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ORIENTAÇÕES PARA O TCC

A pesquisa inicia-se quando alguém percebe algum problema no


saber vigente em determinado tempo. Para existir uma pesquisa, estudo ou investigação
é preciso existir um problema, ou seja, uma questão, inquietação, indignação,
curiosidade.

Havendo o problema, o objeto de investigação deve ser


delimitado com precisão.

O pesquisador deve esclarecer quais as disciplinas, setores, áreas


ou institutos jurídicos e ainda os campos conexos que estão envolvidos na pesquisa,
justificando a inclusão de cada um.

Pluridisciplinaridade – cooperação teórica entre campos do conhecimento


distanciados.
Interdisciplinaridade – coordenação de disciplinas conexas.
Transdisciplinaridade – produção de teoria única a partir de campos de conhecimento
antes compreendidos como autônomos.

Ao iniciar a pesquisa, já contamos com uma bagagem anterior,


que é nossa forma de pensar e de olhar o mundo. Quando desenvolvemos a pesquisa não
podemos jogar fora esse patrimônio cultural, essa bagagem que possuímos. Esse
conjunto de ideias forma o nosso olhar teórico, mas não é ainda um olhar teórico
científico. O olhar teórico científico é aquele produzido por meio da metodologia
científica, isto é, o conhecimento produzido a partir de pesquisas sistemáticas,
organizadas e controladas metodicamente.

As pesquisas devem basear-se num marco teórico. O referencial


teórico constitui-se como elemento de controle não só do problema como de toda a
pesquisa. O marco teórico indica a maneira como um problema será visto, sobre qual
perspectiva ele será abordado.
Marco teórico é uma afirmação teórica específica de determinado
autor, não de sua obra. Kelsen, Fazzalari, Habermas não são marcos teóricos. Marcos
teóricos seriam a afirmação teórica específica de cada um desses autores ou a concepção
que fundamenta uma ou toda a obra de determinado autor. O processo como um
procedimento em contraditório, tal como sustentado por Fazzalari, pode ser um marco
teórico para pesquisas relacionadas ao direito processual civil.
Se quero fazer uma pesquisa sobre a aplicação do princípio da
insignificância no STF, eu preciso inicialmente definir o que entendo por princípio da
insignificância. O que se entende por princípio nessa pesquisa? Tem força de norma
jurídica? Qual seu papel no ordenamento jurídico? O que significa? Essas perguntas
servem de guia para encontrar o marco teórico.
Se vou pesquisar sobre a impunidade nos crimes de colarinho
branco, devo definir qual teoria do crime será adotada como referencial teórico.

Não se confunde marco teórico com pressupostos conceituais. O


marco é o ponto de partida de uma investigação. Um mesmo problema, se tomado sob
enfoques teóricos diversos, provavelmente encontrará soluções igualmente diferentes ao
problema. Os pressupostos conceituais são conceitos que não serão objetos de
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questionamento pela pesquisa. Os pressupostos conceituais não são objetos de


problematização da pesquisa, mas são conceitos de apoio da pesquisa.
Posso fazer a pesquisa sobre a impunidade nos crimes de
colarinho branco e compreender os crimes como pressuposto conceitual de minha
pesquisa, entendendo-os como aqueles previstos na Lei n. 7.492/86, sem questioná-los
ou problematizá-los.

Existem termos a serem utilizados na pesquisa jurídica que, quase


sempre, necessitam de uma matriz teórica de apoio, tais como democracia, federalismo,
Estado, soberania, crime, pena, responsabilidade, direito, justiça, lei, norma jurídica,
princípio, direitos humanos, cidadania, estado democrático de direito etc.

Hipótese é a oferta de uma solução possível ao problema


formulado em relação ao objeto da pesquisa. É algo que, ao final da pesquisa, será
declarado verdadeiro ou falso. A hipótese não é uma pergunta, mas sim uma resposta
prévia ao problema, que será ou não confirmada. Por isso que se diz que uma resposta
provisória ao problema científico é chamada de hipótese. A pesquisa científica deverá
comprovar a adequação de nossa hipótese, comprovando se ela, de fato, é uma solução
coerente para o problema científico anteriormente formulado.
As hipóteses podem ser fruto de observação, de resultados de
pesquisa prévia, de teorias ou da intuição, que é a menos confiável cientificamente.

