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J. TYNIANOV DA EVOLUCAO LITERARIA Para Borla Ealchenbaum 1 — Entre todas as disciplinas cultur (ria litera eduserva o estatuto de um territério colonial. De um lado. 6 domi- nada em larga medida (sobretudo no ocidente) por um psicologis mo individualista que substitui os problemas relatives & psicologia, do autor por problemas literérios propriamente ditos; ele subs titui o problema da evolagio literéria pelo da génese dos fondme. nos literévios. De outro lado, a aproximagio eausalista esquetaati ‘zada isola a sézie literdria do ponto onde se coloca o observador; ‘este ponto pode residir tanto nas séries sociais prineipais quanto nas sériet secundivins. Se estudamos a evolugdo Timitando-nos i aéric literiria previamente isolada, tendemos a todo momento is sé. ries vizinbas, eulturais, sociais, existenciais no mais amplo_senti do do termo; em eonseqiiéneia, somos condenadas © fiear incom. pletos. A teoria dos valores na eigncia literdria condus-nos a0 es tndo perigoso dos fenémenos principais isolados e reduz a histéria literdria A “‘histéria dos gerais””. A reagio caga A “‘histéria dos gerais"” engendrou um interesse no estudo da “literatura de mas- 106 J. Tynjanoe sa”, que no tem conseguido uma clara eonsciéncia tedrica nem de seus métodos, nem de sua signifieagi. Enfim 0 vinculo da histéria literéria com a literatura contem- porinea viva, vinculo Gil ¢ necessirio A eigneia, nio € sempre ne- cessirio © aproveitivel & literatura existente. Seus representantes ‘véem na histéria ltsrévia 0 estabelecimenta de tais ou. quais leis © normas tradicionais e eonfundem a “historieidade"” do. fend- ‘meno literério com “*historiciamo”” préprio a seu eatudo, A. ten- dancin para estudar os objetos particulares e as leis de sua cons. ‘ragio sem levar em conta 0 aspesto histérico (abuligho da histé- ria literria) 6 um resquicio do conflito precedente 2 — A histria literévia deve responder as exigéneins de au- tenticidade se cla quer tornar-se enfim uma eigneia, ‘Todos os seus termos, ¢ prineipalmente o termo “histéria literéria, devem ser ‘examinados novaments. Esse iltimo parece extremamente vago, © ocalta nio s6 « histéria dos fatos propriamente literarios mas tam- bbém a histéria de toda a atividade lingiistiea; no mais, 6 pre- tensioso porque apresenta a “histéria literéria"® como uma disc plina jé pronta para entrar na “‘histéria cultural”, enquanto a6- rie cientifieamente colecionada, Ora, até o presente no tem esse direito. 0 ponto de vista adotado determina o tipo de estudo his- trio. Distinguem-se dois prineipais: 0 eatudo da. ganese dos fe- rnémenos Titerdrios ¢ 0 estudo da variabilidado literdria, ou seja, a evolugio da. série © ponto de viste adotado para estudar um fendmeno deter- rina nio somente sus signifieagio, mas seu eardter: A génese toms, no estudo da evolugio liverdria, uma signifieagio © um earster que, certo, ndo sio os mesmos que aparecem no estudo da génese mesma, © estudo da evolugdo ou da variablidade literéria deve rom- per com as teorias de estimagdo ingénua que resultam da confusto dos pontos de vista: tomamse os eritérion préprios de um siste- ma (admitindo que eada époea constituisse num sistema particular), para julgar os fendmenos em relevo de um outro sistoma. Devo-ss entio suprimir toda a marce subjetiva; o ‘‘valor’” de tal ou qual fenémeno literivio deve ser eonsiderado como ‘siguifieagio ¢ qua- Tidade evotutiva™ Devemos proceder da mesma forma com todos os termos. que, xno momento, supdem um julgamento de valores, tais como “epi ono”, “diletantismo”, ou “literature de massa”. A nogio fun- 1.2 ouficlente anetigarmos a citeratura de mamas da Senda de vinte (6 a da déeada de ‘inte (século XE