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Na Indonésia
Kurt Koch
Prefácio da 1ª Parte
Existem três países hoje sobre os quais se focalizam preferencialmente as atenções de todo
mundo. O primeiro destes países é sem dúvida, Israel. Este País permanece sendo o centro
das atenções e dos acontecimentos no mundo. Poderemos dizer com toda a certeza que, a
menor nação na face da terra, tem a historia mais rica de todas. Nem será aqui que
debateremos este assunto, pois já o fiz em meu livro “Aquele que vem”.
O país que divide igualmente as nossas atenções nesta fase do tempo é o Vietnam. Será neste
poço de fogo que se decidirá o futuro de toda a Ásia. E as perspectivas ocidentais nem são as
melhores quanto a isso.
O terceiro País que é bastante discutido nos círculos cristãos mais próximos é sem dúvida
alguma a Indonésia. Qual a razão para este interesse súbito em torno deste País? Iremos
deixar esta pergunta sem resposta por enquanto para podermos olhar mais de perto para a
história religiosa da Indonésia.
*Nota do tradutor: temos de levar em conta a data quando este livro foi escrito, perto de
1970.
I. O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
DA INDONÉSIA
Todo aquele que queira entender bem o presente, necessita entender bem seu passado. Como
uma ponte entre dois continentes, o mundo de ilhas da Indonésia tem uma história bastante
relevante e que em nada se pode considerar insignificante. Fósseis descobertos lá relacionam
este país com a época do homem de Pequim e esta ligação ancestral asiática influenciou
definitivamente a história econômica e cultural deste país de muitas maneiras.
As inscrições rupestres nas pedras datando mais de três mil anos ainda não foram totalmente
decifradas e aguardam investigação científica mais apropriada.
A situação religiosa na Indonésia também é muito interessante de ser seguida. O país foi
penetrado por quatro correntes de pensamento distintas e estas acrescentaram as suas várias
influências ao animismo que se desenvolveu simultaneamente na área.
No primeiro e no segundo século mercadores indianos trouxeram o Hinduísmo para o país e
foram estes mercadores que trouxeram a famosa madeira aromática para o mundo ocidental.
Assim, a Europa conseguiu ter estas madeiras aromáticas antes mesmo de ter conhecimento
do país de sua origem. A religião e a cultura Hindu desenvolveram-se durante os Séculos VI
a XIV, tornando-se um poderoso reino e as raízes da linguagem atual da Indonésia baseiam-
se precisamente nestas raízes da cultura Hindu.
No Século no VI, VII e VIII o Hinduísmo foi ultrapassado pelo Budismo e uma vez mais
foram os próprios negociantes Indianos que importaram esta nova religião para dentro do
País. Ao construírem o seu tempo em Borobudur, os budistas construíram um santuário em
Java, local onde existia o santuário Hindu mais sagrado, Prambana. E foi assim que estas
duas grandes religiões indianas subsistiram lado a lado em Java numa perfeita coexistência.
Foi apenas nos Séculos XII e XIII que começou a época do Islã a qual estabeleceu o seu
primeiro pilar em Atche no norte de Sumatra. O reino Islâmico que começou sua existência
no ano 1205 sob liderança do sultão John Sjah durou até ao ano 1903. Estas religiões
causaram grandes dificuldades aos senhores coloniais Holandeses, inclusive a alguns ainda
em nosso próprio século.
Qualquer um que leia com atenção os profetas do Velho Testamento descobre com facilidade
que eles frequentemente mencionam as ilhas ou as regiões para além do mar. Este olhar
visionário destes homens de Deus chegou muito para além do seu próprio país (Is.66:19).
Seriam estas ilhas negligenciadas então pelo aquele que disse “Ide por todo o mundo, e
pregai o evangelho a toda criatura (Marc.16:15)”?
Os primeiros mensageiros de Cristo que ali chegaram devem ter sido os primeiros pais do
Cristianismo. Nem é de ignorar o fato de que o Apóstolo Tomé, o qual trabalhou na Índia,
atravessou para Indonésia juntamente com mercadores Indianos. Em qualquer caso, temos
conhecimento que missionários da Igreja Mar-Tomé (Igreja relacionada com o nome do
apóstolo), trabalharam na Indonésia.
A próxima prova real de uma obra missionária na área foi confirmada através de avaliações
exaustivas e dolorosas de documentos históricos pelos quais se comprova que Cristãos
vindos da Pérsia vieram para Indonésia nos anos 671 até 679. Mas, depois disso este
continente permaneceu nas trevas por um longo período. Estes foram os séculos durante os
quais a igreja cristã do mundo ocidental foi perdendo pouco a pouco a sua força original.
Gradualmente a candeia de Roma também foi colocada de lado e o seu ímpeto espiritual
ficou com cede no Centro e Norte da Europa. Precisamos, também, levar nosso pensamento
de volta até aos esforços dos missionários germânicos, para a reforma Cluníaca e também
para aqueles que anteciparam a reforma: Wycliffe, Hus e Savonarola, para obtermos
evidência destes fatos durante este tempo quando praticamente nada era conhecido sobre a
Indonésia.
Isto, contudo, foi substancialmente alterado quando mercantes navegaram para os portos da
Índia e se aperceberam do mundo de ilhas a Leste. Seguindo a época de descobrimentos de
Cristóvão Colombo, o mundo tornou-se louco pelos descobrimentos de novos mundos. Ao
mesmo tempo, as nações dos descobrimentos marítimos buscavam aumentar e fundamentar
seu comércio.
Em 1511 os Portugueses conquistaram as Ilhas Molucas, causando a retirada dos
Muçulmanos dali e pressionando-os mais para o Sul. Os Católicos entre os portugueses
ocupantes de então fundaram a primeira Igreja Católica nas Ilhas Molucas em 1522. Não
muito tempo depois disto, o missionário Francis Xevarius chegou ali vindo da Índia. Mesmo
que ele tenha trabalhado na obra de Deus apenas de 1546 até 1547, a sua influência foi tão
vasta e tão grande que desde então ficou conhecido como o Apóstolo dos Indonésios.
O século 16 também viu o início do poder colonialista holandês. Os cristãos indonésios não
ficaram propriamente alegres quando os holandeses baniram o trabalho missionário do norte
e do sul de Sumatra e de Bali. A razão invocada para os holandeses fazerem tal coisa era o
temor de que os nativos se rebelassem e com isso abandonassem o trabalho nas plantações. A
questão da expulsão dos cristãos de Bali trataremos adiante mais detalhadamente.
A formação da igreja protestante nas ilhas Indies é considerada pelos cristãos hoje como uma
incoerência, estando os sentimentos divididos sobre o assunto. Os pastores eram oficiais do
Estado que recebiam seus salários diretamente do governo holandês. Era algo similar ao que
ocorreu no tempo de Constantino “O Grande” – qualquer um que quisesse progredir em sua
vida particular teria necessariamente de se tornar cristão para que tivesse como alcançar seus
objetivos. Foi assim que a igreja cristã nasceu na Indonésia e isso contribuiu para que nem as
tradições pagãs e nem as crenças hindus fossem extintas da vida da igreja.
Para além da Igreja que era o próprio Estado em si, também surgiram obras missionárias de
vários tipos e de outras igrejas locais em Java, Bali, Celebes, Bornéu, Sanghir, Nias,
Sumatra, Sumba e Nova Guiné – para mencionar apenas algumas das mais importantes. A
leste de Java a formação duma Igreja Indonésia fica para sempre ligada ao nome de um
relojoeiro Germânico, o irmão Endo. Um cristão vindo da Rússia, irmão Coolen, também
deveria ser mencionado neste capítulo.
No século XX, quando a era da descolonização começou, o poder das forças coloniais
holandesas foi sucumbindo gradualmente. Na Indonésia um movimento fundado em 1908,
conhecido como “Ressurgimento da Ásia”, foi ganhando terreno. Esta tendência sublinhou as
lutas do povo Indonésio em prol da sua independência.
Durante a Segunda Guerra Mundial o País foi ocupado pelos japoneses por três anos e meio.
Depois de sua retirada a Indonésia declarou sua independência no dia 17 de Agosto de 1945
e criou uma Constituição, conhecida como Pantja Sila. Contudo a Constituição não pôde ser
implementada devido à recusa holandesa de reconhecer sua independência. Isto resultou
numa guerra de libertação que durou mais ou menos quatro anos. Sob pressão da ONU e
muito especialmente dos americanos, os holandeses finalmente cederam e abandonaram o
país em 1950.
Mesmo assim esta terra não foi capaz de achar seu descanso. O inimigo que se seguiu era
interno e vindo do seu próprio povo. Primeiro o poder colonialista teve de ser quebrado.
Seguiu-se uma batalha contra um maior inimigo para os Indonésios.
II. O TRIBUTO DE SANGUE DA
INDONÉSIA
Através da tentativa de golpe de estado de 1 de Outubro de 1965, a Indonésia foi forçada a
uma mudança radical da sua história. Atualmente existem revoluções de várias dimensões
num ou noutro canto do mundo praticamente todos os dias do ano. Contudo devido ao curso
dos acontecimentos do mundo hoje eles raramente são notados. E mesmo assim as
circunstâncias da Indonésia são um tanto ou quanto excepcionais. Aqui os acontecimentos
que tomaram posse do curso do país foram de importância crucial para o desenvolvimento
político do leste de toda a Ásia.
Sempre se soube que o presidente anterior Sukarno alimentava simpatias comunistas quando
a parte oeste da Nova Guiné foi forçada a estar sob administração Indonésia em 1 de
Setembro de 1963. Logo ali os missionários previram grandes dificuldades em relação ao seu
trabalho.
A premonição tinha razão de ser. A influência comunista cresceu no país. Qual seria o
resultado final? O resultado foi completamente diferente daquilo que os comunistas
esperaram.
O Massacre planeado
No dia 1 de Outubro de 1965 os comunistas tentaram obter o controle do país. Seu primeiro
objetivo foi remover todos os generais e oficiais dos seus respectivos postos. Os comunistas
tinham os seus próprios oficiais prontos e à espera para tomarem os lugares que iriam vagar.
Somente em Jacarta seis generais foram presos durante o primeiro massacre comunista. Eles
foram tratados em conformidade com as práticas comunistas da época na Ásia. Os seus olhos
eram parcialmente puxados para fora das órbitas e as vítimas mutiladas eram forçadas a
correrem nus entre mulheres comunistas treinadas para o efeito, as quais espetavam os
pobres generais com facas até que sucumbissem sob tortura. Contudo, escaparam dois da
hierarquia em Jacarta. O primeiro desses foi Suharto. Seu filho estava gravemente doente no
hospital na hora que se deu o início da revolta e ele foi obrigado a passar a noite ao lado da
criança. Quando os comunistas o procuraram em sua casa não foram capazes de o achar.
Este pequeno imprevisto foi o suficiente para frustrar a revolução dos comunistas, a qual fora
planejada minuciosamente. Suharto era a cabeça da estratégia da reserva. Ele alertou seus
homens imediatamente e através de seu primeiro ato de retaliação apoderou-se da rádio de
Jacarta.
Humanamente falando esta simples ação salvou as vidas dos cristãos e dos missionários do
país. Os comunistas estavam à espera de um comunicado que seria difundido pelo pelas
estações de rádio do país, para assim começarem o seu assalto final. Mas, estas ordens de
ataque não chegaram e o ataque morreu antes de nascer.
A contra iniciativa de Suharto trouxe para a luz as listas daqueles que se encontravam na lista
negra dos comunistas. Estes continham os nomes de cada oponente político dos comunistas.
A lista religiosa continha nomes de todos os sacerdotes e líderes muçulmanos, juntamente
com todos os sacerdotes católicos e missionários protestantes. As comunidades cristãs da
Indonésia teriam sido sumariamente eliminadas através deste golpe perfeito, caso Deus
tivesse permitido o sucesso dessa revolução.
O segundo general a escapar das garras dos comunistas foi Natsution, que antes havia sido o
ministro da defesa. A sua sobrevivência nas mentes dos Indonésios deve-se, tal como a de
Suharto, a um pequeno milagre.
Quando os comunistas forçaram seu caminho para dentro de sua casa, Natsution quis
entregar-se. Contudo, sua esposa não o permitiu. A primeira bala dirigida a ele falhou o alvo,
mas infelizmente acabou por atingir a sua filha pequenina, a qual tinha acabado de sair de seu
quarto correndo para o corredor. Morreu algum tempo depois.
Natsution escapou por uma porta das traseiras. Sua esposa correu com ele até o muro do
jardim. Ele subiu nos ombros dela e foi assim que conseguiu alcançar os terrenos vizinhos, os
quais pertenciam a uma embaixada estrangeira. Os dois cães de guarda existentes nesses
terrenos também o deixaram escapar miraculosamente sem o importunarem. Entretanto, em
sua casa um outro ato de amor cristão foi demonstrado. Um ajudante e oficial de Natsution
era Cristão. Para poder encobrir a fuga do seu chefe, quando os comunistas perguntaram
“você é Natsution?”, ele respondeu “sim, sou eu mesmo”. Ele foi abatido logo ali.
Os cristãos podem questionar se este homem deveria ter mentido ou não antes de morrer.
Seja o que for que pensem, este ajudante fez o que fez apenas para salvar a vida do seu
superior hierárquico e este ato de amor cristão prático será avaliado à luz da eternidade,
acima de ser avaliado através das visões doutrinárias inflexíveis de muita gente.
A terrível retaliação
O que significa este provérbio? É com muito humor em suas vozes que os Indonésios usam
essas palavras para descreverem a falta de regularidade das suas próprias linhas aéreas, uma
inconstância permanente à qual nós próprios fomos sujeitos. Éramos cerca de 80 pessoas em
Jacarta esperando um vôo para o leste de Java para participarmos numa conferência que se
realizaria lá. Durante dias e dias, a única coisa que pudemos fazer dentro do aeroporto foi
sentarmo-nos ora num lugar ora noutro e esperar. Foi um grande teste para a paciência de
todos e posso afirmar que para mim pessoalmente também foi uma grande bênção.
Enquanto esperávamos, consegui fazer vários contactos. Uma das primeiras pessoas com
quem comecei a falar foi o Rev. Ward, o vice-presidente da ‘World Vision’. Ele havia-me
ouvido falar uma vez na Califórnia. Na tentativa de apanhar um outro avião, ele entrou num
táxi e fez uma viagem de quase 30 horas – podíamos ver facilmente a exaustão estampada no
seu rosto. Mas, em vez de se queixar, as suas únicas palavras eram: “Bem, creio que nosso
desapontamento é o apontamento de Deus”. A sua atitude era simplesmente maravilhosa.
Apesar de todos os problemas a que foi sujeito devido à falta de eficiência do seu próximo,
nem uma palavra de queixume saiu dos seus lábios. Este missionário estaria certamente uns
degraus acima do que eu estava na escola de Deus.
A bíblia e a vida muitas vezes ensinaram-me aquela lição de que Deus pode transformar
nossos tempos de desespero em bênçãos secretas. A este respeito, as histórias do Velho
Testamento sempre foram para mim valiosamente proveitosas.
Considerem, por exemplo, a história de José desde Gen.37-50. José foi lançado
primeiramente num posso sem água pelos próprios irmãos e vendido a alguns negociantes
midianitas. Imaginemos a angústia e a saudade de casa que o entristeciam. Contudo, essa sua
aflição, ou antes, esse crime cometido pelos irmãos de José, foi transformado após muitos
anos, numa das maiores bênçãos vinda da parte de Deus para com a humanidade. Quando a
fome atormentou os humanos José foi capaz de salvar tanto seu pai quanto seus irmãos e foi
desta sua maneira peculiar que ele executou o plano que Deus tinha para salvar a
humanidade, pois foi através de sua migração para o Egito que os filhos de Israel
proporcionaram tornarem-se aquela nação da escolha de Deus.
O atraso insuportável que sofri da parte das Linhas Aéreas Indonésias, GERUDA, trouxeram
consigo variadíssimas surpresas. A única razão porque as descrevo aqui é para ilustrar a
grande bondade de Deus para conosco devido ao fato de ele sempre esconder uma bênção no
interior de cada desapontamento que possamos encontrar, desde que em Seu serviço.
Quando meu acompanhante me apresentou pelo meu último nome a um australiano que
esperava conosco, o homem rapidamente exclamou: “Dr. Kurt Koch? Eu o ouvi falar numa
igreja Batista na Austrália!”
Meia hora depois eu conheci um outro australiano apresentando-me apenas pelo meu nome
Koch, ele replicou: “Eu tenho alguns livros de um Dr. Koch da Alemanha. Eles ajudaram-me
muito em minha obra. Por acaso o senhor o conhece também?”. Eu? Conhecê-lo? Claro que
o conhecia muito bem. Não conseguirão imaginar a surpresa que vi estampada no rosto
daquele homem. Ele logo ali me convidou para ir falar em sua igreja em Melbourne em
vários discursos e a coisa mais encorajadora foi verificar que as datas a que ele apontou
encaixavam com muita perfeição dentro do programa planejado para a minha visita à
Austrália.
Mas a melhor experiência de todas foi a última. Durante anos estive tentando encontrar o
rastro de Bakth Singh. Era o evangelista mais conhecido da Índia. Nada menos que trezentas
igrejas novas foram fundadas através dos seus esforços missionários. Em muitas cidades
grandes ele consumou vários cultos em massa envolvendo milhares de pessoas sem um único
recurso aos meios de publicidade abusadora e exploradora que os americanos propagaram
pelo mundo.
Sempre tentei encontrá-lo em alguma ocasião ou pelas digressões pela Índia, mas nunca
obtive qualquer sucesso. E eis agora, aqui estávamos um olhando para o outro numa manhã
cheia de irritações e desapontamentos. Sentamo-nos a conversar durante horas porque ele
estava esperando o mesmo voo que eu.
Foi deveras uma ocasião maravilhosa e enquanto eu o questionava sobre sua vida, ele teve a
oportunidade de me contar sobre a maneira como se converteu. No final, ele disse-me:
“Vamos procurar um lugar sossegado onde possamos orar juntos?” O meu novo amigo de
Melbourne ainda se encontrava comigo e achamos um lugar mais reservado onde passamos
meia hora em oração e na qual nos esquecemos dos problemas que nos rodeavam. Bakth
Singh também havia sido afetado pelo atraso. Ele já deveria estar discursando na mesma
conferência para onde nos dirigíamos a leste de Java e, mesmo já tendo sessenta e cinco anos
de idade, também foi forçado a sujeitar-se a uma viagem de comboio de dezoito horas assim
que descobrimos que não teríamos qualquer hipótese de continuar nossa viagem por via
aérea.
A comunhão que eu pude usufruir com este irmão abençoado durante os 14 dias seguintes,
foi uma inexplicável bênção para mim. Quando nós enfim, nos separamos, ele convidou-me
para ir a Hyderabad para discursar lá durante algum tempo. Eu tinha intenção de aceitar
aquele convite durante uma altura dos próximos meses.
O provérbio inglês, na verdade, cumpriu-se. Sem esta falha da companhia aérea em nos
providenciar um voo, nunca teria achado esta oportunidade de comunhão com tantos outros
missionários que se acharam ali presos comigo dentro do aeroporto de Jacarta. Aquilo que o
diabo arruína, Deus refaz e molda naquilo que quer.
IV. BALI, A ILHA DO DIABO
No tocante à beleza paisagística, Bali é sem dúvida uma das pérolas das ilhas Indonésias.
Descrever a beleza desta ilha num único relato seria praticamente impossível. Uma das
primeiras coisas que tive oportunidade de apreciar a partir do hotel pobre e extremamente
primitivo onde me encontrava, foi a praia. As ondas brincavam com a areia a uns 40 metros
de distância da varanda de onde as apreciava. Diariamente traziam para fora da água
quantidades enormes de estrelas-do-mar, moluscos e outras criaturas, as quais os habitantes
locais recolhiam assim que na maré baixava. Depois, agradeciam ao mar pela bênção que,
diziam, o deus mar lhes deu.
Para além das ondas nos corais do recife, a uns 500 metros de distância, as águas fervilhavam
noite e dia. Apenas um mal aconselhado nadador se atreveria a entrar naquelas águas. Um
jovem médico alemão pagou essa audácia com sua vida, tendo sido levado pelo mar. O seu
quarto ficava apenas a duas portas do meu.
Ao largo da baía, podemos identificar nada menos que três vulcões. O maior deles, o grande
Agung de dose mil pés de altura, estava ativo enquanto permaneci em Bali.
Bali herdou muitos nomes através dos turistas que a visitam. Alguns turistas chamam-na “A
Ilha do Paraíso” e outros “A pepita dos Trópicos”. Quando Nehru visitou Bali, em 1954, ele
cristianizou seu nome, chamando-lhe “O Alvorecer do Mundo”.
Pulau Dewata – Ilha dos Deuses – é o que os indonésios chamam à sua ilha. Eles deverão
saber melhor que ninguém. Mas, quem são estes deuses? Certamente nenhum deles saiu do
Velho ou do Novo Testamento. Tendo sempre em conta o nome local desta ilha e conforme
se iam familiarizando com as práticas de seus habitantes, os missionários renomearam-na
para a “Ilha do Diabo”.
O nome “Ilha do Diabo” já soa a desafio para qualquer crente em Deus. Precisamos explicar
o que isso realmente significa.
A religião tribal ancestral dos Balineses é uma forma politeísta de adoração da natureza.
Crêem que cada cemitério, rocha, montanha e caverna têm um espírito próprio. A cerca de 40
milhas a noroeste de Denpasar, dois mil búfalos selvagens ainda vivem em seu enorme
cemitério, sendo venerados como animais sagrados. Ninguém os pode matar. São
considerados espíritos encarnados dos nativos que morreram e foram enterrados naquele
extenso cemitério.
Após a introdução inicial do país ao Hinduísmo e mais tarde do Budismo, juntamente com o
Animismo que já existia por lá, os templos Balineses logo começaram a demonstrar o seu
sincretismo religioso. Para além dos vários deuses relacionados com a natureza, também
encontramos aqui os deuses indianos Shiva, Brahma e Vishnu.
Os problemas emergentes dessa mistura religiosa foram cuidadosamente ultrapassados
através duma certa dose de perícia da parte dos nativos. Enquanto Buda ensina a não matar,
os ancestrais deuses da natureza Balineses exigem sacrifícios de sangue. Como iria ser
resolvido esse dilema? Muito facilmente! Os animais eram deixados a matarem-se uns aos
outros.
Esta é uma das razões para o surgimento das horríveis lutas de galos nestas ilhas. Ao lado do
templo Taman Ajun existe uma arena gigantesca onde esta forma de entretenimento se
realiza. Os galos são bem alimentados antes das lutas. Os seus donos dão massagens em seus
pescoços durante semanas a fio para assim fortalecerem os seus músculos. Também
compram amuletos aos mágicos para fazerem de tudo para que seus galos possam vencer.
Milhares de pessoas juntam-se para assistir a estes espetáculos horrendos. As competições
duram até uma das aves morrer. Então é trazido um próximo par para lutarem.
Através destas lutas de galos foi trazido consenso entre deuses Indianos e Balineses. Os
habitantes da ilha não matam animais. Mas, os galos matam-se. E é assim que os deuses da
natureza conseguem seus sacrifícios de sangue.
Estes campeonatos, contudo, revelam um outro lado grotesco. Um ilustre visitante perguntou
a um governador do distrito: “Por que é que não proíbem estes espetáculos grotescos? É uma
mancha enorme na vossa cultura!” O governador respondeu: “Existe uma terrível luta
interior e falta de paz dentro de cada nativo de Bali. Nós necessitamos desse tipo de escape.
As lutas de galos funcionam como meras válvulas de escape. Se não tivéssemos essas lutas,
teríamos provavelmente problemas maiores. Por isso, este mal menor mantém outros males
piores longe do horizonte”.
Ao Balineses também criaram outros compromissos devido às misturas da sua religião com
os deuses da natureza e com as religiões vindas da Índia. Durante milhares de anos existem
nos cardápios os famosos pratos de cachorro. O pior de tudo é que estes cachorros são
verdadeiramente nojentos e alimentam-se quase exclusivamente de excrementos humanos.
São cachorros vadios que são apanhados, os quais são a “unidade de saneamento sanitário”
das aldeias e cidades. Mas, o Budismo proíbe matar e comer animais. Os Balineses acharam
um jeito muito próprio de se redimirem diante de Buda antes de matarem um animal,
oferecendo uma oração a um dos seus deuses pedindo perdão e prometendo uma pequena
porção da carne como oferenda: “Nós damos-te um pouquinho de nossa carne de cachorro!”
De seguida estão prontos para saborearem o seu cachorro, se saborear é a palavra correta!
Templos e Danças
A Guerra de Magia
De tempos a tempos em vários outros livros meus, mencionei os duelos de poderes mágicos.
Quando cheguei a Bali em 1968 e fui chamado a intervir numa conferência de pastores todos
me disseram: “Você chegou na hora certa. Existe um duelo mágico neste preciso momento
em Bali”.
Um desses pastores relatou-me o que se estaria passando. Existem guerras mágicas em Bali
desde tempos remotos. Estes duelos são, no entanto, mantidos secretos. Os turistas nem
chegam a saber da sua existência. Essas batalhas só se tornam de conhecimento público
quando os nativos Balineses que estavam envolvidos nelas se convertem ao cristianismo e
começam a confessar os seus pecados secretos publicamente. Descobrimos que todos os
mágicos da ilha (e existem bastantes) estão intimados e destinados a envolverem-se nestes
assuntos.
Em Bali, tal como no Tibete, existem professores de magia. Cada qual tem os seus
seguidores e discípulos e quando os seus pupilos chegam a alcançar certo nível de
treinamento, estas guerras começam com o intuito de testar e fortalecer os poderes mágicos
dos indivíduos nelas envolvidos. Estas olimpíadas mágicas são uma forma “pacífica” de
combate.
A situação pode ser repentinamente alterada quando um dos combatentes morre. O duelo
consequente traz muitas vezes a morte de um dos mágicos. As lutas, contudo, não são feitas
com armas convencionais, mas antes com poderes mentais. Eles escondem-se debaixo de
árvores assombradas, mais ou menos a 2 km umas das outras. É assim que eles se combatem
através de poderes mágicos.
Caso um desses duelos se alastre para os amigos dos envolvidos, será então quando começam
as guerras.
A guerra de magia de 1968 aconteceu da seguinte forma. Um dos mágicos pediu uma xícara
de café num restaurante Balinês pequeno. O dono do restaurante, também um mágico,
colocou veneno no café. O outro apercebeu-se do que lhe estavam fazendo e declarou guerra
desafiando o dono do restaurante para um duelo de morte. Chamando os seus amigos para os
ajudarem, as duas facções rivais tomaram os seus postos separados mais ou menos a 2 km. O
sinal para a batalha começar consistia em duas luzes que vinham ao mesmo tempo, uma do
leste e outra do oeste. Quando os nativos as viram, reconheciam-nas como luzes mágicas.
As guerras de magia são quase sempre limitadas a um mês de duração. Os feiticeiros
guerreiam-se durante a noite e dormem durante o dia. Têm por hábito enviar primeiro os
participantes com menos poderes para iniciarem essas batalhas. Quando recebi este relatório
de um pastor local, ele acrescentou: “seis ou sete pessoas já morreram só nesta batalha, desde
que começou”. No final deste conflito, os dois combatentes principais enfrentam-se
pessoalmente e a guerra termina assim que o oponente mais fraco sucumbe e morre.
Muitas vezes perguntaram-me se uma guerra mágica não é sinal claro de que o diabo se
encontra dividido contra ele próprio. Não! Quando dois homens lutam numa arena de boxe, o
mais forte vence. Mas, nenhum dos dois deixa de ser pugilista e ambos continuam
pertencendo à mesma profissão.
Antes de sair de Bali, tentei a todo custo saber um pouco mais sobre estas guerras de magia
e, para isso, inquiri um nativo Balinês. Ele mostrou uma enorme surpresa ao perceber que eu
sabia do que estava passando e perguntou: “como é que você veio a saber coisas sobre esses
nossos assuntos ancestrais? Eles são cuidadosamente mantidos em oculto de todos os turistas
e nós nunca revelamos nossos segredos a estranhos”. Eu não consegui descobrir mais nada
deste homem.
Cristianismo em Bali
A igreja de Bali tem o caráter similar a muitas igrejas noutros campos missionários. Os
cristãos que saíram dum ambiente pagão, ou cujos pais ou avós ainda estejam envolvidos a
crenças pagãs, são facilmente apanhados pela magia e pela feitiçaria. Isto é o que acontece
também em Bali.
Eu tive oportunidade de falar em cinco igrejas diferentes. Quando adverti contra a bruxaria,
uma série de perguntas agitadas surgiram. Um dos presbíteros da igreja disse-me: “O que
devemos fazer quando um de nós for mordido por uma serpente? Não existem médicos
sequer nas redondezas. Estes curandeiros são os únicos que nos podem livrar de morrer. Por
que razão nós, como cristãos, não podemos ir a um curandeiro Hindu num caso como este?”
Respondendo a esse presbítero eu disse: “Nunca ouviu falar do que Jesus disse em
Marc.16:17 que Ele também cura mordidas de serpentes? E nunca leu sobre Paulo que foi
mordido por uma serpente na ilha de Malta e nada lhe aconteceu por intervenção direta do
Senhor Jesus?” O presbítero ficou mudo e não me respondeu. Eu prossegui: “Como é que,
nós cristãos, podemos visitar um feiticeiro pagão? Poderíamos fazer isso caso confiássemos
mais no poder do diabo do que no poder de Deus. Mas, mesmo que Deus não me ajudasse
depois de haver sido mordido por uma serpente venenosa, preferiria morrer a clamar ao diabo
por sua ajuda”.
Então contei a toda congregação exemplos de alguns missionários que haviam sido mordidos
por serpentes venenosas e os quais sobreviveram. Um desses exemplos foi um missionário
no Brasil, o qual havia sido mordido por uma serpente bastante venenosa, sukkru. Os Índios
ali presentes com o missionário afirmaram: “É o teu fim. Não existe cura para a mordida
dessa serpente”. A visão do missionário já estava ficando degradada e pouco clara. Seu pé
inchou tanto que ficou quase do tamanho duma pata de elefante. Os índios carregaram-no
para dentro de uma de suas tendas. Eles vigiaram ali ao seu lado e ele acabou por ficar
inconsciente. Após alguns minutos o desafortunado homem recuperou sua consciência e em
desespero clamou: “Senhor Jesus, lembra as tuas promessas!” Ele ficou inconsciente
novamente. Mas, foi ali que o poder do veneno quebrou. Em vez de morrer, o missionário,
depois de ter ficado em coma durante algum tempo, recuperou totalmente. Não surgiram
quaisquer seqüelas depois de sua cura milagrosa devido a esta mordida.
Contei essa história àquela igreja de Bali. Contudo, o dito presbítero mantinha as suas
perguntas. Ele passou a explicar: “Nós temos um homem aqui que, mesmo não sendo um
feiticeiro verdadeiro, tem uma pedra com a qual ele cura os doentes. Quando estive doente,
pedi a este curandeiro a sua pedra branca, mas devido ao fato de eu ser cristão ele não me
emprestou nem mesmo implorando-lhe. Por que razão isso seria errado de fazer caso
houvesse conseguido usar essa pedra e caso ela possuísse os tais poderes milagrosos?” Ao
que eu respondi: “Você pode dar-se por feliz por não ter conseguido usar essa pedra! Os
efeitos póstumos são dramáticos e pertencem à esfera da bruxaria e do diabo, mesmo que
apenas fossem meros poderes de sugestão”.
Mas eu não fui capaz de convencer este presbítero nativo. Contudo, no mínimo consegui que
muitos outros presentes ali na igreja nunca mais recorressem ao poder dos curandeiros
hindus.
É de lamentar que a maioria dos pastores nativos não consiga discernir o mal dessas coisas
de bruxaria e, por essa razão, nunca chegam a esclarecer devidamente as suas congregações
dando-lhes uma clara direção sobre questões do contacto com coisas ocultas.
Numa convenção de ministros em Bali, um dos pastores afirmou possuir poderes de médium
e que estes lhe haviam sido dados por Deus. Seu avô havia sido um feiticeiro muito esperto e
muito temido naquelas redondezas. Tanto ele quanto seu pai haviam herdado as habilidades
de magia de seu avô. E esses poderes ocultos eram tidos como dádivas de Deus! Uma
confusão completa de opiniões e uma absoluta mistura de espíritos! Contudo, esses são os
homens que presidem às igrejas locais.
Um outro presbítero declarou abertamente perante a igreja lotada: “Eu ainda possuo todos os
meus amuletos e instrumentos de encantamento em minha casa; mas eu creio que não têm
qualquer poder sobre mim porque não acredito neles, não deposito fé neles”. Eu guiei o
homem para At.19:19 onde os Efésios trouxeram todos os seus amuletos e livros de magia e
fizeram uma enorme fogueira com eles. Adverti-o a fazer também o mesmo, queimando
todos os seus objetos de ocultismo porque, com toda certeza, representariam um sério
impedimento em sua vida e uma influência satânica sobre ele e também sobre sua família
inteira até às 3ª e 4ª gerações. Mas, infelizmente, também não o consegui convencer ou
demover de sua opinião já formada.
Será que nos podemos admirar de que a igreja em Bali ainda não tenha experimentado um
avivamento real igual aos que se estão dando em outras ilhas Indonésias? A magia e a
feitiçaria serão sempre barreiras enormes que operam contra o evangelho da vida. Nós
podemos constatar essa verdade ainda mais claramente nos avivamentos que ocorreram na
ilha de Timor e noutras também, onde o movimento do Espírito Santo sempre começou após
as pessoas terem reconhecido pelo nome cada pecado e principalmente cada pecado de
feitiçaria, trazendo seus amuletos e instrumentos de feitiçaria para fora e destruindo-os com
fogo diante das igrejas.
Mas, mesmo assim, a situação nesta “Ilha do Diabo” não é tão negra quanto se possa pensar.
Existem aqui algumas primícias do Espírito que revelam que o Senhor Jesus deseja
claramente fazer progredir uma obra em Bali também.
Numa outra vila, depois de eu ter discursado durante algum tempo com um cristão, ele disse-
me: “Até bem pouco tempo atrás eu era Hindu. Mas, desde que comecei a seguir o Senhor
Jesus, fui severamente perseguido. Os habitantes da minha vila perseguem-me de maneiras
inconcebíveis. A minha esposa não pode mais buscar água da fonte pública e eu fui
ameaçado de que não seria enterrado no cemitério da vila porque, disseram eles, eu cortei
todos os laços com a comunidade dessa vila”. Tentei encorajá-lo o melhor que pude como
irmão. Qualquer pessoa que se torne cristão num ambiente pagão pode contar com
perseguições ferozes. Mas, no entanto, o mesmo se poderá dizer das pessoas que se arranjam
com Deus dentro das igrejas evangélicas do mundo ocidental. A diferença nem será grande.
No leste de Java encontrei um outro jovem cristão vindo de Bali. Ele relatou-me a sua
história. Em 1962, um missionário chegou a Bali com uma comitiva de cristãos para ali
trabalharem para Deus durante um tempo. Alguns jovens rapazes encontraram-se com o
Senhor Jesus durante esse período de campanha evangelística. Três deles estão estudando
hoje na Escola Teológica do leste de Java. (Nota do tradutor: Esta escola foi o centro, o
epicentro e o início do avivamento na Indonésia). Um destes jovens era a pessoa com quem
estava falando e o qual me relatou que não podia mais entrar na casa de seus pais devido a
sua escolha de ter-se tornado seguidor de Cristo. Os seus pais ainda são pagãos e não estão
minimamente dispostos a tolerarem a decisão irredutível que ele tomou. E foi assim que a
Escola Teológica se tornou na sua nova casa e seu novo lar.
Mas agora e nesta fase, Bali já se poderá gloriar de mais e de melhores primícias do que as
que acabamos de mencionar. Existe um número de cristãos espalhados pela ilha, os quais
conseguiram escapar e libertar-se dos poderes opressores do ocultismo de seus antepassados.
É verdade que existem muitos poucos crentes reais, mas um deles é o Pastor Joseph, o qual
organizou toda a minha campanha e palestras pela ilha.
Estes cristãos, os quais encontram-se numa minoria tão evidente, tornaram-se realmente os
combatentes pioneiros que levam Cristo sobre seus ombros dentro desta ilha. Eles não se
desesperam e nem se nota qualquer sinal de angústia nos seus rostos. O Senhor Jesus sempre
construiu o seu reino através de pequenas sementes de mostarda. Se esses indivíduos, que são
a vanguarda de Cristo nesta ilha, permanecerem fiéis, o seu número nunca permanecerá
pequeno. Será precisamente aqui nesta fortaleza das trevas – este paraíso de demônios – que
esta ilha poderá vir a tornar-se a Ilha de Cristo e não mais a Ilha do Diabo.
V. JOHN SUNG
Ninguém deve ignorar a obra de dois evangelistas caso queiram escrever sobre o avivamento
que decorre atualmente na Indonésia. Estes dois evangelistas fizeram nos últimos 30 anos
variadíssimos cultos em grande escala dentro de Java. São dois apóstolos de Deus: John
Sung e Andrew Gih. Eles eram particularmente amigos que de início começaram por
trabalhar juntos, mas, a longo prazo, desenvolveram métodos evangelísticos individuais.
Ambos eram oriundos da China e ambos estenderam as suas obras para dentro dos países que
faziam fronteira com o seu. Entre os chineses dentro da Indonésia existem hoje muitos
cristãos genuínos que podem afirmar que devem a qualidade da sua fé às campanhas destes
dois homens. Em Jacarta o Dr. Toah disse-me que esses dois evangelistas chineses trouxeram
mais chineses a Cristo do que todos os outros evangelistas estrangeiros em conjunto da
história da China. Vamos, em primeira-mão, relatar a história de John Sung, o qual começou
a sua obra em Java antes de Andrew Gih.
O Pequeno Pastor
Sem entrarmos em detalhes biográficos sem interesse, vamos no mínimo tentar dar uma
imagem correta da vida e da obra de John Sung no seu tempo. A lâmpada deste homem
excepcional brilhou durante cerca de 43 anos; desde 1901 até 1944. Deus deu-lhe uma
plenitude de poder do Espírito Santo que eu nunca consegui detectar em nenhum outro
evangelista do nosso século. Isto não é nenhum exagero sequer, mas é a minha firme
convicção.
Havendo nascido e tendo sido criado em Hinghwa, John estava presente quando com nove
anos de idade um avivamento começou na igreja de Hinghwa. Mesmo sendo ainda uma
criança nessa época, ele foi literalmente quebrantado em lágrimas e experimentou uma
definitiva e genuína conversão.
Logo desde o início da sua vida com Cristo, a oração tornou-se o ponto alto da sua vida
espiritual. Quando, durante esses anos, seu pai ficou criticamente doente e foi dado como
perdido por sua própria família, a desesperada mãe de John, a qual já não conseguia mais
orar devido à sua angústia, disse-lhe: “Vai para o teu quarto orar por papai. Deus ouve
orações”. John lançou-se sobre os seus joelhos e orou ardentemente pela vida do seu pai.
Como resultado e apesar de todos os pontos de vista e expectativas dos médicos em sentido
contrário, seu pai recuperou sua saúde milagrosamente. Esta foi a segunda resposta que ele
obteve em toda sua vida como um jovem guerreiro do seu Senhor.
Durante o avivamento em Hinghwa, o pai de John tornou-se o líder dos pastores da cidade e
logo se esgotou sob o jugo e o peso de toda a sua obra. Ele designou pregadores itinerantes,
os quais usava para pregarem nas igrejas circundantes em sistema rotativo. John logo tomou
o seu lugar entre estes mensageiros de Cristo, mesmo sendo de longe o mais jovem de todos
eles. Ele já ministrava sermões conscientemente preparados e delineados na tenra idade de 14
anos. Quando seu pai se tornou incapaz de continuar o seu trabalho devido à pressão da obra
sobre si, John passou a substituí-lo muito bem. As congregações amavam a sua forma
simples de pregar devido ao seu estilo vívido e simples de entrega das mensagens. Já por essa
altura, cristãos bem estabelecidos em Cristos ficavam a pensar: “O que vai ser este menino?”
Luc.1:66.
Na vida de todos os homens verdadeiros de Deus, podemos quase sempre detectar a mão
providencial e atuante de seu Criador. Isto é algo que também pode ser visto na vida de John
Sung. Como rapaz na escola ele já chamava a atenção sobre si devido à facilidade que tinha
para estudar e para a sua incansável sede de empreender e trabalhar. Assim, ninguém se deve
surpreender que este jovem zeloso colocasse uma educação universitária como alvo diante
dos seus olhos. Contudo, porque a China de então tinha uma grande instabilidade e guerrilhas
desde 1919, ele começou a pensar entrar numa universidade Americana.
Mas vários obstáculos e impedimentos colocaram-se diante dos seus planos. Quem pagaria a
sua viagem? Quem seriam os seus tutores durante a sua estadia nos Estados Unidos? E a
parte mais difícil de todas, era que John tinha uma infecção nos olhos tipicamente chinesa, a
qual lhe impediria sem dúvida a sua ida para a América! Um quarto tropeço era o seu próprio
pai que se opunha às suas ideias de viajante. Eram quatro tropeços enormes demais para
serem vencidos.
Mas pode alguma coisa ser impossível a Deus? John entregou-se à oração. Este era o curso
que ele sempre tomava em alturas como esta. Deus deu-lhe a primeira resposta na forma de
uma carta. Uma missionária americana, a qual nada sabia sobre seus planos, escreveu-lhe
para encorajá-lo e aconselhá-lo a estudar nos Estados Unidos, dizendo que se ele assim
desejasse ela seria sua tutora durante a sua estadia no país. Ele ficou enormemente alegre e
mostrou a carta a seu pai e perguntou-lhe: “Não é isso, por acaso, a resposta de Deus?”
Seguindo-se a esta primeira vitória conseguida, muitos donativos de dinheiro começaram a
chegar de várias origens, que não apenas cobriam todas as suas despesas, mas também
permitiriam que ele levasse consigo uma reserva financeira para cobrir as suas despesas
iniciais na América. A ajuda para a infecção das suas pálpebras chegou inesperadamente de
uma outra fonte. Enquanto cortava o cabelo, o barbeiro notou a infecção e ofereceu-se para
limpa-lhe o interior das pálpebras com um osso revestido de prata e lavá-lo de seguida. John
aceitou. Este processo penoso foi realizado nele várias vezes até que a infecção ficou
totalmente curada. Finalmente, também seu pai lhe deu o seu consentimento para partir. Isto
foi apenas o início da obra do “Grande Arquiteto” que, pela sua misericórdia, capacita
sempre os seus apóstolos e filhos de tal maneira que consigam alcançar sempre os Seus
objetivos.
A crise
Esta nova vida na América foi tudo menos fácil. Sua saúde era delicada, sua falta de dinheiro
era contínua e uma cirurgia que ele não pode evitar contribuiu para que ele permanecesse
firme em oração. A missionária americana também não cumpriu a promessa que lhe havia
feito. Esta forma de atuar dos cristãos ocidentais sempre foi um grande vexame para muitos
novos crentes, pois tudo que é promessa é tratado com muita banalidade. Mas, para John,
isso significava simplesmente que ele teria a oportunidade de se agarrar e de se firmar nas
melhores promessas que a Bíblia lhe fazia.
Apesar dessas dificuldades tremendas, John progrediu de tal maneira em seus estudos que
qualquer um ficaria pasmado diante do seu sucesso. Em apenas três anos ele concluiu um
programa curricular de cinco anos. Mais ainda, ele encontrava-se sempre no topo das
melhores notas da universidade. Para além de ter conseguido receber os prêmios que se
ganhavam no campo da física e da química, também lhe foi dada uma medalha de ouro
devido ao seu aproveitamento nesse ano. Quando ele finalmente recebeu a sua graduação,
todos os jornais fizeram reportagens que lisonjeavam este brilhante e talentoso jovem chinês.
Três universidades tentaram assediá-lo para lecionar. A mundialmente famosa Universidade
Harvard ofereceu-lhe mil dólares anuais se ele entendesse alistar-se entre os seus professores,
uma soma que em valor monetário atual seria invulgar. Contudo, John ficou-se pela oferta
mais modesta da Universidade Estadual de Ohio.
Por esta altura o estudante esfomeado por conhecimento aplicou-se em obter Doutoramento e
Ph.D. em química. Mas, como nessa altura a química alemã era a mais avançada, John
pensou aprender a língua para poder ter acesso aos livros científicos alemães. Durante as suas
férias ele embrenhou-se no estudo desta língua estranha e em apenas dois meses conseguiu
dominá-la de tal maneira que foi capaz de traduzir para o inglês um livro complicadíssimo de
química. O professor que revisou a tradução pensou que ele tivesse estudado alemão durante
anos. O que um homem normal poderia levar dois anos a conseguir, John conseguiu em
apenas dois meses. Uma vez mais, este feito causou um grande reboliço nos meios
americanos. Ele foi atormentado e assediado por prêmios e convites. Durante este tempo, até
mesmo a Universidade de Pequim tomou conhecimento do sucesso desse seu compatriota e
chegou a oferece-lhe o título de Ph.D. Contudo, o convite que maior atração exerceu sobre
ele, chegou-lhe da Alemanha, local onde os serviços deste químico extraordinariamente
talentoso eram muito desejados. Uma equipe de cientistas propôs um posto de pesquisa com
condições financeiras invejáveis.
O Dr. Sung, como ele era conhecido agora, orava incessantemente sobre o passo seguinte.
Como resposta o Senhor conduziu-o para as palavras em Mat.16.26: “Que proveito tem o
homem em ganhar todo o mundo se perder a sua alma?” Os seus pensamentos foram
imediatamente recolocados no seu plano e voto iniciais. Ele tinha apenas a intenção de
estudar temporariamente na América e voltar para China como pregador do evangelho. Foi
então que decidiu ir estudar teologia no Seminário Teológico durante certo tempo. Foi desta
forma que ele chegou – certamente guiado por Deus – ao seminário da União Teológica de
Nova Iorque, muito conhecida pela sua teologia liberal.
E foi assim, também, que ele começou a sua preparação final para a obra diante de si, através
da qual proclamaria o reino de Deus. Mas, os ensinos desta escola iriam levá-lo a afundar-se
sobre os seus joelhos de forma implacável.
A causa principal para esse colapso foi a teologia ensinada neste colégio. Cada problema ou
obscuridade na Bíblia era discutida a luz da razão humana. Apenas aquilo que pudesse
manter-se aos escrutínios da lógica era aceite como verdadeiro. A fé em Cristo como
propiciação para os nossos pecados; a validade dos milagres; a ressurreição; a ascensão e a
segunda vinda de Cristo eram banalizadas por carecerem de provas científicas. Tendo sido
servido com esta dieta magra, o Dr. Sung perdeu toda a sua fé e foi empurrado para uma
crise interior e para uma fase muito crítica da sua vida. Ele disse para si mesmo: “Tudo
aquilo em que acreditei naturalmente até agora foi-me roubado. Não posso continuar a viver
neste estado. Ou a minha vida termina, ou então Deus precisa dar-me outra maneira de vivê-
la através do Seu Espírito”.
Deus ouviu o clamor do seu coração uma vez mais. Durante a noite de 10 de Fevereiro de
1926, o Senhor apareceu-lhe. Estando sob o peso infernal do jugo do seu pecado, o Dr. Sung
clamou ao Senhor orando e chorando até muito tarde daquela noite. De repente, ele ouviu
uma voz dizendo-lhe: “Meu filho os teus pecados te são perdoados”. Com isto a sua alma foi
repentinamente preenchida de luz. Mesmo sendo noite escura, alcançou a sua Bíblia e
começou a ler os evangelhos de uma maneira tal como nunca havia feito.
Na manhã seguinte todos os outros estudantes e professores notaram de imediato a
transformação no seu semblante. O Dr. Sung também não tinha qualquer intenção de manter
a sua nova experiência em segredo. Onde lhe fosse possível, ele dava testemunho do Senhor
Jesus Cristo abertamente e o seu jeito abrupto de se exprimir causou logo reboliço dentro da
escola. Mesmo porque desde criança ele havia sido uma pessoa de visão muito clara e de
decisões muito radicais e bruscas que duravam para sempre.
Passou a descrever os seus livros de teologia como livros de demônios e, queimando-os,
dedicou-se integralmente e exclusivamente ao estudo aprofundado da Bíblia e à oração. Os
seus professores liberais ficaram extremamente chocados com esta sua maneira brusca e
condenaram-no veementemente pela forma como catalogou a teologia deles. De imediato,
imploram-lhe para se submeter a um exame psiquiátrico extensivo.
