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"E vivemos uns oito anos, até perto de 1930, na maior orgia intelectual que a história
artística do país registra."
(Mário de Andrade, a respeito. dos anos que se seguiram à Semana de Arte Moderna)
Realizada a Semana de Arte Moderna e ainda sob os ecos das vaias e gritarias,
tem início uma primeira fase modernista, que se estende de 1922 a 1930,
caracterizada pela tentativa de definir e marcar posições. Constitui, portanto, um
período rico em manifestos e revistas de vida efêmera: são grupos em busca de
definição.
Momento Histórico
Um mês após a Semana de Arte Moderna, a política brasileira vive dois
momentos importantes: em 1° de março, a eleição para a escolha do sucessor de
Epitácio Pessoa na Presidência da República, com a vitória do mineiro Artur Bernardes
sobre Nilo Peçanha; nos dias 25, 26 e 27 de março, a realização, no Rio de Janeiro, do
congresso de fundação do Partido Comunista Brasileiro.
Características
O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento modernista,
justamente em conseqüência da necessidade de definições e do rompimento com
todas as estruturas do passado. Daí o caráter anárquico dessa primeira fase e seu
forte sentido destruidor, assim definido por Mário de Andrade:
Mas esta destruição não apenas continha todos os germes da atualidade, como
era uma convulsão profundíssima da realidade brasileira. O que caracteriza esta
realidade que o movimento modernista impôs é, a meu ver, a fusão de três princípios
fundamentais: o direito permanente â pesquisa estética; a atualização da inteligência
artística brasileira e a estabilização de uma consciência criadora nacional."
"Klaxon sabe que a vida existe. E, aconselhado por Pascal, visa o presente. Klaxon
não se preocupará de ser novo, mas de ser atual. Essa é a grande lei da novidade.
(...) Klaxon sabe que o progresso existe. Por isso, sem renegar o passado, caminha
para diante, sempre, sempre. (...)
Klaxon não é exclusivista. Apesar disso jamais publicará inéditos maus de bons
escritores já mortos.
(...) A Poesia para os poetas. Alegria dos que não sabem e descobrem. (...)
Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres."
A Revista
A Revista foi a publicação responsável pela divulgação do movimento
modernista em Minas Gerais. Circularam apenas três números, nos meses de julho e
agosto de 1925 e janeiro de 1926; contava entre seus redatores com Carlos
Drummond de Andrade. Em seu primeiro número, o editorial afirmava:
Verde-Amarelismo
Em 1926, como uma resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil, surge o grupo do
Verde-Amarelismo, formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de
Almeida e Cassiano Ricardo. O grupo criticava o "nacionalismo afrancesado" de
Oswald de Andrade e apresentava como proposta um nacionalismo primitivista,
ufanista e identificado com o fascismo, que evoluiria, no início da década de 30, para
o Integralismo de Plínio Salgado. Parte-se para a idolatria do tupi e elege-se a anta
como símbolo nacional.
"O grupo 'verdamarelo', cuja regra é a liberdade plena de cada um ser brasileiro
como quiser e puder; cuja condição é cada um interpretar o seu país e o seu povo
através de si mesmo, da própria determinação instintiva; - o grupo `verdamarelo', à
tirania das sistematizações ideológicas, responde com a sua alforria e a amplitude
sem obstáculo de sua ação brasileira (...)
Revista de Antropofagia
A Revista de Antropofagia teve duas fases (ou "dentições", segundo os
antropófagos). A primeira contou com 10 números, publicados entre os meses de
maio de 1928 e fevereiro de 1929, sob a direção de Antônio de Alcântara Machado e a
gerência de Raul Bopp. A segunda apareceu nas páginas do jornal Diário de S. Paulo
foram 16 números publicados semanalmente, de março a agosto de 1929, e seu
"açougueiro" (secretário) era Geraldo Ferraz.
Em janeiro de 1928, Tarsila do Amaral pintou uma tela para presentear seu
então marido Oswald de Andrade pela passagem de seu aniversário. A tela
impressionou profundamente Oswald e Raul Bopp, que a batizaram com o nome de
Abaporu (aba, "homem"; poru, "que come"), daí nascendo a idéia e o nome do
movimento.
Outras revistas
Além das revistas e manifestos já citados, deve-se mencionar ainda a Revista
Verde de Cataguazes, de Minas Gerais, que teve cinco edições entre setembro de
1927 e janeiro de 1928, trilhando o caminho aberto por A Revista. No Rio de Janeiro,
em 1924, circulou a revista Estética; em São Paulo, no ano de 1926, havia a revista
Terra Roxa e Outras Terras, de pequena expressão, apesar de contar com a
colaboração de Mário de Andrade e de Rubens Borba de Moraes. Em 1927, no Rio de
Janeiro, circulou a revista Festa, fundada por Tasso da Silveira, que tentava revalorizar
a linha espiritualista de tradição católica e tinha Cecília Meireles como colaboradora.