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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE TURISMO

Maria da Conceição Martins Coelho

IMPACTOS DA CRISE AÉREA NO TURISMO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro
2007
MARIA DA CONCEIÇÃO MARTINS COELHO

IMPACTOS DA CRISE AÉREA NO TURISMO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Artigo apresentado à Universidade Estácio de Sá como requisito


do Trabalho Final do curso de Turismo.

Orientadora: Profª Ms Magda Anachoreta Alves


Co-orientador: Professor Maurício Afonso Weichert

Rio de Janeiro
2007

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DEDICATÓRIA

Ao Meu Marido e Companheiro Gilvan


Chaves Coelho, por toda a vida, quem trouxe
luz e sentido para minha existência, por todo
amor, ternura, cumplicidade e os momentos de
grande felicidade proporcionados, além da
compreensão e da contribuição para a realização
desse trabalho. Com você, descobri as várias
nuances do verdadeiro amor, entre uma delas a
vontade de ser eterna para vivenciar esse amor
num ciclo infindável de repetições.
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AGRADECIMENTOS

A Deus - Pela dádiva da vida e por, em muitos momentos aflitivos, proporcionar-me a paz e a
serenidade para enfrentar os obstáculos que se atravessa e superar os desafios.

À minha família - Ao meu pai, José Taboza, exemplo de vida, de garra, dedicação. A minha
mãe, Janete, grande mulher de um coração bondoso, na qual me espelho, especialmente pela
capacidade de superar grandes vendavais e permanecer com sua candura e amabilidade. A minha
irmã Rita, que sendo pedagoga, nunca deixou de acreditar no meu potencial. Ao meu irmão
Salvador, pelo amor incondicional.

Aos meus filhos - Henrique e Isabela, por serem muito mais do que eu sempre sonhei e pedi a
Deus.

À minha sogra – Ondina, pelo apoio em todos os momentos, pelo seu entusiasmo manifesto na
forma como encara a vida, para mim, um grande exemplo de mulher.

Aos meus professores – Por estarem me auxiliando na minha formação, além de transmitirem
conhecimentos, despertarem minha sede pelo saber, me abrindo novos horizontes.
Agradecimento especial aos professores: Magda Anachoretta Alves (Orientadora) e Mauricio
Afonso Weichert (Co-orientador), por terem me auxiliado na confecção técnico-formal desse
trabalho, não só pela inteligência e intelectualidade, mas, especialmente, pela paixão e dedicação
à atividade acadêmica.

Às minhas amigas voluntárias: Vilma Seixas, Vilma Coca, Claúdia Freire, Helena Ribeiro e
Iara Borges, pelos 15 anos de muito amor, dedicação e trabalho incansável aos menos
favorecidos.

Aos meus amigos de faculdade – da primeira turma de turismo da Universidade do Norte


(Manaus- Am), da turma da Faculdade do Guarujá e por último, da turma da Universidade
Estácio de Sá (Rio de Janeiro – RJ) pelo companheirismo, respeito, troca de conhecimentos,
meus sinceros agradecimentos.

A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desse trabalho
científico.

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IMPACTOS DA CRISE AÉREA NO TURISMO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Maria da Conceição Martins Coelho
ceicacoelho@hotmail.com

RESUMO
O desenvolvimento do turismo e do transporte estão intimamente ligados. Turismo implica em
deslocamento para fora do lugar de residência habitual e o transporte é necessário para esta ação.
Transportes existem para levar pessoas de uma origem para um destino (ou interligando
destinos), podendo ser: primário ou secundário, ou ainda, fazendo com que os visitantes se
desloquem dentro do próprio destino, como no caso dos city-tours. O turismo pode atrair ou
aumentar a demanda para regiões com baixo interesse comercial. Assim, esse artigo aborda a
influência da crise aérea na cidade do Rio de Janeiro. Discorre sobre a influência que a crise
aérea está causando no turismo. Enfatiza-se o papel que o turismo apresenta para a cidade e
compara-se a relação existente entre a aviação brasileira e o turismo. A análise da influência da
crise aérea sobre o turismo no Rio de Janeiro, indica que as previsões para 2007 estão longe de
atender satisfatoriamente não só o turismo doméstico, como o internacional.

Palavras-Chave: crise aérea; transporte; turismo na Cidade do Rio de Janeiro, previsões


turísticas.