Isto é típico! Em primeiro lugar estes racionalistas destroem a fé dum homem e depois,
quando ele se encontra completamente desfalcado e nu e acha o Senhor Jesus, é considerado
como um doente mental e colocado no hospício. Eu tenho a sincera esperança de que, apesar
de sua teologia, estes teólogos modernos possam vir a aperceber-se do seu grande erro e
chegar tão perto do Senhor Jesus que ainda serem salvos. Eu gostaria de ver as suas
expressões quando um dia se aperceberem de que a sua teologia é diabólica e serve apenas os
interesses do diabo na terra.
Na história de José lemos o que ele afirma: “Vocês intentaram mal contra mim; mas Deus o
tornou em bem”, Gen.50:20. Isto também foi o que aconteceu com o Dr. Sung. Aquilo que o
seminário da União Teológica intentou contra ele, transformou-se subitamente no propósito
de Deus para o Seu filho.
O Dr. Sung foi aconselhado a “descansar” durante seis semanas e ele concordou, embora
com algum protesto. Contudo, depois desse prazo de seis semanas haver expirado, ele pediu
permissão para voltar ao seminário. Mas, foi-lhe dito expressamente que não voltaria mais
para lá. Foi então que o seu temperamento aguçado explodiu: “Eu fui enganado! Eu não
estou mentalmente doente, mesmo levando em conta que meu coração foi completamente
esmagado por esta vossa teologia miserável, a qual me foi servida no vosso seminário. Nem
com ela eu fiquei louco!” Este desabafo energético levou o psiquiatra a transferi-lo para uma
sala para pacientes violentos. Esta foi uma das piores experiências da vida de Sung, tendo
sido obrigado a passar os seus dias e noites numa mesma sala com maníacos depressivos,
violentos e que usavam continuamente palavrões indecentes para se expressarem!
Mas, uma vez mais ele inquiriu do Senhor o que isso significava. A resposta chegou de
imediato: “Todas as coisas contribuem conjuntamente para o bem daqueles que amam a
Deus”. Foi então que o Dr. Sung recebeu uma outra mensagem pessoal do seu Senhor e Rei.
Foi-lhe dito: “precisas suportar o tratamento durante 193 dias. Será deste modo que
aprenderás a suportar a cruz que te vou dar para poderes aprender a carreira de obediência até
o Gólgota”.
Com esta resposta John Sung contentou-se e sossegou de imediato seu coração. Ficou
sabendo que era a vontade de Deus para si e que tudo que poderia fazer era esperar com a
certeza que acabaria saindo e que estava dentro da vontade de Deus. O psiquiatra autorizou-o
a regressar para seu quarto privado inicial. Ali, o Dr. Sung teve bastante tempo para orar e
explorar a sua Bíblia. Ele leu avidamente muitos capítulos por dia. Mais tarde ele comentou:
“Essa foi minha verdadeira formação teológica!” Ele leu a Bíblia quarenta vezes durante este
tempo de descanso forçado. Mas, não havia contado nada a ninguém sobre a promessa que
Deus lhe fizera de tirá-lo dali em 193 dias. Mas, o fato é que 193 dias depois deram-lhe alta
da clínica psiquiátrica. Isto apenas prova que a mensagem que ele recebeu tinha realmente
vindo de Deus e não havia sido fruto da sua imaginação. Dr. Sung estava agora devidamente
armado para as suas campanhas evangelísticas na China.
Nós cruzamos frequentemente com períodos de quietude como estes e verificamos que todos
os instrumentos especiais de Deus passam sempre por eles. José ficou dois anos na prisão;
Moisés passou 40 anos no deserto de Midiã; Elias ficou escondido no ribeiro de Querite;
Jeremias achou-se sozinho na prisão muitas vezes e uma vez dentro do poço; João Batista
esteve na montanha-fortaleza de Machaerus. Lutero em Wartburg até seu tempo haver
chegado.
Estes tempos de solidão fazem parte do programa curricular da escola de Deus.
O Wesley da China
O seminário da União Teológica já há muito tempo que havia removido da sua lista de
estudantes o nome de Dr. Sung. Não queriam mais nada com ele desde que queimou os seus
livros. Mas, o coração de John estava apontado para a China e foi, em 4 de Outubro de 1927,
que ele saiu de Seattle para Xangai.
Assim que o Dr. Sung chegou à sua pátria e tendo-se reunido à sua família que não via há 7
anos, descobriu que havia um pequeno pormenor ainda por esclarecer. O seu pai disse:
“Filho, eu sempre fui um pregador pobre. Espero agora que tomes um lugar para ti na
universidade para assim ajudares a pagar a educação dos teus irmãos”. John temia que isso
viesse acontecer precisamente daquele jeito. Mas, a sua resposta a seu pai foi imediata: “Pai a
minha vida foi dedicada a espalhar o evangelho da verdade. Eu estou morto para o mundo,
para vocês e para mim mesmo também. Nunca terei a possibilidade de tomar outro caminho
pelo qual possa seguir”. E foi assim que o curso de toda sua existência ficou
permanentemente selado.
Foi então que em Maio de 1928 Dr. Sung se encontrou com Andrew Gih pela primeira vez.
Ambos ficaram com a consciência de que a vida de um e do outro iriam tomar caminhos
particularmente similares. Para ambos, era apenas uma questão absoluta de estarem
completamente rendidos ao seu Senhor com o único propósito de espalharem o evangelho tal
qual o Espírito Santo os levasse a fazer.
De início, esses dois homens trabalharam em conjunto. Andrew Gih muitas vezes servia de
intérprete ao Dr. Sung nos distritos onde os seus dialetos não lhe eram familiares.
O primeiro encontro do Dr. Sung com o movimento das línguas estranhas provou ser
significante e bastante esclarecedor. Isso ocorreu no porto de Tsingtau. Foi ali onde teve que
se questionar sobre os dons do Espírito. O movimento “carismático” neste porto, com um
tipo de população que se alterava constantemente, era bastante forte. Os seus seguidores
afirmavam afincadamente que a plenitude do Espírito Santo se manifestaria através de sinais
exteriores como línguas estranhas, canções espirituais, visões e sonhos. O Dr. Sung entrou
numa argumentação bastante quente sobre este assunto sem se dar conta. Ele ficou confuso e
foi então que decidiu não pregar mais e ficar somente a ouvir Andrew Gih. Orando
incessantemente por clarividência não seria de admirar que o Senhor lhe concedesse uma vez
mais a resposta.
Andrew Gih estava pregando sobre João 4 e falando sobre a água da vida que Jesus estava
oferecendo à mulher samaritana. A resposta que ele queria do Senhor veio com uma
revelação muito clara. Mais tarde John comentou-a resumidamente: “A bênção de Deus e a
plenitude do Espírito Santo nunca consistem numa procura de línguas estranhas e nem de
quaisquer manifestações exteriores, mas em tornamo-nos rios incondicionalmente puros para
que essas águas da vida do Espírito Santo possam ter como fluir livremente a todas as almas
sedentas à nossa volta”.
A partir desse momento Dr. Sung começou a pregar claramente através de uma nova força e
poder. Não poucas vezes ele orava: “Senhor purifica-me e transforma-me de tal maneira que
as águas vivas possam brotar de mim como as quedas e correntes do Niagara”.
Por onde que ele fosse havia um avivamento real e genuíno: homens reconhecendo
publicamente seus pecados; inimigos reconciliando-se os com os outros; bens roubados
sendo devolvidos aos seus respectivos donos com confissões; professores confessando os
seus pecados aos próprios alunos e colegas. Mas, o melhor de tudo era que em cada
campanha missionária que ele fazia formavam-se comitivas para levar o evangelho até às
vilas e aldeias vizinhas. Não poucas vezes após uma única campanha entre sessenta a cem
dessas comitivas eram formadas da noite para o dia.
O Dr. Sung tinha um “mestrado” em ilustrações e as usava as suas mensagens. Quando uma
vez pregava como um pecado deveria ser arrancado sem dó pela própria raiz, ele dirigiu-se a
uns vasos que continham plantas na plataforma, despedaçando uma a uma e arrancando-as
pela raiz e proclamou de seguida de todo coração: “Agora não poderão mais crescer! É assim
que o pecado deve ser arrancado de nós”.
Uma outra vez estava falando sobre Rom.6:23 onde se lê que “o salário do pecado é a
morte”. Tinha um caixão pequeno perto do local onde pregava e um grande número de
pedras foram-lhe trazidas para plataforma de onde discursava. Ele exclamava: “O caixão
representa a morte. As pedras simbolizam o pecado”. E com isso Dr. Sung começou a
chamar os pecados pelo nome e, por cada pecado que mencionava, atirava uma pedra para
dentro do caixão. O evangelista passou a explicar o significado de tudo aquilo: “Cada homem
carrega com ele um caixão e à medida que o caixão se vai enchendo de pedras, o interior
torna-se cada vez mais pesado e insuportável. A pessoa em questão fica com seu interior
sobrecarregado e em breve será esmagada sob o peso do fardo”.
Em outras ocasiões ele usava a seguinte ilustração quando se dirigia aos pastores de
congregações. Ele tinha um ajudante que lhe trazia um fogão a carvão para cima da
plataforma. Em seguida, ele pedia de forma audível uns pedaços de carvões pequenos os
quais lançava para dentro do fogo juntamente com um pedaço de carvão enorme. Dez
minutos depois, ele perguntava ao seu assistente sobre o progresso do fogo: “O que se passa
dentro do fogão?” a resposta vinha: “Os carvões pequenos estão todos queimando e em
chama viva. Mas, o pedaço grande está difícil!” Dr. Sung resumiria então a sua mensagem:
“Os pedaços de carvões pequenos são os membros das congregações e o pedaço grande é
como os pastores dessas mesmas congregações. Os pastores são sempre os últimos a
pegarem fogo”. Só podemos imaginar como uma exemplificação dessas irritava os ministros
das igrejas, os quais não morriam muito de amores por ele. Contudo, eram esses próprios
ministros que no final dos seus esforços missionários vinham ter com ele reconhecendo que
os membros das igrejas muitas vezes chegavam a triplicar.
No decorrer das suas pregações, o Dr. Sung muitas vezes usava dons proféticos. Uma vez
apontou para um indivíduo no meio duma multidão com mais de 1000 pessoas e disse:
“Você é um hipócrita! Arranje os seus caminhos com Deus”. A pessoa para quem ele
apontou era um presbítero da igreja, o qual ficou achando que o seu próprio pastor se havia
queixado sobre ele ao Dr. Sung. Mas, no outro dia o presbítero foi-se sentar num local
completamente diferente na enorme sala. Foi no meio do seu sermão que o evangelista uma
vez mais apontou em direcção ao presbítero, dizendo-lhe: “Você é um hipócrita”. Quando o
Dr. Sung fez a mesma coisa uma terceira vez num outro culto, o presbítero ficou enfurecido e
decidiu arranjar forma de matar o seu pastor, pois achava que havia sido ele a falar ao Dr.
Sung. Convidou o seu pastor para uma refeição em sua casa. O pastor da respectiva
congregação foi, contudo, avisado a não se arriscar. Mas, mesmo este fiel irmão resolveu ir
visitar o presbítero. Conforme ia entrando em sua casa, aquele homem atirou-se a ele com
um facão e na sua fúria levantou o seu braço para lhe dar o golpe fatal. Reagindo quase
instintivamente, o pastor caiu sobre os seus joelhos sem ligar muito ao facão e clamou:
“Senhor salva este homem!” O facão passou por cima da sua cabeça e entrou na parede. E o
facão quebrou-se. Foi nesse preciso instante que o espírito de arrependimento caiu sobre o
presbítero. Afundando-se nos seus joelhos ao lado do pastor, ele suplicou a Deus por perdão,
entregando assim a sua vida a Cristo logo ali. Este é apenas um exemplo dos resultados
práticos das palavras drásticas deste evangelista.
Num curto período de tempo, de 1931 a 1935, o Dr. Sung tornou-se numa das figuras mais
conhecidas da China. Os cristãos deram-lhe o apelido de “O homem que quebra o gelo”. No
jornal National Christian Council, o Dr. Sung foi colocado como sendo uma das seis
personalidades mais conhecidas em toda China. Este país, com muitos milhões de habitantes,
nunca possuiu um evangelista com este tipo poder. Por esta razão catalogaram-no como
“John Wesley da China”.
Isto foi apenas uma breve biografia sobre Dr. Sung. Ela foi aqui colocada por duas razões.
Em primeiro lugar, os cristãos no mundo ocidental, para quem esse homem é completamente
desconhecido, devem partilhar da glória que Deus lhe manifestou durante o seu curto período
de vida. Em segundo lugar, podemos ter a certeza de que o avivamento presente na Indonésia
não é o primeiro que tinha aquela autoridade duma verdadeira mensagem do evangelho dada
por Cristo. As ondas de avivamento causaram grande reboliço dentro do Dr. Sung e elas
tornaram-se tão poderosas nestas ilhas quanto são hoje. A única razão porque elas não se
espalharam tanto quanto se estão espalhado hoje, será porque aquele servo de Deus não
permanecia nestas ilhas mais que algumas poucas semanas. Também deve ser referido e
lembrado que o alvo das suas campanhas missionárias dentro da Indonésia, eram as
comunidades chinesas que ali vivam.
Em conjunto, o Dr. Sung visitou a Indonésia quatro vezes. Em 1935 ele evangelizou a igreja
chinesa de Medan no norte de Sumatra. Esta comunidade foi inteiramente revitalizada
através do seu ministério.
Em 1936 o evangelista chegou até Sarawak no norte de Bornéu. Tanto na parte britânica
como na parte Indonésia desta ilha, existem grandes comunidades chinesas. A campanha
deu-se em Sibu (Sarawaka). No decurso dos dez dias missionários, cerca de 1600 chineses
acharam o seu caminho até Cristo e mais de 100 ofereceram-se para a obra voluntária de
propagarem o reino de Deus. Acrescentando a isso, 116 comitivas foram formadas para
pregarem nas vilas circundantes e levarem até lá o fogo do evangelho. Se levarmos em
consideração que um evangelista europeu muitas vezes trabalha durante 40 anos alcançando
resultados iguais ou inferiores a este alcançado em apenas 10 dias de campanha, logo
tomaremos a consciência de que algo de muito errado se passa com estes desnutridos
evangelistas ocidentais. A obra dessas comitivas que se formaram, as quais mantiveram as
suas obras constantes e o seu testemunho bem vivo apesar da ocupação japonesa que se deu
depois disso, é bastante significativo. A sua obra prosseguiu firme e clara mesmo no meio da
confusão da guerra e das guerrilhas.
A terceira visita do Dr. Sung foi feita à ilha de Java em Janeiro de 1939. Em Setembro desse
mesmo ano, ele visitou a ilha novamente, estendendo os seus esforços missionários para as
ilhas Celebes e Moluccas. Já iremos falar sobre este assunto para termos uma perspectiva
melhor sobre esta graça excepcional e sem igual para com este país feito de ilhas.
A reputação do Dr. Sung como um grande evangelista já havia alcançado Java mesmo antes
da sua chegada. No entanto, todas as pessoas que se reuniram em Surabaja para a sua
primeira palestra, ficaram completamente abismadas com este homenzinho pequeno, magro e
vestido numa túnica chinesa pregando diante deles. Eles tinham uma imagem deste Wesley
da China completamente diferente. Contudo, um sermão depois, eles mudaram de ideias,
pois foi o suficiente para os levarem a reconsiderar as suas opiniões e impressões iniciais
apressadas. Tudo sobre este homem simples e mal vestido era energia revitalizante e poder.
Logo na sua primeira noite foram-lhes colocadas as suas exigências que fez em nome de
Deus. Discursando perante a plateia ele disse: “Eu tenho 22 mensagens para vos entregar
nesta semana. Isto significa que eu tenho que fazer três cultos diários e também quer dizer
que todos vós ireis ter que estar aqui presentes e assistir a todos. De outro modo nunca irão
descobrir quais as mensagens que Deus teria para vos entregar para vos desafiar com elas”.
Uma murmuração generalizada ouviu-se percorrendo toda a igreja: “O que será de nós?
Precisamo-nos afastar dos nossos trabalhos e virmos a igreja o dia todo?” Os pastores todos
avisaram John para não ser assim tão exigente, mas o Dr. Sung persistiu como se nada fosse
com ele. E ele estava certo. Os seus discursos foram tão poderosos e tão simples em seu
gênero de poder que pouquíssimas horas depois não era mais necessário insistir com as
pessoas para virem assistir à suas palestras. Os lojistas chineses fecharam as suas lojas todas
só para virem ouvir este evangelista pregar. Eles penduravam nas portas das suas lojas avisos
que diziam o seguinte: “Fechados por uma semana – estamos na campanha missionária”.
O avivamento espalhou-se mais longe ainda e com mais força. As crianças na escola
deixaram de frequentar as aulas. Eles também ficavam ali sentados o dia todo a ouvirem o
Dr. Sung sem se cansarem. E os professores nem se queixaram porque também se
encontravam lá todos.
Contudo, aos olhos do Dr. Sung isto não bastava. Mesmo que as ditas campanhas durassem
cerca de oito horas diárias, o evangelista ainda assim instigava os jovens com as seguintes
palavras: “Nem pensem que seguir o Senhor Jesus é sentir esta paz de coração somente e
ficar com o coração ardendo. Existem milhões de perdidos à vossa volta que não conhecem o
Senhor Jesus como vós. Ide e levem este evangelho para eles também”. Os jovens formavam
comitivas organizadas em grupos de três pessoas. E saindo pelas ruas e pelos bares e locais
de entretenimento que haviam frequentado assiduamente na sua vida anterior, espalharam a
mensagem gloriosa que lhes queimava o coração e transbordava para o exterior.
Durante os dias seguintes, muitos trouxeram frutos e relatos da bênção enorme com a qual
Deus manifestou através das suas obras.
Esta forma de atuar em grupos e comitivas que espalhavam o evangelho na Indonésia pode
ser vista já desde o tempo do Dr. Sung. O que se faz é o trabalho através de grupos.
Todos aqueles que assistiam aos seus discursos missionários em Surabaja, certamente
ficavam sem tempo extra. Desde manhã até à noite ficavam absorvidos, escutando o
evangelho, pregando e organizando os grupos que partiam em missões.
Mas qual era a vida diária deste evangelista que fazia exigências totais às pessoas?
O seu dia normal era levantar-se às cinco horas da manhã para orar e ler estudar as Escrituras
várias horas. Então, conforme acontecia em Surabaja, às nove horas da manhã havia um culto
que se destinava somente aos doentes e enfermos, o qual durava cerca de uma hora. Só
depois disto chegavam as três mensagens diárias, durando um mínimo de duas horas cada.
Também lhes chegavam muitas cartas as quais ele precisava responder. Porque ele passava o
dia pregando, havia muito pouco tempo para fazer um trabalho pessoal de aconselhamento.
Por essa razão ele encorajava os seus ouvintes a escreverem-lhe e relatarem desse modo as
suas necessidades espirituais. Ele também pedia aos novos convertidos uma pequena
fotografia através da qual tentaria recordá-los em oração. Quase sempre, sua hora para se
deitar, era depois da meia-noite, depois de haver terminado de escrever os seus apontamentos
também. Isto deixava-lhe poucas horas de sono até o seu novo dia de trabalho começar.
Mesmo após uma semana destas de evangelização haver terminado, ele não tinha pausa para
descanso. Ele pregava literalmente durante quatro semanas por mês. Os seus únicos dias
livres eram aqueles que passava viajando e deslocando-se de um lado para o outro.
As Pregações
O Dr. Sung não tinha como hábito basear os seus sermões num tema ou num texto apenas.
Ele pregava passando os seus pensamentos pela Bíblia inteira, versículo a versículo. A sua
aproximação para com cada passagem das Escrituras, contudo, era tão variada que muitos o
comparariam a Spurgeon. As suas pregações eram o preciso espelho expressivo de tudo
aquilo que ele experimentava nos seus estudos privados da Bíblia. Nós já mencionamos
como ele queimou todos os seus livros teológicos na América catalogando-os de ‘Livros de
Demônios’. Foi desde então que a Bíblia tomou o primeiro lugar na sua vida e foi também
desde ai que ele ganhou o hábito de ler no mínimo de 10 ou 11 capítulos nos seus joelhos
diariamente, escrevendo conscientemente em seu diário todos os pensamentos que Deus lhe
trazia ao conhecimento.
No seu sermão de I Cor.13 tudo ficou claro e vívido, isto é, selado nas próprias mentes dos
seus ouvintes em Surabaja. Ele ilustrou como em sua própria vida se havia tornado cada vez
mais orgulhoso como resultado da sua ascensão e fama nos Estados Unidos e como agora o
Senhor Jesus aproximou-se da sua alma com muito amor permanecendo para sempre a seu
lado depois de se ter humilhado. Ilustrou, também, o abismo que existe entre o nosso orgulho
e o Seu esperar por nós pacientemente; a nossa arrogância e a sua humildade; a nossa
vaidade complicada e a sua simplicidade; a nossa ambição e a Sua negação prática; as nossas
maneiras de suspeitar dos outros e a confiança que coloca no pecador; a nossa justiça própria
e desleixe para com todos aqueles que estão caindo no inferno contrastando com o amor que
Ele tem para com os que caem e até mesmo os que tropeçam levemente. Mesmo sendo nós a
merecer a cruz, o filho de Deus em Seu perfeito amor e humildade submeteu-se a essa
vergonha por causa de nós.
A mensagem do Dr. Sung chegou fundo aos corações e às consciências de seus ouvintes.
Ainda hoje, trinta anos depois, os efeitos da sua primeira campanha missionária em Java são
evidentes e permanecem. Muitos dos chineses ali permaneceram fiéis seguindo o Senhor
desde então.
Vamos entrar agora numa área de muitas controvérsias. Orar através da imposição de mãos é
abusado de três maneiras diferentes.
Em primeiro lugar, a igreja abusa das diretivas do Novo Testamento nos doentes e enfermos
(Tiago 5:14; Marc.16:17) caindo na descrença de nunca fazerem uso desta graça dada por
Deus.
Em segundo lugar, o próximo uso abusivo desta doutrina pode ser achada nos grupos
extremistas que impõem as mãos sobre todas as pessoas tanto apressadamente como
indiscriminadamente. Em terceiro lugar, muitos espiritistas e feiticeiros copiaram esta prática
para executarem vários rituais e tipos de magia através da imposição das suas mãos.
Tendo isto em conta, será que um cristão ainda pode ter a coragem de orar por uma pessoa
impondo-lhe as mãos? Será que ainda existe um uso correto desta doutrina de uma forma
adequada de se impor as mãos sobre alguém? Claro que sim: a maneira das Escrituras!
Mas qual é esta maneira das Escrituras na prática? O Dr. Sung dá-nos a reposta. Durante o
seu primeiro culto do dia dedicado aos doentes, em Surabaja, ele lia Tiago 5:14 e passava a
explicar: “Eu venho até vós como um presbítero da igreja. Venho em nome do Senhor Jesus
e não em meu próprio nome. Não possuo poderes mágicos nas minhas mãos; por essa razão
não esperem nada de mim, mas apenas d’Aquele que estará aqui conosco e servo de Quem eu
sou”.
A coisa que mais frequentemente se esquece nos círculos evangélicos hoje era o que mais
visível se tornava na mente e na prática do Dr. Sung. Ele explicava e aplicava que nunca
colocaria as suas mãos sobre alguém que não se houvesse convertido realmente. Apenas
sobre uma pessoa que houvesse confessado todos os seus pecados conhecidos pelo nome, ele
impunha as mãos. E se não os houvessem confessado, dizia ele, que nunca esperassem
resposta sob a imposição das mãos seja de quem for – mesmo que se orasse dessa forma.
O Dr. Sung também encorajava os doentes a buscarem o conhecimento profundo de que
todas as curas iriam depender da vontade de Deus. Ele disse: “Eu não posso garantir que
todos os doentes entre nós sejam curados. Nem o Senhor Jesus curou todos os doentes por
quem passou. Nem sempre Ele estava autorizado pelo Pai a curar todos os doentes nos dias
que passou pela terra. Quanto mais isto será verdade em relação aos seus servos!”
Após estes apontamentos introdutórios, os doentes eram trazidos para a plataforma um por
um. Eles se ajoelhavam, ele ungia-os com óleo em nome do Senhor e orava com eles.
Nessa mesma tarde havia um culto de agradecimento no qual algumas das pessoas curadas
davam os seus testemunhos sem os emocionalismos dos cultos de hoje. Muitos eram curados,
de fato, de doenças gravíssimas. Um missionário escreveu mais tarde: “Muitos cegos
receberam a sua visão, muitos paralíticos começaram a andar, os mudos falaram, os surdos
saíram com os ouvidos abertos; mas, o melhor de tudo foi essas curas terem durado para
sempre e nada de pior lhes ter voltado a acontecer”. Era comprovado que não se tratava
daquele tipo de auto-sugestão ao qual viemos nos habituando através dos emocionalismos de
hoje.
A parte mais marcante de todas nem era as curas dos doentes, mas antes que a maioria dessas
pessoas experimentava um profundo e real preenchimento através do Espírito Santo de Deus
durante estas imposições das mãos. Era a história dos atos dos apóstolos sendo repetida uma
vez mais.
Aquilo que já foi dito aqui precisa ser sublinhado novamente. O Dr. Sung não pode de
maneira nenhuma ficar incluído na lista dos enganadores de hoje, dos quais muitos são
extremistas enganados. O seu ministério era muito sóbrio, fiel e comprovadamente baseado
na Bíblia. Ele opunha-se veementemente a qualquer tipo de fanatismo e emocionalismo. Ele
rejeitava línguas, sonhos e visões como prova dos movimentos do Espírito Santo, tal como
qualquer exagero de emoção. No reino de Deus não necessitamos qualquer experiência
paranormal, mas precisamos tão só de nos tornamos canais completamente purificados e
purificantes através dos quais os verdadeiros rios de água viva possam fluir. Este era o ponto
de vista do homem, o qual, ao contrário de muitos evangelistas atuais, permaneceu sempre
numa envolvente, contínua e crescente abundância do Espírito Santo. De fato, aqueles sobre
quem ele imponha as mãos acabavam por receber a mesma plenitude de vida que ele próprio
tinha.
É precisamente por esta razão que não podemos catalogar a obra do Espírito Santo com
terminologia fanática e exageros exploradores das emoções das pessoas, mas antes através de
uma sobriedade bíblica muito séria e evidente. Por isso, a pessoa que rejeita o extremismo
não está nem perto de estar rejeitando a plenitude do Espírito Santo. Não será através de
rejeitar o extremismo que rejeitará o seu Deus. De fato, o contrário é que pode ser verdade,
pois pode não existir um tropeço maior para uma verdadeira obra de Deus do que um
pequeno sinal da existência de extremismo. É através disto que o Espírito Santo de Deus é
impedido de operar mais que qualquer outro motivo.
Depois de ter deixado Surabaja, Dr. Sung prometeu voltar lá pouco tempo depois. Os
Indonésios haviam definitivamente conquistado o seu coração. Ele haveria de cumprir a sua
promessa em Agosto e Setembro do mesmo ano. Começou sua segunda campanha
missionária em Java com uma campanha em Jacarta. A comunidade chinesa inteira estava
definitivamente mexida e atordoada com a verdade. Ninguém queria perder uma única
mensagem deste pregador cuja reputação alcançou todos os povos que falavam chinês. Antes
da semana terminar, cerca de 900 pessoas haviam se arrependido, abandonado seus pecados e
entregando suas vidas a Cristo.
A etapa seguinte de sua campanha levou Dr. Sung a atravessar uma parte de Java entre os
vulcões. Ele estava em seu elemento natural! Entretanto, em Surabaja, as preparações
estavam bem adiantadas para receberem o tão desejado visitante.
Cerca de 2000 voluntários declararam sua prontidão para colaborarem na campanha e na sua
preparação. A cooperação de todas as igrejas evangélicas também estavam visíveis na lista,
incluindo aquelas que fizeram grande alarido crítico contra a sua primeira missão. Acima de
tudo, toda juventude estava numa enorme expectativa de esperança real. O Dr. Sung havia-se
tornado no homem mais querido, no seu homem modelo. Na maior praça da cidade uma
enorme “sala” foi improvisada. Um gigantesco teto de folhas de palmeiras garantiam a
proteção contra sol e a chuva, mas mesmo assim o espaço tornou-se pequeno demais.
No decorrer da semana cerca de 5000 pessoas assistiam diariamente aos discursos do
evangelista. Milhares tomavam os seus lugares por volta das oito horas da manhã para
poderem garantir um lugar onde permaneciam até as onze horas da noite, até quando a última
das três ou quatro mensagens diárias terminassem. Eu nunca ouvi falar e nem assisti em toda
minha experiência de vida uma campanha desta envergadura e nem mesmo Billy Graham
conseguiu tal feito. As pessoas assistiam entre 10 e 15 horas diárias de pregações da palavra
de Deus durante dez dias seguidos. Somente o Espírito Santo poderia ser responsável por tal
evento. Os melhores meios de publicidade nunca poderiam tornar possível tal organização de
eventos similares com resposta tão efusiva e tão entusiasta duma fome enorme pela palavra
de Deus.
A sociedade bíblica local esgotou todas as Bíblias que possuía vendendo tudo, incluindo os
Novos Testamentos, apesar de todos os cuidados terem sido tomados para terem o suficiente
para a campanha. Os 5000 hinários que possuíam esgotaram-se rapidamente, o que obrigou
uma nova tiragem no mais breve espaço de tempo possível.
O Dr. Sung pregou a partir do Evangelho de S. Marcos, o que serviu o propósito preparar as
novas comitivas evangelisticas que iam sendo enviadas. Os resultados finais da campanha de
dez dias, foi a fundação de cerca de 500 destes grupos de evangelização, os quais invadiram
todo território de Java espalhando a mensagem do evangelho por todos os cantos.
Um dos intérpretes do Dr. Sung, um pastor de Malang, disse: “Não havia nada de
extraordinário nas pregações e no estilo do Dr. Sung. O seu repertório de sermões não era
muito vasto sequer. As suas apresentações das mensagens eram frequentemente tão simples
que qualquer criança as entenderia, mas um grande poder de convicção brotava a partir deste
homem. Eu, como seu intérprete, pude sentir os efeitos da verdade dentro de mim próprio
duma maneira excepcional”.
Parece até poético dizer isto, mas esta comparação justifica-se plenamente: Dr. Sung pregava
entre os vulcões de Java e era um homem feito do mesmo fogo e molde. Uma vez ele disse
sobre ele mesmo: “Existem muitas pessoas melhores que eu. No tocante à exposição das
Escrituras, eu nunca igualarei a Watchman Nee. Como pregador nunca serei como Wang
Mingtao. Como escritor, nunca serei comparável a Marcus Cheng. Mas, num ponto apenas
consigo ultrapassá-los todos em conjunto: eu sirvo meu Deus com todas as fibras do meu
corpo e com cada pedaço de força e energia que possuo. Não sobra nada de mim que não
pertença a Deus e que Deus não use”. O Apóstolo Paulo não disse o mesmo dele próprio?
“Eu trabalhei mais abundantemente que todos eles juntos”, I Cor.15:10.
De que maneira poderíamos afirmar estas mesmas coisas sobre Dr. Sung? Depois de termos
ouvido um pouco sobre a sua rotina diária, podemos agora apercebermo-nos de como o seu
labor esgotava todas as forças que ainda possuía.
Durante um longo período de tempo os seus amigos mais chegados aperceberam-se que ele
estava doente. Eles o aconselharam-no a buscar tratamento médico ao que ele respondeu:
“Eu não tenho tempo para isso eu preciso muito pregar o evangelho! Não dá tempo!”
Durante a última palestra da campanha em Surabaja as dores na sua coxa tornaram-se
insuportáveis ao ponto dele não conseguir mais ficar em pé para pregar. Mandou buscar um
banco para ele, sobre o qual se ajoelhou. Ele pregou sobre os seus joelhos. Disse mais tarde:
“As dores só paravam quando eu orava ou pregava, assim que terminasse elas voltavam”.
Surabaja foi o ponto alto de toda obra do Dr. Sung na Indonésia. Como os cristãos e os
malaios ficavam atentos e agarrados a cada palavra vinda dos seus lábios! Quando ele deixou
a cidade, no dia 30 de Setembro de 1969, centenas de pessoas ficaram em pé cantando-lhe
uma despedida emocionante. Alguns missionários católicos em cima dum barco olhavam
aquela multidão em uníssono com muita admiração. Eles perguntavam-se entre si quem seria
aquela pessoa tão importante assim. Mas, a única pessoa que eles viram saindo foi um
pequeno e insignificante homem chinês curvado debaixo das dores do seu corpo doente.
Naturalmente que muitas vozes de boas intenções se levantarão perguntando: Por que é que
ele não se poupou? Por que não seguiu os conselhos de Paulo que dizia que um corpo
saudável é algo de grande proveito? Por que razão este homem se martirizou a ele mesmo e
não se cuidou?”
As respostas são difíceis de achar. É verdade que estas objeções se aplicam a todos os
obreiros no reino de Deus, mas será que existe algum bom senso em dizer a um vulcão ativo:
“Por favor podes parar de enviar fumaça para o alto e cinzas para os céus? Podes parar de
lançar lava do teu interior?” Nenhum vulcão obedeceria a tais instruções. E o Dr. Sung era
um vulcão por natureza.
O Profeta
O Dr. Sung não tinha como ser restringido e isto era certamente o plano de Deus para a sua
vida. Em retrospectiva, isto pode ser afirmado com toda segurança. Este homem de Deus
vivia sob uma permanente impressão de que precisava apressar-se: “Eu tenho tão pouco
tempo”. E certamente que isso era uma verdade, pois ele faleceu aos 43 anos de idade e foi
para casa para estar para sempre com o Senhor.
No tocante à política, ele também dizia que lhe restava pouco tempo. Em Surabaja ele uma
vez disse profeticamente: “Guerras e tempos de perseguição virão sobre vós”. E como estas
palavras vieram a cumprir-se! Ele sabia que tinha pouco tempo! A Indonésia foi ocupada
durante dois anos pelos japoneses logo após isso. Surgiram as lutas para a independência
contra os holandeses que descrevemos anteriormente, seguindo-se mais tarde o conflito
sangrento com os comunistas, o qual dizimou cerca de 1.000.000 de vidas. E o pior de tudo
foi o caos causado pela guerra através do qual surgiram as perseguições contra os cristãos de
Sumatra, Leste de Java e outras áreas deste grande arquipélago.
E não menos importante, Dr. Sung sentia a aproximação da segunda vinda de Cristo. Ele
pregava continuamente sobre este fato e lutava arduamente, preparando os cristãos para que
eles fossem achados prontos para receberem seu Senhor.
A sua última mensagem à igreja, a qual ele deu pouco tempo depois da sua campanha na
Indonésia, foi: “A obra do futuro aqui será a obra da oração”. Estas palavras também foram
verdadeiramente proféticas.
Como chinês, Deus também lhe havia mostrado que na China e um pouco por todo mundo as
portas se iriam fechar para o evangelho. Na China atual as portas estão realmente fechadas
(*NOTA: este livro foi escrito na época e no auge do comunismo) e outros países encontram-
se na senda de fazer o mesmo. Com a vinda do anticristo, a onda de perseguições terá a
tendência apenas para aumentar.
Instigado e impulsionado pelo Senhor Jesus a partir do seu coração e não dando qualquer
valor a sua própria vida, o Dr. Sung esgotou-se por completo queimando tudo que era ao
serviço do seu Rei que ele achava que em breve viria. Na verdade, ele sempre teve uma
grande esperança de poder morrer enquanto estivesse pregando no púlpito.
Para além deste lado profético da sua vida, temos ainda um assunto meramente humano para
mencionar. O Senhor necessitava de ensinar ao seu servo a sua última lição: A arte do
sofrimento. Seguindo-se a um exame médico em Xangai, os médicos detectaram tuberculose
nos pulmões e um câncer. Uma escola interminável de dor e agonia combinou-se com as três
cirurgias que se seguiram.
O Dr. Sung entendeu isso como o jeito de Deus para com ele. Ele disse: “Deus precisa
derreter todo meu temperamento impulsivo e teimoso nas caldeiras da dor”. Isso foi
precisamente o que aconteceu com ele. Durante o seu sofrimento ele perdeu por completo o
seu jeito brusco de expressar-se e tornou-se o homem mais paciente, mais afável, quente e
compassivo.
Vendo a morte aproximar-se, ele disse: “O Senhor Jesus está ali na porta esperando por mim
para levar-me com Ele”. E isso também aconteceu assim. Poucas horas depois destas suas
últimas palavras, ele foi levado para o céu.
O Bandido
Por altura dos distúrbios comunistas em Shantung, um bandido de nome Wang estava no
auge da sua carreira de seus roubos, raptos e extorsões. Um dia, chegando a certa vila na
esperança de conseguir dar um golpe, ele viu uma grande multidão reunida. “O que está
acontecendo ali?” ele perguntou. Ninguém respondeu porque todos estavam ouvindo
atentamente. Decidiu prestar atenção ao homem que falava na frente. Era o senhor Gih e ele
começou a ler a história do filho pródigo em Luc.15: “Poucos dias depois, o filho mais moço
ajuntando tudo, partiu para um país distante e ali desperdiçou os seus bens, vivendo
dissolutamente”. Ele arregalou os olhos e muito admirado exclamou: “Como é que este
homem sabe a história da minha vida?”
O bandido escutou atentamente ainda mais depois de achar que o evangelista estava a contar
a história da vida dele. No final, ele também foi adiante junto com as outras pessoas entregar
a sua vida ao Senhor Jesus. Foi nesse momento que um criminoso foi transformado num
discípulo de Cristo.
A sua transformação trouxe muitos frutos para o reino. Logo no primeiro dia ele foi para
casa, ajoelhou-se diante de sua esposa e implorou o perdão dela. De seguida, procurou os
seus pais idosos e também lhes pediu para o perdoarem. A etapa seguinte levou-o ao pastor
do distrito onde vivia. Tornou-se num membro ativo daquela congregação e usou todas as
oportunidades que teve para proclamar a sua nova fé aos seus antigos amigos e companheiros
de crime. Quando eles olhavam para ele admirados e riam na sua cara, ele calmamente
firmava-se ainda mais no seu terreno, ficando inabalável, algo que era prova suficiente de
que a sua natureza havia realmente mudado.
Contudo, numa ocasião um dos seus comparsas anteriores, enquanto escarnecia e fazia
piadas rindo dele, disse: “se um gangster como tu pode pregar o evangelho, esse tal Jesus
também…” – ele não terminou a frase. No momento seguinte Wang caiu-lhe em cima e
arrancou-lhe uma orelha à dentada. Cuspindo a orelha para fora limpou o sangue da sua boca
e disse muito calmamente: “Tu podes insultar-me o quanto quiseres e da maneira que
quiseres, mas não irás insultar o Senhor Jesus na minha frente!” O homem ferido afastou-se
dali fazendo um voto de vingança.
Wang dirigiu-se ao seu pastor e contou-lhe o incidente. Estava convencidíssimo que havia
feito a coisa mais certa do mundo. Então, o pastor leu para ele a história onde o Pedro cortou
a orelha do sumo-sacerdote Malco, onde Jesus o repreendeu e curou a orelha do pobre
homem. Ele acrescentou: “Você fez exatamente a mesma coisa! Pedro, depois de ter sido
cheio do Espírito Santo, nunca mais tornou a fazer algo semelhante”. Wang arrependeu-se de
imediato e suplicou ao Senhor par a enchê-lo do Espírito Santo para não mais ser tentado a
fazer aquilo. Ele achava que, quando fosse cheio do Espírito também não tornaria a fazer a
mesma coisa!
Esta é uma clara referência do tipo de bênção que acompanhava Andrew Gih. Mas, ele ainda
tinha um longo caminho para percorrer. Vamos agora ouvir algo sobre a forma como o seu
ministério se foi desenvolvendo.
A Conversão de Andrew
O budismo foi a religião na qual ele nasceu e cresceu. Contudo, toda a sua família era apenas
budista nominal, pois não eram praticantes. Eles estavam tão preocupados com Buda quanto
muitos crentes estão com Cristo.
Foi a curiosidade que um dia levou o Andrew a visitar um templo budista. Mas, os ídolos
monstruosos e as figuras assustadoras ilustrando o inferno revoltaram-no completamente.
A sua visita seguinte foi a uma igreja católica. Quando entrou ainda usava o seu chapéu de
palha típico. Mas, alguém tratou de o arrancar da sua cabeça! Andrew ficou irritado com esse
incidente e prometeu nunca mais voltar a entrar numa igreja cristã.
Contudo, já podíamos detectar a mão de Deus operando em sua vida. Os amigos de Andrew
começaram a estudar inglês e ele também quis dominar a língua. Mas, não conseguia achar
um local onde aprender. No final, ele decidiu relutantemente ingressar na escola missionária
Bethlehem em Xangai. Mas, fez um voto a si mesmo que em circunstância alguma se
envolveria com a religião dos estrangeiros.
Havia um culto diário nesta escola. Mas, Andrew evitava-o a todo custo com a desculpa: “Eu
vivo longe demais e não consigo chegar a tempo”. Na missão a língua inglesa era, no
entanto, ensinada a partir da Bíblia e foi dessa maneira que os seus conhecimentos sobre o
grande Livro foram crescendo.
A maioria dos estudantes eram cristãos convictos e por essa razão muitos desafiavam-no
constantemente. “Tu acreditas que Deus criou o mundo?” uma moça perguntou-lhe. “Não”,
respondeu Andrew. “De onde chegamos nós então?” outro estudante perguntou de seguida.
“Dos nossos pais, claro” Andrew respondeu prontamente. “E de onde vieram os nossos
pais?” “De formas de vida anteriores”, respondeu ele. “E por que razão ainda existem
macacos que não se transformaram em gente?” Andrew ficou sem resposta e irritado.
Contudo, os cristãos não o deixavam em paz e nem cessavam de orar por ele.
Um dia, os professores da escola Bethlehem convidaram todos os estudantes para um
encontro missionário. Para tornar mais conveniente a todos os estudantes, era-lhes oferecida
a refeição da noite. Devido ao fato dos chineses serem muito cordiais, ele sentiu-se na
obrigação de aceitar por causa da cordialidade para com a oferta da refeição.
Essa noite foi o ponto de mudança de rumo na vida de Andrew Gih. Explodiu nele uma
profunda consciência dos seus pecados e do seu estado pecaminoso por estar em falta para
com Deus. Durante essa noite não conseguia dormir e lutava, ora contra ora a favor do seu
pecado, até finalmente sucumbir e clamar: “Senhor tem misericórdia de mim, um pecador!”
Nesse momento, a paz de Deus invadiu a sua vida e a certeza de que Deus havia tomado
posse de toda a sua vida apoderou-se indiscutivelmente dele. Logo no dia seguinte
manifestou aos cristãos e não cristãos a sua nova experiência. “Tornar-me cristão foi a
melhor coisa que fiz em toda minha vida!”
A Porta Aberta
Logo desde o início Andrew era um homem de oração. Ele agarrava com todas as suas forças
em cada promessa que encontrava na Bíblia. Por essa razão, foi um grande encorajamento
para ele quando um versículo explodiu e fez um grande eco dentro dele: “Eis que tenho posto
diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar”, Apoc.3:8.
Confiante e dependente desta promessa saiu à procura dum emprego. Era preciso ajudar a sua
mãe a manter a família por que seu pai havia falecido muitos anos atrás. Nessa época os
correios principais de Xangai abriram 100 vagas. Contudo, o número de candidatos era aos
milhares. Pior ainda, somente aqueles que falassem inglês seriam admitidos e Andrew era
apenas uma principiante do idioma. Muitos dos candidatos já haviam viajado para o
estrangeiro. Andrew decidiu-se pela oração. Ele ganhou um posto.
As lágrimas correram no rosto da sua mãe quando ele trouxe o seu primeiro salário. Ela
disse: “Filho, eu nunca vi tanto dinheiro em minhas mãos desde o falecimento de papai”.
Mas, mesmo assim, Andrew não tinha desejo algum de ser empregado dos correios toda a
sua vida. Uma noite teve um sonho. Viu um homem velho tocando um sino para convocar
pessoas para um culto. De repente, enquanto o sino tocava, o homem foi atacado por um leão
e morreu. Andrew ouviu então uma voz perguntando: “Quem tomará o lugar dele?” No exato
momento que ouvia a pergunta, ele foi acordado e sabia de imediato qual a resposta que
daria.
Com o coração pesado foi contar à sua mãe que sentia Deus chamando-o para o ministério.
Ela começou a chorar e exclamou: “Então lá terei que voltar a tecer de novo até à meia-noite
todos os dias para poder dar de comer aos outros filhos!” Como aquela resposta lhe
despedaçou o coração. O Senhor, contudo, direcionou-o para o versículo: “Aquele que não
deixa mãe, esposa e filhos por amor a mim não será digno de ser meu discípulo”.
Andrew concorreu para se tornar estudante bíblico na missão Bethlehem. Recebeu uma
pequena bolsa, metade da qual oferecia à sua mãe. A outra metade ficava para ele, mas nem
era o suficiente para suas roupas e sapatos e por essa razão andava sempre vestido de uma
forma muito pobre.
No entanto, a sua vida interior era o exato oposto de sua aparência exterior. O seu coração
queimava para Jesus. Todas a noites saia pelas ruas e pelos bairros vizinhos da cidade
pregando o evangelho a toda gente que encontrava. Por que não tinha dinheiro para o ónibus,
era obrigado a andar a pé para todo o lado. Durante a estação das chuvas quase sempre
andava com água pelo joelho. Isso resultou numa gravíssima gripe da qual não conseguia
curar-se. Ele orou e o Senhor respondeu-lhe uma vez mais com Is.43:2: “Quando passares
pelas águas, Eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares
pelo fogo, não te queimarás, nem a sua chama arderá em ti”.
Apesar duma tosse persistente, ele continuou pregando. Durante as férias ele e um amigo
fizeram uma campanha evangelistica. Ficaram três meses numa província do sul e lá Andrew
começou a cuspir sangue. No início de um dos cultos da noite, tossiu tanto que encheu um
lenço de sangue. O seu amigo mandou-o para a cama, mas ele não conseguia descansar.
Assim que ouviu os cânticos desde o seu quarto e quando chegou a hora da pregação, ele
esgueirou-se para dentro da igreja. Subindo ao púlpito começou a pregar. Três meses depois
a sua tuberculose desapareceu milagrosamente. Mais tarde, ele apercebeu-se que era pecado
ser tão descuidado com a saúde. Contudo, desta vez o Senhor foi misericordioso para ele.
Andrew dependia inteiramente das provisões de Deus para as suas necessidades pessoais.
Um dia orou a Deus por algum dinheiro para comprar um par de sapatos. A resposta chegou
de imediato. Um amigo ofereceu-lhe dois dólares, os quais, na altura, seriam o suficiente
para comprar os ditos sapatos. Mas, logo a seguir Andrew recebeu uma outra visita. Só que
desta vez era um jovem que se tinha convertido há bem pouco tempo. Este jovem cristão
encontrava-se numa situação desesperante, pois havia abandonado a sua anterior ocupação
desonesta após a sua conversão. Pediu ajuda a Andrew depois de ele próprio já ter vendido
alguma roupa para poder comprar arroz. Andrew orou por dinheiro para seu irmão em Cristo.
Uma voz interior perguntou-lhe: “Por que me pedes dinheiro? Tu tens dois dólares. Dá-lhe!”
Após haver hesitado uns instantes entregou-lhe o respectivo dinheiro. Alguns dias depois o
Senhor pagou-lhe de volta com 1400% de juros. Alguém lhe deu 30 dólares!
Uma vez, após um culto da noite, Andrew ficou para trás para orar com umas pessoas que
tinham assistido ao culto. Repentinamente, houve um alvoroço do lado de fora e ele ouviu
alguém gritando ameaçadoramente: “Matem o porco!” Muitos cristãos correram de volta
para dentro da igreja e ficaram ao lado de Andrew. Ajoelhando-se com ele começaram a orar.
Um bando de gente entrou na igreja com cassetes e paus nas mãos, mas ao ouvirem os
crentes orando recuaram mudos e abandonaram a igreja. O Senhor protegeu o seu Servo.
