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AS VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS NO SISTEMA PENITENCIÁRIO DO

ESTADO DO PARANÁ COMETIDAS POR AGENTES PENITENCIÁRIOS

Clayton Agostinho Auwerter1


Reshad Tawfeiq2

RESUMO
A atual pesquisa tem origem na investigação sobre a atuação do Agente Penitenciário, inserido
no cotidiano de uma instituição total, cujo objetivo é conduzir os destinos de seres humanos
presos sob a sua guarda. As violações de direitos humanos que ocorrem no sistema penitenciário
paranaense, perpetradas por estes profissionais, longe de serem práticas de crueldade fortuita,
são determinadas por mecanismos intrínsecos, que carecem de elucidação pela ciência social.
O presente trabalho tem por objetivo investigar e identificar, através de análise documental e
pesquisa bibliográfica, as situações de violação de direitos humanos no sistema penitenciário
paranaense, cometidas por Agentes Penitenciários. Baseados nas teorias de Zimbardo, Asch,
Milgram, Arendt, entre outros, evidenciaremos os meios que influenciam estes sujeitos em seus
atos, de modo a proporcionar subsídios para que o Estado promova a construção de políticas
públicas voltadas ao enfrentamento deste problema, que viola frontalmente os direitos
humanos.

Palavras-chave: Sistema Penitenciário. Violação de Direitos Humanos. Políticas de


Enfrentamento.

ABSTRACT
Current research comes from the investigation into the actions of the penitentiary agent, inserted
into the daily life of a total institution whose goal is to lead the destinies of human beings
trapped under his guard. Human rights violations that occur in the Paraná penitentiary system,
perpetrated by these professionals, far from being random cruelty practices are determined by
intrinsic mechanisms, which require elucidation by social science. This study aims to
investigate and identify, through document analysis and literature review, the situations of
violation of human rights in Paraná penitentiary system, committed by Correctional agents.
Based on the theories of Zimbardo, Asch, Milgram, Arendt, among others, evidenciaremos
means influencing these subjects in their actions, in order to provide subsidies for the state to
promote the construction of public policies aimed at addressing this problem, which violates
frontally human rights.

1
Agente Penitenciário do Paraná, Pós-Graduando em Gestão Pública com Habilitação em Direitos Humanos.
2
Mestre em Ciências Sociais Aplicadas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Área de Concentração:
Cidadania e Políticas Públicas, Linha de Pesquisa: Estado, Direitos e Políticas Públicas. Bacharel em Direito pela
Universidade Estadual de Ponta Grossa, Advogado na ASL Advocacia, com experiência e ênfase no Direito Civil,
atuando nas seguintes áreas: Direito Obrigacional e Contratual, Direitos Reais e Possessórios, Direito de Família,
Responsabilidade Civil, Locações e Direitos do Consumidor. Possui experiência no Direito Administrativo e
Ambiental. Atualmente também é Professor das disciplinas de Direito Civil e de Direito Econômico e Financeiro
na Sociedade Educativa e Cultural Amélia (SECAL).
Keywords: Prison System. Violation of Human Rights. Coping Policies.
1 INTRODUÇÃO

O sistema prisional brasileiro encontra-se em situação de falência e manifesta violação


das garantias mínimas do preso, justificada em nome da segurança, da minimização de fugas e
da tentativa de controle da massa carcerária.
A superpopulação carcerária, a insalubridade e a desumanidade dos cárceres
brasileiros sempre foram uma constante, agravando-se a referida situação a cada ano, conforme
atesta o censo penitenciário realizado pelo Ministério da Justiça. Inexiste observância ao
contido na Lei de Execução Penal (Lei Federal nº 7.210/84), muito menos nas Regras Mínimas
para o Tratamento do Preso da ONU (vigente no Brasil), sendo que na maioria dos cárceres a
assistência material, à saúde, educacional, social, religiosa, jurídica e ao egresso não constitui
prioridade, inexistindo ou funcionando de forma precária.
Neste universo, ocorrem violações de direitos humanos de presos por agentes
penitenciários, ainda que estes (agentes penitenciários) não possuam caráter violento, má índole
ou pré-disposição para a prática de tortura, as quais, longe de serem práticas de crueldade
fortuita, são determinadas por mecanismos intrínsecos, que carecem de elucidação pela ciência
social.
Seria uma solução simples rotular os perpetradores da tortura como seres sociopatas,
mas várias pesquisas sociopsicológicas nos indicam o contrário. Um grande conjunto de
pesquisas, atuais e antigas, nos demonstra o contrário, destacando o caráter “comum” destes
torturadores, indicando ainda que estes são levados ou aliciados a praticar estas crueldades. Eles
foram sujeitos a poderosas forças situacionais que afrouxam os modos habituais de
funcionamento moral (BUNDURA, 1999).
No bojo de evidencias da produção deste “lado obscuro da natureza humana”,
encontram-se a pesquisa de Browning (1992), sobre as tropas alemães de reserva que foram
transformadas em esquadrões móveis para matar judeus poloneses; A de Chandler (1999) sobre
a burocracia do terror nas famosas instalações de tortura Tuol Sleng S-21 de Pol Pot; A de
Conroy (2000) sobre o desenvolvimento de torturadores em vários países diferentes; A de Gold
(1996) sobre depoimento dos infames agentes da unidade médica 731 do Exército Imperial
Japonês; A de Haritos-Fatouros (2002) sobre o programa especial de treinamento que criou os
torturadores militares gregos; A de Milgram (1974) sobre o surgimento da obediência cega à
autoridade em ampla gama de civis norte-americanos em um experimento; A de Zimbardo
(1970), a de Haney, e a de Banks e Zimbardo (1973) sobre o poder das estruturas e das normas
institucionais de um presídio simulado para transformar estudantes normais em torturadores
principiantes.
Esta longa lista de experimentos evidencia que a crueldade pode ser obra de pessoas
“comuns” que desempenham determinados tipos de função, estrutura e metodologia
organizacional que moldam metodicamente as ações para efeitos violentos.
Assim, o trabalho tem por objetivo investigar e identificar, através de análise
documental e pesquisa bibliográfica, as situações de violação de direitos humanos no sistema
penitenciário paranaense, cometidas por Agentes Penitenciários. Desta forma seria prudente,
tanto no aspecto humanitário quanto administrativo, que estas situações apresentadas fossem
identificadas, bem como suas causas reconhecidas e discutidas, para que desta forma o Estado
possa planejar politicas públicas as quais possam impedir futuras ocorrências de violações de
direitos humanos de qualquer formato.
No decorrer desta pesquisa será apresentada a figura do Agente Penitenciário, seu
papel profissional no sistema penitenciário, com algumas considerações acerca do impacto
moral e psicológico do desempenho da função.
Em seguida, o objeto de análise será o ambiente de trabalho deste profissional, a
situação das unidades penais e do cárcere em geral, além da visão acadêmica acerca de suas
atribuições.
Posteriormente, o foco repousará na forma como o ambiente de trabalho influencia o
desempenho da função do Agente Penitenciário e a conceituação das doenças laborais.
Após, serão sopesadas as condições de trabalho (ou mesmo a falta destas) onde será
possível conhecer as praticas de segurança da rotina carcerária, situações onde existe perigo
potencial de conflitos e violações de direitos humanos.
Depois, serão ponderados os dados existentes acerca de violações de direitos humanos
de presos, suas características, seus atores, além de fundamentações acadêmicas que
identificam sua ocorrência como fenômeno da ciência social. Por fim, serão apresentadas as
considerações finais, concluindo a pesquisa.

