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HUMANIZAÇÃO NOS ESPAÇOS DE SAÚDE: ESTUDO DE CASO REDE SARAH DE

HOSPITAIS DE REABILITAÇÃO
Patrícia Ribeiro de Oliveira
FAU/UNIEURO, E-mail: pottz_@hotmail.com.

Resumo
Este artigo aborda reflexões resultantes de uma pesquisa sobre os impactos positivos de um
ambiente humanizado na promoção da saúde de seus usuários. Nele buscou-se verificar a
influência que um espaço físico pode exercer no processo de recuperação da saúde de seus
pacientes. Seu objetivo principal é identificar atributos do ambiente construído que são
favoráveis nessa recuperação. Para essa pesquisa, adotou-se como estudo de caso a Rede
SARAH de Hospitais, projetados pelo arquiteto João da gama Filgueiras Lima (Lelé), onde
foi possível por meio de uma pesquisa bibliográfica, buscar informações que ajudassem a
responder as questões em estudo. Isso contribuiu para uma melhor compreensão do
impacto que essa arquitetura produz no edifício e no meio ambiente e apontar pontos
positivos e recomendar atributos essenciais para que todos os espaços de saúde se tornem
mais saudáveis e tenham uma efetiva promoção da saúde e bem-estar de seus usuários,
resultando em espaços humanizados.

Palavras-chave: Rede SARAH/ Promoção da saúde/ Ambiente humanizado.


1.0 Introdução
Nas últimas décadas, os questionamentos sobre métodos e práticas dos espaços de saúde
vem crescendo em todo o mundo. Esse fato vem contribuindo para o desenvolvimento de
soluções que colaboram com o processo de humanização nos espaços de saúde.
Ambiência na saúde refere-se ao tratamento dado ao espaço físico entendido como espaço
social, profissional e de relações interpessoais que devem proporcionar atenção acolhedora,
resolutiva e humana. (Ministério da Saúde, 2010).

Com base nessa definição e através do estudo de caso da Rede SARAH, buscou-se
investigar essas questões e identificar aspectos em sua arquitetura que pudessem exercer
diretamente ou indiretamente no estado de saúde e bem-estar de seus usuários.

A humanização dos espaços de saúde é discutida no Brasil desde a década de 80, desde
então vem ganhando importância passando a ser colocada em prática nos centros de saúde
hospitais, laboratórios, etc cada vez mais. É necessário divulgar essa importância, mostrar
como a implantação da humanização melhora tanto a recuperação dos pacientes, como
também o rendimento dos profissionais, interferindo no seu ambiente e em suas condições
de trabalho.

Neste sentido, os arquitetos precisam se posicionar como protagonistas desse processo,


proporcionar através da arquitetura, as condições funcionais e de conforto necessárias ao
bom desempenho das práticas médicas, bem como o bem-estar e a autoestima dos
usuários dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS);
Através do estudo de caso da rede SARAH e verificando o panorama histórico da
humanização dos espaços de saúde no Brasil buscou-se compreender esses conceitos e
práticas de humanização e como elas colaboram e influenciam nessa melhoria, resultando
produtividade e promoção da saúde.

Ainda com referência à literatura atual, foram observados os significados da humanização e


questões pertinentes, que envolvem política e promoção da saúde, a relação entre os
espaços arquitetônicos (quartos dos pacientes, salas de espera, área externa etc.) e o
sucesso da proposta de humanização para os espaços de saúde. Dessa forma podemos
perceber que os EAS devem promover o bem-estar, através de um processo de
humanização que vise atender os aspectos: físicos, mental/ psíquico, social/ cultural e
espiritual.

