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RIGUEIR; * CARIBE, CAULA& LEITAC ADVOCACIA CRIMINAL EXMO. SR. MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - DR. EDSON FACHIN. INQ 4.005/STF ALDO GUEDES ALVARO, devidamente qualificado nos autos em epigrafe, através de seus advogados abaixo assinados, vem, respeitosamente, a presenca de V. Exa., interpor AGRAVO REGIMENTAL, nos termos do art. 317 do Regimento Interno deste Tribunal. presente recurso é apresentado em face da decisio monocratica prolatada por V. Exa., que, em virtude do precedente estabelecido no bojo da AP 937, referente a limitagao do foro por prerrogativa de funcdo, declinou da competéncia do STF para processar e julgar o recebimento da deniincia inicialmente ofertada pela Procuradoria-Geral da Reptblica, remetendo-a, ato continuo, 4 13° Vara Federal da Sego Judiciéria do Parana, decisum este em flagrante colisio com os precedentes firmados pela 2" Turma do STF nas PETs 6.863/STF e 6.727/STF. Conforme sabido por V. Exa., o Agravante tomou ciéncia do indeferimento da decisdo a partir de sua publicaco, no iltimo dia 10 de maiode 2018, de maneira que o prazo para interposicdo do presente recurso conclui-se no dia 15 de maio de 2018 (terca-feira). Encontra-se demonstrada, portanto, a tempestividade do presente Agravo. Na eventualidade de V. Exa. ndo reconsiderar a decisdo agravada, requer sejaa matéria submetida a apreciagao da eg. 2” Turma destee. STF, em conformidade com o disposto no §2° do artigo 317 do Regimento Interno da Corte. Ademais, como o pleito do presente Agravo Regimental é referente a matéria de competéncia absoluta— conflito de jurisdi¢ao entre a Justi¢a Federal ea Justica Estadual -, bem como ciente dos precedentes ja firmados no bojo das PETs 6.727/STF e 6.863/STF, ambos favoraveis ao pleito defensivo, requer se digne V. Exa., acaso entenda em nao reconsiderar o decisum inicial, em, a0 menos, conceder efeito suspensivo a decisio inicialmente proferida, diante do recurso ora apresentado, em face ao claro conflito entre a decisio monocritica exarada e os precedentes supra firmados. A Posteriormente, submeta-se 0 caso com urgéncia 4 apreciagao definitiva da eg. 2" Turma do STF, com o fito de dar maior celeridade e coesio a0 caso, até mesmo porque eventuais atos praticados pelo Juizo da 13° Vara Federal do Parané deverao ser necessariamente declarados como nulos, posto que a competéncia para processamento do feito em primeira instancia é sabidamente da Justiga Estadual de Pernambuco. Pede deferimento. De Recife para Brasilia, em 10 de maio de 2018. ADEMAR RIGUEIRA NETO OAB/PE 11.308 EDUARDO LEMOS OAB/PE 37.001 A Razées de Agravo Regimental Agravante: Aldo Guedes Alvaro Exmo. Min. Edson Fachin, em grau de reconsideragio, Eminente Procuradora-Geral da Reptblica Raquel Dodge, Egrégia 2* Turma, 1, BREVE RELATO DOS FATOS E DO PROCESSO. Conforme sabido, o presente feito esta relacionado a suposta solicitagdo e aceitago de vantagens indevidas pelo j4 falecido ex-Governador Eduardo Henrique Accioly Campos e pelo Senador Fernando Bezerra de Souza Coelho, em contrapartida ao oferecimento de garantia das obras de infraestrutura e incentivos tributarios nos contratos estabelecidos entre a Petrobras e as empresas Queiroz Galvao, OAS e Camargo Corréa para a construgao da Refinaria Nordeste — RNEST. Segundoadeniincia oferecida pelo Ministério Piiblico Federal, aoperacionalizagdo desses pagamentosaospoliticospernambucanos—detentoresde foro por prerrogativa de fungo — teria sido realizada através dos empresarios Aldo Guedes Alvaro (Requerente) e Joao Carlos Lyra Pessoa de Mello. Apresentadas as defesas prévias dos acusados, a demtincia foi levadaa andlise da2* Turma deste e, STF para deliberagaioacercadoseurecebimento ou rejeicao. No julgamento, realizado em 05 de dezembro de 2017!, 0 Exmo. Min. Relator votou (1) pelo recebimento da denincia em relago aos denunciados Fernando Bezerra Coelho e Aldo Guedes Alvaro pela pritica, em tese, do delito de corrupeao passiva, sem a incidéncia da causa de aumento do §2° do art. 327 do CP, e pelo (II) recebimento da exordial quanto a todos os acusados, pela suposta pritica do delito de lavagem de dinheiro, excluindo-se a causa majorante,no que foi acompanhado pelo e. Ministro Celso deMello. Contudo, ao proferir seu voto, 0 e. Ministro Gilmar Mendes abriu divergéncia para (I) nao receber a denuncia em face do Senador " Informagiesextraias pela consulta processual do sitio elerdnico do STF, uma vezque oacérdao ainda nto foi publicado (ttp://portal.stjus.br/). A Fernando Bezerra de Souza Coelho, bem como para (II) declinar a competéncia do Supremo, as instancias ordinarias, pelo fato de os demais codenunciados nao ostentarem 0 foro por prerrogativa de funcio. Acompanhando a divergéncia, foi o voto do e. Ministro Dias Toffoli. Diante da auséncia justificada do e. Ministro Ricardo Lewandowski na referida sesso, a votacdo terminou empatada. Por essa razii0, 0 julgamento foi suspenso e os autos se encontram, atualmente, conclusos ao Relator. Ocorre que, em virtude do posicionamento colegiado desta e. 2 Turma do STF, no contexto das PETs 6.863/STF e 6.727/STF, no sentido de reconhecer a incompeténcia da Justiga Federal para processar as supostas irregularidades no ambito da Refinaria do Nordeste, posto que as vantagens em tese ofertadas pelo PSB através do ex-Governador de Pernambuco o seriam em detrimento do Estado de Pernambuco e nao da Petrobrés, apresentou-se, em 20/03/2018, uma questo de ordem perante o Exmo. Min. Relator. Em resumo, por tratar-se 0 presente Inquérito de feito notoriamente conexo aquele apreciado no bojo da PET 6.863/STF ¢ da PET 6.727/STF, tratando-se, inclusive, no caso da primeira Peticao, das mesmas obras e até mesmo de um Gnico consércio (CONEST) em relagio a duas delas, pugnou-se pelo reconhecimento: * Dainexisténcia de prevengao da Relatoria do Exmo. Min, Edson Fachin