2 O PROFISSIONAL AGENTE PENITENCIÁRIO

Se o preso é a razão de ser do sistema penitenciário (sob a premissa de reeducá-lo para


reintegrá-lo a sociedade), a peça fundamental para a concretização desta empreitada é o servidor
penitenciário, em especial o Agente Penitenciário, profissional que desempenha suas funções
em contato direto com a pessoa presa. Assim, para este profissional, sobreviver neste tipo de
ambiente torna-se um perverso desafio: primeiro porque o universo carcerário é um ambiente
de trabalho atípico e, por isso, carece de diferenciação. Em hipótese alguma a natureza desta
função pode ser comparada a qualquer outra, pois se lidam com vidas humanas, de valor
intrínseco. Situação agravada pelo fato de que neste país o Estado ainda se recusa a encarar a
ressocialização e o respeito aos Direitos Humanos como princípios básicos para a administração
do sistema prisional.
Segundo porque o desempenho desta função (de Agente Penitenciário) exige deste
profissional uma sobrecarga física, psicológica e moral muito grande.
Na página oficial do DEPEN - Departamento de Execução Penal do Estado do Paraná
é possível obter a conceituação do perfil do Agente Penitenciário do Paraná:

O Agente Penitenciário realiza um importante serviço público de alto risco, por


salvaguardar a sociedade civil contribuindo através do tratamento penal, da vigilância
e custódia da pessoa presa no sistema prisional durante a execução da pena de prisão,
ou de medida de segurança, conforme determinadas pelos instrumentos legais. Desta
sorte, existe a necessidade de que os Agentes Penitenciários apresentem um perfil
adequado para o efetivo exercício da função, requer, pois um engajamento e um
compromisso para com a instituição a que pertençam. Devem ter atitudes estratégicas
e criteriosas, para corroborar com mudanças no trato do homem preso, e realizá-las
em um espírito de legalidade e ética. Ter a humildade de reconhecer a incapacidade a
respeito dos meios capazes de transformar criminosos em não criminosos, visto que
determinados condicionantes tendem a impedir essa metamorfose, parecendo
provável que algumas delas favoreçam o aumento do grau de criminalidade das
pessoas. (Thomphson, 1980) É necessário, finalmente, aos Agentes Penitenciários
reconhecerem as contradições inerentes à própria função; as possíveis orientações que
variam conforme os pressupostos ideológicos de cada administração, pois, devem
transcender a estas questões a fim de contribuir para a promoção da cidadania e
assumir definitivamente como protagonista de seu papel de ordenador social, de
funcionário público honrado (DEPEN, 2015).

Adequado salientar que no contexto esta oculta à justificativa acadêmica para a


incapacidade da ressocialização:

Ter a humildade de reconhecer a incapacidade a respeito dos meios capazes de


transformar criminosos em não criminosos, visto que determinados condicionantes
tendem a impedir essa metamorfose, parecendo provável que algumas delas
favoreçam o aumento do grau de criminalidade das pessoas ( THOMPHSON, 1980,
p.).
Conceito confirmado por Dhamer (apud BERNARDINI, 2003, p.), quando aborda a
questão profissional e aponta as dificuldades do papel do agente que ainda não pode ser
adjetivado de "profissional", face às contradições inerentes à própria prisão. As diversas
orientações que variam de acordo com os pressupostos ideológicos de cada administração
penitenciária e a cada governo, além da marca pessoal de cada agente.

3 O AMBIENTE DE TRABALHO DO AGENTE PENITENCIÁRIO

O Sistema Penitenciário, segundo Chiarello (2010), é um sistema social composto por


um grupo de pessoas submetidas a um regime de controle total, ou seja, um Regime Totalitário.
O poder empregado no sistema é o uso da força física, uma vez que a proposta de tratamento
penal visa o uso da força moral. Este contrassenso entre a proposta de tratamento teoricamente
implicada e o cotidiano de violência a que estão fadados nos remete para uma dialética
conversiva que vai refletir diretamente nos trabalhadores que dividem o mesmo espaço físico
antagônico de ideias e valores.
A superlotação penitenciária, a falta de salubridade e a barbarie das prisões brasileiras
sempre foram frequentes, potencializada com o decorrer dos anos. Inexiste observância ao
contido na Lei de Execução Penal (Lei Federal nº 7.210/84), muito menos nas Regras Mínimas
para o Tratamento do Preso da ONU (vigente no Brasil), sendo que na maioria dos cárceres a
assistência material, à saúde, educacional, social, religiosa, jurídica e ao egresso não constitui
prioridade, inexistindo ou funcionando de forma precária.
Esta assistência criada pelo legislador inclui: assistência material, à saúde, jurídica,
educacional, social e religiosa (art. 4º, LEP, Brasil, 1984), sendo que a assistência material
abrange o fornecimento pelo Estado de alimentação, vestuário e instalações higiênicas (art. 12,
LEP, Brasil, 1984), a assistência à saúde inclui o caráter preventivo e curativo no atendimento
médico, farmacêutico e odontológico (art. 14, LEP, Brasil, 1984), a assistência educacional
compreende a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado (art. 17, LEP,
Brasil, 1984), e a assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-
los para o retorno à liberdade (art. 22, LEP, Brasil, 1984).
Acerca das condições atuais do sistema penitenciário brasileiro, apropriada a
manifestação de Bitencourt (1993, p. 47) atestando que prerrogativa não é brasileira:
Existem centros penitenciários em que a ofensa à dignidade humana é rotineira, tanto
em nações desenvolvidas como em subdesenvolvidas. As mazelas da prisão não são
privilégios apenas de países do terceiro mundo. De um modo geral, as deficiências
prisionais compendiadas na literatura especializada apresentam muitas características
semelhantes: mau trato verbal (insultos, grosseiros, etc.) ou de fato (castigos sádicos,
crueldades injustificadas e vários métodos sutis de fazer o recluso sofrer, sem incorrer
em evidente violação do ordenamento, etc.); superlotação carcerária, o que também
leva a uma drástica redução do aproveitamento de outras atividades que o centro penal
deve proporcionar (população excessiva reduz a privacidade do recluso, facilita
grande quantidade de abusos sexuais e de condutas inconvenientes); falta de higiene
(grande quantidade de insetos e parasitas, sujeiras e imundícies nas celas, corredores,
cozinhas, etc.); condições deficientes de trabalho, que pode significar uma inaceitável
exploração dos reclusos ou o ócio completo; deficiência nos serviços médicos, que
pode chegar, inclusive, à absoluta inexistência; assistência psiquiátrica deficiente ou
abusiva (em casos de delinquentes políticos ou dissidentes pode-se chegar a utilizar a
psiquiatria como um bom pretexto “científico” em um “castigo civilizado”); regime
alimentar deficiente; elevado índice de consumo de drogas, muitas vezes originadas
pela venalidade e corrupção de alguns funcionários penitenciários que permitem e até
realizam o tráfico ilegal de drogas; reiterados abusos sexuais, nos quais normalmente
levam a pior os jovens reclusos recém-ingressados, sem ignorar, evidentemente, os
graves problemas de homossexualismo e nanismo; ambiente propício à violência, em
que impera a utilização de meios brutais, onde sempre se impõe o mais forte
(BITENCOURT, 1993, p. 47).

