Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
O USO DA ENERGIA
CURITIBA
2018
ELIAS ELI BIERNASKI
GABRIEL CAMARGO BARCHIK
MATHEUS SKORUPSKI DE SANTANA
O USO DA ENERGIA
CURITIBA
2018
RESUMO
BIERNASKI, Elias
BARCHIK, Gabriel
SANTANA, Matheus
. O Uso da Energia. 2018. 44 f. Trabalho de pesquisa acadêmico – Bacharelado em Engenharia,
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2018.
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contı́nua
CFC Clorofluorocarboneto
GE General Eletric
HCFC Clorodifluorometano
MG Minas Gerais
PD Pesquisa e Desenvolvimento
PR Paraná
REN21 Renewable Energy Policy Network for the 21st Century, em português, ”Rede
de Polı́ticas de Energia Renovável para o século XXI”
RJ Rio de Janeiro
SC Santa Catarina
SP São Paulo
% Por cento
o
C Grau(s) Celsius
m2 Metro(s) quadrado(s)
cm Centı́metro(s)
km Quilometro(s)
kV Quilovolt(s)
MW Megawatt(s)
GW Gigawatt(s)
Hz Hertz
KWh Quilowatt(s)-hora
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
3 – PANORAMA NACIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.1 Usos da Energia no paı́s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.1.1 Um Breve Histórico da Energia no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.1.2 Transmissão e Distribuicão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.1.2.1 Transmissão DC no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2 Regulamentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4 – PANORAMA REGIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5 – CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
6 – REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Anexos 43
1 INTRODUÇÃO
A energia está presente nos lugares e nas coisas, podendo apresentar-se nas mais
diversas formas, como energia potencial, cinética, gravitacional, elástica, mecânica, elétrica,
hidráulica, entre tantas outras. É a energia que move o mundo, que faz com que tudo poça
acontecer para que possamos viver, sobreviver e prosperar, tendo mais conforto e comodidade.
Antoine Lavoisier afirmou que “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se
transforma” e é isso que torna a energia tão importante para o ser humano, pois a partir do
momento em que o homem aprendeu a utilizar a energia para realizar tarefas e descobriu que
um tipo de energia pode transformar-se em outro e que isso torna a evolução tecnológica e do
ser mais rápida, o mundo não parou de passar por constantes transformações, tanto positivas
quanto negativas, não só para os seres humanas, mas para todo o conjunto natural que abrange
os ecossistemas, faunas, flores e nichos ecológicos.
O processo de utilização das energias sempre foi contı́nuo e sempre buscou, por parte
das comunidades, um auxı́lio na realização de trabalhos. A utilização desenfreada de fontes de
energia, que são necessárias para a geração da energia, podem ser separadas em dois grandes
grupos, sendo nomeados como fontes de energia limpas e fontes de energia não limpas ou sujas.
A primeira refere-se a fontes naturais de energia que não agridem o meio ambiente e nem a
saúde do homem, quando utilizadas para a geração de um determinado tipo de energia. Já
a segunda tem compostos e caracterı́sticas que provocam a degradação ambiental, natural e
humana, no processo de sua utilização.
Outro fator importante de ser apresentado com relação as fontes de energia, é que
podemos caracterizá-las em mais dois grupos, que são as renováveis e não renováveis. As fontes
renováveis de energia são aquelas infindáveis, que podem ser utilizadas na quantidade desejada
ao longo do tempo, pois sempre haverá reposição, já as não renováveis, são fontes finitas de
energia, que se utilizadas por longos perı́odos e inconscientemente, acabarão.
Por conta da existência desses grupos de fontes, limpas, sujas, renováveis e não
renováveis é que se passou a estudar e aplicar novas formas de geração de energia, novas fontes
de energia, visando uma compensação econômica, social e ambiental, que sejam benéficas para
toda uma comunidade. Para isso, é necessário conhecer a história da utilização da energia, de
que forma se deu a utilização, quais são as consequências que sua utilização causou e vem
causando ao longo dos tempos, qual é o panorama e quais são suas projeções para o futuro,
tanto a nı́vel mundial, como a nı́vel nacional e regional.
Objetivos gerais:
Capı́tulo 1. INTRODUÇÃO 2
1. Definição de energia;
2. Histórico da utilização no mundo;
3. Análise a nı́vel nacional e regional em relação a energia solar fotovoltaica.
O conceito de energia é, sem dúvida, uma importante discussão filosófica e cientı́fica.
Energia, em grego, significa “trabalho” (do grego enérgeia e do latim energia) e, inicialmente,
foi usado para se referir a muitos dos fenômenos explicados através dos termos: “vis viva” (ou
“força viva”) e “calórico” (BUCUSSI, 2006).
Em fı́sica, uma das possı́veis definições de energia seria como uma a capacidade de
se produzir trabalho, ou ainda, uma propriedade quantitativa, que se transfere, dentro de um
mesmo sistema, de um corpo a outro deste sistema, produzindo efeitos que também geram e
consomem energia - tais como trabalho, vibração e calor; A Segunda Lei da Termodinâmica
impõe limitações para esta capacidade de transferência energética de um sistema, visto que
- conforme citado - a própria tranferência de energia ”consome” energia, confome é melhor
descrito por LEHRMAN (1973).
Mas esta retrodefinição de energia pode ser vaga, uma vez que não gera muitas
conclusões acerca do tema; todavia, é possı́vel compreender energia, desta forma, como uma
propriedade fı́sica de um sistema, que mede sua capacidade de se alterar, ou alterar sistemas
(neste âmbito, não se fala em sistemas isolados) adjacentes à ele - segundo HENRIQUE (1996),
”O conceito de energia emergiu na ciência para dar conta de ’algo’ que ao se transformar
se conserva. A compreensão da transformação foi fundamental para o estabelecimento da
conservação da energia e, portanto, para a emergência do conceito”(p.29).