RESUMEN
El desarrolo del turismo y del transporte están intimamente ligado. Turismo implica
desplazamiento hacia fuera del lugar de residência habitual y el transporte es necessário para esta
acción. Transportes existen para llevar personas de una origen a un destino (o uniendo destinos),
podiendo ser: primario o secundário o, todavia, haciendo que los visitantes se desplacen dentro
del próprio destino, como en caso el de los city-tours. El turismo puede atraer o aumentar la
demanda para regiones com bajo atractivo comercial. Así, este artículo aborda la crisis aérea en la
ciudad de Rio de Janeiro y discurre sobre la influencia de la crisis aérea sobre el turismo. Se dará
enfasis al papel que el turismo presenta para la ciudad, comparando la relación existente entre la
aviación brasileña y el turismo. El análisis de la influencia de la crisis aérea sobre el turismo en
Rio de Janeiro indica que las previsones para 2007 están lejos de atender, satisfactoriamente, no
sólo el turismo doméstico, sino también el internacional.

Palabras-clave: crisis aérea; transporte; turismo en la Ciudad do Rio de Janeiro, previsones.


turísticas.

1 INTRODUÇÃO

O turismo está proporcionando, nos últimos tempos, indicadores de crescimento


bem velozes e marcantes nos mais distintos locais do mundo, propiciando crescimento
econômico, expandindo o mercado de trabalho e criando transformações no quadro social
de alguns países. Ele tem um campo de estudo bem amplo e complexo, decorrência da

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união dos aspectos referentes aos atrativos naturais, culturais, sociais e econômicos e
pode-se citar o Brasil, como exemplo, onde a atividade turística está em quinto lugar nas
atividades econômicas, segundo os dados colhidos em Favilla (apud ZIMMERMAN,
2007, p.1) que afirmou:

O setor vem apresentando expansão desde 2004, e se consolidou como o quinto


item da balança comercial brasileira, registrando receitas com estrangeiros no
Brasil (equivalentes às exportações) de U$ 4,314 bilhões, atrás apenas do
minério de ferro, petróleo bruto, soja em grão e automóveis.

Agregue-se, também, que o fenômeno do turismo tem beneficiado e elevado o


crescimento econômico de vários municípios brasileiros, tal como o Rio de Janeiro, que
aufere tal demanda graças aos seus atrativos, sejam eles naturais, culturais, religiosos ou
econômicos.

O tema deste artigo refere-se aos Impactos da Crise Aérea vivida nos anos de 2006
a 2007 e o Turismo na Cidade do Rio de Janeiro. Neste sentido, esse artigo se justifica
pelo interesse em saber como a crise aérea está afetando o turismo, principalmente na
cidade do Rio de Janeiro, que sempre foi referência de turismo no mundo todo. Baseado
na importância do Turismo, a questão que se coloca é: de que maneira a crise aérea do
Brasil poderá afetar o turismo na cidade do Rio de Janeiro?

Para delimitar a investigação, alguns objetivos específicos foram formulados:

• Assinalar o papel do Turismo na cidade do Rio de Janeiro;

• Identificar a utilidade do transporte aéreo como um dos meios de se


promover o turismo;

• Apontar as influências da crise aérea no Turismo da cidade do Rio de


Janeiro.

A fim de sustentar as idéias trazidas acerca do problema formulado, sentiu-se


necessidade de fundamentá-las a partir de um referencial teórico. Foram consultados além
do Boletim de Desempenho Econômico do Turismo (2007), autores como: Cruz (2002)
que trabalha aspectos relacionados à política de turismo. Além dele, cita-se Petrocchi
(2001), que contribuiu com suas idéias acerca de gestão de pólos turísticos. A revista
Turismo (2004) foi consultada para a formulação de conceitos de serviços de transportes

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aéreos quer sejam do tipo: transporte regular e táxi-aéreo. Palhares contribuiu com o
conceito do vôo charter.

Este estudo tem a característica de uma pesquisa bibliográfica, cuja vantagem é “de
cobrir uma ampla gama de fenômenos que o pesquisador não poderia contemplar
diretamente” (ALVES, 2007, p. 55).