para darmonos conta da enorme Da Evolugio Literivia Wor damental da velha historia literéria, a “tradigio", no é mais que a abstracio ilegitima de um ow muitos elementos litevdrios de um sis- tema uo qual tém un eerto emprogo e certa fungio, wie & mais que sua redugio 20s mesmos elementos de vm outro sistema no qual eles ‘tém um outro emprego, 0 resultado & uma série unida apenas fie ticiamente, que nao tem seniio a aparéneia de “entidade”, A nogio fundamental da evolugio Titerivin, da awbstituigao de sistemas, © 0 problema das tradigies devem ser reeonsideradas de outro ponto de vista. 3 — Para analisar esse problema fundamental, devemos eon. vir primeiramente que a obra literaria eonstitui-se num sistema © que a literatura igualmente se constitai em outro, £ unieanot {e na base dessa eonvencio qe podenios consienir wma eigneia I terdria que, no se satisfazendo na imagem eastica dos fendmenos € das séries heterogéneas, se prope a estudé-las, Por essa eouduta nao abandonamos 0 problema da funcio das séries vizivhas nn evo ugéo Titeréria; pelo eontrario, eolocamo-lo verdadciramente. Nio 6 sem proveito que eonelnimes o trabalho analitico sobre os elementos particulares da obra: 0 assunto e o estilo, o ritmo e a sintaxe ua prosa, o ritmo ¢ a semfntien na poesia, ete.: assim nos amos conta de que poderiamos, até um certo ponto, como hipétese de trabetho, isolar esses elementos no abstrato, mas que todos os elementos eneontram-se em correlacdo miitua e interagio. O estudo ‘igerenga evolutiva quo as separa. Na década de trita, quando aa tradigSex Drecedentes automatizamse ¢ tabaiha-as sobre & matéria iterdtia acum ada, o-edictantiomos toma uma grande importincin evolutiv. B a0 dicta tlamo, a ooea atmostera de «verso naa margens do tim livro» que devemon fs aparigho de um nove fendmiene: Tiutchey que, por wuss tonaldades fntimas, transforma a lingua e os gineros posticos, A atitude siptima> rumo i literatura, attude que, do posto de vista da taoria don valores, Dareco corromper, na vertade transforma 0 bistema, Hlerisie. Balizotat fe egraforsanias "0 sdilotantismo> ea. cliteratura. de masse» da denis dle vinte, década doa mestres, déeada da eriagio dos novos géneroa Pot lieoa."Os poetas de primeira ordem.da décasa de trinta, (Go ponto do Vista de. sun importdncia na evolugio) Iutaram ‘contre aa normas pre fstabolecidas dentro do. expirito de” cdlletantes (Miutehey, Polejacy) (ou de sdoscondéncia» (Lermontov), enquanto que meamo os poctas de agunéa opiem na. década de vinte Tevam t marca dos mestres de épocs. Ghia cuniversalldades en egrandeza> que reealtam mesmo doe postes {de masea como Ollne, & claro que a slgnifieagho evolutiva doe fenome: ‘nos. como 0 sdietantismos, a cinfluéneias, ete, mudam de uma. época para outs, coo apreciagto decses Yfendmenoe é uma heranga da velba Dota terete, 108 J. Tynianov do ritmo uo verso ¢ do ritmo na prosa deveria revelar que um mesmo elemento tem funedes diferentes em sistemas diferentes. Chamo fungio construtiva de um elemento da obsa literéria como sistema sua possibilidade de entrar em correlagio com os ou- tros elementos de um mesmo sistema e conseqilentemente com o sis tema inteire, Num exame atento percebemos que esta fungdo uma nog complexa. 