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Nordeste,
Planejamento e conflito de classes. São Paulo: Boitempo, 2008.
“[...] sob determinadas condições históricas, mesmo a forma de expansão das relações
capitalistas de produção pode não chegar a homegeneizar, de forma acabada, “regiões” que
existem e persistem no território ou espaço onde já impera o sistema capitalista em sua
plenitude” (2008, p. 228).
“[...] o conflito de classes que aparece sob as roupagens de conflitos regionais ou dos
“desequilíbrios regionais” chegará a uma exacerbação cujo resultado mais imediato é a
intervenção “planejada” do Estado no Nordeste, ou a Sudene.” (p. 246).
A imigração elevada para o Centro-Sul concorria para elevada oferta de mão de obra e
manutenção em patamares baixos dos salários reais, concorrendo para que aumentasse o
antagonismo entre a classe trabalhadora e a burguesia do Centro-Sul que agora servia-se de
farta e concorrente mão de obra, compostas por imigrantes dos estados do Nordeste e
também de Minas Gerais (p. 248).
A Sudene foi criada em 1959 com pouco apoio dos representantes parlamentares do Nordeste,
diferentemente do apoio por parte dos parlamentares do Centro-Sul aliados a poucos e
expressivos congressistas mais ligados à burguesia industrial nordestina (p. 250 e 251).
A Sudene trouxe em sua marca a intervenção planejada. Ensejava uma tentativa de superação
do conflito de classes intrarregional. Detinha a capacidade de criar empresas mistas,
combinando capitais da União, dos estados e privados, transformando-se, assim, a estrutura
num agente produtor. O objetivo era transformar a massa da mais-valia captada pelo Estado
na forma de impostos em capital, ou seja, tratava-se de converter aquela parte da riqueza
captada pelo Estado em pressupostos de nova produção (p. 251-252).
Para Oliveira, a integração pelo viés da industrialização forçada pela Sudene no Nordeste, faz
perder o sentido em falar de economias regionais no Brasil (p. 265). Afirma que “[...] a
insistência da burocracia da Sudene, impregnada talvez de nostalgia e certamente calçada nas
melhores intenções em continuar a colocar os problemas do Nordeste como “regionais”, é
agora, historicamente, reacionária: apenas serve para azeitar os eixos dos mecanismos do
capital monopopulista” (p. 272).