Senão vejamos a manifestação do Relator Especial da ONU sobre crimes de tortura


acerca do sistema prisional do Brasil:

Temos que ter uma bateria de soluções. A experiência demonstra que quanto mais se
cria presídios, mais se enchem as prisões. É preciso criar medidas de regeneração,
baixar as penas, melhorar o acesso à liberdade condicional. As soluções não são
simples, mas têm que atacar as razões de fundo, como pessoas bem treinadas nas
penitenciárias, com normas mais claras de disciplina, de forma concreta. E aprofundar
o estudo de quem não deveria estar preso porque não é violento, já cumpriu parte da
pena ou nunca foi condenado. Juan Ernesto Mendez, Relator Especial da ONU sobre
crimes de tortura (MÉNDEZ, 2014).

Ainda nas palavras de Rogério Greco (2012, p. 649):

Embora o princípio da dignidade da pessoa humana tenha sede constitucional, sendo,


portanto, considerado como um princípio expresso, percebemos, em muitas situações,
a sua violação pelo próprio Estado. Assim, aquele que seria o maior responsável pela
sua observância, acaba se transformando em seu maior infrator (GRECO, 2012, p.
649).

Rogério Greco (2012, p. 649) continua citando como exemplo o sistema penitenciário
brasileiro em que os indivíduos “que foram condenados ao cumprimento de uma pena privativa
de liberdade são afetados, diariamente, em sua dignidade, enfrentando problemas como os da
superlotação carcerária, espancamentos, ausência de programas de reabilitação, etc”.
O Departamento de Execução Penal do Estado do Paraná - DEPEN, gestor do sistema
penitenciário, constitui-se em unidade administrativa de natureza programática da Secretaria de
Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária e suas principais atribuições são:

I. A administração do sistema penitenciário, através do apoio e orientação técnica e


normativa às unidades componentes do sistema;
II. A coordenação, a supervisão e o controle das ações dos estabelecimentos penais e
das demais unidades integrantes do sistema penitenciário;
III. A adoção de medidas que visem ao aperfeiçoamento do pessoal do sistema
penitenciário, bem como à promoção da educação formal e profissionalizante dos
internos;
IV. O cumprimento das disposições constantes da Lei de Execução Penal; e
V. O relacionamento interinstitucional de interesse do sistema penitenciário, visando
ao aprimoramento das ações na área penitenciária (DEPEN, 2015).

De acordo com sua pagina eletrônica, o DEPEN – Departamento de Execução Penal


do Paraná, possui 33 unidades penais sob sua administração entre unidades de regime de prisão
provisória, unidades de presos condenados, unidades industriais, unidades femininas, unidades
de regime semiaberto masculino e feminino e patronatos penitenciários, além de 54 cadeias
públicas distribuídas regionalmente e e m 10 regiões do estado.
Como bem doutrina Sá (2007, p. 113):

Dizer que a Pena de prisão e o cárcere não recuperam ninguém, mas, pelo contrário,
provocam a degradação do ser humano é dizer uma verdade hoje incontestável. Aliás,
tornou-se um discurso por demais repetitivo e, por parte de alguns, um discurso
meramente de impacto acomodatício, que não traz proposta alguma (SÁ, 2007, p.
113).

Desta forma, diante da expectativa da impossibilidade da implementação de políticas


de reabilitação do preso, não apenas pela contradição do ambiente carcerário no que tange ao
fato de que, conforme Sá (2007, p 112), “[…] a pena de prisão formaliza e consagra uma relação
de antagonismo entre o condenado e a sociedade […]”, mas também pelo desprestígio da função
do servidor penitenciário, conforme igualmente nos socorre Sá (2007, p 113), “O que existe é
a falta de pessoal realmente vocacionado”. Schneider (1993) aborda bem essa questão, e a falta
de pessoal vocacionado deve-se ao profundo desprestígio área profissional e desprestígio do
cárcere. Desprestígio fomentado, seja por parte dos órgãos oficiais, seja por parte da sociedade.
E esses discursos unicamente destrutivos, que a única coisa que sabem pregar são as
famigeradas falências, justamente colaboram para incrementar esse desprestígio e, portanto,
para agravar ainda mais a situação.

