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EMENTA: O Módulo 1 visa oferecer noções sobre história da assistência psiquiátrica no
Brasil, o movimento de reforma psiquiátrica, suas implicações no modelo contemporâneo
de atenção à saúde mental e conhecer a Rede de Atenção Psicossocial. Este módulo
proporciona o discente realizar análise crítica e reflexiva sobre a evolução da assistência
psiquiátrica brasileira. CH: 10h
INTRODUÇÃO
Olá, vamos dar início ao nosso curso conhecendo um pouco sobre a história da
assistência psiquiátrica no Brasil e os principais pontos que marcaram o movimento da
reforma psiquiátrica em nosso país.
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Com a proclamação da república, o Pedro II passou a chamar-se Hospital Nacional dos
Alienados, sendo sua administração transferida para responsabilidade do Estado. Porém, a qualidade
da assistência psiquiátrica só piora, resultando inclusive em inquérito interno de investigação durante
o governo Rodrigues Alves (1902-1906). Este decide reformular a assistência psiquiátrica prestada
até então, e nomeia o psiquiatra Juliano Moreira como novo diretor do Hospital Nacional. É sob a
influência deste psiquiatra que é promulgada a 1ª Lei Federal de Assistência aos Alienados (Decreto
1132/1903). Em 1907 foi criada a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal.
Em 1912 a psiquiatria torna-se uma especialidade médica autônoma, o que coincide com o
aumento significativo de instituições destinadas ao internamento de doentes mentais, movimento
que se observa até início dos anos 20. Nesta época são inaugurados no Rio de Janeiro o primeiro
hospital psiquiátrico destinado somente as mulheres – Colônia de Psicopatas Mulheres do Engenho
de Dentro (1911), a Colônia de Alienados de Jacarepaguá (1923), e o 1º Manicômio Judiciário da
América Latina (1921). Em Pernambuco, o Hospital de Alienados do Recife, atual Hospital Ulysses
Pernambucano – ou “Hospital da Tamarineira”, foi inaugurado em 1883.
1 Eugenia é um termo inventado pelo fisiologista inglês Galton para designar ‘o estudo dos
fatores socialmente controláveis que podem elevar ou rebaixar as qualidades raciais das gerações
futuras, tanto física quanto mentalmente’” (Costa, 2007);
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no plano nacional as tensões sociais da jovem República são agravadas pela recente abolição da
escravatura, a migração dos antigos escravos e camponeses para os centros urbanos e a imigração
europeia. Artigos científicos produzidos a época deixam antever o caráter puramente racista que
acometia grande parte dos psiquiatras da LBHM, alguns são proposta de verdadeiro “saneamento
racial”, com medidas como programas de esterilização dos ditos “loucos e degenerados”, como
também, considerando inferiores os negros, nordestinos e orientais, para citar apenas alguns.
Críticas abertas são feitas as instituições sociais que prestavam auxílio ao que eles consideravam
“resíduos humanos”. Era a concepção organicista em voga desviando do caminho da cientificidade
e adentrando na seara perigosa da ideologia preconceituosa.
Digno de nota é que psiquiatras como Ulysses Pernambucano, reconhecido e respeitado
pela LBHM, orientavam suas pesquisas numa direção completamente oposta, mais coerente com
a proposta inicial da LBHM, que era de melhoria e humanização da assistência psiquiátrica no
Brasil, e conduzindo a reforma da assistência aos psicopatas do estado de Pernambuco. Nesta
época também, as chamadas terapias biológicas ganham força na corrida pela busca da “cura” da
doença mental, passando a fazer parte da terapêutica dos manicômios as lobotomias2, o choque
insulínico3, a eletroconvulsoterapia (ECT)4 e a malarioterapia5. Os internamentos passam a ser
mais frequentes, atingindo seu auge na década seguinte.
Nos anos 1950 com o advento dos psicotrópicos uma verdadeira revolução se instala,
porém, em pouco ou nada muda a lógica psiquiátrica vigente, centrada no internamento, que tem na
medicalização sua “nova menina dos olhos”. Em 1956 foi criado o Departamento Nacional de Saúde
Mental.
A década de 60 é marcada por um contexto de mudanças políticas, com ações maciças de
privatização na área de assistência à saúde, e em particular, na assistência psiquiátrica, principalmente
após a criação do INPS, quando o Estado passa não só a pagar por internações psiquiátricas
no setor privado, como também financia a construção e ampliação de instituições psiquiátricas
particulares através do chamado Fundo de Apoio Social (FAS). O setor era extremamente lucrativo,
e ao mesmo tempo, de difícil controle pelos entes estatais e “se multiplicou movida única ou
predominantemente pela busca de lucro. O doente mental se transformou numa fonte inesgotável
de lucro para empresários que viviam dessa condição” (MIRANDA-SÁ Jr, 2007, p.157).