As variáveis aparecem mais nas pesquisas diretas de campo e


laboratorial. A variável pode ser considerada como uma classificação ou medida, ou
seja, um conceito operacional que apresenta valores, passível de mensuração. As
variáveis de pesquisa podem ser definidas como algo que varia, observável e
quantificável — por exemplo: preconceito, aptidão física, força, habilidade motora,
sexo, idade, estado civil, entre outros fatores. Todas as variáveis que interferem no
objeto que é estudado deverão ser controladas para não comprometer ou invalidar a
pesquisa.
Para análise e interpretação das variáveis devemos arrolar um
número de indicadores, que permitirão a atribuição de objetividade às variáveis. Se
pesquiso sobre a concessão de habeas corpus impetrados pela Defensoria Pública no
STJ, posso estabelecer como indicador o tipo de relator. O percentual de concessões ou
denegações pode variar conforme for o relator do HC. Se a hipótese for a maior
concessão de HC por relatores oriundos da advocacia, deve-se analisar se os indicadores
a confirmam.

Os objetivos são gerais e específicos. Objetivo geral refere-se


ao produto que se deseja obter na pesquisa. Um verbo adequado para iniciar o texto de
um objetivo geral é “compreender”. Os objetivos específicos têm natureza operacional,
pois se referem a procedimentos ou operações que deverão ser realizados para que, ao
final, chegue-se ao produto da pesquisa. Verbos utilizados são “levantar”, “construir”
“identificar” etc. Abaixo, outros verbos que podem ser empregados nos dois tipos de
objetivos.

Conhecimento Compreensão Aplicação Análise Síntese


Ntar Descrever Aplicar Analisar Coordenar Avaliação
Assinalar Discutir Demonstrar Calcular Conjugar Apreciar
Citar Explicar Empregar Comparar Construir Aquilatar
Definir Expressar Esboçar Contrastar Criar Avaliar
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Escrever Identificar Ilustrar Criticar Enumerar Calcular


Inscrever Localizar Interpretar Debater Esquematizar Escolher
Marcar Narrar Inventariar Diferenciar Formular Estimar
Relacionar Reafirmar Operar Distinguir Listar Julgar
Registrar Revisar Praticar Examinar Organizar Medir
Relatar Traduzir Traçar Experimentar Planejar Selecionar
Sublinhar Transcrever Usar Investigar Reunir Validar
Valorar

Na justificativa, é preciso ressaltar a relevância científica,


educacional e social do trabalho, que precisa representar alguma contribuição para o
esclarecimento ou enriquecimento de informações sobre o assunto tratado.
O pesquisador deve perguntar-se: por que estou realizando essa
pesquisa? Para tentar alterar os rumos da jurisprudência, para incrementar o combate à
criminalidade organizada, para influenciar juristas sobre o adequado enfoque do tema
etc. É na justificativa que se deve apresentar o ponto no qual se encontram as pesquisas
científicas sobre o tema escolhido, como também o diálogo com os principais autores ou
correntes interpretativas sobre o tema.

Sob o enfoque da metodologia empregada, na pesquisa social,


existem três grandes linhas metodológicas:

Linha jurídico-dogmática – considera o Direito auto-suficiente e trabalha com os


elementos internos ao ordenamento jurídico. Desenvolve investigações com vistas à
compreensão das relações normativas nos vários campos do Direito e com a avaliação
das estruturas internas do ordenamento jurídico.

Linha jurídico-sociológica ou empírica – compreende o fenômeno jurídico no


ambiente social mais amplo. Trabalha com as noções de eficácia e de efetividade das
relações Direito/sociedade. Preocupa-se com a faticidade do Direito e as relações
contraditórias que estabelece com os demais campos: sócio-cultural, político e
antropológico.