• Elétrica: energia potencial gerada por causa campos elétricos ou inclusive armazenada
nestes campos, sendo causada pela interação eletrofraca (REITZ et al,1982)
• Magnética: energia similar à elétrica, mas acumulada ou gerada pelos campos magnéti-
cos, também causada pela interação eletrofraca (REITZ et al,1982)
• Gravitacional: energia potencial acumulada em um campo gravitacional, ou causada
por ele (NUSSENZVEIG, 1981)
• Quı́mica energia potencial devido à geometria e carga presentes nas ligações quı́micas
(ATKINS, JONES, 2001)
• Nuclear: energia potencial que mantém ligadas as partı́culas fundamentais presentes no
núcleo dos átomos (núcleons), correspondente às reações nucleares, sendo gerada pela
força eletrofraca e pela força nuclear, ou força nuclear forte (REITZ et al,1982)
• Ionização: é a energia potencial necessária para manter ou retirar um elétron da camada
de valência de um átomo (ATKINS, JONES, 2001)
• Cromodinâmica (ou Energia de Ligação Cromodinâmica Quântica): energia pre-
sente nos glúons, que mantém os quarks unidos, causado pela força nuclear forte (LERNER,
1997)
• Elástica: energia potencial armazenada em materiais para se restituirem após uma
deformação (NUSSENZVEIG, 1981)
• Térmica: energia cinética das partı́culas de um sistema mecânico que se caracterizam
pela variação de temperatura (NUSSENZVEIG, 1981)
• Repouso: energia potencial/nuclear devido à massa de repouso - parte da massa de um
sistema ou objeto que não depende das variações de movimento, ou seja, que é igual
independente do referencial defido às transformações de Lorentz (LERNER, 1997)
Segundo a CPFL Energia, desde a Pré-História, o homem tem usado a inteligência para
criar mecanismos que reduzam o esforço e aumentem seu conforto. Dominando a técnica do
fogo, melhorou sua alimentação, iluminação e segurança. Inventou a roda e outros mecanismos
que multiplicaram sua força fı́sica e facilitaram o transporte. Descobriu e buscou uma maneira
de usar a força das águas e dos ventos, domesticou animais, usando a força de cavalos e
bois para o trabalho. Para Bisquolo a energia é algo com que convivemos constantemente,
mantemo-nos vivos, requer alimentar-se e extrair energia destes. Historicamente, o homem se
encontra em uma busca constante por formas de energia. A queda das águas para gerar energia
elétrica, a queima de combustı́veis para a geração de movimento e mais um enorme número
de exemplos. Desses todos, é importante observar que em nenhum deles ocorreu criação de
energia, mas sim a sua transformação. Um caso clássico que pode ser citado é o de uma usina
hidrelétrica, onde ocorre a transformação da energia mecânica em energia elétrica.
A Revolução Industrial, conforme definido por Adolphe Blanqui em 1837 em la
révolution industrielle (embora a primeira vez que esta nomenclatura tenha sido aplicada tenha
Capı́tulo 2. ESTADO DA ARTE E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 5
sido por Louis-Guillaume Otto em 1799, conforme explica CROUZET(1996)) diz respeito à
transição para novos processos manufatureiros, ocorridos entre a década de 1760 e a primeira
metade do século XIX, que incluiu a alteração de uma forma de produção manual (através
de manufaturas de artesanato) a, - em um primeiro momento - a utilização de máquinas
automatizadas a vapor, usando o carvão mineral como fonte de energia motriz (i.e., usada
para movimentação de um corpo). Antes disso, a pouco se entendia a respeito da conversão de
energia - a menos, não em questão de aplicações cotidinas -, e pouquı́ssimos eram os recursos
energéticos utilizados, mas o advento da máquina a vapor, inicialmente em bombas d’água e
depois em navios, locomotivas e outros, foi o pontapé inicial para o crescente desenvolvimento
industrial e tecnológico e a pesquisa acerca de novas formas de converter e utilizar a energia:
“[...] a verdadeira revolução na área foi a criação de Thomas Newcomen em 1712, do chamado
”motor de Newcomen”, que foi o primeiro tipo de motor a vapor a ser amplamente usado. ”
(SANTIAGO, 2012).
O estudo do eletromagnetismo inicia-se rudimentarmente no século VI A.E.C. através
das observações acerca da eletricidade estática feitas pelo filósofo grego Tales de Mileto, que
notou que esfregando/friccionando o pêlo de animais em diversos materiais - principalmente
âmbar - causava a atração mútua entre as duas substâncias utilizadas na experimentação.
Inclusive, quando havia fricção por tempo suficiente, o âmbar não apenas era capaz de
”levantar”objetos pequenos, mas ainda de fazer que houvesse a liberação de uma faı́sca entre
os dois objetos. Em 1936, pesquisas arqueológicas em um sı́tio na na vila de Khujut Rabu
(cidade próxima a Bagdá) encontraram uma série de artefatos datados do século III A.E.C.
que se assemelham (estetica e funcionalmente) a células eletroquı́micas (i.e. um dispositivo
que gera eletricidade a partir de uma reação quı́mica, e.g. pilhas/baterias) consistituı́da de um
pequeno vaso de argila no qual reside um tubo de chapa de cobre, com diâmetro aproximado
de 2,5 cm por 10 cm de comprimento, em que sua base é selada por um disco de cobre e de
seu interior projeta-se uma barra de ferro, aparentemente corroı́da por ácido, com uma tampa
de betume. Segundo DOWNS (2000) e MEYERHOFF (1999), as células ainda têm sua função
sem confirmação arqueológica da real função destas células, mas é provavel que fossem usadas
para eletrodeposição de uma camada de ouro sobre uma camada de prata; fotografias de um
exemplar deste artefato arqueológico podem ser vistas (inclusive em operação) nas figuras 1 e
2. Todavia, de acordo com KIRBY (1990), a criação da primeira célula galvânica é creditada a
Alessandro Volta no ano de 1799 - era constituı́da de uma junção de Zinco de Cobre, de forma
que o potencial eletrostático destes dois materiais era diferente, e a diferença de potencial a
esta junção associada fazia que energia ficasse acumulada na forma de potencial elétrico; a
pilha voltáica desenvolvida por Volta em 1800, conforme o nome sugere, era uma pilha de
células menores de Zinco e Cobre ligadas por um eletrólito (vide figura 3) -, tendo se baseado
nos experimentos relacionados à bioeletricidade e biopotenciais (estes termos não existiam
na época) feitos por Luigi Galvani, que demonstrou que a eletricidade é o meio pelo qual as
terminações e células nervosas passam os sinais para os músculos (um circuito composto de
Capı́tulo 2. ESTADO DA ARTE E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 6
dois metais e a perna de uma rã era capaz de gerar uma resposta impulsiva na perna desta rã
através de uma descarga elétrica causada pela diferença de potencial entre estes dois metais;
Volta demonstrou em 1974 que quando dois metais estão separados por um pano ou papelão
embebido em solução salina, há condução de corrente elétrica, ou seja transferência de elétrons,
entre estes dois metais) (GUARNIERI, 2014 e KIRBY, 1990).