2. O PAPEL DO TURISMO PARA A CIDADE DO RIO DE JANEIRO

O turismo vive, especialmente, da exploração dos recursos proporcionado pelo


meio-ambiente, que quando aproveitado, de maneira predatória, transforma-se em uma
atividade virtualmente perigosa a esse ambiente.

O turismo pode ser uma competente forma para proporcionar a comunicação de


informações sobre uma região, acerca da importância de seus bens naturais, sociais e
culturais. Pode-se ainda propiciar novas expectativas sociais como fruto do progresso
econômico e cultural da região, a integração social, a consciência nacional, aprimorar a
criatividade local, incitar a busca por viagens turísticas; proporcionar o aperfeiçoamento
da infra-estrutura local, assim como ser um instrumento direcionador para o progresso da
cidade, no referente à preservação e valorização do patrimônio local e ambiental
(PETROCHI, 2001).

Historicamente, a cidade do Rio de Janeiro é a porta de entrada do Brasil.


Atualmente, ela ainda mantém a função de receptora da maior quantidade de visitantes
estrangeiros. Apesar desse fluxo estar diminuindo, pela própria característica da
transformação do perfil turístico brasileiro, houve mudanças com a abertura de novas
portas de entrada no nordeste e pelo incremento do turismo de negócios em São Paulo,
tipo de turismo que sempre foi maior neste estado do que no Rio de Janeiro.

A cidade, hoje está dividida em três atrativos importantes: um, é o turismo de


negócio, que verdadeiramente tem crescido substancialmente, apesar de ainda se manter
atrás de São Paulo; o outro é o turismo de lazer, incluindo-se aqui, também, o esportivo, e
o terceiro que é o turismo cultural. O Rio de Janeiro, nesse sentido, é auxiliado por dois
fatores que estão bem em evidência: um deles seria a natureza - quer seja vista pelo ar,
quer seja pelo mar – que, de imediato, é percebida pelo turista, cativado pela paisagem.
Além disso, a cidade do Rio de Janeiro tem a felicidade de ter a parte cultural muito bem
7
trabalhada (museus, monumentos históricos, entre ouros). Neste sentido, há algum tempo,
o Rio de Janeiro começa a demonstrar sensibilidade pela importância de aumentar o
investimento nos seus equipamentos culturais como a restauração e manutenção do acervo
histórico, além do incremento de novos investimentos: a Cidade do Samba e os
construídos por ocasião dos Jogos Pan e Parapan-americano.

Tem-se observado várias iniciativas sendo realizadas na Cidade, aspecto que pode
ser ratificado pela dinâmica cultural implantada em regiões como a Lapa, Santa Tereza, o
Corredor Cultural do Centro e os Circuitos das Artes, realizados em diferentes pontos da
cidade.

Embora o turismo traga progresso econômico e geração de trabalho e renda para os


municípios, pode ser igualmente responsável por fortes impactos negativos, que se
distinguem por perdas culturais, ambientais e sociais, tais como: a degradação e
destruição dos recursos naturais; a perda da autenticidade da cultura local; a vinculação
do capital estrangeiro; a falta de perspectivas para os grupos da população local de zonas
de destino turístico; e a deterioração do ambiente construído.

Por outra parte, o transporte está intensamente associado ao turismo, uma vez que
este viabiliza as viagens. Nesse sentido, assinala-se o caos aéreo, que tomou conta do país
a partir do ano de 2006 - ressaltando-se o acidente aéreo ocorrido com o choque entre um jato
executivo Legacy e um Boeing 737-800 da GOL, ocorrido em setembro de 2006, onde teve-se
154 mortos nesta tragédia, quando, anteriormente a isso, verificou-se uma novela quase
interminável quanto à quebra ou ao resgate da VARIG, ainda que em meio a fatos e
circunstâncias bem pitorescos; tudo isso acontecendo precisamente no ano da criação da ANAC –
Agência Nacional de Aviação Civil, que surgiu justamente com a missão de atualizar a gestão do
setor - e o acidente do avião da TAM, no mês de julho de 2007.

3. O TRANSPORTE AÉREO E SUA UTILIDADE COMO MEIO DE TURISMO


O turismo é visto como uma prática social que envolve o deslocamento provisório
de pessoas, cargas, informações e imagens, de um local para outro, por motivações
diversas. Essa prática social repercute de diferentes maneiras em diferentes ambientes,
como os econômicos, sócio-culturais e naturais (CRUZ, 2002).