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2.0 Humanização nos espaços de saúde

2.1. O conceito de Humanização

Os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) vêm passando por um processo de


evolução nos últimos anos, em várias áreas, como nas tecnologias desenvolvidas para
melhoria da saúde dos pacientes, na assistência prestada pelos profissionais de saúde, na
administração hospitalar e principalmente na estrutura física dos edifícios. (ROMERO, 2011)

Os antigos hospitais buscavam excluir o indivíduo da sociedade para evitar a disseminação


de doenças ou para esperar seu falecimento. Eram instituições filantrópicas e agências de
auxílio aos pobres, velhos e doentes, em espaços geralmente vinculados à Igreja católica. A
principal característica destes edifícios era a existência de grandes enfermarias, onde se
acumulavam pessoas, independente de sexo, idade, em péssimas condições ambientais.
(ROMERO, 2011)

Para Mezzomo (2003), a humanização nos EAS passa pela humanização da sociedade
como um todo, pois é necessário tornar a instituição adequada à pessoa humana e aos seus
direitos. A humanização precisa ter como missão revelar os valores que constituem o ser
humano, como pessoa, de uma forma abrangente e completa.

Hoje existe o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH),


surgido em 2001, por iniciativa do Ministério da Saúde, tem por objetivo principal, a
promoção da saúde, por meio de aprimoramento da relação profissional-paciente e hospital-
comunidade. (ROMERO, 2011)

Humanizar é resgatar a importância dos aspectos emocionais, indissociáveis dos aspectos


físicos na intervenção em saúde. Humanizar é aceitar essa necessidade de resgate e
articulação dos aspectos subjetivos, indissociáveis dos aspectos físicos e biológicos.

A arquitetura precisa ser humanizada, com conforto ambiental, bom desempenho, ser um
espaço agradável e acolhedor, lúdico, rico em volumes, cores, flexibilidade, assepsia. Tudo
isso faz com que os profissionais e usuários sintam o bem-estar físico e emocional, dessa
forma contribuindo para a promoção da saúde.

Humanizar refere-se, portanto, à possibilidade de assumir uma postura ética de respeito ao


outro, de acolhimento do desconhecido e de reconhecimento dos limites. (PNH, 2001)

2.2 Breve histórico da humanização no Brasil

O primeiro hospital no Brasil foi a Santa Casa de Misericórdia de Santos (ver figura 01),
construído em 1543 por Brás Cubas. No Brasil Colônia e Império surgiram outros hospitais

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dentro da caridade e abrigar pobres e desabrigados, principalmente quando doentes ou por
morrer. (MELLO, 2008)

Figura 01: Edifício do Hospital Santa Casa de Misericórdia de santos


(Fonte: http://marcuscabaleiro.blogspot.com.br/2011/10/santa-casa-de-santos.html)

A partir do início da década de 1930 ocorreram importantes mudanças no setor de saúde no


Brasil, pois foram criados mais hospitais, centros de saúde e houve fortalecimento do
sistema previdenciário. No governo de Getúlio Vargas, por exemplo, foram criados os
Institutos de Previdência, que tinham como uma de suas atribuições a assistência médico-
social para algumas categorias profissionais: IAPM para os marítimos (1933), IAPB para
bancários (1934), IAPI para industriários (1936), IPASE para servidores do Estado (1938),
IAPTC para os trabalhadores em transporte de cargas (1938) e IAPC para os comerciários
(1940). Os Institutos encarregavam-se principalmente da medicina curativa, incluindo
assistência médico-hospitalar. (MELLO, 2008)

Em alguns estados surgiram hospitais de grande porte, sendo o maior deles o Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que teve sua construção
iniciada em 1938 e inauguração em 1944. (MELLO, 2008)

O SAMDU (Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência) surgiu em 1953,


mesmo ano que foi criado o Ministério da Saúde, com objetivo de atendimento domiciliar,
ambulatorial e apoio aos Institutos de Previdência. (MELLO, 2008)

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O Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) foi criado na década de 1970, a partir da
fusão de todos os Institutos de Previdência. Mais tarde, ele foi substituído pelo Instituto
Nacional de Assistência da Previdência Social (INAMPS). A partir da década de 1970
surgiram tentativas de universalizar o acesso à assistência à saúde com os seguintes
programas (MELLO, 2008):

- De Interiorização à Assistência à Saúde e Saneamento para o nordeste (PIASS);

- Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PAIS);

Os sistemas que seguiram aos programas acima foram:

- Único e Descentralizado de Saúde (SUDS);

- Único de Saúde (SUS), que é o vigente no país.

