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Ano 7

Nº 32
Mai/Jun 2010
ISNN 0100-1485

ENTREVISTA
Sérgio Machado,
presidente da
TRANSPETRO

INDÚSTRIA NAVAL E DO PETRÓLEO

AÇÕES PARA PROTEÇÃO 0


1
CONTRA CORROSÃO R R
20
rraa
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T CCoooom
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IN cc
Sumário

6
Artigo Técnico
Entrevista
O ressurgimento da indústria naval 22
8 Causa da ocorrência de pites em
cupons de aço carbono
Evento INTERCORR Por Lorena Cristina de Oliveira
Compartilhando avanços tecnológicos e co-autores
14
Matéria de Capa
Ações para proteção contra corrosão
20
Indústria Naval
Atlântico Sul lança seu primeiro navio
29
Cursos e Eventos
Calendário 2010 – 2º Semestre
30
Notícias do Mercado
32
Treinamento & Desenvolvimento
Orgasmo e estupro intelectual
34 Errata:
Na página 22 da edição nº 31, Soluções com
Opinião
a nanotecnologia, na verdade, o depoimento
Novos paradigmas da Geração Y foi dado por Cláudia Bártoli Belizaro,
Marcelo Mariaca pesquisadora da empresa Nanox.

Redação e Publicidade
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Dra. Simone Louise D. C. Brasil – UFRJ/EQ Rua Emboaçava, 93
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Gerente Administrativo/Financeiro Dr. José Antonio da C. P. Gomes – COPPE
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C & P • Maio/Junho • 2010 3


Carta ao leitor

A revitalização da indústria naval


odos os envolvidos na pesquisa e no negócio relacionado às ações anticorrosivas estão
muito satisfeitos com a revitalização experimentada pela indústria naval brasileira. E não é para
menos! Depois de ser um dos importantes pólos de desenvolvimento do Brasil nas décadas de 1960
e 1970, a indústria naval perdeu fôlego e caiu no ostracismo nas décadas de 1980 e 1990.
No início deste século, tal qual fênix, ressurgiu. Nesse período, o país passou por um vertiginoso pro-
cesso de reorganização interna, após se ver livre da estagnação econômica e da espiral inflacionária. A par-
tir daí, novos e decisivos passos foram dados para se dotar a indústria nacional de escala suficiente para esta-
belecer uma indústria naval eficiente e que, assim, pudesse concorrer com os grandes players globais.
A desconfiança e incerteza iniciais, perfeitamente previsíveis pelo passado recente de investimentos no
setor, foram suplantadas pela ação decisiva do governo federal ao estabelecer categoricamente a importân-
cia desse segmento, como forma de estancar a perda de divisas e criar uma indústria nacional forte que
inclusive apoiasse o crescimento vivido pela indústria do petróleo,
particularmente pela PETROBRAS. O passo mais espetacular foi a
A mudança de postura do governo brasileiro criação, em 2004, do Programa de Modernização e Expansão da
em menos de uma década é fato Frota (o PROMEF) que criou mecanismos para a produção de 49
navios no Brasil, com alto índice de nacionalização.
a ser louvado e todos esperam agora Os investimentos estão próximos dos U$ 5 bilhões e, neste pri-
a ampliação e a consolidação desse mercado meiro semestre de 2010, os estaleiros nacionais entregaram as duas
primeiras embarcações. A expectativa, portanto, se materializou. En-
fim, depois de um longo período, são lançados ao mar embarcações
de grande calado com o selo Made in Brazil. A mudança de postura em menos de uma década é fato a ser
louvado, e todos esperam agora que os novos estaleiros, a mão-de-obra que está se especializando e a pes-
quisa cada vez mais ativa sejam motor de torque para ampliar esse mercado e receber encomendas de outros
países para, finalmente, consolidar a indústria naval como uma das mais importantes para o Brasil.
A entrevista com o presidente da TRANSPETRO, Sérgio Machado, e a matéria sobre o navio entregue
pelo Estaleiro Atlântico Sul (o segundo dentro do PROMEF) complementam esse quadro positivo que a
indústria naval está vivenciando.

INTERCORR – Outra matéria desta edição aborda o maior evento do setor realizado no Brasil, o
INTERCORR. Essa foi a maior e mais concorrida edição do evento, por qualquer parâmetro que se ava-
lie. Foram 788 profissionais participantes e a qualidade e a abrangência dos trabalhos apresentados sur-
preenderam até os mais renomados especialistas presentes. O sucesso do evento também pode ser parcial-
mente creditado a esse momento ímpar da história das indústrias do petróleo e gás e naval.
E a ABRACO se sente particularmente empolgada em ser um dos pilares do desenvolvimento técnico
do setor da corrosão, um dos itens mais importantes para o bom desempenho desses setores da economia.

Boa leitura!

Os editores

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Entrevista

Sérgio Machado

O ressurgimento da indústria naval


Neste primeiro semestre de 2010, foram entregues os dois primeiros navios
construídos no âmbito do PROMEF. Há um longo caminho a percorrer,
porém os resultados iniciais do programa são muito promissores

Por Luciana Fleury

frente da TRANSPETRO timativa é a de que esta econo- ciclo de decadência que se seguira
desde 2003, o fortalezense mia chegue anualmente a US$ ao apogeu dos anos 70. Partimos
Sérgio Machado foi eleito, 500 milhões em remessas ao ex- de uma necessidade, que era a
em junho, por uma publicação terior. Ao fim das duas primei- construção de navios para um
especializada norueguesa, uma ras fases do programa, a expec- país de 7,5 mil km de litoral e 42
das 100 pessoas mais influentes tativa é de que 100% das neces- mil km de rios navegáveis com
do mundo no setor de transpor- sidades de cabotagem (navega- 95% de seu comércio exterior por
te marítimo. Formado em Admi- ção costeira) e 50% dos trajetos via marítima, para a criação de
nistração Pública pela Fundação de longo curso da PETRO- uma oportunidade, que foi a
Getulio Vargas do Rio de Janei- BRAS sejam atendidas pela fro- retomada da indústria naval.
ro, o ex-senador ocupa a 65ª po- ta da TRANSPETRO. Com isso, estamos contribuindo
sição neste ranking, apontado co- Por navegarem em água sal- para a criação de 40 mil empre-
mo um executivo visionário e co- gada e transportarem cargas al- gos diretos e 160 mil empregos
rajoso. Trata-se de um reconheci- tamente corrosivas, a proteção indiretos.
mento pelo trabalho desenvolvi- contra a corrosão destes navios
do com a criação, em 2004, do é item importante neste contex- A TRANSPETRO lançou, em
Programa de Modernização e to. A Revista Corrosão & Pro- 24 de junho, o segundo navio
Expansão da Frota (PROMEF), teção pediu ao presidente da do PROMEF. Que balanço o
que, ao prever a construção no TRANSPETRO, Sérgio Ma- senhor faz, neste momento, do
Brasil de 49 navios, com conteú- chado, que fizesse uma avalia- Programa em termos do alcan-
do mínimo nacional (65% na ção do momento da indústria ce de suas metas objetivas e da
primeira fase e 70% na segunda naval, confira: consequência inerente, que é
fase) e preço internacionalmente a de propiciar o renascimento
competitivo ao final da curva de O senhor foi listado pelo jor- da indústria naval brasileira?
aprendizado, foi responsável pelo nal norueguês Trade Winds, a Machado – O programa é um
renascimento da indústria naval maior publicação especializada sucesso, tanto pelo cumprimento
nacional. Com os contratos de em transporte marítimo do estrito do cronograma de lança-
construção assinados para 46 mundo, entre as 100 pessoas mentos quanto pelo estímulo à
navios, o montante de investi- mundialmente mais influentes retomada de encomendas por
mentos já soma US$ 4,7 bilhões. no setor marítimo. O que este outras empresas. Especialistas
As entregas começaram este ano, reconhecimento representa? independentes e dirigentes sindi-
com o primeiro deles lançado ao Machado – Tomo este reconheci- cais, tanto de empregados como
mar em maio e o segundo em mento como um prêmio a um de patrões, têm ressaltado a
junho, e vão até 2013. trabalho coletivo, que teve o apo- importância do PROMEF como
O programa é visto como io decidido do Governo Federal e deflagrador de um processo mais
um passo importante para a o engajamento de dirigentes e amplo, de recuperação da auto-
economia de divisas, hoje en- funcionários da TRANSPETRO. estima de um segmento vital pa-
viadas ao exterior para paga- Recolocamos o Brasil no mapa da ra nossa indústria, como a cons-
mento de serviços de frete. A es- construção naval, dando fim ao trução naval.
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O que a expansão da indústria
naval brasileira representa em
termos de desenvolvimento pa-
ra o País? Qual a importância
do fortalecimento deste setor
para a Economia em geral?
Machado – A locomotiva da eco-
nomia mundial, no momento,
são os países emergentes. A logís-
tica é fundamental para o Brasil
beneficiar-se plenamente desse
processo, levando os alimentos e
matérias-primas que produz pa-
ra países que são grandes deman-
dantes, como China e Índia. Não
há como pensar em alavancar as

Foto: Alexandre Brum


exportações nem tornar o País
plenamente competitivo sem in-
vestimentos significativos em na-
vegação e construção naval. E o
PROMEF foi um passo impor-
tantíssimo nessa direção.
Num país de dimensões conti- Machado – A TRANSPETRO e a transportam cargas altamente cor-
nentais, como o nosso, o modal PETROBRAS apóiam diretamen- rosivas. Falhas na proteção contra
aquaviário (hidrovias + cabota- te a formação de marítimos, de- a corrosão no casco podem provo-
gem) tem que ser incentivado, manda crescente diante da renova- car danos à carga (contaminação),
para baratear a movimentação ção da frota, por meio de convênio ao meio ambiente e à imagem do
interna das mercadorias e au- com o Ciaba (Centro de Instrução armador. Nesse contexto, a prote-
mentar a competitividade das ex- Almirante Braz de Aguiar) e o ção contra a corrosão em navios
portações. Não por acaso, a meta Ciaga (Centro de Instrução Almi- tanques, petroleiros ou de produtos
do Governo Federal no Plano rante Graça Aranha), que treinam químicos e derivados de petróleo é
Nacional de Logística de Trans- e preparam os oficiais de Marinha extremamente relevante.
porte é mais que dobrar a parti- Mercante. O PROMEF, por sua
cipação do modal aquaviário, de vez, desde o seu início estimula o Como a TRANSPETRO vem
13% para 29%, em cerca de engajamento dos estaleiros na for- trabalhando as questões relati-
uma década. mação de mão de obra. O Estalei- vas a esta proteção?
Por último, mas não por fim, as ro Atlântico Sul, criado para a dis- Machado – Investimos em paradas
descobertas de petróleo e gás no puta das encomendas do PRO- para manutenção e nossos esque-
pré-sal, camada mais profunda MEF, investiu no ‘Nascedouro de mas de tratamento e pintura supe-
da plataforma continental brasi- Talentos’, centro que complementa ram os padrões atuais empregados
leira, demandarão uma estrutura a qualificação oferecida pelo Senai. pelos principais estaleiros interna-
logística mais poderosa e inova- O exemplo não é isolado: iniciati- cionais. Além disso, a TRANSPE-
dora do que a atual. A construção vas deste gênero, em diferentes TRO tem como diretriz a partici-
dessa estrutura demandará por graus, têm sido desenvolvidas por pação de seus técnicos e engenheiros
sua vez um trabalho decidido da outros estaleiros, muitas vezes em em fóruns nacionais e internacio-
PETROBRAS, da TRANSPE- parceria com o Programa de Mo- nais para se manterem atualizada
TRO e dos operadores privados bilização da Indústria Petrolífera. sobre o desenvolvimento de novas
de transporte. tecnologias tanto para a fabricação
Qual a importância da prote- das tintas como em relação aos pro-
Como está sendo enfrentado o ção contra a corrosão em ter- cessos de aplicação das mesmas.
desafio relacionado à formação mos de produtos e processos
e qualificação da mão de obra neste contexto?
necessária para apoiar este Machado – Os cascos dos navios Mais informações sobre a
renascimento da indústria na- petroleiros são fabricados com aço TRANSPETRO no site
val brasileira? naval, navegam em água salgada e www.transpetro.com.br.