para analisar 0 feito, dado que os fatosapuradosse elacionamapenasindiretamenteaPetréleo Brasileiro S/A, determinando-se a anulagao do julgamento quanto ao recebimento da exordial acusatéria e, na sequéncia, a livre distribuigdio do feito, com espeque no art. 69, III do CPP eno art. 5°, XXXVIIe LIlI da Constituigtio da Repiblica; ‘+ Subsidiariamente, acaso o pleito original fosse afastado e, a0 final do julgamento quanto ao recebimento da deniincia no INQ 4.005/STF prevalega a determinago de remessa dosautos as instancias ordinarias, conforme voto divergente da Relatoria do Exmo. Min. Gilmar Mendes, deve-se observar a competéncia da Justiga Estadual de Pernambuco, ¢ no da Justiga Federal em Curitiba, para dar prosseguimento ao feito, uma vez que nfo hd de se falar de ato praticado em detrimento da Petrobras, ¢ sim a0 Governo do Estado de Pemambuco. Em deliberago monocratica, 0 Exmo. Min. Edson Fachin optoupordenegar opleitodefensivo, alegando,emsintese, aincidéncia dapreclusio, posto que a prevenedio é critério relativo de definigdo de competéncia, sujeita, portanto, 4 possibilidade de saneamento pela inércia que da causa 4 preclusdo. Por tal razio, entendeu este MM. Juizo que o pleito em anilise esbarraria na norma A contida no art. 67, § 6°, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, diante da inexisténcia de arguigao oportuna manifestada pelo Requerente nestes autos, Diante da decisdo acima referida, a Defesa apresentou Agravo Regimental, onde suscitou a admissibilidade do petitério apresentado, especificamente quanto ao pleito subsididrio discutidono bojo da questo de ordem. Isto porque, esclareceu-se que era necessério reconhecer a incompeténciaabsolutada Justiga Federal do Parana em processare julgaro presente feito, acaso 0 voto divergente do Exmo. Min. Gilmar Mendes —no sentido de rejeitar a dentincia em relagao ao Senador Fernando Bezerra Coelho e remeter o restante da Acao Penal para apreciagdo perante a primeira instancia-restasse vencedor, quando do julgamento definitivo por parte desta e, 2* Turma do STF acerca do recebimento da exordial acusatéria. A PGR, porém, manifestou-se em sentido contrario, isto 6, solicitandoamanuteng&odacompeténcia da JFPR incasu, acusando indevidamente, inclusive, a Defesa de estar se utilizando de manobras meramente protelatorias com 0 fim unico de retardar a apreciagao definitiva do feito, naio observando, porém, que em momento algum a suposta demora deveu-se a qualquer agdo dos representantes do ora Requerente. A deliberagio definitiva acerca do recebimento da dentincia estava marcada para 0 tiltimo dia 08 de maio, especificamente para 12° Sessio Ordinaria da 2" Turma do STF, bem como 0 posicionamento quanto ao Agravo Regimental interposto. Entretanto, no dia anterior & deliberagio colegiada, o Exmo. Min, Edson Fachin entendeu por bem em, monocraticamente, retirar o feito da pauta dejulgamento e, em virtude do precedente estabelecido no bojo da AP 937, referente a limitagao do foro por prerrogativa de funcdo, declinou da competéncia do STF para processar e julgar o recebimento da dendncia inicialmente ofertada pela Procuradoria-Geral da Repiiblica, remetendo-a, ato continuo, a 13* Vara Federal da Segao Judicidria do Parand, decisum este em flagrante colisio com os precedentes firmados pela 2* Turma do STF no bojo das PETs 6.863/STF e 6.727/STF. Ademais,o Exmo. Min. Edson Fachin considerou prejudicados os Agravos Regimentais interpostos nos autos, anotando, porém, que tais matérias poderiam ser eventualmente analisadas pelo Juizo de primeiro grau. A Irresignado com referido decisum monocratico, que, como ja dito, & data vénia colidente com outros precedentes j firmados por esta e. Suprema Corte, o Requerente interpde o presente Agravo Regimental. Em sintese, é 0 que se relata. 2. DA ADMISSIBILIDADE DO PRESENTE AGRAVO REGIMENTAL. PRECEDENTES ESTABELECIDOS POR ESTA COLENDA 2" TURMA DO STF NO BOJO DAS PETS 6.863/STF E 6.727/STF. ESTABELECIMENTO DE COMPETENCIA DA JUSTIGA ESTADUAL PARA A APRECIACAO DO FEITO REMETIDO PARA A PRIMEIRA INSTANCIA. QUESTAO DE COMPETENCIA ABSOLUTA, NAO RELATIVA. MATERIA DE ORDEM PUBLICA. INEXISTENCIA DE PRECLUSAO PRO JUDICATO. DEFESA QUE DE FATO MANIFESTOU-SE NA PRIMEIRA OPORTUNIDADE APOS O JULGAMENTO QUANTO AO RECEBIMENTO DA DENUNCIA. RECONHECIMENTO DA AUSENCIA DE VINCULACAO DOS FATOS ALINARRADOS COM A OPERACAO LAVA-JATO. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSAO DE BENEFICIOS EM DETRIMENTO DA PETROBRAS POR PARTE DOS REPRESENTANTES DO ESTADO DE PERNAMBUCO. ESTADO DE PERNAMBUCO QUE FIGURARIA COMO SUPOSTO PREJUDICADO PELAS CONJECTURADAS TRATATIVAS ILiCITAS. RECONHECIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM CASOS IDENTICOS. INTEGRAL PROVIMENTO DO PRESENTE AGRAVO REGIMENTAL QUE SE IMPOE. Do que seextrai dodecisum publicadono ultimo dia 10 demaio, os argumentos utilizados por esta Douta Relatoria especificamente quanto ao tema competéncia, ceme do presente Agravo, foram proferidos nos seguintes termos: “Ocasoem tela, no qual ainda nao se haviaconcluido o julgamento de admissibilidade da deniincia, cuida, como visto, de fatos atribuidos ao atual Senador da Repiblica Femando Bezetra de Souza Coclho praticados na qualidade de Secretirio de Desenvolvimento Econémico do Estado de Pemambuco e Presidente do Complexo Industrial Portudrio de Suape, nos anos de 2010 e 2011, em momento anterior, portanto, a sua investidura no mandato, em 1°.2.2015, oportunidade em que lhe conferido foro por prerrogativa de fungdio neste Supremo Tribunal Federal. Essa circunsténcia evidenciaa inexisténcia de causa aptaa justificar a prorrogagao da competéncia desta Suprema Corte para o processamento da agaio penal motivo pelo qual os autos devem ser remetidos a 13* Vara Federal da Subsecao Judiciaria de Curitiba/PR, em razao da evidente conexdo com outras ages penais que la tramitam. Com efeito, a despeito da posigo ocupada