Linha jurídico-téorica – acentua os aspectos conceituais, ideológicos e doutrinários de


determinado campo que se deseja investigar. Relaciona-se mais diretamente com a
esfera da Filosofia do Direito e com as áreas teórico-gerais dos demais campos
jurídicos.

Os raciocínios desenvolvidos nas investigações que seguem uma


das linhas acima podem ser:

Indutivo – processo mental que parte de dados particulares e localizados e se dirige a


constatações gerais. É o caminho do particular para o geral. Segue três fases: a
observação dos fatos ou fenômenos, a procura da relação entre eles e a generalização
dos achados nas duas primeiras fases. Nas ciências sociais, ao contrário das ciências
exatas, é difícil as universalizações dos conhecimentos obtidos.

Dedutivo – processo que faz referência a dados de nossa experiência ou a normas e


regras em relação a leis e princípios gerais e ao maior número de casos que a eles
possam ser referidos. É o caminho do geral para o particular. Parte de generalizações e
premissas já aceitas para casos ou fenômenos concretos.
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Hipotético-dedutivo – existem expectativas ou conhecimento prévio; surge o problema


de conflitos com as expectativas ou teorias já existentes; propõem-se soluções a partir
de conjecturas/hipóteses; se a hipótese não suporta a testagem, será refutada, exigindo
todo o processo de argumentos e testes novamente; se o contrário ocorre, a hipótese será
ratificada, porém provisoriamente até que outra posterior possa falsificá-la.

Dialético – tudo é movimento e mudança e a contradição está na realidade. Trabalha


com a noção de tese (ser) e antítese (nada), que são abstrações ou momentos de um
processo de racionalidade que é absorvido na e pela síntese. A tese é uma afirmação ou
situação inicialmente dada. A antítese é uma oposição à tese. Do conflito entre tese e
antítese surge a síntese, que é uma situação nova que carrega dentro de si elementos
resultantes desse embate. A síntese, então, torna-se uma nova tese, que contrasta com
uma nova antítese gerando uma nova síntese, em um processo em cadeia infinito.

Tipos genéricos de investigações são formas de concretizar as


linhas metodológicas.

Tipo histórico-jurídico – analisa a evolução de determinado instituto jurídico pela


compatibilização de espaço/tempo. É um trabalho de busca de origens, de causa e efeito
e de sucessividade dos fatos. É bom evitar abordar o fenômeno histórico de forma linear
e simplória.

Tipo jurídico-exploratório – é uma abordagem preliminar de um problema jurídico.


Ressalta características, percepções e descrições sem se preocupar com suas raízes
explicativas. Tem por objetivo formar um banco de dados ou cumprir uma fase
metodológica de determinada investigação.

Tipo jurídico-comparativo – identifica similitudes e diferenças de normas e


instituições em dois ou mais sistemas jurídicos. Pode-se também realizar investigações
comparativas dentro de um mesmo sistema jurídico.

Tipo jurídico-interpretativo – utiliza-se do procedimento analítico de decomposição


de um problema jurídico em seus diversos aspectos, relações e níveis.

Tipo jurídico-prospectivo – parte de premissas e condições vigentes para detectar


tendências futuras de determinado instituto jurídico ou de determinado campo
normativo específico. Requer muita habilidade na correlação de dados objetivos
transdisciplinares para a montagem de cenários atuais e futuros. Sem isso, esse tipo
pode dar margem a futurologias vazias.

Fonte: GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa. DIAS, Maria Tereza Fonseca. Repensando
a pesquisa jurídica. Belo Horizonte: Del Rey, 2002, 237 p.
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ESTRUTURA DO TCC

1- Folha de rosto
2- Resumo (opcional)
3- Sumário
4- Definição do tema/problema
5- Hipótese
6- Justificativa
7- Objetivos – geral e específicos
8- Metodologia – marco teórico, pressupostos conceituais, setor do conhecimento e
método
9- Fases da pesquisa
10- Cronograma físico
11- Bibliografia preliminar

MODELO DE PROJETO DE TCC


(o projeto não segue exatamente a ordem acima, mas contempla os tópicos
principais)

1 TEMA PROBLEMA:

A compreensão dos direitos humanos, frente ao contexto sócio-cultural

brasileiro, tem-se mostrado insuficiente, no que tange à segurança de direitos

coletivos de grupos étnicos minoritários, que envolva o seu reconhecimento

enquanto participantes da construção de espaços políticos de

autodeterminação.