Revestido de Poder
Mesmo tendo tido algumas experiências maravilhosas com o Senhor, Andrew ainda sentia
uma falta e um vazio dentro da sua vida e também uma falta de autoridade nas suas
pregações. Consequentemente, um dia escutando um evangelista sóbrio, ele aceitou o convite
de ir à frente. Este renovado ato de humildade diante do Senhor foi enormemente
compensado. A presença do Senhor Jesus tornou-se real para ele e ele ganhou desde então
uma forma de vida muito sóbria, isto é, uma realidade vivente. Ele escreveu mais tarde
dizendo: “O que eu experimentei não foi nada sobrenatural. Não falei em línguas, não tive
visões e não ouvi nenhuma voz. Simplesmente consegui render e entregar toda a minha vida
por inteiro e incondicionalmente ao Senhor Jesus. Desse modo um novo poder foi fornecido
para a minha vida”.
Esta sua nova bênção trouxe-lhe muitos frutos. Onde quer que o jovem evangelista fosse,
acontecia um pequeno avivamento.
Por exemplo, numa certa cidade na Província de Cantão, o diretor do colégio Bíblico local
opôs-se vigorosamente contra a campanha missionária de Andrew Gih. Mas, mesmo assim,
muitos dos estudantes acabaram sendo convertidos. No final, o próprio diretor do colégio
também foi ganho para Cristo. Como dizia John Sung: “Os pedaços maiores de carvão são
sempre os últimos a pegar fogo”. No final desta campanha, o diretor da escola pôs-se em pé
no púlpito, dando o seguinte testemunho:
“Eu tive a felicidade de ter sido criado e educado na América. Foi lá onde aprendi toda a
minha teologia e doutrinas. Quando este jovem evangelista Gih começou a sua campanha
aqui, opus-me a ele. Eu tinha a certeza que se justificava porque achava que ele estava
enganando os jovens. Contudo, a sua última mensagem afetou definitivamente a minha
consciência. Eu fui obrigado a confessar todos os meus pecados um por um, mesmo que
resistisse a tal idéia e agora coloco-me aqui diante de todos vós que são os estudantes a
quem ensinei muitas coisas durante muitos anos. Esta manhã, um jovem da mesma idade
que a vossa deu-me a sua mensagem. Quando ele perguntou quem queria dedicar-se
inteiramente a Cristo e quando todos vós tomaram as vossas decisões, tornou-se bastante
claro para mim que também me faltava alguma coisa importante na minha vida. Os meus
muitos estudos e treinos prolongados nunca foram capazes de vos influenciar e contagiar
do mesmo modo que esta campanha conseguiu fazê-lo. Por favor, orem por mim para que
me possa ser dado aquilo que ainda me falta em minha vida.”
Na cidade seguinte a história repetiu-se. Os estudantes da Escola Teológica local
experimentaram uma nova e profunda santificação das suas vidas. Até os professores se
arrependeram e buscavam o perdão dos seus pecados da mesma maneira. As moças duma
escola sênior feminina permaneceram em oração dentro da igreja até que todos os seus
professores houvessem sido convertidos a Cristo. Até as desavenças mínimas entre Cristãos
terminaram. A escola sênior para rapazes, também foi sugada para dentro do avivamento.
Rapazes complicados, os quais haviam sido um enorme problema dentro da escola durante
anos, converteram-se. O seu diretor igualmente confessou os seus pecados e declarou
publicamente: “Devido à minha educação tornei-me ateu. Agora entreguei minha vida a
Jesus Cristo”. Até mesmo pastores e outros ministros do evangelho arrependeram-se e
confessaram publicamente os seus pecados e os seus desleixes ocasionais na obra de Deus.
Grupos de orações despontaram por todos os cantos e cada um chegava a ter entre 50 a 60
participantes.
Andrew Gih dá-nos o perfeito exemplo de como uma mensagem dada através o Espírito
Santo pode ser entregue sem quaisquer traços de fanatismo. Ele disse uma vez: “Antes de
podermos falar sobre os dons espirituais, devemos obrigatoriamente nascer de novo e de
seguida sermos cheios da plenitude do Espírito Santo. Só depois disso ter acontecido é que o
Espírito Santo distribui os seus dons aos homens. Mas, ele distribui conforme quer e nem
serão iguais para todos”. Numa outra ocasião ele declarou:
“Qualquer um que não tenha a plenitude do Espírito Santo, não tem qualquer poder ou
capacitação para o serviço de Deus e isso tornar-se-á uma triste e previsível
conseqüência caso afirmemos ainda assim sermos seguidores dum Deus vitorioso. Se
todos os servos do Senhor fossem cheios do Espírito Santo de forma real e não fosse
ficção, então toda igreja traria muito fruto, o qual, por sua vez, traria transformação e
ninguém poderia impedir que um avivamento a nível mundial viesse a acontecer. É por
esse avivamento que todos nós oramos e se acontecesse os Seus filhos estarem cheios de
Deus, esse avivamento seria seguramente o resultado a esperar”.
Através dos seus sermões, Andrew Gih conseguia esclarecer muito bem tudo sobre ‘sermos
cheios do Espírito Santo’. Vale a pena transcrever para aqui alguns dos seus pensamentos.
“Sempre que uma igreja cristã estiver orando por um avivamento real, então é preciso
entender logo desde o início que, a Bíblia, sendo a palavra de Deus, necessita tomar seu lugar
como a única referência de tudo que fazemos ou cremos. Antes de tudo precisamos ler a
bíblia, dar ênfase somente à Bíblia, ensinar a Bíblia, pregar a Bíblia, reverenciar e praticar
toda a Bíblia, antes de podermos ter uma ligeira esperança de podermos vir a ser cheios do
Espírito do Deus, de Quem é a Bíblia.” Será que é isto que está a acontecer em nossas
faculdades, escolas de teologia atuais e entre os líderes das igrejas?
“O Espírito Santo transforma tudo. Por exemplo, a caminho de Cafarnaum, os discípulos
brigavam entre eles sobre quem entre eles seria o maior. Mas, depois do Pentecostes,
tornaram-se de tal maneira humildes que até Pedro aceitou a repreensão de Paulo sem uma
única palavra de murmuração e de contestação. Da mesma forma, Pedro fugiu de uma moça
quando negou a Cristo, mas, depois do Pentecostes, ele permanecia firme e irreverente diante
de multidões e encarava o mundo de frente sem pestanejar por um momento”.
Para os seguidores de Cristo de então, tudo se resumia em salvar as almas de sua perdição.
Mas, hoje a ênfase recai sobre a constituição e normas das igrejas, obras sociais e ligações
ecumênicas ou então em assuntos de semelhante valor e natureza.
Depois de terem sido cheios do Espírito Santo, Pedro e João apenas conseguiam dizer: “Não
podemos falar se não aquilo que vimos e testemunhamos”. Hoje, a obra de um pastor
resume-se a algumas idas ao púlpito, enquanto Paulo exorta-nos a pregar a palavra dentro e
fora de tempo. O que Paulo diz, parece estar completamente esquecido ou então está a ser
ignorado. Foi por essa razão que um pastor de uma igreja em Java foi excluído da sua igreja,
pois ele saiu a pregar nas ruas. A igreja justificou a sua demissão com as seguintes palavras:
“pregar fora da igreja é contra nossa constituição”.
Para podermos receber o Espírito Santo, existem certos pré-requisitos que nunca poderão ser
ignorados: Fé, oração e uma obediência incondicional. Antes da sua ascensão Jesus prometeu
aos discípulos: “recebereis poder quando o Espírito Santo vier sobre vós e sereis minhas
testemunhas”, At.1:8. Os discípulos voltaram para Jerusalém e esperaram lá até que isso
tivesse acontecido. Só esse fato de terem esperado manifesta sua fé espontânea. E de comum
acordo dedicaram-se integralmente à oração.
Os seus conhecimentos sobre o dom das línguas também são bastante elucidativos. Ele disse:
“Na sua conversão, Paulo não recebeu logo o dom das línguas. Esse dom surgiu mais tarde.
No avivamento em Samaria também não se fala em nenhum dom de línguas. Mas, acima de
todos os argumentos, existe o fato de que Jesus nunca falou em línguas. Existem hoje,
contudo, crentes que erradamente assumem que o dom das línguas é a evidência do batismo
com o Espírito Santo. Isso é claramente contrário ao que as Escrituras nos revelam. Também
deve ser aqui lembrado que nenhum dos grandes homens de Deus como Wesley, Moody,
Spugeon, General Booth, Hudson Taylor e muitos outros possuíram o dom das línguas e
estavam indiscutivelmente cheios do Espírito Santo”.
Eu pessoalmente também acho muito interessante que Andrew Gih dizia haver três origens
para o dom das línguas. Também descrevi estes três aspectos num livrinho intitulado “O
problema das línguas”:
1. O dom das línguas existe como dom do Espírito Santo (Marc.16:17, Act.10:44 e
19:6, I Cor.12:14);
2. Este dom também pode ser fruto da expressão e do engano da própria alma da
pessoa. Jeremias diz: “falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor”,
Jer.23:16”;
3. Línguas de origem demoníaca: “Se se levantar no meio de vós profeta, ou sonhador
de sonhos e vos anunciar um sinal ou prodígio e suceder o sinal ou prodígio de que vos
houver falado e ele disser: Vamos após outros deuses - deuses que nunca conhecestes -
e sirvamo-los! Não ouvireis as palavras daquele profeta, ou daquele sonhador;
porquanto o Senhor vosso Deus vos está provando, para saber se amais o Senhor vosso
Deus de todo o vosso coração e de toda a vossa alma. Após o Senhor vosso Deus
andareis e a ele temereis; os seus mandamentos guardareis e a sua voz ouvireis; a ele
servireis e a ele vos apegareis. E aquele profeta, ou aquele sonhador, morrerá, pois
falou rebeldia contra o Senhor vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito e vos
resgatou da casa da servidão, para vos desviar do caminho em que o Senhor vosso
Deus vos ordenou que andásseis; assim exterminareis o mal do meio vós”, Deut.13:1-
5.
Existem dois extremos hoje nas igrejas cristãs. Um deles, predominantemente entre os novos
racionalistas, nega por inteiro a existência ou manifestação do Espírito Santo; a outra
corrente é predominantemente extremista: eles dão ênfase total no artigo quinto da confissão
de fé. Nunca podemos esquecer que a obra do Espírito Santo é somente glorificar a Cristo e
torná-lo conhecido entre os homens. Jesus tem que estar no centro da nossa confissão de fé e
no centro de nosso testemunho prático de vida. Qualquer pequeno desvio de ênfase levará a
um falso ensino e à falsidade.
A Obra em Java
Andrew Gih foi um dos responsáveis indiretos do atual avivamento na Indonésia. É claro que
não existe nenhuma ligação entre ele e o atual avivamento. Em todo caso, Andrew Gih e
John Sung foram responsáveis pela primeira apresentação clara do evangelho neste território
pagão.
Em 1951, Andrew chegou pela primeira vez à Indonésia. A sua obra começou em Bandung.
Os primeiros frutos do seu ministério chegaram mesmo antes do previsto. Um jovem
aproximou-se dele e implorou-lhe: “Por favor batize o meu pai! Ele encontra-se no leito da
morte.” Andrew não conseguiu chegar ao homem moribundo. Ele encontrava-se já de olhos
fechados. Disse-lhe: “o Senhor Jesus veio a terra e morreu por si na cruz. Você acredita?”
Ouviu-se um murmúrio incompreensível. Logo de seguida Andrew orou da seguinte forma:
“Senhor Jesus, só posso batizar esse homem na confiança. Eu peço que nos dês um sinal
claro através duma palavra da sua boca que ele realmente se converteu antes de morrer”. No
dia seguinte o velho homem melhorou consideravelmente e o seu filho disse: “Papai, ontem o
pastor Gih batizou o senhor. Você reconhece o Senhor Jesus como o Senhor da sua vida?” O
homem quase a morrer replicou: “mas é claro que sim, aceitei-O dentro de mim”.
Isto foi um bom início. Depois, a sua campanha estendeu-se de Bandung para Surabaja. Na
primeira noite, cerca de 400 pessoas vieram ouvi-lo. Gradualmente e conforme a semana ia
passando, a igreja chegou a estar tão cheia que no final da semana estavam cerca de 300
pessoas em pé à porta porque não havia mais lugar para eles dentro do local de culto. Todas
as noites entre 30 a 200 pessoas vinham à frente arranjar-se com Deus. Surabaja não havia
experimentado tal avivamento desde os tempos do Dr. Sung.
Acrescentando aos cultos que eram especificamente dedicados às pregações do evangelho,
também houve um culto para a cura dos enfermos. Durante a sua campanha, Andrew Gih era
constantemente pressionado a orar pelos doentes e a impor-lhe as mãos. Por fim acabou por
concordar e aceitar realizar um culto só para os doentes. Ele pensava que cerca de uma dúzia
de pessoas iria aparecer, mas, para sua admiração, apareceram entre 300 a 400. Mais tarde,
muitos testemunharam e confirmaram que estavam realmente curados.
Uma mulher sofria dum tumor. E Quatro médicos aconselharam-na a fazer uma cirurgia.
Contudo, como ela tinha de cuidar de outra pessoa doente, não havia maneira de ficar
internada num hospital. Gih orou por ela. Quando foi ao hospital para fazer mais um exame
médico, nenhum médico conseguiu detectar qualquer sinal do tumor. O Senhor tocou no seu
corpo curando-a.
Na escola sênior feminina em Surabaja havia quatro professores. Três deles tornaram-se
evangélicos durante o curso da missão. A quarta recusava-se a frequentar os cultos. Mas, no
final da semana ela ouviu dizer que Andrew Gih estava chegando de Xangai, local onde
havia nascido também. Por causa disso e devido a sua curiosidade, resolveu ir ouvir o que ele
dizia. Ela foi tocada pela mensagem e por tudo que ouviu e acabou por se converter nessa
mesma noite. Experimentou dois milagres simultâneos em sua vida. Durante vinte anos havia
sofrido do estômago e por essa razão era obrigada a manter uma dieta rigorosa.
Consequentemente emagreceu bastante, mas, depois do culto, ela ficou para trás juntamente
com os outros. Após haver esperado um longo tempo devido à grande multidão que
aguardava por aconselhamento, Gih orou por ela impondo-lhe as suas mãos. Chegou em sua
casa muito tarde nessa noite e sentiu uma fome incontrolável. Ela comeu tanto quanto lhe
saciasse totalmente a fome e foi dormir um sono tranquilo. Desde então permaneceu sempre
de boa saúde o Senhor Jesus salvou-a tanto espiritualmente quanto fisicamente.
Andrew Gih concluiu a sua campanha missionária em Malang. Devido ao fato de 120 jovens
numa única noite haverem decidido seguir a Cristo, Andrew teve a excelente ideia de formar
uma Escola Teológica para formação de evangelistas. Naturalmente que tal empreendimento
era contrariado por vários tipos de dificuldades. Eram necessários professores, um local e
dinheiro para construir as instalações. Ele levou todas essas preocupações aos pés do Senhor
em oração. E o senhor respondeu. Dos 12.000 dólares necessários para a construção, cerca de
4.000 dólares entraram só durante a primeira semana de campanha. Os primeiros cinco
professores também vieram para oferecer os seus serviços. Os estudantes – algo que é a
maior dificuldade no mundo ocidental – nem foram problema sequer. Eles já se encontravam
à espera de serem admitidos mesmo antes da construção haver terminado.
Em 1968 Deus permitiu que eu fizesse uma visita pessoal às cidades afetadas pela pregação
de Andrew Gih. Foi-me permitido o privilégio de discursar quatro vezes na Escola Teológica
que ele fundou. Nessa data havia lá cerca de 90 estudantes dedicados. Também havia 400
outros estudantes num colégio que ele igualmente fundou.
E assim completamos estas curtas biografias de dois evangelistas chineses que foram os
principais pioneiros de toda a obra atual na Indonésia. Eles eram os dois amigos, John Sung e
Andrew Gih. A obra dos dois ficou consolidada predominantemente entre chineses da
Indonésia, enquanto o avivamento poderoso atual está decorrendo entre a população malaia e
muçulmana. Deus, na sua misericórdia, conseguiu alcançar os três principais grupos étnicos
da Indonésia. Sem qualquer dúvida, podemos afirmar que o Senhor está alcançando todos os
seus propósitos no meio dos povos da Indonésia.
Os pioneiros da obra missionária cristã foram perdendo a sua influência gradualmente,
mesmo que as organizações que fundaram ainda existam e estejam operantes. O Senhor
escolhe sempre novos instrumentos quando os antigos se tornam desgastados e obsoletos. No
presente momento, é a vez da Indonésia estar a ser usada por Deus. No final dos tempos
chegará, sem dúvida, o tempo de Israel ser usado. No entanto, a Indonésia é atualmente o
país que carrega essa tocha do evangelho. Os sinais que suportam essa afirmação são
bastante visíveis e claros.
VII. PERGUNTAS E QUESTÕES SOBRE
O AVIVAMENTO NA INDONÉSIA
Os anos da minha vida foram um privilégio porque me foi concedido visitar um grande
número de lugares que foram centros nevrálgicos de avivamentos reais. Isto encorajou-me a
ler tudo o que encontrava sobre avivamento.
Todos os avivamentos reais dispõem de um curso e de uma maneira distinta extremamente
bíblica. As minhas conclusões e as ilações que tirei foram as seguintes:
Em primeiro lugar, o Espírito Santo de Deus sopra só onde quer. Ele é soberano em tudo que
possa fazer. Não podemos pensar que controlamos as suas atuações e as suas maneiras de
atuar. Tentar forçar Deus mesmo que seja através da oração, pensando que Deus não quer dar
de sua própria autoria, levar-nos-á sempre a um desvio psíquico, emocional ou mental. Esta
afirmação não invalida de maneira nenhuma a seguinte verdade: “o reino de Deus sofre
violência até agora e é tomado pela força”.
Em segundo lugar, descobrimos através duma intensa, exaustiva e aprofundada pesquisa que,
todo aquele avivamento que é verdadeiramente real, provoca a ira de todas as igrejas
estabelecidas e institucionalizadas. Aqui, podemos aplicar irreverentemente o pensamento de
John Sung: “os pedaços de carvão maiores são sempre os últimos a pegar fogo”. Caso
alguma igreja esteja concordando com um movimento espiritual logo desde o início, existem
fortes razões para duvidar da sua natureza bíblica desse avivamento e da sua isenção pessoal
dentro desse movimento.
Um avivamento real é sempre caracterizado por pessoas profundamente quebrantadas sob o
peso da culpa dos seus próprios pecados, arrependendo-se e entregando as suas vidas a Cristo
incondicionalmente, tornando-se Ele o seu único Salvador e Esperança.
Cada avivamento tem dentro dele, também, ramificações e correntes d’água nascidas no seio
do diabo. Os crentes nominais ficam frequentemente impressionados, agnósticos e resistentes
à obra de Deus devido a essas atividades satânicas paralelas, as quais associam à verdadeira
obra de Deus. Mas, devemos sempre ter em conta que nos terrenos onde Deus semeia, um
inimigo vem na calada da noite semear o seu joio também. As palavras do nosso Senhor
glorioso ainda hoje se aplicam “Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás”,
Ap.2:13.
Obras de caridade, serviços sociais, ações de caridade dentro duma comunidade e teologia
podem de fato tornar-se coisas boas, mas tem muito pouco a ver com um verdadeiro
avivamento. Na verdade, essas ditas coisas boas estão sempre cobertas com uma auréola
catastrófica de imunidade ao Espírito de Deus, devido ao fato de suas obras servirem de
razão para não se transformarem por dentro. As pessoas tornam-se como um pato e
mergulham para manterem apenas o exterior das suas penas limpas e brilhantes. Esses são os
terrenos onde as doutrinas da busca de dinheiro, ou da busca do intelecto, abundam e será
precisamente dali onde um avivamento real se ausenta.
O reino de Deus é sumariamente caracterizado por outros traços de comportamento. Deus
busca abençoar qualquer um que seja suficientemente humilde e quebrantado. Ele estima
uma pessoa sem nenhuma formação, humilde, acima dum professor universitário. A água
assenta-se e fica em paz nos lugares mais baixos da terra e o mesmo acontece com a água da
vida. Deus não respeita a grandeza humana. O Espírito Santo de Deus quando desce, tem
muito pouco tempo ou disposição para se envolver com raciocínios, partidarismos ou
preferências humanas. Deus torna os tolos em homens muito sábios e acha os sábios deste
mundo tolos. Faremos bem em recordarmos essas palavras de Paulo em I Cor.1. É aqui que
chega o fim, o limite, de toda inteligência.
De maneira similar, o Espírito de Deus nunca deve ser confundido ou associado ás operações
psicológicas dum estado mental, ocasional ou emocional. Este é um dos maiores perigos que
existem contra um avivamento. Estas operações e maquinações originam-se no orgânico e no
físico, as quais são tão incompatíveis com as operações reais do Espírito de Deus quanto
serão as maquinações de intelecto do homem. Os falsos profetas atuais deveriam pelo menos
uma vez ler e entender as palavras de Jeremias 23, onde Deus descreve os muitos sonhos,
visões e profecias de todos aqueles que proclamam estarem a falar em nome d’Ele
falsamente, como sendo coisas que pertencem ao subconsciente da sua própria mente.
Embora isto nem sempre leve ao extremismo, é no fundo a base principal para a propagação
dos extremistas e das sementes do joio dentro dos terrenos onde Deus semeia e cultiva. Estas
serão sempre as causas principais do extremismo.
O Espírito Santo é de Deus e não vem até nós devido ao raciocínio do intelecto humano (não
‘raciocinado’ para dentro da igreja), nem devido à aceitação e conivências desse mesmo
intelecto. Também não provém do que é orgânico e psíquico. Quantos foram já os erros
cometidos e os curto-circuitos provocados por esta confusão! Esta é uma das razões, também,
porque os avivamentos não permanecem por muito tempo e raramente duram mais que duas
gerações seguidas. Um avivamento é aquilo que desejamos, mas pode ser contrário a tudo
que imaginamos ou conhecemos.
O Espírito Santo é tão distinto e tão diferente da natureza pecadora dos humanos que não
existe nenhuma comparação possível entre a natureza de Deus e a do homem. Tudo é
completamente diferente do que aquilo que o teólogo enganado Paul Tillich afirmou. Ele
mantinha a seguinte afirmação: “Tudo aquilo que entendemos através de Deus ou através do
Espírito de Deus, não é nada mais do que a soma de todas as manifestações exteriores das
boas qualidades dos seres humanos”. Que ideia mais aberrante! O Espírito Santo parece, por
essa ordem de ideias, totalmente dependente daquilo que os homens possam pensar e achar
d’Ele. Este é o problema básico que existe nas teologias atuais, enquadrando e limitando
Deus aos seus comportamentos teológicos.
Se o nosso desejo é investigar a veracidade e a profundidade de um avivamento, temos que
nos preparar para que o Espírito Santo seja o EspíritoSanto e nada menos que isso. Não
podemos enquadrá-lo dentro do nosso intelecto. E muito menos deveremos associá-lo as
meras expressões do nosso subconsciente. Temos necessariamente de falar do Espírito Santo
tal e qual as Escrituras O descrevem e não de acordo com aquilo que nossas mentes possam
assimilar ou aceitar.
Pode parecer estranho falarmos aqui dos perigos em primeiro lugar, mas o nosso objetivo e
desejo são de preservar esta maravilhosa dádiva que Deus deu à Indonésia o mais que
podermos. Eu já visitei muitos campos missionários onde avivamentos reais morreram.
Tornaram-se como vulcões mortos e mesmo assim as pessoas recusavam aceitar e reconhecer
que o seu avivamento tinha acabado. Era muito difícil para eles aceitarem tal fato. Por causa
disso, chegavam ao ponto de confundir Vida com meras atividades da carne e não se
humilhavam.
Contudo o meu coração sente um enorme desejo de preservar este dom que Deus deu aos
cristãos indonésios e por essa razão ajoelho-me orando pelos amigos que fiz nesta terra. Que
Deus se agrade de mantê-los bem vivos e brilhando através deste movimento do seu Espírito
que é, na verdade, um serviço para a igreja em todo mundo.
Cultos de personalidade são o primeiro perigo. Quando Deus chama e prepara os seus
instrumentos especiais, eles nunca devem tornar-se mais importantes para nós que o próprio
Senhor dentro da obra que lhes é dada a fazer. Como é fácil nossos corações incharem-se de
orgulho e de ideias vãs quando o Senhor decide usar-nos. Será que não nos devemos lembrar
que o Deus que escolheu e ungiu Saúl foi o mesmo Deus que mais tarde o excluiu do Seu
reino? Conforme vamos lendo as histórias que seguem neste livro, nunca deveremos
esquecer – nem por um momento – que toda glória pertence a Deus e não a qualquer homem.
O segundo perigo entre os cristãos dentro dum avivamento é o sensacionalismo à volta das
histórias que ouvem. Os que leem essas histórias podem ser a causa da destruição dum
avivamento. Este sensacionalismo explica a razão da chegada dum cristão americano
pentecostal a uma das ilhas. Ele queria levar com ele uma mulher que foi usada de uma
forma grandiosa, para expô-la triunfantemente nos palcos e nas paradas evangélicas, tal
como os americanos costumam fazer. Mesmo que esta mulher tenha sido verdadeiramente
usada como instrumento para ressuscitar pessoas da morte, o único efeito das atuações deste
homem (que não foi enviado por Deus) seriam inchá-la de orgulho e causar a sua morte
prematura e a perda de toda autoridade espiritual que ela havia tido até ali.
Em terceiro lugar, os avivamentos podem ser ‘visitados até à morte’ ou ‘referenciados até à
morte’, ou mesmo ‘glorificados e louvados até à morte’. Um avivamento deve servir de
referência ao nosso dever e não para louvarmos alguém. Por essa razão se escreve sobre a
obra real de Deus. E o pior de tudo é que é através das bocas dos missionários e evangelistas,
que até estão cheios de boas intenções a respeito do avivamento, que esse avivamento muitas
vezes morre.
Por que razão estou escrevendo isto aqui? Os meus livros missionários são lidos por cerca de
40.000 pessoas e eu suplico a todos que não cessem de orar por esse avivamento na
Indonésia e que o fogo que Deus acendeu ali nunca se apague.
O avivamento na Indonésia está colocado diante de dois grandes perigos: está sendo
confundido e associado com duas correntes religiosas do mundo atual.
Por um lado é associado à onda de batismos em massa dentro da tribo Batak e por outro lado
é confundido com o movimento das línguas que se propagou pelo mundo cristão, o qual
causa a todos nós grandes náuseas e preocupações mesmo quando afirmam ser um
movimento de avivamento. Os batismos em massa que estão acontecendo em Sumatra e
muito particularmente entre a tribo Karo Batak, tem duas explicações. Espiritualmente
falando, tudo na Indonésia hoje acontece com um fluxo torrencial. Do ponto de vista
psicológico, existem muitas explicações para estes batismos em massa. Tal como as costas
das ilhas indonésias são banhadas por muitas águas, também acontece que a sua situação
religiosa e espiritual é afetada por muitas correntes de pensamentos e de doutrinas.
A razão principal para a dita onda de batismos, contudo, deve-se à situação política do país.
Logo após a revolta comunista, o governo ordenou (para contrariar as idéias anti-religiosas
do comunismo) que todos os cidadãos tinham obrigatoriamente de pertencer a uma religião.
As únicas opções existentes eram o Islã, o Hinduísmo e o Cristianismo. Devido ao fato dos
muçulmanos terem sido responsáveis pelos massacres entre os comunistas, muitos
indonésios, desejando uma vingança moral contra eles, optaram pelo Cristianismo. E foi
assim que, em 1966 e 1967, a admissão às igrejas através de batismos em massa começou a
propagar-se. Isso atingiu um tal número de ‘convertidos’ que apenas num espaço dois meses
cerca de 10.000 habitantes locais foram batizados pelas igrejas. No entanto, esta ocorrência
não pode ser vista como um renascimento espiritual nem poderá ser tido como novo
nascimento do qual Cristo falou.
Esta mudança para o cristianismo, contudo, tem o seu lado bom e o seu lado mau. O lado
mau é o perigo que subsiste dentro da igreja que se achará ainda mais diluída devido à união
e à mistura dos mornos com os frios. A bênção consiste na grande oportunidade de se poder
vir a alcançar estes povos para Cristo também já que foram alcançados para igreja. O Senhor
Jesus também é capaz de transformar esta situação e construir o seu reino puro mesmo a
partir das cinzas de um movimento artificial.
Falemos agora da confusão do movimento das línguas. O movimento das línguas espalhou-se
pelo mundo inteiro e também não pode, de maneira nenhuma, ser associado e confundido
com este genuíno avivamento dentro da Indonésia. Esta epidemia psíquica, alicerçada apenas
no subconsciente das pessoas com inclinações profundamente religiosas e alucinações
psíquicas, avarentas e enganosas, não pode nunca ser considerado como um avivamento.
Mas, fazendo essas afirmações credíveis não temos que temer que isto afete a todos aqueles
que possuem o dom genuíno do Espírito de Deus. Que nenhum desses tema prosseguir.
Como é realmente perigoso este movimento das línguas para com o avivamento, pode ser
ilustrado através do seguinte incidente. Uma vez, quando todos os professores da Escola
Teológica do Leste de Java estavam ausentes pelas férias da escola, um pentecostal vindo da
Holanda visitou-os. Ele espalhou as suas doutrinas entre os estudantes, ensinando que uma
pessoa que fosse cheia do Espírito Santo deveria falar línguas estranhas. Ele esteve prestes a
ganhar os ouvidos dos estudantes com essas suas ideias hereges e pouco bíblicas. Mas, antes
de consegui-lo, os professores da escola voltaram. A esposa de um dos professores,
apercebendo-se imediatamente do que se estava passando, confrontou o homem e disse
olhando no seu olho: “o senhor é um falso profeta”. Pouco tempo depois, ele saiu da escola e
a ameaça foi desviada. O inimigo planejou ultrajar e danificar o rebanho quando os seus
pastores estavam ausentes. O Senhor, contudo, impediu que qualquer estrago fosse causado.
A associação que podemos fazer entre o extremismo e o espiritismo pode ser ilustrado com
mais este exemplo. Certo dia o dito evangelista pentecostal que acabamos de mencionar saiu
para um passeio com um dos missionários. Repentinamente, ele disse ao seu companheiro
algo que o deixou pasmado: “Está a ver aqueles três pássaros? O do meio é um espírito. Olhe
bem para o que vai acontecer!” O pássaro do meio voou em direção ao evangelista e depois
levantou, subiu e desapareceu no ar. Isto é um claro exemplo de algo que frequentemente
ocorre dentro dos meios do espiritismo. Mas, para este “evangelista” era sinal do seu batismo
com o Espírito Santo. Esta história não é nenhuma fábula, pois foi-me relatada pelo próprio
missionário que acompanhava esse evangelista holandês. Para além disto tudo, existe um
perigo mais (algo que frequentemente é menosprezado, mas que se torna uma ameaça real
contra um avivamento). Um velho ministro do evangelho na Inglaterra, o qual esteve
presente no avivamento do país de Gales uma vez disse: “Lá para o fim do avivamento, toda
gente falava no Espírito Santo e só se falava no Espírito Santo e não mais no Senhor Jesus”.
Este perigo é verdadeiramente real, pois toda ênfase é retirada da obra de Cristo e transposta
para o Espírito Santo. Mesmo que as nossas igrejas atualmente estejam pecando ao não
darem ênfase ao Espírito Santo e às Suas operações, durante avivamentos, os cristãos
costumam ser levados para o outro extremo. Toda obra de salvação está colocada sobre
Cristo. E o Espírito Santo tem por obra exclusiva revelar e manifestar Cristo e falar d’Ele.
Jesus disse, pouco antes de o Espírito Santo ser derramado sobre os homens que escolheu: “o
poder do Espírito Santo virá sobre vós e sereis Minhas testemunhas”.
Profundidade e Extensão
Existem duas palavras-chave que podem ser usadas para descrever o desenvolvimento e o
crescimento desta escola de teologia. Não tivesse sido a profundidade com que foi alicerçada,
a escola ter-se-ia tornado muito superficial e leviana.
A Dra. Raquel, superintendente do hospital no centro de Java, tem ligações de longa data
com a Escola Teológica. Ela relatou-me alguns fatos muito interessantes. Ela própria
convidou várias vezes os grupos evangelísticos que se formaram a partir da escola para
trazerem a mensagem de Cristo aos hospitalizados e ao pessoal hospitalar também. Dizia-me:
“Nós víamos claramente uma mudança vívida, simples e radical em todas as nossas meninas
(pessoal de enfermagem). Quatro delas decidiram-se logo na primeira visita inscreverem-se
para ingressarem na escola e serem formadas para servirem na obra de Deus em tempo
integral. E, quando elas voltaram da Escola Teológica, a sua mudança tornou-se ainda mais
visível e marcante. Elas não se importavam de executar os trabalhos mais vis e mais simples,
eram tão honestas e possuíam um espírito de gratidão tão grande que nós, os que já seguimos
a Cristo, nos envergonhávamos só de estar perto delas. O Espírito de Cristo estava
literalmente demonstrado e impresso em todas as facetas das suas belas vidas”.
Dentro da própria Escola Teológica, os verdadeiros ventos de avivamento já sopravam há
alguns anos. Isto pode ser ilustrado com o que aconteceu na primavera de 1967. Os
professores tinham, naquela altura, grande dificuldade com certo número de estudantes e
consideravam mesmo a possibilidade de os mandarem embora. Mas, os professores
começaram a orar. Logo de seguida, a nuvem negra que os separava começou a dissipar-se e
as reuniões de oração começaram a prolongar-se até muito tarde na noite sem que se dessem
conta. Os estudantes vinham falar com os professores implorando-lhes o seu perdão e os
professores por seu turno confessavam aos estudantes aqueles pecados dos quais eles eram
culpados. Um dos professores, uma vez, falou a um grupo de estudantes reunidos diante dele:
“Eu sou um homem muito orgulhoso. Por favor, orem por mim”. Tudo aquilo que Espírito
Santo revelava e tudo aquilo de que eram convictos (mesmo que ligeiramente), era colocado
na luz e confessado publicamente sem qualquer hesitação. O que exigia restituição era
prontamente restituído – nem que fosse a honra de alguém.
A Dra. Raquel, uma mulher que teve o privilégio de participar e de conviver no avivamento
deste período na Escola Teológica, relatou-me todos esses incidentes e fatos e também me
deu muito mais informações preciosas sobre os professores. Contudo, o melhor será não
cairmos na tentação de publicarmos estas coisas, pois este tipo de acontecimento e ocorrência
é facilmente sensacionalizado por um lado e, por outro, dá matéria para a má-lingua de quem
quer ferir a obra de Deus. Esta é uma das maneiras mais ávidas de entristecer o Espírito de
Deus. A Dra. Raquel continuou dizendo: “Durante este período, conforme o espírito de
limpeza total e incondicional varria toda a escola de alto abaixo, do menor ao maior, muitas
coisas começaram a acontecer que só têm paralelos e referências aos próprios tempos de
Cristo. Opressões de ocultismo, pecados ocultos e de ocultismo e bruxaria envolvendo até
terceiras e quartas gerações eram trazidos e colocados na luz de Deus depois de revelados
pelo Espírito Santo. Por exemplo, uma moça estava possessa e um grande número de
demônios teve que ser expulso dela”.
David Simeon disse-me a esse respeito: “Até aquele momento nós só tínhamos conhecimento
dessas coisas e desses pecados vindos de três e quatro gerações, apenas dos seus livros. Mas,
agora nós obtivemos a experiência real de tudo aquilo que o senhor fala”. Eu fiquei
enormemente agradado e muito grato a Deus de que os meus livros eram instrumentos para
formação dessas pessoas usadas de forma tão magnífica e tão simples. Muitas vezes, uma
simples expressão dessas serve como um grande encorajamento para aqueles que lutam tanto
e constantemente pela verdade. Eu acho a minha vida constantemente sob fogo cruzado e
intenso vindo de todos os lados e até já me achei tentado a ficar desmotivado e exausto. Uma
palavra destas é muitas vezes o suficiente para nos fazer prosseguir e ganhar uma nova
leveza no nosso caminho com Cristo.
Vamos uma vez mais ouvir as palavras da Drª. Raquel: “Se eu tivesse apenas lido sobre as
coisas que aconteceram aqui, com certeza teria duvidado delas. Mas, aconteceu eu própria
estar envolvida nesses acontecimentos. Mais importante para mim do que a libertação das
pessoas dos seus pecados de feitiçaria e de ocultismo, foram os frutos do Espírito Santo
tornarem tão visíveis entre os estudantes. Eram vistos claramente. Por exemplo, Deus havia
derramado o Seu amor no coração de um certo jovem indonésio. Os outros ficaram tão
quebrantados por causa disso que sentíamos no ar a humildade crescente que se propagou por
todos eles com muita facilidade. Um outro reconheceu sua desobediência e pediu perdão
abertamente diante de todos. Não houve nenhum professor e nenhum estudante que tivesse
ficado indiferente ao toque do Espírito Santo e que não tivesse sido tocado durante o decorrer
dos acontecimentos. Somando a isso, as distinções na escala hierárquica entre os professores
e alunos deixou de existir. Os estudantes e os professores acabaram por formar um grupo
coeso de pessoas iguais umas as outras e era assim que se uniam em uníssono diante de
Deus. Os ventos de Deus sopraram e ainda sopram nesta escola. Não tenho qualquer
vergonha em admitir que choro e que me vêm as lágrimas aos olhos sempre que entro
naquela atmosfera da escola. Nem consigo conter as lágrimas”.
Agora é a minha vez de relatar as minhas próprias impressões. Eu estive na Indonésia
durante quatro semanas, duas das quais no leste de Java. O que eu experimentei ali,
impressionou-me mais do que qualquer coisa que alguma vez experimentei durante os meus
39 anos de caminhada com a minha cruz e com Cristo. Deus permitiu ver certo número de
coisas durante esse tempo abençoado. A minha vida espiritual pessoal ficou tão enriquecida
pela experiência que desde então dedico três vezes mais tempo à oração do que dedicava
antes. Devido ao fato de viajar muito, a minha memória tornou-se como um mapa do mundo.
Desde que cheguei da Indonésia, percorro diariamente cada continente orando por todas as
pessoas que conheço. Ficou impresso no meu coração que era negligente e culpado no
tocante à oração, não apenas diante de Deus, mas também culpado perante os povos que
servi. Nós precisamos obter o que procuramos e somente em oração e de joelhos dobrados. É
verdade que eu orava regularmente desde que aprendi seguir Cristo e isso incluía mesmo
passar várias noites em oração. Mas, mesmo assim, nasceu um reboliço espontâneo dentro de
mim através deste avivamento na Indonésia que me fez sentir estar em falta. Quão diferente
teria sido a minha vida se eu não tivesse sido tão negligente na oração. Quantas decisões
erradas teriam sido evitadas se tivesse permanecido um pouco mais de tempo nos meus
joelhos achando Deus. Eu sinto uma urgência dentro de mim em tentar compensar tudo que
perdi e onde falhei – se é que isso ainda é possível! Por essa razão, dobro os meus joelhos
cada dia e viajo desde o Alaska até Tierra del Fuego, da Escandinávia até a cidade do Cabo.
Então, pego na costa asiática e atravesso o Pacífico percorrendo todas as ilhas conforme a
minha memória viaja. Como são de grande ajuda todas as viagens que fiz no passado! Sinto-
me em casa em qualquer continente deste mundo. Em meu coração tenho apenas um pedido
atualmente: que Deus me perdoe ter sido tão morno na oração e na perseverança de alcançar
os pedidos que faço a Deus. Tudo isso recebi de volta por ter visitado a Indonésia.
Faz parte da essência do cristianismo puro e real o Senhor guiar os seus discípulos até um
isolamento e desse isolamento para a obra. Isto é o que se pode ver, também, nesta Escola
Teológica do leste de Java.
Uma Escola Teológica sem qualquer saída prática para o exterior dela torna-se um peso e um
fardo de teoria que não serve para nada. A ideia da evangelização da Indonésia surgiu e por
isso tornou-se um peso extremo dentro dos corações, tanto dos estudantes como dos
professores. Esta atitude justifica-se ainda mais devido ao fato de haver muito poucos
missionários estrangeiros dentro deste país. Mesmo tendo uma população de cerca de
110.000.000 de pessoas, a Indonésia tem apenas cerca de 2000 missionários ativos. Por essa
razão, a primeira tarefa que desafiou a escola, foi a evangelização do próprio país. Para
alcançarem esse objetivo, estudantes bem treinados eram enviados para trabalharem para
Deus nas ilhas vizinhas. Um dos acontecimentos mais relevantes e mais extraordinários a
esse respeito, foi quando uma tribo de fabricantes de venenos pediu a um missionário para
vir visitá-los e trazer-lhes o evangelho.
Uma maior oportunidade para o serviço prático nasce precisamente do hábito que a escola
tem de treinar os estudantes durante as próprias campanhas de evangelização. Para esse
efeito, todos os anos, os estudantes são divididos em grupos e são enviados para trabalharem
por sua própria conta durante dois meses. Só em Junho de 1967, dezessete desses grupos
missionários foram organizados e enviados, envolvendo um número de 95 estudantes, os
quais foram enviados numa missão que cobria toda a Indonésia. Não vale de nada os
professores planearem ou decidirem onde cada grupo deve trabalhar. Durante dias e antes de
serem enviados, unem-se todos em oração para tentarem descobrir quais as indicações que
Deus lhes dá e qual a Sua vontade para cada grupo. Uma das indicações claríssimas de que o
Espírito Santo guia essas pessoas é a forma como concordam e como coincidem todas as
conclusões finais alcançadas tanto pelos professores como pelos estudantes. Eu nunca
experimentei nada deste gênero em toda minha vida interior. Quantas vezes os missionários
que são enviados para o campo de batalha não conseguem ser unânimes sobre as decisões
dos seus líderes e superiores hierárquicos no quartel general! Isso serve apenas para ilustrar
como esta falta de união no Espírito existe e como é uma realidade dentro daqueles que são
enviados ou acham que estão sendo enviados. Onde o Espírito guia, todos concordam. No
leste de Java, contudo, os crentes continuam em oração até que haja clarividência sobre cada
detalhe de cada saída missionária. Este é um sinal claro que este avivamento é realmente
sóbrio, sólido e bíblico.
O passo seguinte, conforme o campo missionário se alarga, é o envio de missionários para
outros países também. Enquanto estive na Escola Teológica em 1968, o objeto das suas
orações eram a Tailândia e o Camboja.
Contudo, eu tenho forte um pressentimento que isto não será o último passo que irão dar.
Sabendo que o mundo ocidental está tão enraizado e tão feliz dentro do ácido corrosivo da
teologia, não me surpreenderia nem um pouco se um dia a América e a Europa viessem
receber missionários oriundos da Indonésia para fazê-los voltar a Cristo. Eu tenho a certeza
que, caso esses irmãos da Indonésia mantenham a sua humildade e perseverança, isto vai
acabar por acontecer.
Gradualmente, as igrejas tradicionais na Indonésia estão cessando a oposição que criaram
contra esta Escola Teológica. Muitas igrejas, entre elas a Presbiteriana, Metodista, Menonita
e outros grupos protestantes no qual se incluem alguns dos grupos pentecostais mais
moderados, começaram a enviar os seus jovens para serem treinados nesta instituição
abençoada. Isto é um passo de gigante em direção àquilo que deveria ser. Parece que o
Senhor está em cima do monte Nebo comandando os cristãos dizendo: “Eis a Indonésia
diante de vós. Ide possuir a terra”.
É precisamente isto que eles têm tentado fazer sem objeções.
Eu já havia partido da Indonésia e estava quase terminando de escrever este livro quando,
pela graça de Deus, recebi relatos adicionais sobre o avivamento na Escola de Teologia em
Java. Os relatos chegaram até mim através de dois líderes professores desta escola e falam
muito mais do que o meu próprio testemunho. Aqui fica apenas expresso a gratidão da minha
parte por este testemunho maravilhoso das operações tão visíveis do Espírito Santo nesta
Escola Teológica Indonésia:
“Quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, éramos como os que estão
sonhando. Então a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de cânticos. Então se
dizia entre as nações: Grandes coisas fez o Senhor por eles. Sim, grandes coisas fez o
Senhor por nós e, por isso, estamos alegres. Faz regressar os nossos cativos, Senhor,
como as correntes no sul. Os que semeiam em lágrimas, com cânticos de júbilo segarão.
Aquele que sai chorando, levando a semente para semear, voltará com cânticos de júbilo,
trazendo consigo os seus molhes”, Sal.126:1-6.
Caros amigos
As nossas bocas estão cheias de riso e as nossas línguas entoam louvores. Durante os
últimos meses tivemos aqui tempos similares aos que iremos passar quando estivermos no
céu. Nunca houve tanto louvor, tanto agradecimento e tantos cânticos tão ordeiramente
oferecidos como tem acontecido agora. Nunca os professores e os alunos estiveram tão
unidos em vínculos de amor real e fraternal. O Senhor derramou sobre nós tanto as
chuvas serôdias como as temporãs. Grandes coisas têm vindo acontecer entre nós e
também em nove outras ilhas através do trabalho desinteressado de dezessete grupos
missionários distintos.
Tudo começou com a nossa própria convicção da dura realidade de não sermos dignos e
de não nos pertencermos a nós mesmos. Durante meses (anteriormente) estávamos
completamente arrasados e desapontados com o nosso estado espiritual aqui na escola.
Um grupo de pessoas começou, então, a orar por um avivamento. Os alunos do quinto
ano estavam abandonando a escola já e, mesmo assim, um grande número desses
estudantes encontrava-se num estado de espiritualidade muito precário e quase satânico.
Mas, foi então que o Senhor começou a responder às nossas orações, enviando-nos dois
dos seus mensageiros. As suas mensagens cheias de autoridade a respeito da batalha
espiritual que enfrentamos dentro de nós (e a qual precisa ser vencida a qualquer custo),
revestidos com toda a armadura de Deus, revelou-nos como estávamos tão longe do
nosso objetivo de servir Deus como Ele quer. Como estávamos com fome e com sede!
Como andávamos longe da luz (de manifestar publicamente os nossos pecados todos) e
de caminharmos nela espontaneamente! Mas, mesmo assim, o Senhor teve misericórdia
de nós e estava operante em nosso meio. Dez dias mais tarde, Dan, nosso co-missionário
indonésio e companheiro em Cristo, obteve uma experiência maravilhosa de uma total
renovação interior na sua vida. O Espírito Santo suscitou tal convicção de pecado dentro
dele que chorou sem parar durante mais de uma hora para logo de seguida o Senhor
encher a sua vida. Este homem, no passado, havia-nos causado grandes problemas e
enormes apertos de coração devido ao seu enorme orgulho e espírito de crítica. Tornou-
se numa pessoa de grande amor e humildade, de tal forma que nem o reconhecemos
mais. Tornou-se numa pessoa completamente diferente do que era. Todas as vezes que
olho para ele agora, gratidão e louvor enchem o meu coração e boca, pois tenho diante
de mim uma grande obra da maravilhosa graça de Deus.
Por fim, foi tornado possível a todos os obreiros, orarem juntos. Começamos na quarta-
feira à noite. O Senhor humilhou-nos tanto que, pela primeira vez em nossas vidas,
começamos a chorar e a interceder diante dele por nossos jovens e por nossos pecados. E
a sua resposta foi uma surpresa para nós. No final da nossa sessão de oração em
conjunto, o Senhor derramou seu Espírito sobre nós de tal maneira que todos os pecados
e todas as obras das trevas foram trazidos para a Sua luz. Quando chegamos a casa,
tarde nessa noite, achamos nossas moças esperando por nós à porta. Uma delas estava
endemoninhada. Na verdade, ela sempre esteve endemoninhada. Houve vezes que
suspeitávamos disso, mas, as coisas haviam estado tão escondidas nas trevas que os
espíritos malignos que ela possuía conseguiam facilmente achar lugar dentro da nossa
Escola Teológica e passarem totalmente despercebidos. Durante essa noite e as noites
que se seguiram, saíram dela cerca de cinquenta demônios, todos expulsos
permanentemente em nome de Jesus. Na verdade, foi uma luta de vida e de morte. Uma e
outra vez, os espíritos malignos tentavam ou enlouquecê-la ou forçá-la a suicidar-se.
Houve vezes que pesávamos que tínhamos chegado ao limite das nossas forças tanto
espirituais como físicas. Mas, Jesus é na verdade um Salvador maravilhoso. O Senhor
ensinou-nos bastante durante esta batalha que travamos. Todos os espíritos malignos
tinham que revelar sua identidade e por que razão possuíam Hanna, até sabermos quais
os pecados e a origem da possessão. Muitas práticas ocultas e de ocultismo foram
reveladas e trazidas para a luz. Mais tarde, descobrimos que não havia um aluno ou
professor que não tivesse estado envolvido em práticas de bruxaria e de ocultismo.
