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CURSO DE DIREITO CIVIL – TEORIA E EXERCICIOS – P/

DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL

AULA 04 – POSSE: CLASSIFICAÇÃO, AQUISIÇÃO, EFEITOS E


PERDA. PROPRIEDADE: AQUISIÇÃO E PERDA DA
PROPRIEDADE, DIREITO REAL SOBRE COISA ALHEIA.
RESPONSABILIDADE CIVIL, TEORIA DA CULPA E DO RISCO.
DEPOSITÁRIO INFIEL – LEI 8.866/1994.

POSSE: CLASSIFICAÇÃO, AQUISIÇÃO, EFEITOS E PERDA.


PROPRIEDADE: AQUISIÇÃO E PERDA DA PROPRIEDADE,
DIREITO REAL SOBRE COISA ALHEIA.

O direito real ou direito das coisas tem como objeto a relação jurídica
entre o indivíduo e seus bens.

É o ramo do direto que trata das normas q ue atribuem


p r e r r o g a t i v a s s o b r e b e n s materiais ou imateriais.

Características:

a) vínculo ligando uma coisa a uma pessoa,

b) direito absoluto (por ser oponível contra todos)

c) oponível a todos (erga omnes),

d) direito de sequela: o titular do direito real tem o poder de


reivindicar a coisa onde quer que se encontre,

e) direito de preferência (o crédito real prefere sempre ao pessoal),

f) numerus clausus: só são direitos reais os


t a x a t i v a m e n t e estabelecidos em lei e

g) sujeito passivo universal (por obrigar a todos).

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CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS REAIS

a) sobre coisa própria: propriedade - é o único, confere o título


de dono ou domínio, é ilimitada ou plena, confere poderes de uso, gozo,
posse, reivindicação e disposição e

b) sobre coisa alheia:

1. De gozo: enfiteuse*, servidão predial, usufruto, uso, habitação e


renda real;
2. De garantia: penhor, hipoteca, anticrese e
3. De aquisição: direitos do promitente comprador.

*O art. 2.038, Novo Código Civil: “Fica proibida a constituição de


enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua
extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei n° 3.071, de 1°
de janeiro de 1916, e leis posteriores”. A partir de 2003 não é mais
possível a enfiteuse, porém existem contratos com vigência legal e
que produzem efeitos jurídicos até cessar a última enfiteuse. Esta foi
substituída pelo direito de superfície, com ressalvas:

A enfiteuse, obrigatoriamente, era perpétua. O direito de superfície


não pode ser perpétuo. A enfiteuse, obrigatoriamente, era onerosa. O
direito de superfície pode ser sem ônus. A enfiteuse era exclusiva de
solos não cultivados e de terrenos dedicados à edificação. O direito de
superfície permite muito mais.

POSSE

Posse: é a detenção de uma coisa em nome próprio (diferente


da mera detenção em q u e o d e t e n t o r p o s s u i e m n o m e d e
o u t r e m , s o b c u j a s o r d e n s e d e p e n d ê n c i a s s e encontra.

Teorias que explicam a posse:

a) teoria subjetiva (Savigny): definia a posse como sendo o


poder de uma pessoa sobre uma coisa, com a intenção de tê-la
para si pelo destaque à intenção de ter a coisa para si (animus rem
sibi habendi), e

b) teoria objetiva (Ihering): adotada pelo CC: tem posse aquele que
age e m relação à coisa como se fosse
proprietário, mesmo que não o seja,
independentemente da intenção.

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AQUISIÇÃO DA POSSE

A aquisição da posse pode ser originária ou derivada. Será originária


quando um possuidor tiver adquirido a posse sem que essa tenha
decorrido de um possuidor anterior, ou seja, que não seja repassada
ou transmitida, mas decorra de um apossamento independente da
coisa, sem nenhuma relação com algum possuidor anterior.

São exemplos de constituição de posse originária a apreensão da


coisa, materializada nos atos de ocupação ou até mesmo o furto de
algum objeto (esse ato poderá se tornar posse uma vez que cessar a
clandestinidade).

Já a constituição da posse de forma derivada ocorre quando a mesma


for repassada a outrem por ato ou negócio bilateral entre o possuidor
anterior e o posterior, ou quando a lei dispuser dessa forma.

Assim, será derivada a posse quando existir entre as partes, por


exemplo, um contrato de compra e venda ou depósito (nesse caso a
posse se materializa com a tradição, ou entrega da coisa), pela
ocorrência do constituto possessório ou quando houver sucessão,
quando uma pessoa substitui outra em determinada situação jurídica.
A tradição, forma pela qual a posse é repassada a outrem, pode ser
explicada como a entrega da coisa, sendo que ambas agem
voluntariamente.

Vale dizer que há formas pelas quais a tradição se daria de forma


diferenciada, sendo pois real, simbólica ou ficta.

Será real quando a coisa for realmente entregue a outrem, e


simbólica, quando, através de um ato, há a entrega da coisa
(exemplo: entrega das chaves de um imóvel). A tradição ficta, por
sua vez, é aquela em que a pessoa que recebe a coisa já era
possuidor da mesma (exemplo: entrega do imóvel à aquele que já
era locatário da coisa).

Outra classificação da tradição seria a existente no Direito Romano,


que distingue a tradição em traditio longa manus e traditio brevi
manus.

Na primeira hipótese não ocorre a efetiva entrega da coisa por ser


impossível tal possibilidade, e nesse caso a coisa, objeto da posse,
então, será colocada à disposição do possuidor.

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Já na segunda hipótese, verifica-se a tradição ficta, pois a pessoa que


recebe o bem já era possuidor anterior da coisa. Em outras palavras,
essa forma de tradição ocorre quando a pessoa exerce a posse em
nome alheio, e passa a exercer em nome próprio. Esse instituto foi
criado para que se evitasse o dispêndio de trabalho, pois como o bem
já se encontra com o adquirente seria inútil que o mesmo fosse
restituído nas mãos do locador, para, depois, ser repassado ao
locatário (adquirente) novamente.

O constituto possessório, outra forma pela qual a posse se origina de


forma derivada, se distingue da traditio brevi manus, pois, não há a
tradição da coisa. Nesse caso, a pessoa exerce a posse em nome
próprio, mas por ato de vontade, passa a exercê-la em nome alheio.
Um exemplo seria o do proprietário de uma coisa, que aliena a coisa,
mas continua a exercer a posse como locatário.

Esse instituto serve mais uma vez para se evitar a restituição da


coisa, para a posterior entrega, sendo uma cláusula que assegura a
pessoa a continuar na posse do bem, embora a outro título. É a
chamada cláusula constituti. Vale dizer que a referida clausula serve
tanto para coisas móveis quanto imóveis, devendo a mesma ser
expressa nos contratos, uma vez que não podem ser presumidas.

A terceira e última forma de posse derivada é pela sucessão. Há


várias espécies de sucessão, podendo ser inter vivos ou causa mortis.

Na sucessão inter vivos é aquela que ocorre enquanto ambas as


partes (possuidor anterior e sucessor) estão vivas. Já na sucessão
causa mortis é aquela que decorre da sucessão hereditária ou
testamentária, quando o possuidor anterior faleceu.

Pode-se dizer que a sucessão, tanto inter vivos ou causa mortis,


como poderá ser a título universal ou singular.

Na sucessão a título universal, a pessoa que sucede o anterior não


sabe de forma totalmente definida as coisas as quais será possuidor,
abrangendo a totalidade dos bens do antigo possuidor. Ocorre
normalmente na sucessão causa mortis, sendo que o herdeiro
herdará, desde o momento da morte do de cujos, a quota parte de
sua herança, sem saber especificamente de quais bens se trata. É a
universalidade de bens que é transmitida.

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EFEITOS DA POSSE

a) presunção de propriedade,

b) direito aos interditos, ou seja, às ações específicas de proteção da posse,

c) direito ao usucapião, dentro dos requisitos da lei,

d) se a posse é de boa fé:


I) direito aos furtos,
II) indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis,
III) direito de retenção, como garantia do pagamento dessas
benfeitorias,
IV) levantamento das benfeitorias voluptuárias,

e) se a posse é de má-fé:
I) dever de pagar os frutos colhidos,
II) responsabilidade pela perda da coisa,
III) direito ao ressarcimento das benfeitorias necessárias,
IV) ausência do direito de retenção,
V) ausência do direito de levantamento das benfeitorias úteis e voluptuárias.

CLASSIFICAÇÃO DA POSSE

 Direta: é a exercida diretamente pelo possuidor sobre a coisa.

 Indireta: é a que o proprietário conserva, por ficção legal, quando


o exercício da posse direta é conferido a outrem, em virtude de
contrato ou direito real limitado. As posses direta e indireta coexistem.

 Justa: a posse que não for clandestina (é a posse não


ostensiva), nem violenta (é a obtida à força), nem precária (é
a cedida a título provisório).

 Injusta: será a posse clandestina, violenta e precária.

 De boa fé: se o possuidor ignora o vício ou o obstáculo impeditivo do seu


exercício.

 De má-fé: ocorre quando o vício não é ignorado.

 Titulada: é a amparada por justo título. Justo título significa


qualquer ato jurídico que, em tese, seria hábil a conferir
direito de propriedade, se não contivesse, porém, um

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determinado defeito. Presume-se de boa fé quem tem justo


título. Entende-se melhor a posse que se fundar em justo título.

 Não titulada: que não tem justo título.

 Contínua: é a permanente.

 Descontínua: é a posse em que houve alguma interrupção.

 Velha: é a posse de mais de ano e dia.

 Nova: é a posse de menos de ano e dia. A distinção tem relação com as


ações possessórias, ou meios de defesa da posse. Se a posse foi velha o
possuidor terá melhores condições para ser mantido na sua posse
pela Justiça, até que se esclareça completamente a questão através de
processo regular.

 Composse: ocorre quando há mais de um possuidor da coisa toda,


em partes ideais não localizadas (ex. condomínio de terra não dividida ou
demarcada).

Perturbação da posse

a) esbulho: perda da posse.

b) turbação: tentativa de esbulho.

c) ameaça de agressão iminente.

Defesa da posse

a) Legítima defesa, para manter-se na posse, em caso de turbação.

b) Desforço, para restituir-se na posse, em caso de esbulho.

c) Ação judicial (tipicamente possessórias):

I) Reintegração de posse (esbulho),

II) Manutenção de posse (turbação),

III) Interdito proibitório (ameaça). Obs.: Na reintegração e na


manutenção cabe medida liminar se o fato tiver menos deum
ano e um dia. No interdito proibitório não há medida liminar.

d) Meios específicos:

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I) Ação de nunciação de obra nova: seu objetivo é impedir a


continuação de obra que prejudique prédio vizinho ou esteja em
desacordo com os regulamentos.

II) Embargos de terceiro: utilizado quando é feita apreensão judicial


de um bem que é de terceiro que não é parte no processo.

III) Ação da dano infecto: tem caráter preventivo ou


cominatório (como o interdito proibitório) e pode ser oposta quando
haja fundado receio de perigo iminente, em razão de ruína o prédio
vizinho ou vício na construção. Defende a propriedade no caso de
mau uso. Cabe caução.

PERDA DA POSSE

Cessa a posse de um sujeito quando se inicia a posse de outro. Na


casuística deve ser encontrado e definido esse momento de
importantíssimas consequências.

Haverá continuidade na posse, enquanto não houver manifestação


voluntária em contrário. A posse deverá ser entendida como
subsistente, quando a coisa possuída encontra-se em situação
normalmente tida pelo proprietário.

Em resumo, perde-se a posse sempre que o agente deixa de ter


possibilidade de exercer, por vontade própria ou não, poderes
inerentes ao direito de propriedade sobre a coisa.
Perde-se a coisa pelo desaparecimento do corpus ou do animus.
Também pelo desaparecimento do corpus + animus!

FORMAS:

a) pelo abandono: quando o possuidor, intencionalmente, se


afasta do bem com o escopo de se privar de sua disponibilidade
física e de não mais exercer sobre ela quaisquer atos possessórios.
Deve ser voluntário e espontâneo, sem vícios!
Não haverá abandono com presença de erro, dolo ou coação.
Há a perda do animus e do corpus! Obs: o animus deve ser
analisado no caso concreto.

