MECANISMOS DE BUSCA
É o diretório onde está o arquivo. Exatamente como no seu computa- As informações na internet estão distribuídas entre inúmeros servido-
dor a informação na Internet está organizada em diretórios dentro dos res, armazenadas de formas diversas. As páginas Web constituem o
servidores. recurso hipermídia da rede, uma vez que utilizam diversos recursos como
hipertextos, imagens, gráficos, sons, vídeos e animações.Buscar informa-
sistema _enderecos.htm ções na rede não é uma tarefa difícil, ao contrário, é possível encontrar
É o nome do arquivo que será trazido para o seu navegador. Você milhões de referências a um determinado assunto. O problema, contudo,
deve prestar atenção se o nome do arquivo (e dos diretórios) estão escri- não é a falta de informações, mas o excesso. Os serviços de pesquisa
tos em maiúsculas ou minúsculas. Na maior parte dos servidores Internet, operam como verdadeiros bibliotecários, que nos auxiliam a encontrar as
essa diferença é importante. No exemplo acima, se você digitasse o nome informações que desejamos. A escolha de um “bibliotecário” específico,
do arquivo como URL.HTM ou mesmo Url.Htm, a página não seria encon- depende do tipo de informações que pretendemos encontrar. Todos os
trada. Outro detalhe é a terminação do nome do arquivo (.htm). Ela indica mecanismos de busca têm a mesma função, encontrar informações;
o tipo do documento. No caso, htm são páginas de Web. Você também vai porém nem todos funcionam da mesma maneira Vistos de uma forma
encontrar documentos hipertexto como este com a extensão htm, quando simplificada, os mecanismos de busca têm três componentes principais:
se trata de páginas produzidas em um computador rodando Windows.
Outros tipos de arquivos disponíveis na Internet são: txt (documentos 1. Um programa de computador denominado robot, spider, crawler,
comuns de texto), exe (programas) zip, tar ou gz (compactados), au, aiff, wanderer, knowbot, worm ou web-bot. Aqui, vamos chamá-los
ram e wav (som) e mov e avi (vídeo). indistintamente de robô. Esse programa "visita" os sites ou pági-
nas armazenadas na web. Ao chegar em cada site, o programa
e-mail, correio: robô "pára" em cada página dele e cria uma cópia ou réplica do
texto contido na página visitada e guarda essa cópia para si. Essa
• Significado: local em um servidor de rede no qual ficam as men-
cópia ou réplica vai compor a sua base de dados.
sagens, tanto enviadas quanto recebidas, de um dado usuário.
• e-mail - carta eletrônica. 2. O segundo componente é a base de dados constituída das có-
• Grupos - Uma lista de assinantes que se correspondem por cor- pias efetuadas pelo robô. Essa base de dados, às vezes também
reio eletrônico. Quando um dos assinantes escreve uma carta pa- denominada índice ou catálogo, fica armazenada no computador,
ra um determinado endereço eletrônico (de gestão da lista) todos também chamado servidor do mecanismo de busca.
os outros a recebem, o que permite que se constituam grupos
3. O terceiro componente é o programa de busca propriamente dito.
(privados) de discussão através de correio eletrônico.
Esse programa de busca é acionado cada vez que alguém realiza
• mail server - Programa de computador que responde automati-
uma pesquisa. Nesse instante, o programa sai percorrendo a base
camente (enviando informações, ficheiros, etc.) a mensagens de
de dados do mecanismo em busca dos endereços - os URL - das
correio eletrônico com determinado conteúdo.
páginas que contém as palavras, expressões ou frases informa-
HTTP (Hypertext Transfer Protocol) das na consulta. Em seguida, os endereços encontrados são
Significado: Este protocolo é o conjunto de regras que permite a apresentados ao usuário.
transferência de informações na Web e permite que os autores de páginas
de hipertextos incluam comandos que possibilitem saltos para recursos e Funções básicas de um sistema de busca.
outros documentos disponíveis em sistemas remotos, de forma transpa- Esses três componentes estão estreitamente associados às três fun-
rente para o usuário. ções básicas de um sistema de busca:
HTML - Hypertext Markup Language. É uma linguagem de descrição ♦ a análise e a indexação (ou "cópia") das páginas da web,
de paginas de informacao, standard no WWW, podendo-se definir páginas ♦ o armazenamento das "cópias" efetuadas e
que contenham informação nos mais variados formatos: texto, som, ima- ♦ a recuperação das páginas que preenchem os requisitos indica-
gens e animações. dos pelo usuário por ocasião da consulta.
HTTP - Hypertext Transport Protocol. É o protocolo que define como é
que dois programas/servidores devem interagir, de maneira a transferirem Para criar a base de dados de um mecanismo de busca, o programa ro-
entre si comandos ou informação relativos a WWW. bô sai visitando os sites da web. Ao passar pelas páginas de cada site, o
robô anota os URL existentes nelas para depois ir visitar cada um desses
Newsgroup - Um grupo de news, um fórum ou grupo de discussão.
URL. Visitar as páginas, fazer as cópias e repetir a mesma operação: cópia
e armazenamento, na base de dados, do que ele encontrar nesses sites.
NOVAS TECNOLOGIAS Essa é uma das formas de um mecanismo de busca encontrar os sites na
Cabo de fibra ótica – Embora a grande maioria dos acessos à internet web.
ainda ocorra pelas linhas telefônicas, em 1999 começou a ser implantada
no Brasil uma nova tecnologia que utiliza cabos de fibra ótica. Com eles, a A outra maneira de o mecanismo de busca encontrar os sites na web
conexão passa a se realizar a uma velocidade de 128, 256 e 512 kilobites é o "dono" do site informar, ao mecanismo de busca, qual o endereço, o
por segundo (kbps), muito superior, portanto, à feita por telefone, a 33 ou URL, do site. Todos os mecanismos de buscas têm um quadro reservado
56 kps. Assim, a transferência dos dados da rede para o computador do para o cadastramento, submissão ou inscrição de novas páginas. É um
usuário acontece muito mais rapidamente. hiperlink que recebe diversas denominações conforme o sistema de
Internet2 –Voltada para projetos nas áreas de saúde, educação e ad- busca. Veja alguns exemplos.
ministração pública, oferece aos usuários recursos que não estão disponí-
veis na internet comercial, como a criação de laboratórios virtuais e de Nome do hiperlink Mecanismos de busca
bibliotecas digitais. Nos EUA, já é possível que médicos acompanhem
cirurgias a distância por meio da nova rede. Esta nova rede oferece velo- Acrescente uma URL RadarUol
cidades muito superiores a da Internet, tais como 1 Megabites por segun- Cadastre a sua página no Radix Radix
do e velocidades superiores. Sua transmissão é feita por fibras óticas, que Inserir site Zeek
permitem trocas de grandes quantidades de arquivos e informações de
uma forma mais rápida e segura que a Internet de hoje em dia.
Nos sites de língua inglesa, usam-se, geralmente, hiperlinks denomi-
No Brasil, a internet2 interliga os computadores de instituições públi-
nados List your site, Add URL ou Add a site.
cas e privadas, como universidades, órgãos federais, estaduais e munici-
pais, centros de pesquisas, empresas de TV a cabo e de telecomunica- Resumindo: num mecanismo de busca, um programa de computador
ção. visita as páginas da web e cria cópias dessas páginas para si.

Noções de Informática 38
APOSTILAS OPÇÃO
Essas cópias vão formar a sua base de dados que será pesquisada Endereços na Internet
por ocasião de uma consulta. Todos os endereços da Internet seguem uma norma estabelecida pe-
lo InterNic, órgão americano pertencente a ISOC (Internet Society).
Alguns mecanismos de busca:
Radix RadarUol No Brasil, a responsabilidade pelo registro de Nomes de Domínios na
rede eletrônica Internet é do Comitê Gestor Internet Brasil (CG), órgão
AltaVista Fast Search responsável. De acordo com as normas estabelecidas, o nome do site, ou
Excite Snap tecnicamente falando o “nome do domínio”, segue a seguinte URL (Uni-
HotBot Radix versal Resource Locator), um sistema universal de endereçamento, que
permite que os computadores se localizem na Internet:
Google Aol.Com
Northern Light WebCrawler Exemplo: http://www.apostilasopcao.com.br
Onde:
COMO EFETUAR UMA BUSCA NA INTERNET 1. http:// - O Hyper Text Transfer Protocol, o protocolo padrão que
permite que os computadores se comuniquem. O http:// é inserido
pelo browser, portanto não é necessário digitá-lo.
2. www – padrão para a Internet gráfica.
3. apostilasopcao – geralmente é o nome da empresa cadastrada
junto ao Comitê Gestor.
4. com – indica que a empresa é comercial.

As categorias de domínios existentes na Internet Brasil são:

UTILIZANDO LINKS
NAVEGADOR INTERNET A conexão entre páginas da Web é que caracteriza o nome World Wi-
de Web (Rede de Amplitude Mundial).
Histórico da Internet
A Internet começou no início de 1969 sob o nome ARPANET (USA). Basicamente, as páginas da Web são criadas em HTML (Hyper Text
Abreviatura Descrição Markup Language). Como essas páginas são hipertextos, pode-se fazer
Gov.br Entidades governamentais links com outros endereços na Internet.
Org.br Entidades não-governamentais
Com.br Entidades comerciais Os links podem ser textos ou imagens e quando se passa o mouse
Mil.br Entidades militares em cima de algum, o ponteiro torna-se uma “mãozinha branca espalma-
Composta de quatro computadores tinha como finalidade, demonstrar da”, bastando apenas clicar com o botão esquerdo do mouse para que se
as potencialidades na construção de redes usando computadores disper- façam links com outras páginas.
sos em uma grande área. Em 1972, 50 universidades e instituições milita-
res tinham conexões.
Hoje é uma teia de redes diferentes que se comunicam entre si e que INTERNET EXPLORER 7
são mantidas por organizações comerciais e governamentais. Mas, por
mais estranho que pareça, não há um único proprietário que realmente A compilação Internet Explorer 7 inclui melhoramentos de desempe-
possua a Internet. Para organizar tudo isto, existem associações e grupos nho, estabilidade, segurança e compatibilidade de aplicações. Com esta
que se dedicam para suportar, ratificar padrões e resolver questões ope- compilação, a Microsoft também introduziu melhoramentos estéticos e
racionais, visando promover os objetivos da Internet. funcionais à interface de utilizador, completou alterações na plataforma
CSS, adicionou suporte para idiomas e incluiu uma função de auto desins-
A Word Wide Web talação no programa de configuração, que desinstala automaticamente
A Word Wide Web (teia mundial) é conhecida também como WWW, versões beta anteriores do Internet Explorer 7, tornando a desinstalação
uma nova estrutura de navegação pelos diversos itens de dados em vários da nova compilação ainda mais fácil.
computadores diferentes. O modelo da WWW é tratar todos os dados da
Internet como hipertexto, “Link” isto é, vinculações entre as diferentes
partes do documento para permitir que as informações sejam exploradas
interativamente e não apenas de uma forma linear.
Programas como o Internet Explorer, aumentaram muita a populari- Clicando na setinha você verá o seguinte menu
dade da Internet graças as suas potencialidades de examinador multimí-
dia, capaz de apresentar documentos formatados, gráficos embutidos,
vídeo, som e ligações ou vinculações e mais, total integração com a
WWW.
Este tipo de interface poderá levá-lo a um local (site) através de um
determinado endereço (Ex: www.apostilasopcao.com.br) localizado em
qualquer local, com apenas um clique, saltar para a página (home page)
de um servidor de dados localizado em outro continente.

Note que os que estão em cima do que está marcado são as “próxi-
mas páginas” (isso ocorre quando você volta várias páginas), e os que
estão em baixo são as páginas acessadas. E o Histórico é para ver o
histórico, últimos sites acessados.

Navegação Barra de endereço e botões atualizar e parar


Para podermos navegar na Internet é necessário um software nave-
gador (browser) como o Internet Explorer ou Netscape (Estes dois são os
mais conhecidos, embora existam diversos navegadores).

Noções de Informática 39
APOSTILAS OPÇÃO
BOTÕES DE NAVEGAÇÕES Clicando no ícone abre-se uma página mostrando todas as abas e
suas respectivas páginas
Voltar
Alternar entre as abas
Abaixo as funções de cada botão de seu navegador Internet Explorer
Clicando na setinha, abre-se um menu contendo todas as abas
7.0 da Microsoft.
Clicando no ícone abre-se uma página mostrando todas as abas e
O botão acima possibilita voltar na página em que você acabou de sa-
suas respectivas páginas
ir ou seja se você estava na página da Microsoft e agora foi para a da
apostilasopcao, este botão lhe possibilita voltar para a da Microsoft sem
Ter que digitar o endereço (URL) novamente na barra de endereços.

Avançar
O botão avançar tem a função invertida ao botão voltar citado acima.

Parar
O botão parar tem como função obvia parar o download da página em
execução, ou seja, se você está baixando uma página que está demoran-
do muito utilize o botão parar para finalizar o download.

O botão atualizar tem como função rebaixar a página em exe- Alternar entre as abas
cução, ou seja ver o que há de novo na mesma. Geralmente utilizado para Clicando na setinha, abre-se um menu contendo todas as abas
rever a página que não foi completamente baixada, falta figuras ou textos. Clicando no ícone abre-se uma página mostrando todas as abas e
Home suas respectivas páginas
O botão página inicial tem como função ir para a página que o seu
navegador está configurado para abrir assim que é acionado pelo usuário, Download
geralmente o Internet Explorer está configurado para ir a sua própria É nada mais que baixar arquivos da Internet para seu computador
página na Microsoft, caso o usuário não adicionou nenhum endereço Upload em português significa carregar – é a transferência de um arquivo
como página principal. do seu computador para outro computador.

Como efetuar download de uma figura na Internet.


Pesquisar a) Clique com o botão direito do mouse sobre a figura desejada;
Este botão, é altamente útil pois clicando no mesmo Internet Explorer b) Escola a opção Salvar figura como;
irá abrir uma seção ao lado esquerdo do navegador que irá listar os princi- c) Escolha o nome e a pasta onde o arquivo será baixado;
pais, sites de busca na Internet, tal como Cadê, Google, Altavista etc. A d) Clique em Salvar.
partir daqui será possível encontrar o que você está procurando, mas
veremos isto mais a fundo nas próximas páginas. Como efetuar download de arquivos na Internet
Alguns arquivos como jogos; músicas; papéis de parede; utilitários
Favoritos como antivírus etc.; são disponibilizados na Internet para download a partir
O botão favoritos contém os Websites mais interessantes definidos de links (texto destacado ou elemento gráfico), e o procedimento é pareci-
pelo usuário, porém a Microsoft já utiliza como padrão do IE 6 alguns sites do com o download de figuras.
que estão na lista de favoritos. a) Clique no respectivo link de download;
Para você adicionar um site na lista de favoritos basta você clicar com b) Aparecerá uma tela com duas opções, Abrir arquivo ou Salvar ar-
o botão direito em qualquer parte da página de sua escolha e escolher quivo em disco;
adicionar a favoritos. Geralmente utilizamos este recurso para marcar c) Escolha Salvar arquivo em disco;
nossas páginas preferidas, para servir de atalho. d) Escolha a pasta de destino e logo em seguida clique em Salvar.
e) Observa-se a seguir uma Janela (de download em execução) que
Histórico mostra o tempo previsto e a porcentagem de transferência do ar-
O botão histórico exibe na parte esquerda do navegador quais foram quivo. O tempo de transferência do arquivo varia de acordo com o
os sites visitados nas últimas semanas, ou dias com isso você pode ser tamanho (byte, kilobyte, megabyte).
manter um controle dos sites que você passou nas últimas semanas e
dias. Bastante útil para usuários que esqueceram o nome do site e dese- MOZILLA FIREFOX
jam acessar novamente.
O Firefox da Fundação Mozilla, é um programa gratuito e de código
Página aberto, e constitui-se em uma alternativa viável de navegador ("browser"
O botão tem várias funções: Recortar para acessar a Internet).
Copiar – Colar - Salvar Página - Enviar esta página através de e-
Como outros programas freeware conta, no seu desenvolvimento,
mail - Zoom Esta ferramenta aumenta o zoom da página fazendo com que
com o auxílio de muitas pessoas, em todo o mundo, que contribuem para
ela possa ficar ilegível. Esta outra ferramenta só precisa ser utilizada se
o controle de qualidade do navegador, que o copiam, testam as principais
você não conseguir enxergar direito a letras ou imagens de um site -
versões e sugerem melhorias.
Tamanho do texto, configura o tamanho da fonte da página - Ver código
O Firefox pode ser usado sozinho, mas nada impede que seja usado
fonte, visualiza o código fonte da página - Relatório Da Segurança,
simultaneamente com outro navegador, pois as suas configurações são
verifica se a página contém diretivas de segurança ou certificadas digitais -
independentes. Note-se que no caso de usar dois programas, a escolha
Privacidade da página, verifica se a página esta configurada de acordo
de qual navegador deve ser o padrão do sistema fica a critério do usuário.
com a sua política de privacidade.

Impressão Algumas características


Botão utilizado para imprimir a página da internet . Desde a versão 1.5 houve várias melhorias no sistema de atualiza-
ção, navegação mais rápida, suporte a SVG ("Scalable Vector Graphics"),
novas versões de CSS (3), JavaScript na versão 1.6, uma nova janela de
Alternar entre as abas Favoritos, e melhorias no bloqueio de pop-ups, e várias correções de
Clicando na setinha, abre-se um menu contendo todas as abas. bugs.

Noções de Informática 40
APOSTILAS OPÇÃO
Nota-se que a velocidade de abertura das páginas aumentou, tanto aba” no "Arquivo" (ou pressionar as teclas <CTRL> e <T>) ou - Clicar no
para novas páginas quanto para as já visitadas. Mesmo páginas comple- link com o botão do meio (ou clique na rodinha do mouse). ou - Usar o
xas, desenvolvidas com diversos recursos em Flash, DHTML e Shockwa- botão "Nova aba" na barra de ferramentas. ou - Dar um duplo clique em
ve, carregam em tempo sensivelmente menor. E a tecnologia de recupe- uma região vazia da barra de abas.
ração de páginas recentemente visitadas permite que, assim que você Como trocar de aba utilizando o teclado
clicar no botão Voltar (Back), o site seja carregado quase que instantane- - Ir para a aba da esquerda: <CTRL> <Shift> <Tab> ou <CTRL>
amente. <PgUp> - Ir para a aba da direita: <CTRL> <Tab> ou <CTRL> <PgDo>
Uma das alterações na interface é a possibilidade de reorganizar as Como verificar a versão
abas de navegação usando o recurso de arrastar e soltar, o que é útil para
quem abre muitas abas e quer deixar juntos sites relacionados entre si.
Com relação ao sistema de busca integrado, além dos mecanismos já
presentes em versões anteriores (Google, Yahoo! e Amazon, por exem-
plo), é possível adicionar o sistema da Answers.com como padrão.

Segurança
Com relação à segurança,
1. A partir da versão 1.5 as atualizações para o Firefox são automá-
ticas, liberando o usuário de prestar atenção a alertas de segu-
rança e aviso de novas correções para o navegador.
2. Foi criado um atalho para apagar rapidamente as informações Abrir o Firefox. Clicar em "Ajuda" - "Sobre o Mozilla Firefox". Na janela
pessoais do usuário, incluindo o histórico de sites navegados, da- que se abre verificar o número da versão.
dos digitados em formulários da web, cookies, senhas que foram
gravadas, entre outros. O atalho está acessível clicando-se no Codificação de caracteres
menu "Ferramentas" - "Limpar dados pessoais" mas também po- Ao visualizar um "site", a acentuação pode aparecer toda confusa e
de ser acionado pela combinação de teclas <Ctrl> <Shift> <Del>. caracteres estranhos podem estar presentes. É comum que letras com
E, para os esquecidos, o Firefox pode ser configurado para remo- acentos e "ç" apareçam como "?" ou outros códigos. (Por exemplo: Sua
ver esses dados automaticamente sempre que for fechado. codifica&ccedil;&atilde;o de caracteres est&aacute; errada).
A instalação do Firefox cria ícones novos: na tela, (uma raposa
com cauda em fogo) ao lado do "Botão Iniciar". Deve-se ressaltar que existem protocolos padrão que determinam a
codificação dos caracteres que devem ser respeitados pelas pessoas que
Extensões criam páginas para serem visualizadas na Internet.
O Firefox admite dezenas de "extensões", ou seja de programas que Mas, se a página ou a mensagem de e-mail não informar a codifica-
se fundem a ele e que adicionam novos recursos ao navegador. Portanto, ção em que foi escrita, o texto pode aparecer não formatado corretamente.
cada internauta pode adicionar novos recursos e adaptar o Firefox ao seu Duas das mais importantes codificações são:
estilo de navegar. Ou seja, quem escolhe como o Firefox deve ser é o - ISO: "International Standardization Organization". É o padrão
usuário. ocidental, utilizado também no Brasil. Cada caractere só possui 1
Como abrir o Navegador byte (8 bits), gerando um máximo de 256 caracteres.
Para abrir o programa deve-se clicar duplo no novo atalho que apare- - UTF-8: Padrão mundial, que pode ser usado em quase todos os
ce ao lado do botão "Iniciar" ou no ícone que aparece na tela, Ou clicar idiomas.
em Botão Iniciar - Programas - Mozilla Firefox - Mozilla Firefox Cada caractere possui 2 bytes (16 bits), o que permite um valor má-
ximo bem maior que o anterior: 65.536 caracteres.
Navegação com abas
O Firefox possibilita abrir várias páginas na mesma janela, em diferen- Como determinar a codificação
tes abas ou “orelhas” que aparecem logo abaixo da barra de navegação. No menu "Exibir" clicar em "Codificação" Selecionar Ocidental (ISO-
Assim o navegador não é carregado a cada vez que se abre uma página 8859-1) e ver a página. Se ainda não estiver correta, selecionar Unicode
em outra janela e o sistema economiza memória e ganha em estabilidade. (UTF-8) e, novamente, e ver a página. Essas são as codificações mais
Portanto, para acessar a outra página basta clicar na sua respectiva frequentes atualmente, mas há outras opções presentes que podem ser
aba. Ou seja: - um "site", pode ficar, inteiro, dentro de uma única janela, testadas.
cada página em uma aba, ou - várias páginas, cujos endereços são dife-
rentes, podem ficar em várias abas, na mesma janela.

Como adicionar o botão “Nova aba” na barra de ferramentas


Clicar em Exibir - Barras de ferramentas - Personalizar.
Na janela de personalização arraste e solte o botão "Nova aba" em
alguma barra de ferramentas.
Como abrir uma nova aba
Para abrir um link em uma nova aba: - clicar nele com o botão direito
do mouse e, no menu que aparece, selecionar “Abrir em nova aba”. ou -
Clicar no link mantendo pressionada a tecla Ctrl ou - Selecionar “Nova

Noções de Informática 41
APOSTILAS OPÇÃO
Como bloquear janelas de propagandas Benefícios
O Firefox continua com um recurso excelente: a possibilidade de blo- Eles trazem arquivos favoráveis ao cotidiano e à diversão.
quear o aparecimento de janelas de propagandas, ou seja, a não permis-
são do surgimento de propagandas no formato pop, janelas que abrem Prejuízos
automaticamente, estourando na tela em sequência, por cima (pop up) ou Assim como podem favorecer, eles também podem danificar o com-
por baixo (pop under) da janela que ocupa o "site" que está sendo visuali- putador, trazendo vírus, spams e outras pragas virtuais. Por isso, é preciso
zado. cuidado. Legalmente é proibido descarregar qualquer coisa que viole os
Evidentemente, em alguns sites é importante aparecerem janelas ex- Direitos Autorais (como músicas, imagens, vídeos, etc). Embora haja
tras com informações relevantes (por exemplo, os sites dos bancos que sempre exceções, o que deve ser analisado caso a caso. Problemas com
usam janelas pop para informar os horários de funcionamento das agên- spam e vírus não são exclusividade do ato de fazer um download, alguns
cias, em dias próximos a feriados). deles espalham-se automaticamente por redes locais.
Mas, é muito difícil (e chato, e oneroso) ter de aturar janelas pop gi-
gantes aparecendo em qualquer "site", apenas com objetivo de propagan- Dicas para maior segurança
dear artigos ou serviços nos quais não se está interessado. Utilizar um antivírus é crucial, quanto maior poder maior segurança. É
Há muitos programas para evitar tais anúncios, mas o Firefox já tem recomendável também que se tenha um firewall e um antispyware
uma opção interna para bloquear essas janelas.
Upload
Clicar em "Ferramentas" - "Opções" Upload é a transferência de dados de um computador local para um
Abrir o item "Conteúdos" servidor. Caso ambos estejam em rede, pode-se usar um servidor de FTP,
E selecionar "Bloquear janelas popup" HTTP ou qualquer outro protocolo que permita a transferência.

Definição
Caso o servidor de upload esteja na Internet, o usuário do serviço
passa a dispor de um repositório de arquivos, similar a um disco rígido,
disponível para acesso em qualquer computador que esteja na Inter-
net.Upload é parecido com Download, só que em vez de carregar arquivos
para a sua máquina, você os envia para o servidor.

Características
Os provedores gratuitos de upload variam bastante na sua política,
capacidades e prazo de validade das transferências. Mas em geral todos
funcionam da seguinte forma: o usuário que envia o arquivo fornece o
endereço de e-mail (ou correio eletrônico) de um destinatário. Este recebe
uma mensagem de e-mail do servidor de upload, informando a disponibili-
Quando uma janela popup for bloqueada, um ícone novo pode ser dade do arquivo, junto com uma URL. Basta que ele então clique nessa
exibido na barra de status, informando o bloqueio. Para visitar esse site, URL para receber o arquivo.
deve-se clicar no ícone para desbloquear a popup.
Gerenciamento de pop-ups e cookies
O pop-up é uma janela extra que abre no navegador ao visitar uma
página ou clicar em um link específico. A pop-up é utilizada pelos criado-
res do site para abrir alguma informação extra ou como meio de propa-
Como alterar o tamanho do texto, ao visualizar um "site"
ganda.
Se um determinado "site" tiver um tamanho de letra muito grande ou
Como ativar o Bloqueador de pop-ups
muito pequeno, pode-se controlar a sua visualização:
Observação O Bloqueador de pop-ups está ativado por padrão. Você
Clicar em "Exibir" - Tamanho do texto e em Aumentar ou Diminuir ou
precisará ativá-lo apenas se estiver desativado.
Clicar em <Ctrl> + para aumentar ou em <Ctrl> - para diminuir o tama-
O Bloqueador de pop-ups pode ser ativado das seguintes maneiras:
nho da fonte.
• Sob solicitação.
• No menu Ferramentas.
Lembrar que <Ctrl> 0 retorna pra o tamanho normal
• A partir das Opções da Internet.
Ordenar lista de sites favoritos
Sob solicitação
Para colocar a lista de favoritos em ordem alfabética, clicar em: Favo-
Você pode ativar o Bloqueador de pop-ups ao ser solicitado a fazer
ritos - Organizar - Exibir - "Ordenar pelo nome"
isso antes que a primeira janela pop-up apareça.
Como permitir Java e Java Script
No menu Ferramentas
Clicar em "Ferramentas" - "Opções" Abrir o item "Configurações" e se-
lecionar "Permitir Java" e "Permitir JavaScript"

Como salvar uma página visitada


Vá no Menu Favoritos > Adicionar Página > OK

DOWNLOAD E UPLOAD Para configurar o Bloqueador de pop-ups no menu Ferramentas, exe-


Download (significa descarregar, em português), é a transferência de cute as seguintes etapas:
dados de um computador remoto para um computador local, o inverso de Clique em Iniciar, aponte para Todos os programas e clique em
upload. Por vezes, é também chamado de puxar (ex: puxar o arquivo) ou Internet Explorer.
baixar (baixar o arquivo). Tecnicamente, qualquer página da Internet que
você abre consiste em uma série de descarregamentos. O navegador No menu Ferramentas, aponte para Bloqueador de Pop-ups e clique
conecta-se com o servidor, descarrega as páginas HTML, imagens e em Habilitar Bloqueador de Pop-ups para ativar o Bloqueador de pop-ups
outros itens e as abre, confeccionando a página que você vê. Mas o termo ou em Desabilitar Bloqueador de Pop-ups para desativá-lo.
descarregar tornou-se sinônimo de copiar arquivos de um servidor remoto
para o seu, porque quando o navegador não pode abrir um arquivo em Como definir as configurações do Bloqueador de pop-ups
sua janela (como um executável por exemplo) ele abre a opção para que o As seguintes definições do Bloqueador de pop-ups podem ser confi-
mesmo seja salvo por você, configurando um descarregamento. guradas:

Noções de Informática 42
APOSTILAS OPÇÃO
Permitir lista de sites Para entender melhor, veja um exemplo da estrutura de um news-
Você pode permitir que as janelas pop-up abram em um site, adicio- group, veja o exemplo na figura abaixo.
nando esse site à lista de Sites permitidos.
Para fazer isso, execute as seguintes etapas:
1. Clique em Iniciar, aponte para Todos os programas e clique em
Internet Explorer.
2. No menu Ferramentas, aponte para Bloqueador de Pop-ups e cli-
que em Configurações do Bloqueador de Pop-ups.
3. Na caixa Endereços do site a ser permitido, digite o endereço do
site e clique em Adicionar.
4. Clique em Fechar.

Gerenciamento de Cookies
Um cookie é um grupo de dados trocados entre o navegador e o ser-
vidor de páginas, colocado num arquivo (ficheiro) de texto criado no com-
putador do utilizador. A sua função principal é a de manter a persistência
de sessões HTTP. A utilização e implementação de cookies foi um adendo
ao HTTP e muito debatida na altura em que surgiu o conceito, introduzido
pela Netscape, devido às consequências de guardar informações confi-
denciais num computador - já que por vezes pode não ser devidamente
Cada servidor possui diversos grupos dentro dele, divididos por tema.
seguro, como o uso costumeiro em terminais públicos.
Atualmente, a maior rede brasileira de newgroups é a U-BR (http://u-br.tk).
A U-BR foi criada após o UOL ter passado a não disponibilizar mais aces-
Um exemplo é aquele cookie que um site cria para que você não pre-
so via NNTP (via Gravity, Outlook Express, Agent, etc.) para não-
cise digitar sua senha novamente quando for ao site outra vez. Outros
assinantes. De certa forma, isso foi bom, pois acabou "obrigando" os
sites podem utilizá-los para guardar as preferências do usuário, por exem-
usuários a buscar uma alternativa. Eis então que foi criada a U-BR.
plo, quando o sítio lhe permite escolher uma cor de fundo para suas
A grande vantagem da U-BR, é que ela não possui um servidor cen-
páginas.
tral, ou seja, se um dos servidores dela ficar "fora do ar", você pode aces-
sar usando um outro servidor. Os temas (assuntos) disponíveis nos news-
Para excluir cookies específicos:
groups em geral, variam desde Windows XP até Política, passando por
1– Na guia ferramentas clique em Opções de Internet
hardware em geral, sociologia, turismo, cidades, moutain-bike, música,
2– Guia Geral, clique no botão Configurações e logo após no botão
Jornada nas Estrelas, futebol, filosofia, psicologia, cidades, viagens, sexo,
Exibir Arquivos.
humor, música e muito mais. É impossível não achar um tema que lhe
3– Na próxima janela, que será a unidade de disco rígido que está
agrade.
sendo armazenado os cookies, localize o cookie que deseja excluir.
Instalação configuração e criação de contas
4– Se desejar excluir mais de um cookie pressione CTRL à medida
Para acessar um news, você precisa usar um programa cliente, o
que for clicando em cada cookie (esta operação faz com que você
newsreader. Um dos mais populares é o Outlook Express, da Microsoft,
selecione um grupo de cookies).
mas não é o melhor. Existem inúmeros programas disponíveis na Internet,
5– Aperte a tecla Delete.
que possibilitam, a criação de grupos de discurções, entre eles destacam-
6– Ao terminar clique Ok.
se o Gravity, da MicroPlanet.
Para usários do Linux, recomendo o Pan Newsreader (também dispo-
Lembrete: Determinados sites da Internet armazenam seu nome de
nível para Windows).
membro, senha e outras informações pessoais. Assim ao excluir todos os
Para configurar uma conta de acesso no Outlook Express, vá no me-
cookies o usuário deverá redigitar as senhas e outras informações dos
nu Ferramentas > Contas > Adicionar > News. Siga os passos exibidos na
sites visitados.
Tela, informando o servidor de sua preferência quando solicitado, veja no
exemplo:
O QUE SÃO "GRUPOS DE DISCUSSÃO" (NEWSGROUPS) CONFIGURAÇÃO DE UMA CONTA DE NEWSGROUP
Grupos de discussão, Grupos de Notícias ou Newsgroups, são espé- MICROSFT OUTLOOK EXPRESS
cies de fóruns, como estes que você já conhece. Para configurar o acesso aos newsgroups, siga os passos referidos
em baixo:
Entretanto, para acessar os newsgroups, você precisa de um leitor, No Microsoft Outlook Express, seleccionar Tools / Accounts
chamado newsreader (Leitor de Notícias). Um popular leitor de news-
group, é o Outlook Express, esse mesmo que vem com o Internet Explorer
e você usa para acessar seus e-mails, pois além de ser cliente de e-mail,
ele tem capacidade de acessar servidores de newsgroups, mas com
algumas limitações.
Em alguns casos, também é possível acessar os mesmos grupos de
discussão via navegador, mas isso se o administrador do servidor disponi-
bilizar esse recurso. Porém, acessando via navegador, estaremos deixan-
do de usar o serviço newsgroup de fato, passando a utilizar um simples
fórum da Internet.

Operação
Basicamente, um newsgroup funciona assim:
1. Alguém envia uma mensagem para o grupo, posta ela.
2. Essa mensagem fica armazenada no servidor do news, e qualquer
pessoa que acessar o servidor e o grupo onde essa mensagem foi posta-
da, poderá visualizá-la, respondê-la, acrescentar algo, discordar, concor- Aqui vai iniciar o processo de configuração da sua conta nos news-
dar, etc. A resposta também fica armazenada no servidor, e assim como a groups. Para tal terá de preencher o nome e endereço de correio electró-
mensagem original, outras pessoas poderão "responder a resposta" da nico que pretende que apareçam nas mensagens, bem como o endereço
mensagem original. de servidor de newsgroups: news.iol.pt.

Noções de Informática 43
APOSTILAS OPÇÃO

Depois de selecionados, poderá encontrar os newsgroups escolhidos


na pasta news.iol.pt.

Aqui vai iniciar o processo de configuração da sua conta nos news-


groups. Para tal terá de preencher o nome e endereço de correio electró-
nico que pretende que apareçam nas mensagens, bem como o endereço
de servidor de newsgroups: news.iol.pt.

MOZILLA THUNDERBIRD

1. Para configurar sua conta no Thunderbird, ao abrir o programa, na


tela principal, clique no menu Ferramentas e em seguida em Configurar
contas...

Clique em "Yes" para obter as mensagens dos newsgroups.

Nesta janela, poderá escolher quais pretende ver, clicando no "News"


desejado e posteriormente em "Subscribe". Depois de ter selecionado
todos os newsgroups que pretende visualizar, deverá clicar em "OK".

Noções de Informática 44
APOSTILAS OPÇÃO
2. Clique em Adicionar conta...

3. Selecione a opção Conta de Correio Eletrônico e clique em Se-


6. No campo Nome de utilizador:, digite seu login (sem @usp.br no
guinte.
final) do email USP. No campo Nome de utilizador do servidor SMTP:
,digite seu login novamente. Logo após, clique em Seguinte.

4. No campo O seu Nome, preencha com o seu nome (ele aparecerá


na mensagem enviada ao destinatário). No campo Endereço e Correio:
digite o seu endereço eletrônico da USP e clique em Seguinte.

7. No campo Nome da conta: digite o seu endereço eletrônico da


USP e clique em Seguinte.

5. Selecione o tipo de recepção de sua preferência (recomendado


POP). No campo Servidor de Recepção: digite em letras minúsculas
pop.usp.br.
No campo Enviar mensagens por este servidor SMTP: digite em le-
tras minúsculas smtp.usp.br.
Ao final, clique em Seguinte.

Noções de Informática 45
APOSTILAS OPÇÃO
8. Clique em Concluir. 11. Na tela de configuração do Servidor SMTP que irá surgir, altere o
número da porta de 25 para 587.

12. Na área de Autenticação e Segurança abaixo, a opção Usar


nome de utilizador e senha deve estar marcada (caso não esteja, mar-
que-a), e no campo Nome de utilizador:, logo abaixo, digite seu login
9. De volta à tela de Configuração de Conta, no menu do lado es- (sem @usp.br no final). No item Usar ligação segura: deixe marcada a
querdo, clique na opção Servidor de Saída (SMTP). opção Não. Ao final, clique em OK.

10. No campo que irá aparecer, selecione o item correspondente ao


13. De volta à tela de Configuração de Conta, selecione a opção
smtp da usp e em seguida clique em Editar...
Configurações do Servidor no menu esquerdo (referente ao seu email
@usp.br).

Noções de Informática 46
APOSTILAS OPÇÃO
14. Marque a opção Deixar mensagens no servidor (para que, ao É importante saber que quando nos referimos a dados, não quer dizer
baixar as mensagens, seja mantida uma cópia no email USP). Clique em apenas arquivos, mas qualquer tipo de informação que se possa obter de
OK para finalizar. um computador.

Os principais motivos que levam a implantação de uma rede de com-


putadores são:
• Possibilitar o compartilhamento de informações (programas e da-
dos) armazenadas nos computadores da rede;
• Permitir o compartilhamento de recursos associados às máquinas
interligadas;
• Permitir a troca de informações entre os computadores interliga-
dos;
• Permitir a troca de informações entre usuários dos computadores
interligados;
• Possibilitar a utilização de computadores localizados remotamen-
te;
• Permitir o gerenciamento centralizado de recursos e dados;

Tipos de redes
Do ponto de vista da maneira com que os dados de uma rede são
compartilhados podemos classificar as redes em dois tipos básicos:
• Ponto-a-ponto: que é usado em redes pequenas;
• Cliente/servidor: que pode ser usado em redes pequenas ou em
redes grandes.

15. Feche o Thunderbird e reabra-o novamente. Agora, basta clicar Esse tipo de classificação não depende da estrutura física usada pela
em Obter correio no menu superior para enviar/receber suas mensagens. rede (forma como está montada), mas sim da maneira com que ela está
configurada em software.

Redes Ponto-a-Ponto
Esse é o tipo mais simples de rede que pode ser montada, pratica-
mente todos os Sistemas Operacionais já vêm com suporte a rede ponto-
a-ponto (com exceção do DOS). Nesse tipo de rede, dados e periféricos
podem ser compartilhados sem muita burocracia, qualquer micro pode
facilmente ler e escrever arquivos armazenados em outros micros e tam-
bém usar os periféricos instalados em outros PC‘s, mas isso só será
possível se houver uma configuração correta, que é feita em cada micro.
Ou seja, não há um micro que tenha o papel de servidor da rede, todos
micros podem ser um servidor de dados ou periféricos.

Apesar de ser possível carregar programas armazenados em outros


micros, é preferível que todos os programas estejam instalados individu-
almente em cada micro. Outra característica dessa rede é na impossibili-
dade de utilização de servidores de banco de dados, pois não há um
controle de sincronismo para acesso aos arquivos.

Vantagens e Desvantagens de uma rede Ponto-a-Ponto:


Fonte: cce.usp.br • Usada em redes pequenas (normalmente até 10 micros);
• Baixo Custo;
Atualmente é praticamente impossível não se deparar com uma rede • Fácil implementação;
de computadores, em ambientes relacionados à informática, principalmen- • Baixa segurança;
te porque a maioria dos usuários de computadores se conectam a Internet • Sistema simples de cabeamento;
- que é a rede mundial de computadores. • Micros funcionam normalmente sem estarem conectados a rede;
• Micros instalados em um mesmo ambiente de trabalho;
As redes de computadores surgiram da necessidade de troca de in- • Não existe um administrador de rede;
formações, onde é possível ter acesso a um dado que está fisicamente • Não existe micros servidores;
localizado distante de você, por exemplo em sistemas bancários. Neste • A rede terá problemas para crescer de tamanho.
tipo de sistema você tem os dados sobre sua conta armazenado em
algum lugar, que não importa onde, e sempre que você precisar consultar Redes Cliente/Servidor
informações sobre sua conta basta acessar um caixa automático. Este tipo de rede é usado quando se deseja conectar mais de 10
computadores ou quando se deseja ter uma maior segurança na rede.
As redes não são uma tecnologia nova. Existe desde a época dos Nesse tipo de rede aparece uma figura denominada servidor. O servidor é
primeiros computadores, antes dos PC‘s existirem, entretanto a evolução um computador que oferece recursos especializados, para os demais
da tecnologia permitiu que os computadores pudessem se comunicar micros da rede, ao contrário do que acontece com a rede ponto-a-ponto
melhor a um custo menor. onde os computadores compartilham arquivos entre si e também podem
estar fazendo um outro processamento em conjunto.
Além da vantagem de se trocar dados, há também a vantagem de
compartilhamento de periféricos, que podem significar uma redução nos A grande vantagem de se ter um servidor dedicado é a velocidade de
custos de equipamentos. A figura abaixo representa uma forma de com- resposta as solicitações do cliente (computador do usuário ou estações de
partilhamento de impressora (periférico) que pode ser usado por 3 compu- trabalho), isso acontece porque além dele ser especializado na tarefa em
tadores. questão, normalmente ele não executa outras tarefas.

Noções de Informática 47
APOSTILAS OPÇÃO
Em redes onde o desempenho não é um fator importante, pode-se ter Classificação de redes de computadores
servidores não dedicados, isto é, micros servidores que são usados tam- As redes de computadores podem ser classificadas de duas formas:
bém como estação de trabalho. pela sua dispersão geográfica e pelo seu tipo de topologia de intercone-
xão. Em relação a dispersão geográfica podemos classifica-las como:
Outra vantagem das redes cliente/servidor é a forma centralizada de
administração e configuração, o que melhora a segurança e organização
Rede Local - LAN (Local Área Network): que são redes de pequena
da rede.
dispersão geográfica dos computadores interligados que conectam com-
Para uma rede cliente/servidor podemos ter vários tipos de servidores putadores numa mesma sala, prédio, ou campus com a finalidade de
dedicados, que vão variar conforme a necessidade da rede, para alguns compartilhar recursos associados aos computadores, ou permitir a comu-
tipos desses servidores podemos encontrar equipamentos específicos que nicação entre os usuários destes equipamentos.
fazem a mesma função do computador acoplado com o dispositivo, com
uma vantagem, o custo desses dispositivos são bem menores. Abaixo Rede de Longa Distância -WAN (Wide Área Network): redes que
temos exemplos de tipos de servidores: usam linhas de comunicação das empresas de telecomunicação. É usada
• Servidor de Arquivos: É um servidor responsável pelo armaze- para interligação de computadores localizados em diferentes cidades,
namento de arquivos de dados - como arquivos de texto, plani- estados ou países.
lhas eletrônicas, etc. É importante saber que esse servidor só é
responsável por entregar os dados ao usuário solicitante (cliente), Rede Metropolitana - MAN (Metropolitan Área Network): computa-
nenhum processamento ocorre nesse servidor, os programas dores interligados em uma região de uma cidade, chegando, às vezes, a
responsáveis pelo processamento dos dados dos arquivos devem interligar até computadores de cidades vizinhas próximas. São usadas
estar instalados nos computadores clientes. para interligação de computadores dispersos numa área geográfica mais
ampla, onde não é possível ser interligada usando tecnologia para redes
• Servidor de Impressão: É um servidor responsável por proces- locais.
sar os pedidos de impressão solicitados pelos micros da rede e
enviá-los para as impressoras disponíveis. Fica a cargo do servi- Podemos fazer interligações entre redes, de forma que uma rede dis-
dor fazer o gerenciamento das impressões. tinta possa se comunicar com uma outra rede. Entre as formas de interli-
• Servidor de Aplicações: É responsável por executar aplicações gações de rede destacamos a Internet, Extranet e Intranet.
do tipo cliente/servidor como, por exemplo, um banco de dados.
Ao contrário do servidor de arquivos, esse tipo de servidor faz Internet
processamento de informações. A Internet (conhecida como rede mundial de computadores) é uma in-
• Servidor de Correio Eletrônico: Responsável pelo processa- terligação de mais de uma rede local ou remota, na qual é necessário a
mento e pela entrega de mensagens eletrônicas. existência de um roteador na interface entre duas redes. A transferência
de dados ocorre de forma seletiva entre as redes, impedindo assim o
Componentes de uma Rede tráfego desnecessário nas redes. A Internet tem por finalidade restringir o
Cliente: Um cliente em uma rede, corresponde a todo computador fluxo das comunicações locais ao âmbito de suas limitações físicas, permi-
que busca a utilização de recursos compartilhados ou o acesso a informa- tindo o acesso a recursos remotos e o acesso de recursos locais por
ções que encontram-se em pontos centralizados na rede. computadores remotos, quando necessário.

Servidor: Um servidor em uma rede corresponde a um computador lntranet


que centraliza o oferecimento de recursos compartilhados e que atende as A Intranet é uma rede privada localizada numa corporação constituída
requisições dos computadores clientes desta rede. de uma ou mais redes locais interligadas e pode incluir computadores ou
redes remotas. Seu principal objetivo é o compartilhamento interno de
Usuário: Corresponde a toda pessoa que utiliza um computador cli- informações e recursos de uma companhia, podendo ser usada para
ente e que procura acesso de uma rede facilitar o trabalho em grupo e para permitir teleconferências. O uso de um
ou mais roteadores podem permitir a interação da rede interna com a
Administrador: O administrador de uma rede corresponde ao profis- Internet. Ela se utiliza dos protocolos TCP/IP, HTTP e os outros protocolos
sional que que cuida do gerenciamento dos recursos da rede, manuten- da Internet são usados nas comunicações e é caracterizada pelo uso da
ção, segurança etc. tecnologia WWW dentro de uma rede corporativa.

Hardware de rede: A placa de redes ou interface corresponde ao Extranet


dispositivo que anexado ao computador permite que ele possa ser conec- É uma rede privada (corporativa) que usa os protocolos da Internet e
tado fisicamente à rede. os serviços de provedores de telecomunicação para compartilhar parte de
suas informações com fornecedores, vendedores, parceiros e consumido-
Modem: É responsável pela modulação e demodulação dos dados, res. Pode ser vista como a parte de uma Intranet que é estendida para
ou seja, codifica o sinal de entrada e saída dos dados. usuários fora da companhia. Segurança e privacidade são aspectos
fundamentais para permitir o acesso externo, que é realizado normalmen-
Sistema operacionais: Para um computador operar em uma rede, te através das interfaces da WWW, com autenticações, criptografias e
tanto no papel cliente, como no servidor, é necessário que o sistema restrições de acesso. Pode ser usado para troca de grandes volumes de
operacional instalado neste computador possa suportar as operações de dados, compartilhamento de informações entre vendedores, trabalho
comunicação em rede. Todos os sistemas operacionais atuais suportam e cooperativo entre companhias, etc.
reconhecem a operação em rede, implementando em suas operações de
entrada e saída, as funções de utilização como clientes e servidores. Redes sem fio
Temos como exemplo os seguintes sistemas: Windows (9x, XP, NT, 2000 A tecnologia hoje, atingiu um grau de disseminação na sociedade que
e 2003), Novell Netware, Mac OS, Unix e Linux. faz com que esteja presente em todas as áreas de trabalho e também até
nas áreas do entretenimento. Esse crescimento fez com que as pessoas
Protocolo: O protocolo de rede corresponde a um padrão de comuni- precisem se conectar em redes em qualquer lugar a qualquer hora. Em
cação existente em uma rede. Para que dois computadores possam trocar muitas situações é impossível ou mesmo muito custoso montar uma
informações entre si, é necessário que utilizem o mesmo protocolo de estrutura de conexão utilizando cabeamento convencional. É aí que entra
rede. Como exemplos de protocolos de rede atuais temos: TCP/IP, a conexão de redes sem fio. As redes sem fio (ou também conhecidas
IPX/SPX, AppleTalk, SNA, NETBEUI. pelos termos em inglês Wireless e WiFi) correspondem a infraestruturas
que permitem a conexão de computadores entre si ou a uma rede con-
Topologia: Uma topologia de rede corresponde ao desenho lógico
vencional, utilizando tecnologias de comunicação que dispensam a utili-
que uma rede apresenta. Mostrando principalmente o caminho da comuni-
zam de cabos.
cação entre os computadores de uma rede.

Noções de Informática 48
APOSTILAS OPÇÃO
A grande vantagem da rede sem fio é a mobilidade que ela permite Comunicação
aos computadores, particularmente aos notebooks e portáteis de mão Os computadores na topologia de barramento enviam o sinal para o
(Palmtops ou PDAs). Um exemplo pode ser dado pelo caso de uma em- backbone que é transmitido em ambas as direções para todos os compu-
presa que mantém um grande depósito de armazenamento e que necessi- tadores do barramento.
ta que um funcionário possa levar um computador portátil e registrar a
quantidade dos itens no estoque conferindo em cada prateleira. Este Problemas com o barramento
computador estaria ligado a rede da empresa, permitindo ao funcionário
consultar os dados no banco de dados de estoque e atualizando esses
valores se fosse necessário.

O que é topologia física da rede


“Topologia física de rede refere-se ao layout físico dos computadores
em uma rede”.

Os profissionais de rede utilizam esse termo quando querem referir-se


ao projeto físico da rede, ou a forma como os computadores, e outros
componentes de rede, ficam dispostos no projeto geral de uma rede.
Terminador com defeito ou solto: Se um terminador estiver com defei-
A forma de realizar uma tarefa pode tornar um processo mais eficien- to, solto, ou mesmo se não estiver presente, os sinais elétricos serão
te. Computadores conectam-se para compartilharem recursos e promove- retornados no cabo fazendo com que os demais computadores não consi-
rem serviços para toda a rede. A forma de conectar computadores em gam enviar os dados.
rede pode torná-los mais eficientes nas atividades de rede. A topologia de
uma rede pode afetar o seu desempenho e sua capacidade. Rompimento do backbone: Quando ocorre um rompimento no back-
bone, as extremidades do ponto de rompimento não estarão terminadas e
Montar ou organizar uma rede não é um processo muito simples. De- os sinais começarão a retornar no cabo fazendo com que a rede seja
vem-se combinar diferentes tipos de componentes, escolher o sistema desativada. Objetos pesados que caíam sobre o cabo podem provocar o
operacional de rede, além de prever como estes componentes estarão seu rompimento. O rompimento às vezes não é visual, ficando interno ao
sendo conectados em diferentes tipos de ambientes. cabo, dificultando a identificação.

Neste ponto a topologia da rede se mostra crucial, por que define co- Estrela
mo estes componentes estarão sendo interligados em diferentes ambien- Na topologia estrela, os computadores ficam ligados a um ponto cen-
tes e situações e em última análise definem como a informação vai se tral que tem a função de distribuir o sinal enviado por um dos computado-
propagar na rede. res a todos os outros ligados a este ponto. Esta topologia é assim chama-
da, pois seu desenho lembra uma estrela.
A topologia física de rede também vai definir a topologia lógica da re-
de ou, como é mais conhecida, a tecnologia de rede a ser utilizada.

Quando usado sozinho, o termo topologia, refere-se a topologia física


da rede.

Uma topologia normalmente não corresponde a toda a rede, mas a


desenhos básicos encontrados em diversas partes de uma rede e que
assim acabam formando o conjunto completo de uma rede que pode
acabar combinando várias topologias.

As estruturas básicas de topologia que formam uma rede podem ser:


Barramento - Anel - Estrela - Malha e Sem fio

Barramento
Na topologia de barramento os computadores ficam conectados em
um único segmento denominado barramento central ou backbone. Esse
segmento conecta todos os computadores daquele segmento em uma
única linha. Pode ser o caso de que este barramento central do ponto de
vista físico, ser formado de pequenos trechos interligados, mas em termos
de transmissão de sinal ser considerado apenas um trecho único. Funcionamento
O ponto central da topologia estrela pode ser um dispositivo de rede
denominado Hub ou ainda ser um dispositivo mais complexo tal como uma
switch ou roteador. A implementação mais comum encontrada é a que
utiliza um hub como ponto central e cabeamento de par-trançado.

No caso de um Hub o sinal enviado é simplesmente redirecionado a


todas as conexões existentes neste Hub, chegando assim a todos os
computadores ligados no Hub.

Noções de Informática 49
APOSTILAS OPÇÃO
Na topologia de estrela, há a necessidade de uma conexão de cabo Funcionamento
entre cada computador e o Hub ou outro dispositivo agindo como ponto A topologia em malha não é utilizada para conexão de computadores,
central. pois implicaria em múltiplas conexões a partir de cada computador, o que
numa grande rede se tornaria inviável. Mas esta topologia pode ser encon-
Problemas trada na conexão de componentes avançados de rede tais como roteado-
Os problemas ou desvantagens da utilização desta topologia podem res, criando assim rotas alternativas na conexão de redes.
ser resumidos nos seguintes:
• Utilização de uma grande quantidade e metragem de cabos. Em Redes sem fio
grandes instalações de rede será preciso um cabo para conectar Na topologia sem fio os computadores são interligados através de um
cada computador ao hub. Dependendo da distância que o hub fi- meio de comunicação que utiliza uma tecnologia sem fio tal como RF
ca dos computadores, a metragem e a quantidade de cabos, po- (rádio -frequência) ou Infravermelho.
de se tornar significativa.
• Perda de Conexão na falha do hub. Se, por qualquer razão, o hub Funcionamento
for desativado ou falhar, todos os computadores ligados a este A comunicação numa topologia sem fio é feita computador a compu-
hub vão perder a conexão uns com os outros. tador através do uso de uma frequência comum nos dispositivos em
ambos os computadores.
Quando um computador entra no raio de alcance do outro computa-
Anel
dor, cada um passa a enxergar o outro, permitindo assim a comunicação
Numa topologia em anel os computadores são conectados numa es- entre eles.
trutura em anel ou um após o outro num circuito fechado. A comunicação Numa rede RF multiponto, existem pontos de conexão denominados
é feita de computador a computador num sentido único (horário) através wireless access points - WAP que conectam computadores com dispositi-
da conexão em anel. vos RF (tranceivers) a uma rede convencional. Este sistema é o mais
utilizado em escritórios e também no acesso à Internet em redes metropo-
Uma característica importante desta topologia é que cada computador litanas.
recebe a comunicação do computador anterior e retransmite para o próxi-
mo computador. Problemas
O principal problema da topologia sem fio é a segurança da comuni-
Funcionamento cação. Pelo fato de que a comunicação sem fio pode ser capturada por
Na topologia de anel a comunicação entre os computadores é feita qualquer receptor sintonizado na mesma frequência da comunicação,
através de um processo denominado passagem de token ou bastão. Um torna-se necessário que exista um mecanismo adicional de segurança na
sinal especial denominado Token (bastão) circula pelo anel no sentido implementação desta topologia tal como a criptografia da comunicação.
horário e somente quando recebe o token é que um computador transmite Outro problema também encontrado nas redes sem fio é a interferên-
seu sinal. O sinal circula pelo anel até chegar ao destino, passando por cia proveniente de dois pontos.
todos os outros computadores. Outros dispositivos que atuam na mesma banda de espectro.
Obstáculos tais como paredes ou naturais, tal como montes.
Só após receber de volta o sinal é que o computador libera o token
permitindo assim que outro computador possa se comunicar. Equipamentos de rede
Placas Adaptadoras de Rede
Problemas Para que um computador possa se conectar numa mídia de redes é
O único problema da topologia de anel é a dependência total do anel necessário que exista uma expansão em seu hardware para permitir essa
físico implementado, sendo que se for rompido ou comprometido, a comu- comunicação. Esta expansão é denominada placa adaptadora de rede e
nicação em todo o anel é interrompida. pode se apresentar de duas formas:
• Como uma placa de expansão conectada em um slot vazio do
computador.

Conector de mídia
Baseado na mídia a ser utilizada cada placa adaptadora de rede pode
apresentar os seguintes conectores responsáveis para ligar a mídia.
• RJ45 – o mais comum utilizado com cabo de par-trançado
• BNC – mais antigo, uti
• AUI – utilizado com adaptadores para coaxial ThickNet
• ST/SC – utilizados para fibra óptica
Malha
Na topologia em malha os computadores estariam conectados uns Padrão
aos outros diretamente formando um desenho semelhante a uma trama ou Uma placa adaptadora de rede pode utilizar um dos seguintes pa-
malha. drões de rede hoje utilizados:
• Etthenert - o mais utilizado
• Token Ring – mais antigo – em desuso
• FDDI – utilizado em redes de fibra óptica MAN
• WLAN – redes sem fio

Velocidade
Dentro de cada padrão existem diferentes velocidades de transmissão
como por exemplo no caso de Ethernet:
• GigaBit Ethernet – 1000 Mbits/s
• Standard Ethernet – 10 Mbits/s
• Fast Ethernet – 100 Mbits/s

Noções de Informática 50
APOSTILAS OPÇÃO
Endereço físico através da análise da Camada de link de dados onde possui o endereço
Cada placa adaptadora de rede vem com um endereço, já designado MAC da placa de rede do micro, dando a ideia assim de que o switch é um
no fabricante, que unicamente te de informação pela mídia, a placa adap- hub Inteligente, além do fato dos switches trazerem micros processadores
tadora de rede identifica esta placa dentro da rede. internos, que garantem ao aparelho um poder de processamento capaz de
Este endereço é formado internamente como um número de 48 bits e traçar os melhores caminhos para o trafego dos dados, evitando a colisão
visualizado externamente como um conjunto de 12 caracteres hexadeci- dos pacotes e ainda conseguindo tornar a rede mais confiável e estável.
mais. De maneira geral a função do switch é muito parecida com a de um brid-
ge, com a exceção que um switch tem mais portas e um melhor desempe-
O endereço físico também é denominado endereço MAC e é exclusi- nho, já que manterá o cabeamento da rede livre. Outra vantagem é que
vo de cada placa adaptadora de rede. mais de uma comunicação pode ser estabelecida simultaneamente, desde
que as comunicações não envolvam portas de origem ou destino que já
Cabeamento de redes estejam sendo usadas em outras comunicações.
Quando temos que implementar uma rede de mídia com fio, dizemos
que temos que efetuar cabeamento desta rede. Diferença entre Hubs e Switches
Um hub simplesmente retransmite todos os dados que chegam para
O processo de cabeamento corresponde a conectar todos os compu- todas as estações conectadas a ele, como um espelho. Causando o
tadores numa rede utilizando o tipo de cabo correto em cada situação famoso broadcast que causa muito conflitos de pacotes e faz com que a
diferente que se encontrar. Para a área de redes podemos usar os seguin- rede fica muito lenta.
tes tipos de cabos: O switch ao invés de simplesmente encaminhar os pacotes para todas
• Coaxial as estações, encaminha apenas para o destinatário correto pois ele identi-
• Par – trançado fica as maquinas pelo o MAC addrees que é estático. Isto traz uma vanta-
• Fibra óptica gem considerável em termos desempenho para redes congestionadas,
além de permitir que, em casos de redes, onde são misturadas placas
Repetidores 10/10 e 10/100, as comunicações possam ser feitas na velocidade das
O repetidor é um dispositivo responsável por ampliar o tamanho má- placas envolvidas.
ximo do cabeamento da rede. Ele funciona como um amplificador de
sinais, regenerando os sinais recebidos e transmitindo esses sinais para Roteadores
outro segmento da rede. Como o nome sugere, ele repete as informações
Roteadores são pontes que operam na camada de Rede do modelo
recebidas em sua porta de entrada na sua porta de saída. Isso significa
OSI (camada três), essa camada é produzida não pelos componentes
que os dados que ele mandar para um micro em um segmento, estes
físicos da rede (Endereço MAC das placas de rede, que são valores
dados estarão disponíveis em todos os segmentos, pois o repetidor é um
físicos e fixos), mais sim pelo protocolo mais usado hoje em dia, o TCP/IP,
elemento que não analisa os quadros de dados para verificar para qual
o protocolo IP é o responsável por criar o conteúdo dessa camada. Isso
segmento o quadro é destinado. Assim ele realmente funciona como um
significa que os roteadores não analisam os quadros físicos que estão
“extensor” do cabeamento da rede. É como se todos os segmentos de
sendo transmitidos, mas sim os datagramas produzidos pelo protocolo que
rede estivessem fisicamente instalados no mesmo segmento.
no caso é o TCP/IP, os roteadores são capazes de ler e analisar os data-
Hubs
gramas IP contidos nos quadros transmitidos pela rede.
Os Hubs são dispositivos concentradores, responsáveis por centrali-
zar a distribuição dos quadros de dados em redes fisicamente ligadas em O papel fundamental do roteador é poder escolher um caminho para o
estrelas. Funcionando assim como uma peça central, que recebe os sinais datagrama chegar até seu destino.
transmitidos pelas estações e os retransmite para todas as demais. Exis- Em redes grandes pode haver mais de um caminho, e o roteador é o
tem vários tipos de hubs, vejamos: elemento responsável por tomar a decisão de qual caminho percorrer.
Em outras palavras, o roteador é um dispositivo responsável por inter-
 Passivos: O termo “Hub” é um termo muito genérico usado para ligar redes diferentes, inclusive podendo interligar redes que possuam
definir qualquer tipo de dispositivo concentrador. Concentradores arquiteturas diferentes.
de cabos que não possuem qualquer tipo de alimentação elétrica
são chamados hubs passivos funcionando como um espelho, re- O que são protocolos
fletindo os sinais recebidos para todas as estações a ele conec-
Pacote é uma estrutura de dados utilizada para que dois computado-
tadas. Como ele apenas distribui o sinal, sem fazer qualquer tipo
res possam enviar e receber dados em uma rede. Através do modelo OSI,
de amplificação, o comprimento total dos dois trechos de cabo en-
cada camada relaciona-se com a superior e inferior a ela agregando
tre um micro e outro, passando pelo hub, não pode exceder os
informações de controle aos pacotes. Cada camada do modelo OSI se
100 metros permitidos pelos cabos de par trançado.
comunica com a camada adjacente à sua, ou seja, as camadas de um
 Ativos: São hubs que regeneram os sinais que recebem de suas computador se comunicam com as mesmas camadas em um outro com-
portas antes de enviá-los para todas as portas. Funcionando co- putador.
mo repetidores. Na maioria das vezes, quando falamos somente Para que dois computadores possam enviar e receber pacotes e para
“hub” estamos nos referindo a esse tipo de hub. Enquanto usando que as camadas possam comunicar-se de forma adjacente (no mesmo
um Hub passivo o sinal pode trafegar apenas 100 metros soma- nível) é necessário um tipo de software chamado de protocolo.
dos os dois trechos de cabos entre as estações, usando um hub Mas o que são protocolos?
ativo o sinal pode trafegar por 100 metros até o hub, e após ser
“Protocolos são padrões que definem a forma de comunicação
retransmitido por ele trafegar mais 100 metros completos.
entre dois computadores e seus programas”.
 Inteligentes: São hubs que permitem qualquer tipo de monitora-
mento. Este tipo de monitoramento, que é feito via software capaz Protocolos de Mercado
de detectar e se preciso desconectar da rede estações com pro-
Com o desenvolvimento das redes LAN e WAN, e mais recentemente
blemas que prejudiquem o tráfego ou mesmo derrube a rede intei-
com o crescimento da Internet, alguns protocolos tornaram-se mais co-
ra; detectar pontos de congestionamento na rede, fazendo o pos-
muns. Entre eles pode-se citar: NetBEUI, IPX/SPX e TCP/IP
sível para normalizar o tráfego; detectar e impedir tentativas de
invasão ou acesso não autorizado à rede entre outras funções, Cada um desses protocolos apresenta características próprias e que
que variam de acordo com a fabricante e o modelo do Hub. podem ser utilizados em situações diferentes.

Switches Endereços de IP
O switch é um hub que, em vez de ser um repetidor é uma ponte. Um host TCP/IP dentro de uma LAN é identificado por um endereço
Com isso, em vez dele replicar os dados recebidos para todas as suas lógico de IP. O endereço de IP identifica a localização de um computador
portas, ele envia os dados somente para o micro que requisitou os dados na rede da mesma forma que um endereço em uma rua identifica uma

Noções de Informática 51
APOSTILAS OPÇÃO
casa em uma cidade. Assim como um endereço residencial identifica uma contenham informações sigilosas devem ser armazenados em algum
única residência ou uma casa, um endereço de IP deve ser único em nível formato criptografado;
global ou mundial e ter um único formato. Um exemplo de endereços
TCP/IP seria: 192.168.10.1 DISPOSITIVOS
Disco rígido, disco duro ou HD (Hard Disc) é a parte do computador
Segurança da informação onde são armazenadas as informações, ou seja, é a "memória"
Cópias de segurança dos dados armazenados em um computador propriamente dita. Caracterizado como memória física, não-volátil, que é
são importantes, não só para se recuperar de eventuais falhas, mas aquela na qual as informações não são perdidas quando o computador é
também das consequências de uma possível infecção por vírus, ou de desligado.O disco rígido é um sistema lacrado contendo discos de metal
uma invasão. recompostos por material magnético onde os dados são gravados através
de cabeças, e revestido externamente por uma proteção metálica que é
presa ao gabinete do computador por parafusos. Também é chamado de
Formas de realizar um Backup HD (Hard Disk) ou Winchester. É nele que normalmente gravamos dados
Cópias de segurança podem ser simples como o armazenamento de (informações) e a partir dele lançamos e executamos nossos programas
arquivos em CDs, ou mais complexas como o espelhamento de um disco mais usados.
rígido inteiro em um outro disco de um computador. Atualmente, uma Memória RAM (Random Access Memory) é um tipo de memória de
unidade gravadora de CDs e um software que possibilite copiar dados computador. É a memória de trabalho, na qual são carregados todos os
para um CD são suficientes para que a maior parte dos usuários de com- programas e dados usados pelo utilizador. Esta é uma memória volátil, e
putadores realizem suas cópias de segurança. será perdido o seu conteúdo uma vez que a máquina seja desligada. Pode
Também existem equipamentos e softwares mais sofisticados e espe- ser SIMM, DIMM, DDR etc. É medida em bytes, kilobytes (1 Kb = 1024 ou
cíficos que, dentre outras atividades, automatizam todo o processo de 210 bytes), megabytes (1 Mb = 1024 Kb ou 220 bytes).
realização de cópias de segurança, praticamente sem intervenção do
usuário. A utilização de tais equipamentos e softwares envolve custos Diretório
mais elevados e depende de necessidades particulares de cada usuário. A Compartimentação lógica destinada a organizar os diversos arquivos
frequência com que é realizada uma cópia de segurança e a quantidade de programas em uma unidade de armazenamento de dados de um
de dados armazenados neste processo depende da periodicidade com computador (disco rígido, disquete ou CD). Nos sistemas operacionais do
que o usuário cria ou modifica arquivos. Cada usuário deve criar sua Windows e do Macintosh, os diretórios são representados por pastas
própria política para a realização de cópias de segurança.
Disco flexível
Cuidados com o Backup Mesmo que disquete. É um suporte para armazenamento magnético
Os cuidados com cópias de segurança dependem das necessidades de dados digitais que podem ser alterados ou removidos. É um disco de
do usuário. O usuário deve procurar responder algumas perguntas antes plástico, revestido com material magnético e acondicionado em uma caixa
de adotar um ou mais cuidados com suas cópias de segurança: plástica quadrada. Sua capacidade de armazenamento é 1,44Mb.
Que informações realmente importantes precisam estar armazenadas
em minhas cópias de segurança? Disquete
Quais seriam as consequências/prejuízos, caso minhas cópias de
segurança fossem destruídas ou danificadas? Mesmo que disco flexível. É um suporte para armazenamento magné-
O que aconteceria se minhas cópias de segurança fossem furtadas? tico de dados digitais que podem ser alterados ou removidos. É um disco
de plástico, revestido com material magnético e acondicionado em uma
Baseado nas respostas para as perguntas anteriores, um usuário de- caixa plástica quadrada. Sua capacidade de armazenamento é 1,44Mb.
ve atribuir maior ou menor importância a cada um dos cuidados discutidos
abaixo: Documento
Escolha dos dados: cópias de segurança devem conter apenas ar- O mesmo que arquivo. Todo o trabalho feito em um computador e
quivos confiáveis do usuário, ou seja, que não contenham vírus ou sejam gravado em qualquer meio de armazenamento, que pode ser um disco
cavalos de troia. Arquivos do sistema operacional e que façam parte da rígido, um disquete ou um CD-Rom, de modo que fique gravado para ser
instalação dos softwares de um computador não devem fazer parte das consultado depois.
cópias de segurança. Eles podem ter sido modificados ou substituídos por
versões maliciosas, que quando restauradas podem trazer uma série de
Drivers
problemas de segurança para um computador. O sistema operacional e os
softwares de um computador podem ser reinstalados de mídias confiáveis, Itens de software que permitem que o computador se comunique com
fornecidas por fabricantes confiáveis. um periférico específico, como uma determinada placa. Cada periférico
exige um driver específico.
Mídia utilizada: a escolha da mídia para a realização da cópia de se-
gurança é extremamente importante e depende da importância e da vida
útil que a cópia deve ter. A utilização de alguns disquetes para armazenar CD-ROM
um pequeno volume de dados que estão sendo modificados constante- O CD-ROM - Compact Disc, Read-Only Memory - é um disco com-
mente é perfeitamente viável. Mas um grande volume de dados, de maior pacto, que funciona como uma memória apenas para leitura - e, assim, é
importância, que deve perdurar por longos períodos, deve ser armazenado uma forma de armazenamento de dados que utiliza ótica de laser para ler
em mídias mais confiáveis, como por exemplo os CDs; os dados.
Local de armazenamento: cópias de segurança devem ser guarda- Um CD-ROM comum tem capacidade para armazenar 417 vezes
das em um local condicionado (longe de muito frio ou muito calor) e restri- mais dados do que um disquete de 3,5 polegadas. Hoje, a maioria dos
to, de modo que apenas pessoas autorizadas tenham acesso a este local programas vem em CD, trazendo sons e vídeo, além de textos e gráficos.
(segurança física); Drive é o acionador ou leitor - assim o drive de CD-ROM é o dispositi-
Cópia em outro local: cópias de segurança podem ser guardadas vo em que serão tocados os CD-ROMS, para que seus textos e imagens,
em locais diferentes. Um exemplo seria manter uma cópia em casa e outra suas informações, enfim, sejam lidas pela máquina e devidamente pro-
no escritório. Também existem empresas especializadas em manter áreas cessadas.
de armazenamento com cópias de segurança de seus clientes. Nestes A velocidade de leitura é indicada pela expressão 2X, 4X, 8X etc., que
casos é muito importante considerar a segurança física de suas cópias, revela o número de vezes mais rápidos que são em relação aos sistemas
como discutido no item anterior; de primeira geração.
Criptografia dos dados: os dados armazenados em uma cópia de
segurança podem conter informações sigilosas. Neste caso, os dados que E a tecnologia dos equipamentos evoluiu rapidamente. Os drivers de
hoje em dia têm suas velocidades nominais de 54X e 56X.

Noções de Informática 52
APOSTILAS OPÇÃO
A velocidade de acesso é o tempo que passa entre o momento em Uma mensagem no e-mail alerta para um novo vírus totalmente des-
que se dá um comando e a recuperação dos dados. Já o índice de trans- trutivo que está circulando na rede e que infectará o micro do destinatário
ferência é a velocidade com a qual as informações ou instruções podem enquanto a mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar em
ser deslocadas entre diferentes locais. determinada tecla ou link. Quem cria a mensagem hoax normalmente
costuma dizer que a informação partiu de uma empresa confíavel, como
Há dois tipos de leitor de CD-ROM: interno (embutidos no computa-
IBM e Microsoft, e que tal vírus poderá danificar a máquina do usuário.
dor); e externo ligados ao computador, como se fossem periféricos).
Desconsidere a mensagem.
Atualmente, o leitor de CD-ROM (drive de CD-ROM) é um acessório
multimídia muito importância, Presente em quase todos os computadores.
O que são cavalos de Tróia?
Os cds hoje em dia são muito utilizados para troca de arquivos, atra-
vés do uso de cds graváveis e regraváveis. Os cds somente podem ser São programas aparentemente saudáveis que carregam escondido o
gravados utilizando-se um drive especial de cd, chamado gravador de cd. código de um vírus. Por exemplo: você faz um download do que pensa ser
um joguinho legal, mas quando executa o programa, ele apaga arquivos
de seus disco rígido ou captura a sua senha da Internet e a envia por e-
DVD – Rom
mail para outra pessoa.
Os DVDs são muito parecidos com os cds, porém a sua capacidade
de armazenamento é muito maior, para se ter uma ideia, o DVD armazena
quase que 10 vezes mais que um cd comum. O que são vírus de e-mail?
Por terem uma capacidade tão grande de armazenamento, compor- Não existem vírus de e-mail. O que existem são vírus escondidos em
tam um conteúdo multimídia com facilidade, sendo muito usados para programas anexados ao e-mail. Você não infecta seu computador só de
armazenar filmes e shows. ler uma mensagem de correio eletrônico escrita em formato texto (.txt).
Os drives mais atuais permitem a gravação de dvds, porém o seu Mas evite ler o conteúdo de arquivos anexados sem antes certificar-se de
preço ainda é muito alto para o uso doméstico, porém um drive muito que eles estão livres de vírus. Salve-os em um diretório e passe um pro-
utilizado hoje em dia é o comb. Este drive possui a função de gravador de grama antivírus atualizado. Só depois abra o arquivo.
cd e leitor de dvd.
O que fazer para evitar os vírus?
Vírus de computador Existem vacinas para os vírus de computador.
Definição São os softwares antivírus, que podem ser usados também como um
O que são vírus de computador? antídoto em máquinas já infectadas. Existem vários programas no merca-
São programas desenvolvidos para alterar nociva e clandestinamente do, que são atualizados constantemente.
softwares instalados em um computador. Eles têm comportamento seme-
Antes de comprar um ou baixar uma versão da Internet, verifique se o
lhante ao do vírus biológico: multiplicam-se, precisam de um hospedeiro,
software é certificado pelo ICSA (Internetional Computer Security Associa-
esperam o momento certo para o ataque e tentam se esconder para não
tion), uma entidade mundial que testa e aprova a qualidade dos softwares
ser exterminados. Estão agrupados em famílias (boot, arquivo e progra-
antivírus e de outros programas de segurança.
ma), com milhares de variantes.

Como os vírus de computador se propagam? Computação nas nuvens


Os vírus de propagam por meio de disquetes e de arquivos comparti- Quando se fala em computação nas nuvens, fala-se na possibilidade
lhados, pelas redes corporativas, por arquivos anexados em mensagens de acessar arquivos e executar diferentes tarefas pela internet. Quer dizer,
de correio eletrônico e pela Internet. A rede mundial é hoje a principal via você não precisa instalar aplicativos no seu computador para tudo, pois
de propagação dos vírus -principalmente os de macro e os chamados pode acessar diferentes serviços online para fazer o que precisa, já que os
"Cavalos de Tróia"-, pois ela permite que os usuários de computador dados não se encontram em um computador específico, mas sim em uma
façam download de vários programas e arquivos de fontes nem sempre rede.
confiáveis. Uma vez devidamente conectado ao serviço online, é possível desfru-
tar suas ferramentas e salvar todo o trabalho que for feito para acessá-lo
Como os vírus são ativados? depois de qualquer lugar — é justamente por isso que o seu computador
Para ativar um vírus, é preciso rodar (executar) o programa infectado. estará nas nuvens, pois você poderá acessar os aplicativos a partir de
Quando você executa o código do programa infectado, o código do vírus qualquer computador que tenha acesso à internet.
também é executado e tentará infectar outros programas no mesmo Basta pensar que, a partir de uma conexão com a internet, você pode
computador e em outros computadores conectados a ele por rede. acessar um servidor capaz de executar o aplicativo desejado, que pode
ser desde um processador de textos até mesmo um jogo ou um pesado
Que tipos de arquivo podem espalhar vírus? editor de vídeos.
Todo o arquivo que contém códigos executáveis pode espalhar vírus Enquanto os servidores executam um programa ou acessam uma de-
(.exe, .sys, .dat, .doc, .xls etc.). Os vírus podem infectar qualquer tipo de terminada informação, o seu computador precisa apenas do monitor e dos
código executável. Por exemplo: alguns vírus infectam códigos executá- periféricos para que você interaja.
veis no setor de boot de disquetes ou na área de sistema dos discos
rígidos. O Dropbox, um belo exemplo
Outros tipos de vírus, conhecidos como "vírus de macro", podem in- Um exemplo perfeito de computação em nuvens são os serviços de
fectar documentos que usam macros, como o processador de textos Word sincronização de arquivos, como o Dropbox, que é um dos serviços mais
e a planilha de cálculos Excel. Macros são códigos utilizados para automa- eficientes nesse sentido.
tizar tarefas repetitivas dentro de um programa.
Com ele, tudo o que você precisa fazer é reservar um espaço do dis-
Arquivos de dados puros estão seguros. Isso inclui arquivos gráficos, co rígido, o qual será destinado para a sincronia nas nuvens.
como .bmp, .gif e .jpg, bem como textos em formato .txt. Portanto, apenas
olhar arquivos de imagens não provocará a infecção do computador com Ao copiar ou mover um arquivo nesse espaço, ele será duplicado no
um vírus. servidor do aplicativo e também em outros computadores que tenham o
programa instalado e nos quais você acesse a sua conta.
O que são hoaxes? O Dropbox é apenas um exemplo entre vários outros. Grandes em-
presas têm cada vez mais interesse na computação em nuvens, como a
São boatos espalhados por mensagens de correio eletrônico, que
Google, que oferece vários aplicativos que rodam diretamente em seu
servem para assustar o usuário de computador.
navegador.

Noções de Informática 53
APOSTILAS OPÇÃO

Google está sempre com a cabeça nas nuvens


O Gmail, por exemplo, traz uma porção de funções para organizar
não só as mensagens, mas também os arquivos recebidos com elas. Ele Apple, streaming e até jogos
também conta filtros de mensagens e incorpora o seu mensageiro oficial,
A Apple não ficou de fora e anunciou, junto com a versão 5 do iOS, o
chamado Google Talk.
iCloud, que integra dados do se computador Mac ou Windows com seu
O Google Maps é outro exemplo, já que, com ele, pode-se navegar iPad, iPhone ou iPod touch, com a vantagem de sincronizar emails, favori-
para qualquer lugar do mundo a partir de uma referência. Além disso, você tos do navegador e músicas, entre outros.
pode criar trajetos para andar de carro pela sua cidade, partindo de um
ponto e tendo uma localização como destino. A listagem de exemplos não para. Com os serviços Hulu e Netflix, vo-
cê tem à disposição vários filmes e séries de TV para assistir via strea-
Não podemos deixar de mencionar também o Google Docs, que tem
ming. Para quem gosta de editar imagens, a Adobe tem umaversão
uma porção de ferramentas no estilo Office, com as quais você pode
online e gratuita do Photoshop.
acessar um ótimo processador de textos, uma ferramenta para planilhas e
até mesmo criar e visualizar apresentações de slides. Prova de que a computação em nuvens vai permitir que donos de
O Google Music também merece menção, já que possibilita a você máquinas mais modestas desfrutem de tecnologias avançadas é o servi-
ouvir a sua coleção de músicas onde quer que esteja. As faixas podem ser ço OnLive, no qual os jogos são rodados em servidores remotos, enquan-
adicionadas e ouvidas a partir de qualquer computador, bastando você to o seu computador apenas reproduz a transmissão via streaming e envia
usar o seu login. os comandos que você der.
A prova de que a Google é uma das grandes partidárias da computa- E o prospecto é positivo para a execução de games nas nuvens. O
ção em nuvens é o Chrome OS, o sistema operacional desenvolvido pela próprio presidente da Eidos, Ian Livingstone, afirmou, durante a Launch
gigante que tem o intuito de funcionar exclusivamente com aplicativos Conference de 2011, que o futuro dos games está nas nuvens. Para ele,
web, o que exige muito menos capacidade de processamento de uma no futuro, será comum utilizar aparelhos portáteis conectados a platafor-
máquina. mas de software.

Game sendo rodado pelo OnLive. (Fonte da imagem: Baixaki)


(Fonte da imagem: Reprodução/Google Operating System)
Entre vantagens e desvantagens
A Microsoft e o Live Como você pode ver, as vantagens proporcionadas pela computação
em nuvens são muitas. Uma delas — talvez a mais impactante para a
A Microsoft, por sua vez, tem na manga os vários serviços disponíveis
maior parte das pessoas — é a não necessidade de ter uma máquina
pelo Live. Além de conferir suas mensagens do Hotmail, você pode aces-
potente, uma vez que tudo é executado em servidores remotos.
sar o Messenger mesmo que não o tenha instalado no computador para
conversar com seus contatos. Outro benefício é a possibilidade de acessar dados, arquivos e aplica-
tivos a partir de qualquer lugar, bastando uma conexão com a internet
Pelo Live, também é possível acessar e usar os recursos de uma ver-
para tal — ou seja, não é necessário manter conteúdos importantes em
são online da suíte Office, composta pelos aplicativos Word, Excel, Po-
um único computador.
werPoint e OneNote. Os arquivos são salvos online, mas também é possí-
vel baixá-los para o computador que você quiser. No entanto, nem tudo são flores. O armazenamento nas nuvens tam-
Para armazenamento online, a Microsoft tem o SkyDrive, que dispo- bém gera desconfiança, principalmente no que se refere à segurança.
nibiliza atualmente 25 GB para você armazenar o que quiser. Tanto para Afinal, a proposta é manter informações importantes em um ambiente
documentos ou imagens de tamanho pequeno como para arquivos maio- virtual, e não são todas as pessoas que se sentem à vontade com isso.
res, tudo pode ser feito nas nuvens, sem a necessidade de mídias físicas. Deve-se ressaltar também que, como há a necessidade de acessar
servidores remotos, é primordial que a conexão com a internet seja está-

Noções de Informática 54
APOSTILAS OPÇÃO
vel e rápida, principalmente quando se trata de streaming e jogos. E deve- _______________________________________________________
se levar em conta também que os servidores ficam em lugares distantes,
portanto, uma internet instável ou de baixa velocidade é prejudicial para o _______________________________________________________
aproveitamento pleno da tecnologia. _______________________________________________________
Mas não há dúvidas de que a computação em nuvens é uma realida-
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de cada vez mais sólida. Nos últimos anos, grandes empresas têm dado
muita atenção a esta tecnologia, e tudo nos faz crer que isso vai continuar. _______________________________________________________
Fonte: http://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nuvem/738-o-que-e-
computacao-em-nuvens-.htm
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Noções de Informática 55
APOSTILAS OPÇÃO
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Noções de Informática 56
LEGISLAÇÃO
APOSTILAS OPÇÃO
VI - reversão;
VII - aproveitamento;

Legislação VIII - reintegração;


IX - recondução.
Seção II
Da Nomeação
Art. 9o A nomeação far-se-á:
Regime jurídico dos servidores públi- I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento
cos civis da União. Lei 8.112 de 1990 e efetivo ou de carreira;
suas alterações II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de
confiança vagos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de
Título I natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente,
Capítulo Único em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do que atual-
Das Disposições Preliminares mente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de um
Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Ci- deles durante o período da interinidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
vis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das de 10.12.97)
fundações públicas federais. Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de pro-
Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente in- vimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso público de
vestida em cargo público. provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o
prazo de sua validade.
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades
previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvol-
servidor. vimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão estabelecidos
pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administração
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasilei-
Pública Federal e seus regulamentos. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
ros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento pago
de 10.12.97)
pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
Seção III
Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos
Do Concurso Público
previstos em lei.
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, podendo
Título II
ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o regulamento
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição
do respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição do candidato ao
Capítulo I pagamento do valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio,
Do Provimento e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente previstas.
Seção I (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Regulamento)
Disposições Gerais Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos, po-
Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público: dendo ser prorrogado uma única vez, por igual período.
I - a nacionalidade brasileira; § 1o O prazo de validade do concurso e as condições de sua realiza-
II - o gozo dos direitos políticos; ção serão fixados em edital, que será publicado no Diário Oficial da União
e em jornal diário de grande circulação.
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprova-
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; do em concurso anterior com prazo de validade não expirado.
V - a idade mínima de dezoito anos; Seção IV
VI - aptidão física e mental. Da Posse e do Exercício
§ 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros re- Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual
quisitos estabelecidos em lei. deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os
§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados unila-
se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribui- teralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previs-
ções sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tos em lei.
tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas ofere- § 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publicação
cidas no concurso. do ato de provimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológi- § 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de publicação do
ca federais poderão prover seus cargos com professores, técnicos e ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou
cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas "a", "b", "d", "e" e
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97) "f", IX e X do art. 102, o prazo será contado do término do impedimento.
Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da au- (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
toridade competente de cada Poder. § 3o A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse. § 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por nomea-
Art. 8o São formas de provimento de cargo público: ção. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - nomeação; § 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e
II - promoção; valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício
ou não de outro cargo, emprego ou função pública.
III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse não
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.
V - readaptação;

Legislação 1
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção mé- V- responsabilidade.
dica oficial. § 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio probatório,
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for julgado ap- será submetida à homologação da autoridade competente a avaliação do
to física e mentalmente para o exercício do cargo. desempenho do servidor, realizada por comissão constituída para essa
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da res-
público ou da função de confiança. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de pectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração dos
10.12.97) fatores enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.(Redação dada
pela Lei nº 11.784, de 2008
§ 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em cargo
público entrar em exercício, contados da data da posse. (Redação dada § 2o O servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, observado o
disposto no parágrafo único do art. 29.
§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem efeito o
ato de sua designação para função de confiança, se não entrar em exercí- § 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer car-
cio nos prazos previstos neste artigo, observado o disposto no art. 18. gos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou asses-
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) soramento no órgão ou entidade de lotação, e somente poderá ser cedido
a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade para onde for cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento
nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício.(Redação Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes. (Incluído pela Lei nº
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 9.527, de 10.12.97)
§ 4o O início do exercício de função de confiança coincidirá com a da- § 4o Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser concedi-
ta de publicação do ato de designação, salvo quando o servidor estiver em das as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94,
licença ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese em que 95 e 96, bem assim afastamento para participar de curso de formação
recairá no primeiro dia útil após o término do impedimento, que não pode- decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na Administração
rá exceder a trinta dias da publicação. (Incluído pela Lei nº 9.527, de Pública Federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
10.12.97)
§ 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e os
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exercício afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim na
serão registrados no assentamento individual do servidor. hipótese de participação em curso de formação, e será retomado a partir
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresentará ao do término do impedimento.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
órgão competente os elementos necessários ao seu assentamento indivi- Seção V
dual.
Da Estabilidade
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que é con-
tado no novo posicionamento na carreira a partir da data de publicação do Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empossado em
ato que promover o servidor. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço público ao
10.12.97) completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. (prazo 3 anos - vide EMC nº
19)
Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município em ra-
zão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou posto em Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença
exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar no
prazo, contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo desem- qual lhe seja assegurada ampla defesa.
penho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário Seção VI
para o deslocamento para a nova sede.(Redação dada pela Lei nº 9.527, Da Transferência
de 10.12.97) Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou afastado Seção VII
legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a partir do Da Readaptação
término do impedimento. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº
9.527, de 10.12.97) Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribui-
ções e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido
§ 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos no ca- em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção médica.
put. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando será
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em razão aposentado.
das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração
máxima do trabalho semanal de quarenta horas e observados os limites § 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins, res-
mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente. peitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência de
(Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor
exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de va-
§ 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança sub- ga.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado o disposto
no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver interesse da Seção VIII
Administração. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Da Reversão
(Regulamento Dec. nº 3.644, de 30.11.2000)
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de trabalho esta-
belecida em leis especiais.(Incluído pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado:
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de
provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os
(vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão motivos da aposentadoria; ou (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os seguinte 45, de 4.9.2001)
fatores: (Vide EMC nº 19) II - no interesse da administração, desde que: (Incluído pela Medida
I - assiduidade; Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
II - disciplina; a) tenha solicitado a reversão;(Incluído pela Medida Provisória nº
2.225-45, de 4.9.2001)
III - capacidade de iniciativa;
b) a aposentadoria tenha sido voluntária;(Incluído pela Medida Provi-
IV - produtividade; sória nº 2.225-45, de 4.9.2001)

Legislação 2
APOSTILAS OPÇÃO
c) estável quando na atividade; (Incluído pela Medida Provisória nº Capítulo II
2.225-45, de 4.9.2001) Da Vacância
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solici- Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
tação; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) I - exoneração;
e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de II - demissão;
4.9.2001)
III - promoção;
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante de
sua transformação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
4.9.2001) V - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício será considerado VI - readaptação;
para concessão da aposentadoria. (Incluído pela Medida Provisória nº VII - aposentadoria;
2.225-45, de 4.9.2001)
VIII - posse em outro cargo inacumulável;
§ 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o servidor
IX - falecimento.
exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor,
ou de ofício.
§ 4o O servidor que retornar à atividade por interesse da administra-
ção perceberá, em substituição aos proventos da aposentadoria, a remu- Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
neração do cargo que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
natureza pessoal que percebia anteriormente à aposentadoria. (Incluído II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício
pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) no prazo estabelecido.
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os proventos cal- Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de função
culados com base nas regras atuais se permanecer pelo menos cinco de confiança dar-se-á:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
anos no cargo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
I - a juízo da autoridade competente;
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo. (Inclu-
ído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) II - a pedido do próprio servidor.
Art. 26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Capítulo III
Da Remoção e da Redistribuição
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver completado 70
(setenta) anos de idade. Seção I
Da Remoção
Seção IX
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício,
Da Reintegração no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se por
anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, modalidades de remoção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial,
com ressarcimento de todas as vantagens. I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97)
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em dis-
ponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31. II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97)
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante será
reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou aproveitado III - a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse
em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade. da Administração: (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção X a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor pú-
blico civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Da Recondução Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Admi-
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo anteri- nistração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ormente ocupado e decorrerá de: b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou depen-
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; dente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional,
II - reintegração do anterior ocupante. condicionada à comprovação por junta médica oficial;(Incluído pela Lei nº
9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o servi-
dor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30. c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o
número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com
Seção XI
normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam
Da Disponibilidade e do Aproveitamento lotados. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á Seção II
mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimen-
Da Redistribuição
tos compatíveis com o anteriormente ocupado.
Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efe-
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determinará o
tivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro
imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em vaga que vier
órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão
a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Pública Federal.
central do SIPEC, observados os seguintes preceitos: (Redação dada
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o servidor pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
posto em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do
I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal -
10.12.97)
SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro órgão ou entida-
de.(Parágrafo incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a dispo-
nibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo III - manutenção da essência das atribuições do cargo; (Incluído pela
doença comprovada por junta médica oficial. Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Legislação 3
APOSTILAS OPÇÃO
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a título de
das atividades; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) remuneração, importância superior à soma dos valores percebidos como
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profis- remuneração, em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos
sional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional
e Ministros do Supremo Tribunal Federal.
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades ins-
titucionais do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens
previstas nos incisos II a VII do art. 61.
§ 1o A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de lotação e
da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclusive nos casos de Art. 43. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98) (Vide Lei nº 9.624, de
reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade. (Incluído pela 2.4.98)
Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 44. O servidor perderá:
§ 2o A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante ato I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo justifi-
conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e entidades da cado; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Administração Pública Federal envolvidos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos, ausên-
10.12.97) cias justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o art. 97, e
§ 3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou entidade, saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de horário, até o
extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão ou entidade, o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imedia-
servidor estável que não for redistribuído será colocado em disponibilida- ta. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de, até seu aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31. (Parágrafo renu- Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou
merado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de força maior poderão ser compensadas a critério da chefia imediata,
§ 4o O servidor que não for redistribuído ou colocado em disponibili- sendo assim consideradas como efetivo exercício. (Incluído pela Lei nº
dade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão central do SI- 9.527, de 10.12.97)
PEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até seu Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum des-
adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) conto incidirá sobre a remuneração ou provento. (Vide Decreto nº 1.502,
Capítulo IV de 1995) (Vide Decreto nº 1.903, de 1996) (Vide Decreto nº 2.065, de
Da Substituição 1996)
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de direção ou § 1o Mediante autorização do servidor, poderá haver consignação em
chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão substitutos folha de pagamento em favor de terceiros, a critério da administração e
indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, previamente com reposição de custos, na forma definida em regulamento. (Redação
designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade. (Redação dada dada pela Lei nº 13.172, de 2015)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 2o O total de consignações facultativas de que trata o § 1o não ex-
§ 1o O substituto assumirá automática e cumulativamente, sem prejuí- cederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração mensal, sendo
zo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função de direção ou 5% (cinco por cento) reservados exclusivamente para:(Redação dada pela
chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, impedimentos legais Lei nº 13.172, de 2015)
ou regulamentares do titular e na vacância do cargo, hipóteses em que I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédi-
deverá optar pela remuneração de um deles durante o respectivo perío- to; ou (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)
do.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédi-
§ 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo ou fun- to. (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)
ção de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial, nos casos dos
afastamentos ou impedimentos legais do titular, superiores a trinta dias Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até 30 de
consecutivos, paga na proporção dos dias de efetiva substituição, que junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor ativo, aposen-
excederem o referido período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de tado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo máximo de trinta dias,
10.12.97) podendo ser parceladas, a pedido do interessado. (Redação dada pela
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de unida-
des administrativas organizadas em nível de assessoria. § 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao corresponden-
te a dez por cento da remuneração, provento ou pensão. (Redação dada
Título III pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Dos Direitos e Vantagens
§ 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês anterior
Capítulo I ao do processamento da folha, a reposição será feita imediatamente, em
Do Vencimento e da Remuneração uma única parcela. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo 4.9.2001)
público, com valor fixado em lei. § 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência de cumprimen-
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das to a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que venha a ser
vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a data da reposição.
§ 1o A remuneração do servidor investido em função ou cargo em co- (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
missão será paga na forma prevista no art. 62. Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido, exonera-
§ 2o O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou entidade do ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassada, terá o
diversa da de sua lotação receberá a remuneração de acordo com o prazo de sessenta dias para quitar o débito. (Redação dada pela Medida
estabelecido no § 1o do art. 93. Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de cará- Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto implicará
ter permanente, é irredutível. sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada pela Medida Provisória nº
2.225-45, de 4.9.2001)
§ 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de atribui-
ções iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dos Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão objeto
três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de prestação de
à natureza ou ao local de trabalho. alimentos resultante de decisão judicial.
§ 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário míni- Capítulo II
mo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 Das Vantagens

Legislação 4
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as se- § 2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exigência
guintes vantagens: permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.
I - indenizações; § 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar dentro
II - gratificações; da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião,
constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou em
III - adicionais. áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição
§ 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento ou provento e competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros considera-se
para qualquer efeito. estendida, salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em que as
§ 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao vencimento ou diárias pagas serão sempre as fixadas para os afastamentos dentro do
provento, nos casos e condições indicados em lei. território nacional. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem acu- Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, por
muladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acréscimos pecu- qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no prazo de 5
niários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento. (cinco) dias.
Seção I Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em prazo
Das Indenizações menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as diárias
recebidas em excesso, no prazo previsto no caput.
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
Subseção III
I - ajuda de custo;
Da Indenização de Transporte
II - diárias;
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor que rea-
III - transporte. lizar despesas com a utilização de meio próprio de locomoção para a
IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) execução de serviços externos, por força das atribuições próprias do
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos I a III cargo, conforme se dispuser em regulamento.
do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, serão estabe- Subseção IV
lecidos em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.355, de 2006) Do Auxílio-Moradia
Subseção I (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Da Ajuda de Custo Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das despesas
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de ins- comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou
talação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter exercício em com meio de hospedagem administrado por empresa hoteleira, no prazo
nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o de um mês após a comprovação da despesa pelo servidor. (Incluído pela
duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge Lei nº 11.355, de 2006)
ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier a ter Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se atendidos os
exercício na mesma sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
§ 1o Correm por conta da administração as despesas de transporte do I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor; (In-
servidor e de sua família, compreendendo passagem, bagagem e bens cluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
pessoais. II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel funcional;
§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede são assegurados (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, dentro do prazo III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha sido
de 1 (um) ano, contado do óbito. proprietário, promitente comprador, cessionário ou promitente cessionário
§ 3o Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de remoção de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, incluída a hipótese de
previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 36. (Incluído pela lote edificado sem averbação de construção, nos doze meses que antece-
Lei nº 12.998, de 2014) derem a sua nomeação;(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do servi- IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba auxílio-
dor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo exceder a moradia;(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
importância correspondente a 3 (três) meses. V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocupar
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se afastar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Direção e Assesso-
do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. ramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo servi- Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
dor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mudança de VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função de
domicílio. confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em relação ao
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. 93, a aju- local de residência ou domicílio do servidor;(Incluído pela Lei nº 11.355, de
da de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível. 2006)
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando, VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido no Muni-
injustificadamente, não se apresentar na nova sede no prazo de 30 (trinta) cípio, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo em comissão ou
dias. função de confiança, desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias
Subseção II dentro desse período; e (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Das Diárias VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração de lotação
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter even- ou nomeação para cargo efetivo.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
tual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o exterior, IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de
fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de 2006.(Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007)
despesas extraordinária com pousada, alimentação e locomoção urbana, Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o prazo
conforme dispuser em regulamento.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão relacionado
10.12.97) no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
§ 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida pe- Art. 60-C. (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014)
la metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da sede, ou
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25% (vinte e
quando a União custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias
cinco por cento) do valor do cargo em comissão, função comissionada ou
cobertas por diárias. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Legislação 5
APOSTILAS OPÇÃO
cargo de Ministro de Estado ocupado. (Incluído pela Lei nº 11.784, de Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para cálculo de
2008 qualquer vantagem pecuniária.
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte e cinco Subseção III
por cento) da remuneração de Ministro de Estado. (Incluído pela Lei nº Do Adicional por Tempo de Serviço
11.784, de 2008 Art. 67. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001, res-
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão ou função peitadas as situações constituídas até 8.3.1999)
comissionada, fica garantido a todos os que preencherem os requisitos o Subseção IV
ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais). (Incluído Dos Adicionais de Insalubridade,
pela Lei nº 11.784, de 2008 Periculosidade ou Atividades Penosas
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de imóvel Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais in-
funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio- salubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas
moradia continuará sendo pago por um mês. (Incluído pela Lei nº 11.355, ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o vencimento do
de 2006) cargo efetivo.
Seção II § 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de peri-
Das Gratificações e Adicionais culosidade deverá optar por um deles.
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta Lei, se- § 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade cessa
rão deferidos aos servidores as seguintes retribuições, gratificações e com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa a sua
adicionais:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) concessão.
I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assesso- Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servidores em
ramento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) operações ou locais considerados penosos, insalubres ou perigosos.
II - gratificação natalina; Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afastada, en-
III - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) quanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais previstos
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre e em serviço não
penosas; penoso e não perigoso.
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário; Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de insa-
lubridade e de periculosidade, serão observadas as situações estabeleci-
VI - adicional noturno; das em legislação específica.
VII - adicional de férias; Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servidores
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho. em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.(Incluído pela Lei vida o justifiquem, nos termos, condições e limites fixados em regulamen-
nº 11.314 de 2006) to.
Subseção I Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios
Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle permanente, de
Chefia e Assessoramento modo que as doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível máximo
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) previsto na legislação própria.
Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em função de Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão sub-
direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou metidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu exercício. (Redação Subseção V
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Do Adicional por Serviço Extraordinário
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração dos car- Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de
gos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o.(Redação dada pela Lei 50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de trabalho.
nº 9.527, de 10.12.97) Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para atender a
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nominalmente situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo de 2
Identificada - VPNI a incorporação da retribuição pelo exercício de função (duas) horas por jornada.
de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão Subseção VI
ou de Natureza Especial a que se referem os arts. 3º e 10 da Lei no 8.911, Do Adicional Noturno
de 11 de julho de 1994, e o art. 3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre
22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo somente valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento), computando-se
estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos servidores públicos cada hora como cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
federais. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o acrésci-
Subseção II mo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração prevista no art.
Da Gratificação Natalina 73.
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da Subseção VII
remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de Do Adicional de Férias
exercício no respectivo ano. Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um terço) da
considerada como mês integral. remuneração do período das férias.
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de de- Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de direção,
zembro de cada ano. chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva
vantagem será considerada no cálculo do adicional de que trata este
Parágrafo único. (VETADO).
artigo.
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação natalina,
Subseção VIII
proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre a remunera-
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
ção do mês da exoneração.
(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)

Legislação 6
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é devida § 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, perce-
ao servidor que, em caráter eventual: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) berá indenização relativa ao período das férias a que tiver direito e ao
I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou incompleto, na proporção de um doze avos por mês de efetivo exercício,
de treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública ou fração superior a quatorze dias. (Incluído pela Lei nº 8.216, de 13.8.91)
federal; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) § 4o A indenização será calculada com base na remuneração do mês
II - participar de banca examinadora ou de comissão para exames em que for publicado o ato exoneratório.(Incluído pela Lei nº 8.216, de
orais, para análise curricular, para correção de provas discursivas, para 13.8.91)
elaboração de questões de provas ou para julgamento de recursos inten- § 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor adicional
tados por candidatos;(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição Federal quando da utili-
III - participar da logística de preparação e de realização de concurso zação do primeiro período. (Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)
público envolvendo atividades de planejamento, coordenação, supervisão, Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente com Raios X
execução e avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecutivos de férias,
incluídas entre as suas atribuições permanentes; (Incluído pela Lei nº por semestre de atividade profissional, proibida em qualquer hipótese a
11.314 de 2006) acumulação.
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame ves- Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de
tibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades. (Incluído calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar
pela Lei nº 11.314 de 2006) ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela autoridade
§ 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação de que trata máxima do órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
este artigo serão fixados em regulamento, observados os seguintes parâ- 10.12.97) (Vide Lei nº 9.525, de 1997)
metros: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) Parágrafo único. O restante do período interrompido será gozado de
I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas a natu- uma só vez, observado o disposto no art. 77. (Incluído pela Lei nº 9.527,
reza e a complexidade da atividade exercida; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 10.12.97)
de 2006) Capítulo IV
Das Licenças
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120 (cento e
vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de excepcionalidade, Seção I
devidamente justificada e previamente aprovada pela autoridade máxima Disposições Gerais
do órgão ou entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cento Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
e vinte) horas de trabalho anuais; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) I - por motivo de doença em pessoa da família;
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos seguintes II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico da administração III - para o serviço militar;
pública federal: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) IV - para atividade política;
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratando de V - para capacitação; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo; (Redação dada
VI - para tratar de interesses particulares;
pela Lei nº 11.501, de 2007)
VII - para desempenho de mandato classista.
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando de ati-
vidade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo. (Redação dada § 1o A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem como ca-
pela Lei nº 11.501, de 2007) da uma de suas prorrogações serão precedidas de exame por perícia
médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta Lei. (Redação dada
§ 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somente será pela Lei nº 11.907, de 2009)
paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste artigo forem
§ 2o O (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que o servidor for
titular, devendo ser objeto de compensação de carga horária quando § 3o É vedado o exercício de atividade remunerada durante o período
desempenhadas durante a jornada de trabalho, na forma do § 4o do art. 98 da licença prevista no inciso I deste artigo.
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do término
§ 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se incor- de outra da mesma espécie será considerada como prorrogação.
pora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efeito e não Seção II
poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer outras vanta- Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família
gens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da aposentadoria e das Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de doen-
pensões.(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) ça do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou ma-
Capítulo III drasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e conste do
Das Férias seu assentamento funcional, mediante comprovação por perícia médica
oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem ser acu-
muladas, até o máximo de dois períodos, no caso de necessidade do § 1o A licença somente será deferida se a assistência direta do servi-
serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica. dor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com o
(Redação dada pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) (Vide Lei nº 9.525, de exercício do cargo ou mediante compensação de horário, na forma do
1997) disposto no inciso II do art. 44. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12
(doze) meses de exercício. § 2o A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, poderá
ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes condi-
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. ções:(Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
§ 3o As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde que I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a remu-
assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração pública. neração do servidor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
(Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remunera-
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2 ção.(Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
(dois) dias antes do início do respectivo período, observando-se o disposto § 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a partir
no § 1o deste artigo. (Vide Lei nº 9.525, de 1997) da data do deferimento da primeira licença concedida.(Incluído pela Lei nº
§ 1° e § 2° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 12.269, de 2010)

Legislação 7
APOSTILAS OPÇÃO
§ 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças não remunera- Seção VIII
das, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em um mesmo Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista
período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § 3o, não poderá Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem remuneração
ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2o.(Incluído pela para o desempenho de mandato em confederação, federação, associação
Lei nº 12.269, de 2010) de classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou
Seção III entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar públicos para prestar serviços a seus membros, observado o disposto na
cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do território alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regula-
nacional, para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos mento e observados os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº
Poderes Executivo e Legislativo. 11.094, de 2005)
§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração. I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois) ser-
vidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro tam-
bém seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Poderes da II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta mil) as-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá haver sociados, 4 (quatro) servidores;(Redação dada pela Lei nº 12.998, de
exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Federal 2014)
direta, autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de atividade III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados, 8 (oito)
compatível com o seu cargo. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de servidores. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
10.12.97) § 1o Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para car-
Seção IV gos de direção ou de representação nas referidas entidades, desde que
Da Licença para o Serviço Militar cadastradas no órgão competente. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de
Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será concedida 2014)
licença, na forma e condições previstas na legislação específica. § 2o A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser renova-
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até 30 da, no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
(trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do cargo. Capítulo V
Seção V Dos Afastamentos
Da Licença para Atividade Política Seção I
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, durante o Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade
período que mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro ór-
candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura gão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal,
perante a Justiça Eleitoral. dos Municípios ou em serviço social autônomo instituído pela União que
§ 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desem- exerça atividades de cooperação com a administração pública federal, nas
penha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia, assessora- seguintes hipóteses: (Redação dada pela Medida Provisória nº 765, de
mento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a partir do dia 2016)
imediato ao do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até I - para exercício de cargo em comissão, função de confiança ou, no
o décimo dia seguinte ao do pleito. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de caso de serviço social autônomo, para o exercício de cargo de direção ou
10.12.97) de gerência; (Redação dada pela Medida Provisória nº 765, de 2016)
§ 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao II - em casos previstos em leis específicas. (Redação dada pela Lei nº
da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os vencimentos do 8.270, de 17.12.91)
cargo efetivo, somente pelo período de três meses. (Redação dada pela § 1º Na hipótese de que trata o inciso I do caput, sendo a cessão pa-
Lei nº 9.527, de 10.12.97) ra órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
Seção VI ou para serviço social autônomo, o ônus da remuneração será do órgão
Da Licença para Capacitação ou da entidade cessionária, mantido o ônus para o cedente nos demais
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) casos. (Redação dada pela Medida Provisória nº 765, de 2016)
Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor poderá, § 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública, sociedade
no interesse da Administração, afastar-se do exercício do cargo efetivo, de economia mista ou serviço social autônomo, nos termos de suas res-
com a respectiva remuneração, por até três meses, para participar de pectivas normas, optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remu-
curso de capacitação profissional. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de neração do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo
10.12.97) (Vide Decreto nº 5.707, de 2006) em comissão, de direção ou de gerência, a entidade cessionária ou o
Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o caput não são serviço social autônomo efetuará o reembolso das despesas realizadas
acumuláveis. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) pelo órgão ou pela entidade de origem. (Redação dada pela Medida
Provisória nº 765, de 2016)
Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário Oficial
Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) da União. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
Art. 90. (VETADO). § 4o Mediante autorização expressa do Presidente da República, o
Seção VII servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro órgão da Admi-
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares nistração Federal direta que não tenha quadro próprio de pessoal, para fim
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao servi- determinado e a prazo certo. (Incluído pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
dor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em estágio probató- § 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou servidor por
rio, licenças para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até três ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo. (Redação dada
anos consecutivos, sem remuneração. (Redação dada pela Medida Provi- pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
sória nº 2.225-45, de 4.9.2001) § 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de sociedade
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, de economia mista, que receba recursos de Tesouro Nacional para o
a pedido do servidor ou no interesse do serviço. (Redação dada pela custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de pessoal, indepen-
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) dem das disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo,
ficando o exercício do empregado cedido condicionado a autorização

