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RESUMO: Na Baixada Cuiabana os problemas mais comuns são de expansão, causadas pela
instabilidade química e física do solo. Outro problema verificado por Ribeiro Junior (2005, 2006) é
a dificuldade de compactação dos solos residuais, pois, estes apresentam uma instabilidade na curva
de compactação não apresentando um pico, mas uma banda de pontos máximos. Visto isto, decidiu
unir-se ao solo saprolítico da região de Cuiabá – MT, que é um solo “pobre” quimicamente, um
agente químico para corrigir e adicionar elementos para assim alcançar as características
geotécnicas exigidas. A adição de cal é uma das mais antigas técnicas utilizadas pelo homem, sendo
usada para obter a estabilização ou melhoria de solos instáveis, como os saprolíticos. A cal quando
adicionada aos solos, promove reações que se traduzem em modificações em algumas propriedades
mecânicas, como: plasticidade, diminuição da expansão e retração e, um aumento da resistência à
compressão simples. Na sistemática tradicional, a reatividade do sistema solo-cal é lenta, com cura
de ± 180 dias. Isto inviabiliza a utilização desta técnica, pois se precisa determinar rapidamente o
ganho de resistência do sistema solo-cal, para assim projetar corretamente as obras tecnicamente
aplicáveis. Decidiu-se então, tratar termicamente, em laboratório, o sistema solo-cal. Para isto,
foram moldados corpos de prova (cp’s) com traço de1% de cal sobre a massa seca do solo. Este
traço foi definido em pesquisa anterior, cujo teor estabilizou a curva de compactação, que era
instável, definindo adequandamente os seus parâmetros. Depois de moldados, os cp’s foram pré-
curados em câmara úmida por 24 horas. Após o período de pré-cura, os cp’s foram embalados em
sacos plásticos de polietileno de alta densidade e colocados em estufa com temperatura controlada
de 60oC, 80 oC e 100oC. Os períodos de cura acelerada foram 0h,1h, 2h, 4h, 6h e 8h. Após cada
período de cura acelerada foi analisado o comportamento de cada cp, através do ensaio de
compressão simples. Os resultados de resistência obtidos foram positivos, uma vez que o solo com
cura acelerada obteve um acréscimo de duas vezes da capacidade de suporte do solo natural.
400
Cura 80º - 06 hs
apresentadas na Figura 5 indicam que para a
temperatura de 60ºC, não há ganho de 300
2,5% e 3%, sendo considerado baixas. Figura 6. Curva tensão vs deformação do solo
estabilizado com cal submetido ao processo de cura
CP não curado
acelerada em estufa a 80ºC.
500 Cura 60º - 01 h
Cura 60º - 02 hs
Cura 60º - 04 hs Por último, apresenta-se na Figura 7, os
Tensao Normal (KPa)
400
Cura 60º - 06 hs resultados da resistência a compressão simples
obtidos com os corpos de prova levados ao
300
tratamento térmico a uma temperatura de
200
100ºC. Neste experimento, faz-se variar
novamente o tempo em que cada CP é exposto à
100
temperatura controlada. O tempo foi
respectivamente, 1h, 2h, 4h, 6h e 8h.
0 As curvas tensão vs deformação
0 50 100 150 200 250 300 350
Deformação (1/100 mm)
apresentadas indicam que para a temperatura de
Figura 5. Curva tensão vs deformação do solo
100ºC, há ganho de resistência significativa
estabilizado com cal submetido ao processo de cura para todos os tempos (2h, 4h, 6h e 8h). O maior
acelerada em estufa a 60ºC. ganho de resistência foram para as amostras que
ficaram 8h, que chegaram a obter um ganho
Os resultados da resistência a compressão cerca de 110% sobre a resistência obtida com o
simples obtidos com os corpos de prova levados CP sem cura.
As deformações axiais novamente ficaram
entre 2,5% e 3,2%, o que é considerado como
ganho de rigidez.
CP não curado
500 Cura 100º - 01 h
Cura 100º - 02 hs
Cura 100º - 04 hs
Cura 100º - 06 hs
400 Cura 100º - 08 hs
Tensão Normal (kPa)
300
200
100
Figura 8. Relação da tensão da compressão simples vs
tempo para as temperaturas de 60ºC, 80ºC e 100ºC.
0
0 50 100 150 200 250 300 350
Deformação (1/100 mm)
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Figura 7. Curva tensão vs deformação do solo
estabilizado com cal submetido ao processo de cura
acelerada em estufa a 100ºC. A resistência do solo sem o processo de cura foi
de 235,6 kPa e a máxima resistência para os
Outra análise que pode ser feita, com relação solos tratados termicamente a 60º, 80º e 100º
ao ganho de resitência a compressão simples é a respectivamente foram: 341,05 kPa, 368,85 kPa
relação da tensão obtida com a variação do e 477,7 kPa, mostrando que a técnica de
tempo e da temperatura que os CP’s ficaram tratamento térmico da mistura solo-cal pode
submetidos ao tratamento térmico, como pode chegar a um acréscimo de duas vezes da
ser visto na Figura 8. capacidade de suporte do solo natural.
Para o tempo de 1h de tratamento térmico, A técnica do tratamento térmico usando
observa-se que a maior resistência foi obtida amostras lacradas em sacos plásticos de
para a temperatura de 60º, mas quando esta é polietileno de alta densidade é totalmente
comparada aos CP’s não curados, este ganho de aplicável, e se pode conhecer a resistência final
torna muito pequeno. Os Cp’s curados a 80ºC e do solo-cal antes dos 180 dias, onde a cura
100ºC obtiveram resistencias menores que os normal se completa.
CP’s não curados, podendo ser problemas de O objetivo deste estudo é promover a
amostragem. fabricação de tijolos de solo-cal, para tanto, os
Para os CP’s curados com 2h de tratamento tijolos fabricados não alcançaram a resistência
térmico, observa-se que o CP que foi levado a mínima de 2MPa. Para isso, a mistura solo-cal
60ºC obteve resistência cerca de 25% menor deverá conter um teor maior que 1% de cal,
que os CP’s não tratados. Os CP’s tratados a assim espera-se alcançar resultados compatíveis
80ºC e 100ºC obtiveram resistência a aos materiais de construção civil.
compressão relativamente maiores, podendo a Mesmo assim, o estudo foi viável, e de suma
última chegar a um acréscimo cerca de 67%. importância, pois mostrou que podemos dobrar
Para os CP’s curados com 4h, 6h e 8h de a capacidade de resistência de um solo com
tratamento térmico, observa-se que para todos características saprolíticas e expansivas,
os CP’s obtiveram resistência maior que os acrescentando cal com traço de 1% em massa.
CP’s não tratados. Os CP’s tratados a 100ºC
durante 8 horas obteve um acréscimo de 110%
na sua resistência a compressão axial, e, AGRADECIMENTOS
portanto, na sua rigidez.
Agradecemos ao PROIC-IFMT pelo apoio
finaceiro aos alunos de Iniciação Científica.
REFERÊNCIAS