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NOEMIA BEPP PANKE

O PAPEL DA REDE DE COMUNICAÇÃO NA


MANUTENÇÃO DO BILINGÜISMO
PORTUGUÊS - ALEMÃO EM DEZ DE MAIO,
TOLEDO - PARANÁ

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-


Graduação em Lingüística de Língua Portu-
guesa da Universidade Federal do Paraná,
como requisito parcial à obtenção do grau
de Mestre.

CURITIBA
1993
N O E M I A HEPP PANKE

O PAPEL DA R E D E DE C O M U N I C A Ç Ã O NA M A N U T E N Ç Ã O DO BILINGüISMO

P O R T U G U Ê S - A L E M S O EM D E Z DE M A I O - T O L E D O - P A R A N á

D i s s e r t a ç ã o a p r e s e n t a d a ao C u r s o
de Pós-Graduação em L i n g ü í s t i c a
de Língua Portuguesa da
U n i v e r s i d a d e Federal do P a r a n á ,
como requisito parcial à
o b t e n ç ã o do grau de m e s t r e .

Orientadors Cecília Inês Erthal

CURITIBA

í 993
Ao e s p o s o A r i indo e aos f i l h o s
Raquel, Luciana e Rafael pela
presença confortante e
e s t i mui a d o r a „
AGRADECIMENTOS

- h professora Cecília Inés Erthal pela orientação e

incentivo a este trabalho?

•••• a o s habitantes de Des de Maio pela recepção e

colaboraçao?

•••• ao c a s a l Léo Inácio e Ivete Terezinha Anschau pela

disponibilidade e auxílios

-• às c o l e s "a s d e est ud o e t r aba1 h o pe1 a am i ad e e

cooperação y

- ao PICD/CAPES p e ' l o a p o i o financeiro»


SUMARIO

LISTA D E ABREVIATURA,. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

RESUMO < i a n a a a a a a a u n i » i t t i B a n a a i i i i B n a B s a t i n . n u s i n « i a a a i i a a a B C i a n a n a t t a a a V i Í !

ABSTRACT«» ABMNAAIIAMNIITIWFIBBHNUNAAAWWMMMIIMABAAAWANNBIIBABAIINHTTBIIIIAX

Ï N T R O D U Ç S O ITNN TI a a t i N a t t u n a u a n a M M B TI n a n n M O t t t i n M B t i M IT n t t t t n n n n » N ( i ti « » « « a « .1.

CAPÍTULO I - ESCLARECIMENTO DE CONCEITOS,. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

CAPÍTULO II - HISTÓRICO DO OESTE DO PARANá

2.í COLONIZAÇÃO E REDES S O C I A I S . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . S i

2 . 2 CARACTERÍSTICAS ÉTNICAS E RELIGIOSAS DA COMUNIDADE DE

O L 2 D E M A 1 0 a « « a » a a ,, a a a » « « « a « a a a .... B « u a « « . . « a « » B « « a « a « « a « a a 3 0

2 N 3 I... A Z Í L R NUTTIII>IINI>HNITITIINIII>IIHTTTTNNIIIIOIIMNTTITUHNN«I«UMT(<)ITIIRIIBUNIIITNHII3S!L

cí o SAuDE n n t t a a n n a a t i a a N M a n a n a a t t a a a a u a a a w a n a a a n u a n a a a a n n n n t t n n n a 3 /

2.5 ECONOMIA.................................................38

2 Ó II! OIJOAÇÃ 0 a a
U a a a t i a A H U B a »• B U M i i a a a B a a a a a M « a n a n a M n o « • B B i t a M B i » H w a n a ' ^ ! Í .

2.6.1 Tendências Pedagógicas da E s c o l a Miguel Dewes de Dez

(.! Ê? î'I d i O » a d M it s a H aw il a a A ii H a U A a H a u a a n a n a n a n u n n a a a a n a u a u a a u rt 4 Ö

2.6.2 0 Papel Social da E s c o l a em Des de Ma i o . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2

CAPÍTULO III - A REDE SOCIAL DE DEZ DE MAIO

3 . 1 REDE INSULADA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

3.2 REDE DE R E F E R Ê N C I A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 8

3.3 DENSIDADE DA REDE .......................................99


3.4 REDE MULTIPLEX. » .107

CAPÍTULO IV - AN4LI3E DOS DADOS

4.1 APRESENTAÇÃO DO CORPUS -CORRELAÇÃO IDADE E GRAU

Dt .1* N T ET R f~ Iii. R IH! N X A u n lint* a « a il n i» « a o (t MOM u a a M n a a a a u u « o u n n u un u u

4.2 CORRELAÇÃO SEXO E GRAU DE INTERFERÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . 146

4 . 3 CORRELAÇÃO ESCOLARIDADE E GRAU DE INTERFERÊNCIA .......'.15 í

4.3.1 O papel da E s c o l a na d i m i n u i ç ã o da interferênci a . . . . 163

4 . 4 ESTRUTURA SOCIAL E REDE DE C O M U N I C A Ç Ã O . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165

CONCLUSSO UBAU(IBAAAAUHBUNUNMMAANAUAUAMNHTIMBBTIAMBBUB<IAAUAAAUAA!L/^£'^

ANEXOS LLWNWTTTTHMNNW«MBHAHLLWTTOL»HM»OBAAUNTT»BAOTTAL»LL^»«LOTJ«L1UA«LAAM^LIO•^

B Ï B L J O G R A F I AT* UFLMMBMB»IAMUOUMBBBMU»»UWBNUNIIAUAUBU»»U«BUBBMABI»FLBU!Í. /
LISTA DE ABREVIATURAS

C.D. - célula dupla y

F» ••" f e m i n i n a ?

M« - m a s c u l i na ?

S« - sexo;

I. - i dade ?

E sc „ - (•:•:• s c o l a r i d ade?

' 4 m •••• a t é 4a série?

2° - de 5 m s é r i e a 2° grau?

Es. - escola?

Mu. - muítisseriada?

R„ - religiosa?

Est. - estadual?

At. - atual?

Ex. - externa?

R.C. - rede de comunicação?

A. - aberta?

F. - fechada?

(3.1. - grau de i nt e r f e r ê n c i a?

IMA •••• i nt e r f e r ê n c i a ma i or ?

IME - i n t e r f e r ênc i a men or ?

In.- posição inicial?

Me.- Posição medial?


/X/ ~ / r / - substituição da f r i c a t i v a velar /X/ p e l o flap

a 1 v e o p a 1 at a1 /r/?

/z/ ~ /é/ ~ t r o c a da a l v e o p a l a t a l sonora /?./ p e l a surda /!/..

RO - rede de origem?

RI -• r e d e de integração?

RR -- r e d e de referência?

U„P„ - v a r i an t e p ad r ao ?

V.R. - variante realizada?

R.E. - represent ação escrita.

! 11
RESUMO

0 presente trabalho analisa a i m p o r t â n c i a da r e d e ele


c o m u n i c a ç ã o na manutenção da i n t e r f e r ê n c i a da l í n g u a a l e m ã na
f a l a do P o r t u g u ê s , na comunidade de Des de M a i o , d i s t r i t o de
Toiedo-PR„
Decidiu-se realizar e s t e estudo p o r q u e , 1 e c i o n a n d o para
adolescentes da r e d e , observou-se a visível i nt: e r f e r ênc i a
e n t r e a s duas l í n g u a s , a p r e s e n t a d a na f a l a , a p e s a r da e x p o s i ç ã o
dos falantes aos meios de comunicação e ao ensino
i nst i t uc i o n a l i z a d o .
A metodologia adotada foi de o b s e r v a ç ã o direta e a
a n á l i s e de d a d o s q u a l i t a t i v a , e , p a r a r e f u t a r o s r e s u l t a d o s d a s
análises labovianas, pelas quais a idade, o sexo e a
escolaridade eram r e l e v a n t e s para e x p l i c a r a i nt e r f e r ê n c i a »•
realizou-se a análise correiacional tradicional entre sexo,
i d ad e , e s c o 1 ar i d ad e e g r au d e i n t e r f e r ên c i a ..
Como nenhuma das c o r r e i a ç õ e s realizadas explicasse a
i n t e r f e r ê n c i a, estudou-se a rede de c o m u n i c a ç ã o na qual os
p o r t a d o r e s da i n t e r f e r ê n c i a interagiam para t e s t a r a h i p ó t e s e
de que as c a r a c t er i s t i cas desta rede social levavam à
manutenção da i nt e r f e r ênc: i a em d i f e r e n t e s g r a u s .
A p e s q u i s a d e m o n s t r o u que o s i n t e g r a n t e s da r e d e e s t a v a m
ligados por interesses étnicos, religiosos e econômicos,
r e f o r ç a d o s por f o r t e s laços de parentesco e amizade. Esta
situação leva os i n t e g r a n t e s a se comunicarem contínua e
s i s t e m a t i c a m e n t e , atuando nos d i f e r e n t e s segmentos s o c i a i s e
acumulando d i v e r s a s f u n ç õ e s , como s e r v i z i n h o , p a r e n t e , c o l e g a
de t r a b a l h o e l a z e r . ,
Estas caracter ist i cas, de a c e n t u a d a d e n s i d a d e d e v i d o às
constantes interações e de m u i t i p 1 ex i d a d e , p e l a d i v e r s i d a d e d e
p a p é i s s o c i a i s d e s e m p e n h a d o s , s ã o comuns a r e d e s f e c h a d a s .
0 insulamento da r e d e em e s t u d o é r e s u l t a d o da v o n t a d e
do g r u p o em se unir para preservar seus valores étnico-
c u i t u r a i s , i n c1u s i v e a 1 í n g u a m a t e r n a c o m o f or ma d e c o mu n i c a ç ã o
gr upa 1. A aut o - s u f i c i ênc i a , g e r a d a p e l a pr i v i 1 eg i ada s i t u a ç ã o
econômica, c o n t r i b u i u para o seu i n s u l a m e n t o , t r a n s f o r m a n d o - a
numa r e d e f e c h a d a em r e l a ç ã o a o s v a l o r e s de r e d e s e x t e r n a s .
0 estudo também d e m o n s t r o u que o s d i f e r e n t e s g r a u s de
i nterferênc ia apresentados pelos falantes se elevem ao
envolvimento elos mesmos com uma rede externa ou seu
c o n f i n anient o na r e d e i n s u l a d a l o c a l .
Assim, os que c o n t a t a r a m com uma o u t r a r e d e , a t r a v é s da
e s c o l a ou da f a m í l i a , a p r e s e n t a r a m um g r a u de interferência
menor do que a q u e l e s que p e r m a n e c e r a m na r e d e de o r i g e m » Mas,
embora o s que c o n v i v e s s e m com r e d e externa apresentassem um
g r a u menor de i n t e r f e r ê n c i a , sua o r i g e m a l e m ã , como i d e n t i d a d e
g r u p a i , t r a n s p a r e c i a na sua f a l a .
Os v a l o r e s da r e d e de origem, que é Dez de Maio,
m a n i f e s t a m - s e na p r e s e r v a ç ã o da c u l t u r a alemã e cio uso da
l í n g u a a l e m ã como c o m u n i c a ç ã o g r u p a i , ,
Devido ao fechamento da rede, seus integrantes,
i n d e p e n d e n t e de idade, sexo e escolaridade, têm a rede de
origem como r e d e cie i n t e g r a ç ã o e r e f e r ê n c i a . Sua i n t e r a ç ã o s e
v e r i f i c a em d i v e r s o s segmentos como na E s c o l a , à procura de
c o n h e c i m e n t o ? no C l u b e , nos momentos de l a z e r ? nas A s s o c i a ç õ e s ,
r e i v i n d i c a n d o seus d i r e i t o s ? ou na I g r e j a , a n t e s e d e p o i s da
m i ssa.
Motivados p o r e s t a i n t e r a ç ã o , c o n s e q ü ê n c i a da d i n â m i c a
de sua r e d e de comunicação, os h a b i t a n t e s não n e c e s s i t a m ou
d e s e j a m s e i d e n t i f i c a r e c o n ô m i c a ou l i n g ü í s t i c a m e n t e com o u t r a s
redes externas, o que contribui para a manutenção da
i n t e r f e r ê n c i a a l e m ã na f a l a do p o r t u g u ê s .
A pesquisa também demonstrou que a principal
c a r a c t e r i s t i ca l i n g ü í s t i c a dos h a b i t a n t e s de Dez de Maio é o
e m p r e g o de / r / m e d i a i , em s u s t i t u i ç ã o ao / x / , v a r i a n t e p a d r ã o
da L í n g u a Portuguesa,. 0 e m p r e g o de / r / , em v e z de /x/, em
posição i n i c i a l , a p a r e c e como c a r a c t e r i s t i ca menos m a r c a n t e e ,
o uso de / s / em s u b s t i t u i ç ã o a / z / s e a p r e s e n t a num e s t á g i o
de m a i o r d i f u s ã o do que a s o u t r a s v a r i a n t e s a n a l i s a d a s . .

V
ABSTRACT

The present work, in the area of Interactional


Soe i o1 i n g u i s t i c s , f o c u s on t h e r o 1 e o f c ommun i c at i on net work
in the maintenance of interference of German in the
performance of P o r t u g u e s e in the population o f Des de M a i o ,
Toledo-PR.
The research problem was first detected among a
considerable number o f t e e n a g e r s from Des de Maio who w e r e
d o i n g t h e i r s e c o n d d e g r e e s t u d i e s at s c h o o l s in T o l e d o and who
showed a s t r o n g i n t e r f e r e n c e in t h e i r s p e e c h e v e n t h o u g h t h e y
had been exposed t o t h e media and to formal teaching of
P o r t u g u e s e l a n g u a g e f o r many y e a r s .
The main hypothesis constructed was that this
i n t e r f e r e n c e was due t o the strengh of the communication
n e t w o r k t o which t h e s p e a k e r s b e l o n g e d a n d / o r s t r o v e t o b e l o n g
to.
In order to test t h i s h y p o t h e s i s , data were c o l l e c t e d
including two variables which showed the strongest
i n t e r f e r e n c e in the populations /r/ ~/x/ (in initial and
m e d i a l e n v i r o n m e n t s ) and / s / ~ / s / ( i n i n i t i a l environments),,
As far as methodology is concerned, a Direct-
O b s e r v a t i o n Method of research and a Q u a l i t a t i v e A n a l y s i s o f
data were adopted and data were presented in various
c o r r e i at i oris „
Although t h e r e s e a r c h c o n c e n t r a t e s on t h e i n f l u e n c e o f
communication networks, traditional Labovian correlations
between d e g r e e s of i n t e r f e r e n c e and age, sex and l e v e l o f
education of informants were made in o r d e r t o show t h a t t h e y
d i d not s u f f i c e in the process of understanding language
interference „
The central correlations estábilished between the
occurence of t h e n o n - s t a n d a r d v a r i a n t s and B o r t o n i ' s t y p e s o f
networks (open-closed? or i g i n / i n t e g r a t i o n / r e f e r e n c e ) showed
that a l l degrees of interference were strongly linked to
c l o s e d n e t w o r k s a n d / o r a German r e f e r e n c e n e t w o r k .
Some c l a s s i c : works in I n t e r a c t i onal Soc i o'i i ng i s t i c s
were r e v i s i t e d and r e i nt e r pr e t eel in t h e l i g h t o f t h e r e s u l t s
o f t h e p r e s e n t work,,
Even t h e r e s u l t s of the Labovian correlations were
r e i i n t e r p r e t e d in t h e s e n s e t h a t i t became c l e a r t h a t a g e , s e x
and e d u c a t i o n groups have t h e i r own s e t s o f t y p i c a l features
b e c a u s e p e o p l e t e n d t o i n t e r a c t among t h e i r e q u a l s in s e x , a g e
and l e v e l o f e d u c a t i o n .
The r e s e a c h also point out t h a t t h e main i d e n t i f y i n g
linguistic feature of the inhabitants of Des de Maio i s t h e
medial /r/ r e p l a c i n g t h e s t a n d a r d P o r t u g u e s e /x/? f o l l o w e d by
the i n i c i a l / r / . The use o f /'i/ r e p l a c i n g /&S i s s h o w i n g a
h i g h e r d e g r e e o f d i f u s i ó n than t h e o t h e r v a r i a b l e s s t u d i e d , ,
INTRODUÇÃO

O interesse pelo assunto bilingüismo alemao-português

em Des de Maio s u r g i u quando a t u a v a . c o m o professora de Língua

Portuguesa no primeiro e segundo graus em T o l e d o » 0 contato

com a d o l e s c e n t e s por nove anos <198í-í989), mostrou que muitos

deles mantinham i n t e r f e r ê n c i a da língua alemã na fala do

português» Averiguando a procedência destes jovens constatou-

se que a maioria provinha do interior do município,

notadamente do d i s t r i t o de Dez de Maio..

A simpatia dos a l u n o s , a recepção afetiva dos p a i s nos

finais de semana e a freqüência às festas locais, foram

fatores que permitiram manter contato de modo informal com a

comunidade» Além disto, o fato de s e r participante ou docente

de Cursos de A t u a l i z a ç ã o promovidos pela rede Pública de

Ensino, permitiu transformar colegas de profissão da

localidade, em amigos» Possuía também características

favoráveis à aceitação do grupo pois era professora dos

filhos, colega de t r a b a l h o , descendente de a l e m ã e s e falava o

dialeto local alemão» Era, enfim, considerada "uma deles"»

Assim, o acesso inicial à comunidade se deu

naturalmente, sem nenhuma intenção de p e s q u i s a porque a falta

de c o n h e c i m e n t o teórico, aliado ao fator disponibilidade,

descartava esta p o s s i b i 1 idade» Neste contato


descompromissado, no entanto, alguns aspectos já eram

claramente perceptíveis como a preferência pela língua alema

na c o m u n i d a d e local, a união pela defesa de s e u s interesses e

o cultivo de t r a d i ç õ e s alemãs relacionadas à religião e lazer»

Já na ocasião, algumas questões despertaram a minha

atenção, como, por exemplo, por que m o t i v o jovens em c o n t a t o

com o ensino sistematizado do p o r t u g u ê s ainda apresentavam

i n t e r f e r ê n c i a da l í n g u a alemã na f a l a do português?

Era já do meu conhecimento que a escola local

desempenhava um papel relevante na f o r m a ç ã o d o s j o v e n s , desde

o surgimento da comunidade» Tinha também conhecimento do

empenho c o m u n i t á r i o em p r o p i c i a r melhor qualidade de ensino

aos seus membros, os quais concluíam, no m í n i m o , o .1.® g r a u »

Como alunos do 2** g r a u , não s e c o n t e s t a v a sua capacidade de

aprendizagem, mas, apesar do esforço mútuo (professor x

aluno), pouco resultado se obtinha concernente ao decréscimo

da interferênci a do a l e m ã o na f a l a do p o r t u g u ê s » Concluí que

deveria existir algum f a t o r muito forte responsável por este

fenômeno» Outra questão eras como a c o m u n i d a d e local conseguia

manter predominantemente a língua alemã como forma de

comunicação estando sujeita à "invasão" do p o r t u g u ê s através

dos meios de c o m u n i c a ç ã o , igreja, escola e grupos externos?

Apo's l e i t u r a e estudo de t e x t o s , no c u r s o de Mestrado,

sobre redes de c o m u n i c a ç ã o , cujos conceitos serão esc: 1 a r e c i cios

no c a p í t u l o I, estas questões suscitaram a hipótese de que a

rede de comunicação insulada da comunidade poderia ser

responsável pela manutenção da interferênci a entre as duas

línguas embora os habitantes fossem submetidos ao ensino


ii

institucionalizado e expostos a redes externas» Provavelmente,

a idade, s e x o ou e s c o l a r i d a d e nao s e r i a m responsáveis diretos

pela i nt e r f e r ênc: i a , mas e s t a se m a n i f e s t a r i a em m a i o r ou menor

grau dependendo da interação dos moradores com a r e d e insulada

local ou com uma rede externa» Os n e g ó c i o s ou os estudos

p r o p o c i o n a r i am a uma p a r c e l a da p o p u l a ç ã o a convivência com

redes externas, enquanto que o u t r o grupo permaneceria na rede

insulada» E, esta diferença de r e d e se r e f l e t i r i a no g r a u de

i n t e r f e r ê n c i a do falante»

Seria, assim, p r i me i r a m e n t e necessário verificar se a

rede de c omun i c aç ao da localidade p reen cher i a as

c a r a c t e r i s t i c a s de rede insulada e depois observar qual seria

a influência desta rede na p r e s e r v a ç ã o da i n t e r f e r ê n c i a mútua

entre a s duas 1 ínguas.

As c a r a c t e r í s t i c a s deste tipo de r e d e se evidenciam por

diversos fatores» Pr i me i r a m e n t e , seus integrantes provêm da

mesma r e g i ã o (RS), pertencem ao mesmo g r u p o étnico (alemão) e

P r of essam a mesma r e l i g i ã o (c a t ó l i c a ) « Dep o i s, s eu s mem b r o s

são ligados por laços de p a r e n t e s c o e amizade e desempenham

diferentes funções sociais o que contribui para a

m u i t i p 1 e x i d a d e da rede? e por fim, seus integrantes interagem

freqüente e continuamente o que auxilia rio aumento da

densidade da rede»

Considerando, portanto, que a rede cie Dez de Maio

preenche as c a r a c t er ist i cas de rede insulada, multiplex e

densa, estabeleceu-se como um dos objetivos do trabalho

realizar uma correlação entre escola, rede de c o m u n i c a ç ã o e

grau de i n t e r f e r ê n c i a para verificar s e a recle de comunicação


ii

é responsável pela manutenção da interferênci a entre as duas

1 ínguas»

Para tanto, adotou-se o método de o b s e r v a ç ã o direta

anal i s a n d o - s e , posteriormente, exemplos qualitativos obtidos

pela seleção de informantes d a s duas primeiras escolas, a

muïtisseriada e a religiosa, entre o s que f r e q ü e n t a r a m o maior

número de anos dos quatro oferecidos» Da escola quando

estadual, considerou-se o fator rede aberta ou f e c h a d a como

parâmetro na escolha dos informantes e da e s c o l a atual, se

selecionaram alunos da 8 m s é r i e » Dois elementos de cada sexo,

pioneiros alemães e católicos ou s e u s d e s c e n d e n t e s foram alvos

da. p e s q u i s a » Cada uma d e s t a s células duplas foi composta de um

elememto atuante em r e d e aberta e de um pertencente à rede

i nsulada local »

Optou-se por estes critérios porque por meio deles

pode-se atingir, em primeiro lugar, três fatores que se

pretende examinar e mostrar que não são relevantes para

justificar a manutenção da i n t e r f e r ê n c i a" a idade, o sexo e a

escolaridade, cons i d e r a d o s pela literatura, como fatores

importantes para explicar diferentes comportamentos

1 ingüist i cos »

Como a escola local apresentou, desde que f o i criada,

diferentes linhas pedagógicas, achou-se interessante incluir

entre os informantes, alunos que f o r a m alvos da ação desta

diversidade ele linhas e constatar que a Escola, como

Instituição, pouco interferiu na e l i m i n a ç ã o cia i n t e r f e r ê n c i a»

Como estas diferentes linhas obedeceram a uma ordem


cronológica, a idade dos informantes se correlaciona com a

escola freqüentada»

Ainda, o parâmetro de rede fechada ou aberta para

compor cada célula dupla foi adotado para identificar a

importância da r e d e social na manutenção da interferênci a

entre as duas 1 ínguas. Do mesmo modo, seria necessário que os

informantes tivessem as c a r a c t e r ist i cas étnicas e religiosas

da r e d e para poder avaliar o quanto o fechamento da r e d e era

relevante na manutenção da interferênci a.

0 corpus analisado foi resultado da gravação de

conversas informais com b i l í n g ü e s que apresentam a língua

alemã como primeira língua e a língua portuguesa como segunda

língua aprendida»
ó

Ö quadro a seguir apresenta o perfil dos informantes

que constituem a amostras

! CD ! S. I. ESC. ES. R.C. G.I.


»
1 1 ""*
! F. }! F. - 4" 2*. Hu. R. Est. At. Ex. A. F. IMA IHE
1
1 )
1
1 ¡1.8. 46 X X X X X
f
!
»
i 1
¡N.E. 50 X X X X
1
1
1
1 ÏT.B. 38 X X X X X
1
: 2 i
i ¡A.R. 37 X X X X
11
i II.B. 23 X X X X
!_ _
: 3 t
!
!A.S. 24 X X X X
f ____
11
¡C.S. i3 X X A X
1
! 4 »
1
1 ¡J.P. Í4 X X X X

! CD S. !« I. ESC. ES. R C. G.I. Î

! H. H. ! - 4". 2" Ku. R. Est. At. Ex. A. F. IHA IHE :

E.S.: 58 X X X >;
! í
1

N.K.! 50 X X X X
1
A . B . : 40 X X X X

! 2 _ 1
E.P.! 38 X X X X Í
I
J . L . ! 18 X X X X X
1
! 3
I.K.Í 24 X X X X
t
F.H.! 14 X x X X
1
! 4
E.S.Î Í4 >; X X x !

C.D.- célula dupla, F.- feminina, H.- «asculina, S.-sexo, I.- idade, Esc.- escolaridade, 4 iA - até 4,A

série, 2°- de série a 2™ gniu, Es.- escola, Hu.~ au!tisser iada, R.- religiosa, Est.- estadual, At.-

atual, Ex.- externa, R.C.- rede de cosunicação, A.- aberta, F.- fechada, G. I.~ grau de interferência,

IHA- interferência maior, IHE- interferência œenor.


ii

Os a s s u n t o s desenvolvidos durante as c o n v e r s a s foram

relacionados com a vida escolar e o cotidiano de cada

informante .. Neste último aspecto optou-se por assuntos que

evidenciassem o tipo de rede em que c a d a um e s t a v a inserido,

questionando sobre amigos, local de laser, companheiros de

trabalho sem desprender esforço para ©licitar certas

pronúncias, permitindo ao informante o emprego de p a l a v r a s de

sua escolha»

Inicialmente, analisou- se a fala dos b i l í n g ü e s como

um t o d o , sem p r i o r i z a r pontos específicos de interferênci a » A

seleção de aspectos fonéticos foi realizado após a n á l i s e da

primeira coleta de d a d o s . Realizou-se uma s e g u n d a entrevista

para confirmar a hipótese, perfazendo, n a s duas entrevistas,

uma h o r a de g r a v a ç ã o com c a d a informante»

Estas informações foram usadas como complemento da

observação do compor t anient o lingüístico e social dos

habitantes em diferentes situações, desde o r e l ac: i onamnet o

familiar até a interação com um g r u p o maior, na h o r a de lazer»

Optou-se por esta metodologia porque GAL1 já sentira

dificuldades em apreender, pela gravação, a fala diária e

informal dos húngaros em O b e r w a r t pois numa e n t r e v i s t a formal

há o emprego de uma fala mais cuidada por parte do

entrevistado. I n f i 11: r a n d o - s e no meio f a m i l i a r e religioso,

prestando auxílio nas t a r e f a s domésticas e assistindo aos atos

religiosos, GAL conseguiu a confiança do grupo e,

1
GAL, Susan. Language shift: social determinants of linguistic change in bilingual Austria.
New York: Acadeaic Press, 197?.
ii

conseqüentemente, o acesso ao dialeto predominante no d i a a

d ia dos hat) i t a n t e s .

Ant e r i or ment e a GAL, L.ABOV2 já havia constatado a

dificuldade em apreender, pela gravação, o dialeto dos jovens

ao realisar o trabalho entre adolescentes negros do Harlem.

E l e chegou a introduzir pesquisadores "internos", pertencentes

ao grupo para poder se aproximar mais c o n c r e t a m e n t e do dialeto

grupai, visto que a formalidade da entrevista inibia os

informantes. Sugeriu ainda induzir o informante a lembrar

momentos de risco de vida, pois a recordação da ameaça o

1 e v a r i am à d e s c o n t r a ç ã o e d e i x a r ia de v i g i a r sua f a l a„

MILROY 3 também notou que o respeito por certas regras

estabelecidas pelo grupo de t r a b a l h a d a r e s de B e l f a s t , como a

a p r o x i mação f i s i ca ou o respe i t o pelo s i 1ênc i o do dono da

casa ao receber uma v i s i t a , foram a u x i l i a r e s importantes para

o acesso à comunidade e, em c o n s e q ü ê n c i a , ao d i a l e t o do grupo,

o que não h a v i a atingido com e n t r e v i s t a formal..

B0RT0NI 4 , no seu trabalha realizado em Brazlânclia,

também r e a l ç o u a necessidade da a c e i t a ç ã o do e n t r e v i st ador

pelos moradores e as estratégias necessárias para criar um

clima de descontração e informalidade o que um relacionamento

e n t r e v i st ador e informante não consegue estabelecer numa

entrevista gravada, que, pelo seu c a r á t e r formal, não m o s t r a o

repertório lingüístico real do informante.

8
LAbOV, yilliaœ. Sociolingaistics patterns. Oxford : Backwell, 1972.

3
HILROY, Leslie. Language and social networks. Oxford : Basil Blackwell, 1980.

4
BORTÓNI-RICARDO, Stella Maris. The urbanization of rural dialect speakers. New York :
Cambridge ; Í985.
ii

No t r a b a l h o realizado em Dez de Maio, a observação

direta foi facilitada por já ser conhecida por um número

significativo de membros da comunidade» 0 contato com os

desconhecidos foi realizado tranqüilamente através da técnica

"amigo do amigo", usada com s u c e s s o por MILROY (1980) e

BORTONI (1985)» A partir da c o n s t a t a ç ã o de que e r a amigo de

algum habitante, o caminho para ser recebida estava

conquistado» Além d i s t o , fui hóspede de um c a s a l de a m i g o s que

e r am p e s s o a s respeitadas pelo grupo local p e l a sua d ed i c a ç ã o

às causas da c o m u n i d a d e , ela, como d i r e t o r a da e s c o l a , e ele,

como l í d e r comunitário e vereador. 0 casal auxiliou na seleção

dos informantes pelo conhecimento da h i s t ó r i a das f a m í l i a s e

pelo fácil acesso ao g r u p o » Tive assim livre trânsito entre as

famílias, igreja e locais de lazer» E, m a i s , era considerada

como p a r t e do g r u p o por ter algumas c a r a c t er i s t i cas básicas

mène i o n a d a s ant e r i orment e .

Quanto ao papel como pesquisadora, o prévio

conhecimento da comunidade adquirido entre 1981 e 1989,

através de alunos e familiares e reforçado pela bibliografia

lida, permitiram estabelecer um v í n c u l o de informalidade entre

moradores e pesquisador, aspecto muito importante para a

realização de observação direta»

Na primeira etapa, realizada em outubro de 1991,

contactei com professores, funcionários da e s c o l a , estudantes

e pioneiros e seus descendente» A permanência inicial de 08

dias foi intercalada de visitas, conversas informais e

gravações realizadas nas c a s a s , na e s c o l a e no clube.


Í0

Na s e g u n d a etapa, realizada no início de j u l h o de 1992,

procedeu-se a uma nova observação e gravação nos mesmos

locais, para confirmar as hipóteses reveladas pelo primeiro

contato» E, em n o v e m b r o do mesmo ano, uma ú l t i m a visita foi

realizada p ar a e s c 1 ar ec e r dúvidas e comp 1 eisen t ar a 1 g umas

i nformações h i s t ór i c a s .

Embora nao se p r e t e n d e s s e analisar estilos de fala,

verificou-se um desempenho lingüístico diversificado entre os

falantes, ao s e c o m p a r a r a fala espontânea, informal, usada no

trabalho ou lazer e a fala cuidada e formal no momento da

g r a v a ç ã o ••

Portanto, ciente da d i f e r e n ç a do desempenho de acordo

com o grau de f o r m a l i d a d e , procurou-se observar detidamente o

c o m p o r t anient o l i n g ü í s t i c o diário, informal, usando a gravação

somente para comprovar e reforçar as o b s e r v a ç õ e s realizadas,,

Neste trabalho, para comprovar as hipóteses

estabelecidas de que a idade, o sexo e a escola , como

instituição, não são significativos em relação à

i n t e r f e r ë n c i a alemã na f a1 a do p o r t u g u ê s dos informantes de

Dez de Maio e , para demonstrar que a r e d e de c o m u n i c a ç ã o na

qual o falante interage é relevante no seu comportamento

lingüístico, desenvolveu-se um trabalho correlacionai,

priorizando a correlação escola-grau de interferënci a e rede

soc i a l - g r a u de i n t e r f e r ê n c i a. A correlação destes fatores é

vista corno uma g a r a n t i a de que o s mesmos s ã o p o u c o relevantes

na manutenção cia i nt e r f e r ê n c i a e n t r e as duas línguas, mas que

o fator determinante é a rede de c o m u n i c a ç ã o na q u a l os

informantes interagem»
ii

é bom lembrar que o método correiac¡onal foi adotado

por vários estudiosos da linha laboviana com o objetivo cie

comprovar suas hipóteses, correlacionando, preferencialmente,

os f a t o r e s sexo, idade e escolaridade com o comportamento

lingüístico dos f a l a n t e s em a n á l i s e . ,

Como e x e m p l o , as c o n c l u s õ e s do p r o j e t o CENSO ( R i o de

Janeiro) mostram que m u l h e r e s de f a i x a etária mais a l t a , de

classe média e de alta escolar isaçao tem desempenho mais

próximo cio pad r a o nacional.

Entre os pesquisadores que adotaram a metodologia

correiacional podem-se citar os já relacionados neste

trabalho, como LAB0V,(1972) GAL,(1979) MILROY, (1980) e

BORTONI (1985) que u t i l i z a r a m os fatores sexo e idade e

escolaridade para demonstrar as características lingüísticas

detectadas nessa correlação,,

Convém r e c o r d a r as c o n c l u s õ e s de LABOV (1972) relativas

à idade, ao v e r i f i c a r a existência cie um dialeto próprio

entre os adolescentes» negros de H a r l e m , observando também o

uso m a i s a c e n t u a d o do d i a l e t o entre os r a p a z e s do que e n t r e as

moças „

GAL. (1979) também observou maior preferência pelo

húngaro em r e l a ç ã o ao a l e m ã o entre os mais v e l h o s em O b e r w a r t ,

notando que tanto o s homens q u a n t o as mulheres de mais idade,

sendo a g r i c u l t o r e s , optavam pela língua húngara. Na ocasião,

concluiu que a c o r r e l a ç ã o sexo e idade não e r a suficiente para

comprovar sua hipótese, portanto, introduziu outro fator

correlacional que f o i a profissão (agri cultor)„


MILROY (i980) mostrou em sua p e s q u i s a , realizada em

três bairros de t r a b a l h a d o r e s de B e l f a s t , que o s homens tinham

a tendência de r e t e r mais intensamente o dialeto do b a i r r o do

que as mulheres» Observou ainda a existência de grupos

masculinos divididos pela idade que p o s s u í a m c a r a c t er ist i cas

lingüísticas diferentes» Além d i s t o , a localização geográfica

dos b a i r r o s parecia um f a t o r determinante do uso d o s dialetos,-

sendo u t i l i z a d o por MILROY para explicar a diferença na fala

dos informantes»

BORTON! (Í985), por sua vez, analisando a fala dos

migrantes rurais em Br az'1 and i a , concluiu que os mais velhos

mantinham o dialeto de sua o r i g e m , o caipira, em m a i o r grau e

por mais tempo do que o s mais j o v e n s » Da mesma forma, as

mulheres preservavam como forma de comunicação o dialeto

caipira demorando m a i s do que o s homens p a r a adquirir outra

variedade dialetal» Para verificar a causa deste fato, se

valeu de outro fator que foi o de integração urbana,

concluindo que este era relevante na aq u i s i ç ão de n ova

variedade ou na d i f u s ã o dialetal entre os migrantes»

Apesar destas correlações, as três pesquisadoras

encontraram situações, que s e r ã o analisadas posteriormente, em

que o s fatores escolhidos não f o r a m suficientes para explicar

determinados comportamentos lingüísticos, constituindo

exceções às r e g r a s estabelecidas»

Na c o m u n i d a d e em e s t u d o , notou-se a existência de

pouca variação no r e p e r t ó r i o lingüístico dos informantes pois

o assunto desenvolvido se relacionou, basicamente, com os

interesses do falante na área do lazer e trabalho, e, como


estes interesses eram comuns, o fato repercutiu no vocabulário

empr eg a cio »

Embora a metodologia adotada no p r e s e n t e trabalho seja

a qualitativa, para garantir que o e m p r e g o das v a r i a n t e s não

foi acidental decidiu-se relacionar as dez primeiras palavras

da g r a v a ç ã o nas q u a i s os informantes utilizassem a fricativa

velar /;•{/ e o flat alveopalata'1 /r/, em posição inicial e

mediai, e a troca realizada por eles entre a alveopalat a 1

fricativa sonora pela surda /á/, em p o s i ç ã o inicial»

Optou-se pela análise destas três variantes, pois

através da observação direta, reforçada pela gravação de uma

hora com cada um dos informantes, constatou-se a existência

destas c a r a c t e r ist i cas de modo marcante e comum a todos,

independente de idade, sexo ou e s c o l a r i d a d e , embora o fenômeno

ocorresse em g r a u s diferentes»

A partir dai', realizou-se o levantamento cio número de

ocorrências da i nt e r f e r ê n c i VA , c o n s i d e r a n d o - s e o parâmetro de

06 a 10 como g r a u cite i nt e r f e r ênc i a m a i o r (IMA), e de 00 a 04

como g r a u de i nt e r f e r ênc i a menor ( I ME)..

Para desenvolver estes aspectos dividiu-se o trabalho

em 04 capítulos» No primeiro, definiram-se os conceitos

porteadores deste trabalho» No segundo, ressaltando o papel

das r e d e s sociais, mostrou-se o contexto social, econômico e

político no q u a l se desenvolveu a comunidade em e s t u d o » Ainda

no mesmo c a p í t u l o , a p r e s e n t a r a m - s e as c a r a c t er ist i c a s é t n i c a s e

religiosas, as opçoes de lazer, a preocupação com a s a ú d e , a

evolução da economia e a importância da e d u c a ç ã o , que são

relevantes para o grupo, desenvolvendo-se um p a r a l e l o entre


estas questões tendo por parâmetro o início da c o l o n i z a ç ã o e

os d i a s atuais»

Como s e pretendeu, neste trabalho, averiguar o papel

da Escola na manutenção da interferênci a entre as duas

línguas, analisaram-se também as t e n d ê n c i a s pedagógicas e

filosóficas da instituição d e s d e o seu surgimento..

No t e r c e i r o capítulo, tentou-se comprovar que a

recle s o c i a l da c o m u n i d a d e preenche as condições necessárias

para ser uma recle insulada, multiplex, e de considerável

densidade» Mostrou-se que, provavelmente, estas

c a r a c t e r ist i cas são mantidas porque a rede de o r i g e m é também

a rede de r e f e r ê n c i a e integração dos habitantes.,

Finalmente, no quarto capítulo, realizou-se a análise

dos dados coletados est abeiecendo-se uma correlação entre

idade, sexo, escolaridade, rede social e grau de

i n t e r f e r ê n c i a » Concluindo o capítulo, discorreu-se sobre a

relevância das recles s o c i a i s na manutenção da i nt e r f e r ênc i a da

língua alemã na f a l a do português»


CAPÍTULO I -- ESCLARECIMENTO DE CONCEITOS

0 conceito rede de comunicação, reflexo da rede social,

é definido pela literatura como a interação de um g r u p o de

pessoas com interesses similares e que s e sentem ligadas por

diferentes fatores como etnia, valores sociais e culturais,

religião ou situação econômica«

Nas palavras cie BORTONI"s

Em sentido amplo, a análise de redes sociais é o estudo das


relações que existem es um deterainado sistema. Suando se trata
de sistemas sociais, a análise de redes é uma estratégia
estrutural, aplicada ao estudo das relações entre os indivíduos
do grupo.

A união, motivada por alguns dos aspectos citados

leva, geralmente, ao f o r t a l e c i ment o grupai resultando numa

estrutura social e cultural e algumas vezes, econômica

própria. Com e s t a atitude, o grupo se isola de o u t r o s e mantém

valores e caracter ist¡cas específicas que podem g e r a r um t i p o

de r e d e denominada insulada, em o p o s i ç ã o à integrada, que se

relaciona e interage com g r u p o s de c a r a c t e r i s t i c a s ou valores

diferentes dos seus»

" 80RT0NI, Stella Haris. A migração rural-urbana no Brasils uaa análise sociolingüística. Iii
TARALLO, FeTnando (org.). São Paulo: Pontes, í?89: Íó8.
ii

Quando uma rede de común i c a ç ã o se apresenta insulada

alguns aspectos se tornam evidentes., Como p o r exemplo, o grupo

concentra e absorve as funções sociais imanentes ao mesmo, o

que c o r r e s p o n d e dizer que urna mesma p e s s o a p od e se relacionar

de d i v e r s a s maneiras como ser parente, amigo, colega de

trabalho ou de lazer., Esta é uma c a r a c t e r i s t i c a de rede

multiplex enquanto que a un i p l e x i d a d e condiz, geralmente, com

rede integrada pois cada membro tem seu p a p e l especifico no

conjunto das relações,,

Como numa rede insulada e multiplex a s mesmas pessoas

desempenham vários papéis sociais no mesmo grupo, sua

interação, provavelmente, será contínua, freqüente e genérica,

o que evidenciará outro aspecto de rede insulada que é

apresentar um grau considerável de densidade» Esta

c a r a c t e r i s t i ca d e r e d e mais densa se deve portanto, ao

entrelaçamento, à generalidade e à freqüência das

comunicações entre os componentes da rede insulada , em

oposição a uma r e d e menos densa, resultando de interações

menos f r e q ü e n t e s e genéricas comuns à s r e d e s integrada«»»

BORTON! (Í989), também enfoca estes aspectos, ao

afirmar ques

ft pressão deusa COBUIÍ idade pode ser avaliada usando-se três


parâmetros: a densidade, a sultiplexidade e a coaplexidade de
papéis sociais. 0 conceito de densidade é equivalente à noção
aatesática de coapleteza , i . e. o mísero aáxiao de ligações
que poderiaa existir. Es comunidades pequenas e tradicionais
onde todo mundo conhece todo lundo, a densidade é alta, nas
grandes cidades, por outro lado, a densidade é baixa. Aliada à
alta densidade, ocorre a aultiplexidade, ou seja, as pessoas se
relacionas eu diversas condições, cono parentes, vizinhos,
parceiros no trabalho, no lazer, etc. em coaunidades de baixa
densidade, os laços tendea a ser " uniplex", e não "multiplex".
Exemplos de relações "uniplex" são as que se estabeleces
ii

entre patrão e empregado ou aédico e paciente, nas sociedades


urbanas e tecnologicaaente desenvolvidas.'5

Considera-se para este trabalho, uma rede ï rs s u l ad a ,

multiplex e mais densa como uma rede fechada em r e l a ç ã o às

redes externas porque elas, muitas vezes, apresentam

c a r a c t e r ¡'st i c a s soc i a i s , c u l t ura i s e 1 i ngü i s t i c a s d i f e r e n t es

da fechada, como serem integradas, uniplex e laenos densas,

portanto, abertas ao r e l a c i o n a m e n t o com o u t r a s redes.

Além d e s t a s c a r a c t e r í s t i c a s que f a z e m p a r t e de uma rede

social aberta ou f e c h a d a , é interessante observar a rede de

origem de seus componentes» Ela tem suas peculiaridades

s ó c i o-econôm i c a s - c u l t u r a i s e também lingüísticas que podem ser-

detectadas no comportamento e no uso da "linguagem dos seus

integrantes» Ainda, as p e s s o a s no desempenho d e s u a s funções

sociais, interagem num d e t e r m i n a d o grupo que c o n s t i t u i r á sua

rede de integração.

0 fato da rede de origem ( RO ) não ser a de integração

( RI) não implica necessariamente em d e s l o c a m e n t o geográfico

pois uma pessoa pode viver num d e t e r m i n a d o espaço físico,

porém não conviver com o grupo que a rodeia» Quando isto

acontece é sinal de que o indivíduo tem uma o u t r a rede de

referência (RR) que representam suas aspirações sócio-

e c o n S m i c a - c u l t u r a i s ou lingüísticas, nao s a t i s f e i t a s pela rede

de origem ou integração .

6
Op. cit.: íó9.
Ainda BORTONI, r e f e r i n d o - s e à pr ed i s p o s i çao dos
i n d i v í d u o s a s e i d e n t i f i c a r e m com um d e t e r m i n a d o g r u p o s o c i a l ,
colocas

0 conceito de grupo de referência é especialaente útil no


entendi sento deste processo. Dois lingüistas contemporâneos,
Williaa Labov e Robert Le Page, eiabora sigas tradições
diferentes (o priaeiro coso sociolingüista e o segundo coso
c r i o l i s t a ) dão especial ênfase ao conceito de grupo de
referência.
Segundo Le Page (Í980), uw falante cria suas regras
lingüísticas de aodo a se aproxinar dos meabros do grupo cota o
qual ele deseja identificar-se, no Boaenlo do enunciado de cada
ato de f a l a . Por isso cada ato de fala é visto coso uei ato de
identidade.
Labov, tí%6) explorou a hipótese do conflito entre o que
denoainou orientação para o prestígio e orientação para a
identidade. 0 autor aostra coso o prevalecisento de uma ou
outra orientação depende auito dos padrões de sobilidade
social.7

Porém, e s t e s t r ê s a s p e c t o s (RO, R I , RR) podem s e


r e f e r i r a uma só r e d e , como no c a s o de uma p e s s o a que s e
o r i g i n a , interage e tem como r e f e r ê n c i a a mesma rede» Se e s t a
c e n t r a l i z a ç ã o é c o l e t i v a , a t e n d ê n c i a da r e d e ê d e i n s u l a m e n t o
p o i s o g r u p o nao s e m o t i v a em c o n t a t a r com o u t r a s r e d e s
p o r q u e a sua o s a t i s f a z em t o d o s os a s p e c t o s »
A a n á l i s e de r e d e s s o c i a i s sob d i v e r s o s p r i s m a s f o i ,
p r i m e i r a m e n t e , o b j e t o da S o c i o l o g i a e da A n t r o p o l o g i a S o c i a l ,
c o n f o r m e p a r e c e r cie BORTONI (.1989), mas o a s s u n t o tem s i d o
motivo de i n t e r e s s e na á r e a da l i n g u a g e m , como em a l g u n s
trabalhos Soeiolingüísticos que s e r ã o a b o r d a d o s no d e c o r r e r
d e s t e e s t u d o , o que d e m o n s t r a a r e l e v â n c i a d a s r e d e s de

7
OP. ÇIT.: 170-17Í.
comunicação para explicar o comportamento lingüístico de

f al a n t e s de di f e r e n t e s g r u p o s soc ¡ a i s »

Cita-se a pesquisa de GAL (.1.979) na q u a l , embora não

adote a terminologia rede de comunicação ou rede social, o

conceito está subjacente, ao relacionar o comportamento

lingüístico dos informantes húngaros de O b e r w a r t , Austria, ao

grupo social a que pertencem» GAL também, implicitamente,

analisa a rede de origem, integrarão e referencia cios

moradores pela escolha da língua húngara, com menor prestigio,

ou da 'língua alemã, com m a i o r prestígio social» Aqueles que

f a z e m da rede de origem húngara, sua r e d e de integração er

referênc i a optam por esta língua, mas os húngaros que

interagem na rede alemã e que a têm também como r e d e de

referência preferem o alemão, renegando, com e s t a atitude, a

língua de sua r e d e de origem.

No entanto, esta metodologia foi adotada somente para

justificar as atitudes lingüísticas de informantes,

considerados exceções, porque as correlações tradicionais de

idade, sexo e escolaridade não conseguiram dar conta dos

resultados»

Mais t a r d e , MILROY (1980) discutiu a nuit iplexidade e

densidade das redes de cotnun i c a ç ã o . Observou que os

integrantes de redes multiplex e densas de t r ê s bairros de

trabalhadores de B e l f a s t apresentavam c a r a c t e r ist i cas proprias

relativas ao uso da l í n g u a , não p r ó x i m a s à fala padrão»

BORTONI (1985) centrou sua atenção na d i s c u s s ã o dos

conceitos de rede insulada e integrada, mostrando o


29

comportamento lingüístico conseqüente de uma m a i o r integração

ou i i "i s u 1 a m e n t o d e r e de d o s in f or mantes.

A comunidade de B r a z l â n d i a (Brasília) foi a escolhida

para analisar a difusão dialetal entre migrantes rurais que

se estabeleceram no local, tendo por hipótese de q u e o g r a u cie

integração à vida urbana se refletiria na adoção de outro

dialeto, não necessariamente o padrão. No e n t a n t o , a relação

entre rede social e escolha lingüística foi realizada para

explicar as exceções que se verificaram no decorrer da

pesqu i sa»

Embora estas autoras tenham u t i l i z a d o as recíes sociais

com a finalidade de explicar as exceções à regra encontradas

no s e u trabalho, as discussões realizadas a respeito do

assunto tornaram seu campo de e s t u d o s mais abrangente. Um tema

até então objeto da Sociologia e da Antropologia Social,

tornou-se relevante para compreender o comportamento

lingüístico do falante, e a o mesmo t e m p o , abriu perspectivas

para pesquisas com d i f e r e n t e s enfoques sobre a questão,,


CAPÍTULO Ii - HISTÓRICO DO O E S T E DO PARANÁ

2. i COLONIZAÇÃO E REDES SOCIAIS

Para compreender a s c a r a c t e r í si: ¡ c a s econômicas, étnicas

e a rede d e comun i c a c a o da c o m u n i d a d e em e s t u d o , é necessário

conhecer o processo de c o l o n i z a ç ã o da p a r t e mais o c i d e n t a l da

micro-regiao denominada oeste paranaense8..

C o n f o r m e WACHOVICZ9 esta área abrange atualmente, uma

extensão aproximada de Í5.000 km 2 possuindo uma população

superior a 500.000 h sendo constituída pelos seguintes

municípios s Cascavel, Céu A z u l , M a t e i and i a . Med j a n e i r a , São

Miguel do Iguaçu, Foz do Iguaçu, Santa Helena, Toledo,

Marechal Cândido Rondon, Guaira, Terra Roxa e Nova Santa Rosa.

Embora tivesse havido interesse do g o v e r n o Estadual e Federal,

a colonização da r e g i ã o se deu por iniciativa privada após

1945.

Diversos fatores contribuíram para a não concretização

do d e s b r a v a m e n t o da r e g i ã o por parte do p o d e r instituído..

