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RESUMO
Sergio Henrique Leal de Souza Buscamos estabelecer a origem histórica e os conceitos fundamen-
Centro Universitário Anhanguera - tais do Direito Internacional dos Refugiados. Ramo este do Direito
Leme que foi construído pela comunidade internacional para atender as
sergioleal@ig.com.br
necessidades dos indivíduos que sofrem perseguição em seu Esta-
do de estirpe, em decorrência das mais variáveis situações possí-
veis. Para tanto iremos demonstrar o procedimento e o reconheci-
mento das condições previstas para a concessão do refúgio na es-
Cecília Rodrigues Frutuoso fera internacional: raça, nacionalidade, opinião política, religião e a
Hildebrand
filiação do indivíduo em certos grupos sociais. Verificamos que a
Centro Universitário Anhanguera - efetivação do Direito Internacional dos Refugiados depende única
Leme e exclusivamente da vontade dos Estados através da ratificação
ceciliafrutuoso@yahoo.com.br dos tratados internacionais que versam sobre o tema, bem como o
efetivo cumprimento destes tratados. O método utilizado no de-
senvolvimento desta pesquisa foi o lógico-sistemático, com base
Jucineide Carvalho da Silva Beck em doutrinas e fontes secundárias.
Centro Universitário Anhanguera -
Leme Palavras-Chave: Direito Internacional dos Refugiados, Direitos Huma-
biacbeck@yahoo.com.br nos, Direito Internacional.
ABSTRACT
Anhanguera Educacional S.A. Keywords: International refugee law, human rights, international law.
Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000
Valinhos, São Paulo
CEP. 13.278-181
rc.ipade@unianhanguera.edu.br
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original
Recebido em: 05/05/2008
Avaliado em: 07/07/2008
Publicação: 11 de agosto de 2008
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138 Direito Internacional dos Refugiados
1. INTRODUÇÃO
Antes da Primeira Guerra Mundial não se moldava as bases jurídicas internacional pa-
ra o refúgio. Em relação ao tema não havia regras internacionais escritas, as soluções
eram através da concessão do asilo ou através do procedimento de extradição ligando-
se ao Direito Internacional Penal.
No início do século XX, com o surgimento da Liga das Nações, ocorreu a in-
ternacionalização de muitos temas, dentre eles o Direito Internacional dos Direitos
Humanos, e junto se desenvolveu o Direito Internacional dos Refugiados.
No entanto, a proteção jurídica da Liga das Nações foi direcionada “em escala
quase absoluta para os russos, armênios, assírio-caldeus e turcos, assimilados e turcos”
(ANDRADE, 1996, p. 32).
O Dr. Fridtjof Nansen, que representava a Noruega, foi nomeado pela Nações
Unidas como primeiro Alto Comissário para refugiados, conseguindo garantir com al-
guns governos assistência e proteção aos refugiados.
No ano de 1930, o Direito Internacional dos Refugiados foi marcado por dois
acontecimentos importantes para a história dos refugiados: o falecimento do Dr. Nan-
sen, então representante das Nações Unidas para Refugiados; e a criação do escritório
Nansen para refugiados.
Em 14 de julho de 1950, foi aprovada pela Assembléia Geral das Nações Uni-
das a Resolução nº. 428ª V, contendo o Estatuto do Escritório do Alto Comissariado das
Assim o Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados foi estabelecido com a fi-
nalidade de ampliar o alcance da definição de refugiado. O Brasil aderiu à Convenção
dos Refugiados, ratificado pelo decreto nº. 50.215, de 28 de janeiro de 1961.
O Protocolo de 1967 apenas foi anuído pelo Brasil em 1972 quando, então, foi
derrubada a reserva temporal.
3. CONCEITO DE REFÚGIO
O refúgio possui hipóteses e limitações para configurar-se, devendo estar presentes to-
dos os requisitos da perseguição do fundado temor de danos à integridade física, à li-
berdade, e do deslocamento forçado, ou seja, onde o indivíduo encontra-se fora de seu
Estado ou residência de origem (JUBILUT, 2007).
Um refugiado ou uma refugiada é toda pessoa que por causa de fundados temo-
res de perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a deter-
minado grupo social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e
que, por causa dos ditos temores, não pode ou não quer regressar ao mesmo (A-
GÊNCIA, 2007).
de seu país de origem, e não possa em razão tais temores sejam por mera conve-
niência pessoal, não queira receber a proteção desse país, ou que, por carecer de
nacionalidade estiver fora de sua terra natal, onde antes possuía sua residência
fixa não possa ou, por causa de tais temores em razões que sejam de mera conve-
niência pessoal, não queira regressar a ele (EGUCHI, 2007, p. 5-6).
1. Que foi considerada refugiada nos termos dos ajustes de 12 de maio de 1926 e
de 30 de junho de 1928, ou das Convenções de 28 de outubro de 1933 e de 10 de
fevereiro de 1938 e do Protocolo de 14 de setembro de 1939, ou ainda da Consti-
tuição da Organização Internacional dos refugiados.
Para os fins do presente Protocolo, o termo “refugiados”, salvo no que diz respei-
to à aplicação do § 3º do presente artigo, significa qualquer pessoa que se enqua-
dre na definição dada no artigo primeiro da Convenção, como palavras “em de-
corrências dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 e“ e as pa-
lavras “como conseqüência de tais acontecimentos” não figurassem do parágrafo
2 da seção A do artigo primeiro (CANÇADO TRINDADE, 1991, p. 273).
Assim sendo, o Estatuto define quem deve ser considerado refugiado para o
ACNUR, assemelhando-se com a definição do Protocolo de 1967 (CANÇADO
TRINDADE, 1991).