Confissões com listas que excediam os duzentos pecados de bruxaria não eram tão raras
assim e isto precisamente dentro da Escola Teológica onde os estudantes aprendiam tudo
a respeito dos perigos do ocultismo! Isso apenas revela como o inimigo tem capacidade
de cegar os olhos do homem! E também revela como a luz do Espírito Santo é e até que
profundidade ela consegue penetrar.
Depois da primeira noite, começamos a orar em conjunto diariamente e cada dia mais
estudantes eram renovados da mesma forma que Dan. Mas, a vitória final chegou
quando, numa segunda-feira, cancelamos todos os trabalhos que tínhamos e toda escola
se uniu cumprindo as profecias de Joel 2, chamando um dia de oração e jejum. Depois de
nós professores termos reconhecido em lágrimas as nossas incapacidades e falhas, o
Espírito Santo operou poderosamente e de tal forma que muitos estudantes ficaram
convictos de seus próprios pecados. Nesta fase, a dimensão das trevas começou a tornar-
se visível e a verdade é que a verdadeira batalha mal tinha começado. Nós oramos todas
as noites até muito tarde. Ninguém tinha mais consciência do tempo. Mais alguns casos
de possessão tornaram-se evidentes dentro da escola. Não poucas vezes, as nossas
batalhas contra os poderes das trevas prolongaram-se até de manhã, devido ao fato de
nossos moços e moças, vencidos pelo pecado, nos procurassem incessantemente para
aconselhamento. Durante essas semanas quase nem dormimos, mas a alegria do Senhor
era a nossa força. O trabalho da escola prosseguia mesmo que tivesse sido necessário
parar os trabalhos durante certas ocasiões quando as orações de todas pessoas eram
necessárias e requisitadas devido aos casos de possessão mais graves. Mas, mesmo isso
foi instrutivo. Os exames finais para os terceiros e quintos anos estavam-se aproximando.
Contudo, os resultados nem foram piores que nos outros anos, apesar de nem termos tido
tempo suficiente para fazermos as devidas revisões. Era o triunfo do amor e por essa
razão todos os estudantes estavam sempre preparados para abandonarem os seus livros
quando se tratava de ajudar a libertar, através da oração, um dos seus irmãos possessos.
Durante aquelas semanas, o Senhor deu-nos uma visão muito profunda sobre a realidade
do pecado; sobre a herança do pecado; a maldição de Deus sobre terceiras e quartas
gerações e também sobre opressão e possessão demoníaca. Era um abismo de trevas e de
necessidades que clamavam e bradavam aos céus! E como isso que estávamos fazendo
aborrecia o inimigo! Mas, quão poderoso é o nome do Senhor Jesus em destruir todas as
fortalezas do inimigo e quão invencível é o poder do Seu sangue em lavar os nossos
pecados e de responder a todas as acusações e contra-acusações que sofremos do
maligno! Quão maravilhosa é esta salvação perfeita que nos veio através de Cristo!
Muitas vezes surgiam perguntas como esta: será que a maldição de Deus sobre práticas
de ocultismo dos nossos antepassados não é automaticamente retirada de nós quando
nascemos de novo em Cristo? Não estamos a menosprezar a salvação de alguém quando
mais tarde tentamos libertar uma pessoa dessas opressões vindas dos seus antepassados?
O Senhor deu-nos a resposta durante as noites de oração ao fazer-nos lembrar a história
de Lázaro. Ele recebeu o dom da vida através de Jesus, mas era incapaz de se libertar
das ataduras e das roupas fúnebres e não conseguia viver plenamente essa dádiva da
vida sem ser desamarrado e liberto. Tinha vida, mas não tinha a liberdade e a
disponibilidade de vivê-la. E Jesus entregou essa tarefa aos que ali estavam presentes e
que haviam sido testemunhas da ressurreição dele. Isso foi literalmente o que nós
estávamos experimentando de forma muito prática com alguns estudantes. Muitos deles,
apesar de terem nascido de novo, nunca haviam experimentado a alegria da sua salvação
e nem conseguiam lutar com eficácia através da sua vida espiritual porque não se
encontravam libertos dos seus pecados. Contudo, assim que as suas roupas fúnebres
eram tiradas e desamarradas, eles tornavam-se instantaneamente testemunhas reais,
alegres e poderosas do seu Senhor. Descobrimos que a tarefa e a autoridade de libertar
as pessoas da opressão, a qual Jesus entregou nas mãos dos seus discípulos, foi-nos
revelada de tal forma como se nunca tivéssemos aprendido algo sobre o assunto. Talvez
esta seja a resposta para muitos dos problemas que as igrejas e os cristãos enfrentam por
todo mundo.
Nós estamos nos aproximando, agora, da época dos grupos saírem em serviço para o
Senhor. Na verdade, os grupos já estão decididos há muito tempo e as cartas necessárias
já foram enviadas para as igrejas que estarão envolvidas na evangelização. Contudo, o
Senhor baralhou todas as nossas opiniões e planos em cada reunião, nas quais nos
entregamos para finalizar questões e detalhes. Por fim, acabamos por dar livre arbítrio
aos estudantes e demos-lhes as seguintes instruções: “esperem receber instruções
diretamente do Senhor e depois comuniquem-nos quais foram”. Um plano maravilhoso
por parte do Senhor foi nos revelado. As várias diretivas do Senhor (algumas delas
através da Bíblia e outras através de visões) nunca se contrariavam. E, mais ainda, o
Senhor guiou-nos a visitar distritos que nós nunca teríamos a audácia de visitar, pois
temíamos acatar as responsabilidades de ter que enviar os nossos jovens para tais áreas.
Essas áreas eram as fortalezas do ocultismo nas ilhas de Ambon e Sabu, na ilha de Mojo,
a fortaleza islâmica de Atjeh e Minangkabu, as inultrapassáveis terras inundadas das
províncias de Sumatra (Djambie e Riau), o pântano de imoralidade na área portuária de
Jacarta e, por ultimo, as prostitutas de Surabaja. Alguns dos estudantes estavam
obviamente temerosos com as tarefas que o Senhor lhes designara e, por essa razão, em
vez de nos dizerem ou contarem o que o Senhor lhes havia dito, eles deixaram a decisão
vir de nós. Contudo, nos dois dias de oração anteriores ao domingo que os grupos iriam
ser enviados, o Espírito Santo operou tão poderosamente que os nossos jovens
quebraram em lágrimas pedindo ao Senhor para lhes perdoar e suplicando-nos que lhes
fosse permitido visitar as áreas que o Senhor lhes indicara. Como o Senhor respondeu
tão maravilhosamente! Quantas promessas Ele nos deu e quanto poder recebemos
através da oração! Eu gostaria que você estivesse aqui presente para poder ter uma ideia
do que aconteceu entre nós nestes dois dias e meio de oração! Nós oramos sem cessar,
com apenas uma curta pausa para o almoço e outra para o jantar. Começávamos pelas
oito horas da manhã e as nossas orações prolongavam-se até cerca das onze horas da
noite. Ninguém se sentia cansado e ninguém tinha noção do tempo. Ao mesmo tempo,
durante as horas das refeições e durante o resto da noite que sobrava, aconselhávamos
os estudantes a quem o Senhor havia manifestado a sua vontade diretamente. Nós
experimentávamos igual bênção e experiência nessas ocasiões como naquelas durante os
tempos de oração. E foi então que chegou o clímax: o domingo da partida e da validação
para o serviço. Se me lembro corretamente, o culto da tarde começou às quatro e trinta e
durou até as nove da noite. Quão maravilhoso foi esse tempo! Seguiu-se, depois, as
preparações para as partidas dos respectivos grupos. O Senhor acrescentou bênçãos
materiais às bênçãos espirituais: cobertores, mochilas, sacos de dormir e sandálias
chegaram para os grupos. Da Alemanha chegou-nos um gênero de pão usado pelo
exército alemão que era leve na bagagem, mas muito nutritivo. Dois dias antes da partida
do primeiro grupo, nós recebemos uma quantidade de rádios-gravador. Juntado a isso,
conseguimos reunir antecipadamente muitas dádivas de literatura, de panfletos, de
evangelhos de João e Novos Testamentos. Finalmente, nós recebemos oferendas
monetárias que eram o suficiente para o início da viagem dos grupos. A verdade é que,
nenhum grupo saiu com o suficiente para o seu consumo diário e nem para sua passagem
de volta. Mas, isso não deteve ninguém de cumprir a vontade de Deus. Todos eles sabiam
que podiam depender de Mateus 6:33. Por favor dêem graças a Deus por nós e orem
conosco”.
Vamos agora ouvir as histórias e as vitórias que Deus alcançou por essas paragens.
Pioneiro de Atje
A seguir à sua libertação, o Dan tornou-se um instrumento escolhido do Senhor para Atje.
Este distrito fica no extremo norte de Sumatra e é conhecido como uma das fortalezas mais
fanáticas dos muçulmanos. Foi precisamente ali onde os holandeses tiverem sua maior dor de
cabeça e a resistência mais feroz durante a ocupação de Sumatra e da Indonésia. Foi apenas
em 1903 que essa resistência cedeu e foi finalmente superada.
Durante as reuniões de oração na escola teológica, tornou-se claro para Dan que deveria fazer
uma visita a Atje juntamente com seu grupo de missionários. Os cristãos do mundo ocidental
nunca poderão imaginar nem conceber as dificuldades duma tal missão.
A distância era o primeiro obstáculo. Eram milhares de quilômetros! Era uma área que nunca
havia sido explorada pelo cristianismo! Não havia ninguém para recebê-los quando
chegassem! Não tinham qualquer contacto ou conhecido no local. O Dan não tinha nem um
único endereço ou referência a quem pudesse recorrer para ajuda. E ainda por cima tinham
pouco dinheiro.
Era, por isso, uma zona de características únicas, uma tarefa invulgarmente impossível de ser
conseguida. Tudo isto era o que confrontava Dan. Mas, o pior de tudo foi que um dos
estudantes teve uma visão pela qual profetizava que toda a viagem missionária terminaria em
fracasso. Contudo, os cristãos logo se aperceberam que isso era uma visão vinda do diabo
com o intuito de abortar a missão. Este incidente revela claramente como o diabo também
consegue imitar Deus através de visões e profecias, mesmo dentro de um ambiente de
plenitude e de avivamento. De fato, até dentro dum ambiente de grande bênção e durante
tempos de plenitude, o inimigo encontra-se bastante ativo e sem rédeas. Só temos de saber
discernir.
Com os olhos postos no Senhor, a missão seguiu em frente. Seis estudantes, entre os quais
estava Dan, partiram com a luz do evangelho em suas mãos penetrando nas mais densas
trevas de Sumatra.
As suas provisões financeiras eram ridiculamente pequenas. Eles tinham entre eles um total
de 35.000 rúpias, o que equivaleria a cerca de 150 dólares. Para que serviria tal quantia para
quem tinha intenção de viajar cerca de 9.000 km numa campanha que duraria cerca de dois
meses?
Contudo, eles levavam com eles muito mais que uma magra soma de dinheiro. O tesouro
mais valioso que possuíam era a bíblia e dentro dela estavam contidas inúmeras promessas
que lhes assegurava que Deus era genuíno e fiel.
Eles foram e experimentaram a fidelidade de Deus logo no início, quando partiram no trem
de Surabaja para Jacarta. Conforme o trem saía, começaram a cantar e a conversar com os
passageiros. Uma mulher escutava-os atentamente. Finalmente, ficaram cansados e foram
dormir, até porque era uma viagem de dezoito horas, a qual eu próprio já fiz devido àquela
aventura causada pela má organização das linhas aéreas da Indonésia. Mas, Dan permanecia
acordado e em oração. Conforme ela ia saindo numa paragem, a mulher que escutava
atentamente o que diziam, levantou-se. Antes mesmo de sair do trem, entregou a Dan um
embrulho feito com papel de jornal. Ela disse: “Isto vem do Senhor para vocês”. Dan
perguntou qual era o nome dela. Ela respondeu: “Meu nome não é de grande importância. O
Senhor Jesus quer dar-vos isto”. Ela desapareceu no meio da multidão na plataforma.
Dan foi compartilhar aquela alegria com todos os seus companheiros. Tirando-os do seu
sono, ele logo contou-lhes o sucedido. Terminou exclamando: “Vejam! Deus cumpriu uma
vez mais com a sua promessa ‘Ele supre aos seus amados enquanto dormem’, Sal. 127:2b”.
Abriu o embrulho que tinha 500 rúpias (cerca de $ 3). Não era uma grande soma de dinheiro,
mas era algo que servia como sinal claro de que o Senhor providenciaria tudo o resto para
eles. Juntos se ajoelharam e agradeceram a Deus por aquela dádiva pequena que servia
apenas como sinal de encorajamento.
Após a longa viagem de trem e depois de terem finalmente entrado em Sumatra, o grupo saiu
do trem com as seguintes palavras: “Nós entramos neste terreno em nome do Senhor”. Cerca
de cem anos antes, um outro missionário havia usado exatamente as mesmas palavras. Ele
era Nommensen, o apóstolo de Deus a Batak. Ele clamou: “Eu começo aqui a batalha que o
Senhor Jesus iniciou há muito tempo atrás”. Vemos a origem do espírito pioneiro dos crentes
ali, o qual ainda não morreu. O grupo, contudo, não tinha intenção de alcançar Batak, mas
antes os muçulmanos de Atje.
O Grande Pacificador
O grupo, de início, não sabia para onde deveria dirigir-se. Antes de decidirem o que fazer,
eles oraram implorando literalmente ao Senhor para lhes dar uma direção clara. Estava
chovendo torrencialmente. Os jovens procuravam um lugar para se abrigarem e para
passarem a noite – mas até nisso, também buscavam a vontade do Senhor, pois nem se
importariam de ficar à chuva. Descobriram um hotel barato e também descobriram que
estava situado mesmo em frente a uma igreja evangélica. E maior se tornou a sua surpresa
quando se encontraram com um homem que era um dos presbíteros dessa igreja.
Mas, ainda havia coisas mais maravilhosas para acontecerem. No dia seguinte, o Pastor
regressou de uma viagem de avião. Quando se encontrou com eles, ele disse em forma de
protesto: “Eu fui a Java com a intenção de achar um Pastor para liderar esta igreja. No
entanto, como estava chovendo torrencialmente, o avião não pôde pousar em Java e fomos
obrigados a voltar. E eis-me aqui de mãos vazias e sem sucesso!”.
Ao ouvir a história deste homem, Dan sentiu um ligeiro toque no seu coração vindo do
Espírito Santo dando-lhe a direção. Ele disse: “Isso não é verdade, pois o Senhor fez tudo
certo. Você não podia achar um pastor em Java porque o pastor veio de Java e já se encontra
aqui. Pode escolher um destes jovens que vieram comigo. Todos eles são treinados
devidamente e um deles poderá ficar aqui como pastor”. E foi isso mesmo que aconteceu.
Quem duvida ainda de que o Senhor era realmente o seu guia? Quão maravilhosamente as
peças encaixavam nos seus devidos lugares e tudo sem contatos prévios ou avisos de
chagada, sem planejamento de qualquer tipo. Isto é, verdadeiramente, ser guiado por Deus!
Da mesma maneira, o Senhor arranjou um lugar onde ficarem e, também, resolveu os seus
problemas de transportes e de provisões.
Conforme os componentes do grupo iam dando os seus testemunhos numa das vilas, o
Espírito Santo mexeu profundamente com o coração de um homem influente, o qual era
administrador de uma empresa petrolífera. Mesmo sendo muçulmano, ele colocou um carro a
disposição do grupo, o qual poderiam usar sem qualquer despesa enquanto permanecessem
na área.
Os jovens cristãos ficaram ainda mais comovidos quando o presidente dessa empresa lhes
deu 5.000 rúpias – cerca de 25 dólares. E assim os inimigos da cruz tornaram-se os servos de
Cristo. Tenho a certeza que Deus não deixará de recompensar estas ofertas no dia do juízo.
Quantos cristãos serão envergonhados pela generosidade de muçulmanos como estes!
O grupo teve variadíssimas e maravilhosas experiências no tocante as suas provisões diárias.
Eles necessitavam de 200.000 rúpias para cobrir todas as despesas dos dois meses de
campanha e eles saíram de casa com apenas 35.000. No entanto, quando retornaram a Java
entregaram de volta 80.000 rúpias do que tinha sobrado de toda a sua campanha. Mesmo
tendo em conta que trabalharam entre muçulmanos e cristãos materialistas nominais, Deus
abençoou-os com todas as provisões necessárias. Isto é uma fórmula de matemática difícil de
fazer. Este tipo de matemática não é ensinada em nenhuma universidade hoje. É um tipo de
contas que existe apenas na escola daquele que se chama Maravilhoso.
O caminho que o grupo trilhou, contudo, nem sempre foi cheio de luz. A área onde se
encontraram era, de fato, uma das maiores fortalezas do Alcorão.
Estes jovens mensageiros de Cristo, um dia, programaram para pregar em certa vila, mas,
porque começou a chover, foram obrigados a abandonar a idéia. As chuvas torrenciais nos
trópicos são, de forma geral, muito mais severas que em qualquer região da Europa. De
início, eles ficaram desapontados. Contudo, vieram a saber que um líder muçulmano formou
um grupo armado para matá-los naquele local. Através desta chuva, o Senhor protegeu os
seus servos e desfez os planos deles. Aquilo que para nós, muitas vezes, é um
desapontamento, nem sempre é ruim. O Senhor, muitas vezes, esconde uma benção sob algo
que nos desaponta.
Os numerosos cristãos nominais também foram um problema para Dan e seus companheiros.
Descobriram, também, para grande surpresa, que havia cerca de 14.000 cristãos inscritos na
área. Estes cristos nominais quase sempre viraram as costas ao trabalho do grupo. Mas, isso
nem devia surpreender ninguém e muito menos surpreendeu a eles, pois, para além de serem
cristãos, muitos deles consultavam feiticeiros e tinham em sua posse muitos amuletos e
objetos de superstição.
Sempre que este grupo era rejeitado, eles logo de seguida perguntavam ao Senhor: “Senhor
para onde devemos ir?” Achavam que não havia nenhuma porta fechada para eles enquanto
as palavras do Senhor fossem verdadeiras. E as suas palavras eram: “Eu sou a porta e a porta
que eu abrir ninguém fecha”.
A sua dependência era exclusivamente de Deus. No início de cada dia, inquiriam do Senhor
sempre que liam a Bíblia e oravam pela manhã: “Senhor, para onde iremos hoje?” Nunca
começavam o dia sem terem a certeza absoluta de qual era a vontade de Deus para aquele
dia.
O Dan contou-me: “Por vezes era difícil descobrir quais eram os planos que Deus tinha. Por
essa razão nós persistíamos em orar e por vezes jejuar até que conseguíssemos reconhecer
toda a vontade de Deus. Uma vez, quando todas a portas pareciam estar trancadas, fomos
obrigados a viajar cerca de 75 Km para um local onde se abriu uma porta para trabalharmos
lá. Sentíamos literalmente que estávamos sendo acompanhados e protegidos por enormes
pilares de fogo. Foi uma coisa muito boa termos rendido as nossas vidas por inteiro ainda em
Java, caso contrário a nossa missão em Atje teria sido um sério fracasso.
Os frutos
Timóteo
A próxima testemunha do evangelho que podemos fornecer para além de Pak Elias, é
Timóteo. Tal como muitos outros antes dele, também era um fervoroso mulçumano antes da
sua conversão. Estudava na Universidade de Jogdjakarta e decidiu tornar-se professor.
Levado ao extremo pelo seu fanatismo, tornou-se um líder de um grupo de jovens de
Maomé, os quais perpetravam todo tipo de atos de terrorismo contra os cristãos. Uma vez,
juntamente com seus amigos, apedrejou todas as janelas de uma igreja evangélica e também
as janelas de um ministro protestante que morava ali perto.
O ministro, contudo, não fez caso desses ataques. Isso irritou ainda mais o jovem Timóteo e
ele acabou por visitar o pastor só para lhe perguntar por que razão não se havia retaliado e
nem tomado nenhuma medida contra ele. O pastor passou a explicar-lhe: “Deus ama-o e,
por essa razão, nós também o amamos. Os cristãos não pagam mal com o mal”.
Depois disto, este jovem líder muçulmano nunca mais conseguiu ter paz. Comprou uma
Bíblia para estudar os princípios da fé cristã. Ele queria estar numa posição de conseguir
refutar habilmente tanto a Bíblia como a fé cristã. Por essa razão comprou a Bíblia.
Mas, o resultado final não saiu como ele esperava. Timóteo acabou por se converter.
Abandonou o seu nome de Maomé e adotou um nome Cristão. Isso causou um grande
reboliço no seu círculo de amizades, pois, por norma os muçulmanos não toleram a
conversão de um dos seus para o cristianismo.
Todas as tentativas para fazê-lo mudar de ideias fracassaram e não deram em nada.
Abandonando os seus estudos de seguida, decidiu obter conhecimentos teológicos. A sua
primeira ideia foi ingressar num seminário teológico em Jacarta, mas quando se apercebeu
que o dito seminário estava envolvido com teologias modernas e que questionava a maioria
das verdades básicas da Bíblia, ficou desconsertado e profundamente abalado. Será que
havia abandonado a sua ambição de vida e suportado o escárnio dos seus amigos e
familiares para que a sua nova fé ficasse desgastada e lhe fosse retirada? Ele começou a
questionar-se: “que tipo de cristianismo é este? Isto não é, seguramente, a razão pela qual
troquei a minha vida antiga!” E foi assim que ele começou a procurar aqueles cristãos que
realmente tinham fé e acreditavam só naquilo que a Bíblia dizia e da maneira que ela falava.
A sua busca não foi em vão.
Timóteo entrou em contato com a Escola Teológica do Leste de Java e ingressou nela.
Quando terminou o seu treinamento, em conjunto com seus professores, sentiu em seu
coração que deveria dedicar-se por inteiro aos muçulmanos de Sumatra. O seu ministério
consequente foi poderosamente abençoado. Eu mesmo encontrei-me várias vezes com este
jovem e tornamo-nos grandes amigos. Ele está no topo da minha lista de orações por
Sumatra.
Os incidentes a seguir servem apenas para ilustrar a obra deste bravo soldado da cruz de
Cristo. Um dia, Timóteo encontrou-se com um líder de uma mesquita de noventa 90 anos de
idade. O jovem ministro perguntou-lhe: “você sabe que assim que morrer vai pro inferno?”
O velho respondeu: “sim eu sei disso, mas se tu souberes o caminho para o céu mostra-me”.
Timóteo mostrou o caminho para Cristo a esse mulçumano. O homem entregou-se a Cristo e
foi salvo.
Noutra ocasião Timóteo entrou num diálogo com um sacerdote muçulmano. Como já havia
sido mulçumano e tinha profundos conhecimentos do alcorão, Timóteo foi capaz de mostrar
com muita clareza as diferenças entre a fé cristã e as crenças em Alá. Ele disse ao sacerdote:
“O Alcorão não nos diz nada sobre tornamo-nos filhos do Altíssimo (1 João 3:1). E ainda
mais, o Alcorão não nos assegura nenhum tipo de perdão e nenhuma certeza de uma vida
eterna. Mas, a Bíblia assegura-nos, claramente, que ‘todo aquele que crer em Jesus tem a
vida eterna’ (João 3:36). E Paulo também nos diz (Ef.1:7) “em Cristo temos a redenção pelo
seu sangue, a redenção dos nossos delitos, segundo as riquezas da sua graça”. O sacerdote
ficou muito pensativo e aquilo que nenhum missionário alguma vez conseguiu – a conversão
de um sacerdote muçulmano – aconteceu ali mesmo através do Espírito Santo. Rasgando a
sua roupa de sacerdote muçulmano em pedaços, lançou-a para a entrada da mesquita. De
seguida, aprendeu a seguir a Cristo e acabou sendo eleito como presbítero de uma igreja
local mais tarde.
Christophorus
O Ponto de Viragem
O evangelista responsável pela campanha missionária em nossa cidade era Pak Elias.
Assim que começou a pregar, a sua mensagem penetrou profundamente em minha
consciência. Contudo, quando ele pediu às pessoas para se irem arrepender dos seus
pecados lá na frente, continuei de coração duro e orgulhoso demais para seguir o seu
conselho. Em vez de ter sido eu a ir, um grande número dos meus jovens foram a frente e
confessaram todos os seus pecados, um por um. Fiquei furioso e chamei a atenção dos
jovens que não deveriam fazer aquilo. ‘Vocês já nasceram de novo através do batismo e
profissão de fé!’ Isto era o que a Teologia Luterana nos ensinava erradamente, a qual me
havia alcançado através de missionários alemães. Eu estava tão furioso naquela noite que
comecei a abusar dos membros do meu próprio grupo de coral. Algumas das moças
chegaram a ser levadas às lágrimas.
Tentei esquecer toda aquela noite, mas não conseguia achar a minha paz. Foi então que,
ao invés de ir a um cinema assistir um filme ou de ir para outro lugar de diversão
qualquer, fui novamente ouvir o que o Pak Elias tinha para me dizer. Na terceira noite,
ele falou sobre como se deve ler a bíblia. A sua mensagem foi uma grande revelação para
mim, porque até então eu havia adquirido o hábito de ler a minha Bíblia como se estivesse
a ler uma série do faroeste ou de histórias da Índia.
No final da mensagem, fui conversar com Pak Elias. Eu ainda me sentia muito orgulhoso
e queria somente ter um argumento com ele. Perguntei: “Como é que uma pessoa deve ler
a Bíblia? Já me deram muitos pontos de vista teológicos sobre esse assunto”. Pak Elias
respondeu muito docilmente: “Como é que Jesus lhe ensinou a ler a sua Bíblia?”. Eu
fiquei sem saber o que responder àquela pergunta, pois nunca me havia passado pela
cabeça que deveria perguntar ao Senhor Jesus sobre como se devem ler as Escrituras.
Pak Elias começou a conversar comigo com muita paciência, explicando-me durante duas
horas de que maneira me poderia tornar um verdadeiro cristão. Senti um grande peso
sobre mim e um fardo sobre a minha alma. Os meus pecados passados e o meu
incalculável orgulho apareciam diante de mim e não conseguia ver mais nada diante dos
meus olhos. Foi a primeira vez que eu realmente pedi ao Senhor Jesus para me perdoar
todos os pecados de um por um e foi ali que eu senti que fui verdadeiramente salvo.
A partir daquele dia, a Bíblia tornou-se um livro aberto para mim. Contudo, ainda viria a
fazer uma outra descoberta maravilhosa durante o período daquela campanha
evangelística. Havia um grande número de passagens bíblicas que eram de difícil
entendimento para mim e as quais eu nunca havia entendido. Uns dias depois, estando
novamente sentado com Pak Elias e sem lhe perguntar qualquer coisa, ele abriu a sua
boca e começou a explicar-me todas aquelas passagens que eram obscuras para mim. Era
bastante claro que ele estava sendo guiado pelo Espírito Santo e isso revelou-me, ali, o
quanto o Senhor Jesus realmente me ama.
Uns meses depois dessa campanha – ela beneficiou todas as igrejas da nossa cidade –
achei-me uma vez mais atolado num pântano de problemas relacionados com meu
trabalho. Quase não tinha tempo para orar. Foi então que o Senhor Jesus resolveu
enviar-me um tutor na forma de meu sobrinho de dois anos de idade. Eu sempre lhe havia
dito que um cristão deveria falar sempre com o Senhor Jesus antes de dormir. Ele estava-
me visitando por essa altura e nós permitimos que ele dormisse no mesmo quarto que eu.
Quando fomos dormir, o meu sobrinho perguntou-me: “Titio já não estás orando antes de
dormir? Estás zangado com o Senhor Jesus? Vocês tiveram alguma discussão?”. Estas
perguntas e a forma como elas me foram dirigidas trouxe-me de volta ao bom senso. O
Senhor Jesus havia escolhido um menino de dois anos para me servir de conselheiro e
para ser um testemunho da verdade. “Da das crianças saem o perfeito louvor.” Sal.8:2.
Opressões
Agora chegou a hora de falarmos sobre a minha família. Cresci num lar nominalmente
cristão e minha avó chegou a ser uma presbítera de nossa igreja. Contudo, o meu avó
paternal, ao invés de ser cristão, era um dos feiticeiros mais famosos e temidos de
Tapanuli, Sumatra. O seu nome era Datu Parangongo. A coisa que mais me horrorizou
enquanto cristão, foi descobrir que muitas pessoas da nossa vila ainda estavam na posse
de amuletos e instrumentos de encantamento que haviam obtido do meu avô. Foi apenas
quando ouvi o Dr. Nahum falar sobre estas coisas que eu tomei consciência de que toda a
minha família ainda estava sob ameaça e sob a influência da feitiçaria. Causa-me grande
angústia só de pensar que, enquanto estou lendo a minha Bíblia, muitos dos meus
compatriotas persistem em usar os seus objetos de feitiçaria que receberam do meu avô.
Mas, o pior de tudo, é que o meu próprio pai ainda sofre devido a estas opressões.
Quando descobri isto pela primeira vez, tentei de todas as maneiras falar do Senhor Jesus
para os meus pais e o restante da família. Mas, nunca aceitaram a minha mensagem. O
meu pai simplesmente rejeitou as minhas palavras de maneira muito fria. Sem pestanejar,
ele disse: “tu deverias torna-te pastor. Eu não preciso de nenhuma dessas coisas”.
Também meus irmãos e irmãs, mesmo sendo membros da igreja, não querem nada com o
Senhor Jesus de forma real. Fui levado a orar intensamente por eles e o Senhor não me
desapontou.
Um tempo mais tarde, Pak Elias voltou a visitar a nossa casa. Conforme ele ia
testemunhando do Senhor Jesus, para grande admiração minha, os meus pais renderam
as suas vidas ao Senhor Jesus. Os meus irmãos e irmãs ainda resistem à mensagem, mas
eu continuo orando para que o seu dia também chegue. Como me alegrei ao ver o zelo dos
meus pais tentando trazer muitas pessoas para o caminho de Cristo após a sua conversão.
Eles começaram a fazer um estudo aprofundado de vários livros evangélicos, estudando-
os avidamente com o intuito de ajudar os outros a tornarem-se cristãos. Que Deus
conceda que a obra que Ele começou, continue até ao fim e que acabe convertendo toda a
minha família.
Transformações
Quando o Senhor Jesus toma o trono de uma vida, nada nela permanece igual. Eu tive a
oportunidade de confirmar isso na minha própria vida.
Antes da minha conversão, eu era conhecido na universidade onde lecionava como senhor
‘matador’. Os estudantes deram-me essa alcunha devido à maneira como eu costumava
implicar e superiorizar-me a qualquer uma pessoa com quem não simpatizasse. Muitas
vezes, quando tinha uma aversão contra um estudante, eu simplesmente fazia com que ele
fosse reprovado. Como cristão, depois, assumi que era um comportamento muito feio o
qual afetava diretamente a vida do meu próximo. Arrependi-me do meu pecado. Contudo,
ainda existem muitas injustiças em todo sistema de exames nas escolas universitárias.
Depois da minha conversão, a minha atitude mudou radicalmente. Todos os estudantes
tornaram-se meus amigos. A situação agora é de tal maneira notável que, muitos deles,
ficam à espera na esperança de conseguirem uma carona depois das aulas. Eu, o homem
orgulhoso, tornei-me o seu motorista. É obvio, no entanto, que seguir Cristo sem batalhas
e sem provas é uma utopia. Um dos problemas que continuamente me seduz com
facilidade, é a enorme quantidade de trabalho diário que preciso fazer. Em 1968,
considerei a possibilidade de me ausentar de uma das Conferências promovida pela
Escola Teológica de Java devido ao excesso de trabalho que tinha. Contudo, muitas
pessoas começaram a orar por mim e no fim acabei por colocar o trabalho de lado para
assistir à conferência. Eu sei que isto foi claramente o que Deus queria, pois foi através
do que ouvi, aprendi tudo sobre o poder das práticas de feitiçaria dos meus antecessores e
reconhecer que elas eram uma prisão invisível sobre minha vida. Porém, eu não era a
única pessoa em Palembang cuja vida experimentou uma mudança tão radical. Muitos
outros cristãos nominais experimentaram o mesmo tipo de transformação que eu. Durante
toda aquela semana, centenas de pessoas vieram à frente confessar os seus pecados um
por um, entregando-se ao perdão do Senhor Jesus Cristo, achando-o e experimentando-o
como seu Salvador. Fiquei deveras surpreendido como as pessoas se convertiam. Uma
única frase dum evangelista, muitas vezes, bastava para quebrantar um Batak orgulhoso e
confiante. A palavra dilacerava-os. Era verdadeiramente a obra do Espírito Santo ao vivo
e presença real. Nenhuma das igrejas que participaram daquela campanha se arrependeu
de ter participado. A única igreja que se manteve fora das palestras foi a minha igreja, a
Igreja Batak, a qual pensava que os evangelistas da Escola de Java eram pentecostais.
Mas, estavam redondamente enganados. As mensagens dos dois evangelistas e do resto do
grupo responsável pela conferência, era de arrependimento de uma convicção de pecado
profunda e não eram usados nenhum recurso emocional ou sensacionalista. Era tudo feito
na maior reverência.
Uma das consequências desta missão em particular, foi a formação de enormes grupos de
oração, os quais reúnem-se desde então sem cessar. Estamos plenamente conscientes que,
sem estas orações, não alcançaremos nada aqui em Sumatra. Também tenho plena
consciência que o mesmo será verdade em relação à salvação dos meus familiares. Eu
nunca tive qualquer dificuldade em providenciar tudo o que necessitavam para as suas
necessidades físicas e carnais, mas, hoje, as suas necessidades são outras e são muito
diferentes daquelas que eu outrora sabia suprir. Eu creio que o Senhor um dia salvá-los-á
a todos. Talvez você, meu caro amigo, seja aquela pessoa cuja oração Deus irá ouvir
orando por minha família. Esta é um das razões que me levaram a escrever este
testemunho. Mas, também existem duas outras razões. Em primeiro lugar queria contar
como a minha vida outrora, caracterizada e monopolizada pelas tradições e pela cultura
da igreja, me transformou num assíduo frequentador dos cultos e um participante ativo da
vida da igreja, mas nunca me conseguiu tornar um verdadeiro discípulo de Cristo. Em
segundo lugar, sinto a necessidade de ilustrar aquilo que a minha ignorância nunca se
apercebeu em relação a opressão demoníaca que pairava sobre toda minha família devido
aos atos e a vida do meu avô, que era o mais temido feiticeiro da região. Dou graças a
Deus por meus olhos haverem sido abertos desta maneira maravilhosa e através dum dos
seus mensageiros, Dr. Nahum. A conseqüência foi a minha total libertação. Esta glória é
de Cristo integralmente.
XIII. A CONVERSÃO
DE UMA ILHA
“Deus dá graça aos humildes”, diz a palavra do Senhor. O Pastor Gideão é um homem
extremamente simples e humilde de natureza. Eu nunca conheci um homem cuja humildade
me impressionou tanto.
Para poder descobrir os detalhes da sua vida vi-me forçado a voltar para todos aqueles que o
conhecem bem, pois ele não fala nada sobre a sua pessoa.
Ele é um pastor na ilha de Rote, a qual se situa a sul de Timor e é a ilha, do arquipélago
Indonésio, mais próxima da Austrália. Devido à enorme falta de pastores e ministros na
região durante os últimos anos, Gideão tenta cuidar de cerca de 30 congregações sozinho.
Um dos pastores daquela zona cuida de 48 grupos de cristãos.
Em 1966 Pak, Elias rumou para a ilha de Rote em campanha. Foi essa a primeira vez que ele
se encontrou com o Pastor Gideão. Sabendo Pak Elias que Gideão tinha avisado todas as
suas congregações para evitarem essa campanha e para não participarem dela, Pak Elias
perguntou-lhe: “O senhor conhece o Senhor Jesus?” “Eu estudei teologia e passei meus
exames com distinção”, veio a resposta.
Depois desta conversa, o Pastor Gideão ficou atormentado e sem paz. Conforme os dias iam
passando, Gideão via milhares de pessoas serem convertidas; era também testemunha ocular
de pessoas sendo curadas e os possessos sendo libertados; alcoólatras eram libertos do seu
alcoolismo para sempre. Devido à enorme plantação de açúcar, esta ilha é uma potência de
uma bebida fermentada extraída das palmeiras, a qual, os nativos usam com frequência e a
qual carregam com eles numa botija ao seu ombro.
As igrejas começaram a encher-se apesar de seu pastor permanecer endurecido e desligado
das pregações. Gideão, contudo, via as poderosas manifestações do Espírito Santo, como no
tempo dos apóstolos descerem sobre todo o povo da sua ilha. Ele, no entanto, permanecia
intacto.
Os dois homens voltaram encontrar-se. Só que, desta vez, a situação havia-se revertido
completamente. O Pastor Gideão admitiu abertamente: “Eu estou no ministério há sete anos
e nunca consegui converter uma única pessoa através do meu trabalho. Agora, acho que
descobri a razão. Eu nunca me arrependi de verdade de todos os meus pecados e agora tenho
a certeza que nunca fui perdoado por Deus. Tenho absoluta convicção, também, que nunca
nasci de novo dessa maneira que você descreve nas suas mensagens. Eu vou-me demitir do
meu cargo de pastor. Não poderei continuar assim”.
Pak Elias replicou: “Você não precisa abandonar o seu ministério. Simplesmente comece de
novo, só que desta vez com o Senhor Jesus do seu lado. Venha conosco para nossa Escola
Teológica durante um tempo e descubra o que nós estamos ensinando. Eu tenho a certeza
que não é aquilo que as pessoas chamam de teologia moderna, nem de perto. Porém, tenho a
certeza e absoluta convicção que é a teologia da cruz de Cristo que se manifesta
abertamente”.
Gideão levou o conselho a sério e fez o que lhe haviam dito, sentindo profundamente que
ele nem poderia continuar assim e nem queria continuar sendo estéril. Acabou por
frequentar o seminário durante um ano em Java e foi ali que experimentou, pela primeira
vez, o poder do Senhor Jesus na sua própria vida.
Quando voltou à sua ilha, era um homem transformado aquele que subiu ao púlpito para
pregar. As suas mensagens agora obtinham um efeito tremendo e via-se claramente o
Espírito Santo usando o resto do seu ministério. Foi desta maneira que um homem
quebrantado, um ministro isolado de Deus, recebeu autoridade para pregar. Ele tinha uma
autoridade única de pregar profeticamente e uma autoridade para curar. No entanto, todas as
coisas que ali aconteciam, eram evidenciadas através de um absoluto silêncio, a ausência de
espetacularidade e através de uma grande paz. Não havia qualquer barulho, nenhum indício
de sensacionalismo conforme vem acontecendo naqueles cultos onde as pessoas são
influenciadas através de um fundo musical. Isso é o que os extremistas costumam usar para
enganar o povo. Gideão olha fixo nos olhos do homem que tenha um pecado escondido ou
que não tenha sido perdoado e diz-lhe sem pestanejar o que se passa nas trevas do seu
coração.
Antes de voltar para Rote, Gideão havia acompanhado uns dos grupos missionários que
chegaram muito perto da fronteira Portuguesa de Timor Leste. Ele foi tomado por um desejo
enorme de alcançar, também, os seus colegas pastores que estavam nas trevas – como ele
esteve – e sentia-se encorajado a dar-lhes diretivas espirituais. Mantinha a esperança viva de
um dia poder visitar o seu próprio pai, o qual também era pastor na altura. Mas, ele chegou
muito tarde, pois seu pai morreu afogado pouco antes da sua chegada. Gideão acabou por
usar esta experiência devastadora para apelar às consciências dos seus colegas de profissão.
Ele conhecia muito bem a situação e a condição dos pastores em Timor. Muitos deles
viviam em profundo pecado. Havia muitos envolvidos em feitiçaria, os quais chegavam ao
ponto de se desafiarem para lutas mortais. Numa congregação, por exemplo, o pastor, os
presbíteros da igreja e um professor estavam todos envolvidos numa luta mortal de
feitiçaria, cada um usando os seus próprios poderes satânicos. Gideão foi visitar os homens
e perguntou-lhes o seguinte: “Vocês vão para o céu quando morrerem?” O velho pastor
respondeu: “Eu não sei e a Bíblia também não sabe”. Perguntando a outro pastor Gideão
disse: “Você está pronto se o Senhor Jesus vier?” O homem respondeu: “Eu preferiria que
Jesus não viesse ainda, porque ainda não estou pronto para ser recebido por Ele”.
Após ter feito uma larga pesquisa na ilha de Timor, Gideão voltou para a sua ilha, para Rote.
Ele sentiu em seu coração que o seu primeiro dever era evangelizar toda ilha e durante um
ano visitou uma congregação atrás da outra, pregando o evangelho incessantemente onde
quer que fosse. Durante este tempo, o próprio Senhor Jesus confirmava o seu ministério de
um modo que não deixava dúvidas a ninguém. Mais de mil pessoas foram trazidas aos pés
de Cristo no primeiro ano após a conversão de Gideão. Enormes grupos de oração
começaram a despontar por toda a ilha, os quais tornaram-se a essência e a coluna vertebral
de todo o seu ministério e sucesso. Cada dia, ele dependia de cerca de seiscentos cristãos
que oravam por ele incessantemente, orando também pelas congregações por onde passava.
No final deste ano, uma onda de avivamento rebentou em Rote. Conforme o pastor Gideão
caminhava para a igreja, encontrava literalmente multidões dos nativos esperando do lado de
fora por não haver mais lugar dentro da igreja. Eles seguiam todo sermão através das janelas
e as portas que ficavam permanentemente abertas. A única ‘dificuldade’ que ele encontrava
era o fato do povo nunca permitir que ele parasse de pregar e ele pregava muitas vezes até a
meia-noite. Quando sentia que o seu sermão estava chegando ao fim, o povo erguia-se e
clamava: “Continue! Não pare”. Tal era a fome que os nativos tinham pela palavra de Deus.
Deus apoderava-se de todo seu coração.
Havia ocasiões que o Pastor Gideão não conseguia suportar o calor tropical dentro duma
igreja superlotada. “Está muito calor aqui! Não consigo continuar”, disse ele. Contudo, a
congregação logo tratou de achar uma solução. “Precisamos orar para Deus mandar chuva
para refrescar o ar”. O sermão foi interrompido e muitos nativos começaram a orar por
chuva. Como resultado, o Senhor que já havia graciosamente derramado sobre eles o Seu
Espírito, também enviou a chuva que havia sido requisitada. Aconteceu como já havia
acontecido com Elias no Monte Carmelo, quando ele orou por chuva e a recebeu. “Então ele
orou outra vez e o céu deu chuva”, Tiago 5:18. Respondendo às orações dos seus filhos,
Deus enviou tanto a água para a vida como uma chuva refrescante. Só poderei dizer uma
coisa a todos aqueles que tenham dificuldades em acreditar nestas histórias e que as colocam
ao mesmo nível dos fanáticos que dizem viver para Deus: “Vão à Rote e a ilha de Timor vós
mesmos e vejam com vossos olhos se estas coisas são verdadeiras ou não. Mas, não se
aproximem muito do Pastor Gideão! Ele pode dizer publicamente quais são os pecados
secretos olhando para vossos olhos sem pestanejar e, creio que será uma cena muito
embaraçosa para qualquer um”.
Como é que a vida de Gideão é vista olhando de fora? Como homem, ele é inteiramente
dedicado ao seu ministério e não se dedica a mais nada. Tal como John Sung, ele é
consumido e distribuído como pão ao serviço do seu Senhor. Homens como ele, deixam-se
simplesmente consumir e queimar até não existir mais nada deles, nem força e nem
recursos. Gideão nem se preocupa com a sua comida ou onde vai passar a noite. Todo o seu
tempo é gasto e consumido em viagens entre as suas 30 congregações espalhadas pela ilha.
Não é mais ele que vive mais Cristo que vive pelo lado de dentro dele. No presente
momento que o livro está sendo escrito, cerca de 23.000 cristãos são o apoio incondicional
por trás dele e de toda a sua obra.
Um provérbio indiano descreve muito bem o seu modo de vida: “aquele que caça leões não
se preocupa com mosquitos”. Noutras palavras: “aquele que serve ao Senhor não se
preocupa com mais nada deste mundo”. Quem de nós está preparado para cavalgar neste
caminho montanhoso? Quão mesquinhos e pequeninos nós podemos parecer quando
colocados ao lado desses mensageiros de Cristo! Algo muito forte da glória de Deus
transparece através dos seus rostos e das suas vidas e aqueles que convivem com eles de
perto ficam com a idéia estampada de que a imagem de Cristo já foi formada neles.
Existe muita alegria nos céus por cada pastor evangélico que se converte. Quanto mais
alegria haverá entre os anjos quando uma ilha inteira se converte.
XIV. O AVIVAMENTO
EM TIMOR
Timor é uma da ilhas ilha do extremo oriente do grande arquipélago da Indonésia. Na
verdade, encontra-se mais próximo da Austrália do que da sua capital. Em 1964, com uma
população um pouco acima de 1.000.000 de pessoas, cerca de 450.000 dos habitantes locais
pertenciam a igreja reformada holandesa. O número de pastores na época, contudo, eram
103. Eram poucos pastores para a dimensão do trabalho que tinham que fazer. Conforme já
dissemos anteriormente, só um dos pastores cuidava de 48 congregações diferentes ao
mesmo tempo.
O estado espiritual das igrejas era, no entanto, catastrófico. Fica-se a dever, de certa forma,
ao modo e a metodologia que os holandeses usaram para melhor administrarem a colônia
que lhes pertencia. Cada ministro de cada igreja tinha de ser necessariamente um oficial
colonial. Por essa razão, qualquer um que desejasse obter uma coisa do governo, teria
necessariamente de ser membro da igreja colonial. Timor, por isso, nunca havia sido
evangelizada. Apenas foi cristianizada. As anteriores crenças ligeiramente ateístas, magia e
feitiçaria, promiscuidade e alcoolismo, continuaram a florescer dentro das igrejas como se
Cristo não existisse.
O estado espiritual das igrejas tornou-se um grande peso para interseção dentro do coração
do pastor Joseph, o Presidente da Igreja Presbiteriana em Soe. Durante os anos que
precederam o avivamento, dede 1960 até 1964, o seu trabalho levou-o ao desespero.
O Pastor Joseph é um homem com uma capacidade, uma visão espiritual e um entendimento
das coisas de Deus muito invulgar. O fato é que os seus livros favoritos são os livros de
Moody, Dr. Torrey e Livingstone. A par de Pak Elias, ele é o homem mais capacitado e
melhor formado dentro do avivamento na Indonésia.
Para as igrejas no mundo terem uma visão correta sobre o avivamento, será necessário
esclarecer um pouco sobre como reagiam os líderes eclesiásticos em Timor contra o
avivamento, o qual é genuíno e real. Os líderes do sínodo da igreja reuniram-se a 4 de
outubro de 1967. Nesses lideres incluía-se o Presidente Joseph, Pastor Radjahaba, Pastor
Meroekh, Pastor Baldey e o Pastor Micah. Para além desses, Pak Elias e o Pastor Gideão
também estavam presentes devido o seu envolvimento direto no avivamento. Após muitas
discussões e um tempo muito proveitoso em oração, finalmente concluíram e sublinharam
que, aquele movimento, era genuíno e que toda a obra na ilha de Timor estava sendo
ministrada e diretamente liderada pelo próprio Espírito Santo. O Pastor Gideão (de quem já
falamos aqui) recebeu como tarefa a organização de vários grupos de evangelização para
que a obra prosseguisse. Deus certamente abençoará esses líderes devido à decisão acertada
que tomaram num ambiente tão difícil e tão conturbado como é o nosso atualmente.
Infelizmente, ao longo da história da igreja, podemos observar sem hesitação que eram os
próprios líderes que frequentemente se opunham a qualquer avivamento que fosse genuíno.
Sempre que esses avivamentos aconteceram, os líderes eclesiásticos mantinham-se
formalmente e obstinadamente fora deles e contra eles.
Embora tenhamos aqui passado à frente de alguns acontecimentos, foi necessário fazer isso
para dar uma descrição clara e fiel da verdadeira estrutura sobre a qual este trabalho genuíno
do Espírito Santo aconteceu e se desenvolveu.