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A lógica privatista vigente na época priorizou a hospitalização psiquiátrica em detrimento de
outras experiências, como a assistência ambulatorial que era meta da assistência pública direta
para substituir as internações psiquiátricas. Com isso, proliferou desenfreadamente o número de
hospitais psiquiátricos no país. (AMARANTE, 2000). Segundo Nobre (1998, apud Lima, 2011), nos
anos 60, cerca de 97% do total de recursos da saúde mental foram destinados ao pagamento de
internações psiquiátricas na rede privada. É nesta época que são criados a maioria dos hospitais
psiquiátricos de Pernambuco, inclusive um dos maiores do país, o Hospital José Alberto Maia (1965),
na região metropolitana do Recife (atual município de Camaragibe), que chegou a abrigar quase
2.000 internos, e que foi descredenciado do SUS apenas em 2010.
No final da década de 70, a situação das instituições psiquiátricas se agrava com o aumento
de denúncias de superlotação e violência (física e moral) no interior das mesmas. Em 1978 é criado
o Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), um grupo de profissionais de saúde que
começa a pensar em alternativas para a visão hospitalocêntrica. Os trabalhadores e a sociedade já
não podem mais permanecer na inércia, e sob a influência dos movimentos ocorridos na Europa e
EUA, bem como sob os preceitos da reforma sanitária em curso, tem início o movimento de Reforma
Psiquiátrica brasileira.
A década de 1990 foi marcada com a Declaração de Caracas em que orientou a reestruturação
da atenção Psiquiátrica nas Américas. Foram realizadas em 1992 a IX Conferencia nacional de
Saúde e a II Conferencia nacional de Saúde Mental e, em 1994, o III Encontro de Entidades de
Usuários e familiares (EEUF), um marco na consolidação da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Neste
ano, em Pernambuco, foi criada a Lei 11064/94 do deputado Humberto Costa, que dispõem sobre a
substituição progressiva dos hospitais psiquiátricos por outros recursos assistenciais e regulamenta
a internação involuntária. Nesta década, o Ministério da Saúde publicou um grande número de
portarias com a finalidade de redirecionar o modelo assistencial.
Foi sancionada a Lei número 10.216/2001, originalmente apresentada pelo deputado Paulo
Delgado, que trata dos direitos dos usuários dos serviços de Saúde Mental e retira o manicômio
do centro do tratamento. Neste ano aconteceu a III Conferencia Nacional de Saúde Mental, com o
tema “Cuidar sim, excluir não”. A lei 10.708/2003 institui o auxilio-reabilitação psicossocial para
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pacientes acometidos de transtornos mentais egressos de internações . Parte integrante de um
programa de ressocialização do Ministério da Saúde do denominado “De Volta Para Casa”. Em 2006,
foi um marco na consolidação da Rede de Atenção de Serviço Psicossocial do Brasil, primeira vez
em que há maior investimento em ações comunitárias do que em Hospitais Psiquiátricos. Em 2008,
foi instituída a Portaria GM/MS nº 154, que cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF),
recomendando a inclusão de profissionais de Saúde Mental na Atenção Básica. Nesta década, foram
intensificadas as ações de tratamento e prevenção da dependência de álcool e outras drogas, por
meio do Plano Emergencial de Ampliação ao Tratamento e Prevenção em Álcool e outras Drogas
(PEAD2009-2010)
Foi publicado o Decreto nº 7.179/2010, que dispõem sobre o Plano Integrado de Enfrentamento
ao Crack e outras Drogas. Neste mesmo ano foi realizada, em Brasília, a IV Conferência Nacional
de Saúde Mental – Intersetorial, com o tema “Saúde Mental Direito e Compromisso de Todos:
consolidar avanços e enfrentar desafios”. Também ocorreu o fechamento do Hospital Alberto Maia
(Camaragibe-PE), um dos últimos macro-hospitais psiquiátricos do país.
Para Ayres (2004), a condição básica para que o Cuidado se estabeleça será a partir do
legítimo diálogo, ou seja, poder ouvir e fazer-se ouvir. A esta capacidade de escuta e diálogo tem
sido relacionado um dispositivo tecnológico de destacada relevância nas propostas de humanização
da saúde: o acolhimento8.