4 OS REFLEXOS DO AMBIENTE NO AGENTE PENITENCIÁRIO

Dicotomia é um conceito definido como a divisão de um elemento em duas partes,


geralmente contrárias e opostas. O Agente Penitenciário enfrenta essa dicotomia, da qual resulta
uma relação de ambivalência com os presos. Quando da necessidade do uso da força ou ante a
cobrança da obediência as normas, transforma-se no carrasco, no algoz do preso; no caso de
intervenções onde seu trabalho representa trazer qualquer benefício ao preso, transforma-se no
redentor, no “elo de ressocialização” do sistema penitenciário.
A ausência de capacitação específica pra administrar esta dissensão profissional,
somada as recorrentes deficiências nas condições materiais de trabalho – a exemplo da falta de
armamento não letal e instrumentos de proteção pessoal – além da falta de pessoal diante da
superpopulação carcerária, funciona, segundo Lopes (1998), como causas motivadoras dos
comportamentos violentos por parte dos Agentes Penitenciários, uma vez que configuram uma
condição de penosidade no ambiente de trabalho, que direciona a opção dos Agentes por
mecanismos de contenção mais extremos, como garantia de sua própria segurança.
Esta condição soma-se a prisionalização, processo de aculturação inevitável que
acomete o indivíduo inserido no contexto carcerário, que passa a adotar os usos e costumes
praticados na prisão, como se vivenciasse uma verdadeira sociedade paralela, tornando-se uma
figura anônima nesse contexto e sujeitando-se a uma intensa desorganização de sua
personalidade (SÁ, 2007).
O Agente Penitenciário acometido pela prisionalização passa a desenvolver uma série
de transtornos de ordem psicológica, como o sentimento de inferioridade, perda de sua
identidade, empobrecimento psíquico, regressão e infantilização, os quais acabam por interferir
nas suas escolhas e tomadas de decisão.
Ainda de acordo com Sá (2007), o sentimento de inferioridade e o empobrecimento
psíquico geram, dentre outras coisas, dificuldades de elaboração de planos, o que em
determinada situação de crise, pode vir a gerar uma reação violenta e excessiva por parte do
Agente Penitenciário, por haver perdido a capacidade de planejar corretamente que atitude
tomar.
No mesmo sentido, a infantilização e a regressão manifestam-se por meio da busca por
soluções fáceis e projeção de culpa no outro, acabando por legitimar um comportamento
violento do Agente em face ao apenado.
Como se não bastasse, uma vez que o sistema atua sob regras e regime próprio,
estabelece com o sujeito transgressor um processo de adaptação, processo este a que os
trabalhadores do sistema também são submetidos, sofrendo desta forma os mesmos efeitos ao
que denomina-se de “processo de prisionalização” (THOMPSON e GOFFMAN, 1998 e 2003).
Muito oportuno o trabalho de Chiarello (2010, p. 6-7):

Este poder que o próprio sistema confere aos trabalhadores, fortalecido na função de
‘regenerar’, historicamente, associa-se ao uso de força física como forma de
imposição de valores ocultos no sujeito transgressor. Este poder desencadeia uma
ampla reflexão e discussão, a cerca destes sujeitos oriundos de meios sociais
diferentes, educados sob perspectivas complexas, carregados de estereótipos
excludentes, que após inserção no sistema, por processo de julgamento, são
submetidos a novos julgamentos e punições. Nesse processo os trabalhadores, em
especial os agentes penitenciários, encontram-se na linha de frente no exercício deste
poder, exercendo o papel de executores e custodiadores com a função de intimidar,
impor as regras, cumprir a lei, deter o poder de punir os transgressores, se julgarem
necessário, e manter a ordem. É nas tensões provocadas no exercício desta função,
destacando as rebeliões, fugas e principalmente morte de colegas, que o desequilíbrio
no sistema de relações de poder vigente no sistema penitenciário mostra-se frágil e
visível, onde o sistema falhou e o poder se transfere aos que até então eram
subordinados a este poder. A intimidação ganha força por efeito e, aqueles que
romperam os limites impostos exerceram o domínio do poder, ainda que por alguns
instantes. Lidar com a perda do poder, com a violência decorrente deste desequilíbrio,
com a carga de tensão implicada nestes conflitos, a preocupação com a segurança da
família, são fatores desencadeantes de mecanismos estressores – cargas psíquicas. O
desgaste a que os trabalhadores são submetidos no sistema penitenciário, às relações
de trabalho estabelecidas, são fatores determinantes de doenças, destacando o
desgaste emocional sofrido e com potencial de desencadear transtornos relacionados
ao estresse, como: depressões, ansiedade, fobias, alcoolismo, dependência química,
entre outras (CHIARELLO, 2010, p. 6-7).

Apropriado foi Thompson (1980, p. 39, apud BERNARDINI, 2003) ao posicionar o


Agente Penitenciário no contexto hierárquico da unidade penal, ao afirmar que:
Na hierarquia penitenciária, a direção está no cume, os internos no ponto mais baixo.
Comprimida entre eles encontram-se a guarda. A ela não socorre, nem formalmente,
poder absoluto, pois que deve obediência ao diretor, nem lhe toca
descompromissamento dos internos, de vez que lhe cabe responsabilidade no
funcionamento da prisão.
Para Thompson, Foucault e Goffman (apud CHIARELLO, 2010), o desinteresse pela
qualidade da saúde mental dos trabalhadores no sistema penitenciário é histórico e é justificado
pelo status de autossuficiência, ou seja, o protetor não necessita de proteção e a inserção em um
sistema de poder absoluto requer a negação e a ocultação de fragilidades.
Segundo os mesmos autores, a negação de valores tensionada no processo de
adaptação, a necessidade de pertencimento a um sistema em que a disputa de poder é que rege
as relações, em que a transparência de fragilidades, seja física ou emocional, remete à perda de
poder, ao banimento do sistema, justifica a resistência dos trabalhadores em reconhecer os
problemas de ordem emocional e a busca de tratamento.
O que nos remete ao estudo de conformidade de Asch (1950) o qual indica o poder de
influência que os grupos exercem sobre os indivíduos. O experimento mostra que o simples
desejo de pertencer a um ambiente homogêneo faz com que as pessoas abram mão de suas
opiniões, convicções e individualidades. Quando o consenso é produto da dominação ou da
conformidade, o processo social é corrompido e os valores individuais são deixados de lado.

5 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO DO AGENTE PENITENCIARIO

No intuito de esclarecer o extenso rol de atribuições do Agente Penitenciário escalado


em galerias ou alojamentos, postos de trabalho que promovem o contato mais intenso com o
preso e, portanto, onde surgem com maior frequência os conflitos, transcrevemos excerto do
Caderno de Segurança do DEPEN:

