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Módulo III

Cálculo II
Jurandir de Oliveira Lopes
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva

MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ


REITOR
Luiz de Sousa Santos Júnior

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC


Carlos Eduardo Bielschowsky

DIRETOR DE POLITICAS PUBLICAS PARA EAD


Hélio Chaves

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL


COORDENADOR GERAL
Celso Costa

CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA A DISTÂNCIA DA UFPI


Coordenador Geral de EaD na UFPI
Gildásio Guedes Fernandes

CENTRO DE CIENCIAS DA NATUREZA


DIRETOR
Helder Nunes da Cunha

COORDENADOR DO CURSO de Licenciatura em Física na


Modaliade de EaD
Miguel Arcanjo Costa

DEPARTAMENTO DE FÍSICA
CHEFE DO DEPARTAMENTO
Valdemiro da Paz Brito

COORDENAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO


Cleidinalva Maria Barbosa Oliveira

BXXXx LOPES, Jurandir de Oliveira


Cálculo I I –F / Jurandir de Oliveira Lopes – Teresina: UFPI/UAPI
2009.
?p.

Inclui bibliografia

1 – Técnicas de Integração. 2 – Aplicações da Integral Definida. 3 –


Integrais impróprias. 4 – Série de Números Reais e Série de Funções. I.
Universidade Federal do Piauí/Universidade Aberta do Piauí. II. Título.

CDU: 32
 

 
Este texto é destinado aos estudantes aprendizes que participam do
programa de Educação a Distância da Universidade Aberta do Piauí
(UAPI) vinculada ao consórcio formado pela Universidade Federal do
Piauí (UFPI) Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Centro Federal
de Ensino Tecnológico do Piauí (CEFET-PI), com apoio do Governo do
estado do Piauí, através da Secretaria de Educação.

O texto é composto de cinco unidades, contendo itens e subitens, que


discorrem sobre: Técnicas de Integração, Aplicações da integral
Definida, Integrais Impróprias, Série de Números e Série de Funções.

Na Unidade 1, introduzimos algumas das principais técnicas de


integração com objetivo de resolver o maior número possível de
exercícios que envolvem a teoria de integração, mostrando a
importância do uso dessas técnicas nas resoluções de diversos
problemas práticos. Sempre enfatizando os exemplos mais
importantes, conhecendo suas características e suas particularidades.

Na Unidade 2, apresentamos as principais aplicações da integral


definida, e dando sempre ênfase da sua importância na resolução de
problemas práticos que se apresentam em diversas áreas da ciência
exata. Sempre enfatizando os exemplos mais importantes,
conhecendo suas características e suas particularidades.

Na Unidade 3, Nesta unidade, introduzimos um conceito de integral


imprópria a qual é uma extensão da integral definida. O uso da integral
imprópria aparece em diversas áreas ciências exatas, como por
exemplo, na Física, Probabilidade, etc.

Na Unidade 4, Nesta unidade, introduzimos a definição de série de


números reais mostrando sua importância na aplicação de diversos
problemas práticos, como também suas principais propriedades. Na
parte final da unidade, apresentamos uma extensão de série de
números que é série de funções a qual é de suma importância na
Matemática, Física. Computação, etc.

Em todas as unidades, Indicamos alguns livros mais avançados e links


para o aprofundamento de conteúdo.
 

  

UNIDADE 1. Técnicas de Integração.  


1.1 Introdução 08
1.2 Integração por Substituição 10
1.3 Integração por Partes 15
1.4 Integração de produtos e potências de seno e co-seno, 19
tangente e secante.
1.5 Integração por Substituição Trigonométrica 31
1.6 Integração por Frações Parciais 38
Referências Bibliográficas 77

UNIDADE 2. Aplicações da Integral Definida.


2.1 Área 81
2.2 Volumes de Sólidos de Revolução 84
2.3 Área de Superfície de Revolução 91
2.4 Comprimento de Gráfico de Funções 94
2.5 Coordenadas Paramétricas 96
2.6 Coordenadas Polares 98
2.7 Exercícios 103
2.8 Respostas 105
Referências Bibliográficas 109

UNIDADE 3. Integrais Impróprias.


3.1 Introdução 113
3.2 Limites Infinitos de Integração 114
3.3 Integrandos com Assíntotas Verticais 118
3.4 Testes para Convergência e Divergência 122
3.5 Exercícios 126
3.6 Respostas 128
Referências bibliográficas 131

UNIDADE 4. Série de Numérica e Série de Funções.


4.1. Noções Básicas Sobre Sequências 135
4.2 Série de Números Reais 146
4.3 Série de Funções 154
4.4 Exercícios 159
4.5 Respostas 161
Referências Bibliográficas 163
U ni da
Unidade 1de 1
AATécnica
sociolo
soc iologia
gia ee a
a
de integração
Sociolo
Soc iologia
gia da
da Edu
Educaç
cação
ão

Resumo
Nesta unidade, introduzimos algumas das principais
técnicas de integração mostrando a importância de
cada uma delas. Serão feitos muitos exemplos
importantes, conhecendo suas características e
suas particularidades. Indicamos alguns livros mais
avançados e links para o aprofundamento de
conteúdo.
 

UNIDADE 1. Técnicas de Integração.


1.1 Introdução 08
1.2 Integração por Substituição 10
1.3 Integração por Partes 15
1.4 Integração de produtos e potências de seno e co-seno, 19
tangente e secante.
1.5 Integração por Substituição Trigonométrica 31
1.6 Integração por Frações Parciais 38
Referências Bibliográficas 77
1. Técnicas de Integração

Neste capı́tulo apresentaremos algumas das principais técnicas de


integração.

1.1 Introdução

Nesta seção estamos assumido que o leitor já saiba o conceito de pri-
mitiva (antiderivada), isto é, dada uma função f : [a, b] → IR, encontar
uma função F : [a, b] → IR tal que

dF (x)
= F ′ (x) = f (x) para todo x ∈ [a, b]. (1.1)
dx

Se F e G são primitivas de f então F (x) = G(x) + C onde C é uma


constante qualquer, ou seja, elas diferem apenas de uma constante C

Exemplo 1.1.1. Se f (x) = 1 então F (x) = x e G(x) = x + 1 são


primitivas de f , pois F ′ (x) = G′ (x) = f (x)
R
Vamos denotar a primitiva F por f (x)dx + C.
Segue abaixo uma tabela com algumas primitivas, as quais são
obtidas direto da definição acima, ou seja, da equação (1.1).

8
9

Tabela de algumas primitivas


R
f (x) f (x)dx
1 x+C
β+1
x
xβ + C, β 6= −1
β+1
x−1 ln | x | +C
ex ex + C
x
a
ax + C, 0 < a 6= 1
ln a
sen x − cos x + C
cos x sen x + C
tg x sec x sec x + C
cotg x cossec x − cossec x + C
sec2 x tg x + C
cossec 2 x − cotg x + C
1
arctg x + C
1 + x2
1
√ arcsen x + C
1 − x2
1
√ arcsecx + C
x x2 − 1

Das propriedades de derivada segue-se que:

R R
1. αf (x)dx = α f (x)dx para qualquer constante α.

R R R
2. [f (x) + g(x)]dx= f (x)dx + g(x)dx.

Assim, para calcular algumas integrais bastar usar a tabela anterior e


utilizar-se das propriedades da intregral citada acima. Por exemplo:

x3 x
Z Z Z Z
2 x 2 x
(x +e −3 cos x)dx = x dx+ e dx−3 cos xdx = +e −3 sen x+C.
3

Lembrando que a constante C representa a soma das três constan-


tes relativas a cada uma das respectivas integrais acima. Mas nem
sempre exibir uma primitiva de uma função é tão simples assim, como
no exemplo anterior. Por isso, na maioria dos casos precisaremos
de técnicas de integração para encontrar primitiva de uma função. A
partir de agora, iremos citar tais técnicas.
10

1.2 Integração por substituição

A Integração por substituição é muito útil no cálculo de integrais do


tipo:
dg(x)
Z Z
f (g(x)) dx = f (g(x))g ′(x)dx, (1.2)
dx
de modo que f ◦ g esteja bem definida.
Considerando que F é uma primitiva para f , assim
Z
f (u)du = F (u),

dg
então, (F ◦ g) é uma primitiva para (f ◦ g) , isto é,
dx
dg(x)
Z Z
f (g(x)) dx = f (u)du.
dx

A formulação acima resulta da Regra da Cadeia, uma vez que

d(F ◦ g) dF du du dg
= . = f (u) = (f ◦ g) .
dx du dx dx dx

A seguir, citaremos alguns exemplos de utilização desta técnica.

Exemplo 1.2.1. Calcule (x2 − 1)2 2xdx


R

du du
Faça a substituição u = x2 − 1, então = 2x ⇒ dx = , assim a
dx 2x
integral pode ser reescrita como:
Z

u2 2xdu
Z


2x
= u2 du.

Logo a integral acima depende apenas da variável u, a qual é obtida


através da tabela 1.1, donde

u3
Z
u2 du = + C.
3

Retornando para a variável x, obtemos

(x2 − 1)3
Z
(x2 − 1)2 2xdx = + C.
3
R
Exemplo 1.2.2. Determine cos (5x)dx
11

du du
Faça u = 5x, então = 5 ⇒ dx = e a integral pode ser
dx 5
reescrita como:
du 1
Z Z
cos u = cos udu.
5 5
Desse modo, obtemos
1 1
Z
cos udu = sen u + C.
5 5
Retornando para a variável x, temos
1
Z
cos (5x)dx = sen (5x) + C.
5
Exemplo 1.2.3. Calcule cos (x)2( sen x) dx
R

du du
Faça u = sen x, assim temos que = cos x ⇒ dx = , assim
dx cos x
a integral pode ser reescrita como:
Z

cos x2u du
Z


cos x
= 2u du.

Desse modo, obtemos


2u
Z
2u du = + C.
ln 2
Retornando para a variável x, temos
2( sen x)
Z
cos (x)2( sen x) dx = + C.
ln 2
Podemos também usar o método da substituição(simples) no caso
em que a integral não é do tipo (1.2), como veremos nos exemplos
abaixo:
R x
Exemplo 1.2.4. Determine dx
x2 +1
du du
Faça u = x2 + 1, assim temos que = 2x ⇒ dx = , daı́ a
dx 2x
integral pode ser reescrita como:
Z
xdu 1Z
1
2xu
=
2  u
du.

Desse modo, obtemos


1 1 1
Z
du = ln |u| + C.
2 u 2
Retornando para a variável x, temos
x 1
Z
2
dx = ln |x2 + 1| + C.
x +1 2
12

Observação 1.2.1. Não existe regra de como escolher a substituição Saiba Mais: Para

u, então o que nos resta é apenas a ”intuição”. mais detalhes


sobre a teoria
R2 6
Exemplo 1.2.5. Calcule 1
x(x − 1) dx. do método de
du
Faça u = x − 1, assim temos que = 1 ⇒ dx = du, e para integração por
dx
x = 1 ⇒ u = 1 − 1 = 0 e para x = 2 ⇒ u = 2 − 1 = 1 daı́, a integral substituição, ver
pode ser reescrita como: referência [6]
Z 1
xu6 du.
0
Como na integral acima ainda existe termo em função da variável x,
então será necessário colocar a mesma apenas em função da variável
u. Assim, da equação u = x − 1 ⇒ x = u + 1. Desse modo, obtemos
Z 1 Z 1 Z 1
6 6 u8 u7 1
xu du = (u + 1)u du = (u7 + u6 )du = + |0 .
0 0 0 8 7
Assim,
1
18 17 08 07 1 1 15
Z
(u7 + u6 )du = [ + ]−[ + ]= + = .
0 8 7 8 7 8 7 56
Portanto,
2
15
Z
x(x − 1)6 dx = .
1 56
x√2 +x−1
R
Exemplo 1.2.6. Determine 3
−x+1
dx.
du
Faça u = −x + 1, assim temos que = −1 ⇒ dx = −du, daı́ a
dx
integral pode ser reescrita como:
Z 2
x +x−1
√ (−1)du.
3
u
Como na integral acima ainda existe termo em função da variável x,
então será necessário colocar a mesma apenas em função da variável
u. Assim, da equação u = −x + 1 ⇒ x = 1 − u. Desse modo, obtemos
Z 2
x +x−1
Z
(−1)du = [−(1 − u)2 − (1 − u) + 1)u−1/3 du
u1/3
Z
= (−u2 + 3u − 1)u−1/3 du
Z
= (−u5/3 + 3u2/3 − u−1/3 )du

u8/3 u5/3 u2/3


= − +3 − + C.
8/3 5/3 2/3
13

Retornando para a variável x, temos

x2 + x − 1 3 9 3
Z
√ dx = − (−x + 1)8/3 + (−x + 1)5/3 − (−x + 1)2/3 + C.
3
−x + 1 8 5 2

Proposição 1.2.1. Mostre que:


R
1. tg xdx = − ln | cos x| + C;
R
2. cotgxdx = ln | sen x| + C.

Prova. Faremos a prova do primeiro item e a segundo fica como


exercı́cio a cargo do leitor. De fato, temos que

sen x
Z Z
tg xdx = dx.
cos x

Agora, faça u = cos x, assim temos que

du −du
= − sen x ⇒ dx = .
dx sen x

Assim a integral pode ser reescrita como:


Z
senx (−1)du = Z −1
u x
sen u
du = − ln |u| + C.

Retornando para a variável x, temos


Z
tg xdx = − ln | cos x| + C.

Proposição 1.2.2. Mostre que:


R
1. sec xdx = ln | sec x + tg x| + C;
R
2. cossec xdx = − ln | cossec x + cotgx| + C.

Prova. Faremos a prova do primeiro item e a segundo fica como


exercı́cio a cargo do leitor. De fato, temos que

sec x(sec x + tg x)
Z Z
sec xdx = dx.
(sec x + tg x)

Faça u = sec x + tg x. Assim, temos que

du
= sec x tg x + sec2 x = sec x(sec x + tg x),
dx
14

Desde modo, obtemos que

du
dx = .
sec x(sec x + tg x)

Daı́, a integral pode ser reescrita como:


((((
((((((((((
sec x(sec x + tg x) 1
Z Z

(((((
du = du = ln |u| + C.
usec x(sec x + tg x) u

Retornando para a variável x, temos


Z
sec xdx = ln | sec x + tg x| + C.

1.2.1 Exercı́cios

1. Determinar uma primitiva da função f : R → R definida pela lei


f (x) = 2x + sen (3x)

2. Determinar as seguintes integrais usando a técnica de integração


por substituição
xdx
Z
(a) dx
x2 − 1
2x + 3
Z
(b) dx
2x + 1
x3
Z
(c) dx
x4 + 2
Z
(d) sen (4x + 2)dx

Z
(e) 7x + 1dx
Z
(f) ex sen (ex )dx
Z 2
x +1
(g) √3
dx
x+3
Z
(h) sec(2x)dx

x
Z
(i) 4
dx
x +1
Z
(j) (cos xe sen x − ex + sec x)dx
15

2
x3 − x2 + 1
Z
(k) ( )dx
1 x+1
Z e
ln x
(l) ( )dx
1 x
Z π2 √
cos ( x)
(m) √ dx
π2
4
x
Z 1
x+1
(n) 2
dx
0 x + 2x + 10

1.2.2 Respostas

1. x2 − 31 cos (3x) + C

1
2. (a) 2
ln x2 − 1 + C

(b) x + ln (2x + 1) + C
1
(c) ln (x4 + 2) + C
4
1
(d) − cos (4x + 2) + C
4
2
(e) (7x + 1)3/2 + C
21
(f) − cos (ex ) + C
3 20
(g) (x + 3)8/3 − 4(x + 3)5/3 + (x + 3)2/3 + C
8 3
1
(h) ln | sec(2x) + tg (2x)| + C
2
1
(i) arctg x2 + C
2
(j) e sen x − ex + ln | sec x + tg x| + C
4
(k) ln 2 − ln 3 +
3
1
(l)
2
(m) −1

(n) ln 13 − ln 10

1.3 Integração por Partes

Se f, g são duas funções deriváveis, então da derivada do produto de


f por g temos:
d(f g) dg df
=f +g
dx dx dx
16

Logo,
dg d(f g) df
f = −g
dx dx dx
Usando que a integral da soma é a soma das integrais, obtemos:

dg d(f g) df
Z Z Z
f = − g
dx dx dx

que é conhecida como a Fórmula da Integração por Partes e pode ser


abreviada por: Z Z
f dg = f g − gdf. (1.3)
R
Exemplo 1.3.1. Calcule a integral I = ln xdx.

Escolha f (x) = ln x e da fórmula (1.3) segue-se que dg = dx,Zentão


1 R
df (x) = dx e g(x) = dx = x. Logo, a integral está na forma f dg.
x
Portanto,

1

Z Z Z
I = f g − gdf = xllnx − x dx = x ln x − dx = x ln x − x + C.
x

Observação 1.3.1. Sem perda de generalidade, podemos adicionar a


constante C somente no resultado final da integral indefinida.
R1
Exemplo 1.3.2. Determine a integral 0
xex dx.

Escolha f (x) = x e da fórmula (1.3) segue-se que dgex = dx,Zentão


df (x) = dx e g = ex dx = ex . Logo, a integral está na forma
R
f dg. SAIBA MAIS:
Portanto, Você, caro lei-
Z 1 1 tor, deve estar
Z Z Z
x 1
xe dx = f dg = f (x)g(x)|0 − gdf = xe |0 − ex dx = xex |10 −ex |10 .
x 1
0 0 se perguntando
Assim como devemos
Z 1 proceder na esco-
xex dx = [1.e1 − 0.e0 ] − [e1 − e0 ] = e − e + 1 = 1
0 lha da funçãof ?
R O objetivo é o
Exemplo 1.3.3. Determine a integral I = x cos (2x)dx.
escolher f e dg
Escolha f (x) = x e da fórmula (1.3) segue-se que dg = sen (2x)dx, de modo que a
então df (x) = dx e
R
integral dg seja
1 fácil de se resol-
Z
g(x) = cos (2x)dx = sen (2x)
2 ver. Detalhes, ver
referência [14]
17

A integral acima foi resolvida usando a técnica da seção anterior. Por-


tanto,
1 1
Z
I = x cos (2x) − sen (2x)dx = x cos (2x) + cos (2x) + C.
2 4
R 2 x
Exemplo 1.3.4. Determine a integral x e dx.

Escolha f (x) = x2 e da fórmula (1.3) segue-se que dg = ex dx,


então df (x) = 2xdx e g = ex dx = ex . Logo, a integral está na forma
R
Z
f dg. Portanto,
Z Z Z
2 x 2 x x 2 x
x e dx = x e − 2xe dx = x e − 2 xex dx.

A última integral do lado direito acima ja foi resolvida no exemplo


(1.3.2). Assim
Z
x2 ex dx = x2 ex − 2xex + 2ex + C.

sen (x)ex dx.


R
Exemplo 1.3.5. Determine a integral I =

Escolha f (x) = sen x e da fórmula (1.3) segue-se que dg = ex dx,


então Zdf (x) = cos xdx e g = ex dx = ex . Logo, a integral está na
R

forma f dg. Portanto,


Z Z
x x
I= sen (x)e dx = sen (x)e − cos (x)ex dx.

cos xex dx, e escolha f (x) = cos x e da fórmula (1.3) segue-


R
Faça A =
se que dgex = dx, então df (x) = − sen xdx e g = ex dx = ex . Portanto,
R
Z
A = cos xe − (− sen (x))xex dx
x

Z
= cos (x)e + (− sen (x)xex dx = cos (x)ex + I.
x

Desta maneira, temos que


Z
I = sen (x)e − cos (x)ex dx = sen (x)ex −A = sen (x)ex −cos (x)ex −I.
x

Resultando que

x sen (x)ex − cos (x)ex


x
I + I = sen (x)e − cos (x)e ⇒ I = .
2
Portanto,
sen (x)ex − cos (x)ex
Z
sen (x)ex dx = .
2
18

1.3.1 Exercı́cios

1. Determinar uma primitiva da função f : R → R definida pela lei


f (x) = 2x sen (3x)

2. Determinar as seguintes integrais usando Integração por Partes


Z
(a) x ln xdx
Z
(b) x2 ln xdx
Z
(c) ln2 xdx
Z
(d) x sen (4x + 2)dx
Z
(e) x2 2x dx
Z
(f) ex cos (x)dx
Z
(g) arctg xdx
Z
(h) x sec2 (x)dx
Z
2
(i) x3 ex dx
Z
(j) cos (2x)ex dx
Z 2
(k) x ln xdx
1
Z 1
(l) xe3x dx
0
Z e
(m) x ln2 xdx
1
Z 1
(n) xe−x dx
0

1.3.2 Respostas
2 2
1. − x cos (3x) + sen (3x) + C
3 9
1 2 1 2
2. (a) x ln x − x +C
2 4
1 1 3
(b) x3 ln x − x +C
3 9
19

(c) x(ln2 x − 2 ln x + 2) + C
1 1
(d) − x cos (4x + 2) + sen (4x + 2) + C
4 16
2x
(e) 3 [x2 ln2 2 − 2x ln 2 + 2] + C
ln 2
ex
(f) (cos x + sen x) + C
2
1
(g) x arctg x − ln |x2 + 1| + C
2
(h) x tg (x) + ln | cos x| + C
2
ex 2
(i) (x − 1) + C
2
1 2
(j) cos (2x)ex + sen (2x)ex + C
5 5
3
(k) 2 ln 2 −
4
2 3 1
(l) e +
9 9
1 2
(m) (e − 1)
4
(n) 1 − 2e−1

1.4 Integração de produtos e potências de


seno e cosseno, tangente e secante.

Nesta seção trabalharemos com integrais que envolvem produtos de


funções seno e cosseno, como também com potências de funções
seno e cosseno. Também trabalharemos com potências de funções
tangente e secante.
Vamos recordar algumas fórmulas que envolvem seno e co-seno,
tangente e secante que serão utilizadas nesta seção.
Para todo a, b ∈ R tem-se que

sen 2 a + cos2 a = 1. (1.4)

tg 2 a + 1 = sec2 a. (1.5)

1 + cos (2a)
cos2 a = . (1.6)
2
20

1 − cos (2a)
sen 2 a = . (1.7)
2

sen (a + b) + sen (a − b)
sen a cos b = . (1.8)
2

cos (a + b) + cos (a − b)
cos a cos b = . (1.9)
2

cos (a − b) − cos (a + b)
sen a sen b = . (1.10)
2
Com as fórmulas acimas podemos resolver alguns tipos de integrais.
Por exemplo:
R
Exemplo 1.4.1. Calcule a integral sen (3x) cos (2x)dx

Usando a fórmula (1.8) para a = 3x e b = 2x. Assim,


1 1
Z Z Z
sen (3x) cos (2x)dx = sen (5x)dx + sen xdx
2 2
1 1
= − cos (5x) − cos x + C.
10 2
R
Exemplo 1.4.2. Determine a integral cos (3x) cos (5x)dx.

Usando a fórmula (1.9) para a = 3x e b = 5x. Assim,


1 1
Z Z Z
cos (3x) cos (5x)dx = cos (8x)dx + cos (−2x)dx
2 2
1 1
= sen (8x) + sen 2x + C.
16 4
R
Exemplo 1.4.3. Determine sen (2x) sen (2x)dx.

Usando a fórmula (1.10) para a = b = 2x. Assim,


1 1
Z Z Z
sen (2x) sen (2x)dx = cos 0dx − cos (4x)dx
2 2
1 1
= x − sen 4x + C.
2 8
onde usamos o fato de que cos 0 = 1.

Observação 1.4.1. Só lembrando que algumas integrais dos três exem-
plos anteriores são resolvidas por substituição(simples), como por exem-
R
plo cos (4x)dx.
21
R
Desse modo, para determinar cos (4x)dx, faça u = 4x, então te-
du
mos que du = 4dx ⇒ dx = . Assim
4
du 1
Z Z Z
cos (4x)dx = cos (u) = cos (u)du
4 4
1 1
= sen u + C = sen 4x + C.
4 4
Para resolver integrais de potência de seno, cosseno, tangente e
secante, usaremos algumas fórmulas de recorrências.

Proposição 1.4.1. Mostre que para todo n natural com n ≥ 2 vale que
cos x sen n−1 x n − 1
Z Z
n
sen xdx = − + sen n−2 xdx + C
n n
Z Z
Prova. Temos que sen n xdx = sen n−1 x sen xdx. Usando integração
por partes, escolhemos f (x) = sen n−1 x e da fórmula (1.3) segue-se
que dg = sen xdx, então
Z
n−2
df (x) = (n − 1) sen x cos xdx e g = sen xdx = − cos x.

Portanto,
Z Z
n n−1
I= sen xdxdx = −cos x sen x + (n − 1) sen n−2 x cos2 xdx.

Da equação (1.4), temos


Z
n−1
I = −cos x sen sen n−2 x(1 − sen 2 x)dx
x + (n − 1)
Z Z
n−1 n−2
= −cos x sen x + (n − 1) sen xde − (n − 1) sen n xdx
Z
n−1
= −cos x sen x + (n − 1) sen n−2 xde − (n − 1)I.

Assim,
Z
n−1
I + (n − 1)I = −cos x sen x + (n − 1) sen n−2 xdx.

Portanto,
cos x sen n−1 x (n − 1)
Z
I =− + sen n−2 xdx
n n
.
22

sen 2 (x)dx.
R
Exemplo 1.4.4. Calcule a integral

Vamos aplicar a fórmula de recorrência acima para n = 2, assim


cos x sen x 1 cos x sen x 1
Z Z Z
2 0
sen (x)dx = − + sen xdx = − + dx.
2 2 2 2
Logo
x cos x sen x x sen (2x)
Z
sen 2 (x)dx = − +C = − + C.
2 2 2 4
Observação 1.4.2. No exemplo acima, podemos ter calculado a inte-
gral usando na equação (1.7).

sen 4 (x)dx.
R
Exemplo 1.4.5. Determine a integral I =

Vamos aplicar a fórmula de recorrência acima para n = 4, assim


cos x sen 3 x 3
Z
I =− + sen 3 xdx.
4 4
Aplicando a fórmula de recorrência para integral do lado direito acima
para n = 3, temos que
cos x sen 2 x 2
Z Z
3
sen (x)dx = − + sen 2 xdx
3 3
Logo combinando o resultado acima e exemplo (1.4.4), temos que
cos x sen 3 x cos x sen 2 x cos x sen x x
I=− − − + + C.
4 4 4 4
De modo análogo, deduz-se a fórmula de recorrência para a potência
da função cosseno.

Proposição 1.4.2. Mostre que para todo n natural com n ≥ 2 vale que
sen x cosn−1 x n − 1
Z Z
n
cos xdx = + cosn−2 xdx + C
n n
Prova. Exercı́cio a cargo do leitor.

cos3 xdx.
R
Exemplo 1.4.6. Calcule I =

Vamos aplicar a fórmula de recorrência acima para n = 3, assim


sen x cos2 x 2 sen x cos2 x 2
Z
I= + cos xdx = + sen x + C.
3 3 3 3
Agora vamos deduzir a fórmula de recorrência para a potência da
função secante.
23

Proposição 1.4.3. Mostre que para todo n natural com n ≥ 2 vale que

tg x secn−2 x n − 2
Z Z
n
sec xdx = + secn−2 xdx + C.
n−1 n−1
Z Z
Prova. Temos que sec xdx = secn−2 x sec2 xdx. Usando integração
n

por partes, escolhemos f (x) = secn−2 x e da fórmula (1.3) segue-se


que dg = sec2 xdx, então

df (x) = (n − 2) secn−3 x sec x tg xdx = (n − 2) secn−2 x tg xdx

e
Z
g= sec2 xdx = tg x.

Portanto,
Z Z
n n−2
I= sec xdxdx = tg x sec x + (n − 2) secn−2 x tg 2 xdx.

Da equação (1.5), temos


Z
n−2
I = tg x sec secn−2 x(sec2 x − 1)dx
x + (n − 2)
Z Z
n−2
= tg x sec x + (n − 2) sec xdx − (n − 2) secn−2 xdx
n

Z
n−2
= tg x sec x + (n − 2) secn−2 xde − (n − 2)I.

Assim,
Z
n−2
I + (n − 2)I = tg x sec x + (n − 2) secn xdx.

Portanto,
tg x secn−2 x n − 2
Z
I= + secn xdx.
n−1 n−1

Exemplo 1.4.7. Calcule sec3 xdx.


