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ensino
Gabriel Matsudo dos Santos
gabriel_mts@hotmail.com
Resumo: O presente artigo tem como objetivo apresentar a minha experiência de estágio
proposto pela Universidade Estadual de Maringá do curso de Licenciatura em Educação
Musical. O estágio foi realizado na Escola Municipal Pioneira Mariana Viana Dias no período
de contraturno. Tive como proposta de ensino a composição que tinha como objetivo o
desenvolvimento da criatividade e da autonomia do aluno e a fixação de conceitos musicais.
Também apresentarei algumas discussões que foram levantadas a respeito da escola, em
especial da que atuamos. Retratarei as dificuldades encontradas no estágio tanto pela minha
inexperiência, quanto pela gestão da escola que em algumas ocasiões demonstrou ser hostil
com os alunos de licenciatura musical que estagiavam. A metodologia foi pautada no uso de
percussão corporal, percussão instrumental e no canto. Utilizei-me de ritmos, em particular os
brasileiros para trabalhar atividades de composição. Apesar das dificuldades, as atividade
realizadas possibilitaram que os alunos desenvolvessem a criatividade e aprendessem alguns
conceitos musicais, portanto concluímos que na medida do possível, estamos cumprindo os
objetivos do estágio.
Introdução
Este artigo tem como objetivo apresentar a minha trajetória de aprendizagem, que por
sua vez, relatará o meu desenvolvimento profissional enquanto atuava no estágio
supervisionado na Escola Municipal Pioneira Mariana Viana Dias sob supervisão das
professoras Andréia Chinaglia e Aline Clissiane. O presente estágio foi proposto pelo curso
de Música, habilitação de Licenciatura em Educação Musical da Universidade Estadual de
Maringá, que está em concordância com a demanda atual da inserção do ensino de música nas
escolas. Ele possibilita que o aluno de licenciatura coloque em prática o que adquiriu
teoricamente no decorrer do curso. Dessa forma, prepara-se o futuro professor para se inserir
no contexto da escola, possibilitando que ele adquira experiência e novos conhecimentos. Em
outras palavras, o estágio permite uma relação entre teoria e prática, que é necessária para
uma formação completa e que venha a contribuir com a escola brasileira.
A proposta de ensino que utilizei primeiramente teve embasamento o artigo
Flauteando e criando: experiências e reflexões sobre criatividade na aula de música,
envolvendo a flauta doce como instrumento para promover a criatividade e a performance do
aluno. Contudo, devido à falta do instrumento na escola, houve a necessidade de
remodelagem do plano de ensino. O segundo plano de ensino foi escrito durante minha
atuação no estágio e teve por foco principal o desenvolvimento de atividades que
envolvessem a composição musical. Para atividades de composição musical, julgou-se
necessário a apresentação de alguns elementos musicais para que com esse material os alunos
pudessem criar. Dessa forma os planejamentos iniciais se configuraram como aulas de ritmos,
como por exemplo: funk, rap, samba e baião. Com isso, foi proposto aos alunos que
compusessem canções, que envolvia desde a criação da letra até a melodia, tudo isso partindo
do ritmo apresentado durante as aulas. A experiência com a composição na sala de aula trouxe
resultados satisfatórios que serão expostos no artigo.
Propostas de Ensino
Nos anos 70 o ensino de música ganha discussões e propostas visando a composição
musical. Tais estudos buscavam uma alternativa de ensino em relação ao ensino de música
tradicional que focava em execução de instrumentos, aplicação de conceitos e histórias,
negligenciando o potencial criativo das crianças. Em 1970 autores como Paynter e Aston
argumentam que o ensino de música por meio da composição é mais efetivo e que precisamos
instigar a criatividade das crianças por meio da descoberta, indo de acordo com as propostas
de Schafer (BEINEKE, 2003).
A utilização da composição como estratégia de ensino se embasa em três argumentos
teórico-metodológicos: a composição para o desenvolvimento da criatividade, a composição
como forma de fixar os conceitos musicais e visar o desenvolvimento da autonomia artística
do aluno. Dessa forma, utilizei como justificativa para a utilização da composição, o
argumento de que ela possibilita que o aluno desenvolva a criatividade na medida em que o
expõe a um contexto mais livre e variado (BEINEKE, 2003).
Além da criatividade, podemos utilizar a composição para a fixação de conceitos, pois
no processo de composição, o aluno precisa aprender alguns pré-requisitos musicais (como
apreciação, ritmo, melodia do gênero etc.) para elaborar a música. A composição também
abre espaço para o professor avaliar o processo, como por exemplo: Em quais ritmos os
alunos compuseram, quais recursos utilizaram, como adquiriram o conhecimento musical etc.
O aluno também pode escolher de maneira autônoma como trabalhar com a sua composição,
podendo colocar instrumentos não convencionais do gênero.