Uma das causas foi a série de acordos sobre

navegabilidade, assinados no início da d é c a d a de 1850, pelos

países da b a c i a do P r a t a (Brasil, Argentina e Paraguai). Com

0
Vide aapa no anexo I.

9 MCHOMCZ, RUI Christ ovas. Obrases, istnsus e colonos. 2a ed. Curitiba : Vi cent i na, 1988
ii

estes tratados o Brasil passou a usar os rios Paraná e

Paraguai para chegar ao Mato G r o s s o ? e à Argentina, através

do r i o Paraná, era perm i t i do n a v e g a r da F o z do Iguaçu até as

Sete Quedas»

Por esta razão, a região oeste do P a r a n á ficou mais

exposta à penetração Argentina, por via fluvial, do que à

ligação por terra com grandes centros brasileiros, o que

resultou no surgimento de uma r e d e de c o m u n i c a ç ã o integrada

com a A r g e n t i n a , em t e r r a s brasileiras»

Ainda, a iminência d e uma g u e r r a com o P a r a g u a i (1S64-

1869) fez com que o governo Imperial e paranaense

concentrassem todos os e s f o r ç o s e recursos para tentar a

ligação terrestre entre a província do Mato Grosso e os

principais centros decisorios do país, como interligá-la ao

porto de Anton i na» Economicamente, este i ri v e s t i ment: o obteve

pouco r e t o r n o porque, devido a privilégios concedidos a São

Paulo pelo governo Imperial, o movimento centrou-se no Porto

de S a n t o s e não em Anton i n a , como s e esperava» Mas, o fato

repercutiu no abandono d e o u t r o s projetos, como a colonização

do o e s t e do P a r a n á » .

Como t e r c e i r o fator, deve-se considerar que d e v i d o ao

desentendimento entre políticos civis e forças armadas, não

foi concret izada também, a idéia, discutida desde Í880 pelo

Ministério da Guerra, de f u n d a r uma c o l ô n i a militar na região

por ser considerada um p o n t o estratégico para a segurança

nacional» Os políticos assumiam uma posição negativa às

propostas dos chefes militares pois estes haviam se negado a


ii

desempenhar a função de Capitão do Mato, perseguindo e

prendendo e s c r a v o s fugidos das g r a n d e s fazendas de café»

Os políticos, propr i e t á r i os de numerosa escravaria,

sen t i am-se p r e j ud i c ad o s com e s t e p o s i c i on amen t o e portanto,

não facilitavam a aprovação dos projetos emanados dos

dirigentes do Exér c i t o „

Assim, a região era ocupada, principalmente, pela rede

argentina representada pelo sistema de "obrages", comum na

Argentina e Paraguai» 0 "obragero", era o proprietário que

explorava a erva mate e o corte de m a d e i r a , usando a mão d e

obra dos índios paraguaios, os "mensas", que t r a b a l h a v a m em

regime de semi-escravidão» Estes traba 1hadores eram

desembarcados por navios argentinos nas m a r g e n s do r i o Paraná

e aí fundavam o "porto", que era um povoado no qual se

armazenavam a erva mate e a madeira extraídas do sertão

paranaense que depois eram transportados para a Argentina» 0

período de funcionamento deste "porto" dependia da f a r t u r a do

material a ser coletado na r e g i ã o » Este grupo de trabalhadores

parece não ter constituído uma r e d e de c o m u n i c a ç ã o efetiva

po i s hav i a mu i t a r o t at i v i d a d e de p e s s o a s e os "port o s " eram

efêmeros demais para permitir uma integração ou c r i a ç ã o de

valores próprios»

Conhecedor da possibilidade de um total domínio

argentino, devido ao d e s c a s o institucional, o governo Imperial

tentou estabelecer, finalmente, uma colônia militar com o

objetivo de fortalecer a "fronteira guarani". Os m i l i t a r e s t?

colonos destacados para a missão e que chegaram em 1839,

HACHOÖICZ, Op.Cit.: 2i.


ii

encontraram somente 09 b r a s i l e i r o s entre as 324 p e s s o a s aí

estabelecidas.11 A adaptação foi difícil devido ao meio

hostil e à rede argentina que dominava a região e que

continuou abastecendo o local com r o u p a s , alimentos e bebidas

através de seus n a v i o s . Por este motivo, a colônia brasileira

não p r o g r e d i u e, em 193.2 a sua a d m i n i s t r a ç ã o foi entregue ao

governo do Paraná..

E n q u a n t o que a fixação de b r a s i l e i r o s não v i n g a v a na

região, a rede argentina, constituída pelas "obrages", se

expandia rapidamente e em 1930 h a v i a m a i s de 10.000 habitantes

provenientes desta exploração, os quais se dedicavam então à

exp1 o r a ç ã o da made i r a .

Outros f a t o s foram r e s p o n s á v e i s , de forma indireta,

pela colonização cio oeste do Paraná pois os "tenentes"'

revoltosos da revolução de 5.924, contra o governo de Artur

Bernardes, se refugiaram em F o z do I g u a ç u , aguardando tropas

aliadas de L u í s Carlos Prestes.

Estas tropas, tanto rebeldes como legalistas que aí

combateram, ao voltar a sua terra, relataram o que s e passava

na r e g i ã o . 0 que h a v i a m observado era o domímio lingüístico e

econômico dos a r g e n t i n o s , pois a língua falada era o espanhol,

o dinheiro usado e r a o peso e os impostos e taxas eram

cobrados em moeda a r g e n t i n a . A rede era centrada na Argentina

e os b r a s i l e i r o s não p o s s u í a m nenhuma f o r m a de s e impor.

Esta situação resultou em algumas medidas Estaduais,

após 1930, com a finalidade de nacionalizar a "fronteira

guarani". Entre elas exigia-se que o s d o c u m e n t o s oficiais, os

11
HACHOmCZ, Rui Christ ovai. Histeria da Paraná, á.ed. Curitiba : Vicentina, 1988: 226.
anúncios comerciais, as listas de p r e ç o s e os a v i s o s fossem

escritos em português e que os impostos e taxas fossem pagos

em moed a b r as i 1 e i r a ..

Esta atitude teve como reflexo a reação do governo

f e d era1 e a ux i 1 i ou i n d i r e t a men t e n a c o l o n i z a çã o do o e s t e e na

formação de uma rede de comunicação brasileira. Getúli o

Vargas, na época do Estado Novo, .juntamente com políticos

gaúchos, pretendia criar um novo Estado da Federação,

aglutinando terras do o e s t e de S a n t a Catarina, sudoeste e

oeste do Paraná. A medida visava atender aos interesses dos

empresários gaúchos que p r e t e n d i a m usar o excedente da mão de

obra gaúcha, transformando o Território Federal do I g u a ç u numa

extensão cultural do R i o Grande do Sul e ainda garantindo

compradores para os p r o d u t o s industrializados riograndenses»

Além d i s t o , o grupo pretendia resgatar a liderança política

nacional perdida para São Paulo e Minas Gerais devido ao

avanço econômico destes dois Estados. 0 Estado do Iguaçu foi

realmente criado pelo decreto 5812 de 1943, mas após a

destituição de Getúlio Vargas, a Constituinte de 1946 o

d i ssolveu.

Embora a s atitudes governamentais não r e s u l t assem em

colonização, o interesse pela região estava criado. A

penetração cias tropas, a constatação do abandono da região

pelos brasileiros, as p e r s p e c t i v a s de e n r i q u e c i m e n t o devido à

fertilidade do solo e às r i q u e z a s naturais, fizeram com que

alguns desbravadores se aventurassem em conhecer o oeste

paranaense. Dois gaúchos,de origem italiana, Alfredo Paschoal

Ruaro e A l b e r t o Dalcanate, conhecedores de n e g ó c i o s e assuntos


rurais resolveram confirmar a existência de terras

promissoras e aproveitáveis economicamente na região.

Os dois pioneiros compraram dos i n g l e s e s a "Comparíia de

M a d e r a s dei Alto Paraná" e a transformaram na "Industrial

Madeireira Coloni zadora Rio Paraná S„A.",em 13-04-46, com

capital do Rio Grande d o S u l „ A t r a n s a ç ã o foi documentada no

Registro Geral de I m ó v e i s de Foz de I g u a ç u , sob n ú m e r o 1460,

f o l h a s 14 e 1 5 , do l i v r o n ° 0 3 e m 1 6 - 0 9 - 4 6 „t2

Esta Comercial foi m a i s t a r d e c o n h e c i d a como Maripá,

que era na o c a s i ã o , a sigla usada como endereço telegráfico.

Seu principal o b j e t i v o era a compra e v e n d a de terras, a

extração, exportação e industrialização de madeira.

Como conseqüência d e s t a s a t i v i d a d e s s u r g i u o mun i c: íp i o

de Toledo, numa área que constituía a Fazenda Britânia com

2 7 4 . 8 4 6 ha d e m a t a v i r g e m e 113.534 alqueires paulistas,.

A i n d u s t r i al Mar i p á , com suas at i v i d a d e s , i ni c iou

a t r a v é s da r e d e g a ú c h a , a c o l o n i z a ç ã o da r e g i ã o . P a r e c e q u e a

p a r t i r da fixação desta r e d e , os b r a s i l e i r o s começaram a ter

domínio sobre a área, verificando-se um decréscimo da

infiltração argentina e guarani. Na r e a l i d a d e , a i n t e n ç ã o do

governo federal em e x p l o r a r a região via R . S . aconteceu por

iniciativa privada e não governamental.

Neste processo de colonização, a Maripá planejou

antecipadamente sua linha de ação e se c o n c e n t r o u em atingir

05 o b j e t i v o s c o n s i d e r a d o s básicos»

12
SILVA, Oscar. BRAGAGNOLLO, Rubens. HACIEL-FERNANDES, Clori. Toledo e «>ua história. Toledo
Prefeitura Hunicipal, 1988.
?7

O primeiros- realizado entre 1946 e 1 9 5 0 , consistiu no

clesbravamento, com abertura de "picadas" para o acesso dos

caminhões de p i o n e i r o s e a comercialização de terras..

Os colonos que vieram neste período, eram

principalmente, de descendência italiana, da r e g i ã o de São

Marcos, Caxias do Sul e Farroupi 1 ha, RS» Levaram 31 d i a s para

chegar até Cascavel, localidade próxima da então Fazenda

Britãnia» Embora imbuídos de espírito aventureiro, estes

desbravadores não resistiram às investidas dos mosquitos,

abundantes e transmissores de doenças, e abandonaram a

j ornada »

Para evitar o fracasso do empreendimento, o grupo

italiano, que havia descoberto e realizado o negócio e

detentor de 33% d a s a ç õ e s , contratou a mão de o b r a paraguaia..

Estes, remanescentes dos" mensus", habituados às dificuldades

da r e g i ã o , f o r a m os r e s p o n s á v e i s pela derrubada da mata e o

acesso a Toledo» Portanto, a rede paraguaia teve o seu papel

no d e s b r a v a m e n t o da região..

Neste primeiro estági o,(1946-1949), a exploração da

madeira foi o principal objetivo econômico porque era

necessário "limpar" a terra, coberta de m a t a s , para permitir

aos c o l o n o s cultivá-la»

Depois da conclusão desta primeira etapa, o pioneiro

Alfredo Paschoal Ruaro, demitiu-se do c a r g o e iniciou suas

atividades numa outra firma colonizadora, a Pinho e Terras

Ltda.,

Assim, o grupo acionista majoritário alemão (66%),

dirigido por Willy Barth, deu início à segunda fase cia


historia da Mar i p á , que deixou de ser somente Mar i pá

made-i r e i r a para se t o r n a r Mar i pá c o l on i z a d u r a ..

Este segundo objetivo atingiu-se após 195®, com o

assentamento das famílias» As pessoas ideais, conforme a

empresa, seriam pequenos agricultores adaptáveis à região, de

preferência gaúchos descendentes de alemães e italianos há

bastante tempo aclimatados no B r a s i l e considerados de mão d e

obra esmerada e dedicada por possuírem experiência na criação

de s u í n o s , fabricação de q u e i j o e cultura polivalente»

0 próximo objetivo da empresa consist ia na

transformação do o e s t e no " c e l e i r o do P a r a n á " 1 3 , o que seria

possível com a estabilidade agrícola, preven indo-se contra

calamidades climáticas através do cultivo de diferentes

produtos que compensariam uma eventual perda» Além deste

fator, pensou-se em outro que evitaria a formação de

latifúndios improdutivos, dividindo-se a fazenda Br i t a n i a em

sistema de lotes longos, usados na Alemanha o que r e s u l t o u em

10.000 c o l ô n i a s com a p r o x i m a d a m e n t e 10 a l q u e i r e s paulistas que

seriam ocupados por 10,000 famílias» Para a f o r m a ç ã o de vilas

e cidades seriam reservadas áreas menores, como c h á c a r a s de

2»5ha a 25»000m c a d a , dentro das colônias»

Para que estes objetivos fossem alcançados a

responsabilidade da vencia d a s terras foi legada a gaúchos

alemães ou italianos que se deslocavam para o Rio Grande do

Sul ou S a n t a Catarina e convenciam pequenos agricultores a

comprar terras da Maripá» Estes sentiam-se atraídos pela

riqueza das terras e pelos preços acessíveis estipulados» A

13
SILVA, OP. c i t . : 87.
ii

partir daí, consol i dou-se a rede alemã e italiana e evitou-se

a vinda de a v e n t u r e i r o s que não p r e e n c h i a m as c a r a c t e r ist i cas

estabelecidas pela Mar i p á „

A p o l í t i c a etno-cultural religiosa aplicada pela Haripá, foi


arquitetada por Hilîg Barth. Ele alterou a política inicial
seguida por Ruaro e que se reflete na composição étnica e
religiosa apresentada até hoje em Toledo. A nova política nao
Misturava no local, descendentes tít italianos e alemães,
católicos e protestantes. As comunidades deveriam aglutinar
pessoas da mesma origen étnica e relisiosa. Elas deveriam
conviver pacificamente, coa respeito sütuo,
porés viver isoladamente.44

Esta atitude inicial dos r e s p o n s á v e i s pela colonização

auxiliou na consolidação de redes de comunicação insuladas

como a que é o b j e t o de e s t u d o neste trabalho»

Depois de ter atingido o s 03 primeiros objetivos,

considerados essenciais, a companhia se preocupou em atingir

os dois restantes» Um d e l e s exigia o escoamento da produção

que f o i realizada via fluvial para São P a u l o porque não havia


\

estradas adequadas para Curitiba» 0 próximo passo, o da

industrialização, a empresa deixou a cargo dos futuros

investidores, restringindo-se à instalação de carp intar i as,

fun i l a r i a s , serrar ias, mo i nhos e o f i c i nas mecân i c a s

Com e s t a s 05 etapas cumpridas, sentiu-se necessidade

de p l a n e j a r a demarcação urbana para o c o m e ç o cio povoamento,

instituindo-se áreas para a cidade de Toledo e mais treze

núcleos urbanos» Os p r i m e i r o s núcleos que s u r g i r a m foram os de

General Cândido Rondon, Novo Sarandi, Quatro Pontes e Dez de

14
UACHOUICZ, Í988 5 Í77.
ii

Maio, que foi o primeiro distrito a ser criado pela lei

municipal n ° 17 d e .1.6/07/53 . 1 8

1.2 CARACTERÍSTICAS ÉTNICAS E RELIGIOSAS DA COMUNIDADE DE DEZ

DE MAIO

A partir de 1947 a v e n d a das t e r r a s deste distrito foi

realizada por Miguel Dewes, g a ú c h o de d e s c e n d ê n c i a alema, que

trouxe para a localidade em 1949, famílias do R.S«,

notadamente de Cerro Largo e adjacências. Os p r e t e n d e n t e s às

terras podiam adquiri-las desde que satisfizessem duas

condições, decorrentes do p r o c e s s o de c o l o n i z a ç ã o , que eram ¡¡

s e r e m de descendência alemã e católicos» Formou-se assim, no

c o me ç o da c o1 o n i z a ç ã o , uma rede g a dch a , a 1 e m ã e c a t ó 1 i ca e as

c a r a c t e r i s t i ca iniciais deste grupo se manifestam até hoje

pela conservação da fala alemã e cultivo dos valores

culturais alemães»

Desde a vinda das primeiras famílias em 1949, até os

dias atuais, os habitantes foram conquistando privilégios

negados aos pioneiros como ter acesso a diversos meios de

comunicação, à educação sistematizada e bens de consumo» No

entanto, os componentes do grupo demonstram ainda, na fala,

uma i nt e r f e r ênc i a mútua e n t r e a s duas línguas aprendidas, 'a

alemã e a portuguesa»

Deve-se atentar para o fato de que a p e s a r do progresso

econômico e suas c o n s e q ü ê n c i a s materiais, as c a r a c t e r ist i cas

iniciais da comunidade se modificaram muito pouco desde o

18
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇiO. Com licença, somos distritos de Toledo. 2. ed. Cascavel
Assoeste, 1988.

início cia colonização ha quarenta anos atrás. A quase

totalidade da população continua de origem alemã que se

d i s t r itau i em ap r ox i mad amen t e 2.000 na sed e do di s t r i t o e

outros 2.000 entre a linhas de Santa Terezinha, Quatorze de

Dezembro e São Salvador..16 A minoria dos habitantes, os

descendentes de italianos e "nortistas" (10%),47 segregam~se

nas" linhas"'® Cerro da L o l a e Km 41 „

Quanto à questão religiosa, continua a predominar o

catolicismo. A Igreja, no início da c o l o n i z a ç ã o , desempenhava,

ao lado da e s c o l a , uma f u n ç ã o relevante na comunidade em

formação. Tanto que a preocupação inicial dos p i o n e i r o s foi

construir uma p e q u e n a escola que s e r v i a de igreja quando vinha

o padre de Toledo rezar missa e atender os moradores,

realizando batizados, casamentos e enterros..

Após a constituição da Paróquia Sagrada Família, em

1959, os padres que atuavam no local foram alemães natos ou

descendent e s .

0 primeiro padre, João Verner, atuou por 20 a n o s na

comunidade e foi a primeira ligação com a r e d e externa, também

alemã. Quando j o v e m , o padre teve que interromper seus estudos

sem i n a r i s t i e o s na Alemanha para servir no e x é r c i t o de Hittler,

na Segunda Guerra Mundial. Depois do c o n f l i t o ordenou-se padre

e veio trabalhar no Brasil, assumindo a paróquia de Dez de

Maio.

14
Depoimento de L.I.A., líder comunitário e vereador.
17
Nortistas: provenientes do norte do PR, provavelmente do interior de SP e dus Estados do
Nordeste do Brasil.

40
Subdivisão de um d i s t r i t o , normalmente composta por uma capela e algumas casas.
Um d o s trabalhos prioritários do padre foi enviar

jovens locais para seminários e conventos com verbas da

A1eman ha » D i ver sos r ap a z e s e moç a s ap r o v e i t aram a

o p o r t un i d a d e , t: a l v e z por nao t e r e m a rede agrícola local como

rede de referência, estudaram e permaneceram numa rede

externa. Como c o n s e q ü ê n c i a , durante a permanência deste padre,

formaram-se .1.3 p a d r e s e aproximadamente 8 freiras. 0 incentivo

para a vida religiosa decresceu com a partida do p a d r e João

Verner, em 1.978, conforme depoimento de pioneiros.,

0 dinamismo e trabalho do padre tornaram-no uma

autoridade respeitada pelos moradores que acatavam suas

decisões, como por exemplo, confiar a direção da e s c o l a local

a uma ordem r e l i g i o s a , em Í962»

Ao l a d o do interesse do p a d r e em a u x i l i a r na educação

dos j o v e n s , havia também a preocupação em p r e s e r v a r o forte

espírito religioso entre os pioneiros, constituídos

ma j or i t ar i anient e por alemães e católicos» Embora a missa fosse

rezada em português, como conseqüência da política de

aculturação de Getúlio Vargas, à qual se voltará a fazer

referência neste trabalho, a comunicação informal entre a

Igreja, representada pelo padre, e os moradores, dava-se ein

língua alemã, estendendo-se o seu uso a o s momentos de maior

intimidade, como na c o n f i s s ã o » Portanto, o uso da língua

portuguesa restringia-se às c e r i m ô n i a s formais e oficiais»

Parece evidente que a I g r e j a , através deste religioso,

que a t u o u por um período considerável de tempo no local,foi

uma importante incentivadora da p r e s e r v a ç ã o da língua alemã e


ii

dos v a l o r e s étnicos, auxiliando com isto, no insulamento do

g r up o „

Os padres destacados para Des de Maio,

subseqüentemente, foram também de origem alema e é provável

que a comunidade tenha interferido junto à Igreja para que

isto acontecesse. Estes religiosos, no entanto, nao

permaneceram muitos anos no local e não s e envolveram tão

p r o f u n d a m e n t e com o g r u p o como o p a d r e João Verner„

Em d e c o r r ê n c i a deste fato, a ligação com r e d e s externas

foi gradativamente assumida pelos professores locais, pois a

escola estava desempenhando o papel de integradora do grupo,

o que arit e r i or ment e e r a realizado pela Igreja.

Os h á b i t o s da p o p u l a ç ã o , relativos à religião, parece

não terem mudado muito desde a colonização. As pessoas

freqüentam a igreja semanalmente e formam pequenos grupos

antes e depois da missa para conversar. 0 momento é de

integração e a língua predominante é a alemã. Os moradores

participam de procissões, da visita da capelinha às casas e

das promoções festivas da igreja, sob a orientação de um p a d r e

austríaco, cuja origem transparece na sua fala.

0 que se pode r e s s a l t a r , em r e l a ç ã o ao p a p e l da Igreja

na v i d a das p e s s o a s , é que no início da c o l o n i z a ç ã o , era o

local preponderante de e n c o n t r o e de lazer,, Hoje, há vários

out: r o s i n t er e s s e s e op ç õ e s o f e r ec i d o s a o s h ab i t an t es.

LAZER

0 lazer, na época da colonização, consistia em

contemplar a natureza, na roda do chimarrão, na caça de


ii

pequenos animais, nas pescarias ou na leitura da

bíb1 i a , j o r n a i s r e l i g i o s o s e eventualmente um r o m a n c e , sendo a

grande parte destas opções escritas em a l e m ã o . Mais tarde

apareceram as matinês e os bailes de varanda ao som de

bandonios e gaitinhas de boca participando toda a família do

acontecimento. Os c a s a m e n t o s sempre foram motivos de f e s t a que

reuniam todas as f a m í l i a s e eram r e a l i z a d o s na c a s a da noiva.

Atualmente, se realizam no clube local com convidados

escolhidos. Os n o i v o s , do início, se locomoviam de c h a r r e t e ou

a cavalo ornamentados para o dia. Hoje, comparecem à igreja de

carro.,

Ao l a d o destas opções, a partir de 1961, apareceram os

campos de futebol em pot r e i r o s , que o b j e t i v a v a m reunir amigos

para jogar. Os t i m e s eram improvisados e as disputas se

realizavam por prazer. Gradativamente, os times foram se

organizando o que r e s u l t o u na f o r m a ç ã o de um c l u b e que possui

instalações esportivas estendendo-se as mesmas às linhas do

distrito. 0 clube, Socedema, cede suas dependências para a

prática de esportes da escola e s ã o também usadas para a

reunião de grupos da comunidade, como a Associação de

Moradores, de Idosos, de C o o p e r a t i v i s t a s , de J o v e n s , do Grupo

F o l c 1 or i c o .

Certas atitudes da comunidade, ligadas ao lazer,

evidenciam a força da rede no intuito de a l c a n ç a r benefícios

para a localidade, é o que s e v e r i f i c o u quando se iniciou a

"Festa do Frango" em 1 9 8 5 , que s u r g i u com o objetivo de

divulgar o distrito e chamar a atenção das autoridades


ii

municipais para a necessidade. 1 de a s f a l t a m e n t o da e s t r a d a que

'liga o local à cidade de Toledo»

A festa repercutiu positivamente atraindo pessoa de

localidades vizinhas pela excelente comida à base de f r a n g o e

o tradicional café colonial à moda a l e m a . 0 sucesso da festa

foi complementado em 1990 com a exposição industrial,

comercial e artesanal da r e g i ã o , comparecendo aproximadamente

Í0.000 pessoas. A organização da f e s t a é realizada em f o r m a de

mutirão, onde cada qual tem sua t a r e f a estabelecida e o lucro

também é a p l i c a d o na c o m u n i d a d e , sendo os r e c u r s o s gerenciados

pelas entidades locais beneficiadas, que são a igreja, o

clube, a escola e a Associação de «oradores.

Como r e s u l t a d o de um trabalho comunitário, nestes sete

a n o s de realização da festa, o distrito obteve a divulgação

esperada e o asfalto da estrada Dez de Maio-Toledo foi

c o n s t ru i d o »

As f e s t a s tradicionais de n a t a l e páscoa, inspiradas em

costumes europeus, não s e modificaram com o p a s s a r dos anos.

No n a t a l , enfeita-se o pinheirinho com bolas coloridas e

algodão para simular neve e se confeccionam biscoitos pintados

com g l a c e e ornamentados com a ç ú c a r colorido e o Papai Noel

visita as f a m í l i a s levando presente. Na p á s c o a , cascas de ovos

pintadas são recheadas com amendoim torrado e açucarado e o

"coelhinho" presenteia as crianças com cestas coloridas,

cheias de doces.

A alteração que s e verificou nestas festas foi o valor

e o tipo de presentes ofertados pois o poder aquisitivo e a

facilidade de acesso permitem aos atuais moradores estas


ii

atitudes. As cestinhas artesanais de palha trançada foram

substituídas por sofisticadas cestas decoradas com fitas,

papel crepom e de seda? o conteúdo também f o i complementado

com o v o s de c h o c o l a t e ou b r i n q u e d o s adquiridos nas lojas da

cidade. Mas, é sem dúvida este tipo de evento que colabora

para a manutenção de uma r e d e fechada ,.

A festa religiosa é outra atividade que sempre

acompanhou a comunidade. No início, possuía um sentido

profundamente r e l i g i o s o sendo preparada com um triduo que

consistia em palestra pelo pároco, orações e finalizava com a

bênção. 0 local da f e s t a era enfeitado com c i p r e s t e s , folhas

de coqueiros e muito papel crepom colorido. 0 espírito

comunitário se m a n i f e s t a v a na o r g a n i z a ç ã o do e v e n t o quando

cada congregação religiosa era responsável por uma t a r e f a . 0

dia da festa iniciava com uma a l v o r a d a festiva às s e i s horas

com o badalar dos sinos e a queima de f o g o s de artifício

visando acordar todos os moradores.

Hoje, a festa a l é m do e s p í r i t o religioso, também tem

um fim lucrativo e a igreja é enfeitada com produtos

agrícolas, frutas, hortaliças e legumes que são leiloados

entre os freqüentadores. é chamada de " F e s t a da C o l h e i t a " e é

organizada, como no início da c o l o n i z a ç ã o , por líderes da

comunidade que escolhem sua equipe de trabalho.Na parte

religiosa, o coral canta ao final da celebração um hino

intitulado "Deus E t e r n o " 1 9 intercalando estrofes em a l e m ã o e

português.A parte física da igreja acompanhou o progresso do

distrito, pois a pequena capela desapareceu, dando lugar a uma

" Letra era português (anexo 6) , letra e súsica es alesâo ( anexo 7).
ii

espaçosa igreja, em a l v e n a r i a , situada em f r e n t e à praça e ao

lado de um g r a n d e pavilhão de festas.

Comparando-se as formas de lazer do início da

colonização com as a t u a i s , observa-se que a alterações não

foram p r o f u n d a s , tornando-se mais sofisticadas devido aos

recursos disponíveis que p e r m i t e m a compra de a p a r e l h o s de

som, televisores e vídeo-cassetes. Além d i s t o , a aquisição de

carros facilitou o acesso às f e s t i v i d a d e s da s e d e do distrito,

mesmo a o s agri c u l t o r e s res identes em l o c a i s mais distantes.

Mas, a base do l a z e r permanece muito semelhante,poi s continua

girando em torno dos valores locais r e p r e s e n t ados pelos

eventos que acompanham as famílias deste a formação da

común i clad e „

Um d o s eventos que merece a atenção da c o m u n i d a d e é a

comemoração cia I n d e p e n d ê n c i a do B r a s i l , no d i a 07 de setembro.

No início da c o l o n i z a ç ã o , o ato cívico consistia em r e u n i r a

comunidade no pátio da escola para entoar o I-lino N a c i o n a l e

apreciar as apresentações dos alunos» Post er i o r m e n t e , a

festividade se ampliou, iniciando com um d e s f i l e de a l u n o s e

Associações pela rua principal da v i l a , ao som da fanfarra

local e culminando com discursos proferidos por estudantes e

1íderes común i t ár i o s »

0 D i a do C o l o n o , é outra data relevante comemorada no

dia 25 de j u l h o com uma m i s s a , a bênção dos c a r r o s e um a l m o ç o

f e s t i vo »
ii

1.. 4 SAÚDE

Ao lado da p r e o c u p a ç ã o dos p i o n e i r o s com a educação,

religião e laser, a questão "saúde" também r e c e b e u atenção

desde o início da colonização pois, entre as primeiras

famílias que chegaram em 1950, foi incluído um casal, ela

filha de farmacêutico alemão, que tinha conhecimento de

medicina» Ambos s e r e s p o n s a b i 1 i zaram pelo atendimento médico

até 1958 quando profissionais estabelecidos em Toledo

visitavam, de jipe, a comunidade» Mais tarde, em 1975, foi

aberta uma farmácia sob a responsabilidade d e um f a r m a c ê u t i c o

que r e s i d e até hoje no local.É- aceito e respeitado pela

comunidade por sua dedicação e profissionalismo embora

descenda de italianos »

0 bom nível de v i d a da p o p u l a ç ã o diminuiu os atestados

de óbito» Em Dez cie M a i o o índice de m o r t a l i d a d e é reduzido»

Não há mortalidade infantil e raramente morre uma p e s s o a de

menos de 50 anos»

1.5 ECONOMIA

0 setor econômico parece ter sido o que mais sofreu

transformação no distrito. A economia inicial era de

subsistência e vigorava a policultura com a plantação de

feijão, milho, arroz, mandioca, amendoim, batatas, hortaliças

e árvores frutíferas» Os r e c u r s o s naturais eram inúmeros e os

colonos tinham a c e s s o ao bambu que e r a utilizado na fabricação

cie c e s t o s e balaios usados na colheita e eram vendidos a

pessoas fora da r e d e que não s a b i a m fabricá-los» 0 palmito era

abundante e era enviado para as indústrias de conservas» A


3?

floresta era fechada e rica em madeiras de lei que

constituíam também uma g r a n d e fonte de r i q u e z a natural.

Além da agricultura de s u b s i s t ê n c i a » cia e x p l o r a ç ã o das

riquezas naturais, os c o l o n o s se dedicavam à criação de a v e s e

à produção de o v o s para consumo. As r a ç a s de s u í n o s mouro e

durée não exigiam chiqueiros especiais nem alimentação

específica e eram criados para consumo ou vendidos aos

comerc i ant e s .

Assim, desde a v i nela dos p i o n e i r o s , a comunidade se

identificou como auto-suficiente economicamente.

Oraclat i vament e , a s modernas t é c n i c a s agrícolas foram atingindo

a região e a economia de s u b s i s t ê n c i a foi substituída por uma

economia comercial, p r i ne i p a l mente nos anos 70 quando se

iniciou a plantação da soja em g r a n d e quantidade, ao lado da

produção de trigo. A tecnologia foi incorporada à pol¡cultura

quando s e c o n s t a t o u a necessidade do c u l t i v o da p l u r a l i d a d e de

culturas para a preservação do solo e para garantir a

estabilidade financeira de s e u s habitantes..

Parece que este avanço econômico foi indiretamennte

responsável pela tentativa de abertura de rede pois seus

moradores se sentiram propensos a estabelecer relações

comerciais com componentes de redes externas, como

f or n ec ecl or e s , bancos e instituições g o v e r n amen t. a i s „ No

entanto, deve-se considerar que estabelecer contatos formais

com uma r e d e externa , como n e s t e caso, não s i g n i f i c a aderir a

a seus valores ou f a z e r dela uma rede de referência ou

i nt eg r a ç ã o . .
ii

As poucas terras nao próprias para a agricultura

comercial foram transformadas em p a s t a g e n s criando-se gado de

raça zebu, holandês, nelore e ratas comuns» Estas atividades

são d e s e n v o l v i d a s em áreas concebidas desde o início da

colonização (10 a l q u e i r e s ) não h a v e n d o latifúndios no distrito

embora algumas propriedades tenham aumentado através do

casamento ou compra de t e r r a s de algum v i z i n h o ou parente»

A suinocultura também se sofisticou mais, com a

construção de pocilgas padronizadas para a criação das raças

landrace e large white,, A alimentação necessária é financiada

pelas indústrias interessadas nesta produção as q u a i s oferecem

assistência técnica aos criadores»

Outro s e t o r que s e d e s e n v o l v e u muito ultimamente foi o

da c r i a ç ã o de a v e s , pois é o distrito que ma i s f o r n e c e aves

para a indústria instalada em T o l e d o , a Sadia» Existem na

'localidade setenta av i ár i o s com • í 2 mil aves cada um que são

entregues , em m é d i a , a cada sessenta dias num regime de

integração entre criadores e empresa» Os aviarios, além da

produção de aves para o abate, são f o n t e de adubo orgânico

utilizado na agricultura e vendido às indústrias de adubo

or gano-m i ner a l na sede do mun i c í p i o » A p i sc i cu I t ur a é o u t r 'a

atividade que está em expansão com 200 t a n q u e s instalados no

município» Está se prevendo ainda para Í993 o plantio da

cañóla para a extração de óleo vegetal»8®

Por ocasião das v i s i t a s realizadas aos agricultores

observou-se o considerável número de laranjeiras plantadas

nas p r o p r i e d a d e s . Depoimentos dos produtores confirmaram a

a
® ESTADO do PARANA Curitiba : 18 de out. de 1992: 08.
ii

possibilidade da instalação de urna fábrica para a

industrialização do produto porque os moradores não conseguem

consumi-lo»

Esta constatação também sugere a necessidade de

abertura de rede pois o aproveitamento do p r o d u t o exige nova

tecnologia e mão de o b r a , acessíveis via elementos externos»

Para complementar esta imagem de a u t o - s u f i c i ê n c i a , a

sede do distrito possui um s u p e r m e r c a d o , algumas lojas, uma

farmácia e um b a n c o » As indústrias não s ã o s i g n i f i c a n t e s e se

restringem a uma serraria e marcenaria para atender às

n e c e s s i d ad e s loe a i s »

Diante deste quadro econômico não é d i f í c i l deduzir que

no d i s t r i t o não há desemprego e os poucos habitantes não

p r o p r i e t á r i o s têm atividade garantida entre o próprio grupo,

não s e d e s l o c a n d o para trabalhar de b ó i a - f r i a como a c o n t e c e em

locais vizinhos» A oferta de t r a b a l h o tem a t r a í d o famílias

para o local e são admitidas as que se enquadram nas

exigências dos propri etári os, isto é, são de descendência

alemã e católicas» é raro encontrar elementos de o u t r a s etnias

mesmo p a r a executar as t a r e f a s subalternas»

Parece que o o b j e t i v o da companhia colonizadora Mar i p á ,

que e r a transformar a região oeste no " c e l e i r o do Paraná",

teve sucesso em Dez de Maio p o i s aí continua a vigorar a

pol¡cultura, como auxílio à conservação do solo e para

garantir a estabilidade econômica do a g r i c u l t o r » Mas, tem na

cultura da soja a principal atividade econômica» Embora as

técnicas se tenham s o f i s t i c a d o e a situação econômica se

estabilizado, as terras continuam sendo a d m i n i s t r a d a s pelos


ii

pioneiros e seus descendent e s r acrescentando-se ao grupo

inicial poucos elementos externos» Esta situação mostra que a

rede insulada persiste apesar do p r o g r e s s o e da t e c n o l o g i a e

que o g r u p o de r e f e r ê n c i a é o grupo local»

í.6 EDUCAÇÃO

Embora o s gaúchos, descendentes de alemães tivessem

vindo para uma r e g i ã o desconhecida e hostil, mostraram-se

organizados desde o começo para melhor encarar e vencer as

dificuldades do seu n o v o habitat» Provenientes da mesma área

geográfica e partilhando d o s mesmos v a l o r e s étnicos, culturais

e reí ig iosos, est es p i one i r o s r e p r o d u z i ram, na med ida do

possível, em Dez de Maio, o mesmo e s t i l o de v i d a comum ao

grupo da sua r e g i ã o de o r i g e m » Assim, ao lado da preocupação

principal que e r a o cultivo da t e r r a e do p r o g r e s s o econômico,

as questões educação, religião, saúde e lazer foram

consideradas necessárias para o sucesso da primeira»

A instrução dos f i l h o s , através da e s c o l a , foi uma d a s

prioridades estabelecidas pelas famílias pioneiras de Dez de

Maio d e v i d o aos v a l o r e s imanentes ao grupo» Estas famílias

possuíam muitos filhos (8 a 10), que s i g n i f i c a v a m a mão de

obra para o cultivo da t e r r a » Se, por um lado, o colono

dispunha de braços para o trabalho, de outro lado, era

necessária a existência de terras para o sustento desta

família numerosa. Um d o s motivos para a vinda dos pioneiros

foi justamente adquirir maior extensão de t e r r a s por um p r e ç o

mais a c e s s í v e l do que na sua região de o r i g e m , RS» Assim,


43

possuindo terras e mão de obra, as famílias obtinham

progresso mater i ai »

A questão escola foi logo resolvida com a construção

de uma sala de aula, em regime de mutirão e com a doação da

madeira pela Maripá. Esta sala servia também para realizar

reuniões e celebrar missa quando o padre, vindo de Toledo,

visitava as famílias todas as sextas feiras do mês» Vê-se por

esta atitude, que a construção de uma sala foi mais importante

cio que a construção de uma capela, onde também poderia

funcionar uma sala de aula..

0 interesse na solução da questão escola pode-se notar

pela urgência com que foi construída a sala, pois os pioneiros

chegaram a partir de maio de Í949 e já no dia 04-03-50

inaugurou-se a escola com a realização de urna festa

comunitária. 8 1

0 maior problema encontrado foi conseguir professor já

que não havia profissionais formados. Ensinava então quem se

propusesse mediante pequena remuneração em dinheiro ou

nvant i ment os „ Embora a maioria tivesse intenções de colaborar,

não possuía conhecimentos suficientes da língua portuguesa

porque muitos deles tinham freqüentado a escola quando as

aulas eram ministradas em alemão devido a fatores históricos

relevantes dignos de serem citados..

Convém lembrar que a intenção do governo brasileiro

com a imigração, no século passado, era povoar e desenvolver

regiões desabitadas.. Uma falta de política imigratória

definida resultou em que grupos de alemães se fixassem num

21
TRIBUNA DO OESTE. Toledo-PR : 95 de set. 1984: 10.
44

mesmo local r notadamente no sul cio Brasil e recriassem

comunidades nos moldes existentes na Alemanha. Devido a

fatores culturais,. urna das principais preocupações dos

imigrantes foi com a escola para seus filhos» Criaram então

seu próprio sistema educacional, já que as autoridades

brasileiras não interferiam ou auxiliavam na resolução desta

quest ao«

NODAR Ia* argumenta que os fatores culturais, ao lado

dos sócio-econ8micos, foram muito importantes para a decisão

dos alemães emigrarem para o Brasil e não para os Estados

Unidos da América, por exemplo» Eles sabiam, através de

divulgações, que aqui poderiam conservar seu "Deutschtum", o

que significava preservar sua língua, costumes e valores» Esta

atitude não era possível nos Estados Unidos, onde as famílias

imigrantes eram distribuídas entre os moradores nativos,se

integrando e aculturando» Neste momento deixavam de ser

alemães e se tornavam americanos,,

Sintetizando, NODARI afirma que os alemães que

almejavam ascensão social e bens materiais emigravam para os

Estados Unidos, e os que desejavam conservar o referido

"Deutschtura" vinham para o Brasil» Embora, por força das

circuntSncias, os alemães adquirissem aqui diversos costumes

locais relacionados à alimentação, vestuário ou locomoção, os

valores considerados básicos, como a educação, eram

preservados nos moldes alemães»

22
NODARI, Eunice Suei iGersan eaigration in the nineteenth century : iaases and realities
Califórnia ' Tese de Nestrado ea História. Univer*idade de Davis, Í992.
45

Devido ao descaso do governo brasileiro relacionado a

esta questão, as comunidades criavam e mantinham suas escolas

e empregavam a 1 íngua alemã também na prática escolar» Esta

atitude contribuiu para o isolamento das colônias alemãs,

dificultando a sua integração no meio brasileiro» Esta

situação perdurou até o governo de Getúlio Vargas, na época do

Estado Novo» Neste período, a indiferença do governo referente

ao emprego da língua alemã nas escolas das colônias, sofreu

considerável alteração» Tentou-se uma aculturação tardia,

imecliatista e realizada de modo drástico»

Uma das medidas consolidou-se através do Decreto~Lei n"

406, de 04 de maio de í?38, que estabelecia em seu artigo 85 e

parágrafos que em todas as escolas rurais do país deveria ser

ministrado apenas em português o ensino de qualquer matéria,

que as escolas só poderiam ser regidas por brasileiros natos e

não poderia ser ensinado idioma estrangeiro a menores de 14

anos »s3

As colônias alemãs católicas acataram com bastante

tranqüilidade esta determinação e adotaram mais rapidamente a

1 íngua portuguesa nas escolas, enquanto que os alemães

protestantes se mostraram mais reticentes no cumprimento

destas ordens. Esta atitude parece se justificar pela maior

disposição dos alemães católicos em se integrar às redes

brasileiras, com isto, aculturando-se„

Focalizando a comunidade em estudo, pode-se observar

que alguns dos valores dos ancestrais foram preservados pelos

2 3
KIPPER-HOPPE, Haria. A caapanhajie nacionalização tio Estado Novo ea Santa Cruz ( Í937-1945
). Porto Alegre : Escola Superior de Teologia Sio Lourenío de Brindes, í?79.
4¿

moradores de Dez de Maio, descendentes destes imigrantes

alemães. Entre eles pode-se citar o uso da língua materna na

común i c a ç ã o grupai e a preocupação com a e d u c a ç ã o dos filhos..

Como o s habitantes de Dez de Maio descendem de alemães

católicos, é possível justificar o uso da língua portuguesa no

ensino já na p r i m e i r a escola criada em 1950..

Além do m a i s , o período considerável de tempo e n t r e as

medidas governamentais referentes ao uso da língua alemã na

escola e o surgimento da c o m u n i d a d e de Dez de M a i o , permitiu

uma s u b s t i t u i ç ã o gradativa da língua alemã pela portuguesa.

Resolvido o problema de espaço para ministrar as

aulas,o desafio maior ainda era encontrar um p r o f e s s o r com

domínio do português, pois os poucos elementos que possuíam

algum c o n h e c i m e n t o da língua portuguesa, o haviam adquirido

enquanto freqüentavam seminários, incentivados pelo padre-

local e pela religiosidade das f a m í l i a s , mas não chegavam a

concluir seus estudos religiosos. Assim, o período de estudo

sistematizado da língua portuguesa não h a v i a sido suficiente

para erradicar a interferênci a entre as duas línguas.

Como c o n s e q ü ê n c i a , o português aprendido pelas crianças

era marcado por esta caracter ist i ca. Além do m a i s , o ensino do

português se restringia à exposição cios conteúdos pois a

língua de comunicação entre o grupo era a alemã sendo o

port ug uê s um I ín g ua i n s t: rume n t a 1 p ar a o s m o r a cl o r e s 1 o c a i s..

Como l í n g u a de c o m u n i c a ç ã o grupai, a alemã era usada no longo

trajeto que muitas crianças percorriam até a escola, na hora

do r e c r e i o e quando havia alguma dificuldade no entendimento

do c o n t e ú d o , o professor as a u x i l i a v a usando o alemão.


ii

O esquema utilizado para ministrar as aulas era o das

atuais muitisseriadas e os alanos eram divididos em dois

turnos s pela manha eram a t e n d i d a s as c r i a n ç a s da 3 m e 4"x séries

e à tarde as crianças da ím e 2m s é r i e s » Este sistema vigorou

até i?54 quando f o i acrescida a 5m s é r i e de acordo com a

exigência legal» pois o curso primário passou a ser constituído

de 5 anos»

0s re c ur sos p a r a min i s t r a r a s a u1 a s e r a m m í n i mo s . Nos

primeiros anos nao h a v i a livros, cartilhas ou cadernos.. 0

professor escrevia a matéria no q u a d r o negro e as c r i a n ç a s a

copiavam em pequenas 1 ousas com uma espécie de grafite»

apagando-a a seguir para fazer novas cópias» Na t e n t a t i v a de

fixar o assunto, as c r i a n ç a s o liam ou r e p e t i a m diversas vezes»

0 p i" o c e s s o de a p r end i z a g e m e r a 1 e n t o e x i g i n d o m u i t o e s f o r ç o d o

professor e alunos» Com a introdução de c a r t i l h a s e cadernos os

a1un o s d i s p u nh a m de r e c u r s os p ar a e s t u d ar també m em ca sa

permitindo que vários adultos tomassem contato, pela primeira

vez» com a l í n g u a portuguesa»

Embora a s a u l a s fossem ministradas em 1 íngua portuguesa,

os a 1 unos man t i n h am p ouq u í s s i mo con t a t o com f a 1 an t: e s do

português. Uma o c a s i ao em que e s t e fato se verificava era

quando um elemento ligado à área educacional de Toledo

comparecia aos exames, aplicados pelo professor local, com a

finalidade de avaliar os a l u n o s . Esta medida era tomada pois o

município nao dispunha de r e c u r s o s para oficializar as escolas

do interior e para que a escolaridade fosse reconhecida era

necessário o "testemunho" de uma p e s s o a destacada para tal» ô


ii

município somente realizava o registro das localidades onde

existiam escolas mantidas pela comunidade,,

Com o aumento de uma turma e do número de c r i a n ç a s , em

i956, construiu-se com o auxílio da prefeitura, uma escola

ma i or , a i nda em made ira,,

1 . 6 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS DA ESCOLA MIGUEL DEWES DE DEZ DE

MAIO

Entre os anos de 1950 e 1961 a comunidade foi

d i r e t amen t e r e s p o n s á v e 1 p e1 o en s i n o e d i r e ç ao da e s c o1 a e

durante estes onze anos, notadamente o s homens, preenchiam os

requisitos e se propuseram a ensinar as c r i a n ç a s na f u n ç ã o de

Pr o f e s s o r , já q u e com isto, não f i ca v am r e s t r i t o s à at i v i d a d e

agrícola, o que p r o v á v e l ment e • não o s satisfazia.,

Chega-se a esta dedução, porque o s 06 p r o f e s s o r e s homens

deste período, haviam estudado num S e m i n á r i o Jesuíta em São

Salvador , RS.. P a r e c e que estes jovens, com uma rede de

referência diferente da de o r i g e m , aproveitaram a oportunidade

oferecida pelo pároco local e resolveram v i v e n e i ar outra rede

que lhes propiciasse chances de e s t u d o ou outra profissão.,

Adquiriram conhecimentos de língua portuguesa, o que lhes

permitia desempenhar a f u n ç ã o de professor.,

Observa-se, entretanto, que o s professores lecionaram,

no máximo, por 04 a n o s , havendo uma c o n s i d e r á v e l rotatividade,

justificada porque o magistério não e r a a profissão de nenhum

deles.. Prestavam-se ao t r a b a l h o por solidariedade ao g r u p o e

por terem conhecimento da l í n g u a portuguesa, fato que e r a pouco

comum e n t r e os moradores»
3?

Nestes íí anos» somente duas mulheres atuaram como

professoras e por pouco tempo» p r o v á v e l mente» porque tinham

menos a c e s s o à educação instituci ionalizada do que o s homens,,

Elas eram sobrecarregadas com a educação de n u m e r o s o s filhos»

c om o t r ab a l h o d omést i c o sem c on f o r t o e t r ab a1 h avam n a r oç a

auxiliando os maridos» Assim, as filhas mulheres eram

indispensáveis aos a f a z e r e s domésticos e foram liberadas»

neste período» em menor número p a r a est ud ar em c o n v e n t o s » do

que o s r a p a z e s para estudar em seminários,,

Eist e q uad r o f o i se a 11 e r an d o g r ad at i vamen t e , t an t o q ue

e m í 992, dos 23 f u n c: i o n á r i o s e p r o f e s s o r e s d a e s c o l a , som en t e

0 2 Iii ã o do s e x o ni a s c u 1 i n o » 2 4

As m u l h e r e s conquistaram seu espaço no l o c a l através da

escola e em c o n t a t o com a r e d e externa« Esta conquista feminina

não d e i x a de s e r reflexo de um p r o c e s s o externo que a t i n g i u a

comunidade visto ela estar a par d a s mudanças e x t e r n a s , sem no

entanto se d e i x a r envolver ou m o d i f i c a r substancialmente.

0 grupo de p r o f e s s o r e s que a t u o u entre os anos de 1950

e 1961, era constituído pelas seguintes pessoas» que exerceram

o magistério no p e r í o d o ao lados

J osé Augus to M a y e i- 1950-1952

01 m i r o Alfredo Wenzel! 1953-1954

C i x t us Kaefer 1954-1958

Olga Savari s 1958-1960

Luciano Keutz 1959-1959

I r i neu Angnes 1960-1961

L a u r o HUI 1er 1960-1961

24 Vide lista no anexo 08.


ii

Maria Ida Lehnen i960--l?6í

A hipótese de que estas pessoas tinham como rede de

referencia uma o u t r a externa, concretizou-se ao v e r i f i c a r que

nenhuma d e l a s permaneceu na rede local. Quatro delas se

mudaram p a r a lugares nao identificados ÍO'lmiro A l f r e d o Wenzel 1,

Luciano Kreutz, Lauro MUlier e Maria Ida Lehnen.)

Já J o s é Augusto Mayer faleceu recentenente em Amambai,MS

e era fotógrafo prof issional; C i x t us Kaefer se dedica ao

cultivo e industrialização de e r v a mate e ao p l a n t i o de s o j a e

trigo numa localidade próxima a Dez de M a i o , constituída por

uma r e d e "nortista". Reside em T o l e d o e mantém somente uma

chácara na rede de o r igem? I r i neu A n g n e s , ex-professor, também

reside em T o l e d o e é funcionário da Câmara Municipal da cidade.,

Olga Savaris, filha de pioneiros tinha conhecimento de língua

portuguesa porque havia freqüentado, por dois anos, um c o l é g i o

de I r m ã s no RS t e n d o como e s c o l a r i d a d e o curso primário.

A própria Olga, em d e p o i m e n t o , comentou das dificuldades

que e n f r e n t o u para alfabetizar, em português, crianças que

falavam exclusivamente a língua alemã. Conforme ela "nem lápis

sabiam dizer em p o r t u g u ê s e somente depois de t r ê s meses era

possível uma pequena comunicação em língua portuguesa.," A

experiência não foi muito p o s i t i v a e após d o i s ano d e s i s t i u da

atividade. Hoje, é Auxiliar de Serviços Gerais no Colégio

Estadual Castelo Branco, em Toledo.