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Evento INTERCORR

Compartilhando avanços tecnológicos


A terceira edição do INTERCORR evidenciou a grande importância do tema corrosão
e proteção no atual cenário de expansão das indústrias do petróleo e gás e da naval
Por Carlos Sbarai e Henrique Dias

INTERCORR, maior CONBRASCORR – Congresso Brasileiro de Corrosão e sua tradi-

Fotos: Cordeiro Fotos – Fortaleza, CE


evento internacional de cional exposição de produtos e serviços.
corrosão que ocorre no O INTERCORR tem forte viés técnico, o que, segundo Laerce de
Brasil, reuniu no Centro de Paula Nunes, presidente da ABRACO, faz do evento uma excelente
Convenções do Hotel Praia oportunidade para os debates e apresentação de inovações sobre a cor-
Centro, em Fortaleza, entre os rosão e suas medidas preventivas. “O INTERCORR tem um objeti-
dias 24 e 28 de maio, toda a co- vo estratégico de criar possibilidades para a disseminação do co-
munidade técnica e científica nhecimento’, observa Laerce.
de universidades, institutos de A conferência de abertura proferida por Marcelino Guedes Fer-
pesquisas, empresas e profissio- reira Mosqueira Gomes, Diretor-Presidente da Refinaria Abreu e Li-
nais da área de corrosão. No ma (RNEST) da PETROBRAS, abordou o tema “2010-2020: De-
total, 788 profissionais – um safios e Oportunidades do Brasil no segmento do óleo, gás, offshore e
número recorde – estiveram naval” (veja mais no box). Marcelino foi apresentado por Laerce
presentes para vivenciar um Nunes, que fez um breve discurso de abertura abordando os feitos dos
rico intercâmbio de experiên- mais de 40 anos da história da ABRACO, relembrando os profissio-
cias e ter acesso a inúmeros as- nais que foram fundamentais para a criação e para o desenvolvimen-
suntos técnicos, abordados por to da entidade no decorrer desse tempo. “A ABRACO é fruto do tra-
A partir da meio de palestras, conferências, balho de diversas pessoas que voluntariamente contribuíram para seu
esquerda, mesas-redondas e trabalhos téc- crescimento, certos de que o sucesso da entidade tem relação direta
Neusvaldo nicos apresentados na forma com a maior valorização do tema junto a todos os segmentos impac-
Lira de oral ou como pôsteres. tados”, argumenta Laerce.
Almeida, João Juntamente com o INTER- O engenheiro João Hipólito da Cunha Oliver, atual vice-presiden-
Hipólito da CORR, organizado pela ABRA- te e próximo presidente para o biênio 2011/2012 da ABRACO, fez
Cunha Oliver, CO, ocorreram o 3rd Internatio- um questionamento na abertura do evento para reflexão: Qual o papel
Laerce de nal Corrosion Meeting, o 17º do Brasil futuro? “Sem dúvida, o país está em evidência junto à comu-
Paula Nunes e Concurso de Fotografia de nidade internacional. Na área da corrosão, o importante agora é divul-
Simone Corrosão e Degradaçãoa
de Ma- gar e desenvolver novas tecnologias, só assim estaremos aptos para
Louise Brasil teriais, além da 30 edição do desenvolver materiais e processos. Esse é um compromisso da ABRA-
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CO e deve ser um forte efeito junto aos profis-
de todos os sionais presentes, por sua interes-
profissionais e sante abordagem, abrangência
empresas en- do assunto e posição de destaque
volvidas no no mercado nacional do petróleo
negócio, pois e gás”.
só assim o Bra- Zehbour destacou a grande
sil vai consoli- participação nas conferências
dar uma posi- plenárias, intensificadas pela a-
ção de desta- bordagem diversificada tanto
que no merca- para profissionais da área acadê-
do”, observa. mica quanto para os da indús-
O futuro tria. “As salas estiveram sempre
Zehbour Panossian destacou o grande número de presidente da com excelente público e, princi-
visitantes e de trabalhos apresentados no evento ABRACO des- palmente, com profissionais cla-
tacou os even- ramente interessados nos assun-
tos técnicos organizados no Brasil como fio-condutores desse de- tos discorridos. É muito difícil
senvolvimento, os eventos internacionais que serão organizados ver essa participação nos con-
(Copa do Mundo e Olimpíadas) e que há um pleito do Brasil para gressos e estamos muito satisfei-
sediar um evento internacional sobre tecnologias de controle de tos, pois o retorno foi muito po-
corrosão. sitivo”.
A presidente do Comitê Técnico-Científico do INTERCORR Apesar do sucesso, Zehbour,
2010, Zehbour Panossian, disse que o evento foi excelente tanto do argumenta que sempre é possível
ponto de vista do número de trabalhos apresentados como de públi- melhorar e a equipe vem traba-
co. “A conferência de abertura, proferida por Marcelino Guedes, teve lhando sistematicamente para a
17º Concurso de Fotografia
O concurso de fotografia, que também é uma tradição da ABRACO há muitos anos, está conquistando
cada vez mais adeptos. A décima-sétima edição recebeu mais de 40 fotografias, novo recorde de participa-
ção. “Essa é uma forma de incentivar e aguçar a curiosidade das pessoas, que começam a fotografar peças
corroídas para mostrar durante o evento”, comenta Neusvaldo Lira.

1º Lugar: Fernando Marchiori / 2º Lugar: Carlos Alberto Picone / 3º Lugar: Carlos Alexandre Mar-
Renner Herrmann UNESP tins da Silva / TRANSPETRO
Placa de rua em Caiobá, PR Corrosão em água do mar no aço Corrosão em zona de variação de
AISI H13 nitretado por plasma maré

melhoria contínua do evento. os dias, o que valorizou sobremaneira todo o evento”, comenta
“Avançamos quanto ao conteúdo Zehbour Panossian.
apresentado, como o ensino da
corrosão. Os próprios autores- Panorama
professores nos deram um retor- Para os profissionais que não puderam participar do INTER-
no positivo e solicitaram que CORR, a Revista Corrosão & Proteção traz um breve panorama das
fosse mantido esse tema nos pró- atividades desenvolvidas durante o maior evento da corrosão organi-
ximos congressos. Outro ponto zado no Brasil. Além da conferência de abertura, foram realizadas sete
alto foi a qualidade dos trabalhos conferências / palestras conduzidas por profissionais renomados inter-
apresentados e os pôsteres. Os nacionalmente: Hermano Cezar Jambo (Brasil – PETROBRAS),
palestrantes internacionais fica- Pedro Altoé (Brasil – PETROBRAS), John Kelly (Estados Unidos –
ram impressionados com o nível International Paint), Zehbour Panossian (Brasil – IPT), Bijan
de organização e de presença de Kermani (Reino Unido – Universidade de Manchester), Ricardo
público. Cada vez mais estamos Nogueira (França – INP-Lepmi) e João Carlos Salvador Fernandes
valorizando as plenárias, pois a (Portugal – IST).
grande maioria dos eventos tem Neusvaldo Lira de Almeida, pesquisador do IPT – Instituto de
uma ou duas plenárias no come- Pesquisas Tecnológicas de São Paulo, diretor da ABRACO e membro
ço e no fim e nós fizemos todos do Comitê Executivo do INTERCORR, destacou ainda as três mesas-

O balcão de inscrições com sofisticado software de Em clima de festa, o coquetel de abertura foi um dos
atendimento pontos altos do evento
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O melhor trabalho pôster do evento ficou com As salas estiveram sempre lotadas de profissionais
Raphael Gomes de Paula (PUC-MG) muito interessados nos temas discutidos

redondas que propiciaram ao público conhecer, debater e trocar expe- contra corrosão (instrutora Zeh-
riências em profundidade com especialistas. Os temas foram: “Cor- bour Panossian), Ensaios para
rosão por corrente alternada e interferência por descarga atmosférica”, avaliação de processos corrosivos
coordenada por Jorge Fernando Coelho (PETROBRAS), “Meta- – aplicações e normas (Denise
lização – aplicação offshore e onshore”, coordenada por Antonio Bravo Freitas – INT), Inspeção de sis-
Júnior (Durotec) e “Revestimentos orgânicos & pré-sal – novos desa- tema de proteção catódica e
fios”, com Joaquim Pereira Quintela (PETROBRAS/CENPES). revestimento – como selecionar
Com carga horária de seis horas, os tradicionais minicursos foram a técnica mais adequada (João
bastante concorridos. No total, 105 profissionais participaram dos Hipólito de Lima Oliver –
cinco temas desenvolvidos: Revestimentos metálicos para proteção TRANSPETRO), Técnicas de