R

Vamos aplicar a fórmula de recorrência acima para n = 3, assim

tg x sec x 1 tg x sec x 1
Z Z
3
sec (x)dx = + sec xdx = + ln | sec x + tg x|+C.
2 2 2 2

sec5 xdx.
R
Exemplo 1.4.8. Determine a integral
24

Vamos aplicar a fórmula de recorrência acima para n = 5, assim


tg x sec3 x 3
Z Z
5
sec (x)dx = + sec3 xdx.
4 4
Usando o exercı́cio anterior, temos
tg x sec3 x 3 3
Z
sec5 (x)dx = + tg x sec x + ln | sec x + tg x| + C.
4 8 8
Agora iremos trabalhar com produto de potência de seno com cos-
seno. Como também produto de potência de tangente com secante.

Proposição 1.4.4. Dados n, m números naturais com m ı́mpar (isto é,


m = 2s + 1). Prove que
Z Z
sen x cos xdx = un (1 − u2 )s du
n m

onde u = sen x.

Prova. Temos que


Z
sen n x cosm xdx = sen n x(cos2 x)s cos xdx.

Da fórmula (1.4) temos


Z
sen n x cosm xdx = sen n x(1 − sen 2 x)s cos xdx.

du
Agora faça u = sen x ⇒ du = cos xdx, donde dx = . Assim,
cos x

cosdux .
Z Z
n 2 s
sen x(1 − sen x) cos xdx = un (1 − u2 )s cos x

Portanto, Z Z
n m
sen x cos xdx = un (1 − u2 )s du.

sen 4 x cos xdx.


R
Exemplo 1.4.9. Calcule a integral

Vamos aplicar o resultado anterior para n = 3 e m = 1(isto é,


m = 2.0 + 1), assim
u4
Z Z
sen x cos xdx = u3 du =
4
+ C.
4
Retornando para variável x, temos que
sen 4 x
Z
sen 4 x cos xdx = + C.
4
25

sen 2 x cos3 xdx.


R
Exemplo 1.4.10. Determine a integral

Vamos aplicar o resultado anterior para n = 2 e m = 3(ou seja,


m = 2.1 + 1), assim
u3 u5
Z Z Z
sen x cos xdx = u (1 − u )du = (u2 − u4 )du =
2 3 2 2
− + C.
3 5
Retornando para variável x, temos que
sen 3 x sen 5 x
Z
sen 4 x cos xdx = − + C.
3 5
Proposição 1.4.5. Dados n, m números naturais com m ı́mpar (isto é,
m = 2s + 1) . Prove que
Z Z
cos x sen xdx = − un (1 − u2 )s du
n m

onde u = cos x.

Prova. Temos que


Z
cosn x sen m xdx = cosn x( sen 2 x)s sen xdx.

Da fórmula (1.4), temos


Z
cosn x sen m xdx = cosn x(1 − cos2 x)s sen xdx.

−du
Agora faça u = cos x ⇒ du = − sen xdx, donde dx = . Assim,
sen x

(−du)
Z Z

senx .
n 2 s
cos x(1 − cos x) sen xdx = un (1 − u2 )s sen x

Portanto Z Z
n m
cos x sen xdx = − un (1 − u2 )s du.

cos4 x sen 3 xdx.


R
Exemplo 1.4.11. Determine a integral

Vamos aplicar o resultado anterior para n = 4 e m = 3(ou seja,


m = 2.1 + 1), assim
u5 u7
Z Z Z
cos x sen xdx = − u (1−u )du = − (u4 −u6 )du = − + +C.
4 3 4 2
5 7
Retornando para variável x, temos que
cos5 x cos7 x
Z
cos4 x sen 3 xdx = − + + C.
5 7
26

cos3 x sen 3 xdx.


R
Exemplo 1.4.12. Calcule

Vamos aplicar o resultado anterior para n = 3 e m = 3(isto é,m =


2.1 + 1), assim
u4 u6
Z Z Z
cos x sen xdx = − u (1−u )du = − (u3 −u5 )du = − + +C.
3 3 3 2
4 6
Retornando para variável, x temos que
cos4 x cos6 x
Z
cos3 x sen 3 xdx = − + + C.
4 6
Observação 1.4.3. No exemplo acima como m e n são números ı́mpares,
poderı́amos aplicar qualquer um dos dois resultados anteriores.

Observação 1.4.4. Agora, se m e n são números pares, devemos


utilizar as equações (1.6) e (1.7), e aplicar alguns dos métodos já
vistos anteriormente.

cos2 x sen 2 xdx.


R
Exemplo 1.4.13. Calcule I =

Vamos utilizar as equações (1.6) e (1.7), assim


Z   
1 + cos (2x) 1 − cos (2x)
I = dx
2 2
1 − cos2 (2x)
Z  
= dx.
4

1 − cos2 (2x)
Z  
Faça A = dx. Assim, usando as propriedades
4
de integrais e equação (1.6), temos que
1 − cos2 (2x)
Z  
1 1
Z Z
dx = dx − cos2 (2x)dx
4 4 4
Z  
1 1 1 + cos (4x)
Z
= dx − dx.
4 4 2

Daı́
1 − cos2 (2x)
Z  
1 1 1
Z
dx = x − x − cos (4x)dx.
4 4 8 8
R
Resolvendo a integral cos (4x)dx através de uma substituição (sim-
ples) temos que
1
Z
cos (4x)dx = sen (4x) + C.
4
27

Portanto
1 1
Z
cos2 x sen 2 xdx = x − sen (4x) + C.
8 32
Proposição 1.4.6. Se n 6= 0 prove que
Z Z
sec x sec x tg xdx = un du
n

onde u = sec x.
du
Prova. Faça u = sec x ⇒ du = sec x tg xdx donde dx = .
sec x tg x
Assim,

x du =
secxtg
Z Z Z
u
secxtg x
n x n
sec x sec tg xdx = un du.

sec4 x sec x tg xdx.


R
Exemplo 1.4.14. Calcule a integral

Vamos aplicar o resultado anterior para n = 4. Assim,


u5
Z Z
sec x sec x tg xdx = u4 du =
4
+ C.
5
Retornando para variável x, temos que
sec5 x
Z
sec4 x sec x tg xdx = + C.
5
Z
1
Exemplo 1.4.15. Calcule a integral sec− 2 x tg xdx.

Temos que
Z Z
− 12 3
sec x tg xdx = sec− 2 x sec x tg xdx.

3
Vamos aplicar o resultado anterior para n = − , assim
2
Z Z
3 3 1
sec− 2 x sec x tg xdx = u− 2 du = −2u− 2 + C.

Retornando para variável x, temos que


Z
1
sec4 x sec x tg xdx = −2(sec x)− 2 + C.

Proposição 1.4.7. Dados m, n números naturais com e n > 1 e m


ı́mpar(isto é, m = 2s + 1). Prove que
Z Z
sec x tg xdx = un−1 (u2 − 1)s du
n m

onde u = sec x.
28

Prova. Temos que


Z
secn x tg m xdx = secn−1 x sec x tg x( tg 2 x)s dx.

Da fórmula (1.5) temos


Z
secn x tg m xdx = secn−1 x(sec2 x − 1)s sec x tg xdx.

du
Agora faça u = sec x ⇒ du = sec x tg xdx, donde dx = .
sec x tg x
Assim,

secxtgx
du
Z Z
n m
sec x tg xdx = un−1(u2 − 1)s sec x tg x
Z
= un−1(u2 − 1)s du.

sec1/2 x tg 3 xdx.
R
Exemplo 1.4.16. Calcule a integral

Vamos aplicar o resultado anterior para n = 1/2 e m = 3(isto é,m =


2.1 + 1). Assim,

u5/2 u1 /2
Z Z
2
u −1/2
(u − 1)du = (u3/2 − u−1/2 )du = − + C.
5/2 1/2

Retornando para variável x, temos que

sec5/2 x
Z
sec3 x tg 3 xdx = 2 − 2sec1/2 x + C.
5

Proposição 1.4.8. Se n 6= 0 prove que


Z Z
2 n
sec x tg xdx = un du

onde u = tg x.

du
Prova. Faça u = tg x ⇒ du = sec2 xdx donde dx = . Assim,
sec2 x

u 2x du
Z Z Z
sec2x dx =
n n n
sec x tg xdx = sec un du.

sec2 (2x) tg −3 (2x)dx


R
Exemplo 1.4.17. Calcule a integral
29

Vamos aplicar o resultado anterior para n = −3, mas antes disso


vamos fazer uma substituição (simples). Faça z = 2x então dz =
2dx ⇒ dx = 1/2dz, logo
Z Z
sec (2x) tg (2x)dx = 1/2 sec2 (z) tg −3 (z)dz.
2 −3

Agora aplicando resultado, temos


u−2
Z Z
2
sec (z) tg (z)dz = u−3 du =
−3
+C
−2
Retornando para variável x, temos que
tg −2 (2x)
Z
sec2 (2x) tg −3 (2x)dx = − + C.
4
Proposição 1.4.9. Dados m natural e n real, com par(ou seja, m =
2s + 2) e n 6= 0. Prove que
Z Z
tg x sec xdx = un−1 (u2 + 1)s du
n m

onde u = tg x.

Prova. Temos que


Z
tg n x tg m xdx = tg n x(sec2 x)s sec2 xdx.

Da fórmula (1.5) temos


Z
tg n x secm xdx = tg n x(sec2 x + 1)s sec2 xdx.

du
Agora u = tg x ⇒ du = sec2 xdx, donde dx = . Assim,
sec2 x
du

Z Z Z
tg x sec xdx = u (u + 1) sec x 2 = un (u2 + 1)s du.
n m n 2 s 2
sec x
R π/4
Exemplo 1.4.18. Calcule integral definida 0 tg 10 x sec4 xdx.

Vamos aplicar o resultado anterior para n = 10 e m = 4(isto é,m =


2.1 + 2). Primeiro, vamos fazer a mundança dos limites de integração,
isto é, para x = 0 ⇒ u = tg 0 = 0 e para x = π/4 ⇒ u = tg (π/4) = 1.
Assim
Z π/4 1 1
u13 u11 1
Z Z
10 4 10 2
tg x sec xdx = u (u +1)du = (u12 +u10 )du = + |.
0 0 0 13 11 0
Portanto
π/4
113 111 013 011 24
Z
tg 10 x sec4 xdx = ( + )−( + )= .
0 13 11 13 11 143
30

1.4.1 Exercı́cios

1. Determinar uma primitiva da função f : R → R definida pela lei


f (x) = cos (x) sen (2x)

2. Determinar as seguintes integrais, usando Integração de produ-


tos e potências de seno e cosseno, tangente e secante
Z
(a) cos (3x) cos (4x)dx
Z
(b) sen (5x) sen (2x)dx
Z
(c) cos7 xdx
Z
(d) sen 3 (4x + 2)dx
Z
(e) sen (2x) cos (2x)dx
Z
(f) sen 14 x cos3 (x)dx
Z
(g) tg −3 x sec2 xdx
Z
(h) tg 7 x sec3 (x)dx
Z
(i) sec−2 x tg 3 xdx
Z
(j) cos3 (2x) sen (2x)dx
Z π/2
(k) sen 3 x cos2 xdx
π/3
Z π/4
(l) tg x sec2 xdx
0
Z π/6
(m) cos3 x sen 2 xdx
0
Z π
(n) sen 2x cos 6xdx
0

1.4.2 Respostas

1. − 21 cos x − 61 cos (3x) + C


1 1
2. (a) sen x + sen (7x) + C
2 14
31

1 1
(b) sen(3x) − sen (7x) + C
6 14
(c) 1 − 3 sen 2 x + 3 sen 4 x − sen 6 x + C
1 1
(d) − cos (4x + 2) + cos3 (4x + 2) + C
4 12
1
(e) − cos (4x) + C
8
1 1
(f) sen 15 x − sen 17 x + C
15 17
1
(g) − tg −2 + C
2
1 3 3 1
(h) sec9 (x) − sec7 (x) + sec5 (x) − sec3 (x) + C
9 7 5 3
1
(i) ln | sec x| + sec−2 x + C
2
1
(j) − cos4 (2x) + C
4
17
(k) −
480
1
(l)
2
17
(m)
480
(n) 0

1.5 Integração por Substituição Trigonométrica

Algumas funções possuem certas expressões que, para calcular sua


integral é necessário fazer uma substituição denominada de substituição
trigonométrica. Segue abaixo a tabela com as expressões e suas res-
pectivas substituições:

Tabela Para a Substituição Trigonométrica


Tipos Expressão Substituição dx f (θ)
x
I a2 − x2 x = a sen θ dx = a cos θdθ sen θ = a
x
II a2 + x2 x = a tg θ dx = a sec2 θdθ tg θ = a
x
III x2 − a2 x = a sec θ dx = a sec θ tg θdθ sec θ = a

onde a é uma constante dada.


R 1
Exemplo 1.5.1. Calcule a integral I = √ dx.
4 − x2
32

Temos que a integral acima é tipo I. Assim, a = 2 e substituição é


x = 2 sen θ então dx = 2 cos θdθ. Logo,
2 cos θdθ
Z
I = √
4 − 4 sen 2 θ
2 cos θdθ 2 cos θdθ
Z Z
= p = √
4(1 − sen θ)2 4 cos2 θ
2 cos θdθ
Z
=

2 cos θ
2 cos θdθ
Z Z
=

2 cos θ
= dθ = θ + C.

x x
Sendo sen θ = ⇒ θ = arcsen ( ). Então, retornando para variável
2 2
x, temos que
dx x
Z
√ = arcsen ( ) + C.
4 − x2 2
R√
Exemplo 1.5.2. Calcule a integral I = 9 − x2 dx.

Temos que a integral acima é tipo I. Assim a = 3 e substituição é


x = 3 sen θ então dx = 3 cos θdθ. Logo,
Z √ Z p
I= 9 − 9 sen 2 θ3 cos θdθ = 9(1 − sen 2 θ)3 cos θdθ
Z √ Z
= 9 cos θ3 cos θdθ = 9 cos2 θdθ.
2

Da fórmula (1.6), temos que


1 + cos (2θ)
Z Z
2
A = 9 cos θdθ = 9 dθ
2

1 + cos (2θ) 9 9
Z Z Z
9 dθ = dθ + cos (2θ)dθ
2 2 2
9 9
= = θ + sen (2θ) + C.
2 4
Sabemos que sen (2θ) = 2 sen θ cos θ, assim
Z √
9 9
9 − x2 = θ + sen θ cos θ + C
2 2
x x
Sendo sen θ = ⇒ θ = arcsen ( ), então, para obter as outras
3 3
funções trigonométricas usaremos a figura 1.1, sabendo que x repre-
senta o cateto oposto e 3 representa a hipotenusa.
33

Figura 1.1: substituição trigonométrica 1


x 9 − x2
Logo da figura 1.1, temos que sen θ = e cos θ = . Assim,
3 3
Saiba Mais: Para retornando para variável x, temos que
mais detalhes √
dx 9 x x 9 − x2
Z
√ = arcsen ( ) + + C.
sobre a teoria 4 − x2 2 3 2
do método de
integração por
substituição tri- R 1
Exemplo 1.5.3. Calcule a integral I = dx.
3 + x2
gonométrica, ver

referência [12] Temos que a integral acima é tipo II. Assim a = 3 e substituição
√ √
é x = 3 tg θ então dx = 3 sec2 θdθ. Logo,

3 sec θdθ
Z
I = p
3 + 3 tg 2 θ

x sec θdθ
Z
= p
3(1 + tg 2 θ)

3 sec θdθ
Z
= √
3 sec2 θ

3 sec θdθ
Z
= √


√ 3 sec θ
3 sec θdθ
Z


= √
Z 3 sec θ
= dθ = θ + C.
34

x x
Sendo tg θ = √ ⇒ θ = arctg ( √ ), então retornando para variável
3 3
x, temos que
1 x
Z
I= 2
dx = arctg ( √ ) + C.
3+x 3
R1 dx
Exemplo 1.5.4. Calcule a integral 0 √ .
1 + x2
Temos que a integral acima é tipo II. Assim a = 1 e substituição é
x = tg θ então dx = sec2 θdθ. Para
π
x = 0 ⇒ tg θ = 0 ⇒ θ = 0 e x = 1 ⇒ tg θ = 1 ⇒ θ = .
4
Logo,
π
sec2 θdθ
Z
4
I = p
0 1 + tg 2 θ
π
sec2 θdθ
Z
4
= √
0 sec2 θ
Z π
4
= sec θdθ.
0

Assim, da Proposição (1.2.1), temos que


π
π π
Z
4 π
sec θdθ = ln | sec θ + tgθ||04 = ln | sec + tg | − ln | sec 0 + tg 0|
0 4 4
Portanto
dx
Z 1 √

= ln | 2 + 1|
0 1 + x2
R 1
Exemplo 1.5.5. Calcule a integral I = √ dx.
2
x − 16
Temos que a integral acima é tipo III. Assim a = 4 e substituição
é x = 4 sec θ então dx = 4 sec θ tg θdθ. Logo
4 sec θ tg θdθ
Z
I = √
16 sec2 θ − 16
4 sec θ tg θdθ
Z
= p
16(sec2 θ − 1)
4 sec θ tg θdθ
Z
= p
16 tg 2 θ
sec θ4 tg θdθ
Z
=
4 tg θ
sec θ4 tg θdθ 
Z


=
4 tg θ
Z
= sec θdθ

= ln | sec θ + tg θ| + C.
35

x
Sendo sec θ = , então, para obter as funções trigonométricas usa-
4
remos a figura 1.2 abaixo, sabendo que x representa hipotenusa e 4
representa o cateto adjacente.

Figura 1.2: substituição trigonométrica 2


x x2 − 16
Logo da figura 1.2, temos que sec θ = e tg θ = . Assim
4 4
retornando para variável x, temos que

1 x x2 − 16
Z
√ dx = ln | + | + C.
x2 − 16 4 4
R dx
Exemplo 1.5.6. Calcule a integral I = .
x2 − 1
Temos que a integral acima é tipo III. Assim a = 1 e substituição
é x = sec θ então dx = sec θ tg θdθ. Logo
sec θ tg θdθ
Z
I =
sec2 θ − 1
sec θ tg θdθ
Z
=
tg 2 θ
sec θdθ
Z Z
= = cossec θdθ.
tg θ
Assim da Proposição (1.2.1), temos que
Z
cossec θdθ = ln | cossec θ + cotg θ| + C.
x
Sendo sec θ = , então para obter as funções trinométricas usare-
1
mos a figura 1.3, sabendo que x representa hipotenusa e 1 representa
o cateto adjacente3.
36

Figura 1.3: substituição trigonométrica 3

x
Usando a figura 1.3, temos que cossec θ = √ e cotg θ =
x2−1
1
√ . Assim retornando para variável x, temos que
x2 −1
dx x 1
Z
= ln | √ +√ | + C.
x2−1 x2 − 1 x2 − 1

1.5.1 Exercı́cios

1. Seja função f : [−r, r] → R definida pela lei f (x) = r 2 − x2 .
Calcule a seguinte integral
Z r
I =2 f (x)dx.
−r

E conclua que esta valor da integral a área de um cı́rculo de raio


r.

2. Determinar as seguintes integrais usando Integração de por Substituição


Trigonométrica:

1
Z
(a) 2
dx
x +9
1
Z
(b) √ dx
x2 − 4
1
Z
(c) dx
9 − x2
37
Z √
3 − x2
(d) dx
x
Z √
(e) x3 1 − x2 dx

1
Z
(f) √ dx
x x2 + 1
Z p
(g) 9 − (x − 1)2 dx

1
Z
(h) √ dx
x 1 − x2
Z √
(i) x x2 − 4dx

x+1
Z
(j) √ dx
x2 + 2x + 3
Z √2/2
1
(k) dx
0 1 − x2
Z 2 √
(l) x 4 − x2 dx
−2

Z 2 √
(m) x2 − 1dx
1
2
x
Z
(n) √ dx
0 x2 +4

1.5.2 Respostas

1. πr 2
1 x
2. (a) arctg + C
3 3

x x2 − 4
(b) ln | + |+C
2 2
1 3 3
(c) ln | √ + |+C
3 9 − x2 9 − x2
√ √ √
√ 3 3 − x2 3 − x2
(d) 3 ln | + |+ √ +C
x x x
√ √
( 1 − x2 )3 ( 1 − x2 )5
(e) − + +C
3 5
x
(f) ln | √ |+C
2
x +1
p
9 x+1 9 x + 1 9 − (x + 1)2
(g) arcsen ( )+ . . +C
2 3 2 3 3
(h) arcsec x + C
38

1 √ 2
(i) ( x − 4)3 + C
3
p
(j) (x + 1)2 + 2 + C

(k) ln | 2 + 1|

(l) 0
1
(m)
2

(n) 2( 2 − 1)

1.6 Integração por Frações Parciais

Apresentaremos, a seguir, técnicas para calcular integrais de funções


p(x)
racionais, ou seja, funções do tipo f (x) = onde p(x) e q(x) são
q(x)
polinômios com coeficientes reais. Essa técnicas é denominada por:
Integração por frações parciais. A primeira observação é que preci-
samos estudar apenas o caso em que o grau de p(x) é menor que o
grau de q(x), pois se ocorrer o contrário, pelo algorı́timo da divisão,
podemos escrever:

p(x) = m(x)q(x) + r(x)

onde r(x) ≡ 0 ou o gran de r(x) é menor que o grau de q(x). Mas isso
significa que

p(x) m(x)q(x) + r(x) r(x)


f (x) = = = m(x) + .
q(x) q(x) q(x)

Portanto,
r(x)
Z Z Z
f (x) = m(x) + .
q(x)
Como m(x) é um polinômio e nós já sabemos integrar polinômios,
r(x)
então para integrar f basta saber integrar a função racional .
q(x)
p(x)
Seja a função racional f (x) = tal que grau p(x) é menor do
q(x)
que o grau de q(x).
Vamos analisar casos de acordo com grau de q(x)
39

• Caso[1]: A polinômio q(x) possui grau 2. Neste caso o grau de


p(x) é menor ou igual a 1.

Sendo q(x) um polinômio de grau 2 temos que q(x) = a2 x2 +


a1 x + a0 com a2 6= 0. Neste caso ocorre somente uma das pos-
sibilidades abaixo:

– Possibilidade [1.1]: q(x) possui duas raı́zes reais distintas.


Assim q(x) pode ser escrito como:

q(x) = a2 (x − α)(x − β) com α 6= β.

– Possibilidade [1.2]: q(x) possui duas raı́zes reais iguais. As-


sim q(x) pode ser escrito como:

q(x) = a2 (x − α)2 , α ∈ R.

– Possibilidade [1.3]: q(x) não possui raı́zes reais. Assim q(x)


pode ser escrito como:

2 2 a1 −∆
q(x) = a2 [u + c ] onde u = x + ec= .
2a2 2a2

A análise da possibilidade 1.1 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.1 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, α, β ∈ R


com α 6= β. Então existem constantes A, B ∈ R tais que:

ax + b A B Ax − βA + Bx − αB
= + = , ∀x 6= α, β
(x − α)(x − β) x−α x−β (x − α)(x − β)

Assim

ax + b A B
Z Z Z
= + = A ln |x − α|+B ln |x − β|+C.
(x − α)(x − β) x−α x−β

Exemplo 1.6.1. Para cacular a integral

−x + 3
Z
dx
(x − 1)(x − 3)

−x + 3
Vamos usar a decomposição da fração em frações
(x − 1)(x − 3)
parciais, como no Lema 1.6.1. Assim
40

−x + 3 A B A(x − 2) + B(x − 1)
= + =
(x − 1)(x − 3) x−1 x−2 (x − 2)(x − 1)
Segue-se então da igualdade de frações que

−x + 3 = A(x − 2) + B(x − 1).

Podemos encontrar as constantes A e B através de igualdade de po-


linômios ou atribuindo valores a x, em especial as raı́zes de q(x). As-
sim

 para x = 2 ⇒ −2 + 3 = A(2 − 2) + B(2 − 1) ⇒ B = 1
 para x = 1 ⇒ −1 + 3 = A(1 − 2) + B(1 − 1) ⇒ A = −2

−x + 3 −2 1
Z Z Z
dx = dx + dx
(x − 1)(x − 3) x−1 x−2
= −2 ln | x − 1 | + ln | x − 2 | +C
x−2
= ln | | + C.
(x − 1)2
Exemplo 1.6.2. Para cacular a integral

1
Z
dx
x2 − 1
1 1
Vamos usar a decomposição da fração = em
x2
−1 (x − 1)(x + 1)
frações parciais, como no Lema 1.6.1. Assim

1 A B A(x + 1) + B(x − 1)
= + =
(x − 1)(x + 1) x−1 x+1 (x − 1)(x + 1)
Segue-se então da igualdade de frações que

1 = A(x + 1) + B(x − 1).

Podemos encontrar as constantes A e B através de igualdade de po-


linômios ou atribuindo valores a x, em especial as raı́zes de q(x). As-
sim

 para x = 1 ⇒ 1 = A(1 + 1) + B(1 − 1) ⇒ A = 1/2
 para x = −1 ⇒ 1 = A(−1 + 1) + B(−1 − 1) ⇒ B = −1/2
41

1 1 1 1 1
Z Z Z
dx = dx − dx
(x − 1)(x + 1) 2 x−1 2 x+1
1 1
= ln | x − 1 | − ln | x − 2 | +C
2 2
1 x−1
= ln | |+C
2 x+1
Para estudar a possibilidade 1.2, basta observar o conteúdo do lema;

Lema 1.6.2 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, α ∈ R.


Então existem constantes A, B ∈ R tais que:
ax + b A B Ax − α.A + B
2
= + 2
= , ∀x 6= α (1.11)
(x − α) x − α x − α) (x − α)2
Neste caso, facilmente verifica-se que A = a e B = b + α.a satifa-
zem a equação 1.11

x3 +1
R
Exemplo 1.6.3. Calcule x2 −2x+1
dx

Efetuando a divisão do polinômio x3 + 1 pelo polinômio

x2 − 2x + 1 = (x − 1)2

tem-se
x3 + 1 = (x2 − 2x + 1)(x + 2) + (3x − 1)

e consequentemente a igualdade:
x3 + 1 3x − 1
2
= (x + 2) + (1.12)
x − 2x + 1 (x − 1)2
Agora vamos decompor o último termo do lado direito da equação
(1.12) em frações parciais:
3x − 1 A B Ax − A + B
2
= + 2
=
(x − 1) x − 1 (x − 1) (x − 1)2
Segue-se então da igualdade de frações que 3x − 1 = A(x − 1) +
B. Podemos encontrar as constantes A e B através de igualdade de
polinômios ou atribuindo valores a x, em especial, as raı́zes de q(x).
Assim

 para x = 1 ⇒ 3.1 − 1 = A(1 − 1) + B ⇒ B = 2
 para x = 0 ⇒ 3.0 − 1 = A(0 − 1) + B ⇒ −1 = −A + 2 ⇒ A = 3
42

Assim, o último termo da equação (1.12) pode ser escrito na forma:


3x − 1 3 2
2
= + (1.13)
(x − 1) x − 1 (x − 1)2
Substituindo a equação (1.13) na equação (1.12) e integrando:
x3 + 1 3 2
Z Z Z Z
2
dx = (x + 2)dx + dx + dx
x − 2x + 1 x−1 (x − 1)2
x2
= + 2x + 3. ln | x − 1 | −2(x − 1)−1 + C.
2
No exemplo abaixo, temos a possibilidade 1.2, mas podemos resolver
fazendo uma substituição simples.
R x+1
Exemplo 1.6.4. Para resolver dx, faça u = x − 1 ⇒ du = dx
(x − 1)2
e x = u + 1. Assim
x+1 u+1+1 du
Z Z Z Z
dx = du = +2 u−2 du = ln |u|+2u−1 +C.
(x − 1)2 u2 u
Retornando a variável x, temos que
x+1
Z
dx = ln |x − 1| + 2(x − 1)−1 + C.
(x − 1)2
Quando ocorrer a possibilidade 1.3 , isto é,

q(x) = a2 x2 + a1 x + a0 com ∆ = a21 − 4a2 a0 < 0.