Ex: quando alguém deixa um livro na rua com o propósito de se


desfazer dele.

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Ex: alguém se ausenta indefinidamente do se bem imóvel sem


deixar representante, desinteressando-se pela sua não-utilização.

b) Pela tradição: além de meio aquisitivo de posse pode ser


também de perda da posse. Vale tanto pra bens móveis quanto
imóveis.

Desaparece o corpus e o animus.

Bens móveis – tradição.

Bens imóveis – transfere-se o registro do título, que tem o efeito


translatício do imóvel.

c) Pela perda da própria coisa: quando for absolutamente


impossível encontra-la, de modo que não mais se possa utiliza-la
economicamente. Ex: Pássaro que fugiu da gaiola e joia que caiu
no mar.

d) pela destruição da coisa: decorrente de um evento natural e


fortuito, de ato do possuidor ou de terceiro.

e) pela sua inalienabilidade: quando a coisa é posta fora do


comércio por motivo de ordem pública, de moralidade, de higiene
ou de segurança coletiva.

f) pela posse de outrem: ainda que contra a vontade do possuidor


se este não foi manutenido ou reintegrado em tempo competente.

g) pelo Constituto Possessório: O possuidor que transfere o objeto


a outrem, utilizando-se do constituto possessório, perde um título
de posse e passa a ter outro. O proprietário aliena a coisa e
continua a residir no imóvel precariamente, com posse em nome
do adquirente.

Perda da Posse de direitos:

O melhor é dizer que a expressão posse de direito abrange toda


situação legal, por força da qual uma fica à disposição de alguém,
que a pode usar e fruir, como se fora a própria. Esta definição é
mais abrangente e compreensiva, transcendendo a esfera dos
direitos reais, sem todavia incluir os chamados direitos
obrigacionais, que proteção possessória não têm, pois são simples
vínculo ligando pessoas nas obrigações de dar, fazer e não fazer
alguma coisa.

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a) Pela impossibilidade do seu exercício. Quando a impossibilidade


física ou jurídica de possuir um bem leva à impossibilidade de
exercer sobre eles os poderes inerentes ao domínio.

Ex: A impede o exercício da servidão, por ter tapado o caminho, e


o possuidor não age em defesa de sua posse, deixando que se
firme essa impossibilidade.

Ex: quando se perde o direito à servidão, porque o prédio


serviente ou dominante foi destruído.

b) Pelo Desuso: Ocorre quando a posse de um direito não se


exercer dentro do prazo previsto, tem-se por consequência, a sua
perda para o titular.

Ex: o desuso e uma servidão predial por 10 anos consecutivos põe


fim à posse do direito.

Perda de posse para o possuidor que não presenciou o esbulho.


Perda da Posse do ausente:

a) quando, tendo notícia do esbulho, o possuidor se abstém de


retomar o bem, abandonando seu direito, pois não se mostrou
visível como proprietário em razão do seu completo desinteresse.

b) quando tentando recuperar a sua posse, fazendo, p. ex: do


esforço imediato for, violentamente, repelido por quem detém a
coisa e se recusa, terminantemente a entregá-la.

Ausente será aquele que não está presente e não se reconhece o


paradeiro para defender sua posse.

O Ausente deve intentar o desforço imediato ou as ações


possessórias

Perda da posse mesmo contra a vontade do possuidor:

Isso ocorrerá quando o possuidor não puder mais exercer sobre a


posse, qualquer ato possessório ou os poderes inerentes ao
domínio.

Ex: abandono, destruição do bem, renuncia ao direito de servidão.

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Perda ou Furto da Coisa Móvel e Título ao Portador.

Título ao Portador: Coisa Móvel.

É facultado a ação a aquele que tiver perdido título ao portador ou


dele houver sido injustamente desapossado.

Pode a vítima:

a) reivindicá-lo da pessoa que o detiver;

b) requerer-lhe a anulação e substituição por outro.

Quando a coisa é adquirida em leilão público, feira ou mercado, o


reivindicante deve pagar o possuidor. Procura-se dar segurança
aos negócios realizados nessas circunstâncias, onde o exame do
título da coisa adquirida é mais custoso.

II – Atos que não Induzem a Posse:

A mera permissão ou tolerância não podem converter-se em


posse. Os atos originalmente violentos ou clandestinos podem
tornar-se posse somente depois de cessada a violência ou a
clandestinidade.

PROPRIEDADE

CONCEITO: Propriedade é o direito real que dá a uma pessoa


(denominada então "proprietário") a posse de uma coisa, em todas as
suas relações. É também o direito/faculdade de usar, gozar e dispor
da coisa, além do direito de reavê-la de quem injustamente a possua
ou detenha. É ainda um direito complexo, absoluto, perpétuo e
exclusivo.

O proprietário pode usar (consiste na faculdade de o dono servir-se


da coisa e utilizá-la da maneira que entender mais
conveniente – jus utendi), gozar (ou u s u f r u i r , c o m p r e e n d e
o poder de perceber os frutos naturais e civi s da coisa e
aproveitar economicamente os seus frutos – jus fruendi), dispor de

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seus bens (direito de transferi-la ou aliená-la a outrem a qualquer


título, desde que condicionado ao bem-estar social – jus
abutendi), bem como reavê-los de quem os possua
injustamente (direito de reivindicá-la das mãos de quem
injustamente a detenha – rei vindicatio. A medida cabível é Ação
Reivindicatória).

Modalidades de propriedade

a) Plena: quando todos direitos estão reunidos no proprietário,

b) Limitada: um elemento é entregue a outro titular,

c) Resolúvel: a propriedade se limita no tempo, extinguindo-se com o


advento de uma condição ou termo. A propriedade abrange o
solo, tudo que está acima ou abaixo da superfície, dentro dos
limites úteis ao seu uso. As jazidas e demais riquezas do subsolo e as
quedas d'agua pertencem à União, constituindo propriedade distinta
da do solo.

AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL

a) Registro do título - título de transferência,

b) Acessão: é modo originário de aquisição da propriedade,


criado por lei, em virtude da qual tudo que incorpora um bem
pertence ao proprietário, são acréscimos acontecidos em relação a
um imóvel, pela mão do homem (artificial – ex. construção, plantação)
ou pela natureza.

Por Acessão Natural:


I) Formação de ilhas: ficam pertencendo ao dono do imóvel ao
qual aderirem, ou aos donos dos imóveis mais próximos, no
caso de formação de ilhas, em proporção às suas testadas.

II) Aluvião: são depósitos de matérias, trazidas


p e l a s á g u a s , q u e à s v e z e s v ã o s e acumulando junto a
imóveis lindeiros, de modo contínuo e quase imperceptível;

III) Avulsão: é o arrancamento de um bloco considerável de


terra, pela força das águas, e o seu consequente arremesso
de encontro com a terra de outrem. O dono das terras assim
acrescidas pode ficar com o acréscimo, pagando indenização
ao reclamante, ou consentir na remoção do mesmo.

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IV) Álveo ou leito abandonado do rio, público ou particular,


pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens,
com divisa no meio.

c) Usucapião,

d) Direito hereditário.

MODOS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE

Quanto à origem:

a) originária: quando não há transmissão de um sujeito para outro


(ex. usucapião);

b) derivada: quando resulta de uma relação negocial entre o


anterior proprietário e o adquirente, havendo, pois, uma transmissão
do domínio em razão da manifestação de vontade.

Se o modo é originário, a propriedade passa ao


p a t r i m ô n i o d o a d q u i r e n t e l i v r e de qualquer limitação ou vício
que porventura a maculavam.

Se é derivado, a t r a n s m i s s ã o é f e i t a c o m o s m e s m o s
a t r i b u t o s e e v e n t u a i s l i m i t a ç õ e s q u e anteriormente
recaíam sobre a propriedade, porque ninguém por transferir mais
direitos do que tem.

A título singular: ocorre no direito hereditário quando se refere a


um bem específico da herança.

A titulo universal: transmite todos os bens da herança.

Usucapião: é um modo derivado de aquisição da


propriedade, independente da vontade do titular anterior. Ocorre
quando alguém detém a posse de uma coisa com ânimo de dono, por
um determinado tempo, sem interrupção e sem oposição, desde que
essa posse não seja clandestina, nem violenta, nem precária (posse injusta).

Não podem ser usucapidas: coisas fora do comércio, as insuscetíveis


de apropriação e os imóveis públicos.

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Ordinário Extraordinário Urbano Rural

Posse Ininterrupta Posse Ininterrupta Posse Ininterrupta Posse Ininterrupta


Ânimo de dono Ânimo de dono Ânimo de dono Ânimo de dono
sem oposição sem oposição sem oposição sem oposição
Justo título Sem Justo título Sem Justo título Sem Justo título
Boa fé Sem Boa fé Sem Boa fé Sem Boa fé
Imóvel urbano ou Imóvel urbano ou Imóvel urbano Imóvel rural
rural rural Até 150 m2 área Até 50 hectares
Qualquer área Qualquer área Moradia própria ou área
da família Moradia própria ou
Não ser da família
proprietário de Não ser
outro imóvel proprietário de
outro imóvel
Produtividade
agrícola

AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL

Tradição: é o meio pelo qual se transfere a propriedade da coisa


móvel, com a sua entrega ao adquirente, em cumprimento a um
contrato.

Ocupação: é a aquisição da coisa sem dono (ex. caça e pesca).

Adjunção: é a simples união de uma coisa alheia a coisa nossa, de


modo a não se poder separá-las sem detrimento do todo assim
formado pela confusão: a união de líquidos .

Comistão: é a união de gêneros secos, ex. cereais ou legumes. pela


especificação: é a transformação de matéria pertencente a uma pessoa por
trabalho feito por outra.

Usucapião, pelo casamento, pelo direito hereditário.

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PERDA DA PROPRIEDADE

Voluntária: Quando se desfaz por conta própria da propriedade


Ex: alienação, renúncia e abandono.
Involuntária – Quando ocorre independentemente da vontade do
proprietário, Ex: perecimento da coisa, usucapião e desapropriação.

CONCEITO o direito da propriedade sendo perpétuo, só poderá ser


perdido pela vontade do dono (alienação, renúncia, abandono) ou por
alguma outra coisa legal, como o parecimento, a usucapião, a
desapropriação etc. O simples não uso, sem as características de
abandono, não determina a sua perda, se não for usucapido por
outro, ainda que passe mais de 15 anos.

MODOS VOLUNTTÁRIOS: são alienação, renúncia, abandono.

MODOS INVOLUNTÁRIOS são perecimento, desapropriação.


ALIENAÇÃO ocorre por meio de contrato (negocio jurídico bilateral),
pelo qual o titular transfere a propriedade a outra pessoa. Pode ser a
titulo oneroso, como na compra e venda, ou a titulo gratuito, como
na doação.

A RENÚNCIA é ato unilateral, pelo qual o titular abre mão de seus


direitos sobre a coisa, de forma expressa. O ato renunciativo de
imóvel deve também ser registrado no Registro de Imóveis
competente. Exige-se a escritura pública para a renúncia de direitos
reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário
mínimo vigente no País.

O ABANDONO é ato unilateral, pelo qual o titular abre mão de seus


direito sobre a coisa. Nesse caso, não há manifestação expressa.
Pode ocorrer, ex quando o proprietário não tem meios de pagar
impostos que oneram o imóvel.

A PERDA PELO PERECIMENTO decorre da perda do objeto.

A PERDA PELA DESAPROPRIAÇÃO nos casos expressos na CF. Trata-


se de modo involuntário de perda de domínio.

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DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS

Direitos de fruição sobre coisa alheia

E N F I T E U S E : é o arrendamento perpétuo de terras não


c u l t i v a d a s o u t e r r e n o s destinados à edificação mediante o
pagamento de uma pensão ou foro anual, certo e invariável.

O dono, ou senhorio direto, continua sendo proprietário, mas o


domínio útil passa para o enfiteuta, como se também proprietário
fosse.

Direitos do senhorio direto (proprietário):


a) direito ao domínio direto,
b) direito à pensão ou foro anual,
c) direito de preferência, na aquisição do domínio útil,
d) direito ao laudêmio de 2,5%, no caso de venda do domínio útil.