Legislação 8
APOSTILAS OPÇÃO
específica do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído o período de estágio
nos casos de ocupação de cargo em comissão ou função gratificada. probatório, que não tenham se afastado por licença para tratar de assun-
(Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002) tos particulares para gozo de licença capacitação ou com fundamento
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com a finali- neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data da solicitação de afasta-
dade de promover a composição da força de trabalho dos órgãos e enti- mento. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
dades da Administração Pública Federal, poderá determinar a lotação ou o § 3o Os afastamentos para realização de programas de pós-doutorado
exercício de empregado ou servidor, independentemente da observância somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos efetivo no
do constante no inciso I e nos §§ 1º e 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº respectivo órgão ou entidade há pelo menos quatro anos, incluído o
10.470, de 25.6.2002)(Vide Decreto nº 5.375, de 2005) período de estágio probatório, e que não tenham se afastado por licença
Seção II para tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste artigo, nos
Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo quatro anos anteriores à data da solicitação de afastamento. (Redação
dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se as se-
guintes disposições: § 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos previstos nos §§
1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer no exercício de suas fun-
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará afasta- ções após o seu retorno por um período igual ao do afastamento concedi-
do do cargo; do.(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, sendo- § 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo ou apo-
lhe facultado optar pela sua remuneração; sentadoria, antes de cumprido o período de permanência previsto no § 4o
III - investido no mandato de vereador: deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens de Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfeiço-
seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; amento.(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do cargo, § 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justificou seu
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no § 5o deste artigo,
salvo na hipótese comprovada de força maior ou de caso fortuito, a critério
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá para a
do dirigente máximo do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº 11.907,
seguridade social como se em exercício estivesse.
de 2009)
§ 2o O servidor investido em mandato eletivo ou classista não poderá
§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós-graduação no Exte-
ser removido ou redistribuído de ofício para localidade diversa daquela
rior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o
onde exerce o mandato.
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
Seção III
Capítulo VI
Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior
Das Concessões
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo ou
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se do ser-
missão oficial, sem autorização do Presidente da República, Presidente
viço:(Redação dada pela Medida provisória nº 632, de 2013)
dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Fede-
ral.(Vide Decreto nº 1.387, de 1995) I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
§ 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a missão ou II - pelo período comprovadamente necessário para alistamento ou
estudo, somente decorrido igual período, será permitida nova ausência. recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a 2 (dois) dias;
(Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
§ 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será con-
cedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular antes de III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de a) casamento;
ressarcimento da despesa havida com seu afastamento. b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto,
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da carreira filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.
diplomática. Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante, quan-
§ 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização de que trata do comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e o da reparti-
este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do servidor, serão ção, sem prejuízo do exercício do cargo.
disciplinadas em regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a compensação
Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo interna- de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, respeitada a duração
cional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-se-á com perda semanal do trabalho.(Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527,
total da remuneração. (Vide Decreto nº 3.456, de 2000) de 10.12.97)
Seção IV § 2o Também será concedido horário especial ao servidor portador de
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica oficial,
Do Afastamento para Participação em Programa de Pós-Graduação independentemente de compensação de horário. (Incluído pela Lei nº
Stricto Sensu no País 9.527, de 10.12.97)
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Administração, e desde § 3o As disposições constantes do § 2o são extensivas ao servidor que
que a participação não possa ocorrer simultaneamente com o exercício do tenha cônjuge, filho ou dependente com deficiência. (Redação dada pela
cargo ou mediante compensação de horário, afastar-se do exercício do Lei nº 13.370, de 2016)
cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em programa § 4o Será igualmente concedido horário especial, vinculado à com-
de pós-graduação stricto sensu em instituição de ensino superior no pensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um) ano, ao servi-
País.(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) dor que desempenhe atividade prevista nos incisos I e II do caput do art.
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade definirá, em con- 76-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
formidade com a legislação vigente, os programas de capacitação e os Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da
critérios para participação em programas de pós-graduação no País, com administração é assegurada, na localidade da nova residência ou na mais
ou sem afastamento do servidor, que serão avaliados por um comitê próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer
constituído para este fim. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) época, independentemente de vaga.
§ 2o Os afastamentos para realização de programas de mestrado e Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge ou
doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam na sua com-
efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para panhia, bem como aos menores sob sua guarda, com autorização judicial.
Legislação 9
APOSTILAS OPÇÃO
Capítulo VII § 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será contado
Do Tempo de Serviço apenas para nova aposentadoria.
Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço público § 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às Forças
federal, inclusive o prestado às Forças Armadas. Armadas em operações de guerra.
Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que se- § 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço prestado
rão convertidos em anos, considerado o ano como de trezentos e sessen- concomitantemente em mais de um cargo ou função de órgão ou entida-
ta e cinco dias. des dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal e Município, autarquia,
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são con- fundação pública, sociedade de economia mista e empresa pública.
siderados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude de: (Vide Capítulo VIII
Decreto nº 5.707, de 2006) Do Direito de Petição
I - férias; Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Poderes
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão ou enti- Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo.
dade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Distrito Federal; Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade competente para
III - exercício de cargo ou função de governo ou administração, em decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver imediata-
qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presidente da mente subordinado o requerente.
República; Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que houver ex-
IV - participação em programa de treinamento regularmente instituído pedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo ser renovado.
ou em programa de pós-graduação stricto sensu no País, conforme dispu- (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
ser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)(Vide Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração de
Decreto nº 5.707, de 2006) que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no prazo de 5
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou do (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias.
Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento; Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afastamento,
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.
conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97) (Vide Decreto nº 5.707, de 2006) § 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente superior à
que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessivamente, em
VIII - licença:
escala ascendente, às demais autoridades.
a) à gestante, à adotante e à paternidade;
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade a que
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e quatro me- estiver imediatamente subordinado o requerente.
ses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público prestado à União,
em cargo de provimento efetivo; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de Art. 108. O prazo para interposição de pedido de reconsideração ou
10.12.97) de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo
interessado, da decisão recorrida. (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
c) para o desempenho de mandato classista ou participação de ge-
rência ou administração em sociedade cooperativa constituída por servido- Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo
res para prestar serviços a seus membros, exceto para efeito de promo- da autoridade competente.
ção por merecimento;(Redação dada pela Lei nº 11.094, de 2005) Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de reconsideração
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato impugnado.
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; (Redação da- Art. 110. O direito de requerer prescreve:
da pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de
f) por convocação para o serviço militar; aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; créditos resultantes das relações de trabalho;
X - participação em competição desportiva nacional ou convocação II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando outro
para integrar representação desportiva nacional, no País ou no exterior, prazo for fixado em lei.
conforme disposto em lei específica; Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data da pu-
XI - afastamento para servir em organismo internacional de que o blicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interessado, quando
Brasil participe ou com o qual coopere. (Incluído pela Lei nº 9.527, de o ato não for publicado.
10.12.97) Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis,
Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e disponibi- interrompem a prescrição.
lidade: Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser relevada
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municípios e Dis- pela administração.
trito Federal; Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada vista do
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família do servi- processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a procurador por ele
dor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em período de 12 constituído.
(doze) meses.(Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010) Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo,
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o; quando eivados de ilegalidade.
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato eletivo fe- Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos neste
deral, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso no serviço Capítulo, salvo motivo de força maior.
público federal; Título IV
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Previdência Do Regime Disciplinar
Social; Capítulo I
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; Dos Deveres
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que exce- Art. 116. São deveres do servidor:
der o prazo a que se refere a alínea "b" do inciso VIII do art. 102. (Incluído I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - ser leal às instituições a que servir;
Legislação 10
APOSTILAS OPÇÃO
III - observar as normas legais e regulamentares; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ile- exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
gais; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.
V - atender com presteza: (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressal- Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste ar-
vadas as protegidas por sigilo; tigo não se aplica nos seguintes casos: (Incluído pela Lei nº 11.784, de
2008
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou es-
clarecimento de situações de interesse pessoal; I - participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas
ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participa-
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. ção no capital social ou em sociedade cooperativa constituída para prestar
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao serviços a seus membros; e (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma
envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de interes-
para apuração;(Redação dada pela Lei nº 12.527, de 2011) ses.(Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio Capítulo III
público; Da Acumulação
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a
IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa; acumulação remunerada de cargos públicos.
X - ser assíduo e pontual ao serviço; § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e fun-
XI - tratar com urbanidade as pessoas; ções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades
de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territó-
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
rios e dos Municípios.
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será enca-
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à
minhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela
comprovação da compatibilidade de horários.
contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando ampla
defesa. § 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento
de cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo
Capítulo II
quando os cargos de que decorram essas remunerações forem acumulá-
Das Proibições
veis na atividade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº 2.225-45,
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em comis-
de 4.9.2001)
são, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remu-
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autoriza- nerado pela participação em órgão de deliberação coletiva. (Redação
ção do chefe imediato; dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remuneração
documento ou objeto da repartição; devida pela participação em conselhos de administração e fiscal das
III - recusar fé a documentos públicos; empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e pro- controladas, bem como quaisquer empresas ou entidades em que a
cesso ou execução de serviço; União, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social,
observado o que, a respeito, dispuser legislação específica. (Redação
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da re- dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
partição;
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular lici-
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos tamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento
em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na
de seu subordinado; hipótese em que houver compatibilidade de horário e local com o exercício
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associ- de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entida-
ação profissional ou sindical, ou a partido político; des envolvidos.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confian- Capítulo IV
ça, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; Das Responsabilidades
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo
detrimento da dignidade da função pública; exercício irregular de suas atribuições.
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissi-
personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na quali- vo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.
dade de acionista, cotista ou comanditário; (Redação dada pela Lei nº § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário so-
11.784, de 2008 mente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de outros bens
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições pú- que assegurem a execução do débito pela via judicial.
blicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assisten- § 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor
ciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer § 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e con-
espécie, em razão de suas atribuições; tra eles será executada, até o limite do valor da herança recebida.
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contraven-
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; ções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
XV - proceder de forma desidiosa; Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissi-
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços vo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou função.
ou atividades particulares; Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que se, sendo independentes entre si.
ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
Legislação 11
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;
no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
autoria.
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos,
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere o art. 143
ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou, quando notificará o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para apresen-
houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade competente tar opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência
para apuração de informação concernente à prática de crimes ou improbi- e, na hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a sua
dade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício apuração e regularização imediata, cujo processo administrativo disciplinar
de cargo, emprego ou função pública. (Incluído pela Lei nº 12.527, de se desenvolverá nas seguintes fases: (Redação dada pela Lei nº 9.527,
2011) de 10.12.97)
Capítulo V I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a
Das Penalidades ser composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar a
Art. 127. São penalidades disciplinares: autoria e a materialidade da transgressão objeto da apuração; (Incluído
I - advertência; pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - suspensão; II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório;
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - demissão;
III - julgamento.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
§ 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo nome
V - destituição de cargo em comissão; e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos cargos,
VI - destituição de função comissionada. empregos ou funções públicas em situação de acumulação ilegal, dos
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a nature- órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, do horário de
za e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para trabalho e do correspondente regime jurídico. (Redação dada pela Lei nº
o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os ante- 9.527, de 10.12.97)
cedentes funcionais. § 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato que a
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sem- constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas as informações de
pre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. (Incluído pela Lei que trata o parágrafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal do
nº 9.527, de 10.12.97) servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no
prazo de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de viola-
do processo na repartição, observado o disposto nos arts. 163 e
ção de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobser-
164.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
vância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma
interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave. (Redação § 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório conclusivo
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá as
peças principais dos autos, opinará sobre a licitude da acumulação em
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das fal-
exame, indicará o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à
tas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não
autoridade instauradora, para julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo exce-
10.12.97)
der de 90 (noventa) dias.
§ 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento do processo, a
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor
autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se, quando for o
que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica
caso, o disposto no § 3o do art. 167. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos da penali-
10.12.97)
dade uma vez cumprida a determinação.
§ 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa con-
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de
figurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá automaticamente em
suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinquenta
pedido de exoneração do outro cargo. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor
10.12.97)
obrigado a permanecer em serviço.
§ 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, aplicar-se-
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus
á a pena de demissão, destituição ou cassação de aposentadoria ou
registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de
disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou funções públicas em
efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse perío-
regime de acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de
do, praticado nova infração disciplinar.
vinculação serão comunicados. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos re-
§ 7o O prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar
troativos.
submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, contados da data de
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação
I - crime contra a administração pública; por até quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem. (Incluído pela
II - abandono de cargo; Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - inassiduidade habitual; § 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste artigo,
observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente, as disposições
IV - improbidade administrativa; dos Títulos IV e V desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo
VI - insubordinação grave em serviço; que houver praticado, na atividade, falta punível com a demissão.
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em le- Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não ocu-
gítima defesa própria ou de outrem; pante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujeita às
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; penalidades de suspensão e de demissão.
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, a
exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em destituição
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
de cargo em comissão.
XI - corrupção;

Legislação 12
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos ca- Título V
sos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponibilidade dos Do Processo Administrativo Disciplinar
bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível. Capítulo I
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por in- Disposições Gerais
fringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço
nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindi-
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o ser- cância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado
vidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência ampla defesa.
do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI. § 1o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional do ser- § 2o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)
vidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da autoridade a
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, que se refere, poderá ser promovida por autoridade de órgão ou entidade
sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o diverso daquele em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante compe-
período de doze meses. tência específica para tal finalidade, delegada em caráter permanente ou
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade habi- temporário pelo Presidente da República, pelos presidentes das Casas do
tual, também será adotado o procedimento sumário a que se refere o art. Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da
133, observando-se especialmente que: (Redação dada pela Lei nº 9.527, República, no âmbito do respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas
de 10.12.97) as competências para o julgamento que se seguir à apuração. (Incluído
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97) Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apura-
ção, desde que contenham a identificação e o endereço do denunciante e
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do perí- sejam formuladas por escrito, confirmada a autenticidade.
odo de ausência intencional do servidor ao serviço superior a trinta dias;
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar evidente infra-
ção disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta de
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de falta objeto.
ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior a sessenta
dias interpoladamente, durante o período de doze meses;(Incluído pela Lei Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
nº 9.527, de 10.12.97) I - arquivamento do processo;
II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará relatório II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30
conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em que (trinta) dias;
resumirá as peças principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo III - instauração de processo disciplinar.
legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre a intencionalida- Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não excederá
de da ausência ao serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da
autoridade instauradora para julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de autoridade superior.
10.12.97)
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a impo-
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: sição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demis-
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Po- são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de
der Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da cargo em comissão, será obrigatória a instauração de processo disciplinar.
República, quando se tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou Capítulo II
disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou Do Afastamento Preventivo
entidade;
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediatamente in- influir na apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do proces-
ferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se tratar de suspen- so disciplinar poderá determinar o seu afastamento do exercício do cargo,
são superior a 30 (trinta) dias; pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos res- Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual pra-
pectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência ou de zo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o
suspensão de até 30 (trinta) dias; processo.
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de Capítulo III
destituição de cargo em comissão. Do Processo Disciplinar
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas
cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se
comissão; encontre investido.
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão compos-
ta de três servidores estáveis designados pela autoridade competente,
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. observado o disposto no § 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de
tornou conhecido. mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indicia-
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às in- do. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
frações disciplinares capituladas também como crime. § 1o A Comissão terá como secretário servidor designado pelo seu
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo discipli- presidente, podendo a indicação recair em um de seus membros.
nar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade § 2o Não poderá participar de comissão de sindicância ou de inquéri-
competente. to, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consanguíneo ou afim,
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
partir do dia em que cessar a interrupção.

Legislação 13
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com independência e Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do acusado,
imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do fato ou a comissão proporá à autoridade competente que ele seja submetido a
exigido pelo interesse da administração. exame por junta médica oficial, da qual participe pelo menos um médico
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões terão ca- psiquiatra.
ráter reservado. Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será processado em
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases: auto apartado e apenso ao processo principal, após a expedição do laudo
pericial.
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e rela- do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e das respecti-
tório; vas provas.
III - julgamento. § 1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo presidente da
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não exce- comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias,
derá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato que assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.
constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando § 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de 20
as circunstâncias o exigirem. (vinte) dias.
§ 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo integral aos § 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para dili-
seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do ponto, até a entre- gências reputadas indispensáveis.
ga do relatório final.
§ 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia da ci-
§ 2o As reuniões da comissão serão registradas em atas que deverão tação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em termo
detalhar as deliberações adotadas. próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a assinatura de
Seção I (2) duas testemunhas.
Do Inquérito Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a comuni-
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do contra- car à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
ditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utilização dos meios Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, será
e recursos admitidos em direito. citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e em jornal de
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo disciplinar, grande circulação na localidade do último domicílio conhecido, para apre-
como peça informativa da instrução. sentar defesa.
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância concluir Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa será
que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade competente de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital.
encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, independentemente Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente citado,
da imediata instauração do processo disciplinar. não apresentar defesa no prazo legal.
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada de § 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e de-
depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, objetivan- volverá o prazo para a defesa.
do a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos,
de modo a permitir a completa elucidação dos fatos. § 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do
processo designará um servidor como defensor dativo, que deverá ser
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o proces- ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
so pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e reinquirir escolaridade igual ou superior ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº
testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando 9.527, de 10.12.97)
se tratar de prova pericial.
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório minucio-
§ 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos considerados so, onde resumirá as peças principais dos autos e mencionará as provas
impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o em que se baseou para formar a sua convicção.
esclarecimento dos fatos.
§ 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à res-
§ 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a comprova- ponsabilidade do servidor.
ção do fato independer de conhecimento especial de perito.
§ 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão indicará
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor mediante mandado o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem como as circunstân-
expedido pelo presidente da comissão, devendo a segunda via, com o cias agravantes ou atenuantes.
ciente do interessado, ser anexado aos autos.
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão, será
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expedição do remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para julgamento.
mandado será imediatamente comunicada ao chefe da repartição onde
serve, com a indicação do dia e hora marcados para inquirição. Seção II
Do Julgamento
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo,
não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do
processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.
§ 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente.
§ 1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autoridade
§ 2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infirmem, instauradora do processo, este será encaminhado à autoridade competen-
proceder-se-á à acareação entre os depoentes. te, que decidirá em igual prazo.
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão promo- § 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, o jul-
verá o interrogatório do acusado, observados os procedimentos previstos gamento caberá à autoridade competente para a imposição da pena mais
nos arts. 157 e 158. grave.
§ 1o No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido § 3o Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de aposen-
separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações sobre tadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autoridades de que
fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre eles. trata o inciso I do art. 141.
§ 2o O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, bem § 4o Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a autoridade
como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado interferir nas per- instauradora do processo determinará o seu arquivamento, salvo se
guntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio flagrantemente contrária à prova dos autos.(Incluído pela Lei nº 9.527, de
do presidente da comissão. 10.12.97)
Legislação 14
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quando Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a
contrário às provas dos autos. penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor,
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as provas exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será converti-
dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar a da em exoneração.
penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade. Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agrava-
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que mento de penalidade.
determinou a instauração do processo ou outra de hierarquia superior Título VI
declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a Da Seguridade Social do Servidor
constituição de outra comissão para instauração de novo processo. (Re- Capítulo I
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Disposições Gerais
§ 1o O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do proces- Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para o servidor
so. e sua família.
§ 2o A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que trata o § 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja, simul-
art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo IV do Título IV. taneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo na administração
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora pública direta, autárquica e fundacional não terá direito aos benefícios do
determinará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor. Plano de Seguridade Social, com exceção da assistência à saúde. (Re-
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, o processo dação dada pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
disciplinar será remetido ao Ministério Público para instauração da ação § 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem direito à
penal, ficando trasladado na repartição. remuneração, inclusive para servir em organismo oficial internacional do
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só poderá qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual coopere, ainda que
ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após a conclu- contribua para regime de previdência social no exterior, terá suspenso o
são do processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada. seu vínculo com o regime do Plano de Seguridade Social do Servidor
Público enquanto durar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo,
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o parágrafo úni- neste período, os benefícios do mencionado regime de previdência.
co, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão, se for o caso. (Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias: § 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem remune-
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da sede de ração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de Seguridade
sua repartição, na condição de testemunha, denunciado ou indiciado; Social do Servidor Público, mediante o recolhimento mensal da respectiva
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obrigados a se contribuição, no mesmo percentual devido pelos servidores em atividade,
deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de missão essencial incidente sobre a remuneração total do cargo a que faz jus no exercício de
ao esclarecimento dos fatos. suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens
pessoais. (Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
Seção III
§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até o se-
Da Revisão do Processo
gundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos servido-
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, res públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e execução dos
a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias tributos federais quando não recolhidas na data de vencimento.(Incluído
suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da pena- pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
lidade aplicada.
Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos ris-
§ 1o Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do servi- cos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende um con-
dor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do processo. junto de benefícios e ações que atendam às seguintes finalidades:
§ 2o No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será re- I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, invalidez,
querida pelo respectivo curador. velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e reclusão;
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao requerente. II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui III - assistência à saúde.
fundamento para a revisão, que requer elementos novos, ainda não apre-
Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos e condi-
ciados no processo originário.
ções definidos em regulamento, observadas as disposições desta Lei.
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido ao Mi-
Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor
nistro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar a revisão,
compreendem:
encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou
o processo disciplinar. I - quanto ao servidor:
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente provi- a) aposentadoria;
denciará a constituição de comissão, na forma do art. 149. b) auxílio-natalidade;
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originário. c) salário-família;
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e hora pa- d) licença para tratamento de saúde;
ra a produção de provas e inquirição das testemunhas que arrolar. e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a conclu- f) licença por acidente em serviço;
são dos trabalhos.
g) assistência à saúde;
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que cou-
ber, as normas e procedimentos próprios da comissão do processo disci- h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho satisfa-
plinar. tórias;
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade, II - quanto ao dependente:
nos termos do art. 141. a) pensão vitalícia e temporária;
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias, con- b) auxílio-funeral;
tados do recebimento do processo, no curso do qual a autoridade julgado- c) auxílio-reclusão;
ra poderá determinar diligências.
d) assistência à saúde.

Legislação 15
APOSTILAS OPÇÃO
§ 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas pelos Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou
órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os servidores, vantagens posteriormente concedidas aos servidores em atividade, inclu-
observado o disposto nos arts. 189 e 224. sive quando decorrentes de transformação ou reclassificação do cargo ou
§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude, dolo ou função em que se deu a aposentadoria.
má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem prejuízo da Art. 190. O servidor aposentado com provento proporcional ao tempo
ação penal cabível. de serviço se acometido de qualquer das moléstias especificadas no § 1o
Capítulo II do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for considerado inválido por junta
Dos Benefícios médica oficial passará a perceber provento integral, calculado com base
no fundamento legal de concessão da aposentadoria. (Redação dada pela
Seção I Lei nº 11.907, de 2009)
Da Aposentadoria
Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o provento não
Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da Constituição) será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade.
I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais quando de- Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
corrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
contagiosa ou incurável, especificada em lei, e proporcionais nos demais Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
casos; Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação natalina, até
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos pro- o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao respectivo
porcionais ao tempo de serviço; provento, deduzido o adiantamento recebido.
III - voluntariamente: Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de
operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30 (trin- nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida aposentadoria com
ta) se mulher, com proventos integrais; provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo.
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de magistério Seção II
se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com proventos integrais; Do Auxílio-Natalidade
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e cinco) Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo de nas-
se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo; cimento de filho, em quantia equivalente ao menor vencimento do serviço
d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos 60 público, inclusive no caso de natimorto.
(sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço. § 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de 50%
§ 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis, a que (cinquenta por cento), por nascituro.
se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa, alienação mental, § 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor público,
esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no quando a parturiente não for servidora.
serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefro- Seção III
patia grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Do Salário-Família
Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao inativo, por
com base na medicina especializada. dependente econômico.
§ 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas insalubres ou Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos para efeito
perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art. 71, a aposentadoria de percepção do salário-família:
de que trata o inciso III, "a" e "c", observará o disposto em lei específica. I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados até 21
§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à junta médica (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e quatro) anos
oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada a incapacidade para ou, se inválido, de qualquer idade;
o desempenho das atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autorização judici-
o disposto no art. 24. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) al, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do inativo;
Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e declarada III - a mãe e o pai sem economia própria.
por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em que o servidor
atingir a idade-limite de permanência no serviço ativo. Art. 198. Não se configura a dependência econômica quando o bene-
ficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho ou de qualquer
Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a partir outra fonte, inclusive pensão ou provento da aposentadoria, em valor igual
da data da publicação do respectivo ato. ou superior ao salário-mínimo.
§ 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de licença para tra- Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e viverem em
tamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e quatro) meses. comum, o salário-família será pago a um deles; quando separados, será
§ 2o Expirado o período de licença e não estando em condições de pago a um e outro, de acordo com a distribuição dos dependentes.
reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será aposentado. Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a madrasta
§ 3o O lapso de tempo compreendido entre o término da licença e a e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
publicação do ato da aposentadoria será considerado como de prorroga- Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, nem
ção da licença. servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a Previdência
§ 4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão consideradas Social.
apenas as licenças motivadas pela enfermidade ensejadora da invalidez Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, não
ou doenças correlacionadas. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.
§ 5o A critério da Administração, o servidor em licença para tratamento Seção IV
de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser convocado a qualquer Da Licença para Tratamento de Saúde
momento, para avaliação das condições que ensejaram o afastamento ou
a aposentadoria. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento de saú-
de, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem prejuízo da
Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com observân- remuneração a que fizer jus.
cia do disposto no § 3o do art. 41, e revisto na mesma data e proporção,
sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade. Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será concedida
com base em perícia oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)

Legislação 16
APOSTILAS OPÇÃO
§ 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada na re- Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis meses, a
sidência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se encontrar servidora lactante terá direito, durante a jornada de trabalho, a uma hora
internado. de descanso, que poderá ser parcelada em dois períodos de meia hora.
§ 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde se encon- Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de criança
tra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor, e não se configu- até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias de licença
rando as hipóteses previstas nos parágrafos do art. 230, será aceito remunerada. (Vide Decreto nº 6.691, de 2008)
atestado passado por médico particular. (Redação dada pela Lei nº 9.527, Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de criança
de 10.12.97) com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo será de
§ 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente produzirá efei- 30 (trinta) dias.
tos depois de recepcionado pela unidade de recursos humanos do órgão Seção VI
ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) Da Licença por Acidente em Serviço
§ 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias no pe- Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor aci-
ríodo de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de afastamento será dentado em serviço.
concedida mediante avaliação por junta médica oficial. (Redação dada
pela Lei nº 11.907, de 2009) Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental sofri-
do pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as
§ 5o A perícia oficial para concessão da licença de que trata o caput atribuições do cargo exercido.
deste artigo, bem como nos demais casos de perícia oficial previstos nesta
Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que abran- Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
ger o campo de atuação da odontologia.(Incluído pela Lei nº 11.907, de I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servidor no
2009) exercício do cargo;
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15 (quinze) di- II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa.
as, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perícia oficial, na Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de trata-
forma definida em regulamento.(Redação dada pela Lei nº 11.907, de mento especializado poderá ser tratado em instituição privada, à conta de
2009) recursos públicos.
Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão ao Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médica oficial
nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões produzidas constitui medida de exceção e somente será admissível quando inexisti-
por acidente em serviço, doença profissional ou qualquer das doenças rem meios e recursos adequados em instituição pública.
especificadas no art. 186, § 1o.
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) dias,
Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas ou prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
funcionais será submetido a inspeção médica.
Seção VII
Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos periódicos, Da Pensão
nos termos e condições definidos em regulamento. (Incluído pela Lei nº
Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas hipóteses legais,
11.907, de 2009) (Regulamento).
fazem jus à pensão a partir da data de óbito, observado o limite estabele-
Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a União e suas cido no inciso XI do caput do art. 37 da Constituição Federal e no art. 2o
entidades autárquicas e fundacionais poderão: (Incluído pela Lei nº da Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004. (Redação dada pela Lei nº
12.998, de 2014) 13.135, de 2015)
I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo órgão ou Art. 216. (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015)
entidade à qual se encontra vinculado o servidor; (Incluído pela Lei nº
Art. 217. São beneficiários das pensões:
12.998, de 2014)
I - o cônjuge; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou parceria com
os órgãos e entidades da administração direta, suas autarquias e funda- a) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
ções; (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
III - celebrar convênios com operadoras de plano de assistência à sa- c) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
úde, organizadas na modalidade de autogestão, que possuam autorização d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
de funcionamento do órgão regulador, na forma do art. 230; ou (Incluído
pela Lei nº 12.998, de 2014) e) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante contrato adminis- II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, com
trativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e percepção de pensão alimentícia estabelecida judicialmente; (Redação
demais normas pertinentes. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Seção V a) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Paternidade b) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 (cento e c) Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. (Vide Decreto nº d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
6.690, de 2008)
III - o companheiro ou companheira que comprove união estável como
§ 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de gesta- entidade familiar; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
ção, salvo antecipação por prescrição médica.
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguintes re-
§ 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a partir do quisitos:(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
parto.
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei nº 13.135, de
§ 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do evento, a 2015)
servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, reassumirá
b) seja inválido; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
o exercício.
c) tenha deficiência grave; ou (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
§ 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora terá di-
2015)(Vigência)
reito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do regulamento;
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá direito à
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.

Legislação 17
APOSTILAS OPÇÃO
V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do servi- VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I a III do
dor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência eco- a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o servi-
nômica do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no inciso IV. dor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes
§ 1o A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam os inci- do óbito do servidor;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
sos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos nos incisos V e VI. b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a
(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) idade do pensionista na data de óbito do servidor, depois de vertidas 18
§ 2o A concessão de pensão aos beneficiários de que trata o inciso V (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início
do caput exclui o beneficiário referido no inciso VI.(Redação dada pela Lei do casamento ou da união estável:(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
nº 13.135, de 2015) 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade; (Incluí-
§ 3o O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante de- do pela Lei nº 13.135, de 2015)
claração do servidor e desde que comprovada dependência econômica, 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de ida-
na forma estabelecida em regulamento.(Incluído pela Lei nº 13.135, de de; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
2015) 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de
Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão, o seu va- idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
lor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários habilita- 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade;
dos.(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três)
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade. (Inclu-
Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo, prescre- ído pela Lei nº 13.135, de 2015)
vendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de 5 (cinco) anos. § 1o A critério da administração, o beneficiário de pensão cuja preser-
Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova posterior ou vação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou por deficiência
habilitação tardia que implique exclusão de beneficiário ou redução de poderá ser convocado a qualquer momento para avaliação das referidas
pensão só produzirá efeitos a partir da data em que for oferecida. condições.(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 220. Perde o direito à pensão por morte:(Redação dada pela Lei § 2o Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no inciso III ou
nº 13.135, de 2015) os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII, ambos do caput, se o óbito
do servidor decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela prática profissional ou do trabalho, independentemente do recolhimento de 18
de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do servi- (dezoito) contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de
dor;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) casamento ou de união estável. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se comprovada, a § 3o Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que nes-
qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união estável, se período se verifique o incremento mínimo de um ano inteiro na média
ou a formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício nacional única, para ambos os sexos, correspondente à expectativa de
previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será assegurado o sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão ser fixadas, em
direito ao contraditório e à ampla defesa. (Incluído pela Lei nº 13.135, de números inteiros, novas idades para os fins previstos na alínea “b” do
2015) inciso VII do caput, em ato do Ministro de Estado do Planejamento, Or-
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte presumida do çamento e Gestão, limitado o acréscimo na comparação com as idades
servidor, nos seguintes casos: anteriores ao referido incremento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária competente; § 4o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social
II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou aci- (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) será conside-
dente não caracterizado como em serviço; rado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais referidas nas
alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput. (Incluído pela Lei nº 13.135, de
III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo ou em
2015)
missão de segurança.
Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a respecti-
Parágrafo único. A pensão provisória será transformada em vitalícia
va cota reverterá para os cobeneficiários.(Redação dada pela Lei nº
ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos de sua vigên-
13.135, de 2015)
cia, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor, hipótese em que o
benefício será automaticamente cancelado. I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário: II - (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
I - o seu falecimento; Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas na mesma
data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos dos servido-
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a con-
res, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art. 189.
cessão da pensão ao cônjuge;
Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção cumu-
III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário inválido, o
lativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou companheiro ou
afastamento da deficiência, em se tratando de beneficiário com deficiên-
companheira e de mais de 2 (duas) pensões. (Redação dada pela Lei nº
cia, ou o levantamento da interdição, em se tratando de beneficiário com
13.135, de 2015)
deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente
incapaz, respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das Seção VIII
alíneas “a” e “b” do inciso VII; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Do Auxílio-Funeral
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo filho ou ir- Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor falecido na
mão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da remuneração
ou provento.
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
§ 1o No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será pago so-
VI - a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
mente em razão do cargo de maior remuneração.
2015)
§ 2o (VETADO).

Legislação 18
APOSTILAS OPÇÃO
§ 3o O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, por II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de 21 de
meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família que houver junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de assistência à
custeado o funeral. saúde que possuam autorização de funcionamento do órgão regulador;
Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será indenizado, (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
observado o disposto no artigo anterior. III - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora do local § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transporte do corpo § 5o O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendido pelo
correrão à conta de recursos da União, autarquia ou fundação pública. servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado de assistência à
Seção IX saúde. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
Do Auxílio-Reclusão Capítulo IV
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão, nos Do Custeio
seguintes valores: Art. 231. (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99)
I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de prisão, Título VII
em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade competente, Capítulo Único
enquanto perdurar a prisão; Da Contratação Temporária de Excepcional Interesse Público
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtude de Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
condenação, por sentença definitiva, a pena que não determine a perda
de cargo. Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
§ 1o Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor terá direito Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
à integralização da remuneração, desde que absolvido. Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
§ 2o O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia imediato Título VIII
àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda que condicional. Capítulo Único
§ 3o Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão será devi- Das Disposições Gerais
do, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte e oito de
segurado recolhido à prisão. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) outubro.
Capítulo III Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Executivo,
Da Assistência à Saúde Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos funcionais, além daqueles
Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de sua já previstos nos respectivos planos de carreira:
família compreende assistência médica, hospitalar, odontológica, psicoló- I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou trabalhos que fa-
gica e farmacêutica, terá como diretriz básica o implemento de ações voreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos operacio-
preventivas voltadas para a promoção da saúde e será prestada pelo nais;
Sistema Único de Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou entidade ao II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, condecora-
qual estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou contrato, ou ção e elogio.
ainda na forma de auxílio, mediante ressarcimento parcial do valor des-
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em dias corri-
pendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus dependentes ou pensionis-
dos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento, ficando
tas com planos ou seguros privados de assistência à saúde, na forma
prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, o prazo vencido em dia em
estabelecida em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.302 de 2006)
que não haja expediente.
§ 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida perícia,
Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico ou junta médica
política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer dos seus direitos,
oficial, para a sua realização o órgão ou entidade celebrará, preferencial-
sofrer discriminação em sua vida funcional, nem eximir-se do cumprimento
mente, convênio com unidades de atendimento do sistema público de
de seus deveres.
saúde, entidades sem fins lucrativos declaradas de utilidade pública, ou
com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.(Incluído pela Lei nº Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da Consti-
9.527, de 10.12.97) tuição Federal, o direito à livre associação sindical e os seguintes direitos,
entre outros, dela decorrentes:
§ 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da aplicação do dis-
posto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade promoverá a contratação a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substituto pro-
da prestação de serviços por pessoa jurídica, que constituirá junta médica cessual;
especificamente para esses fins, indicando os nomes e especialidades b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o final do
dos seus integrantes, com a comprovação de suas habilitações e de que mandato, exceto se a pedido;
não estejam respondendo a processo disciplinar junto à entidade fiscaliza- c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a que for
dora da profissão. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas em assembleia
§ 3o Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a União e geral da categoria.
suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas a:(Incluído pela Lei d) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
nº 11.302 de 2006)
e) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação de serviços de
assistência à saúde para os seus servidores ou empregados ativos, apo- Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do cônjuge e fi-
sentados, pensionistas, bem como para seus respectivos grupos familia- lhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e constem do seu
res definidos, com entidades de autogestão por elas patrocinadas por assentamento individual.
meio de instrumentos jurídicos efetivamente celebrados e publicados até Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou compa-
12 de fevereiro de 2006 e que possuam autorização de funcionamento do nheiro, que comprove união estável como entidade familiar.
órgão regulador, sendo certo que os convênios celebrados depois dessa Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o município onde a
data somente poderão sê-lo na forma da regulamentação específica sobre repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercício, em caráter
patrocínio de autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, permanente.
no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei, normas
Título IX
essas também aplicáveis aos convênios existentes até 12 de fevereiro de
Capítulo Único
2006; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
Das Disposições Transitórias e Finais

Legislação 19
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por esta Lei, Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, e
na qualidade de servidores públicos, os servidores dos Poderes da União, respectiva legislação complementar, bem como as demais disposições em
dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das contrário.
fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 -
Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, ou pela Consolidação
das Leis do Trabalho, aprovada peloDecreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio
de 1943, exceto os contratados por prazo determinado, cujos contratos
não poderão ser prorrogados após o vencimento do prazo de prorrogação. Código de Ética Profissional no Servi-
§ 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no regime ins- ço Público. Decreto 1.171 de 22 de
tituído por esta Lei ficam transformados em cargos, na data de sua publi- junho de 1994
cação.
§ 2o As funções de confiança exercidas por pessoas não integrantes
de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm exercício ficam Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor Pú-
transformadas em cargos em comissão, e mantidas enquanto não for blico Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa.
implantado o plano de cargos dos órgãos ou entidades na forma da lei.
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta
§ 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exercidas por e indireta implementarão, em sessenta dias, as providências necessárias
servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal, ficam extintas na data à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da
da vigência desta Lei. respectiva Comissão de Ética, integrada por três servidores ou emprega-
§ 4o (VETADO). dos titulares de cargo efetivo ou emprego permanente.
§ 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários da Jus- Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será comunica-
tiça, remunerados com recursos da União, no que couber. da à Secretaria da Administração Federal da Presidência da República,
§ 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com estabilidade no com a indicação dos respectivos membros titulares e suplentes.
serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade brasileira, Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.
passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo órgão ou entidade,
sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de carreira aos quais se ANEXO
encontrem vinculados os empregos. Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder
§ 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste artigo, não Executivo Federal
amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitó- CAPÍTULO I
rias, poderão, no interesse da Administração e conforme critérios estabe- Seção I
lecidos em regulamento, ser exonerados mediante indenização de um Das Regras Deontológicas
mês de remuneração por ano de efetivo exercício no serviço público
federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princí-
pios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público,
§ 8o Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e na decla- seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exer-
ração de rendimentos, serão considerados como indenizações isentas os cício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e
pagamentos efetuados a título de indenização prevista no parágrafo atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição
anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) dos serviços públicos.
§ 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do disposto no § II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético
7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo quando considerados des- de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o
necessários. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos aos servi- inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante
dores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em anuênio. as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.
Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei nº 1.711, III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção
de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada em licença-prêmio entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sem-
por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 a 90. pre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na condu-
Art. 246. (VETADO). ta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato admi-
nistrativo.
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, haverá ajuste
de contas com a Previdência Social, correspondente ao período de contri- IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pa-
buição por parte dos servidores celetistas abrangidos pelo art. 243. (Re- gos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se
dação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91) exige, como contrapartida, que a moralidade administrativa se integre no
Direito, como elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade,
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência desta
erigindo-se, como consequência, em fator de legalidade.
Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem do servidor.
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comuni-
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231, os servidores
dade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já
abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos percentuais atualmen-
que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode
te estabelecidos para o servidor civil da União conforme regulamento
ser considerado como seu maior patrimônio.
próprio.
VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, por-
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer, dentro
tanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os
de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposentadoria nos termos
fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada
do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis
poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.
da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á com a
vantagem prevista naquele dispositivo. (Mantido pelo Congresso Nacio- VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou
nal) interesse superior do Estado e da Administração Pública, a serem preser-
vados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
publicidade de qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, com efei- moralidade, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem
tos financeiros a partir do primeiro dia do mês subsequente. comum, imputável a quem a negar.

Legislação 20
APOSTILAS OPÇÃO
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua ausência
ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interes- provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativamente em todo o
sada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou sistema;
estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão ou m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato
da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto ou fato contrário ao interesse público, exigindo as providências cabíveis;
mais a de uma Nação.
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao ser- métodos mais adequados à sua organização e distribuição;
viço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa
que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a me-
moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao lhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a realização do bem
patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não comum;
constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício
Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua da função;
inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí- q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a
los. legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções supe-
que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo a formação riores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com
de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem.
serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desuma-
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direi-
nidade, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços
to;
públicos.
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais que lhe
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de
sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos
seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, assim,
interesses dos usuários do serviço público e dos jurisdicionados adminis-
evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo
trativos;
de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até
mesmo imprudência no desempenho da função pública. u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou au-
toridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que obser-
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é
vando as formalidades legais e não cometendo qualquer violação expres-
fator de desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à
sa à lei;
desordem nas relações humanas.
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organiza-
existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral cumprimento.
cional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de todos
pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a grande oportuni- Seção III
dade para o crescimento e o engrandecimento da Nação. Das Vedações ao Servidor Público
Seção II XV - E vedado ao servidor público;
Dos Principais Deveres do Servidor Público a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem;
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou empre- b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de
go público de que seja titular; cidadãos que deles dependam;
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pon- c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro
do fim ou procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profis-
principalmente diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na são;
prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com o d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular
fim de evitar dano moral ao usuário; de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance
seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;
melhor e a mais vantajosa para o bem comum; f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os
da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu cargo; jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superio-
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoando o res ou inferiores;
processo de comunicação e contato com o público; g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de aju-
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos da financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de
que se materializam na adequada prestação dos serviços públicos; qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumpri-
mento da sua missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim;
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a
capacidade e as limitações individuais de todos os usuários do serviço h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar pa-
público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, ra providências;
nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, absten- i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento
do-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral; em serviços públicos;
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular;
contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qual-
o Poder Estatal; quer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público;
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contra- m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno
tantes, interessados e outros que visem obter quaisquer favores, benes- de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de tercei-
ses ou vantagens indevidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou ros;
aéticas e denunciá-las;
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente;
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências específicas
da defesa da vida e da segurança coletiva;
Legislação 21
APOSTILAS OPÇÃO
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a mo- do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou
ral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; indireta.
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empre- Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obri-
endimentos de cunho duvidoso. gados a velar pela estrita observância dos princípios de legalidade, impes-
CAPÍTULO II soalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são
DAS COMISSÕES DE ÉTICA afetos.
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública Fede- Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão,
ral direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer órgão ou dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral ressarci-
entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser mento do dano.
criada uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou
sobre a ética profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer concretamente de Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio pú-
imputação ou de procedimento susceptível de censura. blico ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa
XVII -- (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indis-
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos encar- ponibilidade dos bens do indiciado.
regados da execução do quadro de carreira dos servidores, os registros Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste ar-
sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e fundamentar promo- tigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano,
ções e para todos os demais procedimentos próprios da carreira do servi- ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
dor público. Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou
XIX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite
XX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) do valor da herança.
XXI - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) CAPÍTULO II
Dos Atos de Improbidade Administrativa
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a
de censura e sua fundamentação constará do respectivo parecer, assina- Seção I
do por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso. Dos Atos de Improbidade Administrativa que
Importam Enriquecimento Ilícito
XXIII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enri-
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se quecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida
por servidor público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade
qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado
direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as autar- I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou
quias, as fundações públicas, as entidades paraestatais, as empresas qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comis-
públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde são, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse,
prevaleça o interesse do Estado. direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omis-
são decorrente das atribuições do agente público;
XXV - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a
aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação
de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor
de mercado;
Lei da Improbidade Administrativa. III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a
Lei nº 8.429/1992 alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de
serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equi-
CAPÍTULO I pamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposi-
Das Disposições Gerais ção de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente públi- como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contra-
co, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional tados por essas entidades;
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indi-
Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público reta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio,
ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade
concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
anual, serão punidos na forma desta lei. VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou in-
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os direta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras
atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida,
receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer
público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo,
ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aque- VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria
le que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades das atribuições do agente público, durante a atividade;
mencionadas no artigo anterior.
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele aplicação de verba pública de qualquer natureza;
que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática

Legislação 22
APOSTILAS OPÇÃO
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indi- das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído
retamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que pela Lei nº 13.019, de 2014)
esteja obrigado; XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela adminis-
verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades menci- tração pública a entidade privada mediante celebração de parcerias, sem
onadas no art. 1° desta lei; a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores inte- espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
grantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades pri-
lei. vadas sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
Seção II aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
Dos Atos de Improbidade Administrativa que XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das
Causam Prejuízo ao Erário prestações de contas de parcerias firmadas pela administração pública
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão com entidades privadas; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens com entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes
ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular. (Incluído pela
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao pa- Lei nº 13.019, de 2014)
trimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração públi-
ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas ca com entidades privadas sem a estrita observância das normas perti-
no art. 1º desta lei; nentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular. (Incluí-
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada uti- do pela Lei nº 13.019, de 2014)
lize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das Seção II-A
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das forma- (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) (Produção de efeito)
lidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de Concessão
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonali- ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário
zado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação
ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou
1º desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei
aplicáveis à espécie; Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei Comple-
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem inte- mentar nº 157, de 2016) (Produção de efeito)
grante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta Seção III
lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os
de mercado; Princípios da Administração Pública
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra
serviço por preço superior ao de mercado; os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea; instituições, e notadamente:
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso
das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; daquele previsto, na regra de competência;
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dis- III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das
pensá-los indevidamente; (Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) atribuições e que deva permanecer em segredo;
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em IV - negar publicidade aos atos oficiais;
lei ou regulamento;
V - frustrar a licitude de concurso público;
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem
como no que diz respeito à conservação do patrimônio público; VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas perti- VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, an-
nentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular; tes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica
capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilici-
tamente; VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e
aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pública
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, com entidades privadas. (Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014)
máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de proprieda- (Vigência)
de ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1°
desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou tercei- IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade pre-
ros contratados por essas entidades. vistos na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a CAPÍTULO III
prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem obser- Das Penas
var as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrati-
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e vas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de
prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas
na lei.(Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: (Reda-
ção dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação,
ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilici-
verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a tamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver,
entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a observância perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez
anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo
Legislação 23
APOSTILAS OPÇÃO
patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Pú-
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, blico e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de procedimento
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, administrativo para apurar a prática de ato de improbidade.
pelo prazo de dez anos; Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos Contas poderá, a requerimento, designar representante para acompanhar
bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta o procedimento administrativo.
circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão
cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que
dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens do
ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de patrimônio público.
cinco anos;
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o dispos-
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, to nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco
anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração § 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o
percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indireta- indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.
mente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo
majoritário, pelo prazo de três anos. Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias
IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, sus- da efetivação da medida cautelar.
pensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de § 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de que
até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido. trata o caput.
(Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) § 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações ne-
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará cessárias à complementação do ressarcimento do patrimônio público.
em conta a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial § 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Pú-
obtido pelo agente. blico, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no
CAPÍTULO IV 4.717, de 29 de junho de 1965. (Redação dada pela Lei nº 9.366, de 1996)
Da Declaração de Bens § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atu-
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados ará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
à apresentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu § 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas
patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal compe- as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de
tente. pedir ou o mesmo objeto. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, di- 2001)
nheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores patrimo- § 6o A ação será instruída com documentos ou justificação que conte-
niais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os nham indícios suficientes da existência do ato de improbidade ou com
bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer
outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do declarante, dessas provas, observada a legislação vigente, inclusive as disposições
excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico. inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil.(Incluído pela
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou § 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e or-
função. denará a notificação do requerido, para oferecer manifestação por escrito,
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, que poderá ser instruída com documentos e justificações, dentro do prazo
sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar de quinze dias. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a § 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em deci-
prestar falsa. são fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via
anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal na conformi- eleita. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
dade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer § 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar con-
natureza, com as necessárias atualizações, para suprir a exigência conti- testação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
da no caput e no § 2° deste artigo .
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de ins-
CAPÍTULO V trumento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administra- ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do
tiva competente para que seja instaurada investigação destinada a apurar mérito. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
a prática de ato de improbidade.
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos pro-
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assina- cessos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, do Códi-
da, conterá a qualificação do representante, as informações sobre o fato e go de Processo Penal.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento. 2001)
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despa- § 13. Para os efeitos deste artigo, também se considera pessoa jurídi-
cho fundamentado, se esta não contiver as formalidades estabelecidas no ca interessada o ente tributante que figurar no polo ativo da obrigação
§ 1º deste artigo. A rejeição não impede a representação ao Ministério tributária de que tratam o § 4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar
Público, nos termos do art. 22 desta lei. nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157,
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determi- de 2016)
nará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando de servidores Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de
federais, será processada na forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o
8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor militar, pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa
de acordo com os respectivos regulamentos disciplinares. jurídica prejudicada pelo ilícito.
Legislação 24
APOSTILAS OPÇÃO
CAPÍTULO VI III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de de-
Das Disposições Penais cisão.
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princí-
agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe pios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalida-
inocente. de, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. público e eficiência.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados,
indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que entre outros, os critérios de:
houver provocado. I - atuação conforme a lei e o Direito;
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou
só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória. parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei;
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa competente III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a pro-
poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, moção pessoal de agentes ou autoridades;
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
fizer necessária à instrução processual.
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóte-
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe: ses de sigilo previstas na Constituição;
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações,
pena de ressarcimento; (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009). restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessá-
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle inter- rias ao atendimento do interesse público;
no ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determina-
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Ministério Pú- rem a decisão;
blico, de ofício, a requerimento de autoridade administrativa ou mediante VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos
representação formulada de acordo com o disposto no art. 14, poderá dos administrados;
requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento administrati-
vo. IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado
grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados;
CAPÍTULO VII
Da Prescrição X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações
finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas de que possam resultar sanções e nas situações de litígio;
nesta lei podem ser propostas:
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo previstas em lei;
em comissão ou de função de confiança;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas atuação dos interessados;
disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos
de exercício de cargo efetivo ou emprego. XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor ga-
ranta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação
III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública retroativa de nova interpretação.
da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único
do art. 1o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) CAPÍTULO II
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
CAPÍTULO VIII
Das Disposições Finais Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Administra-
ção, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deve-
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de 1957, e rão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obriga-
3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições em contrário. ções;
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que te-
nha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de docu-
mentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas;
Processo Administrativo disciplinar. III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os
quais serão objeto de consideração pelo órgão competente;
Lei nº 9.784/1999
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando
obrigatória a representação, por força de lei.
CAPÍTULO I CAPÍTULO III
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DOS DEVERES DO ADMINISTRADO
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo adminis- Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, sem
trativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em prejuízo de outros previstos em ato normativo:
especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumpri- I - expor os fatos conforme a verdade;
mento dos fins da Administração. II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Pode- III - não agir de modo temerário;
res Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para
administrativa.
o esclarecimento dos fatos.
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
CAPÍTULO IV
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Adminis- DO INÍCIO DO PROCESSO
tração direta e da estrutura da Administração indireta;
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido
II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica; de interessado.

Legislação 25
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo adminis-
admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os se- trativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico
guintes dados: para decidir.
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; CAPÍTULO VII
II - identificação do interessado ou de quem o represente; DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunica- Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou
ções; autoridade que:
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus funda- I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
mentos; II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante. ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, com-
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de re- panheiro ou parente e afins até o terceiro grau;
cebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado
quanto ao suprimento de eventuais falhas. ou respectivo cônjuge ou companheiro.
Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar mode- Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve
los ou formulários padronizados para assuntos que importem pretensões comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar.
equivalentes.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento
Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tive-
constitui falta grave, para efeitos disciplinares.
rem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um
único requerimento, salvo preceito legal em contrário. Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que
tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou
CAPÍTULO V
com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o tercei-
DOS INTERESSADOS
ro grau.
Art. 9o São legitimados como interessados no processo administrativo:
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos de recurso, sem efeito suspensivo.
ou interesses individuais ou no exercício do direito de representação;
CAPÍTULO VIII
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou inte-
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO
resses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada;
III - as organizações e associações representativas, no tocante a direi- Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma
tos e interesses coletivos; determinada senão quando a lei expressamente a exigir.
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em ver-
direitos ou interesses difusos. náculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autorida-
de responsável.
Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores
de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato normativo próprio. § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será
exigido quando houver dúvida de autenticidade.
CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita
pelo órgão administrativo.
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos ad-
ministrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delega- § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas sequencialmente
ção e avocação legalmente admitidos. e rubricadas.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no ho-
impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou rário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o processo.
titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os atos já
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou
social, econômica, jurídica ou territorial. cause dano ao interessado ou à Administração.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delega- Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autori-
ção de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes. dade responsável pelo processo e dos administrados que dele participem
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.
I - a edição de atos de caráter normativo; Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado até o
dobro, mediante comprovada justificação.
II - a decisão de recursos administrativos;
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for o local de reali-
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados zação.
no meio oficial.
CAPÍTULO IX
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferi- DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
dos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo admi-
delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da
nistrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão
atribuição delegada.
ou a efetivação de diligências.
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autorida-
§ 1o A intimação deverá conter:
de delegante.
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administra-
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explici-
tiva;
tamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado.
II - finalidade da intimação;
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevan-
tes devidamente justificados, a avocação temporária de competência III - data, hora e local em que deve comparecer;
atribuída a órgão hierarquicamente inferior. IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se repre-
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publicamen- sentar;
te os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade V - informação da continuidade do processo independentemente do
fundacional competente em matéria de interesse especial. seu comparecimento;

Legislação 26
APOSTILAS OPÇÃO
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respec-
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis tivas cópias.
quanto à data de comparecimento. Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perí-
postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que asse- cias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo.
gure a certeza da ciência do interessado. § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motiva-
§ 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com ção do relatório e da decisão.
domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamenta-
oficial. da, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, imperti-
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância das nentes, desnecessárias ou protelatórias.
prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a apre-
ou irregularidade. sentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimen- intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições
to da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado. de atendimento.
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido di- Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão
reito de ampla defesa ao interessado. competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão,
não se eximindo de proferir a decisão.
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resul-
tem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao inte-
restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, ressado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o não
de seu interesse. atendimento no prazo fixado pela Administração para a respectiva apre-
sentação implicará arquivamento do processo.
CAPÍTULO X
DA INSTRUÇÃO Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência orde-
nada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionando-se data,
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e compro- hora e local de realização.
var os dados necessários à tomada de decisão realizam-se de ofício ou
mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consulti-
direito dos interessados de propor atuações probatórias. vo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo
norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo.
§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os
dados necessários à decisão do processo. § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no
prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apresenta-
§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados de- ção, responsabilizando-se quem der causa ao atraso.
vem realizar-se do modo menos oneroso para estes.
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas obti- no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com
das por meios ilícitos. sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse atendimento.
geral, o órgão competente poderá, mediante despacho motivado, abrir Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser previa-
período de consulta pública para manifestação de terceiros, antes da mente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e estes não
decisão do pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada. cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão responsável pela
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação pelos instrução deverá solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de qualifica-
meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas possam examinar ção e capacidade técnica equivalentes.
os autos, fixando-se prazo para oferecimento de alegações escritas. Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifes-
§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a con- tar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente
dição de interessado do processo, mas confere o direito de obter da fixado.
Administração resposta fundamentada, que poderá ser comum a todas as Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá
alegações substancialmente iguais. motivadamente adotar providências acauteladoras sem a prévia manifes-
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da tação do interessado.
relevância da questão, poderá ser realizada audiência pública para deba- Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a obter cer-
tes sobre a matéria do processo. tidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que o integram,
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria relevante, ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou
poderão estabelecer outros meios de participação de administrados, pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.
diretamente ou por meio de organizações e associações legalmente Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir a
reconhecidas. decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros fases do procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente
meios de participação de administrados deverão ser apresentados com a justificada, encaminhando o processo à autoridade competente.
indicação do procedimento adotado. CAPÍTULO XI
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiência de DO DEVER DE DECIDIR
outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser realizada em Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão
reunião conjunta, com a participação de titulares ou representantes dos nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em
órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos matéria de sua competência.
autos.
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Adminis-
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, tração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por
sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e igual período expressamente motivada.
do disposto no art. 37 desta Lei.
CAPÍTULO XII
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão regis- DA MOTIVAÇÃO
trados em documentos existentes na própria Administração responsável
pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação
dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

Legislação 27
APOSTILAS OPÇÃO
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instân-
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; cias administrativas, salvo disposição legal diversa.
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção públi- Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:
ca; I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados
V - decidam recursos administrativos; pela decisão recorrida;
VI - decorram de reexame de ofício; III - as organizações e associações representativas, no tocante a direi-
tos e interesses coletivos;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou dis-
crepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difu-
sos.
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de
ato administrativo. Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para
interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo con- divulgação oficial da decisão recorrida.
sistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores
pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão § 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo
parte integrante do ato. deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimen-
to dos autos pelo órgão competente.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser uti-
lizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado
que não prejudique direito ou garantia dos interessados. por igual período, ante justificativa explícita.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o re-
de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito. corrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo
juntar os documentos que julgar convenientes.
CAPÍTULO XIII
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito
suspensivo.
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir
total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta
disponíveis. reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediata-
mente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge recurso.
somente quem a tenha formulado.
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não deverá intimar os demais interessados para que, no prazo de cinco dias
prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar úteis, apresentem alegações.
que o interesse público assim o exige.
Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo
quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossí- I - fora do prazo;
vel, inútil ou prejudicado por fato superveniente. II - perante órgão incompetente;
CAPÍTULO XIV III - por quem não seja legitimado;
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO IV - após exaurida a esfera administrativa.
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eiva- § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade
dos de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administração de
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrati-
de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco va.
anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-
fé. Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar,
modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência a matéria for de sua competência.
contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder de-
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de correr gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para
autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato. que formule suas alegações antes da decisão.
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao in- Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula
teresse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defei- vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explicitará as ra-
tos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. zões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.
CAPÍTULO XV (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). Vigência
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fun-
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões dada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à
de legalidade e de mérito. autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso,
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos seme-
qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à lhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, admi-
autoridade superior. nistrativa e penal. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). Vigência
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo in- Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções pode-
depende de caução. rão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem
fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inade-
§ 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria quação da sanção aplicada.
enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da decisão
impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agrava-
recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabili- mento da sanção.
dade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).

Legislação 28
APOSTILAS OPÇÃO
CAPÍTULO XVI _______________________________________________________
DOS PRAZOS
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Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação
oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do _______________________________________________________
vencimento.
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§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte
se o vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for _______________________________________________________
encerrado antes da hora normal. _______________________________________________________
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.
_______________________________________________________
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data.
Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àquele do início _______________________________________________________
do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.
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Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os
prazos processuais não se suspendem. _______________________________________________________
CAPÍTULO XVII _______________________________________________________
DAS SANÇÕES
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Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade competente, te-
rão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de não _______________________________________________________
fazer, assegurado sempre o direito de defesa.
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CAPÍTULO XVIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS _______________________________________________________
Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger- _______________________________________________________
se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos
desta Lei. _______________________________________________________
Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou ins- _______________________________________________________
tância, os procedimentos administrativos em que figure como parte ou
interessado: (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). _______________________________________________________
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; (Incluído _______________________________________________________
pela Lei nº 12.008, de 2009).
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II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; (Incluído pela
Lei nº 12.008, de 2009). _______________________________________________________
III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). _______________________________________________________
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neo- _______________________________________________________
plasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardio-
patia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropa- _______________________________________________________
tia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget
(osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodefi- _______________________________________________________
ciência adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da _______________________________________________________
medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o
início do processo. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). _______________________________________________________
§ 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova _______________________________________________________
de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administrativa competen-
te, que determinará as providências a serem cumpridas. (Incluído pela Lei _______________________________________________________
nº 12.008, de 2009). _______________________________________________________
§ 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria
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que evidencie o regime de tramitação prioritária. (Incluído pela Lei nº
12.008, de 2009). _______________________________________________________
§ 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). _______________________________________________________
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
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Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
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Legislação 29
APOSTILAS OPÇÃO
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Legislação 30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
APOSTILAS OPÇÃO
A Administração Pública, ainda, pode ser classificada como: direta e
indireta. A Direta é aquela exercida pela administração por meio dos seus
Conhecimentos órgãos internos (presidência e ministros). A Indireta é a atividade estatal
entregue a outra pessoa jurídica (autarquia, empresa pública, sociedade
Específicos de economia mista, fundações), que foram surgindo através do aumento
da atuação do Estado.
A Constituição Federal, no art. 37, caput, trata dos princípios inerentes
à Administração Pública:

1. Noções em Administração "Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
1.1 Administração: conceitos, teorias princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efici-
e tendências. ência"

Trata-se, portanto, de princípios incidentes não apenas sobre os ór-


gãos que integram a estrutura central do Estado, incluindo-se aqui os
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚ- pertencentes aos três Poderes (Poder Executivo, Poder Legislativo e
BLICA Poder Judiciário), nas também de preceitos genéricos igualmente dirigidos
Nívea Carolina de Holanda Seresuela aos entes que em nosso país integram a denominada Administração
INTRODUÇÃO Indireta, ou seja, autarquias, as empresas públicas, as sociedades de
A denominada função administrativa do Estado submete-se a um es- economia mista e as fundações governamentais ou estatais (4).
pecial regime jurídico. Trata-se do denominado regime de direito público
ou regime jurídico-administrativo. Sua característica essencial reside, de Destarte, os princípios explicitados no caput do art. 37 são, portanto,
um lado, na admissibilidade da ideia de que a execução da lei por agentes os da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da
públicos exige o deferimento de necessárias prerrogativas de autoridade, eficiência. Outros se extraem dos incisos e parágrafos do mesmo artigo,
que façam com que o interesse público juridicamente predomine sobre o como o da licitação, o da prescritibilidade dos ilícitos administrativos e o da
interesse privado; e de outro, na formulação de que o interesse público responsabilidade das pessoas jurídicas (inc. XXI e §§ 1.º a 6.º). Todavia,
não pode ser livremente disposto por aqueles que, em nome da coletivi- há ainda outros princípios que estão no mesmo artigo só que de maneira
dade, recebem o dever-poder de realizá-los. Consiste, na verdade, no implícita, como é o caso do princípio da supremacia do interesse público
regime jurídico decorrente da conjugação de dois princípios básicos: o sobre o privado, o da finalidade, o da razoabilidade e proporcionalidade.
princípio da supremacia dos interesses públicos e o da indisponibilidade
dos interesses públicos. Vejamos, agora, o significado de cada um dos precitados princípios
constitucionais da Administração Pública.
Neste sentido, temos o ilustre posicionamento de CARDOZO:
"Estes, são princípios gerais, necessariamente não positivados de PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPLÍCITOS
forma expressa pelas normas constitucionais, mas que consistem nos Caput Do Art. 37
alicerces jurídicos do exercício da função administrativa dos Estados. Conforme mencionado anteriormente, os princípios constitucionais
Todo o exercício da função administrativa, direta ou indiretamente, será explícitos são aqueles presentes no art. 37, da Constituição Federal, de
sempre por eles influenciados e governado" maneira expressa. Assim, são eles:
o princípio da legalidade,
Tomando o conceito de Administração Pública em seu sentido orgâni- o princípio da impessoalidade,
co, isto é, no sentido de conjunto de órgãos e pessoas destinados ao o princípio da moralidade,
exercício da totalidade da ação executiva do Estado, a nossa Constituição o princípio da publicidade
Federal positivou os princípios gerais norteadores da totalidade de suas e o princípio da eficiência.
funções, considerando todos os entes que integram a Federação brasileira Passemos, então, a estudá-los uniformemente.
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios).
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Destarte, os princípios inerentes à Administração Pública são aqueles Referido como um dos sustentáculos da concepção de Estado de Di-
expostos no art. 37 de nossa vigente Constituição. Alguns, diga-se de reito e do próprio regime jurídico-administrativo, o princípio da legalidade
pronto, foram positivados de forma expressa. Outros, de forma implícita ou vem definido no inciso II do art. 5.º da Constituição Federal quando nele
tácita. se faz declarar que:
"ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se-
Antes de procedermos à analise de cada um dos princípios que re- não em virtude de lei".
gem o Direito Administrativo, cabe novamente acentuar, que estes princí-
pios se constituem mutuamente e não se excluem, não são jamais elimi- Desses dizeres decorre a ideia de que apenas a lei, em regra, pode
nados do ordenamento jurídico. Destaca-se ainda a sua função programá- introduzir inovações primárias, criando novos direitos e novos deveres na
tica, fornecendo as diretrizes situadas no ápice do sistema, a serem ordem jurídica como um todo considerada
seguidas por todos os aplicadores do direito.
No campo da administração Pública, como unanimemente reconhe-
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA cem os constitucionalistas e os administrativistas, afirma-se de modo
(De Acordo Com A Emenda Constitucional n.º 19/98) radicalmente diferente a incidência do princípio da legalidade. Aqui, na
Primeiramente, cumpre distinguir o que é Administração Pública. As- dimensão dada pela própria indisponibilidade dos interesses públicos, diz-
sim, MEIRELLES elabora o seu conceito: se que o administrador, em cumprimento ao princípio da legalidade, "só
"Em sentido formal, a Administração Pública, é o conjunto de órgãos pode atuar nos termos estabelecidos pela lei". Não pode este por atos
instituídos para consecução dos objetivos do Governo; em sentido materi- administrativos de qualquer espécie (decreto, portaria, resolução, instru-
al, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; ção, circular etc.) proibir ou impor comportamento a terceiro, se ato legisla-
em acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e tivo não fornecer, em boa dimensão jurídica, ampara a essa pretensão (6).
técnico, dos serviços do próprio Estado ou por ele assumidos em benefício A lei é seu único e definitivo parâmetro.
da coletividade. Numa visão global, a Administração Pública é, pois, todo
o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, Temos, pois, que, enquanto no mundo privado se coloca como apro-
visando à satisfação das necessidades coletivas ". priada a afirmação de que o que não é proibido é permitido, no mundo

Conhecimentos Específicos 1
APOSTILAS OPÇÃO
público assume-se como verdadeira a ideia de que a Administração só isonomia. Ao vedar o tratamento desigual entre iguais, a regra isonômica
pode fazer o que a lei antecipadamente autoriza. não abarca, em seus direitos termos, a ideia da imputabilidade dos atos da
Administração ao ente ou órgão que a realiza, vedando, como decorrência
Deste modo, a afirmação de que a Administração Pública deve aten- direta de seus próprios termos, e em toda a sua extensão, a possibilidade
der à legalidade em suas atividades implica a noção de que a atividade de apropriação indevida desta por agentes públicos. Nisso, reside a dife-
administrativa é a desenvolvida em nível imediatamente infralegal, dando rença jurídica entre ambos.
cumprimento às disposições da lei. Em outras palavras, a função dos atos
da Administração é a realização das disposições legais, não lhe sendo Já, por outro ângulo de visão, o princípio da impessoalidade deve ter
possível, portanto, a inovação do ordenamento jurídico, mas tão-só a sua ênfase não mais colocada na pessoa do administrador, mas na pró-
concretização de presságios genéricos e abstratos anteriormente firmados pria pessoa do administrado. Passa a afirmar-se como uma garantia de
pelo exercente da função legislativa. que este não pode e não deve ser favorecido ou prejudicado, no exercício
da atividade da Administração Pública, por suas exclusivas condições e
Sobre o tema, vale trazer a ponto a seguinte preleção de MELLO:
características.
"Para avaliar corretamente o princípio da legalidade e captar-lhe o
sentido profundo cumpre atentar para o fato de que ele é a tradução
Jamais poderá, por conseguinte, um ato do Poder Público, ao menos
jurídica de um propósito político: o de submeter os exercentes do poder
de modo adequado a esse princípio, vir a beneficiar ou a impor sanção a
em concreto – administrativo – a um quadro normativo que embargue
alguém em decorrência de favoritismos ou de perseguição pessoal. Todo
favoritismos, perseguições ou desmandos. Pretende-se através da norma
e qualquer administrado deve sempre relacionar-se de forma impessoal
geral, abstrata e impessoal, a lei, editada pelo Poder Legislativo – que é o
com a Administração, ou com quem sem seu nome atue, sem que suas
colégio representativo de todas as tendências (inclusive minoritárias) do
características pessoais, sejam elas quais forem, possam ensejar predile-
corpo social – garantir que a atuação do Executivo nada mais seja senão
ções ou discriminações de qualquer natureza.
a concretização da vontade geral"

De tudo isso podemos extrair uma importante conclusão. Contraria- Será, portanto, tida como manifestadamente violadora desse princí-
mente ao que ocorre em outros ordenamentos jurídicos, inexiste qualquer pio, nessa dimensão, por exemplo, o favorecimento de parentes e amigos
possibilidade de ser juridicamente aceita, entre nós, a edição dos denomi- (nepotismo), a tomada de decisões administrativas voltadas à satisfação
nados decretos ou regulamentos "autônomos ou independentes". Como da agremiação partidária ou facção política a que se liga o administrador
se sabe, tais decretos ou regulamentos não passam de atos administrati- (partidarismo), ou ainda de atos restritivos ou sancionatórios que tenham
vos gerais e normativos baixados pelo chefe do Executivo, com o assumi- por objetivo a vingança pessoas ou a perseguição política pura e simples
do objetivo de disciplinar situações anteriormente não reguladas em lei. E, (desvio de poder).
sendo assim, sua prática encontra óbice intransponível no modus consti-
tucional pelo qual se fez consagrar o princípio da legalidade em nossa Lei Dessa perspectiva, o princípio da impessoalidade insere-se por inteiro
Maior. no âmbito do conteúdo jurídico do princípio da isonomia, bem como no do
próprio princípio da finalidade.
Regulamento, em nosso país, portanto, haverá de ser sempre o regu-
lamento de uma lei, ou de dispositivos legais objetivamente existentes. Perfilhando este entendimento, sustenta MELLO:
Qualquer tentativa em contrário haverá de ser tida como manifestamente "No princípio da impessoalidade se traduz a ideia de que a Adminis-
inconstitucional. tração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações, bené-
ficas ou detrimentosas. Nem favoritismo nem perseguições são toleráveis.
Princípio Da Impessoalidade Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem
O princípio ou regra da impessoalidade da Administração Pública po- interferir na atuação administrativa e muito menos interesses sectários, de
de ser definido como aquele que determina que os atos realizados pela facções ou grupos de qualquer espécie. O princípio em causa é senão o
Administração Pública, ou por ela delegados, devam ser sempre imputa- próprio princípio da igualdade ou isonomia".
dos ao ente ou órgão em nome do qual se realiza, e ainda destinados
genericamente à coletividade, sem consideração, para fins de privilegia- Princípio Da Moralidade
mento ou da imposição de situações restritivas, das características pesso- Já na Antiguidade se formulava a ideia de que as condições morais
ais daqueles a quem porventura se dirija. Em síntese, os atos e provimen- devem ser tidas como uma exigência impostergável para o exercício das
tos administrativos são imputáveis não ao funcionário que os pratica mas atividades de governo. Segundo informam os estudiosos, seria de Sólon a
ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual age o funcionário. afirmação de que um "homem desmoralizado não poderá governar".

A mera leitura dessa definição bem nos revela que esse princípio po- Todavia, foi neste século, pelos escritos de Hauriou, que o princípio
de ser decomposto em duas perspectivas diferentes: a impessoalidade do da moralidade, de forma pioneira, se fez formular no campo da ciência
administrador quando da prática do ato e a impessoalidade do próprio jurídica, capaz de fornecer, ao lado da noção de legalidade, o fundamento
administrado como destinatário desse mesmo ato. para a invalidação de seus atos pelo vício denominado desvio de poder
(15). Essa moralidade jurídica, a seu ver, deveria ser entendida como um
Com efeito, de um lado, o princípio da impessoalidade busca assegu- conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior da própria
rar que, diante dos administrados, as realizações administrativo- Administração, uma vez que ao agente público caberia também distinguir
governamentais não sejam propriamente do funcionário ou da autoridade, o honesto do desonesto, a exemplo do que faz entre o legal e o ilegal, o
mas exclusivamente da entidade pública que a efetiva. Custeada com justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inopor-
dinheiro público, a atividade da Administração Pública jamais poderá ser tuno. Afinal, pondera, como já proclamavam os romanos "nem tudo que é
apropriada, para quaisquer fins, por aquele que, em decorrência do exer- legal é honesto" (nort omne quod licet honestum est).
cício funcional, se viu na condição de executá-la. É, por excelência, im-
pessoal, unicamente imputável à estrutura administrativa ou governamen- Hoje, por força da expressa inclusão do princípio da moralidade no
tal incumbida de sua prática, para todos os fins que se fizerem de direito. caput do art. 37, a ninguém será dado sustentar, em boa razão, sua não
incidência vinculante sobre todos os atos da Administração Pública. Ao
Assim, como exemplos de violação a esse princípio, dentro dessa par- administrador público brasileiro, por conseguinte, não bastará cumprir os
ticular acepção examinada, podemos mencionar a realização de publici- estritos termos da lei. Tem-se por necessário que seus tos estejam verda-
dade ou propaganda pessoa do administrador com verbas públicas ou deiramente adequados à moralidade administrativa, ou seja, a padrões
ainda, a edição de atos normativos com o objetivo de conseguir benefícios éticos de conduta que orientem e balizem sua realização. Se assim não
pessoais. for, inexoravelmente, haverão de ser considerados não apenas como
No âmbito dessa particular dimensão do princípio da impessoalidade, imorais, mas também como inválidos para todos os fins de direito.
é que está o elemento diferenciador básico entre esse princípio e o da
Conhecimentos Específicos 2
APOSTILAS OPÇÃO
Isto posto, CARDOSO fornece uma definição desse princípio, hoje ção, tem-se afirmado que ela poderá dar-se tanto por meio da publicação
agasalhado na órbita jurídico-constitucional: do ato, como por sua simples comunicação a seus destinatários.

"Entende-se por princípio da moralidade, a nosso ver, aquele que de- É relevante observar, todavia, que também a publicação como a co-
termina que os atos da Administração Pública devam estar inteiramente municação não implicam que o dever de publicidade apenas possa vir a
conformados aos padrões éticos dominantes na sociedade para a gestão ser satisfeito pelo comprovado e efetivo conhecimento de fato do ato
dos bens e interesses públicos, sob pena de invalidade jurídica". administrativo por seus respectivos destinatários. Deveras, basta que os
requisitos exigidos para a publicidade se tenham dado, nos termos previs-
Admite o art. 5.º, LXXIII, da Constituição Federal que qualquer cida- tos na ordem jurídica; e para o mundo do Direito não interessará se na
dão possa ser considerado parte legítima para a propositura de ação realidade fática o conhecimento da existência do ato e de seu conteúdo
popular que tenha por objetivo anular atos entendidos como lesivos, entre tenha ou não chegado à pessoa atingida por seus efeitos. Feita a publica-
outros, à própria moralidade administrativa. ção ou a comunicação dentro das formalidades devidas, haverá sempre
uma presunção absoluta da ciência do destinatário, dando-se por satisfeita
Por outra via, como forma de também fazer respeitar esse princípio, a a exigência de publicidade. Salvo, naturalmente, se as normas vigentes
nossa Lei Maior trata também da improbidade administrativa. assim não determinarem.

A probidade administrativa é uma forma de moralidade administrativa Assim, se a publicação feita no Diário Oficial foi lida ou não, se a co-
que mereceu consideração especial pela Constituição, que pune o ímpro- municação protocolada na repartição competente chegou ou não às mãos
bo com a suspensão de direitos políticos (art. 37, §4.º). de quem de direito, se o telegrama regularmente recebido na residência
do destinatário chegou faticamente a suas mãos ou se eventualmente foi
Deste modo, conceitua CAETANO: extraviado por algum familiar, isto pouco ou nada importa se as formalida-
"A probidade administrativa consiste no dever de o "funcionário servir des legais exigidas foram inteiramente cumpridas no caso.
a Administração com honestidade, procedendo no exercício das suas
funções, sem aproveitar os poderes ou facilidades delas decorrentes em Nesse sentido, afirma MELLO:
proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer". "O conhecimento do ato é um plus em relação à publicidade, sendo
A moralidade administrativa e assim também a probidade são tutela- juridicamente desnecessário para que este se repute como existente (...).
das pela ação popular, de modo a elevar a imoralidade a causa de invali- Quando prevista a publicação do ato (em Diário Oficial), na porta das
dade do ato administrativo. A improbidade é tratada ainda com mais rigor, repartições (por afixação no local de costume), pode ocorrer que o desti-
porque entra no ordenamento constitucional como causa de suspensão natário não o leia, não o veja ou, por qualquer razão, dele não tome efeti-
dos direitos políticos do ímprobo (art. 15, V), conforme estatui o art. 37, § va ciência. Não importa. Ter-se-á cumprido o que de direito se exigia para
4.º, in verbis: "Os atos de improbidade administrativa importarão a sus- a publicidade, ou seja, para a revelação do ato".
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilida-
de dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas Caberá à lei indicar, pois, em cada caso, a forma adequada de se dar
em lei, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, podendo vir a configurar a publicidade aos atos da Administração Pública. Normalmente, esse
a prática de crime de responsabilidade (art. 85, V). dever é satisfeito por meio da publicação em órgão de imprensa oficial da
Administração, entendendo-se com isso não apenas os Diários ou Boletins
Dessa forma, o desrespeito à moralidade, entre nós, não se limita Oficiais das entidades públicas, mas também – para aquelas unidades da
apenas a exigir a invalidação – por via administrativa ou judicial – do ato Federação que não possuírem tais periódicos – os jornais particulares
administrativo violador, mas também a imposição de outras consequên- especificamente contratados para o desempenho dessa função, ou outras
cias sancionatórias rigorosas ao agente público responsável por sua excepcionais formas substitutivas, nos termos das normas legais e admi-
prática. nistrativas locais.

Princípio Da Publicidade Observe-se, porém, ser descabido, para fins do atendimento de tal
A publicidade sempre foi tida como um princípio administrativo, por- dever jurídico, como bem registrou Hely Lopes Meirelles, sua divulgação
que se entende que o Poder Público, por seu público, deve agir com a por meio de outros órgãos de imprensa não escritos, como a televisão e o
maior transparência possível, a fim de que os administrados tenham, a rádio, ainda que em horário oficial, em decorrência da própria falta de
toda hora, conhecimento do que os administradores estão fazendo. segurança jurídica que tal forma de divulgação propiciaria, seja em relação
à existência, seja em relação ao próprio conteúdo de tais atos.
Além do mais, seria absurdo que um Estado como o brasileiro, que,
por disposição expressa de sua Constituição, afirma que todo poder nele Observe-se ainda que, inexistindo disposição normativa em sentido
constituído "emana do povo" (art. 1.º, parágrafo único, da CF), viesse a oposto, tem-se entendido que os atos administrativos de efeitos internos à
ocultar daqueles em nome do qual esse mesmo poder é exercido informa- Administração não necessitam ser publicados para que tenham por aten-
ções e atos relativos à gestão da res publica e as próprias linhas de dire- dido seu dever de publicidade. Nesses casos, seria admissível, em regra,
cionamento governamental. É por isso que se estabelece, como imposição a comunicação aos destinatários. O dever de publicação recairia, assim,
jurídica para os agentes administrativos em geral, o dever de publicidade exclusivamente sobre os atos administrativos que atingem a terceiros, ou
para todos os seus atos. seja, aos atos externos.

Perfilhando esse entendimento, CARDOZO define este princípio: Temos, pois, que as formas pelas quais se pode dar publicidade aos
"Entende-se princípio da publicidade, assim, aquele que exige, nas atos administrativos, nos termos do princípio constitucional em exame,
formas admitidas em Direito, e dentro dos limites constitucionalmente serão diferenciadas de acordo com o que reste expressamente estabele-
estabelecidos, a obrigatória divulgação dos atos da Administração Pública, cido no Direito Positivo, e em sendo omisso este, conforme os parâmetros
com o objetivo de permitir seu conhecimento e controle pelos órgãos estabelecidos na teoria geral dos atos administrativos.
estatais competentes e por toda a sociedade".
No que tange ao direito à publicidade dos atos administrativos, ou
A publicidade, contudo, não é um requisito de forma do ato adminis- mais especificamente, quanto ao direito de ter-se ciência da existência e
trativo, "não é elemento formativo do ato; é requisito de eficácia e morali- do conteúdo desses atos, é de todo importante observar-se que ele não se
dade. Por isso mesmo os atos irregulares não se convalidam com a publi- limita aos atos já publicados, ou que estejam em fase de imediato aperfei-
cação, nem os regulares a dispensam para sua exequibilidade, quando a çoamento pela sua publicação. Ele se estende, indistintamente, a todo o
lei ou o regulamento a exige". processo de formação do ato administrativo, inclusive quando a atos
preparatórios de efeitos internos, como despachos administrativos inter-
No que tange à forma de se dar publicidade aos atos da Administra- mediários, manifestações e pareceres.

Conhecimentos Específicos 3
APOSTILAS OPÇÃO
É, assim que se costuma dizer que constituem desdobramentos do Eficiência não é um conceito jurídico, mas econômico. Não qualifica
princípio da publicidade o direito de receber dos órgãos públicos informa- normas, qualifica atividades. Numa ideia muito geral, eficiência significa
ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral (art. 5.º, fazer acontecer com racionalidade, o que implica medir os custos que a
XXXIII, da CF) (29), o direito à obtenção de certidões em repartições satisfação das necessidades públicas importam em relação ao grau de
públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de inte- utilidade alcançado. Assim, o princípio da eficiência, orienta a atividade
resse pessoal (art. 5.º, XXXIV, da CF), e, naturalmente, o direito de aces- administrativa no sentido de conseguir os melhores resultados com os
so dos usuários a registros administrativos e atos de governo (art. 37, § meios escassos de que se dispõe e a menor custo. Rege-se, pois, pela
3.º, II) (30). Evidentemente, uma vez violados esses direitos pelo Poder regra de consecução do maior benefício com o menor custo possível.
Público, poderão os prejudicados, desde que atendidos os pressupostos
constitucionais e legais exigidos para cada caso, valerem-se do habeas Discorrendo sobre o tema, sumaria MEIRELLES:
data (art. 5.º, LXXII, da CF) (31), do mandado de segurança (art. 5.º, LXX, "Dever de eficiência é o que se impõe a todo agente público de reali-
da CF), ou mesmo das vias ordinárias. zar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o
mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta
É de ponderar, contudo, que os pareceres só se tornam públicos após em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positi-
sua aprovação final pela autoridade competente; enquanto em poder do vos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da
parecerista ainda é uma simples opinião que pode não se tornar definitiva. comunidade e de seus membros" .
As certidões, contudo, não são elementos da publicidade administrativa,
De início, parece de todo natural reconhecer que a ideia de eficiência
porque se destinam a interesse particular do requerente; por isso a Consti-
jamais poderá ser atendida, na busca do bem comum imposto por nossa
tuição só reco0nhece esse direito quando são requeridas para defesa de
Lei Maior, se o poder Público não vier, em padrões de razoabilidade, a
direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal (art. 5.º,
aproveitar da melhor forma possível todos os recursos humanos, materi-
XXXIV, b).
ais, técnicos e financeiros existentes e colocados a seu alcance, no exer-
cício regular de suas competências.
É forçoso reconhecer, todavia, a existência de limites constitucionais
ao princípio da publicidade. De acordo com nossa Lei Maior, ele jamais Neste sentido, observa CARDOZO:
poderá vir a ser compreendido de modo a que propicie a violação da "Ser eficiente, portanto, exige primeiro da Administração Pública o
intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas (art. 5.º, aproveitamento máximo de tudo aquilo que a coletividade possui, em
X, c/c. art. 37, § 3.º, II (32), da CF), do sigilo da fonte quando necessário todos os níveis, ao longo da realização de suas atividades. Significa
ao exercício profissional (art. 5.º, XIV, da CF), ou com violação de sigilo racionalidade e aproveitamento máximo das potencialidades existentes.
tido como imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (art. 5.º, Mas não só. Em seu sentido jurídico, a expressão, que consideramos
XXXIII, c/c. art. 37, § 3.º, II, da CF). correta, também deve abarcar a ideia de eficácia da prestação, ou de
resultados da atividade realizada. Uma atuação estatal só será juridica-
Para finalizar, faz-se de extrema importância, perceber-se que o pro- mente eficiente quando seu resultado quantitativo e qualitativo for satisfa-
blema da publicidade dos atos administrativos, nos termos do caput do art. tório, levando-se em conta o universo possível de atendimento das neces-
37 da Constituição da República, em nada se confunde com o problema sidades existentes e os meios disponíveis".
da divulgação ou propaganda dos atos e atividades do Poder Público
pelos meios de comunicação de massa, também chamadas – em má Tem-se, pois, que a ideia de eficiência administrativa não deve ser
técnica – de "publicidade" pelo § 1.º desse mesmo artigo. Uma coisa é a apenas limitada ao razoável aproveitamento dos meios e recursos coloca-
publicidade jurídica necessária para o aperfeiçoamento dos atos, a se dar dos à disposição dos agentes públicos. Deve ser construída também pela
nos termos definidos anteriormente. Outra bem diferente é a "publicidade" adequação lógica desses meios razoavelmente utilizados aos resultados
como propaganda dos atos de gestão administrativa e governamental. A efetivamente obtidos, e pela relação apropriada desses resultados com as
primeira, como visto, é um dever constitucional sem o qual, em regra, os necessidades públicas existentes.
atos não serão dotados de existência jurídica. A segunda é mera faculda-
de da Administração Pública, a ser exercida apenas nos casos previstos Estará, portanto, uma Administração buscando agir de modo eficiente
na Constituição e dentro das expressas limitações constitucionais existen- sempre que, exercendo as funções que lhe são próprias, vier a aproveitar
tes. da forma mais adequada o que se encontra disponível (ação instrumental
eficiente), visando chegar ao melhor resultado possível em relação aos
Assim, afirma o § 1.º do art. 37: fins que almeja alcançar (resultado final eficiente).
"a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação Desse teor, o escólio de CARDOZO:
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac- "Desse modo, pode-se definir esse princípio como sendo aquele que
terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos" determina aos órgãos e pessoas da Administração Direta e Indireta que,
na busca das finalidades estabelecidas pela ordem jurídica, tenham uma
Com isso, pretende esse dispositivo restringir de maneira clara a ação ação instrumental adequada, constituída pelo aproveitamento maximizado
da Administração Pública, direta e indireta, quanto à divulgação de seus e racional dos recursos humanos, materiais, técnicos e financeiros dispo-
atos de gestão pelos meios de comunicação de massa. Inexistindo, na níveis, de modo que possa alcançar o melhor resultado quantitativo e
propaganda governamental, o caráter estritamente educativo, informativo qualitativo possível, em face das necessidades públicas existentes" .
ou de orientação social, ou vindo dela constar nomes, símbolos ou ima-
Seguindo essa linha de orientação, temos que, como desdobramento
gens que caracterizem promoção de agentes públicos, sua veiculação se
do princípio em estudo, a Constituição procurou igualmente reforçar o
dará em manifesta ruptura com a ordem jurídica vigente, dando ensejo à
sentido valorativo do princípio da economicidade, que, incorporado literal-
responsabilização daqueles que a propiciaram.
mente pelo art. 70, caput, da Carta Federal, nada mais traduz do que o
dever de eficiência do administrado na gestão do dinheiro público.
Princípio Da Eficiência
O princípio da eficiência, outrora implícito em nosso sistema constitu-
Outros Princípios Constitucionais Explícitos
cional, tornou-se expresso no caput do art. 37, em virtude de alteração
Princípio Da Licitação
introduzida pela Emenda Constitucional n. 19.
Licitação é um procedimento administrativo destinado a provocar pro-
postas e a escolher proponentes de contratos de execução de obras,
É evidente que um sistema balizado pelos princípios da moralidade de
serviços, compras ou de alienações do Poder Público.
um lado, e da finalidade, de outro, não poderia admitir a ineficiência admi-
nistrativa. Bem por isso, a Emenda n. 19, no ponto, não trouxe alterações A Administração Pública tem o dever de sempre buscar, entre os inte-
no regime constitucional da Administração Pública, mas, como dito, só ressados em com ela contratar, a melhor alternativa disponível no merca-
explicitou um comando até então implícito. do para satisfazer os interesses públicos, para que possa agir de forma
Conhecimentos Específicos 4
APOSTILAS OPÇÃO
honesta, ou adequada ao próprio dever de atuar de acordo com padrões Assim, de imediata leitura desse texto resulta claro que todo agente
exigidos pela probidade administrativa. De outro lado, tem o dever de público que vier a causar um dano a alguém trará para o Estado o dever
assegurar verdadeira igualdade de oportunidades, sem privilegiamentos jurídico de ressarcir esse dano. Não importará se tenha agido com culpa
ou desfavorecimentos injustificados, a todos os administrados que tencio- ou dolo. O dever de indenizar se configurará pela mera demonstração do
nem com ela celebrar ajustes negociais. nexo causal existente entre o fato ocorrido e o dano verificado.

É dessa conjugação de imposições que nasce o denominado princípio Temos, pois, que em nosso Direito a responsabilidade civil do Estado
da licitação. Consoante, CARDOZO define este princípio; é objetiva, ou seja, independe da conduta dolosa, negligente, imperita ou
"De forma sintética, podemos defini-lo como sendo aquele que deter- imprudente daquele que causa o dano. Qualificar-se-á sempre que o
mina como regra o dever jurídico da Administração de celebrar ajustes agente estiver, nos termos do precitado dispositivo constitucional, no
negociais ou certos atos unilaterais mediante prévio procedimento admi- exercício da função pública, não importando se age em nome de uma
nistrativo que, por meios de critérios preestabelecidos, públicos e isonômi- pessoa de direito público ou de direito privado prestadora de serviços
cos, possibilite a escolha objetiva da melhor alternativa existente entre as públicos.
propostas ofertadas pelos interessados" . Destare, a obrigação de indenizar é a da pessoa jurídica a que per-
tence o agente. O prejudicado terá que mover a ação de indenização
O art. 37, XXI, alberga o princípio nos termos seguintes: contra a Fazenda Pública respectiva ou contra a pessoa jurídica privada
"ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, prestadora de serviço público, não contra o agente causador do dano. O
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação princípio da impessoalidade vale aqui também.
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes,
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as Impede ressalvar, todavia, que nem sempre as pessoas que integram
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual permitirá as a Administração Pública encontram-se a exercer propriamente função
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia pública. Por vezes, no âmbito do que admite nossa Constituição, será
do cumprimento das obrigações". possível encontrarmos pessoas da Administração Indireta que não este-
jam exercendo tais tipos de atividades, como é o caso, por exemplo, das
Temos, assim, o dever de licitar afirmado como um imperativo consti- empresas públicas e das sociedades de economia mista para o exercício
tucional imposto a todos os entes da Administração Pública (40), na de atividade econômica (art. 173, da CF). Nesses casos, naturalmente,
conformidade do que vier estabelecido em lei. A ressalva inicial possibilita eventuais danos por essas empresas causados a terceiros haverão de ser
à lei definir hipóteses específicas de inexigibilidade e de dispensa de regrados pela responsabilidade subjetiva, nos termos estabelecidos pela
licitação. legislação civil. Exigirão, em princípio, a configuração da ação dolosa ou
culposa (negligente, imprudente ou imperita), para que tenha nascimento
Porém, cumpre ressaltar, finalmente, que a licitação é um procedi- o dever de indenizar.
mento vinculado, ou seja, formalmente regulado em lei, cabendo à União
legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, em todas as O mesmo se poderá dizer, ainda, do agente que vier a causar dano a
modalidades, para a Administração Pública, direta e indireta, incluídas as alguém fora do exercício da função pública. Nesse caso, por óbvio, não
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, nas diversas esferas haverá de ser configurada a responsabilidade objetiva predefinida no art.
de governo, e empresas sob seu controle (art. 22, XXVII). Portanto, aos 37, § 6.º, de nossa Lei Maior.
Estados, Distrito Federal e Municípios compete legislar suplementarmente
sobre a matéria no que tange ao interesse peculiar de suas administra- Entretanto, como pontifica MELLO, a responsabilidade objetiva "só es-
ções. tá consagrada constitucionalmente para atos comissivos do Estado, ou
seja, para comportamentos positivos dele. Isto porque o texto menciona
Princípio Da Prescritibilidade Dos Ilícitos Administrativos ‘danos que seus agentes causarem""; Assim sendo, condutas omissivas
A prescritibilidade, como forma de perda da exigibilidade de direito, só podem gerar responsabilidade ao Poder Público quando demonstrada
pela inércia de seu titular, é um princípio geral do direito. Logo, não é de a culpa do serviço.
se estranhar que ocorram prescrições administrativas sob vários aspectos,
quer quanto às pretensões de interessados em face da Administração, No mais, é importante ressalvar que, embora a responsabilidade civil
quer tanto às desta em face de administrados. Assim é especialmente em do Estado para com os administradores seja objetiva, a responsabilidade
relação aos ilícitos administrativos. Se a Administração não toma provi- dos agentes públicos perante a Administração Pública é induvidosamente
dência à sua apuração e à responsabilização do agente, a sua inércia subjetiva. Como observa-se pelos próprios termos do citado art. 37, § 6.º,
gera a perda do seu ius persequendi. o direito de regresso que pode ser exercido contra aquele que causou o
dano apenas se configurará "nos casos de dolo ou culpa".
Desta maneira, o art. 37, § 5.º dispõe sobre este princípio:
"A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por Princípio Da Participação
qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressal- O princípio da participação do usuário na Administração Pública foi in-
vadas as respectivas ações de ressarcimento". troduzido pela EC-19/98, com o novo enunciado do § 3.º do art. 37, que
será apenas reproduzido devido à sua efetivação ser dependente de lei.
Nota-se, portanto, que a lei estabelece uma ressalva ao princípio.
Nem tudo prescreverá. Apenas a apuração e punição do ilícito, não, Diz o texto:
porém, o direito da Administração ao ressarcimento, à indenização, do Art. 37, § 3.ºA lei disciplinará as formas de participação do usuário na
prejuízo causado ao erário. administração pública direta e indireta, regulando especialmente:
I. – as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em
Afinado com esse mesmo entendimento, sumaria SILVA: geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao
"É uma ressalva constitucional e, pois, inafastável, mas, por certo, usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
destoante dos princípios jurídicos, que não socorrem quem fica inerte dos serviços;
(dormientibus non sucurrit ius)". II – o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações
Princípio Da Responsabilidade Da Administração sobre atos de governo, observando o disposto no art. 5.º, X (res-
O princípio em estudo encontra amparo no art. 37, § 6.º, da Constitui- peito à privacidade) e XXXIII (direito de receber dos órgãos públi-
ção Federal, cuja compostura verifica-se que: cos informações de seu interesse ou de interesse coletivo em ge-
"As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado presta- ral);
dores de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, III – a disciplina da representação contra o exercício negligente ou
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".

Conhecimentos Específicos 5
APOSTILAS OPÇÃO
Princípio Da Autonomia Gerencial cada qual. Isto é, cumpre-lhe cingir-se não apenas à finalidade própria de
O princípio da autonomia gerencial é regido pelo § 8.º do art. 37, da todas as leis, que é o interesse público, mas também à finalidade específi-
Constituição Federal, introduzido pela EC-19/98. Assim estabelece este ca obrigada na lei a que esteja dando execução".
dispositivo:
Art. 37, § 8.º. A Autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos Enfim, o princípio da finalidade é aquele que imprime à autoridade
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada administrativa o dever de praticar o ato administrativo com vistas à reali-
mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder zação da finalidade perseguida pela lei.
público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o
órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: Evidentemente, nessa medida, que a prática de um ato administrativo
I – o prazo de duração do contrato; in concreto com finalidade desviada do interesse público, ou fora da
II – os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, finalidade específica da categoria tipológica a que pertence, implica vício
obrigações e responsabilidade dos dirigentes; ensejador de sua nulidade. A esse vício, como se sabe, denomina a
III – a remuneração do pessoal. doutrina: desvio de poder, ou desvio de finalidade.
Desta maneira, cria-se aqui uma forma de contrato administrativo inu- Concluindo, essas considerações querem apenas mostrar que o prin-
sitado entre administradores de órgãos do poder público com o próprio cípio da finalidade não foi desconsiderado pelo legislador constituinte, que
poder público. Quando ao contrato das entidades não há maiores proble- o teve como manifestação do princípio da legalidade, sem que mereça
mas porque entidades são órgãos públicos ou parapúblicos (paraestatais) censura por isso.
com personalidade jurídica de modo que têm a possibilidade de celebrar
contratos e outros ajustes com o poder público, entendido poder da admi- Princípio Da Razoabilidade E Da Proporcionalidade
nistração centralizada. Mas, os demais órgãos não dispõem de personali- Na medida em que o administrador público deva estrita obediência à
dade jurídica para que seus administradores possam, em seu nome, lei (princípio da legalidade) e tem como dever absoluto a busca da satisfa-
celebrar contrato com o poder público, no qual se inserem. ção dos interesses públicos (princípio da finalidade), há que se pressupor
que a prática de atos administrativos discricionários se processe dentro de
Consoante, SILVA discorre a respeito: "Tudo isso vai ter que ser defi- padrões estritos de razoabilidade, ou seja, com base em parâmetros
nido pela lei referida no texto. A lei poderá outorgar aos administradores objetivamente racionais de atuação e sensatez.
de tais órgãos uma competência especial que lhes permita celebrar o
contrato, que talvez não passe de uma espécie de acordo-programa. Deveras, ao regular o agir da Administração Pública, não se pode su-
Veremos como o legislador ordinário vai imaginar isso" por que o desejo do legislador seria o de alcançar a satisfação do interes-
se público pela imposição de condutas bizarras, descabidas, desproposi-
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS tadas ou incongruentes dentro dos padrões dominantes na sociedade e no
Além dos quatro citados princípios explicitamente abrigados pelo texto momento histórico em que a atividade normativa se consuma. Ao revés, é
constitucional, existem outros implicitamente agregados ao regramento de se supor que a lei tenha a coerência e a racionalidade de condutas
constitucional da Administração Pública. Vejamos. como instrumentos próprios para a obtenção de seus objetivos maiores.

Princípio Da Supremacia Do Interesse Público Sobre O Privado E Dessa noção indiscutível, extrai-se o princípio da razoabilidade: Em
Princípio Da Autotutela boa definição, é o princípio que determina à Administração Pública, no
A Administração Pública na prática de seus atos deve sempre respei- exercício de faculdades, o dever de atuar em plena conformidade com
tar a lei e zelar para que o interesse público seja alcançado. Natural, critérios racionais, sensatos e coerentes, fundamentados nas concepções
assim, que sempre que constate que um ato administrativo foi expedido sociais dominantes.
em desconformidade com a lei, ou que se encontra em rota de colisão
com os interesses públicos, tenham os agentes públicos a prerrogativa Perfilhando este entendimento, sustenta MELLO:
administrativa de revê-los, como uma natural decorrência do próprio "Enuncia-se com este princípio que a administração, ao atuar no
princípio da legalidade. exercício de discrição, terá de obedecer a critérios aceitáveis do ponto de
vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e
Desta maneira, discorre ARAUJO: respeitosas das finalidades que presidam a outorga da competência
"O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, colo- exercida".
ca os interesses da Administração Pública em sobreposição aos interes-
ses particulares que com os dela venham eventualmente colidir. Com A nosso ver, dentro do campo desse princípio, deve ser colocada, de
fundamento nesse princípio é que estabelece, por exemplo, a autotutela que diante do exercício das atividades estatais, o "cidadão tem o direito à
administrativa, vale dizer, o poder da administração de anular os atos menor desvantagem possível". Com efeito, havendo a possibilidade de
praticados em desrespeito à lei, bem como a prerrogativa administrativa ação discricionária entre diferentes alternativas administrativas, a opção
de revogação de atos administrativos com base em juízo discricionário de por aquela que venha a trazer consequências mais onerosas aos adminis-
conveniência e oportunidade" trados é algo inteiramente irrazoável e descabido.
A respeito, deve ser lembrada a Súmula 473 do Supremo Tribunal
Federal, quando afirma que: "a administração pode anular os seus próprios Como desdobramento dessa ideia, afirma-se também o princípio da
atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se proporcionalidade, por alguns autores denominado princípio da vedação
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência e oportunidade, de excessos. Assim, pondera MELLO:
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a "Trata-se da ideia de que as consequências administrativas só podem
apreciação judicial". ser validamente exercidas na extensão e intensidades proporcionais ao
que realmente seja demandado para cumprimento da finalidade de inte-
Princípio Da Finalidade resse público a que estão atreladas".
Foi visto no exame do princípio da legalidade que a Administração
Pública só pode agir de acordo e em consonância com aquilo que, ex- Em outras palavras: os meios utilizados ao longo do exercício da ati-
pressa ou tacitamente, se encontra estabelecido em lei. Inegável, portan- vidade administrativa devem ser logicamente adequados aos fins que se
to, que sempre tenha dever decorrente e implícito dessa realidade jurídica pretendem alcançar, com base em padrões aceitos pela sociedade e no
o cumprimento das finalidades legalmente estabelecidas para sua condu- que determina o caso concreto (53).
ta. Segundo STUMM, esse princípio reclama a cerificação dos seguintes
Disto deduz-se o denominado princípio da finalidade. Como bem ob- pressupostos:
serva MELLO: Conformidade ou adequação dos meios, ou seja, o ato administrativo
"Esse princípio impõe que o administrador, ao manejar as competên- deve ser adequado aos fins que pretende realizar;
cias postas a seu encargo, atue com rigorosa obediência à finalidade de

Conhecimentos Específicos 6
APOSTILAS OPÇÃO
Necessidade, vale dizer, possuindo o agente público mais de um meio 3. Órgãos públicos
para atingir a mesma finalidade, deve optar pelo menos gravoso à esfera 3.1 Conceito
individual; Órgão público é a unidade de atuação integrante da estrutura da Ad-
Proporcionalidade estrita entre o resultado obtido e a carga emprega- ministração direta e da estrutura da Administração indireta (Lei 9.784/99).
da para a consecução desse resultado. Tem estrutura, competência própria, quadro de servidores, poderes funci-
Por conseguinte, o administrador público não pode utilizar instrumen- onais, mas não personalidade jurídica.
tos que fiquem aquém ou se coloquem além do que seja estritamente Exemplos: Ministério da Justiça, Secretaria de Administração, Receita
necessário para o fiel cumprimento da lei. Federal etc.
Assim sendo, sempre que um agente público assumir conduta des-
proporcional ao que lhe é devido para o exercício regular de sua compe- 3.2 Relação do Estado com os agentes públicos
tência, tendo em vista as finalidades legais que tem por incumbência Considerando que o Estado é pessoa jurídica e que, como tal não
cumprir, poderá provocar situação ilícita passível de originar futura res- dispõe de vontade própria, ele atua sempre por meio de pessoas físicas,
ponsabilidade administrativa, civil e, sendo o caso, até criminal. os agentes públicos. Assim, de acordo com a teoria do órgão ou da impu-
tação, a pessoa jurídica manifesta a sua vontade por meio dos órgãos, de
CONSIDERAÇÕES FINAIS tal modo que quando os agentes que os compõem manifestam sua vonta-
Segundo nossa carta constitucional, o "bem de todos" é objetivo fun- de, é como se o próprio Estado o fizesse.
damental da República Federativa do Brasil (art. 3.º, IV) e, por conseguin-
te, uma finalidade axiológico-jurídica que se impõe como pólo de ilumina- 3.3 Classificação
ção para a conduta de todos os órgãos e pessoas que integram a estrutu-
3.3.1 Quanto à posição estatal
ra básica do Estado brasileiro.
a) Independentes, originários da CF e representativos dos três Po-
Sendo assim, a noção do bem comum, historicamente condicionada e deres de Estado, sem qualquer subordinação hierárquica (Casas
posta no âmbito das concepções dominantes em nossa sociedade e Legislativas, Chefia do Executivo, Tribunais e o Ministério Públi-
época, deve ser considerada obrigatório parâmetro para a definição do co);
sentido jurídico-constitucional de quaisquer dos princípios que governam b) autônomos, se localizam na cúpula da Administração, subordina-
as atividades da Administração Pública. dos diretamente à chefia dos órgãos independentes (Ministérios,
A maior parte dos princípios da Administração Pública encontra-se Secretarias de Estado e de Município);
positivado, implícita ou explicitamente, na Constituição. Possuem eficácia c) superiores, órgãos de direção, controle e comando, mas sujeitos
jurídica direta e imediata. Exercem a função de diretrizes superiores do à subordinação e ao controle hierárquico de uma chefia, não go-
sistema, vinculando a atuação dos operadores jurídicos na aplicação das zam de autonomia administrativa ou financeira (departamentos,
normas a respeito dos mesmos e, objetivando a correção das graves coordenadorias, divisões);
distorções ocorridas no âmbito da Administração Pública que acabam por d) subalternos, se acham subordinados hierarquicamente a órgãos
impedir o efetivo exercício da cidadania. superiores de decisão, exercendo principalmente funções de exe-
cução (seções de expediente, de pessoal, de material).
O sistema constitucional da Administração pública funciona como uma
rede hierarquizada de princípios, regras e valores, que exige não mais o 3.3.2 Quanto à estrutura
mero respeito à legalidade estrita, mas vincula a interpretação de todos
Os órgãos podem ser:
atos administrativos ao respeito destes princípios.
a) simples ou unitários, constituídos por um único centro de atribui-
Desta maneira, conclui-se que a função administrativa encontra-se ções, sem subdivisões internas, como ocorre com as seções inte-
subordinada às finalidades constitucionais e deve pautar as suas tarefas gradas em órgãos maiores; e
administrativas no sentido de conferir uma maior concretude aos princípios b) compostos, constituídos por vários outros órgãos, como acontece
e regras constitucionais, uma vez que estão não configuram como enunci- com os Ministérios e as Secretarias de Estado.
ados meramente retóricos e distantes da realidade, mas possuem plena
juridicidade. 3.3.3 Quanto à composição
Classificam-se em:
Informações bibliográficas: a) singulares, quando integrados por um único agente, como a Pre-
sidência da República e a Diretoria de uma escola;
SERESUELA, Nívea Carolina de Holanda. Princípios constitucionais da Admi-
nistração Pública . Jus Navigandi, Teresina, a. 7, n. 60, nov. 2002. Disponível em:
b) coletivos, quando integrados por vários agentes, como o Conse-
<http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3489>. Acesso em: 25 mar. 2005. lho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.

