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Questionário de avaliação
da distribuição
xxxxxxxxxx/XXXX-XX/XX
CARTÃO-RESPOSTA
NÃO É NECESSÁRIO SELAR
AC BARRASHOPPING
22640-970 Rio de Janeiro - RJ
carta_resposta_Sinais_148x210mm.pdf 2 11/12/12 15:28
Avaliação da distribuição
Prezado leitor ou bibliotecário:
Estamos avaliando a distribuição da revista Sinais Sociais.
Solicitamos a gentileza em responder as questões abaixo, para remessa sem custos
pelo correio, ou pelo endereço www.sesc.com.br/sinaissociais.
( ) Sim
( ) Não
( ) Biblioteca institucional
( ) Assinatura pessoal
( ) Não
_____________________________________________
O que é necessário modificar na distribuição da revista?
____________________________________________________________
Tem alguma sugestão de Biblioteca ou Instituição para receber regularmente a
Sinais Sociais?
Nome ___________________________________________________
Instituição ___________________________________________________
Identificação (opcional)
Nome _________________________________________________________________________________________
Endereço ______________________________________________________________________________________
Instituição _____________________________________________________________________________________
iSSN 1809-9815
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 1-180 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012
CooRDENAÇÃo EDitoRiAL
Gerência de Estudos e Pesquisas / Divisão de Planejamento e Desenvolvimento
mauro Lopez Rego
CoNSELHo EDitoRiAL
Álvaro de melo Salmito
mauricio blanco
Nivaldo da Costa Pereira
SECREtÁRio ExECutivo
mauro Lopez Rego
ASSESSoRiA EDitoRiAL
Andréa Reza
EDiÇÃo
Assessoria de Divulgação e Promoção / Direção-Geral
Christiane Caetano
PRoJEto GRÁfiCo
vinicius borges
SuPERviSÃo EDitoRiAL
Jane muniz
PREPARAÇÃo E PRoDuÇÃo EDitoRiAL
Duas Águas| ieda magri
REviSÃo
Elaine bayma
REviSÃo Do iNGLêS
idiomas & cia
DiAGRAmAÇÃo
Livros & Livros | Susan Johnson
PRoDuÇÃo GRÁfiCA
Celso Clapp
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Fábio D. Waltenberg
Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e
membro do Núcleo de Estudos em Educação (NEE) do Centro de Estudo sobre Desi-
gualdade e Desenvolvimento (CEDE) da mesma universidade.
Francisco Alambert
Professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), onde
leciona História Social da Arte e História Contemporânea na graduação e na pós-gra-
duação. Também é crítico de arte, colabora em diversos jornais e revistas, no Brasil e
no exterior. Publicou, entre outros livros, Bienais de São Paulo: da era do museu à era dos
curadores (Boitempo, 2004), escrito em parceria com Polyana Canhête, que recebeu
o prêmio Jabuti na categoria Artes. Na USP, participa da coordenação do grupo de
pesquisa Desformas – Formação e Desmanche de Sistemas Simbólicos.
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Márcia de Carvalho
Professora do Departamento de Estatística e doutoranda do Programa de Pós-Gradua-
ção em Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Membro do Núcleo de
Estudos em Educação (NEE) do Centro de Estudo sobre Desigualdade e Desenvolvimen-
to (CEDE) da mesma universidade.
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É significativo, assim, que já no próprio âmbito de sua institucionalização no
Brasil tenham surgido tantos trabalhos sobre a história das Ciências Sociais, como
indica o fato de que 46 de 121 obras de sociologia publicadas, no Brasil, entre
1945 e 1966 tratem da própria disciplina (VILLAS BÔAS, 1992, p. 135). Isso
para não falar dos balanços sobre a tradição intelectual brasileira anterior à ins-
titucionalização, realizados, por exemplo, por Florestan Fernandes em “Desen-
volvimento histórico-social da sociologia no Brasil”, originalmente publicado na
revista Anhembi em 1957 (FERNANDES, 1980) ou por Alberto Guerreiro Ramos
em Cartilha brasileira do aprendiz de sociólogo, de 1954 (RAMOS, 1995).
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Foi justamente nessa direção que procurei reconstituir analiticamente a for-
mação de uma agenda de pesquisas, de Populações meridionais do Brasil até
Homens livres na ordem escravocrata (1964), de Maria Sylvia de Carvalho Fran-
co, passando por Coronelismo, enxada e voto (1949), de Victor Nunes Leal, e
diferentes pesquisas de Maria Isaura Pereira de Queiroz desenvolvidas desde a
década de 1950, procurando destacar suas continuidades e descontinuidades
(BOTELHO, 2007). No plano das continuidades, argumentei que estas pes-
quisas mantêm, em primeiro lugar, a tese central do ensaio de Vianna sobre a
configuração histórica particular das relações de dominação política no Brasil
fundada no conflito entre as ordens privada e pública e não diretamente assi-
milável ao conflito de classes enraizado no mundo da produção; bem como,
em segundo lugar, sua tendência teórico-metodológica a relacionar a aquisi-
ção, distribuição, organização e exercício de poder político à estrutura social
com o objetivo de identificar as bases e a dinâmica da política na própria vida
social. Com relação, por sua vez, às descontinuidades cognitivas internas entre
os diferentes trabalhos que compõem a vertente da sociologia política brasileira
destacada, argumentei que são distintas, sobretudo, as concepções de socieda-
de e, nelas, o relacionamento entre ação e estrutura social, que assume e que
procura conferir verossimilhança com os próprios resultados obtidos no estudo
da constituição, organização e reprodução das relações de dominação política.