Direitos do enfiteuta (quem adquire, titular do direito real


sobre coisa alheia):
a)direito ao domínio útil,
b) direito de preferência, na aquisição do domínio direto,
c)direito de resgate.

DIREITO DE SUPERFÍCIE

O direito de superfície foi introduzido no Código Civil de 2002 com o


intuito de substituir com vantagem a enfiteuse, em pleno desuso.

Diferentemente da enfiteuse, a superfície é instituto de origem


exclusivamente romana. Segundo as fontes mais evidentes, decorreu
da necessidade prática de se permitir a construção em solo alheio,
principalmente sobre bens públicos.

Foi consagrado como direito real sobre coisa alheia na época clássica.
Permitia-se a plena atribuição do direito de superfície a quem, sob
certas condições, construísse em terreno alheio.

Passou-se a permitir que o construtor tivesse a obra separada do


solo. Porém, o direito de superfície apenas era atribuído a
construções, não se aplicando às plantações em terreno alheio.

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O objetivo é mais amplo do que na enfiteuse, permitindo melhor


utilização da coisa.

O proprietário do solo mantém a substância do bem, pertencendo-lhe


o solo, no qual pode ter interesse de exploração ou utilização do que
dele for retirado.

Terá esse proprietário, denominado fundeiro, a fruição do solo e do


próprio terreno enquanto não iniciada a obra ou plantação pelo direito
lusitano. O superficiário tem direito de construir ou plantar.

O fundeiro tem também a expectativa de receber a coisa com a obra,


se o instituto é estabelecido sob a modalidade temporária.

O superficiário assume a posse direta da coisa, cabendo ao


proprietário a posse indireta.

O fundeiro não pode turbar a posse do superficiário.

Aspectos:

a) há um direito de propriedade do solo, que é direito que


necessariamente pertence ao fundeiro;

b) há o direito de plantar ou edificar, o denominado direito de


implante; e

c) há o direito ao pagamento, se a concessão for onerosa. Depois de


implantada, deve ser destacada a propriedade da obra, que cabe ao
superficiário; a expectativa de sua aquisição pelo fundeiro e o direito
de preferência atribuído ao proprietário ou ao superficiário, na
hipótese de alienação dos respectivos direitos.

O Código Civil de 2002 aboliu novas enfiteuses, introduzindo o direito


de superfície gratuito ou oneroso, estabelecendo, contudo,
obrigatoriamente o prazo determinado.

Nosso ordenamento veda a modalidade perpétua.

Não se confunde o prazo indeterminado com a perpetuidade. Cuida-


se também de direito real limitado sobre coisa alheia, que apresenta
inegáveis vantagens sobre a enfiteuse, embora com certa analogia
com esta.

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As cadeiras cativas, em estádios de futebol, é exemplo, assim como


os camarotes privativos em teatros.

Permite a lei mais recente, da mesma forma, que o proprietário


atribua a alguém a conservação de seu imóvel, por determinado
prazo, mais ou menos longo, sem que o proprietário tenha o encargo
de explorá-lo pessoalmente ou mantenha ali constante vigilância
contra a cupidez de terceiros. Nesse aspecto se aproxima muito da
finalidade originária da enfiteuse.

Dispõe o art. 1.369: O proprietário pode conceder a outrem o direito


de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado.
Mediante escritura pública devidamente registrada no cartório de
registro de Imóveis.

Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra nos


subsolo, salvo se for inerente ao objeto da “concessão”.

Trata-se, como menciona a lei, de uma concessão que o proprietário


faz a outrem, para que se utilize sua propriedade, tanto para
construir como para plantar.

O contrato que estabelece a superfície somente gera efeitos pessoais


entre as partes. A eficácia de direito real somente é obtida com o
registro imobiliário.

Como regra geral, em princípio o superficiário não pode utilizar o


subsolo no sistema do Código Civil, salvo se essa utilização for
inerente ao próprio negócio, como, por exemplo, a exploração da
argila para fabricar tijolos ou a manutenção de uma adega para
vinhos.

Da mesma forma, se é autorizada uma construção de certa monta, o


subsolo poderá ser utilizado para garagens, depósitos e outras
finalidades como ocorre nos edifícios de última geração. É de toda
conveniência que os interessados sejam claros no pacto a esse
respeito, pois nem sempre restará implícita a necessidade de utilizar
o subsolo. O mesmo se aplica ao espaço aéreo. Como vimos, a
alteração proposta pelo projeto nº 6.960 ao art. 1.369 refere-se
expressamente à utilização do subsolo e do espaço aéreo.

O art. 1.377 menciona que o direito de superfície constituído por


pessoa jurídica de direito público interno rege-se pelo Código, no que
não for diversamente disciplinado em lei especial.

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SERVIDÃO PREDIAL: é o proveito ou facilidade prestada por um


prédio (prestador ou serviente) em favor de outro (favorecido ou
dominante).

Partes:
a) dono do prédio serviente e
b) dono do prédio dominante.

Características:
a) perpétua,
b) indivisível e
c) inalienável.

Modos de aquisição:
a) ato jurídico registrado,
b) por usucapião (só nas servidões aparentes) e
c) pela lei (direito de vizinhança).

Extinção:
a) renúncia,
b) resgate (renúncia onerosa),
c) confusão,
d) não uso por 10anos.

Classificação:
a) urbana,
b) rústica,
c) aparente,
d) não aparente,
e) contínua e
f) descontínua.

USUFRUTO: é um direito de gozo ou fruição que atribui ao seu


titular o direito de usar c o i s a a l h e i a , m ó v e l o u i m ó v e l , e
auferir para si os frutos por ela produzidos.

O usufrutuário fica com a posse, o uso, a administração e os frutos


da coisa. O dono fica a p e n a s c o m o d i r e i t o a b s t r a t o d e
propriedade, sendo por isso chamado de nu
proprietário.

Características:
a) direito personalíssimo,
b) intransferível,
c) o usufruto só pode ser alienado ao nu-proprietário,

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d) o exercício do usufruto pode ser cedido a título gratuito ou


oneroso,
e) pode ser simultâneo, mas não sucessivo.

Espécies:
a) legal ou
b) convencional.

USO: é um direito real de gozo ou de fruição, que atribui ao seu


titular apenas o uso d e c o i s a a l h e i a , s e m d i r e i t o à
administração e aos frutos, salvo daquilo que seja
necessário ao consumo pessoal e de sua família (aplica quando as
regras do usufruto não forem cabíveis). Exemplo: jazigo
perpétuo.

HABITAÇÃO: restringe-se ao direito de morar em determinado


prédio alheio. A lei dá esse direito, por exemplo, ao cônjuge
sobrevivente sobre imóvel d e s t i n a d o à r e s i d ê n c i a d a
família, enquanto durar a viuvez se o regime era o da
comunhão universal, desde que seja o único bem imóvel deixado pelo
cônjuge falecido.

RENDA CONSTITUÍDA SOBRE IMÓVEL: na constituição de renda,


uma pessoa - rentista ou censuísta, transfere, por tempo
determinado, o domínio de um imóvel ao o u t r o c o n t r a t a n t e -
rendeiro ou censuário, obrigando-se este a
p a g a r regularmente uma renda, a favor do instituidor ou de outrem
– esta renda constitui direito real.

Direitos reais de garantia sobre coisas alheias

São aquelas que vinculam a coisa uma relação obrigacional, não


trazem o beneficio imediato para o novo titular apenas são utilizadas
para garantia do credor numa relação obrigacional.

PENHOR E HIPOTECA: em ambos o devedor oferece ao


credor, como garantia, um determinado bem sobre o qual o credor
terá preferência em relação a todos os outros credores, para ser pago
com o produto da venda judicial deste bem.

No penhor o bem será móvel e na hipoteca será imóvel.

Ambos são contratos acessórios e formais (penhor exige


p e l o m e n o s e s c r i t o particular e hipoteca exige escritura pública).

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A hipoteca pode ser:


a) convencional,
b) legal,
c) judicial ou
d ) c e d u l a r (estabelecida na cédula de crédito industrial).

ANTICRESE: o devedor entrega ao credor um imóvel, cedendo-lhe o


direito de auferir os frutos e rendimentos desse imóvel, até o
montante da dívida a ser paga, o próprio credor anticrético paga-se
com o rendimento do imóvel, só que o imóvel pertence ao devedor

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA: constitui uma garantia real sui generis,


vez que não se exerce sobre coisa alheia, mas sobre coisa própria. O
financiado, ou devedor fiduciante, dá em alienação um bem móvel ao
credor fiduciário, que se torna proprietário e possuidor indireto da
coisa, ficando o devedor fiduciante com a posse direta, na
qualidade de usuário e depositário. Essa transferência, porém, é
apenas em garantia, tornando-se sem efeito, automaticamente, logo que
paga a última prestação.

Direitos de aquisição sobre coisas alheias

Direito do promitente comprador, ou promessa de compra e venda


com eficácia real, ou direito real de aquisição, são vários os nomes
para o mesmo instituto.

A propriedade imóvel só se adquire pelo registro, então quando


alguém compra uma casa, só será dono quando fizer o registro da
escritura no Cartório de Imóveis, mesmo que já tenha pago o preço,
ou mesmo que já tenha as chaves e a posse da casa.

O Decreto Lei 58, de 1937, atribuiu efeito real ao contrato de compra


e venda a prazo de imóvel, de modo que pago integralmente o preço,
o vendedor fica obrigado a fazer a escritura definitiva, e se não o
fizer, o Juiz fará no lugar do vendedor.

Sempre que alguém compra um imóvel a prazo, faz uma


escritura/contrato com o vendedor que se chama “promessa ou
compromisso de compra e venda”, de modo que, pago integralmente
o preço, o vendedor celebra com o comprador a escritura definitiva
que será levada a registro no Cartório de Imóveis.

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Se tal promessa de compra e venda tiver uma cláusula de


irretratabilidade (= as partes não podem se arrepender) e se tal
contrato for registrado no Cartório de Imóveis, uma vez pago todo o
preço, o vendedor não pode se arrepender e terá que fazer a
escritura definitiva, sob pena de adjudicação pelo Juiz.

Legislação

DIREITO DAS COISAS

DA POSSE

Da Posse e sua Classificação

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o


exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade.

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a
indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto
defender a sua posse contra o indireto.

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação


de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e
em cumprimento de ordens ou instruções suas.

Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como


prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-
se detentor, até que prove o contrário.

Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá


cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não
excluam os dos outros compossuidores.

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou


precária.

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o


obstáculo que impede a aquisição da coisa.

Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção


de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente
não admite esta presunção.

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Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o


momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor
não ignora que possui indevidamente.

Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o


mesmo caráter com que foi adquirida.

Da Aquisição da Posse

Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna


possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes
inerentes à propriedade.

Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:

I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;

II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.

Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do


possuidor com os mesmos caracteres.

Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu


antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do
antecessor, para os efeitos legais.

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou


tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos
violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a
clandestinidade.

Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das
coisas móveis que nele estiverem.

Dos Efeitos da Posse

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso


de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência
iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou


restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos
de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à
manutenção, ou restituição da posse.

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§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de


propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.

Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora,


manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver
manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.

Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de


indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada
sabendo que o era.

Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às


servidões não aparentes, salvo quando os respectivos títulos
provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem
este o houve.

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar,


aos frutos percebidos.

Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-


fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da
produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos
com antecipação.

Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e


percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos
dia por dia.

Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos


colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de
perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem
direito às despesas da produção e custeio.

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou


deterioração da coisa, a que não der causa.

Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou


deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de
igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das


benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias,
se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem
detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor
das benfeitorias necessárias e úteis.

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Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as


benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela
importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.

Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só


obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.

Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao


possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o
seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.

Da Perda da Posse

Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade


do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.

Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não


presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de
retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.

DOS DIREITOS REAIS

Disposições Gerais

Art. 1.225. São direitos reais:


I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;
XII - a concessão de direito real de uso.

Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando


constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem
com a tradição.

Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou


transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no

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Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a


1.247), salvo os casos expressos neste Código.