4. Desconcentração
É uma distribuição interna de competências, ou seja, uma divisão de
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA competências dentro da mesma pessoa jurídica.
Administração Direta é aquela composta por órgãos ligados direta- Fonte: http://www.alexandremagno.com/novo/administracao-direta
mente ao poder central, federal, estadual ou municipal. São os próprios
organismos dirigentes, seus ministérios e secretarias.
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
Administração Indireta é aquela composta por entidades com perso-
Carlos Eduardo Guerra
nalidade jurídica própria, que foram criadas para realizar atividades de
1 Administração Indireta
Governo de forma descentralizada. São exemplos as Autarquias, Funda-
1.1 Noção
ções, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.
A base da ideia da Administração Indireta encontra-se no instituto da
descentralização, que vem a ser a distribuição de competências de uma
Administração direta para outra pessoa, física ou jurídica.
1. Conceito Nos próximos capítulos iremos desenvolver melhor o tema. Agora, só
Constituída dos órgãos e serviços integrados na estrutura administra- afirmamos que a descentralização pode ser feita de várias formas, com
tiva da Presidência da República, Governo dos Estados e do DF, Prefeitu- destaque a descentralização por serviços, que se verifica quando o poder
ras e dos Ministérios e Secretarias (DL 200/67). público (União, Estados, Municípios ou Distrito Federal) cria uma pessoa
jurídica de direito público ou privado e a ela atribui a titularidade e a exe-
2. Centralização administrativa cução de determinado serviço público, surgindo as entidades da Adminis-
A atividade administrativa é centralizada quando é exercida direta- tração Indireta.
mente pelas entidades políticas estatais (União, Estados, Municípios e A Administração Indireta, na análise de Hely Lopes Meirelles, é o
Distrito Federal), ou seja, pelo conjunto de órgãos que as compõem. conjunto dos entes (entidades com personalidade jurídica) que vinculados
Conhecimentos Específicos 7
APOSTILAS OPÇÃO
a um órgão da Administração Direta, prestam serviço público ou de inte- Nesta linha de pensamento, autarquias são entes administrativos au-
resse público. tônomos, criados por lei específica, com personalidade jurídica de direito
público interno, para a consecução de atividades típicas do poder público,
1.2 Divisão que requeiram, para uma melhor execução, gestão financeira e adminis-
São as seguintes as entidades da Administração Indireta: trativa descentralizada.
o Autarquia
o Empresa Pública 2.2 Características
o Sociedade de Economia Mista As autarquias possuem as seguintes características:
o Fundação Pública o personalidade jurídica de direito público;
o realização de atividades especializadas (capacidade específi-
1.3 Características ca), em regra;
As entidades da Administração Indireta possuem, necessária e cumu- o descentralização administrativa e financeira;
lativamente, as seguintes características: o criação por lei específica.
o personalidade jurídica; 2.3 Personalidade Jurídica de Direito Público
o patrimônio próprio; Tendo personalidade jurídica, as autarquias são sujeitos de direito, ou
o vinculação a órgãos da Administração Direta. seja, são de titulares de direitos e obrigações próprios, distintos dos per-
tencentes ao ente político (União, Estado, Município ou Distrito Federal)
1.4 Personalidade Jurídica Própria que as institui.
Para que possam desenvolver suas atividades, as entidades da admi-
nistração indireta são dotadas de personalidade; consequentemente, Submetem-se a regime jurídico de direito público quanto à criação,
podem adquirir direitos e assumir obrigações por conta própria, não ne- extinção, poderes, prerrogativas, privilégios e sujeições, ou melhor, apre-
cessitando, para tanto, das pessoas políticas. sentam as características das pessoas públicas, como por exemplo as
prerrogativas tributárias, o regime jurídico dos bens e as normas aplicadas
1.5 Patrimônio Próprio aos servidores.
Em função da característica anterior, as entidades possuem patrimô-
nio próprio, distinto das pessoas políticas. Por tais razões, são classificadas como pessoas jurídicas de direito
público.
1.6 Vinculação aos Órgãos da Administração Direta
As entidades da Administração Indireta são vinculadas aos órgãos da 2.4 Capacidade Específica
Administração Direta, com o objetivo principal de possibilitar a verificação Outra característica destas entidades é capacidade específica, signifi-
de seus resultados, a harmonização de suas atividades políticas com a cando que as autarquias só podem desempenhar as atividades para as
programação do Governo, a eficiência de sua gestão e a manutenção de quais foram instituídas, ficando, por conseguinte, impedidas de exercer
sua autonomia financeira, operacional e financeira, através dos meios de quaisquer outras atividades.
controle estabelecido em lei. Como exceção a esta regra temos as autarquias territoriais (os territó-
Alguns denominam este controle de tutela, definida por Maria Sylvia rios), que são dotadas de capacidade genérica.
Zanella Di Pietro como a fiscalização que os órgãos centrais das pessoas O atributo da capacidade específica é o denominado comumente de
públicas políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) exercem princípio da especialidade ou especialização.
sobre as pessoas administrativas descentralizadas, nos limites definidos
em lei, para garantir a observância da legalidade e o cumprimento de suas 2.5 Descentralização Administrativa Financeira
finalidades institucionais. As autarquias desempenham atividades tipicamente públicas. O ente
político "abre mão" do desempenho de determinado serviço, criando
Não significa a tutela que os entes da Administração Indireta estejam entidades com personalidade jurídica (autarquias) apenas com o objetivo
hierarquicamente subordinados à Administração Direta ocorrendo apenas de realizar tal serviço.
uma descentralização. A subordinação ocorre entre os órgãos da Adminis-
tração, denominando-se de hierarquia ou autotutela. Por força de tal característica, as autarquias são denominadas de ser-
viços públicos descentralizados, serviços públicos personalizados ou
A autora estabelece diferenças sensíveis entre tutela (vinculação) e serviços estatais descentralizados.
hierarquia, conforme o quadro a seguir.
Tutela (Vinculação) Hierarquia (Autotutela) 2.6 Criação por Lei Específica
De acordo com a nova redação dada pela emenda constitucional nº
A tutela supõe a existência de duas 19 ao art. 37, XIX, da Constituição da República, as autarquias são cria-
pessoas jurídicas, uma das quais A hierarquia existe dentro de uma das por lei específica. Para extingui-las entretanto, faz-se é necessária
exercendo controle sobre a outra mesma pessoa jurídica, quando, por somente uma lei ordinária, não necessitando ser específica.
(a pessoa política controla as exemplo, um Ministério controla Se a União desejar criar dez autarquias, será necessária a promulga-
entidades da Administração Indire- seus próprios órgãos. ção de dez leis ordinárias distintas. Caso pretenda extinguí-las, bastará
ta). uma única lei.
A hierarquia existe independente-
A tutela não se presume, só exis- mente de previsão legal, pois é 3 EMPRESA PÚBLICA
tindo quando a lei a estabelece. inerente à organização administrati- 3.1 Noção
va. A exploração da atividade econômica deve ser realizada, em regra
geral, pelo setor privado, mas, excepcionalmente, tal atividade pode ser
realizada diretamente pelo setor público, respeitado o disposto no art. 173
2 AUTARQUIA da Constituição da República.
2.1 Noção Por várias vezes o Poder Público institui entidades para a realização
A origem do vocábulo autarquia é grega, significando qualidade do de atividades típicas do setor privado, como a indústria, o comércio e a
que se basta a si mesmo, autonomia, entidade autônoma. bancária, regidas pelas mesmas normas da iniciativa privada.
A ideia da autarquia reside na necessidade da pessoa política criar Esses entes podem ser a empresa pública ou a sociedade de econo-
uma entidade autônoma (com capacidade de administrar-se com relativa mia mista. Neste tópico dedicaremos ao estudo da primeira.
independência e não de maneira absoluta, visto que há a fiscalização do As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado criadas
ente criador) para a realização de atividade tipicamente pública, sendo por autorização legislativa específica, com capital exclusivamente público,
uma das formas de materialização da descentralização administrativa. para realizar atividades econômicas ou serviços públicos de interesse da

Conhecimentos Específicos 8
APOSTILAS OPÇÃO
Administração instituidora nos moldes da iniciativa particular, podendo Aspectos Empresa Pública Sociedade de Economia Mista
revestir de qualquer forma admitida em direito.
Parte do capital pertencente
3.2 Características Capital exclusivamente ao Poder Público e outra parte
Capital
As empresas públicas possuem as seguintes características: público ao setor privado, tendo,
o personalidade jurídica de direito privado; sempre, o controle público.
o capital exclusivamente público; Qualquer forma admiti- Somente a forma de Socieda-
o realização, em regra, de atividades econômicas; Forma
da em Direito. de Anônima.
o revestimento de qualquer forma admitida no Direito;
o derrogações (alterações parciais) do regime de direito privado De acordo com o art.
o por normas de direito público; 109 da CF, as causas As causas de interesse das
o criação por autorização legislativa específica. de interesse das empre- sociedades de economia
sas públicas federais mista federais serão julgadas
Competência
3.3 Personalidade Jurídica de Direito Privado serão julgadas na na Justiça Estadual, com
Por realizarem, em regra, atividades econômicas, o art. 173 da Cons- Justiça Federal, com exceção das causas trabalhis-
tituição da República estabelece que devem as empresas ter o mesmo exceção das causas tas.
tratamento jurídico da iniciativa privada, inclusive no que tange às obriga- trabalhistas.
ções tributárias e trabalhistas.
4.2 Características
3.4 Capital Exclusivamente Público As sociedades de economia mista possuem as seguintes característi-
A grande distinção entre a empresa pública e a sociedade de econo- cas:
mia mista está na distribuição do capital, pois na primeira (empresa públi- o personalidade jurídica de direito privado;
ca) só há capital público, ou seja, todo o capital pertence ao poder público, o capital público e privado;
inexistindo capital privado. o realização de atividades econômicas;
o revestimento da forma de Sociedade Anônima;
3.5 Atividades Econômicas o detenção por parte do Poder Público de no mínimo a maioria
As empresas públicas não realizam atividades típicas do poder públi- das ações com direito a voto;
co, mas sim atividades econômicas em que o Poder Público tenha interes- o derrogações (alterações parciais) do regime de direito priva-
se próprio ou considere convenientes à coletividade. do
Atualmente, admitem a doutrina e a jurisprudência que as empresas o por normas de direito público;
públicas podem exercer serviços públicos, sendo tratadas, neste caso, o criação por autorização legislativa específica.
como concessionárias de serviço público, continuando a ser aplicado o
direito privado. 4.3 Personalidade Jurídica de Direito Privado
Como as empresas públicas, as sociedades de economia mista tam-
3.6 Qualquer Forma Admitida no Direito bém possuem personalidade jurídica de direito privado.
As empresas públicas, de acordo com o Decreto-Lei 200/67, podem
revestir-se de qualquer forma admitida no Direito, inclusive a forma de 4.4 Capital Público e Privado
Sociedade Anônima. Diferente da empresa pública, cujo capital pertence exclusivamente
ao Poder Público, na sociedade de economia mista é possível que haja
3.7 Derrogações do Regime de Direito Privado Por Normas de Di- capital privado. Apenas deve ser destacado que o controle será público,
reito Público tendo o Estado a maioria absoluta das ações com direito a voto.
Apesar de serem pessoas jurídicas de direito privado, não se aplica o
Direito Privado integralmente às Empresas Públicas, pois são entidades 4.5 Atividades Econômicas
da Administração Pública algumas normas públicas são aplicadas a estes Da mesma forma que as empresas públicas, as sociedades de eco-
entes, com destaque a obrigatoriedade de realizarem licitações e concur- nomia mista também realizam atividades econômicas ou serviços públi-
sos públicos, e a vedação de seus servidores acumularem cargos públicos cos.
de forma remunerada.
4.6 Forma de Sociedade Anônima
3.8 Criação por Autorização Legislativa Específica As sociedades de economia mista, por força de lei, são regidas pela
De acordo com a nova redação dada pela emenda constitucional nº forma de sociedade anônima, diferente da empresa pública que pode ter
19 ao art. 37, XIX, da Constituição da República, a criação das empresas qualquer forma admitida em direito.
públicas necessita de autorização legislativa específica. Para extingui-las
precisa-se apenas de uma autorização legislativa, não necessitando ser 4.7 Derrogações do Regime de Direito Privado
específica Como às empresas públicas, não se aplica o regime de direito privado
na íntegra.
3.9- Divisão das Empresas Públicas
As empresas públicas dividem-se em: 4.8 Criação por Autorização Legislativa Específica
o empresas públicas unipessoais - são as que o capital perten- De acordo com a nova redação dada pela emenda constitucional nº
ce a uma só pessoa pública. 19 ao art. 37, XIX, da Constituição da República, a criação das sociedades
o empresas públicas pluripessoais - são as que o capital per- de economia mista será igual a das empresas públicas, necessitando de
tence a várias pessoas públicas. autorização legislativa específica.
A extinção também será igual a da empresa pública, ou seja, é preci-
4 SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA so a autorização legislativa, não necessitando ser específica.
4.1 Noção
As sociedades de economia mista são as pessoas jurídicas de direito 5 FUNDAÇÃO PÚBLICA
privado, com a participação do Poder Público e de particulares no seu 5.1 Noção
capital, criadas para a realização de atividade econômica de interesse Existem dois tipos de fundação, uma regida pelo Direito Público e ou-
coletivo, podendo, também, exercer serviços públicos. tra por normas privadas.
São semelhantes à empresa pública, tendo como diferenças básicas Em primeiro lugar, devemos definir fundação como sendo a atribuição
o fato do capital ser diversificado (capital público e privado) e só podendo de personalidade jurídica a um patrimônio, que a vontade humana destina
ter a forma de sociedade anônima. a uma finalidade social. Trata-se de um patrimônio com personalidade.

Conhecimentos Específicos 9
APOSTILAS OPÇÃO
As fundações públicas são instituídas pelo poder público, com, é cla- 3 DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA DE MARÇAL JUSTEN FILHO
ro, patrimônio público afetado a um fim público. Entidade paraestatal ou serviço social autônomo é uma pessoa jurídi-
ca de direito privado criada por lei, atuando sem submissão à Administra-
5.2 Características ção Pública, promover o atendimento de necessidades assistenciais e
As fundações públicas possuem as seguintes características: educacionais de certas atividades ou categorias profissionais que arcam
o são criadas por dotação patrimonial; com sua manutenção mediante contribuições compulsórias.
o desempenham atividade atribuída ao Estado no âmbito soci-
al; 4 DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA DE HELY LOPES MEIRELLES
o sujeitam ao controle ou tutela por parte da Administração Di- São pessoas jurídicas de direito público, cuja criação é autorizada por
reta; lei específica (CF, art. 37, XIX e XX), com patrimônio público ou misto,
o possuem personalidade jurídica de direito público, em regra; para realização de atividades, obras ou serviços de interesse coletivo, sob
o criação por autorização legislativa específica. normas e controle do estado. Não se confundem com as autarquias nem
com as fundações públicas, e também não se identificam com as entida-
5.3 Dotação Patrimonial des estatais. Responde por seus débitos, exercem direitos e contraem
Como ensina a doutrina, a fundação pública vem a ser um patrimônio obrigações, são autônomas.
dotado de personalidade jurídica, assim, para ser criada, é necessária a Hely Lopes Meirelles acredita que o paraestatal é gênero, e, diferente
dotação de um de conjunto de bens (patrimônio). de Celso Antonio Bandeira de Mello, do qual são espécies distintas as
empresas públicas, sociedades de economia mista e os serviços sociais
5.4 Atividade Social autônomos, as duas primeiras compondo a administração indireta e a
O objetivo da fundação é a realização de atividade social, educacional última, a categoria dos entes da cooperação.
ou cultural, como saúde, educação, cultura, meio-ambiente e assistência
social. 5 CARACTERÍSTICAS
5.5 Personalidade Jurídica de Direito Público É mais fácil visualizar as diferenças entre os doutrinadores do que as
Com o advento da nova Constituição, como ensina Celso Antônio semelhanças, porém vê-se em todos, por obvio, tratar-se de uma pessoa
Bandeira de Mello as fundações públicas passaram a ter o mesmo trata- jurídica de direito privado e criada por lei.
mento jurídico das autarquias, sendo assim, classificadas como pessoas
jurídicas de direito público. Sua etimologia indica que as entidades paraestatais são entes parale-
Entretanto, essa visão não é unânime, Maria Sylvia Zanella Di Pietro los ao estado, encontrando-se ao lado da Administração Pública para
e Hely Lopes Meirelles entende que a Fundação Pública pode ser de exercer atividades de interesse daquele. Não são submissas à administra-
Direito Público ou Privado conforme a lei instituidora. ção pública, seu patrimônio pode ser público ou misto e se de interesse
No nosso entender a emenda nº 19 tendeu a dar razão a esta última coletivo podem ser fomentadas pelo Estado.
corrente, pois estabeleceu a criação da fundação pública de forma seme-
lhante a das empresas públicas. Segundo Hely Lopes Meirelles: “As entidades estatais prestam-se a
executar atividades impróprias do poder público, mas de utilidade pública,
5.6 Criação por Autorização Legislativa Específica de interesse da coletividade e, por isso, fomentadas pelo estado, assim,
De acordo com a nova redação dada pela emenda constitucional nº sendo seus dirigentes sujeitos ao mandado de segurança e ação popular.”
19 ao art. 37, XIX, da Constituição da República, as fundações públicas,
como as empresas públicas e as sociedades de economia mista, são Elas voltam-se às necessidades Coletivas normalmente relacionadas,
criadas por autorização legislativa específica, entretanto para extingui-las segundo Marçal Justen Filho com questões assistenciais, educacionais ou
é necessária apenas uma autorização legislativa, não necessitando ser categorias profissionais. Não se confundem com as autarquias nem com
específica. as fundações públicas.

AS ENTIDADES PARAESTATAIS Apesar de se tratar de pessoa jurídica de direito privado, devem ser
INTRODUÇÃO impostas algumas regras de direito público. “Graças à natureza supra-
Pretende-se com essa breve exposição sobre o tema: as entidades individual dos interesses atendidos e o cunho tributário dos recursos
paraestatais, por meio de alguns doutrinadores e conclusões próprias envolvidos, estão sujeitas à fiscalização do Estado nos termos e condi-
sobre o assunto, buscar o verdadeiro significado da sua definição concei- ções estabelecidas na legislação de cada uma”.
tual, seu objeto, sua competência, suas relações com a Administração
Pública Direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), seu regime As entidades paraestatais estão localizadas no terceiro setor porque
administrativo interno e com terceiros. não se tratam do estado e nem de atividade privada lucrativa, tratam-se de
atividades de interesse coletivo protegendo os valores da ordem pública.
1 BREVE HISTÓRICO
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello o termo Entidades Paraes- Quanto às espécies de entidades paraestatais, elas variam de doutri-
tatais foi empregado pela primeira vez na Itália, em 1924. O objetivo era nador para doutrinador. Hely Lopes Meirelles acredita que elas se dividem
alcançar um meio termo entre as pessoas públicas e privadas, por não se em empresas públicas, sociedades de economia mista e os serviços
tratar de nenhuma das duas especificadamente. Posteriormente, ainda, na sociais autônomos, diferente de Celso Antônio Bandeira de Mello que diz
Itália, essa designação, tratava de autarquias de base fundacional. serem as pessoas privadas que exercem função típica (não exclusiva do
No Brasil o vocábulo era utilizado para indicar de uma forma geral to- Estado), como as de amparo aos hipo-suficientes, de assistência social,
da a Administração Pública Indireta. Após o decreto-lei n.200 de 25 de de formação profissional.
fevereiro de 1967, tornou-se uma conceituação imprecisa que muda de
Para Marçal Justen Filho elas são sinônimos de serviço social autô-
doutrinador para doutrinador.
nomo voltada à satisfação de necessidades coletivas e supra-individuais,
relacionadas com questões assistenciais e educacionais.
2 DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA DE CELSO ANTONIO BANDEIRA DE
MELLO Ana Patrícia Aguilar insere as organizações sociais na categoria de
A expressão abrange pessoas privadas que colaboram com o Estado entidades paraestatais, por serem pessoas privadas que atuam em cola-
desempenhando atividade não lucrativa e à qual o Poder Público dispensa boração com o Estado, "desempenhando atividade não lucrativa e às
especial proteção, colocando a serviço delas manifestações de seu poder quais o Poder Público dispensa especial proteção", recebendo, para isso,
de império, como o tributário, por exemplo. Não Abrange as sociedades de dotação orçamentária por parte do Estado.
economia mista e as empresas públicas; trata-se de pessoas privadas que
exercem função típica (embora não exclusiva do Estado). Possui como objeto a formação de instituições empresariais tendo na
maioria das vezes em seu bojo a contribuição com o interesse coletivo,

Conhecimentos Específicos 10
APOSTILAS OPÇÃO
sendo a sua atuação materialmente administrativa não governamental. A administração varia segundo a modalidade, civil ou comercial, que a
Hely Lopes Meirelles diz ser normalmente seu objeto: lei determinar. Seus dirigentes são estabelecidos na forma da lei ou do
estatuto. Podendo ser unipessoal ou colegiada. Eles estão sujeitos a
“A execução de uma atividade econômica empresarial, podendo ser mandado de segurança e ação popular.
também uma atividade não econômica de interesse coletivo ou, mesmo,
um serviço público ou de utilidade pública delegado pelo Estado. 8 RELAÇÕES COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA
Criadas por lei e de Competência comum das pessoas políticas. (Uni-
No primeiro caso a entidade paraestatal há que revestir a forma de
ão, Estados, Distrito Federal e Municípios).
empresa pública ou sociedade de economia mista, devendo operar sob as
mesmas normas e condições das empresas particulares congêneres, para
Possuem autonomia administrativa e financeira não dependendo do
não lhes fazer concorrência, como dispõe expressamente a CF; nos
Estado e nem tendo submissão a ele, tendo fiscalização do controle/tutela
outros casos o estado é livre para escolher a forma e estrutura da entida-
por ter valor relevante social.
de e operá-la como lhe convier, porque em tais hipóteses não está inter-
vindo no domínio econômico reservado à iniciativa privada.
São Fomentadas, se de Interesse Coletivo pelo Estado, mediante
O patrimônio dessas entidades pode ser constituído com recursos contrato gestão. Pode ter seu capital público ou misto. O fomento pode ser
particulares ou contribuição pública, ou por ambas as formas conjugadas. em forma de subvenção, financiamento, favor fiscais objetivando uma
Tais empreendimentos, quando de natureza empresarial, admitem lucros repercussão coletiva e desapropriação.
e devem mesmo produzi-los, para desenvolvimento da instrução e atrativo
do capital privado.” Extintas por lei porque ninguém pode gerir os destinos de uma enti-
dade criada em função do interesse coletivo.
6 RELAÇÕES COM TERCEIROS
As Entidades Paraestatais estão sujeitas a licitação, seguindo a lei CONCLUSÃO
8.666/83, para compras, obras, alienações e serviços no geral, segundo o As Entidades Paraestatais possuem uma conceituação bastante con-
artigo 17 da referida lei. Quando imóveis dependerão de avaliação prévia fusa em que seus doutrinadores entram, em diversas matérias, em con-
e de licitação na modalidade de concorrência. Sendo apenas dispensada tradição uns com os outros.
a licitação nos seguintes casos: Celso Antonio Bandeira de Mello acredita que não se tratam as socie-
“a) dação em pagamento; “ dades de economia mista e as empresas públicas de paraestatais, Sendo
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade acompanhado por Marçal Justen Filho que acredita serem apenas entida-
da Administração Pública, de qualquer esfera de governo; des paraestatais os serviços sociais autônomos.
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes Diferentemente do que eles acreditam, Hely Lopes Meirelles acredita
do inciso X do art. 24 desta Lei; que as empresas públicas e as sociedades de economia mista se tratam
d) investidura; sim de paraestatais junto com os serviços sociais autônomos.
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de Hely Lopes Meirelles diz que as entidades paraestatais podem ser lu-
qualquer esfera de governo (Incluída pela Lei n. 8.883, de 1994); crativas por serem empresariais. Já Ana Patrícia Aguiar, Celso Antonio
f) alienação, concessão de direito real de uso, locação ou permis- Bandeira de Mello e Marçal Justen Filho discordam dizendo que elas
são de uso de bens imóveis construídos e destinados ou efetiva- devem ser não lucrativas.
mente utilizados no âmbito de programas habitacionais de inte-
São Fomentados pelo Estado, através de contrato social, quando são
resse social, por órgãos ou entidades da administração pública
de interesse coletivo. Não se submetem ao Estado porque são autônomos
especificamente criados para esse fim (Incluída pela Lei n. 8.883,
financeiramente e administrativamente, porém por terem relevância social
de 1994);
e se tratar de capital público, integral ou misto, sofrem fiscalização do
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da controle/tutela, para não fugirem dos seus fins.
Lei n. 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e de-
liberação dos órgãos da Administração Pública em cuja compe- Tem como objetivo a formação de instituições que contribuam com os
tência legal inclua-se tal atribuição (Incluído pela Lei n. 11.196, de interesses sociais através da realização de atividades, obras ou serviços.
2005).”
NOTAS:
Também dependerão de avaliação prévia e de licitação os moveis,
sendo esta dispensada segundo os termos da lei nos seguintes casos: MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 22ª edição, São
“a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse Paulo, 1997.
social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio- 1 - JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Sa-
raiva, 2005.
econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação; 2 - Artigo 37, II da Constituição Federal.
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Fonte - http://advbr.info/doutrinas/doutadm16.htm
Administração Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observa-
da a legislação específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente; ATOS ADMINISTRATIVOS
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou en- Noções introdutórias acerca do ato administrativo
tidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades; Texto extraído do Jus Navigandi
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou enti- http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6722
dades da Administração Pública, sem utilização previsível por
quem deles dispõe.“ Roberto Wagner Lima Nogueira
Podendo também ter regulamentos próprios para licitar, mas com ob- mestre em Direito Tributário, professor do Departamento de Direito
servância da lei. Devendo ser aprovados pela autoridade superior e obe- Público das Universidades Católica de Petrópolis (UCP), procurador do
decer ao princípio da publicidade. Município de Areal (RJ), membro do Conselho Científico da Associação
Paulista de Direito Tributário (APET)
7 REGIME INTERNO
Seus empregados estão sujeitos ao regime Celetista, CLT. Têm que 1. CONSIDERAÇÕES PREAMBULARES.
ser contratados através de “concurso público de acordo com a natureza e Trata-se de apontamentos, anotações básicas para aqueles operado-
a complexidade do cargo ou emprego, ressalvadas as nomeações para res do direito administrativo que queiram iniciar estudos concernentes ao
cargo em comissão”. ato administrativo, por conseguinte, carecem de uma maior aprofunda-

Conhecimentos Específicos 11
APOSTILAS OPÇÃO
mento teórico, senão que servem como um guia para estudos a serem Excluem-se do conceito, os atos materiais, os atos de particulares, os de
feitos com mais rigor e detida análise. origem constitucional (sanção e veto), atos legislativos e as sentenças
judiciais.
É material de reciclagem para os já formados, e instrumental útil para
os bacharelandos que vivenciam o estudo de direito administrativo ainda Conceito de José dos Santos Carvalho Filho – é a exteriorização
na universidade. O texto aponta caminhos que devem necessariamente da vontade de agentes da Administração Pública ou de seus delega-
ser percorridos. tários, nessa condição, que, sob regime de direito público, vise à
produção de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse públi-
2 - FATOS ADMINISTRATIVOS. co.
É conceito mais amplo do que o de ato administrativo. É uma ativida-
de material no exercício da função administrativa que visa efeitos práticos Para Marçal Justen Filho ato administrativo é uma manifestação de
para a Administração. É o ato material de pura execução, e, em satisfa- vontade funcional apta a gerar efeitos jurídicos, produzida no exercício
ção de um dever jurídico e traduz o exercício da função administrativa na de função administrativa.
dicção de Marçal Justen Filho.
4. REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS.
Segundo Hely Lopes Meirelles o fato administrativo resulta do ato Para fins didáticos adotamos os requisitos constantes do art. 2º da
administrativo que o determina. Entretanto, pode ocorrer o contrário, Lei nº 4.717/65, ação popular, cuja ausência provoca a invalidação do
no caso da apreensão de mercadoria (atividade material de apreen- atos. São eles, competência, objeto, forma, motivo e finalidade.
der), primeiro se apreende e depois se lavra o auto de infração, este
sim o ato administrativo. Pode ocorrer também independente de um Art. 2º. São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades men-
ato administrativo, quando se consuma através de uma simples con- cionadas no artigo anterior, nos casos de:
duta administrativa, alteração de local de um departamento público se a) incompetência;
perfaz sem a necessidade de um ato administrativo, porém, não deixa b) vício de forma;
de ser um atividade material. Até fenômenos naturais, quando repercu- c) ilegalidade do objeto;
tem na esfera administrativa, constituem fatos administrativos, um raio d) inexistência dos motivos;
que destrói um bem público, chuvas que deterioram um equipamento do e) desvio de finalidade.
serviço público. Ex de fato administrativos: Construção de uma ponte,
varredura de ruas, dispersão de manifestantes, reforma de escolas públi- COMPETÊNCIA – Di Pietro prefere fazer alusão ao SUJEITO ao re-
cas. vés de falar da COMPETÊNCIA. É o poder que a lei outorga ao agente
público para desempenho de suas funções. Competência lembra a
Para Diógenes Gasparini os fatos administrativos não se preorde- capacidade do direito privado, com um plus, além das condições normas
nam à produção de qualquer efeito jurídico, traduzem mero trabalho ou necessárias à capacidade, o sujeito deve atuar dentro da esfera que a lei
operação técnica do agente público. Ex: de atos materiais: dar aula. traçou. A competência pode vir primariamente fundada na lei (Art. 61,
Ainda que não seja a regra, deles, atos materiais, podem advir efeitos § 1º, II e 84, VI da CF), ou de forma secundária, através de atos admi-
jurídicos, ex: o direito a indenização do paciente que foi negligente- nistrativos organizacionais. A CF também pode ser fonte de compe-
mente operado por um cirurgião-médico do serviço público. Já os atos tência, consoante arts. 84 a 87 (competência do Presidente da República
administrativos, ao contrário, predestinam-se a produção de efeitos e dos Ministros de Estado no Executivo); arts. 48, 49, 51 inciso IV e 52
jurídicos, são os típicos atos administrativos, sejam concretos ou abstra- (competência do Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado
tos, atos de governo (declaração de guerra, declaração de estado de Federal).
emergência, declaração de estado de sítio, atos administrativos dos Para Di Pietro, competência é o conjunto de atribuições das pessoas
Tribunais de Contas, do Poder Legislativo, Judiciário, pelas Concessioná- jurídicas, órgãos e agentes, fixadas pelo direito positivo.
rias de serviço público). Celso Antonio não concorda em colocar os atos A competência é inderrogável, isto é, não se transfere a outro órgão
de governo ou atos políticos sob a rubrica atos administrativos por por acordo entre as partes, fixada por lei deve ser rigidamente observada.
traduzirem exercício de função política e não administrativa, porém, A competência é improrrogável, diferentemente da esfera jurisdicional
Gasparini diz que hoje em dia a sua sindicabilidade é ampla pelo onde se admite a prorrogação da competência, na esfera administrativa a
judiciário, logo, perfeitamente enquadráveis na noção de ato administrati- incompetência não se transmuda em competência, a não ser por alteração
vo. legal. A competência pode ser objeto de delegação (transferência de
funções de um sujeito, normalmente para outro de plano hierarquicamente
ESPÉCIES ATOS PERTINENTES A ATIVIDADE PÚBLICA - No inferior, funções originariamente conferidas ao primeiro – ver art. 84 pará-
exercício da função legislativa o legislativo edita leis, o Judiciário, grafo único da CF) ou avocação (órgão superior atrai para si a competên-
decisões judiciais, e o executivo, atos administrativos. Temos, assim, cia para cumprir determinado ato atribuído a outro inferior) consoante art.
na atividade pública geral, três categorias de atos inconfundíveis entre 11 da Lei 9.784/99 (Lei do procedimento administrativo federal), "a
si: atos legislativos, atos judiciais e atos administrativos. competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a
que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação
ATOS DA ADMINISTRAÇÃO QUE NÃO SÃO TÍPICOS ATOS AD- legalmente admitidos".
MINISTRATIVOS – Podem ser atos privados da administração, contra-
tos regidos pelo direito privado, compra e venda e locação. Atos materi- Para Di Pietro a regra é a possibilidade de delegação e avocação e
ais, os chamados fatos administrativos já estudados. a exceção é a impossibilidade de delegação e avocação que só ocorre
quando a competência é outorgada com exclusividade a um determinado
3- ATO ADMINISTRATIVO. órgão. Ver artigos 12 e 13 e 15 da mesma lei. Para José dos Santos
Conceito de Diógenes Gasparini, toda prescrição, juízo ou conhe- Carvalho Filho tanto a delegação quanto a avocação devem ser conside-
cimento, predisposta à produção de efeitos jurídicos, expedida pelo radas como figuras excepcionais, só justificáveis ante os pressupostos
Estado ou por quem lhe faça as vezes, no exercício de suas prerrogati- que a lei estabelecer.
vas e como parte interessada numa relação, estabelecida na conformida-
de ou compatibilidade da lei, sob o fundamento de cumprir finalidades OBJETO – Também chamado de conteúdo, é a alteração no mun-
assinaladas no sistema normativo, sindicável pelo Judiciário. do jurídico que o ato administrativo se propõe realizar, é identificado
pela análise do que o ato enuncia, prescreve ou dispõe. O objeto é uma
Do conceito de Gasparini ressalta a presença do atos concretos e resposta a seguinte pergunta: para que serve o ato? Consiste na aquisi-
abstratos (chamados regulamentos do Executivo, art. 84, IV da CF). A ção, na modificação, na extinção ou na declaração de direito conforme o
prescrição destina-se a produzir efeitos jurídicos: certificar, criar, fim que a vontade se preordenar. Ex: uma licença para construção tem
extinguir, transferir, declarar ou modificar direitos e obrigações. como objeto permitir que o interessado possa edificar de forma legítima; o

Conhecimentos Específicos 12
APOSTILAS OPÇÃO
objeto de uma multa é a punição do transgressor da norma jurídica admi- sado comprovar que inexiste a realidade fática mencionada no ato
nistrativo; o objeto da nomeação, é admitir o indivíduo como servidor como determinante da vontade, estará ele irremediavelmente inquinado
público; na desapropriação o objeto do ato é o comportamento de desa- de vício de legalidade. (25) Ex: administração revoga permissão de uso
propriar cujo conteúdo é o imóvel sobre a qual ela recai. sob a alegação de que a mesma tornou-se incompatível com a destinação
do bem público objeto da permissão, e logo a seguir permite o uso do
Para ser válido o ato administrativo, o objeto há que ser lícito, de- mesmo bem a terceira pessoa, restará demonstrado que o ato de revo-
terminado ou determinável, possível. gação foi ilegal por vício quanto ao motivo; servidor tem seu pedido de
FORMA - É o meio pelo qual se exterioza a vontade administrati- férias indeferido sob a alegação de que há falta de pessoal na reparti-
va. Para ser válida a forma do ato deve compatibilizar-se com o que ção, poderia o agente público não ter declinado o motivo, já que o fez e
expressamente dispõe a lei ou ato equivalente com jurídica. O aspecto em caso do servidor provar o contrário, o ato estará viciado uma vez que
relativo à forma válida tem estreita conexão com os procedimentos presente a incompatibilidade entre o motivo expresso no ato (motivo
administrativos. O ato administrativo é o ponto em que culmina a determinante) e a realidade fática.
sequência de atos prévios (é um produto do procedimento), há que ser
observado um iter (procedimento), até mesmo em homenagem ao FINALIDADE – É o resultado que a Administração quer alcançar com
princípio do devido processo legal. Torna-se viciado o ato (produto) a prática do ato. Enquanto o objeto é o efeito jurídico imediato (aquisi-
se o procedimento não foi rigorosamente observado. Ex: licitação. Outros ção, transformação ou extinção de direitos) a finalidade é o efeito media-
exemplos: Se a lei exige a forma escrita e o ato é praticado verbalmente, to, ou seja, o interesse coletivo que deve o administrador perseguir. Ex:
ele será nulo; se a lei exige processo disciplinar para demissão de um numa permissão de transporte urbano o objeto é permitir a alguém o
funcionário, a falta ou vício naquele procedimento invalida a demissão. exercício de tal atividade e a finalidade é o interesse coletivo a ser aten-
dido através deste serviço público.
Como anotado por José dos Santos Carvalho Filho, a forma e pro-
cedimento se distinguem, a forma indica apenas a exteriorização da Abaixo jurisprudência do STJ, sobre vício de finalidade, ou seja,
vontade e o procedimento uma sequência ordenada de atos e vontades, desvio de finalidade de ato administrativo, verbis:
porém, a doutrina costuma caracterizar o defeito em ambos como vício
de forma. Ex: portaria de demissão de servidor estável sem a observância DESAPROPRIAÇÃO. UTILIDADE PÚBLICA.
do processo administrativo prévio (art. 41, § 1º, II, da CF); ou, contratação Cuida-se de mandado de segurança no qual o impetrante pretende
direta de empresa para realização de obra pública em hipótese na qual a invalidar ato de autoridade judicial que imitiu o Estado do Rio de Janeiro
lei exija o procedimento licitatório. na posse de imóvel objeto de processo expropriatório. Visa, ainda, à
anulação do Dec. Expropriatório n. 9.742/1987. A segurança foi conce-
A forma é uma garantia jurídica para o administrado e para a ad- dida pelo TJ-RJ ao entendimento de que haveria ocorrido manifesto
ministração, é pelo respeito à forma que se possibilita o controle do ato desvio de finalidade no ato expropriatório, pois, além de o Decreto
administrativo, quer pelos seus destinatários, que pela própria adminis- omitir qual a utilidade pública na forma do DL n. 3.365/1941, os imó-
tração, que pelos demais poderes do Estado. Em regra a forma é escrita, veis desapropriados destinavam-se a repasse e cessão a terceiros,
porém a Lei 9.784/99, consagra em seu art. 22 praticamente o informa- entre eles, os inquilinos. O Min. Relator entendeu que se submete ao
lismo do ato administrativo. Excpecionalmente, admitem-se ordens conhecimento do Poder Judiciário a verificação da validade da utilidade
verbais, gestos, apitos (policial dirigindo o trânsito), sinais luminosos. Há pública, da desapropriação e seu enquadramento nas hipóteses previstas
ainda, casos excepcionais de cartazes e placas expressarem a vontade da no citado DL. A vedação que encontra está no juízo valorativo da utilidade
administração, como os que proíbem estacionar em ruas, vedam acesso pública, e a mera verificação de legalidade é atinente ao controle jurisdici-
de pessoas a determinados locais, proíbem fumar etc. Até mesmo o onal dos atos administrativos, cuja discricionariedade, nos casos de
silêncio pode significar forma de manifestação de vontade, quando a lei desapropriação, não ultrapassa as hipóteses legais regulamentado-
fixa um prazo, findo o qual o silêncio da administração significa con- ras do ato. Com esse entendimento, a Turma não conheceu do recurso.
cordância ou discordância. REsp 97.748-RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
5/4/2005.
MOTIVO – É o pressuposto de fato e de direito que serve de fun-
damento ao ato administrativo. Pressuposto de direito é o dispositivo 5. MÉRITO ADMINISTRATIVO.
legal em que se baseia o ato e o pressuposto de fato corresponde ao Como bem leciona Hely Lopes Meirelles, o mérito administrativo
conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de situações que levam a conquanto não se possa considerar requisito de sua formação, deve
administração a praticar o ato. A ausência de motivo ou a indicação de ser apreciado neste tópico dadas as suas implicações com o motivo e o
motivo falso invalidam o ato administrativo. Ex. de motivos: no ato de objeto (conteúdo) para que serve o ato? do ato, e consequentemente,
punição de servidor, o motivo é a infração prevista em lei que ele prati- com as suas condições de validade e eficácia. Portanto, considera-se
cou; no tombamento, é o valor cultural do bem; na licença para construir, é mérito administrativo a avaliação (valoração) da conveniência e oportu-
o conjunto de requisitos comprovados pelo proprietário. nidade relativas ao objeto e ao motivo, na prática do ato discricionário,
ou seja, aquele em que a lei permite ao agente público proceder a uma
Motivação – Motivação é a demonstração por escrito de que os avaliação de conduta (motivo e objeto), ponderando os aspectos relativos
pressupostos de fato realmente existiram. A motivação diz respeito às à conveniência e à oportunidade da prática do ato.
formalidades do ato, que integram o próprio ato, vindo sob a forma de
"considerandos". A lei 9.784/99 em seu art. 50 indica as hipóteses em que Os atos discricionários possuem requisitos sempre vinculados
a motivação é obrigatória. Segundo José dos Santos Carvalho Filho, (competência, finalidade e forma), e outros dois (motivo e objeto) em
pela própria leitura do art. 50 da Lei 9.784/99 pode-se inferir que não se relação aos quais a Administração decide como valorá-los, desde que
pode mesmo considerar a motivação como indiscriminadamente observados os princípios constitucionais, e submetendo-se nos casos
obrigatória para toda e qualquer manifestação volitiva da Administração. de desvio de poder a sindicabilidade do Judiciário.
Ainda segundo ele, o art. 93, X, não pode ser estendido como regra a
todos os atos administrativos, ademais a CF fala em "motivadas", Os atos administrativos vinculados possuem todos os seus requi-
termo mais próximo de motivo do que de motivação. Já para Maria sitos (elementos) definidos em lei, logo, não há falar-se em MÉRITO
Sylvia Zanella Di Pietro a motivação é regra, necessária, tantos para os ADMINISTRATIVO (ex: licença para exercer profissão regulamentada em
atos vinculados quanto para os discricionários já que constitui garan- lei), logo, caberá ao Judiciário examinar todos os seus requisitos, a
tia da legalidade administrativa prevista no art. 37, caput, da CF. conformidade do ato com a lei, para decretar a sua nulidade ou não; já nos
atos administrativos discricionários, o controle judicial também é
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES – Segundo a qual o mo- possível, porém, terá que respeitar a discricionariedade administrativa
tivo do ato administrativo deve sempre guardar compatibilidade com nos limites em que ela é assegurada à Administração Pública pela lei
a situação de fato que gerou a manifestação de vontade. Se o interes- (legalidade administrativa – 37, caput, CF).

Conhecimentos Específicos 13
APOSTILAS OPÇÃO
Os autores que afirmam uma tendência de ampliar o alcance da José dos Santos Carvalho Filho cita como exemplo do exercício da
apreciação do Poder Judiciário, falam em aplicar o princípio da razoa- auto-executoriedade, a destruição de bens impróprios para o consumo
bilidade para aferir a valoração subjetiva da administração pública. público, a demolição de obra que apresenta risco iminente de desabamen-
Aplica-se também o princípio da moralidade dos atos administrativos to. A vigente Constituição traça limites à executoriedade em seu art.
(art. 37, caput, CF), todavia, não cabe ao magistrado substituir os valo- 5º, LV, contudo mencionada restrição constitucional não suprime o
res morais do administrador público pelos seus próprios valores, atributo da auto-executoriedade do ato administrativo, até porque,
desde que uns e outros sejam admitidos como válidos dentro da sem ele, dificilmente poderia a Administração em certos momentos conclu-
sociedade; o que ele pode e deve invalidar são os atos que, pelos pa- ir seus projetos administrativos.
drões do homem comum, atentar manifestamente contra a moralidade.
Ex: zona cinzenta de sindicabilidade pelo Judiciário é o conceito de notá- 7. ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE.
vel saber jurídico que permite certa margem de discricionariedade, Podemos agrupar os atos administrativos em 5 cinco tipos como que-
exceto, nos casos em que fica patente, sem sombra de dúvida, de que o rem Hely Lopes Meirelles seguido por Diogo de Figueiredo Moreira
requisito constitucional não foi atendido. Neto.

Contra a tese de ampliação do controle de apreciação do mérito ATOS NORMATIVOS – São aqueles que contém um comando geral
administrativo pelo Judiciário, José dos Santos Carvalho Filho cita o do Executivo visando o cumprimento (aplicação) de uma lei. Podem
STJ – É defeso ao Poder Judiciário apreciar o mérito do ato administra- apresentar-se com a característica de generalidade e abstração (decreto
tivo, cabendo-lhe unicamente examiná-lo sob o aspecto da sua legalida- geral que regulamenta uma lei), ou individualidade e concreção (decreto
de, isto é, se foi praticado conforme ou contrariamente à lei. Esta solução de nomeação de um servidor). Os atos normativos podem ser:
se funda no princípio da separação dos poderes, de sorte que a verifi-
cação das razões de conveniência ou oportunidade dos atos admistrativos Regulamentos – Hely Lopes Meirelles e Diogo Figueiredo classifi-
escapa ao controle jurisdicional do Estado (ROMS nº 1288-91-SP, Min. cam os regulamentos como espécie autônoma dentro do tipo normati-
Cesar Asfor Rocha, DJ-2-5-1994). Cita também o STF – que em hipótese vo, entretanto, José dos Santos Carvalho Filho entende que os regula-
onde se discutia a expulsão de estrangeiro, disse a Corte que se trata mentos, muito embora citados pelo art. 84, IV da CF, não constituem
de ato discricionário de defesa do Estado, sendo de competência do espécie autônoma, mas sim um apêndice de decreto, tanto que o próprio
Presidência da República a quem incumbe julgar a conveniência ou Hely Lopes Meirelles apesar de classificá-lo em separado assim afirma:
oportunidade da decretação da medida, e que ao Judiciário compete "Os regulamentos são atos administrativos postos em vigência por
tão-somente a apreciação formal e a constatação da existência ou não decreto, para especificar os mandamentos da lei ou prover situações
de vícios de nulidade do ato expulsório, não o mérito da decisão presi- ainda não disciplinadas por lei." (38) Logo, verifica-se que Hely Lopes
dencial. Meirelles defende a tese de que existe o regulamento autônomo junta-
mente com o regulamento de execução. O primeiro seria destinado a
Fluxograma dos requisitos do ato administrativo: prover situações não contempladas em lei, porém, atendo-se sempre
Competência aos limites da competência do Executivo (reserva do Executivo) não
Forma podendo invadir assim a competência de lei (reserva de lei). A partir da
Objeto Emenda 32/01 que modificou a redação do art. 84, VI da CF, a corrente
Motivo que defende a existência dos regulamentos autônomos ganhou nova
Finalidade força, pugnando pela ideia de que os regulamentos autônomos estão
inseridos no campo da competência constitucional conferida direta-
6. ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. mente pela CF ao executivo, chamando tal fenômeno de reserva admi-
IMPERATIVIDADE ou COERCIBILIDADE – Os atos administrativos nistrativa.
são cogentes, obrigando a todos que se encontrem em seu círculo de
incidência, ainda que contrarie interesses privados, porquanto o seu Decretos – São atos que provêm da manifestação de vontade dos
único alvo é o atendimento do interesse coletivo. É certo que em de- Chefes do Executivo, o que os torna resultante de competência adminis-
terminados atos administrativos de consentimento (permissões e trativa específica. A CF trata deles no art. 84, IV, como forma do Presi-
autorizações) o seu cunho coercitivo não se revela cristalino, uma vez dente da República dá curso à fiel execução da lei. Podem se manifestar
que ao lado do interesse coletivo há também o interesse privado, porém, na forma de decretos gerais, com caráter normativo abstrato, ou como
ainda nestes casos a imperatividade se manifesta no que diz respeito à decretos individuais, com destinatários específicos e individualizados.
obrigação do beneficiário de se conduzir exatamente dentro dos limites Hely Lopes Meirelles fala em decretos autônomos e decretos regula-
que lhe foram traçados. mentar ou de execução, e representa um importante pensamento dentro
desta corrente doutrinária.
PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE – Trata-se de presunção relativa
Regimentos – São atos de atuação interna da administração desti-
de que o ato administrativo nasceu em conformidade com as devidas
nados a reger o funcionamento de órgãos colegiados e de corporações
normas legais, tal presunção iuris tantum pode ceder à prova de que o
legislativas, como ato regulamentar interno, o regimento só se dirige aos
ato não se conformou às regras legais. O ônus da prova de provar que
que devem executar o serviço ou realizar a atividade funcional regimen-
o ato é ilegítimo é do administrado que pode inclusive opor resistência
tada, sem obrigar os particulares em geral. As relações entre o Poder
ao seu cumprimento mediante dedução de pleito no Judiciário. O judiciá-
Público e os cidadãos refogem ao âmbito regimental, devendo constar
rio poderá rever o ato administrativo (respeitado o seu mérito) e a
de lei ou de decreto regulamentar.
interpretação dada pela administração, até porque a presunção de legi-
timidade não é instrumento de bloqueio da atuação jurisdicional. Resoluções – São atos normativos gerais ou individuais, emanados
de autoridades de elevado escalão administrativo. Ex: Ministros e Secretá-
AUTO-EXECUTORIEDADE – É admissão da execução de ofício rios de Estado ou Município, art. 87 e incisos da CF. Constituem matéria
das decisões administrativas sem intervenção do Poder Judiciário.
das resoluções todas as que se inserem na competência específica dos
Desse ponto de vista, o ato administrativo vale como própria "sentença"
agentes ou pessoas jurídicas responsáveis por sua expedição. Não se
do juiz, ainda que possa ser revista por este como bem anota García de
confundem com resolução legislativa (art. 59, VII da CF; 155, § 2º, IV e
Enterría.
68, § 2º, ambos da CF), que é ato do Senado Federal ou do Congresso
Nacional que independem de sanção e têm as regras jurídicas de elabo-
Para Marçal Justen Filho só deve ser aplicada em situações ex-
ração conforme o Regimento interno ou o Regimento Comum destas
cepcionais e observados os princípios da legalidade e da proporciona-
Casas.
lidade. Não há auto-executoriedade sem lei que a preveja, e mesmo
assim a auto-executoriedade só deverá ser aplicada quando não Deliberação – São atos normativos ou decisórios emanados de ór-
existir outra alternativa menos lesiva. gãos colegiados, como conselhos, comissões, tribunais administrati-
Conhecimentos Específicos 14
APOSTILAS OPÇÃO
vos etc. Segundo Hely Lopes Meirelles as deliberações devem obediên- Aprovação, Homologação ou Visto ou atos de confirmação –
cia ao regulamento e ao regimento que houver para a organização e Pressupõem sempre a existência de outro ato administrativo.
funcionamento do colegiado.
A aprovação pode ser prévia (art. 52, III da CF), ou posterior (art.
ATOS ORDINATÓRIOS – São os que visam a disciplinar o funcio- 49, IV da CF), é uma manifestação discricionária do administrador a
namento da Administração e a conduta funcional de seus agentes. respeito de outro ato.
Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos por chefes
de serviços aos seus subordinados. Só atuam no âmbito interno das A homologação constitui manifestação vinculada, isto é, ou bem
repartições e só alcançam os servidores hierarquizados à chefia que os procede à homologação se tiver havido legalidade ou não o faz em caso
expediu. Não obrigam aos particulares. Não criam, normalmente, direi- contrário, é sempre produzida a posterior. Ex: licitação.
tos ou obrigações para os administrados, mas geram deveres e prerroga-
tivas para os agentes administrativos a que se dirigem. O visto é ato que se limita à verificação da legitimidade formal de ou-
tro ato. É condição de eficácia do ato que o exige. É ato vinculado,
Instruções, Circulares, Portarias, Ordens de Serviço, Provimen- todavia, na prática tem sido desvirtuado para o exame discricionário,
tos e Avisos. Todos estes atos servem para que a Administração organi- como ocorre com o visto em passaporte, que é dado ou negado ao alve-
ze suas atividades e seus órgãos. O sistema legislativo pátrio não drio das autoridades consulares.
adotou o processo de codificação administrativo, de maneira que cada
pessoa federativa dispõe sobre quem vai expedir esses atos e qual será o ATOS ENUNCIATIVOS – Segundo Diogo Figueiredo Moreira Neto,
conteúdo. são todos aqueles em a Administração se limita a certificar ou a atestar
um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, constantes
ATOS NEGOCIAIS ou DE CONSENTIMENTO ESTATAL – Segundo de registros, processos e arquivos públicos, sendo sempre, por isso,
Hely Lopes Meirelles são todos aqueles que contêm uma declaração de vinculados quanto ao motivo e ao conteúdo (objeto).
vontade da Administração apta a concretizar determinado negócio
jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas condições im- Certidões – são atos que reproduzem registros das repartições, con-
postas ou consentidas pelo Poder Público. tendo uma afirmação quanto à existência e ao conteúdo de atos adminis-
Consoante escol de Diogo Figueiredo Moreira Neto os atos adminis- trativos praticados. É mera trasladação para o documento fornecido ao
trativos negociais contêm uma declaração de vontade da administração interessado do que consta de seus arquivos. Podem ser de inteiro teor ou
coincidente com uma pretensão do administrado. A manifestação de resumidas. A CF em seu art. 5º, XXXIV, b, dispõe sobre o fornecimento
vontade do administrado não é requisito para a formação do ato, contu- de certidões independentemente do pagamento de taxas.
do, é necessária como provocação do Poder Público para sua expedição,
bem como uma vez expedido, para que se dê a aceitação da vontade Atestados – São atos pelos quais a Administração comprova um fa-
pública nele expressada. São unilaterais por conceito, embora já conte- to ou uma situação de que tenha conhecimento por seus órgãos compe-
nham um embrião de bilateralidade, já que de algum modo pressupõem tentes. Diferentemente da certidão, os atestados comprovam uma
a aceitação do administrado via provocação ao Poder Público, daí porque situação existente mas não constante em livros, papéis ou documen-
a nomenclatura atos negociais. Tipos: tos em poder da administração, destinam-se a comprovação de situações
transeuntes, passíveis de modificações frequentes. Ex: atestado médico.
Autorização – ato administrativo unilateral, discricionário e precário
pelo qual a Administração faculta ao particular o uso do bem público no Pareceres – São atos que contém opiniões de órgãos técnicos a
seu próprio interesse mediante (autorização de uso – fechamento de respeito de problemas e dúvidas que lhe são submetidos, orientando a
rua para realização de festa), ou exerça atividade (autorização de Administração sobre a matéria técnica neles contida. Muito embora sejam
serviços de vans-peruas, táxi), ou a prática de ato, sem esse consenti- opinativos, os pareceres da consultoria jurídica, órgãos exercentes de
mento, seriam legalmente proibidos (autorização como ato de polícia – função constitucional essencial à justiça na órbita dos entes da federação,
porte de arma). Ex: art. 176, parágrafo primeiro, art. 21, VI, XI, XII, todos obrigam, em princípio, a Administração, não obstante se optar por des-
da Constituição Federal. considerá-los, deverá motivar suficientemente porque o fazem. O
parecer embora contenha um enunciado opinativo (opinar é diferente de
Permissão – É ato administrativo discricionário e precário pelo decidir), pode ser de existência obrigatória no procedimento administra-
qual a Administração consente que ao particular utilize privativamente tivo (caso em que integra o processo de formação do ato) e dar ensejo
bem público. Com o advento da Lei 8.987/95 (art. 40), o instituto da à nulidade do ato final se não contar do respectivo processo (por au-
permissão como ato administrativo está restringido ao uso de bens sência de requisito FORMAL), exemplo, casos em que a lei exige prévia
públicos, porquanto a permissão de serviços públicos passou a ter audiência de um órgão jurídico-consultivo, processo licitatório. Neste caso,
natureza jurídica de contrato administrativo bilateral, de adesão, e o parecer é obrigatório, muito embora seu conteúdo não seja vinculan-
resultante de atividade vinculada do administrador em virtude da exigên- te. Quando o ato decisório se limita a aprovar o parecer, fica este inte-
cia normal de licitação para a escolha do contratado. grado ao ato como razões de decidir (motivação), agora, se ao revés, o
ato decisório decide de maneira contrária ao parecer, deve expressar
Licença – Ato vinculado e definitivo pelo qual o Poder Público, veri- formalmente as razões que o levaram a não acolher o parecer, sob pena
ficando que o interessado atendeu a todas as exigências legais, faculta- de abuso de poder e ilegalidade.
lhe o desempenho de atividade ou a realização de fatos materiais
antes vedados ao particular, exemplo, o exercício de uma profissão, a Pareceres normativos – É aquele que quando aprovado pela auto-
construção de um edifício em terreno próprio. Se o interessado preenche ridade competente, é convertido em norma de procedimento interno,
os requisitos legais para a concessão de licença, e por ser um ato aos quais se confere uma eficácia geral e abstrata para a Administração,
administrativo vinculado, se for negada, caberá a impetração de man- dispensando seus entes, órgãos e agentes de reproduzirem as motiva-
dado de segurança ex vi do art. 5º, inciso LXIX da CF. ções, se forem as mesmas nele examinadas.

Em regra a licença por ser ato vinculado não pode ser revogada por Apostila – São atos enunciativos ou declaratórios de uma situação
conferir direito adquirido. Contudo, o STF em 1999 (RE nº 212.780-RJ, anterior criada por lei. Ao apostilar um título a Administração não cria
Rel. Min. Ilmar Galvão) reafirmou decisão anterior no sentido de que não um direito, porquanto apenas declara o reconhecimento da existência
fere direito adquirido decisão que, no curso do processo de pedido de de um direito criado por norma legal. Segundo Hely Lopes Meirelles
licença de construção, em projeto de licenciamento, estabelece novas equivale a uma averbação.
regras de ocupação de solo, ressalvando-se ao prejudicado o direito à
indenização nos casos em que haja ocorridos prejuízos. ATOS PUNITIVOS – São aqueles que contêm uma sanção imposta
pela lei e aplicada pela Administração, visando punir as infrações ad-

Conhecimentos Específicos 15
APOSTILAS OPÇÃO
ministrativas ou conduta irregulares de servidores ou de particulares Retirada – Que pode se realizar mediante REVOGAÇÃO quando se
perante a Administração. dá por razões de conveniência e oportunidade ou por razões de INVA-
LIDAÇÃO (ANULAÇÃO), que compreende as ideias de vícios dos atos
Multa – imposição pecuniária por descumprimento de preceito admi- administrativos, convalidação e as modalidades de cassação e cadu-
nistrativo, geralmente, é de natureza objetiva, independente da ocorrên- cidade.
cia de dolo ou culpa.
Revogação – É ato administrativo discricionário (não se aplica ao
Interdição de atividades – Ato pelo qual a Administração veda a ato vinculado, porque nestes não há conveniência e oportunidade) pelo
prática de atividades sujeitas ao seu controle ou que incidam sobre seus qual a Administração extingue um ato válido, por razões de conveniência
bens. Funda-se na lei e no poder de polícia administrativa, e pressupõe e oportunidade. a)- Não retroage pois pressupõe um ato editado em
a existência de um prévio e devido processo administrativo (Art. 5º, LV conformidade com a lei; b)- seus efeitos se produzem a partir da própria
da CF), sob pena de nulidade. revogação (ex nunc); c)- é ato privativo da administração; d)- não podem
ser revogados os atos que já exauriram os seus efeitos, uma vez que a
Destruição de coisas – Ato sumário da Administração pelo qual se revogação não retroagem mais apenas impede que o ato continue a
inutilizam alimentos, substâncias, objetos ou instrumentos imprestá- produzir efeitos, ex: a administração concede dois meses de afastamento
veis ou nocivos ao consumo ou de uso proibido por lei. Típico ato de ao servidor e após este prazo os efeitos já estarão exauridos; e)- pressu-
polícia administrativa, de caráter urgente que dispensa prévio proces- põe ato que ainda esteja produzindo efeitos, ex: autorização para porte de
so, contudo, exige sempre auto de apreensão e de destruição em arma ou de qualquer atividade sem prazo estabelecido; f)- não podem ser
forma regular (descritivo e circunstanciado), nos quais se fixam os moti- revogados atos que integram um procedimento, pois a cada novo ato
vos da medida drástica, se identifiquem as coisas destruídas, para ocorre a preclusão em relação ao ato anterior, ex: não pode ser revogado
oportuna avaliação da legalidade do ato. ( o ato de adjudicação na licitação quando já celebrado o respectivo contra-
to; g)- não podem ser revogados os atos que geram direitos adquiridos,
Demolição administrativa – Ato executório, praticado para remover conforme Súmula nº 473 do STF - (A administração pode anular seus
perigo público iminente, exigindo, também, auto descritivo e circuns- próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
tanciado sobre o estado da edificação a ser destruída, e quando possível, deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
prévio e devido processo legal (art. 5º, LV, CF). ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial); g)- só quem pratica o ato ou quem
8. EXISTÊNCIA E EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO. tenha poderes explícitos ou implícitos para dele conhecer de ofício ou por
Noções iniciais – Antes de falarmos da extinção do ato administrati- via de recurso, pode revogá-lo, trata-se de competência intransferível a
vo, vamos falar de sua formação. Sob a perspectiva de sua existência não ser por força de lei; h)- pressupõe o contraditório no caso de desfazi-
(perfeição) no mundo jurídico o ato administrativo pode ser visto sob três mento de processo licitatório, art. 49, § 3º da Lei de Licitações (8.666/93)
planos de investigação científica quais sejam: vigência, validade e eficá-
cia. Invalidade ou anulação – É o desfazimento do ato por razões de ile-
galidade. a)- atinge o ato em sua origem, produzindo efeitos retroativos à
Um ato administrativo quando editado e publicado passa a ter vigên- data em que foi emitido (ex tunc); b)- pode ser feita pela própria adminis-
cia, logo, possui existência jurídica (perfeição). Um ato administrativo tração ou pelo judiciário; c)- deve observar o princípio do contraditório
existe quando contiver: motivo, conteúdo, finalidade, forma, e assinatura quando afetar interesses de terceiros; d)- A doutrina não é unânime quan-
de autoridade competente. O ato administrativo que entrou no plano da to ao caráter vinculado ou discricionário da invalidação, os que defen-
existência "é". Existindo, pode ser válido se obedecidas as condições dem o dever de anular apegam-se ao princípio da legalidade e da autotu-
formais (órgão competente) e materiais (está de acordo com a lei e a tela e os que defendem a faculdade de anular se apoiam na predomi-
Constituição) de sua produção e consequente integração no sistema ou nância do interesse público sobre o particular. Ex: loteamento irregular
inválido (nulo ou anulável) em caso contrário. Contudo, o ato adminis- realizado em área municipal, valendo-se o interessado de documentos
trativo inválido é existe e produz eficácia; ou seja, é qualidade do ato falsos que fizeram com que conseguisse aprovar o projeto na municipali-
administrativo (que existe é válido ou inválido) e que está apto a produzir dade e obter alvará, inúmeras famílias adquiriram os lotes, construíram
efeitos jurídicos, isto é, incidir/juridicizar o fato ocorrido no mundo real. casas, foram cobrados tributos etc. Após foi descoberta a falsidade. A
doutrina neste caso entende que a Administração terá liberdade discrici-
O Ato existe, é válido e eficaz. Ex: nomeação de posse do Prefeito onária para avaliar qual será o prejuízo menor, manter (convalidar) ou
municipal eleito democraticamente. anular o ato ilegal.
O ato existe, é válido e ineficaz. Ex: ato que permite a contratação
depois que o vencedor da licitação tenha promovida a competente garan- Vícios que geram a possibilidade de invalidação – previstos no
tia. art. 2º da Lei 4.717/65 –
O ato existe, é inválido e como tal pode ser eficaz ou ineficaz. Ex: Vícios relativos ao sujeito – Diz a Lei 4.717/65 em seu art. 2º, pará-
ato de declaração de utilidade pública para fins de utilidade pública, para grafo único,
fins expropriatórios, editados por vingança política. Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade obser-
O ato existe, é inválido e ineficaz. Ex: o ato que permite a nomea- var-se-ão as seguintes normas:
ção de servidor para cargo de provimento efetivo no serviço público (Câ- a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas
mara Municipal), sem o prévio concurso, depois do recesso parlamentar. atribuições legais do agente que o praticou;
O vício relativo ao sujeito pode se dar através de usurpação de
EXTINÇÃO – MODALIDADES poder (crime previsto no art. 328 do CP – a pessoa que pratica o ato não
Extinção natural – por cumprimento de seus efeitos. Ex: a destruição foi investida no cargo); excesso de poder (excede os limites de sua
de mercadoria nociva ao consumo público, neste caso, o ato cumpriu seus competência) e função de fato (pessoa que pratica o ato está irregular-
objetivos, extinguindo-se naturalmente. mente investida no cargo.

Extinção subjetiva ou objetiva – Ocorre quando do desaparecimen- Vícios relativos ao objeto – Diz a lei já citada,
to do sujeito ou do objeto. Ex: a morte do permissionário extingue o ato c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa
de permissão por ausência do elemento subjetivo. Vejamos agora, em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo;
outro exemplo, agora de extinção objetiva. Sendo o objeto um dos seus Ex: município que desaproprie bem imóvel da União; nomeação para
elementos essenciais do ato administrativo, se depois de praticado o ato cargo inexistente; desapropriação de bem não definido com precisão;
desaparece o objeto ocorre a chamada extinção objetiva, ex: interdição intervenção federal disfarçada por ato de requisição, caso da intervenção
de estabelecimento, e após o estabelecimento é definitivamente desativa- na área de saúde no Rio de Janeiro pelo Governo Federal etc.
do pelo proprietário.

Conhecimentos Específicos 16
APOSTILAS OPÇÃO
Vícios relativos à forma – Diz a Lei 4.717/65, foram colocados sob sua guarda. A atividade administrativa não pode ser
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incomple- exercida fora dos trilhos demarcados pela lei.
ta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade Quando a lei estabelece que, perante determinadas circunstâncias, a
do ato; Administração só pode dar uma específica solução, toda a atuação do
Ex: o decreto é a forma normal que deve revestir o ato do Chefe do administrador público se encontra vinculada ao determinado pelo legisla-
Executivo e o Edital é a única forma possível para convocar os interessa- dor, como no exemplo de cobrança de um tributo pelo agente fazendário.
dos em participar de concorrência pública (modalidade de licitação). Nesse sentido, Diogo de Figueiredo Moreira Neto afirma que ato vinculado
“é aquele em que o agente tem competência para praticá-lo em estrita
Vícios quanto ao motivo – Diz a Lei 4.717/65, em seu art. 2º, conformidade às prescrições legais, manifestando a vontade da Adminis-
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato tração na oportunidade e para os efeitos integralmente previstos em lei,
ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou sem qualquer margem de escolha de atuação, seja de tempo ou de conte-
juridicamente inadequada ao resultado obtido; údo”.
Ex: A Administração pune um funcionário, mas este não praticou Se o legislador entender que, diante do caso concreto, caberá ao
qualquer infração, o motivo é inexistente. Se ele praticou infração diversa agente público decidir qual será a melhor solução dentre aquelas permiti-
da qual foi enquadrado o motivo é falso. das pela lei, existe discricionariedade administrativa. A escolha dessa
decisão realiza-se por meio de critérios de oportunidade, conveniência e
Vícios relativos à finalidade. Diz o art. 2º da Lei 4.717/65,
justiça. Como exemplo de discricionariedade administrativa, tem-se o
e) o desvio da finalidade se verifica quando o agente pratica o ato
deferimento ou não de licença para capacitação ao servidor público fede-
visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na
ral (art. 87 da Lei nº 8.112/90). O servidor pode, após cada quinquênio de
regra de competência.
efetivo exercício, afastar-se das suas atribuições, com a respectiva remu-
Ex: desapropriação feita para prejudicar determinada pessoa; remo-
neração, por até três meses, para participar de curso de capacitação
ção ex officio do servidor com o objetivo de puni-lo. A grande dificuldade é
profissional, no interesse da Administração. Caberá à autoridade compe-
provar o desvio de poder. Segundo Cretella Júnior o desvio de poder pode
tente decidir se é conveniente ou oportuno, permitir que o servidor usufrua
ser comprovado por indícios, exemplos, motivação insuficiente; motivação
dessa licença.
contraditória, irracionalidade do procedimento, camuflagem dos fatos,
Não se deve confundir, entretanto, discricionariedade com arbitrarie-
inadequação entre motivos e efeitos e excesso de motivação.
dade. Na discricionariedade, o agente público age com liberdade dentro
Convalidação – Também denominada por alguns de sanatória, é o da lei, enquanto, na arbitrariedade, a atuação do administrador ultrapassa
processo de que se vale a Administração para aproveitar atos adminis- os limites legais. Todo ato arbitrário é nulo, pois extrapola o permitido pelo
trativos com vícios superáveis, de modo a confirmá-los no todo ou em ordenamento jurídico, acarretando a responsabilidade do agente que o
parte. O instituto da convalidação é aceito pela doutrina dualista bem emitiu.
como pela Lei 9.784/99 em seu art. 55, que admitem possam os atos Como certos aspectos do ato sempre são vinculados, não há ato ad-
administrativos serem nulos ou anuláveis. Convalida-se por ratificação, ministrativo inteiramente discricionário. No ato vinculado, todos os elemen-
reforma ou conversão. Na ratificação, a autoridade que praticou o ato ou tos estão estabelecidos em lei. Já no ato discricionário, alguns elementos
superior hierárquico decide sanar o ato inválido anteriormente praticado, vêm definidos minuciosamente em lei (competência, finalidade e forma),
suprindo a ilegalidade que o vicia, ex: um ato com vício de forma pode ser enquanto outros são deixados para a análise do agente público (motivo e
posteriormente ratificado com a adoção de forma legal. Na reforma ou objeto), com maior ou menor liberdade de apreciação da oportunidade e
conversão, o novo ato suprime a parte inválida do anterior, mantendo sua conveniência.
parte válida, ex: ato anterior concede férias e licença a um servidor, após Em consequência disso, o ato vinculado só é examinado sob o aspec-
se verifica que ele não tinha direito a licença, pratica-se novo ato retirando to da legalidade, isto é, apenas é contrastado com a previsão legal. O ato
a parte relativa à licença e ratifica-se a parte atinente às férias. Já na discricionário, por sua vez, pode ser analisado sob aspecto da legalidade
conversão. e do mérito (oportunidade e conveniência diante do interesse público a
atingir). O mérito do ato administrativo representa a escolha feita pelo
Cassação – forma extintiva que se aplica quando o beneficiário de administrador público quanto à conveniência e oportunidade na expedição
determinado ato descumpre condições que permitem a manutenção do de um ato discricionário. Não há mérito nos atos vinculados, pois não há
ato e seus efeitos. Características: a)- trata-se de ato vinculado, já que o decisão a ser tomada pelo agente público. O legislador já decidiu previa-
agente só pode cassar o ato anterior nas hipóteses previamente fixadas mente qual é a solução adotada para determinada hipótese nos atos
em lei; b)- é natureza jurídica sancionatória, porquanto pune aquele que vinculados.
deixou de cumprir as condições para a subsistência do ato. Ex: cassação Como bem observa Gustavo Binenbojm, a constitucionalização do di-
de licença para exercício de profissão; cassação do porte de arma se o reito administrativo permitiu uma incidência direta dos princípios constitu-
portador for detido ou abordado em estado de embriaguez, art. 10, § 2º da cionais sobre os atos administrativos. Dessa forma, não há decisão admi-
Lei 10.826/03. nistrativa que seja imune ao direito ou aos princípios constitucionais, pois
haverá diferentes “graus de vinculação à juridicidade”. Segundo Gustavo
Caducidade – Diz Diógenes Gasparini, há caducidade quando a re- Binenbojm, “conforme a densidade administrativa incidente ao caso, pode-
tirada funda-se no advento de nova legislação que impede a permanência se dizer, assim, que os atos administrativos serão: (i) vinculados por
da situação anteriormente consentida. Noutro dizer, significa a perda de regras (constitucionais, legais ou regulamentares), exibindo alto grau de
efeitos jurídicos em virtude de norma jurídica superveniente contrária vinculação à juridicidade; (ii) vinculados por conceitos jurídicos indetermi-
àquela que respaldava a prática do ato. Ex: permissão de uso de bem nados (constitucionais, legais ou regulamentares), exibindo grau interme-
público, supervenientemente, é editada lei que proíbe o uso privativo do diário de vinculação à juridicidade; e (iii) vinculados diretamente por prin-
referido bem por particulares, o ato anterior (permissão de uso) de nature- cípios (constitucionais, legais ou regulamentares) , exibindo baixo grau de
za precária, sofre caducidade, extinguindo-se. vinculação à juridicidade”.

Discricionariedade é a opção, a escolha entre duas ou mais alterna- Classificação dos atos administrativos
tivas válidas perante o direito (e não somente perante a lei), entre várias Classificação:
hipóteses legais e constitucionalmente possíveis ao caso concreto. Essa
Os autores divergem na classificação em razão dos conceitos diferen-
escolha se faz segundo critérios próprios como oportunidade, conveniên-
tes. Um ato administrativo pode estar enquadrado em várias classificações
cia, justiça, equidade, razoabilidade, interesse público, sintetizados no
ao mesmo tempo. Ex: Ato de permissão de uso é ato individual, externo,
chamado mérito do ato administrativo.
de império, discricionário e simples.
Vinculação e Discricionariedade do Ato Administrativo Quanto ao alcance ou efeitos sob terceiros:
O ordenamento jurídico confere determinados poderes instrumentais Atos internos: São aqueles que geram efeitos dentro da Administra-
à Administração Pública para que essa possa tutelar os interesses que ção Pública. Ex: Edição de pareceres.

Conhecimentos Específicos 17
APOSTILAS OPÇÃO
Atos externos: São aqueles que geram efeitos fora da Administração Quanto ao grau de liberdade conferido ao administrador:
Pública, atingindo terceiros. Ex: Permissão de uso; Desapropriação. Atos vinculados: São aqueles praticados sem liberdade subjetiva, is-
to é, sem espaço para a realização de um juízo de conveniência e oportu-
Quanto à composição interna: nidade. O administrador fica inteiramente preso ao enunciado da lei, que
estabelece previamente um único comportamento possível a ser adotado
Atos simples: São aqueles que decorrem da manifestação de vonta- em situações concretas. Ex: Pedido de aposentadoria por idade em que o
de de um único órgão (singular, impessoal ou colegiado). Ex: Demissão de servidor demonstra ter atingido o limite exigido pela Constituição Federal.
um funcionário.

Atos Discricionários: São aqueles praticados com liberdade de op-


Atos compostos: São aqueles que decorrem da manifestação de ção, mas dentro dos limites da lei. O administrador também fica preso ao
vontade de um único órgão em situação sequencial. Ex: Nomeação do enunciado da lei, mas ela não estabelece um único comportamento possí-
Procurador-Geral de Justiça. vel a ser adotado em situações concretas, existindo assim espaço para a
Atos complexos: São aqueles que decorrem da conjugação de von- realização de um juízo de conveniência e oportunidade. Ex: A concessão
tades de mais de um órgão no interior de uma mesmo pessoa jurídica. Ex: de uso de bem público depende das características de cada caso concre-
Ato de investidura; portaria intersecretarial. to; Pedido de moradores exigindo o fechamento de uma rua para festas
Juninas.
Quanto à sua formação: A discricionariedade é a escolha de alternativas dentro da lei. Já a ar-
bitrariedade é a escolha de alternativas fora do campo de opções, levando
Atos unilaterais: São aqueles formados pela manifestação de vonta-
à invalidade do ato.
de de uma única pessoa. Ex: Demissão - Para Hely Lopes Meirelles, só
existem os atos administrativos unilaterais. O Poder Judiciário pode rever o ato discricionário sob o aspecto da
legalidade, mas não pode analisar o mérito do ato administrativo (conjunto
de alternativas válidas), salvo quando inválido. Assim, pode analisar o ato
Atos bilaterais: São aqueles formados pela manifestação de vontade sob a ótica da eficiência, da moralidade, da razoabilidade, pois o ato
de mais de uma pessoa. Ex: Contrato administrativo. administrativo que contrariar estes princípios não se encontra dentro das
opções válidas.
Quanto à sua estrutura: Alguns autores alemães afirmam que não há discricionariedade, pois
o administrador tem sempre que escolher a melhor alternativa ao interesse
público, assim toda atividade seria vinculada.
Atos concretos: São aqueles que se exaurem em uma aplicação. Ex:
Apreensão. Aspectos do ato administrativo que são vinculados: Para Hely Lopes
Meirelles, são vinculados a competência, a finalidade e a forma (vem
definida na lei). Para maior parte dos autores, apenas a competência e a
Atos abstratos: São aqueles que comportam reiteradas aplicações, finalidade, pois a forma pode ser um aspecto discricionário (Ex: Lei que
sempre que se renove a hipótese nele prevista. Ex: Punição. disciplina contrato administrativo, diz que tem que ser na forma de termo
Quanto aos destinatários: administrativo, mas quando o valor for baixo pode ser por papéis simplifi-
cados); Celso Antonio diz que apenas a competência, pois a lei nem
Atos gerais: São aqueles editados sem um destinatário específico.
sempre diz o que é finalidade pública, cabendo ao administrados escolher.
Ex: Concurso público.

Classificação dos atos administrativos quanto ao conteúdo


Atos individuais: São aqueles editados com um destinatário especí-
fico. Ex: Permissão para uso de bem público. Admissão:
Admissão é o ato administrativo unilateral vinculado, pelo qual a Ad-
ministração faculta à alguém o ingresso em um estabelecimento governa-
Quanto à esfera jurídica de seus destinatários:
mental para o recebimento de um serviço público. Ex: Matrícula em esco-
Atos ampliativos: São aqueles que trazem prerrogativas ao destina- la.
tário, alargam sua esfera jurídica. Ex: Nomeação de um funcionário;
É preciso não confundir com a admissão que se refere à contratação
Outorga de permissão.
de servidores por prazo determinado sem concurso público.

Atos restritivos: São aqueles que restringem a esfera jurídica do


Licença:
destinatário, retiram direitos seus. Ex: Demissão; Revogação da permis-
são. Licença é o ato administrativo unilateral vinculado, pelo qual a Admi-
nistração faculta à alguém o exercício de uma atividade material. Ex:
Licença para edificar ou construir. Diferente da autorização, que é discrici-
Quanto às prerrogativas da Administração para praticá-los: onária.
Atos de império: São aqueles praticados sob o regime de prerrogati-
vas públicas. A administração de forma unilateral impõe sua vontade
Homologação:
sobre os administrados (princípio da supremacia dos interesses públicos).
Ex: Interdição de estabelecimento comercial por irregularidades. Homologação é o ato administrativo unilateral vinculado, pelo qual a
Administração manifesta a sua concordância com a legalidade de ato
jurídico já praticado.
Atos de expediente: São aqueles destinados a dar andamento aos
processos e papéis que tramitam no interior das repartições.
Aprovação:
Aprovação é o ato administrativo unilateral discricionário, pelo qual a
Os atos de gestão (praticados sob o regime de direito privado. Ex:
Administração manifesta sua concordância com ato jurídico já praticado ou
contratos de locação em que a Administração é locatária) não são atos
que ainda deva ser praticado. É um ato jurídico que controla outro ato
administrativos, mas são atos da Administração. Para os autores que
jurídico.
consideram o ato administrativo de forma ampla, os atos de gestão são
atos administrativos. Aprovação prévia ou “a priori”: Ocorre antes da prática do ato e é
um requisito necessário à validade do ato.

Conhecimentos Específicos 18
APOSTILAS OPÇÃO
Aprovação posterior ou “a posteriore”: Ocorre após a pratica do Tendo em vista que a permissão tem prazo indeterminado, o Promi-
ato e é uma condição indispensável para sua eficácia. Ex: Ato que depen- tente pode revogá-lo a qualquer momento, por motivos de conveniência e
de de aprovação do governador. oportunidade, sem que haja qualquer direito à indenização.
Na aprovação, o ato é discricionário e pode ser prévia ou posterior. Quando excepcionalmente confere-se prazo certo às permissões são
Na homologação, o ato é vinculado e só pode ser posterior à prática do denominadas pela doutrina de permissões qualificadas (aquelas que
ato. Para outros autores a homologação é o ato administrativo unilateral trazem cláusulas limitadoras da discricionariedade). Segundo Hely Lopes
pelo qual o Poder Público manifesta a sua concordância com legalidade Meirelles, a Administração pode fixar prazo se a lei não vedar, e cláusula
ou a conveniência de ato jurídico já praticado, diferindo da aprovação para indeniza,r no caso de revogar a permissão. Já para a maioria da
apenas pelo fato de ser posterior. doutrina não é possível, pois a permissão tem caráter precário, sendo esta
uma concessão simulada.
Concessão: Permissão de uso: É o ato administrativo unilateral, discricionário e
precário através do qual transfere-se o uso do bem público para particula-
Concessão é o contrato administrativo pelo qual a Administração (Po- res por um período maior que o previsto para a autorização. Ex: Instalação
der Concedente), em caráter não precário, faculta a alguém (Concessioná- de barracas em feiras livres; instalação de Bancas de jornal; Box em
rio) o uso de um bem público, a responsabilidade pela prestação de um mercados públicos; Colocação de mesas e cadeiras em calçadas.
serviço público ou a realização de uma obra pública, mediante o deferi-
mento da sua exploração econômica. – Este contrato está submetido ao Permissão de serviço público: É o ato administrativo unilateral, dis-
regime de direito público. cricionário e precário pelo qual transfere-se a prestação do serviço público
à particulares.
Tendo em vista que o contrato tem prazo determinado, se o Poder
Concedente extingui-lo antes do término por questões de conveniência e Autorização:
oportunidade, deverá indenizar, pois o particular tem direito à manutenção Autorização é o ato administrativo unilateral discricionário pelo qual o
do vínculo. Poder Público faculta a alguém, em caráter precário, o exercício de uma
dada atividade material (não jurídica).
Concessão para uso de bem público: Autorização de uso: É o ato administrativo unilateral, discricionário e
precaríssimo através do qual transfere-se o uso do bem público para
Concessão comum de uso ou Concessão administrativa de uso: particulares por um período de curtíssima duração. Libera-se o exercício
É o contrato administrativo por meio do qual delega-se o uso de um bem de uma atividade material sobre um bem público. Ex: Empreiteira que está
público ao concessionário, por prazo certo e determinado. Por ser direito construindo uma obra pede para usar uma área pública, em que irá insta-
pessoal não pode ser transferida, “inter vivos” ou “causa mortis”, à tercei- lar provisoriamente o seu canteiro de obra; Fechamento de ruas por um
ros. Ex: Área para parque de diversão; Área para restaurantes em Aero- final de semana; Fechamento de ruas do Município para transportar
portos. determinada carga.
Concessão de direito real de uso: É o contrato administrativo por Difere-se da permissão de uso de bem público, pois nesta o uso é
meio do qual delega-se o uso em imóvel não edificado para fins de edifi- permanente (Ex: Banca de Jornal) e na autorização o prazo máximo
cação; urbanização; industrialização; cultivo da terra (Decreto-lei 271/67). estabelecido na Lei Orgânica do Município é de 90 dias (Ex: Circo, Feira
Delega-se o direito real de uso do bem. do livro).
Cessão de uso: É o contrato administrativo através do qual transfere-
se o uso de bem público de um órgão da Administração para outro na
mesma esfera de governo ou em outra. Autorização de serviço público: É o ato administrativo através do
qual autoriza-se que particulares prestem serviço público.
Os atos administrativos oficiais, pelos predicativos e peculiaridades,
Concessão para realização de uma obra pública: intrínsecos ou finalísticos, podem ser classificados em seis categorias, que
Contrato de obra pública: É o contrato por meio do qual delega-se a abrangem a totalidade dos documentos de redação oficial, pelas quais os
realização da obra pública. A obra será paga pelos cofres públicos. atos administrativos são expressos e formalizados.
Concessão de obra pública ou Concessão de serviço público Atos deliberativo-normativos: São aqueles que contém um coman-
precedida da execução de obra pública: É o contrato por meio do qual do geral do Executivo, visando à correta aplicação da lei, e explicitando a
delega-se a realização da obra pública e o direito de explorá-la. A obra norma legal observada pela administração e pelos administrados.
pública será paga por meio de tarifas. Exemplos: decretos, despachos, instruções, resoluções, portarias,
Concessão para delegação de serviço público: É o contrato por acórdãos, manuais.
meio do qual delega-se a prestação de um serviço público, sem lhe confe- Atos de correspondência: Estes atos podem ser de correspondência
rir a titularidade, atuando assim em nome do Estado (Lei 8987/95 e Lei individual ou pública. Sua característica é ter destinatário declarado.
9074/95).
Exemplos: ofícios, circulares.
“Incumbe ao Poder Público na forma da lei, diretamente ou sob regi-
me de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação Atos enunciativos: São todos aqueles em que a administração limi-
de serviços públicos” (art. 175 da CF). ta-se a atestar ou certificar um fato, ou emitir uma opinião sobre determi-
nado assunto, sem vincular-se a seu enunciado.
“A lei disporá sobre o regime das empresas concessionárias e per-
missionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de Exemplos: parecer.
sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e Atos de assentamento: São aqueles que se destinam a registro. São
rescisão da concessão ou permissão; os direitos dos usuários, política documentos que contém assentamentos sobre fatos ou ocorrências.
tarifária, a obrigação de manter serviço adequado” (art. 175, parágrafo Exemplos: atas.
único da CF).
Atos negociais: São declarações de vontade da autoridade adminis-
trativa, destinadas a produzir efeitos específicos e individuais para o
Permissão: particular interessado.
Permissão é o ato administrativo unilateral discricionário pelo qual o Exemplos: licença, autorização, permissão, homologação, dispensa,
Poder Público (Permitente), em caráter precário, faculta a alguém (Per- renúncia.
missionário) o uso de um bem público ou a responsabilidade pela presta- Atos ordinatórios: Visam a disciplinar o funcionamento da Adminis-
ção de um serviço público. Há autores que afirmam que permissão é tração Pública e a conduta funcional de seus agentes.
contrato e não ato unilateral (art. 175, parágrafo único da CF).
Exemplos: avisos

Conhecimentos Específicos 19
APOSTILAS OPÇÃO
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ração de leis (função legislativa), a função principal do Poder Executivo é
Os princípios referidos no programa são aqueles constantes da refor- a execução das leis (função administrativa), enquanto que a função princi-
ma administrativa de 1967 (Decreto-Lei n. 200, de 25.02.67), mantidos pal do Poder Judiciário é a aplicação das leis aos casos concretos (função
tacitamente pela reforma de 1990 (Lei n. 8028, de 12.04.90 e Decreto judicial). Aqui, cabe um primeiro alerta aos leitores, pois em várias ques-
99.180, de 15.03.90). São eles o do “planejamento”, o da “coordenação”, o tões de prova, tenho visto que os examinadores tentam confundir os
da “descentralização”, o da “delegação de competência” e o do “controle”, concursandos ao tentar vincular a função administrativa exclusivamente
que serão sucintamente analisados a seguir: ao Poder Executivo, o que é um erro, pois conforme expliquei, cada um
dos três Poderes desempenham cada uma dessas funções de maneira
precípua, mas todos eles desempenham todas as funções. Ou seja o
Planejamento – É o estudo e estabelecimento das diretrizes e metas Poder Executivo, também legisla e julga; o Poder Legislativo, também
que deverão orientar a ação governamental, através de um piano geral de executa e julga e o Poder Judiciário, também executa e legisla, mas em
governo, de programas globais, setoriais e regionais de duração plurianu- todos esses casos de forma secundária. Governo, conforme nos ensina o
al, do orçamento-programa anual e da programação financeira de desem- eminente autor Hely Lopes, "é a expressão política de comando, de inicia-
bolso. Desta forma, as atividades da Administração Pública deverão tiva, de fixação de objetivos, do Estado e da manutenção da ordem jurídi-
adaptar-se aos programas aprovados pela Presidência da República, isto ca vigente." No que se refere à Administração Pública, os autores têm
é, não são permitidos desvios que comprometam os limites financeiros de várias formas de conceituá-la. Novamente, aqui, utilizaremos a definição
desembolso ou afrontem a respectiva programação. de Hely Lopes, "a Administração é o instrumental de que dispõe o Estado
para pôr em prática as opções políticas de governo." (Direito Administrati-
Coordenação – É o que visa entrosar as atividades da Administra- vo Brasileiro, 1993, Malheiros, págs. 56-61)
ção, de modo a evitar a duplicidade de atuação, a disperso de recursos, a
divergência de soluções e outros males característicos da burocracia. A Administração Pública pode classificar-se em: Administração Públi-
Através da coordenação pretende-se a harmonização de todas as ati- ca em sentido objetivo, que "refere-se às atividades exercidas pelas
vidades da Administração Pública, evitando-se desperdícios. Economiza- pessoas jurídicas, órgãos e agentes incumbidos de atender concretamen-
se, portanto, recursos materiais e humanos. te às necessidades coletivas", e Administração Pública em sentido subjeti-
vo, que "refere-se aos órgãos integrantes das pessoas jurídicas políticas
Descentralização - É o que tem por objeto o descongestionamento (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), aos quais a lei confere o
administrativo, afastando do centro (o Estado) e atribuindo a uma pessoa exercício de funções administrativas." (Direito Administrativo, Maria Sylvia
distinta, poderes de administração, constituídos do exercício de atividades Zanella Di Pietro, 1997, Atlas, págs. 55-56)
públicas ou de utilidade pública. Desta forma, em seu próprio nome, o ente
descentralizado age por outorga do serviço ou atividade pública, bem Cada um desses entes políticos possui sua organização administrati-
como por delegação de sua execução. A descentralização distingue-se da va. Será objeto do nosso estudo, a estrutura administrativa federal, ou seja
“desconcentração”, que vem a se constituir na distribuição ou repartição da União. O Decreto-Lei n.º 200, de 25 de fevereiro de 1967, dispõe sobre
de funções entre vários órgãos da mesma entidade estatal (União, Esta- a organização da Administração Federal, e em seu art. 4º estabelece a
dos, DF, Municípios). divisão entre administração direta e indireta. A Administração Direta
constitui-se dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presi-
Delegação de competência - Pode ser encarada como uma forma dência da República e dos ministérios, enquanto que a Administração
de aplicação do “princípio da descentralização”, mas o Decreto-Lei n. Indireta constitui-se nas autarquias, empresas públicas, sociedades de
200/67 coloca-o como princípio autônomo e diferenciado daquele. Consti- economia mista e fundações públicas. As autarquias e as fundações
tui-se na transferência, pelas autoridades administrativas, de atribuições públicas têm natureza jurídica de direito público, enquanto que as empre-
decisórias a seus subordinados, mediante ato específico e que indique, sas públicas e sociedades de economia mista têm natureza jurídica de
com clareza e precisão, a autoridade delegante (a que transfere), a dele- direito privado. Cabe frisar ao leitor a grande importância deste texto legal,
gada (que recebe) e o objeto da delegação (a própria atribuição). Através objeto de várias questões de prova. O leitor deve ter em mente que esses
desse princípio visa, a Administração Pública, maior objetividade e preci- entes citados pertencem à Administração Pública federal e estão no
são às suas decisões. com vistas a situá-las o mais próximo possível dos ordenamento jurídico legal, ou seja, estão positivados (na lei). Existem
fatos, das pessoas e dos problemas que pretende atender. vários outros entes, que pertencem à Administração Pública Indireta
segundo a doutrina (ou seja, o sistema teórico de princípios aplicáveis ao
Controle - Em sentido amplo, caracteriza-se numa das formas de direito positivo, consubstanciado pelo consenso dos escritores) e não
exercício do poder hierárquico, com o objetivo de fiscalização, pelo órgão estão positivados, tais como os entes cooperativos (ou entes de coopera-
superior, do cumprimento da lei, das instruções e da execução das atribui- ção).
ções específicas, dos órgãos inferiores, bem como dos atos e rendimento
de cada servidor. Pelo enfoque da reforma administrativa e que mais A atividade administrativa
diretamente interessa ao nosso estudo, constitui-se em instrumento da Em sentido lato, administrar é gerir interesses, segundo a lei, a moral
supervisão ministerial, a que sujeitam-se todos os órgãos da Administra- e a finalidade dos bens entregues à guarda e conservação alheias; a
ção federal, inclusive os entes descentralizados (autarquias, paraestatais), Administração Pública, portanto, é a gestão de bens e interesses qualifi-
normalmente não sujeitos ao poder hierárquico das autoridades da Admi- cados da comunidade no âmbito federal, estadual ou municipal, segundo
nistração direta. Visa, especificamente, à consecução de seus objetivos e preceitos de Direito e da Moral, visando o bem comum. No trato jurídico, a
à eficiência de sua gestão, sendo exercido de diversos modos e que palavra administração traz em si conceito oposto ao de propriedade, isto
poderão chegar, se for o caso, à intervenção, mediante controle total. é, indica a atividade daquele que gere interesses alheios, muito embora o
proprietário seja, na maioria dos casos, o próprio gestor de seus bens e
interesses; por aí se vê que os poderes normais do administrador são
Administração Pública simplesmente de conservação e utilização dos bens confiados à sua
Antes de falar sobre a estrutura da Administração Pública brasileira, é gestão, necessitando sempre de consentimento especial do titular de tais
importante que sejam dados conceitos de alguns importantes institutos, bens e interesses para os atos de alienação, oneração, destruição e
quais sejam: Estado, Governo e Administração Pública. O Estado, sinteti- renúncia (na Administração Pública, deve vir expresso em lei).
camente, é o ente que necessariamente é composto por três elementos
essenciais: povo, território e governo soberano. Para que o Estado exerça Para Hely Lopes MEIRELLES o conceito de administração pública
suas funções, este manifesta-se por meio dos Poderes do Estado (ou não oferece contornos bem definidos, quer pela diversidade de sentidos
Funções do Estado), que são o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, da própria expressão, quer pelos diferentes campos em que se desenvol-
independentes e harmônicos entre si, conforme assevera a nossa Consti- ve a atividade administrativa.
tuição Federal (art. 2º). A função principal do Poder Legislativo é a elabo-

Conhecimentos Específicos 20
APOSTILAS OPÇÃO
Administrar é gerir interesses, segundo a lei, a moral e a finalidade dos sua atuação, ora manifestando-se com maior poder de império ou de
bens entregues à guarda e conservação alheias. Se os bens e interesses comando, segundo as normas de direito público, como, v. g.. quando
geridos são individuais, realiza-se administração particular; se são da coleti- exerce o poder de tributar, ou o poder-dever de coibir a prática de um
vidade, realiza-se administração pública. Administração pública, portanto, é a delito, ou mesmo de punir; ora praticando sua atividade em concorrência
gestão de bens e interesses qualificados da comunidade, no âmbito federal, com a iniciativa privada, no mesmo pé de igualdade e condições, produ-
estadual ou municipal, segundo os preceitos do direito e da moral, visando zindo e vendendo, bens e serviços.
ao bem comum. Há de distinguir ainda, na Administração Pública:
Para atuar devidamente, a Administração Pública divide-se em enti-
I) - os atos de império (é todo aquele que contém uma ordem ou dades de administração, ou seja, em Administração Direta e Administra-
decisão coativa da Administração para o administrado); ção Indireta, como definido em lei (Decreto-lei 200/67), especificando os
II) - os atos de gestão (é todo aquele que ordena a conduta inter- órgãos que compõe o Poder Executivo, não obstante as manifestações do
na da Administração e de seus servidores, ou cria direitos e poder estatal serem exercidas igualmente também por órgãos do Poder
obrigações entre ela e os administrados, tais como os despa- Legislativo e do Poder Judiciário, sendo o primeiro na função de fazer leis
chos que determinam a execução de serviços públicos, os atos e o segundo de aplicá-las.
de provimento de cargo e movimentação de funcionários, as
autorizações e permissões, os contratos em geral); Centralização e descentralização da administração pública
O Estado tem como função primordial o oferecimento de utilidades
III) - os atos de expediente (é todo aquele de preparo e movimen- aos administrados, não se justificando sua atuação senão no interesse
tação de processos, recebimento e expedição de papéis e de público. Assim, entende-se que todas as vezes que o Estado atua, o faz
despachos rotineiros, sem decisão de mérito administrativo). porque à coletividade deve atender.
Natureza e fins da administração No início dos estudos sobre o Direito Administrativo havia o entendi-
A Natureza da Administração Pública é a de um munus público para mento de que os serviços público eram poderes estatais (e não deveres),
quem a exerce, isto é, a de um encargo de defesa, conservação e aprimo- que independiam da vontade ou da necessidade do cidadão ou do resi-
ramento dos bens, serviços e interesses da coletividade, impondo ao dente de um determinado local.
administrador público a obrigação de cumprir fielmente os preceitos do
Direito e da Moral administrativa que regem sua atuação, pois tais precei- Esta ideia inicial foi superada com o surgimento da Escola Francesa
tos é que expressam a vontade do titular dos interesses administrativos - o do Serviço Público, capitaneada por Léon Duguit, quando se passou a
povo - e condicionam os atos a serem praticados no desempenho do entender serviço público como serviços prestados aos administrados.
munus público que lhe é confiado. Os Fins da Administração Pública
resumem-se num único objetivo: o bem comum da coletividade administra- HELY LOPES MEIRELLES nos deixou o seguinte conceito de serviço
tiva; toda atividade deve ser orientada para esse objetivo; sendo que todo público:
ato administrativo que não for praticado no interesse da coletividade será "Serviço Público é todo aquela prestado pela Administração ou por
ilícito e imoral.No desempenho dos encargos administrativos o agente do seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessi-
Poder Público não tem a liberdade de procurar outro objetivo, ou de dar dades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniência
fim diverso do prescrito em lei para a atividade; descumpri-los ou renun- do Estado."
ciá-los equivalerá a desconsiderar a incumbência que aceitou ao empos- (HELY LOPES MEIRELLES, Direito Administrativo Brasileiro, São
sar-se no cargo ou função pública.Em última análise, os fins da Adminis- Paulo, Ed. Malheiros, 1997, 22ª Ed., pg. 297)
tração consubstanciam-se em defesa do interesse público, assim entendi-
das aquelas aspirações ou vantagens licitamente almejadas por toda a Nesse sentido, prendendo-se aos critérios relativos à atividade públi-
comunidade administrativa, ou por parte expressiva de seus membros; o ca, ensina o Professor JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO:
ato ou contrato administrativo realizado sem interesse público configura " ..., conceituamos serviço público como toda atividade prestada pelo
desvio de finalidade. Estado ou por seus delegados, basicamente sob o regime de direito
público, com vistas a satisfação de necessidades essenciais e secundá-
Características rias da coletividade."
a) As pessoas que exercem as atividades de administração pública (JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO, Manual de Direito Admi-
são agentes de Direito Público, especialmente designados, po- nistrativo, Rio de Janeiro, Ed. Lumen Juris, 3ª ed., 1999, pg. 217)
dendo também serem designados por delegação.
b) Os objetivos perseguidos pela Administração Pública são sempre Apresentado dois dos diversos conceitos oferecidos pela doutrina, de-
estabelecidos por lei, ou seja, são sempre vinculados e não dis- ve-se buscar qual a entidade federativa (União, Estados-Membros, Distrito
cricionários. Federal ou Municípios) competente para instituir, regulamentar e controlar
c) Os interesses são sempre públicos, isto é, visando a coletividade os diversos serviços públicos.
como um todo, segundo o princípio da isonomia.
d) As atividades administrativas e seus atos em geral gozam de Para tanto, há que se buscar o fundamento de validade da atuação
executoriedade prática, ou possibilidade imediata de serem reali- estatal na Constituição Federal que apresenta, quanto ao ente federativo
zados. titular do serviço, a classificação de serviços privativos e serviços comuns.
e) A natureza da Administração é munus público (encargo que al- Os primeiros são aqueles atribuídos a somente uma das esferas da fede-
guém de exercer), ou seja, o que procede de natureza pública ou ração, como por exemplo, a emissão de moeda, de competência privativa
da lei, obrigando o agente ao exercício de certos encargos visan- da União (CF, art. 21, VII). Já os serviços comuns, podem ser prestados
do o benefício da coletividade ou da ordem social. por mais de uma esfera federativa, como por exemplo, os serviços de
saúde pública (CF, art. 23, II).
Modos de atuação
A Administração, visando o interesse social, desempenha suas ativi- Analisados o conceito e a atribuição para a prestação dos serviços
dades diretamente através de seus agentes técnicos e administrativos, públicos, deve-se ter em mente que estes são regidos por princípios que
devidamente selecionados, ou então o faz indiretamente, delegando para levam em consideração o prestador (ente público ou delegado), os desti-
outra personalidade jurídica de direito público, ou mesmo para uma insti- natários e o regime a que se sujeitam. Como exemplo dos princípios que
tuição de direito privado que possas agir em nome da referida Administra- regem os serviços públicos temos o princípio da generalidade - o serviço
ção Pública, o que significa, neste caso. outorga de competência, como deve beneficiar o maior número possível de indivíduos; princípio da conti-
ocorre nas concessões, permissões, etc. nuidade – os serviços não devem sofrer interrupção; princípio da eficiên-
cia; princípio da modicidade – o lucro, meta da atividade econômica capi-
Da mesma forma, a Administração diversifica no regime jurídico de talista, não é objetivo da função administrativa.

Conhecimentos Específicos 21
APOSTILAS OPÇÃO
Feitas breves considerações preliminares, quanto à origem, ao con- Já a descentralização administrativa ocorre quando o ente descentra-
ceito, à titularidade, e aos princípios informativos, passamos à análise da lizado exerce atribuições que decorrem do ente central, que empresta sua
questão central que é a forma de execução dos serviços públicos. competência administrativa constitucional a um dos entes da federação
tais como os Estados-Membros, os municípios e o Distrito Federal, para a
Sendo o titular dos serviços públicos, o Estado deve prestá-los da me- consecução dos serviços públicos.
lhor forma possível. Assim, pode, em casos específicos, dividir a tarefa da
execução, não podendo, em nenhuma hipótese, transferir a titularidade do Assim, entende-se que na descentralização administrativa, os entes
serviço. descentralizados têm capacidade para gerir os seus próprios "negócios",
mas com subordinação a leis postas pelo ente central
O certo é que, possível a parceria, podem os serviços públicos serem
executados direta ou indiretamente.
A descentralização administrativa se apresenta de três formas. Pode
O Estado, por seus diversos órgãos e nos diversos níveis da federa- ser territorial ou geográfica, por serviços, funcional ou técnica e por cola-
ção, estará prestando serviço por EXECUÇÃO DIRETA quando, dentro de boração.
sua estrutura administrativa -ministérios, secretarias, departamentos,
delegacias -, for o titular do serviço e o seu executor. Assim, o ente federa- A descentralização territorial ou geográfica é a que se verifica quando
tivo, será tanto o titular do serviço, quando o prestador do mesmo. Esses uma entidade local, geograficamente delimitada, é dotada de personalida-
órgãos formam o que a doutrina chama de ADMINISTRAÇÃO CENTRA- de jurídica própria, de direito público, com capacidade jurídica própria e
LIZADA, porque é o próprio Estado que, nesses casos, centraliza a ativi- com a capacidade legislativa (quando existente) subordinada a normas
dade. emanadas do poder central.

O professor CARVALHO DOS SANTOS, em sua obra já citada (pg.