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Exemplo crucial da sua proposição analítica encontra-se em “A preparação
cultural para a guerra: código, narrativa e ação social” que fecha o volume
Sociologia cultural. Formas de classificação nas sociedades complexas. Nele,
Alexander aborda da perspectiva da sociologia cultural, isto é, considerando
a cultura como variável independente, problemas de “simbolismo político” (e
não de motivos racionais) em nações democráticas, uma vez que as guerras
não se fariam sem a mobilização dos sentimentos e crenças dos cidadãos.
Substantivamente, analisa as “dinâmicas culturais internas” presentes nos pre-
parativos dos Estados Unidos para a Guerra do Golfo Pérsico em 1991, descar-
tando as ideias de “manipulação exercidas pelos governos” e de “contestação
dos movimentos contrários à guerra” como suficientes para compreender os
processos de legitimação da guerra (p. 256). Daí que destaque literatura de
ficção, filmes e informações objetivas sobre a guerra como elementos mobi-
lizados por diferentes grupos sociais de interesse na definição da estrutura
semântica do conflito. O “sentido” cultural da guerra pode ser apreendido a
partir da articulação de três elementos fundamentais: código, que separa dico-
tomicamente – mas não de modo contingente, e sim estrutural – certas quali-
dades simplificadas como “bem e mal”, “puro e impuro”, “amigos e inimigos”
e “sagrado e profano” (p. 256); narrativa, que permite que aqueles códigos
dicotômicos adquiram sentido em relação a uma experiência histórico-univer-
sal, fazendo a guerra corresponder a um processo de “imaginação coletiva” (p.
258); e gênero, que confere a capacidade dessa narrativa histórico-universal
sublimar os processos sociais aumentando a importância simbólica da guerra
entre os cidadãos. Em suma, a complexidade da guerra só ganharia inteligi-
bilidade sociológica, recuando-se até a sua preparação cultural, a partir da
qual tornar-se-ia possível discriminar o caráter semanticamente orientado das
ações e instituições desde a estrutura interna das formações discursivas que
lhe conferem sentido e legitimidade coletivas.
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A trilogia é composta por O visconde partido ao meio, O barão nas árvores
e O cavaleiro inexistente.
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Os autores agradecem a um parecerista anônimo e à editoria da revista
pelas sugestões, comentários e críticas. Também foram importantes os comen-
tários recebidos na apresentação deste estudo no XVII Encontro da Sociedade
de Economia Política, bem como, previamente, em seminários internos do
Núcleo de Estudos em Educação (NEE) do Centro de Estudo sobre Desigual-
dade e Desenvolvimento (Cede).
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Com relação à questão normativa que permeia a primeira crítica, ressalte-se
que, segundo a definição de igualdade de oportunidades de Roemer, não há
nenhuma injustiça no fato de os beneficiados de uma política serem os mais
favorecidos dentro do seu grupo (ou “tipo” no jargão roemeriano). Contanto
que tenham sido corretamente definidos os tipos (isto é, devidamente con-
sideradas as circunstâncias limitantes do acesso à vantagem em questão), os
mais favorecidos dentro de cada tipo seriam justamente aqueles que, dadas as
suas circunstâncias, teriam se dedicado mais, feito mais esforços. Uma crítica
mais pertinente consistiria em se afirmar que critérios unidimensionais – com
base exclusivamente na cor da pele, por exemplo – inescapavelmente cons-
tituem definições incompletas de tipos. Para mais detalhes, veja-se Roemer
(1998), ou Waltenberg (2007) para uma interpretação da teoria daquele autor
aplicada ao caso das universidades brasileiras.
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As respostas foram alteradas em 2009 e 2010, o que dificultará a composi-
ção de uma série histórica sobre esse assunto.
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Concluintes Categoria
% de
avaliados Relação administrativa
concluintes que
Curso de graduação candidato/
ingressaram por
vaga
N° % Pública Privada ação afirmativa
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Sim N° de
concluintes que
Área avaliada Total
Reserva Reserva de ingressaram por
Sistema Não
de vagas vagas com ação afirmativa
Total distinto dos
étnico- recorte
anteriores
raciais social
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Tabela 3
Perfil dos concluintes dos cursos avaliados em 2008
segundo o prestígio social do curso
baixo 12% 88% 46% 54% 25% 75% 91% 9% 80% 20%
federal médio 45% 55% 54% 46% 38% 62% 81% 19% 91% 9%
Alto 71% 29% 72% 28% 66% 34% 55% 45% 95% 5%
baixo 10% 90% 42% 58% 13% 87% 96% 4% 66% 34%
Estadual médio 35% 65% 48% 52% 25% 75% 92% 8% 75% 25%
Alto 73% 27% 75% 25% 57% 43% 62% 38% 92% 8%
Privado médio 30% 70% 64% 36% 20% 80% 91% 9% 79% 21%
Alto 76% 24% 78% 22% 48% 52% 68% 32% 89% 11%
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Tabela 4
Perfil dos concluintes dos cursos avaliados em 2008 que ingressaram
por ação afirmativa, segundo o prestígio social do curso
federal médio 39% 61% 45% 55% 27% 73% 90% 10%
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70% 68%
64%
60% 58%
49% 51%
50%
42%
40% 36%
32%
30%
20%
10%
0%
Federal Estadual Privada Total
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Gráfico 24
Distribuição dos concluintes negros/pardos/mulatos por
ingresso por meio de ações afirmativas segundo a dependência
administrativa da iES, brasil, cursos avaliados em 2008
100% 87%
60%
40%
34%
0%
Federal Estadual Privada Total
Fonte: Mec, Inep. Microdados do Enade 2008.
4
A proporção de negros, pardos e mulatos nas IES federais seria de 37%, nú-
mero obtido ao se multiplicar 42% (proporção de negros, pardos e mulatos nas
IES federais) por 87% (proporção de negros, pardos e mulatos não beneficiários
de políticas de ação afirmativa). A proporção de negros, pardos e mulatos nas
IES estaduais seria de 34%, número obtido ao se multiplicar 51% (proporção de
negros, pardos e mulatos nas IES federais) por 66% (proporção de negros, par-
dos e mulatos não beneficiários de políticas de ação afirmativa). Nas privadas, a
proporção seria de 24% (32% x 76%), contra os 32% efetivamente observados.
No total, teríamos 27% (36% x 76%), contra os 36% observados. A ressalva feita
a esses cálculos é que se desconsidera a possibilidade de que negros, pardos
e mulatos admitidos por políticas de ação afirmativa pudessem ter ingressado
em IES da mesma categoria em que ingressaram, mesmo na ausência de tais
políticas. Também são desconsiderados movimentos entre categorias de IES. Em
suma, e usando o jargão microeconômico, poderíamos dizer que nossa análise
é de “equilíbrio parcial” e não de “equilíbrio geral”.
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Gráfico 3
Distribuição dos concluintes por tipo de ensino médio cursado segundo a
dependência administrativa da iES, brasil, cursos avaliados em 2008
100%
60% 55%
45%
40%
25% 29%
24%
20%
0%
Federal Estadual Privada Total
Fonte: Mec, Inep. Microdados do Enade 2008.
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100%
88%
60%
40%
29%
22% 22%
20%
12%
0%
Federal Estadual Privada Total
5
Utilizamos o termo mobilidade social para indicar melhora ou piora da situa-
ção educacional dos alunos com relação à situação educacional de seus pais.
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80%
71%
70%
63% 61%
60%
50% 44%
40%
30%
30% 26%
20% 22% 23%
20% 14% 15%
10%
10%
0%
Federal Estadual Privada Total
80%
70% 63%
60% 57%
60%
50%
40%
40% 32%
30% 28% 25% 26%
24%
20% 14% 15% 18%
10%
0%
Federal Estadual Privada Total
Fonte: Mec, Inep. Microdados do Enade 2008. Nota: Nível fundamental ou menos.
58 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 36-77 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012
Gráfico 6
Distribuição dos concluintes por tipo de ingresso segundo a dependência
administrativa da iES, brasil, cursos avaliados em 2008
100%
90%
90%
81% 81%
80% 74%
70%
60%
50%
40%
30% 26%
20% 19% 19%
10%
10%
0%
Federal Estadual Privada Total
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60 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 36-77 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012
Sim
Variáveis Respostas Reserva Reserva Sistema Total
de de vagas distinto Não
Total vagas com dos
étnico- recorte ante-
raciais social riores
Escolaridade
Nenhuma 15,3% 21,4% 16,8% 13,7% 7,6% 9,0%
do pai
Ensino fundamental 61,5% 55,0% 64,4% 61,3% 49,5% 51,8%
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 36-77 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012 61
6
As estatísticas Z dos testes citados nesse parágrafo são, respectivamente:
11,13; 14,71 e 1,73.
62 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 36-77 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012
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64 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 36-77 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012
IES Federal
12%
10%
% de concluintes
8%
6%
4%
2%
0%
10
18
22
26
30
38
42
46
50
58
62
66
70
78
82
86
90
98
0
2
6
14
34
54
74
94
Nota na prova de conhecimentos específicos
Demais alunos Ação afirmativa
IES Estadual
12%
10%
% de concluintes
8%
6%
4%
2%
0%
10
18
22
26
30
38
42
46
50
58
62
66
70
78
82
86
90
98
0
2
6
14
34
54
74
94
Nota na prova de conhecimentos específicos
Demais alunos Ação afirmativa
IES Privada
12%
10%
% de concluintes
8%
6%
4%
2%
0%
10
18
22
26
30
38
42
46
50
58
62
66
70
78
82
86
90
98
0
2
6
14
34
54
74
94
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 36-77 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012 65
% de concluintes % de concluintes 8%
IES Federal
6%
12%
4%
10%
2%
8%
0%
0
2
6
10
18
22
26
30
38
42
46
50
58
62
66
70
78
82
86
90
98
14
34
54
74
94
6%
4% Nota na prova de conhecimentos específicos
2% Brancos Não brancos - ação afirmativa Não brancos - demais alunos
0%
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10
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22
26
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78
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14
34
54
74
94
Nota na prova de conhecimentos específicos
Brancos Não brancos - ação afirmativa Não brancos - demais alunos
IES Estadual
12%
10%
% de concluintes % de concluintes
8%
6% IES Estadual
4%
12%
2%
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0%
8%
0
2
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14
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26
30
34
38
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46
50
54
58
62
66
70
74
78
82
86
90
94
98
6%
4% Nota na prova de conhecimentos específicos
0%
IES Privada
0
2
6
10
14
18
22
26
30
34
38
42
46
50
54
58
62
66
70
74
78
82
86
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8%
6%
4%
2%
0%
0
2
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Gráfico 9
Distribuição das notas dos concluintes segundo o tipo