DA PROPRIEDADE

Da Propriedade em Geral
Disposições Preliminares

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da


coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha.

§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com


as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam
preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o
patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e
das águas.

§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer


comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de
prejudicar outrem.

§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de


desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse
social, bem como no de requisição, em caso de perigo público
iminente.

§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel


reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de
boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas,
e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente,
obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e
econômico relevante.

§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa


indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença
como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e


subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu
exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam
realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não
tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

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Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e


demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os
monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.

Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os


recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde
que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto
em lei especial.

Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova


em contrário.

Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda


quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico
especial, couberem a outrem.

Da Aquisição da Propriedade Imóvel

Da Usucapião

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que
assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro
no Cartório de Registro de Imóveis.

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez


anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia
habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou


urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem
oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até
duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou
de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao


homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado
civil.

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§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será


reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos


ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade,
sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros
quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex
companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou
de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo


possuidor mais de uma vez.

§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)

Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada


adquirida, mediante usucapião, a propriedade imóvel.

Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá


título hábil para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que,


contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir
por dez anos.

Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o


imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro
constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde
que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou
realizado investimentos de interesse social e econômico.

Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido


pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus
antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas,
pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.

Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor


acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a
prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.

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Da Aquisição pelo Registro do Título

Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o


registro do título translativo no Registro de Imóveis.

§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante


continua a ser havido como dono do imóvel.

§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a


decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o
adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.

Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se


apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no
protocolo.

Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o


interessado reclamar que se retifique ou anule.

Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário


reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do
terceiro adquirente.

Da Aquisição por Acessão

Art. 1.248. A acessão pode dar-se:


I - por formação de ilhas;
II - por aluvião;
III - por avulsão;
IV - por abandono de álveo;
V - por plantações ou construções.

Das Ilhas

Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou


particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros,
observadas as regras seguintes:

I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos


sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens,
na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em
duas partes iguais;

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II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens


consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse
mesmo lado;

III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do


rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos
quais se constituíram.

Da Aluvião

Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente,


por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes,
ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos
marginais, sem indenização.

Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de


prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na
proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.

Da Avulsão

Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra
se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá
a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem
indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.

Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono


do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que
se remova a parte acrescida.

Do Álveo Abandonado

Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos


proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham
indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo
curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o
meio do álveo.

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Das Construções e Plantações

Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno


presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o
contrário.

Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio


com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade
destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder
por perdas e danos, se agiu de má-fé.

Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio


perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e
construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.

Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder


consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou
ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da
indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.

Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o


proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o
valor das acessões.

Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o


trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem
impugnação sua.

Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não


pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os
empregou em solo alheio.

Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais


poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando
não puder havê-la do plantador ou construtor.

Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio,


invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste,
adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo
invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde
por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a
desvalorização da área remanescente.

Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos


neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do
solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor

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da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se


puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a
construção.

Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo


alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da
parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam
o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e
o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a
demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados,
que serão devidos em dobro.

Da Aquisição da Propriedade Móvel

Da Usucapião

Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e
incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé,
adquirir-lhe-á a propriedade.

Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos,


produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé.

Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos


arts. 1.243 e 1.244.

Da Ocupação

Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe
adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.

Do Achado do Tesouro

Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo


dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário
do prédio e o que achar o tesouro casualmente.

Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio,


se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro
não autorizado.

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Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido


por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro
quando ele mesmo seja o descobridor.

Da Tradição

Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios


jurídicos antes da tradição.

Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente


continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao
adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder
de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por
ocasião do negócio jurídico.

Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não
aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em
leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias
tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o
alienante se afigurar dono.

§ 1o Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a


propriedade, considera-se realizada a transferência desde o momento
em que ocorreu a tradição.

§ 2o Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título


um negócio jurídico nulo.

Da Especificação

Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte


alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder
restituir à forma anterior.

Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à


forma precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova.

§ 1o Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a


espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-
prima.

§ 2o Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da


escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à
matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor
exceder consideravelmente o da matéria-prima.

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Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270,
se ressarcirá o dano que sofrerem, menos ao especificador de má-fé,
no caso do § 1o do artigo antecedente, quando irredutível a
especificação.

Da Confusão, da Comissão e da Adjunção

Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas,


misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a
pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração.

§ 1o Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo


dispêndio excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um dos
donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou para a
mistura ou agregado.

§ 2o Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á


do todo, indenizando os outros.

Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé,


à outra parte caberá escolher entre adquirir a propriedade do todo,
pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for devida,
ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será indenizado.

Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar


espécie nova, à confusão, comissão ou adjunção aplicam-se as
normas dos arts. 1.272 e 1.273.

Da Perda da Propriedade

Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a


propriedade:
I - por alienação;
II - pela renúncia;
III - por abandono;
IV - por perecimento da coisa;
V - por desapropriação.

Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da


propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título
transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.

Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a


intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não

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encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem


vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do
Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.

§ 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas


circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar,
três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se
localize.

§ 2o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este


artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de
satisfazer os ônus fiscais.

RESPONSABILIDADE CIVIL, TEORIA DA CULPA E DO RISCO.

TEORIA DA CULPA – RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: O


Código Civil vigente adota, portanto, como regra, a Teoria da
Culpa, chamada de responsabilidade subjetiva porque leva
em consideração a conduta do agente e se esse agiu de maneira
diligente e prudente.

A regra está no artigo 186 do novo Código Civil, que


expressamente consagra a indenização por danos morais,
segundo o preceito constitucional (artigo 5º, X).

TEORIA DO RISCO – RESPONSABILIDADE OBJETIVA: Já no


artigo 927, parágrafo único, admite que haverá a obrigação de
indenizar, independentemente de culpa, nos casos previstos
em lei, ou quando a atividade desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Assim, o Código Civil de 2002 também contempla expressamente


adota a Teoria do Risco, chamada de objetiva, segundo a qual
aquele que em virtude de sua atividade cria um risco de danos a
terceiro, fica obrigado a reparar, sendo irrelevante que a ação do
agente denote imprudência, negligência ou imperícia.

Então vamos iniciar o estudo da responsabilidade civil.

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Ato ilícito – é o praticado com infração ao dever legal de


não lesar a outrem. Tal dever é imposto a
todos no art. 159 do CC, que prescreve:
“Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito, ou causar prejuízo a outrem,
fica obrigado a reparar o dano”. Portanto,
ato ilícito é fonte de obrigação, a de indenizar
ou ressarcir o prejuízo causado.

OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
Responsabilidade Civil: é a obrigação de indenizar o dano
causado a outrem, tanto por dolo como por
culpa, sendo que a responsabilidade civil
independe da responsabilidade criminal, pois
mesmo que o ato ilícito não seja um
crime, não deixará de existir a obrigação
de indenizar as perdas e os danos. O
interesse diretamente lesado é o
privado. O prejudicado poderá pleitear ou
não de reparação. Esta responsabilidade é
patrimonial, é o patrimônio do devedor que
responde por suas obrigações.
No cível, há várias hipóteses de responsabilidade por ato de
terceiros (diferente de penal). A culpabilidade é bem mais ampla
na área cível, a culpa, ainda que levíssima, obriga a indenizar. A
imputabilidade também é tratada de maneira diferente, os
menores entre 16 e 21 anos são equiparados aos maiores quanto
às obrigações resultantes de atos ilícitos em que forem culpados.
responsabilidade civil pode ser contratual ou Extra-Contratual.

DO DANO E SUA REPARAÇÃO


dano: sem a prova do dano, ninguém pode ser
responsabilizado civilmente. A inexistência de dano
torna sem objeto a pretensão à sua reparação.
Às vezes a lei presume o dano, como acontece na Lei de
Imprensa, que presume haver dano moral em casos de calúnia,
injúria e difamação praticados pela imprensa. Acontece o mesmo

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em ofensas aos direitos da personalidade.


Pode ser lembrado, como exceção ao princípio de que
nenhuma indenização será devida se não tiver ocorrido
prejuízo, a regra que obriga a pagar em dobro ao devedor
quem demanda divida já paga, como uma espécie de pena
privada pelo comportamento ilícito do credor, mesmo sem prova
de prejuízo.
O dano pode ser:
I) patrimonial, material – os prejuízos econômicos sofridos
pelo ofendido. A indenização deve abranger
não só o prejuízo imediato (danos
emergentes), mas também o que o
prejudicado deixou de ganhar (lucros
cessantes)
II) extrapatrimonial, moral – é o oposto de dano econômico, é
dano pessoal. A expressão tem duplo
significado: (veja que a expressão não é
adequada mas, é assim consagrada)

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência


ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

ABUSO DO DIREITO: A responsabilidade é objetiva: Art.


187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

O abuso do direito ocorre quando uma pessoa possui o direito,


mas que, ao exercer o seu direito, excede os limites. Por
exemplo: o proprietário de um terreno que, ao cavar um poço no
seu terreno, por cavar muito próximo do muro do vizinho, vem a
derrubar a parede desse vizinho. O proprietário do referido
terreno está no seu direito ao cavar o poço dentro dos limites do
seu imóvel; porém, ao exercer o seu direito, excede-o. Nesse
caso a responsabilidade é objetiva porque independe de culpa.
Gera o dever de indenizar.

EXCLUDENTE DA ILICITUDE: Art. 188. Não constituem atos


ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular

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de um direito reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão


a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Por exemplo:
uma senhora quebra a janela de sua vizinha ao ver que o fogão
está “pegando” fogo. Evita, assim, que a casa inteira seja
atingida.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente


quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário,
não excedendo os limites do indispensável para a remoção do
perigo.

Responsabilidade Civil

1. RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRA-


CONTRATUAL
Contratual: quando o agente descumpre o contrato ou fica
inadimplente.
Extra-Contratual: quando o agente pratica ato ilícito, violando
deveres e lesando direitos.
Responsabilidade Contratual: ocorre quando uma pessoa
causa prejuízo a outrem por
descumprir uma obrigação
contratual, um dever contratual. O
inadimplemento contratual acarreta a
responsabilidade de indenizar as
perdas e danos.
Responsabilidade Extracontratual: ocorre quando a
responsabilidade não deriva de
contrato, mas de infração ao
dever de conduta, um dever legal,
imposto genericamente no art. 186
do CC. Também chamada de
aquiliana.

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Diferenças:
a) na responsabilidade contratual, o inadimplemento
presume-se culposo, o credor lesado encontra-se em posição
mais favorável, pois só está obrigado a demonstrar que a
prestação foi descumprida sendo presumida a culpa do
inadimplente. Na extracontratual, ao lesado incumbe o
ônus de provar a culpa ou dolo do causador do dano;
b) a contratual tem origem na convenção, enquanto a
extracontratual a tem na inobservância de dever genérico de
não lesar outrem (neminem laedere);
c) a capacidade sofre limitações no terreno da
responsabilidade contratual, sendo mais ampla no campo
extracontratual.

Pressupostos da responsabilidade extracontratual

a) ação ou omissão: a responsabilidade por derivar de ato


próprio, de ato de terceiro que esteja sob a
guarda do agente e, ainda, de danos causados
por coisas e animais que lhe pertençam.

Para que se configure a responsabilidade por omissão é


necessário que exista o dever jurídico de praticar
determinado dano (de não se omitir) e que demonstre que,
com a sua prática, o dano poderia ter sido evitado.

O dever jurídico de não se omitir pode ser imposto por lei


ou resultar de convenção (dever de guarda, de vigilância, de
custódia) e até da criação de alguma situação especial de risco.

b) culpa ou dolo do agente: para que a vítima obtenha a


reparação do dano, exige o referido
dispositivo legal que prove dolo (é a
violação deliberada, intencional, do dever
jurídico) ou culpa stricto sensu
(aquiliana) do agente (imprudência,

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negligência ou imperícia).
c) relação de causalidade: é a relação de causalidade (nexo
causal ou etiológico) entre a ação ou
omissão do agente e o dano verificado.
Se houver o dano mas sua causa não está
relacionada com o comportamento do
agente, inexiste a relação de causalidade e,
também, a obrigação de indenizar.
As excludentes da responsabilidade civil, como a culpa da
vítima e o caso fortuito e a força maior, rompem o nexo de
causalidade, afastando a responsabilidade do agente.

2. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA


Teoria sobre a reparação do dano (no civil)
· Subjetiva - há obrigação de indenizar sempre que se
prova a culpa do agente.

Teoria Aquiliana
Requisitos - ação ou omissão (negligência);
dano ou prejuízo;
Nexo de Causalidade; Dolo ou Culpa
(necessária comprovação);
Dolo - comete o Dolo quem pratica um ato ou
assume o risco de praticar tal ato. É realizado
por vontade própria e consciente de praticar um
ato ilícito;
Conduta Dolosa - Ex.: uma pessoa inabilitada
p/ prática de medicina
(estudante de medicina)
realiza uma cirurgia sem Ter
condições para tal.
Culpa - ausência do dever de cuidado objetivo,
caracterizado pela imprudência, negligência ou
imperícia. É o desvio padrão do Homem
Médio. Ex.: O dito “Homem Médio” procura, ao
dirigir um automóvel, não atropelar os
pedestres e respeitar os sinais de trânsito.

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Imprudência - (conduta ativa) –


quando ele trafega em alta velocidade em
uma via pública;
Negligência - (conduta passiva) –
quando ele não toma cuidados de
manutenção com seu veículo;
Imperícia - Falta de habilidade técnica.
· Objetiva: há obrigação de indenizar, independentemente
da prova de culpa do responsável. Ex.: a responsabilidade
da empresa pelos danos causados à clientela, em atos
praticados por empregado no exercício da função ou em
razão do serviço. Nesse caso, a empresa é responsável pelo
dano, mas poderá ter direito de regresso contra o
empregado se este for culpado.

Requisitos: ação ou omissão; dano ou prejuízo;


Nexo Causal;
Fundamento Jurídico: As pessoas jurídicas de
direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos RESPONDERÃO pelos danos
que seus AGENTES (funcionários), em trabalho,
causarem a terceiros , assegurado o DIREITO DE
REGRESSO contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa. O pagamento, quando for o caso, é
realizado através de PRECATÓRIO.
Teoria do Risco Administrativo - quando presente os 3
requisitos (imprudência, negligência ou imperícia), o Estado tem
que indenizar a vítima; contudo pode demonstrar caso fortuito
(ou força maior) o culpa exclusiva da vítima.

Teoria do Risco Integral - quando presente os 3 requisitos


(imprudência, negligência ou imperícia), a vítima deve ser
indenizada pelo causador . Nesse caso, o risco é o fator
preponderante da existência do lucro. Ex.: as atividades
seguradoras.

Ato ilícito – é o praticado com infração ao dever legal de


não lesar a outrem. Tal dever é imposto a

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todos no art. 186 do CC, que prescreve:


“Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito, ou causar prejuízo a outrem,
fica obrigado a reparar o dano”. Portanto,
ato ilícito é fonte de obrigação, a de indenizar
ou ressarcir o prejuízo causado.

3. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
Responsabilidade Civil: é a obrigação de indenizar o dano
causado a outrem, tanto por dolo como por
culpa, sendo que a responsabilidade civil
independe da responsabilidade criminal, pois
mesmo que o ato ilícito não seja um
crime, não deixará de existir a obrigação
de indenizar as perdas e os danos.
O interesse diretamente lesado é o privado. O prejudicado
poderá pleitear ou não de reparação. Esta responsabilidade é
patrimonial, é o patrimônio do devedor que responde por suas
obrigações.
Ninguém pode ser preso por dívida civil, exceto o
depositário infiel e o devedor de pensão alimentícia
oriunda do direito de família.
No cível, há várias hipóteses de responsabilidade por ato de
terceiros (diferente de penal). A culpabilidade é bem mais ampla
na área cível, a culpa, ainda que levíssima, obriga a indenizar. A
imputabilidade também é tratada de maneira diferente, os
menores entre 16 e 21 anos são equiparados aos maiores quanto
às obrigações resultantes de atos ilícitos em que forem culpados.
A responsabilidade civil pode ser contratual ou Extra-Contratual.

Da Responsabilidade Civil
CAPÍTULO I - Da Obrigação de Indenizar

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

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Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar,
se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de
fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que
deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o
incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso
do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-
lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo
ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano
ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao
lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele
em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).
Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei
especial, os empresários individuais e as empresas respondem
independentemente de culpa pelos danos causados pelos
produtos postos em circulação.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação
civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se
acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus
empregados, serviçais e prepostos, no exercício do
trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou
estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins
de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos

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produtos do crime, até a concorrente quantia.


RESPONSABILIDADE OBJETIVA: Art. 933. As pessoas
indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda
que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos
praticados pelos terceiros ali referidos.
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem
pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo
se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou
relativamente incapaz.
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da
criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do
fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se
acharem decididas no juízo criminal.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano
por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos
danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de
reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele,
responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou
forem lançadas em lugar indevido.
Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de
vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o permita, ficará
obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a
descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a
pagar as custas em dobro.
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo
ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais
do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no
primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o
equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.
Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se
aplicarão quando o autor desistir da ação antes de contestada a
lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum
prejuízo que prove ter sofrido.
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação
do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado;

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e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão


solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os
autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932.
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de
prestá-la transmitem-se com a herança.

CAPÍTULO II
Da Indenização

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre
a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
eqüitativamente, a indenização.
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o
evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta
a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver
na lei ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo
inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma
que a lei processual determinar.
Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na
espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda
corrente.
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste,
sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da
vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto
os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da
vítima.
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o
ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos
lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum
outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.

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Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido


não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a
capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença,
incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para
que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir
que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se
ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício
de atividade profissional, por negligência, imprudência ou
imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-
lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho.
Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além
da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor
das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes;
faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao
prejudicado.
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando
não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço
ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje
àquele.
Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia
consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo
material, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da
indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.
Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal
consistirá no pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao
ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o
disposto no parágrafo único do artigo antecedente.
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade
pessoal:
I - o cárcere privado;
II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
III - a prisão ilegal.

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DEPOSITÁRIO INFIEL

Após o julgamento pelo STF dos Recursos Extraordinários 349703 e


466343 e do Habeas Corpus 87585 a inadmissibilidade da prisão civil
do depositário infiel é tema muito cobrado em concurso público.

Você vai aprender o entendimento do STF sobre a ilicitude da prisão


civil do depositário infiel.

A Constituição Federal ao mesmo tempo em que veda a prisão civil,


faz duas ressalvas, dentre elas a do depositário infiel.

O STF através dos Recursos Extraordinários (REs) 349703 e 466343 e


no Habeas Corpus (HC) 87585 fulminou a prisão do depositário infiel,
seja qual for a forma de depósito (voluntário, necessário, judicial,
alienação fiduciária).

Ainda que havendo lei que trate de prisão civil, nenhuma continuará
válida, embora ainda previsto na Constituição federal.

CONCEITO DE PRISÃO CIVIL

A prisão civil é o cerceamento da liberdade de alguém que não pode


ou não quer pagar um débito. No Brasil, esse tipo de prisão é vedada,
porém a legislação ressalvava algumas exceções: o inadimplemento
de obrigação alimentícia e do infiel depositário. É medida de força,
restritiva de liberdade humana que serve como meio coercitivo para
forçar o cumprimento de determinada obrigação.

A sanção, nesse caso, é meio de coerção e não pena, porque a lei ao


estabelecer um prazo mínimo para sua duração, estando ele na
própria vontade do depositário, que pode dela liberar-se desde o
momento em que cumpra a obrigação de restituir.

A PRISÃO DO DEPOSITÁRIO INFIEL

A Constituição Federal Brasileira, no mesmo momento em que proíbe


a prisão civil, admite em caráter excepcional a prisão no caso de
inadimplemento alimentar e do depositário infiel:

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Art. 5º, LXVII, assim prevê: “não haverá prisão civil por dívida, salvo
a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
obrigação alimentícia e a do depositário infiel”.

Porém o Brasil ratificou o Pacto Internacional dos Direitos Civis e


Políticos (Decreto nº 592/92) que dispõe em seu artigo
11: “Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com
uma obrigação contratual”; e o Pacto de São José da Costa Rica
(Convenção Americana sobre Direitos Humanos aprovada no Brasil
pelo Decreto Legislativo n. 27/92, e promulgada pelo Decreto n.
678/92) que traz em seu artigo 7 , inc. 7º onde “ninguém deve ser
detido por dívida”.

Ratificando o disposto na Constituição Federal, o Novo Código Civil


em seu artigo 652, preceitua que: seja o depósito voluntário ou
necessário, o depositário que não o restituir quando exigido será
compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente a um ano, e
ressarcir os prejuízos.

Já o Código de Processo Civil, ao tratar especificamente da Ação de


Depósito, também traz a possibilidade de ser decretada a prisão do
depositário.

Art. 902. Na petição inicial instruída com a prova literal do depósito e


a estimativa do valor da coisa, se não constar do contrato, o autor
pedirá a citação do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias:

§ 1o No pedido poderá constar, ainda, a cominação da pena de


prisão até 1 (um) ano, que o juiz decretará na forma do art. 904,
parágrafo único.

À época, se manifestou o Supremo Tribunal Federal:


“Alienação fiduciária em garantia. Prisão civil. - Esta Corte, por seu
Plenário (HC 72.131), firmou o entendimento de que, em face da
Carta Magna de 1988, persiste a constitucionalidade da prisão civil do
depositário infiel em se tratando de alienação fiduciária em garantia,
bem como de que o Pacto de São José da Costa Rica, além de
não poder contrapor-se à permissão do artigo 5º, LXVII, da mesma
Constituição, não derrogou, por ser norma infraconstitucional
geral, as normas infraconstitucionais especiais sobre prisão
civil do depositário infiel. - Esse entendimento voltou a ser
reafirmado, também por decisão do Plenário, quando do julgamento
do RE 206.482. - Dessa orientação divergiu o acórdão recorrido.
Recurso extraordinário conhecido e provido.” (STF. 1.ª TURMA. RE
N.º 344485-RS. REL. MIN. MOREIRA ALVES)

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Até esse momento, o STF entendia que os tratados internacionais


ingressavam em nosso ordenamento jurídico como norma
infraconstitucional geral. Portanto, não influenciavam nas normas
infraconstitucionais especiais brasileiras, considerando plenamente
cabível a prisão do depositário infiel.

A EC nº 45/04 acrescentou o § 3º ao artigo 5º da Constituição


Federal, passou a prever de forma expressa que os tratados e
convenções internacionais serão equivalentes às emendas
constitucionais, desde que aprovados pelo Congresso Nacional, em
dois turnos, pelo quórum de três quintos dos votos dos respectivos
membros e que também tratem de matéria relativa a direitos
humanos.

Este parágrafo ajuda a ressaltar o caráter especial dos tratados de


direitos humanos, conferindo-lhes lugar privilegiado no ordenamento
jurídico.

Voto no HC 87585-TO - Ministro Celso de Melo:


A referida Emenda refletiu clara tendência que já se registrava no
plano do direito comparado no sentido de os ordenamentos
constitucionais dos diversos Países conferirem primazia jurídica
aos tratados e atos internacionais sobre as leis internas,
notadamente quando se tratasse de convenções internacionais
sobre direitos humanos, às quais se atribuiu hierarquia
constitucional.

Houve então mudança no entendimento do STF, decidindo que, de


acordo com o Pacto de São José da Costa Rica, no Direito brasileiro,
restaram derrogadas as normas estritamente legais definidoras da
prisão do depositário infiel, embora prevista na Magna Carta.

Assim, o Pacto de São José da Costa Rica (Convenção Americana


sobre Direitos Humanos aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo
n. 27, de 25-9-1992, e promulgada pelo Decreto n. 678, de 6-11-
1992), possui status de norma supralegal, ou seja, imediatamente
acima das leis especiais brasileiras e abaixo da Constituição Federal.

A prisão do depositário infiel não é considerada inconstitucional, mas


sim foi considerada ilícita conforme Súmula Vinculante nº 25 “é ilícita
a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do
depósito”.