0 elemento relacionase simultaneamente com a série dé elementos parecides perteneentes a outras obrassistemas, verda- deivamente pertencentes # outras séries e, de outro lado, com 05 outros elementos do mesmo sistema (foneio autduoma e fungao si- nénima).. Assim o léxico de uma obra correlaciona-se sinvultaneamente, de um lado com 0 Iéxieo literirio e 0 Léxico tomado no seu todo, € de outro, com os outros elementos dessa obra, Sens dois com: onentes on melhor, suas duas fungdes resultantes, no sio equi- valentes, A Fangio dos areafsaos, por exemplo, depende inteiramente do sistema no qual sio empregados. No sistema de Lomonossov, intro- duzem o estilo cuidado, porque nesse sistema a cor léxiea apresen- ‘ta-ae de maneira dominante (empregam-se os arenisios, por assovia- gio Léxiea com a Iingua ects No sistema de ‘Tiutchey, os areaismos tém outra funedo, designam freqiientemente nogdes al ‘tratas: fontan-vodomjot®, interessante notar-ee também o empre- g0 dos areaismos em fungio iréniea: pushekgrom-musikija’ num poeta que emprega palavras como musikiskij com outra fungio em nada semelhante a primeira. A fungio autéuoma nao decide; ela apenas oferece uma possibilidade, 6 uma eondigéo da fungéa si nnima. Assim, no decorrer dos séculos xvi e xix até o tempo de ‘iutehev, vimos desenvolver-se uma vasta literatura parédiea, 0! ae os arcaismos suportam a fungio parddica, Mas naturalmente em todos esses exemplos, a decisio pertence ao sistema semintico e es- tilistieo da obra que permite pér essa forma lingilistiea em corre- lagio com o uso “‘irdnieo”” e nio com o estilo “‘elevado”” e que de- fine entdo sua fungéo, H incorreto extrair do sistema elementos particulares ¢ apro- ximélos dirctamente das séries similares pertencentes a outros sistemas, isto 6, sem levar em eonsideragfo a fangio construtiva. 2s Jato @éguo; a segunda forma 4 um arcalemo, 4 n @ trovio eo troar dos canhées; a forma mualdja é arcaica, Da Evolugio Literivia 109 4 possivel © estuco chamado “imanente” de obra en- quanto sistema, ignorando suas eorrelagées com o sistema liteririot Isolado da obra esto estudo parte da mesima abstraglo que 0 dos ‘elementos particulares da obra, A critica literdriautiliza.o fre- cientemente e com sucesso para as obras contemporaneas, porque ‘a8 correlagies de uma obra contempordnea so um fato previamente cstabelevido, que sempre subentendemos. (Toma-se agui a correla- ‘gio da obra com outras obras do autor, sus correlagio com o género, ete.) Entrotanto, mesmo a literatura contemporinea nio pode ser estudada isoladamente. ‘A existéncia de um fato como fato literério depende de sux qualidade diferencial (isto 6, de sua correlagio soja com a série li- terfria, seja com uma série extraliteréria), em outros termos, de sua fungi. : © que 6 “fato lileririo”” para uma época, serd um fendmeno lingliistieo relevante da vida social para wma outra e, inversamen- te, de acordo com o sistema literdério em relagio ao qual este fato se’ situa ‘Assim, uma earta para um amigo de Derjavine & um fato da vida social; na époea de Karamzine e de Pushkin, a mesma carta amigive) 6 wm fato literSrio. Testemunha disso é o eariier literario das memérias e dos jornais num sistema literirio © sen eardter extraliteririo em outro. © estudo isolado de uma obra no nos di a certeza de falar- mos eorretamente de sua construcio, de falarmos da propria cons trugio da obra, ‘Aqui intervém outra cireunstincia. A fungio autonoma, isto 6 f correlagio de um elemento corm uma série do elementos semelhan- tes que pertencem a outras séries, 6 uma condieio uecessiria & fan- io constrativa desse elemento. : Por essa razio, néo é indiferente que tal elemento seja “bat do”, “desgustado”” ow que no seja. O que 6 0 earater “batido”’, “desgastado”” de um yerso, de um metro, de um assunto, ete. Em ontroa termos, o que 6 a “automatizagio” de tal ou qual elemento? ‘Tomo wm exemplo da lingiistiea: quando a imagem signifi- cativa 6 desgastada, a palavra que a exprime torna.so uma expres- so da relagio, uma palavra-instrumento, auxiliar. Em outros ter- mos, sua fungio muda. Ocorre o mesmo com a automatizagéo, coin a deterioragio"” de um elemento literdrio qualquer: ele nio desaps eee, apenas sua fungio muda, tornase