de ensino médio e o de ingresso, brasil, 2008
IES Federal
12%
10%
% de concluintes
8%
6%
4%
2%
0%
0
2
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58
62
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70
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82
86
90
94
98
Nota na prova de conhecimentos específicos
Ensino médio privado
Ensino médio público - demais alunos
Ensino médio público - ação afirmativa
IES Estadual
12%
10%
% de concluintes
8%
6%
4%
2%
0%
0
2
6
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14
18
22
26
30
34
38
42
46
50
54
58
62
66
70
74
78
82
86
90
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IES Privada
12%
10%
% de concluintes
8%
6%
4%
2%
0%
0
2
6
10
14
18
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26
30
34
38
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46
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54
58
62
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7
Ressalte-se que, por serem fortemente correlacionadas, não podemos in-
cluir educação dos pais e renda familiar juntas em uma mesma regressão. O
coeficiente de correlação de Spearman para variáveis ordinais de renda fami-
liar com instrução dos pais é 0,411, com p-valor de 0,000. O coeficiente de
renda familiar com instrução da mãe é 0,364 com p-valor de 0,000. O p-valor
próximo de zero indica que o coeficiente de correlação é significativo até ao
nível de significância 1%, isto é, rejeitamos a hipótese nula de que não existe
relação entre essas variáveis.
68 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 36-77 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012
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40
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Indicador do perfil socioeconômico
Demais alunos Ação afirmativa
IES Estadual
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48
46
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Nota média
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34
32
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0 5 10 15 20 25 30
Indicador do perfil socioeconômico
Demais alunos Ação afirmativa
IES Privada
50
48
46
44
Nota média
42
40
38
36
34
32
30
0 5 10 15 20 25 30
Indicador do perfil socioeconômico
Demais alunos Ação afirmativa
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50
48
46
44
Nota média
42
40
38
36
34
32
30
0 5 10 15 20 25 30
Indicador do perfil socioeconômico
Branco Não branco - demais alunos Não branco - ação afirmativa
IES Estadual
50
48
46
44
Nota média
42
40
38
36
34
32
30
0 5 10 15 20 25 30
Indicador do perfil socioeconômico
Branco Não branco - demais alunos Não branco - ação afirmativa
IES Privada
50
48
46
44
Nota média
42
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38
36
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0 5 10 15 20 25 30
Indicador do perfil socioeconômico
Branco Negro/pardo/mulato
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Gráfico 12
Nota média do concluinte segundo o indicador socioeconômico
por tipo de ensino médio e tipo de ingresso, brasil, 2008
IES Federal
50
48
46
44
Nota média
42
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38
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32
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0 5 10 15 20 25 30
Indicador do perfil socioeconômico
Ensino médio público - demais alunos Ensino médio privado
Ensino médio público - ação afirmativa
IES Estadual
50
48
46
44
42
Nota média
40
38
36
34
32
30
0 5 10 15 20 25 30
Indicador do perfil socioeconômico
Ensino médio público - demais alunos Ensino médio privado
Ensino médio público - ação afirmativa
IES Privada
50
48
46
44
Nota média
42
40
38
36
34
32
30
0 5 10 15 20 25 30
Indicador do perfil socioeconômico
Ensino médio público Ensino médio privado
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 36-77 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012 71
8
Seguindo a sugestão do parecerista, procuramos incorporar dummies regio-
nais ou estaduais, porém não há informação sobre a região ou a unidade da
federação onde está localizada a IES no banco de dados disponibilizado pelo
Inep, possivelmente para dificultar a identificação da IES.
72 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 36-77 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012
Tabela 8
Coeficientes estimados (b) e significância (p-valor)
Não branco -0,051 0,000 -5,0% -0,051 0,000 -5,0% -0,03 0,000 -3,0%
mulher 0,098 0,000 10,3% 0,094 0,000 9,9% 0,219 0,000 24,5%
todos
Ensino médio
-0,007 0,202 - 0,027 0,000 2,7% -0,007 0,034 -0,7%
público
Perfil
0,003 0,000 - 0,004 0,000 - 0,003 0,000 -
socioeconômico
Ação afirmativa -0,086 0,000 -8,2% -0,092 0,000 -8,8% -0,006 0,065 -
Não branco ,009 ,363 - -,025 ,002 -2,4% -,018 ,000 -1,7%
Não branco -,070 ,000 -6,8% -,074 ,000 -7,1% -,019 ,000 -1,9%
médio mulher ,030 ,000 3,1% -,015 ,057 ,031 ,000 3,1%
prestígio
Ensino médio
social -,038 ,000 -3,7% ,001 ,896 -,038 ,000 -3,7%
público
Perfil
,005 ,000 - ,006 ,000 ,008 ,000 0,8%
socioeconômico
Ação afirmativa -,148 ,000 -13,7% -,120 ,000 -11,3% -,020 ,000 -2,0%
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 36-77 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012 73
Nota: ¹A correção é exp (B)-1 para as variáveis binárias significativas, isto é, com p-valor menor que 0,05.