4.3. Atribuições do agente penitenciário em postos de serviço específicos


4.3.2 Galeria ou alojamento
Local da unidade composto de cubículos ou espaço específico onde se localiza o
alojamento oficial dos presos. Cabem ao Agente Penitenciário as seguintes
atribuições:
a) efetuar a contagem dos presos, na forma determinada, identificando-os em seus
respectivos cubículos ou espaço comum de alojamento, com base nas fichas ou listas
de contagem e comunicar qualquer anormalidade à Inspetoria;
b) proceder à revista pessoal no preso, conforme a necessidade ou suspeição, assim
como nos seus pertences, toda vez que o mesmo sair ou entrar à galeria;
c) observar, no decorrer do plantão e através das portinholas, ou vistoriando o interior
do cubículo, se o mesmo estiver sem presos, e desde que autorizado pelo setor de
Inspetoria, a conservação e higiene dos respectivos cubículos, não permitindo que seja
estendido varal, pano, cortina ou qualquer obstáculo que dificulte a visão de seu
interior;
d) providenciar para que os portões da galeria, assim como todos os cubículos,
permaneçam trancados independente da presença ou não de presos;
e) não permitir que os presos mudem de cubículo sem a devida autorização;
f) fiscalizar a utilização e conservação, pelos presos, de materiais fornecidos pela
unidade/Estado;
g) não permitir a entrada nem a permanência de presos em cubículos e/ou galeria que
não seja a sua;
h) verificar se os presos estão devidamente asseados, barbeados, cabelos cortados etc.;
i) efetuar verificação física nos cubículos e nos pertences dos presos, se determinado,
informando à Inspetoria qualquer alteração;
j) acompanhar e fiscalizar a distribuição das refeições dos presos, servindo-as, se
necessário, e, posteriormente, recolhendo as embalagens;
k) acompanhar e fiscalizar a distribuição de medicamentos e procedimentos pelos
profissionais de saúde, sendo proibido ao Agente Penitenciário a entrega de qualquer
medicamento ou material de saúde ao preso;
l) acompanhar e fiscalizar os trabalhos e/ou visitas de qualquer profissional ou pessoa
no interior da galeria, observando toda movimentação;
m) acompanhar e fiscalizar a entrega de materiais efetuada por servidores no interior
da galeria, observando toda movimentação;
n) receber e atender, diariamente, as solicitações de presos requisitados para audiência
e/ou atendimento dos diversos setores, visitantes etc.;
o) recolher e encaminhar as correspondências dos presos ao setor competente;
p) entregar correspondências aos presos conferindo nome do emitente e destinatário,
e solicitando assinatura do mesmo em recibo próprio;
q) entregar sacolas com pertences aos presos, conferindo nome do emitente,
destinatário e solicitando ao preso que confira os pertences e assine o recibo;
r) efetuar mudanças de presos de seus cubículos para outro destino somente se
devidamente autorizado por escrito pela DISED e direção, retendo autorização para
confirmação posterior;
s) controlar toda a movimentação de presos na galeria, efetuando as anotações escritas
necessárias;
t) não abrir os portões da galeria ou cubículos após horário determinado pela DISED,
exceto em casos de urgência e desde que autorizado pelo setor de Inspetoria ou
DISED;
u) manter-se atento à manutenção da ordem, segurança e disciplina na galeria durante
todo o turno;
v) controlar toda a movimentação dos presos que entram ou saem da galeria ou
cubículos, anotando entradas e saídas definitivas, e as mudanças entre cubículos;
w) registrar no livro de ocorrências, assim como comunicar ao superior imediato, toda
e qualquer anormalidade observada na galeria ou nos cubículos, mesmo que
isoladamente, para que sejam tomadas as devidas providências (DEPEN, 2015).

Como é possível constatar, esta rotina intensa torna-se ainda mais difícil em função da
falta de condições para desenvolver as atividades essenciais com segurança, comprometendo
assim o atendimento aos direitos básicos dos presos, conforme testemunham os representantes
do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná – SINDARSPEN:

Garantias relativas a Direitos Humanos e Dignidade da Pessoa Humana são violadas


constantemente através da precariedade dos serviços prestados pelo Estado, que vai
desde atendimento médico, jurídico, social, direito ao estudo, trabalho, até condições
de higiene e alimentação. O Governo abandonou os presídios e, com isso, a maior
crise do Sistema Penitenciário se instalou nas unidades.
Este abandono da administração gerou muitos problemas no Sistema, como a falta de
efetivo, que é gritante. Faz-se necessária a contratação imediata de mais Agentes
Penitenciários, assim como a ampliação do número de vagas e a agilidade do concurso
em andamento.
A defasagem dos servidores administrativos e técnicos (médicos, enfermeiros,
dentistas, psicólogos, assistentes sociais) também supera o aceitável. A quantidade de
defensores públicos contratados não é capaz de atender a todas as unidades e ainda à
população. Não houve mais manutenção nas penitenciárias, de modo que as estruturas
de todas elas estão deterioradas.
Não houve destinação de verba sequer para a compra de material operacional essencial
aos servidores, como rádios comunicadores e algemas. Além disso, a alimentação não
é fiscalizada corretamente, sendo fornecida em péssimas qualidades.
E a tudo isso, ainda se soma a superlotação. Os números de rebeliões no Estado do
Paraná dispararam. Em apenas nove meses, 17 rebeliões já aconteceram e 26 Agentes
Penitenciários foram feitos reféns. “Esse índice é mais uma comprovação do
abandono do Sistema Penitenciário. Somos os únicos no Brasil e, possivelmente, no
mundo com um número tão alto de rebeliões em tão pouco tempo (JOHNSON, 2015).

As rotinas penitenciárias demandam procedimentos de segurança específicos, os quais


têm por objetivo salvaguardar a ordem e a segurança da unidade penal. Alguns destes
procedimentos têm seu grau de complexidade elevado, em função do alto risco envolvido no
processo.
Quando, por exemplo, o corpo da guarda inicia o procedimento para a liberação dos
presos ao banho de sol, a superioridade numérica esta garantida pelo fato do número de presos
em cada cubículo ser inferior a quantidade de Agentes Penitenciários envolvidos na operação.
Assim, apesar da complexidade abrangida neste processo, ainda existe certo controle das
variáveis que envolvem os riscos à segurança.
Porém existem procedimentos os quais, apesar das rotinas calcadas na preservação da
disciplina, otimizam o risco e a tensão que compreendem estas ações. Extrações de presos
armados de cubículos (em função da falta de equipamento de segurança e armamento não letal),
insubordinações em pátios de sol, alojamentos e outros locais com número amplo de presos
(inferioridade numérica), situações de crise que envolvem socorro médico, incêndio, agressões
ou tentativas de homicídios dentro de celas, alojamentos ou pátios de sol, ou ainda
procedimentos em função de tentativas de fuga, rebeliões e uso de drogas (pelos mesmos
motivos afirmados) são apenas algumas das situações onde o perigo é potencializado e os
conflitos são ainda mais iminentes.
Nestas situações atuam forças as quais prevalecem sobre o próprio bom senso, caráter
e personalidade do Agente Penitenciário, as quais são o núcleo desta pesquisa.

