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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Classificação Geotécnica dos Solos da Bacia Hidrográfica do Rio


Almada (Bahia) pelo Sistema Unificado
Gustavo Barreto Franco
UFV, Viçosa, Brasil, gustavopraia@yahoo.com.br

Eduardo Antonio Gomes Marques


UFV, Viçosa, Brasil, emarques@ufv.br

Ronaldo Lima Gomes


UESC, Ilhéus, Brasil, rlgomes@uesc.br

Cesar da Silva Chagas


EMBRAPA, Rio de Janeiro, Brasil, chagas.rj@gmail.com

RESUMO: Este artigo objetivou classificar pelo Sistema Unificado os solos da Bacia Hidrográfica
do Rio Almada - BHRA, localizada na região Sul do Estado da Bahia. Para tanto, foram realizados
ensaios de granulometria, limites de Atterberg e massa específica dos sólidos. Os resultados obtidos
demonstraram que solos com características diferentes do ponto de vista pedológico (Argissolo,
Cambissolo e Latossolo) foram enquadrados em um mesmo universo pela classificação unificada,
caracterizando-se pelo mesmo comportamento mecânico.

PALAVRAS-CHAVE: Sistema Unificado, Limites de Atterberg, Bacia Hidrográfica.

1 INTRODUÇÃO relativamente próximos, muitas vezes de forma


significativa e sem causa visual aparente, ou
O solo é um elemento tridimensional da seja, as mudanças espaciais não ocorrem em
paisagem, isto é, ele tem profundidade, largura locais definidos com limites abruptos
e comprimento; formado por processos físicos, (VALERIANO & PRADO, 2001). Segundo
químicos e/ou biológicos, cujos agentes de Trangmar et al. (1986), essas variações são
formação são basicamente o clima, os fatores devidas às interações complexas dos processos
topográficos e organismos e cujo material de e fatores de formação do solo, que atuam com
origem é a rocha matriz subjacente. No entanto, intensidades diferentes, fazendo com que o solo
pode também ser constituído por partículas comumente apresente um comportamento
provenientes de outras regiões, transportadas anisotrópico (HALL & OLSON, 1991).
pela água, vento e/ou pelo gelo. A atividade Quando se estuda e tenta resolver problemas
pedogenética produz uma variabilidade no solo, grandes massas são consideradas
temporal e espacial significativa dos solos, homogêneas. Julga-se, assim, que as suas
tornando-se um sistema dinâmico e aberto, propriedades, em qualquer ponto desta massa,
tendo seu funcionamento determinado pela sejam idênticas àquelas determinadas em
interação entre os seus subsistemas e os laboratório por poucas amostras, o que
sistemas do entorno. Essa interação é raramente pode ser considerado verdadeiro,
influenciada pelos fluxos que o permeiam. pois a situação raramente corresponde à
Assim, o sistema solo se mantém afastado do realidade. Assim, para avaliar as propriedades
equilíbrio termodinâmico e está em constante de uma extensa massa de solo a partir de
evolução (OLIVEIRA, 2001). ensaios laboratoriais, executados com um
Diante do exposto, pode-se supor que as número limitado de amostras é fundamental
propriedades dos solos variam entre pontos compreender os processos responsáveis pela

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formação dos solos e como estes influenciam