No mais, uma pessoa pode ser considerada refugiada pelo ACNUR de acordo
com a sua Convenção dos Refugiados, mandata refugees e, também, pelo Protocolo dos
Refugiados. Portanto, se um indivíduo, independentemente de encontrar-se em um
país que faça parte, ou não, da Convenção ou do Protocolo, pode este refugiado rece-
ber assistência do ACNUR.
II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde teve sua residência habi-
tual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das circunstancias des-
critas no inciso anterior.
d) O solicitante de refúgio não pode ou não quer acolher-se à proteção do seu pa-
ís de nacionalidade.
b) O solicitante deve estar fora do país onde anteriormente teve sua residência
habitual; e
c) Não pode ou não quer regressar ao país onde antes teve sua residência habitu-
al, em razão das circunstancias de perseguição por motivo de raça, religião, na-
cionalidade, grupo social ou opinião política.
Todavia, tanto a primeira como a terceira hipótese é tão somente para os que
possuem uma nacionalidade, sendo a primeira a mais comum, embora restrita, tendo
sido adotada pela Convenção dos Refugiados de 1951. Deve-se observar, no entanto,
que a terceira hipótese é mais abrangente que a adotada no direito internacional, e está
prevista na Declaração de Cartagena, demonstrando desta forma o respeito do Estado
brasileiro pela pessoa humana que se encontra em situação de risco em seu país de ori-
gem.
Nesta ordem se verifica que a segunda hipótese acarreta tão somente a ex-
pressão fundados temores a qual abarca subsídios de ordem objetiva, respectivamente
ao temor subjetivo variado de pessoa a pessoa, que necessitam de refúgio em outro lo-
cal que não seja seu país de origem.
[...]
[...]
[...]
Artigo 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, ga-
rantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à segurança e à proteção, nos termos seguintes:
[...]
4. REFÚGIO E ASILO
Asilo Refúgio
Objetivos: ambos visam à proteção de indivíduos por outro Estado que não o de origem e/ou residên-
cia habitual desses
Fundamentação legal: ambos se fundam no respeito aos direitos humanos e, consequentemente, ambos
podem ser entendidos como abarcados pelo Direito Internacional dos Direitos Humanos
Temas de tratados regionais desde o século Tem como base tratados universais, sendo somente a
XIX partir da década de 60 do século XX que ele passa a
ser tema de tratados regionais
Não existe um órgão internacional encarrega- Exige que um individuo esteja fora de seu estado de
do de fiscalizar a pratica de asilo origem e/ou nacionalidade
Não há clausulas de exclusão Tem limitações quanto as pessoas que podem gozar
dele (clausula de exclusão), para que seja coerente
com os princípios e propósitos da ONU, uma vez que
é um órgão dessa organização que fiscaliza a sua atua-
ção
Não há clausula de cessação Proteção concedida pelo refugio tem previsões para
deixar de existir (clausula de cessação )
Não decorrem políticas de integração local Devem decorrem políticas de integração local dos
refugiados
Por fim, tem-se que os dois institutos, apesar de trazerem diferenças que o
tornariam institutos distintos um do outro; ambos proporcionam o mesmo objetivo e a
mesma base de atuação, isto é, dar aos seres humanos perseguidos um lugar em outros
Estados no qual poderão gozar de seus direitos mais fundamentais e manter, deste
modo, sua dignidade humana, tornando-se institutos complementares e assemelhados
um ao outro, razão pela qual podem ser considerados espécies de um mesmo gênero,
sem embargo sejam diferentes (BARRETO, 2007).
5.1. Raça
Tem-se que o racismo vem sendo servido de base para propagação dos mais variados
tipos de conflitos internos e externos, com isso, algum Estado tem ocorrido a ruptura
democrática do país, colocando desta forma a vida do ser humano em risco.
5.2. Nacionalidade
Artigo. 10
5.4. Religião
Criou-se, portanto, a filiação a certos grupos sociais como motivo residual, pa-
ra a garantia e justiça aos refugiados que necessitam de proteção.
Segundo Liliana Lyra Jubilut os critérios para definir os grupos sociais são ba-
sicamente três:
grupo ou não o critério contextual e por fim o terceiro o mais adequado para o
reconhecimento do status de refugiado - o critério do agente perseguição em re-
lação ao grupo, uma vez que, caso ele aja ao perseguir como se estivesse em face
de um membro de um grupo de indivíduos, há um grupo social (JUBILUT, 2007,
p. 132).
6. CONCLUSÃO
No que concerne o Direito Internacional dos Refugiados apesar de ter surgido apenas
no início do século passado, e que apenas foi positivado internacionalmente na década
de 1950 pelas Nações Unidas. E portanto, um dos ramos Direito Internacional que mais
cresceu na 2ª metade do século XX, demonstrado não somente a sua relevância, mas
também a consciência deste novo instituto internacional.
É em face desta situação que o ACNUR e a ONU vêm tentado cada vez mais
difundir ao máximo a temática dos refugiados, com o intuito de diminuir a rejeição ao
Tem-se assim, que propugnar pela efetivação dos padrões mínimos de Direi-
tos Humanos acordados internacionalmente para que a proteção à dignidade dos seres
humanos seja constante e não um simples paliativo, nas situações em que a violação
aos Direitos Humanos é tão grave que fazem com que o indivíduo perca a própria dig-
nidade humana.
Por fim, cumpri relatar que neste contexto o Brasil, apesar de possuir uma le-
gislação específica, precisa avançar mais em suas políticas de receber e reassentar refu-
giados, visto que o país ainda está em processo de construção de suas políticas públi-
cas concernentes aos Direitos Humanos, em especifico, dos refugiados.
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