A correção é utilizada na interpretação dos parâmetros estimados B. Os valores em negrito são maiores
que 0,05, logo essas variáveis não são significativas ao nível 5%. Isto quer dizer que essas variáveis não
são importantes para explicar a nota do concluinte.
2
A estatística F dos modelos ajustados é alta, com p-valor próximo de zero em todas as regressões, indicando
que até ao nível 1% rejeitamos a hipótese nula de que não há relação linear entre as variáveis X e Y. Logo o
modelo foi bem especificado. O R² ajustado é médio em todos os modelos. Resultado esperado: a) dado que
se usam dados em corte transversal e b) o modelo estimado é parcimonioso. Informações de qualidade de
ajuste das regressões segundo prestígio social não são relatadas aqui, mas podem ser obtidas dos autores.
CoNSiDERAÇÕES fiNAiS
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76 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 36-77 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012
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78 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012
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80 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012
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1
Sobre Maugüé e sua influência entre os novos, diz Candido: “Provém dele
muito de nossa atitude intelectual e, portanto, uma parte da tonalidade de
Clima. Para ele a filosofia interessava sobretudo como reflexão sobre o quoti-
diano, os sentimentos, a política, a arte, a literatura. O nosso grupo incorporou
profundamente este ponto de vista...” (CANDIDO, 1980, p. 162). Reflexões
importantes sobre o Grupo Clima e a presença formadora e pedagógica de
Maugüé para o pensamento uspiano (especialmente filosófico) e para o mo-
delo crítico a que nos referimos, podem ser vistas em Arantes (1994), especial-
mente no Capítulo 2, e também no ótimo estudo de Heloísa Pontes Destinos
mistos. Os críticos do Grupo Clima em São Paulo (1999).
82 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012
2
Paulo Arantes, em seu fundamental estudo sobre Antonio Candido e Ro-
berto Schwarz (no qual me baseio amplamente), reconhece essas afinidades
mas discorda da “honra” que o crítico oferta a seu antecessor, estranhamente
desautorizando a homenagem (ARANTES, 1992, p. 11).
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012 83
3
O período, com seu otimismo e suas ilusões, foi analisado por Roberto
Schwarz em um de seus mais notáveis ensaios, escrito e publicado original-
mente em Paris durante seu exílio: “Cultura e Política, 1964-69” (1978).
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4
A esse inquérito seguiu-se outro, com os representantes da geração mais
velha (fundamentalmente os modernistas e antimodernistas), que foi também
publicado com o título tumular de Testamento de uma geração.
5
Sobre o mesmo assunto, mas sob outro ponto de vista, ver o ensaio de
Silviano Santiago: “Sobre Plataformas e Testamentos” (2006).
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Nesse ponto, ele está pronto para expressar a ideologia de sua gera-
ção: o nacionalismo precisa ser construído para ser superado não pelo
6
Paulo Emílio diz que nasceu aí uma abertura para se pensar a América La-
tina. Ele cita as ideias de Raul Victor Haya de la Torre, pensador peruano que
fundou o aprismo, seu interesse pelo México na época de Cárdenas e seu
desejo de recuperar o caráter inicial da revolução zapatista.
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7
Para uma análise geral da VI Bienal, ver Alambert in Abdala Jr. e Cara (2006).
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8
Sobre a militância política de Pedrosa ver Marques Neto (1993); Loureiro,
(1984).
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9
Pedrosa foi certamente um dos primeiros leitores de Benjamin no Brasil.
10
Sobre o tema, ver Adorno (1986).
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11
Notemos de passagem que na Europa o primitivismo funcionou de maneira
oposta. Em 1911, Franz Marc, profundamente tocado pelos seus estudos de
escultura africana e peruana, escreveu: “Devemos ser corajosos e virar as cos-
tas a quase tudo o que até agora consideramos precioso e indispensável do
nosso pensamento, se quisermos escapar do esgotamento e do nosso mau
gosto europeu” (COLDWATER, 1967, p. 127).
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012 101
Pela primeira vez nesse Brasil pachorrento, inerte que no entanto co-
meçava a esboroar-se sob a desintegração da velha economia feudal e
cafeeira, um punhado de jovens se levanta contra a modorra e clama
que não somente nos domínios interessados da política os homens
têm motivos de lutar, de brigar. A arte é cada vez mais, em nossos dias,
uma atividade digna de por ela os homens, os melhores dentre eles,
lutarem e se sacrificarem (p. 152)12.
12
Cerca de vinte anos depois, em um de seus mais excepcionais textos, “A
Bienal de cá para lá”, Pedrosa mudará sensivelmente essa abordagem cin-
quentista dos feitos da Semana. Ali, em meio aos horrores do Golpe militar e
prestes a enfrentar mais um exílio (e mais uma derrota), ele explicará a semana
a partir da imagem de um grupo aristocratizante, que ignorou a arte e a cultu-
ra populares (ele pensa nos artistas proletários que criaram, nos anos 1930, o
Grupo Santa Helena) (PEDROSA, 1995).
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13
Diz o Manifesto: “A arte verdadeira, a que não se contenta com variações
sobre modelos prontos, mas se esforça por dar uma expressão às necessidades
interiores do homem e da humanidade de hoje, tem que ser revolucioná-
ria, tem que aspirar a uma reconstrução completa e radical da sociedade.