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Para que haja esse deslocamento de pessoas, o turismo necessita de transporte
adequado, que pode ser aquaviário, ferroviário, rodoviário e aéreo. Os meios de
transportes podem ser vistos até mesmo como atrativo turístico, pois muitos deles se
constituem, por si só, em grande parte do pacote turístico, como é o caso do JeepTur. No
caso do turismo de pessoas, a primeira preocupação, em relação à viagem, é a da
segurança e a qualidade dos serviços prestados. Nesse sentido, o transporte aéreo, a fim
de atender à demanda de seus vários tipos de público, é um meio de transporte que pode
oferecer vôo regular, charter ou táxi aéreo, veja-se:

• Vôo Regular: São as rotas domésticas internacionais feitas com licença concedida
pelos governos dos países que servem ou sobrevoam.Operam de acordo com
horários acordados independentemente do fator de carga de passageiros. Devem
seguir os horários publicados. As companhias de aviação podem ser de
propriedade do estado ou empresas privadas que dependem das políticas dos
respectivos paises a que pertencem:

Geralmente a companhia de avião particular será transportadora nacional.


Outras transportadoras, segundo a sua importância relativa em relação ao
sistema total, são conhecidas companhias de avião de segunda ou terceira força.
Aquelas que fornecem serviços locais ou regionais são designadas companhias
de manutenção (REVISTA TURISMO, 2004, p. 1).

• Vôo Charter (de aluguel): São serviços aéreos não regulares, geralmente organizados por
um grupo particular ou para um nicho de viajantes (por exemplo, por meio de um
operador turístico) que se desloca para destinos turísticos, especialmente durante
períodos de alta temporada (PALHARES, 2001).

• Táxi aéreo: são aviões particulares de aluguel, com capacidade para quatro a
dezoito passageiros, muito utilizados por executivos de empresas (REVISTA
TURISMO, 2004).

Pela praticidade e rapidez, o transporte aéreo é o mais procurado no setor de


turismo, para grandes distâncias, como entre estados ou países. O preço, entretanto, não é
muito acessível, o que já seleciona muito o perfil de passageiro. Por causa dessa seleção
gerada pelos preços, existe uma concorrência muito grande no setor de transporte aéreo.

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Conseqüentemente, há empresas que experimentam crises e muitas delas acabam fechando
ou se unindo a outras, para se fortalecerem. Nesse sentido, as empresas aéreas estão muito
preocupadas em conquistar cada vez mais clientes, o que, por sua vez, vem prejudicando,
em muito, a qualidade dos serviços prestados, como também a qualidade do meio de
transporte oferecido.

A qualidade nos serviços pode acontecer se forem oferecidos não apenas por
uma pessoa para atender o turista na sua necessidade, mas por alguém
preocupado com o bem estar do turista. Devendo ser sempre sorridente,
atencioso e calmo, não deve estar escondido por traz de seus uniformes como
um robô programado para trabalhar no horário pré-determinado (REVISTA
TURISMO, 2004, p. 1).

Segundo dados do Banco Central (EMBRATUR, 2007, p. 3), o turista estrangeiro


gastou US$ 1,332 bilhão no primeiro trimestre de 2007 no Brasil, o que significa um
aumento de 9,66% em relação ao igual período de 2006. Esse aumento também ocorreu no
número de brasileiros que viajaram ao exterior no mesmo período, de 1.246 de janeiro a
março de 2006, para 1.594 no mesmo período de 2007:

O ritmo ditado pelo desempenho nos três primeiros meses do corrente aponta
para uma receita anual em torno de US$ 4,8 bilhões, montante este que, se vier
a se confirmar, poderá assumir o posto de melhor ano da história do turismo em
relação à entrada de divisas (recorde detido por 2006, com US$ 4,316 bilhões)
(EMBRATUR, 2007, p. 3).