auxiliar. Se o metro de um 10 J. Tynianoe jpoema desgastase, cede sua fungio a outros tracos do verso pre- Fontes nesta obra, enearregando-se entio de outras fungies. “Assim, o folletim em verso do jornal 6 construido mum metro esgastade, banal, abandonsdo hé muito tempo pela poesia. Nin- {Guam o havia Lido como um “poems”, ligandoo & “poesia”. O me Try desgastado serve aqui de meio para igar © material social da Giuatidade jornalistica & série literdria. Sua funcio ¢ inteiramen qe 'diferente daquela que tem numa obra poética, Bla & ausilier © pastiche no folbetim em verso reporta-se & mesma série de fatos, Sait no tem vida litevdria a nio ser na medida em que a obra imi- Jada existe. Que signifieagio literiria pode ter o milésimo pastiche fe Quando os trigais amarelecides ondvlam de Lermontov ou do Profeta de Pushkin? Contudo, o folhetim em verso serve-se deles Froqientemente. Ocorre aqui 0’ mesmo fenimeno: « fungio do pas fake tomnouse ausiliar, serve para ligar os fatos extraliterérios a série liters Se om procedimentos do romance de aventuras desgastam-se, a fabula toma na obra fungies diferentes daquelas que teria se es jes procedimentos nio fossem usidos no sistema literério, A 1% Puls pode ser apenas uma motivagio do estilo ow um proeedimento para expor eerto material. “x grown modo, as deserigdes da natureza sos romances ant ‘gos que seriamos tentados reduzir, do ponto de vista do um eer gos Moma iterdrio, a uma fungio auxiliar, de jungio ou de di- Tninigao da agio (e entio a quase rejeité-las), deveriam, do ponto Te vista de um outro sistema Iiterério, ser consideradas como ele- seaate prineipal o dominante pelo qual pode oeorrer que 2 fébula mace apenas motivagio, pretexto para acumular as ‘‘deserigies est i”. ‘5 — 0 problema mais dificil ¢ o menos estudado, o problema dos géneros Hterarios, resolvese da mesma forma. O romance pi scenos ver um genero homogéneo, que se desmvolve de maneira weclusiwamente autGnoma através dos sévulos. Na realidade, who Frum ginero constante, mas variével, ¢ sew material lingilfstico, Sctraliterdrio, assim como a maneira de introdurito na literatura, extram de um sistema literério para outro. Os préprios tragos do {enero eroluem, No sistema das déeadas de 20 a 40, o8 géneros do Rielato”” da ‘‘novela’” definiram-se por tragos diferentes dos nos- soo como se evidencia. por seus préprios nomest, Somos inclinados CGE woo da palavra srelaton em. 1625 em ‘num certo sistema literario. oes seston ‘SMe nine eile do nero com 9, su stor pa Tip fodlmente Go" plocjo ante’ Messe woonusiny a ener, dees Pole" nonrcer om Lemor, Na nia la fo condicionada, pel, sortenta- REelocciamente do antige kéneres somente munis tarde’ que aie ate: ; seein wt te gen tse paso a funcio determinada pelo género. Kase Diema ‘neeessita. ne. turalmorite de um estudo espects = es ee an J. Tynianow A6riog do Tolstoi correlaciona-se no com o romance histérieo de Zagoskine, mas com a prosa que the 6 contemporénes. 6 — Estritamente falando, nfo consideramos jamais os fend- menos literdrios fora de suas éorrelagées. Tomemos como exemplo 6 problema da prosa e da poesia. Subentendemos que a prosa métri- fea permanece prosa e que verso livre, privado de metro, permane- fee poesia sem nos darmos conta de que, para certos sistemas lite Pérlos, encontraremos dificuldades consideréveis. Isso acontece por- fque a prosa e a poesia correlacionam-se. Existe uma fungio comum a prosa e do verso (ef. a relagio no desenvolvimento da prosa © do verso, sua correlagio estabeleciia por B. Bikhenbaum). Num. ferto sistema literério, € o elemento formal do metro que sustenta 8 funglo do verso. "Poréin & prose sofre modifieagées, evolui e, ao mesino tempo, 0 ‘verso evolui. As modificagées