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Desafios e oportunidades no Brasil
Para proferir a conferência inicial do INTERCORR em alto nível, a ABRACO
convidou o Diretor-Presidente da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), Marcelino
Guedes Ferreira Mosqueira Gomes que abordou o tema “2010/2020 Desafios e
Oportunidades no Brasil para os Segmentos de Óleo, Gás, Offshore e Naval”.
Marcelino comentou sobre sua primeira participação, ainda como profissional
júnior, em um congresso brasileiro de corrosão, em meados da década de 1980, e
como se sentia satisfeito por retornar aonde tudo começou. Entrando no assunto da palestra, ele traçou um
panorama geral da indústria do petróleo e gás no Brasil, seus avanços e sua interação com o mercado global
ocorridos nas duas últimas décadas. Depois, avaliou as possibilidades que devem-se abrir nos próximos anos.
Longe de ser um exercício exato, ele acredita que “os próximos dez anos serão fantásticos, pois as últimas duas
décadas não foram perdidas, o Brasil estava se preparando para algo muito maior”, comentou.
Na sequência, destacou a construção da nova refinaria em Pernambuco (veja entrevista sobre o assunto
na Revista Corrosão e Proteção 31) e como esse projeto se integra ao plano global de autossuficiência em
petróleo e gás, consolidando o Brasil como um dos mais importantes players desse segmento. Além disso, a
importância de investir no Nordeste e levando desenvolvimento e inclusão àquela região.
Outro destaque foram os desafios para a exploração do pré-sal. As dificuldades são imensas, mas as opor-
tunidades são maiores ainda. Marcelino, comentou que a expectativa de investimentos da PETROBRAS é
de US$ 220 bilhões nos próximos cinco anos, “é muito dinheiro e temos que aproveitar esse momento para
criar no Brasil definitivamente uma indústria verdadeiramente competitiva”, alertou. Exemplo positivo é a
reestruturação da indústria naval, que levará o Brasil a ser um dos cinco maiores do setor. Os desafios estão
muito ligados a mão de obra. “Em Pernambuco procuramos soldadores, engenheiros, inspetores e não encon-
tramos. Temos que encontrar solução para isso. Vejam apenas um exemplo, o Brasil forma cerca de 23 mil
engenheiros por ano, e nossa demanda é por cerca de 40 mil”.

avaliação de revestimentos orgâ- dores, revestimentos orgânicos e metálicos, além de uma sessão dedi-
nicos (Celso Gnecco – Sherwin cada ao ensino da corrosão. “Pretendemos que essa sessão esteja pre-
Willians) e Uso de inibidores de sente nos próximos eventos, onde os pesquisadores das mais diversas
corrosão: aplicação, avaliação de linhas de atuação poderão trazer suas experiências teóricas e práticas,
eficiência e mecanismo (Isabel reforçando ainda mais os conceitos relativos aos processos corrosivos,
Guedes – USP). suas técnicas de controle e formas de avaliação”, comenta.
Tivemos mais de 200 traba- Finalmente, Neusvaldo e Simone Brasil destacam o reconheci-
lhos apresentados, sendo 170 na mento da comunidade técnica aos melhores trabalhos apresentados.
forma oral, em cinco sessões si- O Prêmio Professor Vicente Gentil, concedido ao melhor trabalho
multâneas. “Esse aumento é um apresentado na forma oral no CONBRASCORR, foi conquistado
claro indicador de que o tema por Lorena Cristina de Oliveira Tiroel (TRANSPETRO) com o tema
corrosão vem ganhando cada vez “Causas da Ocorrência de pites em cupons de aço-carbono” (veja arti-
mais destaque entre os pesquisa- go na íntegra nesta edição na página 22). Em segundo e terceiro lugar,
dores. Os trabalhos abordaram ficaram respectivamente os trabalhos “Estudo eletroquímico do efeito
praticamente todos os temas so- da concentração de íons de Ce (IV) na formação de um filme prote-
bre corrosão e proteção, com tor à base de polissilano sobre aço carbono”, de Idalina V. Aoki (Escola
destaque para os assuntos volta- Politécnica da Universidade de São Paulo – USP) e “Investigação de
dos ao petróleo, gás, energia e oxidação seletiva em aço dual phase”, de Vanessa C. F. Lins
nanotecnologia aplicada à corro- (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG). Na sessão pôster,
são”, observa Neusvaldo. Simone Brasil ressalta uma inovação: além do horário disponibilizado
Simone Brasil, do Departa- para a apresentação, os pôsteres tiveram um espaço próprio e puderam
mento de Processos Inorgânicos, ficar expostos durante todo o evento. “Com isso, um número maior
da Escola de Química da Uni- de participantes tiveram acesso aos trabalhos”, avalia Simone Brasil.
versidade Federal do Rio de Ja- O melhor pôster foi “The effect of zinc addition in stress corrosion
neiro (UFRJ) e diretora da cracking initiation in nickel alloy 600 in simulated PWR primary
ABRACO, ressalta que os traba- water”, de Raphael Gomes de Paula (PUC-MG). “Vale ressaltar que
lhos técnicos apresentaram te- os três melhores trabalhos orais e o ganhador do melhor pôster con-
mas tradicionalmente presentes, quistam seu ‘passaporte’ para a 11ª COTEQ – Conferência sobre
como proteção catódica, inibi- Tecnologia de Equipamentos, evento que é realizado em parceria com
12 C & P • Maio/Junho • 2010
Simone Brasil (à dir.) entrega o prêmio Professor As visitas aos estandes da exposição revelaram o
Vicente Gentil a Lorena Cristina de Oliveira Tiroel interesse de um público altamente qualificado

a ABENDI e com o IBP, entre os dias 10 e 13 de Maio de 2011, no pertise em temas específicos. Fo-
Recife”, explica Neusvaldo. ram quatro palestras nesse forma-
to: Revestimento para minerado-
Inovações também na organização ras estendidos a outros mercados,
Simone Maciel, coordenadora de Comunicação e Eventos da A- ministrado por Eric Ugarte –
BRACO, conta algumas inovações apresentadas, sempre com o obje- Sherwin Williams/Chile; Produ-
tivo de tornar mais dinâmico os processos. “A modernização no rece- tos ecologicamente corretos para
bimento dos resumos e trabalhos, por exemplo, tornou o contato mais a indústria naval – Rosiléia Man-
rápido e direto”, comenta. tovani – International Paint; Re-
Para tanto, a ABRACO investiu na implementação de um sistema dução de riscos associados com
online que permitia o envio dos resumos e trabalhos técnicos para revestimentos anticorrosivos de
todos os membros do Comitê Científico. O envio de fotos para par- alta tecnologia – Antonino Di
ticipação no tradicional concurso de fotografias foi feito dessa forma. Marco – International Paint; Gal-
“A votação para a escolha da melhor foto também por meio eletrôni- vanização: economia e durabili-
co”, explica Simone Maciel. dade na proteção contra a corro-
são – casos de sucesso – Flávio
Palestras técnico-comerciais Penha Júnior – Instituto de Me-
Foi criado ainda um espaço especial para a indústria expor sua ex- tais Não-Ferrosos.

30ª Exposição de Tecnologias para Prevenção e Controle da Corrosão


A 30ª Exposição de Tecnologias para Prevenção e Controle da Corrosão também foi muito movimen-
tada e trouxe resultados efetivos para a exposição de produtos e serviços do setor para um público altamen-
te qualificado e formador de opinião. No total, 25 empresas e instituições participaram da feira. São elas:

• ABENDI • Interprise Instr. Analíticos Patrocinadores do evento


• Altmann S/A Imp. e Com. • IPT • Anion
• Aquilex WSI • Macseal Service • Aquilex WSI
• C.K. Com. e Representação • Mangels Ind. e Comércio • Blaspint
• CAJUART • Metrohm • CEPEL
• CEART • MTT Aselco Automação • Mangels
• Centro de Tec. em Dutos – • Multialloy Metais e Ligas • PPL Manutenção
CTDUT Especiais • Química Industrial União
• De Nora do Brasil • Naja Turismo • Renner Herrmann
• Durotec Industrial • Nova Coating • Resinar
• Engecorr Engenharia • Resinar Materiais Compostos • Sherwin-Williams
• Gaiatec • Roxar do Brasil • Votorantim Metais
• IEC • SEBRAE • Weg
• INT Apoio: PETROBRAS e FAPESP

C & P • Maio/Junho • 2010 13


Indústria Naval e do Petróleo

Ações para proteção contra corrosão


Técnicos comentam a importância de ações preventivas contra a corrosão
para garantir o bom desempenho dos equipamentos