Quanto a Maria Ida Lehnen, sabe-se que e r a filha do

Sacri stão e auxiliava o p a i nas tarefas concernentes. Teve

acesso a livros e ao a p r e n d i z a d o da língua portuguesa o que

permitiu que a t u a s s e como professora.


5i

Mas, independente das c a r a c t er i s t i c a s dos professores

deste período <Í950-Í961>, a escola cumpria o seu papel na

alfabetizarão das c r i a n ç a s em l í n g u a portuguesa e as capacitava

para compreender e falar o português caso mantivessem contato

com p e s s o a s de outra rede na qual predominasse a língua

portuguesa» Isto era realizado através das d i f e r e n t e s matérias

que compunham o currículo como H i s t ó r i a , Geografia, Ciências,

Língua Portuguesa etc,. Com esta atitude evitava-se a

mar g i n a 1 i z a ç ão d a común idade..

Este posicionamento vem ao encontro da pedagogia

tradicional, em q u e , conforme S A VIAM I'R3 o papel da e s c o l a era

"d i f u n d i r a i ns t r u ç ã o , transm i t i r c o nhe c i m e n t o s a cu m u 1 a d o s p e 1 a

humanidade e sistematizados 1 og i cament e » » ., » A escola se

organiza, pois, como a g ê n c i a centrada no professor"., A este

c ab i a a exp os i ç ão d as 1 i ç o e s e a o a 1 u n o a s s i m i lar - o exp ost o e

realizar os e x e r c í c i o s propostos»

Esta pedagog i a t rad i c i onal , SAVIANI a A c l a s s i f i ca como

teoria não crítica porque se a c r e d i t a v a que a " educação seria

um i n s t r u m e n t o de e q u a l i z a ç ã o social , um d i r e i t o de t o d o s e

dever do Estado»" Este pensamento foi movido a partir da

ascensão da burguesia que via na educação um modo de

transformar súditos em c i d a d ã o s , isto é, em indivíduos livres

P or q ue e s c 1 ar e c i d o s »

Na c o m u n i d a d e de Dez de M a i o , a aquisição da língua

portuguesa, através da e s c o l a , era vista como um meio de

superar a diferença que e x i s t i a entre o grupo local e os grupos

23
SAUIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 25. ed. São Paulo : Cortez, 19?í : 58.

24
Op. c i t . : 28.
ii

externos. Como conseqüência da p o l í t i c a de a c u l t u r a ç ã o imposta

por Getúlio Vargas, seus h a b i t a n t e s adotaram a língua do país,

mas e r a somente usada como instrumento para a comunicação

externa, na posição de uma segunda língua aprendida,

continuando a língua alemã a ser a primeira língua e usada na

común i c a ç ã o g r u p a i »

A segunda Fase da escola local pode-se registrar entre

os anos de 19Ó2 a 1974 27 quando os encargos financeiros

p a s s a r a m da comunidade local para a Prefeitura Municipal,.

Recebeu então a denominação de "Grupo Escolar Municipal

Miguel Dewes" em homenagem ao idealizador da v i l a e doador de

um t er r eno p a ra a c o n s t r uç ã o da e s c o l a maio r , c omp os ta de d u a s

salas de a u l a , biblioteca, aïmoxarifado e diretoria,,

Ao lado destas mudanças institucionais e físicas,

ver i f i cou-se t amb ém a11 e r aç ão na f i 1 o s o f i a d a e s c o1 a , p o i s e1 a

passou a ser administrada pelas irmãs Missionárias Servas do

Espírito Santo, vindas do Convento Santíssima Trindade da

Província Espírito Santo, com sede em São P a u l o » 0 trabalho

delas foi recomendado pelo padre João V e r n e r , maior autoridade

local na época, visando um e n s i n o melhor e mais sistematizado»

As t r ê s irmãs que assumiram a escola eram provenientes da

Alemanha o que p e r m i t i u a aceitação por parte da comunidade.

Duas s e dedicavam ao ensino e a terceira se incumbia das

atividades de manutenção da c a s a das irmãs.

De Í 9 ó 2 a 1968 a s .Irmãs Al mat i s e Alfrede lecionaram na

escola de Dez de Maio, auxiliadas por diferentes professoras

27
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇ20. Coa licença, SOBOS distritos dt Toledo. 2. ed. Cascavel
Assoeste, 1988.
ii

P o s t: u 1 a n t e s , q u e s ão e st ud an t es d e c o n v e n t: o s que, ante s de

efetuar os votos finais para entrar na Ordem R e l i g i o s a , atuam

durante um ano em c o m u n i d a d e » para testar sua vocação. As que

estagiaram em Dez de Maio, foram e d u c a d a s na filosofia das

Irmãs M i s s i o n á r i a s Servas do Espírito Santo e satisfaziam as

exigências da comunidade local. Desempenhavam suas atividades

pelo tempo determinado pela Ordem (1 ano) e se ausentavam do

local decidindo-se pela vida religiosa ou não. Maria Schäfer»

por exemplo, atualmente, é piloto na Inglaterra e Maria Dal i I a

Becker atua na á r e a educacional no m u n i c í p i o de Q u a t r o Pontes,

próximo a Dez de Maio.20

Assim, de .1.962 a 1968, anualmente» o quadro de

professores se alterava com a substituição de um e l e m e n t o por

o utro, m as c om c a r a c t e r i s t i c a s sem e1 h a n t e s »

_ ^ m < ^ t

Ano No de a l u n o s ! Sér i e s P r o f e s s o r es;


"" "*" **" ***' ~~ "" "*" "" '
1962 75 ! 1"* a 4m I d a Lehnen
1963 90 ! Í" a Anita Pavero
1964 97 ! iM a A n i t a F a v e r o e Marta Cage
1965 107 ! lm a 4«* Maria Schäfer
1966 116 ! 1** a 4m G l a c i Ochoa
1967 127 i im a Mar i a Da'l i l a B e c k e r
1968 142 ! im a 4»* E o l i Mar i a Th i e s e n

E s t a c a r a c: t e r i z a ç ã o r e I ig iosa f or mad a por um g r up o

coeso com os interesses das famílias locais, provavelmente,

c ont r i b u i u p ar a o i n su I amen t o d a red e porque ag o r a , a e s c o '1 a ,

corn o a p o i o e incentivo do p á r o c o local» desempenhava um p a p e l

de l i d e r a n ç a » fortalecido por um ensino sistematizado. A

aceitação das' religiosas e do seu trabalho (é c o m p r o v a d o pelo

20
Depoiœento de I.T.ft.» f i l h a de pioneiro!» e professora da escola local.
54

número c r e s c e n t e de a l u n o s m a t r i c u l a d o s na e s c o l a , que passou

de 75 ©m i 9 6 2 p a r a i 4 2 em 1968,,

é natural que nest e e s p acó d e t e mp o a p op u 1 aç ao do

distrito aumentasse com nascimentos ou vinda de outras

famílias. Mas estas nao p r e c i s a v a m enviar necessariamente seus

filhos para a escola da s e d e pois havia as muitisseriadas

municipais distribuídas pelas linhas do d i s t r i t o . No entanto,

os r e c u r s o s disponíveis e a sistematizarão do e n s i n o levavam os

pais a m a t r i c u1 a r e m se us f i 1 h os n a escola r e1 ig i o s a me smo

enfrentando maiores distâncias ou dificuldades,, Além do mais,

esta escola lhes dava a garantia de que seus filhos estavam

recebendo uma educação similar à de c a s a , o que a escola

Municipal nem sempre oferecia pois os p r o f e s s o r e s provinham de

outra rede,,

A partir de 1969 o s p r o f e s s o r e s leigos deixaram de atuar

na e s c o l a e toda a atividade educativa foi desempenhada pelas

religiosas. Neste ano, a Irmã Al mat i s foi substituída pela irmã

Maria Cláudia e Irmã Maria Cecília s e .juntou ao g r u p o . No ano

seguinte, a Irmã Alfrede foi transferida, sendo destacada a

Irmã Suzana Lúcia para completar a equipe permanecendo as

mesmas também rio ano de 197.1.,, Em 1972, as Irmãs Maria Cecília e

Su an a Lúc ia d e i x a r a m a c. o m u n i d a d e e as I r mãs Mar ia Dor ot é ia e

Lucília ocuparam seus lugares. No ano subseqüente, as duas

últimas foram substituídas pelas Irmãs Margarida e Efigênia

sendo estas substituições conseqüência de critérios

estabelecidos pela Ordem r e l i g i o s a a que pertenciam. Apesar

desta rotatividade de r e l i g i o s a s , é importante salientar que


neste período a responsabilidade educacional se centralizou na

f i 1 o s o f i a r e l ig i osa,,

Portanto, aparentemente, a escola passou da

r esp on sab i 1 i d ad e c oniun i t ár i a par a r esp on sab i 1 i d ad e r e 1 i g i osa ,,

Se, na primeira fase a escola estava inserida numa rede

multiple:;, insulada e densa, com a vinda das r e l i g i o s a s , ela

manteve estas c a r a c t e r í s t i cas p o i s as novas integrantes da rede

compartilhavam dos v a l o r e s locais pois eram a l e m ã s e católicas,,

A filosofia da escola seguia os fundamentos da

Congregação religiosa a que pertenciam as irmãs que

desenvolviam um processo educativo pelo espírito de amor,

verdade e fé» A escola tinha como o b j e t i v o " atender o aluno

como p e s s o a humana em seu todo a fim de d e s e n v o l v e r nele o

espírito de f a m í l i a e co™responsab i 1 i dade. " a 9 Para atingir este

intento criaram-se canais de comunicação desta filosofia por

toda a escola atingindo a direção, professores e educandos»

Da p r i me i r a s e ex i g i a d i n am i smo, apoio, incentivo e

participação das promoçoes do Ser, através da ação e cio

exemplo» Dos professores se esperava a renovação e atualização

de c o n h e c i m e n t o s , preocupação com a e d u c a ç ã o cristã tornando-se

mais e d u c a d o r e s , do que p r o f e s s o r e s . " Estas atitudes da direção

e professores deveriam atingir os alunos despertando e

dinamizando sua fé a partir de sua r e a l i d a d e vi vene i a l . I s t o os

ajudaria a inte g r ar - s e diariamente na v i v e n c i a da comunidade

c orno Ser í n t e g r o e p ar t i c i pat i v o »

29
Arquivos da escola.

30
Pela filosofia da escola, pode-se deduzir de que "professor" seria o prof i sr-i onal,
transaissor de conheciaentos, e ao "educador" caberia a tarefa de intervir na foraaçio aoral e religiosa dü
aluno.
56

P od e - s e d e d u z i r q u e: n a f i l o s o f i a d a e s c o 1 a e s t: á e m b u t: ida

a linha pedagógica tradicional porque acredita, conforme define

SAVIANI' 31 que " a sociedade é harmoniosa tendendo à integração

de seus membros" funcionando a educação corno "urna força

homogene i z a d o r a que tem por função r e f o r ç a r os laços sociais»

promover a coesão e garantir a integração de todos os

indivíduos no c o r p o social» Do p r o f e s s o r se e s p e r a v a , de acordo

com a escola, "a renovação e atualização de c o n h e c i m e n t o s " , já

que e s t e tipo de p e d a g o g i a está alicerçada no p r o f i s s i o n a l que

deve ser capaz de t r a n s m i t i r a seus alunos o saber acumulado da

humanidade» Assim, as t e o r i a s que n o r t e a v a m a escola de Í950 a

í 9 7 4 e r- a m b as icamen t e as m e s m a s » E:", e m b o r a o en s i n o s e t i v e s e

sistematizado a partir de .1.962, as condições de trabalho

me 1 h or ad o s u b s t a ri c i a 1 m e n t e com a s. u b s t i t u i ç ã o (i o r e g i me

m u 11 i s s e r i a d o p o r t u r- m a s s e p a r a d a s , os r ecur sos mat e r i a i s s e

i n t en s i f icad o, a e s c o1 a c o n t in u o u m a n t en do o m e sm o

posicionamento em relação ao uso d a s línguas, portuguesa e

alema »

Ent r e t cinto» até a chegada das r e l i g i o s a s » a escola era

um l o c a l onde os alunos entravam em contato com a língua

portuguesa e aprendiam os c o n t e ú d o s de d i f e r e n t e s disciplinas»

Até este período» não se v e r i f i c a v a interesse em r e a l i z a r um

trabalho de integração entre os e l e m e n t o s que compunham o trio

educacional que eram o a l u n o , a escola e as f a m í l i a s locais»

Com a vinda das irmãs é provável que a escola,

oficialmente, pretendesse, através da e d u c a ç ã o , baseada na f é e

confiança, abrir esta rede insulada do a l u n o e escola p a r a uma

31
SAVIANI, op. c i t . : 16.
79

rede mais integrada de a l u n o x e s c o l a x famílias» Assim, se de

um l a d o , se trabalhava para integrar estes tres elementos, por

outro lado, este esforço resultou, na realidade, num

i nsul anient o m a i o r e aumentou a densidade da r e d e em r e l a ç ã o às

redes externas, pois esta união c r i a v a niais condições para

reforçar as r a í z e s comuns»

Convém lembrar que a r e d e escolar tinha caract e r í s t i cas

étnicas, religiosas e objetivos semelhantes à da rede

c o m uni t á r i a » P o r t a n t o , p od e r i a s e p e r g unt a r se as d ua s não

constituíam uma única rede insulada com interesses similares,

sendo a escola uma extensão familiar e uma reprodutora dos

valores da comunidade pois uma d a s c a r a c t er ist i cas da rede

multiplex é misturar sub-redes»

Para consolidar a união entre alunos, escola e famílias,

no dia 2Ó-04-70 criou-se a APP (Associação de Pais e

Professores) que colaborava com o estabelecimento, moral e

financeiramente» Mais tarde, em 09-12-76, a entidade foi

r- e g i s t r a da no Ser v i ço Soc ia1 Esc o l a r , s o b n<:> S. 03 6 e n o c a r t ó r i o

do Registro civil da P e s s o a s Jurídicas sob n t:, 028 de 0 2 - 0 5 - 7 7 » 3 8

Esta Associação desempenha até hoje um p a p e l relevante pois é a

representante da comunidade junto à direçSo e corpo docente e

cumpre seu p a p e l discutindo, trabalhando e exigindo»

Eni 1 9 7 5 , verifica-se nova alteração na c o n s t i t u i ç ã o da

escola corn a implantação da r e f o r m a do e n s i n o norteada pela lei

5692/71, criando-se o primeiro grau completo de modo gradativo,

acrescentando-se a série em 1975 e c o m p l e t a n d o o ciclo com a

implantação da Fi**- s é r i e em 1978» No ano da implantação da lei,

43
Arquivos da Escola Estadual Higuel Deises.
79

a escola passou a se denominar "Escola Fundament r a l Miguel

D ewe s " e f u n c i o n o u nos t u r n o s diurno e noturno até .1.978 quando

este foi extinto» 0 objetivo da c r i a ç ã o do t u r n o da n o i t e foi

P r op i c i ar a os e 1 e m e n t o s d a c: o m u n i d a d e a d o 1 e s c e n t e s e a d u 1 1 o s a

freqüentarem até a 8TO série, pois sempre foi considerada

importante para o grupo a questão educação» Depois desta

oportunidade de estudo aos que não a t i v e r a m anter i ormente, as

famílias se empenharam p a r a que nenhuma c r i a n ç a ficasse sem o

1° grau completo»

Enquanto tramitava o processo de implantação da reforma

de e n s i n o » a autorização para o funcionamento foi concedida

pelo Secretário de E d u c a ç ã o Sr» Cândido Manoel Martins de

Oliveira sob o f í c i o 334/75»33

No mesmo ano iniciou-se a construção de uma nova escola

de a l v e n a r i a com c i n c o salas de aula» secretaria» direção»

biblioteca» sala dos p r o f e s s o r e s , área coberta» sanitários e

terreno livre de 1.166.75 ivr\, E n q u a n t o que d o i s lotes foram

doados pela Congregação Missionária das Servas do Espírito

Santo» atingindo o terreno 4»800m K '» a construção e manutenção

da e s c o '1 a p assou a ser de r e s p o n s a b i 1 idade da p r e f e i t u r a c! e

Toledo» não s e a l t e r a n d o porém a d i r e ç ã o religiosa»

É conveniente lembrar que o t r a b a l h o destas irmãs era

missionário e quando se e s t a b e l e c e r a m em Dez de M a i o f o i com o

proposito de realizar urn trabalho desta ordem» incluindo

atender a escola, já que não havia professores formados ou

profissionais da área» Sabe-se que a t é esta data, elememtos da

comunidade se empenhavam p a r a não d e i x a r os filhos sem escola,

43
Arquivos da Escola Estadual Higuel Deises.
ma s c on h ec i am suas 1 i m it ações e f aï t a d e p r ep ar o „ Emb or a o

t r a b a '1 h o o r i g i n a l d e s t: a s r e 1 i g i o s a s n ã o f o s; s; e a e d u c a ç ã o , est e

a s p e c: t: o t a m b é m e s t a v a in c 1 u i d o n a s s u a s a t r i b u i ç õ e s „ Ha s , c: o m a

implantação da reforma de ensino em i975 deveria haver uma

escola que se responsabilizasse pela orientação didático-

pedagógica» Como a Congregação estabelecida em Dez de M a i o não

tivesse esta aptidão, coube esta função legal ao C o l é g i o Santa

Maria, Ensino cie 1® e 2"" G r a u s cie Cascavel» No entanto, a

direção continuou sob a direção das Irmãs Servas do Espirito

Santo, não se a l t e r a n d o na p r á t i c a , o trabalho que já se

rea 1 i zava„

Em 29-02~76 3 4 inaugurou-se o novo p r é d i o e em 0 4 - 0 3 - 7 6

iniciou-se o ano letivo com 279 alunos matriculados» Com o

aumento das t u r m a s e a l u n o s contrataram-se professores do local

já formados e eventualmente, integrava a equipe algum

professor vindo de Toledo após alcançar a aprovação da

comunidade »

Assim, novamente, entre os anos de Í975 e 1984 as

atividades escolares eram desempenhadas por religiosos e

leigos» Entre estes pode-se citar Dalci Klein, Constantina

Nováis, Aracy Langer, Antônio Osny Gaiowiski, Eugênio Hammes,

Irani Kaefer, Rosalina Hettwer, Ivete T h e r e s inha Anschau, Léo

Inácio Anschau, Rudi Pedro Lunkes e Jacinta Welter»Estes

Ultimos 05 permanecem no e s t a b e l e c i m e n t o até hoje e são membros

ativos na comunidade» Além da pouca rotatividade de

professores, é relevanter considerar o grande percentual cie

professores de origem alemã que integravam o grupo, o que

34
Arquivos da Escola Estadual Higuel Dewes.
define um dos c r i t é r i o s estabelecidos pelas famílias para a

admissão de professores ria escola, quando provenientes de

outras localidades.,

Provavelmente incentivados pela e s t adual i z a ç ã o , os

alunos se organizaram e fundaram o Oedema (Grêmio Estudantil

Dez de Ha i o ) , com a f i n a l i d a d e de p r o m o v e r a união da classe

estudantil, fortalecer o espírito de solidariedade humana,

desenvolvendo o espírito de i ne i at i v a , liderança e disciplina,.

A criação deste Grêmio e sua a s s o c i a ç ã o à Utes (União Toledana

de E s t u d a n t e s ) e à Upes (União Paranaense de E s t u d a n t e s de i*" e

Graus), parecem tentativas dos j o v e n s em a m p l i a r a sua rede,

extrapolando o convívio com a rede insulada na qual estavam

inseridos até então.. Mas, esta parece ter sido mais f o r t e ou a

tentativa de aproximação com r e d e externa não f o i satisfatória

porque o Grêmio E s t u d a n t i l foi extinto em 1980 p r i v i 1 eg i a n d o - s e

outras atividades internas e comunitárias como gincanas,

torneios esportivos» grupo de teatro e a criação posterior de

uma f a n f a r r a , .

e: i m p o r t a n t e r e s s a 11: a r q u e d a s duas p r i m e i r a s f a s e s d a

escola ,1950 a î?6i e de 1962 a 1974, não se encontraram

registros corn pareceres sobre os quais as escolas estavam

alicerçadas» Explica-se este fato» primeiro» porque a escola

inicial fo i c r i ada por i n i c i at i va común i t ár i a e vi sava a

alfabetizaçao e o aprendizado da língua portuguesa? segundo»

não h a v i a recursos grupais ou m u n i c i p a i s que permitissem a

elaboração deste aspecto burocrático e legal»

Quanto à segunda fase, a vinda das irmãs t i n h a como

principal objetivo a melhoria e sistematizarão do e n s i n o » Elas»


79

corno m ¡ s s i on á r i a s d i r e c i on avam seu t r ab a I ho de ed uc ad o r a s p e1 a

f i 1 osof i a d o ex em p 1 o e d a aç a o , c e n t r an d o - s e a f o s e u i n t e r s s e

sem s e ater à questão de registro da proposta em termos

i nst i t uc i ona i s »

No e n t a n t o » no momento em que a e s c o l a se tornou pública

e estadual foi necessário pensar neste aspecto para satisfazer

a exigência da S e c r e t a r i a Estadual de E d u c a ç ã o . Assim» visando

a implantação que ocorreu em 09-12~77 com o parecer da

S e c i" e t a r i a de E d u c a ç a o e C u 11 u r a 12 6 / 7 7 » f o r nt u 1 o u - s e u m p a r e c e r

que nortearia a atuação da escola35 „ No item III- Princípios

Filosóficos e Ps i c o - P e d a g ó g i c o s l ê - s e o seguintes

"Escola de orientação católica, está voltada para a causa da


educação cristã. Tem como meta a criação de uma comunidade
escolar animada pelo espírito evangélico da liberdade e da
caridade, pretendendo que seus mestres sejam realmente
educadores atendendo o aluno , antes de tudo , como ser humano.

Através de seu currículo, propoe-se a ofertar experiências que


permitas ao aluno adquirir conhecianetos e habilidades que
possam ser usadas coa sucesso em aprendizagens posteriores no
controlar da própria conduta e no ajustamento melhor ao seu
ambiente, como participante de ua mundo melhor."

Embora a escola continuasse a ser dirigida pelas

religiosas, os objetivos da lei 5692/71 resultaram numa

tentativa de adaptação dos p r i n c í p i o s religiosos aos estatais.,

Os o b j e t i v o s da lei relativos ao e n s i n o de í ® Grau estão assim

e x p o s t os s

Art.i 4 * - 0 ensino de í® e 2® Graus tem por objetivo geral,


proporcionar ao educando formação necessária ao desenvolvimento
de suas potencialidades como elemento de auto-realizaçao e

43
Arquivos da Escola Estadual Higuel Deises.
¿2

qualificação para o trabalho e preparo para o exercício da


cidadania.

Art.í7 - 0 ensino de Grau destina-se à for inação da criança


e do pré- adolescente variando ea conteúdos e métodos segundo
as fases de desenvolvisento dos alunos.

Da Escola:

a)- I n s t i t u i r ua sistema de vida escolar to que haja a


interação e participação democrática de todos os componentes
objetivando a formação do espírito c r í t i c o .

b)- Efetivar a ação educacional valorizando a ética, a formação


de atitudes, a solidariedade, o sentido de liberdade cos
responsabilidade.

A partir d os princípios» religiosos e das determinações

legais, a escola procurou conciliar estes dois aspectos quando

afirma que" tentará adaptar os a l u n o s à s mudanças aceleradas,

contínuas e profundas da sociedade, vendo no homem um

transformador do mundo„" 3 A Pretendia orientar o educando na

valorização da nova cultura técnica e científica abrindo

perspectivas para um mundo dinâmico, crítico, social e

comunitário» Com esta atitude tentava-se atingir os objetivos

da L e i em s u a s três dimensões s a p s i c o l ó g i c a ( aut o - r ea'l i z a ç ã o

do e d u c a n d o ) ? a econômica (qualificação para o trabalho) e a

política (preparo consciente da c i d a d a n i a « )

Deve-se at ent ar p ar a a p ed ag og i a t ec n i c: i s t a p r e s e n t e nos

objetivos governamentais, quando e n f a t i z a o preparo do aluno

para o trabalho, criando currículos com várias disciplinas

denominadas "técnicas" que v i s a v a m a "eficiência instrumental",

objetivando transformar "o processo educativo cie m a n e i r a a

84
Arquivos da Escola Estadual Miguel Dentes.
79

torná-lo objetivo e operacional"'37 0 autor ao analisar a

pedagogia tecnicista, alerta que este conceito gera a

"padronização do sistema de ensino a partir de esquemas de

planejamento previamente formulados aos q u a i s devem s e ajustar

as d i f e n t e s modalidades de d i s c i p l i n a s e práticas pedagógicas"..

38 A competência da e s c o l a é agora primordialmente, preparar o

aluno para o mundo técnico, competitivo e exigente onde os

incompetentes, ou s (•:•:• j a , os ineficientes e improdutivos não

sob r e v i vem.. A s s i m s

Cabe à educação proporcionar ua eficiente Ireinaaento para a execução


das êúltiplas tarefas demasdadas continuamente pelo sistema social. A
educação será concebida, pois, coao um subsistema cujo funcionamiento
eficiente é essencial ao equilíbrio do sistema social de que faz
parte"..."Do ponto de vista pedagógico, conclui-se, pois, que se para a
pedagogia tradicional que a questão central é aprender ...para a
pedagogia tecnicista o que importa é aprender a fazer." 3 9

A p ed ag og i a t e c n i c i s ta a t: i n g i u p r i n c i p a 1 m e n t e o 2® G r a u

corn o s c u r s o s profissionalizantes, estendendo-se todavia também

ao p r i m e i r o grau como uma iniciação ao trabalho»

A escola de Dez de M a i o t e n t o u equacionar esta questão

t ecn i c i s t a quando i nt r o d u z i u em s e u s o b j e t i v o s e d u c a c i ona i s "a

valorização da nova cultura técnica e científica" ou tentando

"adaptar os alunos às mudanças aceleradas, contínuas e

p r o f u n d a s da sociedade»"4*

37
SAVIANI, Deraeval. Escola e Democracia. 2 5 . ed. São Paulo : Cortez, i9?í : 23.

3
" Op. c i t . : 24.

39
Op. c i t . : 26.

43
Arquivos da Escola Estadual Higuel Deises.
64

0 b j e t: i v a m e n t e » sao int r o d u z i d o s no c u r r Í c u cl 1 a as

cl i s c: i p 1 i n a s de T é c n i c. a s A g r t c o 'i a s » C o in e r c i a i s e D o m é s t i c a s „ A s

P r i m e i r a s e r a ni d ir ec i on ad as a o s a 1 u. n o s v isando p r e p a r á -1 o s

para o trabalho agrícola predominante na região e iniciá-los

nos r e l a c i o n a m e n t o s comerciais conseqüentes? a segunda era

destinada às alunas com a intenção de torná-las eficientes

d o n a s de casa e mães, papel que a s m u l h e r e s desempenhavam rra

fam i l i a »

Est as t é c n i c: a s a d o t a d a s n o c: u r r í c u l o sat ¡ s f az i a m as

necessidades locais dos alunos» mas os objetivos da lei

5692/71 e» em c o n s e q ü ê n c i a » o s da escola» eram a g o r a mais

abrangentes tentando preparar o aluno para uma s o c i e d a d e mais

a ru p 1 a e c o m p e t i t i v a „ Tai s m u d a n ç a s p e d a g o g i c: a s » f i l o s ó f i c a s e

legais abri am a per s p e c t i v a de um ma ior con t at o com r ede

externa e talvez a revisão de v a l o r e s que levariam a mudanças

de compor t anient o escolar que atingiria a común i d a d e . Deve-se

c o n c o r d a r que a es co 1 a propicia ao a1 uno o c on tato c. o m uma

rede social externa» de modo d i r e t o » pela sua exposição a

outros grupos escolares» ou de modo indireto» propiciado pelo

acesso à 1e i t ura e esc r i t a »

No e n t a n t o » a rede insulada da c o m u n i d a d e parece anular-

as tentativas escolares neste sentido» conservando seus

valores» en t r e e '1 e s , as ma r cas l i n g ü í s t i c: a s de s; u a or i g em

e t n i ca »

Partindo do princípio de que a escola» apesar de suas

ait e r aço es in st it uc ion a is continuou c e n t r a cl a n os i n t: e r e s s e s

comunitários caracter ist i cos da escola inicial» o corpo

docente» composto na m a i o r i a por professores locais» por


65

religiosas coesas com o grupo e assistidas pela APP ,

i" e p r e s e n t a n t e da c om un i d a d e , em i 978, que s t i o n a r a m a f o r ma de

ensino da lei 5692/71 e constataram a necessidade de reformular

a ação educadora diária»

Neste momento ocorre a interferênci a de uma rede

e t er na , quand o c o me ç am a ac on t e c e r c ur s o s p r o p ic i ad o s pe ï a

Prefeitura Municipal mantenedora do estabelecimento, visando

d e f i ni r no v o s c a m i nh o s pe dag ó g i c o s » 0s pro f e sso re s e ntr am em

contato com diferentes teorias e se detêm em a n a l i s a r a teoria

h i s t o r i c o - c r i't i c a , como uma provável linha a substituir a

tecnicista vigente mas não satisfatória» Questionando se o

ensino mecánico, tecnicista havia desviado a escola de seu

verdadeiro papeI b u s c a r am f u n d a m en t o s pa ra um a r e s po s t a a e st a

i ndagag.ao»SAVIANI, no seu livro "Pedagogia H i s t ó r i c o - C r í't i c a "

p » í 0.1. , coloca que 45

A Pedagogia Histórico-Crítica se empenha na defesa de especif it idade


da escola. Ei outros tensos, a escola tea uaa função específica,
educativa, propr i assente pedagógica, ligada a questão do conheci sentoi é
preciso, pois, resgatar a importância da escola e reorganizar o trabalho
educativo, levando ea conta o problema do saber sisteaatizado, a partir
do qual se define a especificidade da educação escolar.

A i n cl a a c r e s c e n t: a q ue a Pe dag o g ia H i s t ó r i c o ••- Cr ¡' t ¡ c a s

Envolve a necessidade de compreender a educação no seu desenvolvimento


histórico objetivo e por conseqüência, a possibilidade de se articular
uaa proposta pedagógica cujo ponto de referência, cujo compromisso, seja
a transformação da sociedade e não sua manutenção, sua perpetuação.4®


SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórica-Críticas primeiras aproximações. 2 . ed. São Paulo t
Cortez, Í99Í : 87.

42
SAVIANI, op. cit s 96.
66

E1 e t a m b é m cl e i x a c ï a r o a o p ç: a o p o 1 í t i c a as s u m i d a p•r

esta pedagogia em que a q u e s t ã o educacional és

Sempre referida ao problema do desenvolvimento social e das classes,


vinculação entre interesses populares e educação é explícita. 0
defensores desta proposta desejat a transformação desta sociedade.

Parece que as 'linhas pedagógicas adotadas pela escola

i n ic iar am p e 1 a t r a d i c i o n a '1 q u e s e c e n t r a va n a p e r s p e c t i va d o

aluno conhecer, a seguir» na t e c n i c i s t a » que v a l o r i z a v a o saber

-Fazer e d e p o i s na h i s t ór i c o - c r i t i ca que s e p r e o c u p a em auxiliar

o aluno a aprender a resolver problemas» entendendo situações e

apresentando soluções..

De um lado» os envolvidos nas discussões encontraram

n e s t a ú 11 i m a » u m a man e i r' a d e reto r n ar ao v er dad e i r o p ap e 1 d a

educação, perdido para a pedagogia tecnicista? por outro lado»

a luta da c l a s s e popular» trabalhadora pelo acesso à escola se

t o r nava in f r u t í f e r o p o i s a c o m u n i cl a d e e m q u e s t ã o nao p e r p a s s a v a

por lut as d e c1 a s s e s » Como j á f o i c on s t at ad o an t e r i or men t e » na

loe a 1 id ade n âo e x i st e d e se mprego, m a r g i n a 1 i z a ç: a o » n e m m i s é r i a „

No e n t a n t o , o g r upo r eso l v i d o a t r an sf o r mar a e s c o1 a n u m a g e n t e

social deparava com uma outra questão proveniente da rede

insulada local e relativa à auto-suficiência e pouca tendência

a mudanças.

Esta rede» com v a l o r e s culturais» muito enraizados e de

concepção capitalista» temia um desenvolvimento em direção à

11" a n s f o r m a ç ã o e t a l v e z a u m a supe r a ç ã o c a p i t a l i s t a „ P o r ist o a

relutância em incentivar uma pedagogia que poderia atuar

ativamente neste processo histórico levando à tendência de

transformação da sociedade e não a p e n a s à reprodução da já


79

e x i s t: e n t e » P- e s t: a I e m b r a r a f o r ç a da r e d e local ta mb é m n a es c o 1 a

onde a APP acompanha intensamente as a t i v i d a d e s pedagógicas«

Os e l e m e n t o s ext er n os q u e t e n t: a v a m d i s c '.J. t i r uma n ova

t end ênc i a p edag ó g ica e n c o n t r a v a m cl i f i c: u 1 d a d e s c o m r e 1 a ç: a o a u m

g r u p o de d o c e n t e s e principalmente da c o m u n i d a d e » Esta, agia de

maneira c o n t r a d i t or i a , de um laclo, esperava um ensino de

q uai i d a d e , mas, por ou t r o 1 a cl o , mostra v a- se ap r een s iva a

mudanças, temendo a invasão de v a l o r e s alheios aos de sua rede

insulada» Neste processo contraditóri o, o corpo docente,

algumas vezes, indeciso e inseguro, procurava propiciar ao seu

grupo, um e n s i n o de q u a l i d a d e sem ferir os v a l o r e s e concepções

1 oc: a i s »

Em .1.984, nu m cl o c u ni e n t o es co1 ar on d e con st a a

car act er i z a ç ã o cia clientela, a força étnica e os v a l o r e s do

g r uP o são mot i vos d e d e c: 1 a r a ç õ e s c o m o e s t a s ¡¡ "0 en sino na

escola torna-se um tanto difícil, sendo 95% das familias

descendentes de alemães, conservadores e tradicionalistas cia

c u 11: u r a a l e m ã » "Aa

0 termo "conservadores" parece se harmonizar com a

relutância em relação a mudanças na pedagogia da escola e a

expressão "tradicionalistas da c u l t u r a alemã" engloba outra

d i f i culdade r e i a c i onada ao dom í n i o e a p r e n d i zagem do português

já que, por tradição, a primeira língua ensinada às c r i a n ç a s é

a alemã e não a portuguesa»

E m 19 8 5 , o q uad r o e d u c: a c i o n a 1 d e De z de Maio h av ia

adquirido uma certa estabilidade pois os docentes eram quase

e x c 1 us i vamen t e da c omun i dad e e v i t and o r ot at i v i d ad e c! e

43
Arquivos da Escola Estadual Higuel Deises.
p e s s o a I - 1 s t: o e r a p os s í v e 1 p or q ue o ac e s s o às e scola s d e To 1 ed o

era f a c i '1 i t: a D o pe '1 a m a n u t: e n c a o de u ni on ibus e S C: O 1 a r- que

t r a n s p o r t: a v a o s a 1 un os em t r ês t ur n os „ A1 g u ni a s m o c a s lo ca ¡ s

0 p t: a v a nt p o r c ur sos secun d ár i o e sup er i or r e I a c: i o n a ci o s c o m a

educação e após formadas desempenhavam suas f u n ç õ e s na escola

cia 1 o c a l i d a d e »

C o ni o t a m b é m as in s t b 1 a ç: o e s f í s i c a s f o s sem e x c e 1 e n t e s; e

a APP atuasse intensamente» as i r ruas» que possuíam corno

pr i o r i d a d e at i v i d a d e s m i s s i onár i a s , r e s t r i ngi ram suas

atividades escolares desenvolvendo apenas trabalhos religiosos

como m i n i s t r a r aulas cie religião e catequese e um ano depois

d e ixar am a c o m un id a d e con s id er ando cump r id a sua m i s s ão na

1 o c a l i dade «

A partir deste ano (1986)» o Estado assumiu a manutenção

da 5"* a 8lA série» ficando o pr é - p r i mar i o à 4Ä série sob a

r e s p onsab i 1 ida de da p r e f e i t ur a „ Ex ist i am » na esc o l a » d uas

administrações» a estadual e a municipal» situação que perdura

até hoje» Poderia se argumentar que e s t a situação p r o p i c i ar i VA

uma a b e r t u r a de r e d e com a d i r e ç ã o sendo exercida por leigos e

por p e s soas d if er ent es » Mas » d ev e -se 1 emb r ar que o c or p o

docente era constituído por elementos cio grupo local»

pertencentes à rede local» Portanto» eram pessoas de

"confiança" do grupo e tinham por prioridade satisfazer suas

necess i dades e e s t avant s u j e i t as às r e i v i nd i c a ç õ e s

c: ontun i t á r i a s » Sua at uaç ã o e r a 1 i m i t ad a a o s va 1 o r e s e ac e i t aç ao

da r e d e na q u a l a escola estava inserida»

Apesar cias d i f i c u l d a d e s » a direção, com o a p o i o do corpo

docente» c o n t i ri u o u seus est ud os e dise ussões c om gr upo s


79

externos ligados à Secretaria Municipal de Educação. A

tentativa de s t e ó r g ao p ú b '1 i c o e ra p r o ni o v e r u ni a e d u c: a ç ã o

libertadora inspirada no t r a b a l h o do f i l ó s o f o argentino Enrique

Dussel que via como forma de libertação uma e d u c a ç ã o em que o

homem é o centro e a educação um processo pelo qual o ser

h u m a ri o s e t o r n a c r í t i c: o , con sciente e cr i a t i v o »44

Esta proposta pedagógica fez com que o s p r o f e s s o r e s de

Dez de Maio r ef 1 et i ssem sob r e asp ect os n ão ci i r e t a m e n t e

concernentes ao grupo local, mas e x t r a p o l a n d o para um "homem"

num c o n t e x t o mais amplo, externo à rede local insulada.

A reflexão partiu pela constatação da divisão do sundo ea países do


centro e países periféricos aqueles são os doainadores, os detentores do
poder econômico e tecnológico, estes, os dominados nos aspectos social,
econômico, político, cultural, religioso, educacional e agrícola. Kais
espec if ¡cásente no Brasil, o sisteaa autoritäre aantéa esta situação
de injustiça social coa uaa política voltada à exportação, onde o
governo é o principal concorrente do produtor, provocando
descontentamento no povo, coa autoritarismo nas decisões, causando
descrédito e descoaproaisso da população e dos órgãos cospetentes. Esta
política exploradora leva à devastação iiidiscriainada do seio aabitnle t
ao uso de agrotóxicos, gerando a descapitalização e o conseqüente
surgimento de latifúndios, bóias-frias, sea terras t deseaprego.43

Ap ar en t emen t e , e s t a r e f 1 e x ã o 1 e v a r ia o g r upo 1 oc: a 1 a s e

inteirar da problemática social e econômica externa» Mas, na

realidade, o conhecimento destes fatos atuou como um incentivo

para o f e c h a m e n t o da rede consolidando a integração cio g r u p o

minoritário com a f i n a l i d a d e de s e p r e s e r v a r do j u g o externo,,

A reflexão do g r u p o transpassa a questão econômica e

política e a relaciona à questão educacional» Conclui que:

n este c on t ext o cr iou- se uma e d u c: a ç ã o in st r umen t a1 i z ad a

44
BOUFLEUER, José Pedro. Pedagogia latiiio-aaericana: Freire e Dussel. I j u í : Unijuí, Í99Í.

43
Arquivos da Escola Estadual Higuel Deises.
79

ideologicamente» desvinculada da realidade e das classes

populares» não propiciando o acesso à escola ou p r o v o c a n d o a

evasão escolar., Para a manutenção do s i s t e m a se usariam outros

meio s c omo a má d ist r ib u i ção de ver b as » tent at i va de

mon op o1 i z a ç ão do s i s t ema o f i c i a1 de en s i n o » ausen c i a de

t ecnolog i a, i mposs i b i 1 i d a d e de um p o s i c i onament o do professor

como profissional afastando os alunos do contexto sócio-

pol í t i c o - c u l t u r a l - r e l i g ioso-econ8mico» A mentalização de todo

este processo ideológico e consumista seria realizado pelos

nur i o s d e c omu n i cação s o c i a l » en travando a gen u i n a e xp r e s são d o

povo» "Diante desta realidade global» c o n f l i t iva» injusta e

c o n t rad i t ór i a » pr ec i sanios nos p o s i c i onar o r g a n i zadament e em

vista de uma mudança e transformação desta realidade» buscando

a verdadeira democracia almejada por todos»"

A est a con c1u s ã o che g o u o g r up o ap ó s r ef1ex ão e

discussão em 23-9-86. E» como p r i m e i r o passo para transformar

em p r á t i c a esta teoria estabeleceu-se o perfil do homem ideal

dentro de uma s o c i e d a d e transformada»

...o hoaem precisa ser l i v r e , c r í t i c o , participativo e criativo, podendo


escolher os seus caainhos individualaente e ea coaunidade coaproaetendo-
se como asente liberto e libertador, construtor da história es
colaboração coa outras pessoas ea busca de um crescimento pessoal e
social que o torne coapetente. Cresci siento que só será possível quando o
Hornea puder se expressar na crescente coapreensao da liberdade
responsável, na convergência solidária, na prática de relações
deaocráticas s na busca de uma entidade cultural.Precisa ainda ser
honesto, responsável, dinâmico» capaz de posicionar-se diante da
realidade, ea vista de uma transformação, aberto à transcendência.

43
Arquivos da Escola Estadual Higuel Deises.
7i

Como segun do p ass o p ar a p r a g m at ¡ z a r uma p r o p o s t ay

estabeleceu-se um "Marco Operacional" visualizando uma

r ea1 idad e ide a 1 , e p r e s s o n o s s e g u i n t e s t e r mos »

1. A Esccfla Higuel Dewes atsuae a Educação Li birlador a ÍOBO usta


educação que propicia a iodos os seus integrantes ser ¿a
sujeitos de seu pleno t integral desenvolvimento pessoal-
coaunitário-social.
Este desenvolvi sento se expressa:
- na crescente compreensão c r í t i c a da realidade;
- no exercício responsável da liberdade;
- na convivência solidaria;
- na prática de relações democráticas e participativas;
- na vivência dos valores evangélicos, sobretudo da justiça
social e da fraternidade;
- na abertura à transcendência;
- no esforço de transforsação da realidade social;
- no serviço à sociedade.
2. A Escola Miguel Demes quer ser usa comunidade educativa que
pretende ser u® centro coaunitário, cultural, religioso,
recreativo e inforaativo da comunidade de Dez de Maio,
desenvolvendo atividades format ivas de estudo, pesquisa, debate
e extensão. Pretende ser um centro de cultivo não só para as
pessoa que constitues a cosunidade interna da Escola aas de
toda a comunidade local.
As necessidades desta são o ponto de partida de suas
atividades, visando o aáxiao envolvimento de todos os seus
membros.
3. A Escola Higuel Destes es todos os aspectos de sua
organização dará sespre máxiaa importância à participação e
descentralização. Enfatiza por isso:
- o planejamento participativo com tomada de decisões
conjuntas, bem coao, execução e avaliação conjuntas;
- valorização das pessoas e dos diversos setores e
serviços,adotando o princípio da subsidiar iedatíe;
- integração de comunidade educativa com o povo visando
troca de experiências e serviços para o crescimento mútuo.
4. A Escola Miguel Demes ea sua ação procura:
a) partir sespre da realidade vista coao resultado de uma
casinhada histórica;
b) adota a dinâmica da ação-reflexão em que a reflexão
ilusina a ação e a ação exige aprofundasento da ação;
c) agir es grupos articulados COB outros grupos da
Comunidade nua processo de participação sespre aais
abrangente;
d) promover a formação integral a nível pessoal, comunitário
e social.
e) princípio de formação permanente, contínua.
Dez de Ha i o, Toledo - 24/9/86.
72

Ao s e -analisar o "Marco Operacional", not: a - s e que a

proposta parte de um o b j e t i v o geral no q u a l o papel da e s c o l a é

P r o p i ci a r a o e d u c a nd o a comp r e e n s a o c r í t i c a da r e a1 i d a d e q u e

pressupõe um c o n h e c i m e n t o e análise de um mundo e x t e r n o , amplo,,

Os d e m a i s objetivos se propõe a trabalhar com uma realidade

c on cr eta, local » que con s i st e n a i n t e g r a c ão e s c o1 a x a1u n o x

f am í 1 i as.,

í„7 0 PAPEL SOCIAL DA ESCOLA

A escola tornou-se assim, o centro de informações da

comunidade pois serve de elo de ligação entre entidades

constituídas, a igreja e as famílias, enviando comunicados

através dos alunos, atuando ativamente nos órgãos locais,

auxiliando nos o f í c i o s religiosos ou r e i i z a n d o pesquisas para o

r e s g a t e da h i s t ór i a do d i s t r i t o ..

I-liste p a p e l foi conquistado g r a d a t i vament e p e l a escola a

partir de discussões promovidas sobre a problemática

educacional com os a l u n o s , os d o c e n t e s e as f a m í l i a s » Estas,

provavelmente, interpretaram as p r o p o s t a s do Marco Operacional

como uma formalização do " s e r v i r " da E s c o l a , , Para tanto» seria

necessário "usar" a Escola como um veículo para difundir as

atividades comunitárias, papel que era desempenhado»

an t e r i or men t e » pela igreja.,

Parece que a escola» através das discussões e do

estabelecimento de objetivos para a ação» pretendia "abrir" a

escola para o mundo externo» colocando os p a i s e alunos a par-

dos problemas sociais e educacionais pertencentes a uma

realidade alheia ao g r u p o local.. Convém lembrar que esta


73

tentativa já havia sido realizada em Í962 a t r a v é s da atitude

das r e l i g i o sas q ue c o n s i d e !" a v a m ist o poss íve 1 q uan d o

trabalharam na integração aluno x escola x familias» Embora nas

duas o c a s i õ e s as f i l o s o f i a s fossem diversas, a religiosa guiada

pela fé e exemplo e a leiga pelo d e s c o b r i ment o do mundo e

transformação da realidade, ambas, com esta tentativa

conseguiram realmente, integrar estes elementos de t a l modo que

s e t or n ar am um i n s t ru me n t o c a p a z de ev i t ar ou r e j e i t a r a sua

integração, como c o m u n i d a d e de Dez de M a i o , a redes externas»

A s i t uaç ão an t e r i or men t e exp o s t a n os sug e r e a1 g umas

perguntas c o n c e r n e n t eis ao p a p e l da escola na tentativa ríe

integrar os moradores locais, confinados numa r e d e insulada, a

redes externas»

Com esta integração escola x aluno x famílias, a

tendencia não seria fortalecer os laços, os v a l o r e s culturais

preven indo-se contra os prováveis problemas econômicos,

políticos ou sociais, existentes fora da rede e que poderiam

at ing ir a c omunidade, v i a r" e d e e x t e r n a ?

As t o m a d a s de d e c i s ã o em c o n j u n t o , através da APP, o

i n c e n t i v o da esco 1 a n a pr e ser vação d o sí valores 1 oca i s, da

manutenção da língua alemã como p r i m e i r a língua, a promoção de

eventos culturais, como festivais de Música Popular ou a

criação de g r u p o de t e a t r o escolar, não s e r i a m f o r m a s de manter

IÍ m a rede insu1 ada p R op i c i an d o a s eu s int e g r a n t e B Uma esp éc i e

d e a u t o - s u f i c: i (5 n c i a ed uc ac i on a ï e c u ï t: u r a l , t r an s f or man d o o

local num casulo protetor contra diversos problemas; salientes

e m i" e d e s a b e r t a s ?
74

A Escola n ão s e r i a am ó r gao r ep r od ut or e? ¡ n c e n t: i v a d o r

d os v a l o r' e s 1 o c a i s j á q u e t e m c o ni o P r i or i d a d e " s er u nt c e n t r o d c

cultivo nao so para as pessoas que constituem a comunidade

interna da e s c o l a mas de t o d a comunidade local"?

é bom observar que a p r o p o s t a teórica da E s c o l a é ser

agen t e d e u 111 a p r o v á v e I t r an s For mação social inicia ndo est e

trabalho com a integração de e l e m e n t o local à realidade externa

tornando-o ativo e crítico. 0 conhecimento,, através cia escola,

da e x i s t ê n c i a de um mundo c a ó t i c o , numa c o m u n i d a d e que não se

d e Fr on t a c om os p r ob 1 ema s ap on t ad os ger a p oss ive 1 men t e

conflitos entre o s membros da c o m u n i d a d e e o órgão promovedor,

a escola. A visão deste mundo c o n f l i t a n t e apontado pela escola,

motiva um p o s i c i o n a m e n t o c o n t r a d i t ór i o por parte da comunidade!:

de um l a d o , a sensação de s e g u r a n ç a e proteção que a r e d e local

oferece a levaria a rejeitar qualquer tentativa de aproximação

com uni mundo h o s t i l ; de o u t r o lado, o receio de s e r atingida

por esta situação caótica e não e s t a r preparada para enfrentá-

la, obrigaria o grupo local a se defrontar com uma realidade

c on f 1 i t an t e ex i s t en t e no mun d o e x t e r n o ao seu „

A partir ciai» a contradição comunitária em r e l a ç ã o à

escola quanto ao seu papel neste contexto. Seria possível

111 a n t e r os j o v e ri s i s o '1 a d o s d e s; t: e s p r o b 1 e m a s- e xt er n os » na

tranqüilidade e segurança da rede local ou s e r i a conveniente

colocá-los a par da realidade soc: i a l - p o ' l i t i ca-econSni i c a »

tornando-os capazes de enfrentar e se defender de prováveis

" at aque s" ext er n os ?