Essa estratégia deve se concretizar no cotidiano das práticas de saúde como uma escuta
qualificada, ou seja, escutar a queixa do paciente, identificar riscos e vulnerabilidades aliada à
capacidade de pactuação entre a demanda do usuário e a possibilidade de resposta do serviço, com
responsabilização daquilo que não se pode responder de imediato, mas que é possível direcionar
de maneira ética e resolutiva, com segurança de acesso ao usuário. Não deve ser confundido com
recepção ou com pronto-atendimento, pois é na interação entre usuários e serviços de saúde, em
todas as oportunidades em que se faça presente a possibilidade de escuta do outro, que se dá o
acolhimento.
Nesse cenário de humanização das práticas de saúde ganha destaque outro conceito também
instituído como princípio do SUS, a Integralidade. Trata-se de um dispositivo político de crítica de
saberes e poderes instituídos, por práticas cotidianas e novos arranjos sociais e institucionais em
saúde, muitas vezes marcados por conflitos e contradições em defesa da saúde como direito de
cidadania.
Como prática social, a Integralidade ganha riqueza e expressão no campo da saúde, à medida
que se almeja um enriquecimento das possibilidades terapêuticas, incluindo soluções diferentes
para o manejo de situações, vinculadas a situações existenciais, como mais uma alternativa inscrita
entre mudanças que podem humanizar as práticas assistenciais.
Dessa forma, reconhece-se que o usuário, além de apresentar um problema de saúde, traz
consigo relações sociais e familiares, uma dada subjetividade que expressa sua história e, portanto,
este conjunto deve ser olhado. Ao considerar esses aspectos, trabalha-se com a transferência de
conhecimentos para o auto-cuidado, formas diversas de intervir sobre a subjetividade do usuário,
valorizando-o e aumentando sua auto-estima e autonomia (AYRES, 2004; MERHY, FRANCO, 2003).
Partindo dessa concepção ampliada de cuidado passamos a discorrer sobre como se organiza
o modelo de atenção à saúde mental. O modelo assistencial proposto a partir da reforma psiquiátrica
é constituído de uma rede de atenção psicossocial, com serviços de base comunitária, com
potencial de construção coletiva de soluções e capaz de fazer face à complexidade das demandas
no território.
A noção de território aqui mencionada envolve não apenas a definição de uma área geográfica
onde se vive, mas da dinamicidade deste espaço, das pessoas, das instituições, das redes e dos
cenários nos quais se dão a vida em comunidade. Trabalhar no território significa resgatar todos os
saberes e as potencialidades dos recursos da comunidade, construindo coletivamente as soluções,
a multiplicidade de trocas entre as pessoas e os cuidados em saúde mental.
Além disso, a Rede de Atenção psicossocial também deve garantir a resolutividade e ações
intersetoriais e trabalhos interdisciplinares objetivando a promoção da saúde integralmente. Um
exemplo dessa rede é o que visualizamos na figura 1, com alguns dos equipamentos sociais.
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Figura 1: Rede de Atenção Psicossocial
Considerando a realidade local, a rede de serviços de saúde mental pode ser composta pelos
seguintes componentes:
• Atenção Básica em Saúde;
• Atenção Psicossocial Especializada;
• Atenção de Urgência e Emergência;
• Atenção Residencial de Caráter Transitório;
• Atenção Hospitalar; Estratégias de Desinstitucionalização;
• Reabilitação Psicossocial.
Em todos os cenários, as equipes constroem coletivamente as estratégias para abordagem de
problemas vinculados à violência, ao abuso de álcool e outras drogas, às estratégias para redução
de danos, o fomento de ações para a diminuição da segregação pela loucura e combate ao estígma,
e mobilização dos recursos comunitários para a reabilitação psicossocial.
O Ministério da Saúde (MS) através da portaria GM/nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011
instituiu a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e
com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do SUS. Os
componentes e serviços dessa rede e as principais ações e responsabilidades desses serviços
estão apresentados no Anexo 1. (BRASIL, 2011a)
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Fique
Atento
A Rede de Atenção à Saúde Mental9 é maior que do que o conjunto dos
serviços de saúde mental do município, uma vez que são articuladas a outras
instituições, associações, cooperativas e variados espaços das cidades. É essa
articulação intersetorial em rede que pode garantir resolutividade, promoção
de autonomia e da cidadania das pessoas com transtornos mentais.