6 ANÁLISE DOS CONFLITOS


Muitas vezes o uso da força em situações de crise (ou mesmo fora delas), ferramenta
legítima para salvaguardar vidas e impedir ilícitos dentro de uma unidade penal, transforma-se
em ferramenta ilegal para infligir tortura aos presos, independente da índole, do caráter ou
mesmo da formação moral do Agente Penitenciário.
Conforme FOUCAULT, 1979 (apud CHIARELLO, 2010), isto pode estar associado
à prisão ser considerada uma instituição em que o exercício de poder opera de forma absoluta.
O poder moral se justifica a partir dos conflitos de valores expressos no ato delinquente
– pode-se punir aquele que não respeitou às leis e regras sociais – pune-se sem dó e nem piedade
– pois o sujeito é consciente de que o exercício do poder moral lhe é aplicado por direito.
Ao analisarmos os casos de agressão ao preso, documentados nesta pesquisa,
constatamos que muitas delas acontecem a partir de situações de insurreição, desobediência ou
tentativa de agressão aos servidores lotados nas unidades penais. Longe de este fato justificar
estas reações, devem servir como ponto de partida para compreensão deste fenômeno.
TABELA 1 – Violações de direitos humanos de presos no Sistema Penitenciário do Paraná
entre 1998 e 2013

Qntde Serv. Serv. Serv. Presos Condições em que


Ano % % Motivo
Processos Envolvidos Abs Cond. Envolvidos ocorreu o fato
ambiente de
Agressão em virtude de potencializado risco e
1998 3 3 0 - 3 100% desobediência 3 tensão
ambiente de
Agressão em virtude de potencializado risco e
1999 1 1 0 - 1 100% desobediência 1 tensão
ambiente de
Omissão em virtude de potencializado risco e
2003 1 2 0 - 2 100% agressão Indeterminado tensão
ambiente de
Agressão em virtude de potencializado risco e
2006 1 9 9 100% 0 - desobediência 4 tensão
ambiente de
Agressão em virtude de potencializado risco e
2008 2 4 2 67% 1 33% desobediência 2 tensão
ambiente de
Agressão em virtude de potencializado risco e
2009 1 4 0 - 4 100% desobediência 2 tensão
ambiente de
Agressão em virtude de potencializado risco e
2012 2 9 1 11% 8 89% desobediência 3 tensão
ambiente de
Tortura e Omissão em potencializado risco e
2013 2 3 1 33% 3 67% virtude de agressão 6 tensão
Total 13 35 13 22 21

Fonte: Corregedoria do DEPEN, 2015.

Ao avaliarmos os dados apresentado na Tabela 1, devemos considerar o fenômeno da


“cifra negra”, o qual se refere às correspondentes infrações penais desconhecidas oficialmente
pelo sistema de justiça criminal e que não são investigadas nem punidas. Segundo Antonio
García-Pablos de Molina (2000, p. 42-43), “a ‘cifra negra’ alude a um quociente (conceito
aritmético) que expressa à relação entre o número de delitos efetivamente cometidos e o de
delitos estatisticamente refletidos”.
Infelizmente, a “cifra negra” é uma das responsáveis pela falta de legitimidade dos
dados quanto a ilícitos no sistema penal vigente no Brasil, pois uma quantidade ínfima de crimes
chega ao conhecimento do Poder Público, e desta, uma grande parte não recebe nenhuma
resposta por parte do Estado.
Essa “cifra negra” acaba gerando um “efeito dominó”: se um grande número de
vítimas não denuncia os fatos puníveis a Polícia, esta também não transmite todos os fatos ao
judiciário, o qual, por sua vez, longe de mover processos em relação a todos os fatos que lhe
são submetidos, arquiva ou sequer toma conhecimento da maior parte.
O que se pode aludir quanto aos dados é que somente treze situações envolvendo
violações de direitos humanos resultaram em processo administrativo no sistema penitenciário
do Paraná, datados de 1998 a 2013, sendo que houve trinta e cinco Agentes Penitenciários
envolvidos e vinte e um presos figuram como vítimas. Assim, restaram vinte e dois Agentes
Penitenciários condenados e treze absolvidos, sendo que em dez situações houve a alegação de
uso da força em função de desobediência e resistência, bem como um processo foi originado
por omissão em virtude de agressão e outro originado por acusação de tortura e omissão em
virtude de agressão. Quanto à concepção acerca das condições em que ocorreram os fatos, será
elucidada adiante.
Como apontado, um grande conjunto de pesquisas atuais e antigas demonstra o caráter
“comum” de violadores de direitos humanos, sujeitos a poderosas forças situacionais que
afrouxam os modos habituais de funcionamento moral, indicando ainda que são levados ou
aliciados a praticar estas crueldades.
Óbvio que dificilmente se pode contar com a colaboração passiva do preso na
obediência as normas do sistema penitenciário, face aos efeitos da própria prisionalização a que
este é submetido, agravado pelo advento do crime organizado.
Neste mesmo viés, encontra-se o Agente Penitenciário, também sujeito aos efeitos
destes nefastos processos.
Novamente recorrendo a Lopes (1998):

É sabido que muitos agentes, ao longo dos anos, passam a apresentar alterações
comportamentais. Tornam-se alcoólatras, dependentes de drogas psicotrópicas -
antidepressivos, ansiolíticos. Outros se envolvem em praticas delinquenciais e
descobrem, tardiamente, como é tênue a linha que separa a conduta criminal da não
criminal (LOPES, 1998, p.).

Ao que pondera Moraes (2005. p.139):

O alto grau de estresse e seus reflexos negativos, físicos e psíquicos também são
constatáveis entre os agentes penitenciários do departamento penitenciário do estado
do Paraná. No entanto, eles não falaram sobre essa questão com facilidade,
principalmente quando instados a falar de si mesmos; falavam com menos dificuldade
dos outros ou do conjunto dos agentes penitenciários, a quem consideravam ‘doentes’
e ‘cheios de problemas’ em função do desgaste no trabalho etc. Os códigos de
virilidade, a necessidade de demonstrar que eram fortes e ‘aguentavam qualquer
parada’ e o medo da estigmatização advinda de sua possível classificação como
‘nervosos’ (cf. Duarte, 1984; Seligmann-Silva, 1994) são aspectos que aparecem em
primeiro lugar. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 25, n. 1, p 139.
Diante da necessidade de compreender como pessoas boas são levadas ou aliciadas a
tomar atitudes violentas, bem como suas justificativas psicológicas, Zimbardo (2007) decidiu
estudar a forma como a persuasão afeta o comportamento das pessoas, ao que iniciou com sua
definição do mal:

O mal consiste em se comportar de maneiras que agridam, abusem, humilhem,


desumanizem ou destruam inocentes – ou em utilizar a própria autoridade e poder
sistêmicos para encorajar ou permitir que outros o façam em seu nome (ZIMBARDO,
2007, p. 24).