No Brasil, podem ser incluídos nessa modalidade de descentralização
229), conclui:
os territórios federais, embora na atualidade não existam.
"O Decr.-lei n° 200/67, que implantou a reforma administrativa federal,
denominou esse grupamento de órgãos de administração direta (art. 4°, I),
isso porque o Estado, na função de administrar, assumirá diretamente A descentralização por serviços, funcional ou técnica é a que se veri-
seus encargos." (GN) fica quando o poder público (União, Estados, Distrito Federal ou Municí-
pio) por meio de uma lei cria uma pessoa jurídica de direito público –
Por outro lado, identifica-se a EXECUÇÃO INDIRETA quando os ser- autarquia e a ela atribui a titularidade (não a plena, mas a decorrente de
viços são prestados por pessoas diversas das entidades formadoras da lei) e a execução de serviço público descentralizado.
federação.
Doutrina minoritária permite, ignorando o DL 200/67, a transferência
Ainda que prestados por terceiros, insisto, o Estado não poderá nunca da titularidade legal e da execução de serviço público a pessoa jurídica de
abdicar do controle sobre os serviços públicos, afinal, quem teve o poder direito privado. Essa classificação permitiria no Brasil a transferência da
jurídico de transferir atividades deve suportar, de algum modo, as conse- titularidade legal e da execução dos serviços às sociedades de economia
quências do fato. mista e às empresas públicas.
Na descentralização por serviços, o ente descentralizado passa a de-
Essa execução indireta, quando os serviços públicos são prestados
ter a "titularidade" e a execução do serviço nos termos da lei não devendo
por terceiros sob o controle e a fiscalização do ente titular, é conhecido na
e não podendo sofrer interferências indevidas por parte do ente que lhe
doutrina como DESCENTRALIZAÇÃO.
deu vida. Deve pois, desempenhar o seu mister da melhor forma e de
Leciona o Professor CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO que: acordo com a estrita demarcação legal.
"Diz-se que a atividade é descentralizada quando é exercida, ..., por
pessoas distintas do Estado. A descentralização por colaboração é a que se verifica quando por
meio de contrato (concessão de serviço público) ou de ato administrati-
vo unilateral (permissão de serviço público), se transfere a execução de
Na descentralização o Estado atua indiretamente, pois o faz através determinado serviço público a pessoa jurídica de direito privado, previa-
de outras pessoas, seres juridicamente distintos dele, ainda quando sejam mente existente, conservando o poder público, in totum, a titularidade do
criaturas suas e por isso mesmo se constituam, ..., em parcelas personali- serviço, o que permite ao ente público dispor do serviço de acordo com o
zadas da totalidade do aparelho administrativo estatal." interesse público.
(CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, Curso de Direto Administrativo,
São Paulo, Ed. Malheiros, 10 ed., 1998, pg. 96) Feitas as distinções concernentes ao tema, vale recordar que a des-
Visualizado o conceito de descentralização da prestação dos serviços centralização não se confunde com a desconcentração.
públicos, há que destacar os modelos de descentralização adotados pela
doutrina pátria. A desconcentração é procedimento eminentemente interno, signifi-
Não há, pelos doutrinadores, uniformidade na classificação das su- cando, tão somente, a substituição de um órgão por dois ou mais com o
bespécies de descentralização. objetivo de acelerar a prestação do serviço. Na desconcentração o serviço
era centralizado e continuou centralizado, pois que a substituição se
Entretanto, tenho por mais didática a apresentação feita pela Profes- processou apenas internamente.
sora MARIA SYLVIA ZANELA DI PIETRO, em seu Direito Administrativo,
São Paulo, Ed. Atlas, 1997, 8° ed. Pg. 296 e ss. Na desconcentração, as atribuições administrativas são outorgadas
aos vários órgãos que compões a hierarquia, criando-se uma relação de
Em seu curso, a professora MARIA SYLVIA divide a descentralização coordenação e subordinação entre um e outros. Isso é feito com o intuito
inicialmente em política e administrativa. de desafogar, ou seja, desconcentrar, tirar do centro um grande volume de
atribuições para permitir o seu mais adequado e racional desempenho.
SANCHES, Salvador Infante. Jus Navigandi
A descentralização política ocorre quando o ente descentralizado
exerce atribuições próprias que não decorrem do ente central. Tema que
Regime jurídico-administrativo
já foi abordado supra, a descentralização política decorre diretamente da
Baseia-se na harmonia entre duas ideias opostas : De um lado, a ne-
constituição (o fundamento de validade é o texto constitucional) e inde-
cessidade de satisfação dos interesses públicos (= o bem comum da
pende da manifestação do ente central (União).
coletividade aí incluída a prestação de serviços públicos), conduz à outor-
ga de prerrogativas e privilégios para a Administração Pública; Do outro

Conhecimentos Específicos 22
APOSTILAS OPÇÃO
lado, a proteção aos direitos individuais (conquista alcançada com o fim do guarda e realização. Os interesses públicos não se encontram a
Estado absolutista e a emergência do Estado liberal, muito bem represen- livre disposição de quem quer que seja em um Estado Democráti-
tada pela Revolução Francesa) frente ao Estado, serve de fundamento ao co de Direito.
princípio da legalidade, um dos esteios do Estado de Direito, ou seja a - Observância da Finalidade Pública - a Administração está sujeita
Administração Pública em toda a sua atuação sujeita-se à fiel observância a perseguir em todos os seus atos uma finalidade pública (inte-
à Constituição e às leis. resse público), sob pena de nulidade do ato administrativo.
- Observância da Legalidade - a Administração em toda a sua traje-
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO - CONCEITO tória há de estar submissa à Lei.
- ABRANGE o conjunto das PRERROGATIVAS (= vantagens, privi- - Obrigatoriedade de dar Publicidade - a Administração há que ser
légios) e RESTRIÇÕES (= limites, amarras) a que está SUBME- transparente em sua atuação, dando publicidade aos seus atos
TIDA a ADMINISTRAÇÃO e que NÃO se encontram nas RELA- para que possam produzir efeitos.
ÇÕES ENTRE PARTICULARES. São traços que tipificam o Direi- - Observância da Impessoalidade - a Administração não pode agir
to Administrativo, colocando a Administração Pública numa posi- baseada em critérios pessoais, subjetivos, discriminatórios. Tem
ção privilegiada, vertical na relação jurídico-administrativa. que adotar critérios objetivos.
Face às restrições, decorre a necessidade de: Concurso público
Vejamos algumas PRERROGATIVAS: para admissão aos cargos e empregos públicos; Licitação pública
- Constituir os particulares em obrigações por meio de ato unilateral para escolha de quem vai contratar com a Administração.
(multas, por exemplo), bem como modificar unilateralmente situa- Para Celso Antônio Bandeira de Mello (1999, 29-33), o regime ju-
ções estabelecidas. rídico administrativo pode ser resumido em apenas dois Princí-
Exemplo 1: O § 1º do art. 65 da lei nº 8.666/93, de Licitações e pios essenciais:
Contratos, determina: - SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O INTERES-
“O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições SE PARTICULAR;
contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas - INDISPONIBILIDADE, PELA ADMINISTRAÇÃO, DOS INTERES-
obras, serviços ou compras até 25% (vinte e cinco por cento) do SE PÚBLICOS.
valor inicial atualizado do contrato...”
Exemplo 2: uso da propriedade particular, no caso de iminente
perigo público, conforme determina a Constituição no art. 5º, MODELOS DE GESTÃO PÚBLICA:
XXV. PATRIMONIALISTA, BUROCRÁTICO E GERENCIAL
Exemplo 3: ato de desapropriação (também conhecido por ato de
expropriação ou ato expropriatório), autorizada pela Constituição,
art. 5º, XXIV e 22, II. MENSURANDO A CRIAÇÃO DE VALOR NA GESTÃO PÚBLICA
- Exigibilidade dos atos administrativos, bem como, em certas hipó-
teses, a auto-executoriedade (desnecessidade de ordem judicial) 1 - INTRODUÇÃO
autorizam até mesmo a utilização da força. A cobrança compulsória de impostos sempre gerou, no decurso da
Exemplo: a vigilância sanitária pode apreender remédios falsifica- história, uma tensão entre o cidadão contribuinte e o poder público. Essa
dos e alimentos imprestáveis ao consumo. Neste exemplo temos tensão, que chegou a causar revoluções no passado, se expressa hoje
caracterizado o exercício do Poder de Polícia da Administração nas democracias liberais avançadas e emergentes sob a forma de uma
Pública. exigência cada vez maior da sociedade quanto ao melhor uso possível
- Autotutela - este princípio autoriza a Administração a rever seus dos recursos arrecadados por parte do governo.
próprios atos: ANULANDO-OS quando ilegais; ou REVOGANDO-
OS quando se apresentarem inconvenientes ou inoportunos. Evi- De fato, a questão fundamental sobre como avaliar a gestão pública
dentemente que este princípio não retira a possibilidade do Poder torna-se cada vez mais uma preocupação quotidiana dos cidadãos. Estes,
Judiciário anular os atos da Administração quando ilegais (Súmu- estimulados a participar da vida sócio-política, são continuamente infor-
la 473 do STF). mados pelos meios de comunicação, quanto aos impactos dos planos, das
- Continuidade do Serviço Público - este princípio determina que o políticas, dos orçamentos, dos déficits e superávits dos governos na
Estado, por desempenhar funções essenciais ou necessárias à qualidade de vida de cada membro e setor da sociedade. Com isso,
coletividade, não pode deixar parar o serviço público. Daí decorre demandam cada vez mais que os gestores públicos não apenas se ate-
o inciso IX, art. 37, da Constituição Federal: contratação temporá- nham com disciplina aos limites dos escassos recursos orçados, mas
ria (sem a realização de concurso público) para atender a neces- otimizem a aplicação desses recursos em políticas que atendam efetiva-
sidade temporária de excepcional interesse público. mente as necessidades da sociedade.
- Processos Judiciais com prazos maiores para a Administração.
Exemplo: art. 188 do Código de Processo Civil: Surgiu, assim, nas duas últimas décadas, a postura do Governo Em-
“Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar (apresentar preendedor, voltado para o cidadão como cliente e buscando padrões
defesa) e em dobro para recorrer quando for parte a Fazenda Pú- otimizados de eficiência e eficácia, com ética e transparência, na gestão
blica.” dos recursos públicos com responsabilidade fiscal.

Podemos resumir dizendo: Caracterizado pela busca pró-ativa de resultados, legitimados pela
- O fato é que a Administração Pública e o particular (também avaliação de uma sociedade que controla continuamente a transparência,
chamado de administrado) não estão no mesmo pé de igualdade a eficiência e a eficácia da gestão pública, o modelo do governo empreen-
ou no mesmo nível. Dessa desigualdade ou supremacia decorrem dedor se contrapõe ao modelo do governo burocrático, voltado para o
privilégios. Sempre que houver conflito entre o interesse público e controle interno e para a mera conformidade com os custos orçados, que
o particular, prevalecerá o interesse público. vigorou desde a Revolução Industrial até o final do Século XX .
- Todavia, o exercício das PRERROGATIVAS NÃO AUTORIZA a
Administração a agir com arbitrariedade. Fica vedado o uso de O estímulo à avaliação constante do desempenho da gestão pública
tais instrumentos para atingir FINALIDADES que não sejam as do vem requerendo cada vez mais a mensuração dos objetivos, metas e
BEM COMUM. Caso isso aconteça os atos administrativos esta- resultados alcançados, tanto em relação ao proposto e planejado, como
rão viciados e poderão ser anulados. em relação aos custos despendidos, inclusive com vista à legitimação de
mandatos políticos pela via eleitoral.
Vejamos as RESTRIÇÕES:
- As pessoas administrativas (autarquias, fundações...) não têm Entretanto, os sistemas de avaliação, na sua quase totalidade, consi-
disponibilidade sobre os interesses públicos confiados à sua deram economicamente, pela sua expressão monetária, apenas os custos

Conhecimentos Específicos 23
APOSTILAS OPÇÃO
incorridos pela gestão pública. A consideração dos benefícios para a Com efeito, Drucker ( id. pp. 52 s.) pôde constatar que “tanto nos paí-
sociedade, advindos da atuação governamental, ainda se restringe a ses democráticos como nos comunistas a maioria dos programas gover-
índices físicos e escalas qualitativas, impossibilitando a avaliação comple- namentais desde 1945 têm sido verdadeiros desastres. Se chegam a
ta dos resultados ao manter custos e benefícios em escalas diferentes de obter resultados, estes são frequentemente o oposto dos esperados. (...)
mensuração. Hoje nós sabemos que existem algumas coisas que o governo, por sua
própria essência, é incapaz de fazer”.
Nesse sentido, o presente trabalho pretende abordar a moderna ges-
tão pública, como criadora e agregadora de valor, inclusive de valor eco- 2.2. GOVERNO EMPREENDEDOR E GOVERNO BUROCRÁTICO
nomicamente mensurável, dentro dos princípios e critérios do Sistema de A consciência dos limites fiscais, financeiros e administrativos do Es-
Gestão Econômica. tado fez surgir na última década do Séc. XX a postura do Governo Empre-
endedor em oposição ao governo burocrático tradicional.
O problema a ser aqui examinado pode ser, preliminarmente, assim
caracterizado: quais critérios e qual modelo possibilitam a mensuração A gestão burocrática teve grande sucesso desde a Revolução Indus-
econômica do valor criado pela gestão pública? Parte-se da hipótese de trial ao substituir o governo das famílias reais e da nobreza por uma
que aplicação de critérios econômicos à avaliação da gestão pública é administração baseada na impessoalidade, profissionalismo e racionalida-
capaz de identificar e medir o valor gerado pela atividade governamental de técnica, como estudado por Weber ( Osborne & Gaebler 1995, p. 13).
para a sociedade. O presente trabalho objetiva expor esses critérios
econômicos e incorporá-los no modelo proposto de mensuração do valor De fato, a burocracia logo se tornou um fim em si mesma, mediante o
criado pela gestão pública. A metodologia adotada parte da identificação carreirismo e corporativismo, fechando-se às mudanças que se acelera-
indutiva da demanda por tais critérios a partir da caracterização da moder- ram após à II Guerra, tendo sido desde então sinônimo de um “governo
na postura do governo empreendedor, conforme a experiência expressa lento, ineficiente e impessoal” (id., p. 15) pouco sensível aos problemas
na literatura e, a seguir, deduz, por consistência lógica, a aplicação de tais reais da comunidade. Por exemplo, na Inglaterra constatava Henkel (1991,
critérios no modelo proposto. p. 11):
“The bureaucracies through which the public sector was administered
2. A Nova Gestão Pública por Resultados were said to be dominated by self serving interests, bureaucrats, profes-
2.1. UMA NOVA POSTURA DA GESTÃO PÚBLICA E DA SOCIEDADE sionals and unions, whose main concern was to enlarge their own power.
Entre as “Novas Realidades” surgidas no final do Séc. XX em contras- In consequence, bureaucracies got bigger, consumed an increasing pro-
te com posturas estabelecidas durante os últimos dois séculos, Peter portion of the gross national product and at the same time became pro-
Drucker (1991, pp. 3-14) identifica uma nova consciência das funções do gressively less manageable or responsive.”
governo.
O governo empreendedor caracteriza-se, pelo contrário, como um go-
Sucessos do passado, como o Welfare State, o Estado de Bem Estar, verno que “pertence à comunidade, dando responsabilidade ao cidadão
inaugurado por Bismarck contra a luta de classes e o New Deal de Fran- em vez de servi-lo” (Osborne & Gaebler, 1995, pp. 51-80), e visa atender
klin Roosevelt, voltado, após a crise de 1929, para o estímulo à prosperi- aos cidadãos como clientes e não aos interesses da burocracia (id., pp.
dade americana e ao equilíbrio entre os grupos de interesse econômico, 181-213).
perderam seu atrativo num mundo de pluralismo social centrado cada vez Distanciando-se do modelo tradicional burocrático, o governo empre-
mais na “uniclasse” (id. p. 21) dos “trabalhadores do conhecimento” endedor não pretende controlar a economia, possuir empresas ou concen-
(Drucker, 2000). trar-se no “fazer” em ampla escala, mas sim estimular a ação e a parceria
da sociedade. É o que Osborne & Gaebler (id. pp. 26-50) denominam de
De fato, o ímpeto arrecadador e de endividamento financeiro do Esta- “governo catalisador”.
do de Bem Estar, exacerbado em todos os países durante duas guerras
mundiais, elas mesmas em parte causadas por desequilíbrios econômicos Com isso, o poder de realização do governo empreendedor, derivado
e fiscais, encontrou no final do Séc. XX barreiras intransponíveis. Uma de sua postura de controle orientado por missões, metas e objetivos (id.
“Rebelião Fiscal Silenciosa” fez crescer em muitos países a sonegação e pp. 116-148) se torna expressivamente maior que o do governo burocráti-
a economia informal (Drucker, 1991, pp. 61s). Estudos sobre os impactos co. De fato, este se volta prioritariamente para o controle do cumprimento
da arrecadação e endividamento na saúde da economia e na coesão da dos custos orçados e não para a consecução de metas otimizadas. Con-
sociedade comprovaram a exaustão do modelo do Estado Fiscal de Bem centra-se, assim, no detalhe em meio a tarefas amplas, perdendo tanto a
Estar (id. pp. 60s). capacidade de decidir (id. p.32) como a visão de eficácia das políticas
governamentais. Essa diferença de posturas é destacada pelos mesmos
O Estado passou, assim, a reconhecer os seus limites fiscais e de en- autores citando Drucker (id. p. 50): “Não estamos diante de um ‘desapare-
dividamento, tendo que selecionar atividades a partir de recursos escas- cimento do estado’. Pelo contrário, precisamos de um governo forte,
sos. Com isso tem sido levado a concentrar-se nas suas funções mais vigoroso e muito ativo. Mas enfrentamos a escolha entre o governo exten-
essenciais e a entregar à sociedade, mediante terceirizações e privatiza- so e impotente e o governo que é forte porque se limita a decidir e a dirigir,
ções, muitas das suas atividades anteriormente assumidas (id. pp. 55ss). deixando o ‘fazer’ para outrem. Precisamos de um governo que pode e
deve governar. Isto é, não um governo que ‘faz’; não um governo que
Do ponto de vista dos cidadãos, essa nova realidade se manifesta, ‘administra’– mas sim um governo que governa”
tanto na desconfiança diante das ineficiências da administração pública
tradicional como em exigências sempre maiores de que os serviços pro- 2.3. A GESTÃO PÚBLICA POR RESULTADOS
porcionados pelo governo à sociedade sejam otimizados em relação aos A eficácia do governo empreendedor, justamente por serem escas-
recursos que consomem. Assim, nos Estados Unidos constatam Osborne sos os seus recursos orçamentários, centra-se na transparência de um
& Gaebler (1995, p. 152): “governo competitivo, que introduz a competição na prestação de servi-
“os cidadãos de hoje se recusam a pagar altos impostos por serviços ços” (id. pp. 80-116) e, sobretudo, preocupa-se com a obtenção dos
cujos preços disparam, enquanto a qualidade despenca”; (...) “uma frus- melhores resultados que os recursos disponíveis possam proporcionar
tração crescente entre os contribuintes é não saber exatamente o que (Reese & Ohren, 1999).
estão recebendo pelo dinheiro que investem”
Isso faz com que, por exemplo, na Carolina do Norte, tenha sido cria-
É o que confirmam Glaser & Denhardt (2000, p. 1), comentando di- do um sistema de medição de desempenho dos governos locais baseados
versos autores: no benchmarking das melhores práticas na geração de serviços em com-
“Citizens today are quite negative about government (...) Citizens are paração com os respectivos custos (Rivenbark & Carter, 2000; Ammons
also increasingly reluctant to pay taxes, based on perceptions that they are 2000) .
getting a poor return on tax dollars invested”

Conhecimentos Específicos 24
APOSTILAS OPÇÃO
O mesmo foco no resultado e desempenho, voltado para o cidadão sucesso da reforma administrativa do Estado, nas diversas esferas gover-
como cliente, caracteriza hoje processos orçamentários na Flórida namentais (Barbosa, 1996; Freitas, 1999; Bresser-Pereira, 1999 e 2000;
(Wang, 1999; Grizzle, 1999), na Carolina do Sul (Shelton & Albee, 2000), Thoenig, 2000; Campos et al., 2000). Contudo, como notam Teixeira &
e no Governo Federal americano (Wang, 1999). Essa nova postura de Santana (1994, pp. 18ss), os sistemas de avaliação de desempenho na
governo surgiu de práticas pioneiras, como a de Ted Kolderie terceirizan- gestão pública, ainda deficientes, devem ser priorizados:
do serviços na cidade de St. Paul em Minneapolis na década de 70 que, “A avaliação de desempenho deveria ser priorizada num novo modelo
conforme Drucker (1991, p. 51) se espalhou pelo mundo, bem como das de gestão pública através de iniciativas como:
iniciativas liberalizantes e empreendedoras de Margareth Thatcher na - Redirecionar o sistema de avaliação dentro da administração go-
Inglaterra na mesma época. vernamental para uma ação centrada no eixo da avaliação do de-
sempenho do serviço prestado – qualitativa e quantitativamente –
Nos Estados Unidos o governo empreendedor é considerado hoje um pelos diversos setores e unidades.
“paradigma político emergente” (Osborne, 1994, pp. 319 ss), preconizado - Elaborar e divulgar sistemas de indicadores de desempenho do
por Bill Clinton (id., p.xi ss), para outros países do mundo. serviço público.
- Garantir uma ampla divulgação e acompanhamento dos indicado-
No Brasil, os critérios do governo empreendedor vêm sendo desen- res e seus valores.
volvidos durante a última década e constituem hoje um dos fundamentos - Orientar as políticas de recursos humanos pelos parâmetros de
da política do governo federal (Presidency of the Republic, 1995), bem avaliação de desempenho”.
como de alguns Estados, voltada para reformas centradas na entrega à
sociedade de tarefas antes assumidas pelo governo burocrático tradicio- 2.4. A QUESTÃO DA MENSURAÇÃO ECONÔMICA DOS
nal, mediante privatizações, terceirizações e Contratos de Gestão (John- RESULTADOS DA GESTÃO PÚBLICA
son et al., 1996, pp. 127 ss) com agências e entidades públicas. A adoção de critérios de desempenho e de obtenção de resultados
por parte da nova postura da gestão pública empreendedora envolve,
Como notam Osborne & Gaebler (1995, pp. 21 ss.), a gestão pública certamente, questões relevantes de mensuração.
empreendedora adota “princípios de gestão de negócios” – como atendi-
mento ao cidadão como cliente, pró-atividade, iniciativa e autonomia Na sua quase totalidade, a literatura voltada à mensuração de de-
gerencial, controle por objetivos e metas ou governo por parcerias. Isso, sempenho e resultados da gestão pública utiliza indicadores físicos ou
porém, não significa “governar como quem dirige uma empresa”, que visa qualitativos para identificar os benefícios que constituem os objetivos e
obter lucro com seus produtos, mas sim, gerenciar com eficiência recursos metas das políticas avaliadas. Praticamente não se menciona a aborda-
tributários coletados, para atender com maior eficácia ao bem comum – gem econômica – a expressão monetária desses benefícios. Apenas os
gerando resultados para a sociedade (Presidency of the Republic, 1995, p. custos são expressos em termos monetários e com esses são compara-
22). dos os benefícios físicos ou qualitativos para fins de avaliação.

De fato, ao visar resultados que melhor respondam às demandas dos De fato, a identificação dos benefícios de políticas públicas empreen-
cidadãos como clientes, a gestão pública empreendedora é baseada em dedoras demanda, primeiramente, a determinação dos índices físicos e
avaliações contínuas da sociedade para ajustar suas estratégias, planos e qualitativos de desempenho, o que transparece das diversas experiências
metas, bem como sua ação implementadora. e estudos.

Por exemplo, na Inglaterra, como afirma Henkel (1991, p.3): Assim, programas habitacionais comparam seus custos orçados com
“(...) government has made radical attempt to control and change the o aumento da taxa de ocupação de apartamentos populares (Osborne &
public sector. It has tried to create a new culture of management based on Gaebler, 1995, p. 67). Programas de emprego para jovens medem o
values of economy, efficiency and effectiveness. One of its strategies has percentual de estagiários que conseguiram colocar em empresas, bem
been to give evaluation a new and higher profile in the public arena”. como o nível de satisfação dos seus empregadores (id., p. 155). A campa-
nha de limpeza pública em New York recompensava equipes de voluntá-
Nos Estados Unidos, a avaliação de desempenho, tanto no governo rios conforme um Scorecard com o percentual decrescente de “ruas
federal como em vários estados (Glaser & Denhardt, 2000; Shelton & imundas” que, em 1986 diminuiu de 43% para 4% (id., p. 158).
Albee, 2000), é cada vez mais abrangente, inclusive condicionando a
metas e padrões alcançados a concessão de créditos e outros benefícios Do mesmo modo, quando governos locais buscam identificar através
aos programas habitacionais, de saúde, ou educação. Critérios de desem- de “benchmarking” as “melhores práticas” de outras comunidades, a fim
penho orientam também o financiamento de obras públicas, contratos com de compará-las com eficiência de seus atuais programas num enfoque de
usinas nucleares (Osborne & Gaebler, 1995, pp. 152ss) e são aplicados, “cost accounting”, são os índices qualitativos de atendimento de progra-
até mesmo, no Judiciário: “Seis estados estão testando parâmetros de mas alternativos que, confrontados com os respectivos custos, constituem
avaliação de performance para tribunais inteiros, os quais foram desenvol- os parâmetros de avaliação (Rivenbark & Carter, 2000; Ammons, 2000) .
vidos pelo Centro Nacional de Tribunais Estaduais e o Departamento de
Justiça dos Estados Unidos. Valem-se de pesquisas de opinião entre os O critério do uso de recursos em programas alternativos, conforme os
usuários do sistema judiciário, grupos de controle, análise de casos e respectivos índices de atendimento à sociedade, caracteriza, segundo
outros métodos de mensuração. Entre os aspectos investigados, incluem- Wang (1999, pp. 2 ss.) o “orçamento baseado em desempenho” (perfor-
se a facilidade de acesso à Justiça e a razoabilidade dos preços pratica- mance budgeting) que, desde o final da década de 40 nos Estados Uni-
dos, bem como a efetividade na tramitação dos casos, a imparcialidade dos, procurava se afastar do “orçamento baseado em entradas” (input-
das decisões e a competência dos tribunais em executar suas ordens” (id., oriented budgeting) adotando o “orçamento baseado em saídas” (output-
p. 153) oriented budgeting) e, com isso, passando a relacionar resultados (ou-
tputs) e custos dos serviços públicos. Assim, se, a um mesmo custo, o
A importância da avaliação de desempenho na moderna gestão públi- output do programa policial A ( que efetuou por ex. 2.000 prisões de
ca por resultados, se reflete na Junta Normativa da Contabilidade Gover- criminosos) é maior que o output do programa B (que conseguiu apenas
namental americana, “que determina os padrões contábeis geralmente 1.500 prisões), os recursos serão canalizados para o programa A.
seguidos pela maioria dos governos estaduais e municipais está, na
prática, redefinindo ‘os conceitos contábeis geralmente aceitos’ para incluir Na última década, com a postura empreendedora de gestão que ou-
entre eles, o critério de avaliação de desempenho” (Osborne & Gaebler torga maior autonomia de decisão aos gestores das políticas públicas,
(1995, p. 152). vem sendo adotado o “orçamento orientado por resultados” (outcome-
oriented budgeting) que mede o desempenho do serviço, não simplesmen-
No Brasil, a experiência internacional de avaliação da gestão pública te pelo seu output quantitativo (por ex. número de prisões efetuadas), mas
tem despertado grande interesse como uma das condições básicas de pela qualidade do resultado obtido (por ex. diminuição dos índices de
Conhecimentos Específicos 25
APOSTILAS OPÇÃO
criminalidade). Assim, pode ocorrer que o programa B, no mesmo exem- trabalho, dentro do seu escopo, tem por foco, genericamente, as entida-
plo, ainda que fazendo menos prisões que o programa A, tenha obtido des e atividades governamentais que desenvolveram mensurações físicas
maior redução efetiva da criminalidade, conseguindo, portanto, melhor e qualitativas que fundamentam a mensuração econômica.
desempenho e a preferência dos recursos.
Metodologicamente, a identificação de demandas e critérios de avali-
Entretanto, não passam desapercebidos aos diversos autores os limi- ação parte indutivamente da experiência da moderna gestão pública,
tes da mensuração por índices físicos e qualitativos, por mais relevantes e conforme a literatura e desenvolve os modelos de mensuração dedutiva-
imprescindíveis que sejam. Wang (id., pp. 4ss) constata expressivas mente a partir da consistência lógica dos princípios e critérios do Sistema
diferenças de enfoques de valoração e, portanto, na mensuração de de Gestão Econômica – GECON.
desempenho entre os diversos gestores e observa que “it is important to
solve the input-output-outcome puzzle”. O Núcleo GECON – Gestão Econômica – da FEA-USP vem desen-
volvendo há mais de dez anos um sistema de gestão e de informação
Henkel (1991), no seu estudo abrangente sobre sistemas de avalia- fundado em critérios econômicos, tendo publicado mais de uma centena
ção da gestão pública na Inglaterra – também circunscritos aos critérios de trabalhos entre teses doutorais e de livre-docência, dissertações de
físicos e qualitativos dos benefícios e metas das políticas públicas (por ex.. mestrado, livros e artigos científicos. O sistema GECON tem sido aplicado
id. p.40) – constata a inevitável dose de subjetivismo que tais métodos mediante consultorias a empresas entre as mais importantes do Brasil.
incluem: “The final conclusion is that objective evaluation is a myth. Evalu- Sua versão voltada à gestão pública tem sido utilizada por diversas orga-
ators bring with them values derived from occupational and disciplinary nizações e agências governamentais.
traditions, which may in turn be congruent with, or hostile to, the dominant
political ideology. The study has shown repeatedly how the distinctions 3. O MODELO DE GESTÃO PÚBLICA CRIADORA DE VALOR
between technical and political argument break down.” (id., p. 236). O modelo de gestão do governo empreendedor reflete a moderna
tendência de gestão compartilhada e coordenada, que estimula a iniciativa
As dificuldades da mensuração restrita aos indicadores físicos ou qua- e pró-atividade dos gestores identificando-os, ao mesmo tempo, com a
litativos são igualmente destacadas por Catelli et al. (2001, p. 7): “Na missão, crenças e valores da sua entidade ou organização. Essa pró-
avaliação das organizações públicas, é usual que resultados sejam defini- atividade dos gestores é considerada condição fundamental para a criação
dos por indicadores físicos ou qualitativos. Tais critérios, entretanto, não empreendedora de valor na gestão pública.
são isentos de dificuldades. Tais valores, por exemplo, kW/h e mortalidade
infantil, são muitas vezes de natureza diversa e de difícil comparação. A Osborne & Gaebler, 1995, p. 272, ao preconizarem o governo descen-
aplicação de pesos e ponderações para se apurarem notas e ratings deixa tralizado e aberto á participação e ao trabalho de equipe, citam Ronald
largo espaço para arbitrariedades e pressões políticas. Merece um rating Contino, ex-diretor do Departamento de Saneamento da Cidade de New
maior uma atividade que se destacou na geração de benefícios, mas York:
necessitou de enormes subsídios? É bom ou mau desempenho atender a “Nada pode substituir o conhecimento de um trabalhador acerca de
5.000 famílias carentes a um custo de R$ 50.000,00?” seu local de trabalho. Não importa quão inteligente seja o chefe, nem
tampouco sua capacidade de liderança. Só conseguirá liberar o potencial
Com efeito, por mais intensa que venha sendo a elaboração das téc- máximo dos seus empregados trabalhando com eles, em vez de contra
nicas de mensuração por índices físicos e qualitativos, permanece a eles” (id. p. 272).
impossibilidade de se utilizar escalas de natureza diversa para comparar
benefícios e custos. A visão sistêmica da organização, adotada na Gestão Econômica
considera como condição para a eficácia a autonomia de decisão dos
Por isso, as limitações da abordagem dos resultados das políticas e gestores. Estes são estimulados a atuar como “donos” de suas áreas e ao
serviços públicos apenas mediante índices físicos e qualitativos levanta a mesmo tempo identificados com a missão, crenças, valores e objetivos
questão da mensuração econômica dos benefícios que a atuação gover- globais da organização, objetivando-se, com isso, “destacar e valorizar
namental proporciona à sociedade – crucial para os que financiam os posturas empreendedoras – fazer acontecer sem desculpas” (Catelli,
custos desses benefícios na forma monetária de tributos compulsórios. 1999, p. 31).
Entretanto, ao contrário das empresas, cujos produtos e serviços se
traduzem em lucro econômico, a determinação do valor econômico gerado Isso implica igualmente que os gestores são avaliados por fatores e
pela gestão pública requer considerações e abordagens específicas. eventos que efetivamente estejam sob seu controle, não se admitindo
imputações ou transferências eficiências/ineficiências de uma área para
Assim, o problema abordado por este trabalho é a mensuração eco- outra. A adoção rigorosa desse princípio de controlabilidade possibilita a
nômica do valor criado na gestão pública. Parte-se da hipótese de que a vinculação das consequências às respectivas decisões, fundamental para
aplicação de critérios econômicos de mensuração aos resultados objetiva- o controle da execução de planos e para a avaliação de desempenho
dos pelas políticas públicas conduz à determinação do valor econômico (Catelli, 2000, p. 8).
dos benefícios que a gestão pública gera para a sociedade. O trabalho
tem por objetivo apresentar critérios econômicos de mensuração e incor- Esse modelo aplicado à gestão pública possibilita que a ação dos
porá-los em modelos de mensuração do valor agregado à sociedade pela gestores não se restrinja apenas ao mero cumprimento de rubricas orça-
gestão pública. mentárias, como na administração burocrática, ou à simples quantidade
produzida, como no output-budgeting, mas se oriente pró-ativamente para
Não é escopo do trabalho examinar a definição de políticas governa- a eficácia e para a otimização que se expressam na criação de valor para
mentais – o que cabe aos mandatários eleitos e seus partidos em diálogo a sociedade.
coma sociedade – mas sim, propor um modelo de mensuração de valor
que, aplicando-se genericamente a políticas de gestão pública, contribua, O modelo empreendedor de gestão pública fez originar em vários paí-
como instrumento contábil-gerencial, para sua eficácia. ses, inclusive no Brasil, os chamados Contratos de Gestão, pelos quais o
governo central se relaciona de modo ao mesmo tempo descentralizado e
Um dos limites ao escopo do trabalho decorre de que, mesmo nos pa- integrado com suas entidades.
íses originários do governo empreendedor, como notam Osborne & Ga-
ebler (1995, p. 17ss) a elaboração de indicadores de desempenho ainda Conforme Johnson et al.(1996, pp. 128-129) os contratos de gestão,
não é generalizada, mas se encontra em desenvolvimento, a partir de surgidos na administração francesa na década de 80, expressam com-
instituições que melhor admitem a gestão por resultados. Essa restrição promissos reciprocamente assumidos entre o governo e suas entidades –
se aplica com maior razão a indicadores econômicos, próprios da aborda- por exemplo, empresas, agências reguladoras etc – mediante cláusulas
gem do presente trabalho, uma vez que toda valoração econômica se contendo “objetivos, metas, indicadores de produtividade, prazos para a
baseia numa mensuração prévia, física ou qualitativa. Assim, o presente consecução das metas estabelecidas e para a vigência do contrato, crité-

Conhecimentos Específicos 26
APOSTILAS OPÇÃO
rios de avaliação de desempenho, condições para a revisão, renovação, cabana) é considerado pelos economistas como o custo de oportunidade
suspensão e rescisão, penalidades dos administradores” e outras. da alternativa aceita e é, ao mesmo tempo, a medida do valor escolhido
(por ex. satisfazer a fome com as nozes coletadas).
Lima et al. (1999, p. 545) notam que os contratos de gestão, mediante
compromissos sobre objetivos e metas, têm por escopo “a necessidade Assim, no caso da gestão pública, pode-se determinar o valor econô-
de otimização do benefício social gerado pelos recursos públicos” investi- mico do benefício de um serviço comparando-o com o valor da melhor
dos na entidade governamental, a qual se volta inteiramente à satisfação alternativa rejeitada. Por exemplo, o valor dos serviços jurídicos da procu-
da sociedade como fundamento de sustentação do Estado (id., p. 547). radoria pública pode ser determinado a partir do valor de outros serviços
jurídicos similares. O valor da segurança pública pode ser medido pelo
Dentro desses princípios empreendedores, Catelli (2000, p.3) consi- dispêndio, por parte de cidadãos e comunidades, necessário para se obter
dera que a eficácia da gestão pública depende principalmente de: segurança particular. O mesmo se aplica a escolas, hospitais, seguridade
a) gestores competentes e bem intencionados; social, serviços de auditoria, inspeção, fiscalização, regulação, etc (Catelli
b) um modelo de gestão que aproveite todo o potencial dos gesto- et al., 2001).
res;
c) um sistema de gestão que otimize os esforços do governo e da Num outro exemplo, Irving Fisher (1965, pp. 125ss) menciona o fa-
sociedade em seus diferentes níveis, grupos e segmentos; zendeiro que, com vista ao melhor uso de sua terra, tem diante de si a
d) um sistema de informações e de comunicações que possibilite o escolha entre dedicá-la ou à agricultura ou ao florestamento ou á minera-
entendimento entre governo e sociedade e a avaliação de resultados ção. Essas alternativas constituem, de fato, 3 fluxos de benefícios futuros
proporcionando a tomada de decisões transparentes; distintos. A escolha se dá pela redução dos fluxos de caixa projetados das
e) um sistema de controles internos que assegure a legitimidade de diversos alternativas ao seu valor presente líquido, escolhendo-se a
todas as ações dos gestores, sem prejuízo de sua eficácia; alternativa que apresentar maior valor presente.

Conforme o mesmo autor (Catelli, 1999, p. 31), o Sistema de Gestão De modo análogo na gestão pública, o fluxo econômico projetado de
Econômica constitui um modelo de gestão e um sistema de informações um programa pode ser comparado com os fluxos de outros programas
gerenciais que possibilita a tomada de decisões pela gestão pública com similares, para efeitos de escolha – e de mensuração – do valor da melhor
base em critérios e princípios de eficácia econômica. alternativa.

Catelli et al. (2001, p.5) observam que a atuação do Estado pode ser Assim, segundo a Gestão Econômica, a aplicação do custo de opor-
considerada como uma administração das economias (ou superação de tunidade, expresso pelo valor da melhor alternativa rejeitada, constitui
deseconomias) que se situam fora do controle dos agentes econômicos critério de determinação da receita – do valor econômico criado – pelos
privados, mas das quais esses agentes dependem, as quais foram, cha- serviços, projetos e entidades públicas. Como observa Oliveira (1999,
madas por Alfred Marshall (1996, pp. 359 ss.) de “externalidades” (positi- p.3):
vas ou negativas). Esse conceito, estudado por diversos autores (Mishan, “Uma atividade qualquer, desempenhada pelo Estado, tem um valor
1971), foi posteriormente aprofundado por Pigou (1962, pp. 172-203) econômico correspondente à melhor alternativa disponível na sociedade
mediante a distinção entre social net product e private net product. Por para a obtenção de seu serviço. Esse valor seria o componente positivo
exemplo, pessoas, empresas e grupos sociais se beneficiam de externali- do resultado da atividade – o de suas receitas”.
dades positivas, como a infra-estrutura de transporte ou de segurança,
normas técnicas, proteção legal, políticas de defesa ambiental, etc. que Mediante custeio direto, esta receita, deduzida dos custos diretamente
constituem serviços proporcionados pelo governo. incorridos por esses serviços e projetos, expressa a margem de contribui-
ção ou o valor econômico agregado pelo serviço ou projeto. O total das
Ao integrar a riqueza da sociedade, as externalidades possibilitam ca- margens de contribuição de uma entidade, deduzido dos custos dessa
racterizar a gestão pública – as políticas públicas, que atuam sobre as entidade, expressa o valor econômico agregado pela entidade.
externalidades – como criação de valor econômico.
O mesmo critério do custo de oportunidade se aplica à consideração
Nesse sentido, como sistema de informações econômico-financeiras, de todos os recursos financeiros utilizados na gestão pública, os quais são
a Gestão Econômica preconiza a otimização da criação de valor pela mensurados em termos de equivalência de capitais e de moeda constante.
gestão pública. Como observa Catelli (2001, p.8) “o GECON é um modelo A mensuração econômica mediante comparação com a melhor alter-
de gestão que permite a simulação, o planejamento e o controle da atua- nativa rejeitada, como custo de oportunidade, não exclui, reconhecida-
ção de uma entidade [pública] com base na evolução do valor adicionado mente, diferenças de utilidade, de propensão ao risco, de conhecimento e
– criação de valor”. A mensuração econômica do valor possibilita, na de acesso à informação que modificam a percepção de valor quer entre os
tomada de decisão dos gestores públicos, a identificação das alternativas diversos agentes quer ao longo do tempo para um mesmo agente.
mais favoráveis à identificação de valor para a sociedade. (Catelli, 2000, p.
7). Essa diferença de percepção ocorre frequentemente entre o gestor
público ou suas entidades e a sociedade, como componente normal do
4. mensurando a criação de valor na gestão pública processo político e econômico – e se exprime na determinação diversa de
4.1 CRITÉRIOS ECONÔMICOS DE MENSURAÇÃO custos de oportunidade – sendo levada em consideração pelo modelo
A dificuldade dos métodos de mensuração em ultrapassar os índices proposto, como se detalhará.
físicos e qualitativos para obter a expressão monetária de um benefício
proporcionado pela atuação pública pode ser superada aplicando-se o O enfoque dos custos de oportunidade na gestão pública pressupõe a
conceito econômico de custo de oportunidade. existência de um mercado relativamente amplo, livre e eficiente, que
proporcione alternativas de serviços, cujo valor possa ser identificado e
Como notam Heymann & Bloom (1990, p. xi) “o conceito de custo de usado como benchmarking dos serviços governamentais. Como nota
oportunidade e a sua mensuração estão estreitamente associados à teoria Macpherson (1973, p.189), os conceitos econômicos de mercado são
da escolha, ao conceito de valor e à estrutura da tomada de decisão aplicáveis às políticas governamentais nas sociedades otimistas e próspe-
racional”. ras, as quais, hoje, incluem tanto os países das economias avançadas
como o das economias emergentes
Para Ijiri (1967, pp. 34 ss), no seu estudo sobre a estrutura da mensu-
ração, toda decisão é uma escolha entre dois benefícios (por ex. coletar A aplicação desses critérios econômicos possibilita a mensuração do
nozes no bosque ou ficar descansando na cabana). A opção pelo benefí- valor agregado pela gestão pública conforme o modelo a seguir proposto.
cio considerado mais útil ou relevante exclui automaticamente o outro A mensuração é efetuada segundo três enfoques ou níveis da eficácia da
benefício. O valor da alternativa rejeitada (por ex. o valor do descanso na gestão pública: a eficácia de uma entidade governamental, expressa pelo

Conhecimentos Específicos 27
APOSTILAS OPÇÃO
valor agregado pelos seus serviços e/ou projetos; a eficácia do governo dade e incorporadas em instrumentos institucionais e gerenciais, particu-
como um todo, expressa pelo valor criado pelos serviços e projetos de larmente nos Contratos de Gestão – até às diversas etapas de execução e
suas diversas entidades; e a percepção pela sociedade do valor criado controle que asseguram, mediante avaliações contínuas pelos usuários, a
pela gestão pública. eficácia da gestão pública no atendimento aos seus interesses e deman-
das.
4.2. MENSURAÇÃO DO VALOR AGREGADO
POR UMA ENTIDADE GOVERNAMENTAL As múltiplas e contínuas interações governo – entidades governamen-
O modelo proposto considera como entidade governamental todo cen- tais – sociedade, inerentes ao processo dinâmico de gestão pública,
tro de decisão voltado a prestação de serviço ou ao exercício de poder refletem diferenças de percepção do valor criado entre os agentes públi-
público no interesse da sociedade, dotado de autoridade e responsabilida- cos e privados. O esforço contínuo de superação dessas diferenças
de legitimamente outorgados. O modelo aplica-se, de modo particular, às instaura o diálogo político e faz desenvolver o processo gerencial público,
entidades constituídas e gerenciadas conforme o perfil do governo empre- incrementando a eficácia da gestão democrática empreendedora. Assegu-
endedor, por exemplo, às agências governamentais brasileiras regidas por ra-se, desse modo, a avaliação e a legitimação contínua das políticas de
contratos de gestão. É, assim, preconizada a postura pró-ativa do gestor gestão pública, em continuidade com o processo periódico eleitoral.
que busca conseguir o melhor padrão de serviços para a sociedade,
aplicando os escassos recursos disponíveis de forma a otimizar a criação
de valor para a sociedade. O fato de o governo empreendedor ser de emergência recente, ainda
que já amplamente reconhecida, torna a elaboração dos instrumentos
dessa nova postura de gestão pública um processo de investigação
Uma entidade pública cria valor na medida em que é capaz de produ- científica, bem como de experiência e aprendizagem cívica e gerencial
zir serviços para a sociedade de valor superior ao custo dos recursos pública, do qual se esperam novas pesquisas e desenvolvimentos. Ar-
consumidos na sua produção. A entidade ou projeto contribui positivamen- mando Catelli
te para o desempenho do governo na medida em que o valor total agrega-
do pelos serviços por ela produzidos supere as despesas estruturais
necessárias para sua atuação. MENSURAÇÃO DE DESEMPENHO NO
SETOR PÚBLICO: OS TERMOS DO DEBATE
O valor dos serviços ou benefícios gerados pela entidade, aqui estipu-
lado em $60, é dado pelo custo de oportunidade expresso pelo valor da INTRODUÇÃO
melhor alternativa de serviços equivalentes existentes no mercado. O objetivo deste trabalho é contribuir para a sistematização do debate
sobre mensuração de desempenho no setor público. O tema é polêmico e
sua implementação nas duas últimas décadas tem sido acompanhada de
Por exemplo, como mencionado, o valor econômico dos serviços de inúmeros artigos e estudos.
educação oferecidos por uma escola pública é dado pelo menor preço
cobrado por um serviço educacional particular similar disponível no mer- Para alguns autores, a mensuração de desempenho no setor público
cado em condições equivalentes. De fato, se o custo do serviço educacio- tem contribuído para o alcance de múltiplos objetivos, dentre eles a trans-
nal fornecido pela escola pública for superior ao menor valor cobrado por parência de custos e de resultados, a melhoria da qualidade dos serviços
uma escola privada por um serviço em condições equivalentes, seria prestados, a motivação dos funcionários, sendo um dos pilares mais
preferível ao governo adquirir o serviço de escolas privadas a continuar importantes da nova governança em torno do Estado-rede (Goldsmith &
mantendo escolas públicas. Eggers, 2006; Behn, 1995). Para seus críticos, no entanto, trata-se de
uma transposição indevida de um instrumento desenvolvido para a gestão
4.3. MENSURANDO O VALOR AGREGADO empresarial, que gera graves distorções quando aplicado ao setor público
PELO GOVERNO COMO UM TODO (Dunleavy & Hood, 1994; Hood, 2007).
Dentro da postura do governo empreendedor, o modelo proposto pos-
sibilita ao gestor público otimizar os benefícios para a sociedade mediante Apesar da polêmica, as experiências de mensuração de desempenho
o gerenciamento de recursos, sempre escassos, retidos compulsoriamen- e contratualização de resultados têm-se expandido tanto em outros países
te da sociedade via tributos. Visa-se não apenas adequar a ação gover- como no Brasil; diferentes governos vêm enfrentando as dificuldades
namental ao valor da arrecadação disponível, por exemplo, nos termos da introduzidas por esta nova forma de gestão e procurando aperfeiçoar
Lei de Responsabilidade Fiscal, mas atender às demandas da sociedade metas e indicadores.
no sentido de gerar benefícios superiores aos recursos arrecadados,
consumidos na atividade governamental. Preconiza-se, em termos de A mensuração de desempenho é central nas mudanças em curso. É o
valores econômicos, a maximização/otimização da contribuição do gover- pilar de sustentação de duas das três inovações responsáveis pela melho-
no para a sociedade dentro dos limites requeridos pela saúde fiscal e ria de desempenho das organizações públicas, segundo pesquisa compa-
financeira. rada compreendendo sete países: a contratualização de resultados e o
orçamento por produto aliado à contabilidade gerencial (Jann & Rei-
chard,2002) Mensurar resultados é uma ferramenta que vem sendo parte
Conclusão de um conjunto abrangente de mudanças que incluem a revisão da macro-
Os instrumentos contábil-gerenciais que permitem a mensuração estrutura do Estado e a criação de “arm’s lenght organizations” (agências
econômica do valor criado na gestão pública, propostos neste trabalho, e organizações públicas não-estatais), a definição prévia de resultados a
prestam-se à superação das incompatibilidades de escalas e unidades alcançar, a concessão de flexibilidades à organização que se compromete
diversas de medida na informação subjacente à avaliação da eficácia previamente com resultados, o reconhecimento do papel do public mana-
governamental, geralmente ainda restrita, na consideração dos benefícios, ger a quem é concedida maior autonomia e imputada nova responsabili-
a índices físicos e qualitativos. Ao obter, mediante o custo de oportunida- zação pelos resultados visados; tais mudanças são acompanhadas por-
de, a expressão monetária não apenas dos custos, mas também dos tanto de uma nova distribuição de responsabilidades, ou accountability por
benefícios da gestão pública, o modelo proposto consegue identificar e resultados.
mensurar o valor agregado à sociedade pela gestão pública, ou seja, o
seu resultado econômico. Este constitui a mais abrangente expressão e A montante, tais inovações requerem o recurso ao planejamento es-
medida da eficácia da moderna gestão pública por objetivos e resultados, tratégico a fim de que sejam clareados os objetivos e fixados os resultados
própria do modelo de governo empreendedor. visados; a juzante, novas formas de controle são desenvolvidas, menos
baseadas no controle formal de procedimentos, e mais voltadas à compa-
A mensuração econômica se insere no próprio processo de gestão ração de resultados obtidos por organizações similares, ou simplesmente
pública, desde a simulação e planejamento das políticas – desenvolvidas maior transparência quanto ao uso dos recursos públicos por meio do
pelo diálogo dos mandatários e partidos com os diversos grupos da socie- acompanhamento dos resultados alcançados. Esta é também a base para
Conhecimentos Específicos 28
APOSTILAS OPÇÃO
o desenvolvimento de novas formas de relacionamento entre entidades POLÊMICAS E PROBLEMAS FREQUENTES
públicas e parceiros – públicos, públicos não-estatais ou privados. Apesar de vários autores ressaltarem a importância da gestão por re-
sultados para a melhoria do desempenho do setor público, apontam
Apesar de parte da literatura remeter a gestão pública por resultados também polêmicas e problemas frequentes associados a essa nova forma
a uma única visão – a que vê a gestão privada como superior e quer de gestão. Tais problemas não têm justificado o abandono do modelo;
introduzir seus métodos no setor público, há autores que identificam pelo têm, ao contrário, levado ao seu aprofundamento, buscando corrigir rotas
menos duas visões distintas como fontes de inspiração das mudanças em e superar os obstáculos identificados.
curso.
Parte dos problemas relacionados à mensuração de desempenho po-
Kettl (1997) organiza essas duas correntes em torno de dois lemas de ser atribuída à adoção prematura ou isolada apenas desta ferramenta,
distintos: por um lado, “make managers manage” , reunindo países que desvinculada do conjunto de mudanças que a acompanham e que consti-
criaram incentivos visando influenciar comportamentos; por outro, “let tuem elementos de uma ampla reforma da organização e funcionamento
managers manage”, expressando a visão de que há inúmeras barreiras a do Estado. Assim, são grandes as chances de insucesso quando a men-
serem removidas, regras, procedimentos e estruturas rígidas que impe- suração de desempenho é adotada sem que as demais inovações na
dem o administrador público de administrar. No primeiro caso, a contratua- gestão estejam presentes. O grande risco é que a mensuração se torne
lização de resultados representa uma nova forma de controle, e vem um fim em si mesmo, desvinculada do objetivo maior que é a melhoria do
acompanhada do estabelecimento de sanções positivas e negativas; o serviço público prestado ao cidadão (Behn, 1995).
país que levou mais longe tal perspectiva é a Nova Zelândia, com a pri-
meira geração de reformadores. No segundo caso, o acordo de resultados Além deste aspecto, a adoção parcial e isolada da mensuração de
é visto como instrumento de coordenação, ajuste e aprendizado organiza- desempenho, é possível sintetizar as polêmicas em torno da mensuração
cional; a experimentação, e não o controle, é a aposta para a melhoria do de resultados em três grupos de temas: a discussão em torno do que
desempenho; esta tem sido a marca das reformas na Austrália e Suécia. mensurar – produtos (outputs) ou impactos (outcomes); a adoção de
sanções positivas e negativas; a vinculação de parte da remuneração
De maneira similar, Jann e Reichard (2002) também fazem referência individual ao desempenho.
a dois grupos de inspiração distinta, ao analisar a contratualização de
resultados. Os autores identificam um dos grupos como os defensores da Em texto anterior, sistematizamos o debate em torno do que mensurar
eficiência (ou minimizadores do custo), o outro como reformadores em – outputs x outcomes (Pacheco, 2006). A defesa da mensuração de
busca da melhoria de desempenho do setor público (maximizadores dos impactos (outcomes) ou a contribuição efetiva para a resolução de um
resultados); o primeiro grupo recorre a mecanismos de punição e recom- problema, tem levado alguns analistas, tanto no Brasil como em outros
pensas de acordo com o desempenho alcançado; para o segundo, o alvo países, a criticar boa parte das experiências em curso, já que a maioria
é o aprendizado baseado em relações de confiança como caminho para delas se inicia pela mensuração da prestaç o de determinados serviços
alcançar melhores resultados. Os autores identificam a escolha racional e previamente especificados (outputs).
a teoria da agência como referência do primeiro grupo, ao adotar o contra-
to de resultados como um novo instrumento de controle para enfrentar o Mas há autores que consideram tal debate inócuo; para esses auto-
problema do comportamento maximizador do auto-interesse; na segunda res, ambas as opções apresentam vantagens e inconvenientes. Na men-
vertente, é destacado o comportamento cívico dos agentes, que dá sus- suração de impactos é difícil estabelecer relações de causalidade entre as
tentação à lógica do aprendizado mútuo. ações empreendidas e o resultado observado – é difícil isolar, dentre as
inúmeras variáveis que afetam a situação, aquelas diretamente ligadas
Trosa (2001) também destaca diferentes visões acerca da mensura- aos serviços prestados por uma determinada organização pública. Por
ção de resultados e seu uso por diferentes países e governos. Suas vezes as ações requerem longo tempo de maturação para que os impac-
análises são análogas às já citadas; no caso do uso radical da mensura- tos possam ser observáveis. Os impactos desejados podem depender de
ção e contratualização de resultados como nova forma de controle, a mudanças substanciais no comportamento dos cidadãos. Por outro lado,
autora vê o risco de um novo formalismo e rigidez. Após ter acompanhado mensurar produtos pode levar a um foco excessivo no curto prazo.
a experiência de vários países,Trosa conclui que os resultados são melho-
res quando as metas são negociadas (e não impostas unilateralmente) e Para Trosa (2001), ambas formas de contratação são importantes e
quando as flexibilidades são concedidas tendo metas a alcançar como respondem a duas perguntas distintas. A mensuração de outputs permite
contrapartida. conhecer o que é efetivamente produzido com os recursos públicos; já a
preocupação com outcomes ou impactos permite indagar sobre a eficácia
As orientações sobre o tema são tão distintas que levaram alguns au- e utilidade daquilo que é produzido. Segundo a autora, a resposta a esse
tores a defender a existência de uma forma de “mensuração de desempe- debate deve ser pragmática: governos devem começar pelos serviços
nho à la nórdicos”. Para eles, a perspectiva nórdica afasta-se da anglo- prestados, cuja mensuração é mais fácil, e ir evoluindo em direção aos
saxã, já que esta associa desempenho a incentivos financeiros individuais, impactos, por meio da construção da cadeia lógica que liga as ações aos
enquanto que aquela valoriza o aprendizado: objetivos visados, relacionando impactos, resultados intermediários e
ações.
“Given the egalitarian values, many Scandinavians may well be puz-
zled by the importance imputed to individual financial incentives in the Já Behn (2004) defende enfaticamente a mensuração de outputs,
Anglo-American culture. Organisational learning ... may better suit the dentre outras razões porque é um instrumento poderoso a ser utilizado
Nordic approach. Naturally, in the Nordic countries too, individuals are pelo dirigente de uma organização pública para motivar seus funcionários;
assessed and rewarded for their contribution to organisational effective- para este autor, o objetivo do administrador é motivar, enquanto que o
ness, viability and so on, but probably not as extensively, and certainly not objetivo do economista á controlar. Outra vantagem da opção pela mensu-
as taken-for-granted in such a manner as seems to prevail in some Anglo- ração de produtos é que deste modo é possível definir metas claras a
American cultures...” (Johnsen, Norreklit e Vakkuri, 2006, p.208). serem buscadas; o autor ressalta que cabe à atividade de avaliação do
programa estabelecer os elos entre os impactos visados e os produtos ou
Distinguir estes dois grupos de inspiração pode ajudar a clarear o de- serviços a serem prestados, de forma que os nexos lógico entre estes e
bate no Brasil. Aqui, muitos críticos referem-se apenas às experiências aqueles sejam sempre explicitados.
mais difundidas, dos países anglo-saxões, que levam a atribuição de
recompensas e penalidades até o nível individual. Também é interessante Assim, não há evidências que comprovem a superioridade da mensu-
que os formuladores da política de gestão conheçam a experiência dos ração de impactos sobre a mensuração de produtos. As tentativas de opor
países nórdicos e possam optar por um modelo ou outro, conhecendo as as duas formas de medidas parecem não fazer sentido, àluz das lições
implicações de ambos. aprendidas da experiência internacional. Países que contrataram extensi-
vamente resultados via produtos (outputs), como Nova Zelândia, trataram

Conhecimentos Específicos 29
APOSTILAS OPÇÃO
de corrigir excessos introduzindo a mensuração de impactos; países que O debate sobre o que e como medir não chegou à imprensa, a não
privilegiaram a mensuração de outcomes, como Austrália, deixaram ser por meio do conflito entre lideranças sindicais dos professores e
espaço amplo demais às organizações sem cobrar delas compromisso secretaria da educação. Assim, a polêmica fica restrita aos especialistas e
com ações diretamente mensuráveis. afetados pela mensuração, sem que a opinião pública ou os beneficários
do serviço público possam se envolver e pressionar por avanços. Em
Também há variações de um setor a outro. Na saúde, desenvolve- alguns casos, quando usuários tomam conhecimento do sistema de
ram-se os indicadores de produto e de resultados intermediários, e as metas, passam a pressionar por punições em caso de não atingimento
cadeias lógicas entre produtos e impactos estão mais claramente estabe- das mesmas – o que nem sempre é o fim visado pelo gestor da política de
lecidas e aceitas. Na educação, tem-se multiplicado as políticas onde a mensuração de resultados.
mensuração de impactos é adotada via avaliação externa do rendimento
dos alunos. O ex-secretário de Modernização Administrativa de Santo André rela-
tou as dificuldades que enfrentou junto aos representantes dos usuários
No Brasil, o setor de saúde parece muito mais preparado para convi- ao adotar a mensuração de resultados nas unidades básicas de saúde –
ver com a mensuração do que a área da educação, talvez porque a pró- queriam punição aos funcionários a cada vez que uma meta não era
pria lógica de remuneração do SUS, via procedimentos, tenha aberto cumprida; no entanto, o objetivo da política municipal adotada era o de
caminhos para a mensuração de serviços prestados. promover o aprendizado sobre como melhorar o serviço prestado, e não o
de aplicar punições em caso de dificuldades com o cumprimento das
Segundo depoimento de um gestor municipal, o foco em procedimen- metas.
tos foi tão disseminado pelo SUS que hoje impede avanços para uma
visão de “linha de cuidados” ou para procedimentos não finalísticos como Na seção anterior, apresentamos as duas visões sobre o tema das
supervisão médica. Na Grã-Bretanha, a política de mensuração de resul- recompensas e punições. Tais visões se desdobram também na questão
tados em saúde se aprofunda, com a adoção recente da mensuração da da remuneração variável. Assim, os defensores da “perspectiva nórdica”
satisfação do paciente sobre a qualidade da atenção médica recebida, consideram que os problemas da mensuração de desempenho aparecem
com impactos para a remuneração do médico. quando se vincula resultados a recompensas financeiras: “In fact, much of
the perverse learning from performance measurement may be due to using
Já na área da educação, no Brasil, a adoção de avaliação externa da performance measurement in close conjunction with organisational objecti-
aprendizagem dos alunos (impacto) tem provocado reação aguda dos ves and financial rewards. Performance measurement has a number of
sindicatos de professores, com exceção talvez de Minas Gerais. A princi- functions, including enhancing transparency, improving organisational
pal alegação de lideranças sindicais e de especialistas em pedagogia diz learning and appraising performance. The more performance measure-
respeito à autonomia do professor, que seria desrespeitada ao impor a ele ment is used compulsively for more of these functions, the more the per-
metas de aprendizagem a serem alcançadas por seus alunos. Também se formance measurement will be experienced as unfair ” (Johnsen, Norreklit
alega impossibilidade de atribuição de causalidade entre a atuação do e Vakkuri, 2006, p.208).
professor e o rendimento do aluno, que estaria condicionado por múltiplos
fatores extra-classe, tornando impossível medir o impacto da ação do A associação entre mensuração de desempenho e recompensas fi-
professor – em sintonia direta com o que foi relatado antes sobre as nanceiras é menos difundida do que se crê: segundo pesquisa realizada
dificuldades de mensuração de outcomes. pela OCDE junto a seus países-membros , apenas 18% ligam orçamento
a resultados (Nova Zelândia, Holanda...), poucos têm mecanismos formais
Médicos e professores da rede pública fazem parte do segmento de- de premiação ou punição segundo resultados; 41% não têm; só 11% dos
nominado por Lipsky (1980) como street level bureaucrats, ou funcionários países sempre vinculam salário ao atingimento de metas e 26% fazem tal
de ponta, especializados, para quem a deontologia de sua profissão está vinculação esporadicamente.
acima de seu vínculo com o Estado, e que resistem a serem submetidos a
controles externos. A adoção de medidas de desempenho provoca senti- Outro estudo ressalta que o sucesso de sistemas de remuneração va-
mento de perda de autonomia, que tende a mobilizar reação contrária à riável segundo desempenho depende de fatores como transparência na
política. No entanto, temos visto maiores avanços na saúde do que na definição de metas, nas regras segundo as quais os funcionários serão
educação. avaliados e nas relações entre medidas de desempenho e remuneração
(Perry et al., 2009, p.14).
Uma outra explicação para esta diferença, além da já assinalada, po-
de estar associada ao status do gerenciamento nos dois setores: enquan- Portanto, mensurar desempenho não implica sempre adotar remune-
to o diretor de hospital é já um papel aceito e destacado entre profissionais ração variável ou recompensas financeiras segundo o desempenho. O
da área da saúde, o diretor de escola pública é um entre pares, não sendo tema é polêmico e imerso em controvérsias. Há um número significativo
visto como autoridade legítima responsável pelos resultados da escola de países que adotam a mensuração de desempenho e divulgam os
que dirige e portanto sem poder de direção sobre os professores que ali resultados obtidos, globalmente pelo governo ou setorialmente; apenas
atuam. Outro motivo pode estar vinculado à introdução do novo formato parte destes países têm atribuído recompensas financeiras a funcionários
organizacional na saúde – a mensuração de desempenho difunde-se no e dentre os que o fazem, muitos adotam valores de impacto moderado
momento em que são criados os hospitais no novo formato de organiza- sobre a remuneração, a fim de não provocar desvios de comportamento
ção social de saúde, enquanto que as escolas públicas permanecem importantes.
como parte da adminstração direta onde ainda impera a ausência pratica-
mente total de autonomia de gestão. Em outros casos, aprofunda-se as consequencias a partir da avalia-
ção de desempenho. O presidente Obama, em seu primeiro pronuncia-
Na área da cultura a mensuração de resultados está apenas come- mento sobre a política educacional nos EUA, afirmou que o mau desem-
çando, também ligada à adoção do formato “organização social”. No penho de estudantes em avaliações externas de aprendizagem poderá
estado de São Paulo, adotou-se indicadores de produção, bastante simpli- levar à demissão de professores – dando seguimento e aprofundando a
ficados e homogêneos para instituições de natureza distinta. Assim, o política de seu antecessor denominada “No Child Left Behind” (NCLB),
desempenho de museus passou a ser medido em termos de nº de dias que introduziu metas para aprendizagem de estudantes em escolas públi-
abertos ao público, nº de exposições realizadas, nº de visitantes, sem cas em todo o país.
distinção entre um museu de vocação para grande público e outro especi-
alizado. Um equipamento cultural dedicado à interação entre arte e tecn- No Brasil, um dos problemas relacionados à remuneração variável por
logia não conseguiu fazer valer o nº de acessos ao seu site como indica- desempenho tem sido sua adoção isolada de outras medidas reformado-
dor de presença junto ao público – insistindo a Secretaria Estadual da ras. Na administração federal, a remuneração variável por desempenho foi
Cultura em contar apenas as visitas físicas ao local. generalizada no segundo governo FHC, sem que tenham avançado as
outras medidas propostas de contratualização de resultados; no governo

Conhecimentos Específicos 30
APOSTILAS OPÇÃO
Lula, os valores variáveis foram aumentados significativamente, passando LIÇÕES APRENDIDAS
a representar mais de 50% da remuneração total em muitos casos, para Em boa parte dos problemas identificados na literatura, mesclam-se
em seguida reverter tudo em aumento salarial incorporando 100% da as dificuldades de mensuração de resultados no setor público com a
parcela variável aos salários (transformados em “subsídio”). introdução de formas de contratualização de resultados, pilar das reformas
em curso. Ainda assim, muitos autores consideram ambas como avanços
“DOENÇAS” DA MENSURAÇÃO DE RESULTADOS NO SETOR irreversíveis, que continuarão na agenda da modernização do Estado nos
PÚBLICO próximos anos (Lapsley, 2008).
Além das polêmicas frequentes em torno da mensuração de resulta-
dos, a literuatura aponta problemas inerentes às formas de mensuração Como buscamos apontar, as dificuldades relativas à mensuração de
de resultados no setor público. Assim, “a plethora of unintended, negative desempenho no setor público são substantivas, tanto no Brasil como nas
consequences are documented. Teachers are teaching the test; ambu- experiências internacionais em curso.
lances are waiting outside of the hospital to improve response times;
waiting lists are reduced by creating waiting lists for waiting lists; follow up Não se trata de atitudes intencionais voltadas à manipulação de da-
visits are cancelled; delayed trains are wrongly registered as broken and dos ou falseamento dos resultados; são antes dificuldades ligadas à
‘creative accounting’ is abound ...” (Van Dooren, 2008). natureza das atividades desempenhadas pelo Estado e ao fato de estar-
mos diante de um grande empreendimento reformador, do qual a mensu-
Bouckaert e Balk (1991) sistematizaram um conjunto de problemas re- ração de resultados é apenas um dos instrumentos – isolá-la do conjunto
lativos à medida de desempenho em organizações públicas, apresentan- das reformas em curso é uma distorção que pode comprometer seus
do-os como “doenças” e suas prováveis “curas”. Os autores organizam as resultados.
doenças com relação a três diferentes aspectos: 1) alegações para não
medir o desempenho; 2) problemas com a percepção das medidas; 3) Os comportamentos adversos não derivam, como vimos, de intenções
problemas relacionados às próprias medidas. Ao todo, os autores apon- individuais; são explicados pela assimetria de informações ou por outros
tam doze tipos de “doenças” relacionadas à mensuração de desempenho construtos da teoria dos jogos, podendo estar presentes em diferentes
no setor público. contextos institucionais ou tradições políticoadministrativas – não são
portanto derivados de práticas clientelistas ou desvios de conduta.
As justificativas para não medir abrangem a “doença do Dr. Pan-
gloss”, ou a insistência em não medir algo por acreditar que aquilo não Na prática, no Brasil, nenhuma denúncia de grande vulto foi associa-
existe; “doença da impossibilidade”, que alega ser impossível medir; da à mensuração de desempenho ou aos novos formatos organizacionais
“hipocondria”, que considera que no setor público não se deve vangloriar que a vêm adotando (organizações sociais). Apesar das dificuldades, o
de algo que tenha resultados positivos. sentido das experiências em curso é o de aprofundar as reformas na
direção da gestão voltada para resultados. Isto implica enfrentar as dificul-
As doenças relativas à percepção dos números e volumes abrangem dades de mensuração de desempenho, ultrapassando as justificativas
“doença do côncavo / convexo”, que leva à percepção aumentada ou simplistas para não medi-lo ou as críticas superficiais que vêem nestas
diminuída do que está sendo medido; “hipertrofia / atrofia”, na qual o ato iniciativas a “privatização do Estado”, simplesmente porque emprestam
de medir estimula a produção desnecessária de mais output ou sua redu- técnicas antes aplicadas pelas empresas privadas. Adaptações são reque-
ção indesejada; e a “doença de Mandelbrot”, que ignora o fato de que o ridas, assim como esforços continuados de aperfeiçoamento das medidas
resultado da medida depende de como se mede. e dos medidores, já que há evidências suficientes que comprovam a
contribuição da mensuração de desempenho para a efetiva melhoria de
Quanto às medidas propriamente, os autores elencam as seguintes resultados alcançados pelas organizações públicas – principalmente
“doenças”: “poluição”, ou o fato de misturar diferentes elementos daquilo aquelas que prestam serviços, onde é mais fácil mensurar atividades e
que estásendo medido; “inflação”, ou o uso desnecessário de grande produtos do que nas secretarias formuladoras de políticas públicas.
número de medidas; “doença dos iluminados ou top-down”, pela qual os
dirigentes decidem sozinhos o que e como medir e impõem o conjunto à As contribuições da mensuração de resultados para a transparência
organização sem suficiente comunicação, levando à desmotivação dos são notáveis. Por mais problemas que tenham os indicadores, é melhor
funcionários; “doença do curto-prazo”; “miragem”, quando se mede algo contar com eles do que não te-los. A emenda à lei orgânica do Município
diferente do que se considera estar medindo; e a “doença de desvio de de São Paulo, proposta por iniciativa de um conjunto de entidades da
comportamento” (shifting disease), causada por medidas que não contem- sociedade civil, obriga os prefeitos eleitos a partir de 2008 a traduzirem
plam a finalidade da organização e acabam provocando comportamento suas promessas de campanha em um plano com metas e indicadores de
adverso. desempenho. O conjunto de 223 metas apresentadas à cidade no último
dia de março constitui uma base para o acompanhamento das ações de
Parte desses problemas é também ressaltada por outros autores. governo pela sociedade. É possível que haja várias das doenças mencio-
Goldsmith e Eggers (2006) referem-se a competição entre diferentes nadas – inflação, poluição, top-down; não há metas de impacto; algumas
provedores pelos casos mais fáceis, visando melhorar seu desempenho são excessivamente genéricas, outras pontuais demais – ainda assim,
medido. Ou ainda a prejuizos à qualidade do serviço quando as medidas melhor te-las e debate-las em audiências públicas em todas as regiões da
enfatizam economias, o que pode levar a cortes de custo que prejudicam cidade do que não te-las.
a qualidade.
O mesmo pode ser dito dos avanços recentes da Previdência Social.
Os autores também fazem referência à polêmica sobre o que medir – Ter indicadores e metas sobre o tempo de concessão de benefícios é
insumos, produtos ou impactos. E apontam problemas decorrentes da requisito indispensável para chegar a conceder aposentadorias em trinta
ausência de dados confiáveis sobre a situação inicial a ser medida – minutos. Pode haver cream skimming ou perda de qualidade, caso não
quando sub-avaliados, podem levar a metas frouxas, muito fáceis de haja outros indicadores associados ao tempo de concessão do benefício.
atingir, que podem provocar críticas da imprensa, por exemplo.
Mas uma cesta de indicadores combinados pode contribuir para evitar
Outros autores referem-se ao cream skimming, a atitude de prestar os a shifting disease.
serviços mais fáceis ou atender os usuários mais fáceis, de modo a obter
tempos de atendimento menores ou maior número de casos atendidos. Outras experiências em curso merecem atenção por serem abrangen-
tes e constituirem elemento central de uma política pública voltada para a
Jann e Reichard (2001) também relataram problemas referentes a gestão – os casos das prefeituras de Curitiba e Porto Alegre e o governo
metas pouco ambiciosas e falhas no seu monitoramento, dentre outros de Minas Gerais. São laboratórios a serem acompanhados, de onde
problemas frequentes. sairão várias lições sobre possibilidades de melhorar o desempenho do
setor público, trabalhando e retrabalhando medidas de desempenho, tanto

Conhecimentos Específicos 31
APOSTILAS OPÇÃO
de outputs como de outcomes,como um dos elementos de um conjunto de variáveis ambientais, enquanto o nível operacional precisa operar com
ações de modernização do Estado. base na certeza e na programação de suas atividades. A absorção da
incerteza provocada pelas pressões e influências ambientais precisa ser
Resumo feita no nível intermediário. Em outros termos, o planejamento estratégico
A mensuração de resultados constitui um dos pilares das reformas em precisa ser desdobrado em planejamentos táticos, em nível intermediário,
curso em diversos países nas últimas duas ou três décadas, sendo a base para que as decisões estratégicas ali contidas sejam moldadas e traduzi-
para outras inovações como agencificação, contratualização de resulta- das em planos capazes de serem entendidos e, por sua vez, desdobrados
dos, remuneração variável por desempenho, parcerias, Estado-rede e e detalhados em planos operacionais, para serem executados pelo nível
outras. As polêmicas em torno da aplicação desta ferramenta de gestão operacional da empresa.
no setor público são intensas – tanto entre adeptos como entre críticos e
defensores. Conceituação de planejamento tático
O planejamento é a função administrativa que determina antecipada-
Este texto busca sistematizar os termos do debate sobre mensuração mente o que se deve fazer e quais objetivos devem ser alcançados. Além
de desempenho no setor público, a partir da literatura internacional e das disso, visa dar condições racionais para que se organize e dirija a empre-
visões presentes no debate brasileiro. O objetivo é contribuir para o avan- sa ou seus departamentos ou divisões a partir de certas hipóteses a
ço do debate. Regina Silvia Pacheco respeito da realidade atual e futura. O planejamento parte do seguinte
reconhecimento: “desde que as ações presentes reflitam necessariamente
INDICADORES DE PRODUTIVIDADE antecipações implícitas e presunções sobre o futuro, estas antecipações e
presunções devem ser feitas de forma explícita e não subjetivamente sob
Os Indicadores de Produtividade são ligados à eficiência, estão dentro qualquer tipo de análise comumente efetuada para tornar menos nebulo-
dos processos e tratam da utilização dos recursos para a geração de sos certos assuntos imediatos e consequentemente menos importantes”.
produtos e serviços. Medir o que se passa no interior dos processos e Se o futuro vai chegar — e ele sempre chega a qualquer momento — por
atividades permite identificar problemas e, consequentemente, preveni-los que deixá-lo aparecer sem se preparar devidamente para enfrentá-lo a
para que não tragam prejuízos aos clientes ponto de se improvisarem soluções repentinas que nem sempre serão as
melhores? Daí a mentalidade simplista de solução de problemas conforme
Os Indicadores de Produtividade são muito importantes, uma vez que surjam a cada momento, nas empresas, tornando-as mais reativas às
permitem uma avaliação precisa do esforço empregado para gerar os ocorrências do que proativas em relação aos eventos ocorridos em um
produtos e serviços. Além disso, devem andar lado a lado com os de mundo repleto de mudanças. No fundo, o planejamento é uma técnica
Qualidade, formando, assim, o equilíbrio necessário ao desempenho para absorver a incerteza e permitir mais consistência no desempenho
global da organização. das empresas.2
O planejamento tático se refere ao nível intermediário da organização,
Por exemplo: com uma classe de apenas cinco alunos um professor ou seja, ao nível dos departamentos ou unidades de negócio da empresa.
teria condições de conseguir oferecer serviços de altíssima Qualidade – Como tal, ele é elaborado pelos gerentes ou executivos no tocante ao
seus alunos receberiam muito mais atenção. A produtividade , entretanto, programa de atividades de seu órgão, ten-do por base o planejamento
estaria comprometida: a proporção de um professor para cinco alunos estratégico da empresa e o objetivo de contribuir para que este tenha
obrigaria a escola a contratar mais profissionais e aumentar seus custos sucesso.
salariais. Por outro lado, um professor para cem alunos teria poucas
condições para fazer um bom trabalho. Embora a produtividade Características do planejamento tático
aumentasse violentamente, a Qualidade do ensino provavelmente cairia. O planejamento tático apresenta as seguintes características:
Observe, portanto, que deve ser dada igual importância aos
Indicadores da Qualidade e da Produtividade, de modo que ao melhorar 1. O planejamento é um processo permanente e contínuo, pois é rea-
um deles o outro também melhore. Deve se ter em mente que a crença de lizado continuamente dentro da empresa e não se esgota na simples
que a melhoria na qualidade reflete na produtividade negativamente, como montagem de um plano de ação.
acontece com os pratos de uma balança, é infundada. A verdadeira 2. O planejamento é sempre voltado para o futuro e está intimamente
melhoria da Qualidade vai melhorar também a Produtividade. ligado com a previsão, embora não se confunda com ela. O conceito de
planejamento inclui o aspecto de temporaLidade e de futuro: o planeja-
mento é uma relação entre coisas a fazer e o tempo disponível para fazê-
las. Como o passado já se foi e o presente vai andando, é com futuro que
o planejamento se preocupa.
3. O planejamento se preocupa com a racionalidade de tomada de
1. 2 Planejamento: objetivos e formu- decisão, pois, ao estabelecer esquemas para o futuro, funciona como
lação estratégica. meio de orientar o processo decisório, dando-lhe maior racionalidade e
1.3 Organização: modelos, poder e subtraindo a incerteza subjacente a qualquer tomada de decisão.
estruturas organizacionais. 1.6 Ges- 4. O planejamento seleciona entre as várias alternativas disponíveis
tão de tempo, recursos e informações. um determinado curso de ação em função de suas consequências futuras
e das possibilidades de sua realização.
5. O planejamento é sistêmico, pois considera a empresa ou o órgão
PLANEJAMENTO TÁTICO (seja departamento, divisão etc.) como uma totalidade, tanto o sistema
quanto os subsistemas que o compõem, bem como as relações internas e
O planejamento constitui a primeira função dentro do processo admi- externas.
nistrativo. Antes que qualquer função administrativa seja executada, a
administração precisa determinar os objetivos e os meios necessários 6. O planejamento é iterativo. Como o planejamento se projeta para o
para alcançá-los. A ação empresarial parte de um planejamento estratégi- futuro, ele deve ser flexível para aceitar ajustamentos e correções. O
co que abrange a em-presa como uma totalidade, afetando-a no longo planejamento deve ser iterativo, pois pressupõe avanços e recuos, altera-
prazo pelas suas consequências. Esse planejamento é decidido no nível ções e modificações em função de eventos novos ou diferentes que
hierárquico mais elevado da organização: o nível institucional. Para que o ocorram seja na empresa, seja no ambiente.
planeja-mento estratégico possa ser levado adiante, ele precisa ser im- 7. O planejamento é uma técnica de alocação de recursos de forma
plementado nos níveis hierárquicos mais baixos da empresa, nos quais as antecipadamente estudada e decidida. O planejamento deve refletir a
tarefas são executa-das. Contudo, entre o nível institucional e o nível otimização na alocação e no dimensionamento dos recursos com os quais
operacional existe uma enorme diferença de linguagem e de postura. O a empresa ou o órgão dela poderá contar no futuro para as suas opera-
nível estratégico opera com in-certeza em face da exposição às forças e ções.

Conhecimentos Específicos 32
APOSTILAS OPÇÃO
8. O planejamento é uma técnica cíclica. À medida que o planejamen- racionalidade adotada — a mais adequada para o alcance de determina-
to é executado, permite condições de avaliação e mensuração para dos fins ou objetivos.
no-vos planejamentos, com informações e perspectivas mais seguras e Alguns autores enfatizam mais a decisão do que a ação:6 como cada
corretas. ação é consequência de uma decisão anterior, o mais importante é tomar
9. O planejamento é uma função administrativa que interage dinami- boas decisões. No fundo, a ação corresponde à execução de uma deci-
camente com as demais. O planejamento está relacionado com as demais são. Assim, a empresa pode ser descrita como um sistema de decisões: a
funções administrativas, como a organização, a direção e o controle, todo momento todo mundo está tomando decisões a respeito de suas
influenciando e sendo influenciado por todas elas a todo momento e em ações. Presidentes, diretores, gerentes, supervisores, funcionários estão
todos os níveis da empresa. sempre às voltas com decisões sobre o caminho a tomar.
10. O planejamento é uma técnica de coordenação. O planejamento
permite a coordenação de várias atividades no sentido da realização dos Elementos do processo decisório
objetivos desejados de modo eficaz. Como a eficácia é a obtenção dos Toda decisão envolve no mínimo seis elementos:
objetivos deseja-dos, torna-se necessário que as atividades dos diferentes 1. Tomador da decisão: é o indivíduo ou grupo de indivíduos que faz
órgãos ou níveis da empresa sejam integradas e sincronizadas para a uma escolha entre vários cursos de ação disponíveis.
consecução dos objetivos finais. O planejamento permite essa integração
2. Objetivos: são os objetivos que o tomador de decisão pretende al-
e sincronização.
cançar por meio de suas ações.
11. O planejamento é uma técnica de mudança e de inovação. O pla-
3. Sistema de valores: são os critérios de preferência que o tomador
nejamento é uma das melhores maneiras de se introduzir deliberada-
de decisão usa para fazer sua escolha.
mente mudança e inovação dentro da empresa, sob uma forma previa-
mente definida e programada. 4. Cursos de ação: são as diferentes sequências de ação que o toma-
dor de decisão pode escolher.
O planejamento tático é o conjunto de tomada deliberada e sistemáti-
ca de decisão sobre empreendimentos mais limitados, prazos mais curtos, 5. Estados da natureza: são aspectos do ambiente em torno do toma-
áreas menos amplas e níveis mais baixos da hierarquia da organização. O dor de decisão e que afetam sua escolha de cursos de ação. São fatores
planejamento tático está contido no planejamento estratégico e não repre- ambientais fora do controle do tomador de decisões, como as condições
senta um conceito absoluto, mas relativo: o planejamento tático de um de certeza, risco ou incerteza, que veremos adiante.
departamento da empresa em relação ao planejamento estratégico geral 6. Consequências: representam os efeitos resultantes de um determi-
da organização pode ser considerado estratégico em relação a cada uma nado curso de ação e de um determinado estado da natureza.
das seções que compõem aquele departamento. A distinção entre plane-
jamento estratégico e tático deve ser sempre feita em termos relativos; em Níveis de decisão
ter-mos absolutos, ambos ocupam os dois extremos de um espectro Como todas as pessoas estão tomando decisões o tempo todo, é im-
contínuo de possibilidades. portante notar que existem três diferentes áreas de decisão na empresa:
As diferenças mais importantes no planejamento tático são: 1. Decisões estratégicas: relacionadas com as relações entre a em-
1. Nível de decisões: o planejamento tático é decidido e desenvolvido presa e o ambiente. São amplas, genéricas e guiam e dirigem o compor-
nos escalões médios da empresa, isto é, no nível intermediário. ta-mento da empresa como um todo. São decisões tomadas no nível
2. Dimensão temporal: o planejamento tático é dimensionado a médio institucional e se referem a aspectos estratégicos da empresa, como, por
prazo. exemplo, produtos, serviços, mercados, competição.
3. Amplitude de efeitos: as decisões envolvidas no planejamento táti- 2. Decisões administrativas: relacionadas com aspectos internos da
co abrangem partes da empresa, isto é, sua amplitude é departamental. empresa que envolvem departamentos ou unidades organizacionais,
alocação e distribuição de recursos. São toma-das no nível intermediário.
• Planos
3. Decisões operacionais: relacionadas com as tarefas, cargos e as-
O planejamento produz um resultado imediato: o pl-no. Todos os pla- pectos cotidianos das operações da empresa. São tomadas no nível
nos têm um propósito comum: a previsão, a programação e a coordena- operacional encarregado de realizar as tarefas do dia-a-dia.
ção de uma sequência lógica de eventos, os quais deverão conduzir ao
cumprimento do objetivo que os comanda. Um pla-no é um curso prede- E necessário analisar cada nível de decisões, sem perder de vista o
terminado de ação sobre um período especificado de tempo e que repre- seu inter-relacionamento e sua interdependência.
senta uma resposta projetada a um ambiente antecipado, no sentido de Etapas do processo decisório
alcançar um conjunto específico de objetivos adaptativos. Como um plano
As decisões são tomadas em resposta a algum problema a ser resol-
descreve um curso de ação, ele precisa proporcionar respostas às ques-
vido, a alguma necessidade a ser satisfeita ou a algum objetivo a ser
tões: o que, quando, como, onde e por quem.
alcançado. A decisão envolve um processo, isto é, uma sequência de
Como vimos, o planejamento consiste na toma-da antecipada de de- passos ou etapas que se sucedem. Daí o nome pro-cesso decisório para
cisão sobre o que fazer antes de a ação ser necessária. Sob o aspecto se descrever essa sequência de fases. Na realidade, o processo decisório
formal, planejar consiste em simular o futuro desejado e estabelecer pode ser descrito em quatro fases essenciais:
previamente os cursos de ação necessários e os meios adequados para
1. Definição e diagnóstico do problema. Esta fase envolve a obtenção
atingi-los. Para melhor se compreender o planejamento, torna-se necessá-
dos dados e dos fatos a respeito do problema, suas relações com o con-
rio estudar o processo decisório.
texto mais amplo, suas causas, definições e seu diagnóstico.
2. Procura de soluções alternativas mais promissoras. Esta fase en-
Processo decisório volve a busca de cursos alternativos de ação possíveis e que se mostrem
Para planejar há de se tomar decisões sobre o futuro. A tomada de mais promissores para a solução do problema, a satisfação da necessida-
decisão constitui o núcleo da responsabilidade administrativa. Sob um de ou o alcance do objetivo.
ponto de vista mais restrito, administrar significa tomar decisões, escolher 3. Análise e comparação dessas alternativas de solução. E a fase na
opções, definir entre várias alternativas o melhor curso de ação. A cada qual as várias alternativas de cursos de ação são analisadas, ponderadas
instante o administrador se defronta com situações alternativas que exi- e comparadas, no sentido de verificar os custos (de tempo, de esforços,
gem tomar alguma decisão. O administrador deve constantemente decidir de recursos etc.) e os benefícios que possam trazer, além de consequên-
o que fazer, quem deve fazer, quando, onde e, muitas vezes, como fazer. cias futuras e prováveis quanto à sua adoção.
Seja ao estabelecer objetivos, alocar recursos ou resolver problemas que
4. Seleção e escolha da melhor alternativa como um plano de ação. A
surgem pelo caminho, o administrador deve ponderar o efeito da decisão
escolha de uma alternativa de curso de ação implica o abandono dos
de hoje sobre as oportunidades de amanhã. Decidir é optar ou selecionar
demais cursos alternativos. Há sempre um processo de seleção e de
entre várias alternativas de cursos de ação a que pareça — dentro da
escolhas entre várias alternativas apresentadas. A racionalidade está
implícita nesta atividade de escolha.
Conhecimentos Específicos 33
APOSTILAS OPÇÃO
Racionalidade do processo decisório Condições de decisão
O tomador de decisão deve escolher uma alternativa entre várias. Se As decisões podem ser tomadas dentro de três condições:
ele escolhe os meios apropriados para alcançar um determinado objetivo, 1. Incerteza: nas situações de decisão sob incerteza, o tomador de
a decisão é considerada racional. As empresas procuram proporcionar às decisão tem pouco ou nenhum conhecimento ou informação para utilizar
pessoas que nelas tomam decisões todas as informações necessárias e co-mo base na atribuição de probabilidade a cada estado da natureza ou a
no tempo hábil, para serem bem-sucedidas nas escolhas. Mais do que cada evento futuro. Em casos extremos de incerteza não é possível esti-
isso, as empresas procuram gerar um ambiente psicológico capaz de mar o grau de probabilidade com que o evento venha a ocorrer. É a situa-
condicionar as decisões dos indivíduos aos objetivos organizacionais. ção típica com a qual se defronta o nível institucional das empresas,
Logo, existe uma racionalidade no comportamento administrativo, pois o exigindo um planejamento contingencial que permita alternativas variadas
comportamento dos indivíduos nas empresas é planejado e orientado no e flexíveis.
sentido de metas e objetivos. E tal intencionalidade que propicia a integra- 2. Risco: nas situações de decisão sob risco, o tomador de decisão
ção dos sistemas de comportamentos, cuja ausência tornaria a adminis- tem informação suficiente para predizer os diferentes estados da natureza.
tração sem sentido algum. Não existem decisões perfeitas, pois o tomador No entanto, a qualidade dessa informação e a sua interpretação pelos
de decisão precisaria — para proceder de forma racional — escolher entre diversos administradores são capazes de variar amplamente e cada
diferentes alternativas que se diferenciam entre si pelas suas consequên- administrador pode atribuir diferentes probabilidades conforme sua crença
cias futuras, comparar caminhos distintos, por meio da avaliação prévia ou intuição, experiência anterior, opinião, entre outros.
das consequências decorrentes de cada uma delas, e confrontar tais 3. Certeza: nas situações sob certeza, o administrador tem completo
consequências com os objetivos pretendidos. A eficiência na decisão é a conhecimento das co-sequências ou dos resultados das várias alternativas
obtenção de resultados máximos com os meios e recursos limitados. Há de cursos de ação para resolver o problema. E a decisão mais fácil de se
sempre uma relatividade nas decisões, uma vez que toda decisão é, até tomar, pois cada alternativa pode ser associada com os resultados que
certo ponto, resultado de uma acomodação: a alternativa escolhida dificil- pode produzir. Mesmo que o administrador não tenha condições de inves-
mente permite a realização completa ou perfeita dos objetivos visados, tigar todas as alternativas disponíveis, ele pode escolher a melhor das
representando apenas a melhor solução encontrada naquelas circunstân- alternativas consideradas. Esta é uma situação excepcional e não a regra.
cias. Por esses motivos, o processo decisório repousa em uma racionali- O planejamento consiste na tomada antecipada de decisão sobre o
dade limitada, na qual o tomador de decisão não tem condições de anali- que fazer antes de a ação se tornar necessária e, por isso, constitui um
sar todas as alternativas possíveis e receber todas as informações neces- sistema aberto e dinâmico de decisões. No fundo, as empresas constitu-
sárias, O administrador toma decisões sem poder procurar e analisar em sistemas programados de decisão em níveis intermediários.
todas as alternativas possíveis, pois, se assim o fosse, o tempo despendi-
do nesse processo retardaria enormemente a definição dos cursos de Para que servem as decisões?
ação a serem seguidos na atividade empresarial. Por outro lado, o com- • Para definir comportamentos futuros.
portamento administrativo é basicamente satisfaciente (satisficer) e não • Para alocar recursos organizacionais.
otimizante, visto que o tomador de decisão procura sempre alternativas • Para resolver problemas.
satisfatórias e não as alternativas ótimas, dentro das possibilidades da • Para criar inovação.
situação envolvida. Todo processo decisório, humano, seja de um indiví-
• Para conduzir uma empresa em um ambiente mutável.
duo, seja da organização, ocupa-se da descoberta e da seleção de alter-
nativas satisfatórias; somente em casos excepcionais preocupa-se com a • Para estabelecer prioridades.
descoberta e a seleção de alternativas ótimas. O comportamento de busca Tipos de planos táticos
será detido quando a empresa encontrar um padrão considerado aceitável Os planos táticos geralmente se referem a:
ou razoavelmente bom, isto é, satisfaciente. Quando a realização da 1. Planos de produção: envolvem métodos e tecnologias necessárias
empresa cair abaixo desse nível, nova busca de soluções será tentada. para as pessoas em seu trabalho, arranjo físico do trabalho e equipamen-
Desse modo, o processo decisório na empresa se caracteriza pelos se- tos como suportes para as atividades e tarefas.
guintes aspectos:
2. Planos financeiros: abrangem captação e aplicação do dinheiro ne-
1. O tomador de decisão evita a incerteza e segue as regras padroni- cessário para suportar as várias operações da organização.
zadas para tomar as decisões.
3. Planos de marketing: referem-se aos requisitos de vender e distri-
2. O tomador de decisão procura manter as regras estabelecidas pela buir bens e serviços no mercado e atender ao cliente.
empresa e somente as redefine quando sofre pressões.
4. Planos de recursos humanos: dizem respeito a recrutamento, sele-
3. Quando o ambiente muda e novas estatísticas afloram ao processo ção e treinamento das pessoas nas várias atividades da organização.
decisório, a empresa se mostra lenta no ajustamento e tenta utilizar o seu
modelo decisório atual a respeito do mundo para lidar com as condições
modificadas. Implementação dos planos táticos
Os planos táticos representam uma tentativa da em-presa de integrar
o processo decisório e alinhá-lo à estratégia adotada para orientar o nível
Decisões programáveis e não-programáveis
operacional em suas tarefas e atividades, a fim de atingir os objetivos
Quanto à sua forma, podemos distinguir dois tipos de decisão: deci- empresariais propostos. Para alcançar essa integração de esforços e
sões programáveis e decisões não-programáveis. plena identificação com a estratégia empresarial, os planos táticos preci-
1. Decisões programáveis: são as tomadas de acordo com regras e sam ser complementados por políticas.
procedimentos já establecidos para enfrentar assuntos rotineiros perfeita-
mente conhecidos.
Políticas
2. Decisões não-programáveis: são as tomadas diante de situações
Uma política é um guia genérico para a ação. Ela de-limita a ação,
novas e não bem conhecidas. Constituem novidades e tendem a ser
mas não especifica o tempo. E uma definição de propósitos comuns de
tomadas após julgamentos improvisados e que exigem esforços para
uma empresa e estabelece linhas de orientação e limites para a ação dos
definir e diagnosticar o problema ou situação pela obtenção dos fatos e
indivíduos responsáveis pela implementação dos planos. As políticas
dos dados, procura de soluções alternativas, análise e comparação des-
constituem planos que lidam com problemas recorrentes e para os quais
sas alternativas e seleção e escolha da melhor alternativa como um plano
não existe solução rotineira e levam a organização a re-conhecer objetivos
de ação.
específicos e a trabalhar em conjunto para seu alcance de uma maneira
Na maioria das vezes, as decisões não-programadas são tomadas no amplamente definida. Uma política simplesmente estabelece linhas mes-
nível institucional quando estratégicas ou no intermediário das empresas tras ou fronteiras dentro das quais as decisões subsequentes deverão ser
quando táticas. Já as decisões programadas são tomadas no nível opera- tomadas. Ela toma a forma de afirmações genéricas. Seu propósito não é
cional a partir de políticas e procedimentos previamente traçados e sujei- o de obter absoluta uniformidade de ação, mas o de guiar as pessoas que
tas a possíveis confirmações ou aprovações.
Conhecimentos Específicos 34
APOSTILAS OPÇÃO
devem desenvolver outros tipos de planos, para elas poderem conhecer planejamento operacional focaliza a otimização e a maximização de
quando fazer exceções às práticas usuais e quando não fazer. Geralmen- resultados, ao passo que o planejamento tático está voltado para resulta-
te, uma política apresenta maior flexibilidade do que os outros tipos de dos apenas satisfacientes. Por meio do planejamento operacional, os
planos. A medida que se caminha das políticas aos procedimentos e às administradores visualizam e determinam ações futuras dentro do nível
regras, os limites tornam-se gradativamente mais estreitos e menos sujei- operacional que melhor conduzam ao alcance dos objetivos da empresa.
tos à interpretação pessoal. Como o grau de liberdade na execução das tarefas e operações no nível
As políticas podem ser escritas ou apenas implícitas e vagas, mas operacional é muito estreito e pequeno, o planejamento operacional se
sempre constituem guias para a tomada de decisão dentro da empresa. caracteriza pelo detalhamento com o qual estabelece as tarefas e opera-
São princípios ou grupos de princípios que estabelecem regras para a ções, pelo caráter imediatista que focaliza apenas o curto prazo e pela
ação e contribuem para o alcance bem-sucedido dos objetivos. As políti- abrangência focal que aborda apenas uma tarefa ou operação.
cas constituem balizamentos ao comportamento dos participantes da O planejamento operacional pode ser visualizado como um sistema:
empresa. Portanto, as políticas fazem parte — de um modo mais específi- começa com os objetivos estabelecidos pelo planejamento tático, desen-
co — da estratégia geral da empresa. Um aspecto interessante das políti- volve planos e procedimentos detalhados e proporciona informação de
cas é o de elas mais guiarem e orientarem do que controlarem a tomada retroação no sentido de propiciar meios e condições para otimizar e ma-
de decisão, pois conduzem o tomador de decisão aos cursos de ação ximizar os resultados. O planejamento operacional é composto de uma
preferidos ou consequências desejadas pela empresa e presumem, impli- infinidade de planos operacionais que proliferam nas diversas áreas e
citamente, a ocorrência de certos desvios se as condições o permitirem. funções da empresa: produção ou operações, finanças, mercadologia,
Devido a isso, as políticas assumem um ar de generalidade e de abran- recursos humanos, entre outras.
gência. Quando as políticas se tornam mais específicas e restritivas, elas No fundo, os planos operacionais cuidam da administração pela rotina
limitam as alternativas do tomador de decisão. Se os guias para a tomada para assegurar que todos executem as tarefas e operações de acordo
de decisão se tornam muito formais, específicos e restritivos, eles deixam com os procedimentos estabelecidos pela empresa, a fim de esta alcançar
de ser políticas para se transformarem em procedimentos ou em regras e os seus objetivos. Os planos operacionais estão voltados principalmente
regulamentos. para a eficiência (ênfase nos meios), uma vez que a eficácia (ênfase nos
fins) é problema remetido para os níveis institucional e intermediário da
Tipos de políticas empresa.
Quanto ao nível em que funcionam, as políticas podem ser:
1. Políticas globais da empresa: são desenvolvidas no nível institucio- Tipos de planos operacionais
nal e estão relacionadas com aspectos globais da empresa. Todas as Embora os planos operacionais sejam heterogêneos e diversificados,
demais políticas deverão conformar-se com ela. As políticas com relação a eles podem ser classificados em quatro tipos:
acionistas, clientes, fornecedores, concorrentes, funcionários, governo e 1. Planos relacionados com métodos, denominados procedimentos.
ecologia estão entre elas.
2. Planos relacionados com dinheiro, denominados orçamentos.
2. Políticas administrativas: são desenvolvidas no nível intermediário e
estão relacionadas predominantemente com aspectos internos da empre- 3. Planos relacionados com tempo, denominados programas ou pro-
sa. As políticas de pessoal, produção, mercadológica, financeira e de gramações.
abastecimento são exemplos típicos. 4. Planos relacionados com comportamentos, denominados regula-
3. Políticas operacionais: são desenvolvidas para serem seguidas pe- mentos.
lo nível operacional da empresa e estão relacionadas com aspectos O importante é notar que cada plano pode consistir em muitos sub-
específicos da atividade empresarial. As políticas de redução de custos, planos com diferentes graus de detalhamento. Vejamos mais de perto
de compras, de salários, de admissão de funcionários, controle de quali- cada um desses tipos de planos operacionais.
dade, manutenção e segurança no trabalho são exemplos. Em alguns Para que servem os planos?
casos, as políticas operacionais podem ser elevadas a políticas adminis- • Para melhorar o desempenho das pessoas.
trativas ou até globais, quando se tornam importantes e relevantes para os • Para melhor utilizar máquinas e equipamentos.
negócios da empresa. É o caso do controle de qualidade em empresas
• Para evitar possíveis paralisações ou esperas desnecessárias.
que comercializam seus produtos, vinculando-os à qualidade garantida ou
de segurança para empresas geradoras de pro-dutos perigosos. • Para melhor alcançar metas e objetivos.
• Para aumentar a eficiência e eficácia.
PLANEJAMENTO OPERACIONAL
Enquanto o nível institucional opera com a incerteza trazida do ambi- Procedimentos
ente que circunda a empresa, o nível intermediário procura amortecê-la, Formam a sequência de passos ou de etapas que devem ser rigoro-
neutralizá-la e contemporizá-la para encaminhar ao nível operacional os samente seguidos para a execução dos planos. São séries de passos
esquemas de tarefas e operações racionalizados e submetidos a um detalhados que indicam como cumprir uma tarefa ou alcançar um objetivo
processo reducionista típico de abordagem de sistema fechado. Então, o preestabelecido. Assim, os procedimentos são subplanos de planos
nível operacional quase sempre trabalha dentro da lógica de sistema maiores. Devido à sua natureza detalhada, costumam ser escritos e
fechado para que alcance regularidade e certeza no seu cotidiano e colocados à disposição dos que devem usá-los.
funcione com a máxima eficiência possível. Apesar de todas as pressões Os procedimentos constituem guias para a ação e são mais específi-
e contingências do ambiente externo, o nível operacional precisa funcionar cos que as políticas. Em conjunto com outras formas de planejamento,
como um mecanismo de relojoaria: tecnologia e máquinas em operação, procuram evitar a confusão por meio da direção, da coordenação e da
ritmo e cadência para alcançar produtividade, cuidados para evitar possí- articulação das operações de uma empresa. Ajudam a dirigir todas as
veis paralisações ou esperas e uma constante regularidade. Para tanto, o atividades da empresa para objetivos comuns, a impor consistência ao
nível operacional precisa de um tipo de planejamento o mais próximo longo da organização e através do tempo e buscam economias ao capaci-
possível de um sistema fechado às intempéries ambientais, a menos que tarem a administração a evitar to-dos os custos de verificações recorren-
estas sejam de tal porte e intensidade a ponto de provocar um profundo tes e a delegar autoridade a subordinados para tomar decisões dentro de
choque no funcionamento da empresa. limites impostos pela administração. Enquanto as políticas são guias para
pensar e decidir, um procedimento é um guia para fazer. O termo proce-
Conceituação de planejamento operacional dimento refere-se aos métodos para executar as atividades. Um método
descreve o processo de executar um passo ou uma etapa do procedimen-
O planejamento operacional se preocupa basicamente com “o que fa-
to e pode ser considerado um plano de ação, mas normalmente é um
zer” e com o “como fazer” no nível em que as tarefas são executadas.
subplano de um procedimento.
Refere-se especificamente às tarefas e operações realizadas no dia-a-dia
no nível operacional. Como está inserido na lógica de sistema fechado, o
Conhecimentos Específicos 35
APOSTILAS OPÇÃO
Procedimento uma mensagem ou documento é movimentado de um lugar para outro.
O procedimento — também denominado procedimento operacional Não agrega valor nenhum ao processo, produto ou serviço, apenas custos
padronizado — é um sistema de passos ou técnicas sequenciais que adicionais.
descreve como uma determinada tarefa ou atividade deve ser feita. Serve 3. Inspeção (ou verificação ou controle): representada por um quadra-
para detalhar várias atividades que devem ser executadas com o objetivo do. É uma verificação ou fiscalização (de quantidade ou de qualidade)
de completar um programa. sem que haja realização de operação. Também não agrega valor, mas
Os procedimentos em geral são transformados em rotinas e expres- agrega custos adicionais. Exemplos: conferência de um documento,
sos na forma de fluxogramas. Fluxogramas são gráficos que representam verificação de uma assinatura.
o fluxo ou a sequência de procedimentos ou de rotinas. Estas nada mais 4. Arquivamento ou armazenamento: representados por um triângulo.
são do que procedimentos devida-mente padronizados e formalizados. Os Pode se referir a algum documento (arquivamento) ou a algum material ou
fluxogramas podem ser de vários tipos. produto (armazenamento).

Fluxograma vertical Orçamentos


O fluxograma vertical retrata a sequência de uma rotina por meio de São os planos operacionais relacionados com dinheiro em um deter-
linhas — que traduzem as diversas tarefas ou atividades necessárias para minado período de tempo. Os orçamentos comumente têm a extensão de
a execução da rotina — e de colunas — que representam, respectivamen- um ano, correspondendo ao exercício fiscal da empresa. Quando os
te, os símbolos das tarefas ou operações, os funcionários envolvidos na valores financeiros e os períodos temporais se tornam maiores, ocorre o
rotina, as tarefas ou operações executadas, o espaço percorrido para a planejamento financeiro, definido e elaborado no nível intermediário da
execução ou operação e o tempo despendido. empresa, com dimensões e efeitos mais amplos do que os orçamentos,
O fluxograma vertical, também denominado gráfico de análise de pro- cuja dimensão é meramente local e cuja temporalidade é limitada.
cesso, é utilizado para descrever simbolicamente um procedimento execu- O fluxo de caixa, os orçamentos departamentais de despesas, de en-
ta do por vários funcionários, cada qual desempenhando uma tarefa cargos sociais referentes aos empregados, de reparos e manutenção de
diferente, ou para descrever uma rotina executada por uma única pessoa. máquinas e equipamentos, de custos diretos de produção, de despesas
de promoção e propaganda, entre outros, são exemplos de orçamentos no
Rotina em sequência vertical nível operacional.
No fluxograma vertical anterior, a rotina representada é constituída de
dez fases, que envolvem três funcionários, demandam um tempo médio Listas de verificação
de 164 minutos e levam a uma movimentação de 207 metros. Os dez As listas de verificação (check-lists) constituem um tipo de procedi-
passas ou fases são constituídos de uma operação, cinco trans-portes, mento de rotina que contém todas as ações necessárias para a execução
duas paradas e duas verificações ou conferências. A linha que liga os de uma determinada tarefa. No fundo, trata-se de uma espécie de lembre-
diversos símbolos das operações traduz a sequência vertical do fluxogra- te para que o executor não se esqueça de nenhum detalhe. Em geral,
ma. referem-se a atividades do nível operacional. Em companhias aéreas os
O fluxograma vertical coloca a ênfase na sequência da rotina ou do co-mandantes seguem listas de verificação para decolar ou aterrissar
processo. A utilidade do fluxo-grama vertical é enorme, principalmente na aviões e os tripulantes seguem listas de verificação no caso de situações
área de planejamento de métodos e procedimentos de trabalho, para se perigosas ou acidentes. A seguir há uma lista de verificação sobre os tipos
montar um procedimento ou rotina, para ajudar no treinamento do pessoal, de informação que devem ser obtidos de candidatos aos cargos em uma
para fixar a sequência das operações, para racionalizar uma tarefa e empresa.
outras atividades.
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
Fluxograma horizontal Marcelo Marques
O fluxograma horizontal utiliza, na maioria das ocasiões, os mesmos 1 Modelo de gestão
símbolos do fluxograma vertical e enfatiza os órgãos ou as pessoas envol- O modelo de gestão envolve as seguintes variáveis:
vidos em um determinado procedimento ou rotina. Em procedi-mentos ou • divisão do trabalho;
rotinas que envolvam muitos órgãos ou pessoas, o fluxograma horizontal • alocação de recursos;
permite visualizar a parte cabível a cada um e comparar a distribuição das
tarefas entre todos os envolvidos para uma possível racionalização ou • coordenação do trabalho;
redistribuição, ou para dar uma ideia da participação existente, a fim de • definição de padrões qualitativos;
facilitar os trabalhos de coordenação e de integração. • natureza dos vínculos formais entre os integrantes.
Os modelos de gestões são influenciados pelas seguintes variáveis:
Fluxograma de blocos • autoridade formal;
O fluxograma de blocos baseia-se em uma sequência de blocos ou • controle sobre recursos escassos;
ícones encadeados entre si, tendo cada qual um significado específico. • uso da estrutura organizacional, regras e regulamentos;
Apresenta duas vantagens: utiliza uma simbologia mais rica e variada e
• controle do processo de tomada de decisão;
não se restringe apenas a linhas e colunas preestabelecidas no gráfico. É
um fluxograma utilizado pelos analistas de sistemas para representar • controle do conhecimento e da informação;
graficamente as entradas, operações e processos, saídas, conexões, • controle dos limites;
decisões, arquivamento etc., que constituem o fluxo ou sequência das • habilidade de lidar com incerteza;
atividades de um sistema qualquer. • além dos acima mencionados, premissas referentes à cultura orga-
• Simbologia do fluxograma de blocos nizacional, como valores e normas, também são importantes.
Os símbolos universais utilizados no fluxograma vertical são os se- A divisão do trabalho necessita de mecanismo de coordenação, pois é
guintes: através dela que os esforços são pulverizados pela organização. Logo, é
1. Operação: representada por um círculo. É uma etapa ou subdivisão necessário unir, ligar e harmonizar todos os esforços, visando atingir
do processo. Uma operação é realizada quando algo é criado, alterado, objetivos organizacionais.
acrescentado ou subtraído. Geralmente agrega valor ao processo, ao 2 Mecanismos de coordenação
produto ou ao serviço. Exemplos: emissão de um documento, anotação de Ajuste mútuo — baseado em processos simples de comunicação in-
um registro, colocação de uma peça. formal, nos quais o controle do trabalho é centrado no nível operacional: a
2. Transporte: representada por um círculo pequeno ou por uma seta. aprendizagem e o conhecimento se desenvolvem em tempo de execução
É a tarefa de levar algo de um lugar para outro. Ocorre quando um objeto, e dependem do grau de adaptação dos especialistas no decurso da ação.
Conhecimentos Específicos 36
APOSTILAS OPÇÃO
Exemplo: uma equipe médica procedendo a uma cirurgia. • centraliza as decisões;
Supervisão direta — mecanismo de coordenação que se dá por in- • apresenta-se em forma piramidal.
termédio de um único gerente ou pessoa que se responsabiliza pelo 5.2 Estrutura funcional
trabalho dos outros, dando instruções e monitorando ações. A liderança Características:
central é uma exigência, para que todos os resultados de um grupo apre- • respeita o Princípio da Unidade de Comando;
endam etapas de trabalho de um mesmo processo. • valoriza a hierarquia;
Exemplo: trabalhadores de uma linha de montagem de automóveis. • perde especialização;
Padronização dos processos de trabalho, das habilidades e das saí- • possui linhas claras e definidas de autoridade;
das — a padronização visa estabelecer as seguintes questões: Como • centraliza as decisões;
fazer? Com que competências? Que serviços ou produtos intermediários • apresenta-se em forma piramidal.
ou finais serão feitos?
5.2 Estrutura funcional
3 Estrutura organizacional - conceituação Características:
Mintzberg (1983) define estrutura como a soma total de meios pelos • respeita o Princípio da Unidade de Comando;
quais o trabalho é dividido em tarefas distintas e como é realizada a • enfatiza a especialização e a hierarquia;
coordenação entre elas. • possui assessores especialistas;
Vasconcelos (1989) entende estrutura como o resultado de um pro- • órgãos A a G = deliberam;
cesso no qual a autoridade é distribuída, as atividades são especificadas • staffs = assessoram.
(desde os níveis mais baixos até a alta administração).
Stoner (1985) define estrutura como a disposição e a inter-relação en- 5.4 Estrutura matricial
tre as partes componentes e cargos de uma empresa. A estrutura matricial permite uma possibilidade a mais de variação a
Bowdicht (1992) define estrutura genericamente como os padrões de ser considerada quando desejamos: especialização das habilidades dos
trabalho e disposições hierárquicas que servem para controlar ou distin- executivos, rápida transferência de tecnologia entre programas, grande
guir as partes que compõem uma organização. flexibilidade de utilização de mão-de-obra especializada e redução de
Tanto Hall (1984) entende que estrutura é a distribuição das pessoas duplicação de esforços, com consequente redução de custos. Este modelo
entre posições sociais que influenciam os relacionamentos de papéis combina dois critérios de departamentalização: a funcional e a por proje-
desempenhados pelas mesmas. Como consequência direta desta distri- tos, serviços ou produtos. Portanto, cada equipe estará subordinada a dois
buição, ocorre a divisão do trabalho e a hierarquia. tipos de chefia, não se respeitando a unidade de comando.