O SUS foi criado pela Constituição Federal de 1988, com o objetivo de garantir a toda
população brasileira o acesso universal às ações e serviços de saúde. Ele foi oficializado
pela Lei Nº8080/90. (MELLO, 2008)

2.2.1 Os Hospitais

Os Hospitais, a partir do final do século XIX, com o aparecimento da medicina científica, da


tecnologia e da infraestrutura mais sofisticadas, deixaram de ser espaços para abrigarem
pobres e doentes e passaram a proporcionar tratamentos que não tinham indicação de
serem realizados em casa. (MELLO, 2008)

É importante observar que ele tornou-se hegemônico na área da saúde no Brasil, com
assistência predominantemente curativa, dentro do modelo médico, ou seja, de enfoque
biológico, técnico e positivista. (MELLO, 2008)

O Ministério da Saúde no Brasil define hospital como todo estabelecimento de saúde dotado
de internação, meios diagnósticos e terapêuticos, com objetivos de prestar assistência
médica curativa e de reabilitação, podendo dispor de atividades de prevenção, assistência
ambulatorial, atendimento de urgência/ emergência, de ensino e pesquisa. (MELLO, 2008)

As constantes descobertas na área da saúde durante o século XX, o desenvolvimento da


tecnologia, a crescente sofisticação da hotelaria, a necessidade de expansão de serviços de
apoio à assistência e outros fatores, fizeram com que a organização hospitalar,
gradualmente se tornasse mais complexa, com características e objetivos diferentes.
(MELLO, 2008)

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Quadro I. Mudanças nos objetivos e características do hospital entre o início do século XX e início do
século XXI.
(Fonte: ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2004.)

2.2.2 Sistema Único de Saúde (SUS)

A Constituição Federal de 1988, ao criar o sistema único de saúde (SUS), estabeleceu uma
radical transformação do sistema de saúde. Na época, havia consenso na sociedade
brasileira que o sistema em vigor não atendia às necessidades da população.

Frente a isso foi proposto um sistema único de saúde com as seguintes características
(MELLO, 2008):

- que tivesse a mesma doutrina e aspectos organizacionais em todo território nacional.

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- Sob a responsabilidade das três esferas autônomas de governo: federal, estadual e
municipal.

- Que desenvolvesse práticas em saúde de promoção, proteção e recuperação, conforme


conceituadas no quadro abaixo:

Quadro II. Práticas e definições em saúde


Fonte: MELLO, M. I, 2008.

O modelo de sistema único de saúde (SUS) proposto para o nosso meio é universal,
humanizado e de qualidade, tendo recebido elogios de inúmeros países, porém desde que
foi criado, enfrenta grandes dificuldades para efetivar sua total implantação. (MELLO, 2008)

2.2.3 Política Nacional de Humanização (PNH)

O Ministério da Saúde (MS) em maio de 2000 cria o Programa de Humanização da


Assistência Hospitalar (PNHAH) com o objetivo de promover uma nova cultura de
atendimento na saúde que apoiasse a melhoria da qualidade e eficácia dos serviços
prestados através do aprimoramento das relações entre (MELLO, 2008):

- Trabalhadores da saúde;

- Usuários e profissionais;

- Hospitais e comunidade.

A partir de 2003, o MS transforma o PNHAH em política, com o nome Política Nacional de


Humanização (PNH), que deve estar presente em todas as ações da saúde como diretriz

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transversal e favorecer, entre outros, a troca e a construção de saberes, o diálogo entre
profissionais, o trabalho em equipe e a consideração às necessidades, desejos e interesses
dos diferentes atores do campo da saúde. A humanização da assistência é entendida pelo
Ministério da Saúde (MS) como “o aumento do grau de corresponsabilidade na produção de
saúde e de sujeitos” e “mudança na cultura da atenção dos usuários e da gestão dos
processos de trabalho”. (MELLO, 2008)

2.2.4 Cartilha de Ambiência (PNH)

Segundo ROMERO (2011), a abordagem do espaço arquitetônico, como propiciador do


bem-estar físico e emocional das pessoas, vem passando por uma crescente valorização
nos processos de planejamento em saúde. Dessa forma, novas diretrizes precisam ser
adotadas para o projeto desses espaços, de forma a contribuir com a promoção da saúde. É
preciso gerar ambientes que cumpram com o papel de prestação de cuidados, mas com
aconchego, individualidade, liberdade de movimento, segurança, valorização dos espaços
de convivência, privacidade, respeito, entre outros valores que os pacientes e funcionários
possam reconhecer no seu dia-a-dia.

A nova geração de Estabelecimentos de Assistência à Saúde (EAS) está emergindo, bem


diferente daquela baseada em modelos institucionais familiares. Baseada em cuidados
focados nos pacientes, os fundamentos do Patiente-Centered Care buscam a cura do
paciente de forma global. Procuram criar novos centros de saúde caracterizados como
santuários espirituais com jardins, fontes, luz natural, arte e música. Esse cuidado focado
nos pacientes apresenta seis requisitos básicos (ROMERO, 2011):

1. eliminar os fatores estressantes;

2. conectar o paciente com a natureza;

3. oferecer opções de escolhas para controle individual;

4. disponibilizar oportunidades de socialização;

5. promover atividades de entretenimento “positivas”;

6. promover ambientes que remetam a sentimentos de paz, esperança, reflexão,


conexão espiritual, relaxamento, humor e bem-estar.

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Figura 02: Ginásio Infantil- Sarah Lago Norte
(Fonte: http://mulher.uol.com.br/casa-e-decoracao/album/expo_lele_album.htm )

Ambiência na Saúde refere-se ao tratamento dado ao espaço físico entendido como espaço
social, profissional e de relações interpessoais que deve proporcionar atenção acolhedora,
humana e resolutiva. (Ministério da Saúde, 2010)

O uso de cores em um ambiente pode proporcionar ao paciente, diversas sensações, como


por exemplo, o uso de cores claras e suaves podem ajudar o paciente a se sentir seguro,
protegido, cuidado, ou então uma cor mais vibrante que pode lhe proporcionar energia
durante o dia.

Para a Política Nacional de Humanização (2004), a ambiência segue primordialmente três


eixos, que devem estar sempre juntos:

. O espaço que visa a confortabilidade focada na privacidade e


individualidade dos sujeitos envolvidos, valorizando elementos do ambiente
que interagem com as pessoas (cor, cheiro, som, iluminação, morfologia) e
garantindo conforto aos trabalhadores e usuários;

. O espaço que possibilita a produção de subjetividades – encontro de


sujeitos – por meio da ação e reflexão sobre os processos de trabalho;

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. O espaço usado como ferramenta facilitadora do processo de trabalho,
favorecendo a otimização de recursos, o atendimento humanizado, acolhedor
e resolutivo.

Figura 03: Vista corredor de circulação – Sarah lago Norte


(Fonte: http://mulher.uol.com.br/casa-e-decoracao/album/expo_lele_album.htm )

O paciente, o principal usuário, precisa receber a melhor atenção e um atendimento o mais


eficiente possível. Dessa forma, o hospital, segundo uma das diretrizes dessa política, deve
promover uma “ambiência acolhedora e confortável”.

O arquiteto/ engenheiro da área de saúde, além de conhecer toda a complexidade do


funcionamento de um EAS, deve propor soluções que atendam as suas necessidades
técnicas e de humanização, ou seja, o edifício precisa ser flexível e expansível para atender
todas as demandas das inovações tecnológicas e, sobretudo, ser mais humano.

3.0 Rede Sarah Kubitscheck

3.1 A Instituição

A Rede Sarah Kubitschek é uma homenagem a Dona Sarah, esposa do presidente


Juscelino Kubitscheck, porque desde a época do seu governo, em Minas Gerais, ele
possuía uma entidade filantrópica – Associação das Voluntárias do Estado de Minas Gerais
– que atendia aos necessitados por meio de campanhas de conscientização e caridade.
(RIBEIRO, 2007)

Essa associação ganhou status nacional e passou a ser responsável pelos hospitais
públicos de atendimento as pessoas carentes, isso, devido à nomeação de Juscelino
Kubitscheck à presidência. Suas funções foram se modificando, até que foi instituída a Lei nº

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8.246 de 22 de outubro de 1991 que criou a APS – Associação das Pioneiras Sociais que é
a gestora da Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor.