nas respectivas propriedades. O objeto de estudo desta pesquisa são os solos
Resende (2002) afirma que o estudo do solo, da BHRA (Figura 1), situada na região Sul do
diante da complexidade dos fatores e processos Estado da Bahia, abrangendo uma área de 1.670
de formação, os quais dão ao solo km², englobando áreas dos municípios de
características variadas, não permite a Almadina, Coaraci, Ibicaraí, Barro Preto,
utilização de um modelo matemático ou um Itajuípe, Itabuna, Ilhéus e Uruçuca. A BHRA
ensaio em modelo reduzido que caracterize, de destaca-se pela sua diversidade de ambientes
forma satisfatória, o seu comportamento como naturais (Ex.: a paleobaía Lagoa Encantada, de
um todo. Restando apenas, a utilização de idade Quaternária e os testemunhos
aproximação de modelos que possam dar paleontológicos e arqueológicos, com presença
resultados satisfatórios para o seu de paleossolos e sambaquis) e antropizados.
entendimento.
Diante da diversidade dos solos que possuem
comportamentos distintos, a engenharia
geotécnica agrupou os solos diferentes com
propriedades similares em grupos e subgrupos
em conjuntos distintos, aos quais podem ser
atribuídas determinadas propriedades
geotécnicas (PINTO, 2006). Os sistemas de
classificação fornecem uma linguagem comum
para se expressar concisamente, sem descrições
detalhadas, as características gerais dos solos,
que são infinitamente variadas (DAS, 2007).
Dentre as classificações geotécnicas mais
difundidas, destacam-se o Sistema Unificado de
Classificação dos Solos (SUCS), criado por Figura 1. Localização da Bacia Hidrográfica do Rio
Arthur Casagrande em 1942, visando classificar Almada (BHRA).
os solos com o propósito de utilizá-los na
construção de aeroportos durante a Segunda A BHRA está sendo objeto de um
Guerra Mundial; e a classificação para fins levantamento de solo, que ainda está em
rodoviários do HRB (Highway Research andamento, na escala 1:100.000, no qual
Board) (DAS, 2007). utiliza-se do método do caminhamento livre
Este artigo objetivou classificar os solos da (EMBRAPA, 1995), em que as áreas são
Bacia Hidrográfica do Rio Almada - BHRA, intensamente percorridas de modo a
localizada na região Sul do Estado da Bahia, correlacionar pontos de observação em locais
sob o ponto de vista geotécnico, utilizando o representativos, fornecendo o máximo de
SUCS. O conhecimento das características informações para a caracterização dos solos no
geotécnicas dos solos da BHRA torna-se de campo.
grande importância para subsidiar o uso e Já foram selecionados, descritos e coletados
ocupação da bacia, permitindo que as áreas com 19 perfis representativos de solos, cuja
aptidão para determinados usos (agrícola, descrição e amostragem dos horizontes
industrial, urbano etc.) possam ser seguiram critérios estabelecidos por Santos et
adequadamente utilizadas, preservando seus al. (2005). Os perfis de solos amostrados foram
recursos naturais e respeitando a integração classificados segundo o Sistema Brasileiro de
entre os fatores ambientais regionais e seus Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006), de
efeitos na bacia. acordo com critérios morfológicos e
características químicas, físicas e
mineralógicas. Nos pontos de amostragem
2 MATERIAL E MÉTODOS foram obtidas as coordenadas por GPS, a seguir
exportadas para o software ArcGIS 9.2.