A invenção da pilha voltáica foi muito importante para que pudesse ser armazenada
energia elétrica, mas as máquinas eleétricas até o século XIX ainda eram muito rudimentares,
e baseados na descarga contı́nua de elétrons, até que em 1819, o fı́sico Hans Christian Ørsted
descobriu um efeito defletor de uma corrente elétrica que atravessa um fio sobre uma agulha
suspensa que está magnetizada (MAVER, 1918). Esta descoberta foi muito importante, pois
indicava uma relação ı́ntima entre eletricidade e magnetismo, que foi comprovada dois anos
depois por Ampère, em Exposé des nouvelles découvertes sur l’électricité et le magneétisme
(Apresentação sobre as novas descobertas sobre eletricidade e magnetismo). Graças às descober-
tas de Ampère de posteriormente de Faraday, foi possı́vel que nos próximos anos fossem criadas
máquinas de corrente alternada, que permitiu a eletrificação das fábricas e maquinofatura em
geral no começo do século XIX, tornando viáveis as linhas de produção como as entendemos
hoje, abandonando a máquina a vapor para tal finalidade.(ENGELMAN, 2015).
Capı́tulo 2. ESTADO DA ARTE E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 8
Fonte: def.fe.up.pt/eletricidade/corrente
Até meados do século XIX, a Revolução Industrial já havia se expandido na Europa
ocidental e chego em parte da América, a máquina a vapor e a criação da maquinofatura haviam
gerado novas formas de uso de matérias primas e de energia (que concentrava-se antes no uso
da água, dos ventos, etc como forma de mover moinhos e outras máquinas de conversão de
momento), fazendo que assim houvesse uma mudança extremamente rápida na forma de vida
da sociedade ocidental (MUNTONE, 2011), além de que várias descobertas cientı́ficas acerca do
uso da energia haviam sido feitas, de forma que iniciou-se uma nova fase de inovações, processos
e grande industrilização não apenas no restante da Europa, mas também na Ásia, que ficou
conhecida como Segunda Revolução Industrial (conceito inicialmente introduzido por GEDDES,
em 1915 no artigo Cities in evolution: an introduction to the town planning movement and to
the study of civics) ou Revolução Tecnológica (HULL, 1999 e MUNTONE, 2011), que inicia-se
na segunda metade do século XIX e durou até a Grande Guerra (há divergências acerca das
datas onde de fato é o inı́cio e fim da Segunda Revolução Industrial, mas normalmente a data é
dada entre 1850 e 1880 seu inı́cio e seu fim em 1914 (MOKYR, 1998)). A Segunda Revolução
Industrial foi marcada pelo uso de novas tecnologias, especialmente a indústria quı́mica, a
indústria do aço (principalmente fomentada pelo processo de Bessemer - processo industrial de
baixo custo para produção de Aço, criado por Henry Bessemer e patenteado em 1856) - que
permitiu a construção de linhas férreas para a aceleração do transporte, gargalo existente na
Capı́tulo 2. ESTADO DA ARTE E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 9
qual a água sai após ter movimentado as turbinas - entende-se por turninas, as
estruturas rotativas que possuem pás a serem movimentadas pela força d’água, e
que está acoplada ao eito de um gerador eletromecânico.
Uma forma, menos convencional de hidrelétrica são as Run-Of-River, Curso do Rio,
ou ROR, onde os geradores são instalados em cursos de rios ou córregos, aproveitando
a própria correnteza dos mesmos, sem necessitar da inundação necessária para
construção da hidrelétrica convencional; todavia, como não há o armazenamento
de energia potencial, através do controle do vertedouro e da própria barragem,
Construtivamente, este tipo de usina não é capaz de gerar o mesmo nı́vel de
potência que uma usina convencional é capaz de gerar. É considerado a solução
ideal para rios e córregos que já possuam um fluxo de água grande, para que não
haja a necessidade de inundação (RAGHUNATH, 2009). No final do século XIX,
a energia Hidráulica se tornou uma forma de gerar eletricidade, e começaram a
ser produzidas as primeiras uzinas hidrelétricas. Hoje, constituem 70% da energia
renovável produzida no mundo 16,6% da energia elétrica de toda a energia produzida
no mundo, com expectativa de aumento em 3,1%/ano, segundo dados do GSR2016
(Global Status Report) da REN21 (Renewable Energy Policy Network for the 21st
Century )
A primeira planta de uma hidrelétrica foi desenvolvida por William Armstrong em
1878, e foi usada para energizar uma única lâmpada na casa de campo de Gragside,
na Inglaterra - dados da Association for Industrial Archaeology, Associação de
Arqueologia Industrial, de 1987 -, mas apenas em 1878 a primeira hidrelétrica foi
construı́da junto às Cataratas do Niágara (é importante ressaltar que a usina lá
instalada nesse momento, não é a mesma que hoje está em produção) tendo suas
atividades iniciadas em 1881 (BLALOCK, WOODWORTH, 2008).
No mesmo perı́odo - mais especificamente no ano de 1889, o Brasil construiu
sua primeira hidrelétrica, no municı́pio de Diamantina (Minas Gerais), utilizando
as águas do Ribeirão do Inferno, afluente do rio Jequitinhonha. Essa hidrelétrica
possuı́a 0,5 megawatts (MW) de potência e linha de transmissão de dois quilômetros
de extensão.
Os impactos ambientais ocasionados pela construção de hidrelétricas e PCH’s são
enormes e afetam toda a biodiversidade e a vida da população que vive na região
onde são instalados tais empreendimentos. Mas, um aspecto que é modificado com
a construção de hidrelétricas é a variação climática decorrente da formação de lago
artificial, muito comum após a conclusão da obra (CRUZ et al., 2006).
b) Energia Maremotriz: É a energia gerada através da movimentação das marés. Nos
oceanos, existem desnı́veis no solo abaixo da água. Com a instalação de barragens
e um sistema de geradores é possı́vel gerar energia elétrica, pois como a maré sobe
em determinadas horas do dia, a água é represada durante esse perı́odo em um
Capı́tulo 2. ESTADO DA ARTE E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 11
aciona bombas hidráulicas, que fazem com que a água doce contida em um circuito
fechado, no qual não há troca de lı́quido com o ambiente, circule em um local de
alta pressão. Essa água que sofre grande pressão vai para um acumulador, que tem
água e ar comprimidos em uma câmara hiperbárica.
As ondas são causadas pelo sopro do vento na superfı́cie do oceano, assim como
pelo movimento das marés. Em alguns locais do mundo, o vento sopra de maneira
constante, havendo a presença de ondas na maior parte do ano. Isso representa um
potencial energético gigantesco. Com a aparelhagem correta para converter esta
energia cinética em eletricidade, pode-se obter uma fonte limpa de energia.