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QUESTÕES

Questão 01. CESPE - 2011 - TJ-PB - Juiz Com base na


jurisprudência do STJ e na doutrina, assinale a opção correta
acerca dos institutos da posse e dos direitos reais.

a) A confusão não extingue a hipoteca, pois a garantia pode incidir


em bem próprio.
b) Um particular que ocupar, de boa-fé, lotes localizados em terras
públicas terá direito a indenização pelas benfeitorias necessárias e
úteis, sob pena de retenção.
c) O penhor convencional, que só pode decorrer de ato entre vivos,
exige que as partes acordem sobre o valor e as condições de
pagamento.
d) O direito real de uso é instituído pelas mesmas modalidades do
usufruto e, tal como este, pode ser cedido a título gratuito.
e) A renúncia ao usufruto não alcança o direito real de habitação, que
decorre de lei e se destina a proteger o cônjuge sobrevivente,
mantendo-o no imóvel destinado à residência da família.

Comentários:

Alternativa Letra D: Incorreta:

O direito real de uso é instituído pelas mesmas modalidades do


usufruto: correto, uma vez que a disciplina do usufruto é aplicada
tanto ao instituto do uso quanto da habitação.

CC - Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua
natureza, as disposições relativas ao usufruto.

ERRO: "e, tal como este, pode ser cedido a título gratuito" - usufruto
pode ser instituido tanto de forma gratuita quanto de forma onerosa.

CC - Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas


o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso.

Alternativa Letra A: Incorreta: A hipoteca pode ser extinta pela


confusão/consolidação uma vez que se o credor
comprar/herdar/ganhar o bem hipotecado a garantia se extingue.
Afinal não pode haver hipoteca em bem próprio. A hipoteca é direito
real na coisa alheia (jura in re aliena), então não pode haver garantia
na coisa própria. Portanto, extingue-se a garantia real porque não

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pode incidir sobre bem próprio, de forma que se o credor hipotecário


adquire o domínio do bem gravado, a hipoteca desaparece.

Alternativa E: Correta:

I - "A renúncia ao usufruto não alcança o direito real de habitação" -


Encontra-se correta conforme decisão do STJ já colacionada pelo
colega acima.

II - "que decorre de lei e se destina a proteger o cônjuge


sobrevivente, mantendo-o no imóvel destinado à residência da
família." - O direito real de habitação é previsto no art. 1831 do CC
em benefício do cônjuge sobrevivente.

CC - Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime


de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba
na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel
destinado à residência da família, desde que seja o único daquela
natureza a inventariar.

Gabarito: e

Questão 02. CESPE - 2007 - TJ-TO - Juiz A respeito da posse e da


propriedade, assinale a opção correta.
a) A posse que gera a usucapião extraordinária, ordinária ou especial
é aquela exercida por alguém com ânimo de proprietário e sobre
coisa certa, não podendo ser reclamada sobre coisa incerta, salvo
quando se tratar de composse de coisa indivisa.
b) Gera a usucapião a posse ininterrupta e sem oposição, com ânimo
de dono, por cinco anos ininterruptos, de área de terra em zona rural
não superior a cinquenta hectares, utilizada como moradia pelo
possuidor, que a torne produtiva pelo seu trabalho e dela tire a sua
subsistência e de sua família, não sendo o possuidor proprietário de
qualquer outro imóvel.
c) A tolerância da administração pública quanto à ocupação dos bens
públicos de uso comum ou especial por particulares faz nascer para
estes direito assegurável pelos interditos possessórios e direito à
indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias, o que lhes
assegura a prerrogativa de retenção.
d) O convalescimento da posse adquirida de forma violenta,
clandestina ou precária é permitido pela cessação da violência ou da
clandestinidade e pelo decurso de ano e dia.

Comentários:
A alternativa b é a correta, conforme art. 1239 do CC:

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Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou


urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem
oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Alternativa A) errada porque não existe ressalva. Mesmo em caso de


composse de coisa indivisa a coisa tem de ser certa. Ademais, não
pode um compossuidor requerer, para si, com exclusividade a
usucapião:

O compossuidor não pode pleitear o usucapião do imóvel para si


próprio, se se cuida de composse, ou seja, posse exercida em nome
de várias pessoas que não são também autoras da ação. (...)

Alternativa B) correta. Usucapião especial.

Alternativa C) errada, porque tal tolerância não assegura qualquer


direito.

Alternativa D) Convalescimento da posse: é a passagem da posse


injusta para a posse justa. Assim, de acordo com as posições
apresentadas, somente há convalescimento da posse para os que
adotarem a linha do segundo pensamento. Já para a primeira e a
terceira não existe convalescimento, pois aquela entende que o vício
nunca existiu (e o que nunca existiu não se transforma), e essa
entende que não se transfigura, mantendo o vício que a originou.

Gabarito: b

Questão 03. CESPE - 2008 - TJ-AL - Juiz Henrique adquiriu de Danilo,


em 20/8/2000, por cessão de direitos, os direitos possessórios de um
imóvel de 120 m2 . Por motivo de trabalho, Henrique mudou-se para
outra cidade, lá residindo por seis meses. Quando retornou,
encontrou Gustavo residindo no imóvel por ele adquirido. Gustavo
alegou que havia adquirido o imóvel de Danilo há dois meses e
apresentou a escritura pública registrada em cartório.

Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta.


a) A posse de Henrique é injusta, visto que ele não adquiriu o imóvel
mediante escritura pública registrada em cartório.
b) Gustavo é o possuidor direto do imóvel e Henrique, o possuidor
indireto.
c) Considerando-se que Gustavo, além de estar na posse da coisa,
detém o título de proprietário do imóvel, Henrique não poderá ajuizar
ação possessória para reaver a posse.

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d) Gustavo, ainda que eventualmente perdesse a demanda


possessória instalada em decorrência da situação, teria direito à
retenção em vista do valor das benfeitorias úteis e necessárias
comprovadamente feitas no imóvel.
e) Considerando-se que Henrique e Gustavo se dizem possuidores, ao
analisar eventual pedido de liminar em ação possessória, não é lícito
ao juiz manter Gustavo provisoriamente na posse.

Comentários: Fundamentação: Aplica-se no caso o art. 1.219 do CC.

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das


benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias,
se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem
detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor
das benfeitorias necessárias e úteis.
Gabarito: d

Questão 04. CESPE - 2008 - TJ-SE - Juiz A respeito da propriedade e


da posse, assinale a opção correta.
a) O direito de retenção consiste na faculdade do possuidor de boa-fé
ou o detentor de coisa imóvel de manter o poder fático sobre a coisa
alheia, objetivando proteger a sua posse ou receber a indenização
pelas benfeitorias necessárias e úteis realizadas no imóvel.
b) Se o proprietário, por meio de contrato verbal de comodato,
permitir o uso gratuito de um imóvel por tempo indeterminado, o
comodatário exerce legitimamente a posse e, sem a notificação
necessária de que não mais tem interesse em manter o comodato,
não há constituição em mora e, sem ela, também o proprietário não
pode postular a reintegração de posse.
c) O convalescimento da posse adquirida de forma violenta,
clandestina ou precária é permitido pela cessação da violência ou da
clandestinidade e pelo decurso de ano e dia. Cessado o vício, a posse
torna-se justa e o possuidor passa a ser considerado de boa-fé,
reconhecendo-se-lhe o direito de retenção, seja por acessões seja por
benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias.
d) A descoberta é um modo de aquisição originária da propriedade
móvel, segundo a qual aquele que encontrar coisa alheia, sem dono
ou abandonada torna-se seu depositário e, transcorridos três anos
sem que o proprietário a reclame, a propriedade consolida-se na
pessoa do possuidor.
e) Adquire-se a propriedade por abandono de álveo quando houver
acréscimo de terras às margens de um rio, provocado pelo desvio de
águas ou afastamento dessas, descobrindo parte do álveo.

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Comentários:

Alternativa A) errada: O detentor não possui o direito de retenção

Alternativa B) correta.

Alternativa C) errada: O vício da precariedade NÃO convalesce.

Alternativa D) errada: A descoberta NÃO é forma de aquisição da


propriedade móvel.

Alternativa E) errada: A afirmativa refere-se ao fenômeno do


ALUVIÃO
Gabarito: b

Questão 05. CESPE - 2007 - TJ-PI - Juiz Acerca da posse e da


propriedade, assinale a opção correta.

a) Se os ramos de uma árvore, cujo tronco estiver na linha da divisa


de duas propriedades, ultrapassarem a extrema de um dos prédios, o
dono do prédio invadido deverá dar ciência ao seu confinante para
que tome as providências necessárias para sanar o problema e, em
caso de recusa ou omissão do vizinho, ele poderá cortar os ramos
invasores, às expensas daquele.

b) Para que a posse exercida sobre um bem seja considerada de boa-


fé, exige-se que seja examinada a inexistência de vícios extrínsecos
que a infirmem ou, caso existentes, que o possuidor os ignore ou que
tenha tomado conhecimento do vício da posse, em data posterior à
sua aquisição, ou mesmo que, por erro inescusável, ou ignorância
grosseira, desconheça o vício ou obstáculo jurídico que lhe impeça a
aquisição da coisa ou do direito possuído.

c) A posse mantém o mesmo caráter de sua aquisição, podendo ser


adquirida pelo próprio interessado, por seu procurador e pelo
constituto possessório. Assim, se a aquisição foi violenta ou
clandestina, esse vício se prende à posse enquanto ela durar, isto é,
não convalesce, pois será sempre considerada posse injusta.

d) A posse ininterrupta e incontestada pelo prazo de 15 anos gera a


propriedade de um bem imóvel por meio da usucapião ordinária,
independentemente de título e de boa-fé, quando o possuidor houver
estabelecido no imóvel a sua morada, ou nele houver realizado obras
ou serviços de caráter produtivo.

e) Se o possuidor houver adquirido a posse do bem imóvel por meio


de comodato verbal, por prazo indeterminado, a notificação ou

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interpelação do comodatário para a restituição e desocupação do


imóvel é suficiente para constituí-lo em mora. Se o comodatário não
desocupar o imóvel no prazo que lhe foi concedido, sua recusa
constitui esbulho à posse do comodante, reparável por meio da ação
reintegratória.

Comentários:

Alternativa A: errada: se o tronco da árvore está na linha divisa, é


responsabilidade de ambos vizinhos: CC "Art. 1.282. A árvore, cujo
tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum
aos donos dos prédios confinantes".

Alternativa B: errada: não se mantém a boa-fé da posse conhecendo-


se o vício depois de sua aquisição: CC "Art. 1.202. A posse de boa-fé
só perde este caráter no caso e desde o momento em que as
circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui
indevidamente".

Alternativa C: errada - admite-se prova em contrário capaz de afastar


o caráter anterior que tinha a posse, ou seja, em regra a posse
mantém seu caráter, mas a alternativa afirma que essa regra não
comporta exceções: CC "Art. 1.203. Salvo prova em contrário,
entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida."

Alternativa D: errada - usucapião ordinário: posse mansa e pacífica


por 10 anos, com justo título e boa-fé, mas esse prazo é reduzido a 5
anos se o imóvel for adquirido onerosamente e os possuidores
tiverem se estabelecido nele, realizando investimentos de interesse
social e econômico (CC art. 1242), usucapião extraordinário: posse
mansa e pacífica por 15 anos (CC art. 1238), dispensados justo título
e boa-fé, usucapião especial: imóvel urbano de até 250m2 tendo
como moradia ou imóvel rural de até 50ha tornando-o produtivo com
posse pelo prazo de 5 anos initerruptos sem oposição (CP art. 183 e
191 e CC art. 1239 e 1240). Há ainda o usucapião especial urbano
coletivo do art. 10 do estatuto das cidades: 5 anos, posse
ininterrupta e sem oposição, lotes de até 250m2 mas com
impossibilidade de identificar os terrenos ocupados por cada
possuidor.