O objetivo desta associação é retornar o imposto pago por qualquer cidadão prestando-lhe
assistência médica de qualidade e gratuita, formando e qualificando profissionais de saúde,
desenvolvendo pesquisa científica e gerando tecnologia. O caráter autônomo da gestão
desse serviço faz da APS a primeira instituição pública não estatal brasileira. (LIMA, 1999)

A APS administra a Rede Sarah por meio de um instrumento inovador: o contrato de gestão,
que conferiu a APS a possibilidade de gerir recursos repassados pela União, oferecendo à
população de todas as camadas sociais, assistência médica de qualidade e gratuita.

Hoje no Brasil, existem oito hospitais da Rede Sarah, três centros de reabilitação, dois
centros de tecnologia e um centro comunitário. Os recursos financeiros que mantêm todas
as unidades da Rede Sarah, provêm exclusivamente do Orçamento da União e a Rede não
recebe recursos advindos do número de complexidade dos serviços prestados, da forma
como ocorre com instituições de saúde subordinadas ao SUS – Sistema único de Saúde.
Nenhum outro recurso resultante da prestação de serviços de assistência médica – também
por uma questão de princípios – contribui para o orçamento da Rede. (LIMA, 1999)

3.2 Humanização na Rede SARAH

Num depoimento de Aloysio Campos da Paz Júnior em um livro de Lelé mostra claramente
a preocupação e a necessidade de estabelecimentos mais humanizados no Brasil:

Anos 70. Encontro com Eduardo Kertész. O planejamento do Sarah em


Brasília. Quando Kertész encaminhou o Projeto para a SEPLAN a catilinária
dos três jovens contra o absurdo de uma assistência médica que já então
visava o lucro e explorando a doença e o doente como “produto”, era
tamanha, que pensávamos que o projeto seria engavetado. No entanto, já
eram tempos de abertura e o Presidente Ernesto Geisel escreveu na primeira
linha do memorando: Aprovo! E assinou. Lelé perguntou: como você, Aloysio
vê o Hospital? Respondi: Espartano! Três dias depois, o primeiro desenho de
viga Vierendeel! Hospital Vertical, mas com grandes espaços nos
ambulatórios, terraços alternados nas fachadas leste e oeste, luz, sol, vento.
(LIMA, 1999)

No projeto dos hospitais, Lelé sempre teve uma abordagem profundamente humanista,
olhava para as necessidades do incapacitado físico, fazendo o que a medicina tentou e
quase nunca conseguiu fazer. Os hospitais, ao contrário de espaços constrangedores de
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sofrimento, tornaram-se locais amenos, generosos, ricos em volumes e cores: a própria
expressão da palavra Reabilitação. (LIMA, 1999)

Sarah Brasília foi o hospital que deu origem à criação da Rede SARAH. Nele foram
introduzidas pela primeira vez as técnicas de terapia baseadas na grande mobilidade do
paciente. O projeto foi iniciado em 1975 e a obra concluída em 1980. (LIMA, 1999)

Nesse projeto não foi possível explorar convenientemente as técnicas de terapia ao ar livre,
pelo fato de estar implantado na área urbana de Brasília, em um lote relativamente pequeno
situado no Setor Hospitalar Sul. (LIMA, 1999)

Figura 04 e 05: Edifício SARAH – Brasília


(Fonte: http://www.deficienteciente.com.br/2010/05/hospital-sarah-kubitschek.html)

Os jardins de ambientação, integrados às áreas de internação e tratamento, foram


quase sempre implantados em terraços nas coberturas dos respectivos pavimentos
inferiores.

Figura 06: Edifício SARAH – Brasília- Jardim na escadaria


(Fonte: http://www.panoramio.com/photo/28571308?tag=Bras%C3%ADlia)
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Em área remanescente próximo ao centro de estudos, foi implantado auditório-teatro para
300 lugares e 50 lugares específicos para pacientes em cama-maca ou em cadeiras de
rodas.