No que diz respeito aos nı́veis de emissão de carbono e outros gases nocivos, seus
impactos são nulos, sendo considerada uma energia limpa. Para que siga funci-
onando, não é necessária a extração de recursos naturais, isso faz deste tipo de
tecnologia, uma opção totalmente renovável.
O custo elevado e os esforços de desenvolvimento tecnológico ainda são incipientes,
havendo dificuldade de aplicação em larga escala. Isso torna a barreira de desenvol-
vimento inicial ainda distante.
Adicionalmente, um local com uma planta energética destas instalada, inutiliza a
área. Isso significa que em uma região onde aproveita-se energia das ondas, não
se pode explorar a pesca, por exemplo. Portanto, embora os impactos ambientais
sejam pequenos, os impactos socioeconômicos são significativos.
Localizada no quebra-mar do Porto de Pecém, a 60km de Fortaleza, a usina de
ondas é a primeira na América Latina responsável pela geração de energia elétrica
por meio do movimento das ondas do mar. Abaixo, na figura 5, um exemplo de
uma usina de geração de energia através das ondas.
Fonte: portaldaenergia.com/energia-das-ondas
que contem pás rotatórias, parecidas com as utilizadas para a geração de energia
eólica, que fazem o movimento de giro, o qual gera energia cinética, que é convertida
em elétrica.
Assim como as outras energias apresentadas, em que a fonte é o mar (marémotriz
e das ondas), não há agressão ao meio ambiente pela liberação de gases tóxicos,
ou contaminações, por isso é considerada uma fonte de energia limpa, mas como já
foi ressaltado, esse tipo de utilização gera impactos ambientais nos ecossistemas
marinhos, assim como problemas socioeconômicos (caso haja comunidades nos
locais de instalação) com a proibição da pesca. Abaixo, na figura 6, um exemplo de
uma usina maremotriz.
Fonte: www.marineturbines.com/SeaGen-Products
energia gerada e consumida na ilha. Isso economizava 70 mil litros de óleo diesel por ano.
Em fevereiro de 2017, o Brasil atingiu 10,8 GW de energia eólica em operação, repre-
sentando 7,1% da matriz elétrica brasileira, atingindo o 9o lugar na geração eólica no
mundo.
Com os parques atualmente em construção, estima-se que até 2020 o paı́s terá aproxima-
damente 600 parques eólicos em operação. Esses parques terão capacidade instalada de
17,9 GW, e representarão em torno de 10% de toda a energia produzida no Brasil.
O crescimento da fonte eólica no Brasil tem sido expressivo, mas se analisarmos seu
potencial, ainda temos muito a explorar. Segundo estudos da Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL), o Brasil tem potencial de 300 GW de geração eólica, o que corresponde
a 2,2 vezes a matriz elétrica brasileira.
Abaixo, na figura 7, um exemplo de uma usina eólica.
de calor (HRSG, Heat Recovery Steam Generator), o vapor é usado para conduzir uma
turbina a vapor em um ciclo combinado planta que melhora a eficiência geral. As usinas
que queimam carvão, óleo combustı́vel ou gás natural são frequentemente chamadas
de usinas de combustı́vel fóssil. Algumas usinas térmicas movidas a biomassa também
apareceram nessa classificação. Usinas térmicas não-nucleares, particularmente usinas
movidas a combustı́veis fósseis, que não usam cogeração (processo de produção e uti-
lização combinada de calor e electricidade, proporcionando o aproveitamento de mais
de 70% da energia térmica proveniente dos combustı́veis utilizados nesse processo - As
usinas de cogeração, frequentemente chamadas de instalações combinadas de calor e
energia (CH & P, Combined Heat & Power), produzem tanto energia elétrica quanto
calor para aquecimento de processo ou aquecimento de ambientes, como vapor e água
quente.) são algumas vezes chamadas de usinas termoelétricas convencionais.
As usinas comerciais costumam ser construı́das em larga escala e projetadas para opera-
ção contı́nua. Praticamente todas as usinas de energia elétrica usam geradores elétricos
trifásicos para produzir energia elétrica de corrente alternada (CA) a uma frequência
de 50 Hz ou 60 Hz (No caso do Brasil usa-se somente 60 Hz). Grandes empresas ou
instituições podem ter suas próprias centrais elétricas para fornecer aquecimento ou
eletricidade às suas instalações, especialmente se o vapor for criado de qualquer maneira
para outros fins. Usinas movidas a vapor eram usadas para alimentar a maioria dos
navios na maior parte do século 20 até recentemente. As usinas de energia a vapor são
atualmente usadas apenas em grandes navios navais.
Conforme Robert Hodson Parsons relata em The Early Days of the Power Station Industry,
os primeiros motores movidos à vapor, desenvolvidos desde o século 18, são usados desde
então para produzir energia mecânica, sendo que foram notavelmente melhorados por
James Watt. Quando as primeiras usinas comerciais desenvolvidas foram instaladas em
1882 na estação de Pearl Street em Nova Iorque e no Viaduto Holborn em Londres. O
desenvolvimento de turbinas a vapor em 1884 fez com que fossem desenvolvidas a partir
de então, máquinas elétricas mais eficientes para serem usadas em usinas/centrais de
geração de energia. Em 1905, as turbninas substituı́ram completamente as máquinas a
vapor pistomáticas. Destes, o maior gerador construı́do foi completado em 1901 para
a ferrovia elevada de Mahattan (Manhattan Elevated Railway), onde cada uma das
dezessete unidades pesava cerca de 500 toneladas e gerava 6000 quilowatts - hoje em
dia, uma usina de termoelétrica que utiliza turbinas a vapor que gere o mesma potência
elétrica não pesa mais do que 20% disso (KLEIN, 2009). A topologia convencional de
uma usina termoelétrica movida a carvão pode ser vista na imagem 8 abaixo:
Capı́tulo 2. ESTADO DA ARTE E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 16
Fonte: bit.ly/2KhOIng
Onde:
Capı́tulo 2. ESTADO DA ARTE E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 17
• 1. Torre de resfriamento
• 2. Bomba de água de resfriamento
• 3. Linha de transmissão (trifásica)
• 4. Transformador elevador (trifásico)
• 5. Gerador elétrico (trifásico)
• 6. Turbina a vapor de baixa pressão
• 7. Bomba de condensado
• 8. Condensador de superfı́cie
• 9. Turbina a vapor de pressão intermediária
• 10. Válvula de controle de vapor
• 11. Turbina a vapor de alta pressão
• 12. Desaerador
• 13. Aquecedor de água de alimentação
• 14. Transportador de carvão
• 15. Tremonha de carvão
• 16. Pulverizador de carvão
• 17. Tambor de vapor da caldeira
• 18. Tremonha de cinzas
• 19. Superaquecedor
• 20. Ventilador de tiragem forçada
• 21. Reaquecedor
• 22. Entrada de ar de combustão
• 23. Economizador
• 24. Pré-aquecedor de ar
• 25. Precipitador
• 26. Ventilador de tiragem induzida
• 27. Pilha de gás de combustão
A imagem original, em formato vetorial (svg) pode ser encontrada no link nos anexos.