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Para a classificação geotécnica foi escolhido orgânicos (Organic Soils) e turfa (Peat); e a
o horizonte diagnóstico destes perfis, que é segunda letra fornecendo informação
caracterizado por propriedades morfológicas, complementar: bem graduado (Well graded),
químicas, físicas e mineralógicas, definidas mal graduado (Poorly graded), alta
quantitativamente, que servem para identificar e compressibilidade (High compressibility) e
distinguir classes de solo pela classificação baixa compressibilidade (Low comrpessibility).
pedogenética (CURI et al., 1993). Os coeficientes de uniformidade, Cu (indica
As amostras foram deixadas secar ao ar, a amplitude dos tamanhos de grãos) e de
posteriormente destorroadas, homogeneizadas, curvatura, Cc (detecta melhor o formatado da
quarteadas e passadas na peneira nº 4 (4,8 mm). curva e permite identificar eventuais
As amostras foram submetidas a ensaios de descontinuidades ou concentrações muito
granulometria conjunta conforme a norma NBR elevada de grãos mais grossos) são utilizados na
7181 (ABNT, 1984d), para a determinação de classificação dos solos de granulometria grossa
curvas granulométricas. Em seguida, foram e suas equações (Eq. 01) encontram-se
realizados ensaios para a determinação dos relacionadas abaixo (PINTO, 2006):
limites de Atterberg, segundo as normas NBR
6459 – (ABNT, 1984a) e NBR 7180 (ABNT,
1984c). Também foi determinada a massa
específica dos sólidos conforme a NBR 6508 (1)
(ABNT, 1984b). Desta forma, as amostras
puderam ser classificadas conforme o SUCS.
O SUCS adota os seguintes parâmetros:
granulometria, limites de Atterberg (LL e IP) e
a presença de matéria orgânica, para classificar
os solos em três categorias: (1) - Solos grossos Em que:
(pedregulho e areia), (2) - Solos finos (silte e D10: diâmetro das partículas do solo em relação
argila), (3) – Solos altamente orgânicos e turfas. a 10% do material que passa;
O princípio deste sistema de classificação é D30: diâmetro das partículas do solo em relação
que os solos grossos podem ser classificados de a 30% do material que passa;
acordo com a sua curva granulométrica, ao D60: diâmetro das partículas do solo em relação
passo que o comportamento de engenharia dos a 60% do material que passa.
solos finos está intimamente relacionado com a
sua plasticidade. Ou seja, os solos cuja fração Os solos de granulometria grossa (mais de
fina não existe em quantidade suficiente para 50% da massa de solo fica retida na peneira nº
afetar o seu comportamento, são classificados 200) estão reunidos nos seguintes grupos
de acordo com a sua curva granulométrica, (DNIT, 2006):
enquanto que os solos cujo comportamento de
engenharia é controlado pelas frações finas • Grupos GW e SW: compreendem solos
(silte e argila), são classificados de acordo com pedregulhosos e arenosos bem
as suas características de plasticidade (SILVA, graduados que contém menos de 5% de
2009). finos não plásticos passantes na peneira
São denominados solos grossos aqueles que nº 200. Os finos encontrados neste
possuem mais do que 50% de material retido na material não interferem nas
peneira #200 e solos finos aqueles que possuem características de resistência da fração
50% ou mais do material passando na peneira grosseira e nas características de livre
#200. Os solos orgânicos e as turfas são drenagem desta fração;
identificados visualmente. Neste sistema os • Grupos GP e SP: compreendem solos
solos são identificados por duas letras, a pedregulhosos e arenosos mal graduados
primeira indicando o tipo de solo: pedregulho que contém menos de 5% de finos não
(Gravel), argila (Clay), areia (Sand), solos plásticos passantes na peneira nº 200.

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Estes solos podem ser constituídos de linha vertical, localizados à direita e à esquerda,
pedregulhos uniformes, areias uniformes respectivamente. A linha “U”, determinada
ou misturas não uniformes de material empiricamente para ser o limite superior
muito grosseiro e areia muito fina com aproximado para solos naturais, é uma boa
vazios de tamanhos intermediários; verificação quanto à existência de dados
• Grupo GM e SM: incluem pedregulhos errados, e quaisquer resultados de ensaios que
ou areias que contém mais de 12% de recaiam acima ou à esquerda dessa linha devem
finos com pouca ou nenhuma ser verificados (DNIT, 2006; PINTO, 2006).
plasticidade. A graduação não é Os solos de granulometria fina (50% ou mais
relevante e tanto materiais bem ou mal de massa de solo passa pela peneira nº 200)
graduados podem estar incluídos nestes estão reunidos nos seguintes grupos (DNIT,
grupos; 2006):
• Grupos GC e SC: compreendem solos
pedregulhosos ou arenosos com mais de • Grupos ML e MH: incluem materiais
12% de finos que exibem tanto baixa predominantemente siltosos e solos
quanto alta plasticidade. A graduação micáceos. Solos deste grupo são siltes
não é relevante, porém sua fração fina arenosos, siltes argilosos ou siltes
normalmente é constituída por argilas inorgânicos com relativa baixa
que exercem maior influência sobre o plasticidade.
comportamento do solo. • Grupos CL e CH: abrangem argilas
inorgânicas com baixo e alto limites de
Para os solos de granulometria fina são liquidez respectivamente.
determinados os limites de Atterberg, servindo • Grupos OL e OH caracterizados pela
essencialmente para classificar a fração fina do presença de matéria orgânica, incluindo
solo através da carta de plasticidade (LL x IP) siltes e argilas orgânicas.
(Figura 2). • Os solos que apresentam alto teor de
matéria orgânica são representados pelo
Grupo Pt. Estes solos são facilmente
identificáveis pela cor, cheiro,
porosidade e freqüentemente pela
textura fibrosa. São muito compressíveis
e possuem características indesejáveis
para a construção civil. Turfas, húmus e
solos pantanosos com altas texturas
orgânicas são típicos deste grupo
(DNIT, 2006).