O Movimento de Curas
O avivamento em Timor foi precedido por um outro movimento que tinha o Espírito Santo
como autor. Em outubro de 1964, um professor na ilha de Rote teve uma visão de Deus. O
Senhor havia-lhe dito para viajar até Timor e encetar uma campanha de cura lá. Isso pode
parecer um tanto ou quanto estranho para as mentes ocidentais, mas precisamos entender
quais as circunstâncias que apóiam uma tal ordem de Deus. Não existem médicos em toda
ilha de Timor e nem nas ilhas mais próximas. Muito menos existem nas vilas. Todos aqueles
que ficavam enfermos eram obrigados a buscar ajuda entre feiticeiros e em pessoas com
poderes de magia. O resultado era que até os cristãos da área viessem a sofrer de certos tipos
de opressões satânicas causadas por essas práticas de cura. Não é de admirar, então, que o
estado espiritual de toda igreja bradasse aos céus por algo que viesse socorrer. Havia uma
hemorragia fatal em cada igreja. Com este cenário, só podemos entender que o Senhor tinha
razões de sobra para demonstrar poderes sobre os enfermos.
Jephthah, o professor em questão, levantou-se de imediato e foi discutir o assunto com seu
pai, o qual por sua vez era o Pastor na ilha. Havendo-lhe contado a sua experiência, pediu ao
seu pai para ungi-lo para essa missão. O pai hesitou de início, questionando-se se visão seria
genuína. Mas, acabou por fazer algo que nunca havia feito e ungiu o seu próprio filho para
uma tarefa inesperada.
Após a sua unção, Jephthah orou com o primeiro grupo de pessoas doentes que encontrou.
Todos ficaram instantaneamente curados. Encorajado através desse seu sucesso inicial,
decidiu fazer uma campanha que ficou conhecida como ‘Movimento de Cura’, na primeira
grande cidade que encontrou na ilha de Timor. Quando foi confirmado que um grande
número das curas que ele realizou eram genuínas, o sínodo da igreja Reformada
(Presbiteriana) concordaram fornecer todo seu apoio àquela campanha. Aquela missão foi
um grande sucesso, a qual levou à formação de um comitê especial para estudar a fundo
todas as formas de cura que podiam ser usadas.
Após o final daquela campanha, houve mais uma semana de curas na ilha de Soe. Os
milagres maravilhosos de cura que consequentemente ocorreram, despertaram uma grande
fome pela palavra de Deus entre os crentes das cidades. E assim nasceu o movimento que
durou desde Outubro até Dezembro de 1964. De acordo com várias testemunhas, as quais
confirmaram tudo diante do Diretor Joseph, vários milhares de pessoas haviam sido
permanentemente curadas.
Contudo, conforme o tempo ia passando, todos se aperceberam que havia uma grande
fraqueza e uma enorme fragilidade naquele movimento de cura. De uma maneira ou de
outra, a proclamação do evangelho estava sendo negligenciada. Arrependimento e
conversão não eram o tema central da sua mensagem. No entanto, o movimento de cura
pode, como resultado de oração, ser considerado como uma preparação para o movimento
de avivamento que se seguiria.
O Início do Avivamento
Em 1965, David Simeon chegou em Timor com um grupo da Escola Teológica de Java.
Começou uma campanha de evangelização tanto na ilha K. e em Soe. Como resultado desta
campanha solidamente bíblica, o fenômeno espiritual que estava ocorrendo na ilha foi
manifestado. A mensagem do grupo estava inteiramente direcionada para o arrependimento,
novo nascimento e santificação incondicional através do Espírito Santo. A obra daquele
verão foi o novo nascimento da ilha e o início do avivamento supra-genuíno que acabou por
se espalhar por toda Indonésia.
Aquelas campanhas foram seguidas por um enorme derramamento do Espírito Santo de
Deus onde a santidade imperou e o qual não tem qualquer paralelo em todos os avivamentos
que houve desde o tempo dos Apóstolos. Os nativos traziam em grande escala todos os seus
amuletos e instrumentos de feitiçaria, esvaziando as suas casas e fazendo pilhas com eles
para os queimarem. Uma onda de limpeza varreu em profundidade todas as fileiras de
cristãos que havia na altura. Mais importante ainda, foi o fato de o Senhor ter chamado
muitos dos habitantes da ilha para usá-los para espalhar o fogo do avivamento por todo lado.
O Pastor Joseph relatou mais tarde acerca da obra feita através de David Simeon: “Antes do
grupo da Escola Teológica ter voltado para o leste de Java no dia 1 de setembro de 1965,
Simeon pregou sua mensagem de despedida. Conforme ia falando, parecia estar ministrando
através do Espírito Santo de uma forma muito especial, porque tudo que ele dizia soava a
coisas proféticas. Ele dizia: ‘Eu espero, de coração, que Deus faça nascer grupos que saiam
para pregar o evangelho e que eles não apenas alcancem a metade da ilha que pertence a
Indonésia, mas que a sua mensagem alcance, também, o território português de Timor’.
Quando e como isso irá acontecer, eu não sei. Mas, de uma coisa eu tenho certeza: a própria
mão de Deus está muito próxima para fazer cumprir estas palavras”.
As primeiras testemunhas do avivamento em Timor foram trazidas através do Ministério da
Escola Teológica de Java.
Tamar havia estudado na Universidade de Salatiga em Java e era na altura a Diretora da
Escola Cristã em Soe. Ela foi a primeira pessoa a ser chamada por Deus para o evangelho.
Sentindo profundamente em seu coração que precisava frequentar a Escola Teológica, falou
sobre isso ao Pastor Joseph, Pastor Micah e David Simeon que pretendia ir para Java. O
Pastor Joseph ficou com alguma ansiedade de início com a ideia de vir a perder uma
professora fabulosa. Na verdade, havia uma enorme falta de professores cristãos na área. E,
para além disso, um grande número dos professores da Escola Cristã eram comunistas.
Tamar, também tinha o grande afeto dos seus alunos. Mas, a sua mente estava decidida e
resoluta e nada neste mundo conseguia alterar a sua decisão. Quando o grupo da Escola
Teológica partiu, ela pediu ao Pastor Joseph para fazerem um culto de despedida dentro da
igreja.
A noite do culto chegou. A igreja estava lotada de gente. Começando às oito horas da noite,
Tamar falou até cerca da uma hora da madrugada sem interrupção. Apesar do seu sermão de
cinco horas, nem uma pessoa abandonou o culto e ninguém se sentia cansado no final. O
Espírito de Deus tinha começado uma obra. Conforme a reunião seguia para o término,
Tamar perguntou: “Se alguém estiver preparado para começar a servir ao Senhor esta noite,
por favor levante a sua mão”. A resposta foi marcante. Quando todos os nomes foram
escritos, contavam-se mais de cem nomes de jovens que se haviam oferecido
voluntariamente para começar aquela obra de avivamento. O Pastor Joseph decidiu mais
tarde começar algumas aulas de instrução e formação duas vezes por semana para todos
aqueles que se haviam escrito para servirem ao Senhor a tempo integral.
Nós começamos já aqui começamos a ver a diferença entre as igrejas do ocidente, cansadas
e sob fardos e a igrejas no centro de uma área de avivamento. No ocidente, ninguém para de
se lamentar ano após ano pela falta de candidatos para o campo missionário ou para serem
evangelistas a tempo inteiro. Na Indonésia atual, quando uma mulher fala sob a inspiração
do Espírito Santo, cem pessoas entregam-se de todo coração para a obra missionária numa
única noite. E ficou provado que isso não foi apenas uma coisa esporádica e perdida no
tempo. Teremos a confirmação deste fato mais adiante. Desde que o avivamento começou,
muitos dos novos convertidos colocaram os seus nomes numa lista de espera interminável
para ingressarem na Escola Teológica na escola de Java. Tantas pessoas buscavam ser
atendidas que se tornou insuportável e impossível acomodar todos os candidatos.
As palavras proféticas de David Simeon vieram a cumprir-se muito antes daquilo que
qualquer um poderia imaginar ou achar possível. Na noite da sua partida para Java, Tamar
desencadeou uma cadeia de acontecimentos e reações dentro da igreja. Naquela noite estava
um jovem sentado numa das filas de trás. Todos os seus amigos levantaram as mãos para se
entregarem a obra de Deus e ele fez o mesmo. Mas, de seguida ficou irado e angustiado com
a ideia que atravessou sua mente: “Estás louco? Não podes fazer uma coisa tão absurda!”
Quem era este jovem? Ele havia perdido um dos seus pais e vivia na casa do Pastor local
desde a idade de sete anos. Contudo, isso não preveniu que desenvolvesse uma atitude ímpia
e perturbada para com a vida. Ele era muito conhecido pela sua apetência para brigas e
rixas, tal como para o alcoolismo. Em muitas ocasiões, chegou a perturbar os cultos na
igreja. Uma vez, quebrou uma das janelas na hora do culto à pedrada. A única razão porque
ele havia assistido aquele culto de despedida, era porque conhecia Tamar pessoalmente e
estava muito curioso sobre o que havia causado todo aquele reboliço. Este foi o homem que
Deus usou para introduzir a prática da limpeza incondicional e da faxina dentro da igreja e
nas vidas das pessoas.
Algum tempo após o culto, Saulo – conforme era chamado – estava sentado no seu quarto
estudando inglês. De repente, tudo à sua volta se escureceu. Ele não conseguia saber qual a
razão para aquela cegueira súbita. Colocou o seu rosto bem perto da lâmpada para ver se
enxergava a luz, mas a única coisa que conseguiu foi queimar a sobrancelha. Decidiu que a
única coisa a fazer seria deitar-se e esperar para ver o que ia acontecer.
Após 10 minutos, uma figura vestida de branco com o cabelo até os ombros falou-lhe. Saulo
sabia instintivamente de que se tratava do Senhor Jesus. Ele jogou-se no chão com o rosto
em terra e em grande temor. Sentiu uma mão invisível colocada sobre o seu corpo. Tentou
erguer-se, mas faltavam-lhe as forças.
Foi naquele momento que o Senhor falou com ele: “Que tens dentro da tua mala?” Saulo
lembrou-se de seus amuletos de feitiçaria que se encontravam lá. “Pega neles e vai entregar
ao teu pastor confessando os teus pecados”. Saulo obedeceu. Quando voltou para o quarto, o
Senhor continuou: “Precisas de ser lavado e ser limpo. Necessitas de uma faxina completa.
Depois disto, irei dar-te a tarefa de limpar toda igreja também e de saíres para pregar o
evangelho. Vais orar por pessoas doentes e elas se curarão. Nem a morte será problema
difícil para ti. Mas, lembra-te disso e nunca te esqueças: o poder é meu e não teu. Dá
testemunho às pessoas na igreja no próximo culto sobre tudo o que aqui se passou entre nós
dois”. Assim que o Senhor terminou de lhe falar, sumiu da vista de Saulo.
Saulo ficou emudecido e sem reação. Mais tarde, quando falei com ele pessoalmente, disse
na presença de um dos missionários: “O meu colega que divide o quarto comigo entrou
quando tudo aquilo estava acontecendo. Ele ouviu passos e sentiu uma forte presença de
alguém muito poderoso dentro do quarto, mas não viu o que eu vi.” Podemos desde logo
achar aqui uma semelhança entre esta experiência e a visão que Paulo teve perto de
Damasco, quando aqueles que estavam com ele ouviram a voz, mas não viram ninguém.
No culto seguinte, Saulo pediu permissão para falar. O pastor hesitou um pouco por causa
das suas atitudes anteriores, mas acabou por permitir. Quando Saulo terminou o seu
discurso, o poder do Espírito Santo parecia estar sendo sentido profundamente por cada
pessoa ali presente. Como se tivessem combinado, começaram todos a confessar pecados
um a um ao mesmo tempo e muitos saiam apressadamente para casa voltando depois com os
seus instrumentos de magia e de feitiçaria. Naquela mesma noite, todos os objetos trazidos
foram publicamente queimados diante da igreja.
Quando Saulo falou, mais tarde, numa escola que ele havia frequentado, o mesmo processo
de limpeza repetiu-se. Ao dar testemunho da sua experiência aos alunos, todos eles foram
buscar amuletos e outros instrumentos de feitiçaria, seus livros de romances, músicas
mundanas, cartazes de ídolos e fizeram um monte com eles no pátio da escola, o qual Saulo
mandou tocar fogo.
Quando a polícia soube do que se havia passado, de imediato prenderam aquele que
consideravam ser o líder dos ‘desacatos’. Levaram-no para a delegacia e interrogaram-no
sobre os motivos daquele ‘grave incidente’. Mas, como o avivamento havia começado, ele
não escondeu e ficou tudo esclarecido. O pastor ainda estava um pouco desconfiado e
manteve-se um pouco crítico em relação a tudo aquilo que estava acontecendo. Contudo,
nem era de esperar outra coisa do pastor devido ao fato de Saulo ser muito conhecido pelos
seus atos de vandalismo.
O Primeiro Grupo
O dia em que nasceu o primeiro grupo foi em 26 de setembro de 1965. Saulo discursou
nesse dia, tanto no culto da manhã como no culto da tarde na igreja e na presença do Pastor
Joseph. Uma onda de arrependimento varreu toda a congregação. Ao apelo do jovem
discípulo de Cristo, muitos vieram à frente e entregaram-se para o serviço de Cristo. E foi
assim que o grupo 1 foi formado. Saulo escolheu vinte e três jovens nativos para
trabalharem com ele.
Quando o grupo partiu, começaram a pregar por toda ilha. Onde quer que esses jovens
discípulos passassem, muitas pessoas convertiam-se e algumas eram curadas. O Espírito
Santo havia distribuído dons específicos a este grupo: pregar o evangelho, autoridade para
curar e dom de profetizar.
Pastor Joseph relatou que numa certa cidade apenas, cerca de 700 pessoas haviam sido
curadas de suas doenças através da oração e imposição das mãos. Aqui seguem-se alguns
exemplos. Uma vez, encontraram um homem paralítico e após haverem-lhe mostrado o
caminho para Cristo e ele ter confessado os seus pecados, oraram por ele e a cura foi
instantânea. Durante um dos cultos, uma criança caiu de onde estava e ficou inconsciente.
Saulo, o líder do grupo, foi chamado ao local. Após ter orado pela criança, ela recuperou a
consciência logo ali. Mas, o próximo exemplo é ainda mais marcante.
O grupo havia pregado numa igreja das oito horas às quinze horas. Uma das características
dos avivamentos, é as pessoas perderem a consciência do tempo quando se encontram sob a
influência da palavra de Deus ministrada pelo Espírito Santo. Enquanto decorria o culto, um
rapaz de nove anos de idade teve um colapso e caiu morto. A sua mãe correu para Saulo e
contou-lhe o que se passou. “Nós precisamos terminar a reunião primeiro. Iremos orar por
ele só depois do culto ter terminado”, disse Saulo. O rapaz havia morrido apenas duas horas
após o início do culto e só cinco horas depois é que Saulo foi ver a criança. Ao chegar perto
dele, começou a orar. Foi então que o Senhor lhe sussurrou audivelmente: “Sopra na boca da
criança e no seu nariz colocando a tua mão sobre a sua testa”. Saulo obedeceu
imediatamente. Após quinze minutos a crianças mexeu-se. Mas, não foi antes de um bom
tempo ter passado que ele recuperou a consciência. Levando a criança com ele, Saulo
apresentou-a à congregação e todos deram graças a Deus reverentemente e em temor. Como
resultado daquele milagre, muitos ali presentes converteram-se.
Conheço muitos dos argumentos científicos que criam certas objeções nas mentes das
pessoas. Uma das objeções que poderá ser colocada, era que o moço não estava realmente
morto e apenas inconsciente ou paralisado. Mas, mesmo assim teria sido um caso de cura
real.
Antes de eu ter testemunhado estas coisas com meus próprios olhos e ouvidos, também
duvidava dos relatos que chegaram até mim, vindos da área do avivamento. Contudo, hoje
não tenho qualquer dúvida sobre o que está acontecendo ali, pois eu pessoalmente conversei
com todos os líderes, também com Saulo e muitos outros líderes de vários grupos que Deus
estava usando. Era realmente o Senhor Jesus em pessoa que estava operando ali.
O aspecto mais importante do grupo 1, foi-me relatado pelo Pastor Joseph. Nas duas
semanas que o grupo esteve trabalhando na cidade de N., cerca de nove mil pessoas haviam-
se convertido. Isto são daqueles tipos de números que facilmente associamos aos atos dos
apóstolos: três mil converteram-se no dia de Pentecostes, cinco mil uns dias depois. É
encorajador saber que o poder do Espírito Santo não diminuiu nem se enfraqueceu desde
que foi derramado em Pentecostes, 2000 anos atrás. Esse é um dos argumentos dos cristãos
atuais, pois afirmam que aquilo não se repete. Temos de estar certos que, sob a luz que o
Espírito Santo nos vem dando através do seu poder, que a sua vinda se aproxima muito
rapidamente. Todas as conversões que acabamos de mencionar foram acompanhadas de
uma poderosa limpeza das vidas, da qual dificilmente teremos palavras para descrever aqui.
Amuletos eram queimados, bens roubados eram devolvidos aos seus donos com confissão,
rixas antigas eram desenterradas e resolvidas também através de pedidos de perdão e muitos
milhares de pessoas eram curadas.
Acontecimentos como estes deveriam levar os evangelistas atuais e os missionários
espalhados pelo mundo a olharem muito bem para suas próprias vidas, examinando
profundamente os seus corações e achando os motivos porque Deus não opera assim através
deles. Caro colega, como é que seu ministério fica se o compararmos com obra deste
pequeno grupo de pessoas sem qualquer formação?
O Senhor Jesus chamou-me e pegou em minha vida no ano 1930. No dia seguinte à minha
conversão, saí evangelizando e contando aos meus amigos na escola tudo sobre a minha fé
em Cristo. Como resultado, um bom número deles converteram-se. E, na realidade, foi ali
que meu ministério de aconselhamento e intercessão começou. Hoje, contam-se 39 anos
passados desde então. Olhando para trás e para os meus apontamentos, creio ter pregado em
mais de 800 igrejas em mais de cem países em todo mundo. Devo ter aconselhado
pessoalmente cerca de 20.000 pessoas. Mas, apesar disto tudo, nunca durante esses 39 anos
de trabalho consegui trazer 9.000 pessoas a Deus. Contudo, esse número foi o resultado de
duas semanas de trabalho do grupo 1. Certamente que isto é o cumprimento das seguintes
palavras: “Os últimos serão os primeiros”. Quão insignificantes parecem ser os nossos
labores evangelísticos quando colocados perante a luz de tudo aquilo que Deus está fazendo
através de discípulos sem nome e desconhecidos na Indonésia hoje. Podemos assegurar que
o Senhor não precisa de nenhum daqueles que, devido ao seu preconceito, imaginam ser
algo. “Deus escolheu o que é desprezível para confundir o mundo”, 1 Cor.1:27. A auréola
dos pregadores famosos não terá qualquer brilho quando colocados perante a grandeza de
muitos dos homens santos anônimos que vemos aqui. Somente aqueles que seguram o seu
próprio prestígio para que não cesse, falham discordando do fato de que as suas palavras de
grandeza e de jactância, um dia serão varridas da presença santa do Espírito de Deus.
O Grupo Um
A particularidade deste grupo existe no fato de que, durante as suas missões, algumas vezes
eram vistas chamas de fogo descer sobre os locais e sobre as igrejas onde pregavam, como
aconteceu com as línguas de fogo sobre os Apóstolos. Os testemunhos deste grupo
resultaram sempre numa incomparável, tremenda e profunda limpeza de todas as
congregações por onde passavam. Alcoólatras abandonavam o vício logo ali, gatunos
devolviam os bens roubados que ainda possuíam e os feiticeiros traziam seus pecados e
amuletos para os confessarem e queimarem publicamente.
Este grupo operava inicialmente entre uma tribo católica da ilha e muitos dos nativos foram
verdadeiramente convertidos a Cristo. Foi então que surgiu a pergunta pela primeira vez se
esse grupo deveria passar a fronteira para o lado português da ilha e evangelizar os nativos
que pertenciam à Timor portuguesa. Os nativos de ambos os lados da fronteira falam o
mesmo idioma, mas pertenciam a países diferentes. O que deveriam fazer os cristãos?
Antes das suas conversões, os nativos ocidentais da ilha cruzavam a fronteira para roubarem
gado. Quando o avivamento chegou ali, no entanto, deixou de haver roubos de vacas. Ao
invés disso, começaram a cruzar a fronteira para “roubarem” almas para Cristo. Um Cristão
que viva pela letra da regra pode argumentar e dizer: “Isto não está de acordo com as
Escrituras. Necessitamos respeitar e reconhecer os limites das nações e as fronteiras”. A eles
eu pergunto: “Quem é que decidiu onde essas linhas de fronteira iriam cair? Não foi através
de decisões arbitrárias dos poderes colonialistas cujo único objetivo era possuírem a maior
quantidade de terra possível? Que tipo crime seria os nativos cruzarem a fronteira para
conquistarem almas para Cristo?”
Outra objeção seria: “Mas porque razão os grupos não tentavam adquirir vistos legalmente e
cumprirem todos os procedimentos legais para entrarem em Timor oriental”? A resposta é a
seguinte: “Caso seguissem as vias humanamente legais para fazerem o trabalho de Deus,
nunca conseguiriam fazer a obra que fizeram porque as autoridades legais do outro lado da
ilha eram ferozmente católicas. Na verdade, são católicos tão ferrenhos que chegaram
relatórios até nós de missionários protestantes assassinados naquela área”. Um missionário
protestante que fortuitamente conseguiu um visto de entrada, foi generosamente pedido para
abandonar o país num avião oferecido pela própria Igreja Católica desde que saísse
imediatamente. Seria esperar muito que as autoridades ecumênicas permitissem a
evangelização de Timor Oriental.
Eu não posso acreditar que Deus, algum dia, irá culpar qualquer um destes missionários
nativos pelo fato de terem cruzado uma fronteira sem visto, levados pelo seu zelo e amor
abnegado por Cristo e pelas almas por quem Ele morreu. Não podemos esquecer que todos
os católicos na parte oriental da ilha não são em nada piores ou melhores que os protestantes
da parte ocidental antes do avivamento. Ambos negavam Cristo. O coração do homem é
igual em todo lado, fosse a doutrina católica ou protestante que tivesse tomado posse desses
respectivos corações. Fosse qual fosse a bandeira ou estandarte, o coração era dominado
pelo pecado.
Ninguém consegue olhar para o nascimento e o desenvolvimento dos grupos sem ficar
maravilhado. Praticam literalmente aquilo que Jesus disse em Luc.10:4 – “Não leveis bolsa,
nem alforje, nem alparcas pelo caminho” . Os grupos saiam ou sem provisões ou, então,
com apenas o necessário para as primeiras horas de cada viagem. Quem providencia as suas
necessidades? Será nos esquecemos facilmente da experiência e da contabilidade
matemática do irmão Dan?
Uma vez, o Senhor havia escolhido dois casais para trabalharem para ele. O esposo do
primeiro casal perguntou: “Senhor quem é que providenciará para nós?” Como resposta o
Senhor retorquiu: “A tua esposa precisa jejuar quatorze dias de um modo que eu mostrarei a
ela pessoalmente”. A esposa foi obediente e começou o jejum. Após os primeiros sete dias
foi lhe dito: “Toma um coco e uma banana. Bebe somente metade da água do coco e come
metade da banana. Coloca a outra metade da banana e o resto da água do coco de lado para
mais tarde”. Ela tornou a obedecer. Depois de terem passado os quatorze dias, o Senhor
tornou a dizer-lhe: “Vai ver o que se passa com a água de coco e com a banana e verifica se
ainda estão frescos”. Para admiração deles, acharam tanto a banana como a água de coco em
estado fresco. Haviam estado ali sete dias. Nos trópicos, qualquer tipo de fruta estraga-se em
menos de um dia quando descascados.
Quanto à mulher em questão, apesar de ter jejuado catorze dias, não sentia qualquer tipo de
exaustão se quer. Através deste sinal o Senhor tornou claro para esse casal que ele os
manteria vivos de qualquer jeito e com qualquer porção de comida, fosse ela muita ou
pouca. Os dois casais uniram-se e formaram o grupo três. Foi assim que partiram para uma
missão específica de evangelização.
As experiências do grupo trinta e um também ilustram de forma prática e o jeito que Deus
providencialmente atendia às questões e provisões diárias. Uma vez, quando este grupo se
encontrava a trabalhar numa certa vila e quando estavam para irem embora, foram-lhes
dadas 9 bananas para o caminho. No entanto, o grupo tinha 15 membros. Mais tarde quando
pararam para distribuírem as bananas entre si, cada um recebeu uma. Eu percebo que, para
um teólogo racionalista, isto seja demais e uma história como esta torna-se (para ele)
impossível de acreditar. Mas, bastará tão só pensarmos no que lemos no novo testamento,
onde cinco pães e dois peixes chegaram para satisfazer as necessidades de mais de 5.000
pessoas (Mt. 14:19). É o mesmo Deus quem providenciou as necessidades dos seus filhos.
Ele ainda é o mesmo hoje e existe verdadeiramente.
Este grupo experimentou e viveu um milagre semelhante numa outra das suas missões.
Ficaram numa casa dum casal que tinha um filho às portas da morte. Quando o pai se
arrependeu de seus pecados e acabou de confessá-los, a criança foi instantaneamente curada.
Mas, antes do grupo partir, a família em questão implorou-lhes que ficassem para uma
refeição composta de arroz e carne. Na verdade, teriam muita dificuldade em providenciar
comida quanto bastasse para satisfazer os estômagos de 20 pessoas. O grupo havia,
entretanto, crescido porque alguns presbíteros das igrejas locais haviam-se juntado a eles.
Contudo, o Senhor não deixou de contemplar esta família. Deus falou aos membros do
grupo para que se servissem apenas com duas colheres de arroz cada um e dois pedacinhos
de carne. Conforme o arroz ia sendo servido, todos ali presente viram uma mão aparecendo
sobre a comida abençoando-a e todos saíram dali de barriga cheia.
Um outro nativo, Barnabé, também experimentou algo muito semelhante. Ele tem trinta e
dois anos de idade e é o líder do grupo quatro, o qual é composto por cinco outros
colaboradores. No dia 10 de fevereiro de 1968, o Senhor mandou-o ir a uma vila que ficava
a cerca de 75 Km de Soe. Ele deveria pregar o evangelho lá. O Senhor disse-lhe: “Não leves
nenhuma comida contigo e nem água. Não descanses até haveres chegado à vila”. Sem
dúvida que isso seria um enorme teste para ele, pois não podemos esquecer que Timor é
uma ilha nos trópicos; e 75 Km é muito mais do que aquilo que alguém possa caminhar em
apenas um dia. No entanto, Barnabé foi obediente e partiu logo de imediato. Mais tarde,
quando começou a ser vencido pela fome e sede, ele implorou ao Senhor que lhe desse
qualquer coisa para se refrescar. Naquele mesmo instante uma brisa fresca soprou e um
tamarindo desprendeu-se em direção a ele. Ele apanhou-o no ar. Contudo, em vez de comê-
lo logo, perguntou ao Senhor: “Senhor Jesus, esta fruta é para mim ou é para eu dar a
alguém na vila para onde vou?” Jesus respondeu: “É para ti”. Após ter dado graças Barnabé
comeu a fruta. Era muito doce e muito suculenta e tanto a sua fome como a sua sede não
voltaram até ter chegado ao seu destino.
Esta história também pode manifestar-nos que o mesmo Deus que providenciava o maná no
deserto onde não havia nada, aquele Deus que mandava os corvos providenciar carne para
Elias, ainda está vivo hoje. Essas experiências maravilhosas não podem, contudo, colocar-
nos na senda de buscarmos que milagres sejam feitos. A coisa mais importante que nos pode
acontecer, não são os milagres que aqui são relatados, mas é antes a vida salvadora de Cristo
que nos tira da morte e nos faz viver para Ele. O nosso desejo não deve ser aguçado através
desses milagres para não causar sensacionalismos de qualquer espécie. Devemos, apenas,
esforçar-nos para obter um conhecimento real e completo de Cristo e uma experiência
adequada e pessoal com o próprio Senhor Jesus Cristo. Esses milagres das provisões que o
Senhor concedeu, servem apenas para ilustrar e demonstrar que o Senhor, de fato, aceita a
responsabilidade de cuidar daqueles que Ele mesmo envia para saírem e pregarem o
evangelho por todo mundo. (*Nota do tradutor: Note-se que, todos os milagres eram de
autoria de Deus e nenhuma das pessoas buscou antecipadamente nada do que se fez). A
verdade seja dita: o número de seguidores que levam o evangelho sobre os seus ombros e os
seus corações, tornou-se muito grande. No primeiro ano apenas, 72 destes grupos saíram
cada um para o seu lado. Como cada grupo consiste de 4 a 28 membros, isto significa que
cerca de 1.000 mensageiros do evangelho trabalham incessantemente nesta ilha. Todos eles
viajam sem bolsa, sem provisões, sem segurança e ainda sem lugar para dormir. Não faziam
planos antes de partirem, não perguntavam como seriam abastecidos, baseando a sua
confiança integralmente nas promessas e nas diretivas antecipadas do Senhor. Não é isto um
testemunho tremendo para todos nós? Não será isto, também, um desafio para a aquelas
igrejas que se dizem vivas deixarem de pretender e simular a realidade de Deus? Precisam
fingir? Não será este um exemplo a seguir para a igreja moribunda do mundo ocidental, a
qual tem muito pouco de semelhante com os irmãos nativos e sem formação da Indonésia?
Os Cegos Veem
Em Mateus 11 lemos a história de onde João Batista enviou seus discípulos para Lhe
perguntar se seria Ele aquele que deveria vir. Jesus respondendo disse: “Os cegos veem,
paralíticos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, mortos são ressuscitados e aos
pobres é pregado o evangelho do Reino”.
Durante o tempo de vida de Jesus aqui na terra, o mundo experimentou o maior avivamento
de sempre até aquele momento. Contudo, sempre que a igreja experimentou um avivamento
através dos séculos, a sua história reflete apenas os eventos relatados nos Evangelhos e no
de Atos dos Apóstolos. Aquilo que está acontecendo na Indonésia atualmente é uma
repetição dos Atos dos Apóstolos. Mas, qualquer um que tenha tempo e disponibilidade para
comparar um avivamento com o outro sobriamente, concluirá, com muita alegria, que este
avivamento atual na Indonésia é o mais parecido que existe com aquele que houve na era
inicial do Novo Testamento. Provavelmente, não deve haver outro avivamento na história da
igreja que mais se assemelhe ao livro de Atos dos Apóstolos.
Vamos ouvir falar um pouco sobre o trabalho dos grupos a esse respeito também. As
experiências do Grupo 48 são-me particularmente impressionantes. Impressionam qualquer
um. O seu jovem líder de 25 anos é uma moça que não saber ler nem escrever. Chama-se
Anna. Seus pais já faleceram e tanto ela como seus quatro irmãos e irmãs participam
ativamente na propagação do Evangelho puro.
O Senhor chamou Anna através das palavras de Mt. 10. Ela não conseguia ler e pediu a
alguém que as lesse para ela. Anna é, espiritualmente falando, um dos mensageiros com
maior autoridade dentro deste avivamento. Os primeiros dons que recebeu do Senhor foram
as letras de quatro hinos que ela aprendeu avidamente, memorizando-os. Sempre que
cantava aquelas mensagens em hino, todos aqueles que escutavam, convertiam-se.
Ela é um excelente exemplo de um missionário “caseiro” que anda de casa em casa. Todas
as pessoas trazem os seus amuletos e instrumentos de sorte e de feitiçaria para serem
destruídos. Ganhou do Senhor, também, um dom especial de profecia o qual revela o pecado
das pessoas mesmo a frente delas.
Um dia, entrou numa casa e encontrou ali uma senhora cega. Após haver-lhe mostrado o
caminho para Cristo, o Senhor incumbiu-a de lhe derramar água sobre os olhos para que
fosse curada. Ela foi curada instantaneamente. Encorajada através desse sucesso inicial,
Anna perguntava ao Senhor sempre que encontrava um cego se podia curá-lo. Pedia poder
para fazê-lo. Como resultado desta oração, ela conseguiu orar por várias pessoas e dez delas
recuperaram a sua visão. Mas, a cura só se dava quando as pessoas houvessem confessado e
deixado todos os seus pecados, um por um. São acontecimentos como estes que distinguem
o avivamento daquele movimento de cura que precedeu esta grande obra do Senhor. Em
cada caso de cura, era uma obrigatoriedade a salvação da pessoa em questão e a confissão
minuciosa de todos os pecados, antes de tudo. A condição espiritual de cada alma tinha a
ênfase correta acima da cura física. Foi dessa maneira peculiar que o Senhor Jesus foi
glorificado aos olhos de todos que eram curados e de todos aqueles que os conheciam. Esta
é uma das razões principais porque este avivamento ainda se mantém florescendo e intacto.
Por isso, também, é uma fonte de visão espiritual muito pura e que está de acordo com as
Escrituras. Isto é o que Jesus diz ser “crer como as escrituras dizem”, João.7:38.
Uma vez, Anna conheceu uma pessoa surda. O Senhor disse-lhe: “Coloca os teus dedos nos
seus ouvidos e implora por ele”. Ela obedeceu e o homem ficou curado ali mesmo.
Em outras ocasiões, orou por mortos e eles ressuscitaram. Mas, necessitamos realçar que ela
nunca o fez sem o Senhor a ter ordenado antecipadamente que o fizesse. Nunca tomou a
responsabilidade sobre ela própria de tomar tais decisões arbitrariamente. Uma vez, foi
guiada, também, para uma criança de dois anos de idade que havia falecido. Após oração, a
criança ressuscitou tal e qual a filha de Jairo muitos anos atrás.
A vida particular de Anna e, consequentemente, o seu ministério são exemplos muito vivos
e encorajadores de como uma vida deve e pode ser direcionada apenas pelo Senhor. Ela só
vai para lugares onde o Senhor a tenha enviado. Levando em conta que ela é uma pessoa
analfabeta, podemos achar que algumas das tarefas que o Senhor lhe dá não são fáceis de
cumprir. Ela foi incumbida de visitar escolas, representantes do governo e também de ir
falar a pastores sobre os pecados deles. Onde quer que ela vá, o Senhor tem sempre
preparado um lugar para ela pousar. Recusa dormir num colchão e não usa travesseiro,
preferindo dormir no chão. Cada noite, o Senhor dá-lhe todas as tarefas do dia seguinte. Ela
vive um dia de cada vez. Em 1967, o Senhor deu-lhe o nome de um missionário que iria
visitar a sua ilha. No dia que esse missionário chegou, ele ficou perplexo quando Anna o
cumprimentou chamando-o pelo seu nome.
Uma das tarefas mais difíceis que o Senhor lhe deu para fazer, foi no dia 10 de fevereiro de
1968. O Senhor disse-lhe: “Vai aos escritórios do governo e dá testemunho de Mim lá”. Ela
foi obediente. Todos os governantes da área ouviram a mensagem da visitante analfabeta e
20 homens converteram-se.
Mais ou menos por esta altura, foi mandada por Deus para ir visitar um ministro do
evangelho cujos filhos estavam sempre adoecendo. Numa visão antes da sua visita, ela viu
uma espada de dois gumes. Chegando ao local, viu a mesma espada pendurada na casa do
ministro. Encontrava-se ali desde o tempo dos holandeses e tinha uma história de feitiçaria e
ocultismo por trás dela. Ela disse ao pastor que a espada precisava ser destruída
imediatamente. Após a sua destruição, as crianças ficaram permanentemente curadas.
Anna não é a única pessoa a ser usada pelo Senhor deste jeito. Muitos dos membros de
todos os grupos têm experiências semelhantes e similares em sua obra de evangelização.
Podemos ilustrar este fato com apenas dois exemplos os quais estão bem comprovados,
devido ao fato de muitos pastores terem estado presentes em ambas as ocasiões. A primeira
ocorrência foi escrita por um pastor que está ativamente envolvido na obra do Senhor.
Num dos cultos de Timor e no qual estavam três pastores, um dos quais era uma mulher e
outro era o presidente do sínodo presbiteriano, um homem de 58 anos de idade foi
instantaneamente curado através de oração. O cego em questão ficou apavorado quando
descobriu que conseguia ver. Ele não sabia como reagir ao que lhe estava acontecendo. Foi
preciso que um dos presbíteros da igreja lhe desse ordens específicas para que soubesse o
que fazer. Não sabia como adaptar-se à visão. Joga fora a tua vara e anda até aqui sem ela. O
homem obedeceu e a pastora ali presente, olhando para aquilo tudo, começou a duvidar de
toda aquela ocorrência. “O homem está mentindo. Ele nunca foi cego.” Naquele mesmo
momento, a mão pesada do Senhor caiu sobre ela e tão rápido quanto foi a cura do homem,
foi a cegueira dela. Ela ficou cega diante das pessoas. Existe uma história que tem algo
semelhante a esta em Atos 13:11 onde o Elimas, o feiticeiro, ficou cego por se opor a Paulo.
No avivamento na Indonésia encontramos muitos acontecimentos com semelhanças no
Velho e Novo Testamento. Assim que o moderador do sínodo da igreja ouviu falar da
cegueira da pastora, ele perguntou: “Quem foi o responsável por aquilo que lhe aconteceu”?
Ninguém conseguiu responde-lhe. Na verdade, o Senhor era o responsável por aquele ato.
Durante três dias, a senhora permaneceu cega devido àquela atitude crítica em seu coração e
da qual ninguém sabia. Durante esses três dias, muitos crentes reuniam-se para orar por ela
sem qualquer êxito. Mas, após três dias haverem passado, ela confessou o seu pecado
abertamente e todos ficaram a saber porque ficou cega. Assim que se arrependeu, recuperou
a visão.
Vamos terminar com mais um caso, no qual uma pessoa foi curada de cegueira. O homem
em questão tinha 46 anos de idade e era cego de nascença, ou pelo menos desde sua
infância. Doenças deste tipo são muito vulgares na China e outros países asiáticos. Após um
dos membros do grupo ter-lhe mostrado o caminho para Cristo, seguindo os mesmos
critérios de confissão de pecado, orou por ele impondo-lhe as mãos. Com esse ato, as
pálpebras do homem abriram-se de repente e derramaram um pouco de sangue. Logo após
isso, o homem conseguia ver. Mas, ficou bastante confuso com tudo à sua volta, pois ele não
tinha qualquer lembrança de ter visto alguma coisa em toda a sua vida. Uma vez mais,
realço aqui que esta história foi-me narrada e confirmada por um pastor presente quando
tudo aconteceu e o qual me garantiu ser um caso verdadeiro.
Devido ao fato de nos esquecermos facilmente de certas coisas, vou aqui lembrar a todos
uma coisa muito importante: se Jesus consegue abrir os olhos espirituais de alguém, cujo
feito é de tanto maior importância e de maior dificuldade de ser operado, não nos podemos
admirar de que Ele consiga curar alguém com uma doença meramente física – mesmo que
seja cegueira. Nunca devemos retirar a ênfase que as Escrituras dão sobre a verdade e sobre
Cristo, para colocá-la em ocorrências maravilhosas como esta que se estão passando na
Indonésia atualmente. Jesus é muito maior e muito mais importante que todos os milagres
em conjunto que foram feitos e que ainda poderão ser feitos em Seu nome. Contudo,
podemos regozijar-nos um pouco com esta forma que Deus escolheu para se glorificar.
Nós já falamos aqui de um caso onde uma pessoa foi ressuscitada da morte através do
ministério do grupo 1. Existe um grupo em particular, no entanto, que se destaca através das
experiências desta natureza. A líder deste grupo é conhecida como a mamãe Sharon.
Tal como Anna, ela não sabia ler nem escrever. Um dia, o Senhor apareceu-lhe vestido
numa túnica branca e resplandecente e comunicou-lhe: “Chamei-te para ires pregar o
evangelho”. Eu estou imaginando as objeções nas cabeças dos teólogos contra este curso de
acontecimentos. Consigo vê-los perguntar: “Por que razões necessitam de visões como
estas? A nossa fé não deve estar baseada só na Palavra de Deus?” Eu concordo que devemos
depender somente da palavra de Deus e até poderia concordar que um soberano Deus
seguisse os conselhos de um teólogo. Mas, deixem-me perguntar: como é que o Senhor se
revela através Escrituras a uma pessoa que não sabe ler e nem sabe se a Bíblia esta para
baixo ou para cima? É de esperar que, em situações dessas e em casos específicos como
este, os meios que Deus usa, sejam os mais adequados para tal pessoa mesmo sendo
invulgares para nós. E para além do mais, desde quando é que Deus precisa de autorização e
da concordância dos teólogos para se manifestar pessoalmente a alguém e transmitir-lhe a
Sua vontade? Se Deus fosse obrigado a pedir a concordância dos líderes do cristianismo
atual, tenho a certeza que a desgraça deste mundo seria ainda mais evidente do que aquilo
que já é. Quando o Senhor se manifestou a esta mulher analfabeta, ela respondeu quase
como respondeu Jeremias: “Senhor eu não sei pregar não tenho qualquer educação ou
formação. Nunca entendi a Bíblia”. Contudo, o Senhor superou todas as suas objeções. Após
ter formado um grupo com mais três pessoas, ela saiu para dar testemunho da palavra de
Deus e pelo caminho aproveitava para orar pelos doentes também. Os frutos do seu trabalho
eram visíveis e marcantes. Um grande número de pessoas chegou a ser ressuscitado dos
mortos através do seu ministério.
Num dos primeiros casos, o qual foi investigado e confirmado por Pak Elias no local onde
ocorreu, conversou com a própria mãe cuja criança fora trazida de volta à vida. A criança
havia morrido seis horas antes de mamãe Sharon ter chegado ao local. Após alguém ter lido
uma porção das Escrituras, mamãe Sharon orou pela criança e, assim que abriu os olhos
depois da oração, a vida da criança foi-lhe restituída.
Uma outra ocorrência foi confirmada no terreno pelo missionário Sr. Klein. Uma criança
havia estado morta durante dois dias. As formigas já andavam pelo lado de dentro das suas
órbitas e do seu corpo estava apodrecendo. Contudo, os pais recusaram-se a enterrar a
criança no primeiro dia, conforme é hábito nas regiões tropicais, Não enterram porque
resolveram chamar mamãe Sharon. Ela só chegou ao local dois dias depois. Em breves
momentos, a vida da criança foi restituída.
Fomos colocados diante de testemunhos de três grupos diferentes. O primeiro grupo
experimentou milagres de mortos serem ressuscitados na cidade de N. os outros dois grupos
experimentaram os milagres concluídos por duas mulheres analfabetas, Anna e mamãe
Sharon.
Para uma quarta testemunha dos mortos serem ressuscitados, podemos voltar-nos para um
pastor evangélico, o qual também é um filho de Timor. Ele relatou-me a história de duas
pessoas que viviam numa ilha vizinha, os quais após terem morrido, foram levados para o
hospital local onde haviam sido pacientes anteriormente. Após oração ambos voltaram a
viver.
É essencial e importante frisar aqui que a ressurreição espiritual de alguém significa muito
mais para essa pessoa do que milhares de milagres que possam vir a ocorrer durante a sua
vida inteira. É seguramente mais importante que ressurgir dos mortos. Em Luc.15:24, lemos
assim: “Este é o meu filho que estava morto e reviveu”. A conversão espiritual e o
renascimento interior de qualquer pessoa têm uma maior importância para ela do que uma
ressurreição física. Devemos lembrar sempre este fato, para que não resulte que as obras que
Deus faz, não sejam achadas a operar contra Ele e que os milagres conseguidos numa área
de avivamento não cheguem a perturbar minimamente o nosso crescimento espiritual, mas
preferencialmente encorajá-lo. De outro modo, estaremos trilhando os falsos caminhos da
aparência religiosa.
XVI. MILAGRES
Os milagres não são as finalidades do que fazemos. Eles podem ser o meio. Servem apenas
como placas de sinalização apontando para o Messias que os executa. Nunca os milagres
foram a coisa mais importante e o objetivo a alcançar. São objetos de importância
secundária. Existem, também, para confirmarem a palavra de Deus em algumas
circunstâncias. No fim do evangelho de Marcos lemos assim: “O Senhor operou através
deles confirmando a sua mensagem através de sinais que os acompanhavam”. A pregação
do evangelho é de importância vital. Qualquer um que tenha intenção de construir sua vida
evangélica sobre milagres de qualquer natureza, tornar-se-á uma presa fácil do extremismo e
será guiado para um deserto sequíssimo a sua alma e para uma pobreza interior sem
precedentes. A palavra do Senhor é o fundamento do nosso pão diário. Milagres não são o
nosso pão diário, são a exceção: são sinais colocados ocasionalmente no nosso caminho.
Durante épocas de avivamento, toda a questão e a doutrina relacionada com todas as formas
de milagres tornam-se, no entanto, tema de grandes pesquisas e discussões porque
impressionam o povo. No caso da Indonésia, não houve exceção, pois, ali aconteceram
coisas maravilhosas e invulgares. Contudo, cada milagre que ali ocorreu, tem fundamento
bíblico e podemos achar uma semelhança para todos eles nas páginas da Bíblia.
Ester é líder do Grupo 17. Este grupo tem 15 membros, incluindo Ester. Um dia, o Senhor
falou-lhe: “Vai para Rote”. Ela alugou um barco de imediato, o qual pertencia a um
muçulmano. A caminho de Rote, uma forte tempestade surgiu no mar. O muçulmano,
desesperado, disse-lhes: “Se o vosso Deus ouvir as vossas orações e acalmar o mar, eu
entregarei a minha vida a Ele”. O grupo ajoelhou-se, orando e, escassos minutos depois, o
mar estava tão calmo que nem uma brisa soprava. O muçulmano converteu-se logo ali. Mais
tarde, mudou o nome do seu barco para ‘Nova Vida’. Para Deus, qualquer coisa é possível.
O mesmo Jesus que acalmou o mar da Galiléia (Mt. 14), ainda vive hoje – do mesmo jeito.
O Grupo 49 operava entre uma tribo de adoradores do sol. Ao estarem fazendo um culto
num dos edifícios, a chuva começou a cair torrencialmente. De repente, aquela chuva
torrencial parou e sol começou a brilhar muito forte. Naquele preciso momento, todo o
grupo viu Jesus nos céus colocando-se acima do sol. Todos correram para fora para ver
aquela visão. Usando a oportunidade que surgiu com a visão como parábola, a qual foi
testemunhada por muitas pessoas em plena luz do dia, começaram a pregar: “O Senhor Jesus
é maior que o sol, pois foi Ele quem criou o sol com as suas próprias mãos. Precisam adorar
o Criador e não aquilo que Ele criou”. Como resultado desta pregação, cerca de 20
adoradores de sol converteram-se a Jesus. Quando o acontecido foi relatado numa vila
vizinha, nesse mesmo instante, várias pessoas enfermas ficaram instantaneamente curadas.
Não nos devemos lembrar, aqui, daquela visão de Apocalipse1, onde Jesus apareceu a João
e está escrito “A sua face brilhava como o sol na sua força”?
O Senhor, não apenas fornece as provisões dos mensageiros que envia, mas também lhes faz
companhia na viagem. O Grupo 31, o qual era liderado pelo Pastor Gideão, quase sempre
viaja a pé durante a noite. Pela altura da lua nova, as noites nos trópicos podem tornar-se
assustadoramente escuras. Devido a esse fato, o Senhor ocasionalmente ia adiante deles em
forma de luz, tal e qual ele fazia quando acompanhava os filhos de Israel pelo deserto.
Também, quando chovia, o grupo não se molhava. A chuva caia dum lado e do outro do
caminho, mas, nem uma gota caía no caminho onde eles passavam. Eu já ouvi falar de
experiências semelhantes em outros campos missionários. No meu livro ‘Nome acima de
todos os nomes’, existe um relato de uma ocorrência similar, a qual envolveu um cristão
esquimó, Hester Egak.
O Grupo 47, também experimentou essa luz-maravilha em várias ocasiões. Uma noite, foi-
lhes dito para irem a uma cidade de nome N. De início, tentaram alugar um carro, mas, o
dono do carro que era mulçumano, não quis alugar o seu veículo a eles depois de descobrir
quem eram. Decidiram ir a pé, sendo obedientes ao Senhor de qualquer jeito. Quando já iam
a caminho, de repente, o Senhor disse-lhes para pararem e orarem. Eles obedeceram
instantaneamente. Logo de seguida, aproximou-se um carro que estava indo na mesma
direção que eles e conseguiram alcançar a vila seguinte. Nessa noite, o diretor da escola
providenciou-lhes onde dormirem. Era um quarto muito escuro e sem luz. Mas, apesar disso,
o quarto estava sendo iluminado misteriosamente pelo Senhor Jesus de forma sobrenatural.