Observamos que, embora não haja uma uniformidade de definições, 6 Departamentalização e seus critérios
todos os autores concordam que a estrutura nasce através do princípio da A finalidade da departamentalização é agrupar, de forma homogênea,
divisão do trabalho e da hierarquia, logo, é um instrumento gerencial atividades afins. Decorre da divisão do trabalho em nível horizontal (busca
valioso, que, como todos os recursos, precisa ser usado de maneira da especialização), pois em nível vertical a busca é pela supervisão,
eficiente. através da autoridade hierárquica.
Critérios de departamentalização
4 Elementos da estrutura organizacional segundo Stoner (1985) • Funcional — funcional, financeiro, engenharia etc.
• A especificação de tarefas, que se refere à especificação de ativida- • Por Quantidade — turnos de trabalho em decorrência da natureza
des individuais ou de grupos em toda a organização (divisão do trabalho) da atividade.
e ao agrupamento destas em unidades de trabalho (departamentalização); • Geográfica — atividades dispersas em função de necessidades lo-
• A padronização das tarefas, ou seja, a definição de procedimentos a gísticas.
serem realizados para garantir a previsibilidade das tarefas; • Por Projeto — grande concentração de recursos e tempo de duração
• A coordenação das atividades, composta pelos procedimentos reali- longo para a fabricação do produto.
zados para integrar as funções das subunidades da organização; • Por Produto — indicada quando uma organização encontra-se em
• A centralização e descentralização de decisões, que se refere à lo- um ambiente instável que exige atenção especial para as mudanças nos
calização do poder decisório; pro-dutos. Exemplo: empresa de software e hardware.
• O tamanho da unidade de trabalho, que se refere ao número de em- • Por Cliente — o foco está nas expectativas dos clientes, logo, esse
pregados que compõem os grupos de trabalho. critério fica mais atento às diferenças.
A estrutura organizacional pode ser entendida através de dimensões: • Por Processo — relaciona-se com o fluxo de trabalho.
1 — A especialização — divisão de trabalho — realização de tarefas 7 Modelo organizacional celular
em posições definidas; Este modelo tem sua teorização muito recente e ainda não existe uma
2 — A padronização e formalização — regras e procedimentos de constância de definições entre os diversos autores. Estabelecerei, portan-
ocorrência constante definidos pela organização, caracterizando-se pelas to, diferentes perspectivas sobre o tema sob a ótica dos estudiosos.
comunicações escritas; Paiva (1999) caracteriza as organizações celulares por:
3 — A centralização — autoridade responsável pelas decisões (ló- • reconhecimento pelo valor gerado;
cus); • autodesenvolvimento;
4 — A configuração, que se refere à forma da estrutura, incluindo a • responsabilidades pelos fins com autonomia sobre os meios;
amplitude de controle vertical e horizontal. • compromisso com o resultado;
• decisões compartilhadas;
5 Modelos de estrutura • participação dos resultados e sentimento de prosperidade e partici-
5.1 Estrutura linear pação acionária; e
Características: • autoridade pelo conhecimento.
• respeita o Princípio da Unidade de Comando; Vasconcellos e Hemsley (1997) definem o modelo celular como uma
• valoriza a hierarquia; forma de organização com alta flexibilidade, em que o delineamento da
• perde especialização; estrutura praticamente inexiste, e a informalidade é muito elevada.
• possui linhas claras e definidas de autoridade;
Conhecimentos Específicos 37
APOSTILAS OPÇÃO
Ribeiro (1993) estabelece algumas características, tais como: 9.5 Adhocracia
• pequeno grupo de trabalho onde as relações interpessoais são in- Caracteriza-se pelo pouco tempo de duração. É constituída por equi-
tensas; pes ad hoc de pessoas qualificadas em áreas diversificadas. O mecanis-
• cada membro do grupo é reconhecido por suas qualidades e defei- mo de coordenação é o ajuste mútuo entre os participantes. O mecanicis-
tos; mo não tem lugar, cedendo para a analogia orgânica, apresentando alta
• o grupo funciona de forma auto-regulada; diferenciação horizontal e pouca importância vertical (hierarquia). É versá-
til e flexível, e a estratégia vai surgindo com as decisões.
• o mesmo indivíduo pode pertencer a mais de um grupo;
• algumas células são estáveis no tempo, outras têm duração muito
efêmera; NOVAS TECNOLOGIAS GERENCIAIS E ORGANIZACIONAIS
• o tecido celular é organizado em forma de rede com muitos cami- Marcelo Marques
nhos possíveis entre uma célula e outra; 1 Gestão estratégica — presença nos governos e nas organizações
• a célula ineficaz não tem condição de sobreviver; em geral
• o crescimento da empresa é orientado pelas condições externas; O termo estratégia tem origem na Grécia e com forte conotação mili-
tar. Hoje reparamos várias semelhanças entre a antiga estratégia e a
• as condições de geração de inovação são aumentadas. encontrada no ambiente das modernas organizações, onde objetivos são
definidos no horizonte de longo prazo envolvendo análises internas e
8 Modelo de Mintzberg - tecnoestrutura externas, delineando pontos fortes e fracos, além das ameaças e oportu-
Para Mintzberg, as estruturas organizacionais são formadas pelos se- nidades.
guintes elementos: O ambiente organizacional muda em uma velocidade assustadora,
• cúpula estratégica; tornando-se imenso e complexo, exigindo das organizações flexibilidade,
• linha intermediária; agilidade, tecnologia da informação, aproximação com os clientes e mu-
dança continuada. A visão holística torna-se uma condição imperativa.
• gestão estratégica e tecnológica;
Enxergar os ambientes da tarefa e geral, bem como suas deficiências e
• recursos e serviços corporativos; suficiências organizacionais, é o pré-requisito para montar uma estratégia.
• execução e operação finalística. Estratégia é o conjunto de decisões fixadas em consonância com a
A organização, então, passa a: missão. A missão é a razão de ser de uma organização, sendo, portanto,
• estrutura simples; uma necessidade atemporal, ou seja, precisa estar presente em qualquer
• burocracia mecanicista; época da existência de uma organização. Entendemos, ainda, que a
estratégia é o processo contínuo e sistemático de direcionar a organização
• burocracia profissional;
para atingir sua missão. Envolve atividades de planejamento e controle de
• estrutura divisionada; decisões, além da coordenação das ações resultantes do processo de
• adhocracia. adaptação ao seu ambiente.

9 Tipos de estrutura segundo Mintzberg 2 Etapas da gestão estratégica


9.1 Estrutura simples A gestão estratégica evoluiu do planejamento estratégico.
A tecnoestrutura é praticamente inexistente, bem como os Staffs. 1. Análise ambiental
Possui órgão centralizador e um centro de operação (nível operacional). O A primeira etapa do processo de gerenciamento da estratégia é o di-
mecanismo de controle utilizado é do tipo supervisão direta. A divisão do agnóstico da ambiência interna e externa à organização.
trabalho não é clara. Podemos associá-la com as organizações em seus
Ambiente geral ou macroambiente: composto de fatores como conjun-
estágios iniciais.
tura política, estrutura econômica, valores da sociedade, desenvolvimento
9.2 Burocracia mecanizada tecnológico etc. Esses fatores influenciam muito os negócios da organiza-
Neste modelo a tecnoestrutura tem seu valor, logo, o mecanismo mais ção, mas a recíproca não é verdadeira. A organização não é capaz de
usado é a padronização de processos, sendo, portanto, altamente meca- modificar esses fatores.
nizado. As normas são uma necessidade. Encontramos a especialização Ambiente da tarefa: composto de agentes como sindicatos, agências
no sentido vertical (níveis hierárquicos) e no horizontal (departamentos). Ë governamentais, instituições financeiras, fornecedores, clientes, comuni-
centralizada vertical-mente e descentralizada em nível de departamentos, dade etc. Esses agentes interagem diretamente com a organização,
e o trabalho exige controle, uma vez que desempenha tarefas especializa- influenciando e sendo influenciados por ela.
das, simples e rotineiras. Ambiente interno: considera os aspectos internos da organização, como
sua cultura, estrutura, tecnologia, processos de trabalho, controles etc.
9.3 Burocracia profissional
2. Estabelecimento da direção organizacional
Diferencia-se da anterior basicamente por possuir funcionários opera-
cionais bem qualificados, mais autônomos, conseguindo, assim, responder Constituição da missão, visão e os objetivos.
mais rápido às mudanças. A burocracia profissional é o exemplo de uma O ponto de partida para a formulação da estratégia é a missão. Esta
estrutura mecânica, descentralizada horizontal e verticalmente, pois o não pode ser nem tão geral, nem tão específica. Quando bem definida,
centro de execução finalística é o componente fundamental. fornece subsídios para a direção e objetivos a serem fixados.
Indicada em um ambiente estável, mas complexo. 3. Formulação da estratégia Questionamentos
• Quais os objetivos da organização?
• Para onde a organização está se dirigindo?
9.4 Estrutura divisionada • Em que tipo de ambiente a organização insere-se atualmente?
Neste modelo a linha hierárquica é o componente estratégico, pois • O que pode ser feito para melhor alcançar os objetivos organizacio-
através dela é estabelecida a ligação com as divisões e a cúpula. Cada nais no futuro?
divisão é uma subestrutura, funcionando como pequenas burocracias
4. Implementação da estratégia
mecanicistas, logo, o mecanismo de coordenação é a padronização dos
resultados obtidos por cada unidade. As divisões apresentam uma alta • Gerenciamento de pessoas
formalização e divisão do trabalho, mas são independentes umas das • Alocação de recursos
outras. O contexto externo (ambiente) para essa organização é, geralmen- • Monitoração
te, estável e simples. • Organização

Conhecimentos Específicos 38
APOSTILAS OPÇÃO
5. Controle estratégico Gestão por Processos.
Consiste em monitorar e avaliar o processo de gerenciamento de es- A Gestão pro Processos é um tema que tem despertado crescente in-
tratégias como um todo, para assegurar que ele esteja funcionando ade- teresse das empresas. Ainda imaturo, o mercado está respondendo aos
quadamente. esforços educacionais oferecidos pelos fornecedores destas soluções.
Entretanto, ainda são grandes os obstáculos à maturidade deste tipo
3 Planejamento estratégico clássico de aplicação.
Concepção -> Gestão do conhecimento -> Formulação -> Implemen- A falta de um efetivo conhecimento sobre este conceito e a análise fo-
tação -> Avaliação cada exclusivamente nas features dos produtos que são disponibilizados
pelos fornecedores são fatores preponderantes na formação de uma
3.1 Missão opinião distorcida sobre os benefícios advindos de uma gestão por pro-
A missão é uma orientação atemporal, a razão de ser, o porquê de a cessos. Some-se ainda a profusão de soluções que estão sendo apresen-
organização existir. tadas, muitas delas criadas para outras finalidades e agora vestidas com
uma nova roupagem de marketing, sobrepõem conceitos e dificultam o
entendimento pelos avaliadores.
Exemplos de missão
• Nike — experimentar a emoção da competição, da vitória; Este pequeno ou inexistente embasamento teórico pode ser explicado
pelo pequeno alinhamento do ambiente acadêmico com o conceito de
• 3M — resolver, de forma inovadora, problemas não solucionados;
Gestão por Processos. Esta mudança seria fundamental para a criação de
• Walt Disney — fazer pessoas felizes; um ambiente mais receptivo ao conceito, pelo C-Level ( CEO, CIO, etc )
• Tribunal de Contas da União (TCU) — assegurar a efetiva e regular das empresas. Neste sentido, ainda não é suficientemente claro para as
gestão dos recursos públicos, em benefício da sociedade. academias, a existência de uma camada independente enquanto solução
Embora a missão seja uma orientação atemporal, muitas organiza- de software, visto que gerir processos e integrar aplicações sempre foi um
ções necessitam revisar constantemente esta ferramenta, conforme se produto secundário de projetos apresentados pelos fornecedores de
observa no caso da IBM. ERP’s e não era tratado com a devida importância.
Despertar os executivos de negócio para a importância da Gestão por
Evolução da missão da IBM Processos pode ser uma tarefa ingrata, pois processos ainda são vistos
• Início da década de 1950 — computadores. com um quê de negligência, como uma atividade menor, menos importan-
• Final da década de 1950 — processamento de dados. te.
• Início da década de 1960 — manipulação de informações. Diariamente, mais e mais empresas estão adotando de forma silenci-
• Final da década de 1960 — solução de problemas e processamento osa, a Gestão pro Processos. Estas empresas elegeram executivos de
de dados. carreira para gerir macro-processos fundamentais. Elas mudaram o foco
• Início da década de 1970 — minimização de riscos. dos seus sistemas de aferição de objetivos das unidades para objetivos
• Final da década de 1970 — desenvolvimento de alternativas. dos processos e basearam seus sistemas de remuneração diretamente
sobre a performance dos seus processos. Também alteraram a maneira
• Década de 1980 — otimização de negócios.
como recrutaram e treinaram seus colaboradores, com ênfase nos macro
• Início da década de 1990 — desenvolvimento de novos negócios de processos e não nas pequenas tarefas. E ainda trabalharam em mudan-
em-presas. ças pequenas, porém fundamentais, na sua cultura. Por fim, estes execu-
• Final da década de 1990 — oferecimento de soluções criativas e in- tivos vão assumir gradativamente o controle do orçamento destinado a
vadoras para as necessidades de informação dos clientes. melhoria dos seus macro-processos, uma vez que estes detêm o conhe-
cimento sobre seus pontos fracos em toda sua extensão, podendo investir
3.2 Visão os recursos da empresa com muito mais propriedade.
A visão é uma orientação temporal, é onde a organização deseja che- Já na área de tecnologia, a negação da existência da camada de apli-
gar, denota um modelo mental de um estado ou situação desejável. Visão cações destinada a gestão dos processos, promovida por alguns executi-
e missão devem estar em consonância. vos de TI, vai segurar esta onda, talvez por tempo demais. Este perfil de
Exemplos de visão executivo, cujo enfoque está voltado exclusivamente para a ideia de que a
• Tribunal de Contas da União (TCU) — ser uma instituição de exce- área de sistemas deve aprisionar os processos de negócio conforme
lência no controle e contribuir para o aperfeiçoamento da administração aquilo que seus pacotes de gestão permitem, vai demandar um atraso da
pública. empresa perante seus concorrentes.
• Citibank — tornar-se uma instituição financeira mais poderosa, com Um registro interessante é que atualmente existe uma grande preocu-
mais serviços, e mais influente que qualquer outra. pação na adoção de metodologias voltadas para a governança, e as áreas
• Boing — construir aviões em que teríamos orgulho de colocar nos- de TI despontam como agentes desta demanda, como ITIL, COBIT, PMI e
sas famílias. outras. Fica claro que sua implementação demanda um amplo conheci-
mento dos processos da empresa, suas implicações, seus custos e os
3.3 Valores recursos disponíveis para implementá-los. Gerir estes processos é, em
Os valores são os atributos e virtudes da organização. síntese, gerir o negócio, seja o enfoquerestrito a TI ou não, como ficou
evidenciado pela SARBANES-OXLEY.
Exemplo: cultura para a qualidade, respeito ao ambiente.
4 Escolas do planejamento estratégico — as várias abordagens A empresa orientada a processos é com certeza uma tendência irre-
versível. Implementar o conceito de Gestão por Processos pode ainda
Segundo Mintzberg, com a evolução do pensamento estratégico fo-
necessitar a quebra de alguns paradigmas internos, mas, alinhar-se a este
ram aparecendo escolas (correntes), e cada uma com posições peculiares
pensamento, será uma etapa importante para todos os executivos, em
sobre o planejamento estratégico.
todas as áreas.
De acordo com Ansoff e McDonnell (1993), planejamento estratégico
Antônio Dutra Jr.http://www.baguete.com.br/colunistas/colunas/42/antonio-
é um procedimento sistemático de gestão empreendedora que baseia a dutra-jr/04/10/2004/a-cultura-da-gestao-por-processos
estratégia futura da empresa em um exame de alternativas novas.
Cavalcanti (2000) afirma que a ideia do planejamento estratégico sur- GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL
giu há 40 anos, no auge da expansão e diversificação dos negócios na
década de 60, e que a inovação tornou-se componente ativo da estratégia Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
empresarial. Com exemplo, destaca o estudo da Standard Ou Company. A gestão da qualidade total (em língua inglesa "Total Quality
Management" ou simplesmente "TQM") consiste numa estratégia de

Conhecimentos Específicos 39
APOSTILAS OPÇÃO
administração orientada a criar consciência da qualidade em todos os A prevenção deve ser a tão montante quanto possível;
processos organizacionais. Na lógica anglo-saxônica de “trial and error”, nunca permitir que um
É referida como "total", uma vez que o seu objetivo é a implicação não problema se repita;
apenas de todos os escalões de uma organização, mas também da A lógica para que as empresas se possam desenvolver de acordo
organização estendida, ou seja, seus fornecedores, distribuidores e com estes pressupostos é a lógica do PDCA (Plan; Do; Check; Act to
demais parceiros de negócios. correct)
Compõe-se de diversos estágios, como por exemplo, o planejamento,
a organização, o controle e a liderança.
A Toyota, no Japão, foi primeira organização a empregar o conceito
Ciclo PDCA
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
de "TQM" (ver Toyotismo), superando a etapa do fordismo, onde esta
responsabilidade era limitada apenas ao nível da gestão. No "TQM" os
colaboradores da organização possuem uma gama mais ampla de
atribuições, cada um sendo diretamente responsável pela consecução dos
objetivos da organização. Desse modo, a comunicação organizacional, em
todos os níveis, torna-se uma peça-chave da dinâmica da organização.
Tem sido amplamente utilizada[carece de fontes?], na atualidade, por
organizações públicas e privadas, de qualquer porte, em materiais,
produtos, processos ou serviços. A conscientização e a busca da
qualidade e do reconhecimento da sua importância, tornou a certificação
dos sistemas de gerenciamento da qualidade indispensável uma vez que: Ciclo PDCA.
Aumenta a satisfação e a confiança dos clientes;
O ciclo PDCA, ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, é um ciclo de
Aumenta a produtividade; desenvolvimento que tem foco na melhoria contínua.
Reduz os custos internos; O PDCA foi idealizado por Shewhart e divulgado por Deming, quem
Melhora a imagem e os processos de modo contínuo; efetivamente o aplicou. Inicialmente deu-se o uso para estatística e
Possibilita acesso mais fácil a novos mercados. métodos de amostragem. O ciclo de Deming tem por princípio tornar mais
claros e ágeis os processos envolvidos na execução da gestão, como por
A certificação permite avaliar as conformidades determinadas pela exemplo na gestão da qualidade, dividindo-a em quatro principais passos.
organização através de processos internos, garantindo ao cliente um
material, processo, produto ou serviço concebido conforme padrões, O PDCA é aplicado para se atingir resultados dentro de um sistema
procedimentos e normas. de gestão e pode ser utilizado em qualquer empresa de forma a garantir o
sucesso nos negócios, independentemente da área de atuação da
Uma organização que se propõe a implementar uma política de mesma.
gestão voltada para a "qualidade total" tem consciência de que a sua
trajetória deve ser reavaliada periodicamente. O ciclo começa pelo planejamento, em seguida a ação ou conjunto de
ações planejadas são executadas, checa-se se o que foi feito estava de
O objetivo último das organizações humanas é assegurar a
acordo com o planejado, constantemente e repetidamente (ciclicamente),
sobrevivência da espécie. Por analogia, a finalidade última de qualquer
e toma-se uma ação para eliminar ou ao menos mitigar defeitos no
organização, nomeadamente de uma do tipo empresarial é sobreviver. A
produto ou na execução.
condição “sine qua non” para que uma empresa possa executar os
objetivos pretendidos pelos seus proprietários, administradores ou Os passos são os seguintes:
acionistas é que ela exista, que esteja viva. Caso esta condição não se Plan (planejamento): estabelecer uma meta ou identificar o problema
verifique, nenhum dos objetivos pode ser perseguido, muito menos (um problema tem o sentido daquilo que impede o alcance dos resultados
alcançado. esperados, ou seja, o alcance da meta); analisar o fenômeno (analisar os
A gestão da qualidade aponta para a preferência do consumidor, o dados relacionados ao problema); analisar o processo (descobrir as
que aumenta a produtividade, levando a uma maior competitividade e causas fundamentais dos problemas) e elaborar um plano de ação.
assegurando a sobrevivência das empresas. Podemos definir qualidade Do (execução): realizar, executar as atividades conforme o plano de
de inúmeras formas. Podemos considerar que é um atributo essencial e ação.
diferenciador de alguma coisa ou de alguém, como uma medida de valor Check (verificação): monitorar e avaliar periodicamente os resultados,
ou excelência, como a adequação ao uso, tal como J.M.Muran a definiu, avaliar processos e resultados, confrontando-os com o planejado poe
como “conformidade com as situações, nas palavras de P.B.Crosby, ou meio de KPIs ( Key Performance Indicator ) objetivos, especificações e
ainda, usando as palavras de Vicente Falconi, “um produto ou serviço com estado desejado, consolidando as informações, eventualmente
qualidade é aquele que atende sempre perfeitamente e de forma confeccionando relatórios. Atualizar ou implantar a gestão à vista.
confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às
necessidades do cliente”. Act (ação): agir de acordo com o avaliado e de acordo com os
relatórios, eventualmente determinar e confeccionar novos planos de
Os princípios básicos da qualidade total são: ação, de forma a melhorar a qualidade, eficiência e eficácia, aprimorando
Produzir bens ou serviços que respondam concretamente às a execução e corrigindo eventuais falhas.
necessidades dos clientes; Ciclo PDCA e as metas
Garantir a sobrevivência da empresa por meio de um lucro continuo Há dois tipos de metas:
obtido com o domínio da qualidade;
Metas para manter;
Identificar o problema mais crítico e solucioná-lo pela mais elevada
prioridade (Pareto); Metas para melhorar;
Falar, raciocinar e decidir com dados e com base em fatos;
Administrar a empresa ao longo do processo e não por resultados; Metas para manter
Reduzir metodicamente as dispersões por meio do isolamento das
Exemplos de metas para manter: Atender ao telefone sempre antes
causas fundamentais;
do terceiro sinal. Estas metas podem também ser chamadas de "metas
O cliente é Rei. Não se permitir servi-lo se não com produtos de padrão". Teríamos, então, qualidade padrão, custo padrão, prazo padrão,
qualidade; etc.

Conhecimentos Específicos 40
APOSTILAS OPÇÃO
O plano para se atingir a meta padrão é o Procedimento Operacional B. Medida de eficácia
Padrão (POP). O conjunto de procedimentos operacionais padrão é o C. Aplicação de normas
próprio planejamento operacional da empresa. D. Desligamento (voluntário ou involuntário)
O PDCA utilizado para atingir metas padrão, ou para manter os Compensação
resultados num certo nível desejado, pode então ser chamado de SDCA Atividade que se preocupa com recompensa (monetária ou não), dada
(S de standard).. ao indivíduo, por seu trabalho.
Metas para melhorar
Engloba as seguintes atividades:
Exemplos de metas para melhorar: Reduzir o desperdício de 100 A. Estudo de cargos
unidades para 90 unidades em um mês ou Aumentar a produtividade em B. Estudo de salários
15% até dezembro. C. Benefícios
De modo a atingir novas metas ou novos resultados, a "maneira de
trabalhar" deve ser modificada; por exemplo, uma ação possível seria Manutenção
modificar os [Procedimentos Operacionais Padrão]. Atividade que se preocupa com o bom ambiente de trabalho, tanto em
condições físicas como humanas.
Engloba as seguintes atividades:
A. Orientação ao empregado para ele se sentir parte da empresa
B. Aconselhamento a problemas individuais
C. Dar aos empregados as melhores condições de trabalho (higiene
e segurança)
1.4 Motivação, liderança e comunica- D. Comunicação - difundir informações sobre a organização aos
ção nas organizações. empregados
E. Se relacionar com órgãos sindicais e governamentais.

Uma Nova Abordagem dos Recursos Humanos


Função Recursos Humanos/Administração de Pessoas
As empresas estão modificando suas estruturas a fim de eliminar os
A administração de recursos humanos representa todo o esforço para
tradicionais níveis hierárquicos e os limites criados pelos departamentos
atrair profissionais do mercado de trabalho, prepará-los, adaptá-los, de-
ou funções.
senvolvê-los e incorporá-los de forma permanente ao esforço produtivo e
O trabalho nas empresas está cada vez mais se concentrando em
utilizar adequadamente o profissional que uma organização necessita.
processos, projetos, equipes, em vez de funções hierárquicas.
A administração de recursos humanos é a função de planejar, coor-
Essa nova tendência de gestão está fazendo com que os recursos
denar e controlar a obtenção da mão de obra necessária à organização.
humanos passem a ser responsabilidades dos próprios grupos dentro do
escopo de que as equipes sejam autogerenciáveis. Simone Bacellar Leal
Conceito Clássico: O homen certo no lugar certo.
Ferreira
Mas hoje em dia a área de recursos humanos está sofrendo um redi-
-o0o-
recionamento: as organizações devem ajudar as pessoas a desenvolver
A Administração de Pessoal estende-se por todos os setores de uma
suas habilidades e autoconfiança necessárias para um ambiente em
organização empresarial. Vem buscando o aperfeiçoamento, atualização e
mutação.
eficácia nos diversos níveis que a caracterizam. Cabe à área de Recursos
Humanos dispensar um tratamento especial às pessoas que trabalham ou
Abordagem Sistêmica dos Recursos Humanos
trabalharão dentro da empresa, tomando postura mais aberta e dinâmica.
Administrar pessoas em uma organização não é responsabilidade
Maiores desafios para o sucesso da empresa: Transformação das pesso-
única da função de recursos humanos; depende também de todos os
as fornecedoras de mão-de-obra para fornecedoras de conhecimento;
indivíduos que estão envolvidos com os processos administrativos e
Impacto da globalização; Céleres mudanças tecnológicas; Competição
produtivos. Existe uma inter-relação com todas as áreas da empresa.
entre as empresas.
Emprego
Conceitos novos foram introduzidos, termos incorporaram-se ao lin-
Atividade que se preocupa com a procura e a obtenção dos recursos
guajar da Administração, novos comportamentos passaram a ser cobra-
humanos necessários à organização.
dos das posições de liderança e de suas equipes e o próprio RH teve sua
Engloba as seguintes atividades:
atuação renovada. Nesse cenário de mudanças radicais, nada mais
A. Determinação das necessidades ou planejamento da mão de
necessário que referenciais que balizem o comportamento, atualizem
obra
conhecimentos e transmitam experiências.
B. Recrutamento de externos
C. Recrutamento de Internos
Conceitos
D. Seleção
Conjunto de políticas e práticas necessárias para conduzir os aspec-
tos da posição gerencial relacionados com as pessoas ou recursos huma-
Desenvolvimento
nos, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, recompensas e avalia-
Atividade que se preocupa com o aumento da mão de obra e com a
ção de desempenho.
melhoria do desempenho individual.
Engloba as seguintes atividades:
Conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que
A. Avaliação do desempenho do trabalhador
influenciam a eficácia dos funcionários e das organizações.
B. Treinamento
C. Promoção do empregado
Função na organização que está relacionada com provisão, treina-
D. Transferência do funcionário (física ou funcional)
mento, desenvolvimento, motivação e manutenção dos empregados.
Utilização
Os três significados do rH ou Gestão de Pessoas: RH como função ou
Atividade que se preocupa com a aplicação direta da mão de obra , is-
departamento: unidade operacional que funciona como órgão de staff, isto
to é, com o indivíduo em contacto direto com seu trabalho exercendo suas
é, como elemento prestador de serviços nas áreas de recrutamento,
tarefas.
seleção, treinamento, remuneração, comunicação, higiene e segurança do
Engloba as seguintes atividades:
trabalho, benefícios etc. RH como práticas de recursos humanos: modo
A. Medida de eficiência
como a organização opera suas atividades de recrutamento, seleção,

Conhecimentos Específicos 41
APOSTILAS OPÇÃO
treinamento, remuneração, benefícios, comunicação, higiene e segurança Uma empresa não deve esperar para encontrar as pessoas compe-
do trabalho. RG como profissão: refere-se aos profissionais que trabalham tentes no momento em que elas sejam necessárias para preencher cargos
em tempo integral em papéis diretamente relacionados com recursos específicos. Deve planejar as necessidades futuras e decidir onde encon-
humanos: selecionadores, treinadores, administradores de salários e trar a pessoa certa para cobrir essas necessidades, o que exige planeja-
benefícios, engenheiros de segurança, médicos do trabalho etc. mento de recursos humanos, que inclui todas as atividades necessárias à
obtenção dos tipos e números adequados de empregados para atingir os
Histórico objetivos da organização.
A visão atual da Gestão de Pessoas é bem diferente da tradicional,
quando recebia a denominação de Administração de Recursos Humanos O sucesso das organizações está intimamente ligado com a maneira
(ARH). Antes era Relações Industriais (RI) e durante muitas décadas de antecipar a necessidade de utilização dos recursos e a resposta para
representou a maneira impositiva e coercitiva pela qual as organizações configurá-los a tempo.
tratavam os seus funcionários. Depois passou a chamar Recursos Huma-
nos (RH) e teve enorme popularidade no mundo todo ao trazer uma nova Por causa de seus atributos psicológicos e sociológicos, os recursos
postura, mais aberta e dinâmica, em relação aos funcionários, considera- humanos são mais sensíveis às mudanças que outros, porém , com a
dos o mais importante recurso organizacional. escassez de recursos financeiros, as dificuldades operacionais e o impla-
cável comportamento do mercado de trabalho, a característica econômica
Hoje, passou a ser denominada de Gestão de Pessoas (GP) ou Ges- da força de trabalho tornou-se um aspecto extremamente relevante nos
tão de Talentos, Capital Humano ou Capital Intelectual, mas o objetivo é planejamentos estratégicos de recursos humanos.
um só: lidar com as pessoas, uma atividade bem diferente do que era feito
antes. Uma função estratégica demais para ficar centralizada e monopoli- Embora poucos argumentem o contrário, nem todos conhecem a ma-
zada nas mãos de poucos especialistas que atuam simplesmente na neira mais adequada para tornar seus recursos humanos inteiramente
esfera tática ou operacional. produtivos, especialmente em ambientes com mudanças constantes e
intensas pressões competitivas.
O órgão de Recursos Humanos surgiu no início do século XX como
setor definido da administração das empresas e teve grande desenvolvi- Durante muito tempo, os profissionais de Recursos Humanos foram
mento na década de 20 fortaleceu-se o movimento sindical, surgido como vistos como pessoas que cuidam apenas de treinamentos, direitos funcio-
uma defesa às situações negativas de ordem econômica e social, causa- nais ou para suavizar atritos entre os grupos sociais e a organização.
das pela Revolução Industrial, o que muito auxiliou a institucionalização Cada vez mais, os profissionais de Recursos Humanos serão convidados
dos órgãos de pessoal nas organizações e despertou uma atenção espe- para serem parceiros nos negócios de suas Instituições. Muitos Adminis-
cífica no tratamento do fator humano no trabalho, onde era constatada a tradores vão querer saber como os Recursos Humanos poderão ajudar
carência de mão-de-obra provocada pela Primeira Guerra Mundial, que para melhoria dos negócios.
contribuiu para o reforço da necessidade dos órgãos de Recursos Huma-
nos. Na missão de efetivamente assumir seu papel de "parceiros nos ne-
gócios", os profissionais de Recursos Humanos deverão aprender a falar a
O órgão de Recursos Humanos, mais que qualquer outro de adminis- linguagem do negócio. Porém, mais do que falar a linguagem, eles deve-
tração das empresas, contribuiu para reais revoluções da atividade geren- rão compreender quais são as atividades do negócio e, mais especifica-
cial, participando na elaboração e implantação da moderna administração mente, como as iniciativas de Recursos Humanos agregam valor.
por objetivos. Os produtos da Psicologia Organizacional, juntamente com Buscar informações e participar do planejamento estratégico poderá
o Desenvolvimento Organizacional são conseqüências da evolução do ser a nova missão da área de recursos humanos. Luiz Fernando Terra de
Órgão de Administração de Recursos Humanos, em que as ciências Barros
comportamentais oferecem, desde 1930, em ritmo progressivo, subsídios
para as atividades de Recursos Humanos. O perfil do líder na atualidade
Ser carismático, valorizar as pessoas, motivar colaboradores, desejar
As organizações precisam de diferenciais positivos para obter vanta-
o bem dos pares, saber ouvir e dar feedback. Estas são apenas algumas
gens e sucesso na competição pelo mercado. Ao longo de toda a História,
das características atualmente atribuídas a um bom líder e exigidas pelo
a diferença competitiva foi buscada em diversas fontes. Até os anos de
mercado profissional. As empresas estão à procura de gestores que
1950, as invenções foram as responsáveis pelas principais vantagens,
coordenem e executem tarefas com total dedicação e paixão pelo que
pelos grandes saltos obtidos por empresas e organizações. A pesquisa
fazem.
científica substituiu a era das invenções, e nos anos 1970 a fonte da
diferença passou a ser a capacidade financeira. Nesta época, desperta-
O líder é um ponto-chave dentro de uma organização. Ele é respon-
ram grandes empresas internacionais.
sável pelo desenvolvimento da equipe. O sucesso de uma empresa de-
Em seguida, a diferença passou a ser buscada na diversificação de pende muitas vezes da atitude do gestor. Uma liderança mal desempe-
produtos e serviços. Nessa fase de competitividade, a qualidade dos nhada pode trazer graves conseqüências para a empresa, os colaborado-
produtos e certificações ISOs substituíram as exigências anteriores, que res e para o próprio líder.
deixaram de ser diferenciais para se transformarem em pré-requisitos.
Assim aconteceu a passagem da quantidade para a qualidade. Para a professora Maria do Rosário Martins, mestre em Administra-
ção, atuante nas áreas de Desenvolvimento Humano com consulto-
Depois veio a forma de relacionamento entre empresa e cliente, o fo- ria/instrutoria e docência em Administração de Empresas – ser líder nos
co no consumidor, no atendimento, recall, ombudsman e responsabilidade dias de hoje é ter a capacidade de unir pessoas, comungar objetivos,
com o social. amar e respeitar o próximo; é ter ética e nunca perder de vista os valores
morais em prol do sucesso. Em entrevista concedida ao RH.com.br, Maria
Toda esta história veio culminar na busca de profissionais talentosos. do Rosário Martins fala do comportamento e da performance do bom
As empresas de ponta mantiveram as invenções e pesquisas, a base gestor na organização, e também como o RH pode ajudar na melhoria de
financeira sólida, a diversificação de produtos, a busca de certificações de seu desenvolvimento.
qualidade, mas estão visando agora a pessoa do funcionário. Pois, até
então, esperavam profissionais seguidores, leais, pacientes, hiperdedica- RH.COM.BR – Qual o papel do líder na empresa?
dos. Essa modelo entrou em desequilíbrio graças à revolução digital. A Maria do Rosário – Incentivar e motivar as pessoas na busca do ob-
velocidade do fluxo de informações e a capacidade operacional hoje jetivo comum. Também deve cuidar para que o ambiente de trabalho seja
existente em um simples microcomputador conectado à internet, com saudável e que as metas sejam alcançadas por todos. Deve delegar tudo
custo baixíssimo, deram origem ao que costumo chamar de guerrilheiros o que for possível, preparando as pessoas para as responsabilidades e
do mercado. dando-lhes autonomia. Não adianta nada pedir às pessoas que “vistam a

Conhecimentos Específicos 42
APOSTILAS OPÇÃO
camisa da empresa” e dar a elas um número que fica apertado, que não RH - Que profissional a Sra. considera um exemplo de liderança?
entra nas mesmas. Para que vistam, é necessário que sirva. Maria do Rosário – Tenho enorme admiração por muitos líderes que
RH - Atualmente, qual o perfil do bom líder exigido pelas organiza- fizeram parte da história da humanidade, bem como líderes de destaque
ções? no Brasil, além de alguns empresários que conheço pessoalmente. Desta-
Maria do Rosário – Um líder entusiasmado, apaixonado pelo que faz, co o Sr. Edson de Godoy Bueno, fundador da Amil, pela sua bela história
que tenha habilidades para trabalhar com pessoas de diversos tipos. de persistência e superação. A sua forma de liderar através da confiança
Saber lidar com as diferenças culturais, conhecendo todos os aspectos que tem em sua equipe é uma característica imprescindível para a motiva-
técnicos e humanos que envolvem uma organização. Disposição para ção das pessoas.
trabalhar muito e um incansável desejo de vencer, desejando sempre o
sucesso das pessoas. RH - Há alguma receita para tornar-se um líder de sucesso?
Maria do Rosário – Não poderia dizer que há uma receita pronta,
RH - A liderança é nata ou adquirida? uma fórmula mágica para a liderança bem-sucedida. Acredito que um líder
Maria do Rosário – As pessoas trazem consigo características de li- de sucesso não surge da noite para o dia, mas sim através de muitos
derança que são natas. Observando um grupo de crianças brincando, por erros, acertos e superação. Além disso, o líder trabalha com pessoas de
exemplo, podemos perceber claramente aquelas que se destacam no diferentes personalidades, valores e culturas, podendo aprender todos os
grupo, comandando a brincadeira, motivando os colegas, comunicando-se dias melhores maneiras de ser um líder dos tempos atuais. A busca pela
com mais desenvoltura, além de capacidade de integração que ela conse- competência e pelo sucesso da organização e das pessoas deve ser uma
gue. Porém, algumas habilidades podem ser aprimoradas através de meta diária de todos que lideram. Élida Bezerra
aprendizagem e maturidade ao longo da vida.
O que é RH estratégico?
RH - Qual a importância de uma liderança efetiva em uma organiza- Muito propagado nos dias de hoje, o termo "RH estratégico" faz parte
ção? do vocabulário da maioria das equipes de Recursos Humanos de grandes
Maria do Rosário – Funciona como um motor propulsor, capaz de empresas. Mas o que é, efetivamente, um RH estratégico? Para saber a
movimentar todos da equipe. Pessoas motivadas são mais felizes e atin- resposta, o Empregos.com.br entrou em contato com diversos profissio-
gem melhor as metas da organização. A liderança efetiva energiza e as nais e especialistas na área. Segundo a maioria dos entrevistados, para o
pessoas tornam-se melhores em todos os aspectos. Os liderados sempre RH ser considerado estratégico deve estar alinhado com os negócios da
querem seguir um líder que admiram e respeitam. empresa, "fazer parte das decisões, estar junto dos gestores, e não a
RH - De que maneira a atitude do líder influencia a vida pessoal e pro- reboque", diz Rijane de Mont'Alverne, presidente do Conselho Deliberativo
fissional dos colaboradores? da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) Nacional.
Maria do Rosário – As pessoas que são coordenadas por alguém
que seja um bom líder, sabem que podem contar com ele em sua vida Para que isso aconteça, é importante que a própria empresa tenha
pessoal e profissional. Um ambiente amistoso e confiável, somente trará suas diretrizes bem definidas e focadas, especialmente, no potencial
benefícios para todos. As pessoas gostam de serem admiradas, respeita- humano da organização. "Na década de 90, o diferencial de uma empresa
das e reconhecidas, e quanto mais motivadas se encontrarem melhores para outra era a tecnologia. Hoje, ela só serve para equalizar uma compa-
serão os resultados que darão para a organização. nhia à outra. O diferencial, mesmo, é o capital intelectual", afirma Armando
Lourenzo, diretor de educação continuada da Universidade Anhembi
RH - Como o RH pode avaliar o desempenho dos líderes da empre- Morumbi. A liderança deve estar ciente dessa tendência e investir no
sa? desenvolvimento do profissional de RH. "O gestor deve colocar as pesso-
Maria do Rosário – Solicitando o feedback, através de avaliações de as à frente do negócio, pois o grupo acaba tendo o tom do líder", diz Ana
desempenho com a participação dos liderados, bem como se comunican- Gimenez, consultora de RH da LCZ.
do com os líderes constantemente. Utilizar-se dos mesmos critérios de
avaliação dos colaboradores. Essa tendência não atinge só o Brasil. Carla Dalla Zanna, consultora
RH - De que forma o RH pode ajudar o líder a ter uma boa perfor- da Marcondes & Associados, diz que o conceito de RH estratégico está
mance na organização? sendo aplicado em larga escala na Europa. Nas empresas norte-
Maria do Rosário – Oferecendo capacitação permanente, processos americanas, ao contrário, a função estratégica é raramente posta em
de seleção inovadores, buscando nesses líderes características empreen- prática. "No Brasil, eu diria que está meio-a-meio". Marcelo Cardoso,
dedoras, habilidades de lidar com pessoas e conhecimento profundo do gerente geral da DBM no Brasil, vai além. "Existem ciclos no RH. A primei-
negócio. ra geração foi a do Departamento Pessoal; a segunda, do RH entendendo
do negócio, da estratégia; agora, o momento é desafiador: o RH ficou tão
RH - Quais competências o RH deve estimular no líder? perto do negócio que ficou longe das pessoas. Encontrar o meio-termo
Maria do Rosário – Um aprendizado contínuo, bom conhecimento de nem sempre é fácil". Segundo ele, hoje em dia os focos do RH estão
sua equipe, aprimorando sempre seus conhecimentos. Deve ser estimu- bastante misturados, mas "as empresas estão se articulando para buscar
lando sempre a compreender as pessoas e manter um clima de organiza- profissionais dessa terceira geração".
ção e respeito no ambiente que lidera.
Banalização?
RH - Que ferramentas podem ser utilizadas para tornar uma liderança É visível que o termo está, há tempos, em ascensão no discurso dos
bem-sucedida? profissionais do ramo. Darci Garçon, headhunter da Tag Consultores
Maria do Rosário – O feedback feito de forma correta, no sentido de Associados, afirma que "do lado dos RHs dá mais status ser estratégico.
retroalimentar a equipe, através de um diálogo franco e cuidadoso. Outra Essencialmente porque quem não é estratégico é confundido com a
ferramenta importante e a comunicação eficaz, através dos diversos famosa figura do "Gerubal Pascoal", o chefe de pessoal, personagem do
canais. Delegação com responsabilidade, através de treinamentos e passado". Mas será que as estratégias são realmente postas em prática?
recursos necessários ao atingimento dos objetivos. Grande parte dos entrevistados afirmou que há muito mais teoria do que
realmente ações por parte dos RHs. "Acredito que são poucos os RHs
RH - Que conseqüências de uma liderança mal desempenhada traz realmente estratégicos. A maioria ainda é muito operacional", diz Ana.
às organizações? Já Carla acha que existe "banalização da palavra, mas não do concei-
Maria do Rosário – Baixa produtividade, desmotivação, ambiente to, que é cada vez mais aplicado". Para Rijane, é positivo que a palavra
ruim para trabalhar, pessoas desinteressadas trabalhando como robôs, seja amplamente divulgada. "Tem que ser repetida para lembrar que o RH
apenas para gerar resultados quantitativos. Uma liderança mal desempe- deve ser estratégico". Ela afirma que a prática está sendo gradualmente
nhada pode causar um ambiente hostil, através de uma convivência ruim ampliada e acredita num futuro promissor e cada vez mais ativo para o
entre as pessoas. A comunicação é deficiente e as relações interpessoais departamento.
com clientes internos e externos são totalmente prejudicadas.

Conhecimentos Específicos 43
APOSTILAS OPÇÃO
Estratégia na prática * Preocupada com a satisfação no trabalho atrelada a eficiência e a
Em muitas empresas, o departamento de RH possui até outro nome e eficácia.
subdivisões que delimitam diferentes funções. Na SPCOM, empresa 5. Variáveis As principais variáveis são: Estrutura, clima e cultura
especializada em call center, existem dois departamentos separados: o de organizacional, ambiente de trabalho, planejamento, habilidades
RH, que cuida da parte burocrática e operacional, e o Talentos, direciona- interpessoais.
do para a gestão de pessoas. "Criamos o Talentos exatamente para 6. Principais oportunidades e desafios no uso dos conceitos.
termos foco nos funcionários, pois preparamos e investimos bastante no * Aumentar a produtividade e a qualidades dos produtos de uma
desenvolvimento dos colaboradores", declara Marcelo Pedra, gerente de empresa (GESTÃO DA QUALIDADE: Satisfação constate do cli-
RH da empresa. O departamento já existe há dois anos e vem dando bons ente mediante o aprimoramento contínuo de todos os processos
resultados. "Nosso turn over diminuiu bastante. Damos condições de organizacionais).
crescimento e perspectiva de carreira para os funcionários, por isso é mais * Melhoria das habilidades humanas: Motivação, liderança, treina-
fácil reter os talentos", acrescenta. mento, satisfação com trabalho, avaliação de desempenho, co-
Investir em treinamento e capacitação dos funcionários e do próprio municação eficiente, etc.
departamento é outra característica apontada como essencial para um RH * Administrando a diversidade da força de trabalho: Um dos desafi-
ser estratégico. Na W2 Comunicação e Negócio, especializada em treina- os mais importantes e abrangentes. Diz respeito à raça, etnia, se-
mento empresarial, a demanda por serviços requisitados pelos RHs tem xo dos participantes, mulheres, negros,deficientes físicos,idosos,
crescido cada vez mais. "Os resultados são construídos por meio de e homossexuais.
pessoas, e os profissionais de RH estão cientes disso e buscando cada * Respondendo à globalização: Aprender a trabalhar com pessoas
vez mais aprimoramento para seu pessoal e para si próprio", diz Alexan- em diferentes culturas (Qualificação, compreensão cultura e
dre Vecchio, consultor da empresa. adaptar o estilo de gerenciamento a sua cultura).
Se existe um consenso em relação ao assunto é que as empresas es- * Fortalecendo as pessoas: Emporwement - Fortalecimento dos
tão enxergando cada vez mais a importância dos colaboradores dentro da funcionários, equipes autogerenciadas.
corporação. Para José Duarte Vieira, diretor comercial da HumanData, * Estimulando a inovação e a mudança: Organizações Bem suce-
que desenvolve programas de mapeamento de competências, "nem didas precisam encorajar a inovação e dominar a arte da mudan-
fábricas avançadas, equipamentos sofisticados, robôs ou tecnologia de ça para expressar sua competitividade, ou estarão fadadas à mor-
ponta alteram a necessidade de se ter, adquirir e manter funcionários. te. Os funcionários de uma empresa podem ser a mola propulsora
Políticas sociais atrativas, salários interessantes e promessas de carreira, da inovação e da mudança ou podem ser uma barreira poderosa
porém, não seguram esses profissionais se eles não se sentirem inseridos contra elas. O desafio enfrentado pelos executivos é estimular a
e fazendo parte integrante na gestão estratégica de seu lugar de trabalho". criatividade e a tolerância à mudança. O estudo do comportamen-
Clarissa Janini to organizacional oferece muitas ideias e técnicas para ajudar na
realização desse objetivo.
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL * Lidando com a “temporariedade” : Os executivos e os funcioná-
1. Importância das organizações no mundo moderno. As organi- rios de hoje precisam aprender a lidar com a temporariedade,
zações exercem uma função considerável na vida do ser humano bem como a conviver com a flexibilidade, a espontaneidade e a
por que modelam o comportamento dos respectivos membros, imprevisibilidade, o estudo comportamento organizacional pode
pois podem influenciar as necessidades e motivos dos indivíduos fornecer dicas importantes para o entendimento de um mundo
em diferentes organizações, ou em grupos na mesma organiza- profissional em mudança contínua para a superação da resistên-
ção, incentivarem a produtividade, bem como respostas rápidas cia à inovação e para a criação de uma cultura organizacional vol-
as estratégias administrativas variadas. Caracterizam-se pela sua tada para ela.
complexidade e o seu empenho em superar as pressões sociais, * Ajudando os funcionários a alcançar o equilíbrio entre a vida pes-
econômicas, culturais, tecnológicas e políticas. soal e a profissional: Atenuar a confusão entre a vida profissional
2. Conceito de CO. Comportamento Organizacional consiste no es- e a pessoal, teletrabalho, maior flexibilidade para q possam com-
tudo sistemático do comportamento humano focando ações e ati- patibilizar os assuntos profissionais e pessoais. Comportamento
tudes dos indivíduos, grupos no ambiente das organizações. No organizacional concede diversas sugestões para orientar o plane-
intuito de alcançar produtividade, reduzir o absenteísmo e a rota- jamento de ambientes de trabalho q ajudem o administrador a en-
tividade e promover a cidadania organizacional. frentar esses conflitos.
3. Propósitos As finalidades do comportamento organizacional cor- * Declínio da lealdade dos funcionários: Terceirização, alterações
respondem a explicação, previsão e controle do comportamento na remuneração, entre outros contribuíram para reduzir a lealda-
humano. A explicação refere-se a identificação das causas ou de dos funcionários.
razões que impulsionaram determinados fatos / acontecimentos / * Desafio importante no comportamento organizacional: motivar
fenômenos. A previsão está direcionada para eventos futuros es- trabalhadores e manter a competitividade global das orgs.
tabelecendo os resultados alcançados através de uma ação es- * Melhorar o comportamento ético: Criar um clima eticamente sau-
pecífica. O controle apresenta-se como um objetivo controverso, dável para seus funcionários no qual eles possam realizar seu
pois há em si uma dificuldade em monitorar o comportamento do trabalho com produtividade e confrontando o mínimo de ambigüi-
ser humano, o qual é integrante fundamental nas organizações. O dade em relação ao que se constitui em comportamentos certos
controle implica na contribuição mais valiosa que o comportamen- ou errados.
to organizacional acarreta para o trabalho gerando eficácia.
4. Características Identificadas Cultura organizacional
* Elemento de importância crescente na formação do administrador Dentre vários assuntos sem passividade na área de gestão, a Cultura
(Visão da administração como processo: Estudo de pessoas, gru- Organizacional ganha um destaque em função das várias correntes de
pos e interações nas estruturas organizacionais e interorganizaci- pensamento a respeito do assunto. Duas linhas distintas de pensamento
onais). afirmam que a organização tem uma cultura e é uma cultura, ambas
* Uma ciência aplicada. merecem atenção e respeito pois refletem a linha de vários autores,
* Engloba conceitos de psicologia, sociologia e administração entre havendo ainda aqueles que declaram que a as organizações são e tem
outras disciplinas. *Representa a convergência gradual das diver- uma cultura, o que representa uma posição mais adequada diante da
sas escolas de pensamento. ambigüidade do tema, linha que reflete o pensamento deste autor. A linha
* Abordagem integrativa: Combinar o desenvolvimento técnico / que afirma ter a organização uma cultura posiciona-se no caráter influen-
conceitual (cognitivo) com um aprendizado natural (habilidades in- ciador das organizações sobre a sociedade pois as organizações influen-
terpessoais). ciam e são influenciadas pela sociedade visto que sua forma de gestão
* Voltada para quatro tipos de comportamento: Produtividade, ab- modifica-se ao longo do tempo. A outra linha que afirma que as organiza-
senteísmo, rotatividade e cidadania organizacional. ções são uma cultura baseiam-se no fato das organizações serem forma-

Conhecimentos Específicos 44
APOSTILAS OPÇÃO
das por pessoas e em função disso a sua cultura é a soma de todas as numa tomada lógica de decisões. Além disso, não existem informações
pessoas que dela participam. A cultura organizacional é refletida através completas, perfeitas e restritas por muito tempo. O contexto empresarial é
do cotidiano de uma organização, forma a “cara” dessa organização e é mutante. O diferencial está justamente no tratamento ao qual submetemos
visível através de todos os ambientes físicos desta organização buscando essas informações, buscando extrair todos os sentidos destas informa-
com isso, de maneira involuntária, influenciar todos os que da organização ções. Mudanças radicais estão revolucionando o papel do ser humano na
participam sempre objetivando o equilíbrio organizacional uma vez que as sociedade moderna, em resposta à necessidade de que todos contribuam
pessoas se moldam à forma da organização e a organização é moldada à com sua inteligência, sua criatividade e sua responsabilidade para com a
forma das pessoas participam da sua existência, isso faz com que a sociedade. Devemos considerar o todo, sendo inovadores e tendo com-
organização seja e tenha uma cultura. Em função da movimentação de preensão técnica e humana para a resolução criativa de problemas e a
funcionários entre os cargos e dos cargos da organização há a possibili- habilidade na colaboração global.
dade de ao longo do tempo a cultura organizacional modificar-se e adaptar
às novas situações, pois através de uma visão sistêmica o organismo não Boa parte dos tomadores de decisões acredita que uma correta análi-
permanece da mesma forma havendo modificações no ambiente externo. se das informações propiciará o surgimento de novas alternativas, mas na
As instituições são formadas de grupos formais e grupos informais, portan- verdade a mente humana está num primeiro momento receptiva para
to coexistem em uma mesma organização duas culturas distintas a cultura captar aquilo que se encaixa em seus padrões já estabelecidos. O novo
formal e a cultura informal. A cultura formal é aquela representada por causa medo. Para termos novas ideias é essencial que tenhamos a mente
todos os procedimentos padrões em uma organização e a cultua informal aberta e disposta a romper com paradigmas pré-existentes, e isso não
é formada através da criação dos grupos informais. A soma da cultura ocorrerá aplicando as mesmas análises em informações diferentes. Todo
organizacional formal e informal é a cultura organizacional. e qualquer tomador de decisões deve instigar sua mente, provocar novas
ideias e a partir daí verificar as informações relevantes ao seu desenvol-
Criatividade, Alavanca para o Crescimento Organizacional vimento. Vale ressaltar que uma ideia bem desenvolvida é muito mais
A questão da criatividade precisa ser melhor entendida. Não é sinô- diferencial do que uma análise competente de várias informações. O
nimo de inventar coisas desrespeitando normas e cada um fazendo o que tempo também é fator muito relevante. Uma nova ideia pode surgir em
der vontade. Não é coisa de quem não planeja e precisa improvisar para segundos, enquanto que uma análise adequada pode ocupar várias horas.
se sair das situações problemas. A criatividade precisa ser contextualizada Vale lembrar que de nada adianta sermos criativos e não inovarmos, ou
tendo um olhar atento aos objetivos organizacionais. seja, colocarmos essa ideia em prática. Um exemplo bem cotidiano: várias
O crescimento, a evolução das organizações só sairá do "quadrado", análises de mercado definem os homens como os principais consumido-
quando abrirmos espaço para o elemento chamado CRIATIVIDADE. É ela res de bebidas fortes. Numa análise lógica e rápida, conclui-se que os
que alavanca as soluções superando medos e preconceitos, trazendo anúncios devem ser voltados para o sexo masculino. Numa abrangência
assim uma mudança qualitativa no ambiente organizacional. mais inovadora, poderia ser pensada na probabilidade de lançar uma
campanha que incentive o consumo de bebidas fortes pelo público femini-
A criatividade oxigena o cotidiano das pessoas trazendo um hábito no. Pode até aparecer estranho ou até mesmo inviável, mas tal iniciativa
saudável para o ambiente organizacional e sendo gradativamente transfe- pode resultar no aumento do consumo destas bebidas fortes pelas mulhe-
rido para outros contextos e outros ambientes. res e/ou simplesmente divulgar essa linha de produtos ou até mesmo uma
marca em específico para aquelas que fazem a maior parte das compras
Ser criativo não é negar o pensamento racional mas sim, partir dele de bebidas. Outro fator de extrema importância é o futuro. É fácil aces-
para construir novas equações para os problemas e suas soluções. sarmos informações passadas e até mesmo atualizadas, mas o futuro é
imprevisível após um médio prazo. Analise sempre, mas fuja da mesmice.
É a criatividade que potencializa a inteligência inaugurando novas Se você for seguir o que já foi sucesso, o máximo que conseguirá é che-
maneiras de pensar o mesmo e às vezes, velho problema. gar atrasado numa mesma situação de alguém inovador que já deve estar
com novas iniciativas. Pense livre e conscientemente, mas faça diferente.
Ser criativo é estar mais à vontade no mundo, mais rico de recursos
pessoais. É estar mais vivo e motivado. É resgatar a auto-estima. É sur- A Comunicação Organizacional
preender-se consigo próprio. É humanizar-se. A CONSTRUÇÃO DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL EM
UMA EMPRESA
O mais interessante é que a criatividade dá permissão as pessoas pa- A comunicação organizacional serve em um plano para harmonizar a
ra que se percebam criativas! comunicação externa com a interna, em outro, criar um clima motivador
dentro de uma empresa onde educa, constrói novos valores e valoriza
É possível desenvolver a habilidade de ser criativo e aprender a apri- indivíduos. Serve, também, para produzir comunicação para o mercado
morá-la havendo para isto algumas condições facilitadoras e desencadea- organizacional e criar valores no mercado consumidor através da propa-
doras do processo: ganda institucional.
- Rever nossas crenças sobre o que é criatividade e o quanto nos
vemos como pessoa criativa O profissional de comunicação é o mais indicado para assessor na
- Olhar as situações mais como desafios e sentir-se motivado para comunicação organizacional e cria-se, enquanto esta estiver no plano de
enfrentá-los. comunicação interna, meios de transmissão, ou seja, mídia interna que vai
- Perder o medo de ser ridículo e do julgamento dos outros de um memorando a técnicas aprimoradas.
- Estimular a criatividade nos colegas de trabalho
- Quebrar padrões de comportamento disfuncionais com assertivi- É cada vez mais necessário que empresas de qualquer porte tenha a
dade preocupação de ter um departamento de assessoria de comunicação.
- Sentir-se orgulhoso(a) e encontrar formas de reconhecer e gratifi-
car os momentos criativos do dia-a-dia. A comunicação interna provoca uma sintonia na empresa tornado-a
mais leve e deve ser estruturada sobre uma base do endomarketing
A criatividade revitaliza a empresa estimulando a ousadia das pesso- provocando uma reengenharia cultural na empresa incentivando e criando
as o que dá um salto qualitativo nos produtos e serviços, facilmente per- o hábito nos colaboradores internos de busca e transmissão de comunica-
cebidos pelos clientes intenos e externos. Lúcia G. Monteiro ção.

Inovação organizacional Cada vez mais se vê empresas preocupadas com a comunicação in-
O acesso às informações está cada vez mais facilitado. As organiza- terna, onde possuem uma sala com cadeiras e protejetor multi mídia entre
ções precisam ser cada vez mais competitivas. Agora a pergunta: Como outros componentes que fazem parte da transmissão de comunicação,
diferenciar-se perante tal contexto? Não basta mais termos várias infor- isto pela razão e necessidade de tornar os colaboradores internos cada
mações, por melhor analisadas que sejam, para que sirvam de parâmetros vez mais integrados as intenções da empresa e valorizados também pela

Conhecimentos Específicos 45
APOSTILAS OPÇÃO
atenção e instrução recebidas gerando motivação no grupo. Isto é apenas indivíduo dentro do contexto. Na prática esta separação não existe, ou não
um dos processos da assessoria de comunicação e sua forma. deveria existir, entre a comunicação interna e a externa. Uma empresa
serve para atender um determinado grupo do mercado consumidor, como
A comunicação se bem administrada oferece a qualquer empresa agi- vimos anteriormente, logo, o que ela propõe na sua comunicação comer-
lidade e leveza. Não vivemos mais na era dos grandes que comem os cial externa tem que ser compatível com o que oferece. É como arrumar a
pequenos e sim na era dos ágeis que devoram os lentos e comunicação e casa para receber visitas. Em muitos casos se vê ofertas fabulosas e
seus processos provocam numa empresa agilidade tornando-a mais atendimentos especiais e quando o consumidor faz contato com a empre-
competitiva no mercado organizacional. sa anunciante destas maravilhas, o caso não procede. Isto em geral
acontece porque a empresa não possui um sistema de comunicação
A comunicação foi responsável pelo desenvolvimento humano e sua interna. Não transmite para o seu corpo de colaboradores internos as suas
organização. Tudo que é construído, ou destruído, é pela comunicação ou intenções que acaba prejudicando sua competitividade no mercado.
falta dela. Em todas as esferas da atividade humana, as mais variadas,
sempre estão relacionadas com a utilização da comunicação. COMO SE PROCEDE A ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO?
A comunicação organizacional deve ser feita por um profissional da
A linguagem pode ter sido precedida de grunhidos ou de origem ono- área de comunicação social, seja qual for à habilitação que é Publicidade
matopéica conciliadas aos gestos até a um aprimoramento. Com a última e Propaganda, Jornalismo ou Relações Públicas, até porque estas disci-
retração dos glaciais e a elevação da temperatura que provocou o desapa- plinas concordam entre si muito mais neste caso. Não confundir assesso-
recimento dos grandes mamíferos, o mamute, por exemplo, o homem ria de imprensa com assessoria de comunicação, até porque a assessoria
fixou-se a terra, gerando a agricultura. O homem passou de caçador a de imprensa é uma parte em determinado momento da assessoria de
agricultor e criador, isto no neolítico. Nasceram assim os primeiros agru- comunicação.
pamentos estáveis no oriente Médio. Neste período houve a passagem da
tradição oral para a tradição escrita. Aconteceu uma mudança radical no O profissional deve primeiramente vender ao empreendedor ou ao
tipo de mensagem transmitida. A mensagem escrita fica a disposição de mantenedor de uma instituição a importância de uma comunicação interna
qualquer pessoa e não se perde ao vento e ao tempo, como a oral. Já não e seus benefícios. Isto pode ser através de vínculos empregatício, como
é mais dependente de quem envia e da discrição de quem recebe, fica a através de uma empresa de assessoria de comunicação que pode ser
disposição de qualquer pessoa que deseja ler. Pode ser relida, meditada, uma agência de publicidade, de comunicação ou como free lance, ou seja,
analisada, adquire, por tanto, durabilidade, profundeza e clareza. Desta autônomo. Deve analisar a empresa num todo e depois vender ao público
forma o homem começou a se organizar em grupos formando cidades. A interno a importância da comunicação e instalar a assessoria na base de
comunicação e a escrita serviram para registrar e transmitir dados, assim um endomarketing que é o mesmo processo do marketing, só que interno.
como controlar a conduta dos indivíduos. Criam-se projetos, planos e ações dentro da realidade da empresa que
venha mobilizar e motivar o corpo funcional, tirando-os do envolvimento
Desta forma podemos perceber que a comunicação como um todo para colocá-los no comprometimento. É uma reengenharia cultural.
serve para organizar e controlar. Dentro deste sistema é que vamos
desenvolver a questão da comunicação organizacional. A comunicação Criam-se meios de comunicação interno que vão desde um memo-
organizacional está relacionada ao mercado produtor. São relativos às rando até sistemas gráficos e eletrônicos. Produzem-se tablóides, cons-
empresas. O mercado organizacional consome entre si, troca matéria troem-se murais, criam-se cartazes, fazem-se reuniões, encontros, siste-
prima, serviços e produtos formando um mercado transformador para o ma de circuito interno de TV ou rádio interna, enfim, tudo vai de acordo
mercado consumidor final. Mas para que esta troca seja feita sem maiores com a realidade da empresa tanto economicamente, quanto em relação à
esforços, este, busca produzir para um mercado alvo do mercado consu- quantidade de colaboradores internos, espaço físico ou outras questões a
midor. Logo ele segmenta o mercado produzindo e buscando somente o serem levadas em conta, mas dá-se para realizar comunicação interna em
que interessa a uma única categoria de consumidor. A segmentação de empresas de qualquer tamanho. Temos que levar em conta que a comu-
mercado serve não só para produzir produtos específicos para grupos nicação interna ajuda e em muito a construção da comunicação externa.
específicos, como administrar a comunicação. Se segmentarmos geogra-
ficamente, demograficamente e psicograficamente para localizarmos e A INTERFACE DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
entendermos um grupo, logo o mesmo canal serve para administrarmos a A comunicação interna integra o conjunto em primeiro momento, po-
comunicação. A geografia remete a distribuição da comunicação, a demo- rém serve também para afinar-se com o discurso externo da empresa. Por
gráfica o tom da comunicação e a psicografia a forma da comunicação e o exemplo, é recomendável que cada ação externa seja comunicada, expli-
conjunto converge para o interesse de um único público. O mix de marke- cada e incorporada pelo ambiente organizacional. Os colaboradores
ting também tem a questão gerencial do produto ou serviço para o público internos devem sempre saber das ações da empresa no mercado organi-
alvo, o preço adequado às possibilidades do público segmentado, a distri- zacional de consumo. A comunicação organizacional refere-se à comuni-
buição e forma de compra e por fim a forma de comunicação e promoção cação interna que em determinado momento colabora para a comunica-
propriamente. A comunicação organizacional deve atuar sob estas duas ção externa.
formas de administração; segmentação de mercado e composto de mar-
keting. Uma empresa é um micro mercado. Os colaboradores internos EMPREENDENDO NA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
trocam seus serviços por dinheiro, (o salário), têm necessidades e desejos Existem várias possibilidades de se prestar serviços de assessorias
e isto deve ser suprido através de um gerenciamento interno de projetos de comunicação organizacional. Por vínculo empregatício o profissional de
mediados pela comunicação. comunicação tem que montar um departamento na empresa e sintonizar-
se com a mesma. Como free lance ou por uma empresa de comunicação
O objetivo deste artigo é justamente associar a comunicação organi- o profissional deve estar em constante sintonia com a empresa. De qual-
zacional às técnicas da comunicação utilizada na propaganda e publicida- quer forma, tudo começa com o conhecimento e análise da empresa que
de, jornalismo e relações públicas que normalmente se aplica à comunica- se vai assessorar. Fazem-se pesquisas com o corpo funcional, cria-se um
ção externa, desta forma aplicada na interna, dentro das empresas, nas sistema de mídia, projetam-se planos e ações para desenvolver a comuni-
organizações. Na comunicação organizacional o conhecimento destas cação que sempre será o objetivo de resolver problemas organizacionais.
técnicas de comunicação gera o planejamento estratégico de comunica- A busca de informações é o celeiro que alimentará os projetos e elas
ção. devem ser localizadas dentro e fora da empresa. Dentro, em seus depar-
A comunicação externa no caso da publicidade serve para tornar pú- tamentos e nos funcionários e fora no discurso dos concorrentes, nas
blico um produto ou serviço, através de promoções associado a uma publicidades, feiras, enfim, em tudo que é exposto.
empresa produtora e anunciante. A comunicação interna, dentro de uma
organização serve para uma comunicação institucional, que gera nos CONCLUSÃO
colaboradores internos um sincronismo com a filosofia e a as práticas da A assessoria de comunicação organizacional é um novo nicho de
empresa. Serve ainda para situar, valorizar, educar e comprometer o mercado de trabalho para o profissional de comunicação, tão realizador

Conhecimentos Específicos 46
APOSTILAS OPÇÃO
quanto trabalhar nas formas clássicas. É uma nova realidade, pois as Segundo a perspectiva que subordina a liderança à dinâmica de gru-
empresas cada vez mais têm necessidades de se comunicar com todos os po, o estudo da matéria deve envolver não apenas a pessoa do líder como
públicos para poderem ser mais competitivas e a comunicação organiza- os demais integrantes do grupo; não apenas as pessoas, como também
cional é o caminho certo para a compreensão da empresa no seu contexto as relações que se estabelecem entre elas; não apenas o meio, como os
interno e externo, provocando uma harmonia no conjunto, gerando uma fatores históricos e culturais que sobre ele atuam. A liderança, portanto,
sinergia positiva em todos os setores, provocando uma satisfação no não é condição passiva ou reunião de certos traços ou combinações de
contexto. traços, mas se produz na interação dos membros do grupo como expres-
Assessoria de comunicação organizacional ou empresarial não é coi- são de ativa participação e demonstração de capacidade para conduzir
sa para amador, pois a comunicação tem suas sutilezas que só profissio- cooperativamente à realização de metas. Dentro dessa perspectiva,
nais da área dominam e qualquer ação errada pode provocar sintomas equiparou-se o líder a uma figura que emerge de um fundo ou contexto e
graves. Luiz Sérgio Cardona Néry a ele permanece vinculado por meio de contínua troca de influências.

Estilos gerenciais Formas de liderança. Distinguem-se várias formas de liderança, com-


Empreendedor - Caracteriza-se pela independência na forma de agir binando diferentes critérios de classificação, fundados na origem dessa
e decidir. De estilo diretivo, influencia pessoas pela força do caráter, capacidade, em sua extensão ou na técnica de exercitá-los.
persistência e determinação. Realizador, destemido e ousado, tende a • Carismática. Assim denominada por Max Weber, a liderança ca-
atuar de forma mais impaciente na busca de resultados, não se esquivan- rismática, supostamente de origem sobrenatural, é aceita pelo
do de correr alguns riscos. grupo em períodos de pesadas frustrações e depressões coleti-
Sai na frente e seu exemplo conduz a equipe ao resultado. Perfil indi- vas.
cado para implantação, onde haja necessidade de convencimento, de • Reformista. Os representantes da liderança reformista se caracte-
orientações e envolvimento das pessoas. Indica facilidade para estruturar rizam pela imensa carga de hostilidade e agressão de que são
planos de ação e argumentar. portadores. Seus dotes oratórios e capacidade de persuasão são
capazes de gerar notáveis efeitos de destruição no campo das
Analítico - Influencia os outros a partir de argumentos lógicos, dados instituições e sistemas de organização social.
concretos e consistentes e metodologias. Analisa os fatos sob os mais • Executiva. Supostamente presente nas grandes organizações, a
diferentes ângulos antes de tomar decisão. Trabalha prioritariamente com liderança executiva se caracteriza principalmente pela habilidade
planejamento e estruturação. Prático, detalhista, organizado e pontual organizadora e capacidade de orientação das forças coletivas.
prima pela precisão dos dados, apegando-se a fatos e à lógica, inclusive • Coercitiva. A liderança coercitiva, também chamada autoritária,
para ganhar uma discussão. Revela facilidade para estabelecer procedi- caracteriza-se pela total absorção do poder de decisão e peculiar
mentos e formar pessoas para atividades pré-formatadas. Seu relaciona- distância social que separa a personalidade que a exerce da cole-
mento pode ser distante, mantendo contato cauteloso com as pessoas. tividade sobre a qual atua.
• De tarefa e socioemocional. A liderança de tarefa tem como ca-
Desenvolvedor - Preocupa-se em estabelecer relacionamentos pes- racterística principal a estruturação de ideias e a iniciativa na so-
soais amigáveis e confiáveis com as pessoas. Conciliador, amistoso, lução de problemas, enquanto a liderança socioemocional funcio-
flexível e de fácil adaptação. De estilo persuasivo, tende a utilizar seu na como fator de escoamento de tensões e promoção do moral.
prestígio com as pessoas para obter apoio para atingir os resultados • Estatutária e espontânea. O poder de influência e as funções de
esperados. Espirituoso e sociável consegue com facilidade o que quer. direção do líder por delegação estatutária decorrem de imposi-
Tende a influenciar pessoas pela abordagem amistosa, atendimento ções legais. A rigor, tais líderes não se revestem de autenticidade
pessoal, elogios e prestatividade. Valoriza genuinamente as pessoas e e em pouco tempo se deixam anular pela maior habilidade de or-
estimula constantemente seu desenvolvimento. ganização e iniciativa dos líderes espontâneos, ou passam a
exercer formas autoritárias de ação.
Agregador - Caracteriza-se como um facilitador de times. Influencia • Autoritária e democrática ou liberal. O conceito de liderança auto-
os outros pela determinação e consistência de seu desempenho. Busca ritária coincide com o da coercitiva. Define-se pela competência
resultados através de uma atitude persistente de continuidade. Organiza- exclusiva do líder na determinação dos objetivos do grupo, em cu-
do, metódico, moderado, amável nos relacionamentos. Não gosta de lidar ja discussão e fixação os liderados são totalmente excluídos. A li-
com o novo, embora se esforce para aderir a novas situações e orienta- derança democrática se caracteriza pela preocupação de, tanto
ções. Procura dar suporte a todos, buscando concordância e coesão entre quanto possível, incorporar os liderados nas tarefas de direção.
os membros de sua equipe. Tende a chamar para si a responsabilidade de
fazer as coisas acontecerem preocupando-se em estimular as pessoas. Funções desempenhadas pelos líderes. As funções de que se inves-
Compartilha suas metas e apóia as iniciativas da equipe. tem os líderes podem ser primárias, quando se mostram essenciais ao
Tais características não são necessariamente excludentes. Na práti- desempenho da liderança, ou secundárias, quando decorrem da própria
ca, ninguém apresenta, por exemplo, um comportamento cem por cento posição assumida pelo líder. São funções primárias: (1) a de diretor ou
conservador o tempo todo e sob qualquer circunstância. Cada pessoa coordenador das atividades do grupo, que pode ser distribuída e delega-
traz, em seu modo de pensar e agir, uma mescla desses quatro estilos. da; (2) a de planejador dos meios capazes de possibilitar a total realização
APCP dos objetivos visados pelo grupo; (3) a de especialista e centro de infor-
mações; (4) a de representante externo do grupo; (5) a de árbitro e medi-
LIDERANÇA SITUACIONAL. ador, com a decorrência natural de punir e distribuir recompensas. São
funções secundárias: (1) a de apresentar-se como símbolo do grupo; (2) a
A ideia da liderança vinculada aos atributos pessoais do líder predo- de ideólogo que, como a anterior, está muito vinculada à liderança autori-
minou até o início do século XX. Modernamente, entende-se liderança tária, mais que à liberal; (3) a de figura paternal; (4) a de bode expiatório
como uma função organizacional, subordinada à dinâmica de grupo. ou vítima propiciatória, em condições de crise ou conseqüente estado de
depressão.
Liderança é o processo de estímulo pelo qual, mediante ações recí-
procas bem-sucedidas, as diferenças individuais são controladas e a No que toca às expectativas em torno da conduta dos líderes, há que
energia humana que delas deriva se encaminha em benefício de uma observar algumas: (1) o líder deve agir de maneira a ser percebido pelos
causa comum. Esse conceito, decorrente das contribuições do movimento integrantes do grupo como um de seus membros; (2) os valores e as
gestaltista, apoiado nas obras dos psicólogos Kurt Lewin e Kurt Koffka, normas consagradas pela coletividade devem ter sido incorporados no
contraria o que predominava no início do século XX, segundo o qual a líder; (3) o grupo deve poder beneficiar-se da investidura do líder, desta-
liderança se vincula estritamente aos atributos pessoais do líder. Tal cado dos demais por suas qualificações; (4) ao líder cabe a tarefa de
conceito se expressa, de forma radicalizada, na tese do líder nato. corresponder às expectativas do grupo.

Conhecimentos Específicos 47
APOSTILAS OPÇÃO
As sociedades modernas deram origem a vasto número de situações Este modo de liderança pode ser dividido em quatro estilos:
potenciais de liderança nos setores de política, economia, lazer, trabalho 1. Direção: a liderança ocorre quando o colaborador necessita
etc. Ante a complexidade dos grupos de interesses sociais, a autoridade aprender a tarefa a ser executada, sendo o líder supervisor da
subdividiu-se, de forma a suprir as necessidades situacionais e atingir os tarefa até seu fim, direcionando o colaborador para elaborá-la até
objetivos específicos de cada grupo. A exigência de uma liderança eficien- conquistar confiança.
te e empreendedora no campo político decorre do crescimento do estado 2. Orientação: este estilo de liderança ocorre quando o colaborador
e da economia, particularmente no século XX, em face da rivalidade necessita conhecer a tarefa e conquistar um estímulo para
internacional com vistas ao progresso econômico. execução dela. O líder contribui apoiando a obtenção de novas
ideias e disseminando conhecimento quando o colaborador
O líder moderno deve ser recrutado para cumprir objetivos sociais e necessite de ajuda.
políticos, com base no merecimento e no conhecimento especializado. 3. Apoio: o líder se encarrega de estimular o colaborador para
Seu campo de ação é regulado por leis e normas jurídicas. Essa conceitu- adquirir segurança e buscar o aprendizado, aumentando suas
ação moderna difere essencialmente da tradicional, em que poderosos e habilidades e conhecimento, dando mais respaldo para o
rígidos sistemas autocráticos e de classes fechadas atribuíam aos líderes colaborador executar suas tarefas. O líder presta apoio, porém
valores especiais de dominação. supervisiona pouco.
4. Delegação: ela ocorre quando os colaboradores possuem maior
Carisma autonomia e liberdade, tendo conhecimento e segurança com as
Tanto Cristo e Maomé, que fundaram duas das maiores religiões da tarefas. O líder mantém um contato com pouca supervisão e
humanidade, quanto Napoleão e Gandhi, que mobilizaram imensos con- pouco apoio. Muitas vezes o colaborador inclusive tem autoridade
tingentes humanos, podem ser considerados líderes carismáticos, por sua para decisões de mudanças ambientais conforme o nível
extraordinária capacidade de conduzir as massas e inspirar-lhes confiança hierárquico.
cega e incondicional.
Conforme o perfil do colaborador, o líder deve lidar com cada situação
Sejam dons extraordinários concedidos por Deus, como queria são encontrada na organização. A maturidade do colaborador faz o líder agir
Paulo, sejam qualidades inatas de certos homens que afloram em deter- de modos diferentes conforme a necessidade.
minadas circunstâncias históricas, como pensava Max Weber, o carisma é
sempre um poder fantástico, de caráter quase mágico, reconhecido pelos
seguidores na pessoa e na personalidade dos grandes líderes. A palavra PERCEPÇÃO INTERPESSOAL
vem do grego, com o sentido de "graça concedida por Deus", e mantém
na acepção moderna esse caráter místico e de certa forma religioso. Segundo Hinton (1993) a percepção interpessoal deverá ser encarada
para efeitos de análise na base de três perspectivas: (1) o relacional, (2) o
Na perspectiva sociológica moderna, o carisma se manifesta por cer- social e o (3) cultural. Sendo a percepção interpessoal um processo de
tas virtudes, identificadas e reconhecidas pela massa, que confere ao líder inferências que se faz sobre uma ou outras pessoas com base na infor-
um poder extraordinário. Assim, a experiência carismática só se realiza mação disponível, tais inferências podem ser influenciadas por factores de
quando conta com o reconhecimento do grupo. O conceito de carisma natureza pessoal, social e cultural. Em relação aos primeiros, podem
está portanto vinculado ao de autoridade e liderança, embora não baste à localizar-se as possíveis influências a partir de três origens:
pessoa estar investida de um cargo de mando, ou contar com capacidade 1) A informação sobre alguém;
de liderar pessoas, para transformar-se em líder carismático. 2) O tratamento da informação por quem percepciona;
3) A relação entre quem percepciona e é percepcionado.
Há sempre, em toda sociedade, uma espécie de "carisma difuso", que
para Max Weber é o elemento irracional latente, que vai ser ativado por A informação pode ter origem no comportamento, aspectos físicos, fi-
uma personalidade carregada de carisma. Esse elemento transforma-se sionómicos e de aparência de quem é percepcionado, em documentos
numa força social de grande ímpeto e detém em si um imenso potencial escritos e em descrições fornecidas por terceiros. Quem percepciona,
de destruição de uma realidade para construção de outra, que correspon- pode analisar minuciosamente a informação ou pode desconsiderá-la;
da ao modelo almejado -- seja este uma sociedade mais humana e justa, paralelamente, o modo como quem percepciona aprendeu a explicar as
como objetivaram Cristo e Gandhi, seja um país com mais espaço territo- pessoas ou os acontecimentos, modo esse geralmente objectivado em
rial e maior poderio militar e político, como almejaram Napoleão e Hitler. estereótipos ou em perspectivas idiossincráticas pode também produzir
influência sobre as inferências; igualmente o relacionamento existente
Liderança situacional (familiaridade, amizade, profissional, afecto, desconhecimento, etc.) entre
O conceito de liderança situacional consiste da relação entre estilo quem percepciona e o que é percepcionado, pode também influenciar a
do líder, maturidade do liderado e situação encontrada. Não existe um percepção.
estilo de liderança adequado para todas as situações, mas ocasiões e
estilos diferentes de gestores. Por último, o contexto cultural é igualmente influenciador das leituras
perceptivas. A distância social definida pelo espaço físico entre dois
O modelo de liderança define o comportamento da tarefa, sendo o
interlocutores, funciona como uma importante fonte de influência da per-
líder encarregado de dirigir as pessoas, ditando suas funções e objetivos a
cepção. A reacção, por exemplo quando há uma abordagem demasiado
serem alcançados.
próxima para se falar com um desconhecido, é para o afastamento e para
A liderança situacional mostra uma relação entre liderança, motivação a marcação de distâncias, o que significa banir alguém do espaço psicoló-
e poder, em que o líder estará freqüentemente avaliando seus gico.
colaboradores e alterando seu estilo de liderança, sendo ela dinâmica e
flexível. A liderança situacional busca utilizar modelos diferentes de Concluindo, as inferências que fazemos acerca de alguém a partir da
atuação conforme a situação encontrada. informação disponível sobre esse alguém, estão potencialmente sujeitas a
cada uma das influências referidas.
A liderança situacional busca conciliar a tarefa a ser executada,
concedendo orientação e direção do líder aos colaboradores, o apoio O resultado de tais inferências traduz-se geralmente na formação de
emocional através de um relacionamento adequado e o nível de uma impressão sobre a pessoa percepcionada, ou seja, um processo
maturidade dos colaboradores. mediante o qual se inferem características psicológicas com base no
comportamento da pessoa percepcionada e se estruturam tais inferências
A maturidade pode ser definida como a vontade e a capacidade de numa impressão coerente. Contudo este processo de formar impressões,
uma pessoa assumir a responsabilidade de dirigir seu próprio levanta diversos riscos que dificultam a exactidão da percepção.
comportamento.

Conhecimentos Específicos 48
APOSTILAS OPÇÃO
Um deles é a categorização, a qual consiste na tendência em valori- Por outras palavras, estes conceitos (ou conjuntos de dimensões)
zar as características dos outros, que estão de acordo com os nossos permitem-nos organizar as múltiplas experiências que temos diariamente.
valores e necessidades. Sem eles, estaríamos num estado de caos contínuo e por isso mesmo
eles são partes funcionais e necessárias da personalidade humana. O fato
Quando, pela primeira vez estamos perante alguém tendemos a for- de sermos tão dependentes do nosso sistema conceptual significa que
mular de imediato uma impressão global. Neste fenómeno intervêm ele- hesitamos muito em aceitar qualquer informação que não se lhe adapte.
mentos cognitivos (como reconhecer o significado atribuído a um compor-
tamento) e afectivos, que, irão originar uma categorização. Para nos protegermos destas experiências desconfirmantes, temos à
nossa disposição inúmeras defesas perceptuais. Estas defesas atuam
A categorização liga-se a um sistema de valores e faz com que as como um filtro, bloqueando o que não queremos ver e deixando passar o
pessoas sejam agrupadas em determinados grupos classificativos, a partir que queremos ver. Quanto mais nos aproximamos de sistemas conceptu-
dos índices observados e do significado atribuído aos mesmos. Quando ais que têm a ver com as nossas relações com outras pessoas importan-
se categoriza faz-se a partir de categorias centrais e não tanto periféricas, tes para nós, mais provavelmente nos socorremos destes filtros defensi-
sendo que as primeiras impressões indicam a direcção da categorização e vos.
influenciam a percepção global do sujeito.
FATORES EM JOGO NA PERCEPÇÃO
Relacionados com este processo estão igualmente os preconceitos e Podemos considerar neste campo vários tipos de fatores:
os estereótipos. Estes são, geralmente, ideias sem fundamento real, como • Fatores estruturais: São as primeiras condições da percepção
tal pré-concebida, e que consiste em atribuir características a pessoas sobre as quais não há ação, que não se podem mudar;
classificadas em determinados grupos tipificados. colaboracomwiki. wikis- • Fatores funcionais: O percebido é o conjunto do que, vindo do
paces.com mundo exterior, tem para nós uma significação. Operamos pois
sobre os elementos que estão à nossa disposição e cuja organi-
Não somos máquinas fotográficas, nem gravadores. Não absorvemos zação nos permite a sua integração de forma compreensível.
com os nossos olhos exatamente aquilo que está "ali". Respondemos
constantemente a pistas que têm significado para nós; vemos aquilo que Vejamos um exemplo:
queremos ou necessitamos ver para nos defendermos ou prosseguirmos Introduzimos uma pessoa numa sala e, ao fim de alguns instantes,
com os nossos objetivos. mandamo-la sair e pedimos-lhe para descrever a sala onde esteve. Po-
Da mesma forma, não vemos as pessoas como elas são, vemo-las demos constatar que ela não descreve tudo o que lá estava. Entre os
pelo que elas significam para nós. Se considerarmos o modo como com- elementos que ela podia ver, não conservou senão uma parte. Este sim-
preendemos o mundo em que vivemos e, particularmente, os aspectos ples fato mostra que a percepção opera uma seleção nas informações que
que têm a ver conosco e com as nossas relações com outras pessoas, atingem os sentidos: não é que a pessoa não tenha visto, mas ela valori-
podemos constatar que: zou umas coisas e subestimou ou esqueceu outras.
• Organizamos o mundo de acordo com conceitos ou categorias
(por exemplo, dizemos que uma coisa é fria ou quente, boa ou Não somente eliminamos um certo número de informações, como or-
má, simples ou complexa, etc.). Cada um destes conceitos pode ganizamos o campo dos dados sensoriais introduzindo neles uma estrutu-
ser considerado uma dimensão ao logo da qual nós podemos co- ra que o torne coerente. É assim que a percepção isola os conjuntos,
locar os acontecimentos do mundo, alguns mais próximos de um obedecendo a certas leis: os objetos são percebidos em grupo, por causa
dos extremos, outros do outro. da sua proximidade, semelhança, simetria, etc. Do mesmo modo, a per-
cepção destaca uma figura do fundo em que está inscrita e a figura adqui-
De fato, sempre que consideramos as nossas próprias qualidades, as re maior significação e propriedades um pouco diferentes das do fundo.
outras pessoas ou os acontecimentos do mundo inanimado, temos de
recorrer a estes conceitos. Estamos dependentes, para a compreensão do Nas nossas atividades perceptivas introduzem-se também compara-
mundo, dos conceitos e categorias de que dispomos para organizar as ções e juízos que nos permitem assimilar o "dado" presente a um "conhe-
nossas experiências. Se nos faltar um conceito para definir algo que cido" anterior. "É assim que, quando estamos numa casa que nunca
ocorre no mundo, temos de inventar um ou não podemos responder ao vimos, percebemos uma casa, isto é, um conjunto que tem significação: o
acontecimento de um modo organizado. Como é que, por exemplo, uma sítio onde se vive, dorme, etc...
pessoa explica o seu próprio comportamento e o dos outros sem os con-
ceitos de amor e ódio? Pensem como o comportamento pareceria confuso A percepção é uma função da pessoa. As percepções sofrem influên-
ou se tornaria mesmo imperceptível para a pessoa que não dispusesse cia das características pessoais, mas também do contexto social, das
desta dimensão. instituições nas quais a pessoa está integrada. Assim, segundo os indiví-
duos, os mesmos objectos, os mesmos acontecimentos, as mesmas
Cada um de nós desenvolveu o seu próprio conjunto de conceitos que pessoas do mundo exterior impõem-se com uma significação diferente.
utiliza para interpretar o comportamento dos outros. Estas preferências de • Fatores institucionais: O sujeito da percepção, enquanto pes-
conceitos estão, na maior parte das vezes relacionadas com a nossa soa, está inserido numa sociedade da qual veicula algumas re-
motivação. presentações. Estas representações estão institucionalizadas. É
assim que numa tribo melanésia, não se procura a semelhança
Os conceitos não existem isoladamente; estão interligados através de entre dois irmãos porque, segundo o modo como as populações
uma rede de relações. Os que utilizamos para compreender uma situação concebem os laços de parentesco, não se parte do princípio que
e as relações entre os próprios conceitos, constituem o sistema conceptu- os irmãos tenham que se parecer um com o outro.
al.
• Fatores pessoais: Um grupo de experimentadores mostrou a al-
guns sujeitos, que tinham previamente jejuado, figuras bastante
As imagens e os estereótipos atuam deste modo. Quando descobri-
ambíguas. Constataram que os sujeitos que estavam cheios de
mos que uma pessoa é um "negro" ou um "líder sindical" ou um "sociólo-
fome viam alimentos e utensílios de cozinha numa proporção niti-
go" ou uma "mulher", a informação sobre estes conceitos imediatamente
damente maior que os sujeitos em estado normal, verificando- se
evoca um conjunto de expectativas sobre outras características da pes-
que as percepções se tornavam exclusivamente alimentares à
soa. No caso dos estereótipos estas expectativas podem mesmo ser tão
medida que o tempo de jejum aumentava. Podemos então consi-
fortes que não procuramos constatar se o sistema conceptual "trabalhou"
derar que vários parâmetros estão na base das nossas preferên-
corretamente desta vez e podemos mesmo ir ao extremo de ignorar ou
cias pessoais. Vejamos alguns:
distorcer informações que não se adequam ao nosso sistema conceptual,
1. Desejos, preferências, opiniões e estereótipos (Em função dos
de modo que o sistema não seja afetado por experiências contraditórias.
nossos desejos, transformamos mais ou menos o objeto da per-

Conhecimentos Específicos 49
APOSTILAS OPÇÃO
cepção de modo que ele preencha a nossa expectativa. É assim No caso das comunicações interpessoais, a própria presença de uma
que os espectadores de um jogo de futebol vêem todas as faltas pessoa na situação pode ter um impacto na natureza da interação. Falar
do campo adversário e não vêem as do seu clube favorito) com uma rocha é um processo estático, pois que a rocha não reage; falar
2. Experiências passadas - aprendizagem (A percepção depende com outra pessoa é um processo dinâmico, pois que a outra pessoa reage
enormemente das experiências anteriores, por exemplo, sabe-se e a sua reação influencia as nossas reações futuras.
que certas tribos africanas e australianas são capazes de seguir
rastos de homens ou animais enquanto que nós somos incapa- Para melhorar a capacidade de comunicar com os outros é essencial
zes. Essas tribos aprenderam a dar um sentido aos pormenores compreender-se as lacunas de uma comunicação com os outros. O modo
que nos escapam, uma vez que não têm nenhuma significação mais eficaz de fazer isto é os outros darem-nos feed-back sobre o que nos
para nós. ouviram dizer (tanto ao nível das palavras como dos sentimentos) e sobre
3. Contexto e quadro de referência (As nossas percepções não são o modo como a nossa mensagem os afetou (o impacto que teve). Pode-
as mesmas conforme o contexto no qual se encontra uma figura: mos então comparar as consequências "pretendidas" com as "reais" e
contexto significa aqui, quer o ambiente objetivo exterior que ob- estarmos assim numa melhor posição para alterarmos o nosso comporta-
servamos ao mesmo tempo que a figura, quer o contexto interno, mento de comunicação.
pessoal, que é o quadro de referência no qual recebemos a ima-
gem. O problema crucial não é o de um estilo correto de comunicar, mas
sim o da congruência - Será que eu estou a transmitir aquilo que queria
Note-se que é ao nível da percepção de outrem que se colocam mais transmitir? Será que as minhas palavras e ações estão de acordo com os
problemas de distorção perceptiva. Os riscos de erro são consideravel- meus sentimentos ou Será que estou a controlar inconscientemente a
mente aumentados, dado que uma grande parte das razões e móbeis do minha transmissão?
comportamento de outrem nos escapa. As significações que a nossa
percepção atribui aos outros não correspondem forçosamente às que eles O feed-back é pois um modo de ajudar; é um mecanismo corretivo pa-
próprios atribuem à sua conduta. A pessoa não é percebida tal nem como ra o indivíduo que quer aprender a ver se o seu comportamento se coadu-
deseja ser, o que gera descontentamento, hostilidade. Uma das formas de na com as suas intenções, ou seja, compreender melhor as lacunas na
ultrapassar este estado de coisas é a explicitação das motivações e dos sua comunicação com os outros. Para compreenderes melhor o processo
objetivos e só o esforço para atingir uma comunicação livre e sem barrei- de comunicação interpessoal, terás de olhar para certos conceitos essen-
ras poderá permitir aos indivíduos ajustar a sua percepção. ciais inerentes a esse processo.

A Comunicação Interpessoal HIERARQUIA


Sob um ponto de vista racional e mecânico, o processo de comunica- É a disposição de níveis verticais de responsabilidades, em degraus
ção poderia ser representado do seguinte modo: de importância de cima para baixo. Estes níveis caracterizam todas as
Pessoa A <--------------------------> Pessoa B formas de esforço cooperativo organizado.

Ou seja, A diz alguma coisa e B ouve o que A disse. Contudo, rara- O número de níveis aumenta à medida que a empresa cresce.
mente as comunicações são assim tão simples. As comunicações são
muito mais do que palavras que correm entre as pessoas. Todo o compor- AUTORIDADE
tamento transmite uma mensagem - é uma forma de comunicação. Quan- É o direito ou poder de mandar. Segundo a fonte de onde emana esse
do estudamos o conceito de comunicação interpessoal, temos de exami- poder ou direito, diz-se primária ou por delegação.
nar a relação interpessoal de um modo geral.
A autoridade primária é a autoridade suprema da organização. Se-
No exemplo representado, A traz para a interação com B muito mais gundo Max Weber, a autoridade provém de três origens:
do que o conteúdo da mensagem que deseja transmitir. Ele transmite-a Carismática: baseada na devoção afetiva e pessoal.
como pessoa. A tem uma imagem de si próprio como pessoa e tem tam-
bém, embora em vários graus de especificidade e intensidade, um conjun- Tradicional: fundamentada nos costumes e normas da ordem soci-
to de atitudes e de sentimentos em relação a B. A mensagem que A dirige al vigente (estrutura patriarcal ou feudal).
a B, para além de um certo conteúdo, poderá pois conter uma série de Legal: definida nos procedimentos formais, atos de institui-
pistas: ção, regulamentos etc.
a) sobre o modo como A se sente como pessoa (por exemplo, confi-
ante e seguro versus não confiante e inseguro); A transferência de autoridade dos níveis superiores para os inferiores
b) sobre o modo como A sente B como pessoa (por exemplo, amável se processa através de Delegação.
e receptivo versus frio e fechado) e
c) sobre o modo como A espera que B reaja à sua mensagem. A autoridade não se exerce de modo absoluto. Há limitações impostas
pela Lei, pela Ordem Social, por fatores físicos etc.
Este quadro torna-se ainda mais complexo se pensarmos que A ape- Em Administração, interessa-nos a autoridade legal e passaremos a
nas está parcialmente consciente do que está a transmitir a B. Isto pode abordar os tipos existentes em uma empresa.
criar um "arco de distorção" (Warren Bennis):
Serão aqui apresentados quatro Tipos de Autoridade a saber:
A transmite algo a B que não pretendia transmitir. B reage a essa Autoridade de Linha (ou Hierárquica)
transmissão e confunde A, que poderá não compreender porque é que a Autoridade de “Stafl” (ou de Estado-Maior)
sua mensagem provocou uma reação tão estranha. Um exemplo disto é o Autoridade Funcional
chefe que, inconsciente do seu tom ameaçador de voz, pede que os seus Autoridade de Fiscalização
subordinados emitam opiniões honestas sobre as suas ações, ficando
surpreendido com a falta de sinceridade dos mesmos. a) Autoridade de Linha (ou Hierárquica)
Conceituação
A focalização, até aqui, tem sido em A - o emissor. Mas uma imagem A autoridade de Linha (ou Hierárquica) é aquela que se exerce dire-
reflexa opera em relação a B no que se refere à sua imagem e às atitudes tamente sobre as pessoas que integram um órgão; envolve a capacidade
em relação a A. Tudo o que A transmitir (intencionalmente ou não) será de um chefe para dar ordens aos seus subordinados, coordenar sua ação
recebido por B através do seu conjunto de filtros perceptuais. A resposta e cobrar resultados; a autoridade de Linha se manifesta através de OR-
de B a A será em parte uma função do que B ouviu mas ouvir é um pro- DENS que emanam dos superiores para os respectivos subordinados.
cesso seletivo - ouvimos o que queremos e esperamos ouvir.

Conhecimentos Específicos 50
APOSTILAS OPÇÃO
Relações Gerente Pessoal; ao elaborar um relatório de despesas de viagem terá de
Entre o superior e o subordinado estabelece-se uma relação de linha levarem conta as diretrizes emitidas pelo Diretor ou Gerente Financeiro.
ou hierárquica; todos os empregados estão ligados ao Presidente por uma
relação de linha ou hierárquica; a linha de autoridade, partindo do mais Conflitos
elevado nível hierárquico da empresa, corre sem interrupção até atingir os Em princípio não deveria haver conflito entre estas duas autoridades,
elementos situados nos níveis inferiores. cada uma delas limitada por atribuições bem definidas que harmonizaram
sua interação. Entretanto, podem surgir dificuldades, seja pela falta de
b) Autoridade de “Staff’ (ou de Estado-Maior) coerência dos textos, seja por sua interpretação errônea ou por sua difi-
Conceituação culdade de aplicação a problemas complexos. Acontece então um enfra-
O detentor da autoridade de linha muitas vezes não possui tempo pa- quecimento de controle disciplinar, dificuldades de coordenação e aumen-
ra digerir a carga de trabalho que lhe chega às mãos; outras vezes não to considerável dos canais de comunicação.
tem o suficiente conhecimento especializado para decidir sobre a enorme
variedade de problemas que deve tratar; é neste momento que entra em Em caso de conflito entre uma e outra, a prática parece favorecer a
cena um indivíduo ou um grupo de indivíduos dotados do que denomina- LIMITAÇÃO DA AUTORIDADE FUNCIONAL para não enfraquecer a
mos Autoridade de “Staff’, ou seja, indivíduos que têm autoridade para posição do Executivo de Linha (esse está mais próximo da ação).
auxiliar, apoiar, aconselhar, assistir a autoridade de linha, sem contudo
decidir, pois o poder de decisão permanece privativo da Autoridade de A Autoridade Funcional deve portanto ser usada COM PARCIMÔNIA
Linha. e somente quando existirem influências externas (que devem ser interpre-
tadas por especialistas) e internas (quando os assuntos são de tal impor-
O “Staff” (ou Assessoria) é considerado uma extensão da personali- tância e complexidade que torna-se necessário um grau máximo de uni-
dade do Chefe, exercendo uma autoridade própria não menos real que a formidade de ação).
de linha, a autoridade de ideias, consubstanciada através de CONSE-
LHOS ou PARECERES. d) Autoridade de Fiscalização
Conceituação
Relações É aquela que consiste em zelar pela observância de um conjunto or-
Entre o Assessor e o Chefe de Linha, estabelece-se, no sentido as- gânico de regras, verificando se a execução está sendo realizada de
cendente uma relação de “Stafíf (ou de Estado-Maior, ou de Assessoria); o acordo com os regulamentos e instruções em vigor. E a autoridade típica
assessor assiste o Chefe de Linha, sem contudo impor ao mesmo o seu de uma Auditoria, de um Conselho Fiscal nas Sociedades Anônimas e das
julgamento. Inspetorias de Segurança Industrial.
Algumas vezes o Assessor tende o tomar a si o poder de decisão de Modalidade de Ação
Chefe de Linha. Este fato, prejudicial à vida de empresa, pela dualidade Os indivíduos investidos deste tipo de autoridade não podem interferir
de comando que estabelece, resulta de uma ou mais das seguintes situa- na gestão mediante ordens, cabendo-lhes apenas verificar, através de
ções: VISITAS, EXAMES DE DOCUMENTOS e CONFERENCIAS DE BENS, a
• Alguns Chefes de Linha, por deficiência ou insegurança pessoal conformidade de atos ou situações a princípios de ética, leis do país e
se apóiam demasiadamente nos seus Assessores. normas da empresa.
• O tipo de trabalho desenvolvido pelos Assessores é um processo
eminentemente intelectual; eles estudam, coligem dados, chegam RESPONSABILIDADE
a soluções por processos intelectuais muitas vezes acabando por E a aceitação do papel a ser desempenhado na organização, com-
se tornarem autênticos “cérebros” da organização. posto de tarefas, missões, atividades. Todo cargo encerra um grau de
• As vezes, o Assessor possui aptidões técnicas e conhecimentos responsabilidade.
especializados que o Chefe de Linha não tem. Desta forma, fre- A Responsabilidade não pode ser delegada.
qüentemente os conselhos que dá têm necessariamente de ser
aceitos, o Chefe de Linha praticamente assinando em cruz. DEPARTAMENTALIZAÇAO
• Por outro lado, é comum encontrar-se Chefes de Linha cuja con- É o processo de estabelecer unidades compostas de grupos, com
fiança em seus próprios recursos o fazem impermeável a todo funções relacionadas. Cada agrupamento é atribuído a um chefe, com
conselho dos seus Assessores. Neste caso o “Staff’ tende a atro- autoridade para dirigir tais atividades.
fiar-se e desaparecer. Torna-se pois importante que tais atividades sejam agrupadas logi-
camente.
c) Autoridade Funcional Diversos são os critérios para proceder-se à Departamentalização:
Conceituação Por função: atividades similares;
A Autoridade Funcional é aquela que se exerce sobre determinados por áreas geográficas: têm por base a localização;
assuntos ou determinadas espécies de atividades. Ela envolve a capaci- por produto: segundo a linha de fabricação;
dade para emitir ORIENTAÇÃO NORMATIVA sobre determinados atos ou por clientela: segundo o interesse do freguês ou cliente;
operações de pessoas sujeitas a diferentes autoridades hierárquicas. A por processo: de acordo com a tecnologia empregada.
Autoridade Funcional é confiada a uma pessoa para que ela possa regu- Identificadas as atividades da empresa, elas serão agrupadas. Este
lamentar um certo número de atividades basicamente homogêneas cujo agrupamento ou arrumação das atividades será efetuado de acordo com
grupamento é denominado Função. os determinados critérios inicialmente propostos por LUTHER GULICK.