Por fim, calculou-se o índice de atividade da


Figura 2. Carta de plasticidade. argila (SKEMPTON, 1953) definido como
Fonte: Das, 2007. sendo a razão entre o índice de plasticidade e a
fração argila do solo (porcentagem em peso de
Como se pode observar, o gráfico de partículas com diâmetro equivalente inferior a
plasticidade é subdividido em regiões pelas 0,002 mm). Os solos foram classificados em
linhas “A” e “U”. A linha “A” separa, para o três grupos de acordo com sua atividade: (a)
universo dos solos inorgânicos, o silte das inativos – A<0,75; (b) normais – 0,75<A<1,25;
argilas, exceto na região onde os solos são e (c) ativos – A>1,25. Esse índice refere-se às
classificados com letras dobradas (CL - ML). propriedades físico-químicas do mineral e dos
Os siltes são representados abaixo da linha “A” minerais de argila em relação à proporção em
e as argilas acima desta linha. Os solos de alta e que estes estão presentes nos solos, levando-se
baixa compressibilidade são separados pela em consideração a influência dos

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argilominerais, óxidos de ferro e grãos de mica Os solos 1 e 5 foram pedologicamente


na natureza dos solos. Quanto maior for à classificadas como Luvissolos (T). Esta classe
atividade de um solo, mais importante é a compreende solos não hidromórficos, rasos,
influência da fração argila nas suas constituído do horizonte B textural com
propriedades mecânicas. Assim, pretende-se presença de argila de atividade alta e saturação
com o seu uso substituir, mesmo de maneira por bases alta, imediatamente abaixo de
incompleta, ensaios mais sofisticados de horizonte A ou horizonte E. O horizonte B
identificação dos minerais de argilas nos solos, textural é constituído de textura franco arenosa
como difratometria de raio X, espectrômetro de ou mais fina, com incremento de argila,
massa e análise térmica diferencial, que, por sua resultante de acumulação ou concentração
complexidade, não são utilizados para a absoluta ou relativa decorrente de processos de
classificação prática dos solos do ponto de vista iluviação e/ou formação in situ e/ou herdada do
geotécnico (VARGAS, 1994). material de origem e/ou infiltração de argila ou
argila mais silte, com ou sem matéria orgânica
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES e/ou destruição de argila no horizonte A e/ou
perda de argila no horizonte A por erosão
O levantamento de solo realizado na BHRA diferencial. O conteúdo de argila do horizonte B
permitiu, até o momento, a coleta em 19 perfis textural é maior que o do horizonte A ou E.
representativos, cuja localização é mostrada na Os solos 2, 3, 4, 7, 9, 11, 12, 13 e 14 foram
Figura 3, e a identificação de 50 pontos de pedologicamente classificados como Argissolos
observação (Figura 4), os quais irão subsidiar a (P). Esta classe possui como horizonte
delimitação das manchas de solo para futura diagnóstico o B textural, diferenciando-se dos
produção do mapa de solo, sob o ponto de vista Luvissolos, por apresentar argila de atividade
geotécnico. baixa, saturação de bases baixa e possuir um
perfil de solo mais evoluído.
Os solos 7, 10, 16, 17 e 18 foram
classificados como Latossolos (L), que tem
como característica o processo de latossolização
(ferralitização ou laterização), intemperização
intensa dos constituintes minerais primários,
concentração relativa de argilominerais
resistentes e/ou óxidos e hidróxidos de ferro e
alumínio, com inexpressiva mobilização ou
migração de argila, ferrólise, gleização ou
plintitização. Constitui-se do horizonte
diagnóstico B latossólico, com espessura
Figura 3. Localização dos pontos de coleta de solo. mínima de 50 cm, textura franco arenosa ou
mais fina e baixos teores de silte, cujos
constituintes evidenciam avançado estágio de
intemperização.
O solo 15 foi classificado pedologicamente
como Cambissolo (C), tendo como horizonte
diagnóstico o B incipiente, caracterizado pela
pedogênese pouco avançada evidenciada pelo
desenvolvimento da estrutura do solo, variável
quanto à textura, fertilidade, atividade da argila
etc.
O solo 19 foi classificado pedologicamente
Figura 4. Localização dos pontos de observação do solo. como Espodossolo. Esta classe tem o horizonte
B espódico como horizonte diagnóstico,