Figura 07: Edifício SARAH/ Brasília – auditório-teatro


(Fonte: http://www.google.com.br/imgres?q=jardim+dentro+do+hospital+SARAH)

Os Hospitais da Rede SARAH caracterizam-se por uma cuidadosa integração de sua


concepção arquitetônica aos princípios de organização do trabalho e aos diferentes
programas de reabilitação. E dessa integração resultam espaços amplos com seus solários
e jardins, buscando a humanização do ambiente hospitalar e as enfermarias coletivas,
sempre aproveitando ao máximo os recursos disponíveis. (LIMA, 1999)

O SARAH Lago Norte veio da necessidade de planejar uma unidade complementar ao de


Brasília, numa zona mais amena da cidade onde foi possível aprimorar técnicas específicas
de reabilitação e de reintegração desses pacientes à sociedade. (LIMA, 1999)

O conjunto projetado em apenas um pavimento está totalmente integrado a jardins para


tratamento de pacientes ao ar livre. Anexo ao ginásio foi projetado uma grande cobertura em
arco ao nível do lago para o desenvolvimento de esportes náuticos. Também foram bem
utilizadas as cores, nos corredores de circulação, salas de espera, tornando o ambiente
mais aconchegante, ajudando a relaxar as pessoas que estão internadas, bem como os
parentes e amigos que vão visita-las. (LIMA, 1999)

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Figura 08: Edifício SARAH Lago Norte/ Brasília- Esportes náuticos
(Fonte: http://gesporte.blogspot.com.br/2010/09/17-revezamento-aquatico-25-horas.html)

Figura 09: Edifício SARAH Rio de Janeiro- Reabilitação Infantil- Painéis coloridos por Atos Bulcão
(Fonte: http://gesporte.blogspot.com.br/2010/09/17-revezamento-aquatico-25-horas.html)

Em geral, as tendências de humanização dos ambientes de Saúde não descartam nenhuma


possibilidade que possa vir a contribuir para a qualidade do ambiente. O conformo ambiental
pode ser melhorado buscando diminuir fatores estressantes como ruídos, iluminação e
ventilação inadequada, exagero no uso das cores e etc. o projeto pode conter ambientes
agradáveis compostos de jardins internos ou janelas voltadas para uma bela paisagem (ver
figura 09).

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Figura 10: Ginásio Infantil- Sarah Lago Norte
Fonte: http://mulher.uol.com.br/casa-e-decoracao/album/expo_lele_album.htm

O SARAH Salvador inaugurado em 1994 foi o primeiro hospital da Rede em que as galerias
de manutenção e instalações foram utilizadas também como jutos para a distribuição de ar
fresco à maioria dos ambientes do edifício.

Figura 11: Edifício SARAH Salvador


(Fonte: http://mulher.uol.com.br/casa-e-decoracao/album/expo_lele_album.htm)

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Figura 12: Edifício SARAH Salvador - Sheds
(Fonte: http://mulher.uol.com.br/casa-e-decoracao/album/expo_lele_album.htm)

A concepção horizontal desse hospital facilita a integração das áreas de tratamento a


terraços ajardinados, o que constitui fator importante para o desenvolvimento de terapias
adotadas pela Rede Sarah. A cobertura em shed na maioria dos prédios da Rede
proporcionam iluminação e ventilação naturais para a maioria dos setores dos hospitais.

Figura 13: Croqui SARAH Salvador - Sheds


(fonte: http://marjoriekaroline.blogspot.com.br/2011/11/um-balanco-da-decada-de-2000-
hospitais.html)

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4.0 Considerações finais
Os objetivos desta pesquisa foram atingidos, pois, conforme observamos no primeiro
capítulo de desenvolvimento, foram abordadas reflexões resultantes sobre os impactos
positivos de um ambiente humanizado na promoção da saúde de seus usuários. Buscou-se
mostrar a influência que um espaço físico pode exercer no processo de recuperação da
saúde de seus pacientes. Os questionamentos sobre métodos e práticas dos espaços de
saúde vem crescendo cada vez mais e esse fato vem contribuindo para o desenvolvimento
de soluções que colaboram com o processo de humanização nos espaços de saúde.