A Autoridade Funcional não possibilita determinar as ações a serem Órgãos de Departamentalização


executadas, ela deve, isto sim, definir as DIRETRIZES segundo as quais a Resulta na criação dos átomos da empresa, que são seus Órgãos ou
ação comandada pela autoridade hierárquica se desenvolvera. Unidades Administrativas.
Os órgãos se distinguem uns dos outros de acordo com o elemento
Relações hierárquico de sua denominação, que indicará a importância do órgão da
É aquela que se estabelece entre dois indivíduos, ou dois órgãos, um empresa. Não existe nenhuma regra fixa para a hierarquização das deno-
dos quais possui autoridade funcional sobre o outro. Assim, numa empre- minações, sendo necessário, entretanto, que os títulos adotados sejam
sa, um Chefe de Linha, além de autoridade hierárquica do seu superior COERENTES e UNIFORMES para toda a empresa.
imediato, recebe autoridade funcional dos responsáveis pelas funções Os títulos mais comumente adotados na Empresa Privada, para indi-
com as quais se relacionam suas atividades. car posição hierárquica, são os seguintes:
a) Diretoria (exemplificando: Diretoria de Administração)
Exemplificando: se desejar autorizar horas extraordinários para seus b) Departamento (Departamento de Pessoal)
subordinados, terá de cingir-se às diretrizes baixadas pelo Diretor ou
Conhecimentos Específicos 51
APOSTILAS OPÇÃO
c) Divisão (Divisão de Recrutamento e Seleção) O moral é uma decorrência do estado motivacional, uma atitude men-
d) Seção (Seção de Seleção) tal provocada pela satisfação ou não-satisfação das necessidades do
e) Setor (Setor de Testes Psicotécnicos) indivíduo. O moral elevado é acompanhado de uma atitude de interesse,
identificação, aceitação fácil, entusiasmo e impulso positivo, em relação ao
Critérios de Departamentalização trabalho; desenvolve a colaboração, porquanto ele se apóia em uma base
Como vimos, os critérios de Departamentalização utilizados para o psicológica onde predominam o desejo de pertencer e a satisfação de
agrupamento de atividades são por função (ou propósito), por produto (ou trabalhar em grupo.
serviço), por processo, por clientela, por localização (ou área geográfica) Por outro lado, o moral baixo é acompanhado por, uma atitude de desin-
e, antes de apresentar cada um individualmente, tornam-se necessários teresse, negação, pessimismo, rejeição e apatia com relação ao trabalho e,
dois esclarecimentos: geralmente, trazendo problemas de supervisão e de disciplina.
A grande maioria das empresas não adota um único Critério de
Departamentalização, empregando em seu lugar um CRITÉRIO Assim, o moral é uma conseqüência do grau de satisfação das neces-
MISTO, de modo que não haja uma estrutura rígida e sim que as sidades individuais.
atividades sejam agrupadas de forma que contribuam melhor pa- O homem é um animal dotado de necessidades que se alternam e se
ra a realização dos objetivos da empresa. sucedem conjunta ou isoladamente. Satisfeita uma necessidade surge
Apesar do nome Departamentalização sugerir que os órgãos cri- outra em seu lugar e assim por diante, continua e infinitamente.
ados devam denominar-se Departamentos, isto não se verifica. A As necessidades motivam o comportamento humano dando-lhe dire-
nomenclatura a ser utilizada fica a critério do organizador deven- ção e conteúdo,
do apenas ser coerente e uniforme para toda a empresa, como já
Ao longo de sua vida, o homem evolui por três níveis ou estágios de
foi assinalado anteriormente.
motivação: à medida que vai crescendo e amadurecendo vai ultrapassan-
do os estágios mais baixo e desenvolvendo necessidades de níveis,
Departamentalização por Função (ou Propósito)
gradativamente, mais elevados. As diferenças individuais influem, podero-
Ocorre quando são agrupadas num mesmo órgão as atividades que
samente, quanto à duração, intensidade e possível fixação em cada um
possuam uma singularidade de propósitos ou objetivos. É talvez o critério
desses estágios.
mais extensamente empregado, e está presente em quase todas as
empresas, em algum nível hierárquico da Estrutura de Organização. Os três níveis ou estágios de motivação correspondem às necessida-
des fisiológicas, psicológicas e de auto-realização.
Departamentalização por Produto (ou Serviço)
Ocorre quando são agrupadas, num mesmo órgão, as atividades dire- a.1- Necessidades Fisiológicas, Vitais ou Vegetativas
tamente relacionadas a um determinado produto ou serviço. São inatas e instintivas e relacionadas com a sobrevivência do indiví-
duo. Situadas no nível mais baixo são, também, comuns aos animais, e
Departamentalização por Processo exigem satisfações periódicas e cíclicas. As principais são: alimentação,
Ocorre quando são reunidas, num mesmo órgão, as pessoas que uti- sono, exercício físico, satisfação sexual, proteção contra os elementos,
lizam um mesmo tipo de equipamento ou de técnica. Nos órgãos organi- segurança física contra os perigos.
zados de acordo com este critério, concentram-se todos ou quase todos
os profissionais de determinada especialização ou profissão. a.2- Necessidades Psicológicas ou Sociais
São necessidades exclusivas do homem. São aprendidas e adquiri-
Departamentalização por clientela das no decorrer da vida e representam um padrão mais elevado e com-
Ocorre quando o grupamento de atividades num mesmo órgão é feito plexo de necessidades.
com o objetivo de servir um grupo determinado de pessoas ou clientes. Há
um interesse fundamental pelo cliente que passa a ser a razão primordial O homem procura, indefinidamente, maiores satisfações dessas ne-
para grupar as atividades. cessidades, que vão se desenvolvendo e se sofisticando gradativamente.

Departamentalização por Localização (ou Área Geográfica) Necessidade de segurança íntima, necessidade de participação, ne-
Este critério ocorre particularmente em empresas cujas atividades são cessidade de auto-confiança, necessidade de afeição, necessidade de
físicas ou geograficamente espalhadas, nas quais se torna conveniente reconhecimento, necessidade de status, necessidade de pertencer, ne-
que todas as atividades executadas numa determinada região sejam cessidade de auto-afirmação, etc.
agrupadas e colocadas sob a chefia de um administrador local.
Existem ainda outros critérios que podem ser adotados, como: a.3- Necessidades de Auto-Realização
por Período de Tempo. São produtos da educação e da cultura a também elas, como as ne-
por Quantidade de Força de Trabalho cessidades psicológicas, são raramente satisfeitas em sua plenitude, pois
por Conveniência Empírica o homem vai procurando, gradativamente, maiores satisfações e estabe-
Estes serão examinados em outra oportunidade. lecendo metas crescentemente sofisticadas.

MOTIVAÇÃO A necessidade de auto-realização é a síntese de todas as outras ne-


Todo administrador é responsável, em sua esfera de autoridade, pela cessidades. É o impulso de cada um realizar o seu próprio potencial, de
motivação de seus subordinados. Um presidente deve sentir-se responsá- esta em continuo auto-desenvolvimento no sentido mais elevado do termo.
vel por motivar, em primeiro lugar, os que prestam contas a ele diretamen-
te e, em segundo lugar, a todos os empregados da empresa. b. Nem sempre a satisfação das necessidades é obtida. Pode
Talvez, a melhor norma para um sistema salutar de motivação, seja existir alguma barreira ou obstáculo que impeça a satisfação de
advertência bíblica "Faça aos outros o que quizeres que te façam". alguma necessidade.
Toda a vez que alguma satisfação é bloqueada por alguma barreira
a. Necessidades Humanas e a motivação ocorrem a frustração ou a compensação ou transferência.
O comportamento humano é determinado por causas que, às vezes,
escapam ao próprio entendimento ou controle do homem. Essas causas Dessa forma, toda a necessidade humana pode ser satisfeita, frustra-
se chamam necessidades ou motivos: são forças conscientes ou inconsci- da ou compensada.
entes que levam o indivíduo a um determinado comportamento,
A motivação se refere ao comportamento que, é causado por neces- b.1- Frustração
sidades do indivíduo e que é dirigido no sentido dos objetivos que podem A frustração pode levar a certas reações generalizadas, a saber;
satisfazer essas necessidades. - desorganização do comportamento:
conduta ilógica e sem explicação aparente.

Conhecimentos Específicos 52
APOSTILAS OPÇÃO
- agressividade; liderança estão em evidência em toda parte, seja em grupos formais ou
a liberação da tensão acumulada pode acontecer através da informais, desde jardins da infância até universidades, de instituições
agressividade física, verbal , simbólica, etc. sociais até o submundo e os lideres espontâneos parecem mais bem
- reações emocionais: sucedidos do que aqueles que se submetem ao estudo e ao treinamento
a tensão retida pela não satisfação da necessidade pode provo- formal de liderança.
car ansiedade, aflição, insônia, distúrbios circulatórios, digestivos,
etc. ESTILOS DE LIDERANÇA
- alienação e apatia f. LIDERANÇA AUTOCRÁTICA
- o desagrado em face da não satisfação pode ocasionar reações Este estilo é bastante comum nas empresas é e típica do indivíduos
de alienação, de apatia e de desinteresse pelo alcance dos obje- que não arredam pé de suas convicções as quais, quando contestadas,
tivos frustrados como forma ou mecanismo inconsciente de defe- defendem com veemência.
sa do ego. Pode ser gentil, cortês e aparentemente manso, desde que a situação
não ameace suas ideias; quando isso ocorre, entretanto, pode tornar-se
b.2- Compensação ou Transferência bastante agressivo.
Ocorre a compensação ou transferência quando o indivíduo tenta sa- Faz valer sua autoridade e a posição de mando de que está investido.
tisfazer alguma necessidade impossível de ser satisfeita através da satis-
fação de outra necessidade complementar ou substitutiva. Assim, a satis- f.1- Características da Liderança Autocrática
fação de outra necessidade aplaca a necessidade mais importante, e I. Apenas o líder toma decisões; o papel do subordinado é de ape-
reduz ou evita a frustração. A necessidade de prestigio pode ser satisfeita nas cumprir ordens;
pela ascensão social, pelo sucesso profissional, pelo poder do dinheiro ou II. O líder procura motivar os subordinados através do medo, amea-
pela conduta atlética. " ças e punições e raras recompensas;
III. O líder é "pessoal" nos elogios e nas criticas ao trabalho de cada
LIDERANÇA funcionário:
a. Autoridade e Poder: IV. Apenas o líder fixa as tarefas sem qualquer participação do gru-
Autoridade é o direito de dar ordens e o de exigir obediência. (James po;
D. Mooney) V. O líder determina as providências e as técnicas para a execução
dos trabalhos, uma por vez, à medida em que se tornem necessá-
b. Influência rias e de modo imprevisível para o grupo;
É qualquer comportamento da parte de um indivíduo que altera o VI. O líder determina qual a tarefa que cada um deve executar e
comportamento, atitudes, sentimentos de outro indivíduo. quais os seus companheiros de trabalho;
VII. O chefe planeja organiza, dirige e controla; os subordinados exe-
c. Poder: cutam.
Implica em ter potencial para exercer influência. A autoridade propor-
ciona o poder que é ligado à posição dentro da organização. f.2- Reações dos Subordinados
I. O comportamento do grupo mostra forte tensão, frustração, so-
d. Tipos de Poder (Do Ponto de Vista dos Subordinados) bretudo, agressividade e nenhuma iniciativa; de apenas cumprir
d .1-PODER DE RECOMPENSA ordens;
Percepção, por parte dos subordinados, da capacidade do chefe de II. Embora possam gostar das tarefas, os membros do grupo, não
lhes proporcionar recompensas (motivador). demonstram satisfação com relação à sua execução;
III. O trabalho só se desenvolve bem com a presença do líder; na
d.2- PODER COERCITIVO: sua ausência o grupo expande os sentimentos reprimidos che-
Percepção, por parte dos subordinados, da capacidade do chefe de gando a indisciplina e a agressividade.
lhes proporcionar punições (gera agressividade e hostilidade. Usado em
excesso leva à desmotivação).
9. LIDERANÇA DEMOCRÁTICA
O líder democrático é uma pessoa sensível as solicitações e as in-
d.3- PODER LEGITIMADO
fluências de seus subordinados; não é rígido em demasia, recebe e utiliza
Baseado nos valores de um indivíduo. Existe quando uma pessoa ou
efetivamente as contribuições dos subordinados não se atendo exclusiva-
grupo acredita que é correto ou legitimo para outra pessoa ou grupo
mente às suas próprias ideias na busca de alternativas para a solução dos
influenciar suas ações (religiões, Papa, etc).
problemas empresariais.
O ponto central desse estilo de liderança é um entendimento mútuo e
d.4- PODER DE REFERÊNCIA
um acordo bilateral entre o chefe e seus subordinados, quanto a quais são
É baseado no desejo de um indivíduo ou grupo de identificar-se ou
as metas da organização e quanto aos meios pelos quais tais metas serão
ser semelhante a outra pessoa ou grupo (com o superior, com o artista,
atingidas.
com o político).
9.1- Características da Liderança Democrática
d.5- PODER DE PERÍCIA
I. As tarefas são debatidas e decididas pelo grupo que é estimulado
É baseada na percepção de uma pessoa ou grupo a respeito do maior
e assistido pelo líder;
conhecimento, capacidade ou perícia de outra pessoa ou grupo.
II. O próprio grupo esboça as providências e as técnicas para atingir
o objetivo, solicitando aconselhamento ao líder quando necessá-
e. ASPECTOS GERAIS
rio, o qual sugere duas ou mais opções pára o grupo escolher;
Do mesmo modo que a motivação e a comunicação, a liderança é um
III. A divisão de tarefas fica a critério do próprio grupo e cada mem-
dos requisitos básicos da direção.
bro tem a liberdade de escolher seus companheiros de trabalho;
Os chefes tem poderes para contratar, demitir, promover e afetar de
IV. O líder é "objetivo" e limita-se aos "fatos" em suas criticas ou elo-
outras formas as possibilidades dos subordinados realizarem seus objeti-
gios.
vos pessoais; mas, para obter melhores resultados, o líder deve fazer com
que suas ordens sejam cumpridas espontâneamente e não sob coação. O
9.2 - Reações dos subordinadas
administrador que cria e mantém um ambiente que favorece o desempe-
I. Há formação de amizade e relacionamentos cordiais entre os
nho eficiente das pessoas pelas quais é responsável, está fazendo muito
membros do grupo;
no sentido de garantir sua liderança.
II. Líder e subordinados passam a desenvolver comunicações es-
A ideia de que a capacidade de liderança pode ser ensinada, está su-
pontâneas, francas e cordiais;
jeita a polêmicas e controvérsias. Capacidades sumamente talentosas de

Conhecimentos Específicos 53
APOSTILAS OPÇÃO
III. O trabalho tem um ritmo suave e seguro, sem alterações, mesmo Nas palavras de Diogo de Figueiredo Moreira Neto, o conceito de
quando o líder se ausenta; Administração Pública sintetiza-se como: “Atividades preponderantemente
IV. Há um nítido sentimento de responsabilidade e comprometimento executórias, definidas por lei como funções do Estado, gerindo recursos
pessoal. para a realização de objetivos voltados à satisfação de interesses defini-
dos como públicos”. (MOREIRA NETO, 2002, p. 109)
h. LIDERANÇA LIBERAL OU "LAISSEZ-FAIRE"
É o estilo de liderança em que o superior, simplesmente, não toma Ainda, Paulo Roberto de Souza Júnior assim define:
conhecimento dos problemas existentes, nem busca soluções para eles. O conjunto de órgãos e de atos destinados à salvaguarda dos interes-
Como suas preocupações, tanto com a produção como com as pessoas, ses públicos, bem-estar social, garantia dos direitos individuais e preen-
são mínimas ele não enfrenta grandes dilemas entre ambas as coisas. chimento das finalidades do governo em relação ao Estado. (SOUZA
Espera-se pouco dele e ele dá pouco em troca. JÚNIOR, 2003, p. 06)
O liberal poderia ser tomado, ainda, como um caso extremo de chefia
democrática, se considerarmos que a liderança autocrática representa A Administração Pública no Brasil, com a evolução do estado, forma-
uma situação de mínima participação dos subordinados no processo tou-se em três modelos clássicos de gestão, quais sejam: o patrimonialis-
decisório e que a liderança democrática significaria uma participação ta, o burocrático e o gerencial.
substancial desses mesmos subordinados nesse processo, a liderança A Administração Patrimonialista, com típico regime autoritário, era
"laissez-faire" se caracterizaria por uma participação exagerada dos marcada pelo poder nas mãos de poucos. Os cargos, o dinheiro público,
subordinados, com a completa ou quase completa omissão do chefe. Em eram utilizados como patrimônio particular dos governantes, não havendo
suma, os subordinados participariam tanto, que cada qual faria o que bem diferenciação entre a coisa pública e os bens e direitos particulares, origi-
entendesse, sem uma coordenação ou um comando de suas ações. nando daí a corrupção, o nepotismo e o abuso de poder. (INSTITUTO
LEGISLATIVO BRASILEIRO, Curso de Desenvolvimento gerencial, 2006).
h.1- Características da Liderança Liberal
I. Há liberdade completa para as decisões grupais ou individuais A Administração Pública Burocrática surgiu na primeira metade do sé-
com participação mínima do líder; culo XX e se baseava na racionalidade, por meio da criação e cumprimen-
II. A participação do líder é limitada esclarecendo que pode apresen- to das leis, como forma de combater a corrupção e o nepotismo patrimoni-
tar materiais ou fornecer informações desde que lhe sejam solici- alista. No entanto, este modelo de administração criou formalidades
tados; excessivas na máquina estatal, voltando-se apenas para a otimização dos
III. Tanta a divisão das tarefas como a escolha dos companheiros fi- meios, desvirtuando-se ao longo do tempo dos resultados, ou seja, de sua
ca totalmente, a cargo da grupo; missão principal, sendo esta servir ao interesse público. (INSTITUTO
IV. O líder não faz nenhuma tentativa de avaliar ou de regular o curso LEGISLATIVO BRASILEIRO, Curso de Desenvolvimento gerencial, 2006).
dos acontecimentos, somente fazendo comentários quando per-
A administração pública gerencial teve início na segunda metade do
guntado.
século XX e surgiu como resposta à evolução econômica e social do
estado, diante da globalização e do desenvolvimento tecnológico. Este
h.2- Reações
modelo de administração Pública constitui uma evolução na história da
I. Embora a atividade do grupo possa ser intensa a produção é me-
administração Pública, por enfocar aspectos de eficiência e eficácia, da
díocre;
necessidade de redução do custo da máquina pública e aumento da
II. As tarefas se desenvolvem ao acaso, com muitas oscilações,
qualidade dos serviços públicos. (INSTITUTO LEGISLATIVO BRASILEI-
perdendo-se muito tempo com discussões, mais voltadas para
RO, Curso de Desenvolvimento gerencial, 2006).
motivos pessoais da que relacionadas com o trabalho em si;
III. Nota-se forte individualismo agressivo e pouco respeito com rela- No ano de 1967 ocorreram algumas alterações substanciais na ges-
ção ao líder. tão administrativa brasileira, como a edição do Decreto-Lei 200/1967,
considerado o primeiro marco da Administração Pública Gerencial. Esta
DESEMPENHO – O grau ou nível de habilidade e de esforço gasto na norma preconizava a superação da burocracia e estabelecia princípios
execução de um processo. que possibilitavam o planejamento, a gestão orçamentária, a descentrali-
zação e a coordenação das atividades administrativas e o controle de
resultados. (CASTRO, 2007, p. 80-83)
1.1.2. O Controle e sua evolução
O controle na administração não é matéria nova, tendo sido mencio-
1.5 Controle: processos, sistemas e nado por Fayol, em Teoria da Administração Científica, como uma das
instrumentos de controle do desem- cinco funções primordiais da administração. (SARDI, 2007, p. 10)
penho organizacional. Patrícia Cardoso Rodrigues de Souza assegura que a palavra contro-
le é de origem francesa, e significa fiscalizar, verificar, examinar e supervi-
sionar (SOUZA, 2004, p. 559)
O controle constitui um dos cinco princípios primordiais da administra-
Controle da Administração Pública: ção, de tal forma que a sua inexistência ou deficiência tem reflexos negati-
aspectos gerais e relevância vos nas demais funções (planejamento, organização, direção e coordena-
ção), resultando na ineficácia e ineficiência da organização.
1. Noções de Controle da Administração Pública.
No entanto, anteriormente, o controle, tinha um outro enfoque, contro-
1.1. Evolução da Administração Pública lava apenas quantitativamente o patrimônio, visto que não havia interesse
Inicialmente cabe compreender o conceito de Administração pública, da monarquia controlar sua própria atuação, o que resultava no absolutis-
que de acordo com Alécia Paolucci Nogueira Bicalho Tostes, assim pode mo, totalitarismo. (CASTRO, 2007, p. 90)
ser definida: No Direito Pátrio, o controle foi introduzido principalmente por Miguel
Seabra Fagundes, com sua consagrada obra O Controle dos Atos Admi-
Conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do
nistrativos pelo Poder Judiciário, publicada em 1941. (SOUZA, 2004, p.
Governo; em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos
559)
serviços públicos em geral; em acepção operacional é o desempenho
perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do estado ou As constituições brasileiras anteriores também demonstravam preo-
por ele assumidos em benefício da coletividade. (TOSTES, 2004, p. 94) cupações com o controle de legalidade dos atos da administração, reco-
nhecendo sua importância pra uma boa gestão.

Conhecimentos Específicos 54
APOSTILAS OPÇÃO
A modernização do sistema de controle veio juntamente com o marco a) prévio (antes do surgimento do ato),
da administração gerencial, com a Reforma Administrativa, especificada-
mente pelo Decreto-Lei 200/67, que introduziu o controle de forma ágil, b)concomitante (em todas as etapas do ato)
preocupando-se não só com o aspecto formal como anteriormente, mas c)posterior ou subsequente (realizado após a emanação do ato).
como acompanhamento da gestão da administração.
E finalmente, quanto à extensão do controle ele pode ser:
Posteriormente com a promulgação da Constituição Federal, em
1988, o controle teve maior enfoque, ganhando vital importância. a) legalidade (objetiva a verificação do ato em conformidade com a
Lei)
1.2. Os controles da Administração Pública
b) mérito (verifica-se a harmonia entre os objetivos pretendidos e o
Com o advento do Estado Democrático, que deixou para trás a admi- resultado do ato)
nistração patrimonialista tornou-se claro que os bens e receitas do Estado
não seriam mais vistos como pertences do soberano, mas como perten- Doutrinariamente há ainda outras classificações de controle, como em
cente a toda coletividade para atendimento das necessidades desta. relação à subordinação, por exemplo, mas a doutrina majoritária adota a
classificação retratada.
Assim sendo, o controle assumiu um papel importante na administra-
ção, impondo limites à atuação do governo e orientando a melhor utiliza- Nas palavras de Carvalho Filho, o controle tem a natureza de um
ção dos recursos disponíveis de forma organizada e ponderada. princípio fundamental da Administração Pública, não podendo ser dispen-
sado ou recusado por nenhum órgão administrativo, devendo ser exercido
No âmbito da Administração Pública, nas palavras de Patrícia Cardo- em todos os níveis de poder. (CARVALHO FILHO, 2007, p. 810)
so Rodrigues de Souza, o controle pode ser conceituado como:
O Controle, além da sua obrigatoriedade decorrente da legislação
Poder-dever de inspeção, registro, exame, fiscalização pela própria brasileira, é de extrema importância para impedir que a Administração
Administração, pelos demais poderes e pela sociedade, exercidos sobre Pública se distancie dos objetivos e interesses públicos, bem como desa-
conduta funcional de um poder, órgão ou autoridade com o fim precípuo tenda os princípios e normas legais.
de garantir a atuação da Administração em conformidade com os padrões
fixados pelo ordenamento jurídico. (SOUZA, 2004, p. 560) Hoje, o controle estrutura-se na forma dos modelos aplicados aos
grandes centros empresariais, levando-se em conta além dos aspectos
Nos dizeres de Carvalho Filho, conceitua-se controle da administra- legais, o aspecto da gradativa melhoria da administração. O controle é um
ção: grande auxiliador na verificação das metas e resultados, contribuindo para
O conjunto de mecanismos jurídicos por meio dos quais se exerce o eficiência e eficácia da Administração, traduzidas na capacidade de gerar
poder de fiscalização e de revisão da atividade administrativa em qualquer benefícios, ampliando e aperfeiçoando os serviços públicos ofertados à
das esferas de Poder. (CARVALHO FILHO, 2007, P. 808) sociedade.

O objetivo do controle, nas palavras de Maria Sylvia Zanella de Pietro 2. O controle Interno
é o seguinte: O Controle Interno decorre do poder de autotutela da administração,
A finalidade do controle é a de assegurar que a Administração atue que permite a esta rever seus próprios atos quando ilegais, inoportunos ou
em consonância com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamen- inconvenientes.
to jurídico, como os da legalidade, moralidade, finalidade pública, publici- O Supremo Tribunal Federal editou duas súmulas a respeito do con-
dade, motivação, impessoalidade; em determinadas circunstâncias, trole interno:
abrange também o controle chamado de mérito e que diz respeito aos
aspectos discricionários da atuação administrativa. (DI PIETRO, 2007, p. Sumula 346: “A Administração Pública pode declarar a nulidade de
670) seus próprios atos”

Carvalho Filho destaca que: Sumula 473: “ A Administração pode anular seus próprios atos quan-
do eivados de vícios ilegais, porque deles não se originam direitos, ou
Os mecanismos de controle vão assegurar a garantia dos administra- revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
dos e da própria administração no sentido de ver alcançados esses objeti- direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
vos e não serem vulnerados direitos subjetivos dos indivíduos nem as
diretrizes administrativas. (CARVALHO FILHO, 2007, p. 809) O conceito de Controle Interno para Lincoln Magalhães da Rocha2 é o
seguinte:
Nossa Constituição estabelece um sistema de controle baseado na
separação dos poderes, pelo sistema de controle de cada poder, pelo Controle interno é todo aquele realizado pela entidade ou órgão res-
controle exercido pelo Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de ponsável pela atividade controlada, no âmbito da própria administração.
Contas e pelo controle social, através de mecanismos de atuação da Assim, qualquer controle efetivado pelo Executivo sobre seus serviços ou
sociedade. agentes é considerado interno, como interno será também o controle do
legislativo ou do Judiciário, por seus órgãos de administração, sobre seu
Dessas diversas formas de controle das quais a administração se su- pessoal e os atos administrativos que pratiquem.
jeita, ou que ela exerce sobre si mesma, que se classificam da seguinte
forma: Odete Meduar, citada por Maria Coeli Simões Pires e Jean Alessan-
dro Serra Cyrino Nogueira, assim define:
I - quanto à sua localização: controle interno e controle externo.
O controle interno visa ao cumprimento do princípio da legalidade, à
II - Quanto ao órgão que exerce: observância dos preceitos da "boa administração", a estimular a ação dos
a) administrativo: quando emana da própria administração, por inicia- órgãos, a verificar a conveniência e a oportunidade de medidas e decisões
tiva ou provocação externa. no atendimento do interesse público, a verificar a proporção custo-
benefício na realização das atividades e a verificar a eficácia de medidas
b) Legislativo: é aquele exercido pelo Poder Legislativo, através de na solução de problemas (NOGUEIRA E PIRES, 2004, p. 01)
seus órgãos.
Nas palavras de Patrícia Cardoso Rodrigues de Souza, a Administra-
c) Judicial: quando exercido exclusivamente pelo Poder Judiciário, a ção exerce o controle interno sobre seus atos com o fim de ajustá-los
quem cabe principalmente a análise da legalidade dos atos administrati- dentro dos princípios e normas pertinentes, e dispõe dos seguintes ins-
vos. trumentos:
III - Quanto ao momento em que se efetiva o controle: I - Homologação, aprovação, revogação e invalidação;

Conhecimentos Específicos 55
APOSTILAS OPÇÃO
II - Fiscalização hierárquica; A reclamação administrativa é o ato pelo qual o administrado, seja
particular ou servidor público, deduz uma pretensão perante a Administra-
III - Fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa- ção Pública, visando obter o reconhecimento de um direito ou a correção
trimonial interna. (SOUZA, 2004, p. 564) de um erro que lhe cause lesão ou ameaça de lesão. (SOUZA, 2004, p.
A implantação de um Sistema de Controle Interno na Administração 572).
Pública é uma exigência legal. Em nossa Constituição Federal, esta
exigência está expressa em seus artigos 31, 70 a 75, onde se enfatiza a O pedido de reconsideração, nas palavras de Souza, é aquele dirigido
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial à mesma autoridade que expediu determinado ato, requerendo a sua
da União, Estados e Municípios. invalidação ou modificação. (SOUZA, 2004, p. 572).

Além da exigência Constitucional, a expressão controle interno já Já o recurso hierárquico é um pedido de reexame de um ato adminis-
existia direito positivo brasileiro, na Lei 4.320/1964, que estatui normas trativo, e é dirigido para autoridade superior daquela que expediu o ato.
gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e (SOUZA, 2004, p. 572).
balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, que O pedido de revisão é também pedido de reexame, no entanto é des-
em seu artigo 75 destaca as competências do Sistema de Controle Inter- tinado à uma decisão proferida em processo Administrativo. (SOUZA,
no. 2004, p. 573).
Por sua vez, a Lei nº 101/2000, a chamada Lei de Responsabilidade 3.Controle Externo
Fiscal, dispõe sobre as funções do Controle Interno, assim como a Lei
8.666/1993 que também prevê o funcionamento do controle interno. O controle externo da Administração pública, em suma, é aquele
exercido pelo Poder Legislativo com apoio dos Tribunais de Contas, pelo
O Controle Interno, nos termos do artigo 74 da Constituição Federal, Poder Judiciário e pela sociedade através do Controle Social. (CASTRO,
tem como principais funções: 2007, p. 118)
“I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a Na definição de Evandro Martins Guerra:
execução dos programas de governo e dos orçamentos da União;
O controle externo é aquele desempenhado por órgão apartado do
II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto á eficácia e outro controlado, tendo por finalidade a efetivação de mecanismos, visan-
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e do garantir a plena eficácia das ações de gestão governamental, porquan-
entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos to a Administração pública deve ser fiscalizada, na gestão dos interesses
públicos por entidades de direito privado; da sociedade, por órgão de fora de suas partes, impondo atuação em
III – Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, consonância com os princípios determinados pelo ordenamento jurídico,
bem como dos direitos e haveres da União; como os da legalidade, legitimidade, economicidade, moralidade, publici-
dade, motivação, impessoalidade, entre outro. (GUERRA, 2005, p. 108)
IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucio-
nal” Romeu Felipe Bacellar Filho, citado por Castro destaca que:
O Controle Interno na Administração Pública é parte integrante do Sis- Desde o advento do Estado Social e Democrático de Direito, consta-
tema de Controle Interno, conforme defende Castro, sendo que este tou-se a necessidade do estabelecimento de mecanismos de controle que
comporta além dos órgãos de Controle Interno, uma estrutura para orien- possam ser exercidos por agentes que estejam fora da estrutura adminis-
tação do agente e para um complexo controle da organização. (CASTRO, trativa e que sejam, por assim dizer, totalmente desvinculados e imparciais
2007, p. 155). em relação à atividade que será objeto do controle. (CASTRO, 2007, p.
O Sistema de Controle Interno é essencial para a Administração Pú- 118).
blica, para que esta possa sanar suas eventuais falhas, verificar seus atos O controle externo é de vital importância, visto que constitui um me-
em conformidade com o ordenamento jurídico, bem como analisar e canismo de controle totalmente desvinculado da estrutura administrativa e
avaliar os resultados obtidos, com a finalidade de buscar a máxima efici- imparcial em relação à atividade que será objeto de controle.
ência.
Adiante vamos trazer breves noções sobre o exercício de cada um
2.1. Controle Interno com participação do administrado dos controles:
O controle interno também pode ser exercido mediante provocação. 3.1Controle legislativo:
Os instrumentos mais utilizados e geralmente citados na doutrina, para É aquele realizado pelas casas parlamentares, sendo Senado e Câ-
este exercício assim podem ser compreendidos: direito de petição, recla- mara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereado-
mação, recursos administrativos, representação, pedido de reconsidera- res. Os meios utilizados são: Comissões Parlamentares de Inquérito,
ção, recurso hierárquico, pedido de revisão e processo administrativo. Convocação de Autoridades, pedidos escritos de informação, fiscalização
O direito de petição está previsto na Constituição Federal, entre os di- contábil, financeira e orçamentária, sustação dos atos normativos do
reitos e garantias fundamentais, no artigo 5º, inciso XXXIV, onde é asse- executivo.
gurado o direito de petição em defesa de direitos ou contra a ilegalidade 3.2 Controle Judicial:
ou abuso de poder, desde que haja a possibilidade jurídica do administra-
Em linhas gerais é aquele realizado pelo Poder Judiciário, sobre os
do de provocar a administração para que esta exerça seu dever. (SOUZA,
atos da administração, mediante provação. Este controle tem matriz
2004, p. 570)
constitucional, em seu art. 5º, XXXV, que diz: “ a lei não excluirá da apre-
Os recursos administrativos são cabíveis contra as decisões internas ciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito”. Isto porque, no
da Administração, visando o reexame necessário de um ato administrati- Brasil, vigora o sistema de jurisdição única, cabendo exclusivamente ao
vo. É importante destacar que a interposição de recursos administrativos Judiciário decidir toda e qualquer demanda sobre aplicação do Direito ao
não impede o acesso às vias judiciais. (SOUZA, 2004, p. 570). caso concreto. Os meios para efetivação do controle judicial são: Manda-
do de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção,
A representação é a denúncia de irregularidade, ilegalidade ou condu- Habeas Data, Ação Direta de Inconstitucionalidade, Habeas Corpus.
tas abusivas feitas perante a própria administração. Está prevista no artigo
74, § 2º da Constituição Federal, que estabelece que “qualquer cidadão, 3.3. Controle Social:
partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da O Controle Social, nas palavras de Castro, assim pode ser definido:
lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas
da União”. (SOUZA, 2004, p. 571). “É um instrumento disposto pelo constituinte para que se permita a
atuação da sociedade no controle das ações do estado e dos gestores
A reclamação administrativa, no conceito de Di Pietro, citada por Sou- públicos, utilizando de qualquer uma das vias de participação democráti-
za, tem o seguinte conceito: ca”. (CASTRO, 2007. P. 136)

Conhecimentos Específicos 56
APOSTILAS OPÇÃO
Nesta forma de controle, destacada no art. 74, §2º da Constituição X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comuni-
Federal, é atribuído a qualquer cidadão, partido político, associação ou cando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
sindicato, na forma de lei, competência para denunciar ilegalidades ou
irregularidades na Administração Pública e denunciar perante os Tribunais XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abu-
de Contas. Este controle é advindo da própria evolução do Estado e do sos apurados.
conceito de Democracia. De acordo com Guerra, cumpre salientar que, o auxílio prestado pelos
3.4. Controle pelo Tribunal de Contas: Tribunais de Contas não o torna órgão auxiliar hierarquicamente. Significa
que, o exercício do controle a cargo do Poder Legislativo nas competên-
Os Tribunais de Contas são órgãos especializados, com competên- cias previstas no artigo 71 da Constituição Federal, depende da atuação
cias constitucionais exclusivas, que exercem o Controle Externo. dos Tribunais de Contas, não podendo ser exercido sem a participação
destes. (GUERRA, 2002, p. 01)
Nos dizeres de Patrícia Cardoso Rodrigues de Souza, temos a se-
guinte definição de Tribunal de Contas: Os Tribunais de Contas são órgãos de suma importância na organiza-
ção estatal, visto que asseguram que o Estado mantenha-se atrelado às
Órgãos auxiliares do Poder Legislativo (assim definidos contitucional- suas funções precípuas, não se desviando da órbita da legalidade.
mente), de atividade autônoma e execução independente, cuja atividade
preponderante consiste no exame da realização de auditorias operacio- 4. Tendências atuais de controle da administração
nais e acompanhamento de execuções financeiras e orçamentárias do
estado e fiscalizadora junto a todos que manipulam bens e valores públi- O controle da administração pública, como vimos, é um campo já de-
cos, de quaisquer das esferas da Administração Pública. senvolvido há tempos, e continua em plena evolução.

Os Tribunais de Contas atuam de forma independente, exercendo o Para efetivação do interesse comum, função esta precípua da qual o
controle externo, e o produto dessa ação destina-se a auxiliar o Poder Estado foi criado, faz-se necessária uma constante atualização das formas
Legislativo em sua incumbência constitucional. (GUERRA, 2002, p. 01). de controle.

Os Tribunais de Contas atuam no aspecto técnico do controle, abran- No Brasil, os paradigmas da Administração Pública ganham outros
gendo aspectos contábeis, financeiros, orçamentários, operacionais e contornos, com a finalidade de direcionar a conduta dos gestores ao
patrimoniais. (GUERRA, 2002, p. 02) interesse público e permitir uma administração transparente e que atue em
consonância com o ordenamento jurídico.
As competências dos Tribunais de Contas estão arroladas no artigo
71 da Constituição Federal, quais sejam: Na doutrina de Maria Coeli Simões Pires e Jean Alessandro Serra
Cyrino Nogueira, encontramos as principais tendências do controle da
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será Administração:
exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
I – Direito por princípios: Há uma tendência de reconhecer os prin-
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Re- cípios como normas, e a aplicação destes em concorrência com as nor-
pública, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta mas, na aplicação do caso concreto.
dias a contar de seu recebimento;
II – Reconceitualização de legalidade: No rumo das novas tendên-
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por cias, o princípio da legalidade adquire compreensão mais ampla, para
dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, significar inclusive constitucionalidade, legitimidade ou juridicidade, com o
incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder intuito de prevalecer o direito sobre a literalidade da Lei.
Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio
ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; III – Democratização de práticas políticas: No campo político, faz-
se necessária a utilização de mecanismos para a participação direta do
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão povo nas decisões do Estado, abrindo espaço para as influências sociais
de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas no espaço governamental.
as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as
nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das IV – Administração pública consensual: Permitindo a participação
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as ampla dos cidadãos nas formas de controle da administração.
melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato conces-
V – Fortalecimento do papel do Ministério Público: Atualmente é
sório;
conferida maior legitimação ao Ministério Público no controle dos Atos da
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Se- Administração Pública, não ficando adstrito somente á legalidade estrita
nado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias como anteriormente, mas assumindo características de controle de finali-
de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, dade.
nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá-
VI – Garantia de Segurança Jurídica: Sob égide do Estado demo-
rio, e demais entidades referidas no inciso II;
crático de Direito, o princípio da segurança jurídica atua como importante
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cu- forma de controle, visto que restringe a liberdade volitiva do administrador
jo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos e incrementa a possibilidade de controle da sua atuação.
do tratado constitutivo;
VII – Controle da Administração Pública em face de novos mode-
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela Uni- los organizacionais: A atividade estatal moderna necessita do desenvol-
ão mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, vimento de novos mecanismos controlatórios ou promover a reestrutura-
a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; ção daqueles já existentes, visando superar os desafios impostos pela
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por política da autonomia das entidades da administração indireta e pela
qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, delegação ao particular de atividades estatais. (NOGUEIRA E PIRES,
sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e 2004, p. 20)
patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; 5. Conclusões
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou Nota-se, de todo o exposto que, o controle é um dos elementos indis-
irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, pensáveis para a Administração e de extrema relevância para esta e para
entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; seus administrados. O controle no atual modelo de gestão pública atua de
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências forma a resguardar que a administração esteja em consonância com os
necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; princípios que lhes são impostos pelo ordenamento jurídico; sendo: legali-

Conhecimentos Específicos 57
APOSTILAS OPÇÃO
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Mais do que Os atos políticos são os que, praticados por agentes do Governo, no
isso, o controle deixou de ter o apenas o aspecto verificador da legalidade uso de competência constitucional, fundam-se na ampla liberdade de
e passou a realizar um controle dos resultados, assumindo um importante apreciação da conveniência ou oportunidade de sua realização, sem se
papel, transformando-se em um instrumento gerenciamento para Adminis- aterem a critérios jurídicos preestabelecidos. São atos governamentais por
tração e de garantia, para a população, de uma prestação de serviços excelência, e não apenas de administração, os quais conduzem negócios
eficiente, com o mínimo de recursos, sem desvios ou desperdícios. por públicos e não serviços públicos. O Executivo pratica ato político, v. g.,
Mariane de Oliveira Braga quando veta um projeto de lei, ou quando nomeia um Ministro de Estado,
ou ainda quando concede indulto, pois aí sempre entra a conveniência ou
CONTROLE PARLAMENTAR E PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS não do Estado em praticá-lo. Mas, como ninguém pode contrariar a Cons-
É o controle exercido pelos órgãos parlamentares ou legislativos, tan- tituição, segue-se que qualquer ato do Poder Público poderá ser examina-
to federais, como estaduais e municipais, ou seja, pelo Congresso Nacio- do pelo Judiciário, ainda mais quando arguido de inconstitucional ou de
nal, Assembleias Legislativas, Câmara Legislativa (DF) e Câmara dos lesivo de direito de alguém.
Vereadores (dos Municípios).
Os atos legislativos, quer dizer, as leis propriamente ditas (normas
No regime federativo brasileiro, os Poderes do Estado não se confun- em sentido formal e material) não ficam sujeitas a anulação judicial pelos
dem nem se subordinam, mas se harmonizam, cada qual realizando sua meios processuais comuns, porém, podem ser anuladas pela via especial
atribuição precípua. Cabe ao Executivo a realização das atividades admi- da ação direta de inconstitucionalidade, tanto para a lei em tese como
nistrativas, mas em algumas delas depende da cooperação do Legislativo, para os demais atos normativos, pois que estes, enquanto regras gerais
dada a relevância do ato e suas extensas repercussões políticas internas abstratas, não atingem os direitos individuais e permanecem inatacáveis
ou externas, que só o Parlamento está em condições de bem valorar e por ações ordinárias ou, mesmo, por mandado de segurança. Contudo,
decidir sobre sua legitimidade e conveniência. as leis e decretos de efeitos concretos podem ser invalidados em proce-
dimentos comuns, em mandado de segurança ou em ação popular, por-
O controle do Legislativo sobre o Executivo é de efeito indireto, não que já trazem em si os resultados administrativos objetivados, como por
cabendo ao Congresso anular os atos administrativos ilegais e nem tem exemplo, as leis que criam um Município, ou as que extinguem vantagens
hierarquia sobre as autoridades executivas, mas a Constituição Federal de para os servidores públicos, ou as que concedem anistia fiscal, entre
1988 ampliou sensivelmente as atribuições do Legislativo para a fiscaliza- outras.
ção e controle dos atos da Administração em geral (direta ou indireta) nos
termos do inciso X do art. 49. O atual processo legislativo previsto na Constituição (arts. 59 a 69),
de observância obrigatória em todas as Câmaras, bem como as normas
Além dessas, há outras missões de controle político deferidas ao regimentais próprias de cada corporação, estão sujeitas ao controle judici-
Congresso Nacional sobre a Administração, tais como: a de aprovação de al visando resguardar-lhe a legalidade de sua tramitação e legitimidade da
tratados e convenções internacionais (art. 49, I); autorização ao Presiden- elaboração da lei. Assim também o processo de cassação de mandato
te da República para declarar a guerra e fazer a paz (art. 49, II); aprova- pelas Câmaras legislativas, vinculados às respectivas leis, tornou-se
ção ou suspensão de intervenção federal ou de estado de sítio (art. 49, passível de controle de legalidade pela Justiça Comum.
IV); julgamento das contas do Presidente da República (art. 49, IX); a Os interna corporis também são vedados à revisão judicial comum,
fiscalização financeira e orçamentária da União (art. 70 e 71), nessa parte mas é preciso que se entenda em seu exato conceito, e nos seus justos
auxiliado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), além de outras fun- limites, o significado de tais atos. Em sentido técnico-jurídico (conforme
ções, como as privativas do Senado Federal (art. 52 da CF/88), como a de Hely L. Meirelles, op. cit), interna corporis não é tudo que provém do seio
escolher Magistrados, Membros do TCU, Governador de Território, Presi- da Câmara ou de suas deliberações internas, mas apenas aquelas ques-
dente e Diretores do Banco Central, Procurador-Geral da República e tões ou assuntos que digam respeito direta e imediatamente com a eco-
titulares de outros cargos. nomia interna da corporação legislativa, com seus privilégios e com a
formação ideológica da lei que, por sua própria natureza são reservados à
O Congresso Nacional tem também, em termos amplos, de fiscaliza- exclusiva apreciação e deliberação do Plenário da Câmara, como os atos
ção financeira e orçamentárias sobre a Administração, auxiliado pelo TCU de escolha da Mesa (eleições internas), cassação de mandatos, conces-
(art. 70 a 75, da CF), em seu controle externo. Os Tribunais de Contas do são de licenças, etc.
Brasil (tanto o TCU, como o dos Estados-membros, do DF e dos Município
= atualmente só o Município de São Paulo o tem) exercem funções técni- Os meios de controle jurisdicional dos atos administrativos de
cas opinativas, verificadoras e de jurisdição administrativas em relação ao qualquer dos Poderes são as vias processuais de procedimento ordinário,
controle dos gastos dos respectivos Poderes, por meio de auditoria (con- sumaríssimo ou especial de que dispõe o titular do direito lesado ou
trole a posteriori). ameaçado de lesão, para poder obter a anulação do ato ilegal em ação
contra a Administração Pública, como a ação de mandado de segurança
CONTROLE JUDICIÁRIO individual, regra esta excepcionada pela ação popular e pela ação civil
MEIOS DE CONTROLE JURISDICIONAL pública, onde o direito defendido não é apenas de um titular mas da
Ou Controle Judicial é aquele exercido privativamente pelos órgãos própria coletividade, ou seja, de interesses difusos, além da já menciona-
do Poder Judiciário sobre os atos administrativos do Executivo, do Legisla- da ação direta de inconstitucionalidade.
tivo e do próprio Judiciário, quando realiza atividade administrativa. Tam-
bém é um controle a posteriori, unicamente de legalidade do ato em Na verdade, contra a Fazenda Pública cabem quaisquer procedimen-
relação à norma legal que o rege. A rigor, todos os atos administrativos tos judiciais contenciosos aptos a impedir, reprimir ou invalidar ato ilegal
em geral são sujeitos ao controle judicial comum, ante àqueles que se ou abusivo contra o cidadão ou seu patrimônio, mas há ações especiais e
sintam por eles lesados. rápidas, entre as quais as seguintes:

É bem de ver que a competência do Poder Judiciário para a revisão Mandado de Segurança Individual que é o meio constitucional posto
de atos administrativos restringe-se, pois, ao controle da legalidade e da à disposição de toda a pessoa física ou jurídica para proteger direito
legitimidade do ato impugnado. Entende-se por legalidade aqui, a confor- individual próprio, líquido e certo, não amparado por habeas corpus,
midade do ato com a norma que o rege, e, por legitimidade a conformida- lesado ou ameaçado de lesão por ato de qualquer autoridade, seja de que
de do ato com a moral administrativa e com o interesse coletivo (princípios categoria for e sejam quais forem as funções que exerça (CF/88, art. 5.º,
da moralidade e da finalidade), indissociáveis de toda a atividade pública. LXIX). O instituto do mandado de segurança está regulado pela Lei n.º
1.533, de 31/12/51 e é ação civil de rito sumário especial. Entende-se por
Os atos que sujeitos ao controle especial do Poder Judiciário são: os direito líquido e certo o que se apresenta manifesto na sua existência,
atos políticos, os atos legislativos e os atos interna corporis, nos quais a delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no prazo da impetra-
Justiça os aprecia com maiores restrições quanto aos motivos ou à via ção que é de 120 dias.
processual adequada.
Conhecimentos Específicos 58
APOSTILAS OPÇÃO
Mandado de Segurança Coletivo é uma inovação da CF/88 (art. 5.º, O Controle Interno
LXX), e também remédio posto à disposição de partido político com repre-
sentação no Congresso Nacional, ou de organização sindical, entidade de O objetivo principal do controle interno é o de possuir ação preventiva
classe ou associação legalmente constituída, e em funcionamento há pelo antes que ações ilícitas, incorretas ou impróprias possam atentar contra os
menos um ano, em defesa do interesse de todos os seus membros ou princípios da Constituição da República Federativa do Brasil, principal-
associados, inclusive quanto ao direito líquido e certo, mas coletivo e não mente o art. 37, seus incisos e parágrafos.
individual, tratado na Lei n.º 8.437, de 01/07/92. Segundo Gomes (1), um sistema de controle compreende a estrutura e
o processo de controle. A estrutura de controle deve ser desenhada em
Ação Popular é a via constitucional (art. 5.º, LXXIII) posta à disposi- função das variáveis-chave que derivam do contexto social e da estratégia
ção de qualquer cidadão (eleitor) para obter a anulação de atos ou contra- da organização, além de levar em consideração as responsabilidades de
tos administrativos, ou a eles equiparados, lesivos ao patrimônio público cada administrador ou encarregado por centros de competência. A estru-
ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativo e ao tura contém, ainda, o sistema de indicadores de informações e de incenti-
meio ambiente natural ou cultural, estando regido pela Lei n.º 4.717, de vos.
29/06/65.
O controle interno se funda em razões de ordem administrativa, jurídi-
Ação Civil Pública, disciplinada pela Lei n.º 7.347, de 24/07/85, é o ca e mesmo política. Sem controle não há nem poderia haver, em termos
instrumento processual adequado para reprimir ou impedir danos ao meio realistas, responsabilidade pública. A responsabilidade pública depende
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, de uma fiscalização eficaz dos atos do Estado. (2)
histórico, turístico e paisagístico e a qualquer outro interesse difuso ou Neste contexto o controle interno opera na organização compreen-
coletivo (art. 1.º). Não se presta para amparar direito individual e nem a dendo o planejamento e a orçamentação dos meios, a execução das
reparar prejuízos causados a particulares pela conduta comissiva ou atividades planejadas e a avaliação periódica da atuação.
omissiva do réu.
O controle é instrumento eficaz de gestão e não é novidade do orde-
Mandado de Injunção, também meio constitucional [art. 5.º, LXXI] namento jurídico brasileiro. Observemos o que a Constituição Federal
posto à disposição de quem se sentir prejudicado por falta de norma legal brasileira dispõe sobre o assunto:
ou regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos e liberda-
Art. 70: A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
des constitucionais e das prerrogativas inerentes a direitos e liberdades, à
patrimonial da União e das entidades da administração direta, indireta,
nacionalidade, à soberania e à cidadania.
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação de subven-
ções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
‘Habeas-data’ é, igualmente, o meio constitucional posto à disposição
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada
de toda a pessoa física ou jurídica para lhe assegurar o conhecimento de
poder (grifos nossos).
registros concernentes ao postulante e existentes em repartições públicas
ou particulares, acessíveis ao público, ou para retificação de seus dados Art. 71: O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será
pessoais [art. 5.º, LXXII, a e b]. Obviamente que só caberá “habeas exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União.
corpus” se houver recusa por parte da autoridade administrativa em forne-
cer as informações desejadas pelo particular postulante. Art. 74: Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de
forma integrada, sistema de controle interno [...] (grifo nosso).
Ação direta de Inconstitucionalidade (ADInc) de lei ou ato normati- Outro fundamento do controle interno na Administração Pública está
vo federal ou estadual, prevista na Constituição/88, em seu art. 102, I, a, no art. 76 da Lei nº 4.320/64, o qual estabelece que o Poder Executivo
como competência originária do STF, é procedimento especial regulamen- exercerá os três tipos de controle da execução orçamentária: 1) legalidade
tado pela Lei n.º 4.337, de 01/06/64, com alteração dada pela Lei n.º dos atos que resultem arrecadação da receita ou a realização da despesa,
5.778, de 15/05/72, que pode ser ajuizada a qualquer tempo pelo Procu- o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações; 2) a fidelidade funci-
rador-Geral da República ou por qualquer das autoridades, das entidades onal dos agentes da administração responsáveis por bens e valores
ou dos órgãos que a própria CF/88 enumera em seu art. 103, contra a lei públicos; 3) o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos
em tese ou qualquer ato normativo, antes mesmo de produzir seus efeitos monetários e em termos de realização de obras e prestação de serviços.
concretos.
Há ainda a medida cautelar (CF/88, art. 102, I, p) e outras ações es- A Lei nº 4.320/64 inovou ao consagrar os princípios de planejamento,
peciais ou ordinárias contra atos da Administração. do orçamento e do controle, estabelecendo novas técnicas orçamentárias
a eficácia dos gastos públicos.
Contra o cidadão comum, cabe ainda o Habeas Corpus sempre que Com relação aos custos dos bens e serviços, tanto a Lei 4.320/64 (art.
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em 85), quanto o Decreto-Lei 200/67 (art.25, IX e art. 79) estabeleceram que a
sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. contabilidade deveria apurá-los, a fim de buscar uma prestação de servi-
ços econômica e evidenciar os resultados da gestão. Mais de 30 anos se
Controle interno na Administração Pública: um eficaz instru- passaram sem aplicação, e a Lei complementar n° 101/2000, Lei de
mento de accountability Responsabilidade Fiscal, volta a exigir a apuração dos custos, como se
Texto extraído do Jus Navigandi nunca tivesse havido legislação anterior.
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4370
Carlos Henrique Fêu A aprovação da LRF deve incorporar aos costumes político-
assessor técnico no Município de São Roque do Canaã (ES), administrativos a preocupação com os limites de gastos pelos administra-
consultor da Lex Consultoria Planejamento e Tecnologia Ltda. dores públicos municipais, estaduais e federais. A lei veio regulamentar o
artigo 163 da Constituição Federal, introduzindo o conceito de gestão
Considerações Iniciais fiscal responsável. Nesse contexto, poderá vir a produzir um forte impacto
É através da Administração Pública que o Estado dispõe dos elemen- quanto ao controle global da arrecadação e execução dos orçamentos
tos necessários para implementar as prioridades do Governo. Assim, é de públicos.
extrema relevância o estudo acerca das ações empreendidas pelo gestor A ideia que deu origem a essa lei foi apresentada pelo Governo Fede-
da coisa pública, destacando especial atenção ao grau de aderência ao ral no auge da crise fiscal brasileira, em novembro de 1997. A partir da
interesse público (efetividade). aprovação do projeto de lei, todos os orçamentos públicos deverão apre-
O presente trabalho estuda a evolução do controle interno como ins- sentar superavit primário. Assim, espera-se que os ciclos históricos de
trumento de accountability, centrando atenção à ética na condução da res deficits nos orçamentos públicos sejam interrompidos, em razão deste
publica. novo sistema de monitoramento e responsabilização.

Conhecimentos Específicos 59
APOSTILAS OPÇÃO
Para Motta, (3) o impacto causado pela LRF, desde sua proposição, Tratamos apenas dos mecanismos de controle horizontais, pois são
encarece o princípio jurídico da eficiência quando focaliza o estrito liame considerados mecanismos essenciais de transparência e promoção da
que deve existir entre a fixação e a execução de metas fiscais, enfatizando ética na gestão pública. Podem ser classificados em quatro tipos princi-
o controle do percurso para consecução de resultados. Torna concreto e pais: a) os controles administrativos, que são um autocontrole, pois exer-
palpável o princípio da economicidade, pela conceituação mais exata de cidos pelos próprios poderes sobre seus atos e agentes; b) os controles
gestão orçamentária e fiscal. Reaviva a noção de continuidade administra- legislativos, que são representados pelo apoio ou rejeição às iniciativas do
tiva, até então pouco explorada pelo ordenamento legislativo e mesmo poder executivo nos legislativos (trata-se aqui de um controle político); c)
pela doutrina nacional. E desenvolve, sobretudo, o princípio fundamental os controles de contas, que são essencialmente técnicos, pois têm a
da responsividade ("accountability"), correlato a todos os demais descritos função de controlar as contas públicas, subsidiando os legislativos; e d) os
no art. 37 da Carta Magna. controles judiciários, que objetivam coibir abusos do patrimônio público e
do exercício do poder por parte das autoridades.
Ética e Accountability na Gestão Pública
Os "controles administrativos" são denominados genericamente de
A ética, entendida como conjunto de princípios que direcionam o agir controles internos. Fazem parte da estrutura administrativa de cada poder,
do homem, apresenta, quando estudada no âmbito da gestão pública, a tendo por função acompanhar a execução dos seus atos, indicando, em
interligação, profunda, com a relação entre o Estado e a sociedade, nota- caráter opinativo, preventivo ou corretivo, ações a serem desempenhadas
damente, quanto ao exercício da cidadania. com vistas ao atendimento da legislação. Já em relação ao poder executi-
O conceito de cidadania tem sido objeto de muitos estudos e aqueles vo, os poderes que o controlam são os controles legislativos e de contas,
que se dedicam mais ao tema são capazes de indicar o surgimento de um denominados controles externos, ou seja, são órgãos independentes da
novo conceito de cidadania. Fundamentalmente, a acepção que se tem de administração, não participando, portanto, dos atos por ela praticados,
cidadania abrange duas dimensões. pois cabe a eles exercer a fiscalização. Esse conjunto de controles hori-
A primeira está intrinsecamente ligada e deriva até da experiência dos zontais, internos e externos, é formalmente institucionalizado por uma
movimentos sociais; dessa experiência, boa parte é aquilo que entende- rede de órgãos autônomos.
mos como luta por direitos que, aliás, encampa o conceito clássico de Transparência e Accountability
cidadania, que é a titularidade de direitos.
Ao percorrer todos os setores administrativos de uma entidade, a con-
A essa experiência dos movimentos sociais tem-se agregado uma ên- troladoria, além de conhecer o funcionamento, o custo-benefício e a
fase mais ampla na conciliação da democracia. Assim, podemos dizer que performance de cada setor e seus aspectos legais, poderá oferecer alter-
a construção da cidadania aponta para a edificação e a difusão de uma nativas de melhoria de desempenho do setor e da Administração Pública
conduta democrática, ou seja, as coisas estão intimamente relacionadas. como um todo.
O controle interno na Administração Pública deve, sobretudo, possibi-
litar ao cidadão informações que confiram transparência à gestão da coisa A controladoria propicia elementos para a busca da modernidade, da
pública. Desta forma, o sistema integrado de controle interno deve servir qualidade, da transparência e da probidade administrativa.
como agência de accountability, agência de transparência, de responsivi- O sistema de accountability não se detém somente na preocupação
dade e prestação de contas de recursos públicos. com a probidade dos gestores públicos. Um sistema de accountability, na
Os mecanismos de controle se situam em duas esferas interdepen- visão de Peixe apud Behn (6) "... que estabeleça e reforce a confiança
dentes de ação: os mecanismos de accountability verticais — da socieda- pública no desempenho governamental", além de outras formas para
de em relação ao Estado — e os de accountability horizontais, isto é, de envolver os cidadãos, uma vez que são estes que necessitam de um
um setor a outro da esfera pública. melhor desempenho de seu governo.
A palavra accountability é um termo de origem inglesa. Para Castor ci- A visão de Administração Pública, em accountability, está diretamente
tado por Peixe (4): ligada à descentralização de responsabilidades, atribuindo poder à base
"Que traduzido por responsabilidade ou (...) melhor ainda por imputa- da administração, à sociedade organizada em empresas sem fins lucrati-
bilidade (...) obrigação de que alguém responda pelo que faz (...) obriga- vos, tais como associações, cooperativas, organizações não-
ção dos agentes do Estado em responder por suas decisões, ações e governamentais, enfim a sociedade civil organizada em busca da cidada-
omissões, o que já é universalmente consagrado como norma nas socie- nia.
dades mais desenvolvidas". Para Peixe (7) ao citar Trosa,
Accountability representa a obrigação que a organização tem de pres- "...essa mudança só pode ocorrer por meio da obrigação muito refor-
tar contas dos resultados obtidos, em função das responsabilidades que çada de prestar contas dos resultados, a não ser que se lance mão da
decorrem de uma delegação de poder. Na conceituação de Tinoco apud entropia, ou explosão, ou da corrupção no serviço público. A obrigação de
Nakagawa: prestar contas é para o serviço público uma espécie de substituto do
"A responsabilidade (accountability), como se vê, corresponde sempre mercado. Ela é também o corolário normal de um sistema democrático em
à obrigação de executar algo, que decorre da autoridade delegada e ela que os funcionários devem dar conta de suas ações às autoridades."
só quita com a prestação de contas dos resultados alcançados e mensu-
rados pela Contabilidade. A autoridade é a base fundamental da delega- A transparência se impõe como fundamental para substituir controles
ção e a responsabilidade corresponde ao compromisso e obrigação de a burocráticos por controles sociais. Se a Administração Pública se torna
pessoa escolhida desempenhá-lo eficiente e eficazmente." acessível, faz-se necessário dar maior publicidade às suas ações para
poder controlar o bom uso dos recursos utilizados, além de estimular a
Verifica-se que a palavra accountability significa a obrigação de pres- concorrência entre os fornecedores e a participação da sociedade no
tar contas dos resultados conseguidos em função da posição que o indiví- processo decisório, dando mais legitimidade à ação estatal.
duo assume e do poder que detém.
A accountability requer o acesso do cidadão à informação e à docu-
A accountability vertical é, principalmente, embora de forma não ex- mentação relativas aos atos públicos, as formas pelas quais seus gover-
clusiva, a dimensão eleitoral, o que significa premiar ou punir um gover- nantes estão decidindo em seu nome ou gastando o dinheiro que lhes foi
nante nas eleições. Essa dimensão requer a existência de liberdade de entregue sob forma de tributos, portanto, a qualidade da democracia
opinião, de associação e de imprensa, assim como de diversos mecanis- praticada na sociedade depende o grau de transparência das ações
mos que permitam tanto reivindicar demandas diversas como denunciar governamentais.
certos atos das autoridades públicas. Já a accountability horizontal implica
a existência de agências e instituições estatais possuidoras de poder legal Conclusão
e de fato para realizar ações que vão desde a supervisão de rotina até
Os gestores públicos devem ter em mente a responsabilidade de se
sanções legais contra atos delituosos de seus congêneres do Estado.
preocupar constantemente com os produtos, bens e serviços, que ofere-

Conhecimentos Específicos 60
APOSTILAS OPÇÃO
cem para os cidadãos aos quais devem prestar contas permanentemente, A Gestão pro Processos é um tema que tem despertado crescente in-
ou seja, praticar o conceito de accountability. Para atender a essa premis- teresse das empresas. Ainda imaturo, o mercado está respondendo aos
sa devem estar estruturados de maneira que possam demonstrar conta- esforços educacionais oferecidos pelos fornecedores destas soluções.
bilmente a origem e a aplicação dos recursos públicos.
Entretanto, ainda são grandes os obstáculos à maturidade deste tipo
O sistema de controle interno deverá estar consolidado no compro- de aplicação.
misso do trinômio da moralidade, cidadania e justiça social ao atingir o
processo de democratização do Poder ao verdadeiro cliente (cidadão) que A falta de um efetivo conhecimento sobre este conceito e a análise fo-
já não suporta ver tanto desperdício e malversação de recursos públicos. cada exclusivamente nas features dos produtos que são disponibilizados
pelos fornecedores são fatores preponderantes na formação de uma
A ideia de um sistema de controle interno, pautado nos fundamentos opinião distorcida sobre os benefícios advindos de uma gestão por pro-
da accountability, reflete integridade, representando um passo importante cessos. Some-se ainda a profusão de soluções que estão sendo apresen-
no estabelecimento de uma política consistente de controle da corrupção, tadas, muitas delas criadas para outras finalidades e agora vestidas com
mas é somente o início do caminho para uma política de reformas que uma nova roupagem de marketing, sobrepõem conceitos e dificultam o
garantam o controle sustentável da corrupção. entendimento pelos avaliadores.
Notas Este pequeno ou inexistente embasamento teórico pode ser explicado
pelo pequeno alinhamento do ambiente acadêmico com o conceito de
01. GOMES, Josir Simeone; SALAS, Joan M. Amat. Controle de gestão: uma
abordagem contextual e organizacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. Gestão por Processos. Esta mudança seria fundamental para a criação de
um ambiente mais receptivo ao conceito, pelo C-Level ( CEO, CIO, etc )
02. DROMI. Roberto Derecho Administrativo, 5. ed., Ediciones Ciudad Argenti-
das empresas. Neste sentido, ainda não é suficientemente claro para as
na, p. 673 citado por PESSOA, Robertônio. Curso de direito administrativo moder-
no. 1ª ed. Brasília: Consulex, 2000. academias, a existência de uma camada independente enquanto solução
de software, visto que gerir processos e integrar aplicações sempre foi um
03. MOTTA, Carlos Coelho Pinto. Gestão fiscal: e resolutividade nas licitações.
1. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2001.
produto secundário de projetos apresentados pelos fornecedores de
ERP’s e não era tratado com a devida importância.
04. PEIXE, Blênio César Severo. Finanças Públicas: controladoria governa-
mental. 1. ed. Curitiba: Juruá, 2002. Despertar os executivos de negócio para a importância da Gestão por
05. TINOCO. João Eduardo Prudêncio. In Balanço social: balanço da transpa- Processos pode ser uma tarefa ingrata, pois processos ainda são vistos
rência corporativa e da concentração social. Revista Brasileira de Contabilidade n. com um quê de negligência, como uma atividade menor, menos importan-
135 – maio/junho 2002. p. 62 te.
06. PEIXE, 2002, p.149
Diariamente, mais e mais empresas estão adotando de forma silenci-
07. PEIXE, loc. cit. osa, a Gestão pro Processos. Estas empresas elegeram executivos de
carreira para gerir macro-processos fundamentais. Elas mudaram o foco
dos seus sistemas de aferição de objetivos das unidades para objetivos
Referências dos processos e basearam seus sistemas de remuneração diretamente
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Disponível em sobre a performance dos seus processos. Também alteraram a maneira
http://www.interlegis.gov.br como recrutaram e treinaram seus colaboradores, com ênfase nos macro
_______. Lei federal n 4.320, de 17 de março de 1964. Disponível em processos e não nas pequenas tarefas. E ainda trabalharam em mudan-
http://www.interlegis.gov.br ças pequenas, porém fundamentais, na sua cultura. Por fim, estes execu-
_______. Decreto-Lei n 200, de 25 de fevereiro de 1967. Disponível em
tivos vão assumir gradativamente o controle do orçamento destinado a
http://www.interlegis.gov.br melhoria dos seus macro-processos, uma vez que estes detêm o conhe-
cimento sobre seus pontos fracos em toda sua extensão, podendo investir
_______. Lei Complementar n 101, de 04 de maio de 2000. Lei de Responsa-
bilidade Fiscal, Disponível em http://www.interlegis.gov.br os recursos da empresa com muito mais propriedade.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a teoria geral da administração. 6. ed. Rio Já na área de tecnologia, a negação da existência da camada de apli-
de Janeiro: Campus, 2000. cações destinada a gestão dos processos, promovida por alguns executi-
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). Lei de Responsabilidade vos de TI, vai segurar esta onda, talvez por tempo demais. Este perfil de
Fiscal LRFácil:guia contábil da lei de responsabilidade fiscal. Brasília: CFC, 2000. executivo, cujo enfoque está voltado exclusivamente para a ideia de que a
CRUZ, Flávio da. Comentários à lei 4.320. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. área de sistemas deve aprisionar os processos de negócio conforme
GOMES, Josir Simeone; SALAS, Joan M. Amat. Controle de gestão: uma aquilo que seus pacotes de gestão permitem, vai demandar um atraso da
abordagem contextual e organizacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. empresa perante seus concorrentes.
MACHADO Jr., José Teixeira; REIS, Heraldo da Costa. A lei 4.320 comentada. Um registro interessante é que atualmente existe uma grande preocu-
22. ed. Rio de Janeiro: IBAM, 1990. pação na adoção de metodologias voltadas para a governança, e as áreas
MOTTA, Carlos Coelho Pinto. Gestão fiscal: e resolutividade nas licitações. 1. de TI despontam como agentes desta demanda, como ITIL, COBIT, PMI e
ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2001. outras. Fica claro que sua implementação demanda um amplo conheci-
PEIXE, Blênio César Severo. Finanças Públicas: controladoria governamental. mento dos processos da empresa, suas implicações, seus custos e os
1. ed. Curitiba: Juruá, 2002. recursos disponíveis para implementá-los. Gerir estes processos é, em
PESSOA, Robertônio. Curso de direito administrativo moderno. 1ª ed. Brasília: síntese, gerir o negócio, seja o enfoquerestrito a TI ou não, como ficou
Consulex, 2000. evidenciado pela SARBANES-OXLEY.
Revista Brasileira de Contabilidade n. 135 – maio/junho 2002. p. 62
A empresa orientada a processos é com certeza uma tendência irre-
Revista L&C Direito e Administração Pública n. 53 – novembro de 2002, Brasí- versível. Implementar o conceito de Gestão por Processos pode ainda
lia: Consulex. p.40-41
necessitar a quebra de alguns paradigmas internos, mas, alinhar-se a este
SILVEIRA, Roberto Zanon da. Tributo, educação e cidadania. 1. ed. Vitória: pensamento, será uma etapa importante para todos os executivos, em
IHGES, 2002.
todas as áreas.
Informações bibliográficas:
FÊU, Carlos Henrique. Controle interno na Administração Pública: um eficaz Antônio Dutra Jr.
instrumento de accountability. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 119, 31 out. http://www.baguete.com.br/colunistas/colunas/42/antonio-dutra-
2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4370>. Acesso jr/04/10/2004/a-cultura-da-gestao-por-processos
em: 28 set. 2009.

GESTÃO DE PROCESSOS NA MODERNIZAÇÃO DA


Gestão de Processos ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRAL, REGIONAL E LOCAL
Conhecimentos Específicos 61
APOSTILAS OPÇÃO
É indiscutível que vivemos num processo dinâmico de mudança tec- Uma vez que a excelência do desempenho e o sucesso do negócio
nológica no que respeita à gestão de informação. Está na base desta requerem que todas as atividades inter-relacionadas sejam compreendi-
mudança a digitalização da informação e a disseminação dos meios de das e geridas segundo uma visão de processos, é fundamental que sejam
que dispomos para lidar com ela (portá-teis, agendas eletrônicas, smar- conhecidos os clientes dos pro-cessos, os seus requisitos e o que cada
tphones, SMS, email, chat, etc.). Para acompanhar este processo de atividade adiciona de valor relativamente a esses requisitos.
mudança, é inevitável a mudança da mentalidade das pessoas e das
instituições. O desenvolvimento de um sistema de gestão organizacional voltado
para desempenhos elevados requer a identificação e a análise de todos os
A administração pública central, regional e local encontra-se neste seus processos. A análise de processos leva a um melhor entendimento
momento numa fase de viragem da sua forma de ges-tão. Os seus siste- do funcionamento da instituição e permite a definição adequada de res-
mas de informação estão a ser confrontados com a necessidade de en- ponsabilidades, a utilização eficiente dos recursos, a prevenção e solução
frentar os desafios propostos pela sociedade de informação e conheci- dos problemas, a eliminação de atividades redundantes e a identificação
mento no que respeita à utilização de novas tecnologias e metodologias. clara dos clientes e fornecedores.
As rápidas evolu-ções tecnológicas têm um forte impacto a nível social,
econômico e cultural. Esta abordagem possibilita à instituição atuar com eficiência nos re-
As mais valias do mundo virtual são hoje indiscutíveis. São mesmo cursos e com eficácia nos resultados, uma vez que pro-cura atender os
um fator essencial para o desenvolvimento e a competi-tividade. A moder- seus clientes finais mediante a adição de valor nas atividades desenvolvi-
nização administrativa, tão referenciada pelo atual governo, vem reforçar das. A gestão de processos imple-menta uma arquitetura que pode ser
essa viragem, promovendo a adap-tação dos processos das instituições representada pelas atividades de alto nível apresentadas na figura.
públicas às novas formas de comunicar e de interagir. Visão de uma arquitetura da gestão de processos.
A modernização administrativa tem como enfoque a desburocratiza-
Esta visão tem um conjunto de benefícios associados a cada uma das
ção de processos, permitido ao cidadão o acesso a do-cumentação exis-
atividades desenvolvidas na arquitetura da gestão de processos. Estes
tente em vários e diferentes departamentos, num único local, por via das
benefícios encontram-se expostos na tabela abaixo:
tecnologias de informação.
No entanto, para que esta medida se torne eficaz, será de extrema Atividade Benefício
importância, não apenas a tecnologia, mas sobretudo a visão global de Identificar Gerir desempenhos e melhorias contínuas
gestão dos serviços e dos processos, com vista à eliminação da velha Documentar Executar ações de forma a melhorar tempos,
tendência de gestão de cada departa-mento, instruído apenas para ver os otimizar recursos, etc.
"seus" processos. Medir e simu- Identificar custos, tempos, qualidade, que permiti-
Só com essa visão se conseguirá conferir maior qualidade aos servi- lar rá um melhoramento de área problemáticas
ços prestados, aumentar a produtividade, bem como reduzir os custos Melhorar Processos melhorados assegurando a qualidade
operacionais. Os objetivos que nos são impostos pelas circunstâncias e Gerir Melhor a compreensão, o envolvimento e as ideias
pelo Pacto de Estabilidade vieram dar o impulso que faltava para que se Construir um modelo baseado nesta arquitetura de processos poderá
avance na otimização de processos e partilha de informação, tirando resolver diversos problemas que normalmente ten-dem a estar ocultos
partido da tecnolo-gia atual. num modelo funcional tradicional. O desenho de um modelo de processos
Este conceito define que a instituição tenha os seus processos de ne- permite aos colaboradores compreenderem a visão global da instituição e
gócio implementados e suportados por sistemas in-formáticos. Além disso, qual o seu contributo individual nesse contexto.
tem necessariamente que integrar todas as aplicações departamentais.
Perante a atual necessidade de mobilidade, torna-se ainda imperativo que A construção do modelo requer trabalho em equipa, de forma a asse-
os cidadãos e colaboradores possam aceder às instituições, aos seus gurar que todo o conhecimento disponível é utilizado. Um modelo simples
processos e à sua informação através de portais web enabled integrado- pode conter elementos tão específicos como atividades, etapas de pro-
res de serviços, assentes sobre sistemas de workflow e de gestão docu- cesso, funções ou áreas organizacionais, materiais e outra informação. O
mental - que são a resposta ao novo conceito de "gestão de processos". modelo pode igualmente conter notas sobre potenciais problemas nos
processos de negócio, ideias para melhorias e outros comentários.
O que é a gestão de processos?
A gestão por processos consiste num conjunto de atividades que Principais características da gestão de processos
ocorrem dentro de uma instituição pública, que estão en-volvidos direta- a) Monitorização de processos - capacidade para efetuar o seguimen-
mente com os objetivos da instituição. Estas atividades desenvolvem os to dos processos de uma forma transversal à institui-ção e a capacidade
recursos materiais, humanos e financei-ros da instituição, necessários de individualmente o utilizador poder avaliar as suas atividades.
para, por exemplo, melhorar o atendimento ao cliente e aumentar a efici- b) Modelação de processos - a modelação de processos consiste na
ência da logística. facilidade de criar e alterar processos novos ou exis-tentes, incluindo:
Assegurar que os processos sejam executados de forma clara e con- · Desenho do fluxo de trabalho e das atividades que concorrem para
sistente é muito importante para que a instituição pos-sa atingir as suas um processo;
metas e agregar valor aos seus clientes (cidadãos). Entretanto gerir estes · Desenho simples e intuitivo dos fluxos de trabalho;
processos é mais difícil do que parece, pois muitos deles não acontecem
isoladamente, mas interagem entre si. · Processos de trabalho da instituição mapeados através de templates
(modelos) reutilizáveis;
Uma orientação para os processos, permite compreender como de fa-
to as coisas são feitas na instituição, na medida em que revela problemas, · Alterações de processos;
estrangulamentos e ineficiências que numa instituição tradicional não · Redução da necessidade de formação dos utilizadores para conhece-
seriam identificados. rem os processos da instituição.
São várias as vantagens da gestão de processos: Conclusão
· Redução dos tempos de ciclo; Como conclusão, podemos afirmar que com a atual maturidade das
· Diminuição de custos; tecnologias de gestão de conteúdos e automatização de processos, o
desafio da implementação das mudanças não é tecnológico. A chave do
· Melhoria da eficiência interna; sucesso deste tipo de projetos está na mão dos grupos de trabalho, das
· Melhoria da qualidade; equipas multidisciplinares e na sua autonomia, no que respeita a altera-
· Aumento da satisfação dos cidadãos e dos colaboradores. ções da legislação, dos procedimentos e da cultura há muito tempo enrai-
zados na administração pública central, regional e local. Leonel Miranda
Arquitetura de base

Conhecimentos Específicos 62
APOSTILAS OPÇÃO
A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com impes-
2. Redação Oficial soalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz
da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalístico,
2.1 Características Fundamentais da
da correspondência particular, etc.
Redação Oficial. 2.2 Emprego dos
Apresentadas essas características fundamentais da redação oficial,
Pronomes de Tratamento. 2.3 Gêne- passemos à análise pormenorizada de cada uma delas.
ros da Redação Oficial. 2.3.1 Aviso. 1.1. A Impessoalidade
2.3.2 Declaração. 2.3.3 E-mail. 2.3.4.
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita.
Memorando. 2.3.5. Ofício. 2.4 Sintaxe Para que haja comunicação, são necessários: a) alguém que comunique,
e Semântica da Redação Oficial. b) algo a ser comunicado, e c) alguém que receba essa comunicação. No
caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este
ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção);
o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS órgão que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o
CAPÍTULO I conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros
ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL Poderes da União.
1. O que é Redação Oficial Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre:
qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações. Interessa- a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora
nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de determi-
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do nada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é feita a comuni-
padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. cação. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, que permite que
Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, comunicações elaboradas em diferentes setores da Administração guar-
no artigo 37: "A administração pública direta, indireta ou fundacional, de dem entre si certa uniformidade;
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas pos-
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, sibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre concebido como
moralidade, publicidade e eficiência (...)". Sendo a publicidade e a impes- público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, temos um destinatário
soalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro concebido de forma homogênea e impessoal;
está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunica- c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo te-
ções oficiais. mático das comunicações oficiais se restringe a questões que dizem
Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja re- respeito ao interesse público, é natural que não cabe qualquer tom particu-
digido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A lar ou pessoal.
transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibili- Desta forma, não há lugar na redação oficial para impressões pesso-
dade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um ais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de
texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação
necessariamente, clareza e concisão. oficial deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora.
Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos norma- A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos va-
tivos obedece a certa tradição. Há normas para sua elaboração que lemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que
remontam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo, a seja alcançada a necessária impessoalidade.
obrigatoriedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de
1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de anos trans-
1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
corridos desde a Independência. Essa prática foi mantida no período
republicano. A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos
e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio caráter público
Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade, desses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais,
concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais: aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras
elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente para a conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos
impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de linguagem. públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empregada a
Nesse quadro, fica claro também que as comunicações oficiais são linguagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja
necessariamente uniformes, pois há sempre um único comunicador (o finalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade.
Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser
Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse
conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados
público). grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões de circula-
Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações oficiais ção restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técni-
foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de tratamento e co, tem sua compreensão dificultada.
de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, etc. Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua fa-
Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para comunicações lada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de forma imedi-
oficiais, regulados pela Portaria no 1 do Ministro de Estado da Justiça, de 8 ata qualquer alteração de costumes, e pode eventualmente contar com
de julho de 1937, que, após mais de meio século de vigência, foi revogado
outros elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a
pelo Decreto que aprovou a primeira edição deste Manual.
entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou fazer das por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as
características específicas da forma oficial de redigir não deve ensejar o transformações, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas
entendimento de que se proponha a criação – ou se aceite a existência – de si mesma para comunicar.
de uma forma específica de linguagem administrativa, o que coloquialmen-
A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de
te e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma distorção do
acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um
que deve ser a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões
amigo, podemos nos valer de determinado padrão de linguagem que
e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de
incorpore expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um
frases.
Conhecimentos Específicos 63
APOSTILAS OPÇÃO
parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico gens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
correspondente. Nos dois casos, há um padrão de linguagem que atende exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que
ao uso que se faz da língua, a finalidade com que a empregamos. nada acrescentem ao que já foi dito.
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo texto
sua finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias secundárias. Estas
requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las;
culto é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b) mas existem também ideias secundárias que não acrescentam informação
se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É alguma ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais, podendo,
importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na por isso, ser dispensadas.
redação oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme
lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como claro
das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto
pretendida compreensão por todos os cidadãos. a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de ex- demais características da redação oficial. Para ela concorrem:
pressão, desde que não seja confundida com pobreza de expressão. De a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que
nenhuma forma o uso do padrão culto implica emprego de linguagem poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;
rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento
próprios da língua literária. geral e por definição avesso a vocábulos de circulação restrita, como a
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um "padrão ofi- gíria e o jargão;
cial de linguagem"; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comuni- c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível
cações oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas uniformidade dos textos;
expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos
utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático, que nada lhe acrescentam.
como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão É pela correta observação dessas características que se redige com
limitada. clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo texto redigido.
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramati-
exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos cais provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua
acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são de correção.
difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de
ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a fácil compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser
outros órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos. desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos as-
Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologismo suntos em decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz
e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica. com que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é
verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o
significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos que não
1.3. Formalidade e Padronização possam ser dispensados.
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obede- A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que
cem a certas regras de forma: além das já mencionadas exigências de são elaboradas certas comunicações quase sempre compromete sua
impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda, clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja segui-
certa formalidade de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida da por sua revisão. "Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados",
quanto ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão
uma autoridade de certo nível (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos no redigir.
Pronomes de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito à Por fim, como exemplo de texto obscuro, que deve ser evitado em to-
polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a das as comunicações oficiais, transcrevemos a seguir um pitoresco qua-
comunicação. dro, constante de obra de Adriano da Gama Kury , a partir do qual podem
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária uni- ser feitas inúmeras frases, combinando-se as expressões das várias
formidade das comunicações. Ora, se a administração federal é una, é colunas em qualquer ordem, com uma característica comum: nenhuma
natural que as comunicações que expede sigam um mesmo padrão. O delas tem sentido! O quadro tem aqui a função de sublinhar a maneira de
estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que como não se deve escrever:
se atente para todas as características da redação oficial e que se cuide,
ainda, da apresentação dos textos.
CAPÍTULO II
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto defini-
tivo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroni- AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
zação. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de 2. Introdução
normas específicas para cada tipo de expediente. A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, seguir os
preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da Redação Oficial.
1.4. Concisão e Clareza Além disso, há características específicas de cada tipo de expediente, que
serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto análise, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modalidades
oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informa- de comunicação oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a forma
ções com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade, dos fechos e a identificação do signatário.
é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o
qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto.
É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias 2.1. Pronomes de Tratamento
ou repetições desnecessárias de ideias. 2.1.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento
O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao princípio de O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga
economia linguística, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após serem incor-
palavras para informar o máximo. Não se deve de forma alguma entendê- porados ao português os pronomes latinos tu e vos, "como tratamento
la como economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar passa- direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra", passou-se a

Conhecimentos Específicos 64
APOSTILAS OPÇÃO
empregar, como expediente linguístico de distinção e de respeito, a se- Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
gunda pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierarquia superior. Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
Prossegue o autor: Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.
"Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que se di- As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, segui-
rigia a palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de ca- do do cargo respectivo:
tegoria superior, e não a ela própria. Assim aproximavam-se os vas-
salos de seu rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria Senhor Senador,
(...); assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e adota- Senhor Juiz,
ram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência, vossa paternida- Senhor Ministro,
de, vossa eminência, vossa santidade." Senhor Governador,
A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indireto já Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssi-
estava em voga também para os ocupantes de certos cargos públicos. mo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressu-
Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o posto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária
pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que provém sua repetida evocação.
o atual emprego de pronomes de tratamento indireto como forma de Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para par-
dirigirmo-nos às autoridades civis, militares e eclesiásticas. ticulares. O vocativo adequado é:
Senhor Fulano de Tal, (...)
2.1.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento No envelope, deve constar do endereçamento:
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresen- Ao Senhor
tam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pro- Fulano de Tal
nominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com Rua ABC, no 123
quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância 70.123 – Curitiba. PR
para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego
integra a locução como seu núcleo sintático: "Vossa Senhoria nomeará o
do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento
substituto"; "Vossa Excelência conhece o assunto".
de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento Senhor.
tratamento são sempre os da terceira pessoa: "Vossa Senhoria nomeará
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título
seu substituto" (e não "Vossa ... vosso...").
acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empre-
Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero grama- gue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau
tical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar
substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for ho- por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em
mem, o correto é "Vossa Excelência está atarefado", "Vossa Senhoria Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada
deve estar satisfeito"; se for mulher, "Vossa Excelência está atarefada", formalidade às comunicações.
"Vossa Senhoria deve estar satisfeita".
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por
força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade.
2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento Corresponde-lhe o vocativo:
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secu- Magnífico Reitor,
lar tradição. São de uso consagrado: (...)
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierar-
a) do Poder Executivo; quia eclesiástica, são:
Presidente da República; Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo
Vice-Presidente da República; correspondente é:
Ministros de Estado; Santíssimo Padre,
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal; (...)
Oficiais-Generais das Forças Armadas; Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comuni-
cações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
Embaixadores;
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos
de natureza especial; Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,
(...)
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigi-
Prefeitos Municipais. das a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria
Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos.
b) do Poder Legislativo: Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religi-
Deputados Federais e Senadores; osos.
Ministro do Tribunal de Contas da União;
Deputados Estaduais e Distritais; 2.2. Fechos para Comunicações
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que
vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério
c) do Poder Judiciário: da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simpli-
Ministros dos Tribunais Superiores; ficá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de somente
dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:
Membros de Tribunais;
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:
Juízes;
Respeitosamente,
Auditores da Justiça Militar.
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes
de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo: Atenciosamente,

Conhecimentos Específicos 65
APOSTILAS OPÇÃO
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autorida- "Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, enca-
des estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente minho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Depar-
disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exterio- tamento Geral de Administração, que trata da requisição do servidor
res. Fulano de Tal."
ou
2.3. Identificação do Signatário "Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do Presidente da Con-
todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da federação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de moderni-
autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da zação de técnicas agrícolas na região Nordeste."
identificação deve ser a seguinte: – desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum
(espaço para assinatura) comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar
Nome parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento.
(espaço para assinatura)
Nome f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
Ministro de Estado da Justiça
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em pá- g) assinatura do autor da comunicação; e
gina isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última
frase anterior ao fecho.
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signatário).

3. O Padrão Ofício
3.2. Forma de diagramação
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade
do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o fito de unifor- Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à seguinte forma
mizá-los, pode-se adotar uma diagramação única, que siga o que chama- de apresentação:
mos de padrão ofício. As peculiaridades de cada um serão tratadas adian- a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no
te; por ora busquemos as suas semelhanças. texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman poder-
3.1. Partes do documento no Padrão Ofício se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes partes: c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número da pági-
na;
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o
expede: d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos
em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direta
Exemplos: terão as distâncias invertidas nas páginas pares ("margem espelho");
Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-MME e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à margem esquerda;
direita: f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0
Exemplo: Brasília, 15 de março de 1991. cm de largura;
c) assunto: resumo do teor do documento g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
Exemplos: h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pon-
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. tos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não comportar
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. tal recurso, de uma linha em branco;
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a co- maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma
municação. No caso do ofício deve ser incluído também o endereço. de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento;
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco.
A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e ilustrações;
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de do-
cumentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura: l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impres-
– introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é sos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das for- m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich
mas: "Tenho a honra de", "Tenho o prazer de", "Cumpre-me informar que", Text nos documentos de texto;
empregue a forma direta; n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o
– desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de
mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágra- trechos para casos análogos;
fos distintos, o que confere maior clareza à exposição; o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser for-
– conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a mados da seguinte maneira:
posição recomendada sobre o assunto. tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em conteúdo
que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos. Ex.: "Of. 123 - relatório produtividade ano 2002"
Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estru-
tura é a seguinte: 3.3. Aviso e Ofício
– introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o 3.3.1. Definição e Finalidade
encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada,
deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encami- Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial praticamente
nhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclusi-
(tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela vamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia,
qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula: ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos

Conhecimentos Específicos 66
APOSTILAS OPÇÃO
têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da sivamente informativo e outra para a que proponha alguma medida ou
Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também com particula- submeta projeto de ato normativo.
res. No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmente leva
algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, sua estrutu-
3.3.2. Forma e Estrutura ra segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão ofício, Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Presiden-
com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1 Pronomes de te da República a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a que lhe
Tratamento), seguido de vírgula. apresente projeto de ato normativo – embora sigam também a estrutura
Exemplos: do padrão ofício –, além de outros comentários julgados pertinentes por
seu autor, devem, obrigatoriamente, apontar:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da medida
Senhora Ministra ou do ato normativo proposto;
Senhor Chefe de Gabinete b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele ato
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguintes in- normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais alternativas
formações do remetente: existentes para equacioná-lo;
– nome do órgão ou setor; c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual
– endereço postal; ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
– telefone e endereço de correio eletrônico. Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de mo-
tivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte modelo previsto
3.4. Memorando no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002.
3.4.1. Definição e Finalidade
O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades admi- ATOS NORMATIVOS - CONCEITOS BÁSICOS
nistrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em
mesmo nível ou em nível diferente. Trata-se, portanto, de uma forma de LEI ORDINÁRIA
comunicação eminentemente interna.
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a Definição
exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por deter- A lei ordinária é um ato normativo primário e contém, em regra, nor-
minado setor do serviço público. mas gerais e abstratas. Embora as leis sejam definidas, normalmente,
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando pela generalidade e abstração (“lei material”), estas contêm, não raramen-
em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de te, normas singulares (“lei formal” ou “ato normativo de efeitos concretos”).
procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do núme-
ro de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no
próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continua- Exemplo de lei formal:
ção. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplifi- – Lei orçamentária anual (Constituição, art. 165, § 5o);
cado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, e permitin- – Leis que autorizam a criação de empresas públicas, sociedades de
do que se historie o andamento da matéria tratada no memorando. economia mista, autarquias e fundações (Constituição, art. 37, XIX).
O STF tem entendido que os atos normativos de efeitos concretos,
3.4.2. Forma e Estrutura por não terem o conteúdo material de ato normativo, não se sujeitam ao
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício, controle abstrato de constitucionalidade.
com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencionado pelo
cargo que ocupa. Objeto
Exemplos: O Estado de Direito (Constituição, art. 1o) define-se pela submissão
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subchefe pa- de diversas relações da vida ao Direito.
ra Assuntos Jurídicos Assim, não deveria haver, em princípio, domínios vedados à lei. Essa
afirmativa é, todavia, apenas parcialmente correta.
4. Exposição de Motivos A Constituição exclui, expressamente, do domínio da lei, as matérias
4.1. Definição e Finalidade da competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49), que devem ser
disciplinadas mediante decreto legislativo. Também não podem ser trata-
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da Repú- das por lei as matérias que integram as competências privativas do Sena-
blica ou ao Vice-Presidente para: do e da Câmara (Constituição, arts. 51 e 52).
a) informá-lo de determinado assunto; Por fim, a Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001,
b) propor alguma medida; ou reservou matérias para decreto do Presidente da República (art. 84, VI,
c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo. alíneas a e b).
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da Repú- Acentue-se, por outro lado, que existem matérias que somente podem
blica por um Ministro de Estado. ser disciplinadas por lei ordinária, sendo, aliás, vedada a delegação
Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, a (Constituição, art. 68, § 1º, I, II, III).
exposição de motivos deverá ser assinada por todos os Ministros envolvi-
dos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial. Forma e Estrutura
A estrutura da lei é composta por dois elementos básicos: a ordem le-
4.2. Forma e Estrutura gislativa e a matéria legislada.
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do padrão A ordem legislativa compreende a parte preliminar e o fecho da lei; a
ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a exposição de matéria legislada diz respeito ao texto ou corpo da lei.
motivos que proponha alguma medida ou apresente projeto de ato norma-
tivo, segue o modelo descrito adiante. Ordem Legislativa
A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta du- Das partes do ato normativo
as formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclu-
O projeto de ato normativo é estruturado em três partes básicas:
Conhecimentos Específicos 67
APOSTILAS OPÇÃO
a) A parte preliminar, com a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, o enun- terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do
ciado do objeto e a indicação do âmbito de aplicação das disposições segurador;
normativas; b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da preten-
b) A parte normativa, com as normas que regulam o objeto definido na são; (...)”
parte preliminar;
c) A parte final, com as disposições sobre medidas necessárias à im- Agrupamento de Artigos
plementação das normas constantes da parte normativa, as disposições Como assinalado no item “Sistemática Externa”, a dimensão de de-
transitórias, se for o caso, a cláusula de vigência e a cláusula de revoga- terminados textos legais exige uma sistematização adequada. No direito
ção, quando couber. brasileiro consagra-se a seguinte prática para a divisão das leis mais
extensas:
Epígrafe – um conjunto de artigos compõe uma SEÇÃO;
A epígrafe é a parte do ato que o qualifica na ordem jurídica e o situa – uma seção é composta por várias SUBSEÇÕES;
no tempo, por meio da data, da numeração e da denominação. – um conjunto de seções constitui um CAPÍTULO;
– um conjunto de capítulos constitui um TÍTULO;
Exemplo de epígrafe: – um conjunto de títulos constitui um LIVRO.
LEI No 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Se a estrutura alentada do texto requerer desdobramentos, adotam-se
Ementa ou Rubrica da Lei as PARTES, que se denominam Parte Geral e Parte Especial.
A ementa é a parte do ato que sintetiza o conteúdo da lei, a fim de Por exemplo, o Código Civil de 10 de janeiro de 2002:
permitir, de modo imediato, o conhecimento da matéria legislada. PARTE GERAL
Exemplo de ementa: LIVRO I
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. DAS PESSOAS
A síntese contida na ementa deve resumir o tema central ou a finali- TÍTULO I
dade principal da lei; evite-se, portanto, mencionar apenas um tópico
genérico da lei acompanhado do clichê “e dá outras providências”. DAS PESSOAS NATURAIS
Preâmbulo CAPÍTULO I
O preâmbulo contém a declaração do nome da autoridade, do cargo DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
em que se acha investida e da atribuição constitucional em que se funda CAPÍTULO II
para promulgar a lei e a ordem de execução ou mandado de cumprimento, DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
a qual prescreve a força coativa do ato normativo. CAPÍTULO III
Exemplo de autoria: DA AUSÊNCIA
O Presidente da República Seção I
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se- Da Curadoria dos Bens do Ausente
guinte lei (...) Seção II
Exemplo de ordem de execução: Da Sucessão Provisória
O Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Seção III
Âmbito de aplicação Da Sucessão Definitiva
O primeiro artigo da lei indicará o objeto e o âmbito de aplicação do Cláusula de Revogação
ato normativo a ser editado de forma específica, em conformidade com o
Até a edição da Lei Complementar no 95, de 1998, (art. 9o – v. Apên-
conhecimento técnico ou científico da área respectiva.
dice) a cláusula de revogação podia ser específica ou geral. Desde então,
Fecho da Lei no entanto, admite-se somente a cláusula de revogação específica. Assim,
Consagrou-se, entre nós, que o fecho dos atos legislativos haveria de atualmente é incorreto o uso de cláusula revogatória do tipo “Revogam-se
conter referência aos dois acontecimentos marcantes de nossa História: as disposições em contrário.”.
Declaração da Independência e Proclamação da República. A revogação é específica quando precisa a lei ou leis, ou parte da lei
Exemplo de fecho de lei: que ficam revogadas .
“Brasília, 11 de setembro de 1991, 169o da Independência e 102o da Exemplo de cláusulas revogatórias específicas:
República.” “Fica revogada a Lei no 4.789, de 14 de outubro de 1965.”
Matéria Legislada: Texto ou Corpo da Lei “Ficam revogadas as Leis nos 3.917, de 14 de julho de 1961, 5.887,
O texto ou corpo da lei contém a matéria legislada, isto é, as disposi- de 31 de maio de 1973, e 6.859, de 24 de novembro de 1980.”
ções que alteram a ordem jurídica. Ele é composto por artigos, que, dis- “Ficam revogados os arts. 16, 17 e 29 da Lei no 7.998, de 11 de janei-
postos em ordem numérica, enunciam as regras sobre a matéria legislada. ro de 1990.”
Na tradição legislativa brasileira, o artigo constitui a unidade básica Ademais, importantes doutrinadores já ressaltavam a desnecessidade
para a apresentação, a divisão ou o agrupamento de assuntos de um texto da cláusula revogatória genérica, uma vez que a derrogação do direito
normativo. Os artigos desdobram-se em parágrafos e incisos, e estes em anterior decorre da simples incompatibilidade com a nova disciplina jurídi-
alíneas. ca conferida à matéria (Lei de Introdução ao Código Civil, art.2o, § 1o).
Por exemplo, o art. 206 do Código Civil de 10 de janeiro de 2002: Destarte, afigura-se mais útil o emprego da cláusula específica, que –
“Art. 206. Prescreve: além de cumprir a finalidade de marcar o encerramento do texto legislativo
§ 1o Em um ano: – remete com precisão aos dispositivos revogados.
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destina- Cláusula de Vigência
dos a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospe- Além da cláusula de revogação, o texto ou corpo do ato normativo
dagem ou dos alimentos; contém, normalmente, cláusula que dispõe sobre a sua entrada em vigor.
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra Caso a lei não consigne data ou prazo para entrada em vigor, aplica-se
aquele, contado o prazo: preceito constante do art. 1o da Lei de Introdução ao Código Civil, segun-
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da do o qual, salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o
data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo país 45 dias após a sua publicação.

Conhecimentos Específicos 68
APOSTILAS OPÇÃO
Assinatura e Referenda – Lei que faculta aos Estados legislar sobre questões específicas das
Para terem validade, os atos normativos devem ser assinados pela matérias relacionadas na competência legislativa privativa da União (art.
autoridade competente. Trata-se de práxis amplamente consolidada no 22, parágrafo único);
Direito Constitucional e Administrativo brasileiros. – Lei que fixa normas para a cooperação entre a União e os Estados,
As leis devem ser referendadas pelos Ministros de Estado que res- o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvol-
pondam pela matéria (Constituição, art. 87, parágrafo único, I), que assu- vimento e do bem-estar em âmbito nacional (art. 23, parágrafo único);
mem, assim, a co-responsabilidade por sua execução e observância. No – Lei dos Estados que institui regiões metropolitanas, aglomerações
caso dos atos de nomeação de Ministro de Estado, a referenda será urbanas e microrregiões. (art. 25, § 3o);
sempre do Ministro de Estado da Justiça, nos termos do art. 29 do Decreto – Lei que define as áreas de atuação de sociedades de economia
no 4.118, de 7 de fevereiro de 2002, que “Dispõe sobre a organização da mista, empresas públicas e fundações criadas pelo poder público (art. 37,
Presidência da República e dos Ministérios e dá outras providências”. XIX);
– Lei que estabelece exceções aos limites de idade para aposentado-
LEI COMPLEMENTAR ria do servidor público no caso de exercício de atividades consideradas
penosas, insalubres ou perigosas (art. 40, § 4o);
– Lei que dispõe sobre as normas gerais para a instituição de regime
Definição
de previdência complementar pela União, Estados, Distrito Federal e
As leis complementares constituem um terceiro tipo de leis que não Municípios, para atender aos seus respectivos servidores titulares de
ostentam a rigidez dos preceitos constitucionais, e tampouco comportam a cargo efetivo (art. 40, § 15);
revogação por força de qualquer lei ordinária superveniente. Com a insti-
– Lei que estabelece o procedimento de avaliação periódica para per-
tuição de lei complementar buscou o constituinte resguardar certas maté-
da de cargo de servidor público (art. 41, §1o);
rias de caráter paraconstitucional contra mudanças céleres ou apressa-
das, sem lhes imprimir uma rigidez exagerada, que dificultaria sua modifi- – Lei que dispõe sobre as condições para integração das regiões em
cação. desenvolvimento e a composição dos organismos regionais (art. 43, § 1o,
I, II);
A lei complementar deve ser aprovada pela maioria absoluta de cada
uma das Casas do Congresso (Constituição, art. 69). – Lei que estabelece o número de Deputados, por Estado e pelo Dis-
trito Federal, proporcionalmente à população (art. 45, § 1o);
– Lei que autoriza o Presidente da República a permitir, sem manifes-
Objeto
tação do Congresso, em determinadas hipóteses, que forças estrangeiras
Caberia indagar se a lei complementar tem matéria própria. Poder-se- transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente.
ia afirmar que, sendo toda e qualquer lei uma complementação da Consti- (art. 49, II, e art. 84, XXII).
tuição, a sua qualidade de lei complementar seria atribuída por um ele-
– Lei que dispõe sobre a elaboração, redação, alteração e consolida-
mento de índole formal, que é a sua aprovação pela maioria absoluta de
ção das leis (art. 59, parágrafo único);
cada uma das Casas do Congresso. A qualificação de uma lei como
complementar dependeria, assim, de um elemento aleatório. Essa não é a – Lei que confere outras atribuições ao Vice-Presidente da República
melhor interpretação. Ao estabelecer um terceiro tipo, pretendeu o consti- (art. 79, parágrafo único);
tuinte assegurar certa estabilidade e um mínimo de rigidez às normas que – Lei que dispõe sobre o Estatuto da Magistratura (art. 93);
regulam certas matérias. Dessa forma, eliminou-se eventual discricionari- – Lei que dispõe sobre organização e competência dos tribunais elei-
edade do legislador, consagrando-se que leis complementares propria- torais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais (art. 121);
mente ditas são aquelas exigidas expressamente pelo texto constitucional. – Lei que estabelece a organização, as atribuições e o estatuto do Mi-
nistério Público (art. 128, § 5o);
Disto decorre que: – Lei que dispõe sobre a organização e o funcionamento da Advoca-
– Não existe entre lei complementar e lei ordinária (ou medida provi- cia-Geral da União (art. 131);
sória) uma relação de hierarquia, pois seus campos de abrangência são – Lei que dispõe sobre a organização da Defensoria Pública da União,
diversos. Assim, a lei ordinária que invadir matéria de lei complementar é do Distrito Federal e dos Territórios, e prescreve normas gerais para sua
inconstitucional e não ilegal; organização nos Estados (art. 134, parágrafo único);
– Norma pré-constitucional de qualquer espécie que verse sobre ma- – Lei que estabelece normas gerais a serem adotadas na organiza-
téria que a Constituição de 1988 reservou à lei complementar foi recepcio- ção, no preparo e no emprego das Forças Armadas (art. 142, § 1o);
nada pela nova ordem constitucional como lei complementar. – Lei que dispõe sobre conflitos de competência, em matéria tributá-
– Lei votada com o procedimento de Lei Complementar e denominada ria, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, regula
como tal, ainda assim, terá efeitos jurídicos de lei ordinária, podendo ser limitações ao poder de tributar e estabelece normas gerais, em matéria
revogada por lei ordinária posterior, se versar sobre matéria não reservada tributária (art. 146, I, II, III a, b, c);
constitucionalmente à lei complementar. – Lei que institui empréstimos compulsórios para atender a despesas
– Dispositivos esparsos de uma lei complementar que não constituí- extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou
rem matéria constitucionalmente reservada à lei Complementar possuem sua iminência, ou para possibilitar investimento público de caráter urgente
efeitos jurídicos de lei ordinária. e de relevante interesse nacional (art. 148, I e II);
No texto constitucional são previstas as seguintes leis complementa- – Lei que institui imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII);
res: – Lei que institui outros impostos federais não previstos na Constitui-
– Lei que disciplina a proteção contra despedida arbitrária (Constitui- ção (art. 154, I);
ção, art. 7º, I); – Lei que regula a competência para instituição do imposto de trans-
– Lei que estabelece casos de inelegibilidade e prazos de sua cessa- missão causa mortis e doação, se o doador tiver domicílio ou residência
ção (art. 14, § 9º); no exterior, ou se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou
– Lei que regula a criação, transformação em Estado ou reintegração teve o seu inventário processado no exterior (art. 155, § 1o, III);
ao Estado dos Territórios Federais e que define a incorporação, subdivi- – Lei que define os serviços sujeitos a imposto sobre serviços de
são e desmembramento dos Estados mediante plebiscito e aprovação do qualquer natureza, define as suas alíquotas máxima e mínima, exclui da
Congresso Nacional (art. 18, §§ 2o, 3o e 4o); sua incidência a exportação de serviços para o exterior e regula a forma e
– Lei que dispõe sobre os casos em que se pode permitir o trânsito ou as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão conce-
a permanência temporária de forças estrangeiras no território nacional (art. didos e revogados (art. 156, III e § 3o);
21, IV);

Conhecimentos Específicos 69
APOSTILAS OPÇÃO
– Lei que estabelece normas sobre distribuição das quotas de receitas MEDIDA PROVISÓRIA
tributárias (art. 161, I, II, III e parágrafo único);
– Lei que regulamenta as finanças públicas; o controle das dívidas ex-
Definição
terna e interna; a concessão de garantias pelas entidades públicas; a
emissão e o resgate de títulos da dívida pública; a fiscalização das institui- Medida Provisória é ato normativo com força de lei que pode ser edi-
ções financeiras; as operações de câmbio realizadas por órgãos e entida- tado pelo Presidente da República em caso de relevância e urgência. Tal
des da União, do Distrito Federal e dos Municípios; a compatibilização das medida deve ser submetida de imediato à deliberação do Congresso
funções das instituições oficiais de crédito da União (art. 163, I a VII); Nacional.
– Lei que regulamenta o exercício e a gestão financeira e patrimonial As medidas provisórias perdem a eficácia desde a edição se não fo-
da administração direta e indireta, bem como as condições para a institui- rem convertidas em lei no prazo de 60 dias, prorrogável por mais 60.
ção e o funcionamento de fundos (art. 165, § 9o, I e II); Neste caso, o Congresso Nacional deverá disciplinar, por decreto legislati-
vo, as relações jurídicas decorrentes da medida provisória. Se tal discipli-
– Lei que estabelece limites para a despesa com pessoal ativo e inati-
na não for feita no prazo de 60 dias após a rejeição ou perda de eficácia
vo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 169);
de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de
– Lei que estabelece procedimento contraditório especial para o pro- atos praticados durante a vigência da medida provisória conservar-se-ão
cesso judicial de desapropriação (art. 184, § 3o); por ela regidas.
– Lei que dispõe sobre o sistema financeiro nacional (art. 192); Objeto
– Lei que estabelece o montante máximo de débito para a concessão As Medidas Provisórias têm por objeto, basicamente, a mesma maté-
de remissão ou anistia de contribuições sociais ria das Leis Ordinárias; contudo, não podem ser objeto de medida provisó-
– Lei que regula a aplicação de recursos dos diversos entes da fede- ria as seguintes matérias:
ração em saúde (art. 198, § 3o); a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direi-
– Lei que estabelece casos de relevante interesse público da União, to eleitoral;
quanto aos atos que tratam da ocupação, do domínio e da posse das b) direito penal, processual penal e processual civil;
terras indígenas, ou da exploração das riquezas naturais do solo, fluviais e
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira
lacustres nelas existentes (art. 231, § 6o).
e a garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos
LEI DELEGADA adicionais e suplementares, ressalvada a abertura de crédito extraordiná-
rio, a qual é expressamente reservada à Medida Provisória (Constituição,
Definição art. 167, § 3º);
Lei delegada é o ato normativo elaborado e editado pelo Presidente e) as que visem a detenção ou sequestro de bens, de poupança po-
da República em virtude de autorização do Poder Legislativo, expedida pular ou qualquer outro ativo financeiro;
mediante resolução e dentro dos limites nela traçados (Constituição, art. f) as reservadas a lei complementar;
68, caput e §§). g) já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional
De uso bastante raro, apenas duas leis delegadas foram promulgadas e pendente de sanção ou veto do Presidente da República;
após a Constituição de 1988 (Leis Delegadas no 12, de 7 de agosto de h) aprovação de Código; e
1992 e no 13, 27 de agosto de 1992). i) regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido
alterada por meio de emenda constitucional promulgada no período com-
Objeto preendido entre 1º de janeiro de 1995 até a promulgação da Emenda
A Constituição Federal (art. 68, § 1o) estabelece, expressamente, que Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001.
não podem ser objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Por fim, o Decreto no 4.176, de 2002, recomenda que não seja objeto
Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara ou do Sena- de Medida Provisória a matéria “que possa ser aprovada dentro dos
do Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação prazos estabelecidos pelo procedimento legislativo de urgência previsto na
sobre: Constituição” (art. 40, V).
a) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira Forma e Estrutura
e a garantia de seus membros; São válidas, fundamentalmente, as considerações expendidas em
b) nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; 10.3. Forma e Estrutura.
c) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. Exemplo de Medida Provisória
“MEDIDA PROVISÓRIA Nº 55, DE 7 DE JULHO DE 2002.
Forma e Estrutura Autoriza condições especiais para o crédito de valores iguais ou infe-
Sobre a estrutura e a forma da Lei Delegada são válidas, fundamen- riores a R$ 100,00, de que trata a Lei Complementar no 110, de 29 de
talmente, as considerações expendidas em 11.3. Forma e Estrutura. junho de 2001, e dá outras providências.
Exemplo de Lei Delegada: O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe con-
fere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com
“LEI DELEGADA Nº 12, DE 7 DE AGOSTO DE 1992. força de lei:
Dispõe sobre a instituição de Gratificação de Atividade Militar para os Art. 1º Fica a Caixa Econômica Federal autorizada a creditar em con-
servidores militares federais das Forças Armadas. tas vinculadas específicas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, FGTS, a expensas do próprio Fundo, os valores do complemento de
Faço saber que, no uso da delegação constante da Resolução no 1, atualização monetária de que trata o art. 4o da Lei Complementar no 110,
de 1992 - CN, decreto a seguinte lei: de 29 de junho de 2001, cuja importância, em 10 de julho de 2001, seja
Art. 1o Fica instituída a Gratificação de Atividade Militar, devida men- igual ou inferior a R$ 100,00 (cem reais).
sal e regularmente aos servidores militares federais das Forças Armadas, § 1º A adesão de que trata o art. 4º da Lei Complementar no 110, de
pelo efetivo exercício de atividade militar, ou, em decorrência deste, 2001, em relação às contas a que se refere o caput, será caracterizada no
quando na inatividade. ato de recebimento do valor creditado na conta vinculada, dispensada a
(...) comprovação das condições de saque previstas no art. 20 da Lei no
Art. 5o Esta lei delegada entra em vigor na data de sua publicação, 8.036, de 11 de maio de 1990.
com efeitos financeiros a contar de 1° de julho de 1992, observada a § 2º Caso a adesão não se realize até o final do prazo regulamentar
graduação estabelecida pelo art. 2°. para o seu exercício, o crédito será imediatamente revertido ao FGTS.

