Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
RELATÓRIO DE APRENDIZAGENS
2017/18 – 2º Semestre
Num ciclo de estudos que teve a duração de doze anos e que teve como objetivo a formação do
indivíduo em diferentes campos do desenvolvimento como a formação cívica, a aquisição de
habilidades, conhecimento, entre outros, testámos as nossas emoções e sentimentos. Á parte das
aprendizagens institucionais também crescemos com as conversas de amigos, quando
realizamos outros projetos, quando ligamos a televisão, a internet. Não podemos alterar um
facto: que os contextos não-institucionais também nos formam, também nos fazem crescer, nos
motivam e nos dão ferramentas para uma utilização, em princípio inteligente, pessoal ou
coletiva que nos permite uma empregabilidade, um lugar na sociedade e a nossa adaptação à
mesma e ao mercado de trabalho.
Foi com a perspetiva de entrada no mercado de trabalho que, à semelhança de muitos outros
jovens, optei pela via profissionalizante como uma alternativa à formação académica e de forte
componente teórica em oposição à forte componente técnica e profissional que optei por esta
via, procurando deste modo, obter uma entrada qualificada no mercado de trabalho. Esta minha
escolha foi também relevante para conseguir ultrapassar efetivas dificuldades de aprendizagem.
Doze anos se passaram, doze anos de escolhas (algumas difíceis) que me conduziram onde
estou hoje, ao que sou hoje, com olhos postos no futuro. Num futuro que tomou um rumo
diferente quando me propus pela via profissionalizante, mas que me fez tomar consciência da
importância de ingressar no ensino superior de modo a ir mais além. Uma janela de
oportunidades que antes se encontrava fechada e se tornou redutora para mim mas, que hoje se
encontra aberta e me permite alcançar outros voos.
Um foco de ambição, um desejo de continuar a trabalhar numa área onde o ser diferente não é
uma escolha, uma opção, mas um dado adquirido. Onde posso marcar a minha diferença da
mesma maneira que o fiz durante o meu estágio com o trabalho desenvolvido junto da terceira
idade e todos os outros projetos realizados ao longo do curso profissionalizante junto de faixas
etárias mais jovens. Toda esta experiência fez-me acreditar que apesar de todas as dificuldades
que possa encontrar ao longo do meu percurso enquanto pessoa, estudante, profissional, eu serei
vencedora.
Encontrei o meu papel na sociedade que nos rodeia. Um papel que não passa por ser o principal
ou o secundário, mas que passa sim, por fazer a diferença e trabalhar e desenvolver projetos,
colaborações junto da comunidade surda. Para abrir esta janela de oportunidade concorri ao
ensino superior. Entrei.
Procurei e procuro a inclusão como palavra-chave no ensino superior como sempre o fiz ao
longo do meu percurso estudantil e pessoal, mas apercebo-me que ao meu redor a palavra-chave
é integração, apesar de hoje em dia o ensino superior ser mais acessível e cada vez mais
essencial para o desenvolvimento profissional. Mas, a partir do meu caso questiono o carácter
inclusivo da instituição, na medida em que noto a ausência de mecanismos que possibilitem a
permanência das pessoas com necessidades educativas.
2
Foi então que - ao longo do primeiro semestre e através das diferentes disciplinas como as
teóricas História e Cultura da Comunidade Surda; Iniciação à Tradução e Interpretação;
Linguística Portuguesa I; e as práticas Língua Gestual; Produção de Conteúdos para a Web e
Oficina Audiovisual - comecei uma nova construção do meu conhecimento e a adquirir
competências comunicativas em ambos os mundos da Língua Gestual Portuguesa (LGP) e da
Língua Portuguesa (LP).
Nas disciplinas de caráter prático começo por destacar a de Língua Gestual (LP), que me fez por
de parte a voz e tirar as mãos dos bolsos e deixar que as mãos “falassem” assim como me
possibilitou perceber que à semelhança de outras línguas, LGP tem uma gramática e um
dicionário próprio. O que desconhecia. Também de caráter prático, frequentei as disciplinas de
Produção de Conteúdos para a Web e Oficina Audiovisual. A primeira permitiu-me reforçar a
certeza do poder da tecnologia enquanto ferramenta de aprendizagem, a partir da exploração de
instrumentos informáticos adequados à construção de conteúdos para publicação on line e da
planificação e construção de protótipos para a web. Por fim, em Oficina Audiovisual, foi-nos
dado a conhecer a utilização de diferentes meios de comunicação o que fez com que ganhasse
uma maior autonomia na comunicação e interação com os outros. Mas acima de tudo forneceu-
me as ferramentas necessárias para desenvolver no futuro projetos audiovisuais no campo da
tradução e interpretação da língua gestual portuguesa.
Por vezes, ao longo deste semestre que passou, senti um confronto interno causado pela
necessidade de exposição pessoal a que não estava habituada e, acima de tudo, fez-me perceber
que pouco sabia sobre LGP. Ao mesmo tempo, nas avaliações e aulas práticas não existe por
vezes o “reconfortante” ruído dos colegas ou um olhar condescendente. Ficamos vulneráveis e é
então que tomo consciência da necessidade do gesto e ganho uma maior sensibilidade em
relação aos pequenos, aos grandes gestos que constroem o nosso dia-a-dia.