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ESCOLA PORTUGUESA DE DÍLI

CENTRO DE ENSINO E LÍNGUA PORTUGUESA RUY CINATTI

ANO LETIVO 2017/2018

Teste de Português 12º A (Versão 1)

Grupo I

Lê o texto A com atenção e responde, de forma clara e completa, às questões.

Pouco fita a Europa, a não ser mortos


por múltiplos disfarces: química luz,
os lumes tão reais, os nomes amputados(1)
pelos números, mesas de número fartas

Alguma vez fitou? De que roubos e fúrias


lhe foram as paisagens? E ao assomar(2)
defronte à maior arte sua (sinfonias abertas
como nuvens, as cores mais deslumbrantes,

rochas pintadas em soberbas linhas,


os comoventes traços e palavras),
mesmo defronte a si, distante e bela,
que ventos lhe assomaram os cabelos?

Mesmo nesse arrepio novo de um século,


que prenúncios(3) viu ela? Guerras a destruir-lhe
solo e gentes, o brilho azul da lua nas
trincheiras(4), a mais pura impiedade reluzindo

Não tem olhos agora de fitar, se alguma vez


os teve: perdeu-os noutras guerras.
Resta-lhe debater-se, como golfinho em dor
preso nas redes. Não tem olhos, nem mãos,

nem fita nada, a Europa. Nem cotovelos tem


que possam suportar justiças e bondade.
E mesmo aqui, se para aqui olhasse, nada veria,
a não ser outros gritos. Sem voz. Sem sul.

Sem esfinge que deslumbre(5)

In: Escuro, Ana Luísa Amaral, 2013.

Notas: (1) cortados; mutilados


(2) aparecer; subir
(3) prognósticos; sinais
(4) valas escavadas na terra, para servirem de proteção
(5) cause grande admiração ou fascínio
1. Explicita o objeto da atenção da Europa personificada, neste poema de Ana Luísa Amaral.

2. Comenta o sentido das interrogações, presentes nos versos 5, 6, 10 e 12.

3. Explica a que se refere o advérbio de lugar “aqui”, na quinta estrofe.

4. Este poema de Ana Luísa Amaral evoca um poema conhecido de Fernando Pessoa,
subvertendo o seu sentido.

Comprova a afirmação acima, com referências textuais pertinentes.

Lê agora texto B com atenção e responde, de forma clara e completa, às questões.

Eis aqui, quase cume da cabeça


De Europa toda, o Reino Lusitano,
Onde a Terra se acaba e o Mar começa,
E onde Febo(1) repousa no Oceano.
Este quis o Céu justo que floreça(2)
Nas armas contra o torpe(3) Mauritano,
Deitando-o de si fora, e lá na ardente
África estar quieto não consente.

Esta é a ditosa Pátria, minha amada,


À qual se o Céu me dá que eu sem perigo
Torne, com esta empresa já acabada,
Acabe-se esta luz ali comigo.
Esta foi Lusitânia, derivada
De Luso ou Lisa; que de Baco antigo
Filhos foram, parece, ou companheiros,
E nela antão(4) os íncolas(5) primeiros.

Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto III

Notas: (1) nome mítico de Sol


(2) o mesmo que “floresça”
(3) infame; nojento
(4) forma arcaica de “então”
(5) primeiros habitantes da Lusitânia

5. Explicita a imagem de Portugal construída na primeira estrofe deste excerto camoniano.

6. Comenta a atitude do narrador – Vasco da Gama – em relação ao seu país.


Grupo II

Lê atentamente o texto C e responde às questões, selecionando a única opção correta.

1 Portugal é o tema favorito dos portugueses. Somos caso único no mundo: outros povos
preocupam-se com as suas vidas públicas ou privadas. Assuntos banais em existências banais. Nós,
os portugueses, vivemos obcecados com temas mais metafísicos. A nossa alma. A nossa identidade.
O nosso destino comum. Portugal é a nossa amante. A nossa neurose. E alguns sábios, confrontados
5 com o cenário, afirmam seriamente que é tudo um problema de autoestima: os portugueses são
melancólicos como o seu fado e olham medrosamente para o espelho, só para confirmarem que
ainda existem.
Por favor, não acreditem numa só palavra. O problema dos portugueses não é a falta de
autoestima. É o excesso. Só por excesso de autoestima se compreende o namoro constante de
10 Portugal consigo próprio.
A culpa é do passado. A história portuguesa, por necessidade ou vocação, foi uma história de
megalomania. E de grandeza. Pior: de insólita grandeza. Como é possível ser um pequeno país no
extremo ocidental da Europa e ter dividido o mundo com Espanha no século XV? Como foi possível
ter dominado partes de África, da Ásia e do Brasil? Meu Deus: é como convidar um anão para jogar
15 na NBA. E ele encestar. Portugal foi esse aristocrata improvável. E hoje, depois de perdido o
Império, o aristocrata arruinado gosta de deambular pelos corredores envelhecidos do palácio. Não
temos dinheiro para mandar consertar os candelabros. Mas ainda os temos. Nós, portugueses,
gostamos intimamente desse masoquismo vaidoso.
Visitar Portugal é visitar esse palácio envelhecido. É visitar Lisboa, cidade sonolenta sob um sol
20 divino, que desce como um gato até ao rio. Ou o Porto, cidade pétrea que emerge sob uma bruma
matinal, como acontece em alguns contos de fadas ou elfos. Se passarem pelas duas cidades,
estejam atentos aos contrastes: os lisboetas, mais festivos e calorosos nos seus temperamentos
mediterrânicos; os portuenses, mais reservados, de carácter tipicamente atlântico; mas ambos
orgulhosos das suas joias.
25 Lisboa é a cidade dos poetas: aqueles que cantaram o Tejo, como Camões; as sete colinas,
como Cesário; o Chiado, como Pessoa. O Porto é a cidade dos burgueses: aqueles que vendem o
vinho com o mesmo nome; que se passeiam pela Foz durante o dia; e que mergulham na velha
Ribeira quando a noite cai. Mas Portugal não se reduz a duas cidades. Portugal é sobretudo uma
língua de terra que se abre para o oceano. As praias, de onde partiam os barcos para o mundo, são
30 hoje o porto de férias para o mundo que aqui vemos chegar. E a mesa portuguesa é o resultado
perfeito dessa junção perfeita entre o trabalho do homem e os frutos do mar. (…)

João Pereira Coutinho, Portugal Vale a Pena, Alfragide, 2012, (pp.60-61).

1. No primeiro parágrafo, depois da tese que introduz o tema do artigo (primeira frase), o autor serve-
se de…
A. argumentos (ll.1-3) e exemplos (ll.4-7)
B. juízos de valor (ll.3-4) e argumentos (ll.4-7)
C. exemplos (ll.3-4) e um contra-argumento (ll.4-7)
D. contra-argumentos (ll.1-4) e exemplos (ll.4-7)

2. No segundo parágrafo, o autor dirige-se aos leitores…

A. reforçando a opinião dos “sábios”.


B. refutando a opinião dos “sábios”.
C. reiterando a opinião dos “sábios”.
D. repetindo a opinião dos “sábios”.

3. A comparação usada nas linhas 14-15

A. salienta as diferenças entre Portugal e Espanha na época da expansão.


B. ridiculariza a decadência nacional no período pois-império marítimo.
C. reforça a excecionalidade dos feitos dos portugueses nos Descobrimentos.
D. salienta a falta de condições de Portugal para formar o império marítimo.
4. A caracterização da cidade de Lisboa contém, na linha 20.

A. uma personificação e uma hipérbole.


B. um animismo e uma comparação.
C. uma sinestesia e uma comparação.
D. uma hipérbole e um animismo.

5. Os processos de formação das palavras “megalomania” (l.12) e “NBA” (l.15) são, respetivamente,

A. composição e acrónimo.
B. amálgama e sigla.
C. derivação e truncação
D. composição e sigla.

6. A única expressão que não desempenha a função de complemento oblíquo é…

A. “com temas mais metafísicos” (l.3)


B. “numa só palavra” (l.8)
C. “de deambular pelos corredores envelhecidos do palácio” (l.16)
D. “das suas joias” (l.24)

7. As palavras “que”, nas linhas 5 e 25 são, respetivamente,…

A. um pronome relativo com antecedente, em ambos os casos.


B. uma conjunção subordinativa completiva, em ambos os casos.
C. um pronome relativo e uma conjunção subordinativa completiva.
D. uma conjunção subordinativa completiva e um pronome relativo.

8. Os constituintes “a cidade dos poetas” (l.25) e “a cidade dos burgueses” (l. 26) desempenham a
função sintática de…

A. predicativo do sujeito.
B. complemento direto.
C. modificador do grupo verbal.
D. complemento oblíquo.

Grupo III

Lê com atenção a afirmação abaixo:


“Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante para me ajudar nas grandes
escolhas da vida.” (Steve Jobs, 2005).
Elabora uma reflexão sobre a importância das escolhas que temos de fazer na vida, partindo do
pensamento de Steve Jobs (CEO da Apple). Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a
dois argumentos e ilustra cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo. Escreve um texto
bem estruturado, com um mínimo de cento e oitenta palavras e um máximo de duzentas e vinte palavras.
Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando
esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente
dos algarismos que o constituam (ex.: /2014/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de cento e oitenta e um máximo de duzentas e vinte
palavras –, há que atender ao seguinte: − um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5
pontos) do texto produzido; − um texto com extensão inferior a cem palavras é classificado com zero pontos.

Bom trabalho!

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