Conhecimentos Específicos 70
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 2º O titular de conta vinculada do FGTS, com idade igual ou supe- Exemplo de Decreto Legislativo:
rior a setenta anos ou que vier a completar essa idade até a data final para “Faço saber que o Congresso Nacional aprovou, e eu, Ramez Tebet,
firmar o termo de adesão de que trata o art. 6o da Lei Complementar no Presidente do Senado Federal, nos termos do art. 48, item 28, do Regi-
110, de 2001, fará jus ao crédito do complemento de atualização monetá- mento Interno, promulgo o seguinte
ria de que trata a referida Lei Complementar, com a redução nela prevista, DECRETO LEGISLATIVO Nº 57, DE 2002
em parcela única, no mês seguinte ao de publicação desta Medida Provi-
sória ou no mês subsequente ao que completar a mencionada idade. Aprova solicitação de o Brasil fazer a declaração facultativa prevista
no artigo 14 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Art. 3º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publica- Formas de Discriminação Racial, reconhecendo a competência do Comitê
ção. Internacional para a Eliminação da
Discriminação Racial para receber e analisar denúncias de violação
DECRETO LEGISLATIVO dos direitos humanos cobertos na Convenção.
O Congresso Nacional decreta:
Definição Art. 1º Fica aprovada solicitação de fazer a declaração facultativa pre-
Decretos Legislativos são atos destinados a regular matérias de com- vista no artigo 14 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de
petência exclusiva do Congresso Nacional (Constituição, art. 49) que Todas as Formas de Discriminação Racial, reconhecendo a competência
tenham efeitos externos a ele. do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação Racial para receber e
analisar denúncias de violações dos direitos humanos cobertos na Con-
Objeto
venção.
Objeto do Decreto Legislativo são as matérias enunciadas no art. 49
Parágrafo único. Ficam sujeitos à aprovação do Congresso Nacional
da Constituição, verbis:
quaisquer atos que possam resultar em revisão da referida Convenção,
“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: bem como, nos termos do inciso I do art. 49 da Constituição Federal,
I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internaci- quaisquer ajustes complementares que acarretem encargos ou compro-
onais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio missos gravosos ao patrimônio nacional.
nacional; Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publica-
II – autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a ção.
paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou Senado Federal, em 26 de abril de 2002
nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
Senador RAMEZ TEBET
complementar;
Presidente do Senado Federal”
III – autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se au-
sentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
IV – aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o DECRETO
estado de sítio, ou suspender qualquer dessas medidas;
V – sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do Definição
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; Decretos são atos administrativos da competência exclusiva do Chefe
VI – mudar temporariamente sua sede; do Executivo, destinados a prover situações gerais ou individuais, abstra-
VII – fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senado- tamente previstas, de modo expresso ou implícito, na lei. Esta é a defini-
res, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4o, 150, II, 153, III, e ção clássica, a qual, no entanto, é inaplicável aos decretos autônomos,
153, § 2o, I; tratados adiante.
VIII – fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da Repú-
blica e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, Decretos Singulares
39, § 4o, 150, II, 153, III, e 153, § 2o, I; Os decretos podem conter regras singulares ou concretas (v. g., de-
IX – julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da Repú- cretos de nomeação, de aposentadoria, de abertura de crédito, de desa-
blica e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; propriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto de perda de nacionali-
X – fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, dade, etc.).
os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;
XI – zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da Decretos Regulamentares
atribuição normativa dos outros Poderes; Os decretos regulamentares são atos normativos subordinados ou
XII – apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de secundários.
emissoras de rádio e televisão; A diferença entre a lei e o regulamento, no Direito brasileiro, não se
XIII – escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da limita à origem ou à supremacia daquela sobre este. A distinção substan-
União; cial reside no fato de que a lei inova originariamente o ordenamento
XIV – aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades jurídico, enquanto o regulamento não o altera, mas fixa, tão-somente, as
nucleares; “regras orgânicas e processuais destinadas a pôr em execução os princí-
XV – autorizar referendo e convocar plebiscito; pios institucionais estabelecidos por lei, ou para desenvolver os preceitos
XVI – autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento constantes da lei, expressos ou implícitos, dentro da órbita por ela cir-
de recursos hídricos, e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; cunscrita, isto é, as diretrizes, em pormenor, por ela determinadas”.
XVII – aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras pú- Não se pode negar que, como observa Celso Antônio Bandeira de
blicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.” Mello, a generalidade e o caráter abstrato da lei permitem particulariza-
ções gradativas quando não têm como fim a especificidade de situações
Acrescente-se, ainda, como objeto do Decreto Legislativo a disciplina insuscetíveis de redução a um padrão qualquer. Disso resulta, não raras
das relações jurídicas decorrentes de medida provisória não convertida vezes, margem de discrição administrativa a ser exercida na aplicação da
em lei (Constituição, art. 63, § 3o). lei.
Não se há de confundir, porém, a discricionariedade administrativa,
Forma e Estrutura atinente ao exercício do poder regulamentar, com delegação disfarçada de
São válidas, fundamentalmente, as considerações expendidas no item poder. Na discricionariedade, a lei estabelece previamente o direito ou
11.3. Forma e Estrutura. Ressalte-se, no entanto, que no decreto legislati- dever, a obrigação ou a restrição, fixando os requisitos de seu surgimento
vo a autoria e o fundamento de autoridade antecedem o título. e os elementos de identificação dos destinatários. Na delegação, ao revés,

Conhecimentos Específicos 71
APOSTILAS OPÇÃO
não se identificam, na norma regulamentada, o direito, a obrigação ou a II - assuntos que demandarão ação ou decisão da administração nos
limitação. cem primeiros dias do novo governo;
III - projetos que aguardam implementação ou que tenham sido inter-
Estes são estabelecidos apenas no regulamento. rompidos; e
Decretos Autônomos IV - glossário de projetos, termos técnicos e siglas utilizadas pela Ad-
Com a Emenda Constitucional no 32, de 11 de setembro de 2001, in- ministração Pública Federal.
troduziu-se no ordenamento pátrio ato normativo conhecido doutrinaria- Art. 7º O Chefe da Casa Civil expedirá normas complementares para
mente como decreto autônomo, i. é., decreto que decorre diretamente da execução do disposto no art. 5º.
Constituição, possuindo efeitos análogos ao de uma lei ordinária. Art. 8º As reuniões de servidores com integrantes da equipe de transi-
Tal espécie normativa, contudo, limita-se às hipóteses de organização ção devem ser objeto de agendamento e registro sumário em atas que
e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento indiquem os participantes, os assuntos tratados, as informações solicita-
de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, e de extinção de das e o cronograma de atendimento das demandas apresentadas.
funções ou cargos públicos, quando vago (art. 84, VI, da Constituição). Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Forma e Estrutura Brasília, 11 de julho de 2002; 181º da Independência e 114º da Repú-
Tal como as leis, os decretos compõem-se de dois elementos: a or- blica.
dem legislativa (preâmbulo e fecho) e a matéria legislada (texto ou corpo FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
da lei). Silvano Gianni”
Assinale-se que somente são numerados os decretos que contêm re-
gras jurídicas de caráter geral e abstrato.
PORTARIA
Os decretos que contenham regras de caráter singular não são nume-
rados, mas contêm ementa, exceto os relativos a nomeação ou a designa-
ção para cargo público, os quais não serão numerados nem conterão Definição e Objeto
ementa. É o instrumento pelo qual Ministros ou outras autoridades expedem
Todos os decretos serão referendados pelo Ministro competente. instruções sobre a organização e funcionamento de serviço e praticam
outros atos de sua competência.
Exemplo de Decreto: Forma e Estrutura
“DECRETO Nº 4.298, DE 11 DE JULHO DE 2002. Tal como os atos legislativos, a portaria contém preâmbulo e corpo.
Dispõe sobre a atuação dos órgãos e entidades da Administração Pú- São válidas, pois, as considerações expendidas no item 11.3. Forma e
blica Federal durante o processo de transição governamental. Estrutura.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe con- Exemplo de Portaria:
fere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, “PORTARIA Nº 5, DE 7 DE FEVEREIRO DE 2002.
DECRETA: Aprova o Regimento Interno do Conselho
Art. 1º Transição governamental é o processo que objetiva propiciar
Nacional de Arquivos - CONARQ.
condições para que o candidato eleito para o cargo de Presidente da
República possa receber de seu antecessor todos os dados e informações O CHEFE DA CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no
necessários à implementação do programa do novo governo, desde a data uso da atribuição que lhe confere o art. 9º do Decreto nº 4.073, de 3 de
de sua posse. janeiro de 2002,
Parágrafo único. Caberá ao Chefe da Casa Civil da Presidência da R E S O L V E:
República a coordenação dos trabalhos vinculados à transição governa- Art. 1º Fica aprovado, na forma do Anexo, o Regimento Interno do
mental. Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ.
Art. 2º O processo de transição governamental tem início seis meses Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
antes da data da posse do novo Presidente da República e com ela se
PEDRO PARENTE”
encerra.
Art. 3º O candidato eleito para o cargo de Presidente da República
poderá indicar equipe de transição, a qual terá acesso às informações APOSTILA
relativas às contas públicas, aos programas e aos projetos do Governo
Federal. Definição e Finalidade
Parágrafo único. A indicação a que se refere este artigo será feita por
meio de ofício ao Presidente da República. Apostila é a averbação, feita abaixo dos textos ou no verso de decre-
tos e portarias pessoais (nomeação, promoção, ascensão, transferência,
Art. 4º Os pedidos de acesso às informações de que trata o art. 3o,
readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração, recondução, remo-
qualquer que seja a sua natureza, deverão ser formulados por escrito e
ção, exoneração, demissão, dispensa, disponibilidade e aposentadoria),
encaminhados ao Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da
para que seja corrigida flagrante inexatidão material do texto original (erro
República, a quem competirá requisitar dos órgãos e entidades da Admi-
na grafia de nomes próprios, lapso na especificação de datas, etc.), desde
nistração Pública Federal os dados solicitados pela equipe de transição,
que essa correção não venha a alterar a substância do ato já publicado.
observadas as condições estabelecidas no Decreto no 4.199, de 16 de
abril de 2002. Tratando-se de erro material em decreto pessoal, a apostila deve ser
Art. 5º Os Secretários-Executivos dos Ministérios deverão encaminhar feita pelo Ministro de Estado que o propôs.
ao Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da República as Se o lapso houver ocorrido em portaria pessoal, a correção por aposti-
informações de que trata o art. 4o, as quais serão consolidadas pela lamento estará a cargo do Ministro ou Secretário signatário da portaria.
coordenação do processo de transição. Nos dois casos, a apostila deve sempre ser publicada no Boletim de
Art. 6º Sem prejuízo do disposto nos arts. 1o a 5o, o Secretário- Serviço ou Boletim Interno correspondente e, quando se tratar de ato
Executivo da Casa Civil solicitará aos Secretários-Executivos dos Ministé- referente a Ministro de Estado, também no Diário Oficial da União.
rios informações circunstanciadas sobre:
A finalidade da correção de inexatidões materiais por meio de apostila
I - programas realizados e em execução relativos ao período do man- é evitar que se sobrecarregue o Presidente da República com a assinatura
dato do Presidente da República; de atos repetidos, e que se onere a Imprensa Nacional com a republica-
ção de atos.
Conhecimentos Específicos 72
APOSTILAS OPÇÃO
Forma e Estrutura Os setores de atividades tecnológicas e de ciências exatas, as gran-
A apostila tem a seguinte estrutura: des empresas industriais e as entidades de pesquisa científica foram os
a) título, em maiúsculas e centralizado sobre o texto: primeiros a manifestar a necessidade de estabelecer serviços especializa-
dos, com o objetivo de facilitar aos especialistas a obtenção de informa-
APOSTILA; ções e dados mais atualizados referentes aos trabalhos e pesquisas em
b) texto, do qual deve constar a correção que está sendo feita, a ser andamento. Desde meados do século XIX, os serviços de referência
iniciada com a remissão ao decreto que autoriza esse procedimento; bibliográfica das bibliotecas especializadas, sobretudo as americanas, já
c) data, por extenso: haviam compreendido a necessidade de um trabalho específico para
Brasília, em 12 de novembro de 1990; facilitar a localização de livros, artigos e documentos e também para
d) identificação do signatário, abaixo da assinatura: prestar auxílio direto à busca de dados e informações específicas de seus
consulentes.
NOME (em maiúsculas)
História
Secretário da Administração Federal
A organização racional da informação e da documentação levou Paul
No original do ato normativo, próximo à apostila, deverá ser mencio-
Otlet, em colaboração com Henri La Fontaine, a fundar, em Bruxelas, em
nada a data de publicação da apostila no Boletim de Serviço ou no Boletim
1895, o Instituto Internacional de Bibliografia. Como primeira tarefa, a
Interno.
instituição organizou um catálogo em fichas da produção bibliográfica
Exemplo de Apostila: mundial. Na ordenação temática das fichas, adotou-se o sistema de
“APOSTILA classificação decimal que, devidamente atualizado e aperfeiçoado, se
O cargo a que se refere o presente ato foi transformado em Assessor transformou no sistema de classificação decimal universal (CDU). Em
da Diretoria-Geral de Administração, código DAS-102.2, de acordo com o 1931 o instituto passou a denominar-se Instituto Internacional de Docu-
Decreto no 99.411, de 25 de julho de 1990. mentação e, em 1937, Federação Internacional de Documentação (FID).
Brasília, 12 de novembro de 1990. O primeiro projeto de trabalho, de organização sistemática da bibliografia
mundial, foi abandonado, mas a federação ampliou-se e passou a congre-
gar grande número de entidades de diferentes países, num programa que
NOME tem por finalidade facilitar a comunicação dos conhecimentos e a consulta
Subchefe da Secretaria-Geral da Presidência da República” de todos os dados e informações disponíveis. Em Varsóvia, em 1959, foi
aprovado pelos membros da FID, reunidos em sua 25ª conferência geral,
um plano de longo prazo que previa a criação, em todo o mundo, de uma
rede de informações técnicas e científicas a serviço de estudiosos e
pesquisadores de todos os países. Os trabalhos desenvolvidos pela
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
3 Noções de Arquivologia (UNESCO) têm os mesmos objetivos da FID e são realizados em coope-
3.1 Conceitos Fundamentais de Ar- ração mútua com entidades internacionais de biblioteconomia e bibliogra-
quivologia. 3.2 Gestão de Documen- fia.
tos. 3.3 Instrumentos de Gestão de Em grande número de países foram organizados centros ou serviços
Documentos. 3.4 Protocolo. 3.5 Legis- de documentação e realizados congressos para discussão e estudo de
lação Arquivística. 3.6 Documentos problemas referentes aos trabalhos de documentação, inclusive as rela-
Arquivísticos Digitais. ções entre documentação e bibliografia, biblioteconomia, museologia e
arquivologia. A documentação passou a ter assim um sentido mais amplo
e a incluir todas as técnicas de análise da produção bibliográfica, produ-
ção e controle de traduções, técnicas de controle da informação, mecani-
ARQUIVO zação de informações e reprodução fotográfica de documentos, trabalhos
O imenso volume de informações gerado a partir do século XIX e ampli- de referência em suas mais diversas formas e publicação e divulgação de
ado extraordinariamente no século XX seria de pouca utilidade se não informações. Estabeleceu-se assim uma íntima relação entre essas áreas
pudesse ser localizado para consulta por meio das técnicas da documenta- e acentuou-se a tendência da documentação para englobar atividades que
ção. antes eram da competência de bibliotecas e bibliotecários.
Conjunto de técnicas que têm por objetivo a elaboração, produção, Paralelamente, e por força das iniciativas citadas, criou-se em diferen-
sistematização, coleção, classificação, distribuição e utilização de docu- tes países a profissão de documentarista (também denominada documen-
mentos de qualquer natureza, a documentação permite que se organize o talista), que se ocupa de reunir, classificar, catalogar, informar, editar e
conhecimento ao longo do tempo e o põe à disposição dos consulentes de divulgar informações que, de certa maneira, complementam o trabalho dos
forma conveniente e prática. O campo da documentação se amplia ou bibliotecários, arquivistas, museólogos e restauradores. Como em diver-
restringe de acordo com o conceito de documento. Para o belga Paul sos pontos a biblioteconomia e a documentação se confundem, há polê-
Otlet, autor do primeiro tratado de documentação, documento é o manus- mica entre as duas categorias profissionais, mas a diferença fundamental
crito, livro, revista, jornal, estampa, partitura musical, selo, medalha, entre elas está no grau em que uma ou outra se debruça sobre os docu-
moeda, filme, disco, objeto histórico ou artístico (quando devidamente mentos em busca de informações e no interesse que demonstram na
tombado) e as espécies animais e vegetais classificadas e catalogadas disseminação dessas informações.
em parques zoobotânicos. Enquanto no Reino Unido os documentaristas são chamados de téc-
Com tal amplitude para o conceito de documento, a documentação nicos de informação (information officers), nos Estados Unidos os bibliote-
seria um conhecimento de caráter puramente especulativo, uma vez que é cários resistem à ideia da criação de uma profissão e de organismos que
impossível, na prática, organizar domínio tão vasto. Assim, uma teoria chamem a si a execução de tarefas que julgam caber-lhes de direito e de
geral da documentação se confundiria com a teoria geral da cultura. fato, como parte fundamental das atribuições das bibliotecas, mormente
O crescente volume da produção escrita, que se compõe de muitos das especializadas. Durante algum tempo, os especialistas americanos
milhões de obras impressas desde a invenção da imprensa de caracteres tentaram adotar a palavra comunicação (communication) em lugar de
móveis, obrigou ao estabelecimento de técnicas especiais para organiza- documentação, mas a criação de vários institutos de documentação e a
ção e obtenção de informações e dados necessários a estudos, trabalhos circulação da palavra pelo mundo contribuíram para que fosse finalmente
de múltiplas ordens e pesquisas. Nas bibliotecas, museus, arquivos e aceita em seu significado mais moderno.
centros de pesquisas e informações bibliográficas, foram instituídos pro- O Brasil pode ser considerado pioneiro nesse setor, fato comprovado
cessos e normas especiais para registro da documentação existente, pela data de criação de seus organismos de documentação e do reconhe-
controle e manuseio da produção bibliográfica e dos conhecimentos em cimento profissional do documentarista, termo preferido na lei que classifi-
geral. ca as carreiras e cargos do serviço público brasileiro. Manuel Cícero
Conhecimentos Específicos 73
APOSTILAS OPÇÃO
Peregrino da Silva, que dirigiu a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro Mecanização e automação
entre 1900 e 1924, ao planejar a reforma do regulamento da instituição, Livros, artigos, relatórios e comunicados, por exemplo, são chamados
em 1902, procurou habilitá-la a promover a organização da produção documentos primários. Documentos secundários são aqueles que se
bibliográfica brasileira e para isso sugeriu a criação de um órgão a ela produzem para difusão da informação contida nos primeiros: bibliografias
subordinado, para desenvolver o serviço de bibliografia e documentação. comentadas ou críticas, resumos, traduções, reproduções etc. Os estudos
Tais medidas constam nos regulamentos aprovados pelos decretos de nº recapitulativos são os documentos terciários.
8.835 de 11 de julho de 1911 e nº 15.670, de 6 de setembro de 1922. A
Com o advento do processamento eletrônico de dados, após a se-
esse serviço de bibliografia e documentação competiam funções compa-
gunda guerra mundial, métodos mais eficientes começaram a ser experi-
ráveis às que são desempenhadas pelos modernos centros de documen-
mentados pelos centros e serviços de documentação. Distinguem-se três
tação.
tipos de sistemas que, embora tenham atingido diferentes graus de aper-
Em 1954, por proposta conjunta da Fundação Getúlio Vargas e do feiçoamento, possuem características comuns: (1) fichas perfuradas e
Conselho Nacional de Pesquisas, o governo brasileiro criou, com assis- selecionadas por processos eletrônicos ou eletromecânicos; (2) sistemas
tência técnica da UNESCO, o Instituto Brasileiro de Bibliografia e Docu- baseados em métodos fotográficos (geralmente microcópias), com sele-
mentação (IBBD), subordinado ao Conselho Nacional de Pesquisas e ção fotoelétrica por meio de código; (3) sistemas baseados no registro
membro da FID, destinado a coordenar e desenvolver a informação cientí- magnético (em fios, tambores ou núcleos). Com o avanço das técnicas de
fica e técnica no Brasil. O IBBD organizou o guia Bibliotecas especializa- informática, foram criados programas mais sofisticados para armazena-
das brasileiras, o Repertório dos cientistas brasileiros, o guia das Pesqui- mento e recuperação de informações, que podem ser específicas para
sas em processo no Brasil, o Catálogo coletivo de publicações periódicas cada assunto, principalmente no tocante às informações técnicas. A
de ciência e tecnologia e o guia dos Periódicos brasileiros de cultura, além informática tornou ilimitado o campo da documentação.
de bibliografias periódicas, com a indexação de artigos de autores brasilei- A Arquivologia resgata a memória do país, das instituições e da co-
ros e estrangeiros publicados no Brasil nos campos das ciências puras e munidade e dissemina a cultura, perpetuando a História. O arquivista
aplicadas, da tecnologia e das ciências sociais. planeja, projeta e administra a organização de arquivos, analisando,
classificando, selecionando, restaurando e conservando documentos.
Sistemática da documentação Empregando modernas técnicas de microfilmagem, informática, preserva-
Os principais instrumentos da documentação são a classificação e a ção e restauração de documentos, o trabalho do arquivista é indispensável
normalização. Com a classificação, procura-se organizar a informação em nas pesquisas históricas, sendo, ele próprio, um pesquisador. Seu campo
ordem temática e não apenas alfabética ou alfanumérica. A normalização de trabalho são os arquivos (públicos, privados e pessoais), tais como:
racionaliza os processos de produção, organização e difusão da informa- bancários, audiovisuais, cartográficos, cartorais, computacionais, contá-
ção contida nos documentos. Essa fase é ainda mais importante que a beis, eclesiásticos, empresariais, escolares, fotográficos, históricos, médi-
classificação, uma vez que esta também deve ser normalizada. cos, micrográficos, policiais e de imigração, atuando também, em centros
culturais e laboratórios de conservação e restauração de documentos.
Os processos de normalização tiveram origem na indústria e consistiam
em fixar condições para execução de cálculos, projetos, obras, serviços ou
instalações, bem como a elaboração das próprias normas e regulamentos. A As três correntes
uniformidade dos processos proporcionou economia na utilização internacio- De acordo com Rousseau e Couture (1998, p. 70), a Arquivística pode
nal dos produtos industriais. O sucesso da normalização no campo da ser abordada de três maneiras: uma maneira unicamente administrativa
indústria fez com que a documentação a adotasse, com o objetivo de tornar (records management), cuja principal preocupação é ter em conta o valor
internacionalmente acessíveis os resultados do trabalho intelectual de cada primário do documento; uma maneira tradicional, que põe a tônica
autor, uma vez que para obter a máxima disseminação da informação exclusivamente no valor secundário do documento; ou, por último, uma
científica o pesquisador deve apresentar os dados de forma que a interpre- maneira nova, integrada e englobante, que tem como objetivo ocupar-se
tação deles se faça sem dificuldade. Para que a informação se torne imedia- simultaneamente do valor primário e do valor secundário do documento.
tamente acessível, a documentação estabelece normas para organização e
difusão dos documentos. Todos os documentos devem ser normalizados, Os referenciais teóricos arquivísticos
isto é, produzidos e divulgados de acordo com as normas internacionalmen-
te aceitas. O progresso da ciência exige o mais amplo intercâmbio de infor- Segundo Faria (2006, p. 29), dentre os referenciais arquivísticos,
mações e a normalização internacional tem o objetivo de facilitar esse destacam-se os princípios fundamentais, os conceitos de fundo e
intercâmbio. documento de arquivo, o ciclo de vida dos documentos, os conceitos de
valor primário e valor secundário, o princípio do respect des fonds, as
Se a documentação pouco ajudou à biblioteconomia, à arquivologia e funções de classificação documental e avaliação documental e a definição
à museologia na organização de documentos em bibliotecas, arquivos e de instrumento de gestão arquivística.
museus, muito contribuiu no campo da produção de documentos e na
difusão das informações neles contidas. A bibliografia tradicional limita-se Ciclo de vida dos documentos ou a Teoria das três idade arquivos
a referenciar livros, que por seu atraso em relação a documentos de outra correntes, intermediários e permanentes
natureza não são considerados pela documentação. Tampouco satisfa- Arquivo de primeira idade, corrente, ativo ou de momento: constituído
zem os documentalistas descrições puramente externas dos documentos. de documentos em curso ou consultados frequentemente, conservados
À documentação interessa, principalmente, a difusão das informações nos escritórios ou nas repartições que os receberam e os produziram ou
contidas em artigos de publicações periódicas, em comunicações a con- em dependências próximas de fácil acesso . Por documentos em curso
gressos, em relatórios de pesquisas -- concluídas ou em andamento -- entenda-se que, nesta fase, os documentos tramitam bastante de um
teses universitárias, registros de patentes etc. setor para outro, ou seja, podem ser emprestados a outros setores para
Na conceituação moderna, portanto, documentação é, em sentido atingirem a finalidade para a qual foram criados .
amplo, a produção, organização e difusão de documentos de qualquer Arquivo de segunda idade, intermediário ou limbo: constituído de
natureza. Em sentido estrito, é a difusão das informações neles contidas. documentos que deixaram de ser frequentemente consultados, mas cujos
A organização de documentos cabe, conforme a natureza dos mesmos, às órgãos que os receberam e os produziram podem ainda solicitá-los , para
bibliotecas, arquivos, museus etc. A difusão de documentos é o objetivo tratar de assuntos idênticos ou retomar um problema novamente
específico dos serviços ou centro de documentação. focalizado. Não há necessidade de serem conservados próximos aos
Documentação, portanto, não se confunde com biblioteconomia, ar- escritórios. A permanência dos documentos nesses arquivos é transitória.
quivologia ou museologia, nem centro de documentação com biblioteca, São por isso também chamados de limbo ou purgatório, sendo estes
arquivo ou museu. Como os documentos bibliográficos estão nas bibliote- termos adotados na Grã-Bretanha para designar esta fase .
cas, alguns dos maiores serviços de documentação do mundo funcionam Arquivo de terceira idade, permanente, histórico ou de custódia:
dentro da estrutura de algumas dessas instituições. Outros, porém, são constituído de documentos que perderam todo valor de natureza
independentes. administrativa e que se conservam em razão de seu valor histórico ou

Conhecimentos Específicos 74
APOSTILAS OPÇÃO
documental e que constituem os meios de conhecer o passado e sua Fornecer um serviço de alto valor para os clientes é um trabalho difícil
evolução . Estes são os arquivos propriamente ditos, pois ali os mas não impossível. Requer uma metodologia estruturada e é um proces-
documentos são arquivados de forma definitva. so contínuo. É a função essencial para o gerenciador de conteúdo como
Estas fases são complementares, pois os documentos podem passar um provedor de serviço.
de uma fase para outra, e para cada uma corresponde uma maneira
diferente de conservar e tratar os documentos e, consequentemente, uma Processo de Gerência de Serviço:
organização adequada, ou seja, as unidades de acondicionamento A chave para se fornecer serviço de valor é a adoção de um processo
(pastas, catálogos etc.), adotadas na fase corrente serão substituídas por de gerenciamento de serviço. Esse processo é direcionado para o merca-
unidades mais adequadas ao funcionamento da fase intermediária, que, do e continuamente avalia as necessidades do usuário, expande a distri-
por sua vez, adotara acondicionamento diferente da fase permanente. buição de informações e os serviços de acesso, alinhando os serviços
com a missão e objetivos da empresa.
Classificação segundo a valoração dos documentos Gerenciamento de serviço não é uma avaliação. É um processo em-
Valor administrativo: ou primário, refere-se ao valor que o presarial que cria um serviço de qualidade e melhora a relação com o
documento apresenta para o funcionamento da instituição. É o valor pelo cliente. À medida que o gerenciamento de conteúdo vai passando para o
qual o documento foi criado (todo documento nasce com um objetivo papel de provedor de serviço de informação, será necessário designar um
administrativo) e por isso está presente em todo documento quando de gerente de relacionamento com o cliente em tempo integral. Este terá
sua criação. É um valor temporário, perdendo seu valor administrativo responsabilidade direta no processo de gerenciamento do serviço.
quando atingir todas as finalidades que se possam esperar do mesmo No ambiente de desenvolvimento eletrônico, o gerenciador de conte-
para o funcionamento da instituição. údo será o facilitador que permitirá o acesso aos conteúdos externos
Valor histórico: ou secundário, refere-se à possibilidade de uso dos necessários. De fato, a equipe de gerenciamento de conteúdo irá se tornar
documentos para fins diferentes daqueles para os quais foram um provedor de serviço de conteúdo para o usuário e irá criar recursos de
originariamente criados, quando passa a ser considerado fonte de informação que excedam as melhores características de alguns provedo-
pesquisa e informação para terceiros e para a própria administração. O res de conteúdo que estão aparecendo na Internet.
documento, após perder seu valor administrativo, pode ou não adquirir Um modelo comum na Internet é o "super site", que é um modelo de
valor histórico, e uma vez tendo-o adquirido, este se torna definitivo não criação e distribuição de conteúdo. Serviços de notícias digitais baseados
podendo jamais serem eliminados. no modelo "super site" estão direcionados aos leitores que procuram por
cobertura compreensível de um mercado e buscam mais de uma fonte de
GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO informação para satisfazer suas necessidades. Informação é apenas um
Autores: José Marcelo A. P. Cestari, Sara Fichman Raskin e Maria José Res-
dos componentes de um serviço de "super site".
mer Ele oferece também recursos adicionais, análises, serviços e fóruns.
Exemplos de serviços de "super sites" incluem a edição interativa do Wall
Os usuários estão, cada vez mais, demandando tecnologias que tor-
Street Journal
nem suas informações mais úteis.
http://www.wsj.com e Boston.com http://www.boston.com.
As empresas devem atentar para quatro pontos importantes no de-
senvolvimento de uma estratégia de gerenciamento de informações:
As Melhores Práticas dos Gerenciadores de Conteúdo:
À luz da expansão e evolução do espaço eletrônico de trabalho, a
Os gerenciadores de conteúdo de sucesso irão incorporar as melho-
empresa deve pensar no gerenciador como um novo provedor de serviço
res características e conceitos dos "super sites" da Internet dentro de seus
de informação, que será um componente chave na filtragem de informa-
próprios serviços de conteúdo de informação da empresa, que incluem:
ção externa.
O suporte de push e pull para mercado.
À medida que os usuários finais evoluem de iniciantes para especia-
listas, eles demandam acessos mais produtivos para muitos tipos e fontes Links contextuais de acordo com a necessidade do cliente.
de informações. Serviços que são fáceis de usar.
O sucesso do gerenciamento de recursos de informação requer a im- Como o acesso à informação externa através do desktop se tornou
plementação de um processo de auditoria que examina e verifica a situa- um componente integrador do espaço eletrônico de trabalho, os gerencia-
ção das informações da empresa com o propósito de análise. dores de conteúdo irão se transformar em provedores de serviço de
informação, o que requer a identificação, compreensão e ainda distribui-
A provisão de recursos de informação requer o planejamento de um
ção de todas as necessidades e expectativas do usuário final. Os gerenci-
canal efetivo de informações que leva em consideração componentes
adores de conteúdo de sucesso irão implementar um processo de geren-
como preço, seleção de fornecedores e seleção de conteúdo.
ciamento de serviço para se tornar um provedor focado no mercado indo
Gerenciador de Conteúdo como um Provedor de Serviços de In- de encontro a essas novas expectativas do usuário.
formação:
A capacidade dos usuários de acessarem informações externas dire- Satisfazendo os Usuários:
tamente via Internet, criou uma necessidade urgente nas empresas para
desenvolver novas e melhores competências no gerenciamento e serviços Com push e desktop broadcasting (DTB) fazendo a página de frente
de distribuição de informação. Tradicionalmente, são os centros de recur- de quase todos jornais e revistas de negócios, as empresas querem saber
sos de informação (CRI) ou a biblioteca, os únicos posicionados dentro da quando usar um ou outro provedor para distribuir as informações externas.
empresa para se tornar o provedor de serviço de conteúdo e para inter- Devido a esses novos serviços não suportarem totalmente as fontes de
mediar os recursos internos e externos, tendo como alvo as expectativas e informação que os usuários finais requerem nem as características co-
necessidades do usuário. Se uma empresa não tem um CRI, esse traba- mumente desenvolvidas nos serviços de alta qualidade, nenhum fornece-
lho deve ser criado através de um contrato de consultoria, terceirização ou dor está pronto para a distribuição de informação externa para as empre-
contratando um gerenciador de conteúdo com experiência em Internet e sas. Na maioria dos casos, as empresas devem contatar seus especialis-
informações empresariais. tas internos em distribuição de informação, frequentemente encontrados
no CRI ou na biblioteca e aumentar suas listas de fornecedores.
Uma vez que essa função esteja definida, o próximo passo é a ado-
Dado que esses serviços não estão prontos para o mercado, é certo
ção de uma disciplina de gerenciamento de serviço que requer habilidades
querer saber por que existe tanto barulho sobre empresas de DTB. A
analíticas e técnicas orientadas para o negócio. Adotando esse processo,
razão é que os serviços desses fornecedores podem ser úteis e grátis
o gerenciador de conteúdo garantirá o mais alto nível de satisfação do
para os usuários. Eles apelam para o mercado de massa e isso é típico
usuário e o grande retorno dos investimentos em recursos de informação
com tecnologias emergentes. Os produtos iniciais são relativamente
para a empresa.

Conhecimentos Específicos 75
APOSTILAS OPÇÃO
imaturos em relação à tecnologia que serve ao mercado profissionalmente Uma medida para demonstrar o valor das informações externas para
treinado. gerenciamento.
Compare a primeira versão do Microsoft Word com o processador de A fiscalização de informações externas é mais que um processo de
texto Wang. Em 1983, Wang antecipou o Word. Entretanto, o Word era uma inventário. É o exame do valor das informações externas, fluxo e uso. Ele
nova forma para se processar texto que apelou para os usuários sem trei- cria o conhecimento necessário para acrescentar valores incríveis para a
namento no uso de Wang. O Word era barato, se comparado ao Wang, e empresa.
disponível para se adquirir em lojas de computadores locais. O Word e
outros processadores de texto compatíveis com o PC, rapidamente supera- GESTÃO DOCUMENTAL
ram o Wang. Se a tecnologia push, ou DTB, provar ser uma tecnologia de Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
massa, as empresas podem esperar rápidas inovações. Os fornecedores A gestão documental ou gestão de documentos é um ramo do
tentarão manter seus nomes pela propaganda e melhorar continuamente arquivo documental responsável pela administração de documentos nas
suas capacidades para se distanciarem da competição com os outros forne- fases corrente e intermediária (primeira e segunda idade).
cedores.
Em termos informáticos, a Gestão Documental é uma solução de
A evolução da distribuição de informação ainda não ocorreu. Em cada arquivo, organização e consulta de documentos em formato eletrônico
fase da evolução das necessidades dos usuá-rios, a distribuição do conte- onde existe toda a informação de natureza documental trocada entre os
údo se torna mais adequada para suas necessidades. Quando esse ciclo utilizadores da aplicação. Esta solução permite a colaboração numa
terminar, o conteúdo e sua distribuição irão girar em torno do usuário. organização através da partilha de documentos, beneficia e facilita os
Quando os usuários evoluírem de iniciantes para especialistas, eles processos de negócio de uma empresa.
irão rapidamente demandar tecnologia para tornar suas informações mais A Gestão Documental integrada com outras soluções, como por
úteis. Eles irão precisar de capacidade para tomar decisões mais rápidas exemplo, a digitalização, fax e email permitem gerir toda a informação não
e eficazes. Decisões melhores vêm de um acesso mais produtivo a muitas estruturada (documentos) importante da organização.
fontes de informação. A eficácia envolve o conceito de "o que você quer,
quando você quer" via entrega em tempo de real, melhores ferramentas Num processo de gestão documental o seu inicio ocorre com a
de agregação e capacidades de filtragem e de recuperação. recepção do documento em que este passa pela fase de
desmaterialização, ou seja, digitalização do documento geralmente em
As empresas devem trabalhar com seus especialistas ou gerentes de
formato papel para um formato eletrônico. Numa segunda fase os
informação para construir bons serviços de distribuição. Os fornecedores
documentos em formato eletrônico são submetidos a uma classificação,
devem entender as necessidades dos especialistas e atualizar suas
de seguida há uma definição dos vários estádios do ciclo de vida do
tecnologias tendo isso em mente. Como o DTB terá muitos usos na em-
documento ao longo da sua existência, como por exemplo, a publicação,
presa, além da distribuição de informações externas, as empresas devem
aprovação, distribuição, reencaminhamento e dês atualizado (destruído).
estar predispostas a trabalhar com o propósito de distribuição de seus
Por último, este processo disponibiliza ao utilizador um método de
fornecedores. Os novos agregadores que estão trabalhando para uma boa
localização eficaz semelhante a de um sistema de busca, por exemplo, o
qualidade de informação final, devem rapidamente escolher entre se aliar
Google.
ou competir com fornecedores de DTB, pois o mercado para informação
empresarial se desenvolve rapidamente.
Vantagens na sua utilização
A distribuição de informações via multimídia, vídeo ao vivo e outros fa- As empresas que investem pela solução Gestão Documental
tores são capacidades que os usuários querem quando se tornam mais conseguem um retorno elevado pois reduzem a quantidade de
familiarizados com a informação e eles têm que usá-las cada vez mais
documentos em papel, há um ganho na produtividade devido a uma
para realizar seus trabalhos.
uniformização dos processos e facilitando a implementação de normas de
qualidade.
O Verdadeiro Poder de se Fiscalizar uma Informação Externa:
As vantagens na sua utilização são as seguintes:
O conhecimento de uma empresa consiste nos seus recursos internos
e seus acessos a informações externas (e.g., informações empresariais Redução do custo do número de cópias, aumento de produtividade na
impressas e eletrônicas). O sucesso de um gerenciamento de recursos de procura, no re-encaminhamento de documentos e redução do espaço de
informação requer a implementação de um processo de fiscalização de arquivo;
todos os recursos conhecidos. Gestão de Informação Integrada é conseguida a partir da
O controle de informações externas não é um procedimento de inven- consolidação transparente dos documentos eletrônicos (originados pela
tário. É um exame e verificação da situação da informação com o propósi- aplicações Office) e de documentos com origem em papel;
to de se analisá-las. Essa análise é usada para compreender, avaliar e, Uniformização de Processos de reencaminhamento, aprovação,
mais recentemente, para tomar decisões. Gerenciadores de informação arquivo e eliminação dos documentos, mantendo o histórico de versões
que veem o controle somente como um inventário irão falhar em capitali- dos documentos;
zar o valor potencial que pode ter o departamento responsável pela distri- Digitalização dos documentos;
buição e acesso de informações externas. Descentralização e libertação do espaço físico, isto é, os documentos
O controle de informações externas é um processo de 3 passos: e processos estão sempre disponíveis, independente do local onde o
Coleta dos dados. Qualidade, coleta de dados relevantes é essencial utilizador aceda aplicação;
para conduzir análises válidas Com o auxilio de um browser a pesquisa da informação dos
Revendo os dados. Esse passo produz informação focada na rele- documentos está facilitada e rápida;
vância, no fluxo, no uso e no valor das informações externas para a em- Formação de um Backup que permite a recuperação da informação
presa; em caso de incêndio ou inundação do seu arquivo físico;
Convertendo as informações em benefícios. A análise das informa- As soluções de Gestão Documental têm mecanismos de controlo de
ções, derivada da coleção de dados, cria conhecimento sobre o uso e o acessos e segurança protegendo os seus documentos de acessos não
valor de informações externas. Esse conhecimento traz benefícios para a autorizados.
empresa.
A fiscalização do conhecimento externo é uma ferramenta poderosa Casos de aplicação
para se obter benefícios que podem estar escondidos mas que têm um
A Gestão Documental quer seja eletrônica ou em arquivo de papel
valor incrível para a empresa. Isso inclui:
está presente em todas as organizações.
A habilidade para conduzir negócios de valor com fornecedores de in-
As soluções de Gestão Documental aplicam-se a um conjunto
formações externas.
alargados de áreas funcionais:
Um processo de abordagem empresarial mais forte.
Administrativa e Financeira (documentos financeiros)

Conhecimentos Específicos 76
APOSTILAS OPÇÃO
Qualidade (normas, procedimentos, auditorias e fichas de não O grande problema da arquivologia contemporânea é o volume de
conformidade) papéis criados e acumulados pelas administrações e a necessária elimi-
Produção (desenho técnicos, normas e procedimentos operacionais e nação de documentos depois de avaliados. O arquivista desenvolve
controlo de produção) padrões de avaliação, elabora planos de descarte, prepara tabelas e listas
Jurídica (contratos, propostas, concursos públicos e cadernos de de material repetitivo de descarte automático. As listas e tabelas de des-
encargos) carte especificam o período de retenção de documentos comuns à maioria
dos serviços existentes, e tabelas especiais cogitam de cada administra-
Serviços a Cliente (informações, apoiam técnico e documentos de ção em particular. O arquivista pode recorrer a especialistas para decidir
Cliente) quanto à destinação dos documentos.
Marketing (estudos de mercado, brochuras e especificações de produ-
tos) O primeiro tratado moderno de arquivística, de autoria dos holandeses
Desenvolvimento (memórias descritivas, pesquisa e desenvolvimento) Samuel Muller, Johan Adriaan Feith e Robert Fruin, data de 1898 e intitu-
la-se, em edição brasileira, Manual de arranjo e descrição de arquivos
Recursos Humanos (contratos de pessoal, fichas técnicas e (1960).
regulamento)
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

ARQUIVOLOGIA CONCEITO
Considerada disciplina, técnica e arte, a arquivologia é uma ciência Arquivos são conjuntos organizados de documentos, produzidos ou
auxiliar da história. Fonte de consulta para todos os fins, um arquivo recebidos e preservados por instituições públicas ou privadas, ou mesmo
organizado constitui valioso patrimônio e pode documentar o passado de pessoas físicas, na constância e em decorrência de seus negócios, de
uma nação. suas atividades específicas e no cumprimento de seus objetivos, qualquer
Arquivologia é o conjunto de conhecimentos sobre a organização de que seja a informação ou a natureza do documento.
arquivos, tanto no que se refere ao recolhimento e conservação de docu-
mentos, títulos e textos de valor permanente e elaboração dos respectivos
instrumentos de pesquisa, como no que toca à eliminação de peças de Os arquivos, portanto, podem ser públicos ou privados.
valor transitório e controle dos arquivos em formação. Inclui também as 1. Arquivos públicos: são conjuntos de documentos produzidos ou
tarefas dos arquivistas. O termo arquivística pode, de modo geral, ser recebidos por órgãos governamentais, em nível federal, estadual ou
empregado como sinônimo de arquivologia. municipal, em decorrência de suas atividades administrativas, judiciárias
Os arquivos de determinada origem constituem um todo orgânico de- ou legislativas. Existem três espécies de arquivos públicos: correntes,
nominado fundo, grupo, núcleo ou corpo de arquivos, no qual se incluem temporários e permanentes:
documentos escritos e iconográficos, como os audiovisuais, discos, fitas • Correntes: conjuntos de documentos atuais, em curso, que são
magnéticas e filmes. Começam também a ser objeto da arquivologia os objeto de consultas e pesquisas frequentes.
arquivos eletrônicos. Os arquivos econômicos, de empresas comerciais,
bancárias, industriais, desde que se revistam de importância histórica, • Temporários: conjunto de documentos oriundos de arquivos corren-
como ocorre, em alguns casos, com papéis de famílias e pessoas ilustres, tes que aguardam remoção para depósitos temporários.
interessam à arquivística.
• Permanentes: são conjuntos de documentos de valor histórico,
A preocupação dos governos e autoridades em conservar determina- científico ou cultural que devem ser preservados indefinidamente.
dos documentos em lugares seguros por motivos de ordem administrativa,
2. Arquivos privados: são conjuntos de documentos produzidos ou
jurídica ou militar, remonta à antiguidade, sobretudo no que diz respeito a
recebidos por instituições não públicas, ou por pessoas físicas, devido a
títulos de propriedade. Os eruditos do Renascimento foram os primeiros a
suas atividades específicas.
ocupar-se dos arquivos como fonte da história, dando início aos estudos
de diplomática, que levariam à moderna crítica histórica. A partir da revo- Assim, o arquivo de uma empresa, por exemplo, reflete sua atividade,
lução francesa, os arquivos tornaram-se bem público, proclamando-se o seu porte e seus objetivos. Documentos de natureza diversa, colecionados
direito do povo de acesso aos documentos, cuja preservação foi oficial- com outros objetivos, não devem misturar-se com o arquivo principal, já
mente reconhecida como de responsabilidade do Estado. que o tratamento que a eles se deve dar é diferente. Uma empresa imobi-
liária de porte médio forçosamente terá um arquivo composto de docu-
Uma arquivística essencialmente voltada para os diplomas medievais
mentos relativos à atividade que desenvolve. Haverá contratos de locação,
surgiu no século XIX, principalmente após a criação da École des Chartes
de imóveis residenciais e comerciais; opções de venda de casas, aparta-
(Escola das Cartas), que passaria a formar arquivistas paleógrafos alta-
mentos, terrenos; cartas pedindo informações; contratos de compra e
mente qualificados. Em meados do mesmo século lançaram-se as bases
venda; certidões; traslados; anúncios em jornais; relatórios e vistorias e
da arquivística moderna, com os princípios do respect des fonds (todos os
outros documentos ligados ao setor. Um catálogo de livros de uma editora,
documentos originais de uma autoridade administrativa, corporação ou
por exemplo, foge ao objetivo dessa empresa e, naturalmente, não deve
família devem ser mantidos em grupos, separados segundo a natureza
fazer parte do arquivo principal. Tratando-se, porém, de uma empresa
das instituições que os criaram); da proveniência (os documentos públicos
ligada à área educacional, a abordagem seria outra, pois catálogo de
devem ser agrupados de acordo com as unidades administrativas que os
livros é fundamental a sua própria sobrevivência, enquanto certidões,
originaram); do respeito à ordem original (o arranjo dado aos documentos
traslados, opções de compra de terrenos e outros documentos próprios do
pelos órgãos criadores deve ser mantido nos arquivos gerais ou de custó-
ramo imobiliário seriam afastados do arquivo principal.
dia permanente); e da centralização (unidade e indivisibilidade dos arqui-
vos públicos nacionais).
IMPORTÂNCIA
Uma série de fatos novos, diretamente relacionados com os progres-
sos da civilização, marcam a arquivologia na segunda metade do século A importância dos arquivos é tão evidente que a própria Constituição
XX. São eles, entre outros: adoção de arquitetura moderna e funcional nos Federal, em seus artigos 215 e 216, determina:
prédios de arquivos; uso de microfilmagem de substituição; programas de
história oral; restauração de documentos pelo emprego de máquinas e “Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos
material sintético; intervenção dos arquivistas na gestão de papéis admi- culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a
nistrativos e nos arquivos econômicos, pessoais e familiares; aparecimen- valorização e a difusão das manifestações culturais.
to de depósitos intermediários de arquivos ou centros de pré- § 1° O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, in-
arquivamento; tentativas de aplicar as conquistas da eletrônica ao trabalho dígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do proces-
arquivístico. so civilizatório nacional.
Conhecimentos Específicos 77
APOSTILAS OPÇÃO
§ 2° A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta sig- •Flexibilidade: o arquivo deve acompanhar o desenvolvimento ou
nificação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. crescimento da empresa, ou órgão público, ajustando-se ao aumento do
volume e à complexidade dos documentos a serem arquivados. As nor-
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza mas de classificação não devem ser muito rígidas, pois apenas dificultam
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores a atividade de arquivamento.
de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: •Acesso: o arquivo deve oferecer condições de consulta imediata,
proporcionando pronta localização dos documentos.
I — as formas de expressão;
A procura de documentos de todos os tipos aumentou muito nos últi-
II — os modos de criar, fazer e viver; mos anos, graças principalmente à necessidade cada vez maior de infor-
III — as criações científicas, artísticas e tecnológicas; mações. O arquivo não se reduz apenas a guardar documentos; significa
também uma fonte inesgotável de informações, que pretende atender a
IV — as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços todos e a todas as questões.
destinados às manifestações artístico-culturais;
ARQUIVOS DE PROSSEGUIMENTO
V — os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, ar-
Esses arquivos são muito importantes para a empresa, já que por
tístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
meio deles se podem acompanhar assuntos pendentes ou que aguardam
§ 1° O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá providências: cartas que esperam respostas; duplicatas a cobrar; faturas a
e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, regis- pagar; apólices de seguro que devem ser renovadas; lembretes ou contro-
tros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de les para renovação de assinaturas de jornais ou revistas; contratos a
acautelamento e preservação. serem assinados; enfim, inúmeros assuntos que não devem ser simples-
§ 2° Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da docu- mente arquivados e fatalmente esquecidos. O arquivo de prosseguimento
mentação governamental e as providências para franquear sua con- possibilita à secretária constante follow up.
sulta a quantos dela necessitem. Também conhecido como arquivo de andamento, ou de follow up,
precisa ser organizado convenientemente e, para isso, existem métodos
§ 3° A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento
tradicionais, como o cronológico e o alfabético, e modernos, como o de
de bens e valores culturais.
jogos de fichas prontas, o de equipamentos compactos, próprios para
§ 4° Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na vários tipos de controle, ou os desenvolvidos pela informática.
forma da lei. 1. Método cronológico: em primeiro lugar, prepara-se um jogo de
doze guias com os nomes dos meses e depois um jogo de guias numera-
§ 5° Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de
das de•1 a 31, representando os dias dos meses. Esse ultimo jogo deve
reminiscências históricas dos antigos quilombos.”
ser disposto apos a guia do mês em curso. À medida que os dias vão
No Brasil, o Arquivo Nacional, previsto na Constituição de 1824, foi passando, deve-se colocá-los nos mês seguinte. No caso de empresas
criado em 1836. com muito movimento de contas a receber e/ou a pagar, inclusive com
prazos de 30, 60 ou 90 dias, recomenda-se a utilização de três jogos de
No passado, a preservação do patrimônio documental era encarada guias numeradas, de modo que o acompanhamento seja trimestral e não
principalmente por seu valor histórico. Após a Segunda Guerra Mundial, mensal, ou, então, que se guardem os documentos em pastas separadas
começaram a aparecer as primeiras preocupações com uma nova con- até o momento oportuno.
cepção arquivística, em que o documento perdia seu exclusivo enfoque
O método cronológico permite a utilização de pastas ou cartões. Ha-
histórico. Surgiam outros aspectos relevantes, como a racionalização da
vendo opção pelo uso de pastas, será necessária uma cópia adicional de
informação, a eficiência administrativa e a finalidade prática na tomada de
todos os documentos que exigem prosseguimento e que serão colocados
decisões.
nas pastas por ordem alfabética dos nomes e, em seguida, arquivados
A difusão da informação de conteúdo técnico e científico, a nova men- após as guias que correspondem às datas de acompanhamento.
talidade que se introduz na administração pública, a necessidade de O emprego de cartões ou fichas elimina a necessidade de cópias adi-
pesquisa constante e sistemática, objetivando particularmente a correta cionais dos documentos, porém exige anotações pormenorizadas para
tomada de decisão pela empresa privada, favoreceram o surgimento de que se possa fazer o acompanhamento. Como nas empresas de grande
um novo enfoque do arquivo, distante daquele critério eminentemente porte o número de cartões ou fichas é imenso, tal fato dificulta sobrema-
histórico. Como consequência, o conceito de arquivo ampliou-se de tal neira o manuseio e, além disso, aumenta a possibilidade de falhas no
forma que sua importância ultrapassou os limites que até há bem pouco acompanhamento.
tempo existiam. Atualmente, já não se conseguem restringir e delimitar o 2. Método alfabético: esse método também possibilita o uso de pas-
campo de atuação e a utilidade do arquivo. Sua importância e seu poten- tas ou cartões. As pastas são colocadas em ordem alfabética. Nas mar-
cial de crescimento são ilimitados. gens superiores das pastas, deverão constar: letra correspondente; núme-
ORGANIZAÇÃO ros de 1 a 31, representando os dias do mês; e um indicador móvel que se
desloca na pasta, servindo para indicar o dia específico.
O arquivo precisa ser organizado de forma que proporcione condições Os documentos são postos nas pastas em ordem alfabética. Em cada
de segurança, precisão, simplicidade, flexibilidade e acesso: pasta, os documentos são colocados em ordem cronológica e, à medida
•Segurança: o arquivo deve apresentar condições mínimas de segu- que os dias vão passando, os documentos são retirados e o indicador
rança, incluindo-se medidas de prevenção contra incêndio, extravio, roubo móvel vai-se deslocando até o fim, dia 31, retornando ao dia 1° no início
e deterioração. Dependendo da natureza do arquivo, é importante cuidar de um novo mês.
do sigilo, impedindo ou dificultando o livre acesso a documentos confiden- A possibilidade de uso de cartões ou fichas também existe, embora
ciais. seja mais trabalhosa, pois exige a anotação de todos os pormenores do
documento. Os cartões são colocados nas pastas alfabéticas respectivas,
•Precisão: o arquivo deve oferecer garantia de precisão na consulta a conforme o modelo descrito, e seu funcionamento também será o mesmo.
documentos e assegurar a localização de qualquer documento arquivado,
ou de qualquer documento que tenha sido dele retirado. 3. Métodos modernos: surgiram com o próprio desenvolvimento das
empresas e da tecnologia, notadamente da informática. Existem, entretan-
•Simplicidade: o arquivo precisa ser simples e de fácil compreensão. to, métodos que oferecem fichas já preparadas para os diversos controles,
As possibilidades de erros são reduzidas em arquivos simples e funcio- como, por exemplo, de pessoal, de estoque, de contabilidade e outros.
nais. O número e a variedade de documentos não exigem necessariamen- Alguns trazem equipamentos compactos em que as fichas ficam visíveis e
te um arquivo complexo e de difícil entendimento. os dados principais são lançados também na margem superior das fichas,
à vista do manipulador, facilitando, assim, o manuseio e a consulta.
Conhecimentos Específicos 78
APOSTILAS OPÇÃO
O computador trouxe consigo possibilidades ilimitadas que podem ser • manter o arquivo em bom estado de conservação, aumentando sua
adaptadas a qualquer empresa. As informações necessárias para o cor- vida útil; e
reto acompanhamento são fornecidas diariamente pelas impressoras, ou • reduzir ou eliminar despesas desnecessárias com novos equipamen-
por uma tela de terminal de microcomputador. A grande vantagem da tos.
utilização da informática, além da rapidez, é a redução da margem de Portanto, as transferências de documentos devem ser cuidadosas e
erro. criteriosamente estudadas e planejadas, considerando as diferenças não
apenas quanto à frequência do uso ou da consulta, mas também quanto a
REFERÊNCIAS CRUZADAS seu valor.

A expressão referências cruzadas é largamente usada pelas pessoas Tipos de arquivo


que lidam com arquivos, enquanto entre os bibliotecários a palavra mais
No que se refere à frequência do uso ou consulta, existem três tipos
empregada é remissão.
de arquivos: arquivo ativo, arquivo inativo e arquivo morto.
A principal finalidade das referências cruzadas é a de informar a quem Arquivo ativo: mantém arquivados os documentos e papéis de uso,
for consultar o arquivo que determinado assunto ou nome está arquivado consulta e referência constantes e atuais, ou que se encontram em fase
em tal pasta. As referências cruzadas podem vir em pequenas fichas, de conclusão.
principalmente quando colocadas em índices. Quando, porém, guardadas
Arquivo inativo: guarda documentos e papéis que oferecem menor
nos próprios arquivos, devem estar escritas em folhas de papel e inseridas
frequência de uso, consulta ou referência.
nas respectivas pastas. Por exemplo, um fornecedor do Mappin provavel-
mente terá uma pasta com esse nome no arquivo, apesar de a razão Arquivo morto: armazena documentos de frequência de uso, consul-
social dessa loja de departamento ser “Casa Anglo Brasileira S:A.”. Re- ta ou referência quase nulas. No entanto, não se deve considerar este
comenda-se, nesse caso, que se escreva numa ficha ou folha de papel: arquivo como um “depósito de lixo”, mesmo porque os documentos defini-
dos como inúteis ou imprestáveis devem ser destruídos. O arquivo morto
É muito comum encontrar anotações como “Veja também”, indicando precisa, inclusive, ser organizado dentro das mesmas técnicas e regras
que o assunto ou nome possui outras ligações importantes. Suponha-se que prevalecem para o arquivo ativo, pois muitas vezes serão necessárias
uma empresa que se dedica principalmente ao comércio exterior. E prová- a imediata localização e a consulta a papéis em desuso.
vel que ela arquive os conhecimentos aéreos relativos à carga transporta-
Uma empresa que tenha, por exemplo, 50 anos de existência deverá
da numa pasta de ‘Carga Aérea”. Entretanto, essas exportações são
manter em seu arquivo morto o registro de todos seus antigos emprega-
efetuadas por uma companhia aérea, por exemplo, a VARIG. Nesse caso,
dos, mesmo que entre eles existam alguns já aposentados ou falecidos. A
recomenda-se que se abra uma pasta em nome de VARIG, em que pode-
destruição desses registros só será possível ou permitida no caso de se
rão ser colocados, por exemplo, os horários dos voos, inclusive dos voos
proceder a uma completa microfilmagem.
cargueiros, as cidades que ela serve, as conexões possíveis, as tarifas de
carga aérea e outras informações pertinentes, e ainda uma observação: Destaque-se que se deve fazer anotação dos documentos transferi-
Veja também Carga Aérea. dos e, no caso de destruição, registro da data em que ocorreu a destrui-
ção e referência ao conteúdo deles.
Igualmente no caso de siglas, deve-se fazer uma referência cruzada.
Assim, pode-se abrir uma pasta para Cacex e fazer uma referência para
Carteira de Comércio Exterior, ou vice-versa. O importante é que a pasta Atualização de arquivo
fique com a forma mais conhecida e mais fácil. Por exemplo, talvez seja
preferível abrir uma pasta para “Instituto Nacional do Livro” e uma referên- Existem três tipos de transferências de documentos ou papéis de um
cia cruzada para “INL”, para não se fazer confusão com IML (Instituto arquivo para outro: transferências periódicas, transferências permanentes
Médico Legal). e transferências diárias:
De um lado, a referência cruzada é muito importante, pois ajuda e agi- • Transferências periódicas: as transferências são efetuadas em
liza o funcionamento do arquivo, porém, de outro, deve-se tomar cuidado intervalos predeterminados, para os arquivos inativos ou mortos, de-
e evitar o excesso de referências que acarretam volume muito grande de pendendo da frequência de uso.
papéis, congestionando, consequentemente, o arquivo. • Transferências permanentes: são transferências realizadas em
intervalos irregulares, sem qualquer planejamento. Normalmente,
TRANSFERÊNCIA acontecem quando o acúmulo de papéis no arquivo ativo é tão grande
que chega a atrapalhar o bom andamento do serviço. A transferência,
Há documentos que estão sujeitos ao fator tempo, isto é, há aqueles
então, irá acarretar grande perda de tempo, já que o arquivo inteiro te-
que têm valor de um ano; outros de dois, três, cinco ou mais anos; outros,
rá de ser analisado.
ainda, possuem valor permanente e nunca poderão ser destruídos.
• Transferências diárias: são as mais recomendáveis, porque mantêm
Os documentos também podem ser analisados pela frequência de
em ordem os arquivos ativos. O trabalho poderá ser grandemente fa-
sua utilização: alguns são muito procurados, outros são consultados
cilitado se do documento já arquivado constar sua validade ou venci-
poucas vezes, ou quase nunca, e ainda existem aqueles que, após a
mento, ou marcação indicando a data da transferência. Dessa forma,
conclusão do fato que os criou, não servirão para mais nada.
as transferências podem ser feitas no mesmo instante em que se ar-
Com o passar do tempo, observa-se que os arquivos ficam sobrecar- quiva ou se consulta um documento qualquer.
regados de papéis, dificultando o trabalho e, na maioria dos casos, a
Conservação e proteção de documentos
tendência é adquirir móveis novos, na tentativa de se resolver o problema
de espaço. Solução muito mais lógica, econômica e eficaz é a de eliminar Determina-se o valor do documento levando em consideração todas
ou destruir o que não tem mais valor e transferir o que se encontra em as finalidades que possui e seu tempo de vigência, que muitas vezes se
desuso ou desatualizado para local apropriado. Assim, transferência é a subordina a imperativos da lei. Nesse sentido, pode-se organizar um
operação que visa separar os documentos que ainda estão em uso, ou quadro ou tabela de prazos de vigência para os diversos documentos,
são bastante consultados, daqueles que perderam sua utilidade prática, facilitando sobremaneira o trabalho do arquivista. Os documentos são
mas não seu valor. classificados por seu valor em: permanentes - vitais, permanentes e
temporários.
A transferência pretende:
• liberar o arquivo de papéis sem utilidade prática atual; • Permanentes - vitais: são documentos que devem ser conservados
• manter espaço disponível e de fácil manuseio nos arquivos em uso ou indefinidamente, pois possuem importância vital para a empresa, isto
ativos; é, sem eles a empresa não tem condições de funcionar. Citam-se, en-
• facilitar o trabalho de arquivar, localizar e consultar documentos nos tre outros: contratos; escrituras; estatutos; livros de atas; livros de re-
arquivos; gistros de ações; cartas - patentes; fórmulas (químicas); procurações.

Conhecimentos Específicos 79
APOSTILAS OPÇÃO
• Permanentes: são documentos que devem ser guardados indefini- • Dificuldade no sigilo: os arquivos ficam muito abertos à consulta
damente, porém não têm importância vital. Como exemplo, podem-se generalizada, dificultando a manutenção do sigilo, tão necessário à
relacionar: rela tórios anuais; registros de empregados; livros e regis- vida da empresa.
tros contábeis; recibos de impostos e taxas; avaliações; e outros. • Dispersão: a pasta em que está classificado um documento, no
momento de uma consulta, pode estar com outro consulente, em ou-
• Temporários: são documentos que têm valor temporário de um, dois,
tro departamento.
cinco ou mais anos. Recomenda-se a confecção de um quadro ou ta-
bela, com anotação da vigência do documento que, naturalmente, se- As soluções variam de empresa para empresa; o mais comum, entre-
guirá critérios determinados pela própria empresa. Assim, são tempo- tanto, é a opção pelo sistema misto, ou seja, centralização parcial. Em
rários: recibos; faturas; notas fiscais; contas a receber e a pagar; ex- princípio, os documentos vão para o arquivo central; entretanto; documen-
tratos bancários; apólices de seguro; folhetos; correspondência; me- tos específicos que só interessam a certos departamentos ficam nos
morandos e outros. arquivos desses departamentos. Assim, por exemplo, devem ser arquiva-
dos no próprio departamento de vendas a relação de representantes ou
Os documentos considerados vitais para a empresa, além de serem clientes, seus pedidos, reclamações, correspondência de modo geral.
conservados indefinidamente, devem merecer cuidados especiais, nota-
Outro caminho a seguir é o que procura basicamente centralizar o
damente de proteção contra incêndios, inundações, furtos, desabamentos
controle e não o arquivo. Um especialista organiza um arquivo central,
e outros eventos. A perda ou destruição de tais documentos pode, em
onde deverão ser guardados os documentos de interesse geral, inclusive
casos extremos, significar até o fracasso total de uma empresa. Existem
aqueles que são vitais e/ou sigilosos, naturalmente tomando-se todas as
algumas formas de proteger esses documentos:
precauções. Em seguida, ele deverá planejar os diversos arquivos locali-
• Utilização de cofres a prova de fogo. zados nos vários departamentos. O conhecimento da empresa e de seu
organograma é fundamental nessa etapa. Seu trabalho, além da adminis-
• Preparação de cópias adicionais dos documentos e envio delas a tração do arquivo central, pressupõe a classificação e a distribuição diária
outros lugares para guarda, como cofres de bancos, cofres de filiais de documentos aos diversos departamentos.
da empresa, ou escritórios de advogados.
Realmente, trata-se de um assunto de solução não muito fácil, já que
• Microfilmagem de todos os documentos vitais e conservação dos existem vantagens e desvantagens em todos os métodos. O importante é
microfilmes em local seguro. que a empresa decida pelo que for mais adequado a suas condições,
necessidades e objetivos a curto, médio e longo prazos.
A conservação e a proteção desses documentos devem ser acompa-
nhadas de um registro que especifique o modo, a data e o local para onde AVALIAÇÃO DE DOCUMENTOS
foram encaminhados, de forma que possam ser localizados imediatamen-
te. O processo de avaliação de documentos de arquivo é feito através de
pré-requisitos estabelecidos, com análise e seleção de documentos, indi-
CENTRALIZAÇÃO OU DESCENTRALIZAÇÃO? cando com precisão o prazo de guarda nas fases corrente, intermediária e
permanente, com identificação de seus valores primário e secundário,
Trata-se de uma questão muito comum, principalmente nas grandes
devendo ser executado por uma equipe técnica, composta por profissionais
empresas. A centralização dos arquivos proporciona vantagens, mas
de diversas áreas, como: arquivistas, historiadores, pesquisadores, profis-
existem desvantagens que naturalmente devem ser conhecidas antes de
sionais das unidades organizacionais as quais os documentos serão avali-
se tomar uma decisão sobre o assunto. As principais vantagens da centra-
ados, economistas e etc.
lização são as seguintes:
"A avaliação consiste fundamentalmente em identificar valores e defi-
• Eficiência: devido à centralização, tende-se a manter um especialista nir prazos de guarda para os documentos de arquivo, independentemente
em arquivística, o que sem dúvida melhora a eficiência e a rapidez do de seu suporte ser o papel, o filme, a fita magnética, o disquete, o disco
trabalho em todas suas etapas. ótico ou qualquer outro. A avaliação deverá ser realizada no momento da
• Responsabilidade: o cuidado e a proteção de documentos melhora produção, paralelamente ao trabalho de classificação, para evitar a acumu-
muito, pois a responsabilidade se encontra nas mãos de um especia- lação desordenada, segundo critérios temáticos, numéricos ou cronológi-
lista. cos." (Fonte: http://arquivologia.multiply.com/journal/item/14)
• Economia: é grande a economia de equipamento; de pessoal; de Schellenberg (1956, 1965) desenvolveu toda uma teoria de valor, pela
tempo gasto no arquivamento; na localização e na preparação de có- qual se tornou conhecido, de acordo com Cook (1997), como o pai da
pias adicionais ou referências. avaliação arquivística. Essa teoria propõe dois tipos de valores aplicáveis
• Uniformidade: proporciona certa padronização ao sistema e métodos ao contexto dos arquivos: valor primário e valor secundário.
de arquivamento, o que não acontecerá se houver inúmeros arquivos Os valores inerentes aos registros públicos modernos são de dois ti-
departamentais. pos: valor primário para a gestão de criação e valor secundário para outras
• Concentração: os documentos são concentrados por assuntos, instâncias e utilizadores. Os documentos públicos são gerados para reali-
oferecendo ao consulente visão global. Na descentralização, os mes- zar as finalidades para as quais um organismo foi criado: administrativo,
mos assuntos tendem a ficar espalhados pelos diversos arquivos. fiscal, legal e operacional. Os documentos públicos são preservados em
uma instituição arquivística definida, porque têm um valor que existirá por
• Utilização: amplia o uso do equipamento e, consequentemente, longo tempo, mesmo depois que cessam de ser do uso corrente e porque
alonga sua vida útil. terão valores importantes para outros usuários que não os atuais.
Há algumas desvantagens na centralização, que precisam ser apon- (HSCHELLENBERG, 1984, p.58)
tadas:
Princípios Fundamentais da Avaliação Arquivística
• Consulta dificultada: necessidade de locomoção até o centro de
arquivos; tal fato não ocorre com a descentralização, em que o arqui- a) a função avaliação arquivística visa, essencialmente, à composição
vo do departamento se encontra à mão. de um patrimônio documental;
• Acúmulo de pessoas: poderá acontecer o acúmulo de pessoas no b) seu mérito está no fato de permitir preparar material documental ne-
local onde estão colocados os arquivos, o que dificulta a consulta e cessário para a pesquisa histórica;
tumultua o trabalho do arquivista. c) a avaliação é um processo de determinação de valor assegurado
• Perda de tempo: muito tempo perdido na locomoção até o arquivo pelo arquivista. Este processo deve ser formal, sistemático e claramente
central e espera para poder iniciar a consulta, principalmente se hou- definido;
ver muitas pessoas no local.
• Espaço: necessidade de mais espaço para incluir todos os arquivos, d) como conceito central relativo à função avaliação, o valor dos do-
além de mesas e cadeiras para as diversas consultas. cumentos deve ser claramente definido, justificável e, sobretudo, contem-
porâneo à época ou ao período de sua criação. Neste sentido, Booms

Conhecimentos Específicos 80
APOSTILAS OPÇÃO
(1987, p. 104) acrescenta: “Construindo uma tabela conceitual histórica, • necessidade de entregar ou devolver às pessoas os originais dos
que servirá de modelo à herança documental, os arquivistas não devem documentos;
seguir os conceitos de valor de acordo com a sua própria época, mas • necessidade de conservar os documentos por mais de cinco anos;
antes, de acordo com o valor que governa a época na qual o material foi • necessidade de conservar os documentos por tempo indeterminado
criado."; ou permanentemente;
e) os julgamentos do arquivista devem ser formulados a partir do con- • necessidade de proteger os documentos dos riscos de incêndio,
texto social. Este princípio, entretanto, supõe também que os documentos, inundação ou furto.
como tais, não tenham valor intrínseco. Este valor é atribuído após a avali-
ação feita pelo arquivista. É importante salientar a esse respeito, porém, Em princípio, a organização de um arquivo de microfilmes deve seguir
que o arquivista é chamado a ouvir a opinião de especialistas para deduzir o sistema e o método empregados nos arquivos de documentos; o arquivo
os valores dominantes que regem tais documentos. Consequentemente, deve vir acompanhado de índices que facilitem a pronta localização, bem
esse profissional deve ter uma visão global sobre o desenvolvimento social como deve existir na empresa aparelho próprio para a leitura dos microfil-
e as diferentes mudanças ocorrentes na sociedade. Em outros termos, a mes.
missão de identificação do valor dos documentos de arquivos que o arqui- É muito importante, também, considerar o aspecto legal da microfil-
vista é chamado a assegurar decorre, de acordo com Booms (1987), da magem. A legislação brasileira determina a guarda de originais por tempo
realidade social e dos valores contemporâneos ao documento. (Fon- determinado ou mesmo indefinidamente. A reprodução de um microfilme
te:http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/viewFile/7199/6646) no formato do documento exige, para sua validade, que seja autenticado
em cartório e à vista do documento original.

TIPOLOGIAS DOCUMENTAIS E SUPORTES FÍSICOS. Portanto, a microfilmagem não deve ser entendida apenas como
MICROFILMAGEM. AUTOMAÇÃO. PRESERVAÇÃO, substituidora de documentos originais. Antes de mais nada, é preciso
CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE DOCUMENTOS. encarar o microfilme como cópia adicional de documento cuja utilidade
para a empresa tenha sido estudada e comprovada.
MICROFILMAGEM
EQUIPAMENTOS
Observa-se na época atual excessivo aumento do número de docu-
Entende-se por equipamento o móvel utilizado para arquivamento. O
mentos. De um lado, devido à expansão da administração pública em
conhecimento dos sistemas de equipamento, de suas vantagens e des-
todos os setores e em todos os níveis: federal, estadual e municipal; de
vantagens, irá facilitar em muito o serviço do arquivista. Denomina-se
outro, graças ao desenvolvimento das atividades empresariais e ao rápido
sistema de equipamento a maneira como os documentos são colocados
avanço da tecnologia, em todos os setores da economia.
no móvel arquivador. São três os sistemas de equipamento:
É crescente a indagação de como e quando se deve proceder para
reduzir e racionalizar a produção de documentos e, por consequência, seu 1. Horizontal: os documentos ficam uns sobre os outros, em posição
arquivamento e conservação. O microfilme surgiu como uma das princi- horizontal dentro do móvel arquivador. E um sistema antigo, mas que
pais respostas a essa questão. ainda é utilizado em algumas repartições públicas, que amarram ou colo-
cam os documentos em pacotes. Também pertencem ao sistema horizon-
O microfilme é um processo de reprodução fotográfica reduzida, che- tal as mapotecas, muito utilizadas, e os fichários tipo kardex, Securit,
gando a quase 95% do documento original. São várias as vantagens muito conhecidos e empregados com bastante sucesso em inúmeras
obtidas na microfilmagem de documentos que devem ser transferidos do empresas.
arquivo ativo para o inativo, já que dificilmente o microfilme será utilizado
para arquivos ativos. As vantagens são:
• Economia: os ganhos em espaço, peso e tamanho dos arquivos
chegam a mais de 80% em muitos casos.
• Redução do volume: é muito grande a redução do volume de papéis
e documentos, o que proporciona economia de tempo e mão-de-obra.
• Segurança: os microfilmes protegem e conservam os documentos
vitais da empresa ou órgão público, dos riscos de eventos, como in-
cêndio, inundação ou furto, pois, além de representarem cópias adici-
onais desses documentos, são facilmente guardados em cofres espe-
ciais. -
• Durabilidade: o microfilme reveste-se de grande durabilidade, atin-
gindo até 150 anos.
• Reprodução: a microfilmagem oferece condições de reprodução
ilimitada, além de fidelidade, exatidão perfeita dos documentos repro- Móvel “Securit” para arquivo horizontal de mapas, plantas, heliografias
duzidos. e mapotecas
• Custo: embora e microfilme possa assustar pelo custo elevado, é
As vantagens do sistema são as seguintes:
preciso levar em consideração a economia que proporciona com a re-
dução do espaço, de equipamento e de pessoal necessário para a • a iluminação é direta;
manutenção de arquivos convencionais, especialmente nas grandes • as anotações podem ser efetuadas no mesmo local;
empresas. • as possibilidades de perda de documentos são bastante reduzidas.
• Consulta: a consulta a documentos é imediata e mais fácil, agilizando As desvantagens são:
em muito o serviço. Verifique-se, por exemplo, a microfilmagem de • ocupa muito espaço;
cheques compensados. • há necessidade de retirar todos os documentos para arquivar ou re-
As técnicas modernas de microfilmagem evoluíram muito nos últimos tirar um documento;
anos; entretanto, a escolha do produtor dos microfilmes deve ser feita de • a consulta é demorada;
modo que garanta a qualidade e a durabilidade deles. • a consulta exige o deslocamento de outros documentos.
A decisão de utilizar a microfilmagem na empresa também pode ser
auxiliada pela ocorrência de um ou mais dos seguintes fatos: 2.Vertical: os documentos permanecem no interior do móvel arquiva-
dor em posição vertical. São dois os tipos nesse sistema:

Conhecimentos Específicos 81
APOSTILAS OPÇÃO
• Frontal. Os documentos são colocados uns atrás dos outros, com a possuem divisões internas. No que se refere à projeção, ela poderá ou
frente voltada para o arquivista. não constar da pasta. As pastas suspensas, largamente usadas nos
• Lateral. Os documentos são colocados uns ao lado dos outros, com equipamentos modernos, são semelhantes às convencionais, apenas com
a lateral voltada para o arquivista. a particularidade de possuírem dois braços metálicos ou outro material
Atualmente, com o desenvolvimento da tecnologia e as exigências do que se apoia nos suportes laterais do arquivo.
mercado, as pastas ficam suspensas nos arquivos verticais, por meio de 2. Guias: são pedaços de cartolinas do tamanho das pastas ou mes-
braços metálicos apoiados em suportes especiais. mo menores, com uma saliência na parte superior, chamada projeção. As
São vantagens do sistema: guias servem para dividir as pastas ou documentos em grupos. As guias,
• custo mais baixo; quanto à projeção, podem ter, ou não, encaixes para as tiras de inserção.
• fácil manuseio; Nas guias, as projeções podem vir em posição central, em diferentes
posições ou, então, formando um jogo de, por exemplo, duas, três, quatro,
• fácil conservação; cinco ou mais posições. A diferença das posições possibilita ao arquivista
• fácil atualização do material arquivado; ampla visibilidade, o que facilita o arquivamento ou a localização de do-
• possibilidade de arquivar muitos documentos em pequeno espaço; cumentos.
• consulta rápida e sem necessidade de deslocar outros documentos. 3.Projeções: são saliências colocadas na parte superior das pastas
São desvantagens do sistema: ou das guias que recebem as anotações ou dizeres pertinentes. Servem
• necessidade de retirar o documento para fazer anotações; para ajudar o arquivista a localizar os assuntos no arquivo. As projeções
• iluminação deficiente; podem ser de papelão, de material plástico ou de aço. Além disso, podem
• pouca visibilidade dos documentos no interior do arquivo. ser fixas ou adaptáveis. Essas últimas não fazem parte das pastas ou das
guias e podem ser colocadas posteriormente.
3.Rotativo: os documentos são colocados de modo que possam girar 4. Tiras de inserção: papeletas ou rótulos que, após receberem os
em torno de um eixo vertical ou horizontal. O sistema é muito empregado dizeres ou inscrições correspondentes, deverão ser inseridas nas proje-
em atividades que requerem grande quantidade de consultas e necessi- ções das pastas ou das guias. Servem para indicar a finalidade da pasta
dade de informações rápidas. ou da guia.
Fichários 5. Notações: são os dizeres, as inscrições registradas nas tiras de in-
São caixas de diversos tamanhos que guardam fichas ou cartões, po- serção e em seguida inseridas nas pastas ou guias.
dendo ser de madeira, de aço, de material plástico ou de acríLico. São
largamente utilizados e servem a muitas finalidades: índices, informações, É fato conhecido que um dos fatores para a excelência dos arquivos
endereços, relação de clientes, representantes, fornecedores e outras. reside na combinação harmoniosa e funcional dos sistemas e métodos de
classificação e arquivamento, e dos equipamentos e acessórios.
O equipamento deve satisfazer às necessidades da empresa e dos
serviços a que se destina. Alguns requisitos são: SISTEMAS E MÉTODOS DE ARQUIVAMENTO
• adequação às necessidades do serviço; A opinião de que os arquivos são simples depósitos de papéis ou do-
• obtenção de maior economia de espaço; cumentos velhos e inúteis, arquivados por mera tradição, apoia-se no fato
• facilidade de acesso; de que a maioria dos arquivos é mal organizada, mal administrada e,
• possibilidade de expansão; portanto, dificulta a localização imediata das informações desejadas. Mera
• resistência e durabilidade; opinião, pois, em verdade, um arquivo moderno, bem estruturado, é um
centro atuante de informações, um instrumento de controle para a ativida-
• garantia de segurança e conservação de documentos; de administrativa, que auxilia na correta tomada de decisão.
• aparência e funcionalidade.
Entretanto, para que isso aconteça, é necessário que se decida sobre
Há inúmeros tipos e modelos de equipamentos que podem ser utiliza- o sistema de arquivamento que melhor se ajuste a determinada empresa.
dos pelos três sistemas: horizontal, vertical e rotativo. A escolha de um
dos sistemas, assim como do equipamento propriamente dito, deve seguir Sistema é um conjunto de princípios interligados, que orienta o que se
os critérios apontados e outros que são considerados essenciais pela deve fazer para atingir um fim específico. São três os sistemas de arqui-
empresa ou órgão público e que prevalecem numa boa administração. vamento: direto, indireto e semi-indireto.
1. Cadeado. • Direto: o arquivo pode ser consultado diretamente, sem necessi-
dade de recorrer a um índice. Neste sistema, inclui-se, principal-
2. Suporte regulável.
mente, o método alfabético de arquivamento e suas variações.
3. Índice alfabético.
• Indireto: o arquivo, neste caso, depende de um índice para ser
4. Estrutura. consultado. O sistema inclui, em especial, o método numérico de
5. Dispositivo antiimpacto. arquivamento e suas variações.
6. Pés antiderrapantes. • Semi-indireto: o arquivo pode ser consultado sem o auxílio de
índices, mas com a utilização de tabelas em forma de cartão.
ACESSÓRIOS Neste sistema, encontra-se, por exemplo, o método automático,
variedade do método alfanumérico.
Acessórios são materiais que visam auxiliar o equipamento. A correta
e eficiente utilização dos mesmos criará condições favoráveis para o A opção por um dos sistemas está intimamente ligada à empresa, a
andamento do serviço. seu campo de atividade, porte e objetivos de curto, médio ou longo pra-
zos. O principal, antes de tudo, é compreender o verdadeiro potencial que
A escolha acertada dos acessórios está diretamente ligada ao sistema o arquivo representa, considerando-se que é a memória viva da empresa.
e método de classificação e arquivamento empregados, assim como ao
Para ser eficaz, o sistema necessita de métodos que indiquem a ma-
conhecimento dos tipos e modelos existentes no mercado.
neira de proceder, isto é, o que se deve fazer para alcançar o fim deseja-
Os principais acessórios são: pastas; guias; projeções; tiras de inser- do. Os métodos de arquivamento serão analisados mais adiante.
ção e notações.
SISTEMA DE ARQUIVAMENTO EM ÓRGÃOS PÚBLICOS
1. Pastas: são pedaços de cartolina dobrada, que formam uma aresta
comum chamada vinco. As pastas servem para agrupar e proteger os A administração de documentos oficiais pressupõe a existência de um
documentos comuns a um assunto e, normalmente, têm dimensões pa- sistema de arquivamento. O conceito de sistema também é válido para os
dronizadas. Com relação ao vinco, as pastas podem ser normais ou órgãos da administração pública, e as três espécies, direto, indireto e semi-
sanfonadas, para permitir o maior acúmulo de documentos; algumas indireto, serão empregadas conforme os critérios estabelecidos previamente.
Conhecimentos Específicos 82
APOSTILAS OPÇÃO
Nas instituições públicas, predomina um modelo de sistema de organi- Métodos de arquivamento:
zação de arquivos em que o documento público é controlado desde sua • Método alfabético:
produção. É conhecido como a “teoria das três idades”, concepção moderna
de arquivística, em que se distinguem três etapas quanto aos documentos: —específico ou por assunto;
• Corrente: os documentos circulam pelos canais decisórios, bus- —geográfico;
cando solução ou resposta. São os arquivos correntes. —mnemônico;
• Temporária: os documentos apresentam interesse e são objeto —variadex.
de consultas, embora os assuntos neles contidos já tenham sido • Método numérico:
solucionados ou as respostas, obtidas. São os arquivos temporá-
rios. —simples;
• Permanente: os documentos passam a ter valor cultural e cientí- —dúplex.
fico. São os arquivos permanentes ou históricos. • Método alfanumérico:
A criação do arquivo temporário, por exemplo, segunda etapa do sis- —decimal;
tema, foi um grande avanço e tomou-se peça fundamental dentro do
sistema de arquivamento da administração pública. São inúmeras as —automático;
vantagens conseguidas: obtenção de mais espaços físicos pela retirada —automático moderno.
de documentos dos arquivos correntes; redução ao essencial da quanti- Protocolo
dade de documentos nos arquivos correntes; redução de pessoal e con-
sequente economia de custos; controle de quantidade e da qualidade dos É o registro das deliberações ou das atas de um congresso ou confe-
documentos; melhor manutenção, uso e supervisão dos arquivos; e me- rência diplomática. Por protocolo também se entende o livro em que os
lhor critério de preservação, controle e eliminação de documentos. escrivães do juízo registram o que se passa na audiência e que no fim
desta é assinado pelo juiz.
Um sistema de arquivos moderno e bem organizado terá todas as
condições para oferecer subsídios a planos e decisões da administração De modo geral, significa o livro onde se registram, em ordem, os do-
pública, seja mostrando as relações e planejamento do passado, seja cumentos apresentados numa repartição ou, então, os fatos e as decisões
evitando duplicidade antieconômica de velhas iniciativas. ocorridos numa assembleia ou audiência. A principal função do protocolo
Verifica-se, atualmente, enorme empenho dos órgãos do governo em é autenticar a entrega de um documento, ou evidenciar a decisão ou o fato
desenvolver sistemas de informações altamente sofisticados, em que a que deve ser registrado. Em linguagem diplomática, significa a própria
informática assumiu posição de grande relevância. deliberação ou resolução que foi registrada na ata da reunião respectiva e
que acarretou uma espécie de convenção entre os participantes da as-
sembleia ou congresso.
MÉTODOS DE ARQUIVAMENTO Protocolo é a denominação geralmente atribuída a setores encarre-
Modernamente, o arquivo de informações tornou-se uma atividade gados do recebimento, registro, distribuição e movimentação dos docu-
que pode ser realizada eletronicamente através de computadores. A tarefa mentos em curso; denominação atribuída ao próprio número de registro
da secretária, neste caso, consiste em registrar as informações em pro- dado ao documento; Livro de registro de documentos recebidos e/ou
gramas previa-mente estabelecidos. A empresa contrata um especialista expedidos.
em programação (ou já dispõe dele em seu quadro de empregados), que É de conhecimento comum o grande avanço que a humanidade teve
deverá preparar um programa segundo as necessidades da secretária. nos últimos anos. Dentre tais avanços, incluem-se as áreas que vão desde
Enganam-se os que acreditam que o uso do computador dispensa o a política até a tecnológica. Tais avanços contribuíram para o aumento da
estudo dos métodos tradicionais de classificação de informações. O produção de documentos. Cabe ressaltar que tal aumento teve sua impor-
programador apenas executará um programa depois de ouvir a secretária tância para a área da arquivística, no sentido de ter despertado nas pes-
sobre as reais necessidades do departamento. Assim sendo, ela deve soas a importância dos arquivos. Entretanto, seja por descaso ou mesmo
conhecer os variados métodos de classificação para propor soluções por falta de conhecimento, a acumulação de massas documentais desne-
apropriadas. Acrescente-se que o estudo dos métodos aqui expostos cessárias foi um problema que foi surgindo. Essas massas acabam por
permite a aquisição de técnicas de classificação e simplificação de tarefas. inviabilizar que os arquivos cumpram suas funções fundamentais. Para
Deixar de aprendê-los é prejudicial até mesmo para o domínio de um tentar sanar esse e outros problemas, que é recomendável o uso de um
pensamento claro e bem estruturado. Além disso, a secretária manipula sistema de protocolo.
informações escritas (documentos), internas e externas, que ela precisa
Dentre os cinco setores distintos das atividades dos arquivos corren-
arquivar.
tes (Protocolo, Expedição, Arquivamento, Empréstimo e Consulta, Desti-
Havendo um sistema de arquivamento já definido, a empresa ou ór- nação) vamos dar atenção especial ao Protocolo. É sabido que durante a
gão público deverá decidir qual método de arquivamento irá empregar. O sua tramitação, os arquivos correntes podem exercer funções de protocolo
método estabelece o que é preciso fazer para alcançar o fim desejado (recebimento, registro, distribuição, movimentação e expedição de docu-
pelo sistema de arquivamento. mentos), daí a denominação comum de alguns órgãos como Protocolo e
Um plano previamente estabelecido para a colocação e guarda de Arquivo. E é neste ponto que os problemas têm seu início. Geralmente,
documentos facilita a pesquisa, a coleta de dados, a busca de informa- as pessoas que lidam com o recebimento de documentos não sabem, ou
ções e proporciona uma correta tomada de decisão. mesmo não foram orientadas sobre como proceder para o documento
Os diversos métodos de arquivamento, que através dos anos foram cumpra a sua função na instituição. Para que este problema inicial seja
desenvolvidos em todas as partes do mundo, podem ser utilizados tanto resolvido, a implantação de um sistema de base de dados, de preferência
nas empresas como nos órgãos governamentais. Todos são bons e simples e descentralizado, permitindo que, tão logo cheguem às institui-
apresentam vantagens e desvantagens. O importante é que a decisão ções, os documentos fossem registrados, pelas devidas pessoas, no seu
quanto ao método leve em consideração o tamanho, a estrutura organiza- próprio setor de trabalho seria uma ótima alternativa. Tal ação diminuiria o
cional e os objetivos da empresa ou do órgão público; as pessoas nor- montante de documentos que chegam as instituições, cumprem suas
malmente envolvidas; os serviços prestados; as informações comumente funções, mas sequer tiveram sua tramitação ou destinação registrada.
solicitadas; e os tipos de documento que devem ser arquivados. Algumas rotinas devem ser adotadas no registro documental, afim de
São três os principais métodos de arquivamento: alfabético, numérico que não se perca o controle, bem como surjam problemas que facilmente
e alfanumérico. poderiam ser evitados (como o preenchimento do campo Assunto, de
muita importância, mas que na maioria das vezes é feito de forma errô-
Esses métodos, por sua vez, formam a base a partir da qual se cria-
nea). Dentre as recomendações de recebimento e registro (SENAC. D.
ram vários outros.
N. Técnicas de arquivo e protocolo).

Conhecimentos Específicos 83
APOSTILAS OPÇÃO
Receber as correspondências, separando as de caráter oficial da de é uma versão iberoamericana do conceito inglês. Entre essas duas varian-
caráter particular, distribuindo as de caráter particular a seus destinatários. tes, o primeiro parece ser o mais difundido entre nós.
Após essa etapa, os documentos devem seguir seu curso, a fim de O Dicionário de Terminologia Arquivística editado pelo Conselho
cumprirem suas funções. Para que isto ocorra, devem ser distribuídos e Internacional de Arquivos em 1984 define gestão de documentos como um
classificados da forma correta, ou seja, chegar ao seu destinatário Para aspecto da administração geral relacionado com a busca de economia e
isto, recomenda-se (SENAC. D. N. Técnicas de arquivo e protocolo. eficácia na produção, manutenção, uso e destinação final dos documen-
Separar as correspondências de caráter ostensivo das de caráter sigi- tos.
loso, encaminhado as de caráter sigiloso aos seus respectivos destinatá- O Dicionário de Terminologia Arquivística, publicado em São Pau-
rios; lo em 1990 e reeditado em 1996, conceitua gestão de documentos como
um “conjunto de medidas e rotinas visando a racionalização e eficiência na
Tomar conhecimento das correspondências de caráter ostensivos por
criação, tramitação, classificação, uso primário e avaliação de arquivos”.
meio da leitura, requisitando a existência de antecedentes, se existirem;
Classificar o documento de acordo com o método da instituição; ca- No âmbito da legislação federal, “considera-se gestão de documentos
rimbando-o em seguida; o conjunto de procedimentos e operações referentes à sua produção,
tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediá-
Elaborar um resumo e encaminhar os documentos ao protocolo.
ria, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente” .
Preparar a ficha de protocolo, em duas vias, anexando a segunda via
da ficha ao documento; CONCEITO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO
Rearquivar as fichas de procedência e assunto, agora com os dados Dentro de uma biblioteca, arquivo ou museu duas seções devem ser
das fichas de protocolo; enfocadas: a de conservação e a de restauração.
1 - Conservação - é um conceito amplo e pode ser pensado como
Arquivar as fichas de protocolo. termo que abrange pelo menos três (3) ideias: preservação, proteção e
manutenção.
A tramitação de um documento dentro de uma instituição depende di-
retamente se as etapas anteriores foram feitas da forma correta. Se feitas, Conservar bens culturais (livros, documentos, objetos de arte, etc) é
fica mais fácil, com o auxílio do protocolo, saber sua exata localização, defendê-lo da ação dos agentes físicos, químicos e biológicos que os
seus dados principais, como data de entrada, setores por que já passou, atacam.
enfim, acompanhar o desenrolar de suas funções dentro da instituição. O principal objetivo portanto da conservação é o de estender a vida
Isso agiliza as ações dentro da instituição, acelerando assim, processos útil dos materiais, dando aos mesmos o tratamento correto. Para isso é
que anteriormente encontravam dificuldades, como a não localização de necessário permanente fiscalização das condições ambientais, manuseio
documentos, não se podendo assim, usá-los no sentido de valor probató- e armazenamento.
rio, por exemplo.
A preservação ocupa-se diretamente com o patrimônio cultural consis-
Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos devem ter tindo na conservação desses patrimônios em seus estados atuais. Por
seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou recolhimento. É nesta isso, devem ser impedidos quaisquer danos e destruição causadas pela
etapa que a expedição de documentos torna-se importante, pois por meio umidade, por agentes químicos e por todos os tipos de pragas e de micro-
dela, fica mais fácil fazer uma avaliação do documento, podendo-se assim organismo. A manutenção, a limpeza periódica é a base da prevenção.
decidir de uma forma mais confiável, o destino do documento. Dentre as
recomendações com relação a expedição de documentos, destacam-se: 2 - Conservação Preventiva (Restauração) - tem por objetivo revita-
lizar a concepção original, ou seja, a legibilidade do objeto. A restauração
Receber a correspondência, verificando a falta de anexos e comple- é uma atividade que exige dos profissionais grande habilidade, paciência,
tando dados; amor à arte, pois nesta seção se praticam verdadeiras intervenções cirúr-
Separar as cópias, expedindo o original; gicas com os bens culturais, "a restauração é quase uma neurose da
perfeição, em que o mais ou menos não existe" como disse certa vez a
Encaminhar as cópias ao Arquivo.
restauradora Marilka Mendes.
É válido ressaltar que as rotinas acima descritas não valem como re-
Em uma restauração nenhum fator pode ser negligenciado, é preciso
gras, visto que cada instituição possui suas tipologias documentais, seus
levantar a história, revelar a tecnologia empregada na fabricação ou a
métodos de classificação, enfim, surgem situações diversas. Servem
técnica de impressão utilizada e traçar um plano de acondicionamento do
apenas como exemplos para a elaboração de rotinas em cada instituição.
objeto restaurado de modo que não volte a sofrer efeitos de deterioração
Após a discussão das vantagens de implantação de um sistema de do futuro.
protocolo, cabe avaliar as desvantagens do uso deste sistema, se feito de
Como sabemos são poucos os técnicos ligados a esta área e leva
forma errônea. Num primeiro momento, deve-se pensar num sistema
anos para formar um bom restaurador, por estes fatores podemos dizer
simples de inserção de dados, que venha a atender as necessidades da
que é melhor: Conservar e preservar para não restaurar"
empresa. Contudo, é essencial que as pessoas que trabalham diretamen-
te com o recebimento e registro de documentos, recebam um treinamento AGENTES EXTERIORES QUE DANIFICAM OS DOCUMENTOS
adequado, para que possam executar essa tarefa da forma correta, visto 1. FÍSICOS
que, se feita da forma errada, todo o trâmite do documento pode ser
comprometido. Deve-se esquecer a ideia de que basta inserir dados e Luminosidade - a luz é um dos fatores mais agravantes no processo
números num sistema, que todos os problemas serão resolvidos. A própria de degradação dos materiais bibliográficos.
conscientização dos funcionários, no sentido de que, se organizados e Temperatura - o papel se deteriora com o tempo mesmo que as con-
devidamente registrados, as tarefas que necessitam do uso de documen- dições de conservação sejam boas. O papel fica com sua cor original
tos se tornarão mais fáceis para todos que venham a executá-las., propor- alterada e se torna frágil e isto se chama envelhecimento natural.
cionado assim um melhor rendimento de todo o pessoal. Portanto, fica
Umidade - o excesso de umidade estraga muito mais o papel que a
claro que o protocolo pode ser uma saída para os problemas mais comuns
deficiência de água
de tramitação documental, desde que utilizado da forma correta. Do
contrário, a implantação deste sistema pode ocasionar outros problemas, 2. QUÍMICOS
talvez de cunho ainda maior. Acidez do Papel - Os papéis brasileiros apresentam um índice de
AVALIAÇÃO E GESTÃO DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES acidez elevado (pH 5 em média) e portanto uma permanência duvidosa.
Somemos ao elevado índice de acidez, o efeito das altas temperaturas
O termo “gestão de documentos” ou “administração de documentos” é
predominante nos países tropicais e subtropicais e uma variação da
uma tradução do termo inglês “records management”. O primeiro é origi-
umidade relativa, teremos um quadro bastante desfavorável na conserva-
nário da expressão franco-canadense gestion de documents e o segundo

Conhecimentos Específicos 84
APOSTILAS OPÇÃO
ção de documentos em papel. Dentre as causas de degradação do papel, da evolução tecnológica. É suficiente lembrar que diversos atores, cada
podemos citar as de origem intrínseca e as de origem extrínsecas. um tendo uma influência profunda sobre a sociedade humana, se instala-
Poluição Atmosférica - A celulose é atacada pelos ácidos, ainda que ram no cenário tecnológico durante esse período: por exemplo, a eletrici-
nas condições de conservação mais favoráveis. A poluição atmosférica é dade, o rádio, o telefone, o automóvel, o cinema, a máquina de escrever,
uma das principais causas da degradação química. para nomear somente alguns. A partir da Segunda Guerra Mundial, assis-
te-se à chegada da fotocopiadora, a eletrônica, a televisão, os satélites, e
Tintas - a tinta é um dos compostos mais importantes na documenta- sobretudo os computadores. A partir da década de 1970, a telemática, ou
ção. Foi e é usada para escrever em papéis, pergaminhos e materiais seja, o computador conectado a outros computadores via linhas telefôni-
similares, desde que o homem sentiu necessidade de registrar seu avanço cas, mudou profundamente as possibilidades de comunicação de docu-
técnico e cultural, e é ainda indispensável para a criação de registros e mentos. Desde 1990, a Internet e a World Wide Web não cessam de nos
para atividades relacionadas aos interesses de vida diária. espantar por causa do desenvolvimento quase cotidiano de novas possibi-
3. BIOLÓGICOS lidades de interação no mundo da informação.
Insetos - o ataque de insetos tem provocado graves danos a arquivos Depois de muitos anos, a disciplina de arquivística conheceu desen-
e bibliotecas, destruindo coleções e documentos preciosos. Os principais volvimentos importantes no estabelecimento da teoria, nas técnicas de
insetos são: organização e nos métodos de trabalho. Constata-se, entretanto, que
Anobiídeos (brocas ou carunchos) apesar de nossa disciplina ainda não estar estabilizada definitivamente,
desde já é preciso rever seus fundamentos teóricos e estabelecer um
Thysanura (traça) novo paradigma para a disciplina em função das novas tecnologias da
Blatta orientalis (barata) informação.
Fungos - atuam decompondo a celulose, grande parte deles produ- É útil observar nesse contexto que não há nada de novo. Pode-se
zem pigmentos que mancham o papel. constatar que são sempre as mudanças tecnológicas que determinam a
Roedores - A luta contra ratos é mais difícil que a prevenção contra maneira de se realizar nosso trabalho de organização da informação. O
os insetos. Eles podem provocar desgastes de até 20% do total do docu- surgimento de novas e importantes tecnologias no campo da informação,
mento. como nos casos do papel e da prensa de Gutenberg, causaram também
mudanças fundamentais nos métodos de trabalho das pessoas que gera-
4. AMBIENTAIS vam a informação no momento desses desenvolvimentos e pelos séculos
Ventilação - é um outro fator a considerar como elemento que favo- seguintes. Essas tecnologias também mudaram profundamente a socie-
rece o desenvolvimento dos agentes biológicos, quando há pouca aera- dade em seu conjunto. Nós que vivemos sobre a terra nesse momento
ção. somos testemunhas de desenvolvimentos que se desenrolam a uma
velocidade impressionante.
Poeira - um outro fator que pode favorecer o desenvolvimento dos
agentes biológicos sobre os materiais gráficos, é a presença de pó. Histórico recente
5. HUMANOS Durante os anos de 1960 assiste-se à implantação de computadores
O Homem, ao lado dos insetos e microrganismos é um outro inimigo nos governos e corporações mais importantes. Muito caros, esses apare-
dos livros e documentos, embora devêssemos imaginar que ele seria ser o lhos são sensíveis à temperatura e precisam ser instalados nos locais
mais cuidadoso guardião dos mesmos. talhados sob medida e com acesso controlado. Os computadores não são
muito “inteligentes”, mas o que interessa é que podem calcular com muita
rapidez. Somente hoje os computadores começam a ser capazes de tratar
GESTÃO DOCUMENTAL
de atividades mais “inteligentes”.
A gestão documental ou gestão de documentos é um ramo da Ao mesmo tempo, as organizações de menor tamanho buscam a má-
arquivística responsável pela administração de documentos nas fases quina de escrever elétrica, que se espalha durante os anos de 1960 e
corrente e intermediária (primeira e segunda idade). 1970. Por volta do fim dos anos de 1970 assiste-se à chegada de apare-
Em termos informáticos, a Gestão Documental é uma solução de lhos dedicados ao tratamento de textos. Ainda uma vez, os preços são tão
arquivo, organização e consulta de documentos em formato eletrônico elevados que somente as organizações bastante importantes têm condi-
onde existe toda a informação de natureza documental trocada entre os ções de usar essas máquinas. Ao mesmo tempo, as máquinas de escre-
utilizadores da aplicação. Esta solução permite a colaboração numa ver eletrônicas chegam ao mercado, mas sua utilização não se torna muito
organização através da partilha de documentos, beneficia e facilita os difundida em razão da chegada quase simultânea dos microcomputado-
processos de negócio de uma empresa. A Gestão Documental integrada res.
com outras soluções, como por exemplo, a digitalização, fax e email O aparecimento dos microcomputadores em 1980 muda radicalmente
permitem gerir toda a informação não estruturada (documentos) o quadro tecnológico. O computador pessoal custa menos que um auto-
importante da organização. Num processo de gestão documental o seu móvel. Hoje um computador custa muito menos que um carro e é capaz
inicio é quando há a recepção do documento em que este passa pela fase de executar as importantes operações que os grandes computadores do
de desmaterialização, ou seja, digitalização do documento geralmente em tipo mainframe não realizavam nos anos de 1960 e 1970. O novo ambien-
formato papel para um formato eletrônico. Numa segunda fase os te, que se instala rapidamente, cria um problema de escala para os apare-
documentos em formato eletrônico são submetidos a uma classificação, lhos administrativos, que se veem impossibilitados de seguir tantos de-
de seguida há uma definição dos vários estádios do ciclo de vida do senvolvimentos.
documento ao longo da sua existência, como por exemplo, a publicação,
aprovação, distribuição, reencaminhamento e desactualizado (destruído). Por exemplo, a política do NARA (National Archives and Records Ad-
Por último, este processo disponibiliza ao utilizador um método de ministration, nos Estados Unidos) sobre os arquivos ordinolingues está tão
localização eficaz semelhante a um browser, por exemplo, o Google. mal estabelecida (aproximadamente 25 anos após o começo da informati-
zação), que a chegada da microinformática nos obriga a interrogar sobre a
pertinência dessa política (Bergeron 1992,54).
AUTOMAÇÃO
O novo mundo dos arquivos – automação Aliás, os exemplos de perdas de arquivos eletrônicos importantes se
.James M. Turner – U. de Montreal multiplicam: os dados do recenseamento americano de 1960, a primeira
mensagem de correio eletrônico em 1964, os dados sobre as florestas do
Introdução Brasil capturadas por satélite nos anos de 1970, os dados da NASA, e
assim por diante. Os exemplos americanos são característicos da situação
Para bem se entender a problemática atual dos arquivos, é preciso por toda parte do mundo.
compreender o século XX sob o ponto de vista da extraordinária rapidez

Conhecimentos Específicos 85
APOSTILAS OPÇÃO
A situação hoje A interconectividade, representada atualmente pela Internet e pelo
Word Wibe Web, acrescenta uma dimensão nova à problemática. Não
Atualmente a capacidade dos computadores muda de modo radical e somente pode-se conectar dois computadores via rede telefônica, mas vê-
muito velozmente, abalando assim os fundamentos teóricos do arquivis- se hoje redes inteiras de computadores interligadas em uma vasta super-
mo. Nós transferimos para o ambiente informatizado as políticas desen- rede em escala mundial. Vê-se nesse contexto do desenvolvimento da
volvidas para os documentos sobre papel, mas a complexificação das Infovia, numerosas vantagens para os depósitos dos arquivos: por exem-
tecnologias e a influência dessas últimas sobre nossos métodos de traba- plo, a visibilidade, a difusão ampla das fontes, a facilidade de consulta
lho foram de tal ordem que essas políticas não são mais suficientes. O pelos usuários, a possibilidade do teletrabalho para os arquivistas. Mas
documento eletrônico tornou-se um conjunto de relações ou de trechos de até onde deveria ir esta presença? Dever-se-ia contentar com informações
informação, podendo residir em diferentes arquivos (Bergeron 1992, 53). gerais num resumo das fontes, ou seria melhor colocar em linha os ins-
Por exemplo, o relatório anual de uma companhia pode consistir em trumentos de pesquisa, os planos de classificação, os calendários de
arquivos de texto, cada um redigido por uma pessoa diferente, empregan- conservação, e eventualmente o texto inteiro de documentos manuscritos?
do um processador textual diferente num ambiente informático diverso. Dever-se-ia fornecer o acesso via as redes às nossas bases de dados,
Pode-se encontrar na relação das fotos e outros gráficos criados com aos documentos eletrônicos, às imagens de documentos manuscritos?
outros sistemas operacionais, assim como os quadros estatísticos criados
com diferentes sistemas operacionais, e ainda gráficos gerados por outros Por outro lado, esse novo mundo nos apresenta um problema filosófi-
sistemas, tudo reunido em um documento eletrônico colocado em página co: sobre a Infovia, há uma verdadeira distinção entre arquivos numéricos
para a impressão sobre papel ainda por outro sistema operacional, e ainda e bibliotecas numéricas ( “ arquivos digitais” e “bibliotecas digitais”)? Se
com uma versão diversa para ser instalada no Web. O leitor recebe um todos os textos são conservados em formato eletrônico, em que a cópia
simples documento em papel, mas o arquivista responsável pelo docu- original é estocada num computador para consulta através das redes, ou
mento eletrônico deve pensar a organização para a armazenagem, a seja, se um documento de arquivo torna-se um fichário informático e se
marcação e a preservação de todos esses arquivos, bem como a relação um livro torna-se também um fichário informático, podemos ainda distin-
entre eles. guir as bibliotecas dos arquivos (Preserving digital information 1996, 7)?
Outro problema de capacidade: não se pode mais conservar a infor- Esse problema demonstra a que ponto as mudanças tecnológicas são
mação apenas em formato linear. O hipertexto e as ligações hipertextuais profundas.
e hipermidiáticas, assim como as estruturas relacionais das bases de Nesse complexo contexto, os metadados, essas camadas de dados
dados, acrescentam uma outra dimensão e complexificam mais o proble- adicionais que utilizamos para descrever e organizar os dados contidos
ma. Por outro lado, a chegada dos arquivos multimídia torna mais comple- nos documentos eletrônicos, ganham muita importância. Há múltiplos tipos
xos do que nunca os arquivos eletrônicos (Bergeron 1992,53). de metadados: para a apresentação do documento (por exemplo, os sinais
Outros fatores importantes que contribuem para as mudanças funda- de estilos, de caracteres itálicos), para exprimir suas relações com outros
mentais nas teorias e nas práticas, quando se trabalha com os documen- documentos (por exemplo, de linhas, de pontos), para exprimir a cataloga-
tos eletrônicos, são a dependência diante da mídia e dos aparelhos, a ção, a classificação, a indexação (os pontos de acesso para o tema), para
impossibilidade de entrevistar os aparelhos, a volatilidade da informação, gerir o fichário informático (por exemplo, as informações técnicas concer-
sua segurança e sua integridade, e a proliferação de formatos proprietá- nentes ao formato do fichário), etc.. Porém, é sobretudo a normalização
rios, de sistemas de exploração, de sistemas operacionais, de versões dos metadados que é de uma importância capital nesse contexto. Se se
desses sistemas operacionais, bem como o preço do desenvolvimento de deseja permitir o acesso a muita informação via redes, tem-se todo o
tudo isso. interesse em normalizar práticas de descrição e de organização, senão o
Breve, no espaço de trinta anos, a natureza da matéria de que tratam usuário será obrigado a aprender a linguagem de cada novo sistema com
os arquivistas terá mudado radicalmente. Deve-se já distinguir o conceito o qual deseja trabalhar.
de suporte daquele de informação. Antes, como a informação estava Muitas iniciativas nesse sentido foram empreendidas, por exemplo, as
sempre integrada ao suporte, tratavam-se os dois ao mesmo tempo e Regras para a Descrição dos Documentos de Arquivos (RDDA, no Cana-
pensavam-se nos dois como sendo uma coisa só: um documento. Para dá), a Encoded Archival Description (EAD, nos Estados Unidos), a Stan-
adaptar a expressão de Negroponte (1995), antes tratavam-se dos áto- dart Generalized Markup Language (SGML, norma ISO 8879), e a Duplin
mos, hoje tratam-se dos bits. Core, a Wrawick Framework e seus sucessores (15 elementos de base
Questões atuais para a comunicação de documentos em rede). Resta ainda muito trabalho
a fazer, especialmente o aperfeiçoamento das normas e sua implantação
Para os fins de nossa apresentação hoje, dividimos as questões em universal de forma independente dos sistemas operacionais e do material
cinco categorias: os documentos e seus suportes, a interconectividade, a informático. O que nos permite ser otimistas é que, a longo prazo, sere-
normalização, a conversão e a preservação. Os documentos e seus mos os conservadores de documentos altamente estruturados e onde as
suportes: A tendência para a numerização faz com que quase a totalidade informações concernentes à estrutura e à organização desses documen-
dos arquivos seja já criado em formato informático. É claro, pode-se tos "viajem" através das redes com os documentos como parte integrante
encontrar exceções; entretanto, essa tendência é clara. Ora, o antigo de tudo isso, não importando onde estão os diversos destinatários eletrô-
papel pode durar milhares de anos, mesmo em más condições. Pode-se nicos pelo mundo afora. Com a sistematização das práticas, passa-se de
maltratá-lo e mesmo assim ler facilmente o texto que está relatado sobre o um mundo tecnológico caótico a um mundo ordenado.
papel. Ao contrário, os suportes eletrônicos são muito instáveis, mesmo
nas melhores condições. A duração dos suportes eletrônicos é suficiente Para chegar a um mundo no qual toda a informação está em formato
para muitas situações, é claro, mas pouca para a conservação a longo eletrônico e acessível a quem possua um computador e uma ligação com
prazo dos arquivos. O problema é tributário do fato de que nossa tendên- as redes, precisaria considerar a conversão maciça dos fichários já exis-
cia é adotar, para fins de gestão da informação, as tecnologias criadas tentes, senão não se poderia consultar as informações mais recentes.
para outros fins. Como assinalava Clifford Lynch, este importante observador das ativida-
des das grandes redes, se se confia nas informações disponíveis em
Para conjugar-se ao problema da longevidade dos suportes, tem-se linha, teremos a impressão de que a história da raça humana sobre a terra
recorrido ao repiquage. Periodicamente, copia-se o sinal eletrônico sobre começou em 1970. Que fazer então com as informações acumuladas em
um suporte novo a fim de assegurar sua sobrevida. Todavia, hoje, os nossos depósitos depois de séculos?
desenvolvimentos tecnológicos estão de tal forma rápidos, que esta práti-
ca não é mais suficiente. Agora a mudança que precisa ser vista é a É preciso demonstrar se a conversão dos fichários existentes é dese-
"migração", ou seja, a prática não somente de copiar um documento jável, se ela é necessária, se ela é possível. No momento, entretanto, há
eletrônico antigo sobre um suporte novo, mas também de o converter a obstáculos importantes, especialmente as infra-estruturas atuais, o estado
uma versão mais recente do sistema operacional empregado para o das tecnologias e os custos necessários. Tomemos por exemplo o estado
conceber, ou ainda em um outro sistema operacional mais normalizado e dos numériseurs e os sistemas operacionais de reconhecimento ótico de
capaz de o ler, a fim de assegurar sua consultabilidade a longo prazo. caracteres (ROC). O alvo desses últimos é permitir a conversão de docu-

Conhecimentos Específicos 86
APOSTILAS OPÇÃO
mentos impressos sobre papel e fichários tratáveis por computador e isso milhões de pixels por imagem: a 24 imagens/segundo, serão necessários
a custo abordável. Mas os melhores sistemas operacionais atuais não aproximadamente 8 bilhões de pixels/segundo de filme 35mm. No ritmo de
fazem prova de uma taxa de resultados além de 97% ou 98% (Linke 1997, 6000 bits/página (quando se datilografa com entrelinha simples, calcula-se
70). Em princípio, isso pode parecer muito elevado, mas quando se consi- 3000), contaremos 5600 páginas (uma pilha de aproximadamente 5m) por
dera que aquilo se traduz por cerca de trinta erros por folha A4 datilogra- cada segundo de filme, e portanto 180 m3 por minuto de filme, vale dizer,
fada em espaço duplo, compreende-se facilmente que a intervenção 16 km de espaço para estocar nosso filme de 90 minutos! Decididamente,
humana é necessária para efetuar a correção de cada página antes que a não se poderá considerar a numeração das coleções de imagem em
possamos considerar como consultável. movimento antes de encontrar maneiras mais econômicas de estocar os
fichários assim criados.
Por outro lado, seria necessário prever muitas vezes não apenas a
conversão de textos em octetos, mas também uma restruturação dos Considerando a preservação e a conservação dos arquivos eletrôni-
dados. Por exemplo, um fichário de informação estocado sobre fichas de cos, podemos nos voltar um pouco para as conclusões do grupo de traba-
cartão tomará sem dúvida a forma de uma base de dados. É preciso não lho sobre a preservação dos arquivos numéricos (Preserving digital infor-
somente prever os campos evidentes nas estruturas, mas também de mation 1996, 37). Este grupo de trabalho conclui que a responsabilidade
outros para acomodar a informação analógica e aquela que pode ser primeira para a informação numérica permanece com os criadores, os
acrescentada à mão sobre as fichas, senão há perda de informações. fornecedores e, eventualmente, os proprietários. Além disso, o grupo
enaltece a criação de uma infra-estrutura muito profunda (deep infrastruc-
Consideremos igualmente o caso da dimensão dos fichários de ima- ture) capaz de suportar um sistema distribuído de dados. Na disposição de
gens de páginas, fichários onde o texto não é tratável por computadores, uma tal estrutura, criar-se-á um processo de certificação de organizações
mas que se pode ler sobre uma tela. A uma resolução de 400 pontos por capazes de estocar, de migrar e abastecer o acesso às coleções numéri-
polegada (ppp), se conta em torno de 85Ko/página. Porém, quando me- cas. Estas organizações certificadas teriam o direito legal de intervir pela
lhora-se a resolução para 600 ppp, ele nos custa em espaço de estoca- salvaguarda de documentos depositados alhures, em caso de perigo de
gem cerca de 500 Ko/página. Para atender a resolução do microfilme, destruição, seja por uma ameaça física à integridade dos documentos,
precisaria escanear a 1000 ppp. A título de exemplo desse problema à seja por uma mudança de políticas de conservação em outro lugar, devido
escala de um arquivo, nota-se que para contar o estado civil dos habitan- à privatização de um arquivo, por exemplo.
tes de Québec, em torno de 18 milhões de certidões, ele custará 650 Go
de espaço de estocagem para registrar somente as imagens desses
Obstáculos à automação
dados, que não estarão ainda em formato de fichários manipuláveis para
uso, sem falar nos trinta meses de trabalho para efetuar essa pesquisa Nesta parte, resume-se brevemente alguns obstáculos atuais à auto-
(Lubkov 1997, 42). mação dos arquivos. Em nível das infra-estruturas, a banda frequentada
terá necessidade de ser acrescida consideravelmente antes que se possa
Para disfarçar os problemas desses fichários de imagens que permi-
responder convenientemente às necessidades dos usuários cujo número
tem ao usuário ver a colocação de um texto na página, mas que não o
não cessa de crescer. Devemos prever eventualmente o acesso universal
permite manipular os dados, desenvolve-se atualmente linguagens de
à Internet e seus sucessores, como é o caso do correio à escala internaci-
descrição de páginas. Isto acrescentou uma camada de metadados,
onal, ou ainda do telefone. Lembremos que no momento somente uma
permitindo afixar o texto com a sua colocação na página exigida, e substi-
ínfima parte da população global está em linha, e que mesmo nos países
tuirão, pode-se esperar, esses sistemas operacionais intermitentes tal
industrializados falamos apenas de dez ou quinze por cento da população.
como o Acrobat d’Adobe, que oferece uma colocação em página que
exige muita memória informática, mas que está sempre em forma de ficha A questão da “prisão ASCIL”, expressão de Mitchell Kapor para de-
não manipulável, como uma telecópia. signar o problema das línguas não inglesas que lutam para ostentar suas
Os problemas associados à imagem fixa e em movimento são ainda marcas diacríticas no meio informático, é extremamente importante no
mais importantes. A questão mais notável associada a esse gênero de contexto das redes. A “consortium Unicode” trabalha há vários anos para
documentos é a dimensão dos fichários quando esses documentos são desenvolver um código informático que dê conta de todas as línguas
informatizados. Para a imagem fixa, não há mais problema com as sim- escritas, mas esse código toma 16 bits de memória para cada caracter
ples imagens em preto e branco, mas cada pixel que compõe a imagem comparado a 7 ou 8 para os dados codificados em ASCIL, e os produtores
tem necessidade de muito mais profundidade para exprimir as cores, e de sistemas operacionais não os adotam muito rapidamente. Todavia,
assim mais memória informática. Para uma imagem em torno de 20 cm com o desenvolvimento das soluções a baixo custo dos problemas de
por 25 cm, é preciso mais ou menos 1Mo de memória. Para a imagem em estocagem e de tratamento, este problema importante vai, sem dúvida, ser
movimento, sem compressão, necessita-se 40 Mo/imagens. A taxa de solucionado num futuro não muito distante. Um passo importante: a “World
affichage do filme é de 24 imagens/segundo, e do vídeo, 30 ima- Wide Web Consortium” vem de anunciar (julho 1997) a publicação da
gens/segundo. O custo em memória para estocar um filme de 90 minutos primeira versão de trabalho da HTML 4, a qual adota como jogo de carac-
é então de 960 Mo por segundo de filme, e então de 59,6 Go por minuto e teres a “Unicode”.
de 3,5 To/hora, ou seja, aproximadamente 5 To por 90 minutos de filme. Ao nível dos suportes físicos, o obstáculo principal é sua instabilidade.
A título de exemplo do que estes algarismos representam em um caso É necessário encontrar soluções neste nível para evitar que estejamos
concreto, pode-se notar que o sistema “Cineon de Kodak”, um dos poucos eternamente condenados a substituir a intervalos relativamente curtos a
sistemas disponíveis para a numeração da imagem em movimento, ne- totalidade de arquivos que possuímos. No momento, não há nada além de
cessitaria de 33 grossos cassetes para estocar este filme, ao custo de tecnologias experimentais, mas é preciso crer que o problema será resol-
13.000 $ US pela fita magnética somente! Além disto, o sistema necessita- vido eventualmente. Passa-se sob silêncio os problemas de deterioração
ria de 110 horas para converter a imagem em movimento do formato química e biológica.
analógico ao formato numérico. Isto se traduz por mais de uma hora de Ao nível do endocage, assinalemos os problemas de integridade e au-
tratamento por minuto de filme. Não falamos ainda de custos de tratamen- tenticidade dos dados. Os arquivistas precisam ter confiança de que os
to. E com tudo isso, seria necessário transplantar cassetes em dez ou documentos informáticos dos quais eles têm a guarda não podem ser
vinte anos para evitar a perda de todo esse trabalho! alterados, e que o documento que eles oferecem aos usuários por consul-
ta é o mesmo que eles receberam por arquivo.
Como os suportes numéricos não são confiáveis para a conservação
a longo prazo, enaltece-se às vezes a impressão sobre papéis do código Ao nível dos sistemas operacionais, tem-se a necessidade de desen-
informático codificado em algarismos 1 e 0, em razão das propriedades de volver os sistemas melhor integrados às necessidades dos arquivistas e
conservação a longo praz do papel. Mais tarde um sistema operacional de dos usuários, tanto ao nível das linhas diretas entre os sistemas de gestão
reconhecimento ótico de caracteres lerá o código para reconstituir o e documentos quanto ao nível da interação pessoa-máquina. Visto desta
fichário informático. Para a imagem em movimento, esta prática não será última perspectiva, os sistemas operacionais disponíveis atualmente são
nada prática, pois um cálculo rápido nos dá os algarismos seguintes, bastante penosos, não recorrem senão de maneira muito primitiva aos
baseados sobre um sistema que permite a resolução comandada de 320 aparelhos cognitivos dos usuários.