O procedimento a ser adotado é, escrever q(x) na forma


a1 2 ∆
q(x) = a2 [(x + ) − 2] (1.14)
2a2 4a2
a1
e fazer a mudança de variável u = x + , como no exemplo abaixo:
2a2
Exemplo 1.6.5. Calcule a integral
1
Z
dx
x2 + 16
O polinômio q(x) = x2 + 16 não possui raı́zes reais, pois, ∆ =
02 − 4.1.16 = −64 < 0, e mesmo já está no formato (1.14). Assim ado-
taremos o procedimento descrito acima, fazendo x = 4 tg θ obtemos:
1 4 sec2 θ
Z Z
dx = du
16 tg 2 θ + 16

x2 + 16
4 sec2 θ
Z
=
16 sec2 θ 
du
1
= θ+C
4
43

Retornando para variável x, obtemos que

1 1 x
Z
dx = arctg +C
x2 + 16 4 4

Exemplo 1.6.6. Calcule a integral

3x + 1
Z
dx
x2 + 4x + 5

Observe que neste caso q(x) = x2 + 4x + 5 não possui raı́zes reais,


pois, ∆ = 42 − 4.1.5 = −1 < 0. Adotaremos então o procedimento
descrito acima:

3x + 1 3x + 1
Z Z
2
dx = dx
x + 4x + 5 (x + 2)2 + 1

Fazendo a substituição u = x + 2 ⇒ du = dx e x = u − 2. Assim,


obtemos

3x + 1 3(u − 2) + 1
Z Z
dx = du
x2 + 4x + 5 u2 + 1
u 1
Z Z
= 3 2
du − 5 2
du
u +1 u +1
3
= ln (u2 + 1) − 5. arctg (u2 + 1) + C
2

Saiba Mais: Para Retornando para variável x, obtemos que

mais detalhes 3x + 1 3
Z
dx = ln ((x + 2)2 + 1) − 5 arctg ((x + 2)2 + 1) + C
sobre a teoria x2 + 4x + 5 2

do método de
integração por
• Caso[2]: A polinômio q(x) possui grau 3. Neste caso, o grau de
frações parcias,
p(x) é menor ou igual a 2.
ver referência [13]
Sendo q(x) um polinômio de grau 3 temos que q(x) = a3 x3 +
a2 x2 + a1 x + a0 com a3 6= 0. Neste caso, ocorre somente uma das
possibilidades abaixo:

– Possibilidade [2.1]: q(x) possui três raı́zes reais distintas.


Assim q(x) pode ser escrito como:

q(x) = a3 (x − α)(x − β)(x − γ) com α 6= β 6= γ.


44

– Possibilidade [2.2]: q(x) possui três raı́zes reais, sendo ape-


nas duas iguais. Assim q(x) pode ser escrito como:

q(x) = a3 (x − α)(x − β)2 , α 6= β.

– Possibilidade [2.3]: q(x) possui três raı́zes reais iguais. As-


sim, q(x) pode ser escrito como:

q(x) = a3 (x − α)3 .

– Possibilidade [2.4]: q(x) possui apenas uma raiz real. As-


sim, q(x) pode ser escrito como:

q(x) = a3 (x − α)s(x)

onde s(x) é um polinômio irredutı́vel, isto é não possui raiz


real.

A análise da possibilidade 2.1 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.3 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, c, α, β, γ ∈


R com α 6= β 6= γ. Então existem constantes A, B, C ∈ R tais que:

ax2 + bx + c A B C
= + +
(x − α)(x − β)(x − γ) x−α x−β x−γ

Exemplo 1.6.7. Para cacular a integral

x2 + 3
Z
dx
(x − 1)(x − 3)(x + 1)

x2 + 3
Vamos usar a decomposição da fração em
(x − 1)(x − 3)(x + 1)
frações parciais, como no Lema 1.6.3. Assim,

x2 + 3 A B C
= + +
(x − 1)(x − 3)(x + 1) x−1 x−3 x+1
x2 + 3 A(x − 3)(x + 1) + B(x − 1)(x + 1) + C(x − 1)(x − 3)
=
(x − 1)(x − 3)(x + 1) (x − 1)(x − 3)(x + 1)
Segue-se então, da igualdade de frações que

x2 + 3 = A(x − 3)(x + 1) + B(x − 1)(x + 1) + C(x − 1)(x − 3).


45

Podemos encontrar as constantes A, B e C através de igualdade de


polinômios ou atribuindo valores a x, em especial as raı́zes de q(x).
Assim, para x = 1 temos

12 + 3 = A(1 − 3)(1 + 1) + B(1 − 1)(1 + 1) + C(1 − 1)(1 − 3) ⇒ A = −1,

para x = 3, temos

32 + 3 = A(3 − 3)(1 + 1) + B(3 − 1)(3 + 1) + C(3 − 1)(3 − 3) ⇒ B = 3/2

e para x = −1, segue que

(−1)2 +3 = A((−1)−3)((−1)+1)+B((−1)−1)((−1)+1)+C((−1)−1)((−1)−3) ⇒ C

Logo,
x2 + 3 −1 3/2 1/2
Z Z Z Z
dx = dx + dx + dx
(x − 1)(x − 3)(x + 1) x−1 x−3 x+1
3 1
= − ln | x − 1 | + ln | x − 3 | + ln | x − 1 | +C
2 2
Exemplo 1.6.8. Calcule a integral
1
Z
dx
x3 −x
Temos que x3 − x = x(x2 − 1) = x(x − 1)(x + 1). Agora vamos usar
1
a decomposição da fração em frações parciais, como
(x − 1)x(x + 1)
no Lema 1.6.3. Assim,

1 A B C
= + +
(x − 1)x(x + 1) x−1 x x+1
1 Ax(x + 1) + B(x − 1)(x + 1) + Cx(x − 1)
=
(x − 1)x(x + 1) (x − 1)x(x + 1)
Segue-se então da igualdade de frações que

1 = Ax(x + 1) + B(x − 1)(x + 1) + Cx(x − 1).

Vamos encontrar as constantes A, B e C. Assim, para x = 1 temos

1 = A.1.(1 + 1) + B(1 − 1)(1 + 1) + C.1.(1 − 1) ⇒ A = 1/2,

para x = 0, temos

1 = A.0.(1 + 1) + B(0 − 1)(0 + 1) + C.0.(0 − 1) ⇒ B = −1


46

e para x = −1, segue que

1 = A.(−1).((−1)+1)+B((−1)−1)((−1)+1)+C(−1).((−1)−3) ⇒ C = 1/4.

Logo,

1 1/2 −1 1/4
Z Z Z Z
dx = dx + dx + dx
(x − 1)x(x + 1) x−1 x x+1
1 1
= ln | x − 1 | − ln | x | + ln | x + 1 | +C
2 4

A análise da possibilidade 2.2 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.4 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, c, α, β ∈


R com α 6= β. Então existem constantes A, B, C ∈ R tais que:

ax2 + bx + c A B C
2
= + +
(x − α)(x − β) x − α x − β (x − β)2

Exemplo 1.6.9. Para calcular a integral

x+3
Z
dx
(x − 1)(x − 3)2
x+3
Vamos usar a decomposição da fração em frações
(x − 1)(x − 3)2
parciais, como no Lema 1.6.4. Assim,

x+3 A B C
= + +
(x − 1)(x − 3)(x + 1) x − 1 x − 3 (x − 3)2
x+3 A(x − 3)2 + B(x − 1)(x − 3) + C(x − 1)
=
(x − 1)(x − 3)2 (x − 1)(x − 3)2
Segue-se então da igualdade de frações que

x + 3 = A(x − 3)2 + B(x − 1)(x − 3) + C(x − 1).

Podemos encontrar as constantes A, B e C através de igualdade de


polinômios ou atribuindo valores a x, em especial, as raı́zes de q(x).
Assim, para x = 1 temos

1 + 3 = A(1 − 3)2 + B(1 − 1)(1 − 3) + C(1 − 1) ⇒ A = 1,

para x = 3, temos

3 + 3 = A(3 − 3)2 + B(3 − 1)(3 − 3) + C(3 − 1) ⇒ B = 3.


47

Como existem duas raı́zes reais iguais, vamos atribuir outro valor para
x. Assim atribuindo x = 0, segue que

0 + 3 = A(0 − 3)2 + B(0 − 1)(0 − 3) + C(0 − 1) ⇒ 9A + 3B − C = 3.

Logo, substituindo pelos outros valores já encontrados, obtemos que


C = 15. Assim
x+3 1 3 15
Z Z Z Z
2
dx = dx + dx + dx
(x − 1)(x − 3) x−1 x−3 (x − 3)2
= ln | x − 1 | +3 ln | x − 3 | −15(x − 3)−1 + C

Exemplo 1.6.10. Calcule a integral


x4 + 1
Z
dx
x3 − x2
Fazendo primeiramente a divisão, temos que
x4 + 1 x2 + 1
= x + .
x3 − x2 x3 − x2
x2 + 1 x2 + 1
Agora vamos usar a decomposição da fração = em
x3 − x2 x2 (x − 1)
frações parciais. Assim

x2 + 1 A B C
2
= + + 2
(x − 1)x x−1 x x
x2 + 1 Ax2 + Bx(x − 1) + C(x − 1)
=
(x − 1)x2 (x − 1)x2
Segue-se então da igualdade de frações que

x2 + 1 = Ax2 + Bx(x − 1) + C(x − 1).

Vamos encontrar as constantes A, B e C. Assim, para x = 1 temos

12 + 1 = A.12 + B.1.(1 − 1) + C(1 − 1) ⇒ A = 2,

para x = 0, temos

02 + 1 = A.02 + B.0.(0 + 1) + C(0 − 1) ⇒ C = −1

Como existem duas raı́zes reais iguais, vamos atribuir outro valor para
x. Assim atribuindo x = 2, segue que

22 + 1 = A.22 + B.2.(2 − 1) + C(2 − 1) ⇒ 4A + 2B + C = 5.


48

Logo, substituindo pelos outros valores já encontrados, obtemos que


B = −1. Assim,
x4 + 1 2 −1 −1
Z Z Z Z Z
3 2
dx = xdx + dx + dx + dx
x −x x−1 x x2
x2
= + 2 ln | x − 1 | − ln | x | +(x)−1 + C
2
A análise da possibilidade 2.3 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.5 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, c, α ∈ R.


Então existem constantes A, B, C ∈ R tais que:
ax2 + bx + c A B C
3
= + 2
+
(x − α) x − α (x − α) (x − α)3
Exemplo 1.6.11. Para calcular a integral
x+3
Z
dx
(x − 3)3
x+3
Vamos usar a decomposição da fração F = em frações
(x − 3)3
parciais, como no Lema 1.6.5. Assim,

A B C
F = + 2
+
x − 3 (x − 3) (x − 3)3
A(x − 3)2 + B(x − 3) + C
F =
(x − 3)3
Segue-se então da igualdade de frações que

x + 3 = A(x − 3)2 + B(x − 3) + C.

Podemos encontrar as constantes A, B e C através de igualdade de


polinômios ou atribuindo valores a x, em especial, as raı́zes de q(x).
Assim, para x = 3 temos

3 + 3 = A(3 − 3)2 + B(3 − 3) + C ⇒ C = 6.

Como as três raı́zes são iguais, vamos atribuir outros dois valores para
x. Assim atribuindo x = 1 e x = 2, segue que

1 + 3 = A(1 − 3)2 + B(1 − 3) + C ⇒ 4A − 2B = −2.

2 + 3 = A(2 − 3)2 + B(2 − 3) + C ⇒ A − B = −1.


49

Logo, resolvendo o sistema acima, obtemos que A = 0 e B = 1. Assim

x+3 0 1 6
Z Z Z Z
3
dx = dx + 2
dx + dx
(x − 3) x−3 (x − 3) (x − 3)3
= −(x − 3)−1 − 3(x − 3)−2 + C

Exemplo 1.6.12. Calcule a integral


Z 3
x+1
3
dx
2 (x − 1)

x+1
Podemos fazer a decomposição da fração em frações
(x − 1)3
parciais como no Lema 1.6.5, mas é mais conveniente fazer uma
substituição simples. De fato, faça u = x − 1 ⇒ x = u + 1 então
du = dx, assim, para x = 2 ⇒ u = 1 e para x = 3 ⇒ u = 2. Logo,

3 3
x+1 u+2
Z Z
dx = du
2 (x − 1)3 2 (u)3
Z 3 Z 3
1 1
= 2
du + 2 3
du
2 u 2 u
1 1
= (− − 2 ) |32
u u
11
=
36

A análise da possibilidade 2.4 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.6 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, c, α ∈ R e


s(x) um polinômio de grau 2 irredutı́vel, isto é, sem raı́zes reais. Então
existem constantes A, B, C ∈ R tais que:

ax2 + bx + c A Bx + C
= +
(x − α)s(x) x−α s(x)

Exemplo 1.6.13. Para calcular a integral

x+3
Z
dx
(x − 1)(x2 + 1)
x+3
Vamos usar a decomposição da fração em frações
(x − 1)(x2 + 1)
parciais, como no Lema 1.6.6. Assim,

x+3 A Bx + C
= +
(x − 1)(x2 + 1) x−1 x2 + 1
50

x+3 A(x2 + 1) + (Bx + C)(x − 1)


= .
(x − 1)(x2 + 1) (x − 1)(x2 + 1)
Segue-se, então, da igualdade de frações que

x + 3 = A(x2 + 1) + (Bx + C)(x − 1).

Podemos encontrar as constantes A, B e C através de igualdade de


polinômios ou atribuindo valores a x, em especial as raı́zes de q(x).
Assim, para x = 1 temos

1 + 3 = A(12 + 1) + (B.1 + C)(1 − 1) ⇒ A = 2.

Como só exixte uma raiz real, vamos atribuir outros dois valores para
x. Assim atribuindo x = 0 e x = 2, segue que

0 + 3 = A(02 + 1) + (B.0 + C)(0 − 1)+ ⇒ A − C = 3.

2 + 3 = A(22 + 1)2 + (B.2 + C)(2 − 1) ⇒ 5A + 2B + C = 5.

Logo, resolvendo o sistema acima, obtemos que B = −2 e C = −1.


Assim

x+3 2 −2x − 1
Z Z Z
dx = dx + dx
(x − 1)(x2 + 1) x−1 x2 + 1
2 −2x −1
Z Z Z
= dx + 2
dx + 2
dx
x−1 x +1 x +1
= 2 ln | x − 1 | − ln | x2 + 1 | − arctg x + C

Exemplo 1.6.14. Para calcular a integral

x2 + 2
Z
I= dx
(x3 − 1)

x2 + 2
Vamos usar a decomposição da fração em frações parci-
(x3 − 1)
ais, como no Lema 1.6.6. Sabemos que x3 − 1 = (x − 1)(x2 + x + 1),
assim

x2 + 2 A Bx + C
2
= + 2
(x − 1)(x + x + 1) x−1 x +x+1
x2 + 2 A(x2 + x + 1) + (Bx + C)(x − 1)
= .
(x − 1)(x2 + x + 1) (x − 1)(x2 + x + 1)
51

Segue-se, então, da igualdade de frações que

x + 3 = A(x2 + x + 1) + (Bx + C)(x − 1).

Podemos encontrar as constantes A, B e C através de igualdade de


polinômios ou atribuindo valores a x, em especial, as raı́zes de q(x).
Assim, para x = 1 temos

12 + 2 = A(12 + 1 + 1) + (B.1 + C)(1 − 1) ⇒ A = 1.

Como só exixte uma raiz real, vamos atribuir outros dois valores para
x. Assim atribuindo x = 0 e x = 2, segue que

0 + 3 = A(02 + 0 + 1) + (B.0 + C)(0 − 1)+ ⇒ A − C = 3.

22 + 3 = A(22 + 2 + 1)2 + (B.2 + C)(2 − 1) ⇒ 7A + 2B + C = 7.

Logo, resolvendo o sistema acima, obtemos que B = 1 e C = −2.


Assim
x2 + 2 1 x−2
Z Z Z
dx = dx + dx
(x − 1)(x2 + x + 1) x−1 2
x +x+1
1 x−2
Z Z
= dx + 2
dx
x−1 x +x+1
= ln | x − 1 | + A + C
x−2
Z
onde A = dx.
x2
+x+1
Assim, para calcular A, vamos utilizar a substituição trigonométrica.
Temos que √
2 1 2 3 .
x + x + 1 = (x + ) + ( )
2 2
√ √
1 3 3
Faça x + = tg θ então dx = sec2 θdθ. Logo
2 2 2
Z " (√3 #√
5
tg θ − ) 3
A = 2
3 2
2
3 sec2 θdθ
4
tg θ + 4
2
Z " (√3 #√
5
tg θ − ) 3
= 3
2
2
2
sec2 θdθ
4
( tg θ + 1) 2
Z " (√3 #√

5
4 tg θ − ) 3 2

2 2
= 2 sec θdθ
3 sec θ 2
√ Z
5 3
Z
= tg θdθ − dθ
3

5 3
= − ln | cos θ | − θ + C.
3
52

1
x+ 2
Sendo tg θ = √ , então para obter as funções trigonométricas
3
2
1
usaremos a figura 1.4 , sabendo que x + representa cateto oposto e
√ 2
3
2
representa o cateto adjacente.

Figura 1.4: Substituição trigonométrica 4

Assim, retornando para a variável x, temos que




!
3 1
x−2 5 3 x+
Z
2
2
2
dx = − ln q √
− arctg √ + C.
x +x+1
(x + 1 )2 + ( 3 )2 3 3
2 2 2

Portanto,


!
3 1
2
5 3 x+ 2
I = ln | x − 1 | − ln q

√ − 3 arctg
√ + C.
3
(x + 1 )2 + ( 3 )2 2
2 2

• Caso[3]: A polinômio q(x) possui grau 4. Neste caso o grau de


p(x) é menor ou igual a 3.

Sendo q(x) um polinômio de grau 4 temos que q(x) = a4 x4 +


a3 x3 + a2 x2 + a1 x + a0 com a4 6= 0. Neste caso ocorre somente
uma das possibilidades abaixo:

– Possibilidade [3.1]: q(x) possui quatro raı́zes reais distintas.


Assim, q(x) pode ser escrito como:

q(x) = a4 (x − α)(x − β)(x − γ)(x − δ) com α 6= β 6= γ 6= δ.


53

– Possibilidade [3.2]: q(x) possui quatro raı́zes reais, sendo


duas iguais e três distintas. Assim, q(x) pode ser escrito
como:

q(x) = a4 (x − α)(x − β)(x − γ)2 , α 6= β 6= γ.

– Possibilidade [3.3]: q(x) possui quatro raizes reais, sendo


duas iguais e duas distintas. Assim q(x) pode ser escrito
como:
q(x) = a4 (x − α)2 (x − β)2, α 6= β.

– Possibilidade [3.4]: q(x) possui quatro raizes reais, sendo


apenas três iguais. Assim q(x) pode ser escrito como:

q(x) = a4 (x − α)(x − β)3 , α 6= β.

– Possibilidade [3.5]: q(x) possui quatro raizes reais iguais.


Assim q(x) pode ser escrito como:

q(x) = a4 (x − α)4 .

– Possibilidade [3.6]: q(x) possui apenas duas raı́zes reais


distintas,. Assim, q(x) pode ser escrito como:

q(x) = a4 (x − α)(x − β)s(x), com α 6= β e s(x) irredutivél.

– Possibilidade [3.7]: q(x) possui apenas duas raı́zes reais


iguias. Assim, q(x) pode ser escrito como:

q(x) = a4 (x − α)2 s(x), com s(x) irredutivél.

– Possibilidade [3.8]: q(x)não possui raiz real, e se decompõe


em dois fatores irredutivéis distintos. Assim, q(x) pode ser
escrito como:

q(x) = a4 s1 (x)s2 (x), s1 (x) 6= s2 (x).

– Possibilidade [3.9]: q(x) não possui raiz real, e se decompõe


em dois fatores irredutivéis iguais . Assim, q(x) pode ser es-
crito como:
q(x) = a4 s1 (x)2
54

A análise da possibilidade 3.1 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.7 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, c, α, β, γ, δ ∈


R com α 6= β 6= γ 6= δ. Então existem constantes A, B, C, D ∈ R tais
que:

ax3 + bx2 + cx + d A B C D
= + + +
(x − α)(x − β)(x − γ)(x − δ x−α x−β x−γ x−δ

Exemplo 1.6.15. Para calcular a integral

x3 + 2
Z
I= dx
(x − 1)(x − 3)(x + 1)(x + 2)

x3 + 2
Vamos usar a decomposição da fração F =
(x − 1)(x − 3)(x + 1)(x + 2)
em frações parciais, como no Lema 1.6.7. Assim,

A B C D
F = + + + .
x−1 x−3 x+1 x+3
Donde

A B C D
F = + + +
x−1 x−3 x+1 x+3
A(x − 3)(x + 1)(x + 2) + B(x − 1)(x + 1)(x + 2)
=
(x − 1)(x − 3)(x + 1)(x − 2)
C(x − 1)(x − 3)(x + 2) + D(x − 1)(x − 3)(x + 1)
+
(x − 1)(x − 3)(x + 1)(x − 2)

Segue-se, então, da igualdade de frações que

x3 + 2 = A(x − 3)(x + 1)(x + 2) + B(x − 1)(x + 1)(x + 2)

+ C(x − 1)(x − 3)(x + 2) + D(x − 1)(x − 3)(x + 1)

Podemos encontrar as constantes A, B, C e D através de igual-


dade de polinômios ou atribuindo valores a x, em especial, as raı́zes
de q(x). Assim, para x = 1 temos

13 + 2 = A(1 − 3)(1 + 1)(1 + 2) ⇒ A = −1/4,

para x = 3, temos

33 + 2 = B(3 − 1)(3 + 1)(1 + 2) ⇒ B = 29/24


55

para x = −1, segue que

(−1)3 + 2 = C((−1) − 1)((−1) − 3)((−1) + 2) ⇒ C = 1/8

e para x = −3, segue que

(−3)3 + 2 = D((−3) − 1)((−3) − 3)((−3) + 2) ⇒ D = 25/24.

Logo,
−1/4 29/24 1/8 25/24
Z Z Z Z
I = dx + dx + dx + dx
x−1 x−3 x+1 x+3
1 29 1 25
= − ln | x − 1 | + ln | x − 3 | + ln | x + 1 | + ln | x + 3 | +C
4 24 8 24
Exemplo 1.6.16. Calcule a integral
1
Z
I= dx
x(x − 1)(x + 1)(x − 2)
1
Vamos usar a decomposição da fração F =
x(x − 1)(x + 1)(x − 2)
em frações parciais, como no Lema 1.6.7. Assim,
A B C D
F = + + +
x−1 x x+1 x−2
Ax(x + 1)(x − 2) + B(x − 1)(x + 1)(x − 2)
=
(x − 1)x(x + 1)(x − 2)
Cx(x − 1)(x − 2) + Dx(x − 1)(x + 1)
+
(x − 1)x(x + 1)(x − 2)

Segue-se, então, da igualdade de frações que

1 = Ax(x+1)(x−2)+B(x−1)(x−2)(x+1)+Cx(x−1)(x−2)+Dx(x−1)(x+1).

Vamos encontrar as constantes A, B, C e D. Assim, para x = 1 temos

1 = A.1.(1 + 1)(1 − 2) ⇒ A = −1/2,

para x = 0, temos

1 = B(0 − 1)(0 + 1)(0 − 2) ⇒ B = 1/2,

para x = −1, segue que

1 = C(−1).((−1) − 1)((−1) − 2) ⇒ C = −1/6.


56

e para x = 2, segue que

1 = D.2.(2 − 1)(2 + 1) ⇒ C = 1/6.

Logo

−1/2 1/2 −1/6 1/6


Z Z Z Z
I = dx + dx + dx + dx
x−1 x x+1 x−2
1 1 1 1
= − ln | x − 1 | + ln | x | − ln | x + 1 | + ln | x − 2 | +C
2 2 6 6

A análise da possibilidade 3.2 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.8 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, c, d.α, β, γ ∈


R com α 6= β 6= γ. Então existem constantes A, B, C, D ∈ R tais que:

ax3 + bx2 + cx + d A B C D
2
= + + +
(x − α)(x − β)(x − γ) x − α x − β x − γ (x − γ)2

Exemplo 1.6.17. Para calcular a integral

x2 + x + 2
Z
I= dx
(x − 1)(x − 3)x2

x2 + x + 2
Vamos usar a decomposição da fração F = em
(x − 1)(x − 3)x2
frações parciais, como no Lema 1.6.8. Assim,

A B C D
F = + + + 2
x−1 x−3 x x
2 2
A(x − 3)x + B(x − 1)x + Cx(x − 1)(x − 3) + D(x − 1)(x − 3)
F =
(x − 1)(x − 3)x2
Segue-se, então, da igualdade de frações que

x2 + x+ 1 = A(x−3)x2 + B(x−1)x2 + Cx(x−1)(x−3) + D(x−1)(x −3).

Podemos encontrar as constantes A, B, C e D através de igualdade


de polinômios ou atribuindo valores a x, em especial, as raı́zes de
q(x). Assim, para x = 1 temos

12 + 1 + 2 = A(1 − 3).12 ⇒ A = −2,

para x = 3, temos

32 + 1 + 2 = B(3 − 1)32 ⇒ B = 2/3


57

para x = 0, temos

02 + 1 + 2 = D(0 − 1)(0 − 3) ⇒ D = 1.

Sendo apenas três raı́zes distintas, vamos atribuir outro valor para x,
assim atribuindo x = 2, segue que

22 + 1 + 2 = A(2 − 3).22 + B(2 − 1)22 + C(2 − 1)(2 − 3)2 + D(2 − 1)(2 − 3),

donde −4A+ 4B −2C −D = 7. Logo, substituindo pelos outros valores


já encontrados, obtemos que C = 4/3. Assim,
−2 2/3 4/3 1
Z Z Z Z
I = dx + dx + dx + dx
x−1 x−3 x x2
2 4
= −2 ln | x − 1 | + ln | x − 3 | + ln | x | −x−1 + C
3 3
Exemplo 1.6.18. Calcule a integral
x2 + 1
Z
dx
(x − 1)2 x(x − 5)
x2 + 1
Vamos usar a decomposição da fração F = em
(x − 1)2 x(x − 5)
frações parciais como no Lema 1.6.8. Assim,

A B C D
F = + 2
+ +
x − 1 (x − 1) x x−5
A(x − 1)x(x − 5) + Bx(x − 5) + C(x − 1)2 (x − 5) + D(x − 1)2 x
F =
(x − 1)2 x(x − 5)
Segue-se então da igualdade de frações que

x2 + 1 = A(x − 1)x(x − 5) + Bx(x − 5) + C(x − 1)2 (x − 5) + D(x − 1)2 x.

Vamos encontrar as constantes A, B, C e D. Assim, para x = 1 temos

12 + 1 = B.1.(1 − 5) ⇒ B = −1/2,

para x = 0, temos

02 + 1 = C(0 − 1)2 (0 − 5) ⇒ C = −1/5

para x = 5, temos

52 + 1 = D(5 − 1)2 .5 ⇒ D = 13/40


58

Sendo apenas três raı́zes distintas, vamos atribuir outro valor para x,
assim, atribuindo x = 2, segue que

22 + 1 = A(2 − 1)2 .2.(2 − 5) + B.2.(2 − 5) + C(2 − 1)2(2 − 5) + D(2 − 1)2.2,

donde −6A − 6B − 3C + 2D = 5. Logo, substituindo pelos outros


valores já encontrados, obtemos que A = −3/24. Assim,

−3/24 −1/2 −1/5 13/40


Z Z Z
I = dx + dx + dx + int dx
x−1 (x − 1)2 x x−5
3 1 1 13
= − ln | x − 1 | + (x − 1)−1 − ln | x | + ln | x − 5 | +C
24 2 5 40

A análise da possibilidade 3.3 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.9 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, c, d, α, β ∈


R. Então existem constantes A, B, C, D ∈ R tais que:

ax3 + bx2 + cx + d A B C D
2 2
= + 2
+ +
(x − α) (x − β) x − α (x − α) x − β (x − β)2

Exemplo 1.6.19. Calcule a integral

x+3
Z
dx
(x − 1)2 (x − 3)2

x+3
Vamos usar a decomposição da fração F = em
(x − 1)2 (x − 3)2
frações parciais, como no Lema 1.6.9. Assim,

A B C D
F = + 2
+ +
x − 1 (x − 1) x − 3 (x − 3)2
A(x − 1)(x − 3)2 + B(x − 3)2 + C(x − 1)2 (x − 3) + D(x − 1)2
F =
(x − 1)2 (x − 3)2
Segue-se, então, da igualdade de frações que

x + 3 = A(x − 1)(x − 3)2 + B(x − 3)2 + C(x − 1)2 (x − 3) + D(x − 1)2 .