Gabarito: e

Questão 06. CESPE - 2012 - TJ-CE - Juiz Pedro, viúvo, pai de Caio,
Eduardo e Leonardo, faleceu, deixando a propriedade de uma fazenda
no interior do Ceará. Caio reside na fazenda e seus dois irmãos, no
Rio de Janeiro. Antes do início do inventário, durante uma semana
em que Caio viajou, a fazenda foi invadida por cinco famílias. Caio,

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então, procurou um advogado para ajuizar ação possessória com a


finalidade de ser reintegrado na posse da referida fazenda.

Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) Caio somente poderá defender sua parte ideal do imóvel.


b) Caio poderá ajuizar sozinho a ação, desde que com a anuência dos
demais herdeiros.
c) Caio poderá ajuizar sozinho a ação para a defesa da posse de todo
o imóvel.
d) Todos os irmãos deverão integrar o polo ativo, mas, antes, deverá
ser dado início ao inventário.
e) Há, no caso, litisconsórcio necessário.

Comentários:

Gabarito: alternativa C) Caio poderá ajuizar sozinho a ação para a


defesa da posse de todo o imóvel.

A ação proposta é de ação possessória com finalidade de


reintegração de posse, não discute-se, portanto, a propriedade do
imóvel

Caio é o único possuidor direto da fazenda, sendo o único que poderá


ajuizar ação de reintegração de posse

Gabarito: c

Questão 07. CESPE - 2006 - TJ-SE - Titular de Serviços de Notas e de


Registros Entre as causas de perda da propriedade está a usucapião
que, sendo ordinária, exige a prova do justo título e da boa-fé e
consuma-se no prazo de dez anos de posse ininterrupta, sem
oposição e exercida com o ânimo de dono.

Comentários:

Usucapião Ordinária:
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que,
contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o
possuir por dez anos.

Gabarito: correto

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Questão 08. CESPE - 2007 - TJ-TO - Juiz A respeito da posse e da


propriedade, assinale a opção correta.
a) A posse que gera a usucapião extraordinária, ordinária ou especial
é aquela exercida por alguém com ânimo de proprietário e sobre
coisa certa, não podendo ser reclamada sobre coisa incerta, salvo
quando se tratar de composse de coisa indivisa.

b) Gera a usucapião a posse ininterrupta e sem oposição, com ânimo


de dono, por cinco anos ininterruptos, de área de terra em zona rural
não superior a cinquenta hectares, utilizada como moradia pelo
possuidor, que a torne produtiva pelo seu trabalho e dela tire a sua
subsistência e de sua família, não sendo o possuidor proprietário de
qualquer outro imóvel.

c) A tolerância da administração pública quanto à ocupação dos bens


públicos de uso comum ou especial por particulares faz nascer para
estes direito assegurável pelos interditos possessórios e direito à
indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias, o que lhes
assegura a prerrogativa de retenção.

d) O convalescimento da posse adquirida de forma violenta,


clandestina ou precária é permitido pela cessação da violência ou da
clandestinidade e pelo decurso de ano e dia.

Comentários: A alternativa b é a correta, conforme art. 1239 do CC:

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou


urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem
oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Gabarito: b

Questão 09. CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador - conhecimentos


específicos A respeito dos atos jurídicos ilícitos, dos contratos, da
posse, do estabelecimento empresarial, dos títulos de crédito e da
responsabilidade civil, assinale a opção correta.

a) A pós datação do cheque amplia o prazo de apresentação da


cártula e, por consequência, sua eficácia executiva.

b) É possível a indenização por dano moral a diferentes núcleos


familiares de uma mesma vítima.

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c) Considere a seguinte situação hipotética.


Na calada da noite, uma joalheria foi roubada por três ladrões, a
autoria do delito foi descoberta, todos os envolvidos foram
processados e condenados criminalmente, com sentença transitada
em julgado.

Nessa situação hipotética, segundo a disciplina do Código Civil, para


indenizar-se dos prejuízos causados, a joalheria deve ajuizar ação em
face de todos os meliantes, ainda que somente um deles tenha
patrimônio suficiente para garantir futura execução.

d) Considere a seguinte situação hipotética.


Maria celebrou contrato de arrendamento mercantil (leasing) com
determinada empresa e, após o pagamento da 31.ª prestação, das 36
acordadas, tornou-se inadimplente.
Nessa situação hipotética, mostrar-se-á proporcional a pretensão de
reintegração de posse do bem pela empresa credora, com a
consequente resolução do contrato.

e) É obrigação do empresário averbar, no registro de sua inscrição na


junta comercial, o contrato de alienação, usufruto ou arrendamento
do estabelecimento e publicá-lo na imprensa oficial. Todavia, esses
tipos de contrato serão válidos e eficazes contra terceiros desde o
momento da sua assinatura.

Comentários

Alternativa A: Incorreta.
A pós datação do cheque tem natureza contratual e, como tal, produz
efeitos apenas entre as partes que criaram essa cláusula no título de
crédito. Desse modo, o cheque continua como uma ordem de
pagamento à vista para todos os efeitos, mantendo em todos os seus
contornos as características de um título de crédito como a
literalidade, abstração e a autonomia das obrigações.

Nesse contexto, se o cheque for apresentando em data anterior


àquela pactuada, só pode responder por eventuais danos morais a
parte que participou da avença. Se o terceiro vier a proceder dessa
forma, não cabe responsabilização civil, porque a cláusula de pós
datação não produz efeitos em relação a ele. A cláusula de pós
datação, portanto, produz efeitos somente entre as partes
pactuantes, enquanto a ordem de pagamento a vista produz seus
regulares efeitos em relação ao portador do título de crédito e a todos
aqueles que se responsabilizaram pelo seu pagamento.

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Partindo do pressuposto de que a pós datação do cheque produz


apenas efeitos contratuais entre as partes, em nada modificando os
efeitos cambiários relacionados ao cheque, observa-se que o prazo de
apresentação não será alterado e, via de consequência, mantém-se
inalterado também o seu prazo prescricional e o lapso temporal de
manutenção da eficácia executiva.

Alternativa C: Incorreta.
A sentença condenatória com trânsito em julgado é título executivo
judicial. As questões sobre autoria e materialidade quando já
decididas em âmbito criminal vinculam o juízo cível. É o que
prescreve o Código Civil:

CC - Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal,


não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre
quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas
no juízo criminal.

A legitimidade para figurar no polo passivo de uma liquidação e


posterior demanda executiva, ou diretamente numa demanda
executiva quando o magistrado já fixar na sentença os valores
indenizatórios, serão dos acusados, não podendo integrar tal polo da
ação pessoas estranhas à condenação, pois não participaram da
formação do título executivo.

Alternativa E: Incorreta.
É a letra expressa do Código Civil, o qual prescreve que o contrato de
alienação, arrendamento ou usufruto do estabelecimento empresarial
só produzirá efeitos perante terceiros após a publicação da averbação
na imprensa oficial.

CC - Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o


usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos
quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do
empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de
Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.

Gabarito: b

Questão 10. FMP-RS - 2012 - PGE-AC - Procurador Assinale a alternativa


INCORRETA.
a) Posse e detenção caracterizam-se, no sistema jurídico brasileiro,
como poder de fato, que se exerce sobre a coisa, diferenciando-se,
dentre outros fatores, porque a posse recebe proteção interdital e

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pode conduzir à aquisição da propriedade, enquanto a detenção nem


recebe proteção interdital, nem conduz à aquisição da propriedade.
b) Na traditio brevi manu o adquirente da posse do bem já o tem em
seu poder; apenas, por convenção, muda-se o título da ocupação.
c) A posse não se transfere com seus caracteres. Assim, se for
violenta, na origem, pode convalar-se em posse legítima, se o
sucessor estiver de boa-fé.
d) A posse se transfere por mera tradição, isto é, porque a pessoa
passou a exercer poder fático sobre a coisa.

Comentários

A posse se transfere sim com seus caracteres:


O art. 1203 diz que, salvo prova em contrário, entende-se manter a
posse o mesmo caráter com que foi adquirida

Gabarito c

Questão 11. COPS-UEL - 2011 - PGE-PR - Procurador - do Estado


Assinale a alternativa incorreta:

a. quando alguém conserva a posse em nome e em cumprimento


de ordens de outrem, de quem está em relação de
dependência, ele é considerado simples detentor;
b. o direito brasileiro admite a bipartição da posse em posse direta
e posse indireta;
c. a propriedade não pode ser discutida nas ações possessórias;
d. o possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos, mas
deve restituir os frutos colhidos com antecipação;
e. a posse somente pode ser adquirida pessoalmente, não se
admitindo a aquisição da posse por representante.

Comentários:

Alternativa A: CC Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que,


achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a
posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções
suas.

Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como


prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-
se detentor, até que prove o contrário.

Alternativa B: CC Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a


coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal,
ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o
possuidor direto defender a sua posse contra o indireto

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Alternativa c: CPC Art. 923. Na pendência do processo possessório, é


defeso, assim ao autor como ao réu, intentar a ação de
reconhecimento do domínio.

Alternativa d: CC Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito,


enquanto ela durar, aos frutos percebidos.

Alternativa e: Incorreta.

Gabarito: e

Questão 12. CESPE - 2008 - SEMAD-ARACAJU - Procurador Municipal


São efeitos decorrentes da posse de boa-fé: o direito aos frutos
percebidos e o direito de retenção pelo valor das benfeitorias
necessárias e úteis realizadas no bem possuído.

Comentários:

Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos


colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de
perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem
direito às despesas da produção e custeio.

Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as


benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela
importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.

Gabarito: correto

Questão 13. CESPE – FUNDAC – ADVOGADO – 2008 Nos últimos


tempos, vem-se consolidando a chamada teoria do risco, que, sem
afastar a aplicação da teoria da culpa, promove melhor cobertura a
danos nos casos em que a teoria clássica da responsabilidade civil se
revela insuficiente. Assim, a teoria do risco tem como pressuposto o
exercício de atividade perigosa como fundamento da responsabilidade
civil do agente.

Comentários: correta a assertiva: a teoria do risco não afasta a teoria


da culpa; trata-se da responsabilidade objetiva estampada no art.
927. PU.
Gabarito: correta

Questão 14. CESPE – FUNDAC – ADVOGADO – 2008 Segundo dispõe


o Código Civil vigente, comete ato ilícito o titular de um direito que,
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu

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fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos costumes. Assim, para


tipificar o abuso de direito, será imprescindível a prova de que o
agente agiu culposamente.

Comentários: trata-se do abuso de direito o art. 187 do CC; nesse


caso a responsabilidade é objetiva e independe de culpa.
Gabarito: errada

LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS

Questão 01. CESPE - 2011 - TJ-PB - Juiz Com base na


jurisprudência do STJ e na doutrina, assinale a opção correta
acerca dos institutos da posse e dos direitos reais.

a) A confusão não extingue a hipoteca, pois a garantia pode incidir


em bem próprio.
b) Um particular que ocupar, de boa-fé, lotes localizados em terras
públicas terá direito a indenização pelas benfeitorias necessárias e
úteis, sob pena de retenção.
c) O penhor convencional, que só pode decorrer de ato entre vivos,
exige que as partes acordem sobre o valor e as condições de
pagamento.
d) O direito real de uso é instituído pelas mesmas modalidades do
usufruto e, tal como este, pode ser cedido a título gratuito.
e) A renúncia ao usufruto não alcança o direito real de habitação, que
decorre de lei e se destina a proteger o cônjuge sobrevivente,
mantendo-o no imóvel destinado à residência da família.

Questão 02. CESPE - 2007 - TJ-TO - Juiz A respeito da posse e da


propriedade, assinale a opção correta.
a) A posse que gera a usucapião extraordinária, ordinária ou especial
é aquela exercida por alguém com ânimo de proprietário e sobre
coisa certa, não podendo ser reclamada sobre coisa incerta, salvo
quando se tratar de composse de coisa indivisa.
b) Gera a usucapião a posse ininterrupta e sem oposição, com ânimo
de dono, por cinco anos ininterruptos, de área de terra em zona rural
não superior a cinquenta hectares, utilizada como moradia pelo
possuidor, que a torne produtiva pelo seu trabalho e dela tire a sua
subsistência e de sua família, não sendo o possuidor proprietário de
qualquer outro imóvel.
c) A tolerância da administração pública quanto à ocupação dos bens
públicos de uso comum ou especial por particulares faz nascer para
estes direito assegurável pelos interditos possessórios e direito à

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indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias, o que lhes


assegura a prerrogativa de retenção.
d) O convalescimento da posse adquirida de forma violenta,
clandestina ou precária é permitido pela cessação da violência ou da
clandestinidade e pelo decurso de ano e dia.