O Instituto Brasileiro do Turismo (EMBRATUR, 2007, p. 4.), explica que as


operadoras turísticas e os segmentos de transporte aéreo previam um aumento nos seis
primeiros meses de 2007, mostrando que existia uma aura de otimismo imperando no
segmento de turismo. Em janeiro de 2007, a posição do turismo era a seguinte:

Quadro 1 – Situação dos Negócios em Janeiro/2007

Fonte: EMBRATUR, 2007, p. 7

10
Percebe-se que o setor estava em franca expansão, principalmente o setor aéreo. No
quadro abaixo, a Embratur (2007) mostra a perspectiva que existia no setor para o
segundo semestre de 2007:

Quadro 2 – Perspectiva para o segundo semestre/2007

Fonte: EMBRATUR, 2007, p. 7

As perspectivas são altas. Entretanto, frente às crises no transporte aéreo, pode


ocorrer redução do crescimento econômico, acontecendo quedas na demanda turística e
conseqüente redução nas viagens aéreas.

Nesse sentido, pode-se fazer uma análise do market share 1 do setor. Em fevereiro
de 2007, a Empresa Aérea GOL obtinha o equivalente a 18,94% dos vôos internacionais e
a Empresa TAM, 61,01%. No mercado doméstico, TAM e GOL tinham juntas 87,59% do
segmento. A TAM com 47,33% e a Gol, 40,26% (FOLHA ON LINE, 2007). Esses
números podem ter mudado, em virtude da crise aérea em que o país se encontra e que
será estudado no próximo tópico.

No gráfico a seguir, pode-se perceber um aumento gradativo da corrente cambial


turística nos últimos anos:

1
Market Share (termo mais comum no Brasil) – significa a participação no mercado e designa a fatia de mercado
detida por uma organização. Sua medida quantifica em porcentagem a quantidade de mercado dominado por uma
empresa.

11
Gráfico 1 – Corrente Cambial Turística – 2003/2007

Fonte – EMBRATUR, 2007, p. 3

4. AS INFLUÊNCIAS DA CRISE AÉREA NO TURISMO DA CIDADE DO RIO DE


JANEIRO

A crise aérea vem ocorrendo de uma maneira geral, e não somente na cidade do
Rio de Janeiro. Antes de focá-la na Cidade, é importante fazer uma abordagem geral sobre
a crise aérea brasileira.

O século se iniciou com uma nova filosofia para o setor, que era fomentar o
transporte aéreo no Brasil. Era o momento de abrir um novo período, com um maior
número de empresas, com aumento dos destinos e tarifas reduzidas (beneficiando o
cliente).

Hoje, existem dois mundos na aviação brasileira: um que gera lucros devido a
estruturas enxutas, simplicidade e custos mais baixos; o outro carrega prejuízos e dívidas,
que precisam ser renegociadas, além de excessivos gastos corporativos.

Muitos passageiros têm dado preferência a transportes rodoviários, por causa do


caos nos aeroportos e também, por causa da diferença dos preços das passagens. Com a
chegada da Gol Transportes Aéreos, começou uma acirrada competição na
comercialização de passagens aéreas, já que os preços oferecidos pela empresa são muito
competitivos.

A empresa aérea Gol comercializa tíquetes, em média, de R$ 199,00 na conexão


Rio - São Paulo, com partida em Congonhas e chegada no Santos Dumont. A

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TAM, por sua vez, oferece passagens que variam de R$ 239,50 a R$ 589,50.
Numa comparação com a passagem de R$ 75,00, da Viação rodoviária 1001, e
da mais em conta na Tam, de R$ 239,50, a diferença é superior a 200% ou três
vezes maior (FRANÇA, 2007, p.1-2).

Isso demonstra um dos motivos do grande sucesso da Gol. Num país de dimensões
continentais como o Brasil, o transporte aéreo é de inegável importância para o
desenvolvimento das atividades econômicas, no deslocamento de pessoas, de cargas,
inclusive por seu papel social, ao conectar localidades tão remotas aos grandes
centros.Um exemplo deste fato - veja-se o que a aviação comercial representa para a
região Amazônica, em contraponto com o transporte fluvial, contribuindo sobremaneira
para a integração regional.

O aeroporto, com as facilidades oferecidas pelas instalações aeroportuárias é o


equipamento essencial para oferecer o atendimento do transporte aéreo. Suas instalações
não se limitam apenas ao terminal de passageiros, mas a um conjunto de componentes
necessários a perfeita e segura realização da atividade aeronáutica.