Por Luciana Fleury

arantir que existam ex- áreas correlacionadas, a Revista Corrosão & Proteção convidou
celentes condições téc- profissionais especializados para apresentar sua visão da realidade
nicas estruturais por atual e tendências.
cerca de 25 anos é um dos mai-
ores desafios quando se aborda Revestimentos contra corrosão
a questão da proteção contra a “A corrosão é uma atividade extremamente dinâmica, ou seja,
corrosão na indústria naval. O cada vez que se consegue definir um processo e estabelecer uma téc-
foco do problema está na supe- nica de proteção, surge outro problema de características e condi-
rexposição a fatores que ampli- ções de contornos diferentes. A cada dia surge um novo desafio que
am a ação corrosiva, tais como será vencido com o desenvolvimento de tecnologias inovadoras ou
a água marinha. Não é à toa aperfeiçoamento das já disponíveis. Desta forma, o profissional que
que há uma busca constante deixar de se atualizar ficará obsoleto em pouco tempo.
por soluções (produtos e pro- Com relação às tecnologias disponíveis, temos várias opções
cessos) que minimizem o im- para a proteção contra a corrosão, dependendo do tipo, forma e
pacto. principalmente do meio ou ambiente corrosivo base do processo. A
Por outro lado, a exploração seleção de uma tecnologia para proteção contra a corrosão sempre
do petróleo na camada do pré- deve levar em consideração aspectos de ordem técnica e econômi-
sal deve impor novos desafios ca. Para uma seleção adequada da tecnologia de proteção é funda-
ao processo de extração. Espe- mental que se conheça em profundidade todo o processo corrosivo.
cialistas indicam que a presença Essa avaliação deve ser feita por profissionais da área de corrosão,
de gás sulfídrico e CO2, presen- que devem estar envolvidos em todas as etapas dos projetos (elabo-
tes em poços muito profundos ração, construção, montagem, operação e inspeção). No caso das
e com alto potencial corrosivo, questões relativas à indústria naval, as soluções devem levar em consi-
faz da escolha adequada de ma- deração as características das embarcações, os ambientes agressivos, os
teriais algo vital não só para a tempos de docagem e as exigências das sociedades classificadoras.
segurança, mas também para Há, também, a preocupação com os aspectos ambientais. Os
tornar a extração economica- profissionais da área de corrosão estão atentos a isto e vêm inserin-
mente viável. do conceitos de preservação de meio ambiente e da saúde dos tra-
Em ambos os casos, a atua- balhadores nas tecnologias de proteção. No caso de revestimentos
lização dos profissionais que se orgânicos, podemos citar como exemplos as novas técnicas de pre-
dedicam a essa tarefa é um pro- paração de superfície ecologicamente corretas, como hidrojatea-
cesso contínuo, dinâmico e de- mento com e sem abrasivos e jateamento com abrasivos envolvidos
safiador. E não se trata apenas em esponjas (Sponge Jet) e tintas sem solventes, de base aquosa e
das soluções relacionadas dire- outras com baixos teores de voláteis orgânicos. Embora o Brasil seja
tamente a minimizar os impac- um país carente em legislação específica para a área de revestimen-
tos da corrosão. Sempre será tos orgânicos (tintas), por iniciativa da PETROBRAS, o país já
necessário avaliar as questões emprega estas tecnologias há mais de 15 anos, mesmo na ausência de
ambientais de forma a garantir leis que obriguem a utilização de técnicas menos agressivas ao meio
a preservação do ambiente ma- ambiente e à saúde dos trabalhadores envolvidos na atividade.
rinho e todo seu ecossistema, A indústria naval tem um fator específico que são as tintas anti-in-
além das condições de seguran- crustantes e a preservação do ambiente marinho. De uma forma geral,
ça para os trabalhadores e para o mundo moderno se preocupa com estes fatores e adota medidas
a operação como um todo, pro- para controlar as substâncias usadas nestas tintas. Pesquisa e desenvol-
porcionando, assim, resultados vimento de novas tecnologias são fatores constantes nesta área.
mais eficientes. Já os desafios do pré-sal são um bom exemplo para o que mencio-
Para traçar um panorama nei sobre a permanente atualização. Embora tenhamos um bom
das questões da proteção contra conhecimento a respeito das tecnologias a serem aplicadas, teremos de
a corrosão que envolvem essas investir muito em pesquisa para vencer os desafios que já são conhe-
C & P • Maio/Junho • 2010 15
cidos e os outros, que com certe- este propósito. Em peças cuja dimensão e peso permitem que as mes-
za, surgirão a curto e médio pra- mas sejam colocadas dentro de um banho, o processo de imersão a
zos, à medida que avance a ex- quente é bem apropriado. Para peças de maior porte e que já estejam
ploração da área”. soldadas, os revestimentos por aspersão térmica se tornam os mais
indicados, pois o processo pode ser aplicado no local onde se encon-
Joaquim Pereira Quintela tra a estrutura de interesse, por exemplo, vasos de pressão, guindastes,
Consultor Técnico queimadores etc.
PETROBRAS/CENPES/PDP/TMEC Normalmente, ambos os processos citados possuem custo mais
elevado que o dos sistemas tradicionais de pintura. Uma das vanta-
Revestimentos metálicos gens dos revestimentos metálicos mencionados é o fato de os mes-
no combate à corrosão mos resistirem relativamente bem ao dano mecânico por impacto,
"No ambiente atmosférico quando comparados aos sistemas tradicionais de pintura. Já os reves-
marinho, o desempenho dos re- timentos aplicados por aspersão térmica possuem também a vanta-
vestimentos metálicos depen- gem de terem cura imediata, o que possibilita agilidade no transpor-
dem de um correto tratamento te ou na movimentação. São tratamentos de superfície utilizados
de superfície, da técnica de apli- quando se tem como objetivo uma redução significativa dos serviços
cação, da espessura aplicada e da de manutenção offshore.
capacidade do revestimento Falando de tendências, os revestimentos por aspersão térmica,
atuar como um processo de usando zinco ou suas ligas como camada base, seguido da aplicação
sacrifício local, na ocasião de se adicional de uma película de pintura, de forma a se ter um efeito mais
ter pequenos danos do revesti- pronunciado e efetivo da função anodo local (camada metálica de
mento que irão expor o substra- zinco) + barreira (camada de pintura) deverão ser usados de forma sig-
to ao meio corrosivo. Os proces- nificativa no futuro, no que se refere à proteção contra a corrosão
sos de zinco e alumínio e suas atmosférica marinha de estruturas de aço, seja em navios/plataformas
ligas são os mais utilizados para de produção de petróleo, seja em meio aquoso em tanques de lastro

Evento ABRACO

Seminário de Corrosão Externa


de Dutos e Equipamentos
√ Data: 28 de setembro de 2010 √ Local: IPT/SP

Objetivo:
• Reunir especialistas envolvidos nas técnicas de prevenção e controle da corrosão externa de dutos
e equipamento, com apresentação das tendências atuais do mercado e as novas tecnologias
de produtos e de aplicação.

Público Alvo:
• Empresas ligadas às atividades de prevenção da corrosão externa em equipamentos e estruturas.
• Centros e Institutos de Pesquisa.
• Gerentes, supervisores, engenheiros, técnicos e inspetores da área de projetos, operação,
inspeção e manutenção.
• Empresas ligadas à fabricação, aplicação, pesquisa e desenvolvimento do segmento.

Mais informações:
(21) 2516-1962
eventos@abraco.org.br
de petroleiros. Esse maior investimento deverá ser adotado ainda na que se obtenha uma maior auto-
etapa de fabricação, objetivando uma redução considerável do serviço mação na aplicação e inspeção
de manutenção em ambiente offshore, o qual pode atingir cifras extre- desses revestimentos, principal-
mamente elevadas quando comparado ao custo de aplicação em can- mente em superfícies não tubula-
teiro de obra. Os revestimentos de alumínio aplicados por aspersão res, de forma a tornar tais proces-
térmica devem continuar sendo muito usados para proteção contra a sos mais competitivos no que diz
corrosão atmosférica marinha, tanto em superfícies com temperatura respeito a seu custo de aplicação”.
elevada (acima de 120 ºC), como no caso de queimadores e tubos
exaustores, e também na superfície externa de risers de perfuração e Marcelo Piza
completação e lanças de guindastes. Engenheiro de Inspeção de Equipamentos
Por último, no que tange à aplicação de revestimentos por aspersão Coord. do Grupo de Integridade Estrutural
térmica, torna-se necessário um maior investimento em tecnologia para PETROBRAS/CENPES/ PDP/TMEC
Jateamento
Químico
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Produto líquido para
fosqueamento de alumínio

LL – B (Beauty) E (Etching) 10
Processo longa-vida, cinco vezes mais rápido
do que o tratamento alcalino tradicional.
Otimiza a logística com a eliminação da
operação de jateamento com micro-esferas,
além de garantir outros benefícios, tais como:
• Elimina 95% dos defeitos de extrusão do
alumínio: faixas, estrias e linhas de solda
• Permite que a dissolução do alumínio seja
M E
Ç A N
60 vezes menor do que no processo
N tradicional com soda cáustica
LL AA

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• Gera 10 vezes menos resíduos sólidos no


OO

tratamento de efluentes
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EE

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Indústria Naval

Atlântico Sul lança seu primeiro navio


Fruto de um investimento de R$ 1,8 bilhão, o Estaleiro Atlântico Sul já nasce com R$ 3,5 bilhões em
encomendas e a ambição de se tornar a maior e mais moderna planta naval do Hemisfério Sul

Por Carlos Sbarai

Estaleiro Atlântico Sul tante peculiar, já que o estaleiro estava sendo construído paralelamen-
(EAS) lançou o seu pri- te à embarcação. À medida que as instalações ficavam prontas, o
meiro navio e que é tam- petroleiro avançava na linha de produção”, ressalta o presidente do
bém o primeiro dos 22 petrolei- EAS, Angelo Bellelis.
ros encomendados ao Estaleiro Estiveram presentes na cerimônia, entre outras autoridades, os
pela TRANSPETRO, no âmbi- Presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva, da PETROBRAS,
to do Programa de Moderniza- Sergio Gabrielli, e da TRANSPETRO, Sergio Machado, além do go-
ção e Expansão da Frota (PRO- vernador de Pernambuco, Eduardo Campos, ministros de Estado,
A embarcação MEF). A embarcação, do tipo parlamentares, prefeitos e secretários. Também participaram do even-
tem 274 Suezmax, tem 274 metros de to os 3,7 mil funcionários do EAS e 2,5 mil convidados.
metros de comprimento e capacidade para “Outro destaque é que a maioria da mão-de-obra empregada na
comprimento transportar um milhão de barris construção do navio foi formada em Pernambuco, no Centro de
e capacidade de petróleo. A cerimônia aconte- Treinamento Engenheiro Francisco C. E. Vasconcelos, e não tinha
para ceu em 7 de maio e marcou a experiência prévia na construção naval. Em muitos casos, foram donas
transportar retomada da indústria naval bra- de casa, trabalhadores rurais, comerciantes, pescadores e jovens em
um milhão de sileira, que há 14 anos não cons- nível de primeiro emprego e que hoje trabalham como soldadores,
barris de truía embarcações desse porte. montadores, encanadores, eletricistas e caldeireiros, entre outras fun-
petróleo “A construção do navio foi bas- ções da nossa operação”, comemora o executivo, acrescentando que o

Fotos: Divulgação Estaleiro Atlântico Sul


investimento da empresa em
treinamento foi de R$ 12 mi-
lhões, incluindo os R$ 3,5 mi-
lhões aportados no Centro de
Treinamento.

Batismo
O lançamento é o ritual mais
importante da construção de um
navio. Para fazer a embarcação
flutuar, o dique do EAS, até
então seco, é inundado com 24
horas de antecedência. Na ceri-
mônia, a madrinha – que foi a
esmerilhadora Mônica Roberta
de França – quebrou uma garra-
fa de champanhe no costado, fez
um discurso desejando boa sorte
à embarcação e procedeu ao ba-
tismo. Esse primeiro petroleiro
do EAS recebeu o nome de João
Cândido, escolhido pelo Presi-
dente Lula em homenagem ao
marinheiro negro que liderou
um motim contra os castigos fí-
sicos na Marinha do Brasil. A
Revolta da Chibata, que aconte-
ceu em 1910 no Rio de Janeiro, max e o casco da plataforma P-55, da PETROBRAS – soma US$ 3,5 Além de
fez com que João Cândido se bilhões. O EAS tem o objetivo de ser a maior, mais moderna e mais autoridades,
tornasse conhecido como o “Al- eficiente planta naval do Hemisfério Sul. Com equipamentos simila- participaram
mirante Negro”. O marinheiro res aos existentes nos mais avançados estaleiros do mundo, o EAS inte- do evento
morreu pobre e esquecido em gra o seleto time da quarta geração da indústria naval. Já foram cons- os 3,7 mil
1969. Quem recebeu as home- truídas 98% das instalações do estaleiro e sua conclusão está prevista funcionários
nagens no lançamento do navio para o final deste semestre. A previsão é de que o número de fun- do EAS
foi seu filho, Adalberto Cândi- cionários alcance quatro mil até o final de 2010. e 2,5 mil
do, o Candinho. convidados
Rebocado do dique seco, o PERFIL DO JOÃO CÂNDIDO
petroleiro João Cândido foi para Tipo de navio: Suezmax (tem as maiores dimensões
o cais de acabamento, onde a- para passar no Canal de Suez, que liga
conteceu a finalização da monta- o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo);
gem, a conclusão das áreas inter- Comprimento total: 274,2 metros;
nas, a instalação de móveis nas Comprimento entre perpendiculares: 264 metros;
acomodações, os testes de cais e Boca moldada: 48 metros;
as provas de mar. O lançamento Pontal moldado: 23,2 metros;
ao mar da embarcação deve a- Calado de escantilhão: 17 metros;
contecer em agosto. Demanda de aço: 24,5 mil toneladas
Capacidade: 1 milhão de barris;
Estaleiro Porte bruto : 157,7 mil toneladas (peso da embarcação
O Estaleiro Atlântico Sul, mais a carga máxima);
instalado em um terreno de 160 Velocidade de serviço: 14,80 nós;
hectares com capacidade de pro- Consumo de tinta na construção: 300 mil litros;
cessamento de 160 mil toneladas Motor principal: Doosan 6S70ME-C7 – MCR 22.920BHP
de aço por ano, envolve investi- x 91 RPM;
mentos de R$ 1,8 bilhão. Sua Hélice: Tipo passo fixo;
carteira de encomendas – com Número de segregações: 3
22 petroleiros Suezmax e Afra-
C & P • Maio/Junho • 2010 21
Artigos Técnicos