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constituído de textura arenosa, caracterizado Os solos pela classificação unificada foram


pelo processo de podzolização com eluviação identificados em 3 grupos, sendo eles: CL
de compostos de alumínio com ou sem ferro em (argila de baixa compressibilidade), MH (silte
presença de húmus ácido e conseqüente de alta compressibilidade) e SP (areia mal
acumulação iluvial desses constituintes graduada).
amorfos. Apresentam, usualmente, seqüência de Os Luvissolos enquadram-se como CL, e um
horizontes A, E, B espódico, C, com nítida perfil de Argissolo (ponto 2). O enquadramento
diferenciação de horizontes. destes solos como de baixa compressibilidade
Na Tabela 1, encontram-se informações deve-se à presença de frações areias
sobre a identificação do solo, peso específico encontradas. Vale ressaltar, que a classe dos
dos grãos, limites de Atterberg, classificação Luvissolos caracteriza-se pela presença de
unificada e o índice de plasticidade. argilominerias 2:1, os quais dão ao solo
comportamento de contração e expansão, ou
Tabela 1. Resultados dos ensaios geotécnicos, seja, caracteriza-se pela alta compressibilidade.
classificação unificada e a atividade da argila. Os Latossolos, Argissolos e Cambissolos
Ys LL IP SUC
Hor. A foram classificados como MH. O domínio da
(g/m³) (%) (%) S
1. fração fina justifica a alta compressibilidade
Bt2 2,41 46,48 21,8 CL 0,64 destes solos.
TC
2.
Bt 2,57 24,8 4,8 CL 0,31
Já o Espodossolo classificado como SP,
PA predominantemente constituído por areais
3. quartzosas com pouca presença de ferro e
Bt 2,5 76,84 37,6 MH 0,70
PA
4.
matéria orgânica iluvial, não plástico.
Bt1 2,66 90,42 44,72 MH 0,77 Os solos considerados neste trabalho
PVA
5. apresentam limite de liquidez (LL), índice de
Bt2 2,5 46,9 26,22 CL 0,74
TC plasticidade (IP) e índice de plasticidade (A)
6. variando, respectivamente, na faixa de 24,8%
Bt2 2,68 96,56 51,46 MH 0,74
PVA (solo CL) a 103,89% (solo MH), 4,8% (solo
7.
LV Bw2 2,61 92,95 38,98 MH 0,56
CL) a 56,43% (solo MH) e 0,06 (solo CL) a
A 1,48 (solo MH). Todos os solos apresentam
8. 100% de material passando na peneira de
Bt 2,69 86,44 43,24 MH 0,71
PVA abertura de 2 mm, sendo que o peso específico
9. dos grãos estão na faixa de 2,41 g/m³ (solo CL)
Bt 2,69 82,46 37,45 MH 0,76
PVA
a 2,82 g/m³ (solo MH).
10.
LA
Bw1 2,68 70,55 28,11 MH 0,40 A partir da classificação da atividade da
11. argila, proposta por Skempton (1953), os solos
Bt2 2,72 65,05 30,3 MH 0,63
PA 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 10, 11, 12, 13, 15, 17 e 18
12.
Bt1 2,68 82,09 44,8 MH 0,72 apresentam argila inativa. Já os solos 4, 9, 14 e
PV 16 possuem argilas normais. O solos 19 não foi
13.
Bt 2,67 65,61 30,13 MH 0,64 calculado a atividade da argila por ser um solo
PA
14. 103,8 tipicamente arenoso.
Bt 2,64 56,43 MH 0,90 Nota-se que os solos foram classificados em
PV 9
15. sua maior quantidade com comportamento de
Bi 2,82 62,81 21,97 MH 0,44
CX alta compressibilidade, não condizendo com a
16. atividade da argila determinada pela
Bw2 2,59 87,23 42,43 MH 0,75
LA
classificação de Skempton (1953). Esperava-se
17.
Bw2 2,71 79,52 35,84 MH 0,56 que a maioria dos solos estivessem enquadrados
LA
18. como de argila ativa. De acordo com Fabbri
Bw2 2,65 91,19 24,12 MH 0,43
LA (1994) isso decorre porque a determinação da
19. atividade da argila proposta por Skempton
Bh2 2,71 - - SP -
ES (1953) se baseia nos resultados de limite de