Prossegue identificando os sete processos sociais capazes de tornar uma pessoa mais
suscetível a cometer algum tipo de maldade:

1. Dar o primeiro pequeno passo sem pensar;


2. Desumanização do outro;
3. Desumanização própria;
4. Difusão da responsabilidade pessoal;
5. Obediência cega à autoridade;
6. Adesão passiva às normas do grupo e,
7. Tolerância passiva à maldade através da inatividade ou indiferença (ZIMBARDO,
2007, p. 418).

Interpretando este inventário de processos sociais no âmbito do universo carcerário é


possível apreender que este rol de atitudes promove a escalada do mal e estabelece a condição
ideal para que ocorram as violações de direitos humanos.
Deixar de atender um pedido do preso por motivos fúteis, ignorar situações cotidianas
as quais são de sua competência, enfim, ignorar necessidades do preso por frivolidades é o
primeiro passo rumo a situações mais graves.
A respeito da desumanização nos amparamos em Zimbardo (2007, p. 430):

A desumanização é o conceito central em nossa compreensão da ‘desumanidade do


homem com o homem’. A desumanização ocorre sempre que alguns seres humanos
consideram outros seres humanos excluídos da ordem moral de ser uma pessoa
humana. Os objetos desse processo psicológico perdem sua condição humana aos
olhos dos desumanizadores. Ao identificar certos indivíduos ou grupos como estando
fora da esfera humana, os agentes desumanizadores suspendem a moralidade que pode
normalmente governar ações razoáveis para com seus semelhantes (ZIMBARDO,
2007, p. 430).

Ainda sobre desumanização, o preso no cárcere recorrentemente é chamado de


“preso”, “vagabundo”, “apenado”, etc.
Quando se esta em um grupo, a maldade é diluída entre os demais, favorecendo o
anonimato. Fazer parte de uma equipe permite a repartição das culpas com o coletivo, ou
mesmo a imposição destas mesmas culpas a outros. Enquanto guerreiros e soldados antigos
usavam pinturas ou máscaras para manter o anonimato acirrando a barbárie, hoje o instrumento
é o colete ou a farda que promove uma suposta obscuridade.
Quando ocorre agressão ao preso, a culpa é do grupo e não dos socos, pontapés e
golpes de cassetete individuais. Mais do que a covardia do grupo, novamente representa a
diluição da culpa.
Arendt (apud ZIMBARDO, 2007, p. 404) a respeito de Adolf Eichmann, figura nazista
que organizou pessoalmente o assassinato de milhões de judeus em campos de concentração,
sobre a “banalidade do mal” ilustra que:

O problema com Eichmann era exatamente que muitos eram como ele, e muitos não
eram nem pervertidos, nem sádicos, mas eram e ainda são terrível e assustadoramente
normais. Do ponto de vista de nossas instituições e de nossos padrões morais de
julgamento, essa normalidade era muito mais apavorante do que todas as atrocidades
juntas, pois implicava que [...] esse era um tipo novo de criminoso [...] que comete
seus crimes em circunstâncias que tornam praticamente impossível para ele saber ou
sentir que esta agindo de modo errado.

Como demonstrado em experimento onde mensurou a disposição das pessoas em


obedecer a uma figura de autoridade que os instrui a praticar ações que vão contra a sua
consciência, Milgram (1965, p.75) elaborou duas teorias que explicam seus resultados:

A primeira é a Teoria do Conformismo, com base nas experiências de conformidade


de Asch (1950), descrevendo a relação fundamental entre o grupo de referência e a
pessoa individual. Um sujeito que não tem nem capacidade nem conhecimentos para
tomar decisões, especialmente numa crise, vai deixar a tomada de decisão para o
grupo e sua hierarquia. O grupo é modelo de comportamento da pessoa.
A segunda é a Teoria da Obediência, na qual, diz Milgram, a essência de obediência
consiste no fato de que uma pessoa se vê como o instrumento para a realização de
desejos de outra pessoa, e eles, portanto, já não se veem como responsáveis pelas
suas ações. Uma vez que esta mudança de ponto de vista crítico ocorreu na pessoa,
todas as características essenciais da obediência se seguirão (MILGRAM, 1965, p.75).

Pessoas comuns, simplesmente fazendo seu trabalho e sem qualquer hostilidade


particular, podem se tornar agentes de um terrível processo destrutivo.
Mais ainda, mesmo quando os efeitos destrutivos de seu trabalho se tornam patentemente
claros, e lhes é pedido que prossigam agindo contra os padrões fundamentais da moralidade,
relativamente poucas pessoas são capazes de resistir a autoridade.
O experimento de Darley e Latané (1968) questionou quais seriam as condições
necessárias para que pessoas comuns ignorem pedidos de ajuda - explícitos ou implícitos - e
adormeçam sua compaixão, no que se convencionou chamar de Efeito do
Espectador (bystander effect) ou Apatia do Espectador (bystander apathy).
Zimbardo (2007, p. 15) explica que:

A chave para tal comportamento está na situação em que a pessoa se encontra e na


enorme influência que ela tem sobre os indivíduos. O sistema formado pelo conjunto
de bases acadêmica, cultural, social e política do indivíduo cria as situações que
haverão de corrompê-lo (ZIMBARDO, 2007, p. 15).

No Experimento de Stanford, os papéis de guardas e prisioneiros faziam parte do


repertório dos voluntários. Assim que os sorteios foram realizados, cada um encaixou-se ao seu
papel automaticamente, de acordo com os estereótipos pré-concebidos.
Ao que justifica novamente ZIMBARDO:

Boas pessoas podem ser induzidas, seduzidas e instigadas a se comportarem de modos


cruéis. Elas também podem ser levadas a agir de maneiras irracionais, estúpidas,
autodestrutivas, antissociais e automáticas, quando imersas em “situações totais” que
abalam a natureza humana de modos que desafiam nosso sentimento de estabilidade
e consciência de personalidade, caráter e moralidade individuais. (ZIMBARDO,
2007, p.298).
Quando das poucas vezes em que situações de violações de direitos humanos são
apurados ou vêm a público, imediatamente os seus perpetradores sofrem execração pública e/
ou institucional, onde se apresenta uma urgência em rotulá-los como exceções as regras do
Estado o qual, ao agir assim tenta se eximir da culpa, já que não proporcionou o treinamento,
condições de trabalho ou mesmo a supervisão necessária para evitar que as violações venham
a ocorrer. Neste aspecto doutrina Zimbardo (2007):