por Fernando Bezerra de Souza Coelho a época dos fatos ¢ do auxilio prestado ao ex-Governador do Estado de Pernambuco, & certo que as supostas vantagens indevidas tidas como por estes recebidas, nos termos da deniincia ja ofertada pela Procuradoria-Geral da Republica, foram originarias de empreiteirascartelizadas que se revezavam nas ontratagdesno ambito daDiretoriade Abastecimento da Petrobras S/A. Ao lado disso, a narrativa exposta na acusatoria reproduz.a suposta pritica do crime de corrupgao no contexto da contratag2o, pela Petrobras S/A, da construgdo da RefinariadoNordeste,tambémconhecidacomoRefinaria AbreueLima,circunstancia ‘que, uma vez mais, atesta que os delitos denunciados foram, em tese, praticados em detrimento da aludida sociedade de economia mista federal. ‘Nao desconhego o entendimento firmado pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal no julgamento da PET 6.863, no qual se decidiu pela remessa de termos de depoimento relacionados a fatos anilogos a0 Poder Judiciatio do Estado de Pernambuco. Todavia, constato aqui panorama fitico-processual diverso, pois os autos em andlise emnadaseassemelhamaquelesremetidosa Justiga Estadual, tendoem vista que, neste caso, ja ha delimitagao da pretensdo punitiva estatal formalizada pela Procuradoria- Geral da Repablica, na qual, insisto, nao é narrada qualquer malversagao de verbas ou afetagdo do patriménio do Estado de Pemambuco em razo das condutas atribuidas, aos denunciados e sequer se cogita de infragao definida na lei eleitoral. lids, os proprios agentes pitblicos do Estado de Pernambuco denuneiados teriam se dirigido a Paulo Roberto Costa, Diretor de Abastecimento da Petrobras $/A, para solicitar vantagens indevidas no contexto da construgao da Refinaria Abreu e Lima, ‘encargoadimplido pelas empreiteirascontempladas com contratosnoaludido projeto, mediante disponibilizagao de recursos obtidos ilicitamente da referida sociedade de ‘economia mista federal, conforme se infere do seguinte excerto da incoativa, o qual repiso: (.) Nesse cenairio, os autos devem ser encaminhados & 13* Vara Federal da Subsegdo Judiciéria de Curitiba/PR, com fundamento no art. 76, III, combinado com o art. 78, I ¢, do Cédigo de Processo Penal, 3. Ante o exposto, com fundamento no art. 21, § 1°, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e do art. 109 do Cadigo de Processo Penal, reconhe¢o, por causa superveniente, aincompeténcia deste Supremo Tribunal Federal, determinando a remessa dos autos a0 Juizo da 13* Vara Federal da Subsecao Judicidria de Curitiba/PR. Declaro prejudicados os agravos regimentais interpostos nos autos, anotando que tais, matérias poderao ser objeto de anilise pela novainstancia. Publique-se. Intime-se.” Conforme se percebe, este M.M. Juizo, apés concluir que em virtude do julgamento havido no bojo da AP 937 no deteria mais da competéncia A para prosseguir com 0 julgamento acerca do recebimento da exordial acusatéria, declinou de sua competéncia e remeteu os autos a 13° Vara Federal da SJPR. ‘Tal remessa, destaque-se, foi consubstanciada nos seguintes argumentos: © (1) Terem as verbas sido originadas de empreiteiras cartelizadas que se revezavam nas. contratagdes no ambito da Diretoria de Abastecimento da Petrobras S/A; © (II) Narrativa exposta na exordial reproduzir a suposta pritica de crime de corrupgio no contexto da contratagdo, pela Petrobras S/A, da construgdo da Refinaria do Nordeste, circunstancia que atestaria que os delitos foram praticados em detrimento da referida empresa; # (I) Apesarde ter conhecimento do precedente da PET 6.863/STF, os presentes autos em nada se assemelhariam com 0 referido julgado, nao devendo ser remetidos para z Justiga Estadual de Pernambuco, mas & JFPR: Isto porque, o panorama fitico-processual serial “diverso”, posto que, in casu, j4 haveria delimitagao da pretensdo punitiva estatal formalizada sob a forma de uma dentincia, bem como nao seria narrada, na presente dentineia, qualquer malversago de verbas ou afetagio do patriménio do Estado de Pernambuco em razio das condutas atribuidas aosdenunciados; © (IV) O pedido de pagamento de vantagens ter supostamente se dirigido & Paulo Roberto Costa, Diretor de Abastecimento da Petrobras S/A, encargo este adimplido pelas empreiteirascontempladascomcontratosnoaludido projeto, mediante disponibilizagaode recursos obtidos da Petrobras. Pois bem. Em que pese os nobres argumentos tragados no referido decisum, € preciso apontar que a decisio monocratica deste M.M. Juizo se encontra, data mdxima vénia, equivocada no que tange ao estabelecimento da competéncia da 13* Vara Federal do Parand para processar e julgar 0 feito, devendo ser ele remetido a Justiga Estadual de Pernambuco, conforme precedentes fixados no bojo da PET 6.863/STF e PET 6.727/STF. Explica-se. Apesar dos fatos narrados no bojo da deniincia oferecida pela PGR de fato se relacionarem com a Petrobras e, em especifico, as obras da RNEST, é preciso perceber que as irregularidades em tese praticadas pelos denunciados se conectam a aludida empresa apenas de formaindireta. De inicio, é de se observar que 0 procedimento que em tese justificaria a competéncia da 13* Vara Federal da Seco Judiciéria do Parana seria a Agiio Penal n°. 