A conceituação dos direitos humanos e sua implementação têm feito

prevalecer representações e significações produzidas por grupos sociais

dominantes, gerando a prevalência de discursos normativos reprodutores das

relações de opressão que marcam a sociedade.

Como viabilizar a efetividade dos direitos humanos, considerando a

necessidade de reformulação do sentido deles, a partir das experiências de


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resistência, construção identitária e emancipação das chamadas comunidades

quilombolas?

2 PRESSUPOSTOS CONCEITUAIS:

O presente estudo traz como proposta uma forma de conceituação dos

direitos humanos a partir da crítica desenvolvida por Boaventura de Sousa

Santos, segundo a qual estes são dotados de uma aparente universalidade,

produzida pela homogeneização cultural resultante da prevalência dos

processos de regulação na atualidade.

Parte-se da premissa de que o conceito de direitos humanos deve,

então, ser tratado por um viés contrário à universalidade e que, por outro lado,

não pode ficar preso ao relativismo, o que inviabilizaria a investigação sobre a

matéria.

O ponto de partida é a constatação da relatividade de todas as culturas

no que tange à elaboração do que é a natureza humana e da forma como esta

manifesta sua dignidade. Deste modo, entende-se que os direitos humanos são

projetos interculturais, organizados a partir do diálogo de referências sobre a

dignidade humana, realizado entre culturas reciprocamente relacionadas,


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conscientes de sua incompletude.

Importante esclarecer também o conceito de cultura a ser trabalhado,

formulado pelo mesmo autor é “um conceito estratégico central para a definição

de identidades e de alteridades no mundo contemporâneo, um recurso para a

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As premissas para uma abordagem que Boaventura de Sousa Santos chama contra-
hegemônica dos direitos humanos são detalhadas por ele como condições para o
reconhecimento das diferenças, o que origina uma política emancipatória de direitos humanos.
Veja em SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma nova cultura
política.(Coleção para um novo senso comum; v.4) São Paulo: Cortez, 2006. p. 446.
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afirmação da diferença e da exigência do seu reconhecimento e um campo de

lutas e contradições”. 2

Ao mesmo tempo, tem-se a identidade como “uma pausa transitória num

processo de identificação”. 3 A trajetória histórica de um grupo social demarca a

sua cultura em processos contínuos e múltiplos de identificação. Na medida em

que sujeitos de um grupo passam a recriar suas consciências de si e do outro,

a partir da desconstrução das referências impostas como cultura nacional,

cujos traços revelam a cristalização das relações de opressão, tem-se um

processo de formação identitária que é emancipatório, pois permite a

reformulação das relações políticas e sociais, baseada na solidariedade e na

organização dos sujeitos.

A emancipação é concebida como um dos pilares do paradigma da

modernidade, contraposto à regulação. Segundo Santos, em razão da

absorção da emancipação pela regulação, decorrente do predomínio da

instrumentalização da ciência e das relações sociais, promovida pelo

capitalismo, há que se resgatarem elementos pouco explorados para a

estruturação de novas formas de vida, como o princípio da comunidade, que

rege relações entre sujeitos reciprocamente considerados, pautado pelas


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dimensões da participação e da solidariedade.