No dia seguinte, continuaram a sua viagem. Na vila seguinte não havia qualquer iluminação
dentro da igreja. Também desta vez, o Senhor iluminou toda a igreja para eles.
Nós temos aqui um milagre parecido com aquele descrito em At. 12, onde a cela em que
Pedro se encontrava foi miraculosamente iluminada pela aparição de um anjo. Também, em
Ap. 22, lemos assim: “Não existirá mais noite; não precisaram mais da luz do sol porque o
Senhor seu Deus será a sua luz eternamente”.
Esses sinais envolvendo luz, são simples demonstrações da presença do Senhor e do fato de
Ele ser a nossa luz. Também dão-nos uma pequena prova de como Ele, um dia, será a nossa
luz eternamente. Todos aqueles que se familiarizaram com o reino de Deus, nunca acharão
que um destes milagres seja algo fora do comum ou que se refiram a eles como sinais ou
milagres. São coisas simplesmente naturais em Deus e não têm nada de absurdo nelas. Nós,
simplesmente, concluímos através destes fatos, que o Criador usa a sua criação para servir
os seus propósitos. O universo contém nele mesmo, muitas mais possibilidades de uso do
que aquelas que possamos imaginar. É um fato que a era de investigação nuclear vem
fazendo novas descobertas a cada dia que passa. Contudo, qualquer cientista está capacitado
a descobrir somente o que já existe e foi implantado dentro da criação de Deus.
Alguns dos milagres desse avivamento na Indonésia podem, de início, parecer-nos um
pouco estranhos e extravagantes. Mas, mesmo assim, não acho que sejam assim tão pouco
familiares para mim. Muitas vezes, perguntei-me a mim mesmo acerca de certos fenômenos
que ocorrem sob a tutela do ocultismo e da feitiçaria e qual seriam as sua contra-
semelhanças bíblicas, porque, na verdade, muitos milagres satânicos são imitações dos
milagres de Deus. Foi o que aconteceu com Jambres e Janes no Egito, quando imitaram
Moisés. No Japão, por exemplo, existem um sacerdotes Shinto que praticam a levitação.
Eles são capazes de desaparecer do topo de uma montanha e aparecer dez minutos depois
noutra montanha acerca de 22 Km dali. Foram-me narrados, muitas vezes, os incríveis feitos
dos aborígines na Austrália. Contam acerca deles, por exemplo, que certos membros de
determinadas tribos são capazes de correr de uma costa da Austrália até a outra em quatro
dias. Humanamente falando, isto é uma coisa impossível de se realizar, porque teriam de
andar cerca de novecentos quilômetros por dia. Entre os tibetanos e alguns povos do Haiti,
ouve-se falar dos fenômenos que se chamam ‘Navegando no Vento’. Isto é uma forma de
feitiçaria que capacita certas pessoas com poderes ocultos a viajarem distâncias muito
longas num curto espaço de tempo. Mas, todas essas coisas não deixam de ser realizadas
através de poderes satânicos. Os poderes que as envolvem são fatais para a alma humana.
Estes tipos de fenômenos têm paralelo nas Escrituras e, na verdade, lemos de alguns
acontecimentos na Bíblia com efeitos parecidos, os quais se acham numa dimensão
completamente oposta e abençoada. Como exemplo, Enoque foi transladado e Elias foi
levado para o céu num redemoinho. Em Atos dos Apóstolos lemos que Felipe foi
transportado pelo Espírito de Deus e, também lemos no Novo Testamento, sobre a ascensão
de Jesus no Monte das Oliveiras. Em cada caso específico, podemos encontrar um exemplo
parecido de como Deus venceu tanto a gravidade como a distância através do Seu poder.
Vamos agora abandonar esta longa introdução para nos virarmos para um milagre que foi
experimentado pelo Grupo 47. O grupo foi mandado por Deus para irem pregar o evangelho
numa certa vila que estava a cerca de 48 horas de viagem dali. Partindo a pé, acabaram por
chegar ao local em apenas 4 horas. Quando chegaram lá, encontraram os nativos todos
reunidos lotando a igreja. Passaram a descrever de como ouviram um som de trombeta
vindo das montanhas convocando-os para se reunirem e a população pensava que era
alguém do Grupo 47 avisando-os da sua chegada. Contudo, nenhum membro do grupo
possuía trombeta. Havia cerca de 50 pessoas enfermas dentro da igreja e todos eles ficaram
curados, incluindo três pessoas que eram surdos de nascença. Após as suas línguas se
soltaram, começaram a produzir sons audíveis.
Com o intuito de colocar mais um pedaço de lenha na fogueira das dúvidas das pessoas que
acham que estamos exagerando com estes relatos, iremos mencionar um último exemplo. A
pessoa que me trouxe a história foi Nathan, um governante do distrital que já havia sido
líder dum grupo. Nathan descreveu-me que o grupo sob a liderança de Ruth, foi ameaçado
de morte por um grupo de soldados. Algum povo pagão incitou os soldados contra o grupo.
Certa noite, o cabo do exército estava reunido com seus soldados, arquitetando e discutindo
um plano para impedir a obra dos cristãos. Enquanto estavam discutindo os seus planos, o
grupo visado reunia-se em oração noutro local. Conforme estavam orando, algo inesperado
aconteceu com Ruth. Ela achou-se momentaneamente entre os soldados ouvindo todos os
detalhes do plano que discutiam contra o grupo que ela liderava. Contudo, os soldados não
conseguiam vê-la. Quando Ruth se achou de volta entre os Cristãos, relatou-lhes o que
ouviu e todo grupo começou a orar instantaneamente para que os soldados ficassem com
muito sono e se sentissem cansados ao ponto de abandonarem a execução daquilo que
planejavam. E aquilo que pediram aconteceu da forma que eles pediram. Os soldados foram
vencidos por uma grande vontade de dormir e acabaram deixando de lado os planos e foram
antes para casa dormir.
A questão que aqui se coloca é como devemos olhar para este tipo de experiência a luz das
Escrituras. Primeiramente temos a história dos anjos de Deus que abriram portas de prisões
em duas ocasiões: At. 5:19 e 12:78. Também temos a narração de Paulo e de como ele foi
levado para os céus em II Co 2:1-4. Será que, a nosso ver, Deus perdeu o jeito de fazer estes
milagres atualmente? Será que agora somos somente enteados e já não somos filhos? Não
será verdade ainda que Jesus é o mesmo hoje, ontem e eternamente?
Nós não necessitamos de milagres como estes para sermos salvos. Contudo, se Deus
escolher esta maneira de operar dentro de um avivamento extraordinário, como é o da
Indonésia, não temos qualquer direito de nos tornarmos ditadores de Deus ou de duvidarmos
de casos reais. Em todo caso, a única origem das dúvidas é a confiança que temos no nosso
próprio entendimento, no qual nos apoiamos facilmente. Confiamos mais em nós próprios
do que num Deus vivo todo poderoso. Será que já nos esquecemos de como é viver dentro
do mundo da Bíblia? Se for esse o caso, nem será estranho que estas coisas nos pareçam
inacreditáveis. Um dia, quando Deus nos julgar, esses nativos analfabetos de Timor irão
assentar-se na cadeira do tribunal julgando o orgulho com o qual cobrimos a nossa
inteligência e formação.
O nosso intelecto ainda será desafiado com mais relatos que se seguem neste livro. Os cultos
de santa-ceia numa área de avivamento são muito participados. A natureza da fome pela
Palavra e a natureza dos acontecimentos provoca uma grande participação de todas as
pessoas. Conforme já mencionamos anteriormente, em alguns lugares, cerca de 9.000
nativos foram convertidos em apenas duas semanas. Seria de esperar que estes recém
nascidos em Cristo desejem ardentemente participar da ceia do Senhor. Contudo, para eles
não é só uma questão de festa ou de comemoração, mas trata-se antes de uma comunhão,
intensa e real, com o próprio Senhor Jesus. Por isso, torna-se um evento de enormes
expectativas e de grande participação. Qualquer pessoa perguntaria logo: “De onde virá o
vinho para tanta gente”? Este povo, que já experimentou da ajuda do Senhor de
variadíssimas formas e em muitas ocasiões, tornaram isto um assunto de oração. Um tempo
mais tarde, o Senhor falou com eles diretamente: “Encham alguns recipientes com água
duma nascente”. Foram imediatamente buscar essa água numa nascente e oraram durante
algumas horas. Quando chegou a hora da celebração da ceia, toda a igreja tomou da água
que foi transformada em vinho. Por ocasião deste milagre, já havia acontecido três vezes.
Nós temos aqui uma repetição do milagre sobre o qual lemos em João. 2. A questão coloca-
se, novamente, se iremos construir uma teologia baseada em milagres ou no intelecto. Qual
das duas é a pior? Temos que decidir se vamos colocar a nossa confiança só em Deus e fazer
aquilo que Ele quer quando quer, ou se vamos depender das nossas capacidades intelectuais
e dos nossos pontos de vista mirrados e sem luz. Quanto a mim, devido aos sofrimentos de
Cristo na cruz e à sua ressurreição, Jesus é suficientemente grande para salvar fazendo
milagres ou não fazendo milagres. Se Ele quiser ou achar melhor fazer os milagres que
temos ouvido, então, que a Sua vontade seja feita. Contudo, temos que levar em conta que
os nativos da Indonésia, no seu ardente desejo de celebrar a ceia do Senhor, seriam
impedidos de cumprir os seus anseios porque não tinham pão nem vinho para comemorar
aquilo que Jesus fez por eles. Será que, para alguns intelectuais, Jesus deixou de ser o
Conselheiro Maravilhoso? Temos um Deus que opera milagres! Disso nunca poderemos
esquecer. “Cantem ao Senhor uma nova canção, pois Ele fez coisas maravilhosas”, Sal 98:1.
Eu prefiro colocar-me ao lado destes servos de Cristo, simples e analfabetos, em Timor, ser
participante da sua fé simples e quase infantil, do que assentar-me numa roda de
escarnecedores racionalistas, os quais tentam, sem sucesso, rasgar as partes da Bíblia que
não se encaixa na sua maneira de pensar e de raciocinar. Teríamos, deveras, um Deus muito
pequeno se Ele fosse obrigado a sujeitar-se e a pactuar com os planos e as ideias que fazem
dele os filósofos atuais.
Quanto mais eu olho para os acontecimentos que se estão desenrolando em Timor, mais me
convenço de que Deus nos quer transmitir alguma mensagem que deve ser entregue ao
mundo inteiro. O avivamento na Indonésia não é de maneira nenhuma apenas um
acontecimento nacional e limitado àquele país. Mas, creio que seja uma maravilhosa
manifestação de Cristo que precisa ser levada em conta por todo corpo de Cristo espalhado
pelo mundo. O Pastor Joseph teve um sonho que guardou para si durante algum tempo, o
qual ilustra muito bem esta tese. Mas, antes de descrever o sonho, permitam antecipar-me
aos meus críticos: eu sei que aquilo que a palavra de Deus diz é mil vezes mais fiável do que
qualquer sonho de qualquer homem de Deus. Mas, existem sonhos que manifestam o que a
palavra de Deus diz. Eu já falei bastante sobre a realidade atual da Indonésia e, por esta
altura, já podemos ter uma noção da realidade espiritual ali decorrente e qual a necessidade
deste tipo de revelações para o povo que não sabes ler e nem escrever. Também mencionei
as razões que levam a essa necessidade. Para além do mais, o Pastor Joseph é um dos
homens mais maduros e mais sóbrios de todos os avivamentos que eu alguma vez presenciei
em todo mundo. Ele é, ainda, o próprio presidente do sínodo da igreja de Soe. Neste seu
sonho, ele viu uma multidão composta de gente de todas as nações debaixo do sol sendo
atraídos de todas as igrejas para frente de uma igreja. Cantavam um hino em conjunto e,
mesmo que a melodia fosse a mesma, cada um cantava no seu próprio idioma. Assim que
acordou, o Pastor Joseph pediu ao Senhor que lhe explicasse qual o significado daquele
sonho. A resposta veio em seguida: “O sonho significa que o avivamento em Timor tem um
significado e uma importância universal”.
Estamos vivendo onde o “satanás tem o seu trono”. Esse trono já conquistou os púlpitos das
igrejas evangélicas e não evangélicas do mundo ocidental. Os teólogos desmentem a
divindade de Cristo e anularam a necessidade da sua presença real, colocando ênfase e
autoridade no seu raciocínio das coisas e nas suas doutrinas que servem como armas para se
atacarem uns aos outros e se diferenciarem entre eles destacando-se. Está acontecendo a
mesma coisa que vimos durante a Revolução Francesa de 1789. Constatamos que já não é
mais Deus que é reverenciado e adorado, mas é antes o homem que é idolatrado, ouvido e
seguido. O Espírito de Deus não sofrerá e nem suportará esta tolice vinda seja de quem for –
muito menos dos teólogos que tem conhecimento da verdade. A blasfêmia destes teólogos é
evidente e só não vê quem não quer. Mas, sabemos que será varrida do panorama mundial e
acontecerá com ela aquilo que aconteceu com a Torre de Babel, a qual não existe mais.
Na face deste mundo vemos uma rebelião universal contra Deus. Mas, é neste mundo que
Jesus mostrou como se deve fazer as coisas usando um dos cantos do mundo mais
desprezado e menos importante: as ilhas longínquas da Indonésia. Não será através da
sabedoria dos teólogos que veremos Deus fazer tudo aquilo que faz através de nativos
simples e analfabetos. Deus não precisa nem de teologia nem de teólogos – Ele só precisa
ser Deus e reinar literalmente. Ele está escolhendo novamente os mais desprezados e os mais
pequenos deste mundo para envergonhar todos os outros e para que eles, um dia, se
assentem nos tronos colocados no céu julgando a elite e a nobreza da igreja e do mundo.
Aquele que tiver olhos para ver, que os usem bem. Muitos, contudo, preferem continuar
cegos, incompreensivelmente surdos e abnegados pelas causas próprias, as quais não
levaram a lado nenhum. A igreja de hoje está preenchida e lotada de blasfemadores que
amam ocupar os lugares principais, para não dizermos os lugares de ensino e de discipulado
onde ensinam somente e obrigatoriamente aquilo que é muitas vezes inspirado e arquitetado
no coração de satanás sem se aperceberem que seja assim, sequer. É verdade que ainda
existem exceções e em muitos cantos do mundo há aqueles que recusaram dobrar os seus
joelhos a Baal, preferindo serem escarnecidos e lançados em tribunais públicos e em
tribunais de opinião para não desprezarem alguma coisa que Cristo lhes revelou
pessoalmente sobre como se deve ser um discípulo verdadeiro.
Podemos mencionar aqui a história de um irmão que foi escolhido para andar neste caminho
estreito e íngreme que leva ao céu. Uma vez, quando Dr. Prof. Michel de Tübingen entrou
numa sala de aulas, encontrou um papel escrito à mão em cima de sua mesa. Um aluno seu
havia deixado um bilhete para ele ler dizia o seguinte: “Michel é o seu nome e Michel (que
quer dizer tolo) você é. Tudo que você ensina é lixo”. Isto ilustra o espírito de rebelião
contra Deus tanto naqueles que ensinam como nos que aprendem, isto é, naqueles que são
atualmente os melhores “seguidores” de Cristo.
O Senhor achou por bem incendiar algumas igrejas e dar uma nova luz e uma nova chance a
este mundo. Para isso usou um dos cantos mais insignificantes do planeta. Contudo, esta luz
não serve apenas para agir como um contra peso ou uma oposição contra o espírito humano.
Não é – é muito mais que isso. Toca a todos nós e fala-nos do fim dos tempos. Ou melhor,
do último troço do fim dos tempos. Quem será a pessoa que vai terminar o mundo? Quem
irá estar acima de todos e irá queimar o presente caos de valores humanos? Quem está
sentado no trono e reina para sempre? Quem irá ter a última palavra? A quem é que Deus
deu um nome acima de todos os nomes? A resposta é obvia: é aquele que se curvou sob o
peso do pecado do mundo figurativamente representado através de uma cruz pesada de
maldição. Aquele que depois foi pendurado nessa cruz para salvação do mundo no monte do
Golgota. Sim, ele mesmo, aquele que sepultou as maldições dos pecados que se espalham
como praga pelos corações dos homens e que só terminou no Hades pregando para os
cativos de lá. Todo o poder foi dado Àquele a quem a morte não conseguiu prender: ao
Cordeiro de Deus cujos louvores lotam o céu e um dia lotarão a terra.
Ele é aquele que vem e as suas pegadas e forma de operar ficaram claramente estampadas na
ilha de Timor. Creio mesmo que, em mais nenhum outro lugar do mundo, isto ficou tão
óbvio, isto é, as pegadas de Jesus. Este avivamento em Timor tem uma enorme importância
escatológica. Muitos dos nativos envolvidos nele profetizaram (e não eram falsos) que os
exércitos do céu já se preparam para aquele glorioso dia que será a vinda do Cordeiro para
acabar com o mundo.
A Nossa Responsabilidade
Estas notícias vindas de Timor, sendo um encorajamento para todos nós, devem-nos fazer
dobrar os joelhos na mais profunda oração e humildade. Mesmo que este acontecimento seja
provavelmente o maior acontecimento espiritual depois dos Apóstolos de que temos
conhecimento, existem, mesmo assim, muitos perigos contra esta nova era da história da
igreja de Cristo.
O inimigo convocou todos os seus exércitos deste do inferno numa tentativa de destruir,
incapacitar ou danificar esta genuína obra do Espírito Santo de Deus. Esta é a maior guerra
mundial que alguma vez enfrentaremos. Nunca houve outra igual. Uma batalha feroz está
ocorrendo no mundo espiritual, a qual apenas alguém com dons proféticos conseguirá
enxergar. A Indonésia tornou-se, atualmente, no alvo principal de satanás neste mundo.
Cada filho de Deus na Terra deve sentir no seu coração o dever de entrar na união e na luta
intercessora para que este avivamento se mantenha intacto.
Já houve um grande número de cristãos da Indonésia vítimas de orgulho e outros pecados
mais. Os milagres, as curas e a ressurreição dos mortos podem subir facilmente à cabeça das
pessoas. Mas, pela misericórdia de Deus, sempre que isso aconteceu, as pessoas em questão
perderam toda autoridade que Deus lhes havia dado.
Alguns outros caíram em pecado de imoralidade e promiscuidade. As vidas de grupos
mistos representam um desafio acrescido e também mostrou ser um perigo. Aqueles que se
entregaram aos namoros fora da vontade Deus também perderam toda a sua autoridade.
Houve outros que caíram no laço do dinheiro. Todos aqueles que foram curados através
deles mostraram agradecimento natural e espontâneo e davam o que tinham para manifestá-
lo. Mas, aqueles que oravam por eles, deveriam ter levado em conta que o Senhor disse
expressamente “De graça recebestes, de graça daí”, Mt 10:8.
Também houve pessoas que caíram em barulho e desordem. Sermos guiados pelo Espírito
não é sinônimo de êxtase e nem de barulho. Onde Deus reina existe ordem, mesmo que não
seja implementada pelo ser humano. Não devemos colocar de lado regras comportamentais
de bom senso apenas porque estamos livres para sermos guiados por Deus abertamente.
Damos graças a Deus que houve muitos desses que caíram que, após reconsiderarem os seus
caminhos, voltaram para Deus. Permitiram-se, também, serem corrigidos por irmãos na fé
aceitando exortações e admoestações de bom grado e com toda a humildade. A humildade
que adquiram após terem voltado, manifestou claramente que Deus não os havia expulsado
para sempre do Seu reino.
Devido ao fato de podermos partilhar e participar nestes eventos maravilhosos, temos a
obrigação colocada sobre nossos ombros de orarmos a Deus intensamente para que este
avivamento se mantenha. Os avivamentos não são locais para farsantes piedosos e
endoutrinados. Quando satanás mobiliza os seus exércitos, os crentes também devem
agrupar-se nas suas respectivas fileiras ouvindo o chamamento e exortação do seu Rei. A
coisa mais importante que podemos fazer hoje, é a oração pura que é ouvida. Intercessão é
um ministério por si mesmo. No entanto, poucos crentes o praticam. É com muita facilidade
que deixamos nossos irmãos serem ameaçados e sacudidos em seus fundamentos pelos
poderes que satanás tem para confundir o mundo. Os crentes deviriam aprender a lutar nos
seus joelhos conta o comunismo e outros males mais, como os que estão acontecendo na
China vermelha. Na Indonésia, temos muitos crentes perseguidos e executados pelos servos
do nosso inimigo. Não podemos ficar parados a olhar sem fazer nada. Muitos tornaram-se
culpados de pecados da execução de seus irmãos em países oprimidos. Essa é uma das
principais razões porque escrevo este livro. Meu desejo é que nasça um ardente desejo em
todos para ajudarem a obra de Deus em todos os aspectos em qualquer canto do mundo e,
principalmente, dentro deles mesmos. Quem está ouvindo este apelo? Mesmo que não
consigamos ser missionários ou evangelistas, podemos ser intercessores ativos, algo que
pode significar o sucesso das obras de todos aqueles que estão na linha de frente da batalha.
Aqueles que dão a cara por Cristo agradecem. Os que se salvam também. Hudson Taylor
tinha o mapa da China e ajoelhava-se sobre ele todos os dias enquanto orava por aquele país
perdido. Hoje, a China tem cerca de 170.000.000 de evangélicos. Se formos missionários de
oração, seremos missionários de melhor tipo que há.
Como seria maravilhosa a surpresa quando chegarmos à eternidade e cada irmão do mundo
ocidental encontrar-se dentro do céu com algum africano, asiático ou outro que se salvou
enquanto orava. Imaginemos esses crentes perguntarem-nos: “Foi você que orou por mim
enquanto eu estava perdido? Foi a sua oração que Deus ouviu?” Eu tenho a certeza que
muitos crentes serão recebidos com essas coisas maravilhosas assim que entrarem no céu. A
única pergunta que se coloca é: você será um deles?
A nossa história ainda não terminou. Mal começamos a contar as coisas deste avivamento na
Indonésia. Vamos agora ouvir a história de um dos responsáveis por esta obra maravilhosa.
Guardei o seu nome para o fim para que a glória fosse dada a Deus logo no início. Vamos
ouvir a história de um homem a quem Deus usou de uma forma peculiar e o qual foi um dos
instrumentos mais importantes para tudo o que ali aconteceu.
Os parágrafos seguintes são uma biografia muito superficial de um homem de Deus que foi
usado de uma forma muito particular neste avivamento. Deixei a sua história para o fim
intencionalmente, pois senti no meu coração que a ‘biografia’ de Deus deveria está em
primeiro lugar. Não se deve subestimar o fato do homem, por vezes, ficar com parte da
glória que é unicamente de Deus. Qualquer forma de heroísmo ou de reverência a heróis
sempre termina com a carreira de qualquer homem de Deus, porque a glória de Deus não
Lhe é dada. Contudo, parece instintivo que as pessoas consigam empurrar os evangelistas
para cima dos pedestais, colocando-os numa situação muito ingrata e muito venerável.
Sempre que isso acontece, a chama do Espírito Santo extingue-se mesmo que a fama do
evangelista perdure. Eu estou muitíssimo consciente dos perigos que envolvem uma
descrição da vida deste homem grandiosamente usado por Deus e de uma forma invulgar e
peculiar.
É um método que Deus usa para lidar com a humanidade perdida, selecionando pessoas
específicas para tarefas peculiares. Estes são três aspectos deste fenômeno: a tarefa, o tempo
de cumprir e o homem escolhido. Foi assim que, no tempo do êxodo, a tarefa de libertar os
filhos de Israel das garras da escravidão no Egito e no auge do seu sofrimento, o homem
escolhido foi Moisés. Podemos verificar como em todos os métodos que Deus usou para
lidar com Israel havia sempre um triângulo divino. Quando pensamos na construção do
templo vemos que a tarefa era arranjar uma habitação para a arca de Deus e que o homem
escolhido foi Salomão. Consideremos também o ministério de João Batista. A tarefa era
preparar o caminho para o Messias e o tempo da Sua aparição foi logo a seguir e João foi a
voz escolhida para clamar no deserto. O mesmo fundamento aplicou-se na história da igreja.
Se falarmos da reforma, como exemplo, comprovamos que a tarefa era renovar a igreja
cristã, o tempo disso acontecer foi antes da era moderna – quase na época da descoberta da
América e outras terras – e o homem escolhido foi Martinho Lutero.
O avivamento indonésio também manifesta este mesmo padrão. David Simeon e o seu
irmão estiveram juntamente com Pak Elias quando o avivamento começou entre os
estudantes da Escola Teológica de Java, onde o Pak Elias ainda era um dos estudantes. Hoje,
o Senhor promoveu Pak Elias para um grau acima dos seus professores. Pak Elias é um
nativo da Indonésia e o Senhor achou por bem colocar Indonésios no comando deste
avivamento. Nem sempre é assim.
A tarefa que tinha em mãos era a limpeza e a renovação integral da igreja quase petrificada
de Timor e a conversão dos muçulmanos para Deus. O tempo apontado para esta obra foi
após a conclusão das guerras com japoneses, holandeses e comunistas. Não haveria mais
guerras enquanto a obra estivesse prosseguindo. O instrumento que Deus escolheu para esta
obra foi Pak Elias.
Todas as biografias tornam-se monótonas quando são longas. Por esta razão irei limitar o
que digo para abreviar os comentários. Pak Elias nasceu em 1928, sendo filho mais novo de
uma família de sete. O seu pai faleceu quando ele tinha três meses de idade, o que significa
que a sua infância e adolescência foram muito penosas e difíceis. Sofreu muitas
necessidades.
Os anos de juventude de Pak Elias ficaram marcados por muitas guerras e revoluções, algo
que só veio beneficiar este homem porque, além de saber os dialetos de Timor e Ambom,
ele também fala fluentemente indonésio, japonês, holandês e inglês. Esses idiomas refletem,
de certa maneira, o tipo de formação que ele obteve: na escola primária na ilha de Rote;
escola secundária na ilha de Timor; formação como professor numa escola em Ambom;
professor em Java e finalmente um posto na Academia de Bandung. Foi uma formação de
educação, não apenas marcada pelas diferentes mudanças políticas no seu país, mas,
também, destacam-se pelas distâncias entre etapas da sua formação. A dimensão real do
arquipélago da Indonésia é a cerca de 12.000 Km. Por isso, tanto linguisticamente como
geograficamente, a formação de Pak Elias era a mais apropriada para servir toda a
Indonésia. Podemos comprovar a mão de Deus no percurso da sua vida. Não foi Moisés
preparado durante 40 anos no deserto de Midiã antes de Deus o chamar para cumprir a sua
tarefa? Será que Davi perdeu aqueles anos entre os filisteus e que foi um tempo em vão
antes de receber a sua coroa? Os propósitos de Deus nem sempre são reconhecidos até que
as coisas já se tenham cumprido. Será, também, que foi em vão que Pak Elias foi açoitado
de um lado para o outro através dos ventos da vida, passando de ilha em ilha na Indonésia?
Mesmo com falta de dinheiro e vivendo sem ajuda para completar os seus estudos, a carreira
de Pak Elias pode ser considerada excepcional. Era periodicamente forçado a trabalhar
durante um tempo para juntar dinheiro para poder continuar os estudos. Mesmo assim, a sua
inteligência acima da média permitiu que terminasse a sua formação acadêmica antes de
seus colegas. Quando tinha 23 anos já era diretor de uma escola secundária em M. Estudou
ainda mais depois disto e acabou sendo o diretor duma Faculdade na mesma cidade. Com 29
anos e sendo diretor dessa faculdade e ao mesmo tempo professor universitário, também
tornou-se diretor de uma escola com cerca de 2.000 estudantes. De fato, uma carreira
excepcional!
Pak Elias também era um homem muito respeitado em todos os círculos da igreja. Com 24
anos era líder de todos os jovens da cidade de Bandung e aos 26 tornou-se presbítero da
igreja local. Para além disso, aos domingos pregava para cerca de 2.000 estudantes da sua
escola e também para os 200 alunos da mesma faculdade onde era diretor. É um currículo
invejável.
A Ofensa
Tanto na sua vida pública como na igreja, era reconhecido como um líder nato. Foi então
que algo de extraordinário aconteceu com ele. Em novembro de 1957, o Dr. Roland Brown
do Instituto Bíblico de Moody nos Estados Unidos fez uma campanha missionária no Leste
de Java. Pak Elias assistiu ao culto no dia 18 de Novembro e a mensagem mexeu muito com
o seu coração. Quando as pessoas foram convidadas a ir à frente entregar as suas vidas à
vontade de Deus e a Cristo, ele quis obedecer ao apelo. Mas, faltou-lhe a coragem.
Naquela noite, uma batalha feroz deu-se dentro do seu coração. Era como se ele ouvisse
uma voz incriminando-o: “Tu não nasceste de novo”. Mas, em resposta o diabo respondia:
“Tu já pregas há sete anos e até já és líder da igreja!” Aquela voz interior persistia: “És
orgulhoso. Constróis o teu próprio sucesso e crias a tua própria igreja. Deus não tem nada a
ver com o sucesso que tens”. Novamente o diabo respondia: “Sempre viveste uma vida boa.
Estás no caminho certo. Não existe nada de errado que possam apontar em tua vida”.
A batalha era feroz e continuou noite adentro. Por fim, o tentador falou-lhe severamente:
“Fica fora desses cultos! Eles não têm nada de bom para ti”.
Mas Pak Elias voltou ao culto no dia seguinte para ouvir o Dr. Brown. Novamente, a
mensagem falou profundamente com ele. Quando o missionário exortou as pessoas a virem
confessar os seus pecados publicamente, Pak Elias esqueceu-se de tudo, levantou-se e foi
para o altar. Entregou-se a Jesus, confessou seus pecados e rendeu a sua vida integralmente
ao Salvador. Termos provas que a entrega foi genuína e integral. Também foi aceito pelo
Senhor.
A conversão de Pak Elias caiu como uma bomba no meio do povo da igreja. Não sabiam
como reagir. Os pastores, os presbíteros da igreja, os professores da escola dominical e
também os membros de todas as igrejas ficaram profundamente chocados e irados contra
aquilo que ele fez. De comum acordo, todos começaram a dizer: “Ou ele estava bem com
Deus antes e desviou-se, ou então sempre foi um hipócrita. Tanto uma coisa como outra são
coisas gravíssimas”. A razão porque as pessoas se enfureceram tanto, na verdade, era porque
eles deveriam fazer aquilo que Pak Elias fez e nasceu um temor no subconsciente de todos
aqueles que vivam sob uma falsa segurança, a qual estava sendo ameaçada por aquele ato de
um líder seu.
Este é um problema comum entre todos os membros das igrejas atuais. Não conseguem
aperceber-se o que realmente é a conversão e um novo nascimento e nem a sua extensão,
extensão ou implicação. O mesmo podemos afirmar da grande maioria dos ministros do
evangelho atuais e da grande maioria dos líderes das congregações locais.
A conversão de Pak Elias e o seu contato consequente com a escola teológica do leste de
Java resultaram na sua expulsão de presbítero da igreja. Como isto é próprio do nosso
mundo cristão atual! A igreja não se endurece com blasfêmia dos ministros e dos pastores;
não se ofende quando os seus líderes bebem e fumam; não se importam de falar uns dos
outros e de brigarem; mas quando um homem, pela graça de Deus, se converte de todas
essas coisas, eles ficam endurecidos e rejeitam-no irados. Durante os anos seguintes, Pak
Elias foi proibido de pregar em qualquer igreja. Mas, ele não se deixou afetar por esta
condenação porque o fogo de Deus queimava nele fervorosamente. Ele pregava nas ruas e
nas estradas por onde andava.
Envenenado por Cinzas e Enxofre
Em 1960, Pak Elias recomeçou os seus estudos. Frequentou a Escola Teológica do leste de
Java e buscou uma nova formação. O ambiente espiritual da escola respondia a todos os
anseios e a todos os clamores com que o seu coração bradava. Em 1961, ele já organizava e
participava em campanhas nas ilhas de Celebes, de Java e de Timor. Quando a organização
‘World Vision’, a qual cuidava de crianças órfãs, reconheceu o seu valor, convidou-o para
ser seu vice-presidente. Em 1963, Pak Elias estava trabalhando em Borneo e em Rote. Foi
durante este trabalho que se encontrou pela primeira vez com o Pastor Gideão, homem que
acabou por se converter através do seu ministério.
Mas, 1963 também foi um ano de crise. No dia 17 de Abril, o vulcão Agung na Ilha de Bali,
entrou em erupção e soterrou várias vilas. Pak Elias estava ali presente, trabalhando numa
campanha. Acabou por entrar na ajuda humanitária levando muitas crianças para lugares
seguros. As estradas, contudo, estavam soterradas e cobertas com vários centímetros de
cinzas quentes, e como consequência, os pulmões de Pak Elias ficaram terrivelmente
queimados. No hospital, os médicos começaram a dura batalha pela sua vida, a qual parecia
ser em vão. No final, aproximaram-se da sua família e disseram: “É tudo em vão! Os
pulmões dele sofreram muito e estão completamente queimados. É uma questão de dias até
ele morrer”. Veio uma hora de crise e a sua esposa chamou os médicos responsáveis, os
quais disseram: “Ele não vai sobreviver esta noite”. A temperatura do eu corpo subiu até aos
39º. A inflamação espalhou-se, também, para o seu fígado. À meia-noite, entre o dia 30 de
Abril e dia 1 de Maio, contudo, este paciente aparentemente em fase terminal começou a
cantar. Olhou para sua querida esposa e disse: “Esta não será a minha última noite na terra.
Ainda preciso glorificar o Senhor Jesus. O Senhor deu-me dois versículos para confirmar a
sua vontade: “A ti também, Senhor, pertence a benignidade; pois retribuis a cada um
segundo a sua obra”; “Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles
não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em
ti”, Sal 66:12 e IS 43:2. Eu passei pelo fogo mas o Senhor livrou-me”. A sua profecia
cumpriu-se. Naquela noite, a condição de Pak Elias melhorou substancialmente. No dia a
seguir, ele já estava em recuperação total.
Enquanto estava no hospital, ficou claro para ele que teria de abandonar a organização
‘World Vision’ e dedicar toda a sua vida à pregação do evangelho.
As Portas Abriram-se
Em 1964, Pak Elias foi uma vez mais pregar em Java numa campanha missionária. As
igrejas permaneciam encerradas para ele. Recebeu um convite para ir pregar em Sumatra e
viajou para lá. Foi lá que presenciou um grande avivamento entre os muçulmanos, do qual já
falamos.
Uma noite, Pak Elias foi despertado pelo Senhor e foi-lhe revelado que iria pregar para
milhares de pessoas. Por essa altura, ele não tinha a mínima idéia de como ou onde isso iria
acontecer e nem o que aquela profecia significava. Mas, sete anos após as igrejas haverem
encerrado as portas para ele, recebeu um convite de Bandung. A carta dizia que, todas as
igrejas da área, iriam participar ativamente na campanha. Pak Elias mal conseguia acreditar
no que estava lendo. Todas as igrejas pedindo para ouvi-lo, a ele, o expulso? Não respondeu
ao convite, mas, uns dias depois, recebeu uma nova chamada com o mesmo convite. No
entanto, orando, não recebia nenhuma resposta da pare do Senhor e, por essa razão, não se
comprometera ainda. Mas, uma semana mais tarde, duas pessoas chegaram de Bandung com
outro convite formal para ir pregar na campanha. Três convites! Deve ser a vontade de
Deus, pensou. Decidiu ir.
A campanha em Bandung foi um grande acontecimento. Havia 52 igrejas diferentes e todos
os pastores participaram ativamente naquela campanha. Um grupo de 75 estudantes,
juntamente com os seus professores, veio da Escola Teológica de Java para ajudar na
preparação da campanha. As igrejas foram divididas em quatro grupos por ordem de
distritos e os estudantes e os professores dedicaram-se inteiramente à pregação da Palavra.
Durante aquele tempo de preparação, muitas pessoas foram trazidas a um relacionamento
direto com Jesus, os quais, por sua vez, eram treinados a aconselhar pessoas para saberem
como orientar as pessoas que se iriam converter durante a campanha. Pak Elias foi o
instrumento usado para o efeito. Cada manhã entre 8.000 e 15.000 pessoas vinham ouvir o
evangelho e, ao todo, cerca de 3.000 limparam as suas vidas com o Senhor. Os novos
convertidos, contudo, não foram deixados ao acaso e vários cultos foram organizados para
orientá-los e para edificá-los. Aquela obra de edificação e de seguimento dos novos
convertidos durou três meses e a campanha durou 18 semanas.
Homens de negócios, professores universitários e estudantes foram alcançados pela Palavra
de Deus e, como resultado, Pak Elias venceu a barreira da desconfiança que havia contra
ele. Todas as igrejas aplaudiram a sua obra, a qual antes rejeitavam friamente, indignados
contra ele.
Autoridade
Em Lucas 9:1,2 lemos: “Reunindo os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os
demônios, e para curarem doenças; e enviou-os a pregar o reino de Deus”. Onde vemos essa
autoridade hoje no meio evangélico? Mesmo que vejamos as igrejas cheias de oradores
fantásticos, poucos deles conseguem manifestar e evidenciar Cristo nos testemunhos que
dão. E, o numero de cristãos com os dons que Deus distribui pessoalmente, seja para curar
ou para expulsarem demônios, são escassos ou quase inexistentes. Pak Elias já disse em
várias ocasiões o seguinte: “Eu não tenho autoridade para curar e nem para ressuscitar
pessoas da morte”. Mas, ele não disse nada sobre a autoridade que possui sobre demônios e
sobre forças ocultas. É um bom sinal que ele não fale das coisas que possui. Sei que, todos
aqueles que realmente possuem dons reais, raramente falam deles. E comprovei que, todos
aqueles que falam em seus dons, são precisamente aqueles que não os possuem.
Vamos ouvir uma história que se passou dentro da Escola Teológica em Java. Havia um
homem que era um feiticeiro muito poderoso. Inscreveu-se para ser motorista dentro da
Escola e foi aceite. Havia aprendido as suas artes de feitiçaria em Meca e em Medina.
Conta-se que, uma vez, quando vivia na Índia, deixou-se enterrar vivo e ficou quatro
semanas debaixo de terra sem respirar. E, eis aqui, um homem enviado por Satanás mesmo
dentro da Escola de Deus! Apenas muito gradualmente os estudantes e os professores
tomaram consciência da sua presença. Conforme o tempo foi passando, viram a sua
habilidade e poder para matar cachorros e outros animais com o seu olhar e poderes de
concentração.
Os líderes da Escola foram obrigados a intervir. Convocando o homem para uma reunião,
questionaram-no sobre os seus poderes ocultos. Perguntaram-lhe: “É verdade que possuis
estes poderes? Consegues matar animais através dos teus poderes?” “Sim”, respondeu. “Não
apenas mato animais, mas também mato pessoas”. Fitando Pak Elias nos seus olhos,
acrescentou: “Não olhe diretamente para os meus olhos! Se o fizer, dentro de segundos
estará morto”. Pak Elias sentiu o desafio no ar e, dentro de seu coração, orando, sentiu a paz
de Deus para aceitar o desafio. “Olhe para mim! Em nome de Jesus, ordeno que estes
poderes de Satanás sejam presos e inutilizados”. Passaram cinco segundos e nada havia
acontecido, nem a um e nem ao outro. Os dois homens continuaram a fitar-se e o mágico
(feiticeiro) caiu repentinamente no chão, inconsciente. O seu corpo estava todo esticado e a
sua carne dura como pedra. Pak Elias não desejava que aquele homem morresse e disse:
“Em nome de Jesus, ordeno que te levantes”. O feiticeiro recuperou a consciência. Os seus
poderes satânicos haviam sido derrotados. Os crentes, depois, começaram a conversar com
ele e ele confessou ter quatro agulhas de ouro enterradas dentro da carne dos seus braços.
Afirmava que aquela era a origem dos seus poderes. Ele desafiou alguns dos estudantes a
cortá-lo e a extraí-las. Fazendo uso duma faca, a sua pele nem se beliscava. Novamente, Pak
Elias ordenou, em nome de Jesus, que aquelas agulhas saíssem. As agulhas começaram a
movimentar-se e saíram uma por uma sem ninguém mexer nelas. Por fim, o mágico cedeu e
prometeu entregar a sua vida a Jesus. Contudo, não cumpriu sua promessa que fez, pois
descobriram que ele ainda mantinha certos amuletos e objetos dos quais recusava separar-se.
Ele foi demitido das suas funções. Apesar de ser um dos feiticeiros mais temidos de Java,
conseguiu, mesmo assim, ficar trabalhando durante quatro meses na Escola que estava
sendo usada por Deus para mudar a Indonésia. Satanás consegue infiltrar-se dentro da obra
de Deus de qualquer maneira – até mesmo colocando feiticeiros temíveis, onde só Deus
deveria estar operando.
Muito poucos cristãos estão verdadeiramente atentos aos esquemas e aos planos que Satanás
elabora para confundir e para desarrumar a casa de Deus. Um pastor dos mais sóbrios duma
certa Igreja Pentecostal, disse-me uma vez: “Descobrimos, muitas vezes, que várias pessoas
com capacidades satânicas, entram no nosso meio e falam em línguas estranhas. Causam
desordem e agora somos conhecidos por essa desordem”. A sua observação foi corajosa e
revela que tem certa capacidade para interpretar a Bíblia normalmente.
Pak Elias e o Pastor Gedeon estavam trabalhando juntos em Timor em certa ocasião.
Gedeon estava pregando num culto há cerca de meia hora quando uma mulher da audiência
levantou-se e tentou desorganizar a reunião. A mulher era, na verdade, uma feiticeira e
contradizia tudo aquilo que o Pastor Gedeon dizia. Se ele dissesse que o sangue de Jesus nos
limpa, ela dizia que era mentira e assim continuava. Por fim, Pak Elias virou-se para Gedeon
e disse: Temos de silenciar esta mulher ou, senão, o culto não vai dar em nada. Esta obra é
de Satanás e não da mulher”. Virou-se para a mulher e disse-lhe: “Em nome de Jesus, cale-
se e venha à frente ouvir a mensagem toda”. A senhora parou com as objeções e foi para a
frente ouvir a mensagem. No final, pediu para ser aconselhada, mas não conseguia crer.
Apesar disso, todas as pessoas dentro do culto, incluindo o pastor e os presbíteros da igreja,
tiveram oportunidade de testemunhar o poder de Deus.
No seu ministério, Pak Elias já experimentou vários tipos de perturbações nos seus cultos.
Num outro culto, onde muita gente estava presente, estava uma feiticeira que pretendia
perturbar a ordem. Ela saiu do seu banco e foi cair como morta diante do púlpito. Duas
pessoas foram vê-la e disseram a Pak Elias: “Ela não está inconsciente. Está morta!” Pak
Elias não interrompeu o curso da pregação e entregou a mensagem toda. Depois do término
do culto, contudo, ele dirigiu-se à mulher e disse: “Em nome de Jesus, levante-se”. A mulher
pôs-se em pé logo de imediato e, confessando todos os seus pecados, foi verdadeiramente
salva deles.
A Proteção do Senhor
Pak Elias foi de avião, certa vez, para a ilha de S. para fazer uma campanha missionária.
Antes de ter chegado, um feiticeiro muçulmano que vivia na ilha, teve uma visão na qual lhe
havia sido revelado que um homem muito perigoso iria chegar de Java e ele deveria matá-lo
a qualquer custo. O feiticeiro foi mandado pelo diabo a ir ao aeroporto, mas o homem não
conseguiu perpetrar o seu ato de assassinato porque havia muitos policiais por perto. Pak
Elias foi para certa casa, na qual haveria uma reunião. O feiticeiro seguiu-o, mas também ali
acabou por não fazer nada, porque havia muita gente que impedia que ele se aproximasse o
suficiente para conseguir o que pretendia. No fim do culto, Pak Elias saiu da casa para falar
com as muitas pessoas que não haviam conseguido entrar no lugar lotado. O feiticeiro achou
que aquela seria a ocasião de matá-lo. Ele era um excelente atirador de pedras, uma arte
muito usual na Indonésia ainda hoje. Para aumentar as suas hipóteses de sucesso, o homem
espetou algumas agulhas no seu rosto para chamar os seus poderes. Achando o lugar ideal
para lançar a pedra, o seu braço esticou-se para atrás para arremessar a pedra. De repente, o
seu braço ficou duro e não conseguia dobrá-lo novamente. Pak Elias nem se apercebeu do
que estava acontecendo. No final da pregação, ele convidou as pessoas a virem entregar-se a
Cristo, arrependendo-se e confessando todos os seus pecados. O feiticeiro veio entregar-se e
confessou os seus pecados, incluindo o pecado que o levara ali. Contou, mais tarde, que, no
momento que ia lançar aquela pedra, o solo debaixo dos seus pés mexeu-se e cedeu.
Confessou o seu terrível plano e, também, os seus roubos, assassinatos e outras coisas mais.
No dia seguinte, foi procurar todas as famílias de quem roubara coisas e devolveu tudo o que
tinha. Até devolveu uma camisa que trazia vestida, despindo-se dela. Esta história
maravilhosa é uma ilustração do modo claro como o Senhor protege os Seus mensageiros.
Os muçulmanos daquela ilha, certa vez, insurgiram-se contra Pak Elias e contra os outros
cristãos. Os irmãos em Cristo tentaram proteger Pak Elias, mas ele disse-lhes: “Deixem-nos
aproximarem-se de mim. Aqueles que estão conosco são mais do que os que estão com
eles”. Os muçulmanos avançaram. Repentinamente, um homem no meio da audiência, o
qual tinha vindo para ouvir o que os cristãos tinham a dizer, levantou-se. Ele era um alto
oficial do exército e bradou: “Se não pararem imediatamente com a vossa demonstração e se
não calarem, darei ordens aos meus soldados para atirarem a matar! Vim aqui para ouvir
este homem falar. Sentem-se e ouçam também!” Os ativistas congelaram e alguns deles
começaram a sentar-se em lugares vazios. No fim do culto, o oficial veio conversar com Pak
Elias e disse: “Preciso de Jesus. O senhor pode ajudar-me a encontrá-Lo? Por favor, mostre-
me como devo fazer para segui-Lo”. O seu pedido foi atendido. Certamente que ele era um
irmão do centurião de Atos 10.
Numa outra ocasião, Pak Elias estava usando um gráfico de flanela com o intuito de ilustrar
o estado do coração do homem. Uma multidão de muçulmanos havia sido incendiada por
dois feiticeiros e aproximavam-se. Os Cristãos começaram a preparar-se para o pior. No
meio da mensagem, Pak Elias falou com o povo cristão e pediu para que não se
inquietassem com nada e que dessem toda a atenção à mensagem. Ele lia o Salmo 2: “Por
que se amotinam as nações e os povos tramam em vão?...” quando terminou, ele concluiu:
“O Evangelho de Cristo precisa ser gritado nas trevas e proclamado em voz alta onde
existem trevas”. Enquanto falava, os dois feiticeiros envolvidos acidentaram e, antes do
culto ter terminado, estavam ambos internados no hospital.
O último ataque que iremos descrever terminou pior. Uma vez mais, deu-se com
muçulmanos. Tentaram, através de outra demonstração, impedir uma enorme concentração
de cristãos e de pessoas que desejavam ouvir a Palavra de Deus. Dois homens, em
particular, eram os maestros do tumulto. Como terminou aquilo tudo? Uma semana mais
tarde, um deles caiu dum precipício no seu carro e o outro afogou-se no seu barco quando
saiu para o mar e uma onda súbita engoliu o seu barco. Devido a esses acontecimentos, o
povo que participava nos tumultos, ficou alarmado e cheio de medo porque considerava
aqueles dois homens como seus líderes. Haviam escrito cartas para entregarem às
autoridades locais, queixando-se da obra que os crentes estavam fazendo na sua área. Mas,
aquelas cartas nunca chegaram a ser enviadas. Diziam: “É muito perigoso entrarmos para a
lista negra dos crentes, eles têm de estar a favor de nós e não contra nós!” Foi assim que
aquela ameaça de Satanás favoreceu toda a obra de Jesus e dos seus filhos.
Sê o nosso Salvador ainda hoje;
Tu que és Senhor sobre a Vida e sobre a Morte;
Dá-nos a graça de engrandecermos o Teu nome;
Até ao nosso último fôlego!