5026212-82.2014.4.04.7000/PR. Areferida Acdo Penal tem como objeto apurar a ocorréncia de desvios de numerarios ptiblicos ocorridos na construgao da Refinaria Abreue Lima A — RNEST, no Municipio de Ipojuca, Estado de Pemambuco, o que teria ocorrido através do pagamento de contratos superfaturados a empresas que prestaram servigos direta ou indiretamente a Petrdleo Brasileiro S/A — Petrobras, isso no periodo de 2009 a 2014. A obra, orgada inicialmente em 2,5 bilhdes de reais, teria alcangado atualmente o valor global superior a 20 bilhdes de reais. Neste sentido, ¢ de se observar que o referido procedimento tem como escopo apurar a solicitagdo, por parte dos agentes puiblicos da Petrobras, em especifico o Sr. Paulo Roberto Costa, e o posterior pagamento de vantagens indevidas oriundas dos contratos firmados no Ambito da Refinaria do Nordeste — RNEST. Oreferido funciondrio da Petrobras, ao menos de acordo com a sentenga exarada pelo MM. Juizo de Curitiba/PR, teria se organizado em conluio de designios com diversos outros individuos, entre politicos e operadores financeiros, no sentido de cobrar percentuais fixos das empreiteiras contratantes da Diretoria de Abastecimento, com o objetivo de beneficiar indevidamente a si ¢ aos integrantes do Partido Progressista. Veja-se, em sintese, que 0 Sr. Paulo Roberto Costa realizava cobrangas a diversas empresas utilizando-se da sua posigao de poder dentro do contexto da Petrobras, chegando muitas vezes atéa ameacar as empreiteiras acaso os percentuais cobrados nao fossem adimplidos conformesolicitado. O beneficio por ele concedido, ademais, era o de facilitar ao maximo o suposto esquema de cartelizacao das construtoras com a Petrobras, conhecido como o “Clube das Empreiteiras”, bem como de possibilitar o superfaturamento de obras e a facilitagdo na cobranga de aditivos contratuais. E de se perceber, em sintese, que o Sr. Paulo Roberto Costa atuava de forma a causar severos prejuizos 4 Petrobras, prometendo, e de fato oferecendo, beneficios em detrimento da empresa publica. Ocorre que, apesar do referido contexto fatico envolvendo especificamente 0 Sr. Paulo Roberto Costa, as condutas imputadas aos ora denunciados, no contexto da edificagao da Refinaria Abreu e Lima (RNEST) se relacionam aos contratos da Petrobras apenas de forma indireta. Isto porque, a suposta solicitagao do Sr. Aldo Guedes Alvaro, segundo citado pelos delatores, tinha como contrapartida nao o beneficiamento da A Odebrecht em detrimento a Petrobras, mas sim em relagiio ao Estado de Pernambuco. Ora, inicialmente, nem o Requerente, tampouco 0 ex- Governador de Pernambuco, ou sequer o Senador Fernando Bezerra Coelho, poderiam fornecer qualquer beneficio 4 Odebrecht no ambito da Petrobras, dado que sobre ela nao possuiam qualquer ingeréncia. Deste modo, ainda que assim desejassem, jamais poderiam eles determinar qual empresa seria contratada, qual 0 prego da obra, se era ou nfo cabivel o valor apresentado como aditivo, enfim, nada, absolutamente nada poderia ser feito para beneficiar a Odebrecht junto a Petrobras. Na verdade, segundo apontam os prdprios delatores da Odebrecht, no contexto da PET 6.863/STF, o Sr. Aldo Guedes teria expressamente delimitado quais seriam os supostos beneficios que seriam fornecidos pelo Governo do Estado de Pernambuco 4 Odebrecht, como contrapartida pelos pagamentos indevidos em tese realizados no contexto da edificagao da RNEST. Neste sentido, observe-se os seguintes trechos dos depoimentos dos Srs. Marcio Faria e Hilberto Alves: Procurador da Repablica: Sé um detalhe, 0 senhor o recebeu jé sabendo que ele se colocava como o representante... Colaborador Marcio Faria: Olha, eu ja tinha ouvido falar, mas ele expressou isso claramente, eu ndo sei se para mostrar poder, na reuniio. Eu o recebi com educa Procurador da Repiiblica: Tudo bem, mas o senhor o recebeu... Ele foi apresentado de que maneira, pata 0 senhor agendar areunido? Colaborador Marcio Faria: Ele me ligou se identificando, por intermédio de Jodo Pacifico, que deu o meu telefone para ele. Ele disse: 'olha eu sou de Pernambuco gostaria de me reunir com vocé. E eu disse que perfeitamente. Eu jé sabia que ele era ligado ao Governador. Procurador da Repub! las o senhor sabia como? Colaborador Marcio Faria: Nao, em conversas com o proprio Pacifico, a gente ja sabia, Procurador da Repibl fas nada especifico a este objeto? Colaborador Marcio Faria: Nada especifico a este objeto, porque o Governo do Estado era o nosso cliente, era a Petrobras. Procurador da Repiblica: Mas o senhor tinha conhecimento que ele tinha uma ligagao com 0 Governador de Pernambuco, Colaborador Marcio Faria: Isso. G) Procurador da Repiblica: Nessa reuniao ele se colocou como representante? 10 A Colaborador Mareio Faria: Isso, ele se apresentou de uma forma mais objetiva, sem muito rodeio, ¢ ele disse o seguinte: ‘olha, vocés vio fazer obra em Pernambuco e eu souo tinico representante do Governador Eduardo Campos e vim dizerque aexemplo da obra de terraplanagem, onde a Odebrecht & uma das participantes e houve uma contribuigo para o Governo...’ Dai eu perguntei ‘como é que é”? E ele explicou que tinha um Conséreio de Infraestrutura.... Eu disse que nés tinhamos ganhado a obra na Petrobras, mas disse que tudo bem, pois a gente quer ter umarelagio boa com vocés, vamos trabalhar no Estado ¢ eu Ihe perguntei: ‘Qual a sua demanda®, Ele viroue falou que queria 2%. E disse: Eu sei que o contrato de voces é da ordem de 4 bi e meio, entio eu estou falando de 90 milhdes’, Eu virei e disse: olha, eu acho que nés estamos em outro planeta. Calma, o que é que é isso? Qual a contrapartida? A contrapartida uma vez que quem me paga é a Petrobras, que o contrato é com a Petrobras, etc.’ Ele insistiu muito nessa histéria do contrato de terraplanagem e disse que o Governo de Pernambuco ia dar apoio incondicional nosso na condugie do contrato, ¢ com énfase muito forte nas relagdes sindicais, uma vez que vocé ia ter 50 mil pessoas de todas as contratistas (ininteligivel) e que ele poderia ajudar. Eu lhe disse ‘olha, incompativel, nao tem a menor possibilidade de uma contribuigaio nesse valor, porém, para mostrar que a gente quer manter uma boa relagdo com vocés, 0 Governo de Pemambuco, 0 que nés vamos dar é 0 valor de 7 milhdes e meio por empresa. Ele reclamou, mas eu Ihe disse que era o quenés tinhamos.