(in FACIOLI, 1985, p. 37-38). Não deixa de ser sintomático desses caminhos
diversos que, nos anos 1970, enquanto Pedrosa amargava seu terceiro exílio
político, Greenberg usasse de sua autoridade de ex-marxista para defender a
invasão norte-americana no Vietnã.
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012 105
A arte para eles não é atividade de parasitas nem está a serviço de ociosos
ricos, ou de causas políticas ou do Estado paternalista. Atividade autôno-
ma e vital, ela visa a uma altíssima missão social, qual seja a de dar estilo à
época e transformar os homens, educando-os a exercer os sentidos com
plenitude e a modelar as próprias emoções”( PEDROSA, 1998, p. 248).
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This article proposes a critical reading of the work of Gonçalo M. Tavares – fo-
cusing on his first book, Book of Dance, published in 2001 – based on three
main issues: the rehearsal, as a free, intellectual experience, method or literary
model and as the act itself, repetition, practice; the dance, a leaving of the
usual condition and an imbalance, the invention of a body-dancer that uses the
rehearsal’s experience as a stage for an open intellectual experience, contami-
nated with questions drawn from the philosophy and dance; and, finally, the
free spirit, Nietzsche’s concept, which refers to a light spirit that laughs, one
who holds the joyful knowledge. The literature of Gonçalo M. Tavares as an
open book-of-rehearsal, that chooses the text as a laboratory of sensations; an
ever experimental situation that resembles a state of dance, a free, anachronis-
tic and discontinuous procedure.
Keywords: rehearsal; dance; free spirit
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 114-147 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012 115
1
Esse primeiro livro foi definido pelo próprio escritor como “investigação”, ter-
mo ou “etiqueta” que constitui uma espécie de “modo de uso” ou de “como
ler”, etiqueta que é também um nome de uso para identificar uma série de
livros que mantêm entre si uma linha ou uma fronteira de texto comum. Essas
etiquetas aparecem, principalmente, nas listagens dos livros que podem ser en-
contradas, por exemplo, no começo ou ao final de alguns de seus livros, quase
sempre acompanhadas da biografia do autor. O termo “etiqueta” aparece no
site oficial de Gonçalo M. Tavares (http://goncalomtavares.blogspot.com/). Elas
se dividem em “Livros pretos – O Reino”, “Livros pretos – Canções”, “O Bair-
ro”, “Estórias”, “Enciclopédia”, “Bloom Books”, “Poesia”, “Teatro”, “Arquivos”,
“Investigações”, “Epopeia” e “Short Movies”. Dessa forma, e até agora, já que
todos os projetos estão abertos e em processo, o Livro da dança faz parte de
um grupo de três livros que formam as suas investigações, juntamente com o
Investigações. Novalis (2002) e o Investigações geométricas (2004).
116 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 114-147 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012
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2
Essa expressão é um desdobramento do estudo de José Gil sobre Fernando
Pessoa, o primeiro capítulo do livro intitulado Fernando Pessoa ou a metafísica
das sensações, que se chama “Laboratório Poético”. José Gil (1987, p. 13)
comenta que Bernardo Soares tem por característica essencial “o facto de não
viver nem escrever senão em situação experimental. O laboratório poético
de Pessoa está em plena actividade no Livro do Desassossego”. Não à toa
José Gil assinala que Bernardo Soares escreve apontando para um movimento
neutro e para um estado larvar de consciência, uma consciência vazada em
uma prosa nítida e com penetração; diz ele: “Não há nada para lá ou para cá
dos fragmentos, do que estes narram: estados larvares de consciência, e uma
consciência dessa consciência vazada nos moldes de uma prosa extremamente
nítida, impressionante de penetração e rigor” (1987, p. 15). Pode-se dizer, de
alguma maneira, que esse procedimento é um estado de dança, mesmo que
ainda embrionário, mas sempre tocado pela repetição do gesto: eis o ensaio
do qual Gonçalo M. Tavares parece tomar posse como despossessão.
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3
O livro de poemas 1 configura quase uma antologia de oito pequenos livros,
de oito projetos aparentemente distintos. Foi publicado em Portugal em 2004
(Relógio D’Água) e no Brasil, em 2005 (Bertrand Brasil). Os livros que com-
põem o projeto 1 estão divididos e nomeados como livro um, livro dois, livro
três e assim sucessivamente até o livro oito. Os títulos dos livros, pistas de sua
aparente distinção são, respectivamente, Observações, Livro dos ossos, Ate-
nas e a metafísica, Frio no Alaska, Homenagem, Explicações científicas e outros
poemas, Autobiografia e Livro das investigações claras. É de se notar que estes
títulos de livros, de alguma maneira, acompanham os títulos que Gonçalo M.
Tavares atribuiu a alguns poemas do Livro da dança na edição brasileira, porque
perseguem a sua ideia de uma poética do movimento que é, ao mesmo tempo,
uma poética de releitura da metafísica e uma tentativa de interferir nela: “Exi-
bição”, “Sobre o osso”, “A técnica”, “Definição de função”, “Aprendizagem”,
“Indicações quase gerais”, “Biografia e prestígio”, “Coração e cicatriz” etc.
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Entreter o infinito.
Tratar o infinito como objecto, atirá-lo ao chão, partir-lhe a FACE,
curar-lhe as feridas, chamar pelo pai e pela mãe; dar-lhe pão à boca
no dia das doenças, contar-lhe os ossos e, por fim, desprezá-lo.