Os comportamentos aberrantes, ilegais ou imorais de indivíduos no exercício de


profissões tais como policiais, carcereiros e soldados são normalmente rotulados
como os crimes de ‘algumas maçãs podres’. São vistos como rara exceção e precisam
ser postos do outro lado da linha impermeável que separa o mal do bem, com a maioria
das boas maçãs do lado oposto. Mas quem faz essa distinção? Normalmente, são os
guardiões do sistema, desejosos de isolar o problema para redirecionar a atenção e
eximir de culpa os que estão no topo, que podem ser os responsáveis por criar
condições insustentáveis de trabalho, ou responsáveis pela falta de atenção ou
supervisão. Mais uma vez, a ‘visão constitucional – maçã podre’ ignora a caixa onde
as maçãs estão armazenadas e seu impacto situacional potencialmente corruptivo para
aqueles que se encontram em seu interior. Uma análise dos sistemas se concentra nos
criadores das caixas e naqueles com o poder de projetá-las (ZIMBARDO, 2007, p.30).

E avança em sua conceituação:

Pela última vez, conceituemos Pessoa, Situação e Sistema. A Pessoa é um ator no


palco da vida cuja liberdade comportamental é informada por seu conjunto – genético,
biológico, físico e psicológico. A Situação é o contexto comportamental que tem o
poder, por meio de suas funções normativas e retribuidora, de dar sentido a identidade
à condição e aos papéis do ator. O Sistema consiste em agentes e agências cuja
ideologia, valores, e poder criam situações e ditam papéis e expectativas de
comportamento aceitáveis dos atores, dentro de sua esfera de influência
(ZIMBARDO, 2007, p. 617).

Ainda a respeito do universo carcerário, diante dos fatos expostos, surge um


questionamento. Se não existem condições mínimas para a pratica do tratamento penal, seja
pela rebeldia do preso, ou mesmo pela falta de interesse do servidor penitenciário e do Estado,
que caminho seguir?
A Lei 7.210 de 11 de julho de 1984 (LEP) em seu Capítulo l aborda a questão da
avaliação do preso para a consequente individualização da pena, como segue:
CAPÍTULO I
Da Classificação
Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e
personalidade, para orientar a individualização da execução penal.
Art. 6° A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará
o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado
ou preso provisório. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será
presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um)
psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado
à pena privativa de liberdade.
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e
será integrada por fiscais do serviço social. (BRASIL, 2015)

A própria Lei nos fornece um norte a seguir, já que determina a individualização da


pena privativa de liberdade. Para melhor compreensão da necessidade do cumprimento da Lei
de Execução Penal, cabem aqui algumas elucidações.
Ao que consta, ao ingressar no sistema penitenciário, o preso deve ser adequadamente
avaliado, no sentido de se estabelecer, a partir de seus antecedentes e de sua personalidade, sua
classificação. Mas que classificação?
Eficiente seria estabelecer sua classificação de acordo com sua periculosidade, já que
assim seria possível segregar presos de um mesmo grau de periculosidade em unidades penais
correspondentes a este grau de periculosidade, evitando assim que houvesse “contaminação”
de sujeitos com baixo grau de periculosidade, através do convívio com elementos de alto grau
de periculosidade.
Se forem estabelecidos hipotéticos níveis de periculosidade, digamos graus de 1 a 5,
sendo o grau 1 de altíssima periculosidade e grau 5 de baixa periculosidade, graduando-se os
níveis intermediários desta forma, seria possível não apenas evitar a escalada da violência nas
unidades penais, mas, principalmente, destinar recursos e esforços aos presos passíveis de
regeneração, os quais não foram contaminados pelo envolvimento com presos comprometidos
com o crime, organizado ou não.
Deste modo, permitiria aos presos de menor periculosidade um convívio mais humano
e digno, onde haveria a possibilidade de desenvolver projetos visando a educação formal e
profissionalizante, minimizando a possibilidade de conflitos, insubordinações e agressões.
Quanto aos presos de altíssima periculosidade e, portanto, com dificuldades maiores
para assimilar a possibilidade da ressocialização, haveria a possibilidade de adequar as políticas
de acordo com a necessidade deste ambiente, priorizando a segurança, já que os mesmos,
comprometidos com outros objetivos, não priorizam a reeducação e a reinserção social em sua
vida.
Interessante ressaltar que na atual conjuntura da segurança pública, ninguém sabe
precisar em quanto os índices de reincidência criminal alimentam os índices oficiais de
incidência criminal. Se o aspecto desta sugestão parece simples, porque até hoje não encontrou
eco nas administrações penitenciárias? Simplesmente porque, caso se adote esta política com
sucesso, seus resultados demorariam alguns anos para determinar mudanças nos índices de
criminalidade. Bem mais que os oito anos de mandato eleitoral (eleição e reeleição) priorizado
pela política atual. Há que se priorizar políticas de Estado à politicas de governo.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme as considerações, conceitos e compilações juntadas, acerca de violações de


direitos humanos de presos no sistema penitenciário do Paraná, deduz-se que estas são uma
infeliz realidade, ponderada ainda a questão da “cifra negra”.
É possível perceber, através dos dados coletados, que estas situações acontecem em
função de condições específicas, inerentes ao ambiente em que ocorrem, independentemente
da índole, caráter ou personalidade dos atores, facilitadas muitas vezes pela falta de
equipamento adequado, falta de condições de trabalho e, principalmente pela falta de supervisão
e de gestão de administrações que priorizam “políticas de governo” em detrimento a políticas
de estado.
Desta forma se espera que, baseados nesta identificação dos processos que geram as
situações de conflito nas unidades penais, levando a casos de agressão, humilhação, abuso,
enfim, de situações de violação de direitos humanos dos presos, as autoridades possam
debruçar-se sobre esta espinhosa questão e fomentar estudos para instituição de políticas
públicas que identifiquem e previnam estas situações, promovendo assim a dignificação e
humanização do cumprimento de pena, alicerçado no trabalho de Agentes Penitenciários
preparados e supervisionados por uma administração baseada em políticas perenes e amparadas
no respeito aos direitos humanos.
Por fim, extremamente oportuna à observação de Jesus (2014) quando chama atenção
para o fato de que, em não havendo pena de morte nem pena de prisão perpétua em nosso país,
inevitavelmente o preso deverá, ao final de sua pena, voltar ao convívio da sociedade. E a sua
conduta, quando de sua liberdade corresponderá ao tratamento que recebeu enquanto preso, sob
o cuidado do Estado e o descaso da sociedade.
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