— Transcrigdo livre feita pela Defesa. Procurador da Republica: E qual era a missio, qual foi a missdo que o senhor recebeu da solicitagaio do senhor Jodo Pacifico em relagdo ao senhor Aldo Guedes? Colaborador Hilberto Silva: Ele devia um dinheiro ao seu Aldo Guedes, no conseguia viabilizar a forma de fazer o pagamento. Fai eu fui a Recife, atendendo ao pedido dele ¢ levei Fernando comigo. Sempre que tinha pagamento eu colocava Fernando na reunio porque o andamento do assunto seria 0 pagamento ¢ ai era um assunto que era coordenado por Femando. Procurador da Repiiblica: Qual a causa dessa divida do Jodo Pacifico com o Aldo Guedes? Colaborador Hilberto Silva: Eu acredito que alguma obra, no me recordo qual, que o Pacifico tava efetuando pra empresa de saneamento. Procurador da Repiiblica: E Marcio Faria, o senhor conhece? Colaborador Hilberto Silva: Também conhego, era o diretor-superintendente da aérea de engenharia industrial, que tava envolvido na obra também — que as vezes ‘numa obra que tinha diferentes tipos de contrato, de especificagao, era feito por duas areas, dois diretores diferentes, entendeu? Procurador da Repablica: o Marcio Faria participou desse ajuste? Do Joao Pacifico com o Aldo Guedes? Colaborador Hilberto Silva: Nao, 0 Marcio Faria ndo estava na reuniao, mas ele autorizou pagamentos. Esse pagamento seria cobrado de Marcio, debitado a Marcio,e a Benedito Jiinior, chefe de Pacifico. Procurador da Repiiblica: E 0 senhor ndo tem ideia de qual obra seja essa? Colaborador Hilberto Silva: Nao. Tinham muitas obras que estavam sendo executadas internamente, 1 A Procurador da Repiblica: E 0 senhor acredita que essa obra seja relacionada a refinaria de Abreu e Lima? Colaborador Hilberto Silva: E possivel. E possivel... porque refinaria precisa de gua, entio com certeza a empresa de sancamento de Recife deveria ti construindo alguma coisa para fornecer égua 3 refinaria. — Transcrigdo livre feita pela Defesa. Do que se extrai dos dois depoimentos acima transcritos, o Sr. Marcio Faria afirmou expressamente que a solicitagdo supostamente feita pelo Sr. Aldo Guedes teria como contrapartida 0 “apoio incondicional nosso na condugio do contrato, e com énfase muito forte nas relacdes sindicais, uma vez que vocé ia ter 50 mil pessoas de todas as contratistas (ininteligivel) e que ele poderia ajudar.”. Jé o Sr. Hilberto Silva destaca que os pagamentos foram realizados em razio de uma divida do Sr. Joo Pacifico com uma empresa de saneamento, em tese comandada pelo Sr. Aldo Guedes. Independentemente da veracidade ou nao destas versdes, oque se evidencia, na pritica, é a impossibilidade dos agentes piblicos do Estado de Pernambuco em fornecer qualquer tipo de vantagem em detrimento da Petrobras. E de se ressaltar, inclusive, que 0 proprio Ministério Publico Federal, em sede da deniincia que ofereceu nestes autos, faz quest&o de ressaltar precisamente este ponto, isto é, de que as contrapartidas em tese oferecidas pelos agentes politicos de Pernambuco as empresas envolvidas na construgao da RNEST tinham 0 objetivo de que “fossem asseguradas as obras de infraestrutura e garantidos os incentivos tributdrios, de responsabilidade politico- administrativa estadual, indispensdveis para a implantagéo de todo o empreendimento, o que acabou de fato ocorrendo.” (Fl. 03 da exordial). © que se percebe, na realidade, é que acaso verdadeiras as acusagdes — 0 que se admite apenas ad argumentadum tantum—a entidade prejudicada pelas supostas agées ilicitas nao foi, em nenhuma hipétese, a Petrobras, mas sim 0 Estado de Pernambuco, uma vez que supostamente foram praticados atos e contratos administrativos em detrimento dos interesses do Estado, com a finalidade escusa de beneficiar as empreiteiras nas obras de infraestrutura realizadas no ambito estadual. Nem se fale, tampouco, que os valores supostamente pagos teriam causado qualquer prejuizo a Petrobras, uma vez que além de nao haver qualquer comprovagdo neste sentido, os valores em tese pagos pela Odebrecht faziam parte da sua propria margem de lucro, no tendo havido qualquer 12 A modificacao contratual para abarcar 0 suposto pagamento indevido de numerdrios aos agentes piiblicos do Estado de Pernambuco. Nao bastassem todos estes argumentos, é preciso perceber que este préprio Supremo Tribunal Federal, através de sua 2° Turma, jé se debrugou, em duas oportunidades, sobre situagao juridica idéntica e, em ambas oportunidades, a solugdo apresentada foi diametralmente oposta aquela inserida no contexto da decisao monocratica ora agravada. Isto porque, conforme sabido por V. Exa., tramitam perante esta Colenda Corte dois outros procedimentos conexos ao dos presentes autos, cujo escopo & 0 de investigar a suposta perpetragao de condutas ilicitas no bojo da edificagdo da Refinaria do Nordeste - RNEST por parte de agentes politicos do Estado de Pernambuco: a PET 6.727 e a PET 6.863. Do que se extrai dos referidos feitos, 0 Sr. Aldo Guedes vem sendo apontado pelos colaboradores como um dos responsdveis pela operacionalizagao dos pagamentos supostamente solicitados pelos agentes piblicos pernambucanos. Todos os casos, porém, possuem a mesma origem: a suposta realizacdo de pagamentos indevidos para os membros do Partido Socialista Brasileiro como contrapartida ao Governo do Estado de Pernambuco pelos potenciais auxilios prestados & nivel estadual para a edificacao da Refinaria do Nordeste - RNEST. Em outras palavras, a decisdio deste M.M. Juizo acarretaré em uma apurago de diversos contratos, realizados no contexto de uma mesma obra, através de mais de um procedimento, o que, data vénia, mostra-se nao apenas descabido como, inclusive, impinge claro prejuizo & compreensio fatica, e, por via consequencial, a defesa do Requerente e demaisdenunciados. A vista disso, convém tecer breves comentarios sobre cada um dos dois procedimentos em discussio, para que, ao final, reste evidenteanecessidade de remessa dos autos 4 Justica Estadual de Pernambuco, ¢ nao 4 13* Vara Federal de Curitiba/PR dada a natureza do prejuizo perpetrado. Atente-se. DO CONTEXTO DA PET 6.863/STF. PRIMEIRO PRECEDENTE PARADIGMATICO AO PRESENTE CASO. APURACAO SOBRE OS MESMOS CONTRATOS ORA DENUNCIADOS. CISAO INDEVIDA DAS SUPOSTAS IRREGULARIDADES DE UM MESMO CONSORCIO (CONEST) EM DOIS PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS A DISTINTOS. DECISAO DA SEGUNDA TURMA DO STF, EM SEDE DE AGRAVO REGIMENTAL, PELA REMESSA DOS AUTOS A JUSTICA ESTADUAL DE PERNAMBUCO. A PET n°. 