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UNEB – UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DCH – Departamento de Ciência Humanas campus IV Jacobina – BA


Colegiado do Curso de Direito – 5º semestre
Hermenêutica Jurídica

Filemon Lopes e Queiliane Santos Lopes Cardoso


Professor Amin Seba

MÉTODOS UTILIZADOS NO JULGAMENTO DA ADPF 132

Os métodos de interpretação constituem regras técnicas que visam à obtenção de um


resultado. Com elas procuram-se orientações para os problemas de decidibilidade dos
conflitos. Estes problemas são de ordem sintática, semântica e pragmática.

Nesse sentido, sinteticamente são esses os métodos de interpretação:

 Método gramatical, em que se busca conhecer a origem etimológica dos


vocábulos e aplicar os preceitos estruturais de regência e concordância;
 Método lógico consiste em um instrumento técnico, busca a identificação de
inconsistências, parte do pressuposto de que a expressão normativa com as demais do
contexto é importante para a obtenção de um significado mais correto;
 Método sistemático se observa a unidade do sistema jurídico do ordenamento,
guardando correspondência à organização hierárquica das fontes, princípio isolado
deve ser interpretado à luz dos princípios gerais, pois, deve-se preservar a coerência do todo.
 Método histórico, em que o interprete investiga as normas pretéritas que
antecederam as atuais para, assim, por comparação compreender as atuais;
 Método sociológico, em que busca conferir aplicabilidade da norma jurídica às
relações sociais que lhe originaram e as que surgiram após sua criação, bem como
atender às necessidades atuais da comunidade;
 Método teleológico em que o ato de interpretar é orientado pelos fins sociais que
a norma busca, atribuindo ao intérprete a função de adequar a norma ao presente.

Em razão de um vazio legislativo somado à ausência de uma decisão judicial da Corte


máxima, com eficácia vinculante e conformadora, decisões de primeiro grau e de
tribunais superiores, sobre direitos de companheiros homoafetivos, como o de partilha
de bens, pensão por morte, condição de dependente em planos de saúde, direito real de
habitação, direito à declaração conjunta de Imposto de Renda e a alimentos provocavam
decisões conflitantes, incerteza jurídica e lesão a direitos fundamentais. Por meio da
proposição da ADPF 132 e da ADI 4277 os ministros, em votação unânime, acordaram
em julgar procedentes essas ações, com eficácia erga omnes e efeito vinculante, com as
mesmas regras e consequências da união estável heteroafetiva, onde os julgadores se
limitaram a dar ao art. 1.723 do Código Civil brasileiro uma interpretação conforme a
Constituição, equiparando as duas entidades familiares. Assim, a hermenêutica e a
jurisprudência construíram um marco na concretização dos direitos de pessoas
homoafetivas no país, criando mutações e inovações no ordenamento posto.

Nesse diapasão, o Ministro Lewandowski entendeu que se estava diante de uma nova
modalidade de entidade familiar, não prevista no rol do art. 226 da Constituição
Federal, que poderia ser deduzida a partir de uma leitura sistemática da Carta Magna,
com fundamento na materialização dos princípios da dignidade da pessoa humana,
liberdade, não discriminação por orientação sexual e preservação da intimidade.
Relembrou o Ministro que as uniões entre pessoas do mesmo sexo constituíam uma
realidade fática e não estavam proibidas pelo ordenamento jurídico, devendo ser
conhecidas pelo Direito.

O Ministro Marco Aurélio afirmou que em relação à equiparação das uniões


homoafetivas às uniões estáveis, o obstáculo gramatical poderia ser contornado
socorrendo-se da hermenêutica. Vislumbrou no cerne do princípio da dignidade da
pessoa humana a obrigação de reconhecimento das uniões entre pessoas do mesmo
sexo. Indicou, ainda, inexistir proibição constitucional à aplicação do regime da união
estável a tais uniões, não se podendo enxergar silêncio eloquente em decorrência da
redação do § 3º do artigo 226.

Assim sendo é perceptível o uso do método lógico, sistemático e teleológico a luz o


voto do Ministro Marco Aurélio que recorre ao macro-princípio da dignidade da pessoa
humana a preencher a lacuna da norma e, ainda, do Ministro Lewandowski que
fundamentou ainda na materialização dos princípios da dignidade da pessoa humana e
liberdade, de interpretação alargada em nosso sistema jurídico.

REFERÊNCIA

ROSÁRIO, Paixão Dantas do; Guimarães, Rafael Siqueira de; Carvalho, Ciro Antônio
das Mercês. Julgamento da ADPF no 132: análise à luz da hermenêutica
fenomenológica e do ativismo judicial. Revista de Informação Legislativa: RIL, v. 54,
n. 216, p. 207-229, out./dez. 2017. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/54/216/ril_v54_n216_p207.

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