Podemos encontrar as constantes A, B, C e D através de igualdade


de polinômios ou atribuindo valores a x, em especial, as raı́zes de
q(x). Assim, para x = 1 temos

1 + 3 = B(1 − 3)2 ⇒ B = 1,
59

para x = 3 temos

3 + 3 = D(3 − 1)2 ⇒ D = 3/2

Sendo apenas duas raı́zes distintas, vamos atribuir outros dois valores
para x, assim atribuindo x = 0 e x = 2, segue que

0+3 = A(0−1)(0−3)2 +B(0−3)2 +C(0−1)2 (0−3)+D(0−1)2 ⇒ −9A−3C = −15/2.

2+3 = A(2−1)(2−3)2 +B(2−3)2 +C(2−1)2 (2−3)+D(2−1)2 ⇒ A−C = 5/2.

Logo, resolvendo o sistema acima, obtemos que A = 15/7 e C =


−5/14. Assim

15/7 1 −5/14 3/2


Z Z Z Z
I = dx + 2
dx + dx + dx
x−1 (x − 1) x−3 (x − 3)2
15 5 3
= ln | x − 1 | −(x − 1)−1 − ln | x − 3 | − (x − 3)−1 + C
7 14 2

Exemplo 1.6.20. Calcule a integral


Z 2
1
I= 2 2
dx
1 x (x + 1)

1
Podemos fazer a decomposição da fração em frações
x2 (x + 1)2
parciais, como no Lema 1.6.9. Assim,

A B C D
F = + 2+ +
x x x + 1 (x + 1)2
Ax(x + 1)2 + B(x + 1)2 + Cx2 (x + 1) + Dx2
F =
x2 (x + 1)2
Segue-se então da igualdade de frações que

1 = Ax(x + 1)2 + B(x + 1)2 + Cx2 (x + 1) + Dx2 .

Podemos encontrar as constantes A, B, C e D através de igualdade


de polinômios ou atribuindo valores a x, em especial, as raı́zes de
q(x). Assim, para x = 0 temos

1 = B(0 + 1)2 ⇒ B = 1,

para x = −1 temos
1 = D(−1)2 ⇒ D = 1
60

Sendo apenas duas raı́zes distintas, vamos atribuir outros dois valores
para x, assim atribuindo x = 1 e x = 2, segue que

1 = A.1.(1 + 1)2 + B(1 + 1)2 + C.12(1 + 1) + D.12 ⇒ 2A + C = −2.

1 = A.2(2 + 1)2 + B(2 + 1)2 + C.22 (2 + 1) + D.22 ⇒ 18A + 4C = −15.

Logo, resolvendo o sistema acima, obtemos que A = −7/10 e C =


−3/5. Assim
2 2 Z 2
−7/10 1 −3/5 1
Z Z Z
I = dx + 2
dx + dx + dx
1 x 1 x 1 x+1 (x + 1)2
7 3
= − ln | x |21 −(x)−1 |21 − ln | x + 1 |21 −(x + 1)−1 |21
10 5
2 1 3
= − ln 2 − ln 3.
3 10 5
A análise da possibilidade 3.4 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.10 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, c, d.α, β ∈


R com α 6= β. Então existem constantes A, B, C, D ∈ R tais que:
ax3 + bx2 + cx + d A B C D
3
= + + 2
+
(x − α)(x − β) x − α x − β (x − β) (x − β)3
Exemplo 1.6.21. Para calcular a integral
Z 2
x +x+2
I= dx
(x − 1)x3
x2 + x + 2
Vamos usar a decomposição da fração em frações par-
(x − 1)x3
ciais, como no Lema 1.6.10. Assim,

x2 + x + 2 A B C D
3
= + + 2+ 3
(x − 1)x x−1 x x x
x2 + x + 2 Ax3 + B(x − 1)x2 + Cx(x − 1) + D(x − 1)
=
(x − 1)x3 (x − 1)x3
Segue-se, então, da igualdade de frações que

x2 + x + 2 = Ax3 + B(x − 1)x2 + Cx(x − 1) + D(x − 1).

Podemos encontrar as constantes A, B, C e D através de igualdade


de polinômios ou atribuindo valores a x, em especial, as raı́zes de
q(x). Assim, para x = 1 temos

12 + 1 + 2 = A.13 ⇒ A = 4
61

para x = 0, temos

02 + 0 + 2 = D(0 − 1) ⇒ D = −2

Sendo apenas duas raı́zes distintas, vamos atribuir outros dois valores
para x. Assim, atribuindo x = 2 e x = −1, segue que

22 + 2 + 2 = A.23 + B(2 − 1)22 + C2(2 − 1) + D(2 − 1)

(−1)2 −1+2 = A(−1)3 +B((−1)−1)(−1)2 +C(−1)((−1)−1)+D((−1)−1)

donde 2B + C = −22 e −2B + 2C = 2. Logo, resolvendo o sistema,


obtemos que B = −4 e C = −3. Assim,

4 −4 −3 −2
Z Z Z Z
I = dx + dx + 2
dx + dx
x−1 x x x3
= 4 ln | x − 1 | −4 ln | x | +3x−1 + x−2 + C.

Exemplo 1.6.22. Calcule a integral

x2 + 1
Z
dx
(x − 1)3 x

x2 + 1
Vamos usar a decomposição da fração em frações par-
(x − 1)3 x
ciais como no Lema 1.6.10. Assim,

x2 + 1 A B C D
3
= + 2
+ 3
+
(x − 1) x x − 1 (x − 1) (x − 1) x
x2 + 1 A(x − 1)2 x + B(x − 1)x + Cx + D(x − 1)3
=
(x − 1)3 x (x − 1)3 x
Segue-se, então, da igualdade de frações que

x2 + 1 = A(x − 1)2 x + B(x − 1)x + Cx + D(x − 1)3 .

Vamos encontrar as constantes A, B, C e D. Assim, para x = 1 temos

12 + 1 = C.1 ⇒ C = 2,

para x = 0, temos

02 + 1 = D(0 − 1)3 ⇒ D = −1
62

Sendo apenas duas raı́zes distintas, vamos atribuir outros dois valores
para x, assim atribuindo x = 2 e x = −1, segue que

22 + 1 = A(2 − 1)2 .2 + B(2 − 1)2 + C2 + D(2 − 1)3 ,

(−1)2 + 2 = A((−1) −1)2 (−1) + B((−1) −1)(−1) + C(−1) + D((−1) −1)3

donde 2A + 2B = 2 e −4A + 2B = −1. Logo, resolvendo o sistema,


obtemos que A = 5/6 e B = 1/6. Assim,

5/6 1/6 2 −1
Z Z Z Z
I = dx + 2
dx + 3
dx + dx
x−1 (x − 1) (x − 1) x
5 1
= ln | x − 1 | − (x − 1)−1 − (x − 1)−2 − ln | x | +C.
6 6

A análise da possibilidade 3.5 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.11 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, c, d.α ∈


R. Então existem constantes A, B, C, D ∈ R tais que:

ax3 + bx2 + cx + d A B C D
4
= + 2
+ 3
+
(x − α) x − α (x − α) (x − α) (x − α)4

Exemplo 1.6.23. Para ca,cular a integral

−x + 2
Z
I= dx
(x − 1)4

−x3 + 2
Vamos usar a decomposição da fração em frações parci-
(x − 1)4
ais, como no Lema 1.6.11. Assim,

−x3 + 2 A B C D
4
= + 2
+ 3
+
(x − 1) x − 1 (x − 1) (x − 1) (x − 1)4
−x3 + 2 A(x − 1)3 + B(x − 1)2 + C(x − 1) + D
=
(x − 1)4 (x − 1)4
Segue-se então da igualdade de frações que

−x3 + 2 = A(x − 1)3 + B(x − 1)2 + C(x − 1) + D.

Podemos encontrar as constantes A, B, C e D através de igualdade


de polinômios ou atribuindo valores a x, em especial, as raı́zes de
q(x). Assim, para x = 1 temos

−13 + 2 = D ⇒ D = 1.
63

Como as quatro raı́zes são iguais, vamos atribuir outros três valores
para x, assim atribuindo x = 0, x = 2 e x = −1, segue que

−03 + 2 = A(0 − 1)3 + B(0 − 1)2 + C(0 − 1) + D

−23 + 2 = A(2 − 1)3 + B(2 − 1)2 + C(2 − 1) + D

−(−1)3 + 2 = A((−1) − 1)3 + B((−1) − 1)2 + C((−1) − 1) + D

donde temos o seguinte sistema





 −A + B − C = 1

A + B + C = −7


 −8A + 2B − 2C =

2

Logo, resolvendo o sistema, obtemos que A = 0, B = −3 e C = −4.


Assim,
0 −3 −4 1
Z Z Z Z
I = dx + 2
dx + 3
dx + dx
x−1 (x − 1) (x − 1) (x − 1)4
1
= 3(x − 1)−1 + 2(x − 1)−2 − (x − 1)−3 + C
3
x2 + 1
Z
Exemplo 1.6.24. Calcule a integral I = dx
(x + 2)4
No exemplo anterior usamos a decomposição da fração como no
Lema 1.6.11, mas é mais conveniente usarmos substituição simples.
Assim faça u = x + 2 então dx = du e x = u − 2, daı́
(u − 2)2 + 1
Z 2
u − 4u + 5
Z
I = 4
du = du
u u4
5
Z Z Z
= u du − 4 u du + 5 u−4 du = −u−1 + 2u−2 − u−3 + C
−2 −3
3
Retornando para variável x, temos que
x2 + 1 5
Z
4
dx = −(x + 2)−1 + 2(x + 2)−2 − (x + 2)−3 + C.
(x + 2) 3
A análise da possibilidade 3.6 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.12 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, c, d.α, β ∈


R com α 6= β e s(x) um polinômio irredutı́vel de grau 2. Então existem
constantes A, B, C, D ∈ R tais que:
ax3 + bx2 + cx + d A B Cx + D
= + +
(x − α)(x − β)s(x) x−α x−β s(x)
64

Exemplo 1.6.25. Calcule a integral

2
Z
I= dx
(x − 1)(x + 1)(x2 + 1)

2
Vamos usar a decomposição da fração em
(x − 1)(x + 1)(x2 + 1)
frações parciais, como no Lema 1.6.12. Assim,

2 A B Cx + D
= + +
(x − 1)(x + 1)(x2 + 1) x−1 x+1 x2 + 1
A(x + 1)(x + 1) + B(x − 1)(x2 + 1)
2
=
(x − 1)(x + 1)(x2 + 1)
(Cx + D)(x − 1)(x + 1)
+ .
(x − 1)(x + 1)(x2 + 1)

Segue-se, então, da igualdade de frações que

2 = A(x + 1)(x2 + 1) + B(x − 1)(x2 + 1) + (Cx + D)(x − 1)(x + 1).

Podemos encontrar as constantes A, B, C e D através de igualdade


de polinômios ou atribuindo valores a x, em especial, as raı́zes de
q(x). Assim, para x = 1 temos

2 = A(1 + 1)(12 + 1) ⇒ A = 1/2

para x = −1, temos

2 = B((−1) − 1)(−1)2 + 1) ⇒ B = −1/2

Sendo apenas duas raı́zes distintas, vamos atribuir outros dois valores
para x, assim atribuindo x = 0 e x = 2, segue que

2 = A(0 + 1)(02 + 1) + B(0 − 1)(02 + 1) + (C.0 + D)(0 − 1)(0 + 1)

2 = A(2 + 1)(22 + 1) + B(2 − 1)(22 + 1) + (C.2 + D)(2 − 1)(2 + 1)

donde D = −1 e 6B + 3D = −8. Logo, resolvendo o sistema, obtemos


que D = −1 e C = −5/6. Assim,

1/2 −1/2 (−5/6)x − 1


Z Z Z
I = dx + dx + dx +
x−1 x+1 x2 + 1
1 1 − 56 x − 1
Z
= ln | x − 1 | − ln | x + 1 | + dx
2 2 x2 + 1
65

Agora
− 56 x − 1 5 x 1
Z Z Z
2
dx = − 2
dx − dx
x +1 6 x +1 x2 +1
− 56 x − 1 5
Z
2
dx = − ln | x2 + 1 | − arctg x + C.
x +1 12
Portanto,

1 1 5
I= ln | x − 1 | − ln | x + 1 | − ln | x2 + 1 | − arctg x + C.
2 2 12

Exemplo 1.6.26. Calcule a integral

x2 + 1
Z
I= dx
(x − 1)x(x2 + 4)

x2 + 1
Vamos usar a decomposição da fração em frações
(x − 1)x(x2 + 4)
parciais como no Lema 1.6.12. Assim,

x2 + 1 A B Cx + D
2
= + + 2
(x − 1)x(x + 4) x−1 x x +4
x2 + 1 Ax(x2 + 4) + B(x − 1)(x2 + 4) + (Cx + D)(x − 1)x
=
(x − 1)x(x2 + 4) (x − 1)x(x2 + 4)
Segue-se, então, da igualdade de frações que

x2 + 1 = Ax(x2 + 4) + B(x − 1)(x2 + 4) + (Cx + D)(x − 1)x.

Vamos encontrar as constantes A, B, C e D. Assim, para x = 1 temos

12 + 1 = A.1(12 + 4) ⇒ A = 1/5,

para x = 0, temos

02 + 1 = B(0 − 1)(02 + 4) ⇒ B = −1/4

Sendo apenas duas raı́zes distintas, vamos atribuir outros dois valores
para x, assim atribuindo x = 2 e x = −1, segue que

22 + 1 = A2(22 + 4) + B(2 − 1)(22 + 4) + (C2 + D)(2 − 1)2,

(−1)2 +2 = A(−1)((−1)2 +4)+B((−1)−1)((−1)2 +4)+(C(−1)+D)((−1)−1)(−1)


66

donde 4C +2D = 14/5 e −2C +2D = 3/2. Logo, resolvendo o sistema,


obtemos que C = 23/60 e D = 19/30. Assim,
Z 23
1/5 −1/4 x + 19
Z Z
60 30
I = dx + dx + dx
x−1 x x2 + 4
Z 23
1 1 60
x + 19
30
= ln | x − 1 | − ln | x | + dx
5 4 x2 + 4

Agora para resolver a integral


23 19
x + 30
Z
60
A= dx
x2 + 4

usaremos substituição trigonométrica. Faça x = 2 tg θ ⇒ dx = 2 sec2 θdθ,


assim,

( 23 19
2 tg θ + 30 )
Z
A = 60
2
2 sec2 θdθ
4 tg θ + 4
23 19
Z Z
= tg θdθ + dθ
60 60
23 19
= − ln | cos θ | + θ + C.
60 60
x
Sendo tg θ = , temos que x representa o cateto oposto e 2 repre-
2 √
senta o cateto adjacente, daı́ x2 + 4 representa a hipotenusa, assim

23 2 19 x
A=− ln | √ | + arctg ( ) + C.
60 x2 + 4 60 2

Portanto,

1 1 23 2 19 x
I= ln | x − 1 | − ln | x | − ln | √ | + arctg ( ) + C
5 4 60 x2 + 4 60 2

A análise da possibilidade 3.7 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.13 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, c, d, α ∈


R com s(x) um polinômio irredutı́vel de grau 2. Então existem cons-
tantes A, B, C, D ∈ R tais que:

ax3 + bx2 + cx + d A B Cx + D
2
= + 2
+
(x − α) s(x) x − α (x − α) s(x)

Exemplo 1.6.27. Para calcular a integral

x+2
Z
I= dx
(x − 1)2 (x2 + 1)
67

x+2
Vamos usar a decomposição da fração em frações
(x − 1)2 (x2 + 1)
parciais, como no Lema 1.6.13. Assim,

x+2 A B Cx + D
2 2
= + 2
+ 2
(x − 1) (x + 1) x − 1 (x − 1) x +1
x+2 A(x − 1)(x2 + 1) + B(x2 + 1) + (Cx + D)(x − 1)2
=
(x − 1)2 (x2 + 1) (x − 1)2 (x2 + 1)
Segue-se, então, da igualdade de frações que

x + 2 = A(x − 1)(x2 + 1) + B(x2 + 1) + (Cx + D)(x − 1)2 .

Podemos encontrar as constantes A, B, C e D através de igualdade


de polinômios ou atribuindo valores a x, em especial, as raı́zes de
q(x). Assim, para x = 1 temos

1 + 2 = B(12 + 1) ⇒ B = 3/2

Como existe apenas uma raiz real, vamos atribuir outros três valores
para x, assim atribuindo x = 0, x = 2 e x = −1, segue que

0 + 2 = A(0 − 1)(02 + 1) + B(02 + 1) + (C.0 + D)(0 − 1)2

2 + 2 = A(2 − 1)(22 + 1) + B(22 + 1) + (C2 + D)(2 − 1)2

(−1)+2 = A((−1)−1)((−1)2 +1)+B((−1)2 +1)+(C(−1)+D)((−1)−1)2

donde obtemos o seguinte sistema





 −2A + 2D = 1

10A + 4C + 2D = −7


 −4A − 4C + 2D = −2

Logo, resolvendo o sistema, obtemos que A = −11/10 , C = −13/10


e D = −3/5. Assim
13
−11/10 3/2 − 10 x + −3
Z Z Z
5
I = dx + dx + dx
x−1 (x − 1)2 x2 + 1
13
11 3 − 10 x − 35
Z
−1
= − ln | x − 1 | − (x − 1) + dx
10 2 x2 + 1
Agora
13
− 10 x − 35 13 x 3 1
Z Z Z
2
dx = − 2
dx − dx
x +1 10 x +1 5 x2 +1
68

− 13 x − 53 13 3
Z
10 2
dx = − ln | x + 1 | − arctg x + C.
x2 + 1 20 5
Portanto

x+2 11 3 13 3
Z
2 2
dx = − ln | x−1 | − (x−1)−1 − ln | x2 +1 | − arctg x+C.
(x − 1) (x + 1) 10 2 20 5

Exemplo 1.6.28. Calcule a integral

x2 + 1
Z
I= dx
x2 (x2 + 2)

x2 + 1
Vamos usar a decomposição da fração em frações par-
x2 (x2 + 2)
ciais como no Lema 1.6.13. Assim,

x2 + 1 A B Cx + D
2 2
= + 2+ 2
x (x + 2) x x x +2
x2 + 1 Ax(x2 + 2) + B(x2 + 2) + (Cx + D)x2
=
x2 (x2 + 2) x2 (x2 + 2)
Segue-se, então, da igualdade de frações que

x2 + 1 = Ax(x2 + 2) + B(x2 + 2) + (Cx + D)x2 .

Vamos encontrar as constantes A, B, C e D. Assim, para x = 0 temos

02 + 1 = B(02 + 2) ⇒ B = 1/2,

Como temos apenas uma raiz distinta, vamos atribuir outros três valo-
res para x, assim atribuindo x = 1, x = 2 e x = −1, segue que

12 + 1 = A.1.(12 + 2) + B(12 + 2) + (C.1 + D).12

22 + 1 = A.2(22 + 2) + B(22 + 2) + (C2 + D).22 ,

(−1)2 + 2 = A.(−1)((−1)2 + 2) + B.((−1)2 + 2) + (C(−1) + D).(−1)2

donde obtemos o seguinte sistema





 6A + 2C + 2D = 1

12A + 8C + 4D = 2


 −6A − 2C + 2D = 3

69

Logo, resolvendo o sistema, obtemos que A = −1/6, C = 0 e D = 1.


Assim

−1/6 1/2 1
Z Z Z
I = dx + 2
dx + 2
dx
x x x +2
1 1 1
Z
= − ln | x − 1 | − x−1 + dx
6 2 x2 + 2

Agora, para resolver a integral,

1
Z
A=
x2 +2

usaremos substituição trigonométrica. De fato, faça x = 2 tg θ ⇒

dx = 2 sec2 θdθ, assim
Z  √

1
A = 2
2 sec2 θdθ
2 tg θ + 2
√ Z
2
= dθ
2

2
= θ + C.
2
x x
Sendo tg θ = √ ⇒ θ = arctg √
2 2

2 x
A= arctg ( √ ) + C.
2 2

Portanto,

2 1 −1 2 x
I = − ln | x − 1 | − x + arctg ( √ ) + C.
3 2 2 2

A análise da possibilidade 3.8 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.14 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, c, d ∈ R,


e s1 (x), s2 (x) polinômios de grau 2 irredutı́veis com s1 (x) 6= s2 (x).
Então existem constantes A, B, C, D ∈ R tais que:

ax3 + bx2 + cx + d Ax + B Cx + D
= +
s1 (x)s2 (x) s1 (x) s2 (x)

Exemplo 1.6.29. Para cacular a integral

x+3
Z
I= dx
(x2 + 4)(x2 + 1)
70

x+3
Vamos usar a decomposição da fração em frações
(x2 + 4)(x2 + 1)
parciais, como no Lema 1.6.14. Assim

x+3 Ax + B Cx + D
= 2 + 2
((x2 2
+ 4)(x + 1) (x + 4) x +1
x+3 (Ax + B)(x2 + 1) + (Cx + D)(x2 + 4)
= .
(x2 + 4)(x2 + 1) (x2 + 4)(x2 + 1)
Segue-se então da igualdade de frações que

x + 3 = (Ax + B)(x2 + 1) + (Cx + D)(x2 + 4).

Podemos encontrar as constantes A, B, C e D através de igualdade


de polinômios ou atribuindo valores a x. Como não existem raı́zes
reais, vamos atribuir quatro valores valores para x. Assim atribuindo
x = 0,x = 1, x = −1 e x = 2, segue que

0 + 3 = (A.0 + B)(02 + 1) + (C.0 + D)(02 + 4)

1 + 3 = (A.1 + B)(12 + 1) + (C.1 + D)(12 + 4)

(−1) + 3 = (A(−1) + B)((−1)2 + 1) + (C(−1) + D)((−1)2 + 4)

2 + 3 = (A.2 + B)(22 + 1) + (C.2 + D)(22 + 4).

donde obtemos o seguinte sistema:





 B + 4D = 3


 2A + 2B + 5C + 5D = 4



 −2A + 2B − 5C + 5D = 2


 10A + 5B + 16C + 8D = 5

Logo, resolvendo o sistema acima, obtemos que A = −1/3, B = −1,


C = 1/3 e D = 1. Assim
− 31 x − 1
Z 1
x+3 x+1
Z Z
3
dx = dx + dx
(x2 + 4)(x2 + 1) x2 + 4 x2 + 1

− 13 x − 1
Z 1
x+1
Z
3
Como as integrais dx e dx são similares às inte-
x2 + 4 x2 + 1
grais resolvidas anteriormente, conclui-se que
− 31 x − 1 1 1 x
Z
2
dx = − ln | x2 + 4 | − arctg + C
x +4 6 2 2
71

e
1
x+1 1
Z
3
dx = ln | x2 + 1 | + arctg x + C
x2 + 1 6
Portanto

1 1 x 1
I = − ln | x2 + 4 | − arctg + ln | x2 + 1 | + arctg x + C.
6 2 2 6

Exemplo 1.6.30. Para cacular a integral

−x + 2
Z
I= dx
(x + 2)(x2 + 1)
2

−x + 2
Vamos usar a decomposição da fração em frações
(x2
+ 2)(x2 + 1)
parciais de acordo com o Lema 1.6.14. Assim,

−x + 2 Ax + B Cx + D
= 2 + 2
(x2 2
+ 2)(x + 1) x +2 x +1
−x + 2 (Ax + B)(x2 + 1) + (Cx + D)(x2 + 2)
=
(x2 + 2)(x2 + 1) (x2 + 2)(x2 + 1)
Segue-se então da igualdade de frações que

−x + 2 = (Ax + B)(x2 + 1) + (Cx + D)(x2 + 2).

Vamos encontrar as constantes A, B, C e D. Como não existem raı́zes


reais, vamos atribuir quatro valores valores para x. Assim atribuindo
x = 0,x = 1, x = −1 e x = 2, segue que

−0 + 2 = (A.0 + B)(02 + 1) + (C.0 + D)(02 + 2)

−1 + 2 = (A.1 + B)(12 + 1) + (C.1 + D)(12 + 2)

−(−1) + 2 = (A(−1) + B)((−1)2 + 1) + (C(−1) + D)((−1)2 + 2)

−2 + 2 = (A.2 + B)(22 + 1) + (C.2 + D)(22 + 2).

donde obtemos o seguinte sistema:





 B + 2D = 2


 2A + 2B + 3C + 3D = 1



 −2A + 2B − 3C + 3D = 3


 10A + 5B + 12C + 6D = 0

72

Logo, resolvendo o sistema acima, obtemos que A = 1, B = −2,


C = −1 e D = 2. Assim

−x + 2 x−2 −x + 2
Z Z Z
dx = dx + dx
(x2 + 4)(x2 + 1) x2 + 2 x2 + 1

x−2 −x + 2
Z Z
Como as integrais 2
dx e dx são similares às inte-
x +2 x2 + 1
grais resolvidas anteriormente, conclui-se que

 
x−2 1 x
Z
2
dx = ln | x + 2 | − 2 arctg √ +C
x2 + 2 2 2
e
−x + 2 1
Z
2
dx = − ln | x2 + 1 | +2 arctg x + C
x +1 2
Portanto,

 
1 x 1
I = ln | x2 + 2 | − 2 arctg √ − ln | x2 + 1 | +2 arctg x + C.
2 2 2

A análise da possibilidade 3.9 está contida no seguinte Lema:

Lema 1.6.15 (Decomposição em frações parcias). Sejam a, b, c, d ∈


R e s(x) polinômio de grau 2 irredutı́vel. Então existem constantes
A, B, C, D ∈ R tais que:

ax3 + bx2 + cx + d Ax + B Cx + D
2
= +
s(x) s(x) s(x)2

Exemplo 1.6.31. Para calcular a integral

x2 − 1
Z
I= dx
(x2 + 1)2

x2 − 1
Vamos usar a decomposição da fração em frações parci-
(x2 + 1)2
ais, como no Lema 1.6.15. Assim,

x2 − 1 Ax + B Cx + D
2 2
= 2 + 2
(x + 1) (x + 1) (x + 1)2
x2 − 1 (Ax + B)(x2 + 1) + (Cx + D)
= .
(x2 + 1)2 (x2 + 1)2
Segue-se então da igualdade de frações que

x2 − 1 = (Ax + B)(x2 + 1) + (Cx + D).


73

Podemos encontrar as constantes A, B, C e D através de igualdade de


polinômios ou atribuindo valores a x. Como não existem raı́zes reais,
vamos atribuir quatro valores para x. Assim, atribuindo x = 0,x = 1,
x = −1 e x = 2, segue que

02 − 1 = (A.0 + B)(02 + 1) + (C.0 + D)

12 − 1 = (A.1 + B)(12 + 1) + (C.1 + D)

(−1)2 − 1 = (A(−1) + B)((−1)2 + 1) + (C(−1) + D)

22 − 1 = (A.2 + B)(22 + 1) + (C.2 + D).

donde obtemos o seguinte sistema:





 B + D = −1


 2A + 2B + C + D =

0


 −2A + 2B − C + D = 0


 10A + 5B + 2C + D =

3

Logo, resolvendo o sistema acima, obtemos que A = 0, B = 1, C = 0


e D = −2. Assim

x2 − 1 1 −2
Z Z Z
dx = dx + dx.
(x2 + 1)2 2
x +1 (x2
+ 1)2

Vamos calcular as duas integrais do lado direito da equação acima.


Assim, temos que

1
Z
dx = arctg x + C.
x2 +1
−2
Z
Agora, para calcular dx, faça x = tg θ então dx = sec2 θ,
(x2 + 1)2

daı́

−2 −2 sec2 θdθ −2 sec2 θdθ


Z Z Z Z
dx = = = −2 cos2 θdθ.
(x + 1)2
2 ( tg θ + 1)2 (sec2 θ)2

Sabemos que

1 1
Z
cos2 θdθ = θ + sen θ cos θ + C.
2 2
74

Sendo tg θ = x, temos que x representa o cateto oposto e 1 repre-



senta o cateto ajacente, daı́ x2 + 1 representa a hipotenusa. Assim,
retornando para variável x, temos que

−2 x 1 x
Z
2 2
dx = − arctg x − √ √ = − arctg x − 2 +C
(x + 1) 2 2
x +1 x +1 x +1

Portanto,
x2 − 1 x
Z
2 2
dx = − 2 +C
(x + 1) x +1
Exemplo 1.6.32. Para calcular a integral
Z 2
2
I= 2 2
dx.
0 (x + 4)

2
Podemos usar a decomposição da fração em frações par-
+ 4)2 (x2
ciais de acordo com o Lema 1.6.14, mas é mais conveniente usarmos
a substituição trigonométrica. Faça x = 2 tg θ então dx = 2 sec2 θdθ.
Fazendo a mundança dos limites de integração, temos

x = 0 ⇒ 0 = 2 tg θ ⇒ θ = 0 e para x = 2 ⇒ 2 = 2 tg θ ⇒ θ = π/.