6.863/STF, assim como o presente Inquérito, também trata da suposta pratica de ilicitos relacionados as obras da RNEST, cumprindo destacar que as colaboragdes premiadas ali acostadas dizem respeito, especificamente, a dois contratos celebrados pela Construtora Norberto Odebrecht — em Consércio com a OAS, denunciada pelos mesmos fatos nestes autos — com a Petrobras. Os objetos desses contratos relacionavam-se implantagio de unidades de destilagao atmosférica (UDA) ¢ a implantagio de unidades de hidrotratamento de diesel, nafta e geragao de hidrogénio (UHDT), em dezembro de 2009. A narrativa eriada pelos colaboradores da Odebrecht quanto 0s fatos é a de que o Requerente solicitou, em nome do entao Governador Eduardo Campos, o pagamento de vantagens indevidas relacionadas indiretamente as duas obras obtidas e executadas pela Odebrecht, em Consércio com a OAS, no ambito da RNEST, Ocorre que, essa col. 2* Turma do e. STF no julgamento do AgRg nos autos da PET n°, 6.863/STF, em sessio ocorrida no dia 06 de margo de 2018, interposto por esta mesma defesa também em favor do Sr. Aldo Guedes, produziu precedente fundamental, cujos efeitos devem também se estender aos presentes autos. No bojo do referido procedimento, a defesa ventilou que a Petigdo n° 6.863/STF deveria permanecer em trdmite perante esta Corte dada sua intima relago com os fatos apurados nos autos do INQ n°. 4.005/STF, ou, subsidiariamente, fosse determinada sua remessaa Justica Estadual de Pernambuco, e no a 13* Vara Federal de Curitiba, uma vez que os fatos em apuragdo no apontavam nenhum prejuizo a Petrobrés, mas sim ao Govemno do Estado de Pernambuco (tal qual in casu). Ao analisar o recurso, 0 e. Ministro Gilmar Mendes abriu divergéneia para dar-Ihe parcial provimento e reconhecer a competéncia da H Pernambuco para apurar a suposta pratica de ilicitos em contratos relacionados 4 A RNEST, no que foi seguido pela maioria dos Ministros (vencido 0 e. Ministro Relator)? Independentemente da veracidade ou nao das narrativas, o que se evidenciou, na pratica, foi a impossibilidade dos agentes publicos do Estado de Pernambuco em fornecer qualquer tipo de vantagem em detrimento da Petrobras. Com efeito, as supostas vantagens recebidas teriam se dadoem detrimento, unicamente, do Governo do Estado de Pernambuco, na medida em que a suposta contrapartida oferecida seriam a garantia de infraestrutura e incentivos tributarios por parte do Governo do Estado. Até porque, nem o Requerente, tampouco 0 ex-Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, poderia fornecer qualquer beneficio 4 Odebrecht no ambito da Petrobras, dado que sobre ela nao possuiam qualquer ingeréncia. Assim, 0 parcial provimento do AgRg na PET n°. 6.863/STF para “remeter a uma das varas criminais de Recife (PE) termos de colaboracéo premiada da Odebrecht referente a fatos supostamente criminosos no ambito da Refinaria Abreu e Lima” somente corrobora 0 argumento de auséncia de prejuizo a Petrobras. Perceba-se que 0 posicionamento do e. Ministro Gilmar Mendes tomou por base o entendimento firmado nos autos do INQ 4130, noqual se estabeleceu que os fatos conexos aos feitos em tramite na 13° Vara Federal de Curitiba so somente aqueles relativos a fraudes e desvios no Ambito da propria Petrobras. Em outras palavras, nfo havendo demonstragio de prejuizo a aludida sociedade de economia mista, nao hé como o feito tramitar perante o Juizo Federal do Parana. Assim, ao julgar 0 referido recurso, embora 0 e. Ministro Gilmar Mendes nao tenha reconhecido a necessidade de manutengao da unicidade do feito, ao menos encampou a tese defensiva subsididria para reconhecer apenas a relagao indireta entre os fatos trazidos pelos colaboradores da Odebrecht e a Petrobras. 2 A devisio ainda nao foi publicada, todavia, é possivel conferir o resultado do julgamento através da consulta processual dos autos da PET n°. 6.863/STF no sitio eletrénico do STF, ou mesmo pela noticia veiculada no seguinte eletrénico: hutp:!portal st jus.be/noticias’verNoticiaDetalhe.asp%d 3 Decisio aguardando publicagdo. Noticia disponivel no sitio eletrOnico do STF (bem como naconsulta processual da PET 6.865/STF). Iutp:/portal sf jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteulo=3 15 A Tal fato importa sobremaneira ao presente caso pois se reconheceu quea “real vitima” pelos supostos ilicitos praticadosno ambito das obras da RNEST foi 0 proprio Governo do Estado de Pernambuco. Neste sentido, inclusive, foram as palavras do Ministro Gilmar Mendes: “ainda que ligado a obras da Petrobras, a vitimadiretaé o governo do estado. Tendo isso emvista,néio vejo atragao da competéncia pela conexaio™. Desta feita, data mdxima vénia, o argumento esposado por esta Douta Relatoria, no sentido de que o precedente gerado pela PET 6.863/STF nao ser extensivel aos presentes autos, posto que “em nada se assemelhariam com o referido julgado”, nao subsiste a uma andlise mais detalhada, posto que a tnica diferenca entre ambos é que um dos feitos foi oferecida uma deniincia e no outro nao. Os personagens envolvidos, a obra, as empresas citadas, o consércio, os contratos, sao absolutamente idénticos, mostrando-se, data venia, incoerente o tratamento com dois pesos e duas medidas para uma tinica situacao fatico-juridica. CONTEXTO DA PET 6.727/STF. SEGUNDO PRECEDENTE PARADIGMATICO AO PRESENTE CASO. APURACAO SOBRE O CONTRATO DE TERRAPLANAGEM DA REFINARIA DO NORDESTE. INEXISTENCIA DE PREJUIZOS A PETROBRAS, MAS APENAS AO. ESTADO DE PERNAMBUCO. SEGUNDA TURMA DO STF QUE, DE OFICIO, DETERMINOU A