A moderna economia trouxe novos padrões de competitividade entre as empresas de


transporte aéreo e de turismo e também possibilidades inovadoras para as pessoas
experimentarem uma gama de serviços e produtos nunca antes imaginada. Os canais de
comunicação produziram a diluição das distâncias e barreiras, propiciando meios de as
pessoas, empresas e governos poderem estar cada vez mais conectados, conhecendo,
comparando e compartilhando estilos de vida. A diminuição das barreiras comerciais facilitou
a circulação dos produtos e das informações, mesclando hábitos e costumes de culturas
diversas. Mas as transformações não propiciaram apenas o aumento das oportunidades, pois,
junto com estas, surgiram também novos problemas e dificuldades. As possibilidades de
negócios expandem-se e, nesse cenário, acirra-se a competição entre as empresas, que
enfrentam desafios cada vez mais intensos e com maior freqüência.

4.1 O Rio de Janeiro como Pólo Turístico

A Cidade do Rio de Janeiro se localiza na Região Sudeste do Brasil. A cidade é


uma metrópole cosmopolita, conhecida no mundo todo pela beleza de seus recursos
naturais e pela beleza das mulheres.

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Os turistas que vêm ao Rio de Janeiro encontram uma harmoniosa e agradável
ambiência para o lazer e o trabalho, aliadas à infra-estrutura da cidade, faz do Rio de
Janeiro um importante centro de comércio e serviços. A cidade é conhecida também pelo
carinho e hospitalidade com que os moradores acolhem seus visitantes.

A Cidade do Rio de Janeiro recebe anualmente inúmeros turistas, sendo que a


Riotur (2007) dá os seguintes números para o turismo no carnaval e verão de 2007
(Tabela 1):

Tabela 1 – Número de turistas e rendas gerados no Rio de Janeiro, segundo período - 2007

Fonte: RIOTUR (2007)

Percebe-se que a média de renda gerada por turista é alta. O número de turistas que
vêm para a cidade é expressivo, principalmente no carnaval, que a data que mais atrai o
turista para o Rio. Na Tabela 2, abaixo, é mostrada a taxa de ocupação de hotéis no Rio,
de 2001 a 2007, em diversos bairros:

Tabela 2 – Taxa de ocupação hoteleira para o período de carnaval – 2001/2007

Fonte: RIOTUR (2007)

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Observa-se que em virtude da crise aérea no ano de 2007, as taxas de ocupação nos
bairros de Ipanema/Leblon e Leme/Copacabana caíram gradativamente, sendo que nos
hotéis da Barra da Tijuca / São Conrado a queda foi acentuada.

Na Tabela 3, a seguir, evidencia-se o ranking dos turistas estrangeiros no Rio de


Janeiro em 2005:

Tabela 3 – Ranking dos turistas estrangeiros no Rio de Janeiro - 2005

Fonte: EMBRATUR (via RIOTUR – 2007)

Vale ressaltar que apenas os argentinos conseguem acessar o Brasil (RJ) via
rodovia, enquanto EUA, Portugal e Alemanha e os demais países somente por via aérea e
isso pode ser a causa ou um dos motivos da redução da ocupação hoteleira (Tabela 2),
além do quase fim da empresa Varig que resultou em grande redução da oferta.

4.2 A Crise Aérea afetando o Turismo na Cidade do Rio de Janeiro

A VARIG é uma empresa de transporte aéreo brasileiro, que foi fundada em 1927,
sendo a primeira companhia aérea do Brasil. Há cerca de quinze anos a empresa apresenta
balanços financeiros negativos, mostrando uma crise grave, que chegou à venda da
companhia. A GOL Transportes Aéreos adquiriu a empresa VARIG em março de 2007.
Com dívidas estimadas em R$ 7,9 bilhões, a VARIG enfrenta há anos
dificuldades que, segundo especialistas, são reflexos das perdas geradas pelo
congelamento das tarifas aéreas nas décadas de 80 e 90 combinadas com a má

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administração da companhia. No começo do governo Lula, o Planalto tentou
promover uma fusão entre a VARIG e a TAM numa tentativa de reduzir os
custos operacionais do setor, que ainda sofria os reflexos da crise deflagrada
pelos ataques terroristas de 2001. O projeto não deu certo e as empresas
desfizeram a união. O prejuízo maior ficou com a Varig, que continuou a perder
mercado para a TAM. A entrada em operação da GOL, em 2001, também
contribuiu para o encolhimento da VARIG. Com tarifas mais competitivas, a
GOL conseguiu rapidamente tirar da Varig o posto de segunda maior empresa
em tráfego nacional (ENTENDA A CRISE, 2007, p. 1).