de um tipo, correlecionadas com ou 4ro, ccasionam, ot antes, sfo Tigadas 4s modificagSes desse outro tipo. Surge uma procs métriea (a de Andrei Bieli). Ao mesmo tem- po, a fungio do verso 6 transferida para. outros tragos do verso, na Inaior parte secundérios, derivados, ou soja, para o ritmo que de- limita as unidades a ums sintaxe e a um Iéxico partieulares, A fungo da prosa em relagio:ao, verso subsiste, mas os elementos for- que @ designem mudam, ‘A’ evolugio ulterior das formas pode ou aplicar a fungio do ‘verso A prosa durante aéculos e a modifiear em outros tragos ou Transeredir, diminuir sua importincia. Do mesmo modo que a li- teratura eontempordnes néo dé nenkuma importincia & correlagio dos géneres (segundo oa traqos secundérios), poderé surgir uma ‘Spoca onde sevé indiferente que se escreva em verso ou em prosa. 7 — A relagéo evolutiva entre 2 fancio e o elemento formal representa um problema totalmente inexplorado. Dei um exempto fo caso em que a evoluedo da forma ocasiona a evolucio da fone. Podemos encontrar numeroaos exemplos onde uma forma, tendo uma fungio indeterminads, apodera-se de uma outra fungio ¢ a Aetermina, Hé também exemplos de outro tipo: & fungéo busca sua forms, ‘Dou um exemplo onde os dois easot combinam.se Na déceda de 20, a corrente literhria dos areaizantes moderni- za wma poesia pica onde a fonelo 6, por sua ver, eultivadn © po- polar. A correlacto da literatura com a série social ocasiona wm profongamentn-da obra, Mas os elementos formais nio se encontram ff, a “demands” da série social nfo equivale & ‘‘demanda”” literd- Ha e eata fica som resposts. Buseam-so elementos formaia. Tm 1824, Da Eoolugio Literdria us te commends an trig onate Ser Pe em Beers darn ee nde. mea Hop tea ea Shacks regan a nenhuma idéia de Katenine, ae He no fomon sunt Gel on tan em sont rman tac problemas que, no instante, nfo trataremos der ras rie, enquanto sista, depends de estudos futuros sobre ese as avin conan bay aie me ferencingko das atividades hnmanas permanece. A evolugio liters. ce Sebi gears cee jar de toda a série literdria, relaeionada eom je de toa a sre Iteniria, welaionad as outras séries, exige 9 — Convindose que o sistema nko 6 w a‘ no 6 uma eoperacio nae. aa sobre a igualdade de todos oe elementos mts Que rapt & vans fer 3 um gripe 2 emento ("doninats) ea doom jos ute, «ahve entra ua Hteratra adguie sun Fogo eda ‘gragas a essa dominante. : | na J. Tynianov Em conseqiiéneia, devemos relacionar os versos, segundo $0. mente algumas de suas particularidades, 2 série poétiea ¢ nilo a série prosaiea. © mesmo ocorre com a correlagio dos géneros. Atual- ‘mente & a extenséo de uma obra, a exposigéo de seu assunto que a fazem relacionar-se ao género romaneseo; antigamente era @ pre- ‘senga na obra de uma intriga amorosa o quo decidia ‘Deparamo-nos aqui com outro fato interessante do ponto de vista da evolugdo. Correlacionamos uma obra com tal série Ii para medir a separagio que existe entre ela e a mesma série litera ria a que pertence. Por exemplo, determinar 0 género dos poemas de Pushkin era um problema extremamente agudo para os eriticos da déeada de vinte; isso porque o género de Pushkin era uma combi- nagio mista e nova para a qual nio se dispunha de ‘*designagio”. Quanto mais a separagio de tal on qual série literéria 6 n‘tida, mais o sistema do qual nos separamos & colocado em evidéncia. ‘Assim, 0 verso livre aventuon 0 carster poétieo dos tragos extra. ‘métricos © © romance de Sterne acentua 0 eardter romanesco dos tragos que ndo concernem & fibula (Chklovski). Analogia Tingiisti- ea: “Porque a base sofre variagies somos obrigados a The outorgar ‘© méximo de expressividade e a extraf-la do entrelagamento de pre- fixos, que sio invariéveis”. (Vendryes.) 