Causas da ocorrência de pites


em coupons de aço carbono
Ensaios de laboratório indicaram que a recorrência de pites em cupons oriundos de dutos sem histórico
de pites e com baixas taxas de corrosão estava associada ao processo de fabricação do material

m duto de transporte de inclusões de sulfeto de ferro e de pom B não apresentava oxidação.


derivados claros e um du- sulfeto de manganês. Dependen- Os seguintes ensaios e análises
to de transporte de petró- do do tipo de aço, algumas in- foram realizados: análise química
leo têm o seu processo corrosivo clusões podem resultar em dimi- quantitativa para caracterização
interno monitorado através das nuição de propriedades mecâni- da liga metálica, exames metalo-
Por: informações, obtidas por cupons cas, especialmente nos aços de al- gráficos para verificação da mi-
Lorena Cristina de perda de massa, dados de son- ta resistência. Do ponto de vista croestrutura dos materiais, deter-
de Oliveira da de resistência elétrica e de bio- de corrosão, tanto as inclusões de minação da dureza dos materiais
cupons. Os cupons de perda de sulfeto de ferro como as de sulfe- dos cupons, ensaio de imersão
Co-autores: massa instalados são periodica- to de manganês são catódicas em em água coletada nos tanques do
Neusvaldo Lira mente retirados e submetidos a relação ao aço-carbono. As inclu- terminal de petróleo, levanta-
de Almeida; ensaios e análises em laboratório sões de sulfeto de ferro são mais mento de curvas de polarização,
Adriano Garcia para quantificar as taxas de cor- catódicas do que as de sulfeto de na água coletada nos tanque do
Bernal; rosão. Com base nos valores de manganês e, portanto, podem terminal de petróleo e análise por
Eduardo taxa de corrosão (generalizada ou ser mais prejudiciais ao aço-car- dispersão de energia.
Wlaudemir localizada) dos cupons, os dutos bono do que as de sulfeto de
Laurino; recebem uma determinada clas- manganês. Ensaios e análises
Vanessa Yumi sificação que servirá de referência Neste estudo, foram avalia-
Nagayassu; para a implementação das medi- dos dois tipos de cupons, identi- Análise química
Vinícius de das corretivas ou preventivas a ficados como Cupom A e Cupom Os materiais dos cupons fo-
Ávila Jorge serem tomadas. B, por meio de ensaios de imer- ram submetidos à análise quími-
A recorrente identificação de são, ensaios eletroquímicos, de ca para identificação liga metáli-
pites nos cupons retirados de du- caracterização do material e de ca. Os resultados estão mostra-
tos sem histórico de pites e com análises por dispersão de energia. dos na tabela 1 e indicam que os
valores de taxas de corrosão pre- Alguns destes ensaios foram rea- materiais apresentam composi-
dominantemente baixos levou lizados também em aço API 5L ção química compatível com a do
pesquisadores do Laboratório de que é o material usado para fa- aço ABNT 1018.
Corrosão e Proteção do IPT e da bricação dos dutos de transporte.
TRANSPETRO a investigarem Exame metalográfico
as causas da ocorrência de pites Metodologia Os cupons foram submetidos
nos cupons instalados nestes du- Cupons A e B foram submeti- a exames metalográficos para ve-
tos. Como o aparecimento de dos a ensaios de imersão e a en- rificação da microestrutura e
pites coincidiu com a utilização saios eletroquímicos tendo como eventualmente identificar algu-
de cupons de outra procedência, meio, água coletada nos tanques ma alteração microestrutural que
uma das hipóteses investigadas de armazenamento de petróleo pudesse estar associada à ocor-
foi de que este fenômeno estives- do Terminal de São Sebastião, rência de corrosão localizada.
se associado com algumas carac- em São Paulo (o duto de petró- Observou-se que a microestrutu-
terísticas dos novos cupons leo de onde foram retirados cu- ra dos materiais dos cupons apre-
como, por exemplo, presença de pons com pites transporta petró- sentava-se diferente, mesmo em
inclusões metálicas, e não com a leo deste terminal). O aspecto de cupons da mesma procedência,
agressividade do produto trans- alguns dos cupons antes dos en- como mostram as figuras 3 a 6.
portado pelos dutos. saios está mostrado nas figuras 1 A análise de dois dos Cupons A,
Inclusões metálicas estão pre- e 2 (Cupom B e Cupom A, res- com microestruturas aparente-
sentes com relativa frequência pectivamente). Pode-se observar mente similares, mostrou que
em ligas metálicas e, no caso do que o Cupom A apresentava área em apenas um deles havia pites.
aço carbono, as mais comuns são com oxidação superficial. O Cu- Assim, com base nos resultados
22 C & P • Maio/Junho • 2010
TABELA 1 – ANÁLISE QUÍMICA DO MATERIAL DOS CUPONS

Elementos Cupom B Cupom A


A1 A2 A3
Carbono - %C 0,16 0,16 0,16 0,18
Fósforo - %P 0,007 – 0,0029 0,009
Enxofre - %S < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,04
Manganês - %Mn 0,70 0,70 0,69 0,69
Silício - %Si 0,20 0,036 0,033 0,20

do exame metalográfico, aparen- No caso dos Cupons B embora


temente não havia relação entre tenham sido ensaiados apenas Figura 1 – Aspecto de um
o tipo de microestrutura e a dois cupons, um deles apresen- Cupom B antes dos ensaios.
ocorrência de pites. Por outro tou um único pite. O outro não
lado, o cupom que apresentou apresentou pites.
pite continha grande quantidade
de inclusões alongadas enquanto Ensaios eletroquímicos
que o outro apresentou algumas Os materiais dos cupons fo-
pequenas inclusões. O Cupom B ram submetidos também a en-
apresentou apenas algumas in- saios eletroquímicos em água co-
clusões. letada nos tanques do terminal
de armazenamento de petróleo.
Determinação da dureza As curvas de polarização obtidas
do material dos cupons apresentam aspectos típicos do
Os materiais dos cupons fo- aço carbono com corrosão gover-
ram submetidos ao ensaio para nada por ativação, havendo pou- Figura 2 – Aspecto de um
determinação da dureza. Não fo- ca diferença entre os dois mate- Cupom A antes dos ensaios.
ram observadas diferenças signi- riais, como pode ser observado Nota-se oxidação superficial.
ficativas nas durezas dos vários na figura 7. No entanto, em um
tipos de cupons, exceto do novo exame visual com auxílio de uma Cupom A havia uma grande den-
Cupom A, cuja dureza foi supe- lupa, pôde-se constatar que o sidade de inclusões e do tipo
rior a dos demais, como mostra a Cupom A, além de corrosão ge- alongadas. No Cupom B, havia
tabela 2. neralizada, apresentava pites rela- apenas algumas inclusões alon-
tivamente profundos, enquanto gadas e de dimensões muito me-
Ensaios de imersão que o Cupom B apresentava ape- nores do que aquelas encontra-
Os ensaios de imersão dos nas corrosão generalizada. das nos Cupom A. No cupom de
Cupons B e A foram realizados aço API 5L, havia também algu-
em água coletada nos tanques de Análise por dispersão mas inclusões, porém de forma-
armazenamento de petróleo du- de energia to aproximadamente esféricos.
rante 30 dias para investigar a Foram realizadas análises por As regiões analisadas estão apre-
ocorrência de pites e também de- dispersão de energia (EDS) com sentadas nas figuras 8, 9, 11,
terminar a taxa de corrosão ge- auxílio de um microscópio ele- 12, 14 e 15. Os espectros de
neralizada. Após o ensaio, os cu- trônico de varredura, modo am- energia correspondentes e as
pons foram decapados em solu- biental, marca FEI, nos cupons análises semiquantitativas das
ção de Clark (ASTM, G1) e ava- A e B nas seções de topo e trans- inclusões estão mostrados nas
liados com auxílio de uma lupa. versal, com o objetivo de identi- figuras 10, 13 e 16.
Foram ensaiados nove Cupons A ficar o tipo de inclusão nos ma-
e dois Cupons B. Os resultados teriais. Esta análise foi realizada Determinação da rugosidade
deste ensaio são mostrados na ta- também em um cupom de aço da superfície dos cupons
bela 3. API 5L preparado exclusivamen- A rugosidade da superfície
Pelos resultados mostrados te para compará-lo com os cu- dos cupons foi determinada com
na tabela 3, não houve diferen- pons A e B. Foram identificadas auxílio de um rugosímetro mar-
ças significativas nas taxas de inclusões de MnS em todos os ca Mitutoyo e os resultados obti-
corrosão dos cupons; no entan- Cupons A e B analisados e tam- dos estão mostrados na tabela 4.
to, praticamente todos os Cu- bém no cupom de aço API. No Embora haja variação na rugosi-
pons A apresentaram vários pites. entanto na seção transversal, do dade, ela está compatível com o
C & P • Maio/Junho • 2010 23
Figura 3 – Aspecto micrográfico Figura 6 – Aspecto micrográfico Figura 8 – Aspecto micrográfico
da seção transversal do material da seção transversal do de topo de um Cupom A,
de um Cupom A que não foi material de um Cupom B que foi obtido com o
instalado (cupom novo). que não apresentou pites. microscópio eletrônico de
Microestrutura de ferrita Microestrutura de ferrita e varredura.
e perlita típica de aço baixo perlita típica de aço baixo É possível notar várias inclusões
carbono. Ataque: nital. carbono. Ataque: nital arredondadas