Caracteriza-se pela formação de relações horizontais entre os pontos de
atenção com a Atenção Primária à Saúde, pela responsabilização
na atenção contínua e integral, pelo cuidado multiprofissional, pelo
compartilhamento de objetivos e compromissos com os resultados sanitários
e econômicos
Para que esse processo de articulação em rede se efetue é importante considerar uma
mudança na lógica tradicional de encaminhamento (referência e contra-referência) dos usuários.
Os sistemas de saúde tradicionais se organizam de uma forma vertical (hierárquica), conforme
observada na organização piramidal, havendo uma transferência de responsabilidade ao encaminhar.
A comunicação entre os dois ou mais níveis hierárquicos ocorre, muitas vezes, de forma precária
e irregular, geralmente por meio de informes escritos, como pedidos de parecer e formulários de
contra-referência que não oferecem uma boa resolubilidade.
A proposta baseada na integralidade visa transformar essa lógica tradicional dos sistemas
de saúde, substituindo-a por ações horizontais que integrem os componentes e seus saberes nos
diferentes níveis assistenciais, organizada em redes, como se observa na figura 2.
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FONTE: MENDES, 2012
No caso da saúde mental, alguns municípios organizam o apoio matricial através de equipes
formada por profissionais dos CAPS e/ou do NASF que apoiam as equipes de saúde da família,
também chamadas de equipes de referência, incluindo qualquer ator da rede necessário para aquele
indivíduo e sua família.
9 É composto por instituições públicas ou não que devem fazer parte do projeto terapêutico
do indivíduo, considerando o conceito amplo de saúde, como as escolas, ONG’s, Conselho tutelar,
igrejas, entre outras
10 É uma estrutura social com ações de apoio ao indivíduo com sofrimento mental, composta
por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores
e objetivos comuns
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Quadro 1- Instrumentos úteis para avaliar a estrutura e a dinâmica familiar
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Objetiva a avaliação do funcionamento da família de um paciente
específico. Fornece informações sobre a organização familiar e o
posicionamento da família diante dos problemas
enfrentados, possibilitando o manejo daquele caso específico.
Essa ferramenta foca no problema, permite uma aproximação
esquematizada para trabalhar com a família, facilita a coleta
de informações e a elaboração da avaliação com construção de
intervenção.
P.R.A.C.T.I.C.E
Presenting problem (problema apresentado)
Roles and structure (papéis e estrutura)
Affect (afeto)
Comunication (comunicação)
Time of life cycle (fase do ciclo de vida)
Illness in family (doença na família)
Copingwith stress (enfrentamento do estresse)
Ecology (meio ambiente, rede de apoio)
• Identificar os integrantes familiares com maior vínculo ao usuário e que podem auxiliar no
cuidado em saúde mental;
• Priorizar atendimento às famílias com maiores dificuldades psicossociais;
• Ouvir os integrantes familiares sem recriminá-los ou julgamentos baseado em qualquer tipo
de preconceito;
• Observe como os integrantes familiares comunicam-se e colocam-se no contexto do
atendimento.
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O PTS se desenvolve em quatro momentos, sintetizados a seguir:
• Diagnóstico - Em toda discussão de caso deve-se buscar uma formulação diagnóstica, mesmo
que temporária, pois, mais importante do que acertar o código diagnóstico, é compreender
a situação em suas várias facetas. Essa etapa constitui a avaliação/problematização dos
aspectos orgânicos, psicológicos e sociais, buscando uma conclusão, ainda que provisória, a
respeito dos riscos e da vulnerabilidade do usuário. A equipe deve evitar restringir-se somente
aos problemas e dificuldades procurando compreender como o sujeito singular se coproduz
diante da vida e da situação de adoecimento. Buscando as potencialidades, os interesses, as
vitalidades do sujeito, assim como o trabalho, a cultura, a família e a rede social é mais fácil
encontrar aliados para o PTS. Outro aspecto importante desse momento é a produção de
algum consenso operativo sobre quais os problemas relevantes tanto do ponto de vista dos
vários membros da equipe quanto do ponto de vista do(s) usuário(s).
• Definição das metas - A equipe trabalha as propostas de curto, médio e longo prazo que
serão negociadas com o sujeito “doente” e as pessoas envolvidas no enfrentamento dos
problemas. A negociação deverá ser feita, preferencialmente, pelo membro da equipe que
tiver um vínculo melhor com o usuário.