Logo,
Z 2 π/4 π/4 π/4
2 4 sec2 θdθ 4 sec2 θdθ 1
Z Z Z
dx = = = cos2 θdθ.
0 (x2 + 4)2 0 (4 tg 2 θ + 4)2 0 (4 sec2 θ)2 4 0

2  π/4  
2 1 1 1 1 π 1
Z
dx = θ + sen θ cos θ = + .
0 (x2 + 4)2 4 2 2 0 4 8 4 Saiba Mais: Para
No caso geral, onde q(x) é polinômio de grau maior que 4 a técnica mais detalhes
de resolução de integrais de funções racionais é feito de modo similar. sobre a teoria
do método de
integração por

1.6.1 Exercı́cios frações parciais,


ver referência [4]
1. Calcule as seguintes integrais de funções racionais:
R 1
(a) dx
(x + 1).(x − 3)
R 3x
(b) dx
(x − 1).(x + 2)
R 1
(c) dx
(x2 − 4x)
75

R 1
(d) dx
(x + 1)2
R x3 − 1
(e) dx
x2 + x + 1
R x+5
(f) dx
(x2 + 9)
R x−1
(g) dx
(x2 + 3x + 10)
R1 x
(h) 0
dx
(x + 1)(x + 2)
R x3 + x2 + x + 1
(i) dx
(x2 − 2x − 3)
R x2
(j) dx.
(x + 3)(x − 5)(x + 7)
R x2 + x + 1
(k) dx.
(x − 3)(x − 1)(x + 2)
R x+1
(l) dx.
(x − 5)(x + 7)2
R x3 + 1
(m) dx.
(x − 5)(x2 + 9)
R −x2 + x + 1
(n) dx
(x − 2)(x + 1)(x − 1)x
R x3 + 2
(o) dx
(x − 2)(x + 1)(x − 1)(x + 3)
R x
(p) dx.
(x + 3)(x + 1)(x − 1)2
R3 x2
(q) 2
dx.
(x + 3)(x − 1)3
R 3 x − x2 + x3
(r) 2
dx.
(x + 1)3 (x − 1)
R x2 + x
(s) dx
(x + 2)(x − 1)(x2 + 16)
R x−1
(t) dx
(x + 2)2 (x2 + 1)
R x2 − x
(u) dx
(x2 + 4)(x2 + 1)
R3 x+1
(v) 0 (x2 + 9)2
dx

1.6.2 Respostas

1. (a) (1/4) ln | x + 1 | −(1/4) ln | x − 3 | +C


76

(b) ln | x − 1 | +2 ln | x + 2 | +C

(c) −(1/4) ln | x | +(1/4) ln | x − 4 | +C


1
(d) − (x+1)−1 + C

(e) (1/2)x(x − 2) + C

(f) (5/3) arctg (1/3)x − (1/2) ln | x2 + 9 | +C



(g) (1/2) ln | x2 + 3x + 10 | −(5/ 31)) arctg [ 2x+3
√ ]+C
31

(h) 2 ln 3 − 3 ln 2

(i) 3x + 10 ln | x − 3 | +(1/2)x2 + C
25 9 49
(j) ln | x − 5 | − ln | x + 3 | + ln | x + 7 | +C.
96 32 48
1 1 13
(k) ln | x + 2 | − ln | x − 1 | + ln | x − 3 | +C.
5 2 10
3 41 1
(l) ln | x − 5 | − ln | x + 7 | − (x + 7)−1 + C
62 310 2
43 11 63
(m) x− arctg (1/3x) ln | x2 + 9 | + ln | x − 5 | +C.
51 17 17
5 1 1 1
(n) ln | x + 3 | − ln | x − 1 | + ln | x + 1 | − ln | x − 2 | +C
8 2 12 6
1 3 1 3
(o) ln | x | − ln | x − 1 | + ln | x + 1 | + ln | x − 2 | +C
2 8 6 2
3 1 −29 1
(p) ln | x+3 | + ln | x+1 | + ln | x−1 | + (x−1)−1 +C.
32 8 288 6
9 9 9 5
(q) ln 2 + ln 5 − ln 6 + .
64 64 64 6
15 7 29
(r) ln 2 − ln 3 − .
8 8 192
19 1 2
(s) arctg [(1/4)x] − ln (x2 + 16) + ln | x − 1 |
85 340 51
1
− ln | x + 2 | +C.
30
2 3 1 1
(t) − ln | x + 2 | + (x + 2)−1 + ln (x2 + 1) + arctg x + C
5 5 10 5
2 1 1 1
(u) arctg [(1/2)x] − ln (x2 + 1) + ln (x2 + 4) − arctg x + C
3 6 6 3
1 1
(v) π+
216 27
Referências Bibliográficas

[1] ÁVILA, G. Cálculo: Funções de uma Variável. Vol. 1,7 ed. Rio de
Janeiro: Ed. Livros Técnicos e Cientı́ficos, 2003.

[2] BOULOS, P. Introdução ao Cálculo: Cálculo Diferencial. Vol. 1,


São Paulo: Ed. Edgard Blucher. 1974.

[3] BOULOS, P. Cálculo Diferencial e Integral. Vol. 1, 5 ed. São


Paulo: Ed. Cengage Learning, 1999.

[4] BRADLEY, G.L. e HOFFMAN, L. D. Cálculo: Um Curso Moderno


e suas Aplicações, 9 ed. Rio de Janeiro: Ed. Livros Técnicos e
Cientı́ficos, 2008.

[5] DA CRUZ NETO, João Xavier. Cálculo I-F, Teresina: Ed.


UFPI/UAPI, 2008

[6] GUIDORIZZI, H.L. Um Curso de Cálculo, Vol. 1,2, Rio de Janeiro:


Ed. Livros Técnicos e Cientı́ficos. 2001.

[7] KAPLAN, W., LEWIS, D. J. Cálculo e Álgebra Linear. Vol. 1. Rio


de Janeiro: Ed. Livros Técnicos e Cientı́ficos. 1972.

[8] LANG, S. Cálculo, Vol. 1, Rio de Janeiro: Ed. Livros Técnicos e


Cientı́ficos, 1977.

[9] STEWART, J. Cálculo. Vol. 1, 5 ed. Rio de Janeiro: Ed. Cengage


Learning, 2005.

[10] http://www.sedis.ufrn.br/documentos/arquivos/725.pdf Acesso


em 03/01/2009 às 09h40min.

77
78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[11] http://fuv1tri2008.googlepages.com/FUVAULA1418abr2008.
Acesso em 04/02/2009 às 09h30min.

[12] http://www.dma.uem.br/kit-antigo/integraltrigonometrica.pdf .
Acesso em 30/11/2008 às 15h33min.

[13] http://fuv1tri2008.googlepages.com/FUVAULA1522abr2008.
Acesso em 02/12/2008 às 09h30min.

[14] http://web.uct.ac.za/courses/end107w/notes/integrationbyparts.pdf
Acesso em 10/12/2008 às 09h30min.
U ni da
Unidade 2de 1
AA soc
sociolo
iologia
gia ee a
a
Aplicação
Soc iolo dada
gia integral
Educaç
cação
ão
Sociologia da Edu
definida

Resumo
Apresentamos as principais aplicações da integral
definida, a saber: Cálculo de área, cálculo de
volumes de sólidos, cálculo de área de superfície e
cálculo de comprimento de gráfico de funções.
Sempre enfatizando os exemplos mais importantes,
conhecendo suas características e suas
particularidades. Indicamos alguns livros mais
avançados e links para o aprofundamento de
conteúdo.
 

UNIDADE 2. Aplicações da Integral Definida.


2.1 Área 81
2.2 Volumes de Sólidos de Revolução 84
2.3 Área de Superfície de Revolução 91
2.4 Comprimento de Gráfico de Funções 94
2.5 Coordenadas Paramétricas 96
2.6 Coordenadas Polares 98
2.7 Exercícios 103
2.8 Respostas 105
Referências Bibliográficas 109
2. Aplicações da integral
Definida

O objetivo desse capı́tulo é utilização da integral definida em diver-


sas aplicações. No livro Cálculo I-F(Ver referência [5]) foi feita uma
aplicação da integral definida, a saber: O cálculo das áreas de figuras
planas.
Nesta seção faremos outras aplicações, que são: O cálculo do
volume de sólidos, cálculo do comprimento de arco e cálculo de área
de superfı́cie. Antes, porém, faremos um breve recordação sobre o
cálculo de área.

2.1 Área de Figuras Planas

Vimos no Livro Cálculo I-F, que dada uma função y = f (x) contı́nua
em [a, b], com f (x) ≥ 0, então a área da curva S abaixo, limitada pelo
gráfico de f (x), pelas retas verticais x = a e x = b e pelo segmento
a ≤ x ≤ b do eixo x (ver Figura 2.1), é determinada pela fórmula
Z b
S= f (x)dx.
a

Exemplo 2.1.1. Determine a área limitada pela gráfico da parábola


x2
y= , pelas retas verticais x = 1 e x = 3 e pelo eixo x (Veja figura
2
2.1 ).

81
82

Figura 2.1: Região limitada pelo gráfico da f , eixo dos x e pelas retas
verticais x = a e x = b.

Figura 2.2: Exemplo 2.1.1

A área é dada pela integral


3
x2 13
Z
S= dx = .
1 2 3

Exemplo 2.1.2. Calcule a área dada pela curva dada pela função x =
2 − y − y 3.

Vamos calcular a área limitada por ela e pelo eixo y (veja figura
2.1). Note que os eixos coordenados estão trocados. Logo, determi-
nando os valores de y para x = 0 obtemos y = −2 e y = 1, e, portanto,
podemos expressar a área pela integral
Z 1
9
A= (2 − y − y 2)dy = .
−2 2
83

Figura 2.3: Exemplo 2.1.2

Agora, vejamos o caso onde a figura S está limitada por duas cur-
vas contı́nuas f (x) e g(x) e por duas verticais x = a e x = b, com
f (x) ≤ g(x) com a ≤ x ≤ b obteremos, obviamente (veja figura 2.1)

Z b
S= [g(x) − f (x)]dx.
a

Figura 2.4: Região limitada pelos gráficos de f , g, e pelas retas verti-


cais x = a e x = b.

Exemplo 2.1.3. Vamos calcular a área da figura limitada por y = 2−x2 ,


por y 3 = x2

Resolvendo o sistema formado pelas duas equações acima obte-


mos x1 = −1 e x2 = 1, Donde, utilizando a fórmula acima, podemos
por
1 1
x3 3 5/3

32
Z
2 2/3
S= [(2 − x ) − (x ]dx = 2x − − x = .
−1 3 5 −1 15
84

2.2 Volume de sólidos de Revolução

Vamos dividir em duas partes o cálculo do volume de sólidos de revolução.

2.2.1 Volume de sólidos obtido pela rotação, em torno


do eixo x

Suponha que a função y = f (x) seja contı́nua e f (x) ≥ 0 para todo x


pertencente ao intervalo [a, b]. Considere conjunto A do plano limitada
pelo eixo x, pelas retas verticais x = a e x = b, e o pelo gráfico da
função y = f (x)(ver figura 2.1)

Figura 2.5: Região A

Agora considere o B conjunto, formado pela rotação em torno eixo


x do conjunto A. Estamos interessados em definir o volume V do
conjunto B da figura 2.2.

Definição 2.2.1. Sejam y = f (x) uma função contı́nua e e f (x) ≥ 0


em [a, b]. e conjunto B como na figura 2.2. Então, o volume V de B é
dado por:
Z b
V =π [f (x)]2 dx (2.1)
a
85

Figura 2.6: Sólido B

ou
Z b
V =π y 2 dx onde y = f (x). (2.2)
a

Exemplo 2.2.1. Determinar o volume do sólido formado pela rotação


da figura plana, limitada por y = x e pelo segmento 0 ≤ x ≤ 2, em
torno do eixo x

Da definição, temos que

2
x3 2
Z
V = π ] x2 dx = π[
0 3 0
23 03 8π
= π[ − ] = .
3 3 3

Observação 2.2.1. O cálculo acima é o volume de um cilı́ndro circular


de raio 2 e altura 2.

Exemplo 2.2.2. Determinar o volume do sólido formados pela revolução


da figura plana limitada por y = sen x e pelo segmento 0 ≤ x ≤ π, em
torno do eixo x.
86

Da definição, temos que


Z π
V = π sen 2 xdx
Z0 π  
1 − cos (2x)
= π dx
0 2
 π
x sen (2x)
= π −
2 4 0
π sen (2π) 0 sen (2.0) π2
= π[( − )−( − )] = .
2 4 2 4 2

Exemplo 2.2.3. Determinar o volume do sólido formado pela rotação



da figura plana, limitada pelo gráfico de y = r 2 − x2 e pelo segmento
−r ≤ x ≤ r com r > 0, em torno do eixo x

Da definição, temos que


Z r √ Z r
V = π − ( r2
=π x2 )2 dx
(r 2 − x2 )dx
−r 3 r
−r
r3 (−r)3
  
2 x 2 2
= π r x− = π [r r − ] − [r (−r) − ]
3 −r 3 3
2 2r 3 4πr 3
= π[2r − ]= .
3 3 Saiba mais:
Observação 2.2.2. O cálculo acima é o volume de uma esfera de raio Para mais
4πr 3
r, cujo o valor é . detalhes
3
sobre essa
teoria, ver
2.2.2 Volume de sólidos obtido pela rotação, em torno referência

do eixo y [1]

Suponha que a função f seja f (x) ≥ 0 e contı́nua em [a, b] com a > 0.


Seja conjunto A dos de todos os pares (x, y) tais que a ≤ x ≤ b e
0 ≤ y ≤ f (x). Considere B o conjunto formado pela rotação em torno
eixo y, do conjunto A. Estamos interessados em definir o volume V
do conjunto B.

Definição 2.2.2. Seja f uma função tal que f (x) ≥ 0 e contı́nua em


[a, b] com a > 0. Seja B sólido obtido pela rotaçao em torno do eixo y,
87

do conjunto A. Definimos o volume V de B por:

Z b
V = 2π xf (x)dx (2.3)
a

ou
Z b
V = 2π xydx onde y = f (x). (2.4)
a

Exemplo 2.2.4. Determinar o volume do sólido formado pela rotação


da figura plana, limitada por y = x e pelo segmento 1 ≤ x ≤ 2, em
torno do eixo y

Da definição, temos que


2
x3 2
Z
V = 2π x.xdx = 2π[ ]
1 3 1
23 13 14π
= 2π[ − ] =
3 3 3

Exemplo 2.2.5. Determinar o volume do sólido formados pela revolução


da figura plana limitada pelo gráfico de y = ex e pelo segmento 1 ≤
x ≤ 3, em torno do eixo y.

Da definição, temos que


Z 3
V = 2π xex dx
1
x
= 2π [e (x − 1)] |31

= 2π [e3 (3 − 1)] − [e1 (1 − 1)]


 

= 4πe3 .

Observação 2.2.3. A integral acima é resolvida pelo método da integração


por partes.

Exemplo 2.2.6. Determinar o volume do sólido formado pela rotação



da figura plana, limitada pelo gráfico de y = 4 − x2 e pelo segmento
1 ≤ x ≤ 2, em torno do eixo y
NOTA: Faça
u = 4 − x2 ⇒ Da definição, temos que
du = −2xdx.
88

Z √
2 Z 2
1
V = 2π x 4 − x dx = 2π
2 x(4 − x2 ) 2 dx
1 1
 2  
2 2 23 2 2 32 2 2 23
= π − (4 − x ) = π [− (4 − 2 ) ] − [− (4 − 1 ) ]
3 1 3 3
2 3 √
= π[ (3) 2 ] = 2 3π.
3

Teorema 2.2.3. Sejam f, g funções tais que f (x) ≥ g(x) ≥ 0 e contı́nuas


em [a, b]. Considere os seguintes resultados:

I.1. Se B conjunto formado pela rotação em torno eixo x do conjunto


A, onde A é conjunto de dos de todos os pares (x, y) tais que
a ≤ x ≤ b e g(x) ≤ y ≤ f (x) (ver figura 2.3). O volume V de B
(ver figura 2.4) é dado por:

Z b
V =π [f 2 (x) − g 2 (x)]dx
a

I.2. Se B conjunto formado pela rotação em torno eixo x do conjunto


A, onde A é conjunto de dos de todos os pares (x, y) tais que
0 < a ≤ x ≤ b e g(x) ≤ y ≤ f (x). O volume V de B é dado por:
Z b
V = 2π x[f (x) − g(x)]dx
a

Prova.
A figura 2.3 representa a região limitada pelo gráficos de f e g, e
as retas verticais x = a e x = b.
Faça h(x) = f (x) − g(x), assim pelas hipóteses dadas no teorema,
temos que:

1. h(x) ≥ 0 para todo x ∈ [a, b];

2. h contı́nua em [a, b].

Assim, podemos aplicar as duas definições anteriores para calcular o


volume dos sólidos de revolução, e daı́ concluir o desejado.
89

Figura 2.7: Região limitadas pelo gráficos de f e g, e pelas retas


verticias x = a e x = b.

Figura 2.8: Sólido gerado pela rotação da figura 2.3, em torno do eixo
x

Exemplo 2.2.7. Determinar o volume do sólido formado pela rotação


da figura plana, limitada por f (x) = x2 e g(x) = x e pelo segmento
1 ≤ x ≤ 2, em torno do eixo x

Como f, g são contı́nuas e f (x) ≥ g(x) em [1, 2], segue do Teorema


90

2.2.3 que
Z 2 Z 2
2 2 2
V = π [(x ) − x ]dx = π [x4 − x2 ]dx
1 1
3 2
 5  5
23 15 13
 
x x 2
= π − =π [ − ]−[ − ]
5 3 1 5 3 5 3
31 7 58π
= π[ − ] =
5 3 15

Exemplo 2.2.8. Determinar o volume do sólido formado pela rotação


da figura plana, limitada por f (x) = x2 e g(x) = x e pelo segmento
1 ≤ x ≤ 2, em torno do eixo y

Como f, g são contı́nuas e f (x) ≥ g(x) em [1, 2], segue do Teorema


2.2.3 que
Z 2 Z 2
2
V = 2π x[x − x]dx = 2π [x3 − x2 ]dx
1 1
3 2
 4  4
23 14 13
 
x x 2
= 2π − = 2π [ − ] − [ − ]
4 3 1 4 3 4 3
15 7 17π
= 2π[ − ] =
4 3 6

Exemplo 2.2.9. Determinar o volume do sólido formado pela rotação



da figura plana, limitada por f (x) = 4 − x2 e g(x) = x e pelo seg-

mento 1 ≤ x ≤ 2, em torno do eixo x


Como f, g são contı́nuas e f (x) ≥ g(x) em [1, 2], segue do Teo-
rema 2.2.3 que
√ √
Z 2 √ Z 2
V = π [( 4 − x2 )2
− x ]dx = π [4 − 2x2 ]dx
2
1 1

2
" √ 3
#
x3 √ 13
 
2
= π 4x − 2 = π [4 2 − 2 ] − [4.1 − 2 ]
3 1 3 3
√ √
√ 2 2 (8 2 − 10)π
= π[(4 2 − 4 ) − (4 ] =
3 3 3

Exemplo 2.2.10. Determinar o volume do sólido formado pela rotação



da figura plana, limitada por f (x) = 4 − x2 e g(x) = x e pelo seg-

mento 1 ≤ x ≤ 2, em torno do eixo y
91

Como f, g são contı́nuas e f (x) ≥ g(x) em [1, 2], segue do Teo-
rema 2.2.3 que
√ √
Z 2 √ Z 2 √
V = 2π x[ 4 − x − x]dx = 2π
2 [x 4 − x2 − x2 ]dx
1 1
 3
 √2
2 3 x
= 2π − (4 − x2 ) 2 −
3 3 1
" √ 3 #
2 √ 2 3 2 2 3 1 3
= 2π [− (4 − 2 ) 2 − ] − [− (4 − 12 ) 2 − ]
6 3 6 3
√ √
2√ √ 1 (−8 2 + 2 3 + 2)π
= 2π[− 2+2 3− ] = .
3 3 3

2.3 Área de Superfı́cie de Revolução

Na seção anterior fomos capazes de calcular o volume do sólido B, o


qual foi obtido através da rotação em torno do eixo x ou do eixo y de
uma região A do plano (ver figura 2.1). Agora estamos interessados
em calcular a área de superfı́cie do sólido B (ver figura 2.1). Vamos,
portanto, definir através da integral definida, a área de superfı́cie de
um sólido B, como representado na figura 2.1.

Definição 2.3.1. Sejam f uma função tal que f (x) ≥ 0 e contı́nua em


[a, b], e B sólido obtido pela rotaçao em torno do eixo x, do conjunto
A. Definimos a área da superfı́cie Ax do sólido B por:
Z b p
V = 2π f (x) 1 + [f ′ (x)]2 dx. (2.5)
a

Exemplo 2.3.1. Determinar a área de superfı́cie do sólido formado


pela rotação da figura plana, limitada por f (x) = x e pelo segmento
0 ≤ x ≤ 2, em torno do eixo x

Sendo f (x) = x então f ′ (x) = 1, assim da definição temos que


Z 2 √ √ Z 2
Ax = 2π x 1 + 1 dx = 2 2π
2 xdx
0 0
x2 √
= 2 2π[ ] |20
2
√ 22 02 √
= 2 2π[ − ] = 4 2π.
2 2
92

Observação 2.3.1. O cálculo acima é a área de superfı́cie de um cone



circular de raio 2, altura 2 e geratriz 2 2, cuja área de superfı́cie é πrg.

Exemplo 2.3.2. Determinar o volume do sólido formados pela revolução


da figura plana limitada por y = 4 e pelo segmento −2 ≤ x ≤ 2, em
torno do eixo x.

Sendo f (x) = 4 então f ′ (x) = 0, assim da definição temos que


Z 2 √
Ax = 2π 4 1 + 02 dx
−2
Z 2
= 8π dx = 8πx |2−2
−2
= 8π[2 − (−2)] = 32π.

Observação 2.3.2. O cálculo acima é a área de superfı́cie de um ci-


lindro circular de raio 4 e altura 4, cuja área de superfı́cie é 2πrh.

Exemplo 2.3.3. Determinar a área de superfı́cie do sólido formado



pela rotação da figura plana, limitada por f (x) = r 2 − x2 e pelo seg-
mento −r ≤ x ≤ r com r > 0, em torno do eixo x

√ −x
Sendo f (x) = r 2 − x2 então f ′ (x) = √ , assim da definição
r 2 − x2
temos que

r √
r
−x
Z
Ax = 2π ( r 2 − x2 ) 1 + [ √ ]2 dx
−r r 2 − x2
Z r √ r
r2
= 2π ( r 2 − x2 ) dx
−r r 2 − x2
Z r
= 2π rdx = π[rx] |r−r = 2π[rr − r(−r)]
−r
= 2π[r + r 2 ] = 4πr 2 .
2

Observação 2.3.3. O cálculo acima é a área de superfı́cie de uma


esfera de raio r, cujo o valor é 4πr 2

De maneira análoga, define-se a área de superfı́cie de um sólido


B obtido pela rotação de uma região A, em torno do eixo y.
93

Definição 2.3.2. Seja f uma função com f (x) ≥ 0 e contı́nua em [a, b]


onde a > 0. Seja B sólido obtido pela rotaçao em torno do eixo y, do
conjunto A. Definimos a área de superfı́cie Ay de B por:

Z b p
Ay = 2π x 1 + [f ′ (x)]2 dx. (2.6)
a

Exemplo 2.3.4. Determinar a área de superfı́cie do sólido formado


pela rotação da figura plana, limitada por f (x) = x e pelo segmento
1 ≤ x ≤ 2, em torno do eixo y

Sendo f (x) = x então f ′ (x) = 1, assim da definição temos que


Z 2 √ √ Z 2
Ay = 2π x 1 + 1 dx = 2 2π
2 xdx
1 1
√ x2
= 2 2π[ ] |21
2
√ 22 12 √
= 2 2π[ − ] = 3 2π.
2 2

Exemplo 2.3.5. Determinar o volume do sólido formado pela revolução


da figura plana limitada por y = 4 e pelo segmento 1 ≤ x ≤ 2, em torno
do eixo y.

Sendo f (x) = 4 então f ′ (x) = 0, assim da definição temos que


Z 2 √
Ay = 2π x 1 + 02 dx
1
2
x2 2
Z
= 2π xdx = 2π |
1 2 2
2
2 12
= 2π[ − ] = 3π.
2 2

Exemplo 2.3.6. Determinar a área de superfı́cie do sólido formado



pela rotação do gráfico da f , limitada por f (x) = r 2 − x2 e pelo seg-
mento 1 ≤ x ≤ r com r > 1, em torno do eixo y

√ −x
Sendo f (x) = r 2 − x2 então f ′ (x) = √ , assim da definição
r 2 − x2
94

temos que
r r
−x
Z
Ay = 2π x 1 + [√ ]2 dx
1 r 2 − x2
Z r r
r2
= 2π x dx
r 2 − x2
Z1 r h √
rx ir
= 2π √ dx = π −r r 2 − x2
r 2 − x2 1
h1 √ √ i
= 2π [−r r 2 − r 2 ] − [−r r 2 − 12 ]

= 2πr r 2 − 1. NOTA: Faça
u = r2 −
x2 ⇒ du =
−2xdx.
2.4 Comprimento do gráfico de função

Seja f uma função com derivada contı́nua em [a, b], então estamos
interessado em definir o comprimento do gráfico de f do ponto A =
(a, f (a)) ao ponto B = (b, f (b)).

Figura 2.9: Comprimeto do gráfico de f de A = (a, f (a)) a B = (b, f (b))

Definição 2.4.1. Seja f uma função com derivada contı́nua em [a, b].
Definimos o comprimento C do gráfico de f do ponto A = (a, f (a)) ao
ponto B = (b, f (b)) por:
Z bp
C= 1 + [f ′ (x)]2 dx (2.7)
a
95

Exemplo 2.4.1. Determinar comprimento C do gráfico de f onde f (x) =


x e 0 ≤ x ≤ 2.

Sendo f (x) = x então f ′ (x) = 1, assim da definição temos que


Z 2√ √ Z 2
C = 1 + 12 dx = 2 dx
0 0

= 2[x] |20
√ √
= 2[2 − 0] = 2 2

Exemplo 2.4.2. Determinar o comprimento C do gráfico de f onde


f (x) = 4 e 1 ≤ x ≤ 2.

Sendo f (x) = 4 então f ′ (x) = 0, assim da definição temos que


Z 2 √
C = 1 + 02 dx
1
Z 2
= dx = x |21 = [2 − 1] = 1
1

Exemplo 2.4.3. Determinar o comprimento C do gráfico de f onde



f (x) = r 2 − x2 e −r ≤ x ≤ r com r > 1.

√ −x
Sendo f (x) = r 2 − x2 então f ′ (x) = √ , assim da definição
r 2 − x2
temos que

r
r
−x
Z
C = 1 + [√ ]2 dx
−r r 2 − x2
Z rr
r2
= dx
−r r 2 − x2
Z r
r h x ir
= √ dx = r arcsen
−r r 2 − x2 r −r
 
r −r
= r [ arcsen ] − [ arcsen ]
NOTA: r r
π π
= r[ + ] = πr.
Faça a 2 2
substituição
Observação 2.4.1. O cálculo acima é metade do comprimento do
x = r sen θ
cı́rculo raio r, cujo o valor é πr
então dx =
r cos θdθ.
96

2.5 Comprimento de Curva dada em Forma


Paramétrica

Uma curva no plano IR2 entendemos com uma função ϕ : I → IR2 que
associa a cada t ∈ I (I intervalo) a um ponto (x(t), y(t)) ∈ IR2 , onde
x(t) e y(t) são funções definidas em I. Dizemos que



 x = x(t)

t∈I


 y = y(t)

são as equações paramétricas da curva ϕ.

Exemplo 2.5.1. Descreva a curva ϕ dada em forma paramétrica por


x = t, y = 2t com t ∈ IR.

Sendo x = t e y = 2t ⇒ y = 2x. Quando t pecorre IR, o ponto


(t, 2t) descreve a reta y = 2x (ver figura 2.6).

Figura 2.10: Gráfico da função y = 2x

Exemplo 2.5.2. Descreva a curva ϕ dada em forma paramétrica por


x = r cos t, y = r sen t com t ∈ [0, 2π].