Os choques de opinião entre escola e comunidade

relativos à linha pedagógica transparece no depoimento de


L. „ I „ A „ , p r of essor e 1 í cl e r c omu n i t ár i o E 1é c o m e n t: a que

atualmente nao é p o s s í v e l ¡gnorar-se o mundo e x t e r i o r e deve-se

trabalhar por uma escola dinâmica,, objetiva e de rumos

definidos. Mas, ao t e n t a r formar alunos críticos, as familias

demonstram seu desacordo alegando que a escola "ensina" urn

regime político. Esta posição é conseqüência da t e n t a t i v a do a

luno questionar em f a m í l i a certos valores e idéias do g r u p o » A

sugestão da comunidade é que s e v o l t e à "linha dura", quando o

papel da escola era passar conhecimentos e a responsabilidade

do a l u n o era apreender o ensinamento»

Na r e a1 idad e, d esd e sua cr iaçao, a e s c o I a s e 'a p r è s e n t a

c omo " a ser viço da c: o m u n i d a cl e " e at r av é s d o t e mp o ob s e r v ou - s e

que e l a sempre e s t e v e atrelada à mesma» Primeiro, foi de

i ri i c i at i v a c oniuri i t ár i a a c orí s t r uç ao d a p r i me i r a s a l a d e au 1 a ?

s e g u n el o , t o d a a r e s p o n s a b i 1 i cl a d e d e m a ri u t: e n ç ã o c o u b e a o g r u p o

por onze anos? depois, as irmãs que assumiram a direção

e s co1 a r f o r am e s c o1 h i d a s p e l a c o mu n i d a de? q u a nd o d a i mpI a n t a ç ã o

da r e f o r m a de e n s i n o , em .1.975, a d i r e ç ã o e os p r o f e s s o r e s eram

d a r e de local? f ina1 mente, a s d i s c u s s o e s p a r a a a d o ç ã o d is n o v a s

propostas pedagog i cas t i veram a part: i c: i p a ç ã o común i t á r ia at i va

através da APP»

Deve-se reconhecer que n e s t e trabalho conjunto escola x

c omun i d ad e , o s r esu 11 a d o s ri o c r e s c i men t o e so I i d i f i cação da

e s c o 1 a f o r a m s i g n i f i c a t i v o s » C o m e ç: a n d o p e 1 o a s p e c t o m a t e r i a 1 , é

uma i n s t i t u i ç ão se m p r ob 1 e m a s f i n a n c e i r o s , e q u i p a d a c o m t o cl o s

o s r e cu r sos físico s n eces sár i o s » As instal aç oes da e s c o1 a

c: o m p o r t a m 2 0 @ a l u ri o s p o r t ur no e m e smo q u a ri d o se u n ú mer o

a u m e n t o u p a ra 330, em i 991, a e s c o1 a p os su ía e sp a ç o p a ra
76

realizar seu trabalho convenientemente. Em i992, os alunos

matriculados foram 342 e s p e r a n d o - s e urn n o v o aumento para o

p r ó xi m o ano. A j u s t i f i c a t iva p ar a o ac r é sc i mo an u al de a l u n o s é

a vinda de mais famílias para a localidade devido a. o f e r t a de

t r a b a1 h o , p r i n cipa1 me n te n o s a v i á r i o s„ E m b or a a t é agora» est e s

novos i n t eg r a n t e s d o gr up o s at i s f a ç an» a s e x i g ë n c i a s 1 o c a i s , o

de serem descendentes de alemães e c a t cil i c o s , existe a

possibilidade destes elementos já virem "contaminados" social e

lingüísticamente por redes externas o que auxiliaria na

a b e i" t u r a d a r e cl e 1 o c a 1 „

Na p ar t e p ed ag ó g ic a » as c: 1 a s s e s p o s s u e m o n ú m e r o idea1

d e a 1u n o s p a r a de s en v o1v e r u m b o m t r a b a1 h o <em mé d i a 20). Por

e st e mot i vo é p o s s í v e '1 um at end imen t o in d i v id ua1 iz ad o » A1 é m

disto» a clientela é bem n u t r i d a e de base familiar sólida»

•F a t o r e s conh ec idos como i mp or t an t e s na a p r e n cl i z a g e m. Em

c on seqüên c i a » os c o n h e c i m e n t: o s a d q u i r i d o s p e r m i t e rn c: o n t i n u a r »

s e m p r o blemas» s e u s e s tudo s e m o ut r o s c o 1 é g i o s e f ut u r a me n t e

p r e s t a r c: o n c u r s o s e t e r f o r t e s p o s s i b i 1 i d a des d e a p r o v a ç. ã o .

Q. u a n t o a o c o r p a do c e n t e , ele s e e n v o 1 v e p r o f i s s i o n a '.! e

afetivamente no trabalho porque os v í n c u l o s que o s unem aos

a1u n o s s ã o fa m i l i a r es e d e a miza d e . E são j us t a m e n t e n e s t e s

fatores positivos e ideais p 'a r a u m a e s c o 1 a q u e t r a n s p a r e c e m a

organização e união de um grupo que constitui uma rede

insulada, densa e multiplex. Então, é possível justificar as

tentativas infrutíferas da e s c o l a em introduzir uma pedagogia

que r e s u l t a r i a numa p r o j e ç ã o a um mundo e x t e r n o , integrando à

rede local,,
ö esforço da E s c o l a neste sentido também é v i s í v e l ao

a d o t: a r uma me t od o 1 og i a d e e n sino d e !... í n g u a P o r t u g u e s a q u e v i s a

à inte r aç ao a1 un o x prof ess or x m u ndo, a t r a v é s «J e 1 e i t u r a s d e

textos e dicussoes relacionadas a diferentes assuntos. Esta

e t ap a é s eg u i d a p or p r od uç õe s d e t e x t os r n a q u a 1 o al u n o e x p o e

seu pont o de v i st a, a r g ume n t a n d o e q ues t ion an do „ Como

complemento destas atividades, o texto é retomado peïo

P r of essor, que, e m g r a n d e g r up o, di s c: u t e q u e s t õ e s e s t r u t u r a i s e

t emát i c a s „

Além da a d o ç ã o desta metodologia, incentiva-se os alunos

para a criação poética, musical e teatral, realizando eventos

que p r o p i c i e m a apresentação de s u a s criações, aos c o l e g a s e

f am i I i ar es..

Eiste posicionamento, aparentemente, levaria a uma

i n t e r ação c o m ou t r o s g r u p o s„ P o r é m, d e v i d o às c ar act er í st i ca s

da r e d e na q u a l a escola está inserida, este trabalho mostra-se

i n f r ut i f e r o

Portanto, pode-se deduzir que a escola também não tem

c on d i ç de s d e e r r a cl i c a r a i nt e r f e r ê n c ia da 1 í n g u a a 1 e m ã da f a 1 a

d o p or t uguê s p or q ue e st a c: a r a c t e r í s t i c a é i man e n t e ao g r up o e

não e x i s t e uma t e n t a t i v a real, da p a r t e do g r u p o em eliminá-la,.

Mas, a1é m da e sc o l a , p ar ece m e x ist i r ou t r a s

caract e r í s t i cas relacionadas à rede insulada que seriam

responsáveis pela manutenção da i nt e r f e r ênc: i a.. P a r a detectá-la,

P r oc edeu- se a uma ob ser v ação d ir et a e a en t r ev i st a s

g r a v a d a s , t e n t ando m o s t r a r que a rede local se inclui nesta

categoria..
CAPÍTULO I I I - A REDE SOCIAL DE DEZ DE KAIO

3.i REDE INSULADA

Considera-se a rede social de Dez de ha i o uma rede

i n su 1 ada dev ido a u ma sér ie de fato r es ap on t a d os pe1 a

1 it e r atura c om o r e sp o n s á v e i s p e l a p r e s e r vaca o ou ocor r ën c ia

deste tipo de rede»

ía E: uma l o c a l i d a d e pequena»

2» A população»em sua grande maioria» é do mesmo g r u p o étnico

(alemão), proveniente da mesma região do Rio Grande do Sul

(Cerro Largo»)

3» Mais de 90% d o s m o r a d o r e s sâo católicos»

4 „ A s p e s s o a s m a n t ë m f o r t e s v i n c u1 o s d e p a r e n t e s c o e a m i z a d e »

5» Elas trabalham em f a m í l i a ou com a m i g o s n o s mesmos locais»

6» Freqüentam o clube local e ou pertencem a associações

existentes na comunidade»

7„ Rar amen t e v i a j am p ar a c i d ad e s ma i s d i s t an t e s » r e s t r i n g i n d o

suas s a í d a s para a sede do município»

B„ 0s ma is j oven s f r e q i.i e n t a m a esco1 a » n a 1 oc a1 i d ad e » at é o

f i n a 1 d o p r i m e i r o g r a u. ( 8ax s é r i e ) „

9» 0 grupo de r e f e r ê n c i a é o grupo local» não h a v e n d o interesse

ou n e c e s s i d a d e em t e n t a r se comparar ou igualar a grupos

ext ernos »
79

10» As mesmas p e s s o a s desempenham, simultaneamente, diferentes

funções dentro da c o m u n i d a d e , como s e r parentes, colegas de

t r a ba1 h o o u c o m p a n h e i r o s de 1 a zer„

i í É uma c o m u n i d a d e auto-suficiente»

No entender de BORTONI (1985 ), esta situação

c a r a c t e r i sa a rede em m u l t i p l e x , a gua'l está intimamente

1 i g ad a à r ed e i n su1 ad a p or con c en t r ar no mesmo indi v í d uo,

diferentes atividades e conseqüentemente diversas funções

soc i a i s »

C o n f o r m e MILROY (1980 ), a rede insulada é encontrada,

p r i n c i pa1 m e n t e , em comun id ad es p ob r es e m a r g i n a1 i z a d a s

socialmente» Sua afirmação é baseada em o u t r a s pesquisas, como

de LOMNITZ (1977 ), que d e m o n s t r o u a solidariedade existente

entre os pobres usada como um m e i o de s o b r e v i v ê n c i a , já que o

estado de marg i n a l i z a ç ã o social não é uma s i t u a ç ã o passageira,

neste tipo de comunidade, mas perpassa gerações, sem

perspectivas de a s c e n ç ã o social»

Embora o t r a b a l h o de LOMNITZ tenha sido realizado numa

cidade de f a v e l a s , próxima à cidade do M é x i c o , cujos habitantes

p e r t en c i am a uma r e a I i dad e s o c i a 1 , ec on 8 m i c a e c u l t ur a1 d i v e r sa

da de Belfast, onde MILROY realizou seu estudo, ela acredita

que as comunidades pobres têm vários aspectos em comum

r ef er entes à luta p e 1 a s o b r e v i v ê n c. i a o, u e a s u a c o n d i ç ã o i mp õem ,

resultando em redes insuladas» MILROY s e refere à função das

redes sociais como "um mecanismo para troca de b e n s e serviços

e para impor obrigações e conferir direitos correspondent es a

seus membros"»47 Ela cita também t e o r i a da t r o c a , usada por

47
HILRÖY, Í980 : 47.
KAFFENER (1969 ) e BOISSEVAIN < 1974 ) como f o r m a de manter

redes sociais insuladas „ De a c o r d o com o s a u t o r e s , a troca de

favores» como cuidar de crianças, auxiliar na doença ou

P ob r e z a » in c e n t i v a a un iao d os gr up os „ Essa un ião pode- s e

t or n ar densa se um n úme r o d e p e s so a s s e se n t e 1 i g ad a uma a

outra por outros fatores» como parentesco» ocupaçao»

s o l i dar i e d a d e » e t ni a ou v a l o r e s c u l t ura i s„

Em Dez de M a i o , observou-se que os moradores convivem

numa r e d e fortemente ligada por laços de p a r e n t e s c o , amizade»

valores é t n i c o s » r e I i g i o s o s » o q u e o s 1e v a a m a n t e r 1e a1 d a d e a o

grupo a que p e r t e n c e m , , Parece que o principal aspecto que

det er m in a a r ed e i n s u1 a d a da c omuni da de é o f a t o de a m e s m a s e r

usada como um mecanismo para a preservação de v a l o r e s culturais

e étnicos» Afirma-se isto» pois ao contrario de outras

comunidades que s e unem p e l a necessidade de s o b r e v i v ê n c i a » a de-

li) e z de Maio» se une p a r a preservar seus valores culturais» já

que é uma c o m u n i d a d e economicamente p r i v i 1 eg i a d a „ T a l v e z » por

este motivo» o próprio grupo sirva de grupo de referencia

devido a s u a a u t o - s u f i c i ên c i a em r e1 a ç ão a g r u p o s e x t e r n o s q u e

provavelmente nao possuem força para alterar substancialmente o

comportamento social e lingüístico dos componentes desta rede

i nsulada »

Convém observar que» se a rede insulada pode ser

r e s p o ns á v e1 p e1 a s ob re v i vê n c i a d e um g r u p o ou pe r m i t i r a u m a

c omu n i d a d e p r es er v ar se us v aI o r e s » ape s a r da in t er f e re n c i a

e xt er n a » e1a t amb ém p o cl e r á apr e sen t ar c: a r a c t e r í s t i c a s

1 i n g ü í s t: i c a s p r ó p i- i a s em c omun i d ad e s mon o 1 í n g ü e s ou a
Bi

preservação da ¡nterferênci a de uma língua na outra em

c o m u n i d a d e s b i 1 í n g ii e s „

Estudos como os de MILROY (1980), que analisou o

c om port ame n t o social e 1 i n g ¡.i í s t i c o de t r ês ba ir r os de

t: r a b a l hador e s de B e l f a s t , mostram a f o r ç a das r e d e s sociais que

podem s e r r espon s á v e i s por diferente desempenho lingüístico de

pessoas falantes da mesma l í n g u a e pertencentes ao mesmo grupo

social e econômico,,

0 trabalho de BORTONI (1985), por sua v e z , mostra a

importância das redes sociais na difusão dialetal entre

migrantes vindos da z o n a rural para Brasília,, Ela observou que

a rede social insulada dificulta a difusão dialetal e

c o n s e q ü e n t e m e rite o d o ni í n i o l i n g u í s t i c o , pe 1 os i n t egr an t es da

rede, de o u t r a s variedades padrão ou não,,

Já G AI... (1979), an a1 i sand o u ma pequena comun id ad e

rural ,0berwart, situada ao s u l da Á u s t r i a , verificou que a rede

insula d a 1 oca1 , c omposta p or cam p o n e s e s h d n g a r o s , r e s i s t i u. à

forte pressão econômica e social da rede alemã e continuou

f a1 an do o h ún g aro e c u 11: i v a n d o s e u s v a 1 o r e s., G A i..., n o e n t a n t o ,

alerta que, provavelmente, as vantagens econômicas e a

possibilidade de ascensão social trazidas pela rede alemã,

s u p e r ar ão o s v a l or e s c u11 ur a i s en t r e a s g e r aç c e s h un g ar as ma i s

jovens, resultando numa mudança acentuada rio comportamento

social e l i n g ü í s t: i c o d o s m o r a d o r e s , s; u b s t i t u i n d o •- s e a 1Íngua

h un g ar a p e l a a l ema„

A c o m unidad e e m e s t u d o t a m b é m a p r e s; e n t a c a r a c t e r- i s t i t: a s

lingüísticas relacionadas corn uma rede insulada e multiple;;,

c uj os h a b i t a ri t e s são b i 1 ín gües em a1 emão- p or t uguês „ A


32

interferine¡a da língua alema» a primeira língua, na língua

p o r t ug u e sa ap r e n d i d a, é sa1 i e n t e na f a1 a d os m o r a d or e s ,

i n d e p e ri d e n t e de i d a d e » s e >; o o u e s c. o 1 a r i z a ç à o „

BELL 40 » já argumentava que a p r i m e i r a língua aprendida,

por fatores psicológicos e afetivos, poderia se tornar a língua

de maior domínio da parte dos falantes e interferir

e s t r u t u r a 1 me n t e ri a s o u t r a s a p r e n cl i d a s s u b s e q ü e n t e m e n t e „ P o d e - s e

c one or cl ar se c on s i cl e r ar mos est es fat ores p s i c o 1 ó g i c os e

afetivos ligados a valores culturais a serem preservados pela

rede insulada do grupo»

Be o s f a l a n t e s bilíngües apresentam um g r a u diferente cie

i n t e r f e r ê n c i a em sua fala, fatores extra-lingüísticos parecem

ser importantes para explicar este fato»

Já MACKEY49 argumentava que cada bilíngüe pode t e r um

domínio diferente nas d i v e r s a s línguas que f a l a » Conforme ele»

deve-se levar em c o n s i d e r a ç ã o alguns aspectos cornos

1» Graduarão - até que p o n t o o indivíduo conhece a língua que

f a 1 a?

2» Fun£Sa - para que usa suas línguas?

3» Alternância - até que p o n t o há a l t e r n â n c i a entre as línguas

que f a l a ?

4» I n t e r f e r ênc i a - até oncle o b i l í n g ü e f u n d e as línguas?

Est e s asp ec t o s l e v a n t a d o s p or HACK EY p o s s i v e 1 men t e se

explicam pelas redes sociais se encaradas como f a t o r e s extra

40
BELL, Roger T. Soc i oi i risui st i cs. Londres : Batsford Ltda., 5976 : i i 7.

49
HftCKEY, tóilliaa F..The description of bilingual isa. In Joshua A. Fishsiann ( org. ).
Readings in the sociology of language. The Hague : Houton, 1972.
83

1 i n g u ist ico s c ap az e s d e i n f '). u e ri c i a r o b i I íngUe n a e sc o 1 h a d a

língua a ser usada e t: a m béni como r e s p o n s á v e i s na p r e s e r v a ç ã o ou

não de i n t e r f e r ê n c i a na fala»

Assim, se os moradores bilíngües de Dez de Maio

apresentam urn grau diferente cie i nt e r f e r ênc i a na fala do

português, a causa provável não será a idade, sexo ou

escolaridade, mas, as r e d e s sociais nas quais interagem os

f a1 ant es. 0 " st at us" social n ão é c: o g i t a d o p e '1 a c o m u r¡ i d a d e

apresentar um nível s.o'c i o - e c o n Sm i co--cuï t ur a ï semelhante, sem

d i f e r e n ç a s m a r cant e s »

Chegou-se a esta conclusão após examinar a rede social

da pequena comunidade e avaliar a relação dos h a b i t a n t e s com

esta rede»

Como j á foi mencionada anteriormente, as famílias que

c ompo em a p o p u 1 a ç ã o do d i s t r i t o s ã o , na s u. a g r a n de maio r i a , d e

origem alemã por forca do p r o c e s s o de c o l o n i z a ç ã o . Desde a

vinda dos primeiros pioneiros, em 1.949, a vila se transformou

fisicamente, passando de a l g u m a s casas humildes rodeadas de

mato e "picadas", para um c o n j u n t o de c a s a s modernas e ruas

planejadas.

Todo c o n f o r t o cia v i d a moderna pode ser encontrado nas

habitações dos moradores, desde luz elétrica, água encanada,

e '1 e t r o d o m é s t i c o s , v í d e o •- c a s s e t e s , a n t: e n a s p a r a b o l i c: a s e c a r r o s

dos mais diferentes tipos» Sem d ú v i d a , as f a m í l i a s usufruem de

t od o c o n f or t o q ue uma s i t ua ç ã o f i n an c e i r a e s t á ve 1 p e r m i t e „

Ao l a d o da a d e s ã o aos bens de consumo e do aparente

m o d e i" ri i s m o q u e o s m e s m o s p o d e m s i g n i f i c: a r , a r ed e familia r , com

v a ï or e s p r ó p r i o s , he r d a d o s do s a n t e pa s sa d o s , c o m o o em p r e g o da
84

língua alema » é o primeiro e talvez o ma i s Porte fator para a

preservação da interferênci a entre as duas línguas» Com raras

exceções» a primeira língua ensinada às crianças é a alemã e

elas só e n t r a m em contato de forma sistemática com a língua

portuguesa ao entrar na escola, que atualmente acontece aos

c: i n c o ano s q u a n d o f r e q ¡i e n t a m o p r é - e s c. o 1 a r que a esco 1 a da

c o mun i d ad e of er e ce » A1 g u m a s s ó in ic i am se us e s t u d o s a os sete

anos quando aprendem a língua portuguesa de forma

institucionalizada» Até então a língua de comunicação é a

alemã, que é falada com o s p a i s » irmãos» parentes e amiguinhos

que con st it uem a r ed e soc i a 1 d a cr ian ç a »

V i s i t an d o a f am í 1 i a d o s r „ N „ l< » C 50 an o s ) , ob s e r vou - s e

que s e u s dois netos, de q u a t r o e dois anos, conversavam, em

alemão» entre si e com a f a m í l i a presente» A mãe» de v i n t e e

p o uc o s a n o s , m o s t r o u p r e oc u p a ç ã o p e1 o f a t o do f i 1 h o m a i s v e 1 h o

t e n t a r a f a1 a "m i s t u r a d a " ( a l e mão-p o r t ug u é s ) , r es p on s a b i 1 i z an d o

os agregados "morenos"» que poderiam exercer influencia

negativa no sentido da criança d e s v a l or i z a r ou p e r d e r a Pala

alema»

Ao ingressar na e s c o l a , a rede da c r i a n ç a se amplia» mas

não s e m o d i f i c a n a s u a ba s e p o i s s o m a r á a o s a m i g o s » p a r e n t e s e

vizinhos outras crianças conhecidas s u p e r f i c i a l ment e que vêrn

de um me io f am i 1 iar d e e s t r u t: ura s e m e 1 h a n t e » Os p r o f e s s o r e s e

funcionários com os q u a i s as crianças convivem também foram

educados e pertencem à mesma r e d e » Levantamento feito na escola

sobre o quadro d o c e n t e e administrativo mostra que o s mesmos

são compostos basicamente por pessoas da r e d e local»


85

Especificamente, em i 992, do total de 23s®-

s omen t e t r ês sao p r ov en ien t es de To 1 ed o e os me s mo s

d e s e m p e n h a m f u n ç õ e s p e r i f é r i c a s n a e s c o 1 a » ci: i n t e r e s s a n t e n o t a r

que sao os únicos elementos ligados à escola que nao

demonstram, pe'lo sobrenome, descendência alema»

P or t a n t o , a e scol a, ap esar d e t odo s o s s e u s r e c u r s o s

mod e r n os, de s u a f i l o s o f ia 'libe r t ad or a e h i s t ó r i c a - cr í t i c a,

parece ser urn instrumento importante para manter a

i n t e r f e r ê n c. i a 1 in gUíst i ca p or q ue os envo'l v i d o s nest e

relaciona men to esco I ar p er t en cem a me sma r e de i n s u l a ci a ,

preservam e cultivam os mesmos v a l o r e s , inclusive a 'língua

m a t e r n a ., A s s i m , é c omu m ouv ir alun o s con ver san d o en t r e s i ou

com o s professores , em a l emao, em s i tue oes informais, na

escola

Conforme depoimento cie V . H . , professora do pr é - e s c o l ar ,

m u i t: a s c r i a n ç a s ch egam à e is c o l a sem ente n d er e mu i t o meno s

falar o português. Ela, como bilíngüe, pertencente à rede

inicia a tarefa de ensinar a falar a língua portuguesa para

tornar menos d i f í c i l a alfabetizarão , pois; e s t a s crianças, na

primeira série, terão uma d u p l a responsabilidades a de aprender

uma s e g u n d a língua e a de se a l f a b e t i z a r nesta nova língua.

A i n d a, d e a c o r do c o m a p r o f e s s o r a , de p o i s d e* a 1 g u m a s s; e m a n a s d e

aula, as crianças falantes só do alemão já são capazes de

c omp r ee n d e r e f a1 ar o p or t uguês. No entanto, est a f ala est á

carregada de i nt e r f e r ênc i a., que poderá ser amenizada com o

p assar do t e mp o e p e1 o contato s i st e m á t i c o c om o e n s i no

institucionalizado, mas d i f i c i l m e n t e será eliminada, enquanto a

® Relação no anexo 08.


s
c r i a n ç a p e r m a n e c: e r na rede soc ¡al i n su 1 a d a da f am il ia e

escola local.

É b om ob se r va r que as c r i a n ç: a s c o ni p 1 e t a m o primei r o

grau na escola "local pois os pais fazem questão de que os

f i 1 h o s t e n h a m e s t e "m í n i m o d e e d u c a ç a o " .

A e s c. o 1 a se apr esenta, p o r t a n t o >• c o m o u m a c o n t in u i d a d e

da r e d e familiar pois é administrada pe'1 a c o m u n i d a d e que pode

m a n t te r » d i f u n d i r , ou p r e s erva r os va 1 or e s c omun s às f am í 1 ias »

independente do poder institucionalizado» A força e o poder

comunitário, em relação à escola é observável em várias

s i t uaçoes »

Uma d e l a s é o cuidado dos pais em r e l a ç ã o ao tempo de

permanência no p á t i o da e s c o l a daqueles alunos que chegam com o

m i cr o í> n i b u s uma me i a hor a ant es do i n í <:: i o das a u. 1 a s ,

p e r m i t indo q u e o 8n i b u s traga par a a e s c o 1 a o s d em a i s a 1u n o s

depois» Usa-se esta estratégia porque a pequena comunidade

d i s p õe s ome n t e de u m 6 n i b u s p a r a r e a 1 i z a r e s t a t ar e f a » Emb or a o

índice de criminalidade seja zero e as p e s s o a s da v i l a sejam

t od as con h ec idas, os pais faz em qu e s t ão que uma p es soa

permaneça com os f i l h o s neste espaço de t e m p o » A solicitação é

at en d id a e a ta r e f a n ão é c ump r i d a p or s u b a 11. e r n o s , mas p e 1 a s

cl i r e t o r a s q u e s e a 11 e r n a m n a a t i v i d a d e , i n i c i a n cl o o e p e d i e n t e

à s 7 s 00 ou 12 s 30 h „

0 u t r- o e e mp I o v e r i f i c ou - se na g r e ve » p or me 1 h or e s

salários, promovida pela Rede Estadual de Ensino» da qual a

escola faz parte, no ano de 1990» Nesta ocasião, os pais

propuseram um aumento de o r d e n a d o aos professores enquanto não

s e re solves se o impa s s e , p a r a evita r p r e j u í zo n a ap r end i z a g e m


d o s s e us f ¡ 1 hos a ï eg a nd o q ue " a bri g a era com o g o v e r n o e nã o

c: o m s e u s f i 1 h o s » "

E n q u a n t: o s e v e r i f i c a , de um ï ado, este tipo de ex igên c i a

p or p ar t e d os pais, por o u t: r o 1 a d o >• n o t a - s e c o 1 a b or a ç ão d o s

mesmos p a r a o bom funcionamento cia escola or g an i san d o uma

Associação de Pais e Professores atuante, que supre as

n e c e s s i d a d e s da escola, quando a verba institucional não é

suficiente, para a compra de livros para a biblioteca ou

realizar reparos. A merenda escolar, por sua vez, é cedida para

e sco 1 as mais c ar e n t e s d a r eg i ão a l e g a n d o a u t o - s u f i c i ê n c: i a „

3 „2 REDE DE REFERÊNCIA

A grande maioria dos j o v e n s não e n c e r r a seus estudos na

e s c o1 a 1 o c a 1 , ma s cu r s a o s e g un do g r a u na s ed e d o m u n i c í p i o ,

Toledo. No entanto, evidências mostram que o grupo de

re f e r ê ncia c on t i nua o de s ua 1 o c a1 i da d e o nde m a n t ê m v í n c u1 o s

f am i 1 iar es e cl e a m i z a d e „ É p os s í v e 1 que, c o n f o r m e G A L. < 19 7 9 >

já alertara, se e s t e jovem mantiver maior contato com uma rede

e xt e r n a e e sc o 1 h e r c omo g r u p o de r e f e r ê n c: i a s e u s c o 1 e g a s cl e

escola ou o s h a b i t a n t e s da c i d a d e , ele poderá tentar igualá-los

no c o m p o r t a m e n t o so c i a 1 e li ngu í s t ico. Mas, t: a 1 v e z , o c on t a t o

com a r e d e externa venha a reforçar o grupo local como g r u p o de

referência, devido à o p o r t u n i dade de c o m p a r a ç ã o entre as duas

redes, medindo e avaliando os v a l o r e s sociais, culturais e

econômicos de ambos,. é provável quo? por este motivo o

comportamento social e lingüístico não se altere

sub s t an c i a1 men t e en t r e o s j oven s .


88

C o n v e r s a n d o c: o m N «E», no i n t e r io r de sua casa, sua

filha, !...„, professora da e s c o l a local, que e s t u d o u em T o l e d o e

cursa faculdade de f é r i a s no RS, chamou de f o r a da c a s a , em

a lema o , para que a m líe abrisse a porta. Esta atitude

lingüística demonstra que, embora a escola da cidade onde

estudou e o trabalho atual exijam o uso do portugués, no

momen t o i n f or ma1,de livre esc o l h a , a p r e f e r en c i a recaiu na

1 íngua materna.

Perguntando a A.S., 24 a n o s , professora a'1 f a b e t i z a d o r a ,

como h a v i a sido a adaptação ao c u r s o de m a g i s t é r i o ' f r e q ü e n t a d o

em T o l e d o , após estudar 08 a n o s na e s c o l a da c o m u n i d a d e , ela

respondeu que no início» as c o l e g a s da c i d a d e haviam mantido

i" e s e r v a o u m e n o s p r e z a d o a b e r t a m e n t: e o gr up o d e Dez de Maio,

devido à origem alemã que t r a n s p a r e c i a na f a l a acrescido do

fato de morarem no interior e serem " c o l o n a s " . Mas» o grupo do

interior logo havia mostrado a sua c a p a c i d a d e de acompanhar e»

inclusive, superar o desempenho dos alunos da cidade,

conseguindo com isto, o respeito e a amizade d o s mesmos. Com

esta atitude, reforça-se a afirmação de que o g r u p o da cidade

de T o l e d o não constitui o grupo r e f e r e n e i al » pois o mesmo

aceitou e se "acomodou " ao grupo da vila de Dez de Maio o

qual, não se e s f o r ç o u em mudar seu c o m p o r t a m e n t o social ou

1 i n g ü í st i c o .

A questão do g r u p o de r e f e r e n c i a ser o da c o m u n i d a d e e a

lealdade dedicada a este grupo é reforçada pelo posicionamento

de t o d o s os informantes, que não cogitam em se mudar da

l o c a l ida d e , nem mod if ic ar p r of un d amente s e us h áb it os ou

comportamentos. J„L..„» rapaz de 1.8 a n o s , trabalha um t u r n o na


8?

g 1 é 11" ¡ c: a de s e u i r m à o n a v i 1 a , out r o n u m d r g ã o d a p r e f e i t u r a d e

Toledo e à noite cursa o segundo grau na c i d a d e de T o l e d o « No

entanto» se us p a r e nt e s » a m i g o s e v i z i n h o s p e rma n e c e m como s e u

grupo r e f e n c i a l e abrir um negocio próprio de desenho ou

pintura no próprio locai de origem é a opção de vida

ap r e s e n t ad a ..

0 mesmo c o mp or t a m e n t o s e ve ri f i c a c om os a d o1e scent e s

c o m p1e t a n d o o p r i m e i r o g r a u» qu e s e mo s t r a m i n dec i s o s qu an t o

a o t: u r s o a ser f r e q ü e n t a d o n o s e g u n d o g r a u» mas n ão d emon st r am

n e n huma i n t e n ç ão d e a b a n d on a r a vila e ten t a r a v ida 1 on g e

dali« A maior parte dos jovens pretendem realizar cursos

técnicos que os a u x i l i e m a administrar os bens da família,.

0 p t a n d o p e1 o s cu r s o s de A d m in i s t r a ç ã o ou A g r o p e c u á r i a„ Se

alguma moça se inclina para o magistério» como é o c a s o de A,,

S» e L„ E„» é com a perspectiva de atuar no local, se

ausen t an d o p a r c i a1 m en t e p a r a e s t u d a r » v o11 a n d o se m p r e p ar a

suas origens»

Pode-se observar que e s t a s pessoas que estudam fora da

rede têm o c a s i ã o de v i v e n e i ar outros meios» observar e conviver

com o u t r a s redes» sem que o s seus valores ou ambições se

a l t e i" e m » é p oss ív e 1» no en t ant o » que a p r es são gr up a1 exer ça

1 n f1uën c i a n e s t e p o s i c i on amen t o »

0 casal I» e A„B» e a senhora A»R» têm outras

cara c t e r ist i c a s » ma s o mesmo p e n s a m e n t o e m r e 1 a ç ã o "a s u a v i d a

no l o c a l » A»B„ e A„R„ s ã o da mesma f a i x a etária » com mais de

t r i n t a anos» p e q u e n o s a g r i c u 11 o r e s » p o u c o e s c o 1 "a r i z a d o s » c o m n o

m Á x i ID o q u a t r o a ri o s d e escola e n a s c e r a ni na 1 oca1i d ad e » Ao

contrário dos .jovens mencionados » eles raramente se ausentam


90

de s u a s casas, só o fazendo para assistir à missa ou visitar

P ar e n t es p r ó i mos , n a v i z i n h a n g: a » V i a j a r é a 1 g o p o u c o c og i t ado,

r est ri n g in d o-s e a ida a ToIed o par a f ins b an cár ios ou

comerciais, quando estritamente necessário» Com e s t e tipo de

v i d a r a r amen t e t êm op or t un i d ad e de v i ven c i ar ou a n a l i s a r out r a s

redes sociais, o que também nao lhes interessa porque se

con s i d e r a m s a t i s f e i t o s c o m a s e g u r a n ç a , a m i z a ci e e e s t a b i 1 i d a d e

q ue a r ede 1 o c al 1 h es of er ece » ï B , e sposa d e A» B „, e mb or a

na f a i x a d o s 20 arios s e identifica também com e s t a s idéias,,

'ï' „ B „ (38), nascida e criada na c o m u n i d a d e teve o c a s i ao

de e s t u d a r d ur an t e d o i s an os n o int er nat o d a c i d a d e d e T o 1 e cl o ,

visitando a família , eni Dez de M a i o , rios f i n a i s cie semana„

Esta oportunidade foi propiciada pelo clube Q u a t r o S que e r a um

órgão f e d e r a l , relacionado corn a Secretaria da A g r i c u l t u r a e

que f o i criado em d i f e r e n t e s Estados, como no R i o Grande do Sul

( Ase ar ) , San t a Cat ar i n a ( Ac a r e s c ) e P ar an á (Ac: ar p a ) „

0 objetivo d estas i n s t i t u i ç: o e s er a aumen t ar os

c on h ec i men t o s sob r e ag r i c u 11 u r a , v i sand o inc en t i v a r a p r o d u ç. a o

agrícola» Para tanto, havia os supervisores nas cidades

orientando uni líder comunitário que a t u a v a como instrutor cios

associados nas r e g i õ e s agrícolas»

J»B», que f o i líder deste Clube eni Dez de M a i o , informou

que o mesmo f u n c i o n o u na 1 o e: a 1 i d a d e de i960 a 1972 e oferecia

cursos de culinária para as mulheres or i ent a n d o - a s rio

ap r ove it amen to dos a 1iment os p r o cl u z i d o s., Pr omovia ta mb é m

concursos cie hortas como modo de premiar a aprendizagem das

técnicas adequadas de c u l t i v o de v e r d u r a s e legumes, ensinadas

P elo Clube» A d i s t r i b u i g: a o d e semen t es e n t r e o s a g r i c u 11: o r e s


?i

visava desenvolver c u 1t u r a s e x p e r i m e n t: a i s e m p e q u e n a s á r e a s » a s

q ua i s podia m ser amp 1 i a d as caso o b t i v e s s e ni r e s u 11 a d o s

satisfatórios..

A '1 é m d e s t a s a t i v i d a d e s p r o f i s s i o n a i s » o C1 a b e Q u a t r o S »

que significava Saber , Servir » Sentir e Saúde proporc i onava

lazer aos associados através da p r á t i c a esportiva e da criação

d e gr up os nt u s i c a i s e t e a t r a i s.. 0 me smo n ao esq uec ia d a p ar t e

cultural, ofertando excursões para diversos pontos turísticos

do p a ís, ri o r ni a 1 m e n t e c: o ni o p r e ni i a ç ã o p or a 1 g u nt a at iv id ad e

desenvolvida c o nt s u c e s s o .,

üo m est as at i t u des» o C1u be d e s e mp e n h a v a um p a p e1

c o n t r a d i t: ó r i o e nt r e 1 ação à r ede p o i is a c r iaç ao de g r up o s

e sp or t i v os e c u 11: u r a i s p r o p i c i a v a nt a i o r f or ça ao gr up o 1 oc a1 »

r e s u 11 a n d o n u m a mai o r i ri t e g r a ç a o e i n is u 1 a ni e n t o „ Já p or out r o

lacio» o incentivo a contatos externos» através de- viagens e

ofertas de b o l s a s de e s t u d o » incentivavam a integração do grupo

a u ma r e d e e xt e r n a „

Nest e a s pect o , o C1 u b e p od er i a cl e s e m p e n h a r um p ap e 1

relevante na transformação da recle insulada local numa rede

i ri t e g r a d a a out r as ext er n a „ Con t ud o, p or mot i vos p o 1 í t i c o --

g over n amentais, os Cl u b e s Quat r o S f o r a nt d esat ivado s

g r a d a t i vãmente no p a í s , incluindo o ele Dez de Maio.

Quan t o à ár ea e d u car. i o n a 1 » o C1 u b e » at r a v é s de

sorteios» ofertava bolsas de estudos para o associado e

família. Portanto» T. B„ só se ausentou do local para estudar

devido a esta oportunidade,. Caso contrário, ela teria

P er man ec id o na r e d e. in s u 1 a d a . Mas , a e x p e r i e n c: i a de se

ausentar parece não t e r sido positiva porque a p ó s 02 a n o s » ela


92

concluiu que: preferia a vicia interiorana .junto à família e

amigos da vila. Assim, retornou a Dez de Maio, casou com um

rapaz da rede de origem e está criando 05 filhos., Pode-se

deduzir por es;ta atitude, que a r e d e de r e f e r ê n c i a era a rede

de o r i g e m e que sua sa ida acidental serviu para reforçar os

laços que a uniam à recle insulada»

A i n da c o n s i d e r a n d o os i n f o r ma n t e s p or se xo, I » B„C 4 6 ) ,

passou por uma experiência semelhante a de T.B. porém por

outro c a n a l » ' Já f o i comentado neste trabalho que a s famílias

comp one n t e s da rede e ra m n u m e r o s a s e b a s t a n t e r e 1 i g i o s a s e p or

isto muitas incentivavam os f i l h e s rs a ingressar na vida

r e 1ig i osa « Er am mov i d as p or do is f at or e s c o n s i cl e r a d o is

i mp or t an t e s , que er am a r e ï ig ios i d ad e e a p r e o c up a ç a o c om a

f u t u i" o p o i s as t er r as n em semp r e er am suf ic i en tes par a m a n t e r

uma f a m í l i a grande» Este era o q u a d r o da f a m í l i a de I„B„ que

e r a c o n s t i t u i cl a d e 15 f i 1 h os „ Qu a t r o del e s t e n t ar a m a vida a

vida r e 1 i g i o s a m a s s; o m e n t e u m s e toi" n o M P a d r e ,,

Elm c o n s e q ü ê n c i a desta atitude familiar, I.B. viveu

durante 06 a n o s num c o n v e n t o visitando a família só nas férias

e sc o 1 ar e s. E1 a d e e 1 ar ou que a o f i n a 1 de s t e s a n o s r e s o 1 v e u q u e

não p r e t e n d i a sie t o r n a r uma religiosa e que a vida com a

família e amigos de Dez de Maio e r a bem ma i s a t r a t i v a » Retornou

à rede de o r i g e m , casou com um r a p a z da v i l a , tem d o i s filhos

e se s e n t e m u i t o b em n eist a c: on d i ç ão » Par ec e c 1 a r o q ue p ar a e 1 a ,

a rede de referência era a local porque poderia ter

apr ove it ad o a ocas ião p r op or c i on ad a pe1 a escoI a e ter

p e r m a n e c: i d o na r ede e x t er n a , mesmo n ão is e g u i n do a v i da

r e i i g i osa.,
93

Mas r e st e c o n t a t o c o m a r e- d e e t: e r n a a ï e r t o u a m b a s p a r a

um p r o b l e m a - não muifco claro para a maioria dos componentes da

rede i n s u l a d a ,, Elas se d e f r on t ar am com um gr up o es t r an ho que

p o s su/a a língua portuguesa como i."* língua e como meio de

comunicação grupai,, A adaptação, na escola» foi difícil e

lenta devido, em g r a n d e parte» a este i m p a s s e r e 1 a t i v o ao uso

da língua pois as duas haviam aprendido o alemão como i

língua e utilizavam o português como língua instrumental,,

E s t a d i f i c: u I d a d e de comun i c ação r e s u 11 o u em a1 gumas

at i t u d e s pr áticas em r e 1 a ç ão aos f i 1 h os » en s i n a n d o - o is

s i m u11 a n eam e n t e a s d uas 1í n g u a s a fi m de evita r o mesmo

e mb ar a ç o p or q u e p a s s a r a m » F o r am be m is u c e d i d a s n e s t a in ic iat i va

p or que, ao i ng r e s s a r e m na e s c o 1 a » as cr i an ç as já p o s s u í a m um

conhecimento razoável da língua portuguesa tornando menos

p r ob 1 emá t i c a a a l f a b e t i z a ç ã o d o s; m e s m o s „

Est e p o s i c i on ame n t o mos t r a q ue a s d uas t ê m c on s c i ê n c i a

d e que os f i l h o s terão de int e r a g i r e conviver num mundo onde

nem sempre os v a l o r e s » inclusive a língua» são semelhantes aos

da sua rede de origem ou integração» Has» i s t o não significa

renegar a rede local» tanto que a p r e c i a m seu modo de v i d a e não

pretendem se ausentar e a intenção parece ser a de p r e p a r a r os

f i 1 h o s para um con t at o com as r ed es e t e r n as q uan d o est e

ocorrer ao menos, no que se refere ao uso da língua»

Q u a nt o aos ho mens, E » P » < 38 ano s ) , a g r i c u11 o r b em

s uc e d id o e q ue man t é m c o n t at os c on s t a n t e s c om r ed e e t e r n a » já

ocupou onze cargos em associações na c o m u n i d a d e e que planeja

r ea 1 iza r uma e c ur são c om out r o s ag r op ec u ar i s t a s d a r eg i ão p a r a

c o n h e c er a t ec n o 1 og i a n or t e - a m e r i c a n a » e n f at i z o u q u e a d q u i r e
94

t e r r a s em di f e r e n t e s p a r t e s d o p a í s , m aG q ue n a o p r e t e n d e m o r a r

em o u t r o locai» Como justificativa colocou os e s t r e i t o s laços

de a m i z a d e , parentesco e solidariedade que existem entre os

habitantes do l o c a l , gerando um a m b i e n t e seguro e agradável.,

Do mesmo modo, E„S»(50 anos), filho de pioneiros,

a g r i c u 11 o r ab as t ad o, ar gume n t ou q ue, " q LI e m n a o f o s s e cap a z d e

ser bem sucedido e feliz na localidade não o seria em lugar

algum," devido à riqueza da t e r r a e da a m i z a d e e companheirismo

entre os moradores» Fez questão de c o n v e r s a r no dialeto alemão

predominante na c o m u n i d a d e de Dez de M a i o , o Husisrueck i sh mesmo

sabendo que a c o n v e r s a seria gravada,,51

FUERST-BAERNERT argumenta que::

Na realidade a literatura dialetológica aleaã não menciona nenhum


dialeto "hunsrueckish". Ha várias aaneiras de subdividir a região
Bundesland Rheinland-Platz levando ea conta os dialetos existentes nele.
Segundo Beckers (1986) a região Platz se constituiu dialetalaente pelo
chamado aoselfraenkisch í que inclui a região Hunsrueck) e pelo
pfaelzisch. Decidíaos aanter neste capítulo a denominação desse dialeto
coao "hunsrueckisch" porque a comunidade alemã se refere a ele coa este
nome.

Em Dez de: M a i o , ocorre o mesmo fenômeno pois seus

habitantes; se identificam como falantes deste dialeto,

alertando que é uma maneira "errada" cie falar o alemão,

provavelmente tendo como p a r â m e t r o o alemão padrão»

E„S„ argumentou que a g r a v a ç ã o cia sua fala neste dialeto

s e i" i a u m a ma n e i r a d e s e i d en t i f icar c o m o m o r a dor- d e Dez de

Maio., Questionado como se comunicava ao realizar seus

negócios na cidade, afirmou que s a b i a o suficiente da língua

s<
FUERST-BAERNERT, Ute. Flashes metodológicos: a sociol ingiiíst ica qual itat i va/quant itatuva. In
TARALLO, Fernando (org.). Fotografia soc i oi ingiiíst i cas. Campinas! Pontes, 1989 : 237.
95

portuguesa para isto e que as pessoas se esforçavam para

e n t e n d ê •••• 1 o no s banc os e comér cio» 0 me smo c omen t ár i o f o i f e it o

por N.F.Í50 a n o s ) »com a s mesmas c a r a c t e r i s t i c a s do seu amigo»

que assegurou estar muito satisfeito com o seu m e i o de v i d a e

nao p r ê t end i a mod i f i c á - 1 o »

á i n t er e ssa n t e ob ser var q ue as p e s soas q ue mant i ver am

contato mais d i r e t o com r e d e s externas» consideram a rede local

como r e f e r e n c i a l do mesmo modo que a s que nunca s e ausentaram

da mesma ou c on t a t a r am e sp or ad i c ame n t e c om u m a r e d e n ão 1 oc a 1 »

Estes dados sugerem que a s p e s s o a s que n a s c e r a m e vivem em Dez

d e Maio» i n dependen t e d e se o » i d ad e » e s c o l a r idade» s e n t e m -s e

P r e s os a o gr up o p or r azõ es de am iz ad e » p ar en t e sc o e v a1 o r e s

et n i cos »

D e v e •••• s e 1 emb r ar que até .1.9 7 5 a e sco 1 a loca 1 o f e r- et: i a

aulas até a 4m série do primeiro grau e não h a v i a transporte

escolar ficando o acesso a Toledo restrito a um ô n i b u s de linha

regular que percorria » com dificuldade» os 22 !<m não

asfaltados» Alguns agricultores» com f a m í l i a s numerosas e pouca

t e r r a, c omo d a f am i l i a Z » » con s i d e r a v a m q u e p r o p o r e i on a r e s t u d o

aos f i l h o s era uma maneira de permitir um bom emprego na

cidade» pois a terra não e r a suficiente para o sustento de

t o d o s » Co m o e st a at i t u d e n ão i n c 1 u í s s e o e s t: u d o e m s e m i n ã r i o s »

alguns adolescentes moravam p a r a estudar» em T o l e d o » na c a s a de

am i go s e parente s » Ao te r m in ar os est udos p er man ec i am na

c i dade »
%

Vários foram bem sucedidos, tanto que nos concursos

realizados para o Banco cio E s t a d o do P a r a n á na r e g i ã o entre os

ano s de 1968 e 1 972 sa ï i en t ar am- se na c 1 as s i f icaçao „

Nesta época, ainda, sair da rede , para estudar ou

t r aba 1 h ar e ra p r i v i ï é g i o cl o s home n s „ E s t a c: o 'i o c a ç ã o p a r e c: e

s u g e i- i r q u e. d i v e r so s r ap a z e s s e a f a s t ar am d a r e d e op t an d o p o r

uma outra rede transformada em rede de referência,, No

entanto, o i n t e r e ssa n t e de s t e asp e c t o é q ue e mbor a e st e s

rapa z e s t r a b a 1 h e m e r e ï:. i d a m e m T o 'i e d o o u o u t r a c i d a d e p r ó x i m a ,

a maioria casou com moças da rede de origem e mantêm um

e st r e it o v ín cu1 o com parent e s e am igos cl a '1 o c a 1 i d a d e » Tan t o

que, alguns ainda integram o time de f u t e b o l , passam o s finais

de semana, feriados e férias entre o grupo» Deduz~se que mesmo

morando fora da r e d e local, o elo que os liga ao g r u p o é muito

forte, inclusive adotando a língua alema como meio cie

c o m 1.1 n i c. a ç ã o q u a n do i n t e g r a n t e s do g r u p o ,.

A»K„, jogador prof issional, é um e x e m p l o de que a rede

e x e rc e um f ort e poder so b r e s e us i nte g ra n t e s me s m o q u a nd o

a use nt es p or motivos pr of iss ionais» E1 e p e r t e n c: i a ao ti me de

futebol de Dez de Maio e desenvolveu suas habilidades

e s p o i" t i v a s a p o n t o d e s e r c o n t r at ad o p e 1 o I n t e r n ac i on a 1 F u t e b o 1

C1ube de P o r t o A l e g r e , RS» Depois i n t eg r ou a eq u i P e 0 1 Í mp i c a d e

Futebol de 1988, que conquistou a medalha de prata para a

Brasil» P o s t e r i or ment e , .jogou pelo Clube Cruzeiro de Minas

Gerais e atualmente atua num t i m e argentino» É casado com uma

m o ç a da r ede local e m a n t: é m contato f r e qüen t e com p ar en t es e

am igos at r avés d e c o r r e s p o n d ê n c: i a e v is itas» ú c on s i d e r ad o u m

sa Depoimento de I.T.ft., filha de pioneiros e professora da escola local.


97

herói local e alguns adolescentes o vêem como r e f e r e n e i a l para

suas ambições esportivas.

De a c o r d o com d e p o i m e n t o s de m o r a d o r e s antigos, somente

um r a p a z , bancário em Brasília, se ausentou da vila e nao

contata com freqüência , embora sua família resida o?m Dez de

Maio. Os demais jovens» que nao retornaram» seguiram a vida

religiosa e desempenham suas funções em diferentes partes do

P -a í s M e s m o assim, visitam os parentes, só não de modo

s i s t emát i c o .

As moças não usufruíram da mesma liberdade para se

a u s e nt a r p ar a e s t u d o s c o n c e d i d a a o s r a p a z e s » E1 a s s e 1 im it avam

a estudar em c o n v e n t o s objetivando a vida religiosa. As que

o p t ar am p e 1 a m e s m a » de s v i ri c u 1 a r a m - s e da r ede se 1 im it an d o a

v i s i t a s esp or á d i c a s 1 e v a d a s p e 1 a e x i g ë n c i a d a o r d e m r- e 1 i g i o s a ,.

M. E „ » p or e x em p1 o » n ão c o m p1e t o u os e s t u d os r e1 i g i o s o s »

m a n t é m-s e e m T o 1 e d o t r a b a1 ha n d o ma s c o n t i n u a v i n c u1 a d a à r ed e

de origem.

S o m e n t e q u a n do o t r a n s p o r t e e s c o l a r foi e s t e n d i d o par' a a

parte da tarde (1987), a s moças se deslocaram» parc i aï mente»

para freqüentar o segundo grau em Toledo. Cursaram,

P r e f e r e n c i a i mente o m a g i s t ér i o » o que 1 hes perm it ia mor ar na

rede de origem e lecionar na e s c o l a local ao se formar.