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A consulta conjunta é uma técnica de aprendizagem em serviço e deve combinar elementos de
atenção com características pedagógicas. Ou seja, além de contribuir para o caso, no esclarecimento
de questões diagnósticas e na elaboração de possibilidades terapêuticas, esse recurso favorece ao
matriciador e a equipe de referência o desenvolvimento de competências de compreender e lidar com
as demandas e peculiaridades da atenção primária e da ESF. Essa estratégia deve proporcionar a
avaliação de risco, o manejo dos casos com a elaboração de projetos terapêuticos, caracterizando-
se como um processo de educação permanente, onde vários profissionais têm a oportunidade de
aprender na prática cotidiana do atendimento das demandas de saúde mental.
A visita domiciliar é um recurso bastante utilizado nas intervenções dos serviços de base
territorial, principalmente para atender pessoas com dificuldade de deambulação, recusa ao cuidado
e/ou que não podem ser atendidos nas unidades de saúde.
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As discussões coletivas envolvendo profissionais (matriciador e equipe de referência),
usuário e familiares têm as mesmas características da consulta conjunta. Porém, considerando que
o ambiente da visita é o domicílio dos usuários, algumas ponderações são necessárias na hora de
decidir a conduta a ser tomada. Pode-se explicar ao usuário que a equipe irá se reunir na unidade
de saúde para a tomada de decisões e que as propostas serão trazidas para ele pela equipe de
referência ou as decisões são tomadas diante do paciente, o que só é recomendável para equipes
que já estejam trabalhando com um grau suficiente de integração.
Uma questão importante é a revisão dos casos acompanhados pela visita domiciliar que,
devido à sua complexidade, devem ser observados. Uma estratégia para facilitar o controle e
manutenção desses casos pode ser um registro das intervenções, o que pode contribuir para avaliar
como estão evoluindo.
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REFERÊNCIAS
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19
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MENDES, EV. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da
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2012. 512 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cuidado_condicoes_
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saúde coletiva [online]. 2011, vol.16, n.12 [citado 2012-04-25], pp. 4579-4589. Disponível em:
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TENÓRIO, F. A reforma psiquiátrica brasileira, da década de 1980 aos dias atuais: história e
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<http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v9n1/a03v9n1.pdf.> Acesso em 22 mai. de 2012.
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REFERÊNCIA DE APOIO
Arquivos:
Vídeo:
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ANEXO
Anexo 1- Componentes e principais ações dos serviços da Rede Psicossocial para Pessoa com
Sofrimento Mental
SAMU 192, Sala de São responsáveis, em seu âmbito de atuação, pelo colhimento,
Estabilização, UPA 24 horas, classificação de risco e cuidado nas situações de urgência e emergência
portas hospitalares de das pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades
atenção à urgência/pronto decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas
socorro, UBS
- Unidade de acolhimento Adulto, destinados a pessoas que fazem uso do Crack, Álcool
e Outras Drogas, maiores de 18 (dezoito) anos;
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Comunidades Terapêuticas - serviço de saúde destinado a oferecer cuidados contínuos
de saúde, de caráter residencial transitório por até nove (09) meses para adultos com
Serviços necessidades clínicas estáveis decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.
de Atenção Funciona de forma articulada com a atenção básica - que apoia e reforça o cuidado clínico
em Regime geral dos seus usuários - e com o CAPS que é responsável pela indicação do acolhimento,
Residencial pelo acompanhamento especializado durante este período, pelo planejamento da saída e
pelo seguimento do cuidado, bem como, participa de forma ativa da articulação intersetorial
para promover a reinserção do usuário na comunidade.
Hospital Psiquiátrico Oferece suporte hospitalar, por meio de internações de curta duração,
de Referência para para usuários de álcool e/ou outras drogas, em situações assistenciais
Atenção às pessoas que evidenciarem indicativos de ocorrência de comorbidades de ordem
com sofrimento mental clínica e/ou psíquica, sempre respeitadas as determinações da Lei
e com necessidades No- 10.216, de 2001, e sempre acolhendo os pacientes em regime
decorrentes do uso de de curtíssima ou curta permanência. Funciona em regime integral,
crack, álcool e outras durante 24 horas diárias, nos sete dias da semana, sem interrupção
drogas da continuidade entre os turnos. Em nível local ou regional, compõe a
rede hospitalar de retaguarda aos usuários de álcool e outras drogas,
observando o território, a lógica da redução de danos e outras premissas
e princípios do SUS.
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Quadro 6 - Serviços e ações de saúde mental nas Estratégias de Desinstitucionalização
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