4. Energia Geotérmica: Segundo o Portal Energia a energia geotérmica é o aproveita-
mento direto de fluidos geotérmicos em centrais a altas temperaturas (maiores que
150 o C), para movimentar uma turbina e produzir energia eléctrica. Energia térmica
conseguida através da perfuração de poços de modo a alcançar os reservatórios, trazendo
para a superfı́cie o vapor da água quente de alta pressão, dirigindo o vapor e água quente
a unidades distintas nas turbinas das centrais geotérmicas, a agua é injetada de volta ao
reservatório onde é reaquecido, preservando o equilı́brio e a sustentabilidade do recurso.
As vantagens são nı́tidas: menor poluição ocupa pouco espaço, funciona 24h/dia. Baixo
custo administrativo, energia praticamente inesgotável. Em suas desvantagens esta o
custo inicial elevado, e os anti-gelificantes usados nas zonas mais frias podem conter
Capı́tulo 2. ESTADO DA ARTE E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 18
5. Geração Fotovoltáica: A utilização desse tipo de energia tem se tornado cada vez
mais frequente, não só considerando as energias limpas e renováveis, mas também entre
todos os tipos de geração de energia elétrica. No passado seus custos de instalação e
manutenção encontravam-se muito elevados, sendo muitas vezes preterida em relação aos
outros tipos. Com o passar do tempo as vantagens econômicas da energia solar passaram
a ter muito valor não só por grandes empresas, mas também na média e pequena geração
residencial para consumo próprio.
Basicamente, a geração de energia solar consiste na instalação de painéis fotovoltaicos,
que em sua maioria são constituı́dos por silı́cio. A instalação dos painéis deve ser feita com
a intenção de obter o maior rendimento possı́vel. Para isso é necessário instalá-lo com
determina inclinação, de forma que a incidência dos raios solares seja a máxima possı́vel.
Por isso que em cada lugar a inclinação dos painéis deve coincidir com a latitude do local,
havendo uma incidência perpendicular. Através do efeito fotoelétrico, há uma energia dos
fótons quando ocorre o choque com os elétrons livres da célula fotovoltáica, essa energia
é então convertida em energia elétrica. Outro fator interessante na geração de energia
solar é que além da incidência dos raios solares e a inclinação dos painéis, a temperatura
do ambiente também é fundamental para um maior rendimento, sendo inversamente
proporcional a temperatura ao rendimento, ou seja, quanto menor a temperatura, maior
o rendimento, para uma mesma intensidade luminosa.
Segundo o Atlas Brasileiro de Energia Solar, que inclusive foi produzido com a participação
de um professor da UTFPR (Gerson Máximo Tiepolo), temos a imagem a seguir, que
ilustra as áreas de maior irradiação solar diária no território brasileiro:
Capı́tulo 2. ESTADO DA ARTE E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 19
Fonte: CBGA
Enquanto essa outra imagem ilustra a irradiação no território brasileiro durante o ano
todo em comparação com a Alemanha (imagem disponı́vel no Congresso Brasileiro de
Gestão Ambiental, 2013):
Fonte: CBGA
Capı́tulo 2. ESTADO DA ARTE E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 20
É possı́vel notar que o litoral paranaense é o que possui a menor incidência no território
nacional, entre 1642 e 1715 KW h/m2 /ano. O curioso disso é que o pais que mais
produz e utiliza a energia solar, no mundo, é a Alemanha, porém a maior incidência de
irradiação em todo o território alemão é de aproximadamente 1300 KW h/m2 /ano, ou
seja, o Brasil tem uma incidência solar muito maior do que o paı́s que mais gera esse
tipo de energia. O litoral paranaense possui a menor incidência média durante o ano,
mas especificamente nos meses de Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março, a
região Sul, incluindo o litoral paranaense, possui a sua máxima incidência, sendo uma
das maiores do Brasil nesse perı́odo.
É por isso que a utilização da energia solar no Brasil, que é utilizada em baixı́ssima
escala, deve ser bem melhor aproveitado. As regiões do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste
possuem um potencial para esse tipo de geração de energia enorme.
O Brasil é privilegiado pela abundante radiação solar, onde o sol aparece em média 280
dias por ano, além de ser detentor de uma das maiores reservas de silı́cio no mundo,
material utilizado na fabricação de painéis solares. No entanto, ainda carece de indústrias
nacionais para a produção desses sistemas.
O paı́s possui muito potencial para a geração de energia através da incidência solar tanto
para abastecer residências (produção de pequeno porte, micro industrias, produção e
consumo próprio), quanto para geração de grande porte, grandes redes de distribuição
pelo território nacional, sendo uma alternativa de energia limpa e renovável.
Para a geração de grande porte é necessário investimentos elevados, por conta da alta
tecnologia necessária para um aproveitamento máximo da luz do sol. É possı́vel encon-
trarmos painéis solares que são capazes de seguir a incidência máxima da luz do sol
durante um dia, possuidores de sistemas de seguimento solar de um eixo (Leste-Oeste),
assim como os sistemas seguidores de dois eixos, que são mais caros que o primeiro, mas
que movem-se no sentido Leste-Oeste e Norte-Sul, capazes de obter a maior incidência
solar possı́vel, durante o dia e durante todas as estações do ano.
21
3 PANORAMA NACIONAL
Fonte: BIG
Fonte: BIG
Fonte: BIG
Fonte: BIG
Capı́tulo 3. PANORAMA NACIONAL 24
Fonte: BIG
Fonte: BIG
Capı́tulo 3. PANORAMA NACIONAL 25
Fonte: BIG
Fonte: BIG
Capı́tulo 3. PANORAMA NACIONAL 26
Onde:
• CGH Central Geradora Hidrelétrica
• CGU Central Geradora Undi-elétrica
• EOL Central Geradora Eólica
• PCH Pequena Central Hidrelétrica
• UFV Central Geradora Solar Fotovoltaica
• UHE Usina Hidrelétrica
• UTE Usina Termelétrica
• UTN Usina Termonuclear
1881 A Diretoria Geral dos Telégrafos instalou, na cidade do Rio de Janeiro, a primeira
iluminação externa pública do paı́s em trecho da atual Praça da República.