As rotas que eram cobertas pela VARIG não foram preenchidas pelas duas maiores
empresas (TAM e GOL), devido à falta de aeronaves e o crescimento da demanda, bem
como à saturação do aeroporto de Congonhas em ser ponto de partida, ou conexão para as
rotas dentro do país e inclusive no exterior.
Após o desastre do avião da GOL, que ocorreu no dia 30 de setembro de 2006,
quando morreram 154 pessoas, surgiu no Brasil a imagem de um país à beira do colapso
aéreo. Ficaram nítidos problemas que até então estavam camuflados, como aeroportos mal
planejados, como o aeroporto de Congonhas, sendo principal hub 2 dos vôos domésticos, e
Tom Jobim/Galeão sem aproveitamento, um verdadeiro “elefante branco”, além de
atendimento deficiente, equipamentos de segurança obsoletos e controladores de vôo em
condições de trabalho precário.
Depois desse acidente, os passageiros que precisavam utilizar-se do transporte
aéreo, seja por motivos de turismo ou negócios, passaram a enfrentar dificuldades
extremas de atrasos, longas filas e cancelamento de vôos , além dos motins de controladores
aéreos.
A situação se agravou em virtude de outro acidente de grandes proporções, que foi
o acidente da TAM, em São Paulo, causando a morte de aproximadamente 200 pessoas:
O Airbus com 187 pessoas bateu num prédio da TAM Express após pousar na
pista principal do aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo) no dia 17.
Outras 12 pessoas, que estavam no prédio, também morreram. Até o momento,
o IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo identificou 125 vítimas. O
acidente agravou ainda mais a crise dos aeroportos e provocou a queda do
ministro da Defesa, Waldir Pires, que foi substituído por Nelson Jobim. O
governo também confirmou a saída do presidente da Infraero, brigadeiro José
Carlos Pereira (CAIXA PRETA, 2007, p.1).

Desde então, o caos nos aeroportos brasileiros se tornou uma turbulência sem fim.
Em julho de 2007, período de alta temporada, o que se viu foram vôos atrasados com mais

2
hub – significa terminal de distribuição de vôos

16
de doze horas, pessoas dormindo nos saguões dos aeroportos enquanto esperavam para
embarcar. Enquanto isso, O Ministério da Defesa, a Agência Nacional de Aviação Civil
(ANAC) e a Infraero - Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária, iniciaram uma
troca de acusações. Transferiram o problema para os controladores de vôo, depois, nas
companhias aéreas, que, de fato, vendem passagens além da capacidade de seus aviões.
Vale ressaltar que a Infraero preteriu obras importantes, como a reforma da pista de
Congonhas, em favor de obras para o conforto dos passageiros, transformando aeroporto
em shopping. A Anac, por sua vez, não regulou o mercado adequadamente e deixou as
companhias operarem de forma que lhes era mais lucrativa, sem levar em conta os limites
de infra-estrutura.
Com o caos instalado nos aeroportos, a solução para o passageiro foi trocar o
transporte aéreo, pelo rodoviário, optando pela procura de viagens de curta e média
duração com a utilização de ônibus:
A empresa Itapemirim registrou desde o acidente com a TAM, na terça-feira,
em São Paulo, um incremento de 10% a 15% nas viagens de curta e média
duração, como Rio de Janeiro, Curitiba e cidades do Espírito Santo e Minas
Gerais - todas com origem em São Paulo. O superintendente da Viação
Itapemirim, Ronaldo Fassarella, é incisivo: o usuário do transporte aéreo, que
tem esses locais como destino, teve reação praticamente imediata após a maior
tragédia aérea do País, que deixou 199 mortos (FRANÇA, 2007, p.1).

Sobre o turismo no Rio de Janeiro, a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira


(ABIH), diz que “nada pode ser tão devastador para o turismo como esta crise da aviação
civil”. Sobre a ocupação dos hotéis, explica que:
No mês de julho, que foi de alta temporada, chegamos a 85%. Mas o Rio deve
fechar o ano com uma média de 60% a 65% de ocupação, o que não é bom, em
função da crise do sistema aéreo. Até agora, o crescimento da oferta
acompanhava o crescimento normal do mercado. Mas com a crise aérea,
estimamos uma redução de 15% nas taxas de ocupação. A clientela está saindo
fora. Em São Paulo este impacto foi instantâneo e o Rio está sofrendo pela
dificuldade que as pessoas estão enfrentando em chegar até aqui (MASSARI,
2007, p.1).