Pak Elias, pela graça de Deus, conseguiu alcançar tanto os sábios e estudiosos como os
analfabetos, os pequenos e os grandes, os importantes e os insignificantes. No entanto,
sabemos que estas coisas e estas distinções nem existem para o Espírito Santo. Elas
simplesmente não existem! Quem acha que é alguma coisa, tornou-se nada. Mas aquele que
se apercebe da realidade da sua insignificância, diante da majestade de Deus, recebe graça.
Já ouvimos falar aqui dum professor universitário em Palemburg que, reconhecendo os seus
pecados e a sua própria pobreza de espírito, achou Cristo numa campanha de Pak Elias na
sua cidade. A história foi repetida em Bandung onde uma mulher achou a chave da
verdadeira sabedoria. Paulo disse, acerca disso: “Conhecê-lo e a ao poder da Sua
ressurreição”, Fil. 3:10.
Conhecer Jesus
Não existe caminho mais sublime que este. Mesmo que cavássemos as profundidades dos
credos, das existências e do mundo, nunca iríamos achar verdade mais sólida. É somente
Jesus que pode ser o lugar central de todos os pensamentos dos homens. Nunca algum ser
deve tentar retirar esta verdade do seu lugar devido.
Vamos, agora, ouvir o testemunho duma mulher excepcional. Ela não é apenas uma
advogada, mas, também é uma professora na Universidade de Bandung. Quando conheci a
Sra Mapalley na Indonésia, fiquei deveras interessado na sua obra, pois, ela fez a sua tese de
doutoramento tendo o ocultismo como assunto – tal como eu. O título da sua obra é: “Uma
Breve Análise das Várias Formas de Ocultismo na Indonésia de Hoje”. Melhor ainda: ela
concordou traduzir para Indonésio o meu livro “Entre Cristo e Satanás”. Vamos ouvir o
testemunho dela.
Dois anos atrás, Pak Elias fez uma campanha em nossa cidade. Na mesma
semana, um cantor pop muito conhecido, converteu-se. Ficou tão cheio do
amor de Cristo que, logo de seguida, ligou-me para me perguntar se estaria
disposta a cantar juntamente com ele num dos cultos. Concordei e cantamos
todas as noites um hino que tinha como tema o Filho Pródigo. Inicialmente,
nem suspeitava que aquele tema estava falando de mim. No passar da semana,
cada mensagem tornava-me ainda mais hiper-consciente da minha ruindade e
pobreza interior. Por fim, não aguentando mais, entreguei-me a Cristo.
Como resultado da minha conversão, pedi a Pak Elias para visitar a nossa
casa, na esperança de que os meus familiares achassem o caminho para Cristo
também. Naquela noite, sentia-me muito consciente de como realmente havia
sido perdoada pelo Senhor Jesus, radiava esperança no futuro e experimentava
uma alegria que ninguém conseguia tirar de mim.
Antes desta experiência maravilhosa, a minha vida era gerida e
instrumentalizada por uma vida rotineira de igreja e eu segurava-me numa
visão doutrinária muito tradicional. O meu pai foi pastor evangélico e ensinou-
nos sempre a fazer as nossas orações. Mas, nós nunca fomos instruídos a
entregar as nossas vidas e todos os detalhes dela, um por um, a Cristo.
Para além dos meus estudos, a minha vida de criança e de jovem, também foi
dedicada ao desporto. Eu era uma tenista apaixonada e o meu passatempo
favorito era arrecadar troféus atrás de troféus.
Capacidades de Médium
Pode parecer estranho falarmos dos muitos crentes ainda presos em correntes
ocultas de opressão espiritual. Pode parecer ainda mais estranho dizer que
sofrem opressões sendo crentes. Foi terrível para mim quando descobri que eu
era uma das pessoas a quem se referiam as palavras de êxodo 20:5: “Porque
eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos
filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam”. O meu avô, na
verdade, foi um feiticeiro. Mesmo que o meu pai tenha sido pastor, existia uma
linhagem de poderes e de correntes do diabo sobre toda a nossa família. Essas
capacidades e demonstrações satânicas encontraram expressão precisamente
em mim. Já quando eu era criança, notei que possuía certas habilidades de
adivinhação e de ocultismo. Ouvia vozes ocasionalmente e sentia a presença
real de seres invisíveis cantando para mim. Sempre que me encontrava com
alguma pessoa estranha, detectava imediatamente que tipo de pessoa era e o
que estava pensando. Para piorar as coisas ainda mais, costumava ter certos
sonhos que se realizavam mais tarde – algo que me fez ter muito medo de
sonhar.
Posso dar um exemplo do qual me recordo neste momento. Após o meu
casamento, sonhei e vi que dois médicos inclinarem-se sobre mim numa
cirurgia. Um deles era Indonésio e o outro era Ocidental. Ainda me recordo da
lâmpada que iluminava a sala de cirurgia. Na manhã seguinte, contei à minha
irmã o que havia sonhado e ela serve como minha testemunha disto que estou
aqui dizendo. Uma semana depois, deu-me uma dor intensa na zona do meu
estômago e os médicos suspeitaram que fosse apendicite. Decidiram que era
necessário recorrerem a uma cirurgia. O sonho que tive concretizou-se
detalhadamente, incluindo os médicos e a lâmpada daquela sala. O pior de
tudo é sentirmos vergonha ou medo de falarmos destas coisas.
As minhas duas filhas também herdaram estas capacidades satânicas. A mais
velha tem capacidades telepáticas e uma disposição interior de hiper-
sensibilidade. Isto significa que ela tornava-se mais consciente das coisas à sua
volta do que outras pessoas. Ela funcionava como se fosse um receptor de
rádio, o qual apanhava no ar todos os sinais invisíveis à sua volta. Mas, pior
ainda, ela contatava diretamente com o mundo dos espíritos e acordava de
noite confrontando-se e debatendo-se com terríveis batalhas. A outra filha
também experimentava a presença de seres invisíveis dentro de casa. Ela via
mesmo os espíritos.
As pessoas que trabalhavam em nossa casa também se apercebiam de muitas
coisas que se passavam no mundo invisível. Como exemplo, posso citar como a
cozinheira que me viu duas vezes dentro do quarto, vestindo-me, quando eu
nem estava em casa! Numa outra ocasião, a faxineira afirmou que viu um ídolo
de Bali dançando e pulando na minha janela com certo ritmo. A minha filha
entrou no quarto e perguntou irada: “Quem está batendo na janela? Estão a
enervar-me!”
Os espíritos invisíveis pareciam atormentar todas as pessoas dentro de casa. Já
não sabíamos o que fazer. Uns meses mais tarde, David Simeon visitou o nosso
distrito com um grupo de estudantes da Escola Teológica. Quando lhe contei o
que estava acontecendo, fiquei surpreendida ao verificar que ele, não apenas
sabia do que se tratava, mas também tinha experiência de expulsar demônios
de casas e de pessoas! Depois de o grupo ter entrado em todos os quartos da
minha casa e comandado todos os espíritos saírem dali em nome de Jesus, a
nossa casa tornou-se um ambiente de paz e de quietude.
O Senhor ensinou-me muitas coisas através destas experiências estranhas. Em
primeiro lugar, nunca me havia apercebido que os pecados de feitiçaria do meu
avô poderiam exercer influencias sobre as nossas vidas, mesmo que o meu pai
tenha sido pastor. As opressões de ocultismo podem, por isso, permanecer nas
vidas de crentes nominais e até conseguirem atingir várias gerações seguintes.
A segunda lição que aprendi, foi que, apesar da minha conversão ser genuína e
evidente, nunca havia sido verdadeiramente liberta daqueles poderes ocultos.
Necessitei de aconselhamento e de tratamento especializado. Deus foi muito
misericordioso para mim. Em terceiro lugar, aprendi que, até as minhas filhas
sofriam deste mal. Esta foi a parte mais dolorosa desta experiência. Elas
também herdaram as capacidades ocultas do meu avô. E, por último, a nossa
casa foi afetada também. As pessoas, sob opressões e sob maldições deste
gênero, geram opressões sobre aquilo que possuem e sobre as coisas que os
circundam.
Estas foram as quatro lições específicas que retirei sobre como os pecados de
ocultismo e de feitiçaria são uma maldição automática colocadas sobre as
pessoas, até mesmo três e quatro gerações depois. Contudo, nunca teria a
coragem de falar sobre estas coisas, mesmo que fossem fatos reais e fenômenos
visíveis e palpáveis. Se não tivesse aprendido uma outra lição, também não
teria falado com ninguém sobre os nossos problemas. A lição a mais que
aprendi, também, foi que, mesmo sendo atormentados e rodeados pelo poder do
nosso inimigo de sempre, o poder do nosso Senhor Jesus derrota para sempre
até as insinuações das coisas que saem da cartola e da boca de Satanás. Jesus
derrotou todos os poderes do mal. Por essa razão e através d’Ele, derrotamos
qualquer inimigo e podemos ser mais que vitoriosos sobre qualquer poder.
Com estas grandes lições, aprendi a maior de todas: Jesus é e continuará sendo
vitorioso sobre qualquer coisa, sejam poderes na terra ou vindos de Satanás e
do inferno!
Olhando para trás, posso ver e entender porque razão Deus permitiu que
passasse por todas estas experiências. Mesmo que muitas pessoas estejam,
ainda, presas e oprimidas por poderes idênticos na Indonésia, não existe mais
ninguém em nosso país para além dos estudantes da Escola Teológica, que
saiba lidar com este fenômeno e, também, de aconselhar da maneira certa as
pessoas sob essas influencias de opressão. Pelo menos, eu encontrei ajuda séria
e eficaz nestes servos do Senhor. No mínimo, eles são corajosos e enfrentam os
poderes de Satanás sem virarem a cara. Desde que a minha libertação
aconteceu, Jesus enviou muitas pessoas até mim para serem ajudadas e as
quais também consegui aconselhar. Esta escola de dificuldades preparou-me
para a obra de libertação, também.
Todo o poder vitorioso do nosso Senhor Jesus é a única resposta que temos
para todos os problemas deste mundo, incluindo os problemas e os dilemas da
feitiçaria e do ocultismo. Verdadeiramente.
Aqui termina o testemunho da Sra Mapalley. Fiquei sensibilizado pelo testemunho desta
mulher e senti-me encorajado a continuar esta grandiosa obra na área do ocultismo.
Animei-me pelo fato de esta professora universitária ter chegado às mesmas conclusões que
eu cheguei sobre este tema. Só nos encontramos em 1968, mas, após ter lido os meus livros,
ela disse: Isto é exatamente aquilo que descobri por experiência própria! Posso traduzir este
livro para Indonésio?” Creio que o pedido veio do Senhor.
2ª PARTE
A GRANDE OPORTUNIDADE DA ÁSIA
Depois que saiu a 1ª edição deste livro na Alemanha, tive a oportunidade de tornar a visitar
a Ásia uma vez mais. As páginas que seguem dão uma descrição das minhas experiências e
daquilo que se passou lá. Vai ler algumas das coisas que me tocaram muito profundamente.
Temos um intervalo de 16 meses entre este capítulo e o anterior. Vamos ter, aqui, notícias
mais recentes do que se está passando na Indonésia. Muitas das coisas que irei descrever
aqui têm a capacidade de nos deixar quase suspensos no ar sem fôlego.
Nos jogos Olímpicos, um costume persiste ainda hoje. Os atletas levam a tocha de fogo
olímpico desde a cidade Grega chamada Olympia, o lugar onde as olimpíadas originalmente
começaram. A chama olímpica é transportada de tocha em tocha até alcançar a cidade onde
os jogos seguintes se realizarão. Os atletas levam a chama de país para país, atravessando
todos os continentes até àquela cidade escolhida onde se realizam os Jogos Olímpicos.
Nesta procissão de tochas acesas, achamos a ilustração ideal para melhor percebermos
como funciona a propagação do evangelho pelo mundo. Há mais de 1900 anos atrás, as
Boas Novas começaram a sua caminhada para circularem pelo mundo através das tochas
acesas dos discípulos genuínos de Cristo. As primeiras paragens aconteceram nos Países
mediterrânicos durante a era do Império Romano. Roma era, na altura, conhecida como o
centro do mundo civilizado. Foi por esta razão, tal qual havia dito nos capítulos anteriores,
que Roma se tornou um dos primeiros núcleos de onde partia a mensagem de Deus para o
resto do mundo.
A decadência da Igreja Cristã seguiu-se logo após a queda do Império Romano. Os que se
chamavam “sacerdotes de Cristo” na altura, não tinham mais nada de semelhante com o
Senhor. Gradualmente, o núcleo e a essência do Cristianismo foram sendo transportados
para a Europa Central. A chama foi sendo levada para mais longe ainda. A obra missionária
feita por homens como Columba, Pirmin, Bonifácio, Ansverus da raça Tectônica, foi
preparando a nova era da civilização, sob cuja proteção, o evangelho havia de ser
propagado e levado para lugares mais distantes ainda. A Reforma introduziu, por isso,
através de Lutero e Calvino, a segunda fase do transporte da chama de Jesus, a qual foi
iniciada em Pentecostes.
Toda a renovação teológica que ocorreu na altura da Reforma foi logo seguida dum
avivamento conhecido como o Movimento Puritano. Foi dessa maneira que homens como
Spener, Francke e Zinzendorf, tornaram-se os instrumentos que aperfeiçoaram a obra
começada na Reforma, fornecendo-lhe aquilo que faltava. O movimento Puritano tornou-se
a locomotiva mais de acordo com as Escrituras e a qual impulsionou e originou todos
aqueles avivamentos dos séculos 18 e 19. Durante 350 anos, a Alemanha juntamente com a
Suíça e outros países Escandinavos, cuja história religiosa estava ligada entre eles, tornou-
se o centro espiritual do mundo. Foi a partir dali que se espalhou a mensagem do
Evangelho.
Mas, a providencia de Deus quis que o evangelho fosse levado para mais longe ainda.
Todas as raças e continentes tiveram oportunidade de ouvirem de Cristo. Os séculos 18 e 19
viram nascer do Império Britânico. Os frutos dessa escolha mostram claramente como o
Evangelho foi colocado nas mãos dum idioma que se tornaria a “Língua Franca”, um
idioma que se tornou internacional. Foi um grande benefício para o evangelho e para os
missionários de Deus dessa era. É muito fácil seguirmos o percurso que a Tocha de Deus
seguiu por ter sido colocada nas mãos inglesas. Foi dessa maneira que o mundo ficou ao
alcance da mensagem de Cristo. Este 3º centro do Evangelho passou a Tocha para os
continentes e países colonizados pela Grã Bretanha do outro lado do Atlântico. Em
Inglaterra, nomes com Wesley, Booth, Spurgeon, George Muller e Hudson Taylor, fizeram
brilhar a sua Luz Forte e Deus usou-os para levarem a salvação a muita gente, tornando-se
num movimento da mensagem de Cristo impossível de parar. Já na América, as mãos de
Finney, Moody, Torrey, entre muitos outros, foram instrumentais para a luz de Deus ser
espalhada por muitos cantos do mundo. Olhando para o mundo atual, parece-nos que só
existe um evangelista que podemos considerar como sendo portador da sobriedade e da
verdade do Evangelho: Billy Graham. Parece-me, também, ser a última mão anglo-saxônica
pela qual a Tocha é transportada para os campos missionários do mundo. No entanto, a
Tocha vai continuar seu percurso até ao fim do mundo.
Hoje, já no fim do século 20, o mundo tornou-se corrupto e apto a propagar qualquer coisa
(boa ou má) muito mais rápido que nunca. Os neo-racionalistas teólogos filosóficos quase
extinguiram a chama do Evangelho no mundo Ocidental. O centro da mensagem de Cristo
passou atualmente para as mãos da Ásia. Todos aqueles que estão a par da história da
África e da Ásia perguntarão por que razão África foi negligenciada na nossa humilde
tarefa de tentarmos “adivinhar” qual o percurso exato que a Tocha de Deus seguiu até aos
dias de hoje. Foi de propósito que deixei África para último.
Eis a razão: África tem experimentado um avivamento no Uganda. Ali, também nasceram
alguns evangelistas e missionários, dos quais o mais conhecido é William Nagenda.
Contudo, o avivamento no Uganda não foi privilegiado nem destinado a enviar muitos
missionários para outras partes do mundo. Este avivamento era de fraca intensidade e não
teve poder suficiente para radiar sua luz para outros continentes. Qual a razão? Mesmo não
sendo fácil falar sobre os aspectos negativos deste avivamento, teremos de admitir que os
cristãos do Uganda sofrem dum mal muito próprio e duma característica muito infeliz. Eles
são muito autoconfiantes e seguros deles próprios. Um Cristão Japonês, o Professor
Shimizu, confidenciou-me uma vez: “Achei a atitude dos Cristãos Ugandeses um pouco
repugnante. Não aceitam conselhos de ninguém, não são muito humildes, não ouvem seus
irmãos e exigem que todos os ouçam”. Esta também foi a minha impressão nas várias
ocasiões que os visitei. Quando os lideres perdem a sua humildade, qualquer avivamento
perde as suas melhores capacidades e começa a morrer. Parece-me ser esta a razão porque o
Uganda não obteve o privilégio e a oportunidade de enviar os seus missionários para outras
partes do mundo.
Contudo, na Indonésia parece ser diferente. O avivamento ali, mesmo sendo muito jovem
ainda, envia já muitíssimos missionários para outros países de todo o mundo. E assim,
achamos o nosso 4º centro de envio de missionários e da mensagem de Cristo ainda em fase
de desenvolvimento. A Tocha do evangelho está atualmente nas mãos da Ásia e
provavelmente ainda não alcançou a sua plenitude máxima. Mais de 1.000.000.000 de
pessoas vive atualmente na Ásia e todos eles necessitam pegar no evangelho o mais
rapidamente possível para evitarem a catástrofe devido aos massivos poderes do mal que os
ameaçam já pelo lado de dentro. Ainda é possível reverter toda a situação na Ásia e torná-la
num dos últimos centros do evangelho antes da segunda vinda de Cristo. Estamos assistindo
a uma ligeira mudança de turno do Ocidente para o Oriente. O poder espiritual do mundo
Ocidental está em declínio muito acentuado. Muitas organizações missionárias perderam a
sua vitalidade espiritual e nem sabem o que é o primeiro amor porque nunca o tiveram.
Muitas outras perderam aquilo que tiveram. Contudo, a parte mais triste é que todas elas
parecem não se terem apercebido desse fato. Muitos outros missionários Ocidentais já se
tornaram em “pavios fumegantes” e encontram-se à beira da extinção. Um dos líderes
Asiáticos mais conhecidos disse: “nos séculos anteriores, o Ocidente enviou muitos
missionários poderosos como Obreiros para a Ásia. Contudo, essa era parece pertencer ao
passado. Infelizmente, é essa a verdade. Por cada missionário sólido e conforme as
Escrituras que recebemos aqui, aparecem muitos mais sem qualquer verdade dentro deles e
sem haverem sido enviados por Deus”. Este é um dos frutos e dos resultados do tipo de
teologia moderna que se ensina nas escolas Teológicas Ocidentais. Que pode haver de bom
nisto? Que pode sair de bom disto? Enquanto estou escrevendo estas linhas, o presidente de
uma escola Teológica aqui, disse-me: “Sempre que enviamos os nossos estudantes cheios
de entusiasmo para as escolas Teológicas Ocidentais para que recebam treino e formação
superior, eles voltam vazios de poder, sem autoridade e, tudo aquilo que possuíam antes de
haverem saído de cá, não volta com eles. A Teologia Ocidental simplesmente destrói o
espírito humano, a fé Cristã e, em vez de edificar, rouba tudo que um coração puro tem”.
Como resultado, os Asiáticos viram-se na necessidade e na obrigatoriedade de formarem os
seus próprios jovens em todos os aspectos. Foram obrigados a distanciarem-se dos módulos
e padrões Ocidentais e a criarem os seus próprios centros de formação, nos quais proíbem a
entrada de qualquer Teologia Ocidental.
O tempo da Ásia está chegando rapidamente. Nenhum outro continente bebeu tanto sangue
martirizado como a Ásia. O solo da Ásia está saturado de sangue dos santos. Em todos os
países comunistas, os clamores das orações dos seus santos mortos pela causa de Deus,
chegam aos céus. Será Deus incapaz de escutar essas orações? Claro que não! O
avivamento na Indonésia prova que Deus está atento a elas. Este novo centro mundial para
o Evangelho já enviou missionários para o Japão, Tailândia, Paquistão, Alemanha e muitos
outros países estrangeiros. Contudo, nada disto se está passando sem que haja uma feroz
oposição! Mas, isso faz parte dos ingredientes do crescimento e amadurecimento dentro dos
locais, onde Deus reina firmemente.
I. MONSTROS AMEAÇADORES DAS
TREVAS
No Sudoeste da Ásia encontramos enormes fortalezas das trevas que se erguem ferozmente
contra a mensagem do evangelho. A maior fortaleza e ameaça é, contudo, o Comunismo.
Temos de assumir isso como fato, mesmo quando as hipocrisias Russas e Chinesas tentam
mostrar-se e assumirem-se neutras e inativas. A atual explosão no crescimento da
população na Ásia também é uma ameaça séria por causa da fome e pela falta de comida.
Essa situação serve a todos os interesses comunistas. Os espíritos imundos do Inferno
encarnam neste sistema corrupto e demoníaco (o Comunismo). Podemos provar e atestar
isto através de inúmeros exemplos credíveis vindos de fontes dignas de toda a confiança.
Por exemplo, numa das prisões comunistas, os guardas prisionais fizeram uma cerimônia
blasfema: um pastor evangélico preso pela sua fé foi obrigado a presidir a um culto de ceia
muito especial para o diabo. Ele era obrigado a distribuir urina e excrementos humanos para
todos aqueles que participavam nessa ceia de blasfêmia horrenda. Isto é tanto uma
blasfêmia como uma oportunidade de tortura para estes guardas se divertirem. Que melhor
divertimento para Satanás poderia haver? E sabemos que este não foi um caso isolado, pois
houve muitos mais. Podemos ler muitos destes exemplos nos livros do irmão mártir Richard
Wurmbrand, um homem que testemunhou pessoalmente muitas destas atrocidades durantes
os 14 anos de tortura que passou nas prisões romenas. Não temos qualquer dúvida sobre a
veracidade destes relatos, pois existem muitas provas irrefutáveis. Também não duvidamos
que todas estas torturas sejam inspiradas por Satanás.
A segunda fortaleza das trevas que resiste e intimida a Obra missionária na Ásia, é um
conjunto de religiões que se instalaram neste continente. Falamos, muito particularmente,
do Islamismo. O Islamismo experimentou um crescimento fenomenal, porque usa
metodologia muito agressiva e repressiva tal como fez a Igreja Católica no tempo da
Inquisição. Houve áreas (no passado) onde os Islâmicos eram um pouco tolerantes em
relação ao Cristianismo e outras religiões. Hoje, contudo, mesmo que muitos muçulmanos
estejam perdendo o seu interesse no Islamismo, cresce a hostilidade contra qualquer outro
credo ou religião entre os seguidores de Maomé. Já havia dito isto em capítulos anteriores e,
por isso, irei apenas mencionar esse fato para tornar a realçá-lo. Vamos, no entanto, usar
alguns exemplos sobre o Islamismo e dos quais temos provas.
No dia 1 de Outubro de 1967, 29 igrejas e edifícios evangélicos foram destruídos na ilha de
Celebes por uma grande multidão de muçulmanos enraivecidos – tudo numa só noite.
Mesmo que o órgão duma igreja tenha sido queimado à frente da casa do chefe da polícia,
ele nem se importou com o que estava acontecendo. O chefe da policia vivia no mesmo
bairro onde algumas das igrejas foram queimadas.
No norte de Sumatra, muitas perseguições contra crentes aconteceram em 1968. Na ilha de
Banjak, cerca de 300 Cristãos foram ameaçados de morte se não abandonassem a ilha ou,
em alternativa, se não aceitassem a religião muçulmana. Mesmo que 25 dos crentes tenham
ido para a religião muçulmana, os restantes foram para a ilha de Nais, deixando para trás
tudo o que possuíam.
Nesse mesmo ano, os muçulmanos destruíram uma igreja evangélica na vila de Asahan. Os
Bataks, uma tribo Cristã que é maior em número que os muçulmanos da ilha, ficaram tão
furiosos que destruíram, também, duas mesquitas na ilha, movidos por vingança. Até
podemos entender qual a razão, mas, não está certa esta reação. Seguidor de Jesus nunca
retalia. Na verdade, qualquer tipo de retaliação apenas fornece mais lenha aos muçulmanos
para o fogo da sua violência, pois, eles também sobrevivem através da propaganda
anticristã a que possam deitar a mão. Foi o que aconteceu aos Bataks, foi uma reação
desastrosa, pois aquilo apenas manifestou como eles ainda andam vivendo longe de Cristo –
ou longe dos Seus padrões de vida.
Nos meses de Setembro e Outubro de 1968 no Sul de Sumatra, quatro cristãos foram
assassinados por muçulmanos em Marta Pura. Eles haviam-se convertido a Cristo há bem
pouco tempo, deixando de ser muçulmanos, mas acabaram pagando com suas vidas a sua
conversão. Contudo, o seu sacrifício nem foi em vão. Logo após a execução destes filhos de
Jesus, 60 outros muçulmanos converteram-se a Cristo. O último ato de perseguição em
1968 foi um ataque a uma igreja em Kedini no Leste de Java. O edifício foi simplesmente
nivelado com o chão através das chamas.
No ano seguinte (1969), uma vaga de novos ataques muçulmanos começou a destruir as
igrejas na área. No dia 17 de Janeiro, a Igreja Reformada em Djatibarung (Leste de Java)
foi completamente destruída. O golpe seguinte foi em Slipi, um subúrbio de Jacarta, no dia
28 de Abril. No espaço de duas horas de ataques, uma igreja nova e acabada de ser
construída, foi destruída por cerca de 500 muçulmanos ferozes. Como em outras ocasiões,
um general do exército vivia a 100 metros da igreja e comunicou que nem se apercebeu dos
desacatos que houve. Eu visitei pessoalmente a igreja destruída. O edifício tinha sido
terminado dois meses antes de haver sido destruído. Sem qualquer ajuda exterior, os
cristãos conseguiram juntar cerca de 4.500 dólares para construírem a sua igreja e, para os
pobres indonésios cristãos, foi um enorme sacrifício. Mas, ainda por cima, após o ataque, as
autoridades proibiram uma nova construção.
O ministro que inaugurou esta igreja em Slipi, também é pastor de outras congregações. As
outras igrejas que pastoreava também foram ferozmente atacadas por muçulmanos. Não lhe
é permitido pregar em certos locais de culto porque os muçulmanos dos bairros ameaçaram
usar a força para impedir qualquer culto. Noutras igrejas, os muçulmanos erigiram as suas
próprias mesquitas ao lado do local onde as igrejas haviam sido destruídas. E ai dos crentes
que se atrevessem a reconstruir!
O dono da casa onde estou sendo recebido agora é o ministro da maior igreja da cidade. A
sua igreja tem sempre luzes muito fortes ligadas toda a noite e holofotes ao redor do
edifício, pois, ele confidenciou-me: “Nós não sabemos onde ou quando o próximo ataque
vai ser!”
O 3º monstro das trevas na Ásia é o ocultismo, juntamente com as práticas de feitiçaria. As
religiões do Oriente, juntamente com o animismo, estão tão envolvidas com práticas
satânicas, espiritismo e forças demoníacas, que muitas vezes penetram nas próprias igrejas
e convivem com os cristãos dentro da igreja. Muitos crentes nominais, mesmo prestando
homenagem àquilo que a Bíblia diz, ainda mantêm os seus amuletos e utensílios de
feitiçaria, peças de feitiçaria, de cura e de proteção e outras coisas mais às quais recorrem
quando se sentem em perigo ou em necessidade.
O avivamento em Timor começou assim que os habitantes das ilhas começaram a queimar
os seus amuletos de feitiçaria, tirando-os para fora de suas casas. Vamos ver de forma
resumida como aconteceu com um caso especifico de um crente nominal. Marco, um jovem
de 26 anos de idade, foi uma testemunha ocular de grandes acontecimentos dentro do
avivamento, mas, nem mesmo assim parecia ter sido afetado por eles. Ficou intocável
mesmo vendo tudo aquilo que viu. Ele havia sido um feiticeiro ativo durante muitos anos e
muitas pessoas recorriam aos seus serviços sempre que tinham problemas. Mas, na
primavera de 1969, teve uma manifestação direta do Senhor Jesus. Uma tarde, por volta das
18:00 horas, Marco viu uma figura muito resplandecente aproximando-se dele. Ele caiu de
rosto no chão em grande temor e perdeu a consciência. Ficou como morto durante mais de
14 horas. As formigas já entravam e saiam de sua boca e ouvidos e os seus familiares,
quando o encontraram, começaram por achar que estava morto. Na manhã seguinte, por
volta das 8:00 horas, recuperou a consciência. Passou a relatar a terrível experiência pela
qual passou. Havia sido levado até à porta do inferno. Um cavalo, coberto de sangue,
montado por algumas pessoas, passou diante dele. Então, ouviu uma voz: “Este cavalo leva
todas as pessoas que ainda não abandonaram seus amuletos e feitiçarias”. Também relatou
outras visões que igualmente o haviam aterrorizado. Assim que terminou o seu relato aos
curiosos, foi buscar tudo o que tinha de feitiçaria e magia e queimou. Depois de ter feito
isso, o Senhor chamou-o para um ministério pessoal. Eu tive a oportunidade de conhecer
este irmão pessoalmente quando passei na vila onde vivia.
Existe mais um baluarte agressivo das trevas na Ásia, ao qual já fiz referência
anteriormente. E o que seria? O intelectualismo Ocidental dentro das escolas de Teologia
juntamente com as suas críticas contra a Bíblia e a favor do erro interpretativo. Alguns
estudantes contaram-me como se viram na necessidade de abandonarem os estudos duma
escola de Teologia na cidade de D. porque, diziam, estavam sendo mortos, perdendo toda a
sua fé através daquilo que estudavam. Em K. também existe o mesmo problema. Os
professores alemães e holandeses dessa escola ensinam uma teologia moderna que é
mortífera. O mais difícil de acreditar é que essa escola encontra-se mesmo numa ilha onde
Deus se manifestou de forma poderosíssima. Ali mesmo, no meio dum avivamento, Satanás
colocou uma escola de teologia moderna para atrair alguém para matar. Devido a esse fato,
os cristãos locais, juntamente com os estudantes, foram forçados a reunirem-se em
conferência para decidirem o que fazer em relação a esta nova ameaça contra a Obra do
Senhor Jesus.
Outra dificuldade enorme que se tornou uma ameaça direta contra a obra do Senhor, foram
as práticas da Igreja Católica local e suas “campanhas missionárias”, (conforme lhes
chamam). Nesta era que é conhecida como a era Ecumênica, umas coisas realmente
incríveis estão acontecendo. Enquanto estou escrevendo este curto relatório, o
superintendente da Igreja Reformada relatou-nos alguns dos terríveis acontecimentos pelos
quais os Católicos são responsáveis. Deram-nos exemplos claros da intolerância dessa
denominação para com a obra de Deus, principalmente aquelas vindas dos missionários
católicos que operam na área. No norte da ilha, os católicos colocaram em prática o
seguinte esquema satânico: deram novos nomes a cerca de 60.000 animistas, batizaram-nos
forçadamente e registraram-nos como membros da Igreja. Realçamos o fato de que,
nenhum destes animistas se converteu até ao dia de hoje. Quero realçar também que estes
são dados e relatórios documentados e fornecidos pelas autoridades eclesiásticas locais. Isto
não pode, de maneira nenhuma, ser visto como propaganda anti-católica maliciosa. Iremos
ouvir mais relatos de casos devidamente comprovados mais à frente.
Pudemos verificar que a Ásia sangra através múltiplos ferimentos mortais. Contudo, esta
chama que o Senhor Jesus acendeu na Indonésia irá continuar a queimar e esperemos que
permaneça até à Sua vinda. No passado, alguns dos Seus mensageiros abençoados
chegavam aqui ao Oriente, vindos da América e da Europa. Hoje, vemos esta situação
sendo invertida: vemos missionários saírem da Ásia para converterem a Cristo o mundo
“Cristão” preso às suas teologias sob o poder do racionalismo.
V. NO AVIVAMENTO DAINDONÉSIA
PELA SEGUNDA VEZ
Comida sobrenatural
Visitei em 1968, pela primeira vez, aquela área onde Deus acendeu o Seu fogo. Desde esse
tempo meu coração ganhou um enorme desejo e empenho por toda aquela obra que Deus
está fazendo na Indonésia.
Na primavera de 1969, tive a grande alegria de estar com o irmão Pak Elias e com David
Semeon quando eles visitaram a Alemanha onde discursaram nas conferências que
organizei em Stuttgart e Bretten. Mesmo que em todas essas ocasiões não houvesse espaço
para toda a gente que veio ouvir as mensagens e isso tivesse sido motivo de grande alegria
para mim, a maior alegria foi Pak Elias ter-se oferecido para me acompanhar pessoalmente
para o centro do avivamento no fim desse mesmo ano. Quase não consigo arranjar palavras
para descreverem aquilo que vi e, depois da minha conversão em 1930, vejo esta segunda
visita à Indonésia como o acontecimento mais marcante de toda a minha vida espiritual até
hoje.
Como aperitivo para a nossa viagem, participei de uma conferência no leste de Java.
Diariamente as pessoas eram colocadas diante de Jesus Cristo em pessoa. O clímax
foi atingido no último culto (no encerramento da conferência) que durou 9 horas!
Na Europa, um culto que durasse 3 horas seria muito longo para mim. Mas, a coisa mais
estranha foi que, depois das 9 horas de culto, não me sentia cansado e não tinha qualquer
sinal de exaustão. Na verdade, parecia que estava melhor que quando começou o culto.
Sentia-me fortificado, revitalizado por dentro, como se tivesse ingerido um maná secreto.
David Semeon e seu irmão estiveram conversando comigo depois do culto e comentei com
eles aquilo que se estava passando comigo. Responderam-me assim: “É a atmosfera
espiritual que existe aqui. Existe uma diferença muito grande entre este ambiente e um
outro ambiente onde as nossas forças são sugadas de suas forças e desgastadas. Neste
ambiente, as forças não são consumidas – são revitalizadas. É o oposto de nos cansarmos,
funciona em sentido inverso. No Ocidente, muitas conferências missionárias, ao invés de
nos revitalizarem, fazem-nos sentir exaustos depois de haverem terminado”.
Dentro duma área e avivamento real, os crentes que vêm às palestras das conferências, as
quais podem durar até 12 horas num só dia, recebem um maná secreto, uma comida que
ninguém mais conhece senão o próprio. É verdade que sabemos e até aceitamos que estas
coisas vêm descritas na Bíblia, que aconteceram no passado e tudo mais. Mas, aceitamos
com alguma dificuldade que ainda hoje acontecem. Em Timor, elas acontecem diariamente.
Comida Natural
Um dos privilégios que tive, foi conhecer Felipe, um nativo desta ilha. Uma atmosfera
espiritual parecia irradiar deste homem, tudo à volta deste humilde servo de Cristo parecia
contagiante e atraía. Não consegui que fosse ele a contar-me a história da vida dele, pois, é
muito comum aqui ninguém falar das experiências próprias. Todos brilham estranhamente
falando somente de Jesus. Jesus é o seu tema favorito e vê-se um estranho brilho nos olhos
das pessoas falando de Jesus. Não falam de si próprios. Mas, os amigos de Felipe tinham
muito que falar sobre este servo de Cristo. Eram coisas grandiosas e tremendas. Ele é o
líder do grupo 36. Numa ocasião, chegaram a certa ilha, ele e mais os 10 membros do seu
grupo. Queriam fazer uma campanha missionária. Encontraram-se com o pastor da Igreja
Reformada local e ele disse-lhes: “Não vale a pena virem para cá. A vila é muito pobre e
não existe comida aqui e ninguém de nós poderá cuidar das necessidades do vosso grupo”.
O grupo foi empurrado para a oração. Perguntaram ao Senhor: “Senhor, é aqui que
ficaremos, ou vamos para outro lugar?” Jesus respondeu imediatamente: “Eu mesmo vos
trouxe até aqui e Eu mesmo providenciarei as vossas necessidades enquanto estiverem cá”.
Na manhã seguinte muito cedo, começaram o primeiro culto que durou até cerca das 15:00
horas. Por essa hora já os jovens missionários estavam esfomeados, pois não comiam nada
desde o dia anterior. Viraram-se para o Senhor e oraram, pedindo-Lhe que cuidasse deles. E
Deus respondeu-lhes: “Ide chamar o pastor da igreja que vos falou e os lideres da igreja
também”. Obedeceram. Ao todo, eram 39 pessoas e mais os membros do grupo. Reuniram-
se todos em oração. De repente, todos ali presentes viram numa visão uma mesa sendo
colocada diante deles com uma tolha de mesa branquíssima e cheia de manjares de todo o
tipo. Havia muita comida. Todos viam aquela mesa. Seguidamente deu-se o milagre.
Apareceram umas mãos distribuindo a comida às 50 pessoas ali presentes. Descobriram
que, assim que colocavam a comida em suas bocas, tornava-se algo que podiam mastigar de
verdade. A comida tornou-se real. Naquela noite a experiência repetiu-se e, durante os três
dias que o grupo permaneceu na ilha, aquele milagre aconteceu oito vezes. O pastor da
igreja, os presbíteros e os outros líderes, juntamente com mais alguns cristãos, foram
testemunhas oculares destes milagres.
Temos na bíblia escrito da maneira como o pão foi repartido entre os 5.000. Mas, aqui em
Timor, temos um milagre da comida a 50. No entanto, houve outras maneiras que Deus
usou para alimentar os seus servos.
Não esperamos que os racionalistas e os modernistas descrentes creiam nas coisas que
passaremos a descrever. Contudo, queremos afirmar que as suas opiniões pouco importam.
As suas atitudes até rejeitam aquelas coisas que vêm na Bíblia e nem podemos esperar que
as realidades de Deus possam ser credíveis para eles. O único conselho que podemos dar a
tais pessoas é: “Vem e vê”, João 1:46. Venham ver por vocês mesmos. A razão para a
minha visita à ilha de Timor, era eu poder entrar e participar na presença de Jesus de forma
real e, querendo Deus, esta não será aminha última visita ao local. É um fato e uma
realidade que podemos sentir a presença do próprio Senhor Jesus desde que estejamos
totalmente entregues e rendidos a Ele em todos os aspectos da nossa vida. Timor é
atualmente como o Monte da Transfiguração.
O Vinho de Deus
Vamos agora passar a descrever um outro milagre que irá criar estupefação e,
possivelmente, incredulidade em muitos crentes. Até este momento, o milagre da
transformação de água em vinho que ocorreu em Canaã já aconteceu aqui em Timor oito
vezes em diferentes ocasiões.
Vamos começar pela descrição que nos deu o líder do Sínodo da Igreja Reformada em
Timor. O Pastor Joseph, que é membro e pastor da Igreja Reformada, recebeu a sua
formação teológica no Ocidente. Durante a conferência em Julho de 1969, ele deu um
relatório detalhado diante dum grupo de 120 missionários e estudantes vindos de todos os
continentes, de todas as coisas que aconteceram em toda a Igreja. Foi no dia 12 de Julho. Eu
estava presente na conferência e recebi mais tarde o relatório por escrito e traduzido em
inglês. Relatórios destes são necessários porque os acontecimentos que vamos passar a
descrever são deveras muito maravilhosos. Eu já preguei pessoalmente e por várias vezes
na Igreja de Soe onde este milagre ocorreu e pude certificar-me pessoalmente dos fatos
após exaustiva investigação. Os relatos aqui são comprovados e são reais. Vamos ler o que
o superintendente tem a dizer pessoalmente.
Não existem videiras na ilha de Timor. O vinho que sai da uva simplesmente não existe por
lá. Também é impossível importar vinho devido à extrema pobreza da população da área.
Existe, porém, um tipo de vinho local que é extraído das palmeiras e, os habitantes locais,
alcoolizavam-se com esse vinho – eram viciados nele. Tem um grau muito elevado de
álcool. Antes de o avivamento ter começado, havia muito alcoolismo na ilha. Mas, assim
que o Espírito de Deus tomou posse dos corações das pessoas, abandonaram o seu vicio e
não mais suportavam aquele vinho. Deixaram para sempre os utensílios que carregavam
com eles para transportarem a bebida. E houve muitas destilarias que foram destruídas
porque os seus donos se converteram. Contudo, isto criou um enorme problema. A Igreja
reformada usou sempre o vinho de palma para a Santa Ceia. Mas, devido ao fato das igrejas
federem imensamente a álcool nos dias das ceias, os que abdicavam do vício eram
fortemente tentados a pecaram durante e após as ceias. O pior de tudo era que os alcoólatras
não se sentiam pressionados a abandonar o seu vício, porque mantinham a desculpa que os
crentes também usavam o vinho de palma. Diziam: “Se nas igrejas se bebe vinho de palma,
não deve haver nada de errado beber cá fora também”.
Os crentes oravam incessantemente por uma solução para aquele problema e a resposta não
tardou em chegar. No dia 9 de Setembro de 1967, uma senhora Cristã ouviu a voz de Deus
dizendo: “Transformarei água em vinho para a ceia de Outubro”. Aquela voz profética
repetiu-se a 13 e a 17 de Setembro. A senhora pertencia aos grupos que saiam para
evangelizar e transmitiu a mensagem aos líderes locais. E foi assim que, conforme o dia da
ceia se ia aproximando, uns cântaros foram cheios de água e os crentes oraram para que o
milagre acontecesse. E o milagre aconteceu. A Igreja de Soe experimentou aquele que veio
a ser o primeiro milagre da água transformada em vinho, no dia 5 de Outubro de 1967. O
superintendente Joseph estava presente naquele culto e participou do milagre.
Em Dezembro de 1967 o milagre repetiu-se em outra ocasião de ceia. O Senhor Jesus
tornou a anunciar o milagre com antecedência, anunciando-o umas semanas antes de haver
acontecido. Em cada uma das ocasiões, um grupo diferente de pessoas era escolhido por
Jesus, uma a uma, para participarem da oração que Deus iria ouvir.
Superintendente Joseph, em seu relatório, diz que o milagre havia acontecido em cada culto
de ceia desde Outubro de 1967. Conforme já referi, até aquela data, já havia acontecido por
oito vezes.
No dia 7 de Dezembro de 1968, Pak Elias e a sua esposa também participavam dum culto
de ceia onde o milagre aconteceu. Relatou-me que, na altura, sentia-se tão miserável por
dentro que sentiu que deveria confessar todos os seus pecados um a um novamente. Mesmo
sabendo que Deus já o havia perdoado há muito tempo, não resistiu em tornar fazê-lo, tal
foi o sentimento que se apoderou dele, sentindo-se indigno e vil!
A seguir a um desses cultos de ceia, foram armazenados dois garrafões do vinho que
sobrou. Conforme se aproximou o dia da ceia seguinte, os grupos 4 e 11 foram os
escolhidos por Deus para fazerem o milagre acontecer. Ao todo eram necessários sete
garrafões. No entanto, dois dos garrafões tinham ainda vinho antigo. O Pastor Joseph estava
de acordo que fossem esvaziados para tornarem a ser usados e foi dada essa tarefa a um dos
crentes. O irmão que derramou o vinho, ao chegar a casa encontrou a sua esposa sofrendo
uma terrível hemorragia. Havia vomitado a mesma quantidade de sangue que o vinho
derramado. Ajoelhando-se ao lado dela, implorou ao Senhor que a curasse. Foi contar ao
superintendente Joseph o que havia acontecido. Convocando todos os líderes e presbíteros
da congregação após contar-lhes o que aconteceu, dirigiram-se para a casa do irmão para
intercederem por ela. Ela recuperou seu estado de saúde.
Depois de haver passado por aquela experiência, o irmão resolveu inquirir do Senhor,
questionando-O sobre o que deveriam fazer com o vinho que sobrava. “Se não queres que
esvaziemos os garrafões, que faremos então?” Foi-lhes dada a instrução de usarem aquele
vinho para a cura de certo tipo de doenças, particularmente a anemia. Os crentes foram
obedientes.
Como resultado, este vinho foi distribuído a pessoas com certo tipo de doenças.
Descobriram, porém, que o vinho azedava se ficasse descoberto por um tempo. Permanecia
intacto durante uma semana e ia azedando e, pela 4ª semana estava completamente azedo.
Isto faz-nos recordar o maná no deserto que apodrecia quando era guardado mais tempo do
que aquele que Deus permitia.
Muitos dos missionários que ouviram o Superintendente relatar estas ocorrências
começaram a perguntar logo de imediato: Era mesmo vinho, ou era suco de uva? Continha
algum grau de álcool? A resposta foi bastante esclarecedora. Não era nem suco e também
não tinha álcool! Isto serve como resposta para todos aqueles que gostam de discutir sobre
certas doutrinas e impor certos pontos de vista sobre os outros. Era vinho autentico, mas
não tinha álcool. Tanto os que defendiam que não podia ser usado álcool nas ceias, como
aqueles que diziam que não podia ser usado suco, estavam certos. Quantas de nossas
diferenças teológicas serão respondidas desse jeito? Porque discutimos tanto sobre tantas
coisas?
Levando em conta que muitos teólogos “formados” achem escandalosas estas repetições do
milagre de Canaã, esclareceremos que não precisamos da opinião deles para crermos em
Jesus. Muitos deles até já rejeitam os milagres que vêm na Bíblia e será muito
compreensível que rejeitem e que também recusem acreditar que acontecem em Timor.
Atribuirão estes milagres ao fanatismo que se está espalhando pelo mundo. Também
entendo quais as razões que os levam a pensar desse modo. Cinco anos atrás, se me
contassem isto que estou aqui contando, também teria recusado dar credibilidade ao que
ouvia. Posso ter certa simpatia e compreensão pelas suas atitudes de descrença. Contudo,
não podemos esquecer que estes problemas de incredulidade poderão facilmente ser
resolvidos. Podemos aproximar-nos de Jesus, ou podemos visitar a ilha de Timor
pessoalmente. Vá a Soe e veja por si. Todas as coisas que estou descrevendo aqui estão
todas documentadas nos arquivos de Igrejas sãs e podem, se Deus assim quiser, vir a ser
experimentados por qualquer um que esteja presente no local quando acontecerem.
Mas, queremos desde já avisar que nenhuma Igreja de Soe será um local de peregrinação ou
de turismo. Ninguém lá conseguirá aproximar-se da mesa da ceia se não tiver a sua vida
totalmente em ordem diante de Deus. E, também, o engano de todos aqueles que se possam
aproximar da mesa do Senhor empolgados pela sua curiosidade, podem ter uma surpresa
muito desagradável. Qualquer pessoa com um pecado por confessar, com qualquer atitude
de impenitência ou de orgulho escondido, engano marcado na sua consciência, ou qualquer
outro pecado que não haja sido perdoado e que tenha pecados secretos, não poderá pensar
que seus pecados não serão expostos diante de todos. Deus colocará todos na luz e toda a
gente ficará sabendo quais são os pecados. Será como no dia do Juízo.
VII. MAMÃE LI
Mamãe Li foi chamada pelo Senhor pela primeira vez em 17 de Novembro de 1965. Foi-lhe
dito: “Tens de ir para a Nova Guiné para pregar o Meu evangelho lá”. Mamãe Li
respondeu: “Mas, Senhor não tenho qualquer formação para pregar, não sou uma pessoa
formada. Não podes enviar um dos meus filhos?” Ela tinha na mente dela o pedido que a
mãe dos filhos de Zebedeu havia feito a Jesus em Mat.20:20. Deus aceitou aquela oração
dela parcialmente e esperou nova ocasião para tornar a chamá-la.
Mamãe Li é mãe de 11 filhos. Se ela tivesse sido obediente ao Senhor imediatamente,
teriam passado por enormes dificuldades. Acho que não era intenção do Senhor convocá-la
logo para o evangelho, mas antes prepará-la para uma futura chamada. Deus não havia
especificado uma data para ela ir. Posso servir de ilustração para essa verdade. Cerca de 40
anos atrás Deus chamou-me com as seguintes palavras: “Vai por todo o mundo e prega o
evangelho a todas as criaturas”, Mar.16:15. Contudo, só 25 anos depois é que esta se
começou a concretizar o que Jesus me pediu. Mas, assim que começou, todas as portas
começaram a abrir-se nos cantos mais remotos e impossíveis. Desde então, tive a
oportunidade de visitar, como missionário, mais de 100 países diferentes pregando o
evangelho, literalmente, a todas as criaturas. O chamado que o senhor me fez concretizou-
se.