Conhecimentos Específicos 87
APOSTILAS OPÇÃO
Como vimos, a conversão dos fichários permanece um problema im- operações contábeis financeiras, ou requeira análises, informações,
portante por várias razões. Podemos assinalar particularmente as dificul- despachos e decisões de diversas unidades organizacionais de uma
dades de conversão de fichários de ordem técnica e aqueles de ordem instituição.
econômica. Além disso, teríamos vantagem em considerar como inaceitá- CORRESPONDÊNCIA - É toda espécie de comunicação escrita, que
vel a prática atual de versar os dados nos sistemas de informação sem circula nos órgãos ou entidades, à exceção dos processos.
controle de qualidade, ao dizer que se fará correções mais tarde. Muito
frequentemente vimos que as condições econômicas não permitem essas Quanto à natureza: A correspondência classifica-se em interna e ex-
correções. As pessoas que administram os orçamentos têm a impressão terna, oficial e particular, recebida e expedida.
de que os trabalhos estão completos, e são os usuários que sofrem a a) Interna e externa
utilização desses dados não verificados e não corrigidos. Como é o caso A correspondência interna é mantida entre as unidades do órgão ou
em qualquer ouro lugar, o controle de qualidade é importante no arquiva- entidade.
mento de dados eletrônicos. A correspondência externa é mantida entre os órgãos ou entidades da
Terminando, analisaremos o problema considerável da pilha de fichá- Administração Pública Federal.
rios necessária para a estocagem de imagens em movimento quando b) Oficial e particular
estas últimas são numerosas, os problemas arquivísticos associados à
A correspondência oficial é a espécie formal de comunicação mantida
compreensão de imagens para melhor estocá-las, o trabalho considerável
entre os órgãos ou entidades da Administração Pública Federal ou destes
requerido para efetuar os trabalhos de conversão, os custos implicados
para outros órgãos públicos ou empresas privadas.
nesse processo, e o problema ao nível da infra-estrutura incapaz de tratar
convenientemente esses enormes fichários. A correspondência particular é a espécie informal de comunicação uti-
lizada entre autoridades ou servidores e instituições ou pessoas estranhas
Soluções a longo prazo Apesar dos numerosos e importantes proble-
à Administração Pública Federal.
mas associados atualmente aos arquivos automatizados, podemos ainda
assim esperar ver melhoras consideráveis a curto, médio e longo prazo. A c) Recebida e expedida
importância dos trabalhos em curso nos deixa crer que se verá o controle A correspondência recebida é aquela de origem interna ou externa re-
dos dados desde sua criação até sua disposição eventual, seja por elimi- cebida pelo protocolo central ou setorial do órgão ou entidade.
nação, seja por sua instituição como arquivos permanentes. Nossos A expedição é a remessa da correspondência interna ou externa no
métodos, nossos processos, nossas práticas, nossas normas serão esta- âmbito da Administração Pública Federal.
bilzadas eventualmente. O turbilhão tecnológico no qual nos encontramos DESAPENSAÇÃO - É a separação física de processos apensados.
atualmente dará lugar aos métodos normalizados, sobre os quais traba- DESENTRANHAMENTO DE PEÇAS - É a retirada de peças de um
lhamos atualmente. processo, que poderá ocorrer quando houver interesse da Administração
No que concerne aos computadores, esses instrumentos de trabalho ou a pedido do interessado.
tão importantes à nossa vida, veremos bem eventualmente a chegada de
DESMEMBRAMENTO – É a separação de parte da documentação de
computadores melhor “educados” para responder a nossas necessidades.
um ou mais processos para formação de novo processo; o desmembra-
Eles serão capazes de detectar um problema de funcionamento que
mento de processo dependerá de autorização e instruções específicas do
experimentamos, por exemplo, e intervir de maneira interativa para nos
órgão interessado.
apontar as soluções possíveis. Veremos disponíveis em linha de demons-
trações vídeo para nos mostrar como executar tal função, como executar DESPACHO – Decisão proferida pela autoridade administrativa em caso
tal tarefa, efetuar tal manobra informática. Além disso, o desenvolvimento que lhe é submetido à apreciação; o despacho pode ser favorável ou desfa-
de tipos de memória viva e morta que não se apagam automaticamente ou vorável à pretensão solicitada pelo administrador, servidor público ou não.
que não se corrompem em função de uma falha de eletricidade nos permi- DILIGÊNCIA – É o ato pelo qual um processo que, tendo deixado de
te assegurar nossos temores psicológicos face a nossas relações com atender as formalidades indispensáveis ou de cumprir alguma disposição
esses instrumentos que têm uma importância tão grande em nossas vidas. legal, é devolvido ao órgão que assim procedeu, a fim de corrigir ou sanar
Veremos eventualmente a automatização de procedimentos de salvaguar- as falhas apontadas.
da, de formação de usuários, de migração de dados e de outras funções DISTRIBUIÇÃO - É a remessa do processo às unidades que decidirão
arquivistas. Finalmente, com o tempo assistiremos sem dúvida ao desen- sobre a matéria nele tratada.
volvimento de suportes informáticos tão inabaláveis quanto o velho papel.
DOCUMENTO - É toda informação registrada em um suporte materi-
Terminando, será bom lembrar que nós nos encontramos atualmente
al, suscetível de consulta, estudo, prova e pesquisa, pois comprova fatos,
no meio desse turbilhão tecnológico, que o papel que representamos
fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem numa determinada
neste momento é de uma grande importância histórica, pois é a presente
época ou lugar.
geração de arquivistas que assegura a transição entre dois mundos tecno-
lógicos fundamentalmente diferentes um do outro. É na gestão dessa De acordo com seus diversos elementos, formas e conteúdos, os do-
transição que nós podemos tirar vantagem de nossas atividades para os cumentos podem ser caracterizados segundo o gênero, a espécie e a
próximos anos. Tradução de Andréa Araújo do Vale, Carla da Silva Migue- natureza, conforme descrito a seguir.
lote e Rejane Moreira. a) Caracterização quanto ao gênero
Documentos textuais: São os documentos manuscritos, datilografados
ou impressos;
PROCEDIMENTOS GERAIS PARA UTILIZAÇÃO DOS
SERVIÇOS DE PROTOCOLO Documentos cartográficos: São os documentos em formatos e dimen-
sões variáveis, contendo representações geográficas arquitetônicas ou de
1. OBJETIVO engenharia. Ex.: mapas, plantas e perfis;
Esta norma tem por objetivo equalizar os procedimentos gerais refe- Documentos iconográficos: São documentos em suporte sintético, em
rentes à gestão de processos e correspondência, com a finalidade de criar papel emulsionado, contendo imagens estáticas. Ex.: fotografias (diaposi-
bases para a implantação de sistemas informatizados unificados no âmbi- tivos, ampliações e negativos fotográficos), desenhos e gravuras;
to a que se destina. Documentos filmográficos: São documentos em películas cinemato-
gráficas e fitas magnéticas de imagem (tapes), conjugadas ou não a trilhas
2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES sonoras, com bitolas e dimensões variáveis, contendo imagens em movi-
Para efeito desta norma, foram utilizados os seguintes conceitos e de- mento. Ex.: filmes e fitas vídeomagnéticas;
finições: Documentos sonoros: São os documentos com dimensões e rotações
AUTUAÇÃO E/OU FORMAÇÃO DE PROCESSO - É o termo que ca- variáveis, contendo registros fonográficos. Ex.: discos e fitas audiomagné-
racteriza a abertura do processo. Na formação do processo deverão ser ticas;
observados os documentos cujo conteúdo esteja relacionado a ações e

Conhecimentos Específicos 88
APOSTILAS OPÇÃO
Documentos micrográficos: São documentos em suporte fílmico resul- emissor, seguido da sigla da unidade, do número de ordem, destinatário,
tante da microrreprodução de imagens, mediante utilização de técnicas assunto e da data da emissão.
específicas. Ex.: rolo, microficha, jaqueta e cartão-janela; A correspondência oficial expedida será encaminhada por intermédio
Documentos informáticos: São os documentos produzidos, tratados e do protocolo central do órgão ou entidade, por meio dos serviços da
armazenados em computador. Ex.: disco flexível (disquete), disco rígido empresa de correios, ou utilizando-se de meios próprios para efetuar a
(Winshester) e disco óptico. entrega.
b) Caracterização quanto à espécie A correspondência oficial interna será encaminhada por intermédio do
Atos normativos: Expedidos por autoridades administrativas, com a fi- protocolo setorial;
nalidade de dispor e deliberar sobre matérias específicas. Ex.: medida Toda correspondência oficial expedida será acondicionada em enve-
provisória, decreto, estatuto, regimento, regulamento, resolução, portaria, lope, contendo, no canto superior esquerdo, o nome, cargo, endereço do
instrução normativa, ordem de serviço, decisão, acórdão, despacho deci- destinatário, a espécie e número da correspondência, bem como nome e
sório, lei; endereço do remetente, a fim de, em caso de devolução, a empresa de
Atos enunciativos: São os opinativos, que esclarecem os assuntos, vi- correios o localize, conforme modelo a seguir:
sando a fundamentar uma solução. Ex.: parecer, relatório, voto, despacho Ex.: Ressalta-se que o documento oficial faz referência ao cargo do
interlocutório; destinatário e não à pessoa que o ocupa; portanto, quando um documento
Atos de assentamento: São os configurados por registros, consubs- oficial for encaminhado para um destinatário que não ocupe mais o cargo,
tanciando assentamento sobre fatos ou ocorrências. Ex.: apostila, ata, deverá ser aberto, para as providências cabíveis.
termo, auto de infração; b) A correspondência particular não será expedida pelas unidades de
Atos comprobatórios: São os que comprovam assentamentos, deci- protocolo central ou setorial do órgão ou entidade.
sões etc. Ex.: traslado, certidão, atestado, cópia autêntica ou idêntica; A correspondência de caráter particular recebida pelas unidades de
protocolo central ou setorial deverá ser encaminhada diretamente ao
Atos de ajuste: São representados por acordos em que a Administra-
destinatário.
ção Pública Federal, Estadual ou Municipal - é parte. Ex: tratado, convê-
nio, contrato, termos (transação, ajuste etc.) e, c) Correspondência Recebida e expedida
Atos de correspondência: Objetivam a execução dos atos normativos, Correspondência Recebida
em sentido amplo. Ex: aviso, ofício, carta, memorando, mensagem, edital, A correspondência recebida será entregue no protocolo central de ca-
intimação, exposição de motivos, notificação, telegrama, telex, telefax, da órgão ou entidade da Administração Pública Federal, para posterior
alvará, circular. distribuição.
c) Caracterização quanto à natureza Remetente
Documentos Secretos: São os que requerem rigorosas medidas de Nome:
segurança e cujo teor ou característica possam ser do conhecimento de Cargo ou função:
servidores que, embora sem ligação íntima com seu estudo e manuseio, Unidade:
sejam autorizados a deles tomarem conhecimento em razão de sua res-
Órgão:
ponsabilidade funcional;
Endereço:
Documentos Urgentes: São os documentos cuja tramitação requer
maior celeridade que a rotineira. Ex.: Pedidos de informação oriundos do CEP:
Poder Executivo, do Poder Judiciário e das Casas do Congresso Nacional; Espécie: nº. /Ano:
mandados de segurança; licitações judiciais ou administrativas; pedidos Destinatário
de exoneração ou dispensa; demissão; auxílio - funeral; diárias para
Pronome de tratamento
afastamento da Instituição; folhas de pagamento; outros que, por conveni-
ência da Administração ou por força de lei, exijam tramitação preferencial. Nome:
Documentos Ostensivos: São documentos cujo acesso é irrestrito; Cargo ou função:
Documentos Reservados: São aqueles cujo assunto não deva ser do Unidade:
conhecimento do público em geral. Órgão:
Endereço:
RECEBIMENTO, REGISTRO E DISTRIBUIÇÃO DE DOCUMENTOS CEP:
Ao receber a correspondência e proceder à abertura do envelope, o O protocolo central receberá a correspondência e verificará se o des-
protocolo setorial deverá observar: tinatário ou a unidade pertencem ou não ao órgão ou entidade; em caso
negativo, devolverá a correspondência ao remetente, apondo o carimbo, e
a) se está assinado pelo próprio remetente, por seu representante le-
identificando o motivo da devolução.
gal ou procurador, caso em que deverá ser anexado o instrumento de
procuração; As unidades de protocolo central remeterão a correspondência lacra-
da, ao protocolo setorial da unidade à qual pertença o destinatário, contro-
b) se está acompanhado dos respectivos anexos, se for o caso; lando por meio de sistema próprio.
c) se contém o comprovante de recebimento, e providenciar a respec- d) Correspondência Expedida
tiva devolução;
O controle da expedição de correspondência caberá ao respectivo
d) se a correspondência será autuada ou não; protocolo setorial, responsável pela numeração, que deverá ser sequen-
A seguir, tratar o documento conforme os procedimentos descritos cial, numérico-cronológica e iniciada a cada ano.
abaixo, destinados à correspondência ou processo, conforme o caso. O protocolo central do órgão ou da entidade manterá um controle da
Nenhuma correspondência poderá permanecer por mais de 24h (vinte expedição de correspondência, a fim de informar aos usuários, sua locali-
e quatro horas) nos protocolos, salvo aquelas recebidas às sextas-feiras, zação, em tempo real.
véspera de feriados ou pontos facultativos.
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011.
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no
4. PROCEDIMENTOS COM RELAÇÃO À CORRESPONDÊNCIA inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição Federal;
altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111,
a) Toda correspondência oficial expedida deverá conter, para sua de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de
identificação em sistema próprio, a espécie do documento e o órgão 1991; e dá outras providências.
Conhecimentos Específicos 89
APOSTILAS OPÇÃO
CAPÍTULO I III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal, obser-
DISPOSIÇÕES GERAIS vada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e eventual restrição
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados de acesso.
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o Art. 7o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, en-
acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § tre outros, os direitos de obter:
3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal. I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso,
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informa-
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes ção almejada;
Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou
Ministério Público; acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as públicos;
sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades,
Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às enti- mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
dades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades,
mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços;
convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres. VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utili-
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as entidades zação de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e
citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos recebidos e à VII - informação relativa:
sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que estejam a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas,
legalmente obrigadas. projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e
Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegu- indicadores propostos;
rar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser executados b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de
em conformidade com os princípios básicos da administração pública e contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo
com as seguintes diretrizes: prestações de contas relativas a exercícios anteriores.
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como § 1o O acesso à informação previsto no caput não compreende as in-
exceção; formações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento científicos
II - divulgação de informações de interesse público, independente- ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
mente de solicitações; do Estado.
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia § 2o Quando não for autorizado acesso integral à informação por ser
da informação; ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não sigilosa por
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na ad- meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte sob sigilo.
ministração pública; § 3o O direito de acesso aos documentos ou às informações neles
V - desenvolvimento do controle social da administração pública. contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão e do ato
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se: administrativo será assegurado com a edição do ato decisório respectivo.
I - informação: dados, processados ou não, que podem ser utilizados § 4o A negativa de acesso às informações objeto de pedido formulado aos
para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer órgãos e entidades referidas no art. 1o, quando não fundamentada, sujeitará o
meio, suporte ou formato; responsável a medidas disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei.
II - documento: unidade de registro de informações, qualquer que seja § 5o Informado do extravio da informação solicitada, poderá o inte-
o suporte ou formato; ressado requerer à autoridade competente a imediata abertura de sindi-
III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente à restri- cância para apurar o desaparecimento da respectiva documentação.
ção de acesso público em razão de sua imprescindibilidade para a segu- § 6o Verificada a hipótese prevista no § 5o deste artigo, o responsável
rança da sociedade e do Estado; pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo de 10 (dez) dias,
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural identifi- justificar o fato e indicar testemunhas que comprovem sua alegação.
cada ou identificável; Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas promover, indepen-
V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à produ- dentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no
ção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transporte, âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo ou
transmissão, distribuição, arquivamento, armazenamento, eliminação, geral por eles produzidas ou custodiadas.
avaliação, destinação ou controle da informação; § 1o Na divulgação das informações a que se refere o caput, deverão
VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser conhecida constar, no mínimo:
e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas autorizados; I - registro das competências e estrutura organizacional, endereços e
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido produzi- telefones das respectivas unidades e horários de atendimento ao público;
da, expedida, recebida ou modificada por determinado indivíduo, equipa- II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recursos fi-
mento ou sistema; nanceiros;
VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, inclusive III - registros das despesas;
quanto à origem, trânsito e destino; IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive
IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte, com o os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos cele-
máximo de detalhamento possível, sem modificações. brados;
Art. 5o É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, pro-
que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma jetos e obras de órgãos e entidades; e
transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão. VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
§ 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e entidades
CAPÍTULO II públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legítimos de que
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede
Art. 6o Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as mundial de computadores (internet).
normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a: § 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de regulamento,
I - gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a ela atender, entre outros, aos seguintes requisitos:
e sua divulgação; I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso à
II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade, auten- informação de forma objetiva, transparente, clara e em linguagem de fácil
ticidade e integridade; e compreensão;

Conhecimentos Específicos 90
APOSTILAS OPÇÃO
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos eletrôni- possibilidade de recurso, prazos e condições para sua interposição, de-
cos, inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas e texto, de vendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade competente para sua aprecia-
modo a facilitar a análise das informações; ção.
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em for- § 5o A informação armazenada em formato digital será fornecida nes-
matos abertos, estruturados e legíveis por máquina; se formato, caso haja anuência do requerente.
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação da § 6o Caso a informação solicitada esteja disponível ao público em
informação; formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de acesso univer-
V - garantir a autenticidade e a integridade das informações disponí- sal, serão informados ao requerente, por escrito, o lugar e a forma pela
veis para acesso; qual se poderá consultar, obter ou reproduzir a referida informação, pro-
VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso; cedimento esse que desonerará o órgão ou entidade pública da obrigação
VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado comuni- de seu fornecimento direto, salvo se o requerente declarar não dispor de
car-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade detentora meios para realizar por si mesmo tais procedimentos.
do sítio; e Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação é gratuito, salvo
VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibilidade de nas hipóteses de reprodução de documentos pelo órgão ou entidade pública
conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art. 17 da Lei no consultada, situação em que poderá ser cobrado exclusivamente o valor
10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os necessário ao ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais utilizados.
Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos previstos no
no 186, de 9 de julho de 2008. caput todo aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo sem
§ 4o Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) habitantes prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da Lei no
ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a que se refere o 7.115, de 29 de agosto de 1983.
§ 2o, mantida a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de informa- Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em documen-
ções relativas à execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos to cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, deverá ser oferecida a
previstos no art. 73-B da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000 consulta de cópia, com certificação de que esta confere com o original.
(Lei de Responsabilidade Fiscal). Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de cópias, o inte-
Art. 9o O acesso a informações públicas será assegurado mediante: ressado poderá solicitar que, a suas expensas e sob supervisão de servi-
I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e enti- dor público, a reprodução seja feita por outro meio que não ponha em
dades do poder público, em local com condições apropriadas para: risco a conservação do documento original.
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informações; Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão de ne-
b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas respectivas gativa de acesso, por certidão ou cópia.
unidades; Seção II
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informações; e Dos Recursos
II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à partici- Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou às ra-
pação popular ou a outras formas de divulgação. zões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor recurso contra
CAPÍTULO III a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência.
DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarquica-
Seção I mente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se mani-
Do Pedido de Acesso festar no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do
informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1o desta Lei, por Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-
qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a identificação do reque- Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:
rente e a especificação da informação requerida. I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for negado;
§ 1o Para o acesso a informações de interesse público, a identifica- II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou parcialmen-
ção do requerente não pode conter exigências que inviabilizem a solicita- te classificada como sigilosa não indicar a autoridade classificadora ou a
ção. hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou
§ 2o Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar alterna- desclassificação;
tiva de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de seus sítios III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa estabe-
oficiais na internet. lecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e
§ 3o São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos deter- IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos
minantes da solicitação de informações de interesse público. previstos nesta Lei.
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder o § 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à
acesso imediato à informação disponível. Controladoria-Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo
§ 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma dis- menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a
posta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deverá, em decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.
prazo não superior a 20 (vinte) dias: § 2o Verificada a procedência das razões do recurso, a Controladoria-
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, efetuar Geral da União determinará ao órgão ou entidade que adote as providên-
a reprodução ou obter a certidão; cias necessárias para dar cumprimento ao disposto nesta Lei.
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parcial, § 3o Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral da Uni-
do acesso pretendido; ou ão, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de Reavaliação de
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do seu co- Informações, a que se refere o art. 35.
nhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, remeter o Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassificação de
requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o interessado da informação protocolado em órgão da administração pública federal, pode-
remessa de seu pedido de informação. rá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo das
§ 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por mais 10 (dez) competências da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, previs-
dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientificado o requeren- tas no art. 35, e do disposto no art. 16.
te. § 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido às au-
§ 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações e do toridades mencionadas depois de submetido à apreciação de pelo menos
cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade poderá oferecer uma autoridade hierarquicamente superior à autoridade que exarou a deci-
meios para que o próprio requerente possa pesquisar a informação de que são impugnada e, no caso das Forças Armadas, ao respectivo Comando.
necessitar. § 2o Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como objeto a
§ 4o Quando não for autorizado o acesso por se tratar de informação desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta, caberá recurso à
total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser informado sobre a Comissão Mista de Reavaliação de Informações prevista no art. 35.

Conhecimentos Específicos 91
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias pro- § 4o Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o evento
feridas no recurso previsto no art. 15 e de revisão de classificação de que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, automaticamente,
documentos sigilosos serão objeto de regulamentação própria dos Pode- de acesso público.
res Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em seus respectivos § 5o Para a classificação da informação em determinado grau de sigi-
âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer caso, o direito de ser lo, deverá ser observado o interesse público da informação e utilizado o
informado sobre o andamento de seu pedido. critério menos restritivo possível, considerados:
Art. 19. (VETADO). I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do Esta-
§ 1o (VETADO). do; e
§ 2o Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público informarão II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que defina seu
ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do Ministério termo final.
Público, respectivamente, as decisões que, em grau de recurso, negarem Seção III
acesso a informações de interesse público. Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei no 9.784, de Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação de in-
29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata este Capítulo. formações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades, assegurando
CAPÍTULO IV a sua proteção.
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO § 1o O acesso, a divulgação e o tratamento de informação classifica-
Seção I da como sigilosa ficarão restritos a pessoas que tenham necessidade de
Disposições Gerais conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na forma do regula-
Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tu- mento, sem prejuízo das atribuições dos agentes públicos autorizados por
tela judicial ou administrativa de direitos fundamentais. lei.
Parágrafo único. As informações ou documentos que versem sobre § 2o O acesso à informação classificada como sigilosa cria a obriga-
condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por ção para aquele que a obteve de resguardar o sigilo.
agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não poderão ser § 3o Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas a serem
objeto de restrição de acesso. adotados para o tratamento de informação sigilosa, de modo a protegê-la
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses legais de contra perda, alteração indevida, acesso, transmissão e divulgação não
sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo industrial decor- autorizados.
rentes da exploração direta de atividade econômica pelo Estado ou por Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências necessá-
pessoa física ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o poder rias para que o pessoal a elas subordinado hierarquicamente conheça as
público. normas e observe as medidas e procedimentos de segurança para trata-
Seção II mento de informações sigilosas.
Da Classificação da Informação quanto ao Grau e Prazos de Sigilo Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que, em razão
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade de qualquer vínculo com o poder público, executar atividades de tratamen-
ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as informações cuja to de informações sigilosas adotará as providências necessárias para que
divulgação ou acesso irrestrito possam: seus empregados, prepostos ou representantes observem as medidas e
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do procedimentos de segurança das informações resultantes da aplicação
território nacional; desta Lei.
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as rela- Seção IV
ções internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas em caráter Dos Procedimentos de Classificação, Reclassificação e Desclassificação
sigiloso por outros Estados e organismos internacionais; Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da admi-
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; nistração pública federal é de competência:
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
monetária do País; a) Presidente da República;
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das b) Vice-Presidente da República;
Forças Armadas; c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogativas;
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvi- d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e
mento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens, instalações e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes no ex-
ou áreas de interesse estratégico nacional; terior;
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos titula-
nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou res de autarquias, fundações ou empresas públicas e sociedades de
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de investiga- economia mista; e
ção ou fiscalização em andamento, relacionadas com a prevenção ou III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos I e II
repressão de infrações. e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia, nível DAS
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públicas, ob- 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou
servado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da de hierarquia equivalente, de acordo com regulamentação específica de
sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, cada órgão ou entidade, observado o disposto nesta Lei.
secreta ou reservada. § 1o A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere à
§ 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, con- classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada pela
forme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data de sua autoridade responsável a agente público, inclusive em missão no exterior,
produção e são os seguintes: vedada a subdelegação.
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; § 2o A classificação de informação no grau de sigilo ultrassecreto pe-
II - secreta: 15 (quinze) anos; e las autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I deverá ser ratifi-
III - reservada: 5 (cinco) anos. cada pelos respectivos Ministros de Estado, no prazo previsto em regula-
§ 2o As informações que puderem colocar em risco a segurança do mento.
Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônjuges e § 3o A autoridade ou outro agente público que classificar informação
filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob sigilo até o como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de que trata o art. 28 à
término do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a que se refere o art. 35,
reeleição. no prazo previsto em regulamento.
§ 3o Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, poderá ser esta- Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de sigilo de-
belecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência de determi- verá ser formalizada em decisão que conterá, no mínimo, os seguintes
nado evento, desde que este ocorra antes do transcurso do prazo máximo elementos:
de classificação. I - assunto sobre o qual versa a informação;

Conhecimentos Específicos 92
APOSTILAS OPÇÃO
II - fundamento da classificação, observados os critérios estabelecidos DAS RESPONSABILIDADES
no art. 24; Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidade
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou dias, ou do agente público ou militar:
do evento que defina o seu termo final, conforme limites previstos no art. I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos desta Lei,
24; e retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la intencional-
IV - identificação da autoridade que a classificou. mente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida no mesmo II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutilizar, desfi-
grau de sigilo da informação classificada. gurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação que se encontre
Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela autori- sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do
dade classificadora ou por autoridade hierarquicamente superior, mediante exercício das atribuições de cargo, emprego ou função pública;
provocação ou de ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento, III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso à in-
com vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de sigilo, obser- formação;
vado o disposto no art. 24. IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir acesso
§ 1o O regulamento a que se refere o caput deverá considerar as pe- indevido à informação sigilosa ou informação pessoal;
culiaridades das informações produzidas no exterior por autoridades ou V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de tercei-
agentes públicos. ro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou por outrem;
§ 2o Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser examinadas VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente informação
a permanência dos motivos do sigilo e a possibilidade de danos decorren- sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e
tes do acesso ou da divulgação da informação. VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos concernen-
§ 3o Na hipótese de redução do prazo de sigilo da informação, o novo tes a possíveis violações de direitos humanos por parte de agentes do
prazo de restrição manterá como termo inicial a data da sua produção. Estado.
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade publicará, § 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e do devi-
anualmente, em sítio à disposição na internet e destinado à veiculação de do processo legal, as condutas descritas no caput serão consideradas:
dados e informações administrativas, nos termos de regulamento: I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas, trans-
I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos últimos gressões militares médias ou graves, segundo os critérios neles estabeleci-
12 (doze) meses; dos, desde que não tipificadas em lei como crime ou contravenção penal; ou
II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com iden- II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
tificação para referência futura; e suas alterações, infrações administrativas, que deverão ser apenadas,
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de informa- no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela estabelecidos.
ção recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informações genéricas § 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou agente
sobre os solicitantes. público responder, também, por improbidade administrativa, conforme o
§ 1o Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da publicação disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho
prevista no caput para consulta pública em suas sedes. de 1992.
§ 2o Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de informa- Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver informações
ções classificadas, acompanhadas da data, do grau de sigilo e dos fun- em virtude de vínculo de qualquer natureza com o poder público e deixar
damentos da classificação. de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às seguintes sanções:
Seção V I - advertência;
Das Informações Pessoais II - multa;
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de III - rescisão do vínculo com o poder público;
forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, honra e IV - suspensão temporária de participar em licitação e impedimento de
imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais. contratar com a administração pública por prazo não superior a 2 (dois)
§ 1o As informações pessoais, a que se refere este artigo, relativas à anos; e
intimidade, vida privada, honra e imagem: V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a admi-
I - terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de nistração pública, até que seja promovida a reabilitação perante a própria
sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da sua data de autoridade que aplicou a penalidade.
produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que § 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser aplicadas
elas se referirem; e juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de defesa do interes-
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por terceiros di- sado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
ante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa a que elas § 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada somente
se referirem. quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou entidade dos
§ 2o Aquele que obtiver acesso às informações de que trata este arti- prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com
go será responsabilizado por seu uso indevido. base no inciso IV.
§ 3o O consentimento referido no inciso II do § 1o não será exigido § 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de competência
quando as informações forem necessárias: exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pública, facultada a
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver física defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias
ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusivamente para o da abertura de vista.
tratamento médico; Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem diretamente pelos
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evidente in- danos causados em decorrência da divulgação não autorizada ou utiliza-
teresse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a identificação da ção indevida de informações sigilosas ou informações pessoais, cabendo
pessoa a que as informações se referirem; a apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou culpa,
III - ao cumprimento de ordem judicial; assegurado o respectivo direito de regresso.
IV - à defesa de direitos humanos; ou Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa física ou
V - à proteção do interesse público e geral preponderante. entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer natureza com
§ 4o A restrição de acesso à informação relativa à vida privada, honra órgãos ou entidades, tenha acesso a informação sigilosa ou pessoal e a
e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito de prejudicar submeta a tratamento indevido.
processo de apuração de irregularidades em que o titular das informações CAPÍTULO VI
estiver envolvido, bem como em ações voltadas para a recuperação de DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
fatos históricos de maior relevância. Art. 35. (VETADO).
§ 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos para tratamento § 1o É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de Informações,
de informação pessoal. que decidirá, no âmbito da administração pública federal, sobre o trata-
CAPÍTULO V mento e a classificação de informações sigilosas e terá competência para:

Conhecimentos Específicos 93
APOSTILAS OPÇÃO
I - requisitar da autoridade que classificar informação como ultrasse- Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da administração
creta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou integral da infor- pública federal responsável:
mação; I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de fomento
II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou secretas, de à cultura da transparência na administração pública e conscientização do
ofício ou mediante provocação de pessoa interessada, observado o dis- direito fundamental de acesso à informação;
posto no art. 7o e demais dispositivos desta Lei; e II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao desen-
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada como ul- volvimento de práticas relacionadas à transparência na administração
trassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto o seu acesso ou pública;
divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania nacional ou à III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da administra-
integridade do território nacional ou grave risco às relações internacionais ção pública federal, concentrando e consolidando a publicação de infor-
do País, observado o prazo previsto no § 1o do art. 24. mações estatísticas relacionadas no art. 30;
§ 2o O prazo referido no inciso III é limitado a uma única renovação. IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relatório anual
§ 3o A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § 1o deverá com informações atinentes à implementação desta Lei.
ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a reavaliação prevista Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei no
no art. 39, quando se tratar de documentos ultrassecretos ou secretos. prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua publicação.
§ 4o A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista de Rea- Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de
valiação de Informações nos prazos previstos no § 3o implicará a desclas- 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
sificação automática das informações. “Art. 116. ..................................................
§ 5o Regulamento disporá sobre a composição, organização e funci- VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao
onamento da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, observado conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de en-
o mandato de 2 (dois) anos para seus integrantes e demais disposições volvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para
desta Lei. apuração;
Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de tratados, Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de 1990, passa a
acordos ou atos internacionais atenderá às normas e recomendações vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
constantes desses instrumentos. “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal
Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança Institucio- ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou, quando
nal da Presidência da República, o Núcleo de Segurança e Credencia- houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade competente
mento (NSC), que tem por objetivos: para apuração de informação concernente à prática de crimes ou improbi-
I - promover e propor a regulamentação do credenciamento de segu- dade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício
rança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades para tratamento de cargo, emprego ou função pública.”
de informações sigilosas; e Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, em
II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive aquelas legislação própria, obedecidas as normas gerais estabelecidas nesta Lei,
provenientes de países ou organizações internacionais com os quais a definir regras específicas, especialmente quanto ao disposto no art. 9o e
República Federativa do Brasil tenha firmado tratado, acordo, contrato ou na Seção II do Capítulo III.
qualquer outro ato internacional, sem prejuízo das atribuições do Ministé- Art. 46. Revogam-se:
rio das Relações Exteriores e dos demais órgãos competentes. I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composição, organi- II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991.
zação e funcionamento do NSC. Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após a data
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de novembro de sua publicação.
de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou jurídica, constante
de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter DECRETO Nº 7.724, DE 16 DE MAIO DE 2012
público. Regulamenta a Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011, que dispõe
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à reavalia- sobre o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do caput do art. 5o,
ção das informações classificadas como ultrassecretas e secretas no no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição.
prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de vigência desta CAPÍTULO I
Lei. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 1o A restrição de acesso a informações, em razão da reavaliação pre- Art. 1o Este Decreto regulamenta, no âmbito do Poder Executivo fede-
vista no caput, deverá observar os prazos e condições previstos nesta Lei. ral, os procedimentos para a garantia do acesso à informação e para a
§ 2o No âmbito da administração pública federal, a reavaliação pre- classificação de informações sob restrição de acesso, observados grau e
vista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, pela Comissão Mista prazo de sigilo, conforme o disposto na Lei no 12.527, de 18 de novembro de
de Reavaliação de Informações, observados os termos desta Lei. 2011, que dispõe sobre o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do
§ 3o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto no caput do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Cons-
caput, será mantida a classificação da informação nos termos da legisla- tituição.
ção precedente. Art. 2o Os órgãos e as entidades do Poder Executivo federal assegura-
§ 4o As informações classificadas como secretas e ultras secretas rão, às pessoas naturais e jurídicas, o direito de acesso à informação, que
não reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas, automati- será proporcionado mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma
camente, de acesso público. transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão, observados os
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência desta princípios da administração pública e as diretrizes previstas na Lei no 12.527,
Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da administração de 2011.
pública federal direta e indireta designará autoridade que lhe seja direta-
mente subordinada para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, Art. 3o Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
exercer as seguintes atribuições: I - informação - dados, processados ou não, que podem ser utilizados
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a infor- para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer meio,
mação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei; suporte ou formato;
II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apresentar re- II - dados processados - dados submetidos a qualquer operação ou tra-
latórios periódicos sobre o seu cumprimento; tamento por meio de processamento eletrônico ou por meio automatizado
III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação e ao com o emprego de tecnologia da informação;
aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao correto III - documento - unidade de registro de informações, qualquer que seja
cumprimento do disposto nesta Lei; e o suporte ou formato;
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao cumprimento IV - informação sigilosa - informação submetida temporariamente à res-
do disposto nesta Lei e seus regulamentos. trição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade para a segu-
Conhecimentos Específicos 94
APOSTILAS OPÇÃO
rança da sociedade e do Estado, e aquelas abrangidas pelas demais hipóte- I - banner na página inicial, que dará acesso à seção específica de que
ses legais de sigilo; trata o § 1o; e
V - informação pessoal - informação relacionada à pessoa natural identi- II - barra de identidade do Governo federal, contendo ferramenta de re-
ficada ou identificável, relativa à intimidade, vida privada, honra e imagem; direcionamento de página para o Portal Brasil e para o sítio principal sobre a
VI - tratamento da informação - conjunto de ações referentes à produ- Lei no 12.527, de 2011.
ção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transporte, § 3o Deverão ser divulgadas, na seção específica de que trata o § 1o,
transmissão, distribuição, arquivamento, armazenamento, eliminação, avali- informações sobre:
ação, destinação ou controle da informação; I - estrutura organizacional, competências, legislação aplicável, princi-
VII - disponibilidade - qualidade da informação que pode ser conhecida pais cargos e seus ocupantes, endereço e telefones das unidades, horários
e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas autorizados; de atendimento ao público;
VIII - autenticidade - qualidade da informação que tenha sido produzida, II - programas, projetos, ações, obras e atividades, com indicação da
expedida, recebida ou modificada por determinado indivíduo, equipamento unidade responsável, principais metas e resultados e, quando existentes,
ou sistema; indicadores de resultado e impacto;
IX - integridade - qualidade da informação não modificada, inclusive III - repasses ou transferências de recursos financeiros;
quanto à origem, trânsito e destino; IV - execução orçamentária e financeira detalhada;
X - primariedade - qualidade da informação coletada na fonte, com o V - licitações realizadas e em andamento, com editais, anexos e resul-
máximo de detalhamento possível, sem modificações; tados, além dos contratos firmados e notas de empenho emitidas;
XI - informação atualizada - informação que reúne os dados mais recen- VI - remuneração e subsídio recebidos por ocupante de cargo, posto,
tes sobre o tema, de acordo com sua natureza, com os prazos previstos em graduação, função e emprego público, incluindo auxílios, ajudas de custo,
normas específicas ou conforme a periodicidade estabelecida nos sistemas jetons e quaisquer outras vantagens pecuniárias, bem como proventos de
informatizados que a organizam; e aposentadoria e pensões daqueles que estiverem na ativa, de maneira
XII - documento preparatório - documento formal utilizado como funda- individualizada, conforme ato do Ministério do Planejamento, Orçamento e
mento da tomada de decisão ou de ato administrativo, a exemplo de parece- Gestão;
res e notas técnicas. VII - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade; e
Art. 4o A busca e o fornecimento da informação são gratuitos, ressalva- VIII - contato da autoridade de monitoramento, designada nos termos do
da a cobrança do valor referente ao custo dos serviços e dos materiais art. 40 da Lei no 12.527, de 2011, e telefone e correio eletrônico do Serviço
utilizados, tais como reprodução de documentos, mídias digitais e postagem. de Informações ao Cidadão - SIC.
Parágrafo único. Está isento de ressarcir os custos dos serviços e dos § 4o As informações poderão ser disponibilizadas por meio de ferra-
materiais utilizados aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo menta de redirecionamento de página na Internet, quando estiverem dispo-
sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da Lei níveis em outros sítios governamentais.
no 7.115, de 29 de agosto de 1983. § 5o No caso das empresas públicas, sociedades de economia mista e
CAPÍTULO II demais entidades controladas pela União que atuem em regime de concor-
DA ABRANGÊNCIA rência, sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituição, aplica-se o disposto
Art. 5o Sujeitam-se ao disposto neste Decreto os órgãos da adminis- no § 1o do art. 5o.
tração direta, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, § 6o O Banco Central do Brasil divulgará periodicamente informações re-
as sociedades de economia mista e as demais entidades controladas lativas às operações de crédito praticadas pelas instituições financeiras,
direta ou indiretamente pela União. inclusive as taxas de juros mínima, máxima e média e as respectivas tarifas
§ 1o A divulgação de informações de empresas públicas, sociedade de bancárias.
economia mista e demais entidades controladas pela União que atuem em § 7o A divulgação das informações previstas no § 3o não exclui outras
regime de concorrência, sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituição, hipóteses de publicação e divulgação de informações previstas na legisla-
estará submetida às normas pertinentes da Comissão de Valores Mobiliá- ção.
rios, a fim de assegurar sua competitividade, governança corporativa e,
quando houver, os interesses de acionistas minoritários. Art. 8o Os sítios na Internet dos órgãos e entidades deverão, em cum-
primento às normas estabelecidas pelo Ministério do Planejamento, Orça-
§ 2o Não se sujeitam ao disposto neste Decreto as informações rela- mento e Gestão, atender aos seguintes requisitos, entre outros:
tivas à atividade empresarial de pessoas físicas ou jurídicas de direito
privado obtidas pelo Banco Central do Brasil, pelas agências reguladoras I - conter formulário para pedido de acesso à informação;
ou por outros órgãos ou entidades no exercício de atividade de controle, II - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso à
regulação e supervisão da atividade econômica cuja divulgação possa informação de forma objetiva, transparente, clara e em linguagem de fácil
representar vantagem competitiva a outros agentes econômicos. compreensão;
Art. 6o O acesso à informação disciplinado neste Decreto não se aplica: III - possibilitar gravação de relatórios em diversos formatos eletrônicos,
I - às hipóteses de sigilo previstas na legislação, como fiscal, bancário, inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas e texto, de modo a
de operações e serviços no mercado de capitais, comercial, profissional, facilitar a análise das informações;
industrial e segredo de justiça; e IV - possibilitar acesso automatizado por sistemas externos em formatos
II - às informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento cien- abertos, estruturados e legíveis por máquina;
tíficos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e V - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação da in-
do Estado, na forma do §1o do art. 7o da Lei no 12.527, de 2011. formação;
CAPÍTULO III VI - garantir autenticidade e integridade das informações disponíveis pa-
DA TRANSPARÊNCIA ATIVA ra acesso;
Art. 7o É dever dos órgãos e entidades promover, independente de re- VII - indicar instruções que permitam ao requerente comunicar-se, por
querimento, a divulgação em seus sítios na Internet de informações de via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade; e
interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas, observado o VIII - garantir a acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiên-
disposto nos arts. 7o e 8o da Lei no 12.527, de 2011. cia.
§ 1o Os órgãos e entidades deverão implementar em seus sítios na Inter- CAPÍTULO IV
net seção específica para a divulgação das informações de que trata o caput. DA TRANSPARÊNCIA PASSIVA
Seção I
§ 2o Serão disponibilizados nos sítios na Internet dos órgãos e entida- Do Serviço de Informação ao Cidadão
des, conforme padrão estabelecido pela Secretaria de Comunicação Social Art. 9o Os órgãos e entidades deverão criar Serviço de Informações ao
da Presidência da República: Cidadão - SIC, com o objetivo de:
Conhecimentos Específicos 95
APOSTILAS OPÇÃO
I - atender e orientar o público quanto ao acesso à informação; III - comunicar que não possui a informação ou que não tem conheci-
II - informar sobre a tramitação de documentos nas unidades; e mento de sua existência;
III - receber e registrar pedidos de acesso à informação. IV - indicar, caso tenha conhecimento, o órgão ou entidade responsável
Parágrafo único. Compete ao SIC: pela informação ou que a detenha; ou
I - o recebimento do pedido de acesso e, sempre que possível, o forne- V - indicar as razões da negativa, total ou parcial, do acesso.
cimento imediato da informação; § 2o Nas hipóteses em que o pedido de acesso demandar manuseio
de grande volume de documentos, ou a movimentação do documento
II - o registro do pedido de acesso em sistema eletrônico específico e a puder comprometer sua regular tramitação, será adotada a medida previs-
entrega de número do protocolo, que conterá a data de apresentação do ta no inciso II do § 1o.
pedido; e § 3o Quando a manipulação puder prejudicar a integridade da infor-
III - o encaminhamento do pedido recebido e registrado à unidade res- mação ou do documento, o órgão ou entidade deverá indicar data, local e
ponsável pelo fornecimento da informação, quando couber. modo para consulta, ou disponibilizar cópia, com certificação de que
Art. 10. O SIC será instalado em unidade física identificada, de fácil confere com o original.
acesso e aberta ao público. § 4o Na impossibilidade de obtenção de cópia de que trata o § 3o, o
§ 1o Nas unidades descentralizadas em que não houver SIC será ofe- requerente poderá solicitar que, às suas expensas e sob supervisão de
recido serviço de recebimento e registro dos pedidos de acesso à informa- servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não ponha em
ção. risco a integridade do documento original.
§ 2o Se a unidade descentralizada não detiver a informação, o pedido Art. 16. O prazo para resposta do pedido poderá ser prorrogado por
será encaminhado ao SIC do órgão ou entidade central, que comunicará ao dez dias, mediante justificativa encaminhada ao requerente antes do
requerente o número do protocolo e a data de recebimento do pedido, a término do prazo inicial de vinte dias.
partir da qual se inicia o prazo de resposta. Art. 17. Caso a informação esteja disponível ao público em formato
Seção II impresso, eletrônico ou em outro meio de acesso universal, o órgão ou
Do Pedido de Acesso à Informação entidade deverá orientar o requerente quanto ao local e modo para consul-
Art. 11. Qualquer pessoa, natural ou jurídica, poderá formular pedido tar, obter ou reproduzir a informação.
de acesso à informação. Parágrafo único. Na hipótese do caput o órgão ou entidade desobri-
§ 1o O pedido será apresentado em formulário padrão, disponibiliza- ga-se do fornecimento direto da informação, salvo se o requerente decla-
do em meio eletrônico e físico, no sítio na Internet e no SIC dos órgãos e rar não dispor de meios para consultar, obter ou reproduzir a informação.
entidades. Art. 18. Quando o fornecimento da informação implicar reprodução de
§ 2o O prazo de resposta será contado a partir da data de apresenta- documentos, o órgão ou entidade, observado o prazo de resposta ao
ção do pedido ao SIC. pedido, disponibilizará ao requerente Guia de Recolhimento da União -
§ 3o É facultado aos órgãos e entidades o recebimento de pedidos de GRU ou documento equivalente, para pagamento dos custos dos serviços
acesso à informação por qualquer outro meio legítimo, como contato e dos materiais utilizados.
telefônico, correspondência eletrônica ou física, desde que atendidos os Parágrafo único. A reprodução de documentos ocorrerá no prazo de dez
requisitos do art. 12. dias, contado da comprovação do pagamento pelo requerente ou da entrega
§ 4o Na hipótese do § 3o, será enviada ao requerente comunicação de declaração de pobreza por ele firmada, nos termos da Lei no 7.115, de
com o número de protocolo e a data do recebimento do pedido pelo SIC, a 1983, ressalvadas hipóteses justificadas em que, devido ao volume ou ao
partir da qual se inicia o prazo de resposta. estado dos documentos, a reprodução demande prazo superior.
Art. 12. O pedido de acesso à informação deverá conter: Art. 19. Negado o pedido de acesso à informação, será enviada ao
I - nome do requerente; requerente, no prazo de resposta, comunicação com:
II - número de documento de identificação válido; I - razões da negativa de acesso e seu fundamento legal;
III - especificação, de forma clara e precisa, da informação requerida; II - possibilidade e prazo de recurso, com indicação da autoridade que
e o apreciará; e
IV - endereço físico ou eletrônico do requerente, para recebimento de III - possibilidade de apresentação de pedido de desclassificação da
comunicações ou da informação requerida. informação, quando for o caso, com indicação da autoridade classificadora
Art. 13. Não serão atendidos pedidos de acesso à informação: que o apreciará.
I - genéricos; §1o As razões de negativa de acesso a informação classificada indi-
carão o fundamento legal da classificação, a autoridade que a classificou e
II - desproporcionais ou desarrazoados; ou
o código de indexação do documento classificado.
III - que exijam trabalhos adicionais de análise, interpretação ou con-
§ 2o Os órgãos e entidades disponibilizarão formulário padrão para
solidação de dados e informações, ou serviço de produção ou tratamento
apresentação de recurso e de pedido de desclassificação.
de dados que não seja de competência do órgão ou entidade.
Art. 20. O acesso a documento preparatório ou informação nele con-
Parágrafo único. Na hipótese do inciso III do caput, o órgão ou enti-
tida, utilizados como fundamento de tomada de decisão ou de ato adminis-
dade deverá, caso tenha conhecimento, indicar o local onde se encontram
trativo, será assegurado a partir da edição do ato ou decisão.
as informações a partir das quais o requerente poderá realizar a interpre-
tação, consolidação ou tratamento de dados. Parágrafo único. O Ministério da Fazenda e o Banco Central do Brasil
classificarão os documentos que embasarem decisões de política econô-
Art. 14. São vedadas exigências relativas aos motivos do pedido de
mica, tais como fiscal, tributária, monetária e regulatória.
acesso à informação.
Seção III Seção IV
Do Procedimento de Acesso à Informação Dos Recursos
Art. 15. Recebido o pedido e estando a informação disponível, o acesso Art. 21. No caso de negativa de acesso à informação ou de não for-
será imediato. necimento das razões da negativa do acesso, poderá o requerente apre-
§ 1o Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão ou entidade sentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à
deverá, no prazo de até vinte dias: autoridade hierarquicamente superior à que adotou a decisão, que deverá
apreciá-lo no prazo de cinco dias, contado da sua apresentação.
I - enviar a informação ao endereço físico ou eletrônico informado;
Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata o caput, poderá o
II - comunicar data, local e modo para realizar consulta à informação, requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência
efetuar reprodução ou obter certidão relativa à informação; da decisão, à autoridade máxima do órgão ou entidade, que deverá se
manifestar em cinco dias contados do recebimento do recurso.

Conhecimentos Específicos 96
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 22. No caso de omissão de resposta ao pedido de acesso à in- Parágrafo único. Poderá ser estabelecida como termo final de restri-
formação, o requerente poderá apresentar reclamação no prazo de dez ção de acesso a ocorrência de determinado evento, observados os prazos
dias à autoridade de monitoramento de que trata o art. 40 da Lei no máximos de classificação.
12.527, de 2011, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, conta- Art. 29. As informações que puderem colocar em risco a segurança
do do recebimento da reclamação. do Presidente da República, Vice-Presidente e seus cônjuges e filhos
§ 1o O prazo para apresentar reclamação começará trinta dias após a serão classificadas no grau reservado e ficarão sob sigilo até o término do
apresentação do pedido. mandato em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição.
§ 2o A autoridade máxima do órgão ou entidade poderá designar ou- Art. 30. A classificação de informação é de competência:
tra autoridade que lhe seja diretamente subordinada como responsável I - no grau ultrassecreto, das seguintes autoridades:
pelo recebimento e apreciação da reclamação.
a) Presidente da República;
Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art.
b) Vice-Presidente da República;
21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente
apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogativas;
Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco d) Comandantes da Marinha, do Exército, da Aeronáutica; e
dias, contado do recebimento do recurso. e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes no ex-
§ 1o A Controladoria-Geral da União poderá determinar que o órgão terior;
ou entidade preste esclarecimentos. II - no grau secreto, das autoridades referidas no inciso I do caput,
§ 2o Provido o recurso, a Controladoria-Geral da União fixará prazo dos titulares de autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades
para o cumprimento da decisão pelo órgão ou entidade. de economia mista; e
Art. 24. No caso de negativa de acesso à informação, ou às razões III - no grau reservado, das autoridades referidas nos incisos I e II do
da negativa do acesso de que trata o caput do art. 21, desprovido o caput e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia do
recurso pela Controladoria-Geral da União, o requerente poderá apresen- Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível DAS 101.5 ou
tar, no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, recurso à Co- superior, e seus equivalentes.
missão Mista de Reavaliação de Informações, observados os procedimen- § 1o É vedada a delegação da competência de classificação nos
tos previstos no Capítulo VI. graus de sigilo ultrassecreto ou secreto.
CAPÍTULO V § 2o O dirigente máximo do órgão ou entidade poderá delegar a com-
DAS INFORMAÇÕES CLASSIFICADAS EM GRAU DE SIGILO petência para classificação no grau reservado a agente público que exerça
Seção I função de direção, comando ou chefia.
Da Classificação de Informações quanto ao Grau e Prazos de Sigilo § 3o É vedada a subdelegação da competência de que trata o § 2o.
Art. 25. São passíveis de classificação as informações consideradas § 4o Os agentes públicos referidos no § 2o deverão dar ciência do ato
imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado, cuja divulgação de classificação à autoridade delegante, no prazo de noventa dias.
ou acesso irrestrito possam:
§ 5o A classificação de informação no grau ultrassecreto pelas autori-
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do dades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I do caput deverá ser
território nacional; ratificada pelo Ministro de Estado, no prazo de trinta dias.
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as rela- § 6o Enquanto não ratificada, a classificação de que trata o § 5o con-
ções internacionais do País; sidera-se válida, para todos os efeitos legais.
III - prejudicar ou pôr em risco informações fornecidas em caráter sigi- Seção II
loso por outros Estados e organismos internacionais;
Dos Procedimentos para Classificação de Informação
IV - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
Art. 31. A decisão que classificar a informação em qualquer grau de
V - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou sigilo deverá ser formalizada no Termo de Classificação de Informação -
monetária do País; TCI, conforme modelo contido no Anexo, e conterá o seguinte:
VI - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das I - código de indexação de documento;
Forças Armadas;
II - grau de sigilo;
VII - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvi-
III - categoria na qual se enquadra a informação;
mento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens, instalações
ou áreas de interesse estratégico nacional, observado o disposto no inciso IV - tipo de documento;
II do caput do art. 6o; V - data da produção do documento;
VIII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades VI - indicação de dispositivo legal que fundamenta a classificação;
nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou VII - razões da classificação, observados os critérios estabelecidos no
IX - comprometer atividades de inteligência, de investigação ou de fiscali- art. 27;
zação em andamento, relacionadas com prevenção ou repressão de infrações. VIII - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou dias,
Art. 26. A informação em poder dos órgãos e entidades, observado o ou do evento que defina o seu termo final, observados os limites previstos
seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade no art. 28;
ou do Estado, poderá ser classificada no grau ultrassecreto, secreto ou IX - data da classificação; e
reservado. X - identificação da autoridade que classificou a informação.
Art. 27. Para a classificação da informação em grau de sigilo, deverá § 1o O TCI seguirá anexo à informação.
ser observado o interesse público da informação e utilizado o critério § 2o As informações previstas no inciso VII do caput deverão ser
menos restritivo possível, considerados: mantidas no mesmo grau de sigilo que a informação classificada.
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do Esta- § 3o A ratificação da classificação de que trata o § 5o do art. 30 deve-
do; e rá ser registrada no TCI.
II - o prazo máximo de classificação em grau de sigilo ou o evento que Art. 32. A autoridade ou outro agente público que classificar informa-
defina seu termo final. ção no grau ultrassecreto ou secreto deverá encaminhar cópia do TCI à
Art. 28. Os prazos máximos de classificação são os seguintes: Comissão Mista de Reavaliação de Informações no prazo de trinta dias,
I - grau ultrassecreto: vinte e cinco anos; contado da decisão de classificação ou de ratificação.
II - grau secreto: quinze anos; e Art. 33. Na hipótese de documento que contenha informações classi-
III - grau reservado: cinco anos. ficadas em diferentes graus de sigilo, será atribuído ao documento trata-

Conhecimentos Específicos 97
APOSTILAS OPÇÃO
mento do grau de sigilo mais elevado, ficando assegurado o acesso às observados os procedimentos de restrição de acesso enquanto vigorar o
partes não classificadas por meio de certidão, extrato ou cópia, com prazo da classificação.
ocultação da parte sob sigilo. Art. 40. As informações classificadas como documentos de guarda
Art. 34. Os órgãos e entidades poderão constituir Comissão Perma- permanente que forem objeto de desclassificação serão encaminhadas ao
nente de Avaliação de Documentos Sigilosos - CPADS, com as seguintes Arquivo Nacional, ao arquivo permanente do órgão público, da entidade
atribuições: pública ou da instituição de caráter público, para fins de organização,
I - opinar sobre a informação produzida no âmbito de sua atuação pa- preservação e acesso.
ra fins de classificação em qualquer grau de sigilo; Art. 41. As informações sobre condutas que impliquem violação dos
II - assessorar a autoridade classificadora ou a autoridade hierarqui- direitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autorida-
camente superior quanto à desclassificação, reclassificação ou reavalia- des públicas não poderão ser objeto de classificação em qualquer grau de
ção de informação classificada em qualquer grau de sigilo; sigilo nem ter seu acesso negado.
III - propor o destino final das informações desclassificadas, indicando Art. 42. Não poderá ser negado acesso às informações necessárias à
os documentos para guarda permanente, observado o disposto na Lei no tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais.
8.159, de 8 de janeiro de 1991; e Parágrafo único. O requerente deverá apresentar razões que de-
IV - subsidiar a elaboração do rol anual de informações desclassifica- monstrem a existência de nexo entre as informações requeridas e o direito
das e documentos classificados em cada grau de sigilo, a ser disponibili- que se pretende proteger.
zado na Internet. Art. 43. O acesso, a divulgação e o tratamento de informação classifi-
Seção III cada em qualquer grau de sigilo ficarão restritos a pessoas que tenham
Da Desclassificação e Reavaliação da necessidade de conhecê-la e que sejam credenciadas segundo as normas
Informação Classificada em Grau de Sigilo fixadas pelo Núcleo de Segurança e Credenciamento, instituído no âmbito
do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, sem
Art. 35. A classificação das informações será reavaliada pela autori- prejuízo das atribuições de agentes públicos autorizados por lei.
dade classificadora ou por autoridade hierarquicamente superior, mediante
provocação ou de ofício, para desclassificação ou redução do prazo de Art. 44. As autoridades do Poder Executivo federal adotarão as provi-
sigilo. dências necessárias para que o pessoal a elas subordinado conheça as
normas e observe as medidas e procedimentos de segurança para trata-
Parágrafo único. Para o cumprimento do disposto no caput, além do mento de informações classificadas em qualquer grau de sigilo.
disposto no art. 27, deverá ser observado:
Parágrafo único. A pessoa natural ou entidade privada que, em razão
I - o prazo máximo de restrição de acesso à informação, previsto no de qualquer vínculo com o Poder Público, executar atividades de trata-
art. 28; mento de informações classificadas, adotará as providências necessárias
II - o prazo máximo de quatro anos para revisão de ofício das infor- para que seus empregados, prepostos ou representantes observem as
mações classificadas no grau ultrassecreto ou secreto, previsto no inciso I medidas e procedimentos de segurança das informações.
do caput do art. 47; Art. 45. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade publicará
III - a permanência das razões da classificação; anualmente, até o dia 1° de junho, em sítio na Internet:
IV - a possibilidade de danos ou riscos decorrentes da divulgação ou I - rol das informações desclassificadas nos últimos doze meses;
acesso irrestrito da informação; e II - rol das informações classificadas em cada grau de sigilo, que de-
V - a peculiaridade das informações produzidas no exterior por autori- verá conter:
dades ou agentes públicos. a) código de indexação de documento;
Art. 36. O pedido de desclassificação ou de reavaliação da classifica- b) categoria na qual se enquadra a informação;
ção poderá ser apresentado aos órgãos e entidades independente de
existir prévio pedido de acesso à informação. c) indicação de dispositivo legal que fundamenta a classificação; e
Parágrafo único. O pedido de que trata o caput será endereçado à d) data da produção, data da classificação e prazo da classificação;
autoridade classificadora, que decidirá no prazo de trinta dias. III - relatório estatístico com a quantidade de pedidos de acesso à in-
Art. 37. Negado o pedido de desclassificação ou de reavaliação pela formação recebidos, atendidos e indeferidos; e
autoridade classificadora, o requerente poderá apresentar recurso no IV - informações estatísticas agregadas dos requerentes.
prazo de dez dias, contado da ciência da negativa, ao Ministro de Estado Parágrafo único. Os órgãos e entidades deverão manter em meio físico
ou à autoridade com as mesmas prerrogativas, que decidirá no prazo de as informações previstas no caput, para consulta pública em suas sedes.
trinta dias.
CAPÍTULO VI
§ 1o Nos casos em que a autoridade classificadora esteja vinculada a DA COMISSÃO MISTA DE REAVALIAÇÃO DE
autarquia, fundação, empresa pública ou sociedade de economia mista, o INFORMAÇÕES CLASSIFICADAS
recurso seráapresentado ao dirigente máximo da entidade.
Art. 46. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações, instituída
§ 2o No caso das Forças Armadas, o recurso será apresentado pri- nos termos do § 1o do art. 35 da Lei no 12.527, de 2011, será integrada
meiramente perante o respectivo Comandante, e, em caso de negativa, ao pelos titulares dos seguintes órgãos:
Ministro de Estado da Defesa.
I - Casa Civil da Presidência da República, que a presidirá;
§ 3o No caso de informações produzidas por autoridades ou agentes
públicos no exterior, o requerimento de desclassificação e reavaliação II - Ministério da Justiça;
será apreciado pela autoridade hierarquicamente superior que estiver em III - Ministério das Relações Exteriores;
território brasileiro. IV - Ministério da Defesa;
§ 4o Desprovido o recurso de que tratam o caput e os §§1o a 3o, po- V - Ministério da Fazenda;
derá o requerente apresentar recurso à Comissão Mista de Reavaliação VI - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
de Informações, no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão. VII - Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República;
Art. 38. A decisão da desclassificação, reclassificação ou redução do VIII - Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da Repúbli-
prazo de sigilo de informações classificadas deverá constar das capas dos ca;
processos, se houver, e de campo apropriado no TCI.
IX - Advocacia-Geral da União; e
Seção IV X - Controladoria Geral da União.
Disposições Gerais Parágrafo único. Cada integrante indicará suplente a ser designado
Art. 39. As informações classificadas no grau ultrassecreto ou secreto por ato do Presidente da Comissão.
serão definitivamente preservadas, nos termos da Lei no 8.159, de 1991,
Conhecimentos Específicos 98
APOSTILAS OPÇÃO
Art. 47. Compete à Comissão Mista de Reavaliação de Informações: I - terão acesso restrito a agentes públicos legalmente autorizados e a
I - rever, de ofício ou mediante provocação, a classificação de infor- pessoa a que se referirem, independentemente de classificação de sigilo,
mação no grau ultrassecreto ou secreto ou sua reavaliação, no máximo a pelo prazo máximo de cem anos a contar da data de sua produção; e
cada quatro anos; II - poderão ter sua divulgação ou acesso por terceiros autorizados
II - requisitar da autoridade que classificar informação no grau ultras- por previsão legal ou consentimento expresso da pessoa a que se referi-
secreto ou secreto esclarecimento ou conteúdo, parcial ou integral, da rem.
informação, quando as informações constantes do TCI não forem suficien- Parágrafo único. Caso o titular das informações pessoais esteja mor-
tes para a revisão da classificação; to ou ausente, os direitos de que trata este artigo assistem ao cônjuge ou
III - decidir recursos apresentados contra decisão proferida: companheiro, aos descendentes ou ascendentes, conforme o disposto no
a) pela Controladoria-Geral da União, em grau recursal, a pedido de parágrafo único do art. 20 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e na
acesso à informação ou às razões da negativa de acesso à informação; ou Lei no 9.278, de 10 de maio de 1996.
Art. 56. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de
b) pelo Ministro de Estado ou autoridade com a mesma prerrogativa,
forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, honra e
em grau recursal, a pedido de desclassificação ou reavaliação de informa-
imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais.
ção classificada;
Art. 57. O consentimento referido no inciso II do caput do art. 55 não
IV - prorrogar por uma única vez, e por período determinado não su-
será exigido quando o acesso à informação pessoal for necessário:
perior a vinte e cinco anos, o prazo de sigilo de informação classificada no
grau ultrassecreto, enquanto seu acesso ou divulgação puder ocasionar I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver física
ameaça externa à soberania nacional, à integridade do território nacional ou legalmente incapaz, e para utilização exclusivamente para o tratamento
ou grave risco às relações internacionais do País, limitado ao máximo de médico;
cinquenta anos o prazo total da classificação; e II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evidente in-
V - estabelecer orientações normativas de caráter geral a fim de suprir teresse público ou geral, previstos em lei, vedada a identificação da pes-
eventuais lacunas na aplicação da Lei no 12.527, de 2011. soa a que a informação se referir;
Parágrafo único. A não deliberação sobre a revisão de ofício no prazo III - ao cumprimento de decisão judicial;
previsto no inciso I do caput implicará a desclassificação automática das IV - à defesa de direitos humanos de terceiros; ou
informações. V - à proteção do interesse público geral e preponderante.
Art. 48. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações se reunirá, Art. 58. A restrição de acesso a informações pessoais de que trata o
ordinariamente, uma vez por mês, e, extraordinariamente, sempre que art. 55 não poderá ser invocada:
convocada por seu Presidente. I - com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregularida-
Parágrafo único. As reuniões serão realizadas com a presença de no des, conduzido pelo Poder Público, em que o titular das informações for
mínimo seis integrantes. parte ou interessado; ou
Art. 49. Os requerimentos de prorrogação do prazo de classificação de in- II - quando as informações pessoais não classificadas estiverem con-
formação no grau ultrassecreto, a que se refere o inciso IV do caput do art. 47, tidas em conjuntos de documentos necessários à recuperação de fatos
deverão ser encaminhados à Comissão Mista de Reavaliação de Informações históricos de maior relevância.
em até um ano antes do vencimento do termo final de restrição de acesso. Art. 59. O dirigente máximo do órgão ou entidade poderá, de ofício ou
Parágrafo único. O requerimento de prorrogação do prazo de sigilo mediante provocação, reconhecer a incidência da hipótese do inciso II do
de informação classificada no grau ultrassecreto deverá ser apreciado, caput do art. 58, de forma fundamentada, sobre documentos que tenha
impreterivelmente, em até três sessões subsequentes à data de sua produzido ou acumulado, e que estejam sob sua guarda.
autuação, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as § 1o Para subsidiar a decisão de reconhecimento de que trata o ca-
demais deliberações da Comissão. put, o órgão ou entidade poderá solicitar a universidades, instituições de
Art. 50. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações deverá pesquisa ou outras entidades com notória experiência em pesquisa histo-
apreciar os recursos previstos no inciso III do caput do art. 47, impreteri- riográfica a emissão de parecer sobre a questão.
velmente, até a terceira reunião ordinária subsequente à data de sua § 2o A decisão de reconhecimento de que trata o caput será precedi-
autuação. da de publicação de extrato da informação, com descrição resumida do
Art. 51. A revisão de ofício da informação classificada no grau ultras- assunto, origem e período do conjunto de documentos a serem considera-
secreto ou secreto será apreciada em até três sessões anteriores à data dos de acesso irrestrito, com antecedência de no mínimo trinta dias.
de sua desclassificação automática. § 3o Após a decisão de reconhecimento de que trata o § 2o, os docu-
Art. 52. As deliberações da Comissão Mista de Reavaliação de In- mentos serão considerados de acesso irrestrito ao público.
formações serão tomadas: § 4o Na hipótese de documentos de elevado valor histórico destina-
I - por maioria absoluta, quando envolverem as competências previs- dos à guarda permanente, caberá ao dirigente máximo do Arquivo Nacio-
tas nos incisos I e IV do caput do art.47; e nal, ou à autoridade responsável pelo arquivo do órgão ou entidade públi-
II - por maioria simples dos votos, nos demais casos. ca que os receber, decidir, após seu recolhimento, sobre o reconhecimen-
to, observado o procedimento previsto neste artigo.
Parágrafo único. A Casa Civil da Presidência da República poderá
exercer, além do voto ordinário, o voto de qualidade para desempate. Art. 60. O pedido de acesso a informações pessoais observará os
procedimentos previstos no Capítulo IV e estará condicionado à compro-
Art. 53. A Casa Civil da Presidência da República exercerá as fun-
vação da identidade do requerente.
ções de Secretaria-Executiva da Comissão Mista de Reavaliação de
Informações, cujas competências serão definidas em regimento interno. Parágrafo único. O pedido de acesso a informações pessoais por ter-
ceiros deverá ainda estar acompanhado de:
Art. 54. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações aprovará,
por maioria absoluta, regimento interno que disporá sobre sua organiza- I - comprovação do consentimento expresso de que trata o inciso II do
ção e funcionamento. caput do art. 55, por meio de procuração;
Parágrafo único. O regimento interno deverá ser publicado no Diário II - comprovação das hipóteses previstas no art. 58;
Oficial da União no prazo de noventa dias após a instalação da Comissão. III - demonstração do interesse pela recuperação de fatos históricos
de maior relevância, observados os procedimentos previstos no art. 59; ou
IV - demonstração da necessidade do acesso à informação requerida
CAPÍTULO VII para a defesa dos direitos humanos ou para a proteção do interesse
DAS INFORMAÇÕES PESSOAIS público e geral preponderante.
Art. 55. As informações pessoais relativas à intimidade, vida privada, Art. 61. O acesso à informação pessoal por terceiros será condicio-
honra e imagem detidas pelos órgãos e entidades: nado à assinatura de um termo de responsabilidade, que disporá sobre a
Conhecimentos Específicos 99
APOSTILAS OPÇÃO
finalidade e a destinação que fundamentaram sua autorização, sobre as estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime ou contra-
obrigações a que se submeterá o requerente. venção penal; ou
§ 1o A utilização de informação pessoal por terceiros vincula-se à fi- II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
nalidade e à destinação que fundamentaram a autorização do acesso, infrações administrativas, que deverão ser apenadas, no mínimo, com
vedada sua utilização de maneira diversa. suspensão, segundo os critérios estabelecidos na referida lei.
§ 2o Aquele que obtiver acesso às informações pessoais de terceiros § 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou agente
será responsabilizado por seu uso indevido, na forma da lei. público responder, também, por improbidade administrativa, conforme o
Art. 62. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de novembro disposto nas Leis no 1.079, de 10 de abril de 1950, e no 8.429, de 2 de
de 1997, em relação à informação de pessoa, natural ou jurídica, constan- junho de 1992.
te de registro ou banco de dados de órgãos ou entidades governamentais Art. 66. A pessoa natural ou entidade privada que detiver informações
ou de caráter público. em virtude de vínculo de qualquer natureza com o Poder Público e praticar
conduta prevista no art. 65, estará sujeita às seguintes sanções:
CAPÍTULO VIII I - advertência;
DAS ENTIDADES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS II - multa;
Art. 63. As entidades privadas sem fins lucrativos que receberem re- III - rescisão do vínculo com o Poder Público;
cursos públicos para realização de ações de interesse público deverão dar IV - suspensão temporária de participar em licitação e impedimento de
publicidade às seguintes informações: contratar com a administração pública por prazo não superior a dois anos;
I - cópia do estatuto social atualizado da entidade; e
II - relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade; e V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a admi-
III - cópia integral dos convênios, contratos, termos de parcerias, nistração pública, até que seja promovida a reabilitação perante a autori-
acordos, ajustes ou instrumentos congêneres realizados com o Poder dade que aplicou a penalidade.
Executivo federal, respectivos aditivos, e relatórios finais de prestação de § 1o A sanção de multa poderá ser aplicada juntamente com as san-
contas, na forma da legislação aplicável. ções previstas nos incisos I, III e IV do caput.
§ 1o As informações de que trata o caput serão divulgadas em sítio § 2o A multa prevista no inciso II do caput será aplicada sem prejuízo
na Internet da entidade privada e em quadro de avisos de amplo acesso da reparação pelos danos e não poderá ser:
público em sua sede. I - inferior a R$ 1.000,00 (mil reais) nem superior a R$ 200.000,00
§ 2o A divulgação em sítio na Internet referida no §1o poderá ser dis- (duzentos mil reais), no caso de pessoa natural; ou
pensada, por decisão do órgão ou entidade pública, e mediante expressa II - inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) nem superior a R$
justificação da entidade, nos casos de entidades privadas sem fins lucrati- 600.000,00 (seiscentos mil reais), no caso de entidade privada.
vos que não disponham de meios para realizá-la.
§ 3o A reabilitação referida no inciso V do caput será autorizada so-
§ 3o As informações de que trata o caput deverão ser publicadas a mente quando a pessoa natural ou entidade privada efetivar o ressarci-
partir da celebração do convênio, contrato, termo de parceria, acordo, mento ao órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e depois de decorri-
ajuste ou instrumento congênere, serão atualizadas periodicamente e do o prazo da sanção aplicada com base no inciso IV do caput.
ficarão disponíveis até cento e oitenta dias após a entrega da prestação
§ 4o A aplicação da sanção prevista no inciso V do caput é de com-
de contas final.
petência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pública.
Art. 64. Os pedidos de informação referentes aos convênios, contra-
§ 5o O prazo para apresentação de defesa nas hipóteses previstas
tos, termos de parcerias, acordos, ajustes ou instrumentos congêneres
neste artigo é de dez dias, contado da ciência do ato.
previstos no art. 63 deverão ser apresentados diretamente aos órgãos e
entidades responsáveis pelo repasse de recursos.
CAPÍTULO X
DO MONITORAMENTO DA APLICAÇÃO DA LEI
CAPÍTULO IX
DAS RESPONSABILIDADES Seção I
Art. 65. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidade Da Autoridade de Monitoramento
do agente público ou militar: Art. 67. O dirigente máximo de cada órgão ou entidade designará au-
toridade que lhe seja diretamente subordinada para exercer as seguintes
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos deste De-
atribuições:
creto, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la intencio-
nalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à infor-
mação, de forma eficiente e adequada aos objetivos da Lei no 12.527, de
II - utilizar indevidamente, subtrair, destruir, inutilizar, desfigurar, alte-
2011;
rar ou ocultar, total ou parcialmente, informação que se encontre sob sua
guarda, a que tenha acesso ou sobre que tenha conhecimento em razão II - avaliar e monitorar a implementação do disposto neste Decreto e
do exercício das atribuições de cargo, emprego ou função pública; apresentar ao dirigente máximo de cada órgão ou entidade relatório anual
sobre o seu cumprimento, encaminhando-o à Controladoria-Geral da
III - agir com dolo ou má-fé na análise dos pedidos de acesso à infor- União;
mação;
III - recomendar medidas para aperfeiçoar as normas e procedimentos
IV - divulgar, permitir a divulgação, acessar ou permitir acesso indevi- necessários à implementação deste Decreto;
do a informação classificada em grau de sigilo ou a informação pessoal;
IV - orientar as unidades no que se refere ao cumprimento deste De-
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de tercei- creto; e
ro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou por outrem; V - manifestar-se sobre reclamação apresentada contra omissão de
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente informação autoridade competente, observado o disposto no art. 22.
classificada em grau de sigilo para beneficiar a si ou a outrem, ou em
prejuízo de terceiros; e
Seção II
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos concernen- Das Competências Relativas ao Monitoramento
tes a possíveis violações de direitos humanos por parte de agentes do
Art. 68. Compete à Controladoria-Geral da União, observadas as
Estado.
competências dos demais órgãos e entidades e as previsões específicas
§ 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e do devi- neste Decreto:
do processo legal, as condutas descritas no caput serão consideradas:
I - definir o formulário padrão, disponibilizado em meio físico e eletrô-
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas, nico, que estará à disposição no sítio na Internet e no SIC dos órgãos e
transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios neles entidades, de acordo com o § 1o do art. 11;

Conhecimentos Específicos 100


APOSTILAS OPÇÃO
II - promover campanha de abrangência nacional de fomento à cultura PROVA SIMULADA
da transparência na administração pública e conscientização sobre o
direito fundamental de acesso à informação;
01. Os princípios arquivísticos adquirem universalização a partir do seu
III - promover o treinamento dos agentes públicos e, no que couber, a emprego e referência. No entendimento de alguns autores como
capacitação das entidades privadas sem fins lucrativos, no que se refere Shellenberg, Paes e Bellotto, agregar documentos por fundos, isto é,
ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na adminis- reunir todos os títulos (documentos) provenientes de um corpo, de
tração pública; um estabelecimento, de uma família ou de um indivíduo, e dispor se-
IV - monitorar a implementação da Lei no 12.527, de 2011, concen- gundo uma determinada ordem os diferentes fundos é da essência
trando e consolidando a publicação de informações estatísticas relaciona- do princípio da:
das no art. 45; a) Proveniência; b) Territorialidade;
V - preparar relatório anual com informações referentes à implemen- c) Naturalidade; d) Temporalidade; e) Informalidade.
tação da Lei no 12.527, de 2011, a ser encaminhado ao Congresso Nacio-
nal; 02. Receber o documento, ler o documento identificando o assunto
principal e o(s) assunto(s) secundário(s) de acordo com o seu conte-
VI - monitorar a aplicação deste Decreto, especialmente o cumprimen- údo, localizar o código, utilizando o índice, quando necessário, ano-
to dos prazos e procedimentos; e tar o código na primeira folha do documento e preencher a(s) folha(s)
VII - definir, em conjunto com a Casa Civil da Presidência da Repúbli- de referência para os assuntos secundários são rotinas correspon-
ca, diretrizes e procedimentos complementares necessários à implemen- dentes às operações de:
tação da Lei no12.527, de 2011. a) prescrição; b) notação;
Art. 69. Compete à Controladoria-Geral da União e ao Ministério do c) avaliação; d) classificação; e) restauração.
Planejamento, Orçamento e Gestão, observadas as competências dos
demais órgãos e entidades e as previsões específicas neste Decreto, por 03. Muitas instituições produzem e acumulam documentos de maneira
meio de ato conjunto: indiscriminada, ou seja, sem critérios técnicos ou científicos, incor-
rendo em problemas de difícil solução para os arquivistas. Assim, ga-
I - estabelecer procedimentos, regras e padrões de divulgação de in-
rantir condições de conservação da documentação de valor perma-
formações ao público, fixando prazo máximo para atualização; e
nente; aumentar o índice de recuperação da informação; conquistar
II - detalhar os procedimentos necessários à busca, estruturação e espaço físico e reduzir o peso ao essencial da massa documental
prestação de informações no âmbito do SIC. dos arquivos são objetivos da:
Art. 70. Compete ao Gabinete de Segurança Institucional da Presi- a) descrição; b) indexação;
dência da República, observadas as competências dos demais órgãos e c) avaliação; d) disseminação; e) codificação.
entidades e as previsões específicas neste Decreto:
I - estabelecer regras de indexação relacionadas à classificação de in- 04. Em qualquer arquivo, é importante estabelecer critérios que visam a
formação; otimizar sua administração de maneira coerente e eficaz. Com o ob-
jetivo de fornecer as bases para um entendimento entre a própria
II - expedir atos complementares e estabelecer procedimentos relati- instituição e os funcionários do arquivo permanente sobre o que de-
vos ao credenciamento de segurança de pessoas, órgãos e entidades ve ser feito com os documentos da instituição a que dizem respeito,
públicos ou privados, para o tratamento de informações classificadas; e visando não apenas a eliminação, mas principalmente, assegurar a
III - promover, por meio do Núcleo de Credenciamento de Segurança, preservação de certos documentos, cobrindo todos os documentos:
o credenciamento de segurança de pessoas, órgãos e entidades públicos os que careçam de valor, como também os que possuem valor. Para
ou privados, para o tratamento de informações classificadas. atender às necessidades da instituição e do arquivo, a sua cobertura
deve ser total. Essa noção remete à interpretação do plano de:
a) descarte;
CAPÍTULO XI b) destinação;
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS c) levantamento;
d) organização;
Art. 71. Os órgãos e entidades adequarão suas políticas de gestão da
e) triagem.
informação, promovendo os ajustes necessários aos processos de regis-
tro, processamento, trâmite e arquivamento de documentos e informa-
05. Os procedimentos intelectuais e físicos e os resultados da análise e
ções.
organização de documentos de acordo com os princípios arquivísti-
Art. 72. Os órgãos e entidades deverão reavaliar as informações cos denominam-se:
classificadas no grau ultrassecreto e secreto no prazo máximo de dois a) arranjo; b)levantamento;
anos, contado do termo inicial de vigência da Lei no 12.527, de 2011. c) triagem; d) depuração;
§ 1o A restrição de acesso a informações, em razão da reavaliação e) acondicionamento.
prevista no caput, deverá observar os prazos e condições previstos neste
Decreto. 06. A chamada unidade mínima de documentação possui o caráter da
§ 2o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto no indivisibilidade, segundo Bellotto (2004), que pode ser traduzida por
caput, será mantida a classificação da informação, observados os prazos um “conjunto de documentos de tipologias diferentes, cuja reunião
e disposições da legislação precedente. optativa é útil para documentar um fato, evento, assunto etc”. Essa é
§ 3o As informações classificadas no grau ultrassecreto e secreto não a definição de:
reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas, automatica- a) carta; b) ofício;
mente, desclassificadas. c) memorando; d) dossiê; e) resolução.
Art. 73. A publicação anual de que trata o art. 45 terá inicio em junho
07. Alguns paradigmas da área arquivística permanecem ao longo dos
de 2013.
anos, pois, mesmo refutados em princípio, são corroborados mais
Art. 74. O tratamento de informação classificada resultante de trata- adiante, garantindo consistência da área. Nessa perspectiva, “a rela-
dos, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e recomendações ção entre a individualidade do documento e o conjunto no qual ele se
desses instrumentos. situa geneticamente” é um axioma arquivístico que se traduz como:
Art. 75. Aplica-se subsidiariamente a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de a) integralidade; b) viabilidade;
1999, aos procedimentos previstos neste Decreto. c) organicidade; d) simultaneidade;
Art. 76. Este Decreto entra em vigor em 16 de maio de 2012. e) funcionalidade.

Conhecimentos Específicos 101


APOSTILAS OPÇÃO
08. O arquivo da universidade está sendo mantido sob condições adver- 16. Os documentos relativos às atividades-meio serão analisados,
sas e alguns fatores como: luz, temperatura e umidade relativa do ar, avaliados e selecionados pelas Comissões Permanentes de Avalia-
agentes externos ao documento que são os mais responsáveis pela: ção de Documentos dos órgãos e das entidades geradoras dos ar-
a) racionalização; b) prevenção; quivos da administração pública, obedecendo aos prazos estabeleci-
c) conservação; d) restauração; e) deterioração. dos pela:
a) tabela de equivalência e transferência expedida pelo SINAR;
09. O pesquisador do arquivo precisa acessar, para uma investigação b) tabela de enquadramento e definição expedida pelo SIDAR;
acadêmica, alguns documentos classificados como sigilosos, refe- c) tabela de prescrição e decadência expedida pelo DENARQ;
rentes à segurança da sociedade e do Estado. O arquivista deve in- d) tabela de avaliação e extinção expedida pelo ABARQ;
formar que esses documentos são restritos por um prazo máximo de: e) tabela de temporalidade e destinação expedida pelo CONARQ.
a) 20 anos, a contar da data de seu arquivamento;
b) 30 anos, a contar da data de sua produção; 17. A natureza dos documentos a serem arquivados e a estrutura da
c) 40 anos, a contar da data de sua movimentação; entidade é que determina o:
d) 50 anos, a contar da data de sua organização; a) conjunto de classificações; b) método de arquivamento;
e) 60 anos, a contar da data de sua destinação. c) sistema de notações; d) descarte de projeções;
e) instrumento de pesquisa.
10. A competência do arquivista no desenvolvimento das atividades de
descrição é fundamental para uma perfeita recuperação das infor- 18. Constituídos de documentos em curso como plano de partida ou
mações. Assim, se um fundo como um todo estiver sendo descrito, prosseguimento de planos para fins de controle ou tomada de deci-
deverá ser representado numa só descrição; se é necessária a des- sões das administrações são os arquivos:
crição de suas partes, estas podem ser descritas em separado. A a) correntes;
soma total de todas as descrições obtidas, ligadas numa hierarquia, b) intermediários;
representa o fundo e as partes para as quais foram elaboradas as c) permanentes;
descrições. Tal técnica é denominada descrição: d) sigilosos;
a) multinível; b) relevante; e) secretos.
c) contextualizada; d) identificável; e) estrutural.
19. De acordo com as regras de alfabetação, os sobrenomes que expri-
11. Nome, termo, palavra-chave, expressão ou código que pode ser mem grau de parentesco NÃO são considerados na:
usado para pesquisar, identificar ou localizar uma descrição arquivís- a) precedência classificatória;
tica é conhecido como: b) movimentação alfanumérica;
a) item de série; c) ordenação alfabética;
b) parte de arranjo; d) tabela de codificação;
c) ponto de acesso; e) remissiva alfabética.
d) classe de referência;
e) área de relevância. 20. Para organização de uma massa documental constituída especifica-
mente de processos, o arquivista deve utilizar o método:
12. A Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística estabelece a) enciclopédico;
algumas regras gerais, sendo organizadas em sete áreas de infor- b) numérico;
mação descritiva. Dentre elas destaca-se a de registrar o código do c) dicionário;
país, de acordo com a última versão da ISO3166; o código do deten- d) unitermo;
tor, de acordo com a norma nacional de código de detentor e um es- e) geográfico.
pecífico código de referência local ou número de controle. Esses são
os principais elementos de descrição constitutivos do código de refe- 21. Assegurar a preservação dos documentos que não mais são utiliza-
rência da área de: dos pela administração e que devem ser mantidos, visando a um
a) proveniência; processo de triagem que estabelecerá a eliminação ou o arquiva-
b) relacionamento; mento definitivo é a função principal do arquivo:
c) determinação; a) onomástico; b) permanente;
d) destinação; c) especializado; d) intermediário; e) estratégico.
e) identificação.
22. Estabelecer os prazos de vida do documento dentro da instituição,
13. “Documento elaborado por meio de um computador, sendo seu de acordo com os valores informativos e probatórios, é atividade da
autor identificável por meio de um código, chave e outros procedi- comissão de:
mentos técnicos e conservados, na maioria, em memórias eletrôni- a) avaliação de documentos;
cas de massa”, é o documento: b) incineração de documentos;
a) sistemático; b) mutável; c) restauração de documentos;
c) sonoro; d) imagnético; d) movimentação de documentos;
e) eletrônico. e) preservação de documentos.

14. A legislação determina que “ficará sujeito à responsabilidade penal, 23. Antes de eliminar documentos inservíveis para a instituição, o técni-
civil e administrativa, na forma da legislação em vigor, aquele que co de arquivo deve recorrer ao instrumento de destinação aprovado
desfigurar ou destruir documentos de valor...”: pela autoridade competente, que é a tabela de:
a) permanente; b) especializado; a) operacionalidade; b) caducidade;
c) intermediário; d) terciário; c) organicidade; d) temporalidade;
e) corrente. e) originalidade.

15. “Implementar a política nacional de arquivos públicos e privados, 24. O controle de temperatura, de umidade relativa e de poluentes, por
visando à gestão, à preservação e ao acesso aos documentos de meio de instrumentos, com o objetivo de criar uma atmosfera favorá-
arquivo” é finalidade do: vel à conservação dos documentos, denomina-se:
a) CONAR; b) SINAR; a) monitoração; b) climatização;
c) ARCAR; d) UNESCO; c) esterilização; d) fumigação; e) refrigeração.
e) AAB.

Conhecimentos Específicos 102


APOSTILAS OPÇÃO
25. O técnico de arquivo necessita auxiliar o arquivista na elaboração de 36. A Transferência de documentos dos arquivos intermediários para os
uma publicação, descrevendo detalhadamente os documentos previ- arquivos permanentes é chamada de:
amente selecionados, visando a incluí-los num instrumento, utilizan- a) triagem b) seleção
do critérios temáticos, cronológicos, onomásticos etc. O instrumento c) descarte d) recolhimento
que deve ser elaborado é o: 37. O instrumento de pesquisa elaborado seguindo um critério temático,
a) índice; b) repertório; cronológico, onomástico ou geográfico, incluindo, todos os documen-
c) guia; d) inventário; e) topográfico. tos pertencentes a um ou mais fundos, descritos de forma sumária
ou pormenorizada chama-se:
26. A palavra ou o grupo de palavras retiradas diretamente de um ou a) catálogo b) índice c) lista d) guia
mais documentos, para indicar seu conteúdo e facilitar sua recupera-
ção denomina-se: 38. Nos arquivos, a guarda e conservação dos documentos visando à
a) palavra-cópia; b) palavra-guia; sua utilização são características da:
c) palavra-chave; d) palavra-índice; e) palavra-item. a) criação b) função
c) finalidade d) localização e) importância
27. O art. 4º da Lei 8.159 menciona que todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de inte- 39. A centralização dos arquivos correntes não é apenas a reunião da
resse coletivo ou geral, contidas em documentos de arquivos que se- documentação em único local, como também a concentração de to-
rão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressal- das as atividades de controle de documentos. O órgão encarregado
vadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança do: dessa centralização é o protocolo que concentra as seguintes ativi-
a) Arquivo e do Congresso; b) Homem e da Comunidade; dades:
c) Público e da Vida; d) Governo e da Política; a) arquivo, controle, análise e eliminação
e) Estado e da Sociedade. b) expedição, controle, retenção e expurgo
c) avaliação, levantamento, movimentação e descarte
28. São inalienáveis e imprescritíveis os documentos de valor: d) recebimento, registro, distribuição e movimentação
a) primário; b) permanente; e) planejamento, análise, implantação e acompanhamento
c) especial; d) intermediário; e) corrente.
40. O método cronológico é adotado em quase todas as repartições
29. O órgão vinculado ao Arquivo Nacional que define a política nacional públicas. Numera-se o documento depois de autuado, colocando-o
de arquivos é o: numa capa de cartolina. Além do número, são transcritas outras in-
a) SINARQ; b) ABARQ; formações. Esse documento denomina-se:
c) REBARQ; d) COLMARQ; e) CONARQ. a) catálogo b) protocolo
c) inventário d) repertório e) processo
30. Quanto ao gênero, os microfilmes são documentos classificados
como: 41. Reunir, conservar, arranjar, descrever e facilitar a consulta dos
a) cartográficos b) iconográficos documentos oficiais, visando a torná-los úteis para fins administrati-
c) audiovisuais d) textuais vos, pesquisas históricas é função do arquivo:
a) corrente b) especial
31. Ao usar o Método Numérico Simples, os correspondentes eventuais c) permanente d) intermediário e) especializado
terão a sua documentação arquivada em pastas, que constituirão
uma série à parte, chamadas de: 42. A passagem dos documentos da 2ª para a 3ª idade do arquivo,
a) especiais b) reservadas chama-se:
c) miscelâneas d) confidenciais a) conservação b) recolhimento
c) referência d) transferência
32. A fase da operação de arquivamento, em que é feito o arranjo dos e) encaminhamento
documentos, de acordo com a codificação dada aos mesmos, deno-
mina-se: 43. É obra destinada à orientação dos usuários no conhecimento e na
a) classificação b) automação utilização dos fundos que integram o acervo de um arquivo. É o ins-
c) ordenação d) inspeção trumento de pesquisa mais genérico, pois se propõe a informar a to-
talidade dos fundos existentes no arquivo. Este instrumento é identi-
33. O conjunto de princípios (análise, arranjo, descrição, avaliação, ficado como:
transferência e recolhimento dos documentos) e técnicas a serem a) guia b) índice
observadas na constituição, organização, desenvolvimento e utiliza- c) catálogo d) repertório
ção dos arquivos, denomina-se: e) topográfico
a) arquivoconomia
b) arquivonomia 44. O método de seleção que permite determinar o grau de representati-
c) arquivologia vidade de um conjunto documental, segundo critério geográfico, al-
d) arquivística fabético, numérico ou cronológico é o processo de:
a) arquivamento
34. O processo de análise da documentação de arquivos, visando esta- b) amostragem
belecer a sua destinação, de acordo com seus valores probatórios e c) destinação
informativos denomina-se: d) retenção
a) arranjo b) avaliação e) seriação
c) descrição d) classificação
45. Os documentos de arquivos podem assumir, basicamente, dois tipos
de valores que de acordo com os seus conteúdos, podem ser:
35. O método de seleção que permite determinar o grau de representati-
a) ativo e passivo
vidade de um conjunto documental, segundo critério geográfico, al-
b) probatório e fiscal
fabético, numérico e / ou cronológico chama-se:
c) eventual e jurídico
a) suporte b) avaliação
d) transitório e definitivo
c) destinação d) amostragem
e) administrativo e histórico

Conhecimentos Específicos 103


APOSTILAS OPÇÃO

GABARITO _______________________________________________________
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1 A 11 C 21 D 31 C 41 C
2 D 12 E 22 A 32 C 42 B _______________________________________________________
3 C 13 E 23 D 33 D 43 A _______________________________________________________
4 B 14 A 24 B 34 B 44 B
5 A 15 B 25 B 35 D 45 E _______________________________________________________
6 D 16 E 26 C 36 D _______________________________________________________
7 C 17 B 27 E 37 A
8 E 18 A 28 B 38 B _______________________________________________________
9 B 19 C 29 E 39 D _______________________________________________________
10 A 20 B 30 C 40 E
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Conhecimentos Específicos 104

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