Entreter o infinito.
Tratar o infinito como objecto.
(TAVARES, 2001, p. 81).
4
Não por acaso, Gonçalo M. Tavares desenvolve um projeto intitulado “O
Bairro”, que parte de um mapa. Esse mapa é a ficção de um lugar imaginário
ou imaginado, também construída a partir do método dedutivo, sempre como
um ensaio e movida pela errância sem método. Nesse bairro moram escrito-
res, críticos, filósofos, uma bailarina e coreógrafa (Pina Bausch), que ele chama
de “Senhores”. Esse “O Bairro” é também uma recuperação de sua afirmação:
“Escrevo porque perdi o mapa.”
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5
Gonçalo M. Tavares diz em uma entrevista (Entrelivros, n. 29, set. 2007) que
se considera “um filho de Sêneca”, que tem “uma parte estoica”, pois “guarda
alguma distância em relação ao que vai acontecendo”. Diz também que o livro
que mais marcou a sua vida é o das cartas de Sêneca a Lucílio, Cartas a Lucílio,
livro em que Sêneca avisa que só tem domínio de si aquele que não faz de seu
corpo um peregrinador por outros corpos. Ora, o estoicismo está ligado a uma
colocação do ser na razão para sobrepor-se às paixões, mesmo que, depois, se
ligue também a uma clivagem entre corpo e alma em uma tentativa de fazer
com que o homem suplante a dor e, principalmente, a dor da perda provocada
pela morte; dor que é uma inimiga da razão. Sabe-se que Sêneca (Corduba, 4
a.C. — Roma, 65 d.C.), diz Joaquim Brasil Fontes (1992, p. 15) na apresentação
a uma pequena edição brasileira de Consolationes (Cartas consolatórias), falava
para e contra uma sociedade aristocrática, culta e em perpétuo sobressalto,
em que Nero era o imperador e se autointitulava senhor da vida e da morte.
Joaquim Fontes chama atenção para o quanto Sêneca tensiona a língua latina e
a filosofia estoica, em uma dupla racionalidade, a da ordem das palavras e a da
ordem do mundo, com um discurso entre razão e paixão.
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Claro que podemos errar e não voltar atrás para corrigir o erro porque
o erro não é o ERRO o erro só começa no corrigir, errar e avançar não
é errar: é avançar; errar e corrigir não é corrigir: é errar (TAVARES,
2001, p. 53).
e
Só voltar atrás se atrás for à Frente.
(TAVARES, 2001, p. 54).
6
Na edição brasileira do Livro da dança esse fragmento, que é o de número
35 na edição portuguesa, aparece intitulado como “Sobreviver” (p. 49). Na se-
quência, o fragmento que se inicia com “Evitar Pitágoras” (p. 48) é o de núme-
ro 34 na edição portuguesa e se intitula, na edição brasileira, como “Evitar”.
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Quatro acções. (conta pelos dedos) Beber, olhar, deitar, organizar. Qua-
tro acções possíveis. Podia ser pior. Há quem não tenha quatro acções.
Há quem tenha menos. 4. Quatro. Não é mau. (pausa) Aborrecido deve
ser quando se tem uma única acção. (pausa) É preciso organizarmo-nos
para ter sempre várias acções a fazer. Nunca deixar que fique só uma.
Nunca. (pausa) Sempre várias. Hipóteses, é a palavra. É importante ter
várias hipóteses. Uma, duas, 3, 4. Uma ou outra ou outra ou outra [...]
O importante é o método. Como utilizar o quê. (pausa, sorriso) [...] Não
interessam as acções, mas sim como. (pausa)
(TAVARES, 2002, p. 22-23).
Não custa, depois desse exemplo, lembrar que proponho pensar, pri-
meiro, o ensaio como ato, e que ele quando é ação e repetição para
uma apreensão ou aprendizado é método. Depois, segundo, proponho
pensar o ensaio como modo de uso da escrita, e que para a constituição
de uma “cultura filosófica” ele é “metodicamente sem método”.
Já no livro Breves notas sobre ciência, publicado em Portugal em
2006, o primeiro dos volumes da sua “Enciclopédia”, Gonçalo M.
Tavares escreve uma anotação intitulada “A 2ª matemática”, a partir
de Wittgenstein, para insistir dessa vez na ideia de uma equação não
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A 2ª matemática
Questão de Wittgenstein:
“Se todos os homens acreditarem que 2 x 2 = 5,
2 x 2 será ainda igual a 4?”
Existe uma 2ª matemática atrás da primeira.
É feita daquilo que é Erro na primeira, e é ainda —
como a primeira matemática — feita de ordem e regras.
Os erros da 2ª Matemática são também proposições
incontestáveis na 1ª Matemática.
[Pensar nos opostos. No mal e no bem. Na
exactidão e na falha. No alto e no baixo].
(TAVARES, 2006, p. 65).
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O Zen. SIM.
dançar à beira dos abismos. SIM.
A absoluta Qualidade do que não tem qualidades. SIM.
Da cabeça utilizar a guilhotina para só arrancar o cérebro.
[SIM.
a lua? SIM.
anda lua andas? SIM.
Subir por 1 lado ao cavalo para descer logo a seguir do outro
[lado?
SIM.
INÚTIL. SIM. Muito inútil!
Quanto de inútil?
Muita quantidade de inútil.