Por fim, ressalta-se que a definição de comunidade quilombola refere-se

ao conceito de remanescente de quilombo, definido em lei, segundo o qual se

exige a identificação de um agrupamento étnico. A identidade étnica é um

processo dinâmico de auto-identificação, que se estrutura a partir dos mais


2
SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo
multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.p.28.
3
SANTOS(2006). p.300.
4
SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão indolente: contra o desperdício de
experiência. (Coleção para um novo senso comum, v.1). São Paulo: Cortez, 2001. p.78.
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variados fatores, não necessariamente biológicos, determinando “a forma de

organização do grupo, sua relação com os demais grupos e sua ação política.” 5

3 JUSTIFICATIVA:

A evolução conceitual dos direitos humanos demonstra que os padrões

universais de sociabilidade estabelecidos, ao serem determinados em

contextos específicos, refletem concepções de humanidade ocidentais e, por

isso, relativas, e em grande medida, com forte influência liberal e individualista.

A prevalência de certos elementos culturais, representações e

significações determina os parâmetros de igualdade que dão conteúdo aos

direitos de forma desigual e não dialógica, impedindo que grupos oprimidos

possam exercer tais direitos a partir de um discurso próprio.

Assim, os interesses, desejos e utopias que os direitos humanos

carregam somente são realizáveis quando a promoção da igualdade social, o

combate à exclusão e à pobreza se der em contextos emancipatórios, em que

a igualdade não seja uma mera qualificação, mas uma prática de construção

de identidades autônomas, a partir do resgate de conteúdos e valores

marginalizados.

Portanto, a proposta de elaboração de uma concepção intercultural de

direitos humanos surge após a seguinte observação:

A luta pelos direitos humanos e, em geral, pela defesa da dignidade humana


não é um mero exercício intelectual, é uma prática que resulta de uma entrega
moral, afetiva e emocional ancorada na incondicionalidade do conformismo e
da exigência da ação.Tal entrega só é possível a partir de uma identificação
profunda com postulados culturais inscritos na personalidade e nas formas
básicas de socialização 6

5
Informação disponível em: http://www.cpisp.org.br/comunidades/. Acesso em 20 de março de
2008.
6
SANTOS (2006). p. 447.
9

A escolha das comunidades quilombolas como objeto de estudo decorre

dos aspectos que envolvem a origem e a organização desses grupos,

marcadas pela superação da profunda exclusão social, combinada à questão

racial. A reinvenção de um espaço político, em uma comunidade na qual a

cultura negra serve como referência de princípios e valores compartilhados

pelos sujeitos, traz possibilidades para uma prática democrática concreta. A

participação política dá o tom de um sentido de liberdade, diverso do liberal,

fundado na resistência contra o contexto social injusto.

Este é o material para uma compreensão intercultural de direitos

humanos, que amplia o contexto e objeto de aplicação dos mesmos, não mais

restritos aos mecanismos institucionais, pois permeiam as diversas esferas

políticas constituídas para sua efetivação.

4 OBJETIVOS:

4.1Objetivo Geral:

Delimitar os fundamentos teóricos para uma compreensão intercultural

dos direitos humanos a partir do diálogo com tradições e práticas estruturantes

da vida política e cultural de comunidades quilombolas atualmente existentes

em Minas Gerais, as quais podem (re)significar a efetivação de direitos

historicamente negados.

4.2 Objetivos Específicos:


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a) levantar, na literatura jurídica nacional, os aspectos relevantes

relativos ao reconhecimento de comunidades quilombolas, bem como ao

asseguramento de direitos econômicos sociais e culturais;

b) identificar, com base na literatura específica, elementos da história,

organização, práticas das comunidades quilombolas em Minas Gerais, que

estejam implicadas diretamente na emancipação das estruturas políticas,

sociais, culturais e econômicas vigentes;

c) avaliar as perspectivas de ampliação da participação das

comunidades quilombolas no cenário democrático mineiro.

5 HIPÓTESE:

A partir da proposta do professor Boaventura de Sousa Santos de

formulação de uma concepção intercultural dos direitos humanos, capaz de

combinar o combate à desigualdade ao reconhecimento das diferenças, afirma-

se que o histórico de luta e resistência das comunidades quilombolas

brasileiras, cujas práticas e vivências implicam no fortalecimento de seus laços

de solidariedade e organização, oferece elementos para uma abordagem dos

direitos humanos que valorize a emancipação do sujeito para sua efetiva

participação democrática, condição fundamental para que a conceituação e

implementação de direitos não fique limitada a discursos hegemônicos, mas

seja um processo dialógico e intercultural.