1883 Entrou em operação a primeira usina hidrelétrica no paı́s, localizada no Ribeirão do
Inferno, afluente do rio Jequitinhonha, na cidade de Diamantina. D. Pedro II inaugurou
na cidade de Campos, o primeiro serviço público municipal de iluminação elétrica do
Brasil e da América do Sul.
1889 Entrou em operação a primeira hidrelétrica de maior porte do Brasil, Marmelos-Zero da
Companhia Mineira de Eletricidade, pertencente ao industrial Bernardo Mascarenhas, em
Juiz de Fora – MG.
1892 Inaugurada, no Rio de Janeiro, pela Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico, a
primeira linha de bondes elétricos instalados em caráter permanente do paı́s.
Capı́tulo 3. PANORAMA NACIONAL 27
1956 Foi criada para administrar o programa energético do estado do Espı́rito Santo, a Escelsa,
empresa posteriormente federalizada e que passou a fazer parte do Grupo Eletrobrás.
1957 Criada a Central Elétrica de Furnas S.A., com o objetivo expresso de aproveitar o
potencial hidrelétrico do rio Grande para solucionar a crise de energia na Região Sudeste.
1960 Como desdobramento da polı́tica desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubitschek,
conhecida como Plano de Metas, foi criado o Ministério das Minas e Energia – MME.
1961 Durante a presidência de Jânio Quadros foi criada a Eletrobrás, constituı́da em 1962
pelo presidente João Goulart para coordenar o setor de energia elétrica brasileiro.
1962 entrada em operação da usina hidrelétrica de Três Marias, pertencente a Centrais
Elétricas de Minas Gerais S/A – Cemig e primeira a ser utilizada para a regularização do
Rio São Francisco.
1963 entrada em operação da maior usina do Brasil na época de sua construção, a usina
hidrelétrica de Furnas, pertencente a Central Elétrica de Furnas – Furnas.
1965 criação sob a sigla DNAE, do Departamento Nacional de Águas e Energia, transformado,
em 1969, em Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE. Adoção do
plano nacional de unificação de frequência em 60 Hz, de acordo com a recomendação do
Conselho Nacional das Águas e Energia Elétrica – CNAEE.
1975 Criados o Comitê de Distribuição da Região Sul-Sudeste – CODI e o Comitê Coordenador
de Operação do Norte/Nordeste – CCON.
1979 Depois de oitenta anos sob o controle estrangeiro, foi nacionalizada a Light Serviços
de Eletricidade S.A. Entrou em operação a Usina Hidrelétrica Sobradinho, realizando o
aproveitamento múltiplo do maior reservatório do paı́s que regulariza a vazão do rio São
Francisco. Foi autorizada pelo DNAEE a instalação do Sistema Nacional de Supervisão e
Coordenação de Operação – SINSC.
1982 O Ministério das Minas e Energia criou o Grupo Coordenador de Planejamento dos
Sistemas Elétricos – GCPS.
1984 Entrou em operação a Usina Hidrelétrica Tucuruı́, da Eletronorte, primeira hidrelétrica
de grande porte construı́da na Amazônia. Concluı́da a primeira parte do sistema de
transmissão Norte-Nordeste, permitindo a transferência de energia da bacia amazônica
para a região Nordeste. Entrou em operação a Usina Hidrelétrica Itaipu, maior hidrelétrica
do mundo com 12.600 MW de capacidade instalada.
1985 Constituı́do o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL, com
o objetivo de incentivar a racionalização do uso da energia elétrica. Entrou em operação
a Usina Termonuclear Angra I, primeira usina nuclear do Brasil.
1986 entrou em operação o sistema de transmissão Sul-Sudeste, o mais extenso da América
do Sul, transportando energia elétrica da Usina Hidrelétrica Itaipu até a região Sudeste.
1988 Criada a Revisão Institucional de Energia Elétrica – REVISE, embrião das alterações
promovidas no setor de energia elétrica durante a década de 1990. Criado o Comitê
Coordenador das Atividades do Meio Ambiente do Setor Elétrico – COMASE.
Capı́tulo 3. PANORAMA NACIONAL 29
1990 O presidente Fernando Collor de Mello sancionou a Lei no 8.031 criando o Programa
Nacional de Desestatização – PND. Criado o Grupo Tecnológico Operacional da Região
Norte – GTON, órgão responsável pelo apoio às atividades dos Sistemas Isolados da
Região Norte e regiões vizinhas. Criado o Sistema Nacional de Transmissão de Energia
Elétrica – SINTREL para viabilizar a competição na geração, distribuição e comercialização
de energia.
1995 As empresa controladas pela Eletrobrás foram incluı́das no Programa Nacional de
Desestatização que orientava a privatização dos segmentos de geração e distribuição.
Realizado o leilão de privatização da Escelsa, inaugurando nova fase do setor de energia
elétrica brasileiro em consonância com a polı́tica de privatização do Governo Federal.
1997 Criada a Eletrobrás Termonuclear S.A. – ELETRONUCLEAR, empresa que passou a ser
a responsável pelos projetos das usinas termonucleares brasileiras, Constituı́do o novo
órgão regulador do setor de energia elétrica sob a denominação de Agência Nacional de
Energia Elétrica – ANEEL.
1998 O Mercado Atacadista de Energia Elétrica – MAE foi regulamentado, consolidando a
distinção entre as atividades de geração, transmissão, distribuição e comercialização de
energia elétrica. Foram estabelecidas as regras de organização do Operador Nacional do
Sistema Elétrico – ONS, para substituir o Grupo Coordenador para Operação Interligada
– GCOI.
1999 A primeira etapa da Interligação Norte-Sul entrou em operação, representando um passo
fundamental para a integração elétrica do paı́s.
2000 O presidente Fernando Henrique Cardoso lançou o Programa Prioritário de Termelétricas
visando a implantação no paı́s de diversas usinas a gás natural. Entrou em operação, no
mês de julho, a usina hidrelétrica Itá, na divisa dos municı́pios de Aratiba (RS) e Itá
(SC). A conclusão das obras de aproveitamento foram levadas a termo pela Gerasul, em
parceria com a Itá Energética, consórcio formado pelas empresas Odebrecht Quı́mica,
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Cimentos Itambé. Em março de 2001, a usina
atingiu a capacidade de 1.450 MW. A importação de 1.000 MW de energia da Argentina,
iniciada no mês de julho pela Companhia de Interconexão Energética (Cien), utilizou
novas linhas de 500 kV e uniu as subestações de Rincón e Garabi (Argentina), Santo
Ângelo e Itá (Brasil), constituindo a maior e mais importante compra de energia pelo
Brasil da Argentina. Foi instituı́do, no mês de agosto, pela Lei no 9.478, o Conselho
Nacional de Polı́tica Energética (CNPE). Efetivamente instalado em outubro, o Conselho
assumiu a atribuição de formular e propor ao presidente da República as diretrizes da
polı́tica energética nacional.