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Atterberg, cujo material ensaiado é a fração que e da quantidade de ensaios a serem realizados
passa na peneira nº 4 (4,8 mm), que possui para representação.
freqüentemente material inerte, fazendo com Diante do exposto, fica evidente que estudos
que os resultados muitas vezes não reflitam a que busquem interagir entre as características
atividade do material fino presente no solo. do solo do ponto de vista pedológico - como
Outra característica que também contribui processos pedogenéticos dominantes, estrutura
para erros é que a constituição mineralógica dos e composição mineralógica - os quais, na
argilominerais presentes no solo é variada. maioria das vezes, já estão usualmente
Deste modo, valores de índice de plasticidade disponíveis; com o conhecimento mecânico do
podem ser elevados mesmo que o teor da fração solo estudado pela geotecnia, trarão um
argila no solo seja baixo. conhecimento que melhor possa entender o
Fitzjohn & Worrall em 1980 já relatavam comportamento do solo frente às solicitações
sobre a relação plasticidade versus teor de expostas.
argila, a qual sugere que a plasticidade aumenta
com o aumento do teor de argila ativa. No
entanto, os autores chamam atenção para outros AGRADECIMENTOS
fatores, como a área superficial, a natureza e a
quantidade de cátions trocáveis que também À Comissão Nacional de Pesquisa (CNPq).
apresentam grande influência na plasticidade.
Portanto, uma determinada argila pode ter um
baixo teor de argila ativa mesmo possuindo um REFERÊNCIAS
elevado índice de plasticidade.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS. NBR 6459/84, Solo - Determinação do
4 CONCLUSÃO limite de liquidez, Rio de Janeiro, 6p, 1984a.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
Os resultados obtidos demonstraram que solos TÉCNICAS. NBR 6508/84, Grãos de solos que
com características diferentes do ponto de vista passam na peneira de 4,8 mm - Determinação da
pedológico (Argissolo, Cambissolo e Latossolo) massa específica, Rio de Janeiro, 8p, 1984b.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
foram enquadrados em um mesmo universo TÉCNICAS. NBR 7180/84, Solo – Determinação do
pela classificação unificada, podendo-se, no limite de plasticidade, Rio de Janeiro, 3p, 1984c.
entanto, afirmar que neste caso os diferentes ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
solos, do ponto de vista de classificação TÉCNICAS. NBR 7181/84, Solo – Análise
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críticas, pois, foi desenvolvida em países de Campinas, SBCS, 1993.89p
Das, B. M. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. São
clima temperado. Segundo Nogami & Villibor
Paulo: Thomson Learning, 2007.
(1995), a diferença existente entre a natureza da DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-
fração de argila e de areia de solos de regiões ESTRUTURA DE TRANSPORTES – DNIT. (2006).
tropicais e temperadas é uma das limitações à Manual de Pavimentação. 3ª Ed. Rio de Janeiro:
utilização, apresentando resultados não Instituto de Pesquisas Rodoviárias. 274 p.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
satisfatórios e com freqüência as
AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. (2006). Sistema
recomendações neles baseadas não coincidem Brasileiro De Classificação De Solos. 2º ed. Rio de
com o comportamento dos solos tropicais. Janeiro: Embrapa Solos. 306 p.
Contudo, a adoção de metodologia mais Fabbri, G.T P. Caracterização da Fração Fina dos Solos
sofisticada de classificação geotécnica em Tropicais através do Ensaio de Azul de Metileno.
escala de detalhe em uma bacia hidrográfica (1994). Tese de Doutorado, Programa de Pós-
Graduação em Geotecnia, em Geotecnia. EESC/USP,
torna-se bastante onerosa, em função da escala 685 p.

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