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1. Apresentação
Este documento tem como objetivo apresentar informações gerais sobre a P+L e sua aplicação no
setor sucroalcooleiro, para compartilhamento de conhecimento sobre o assunto de modo a permitir
sua discussão no Grupo de Trabalho (GT) de P+L: Mudanças Tecnológicas – Procedimentos, criado
em 24/11/2002 no âmbito da Câmara Ambiental do Setor Sucroalcooleiro.
2. Introdução
Este processo, de uso e transformação de recursos naturais, traz efeitos negativos, como tem ficado
cada vez mais evidente conforme se tornam mais intensas e complexas as interações entre a
humanidade e a natureza. Este fato fez com que se fizessem necessárias medidas que limitassem os
danos causados pela nossa atividade no meio ambiente.
Desta forma para se atingir a produção sustentável são requeridas ações muito mais amplas, dentre as
quais se destaca a chamada Produção Mais Limpa, cujos principais conceitos serão apresentados no
próximo item.
3. Conceitos
A estratégia de redução (ou eliminação) de resíduos (ou poluentes) na fonte geradora consiste no
desenvolvimento de ações que promovam a redução de desperdícios, a conservação de recursos
naturais, a redução ou eliminação de substâncias tóxicas (presentes em matérias-primas ou produtos
auxiliares), a redução da quantidade de resíduos gerados por processos e produtos, e
consequentemente, a redução de poluentes lançados para o ar, solo e águas.
Diversos termos, tais como Produção mais Limpa (Cleaner Production), Prevenção à Poluição
(Pollution Prevention), Tecnologias Limpas (Clean Technologies), Redução na Fonte (Source
Reduction) e Minimização de Resíduos (Waste Minimization) têm sido utilizados ao redor do mundo
para definir este conceito. Algumas vezes estes termos são considerados sinônimos, e às vezes
complementares, requerendo uma análise aprofundada das ações e das propostas inseridas dentro de
cada contexto.
A CETESB utiliza os termos Prevenção à Poluição (P2) e Produção mais Limpa (P+L). O primeiro já
é consagrado nos EUA (Estados Unidos da América) e foi disseminado pela EPA (Agência
Ambiental Americana), através de um Decreto Lei promulgado pelo Governo Federal Americano, em
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
CETESB / Novembro 2002
1990 (Pollution Prevention Act). O segundo foi definido pelo UNEP (Organização Ambiental das
Nações Unidas), durante o lançamento do Programa de Produção mais Limpa em 1989.
quantidade de resíduos e/ou poluentes na fonte geradora, mas atuam de forma corretiva sobre os
efeitos e as conseqüências oriundas do resíduo gerado.
(USEPA, 1990)
É interessante ressaltar que as técnicas de Prevenção à Poluição (P2) fazem parte das de Produção
mais Limpa (P+L), mas não são as únicas. Existem, além destas, estratégias de P+L para quando não
se consegue evitar ou minimizar a geração do resíduo, e consistem basicamente em buscar outros
usos para estes. Para melhor compreender estas técnicas, é interessante apresentar mais dois
conceitos:
Reuso
É qualquer prática ou técnica que permite a reutilização do resíduo, sem que o mesmo seja
submetido a um tratamento que altere as suas características físico-químicas.
(CETESB, 1998)
Reciclagem
É qualquer técnica ou tecnologia que permite o reaproveitamento de um resíduo, após o mesmo
ter sido submetido a um tratamento que altere as suas características físico-químicas. A
reciclagem pode ser classificada como:
• Reciclagem dentro do processo: Permite o reaproveitamento do resíduo como insumo no
processo que causou a sua geração. Exemplo: reaproveitamento de água tratada no
processamento industrial;
• Reciclagem fora do processo: Permite o reaproveitamento do resíduo como insumo em um
processo diferente daquele que causou a sua geração. Exemplo: reaproveitamento de cacos de
vidro, de diferentes origens, na produção de novas embalagens de vidro.