10 — Em que consiste a sorrelagio da literatura ‘com as s6ries visinhast Quais sio essas séries vizinhast ‘Tomes todos uma resposta pronta: a vida sovial. Mas para resolver a questio da correlagio das séries literérias com a vida social, devemos colocar outra pergunta: como ¢ através de que a vida social se correlaciona com a literaturat A vida social tem muitos componentes com muitas faces, e apenas a fungio de suas faces & especifica para ela. A vida sovial correlaciona.se com a Iiteratura antes de tudo por seu aspecto verbal. O mesmo oeorre cam as séries literdvias eorrélacionadas com a vida social. Essa cor- o entre a série Titeriria © a social se estabeleco através da atividade lingiiistia, a Viteratura tem uma faungio verbal em rela io A vida social. . ‘Demos a palavra “orientacko". Significn mais ow menos: ‘in: tengio eriadora do autor”. Pode avontecer, entretanto, que a8 in- tengSes sejam boas, mas suas realizagies se evideneiem mis. Acres- ceentemos que a inteneZo do autor possa ser apenas um fermento. Pa- ra manejar um material especifieamente literdrio, o autor submete- se a gle e afasta-se dessa forma de sva intencio. Assim A desgra- ga de ter muito espirito (Griboiedov) deveria ter sido “‘eultivada”, Da Evolugao Literiria us “grande” (segundo a terminologia do autor, que difere da nossa) mas temos uma comédia-panfleto politiea no estilo “arcaizante” Bugénio Oneguin originalmente deveria ser um “poema satirico nno qual o autor ‘‘desearregaria sua bflis”. Mas, enquanto tribalha va sobré o quarto capitulo, Pushkin ji eserevin: ““E onde se passou entio minka sitira? Nada se delineia em Bugénio Oneguin”. A funcéo constrativa, a eorrelagio dos elementos no interior a obra rednzem ‘a intengio do autor”, tomandose apenas mero fermonto. A “liberdade de eriagio™ parece ser um slogan otimis- ta, mas nio corresponde & realidade ¢ code seu lugar & “‘neeessidade de eriago"”. A fungio literéria, a corrclagio da obra com as séries Iiterdrias, conelui o processo de submissio. Apaguemos da palavra ‘‘orientaeio”” toda a cor teleal6gies, to- a a destinagdo o “‘intencio””. 0 que obtemost A. orfentagio da obra (¢ da série) litersria seré sua fungio verbal, sua eorrelacio com a vida social. A ode de Lomonossoy tom uma orientagio (funeao verbal) ora- téria, A palavra 6 eseolhida para ser pronunciada. As assosiagies sociais mais frégeis sugerem-nos quo essas palavras devam ser enun- ciadas numa grande sale, num palicio. No tempo de Karamzine, a ode é um género literério “desgastado". A orientagio, enja signi cago estreitou-se, desapareeeu: ela 6 utilizada por outras formas relovantes do vida social. As odes de Touvor e de todas as outras espécies tornaram-se versos enféticos, nao pertencentes sono A vida social, Néo hd géuero Iiterdrio feito quo possa substitui-los. B eis que os fenémenos lingiisticos da vida social preenchem essa fun. gio. A func e a orientacio verbal bnseam uma forma e a encon tram, no easo do romanee, o gracejo, na trova, a charada, ete. Aqui, © momento da wénese, a presonica de tal ou qual forma Yingidistica, que antigamente s6 relevavam da vida social, adquiriram sua sig. nifieaeso evolutiva. Na poca de Karamzine 9 salio mundano re- presenta a série sovial vizinha desses fendmenos lingiiistieos, Pato da vida social, 0 salio tornow-se entio um fato literirio. Assim, atribufmos formas sociais & funedo literaria. Do mesmo modo, uma semintica familiar, intima, ou de geu: ppo existe sempre, mas nio obtém fungio literfria a nfo ser duran. te certos periodos. Produzse o mesmo fendmeno quando se legitimam certos re sultados sobrovindos ocasionalmente em literatura: os exbngos dos versos de Pushikin e o5 raseunhos de seus planos dio a versio defi