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OLIVEIRA, Francisco de. Noiva da revolução; Elegia para uma re(li)gião. Sudene.

Nordeste,
Planejamento e conflito de classes. São Paulo: Boitempo, 2008.

Oliveira (2008) apresenta, a partir do contexto de atuação da Sudene, uma redefinição do


próprio conceito de região, que num sistema de base produtiva e capitalista desenvolvido
haveria até uma desaparição das “regiões”, resultando apenas “zonas de localização
diferenciada” de atividades econômicas, e cita como exemplo a Califórnia e Nova Iorque. Há
toda uma tendência de homogeneização monopolística do espaço econômico, e nesse caso as
regiões seriam definidas pelo caráter diverso das leis de sua própria reprodução e pelo caráter
de suas relações com as demais (p. 142 e 143).

As condições de criação da Sudene

“[...] sob determinadas condições históricas, mesmo a forma de expansão das relações
capitalistas de produção pode não chegar a homegeneizar, de forma acabada, “regiões” que
existem e persistem no território ou espaço onde já impera o sistema capitalista em sua
plenitude” (2008, p. 228).

“[...] o conflito de classes que aparece sob as roupagens de conflitos regionais ou dos
“desequilíbrios regionais” chegará a uma exacerbação cujo resultado mais imediato é a
intervenção “planejada” do Estado no Nordeste, ou a Sudene.” (p. 246).

“A Sudene será um mecanismo de destruição acelerada da própria economia “regional”


nordestina, no contexto de integração nacional mais amplo” e ao Centro-Sul (p. 246).

A imigração elevada para o Centro-Sul concorria para elevada oferta de mão de obra e
manutenção em patamares baixos dos salários reais, concorrendo para que aumentasse o
antagonismo entre a classe trabalhadora e a burguesia do Centro-Sul que agora servia-se de
farta e concorrente mão de obra, compostas por imigrantes dos estados do Nordeste e
também de Minas Gerais (p. 248).

A Sudene foi criada em 1959 com pouco apoio dos representantes parlamentares do Nordeste,
diferentemente do apoio por parte dos parlamentares do Centro-Sul aliados a poucos e
expressivos congressistas mais ligados à burguesia industrial nordestina (p. 250 e 251).

A Sudene trouxe em sua marca a intervenção planejada. Ensejava uma tentativa de superação
do conflito de classes intrarregional. Detinha a capacidade de criar empresas mistas,
combinando capitais da União, dos estados e privados, transformando-se, assim, a estrutura
num agente produtor. O objetivo era transformar a massa da mais-valia captada pelo Estado
na forma de impostos em capital, ou seja, tratava-se de converter aquela parte da riqueza
captada pelo Estado em pressupostos de nova produção (p. 251-252).

As proposições da Sudene evitaram o ataque frontal às condições de produção da economia


agrária nordestina, deslocando o eixo do problema para uma suposta inviabilidade da
economia na zona semi-árida, colocando o problema da economia açucareira como um
problema de inadequação entre recursos naturais e uma divisão técnica inadequada do
trabalho. Abordavam o problema da migração dos nordestinos para o Cento-Sul e as
consequentes baixas salariais, o que, na verdade, era um falso conflito (p. 253)
O ataque frontal da Sudene dirigiu-se à captura do Estado no Nordeste pela oligarquia agrária
algodoeira pecuarista, mas simplesmente para desfazer essa captura em favor da burguesia
internacional-associada do Centro-Sul através de fórmulas que possibilitariam a reinversão do
excedente captado pelo Estado em capital (p. 253/254). Propiciou-se dentre as estratégias da
Sudene, o mais poderoso mecanismo para a transferência da hegemonia burguesa do Centro-
Sul para o Nordeste (p. 256).

No aprofundamento da inserção burguesa na Sudene pós-64 há uma transferência da


hegemonia da burguesia internacional-associada do Centro-Sul para o Nordeste, implantando
fábricas, unidades produtivas, formação ou expansão de conglomerados etc. assegurando a
homogeneização monopolista do espaço econômico nacional (p. 264-265).

Para Oliveira, a integração pelo viés da industrialização forçada pela Sudene no Nordeste, faz
perder o sentido em falar de economias regionais no Brasil (p. 265). Afirma que “[...] a
insistência da burocracia da Sudene, impregnada talvez de nostalgia e certamente calçada nas
melhores intenções em continuar a colocar os problemas do Nordeste como “regionais”, é
agora, historicamente, reacionária: apenas serve para azeitar os eixos dos mecanismos do
capital monopopulista” (p. 272).

“A expansão do capitalismo monopolista no Brasil aponta, no limite, para a dissolução das


“regiões”, enquanto espaços de produção e apropriação do valor especiais e diferenciados
[...]” (p. 275).

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