Questão 03. CESPE - 2008 - TJ-AL - Juiz Henrique adquiriu de Danilo,


em 20/8/2000, por cessão de direitos, os direitos possessórios de um
imóvel de 120 m2 . Por motivo de trabalho, Henrique mudou-se para
outra cidade, lá residindo por seis meses. Quando retornou,
encontrou Gustavo residindo no imóvel por ele adquirido. Gustavo
alegou que havia adquirido o imóvel de Danilo há dois meses e
apresentou a escritura pública registrada em cartório.

Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta.


a) A posse de Henrique é injusta, visto que ele não adquiriu o imóvel
mediante escritura pública registrada em cartório.
b) Gustavo é o possuidor direto do imóvel e Henrique, o possuidor
indireto.
c) Considerando-se que Gustavo, além de estar na posse da coisa,
detém o título de proprietário do imóvel, Henrique não poderá ajuizar
ação possessória para reaver a posse.

d) Gustavo, ainda que eventualmente perdesse a demanda


possessória instalada em decorrência da situação, teria direito à
retenção em vista do valor das benfeitorias úteis e necessárias
comprovadamente feitas no imóvel.
e) Considerando-se que Henrique e Gustavo se dizem possuidores, ao
analisar eventual pedido de liminar em ação possessória, não é lícito
ao juiz manter Gustavo provisoriamente na posse.

Questão 04. CESPE - 2008 - TJ-SE - Juiz A respeito da propriedade e


da posse, assinale a opção correta.
a) O direito de retenção consiste na faculdade do possuidor de boa-fé
ou o detentor de coisa imóvel de manter o poder fático sobre a coisa
alheia, objetivando proteger a sua posse ou receber a indenização
pelas benfeitorias necessárias e úteis realizadas no imóvel.
b) Se o proprietário, por meio de contrato verbal de comodato,
permitir o uso gratuito de um imóvel por tempo indeterminado, o
comodatário exerce legitimamente a posse e, sem a notificação
necessária de que não mais tem interesse em manter o comodato,
não há constituição em mora e, sem ela, também o proprietário não
pode postular a reintegração de posse.
c) O convalescimento da posse adquirida de forma violenta,
clandestina ou precária é permitido pela cessação da violência ou da
clandestinidade e pelo decurso de ano e dia. Cessado o vício, a posse
torna-se justa e o possuidor passa a ser considerado de boa-fé,

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reconhecendo-se-lhe o direito de retenção, seja por acessões seja por


benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias.
d) A descoberta é um modo de aquisição originária da propriedade
móvel, segundo a qual aquele que encontrar coisa alheia, sem dono
ou abandonada torna-se seu depositário e, transcorridos três anos
sem que o proprietário a reclame, a propriedade consolida-se na
pessoa do possuidor.
e) Adquire-se a propriedade por abandono de álveo quando houver
acréscimo de terras às margens de um rio, provocado pelo desvio de
águas ou afastamento dessas, descobrindo parte do álveo.

Questão 05. CESPE - 2007 - TJ-PI - Juiz Acerca da posse e da


propriedade, assinale a opção correta.

a) Se os ramos de uma árvore, cujo tronco estiver na linha da divisa


de duas propriedades, ultrapassarem a extrema de um dos prédios, o
dono do prédio invadido deverá dar ciência ao seu confinante para
que tome as providências necessárias para sanar o problema e, em
caso de recusa ou omissão do vizinho, ele poderá cortar os ramos
invasores, às expensas daquele.

b) Para que a posse exercida sobre um bem seja considerada de boa-


fé, exige-se que seja examinada a inexistência de vícios extrínsecos
que a infirmem ou, caso existentes, que o possuidor os ignore ou que
tenha tomado conhecimento do vício da posse, em data posterior à
sua aquisição, ou mesmo que, por erro inescusável, ou ignorância
grosseira, desconheça o vício ou obstáculo jurídico que lhe impeça a
aquisição da coisa ou do direito possuído.

c) A posse mantém o mesmo caráter de sua aquisição, podendo ser


adquirida pelo próprio interessado, por seu procurador e pelo
constituto possessório. Assim, se a aquisição foi violenta ou
clandestina, esse vício se prende à posse enquanto ela durar, isto é,
não convalesce, pois será sempre considerada posse injusta.

d) A posse ininterrupta e incontestada pelo prazo de 15 anos gera a


propriedade de um bem imóvel por meio da usucapião ordinária,
independentemente de título e de boa-fé, quando o possuidor houver
estabelecido no imóvel a sua morada, ou nele houver realizado obras
ou serviços de caráter produtivo.

e) Se o possuidor houver adquirido a posse do bem imóvel por meio


de comodato verbal, por prazo indeterminado, a notificação ou
interpelação do comodatário para a restituição e desocupação do
imóvel é suficiente para constituí-lo em mora. Se o comodatário não
desocupar o imóvel no prazo que lhe foi concedido, sua recusa

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constitui esbulho à posse do comodante, reparável por meio da ação


reintegratória.

Questão 06. CESPE - 2012 - TJ-CE - Juiz Pedro, viúvo, pai de Caio,
Eduardo e Leonardo, faleceu, deixando a propriedade de uma fazenda
no interior do Ceará. Caio reside na fazenda e seus dois irmãos, no
Rio de Janeiro. Antes do início do inventário, durante uma semana
em que Caio viajou, a fazenda foi invadida por cinco famílias. Caio,
então, procurou um advogado para ajuizar ação possessória com a
finalidade de ser reintegrado na posse da referida fazenda.

Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) Caio somente poderá defender sua parte ideal do imóvel.


b) Caio poderá ajuizar sozinho a ação, desde que com a anuência dos
demais herdeiros.
c) Caio poderá ajuizar sozinho a ação para a defesa da posse de todo
o imóvel.
d) Todos os irmãos deverão integrar o polo ativo, mas, antes, deverá
ser dado início ao inventário.
e) Há, no caso, litisconsórcio necessário.

Questão 07. CESPE - 2006 - TJ-SE - Titular de Serviços de Notas e de


Registros Entre as causas de perda da propriedade está a usucapião
que, sendo ordinária, exige a prova do justo título e da boa-fé e
consuma-se no prazo de dez anos de posse ininterrupta, sem
oposição e exercida com o ânimo de dono.

Questão 08. CESPE - 2007 - TJ-TO - Juiz A respeito da posse e da


propriedade, assinale a opção correta.
a) A posse que gera a usucapião extraordinária, ordinária ou especial
é aquela exercida por alguém com ânimo de proprietário e sobre
coisa certa, não podendo ser reclamada sobre coisa incerta, salvo
quando se tratar de composse de coisa indivisa.

b) Gera a usucapião a posse ininterrupta e sem oposição, com ânimo


de dono, por cinco anos ininterruptos, de área de terra em zona rural
não superior a cinquenta hectares, utilizada como moradia pelo
possuidor, que a torne produtiva pelo seu trabalho e dela tire a sua
subsistência e de sua família, não sendo o possuidor proprietário de
qualquer outro imóvel.

c) A tolerância da administração pública quanto à ocupação dos bens


públicos de uso comum ou especial por particulares faz nascer para
estes direito assegurável pelos interditos possessórios e direito à
indenização pelas benfeitorias úteis e necessárias, o que lhes
assegura a prerrogativa de retenção.

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d) O convalescimento da posse adquirida de forma violenta,


clandestina ou precária é permitido pela cessação da violência ou da
clandestinidade e pelo decurso de ano e dia.

Questão 09. CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador - conhecimentos


específicos A respeito dos atos jurídicos ilícitos, dos contratos, da
posse, do estabelecimento empresarial, dos títulos de crédito e da
responsabilidade civil, assinale a opção correta.

a) A pós datação do cheque amplia o prazo de apresentação da


cártula e, por consequência, sua eficácia executiva.

b) É possível a indenização por dano moral a diferentes núcleos


familiares de uma mesma vítima.

c) Considere a seguinte situação hipotética.

Na calada da noite, uma joalheria foi roubada por três ladrões, a


autoria do delito foi descoberta, todos os envolvidos foram
processados e condenados criminalmente, com sentença transitada
em julgado.

Nessa situação hipotética, segundo a disciplina do Código Civil, para


indenizar-se dos prejuízos causados, a joalheria deve ajuizar ação em
face de todos os meliantes, ainda que somente um deles tenha
patrimônio suficiente para garantir futura execução.

d) Considere a seguinte situação hipotética.


Maria celebrou contrato de arrendamento mercantil (leasing) com
determinada empresa e, após o pagamento da 31.ª prestação, das 36
acordadas, tornou-se inadimplente.
Nessa situação hipotética, mostrar-se-á proporcional a pretensão de
reintegração de posse do bem pela empresa credora, com a
consequente resolução do contrato.

e) É obrigação do empresário averbar, no registro de sua inscrição na


junta comercial, o contrato de alienação, usufruto ou arrendamento
do estabelecimento e publicá-lo na imprensa oficial. Todavia, esses
tipos de contrato serão válidos e eficazes contra terceiros desde o
momento da sua assinatura.

Questão 10. FMP-RS - 2012 - PGE-AC - Procurador Assinale a alternativa


INCORRETA.
a.Posse e detenção caracterizam-se, no sistema jurídico brasileiro,
como poder de fato, que se exerce sobre a coisa, diferenciando-se,
dentre outros fatores, porque a posse recebe proteção interdital e

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pode conduzir à aquisição da propriedade, enquanto a detenção nem


recebe proteção interdital, nem conduz à aquisição da propriedade.
b. Na traditio brevi manu o adquirente da posse do bem já o tem em
seu poder; apenas, por convenção, muda-se o título da ocupação.
c. A posse não se transfere com seus caracteres. Assim, se for
violenta, na origem, pode convalar-se em posse legítima, se o
sucessor estiver de boa-fé.
d. A posse se transfere por mera tradição, isto é, porque a pessoa
passou a exercer poder fático sobre a coisa.

Questão 11. COPS-UEL - 2011 - PGE-PR - Procurador - do Estado


Assinale a alternativa incorreta:

a. quando alguém conserva a posse em nome e em cumprimento


de ordens de outrem, de quem está em relação de
dependência, ele é considerado simples detentor;
b. o direito brasileiro admite a bipartição da posse em posse direta
e posse indireta;
c. a propriedade não pode ser discutida nas ações possessórias;
d. o possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos, mas
deve restituir os frutos colhidos com antecipação;
e. a posse somente pode ser adquirida pessoalmente, não se
admitindo a aquisição da posse por representante.

Questão 12. CESPE - 2008 - SEMAD-ARACAJU - Procurador Municipal


São efeitos decorrentes da posse de boa-fé: o direito aos frutos
percebidos e o direito de retenção pelo valor das benfeitorias
necessárias e úteis realizadas no bem possuído.

Questão 13. CESPE – FUNDAC – ADVOGADO – 2008 Nos últimos


tempos, vem-se consolidando a chamada teoria do risco, que, sem
afastar a aplicação da teoria da culpa, promove melhor cobertura a
danos nos casos em que a teoria clássica da responsabilidade civil se
revela insuficiente. Assim, a teoria do risco tem como pressuposto o
exercício de atividade perigosa como fundamento da responsabilidade
civil do agente.

Questão 14. CESPE – FUNDAC – ADVOGADO – 2008 Segundo dispõe


o Código Civil vigente, comete ato ilícito o titular de um direito que,
ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos costumes. Assim, para
tipificar o abuso de direito, será imprescindível a prova de que o
agente agiu culposamente.

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GABARITO

01. e 02. b 03. d 04. b 05. e


06. c 07. correta 08. b 09. b 10. c
11. e 12. correta 13. correta 14. correta

Prezado aluno, chagamos ao final do nosso curso. Estou preparando


um simulado de Direito Civil abrangendo toda a matéria postarei no
site.

Antecipadamente desejo sucesso e sorte na prova!

Abraço,

Prof. Márcia Albuquerque

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