As agências de viagens, desde o acidente com o Airbus A-320 da TAM,


registraram queda de 50% nas vendas de pacotes turísticos, segundo Strauss (2007, p. 1):
O dirigente entende que “este é um movimento normal” – conseqüência da
insegurança dos clientes em adquirirem produtos com aéreo – “mas que deve se
normalizar em algum tempo, já que o transporte aéreo é essencial”. Também se
estima uma queda de 30% a 40% no movimento de turistas estrangeiros para os
próximos meses.

17
Com isso, fica nítido que a crise aérea em que o Brasil passa, está afetando
diretamente o turismo no país, e também no Rio de Janeiro, que é considerado o pólo
turístico do Brasil.
No entanto, novos ares estão apontando para uma perspectiva da volta das rotas
internacionais e nacionais para revitalizar o Aeroporto Tom Jobim/Galeão.
A idéia é fixar metas para atrair passageiros para o aeroporto até dezembro de
2008. Para isso, o governo pretende reduzir o preço das tarifas aeroportuárias, cobradas
das empresas, e as de embarque, pagas pelos passageiros. Vale destacar que a ANAC se
posicionou punindo severamente as companhias aéreas na prática do overbooking 3. Um
outro fator positivo é a inauguração do Aeroporto Internacional de Cabo Frio, que vai se
constituir numa nova integração entre estado e município.

5. CONCLUSÃO

A atividade turística pode ser considerada uma grande fomentadora do sistema de


transportes, assim como o sistema de transportes torna-se um grande influenciador na
determinação dos fluxos turísticos, pois, para a demanda, o transporte apresenta-se como
variável relevante na escolha do destino turístico. O transporte influencia no tempo e no
custo de viagem, aspectos relevantes para o turista.

O cenário atual da aviação civil no País, em função dos dados apresentados é


bastante duvidoso. Está-se passando por um período de mudanças, em conseqüência de
ações pouco efetivas. Apesar da intensa relação existente entre Turismo e Transporte
Aéreo e da extrema necessidade de o País em utilizar o modal, não se pode operá-lo e nem
planejá-lo, eficazmente, em função da inexistência de dados do setor turístico, até que se
normalize esta crise.

A problemática na aviação, cabe ressaltar, teve origem na falência da VARIG e no


conseqüente desmantelamento da maior e melhor companhia aérea brasileira. Com a saída
de circulação das aeronaves da VARIG, criou-se um vácuo que ainda não foi corretamente
assimilado pelo mercado. As outras companhias brasileiras ainda não conseguiram

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overbooking – significa a venda de bilhetes além da capacidade dos aviões.

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adaptar-se e/ou adequar-se à nova realidade, impulsionadas pelo aumento da procura pelo
transporte aéreo, ocasionando um estresse de efeito dominó em toda malha aérea.

Os efeitos decorrentes ocasionaram, em um curto período de tempo: pior


atendimento, novas companhias despreparadas, investimentos insuficientes na estrutura de
pessoal e manutenção além, é claro, da instituição do overbooking na venda de passagens.
Como se não bastasse, ocorreram, em seqüência, os dois piores desastres aéreos da
aviação brasileira, tudo isso em meio a uma turbulenta reivindicação salarial, envolvendo
governo e controladores de vôo. Percebe-se que as previsões para o turismo 2007 não se
concretizaram e têm a perspectiva de piorarem ainda mais, principalmente, no turismo
doméstico, pois os brasileiros estão receosos, dando preferência para outros tipos de
transporte, como o rodoviário e o marítimo.

Espera-se que, com a volta das rotas para o Aeroporto Tom Jobim/Galeão e a
inauguração do Aeroporto Internacional de Cabo Frio, a cidade do Rio de Janeiro possa
mudar o quadro atual da aviação comercial brasileira e ampliar seu potencial de demanda
turística não somente em relação à nacional, como também, à estrangeira.

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Janeiro: Ed. Elsevier, 2007.

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