nitiva de sua prosa. Esse fendmeno nio & possivel a niio ser que & série inteita evolua, e conseatientemente sua orienta 116 J. Pyniance A Titerature contempordnee oferece-nos também um exemplo @o conflito de duas ovientagies: « poesia de Meetings representeda por verses de Maiakovski, (ode) ope-se & poesia ‘de edmara”, repratentade pelos romances de Beseniue (elegia). Ti — A cepanedo inversa da literatura na vida social incit nos a lovar em conta igualmente @ fungio verbel. A personalidade fiterisia e o personagem de ume obra representam, em certas poe tagio verbal dx literatura o, « partir daf,'penetram na vida sovigh. A personalidade litersria de Byron, que o leitor deduz de seus versos, & astovisda A dos herbie liricos assim penetra na vida social. A personalidade de Heine esté muito distaneiads do verdaieiro Heine, Bm eertas Sporas, a biogratia torna-se uma Titera- ‘ura oral apéerifa, & um fendmeno legitimo eondieionedo pela fangio de certo sistema literévio na vida soeial (orientagéo verbal): assim fo mito eriado exa tomo dos eseritores tais como Pushkin, Toetoi, Blok, Maiakoreki, Esvenine pode sor oposto & ausbucle de perso: nualidede ation om Leskov, argueniev, Maikov, Fat, Gaile, et ‘ota ausincia se prende a falta de orientaggo ‘verbal de sea sste- ‘ma literfrio. A expansio da Hleratura na vide social necessita 1 taralmenie de condiedes socinis particulares. Bis a primeira furgto social da literatura. Podemos tobelecéta, estudé-la unieamente ¢ partir do estudo das séries sinhas, do exame das condigGes imediatas e no w partir das s6ri oussis afustades, ainda que importantes “Linda wma nota: a nogle de “orientagio"” da fongio verbal rela- ciowze & série literéria ou ao sistema lilaririo e no A obra partieu- Jar. Devemes relecionsr a obra pertieulor com @ série Hiteréria entes de falar do sua osientagéo. A lei doe grandes nimeroe nio se apli- a 208 pequenos wflmeron, Se para cada livro ¢ pare cafla sulor patioular estabelecemos fmedietaments as séries enusais visiah esiudemes nfo e evolugao do sistema literésio mas sua modificagso, nig as madengas literévina em correlagio com ouss outras séries, masa deformsgio produsida em literature pelas séries vizinhas. ise problema pode igualmente ser objeto de estudo, mas de outro onto de vista, 1 estudo dineto da psicologia do autor e o estabelesimento de une relagio de causalidade entre sou meio, sua vide, sua classe social e suas obras & ums condnte particularmente incerta. A poe- sia erétion de Batiuebiov 0 frato de seu trabalho sobre a Vingua poftien (of, son disensso “Da influéneta da poesia ligeira sobre ingua””) ¢ Viauemski reeusonse com rasio & orocurar a gémese ‘dessa poesia na psieologia do autor. O poeta Polonski que munca Da Eoolusio Literdria uy foi umn tebrico © que entzetanto, poet de, escreve sobre Benediktor: austera, as florestas, as pastezens.. 2 alma gene field menine do utero pst, mie cro? 3 una perrunte di fieil © ninguém sabers resolvé.la de mar wa funda pein podem expliear-se Dor sus personalidade: ax mudangas em Dv-jsvine, em Nokrassev: durante sua juventade, escreviam parsletamente & poosia “enltiva: da”, uma poesia “vulgar”? e setfriea mas, ex. cond : res, esses dois tipos de poesia confundem-se © proporeionsim 9 nas- cimento de novos fendmenos. Trate-se squt-do eondigbes objetivas ¢ nio individuais e psiquicas: az funeses da série liter ram em relagio is séries soviais vizi 18 — Por isso devemos recansiderar vu dos plexos da evolugdo literéria, o problems da ‘influtnsia™’. Bxister profundas influéncias pessozis, peicolégicas on saviais gue no dei xam nenkum trago sobre o plano litenivio (chnadeey © Pushkin). Ha influéneias que modifiesm ae obras ltevSrias sein ter significa ). Mas 0 easo mais no: tavel 6 aquole enjos indiom exteriorse parecem testemmnba wma influéneia que verdadeiramente jemnis cx'stin, Dei o exsmplo de Katenine e de Nekrasov, Hsses exemploa podem sar multplicados As tribos sul-amerioanas eriaram 0 mito de Prostou sx saperemt in. qnestio ero. nolégiea: “Quem disse primeira?” nip essencia’. 