REMESSA DOS AUTOS A JUSTICA ESTADUAL DE PERNAMBUCO. Outro precedente paradigmatico da 2* Turma do STF diz respeito & PET 6.727/STF, em que 0s colaboradores do Grupo Odebrecht atribuem a suposta pritica de ilicitos por parte do Requerente e do ex-Governador do Estado de Pernambuco, ja falecido, com fatos relacionados a obra de terraplanagem da Refinaria do Nordeste — RNEST. Em sintese, a narrativa eriada pelos executivos da Odebrecht quanto aos fatos é a de que o Requerente teria solicitado, em nome do entio Governador Eduardo Henrique Accioly Campos, o pagamento de vantagens indevidas relacionadas indiretamente & obra de terraplanagem obtida e executada pela +hup://portal stfjus.be/n x 4 verNoticiaDetalhe.asp2idConteud A Odebrecht, em Consércio com a Queiroz Galvao, Galvao Engenharia e Camargo Corréa, no ambito da RNEST. A Defesa apontou, primeiro em sede de Agravo Regimental ¢ posteriormente de Embargos de Declaracdo, que as condutas relacionadas a0 Requerente no ambito da obra de terraplanagem da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), se relacionavam aos contratos da Petrobras apenas de forma indireta. Isto porque, a suposta solicitagao do Sr. Aldo Guedes Alvaro, segundo citado pelos delatores, tinha, mais uma vez, como contrapartida no 0 beneficiamento da Odebrecht em detrimento A Petrobras, mas sim em relagdo ao Estado de Pernambuco. Ora, conforme ja ressaltado anteriormente, nem o Requerente, tampouco 0 ex-Governador de Pernambuco poderia fornecer qualquer beneficio A Odebrecht no ambito da Petrobras, dado que sobre ela n&o possuiam qualquer ingeréncia. Deste modo, ainda que assim desejassem, jamais poderiam eles determinar qual empresa seria contratada, qual o prego da obra, se era ou nao cabivel o valor apresentado como aditivo, enfim, nada, absolutamente nada poderia ser feito para beneficiar a Odebrecht junto & Petrobras. Na verdade, segundo apontam os préprios delatores no ambito da PET 6.863/STF — igualmente relacionada as irregularidades em tese perpetradas no contexto da RNEST -, o Sr. Aldo Guedes teria expressamente delimitado quais seriam os supostos beneficios a ser fomecidos pelo Governo do Estado de Pernambuco a Odebrecht, como contrapartida pelos pagamentos indevidos em tese realizados. O que se demonstrou, em sintese, no referido precedente, foi que a competéncia para julgar os fatos relacionados a obra de terraplanagem da RNEST igualmente seriam de competéncia da Justica Estadual de Pernambuco, pois 0s fatos objetos de apuragdo na referida Peticdo eram intrinsecamente relacionadas aqueles apurados na PET n°. 6.863/STF, jé direcionada ao Juizo Estadual de Pernambuco desde o julgamento do AgRg na aludida PET realizado no dia 06 de margo de 2018. A Desta feita, restava clarividente a inexisténcia de qualquer prejuizo Petréleo Brasileiro S/A pelas supostas condutas praticadas pelo Requerente quanto aos fatos relacionados as construgdes da RNEST, afastando-se, assim, a competéncia da 13° Vara Federal da Secao Judiciaria do Parana para processar e julgar 0 caso. Como demonstrado, a competéncia para apurar tais fatos, assim como reconhecido no ambito da PET n°. 6.863/STF, também seria da Justiga Comum de Pernambuco. Atentos a todos estes argumentos, os Exmos. Ministros que compéem a 2° Turma, por maioria dos votos, acataram 0 voto divergente esposado pelo Exmo. Min. Dias Toffoli, que lembrou, em seu posicionamento, que apés o julgamento inicial do Agravo Regimental interposto pela Defesa, realizado, destaque- se, em Julgamento Virtual, a Segunda Turma julgou o Agravo Regimental na PET 6.863/STF, que gerou precedente fundamental também para a PET 6.727/STF. Desta feita, apesar de rejeitar os Embargos de Declaragdo apresentados, o Exmo. Min. Dias Toffoli votou pela remessa de oficio da PET 6.727/STF paraa Justi¢a Estadual de Pernambuco, por tratar-se de matéria de ordem publica, uma vez que constatou nao haver motivos para o envio dos autos a Justiga Federal do Parand®. Isto porque, tal qual no bojo da PET 6.863/STF, as supostas vantagens indevidas solicitadas teriam como suposta contrapartida a concessio de beneficios fiscais e de infraestrutura em detrimento do Estado de Pernambuco, nao da Petrobras”. Para o Exmo. Min. Dias Toffoli, uma vez que a PET 6727/STF retratava hipétese similar 4 trazida pela PET 6863/STF, a 2* Turma deveria seguir 0 mesmo entendimento, sendo o seu posicionamento acompanhado pelos Ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes, formando a maioria. Desta feita, também no que pertine a PET 6.727/STF, a 2° Turma do STF entendeu por bem em retirar 2 competéncia para a andlise e processamento das investigacdes da JFPR, remetendo-o paraa Justia Estadual de Pernambuco. $ Decisao aguardando publicagao, Noticia disponivel nositioeletrdnico do STF (bem como na consulta processual da IF), A DAS CONCLUSOES. REMESSA DESTES AUTOS PARA A JUSTICA ESTADUAL DE PERNAMBUCO. = NECESSIDADE dE UNIFORMIZACAO JURISPRUDENCIAL. SEGURANGA JURIDICA. PRECEDENTES FIRMADOS NO CONTEXTO DAS PETS 6.863/STF E 6.727ISTF QUE SAO IDENTICOS AO CASO DESTES AUTOS. COMPETENCIA ESTADUAL, NAO FEDERAL. MATERIA DE ORDEM PUBLICA. RISCO POTENCIAL DE NULIDADES NOS FUTUROS, ATOS PROCESSUAIS. IMPERIOSA REMESSA DOS AUTOS A JUSTICA ESTADUAL DE PERNAMBUCO QUE SE IMPOE. Diante de todo o exposto, tendo o proprio STF reconhecido, em duas oportunidades, que compete a uma das Varas Criminais da Comarca de Recife/PE analisar as supostas ilegalidades trazidas pelos delatores da Odebrecht referentes aos contratos obtidos durante construgio da RNEST, seja na obra de terraplanagem, sejanaedificagao propriamente ditadaRefinaria,hadesereconhecer que os fatos apurados no presente Inquérito também ndo guardam relagao direta com a Operagao Lava Jato. E isto por uma razio evidente: os fatos do presente Inquérito 4.005/STF também estio relacionados & supostas contrapartidas para a construcdo da RNEST por parte — e em detrimento — do Estado de Pernambuco. Dessa maneira, os precedentes criados nos autos das PETs n°. 6.863/STF ¢ 6.727/STF demonstram que falece competéncia da Justica Federal do Parana para analisar a matéria sob enfoque, uma vez que nio se esta falando. aqui, de fatos diretamente ligados & Operaco Lava-Jato. Assim, diante da decisio monocratica proferida por este Exmo. Relator, urge frisar, desde j4, a competéncia da Justica Estadual de Pernambuco, e nao da JFPR, também para julgar o presente feito. Da mesma forma que na PET n° 6.863/STF e na PET n° 6.727/STF, 0 caso em apreco apenas guarda relacdo indireta com a Petrobras (Operagao Lava Jato). Desta feita, deve-se observar os precedentes criados nos autos das aludidas Petigdes para se reconhecer a impossibilidade de remessa dos autos A 13* Vara Federal de Curitiba/PR, atualmente preventa apenas para julgar os casos envolvendo os processos diretamente ligados & Operagao Lava Jato. A Na realidade, como a PET 6.863/STF, a PET 6.727/STF e 0 INQ 4.005/STF tratam, em alguma medida, de uma mesma obra e, especificamente a PET 6.863/STF, de uma mesmo contrato, visto que houve uma injustificada cisdo entre um mesmo consércio (CONEST) com cada uma das empresas integrantes envolvida em um procedimento especifico (OAS e ODEBRECHT), seria data venia teratolégico remeter um dos feitos & Justica Estadual de Pernambuco (Pet. 6.863/STF) e outro a JFPR (Inq 4.005/STF). Assim, constatado que a entidade prejudicada pelas supostas ilicitudes apuradas no caso em aprego foi o proprio Governo do Estado de Pernambuco, e nao a Petrobras, outra conclusio nio se mostra possivel se nao ade que a instncia competente para processar e julgar a presente dentincia é a Justiga Estadual de Pernambuco, através de uma de suas Varas Criminais. De outra baila, niio se pode falar em incidéncia da preclusio pro judicato no que diz respeito ao argumento ora suscitado, por se tratar de matéria de ordem piblica relativa 4 competéncia absoluta para analisar o feito na primeira instancia. Ora, conforme amplamente demonstrado, o pleito defensivo, ora Agravado, dizrespeito precisamenteadiscussioacercadacompeténciadaustica Estadual, nao da Justica Federal, para processar e julgar o presente processo, acaso se concretize a remessa de parte do feito 4 primeira instdncia. Desta feita, 0 argumento utilizado pelo Exmo. Min, Relator, acerca da incidéncia da preclusdo pro judicato, diante da inexisténcia de arguigao oportuna manifestada pelo Requerente nestes autos nao é cabivel quanto ao presente argumento, mas apenas quanto ao pleito sobre a inexisténcia de prevengiio do Exmo. Min. Edson Fachin. Como é do conhecimento de V. Exas., Gustavo Badaré leciona que a chamada competéncia absoluta é aquela determinada por critérios cuja inobservancia acarreta uma nulidade insandvel. Isto é, trata-se de competéncia que nao pode ser modificada (prorrogada). Consequentemente, por se tratar de inobservancia de regra fixadano interesse publico dacorreta prestagao jurisdicional, a incompeténcia absoluta poderia até mesmo ser declarada de oficio pelo Juiz a qualquer tempo processual’, *BADARO, Gustavo Henrique. Processo Penal. 4, Ed. Sdo Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 252. 20 A ; Doutrinariamente,acompeténciaabsolutaéaquelaquedecorre dos seguintes critérios: (i) competéncia objetiva, (ii) em razio da matéria ou da qualidade das partes, e (iii) funcional’. A presente discussio, por ébvio, trata-se de um problema de competéncia objetiva, responsavel pelo estabelecimento de critérios de distribuigao das causas entre drgios de tipos diferentes, in casu, JFPR ou Justi¢a Estadual de Pernambuco. Veja-se, inclusive, que 0 no reconhecimento do referido pleito pode ocasionar, no futuro, em eventual nulidade absoluta das decises porventura tomadas no bojo da Ago Penal, acaso a dentincia seja recebida pela primeira instancia. E o que prevé, por exemplo, oart. 564, inciso I, do Cédigo de Processo Penal: Art. 564. A nulidade ocorreri nos seguintes casos: 1 por incompeténcia, suspeigo ou suborno do juiz; Desta feita, ndiohé quese falarem preclusiiopro judicato, sendo este, inclusive, o entendimento remansoso da jurisprudéncia patria: “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. CONDICOES DA ACAO. LEGITIMIDADE AD CAUSAM. BACEN. CORREGAO MONETARIA. PLANO COLLOR. CRUZADOS NOVOS RETIDOS. MEDIDA PROVISORIA N? 168/90 E LEI N° 8.024/90. MATERIA DE ORDEM PUBLICA. PRECLUSAO PRO. JUDICATO. INOCORRENCIA. INCOMPETENCIA DA JUSTICA FEDERAL, REMESSA DOS AUTOS AO JUIZO COMPETENTE. 1. As condigées da agio, como séi ser a legitimidade ad causam, encerram questdes de ordem publica cognoeiveis de oficio pelo magistrado, e, a fortiori, insuscetiveis de preclusio pro judicato, Precedentes do STJ: EREsp 295.604/MG, PRIMEIRA SECAO, DJ 01/10/2007 © AgRg no Ag 669,130/PR, QUARTA TURMA, DJ 03/09/2007. 2. In casu, oacérdao recorrido reconheceu aincompeténcia da Justiga Federal,em razao da ilegitimidade passivado Banco Central - BACEN. para responder pelacorregéo monetariarelativaaperiodo anterior transferénciadosativos retidos parao BACEN. 3. E que os bancos depositirios sdo responsaveis pela corre¢ao ‘monetiria dos ativos retidos até o momento em que esses foram transferidos a0 Banco Central do Brasil. Conseqtientemente,osbancos depositérios so legitimadospassivos quanto a pretensao de reajuste dos saldos referente ao més de margo de 1990, bem como ao pertinente ao més de abril do mesmo ano, referente as contas de poupanga cujasdatas de aniversério ou creditamento foram anteriores transferéncia dos ativos, Precedentes: REsp 637.966 - RJ, DI de24 de abril de 2006; AgRg nos EDel no REsp 214.577 - SP, DJ de 28 de novembro de 2005; RESP 332.966 - SP; DJ de 30 de junho ° BADARO, Gustavo Henrique. Processo Penal. 4, Ed, Sto Paulo: Revistados Tribunais,2016,p.235. 24

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