Sendo x = r cos t, y = r sen t ⇒ x2 + y 2 = r 2 . Quando t percorre


[0, 2π], o ponto (r cos t, r sen t) descreve a equação da circunferência
de raio r dada por x2 + y 2 = r 2 (ver figura 2.7).
97

Figura 2.11: Circunferência de raio r

Definição 2.5.1. Seja a curva x = x(t), y = y(t) com derivadas


contı́nuas em [a, b]. Definimos o comprimento C do curva do ponto
A = (x(a), y(a)) ao ponto B = (x(b), y(b)) é dado por:
Z br
dx dy
C= [ ]2 + [ ]2 dt (2.8)
a dt dt

Observação 2.5.1. O gráfico da função y = f (x) pode ser obtido da


forma paramétrica por x = t, y = f (t), com t ∈ [a, b]. Segue que
fórmula do comprimento do gráfico de uma função é um caso particu-
lar fórmula (2.8).

Exemplo 2.5.3. Determinar comprimento C da curva ϕ dada em forma


paramétrica por x = t, y = 2t com t ∈ [0, 1].

Sendo 
 x(t) = t dx
⇒ dt
=1
 y(t) = 2t dy
⇒ dt
= 2.

Assim, da definição, temos que


Z 1√ √ Z 1
C = 1 + 22 dx = 5 dt
0 0

= 5[t] |10
√ √
= 5[1 − 0] = 5
98

Exemplo 2.5.4. Determinar comprimento C da curva ϕ dada em forma


paramétrica por x = r cos t, y = r sen t com t ∈ [0, 2π].

Sendo 
 x(t) = r cos t dx
⇒ dt
= −r sen t
 y(t) = r sen t dy
⇒ dt
= r cos t.

Assim, da definição, temos que


Zp 2π
C = [−r sen t]2 + [r cos t]2 dt
0
Z 2π p Z 2π
= r [ sen t + cos t]dt =
2 2 2 rdt
0 0
= rt |2π
0 = 2πr.

Observação 2.5.2. O cálculo acima é do comprimento do cı́rculo raio


r, cujo o valor é 2πr

2.6 Coordenadas Polares

Fixado no plano IR2 um semieixo Ox(tal semieixo chama-se eixo polar,


o ponto O chama-se polo), cada ponto P ∈ IR2 fica determinado por
suas coordenadas polares (ρ, θ), onde ρ é a medida em radianos do
ângulo entre o segmento OP e semieixo Ox ( o ângulo θ é contado
a partir do eixo polar e no sentido anti-horário) e ρ é comprimento de
OP .

Figura 2.12: Representação em coordenadas polares (ρ, θ).


99

Dado um ponto P = (x, y) ∈ R2 podemos representar na forma


polar que é dado por
 p
 

 ρ = x2 + y 2
 x = ρ cos θ 

⇐⇒ cos θ = √ x2 2
 y = ρ sen θ  x +y

 sen θ = √ y


x2 +y 2

Saiba mais:
Para mais
Figura 2.13: O ponto P ∈ IR2 representado em forma polar.
detalhes
sobre essa
teoria, ver Vimos anteriormente que ρ representa o comprimento de OP , e
referência naturamente temos que ρ ≥ 0, mas pode ocorrer casos em ρ < 0,
[6] e com isto é necessário redefinir a representação em coordenadas
polares (θ, ρ) para qualquer ρ ∈ IR. Para representar as coordenadas
(θ, ρ) deve-se proceder da seguinte maneira: primeiro, gire o eixo Ox,
no sentido anti-horário, de um ângulo θ; em seguida, sobre esse novo
eixo, marque o ponto que tenha abscissa ρ

Exemplo 2.6.1. Descreva a curva cuja a equação em coordenadas


polares dada por ρ = r com θ ∈ [0, 2π].

Solução: Vamos atribuir valores para θ e obter valores para ρ, como


segue na tabela abaixo:

Tabela 1
100

θ ρ
0 r
π
2
r
π r

2 r
2π r

Assim, a curva é um circunferência de raio r.

Figura 2.14: Circunferência de raio r

Exemplo 2.6.2. Descreva a curva cuja a equação em coordenadas


polares dada por ρ = 1 − cos θ com θ ∈ [0, 2π].

Solução: Vamos atribuir valoes para θ e obter valores para ρ, como


segue na tabela abaixo:

Tabela 2
101

θ ρ
0 0
π 1
3 2
π
2 1
2π 3
3 2

π 2
4π 3
3 2

2 1
Assim a curva é descrita como na figura abaixo e denomina-se cardióide.

Saiba Mais: Para


mais detalhes so- Figura 2.15: Cardióide
bre construção de
curvas em coor-
denadas polares,
Faremos a seguir duas aplicações usando coordenadas polares, a
ver referência [6]
saber: Comprimento de Curva e Cálculo de área.

Teorema 2.6.1. Consideremos uma curva dada em coordenadas po-


lares ρ = ρ(θ), α ≤ θ ≤ β com derivadas contı́nuas em [α, β]. De-
102

finimos o comprimento C do curva do ponto A = (ρ(α), α) ao ponto


B = (ρ(β), β) é dado por:
r
β
dρ 2
Z
C= ρ2 + [ ] dθ (2.9)
α dϑ
Prova. Ver referência [1].

Exemplo 2.6.3. Determinar comprimento C da curva dada em coor-


denadas polares por ρ = sen θ, 0 ≤ θ ≤ π.

Sendo ρ = sen θ =⇒ = cos θ. Assim do Teorema acima temos

que
Z π √ Z π
C = sen 2 θ + cos2 θdθ = dθ
0 0
= [θ] |π0 = π

Exemplo 2.6.4. Determinar comprimento C da curva dada em coor-


denadas polares por ρ = 1 − cosθ, 0 ≤ θ ≤ π.

Sendo ρ = 1 − cos θ =⇒ = sen θ. Assim do Teorema anterior

temos que
Z πp Z π√
C = (1 − cos θ)2 + sen 2 θdθ = 1 − 2 cos θ + cos2 θ + sen 2 θdθ
0 0
Z πr

Z π
θ
= 2 − 2 cos θdθ = 4 sen 2 dθ
2
Z0 π  0

θ θ
= 2 sen dθ = −4 cos
2 2
0  0
π 0
= [−4 cos ] − [−4 cos ] = 4
2 2
Teorema 2.6.2. Consideremos uma curva dada em coordenadas po-
lares ρ = ρ(θ), α ≤ θ ≤ β contı́nuas em [α, β]. Seja A conjuntos de
todos os pontos dados em coordenadas polares (ρ, θ) satisfazendo as
condições α ≤ θ ≤ β e 0 ≤ ρ ≤ ρ(θ). Definimos a área S de A por:
1 β 2
Z
S= ρ dθ (2.10)
2 α
Prova. Ver referência [6].

Exemplo 2.6.5. Calcule a área da curva cuja a equação em cordena-


das polares é ρ = r > 0, 0 ≤ θ ≤ 2π.
103

Do Teorema acima temos que

1 2π 2
Z
S = r dθ
NOTA! Como 2 0
1 2 2π
foi fácil encon- = [r θ] |0 = πr 2
2
trar a área da
circunfêrencia
através de coor-
denadas polares. Exemplo 2.6.6. Calcule a área limitada pela cardióide dada por ρ =
1 − cosθ, 0 ≤ θ ≤ 2π.

Do Teorema acima temos que

1 2π 1 2π
Z Z
2
S = (1 − cos θ) )dθ = (1 − 2 cos θ + cos2 θ)dθ
2 0 2 0
Z 2π Z 2π Z 2π 
1 2
= dθ − 2 cos θdθ + cos θdθ
2 0 0 0
Z 2π Z 2π Z 2π 
1 1 + cos (2θ)
= dθ − 2 cos θdθ + ( )dθ
2 0 0 0 2
 2π
1 3θ 1 3π
= − 2 sen θ + sen (2θ) =
2 2 4 0 2

2.7 Exercı́cios

1. Encontre o volume do sólido obtido pela rotação em torno do


eixo dos x, de:

(a) f (x) = x e 0 ≤ x ≤ 10

(b) f (x) = x−2 e 1 ≤ x ≤ 4



(c) f (x) = x e 1 ≤ x ≤ 4

(d) f (x) = ln x e 1 ≤ x ≤ e2

(e) f (x) = sen x e 0 ≤ x ≤ π



(f) f (x) = 3, g(x) = x e 0 ≤ x ≤ 1
1
(g) f (x) = 1, g(x) = e1≤x≤2
x
2. Encontre o volume do sólido obtido pela rotação em torno do
eixo dos y, de:
104

(a) f (x) = x e 1 ≤ x ≤ 2

(b) f (x) = x−2 e 1 ≤ x ≤ e



(c) f (x) = x e 1 ≤ x ≤ 4

(d) f (x) = ln x e 1 ≤ x ≤ e2

(e) f (x) = 3, g(x) = x e 1 ≤ x ≤ 4
1
(f) f (x) = 1, g(x) = e1≤x≤2
x
3. Encontre a área de superfı́cie gerada pela rotação em torno do
eixo dos x, do gráfico da função dada:

(a) f (x) = 3 e 1 ≤ x ≤ 2
ex +e−x
(b) f (x) = 2
e −1 ≤ x ≤ 1

(c) f (x) = x e 1 ≤ x ≤ 4

(d) f (x) = x e 1 ≤ x ≤ 4

(e) f (x) = ex e 0 ≤ x ≤ 1

(f) f (x) = x2 e 0 ≤ x ≤ 1

4. Encontre o comprimento do gráfico da função dada:

(a) f (x) = 3 e 1 ≤ x ≤ 2
ex +e−x
(b) f (x) = 2
e0≤x≤1

(c) f (x) = x e 1 ≤ x ≤ 4
x2
(d) f (x) = e0≤x≤1
2
2 3
(e) f (x) = x 2 e 0 ≤ x ≤ 1
3
5. Encontre o comprimento da curva dada em forma paramétrica:

(a) x = t, y = 3 e 1 ≤ t ≤ 2

(b) x = t − 1, y = 5t e 0 ≤ t ≤ 2

(c) x = t2 − 1, y = t2 e 0 ≤ t ≤ 2

(d) x = 1 − cos t, y = t − sen t e 0 ≤ x ≤ π

(e) x = et cos t, y = et sen t e 0 ≤ x ≤ π


105

6. Encontre o comprimento da curva dada em coordenadas pola-


res:

(a) ρ = θ e 0 ≤ θ ≤ 2π

(b) ρ = 1 + cos θ e 0 ≤ θ ≤ π

(c) ρ = e−θ e 0 ≤ θ ≤ 2π

(d) ρ = θ2 e 0 ≤ θ ≤ 1

(e) ρ = sec θ e 0 ≤ θ ≤ π/3

7. Calcule a área cuja a equação da curva em coordenadas polares


é:

(a) ρ = 2 e 0 ≤ θ ≤ 2π

(b) ρ = 1 + cos θ e 0 ≤ θ ≤ 2π

(c) ρ = 1 − sen θ e 0 ≤ θ ≤ 2π

(d) ρ = cos 2θ e 0 ≤ θ ≤ π

2.8 Respostas
1000π
1. (a)
3

(b)
24
15π
(c)
2
(d) 2(e2 − 1)π

(e) 2π
17π
(f)
2
17π
(g)
2
14π
2. (a)
3
(b) 2π
124π
(c)
5
106

3e4 1
(d) ( + )π
2 2
101π
(e)
5
(f) π

3. (a) 6π
π 2
(b) [e − e−2 + 4]
2

(c) 15 2π
π √ √
(d) [17 17 − 5 5]
6
π √ √
(e) [3 2 − ln ( 2 + 1)]
32

4. (a) 2
1
(b) 2
[e − e−1 ]

(c) 3 2
√ √
(d) 12 [ 2 + ln (1 + 2)]

(e) f (x) = 23 [2 2 − 1]

5. (a) 1

(b) 2 26

(c) 4 2

(d) 4

(e) 2[eπ − 1]

π√ 2 1 √
6. (a) π + 1 + ln (π + π 2 + 1)
2 2
(b) 4

(c) 2(1 − e−2π )

5 5−8
(d)
3

(e) 3

7. (a) 4π

(b) 3π
107

(c) 3π
π
(d)
2
108
Referências Bibliográficas

[1] ÁVILA, G. Cálculo: Funções de uma Variável. Vol. 1,7 ed. Rio de
Janeiro: Ed. Livros Técnicos e Cientı́ficos, 2003.

[2] BOULOS, P. Introdução ao Cálculo: Cálculo Diferencial. Vol. 1,


São Paulo: Ed. Edgard Blucher. 1974.

[3] BOULOS, P. Cálculo Diferencial e Integral. Vol. 1, 5 ed. São


Paulo: Ed. Cengage Learning, 1999.

[4] BRADLEY, G.L. e HOFFMAN, L. D. Cálculo: Um Curso Moderno


e suas Aplicações, 9 ed. Rio de Janeiro: Ed. Livros Técnicos e
Cientı́ficos, 2008.

[5] DA CRUZ NETO, João Xavier. Cálculo I-F, Teresina: Ed.


UFPI/UAPI, 2008

[6] GUIDORIZZI, H.L. Um Curso de Cálculo, Vol. 1,2,3, 4, Rio de


Janeiro: Ed. Livros Técnicos e Cientı́ficos. 2001.

[7] KAPLAN, W., LEWIS, D. J. Cálculo e Álgebra Linear. Vol. 1. Rio


de Janeiro: Ed. Livros Técnicos e Cientı́ficos. 1972.

[8] LANG, S. Cálculo, Vol. 1, Rio de Janeiro: Ed. Livros Técnicos e


Cientı́ficos, 1977.

[9] STEWART, J. Cálculo. Vol. 1, 5 ed. Rio de Janeiro: Ed. Cengage


Learning, 2005.

[10] http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:CardioidsLabeled.PNG.
Acesso em 11/12/2008 às 09h30min

109
110 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[11] http://www.twiki.ufba.br/twiki/pub/CalculoB/NotasDeAula/Aplicacao.pdf.
Acesso em 10/01/2009 às 18h31min

[12] www.cefetflo.edu.br/floriano/PDF/8Volumes.pdf. Acesso em


11/01/2009 às 10h56min
U ni da
Unidade 3de 1
AA soc
sociolo
iologia
gia ee a
a
Integrais
Soc iolo impróprias
gia
Sociologia da da Edu
Educaç
cação
ão

Resumo
Nesta unidade, introduzimos um conceito muito
importante no Cálculo a integral imprópria que
extensão da integral definida. Enunciamos dois tipos
de integrais impróprias, como também testes para
convergência e divergência de uma integral
imprópria, e faremos vários exemplos enfatizando
sua importância. Indicamos alguns livros mais
avançados e links para o aprofundamento de
conteúdo.
 

UNIDADE 3. Integrais Impróprias.


3.1 Introdução 113
3.2 Limites Infinitos de Integração 114
3.3 Integrandos com Assíntotas Verticais 118
3.4 Testes para Convergência e Divergência 122
3.5 Exercícios 126
3.6 Respostas 128
Referências bibliográficas 131
3. Integrais Impróprias

3.1 Introdução

Esta unidade será dedicada ao estudo das integrais impróprias, as


quais são de suma importância em diversas aplicações na área das
ciências exatas.
Nos capı́tulos anteriores foram estudadas integrais definidas, as
quais possuem duas condições: primeira, que o domı́nio de integração
[a, b] é finito, e a segunda, é que a imagem do integrado é finita sobre
[a, b]. Entretanto, na prática podemos encontrar problemas que não
ocorrem uma das condições, ou mesmo as duas. A integral para a
1
área sob curva y = 2 de x = 0 a x = +∞ é um exemplo onde o
x +1
domı́nio de integração é infinito, como representado na figura abaixo:

Figura 3.1: Domı́nio infinito [0, +∞0

1
Já integral para a área sob curva y = de x = 0 a x = 1 é um
x2
exemplo cuja a imagem do integrando é infinita, como representado
na figura abaixo:

113
114

Figura 3.2: Imagem do integrando é infinita

Observação 3.1.1. Dizer que a imagem do integrando é infinita é di-


zer que existe pelo menos um ponto x0 ∈ [a, b] dos quais pelo menos
NOTA: No exem-
um dos limites laterais em x0 , o limite do integrando è +∞ ou −∞.
plo da figura 3.1
temos que
Nos dois casos acima, as integrais recebem o nome de integrais 1
lim+ = +∞
impróprias, e são calculadas como limites. No capı́tulo 4, veremos x→0 x2
que as integrais impróprias desempenham o importante papel quando
estamos investigando a convergência de certas séries infinitas.

3.2 Limites Infinitos de Integração

Primeiramente, vamos analisar o caso em que o domı́nio de integração


é infinito. Na figura 3.1 considere o número r tal que 0 < r < +∞. A
integral definida
b
1
Z
dx
0 x2 +1
1
representa a área limitada pelo eixos dos x, a curva f (x) = ,e
+1 x2
as retas verticais x = 0 e x = r. Definindo a área como uma função
A(r), temos que

r
1
Z
A(r) = dx = arctg x |r0 = arctg r − arctg 0 = arctg r.
0 x2 +1
115

Assim, passando ao limite quando r → +∞, obtemos que

π
lim A(r) = lim arctg r = .
r→+∞ r→+∞ 2

Logo, o valor que atribuı́mos a área abaixo da curva de 0 a +∞ é


Z +∞ Z r
1 1 π
dx = lim dx = . (3.1)
0 x +1
2 r→+∞ 0 x + 1
2 2

Definição 3.2.1 (Integrais impróprias do tipo I). Integrais com limites


infinitos são integrais das impróprias do tipo I.

I.1. Se f é contı́nua em [a, +∞), então


Z +∞ Z r
f (x)dx = lim f (x)dx;
a r→+∞ a

I.2. Se f é contı́nua em (−∞, a], então


Z a Z a
f (x)dx = lim f (x)dx;
−∞ r→−∞ r

NOTA: I.3. Se f é contı́nua em (−∞, +∞), então


Demonstra-se Z +∞ Z b Z ∞
f (x)dx = f (x)dx + f (x)dx;
que escolha de −∞ −∞ b

b no caso I.3.
onde b é qualquer número real.
não é importante.
Podemos calcu- Em todos os casos, se o limite é finito dizemos que a integral

lar
R +∞
f (x)dx imprópria converge e que o limite é o valor da integral imprópria. Se
−∞

para valor de b o limite não existe, dizemos que a integral imprópria diverge.

conveniente. Se f (x) ≥ 0 no intervalo de integração, então qualquer uma das


integrais impróprias na definição dada acima pode ser interpretada
como uma área. Por exemplo, a integral imprópria dada em 3.1, nesse
π
caso a área vale . Agora se f (x) ≥ 0 no intervalo de integração e a
2
integral imprópria diverge, dizemos que a área sob a curva é infinita,
como veremos no exemplo a seguir.

Exemplo 3.2.1. Calcule a integral imprópria


Z +∞
1
dx.
1 x
116

A integral imprópria é do tipo I.1., assim


Z +∞ Z r
1 1
dx = lim dx
1 x r→+∞ 1 x

= lim ln x |r1
r→+∞

= lim [ln r − ln 1]
r→+∞

= lim ln r = +∞.
r→+∞

1
Como f (x) = ≥ 0 no intervalo de integração [1, +∞), podemos
x
concluir que a área sob a curva é infinita, e que a integral imprópria
diverge.

Exemplo 3.2.2. Calcule a integral imprópria


Z +∞
2 NOTA: Para re-
xe−x dx.
0 solver a integral
A integral imprópria é do tipo I.1., assim do exemplo 3.2.2,
faça u = −x2 ⇒
Z +∞ Z r
−x2 2
xe = lim xe−x
r→+∞
1 0 du = −2xdx.
1 2
= lim [− e−x ] |r0
r→+∞ 2
1 −r2 1
= lim [− e − (− e0 )]
r→+∞ 2 2
1 −r2 1 1
= lim [− e + ]= .
r→+∞ 2 2 2
2
Como f (x) = xe−x ≥ 0 no intervalo de integração [0, +∞), podemos
concluir que o valor da área sob a curva é 21 , e que a integral imprópria
converge.

Exemplo 3.2.3. Calcule a integral imprópria


Z 0
ex dx.
−∞

A integral imprópria é do tipo I.2., assim


Z 0 Z 0
x
e = lim ex
−∞ r→−∞ r
x 0
= lim e |r
r→−∞

= lim [e0 − er ]
r→−∞

= lim [1 − er ] = 1.
r→−∞
117

Como f (x) = ex ≥ 0 no intervalo de integração (−∞, 0], podemos


Saiba Mais: Para
concluir que o valor da área sob a curva é 1, e que a integral imprópria
mais detalhes so-
converge.
bre o assunto, ver
referência [11] Exemplo 3.2.4. Calcule a integral imprópria
Z −1
x−2 dx
−∞

A integral imprópria é do tipo I.2., assim


Z −1 Z −1
x −2
= lim x−2
−∞ r→−∞ r
= lim [−x−1 |−1
r
r→−∞

= lim [−(−1)−1 − (−r −1 )]


r→−∞

= lim [1 + r −1 ] = 1.
r→−∞

Como f (x) = x−2 ≥ 0 no intervalo de integração (−∞, 0], podemos


concluir que o valor da área sob a curva é 1, e que a integral imprópria
converge.

Exemplo 3.2.5. Calcule a integral imprópria


Z +∞
2x
dx.
−∞ x + 1
2

A integral imprópria é do tipo I.3., assim escolhendo c = 0 temos


que
Z +∞ 0 Z +∞
2x 2x 2x
Z
dx = lim dx + lim dx
−∞ (x + 1)2
2 r→−∞ r x2 + 1 r→+∞ 0 x +1
2

= lim [(x2 + 1)−1 ] |0r + lim (x2 + 1)−1 |r0


r→−∞ r→+∞
2 2
= lim [(0 + 1) −1
− (r + 1)−1 ]
r→−∞

+ lim [(r 2 + 1)−1 − (02 + 1)−1 ] |r0


r→+∞
NOTA: Para re-
= lim [1 − (r 2 + 1)−1 ] + lim [(r 2 + 1)−1 − 1] = 1 − 1 = 0.
r→−∞ r→+∞
solver a integral
do exemplo 3.2.5, Portanto, a integral imprópria converge.
faça u = x2 + 1 ⇒
Exemplo 3.2.6. Calcule a integral imprópria
du = 2xdx. Z +∞
x2 dx
−∞
118

A integral imprópria é do tipo I.3., assim escolhendo c = 0 temos


que
Z +∞ Z 0 Z +∞
2 2
x dx = lim x dx + lim x2 dx
−∞ r→−∞ r r→+∞ 0
1 1
= lim x3 |0r + lim x3 |r0
r→−∞ 3 r→+∞ 3
1 3 1 3 1 1
= lim [ 0 − r ] + lim [ r 3 − 03 ] |r0
r→−∞ 3 3 r→+∞ 3 3
1 3 1 3
= lim [− r ] + lim [ r ] = +∞ + ∞ = +∞
r→−∞ 3 r→+∞ 3

Saiba Mais: Para


mais detalhes so-
Portanto a integral imprópria diverge.
bre o assunto, ver
referência [10]

3.3 Integrandos com Assı́ntotas Verticais

Agora vamos analisar o caso em que a imagem do integrando é infi-


nita. Dizer que a imagem do integrando é infinita é equivalente a dizer
que o integrando tem uma assı́ntota vertical (uma descontinuidade in-
finita) em um limite integração ou em algum ponto entre os limites de
integração. Se f (x) ≥ 0 no intervalo de integração, podemos inter-
pretar a integral imprópria como a área sob a curva de f e acima dos
eixo dos x, e entre os limites de integração. Na figura 3.1 o limite de
integração x = 0 é uma assı́ntota vertical. Seja r tal que 0 < r < 1,
então a integral definida
1
1
Z
dx
r x2
1
representa a área limitada pelo eixos dos x, a curva f (x) = , e as
x2
retas verticais x = re x = 1. Definindo a área como um função A(r),
temos que

1
1 1
Z
A(r) = 2
dx = −x−1 |1r = −1−1 − (−r −1 ) = −1 + .
r x r
Assim, passando ao limite quando r → 0+ , obtemos que

1
lim A(r) = −1 + = −1 + ∞ = +∞
r→+∞ r
119

1
Logo, a área da curva f (x) = x2
de 0 a 1 é infinita, e nesse caso,
dizemos que integral imprópria diverge.

Definição 3.3.1. [Integrais impróprias do tipo II ]Integrais de funções


que se tornam infinitas em um ponto pertencente ao intervarlo de
integração são integrais impróprias do tipo II.

II.1. Se f é contı́nua em (a, b] e descontı́nua em a então


Z b Z b
f (x)dx = lim+ f (x)dx;
a r→a r

II.2. Se f é contı́nua em [a, b) e descontı́nua em b, então


Z b Z r
f (x)dx = lim− f (x)dx;
a r→b a

II.3. Se f é descontı́nua em c, onde a < c < b, e contı́nua em [a, c) ∪


NOTA: Lem-
(c, b], então
brando que, a Z b Z c Z b

descontinuidade f (x)dx = f (x)dx + f (x)dx;


a a c
dita na Definição
Em todos os casos, se o limite é finito dizemos que a integral
3.3.1 é a des-
imprópria converge e que o limite é o valor da integral imprópria. Se
continuidade
o limite não existe, dizemos que a integral imprópria diverge.
infinita.
Observação 3.3.1. Em II.3. da Definição 3.3.1, a integral imprópria
do lado esquerdo da equação converge se as duas do lado direito
convergem; se não são, a integral imprópria diverge.

Exemplo 3.3.1. Calcule a integral imprópria


Z 1
1
2
dx.
0 x

A integral imprópria é do tipo II.1., pois em x = 0 temos uma


assı́ntota vertical. Assim
Z 1 1
1 1
Z
2
dx = lim+ dx
0 x r→0 r x2
1 1
= lim+ −
|
r→0 x r
1 1
= lim+ [− − (− )]
r→0 1 r
1
= lim+ [−1 + ] = −1 + ∞ = +∞.
r→0 r
120

Portanto, a integral imprópria diverge. E como f (x) > 0 para todo


x ∈ (0, 1], temos que a área sob a curva é infinita.

Exemplo 3.3.2. Calcule a integral imprópria


Z 2
1
√ dx.
1 x −1
2

A integral imprópria é do tipo II.1., pois em x = 1 temos uma


assı́ntota vertical. Assim
Z 2 Z 2
1 1
√ dx = lim+ √ dx
1 x −1
2 r→1 r x −1
2

= lim+ [ln (x + x2 − 1)] |2r
r→1
h √ √ i
= lim+ [ln (2 + 22 − 1)] − [ln (r + r 2 − 1)]
r→1
h √ √ i √ NOTA: Para re-
= lim+ [ln (2 + 3)] − [ln (r + r 2 − 1)] = ln (2 + 3).
r→1 solver a integral
do exemplo 3.3.3,
faça x = sec θ ⇒
Observação 3.3.2.
dx = sec θ tg θdθ.
√ √
h i  
lim+ −[ln (r + r − 1)] = − ln lim+ [(r + r − 1)] = − ln 1 = 0.
2 2
r→1 r→1

Portanto, a integral imprópria converge. E como f (x) > 0 para



todo x ∈ (1, 2], temos que a área sob a curva é finita e vale ln (2 + 3)
unidade de área.

Exemplo 3.3.3. Calcule a integral imprópria


Z 0
1
√ dx.
−1
3
x
A integral imprópria é do tipo II.2., pois em x = 0 temos uma
assı́ntota vertical. Assim
Z 0 r
1
Z
1
√ dx = lim− x− 3 dx
−1
3
x r→0 −1
3 2
= lim− x 3 |r−1
r→0 2
 
3 2 3 2
= lim− r ] − [ (−1) ]
3 3
r→0 2 2
 
3 2 3 3
= lim− [ r 3 − =− .
r→0 2 2 2
Portanto a integral imprópria converge.
121

Exemplo 3.3.4. Calcule a integral imprópria


1
1
Z
dx.
0 x−1

A integral imprópria é do tipo II.2., pois em x = 1 temos uma


assı́ntota vertical. Assim
1 r
1 1
Z Z
dx = lim− dx
0 x−1 r→1 0 x−1
= lim− ln | x − 1 | |r0
r→1

= lim [ ln | r − 1 | − ln | 0 − 1 | ]
r→1−

= lim [ ln | r − 1 | ] = −∞.
r→1−

Portanto a integral imprópria diverge.