Outros FILÓSOFOS?
Por exemplo o Zen que conta histórias:
uma: ele levantava o braço sempre, para tudo.
o que significa isso?
O OUTRO, o aprendiz, põe na explicação palavras. Muitas.
ele, o mestre, por fim, depois de ouvir, levanta o braço.
o outro: mas que significa isso?
e o mestre levanta o braço, o mesmo braço, o braço.
Como é a tua dança, a tua estética, a tua poética?
O braço. É o Braço.
Mas como, o quê?
O braço, levantar o braço!
(TAVARES, 2001, p. 71).
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O poema “Dansa” faz parte do conjunto de poemas que formam o livro
cinco, intitulado Homenagem, do livro 1 (2004).
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Esse “erro” de grafia, essa célula que salta da origem, levanta a ques-
tão acerca de um problema de legitimação do termo: dançar é com
“s”, para oscilar na curvatura do mundo, ou é com “ç”, para insistir na
repetição do comum? A palavra grafada assim, com “s”, clama a sua
revolução, a sua recusa, a sua emancipação. Ela demonstra por fora o
que acontece por dentro, a sua animalidade: sair do comum, provocar
um desequilíbrio: dançar.
Dessa maneira, a partir do primeiro livro de Gonçalo M. Tavares,
pode-se pensar a invenção do corpo no seu trabalho e o seu trabalho
como um corpo-bailarino, o que sai do comum para provocar o dese-
quilíbrio entre ficção e imaginação. A ideia é propor ler o corpo mais
como esse desvio, como desequilíbrio, e menos simplesmente como
ausência de peso e de gravidade. Uma tarefa da literatura e para a
literatura, um modo de uso político e crítico da literatura construída
com um arsenal de corpos misturados e moventes, é o que parece
propor Gonçalo M. Tavares. Isso nos leva ainda a José Gil, quando ele
diz que “este pequeno deslocamento marca o nascimento da arte ou,
pelo menos, da sua possibilidade” (GIL, 2004, p. 22) e que o baila-
rino não se limita a conservar o equilíbrio comum, mas procura uma
espécie de equilíbrio no desequilíbrio, quase que em um estado de
desobediência do corpo, uma resistência, uma intensidade. Mas a luta
para vencer o próprio peso do corpo, essa leveza que deve ser incor-
porada ao corpo do bailarino como uma ausência de peso no interior
do corpo – o corpo tornado espaço –, não deve ser compreendida
apenas como simples ausência de peso. Bem como a dança, o voo e
a leveza não são apenas gestos que se opõem ao espírito de peso ou
de gravidade, mesmo que possam ser também uma espécie de mar-
co fundador, capaz de deslocar todos os marcos de fronteiras já que,
segundo Nietzsche “quem, um dia, ensinar os homens a voar, terá
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29.
Treinar a nudez.
Pintar de céu a nudez.
Pintar de sexo a nudez.
Desenhar na nudez a inocência.
Desenhar a Fornicação na nudez.
a nudez clássica igual à nudez actual.
experimentar roupas nuas.
confirmar que a nudez é mais nua que a roupa nua.
Treinar a nudez.
Ser melhor NU que ontem se foi nu, ser melhor nu que ontem
se foi nu.
(TAVARES, 2001, p. 40).
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10
Mallarmé deixou alguns breves escritos sobre a dança, algumas observações
críticas – as prosas de circunstâncias –, que foram destinadas a revistas de
pouca circulação na época, mas que mais tarde foram incluídas nos capítulos
Crayonné au théâtre e Ballets do livro Divagations, publicado em 1897.
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Mallarmé disse que a bailarina não é uma mulher que dança, pois ela
não é uma mulher, e não dança.
[...]
A mais livre, a mais flexível, a mais voluptuosa das danças possíveis
apareceu-me numa tela onde se mostravam grandes Medusas: não
eram mulheres e não dançavam.
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Alguém me aconteço!
Alguém
me
aconteço.
(TAVARES, 2001, p. 99).
11
Na versão para a edição brasileira de o Livro da Dança (Editora da Casa,
2008) Gonçalo M. Tavares desloca a exclamação para o final do poema: “Al-
guém me aconteço./ Alguém/ me/ aconteço!” (TAVARES, 2008, p. 99).
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CoNSiDERAÇÕES fiNAiS
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This article proposes to engage in dialogue with the work and the trajectory of
Caio Prado Júnior, one of the most influential historians and Marxist intellectuals
of Brazil. The intention is not to evaluate his production in detail, nor follow
the relationships she had with the Brazilian society and the historian’s political
options, something already conducted by several researchers. Instead, its inten-
tion is to “use” his trajectory and style to freely reflect on some traces of Mar-
xism in Brazil and especially on certain dilemmas inherent in the performance
of the Marxist intellectuality. Caio Prado Jr. will, therefore, be treated here as a
parameter for a broader reflection on the intellectuals.
Keywords: Caio Prado Jr.; Brazilian studies; Marxism
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A DESoRDEm Do muNDo
André bueno
EDiÇÃo 16
CRiAtiviDADE
marsyl bulkool mettrau
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EDiÇÃo 17
EDiÇÃo 18
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EDiÇÃo 19
UM CONVITE À LEITURA
Gabriel Cohn
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CAPÍtuLoS DE LivRoS
ENSAioS Em REviStAS
DoCumENtoS E PESQuiSAS
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