Somente em 1992» duas professoras recém-formadas»

c: o n s e g u i r a m s e de s 1 ig ar c! a sup er v i são c! a rede de or igem »

através do C o n s u l a d o Alemão que concedeu bolsas de e s t u d o s para

o curso de L e t r a s Português-Alemão na Un i s i nos» São Leopoldo,

RS. Aparentemente» foi uma o p o r t u n i d a d e para contatar com outra

i" e d e e conviv er com out r os va l o r e s . En t r et an to» é i mp or t ante


salientar que se e l a s se desligaram de uma rede na qual

P r ed om i n a v a m a 1 Í n g u a e val or es a I e mã e s , i n g r e s s ar am n u ma ou t r- a

corn c a r a c t e r Í s t i c a s seme 1 h an t es „ Um pr em io de do is an os na

Aie manh a 1 h es se r á of er t ad o s e c on c 1 u í r em o c: u r s o n o p e r í o d o

e st ip u 1 ad o e agor a p ar t i c i p am de a t i v i d a d e s c u 11 u r a is; a l e m ä s

c: a n t a n d o e m c o r a i s o u r epr e s e n t a n d o e m g r u p o s t e a t r a i s„ A s sim,

0s v íncu1 os en t r e 1 ín g ua e v a1 or es a 1 e mãe s p ar e c em se

1 nt ens if icar n es t a n ov a r e d e d e i n t e g r a ç: a o „

é. p r o v á v e l que o s j o v e n s ; que s e ausentaram para estudar

e permaneceram numa outra rede, apresentem um grau de

i n t er f er ën c isa men or do q u e a q u e l e s q u e f i c a r a m r e t. i d o s n a r e d e

i nsu 1 ad a « Has, c o mo o o b j e t i v o cl e s; t e t r ab a 1 h o é ve r i f i c a r a

man ut enç ao e nao o dec r é s e i m o d a i n t e r f e r ë n c: i a e n t r e a s d u a s;

línguas ou a substituição de uma l í n g u a pela outra, não houve

P r e o c u p ação em aver iguar o ci e s e m p e n ho 1 i n g ¡.i i s t i c: o dest e s

falantes.

3 . 3 DENSIDADE DA REDE

A r ede de c o nt u n i c: a ç ã o de Dez de Hai o p od e s; e r

considerada uma r e cl e com acen t uad o gr au de den s id ad e 0

P r i n c i p a 1 f a t o r q u e d e t e r m i n a e s t a c a r a c t e r í s t i c: a é a i n t er ação

contínua e constante dos component es; do grupo. Este fato

r e s u 11 a n u m a r e d e de n s a m e n t e e n t r e 1 a g: a d a p o i s a s mesmas pe s s; o a s

man t ëm r e 1 ações n o s; d i f e r ent e s; s; e g m e n t o s s o c i a i s; c o m o F a m i l i a ,

Escola, Associações e Igreja.

E , n est a i n t e r a Ç ã o p r e d o m i n a o u s o cl a 1 í n g u a a 1 e m ã , que

é a primeira língua falada na família,. A Escola, como uma

c o n t i n u i d a d e d a r e cl e f a m i 1 i a r , con f or me j á f o i d i s c u t i d o, sen t e

d if i c u 1 d ad es em d esmot i var o uso d e st e i d i oma p ar a c omun i c a ç ão „


8?

Alé m destes do i s s egmen t os i n t i m a m e n t e 1 ¡ g a d o s y d e s t a c a ••••

s e também o Clube Socedema» que é o l o c a l onde s e desenvolvem

as a t i v i d a d e s recreativas e é um centro de interação que

c on g r eg a os mesmos e 1 e m e n t: o s q ue at uam nos an t er ior me n t e

citados,,

Ent r e as mu i t as atividade s d e s e n v o1v i d a s n e s t e C1u b e »

s a l i en t a - s e a F e s t a do Frango,, Nos p r e p a r a t i v o s para a Sétima

F' e s t a , ob s e r v ando - s e o c omp or t a me n t o dos or gan i z ad or es do

evento» constatou- se u. m a f o r t e in t egr açao en t r e o gr upo „ 0

esforço coletivo lembrava o sistema de m u t i r ã o u s a d o no início

da c o l o n i z a ç ã o » com h ome n s mont an d o b ar r ac as » m u1 h e r e s

amassando ou assando cucas53 e pães e crianças carregando

1 en h a e c a d e i r as „

Todo este entusiasmo» era entremeado de conversas

a1 egr es » em a 1 e m ã o » 'a t i n g i n d o todo s os seMOS e id ade s „ Com a

aproximação de um e v e n t u a l estranho, alguns mudavam a f a l a para

o português acompanhado de mais formalidade e menos

e s p o nt a ne i da d e „ Ao s e c e r t i f i car d e q ue a p e s s o a de s c o n h e c id a

" er a um dele s" , o u s e .j a » falava a1 emão , a con ver sa r et omava

seu aspecto informal e descontra ido» em alemão,,

Uma e x p e r i ê n c i a semelhante se verificou ao a s s i s t i r ao

Quar t o Fe s t i va 1 d e H ú s i c: a Sa c r a » r ea 1 iza d o t amb ém no C1 u b e

Soc ed ema e p r omov i d o p e1 o G r up o de Jove n s Cat o l i e o s da

P ar ó quia, ao q u a '1 c o m p a r e c e r a m p e s soas d e t od a s as idad es e

amb os os sexos „ P or ocas ião d a ap r esen t ação d a s c. a n ç o e s , a

língua mais usada era a língua portuguesa porque havia grupos

d e outras 1 oc a 1 id ad e s p r e s e n t e s e p or q ue as 1 e t r a s d a s m ¡i s i c a is

33
Pio doce recheado ou coberto de frutas e farofa doce.
m

e r a m e ni port u g u ë s „ Ma s, no inte r v aI o d o Fe st iv a 1 , cam in h an d o

e nt r e as in e s a s o u n o p á t i o d o c l u b e , a 1ín gua a1 ema er a a ma i s

ouvida entre os grupos locais,.

0 Clube, contendo um s a l ã o de f e s t a s , quadra de esportes

coberta, também é u t i l i z a d o para o ensaio de d a n ç a s típicas, ou.

realização de F e s t i v a i s , como o Fesdema (Festival da Canção de

Dez de M a i o ) , promovido pela Escola local» Aí também s e realiza

o encontro de idosos, a reunião da A s s o c i a ç ã o de M o r a d o r e s ou

de C o o p é r â t ¡ v i s t a s „ é nest e I oca1 que a ma i or ia d os mor ad or e s

se encontra para discutir assuntos de interesse, praticar

esportes, dançar ou c o n v e r s a r com o s amigos»

0 futebol é sem dúvida o esporte mais popular entre os

habitantes» Dificilmente alguém não s e envolve de alguma formas

o s mais j o v e n s j o g a m, os mais v e 1 li o s o r i e n t a m, a s m u l h e r e s e

crianças torcem pelo time local, que disputa torneios com

c 1 ub e s v i z i nh os, c o n s a g r a n cl o - s e c a m p e ã o d o T o r n e i o d e 19 9 2 „

0 bolão também é praticado bastante, p r i ne i p á l m e n t e

pelos homens ficando o "bolãozinho"M mais restrito às

mulheres» Os idosos realizam no Clube o seu encontro na

P r i me ir a q u a r t a ••- f e i r a do mes, p ossu indo u ma a s s o c: i a ç ã o

oficialmente instituída há t r ê s anos» Pessoas com mais de

sessenta anos se reúnem para conversar, jogar cartas, tomar

chá, ouvir música ou assistir a programações organizadas por

voluntárias, compostas de s e n h o r a s mais j o v e n s » M„8», senhora

de meia idade, muito ativa, sente muito prazer em d i v e r t i r e

alegrar os idosos fazendo graça e contando piadas em a l e m ã o »

Est a é a '1 í n g u a p r edom in an t e n est as r e u n ¡oes p or que os

s
* Bolão em aiin ¡atura montado sobre uma mesa.
i9i

e n v o 1 v i d os n a o f a 1 a ni a l i n g u. a p o r t: u g u. e s a e ni u i t o s nem a

e n t e n d e m ,. S e a1 guma p essoa de rede ext e r n a » q ue n ao f a la o

a 1 e m ao comp si r e c e à r e u n ¡ ao >• terá que se c omun i car at r avé s d e

i nté r p r e t e p or q u e o g r up o nao se p r e o c up a em t en t ar se

comunicar ri um a l í n g u a que nao é a dele,.

0 gr up o de Danças Fo l e l o r i c a s » comp o s t o p or j oven s

c asa is ou r ap azes e moças» u sa a s d e p e n d ê n c i a s do C1u be p a r a o

e nsa io d e s e u s n ú ni e r o s » a p r e s e n t a n d o - s e e ni f e s t a s d o d i s t r i t o

ou f o r a dele e as c o n v e r s a s entre eles s a o em l í n g u a alema,,

As d iscuss o es r e 1 a t i v a s à s r e i v i ri d i c a ç o e s d a 1 o c a 1 i c! a d e

em r e1 a ç a o aos seus d ir e it os e n ecess id ade s, at r avés da

Associaçào de Moradores, com diretoria constituída» também se

realizam no clube. Os agricultores sao associados a

C o o p e r- at i v a s que r ea1 iz am r eun i o e s P er i ód icas » of er ecen d o

orientações para os a s s o c i a d o s e cursos de c u l i n á r i a e bordados

P ara a s m u1 h e r e s i n t er e s s a d a s„

Nestes dois tipos de a t i v i d a d e s » parece haver maior

contato c om ma ior n úmer o de p e s s o a s n ä o p e r t: e n c e ri t e s à r ede

p or q ue as d i s c u s s õ e s ou o r i e n t a ç õ e s e n v o 1 v e m p a r t i c: i p a n t e s d e

outro meio. é natural» que n e s t a s ocasiões» a língua portuguesa

P r ed om i n e c o ni o me i o de c o m un i c: a ç a o » e mb or a as p es soa s

d e s t ac ad a s p e 1 os d r g ão s p ar a as p a 1 e s t r a s o u d i s c us s õe s d om i n em

0 a 1 e mão » po is do c o n t r á r i o » pod e r i a Ii a v e r r e j e iç ao p or p ar t e

dos associados.

M a s » nas dema i s at iv id ad es de 1 azer d e s e n v o 1 v i cl a s no

C1 u b e » p r e d o m i n a a 1 íngua a 1 ema como me i o d e i n t e g r a ç a o ,. 0 s

informantes» de ambos o s s e x o s » f o r a m unânimes em a f i r m a r que a

1 íngua p r e f e r i d a para estas ocasiões era o alemão» havendo » no


102

e n i: a n t o , da p a r t er de a ï g u n s >• r e s p e i t: o pe 1 o v is it ant e nao

f a1 ant e do a ï emão, pr e dom i n an d o ent ao o p or t ug uë s „ 0s

ad o 1 e sc e n t e s c on f e s sar am q ue f a ï am " m i s t ur ad o" n o s m o in e n t o s d e

lazer, mas que no momento de maior euforia, entusiasmo ou

i" a i v a , a 1 ín g u a a 1 e m ã b r ot a e s p on t an e ame n t e , i n d e p e n cl e n t e ci a s

pess oas p r e sentes f a 1 a r e m o alemão o u n ã o ..

Embora o e s p a ç o mais ocupado para a descontração de toda

c o m u n i d a cl e se j a o C1 u b e , d es e n v o 1 v e m- s e t ambé m out r a s

at i v i d a d e s d e 1 az er e m out r os 1 oc a i s

C omo e xe mp1 o, c i t a •••• s e a i n i c: i a t i v a cl e u m p e q u e n o g r u p o

de jovens católicos d e uma L i n h a do d i s t r i t o , que promoveu uma

f e s t a j u ï i n 'a35 ri u m 1 o c: a 1 e r m o , d e b a ixo d e b ar r ac as i mp r o v i d a d a s

com loria e troncos de bambu.. A música predominante era a.

caipira, a comida e bebida eram típicas e as danças e casamento

c a i p i r a f a z i a m p a r t. e d a f e s t a .,

Mas, c o nt r a s t a n d o com o a m b i en t e c a i p i r a , havia o j og o

do " b o i ã o z i n h o " , que é um e s p o r t e praticado por alemães.. As

p e s s o a s s e e n t r e t i n h a m j o g a ri cl o e n q u a n t o t a g a r e I a v a m e m a I e m ã o ,.

Uma s e n h o r a alemã idosa referiu-se a duas meninas de

origem italiana, netas de um pioneiro respeitado pela

comunidade alemã por incentivar e promover times de futebol,

c omo " a s g r i n g u i n h a s " 56 ., 0 t er mo us ad o c om apa r e n t e c a r i n h o

Pare ci a s u g e r i r que, a p e sa r da vive nc ia dest a fam í l i a de

i t a1 ian o s n o me io a 1 e mão, e 1 a n ão er a c o n s i d e r a c! a cl a r ede

88
Festa realizada no aês de julho para evitar coincidência de data ¡¡a pequen a cosuni dade, aas
coa características de festa junina.

86
fis redes tea elementos centrais, secundários e periféricos. Estas "arinsuinhac" sSo
possivelmente periféricas.
Í03

p o r q u e n ao c u ï t ivava c e r t: a s c a r a c t e r í si: i c a s , c o ni o f a1 ar a

I íngua alemã.

Fat • s im i 1 ar se hav ia v e r i f ¡ c: a do a o e on ver sar com o

i n f o rm a n t e E.S„(50 an o s ) , que aose r ef er ir ao me s m o i t a 1 i a no

clisses "ele é italiano, sas é gente boa."

0s e x emp 1 o s a c i m a r e f o r ç a ni o p ar âme t r o que é usad o

para determinar quem é da r e d e de integração local e qual o

p a p e 1 q u e ci e s e m p e n h a no c o n t e x t: o

Est a visão ge r al d a s c a r a c t e r í s t i c: a s d a r e d e per m it e um

entendimento da integração do g r u p o que s e p r o c e s s a em t o d o s os

segmentos sociais , abrangendo s e u s membros, independente cie

sexo ou idade. Este emaranhado de relações se efetua

c: o n s t a n t e m e n t e en t r e 1 a ç a n d o s e u s m o r a cl o r e s , o q ue r e s u 11 a n a

f o r m ação de u m a r e d e c: o m a 11 o g r a u d e d e n s i d'a d e ..

No e n t a n t o , deve-se atentar para o fato de que os

moradores não se r e l a c i o n a m de modo u n i f o r m e ; corn e s t a s redes,

visto que a l g u n s não f r e q ü e n t a m o clube e não p a r t i c i p a m destes

grupos ou associações. É interessante observar, que são

j ust amen t e os n ão f r e q ü enta d or e s que p os suem menor

i n t e r f e r i n c i a a1e m ã n a f a1 a d o p o r t u g u ê s „ 0 q u e se d eduz é que

estas redes servem de mecanismo p a r a conservar e incentivar a

i nt e r f e r ê n e i a , .já que a língua alemã ê a predominante nestas

ocas i ões.

C o n f o r m e 13 0 R T 0 N Ï ( i 985 > , na c om u n i d ad e a n al i s a d a em

Br a z1â n d i a , a A s s o c i a ç ão Vi c e n t in a e o C1u b e d e Da nç a s s e r v e m

de i n s 11" u m e n t o pa r a a d i f u s ã o d i a 1 e t a l d os m igr an t es r ur ais em

direção a uma nova variedade lingüística. Em Dez de Ha i o ,

julga-se ocorrer o contrario pois estas associações e clubes


104

servem para a focalização e manutenção de c a r a c t e r ist icas

1 i n g ¡i i s t i c a s .1 i g a d as à r ed e in su 1 ad a P ode - se j ust i f i car e st a

atitude, v e nd o - a c omo u m a m a ne i r a de p r e s e r va r u ma I i n g ua

m i nor i t ár ia 1 igada a v a l or e s ét n icos, e m m e i o à f o r t e p re ss ã o

d e i" e d e s e x t e r n a s

Outro fator que c a r a c t e r i z a uma r e d e mais densa é o

aux il i o mdt u o p r at icad o na comun id ad e , n ão c om o me io de

sobrevivência, mas m o t i v a d o pe'la solidariedade ao grupo.

Tem-se e x e m p l o s , como a a t i t u d e da informante T.B„, que

cui da há t r ë s a n o s c! a f i 1 h a d e u ni a a m i g a e p r o f e s s o r a p a r a q u e

e st a p ossa t r ab a 1 h ar t r an q ü i 1 a e n ão d e i xar a cr i an ç a n as mão s

de " e s t r a n h o s " . Do mesmo modo, a irmã de uma o u t r a informante

C„S» , p er t en cen t e a uma f am il i a ab asta d a de a g r i c u 11 o r e s ,

deixa sua casa para fazer o trabalho doméstico para uma amiga

a d o e n t acla..

De uma maneira mais ampla, cita-se o exemplo da

informante N.E., viuva, que por sua d e t e r m i n a ç ã o em c r i a r três

filhos em s i tu a ç õ e s a d v e r s a s ; no início da c o l on i z a ç ã o , recebeu

0 respeito da comunidade. Por sua iniciativa N„ E, foi

1 n c umb id a da con s e r v a ç ã o d a p raça 1 ocaI m e d i a n t e r e m u n e r a ç ã o..

Seu f i l h o foi incentivado a aceitar um e m p r e g o público que visa

r e c a cl a s t r a m e n t o d o s a g r i c u 11: o r e s locais, t r a b a 1 h a n d o n a r eg ia o

de o r i g e m e cursando a Faculdade de Economia à noite em T o l e d o , ,

A família parece receber a tutela da comunidade.,

0 vínculo familiar também é reforçado por atitudes

solidárias, como no c a s o de A „ S „ , que tem o a u x í l i o da mãe p a r a

cuidar de seu f i l h o enquanto leciona na e s c o l a , ou a a t i t u d e de

I.A., que f a z questão de limpar semanalmente, a casa para a


105

mae emb or a t ¡ v e s s e c on d ¡ ç o e s f ¡ n a n c e i r a s p a r a man d ar execut ar

a tarefa e em sua c a s a tivesse uma e m p r e g a d a para realizar o

t r a b a ï h o d omé st i c o „ A a I e g a c ão é de ag r ad ar a mae e f az er o

t r ab a 1 h o ao ag r ad o d e l a .

Estas atitudes convergem para a firmacao de

MILROY(1982), qu e coloca a r e de s o c i a ï c om o u m me c a ni smo q ue

s cr v e p ar a a t r o c: a de b e n s e s e r v i ç. o s e c on f er e d ir e i t os e

ob r i g a ç o e s a seus me mbr os , o que r e s u 11. a n o e s t r e i t a m e n t o d a s,

r e1 a c o e s e a u m e n t a a d e n s i d a d e da r e d e »

É importante salientar o estreito parentesco existente

e n 11" e os mor ad ores do d ist r it o o que p r o v o c a u ma i n t e r a ç ã o

ass íd ua en t r e o s mor ad or e s » conver g indo p ar a o aume n t o da

den s i d a d e . Po r e xe mp 1 o » p ar a i d e n t i f i c: a r u ma pe ssoa na

localidade é necessário citar o pré-nome pois há diferentes

famílias com o mesmo sobrenome

C asamen t os en t r e p ar e n t e s d ist an t e s é b ast an t e c omum »

bem como casamentos entre pessoas amigas e conhecidas é uma

regra facilmente v e r i f i cave'1 .Com e s t e s atos p reserva -se a união

d o gr up o e se g ar an t e o ac úmu 1 o d e b e n s q ue n o 1 oc a 1 s i g n i f i c a

a con c en t r ação d e te r r as D i f i c i 1 me n t e a c on t e c e m c a sa me n t o s c om

pessoas não pertencentes à -rede. Neste caso, na maioria das

vezes, o morador da c o m u n i d a d e s e muda e não é e s t a que recebe

0 "estranho". Os t o r n e i o s esportivos e as promoções culturais e

r e i i g i oís a s p r o p i c i a m o encontro de j o v e n s entre lex: a l i d a d e s

v i z i n il a s , r e s u 11 a n cl o e s p orad i c a m e n t e e m c a s;, a m e n t o » A e s c: o 1 h a

1 ocal de u m c: o m p a n h e i r o » c: o m o aval da f a m i l i a e c o m u n i cl a cl e

r e t a r cl a a ab er t ur a d a r e cl e s oc i a 1 p o i s um gr up o d e n same n t e

coeso atua na p r e s e r v a ç ã o dos valores; comuns; à r e d e insulada.


í%

3,,4 REDE MULTIPLEX

0 u 11" o pont o c: o n s i d e r ado como r e sp on sáve ï p e 1 o er s t a d o

de insulamento do g r u p o s a o as d i f e r e n t e s f u n ç õ e s que uma mesma

p ess oa d ese mp en h a n a c omun id ad e o que a t r an sf or ma n uma r ed e

multiplex- Verificamos o caso de R . L . , que é s i m u i t a n e a m e n t e

professor, colega da esposa, dirigente da f a n f a r r a , músico,

técnico eletrônico e freqüentador do clube.,

Do mesmo modo, E „ P , é pai, faz parte da Assoc: i a ça o dos

Pais e Professores, da Associação dos Moradores, Religiosa,

Cooper at i v i st a , a 1 ém d e ser a g r i c u11 or e t r ab a 1 h ar a t er ra com

a f a m í'lia e s e r e u n i n d o c o m o s v i z i n h o s e a m i g os p a r a b e b e r o u

praticar esportes..

I.A.. acumula as f u n ç õ e s de p a i , professor, colega de

trabalho da esposa, líder comunitario, vereador eleito pela

c o m unidade e c o m p a n h e i r o d e 1 a z e r ci o s h o m e n s d a 1 o c: a 1 i d a cl e »

A..S. mantém como círculo de convivencia as colegas

pro f e s s o r a s , os p arentes, as v i z i n h a s q u e t a m b é m s ã o c o 1 e g a s c! e

lazer no clube ou em c a s a e n q u a n t o que R . C . se desdobra entre

a s f u n ç Õ e s s i m u 11 a. n e a s d e m ã e , p r of es sor a, a u x i 1 i a r de f a r nt á c i a

e secretaria de alguma entidade ..

Ent r e as f am i I ias d o SÍ a g r i c: u 11 o r e s ex i st e o

relacionamento familiar e profissional porque seus integrantes

s; ã o s i m u 11 a n e amenté p árente s, comp an h e i r os cl e t r a b a '1 h o e de

lazer, como as f a m í l i a s de E. S . , N . K « , A.B., A. R,, ,,

As p o u c a s pessoas nao p r o p r i e t á r i as interagem com seus

p a t r Õ e s no trab a 1 h o e t a m b é m c o m o v i z i n h o s e n o is m o nve n t o s d e

lazer pois fazem parte da rede por suas c a r a c t e r ist i cas


t«7

é t n i c a s - r e ï i g i o s a s » d e s c on s i d e r an d o - s e a d i f e r en ça ec on o m i c a

existente entre pat r a o e empregado»

Entre os mais idosos se verificou que o s c o m p a n h e i r o s de

1 aze r sao seus v i z in h os e p a r en t e s. 0s ma is j oven s est ao

ligados entre si pelo companheirismo da e s c o l a »dos vizinhos e

parentes a g r upando--se também nas horas de descontração » As

famílias de um modo geral convivem no t r a b a l h o e no lazer,,

Raras v e z e s uma p e s s o a desempenha uma só f u n ç ã o ou s e relaciona

c om g r u p o s d i f e r e n t e s n o m o m en t o do t r a b a l h o e 1 az er„

A f o r ça ad q u i r i d a c o m e s t a s c a r a c t e r í s t i c a s cl e r e d e » q ue

garantem o consenso» levam também o g r u p o a conquistar projeção

política» Um exemplo desta conquista se v e r i f i c o u nas últimas

eleições para a Câmara Municipal de T o l e d o » A sede cio município

e os d i s 11" i t o s a p r e s e ri t a r a m í 8 0 c a n d i d a t o s a v e r e a d o r s e n d o 1.7

eleitos » en t r e e 1 e s L » I » A » » c art d i d at o d e Dez de Ma i o „ Corn 758

votos e a quarta colocação» recebeu uma v o t a ç ã o expressiva em

relação ao m a i s v o t a d o que o b t e v e 959 votos»57

E s t e d ado d emon st r a que u m d i s t r i t o c o m m e n o s cl e 4 „000

h a b i t a ri t e s » p e 1 a f o r ç a cl a r ed e, r ee 1 egeu seu r e p r e s e n t a n t: e »

e n q i.i a n t o que a sede d o m u n i c: í p i o » c o m a p r o x ¡ m a d a m e n t e 9 0 „ <ò <ò{ò

h a b i t a ri t e s » mas c o m p o s t a d e cl i f e r e n t e s r e d e s » d e ixou d e e 1 ege r

um c o n s i d e r á v e l número de candidatos..

57
Tribunal Regional Eleitoral - TRE PR - Coordenação Geral de Informât k a . Ata de 93 (¡e out,
de Í992.
CAPÍTULO IV - ANALISE DOS DADOS

Nesí:e c a p í t u l Or r e a l i zar••••se -á a análise dos dados

obtidos através de observação direta e pela gravação de

c on ver sas in f or ma is c om os i n f or man t es r par a e 1 ic i t ar os

•F a t o r e s r e s p o n s á v e i s p e 1 a n» a n u t e n ç ã o d o b i 1 i n g ¡.i i s ni o p o r t u g u e s -

a 1 e m ã o n a c o m u n i d a d e e m e s t u d o ..

4.í APRESENTADO DO CORPUS •••• CORRELAÇÃO IDADE X GRAU DE

INTERFERENCIA,.

0 quadr a a segu ir ap r esen t ad o s i n t e t i z a o r e s u 11 a d o

da análise realizada observando a seqüência das células

duplas, quatro compostas por mulheres e quatro por homens»

s i m i lar e s em id ad e » mas d i v e r g e n t e s na e sc o l a r i d a de » re de

s oc i a1 e g r au d e i n t e r f e r ë n c i a ¡¡
109

: CD s. I. ESC. ES. R aCd G.I. /x/7r/ hJ"Irl ¡ir iii

! N. F. - 4" 2" MU. R. Est. At. Ex. A. F. ÍMA IHE In. /r/ Me. h! In. /s/

1.8. 46 x X y X x 39% 30% 39%


! i
N.E. 50 ¡Í X x X 100% 90% 100%

T.B. 38 x x X X 40% 40% 30%


! 2
A.R. 37 x X X x 100% 100% 100%

Ï.B. 23 A X X 100% 100% 90%


! 3 — — —

A.S. 24 x X X 40% 30% 30%

C.S. Í3 x J.J X X 90% 90% 80%


í 4
J.P. Í4 x X X X 20% 40% 10%

CD 3. I. ESC. ES. R.C. 6.1. /x/7r/ /x/7r/ arm

H. 4A ¡ 2A
N. - Mu.¡ R. ¡Est.! At.! Ex. A. F. IHA ! IHE In. Irl He. hi in./<:/
1

E.S. 50 X x x 100% 100% 100%


!
i l I« I—

V
1
!

N.K. 50 X X 80% 90% 80%

A.B. 40 X
* x 90% 90% 70%
I
I
I

E.P. 38 40% 30% 20%


I

X X
i II l co i I I roI

— —

J.L. i8 X X X x x m 90% ¿0%


I l I I
I lI I

I.K. 24 X X X X 100% 100% 80%

F.H. 14 X X X 90% 100% 80%


-t»

E.S. 14 X >í x X 20% 40% 20%


P a i" a c h e g a r a o s r e s u 11 a cl o s d o q u a (J r o » p r ime i r amen t e »

.ï e n t ou - s e e s t ab e 1 ec e r uma c: o r r e 1 a ç: a o e n t r e i d ad e e gr au d e

interferine¡a para testar este fator como responsável pela

man u t en c ao d a i n t e r f e r ê n c: ¡ a e n t r e a s cl u a s; 1 í n g u a s „ A n a 1 i s a r a m -

s e p or t ant o » t o tí a s a s cé 1 u 1 as dup1 as f em ¡n ¡n as e mas c u 1 in a s

r e1 at ¡ vas ao e mp r eg o cl a f r icat iva ve 1 ar /x/ e cl o f 1 ap

a 1 v e o p a l a t a1 /r/» inicial e me d i a 1 » e da t r oc a da

a 1 ve op a 1 at a 1 son or a / í / p e 1 a s u r cl a /s/ in ic ia1

P a r a c: o n f i r m a r o s f a t: o s j á d e t e c t a cl o s n a ob s er v a ç a o

d i r e ta» t r an scr ever am -se a s cl e z p r i m e: i r a s o c o r r e n c i a s c o m a s

c a r a c t e r í s t i c. a s a c i m a m e n c i o n a d a s » p r g v e n i e n t e s d a s g r a v a ç: o e s

realizadas com o s informantes,. Para identificar os respectivos

informantes» na análise» usaram-se as iniciais d o s nomes» o

s exo » a id a d e , a var i an t e an a1 isad a » sua p os i c ão na p a 1 avr a » a

porcentagem» o grau de interferência maior ou menor e o.tipo

de r e d e , utilizando as a b r e v i a t u r a s constantes na lista"",,

A apresentação deis d a d o s r e a l i z o u - s e transcrevendo» em

primeiro lugar a fala padrão e» em s e g u n d o lugar» a realização

da variante pelos falantes analisados e por último» a

!'• e p ï" e s e n t a ç ã o e s c r i t a,.

Após a transcrição dos dados de cada célula dupla

r e a 1 i z o u •••• s e u m a a ri á 1 i s e » q u e d emon s t r ou » p r i me i r am e n t e » q u e a

i cl a d e n ão é um f at or d et er m i n an t e p ar a j us t i f i c ar a

interferencia da î íngua alemã na f a l a do português.,

Passa-se agora» à apresentação e análise de c a d a uma

das c é l u l a s duplas»

80
Vide p . v .
i. CáLULA FEMININA i

i.í OCORRÊNCIA DE / r / INICIAL.

i. i. i INFORMANTE i 5

:i:,. B „ - ( F y 46 ) /x/ ~ / r / In - 30% ÏME

VARIANTE PADRaO VARIANTE REALIZADA REPRESENTADO ESCRITA

/ 'xosa/ / ':Osa/ roça

/ e i ¡ ' í ¡3 z a / / x e l i ' z i o z a/ re i i g¡osa

/ x e- a i i ' d a d z ¡ / /xeal i 'dadz i / rca'l i dade

/xa ' p a s e s / /ra ' p a z e s / rapazes

/ 'xestu/ / 'xestu/ rest o

/ 'xad^.yu/ /
,J
raazyu/ r ád i o

/y,el ¡¿i 'auy / r e í i z i 'ãuK r e ! i g i ao

/ 'xamu/ / 'xamu/ ramo

/ x e 'mEdzyu/ / x e 'mEdzyu/ remédio

/ 'xoda/ / 'xoda/ r oda

í.í.2 INFORMANTE 2 s

N.E. ~ (F,, 50) /x/ /r/ In ^ 1&0Z IMA

V. P- V.R. - R. E.

/xeun i 'au/ /reun i 'a'uy r e u n i ao

/ 'x 3da/ / 'roda/ roda

/ 'xDsa/ / 'x Dsa/ r o ç: a


u
/ 'xadííyu/ / 'radzyu/ r ád i o

/ 'xap i du/ / ' r a p i du/ r áp ido

/ x o 'do/ / f I '*' / Rondon


/ra dau/ r io
/ 'x i w/
/ 'r i w/ r- u a
/ 'xua/
/ 'rua/ rea ï
/ x e 'aw/
/re 'aï/
í 12

í. CÉLULA FEMININA 1

£ . 2 OCORRÊNCIA DE / r / MEDIAI...

1 „2 „í INFORMANTE 1 ::

I.B. - ( F,, , 4 6 ) - /:•:/ ™/r7 ME 30% I ME A

v = p. V.R R- E.

/ 'tExa/ / 'tExa/ t e r i" a


,J • / ch¡marrao
/á ¡ ma 'xaw/ /sima raw/

/va ' x i a/ /va 'x i a/ vai"r i a

/ a x e ' b e t ar/ /axe ' b é t a r / arrebentar

/ 'sexo/ / 'sero/ Cer r o

/ k o x e s p o ' de s y a / / k o x e is p o ' d e s y a / C or r e sp on d e n c ¡ VA

/axe ' d o r e s / /axe ' d o r e s / arredores

/ 'kaxu/ / 'kaxu/ c ar r o

/ t e 'xenu/ /t e ' x e n u / t erreno

/!< a ' ; o s a / /l< a 'Y o s a / carroca

1 „2.. 2 INFORMANTE

N„E. - ( F „ >. 5 0 ) - / x / ~ / r / ME = 90% ÏMA

V. P. V „ R .. R E,.
. . ™ i nt erromp i a
/ f t e r o 'p i a/
f J f t t t
/itexo pi a/

/ k o x i ' z \ <x/ /kor i ' f i a/ c or r ig i a

/axu 'mava/ /aru ''mava/ arrumava

/ s e ';•;;> t á i / / s e r:> t s i /
t • / i • f
serrot e

/Ú'.i 'xask u/ /su ' r ask u/ churrasco

/mak a 'xaw/ /mak a 'xaw/ macarrao

/ 'tExa/ / 'tEra/ t erra

/kaxe 'gava/ /k a r e ' g a v a / carregava


y 'J • / / /sima raw/ ch i marräo
/s i ma xaw/

/ t E ' x i ría/ / t E 'r i îia/ t err inha


1. CÉLULA FEMININA i

i.3 OCORRÊNCIA DE / s / INICIAL

1.3.Í INFORMANTE ís
J ~ i/
ï„B„ - <F„r 46) - /z/ /s/ In 30% ÏME - A

V. P. V. R. - R. E=

/ zetsi/ / '<~et s i / •••• g e n t e

/ 'za/ / '¿a/ - já

/ '¿utu/ / '¿fut u/ .junto

/ z o r 'naw/ /sor ' n a l / - jornal


, i/ . .
/ zeitu/ / z e 1 1 u/ .j e i t o

/ z o r 'nada/ /zor 'nada/ - jornada

/ze1 a ' d e y r a / /<;fe 1 a ' d e r a / •••• g e 1 a d e i r a

/ 'zogu/ , / t/ -
/ zogu/ -• j o g o

/ '^VP/ / zJve/ - .jovem

/¿fa 'mays/ /:îia 'mays/ •••• j a m a i s

i.3.2 INFORMANTE

N.E. - (F,, 50) /z/ ~ In .1.00% IMA - F

V. P. V. R. • R- E.

/ z e o gr a ' f i a / / S e a g r a ' f i a/ ••• g e o g r a f i a

/ '&et ¡ / / '<*et s i / •••• g e n t e

/ w g a ' m et u / /suwga met u/ - julgamente

./ z Ü t u / / 'sutu/ - .junto

/ ¿e r a w / /^e ' r a l / •••• g e r a l


, / t/ ••*•* , , /1/ _ /
/ zagaw/ / s^gaw/ -• j o g a m

/ '¿a/ / '*ia/ - já

ey t u/ /W s e y it u / - jeito

/'¿ÎV?/ / sove/ - jovem

/zuve
y.
tudzi/
, </
/suve
~ /. . i/. ,
t i.ici z i / - .juventude
ÍÍ4

Observando-se o grau de interferene ia relativo ao uso

do / r / inicial e med i a'1 no l u g a r do />',/ d a s duas informantes

entre 45 e 50 anos, notou-se que N„E„ apresenta um g r a u bem

maior de i nt e r f e r ene i a í 00% no uso inicial e 9<ò% no uso mediai

do / r / em v e z de /;•:/, do que I „ B ., , que m o s t r a urn g r a u menor,

ou s e j a » 30% de i nt er f e r ene i VA no uso do / r / inicial e 30% do

emprego do /r/ na p o s i c a o medial,, Quanto ao e m p r e g o do / s / »

em v e z de /z/» em posição inicial» também s e notou grau

d i f e r' e n t e d e int er f er ênc ia" N »E - mos t r a í 0O% de t r oc a ao


J J
empregar o /&/ no lugar do / z / » enquanto .!.B „ a p r e s e n t a 30%

n a m e s m a s i t u a t;: a o „

Nesta célula» a idade não se mostrou eficaz em

j u s t. i f i c a r o g r a u ci e in t er f er ën cia» p o is amb as as inf or man t e s

a p r e s en t am u m a d i f e r. e n ç a s a 1 i e n t e na f a1 a con s id er ando as

variantes em estudo, apesar de pertencerem à mesma faixa

etária,,

A segui r » apó s a t r an scr ição d os d ad os » f a r •••• s e - á a

a n á 1 i s e d a p r ó x i m a c é 1 u 1 a f e m i n i n a c omp os t a p o r i n t e g r a n t e s ci e

33 e 37 anos»
C- n CÉLULA FEMININA

2.1 OCORRÊNCIA DE / r / INICIAL

2.Í.Í INFORMANTE 1 s

T.B. - <F 38) /;•;/ "" / r / In 40% IME - A

V. P. V.R. - R. E.

/ 'x ¿ s a / / 'r i s a / - roc:a

/ 'x i w/ / 'x i w/ •••• r i o

/xe$ ¡ 'aw/ /x(•:•:• z i 'aw/ r e g i ao

/xE 'mEdzyu/ / r e '' m 1:1 d ¿ y u / - remédie}

/xa ' p a s / /xa ' p a s / • rapaz

/ 'xoupa/ / 'xopa/ •••• r o u p a

/xo 'dow/ /ro 'do/ •••• r o d o u

/'xEstu/ / ' r E s t u/ • resto

/xeun i 'ãw/ /xeun i 'aw/ - reunião

/ 'xua/ ™ / 'xua/ •••• l'u a

2.1.2 INFORMANTE 2s

A.R. - (F„„ 37) - /x/ ~ / r / In = 100% IMA •••• F

V. P. V. R. •••• R. E

/ 'xDsa/ / 'rosa/ •••• r o ç a

/ 'xowpa/ / 'ropa/ - roupa

/ 'x i w/ / ' r i w/ •••• 1" i o

/ 'xEstu/ / ' r E s t u/ •••• r e s t o

/ 'xua/ / 'ru'a/ - rua

/xo ' 1 a v a / / r o "1 a v a / - r olava

/ 'xadzyu/ / 'rad^yu/ •••• r á d i o

/ 'x i k u/ / ' r iku/ - r ico

/xo ' d o / / ro d au/ •••• Ron d on

/ 'xDda/ / 'ro da/ •••• rocia


ÍÍ6

CÉLULA FEMININA

.2 OCORRÊNCIA DO / r / MEDIAL

2.2.í INFORMANTE í

T.B. - ( F.. , 3 8 ) - /x/ ~ / r / ME 40% IME A

V . R . V. R. R. E»

/'tExa/ / 't Era/ - terra

/ ' s (•:•:• r a / - Cerro


/ / Y

/'kaxu/ / 'k axu/ •••• c a r r o

/ka'xjsa/ /ka ' : O s a / c a r r o ç: a

/•ia taxa/ fanfarra


/ f\ f f / f\ f
/fa 'fara/

/^ima'xaw/ /s i ma ' r a w / chi marrao

/ka'áoxu/ /k a ' íf> o x u / cachorro

/e ' x a d u / /e ' x a d u / errado


yi
/k a 'x ¡ ñu/ c arr inho
/ ' r ™
/ka xi nu/
j \J . / ff • / »M
/ S ¡ MA ' X O Z I TÍO/ ch i m a r r a o z i nho
/ s i ma x a w z i ï i o /
2s
2.2.2 INFORMANTE
/x/ ~ / r / ME ; 3.00% IMA •F
A .. R „ - ( F » y 37) -
V. R. R. E.
V. P. »M
/ ' s e x u/ / 'sero/ -• C e r r o

/k i ma xaw/
/ f* t
/s i ma ' r o w/ •••• chi mar r a o

/ ' t E x a/ / 'tEra/ - terra


«u
/ a x e ' darãw/ /are 'darãw/ - arrendaram

/axu ' mar/ /aru 'ma/ arrumar


«M
/a 'x i s c a r / /ar i s ' c a / •••• a r r i s c a r

/ka ' x O s a / /k a 'rD s a / -• c a r r o ç a


m
/ 'k ax u/ / 'k a r u / - carro
. A/ , r%«
/ka ' x 1 H
' U/ /k a ' r i îi u/ •••• c a r r i n h o
IU
/ s e x a 'saw/ /isera ' s o w / •••• c er r a ç ã o
2., CÉLULA FEMININA 2

2.3 OCORRÊNCIA / s / INICIAI

2 ., 3 . í INFORMANTE! ís
j
T.B. - (F., 38) /z/ /s/ In 3©% IME - A

V. P. V. R. R. E.

,/</". y) - -
/ zet s i / / z e t s i/ gente

/ z a/ / s a./ - já

/£ ¡ ' n a s y u / /?ï>i 'nasyu./ -• g ¡ n á s i o


/ * v<j •
/ z ut u/ / zutu/ -• .junto

/zo 'gava/ /zo 'gava/ •••• j o g a v a


/ 'À / zogu/ jogo
/ zogu/ /de ' a d a / •••• g e a d a

/ z j'va ed/a /
/íe z ave/ - jovem

/ ' z e y t u. / / 'zeytu/ -• j e i t o

' ï a 'd e y r a / "'' / ï a '(J e r a / •••• g e l a d e ir

t:.. u n

,/ i/
37) /z/ /s/ In 3.0O/: IMA
, V , IM , , T

A.R. - <F

V. P. V. R, R .E.

/ '¿ía/ / '<ia/ •j

/ 'zutu/ / 'i»ut u/ j unt o

//s!/
o /ga/
, u , ,
/zo gar/ j o g ar-
. , v". \/. ,
/ zetsi/ gent e

/fa 'nela/ /sa nela/ j ane1 a

/í\ ' r a r / 'ra/ g i rar


/
ogu/ / 'sogu/ jogo
. • /v/
/.zove/ / s>ve/ j ovem

/zu rar/ /su ra/ j ur ar

/ ' z e y t u/ / ' s e y t u/ j e it o
Ü8

Sintetizando, a análise realizada entre a fala de T „ ß „

( 38 ) e A„R „ ( 37 ) d e m o n s t r o u q u. e q u a n t o ao e mp r eg o do /r /

inicial, em vez de /;•;/, o grau de i nt e r f e r ê n c i a de ï „B é

menor ( 4<0% ) do que de A „ R „ < í0%"A ) „ 0 mesmo s e verificou ao se

comparar o uso do /r/ mediai, em v e z e /;•:/, quando T„ B„

apresentou novamente 40% de interferência em relação a A.R>.

q u e d e mo n s t r ou a e ist ënc ia de í 00X de i n t e r f e r ë n c i a ., A


y j

porcentagem de troca de /z/ por /s/ se restringiu a 30% no

caso de "f „ B „ , mas p e r m a n e c e u em i00% em r e l a ç ã o a A„R„, o que

j á ap on t a par a a i r r e 1 e v ã n c i a dó f a t o r i d a d e r e 1 a t. i v o ao g r a u

de i n t e r f e r ë n c i a ..

A s (••• g u i n t e cé 1 u1 a d up 1 a f e m i n i n a, c o m p o s;, t a p or A„S

<24) e ï „B „ ( 23 ) , t amb ém f o i a n a 1 i s a d a c o r r e 1 a c: i o n a n d o •••• s e o

f a t o i- idade com o g r a u d e int er f erënc ia .


il?

3. CÉLULA FEMININA 3

3«i OCORRÊNCIA DE / r / INICIAL

3.i.i INFORMANTE í

A . S. • - ( F . , ; :4) - /;•;/ ~ / r / In - 40% IME - A

V. P. V . R . - R. E -

/ '¡ocla/ /'\-D da/ --•• r o d a

/;;(?zey ' t a d u / /xezey 'tadu/ -• i" e .j e i t a d o


. J . f ft . •U , 'J . / ft ,
/xezi aw/ - região
/ x e z i aw/
/ 'xadzyu/ •••• r á d i o
.J
/xo ' d o / / radzyi.1/' Ron d on

/xes'posta/ /ro ' d i u / - resposta

/xeli&i'aw/ /(•:•:•
/ x e s1' ipzois 'aw/
ta/ •••• r e 1 i g i ã o

/ 'x ¡ w/ / 'x t w/ •••• r i o

/ 'xDsa/ / 'rjsa/ •••• r o ç a

/ x e l j z a / / x e l i ¿ i ';> z a / •••• r e í i g i osa

3.1.2. INFORMANTE 2

I.B. - (F., 23) - / x / "" / r / In 100% IMA •••• F

V . P,. V. R. :. E.

/ ¡osa/ / ' r osa/ -• r o ç a

/ 'xadzyu/ / 'rad^yu/ r ád io

/ 'xowpa/ / 'ropa/ -• r o u p a

-• Ron d on
, f e / . f t ,
/xo ' d o / /r o do /

/ 'xua/ / 'rua/ - r ua

/xu " í / /ru " î 7 •••• r u i m

/ 'xayva/ / 'ray va/ •••• r a i v a

/ 'x i u/ / ' r i u/ - r io

/ 'xama/ / 'rama/ ~ rama

/ 'xEstu/ / 'r Est u/ - resto


3. CÉLULA FEHININA 3

3.. 2 O C O R R Ê N C I A DE /r/ MEDIAI...

3 „ 2 „ .1. „ I N F ORMANTE i

A.S. - íF „ , 24) - /;•;/ ~ / r / ME 30% IME - A

V. P. V. R. - R. E.

/ "t È x a / / 'tExa/ - t e i'' i" a


A
/i / • '
/]< a ' x i n u s / / k a mi n u s - carrinhos

/ Ú i ma aw/ / s i ma V a w / •••• c h i m a r r a o

/ 'fafaxa/ / 'fafara/ -••• f a n f a r r a

. / </. -
/koxi 2 i a/ /k QXi zia/ - corrigia

y^ /
//s"a ' xet:4 5 •i // •••• e li a r r e t e
f í ^ '

/sa xetsi/
/1< a r?sa/ •••• c a r r o ç a
/k a ' í O s a /
/ 'kaxo/ •••• c a r r o
/ 'k a x u /
/ba 'xeras/ •••• b a r r e i r a s
/ba 'xeyras/
/ 'saxo/ •••• s a r r o
/ 'saxo/
3 . 2 . 2 INFORMANTE 2

I.B. - (F.y 23) •••• / x / "" / r / ME í.00% IMA

V. P. V. R. - R. E.

/ 'sexu/ / "sero/ •••• C e r r o

/e 'xada/ /e 'rada/ - errada

/ a 'xurnar/ /a 'ruma/ - arrumar


, V/ . / /V ,
/ s i ma ' x a w / / s i ma r o / - chimarrao

/ 't E x a / / 'tEra/ - t: e r r a

/k a ' x D s a / /k a ' r o s a / - carroça

/k a 'xet a / /ka 'reta/ ••• c a r r e t a

/maka ' x l w / /maka 'xãw/ - macarrão

/ 'k o x i z i i" / / 'k o r i í i / c o i" r i g i r

/a 'xos/ /a 'ros/ - arroz


3. CtcLULA FEMININA 3

3.3 OCORRÊNCIA DE /s/ INICIAI.

3.3.Í Informante í

A . S.. (F „ , 24) •••• / z / ™ /í/ In 30% IHE A

V. P. V- R. - R. E.

/ 'íetí\/ / sei: s i / •••• g e n t e

/ í:utu/ / 'sut u/ - j u n t: o
J
/ z u v e 't iidz i / t u ci l "z •i //
/,z u v e^ 'í •••• j u v e n t u d e

/ zoves/ / , / •z j v ^
es/ •••• j o v e n s

/ler a'saw/ /zera saw/ •••• g e r a ç ã o

/- - y íT1. /- /'z'a/ •• já

/ zeytu/ / "seyfcu/ -• j e i t o

/sara gua/ /^rara ' g u a / •••• J a r a g u á

/ z u 't ar / /zu 'tar/ •••• j u n t a r


, i/
/ z e i" a w m e t s i / . /zeral metsi/ - geraiment

3.3.2 INFORMANTE

I.B. - <F., 23) /£/ " /s/ In 90% IMA - F

V. P. V. R, - R.E.
. ,J l/ . . , , M o*. IJ • ,
/ set s i / •••• g e n t e
/ zetsi/
/so ga/ -• jogar
/zo gar/
/ 'zogu/ / 'sogu/ - jogo
, u ~>
/ z ut u / / sutu/ •••• j u n t o

/ z o r 'n a w/ /zor 'nal/ •••• j o r n a l

/ za/ / sa/ •• já

/se raw/ /se 'ral/ •••• g e r a i


i/
/zJve/ / st> v e / •••• j o v e m
J
/zey t u/ /seyt u/ •••• j e i t o

/zuwgar/ /su1ga/ julgar


Í22

T a m b é m e s t: {•:•:• 1 e v a n t: a m e n t o a pr e s e nt ou gr a us d i f e r e n t (•:•:• s d (•:•:•

i n t e r f e r i n c iay apesar da idade similar dos informantes» Miu -se

que AS., a p r e s e n t o u 4 <ò % d o e m p r e g o d e /r / y em vez de / / em

situação inicial ern c o m p a r a ç ã o a I,. B „ com 100% d e ocorrências

no mesmo caso., Já no uso do /r / e r n posição mediai,- A„S„

mostrou esta caracter íst ica em 30% d o s casos, enquanto que

I.B» manteve os 1.00% do emprego do /r/ na mesma posição.,


J J
Quanto à troca do /z/ por /s/ em posição inicial, das 10

palavras analisadas,. 03 apresentam a caracter íst ica na fala de

A„S„ (30%) enquanto que 09 entre as 10 palavras enfocadas

apr es ent am es t a t r oc a na f a Ia de I „B „ (90%).,

A f a 1 a de C „S „ (13 ) e J . P ,. ( 14) y cons t it u int es d e o u 11" a

célula r será agora analisada..


4. CÉLULA FEMININA A

4.i OCORRÊNCIA DE /r / INICIAL

4. i . i INFORMANTE í

O.S. - ( F. , i3) •••• /;•: / "" / r / In 90% IMA - F

V. P . - V . Ro "*" 1? s C l ta

/ x e d a 'saw/ / r e d a 'saw/ - redaçao

/'sosa/ / 'rosa/ •••• roç:a

/'xEstu/ / 'r Est u/ - resto

/'xoke/ / 'tO k e / •• Roque

/y /r a s^u //
, , J ,
/ xasu/ •••• r a n c h o

/ X I W/' / ' r i w/ - Rio (Grandor)


, v/'
/ 'xadiyu/ - rádio
/ xadzyu/
/xo 'do/ •••• Ron d on
/r o 'd o/
/xo ' d e y / - rodei
' /ro 'dey/
/ 'xap i du/ •••• r ví p i d o
/ ' r a p i du/
4 „ .1. „ 2 INFORMANTE

J„P „ •••• < F . , .1.4) ;/ "" / r / In = 20% I ME • A

V. P- K> „ R „ R., E.

/ 'x i w/ / 'x ¡ w/ • io

/ x e ' v i st a/ / x e ' v ¡ s t a/ r e v i st a

/xõ -'do/ / r o d o/ Ro ndon.