0 momento a diregao da "influéncia”” dependem ininic eertas condieses liteririss, No ens das coineldineie faneionais, © artists influenciado pode encontrar ne obe= ‘“initsds" slemantoe formais que serve para desenvolver 0 extzhiliaw a Sunglo, So os- se “‘influéneia’” nfo existe, uma fancto ansiogs pode, entretanto, conduzir-nos aos elementos formas 1k — Coloanemos & questio do te: serve a histéria Vterdria: 0 term ‘tradigéo””. Se sdmitimos que ‘a evohteso & uma mmdanen da relegio enize ox barmict do sistema, quer dizer, uma transformagio dat fiiugien © ele evolueo parces ser uran “substi tuiedes tém, sezondo ae o0eas, um ritmo Yonte on sofreedo, e an paem nfo uma renovacio e uma subatitniedo sabitn o toiat dos ele- mentos formais, mas a eriagio de una sees juvicao desfes elementos pehucinal do anal se 18 J. Tynianoe formais. Por isso, a confrontagéo de tal fendmeno literério com fal outro deve ser feita nfo somente segundo as formas, mas tarm- bém segundo as fangSes. Os fendmenos que parecem totalmente dife- rentes e que pertencem a sistemas funcionais diferentes podem ser ° fndlogos em sua fungio ¢ viee-versa. O problema tornou-se mais obscure, porque eada corrente literdria busea durante certo tem- po pontos de apoio nos sistemas precedentes; & 0 que se pode cha- mar de “tradicionalismo””, ‘Assim, em Pashkin, as fungSes da prose so talvez mais prd- ximes daquelas de Tolstoi, enquanto que as fungies de seus ver- 808 diferem dos epigonos da déeada de-30 ¢ de Maikov. 15 — Em resumo: 0 estudo da evolugfo literiria néo 6 pos- sivel a no ser que a consideremos como uma série, um sixtema to- mado em eorrelagio com outras séries ou sistemas ¢ condicionsda por eles. 0 exame deve ir da funcio constrativa a fungio literéria, Ga fungio literdria & fangio verbal. Deve esclarecer a interacdo fevolutiva das fangies ¢ das formas. O estudo evolutivo deve ir da série literdria as séries correlativas vizinhas © nio as séries mais ddistantes, mesmo que elas sejam_principais. O estudo da evolugio Kiterfvia nao rejeita a siguifieagio dominante dos prineipais fato- res socinis; pelo eontrério, & somente neste quadro que a siguifi- feagio pode ser esclareeida em sna totalidade; o estabelecimento ai- veto de uma influéneia dos principais fatores sociais substitui_o estudo da modifieapio das obras literdrias e.de sun deformagio pelo estudo da evolueio literéria, 1927 R. JAKOBSON DO REALISMO ARTISTICO Té poueo tempo, a hiséria da arte, em particular a histra da literatura, nfo era uma ciacia, mas uma couscrie®. Soguia todas as Ieis da cawsorie, Passava algremente do um toma a outzo e 0 fuxo lirica das palaveas sobre a elegéncia das formas tomavs lugar das anedotas provocadas pela vida do artista; os tr -s0s pslol6gion alternavam.so com oe problehas relativos. ao. Cando foxéfieo da obra e Aqueles do meio social em questdo. O um te batho tio facil e remunerador quanto falar da vida, da época a partir das obras literdrias! £ nis féeil ¢ mais remunerador co- Dlar um. molde de gevso que deseubar um corpo vivo. A enuserie Ho cakes un teria recina, Plo etrnio, vek- ‘le dos termos, as palavras eyuivocas que sio um pretexto para J0- fo de palavran, sto ests ay qualidades que trazem Charme 8 con ‘versa, Assim, « histSria da arte nio eonkecia ‘una terminologin + Bm trancts no texto original. (N. do ‘Trad. para a edigfo francesa)

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