(CETESB, 1998)
TRATAMENTO RESIDUOS
MEDIDAS DE
CONTROLE
MENOR
Resumidamente esta hierarquia propõe que antes de determinar soluções de tratamento ou destinação
final dos resíduos já gerados sejam verificadas alternativas de redução da geração destes resíduos na
fonte. Em outras palavras, deve-se sempre tentar evitar (ou ao menos minimizar) a geração dos
resíduos, para apenas depois buscar técnicas de reuso e reciclagem destes resíduos fora do processo, e
apenas na impossibilidade de usar estas técnicas enviar estes para tratamento e disposição final.
4. Programa de P+L/ P2
Nesta parte do texto comenta-se brevemente alguns pontos importantes do processo de implantação
de um programa de P+L. Para maiores detalhes sobre como implementar estas ações, consultar o
“Manual de Implementação de um Programa de Prevenção à Poluição” da CETESB, disponível para
"download" no site (www.cetesb.sp.gov.br).
O Setor Sucroalcooleiro, como uma das grandes forças econômicas e de produção de bens no nosso
Estado, muito já realizou no sentido de aprimorar e otimizar seu processo produtivo.
As fábricas de açúcar e álcool, desde muito tempo, vêm desenvolvendo e implantando medidas que
minimizam os impactos ambientais decorrentes de sua atividade produtiva. Muitas dessas medidas
estão inseridas no conceito de P+L, porém não são conhecidas e difundidas no setor como tal.
Este documento não visa apresentar uma compilação de técnicas de P+L empregadas no setor, uma
vez que a maioria delas são de amplo conhecimento dos inúmeros especialistas da área, mas sim
mostrar que muito já foi feito e que da somatória dos conhecimentos técnicos específicos do setor
produtivo com os de proteção ambiental, muitas outras ações profícuas poderão ser implementadas.
Como um documento que reúne uma base teórica inicial de informações para embasar a primeira
reunião do GT, apresenta-se na próxima página um fluxograma genérico e simplificado do processo
de produção de açúcar e álcool, e logo em seguida uma tabela apresentando medidas de P+L para os
principais rejeitos do setor.
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
CETESB / Novembro 2002
500 m3
AÇÚCAR
FERMENTAÇÃO 96 L
P/ CALDEIRA
VAPOR
DESTILAÇÃO
VINHOTO
(360 m3)
RETIFICAÇÃO
ÁLCOOL
36 m3
EXEMPLOS DE MEDIDAS DE P+L
REJEITO ORIGEM COMPOSIÇÃO
REDUÇÃO REUSO/ RECICLO
• Eliminação da despalha com fogo
reduz aderência de terra e • Reciclagem no processo de
pedregulhos, podendo haver dispensa embebição (permite recuperação de
• Teores consideráveis de da lavagem;
parte da sacarose diluída);
sacarose, principalmente
Água de no caso de despalha da • Realização da lavagem em mesa • Reciclagem no processo de
• Lavagem da cana
lavagem da cana com fogo; separada daquela onde ocorre o lavagem (necessário tratamento para
antes da moagem;
cana desfibramento (evita perda de remoção de sólidos grosseiros e
• Matéria vegetal, terra e bagacilho aderido);
resíduos sedimentáveis, e
pedregulhos aderidos;
• Redução vazão de água usada, eventualmente para remoção
através da remoção à seco de parte substâncias orgânicas solúveis);
das impurezas;
• Reciclagem da água no próprio
• Redução perda do xarope: processo (cuidado com teor de
açúcar);
Água dos - redução da velocidade do fluxo;
• Reciclagem no processo, mas em
condensadores - redução da temperatura da água outra etapa, como:
barométricos de condensação;
• Água contendo - embebição da cana;
e • Concentração do • Recuperação do xarope:
açúcares, arrastados em
caldo - lavagem do mel após cristalização
Água gotículas; - uso de obstáculos que diminuam o do açúcar;
condensada arraste (separadores e
nos recuperadores de arraste); - geração de vapor;
evaporadores - lavagem filtros;
- aumento da altura dos
evaporadores; - preparo de solução para caleagem
(na clarificação);
A Produção mais Limpa no Setor Sucroalcooleiro- Informações Gerais
CETESB / Novembro 2002
Para aprofundar estas questões, a CETESB propõe que dentro da Câmara Ambiental do Setor
Sucroalcooleiro, no GT de P+L: Mudanças Tecnológicas – Procedimentos, sejam discutidos
inicialmente os seguintes tópicos: