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PROCESSOS: A PULGA DA METAFÍSICA

Matheus de Oliveira Fernandez

INTRODUÇÃO

Desde o primeiro contato com a Fenomenologia do Espírito de Hegel, minha noção


acima da realidade, sem dúvida, não permaneceu a mesma. Aliás, a permanência deu lugar à
mudança. Enquanto que, num primeiro momento, não dei importância ao devir de Heráclito ―
reconsiderado por Hegel em sua ontologia ―, agora, parece-me que o devir consome tudo o
que há ou, ao menos, é difícil ignorá-lo na constituição do ser.

E, por isso mesmo, a questão-base com a qual nos confrontaremos e que permeará
todo o trabalho é: por que as entidades dinâmicas são mais interessantes que as entidades
estáticas? A partir dela, serão formulados problemas e justificações para reconsiderar a
importância do Dinamismo e da Ontologia de Processos tanto dentro da Metafísica quanto
para a realidade subjetiva do homem e para a Ciência. E, portanto, para um desenvolvimento
mais preciso e ordenado, o corpo textual será dividido em cinco seções:

1. Introdução
2. O conflito das entidades
3. Devir metafísico e persistência subjetiva
4. Ontologia de Processos enfrentando paradoxos
5. Conclusão: o devir permanece em questão

O CONFLITO DAS ENTIDADES

Bem sabemos que há um tumultuoso e controverso mar de conceitos e problemas


discutidos entre as mais variadas abordagens ontológicas dentro da Metafísica. Ainda que
façamos uma divisão geral dos principais sistemas de categorias ontológicas, tal divisão ― bem
como as próprias categorias ― sempre recai, em algum momento, em imprecisão. Isto é, ainda
que adotemos o mesmo sistema ontológico ― a Ontologia de Processos, por exemplo ―, é
muito provável que haja discordâncias entre nós quanto a aplicabilidade dos termos
metafísicos deste sistema e quanto à definição filosófica específica que atribuímos a cada um
deles ― por exemplo, a definição de objeto. Enfim, da mesma forma como as próprias
categorias ontológicas pretendem ser exaustivas e exclusivas, mas ainda assim fracassam em
muitos aspectos, também os filósofos e teóricos que compartilham ou não de um “mesmo”
sistema ontológico não conseguem exaustividade plena em suas propostas.

Não pense que estou radicalizando e supondo que as diversas discordâncias


impossibilitam a viabilidade de um sistema ontológico ideal. Talvez não alcancemos o ideal,
mas certamente há ou haverá aquele ou aqueles mais amplamente aceitos, embora consenso
pleno também seja outro desafio peculiar da Filosofia. E, neste amplo e complexo embate de
conceitos e problemas metafísicos, destacaremos e abordaremos um conflito em particular: o
dualismo entre as entidades dinâmicas e as entidades estáticas.
Embora a Metafísica tenha surgido somente após as contribuições de Aristóteles,
podemos apontar como início deste conflito a contraposição entre dois filósofos pré-
socráticos. Enquanto que Parmênides defendia a imutabilidade do ser como estrutura básica
de tudo que existe, Heráclito propôs o devir.

A imutabilidade do ser foi o ponto de partida para a formulação de futuros princípios


metafísicos ― tais como persistência e identidade ― e de entidades estáticas ― cujos alguns
exemplos são: objetos, propriedades, conceitos, fatos e substância. Além disso, a maior parte
de todos os progressos da Filosofia Analítica é uma herança das contribuições de Parmênides,
Platão e Aristóteles.

Já o devir resultou mais numa herança problemática do que solucionadora. Devir, vir-a-
ser, tornar-se, Doutrina dos Contrários são formas de sintetizar o pensamento de Heráclito,
que parte do pressuposto de que tudo a todo momento sofre constante mudança ou
transformação. Uma de suas mais célebres elocuções está até hoje em questão:

“Tudo flui e nada permanece, tudo dá forma e nada permanece fixo. Você não
pode pisar duas vezes no mesmo rio, pois outras águas e ainda outras, vão
fluir.”

É, portanto, a Heráclito que atribuímos o prelúdio para a formulação das entidades


dinâmicas ― tais como mudanças, processos e, “forçando a barra”, atividades. Tais entidades,
contudo, não tiveram tanto foco de aprofundamento quanto as entidades estáticas, as quais
predominam e predominaram os sistemas ontológicos mais discutidos atualmente e ao longo
de toda a história da Metafísica. Aliás, frequentemente, as entidades dinâmicas mais são
usadas como subcategorias ou propriedades do que uma metacategoria ontológica.

DEVIR METAFÍSICO E PERSISTÊNCIA SUBJETIVA

Na seção anterior, dei uma breve pincelada histórica no desenvolvimento das


principais entidades que permeiam a discussão metafísica, mostrando que os processos foram
mais “negligenciados” do que objetos e propriedades, por exemplo.

Antes de prosseguir com a proposta desta seção, vamos distinguir e selecionar os


termos que nos serão mais adequados. Na seção antecedente, trabalhei devir, mudança e
processo como sinônimos, mas, agora, pretendo esclarecê-los mais precisamente. Devir, como
já dito, sintetiza todo o caráter constantemente mutável da realidade. Processos são as
ocorrências particulares em devir e mudanças são ocorrências particulares nos processos. Toda
a realidade é constante devir, com inúmeros processos constituídos por mudanças específicas.
Afinal, usá-los como sinônimos não é um problema, pois, de qualquer modo, um depende do
outro e, portanto, todos poderiam ser reduzidos a um único processo geral. E, justamente,
esta é a meta de uma Ontologia de Processos: defender o caráter exclusivamente processual e
dinâmico da realidade.
Quero, ainda, fazer mais uma ressalva. Embora muitos filósofos utilizem processo
como sinônimo de evento, há muitos outros que apontam problemas nessa aproximação e eu,
particularmente, não quero entrar nesta discussão. Isso por duas razões: (1) a própria
Ontologia de Processos ― como já mostrado ― não é relevante entre os metafísicos
tampouco a diferenciação entre processos e eventos será, cuja discussão, até entre os próprios
metafísicos processuais, é também irrelevante; (2) supostamente, eventos podem estar
associados ao Perdurantismo ou ao Durantismo, linhas teóricas das quais um metafísico
processual deve se afastar.

A respeito delas, ambas linhas teóricas foram formuladas dentro da discussão dos
particulares concretos, a fim de lidar com o problema da persistência. O Perdurantismo (ou
Quadridimensionalismo) defende que particulares concretos (objetos) existem segundo partes
temporais numericamente diferentes. Desse modo, “o tempo é a quarta dimensão física na
qual o particular também se estende, como se fosse uma dimensão espacial” (LOUX, M.J.
(2002), Metaphysics - A Contemporary Introduction, quarto parágrafo da seção 6.1). Já o
Durantismo (ou Continuantismo), no entanto, defende que o particular concreto persiste
integralmente idêntico em instantes temporais distintos. Portanto, os durantistas rejeitam a
quadridimensionalidade do particular concreto, não possuindo, pois, partes temporais e
existindo apenas nas três dimensões espaciais.

É fácil notar que o Durantismo é totalmente inconciliável com uma Ontologia de


Processos, já que, segundo esta, nada existe de modo idêntico ao prolongar do tempo.
Podemos, então, nos sentirmos seduzidos a adotar o Perdurantismo dentro de uma
perspectiva ontológica processual. Contudo, é bom lembrar que as partes temporais de um
particular concreto, embora sejam numericamente distintas, ainda constituem o mesmo
particular. Logo, o particular ainda se mantém o mesmo, ainda que tenha sofrido mudanças no
âmbito de suas partes. Enfim, mesmo havendo mudança, ainda há persistência e um bom
metafísico processual deve rejeitar qualquer forma ontológica de persistência.

Tal rejeição não é em vão. Ainda pensando nos particulares concretos, notamos alguns
problemas da persistência: (1) sejam partes temporais (Perdurantismo) ou partes espaciais não
essenciais (Durantismo), como o particular se mantêm o mesmo sofrendo mudanças em suas
partes? (2) O que garante que a divisão em partes de um particular seja uma divisão re al e não
uma divisão arbitrária e subjetiva? Embora muitos metafísicos já tenham apresentado
possíveis soluções lógicas, o problema da persistência ainda é um desafio a ser confrontado
para manter as entidades estáticas ― particular concreto é uma delas ― como categorias
ontológicas confiáveis para a estrutura fundamental da realidade.

Repito: não é em vão que um metafísico processual deve rejeitar tanto o princípio de
persistência quanto as entidades estáticas. Diante de uma persistência meramente subjetiva,
não existem objetos nem propriedades, particulares nem universais. Apenas existem
processos ou, mais radicalmente, existe somente o caráter dinâmico da realidade, o devir. Se
assim não for, uma Ontologia de Processos deixaria de ser um sistema de categorias
ontológicas e seria apenas uma metafísica revisionária de sistemas ontológicos já
predominantes ― como a Ontologia de Objetos e Propriedades.
ONTOLOGIA DE PROCESSOS ENFRENTANDO PARADOXOS

Após séculos de uma tradição filosófica e científica cuja base ontológica sempre se
firmou sob categorias estáticas, desenvolver um sistema ontológico formado por entidades
dinâmicas não apenas é um desafio como um enfrentamento de problemas “paradoxais”. Isto
se dá justamente pela aparente impossibilidade de se formular uma teoria cujos axiomas não
dariam conta de lidar com o dinamismo de tais entidades, justamente pelo seu caráter
dinâmico. Em palavras mais modestas, como poderíamos conceituar algo que no momento em
que é conceituado já deixou de sê-lo, necessitando a cada instante mutável de um novo
conceito? Como se pode notar, não se trata de um regresso ao infinito, mas, ainda além, de
um paradoxo ininterrupto.

Outro problema também apontado por muitos metafísicos é: não seriam os processos
apenas objetos que trocam de propriedades ao longo do tempo? Ou ainda, particulares que
instanciam diferentes universais em instantes de tempo distintos? De fato, segundo este
raciocínio, processo pode ser reduzido como a forma pela qual nos referimos a estados
distintos de um mesmo particular ao longo de suas mudanças temporais. Ainda assim, por
equivalência lógica, podemos afirmar o contrário: particular pode ser reduzido como a forma
pela qual nos referimos a ocorrências singulares de um processo. O impasse permanece e
resta-nos, então, dar uma definição razoável para processo ― a fim de não o reduzirmos a
uma mera troca de propriedades ― e mostrar como os processos podem ser exaustiva e
exclusivamente as entidades fundamentais da realidade.

Adotemos processo como toda entidade cujos constituintes essenciais de seu ser
dependem de uma formação dinâmica e temporal, o que, necessariamente, o torna um
processo. Aparenta que caímos num regresso ao infinito, porém, segundo o princípio de
causalidade, todo processo é causado por um processo anterior, sendo ambos partes de um
mesmo processo maior. E, para fugirmos deste regresso, devemos considerar um “processo-
gênese” que englobe todos os processos. Se podemos confiar nos atuais paradigmas
científicos, este processo-gênese foi o Big Bang, a partir do qual todos os posteriores
“subprocessos” formaram tudo o que hoje conhecemos. E como toda a realidade ainda está
em devir, da mesma forma o Universo permanece em constante expansão espaço-temporal,
conforme as demonstrações de Einstein. Por fim, sintetizado de forma banal, um processo é
processo dinâmico e tudo é dinamicamente um processo.

Ainda assim, ao mencionarmos Big Bang e princípio de causalidade no parágrafo


anterior, deparamo-nos com a seguinte contradição: como se explica início e fim dentro de
uma Ontologia de Processos? Primeiro, devemos pensar se processos apresentam início e fim
ou se são temporalmente infinitos. Depois, mesmo que reduzamos todos os processos a um
processo-gênese que a todos causou e em qual todos estão contidos, ainda assim devemos
pensar na causa deste processo-gênese.

A essa altura, temos algumas saídas: (1) admitir um regresso ao infinito no qual
infinitos processos provocariam infinitos processos ao longo de um infinito tempo, (2)
simplesmente afirmar que o princípio de causalidade se aplica apenas aos processos interiores
do processo-gênese, sendo aqueles nada menos que subcategorias deste, (3) “apelar” para
Deus, colocando-o numa categoria extrametafísica e extracognoscível.
Antes de analisarmos especificamente cada saída, vamos compreender porque o
problema “início-fim” surgiu. É fácil perceber como uma Ontologia de Processos se adéqua,
mais do que os tradicionais sistemas metafísicos, às atuais perspectivas científicas, tais como o
Big Bang ― já mencionado ―, a mecânica quântica e a evolução biológica. Não apenas às
Ciências Naturais, os processos também se adéquam, com ainda mais sucesso, à explicação
dos fenômenos sociais. No entanto, para a Lógica, o processo como caráter fundamental da
realidade ainda é um desafio paradoxal, pois põe em questão a viabilidade de início e fim. Se
mantemos o princípio de causalidade, caímos naquelas três alternativas. Se, todavia,
abandonamos tal princípio, uma quarta alternativa seria reformular nossas intuições lógicas
segundo o método dialético de Hegel. Enfim, como pretendo manter o princípio de
causalidade, fiquemos com as três saídas anteriores:

Em (1), ainda que o Big Bang fosse um “subinício” de um processo infinito, a Segunda
Lei da Termodinâmica prevê a Morte Térmica do Universo, estado no qual toda energia
existente terá sido convertida em calor, resultando em equilíbrio térmico absoluto e entropia
máxima. Desse modo, o processo Universo terá um fim, o que descarta a possibilidade de um
processo infinito. Além disso, mesmo que o equilíbrio térmico absoluto seja considerado como
um estado infinito de ser, nele não haveria mais processo.

Em (2), teríamos uma realidade exaustiva e exclusivamente constituída por processos


na qual todos apresentam início e fim, inclusive o próprio processo-gênese, cujo início seria o
Big Bang e o fim a Morte Térmica. Tudo vai bem a não ser pelo fato de restringirmos o
princípio de causalidade aos processos interiores, excluindo-o do processo-gênese (Universo).
Soa um tanto arbitrário, mas ainda é mais plausível que a primeira alternativa.

Em (3), da mesma forma como em (2), teríamos um Universo completamente


constituído por processos de início e fim, também incluindo o processo-gênese. Entretanto,
pecaríamos em exaustividade e exclusividade, pois colocamos Deus como princípio causal
deste Universo, tornando-O mais uma entidade metafísica. Afinal, que entidade seria Deus?
Um universal, particular ou processo? Não O podemos adotar como universal ou particular,
pois assim refutaríamos toda nossa Ontologia de Processos. Uma saída, talvez, seria considerar
Deus como um processo ainda mais absoluto. Dessa forma, porém, cairíamos novamente na
primeira alternativa, que foi refutada. Portanto, para manter o princípio de causalidade no
âmbito metafísico e, com isso, mantendo Deus como tal princípio, sem considerá-lo como uma
entidade ― seja dinâmica ou estática ―, façamos como Kant e O coloquemos numa categoria
extrametafísica e extracognoscível. Desse modo, reduziríamos a Metafísica ao âmbito espaço-
temporal e Deus estaria além deste âmbito ― o que cai bem com a ideia de Deus.

Todavia, assumo que a terceira alternativa, por mais sofisticada que aparente, pode
ser considerada tão arbitrária quanto à segunda ou quanto à persistência ( sexto e sétimo
parágrafos da seção anterior). Aliás, arbitrariedade é um entrave difícil de ser evitado por
qualquer filósofo. Contudo, isso será abordado na próxima seção.

Devemos, ainda, enfrentar o aparente paradoxo entre teoria e dinamismo metafísico


apontado no primeiro parágrafo desta seção. Johanna Seibt, em seu artigo sobre Ontologia de
Processos, bem sintetiza o problema:
“Se aplicarmos, novamente, a premissa epistemológica que a realidade é tudo
e apenas o que sabemos sobre ela como tal, o resultado é que as mudanças
não são reais. (...) Por toda a história da metafísica a posição por exclusão era
de se tomar a postura parmenidiana contra a mudança: uma vez que a
dinâmica da mudança como tal não pode ser matéria sujeito da inquirição
racional, as mudanças não podem ser incluídas numa teoria do que realmente
existe.”

Como se pode notar, há uma aparente repulsão entre dinamismo da realidade e


apreensão epistemológica desta mesma realidade. Em outras palavras, como pode a realidade
ser constantemente mutável e processual, se a maior parte de seus constituintes se
apresentam de maneira estática? A essa altura, devemos nos desafiar a mais uma questão: Por
que a realidade deve ser tal como a apreendemos? De fato, apreendemos a realidade de
maneira estática ou isto também é um engano?

Pensemos numa garrafa. Tal garrafa é um particular, um universal ou um processo?


Tradicionalmente, a consideramos como um particular (objeto) que instancia universais
(propriedades). Digamos que a garrafa foi destampada. Tradicionalmente, ela permanece
sendo uma garrafa, mesmo perdendo sua tampa, pois esta não é considerada uma parte
essencial do que aquela é. Agora, voltemos a tampar a garrafa. Tradicionalmente, ela voltou a
ser uma garrafa num estado mais completo do que anteriormente era. Entretanto, certamente
a tampa sofreu desgastes nesse processo de abrir e fechar, da mesma forma como a garrafa
também sofreu um desgaste análogo. Tanto a tampa como a garrafa, mesmo retornando ao
estado inicial, já não são mais as mesmas como antes eram.

Já está claro onde quero chegar: a garrafa e a tampa ― assim como tudo na realidade
― mais são processos do que objetos e propriedades. A questões que devemos enfrentar é:
por que considerar a garrafa como um processo e não como um objeto? Qual vantagem te mos
com isso?

Ontologicamente, a vantagem é que processos são mais determinados e fundamentais


do que objetos e propriedades. Numa Ontologia de Particulares e Universais, temos de partir
de duas categorias para descrever toda a realidade. Partindo de duas categorias, o corte entre
elas é mais propenso a vaguesa e imprecisão. Já uma Ontologia Processual parte de uma única
categoria, isto é, temos uma abordagem teórica que descreve os mesmos entes com menos
predicados. Em suma, processos é um sistema de categorias ontológicas mais econômico.

Além disso, mais do que uma Ontologia de Objetos e Propriedades, processos


conseguem lidar com um número maior de entidades, como: fenômeno, evento, alteração,
movimento, aumento, diminuição, composição e decomposição. E, como já mostrado,
processos são mais compatíveis com os atuais campos científicos e, também, com a análise de
comportamentos sociais e psicológicos.

Portanto, quanto à aparente dissociabilidade entre epistemologia e realidade


metafísica, talvez este caráter estático seja a forma pela qual construímos o acúmulo de
nossos conhecimentos ou a forma através da qual enxergamos tal construção, justamente por
um tradicional modo de encarar o mundo. De um modo ou de outro, quando percebemos que
nosso desenvolvimento epistemológico individual, bem como a construção histórica da
Epistemologia, como também as próprias Ciências Naturais e Ciências Sociais progridem como
um processo, também todos são processos.

CONCLUSÃO: O DEVIR PERMANECE EM QUESTÃO

Primeiramente, é importante salientar que não pretendo abandonar objetos e


propriedades como categorias indispensáveis para a compreensão da realidade. O fato aqui é
que, no âmbito metafísico, isto é, fundamentalmente, a realidade é exclusivamente
processual. Ainda que, no nível epistemológico, mental ou cognitivo, mantenhamos as
tradicionais formas de categorizá-la, a realidade é metafisicamente constituída somente por
processos. Além do mais, conforme a nossa própria experiência subjetiva ao longo dos anos
em quais vivemos, é fácil notar que tudo está em construção e nada está determinado.

Portanto, garrafas continuarão sendo garrafas, tampas continuarão sendo tampas. A


questão não é o que as coisas são ― pois descobrir o que é ser algo é o belo e infinito desafio
da Filosofia ―, mas como podemos categorizar aquilo que existe e conhecemos. É dessa forma
que enxergo a tarefa da Metafísica e das classes ontológicas.

Você muito bem pode, e sem muita dificuldade, inverter inteiramente as duas seções
anteriores e refutar tudo o que propus para a viabilidade de um sistema ontológico processual.
Quando joguei o devir para o âmbito metafísico e a persistência para a epistemologia e, mais
radicalmente, para a subjetividade, você pode muito bem propor o oposto: persistência
metafísica e devir subjetivo. No fim, tudo depende da maneira como articularemos nossos
argumentos e raciocínios e, infelizmente, sempre haverá algum ponto no qual cairemos em
arbitrariedade.

Muitos filósofos tendem a se ofender com o que direi, mas, por mais racionais que
tentemos ser, mais subjetivos somos. Até mesmo dentro da Filosofia mais analítica, os
argumentos selecionados partem de uma escolha. Por isso, finalizo com duas citações que
sempre admirei:

“A razão é escrava das paixões.”


(Da vi d Hume)

“Só sei que nada sei.”


(Sócra tes)
FONTES BIBLIOGRÁFICAS

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Princípio da identidade dos indiscerníveis.


Disponível em: https://pt.wikipedia .org/wiki /Princ%C3%ADpio_da _identidade_dos_i ndiscern%C3%ADveis

Princípio de instanciação.
Disponível em: https://pt.wikipedia .org/wiki /Princ%C3%ADpio_da _insta ncia%C3%A7%C3%A3o

Princípio de razão suficiente.


Disponível em: https://pt.wikipedia .org/wiki /Princ%C3%ADpio_de_ra z%C3%A3o_sufi ciente

Problema dos Universais. Disponível em: https ://pt.wikipedia .org/wiki /Problema _dos_uni versais

Universal (filosofia). Disponível em: https ://pt.wikipedia .org/wiki /Uni versal_(filosofia)

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