Metodologia
Para a realização das atividades envolvendo a composição foi utilizada a percussão
instrumental, percussão corporal e o canto, pois são instrumentos de fácil acesso e manuseio e
que a escola já possuía. As aulas foram planejadas para apresentar diferentes ritmos (Funk,
Rap, Baião e Samba) junto com o ensino dos parâmetros do som. A minha proposta foi de
apresentar uma música com o ritmo proposto, por exemplo, a música Asa Branca de Luiz
Gonzaga (Baião). Primeiramente os alunos ouviriam e fariam uma apreciação, em seguida
seriam feitas perguntas referêntes à música, como de quais instrumentos é composta, se é
rápida ou lenta, se já ouviram antes etc. Após a apreciação os alunos executariam o ritmo
utilizando percussão corporal e o instrumental (bandinha ritmica). Na terceira etapa os alunos
deveriam se dividir em grupos e compor uma nova música, desde a letra e melodia até o ritmo
e a escolha dos instrumentos. Então as músicas eram gravadas e reproduzidas para os alunos
ouvirem e apreciarem suas próprias canções.
Dificuldades iniciais
O estágio se iniciou com as dificuldades da falta de instrumentos e a consequente
modificação do plano de ensino. Isso teve grande impacto na atuação pedagógica uma vez que
se mostrou necessário o improviso de atividades musicais, não prevista em plano, até que se
traçasse outro norte para as aulas de música.
O fato de não ter experiência prévia com o ensino coletivo ou mesmo com o ensino em
contexto escolar tornou a prática de estágio totalmente nova. Dessa forma as dificuldades que
essa situação de ensino apresentava foram encaradas com grande complexidade. Pode-se dizer
que a maior das dificuldades diz respeito a falta de metodologias que administrassem a
indisciplina dos alunos.
Foi durante a aplicação do estágio que senti necessidade de estudar a relação entre
teoria e prática. As disciplinas que envolveram educação e educação musical no 2ª ano do
curso utilizavam relatos de experiência que diziam respeito a atividades com pequeno número
de alunos, se mostrando distante do que a prática de estágio propõe: trabalhar com 30 alunos.
Outra questão que influenciou foi a falta de leitura por minha parte nesse assunto.
A composição deu orientação para a realização das atividades seguintes, porém
permaneceram os desafios em relação a indisciplina dos alunos. Eles apresentavam resistência
em relação ao ensino de ritmos que não faziam parte de seu contexto, muitas vezes deixando
de participar das atividades.
Houve uma troca de professoras orientadoras e foi possível, com a supervisão no
contexto de sala de aula, que eu me sentisse mais seguro e conseguisse lidar melhor com os
alunos. A partir de então, as atividades passaram a ter um resultado mais satisfatório. Foi
possível perceber, junto com a professora orientadora, que os alunos conseguiram aprender os
ritmos propostos e nas atividades posteriores passaram a ter mais facilidade em executar e a
aceitar ritmos novos. A criação de músicas também ficou mais fluente e se tornou mais
agradável para os alunos. Isso foi evidenciado em relatos que os alunos faziam sobre a
realização de composições fora do horário da aula de música, como por exemplo, em suas
casas.
Conclusões
É possível concluir que atualmente a educação de música enfrenta várias dificuldades
relacionadas ao contexto social e à própria escola. Além disso, a formação teórica oferecida
pelo curso de música foi limitada por apresentar atividades descontextualizadas da realidade
da sala de aula.
Foram encontradas dificuldades para a realização do estágio, contudo foi uma
experiência que possibilitou que se atingissem os objetivos de correlacionar a teoria e a
prática e se inserir no contexto de ensino, preparando-se para a futura docência.
Em relação às atividades de composição, é possível concluir que elas estimularam a
criatividade, além de que foram uma forma de ensinar conceitos musicais como diferentes
ritmos e parâmetros do som. A composição possibilitou que se desenvolvesse a autonomia
artística dos alunos, cumprindo, portanto, seus objetivos e comprovando o que a literatura
aqui apresentada previa.
Referências
ALVES, Gilberto Luiz. A produção da escola pública contemporânea. Campinas, SP:
Autores Associados, 2006.
BEINEKE, V. A composição em sala de aula: como ouvir as músicas que as crianças fazem?
In: HENTSCHKE, L.; SOUZA, J. (Org.). Avaliação em música: reflexões e práticas. São
Paulo: Moderna, 2003. p. 91-105
GILIOLI, B.E.; OLIVEIRA, A.R.; PINHEIRO, A.A.M. Diretrizes Curriculares do Estado do
Paraná: da Pedagogia Histórico-Crítica às Teorias Críticas. V Encontro Brasileiro de
Educação e Marxismo. Marxismo, Educação e Emancipação Humana. Abril de 2011.