Exemplo 3.3.5. Calcule a integral imprópria


1
ex
Z
x
dx.
−1 e − 1

A integral imprópria é do tipo II.3., pois em x = 0 temos uma


assı́ntota vertical. Assim
+1 r Z 1
ex ex ex
Z Z
dx = lim− dx + lim dx
−1 ex − 1 r→0 x
−1 e − 1 r→0+ r ex − 1

lim− ln | ex − 1 | |r−1 + lim− ln | ex − 1 | |1r


   
=
r→0 r→0

NOTA: Para re-


solver a integral Como as duas integrais do lado Z 1direito da equação acima divergem
ex
do exemplo 3.4.1, temos que a integral imprópria x
dx diverge.
−1 e − 1
faça x = ex − 1 ⇒
Observação 3.3.3. Cuidado!!!! Se não observarmos que x = 0, te-
du = ex dx. ex
mos uma assı́ntota vertical de f (x) = x poderı́amos concluir que
Z 1 e −1
ex
x
dx convergiria.
−1 e − 1

De fato:
1
ex
Z
x
dx = ln | ex − 1 | |1−1
−1 e −1
= ln | e − 1 | − ln | e−1 − 1 |.
122

Exemplo 3.3.6. Calcule a integral imprópria

2
1
Z
p dx
0
3
(x − 1)2

A integral imprópria é do tipo II.3., pois em x = 1 temos uma


assı́ntota vertical. Assim

2 r 2
1
Z Z Z
− 32 2
p dx = lim− (x − 1) dx + lim+ (x − 1)− 3 dx
0
3
(x − 1)2 r→1 0 r→1 r
h 1
i h 1
i
= lim− 3(x − 1) 3 |r0 + lim+ 3(x − 1) 3 |2r
r→1 r→1
h 1 1
i h 1 1
i
= lim− 3(r − 1) 3 − 3(0 − 1) 3 + lim+ 3(2 − 1) 3 − 3(r − 1) 3
r→1
h 1
i h r→1 1
i
= lim− 3(r − 1) + 3 + lim+ 3 − 3(r − 1) = 3 + 3 = 6.
3 3
r→1 r→1

Portanto a integral imprópria converge. E como f (x) > 0 para todo


Saiba Mais: Para
x ∈ [0, 1)∪(1, 2], temos que a área sob a curva é finita e vale 6 unidade
mais detalhes so-
de área.
bre o assunto, ver
referência [12]

3.4 Testes para Convergência e Divergência

Em alguns problemas que não se conseguem resolver, a integral imprópria


diretamente, tentamos então verificar se a mesma converge ou di-
verge. Se ela diverge nada podemos fazer, caso contrário, podemos
então utilizar métodos numéricos para calcular seu valor aproximado.
Apresentarmos nesta seção os principais teste para convergência ou
divergência, a saber: teste de comparação e o teste de comparação
do limite.
1 1
Consideres as funções f (x) =
e g(x) = 4 . Sabemos
+1 x +1 x2
que x2 + 1 ≤ x4 + 1 para todo x ≥ 1, assim

1 1
≤ para todo x ≥ 1 ⇒ g(x) ≤ f (x) para todo x ≥ 1.
x4 + 1 x2 + 1
(3.2)
123

Por outro lado, sabemos que


Z +∞ Z +∞
1
f (x)dx = dx = lim [ arctg x |r1 ]
1 1 x2 + 1 r→+∞

= lim [ arctg r − arctg 1]


r→+∞
π π π
= − = .
2 4 4
R +∞
Usando o fato de que integral imprópria 1
f (x)dx converge e a desi-
gualdade (3.2) podemos garantir a convergência da integral imprópria
R +∞
1
g(x)dx? A resposta segue-se do teorema abaixo.

Teorema 3.4.1. [Teste de comparação direta] Sejam f e g contı́nuas


em [a, +∞), tal que 0 ≤ g(x) ≤ f (x) para todo x ≥ a. Então

1. Z +∞ Z +∞
g(x)dx converge se f (x)dx converge;
a a

2. Z +∞ Z +∞
f (x)dx diverge se g(x)dx diverge.
a a

Sobre a pergunta anterior, o Teorema 3.4.1 garante que a integral


R +∞
imprópria 1 x41+1 dx converge.

Exemplo 3.4.1. Mostre que a integral imprópria


Z +∞
1
x
dx
0 e +1
converge.

Com efeito: Temos ex + 1 ≥ x2 + 1 para todo x ≥ 0, implicando que


1 1
0≤ ≤ 2 para todo x ≥ 0.
+1 ex x +1
R +∞ 1
Logo, pelo Teorema 3.4.1, basta garantir que 0 dx converge,
x2 + Z1
+∞
1
mas esse resultado já foi provado em(3.1). Portanto dx
0 e +1
x

converge.

Exemplo 3.4.2. Mostre que a integral imprópria


Z +∞
cos2 x
dx
1 x2
converge.
124

1
Com efeito: Temos 0 ≤ cos2 x ≤ 1 para todo x ∈ IR, sendo >0
x2
para todo x > 0. Assim

cos2 x 1
0≤ 2
≤ 2 para todo x > 0.
x x
R +∞ 1
Logo, pelo Teorema 3.4.1, basta garantir que 0
dx converge. Te-
x2
mos que
+∞ +∞ r
1 1
Z Z
dx = x dx = lim −
−2
1 x2 1 r→+∞ x 1
1 1
= lim [− − (− ]
r→+∞ r 1
1
= lim [− + 1] = 1.
r→+∞ r
+∞
cos2 x
Z
Portanto dx converge.
1 x2
Exemplo 3.4.3. Mostre que a integral imprópria
Z +∞
1
dx
e ln x

diverge.

Com efeito: Temos 0 ≤ ln x ≤ x para todo x ≥ 1. Assim, para todo


x ≥ e, temos que
1 1
≥ para todo x ≥ e.
ln x x
R +∞ 1
Logo, pelo Teorema 3.4.1, basta garantir que e dx diverge. Temos
x
que
Z +∞ Z +∞
1 1
dx = dx = lim ln x |re
e x e x r→+∞

= lim [ln r − ln e]
r→+∞

= lim [ln r − 1] = +∞.


r→+∞

+∞
1
Z
Portanto dx diverge.
1 ln x
Exemplo 3.4.4. Mostre que a integral imprópria
Z +∞
1
dx
0 sen x + 2

diverge.
125

Com efeito: Temos 0 ≤ sen x + 2 ≤ x + 2 para todo x ≥ 0. Assim,


para todo x ≥ 0, temos que

1 1
≥ para todo x ≥ 0.
sen x + 2 x+2
R +∞ 1
Logo, pelo Teorema 3.4.2, basta garantir que 0
dx diverge.
x+2
Temos que
Z +∞ Z +∞
1 1
dx = dx = lim ln x + 2 |r0
0 x+2 0 x+2 r→+∞

= lim [ln (r + 2) − ln (0 + 2)]


r→+∞

= lim [ln (r + 2) − ln 2] = +∞.


r→+∞

+∞
1
Z
Portanto, dx diverge.
0 sen x + 2
Teorema 3.4.2. [Teste de comparação direta Se as funções positivas
f e g são contı́nuas em [a, +∞), e se

f (x)
lim = L com 0 < L < +∞.
x→+∞ g(x)

Então, Z +∞ Z +∞
f (x)dx e g(x)dx
a a

são ambas convergentes ou ambas divergentes.

Exemplo 3.4.5. Mostre que a integral imprópria


Z +∞
1
dx
1 x2 + x + 4

converge.
1 1
Com efeito: Considere as funções f (x) = e g(x) = 2 .
x2 x +x+4
Como f e g são positivas e contı́nuas em [1, +∞), então agora vamos
calcular o seguinte limite:
1
x2 x2 + x + 4
lim dx = lim
x→+∞ 2 1 x→+∞ x2
x +x+4
1 4
x2 (1 + x
+ x2
)
= lim 2
x→+∞ x
1 4
= lim [1 + + 2 ] = 1.
x→+∞ x x
126

R +∞ 1
Logo, pelo Teorema 3.4.2, basta garantir que 0
dx converge,
x2
mas isso já foi provado em um exemplo anterior.
Z +∞
1
Portanto dx converge.
1 x +x+4
2

+∞
1
Z
Observação 3.4.1. Para mostrar a convergência de dx,
1 +x+4
x2
poderı́amos ter calculado a sua integral, só que isso seria bem mais
trabalhoso.

Exemplo 3.4.6. Mostre que a integral imprópria


Z +∞
1
√ dx
1 x +1
2

diverge.
1 1
Com efeito: Considere as funções f (x) = e g(x) = √ .
x x2 + 1
Como f e g são positivas e contı́nuas em [1, +∞), então agora vamos
calcular o seguinte limite:
1

x x2 + 1
lim dx = lim
x→+∞ √ 1 x→+∞ x
x2 +1


q
x 1 + x12
= lim
x→+∞
r 
x
1
= lim 1 + 2 = 1.
x→+∞ x
R +∞ 1
Logo, pelo Teorema 3.4.2, basta garantir que 1 dx diverge,
x
mas isso já foi
Z provado em um exemplo anterior.
+∞
1
Portanto, √ dx diverge.
1 x2 + 1
Z +∞
1
Observação 3.4.2. Para mostrar a divergência de √ dx ,
1 x2 + 1
poderı́amos ter calculado a sua integral, só que isso seria bem mais
trabalhoso.

3.5 Exercı́cios

1. Calcule as seguintes integrais impróprias


Z +∞
dx
(a)
1 x4
127
Z +∞
(b) x(ex + e−x )dx
0
Z 0
x
(c) dx
−∞ x4 +1
Z 0
(d) xex dx
−∞
Z +∞
x
(e) dx
−∞ x2 + 1
+∞
1
Z
(f) dx
−∞ ex
1 2
x +1
Z
(g) dx
0 x2
4
1
Z
(h) √ dx
0 4−x
1
Z −1
(i) dx
−2 x − 1
2
Z e
1
(j) dx
1 x ln x
Z π2 √
cos ( x)
(k) √ dx
0 x
Z √2
x
(l) p dx
0 | 1 − x4 |
Z 2
1
(m) p dx
0 |x − 1|
2. Use o teste da comparação direta ou teste de comparação no
limite para testar as integrais impróprias quanto à convergência.
Z +∞
cos2 x
(a) dx
1 x4
Z +∞
x
(b) dx
0 x+1
Z +∞
1
(c) dx
0 x + sen x + 2
Z +∞
1
(d) dx
1 x +1
3
Z +∞
x
(e) √ dx
1 x3 + 1
Z +∞
1
(f) dx
0 1000 + ex
Z +∞
1
(g) √4
dx
1 x +1
4
128

+∞
1
Z
(h) √ dx
4 x−4
+∞
1
Z
(i) √
1 x6 + 1
Z +∞
x
(j) √ dx
2 x −1
4

+∞
1 + cos x
Z
(k) dx
π x2

3.6 Respostas
1
1. (a)
3
(b) +∞
1
(c) − π
4
(d) −1

(e) +∞

(f) +∞

(g) +∞

(h) 4

(i) +∞

(j) +∞

(k) 0
1 1 √
(l) π + ln (2 + 3)
4 2
(m) 4

2. (a) Converge

(b) Diverge

(c) Diverge

(d) Converge

(e) Diverge

(f) Converge
129

(g) Diverge

(h) Converge

(i) Converge

(j) Diverge

(k) Converge
130
Referências Bibliográficas

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Janeiro: Ed. Livros Técnicos e Cientı́ficos, 2003.

[2] BOULOS, P. Introdução ao Cálculo: Cálculo Diferencial. Vol. 1,


São Paulo: Ed. Edgard Blucher. 1974.

[3] BOULOS, P. Cálculo Diferencial e Integral. Vol. 1, 5 ed. São


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[4] BRADLEY, G.L. e HOFFMAN, L. D. Cálculo: Um Curso Moderno


e suas Aplicações, 9 ed. Rio de Janeiro: Ed. Livros Técnicos e
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[5] DA CRUZ NETO, João Xavier. Cálculo I-F, Teresina: Ed.


UFPI/UAPI, 2008

[6] GUIDORIZZI, H.L. Um Curso de Cálculo, Vol. 1,2,3, 4, Rio de


Janeiro: Ed. Livros Técnicos e Cientı́ficos. 2001.

[7] KAPLAN, W., LEWIS, D. J. Cálculo e Álgebra Linear. Vol. 1. Rio


de Janeiro: Ed. Livros Técnicos e Cientı́ficos. 1972.

[8] LANG, S. Cálculo, Vol. 1, Rio de Janeiro: Ed. Livros Técnicos e


Cientı́ficos, 1977.

[9] STEWART, J. Cálculo. Vol. 1, 5 ed. Rio de Janeiro: Ed. Cengage


Learning, 2005.

[10] http://www.dmat.ufba.br/mat042/aula22/aula22.htm. Acesso em


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131
132 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[11] http://didisurf.googlepages.com/integrais–improprias–cattai.pdf.
Acesso em 25/01/2009 às 12h09min.

[12] http://www.dmat.ufba.br/mat042/aula21/aula21.htm. Acesso em


24/11/2008 às 08h13min.

[13] http://pessoal.utfpr.edu.br/adrianaborssoi/pdf. Acesso em


16/12/2008 às 09h30min.
U ni da
Unidade 4de 1
AA soc
sociolo
iologia
gia ee a
a
Serie numérica e serie de
Soc
Soc iolo
iolo
função gia
gia da
da Edu
Edu cação
caç ão

Resumo
Nesta unidade, introduzimos uma noção sobre
sequências de números reais, e, por conseguinte
introduzimos a definição de série numérica, e por
final introduzimos a definição de série de funções.
Faremos vários exemplos enfatizando sua
importância e suas particularidade. Indicamos
alguns livros mais avançados e links para o
aprofundamento de conteúdo.
 

UNIDADE 4. Série de Numérica e Série de Funções.


4.1. Noções Básicas Sobre Sequências 135
4.2 Série de Números Reais 146
4.3 Série de Funções 154
4.4 Exercícios 159
4.5 Respostas 161
Referências Bibliográficas 163
4. Séries de Números Reais e
Séries de Funções

Esta unidade será dedicada ao estudo das séries números reais e


séries de funções, os quais são objetos matemáticos que surgem na-
turalmente nos mais diversos campos do conhecimento das ciências
exatas em especial na Fı́sica. Inicialmente faremos uma breve revisão
sobre sequências de números reais.

4.1 Noções Básicas Sobre Sequências

Definição 4.1.1. Uma sequência de números reais é uma função x :


N → IR que associa a cada n ∈ N um número x(n) = xn ∈ IR. Para
cada n, a sua imagem xn é chamada de n-ésimo termo da sequência.

Vamos denotar uma sequência por:

(x1 , x2 , ..., xn , ...) ou (xn )n∈N ou simplesmente por (xn )

Exemplo 4.1.1. A sequência numérica xn = n1 , n ∈ N.


   
1 1 1
= 1, , . . . , , . . . .
n n∈N 2 n
Exemplo 4.1.2. A sequência numérica constante: xn = 1.

(1, 1, . . . , 1, 1, . . .).

Exemplo 4.1.3. A sequência numérica : xn = (−1)n .

(−1, 1, −1, 1, . . . , (−1)n , . . .).

135
136

Exemplo 4.1.4. A sequência numérica : xn = sen n.

( sen 1, sen 2, . . . , sen n, . . .).

Exemplo 4.1.5. A sequência numérica : xn = n.

(1, 2, . . . , n, . . .).

Definição 4.1.2. Seja (xn )n∈N uma sequência de números reais. Di-
zemos que (xn ) é limitada se existe K > 0 tal que | xn |< K para todo
n ∈ N.

Observação 4.1.1. De todos os exemplos sobre sequências numéricas


citados anteriormente apenas a sequência do exemplo(4.1.5) não é li-
mitada.

Definição 4.1.3. Sejam (xn )n∈N uma sequência de números reais e


um número a ∈ R.
lim xn = a
n→+∞

se, e somente se,

∀ε > 0, ∃n0 ∈ N; n > n0 =⇒| xn − a |< ε.

Definição 4.1.4. Uma sequência (xn )n∈N de números reais é dita con-
vergente se existe um número real a ∈ R tal que limn→+∞ xn = a.

Observação: A definição de limite de sequência nos diz que uma


sequência (xn )n∈N possui limite a se, somente se, quando n cresce
arbitrariamente, xn se aproxima indefinidamente de a.

1
Exemplo 4.1.6. A sequência numérica xn = n
é convergente, e tem-
se que

1
lim = 0.
n→+∞ n

De fato: Dado ε > 0, tem- se que

1 1 1
| − 0 |< ε ⇒ < ε ⇒ n > .
n n ε
137

1
Assim escolha n0 > então ∀ n > n0 temos que
ε
1 1 1 1
n > n0 > ⇒ n > ⇒ < ε ⇒| − 0 |< ε.
ε ε n n

Exemplo 4.1.7. A sequência numérica constante xn = c é conver-


gente, e tem-se que

1
lim = c.
n→+∞ n

De fato: Dado ε > 0, tem- se que

| c − c |< ε ⇒ 0 < ε

Assim, escolha n0 = 1 então ∀ n > 1 temos que

| c − c |= 0 < ε.

O limite de sequências numéricas satisfaz todas as propriedades


válidas para limite de funções definidas em intervalos da reta.
2+n
Exemplo 4.1.8. Calcule o limite de xn =
n
Temos que

2+n 2 n 1
lim
n→+∞ n
= lim
n→+∞ n
+ = 2 lim
n 
n→+∞ n
+ lim 1 = 2.0 + 1 = 1
n→+∞

1
Exemplo 4.1.9. Calcule o limite: lim
n→+∞ n2

Temos que

1 1 1 1
lim . = lim · lim =0·0=0
n→+∞ n n n→+∞ n n→+∞ n

Uma sequência muito especial na Matemática é a sequência

1 n
xn = (1 + )
n
1 n
donde lim (1 + ) = e. O valor de e com quatro casas decimais é
n→+∞ n
2, 7182.
1 2n
Exemplo 4.1.10. Calcule o limite: lim (1 + )
n→+∞ n
138

Temos que
 2  2
1 2n 1 n 1 n
lim (1 + ) = lim (1 + ) = lim (1 + )
n→+∞ n n→+∞ n n→+∞ n

Logo da definição do limn→+∞ (1 + n1 )n , segue que

1 2n
lim (1 + ) = e2
n→+∞ n
1 n
Exemplo 4.1.11. Calcule o limite: lim (1 + )
n→+∞ 2n
1 1 m
Faça = ⇒ n = , como n → +∞ ⇒ m → +∞, assim
m 2n 2
 1
1 n 1 m 2
lim (1 + ) = lim (1 + )
n→+∞ 2n m→+∞ m

Seguindo o racı́onio do exemplo anterior, temos que

2 n 1
lim (1 + ) = e2
n→+∞ n

O próximo resultado é um critério que nos permite decidir se uma


sequência converge, ou não converge, sem precisar de um candidato
ao limite.

Definição 4.1.5. Uma sequência (xn )n∈N é dita de Cauchy se, e so-
mente se,

∀ε > 0, ∃n0 ∈ N; n, m > n0 =⇒| xn − xm |< ε.

Teorema 4.1.6. Dado uma sequência e números reais (xn )n∈N . As


seguintes afirmações são equivalentes:

1. (xn )n∈N é convergente.

2. (xn )n∈N é de Cauchy.

A prova deste teorema consiste em duas partes, 1) =⇒ 2) e 2) =⇒


1), sendo que a primeira parte será deixada como exercı́cio, enquanto
que a segunda parte não é possı́vel ser feita somente com as informações
contidas neste texto. Detalhes sobre a demonstração ver referência
[?].
139

1
Exemplo 4.1.12. A sequência numérica xn = n
é convergente.
1 1 1
De fato: Dado ε > 0, e seja n0 ∈ N tal que n, m > n0 ⇒ , < ,
n m n0
assim

1 1 1 1 1 1 1 1 2
| − |<| | + | |= + < + = <ε
n m n m n m n0 n0 n0
2
Assim escolha n0 > então ∀ n, m > n0 temos que
ε
2 2 1 1 ε 1 1 1 1
n, m > n0 > ⇒ n, m > ⇒ , < ⇒| − |< + < ε.
ε ε n m 2 n m n m

Exemplo 4.1.13. A sequência numérica xn = (−1)n não é conver-


gente, e nesta caso, dizemos que a mesma é divergente.

De fato: Pelo Teorema acima, escolha ε = 1, então não existe


n0 ∈ N tal que

n, m > n0 =⇒| (−1)n − (−1)m |< 1.

Para verificar isso, bastar tomar n par e m ı́mpar, daı́

| (−1)n − (−1)m |=| 1 − (−1) |= 2 > 1.

Exemplo 4.1.14. A sequência numérica xn = n é divergente.

De fato: Pelo Teorema acima, escolha ε = 1, então não existe


n0 ∈ N tal que
n, m > n0 =⇒| n − m |< 1.

Pois se existisse, bastaria tomar n = n0 + 3 e m = n0 + 1, daı́

| n − m |=| n0 + 3 − (n0 + 1) |= 2 > 1.

Teorema 4.1.7. Toda sequência de números reais convergente é limi-


tada.

Prova. Se (xn )n∈N é convergente então existe a ∈ IR tal que


lim xn = a. Assim, para ε = 1
n→+∞

∃n0 ∈ N; n > n0 =⇒| xn − a |< 1.


140

Ou seja, xn ∈ (a − 1, a + 1) ∀ n > n0 .
Considere c o menor dos números reais {x1 , x2 , ..., xn0 , a − 1, a + 1}
e d o maior dos números reais {x1 , x2 , ..., xn0 , a − 1, a + 1}. Logo, xn ∈
[c, d] ∀ n natural, com isto, conclui-se que a sequência (xn ) é limitada.

Observação 4.1.2. A recı́proca do Teorema 4.1.7 é falsa, pois a sequência


((−1)n ) é limitada mas não é convergente como foi provado no exem-
plo 4.1.13.

Observação 4.1.3. Uma maneira de verificar que uma sequência (xn )


é divergente é mostrando que (xn ) não é limitada(Esta afirmação segue-
se do Teorema 4.1.7). Assim, pode se concluir que a sequência (n)
não converge pois a mesma é ilimitada.

A sequência (n), apesar de ser divergente possui uma propriedade


especial de ser crescente, desta forma podemos definir o seguinte:

Definição 4.1.8. Dada uma sequência (xn )n∈N , dizemos que ”o limite
é mais infinito”e escrevemos limn→+∞ xn = +∞ se, e somente se,

∀ε > 0, ∃ n0 ∈ N; n > n0 =⇒ xn > ε.

Definição 4.1.9. Dada uma seqüência (xn )n∈N , dizemos que ”o limite
é menos infinito”e escrevemos limn→+∞ xn = −∞ se, somente se

∀ε > 0, ∃ n0 ∈ N; n > n0 =⇒ xn < −ε.

Observação 4.1.4. Devemos enfatizar que +∞ e −∞ não são números,


e mesmo que limn→+∞ xn = ∞ e limn→+∞ yn = −∞, não que dizer que
as sequências (xn )n∈N e (yn )n∈N são convergentes.

Exemplo 4.1.15. Dada a sequência numérica xn = n, mostre que

lim xn = ∞.
n→+∞

Com efeito, dado ε > 0 ∃ n0 ∈ N tal que n0 > ε, daı́, para todo
n > n0 , temos que xn = n > n0 > ε. Portanto limn→+∞ n = ∞
141

Exemplo 4.1.16. Dada a sequência numérica xn = 2n , mostre que

lim xn = +∞.
n→+∞

Com efeito, dado ε > 0 ∃ n0 ∈ N tal que 2n0 > ε, daı́, para todo
n > n0 , temos que xn = 2n > 2n0 > ε. Portanto, limn→+∞ 2n = +∞

Teorema 4.1.10. Considere as sequência de números reais (xn )n∈N e


(yn )n∈N . Então valem as seguintes afirmações:

1. Se limn→+∞ xn = ∞ e (yn ) é limitada inferiormente então

lim (xn + yn ) = ∞;
n→+∞

2. Se limn→+∞ xn = ∞ e existe c > 0 tal que yn > c para todo n


natural. Então
lim xn yn = ∞;
n→+∞

3. Se xn > c > 0, yn > 0 para todo n natural e limn→+∞ yn = 0.


Então
xn
lim = ∞;
n→+∞ yn

4. Se (xn ) é limitada e limn→+∞ yn = ∞. Então

xn
lim = 0.
n→+∞ yn

Detalhes sobre a demonstração ver referência [?].

Exemplo 4.1.17. Dada sequência (n − 100), mostre que

lim (n − 100) = +∞.


n→+∞

Com efeito: do Teorema anterior, item 1., tomando xn = n e yn =


−100, temos que limn→+∞ xn = ∞ e (yn ) é limitada inferiormente, por-
tanto limn→+∞ (n − 1000) = +∞.

Exemplo 4.1.18. Dada a sequência (n2 ), mostre que

lim n2 = +∞.
n→+∞
142

Com efeito: do Teorema anterior, item 2., tomando xn = n e yn = n,


1
temos que limn→+∞ xn = ∞ e yn > 2
, portanto limn→+∞ n2 = +∞.
2n
Exemplo 4.1.19. Dada a sequência ( 1 ), mostre que
n

2n
lim = +∞.
n→+∞ 1
n

De fato: do Teorema anterior, item 3., tomando xn = 2n e yn = n1 ,


2n
temos que limn→+∞ yn = 0 e xn > 21 , portanto lim 1 = +∞.
n→+∞
n
sen n
Exemplo 4.1.20. Dada a sequência ( ), mostre que
n
sen n
lim = 0.
n→+∞ n

Do Teorema anterior, item 4., tomando xn = sen n e yn = n, temos


sen n
que limn→+∞ yn = +∞ e (xn ) limitada , portanto, lim = 0.
n→+∞ n
 
n+1
Exemplo 4.1.21. Calcule o limite: lim .
n→+∞ n


n+1
 

n(1 + n1 )
 
1

lim
n→+∞ n
= lim
n→+∞ n 
= lim (1 + ) = 1
n→+∞ n
 2 
n −1
Exemplo 4.1.22. Calcule o limite: lim .
n→+∞ n


n2 − 1
 "
n2 (1 − 1
n2
)
# 
1

lim
n→+∞ n
= lim
n→+∞ n  = lim
n→+∞
n(1 − 2 )
n

n2 − 1
 
1
lim = ( lim n). lim (1 − 2 ) = (+∞).1 = +∞
n→+∞ n n→+∞ n→+∞ n
 2 
n +1
Exemplo 4.1.23. Calcule o limite: lim .
n→+∞ n3 − n

" #
1
n2 + 1 n2 (1 + ) (1 + n12 )
   
n2
lim
n→+∞ n3 − n
= lim
n→+∞ n3 (1 −  1
n2
)
= lim
n→+∞ n(1 − n12 )
1
n2 + 1 1 limn→+∞ (1 + )
   
n2 1
lim = lim . 1 = 0. = 0
n→+∞ n3 − n n→+∞ n limn→+∞ (1 − n2
) 1
143

Exemplo 4.1.24. Analisaremos a convergência de uma sequência bem


”simples”, definida por (r n ), onde r é uma constante maior ou igual a
zero.

Dividimos a análise nos seguintes casos:


Caso r > 1 :
Se r > 1, então existe h > 0 tal que r = 1 + h. Logo, usando o
desenvolvimento do binômio de Newton, temos:
n
n n
X n!
r = (1 + h) = (nj )hj ≥ 1 + nh, onde (nj ) = . (4.1)
j=0
(n − j)!j!

Da equação 4.1 segue-se que lim xn = limn→+∞ r n = +∞, pois dado


M −1
qualquer M > 0, se escolhermos N0 > h
, obtemos
(M − 1)
n > N0 ⇒ r n ≥ 1 + nh > 1 + N0 · h > 1 + · h = M.
h
Caso r = 1 : r = 1 implica que xn = 1n = 1, ∀n ∈ N. Logo, lim xn = 1.
Caso 0 < r < 1:
1
Neste caso, temos r
> 1 e, consequentemente, existe h > 0 tal que
1 1
= 1 + h ⇐⇒ r = .
r 1+h
Novamente usando o desenvolvimento do binômio de Newton, con-
cluı́mos que
1 1
0 ≤ rn = n
≤ ,
(1 + h) 1 + nh
mas isso implica que

lim r n = 0 sempre que 0 < r < 1.


n→+∞

Finalmente, o caso: r = 0 é trivial, pois a sequência xn = r n ≡ 0, logo


convergente e, seu limite é igual a zero.