/ 'xád^yu/ / 'xadlyu/ i" á d i o

/ 'xua/ / 'xua/ r ua
/ / tJ t / 'xu r/ rui m
/ XU I /

/xazo 'avew/ /xazo 'avew/ razoável

/xea'l i ' z a r / /xea'l i ' z a r / r e a l i zar


. . , , ~. i/ . ,
// x a p i dIa r
metsi/
^ i ^ • ,
/rapioa metsi/ rap i dament e

/ ' x a r u/ / 'xaro/ r aro


124

4. CÉLÜLA FEMININA 4

4 . 2 .OCORRÊNCIA DE /r/ MEDIAL

4.2.1 INFORMANTE í

C S„ - (F. , 13) 90% IMA - F

y. p. V. R . - R . E.

/ 'sexu/ / 'sero/ - Cerro

/fã 'faxa/ /•Fa '-Para/ •• f an f a r r a

/ 'exu/ / 'eru/ - erro

/axu 'mar/ / a r u 'ma/ •• arrumar

/maka 'xaw/ /mak ar ãw./ • macarrão

/s ¡ ma 'xãw/ / s ¡ ma ' r a w / • chi m a r r ã o

/ka ' x 3 s a / /ka ' r o s a / - carroça

/ 'kaxu/ / 'kaxo/ •• c a r r o

/ko 'x i da/ /k o ' r i d a / - corrida

/ k a x e ' t s i ría/ /k a r e ' t s i ña/ - c a r reí: i nha

4.2.2 INFORMANTE 2

J.P. -- ( F . , 14) - /x/ ~ / r / ME = 40% IME •••• A

V. P . y. R . Ra E .

/ 'sexu/ / 'seru/ •• C e r r o

/ 'tExa/ / 'tEra/ •• t e r r a

/fã 'faxa/ /fã 'Para/ •• f a n f a r r a

/baxa 'k ãw/ /ba ' r a k ã w / - barracão

/ 'kaxu/ / 'kaxo/ •• c ar r- o

/ba 'xãk u/ /ba ' x ã k u / - barranco

/ s a ' x E t s i/ /sa ' x E t s i / •• c h a r r e t e

/k 'a 'x D sa/ /k a 'x ;>sa/ •• c a r r o ç a

/ d ¡ ma 'xãw/ / s t ma xaw/ - c h imar r ão

/e ' x a d a / /e ' x a d a / •• e r r a d a
4. CÉLULA FEMININA 4
J
4,.3 O OCORRÊNCIA DE /s/ INICIAL..

4 « 3 » í INFORMANTE 1
C. S - (F i3> /z/ /s/ .Ln :: 8@% IMA - F

V- P. V. R. •- R. E„
,-J / •
/zeogra 'f i a/ •••• geografia
/seogra lia/
/ 'zan i / - Jane
/ 'lani /
/ zutu/ / SUÍ.U/ •••• junto

/'zogu/ / l/ /
/y SQÇiU/ -• jogo

/;ra netsi / /za netsi/ •••• Janete?

/'zeytu/ / 'sey t u/ •••• j e i \: o

// / ^ A y
zustu/ / sustu/ •••• .justo

/'ia^i/ /'iiíêtMi/ •••• gente


, j / /se ra!/ geral
/ze r aw/ ./se '1 adu/ •••• gelado
/£e '1 adu/

4.3.2 INFORMANTE 2 í&% í M!::'. •••• A


/z/ ~ /s/ In
....1. P - < F.. x .1.4 ) - - R. E.
V. R.
V. P. •••• Jane
/ zane/
/ zani/ ,, . ,
•••• gente
/ zetsi/

/ 'zoga/ /' 'zoga/


" /
•••• joga

/ 'zut u/ / It u/ •••• junto

/iíeytu/ /zey í: u/ •••• j e i t o

/z e r awmet ^ i / /^erawmets i/ •••• geralmente

/zus 'fc i sa/ /zus "c i sa/ •••• j u s t i (,'.' a


, ,.i zo/
/ZU •••• juízo
//u ' iz o /

/^or 'naw/ /zoi" naw/ •••• jornal

/á/e 'ada/ / ze ada/ •-• geada


j 126

C o m p a r a n d o •••• s e o d esemp en h o db C „S„ com o de J„P „

r e '1 a t: ¡ v o a o emp r bgo das var ¡an t es apont adas » a d ¡ f e r bn ç a

a p r B s e n t: a d a é mar can t e v ist o que C » S„ VA p r e s e n t: a 9'<ò % no

primeiro caso, ou s e j a » o emprego do / r / inicial» em v e z do

/;•;/» 9 i) % no s e g u n d o » o uso do / r / em p o s i c a o m e d i a l e» 80% no

terceiro» enquanto que na fala de J „ P „ estes índices s a o bem

mais r e d u z i d o s » ou s e j a » 20% no primeiro» 40% no s e g u n d o e

a p e n a s i 0 % n o e m p r e g o d e t e r c e i r a v a r i a n t e. a n a 1 i s a d a „

0s d ad os das 04 cé 1 u 1 as a p r e s e n t a ci a con f ir mam a

hipótese de que a idade do informante nao é a r e s p o n s á v e l pela

man ut en ção d a int er f er ênc ia po is f oi a n a 1 i s a cl a a f a1 a de

pessoas do s e x o feminino» dos i3 até o s 50 a n o s e s e constatou

que a i nt e r f e r ênc i a é demonstrável em tocios os casos, Fica

t a m b cé m c: 1 a r o q ue o g r au d e st a i n t e r f e r ë n c: i a v a r i a d e n t r o cl e

c: a d a c é 1 u 1 a » Te n t ar d escob r i r a s c a u san; d e s t e f a t o » c ont i n u a

s end o o õb j et i vo d este t r a b a 1 h o ,.

Em e s t u d o s s im i lar e s » as m u1 h e r e s » in d ep en d e nt e de

i c! a d e » s e a p r e s e n t a m t r a cl i c i o n a 1 m e n t e c o m o c: o n s e r v a d o r a s da

i n t er f er ë n c i a » m'a s p a r a v e r ¡ f i c: a r se est a car act er i s t i c a »

neste caso especifico, também se estende aos homens»

procedeu--se do mesmo modo» c o r r e i ac i onando a idade de 14 a 50

a n o s » c: o m o g r a u d e i n t e r f e r ë n c: i a a i n cl a nt a n t i d o,,

Iniciou-se esta análise pelos informantes mais idosos»

E„S ( 50 ) , N „ !< „ (50) , cl e p o i s a b o r d o u - s e o d e sent p e n h o d e I „ !<.,

<24) e J.,I (18), porque estas duas c é l u l a s duplas parecem

estabelecer uma r e l a ç ã o entre o grau de i nt e r f e r ê n c i a e idade,.


127

4. CÉLULA MASCULINA 2

í „ .1. OCORRÊNCIA DE / r / INICIAL

í „ 1. „ í INFORMANTE í

I::. « O » (M,. >• 5@ ) - /;•:/ "" / r / In 100% IM A •••• F

V. P. V- R= - R. E.

/ 'xama/ / 'rama/ •••• r a m a


-
/xa 'J
sa v a // /ra sava/ - rachava
F \J . / FT .
/y,Gz i aw/ / r e z ¡ 'ãw/ - região

/'yeá'í i / / 'redi»"/ •••• r e d e

/ 'y, i w/ / ' r i w/ -•• r i o

/xe 'mEsa/ / r e 'm Es a/ - rem es; s a

/ x e 'sD wve/ / r e 'so'1 v e / -• r e s o l v e

/ x e s p e y ' t aw/ /r e s p e y 't: ãw/ •••• r e s p e i t a m

/xe ' t o r n u / / x e 't: or nu/ retorno

/ '¡osa/. / ' r j s 3. / -• r o ç a

i.i.2 INFORMANTE 2

N„K„ - (M., 50) - , ;/ "" / r / In = 80% IMA F

V. P. V» R- - R-E.

/ 'y. i w/ / ' r i w/ • Rio (Grande)

/xeí? i 'aw/ /xezi aw/ região

/ 'josa/ / ' r Dsa/ - roca

/':oda/ / 'r I ci VA/ •••• r o d a

/ ' x a cl z y u / / 'rad^yu/ •••• r á d i o


y y , f t f
/xo ' d o / Ron d on
/ro do/
/ xudzi/ •" r u d e
/ 'rude/
/xapida in e t s i / - r a p i clament e
/xap i d a 'm ei: s i
/xi ' z a d a / •••• r i s a d a
/r i ' z a d a /
/ xayva/ r a i va
/ 'rayva/
1. CÉLULA MASCULINA i

Í.2 OCORRÊNCIA DE / r / MEDIAI...

Í.2.Í INFORMANTE í

E.S. ~ (M„ , 5 0 ) - /:•:/ "" / r / ME = .100% IMA - F

V. P. V. R. - R. E-

/ 'sexu/ / 'sero/ - Cerro

/se 'xava/ /se ' r a v a / - cerrava

/a 'maxa/ /a 'mara/ •••• amarra

/k a x e ' t é i n'a/ /k a r e ' t </i ña/ •••• c a r r e t ¡ nh

/ 'moxu/ / 'moro/ - morro

/ka ' x e t a / /ka ' r e t a / • •••• c a r r e t a

/ '.t Ex a/ / 'tEra/ - terra

/ba 'xak u/ /ba V a k u / •••• b a r r a n c o

/ 'k axu/ / 'karu/ ••••• c a r r o

/ 'buxu/ / 'bura/ •••• b u r r o

i.2.,2 INFORMANTE 2

N.K. - (M.7 50) - /x/ ~ / r / ME 90% IMA - F

V. P. V. R. - R. E,

/ 'seMU/ / ' s e r o/ -• C e r r o

/ 'tExa/ / 'tEra/ •••• t e r r a


i'
/su ' r ask u/ •••• c: h u ï- r a s c o
/su xasku/
/l< a 'i"D s a / -•• c a r r o ç a
/k a 'x-^sa/
/ 'k axu/ - c a i" i" o
/ 'k axu/
/ka ' r e t a / ••- c a r r e t a
/ka ' x e t a /
/d i ma ' r a w / •••• ch ¡ mar r a o
/ íí ¡ m a ' x a w /
/fã 'fara/ - fanfarra
/fã 'faxa/
/ba V ã k u / •••• b a r r a n c o
/ba 'xak u/
/ a r u 'ma/ - arrumar
/axu 'mar/
129

4. CÉLULA MASCULINA 2

1 „ 3 OCORRÊNCIA DE / s / INICAL.

1 „ 3.. 1 INFORMANTE 1

/Y/ J
(M « » 50) /s/ In IMA

V. P V . R, R AE B

/'gëtëi/ /'ietái/ gent e

/$u ' t a v a / /su tava/ j unt ava

/ '¿¡it u/ /'^tu/ j un t o
> * *

/ ga/ / soga/ joga

/ '¿jve/ / '¿iove/ j ovem


•' K / ' l e y t u/ j e it o
/ zeyÏ: U/ jar d i m
/4r 'dir/
/ ¿ a r ' d I "Ï / .j ust o
/ s u s t u/
/ ' ^ u s t u/ gear
/se 'a/
/á4 ' a r / jipe
/ s ip i /
/ 'z i p i /
2 N. K,. •••• (M. y 50) - /
r A . . // /í/ 80% IMA
i.3.2 INFORMANTE R.E,
V. R.
V. P .
/ A- a / / '4/ ja

/'¿etI\/ / zetzt/ gent e

/zeraw metsi/ / i t é r a i 'mët s i / g e r a ' l ment e

/ l e 'raw/
, </ /
/ s e raw / geral

/ 'zutu/ / 'Sutu/ j un t o

/'leytu/ '<:>eytu/ je it o

/lu 'rava/
,
/su
V /
rava/
,
j urava
u. . , j i Pe
/.'lip i/ SIpI/

/ 'zogu/ / 'sogu/ jogo (eu)


, l/. ,
/ l u v e 't u d l i / /suve tudzi/ .juventude
, ( / ^ Y ,
130

P e 1 o exp ost o , os do ¡s ¡ n f o r m a n t: e s m a s c: u 1 i n o s , d a m e s m a

i d a d er , a p r e s e n t a r» um g r au s im i 1 ar de i n t e r f er r ë n c i a d a .1 í ri g u a

a ï ema n a f a1 a do p o r t u g u ë s , f a t o q u e p o d er r i a s e r r e 1 a c i o n a d o

ao f a t o r id ad er, p o i s ambos e s t ã o na mesma faixa etária e a

i n t e r f e r ën c i a osc i 1 a en t r e 8 0 % e :í. 0 0 % n a s t r ë s v a r i a n t e in- e m

est udo.

Has deve-ser . at em t a r para alguns critérios adotados,

neste t r abai h o, p ara a s e 1 e g: a o d o s i n f or mante s c omo s " Do i s

elementos de cada sexo, pioneiros alemães ou seus

descendentes, foram alvos da pesquisa qualitativa., Cada uma

destas células duplas foi composta de um e l e m e n t o atuante em

rede insulada e um pertencente a urna r e d e aberta" <p» 04),.

Embora se tivesse estabelecido estes critérios, não foi

P o s s í v e 1 1 o c al i s a r , nest a f a ixa et ár ia , um int egr ant e ci a

c o m u n i d a d e q u e p er r t e n c er s s er à r e d e a b er r t a..

Como e x p l i c a ç ã o para este fato, deve-se considerar que

são filhos de p i o n e i r o s quer vieram para a região com. a

finalidade cie trabalhar a terra e produzir, não lhes

interessando a vida religiosa, quer e r a a única opção, na

é p oc a, p ar a d e ixar a colonia..

0 s q ue o p t: a r a m p e 1 a v i cl a r e 1 i g i o s a ausen t ar am- se do

local, ou o s que e s t u d a r a m em s e m i n á r i o s er não c o n c l u Tram seus

e st ud os, c o m o o c: a s o d o s p r i m e i r o s p r o f er s s o r e s , d er m o n s t r a t a r a m

com e s t a atitude sua opção de vida que não incluía a

a g r ico 1 a, t en d o mu i t as vezes , como r er f e r ë n c i a , uma r er d e

e x t: e r n a ., C o n s e q ü e n t e m e n t e , ci e c: i d i r a m - s e p o r out r as at i v i d a d es ,

i nt erg r a n d o - s e a -outras r e d er s.. Os que ser f i x a r a m na r e d er como


131

a g r i c u ï t o r e s » p r o g r e ci i r a m f i n a n c: e i r a m e n t e e s ce u o b ..j e t i v o é

a u me o t ar o p a t: r i m o n i o e p e r in a n e c. b r n o ï o c: a 1 .,

Ass i m » os i n f o r m a n t: e s m a s c: u 1 i n o s. m a i s v e 1 h o s p b r t b n c e m

ambos à rede fechada,, A rede externa, representada pellos

bancos e comercio com o qual os homens contatam» nao

representa fator de mudança de c o m p o r t a m e n t o lingüístico,, Como

E „ S „ ar g umen t ou» os " de f or a" se e s f o r c a m p a r a s e c o m u n i c: a r

c om o g r up o 1 oc a 1 » mov i dos p e 1 o i n t e r e s s e e c o n 8 m i c o q ¡i e e 1 e

i" e p r e s e n t a „ Já N „ !<.. » t ent a a c: o m o ci a r a sua f a1 a às

necessidades dos negócios, o que p r o v a v e l m e n t e » justifica» os

m a i s ou menos 20 Z de diferença verificados no grau de

i n t e r f e r ê n c: i a e n t r e os c! o i s in f or man t e s da r ede f e c h a d a.,

En t r et an t o » amb os f az em da 1íngua p or t ug uesa um s i mp1 e s

i n s t r ij m e n t o p a r a s e f a z e r ent ender „

P or t an t o » es t e ín d ice ma ior e s im i 1 ar de int er f er enc ia

apresentado pelos informantes masculinos de 5 S* anos,

j u s t i f i c a - s e n a o p e 1 o f a t o d e p e r t e n c e r e m a o s e x o m a s c: u 1 i n o o u

poêla ¡d ad e » mas s i m » pelo fato de ambos atuarem em rede

insulada» enquanto que a s m u l h e r e s » cia mesma f a i x a etária» se

integram em r e d e s d i f e r e n t e s s N „ E„ interage em r e d e insulada e

I„I3„ teve acesso à rede externa por vários anos, o que pode

t er m o t i v a d o a d i f e r e n c a a c: e n t u a d a n a i n t e r f e r ë n c i a d e a m b o s,,

Outra célula masculina que apresenta um índice

semelhante ele i nt e r f e r ênc: i a e composta por J „!...„ (18) e I„!í„

< 24 ) com i ci a d e s s i m i 1 a r e s „ U m a a n á 1 i s e d o s d a d o s c: o 1 e t a ci a d o s

cl e m o n s t r a e s t e f a t o „
1. CÉLULA MASCULINA i

2.i OCORRÊNCIA DE / r / INICIAL

2.Í.Í INFORMANTE 1

J »L.. - (M„ 18 > - /;-/ ™ / r / In = 9Ç>% ÏMA - A

V- P= - V- R . - R. E.

/ x o ' ziã a / / r o ' z m:1 a / - Ros in da


/ \J . / *** , «M y O . f ft , . f t

/ x(••• z i aw/ /rezi aw/ - reg iao

/ 'x j s a / "'' /'r 3sa/ - roça

/ 'y, \ w/ "" / ' r i w/ •-. R i o C Grande )

/ 'xu d í i / / 'rudz i / - Rudi

/ 'xua/ / 'xua/ - rua

/'xEtu/ " / 'rEtu/ - reto

/ 'xEst u/ ~ / ' r E s t u. / -• r e s t o

/ xe ' aw ™ /r e 'al/ ~ r ea 1

/ 'xap i du/ / ' r a p i du/ - r á p i do

2.i.2 INFORMANTE 2

I.K. - (M., 24) - /x/ m /r/ In = 100% IM A -• F

V. P. - V. R. - R . E=
/xoza'lina/ "" /roza ' l i n a / •••• R o s a l i n a

/xo'zYda/ /r a 'z fd a/ - Ros inda

/ 'xuà i i / "" / ' r ud í i/ - R u cl i

/x e aw 'met s i / ~ / r e a w ' m et s i / - r e a 1 m en t e

/'xiw/ ™ /'riw/ Rio

/ ' x a d ííy u / / ' r a cl z y u / - r á ci i o


f f r ru / / r+J f

/y, u i / /ru i/ - ru i ni

/ ' x a s tu/ ™ / ' r a s tu/ - rast o

/ 'xEstu/ " / 'rEstu/ -• r e s t o

/ 'xap i du/ ~ / ' r a p i du/ -• ráp i do


1. CÉLULA MASCULINA i

2 , 2 OCORRföENCIA DE / r / MEDIAI...

2»2»i INFORMANTE í

J.L. - ( M. , 14) - /;•;/ ~ / r / ME 90% IMA - A

V. P. V. R » R. C.

/fã 'faxa/ /fã 'fara/ fanfarra

/ k O x (•:•:• s p õ ' d e S i a / / k o i" e s p o ' d e s i a / c o r r e s p o n d ênc:

/ 'k axu/ / ' k a ru/ c arr o

/ 'sexu/ / 'seru/ Cerro

/k a 'xo s a / /i< a V o s a / c: ar r oc a.

/k o ' x E t u/ /ko ' x E t u / corret o

/k a 'x i ñu/ /k a ' r i ñu/ c a r r i nho


, d. , ,, . chi marrao
/ s i ma 'xaw/ /sima raw/

/iía'xEtsi/ /ilia 'r Et s i / charret e

/'tExa/ / 'tEra/ t er r a

2.2.2 INFORMANTE 2

I.K. - ( M „ y 24) - /x/ /r/ In .1.00% IM A i-

V. P . V- R. R. E.

/ 'sexu/ / 'sero/' Cerro

/fa 'faxa/ /fã 'Para/ fanfarra

/su ' x a s k u / /<»u ' r ask u/ churrasco

/k a ' x o s a / /k a ' r ; s a / carroca

/ka ' x e t a/ /ka ' r e t a / car r e t a

/ko ' x e y u / /k o ' r e y u / corre i o

/ka ' x e g a v a / /ka ' r e g a v a / carregava

/ 'tExa/ / 'tEra/ t e r i" a

/ t e 'xenu/ /t e V e n u / t erreno

/ko ' x i a/ /k o ' r i a/ corri a


1. CÉLULA MASCULINA i

2.,3 OCORRÊNCIA DE / s / INICIAL

•2.3.Í INFORMANTE í

J.L. ( M„ ? í8) - /z/ ~ /s/ In 00% IMA - A

y. p. V- R. - R.E.

/Ia ' i r / /z a ir/ - Ja i r


- y ,J t neru/
/za neyru/ /sa - janeiro

/'}/:. i 'nazuu/ /si nazyu/ ••- g i n á s i o

/, zi/o / gava/ , i/ ,
/sa gava/ •••• j o g a v a
, / V A/ V . .
- gente
t\J / setsi/
•- j e i t: o
/ ZG-y t u/ / ' z e y t u/

/'la/ /, /' zVa / "" I
/ 25Ve/ / Z 3 V C: / - jovem

/áestu/ / s e s t u/ - gesto

/- /2UÍU/
"A/. ~ /'lutu/ junto

2..3.,2 INFORMANTE 2

I.K. - ( M., , 2 4 ) - /z/ " /s/ In 80% IMA - F

V. P V. R. - R. E =

/zera saw/ / s e r a 'saw/ - , geraçao


, /1/ \J . , gente
/ zetsi/ / '<J>et s i /

/ ' z u t u/ / '<r(ït u/ - j un t o

/ ZD v e /
y / " ^ y
/, yzDve/
u/, , jovem
,1/ "V y , . 1/ . ,
/^uve ' t u d f f i / •••• j u v e n t u d e
. «/ , /suve tudzi/
•••• j a n e i r o
/za neyru/
/sa neru/
•" j á
/'/a/
/ 'za/
- judiar
/¿udzi ' a r /
¡/ y /sudzi ar/
/ze ladu/ •- g e l a d o
, / c/ /se ' l a d u /
/ zur u/ / suru/ •••• j u r o
35

Após a análise constatou-se que e s t e s dois informantes

n ao ap r e se n t a m uma d i s p a r i c! a d e r e 1 e van t e em r e 1 a ç: a o à

i n t er f er en c i a a 1 ema na f a1 a d e p or t ug ue s ; A mb os p od em se r

c: 1 a s s i F i c a d o s c omo p or t ad or es •de um gr au ma ior de

i nt e r f e r (5 ne i a < I nA) , visto pontuarem acima de ó v? Z n a s três

v ar i an t e s em a n á 1 i s e .. J.. i . . . a p r e s e n t a 9 0 %, 90% e 60% cl e

i t "i t e r f e r ë n c: i a r p o n t u a ç a o p r ó x i m a a ci e I „ K q ue ap r e sen t a Í 00% ,

í 002 e 8 0 % r e s p e c t i va me n t e „

C o m o e s c1 a r e c i d o an t er i or men t e , um F a1 a n t e p r ov ém de

uma d e t e r m i n a d a rede que ë a rede de origem <R0)„ Sua

i n t e ï" a c ã o d á - s e n u m a r e d e c o n s i d e r a d a d e i n t egr acao (Rï ) que é

o g i" u p o eom o qua1 con v i v e , e s t a b e I e c e n d o r e 1 a g: o e s;, f a m i ï i a r e s;

sociais e profissionais» Muitas vezes a rede de origem é a

rede de i nt e g r a c a o , principalmente se ela possui os requisitos;

e c a r a c. t e r í s t i e a s c: o n s i d e r a d a s s a t i s f a t ó r i a s s; o c i a 1 , e c: o n o m i e a

e 1 i n g ü ist i c a m en t e pe1o i n t eg r an t e » No en t an t o , e m ci i v e r s a s

ocas i oes a recle de referência (RR) nao é a rede de origem

porque o individuo não se isa t i s;, f a z com a r e a l i d a d e cia mesma e

n em a de i n t e gr ac ão e a 1 me j a a 1 c a n ç. a r e usuf r u ir de valores;

c: o m u n s a o u t r a s r e ci e s e x t: e r n a s à s; u a .. S e ce s t e p o s i c i o n a m e n t o é

d emon st r ad o » en t ão o Fa 1 an t e t ent a se ident if icar c o m a r e c! e

externa, adotando atitudes c o m p o r t ament a i s; ou lingüísticas que

o aproximem desta recle ideal de referência externa,, Se no

entanto, ele se sentir integrado na rede de origem,

d i F i c: i 1 m e n t e s er á a t i n g i c! o pe 1 os v a 1 o r e s; e x t: e r n o s , m e s; m o

c o n v i v e ri d o n u m a r e d e e x t e r n a „
í 36

Este- p a r e c e ser o p o s i c: i orra ment o de J„ i » que» embora

c: o n t ' a tan d o d i a r ¡anient e e o m a r e cl e e x t e r n a » a t r a v é s d o t r a b a 1. h o

e estudo'» mantém a recle de o r i g e m como r e d e referencial«

Ele demonstra este fato pelo seu c o m p o r t anient o

1 i n g i.i í s t i c o que e s t á m u i t: o ma is pr d x imo d a s c a r a e t e r l's t i c a s

locais do que das exigencias da rede externa» Portanto, a

similaridade no índice de interferência deve-se ao f a t o da

rede de referencia de ambos s e r a rede de o r i g e m corn s u a s

c ar ac t er í s t i c a s inc 1 us ¡ ve 1 i n g ¡i í s t i c a s „ 0 f at or idade n aa é

d et e r m in an t e d e st e f at o »

P ar a mos t r ar e st a r e 1 ação r ed e e i n t er f er ên c i a d e ve- s e

observar os dados coletados da f a l a do F » H » e E»S» com a mesma

¡dado?» i 4 anos» mas r e c l e s diferentes»


137

4. CÉLULA MASCULINA 2

3.1 OCORRÊNCIA DE / r / INICIAL

3.Í.1 INFORMANTE 1

F . H. - (M„» 14) - /;•;/ ~ / r / In 90% IM A •••• F

V. P. - V.R. R. E.

/ko 'dó'/ /r o ' d o / Ron cl on

/ 'x ¡ w/ / 'r i w/ Rio (Grande)

/xo ' cl ai" a w/ /ro 'daraw/ rodaram

/ 'xEstu/ / 'rEst:u/ rest o

/ 'xad^.y u/ / ' i" a cl ¿ y u / rád i o

/ 'rabu/
r r*,
/
/ xabu/
, Rambo
/ t rJ
/xu ! /r /ru
y / ^
i/y
i" u i m

/xo'la r/ /r o ' ï a/ r o l ar

/xis'kar/ /r i s ' k a / r i scar

/ 'xumu/ / 'rumu/ rumo

3,. .1. ..2 INFORMANTE 2

E.S. - ( M „? 1 4 ) •• /x/ "* / r / In 20% IME - A

V. P. V. R. R.,

/ x e-1 i ' r a du/ /xet i 'radu/ ret i rado

/ 'x i w/ / 'x i w/ Rio ( G r a n d e do Sul)


J
, yraclzyu/
.J , i" á d i o
/ xadzyu/
/xo ' d õ / Rondon
/xo ' d o /
/ xoclaw/ rondam
/ 'xõdaw/
/ ' ¿sa/ i" o ç a
/'xssa/
/xa saw/ r aç:ão
t / *** t / / *

/xa saw/
/ 'xalu/ ra1 o
/ 'xa1 u/
/ ' x e s t u/ r est o
/ ' r e s tu/
/¡•;e 'mava/ remava
/ x e 'mava/
1. CÉLULA MASCULINA i

3,.2 OCORRÊNCIA DE / r / MEDIAL

F„H - (M. , 13) • /x/ " V r / ME 100% IMA F

V. P . V.R- - R.E.

/ 'sexM/ / 'seru/ •••• C e r r o

/ 't Ex a/ / 'tEra/ •••• t e r r a


xt/
/k a 'i/ioxu/ •••• c a c h o r r o
/ka soru/
/ka'xosa/ carroça
/ka'rosa/
/kaxo'siña/ /k a ï" j ' s i ña/ •••• car r o c in h

/i£u 'xask u/ /í!iu ' r a s k u / •••• c h u r r- a s c: o

/bu'xiku/ /bu 'r ¡ k u./ I:) u r r i c o

/ 'baxu/ / 'baru/ •••• b a i" i" o

/mo'xer/ /mo ' r e / •••• m o r r e r

/ 'vaxu/ / 'va.ru/ - varro

3.2.2 INFORMANTE 2

E.S. - (H., 14) • /x/ / r / Me : 40% I ME' - A

V. P. V. R. - R. E.

/a 'xuma/ /a 'ruma/ - arruma

/ 'sexu/ / 'seru/ ••- C e r r o

/ 't: Ex a/ / 'tExa/ . •••• t e r r a

/ba 'xa'k u/ /ba 'xaku./ - barranco

/fa 'faxa/ /fa 'fara/ Panfarra

/ka ' Í o x u / /ka soru/ • cachorro

/ a x e 'damus/ /axe damu/ - arrendamo

/ 'kaxu/ /'kaxu/ •••• c: a r r o

/su 'xask u/ /su


z ' 7 '
xasku/
I /
•••• c h u r r a s c o

/axuma 'saw/ /axuma ' s a w / •••• a r r u m a ç ã o


1. CÉLULA MASCULINA i

3 „ 3 OCORRÊNCIA DE / s / INICIAL

3.3.1 INFORMANTE 1
.i/
F„H» ~ (M„, .1.4) • /s/ In - mz IMA - F

V. P, V. R. - R„E„
J
/ 'zutu/ / '<ïutu/ -• j u n t o

/ z e o g r a ' f i a/ /íseogra ' f i a/ -• g e o g r a f i a


,/^ »
/ '#.t)r'ái / / so r z i / -• J o r g e
/V / / / v / /
•••• j o g a r
/so ga/
/so gar/
- -jogo
/, , sogu/
c/
/ 'zogu/
//s^o r 'n a l-i/ / - jornal
/ z o r 'naw/ , t
/ za/ •••• j a
/ '^a/
/luvei.O 't: udz i /
i >
/suve tudzi/ - juventude;
/ '</«!. /
/ zata/ / Sa1 el / - ,j a n t a

/'zelu/ . / 'zelu/ -• g e 1 o

3.,3.,2 INFORMANTE 2

ES. - (M « , 14) / 20% I ME A

v « I « V.R, - R. E.

/'4/ / 'Y-,
/
/
a*.. <:l / •••• j á
, i/ /« • , /seogra fia/ - g (•:•:• o g r a f i a
/zeogra -fia/

/

zeytu/
, / '¿eytu/ •••• j e i t o
i/ .
/ZD g a r / /zo 'ga/ •••• j o g a r

/-z^o r ' /
naw/ /zor ' n a l / - jornal
- ' i/K - .j u n t o
/ zutu/ / zutu/

/ ZI pI / / z t pi/ -• j i p e

/ zest u/ / zestu/ - gest o

/zuw ' g a r / /¿uw ' g a / •••• j u l g a r


V , y. , •••• j u d i a
/zu ' c l a / /su d z i a /
í4S

Nesta célula verifica-se uma marcante diferença entre

0s f a1 an t es » c on c er n e n t e ao e mp r ego d o /r / i n i c i a 1 e m e d i a. 1 e

a troca do / '1/ por /s/ em p o s i ç ã o inicial, embora possuam a

me s ma i d ad e, ma s a t u an d o em r ed e s d if er ent es . F' „ H,, , r ede

fechada, apresenta 90%, 100% e 30% r e s p e c t i v a m e n t e , enquanto

que E . S . , rede aberta, demonstra somente 20%, 40% e 20% de

1 n t e r f e r ë n c ia na s v a r i a n t e s a na1 i s a d a s „

0 mesmo f e n ô m e n o a p a r e c e ao a n a l i s a r os dados relativos

a A.B. e E.. P » , ambos na f a i x a etária entre 35 e 40 a n o s , o que

auxilia para confirmar que a idade nao d e t e r m i n a o grau de

i nt e r f e r ê n c i a„
Í45

4. CÉLULA MASCULINA 2

4„í OCORRÊNCIA DE /r / INICIAL

4„i„í INFORMANTE í

A„B „ - (M», 40) -• /> /r/ In = 90% IMA- F

V= P . V. R. RO E .

/ 'x ¡ w/ / V ¡ w/ Rio

/ x e 'kreyu/ / re 'kreyu/ r e e r e io

/ 'xEstu/ / ' r Es t u / rest o

/ 'xasa/ / 'xasa/ raça

/ 'xuiiiu/ / 'rurnu/ r umo

/'¡osa/ /'osa/ roça

/ ' x a d z y u/ / 'radzyu/ rád ¡ o

/xeu 'n ¡ a/ /reu'nía/ reun¡a

/xe ' t o k i / /re'boki/ reboque

/'xu'f/ / rui / r ui m

4 „ :i „ 2 INFORMANTE 2

E„P„ - <M„, 38) - />: /r/ In 30% I ME - A

V. P» V. R. R. E =

/ x e z i 'aw/ /rezi aw/ r e g i ao

/ 'xowbu/ / 'xobo/ r oub o

/ 'x i k a s / /'xikas/ r i cas;


. ..
/xeiizi
. ¿/ . / rt
aw/
i
/ x e l i z i 'aw/ r e ï i g ¡ ao
, / (VA J . , r e a l ment e
/xeaw mets; i / / r e a ), 'met s i /
•J. r e s p o n s a b i 1 i dade
/x e s p õs a b ¡ ï i 'd a d z ¡ / / x e s p o'sab i i. i' ' d a d z i /

/ xesp õ ' savew/ /xe sp o ' savew/ responsável

/ x i w/ / r i w/ RI a

/ x e p r e z e ' t ar / / r e p r e s e ' t a/ r e p r e s e n t ar

/ x e z u 'm¡du/ / x e z u 'm i du/ r esum i do


142

4. CÉLULA MASCULINA 2

4 „2 OCORRÊNCIA DE / r / MEDIAI...

4.2.i INFORMANTE í

A.B. (M, 40) /x/ ~/r / Me 90% IMA

V. P . V. R . R. E .

/ 'sexu/ / 'seru/ Cerro


, J
/foxa ze/ /•[•oxa ze/ forragem

/ ' t Exa/ / 'tEra/ t erra

/mo ' x e r / /m o ' r e / ni o r r e r

/ma'xEku/ /nia ' r E k u / marreco

/'kaxu/ / 'kaxu/ c ar r o

/ka'soxu./ /ka 'soru./ c: a c. h o r r o

/ka'xeta/ /k a ' r e t a/ carret a

/ 'iVlDXu/ / 'nioru/ mor r o

/k axe-'g a du/ /k a r e ' g a d u / c VA r r e g a d o

4 „2.2 INFORMANTE

E.P. "•• ( M . , 38) /x/ ~ / r / Me = 30% ÏME •• A

V. P . V. R. R E .

/ 't: Exa/ / 'tEra/ t erra

/te'xerm/ /t e ' x e n u / t erreno

/ka'xosa/ /k a ' o s a / c ar r oç a

/ 'sexu/ / 'sexu/ Cerro

/ k o x e s p Õ 'de s ¡ a / ™ /k DXesp o 'des ia/ c o r r e s p o n d ê n c: ¡ a

/su 'xask u/ /su 'xask u/ churrasco


,<A , - , / s i lira xaw/ chi ni a ra o
/sima xaw/

/e ' x a d u / /e ' x a d u / errado

/vaxe 'dor/ /vare 'dor/ v a r r edor

/ e s p a x a 'mar/ / e s p a x a 'ma/ esparramar


4. CÉLULA MASCULINA 2

4.3. OCORRÊNCIA DE / ( / INICIAL,

4„3„í INFORMANTE í •

A.B. - < M „ >• 4 0 ) / z / "" / i / In 70% IMA -F

V. P. V. R. - R.E.

/ 'za/ / 'ia/ - já
, ,j \j . ,
/ zet s i / / setsi/ •••• gente

/ 'zut u/ /'Mutu/ •••• junto


. l/ , . . 0
/ ZU IS/ - juiz

/zo 'gava/ /do 'gava/ - jogava


, , i/ .
/ SD53U/ - jogo
/ z ü 53 u /
/ ' ^ v e / - jovem
/
/se raw/ - gerai
/le 'raw/
/ "seta/ •••• g e .1 o
/ ' z e l U/
/ 'seytu/ •••• jeito
/ ' zg y t a /

4.3.2 INFORMANTE v/
/z/ In 20% IME - A
E P - (ii „ , 38>
V. R - R. E.
V. P„
/ .zJi . / n a s y u /, »M /z i 'nasyu/ •••• g i n á s i o

' t i riu/ / z e y 't i riu/ •••• j e i t i n h o

/ 'Soves;/ / 'ÍDves/ •••• jovens

/ zutu/ / zutu/ •••• junto

/^a'mays/ /sa mays/ -••• jamais

/zor 'naw/ / zor naJ/ •••• jornal


\J isS . V
/ z u v e 't ud^i / •••• juventude
/zuve tudzi/
/ 'zogu/' •• jogo
/ zogu/
/z^i ' n a s t ika/ - g inást i ca
/zi 'nast ik a /
/ z e 'I a d u / - gelado
/ d e . '1 a d u /
Í44

Tendo em vista,, os dois informantes A.,!!?,, (40) e E„P„

(38), nota-se que, apesar da mesma faixa etária, é saliente a

des igua 1 dade ent r e o gr a u de int er f er ênc ia que a mbo s

a p r e s e n f c am„

A >. B „ m a r c a 90%, 90% e 70% de int e r f e r e n c ia na ordem da

análise das variáveis, enquanto que E„P.. apresenta 30%, 30% e

2 0 % r e s p e c t i v a men t e „

A s s i m, ap ós a a n á Ti i s e do c o mp o r t a me n t o 1 i n g ii í s t i c o da s

céIu1as dup 1 a s , nas qua is ex is t e u ma d e ma r e a ç a o et ár ia,

c: o n c 1 u i •••• s e que a i ei a d e nao é um f at or d e t e r m i n a ri t e qu e

j u s t i f i q i.i e a int e r f e r ê nc ia „

4,.2 CORRELAÇÃO SEXO E GRAU DE INTERFERI:NCIA

Sen t i u - s e d if icu 1dade na aná 1 is e c: o r r e 1 a c i o n a 1 a c ima

realizada em dissociar o grau de i nt e r Per ene i a do fali a n t e da

rede social na qual ele vive pois ela lhe impõe determinados

c o m p o r t a m e n t: o s , inc 1u s i ve 1 i ngu í st i c os»

Ap e s a r d ist o , p r e t e n d e •••• s e s e gu ir a me t o d o 1o g i a

c or r e 1 a c iona 1, a dot a da por out r os pe s qu is ador e s j á

rn e n <:: i o n a d o s , cor r e 1 ac ionando o se xo dos in f o r ma n t e s com s e u

gr au de int er f er ênc ia apr es e nt ado na f a1a par a d e m o n -51r a r qu e

este fator também nao é responsável pela interferência entre

as duas linguas»

Poder-se-ia argumentar que a análise dos dados,

sintetizada no quadro da página í í :1. demonstra que os homens

a pr e s ent a m um gr au ma i o r de int er f er ênc ia do que as mu 1 h e r e s

No entanto, deve-se examinar a rede social na qual interagem

os det ent or e s de ma i o r gr au de int er f er e nc ia pa r a ver if ica r


145

q u a l é r e a l m e n t e o f a t o r d e t e r m i n a n t e , s e o s e x o ou a r e d e

s o c i a l , ,

D ia n t e d is t o, a o s e e s t a b e 1 e c e r a e o r r e T a ç. a o e n 1r e s e o

e g r a u d e in t e r f e r ê n c i a , d iv e r s a s v e z e s a r e d e s oc ia 1 s <•:•:•

rn o s t r a r e 1e v a n t e p a r a e x p I ic a r a a p a r e n t e d i f c r e n ç a n o

c o m p o i" t a m e n t o l i ri g ü í s t i c: o e n t r e h o me n s e m u. I h e r e s r e 1a t iv o à

i n t e r f e r e n c i a p o r t u g u ê s - a 1 e ma o „

P o r t a n t o , s e m p r e q u e s e j u l g a r a d e q u a d o , a r e d e s o c i a l

s e r á u s a d a p a r a e x pl ic a r c o mp o r t a me n t o s I i n g i.i í' s t i c o s q u. e

P o d e r ia m p a r e c e r e c e ç. o e s n e s t e t ip o d e c o r r e 1 a ç: a o „

CÉLULAS DA F A I X A 4 1 -•50

CD S. I. ESC. ES. R.C. 6.1. / x-/ 7—


r/ /x/7r/ íd/sí
i _ „
Me./r/
N. F. - : 4m Í 2 a Mu.! R. Eit. At.i Ex.
_ A. ! F. IHA ! IHE In./r/ In. / s /
1f 51 .... .
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CO S. I. ESC. ES. R.C» G.I. /vJ"/r/ / x / 7 r_/ linú


1
N. H. - ; 4" : 2 a Mu.,' 8. Ebt. At.: Ex. A. ! F. IHA ! IHE In./r/ He./r// In./fc/

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80Z m WL

Ao s e c: o m p a r a r s u p e r f i c i a 1 me n t e o g r a u. d e in t e r f e r ê n c i a

a p r e s e n t a d o p e l a d u p l a f e m i n i n a na f a i x a d o s 45 a 5® a n o s com

a m a s c u l i n a da mesma i d a d e , o b s e r v a - s e q u e o s h o m e n s m o s t r a m

c a r ac t e r í st ic a s seme 1han t e s no s e u corapor t amen t o 1 i n g u i'st ico ,

a p r e s e n t a n d o Uma g r a n d e p o r c e n t a g e m d e i n t e r f e r ê n c ia M a s ,

c: o m o e s t e c a s o j á f o i d is c u t id o a n t e r i o r rn e n t e , i" e f o r ç a •••• s e o

P o s i c: i o n a m e n t o d e q u e o f a t o o c o r r e d e v i d o a o c o n v ií v i o c o m a
146

rede local ao qual os dois homens estão confinados e não ao

detalhe de pertencerem ao sexo masculino»

Por outro lado,- as duas mulheres componentes da célula

em e s t u d o , englobam-se na regra sugerida de que a rede aberta

pr o p i c ia a opor t un idade de cont at o com no v a s va r i e d a de s

1 i n g i.i í s t i c a s „ C o m o c o n s e q ü. ê n c i a , a int e r f e r ênc ia pode r á se r

amenizada, é o que se verifica entre I.B. e N.E», onde , a

p r i iíi e i r a c ont a t ou com r ede -a b e r t a e apr es ent a me n o s

i n t e r f e r ê.n c i a na f a 1a do que N „ E « q u (•:•:• s e m p r e conv iveu c o rn s u a

rede de origem»

CÉLULAS DA F A I X A 31-40

CD S. I. ESC. ES. RaCa G.I. /x/"/r/ /)•'/"/t/ l&fíl

N. F. ! - 4" 2a Mu. R. Est.: At. Ex. A. F. IMA i IHE In h i fe./r/ IXi.líl

T.B. 38 fí 1
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A.R. 37 >: X Ml í@©% mi

CD s. : I . ESC. ES. R C. G.I. /x/"/r/ /x/"/r/ ií /s /

N. H. ! - 4a 2a Mu. R. Est.! At. Ex. A. F. IHA ! IHE In./r/ Ke./r/ In Jl>


1
A . B . : 46 X X >: V»
A m m 70%
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11 v>« !1 1t X A 4 VL 20%
iE.P.I 38 X m

A p r <) x i ma cé 1 u 1 a d up 1 a f em i n i n a c omp o s t a p or T „ B„ e

A „ R„ e a ma s c u 1 in a eng 1 obando A„B„ e E P y a p r e s e nt a m d a do s

s imi 1a r e s , n o t a n d o •••• s e que os e 1e me n t o s de a mb o s os se o s,

c 1a s s if icados c o mo per t e ncent es à r ede aber t a (T „ B e E P ,, )

ei e n o t a m u m gr a u me n o r de int e r f er e nc ia do que os per t encent es

à r ed e f ec hada (A „ R „ e A B„)„
147

CÉLULAS DA FAIXA 2í-3@

! CD : s. I. ESC, ES. ) R aCs G.I. hWhl /x/7i"/ fzffs/


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! N . ! F. - 4" 2* Mu. R. ¡Est. At.: Ex.: A . : F. IMA IHE ln.frf Yit.fr/in./s/


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: CD _! »S. I. EBC a ES. R aCa G.I. /x/"/r/ /x/"/r/ uint


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! N. ! M. - 4* 2» Mu. R. ¡Est.
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Ao se an a 1 i sar o pr ó i m o s e g m e n t: o d u p '1 o F e m ¡ n i n o I ,. B „

e A..S.. r e o mascai i na J „ L „ (•;:• IJ< „ r parece acorrer urna nova

d i sp a r i d ad e n os g r aus d e i n t e r F e r ë n c i a e n t: r e a s m u I h e r e s e • o s

homens» A dupla feminina mantém a r e g r a de que VA r e d e f e e h ad VA

de I 8„ propicia a mesma, uma i ni: e i - f e r ënc i a m a i o r do que a

A » S „ q ue con v i v e n uma r e d e VA b er ta

Quan t o à d up 1 VA mascu 1 in a » a ap ar en t e seme 1 han ca na

p o r c: e n t a g e m d e in t er f er ën c i a 90% » 90% e 60% mar c ad o p or J » L. „ e

:1.00%, 1.00% e 80% mostrado por I „K „ , parece direcionar para o

fato de que a rede social também nao é a d e t e r m i n a n t e deste

resultado visto J„! pertencer à rede aberta e J K à fechada,.

N o e n t a n t o >• o mot iv o p ar a o comp or t amen t o For a da r egr a de

J „ I... „ f o i e;;p 1 i c i t ado quando se a n a l i s o u as c é l u l a s » tomando

c omo P ar â met r o a ida d e ..


í 48

CÉLULAS DA FAIXA li-20

CD ! S. í I. ESC. ES. R.C. G.I. /x/"/r/ / x / 7 r / ! _/ z / 7 s /


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N. ! F. ! - 4» 2a Hu. R. Est. At.! Ex. A. F. IHA IHE In./r/ Ke./r/ ! In./s/

C.S.! 13 A X 1 X Wi 90% ! 00%


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J . P . : 14 >; x ! v X 20% 40% ! 10%

CD S. Í I. ESC. ES. R.C. G.I. /vJ'/r/ / x / 7 r / ! Iii'ili


— —

N. H. ! - 4a i 2 a Hu.I R. ¡Est.! At.! Ex. A. ! F. IHA ! IHE In./r/ He./r/ ¡ In./s/

F . H . ! 14 X
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X X 90% 100% ! 80%
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1 1
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E.S.! 14 1
1
1
1
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t'\ X X 20% 40% ! 20%

F i n a J. m e n t e , ao se comp ar ar C „ S* e J„ P„ < m u I h e r e s ) c: o m

FH » t? E .S» ( homens ) n ot a- se c 1 ar ame n t e a d i f e r e n <;: a

i i n g ¡i Í ï; t i c a , a p o n i: a d a p e "i a p o r c e n t: a g e m e n t r e o s p e r t e n c e n t e:- s a

r ed e ab e r t a ou Pec had a „ C » S e F „ H„ , d e s e x o s d i f e r en t e s , mas

s i m i .1 a r e s n o g r a u d e int er f er ëntia, 90%, 9 0 %, 8 0 % p a r a C „ S , e

90% , :10 0 % e 80 % p ar a F H « , a m b o s p e r t: e n c: e n t: e s à r e d e f e c h a d a

local» Por outro lado, J P „ e E.S. também de s e x o s diferentes,

pertencentes à rede aberta, apresentam uma porcentagem de

i n t e r f e r en c i a b e m me n or , ou s e j a, 2 0 %, 4 0 %, í 0% p ar a J . P e

20%, 40% e 20% p a r a E.S.

T en d o e m v i s t a t o d os e st e s f a t o s, con c 1 u i -se q ue o sexo

do i n f or man te ta mb é m n ão a p a r e c e c om o f at or q ue d et er m i n a o

grau de i nt e r f e r ê n c i a da l í n g u a , alema na f a l a do p o r t u g u é s na

c o m u n i d a d e d e D e z d e M a i o ..
49

4 . 3 CORRELACSO ENTRE ESCOLARIDADE E GRAU DE INTERFERENCIA

A s s i m» c omo a i n t e r f e r ë n c i a n a o p o cl e s e r e x p 'i i c. i t a cl a

pela correlação com a idade ou s e x o » achou-se relevante testar

a c or r e 1 aç ão t r ad ic ion a1 ent re e s c: o I a r i cl a d e e g r au de

interferência » observando-se o s a n o s de f r e q ü ê n c i a à escola» o

tipo de escola freqüentada e o espaço físico onde a escola

e st av a i n ser id a » se 1 oca 1 ou ext er n a à c omun id ade „

Tomando novamente como b a s e o quadro da p á g i n a 10.1 é

possível verificar em que escolas e por q u a n t o tempo os

i n f or man t e s ma n t i ve r a m c: o n t a t o c: o m o en s i n o

i n st i t uc: i on a 1 i zad o „

0b ser va- se q ue as d uas i n f or m a n t e s ma i s ve ï has I,, B „

< 46 ) e N ,. E. < 50 ) f r e q üen t ar am a ë s c o 1 a m u 11: i s s e r i a d a 1 o c a 1 .

Depois I.B. viveu seis anos fora da r e d e local estudando para

s e i" r e 1 i g i o s a » s o' r e t o r n a n d o p a r a c a s a n a s f oí r i a s e s c o I a r e s „

J á N „ E „ e s t u d o u s «5 a t é a q u a r t a s é r i e n a 1 o c a ï i d a d e e n u n c: a s e

a u s e n t ou »

P o d e i" •••• s (•:; •••• i a a f i r m a r q ue a e s c: o 1 a r i d a d e int er f er iu na

m a n u t e n ç ã o ci e men o c a r a c: t e r í s t i c a s 1 i n g i.i i n; t i c a s 1 oc a is na

fala de I„B„» pois ela é mais e s c o l a r i z a d a que N.E., ,, Prefere-

s e ,. no entanto» afirmar que não f o i o ensino sistematizado em

s i » p r op or c ion ad o p e 1 a <-: s c o 1 a q u e c: u 1 m i n o u n e t e f a t o » m a s o

contato com a rede externa oportun izado também p e l a escola»

pois I.B. freqüentou p or so? i s a n o s unía e s c o l a localizada fora

d a r ed e d e or igem

i:f: p o s s í v e l quo?» se a mesma o p o r t un i dado? t i v e s s e sido

o f e r e c ida a N„E» e1a c! e m o n s t r a r i a » h oj e » um g r a u. c! e


150

i n t: e r f e r ë n c i a m e n o r , ci e v i d o à i n f ï u. ë n c i a cl a e s c: o 1 a I o c: a l i z a d a

er m r er d er externa, pois a mesma permitiria contato com outras

P e s s o a s f a ï a n t e s d e o u t r a s v a r i e d a. d e s ! i n g ¡i i s t i c a s ..

A s e g u i i" , c o r r e 1 a c: i o n a n d o - s er T „ B „ C 3 3 > c o m A .. R » ( 37 > ,

v e r i f i c a ™ s er q u er a mb a s e st ud ar am na e sco ï a da c a m u n i d a d e >•

q u a n cl o er s t a er r a d i r i g i d a p er 1 a s i r m a s S er r v a s d o E s p í r i t o S a n t o »

Apó s TJ3,, permanecen.! por dois , anos i n t err na em Toledo,

•Frequent ando a .1. ™ e 2 séries do c u r s o g i nas i a l da época,, 0

que é relevante neste aspecto, nao é o caso de T„B„ ter

e s t u d ado ma i s tiempo, mas o n d e e 1 a e s t u d o u ,, I s t o <5 i g n i f i c a

que e l a teve contato com o u t r a recle, via escola, o que lhe

P er r m i t i u a p r e e n cl e r out r a s a 11 e r n a t i v a s 1 i n g U í s t i c a s , n egad as a

A u R. quer sempre conviveu com a rede fechada der origem,.

C o n s e q U er n t e m e n t er T .. B ,. ap r esen t a uma p o r c: e; n t a g er m b e m i n f e r i o r

50%, 50%, 30 % er m r e 1 a ç äo a A.. R .. , c o m :1.0 0 % cl e int erf erênc ia

nas t r ê s variantes estudadas..

A t ent at iva f r ust r ada da esco1 a er m er 1 i m i ri a r a

i n t er r f e r ë n c: i a é e v i d e n c: i a d a a o se ana1isar a d u p ï a f er m i n i n a

seguinte A„S„ (24) e 1., B „ (23) que c o n c l u i u a 4HV série na

e s c. o 1 a d o d i st r i t o n os p r ime ir os an os d a e st ad ua1 iz açao cl a

mesma, mas, a i rida sob a direção de r el i g i osas „ A seguir,

enquanto .'!.' „ B „ e n c e r r o u seus estudos neste nível, A„S „ concluiu

a 8VA série no m «•:•:• s m o e s t a b e l e c i m e n t o , mas com d i r e ç ã o leiga,,

Após, interrompeu seus estudos por três anos, atuando durante

este tempo como b i b 1 i ot e c á r i a na e s c o l a , , Depois, fez o curso

d e Mag is t ér io em To 1 e d o , cl e s 1 o c: a ri d o - s e d i a r i a m e n t: e d u. r a n t e

três anos, na p a r t e cia t a r d e r , para freqüentar a escola.


Novamen t e , a1 ém d t? A„ S„ possu ir mma e s c. o I a r i d a d e

superior a ï„B„, ela freqüentou um curso que p r o p o r c i o n o u o

c on t at o com um con s ider áve ï n dmer o d e p e ssoas d e uma r ed e

externa, entre elas, colegas, professores, supervi sores,

orientadores de estágio e diretores de escolas onde se

i'- e a 1 i z a v a o me smo, e a1 un os, c. 1 i e n t e 1 a d e s t a p r á t i c a E m b o r a

e 1 a m ant i v e s s e c o n t a t o s i m u 11 ã n e o com a rede de or i g em e a

rede externa, a experiencia p r o p o r c ionada pelo contado com

est a, parece t er s i do ma i s i nt e n s a e d i v e r s i f i cada do que a

das out r as duas i n f o r m a n t e s; que p e r man ec er am inte r n as em

c o 1 ég ios r e l i g i o sos, c: o n s t i t u i n ci o t a m b é m u. m a r e ci <••:-: in s u 1 a d a c: o m

c a r a c t e r ist i cas próprias.. Mas, nos t r ê s casos, a tentativa de

esco 1 a , t ant o 1 oc a 1 como ext er n a , em e 1 im in ar a in t er f er ën c ia

m o s t r' o u •-• s e im p r o d u t i v a , po is, p r ovave 1 me n t e, a menor

incidência de c a r a c t e r ist iças alemas ' na fala destas

informantes é devido m a i s ao c o n t a t o com a redo? e x t e r n a do que

P e 1 a aÇ ão d a esc o 1 a , c omo i n s t i t u i Ç ao

E S t a b e 1 e c e n d o •••• s e um p ar a1 e 1 o ent r e o gr au ci e

i n t e r f e r ë n c : i a de I„B„ (46), T.B. <38) e A „ S,. (24) ela parece

s e most r ar p r opor c i on a 1 ao n d m e r o d e a ri o s q u. e - o s i n f o r m a ri t e s

P e I" m a n e c e r a m a f a s t a d o s d a r e d e 1 o c: a 1 .,

Assim, !.. B,. , que v i veu interna por se is anos num

c o n v e n t o r e 1 i g i o s o s , a p r e ; s e n t a 3 0 % , 3 0 % e 3 0 % ci e- i n t e r f e r ë n c: i a

n a a n á 1 i s e r e a 1 i z -a d a ? A » S » , q u e c. o n t a t o u s i s t e m a t i c a m e n t e , p or

três anos com r e d e externa, apresenta 4®%, 30% e 30% de

interferëncia nos três casos analisados e T.B», que foi

interna, em e s c o l a de irmãs, por dois anos, assinala 40%, 40%


e 30% de i n t e r f e r ê n c i a de caracter ist icas a ï emas no uso do

português,,

Outro dado que p o d e justificar a diferença no g r a u de

interferênci a nestas três informantes, que têm como

c a r a c t e r i s t i ca comum a relação com rede externa, é o

encaminhamento dado a s u a s v i d a s após r e t o r n a r do i n t er n a t o ou

c: o n c 1 u i r s e u s e s t u d o B f o r a d a r e d e,,

0s t r ë s c asar am com memb r os d a c omun i d ad e , mor am na

s ed e , m a s A,, S „ e I „ B „ C me n or ind ice de in t e r f er ë n c ia ) con v i vem

sistematicamente com elementos externos, através da escola,

0n d e amb as a t u a m,. A „ S., , c: o m o p r o f e s s o r a e I „ B ,, c o m o a u x i l i a r

de s e r v i ç o s gerais,, As duas atuam numa r e d e , onde a lingua

portuguesa é obrigatória nos moment o s m a i s f o r m a i s da prática

esc: o 1 ar „ Além di s t o , e s t ao su j e i t a s a c ur s o s p r omov i d o s pela

rede de ensino, envolvendo pessoas de fora da rede „ .I„B„

t amb ém in t er ag e com a f i 1 h a q ue r es id e f or a d a r e d e 1 oca1 , e a

v i s i t a f r e q ü e n t e m e n t: e „ 1 „B„, p or sua vez, r e s t: i n g e - s e às

atividades domesticáis e seu círculo de relacionamento é

b as i c ame n t e f o r m a cl o pe1 o mar i d o, v iz ihhos e par ent e s

integrados na rede local,, 0 filho pode ser citado como elo

entre ela e a recle e x t e r n a pois cursa a faculdade em T o l e d o e

d á p i" e f e i" ê n c i a p e 1 a f a 1 a (i o p o r t u g u ê s ..

As duas alunas; da 3*" s é r i e cia e s c o l a local, direcionada

at ua 1 men t e , p ar a a 1 inha pedag óg ica h i s t ó r i c o •••• c r í t i c a e

1 i b er t ad or a , cl e m o n s t r a m, pe1 a d isp ar id ade ap r e sen t ad a em

relação ao grau de i n t e r f e r ê n c i a, a dificuldade que a escola

ap r e sen t a em m i n cs r a r ou e 1im inar ent r e seus memb r os, a

i n t er f e r ën c i a 1 i n g U. Í s t i c a cl a pr ime ir a 1 íng ua na s e g u n c! a
i 53

aprendida., Descobr i u - s e que C „ S „ (.13) e J„P,, (14) nasceram no

1 oc a 1 ? semp r e est ud ar am n a m e s m a e s c o .1 a d a c o m u n i d a d e , t ëm o

mesmo c i r cu ï o de a m i z a d e s e f r e q i.i e n i: a m bs mesmos I oca is de

.1 a z e r „ Ma s , a d if er enca no gr àu de i n i: e r f e r ë n c: i a é

s i gn i f i c a t i v a p o i s C „ S „ pontuou 90%, 90% e 30% e n q u a n t o que a

i n t e r f e r ë n c i a de J „ P „ se limita a 20%, 40% e 10%..

Para .justificar tais índices, os f a t o r e s idade, sexo e

e s c o l a r ida d e p o d em s er de s c a r t a d o s , p o i s amb as s e si t u a m n a

mesma f a i x a etária, freqüentam a mesma escola pelo mesmo

número de anos,

Uma a n á l i s e superficial da r e d e de integração das duas

p od er ia 1 evar à s u. p o s i ç ã o d e q ue a r ede soc i a 1 t amb ém n ão

seria responsável pela diferença marcante no uso da linguagem

i" e 1 a t. i v o à i n t er f e r ë n c i a „ E n t: r e t a n t o , emb or a C „ S„ e J„P „

P e r t e n ç -a m a me sma r ed e f e c h a c! a 1 o c a 1 , J „ P „ ext r ap o 1 a est e s

limites, não a t r a v é s da e s c o l a , mas p e l a ação familiar,,

Através da familia relacióna-se freqüentemente com

pessoas de redes externas, falantes do p o r t u g u ê s e ligados às

i Nov aç o e s agR o- P ecuár ias de in t e r e sse d e se u p a i Est e t amb ém

pr o p o r c i o n a a c e s s o a l i vr os, r e v i s t a s e f i1 m e s q u e c o n s t i t u e m

um modo indireto de v i ven c i a r o mundo externo,,

Emb or a est e c on t a t o i n ci i r e t o n ão s ig n i f iq ue uma

necessária mudança de c o m p o r t a m e n t o , inclusive lingüístico, o

fato de se inteirar dos v a l o r e s externos, por estes meios,

pode levar o adolescente a tentar se identificar com estes

valores,, á provável que um c o n t a t o continuo e sistemático leve

o j ov em a q ".i e s t i o n a r os va1 or e s cl a c o m u n i d a d e 1 o c: a 1 e c: o m
í 54
i

i s t o ? m o d i f i c: a r seu cqmp or t amen t o t amb ém e m r e 1 aç ao ao us o d a

'i í n g u a „

Além d e s t e v i n c: u 1 o c o m a r e d e e t er na , J ,, P „ s; e d e s 1 o c a

sistematicamente para a cidade onde realiza curso de

i n f o r má t ica, com a f ina1 id ade d e mod er n iz ar a a d m i n i s t r a c: a o

dos bens da familia,. As viagens de -férias se realizam

a n u aime n t e , i n c 1 u i n d o Sao P au 1 o, R i o e p r a i a s p a r- a n a e n s e s „ C o m

t o d a s e s t: a s o p o r t u n i d a d e s , é p r o v á v e 1 que a r e d e ci e r e f e r ë n c i a

possa se tornar uma outra rede externa e nao a de o r i g e m ou

de integração..

Se de um lado, J„P„ tem estas oportun idades de

convivência com rede externa, C„S„ raramente interage com

P e s s o a s cl e o u t r a s r e c! e s „ E m b o !" a t a m b ë m filha de a g r i c u 11 o r

a b a s t a ci o , e s t e n a o t e m o s m e s m o s i n t er esses e t er n os q ue o p a i

de J „ P „ e portanto, nao oferece a mesma oportunidade de

i n t e r ac ão par a sua f i l h a , , Ai n d a C „ S ,, r ar amen t e vai a To 1 ed o , e

q u a ri d o o faz é p a r a c: o n s u 11 a m é cl i c a o u d e n t - á r i a » A p r ime ira

viagem mais longa ela realizou ao concluir a oitava série,

quando acompanhou o grupo local (R0> numa e x c u r s ã o às praias

d o P araná..

Resumindo, C„8„ permaneceu presa à recle de o r i g e m , que

Pr ima em p r eser v ar s eus val or e s i n c 1 u s; i v e o c u 11 i v o cl a

primeira lingua, que é usada predom i riant ement e p e l a familia de

C„3„ Enquanto isto, na familia de J„P„ há um e q u i l í b r i o no

emprego da língua materna e do p o r t u g u ê s , devido à propensão

d a m e s ni a em se exp or às i n f 1 uë n c ias ext er n as d ir eta s ou

i n d i r e t a s ,.
155

Jun t o às m u 1 h e r e s , o s f a t: o r e s i ci a cl e e e s c: o l a r i ci ade nao

s e mostraram suficientemente convincentes para explicar a

i n t e r f e r e n c i a c o m p r o v a d a p e 1 a a n á 1 i s e ci o s c! a cl o s 1 i n a ¡i í s t i c o s

P o cl e r i a s e arg u m e n t a r q u e N E .. , A R e I B ,. , c o m m e n es s

escolaridade (até 4m série) apresentam alto grau de

.interferência.. Realmente;. deve-se aceitar esta constatação,

ma s con v é m l e m bra r que e l a s f r e qü e n t a r a m so m e n t e a e s c o1 a

1 ocal r que já foi d e f i n i cl a c o m o i n c e n t i v a d o i" a e r e p r o c! u t o r a

clos v a l o r e s locais,. Ela pertence à rede e está "a serviço" da

comunidade.

Por outro lado, C»S,, mais escolarizada (até a S"1

série) apresenta um i n d i c e semelhante de i nt e r f e r ê n e : i a ,. E s t e

f at o é e x p 1 i c á v e 1 p o r q u e C » S,, t a m b é m " s ó " f r e q i.i e n t o u a e s c: o 1 a

localv embora por um número maior de anos» As quatro

i n f or man t es t ë m , p or t an t o ? em comum , a f r e q u ë n c: i a à esco1 a

local e o c o n v i v i o r e s t: r i t o à r e cl e cl a c: o m u n i d a d e „

As out r as q uat r o i n f or man t es ( 1! „ B ,, >• T „ ES » , A,, S ,, e J,, P „ ) ,

a p i" e s e n t a n d o u m g r a u cl e i n t e r f e i" ë n c i a me n o r p or que t i v e r am ou

t ë m Í:: O n t a t o C o m o 'I t r a s r e cl e s , in cen t i vad a pela família (JP » )

o u f r e q ü e n t: a n d o e s c: o l a s e x i e r n a s à r e cl e cl e o r i g e m „

P or t an t o, o que real men t e det er m ina o gr au cl e

interferência da primeira língua na f a l a da s e g u n d a língua

aprendida é a rede de r e f e r ê n c i a » Se e s t a se restringe à rede

local, oncle predomina a fala alema, a i nt e r f e r ënc: i a de uma

língua na outra será niais a c e n t u a d a " mas, s e o membro local

con v i v e r com a r e de e xt e r n a , o n de p r e d omina a fala pa d r a o ou

outra variedade, a i nt e r f e r ê n e i a s e r á menos marcante,,


ÍJÚ

A¡n d a s e c on s i der a In t e r e s s a n t e ver i f i car a relação

existente entre escola e grau de i n t e r f e r ê n c i a também e n t r e os

h ome ns * a 1v o s da a n a l i s e , t oma n d o como r e f e r e n c i a 1 a c é 1 u I a

d up 1 a, in ic ian do o e s t: u d o pel os ma i s ve I hos e atingi nd o os

mais j o v e n s , a c o m p a n h a n d o o M U a ci r o p r o p o s t o n a p á g i n a í Í í ,,

£„£)„ (50) e N „K „ (50) concluíram a 4iA s é r i e na escola

m u 11 i s s e r ia ci a m a n t i d a pela c o m u n i d a ci e „ Amb os s ão f i 1 h os de

pioneiros e pelas razoes explicitadas ant e r i o r m e n t e , neste

capítulo, mantiveram-se fiéis a sua r e d e de o r i g e m e nunca se

a u s e n t a r a m cl o 1 ocal a n ão ser q u a ri cl o m o v i d o s p e 1 o s n e g ó c i o s ,

mas s e m p r e p e r manee en d o o m a i s e s t r i t a m e n t e possível longe cie

suas origens- Embora tenham a mesma idade e a mesma

escolar idade, pensa-se que o m o t i v o principal de similaridade

rio a l t o grau de i nt e r f erênc: i a que e l e s mantêm é d e v i d o à recle

fechada na q u a l fazem questão de permanecer,.

Como j á foi discutido, a escola local está até hoje "a

serviço" da comunidade, reforçando seus valoreis, e, com

c er t e z a, q uan d o e s 1e s in f o r m a n t e s e s t: u cl a r a m, cl e v i cl o ao

isolamento de época, ela se apresentava como um forte

mecanismo de reprodução deist e s valoreis, entre eles, o emprego

cia l í n g u a alemã como f o r m a de c o m u n i c a ç ã o grupai,,

Assim, se est es c! o i s fala nt es man t ëm um gr au

considerável de i n t e r f e r ê n c i a, é provável que este fato se

justifique pela inserção da escola na rede insulada a qual

administrava o setor educacional da época,, A este fato se alia

a p e r m a n ê ri c: i a d o s m e s; m o s n e ste t ipo c! e rede cl e s d e se u

n a s c: i m e n t o a c e i t a n d o -• a c: o m o r e d e r e f e r e n c i a 1 o q u e d e s m o t i v a v a

q u a 1 q u er iniciativa d e m u d a n ç a d e c o m p o r t a m e n t o 1 i n g U í s t i c o .,
U m a s p e c t: o cl i f e r e n t e é e v i d e n c: i a cl c :• a o se ob s erva r o

grau de i ni: er f e r ênc: i a de A,. B .. ( 4 ® ) rede fechada, em r e l a ç ã o a

E,.P„ < 38) , rede a b e r t a , e m bora a mb as t i v e s s e m f r e q U e n t a d o p or

quatro anos a escola da c o m u n i d a d e , quando era dirigida por

religiosas.. Nesta célula aparece claramente a relação entre

recle e g r a u de i ni: e r f e r ê n c i a p o i s a questão escolaridade não é

relevante para explicar a causa da m a n u t e n ç ã o em m a i o r escala

de interferênc ia em A „ B , enquanto que E .. P „ , com o mesmo

número de anos de freqüência a mesma e s c o l a , apresenta um

índice bem inferior ele i n t er f erênc i a »

Anal i s a n cl o - s e a r- e cl e d e i n t e g r a ç ã o d o s cl o i s e ï emen t os ,

pode--se esclarecer a causa deste desnível.. A,. B,. é um p e q u e n o

agr' i c u 1 i: o r , n ã o mecan izado , que faz q u e s i: a o d e se d e n om i n a r

colono- Desenvolve agricultura ele s u b s i s t e n c i a , dedica-se à

produção de leite em pequena escala e mantém um canil de

reprodução» á: filho de uma f a m í l i a numerosa de p i o n e i r o s (í5

fi 1 h os ) , sempre morou no 1 acal, g o s t a d o a mbi e n t e e p r e t e n d e

morrer aí„ Seu r e l a c i o n a m e n t o se limita à convivência com a

e sp osa , os p ar en t es p r ó x i mos e v iz I n h os , t o c! o s p e r t e n c e n t e s à

recle fechada.. Tem como lazer o jogo de f u t e b o l dos veteranos,

freqüentando o clube local, que j á se r e l a c i o n o u como l o c a l de

interação e reprodução ele v a l o r e s , , Neste contexto, é óbvio que

esta integração se r e f l i t a na sua linguagem, demonstrando sua

o r i g e m alemã na fala,,

E„P,. , por sua vez, é filho ele uma p e q u e n a família ele

pioneiros <02 filhos) é agricultor abastado, com lavoura

m e c: a n i z a d a , c: r i a cl o r de g a d o 1 e i i: e i r o , p i s c i c u 1 i: o r e api c u 1 i: o r ,.

Viaja seguidamente para diversas partes do país, procurando


n o v a is t e c: n o l o g ¡a s p ar a i n c: r- e m e n t a r seus n e g d c: i o s „ É 1fder

comunitário, representando as f a m í l i a s locais em diferentes

s e t o i" e i;; , c o m o r e u n i o e s c o a p e r a t i v i s t a ni-, r e p r e s e n t a n t e es c o 1 a r

e também levando reivindicações dos s e t o r e s agrícolas para

órgãos competentes,, Atua simultaneamente na r e d e local e na

e t e r n a „ E m b o r a m a n t e n h a a r e d e 1 o c a 1 c o m o r e d e d e r e f e !" ênc i a ,

e não pretenda viver em o u t r a região do p a í s , a influência da

!•" e d e e t e r n a apa r e c e n a s u a f a l a que d en ot a uma int er f er ênc i a

menos s a l i e n t e em c o m p a r a ç ã o ao o u t r o elemento da célula,

pertencente à rede local,,

Já o grau de interferência entre J„L„ (18) e I„K„ (24)

a P i" e s e n t a -• s e s i m i 1 a r , e m b o r a J ,. I...,, e s t e j a con c 1 u in d o o segun d o

grau e !„!<„ tenha completado o primeiro grau e encerrado seus

e st ud os „ Ambos e s t u d aram até a 8Kv sér ie na e sc o la da

comunidade logo que f o i e s t adual i z a d a „ 8e a e s c o l a r i d a d e fosse

responsável pela eliminação da i n t e r f e r ênc: i a , J„i teria que

apresentar um g r a u consideravelmente menor de i n t e r f e r ê n e i a do

que I., K„ fias, conforme discussão já realizada, a rede local

permanece como rede referencial para J„i o que f a z com que

esta preferência se reflita no seu c o m p o r t a m e n t o lingüístico,,

Embora estude e trabalhe fora da r e d e , ele aceita e valoriza

suas raízes agrícolas pois é filho de p e q u e n o agricultor,,

I ,, í< „ , p e r t en c e à f a m í l i a p i on e i r á cl e e x e e 1 en t e s i t uaç ão

e co n 8 m i c a, ap recia a a t i v i c! a d e d o c a m p o e p r e t e n d e s; e g u i r est a

P r o f i Iii iii ã o ., M a i"! t é m u m e s t r e i t o v i n c u 1 o c! e a m i z a d e s e in t eg r ação

com a rede e só recentemente empreendeu algumas viagens de

lazer, realizan do e cur s o e s , eom o g r up o 1 ocal (RO), p ar a o

R i o d e Ja ne i r o e B r a sí1 ia»
159

'.estas sao algumas das condiçoes que permitem à

linguagem refletir a identidade lingüística do grupo, nas

quais se incluem a i n t e r f e r ê n c i a 'da p r i m e i r a língua no emprego

da segunda língua aprendida»

A1 u n o s d a es c o 1 a a t u a 1 , d e 1 i n h a p e d a g ó g i c a h i s t ó r i c o ••••

crítica e libertadora, concluindo a S*1- s é r i e são integrantes da

c é 1 u ï a dupï a ma is j ove m q ue comp o e a a m o s t r a. ( E „ S,. e F .. H ) ,,

Id e n t i f i c a m - s e n a idade, esco1 a r i d ad e mas n ão na r e de de

comunicação e, em conseqüência, apresentam um índice

d iver s if icad o d e i n t e r f e r ë n c i a .. A m b o s f or am c o1 egas cl o p r é ••••

escolar até a segunda série do p r i m e i r o grau, na e s c o l a local,,

Depois E„8„ se ausentou por quatro anos cia localidade,

r es i d i n d o n uma v i1a pr óx ima n ão p r ed om in an t emen t e a 1 emã e

c: o n v i v e u c: o m c: o 1 e g a s e v i z i n h os f a1 an t e s d o p or t uguës » Ne st e

P e r í o cl o , o ún ico v Í n cu 1 o c om a 1 í n g ua a 1 emã er a man t i d o p e 1 a

família a que p e r m i t i u a c o n i i n u a ç a o cl o seu uso,, 0 convívio corn

outra rede, na q u a l se i ne l u i ' a e s c o l a , resultou, no entanto,

num decréscimo da i nt er f e r ene: i a na fala do adolescente,

R et or nando a Dez d e Mai o , E „ S ,, con f e ssou q ue o em p r e g o da

língua alemã se i n t e n s i f i cou porque reencontrou seus colegas,

amigos e v i z i n h o s f a l a n t e s ; - deísta língua,,

Já F . H » preenche os requisitos para pertencer à rede

1 oca ï „ é f i1 ho de s u i n o c: u 1 t o r , n asc eu e semp r e m o i" o u na

localidade, restringe seu r e l a c i o n a m e n t o social a vizinhos e

parentes e eis por a d i cament e v a i a Toledo,, A família usa a língua

alemã c: o m o for ma de c o m u n i c a ç. ã o., Es t es fato s c: o n j u g a d o s

r e s u 11 a m n uma f a1a e n t r e me ad a de v is íve is t r aç os de

i n t e r f e r ê n c i a da língua alemã» A disparidade entre os g r a u s de


i¿9

interferêne¡a é facilmente explicável pela disparidade de rede

n a q ua 1 os j ove n s int er agem

0 q uad r o i" e f e r e n c i a 1 ( p „ 1Q.1 ) most r a q ue os q uat r o

P r ime ir os in f or man t e s m a s- c u 1 i n o s e Î;;- t u d a r a m at é a 4m s é r i e n a

e s <: o 1 a d a c omun id ad e c om d i i-" e ç o e s e f i 1 osof i as d i f e r e n t e s .,

Nenhum d e l e s se ausentou da r e d e para estudar ou m o r a r » Tres

d os mesmos eon ser v am um g r' a u a c e n t u ado de i n t e r f er ê n c i a e

a p e n a s u m a p r e s e n t a u m í n d i c: e i n f er ior ( E „ P ,. ) „ G b s e r v a n d o a i n d a

0 q u a d r o , n o t a •••• s e q u e E „ P ., in t er age n a r e d e a b e !" t a e os out r a s

três na rede fechada local,. E é justamente este detalhe,

aparentemente irrelevante, que v a i determinar a permanência da

i n t e r f e r ë n c i a em m a i o r escala na f a l a dos três, enquanto que se

ver i f i c a um decr é sc imo n a i n t e r f er ën c i a d o at uan t e em r ed e

a b e r t a„

D o s o u t i" o s quat r o in f or man t es m a s c u. 1 i n o s;, t amb ém s ó um

m o i;; 11" a uma p or c en t agem m e n or de i n t e r f e r ë n c. i a >' E „ S » ) „ A

e s e o1 ar i d a d e não a p a r ec e c omo f a t or d e t e r m i n an t e p o i s el es se

eqüivalem em escolar isação, oscilando entre a 8m s é r i e e o 2°

an o d o 2° g r au„ 0 q ue d o? t e r m i n a o í n cl i c: e m e n o r d e E « 8 ,, ( 2 0 %,

40 Z e 20%) é o convívio com a r e d e aberta e a P r e ci i s p a s i g: a a em

aceitar as regras desta rede, inclusive o comportamento

1 i ngü i s t i co ,,

Esta d i s p osi ç a o não s e verifica em J„ I que mesmo

integrante de r e d e aberta, não a c e i t o u suais r e g r a s lingüísticas

e continuou a adotar as v i g e n t e s na r e d e de o r i g e m . , Este fato

resultou num grau de interferënci a semelhante ao de seus

colegas integrantes de r e d e fechada,,


m

0 s o u 11" o s cl o i s i n f or mante s m a s c: u 1 i n o s < E „ S., e N „K„ ) ,

c o n f i gur a m--se na re'iaçao de recle f e c h a d a com m a i o r grau de

i nt e r f e r ene: i a „

4 „ 4 » :í. 0 PA P E L D A E S C 01... A N O D E C R é S CIM 0 D A IN T E R F E R E N CIA

Após a análise c o r r e l a c ional entre escolaridade e grau

de interferëncia, deve-se convir que, embora não s e possa

considerar a escola como um f a t o r determinante na e l i m i n a ç ã o da

i n t e r f e r ë n c i a em Dez de Maio, deve-se reconhecer o seu papel

n e s t e p r o c e s s o cl e v i ci o a a 1 g u n s f a t o r e s „

Em p r ime ir o lugar, f oi at r avé s dela q u e o Ï; p r ime ir os

mor ad or es t iver am u m c: o n t a t o i n i c i a 1 c a m a 1 í n g u a p o r t u g u e s a ..

Os p i o n e i r o s e os filhos freqüentaram a escola só p o r quatro

anos, enquanto que o s s e u s n e t o s de h o j e já têm a c e s s o à escola

da r e d e até a oitava série e a língua portuguesa lhes é

fam i 1 i a r , veiculada, antes da i dad e e s c o l a r , p e1 o s me i o s de

comunicação, como o r á d i o e a TV»

Em s e g u n cj o 1 ugar , c: o n s i c! e r a - s e que o en s i n o

sistematizado cia língua portuguesa, na c o m u n i d a d e , ocorre a

partir da série, pois até então, o aluno se dedica à

• aprendizagem cio p o r t u g u ê s como uma s e g u n d a língua»

Mas nos d o i s casos;, com e s t u d o sistematizado ou sem ele,

0 q u e s e q u e s t iona é até q ue p on t o o s imples c o n t a t o cl i á !" i o c: a m

a língua portuguesa, e em situação formal, permite a um

integrante ele urna r e d e densa, insulada e multiplex, deixar-se

envolver a ponto de abdicar' de seus valores, incluís i v e

1 i ngüíst icos»
162

Assim, a diferença cie escolaridade poderia ser

considerada relevante se não ocorresse o fato de que a

freqüência à escola se verifica na mesma instituição local..

E st a n ã o p o d e s e r c o n c e b i d a c o m o u rn f e n 8 m e n o i so 1 ad o s ep ar ad ò

da r e a 1 i d a d e soc i a 1 d a q ua 1 faz p ar t e e r ep r od uz os seus

v a 1 o i'- e s y c o m o f o i d e m o n s t r a d o n e s t e e s t u d o

Por out r o 1 ad o , a esc o1 a i n ser i d a n uma r ed e e x t: e r n a

e s t a r á sujeita a mesma f u n ç ã o , ou s e j a , r e p r o d u z i r á os valores

da rede à qual pertence,, P o r t a n t o , o aluno de D e z cie M a i o , ao

freqüentar esta escola externa estará diretamente exposto às

regras lingüísticas d i t a d a s pela rede na qual a escola está

inserida.. E, e s t a s não condizem com as a p r e s e n t a d a s pela sua

i" e d e d e o r i g e m ,. C o m o c: o n s e q Li ê n c i a d est e n ovo c: o m p o r t a m e n t

1 i n g ü í s t i c o e x i g i d o, r e s u 11 a r á, e m a 1 g u m g r a u, n o d e c r é s c i m o d

i nt er Perene i a da língua alemã na fala do português,.

No convívio d i á r i o n o t o u - s e na fala d e s t e s informantes o

e m p r e g o de alguns itens t í p i c o s da rede externa e que eram

i" e a 1 i z a d o s e o m um men or gr au d e i n t er fer ên c i a „ P ar ec e que o

g i" i.i p o 1 o c a 1 p o s s u i u m v o c: a b u 1 á r i o li g a d o à p r o f i s s ã o e v a 1 o r e s

q ue ser vem d e i d e n t i d a d e g r u p a 1 .. N e s t e r e p e r t ó r i o, á " m a r c a " d

origem étnica se s a l i e n t a pela interferência apresentada entre

a 1 í ngua a 1 emã e p o r t u g u e s a „ E, mesmo os q u e. c o n t a t a r a m c o m

rede externa apresentam esta caracter íst ica na fala resultando

n a m a n u t e n ç: ã o d a i n t e r f e r ê n <:: ia»

P a l a v r a s como /ka/x sa/, /k axe't i ria/, /'x sa/, /xo'dò'/,

/ 'x i u/ , /fã 'faxa/ , / s i m a ' x ã w /, s ã o r e a 1 i z a d a s c. o m o / i< a •' r s a /

/ k a i'' e ' t i ri a / , / r o ' d o /, / r i u /, /fã 'far a/ , /s i ma 'r ãw/ , p or q

s er vem d e i d e n t i f i c a ç: ã o g r u p ai. Ag or a , i t en s c omo /mak a 'xãw


163

/ ' k a u / , /;;e ''v i st a/ / ' x a p i d u / , mantêm estas car act er íst i cas

f o n ê t i c a s q u a ri d o real i z a d a s p e 1 o s 111 o f a d o r e s q ue as a p i" e n d (•:•:• r a

via rede externa,. Nos demais, confinados na rede insulada

local, a i n t er -Per ên e i a também é notada n e s t e s c a s o s , resultando

e m r e a 1 i z a <:,: o e s c: o m o / ni a k a ' r o / , / ' k a r u /, / r e ' v i s t a / , / r a p i d u.

4,.4 E S T R U T U R A SOCIAL. E R E D E DE COMUNICAÇÃO

Con for me o p r essup ost o , o e s t u do real iza d o até ag o r a

d e m o n s tra f o rt e s e v i d ê n c i a s d e q ue a red e s o ci a 1 d a c o muni d a d e

de Dez: de Maio tem as car act er íst i cas de rede insulada, densa e

m u 11 i p 1 e x o q u e r e s u 11 a ri u m a r e d e f e c h a d a „

C o m o c o n s e q ü e n cia do i n s u 1 a rn e ri t o d e s t a c ornu n i d a d e , as

redes abertas, vinculadas 1 i ngii i st i cament e à língua portuguesa,

apesar de toda p o l í t i c a de a c u l t u r a ç ã o , mostram-se incapazes

de penetrar significativamente na estrutura social da

comunidade, centrada no uso da língua a lema,. 0 que resulta da

tentativa é a a b e r t u r a de uma b r e c h a pela qual a língua

p o i" t i.i g i.i e s a s e i n f i 11 r a , d e s e m p e n h a ri d o u rn p a p' e 1 secundár i o

instrumental eritre os moradores,.

Ainda, a interação e n t r e o grupo se p r o c e s s a em língua

a lema, de modo c o n t í n u o , freqüente e g e n é r i c o , o que resulta

numa r e d e com um a c e n t u a d o grau de densidade,,

P o r ú 11 i m o , a r e de se most r a m u 11 i p 1 e , pelo f a t o d o s

componentes do grupo desempenharem simultaneamente, d iferentes

funções sociais que levam à concentração de cargos e

d e s e m p e n h o s e v i t a ri d o, c o m i s t o, o a c e s s o de ele m e n t o s e s t r a n h o s

à rede. E, como n e s t e p r o c e s s o de interação g r u p a i , a língua de


IM

comunicação é o alemã, a mui t i p 1 ex i clade contribui para a

manutenção da i nt er í er ene i a e n t r e as d u a s línguas.,

E s t a s c a r a c t e r íst icas de r e d e propiciam a formação de

uma e s t r u t u r a social alicerçada em s e g m e n t o s q u e se entrelaçam

e mantêm v a l o r e s eram u n s . Isto se r e f l e t e também na e s c o l h a de

1 í n 9 u a p a r a a c o m u n i c a ç ã o g r u p a 17 o c a s i o n a n d o , c. o n s e q ü. e n t erne n t e

na m a n u t e n ç ã o da i nt er f er ênc i a e n t r e as duas 1 ínguas >• • a de

c omun i c aç ão (a 1 e m ã ) e a i n s t r u m e n t a 1 (p o r t u g u ê s > ..

Teor i cament e est a est rut ura soe i al é dividida em c i nco

segmentos, mas, p e l a s c a r a c t e r íst icas cia r e d e , estes segmentos

e s t ã o de tal modo inter1igados, q u e , na r e a l i d a d e , reforçam os

valores locais e propiciam a preservação de r e d e fechada.,

Pode-se considerar as famílias de origem alemã como

b ase d esta est r ut ura porque c u 11 i v a m vai o r e s s o c i a i s,

religiosos e lingüísticos p r ó p r i o s de sua e t n i a e os transferem

para os demais segmentos com os quais i n t e r a g e m , em b u s c a de

instrução (escola), lazer (clube), trabalho (associaçoes) e

re1 i g i ão (i gr ej a > „

A e s c o 1 a, c o m o j á fo i d emon s t r a d o , é v i st a c omo uma

c on t i n u i d ad e d o p o s i c i o n "a m e n t o f a m i I i a i" , ab sor ve e r ep r od

s eu s vai o r e s po i s as p essoas e n volvi d a s na sua c on d uç ão

pertencem à rede local» Esta posição leva à auto-suficiência e

demonstra a considerável relação existente entre a escola e a

c o m u n i d a cl e rest r i t a „ Com isto, os 6 r g aos P Úb 1 i c os liga d o s

institucionalmente a este estabelecimento de e n s i n o , possuem

pouca possibilidade de a t u a ç ã o » 0 fato não gera conflitos

P or Qu e o i n t e reSs e d o co r p o d o c e n t e, na c o n d u ç ã o da escola,

supera as espect a t i v a s oficiais,,


165

A família e a escola, por sua v e z , relacionam-se com o

c: 1 u I:) e 1 o c a 1 , p a r t i c: i p a n d o cl e s u a s a t i v i d a d e s t o r n a n d o •••• s e e s'c e

segmento uma extensão da rede familiar e escolar porque as

P e s s o as en volvi d as sao b as icamente as me smas nos tr ê s

segmentos,.

As associações, por outro lado, atuam para o

f or t a1 ec imen t o da rede , po is a1 ém de con gr egar e 1 emen t o s

r e 1 a c i o n a d o s c: o m a f a m í 1 i a, e sc o1 a e 1 az er , s e r v e m c o m o c a n a. I

de ava 1 i aç ao e r e i v i n d i c a ç a o c omun i t ár i a .,

P or u 11 i m o , a I g r e j a. p od e ser v i s t a c o m o c o n t r' i b u. i n t e

para manter a c a r a c t e r i s t i ca da r e d e porque aí se concentram os

h ab i t an t es I oca i s , 1 ig ad os p e 1 o me smo cr ed o r e 1 i g i o is o e jú

vinculados aos outros segmentos estruturais,,

P o i" t a n t o , as e v i cl ë n c i a s ap r e sen t ad as e on f i r mam o

pressuposto inicial de que a rede social de Dez de Maio se

classifica como uma rede fechada. Ela satisfaz as condições

.já mencionadas em trabalhos s o e i o l i ngü i s t i c o s que . se

f un d a me n t ar am n a t eor ia d as r e d e s s o c i a i s ,, G A L ( .1.9 7 9 ) , MIL.. R 0 Y

(1.982), BORTONI <1985), apontam fatos similares aos encontrados

em Dez de M-a i o que j u s t i f i c a r i a m a rede fechada.,

(3 A i... alega a e x i s t e n c ia da r e d e f e c h a d a c o m p o s t a p or um

g r' u p o m i n o r i t á r i o h ún g ar o como f or ma d e man t e r se us v a 1 or es e

1 Íngua f r ente a uma r ede a 1 e m a' e c o n S m i c. a e soc i a 1 men t e

s up e r ior » Já M11... R 0 Y j u s t i f i c a. o d if er ent e d esemp en h o

lingüístico de grupos social e economicamente similares pela

força da rede fechada que compõe c a d a grupo em estude?.. BORTONI

v ë na rede fechada ríos migrantes rurais um impeciïho para o

a c e s s o a n o v o s d i a 1 e t o s p a d r a o o u n a. o..
ÍÓÓ

Em Dez de M a i o , a rede fechada condiciona a manutenção

da i n t e r f e r ê n c i a d a .1 f n g u a a I e m a n a f a I a d o p o i" t u g u ë s „

0 b s e r v a - s e q u e , d e a c o r d o c o m G A i..., o a c e s s o ci o f a 1 a n t: e à

i" e d e a b e r t: a o "1 e v a i" i a à -s u b s t: i t: u i c a o da 1 ¡' n g u a h úng ar a pe 1 a

alema no. estudo realizado em Ob e r war t. , Áustria., Já MILROY

m o s 11" a q u e os i n f o r m a ri t e s ci o s t r ê s b a i r r o s d e t: r a b a 1 h a d o r e s d e

B e 1 f a s t , e s t: a o m a i s- p r o imos a o d i a 1 e t: o p a d r a o , à m e d i ci a que

i n t e r ag e m c o m r e d e s a b e r' t: a s » B 0 R T 0 NI v i sua 1 iza a r e c! e a b e r t a

c omo r esp on sáve 1 pe1 a int egr acao d o m igr ant e à v id a ur b an a e

s e u c: o n s e q ¡.i e n t e a c: e s s o a o u t r o s d i a 1 e t: o s u r !::• a n o s..

Em Dez d e Ma i o , o a c: e s s o à r e d e a b e r t a e >: t e r n a p o d e

at en uar o gr au d e in t er f er ën c i a en t r e as d uas 1 ín g uas f a 1 ad as

pelo grupo,. Mas, para este estudo, parece convergir a idéia de

que a recle f e c h a d a é responsável, ou p e l a preservação de uma

1 i n g ua m in or i t ár ia ( h ún g ar a ) em r e 1 a ç. ã o a uma maj or it ár ia

(alemã)? ou p e l a manutenção de dialetos peculiares a uma

c 1 asse soc ia 1 ( t r ab a 1 h ad or a ) ? ou à p r eser vação d o d i a 1 et o r ur a 1

( ca ip ir a ) e m . c: o m p a r a c ã o a d ia1 et os ur b an os ou a inda , à

man ut en ção d e i n t e !" f e r ë n c i a da p r i me ira 1 in gua na segund a

1 í n g u a a p r e n cl i c! a ( a 1 e m ã p o r t u g u e s a ) .,

As r e d e s fechadas seriam, no e n t a n t o , encaradas sob dois

p r ismas d iv er sos „ 0 t r ab a1 h o d e G AL e o p r ese n t e e s t: u d o

partem cio principio de que a recle f e c h a d a é responsável pela

m a n u t: e n ç ã o o u d e uma I i n g ua, e m 0b er war t , o u d a m a n u t e n g: ã o d e

i n t e r f e r ë n c i a, em Dez de M a i o„ As pesquisas de MILROY e

BARTONI, por sua vez, vëem na rede fechada um elemento

d i f i c: u 11 a d o r p ar a a d i f usão d e n ovos d i a 1 etos, p a d r ão ou n ão „


1Õ7

C' o n f o i" m e e s t a s au t or as > as c o m u n i cl a cl e s e m est u d o , de

() b e r w a r t , B e .1 f a s t e B r a z .1 a n d i a f o r m a r i a ni u ni a r e cl e f e c: h a d a.

I evad as p r i n c: i p a ï men t e p e l o esp í r ¡ t o d e sob r e v i vën c i a ec: on S m i c a

e social, pois tanto oís camponeses de Ob e r wart ,. ou os

t r a b a l hador eis ele Belfast como oís m i g r a n t e s de B r a z l a n d i a , têm

em comum a pobreza e a marginalizarão social,. Este aspecto

propiciaria a is o i i dar i e d a d e e o auxílio mútuo c o n t r a forças

e x t e r n a s „ E, e s t a u n i ão e m t or n o d e i n t e r e s s e is c: o m u n s l e v a r i a à

preservação de valores do grupo, entre ele, a variedade

1 i ngU íst ica „ •

No entender de BORTONI, a pobreza é um fator

preponderante para a conservação da identidade grupai o que

resultará em c a r a c t e r i s t i c a s lingüisticas»

Associando estas análises soc i oi i nau ist icas aos resultados dos estudo-,
socioantropolfísicos de redes, podemos concluir que as redes densas,
cujos laços são contraidos nua territorio limitado, sao encontradas ea
grupos de nivel socioeconómico mais baixo, onde prevalece a orientação
para a identidade. Em terœos socio!ingüist i cos r verifica-se que nestes
grupos há unta forte, tendencia à preservação do vernáculo i.e. da
variedade usada no lar e no círculo de amigos e vizinhos."*

Já em Dez de Maio, a questão da pobreza e

ni a r g i n a 1 i z a ç ã o n ão p r o c: e d e p or q ue a c: o m u n i d a cl e é aut a -

suficiente economicamente e socialmente respeitada,, Entretanto,

o desejo da preservação cie valores étnicos e culturais

r er s u i t ar i a m na formação e manutenção der r e d e fechada na q u a l a

língua de origem é a primeira, língua aprendida, o que rersulta.

na preservação da i nt e r f erênc: i a desta na segunda língua

a p r er n d i d a , a p o r t u g u er is a,,

59
BORTONI-RICARDü, Stella Maris. ô__UÍâCâ£ÍQ LÜCalzULliaüä QQ E t ä ä i l i Uiâ âüâliSÊ
SôLiQliúaÜÍStka. Ill TARALLO, Fernando (org.). Fotografias soc i oi i ngü ist i cas. Campinas: Pontes, 1989 : i 7 i .
ÍÓ8

A s s i my p e l o s estudos realizados, pode-se afirmar que uma

r e d e f e c: h a d a se f or ma p or v á r i o s m o t i v o s , c! e s d e a ne c e s s i d a cl e

de s o b r e v i v ê n c i a até a preservação de valores étnicos ou

c: u '11 u r a i s

E is t a r e d e fechada é t r an s f or mad a f ac i 1 me n t e n uma r ede

densa, p r i n c i p a '.i m e n t e em gr up os in ser id os em gr an d es c en t r o s

ur b an os , como Belfa st ou cl e B r a z 1 â n cl i a , q u a n cl o um m igr an t e

estabelecido induz seus p a r e n t e s e amigos do l o c a l cie o r i g e m a

se t r a n s f e r i r alegando melhores condições de vida e formam

g r up os que interagem c: o n t í n u a e s i s t e m at i c: a m e n t e . A s s im, e m I:) o r a

o grupo se propague, s e u s membros e s t ã o ligados, não so pelos

valores r e g i.ona i s , mas p o r laços familiares e cie amizade,

contribuindo estes fatos para a formação cie uma r e d e umlt ipi ex.

Em c o m u n i d a d e s pequenas, como cie Ober w a r t e Dez de Maio,

o s e 1 eme n t o s p i on e i r os p er man e c em n o 1 oc a1 q ue f o i f or mad o p or

famílias do mesmo g r u p o étnico, (húngaro e alemão), religioso

(católico), e provenientes da mesma região geográfica. Os

vínculos familiares e cie a m i z a d e perpassam gerações e estreitam

a união.

Nas q uat r o c o mu n i d a d es e m an á1 i se, o s s e u s c o m p o n e n t e s;

desempenham d i f e r e n t e s funções levados pela situação pois,

embora os grupos de Belfast e Brazlãnclia estejam inseridos em

grandes centros urbanos, o fato de c o n s t i t u í r e m redes fechadas

os leva a suprir suas necessidades imediatas. Por outro lado,

Ob e r wart e Dez de Maio, enfrentam a mesma s i t u a ç ã o resultante-

do f a t o de c o n s t i t u í r e m redes fechadas..

A conseqüência lingüística resultante de r e d e fechada é

visível nestas pesquisas realizadas. Entretanto, no t r a b a l h o de


16?

GAL, a força da rede- f e e h ad a p a r e c e estar embutida na profissão

de a g r i c u 11 o r , d e p o u c o p r e s t ig i o s o c i a 1 , q u e s er i a r e s P O n s á v e 1

pela preservação da língua húngara,, Mas, embora não adote

abertamente a terminologia redt: , e l a está subjacente e serve de

r e f e r e n e i a 1 p a r a o u t r o s t r a b a 1 h o s c o m o o s d e M11... R 0 Y,, E s t a v ë n a

i" e d e f e c: h a d a u ni a f or ca cap az de in t er f e r ir no d ese mp e n h o

lingüístico de s e u s membros, do mesmo modo que BORTONI, que

admite a importancia da rede fechada na m a n u t e n ç ã o do dialeto

c a i p ira,,

N o enta n t o , e s t a s p e s q u i s a (i o r a s c o r r e 1 a c i o n am o s ci a cl o s

lingüísticos com as v a r i á v e i s de s e x o e idade, acrescentando

c ad a qua 1 ou t r a s va r i á ve i s „ GAL, por e xe mp 1 o, ut i1i za a i cl a d e ,

o sexo e a profissão (agricultor>y MILROY, ao lado dos fatores

sexo e idade, prioriza a proveniencia e a localização

g eog r áf ica d os gr upos em e s t u. d o ? B 0 R T 0 NI , p or sua v ez ,

correlaciona o sexo, a idade e a integração à vicia urbana.,

0 que estes trabalhos têm em comum é que t o c i o s tentam

justificar o desempenho lingüístico cio f a l a n t e a partir desta

correlação, e, as e x c e ç õ e s encontradas são justificadas pela

rede fechada»

GAL demonstra que o s homens e mulheres de meia idade

usam mais o húngaro do que o alemão;: que os rapazes

a g i" i c: u 11 o r e s t a m b é m p r e f e r e m e s t a I í n g u a , en q uan t o q ue as moç as

op t am p e 1 o a 1 e m ã o c: o m o u m a f o r m a d e r e p ú d i o à v i cl a c: a m p o n e s a »

Os t r a b a l h a d o r e s , de o r i g e m húngara, por sua vez, teriam clara

t en d ën c ia p e 1 a f a1 a a1 e mã „

Neste contexto, ocorre uma exceção envolvendo dois

t r ab a 1 had o r e s c om e ar ac t er ist: i c a s e t ár i a s , s ó c i o •ec on o m i c as e


170

f u n c ¡ on a i s s ¡ m i ï a r e s , . En t: rei: an t o ap r e s e n i: avam . uma ac en i: uad a

diferença quanto à preferência pela língua escolhida para

c o m u n i c a c;: ã o En q Uan t o um p r ef er e ab er t amen t e o h ún g aR o o out r o

faz do a lema o a sua língua usual.. Então,. BAL j u s t i f i c a esta

preferência, pela rede diferente a que pertencem os dois

i n f o r m a n t e s « 0 q u e o p t o u p e '.! o a 1 e m ã o e n c o n t r a •••• s e c o m o s c o ï e g a s

de t r a b a l h o alemães após o expediente e seus vizinhos são

i: i" a b a 1 h a d o r e s a 1 e m ã e s „Não visita seus p a r e n i: e s h úngar os que

moram l o n g e de sua casa e sua e s p o s a faz compras no lado

alemão,, Conclui-se que sua r e d e de integração é mais alemã do

q u e h d n g a r a ,.

Já o o u i: i" o 11" a b a 1 h a d o r p ouco conv ive com co 1 egas

alemães, reside numa rua o n d e predominam as famílias húngaras

com as quais- mantém estreito laços de amizade e visita

r eg u 1 ar men t en o seus p a r e n i: e s h ú n g a r o s que r es idem pr óx i mos a

sua casa,. Além d i s t o , ele e sua e s p o s a auxiliam os-vizinhos e

parentes nos afazeres agrícolas onde v i g o r a a rede fechada

húngara,, Sua esposa raramente se ausenta do b a i r r o , fazendo

suas compras nos e s t a b e l e c i m e n t o s locais,, Como conclusão, a

rede deste informante é essencialmente húngara, daí a sua

preferência por esta língua..

Aná1 ise se me 1 h an t e f az M I i... R 0 Y quand o j u. s t i f i c a o

c! e s e m p e n h o I i n g ú í i::- i: i c o d os in f or man t e s pr óx imo do p ad r ão ou

não, pela correlação sexo, idade e localização geográfica,. Ela

ob serva que os h o m e n s de B a 1 ï y m a c a r r e i: m a n i: ë m u m a rede mai s

fechada do que as m u l h e r e s , , A causa desta ocorrência se deve ao

fato dos homens t r a b a l h a r e m , no e s t a l e i r o , situado no mesmo

espaço físico da residência, não se ausentando do local,-


Í7Í

(enquanto que: as mulheres executam serviços domésticos fora ei a

r' e cl e , o que 1 i ngü i st i c amen t. e s i g n i f i ea ma i or use) elo d i al et o

1 oc a 1 p e 1 os h omen s „

Quanto ao bairro de Cl on ar d , a diferença entre sexe) e

uso elo vernáculo nao é muito acentuado porque o s homens não

t ëm e mp r eg o f ixo no 1 oca1 , a u s e n t a n el o ~ s e t a ri t e) q uan t o as

mu 1 h er es p ar a o t r ab a ï h o „ Como c o n s e q ¡.i ë n c i a , o desemp enh o

1 i n g ü í s t i c e) é , em r eg r a s im i 1 ar e n t r e o s s e x o s ..

Mas, ao analisar a fala de duas m u l h e r e s do b a i r r o com

e: a r a e: t e r Í s t i c: a s e c o n o m i c a s e et ár i as seme 1 h an t e s , MIL R 0 Y se

deparou com uma e x c e ç ã o porque urna delas usava um a variante

P r ci x i ma do p a ei r ã o , e n q u a ri t o q ue a out r a d emon st r avà uma f or t e

preferência pelo dialeto local, que e r a uma car-act e r i s t i ca elos

moradores em g e r a l ..

Ao a v e r i guar a rede de comun i c a ç ã o de ambas, constatou

que uma não trabalhava fora da rede, tinha uma família

n u m e r o s sx, r e 1 a c i o n a v a • s e mu i t o b em com os v iz in h os, v i s i t a n d o ••••

os seguidamente,. A ou.tra mulher, não t i n h a filhos, não visitava

vizinhos, suas h o r a s de lazer eram p a s s a d a s na f r e n t e da T „ V „ e

mantinha um círculo cie a m i z a d e s no seu trabalho, fora da rede,,

A con c 1 usão d e M '.[ i... ROY f o i q u e a s r e d e s el i f e r e n t e s n a s q u a i s a s

mu 1 h er es i n t e r a g i a ni s e r e f 1 e t i a m n o s e u el e s e m p e n h o 1 i n g ü í s t i c o .,

Novamente, a exceção é explicada pela rede social enquanto que

a regra é justificada pela correlação idade, sexo e localização

g eog r á f i c a .,

B 0 R T 0 NI exp 1 i ca a el i f u s ã o el i a 1 e t a 1 em Br az 1 ând i a

e: or r e 1 ac i on an cl o i cl ad e , sexo e i n t eg r aç ao à red e ur ban a ..

0 b s (•:•:• r v o u q u e a s m u 1 h e: r e s f i c a m r e s t r i t a s a o g r u p o el e o r i g e m, o
i 72

que d i f i c u l t a a integração à vida urbana e em c o n s e q ü ê n c i a a

difusão dialetal demora em ocorrer por se comunicarem por

b a s t an t e tempo n o d i a l et o c a i p i r a ., Os h omen s , p or sua vez ,

estão mais sujeitos à difusão dialetal e integram-se

r a p i ci a m e n t e à v id a ur b an a p or q ue o t r aba1 ho 1 hes p r op i c i a

c: o n t a t o com r e c! e s e x t e r n a s .. A s s im, eles s u b s t it u e m c o m ma i s

r a p i ci e z d o q ue as mu 1 h er es, o d ¡ale t o ca ip ir a p or out r a

v a i" i e d a d e u r b a n a „

Esta regra, porém, é quebrada ao a n a l i s a r a fala de dois

rapazes, que embora irmãos e criados no mesmo ambiente,

demonstravam diferenças marcantes na sua fala,, Um deles

apresentava elevado índice cie c a r a c t e r i s t i c a s do f a l a r caipira,

e n q uan t o q ue o i r mão m o s t. r a v a u m a c 1 a r a t e n d ë n c: i a pe1 a f a1 a

padrão., Este fato foi associado a redes diferentes a que cada

q ua 1 per t enc ia „ 0 p r i me i r o mant inha mu i t os am igos na

v i z i n h an ç a , n ão gost ava d e est ud ar e t r o c a v a s e g u i d a m e n t e ci e

e m p Í" e g o ., 0 o u t r o , p e r t e n c i a a. A s s o c: i a ç ã o V i c e n t i n a q u e p e r m i t i a

integração com r e d e s externas, pretendia cursar uma f a c u l d a d e e

mantinha um emprego estável» A recle de ambos divergia

resultando num desempenho lingüístico também divergente,,

Pelo trabalho realizado em Dez de Maio, as evidências

parecem mostrar que a s r e d e s fechada ou a b e r t a não têm a f u n ç ã o

de exp 1icar a s e x c: e ç o e s 1 i n g ü í s t i c: a s , mas f un c ion am c omo r egra

c o n d i c: i o n a d o r a ., 0 b s e r v o u •••• s e que n a comun i d ad e , in d ep en d ent e de

s exo , ida d e o u e s c: o l a r i d a d e , t od os os i n f or man t es man t ëm a

i nt e r f e r ê n c i a da língua alemã na fala do português,, E o

p ar ámet r o p ar a d et ect ar o g r au d est a i n t e r f e r ë n c i a -5 ã o a s r e d e s

de comunicação,, Os f a l a n t e s mais e x p o s t o s a redes externas


m

demonstram menor grau de inter f e r e n e ¡ a do que a q u e l e s que se

ma n t ë m ¡ s o l a d o s r t a r e d e f e c ha d a »

Se o grau de ¡nterferënc: ia, na comunidade, é mais

acentuado nos homens do que nas mulheres e porque eles fazem

questão de permanecer num grupo fechado, onde a língua

portuguesa tem um mero papel instrumental e não p e l o fato de

s e r e m homens» Como n e s t a rede a preferencia pela língua materna

é mais acentuada é justificável a permanência de um maior grau

ci e int er f er Ënc ia» No momen t o em q ue um destes e l e men t o OP ta

por um c o n t a t o mais intenso com a r e d e aberta, o resultado será

u m a. i n t e r f e r ë n c i a men os mar ean t e, como é o c: a s o d e E » P .. q u e ,

embora integrado ao g r u p o local, demonstra menos interferënci a

pelo interesse pessoal em a t e n u a r esta marca lingüística»

0 fator idade também não é o determinante da

int er f er ëncia, po r q u e ob se rv ou - s e , at r avés de J» ! (18), e

E»S» (50), que o grau de interferënci a é muito proximo

originário da mesma r e d e fechada a qual ambos pertencem»

A escolaridade é outro fator não d e t e r m i n a n t e porque dos

i n f o i" m a n t e s a n 'c e r i o r m e n t e c i t ad os, J „ I... „ (18) e s t á c omp1 e t an d o,

0 segundo grau, enquanto que E „ S „ (50) só cursou até a 4m

série, mas apresentam graus semelhantes de interferënci a»

Assim, os homens da comunidade possuem a sua rede na qual

interagem e estabelecem suas regras de conduta, inclusive

1 i ngü í s t i c a s »

fà u a n t o às mu 1 h er e s, in d ep en d ente de idade, se o ou

escolaridade, também t o d a s apresentam i n t e r f e r ë n c i a da primeira

língua na fala da s e g u n d a » Novamente, o que d e t e r m i n a maior ou

menor grau de interferënci a é o contato que mantiveram ou


174

mantêm com rede aberta ou f e c h a d a , , As que foram expostas a

redes externas, via escola externa, apresentam menor

i n t e r f e r ê n c i a, não d e v i d o ao t r a b a l h o pedagógico da e s c o l a , mas

p ela o p o r t u n i cl a d e d e c o n t a t a. r com uma rede de c: o m u n i c: a ç ã o

aberta „

0 interesse feminino pelo. estudo e em c o n s e q ü ê n c i a a

exposição à rede aberta se explica por ser uma o p o r t u n i d a d e de

libertação das atribuições que lhes eram reservadas nas

famílias, a de s e r dona de casa e mãe» A rede fechada, a que

ficaram restritas as demais mulheres, independente de

escolaridade ou idade, foi responsável pela manutenção de maior

g r au d e i n t e r f e r ên e i a .,

P or t a n t o , se as m u1 h e r e s a p r e s e nt a m u m men or gr au de

i nt e r f e r ê n c i a , não se eleve ao f a t o de s e r e m mulheres, mas por

c o n v i v e r e m, cl u r a n t e a 1 gun s anos c om r ede s aber t as ou a inda

inte r ag ir em n e s t e t. i p o e r e d e „ F i z e r a m d e s t a c: o ri v i v ë n c i a u m a

oportunidade de d i m i n u i r a i nt e r f e r ê n c i a e n t r e as línguas,,

Este i n t e r e ss e n ã o é v e r i f i c a d o e n t r e o s h om e n s , q ue

demonstram satisfação em c u l t i v a r a terra e se identificar

lingüísticamente com o grupo local com exceção dos que

preferiram estudar nos s e m i n á r i o s como f o r m a de r e p ú d i o à vida

agrícola» Entre estes, o s que não o p t a r a m pela vida religiosa,

dedicaram-se a outras atividades fora da r e d e local,,

A escola r id ad e ta mb é m n ão pare c e ser um f at or

determinante entre as mulheres, pois C „ 8 ., ( i. 3 ) e J ,, P ,, ( í 4 )

p ossuem o m e s m o g r a u. de i n s t r u ç ã o,, N o e n t a n t o , C „ S,. cl e m o n s t r a

n a fa I a , mu i t o ma i s i n t e r f e r ên c: i a q ue J „ P „ Já T „ B ,. , ma i s v e 1 h a

e com menos instrução que C „S„ , apresenta um grau ele


175

i nt e r f e r ene i a bem inferior,. 0 que d e t e r m i n a este desnível são

as r e d e s , fechada ou a b e r t a , na q u a l elas estão inseridas,,

Apar en t emen t e , h omen s e mu 1 h e r e s ma i s v e 1 h o s t en d em a

d e m o ns t r a r ma i or qr au de int er f er ênc ia do qu e o s j ov e ns de

ambos o s s e x o s „ Isto, porém não s e explica pela idade, mas pela

rede na qual eles interagem,, Se n e s t a rede mais v e l h a , a regra

é manter a comunicação através da língua alemã, é provável que

a i nt e r f e r ê n e i a demorará a ser eliminada,, E, por opção, grande

parte da fala deste grupo, possivelmente se encontra

cristalizada, fossilizada, o que e q u i v a l e a dizer, não propensa

a mudanças, em d i r e ç ã o a uma v a r i e d a d e com menos i nt e r f e r ê n e i a..

Se, no g r u p o mais jovem o grau de interferênei a aparenta

ser menos intenso, também se j u s t i f i c a pela rede que fazem

parte est es j o v e n s ,. G o m o e l e s são m a i is e xp o s t o s ao en s i n o

sistematizado, aos meios de comunicação e a grupos externos,

através do esporte e grupos de jovens é natural que sua rede

t e ri h a a t e n d ê n c ia de d en ot ar men os i n t e r f e r ë n c i a ., é p r o v á v e I

q u e s e f i c a s s e m r e s t r i t o s à r e ci e d e c o m u n i c a ç ã o f o s s i 1 i z a d a d o s

mais v e l h o s , sua f a l a denunciaria estas c a r a c t er i s t i c a s „


CONCLUSTTO

0 p r op ó s i t o ci » Esco ï a em ï igar a r ede in su 1 ad a d e De z

d e M a ¡ o a r e d e s e t: e r n a s , p k i a s u. a a c: a o p e d a g ó g i c a , p or e s; t u. d o s

e d e b a i: e s com a c o m u. ¡'i i d a d e , r e s u ï t: o u em q u e s t i on a me n t o s a i: ë

' e n i: ã o n a o c: o g i î: a d o s p e 1 o g r u. p o i o c: a 1 „

1 n i c: i a 1 m e n t e , a at it ude da Ë: S C ola em Kn f ocar uma

realidade est: ran Pi a à rede insulada, possivelmente, serviu

P a i" a r e f o r g: a r e con so ï i d ar a idé ia de que o mun d o

i" e p r e s e n t a d o p e 1 a r e d e 1 o c: a 1 er a mu i t o ma is segur o d o q ue o

e t er no , r ep î et o de con f ï i t os e p er ig os „

A abertura da r e d e insulada resultaria, no e n t e n d e r da

m a i o i" i a d o s i n t e g r a n t e Ï; , n a s u b s t i t u i ç a o d o e m p r e g o , ci a f a r t u r a

e ci a h onest idade pe 1 o ci e s e m p r e g o , m isér ia e mar g i n aJ


' . i d a d e.. A

i n d u s 11" i a 1 i z a ç: a o , o c: r e s c: i m e n t: o c: o m e r c: i a 1 e p op u 1 ac ion a 1,

conseqüentes deste fato, não compensariam a privacidade, o

sossego e a segurança oferecidos por uma r e d e alicerçada na

c: o n f i a n ç a , a m i z a d e e r e s p e i t o m i j. t u o „

Este raciocínio teve como r e s u l t a d o prático a estagnação

d o d i s 11" i t o ma i s an t i g o de To1 edo , q ue n ão c o n s <•: g u i u sua

e m a n c i p a ç ã o p o 1 í t i c: a , en q uan t o o u. t r o s c r i a d o s p o s t e r i o r m e n t e ,

se t: r a n s f o r m a r a m em m u n i c: í p i o s e t iver am um c: a n s i d e r á v e 1

c r esc imen t o c omer c i a1 , in d u s t r i a 1 e p o p u 1 a c: i o n a 1

0 o m o i" e s u 11 a d o d a s d i s c: u s s o e s p r o v o c: a cl a s p e l a e s c: o 1 a ,

ho .je, uma pequena parcela da p o p u l a ç ã o ve como prioridade a

e n i a n c: i p a ç ã o p o 1 í t i c a e c: o m e l a , u m ava n ç o s o c i a i e e c: o n 8 m i c: o , o
77

que p r o p o r c i o n a r i a um aumento de o f e r t a de e m p r e g o s que nao

s e r i a m s u p r i d o s p e 1 o n ú m e r o r e d u z i d o d e h a b i t a n t e s..

Em r a z ã o desta situação gerada, elementos estranhos

provenientes de o u t r a s redes passariam a integrar a rede local,,

A conseqüência social seria a transformação talvez lenta e

quase imperceptível, da r e d e insulada em integrada a outros

valores e exigências da nova realidade,,

Parece que a Escola provocando este choque de redes,

tendo, de um l a c i o , o grupo pertencente à rede insulada e do

outro, a tentativa escolar em integrá-la a redes externas,

poderia atingir seus objetivos que não foram alcançados com

sua a ç ã o pedagógica,,

Este conflito colocaria a comunidade, pressionada por

.intere sses e c on8 m i c o s ext ernos, nu m i mp asse„ Se o g ru p o

aceitasse a transformação desta rede insulada em r e d e integrada

a outras, Dez de Maio p o d e r i a se emancipar e apresentar um

c r esc imen t o s im i 1 ar ao de o u t r as ci d ade s da i" e g i ã o por que

p ossu i con d i ç o es f ís icas e econ 8m icas p ar a que ist o se

concretize. No entanto, se a opção fosse pela conservação da

rede insulada, mostraria que o s v a l o r e s e a segurança grupais

s e r i am m a i s s i g n i f i c a t i v o s d o que o p r og r e s s o e c r e sc i m e n t o „

Retomando a análise realizada neste trabalho sobre a

c omun id ad e, p o d e •••• s e af ir mar que ' a s p r i ne i p a i s t r an sf or maçõe s

ocorridas desde o seu surgimento, relacionam-se ao aspecto

e d u. c a. c i o n a 1 e e c o n 8 m i c o,.

A escola, com s u a s filosofias foi tentando mostrar aos

integrantes do g r u p o um mundo e x t e r n o e de v a l o r e s diversos dos

cultivados no local,. Se o o b j e t i v o de integrar a rede insulada


78

não f o i atingido e a interferene ia entre as duas línguas

faladas na comunidade não foi eliminada, ao menos, provocou a

necessidade de r e f l e x ã o sobre o assunto, tirando o grupo de sua

tranqüilidade e apatia,.

Economicamente, a necessidade de abertura de rede foi

p r ovocad a pelo i n c ent i v o à <: u 11 u r a c.o m e r c i a 1 da s o j a n a d é ca d a

de 7 0 . A partir daí, as exigências comerciais e econômicas

f o r a m i m p o n ci o o c o n t a t: o c o m r e cl e s ext er n as o q ue n o e n t an t o ,

não e l i m i n o u a interferênc ia lingüística clos f a l a n t e s locais,,

At ua1 men t e , o g r up o vem t o m a n d o c: o n s c i ë n c: i a de que a

emancipação política e econômica está atrelada a uma maior

integração a redes externas,, Este fato, por prever a fixação na

localidade, de outros grupos com variedades lingüísticas

d if er ent es p ode c: o 1 a b o r a r p ar a uma a l t e r ação no des emp enh o

1 i n g ü í s t ico d os n at i vos, d im inuindo ou e 1 i m i n a n cl o ,

gr adat i vaillent e , a i nt e r f e r ê n c i a cia língua alemã na fala do

p o r t uguës„

Até se poderia argumentar que a p e r s p e c t i v a de um maior

c r e s c i m e n t o e c o n 6 m i c: o s e r i a u m f a t or s u f i c i e n t e p ara a abe r t u r a

e i ri t e g r a ç ã o cl a r e d e , gera n d o c: o m ist o, um d e c: r é s c i m o na

interferência, já que os interesses capitalistas dos seus

integrantes são perceptíveis pelo aumento e incrementação de

suas p r o p r i edades„

Mas, como as d i f i c u l d a d e s enfrentadas pelos pioneiros

foram superadas e os benefícios econômicos conquistados pelas

atuais gerações são visíveis, isso prova ao grupo que pode

adquirir e usufruir de t o d o s os bens materiais, sem s e envolver


16?

com redes externas, o que retardaria a eliminação da

i nt e r f e r ê n e i a e n t r e as duas línguas,,

As conseqüências lingüísticas do retraimento da

c o m u n i d a d e , em relação a outras redes parecem coincidir com a

posição de BOR TONI (.1.985), que ao realizar um estudo do

Pr ocess o d e m u d a n g: a l i n g ü ís t i c a n a t r a n s i g: ã o r u r a 1 -• u r b a n a do s

habitantes de Brazïândia, • identificou dois tipos de redes

Î;;. O C i a i s S a s n t e s r ad a e insulada as qua i s de t e r m in av am

d if er ent e d e s e mp e n h o 1ingü íst ico dos i n t e g r a n t e s ,.

A autora resume os criterios analíticos e as

c ar ac t e r í s t i c as s o c i o 1 i n g ü í s t: i c o s <:! o s <ò 2 ti pos de rede no

q u a d i-" o a segu ir s

Tipos Critérios analítico Caracter ist i cas


de ' do repertório
redes Pressão ! Densidade de Grupo de verbal
normativa i papéis sociais referent i s
_ i _
Redes Alto grau de ! Baixa densidade Grupo pré- Focalização d¡ale
Insu- consenso no ide papéis sociais: iigratório e tal: acesso limi-
ladas grupo: resis-1 interação coa ua familiar co- tado ao código de
tênci a à mu- i número limitado mo grupo de prestigio
dança i de pessoas referent i a
ii
Redes Ha i or éxpos i -! Densidade mais Identifica- Difusão dialetal:
Inte- ção a influ- î alta de papéis ção coa gru- maior "lex i b i 1 i da
gradas encías exter-¡ sociais: intera- pos de ma i or com relação ao
nas. ! ção com pessoas prest i'gio controle do código
' ! de "background" e «todos de falar
! social e geográfi de maior prestígio
i co Biais variado
i cosi diversos con-
i textos sociais ¡

60

P o d e -• s e obser var que os int egr ant es da rede insu1 ada de

Brazïândia mantêm um a l t o grau de consenso no y ¡ ' u p o , apresentam

baixa d en s i d ad e d e papéis soc i a i s r têm c omo g ru p o de r e f e r ë n ci a

60
BORTONIr Op. cit. : 173.
180

o grupo p r é - ® i g r a t or i o e Pura : 1 i a r (•:•:• se c a r a c t e r izam

ï i n g ¡i i s i: i c: a m e n t e peía f o c a l ï zaçaci dialetal.

Estes aspectos relativos à rede insulada apresentados no

q u a (J r o , c: o n f i r m a m e r ef or r am as c: a r a c t e r i s t i c: a s de r ede

d e t e c t e d a s em Dez cie Maio,, Embora 13 OR TON I trabalhe com a

difusão dialetal em g r u p o monolingue e aqui se aborde a

problemática cia i nt e r f e r i n e i a de uma língua na outra em

comunidade bilíngüe, a rede insulada na q u a l os componentes dos

do i s g r uP OS interagem, ge r a c: o n s e q ü e n e i a s 1 i n gü ist i ca s

s e m e1 ha nt e s p o i s o p r oc e s s o é o me sm o „

Ob s e r v a - - s e que enquanto em B r a z l á n c l i a a rede insulada

dos falantes contribui para a focalizarão dialetal, em Dez de

Maio é responsável pela manutenção cia i nt e r f e r ê n c i a da língua

alemã na fala do português,, Se, em B r a z l a n c l i a , a focalizarão

dialetal é mantida pela falta cie a c e s s o ao código de prestígio,

em Dez de M a i o , a i nt e r f e r ê n c i a da língua alemã na fala cio

p or t uguê s é uma c on s e q üên c ia do d e se j o de p r e se r var a

identidade e forra grupais,,

Enquanto , no e s t u d o d e BORTONI (1985), a integrarão

urbana se revelou um fator importante na difusão dialetal, em

Dez cie Maio enfatiza-se, que a questão econômica seria,

provavelmente, o fator preponderante de integrarão da rede

local a redes externas porque exigiria a convivência dos

moradores locais com e l e m e n t o s de outras redes trazidos pela

exigência comercial e industrial,, Conseqüentemente, v e r i f i e a r ••••

s e -• i a u m a mai o r cl i v e r s- i d a d e l i n g ü Í s t i c: a c: o m o e m p r e g o d e n ova s

variantes peculiares a estes novos integrantes. Provavelmente,

a base lingüística desta rede insulada, centrada na língua


18i

alemã, sofreria alterações gradativas.. 0 d e c r e e i mo da

i n t e r f e r ë n c i a da língua alemã na f a l a do português estaria

diretamente atrelado a esta integração da r e d e insulada a redes

externas, via exigência econômica, as quais influenciariam

t amb ém no c <5 m p o r t a m ë n t o 1 i n g ¡.i í s t i c o.. P r ovav e 1 men t e , os

componentes da rede integrada, a p r e s e n t a r iam caract e r í s t i c a s

semelhantes daquelas mostradas por BORTON! no q u a d r o anterior.,

N o e n t: a n t o , as ev id ën c ias most r am que os mor ad or e s

pretende m amp1 iar se u p od e r i o econ o m ico sem a b ci i c: a r cl e seus

v a l o i" e s é t n i c o c u 11: u r a i s po is a p o s s i b i 1 i c! a d e d e con serva r o

Deutschtum, que levou os a n c e s t r a i s do g r u p o a optar pela v i nela

ao B r a s i l e. não a e s c o l h a de o u t r o s países para emigrar, parece

se conservar entre os moradores,, A liberdade do uso cia língua

m a t: e r n a e o c u 11 i v o de v a l o r e s é t n i c: o - c: u 11: u r a i s , s u p e r a m a s

perspectivas económicas atingíveis pela integração cia rede a

out r as „

Apesar da resistência do g r u p o em s e integrar, temeroso

de p e r d e r sua identidade, observou-se pelo estudo realizado,

que a1 g un s i n t eg r a n t e s; j á m o s t: r a m u. m d e cr ésc imo na

i n t e r f e r ë n c: i a ci a 1 í n g u a a 1 e m ã n a f a 1 a d o p o r t u g u ë s ..

A pesquisa também d e m o n s t r o u que a recle e x t e r n a com a

q ua 1 est es f a 1 an t e s t i v e r am ou t em c: on t at o , at r a v é s da

f r eq U ën c i a à esco1 a ext er na ou mot ivad os p e 1 os n e g (5 c i o s , é

r espon sáv e 1 p e 1 a d im i n u ição da i n t e r f e r ë n c: i a ., A es c o 1 a 1 oc a 1

q ue p od e r ia f u n c: i o n a r c: o m o um a g e n t: e d e m u d an ç a 1 i n g U í st i c a,

n ão c on seg u iu at in g ir este i n t e n t o p e 1 o m o t i v o .j á cl i s c u t i d o , o u

s ej a , ela se r v e d e i n s t r umen t o d e r e p r o cl u ç ã o d o s v a l o r e s d a

rede insulada,,
é possível que o c! e s 1 o c: a m e n t o «:! e j ove n s p ar a e s t u c! a r

e m o u t: r a s r ed es e a seu r e t o r n o p ara d ir ig ir o s n e gó c: i o s ci a

família resultem numa d i m i n u i ç ã o da i ni: e r f e r ënc i a e n t r e as

duas línguas, porque o contato sistemático com o u t r a variedade

lingüística sem o c o n t a t o paralelo com a f a l a do a l e m ã o poderia

r e s u 11 a i" n o d e c r é s c i m o c! a i n t e r f e r ë n c: i a „ T a m b é m, a p e r m a n ë n c i a

p o i" a 1 g u m t e m p o n u m a r e d e e t: e r n a p o ci e r ia t r a n s f o r m á •••• l a na rede

cie r e f erênc s s clos j o v e n s , a dot ande? s e u s valores, inclusive

1 in g ü í st icos C om ist o , p o ci e r i a ni op t ar p or p e r m a n e: c: e r na

m e s ni a o u r e t or n ar à r e d e ci e o r i 9 e-nn c: o m o u t r o c: o m p o r t a m e n t o

também r e f e r e n t e ao uso da língua,,

Mas, deve-se lembrar que m u i t o s concluem seus estudos na

rede local e aí permanecem, adotando e reproduzindo seus

valores,, Os meios de c o m u n i c a r ao a que tem a c e s s o , como a TV e

rádio, parecem nao a t i n g i r estes espectadores e ouvintes pois

nao d e m o n s t r a m , na f a l a , a adoção de v a r i e d a d e s propagadas por

estes v e í cu 1 os, c o n f o r m e s e c o ri s t a t o u p e 1 a o b s e r v a ç ã o d i r e t a d o

c: o m p o r t a m e n t o 1ingü íst ico d iár io „

É aceitável que a integração cia r e d e insulada local e a

diminuição da i n t e r f e r ê n c i a 1 i n g ü í s t i ca da língua alemã na fala

do p or t ug uë s est ão c o n d i c i o n a cl as à ace i t aç ão , p or p a r t e el o s

integrantes cía r e d e local, de e l e m e n t o s externos pertencentes a

outras etnias e falantes cie o u t r o s dialetos,.

Ent r et an to, é con ven ien t e c: o n s i cl e r a r que as

transformações observadas desde o surgimento da comunidade,

i" e 1 a c: i o n a m •••• s e ao c r e s c i ni e ri t a ecan 0 m ico « Sua n t o às b ase s

é t n i c o - c u l t ura i s e 1 i ngü i s t i cas;, permanecem praticamente ais

mesmas devido ao valor atribuído pela família à preservação


183

da ¡ d e n t i c! a d e g !" m p a 1 , u t: i ï i z a n d o a 1 t n g u a a ï e m a c o m o v e í c u I o

d e c o m u n i c a ç: a o e i d e n t ¡ f i c: a ç: a o » E -s t e fa t o c o ¡'i t r i b u i par a o

enraizamento da rede, demonstrando que, ainda hoje, o

Deutschtum p r e v a l e c e sobre a f o r g: a e c o n ô m i c a como a c o n t e c e u com

0 s a n t e p a s s a d o i;:- q u e d e i a r am de e m i g r a r p a r a o s Esta d o s Un i d o s

da A m e r i c a , onde teriam uma a s e e n s a o econômica mais r á p i d a e

gratificante em troca da abdicação de seus valores culturais

alemães e do uso da língua materna,,

C omo e sta te ndencia já p er d ur a p or , no m Ín imo , t res

gerações, é provável que os futuros descendentes continuem a

preservar estes aspectos, fortalecidos pelo orgulho em manter a

c a r a c t e r i s t i ca lingüística como identidade grupai, independente

de p r e s s õ e s econômicas de r e d e s externas,,

Assim, diante de uma r e d e insulada alicerçada em valores

centenários, a penetração de uma outra rede com outras

variedades lingüísticas parece ser uma t a r e f a que demanda tempo

e p e i" s e v e r a n g: a .,

Como não existe, por enquanto, uma disposição real em

e 1im in ar a i n t e r f e r e n c i a cl a 1 i n g u a a 1 e m ã n a f a 1 a d o p o r t u g u e s ,

é provável que sua manutenção se m a n i f e s t e entre o grupo por

u m t e m p o c o n s i cl e !" á v e 1 „

Percebe-se também, pela análise lingüística realizada,

que as c a r a c t er ist i c a s , entre oa falantes, se m a n i f e s t a m em

graus diferentes,, A correlação realizada entre as células

f em in in as e m a s c: u l i n a s c: o n f i r m o u o s r e s u 11 a d o s d a o b s e r v a ç a o

cl i r e t a , quando s e c: o n s t a t o u q u e en t r e a s m u l h e r e s , o e mp r eg o

do / r / medial e inicial, em vez do /x/, aparece com a mesma

1 n t e n s i d ad e „ Já o emp r ego d e / É/ inic ia1 ocor r e com menor


84

f i" e q Li ë n c ¡ a „ Q u a n t o aos h ome n s , a o c o r r ë n c: ¡ a d e / r / m e- d i a I f oi

mais marcante do que o emprego de / r / inicial, em v e z do /;•;/


J ' J

•Picando o uso do /s/, no lugar de / z / , como o c o r r ê n c i a menos

sa1ient e

R e s u. m i n d o , en t r e as d uas var ian t es a n a 1 i s a d a s-,

o b s e i" v o u •••• s e uma ma ior i n c id ën c ia n o emp r ego d e /r / med i a1, em

relação ou uso d OÍ /;•;/, uma das variantes utilizadas na

variedade pad r a o do B r a s i l . , 0 /r/ inicial, em v e z do /;•;/, foi

e mp r eg ad o c om m e n o s f r e q U. ë n c i a. p e 1 o s- i n f o r m a n t e s,. A u t i 1 i z a. ç ã o

de /{//, no l u g a r de / z / , apr e s e n t a - s e como a v a r i a n t e corn m a i o r

grau de difusão entre as e s t u d a d a s , . E é importante considerar

que a manutenção destas i n t e r f e r ê n c i as é r e s u l t a n t e da r e d e de

comunicação dos informantes, e não d o s fatores sexo, idade ou

e s c o 1 a i" i d a d e , t r a d i c i o n a 1 ni e n t e a p o ri t a d o s c o m o r e s p o n s á v e i s p o r

e ste t ip o d e ocor r ën c ia „

P or t an t o, p a r t i ri cl o d o p r e s- s u p o s 1: o cl e q u e a r e d e s o c i a i

d e Dez cl e Mai o é um f at or imp or t an t e p a. r a d et er m in ar o

comportamento, não só social, mas também lingüístico, é

provável que algumas dúvidas e questionamentos surjam j u n t o a

um a c o n s i d e r á v e1 g a m a de op ço e s p ar a c om p l e m e m t a r ou a m p l ia r

este estudo,,

Por exemplo, priorizou-se aqui a verificação das

causas da manutenção cia i nt e r f e r ê n c i a e n t r e a s duas l í n g u a s em

falantes confinados numa rede insulada,, Seria interessante

pesquisar qual o efeito de uma r e d e aberta sobre um indivíduo

que a escolhesse como rede de referência, aceitando com esta

atitude, exigências lingüísticas impostas pela nova rede,,


185

P o d e r - B e ™ i a também mostrar as conseqüências positivas

do e n s i n o institucionalizado, referente à questão bilingüismo e

avaliar o decréscimo da interferência nos informantes expostos

a o mesmo",, Acredita-se nesta possibilidade ciesde que a fonte

deste ensino proviesse cie escola fora da rede insulada porque

do c o n t r á r i o , a forca étnica representada pelas famílias,

s u f o c: a r i a qua1 quer t ent at iva e s c o 1 a r , c. o m o f o i d eman s t r ad o

neste trabalho»

S e i" i a a inda p os s íve 1 e s t: u d a r ma is d e t a 1 h ad ame n t e a

1 o c a l i z a ç ã o cl a p e s s oa n uma r ede i n s u 1 a cl a t e n d o c: o m o p a r â m e t: r o

elementos centrais, secundar i os e p e r i f èV i e o s e detectar as

c: on s e q iiên c: i a s l i n g ü í st ¡cas d e s t a d i f e r en c a cie p a p é i s soc ¡ais,,

0 u a i n d a, t en t ar m o s; t r a r' • q u e o r e 1 a c: i o n a m e n t o s o c: i a 1

primário, funcional ou p e r i f é r i c o entre os componentes cie uma

rede seria c a r a c t er i s t ico de uma r e d e un i p l e x por apresentar

u m a e s t r u t: u r a el i v e r s a cl a r e d e m u 11: i p 1 e x e v e r i -P i e: a r c: o m o e s; t: e

i" e 1 a c i o n a m e n t: o i mp 1 ic ar ia o c omp or t ame n t o 1 i n g ¡i í is t i c o dos

•Pal ant eis,.

Por fim, quem s a b e , retornar ao aspecto enfocado neste

trabalho daqui a alguns anos para verificar as a l t e r a ç o eis ou

t: i" a n s f o r m a ç o e s o c: o r r i d a s n a c: o m u n i el a el e , relativas ao e mp r eg o

elas du a is 1 í n g u a s »
ANEXOS

í „ Mapa localizando a região oeste do Paraná..

2. Mapa do M u n i c i p i o de Toledo..

3. Mapa do D i s t r i t o de Dez de Maio.,

4 „ P 1 a n t a d a E s c o 1 a E s t a d u a 1 M i g u e 1 D e w e s d e D e z d e M a i o ï .,

ïï„ Planta da E s c o l a Estadual Miguel Dewes de Dez de Maio II,,

&„ L e t r a do H i n o R e l i g i o s o Deus E t e r n o , , em p o r t u g u ê s , ,

7 „ i... e t r a e m u. s i c a d o H i n o R e I i g i o s o D e u s E! t e r n o em alemão,.

8 ., R e 1 a ç: ã o d os f un c i on ár i os e dos p r o f e s s o r e s; ci a E s c: o 1 a

Municipal e Estadual Miguel Dewes - ( 1 9 9 2 ) ..


A N K X O 1

lEGENDA

1 - Toledo
2 - Cascavel
3 - Ceu Azul
^ -Matelând.ia
5 - Sa» Miguel d® Iguaçv
6 - Foz do Ifuaçu
7 - Santa Helena
8-- Mal. Gandid® Roná®B
9 - C-uaíra
10 - Terra E®xa
11 - Nava Santa Resa
12 - Madianeira

lifii
A NS XO 2

Toledo e seus Distritos

* 0 distrãt© de Our® Verde teie sua emãnc^açaa


política em 1989. b

* 0 dis t r i t« de Sa® Pedr« teve su* esancipaça®


política em 1993-
Estas comunidades säe fer»ad a s par "rujrtistas"
A N E X O

Distrito de Dez de Maio

CONCORD'*
NOVA

DlítMHO noto
DA AREA DA ESCOLA MIGUEL DEWIS CON POS
TA DOS LOTES N2 1,2,3,5,6,7 DA QUADRA
K EM 10 DE MAIO MUNICÍPIO DE TOLEDO PR
ESCALA= l:¡000
ANEXO 4
Q U A D R O D E A R F . A £

AREA LIVRE 3 2 3 8-04 m


CONST. 7 4 9.92mZ
CANCHA et 2.04m2
AREA TOTAL 40O O.OOmZ
ANEXO 5

11,93

! S M.

PAT EO ^ h

I.S.F.
9,rs

-G A
CIRCULAÇÃO CIRCULAÇÃO

C A N t lI
CANT I S A L A
«tf)
\NC DIRET

SALA DE AULA SALA OE AULA SALA DE AULA SALA OE AULA

8IBLIOT SECRET

c
38,65

PLANTA BAIXA
ESCALA I ! 250

ELEVAÇAO
ESCALA K250

PREFEITURA MUNICIPAL DE TOLEDO


ES TA00 PARAMÁ

ESCOLA FUNDAMENTAL " MI6UEL DEWCS"

DCS DE HA I O

03. V-'ILÎOf/ CARLOS KUHN


GEsr/u>:
DR, I AM.VtJriwg í). C0RTE6
A N E X O

• - - - —

f
112 Cantos 496-505 jj
ï
A Q /J I. Deus eterno, a vós louvor! * Glória a Vossa 3
0 Majestade! * Anjos e homens com fervor, *
Vos adoram, Deus Trindade. * ||:Santo, Santo, ¡
sois Senhor, * cante a terra com amor!:||. !
2. Pai Eterno, a criação • que chamastes vós do nada, * î
que sustenta vossa mão * com acorde imenso brada: * s
||:quem me fêz foi vosso amor, * glória a Vós, Pai
Criador!» :||. i
3. Filho eterno, nosso irmão, * vossa morte deu-nos vida, *
vosso sangue salvação. * tôda a Igreja agradecida *
¡exaltando a Vós, Jesus, * glórias cante a vossa Cruz!:|j.
. Almo Espirito do Amor, * eis vós louvam vossos santos, •
qual de um iris o fulgor * entoando eternos cantos. *
li :Nós também, com grato ardor, * celebramos vosso
amor:||.
ANEXO 7

üitbti ptT(rt)ieatMfn 3iil;allä.


í'oS unb Itaiillitb AU öloii. 341
340
I!»«. Cob. unb íPatihlicb 311 ©oïl (îicuffcfjcs „2e 2>eum"). 2. 9U!f'?, moi- bid) ineijen un-3 mif bie SlVIt gefomuu'ii.
QVnhfltítWt». faim, • CXlïcr u b i tu ui:b Sita» » fiaft im? ©ultfS W«nb'
trinen • Stimmen bit ein gebracht, « î,!on brr Siinb'
i'oblieb an: * ?IIIr (iiigel. bie uní ireignmiilit.
bir iiinieil. • fliufru bu fifl? 8. Simlj bidi jidjt ba« .fiiui'
iifiiir Siiil) : • „.ficilifl. Ijeilig. mclvlt-r . '.'IIIcn. Uuidic glun.
¿ T T T ^ ^ T T r fjfilifl!" ju. ben, i'ffi'ii; « fu ft<l!it im«
I ©ro.ijci («oit, luii lo ben <"<})' 3. .fteilig, ,Çeir. OJolt <Su> béni piller DBÏ, * Senn mir
\ bir neigt bie Si ! 'lrt>' baotf), * ."peilig. /perr bi't finbfirl) iiiij bid) lioiicn; • ï>u
.vnnimeI5I;ccre, • glarter §el-- luiijt fommen juin (SV'iirtîi, .
frr in ber 3?ot' . .yimiiie!, SBriiii ber Icffe Sag anüvicitl.
5ibe, i'ufl uitb llicere « Smb 9. .Çirir, fief) beiiiiii Xieiiciii
erfüllt non beiitcni Sîuljni, • bei, • Süclitje bit^ in IViiuií
VlIIeS iff sein (Sigeutmii! biUfü! • Slanjlrji bin >1) bein
4. 2>cr îlpoflel tilirijii (Sl)or,Sîlnt uní frei. • iifljt ben
i • Ser ^rupljefen l)el|ie "JJfriigcîub fiii «né grünen ; • Wimm
ne ©tar»fe; » Sdrirft ^u beinern $.f)rim un¿ natf) pollbrrtcfitrm Sauf »
.vint, luit ptfi • jen bei ne ©ft «ft. empor * 9iene Sob» uiib Daiif=3» bir in ben £)¡miníl auf!
Unb' be • ipuii • bfri bel gcfûiige; « Sïer SHlut,\cjiqcn 10. ©iel) bein iönlf tu ÜUuv
A A liff)le Srfiiu « iíolit unb preiftben on, * .fiili iin^, frg"C, A.ierr,
birf) imimïbnr. brin (îrbç, » Seil' eü auf bei
H m f>. Viuf fem linaje» (íibcii= u'rfjliit S^nlin. • íínñ btv Tveirb
fveiS • Suben <S)rrJje biefj e-î nidi! iinbfi'l'c! » (i)it', bai;
iinbVílciue; •ffiir.Wettüniter, mir bmd) Siiifi' »nb ^irljn •
bir jinn $re.ií • Singt bie 3>id) im .fMiiiiiicf iuiuy.-n ief)ii!
licit ©emciiie. • (îiirt mit 11. Ville ïage nu'ffen mir
igte

bir auf feinem 31)i'oii • Teí» • ©id) unb bi'ineii Ílímneii


sk bu ma. ¡i""' uor n) - 1er 8«}" Sn • bleibjl neu eingeboriieii (Selm. prcifcii » Unb ^u ollen Reiten
JhJJ i A A ± Air & J - 0. ©ir Drrfhvt ben ^pril'gfiibir . Gtjrf. Vo6 utib î'iuif
©eiff, » ®er mié ollen îroff irmcitcn; • Snf? une- mu, imii
gewähret, • îirr mit fl'ruii Siiiibcn rein, • îMr ftcfí- UMUIU
bie Seelen ¡pfiff • Unb uns gefällig fein.
alle X'iiofirljfil fein ct. « î)er 12. £)ctr, filnirm', cibmiur
mif bir. JJCIT £cfu l>I ïfi, . bid).' » llebrv un? fri (Irl?
Unb bein Sntfr einig iff. brin Segen ; » Steine @üUe
7. ®n, bei S?atcrc> ciu'^rv ji'igc fid) « - Uní cuf ñUen
PU M ^ ü?p!jn. • Çtnft bit ïOcnijHîbcii iinferii 21'egen. • 2?ic mir
NNGNIU'umcn, • Sfift ÜDHI liuijen nlle.uii, . ?tnier brr
tí- 1 Â U l J - l)pl)fii ^iiniiieUMtyriin » 3" S.l(irinf)ei jigfeii' .
94

RELAÇSO DOS PROFESSORES E FUMCI0N4RIÖS DA ESCOLA M U N I C I P A L E


ESTADUAL MIGUEL DEUFS DE DEZ DE MAIO - 1992

Nome ! F u n ç. ã o ¡ C i dade
»t ' "
fi
Vera Hertz ! Prof®" Pré I 1 Dez d e Ma i o
ii
R e n i 'l c e G r a n d o S p a. n h o '). Aux„ Pré I ! Toiedo »
!1
Adelaide M„ cía S i l v a 6 4 i Prof 154 .. Pré II ! Dez de Ha i o
' " ' "i
Dirce Maria Steffens Prof'",, im série! Dez de Ma i o
J »
j

Lourdes 0„ de Moraes Aux., Í""4 série! T o i eclo •K-


!
J

Lídia Scheuer Prof*. 2"v série! Dez de Ma i o


.. ... .. 1
t

Leon i Mar i a E v e r 1 i ng Prof™4.. 3 w s é r i e ! Dez de Ma i o


. ... I

Neu s a T B a m b e r- g A n s- c: h a u. Prof"
.
4 ..
„ ... s é r i e !» Dez de Ma i o
»
Ines Teresa Menegazzo Prof" 1 ., Ed» Fis..! Med a n e i r a •«•
J
i
Leei Maria Hertz Prof"1 „ I n g 1 „Port ! Dez de Ma i o
"" * S
j
I ve t e T,. An s c: h a u Prof" 4 ,. Por t u g u e s ! Dez cl e Ma i o

1.. é o I n á c: i o A n s c: h a u Prof., Maternât,, ! Dez de Ma i o


I
)

R u d i P e d r o L. u n k e s Diretor Est,. ! Dez de Ma i o

J a c: i n t a W e 11 e r Ka iser D i r e t ora Muni c « ! Dez cie Ma i o


i
Vera Inez Hertz Coordenadora ! Dez cie Ma i o
.... ii
R o s a l i n a H e 11: w e r C a s s o 1 S e c r e t ,. G e r a l ! Dez de Ma i o
* " i

Mar i I i Beat r i z Sc: h m i dt Aux ,. A d m i n i s t r „ ! Dez de Ma i o

i::', d i t: h M a r i a K o n z e n Merende i r a ! Dez d e Ma i o


t .
Dulse Cleci D i einer A j u cl „ L i m p e z a ! Dez de iia i o

61
0 marido da professora é bisneto de escravos que nasceu e viveu em rede alemã, adotando seus
valores e falando corretasente a língua alemã.
195

M á r c ¡a M. I.. Horn A j u d .. .. i rnp e z a Dez de Ma i o

Mar i a Sc h me in.g A j ud „. i mpeza Dez de Ma i o

B er na d e t e B. Ansehau Ajud. _i mpeza Dez de Ma i o

Ilse Becker A j ud „ .. i mpeza. Dez de Ma i o


BIBLIOGRAFIA

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F o t o g r a f i a s s o c: i c i i n g ¡.i í s't i c a s., C a m p i n a s s P o n t e s , í 9 8 9,.

0 8 13 0 U F L E U E R , J o s é P e d r o ,. E K d E a Q Q i a.... 1 a t i. Q Q :::: a 1X1 e L i. £ à D a Fr e ir e e


D u s s e i ,. I j u í s U n i ..j u. í , 199 1 .,

•09 BURT, M a r i n a ? DULA Y , H e i d i S KRASHEN, S t e p e n , , Lanauaafî-tWQ -


New York s Oxford U n i v e r s i t y P r e s s , Í982.,

Í0 CORREIO DO OESTE- Dez d e M a i o » t r a b a l h o e perseverança


c o n s 11" u í r a m u m a c o m u n i d a d e p r o s p e r a „ T o 1 e d o , 05 s e t .,
1984 !• 1 0 .

11 COCHRAN, M o n c r i e f f ? LAR NE R , Mary & R I L E Y , D a v i d a t a l l i , ,


E^t£i:idi.Qa~. f a i l l i l i a s •••• t h e s o c i a l n e t w o r k o f p o r en t o and
t h e i r c: h i 1 cl r e n ,. C a m b r i d g e s U n i v e r s i t y P r e s s , .1.9 9 @ „

12 DIT T M A R r N ,, S UQ i ß . I l Q a !,i i. a t i £ S » L. o n d r e s s E d w a r cJ A r n o 1 d ,
1978,.
97

í 3 !!• C O, U m b e i'-t o C Q il) ß.... s &.... £ a S.... Uli) a.... t. S S E - Sa o F a u 1 o »


P e r s p e c t i v a , 198?„

14 ERTHAL, C e c í l i a I n è s , ê.... S ß ß .i., ß 1 i. Q 3. !,¿ i S L .1 u.... a il a I a S i. S.... Q £


ia i 1 i D a !i i S lïl.... a t â Q t S. Q i. Q.... R E h. Q U £. ä S .II. D i s s e r t a ç a o ci e m e s t r a d o
e m 1.. e t r a s ., C u r i t ¡ b a n U F PR, 1977 „

15 FAR ACO, C a r l o s A l b e r t o , , L j.. n a LÀ i S t i. E a.... b ..i. S t fi L':. i. C. a ; ; uma


i n t r o d u ç ã o ao e s t u d o da h i s t ó r i a d a s 1 í n g u a s » Sao P a u l o s
4t i c a , .199.1.,,

16 FISH M AN v J„ A „ B. £: ä il i. Il 3. S i. Il.... L l:i E.... a Q C. .1. ß I ß a a.... u £.... I a Q S !,A a a £ .. The


Hague s Mouton, 1972,,

17 FRONTEIRA DO IGUAÇU„ Dez de Maio com moderna escola,,


C a s c a v e l , <òò mar,, 1976 s 0 3 .

18 F U E R S T B A E R N E R T , U t e „ E1 a S 11 e S.... ¡XIE .t Q d Q1.0.3.1. £ Q S J a


s Q E i ß I I n a ü i & t. i. CI A.... a u A i i. t a t iyaZa. u a n t i. t. a t I Y a .„. I n T ARA i... i... 0 ,
F e r n a n d o,. F o t o g i" a t ¡ a s s o c ¡ o 1 i n g ü Í s í: i c a s ,. C a m p i n a s ::
P o n t e s , 1989,,

19 GAL, Susan,, LanauaaE..-Sb.j..£í;. " s o c i a l d e t e r m i n a n t s o f


1 i ngu i s t i c c h a n g e i n b i 1 i ngua'i Aust r i a „ New York s
A c a d e m i c P r e s s , 1979,,

2© GUMP ERZ, J . J„ & HYMES, D„ DiCEEfc..i.Qil LQ_SQCÍQlÍQ3UÍSt.Íca -


Ho I t Ri n eh ar t W i s t on , 1972 .,

21 ,, L a o a u a a e i.. ü ....SuC.ia.] ai:: QUE S: » Stanford s Stanford


Uni v e r s i t y P r e s s , 1971„

2 2 H E Y E, * .J „ Con s i d er aç o es met od o 1 o g icas sob r e o es t ud o d o


b i I i n gU i smo „ I n s â n a i. s.... do....II.... e d. e q il 11:: Q .... cl e.... s üi :t LA d s s... d e
li 1 1 i Q a U i s m Q .... s.... s¿ a c i. a e a Q .... 1 i. n a ii I s t. i. ci a.... d a.... ii e a i. 1 a.... S u l »
F I o i- i an dp o l i s s U F S C, 19 8 3 „

23 KAHM A NN , C h r i s t a I n g r i d , , I a t iïcfs C. i D C..LS,.... £ Q t i.'.'. £.... a Ii. 0 3 U <A


P. Q L'.'. t !.A a LI IS is a.... E.... U IB.... Û i a I £ t Q.... a I E Hi 1Q » S ign o „ San t a Cr uz d o
S u l , v „ 1 2 , n „ í 8 „ nov „ , 1987 s 5 - 8 5 , ,

24 KIPPER-HOPPE, Mar i a . Û.... ß a DJ E a Q L:I a.... d E.... a a E ± U N a I i . S a T;. a Ü.... d ß.... E s t a d Q


ÜÍDya_ElB_SaQta_Ct:!iS_li23Z=i2451. Porto Alegre s Escola
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25 KOCH, W a l t e r „ E a I. a L E S.... a .1 Effif ë £.... Q Q.... E .1. Q.... G r:. a 11 dfi;....d o.... S i,\ I „ Porto
A l e g r e s UFR G, 1974,,

26 LABOV , W „ ( 1972 a ) ,. S Q ß i. ß 1 i. Il a U i. S 1.1. G S.... P a 1.tE L'.'. 11S „ Oxford s


Back w e l l , 1972,.

27 „ ( 1 9 7 2 b ) ., LaiiauaaE ill_..t!lE i. cm El'. ....Ci.ta« Philadelphias


Un i v e r s i t y P r e s s „ O x f o r d s B I a c k we11„
Í9G

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