Figura 4 – Aspecto micrográfico Figura 7 – Curvas de polarização Figura 9 – Seção transversal de


da seção transversal do dos materiais dos Cupons A e B um Cupom A obtida com o
material de um Cupom A microscópio eletrônico de
que apresentou pites. perfil obtido pelo jateamento varredura. Notam-se várias
Microestrutura de ferrita e utilizado na preparação dos cu- inclusões alongadas, com
perlita típica de aço baixo pons antes da instalação. dimensões de até 40 microns
carbono. Ataque: nital
Discussão dos resultados corrosão localizada do tipo pites
O aço carbono tem baixa re- em cupons de aço carbono utili-
sistência à corrosão na maioria zados no programa de monitora-
dos meios de exposição, quando mento da corrosão interna de
comparado com outros materiais dutos de transportes de petróleo
metálicos. Apesar disso, é o ma- e derivados.
terial mais utilizado na maioria Há algum tempo, começa-
das aplicações, especialmente na- ram a surgir pites nos cupons ins-
quelas que envolvem equipa- talados em dutos de transporte
mentos e estruturas, devido a sua de derivados claros e transporte
excelente resistência mecânica. de petróleo que não tinham his-
Quando imerso em águas na- tórico de pites. Este fato gerou
Figura 5 – Aspecto micrográfico turais, o aço carbono pode sofrer uma grande preocupação, pois a
da seção transversal do material vários tipos de corrosão, dentre ocorrência de pites pode signifi-
de um Cupom A que não eles, corrosão generalizada, cor- car que o duto está sofrendo cor-
apresentou pites. rosão em frestas, corrosão por pi- rosão localizada e, portanto,
Microestrutura de ferrita te, além de corrosão associada a ações mitigadoras devem ser to-
e perlita típica de aço baixo fatores mecânicos. O caso em es- madas, para evitar vazamentos.
carbono. Ataque: nital tudo refere-se à ocorrência de Neste estudo, foi feita uma
24 C & P • Maio/Junho • 2010
Figura 11 – Aspecto micrográfico
de topo de um Cupom B, obtido
com o microscópio eletrônico de
varredura. Notam-se algumas
inclusões muito pequenas

Figura 10 – Espectro de energia e análise semiquantitativa do Cupom A


obtido com o microscópio eletrônico de varredura

TABELA 2 – DUREZA DOS dos materiais dos Cupons A era


MATERIAIS DOS CUPONS muito heterogênea. Alguns deles
Cupons HV HRB apresentavam grãos finos e linhas Figura 12 – Seção transversal de
Cupom B (novo) 166 85 de deformação e outros grãos um Cupom B obtida com o
Cupom A (novo) 237 98 grandes e sem linhas de deforma- microscópio eletrônico de varredu-
Cupom A com pite 154 81 ção; entretanto, este fato parecia ra. Notam-se apenas duas inclu-
Cupom A sem pite 165 85 não ter influência na formação sões alongadas e colineares, com
dos pites. No entanto, foram dimensão máxima de cerca de 13
investigação detalhada para de- constatadas várias inclusões alon- microns
terminar as causas do apareci- gadas. Nos cupons que apresen-
mento de pites, por meio de en- taram pites, estas inclusões, um deles apresentou um pite.
saios e análises em dois tipos de quando vistas de topo, tinham Nos ensaios eletroquímicos,
cupons de procedências diferen- formato arredondado e quando embora as curvas de polarização
tes: Cupom B (usados anterior- vista em seção transversal tinham tenham sido semelhantes, o
mente quando não havia registro formato alongado, como ilustra exame visual da superfície dos
recorrente de pites) e Cupom A, a figura 17. No caso dos Cupons cupons, após o ensaio, mostrou
usado atualmente e que sistema- B, havia apenas algumas inclu- claramente a ocorrência de pites
ticamente apresentava pites. sões alongadas e de dimensões no Cupom A, enquanto que o
Dentre os parâmetros anali- muito menores. Cupom B não apresentou pites.
sados, a composição química, a Nos ensaios de imersão rea- Isto sugere que deve haver algu-
dureza e a rugosidade não apre- lizados com água coletada de ma relação entre as característi-
sentaram diferenças significativas terminal de armazenamento de cas dos cupons e a ocorrência
que pudessem justificar a ocor- petróleo, as taxas de corrosão de pites.
rência de pites. No caso da análi- dos Cupons B e A foram prati- Finalmente, a análise por
se química, todos os materiais camente iguais. No entanto, dispersão de energia identificou
tinham composição química dos nove Cupons A que foram uma grande concentração de
compatível com a do aço-carbo- ensaiados, oito apresentaram inclusões alongadas de MnS na
no ABNT 1018. grande quantidade de pites. No seção transversal do Cupom A
Os exames metalográficos re- caso do Cupom B, foram en- como foi mostrado na figura 9.
velaram que a microestrutura saiados apenas dois cupons e No caso do Cupom B, na seção
C & P • Maio/Junho • 2010 25
TABELA 3 – TAXAS DE CORROSÃO E AVALIAÇÃO VISUAL DOS CUPONS
APÓS ENSAIO DE IMERSÃO EM ÁGUA COLETADA EM UM TANQUE DE
ARMAZENAMENTO DE PETRÓLEO

Cupons Taxa de corrosão Avaliação visual


(mm/ano)
B 1 0,24 Não apresentou pites.
2 0,29 Apresentou um único pite raso
1 0,25 Apresentou vários pites
2 0,22 Apresentou vários pites
3 0,18 Apresentou vários pites
4 0,22 Apresentou vários pites Figura 14 – Aspecto micrográfico
A 5 0,20 Apresentou vários pites de topo do cupom de aço API 5L,
6 0,22 Apresentou vários pites obtido com o microscópio
7 0,24 Apresentou vários pites eletrônico de varredura.
8 0,19 Não apresentou pites Notam-se algumas inclusões
9 0,19 Apresentou vários pites

Figura 15 – Aspecto da seção


transversal de um cupom de aço
API 5L, obtido com o
microscópio eletrônico de
varredura. Nota se que as
inclusões não são alongadas

za-amarelado e as de sulfeto de
manganês são cinza-azulado
(wranglén, 1969). Dependen-
do do tipo de aço, estas inclu-
sões podem causar danos im-
portantes aos materiais especi-
Figura 13 – Espectro de energia e análise semiquantitativa do Cupom B almente nos aços de alta resis-
obtido com o microscópio eletrônico de varredura tência, uma vez que tais inclu-
sões são frágeis.
transversal, foi observada so- algumas inclusões na superfície, Do ponto de vista de corro-
mente uma inclusão alongada e porém não eram de formato são, tanto as inclusões de sulfe-
de menor dimensão (ver a figu- alongado que pudessem nuclear to de ferro quanto as de sulfeto
ra 12). pites. de manganês são catódicas em
O cupom de aço API 5L, Inclusões metálicas estão relação à matriz de aço-carbo-
preparado exclusivamente para presentes com relativa frequên- no. De acordo com Wranglén
este estudo, foi analisado tam- cia em ligas metálicas. No caso (1969) as inclusões de sulfeto
bém por dispersão de energia do aço carbono, as mais co- de ferro são mais catódicas do
com um microscópio eletrôni- muns são inclusões de sulfeto que as de sulfeto de manganês e
co de varredura, na superfície de ferro e de sulfeto de manga- podem ser mais prejudiciais ao
de topo e na seção transversal. nês. As inclusões de sulfeto de aço-carbono que as de sulfeto
As figuras 14 e 15 mostram ferro apresentam coloração cin- de manganês.
26 C & P • Maio/Junho • 2010
TABELA 4 – RUGOSIDADE DOS CUPONS

Cupons Rugosidade Desvio Padrão


média Ry (µm)
Cupom B Novo 33,0 3
Novo 14,1 0,6
Cupom A Usado com pite 17,5 0,9
Usado sem pite 22,9 0,8

Figura 17 – Aspecto de uma vista


de topo da superfície do cupom
e de uma seção transversal,
ilustrando o formato das inclusões

de, ocorre uma acidificação do


meio, cujo pH pode atingir va-
lores extremamente baixos resul-
tando em taxas elevadas de cor-
rosão localizada (sheir, 1977;
panossian, 1982).

Conclusões
Os resultados obtidos neste
estudo indicaram que a ocor-
rência de pites nos cupons está
relacionada com a existência de
inclusões alongadas de MnS.
Quando os cupons são instala-
dos nos dutos, estas inclusões
ficam perpendiculares à direção
Figura 16 – Espectro de energia e análise semiquantitativa do cupom de do fluxo. Em contato com o lí-
aço API 5 L obtido com o microscópio eletrônico de varredura quido, o entorno dessas inclu-
sões sofrem dissolução eletro-
Considerando o potencial anódica, é determinante para o química, resultando no arran-
de eletrodo padrão do Fe2+/Fe = desenvolvimento do processo camento destas inclusões com
– 0,44V e a entalpia livre de corrosivo. Quando o par ma- consequente geração de pites ou
formação do FeS para a condi- triz-inclusão entra em contato pequenas frestas. Os ensaios de
ção de equilíbrio, encontra-se com o meio corrosivo, ocorre imersão e ensaios eletroquími-
para a reação: uma dissolução preferencial do cos reforçaram esta hipótese e
aço-carbono da matriz, no en- de certa forma justificaram por-
FeS → Fe2+ + S + 2e-, E0 = torno da inclusão, resultando que há uma grande concentra-
+ 0,26V no arrancamento desta. Este ção de pites no Cupom A e ape-
processo gera pites ou pequenas nas alguns no Cupom B. Como
Similarmente, frestas que podem concentrar o mostrado nas figuras 9 e 12, o
eletrólito e acelerar ainda mais Cupom A possui muito mais in-
MnS → Mn2+ + S + 2e-, E0 = o processo de corrosão agora clusões alongadas e de dimen-
+ 0,11V agravado pela existência simul- sões maiores do que o Cupom
tânea de par galvânico, frestas e B. No caso do cupom de aço
Como as inclusões estão ele- pites. Cabe salientar que, uma API 5L, não houve formação
tricamente conectadas à matriz, vez formado o pite, o processo de pites e isto era esperado, uma
forma-se um par galvânico que de corrosão não será interrom- vez que não havia inclusões
embora seja de curto alcance, pido, mesmo que não haja mais alongadas no material.
dado que a área catódica é mui- inclusão naquela região. Isto Cabe ressaltar que este fenô-
to pequena relativamente à área porque, no interior da cavida- meno deve ser cuidadosamente
C & P • Maio/Junho • 2010 27
Cursos e Eventos