Exemplo 4.1.25. A sequência xn = n
n. Mostre que lim xn = 1.
n→+∞

Usaremos mais uma vez o desenvolvimento binomial de Newton



para provar que a sequência xn = n n é convergente e seu limite é

igual a 1. n ≥ 1 implica xn = n n ≥ 1, logo, para cada n ∈ N, existe
hn ≥ 0 tal que

n
n = 1 + hn ,
144

a qual implica que


n
X n!
n
n = (1 + hn ) = 1 + (nj )hjn ≥ (n2 )h2n = · h2n ,
j=1
(n − 2)! · 2

ou seja,
n(n − 1) 2 2
n≥ · hn e 0 ≤ h2n ≤ .
2 n−1
Passando ao limite na desigualdade acima, concluı́mos que

lim h2n = 0.
n→+∞

Assim, usando 4.1, temos o resultado desejado, isto é,


lim n
n = 1. SAIBA MAIS:
n→+∞

Mais detalhes
sobre a teoria ver,
refer encia [9].
4.1.1 Exercı́cios

1. Calcule o limite das seguintes sequências:


 
1 + 2n
a) lim
n→+∞ n
 
n
b) lim
n→+∞ 1 + n
 
1
c) lim
n→+∞ (1 + n).n
 
1−n
d) lim
n→+∞ n
 
1 + ...+ n
e) lim
n→+∞ n2
 
1
f) lim
n→+∞ 2n
 
n
g) lim
n→+∞ n2 + 1
 2 
n − 6n + 5
h) lim
n→+∞ n3 − 1
 
1 1
i) lim sen ( 2 )
n→+∞ n n
Z n 
1
j) lim 3
dt
n→+∞ 1 t
145

n4 − 6n + 5
 
l) lim
n→+∞ n3 − 1
 
1
m) lim n( sen ( 2 ) + 1)
n→+∞ n
Z n 
1
n) lim dt
n→+∞ 1 t

2. Use o fato que limn→+∞ (1 + n1 )n = e para calcular os seguintes


limites:

(a) limn→+∞ (1 + n1 )n+1


1 n
(b) limn→+∞ (1 + 2n
)

(c) limn→+∞ (1 + n2 )n

(d) limn→+∞ (1 + n3 )2n+4

(e) limn→+∞ [ n+2


n+3
]n

(f) limn→+∞ [ n+2


n−3
]n

4.1.2 Respostas

1. a) 2

b) 1

c) 0

d) −1
1
e) 2

f) 0

g) 0

h) 0

i) 0
1
j) 2

h) +∞

i) +∞

j) +∞
146

2. (a) e
1
(b) e 2

(c) e2

(d) e6

(e) e−1

(f) e5

4.2 Séries de Números Reais

Nesta seção vamos trabalhar com uma sequência muito especial.

Definição 4.2.1. Uma série numérica é uma expressão do tipo


+∞
X
xn = x1 + x2 + . . . + xn + . . . ,
n=1

onde (xn ) é uma sequência numérica.

Para calcular essa soma, se possı́vel, vamos definir a sequência


númerica (sn ) denominada de somas parcias ou reduzidas, dada por

s1 = x1

s2 = x1 + x2
SAIBA MAIS:
s3 = x1 + x2 + x3
Ao contrário das
...
n somas de um
X
sn = x1 + x2 + . . . + xn = xi número finito de
i=1
termos, as séries
Abaixo citaremos alguns exemplos de série numérica com suas
numéricas nem
respectivas somas parciais:
sempre represen-
Exemplo 4.2.1. A série numérica definida por
tam um número
+∞
X 1 real.
i=1
i(i + 1)

tem sua, soma parcias dada por:


n
X 1 1
sn = =1−
i=1
i(i + 1) n+1
147

De fato: Para isso basta observar que, para qualquer i ∈ N, temos:


1 1 1
= − .
i(i + 1) i i+1
Portanto, podemos escrever
n
X 1
sn =
i=1
i(i + 1)
       
1 1 1 1 1 1 1
= 1− + − + ...+ − + −
2 2 3 n−1 n n n+1
1
= 1− .
n+1
Exemplo 4.2.2. A série numérica

X
rn
n=1

é chamada de série geométrica. E sua soma parciais é dada por:


n
X
sn = ri = r + r2 + . . . + rn
i=1

Exemplo 4.2.3. A série numérica



X 1
n=1
n

é chamada de série harmônica. E sua soma parciais é dada por:


n
X 1 1 1 1 1
sn = = + + + ...+
i=1
i 1 2 3 n
+∞
X
Definição 4.2.2. Uma série numérica xn , é dita convegente se, e
n=1
somente se, existe o limite da somas parciais, isto é,

lim sn = s ∈ IR.
n→+∞

Caso contrário, dizemos que a série é divergente.


n
X 1
Exemplo 4.2.4. A sequência numérica definida por é con-
i=1
i(i + 1)
vergente.
1
De fato: Vimos anteriormente que sn = 1 − . Logo,
n+1
 
1
lim sn = lim 1 − =1
n→+∞ n→+∞ n+1
148


X 1
Exemplo 4.2.5. A série é convergente.
n=1
2n
Com efeito: Temos
  1
1 1 1
lim sn = lim + + ...+ n = 2 1 =1
n→+∞ n→+∞ 2 4 2 1− 2

X
Exemplo 4.2.6. A série geométrica r n , 0 < r < 1 é convergente.
n=1

Com efeito: Considere a sequência sn = r + . . . + r n e observe que


sn é soma dos n primeiros termos de uma progressão geométrica,
r(1−r n )
portanto, sn = 1−r
e, como 0 < r < 1 implica que limn→+∞ r n = 0
(ver exemplo (4.1.24)), podemos passar ao limite de sn quando n → ∞
e concluirmos que


X r
r n = lim sn = .
n=1
n→+∞ 1−r

X 1
Exemplo 4.2.7. Calcule o valor de ( )n .
n=1
3
∞ 1 1
X 1 1
Do exemplo acima ( )n = 3 1 = 3
2 = .
n=1
3 1− 3 3
2

Como ilustrados nos exemplos anteriores, dizer que uma série


+∞
X
numérica xn representa uma número real s, significa dizer que,
n=1
n
X
quando n cresce arbitrariamente, a soma xi se aproxima arbitrari-
i=1
amente de s.
+∞
X
Observação 4.2.1. A série n não pode representar um número
n=1
real, pois a medida que n cresce, a soma parciais
n
X (n + 1)n
i = 1 + 2 +...+ n =
i=1
2

cresce indefinidamente.

X
Exemplo 4.2.8. A série geométrica r n , tal que r > 1 é divergente.
n=1 SAIBA MAIS:
r(1−r n )
Basta lembrar que r > 1 implica que a sequência sn = 1−r
não Para mais de-
converge, pois r n (ver exemplo 4.1.24) não converge. talhes sobre
o assunto, ver
referência [10]
149

4.2.1 Testes de Convergência

Apresentaremos a seguir alguns testes de convergência de séries e a


demonstração de alguns deles será omitida.

X
Teorema 4.2.3 (Teste do termo geral). Se a série an converge
n=1
então
lim an = 0.
n→+∞

Prova. Considere a sequência das somas parciais dos termos, sn ,


a qual converge por hipótese, logo sn−1 também converge e, vale as
igualdades:
lim an = lim (sn − sn−1 ) = 0.
n→+∞ n→+∞

A recı́proca deste Teorema 4.2.3 não é válida, pois a série harmônica



X 1
é divergente (ver exemplo 4.2.12) e temos que limn→+∞ n1 = 0.
n=1
n


X 1
Exemplo 4.2.9. A série é divergente, pois limn→+∞ 21 = 1
2
6= 0,
n=1
2
contrariando assim o Teorema 4.2.3.

X n n
Exemplo 4.2.10. A série é divergente, pois limn→+∞ n+1 =
n=1
n + 1
1 6= 0, contrariando assim o Teorema 4.2.3.

X
Teorema 4.2.4 (Séries Alternadas). Dado uma série do tipo (−1)n an
n=1
satisfazendo as seguintes condições:

1. an > 0 ∀n ∈ N;

2. (an )n∈N é decrescente;

3. limn→+∞ an = 0.

X
Então (−1)n an é convergente.
n=1

Exemplo 4.2.11. Como aplicação do Teorema 4.2.4, temos que a



X 1
série (−1)n é convergente.
n=1
n
150

1 1
De fato: Temos que > 0 ∀ n ∈ N, a sequência ( ) é decrescente
n n
1
e lim = 0. Portanto, temos o afirmado.
n→+∞ n


X ∞
X
Teorema 4.2.5 (Teste da Comparação). Sejam an e bn séries,
n=1 n=1
satisfazendo a seguinte condição:

• Existe n1 ∈ N tal que n > n1 implica que 0 ≤ an ≤ bn .

Então, as seguintes afirmações são verdadeiras:



X ∞
X
1. Se bn converge então an também converge.
n=1 n=1


X ∞
X
2. Se an diverge então bn também diverge.
n=1 n=1


X 1
Exemplo 4.2.12. A série harmônica é divergente.
n=1
n

Observe que podemos escrever


∞      
X 1 1 1 1 1 1
= 1+ + + + + ...+
n=1
n 2 3 4 5 8
 
1 1
+ 3
+ ...+ 4 + ...
2 +1 2

1 1 1 1 X 1
> + + + + ... = .
2 2 2 2 n=1
2


P∞ 1
X 1
Como a série n=1 2 diverge, temos que diverge.
n=1
n

X 1
Exemplo 4.2.13. A série é convergente.
n=1
n!

Lembramos que n! = n(n − 1). . . . 1 ≥ 2n−1 e, por sua vez, isso


implica que
1 1
≤ n−1 , ∀n ≥ 1.
n! 2

X 1
Logo, pelo Teorema 4.2.5, obtemos que converge.
n=1
n!

X 1
Exemplo 4.2.14. A série é divergente.
n=2
ln n
151


X 1
Para concluir que a série diverge, vamos comparar seus
n=2
ln n

X 1
termos com os termos da série harmônica que diverge. Usare-
n=2
n
mos o Teorema do Valor Médio para provar que

1 1
≥ , ∀ x > 1.
ln x x

Pelo Teorema do Valor Médio, se f (x) = ln x então, para cada x > 1,


existe x0 ∈ (1, x) tal que

f (x) − f (1) = f ′ (x0 ) · (x − 1).

1
Como f (1) = ln 1 = 0, x0
< 1 e f ′ (x) = x1 , vale a desigualdade:

1
ln x = f (x) − f (1) = (x − 1) ≤ x − 1 < x.
x0

Mas isso implica que


1 1
≥ .
ln x x

X 1
Portanto, pelo Teorema 4.2.5, a série diverge.
n=2
ln n

Teorema 4.2.6 (Teste da Integral). Seja f : [1, +∞) → R uma função


decrescente, positiva e integrável em cada intervalo
Z x [1, x], x > 1,
e tal que existe um número real L = lim f (t)dt então a série
x→+∞ 1
X∞ Z x
f (n) é convergente. E será divergente se lim f (t)dt = +∞.
x→+∞ 1
n=1

Exemplo 4.2.15. Usaremos o Teorema 4.2.6 para verificar a con-



X 1
vergência da série .
n=1
n2
1
Inicialmente observamos que a função f (x) = x2
, x ∈ [1, +∞),
satisfaz as hipóteses do Teorema 4.2.6, isto é, positiva, decrescente,
e existe
x  t=x  
1 −1 −1
Z
L = lim dt = lim = lim + 1 = 1.
x→+∞ 1 t2 x→+∞ t t=1 x→+∞ x

X 1
Pelo Teorema 4.2.6, a série converge.
n=1
n2
152

Exemplo 4.2.16. Usaremos o Teorema 4.2.6 para verificar a divergência



X 1
da série .
n=1
n

Inicialmente observamos que a função f (x) = x1 , x ∈ [1, +∞), sa-


tisfaz as hipóteses do Teorema 4.2.6, isto é, positiva, decrescente, e
Z x
1
lim dt = lim [ln t]t=x
t=1 = x→+∞
lim [ln x − ln 1] = +∞.
x→+∞ 1 t x→+∞


X 1
Pelo Teorema 4.2.6, a série diverge.
n=1
n

X
Teorema 4.2.7 (Teste da Razão). Seja an uma série de termos
n=1
positivos e suponha que existem constantes 0 < c < 1 e N1 ∈ N tais
que
an+1
n > N1 =⇒ ≤ c.
an

X
Então a série an converge.
n=1

Como aplicação do Teorema acima, considere o seguinte exemplo:



X (n+1)!
Exemplo 4.2.17. A série an onde para cada n ∈ N, an = nn

n=1
convergente.

Vamos calcular o seguinte limite:


(n+2)!
an+1 (n+1)n+1(n + 2)! nn
= (n+1)!
= ·
an (n + 1)! (n + 1)n · (n + 1)
nn
n+2 1
= ·
n + 1 (1 + n1 )n
2
1+ n 1
= 1 · .
1+ n
(1 + n1 )n
Passando ao limite, temos:
1 + n2
     
an+1 1
lim = lim ·
n→+∞ an n→+∞ 1 + 1 limn→+∞ (1 + n1 )n
n
1
= < 1.
e
1
Portanto, escolhendo c, tal que e
< c < 1 , obrigatoriamente para n
suficientemente grande, temos an+1an
< c < 1 e, pelo Teorema 4.2.7, a

X
série an , onde para cada n ∈ N, an = (n+1)!
nn
, é convergente.
n=1
153


X
Teorema 4.2.8 (Teste da Raiz). Seja an uma série de termos posi-
√ n=1
tivos tal que lim n an existe. As seguintes afirmações são verdadeiras:

√ X
1. Se L = limn→+∞ n
an > 1 ou L = +∞ então an diverge.
n=1


√ X
2. Se L = limn→+∞ n
an < 1 então an converge.
n=1

3. Se L = limn→+∞ n
an = 1 nada se pode afirmar.

Usando o teste da raiz, do Teorema 4.2.8, deduzimos facilmente



X
que qualquer série geométrica r n é convergente se 0 < r < 1 e,
n=1
divergente se r > 1. Basta observar que neste caso an = r n e isso

implica que limn→+∞ n an = r.
∞ ∞
X 1 X 1
Observação: Considere as séries e . Ambas satisfazem
n=1
n n=1 n2
o terceiro item do teste da raiz, isto é, a raiz n-ésima do termo geral
converge para 1 e, no entanto, uma diverge e a outra converge.

Exemplo 4.2.18. Mostre que a série



X 1
n=1
nn

é convergente.

Vamos aplicar o Teorema 4.2.8 calculando o seguinte limite:


r
√ 1
lim n an = lim
n

n→+∞ n→+∞ nn
1
= lim = 0.
n→+∞ n


X 1
Portanto a série é convergente.
n=1
nn

Exemplo 4.2.19. Mostre que a série


∞  n
X 1
1, 00001 +
n=1
n100000

é divergente.
154

Vamos aplicar o Teorema 4.2.8, calculando o seguinte limite:


s n
√ 1
lim n
an = lim n
1, 00001 + 100000
n→+∞ n→+∞ n
 
1
= lim 1, 00001 + 100000 = 1, 00001.
n→+∞ n
∞  n
X 1
Portanto a série 1, 00001 + é divergente.
n=1
n100000

X
Definição 4.2.9. Uma série an é dita absolutamente convergente
n=1

X
se, e somente se, | an | converge.
n=1

Teorema 4.2.10. Toda série absolutamente convergente é convergente.

A recı́proca do teorema anterior não é válida, isto é, existem séries


convergentes que não são absolutamente convergentes, por exemplo,

X (−1)n
a série é convergente e não é absolutamente convergente.
n=1
n

4.3 Séries de Funções

Nesta seção trabalharemos com tipo de série, denominada de série


de funções.

4.3.1 Séries de Potências

Definição 4.3.1. Dados x0 ∈ R e uma sequência (an ), n ∈ {0, 1, 2, . . .},


a expressão
X
an (x − x0 )n = a0 + a1 (x − x0 ) + . . . + aj (x − x0 )j + . . .

é denominada de série de potência em torno de x0 , cujos coeficientes NOTA: Esta-


são os termos da seqüência an . mos usando
a convenção
an (x − x0 )n é uma
P
Para cada número real x fixado, a expressão
00 = 1.
série numérica, e um questionamente natural diante de uma série de
potência é saber para quais números x ∈ R a mesma converge. Em
155

an (x − x0 )n ? A
P
outras palavras, qual o domı́nio da função f (x) =
resposta a esta questão depende do comportamento da sequência
(an ). É claro que para x = x0 a série é convergente, pois
+∞
X
an (x − x0 )n = a0 .
n=0


X 1 n
Exemplo 4.3.1. Determinar o domı́nio da função f (x) = x .
n=0
nn

Fixado x ∈ R, vamos tentar usar o teste da raiz. Pelo teste da raiz,


r
n
n | x | |x|
lim n
= lim = 0 < 1.
n n→+∞ n


X 1 n
Logo, a série n
x é absolutamente convergente, portanto conver-
n=0
n
gente, qualquer que seja x ∈ R. Então o domı́nio da função f dada
acima é R.

X 1 n
Exemplo 4.3.2. Qual o domı́nio da função f (x) = x ?
n=0
n

O termo geral da série acima é n1 xn , calculando a raiz n-ésima do


termo geral e passando ao limite, obtemos:
r
n 1 |x|
lim | x |n = lim √ =| x | .
n→+∞ n n→+∞ n n

Pelo teste da raiz, Teorema 4.2.8, concluı́mos que:



X 1 n
• x converge se | x |< 1;
n=0
n

X 1 n
• x diverge se | x |> 1.
n=0
n

Agora quando | x |= 1, temos possibilidade:


∞ ∞
X 1 n X1
• Se x = 1 ⇒ x = diverge;
n=0
n n=0
n
∞ ∞
X 1 n X 1
• Se x = −1 ⇒ x = (−1)n converge;
n=0
n n=0
n

X 1 n
Conclusão: o domı́nio da função f (x) = x é o intervalo [−1, 1).
n=0
n
156

Definição 4.3.2. Um número real R é denominado raio de convergência


an (x − x0 )n se, e somente se:
P
de uma série de potência

an (x − x0 )n converge se | x − x0 | < R;
P

an (x − x0 )n diverge se | x − x0 | > R.
P

Abaixo citaremos duas regras para o cálculo do raio de convergência


de série de potência de termos não nulos.

Teorema 4.3.3 (Raio de Convergência). O raio de convegência da


an (x − x0 )n é dado por
P
série de pontência
an
• R = lim | |, desde que o limite exista ou seja igual a +∞;
n→∞ an+1
1
• R = lim p , desde que o limite exista ou seja igual a +∞.
n→∞ n
| an |
Além disso

i) Se R = 0, então a série converge apenas para x = x0 ;

ii) Se R = +∞, então a série converge para ∀ x real;

iii) Se R ∈ (0, +∞), então a série converge pelo menos para ∀ x ∈


(x0 − R, x0 + R).
+∞
X
Exemplo 4.3.3. O raio de convergência de n!xn é zero.
n=0

De fato: Sendo an = n!, logo,

an n! n! 1
R = lim | |= lim | |= lim = lim =0
n→∞ an+1 n→∞ (n + 1)! n→∞ (n + 1)n! n→∞ n + 1

+∞ n
X x
Exemplo 4.3.4. O raio de convergência de é +∞.
n=0
n!

1
Com efeito: Sendo an = , logo
n!
1
an n! (n + 1)n!
R = lim | |= lim | 1 |= lim = lim (n + 1) = +∞
n→∞ an+1 n→∞ n→∞ n! n→∞
(n+1)!

+∞
X
Exemplo 4.3.5. Calcule o raio de convergência de 2n (x − 1)n
n=0
157

Temos que an = 2n , logo,


1 1 1 1
R = lim p
n→∞
n
= lim √
 
= lim = .
| an | n→∞ 2n n→∞ 2
n
2
+∞
X
Teorema 4.3.4 (Derivação termo a termo). Se an xn é uma série
n=0
absolutamente convergente, cujo raio de convergência é igual a R,
+∞
X
então a função f : (−R, R) → R definida por f (x) = an xn é de-
n=0
rivável e, além disso, vale a fórmula:

+∞
X

f (x) = nan xn−1 . (4.2)
n=1

+∞
X
Teorema 4.3.5 (Integração termo a termo). Se an xn é uma série
n=0
absolutamente convergente, cujo raio de convergência é igual a R,
+∞
X
então a função f : (−R, R) → R definida por f (x) = an xn é in-
n=0
tegrável e, além disso, vale a fórmula:

+∞ Z
SAIBA MAIS:
Z X
f (x) = an xn dx. (4.3)
Para saber mais, n=0

ver referência
[11]. 4.3.2 Séries de Taylor e de Maclaurin

Nesta seção vamos expressar uma dada função f em série de potência.


É claro que essa função f deve possuir hipóteses necessárias para tal
finalidade.

Definição 4.3.6. Seja f uma função que possua derivadas de todas


as ordem no ponto x0 . Denomina-se série de Taylor no ponto x0 a
série de potência

+∞ (n)
X f (x0 )
(x − x0 )n (4.4)
n=0
n!
onde f (n) (x0 ) representa a derivada de ordem n de f no ponto x0 . No
caso em que x0 = 0 a série é demoninada de série de Maclaurin.

Observação 4.3.1. Para n = 0 temos que f (0) (x0 ) = f (x0 )


158

Exemplo 4.3.6. Expresse a função f (x) = ex em série de Maclaurin e


calcule seu raio de convergência.

É fácil ver que

f (n) (x) = ex para n = 0, 1, 2, 3, · · · ⇒ f (n) (0) = e0 = 1 para n = 0, 1, 2, 3, · · ·

Portanto, da equação (4.4), temos que


+∞
x
X 1 n
e = x .
n=0
n!

E usando do exemplo 4.3.4, conclui-se que R = +∞.


1
Exemplo 4.3.7. Expresse a função f (x) = = (x + 1)−1 em série
x+1
de Maclaurin e calcule seu raio de convergência.

Temos que

f (x) = (x + 1)−1 ⇒ f 0 (0) = (0 + 1)−1 = 1 = (−1)0 · 0!

f (1) (x) = −1(x + 1)−2 ⇒ f 1 (0) = −1(0 + 1)−2 = −1 = (−1)1 · 1!

f (2) (x) = 2(x + 1)−3 ⇒ f 3 (0) = 2(0 + 1)−3 = 2 = (−1)2 · 2!

f (3) (x) = −6(x + 1)−4 ⇒ f 3 (0) = −6(0 + 1)−4 = (−1)3 · 3!

··· = ···

f (n) (x) = (−1)n n!(x + 1)−(n+1) ⇒ f (n) (0) = (−1)n n!(0 + 1)−(n+1) = (−1)n · n!

Portanto da equação (4.4), temos que


+∞
1 X
f (x) = = (−1)n xn .
x + 1 n=0

Desde modo, obtemos que

1 1
R = lim p = lim p = lim 1 = 1.
n→∞ n
| an | n→∞ (| −1 |)n n→∞
n

Portanto, R = 1.

Exemplo 4.3.8. Expresse a função f (x) = ln (x + 1) em série de Ma-


claurin.
159

1
Z
Sabemos que ln (x + 1) = dx, assim do exemplo 4.3.7 po-
x+1
demos usar o Teorema 4.3.5 e obter quer
+∞ +∞
1 xn+1
Z X Z X
n n
ln (x + 1) = dx = (−1) x = (−1)n + C.
x+1 n=0 n=0
n+1

Reindexando, temos que


+∞
X xn
ln (x + 1) = (−1)(n−1) + C.
n=1
n

Avaliando em x = 0, temos
+∞ n
(n−1) 0
X
0 = ln (0 + 1) = (−1) + C ⇒ C = 0.
n=1
n

Portanto,
+∞
X xn
ln (x + 1) = (−1)(n−1) .
n=1
n

Observação 4.3.2. Se f (x) é um polinômio de grau n, temos que sua


representação em série de Taylor é próprio polinômio.
2
Exemplo 4.3.9. Desenvolva a função f (x) = e−x em série de Ma-
claurin.

Usando o exemplo 4.3.6, segue-se que


+∞ +∞
−x2
X 1 2 n
X (−1)n (2n)
e = (−x ) = x .
n=0
n! n=0
n!

Uma aplicação interessante das séries de potências é o cálculo de


primitivas de funções as quais não podem ser resolvidas através da
técnicas do capı́tulo 1. Por exemplo, podemos usar o Teorema 4.3.5
2
para calcular a primitiva de f (x) = e−x , com efeito
+∞ Z +∞
(−1)n 2n (−1)n
Z X X
−x2
e dx = x dx = x(2n+1) + C.
n=0
n! n=0
n!(2n + 1)

onde C é uma constante real.

4.3.3 Exercı́cios

1. Quais das séries abaixo são convergentes:


160


X 1
a)
n=1
n3

X n3 + 1
b)
n=1
n3

X 1
c)
n=1
nn

X n3 + 1
d) (−1)n
n=1
n3

X 1
e)
n=1
e−n

X 1
f)
n=4
n−3

X 1
g)
n=1
n + ln n

X 1
h)
n=1
n2 − 6n + 11

X 1
i)
n=1
n2 ln n

X 5n
j)
n=1
1 + 4n

X n2 .n!
i)
n=1
(n + 1)!

2. Determine o raio e convergência das séries de potências.



X xn
a)
n=1
n3

X n3 + 1 n
b) .x
n=1
n3

X xn
c)
n=1
nn

X n3 + 1 n
d) (−1)n x
n=1
n3

X xn
e)
n=1
e−n

X xn
f)
n=4
n−3
161

3. Desenvolva as funções seno, cosseno e arco tangente em série


de Maclaurin.

4. Calcule os raios de convergência em série de Maclaurin das


funções seno, cosseno e arco tangente.

5. Desenvolva a função f (x) = sen (x2 ) em série de Maclaurin.

1
6. Desenvolva a função f (x) = em série de Maclaurin.
1−x

4.3.4 Respostas

1. a) Sim.

b) Não.

c) Sim.

d) Sim.

e) Não.

f) Não.

g) Não.

h) Sim.

i) Sim.

j) Não.

i) Não.

2. a) R = 1.

b) R = 1.

c) R = +∞.

d) R = 1.
1
e) R =
e
f) R = 1.
162

3.
+∞
X (−1)n (2n+1)
sen x = x .
n=0
(2n + 1)!
+∞
X (−1)n
cos x = x(2n) .
n=0
(2n)!
+∞
X (−1)n (2n+1)
arctg x = x .
n=0
(2n + 1)

4. R = +∞, R = +∞ e R = 1, respectivamente.

5.
+∞ +∞
2
X (−1)n 2 (2n+1)
X (−1)n
sen x = (x ) = (x)[2.(2n+1)] .
n=0
(2n + 1)! n=0
(2n + 1)!

6.
+∞
1 X
= xn .
1 − x n=0
Referências Bibliográficas

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Janeiro: Ed. Livros Técnicos e Cientı́ficos, 2003.

[2] BOULOS, P. Introdução ao Cálculo: Cálculo Diferencial. Vol. 1 e


2, São Paulo: Ed. Edgard Blucher. 1974.

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Paulo: Ed. Cengage Learning, 1999.

[4] BRADLEY, G.L. e HOFFMAN, L. D. Cálculo: Um Curso Moderno


e suas Aplicações, 9 ed. Rio de Janeiro: Ed. Livros Técnicos e
Cientı́ficos, 2008.

[5] GUIDORIZZI, H.L. Um Curso de Cálculo, Vol. 1,2,3, 4, Rio de


Janeiro: Ed. Livros Técnicos e Cientı́ficos. 2001.

[6] KAPLAN, W., LEWIS, D. J. Cálculo e Álgebra Linear. Vol. 1. Rio


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e Cientı́ficos, 1977.

[8] STEWART, J. Cálculo. Vol. 1 e 2, 5 ed. Rio de Janeiro: Ed. Cen-


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[9] http://br.geocities.com/edmilsonaleixo/analmat2/analmat23.htm.
Acesso em 5/01/2009 às 15h40min

[10] http://ferrari.dmat.fct.unl.pt/services/AnalMat2A/AMII-A-2004-TE-
Cap3.pdf Acesso em 11/01/2009 às 09h40min

163
164 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[11] http://www.estv.ipv.pt/PaginasPessoais/odetecr/AnAcesso em
19/12/2008 às 19h40min.

[12] http://www.estg.ipleiria.pt/files/319758formulari469b8ade6093d.pdfcesso
em 10/12/2008 às 11h40min

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