Mostrou-se ao longo do segundo capítulo como os antigos hospitais buscavam excluir o


indivíduo da sociedade para evitar a disseminação de doenças ou para esperar seu
falecimento. E sua principal característica que era de se acumular pessoas, independente
de sexo, idade, em péssimas condições ambientais. Logo em seguida identificando o
conceito de Humanização, que é de resgatar a importância dos aspectos emocionais,
indissociáveis dos aspectos físicos na intervenção em saúde. Mostrando os programas
existentes que tem por objetivo aplicar esse conceito, o de promover saúde de qualidade e
para todos.

Para uma melhor compreensão do assunto foi abordado um breve histórico da humanização
no Brasil, um panorama de evolução desde o primeiro hospital até os dias de hoje, de como
os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) vêm passando por um processo de
evolução nos últimos anos, em várias áreas. O sistema único de saúde (SUS), que
estabeleceu uma radical transformação do sistema de saúde, a Política Nacional de
Humanização (PNH), que deve estar presente em todas as ações da saúde como diretriz
transversal e favorecer, entre outros, a troca e a construção de saberes, o diálogo entre
profissionais, o trabalho em equipe e a consideração às necessidades, desejos e interesses
dos diferentes atores do campo da saúde e por final a Ambiência na Saúde que se refere ao
tratamento dado ao espaço físico entendido como espaço social, profissional e de relações
interpessoais que deve proporcionar atenção acolhedora, humana e resolutiva.

Seu objetivo principal foi identificar atributos do ambiente construído que são favoráveis
nessa recuperação. Com o estudo de caso da Rede SARAH de hospitais, analisado no
capítulo quatro, foi possível por meio de uma pesquisa bibliográfica, buscar informações que
ajudassem a responder as questões em estudo.

Através do estudo de caso da rede SARAH, criado pelo arquiteto João da Gama Filgueiras
Lima (Lelé) buscou-se compreender esses conceitos e práticas de humanização e como
elas colaboram e influenciam nessa melhoria, resultando produtividade e promoção da
saúde.
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Com as análises dos hospitais da rede SARAH pode-se ter com clareza uma melhor
compreensão do impacto que essa arquitetura produz no edifício, no meio ambiente e
principalmente na reabilitação dos seus pacientes. Como mostrado nas análises de alguns
hospitais da rede SARAH, podemos apontar pontos positivos e recomendar atributos
essenciais, como o uso da ventilação e iluminação natural, cores, espaços integrados a
vegetação.

Neste sentido, os arquitetos precisam se posicionar como protagonistas desse processo,


proporcionar através da arquitetura, as condições funcionais e de conforto necessárias ao
bom desempenho das práticas médicas, bem como a humanização nos Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde (EAS);

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5.0 Referências Bibliográficas
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Normas para projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde, 2ª edição. Brasília: editora ANVISA,
2004.
BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de atenção à saúde. Ambiência. Brasília,
2010.
GOES, Ronald de. Manual Prático de Arquitetura Hospitalar. São Paulo: Edgard
Blücher, 2004.
LIMA, F. J. CTRS – Centro de Tecnologia da Rede Sarah. São Paulo: Fundação
Bienal/ProEditores, 1999.
LIMEIRA, F. M. Arquitetura e integridade em saúde: uma análise do sistema
normativo para projetos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília, 2006.
191p. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade de Brasília.
MELLO, M. I. Humanização da Assistência Hospitalar no Brasil: conhecimentos
básicos para estudantes e profissionais. São Paulo, 2008.
PENNA, A., RHEINGANTZ, P. Ambiente construído e promoção da saúde: o
caso do centro de saúde Escola Germano Silva Faria, Fiocruz/RJ. Rio de Janeiro,
2004. 10p. Artigo. Pós- Graduação em Arquitetura, Universidade Federal do rio de
Janeiro.
RIBEIRO, P. G. Conforto Ambiental, sustentabilidade, tecnologia e meio
ambiente: Estudo de caso Hospital Sarah Kubitschek – Brasília. São Paulo, 2007.
13p. Doutorado do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Presbiteriana Mackenzie.
ROMERO, B. A. M. Tecnologia e Sustentabilidade para a humanização dos
edifícios de saúde. 1ª Edição. Brasília, 2011.

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