Esta mulher simples tinha de esperar a sua oportunidade. Em 1967 o esposo dela
faleceu. Mas, até isso pode ser visto como o modo de Deus abordar a vida dela. O esposo,
provavelmente, nunca consentiria que ela deixasse os 11 filhos com ele para ir pregar o
evangelho em países distantes. Entretanto, o Senhor respondeu às suas orações sobre os
seus filhos. Não tardou muito e dois deles haviam completado a sua formação como
missionários por conta própria. Mas, Jesus não deixou de lado o Seu chamamento inicial
em relação a ela. Mesmo que nesta data ela já tivesse 47 anos de idade, Jesus tornou a
chamá-la, dizendo-lhe: “No ano que vem, precisas ir levar o evangelho para Java. Depois
disso, irei enviar-te para a Nova Guiné conforme já havia prometido”. Se alguém olhasse
para aquela mulher simples e sem recursos, seria praticamente impossível acreditar que ela
alguma vez conseguisse cumprir aquela tarefa que Deus lhe estava dando. Contudo,
precisamos aprender a reconhecer que a maior lição de todas que Deus nos deseja transmitir
através deste avivamento, é que Ele usa as pessoas mais simples, as mais vulneráveis e as
mais humildes para cumprirem as Suas tarefas mais importantes. A autoridade espiritual
não entra na pessoa devido aos dons que possui, mas antes devido à obediência de cada
servo. Não são os dons que nos dão autoridade, mas obediência nos detalhes mais práticos.
Todo aquele período de espera não foi em vão. Mamãe Li tinha duas tarefas principais para
cumprir. Em primeiro lugar, ela foi escolhida para ser a líder do grupo que orava e
intercedia para que a água se transformasse em vinho. Havia-lhe sido dada a tarefa de
liderar aquele grupo de 1968 até 1970. Depois desse período haver passado, ela foi liberada
dessa tarefa e o Senhor prometera-lhe que chamaria outra pessoa para cumprir aquele
trabalho. Ela permaneceu sendo um dos membros do grupo e não mais líder a partir daí.
Acrescentando a isso, o Senhor ainda lhe prometeu que efetuaria aquele milagre em todos
os cultos de ceia enquanto ela estivesse liderando o grupo. Eram quatro cultos desses por
ano – dois em cada igreja. Isto seria considerado uma promessa privilegiada, pois sabemos
como muitos e muitos missionários estrangeiros gostariam de obter o privilégio de apenas
poderem visitar o centro dos avivamentos – quanto mais orarem para a água ser
transformada em vinho! Mas, afirmemos que, poucas pessoas conseguirão ter esse
privilégio caso seus motivos sejam o turismo de milagres.
O segundo mandamento que ela recebeu, foi solucionar as disputas que havia entre pastores
de igrejas e entre denominações em geral que participavam dos avivamentos. Mamãe Li, a
partir de então, começou a ser conhecida como a líder do Grupo da Paz.
A sua primeira tarefa foi reconciliar dois pastores um com o outro, os quais já não se
falavam há mais de nove anos. Já tinha havido uma tentativa de reconciliação promovida
pelo presidente do Conselho Nacional das Igrejas, sem qualquer sucesso. Mesmo tendo
gasto muito tempo e tendo viajado bastante para reconciliar os dois, a tentativa do
presidente deu em fracasso. Mas, quando Mamãe Li chegou para falar com eles, o Senhor
deu-lhe aquela autoridade que necessitava para ser bem-aventurada como
pacificadora, Mat.5:9. Os dois homens foram reconciliados. Mamãe Li viaja a pé. Ela
andou duma ponta da ilha até à outra, reconciliando pastores e presbíteros, como também
outros cristãos, seguindo sempre as instruções que Deus lhe ia dando.
Na conferência que referi, eu não dei qualquer atenção àquela senhora simples e humilde
assistindo às palestras e conferências. Havia muita gente ali presente e ela estava no meio
do povo. Contudo, quando parti, ela abordou-me e veio-me oferecer um tapete feito por ela,
pedindo que aquilo fosse uma maneira de eu recordá-la. Aquela expressão de amor e
carinho para comigo, pode até parecer banal para muita gente, mas impressionou-me muito
aquele gesto daquela mulher simples e humilde. E dei ainda mais valor ao gesto assim que
fiquei sabendo como era difícil fazer aquele tipo de tapeçaria. Era um trabalho de muitos
meses. Em primeiro lugar, necessitavam extrair o material de certo tipo de raízes que
precisavam achar. Depois, eram tecidas linhas de todo tipo, as quais eram tingidas
seguidamente de várias cores. Só então começavam a fazer os tapetes, os quais eram
lindamente tecidos. Pak Elias cresceu naquela área e conhecia muito bem aquele tipo de
artesanato. Ele confidenciou-me que levaria pelo menos seis meses para fazer um só
daqueles tapetes. Através disso, podemos medir o real valor daquela obra de arte, daquele
presente. Fui presenteado pelos cristãos locais com três daqueles tapetes no total. Sentia-me
muito envergonhado. Contudo, o amor de Cristo naquelas vidas, tornava tudo aquilo muito
normal e natural. Sobre este amor de Cristo dentro das pessoas, iremos ouvir mais já a
seguir.
X. UM OFICIAL DO GOVERNO
DESFRUTANDO DE MUITA GRAÇA
DE DEUS
Nathan é secretário geral do governo de Soe. Encontrei este humilde irmão em duas
ocasiões, uma vez no Leste de Java e a outra em Timor. Nunca conseguiremos esquecer a
impressão que esta personalidade causa em nós. Ele é uma dessas pessoas raras que mexe
conosco sem se aperceber que o está fazendo. A sua vida é o seu testemunho principal e
toda a gente fica impressionada com ele até quando nem uma única palavra sai da sua boca.
Eu próprio passei por essa experiência. Nunca vi alguém tão próximo da realidade da
imagem de Cristo como Nathan. Este é um daqueles irmãos dos quais podemos afirmar
(sem estarmos errados) de que a imagem de Cristo já se encontra formada nele. Nunca vi
nada igual. Um dos missionários que nos acompanhava e que, como eu, assistiu às
conferências no Leste de Java, confidenciou-me em particular: “De todas as coisas
maravilhosas que estou vendo aqui na Indonésia, a que mais me impressionou foi a vida de
Nathan, a sensação que me deu só de estar perto dele! O testemunho que mais me tocou
nestas conferências, foi o de Nathan”.
Nathan usou o seguinte texto para o seu breve testemunho: “Porque assim diz o Alto e o
Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito e
também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes e para
vivificar o coração dos contritos”, Is.57:15.
Um dos segredos deste avivamento é a enorme humildade que o caracteriza. É a
característica mais evidente de todas. Noutros avivamentos que testemunhei, como os do
Uganda, Coréia e Taiwan, mesmo que seja evidente certa humildade entre eles, parece-me
que em Timor destaca-se mais. Os convertidos ali realmente possuem um espírito
quebrantado e humilde. Sempre que estamos na presença dum irmão nas mãos do Senhor,
ficamos sem jeito só de estar perto deles, ficamos com um sentimento de vergonha muito
desconfortável sempre que temos comunhão com qualquer um deles. O sentimento de
sermos indignos apodera-se de nós de tal maneira, que só queremos sair dali, fugir para bem
longe e escondermo-nos onde ninguém nos veja mais! Uma vez, quando me pediram para
pregar a palavra, senti-me completamente deslocado. O meu coração bradava, gritava alto:
“Eu preciso que sejam vocês a pregar para mim! Não consigo ensinar-vos nada! Não sou
capaz! Eu preciso aprender convosco!” Contudo, não detectamos este sentimento de
incapacidade entre os nativos desta ilha. Eles demonstram até em seus rostos que podem
todas as coisas, pois é Jesus quem os fortalece. A sua confiança é evidente, a sua segurança
é simples. As suas vidas demonstram, evidenciam poder claramente. E, por muito que eu
tente descrever aqui tudo o que eu gostaria de descrever, sinto que não estou conseguindo.
Durante todo o tempo que permaneci naquela ilha, parecia que via o Senhor Jesus
apontando para todos os meus pecados e para todas as minhas falhas. Nunca me senti tão
miserável como ali. Eu nem conseguia orar mais nada. Só me lembro duma única oração
que saia dos meus lábios o tempo todo: “Querido Jesus, se não me libertares deste
sentimento de desespero, de incapacidade, eu irei perder-me para sempre. Não estou
aguentando mais!” Mas, profundamente em meu coração, estava resolvido que, se fosse
vontade de Deus, esta não seria a minha última visita a Soe. Meus sentimentos eram
contraditórios, pois queria muito voltar para o lugar de onde desejava fugir. Creio de todo o
meu coração, que é da vontade de Deus que volte cá novamente.
Mas, voltemos para o testemunho de Nathan e de como o Senhor Jesus lida com ele e
através dele. Em 1965, um dos grupos recebeu a instrução do Senhor que Nathan deveria
ser membro do grupo. A pessoa, chegando perto deste oficial do estado, disse-lhe: “O
Senhor Jesus comunicou-nos que o senhor deve tornar-se um dos membros do grupo”.
Nathan ficou perplexo. Ele tinha idade suficiente para ser o pai do líder do grupo, tinha
formação acima da média. O que você acha? Ele iria subordinar-se a um líder analfabeto
com idade de ser seu filho? O que as autoridades iriam pensar daquilo? Iriam liberá-lo do
seu ofício? Ele comunicou ao jovem que precisava pensar no assunto e também precisava
dum tempo para comunicar aos seus superiores a decisão que iria tomar. Para surpresa de
todos, o gabinete central deu o seu aval no dia 5 de Outubro de 1965. O governo até
forneceu um carro para levar o grupo para o local onde iriam fazer a obra do Senhor.
Quando o carro os deixou, parando onde não podia continuar mais, ainda tiveram de
caminhar até cerca das 23:00 horas para chegarem onde Deus os enviara a pregar.
Foi naquela primeira caminhada que eles começaram logo a experimentar a ajuda direta de
Deus e a presença de Jesus. O tempo todo, uma luz estranha iluminava o caminho deles
naquela escuridão dos trópicos. Nathan ainda olhou para o céu para ver de onde vinha
aquela luz estranha, pensando que vinha da lua. Mas, não era. Nem havia lua. E eles viam
as suas sombras formadas enquanto andavam. Outros grupos evangelísticos também
experimentaram o mesmo milagre em várias ocasiões.
Conforme se aproximavam da vila para onde se dirigiam, encontraram todos os nativos
reunidos num só lugar, os quais saíram a recebê-los. Eles estavam muito assustados e
lavados em lágrimas, pois contaram que ouviram uma voz forte vinda das montanhas
dizendo-lhes para aceitarem a mensagem do evangelho. Ouviram logo a primeira
mensagem, reunindo-se numa das casas àquela hora. Nem esperaram pelo dia seguinte.
Quando o grupo finalmente foi dormir, já passava muito da meia noite. Nathan estava
inquieto. Perguntava-se: “O que irá acontecer de manhã? Vamos achar comida para toda a
gente comer?" Era a época da seca e, ainda por cima, havia uma grande escassez de
alimento em toda área desde há muito tempo. Contudo, no dia seguinte quando o grupo se
reuniu para orar, o Senhor disse-lhes: “Andem cerca de 1 km para fora da vila e lá acharão
o que comer. Darei a vossa comida”. Nathan duvidava em seu coração, mas mesmo assim
resolveu obedecer ao Senhor juntamente com o resto do grupo. Quando chegaram mesmo
ao local onde o Senhor lhes havia indicado, viram um homem aproximando-se na direção
deles. Falando com ele, descobriram que era um líder da igreja local. Trazia um garrafão de
suco de palmeira, oferecendo-o ao grupo para beberem. O café da manhã havia sido
providenciado. Na Ásia, onde existe muita fome, as pessoas contentam-se com muito
menos do que no Ocidente. Os jovens missionários ficaram muito comovidos com aquela
maneira que o Senhor usou para providenciar-lhes aquela refeição matinal. Alguns deles
nem conseguiam conter as lágrimas enquanto bebiam o suco de palmeira.
Chegando à vila seguinte, acharam onde ficar. Foi numa casa dum senhor idoso. O nosso
anfitrião estava um tanto ou quanto preocupado sobre como iria providenciar comida para
toda aquela gente. Onde ele iria arranjar comida para nove pessoas com todos na área
passando fome? O grupo tentou animá-lo e confortá-lo, mas sem êxito.
Os evangelistas entregaram-se à oração. Mesmo que o Senhor os tenha dado a palavra em
Mat.4:4, “O homem nem só de pão viverá, mas de toda a palavra que provém da boca de
Deus”, o velhinho continuou duvidando. De repente, o segundo milagre em relação às suas
necessidades aconteceu: um homem muito pobre apareceu à porta do local, oferecendo-
lhes uma vasilha de arroz e uma galinha para comerem. Com aquilo, a força da
incredulidade daquele homem foi quebrada e ele soluçava em arrependimento por ter
duvidado do Senhor. O grupo só podia dar louvores a Deus por aquela pequena oferta vinda
do céu.
Diariamente havia novos problemas para confrontá-los no tocante às suas provisões. Na
manhã seguinte, por exemplo, saíram de casa logo cedo para procurarem algo para
comerem. Voltaram todos com uma expressão de decepção estampado no rosto. Não
haviam conseguido nada. Contudo, enquanto estavam falando do seu desapontamento, duas
pessoas trouxeram mais arroz para matar a fome dos convidados. De um só acordo, caíram
sobre os seus joelhos e agradeceram ao Senhor aquela provisão. Por esta altura, Nathan já
se havia transformado e arrependido de todas as suas dúvidas e a cada novo milagre que
acontecia, ficava maravilhado e agradecido. Ele notou que o grupo nem planeava nada para
o dia seguinte, mas antes esperavam ardentemente que Jesus lhes comunicasse cada dia o
que deviam fazer. Isto é o que podemos chamar de verdadeira obediência, pois tanto o antes
quanto o depois fazem parte do obedecer. É este tipo de obediência que está sendo
negligenciado e esquecido em todo o Ocidente. Se resolvessem obedecer a Jesus para
sempre, não importa o que fosse custar a Ele, a providência d’Ele estaria garantida.
As providências de Deus no tocante ao pão de cada dia, não foi o único milagre que Nathan
viu acontecer naquela viagem missionária. De fato, o aspecto mais relevante e mais
importante de todos é a salvação de todas as pessoas sem exceção. Também, neste aspecto,
o grupo obteve grandes sucessos. Mas, como seria de esperar, havia muita oposição à sua
obra também. Durante os seus períodos devocionais em oração, Deus revelava-lhes os
rostos e os pecados das pessoas que se iriam opor ao seu trabalho ali na zona. Desse jeito,
quando aqueles jovens discípulos de Jesus se encontrassem com as pessoas que viam em
suas orações, já haviam orado o bastante para serem ouvidos a respeito da salvação dos seus
inimigos. Quando iam entrar numa vila ou aldeia, eram avisados antecipadamente das duras
batalhas que iriam enfrentar.
Numa das vilas, o grupo foi chamado para visitarem certo homem que estava muito doente
na cama. A sua regra e conduta normal era orarem por cada família sempre antes de
entrarem na respectiva casa. Enquanto estavam orando especificamente por aquele homem
e sua família, o Senhor disse-lhes: “Existe uma maldição sobre esta família. O pai
esfaqueou a língua de um homem várias vezes”. Quando o restante da família entrou em
casa, eles confrontaram o homem com o pecado que Deus lhes havia revelado.
Perguntaram: “O senhor vai-se arrepender desse pecado?” Ele responde: “Vou sim!” Logo
em seguida contou a toda a gente como havia matado um homem a tiro quanto estava no
exército e como lhe havia espetado a baioneta na língua e na boca, várias vezes, levado por
um impulso de raiva e de vingança. Depois de confessar, o homem aceitou pela fé em Jesus
que estaria perdoado e entregou-se ao Salvador. Foi então que um fato muito interessante
foi trazido à luz. Depois do crime que acabara de confessar, a sua esposa teve mais um
filho. Aquele filho já havia passado da idade de começar a falar, mas o grupo viu que
aquela criança não conseguia dizer uma única palavra sequer quando a conheceram. Após a
conversão do pai, oraram pela criança impondo-lhe as mãos. No dia seguinte, a criança
estava falando. Finalmente, aquela maldição havia sido exposta e anulada para sempre.
Como ia acontecendo por toda aquela área debaixo do avivamento, por onde o grupo
passasse, os habitantes das vilas e das aldeias traziam todos os seus amuletos da sorte e de
proteção, ídolos e artesanato usado nas feitiçarias para serem queimados. Repetia-se vezes
sem conta aquilo que lemos em Atos 19. Só depois das ataduras haverem sido quebradas e
queimadas, os aldeões conseguiam entregar-se a Jesus. A glória de Deus era tão evidente,
era tão visível que nem temos palavras para explicar tudo o que aconteceu. Nathan terminou
o seu relatório com as seguintes palavras: “Por favor, não cessem de orar por nós, para que
nunca sejamos vítimas de qualquer vaidade e de qualquer orgulho espiritual, para que o
Senhor Jesus possa continuar a operar deste jeito maravilhoso como tem feito até aqui”.
XII. UM SACERDOTE
PAGÃO CHAMADO
Numa ilha a 8 km de Soe vivia certo sacerdote que tinha muitos seguidores. Um dia, em
1963, tendo acabado de chegar ao seu pequeno templo, um clarão de luz caiu sobre ele e
ouviu uma voz: “O teu nome não será mais Ham, mas sim Shem. Se não obedeceres, o
Justo Juízo de Deus cairá sobre ti”. Ham foi obediente. Naquele mesmo dia convocou os
seus seguidores e falou-lhes assim: “Deus manifestou-se a mim. Não devemos sacrificar ao
sol, à lua e às estrelas, mas antes a Quem criou tudo o que está nos céus e na terra”.
Até ali, Ham e seus seguidores haviam sido adoradores do sol e, muitas vezes, sacrificavam
porcos e galinhas ao sol e à lua. Ouvindo o que ele havia dito, 60 dos seus seguidores
tornaram-se discípulos da sua nova fé.
Shem, como agora era chamado, foi enormemente abençoado devido à sua obediência
espontânea e imediata. Mesmo sendo analfabeto, o Senhor ensinou-lhe um tipo de
hieroglíficos e, através de revelação direta também, mostrou-lhe como tudo foi criado. Ele
escreveu. Mais tarde, quando entrou em contato com os cristãos e leu para eles o que Deus
lhe havia revelou sobre como criou o mundo, viram que era precisamente aquilo que vinha
nos primeiros capítulos da Bíblia. Acrescentando às revelações que teve, Deus disse-lhes
que um dia ele seria visitado por umas pessoas que lhe diriam mais coisas sobre a sua nova
fé. Aquela promessa cumpriu-se.
Um ano após ter recebido aquele chamamento de Deus, alguns crentes que Deus usava para
orarem por pessoas enfermas, chegaram à vila. Shem, que era leproso, foi
maravilhosamente curado. Um ano depois, quando outros crentes chegaram à sua ilha e lhe
falaram de Jesus, ele entregou a sua vida ao Salvador imediatamente.
Ele começou a visitar os cultos e a ouvir a Palavra em Soe e também começou a fazer uns
cultos próprios com todos os seus seguidores. Eu também tive a oportunidade de conhecer
este querido irmão em Cristo e já nos encontramos em duas ocasiões. Ele até me deixou
tirar fotos dos seus escritos hieroglíficos com que escrevera a criação do mundo. Devo
mencionar, ainda, que um outro irmão deu-me um desenho ilustrando como Jesus apareceu
por cima do sol, conforme aquilo que já descrevi no capítulo anterior.
Na costa ocidental da Ilha de Rote existe uma formação de rochas imponente que entra pelo
mar. Durante séculos os habitantes locais usaram aquele lugar para fazerem os sacrifícios
aos seus deuses de pedra e de pau, deuses da natureza e muitos mais. Existem muitos
mistérios á volta destas formações rochosas.
No século 18, a ilha foi habitada por 19 reis diferentes, os quais andavam sempre em guerra
uns com os outros. Quando, finalmente, um dos reis derrotou outros 16, o seu nome,
Tolamanu, foi dado ao lugar de sacrifícios. Os dois reis que sobraram, Foembura e Ndiihua,
decidiram enveredar por um plano desesperado. Sabendo que as forças holandesas tinham o
quartel-general em Batávia (conhecida hoje como Jacarta) e com a esperança de
conseguirem alguma ajuda da parte deles, prepararam-se para viajar os 3.000 km que os
separavam de Batávia. Levaram com eles provisões de milho torrado com açúcar e partiram
com a intenção de complementarem as suas necessidades alimentares com peixes e as
bananas que iam apanhando no caminho. As bananas achariam em terra, nas ilhas pelas
quais iriam passar e, os peixes, no mar. Também fizeram planos para arranjar a água que
iriam beber nessas ilhas por onde passariam. A aventura começou em 1729.
Devido às correntes marítimas traiçoeiras que foram encontrando pelo caminho e às
mudanças constantes dos ventos, a viagem acabou por durar seis meses. Cada um dos seus
barquinhos levava um símbolo com o nome de 'Sangga ndolu', o qual significa “Procuramos
paz e poderes”. Tinham a esperança, de certa forma, de que as autoridades Holandesas lhes
dessem poderes de feitiçaria que pudessem ajudá-los a derrotar Tolamanu. Mas, ao mesmo
tempo, conservavam uma outra esperança de terminarem com as guerras tribais que havia
entre eles, na sua ilha.
Quando chegaram a Batávia, depararam-se com um problema inesperado: o povo de lá
falava numa língua estranha! Eles não sabiam que havia outros idiomas. Será que a sua
viagem havia sido em vão? A viagem não foi em vão porque Deus, na Sua grande
misericórdia e sabedoria, preparara para eles algo diferente. Deus mesmo preparou caminho
para eles. Enquanto estiveram em Batávia, cruzaram com uma mulher da Ilha de Rote, que
reconhecendo as roupas que eles trajavam, dirigiu-se a eles para lhes falar. Os seus rostos
iluminaram-se de alegria ao ouvirem o seu idioma ser falado.
Mas, como é que aquela interprete que acharam foi para tão longe da ilha onde nasceu?
Quando vivia ainda em Rote, encontrou um marinheiro que se apaixonou por ela e logo se
casou com ela, levando-a para o seu barco. E eis aqui aquela mulher a servir de mediadora
para os dois reis. Foram apresentados ao governador Holandês e ficaram muito
desapontados quando descobriram que as autoridades coloniais não possuíam aqueles
poderes de magia e de feitiçaria que eles tanto desejavam. Contudo, o governador agiu com
sabedoria e, após haver conversado com o missionário holandês que estava na ilha,
entregou os reis aos cuidados dele.
Foi através daquele ato que os reis acharam a paz que não esperavam achar: ao invés da paz
de guerra, acharam a paz de espírito e fizeram a paz com Cristo. Foram convertidos e
batizados e ganharam novos nomes, isto é, Mesaque e Zacarias. Quando visitei a Ilha de
Rote, fiquei muito alegre ao achar descendentes daqueles reis. O pastor Gideão, cuja
história já relatei em páginas anteriores, é, na verdade, um descendente direto do rei
Zacarias.
A alegria que os dois reis experimentaram na sua nova fé era tão evidente que decidiram
voltar para Rote, deixando como presente de agradecimento alguns dos seus servos em
Batávia. Levavam com eles o missionário através de quem acharam Cristo e ele aproveitou
a viagem para aprender o dialeto da Ilha de Rote. Chegaram a Rote em 1732, após uma
ausência de 3 anos.
O Fogo Sacrificial
Pela 1ª vez aquela Fortaleza de Rote sofreu um ataque espiritual. Os reis que voltaram
construíram uma Igreja e uma escola Cristã na ilha e chamaram-na de Ti. Não demorou
muito tempo até que a sua obra encontrasse a oposição de Tolamanu. Apercebendo-se do
fato da sua influência na ilha estar em declínio acentuado, ele arquitetou um plano
diabólico. Organizou uma grande festa e convidou os dois reis Cristãos e o missionário.
Para não levantar quaisquer suspeitas, também convidou o governador de K., o qual foi
acompanhado do seu secretário. O clímax da noite deu-se quando os seus convidados foram
subjugados e amarrados com cordas. Foram colocados num círculo sobre folhas secas e
sacrificados aos deuses nesta infame montanha rochosa de Tolamanu. Este havia de ser o
primeiro fogo de sacrifícios na Ilha de Rote, o qual tinha como lenha a fé Cristã. Aconteceu
tudo ainda em 1732, no mesmo ano que os reis haviam chegado de Batávia.
Mas, se Tolamanu pensou que com aquilo destruiria a fé Cristã na ilha, estava
completamente enganado. Em Ti, a escola e a Igreja continuaram a obra de Deus,
enveredando com persistência no ensino da mensagem de Cristo pela ilha. Aquele fogo de
Deus mal havia começado. O sangue daqueles mártires trouxe muitos frutos à ilha. A escola
foi um instrumento precioso no treinamento de professores Cristãos e, conforme os anos
iam passando, novas escolas foram surgindo nas ilhas vizinhas e muitas pessoas foram
ouvindo a mensagem do Evangelho. Rote tornara-se, assim, o centro de uma obra
missionária relevante.
Hoje, passaram mais de 200 anos sobre aquela data. Uma vez mais, Rote tornou-se o centro
espiritual para as ilhas da Indonésia. Tanto Pak Elias como o pastor Gideão, cujos
testemunhos já ouvimos, são nascidos em Rote. Deus tem abençoado os seus ministérios
duma maneira fabulosa desde que o avivamento começou em 1964. Na verdade, todos os
crentes que iniciaram o avivamento, continuam manifestando uma coragem e uma audácia
incomparáveis no tocante à sua fé. O seguinte exemplo é muito relevante.
Duas correntes marítimas, uma vinda da Austrália e a outra do ocidente, chocam-se no mar
entre a Ilha de Timor e a Ilha de Rote. As ondas do mar, muitas vezes, erguem-se muito alto
sem aviso prévio e muitas embarcações pequenas ficam debaixo delas quando estão
efetuando a viagem entre Rote e Timor. Eu próprio tive oportunidade de passar por esses
perigos algumas vezes e pude comprová-los. Mesmo que tenha ficado apenas molhado com
alguns pingos de água, muitos pagaram aquela viagem com vômitos e indisposição. Eu
estou habituado e tornei-me imune a esses elementos porque servi na Força Aérea durante
muitos anos. Mas, durante a viagem que fizemos, pude verificar como as pequenas
embarcações eram levadas até a parte de baixo ficar toda fora de água. O governador B.
contou-me que muitas embarcações se perdem naquele mar todos os anos. É um pedaço de
mar muito turbulento e perigoso. A catástrofe que irei descrever agora ocorreu numa destas
viagens. O pai do pastor Gideão estava a bordo da embarcação que virou. Gideão contou-
me o que aconteceu.
Um "Prau" (uma embarcação típica) estava tentando atravessar de uma ilha para a outra
quando virou, pouco antes de conseguir chegar à Ilha de Rote. Havia 30 pessoas a bordo.
Aquelas águas estão empestadas de tubarões. Entre a tripulação havia dois pastores e
muitos cristãos. O pai do pastor Gideão estava preparado, pois Deus já lhe havia avisado
que iria chamá-lo. Três das pessoas, cheias de fé, ergueram as suas Bíblias para o céu e
clamaram ao Senhor: “Senhor, tu disseste que irias estar conosco quando as águas nos
quisessem afogar. Se for da tua vontade, pedimos que nos salves”. Com aquele gesto de fé,
os três moços tentaram alcançar a Ilha de Rote nadando. No entanto, devido a corrente
forte, foram levados para longe de Rote e para o lado de Semau. Como aquele acidente
ocorreu à noite, eles não conseguiam ver terra. Durante 12 horas continuaram lutando pelas
suas vidas nas ondas e, usando o tempo também para orarem em voz alta. Incrivelmente,
nem um único tubarão chegou perto deles. Deus fechou a boca dos Tubarões como fechara
a boca dos leões que queriam comer Daniel. Contudo nenhum deles ficou exausto naquele
mar bravo e turbulento.
No dia seguinte deram à costa em Semau, mas, apesar do grande tormento que passaram,
alugaram um barco e foram para o local do acidente para ajudarem as pessoas que
naufragaram com eles. O pai do pastor Gideão havia gritado para que trouxessem outro
barco assim que alcançassem terra. Mas, quando chegaram lá, não havia ninguém para
resgatar. As outras 27 pessoas morreram afogadas. Aquele acidente trágico ocorreu em
1966. Mas, aconteceu um milagre dentro daquela turbulência toda. Aquelas Bíblias que
ergueram como o símbolo da sua salvação, estavam ainda com eles quando alcançaram
terra. A água não as estragou e nem tinham uma marca de água nelas.
Estive em Rote na companhia de dois pastores nativos, o Pastor Micah, o homem que
pastoreou a igreja local em tempos anteriores e o Pastor Gideão. A igreja de Micah tinha 30
membros, mas muitos deles eram viciados em vinho de palma, a bebida que falamos no
início deste capítulo. Este tipo de vinho é obtido de açúcar de palmeira e, na verdade,
existem muitas destas palmeiras plantadas à volta da vila. Após o Pastor Gideão ter tomado
as rédeas da congregação, um avivamento poderoso varreu toda a vila e atualmente todos os
habitantes desta vila são membros da igreja. São cerca de 300 membros, incluindo as
crianças. Na igreja há seis cultos por semana. Às segundas, os obreiros reúnem-se para
orarem e para falarem sobre o seu trabalho com todos os que comparecerem. Cerca de 23
pessoas vêm a esta reunião fielmente. Às terças existe um culto especialmente direcionado
para os jovens que são cerca de 60 e, às quartas, as mulheres reúnem-se para orarem, lerem
a Bíblia juntas e terem um tempo alargado de comunhão juntamente com Deus. Às quintas,
todos os adultos da vila reúnem-se para um estudo Bíblico. Finalmente, aos domingos todas
as pessoas vêm aos dois cultos. Houve, também, um estudo Bíblico de formação que durou
três meses em B. com o objetivo de treinar 18 jovens evangelistas que se voluntariaram e
isso apenas na Igreja do Pastor Gideão. Sabemos que na Europa, por exemplo, as entidades
missionárias apelam muito para haver mais candidatos e mais recrutas. Aqui em Timor os
candidatos fazem fila para serem admitidos, pelo simples fato de não existir espaço
suficiente para tantas pessoas que desejam trabalhar para Deus. Encontrei, uma vez, uma
jovem professora na Ilha de Rote. Ela há mais de um ano que implorava a Deus para entrar
numa Escola Bíblica de treinamento para servir no campo missionário. Essa é a diferença
que faz um avivamento na vida das pessoas e numa comunidade.
Algo que aconteceu na vila merece ser mencionado. Há alguns anos atrás William Nagenda
do Uganda, visitou a Indonésia. Ele falou sobre o tema “Andar na Luz” aos crentes locais.
O que ele queria dizer com “Andar na Luz”? Durante o avivamento em África, os cristãos
confessavam todos os seus pecados abertamente e publicamente. O testemunho pessoal de
William Nagenda é uma boa ilustração para esse fato. É bom quando quem prega vive
pessoalmente aquilo que ensina. Antes da sua conversão, ela era o chefe de departamento
dos impostos e aproveitava muitas das ocasiões para roubar. Mas, assim que se converteu,
foi-se entregar à polícia e confessou os seus crimes. Quando foi a julgamento no tribunal, o
juiz não sabia o que fazer, pois não tinha lei para quando um homem era o seu próprio
acusador. Com isso mandou libertar a William Nagenda. Aquela confissão de pecado era
uma ação muito radical contra ele próprio (humanamente falando, porque na verdade era a
favor dele). Contudo, muitos outros cristãos começaram a seguir o exemplo e colocaram as
suas vidas em ordem.
Aquela história causou um grande impacto nos seus ouvintes indonésios. Desde então,
foram-se formando muitos grupos que iam trazendo os seus pecados todos para a luz. Na
vila onde eu estava, muitos cristãos vinham confessar seus próprios pecados abertamente
uns aos outros e uns com os outros. Também oravam uns pelos outros, para que os seus
pecados fossem perdoados e as suas vidas aplanadas a partir de então. Daquele jeito, a
igreja podia controlar os excessos e as faltas entre os crentes. Mas, uma coisa seguramente
não está acontecendo no avivamento de Rote: os erros e os pecados dos outros não são
divulgados e nem comentados entre as pessoas que deles tem conhecimento.
Um Memorial da Oração
Já falei aqui sobre o Pastor Gideão e a sua conversão. Mas, após ter conversado novamente
com ele depois de um intervalo de 16 meses, permitam-me preencher aqui algumas coisas
que ficaram por dizer. O título acima pode induzir-nos em erro. Mas, vamos ver o que ele
significa.
É uma experiência, por si só, podermos ter comunhão com este irmão simples. Contudo,
não tenciono colocá-lo num pedestal, pois tudo o que ele tem, recebeu-o do Senhor.
O número de congregações que ele pastoreia agora, subiu de 30 para 52. Ele vai a pé de
congregação em congregação, de vila em vila e de cidade em cidade. Mas, mesmo que
tivesse um carro, não conseguiria tirar proveito dele, pois simplesmente não existem
estradas na ilha para os carros poderem circular. E, mesmo que com moto fosse fácil
circular na Ilha de Rote, não existem motos para comprar na ilha. E, mesmo que houvesse
uma, ninguém teria dinheiro suficiente para comprá-la. O Pastor Gideão recusou a ideia de
ter salário e quando a Igreja lhe ofereceu ajuda financeira, ele disse: “Não, eu quero praticar
e saborear as palavras de Mateus 6:33 e quero permanecer dependente apenas do Senhor”.
Ele continua praticando este princípio de vida ainda hoje. No entanto, o Senhor tem sido
generoso com ele. Na verdade, ele recebe mais do que todos os seus colegas de profissão
que usufruem de um salário. Todas as suas necessidades são providenciadas pelo Senhor.
Na verdade, costuma ser ele a dar aos seus colegas muito do que lhes falta.
No tocante a salários, ouvi falar de um pastor no meio da selva que recebe seis dólares por
mês. Outros recebem entre nove e doze dólares mensais. O salário mais alto que vi foi um
de 21 dólares. Estes salários deverão chocar as pessoas no Ocidente, mesmo que admitamos
que as vidas destes irmãos são muito simples, muito menos complicadas que as nossas.
Como exemplo pode dizer-se que não têm qualquer despesa com a eletricidade.
Esses luxos simplesmente não existem nesta zona onde vivem. Para eles, até pão e batatas
seria um luxo, pois o arroz é a base da sua alimentação diária. Os seus sapatos também são
muito baratos: eles usam a própria sola, andam descalços! Um pastor que esperou por mim
em Sumatra, andou a pé cerca de 180 km sob o sol e o calor tropical apenas para ir esperar-
me! No final do percurso, ele já não conseguia andar, pois os pés dele incharam e tornou-se
dolorosa a caminhada. A primeira coisa que fiz quando o vi, foi comprar-lhe um par de
sapatos! Alguns dos meus amigos que ouviram esta história, resolveram juntar uma soma
de dinheiro de vez em quando para acrescentar ao seu ‘salário assustador’. Mas, sabemos
que na eternidade eles irão receber muito mais que qualquer um de nós.
O Pastor Gideão é um daqueles homens que diríamos que não existe! Ele é confrontado
diariamente com poderes satânicos de magia de todos os tipos. Por essa razão decidiu pegar
o touro de frente, pelos chifres. A sua primeira missão foi confrontar um sacerdote num
santuário idólatra. Aquele santuário estava repleto de muitos tabus para todos os habitantes
da ilha. Dentro das grutas do santuário havia muitos feiticeiros, muitos que liam cartas e
outras coisas mais. Praticavam as suas feitiçarias de noite e de dia. Em muitos casos, a
questão das cartas é uma doença geral naquela área. No início deste século, uma das
cavernas era usada por um anão praticante de artes satânicas. Ele era muito conhecido e
temido. Era um ‘espertalhão’ também e morreu aos 30 anos de idade. Depois da sua morte,
começou a ser venerado como um deus dos que praticavam a terrível arte das cartas.
Colocaram o seu corpo num caixão dentro duma gruta. Essa gruta e o caixão tornaram-
envoltos em todo o tipo de mistério, misticismo e tabus. Sempre que alguém entrasse na
caverna, teria obrigatoriamente de colocar uma moeda dentro do caixão como oferta.
Naturalmente que, conforme o tempo foi passando, as moedas encheram o caixão e o povo
supersticioso não caia na tentação de tirar uma única moeda de lá! Quando o Pastor Gideão
chegou ao local, pegou no caixão, levantou com as suas mãos em nome de Jesus e lanço-o
no chão. Ficou em pedaços. Lançou, também, todas as moedas dentro do mar por baixo das
grutas. Os nativos ficaram abismados com tal audácia e ficaram esperando que alguma
coisa lhe acontecesse de seguida, ou que viesse a morrer. Ele havia quebrado o tabu mais
sagrado da ilha. Mas, quando viram que nada lhe acontecia, ficaram a achar que o tabu era
ele! Ganharam um temor ao pastor e ele passou a ser muito temido.
Este servo muito ativo do Senhor, contudo, não se sentiu satisfeito com aquela pequena
vitória. Entrou na casa dum sacerdote, o qual tinha muitos amuletos e instrumentos de
feitiçaria. Tinha coletes de metal, espadas, lanças de magia e outras coisas mais. Quando
Gideão entrou, viu que a esposa do sacerdote estava enferma. O feiticeiro falou com Gideão
dizendo-lhe: “Não estou conseguindo curar a minha esposa através dos meus poderes. Se
você a conseguir curar, eu deixarei de ser feiticeiro, queimarei os meus amuletos de feitiços
e me entregarei ao seu Deus”. O Pastor Gideão respondeu-lhe: “O senhor não pode negociar
com Deus. Ele não negocia consigo. Primeiro, você vai queimar tudo aquilo que tem e só
depois disso iremos orar e quem sabe Deus responderá à nossa oração”. O feiticeiro pediu
um tempo para pensar. Mas, no dia seguinte já tinha decidido o que fazer. Decidiu destruir
tudo o que possuía de feitiçaria. Assim que concluiu aquela tarefa, o Pastor Gideão orou
juntamente com ele pela esposa e o Senhor foi misericordioso curando-a. Quando as
pessoas nas redondezas ouviram falar do que acontecera, de como o Pastor Gideão recusara
negociar com o feiticeiro, veneraram-no ainda mais.
Uma das maiores barreiras do ocultismo na área era um poderoso feiticeiro que toda a gente
temia. Os poderes que possuía capacitavam-no a matar pessoas instantaneamente.
Sacerdotes feiticeiros como este alegam que enviam uma raposa voadora para cima de
alguém e a pessoa morre pouco tempo depois. O sacerdote tinha construído uma casa para a
sua esposa ao lado da sua. Ele odiava o Pastor Gideão e tudo o que ele representava. Mas, já
a sua esposa estava receptiva à mensagem. Gideão visitou-a. Mas, algo muito misterioso
aconteceu naquele momento. O sacerdote entrou em trance na casa do lado e o seu espírito
apareceu dentro da casa onde Gideão e a mulher estavam conversando. Ele foi visto por
eles enquanto conversavam sobre Cristo. Quando viram aquele espírito, a esposa começou a
tossir e a cuspir sangue, enrolando os olhos para dentro como se estivesse enlouquecendo.
Naquele mesmo instante, Gideão sentiu umas pontadas dolorosas nas suas costas, as quais
continuaram a perturbá-lo na noite seguinte. Por fim, ele viu-se na obrigação de se dirigir ao
espírito em nome de Jesus e as suas dores desapareceram no dia seguinte. O pastor resolveu
visitar o feiticeiro uma vez mais. Para além de todos os instrumentos e amuletos de
feitiçaria que possuía, também possuía uma caixa de açúcar que ele alegava mataria quem
se atrevesse a tocar nela ou a tirá-la de onde estava. Gideão mandou que acendessem uma
fogueira e pegou na caixa e levou-a para fora, destruindo-a. Ele contou-me que, tanto ele
como os crentes que estavam com ele, viram gotas de sangue cair da caixa enquanto a
transportava para o fogo. Toda a gente conhecia os poderes daquele feiticeiro. Era muito
famoso. Todos, também, esperavam que Gideão morresse a qualquer momento. Mas, como
nada aconteceu (novamente), a fama do pastor espalhou-se pela ilha. Começou a ser
conhecido como sendo uma pessoa que tinha maiores poderes que qualquer dos feiticeiros.
Por essa razão, mal o pastor entrava nas casas, as pessoas traziam de imediato todos os
objetos de feitiçaria que possuíam e pediam-lhe para destruí-los.
E assim, ele começou a ser conhecido como o Mágico-Mor, o maior dos mágicos e o seu
nome começou a ser temido por toda a ilha. Todos os sacerdotes e feiticeiros temiam-no
muito também. E foi dessa maneira que este humilde servo de Cristo conseguiu sobrepor-se
às barreiras e aos poderes do mal na ilha. Assim que os amuletos de feitiçaria eram
destruídos, as pessoas ficavam receptivas ao evangelho e a semente germinava de seguida
dentro deles. Na verdade, o avivamento só progride quando isso acontece, quando os
instrumentos de feitiçaria são queimados juntamente com outros pecados. Deixem-me dizer
novamente que achei bastante significativo o que pastor Gideão disse: “Os amuletos e todas
as peças de feitiçaria não são apenas destruídas e queimadas, mas uma oração de renúncia
necessita ser feita sobre cada uma delas antes que os poderes delas sejam quebrados e
anulados para sempre. Só então os olhos das pessoas se abrem para entenderem o
evangelho”. No Ocidente, os teólogos não estão a par desta absoluta e incontornável
necessidade de renúncia pública e aberta deste fenômeno da feitiçaria e da falsidade.
Qualquer falsidade religiosa precisa ser renunciada diante de Jesus. Os ocidentais acham
esta comida indigesta e desnecessária. O seu intelecto não consegue digerir estas coisas.
Existem certas coisas que simplesmente não encaixam na maneira de pensar Ocidental e
confirmamos, muitas vezes, que as coisas do Reino de Deus operam de forma viva, de
maneira avivada, quando cumprimos as exigências básicas de entrada nele. Deus opera
através de regras contrariamente distintas e não está de acordo com os racionalistas do
Ocidente.
Mas, uma coisa é certa nestes conflitos contra o mal: Jesus é sempre vitorioso e é capaz de
anular qualquer poder do mal, de feitiçaria e de ocultismo na Ilha de Rote. Jesus pode ainda
tornar-se dominante aqui. Os poderes que dominavam a Ilha de Rote podem ser
pontualmente todos anulados e queimados. Esta ilha pode tornar-se a Ilha de Jesus. Gideão
tornou-se no instrumento que Deus usou para esse efeito, para alcançar esse objetivo ainda
este século. Nenhum cristão que queira ter sucesso espiritual pode fazer seja o que for em
seu próprio nome ou por sua própria autoria. A única autoridade que vence é a d’Aquele
que esmagou a cabeça da serpente com a Cruz do Calvário.
Os Grupos de Evangelização
Os cristãos da Ilha de Rote têm os mesmos métodos de evangelização que existem em toda
a Ilha de Timor. Em 1969, havia três grupos operando na ilha, o maior dos quais era
composto por 15 membros e era liderado pelo irmão Obed. Este grupo, contudo, operava
em tempo parcial, pois o seu líder ainda é funcionário do governo. Uma vez, quando este
grupo saiu para evangelizar na área onde os pagãos haviam destruído os seus templos e os
objetos de feitiçaria, terminando o seu trabalho e desejando voltar para casa, os nativos
imploraram-lhes para não irem embora ainda. A fome da Palavra de Deus era intensa e
ajoelharam-se aos pés dos membros do grupo dizendo: “Por favor, não vão embora
ainda! Queremos ouvir mais sobre Jesus!” (Zac.8:23) . É quase impossível imaginarmos
uma cena assim. Contrastando esta cena com o Ocidente, vemos como as igrejas ocidentais
usam música de fundo e tudo mais para lhes roubarem os dízimos e para manterem os
crentes dentro das igrejas, dançam e pulam para ludibriarem jovens e "hipnotizarem-nos"
nas suas reuniões. Mas, eis aqui os nativos indonésios ao suplicarem em desespero
"incompreensível", para ouvirem um pouco mais da Palavra de Deus! Porque o Juízo de
Deus começará pela casa de Deus, as igrejas ocidentais deveriam examinar os seus dilemas
e os seus corações agora para ver se irão passar no escrutínio da luz de Deus.
O líder do segundo grupo é Samuel, o irmão de Gideão. Mesmo sem nunca ter frequentado
uma escola teológica, este irmão está equipado e preparado pelo Senhor e têm uma enorme
autoridade espiritual. Os seus dons são similares aos dos crentes da Ilha de Timor. Ele olha
para um pessoa e diz-lhe na sua cara quais são os seus pecados ocultos, todos aqueles que
impedem Deus de operar. Todos os pecados de feitiçaria, os amuletos, entre outras coisas,
são expostos através dos seus dons proféticos. O seu ministério já trouxe muitos pagãos
para o lado de dentro do Reino de Deus.
O outro grupo é liderado por Naaman. Ele tem um testemunho muito comovente para nos
contar. Foi líder do Partido Comunista na Indonésia e, após o fracasso do golpe de estado
dos Comunistas, foi preso e colocado na lista de execução. Ficou esperando a morte e a
solidão do desespero levou-o a entregar-se a Cristo. Começou a orar muito dentro da prisão
e o seu coração descansou quando achou a verdade. Chegou o dia de ser fuzilado. Todos os
nomes que estavam acima do nome dele foram chamados. Esperou, sabendo que lhe
restavam apenas algumas horas de vida. Mas, houve um atraso e, quando chegou a noite,
ainda se encontrava na cela vivo. Repentinamente, do escuro veio uma voz que lhe disse:
“Levanta-te”. Ele levantou-se pensando que o chamavam para ser morto. Pensou: “Chegou
a minha hora”. Mas aquela voz tornou a falar-lhe e disse: “Sai da prisão para a liberdade”.
Foi só então que notou que todos os guardas estavam profundamente adormecidos. Saiu da
prisão sem qualquer problema. É uma repetição daquilo que aconteceu com Pedro em Atos
12.
Não sabendo o que fazer depois de se achar em liberdade, Naaman fugiu para a floresta e
escondeu-se por lá. O seu cabelo cresceu muito e passou dos ombros. Comia frutas da
floresta, mas, enfraqueceu rapidamente. Por fim, levado pela fome, foi parar em uma vila
remota. Assim que os habitantes o viram, reconheceram-no de imediato. Quiseram levá-lo
para o posto de polícia mais próximo, mas, como havia acabado de ser mordido por uma
serpente venenosa, não conseguia caminhar. O seu pé inchara muito e, por essa razão, foi
entregue ao prefeito da vila até que as autoridades locais fossem informadas do seu
paradeiro. Mas, o Senhor falou-lhe e disse-lhe: “Nada temas. Enviarei alguém de manhã
para te ajudar”. No dia seguinte chegou um policial crente, o qual era sargento.
Reconhecendo que ambos eram crentes, o sargento disse-lhe: “Amanhã serás interrogado.
Quando te fizerem certas perguntas, responderás como te vou dizer. Se o fizeres, ninguém
te fará mal. Se não responderes como te falo, serás morto”. Obedecendo ao seu irmão em
Cristo, Naaman saiu em liberdade. Mas, ainda nem havia esquecido aquela provação e já
andava na rua pregando o evangelho. Isso comprova que a sua conversão não havia sido
motivada apenas pelo temor da morte, mas antes que se havia entregue a Cristo
verdadeiramente pelo amor que nasceu dentro dele naqueles momentos de solidão.
Trabalhou durante um tempo na Ilha de Timor e o Senhor informou-lhe que deveria formar
um grupo e sair pregando em Rote. O Pastor Gideão descreveu-me como Deus abençoava o
seu ministério. Jesus saia pessoalmente com ele para evangelizar. Muitos sinais
confirmavam o seu ministério, também. E a Palavra saída da sua boca, trazia muitas pessoas
à convicção de pecado e ao arrependimento imediato.
E foi assim que a Ilha de Rote experimentou a presença de Jesus também. A salvação
chegou a esta ilha e está varrendo toda a Indonésia dos seus ídolos e feitiçarias.