2001 Nesse ano, o Brasil vivenciou sua maior crise de energia elétrica, acentuada pelas
condições hidrológicas extremamente desfavoráveis nas regiões Sudeste e Nordeste. Com
a gravidade da situação, o governo federal criou, em maio, a Câmara de Gestão da
Crise de Energia Elétrica (GCE), com o objetivo de “propor e implementar medidas
Capı́tulo 3. PANORAMA NACIONAL 30
até 2008, energia aos 12 milhões de brasileiros que não têm acesso ao serviço. Deste total,
10 milhões estão na área rural. A gestão do programa será compartilhada entre estados,
municı́pios, agentes do setor elétrico e comunidades. Entrou em operação comercial em
novembro a 15a unidade geradora hidráulica da Usina Hidrelétrica Tucuruı́. É a terceira
máquina da segunda etapa, que irá acrescentar mais 375 MW de potência à usina. As
obras irão ampliar a capacidade de geração, de 4.245 MW para 8.370 MW, possibilitando
o atendimento a mais de 40 milhões de pessoas. Tucuruı́ passará a ser a maior hidrelétrica
nacional.
2004 Foi inaugurada em janeiro a PCH Padre Carlos, em Poços de Caldas (MG). A usina tem
capacidade para gerar 7,8 MW e é um reforço no atendimento aos 52 mil consumidores
da área de concessão do Departamento Municipal de Eletricidade de Poços de Caldas e
integra um conjunto de cinco pequenas centrais hidrelétricas já em operação na área.
O novo modelo do setor elétrico foi aprovado com a promulgação, em março, das Leis
no 10.847 e no 10.848, que definiram as regras de comercialização de energia elétrica
e criaram a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) , com a função de subsidiar o
planejamento técnico, econômico e sócio ambiental dos empreendimentos de energia
elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados e fontes energéticas renováveis. O novo
modelo definiu a oferta de menor tarifa como critério para participação nas licitações
de empreendimentos, estabeleceu contratos de venda de energia de longo prazo e
condicionou a licitação dos projetos de geração às licenças ambientais prévias. No âmbito
desta nova legislação, foram criados a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE), o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) e o Comitê de Gestão
Integrada de Empreendimentos de Geração do Setor Elétrico (CGISE), a Eletrobrás e suas
controladas foram retiradas do Programa Nacional de Desestatização (PND) e a Eletrosul
foi autorizada a retomar a atividade de geração. A empresa mudou sua denominação
para Eletrosul Centrais Elétricas S.A.
2005 Em janeiro, foi inaugurada em Veranópolis (RS) a Usina Hidrelétrica Monte Claro, com
capacidade para gerar 130 MW. A usina integra, junto com as usinas 14 de Julho e
Castro Alves, o Complexo Energético do Rio das Antas, na região Nordeste do estado. A
obra é um dos empreendimentos de geração com entrada em operação prevista para este
ano, sendo 11 hidrelétricas e uma térmica. Com 2.995 MW de capacidade instalada, esse
conjunto de usinas vai aumentar em 4,4O sistema de fornecimento de energia elétrica
no Espı́rito Santo foi reforçado, em março, com a inauguração da Linha de Transmissão
Ouro Preto 2 – Vitória e da ampliação da subestação de Vitória. A obra, realizada em
15 meses, prazo recorde na construção de linhas de transmissão, melhora a qualidade e a
confiabilidade do sistema e reduz a possibilidade de falta de energia elétrica por falhas
nas linhas de transmissão. Com a nova linha de transmissão o Espı́rito Santo deixa de
ser ponta do sistema elétrico e passa a contar com caminhos alternativos de suprimento
de energia. Foram assinados os contratos de concessão para a implantação de 2.747
Capı́tulo 3. PANORAMA NACIONAL 32
As usinas de energia elétrica são, geralmente, construı́das longe dos centros consumi-
dores (cidades e indústrias) e é por isso que a eletricidade produzida pelos geradores tem de
viajar por longas distâncias, em um complexo sistema de transmissão.
Ao sair dos geradores, a eletricidade começa a ser transportada através de cabos aéreos, reves-
tidos por camadas isolantes e fixados em grandes torres de metal. Chamamos esse conjunto de
cabos e torres de rede de transmissão. Outros elementos importantes das redes de transmissão
são os isolantes de vidro ou porcelana, que sustentam os cabos e impedem descargas elétricas
durante o trajeto.
No caminho, a eletricidade passa por diversas subestações, onde aparelhos transformadores
aumentam ou diminuem sua voltagem, alterando o que chamamos de tensão elétrica. No
inı́cio do percurso, os transformadores elevam a tensão, evitando a perda excessiva de energia.
uando a eletricidade chega perto dos centros de consumo, as subestações diminuem a tensão
elétrica, para que ela possa chegar às residências, empresas e indústrias. A partir daı́, os cabos
prosseguem por via aérea ou subterrânea, formando as redes de distribuição.
Depois de percorrer o longo caminho entre as usinas e os centros consumidores nas redes de
transmissão, a energia elétrica chega em subestações que abaixam a sua tensão, para que possa
ser iniciado o processo de distribuição. Entretanto, apesar de mais baixa, a tensão ainda não é
adequada para o consumo imediato e, por isso, transformadores menores são instalados nos
postes de rua. Eles reduzem ainda mais a voltagem da energia que vai diretamente para as
residências, o comércio, as empresas e indústrias.
As empresas responsáveis pela distribuição também instalam em cada local de consumo um
pequeno aparelho que consegue medir a quantidade de energia por eles utilizada. A medição
é feita por hora e chamamos de horário de pico o momento em que uma localidade utiliza
maior quantidade de energia elétrica. Nos centros urbanos, o horário de pico se dá por volta
das 18 horas, quando escurece e, normalmente, as pessoas chegam do trabalho acendendo as
luzes, ligando os condicionadores de ar e a televisão e tomando banho com a água aquecida
por chuveiros elétricos.
Podemos observar que o consumo de eletricidade varia de acordo com a estação do ano e com
a região do paı́s, dependendo do nı́vel de luminosidade e do clima, entre outros fatores.
Neste caso são usados sistemas BTB (”back-to-back”), nos quais estações conversoras estão no
mesmo edifı́cio (não há linha de transmissão).