Calendário 2010 – 2º Semestre

Cursos horas Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Pintura Industrial
Inspetor de Pintura Industrial
88 19 a 30 9 a 20 18 a 29 22/11 a 3/12
Nivel I / RJ
Inspetor de Pintura Industrial
88 6 a 17
Nivel I / BA
Inspetor de Pintura Industrial
88 23/8 a 3/9
Nivel I / SP
Inspetor de Pintura Industrial 13 a 6a
88
Nivel I / Diversos 24 (PE) 17 (ES)
Inspetor de Pintura Industrial
40 8 a 12
Nivel II
Pintor e Encarregado
40 12 a 16 30/8 a 3/9 (BA) 22 a 26
de Pintura Industrial
Inspetor de Pintura –
40 19 a 23
Módulo de Documentação
Básico de Pintura Industrial (BA) 16 15 a 16

Corrosão
Corrosão e Inibidores (RJ) 1 24 2a4
Corrosão: Fundamentos,
24 29/11 a 1/12
Monitoração e Controle (BA)

Inspeção e Monitoramento da Corrosão


Inspeção e Corrosão em Aeronaves (SP) 2 24 19 a 21
Recuperação, Reforço e Tratamento
16 7a8
de Estruturas de Concreto Armado

Proteção Catódica
Insp. e Manut. de Sistemas de Proteção
32 5a8
Catódica em Dutos Terrestres (RJ) 1

Revestimento Anticorrosivo
Fundamentos de Resistência à Corrosão 16 14 a 15
Básico de Revestimentos Anticorrosivos
24 24 a 26
Orgânicos de Dutos Terrestres

Eventos
Seminário de Corrosão
8 28/10 6
na Construção Civil (RJ) 3
Seminário de Corrosão
8 25/11 5
na Construção Naval (RJ) 3
Seminário de Corrosão Externa de Dutos 8 28/9 4
e Equipamentos

1 Parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) 4 IPT Mais informações:
2 Parceria com a Associação Brasileira de Ensaios não 5 INT cursos@abraco.org.br
Destrutivos e inspeção (ABENDI) 6 FIRJAN eventos@abraco.org.br
3 A confirmar

C & P • Maio/Junho • 2010 29


Notícias do Mercado

Candidatos à vaga de Engenheiro Metalúrgico ou Químico


Associação de classe sediada na cidade de São zação por imersão a quente contra corrosão do
Paulo procura por Engenheiro Metalúrgico ou aço ou ferro fundido, não só a parte técnica
Químico com conhecimento em metais não fer- como os aspectos econômicos e de proteção ao
rosos. Será responsável por realizar palestras, se- meio ambiente. Profissional comunicativo com
minários com apresentações técnicas, demons- boa expressão verbal e domínio das ferramentas
trando as vantagens e os custos-benefícios da uti- Microsoft Office.
lização dos metais não ferrosos. Deverá destacar, Enviar currículos para Ricardo Goes,
no caso do uso do zinco, o processo de galvani- no e-mail: ricardo.goes@icz.org.br.

30 anos de proteção contra a corrosão


O OxiFree, lançamento exclusivo da Tecno-
Fink, oferece mais de 30 anos de proteção contra
os efeitos da corrosão e contaminação em peças
metálicas. O produto foi submetido por 11.688
horas, com sucesso, ao teste de névoa salina
(ASTM B 117) da PETROBRAS, aprovado em
campo e através do Centro de Pesquisas e Desen-
volvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello.
“Para que nosso produto fosse aprovado, a
Petrobras o aplicou sobre um flange e exigiu que,
num prazo de duas mil horas em salt spray, o metal
não fosse atacado pela corrosão. Quase 12 mil
horas depois, o flange permaneceu sem nenhum
vestígio de corrosão, o que fez do teste um verda- teção passiva envolvendo a peça e impedindo a
deiro sucesso”, afirma Thomas Georg Fink, dire- ação da corrosão assim como a penetração de
tor da TecnoFink. partículas em suspensão.
O OxiFree é uma resina polimérica de altís- É ideal para ser utilizado em flanges, man-
sima durabilidade, produzido na fábrica da Tec- cais, válvulas, tubulações, entre outros, deman-
noFink em Nova Lima (MG), e atua como pro- dando mínimo preparo da superfície.

International Paint está presente na Usina de Santo Antônio


A International Paint, marca de revestimentos da AkzoNobel, a International Paint está fornecen-
e tintas industriais de alta performance da divisão do mais de 100.000 litros de produtos inovadores,
Marine & Protective Coatings da AkzoNobel, é de alta performance. “O principal deles é o Inter-
uma das empresas que participam da construção zone 954, um epóxi modificado de dois compo-
da usina hidrelétrica de Santo Antônio, localizada nentes, altos sólidos e baixo VOC, projetado para
no Rio Madeira, em Porto Velho (RO). A marca proporcionar proteção duradoura em uma única
foi contratada pela Indústria Metalúrgica e Me- aplicação, com processo de cura mantido mesmo
cânica da Amazônia (IMMA), uma joint venture durante a imersão em água, o que oferece excelen-
formada pelas empresas Alstom e Bardella, conce- te resistência à perda e aderência catódica”, afirma.
bida para fabricar os equipamentos hidromecâni- Ainda segundo Wilson Jardini, outros produ-
cos e de levantamentos da UHE. tos já foram fornecidos, como o Intergard 235
O critério básico para a seleção das empresas (primer epóxi de alta espessura, de dois componen-
participantes do projeto foi o desenvolvimento de tes, com alto teor de sólidos e baixo VOC), o
soluções de engenharia e equipamentos que produ- Interthane 990 (acabamento poliuretano acrílico
zissem os menores impactos socioambientais possí- de dois componentes, que proporciona excelente
veis e, ao mesmo tempo, permitissem a maior capa- durabilidade e longo período de repintura) e o
cidade de geração de energia. De acordo com Wil- Intergard 251 (primer epóxi anticorrosivo de dois
son Jardini, Gerente de Vendas Protective Coatings componentes pigmentado com fosfato de zinco).

30 C & P • Maio/Junho • 2010


PATROCÍNIO PLATINA PATROCÍNIO OURO PATROCÍNIO PRATA
Treinamento & Desenvolvimento

Orgasmo e estupro intelectual


O Aprendizado, quando efetivamente acontece,
transforma a pessoa e é visceralmente prazeroso!

Aprendizado normal- aprendizado ter-se consumado.


mente não é o que efeti- Quando achamos que aprendemos alguma coisa, costumamos
vamente acontece quan- dizer, na ânsia de aplicá-los: que utilização eu farei desse novo conhe-
do as pessoas alegam ter “enten- cimento!? Se houvesse realmente o aprendizado, o mais correto seria
dido” alguma coisa! O mero “en- perguntar: o que este aprendizado será capaz de fazer comigo?!
Por Orlando
tendimento” e a mera “compre- Todo o processo educacional ao qual fomos submetidos desde a
Pavani Júnior
ensão” não costumam vir acom- infância – seja no ambiente familiar, social, educacional ou profis-
panhados de uma sensação de sional – assemelha-se muito mais a uma espécie de estupro intelec-
transformação pessoal. tual, uma vez que o fundamento histórico é “assimilar” um conhe-
Normalmente, comento cimento (que normalmente não escolhemos e com relação ao qual
com as pessoas de meu relacio- somos absolutamente ignorantes) e “repeti-lo” nas mais diversas
namento mais direto o quanto tipificações de aplicações!
tem sido escasso deparar-me Não temos base informacional suficiente para refletir acerca do
com pessoas que realmente te- que estamos aprendendo e, por isto, não aprendemos de fato, ape-
nham tido a experiência resig- nas “engolimos” algum conceito, submissamente, e os reproduzi-
nificante e recontextualizante mos recorrentemente ao longo da vida!
do aprendizado efetivo. O que Numa eventual primeira aula de matemática na vida de uma
as pessoas relatam, quando se pessoa, raramente esta pessoa (alvo do aprendizado tradicional e
referem à experiência de seus submisso ao conhecimento que lhe for repassado) será capaz de
aprendizados pessoais, configu- questionar se o professor disser que 1+1=3! Se esta pessoa continuar
ra muito mais um processo de restrita em seu mundinho limitado, provavelmente passará a vida
reprodução cuidadosa do que inteira mergulhado no acomodado conhecimento de que 1+1=3,
ouvira de alguém, lera de algum sem sequer ponderar o que um conhecimento divergente, ou até
lugar ou exercitara em algum antagônico, poderia lhe oferecer.
curso (por mais caro que seja)! O efetivo conhecimento, fruto do real processo de aprendiza-
Raramente, este processo de gem, reside onde nunca fomos! Não se consegue aprender insistin-
aprendizado inclui uma refle- do na mesmice e na mera repetição de experiências antigas ou de
xão ponderada e completa so- acesso a assuntos e/ou temas que já se conhece em algum grau. O
bre o assunto e ainda é permea- Aprendizado, quando acontece realmente, assemelha-se a uma
do de uma emoção incontrolá- espécie de orgasmo intelectual, uma sensação da qual não se con-
vel pelo que tenha acontecido trola de tão transformadora que é. Sequer conseguimos comparti-
consigo próprio depois do lhar com outras pessoas, tamanho o grau de empolgação e de inca-
pacidade para replicar a sensação vivenciada! É uma pena constatar que
Costumo chamar de “cabeção” (carinhosamente) aquela pessoa esta sensação de efetivo orgasmo
que “entende” tudo que lhe é explicado sem vibrar por este pseudo- intelectual seja tão impopular e
entendimento! Não move uma palha de emoção pelo aprendizado! escassa no ambiente corporativo,
É claro que não houve aprendizado, mas apenas uma compreensão no ambiente educacional e até
sem significado nenhum na mudança de atitude e na vida desta pes- no ambiente familiar e social. As
soa. Tanto que não há evidências de nenhuma melhoria no contato pessoas entendem sem aprender!
interpessoal. O Aprendizado Organiza-
Quando dou aulas, no meio acadêmico, é evidente a distinção cional é assunto recorrente no
do aluno que aprendeu efetivamente daquele que apenas entendeu ambiente corporativo, mas tam-
(compreendeu) o que lhe foi passado. Aquele que aprendeu efetiva- bém é tema que ainda se encon-
mente se auto-elabora perguntas (em voz alta) que auto-testam sua tra em construção dentre muitos
auto-compreensão (ele não precisa de alguém para atestar seu autores que se arriscam em es-
aprendizado). E aquele que apenas entendeu pede a “prova” (avalia- crever sobre o assunto. Não exis-
ção clássica) como meio de ter uma oportunidade de checar e te aprendizado organizacional se
demonstrar o que sabe (a alguém). Aquele que aprendeu efetiva- não for precedido de aprendiza-
mente fornece uma resposta fisiológica que denota uma emoção do individual e que também não
transformacional (uma metáfora de orgasmo intelectual mesmo), gere aprendizado grupal.
normalmente de cunho resignificante e recontextualizante, mas
aquele que apenas entende, manifesta tédio em retomar o processo
(de aprendizado) com relação a outro assunto.
É similar a uma piada! Se houver aprendizado haverá riso alea- Adm. M.Sc. Prof. Orlando Pavani Jr.
tório e incontrolável por parte do ouvinte, mas se não houver Consultor Titulado CMC pelo
aprendizado, apenas entendimento, não gerará riso algum, mas ape- IBCO/ICMCI e Diretor da Solutty, empresa
nas uma ironização sem graça do quão é fraca a piada (na opinião de soluções em gestão comercial –
do ouvinte)! pavani@gaussconsulting.com.br
Opinião

Marcelo Mariaca

Novos paradigmas da Geração Y


Contratar profissionais de fora com as competências requeridas ou desenvolver talentos internos?
Quando os profissionais da empresa pertencem à Geração Y, esta é uma real encruzilhada

studo recente da consulto- conciliar seus diversos interesses pessoais e profissionais.


ria Great Place to Work, es- Quando uma organização precisa reforçar seu reservatório de ta-
pecializada na gestão do lentos, o dilema é contratar profissionais de fora, que possuam as com-
ambiente de trabalho, ilumina petências requeridas (o que pode ser mais rápido), ou desenvolver ta-
nosso conhecimento sobre a ge- lentos internos (processo geralmente mais lento). Mas quando a maio-
ração que nasceu após o ano de ria dos profissionais na empresa pertence à Geração Y, essas duas alter-
1980 – homens e mulheres aci- nativas representam uma real encruzilhada. A resposta é “depende”.
ma de 30 anos, representando a Para o professor Benjamim Campbell, da Wharton School, as
maioria dos nossos clientes, cole- empresas devem estruturar um sistema de Gestão de Recursos Hu-
gas, acionistas, subalternos e fu- manos que leve em conta ambas as opções, considerando a crescente
turos chefes. Será melhor nos velocidade no ciclo de vida dos produtos, que na maioria dos casos
preparar para contratá-los, mo- está aumentando. Ou seja, para manter um reserva de talentos, as
tivá-los e retê-los, mas para isso é empresas devem saber calcular o custo de atrair, contratar e reter tal-
necessário repensar os modelos entos, o custo de substituí-los e o custo de desenvolver e treiná-los, em
tradicionais de liderança. contraposição ao valor que eles poderão agregar.
Definida com rápidas pin-
celadas, essa Geração Y é mais Mais suscetível a ações coletivas, a Geração Y tem alta
suscetível a ações coletivas, está capacidade de interação, alto grau de tenacidade
fortemente conectada aos am-
bientes virtuais, tem alta capa- e está fortemente conectada aos ambientes virtuais
cidade de interação e alto grau Para cada profissional com talento, o desafio também se compli-
de tenacidade. cou. Existem cinco elos na cadeia de valor do próprio custo de cada
Em termos de motivação, talento e esses cinco devem ser conhecidos e considerados:
esses jovens se preocupam com
dinheiro, mas as recompensas 1. Previsão do futuro: quem quiser vencer o mercado terá que prever
materiais precisam ser acompa- e criar seu próprio futuro;
nhadas do bom convívio social. 2. Articulação: contratá-lo poderá ser uma grande idéia, mas se não
Eles gostam de trabalhar em for bem articulada, não será aceita;
empresas engajadas em ques- 3. Aceitação: cada um deverá certificar-se de que seu público irá
tões sociais e que estejam fazen- aceitá-lo;
do a coisa certa. Para recrutá- 4. Ação: expor com rapidez as boas idéias e transformá-las em produ-
los, é importante utilizar cami- tos, e finalmente
nhos alternativos que partem 5. Potencialização: cada talento deve descobrir como potencializar
das redes sociais. Mas para mo- seu próprio custo-benefício, gerando riqueza em
tivá-los, a questão crucial é um negócio muito maior.
lembrar que eles demandam lí- As idéias morrerão em qualquer ponto desta cadeia, se não houver
deres capazes de inspirá-los, re- o comprometimento contínuo por parte da empresa, levando a uma
querem comunicação clara, demissão não planejada.
querem entender os objetivos
da empresa e como eles se en- Marcelo Mariaca
caixam nela e gostam de ambi- Presidente do conselho da Mariaca, empresa de consultoria e assessoria em gestão de capital
entes de trabalho que permitam humano, e professor da Brazilian Business School.

34 C & P • Maio/Junho • 2010


Empresas Associadas

Empresas associadas à ABRACO


A ABRACO espera estreitar ainda mais as parcerias com as empresas, para compartilhar os avanços tecnológicos do setor.
ADVANCE TINTAS E VERNIZES LTDA. G P NIQUEL DURO LTDA. QUÍMICA INDUSTRIAL UNIÃO LTDA.
www.advancetintas.com.br www.grupogp.com.br www.tintasjumbo.com.br
AKZO NOBEL LTDA - DIVISÃO COATINGS HENKEL LTDA. RENNER HERMANN S/A
www.international-pc.com/pc/ www.henkel.com.br www.rennermm.com.br
ALCLARE REVEST. E PINTURAS LTDA. HITA COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. RESINAR MATERIAIS COMPOSTOS
www.alclare.com.br www.hita.com.br www.resinar.com.br
BIESOLD INTRAGÁS DO BRASIL LTDA. IEC INSTALAÇÕES E ENGª DE CORROSÃO LTDA. ROXAR DO BRASIL LTDA.
www.biesold.com www.iecengenharia.com.br www.roxar.com
BLASTING PINTURA INDUSTRIAL LTDA. INSTITUTO PRESBITERIANO MACKENZIE RUST ENGENHARIA LTDA.
www.blastingpintura.com.br www.mackenzie.com.br www.rust.com.br
B BOSCH GALVANIZAÇÃO DO BRASIL LTDA. INT – INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA SACOR SIDEROTÉCNICA S/A
www.bbosch.com.br www.int.gov.br www.sacor.com.br
BULGARELLI & MOMBERG CONSULTORIA LTDA. JOTUN BRASIL IMP. EXP. E IND. DE TINTAS LTDA. SERPRO IND. DE PROD. QUÍMICOS LTDA.
www.bmcpinturas.com.br www.jotun.com www.serproquimica.com.br
CEPEL - CENTRO PESQ. ENERGIA ELÉTRICA JPI REVESTIMENTOS ANTICORROSIVOS SHERWIN WILLIAMS DO BRASIL - DIV. SUMARÉ
www.cepel.br www.polyspray.com.br www.sherwinwilliams.com.br
CIA. METROPOLITANO S. PAULO - METRÔ MANGELS INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. SOCOTHERM BRASIL
www.metro.sp.gov.br www.mangels.com.br www.socotherm.com.br
CIKEL LOGISTICA E SERVIÇOS LTDA. MAX PINTURAS E REVESTIMENTOS LTDA. SOFT METAIS LTDA.
www.cikel.com.br www.maxpinturas.com.br www.softmetais.com.br
CIKEL LOGISTICA E SERVIÇOS LTDA. MORKEN BRA. COM. E SERV. DE DUTOS E INST. LTDA. SURTEC DO BRASIL LTDA.
gustavo@cikel.com.br www.morkenbrasil.com.br www.surtec.com.br
COMÉRCIO E INDÚSTRIA REFIATE LTDA. MTT ASELCO AUTOMAÇÃO LTDA. TBG - TRANSP. BRAS. GASODUTO BOLIVIA-BRASIL
www.vpci.com.br www.aselco.com.br www.tbg.com.br
CONFAB TUBOS S/A MULTIALLOY METAIS E LIGAS ESPECIAIS LTDA. TECNOFINK LTDA.
www.confab.com.br www.multialloy.com.br www.tecnofink.com
CORROCOAT SERVIÇOS LTDA. NALCO BRASIL LTDA. TEC-HIDRO IND. COM. E SERVIÇOS LTDA.
www.corrocoat.com.br www.nalco.com.br tec-hidro@tec-hidro.com.br
DEPRAN MANUTENÇÃO INDUSTRIAL LTDA. NOF METAL COATINGS SOUTH AMERICA TECNO QUÍMICA S/A.
www.depran.com.br www.nofmetalcoatings.com www.reflex.com.br
DETEN QUÍMICA S/A NOVA COATING TECNOLOGIA, COM. SERV. LTDA. TFIRST COM. E INTERMEDIAÇÃO DE NEGÓCIOS
www.deten.com.br www.novacoating.com.br comercial@tfirst.com.br
DOERKEN DO BRASIL ANTI-CORROSIVOS LTDA. OPTEC TECNOLOGIA LTDA. TTS - TEC. TOOL SERV. E SIST. DE AUTOMAÇÃO LTDA.
www.doerken-mks.de www.optec.com.br info@ttsbr.com.br
DUROTEC INDUSTRIAL LTDA. PERFORTEX IND. DE RECOB. DE SUPERF. LTDA. ULTRAJATO ANTICORROSÃO E PINT. INDUSTRIAIS
www.durotec.com.br www.perfortex.com.br www.ultrajato.com.br
ELETRONUCLEAR S/A PETROBRAS S/A - CENPES UNICONTROL INTERNATIONAL LTDA.
www.eletronuclear.gov.br www.petrobras.com.br www.unicontrol.ind.br
ENGEDUTO ENG. E REPRESENTAÇÕES LTDA. PETROBRAS TRANSPORTES S/A - TRANSPETRO VCI BRASIL IND. E COM. DE EMBALAGENS LTDA.
www.engedutoengenharia.com.br www.transpetro.com.br www.vcibrasil.com.br
EQUILAM INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. PINTURAS YPIRANGA WEG INDÚSTRIAS S/A - QUIMICA
www.equilam.com.br www.pinturasypiranga.com.br www.weg.com.br
ESCALAR EQUIPAMENTOS LTDA. PORTAL HOME LTDA. W.O. ENGENHARIA LTDA.
www.escalarequipamentos.com.br sac.portal@hotmail.com www.woengenharia.com.br
FIRST FISCHER PROTEÇÃO CATÓDICA PPG IND. DO BRASIL TINTAS E VERNIZES ZERUST PREVENÇÃO DE CORROSÃO LTDA.
www.firstfischer.com.br www.ppgpmc.com.br www.zerust.com.br
FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S/A PPL MANUTENÇÃO E SERVIÇOS LTDA.
www.furnas.com.br www.pplmanutencao.com.br Mais informações: Tel. (21) 2516-1982
www.abraco.org.br
GAIATEC COM. E SERV. DE AUTOM. DO BRASIL LTDA. PROMAR TRATAMENTO ANTICORROSIVO LTDA.
www.gaiatecsistemas.com.br www.promarpintura.com.br
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