Acredita-se que uma análise interpretativa da experiência de tais

comunidades, centrada no estudo sobre a ação dos sujeitos enquanto


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participantes de uma comunidade política e cultural, poderá contribuir para o

reconhecimento de tradições culturais minoritárias não apenas como

manifestações celebratórias, mas como alternativas para a reinvenção de

referências identitárias nos contextos de opressão e resistência da realidade

brasileira, operando a democratização dos espaços discursivos e efetivação

dos direitos humanos.

5.1 Variáveis:

Independente: ampliação da esfera democrática, promovida com a

construção de um discurso emancipatório, na formação política e cultural das

comunidades quilombolas;

Dependente: a efetividade dos direitos humanos no contexto das

comunidades quilombolas;

Indicadores: práticas organizacionais e culturais que integram todos os

habitantes da comunidade; padrões de sociabilidade vigentes nas

comunidades; capacidade de articulação da comunidade para solucionar seus

problemas e ter acesso a bens e direitos.

6 METODOLOGIA:

6.1 Marco teórico:

A pesquisa será realizada tendo como marco teórico principal a tese

proposta pelo professor Boaventura de Sousa Santos, segundo a qual um dos

projetos necessários ao resgate do pilar esquecido da modernidade: a


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emancipação, a partir de um paradigma científico pós-moderno, é a adoção de

uma concepção intercultural dos direitos humanos, capaz de combinar o

combate à desigualdade ao reconhecimento das diferenças.

6.2 Áreas de atuação:

Será um estudo situado no campo da Sociologia Jurídica, porém,

interdisciplinar. A investigação seguirá a vertente jurídico-sociológica,

combinando estudos de disciplinas da Ciência Jurídica, Sociologia e Ciência

Política, prioritariamente.

6.3 Procedimentos metodológicos:

A pesquisa, de caráter teórico e de campo, terá como procedimentos a

coleta e análise de documentos, relatórios, artigos, legislações e outras fontes

de informação definidas ao longo da pesquisa. O objeto de estudo será limitado

às informações pertinentes às comunidades quilombolas situadas no estado de

Minas Gerais, onde serão obtidos os dados.

As técnicas utilizadas prioritariamente serão a análise de conteúdo e o

estudo de um caso advindo de processo jurisdicional em que a exigência de

respeito à identidade quilombola e aos direitos foram o núcleo temático da

demanda.

7 FASES DA PESQUISA:
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Fase 1- Conhecimento do objeto de estudo e redefinição da investigação:

 Levantamento bibliográfico;

 Reelaboração e detalhamento do plano de pesquisa.

Fase 2- Qualificação do marco teórico:

 Organização dos dados bibliográficos coletados;

 Aprofundamento do marco teórico.

Fase 3- Investigação e análise de dados:

 Levantamento de dados;

 Exame e síntese dos dados.

Fase 4- Elaboração do monografia:

 Discussão com a orientadora;

 Redação do texto.

8 CRONOGRAMA FÍSICO

FASES 1º mês 2º mês 3º mês 4º mês


Conhecimento do objeto
de estudo e redefinição
da investigação.
Qualificação do marco
teórico.
Investigação e análise
de dados.
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Elaboração da
monografia.

9 BIBLIOGRAFIA PRELIMINAR E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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Horizonte: [s.n.], 1972.

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1997.
15

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redistribuição. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 29, n. 59, p. 81-96, out.

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http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/i_oque.html.Acesso em 20 de março

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Companhia das Letras, 1995.

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desperdício de experiência. (Coleção para um novo senso comum; v.1) São

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política. (Coleção para um novo senso comum; v.4) São Paulo: Cortez, 2006.

__________________________. Reconhecer para libertar: os caminhos do

cosmopolitismo multicultural. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 2003.

__________________________. Pela mão de Alice:o social e o político na

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