Estudo feito por engenheiros da Escola Politécnica (Poli) da USP comprovou que a corrente
contı́nua é a alternativa economicamente mais viável para a transmissão de energia elétrica a
longas distâncias.
As conclusões corroboram análise publicada recentemente por pesquisadores dos EUA, que
defenderam a migração do sistema elétrico para corrente contı́nua no tocante às transmissões
de longas distâncias, os chamados linhões.
No estudo brasileiro, a equipe da professora Milana Lima dos Santos analisou também a
viabilidade da transmissão por meia-onda, que não exige a conversão da corrente para consumo,
mas esta apresentou maior custo de implantação, além de desafios técnicos que precisam ser
superados para o seu uso. ”Durante o projeto, foram avaliadas as opções para transmissão a
longa distância, comparando a corrente continua, já usada em parte do sistema de Itaipu, com a
transmissão por meia-onda, fenômeno adotado em todo o mundo na construção de antenas de
telecomunicações e que, apesar de ser estudada desde o inı́cio do século XX, e recomendada para
distâncias superiores a 2.500 quilômetros (km), não é utilizada comercialmente na transmissão
de energia elétrica em nenhum paı́s do mundo,”explica Milana(2015).
Os dados mostraram que a corrente contı́nua é mais vantajosa do que a corrente alternada em
distâncias acima de 1.500 km.
Já a implantação da transmissão por meia-onda teria um custo 27% maior do que a transmissão
por meio de corrente contı́nua. A linha de meia-onda só seria aplicável em distâncias de
aproximadamente 2.500 km, assumindo a frequência de 60 hertz (Hz) usada no Brasil.
Na prática, o uso da corrente contı́nua para transmissões de longa distância já está sendo
implantada no Brasil.
No Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, por exemplo, uma das duas linhas de transmissão
já está concluı́da e em funcionamento, enquanto a outra está na fase de testes. As duas linhas
ligam Porto Velho a Araraquara (São Paulo), com 2.375 km de extensão.
Na Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em construção, também foram projetadas duas linhas de
transmissão por corrente contı́nua. Uma delas ligará a subestação Xingu, no Pará, à subestação
Estreito, em Minas Gerais, percorrendo 2.092 km. A segunda linha irá interligar a subestação
Xingu, no Pará, e a subestação Rio, em Nova Iguaçu (Rio de Janeiro), percorrendo 2.518 km.
”Em todas essas linhas, optou-se pela corrente contı́nua”, aponta a professora da Poli. ”Os
resultados obtidos pelos pesquisadores confirmaram a escolha da EPE e da Aneel. No entanto,
caso o projeto apontasse outra alternativa mais viável em termos econômicos, haveria tempo
de se fazer alterações no projeto de transmissão”
Segundo o site da ITAIPU, O Elo de Corrente Contı́nua tornou-se necessário porque a energia
produzida no setor de 50 Hz de Itaipu não pode se integrar diretamente ao sistema brasileiro,
onde a frequência é 60 Hz. A energia produzida em 50 Hz em corrente alternada é convertida
para corrente contı́nua e escoada até Ibiúna (SP), onde é convertida novamente para corrente
Capı́tulo 3. PANORAMA NACIONAL 36
3.2 Regulamentação
4 PANORAMA REGIONAL
“Curitiba é melhor que a Bahia para geração de energia fotovoltaica. [...] uma das
capitais mais nubladas do Brasil pode superar o estado mais iluminado na geração de eletricidade
a partir da fonte solar. ” (GUADAGNIN, 2016). A afirmação tem sua base principalmente na
disponibilidade de luz na cidade, pois não é necessária luz direta do sol para a geração de
energia, apenas a luminosidade. Na Bahia um sistema de quatro módulos pode suprir uma
demanda de 190 kWh, enquanto em Curitiba supriria 170kWh, porem levando em conta o custo
da energia por kWh da Bahia e do Paraná, conclui-se que a instalação do sistema em Curitiba é
mais vantajosa. Projeto de lei de iniciativa de Bruno Pessuti (PSD), o qual tem como ementa:
Altera dispositivos da Lei 11.268 de 16 de dezembro de 2004 que ”Autoriza o Municı́pio de
Curitiba a conceder o uso do Aterro Sanitário da Caximba para exploração do Biogás”. Tem
como principais objetivos autorizar a utilização do Biogás, mas também a exploração de energia
fotovoltaica e eólica, além da execução de projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo –
MDL no local; projeto foi apresentado dia 06 de dezembro de 2017 e segue em tramitação.
Copel inaugura a primeira eletrovia (rede de pontos para recarga de veı́culos elétricos) do paı́s
no dia 27 de março de 2018. Primeiro ponto inaugurado foi em Curitiba no km 3 da BR-277, o
projeto completo contempla oito unidades de recarga na BR-277, cada eletroposto terá 50kVA
de potência, e tem os três tipos de conectores, próprios para atender os modelos de carro
elétrico do mercado. Os pontos de recarga têm espaçamento estratégico para possibilitar a
viagem do litoral a Foz do Iguaçu sem o risco de descarga total do carro.
Fonte: COPEL
38
5 CONCLUSÃO
6 REFERÊNCIAS
GUARNIERI, M. The Big Jump from the Legs of a Frog [Historical]. IEEE
Industrial Electronics Magazine, v. 8, n. 4, p. 59–61,69, 2014. Institute of Electrical and Elec-
tronics Engineers (IEEE). Disponı́vel em: <http://dx.doi.org/10.1109/MIE.2014.2361237>.
MAVER, William, Jr. Electricity, its History and Progress. The Encyclopedia Ame-
ricana: a library of universal knowledge, vol. X, pp. 172ff. (1918). New York: Encyclopedia
Americana Corp.
MCCALL, Richard P. Physics of the human body. Baltimore, Md: Johns Hopkins
University Press, 2010.
LERNER, Lawrence S. Physics for scientists and engineers. Boston: Jones and
Bartlett, 1997.
PEREIRA, Enio B. Atlas brasileiro de energia solar. Sao Jose dos Campos: INPE,
2006.
KLEIN, Maury. The power makers : steam, electricity, and the men who in-
vented modern America. New York: Bloomsbury Press, 2009.
Journal of Electrical Power Energy Systems, v. 70, p. 39–44, 2015. Elsevier BV. Disponı́vel
em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.ijepes.2015.01.027>.
CABRAL, I.S; TORRES, A.C; SENNA, P.R. Energia Solar Análise Comparativa
Entre Brasil e Alemanha. IV Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. Salvador, 2013.
Figura 16 – QR code
Fonte: O autor