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As origens da
Meditação dentro do
Yoga DANIEL DE NARDI
Agradecimentos
Isaac Newton, um dos maiores pensadores de todos os
tempos, quando questionado como tinha conseguido
fazer tantas descobertas importantes respondeu:
"Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de
gigantes."
Negar a contribuição dos antepassados numa obra é no
mínimo petulância. Ninguém consegue produzir algo
valioso sem se apoiar em ombros de gigantes. O novo
conhecimento não passa de diferentes combinações de
textos antigos com sacadas contemporâneas.
Como dizia Renard, para ser original, basta imitar os
autores que já não estão na moda.
Que esse agradecimento se estenda a todos os
pensadores desse país maravilhoso. Graças à
tecnologia - gratidão aos responsáveis - hoje temos
acesso a toda literatura relevante da Índia com
apenas alguns cliques. Os tratados inteiros foram
escaneados e há inclusive debates online de pandits
(estudiosos do hinduísmo) defendendo suas posições
ideológicas nas diferentes áreas do conhecimento
indiano.
Não menos importante para a construção desse livro,
foram as pessoas que me fizeram entender melhor
esse manancial de conhecimento, em especial: Carlos
Eduardo Barbosa, Roberto Simões, David Frawley e
Shrikant Talageri.
i
Meu agradecimento sincero, aos meus pais
que sempre encorajarem à minha liberdade.
E também aos meus sócios, Mayara
Beckhauser, Wellington Carrion e Cícero
Ronchi por manter um ambiente de trabalho
que me permite ter eventualmente, períodos
de isolamento dedicados à pesquisa e
produção de conteúdo sem prazos e com total
independência editorial.

Gratidão!

ii
Abertura
Há muitas coisas que fizeram o Homem se diferenciar dos
outros animais. O polegar oponente, uma "gestação"
externa prolongada, o uso de ferramentas e por aí vai. Isso
ajudou muito, com certeza, mas na minha opinião, o que
mais contribuiu para que o homo sapiens alcançasse o topo
da cadeia alimentar, foi acima de tudo, a capacidade de
transmitir ao outro suas experiências.
E não foi simples aprimorar essa habilidade. Foram pelo
menos 100.000 anos de noites mal dormidas e um convívio
diário com ameaças de morte. Nesse cenário aterrorizante,
onde o medo imperava, uma das poucas coisas que eles
podiam fazer para evitar fatalidades era avisar seus
companheiros dos perigos.
Se você pudesse voltar até essa época e apostar de forma
isenta em qual espécie iria se destacar, acho que não
colocaria suas fichas no homo sapiens. E não seriam poucos
os motivos para isso.
Comparados aos outros mamíferos eles são lentos. Possuem
poucos recursos de defesa, suas garras são frágeis e eles
simplesmente não enxergam à noite. Além disso, andam de
peito aberto e deixam seus órgãos vitais expostos. Ninguém
mais faz isso, é muito perigoso. Mas como mesmo à luz do
dia, enxergam mal, precisam se levantar pra ver um pouco
mais longe. Ou correm esse risco ou não comem. Coitados!
Só que o que ninguém poderia prever é que esse estado de
ameaça constante forçaria o grupo organizar sinais
(corporais e sonoros) que pudessem de alguma forma
alertar aos outros dos perigos que enfrentavam. Isso fez
toda a diferença!
Os sinais que surgiram de forma bem rudimentar, foram
sendo sofisticados e começaram a transmitir não apenas às
ameaças mas quase tudo o que se passa na mente humana.
O resto é História…
Quando começaram o Yoga e a Meditação?

A vida de quem pesquisa as origens do Yoga e

da Meditação tem ficado bem mais fácil desde
que a maior parte das escrituras indianas foram
escaneadas, traduzidas e disponibilizadas na
internet. Hoje em dia, qualquer interessado tem
acesso a esse material e pode confirmar ou
contrariar aquilo que "estão dizendo".

Yoga e Meditação surgiram juntos. Suas

técnicas não apareceram como uma revelação
pronta. Como veremos nesse capítulo, a
Meditação e o Yoga, são frutos de milênios de
debates e evolução do pensamento indiano.
Acadêmicos como Shrikant Talageri, Romilda
Thapar, David Frawley entre outros, tem trabalhado
incansavelmente para reescrever a história indiana,
que foi bastante deturpada por interesses do
governo britânico até a libertação da Índia em
1947.

Os ingleses começaram por monopolizar e

distorcer as traduções das escrituras indianas com
intelectuais como o alemão Max Muller e em
Em 3000 A.C., a região que hoje conhecemos como
seguida dominar os currículos escolares indianos
Índia era a mais próspera e populosa do mundo.
durante muitas décadas transmitindo ensinamentos
Estima-se que produzia 35% dos alimentos de todo
históricos que não condiziam com a realidade, mas
planeta, contra 25% da China e somente 10% de toda
que facilitava o processo de colonização.
a Europa.
Um desses exemplos de distorções históricas feitas
por intelectuais como Max Muller é que os aryas Naquela época, dois povos habitavam a região que
citados nos Vedas tem origem européia.
 hoje conhecemos como Índia.

5
 Houveram longos períodos de seca que
A civilização do Vale do Indu
mudaram o curso dos principais rios da região
(Yamuna, Ganga e Saraswati), o que
certamente foi decisivo para o
desaparecimento desta civilização, também
chamada de drávida ou harappiana.

Apesar de ter construído as maiores cidades

do mundo do seu tempo, a civilização drávida
não deixou quase nada registrado. Os poucos
caracteres
gravados em
Há 5000 anos, no noroeste da Índia, divisa com o
pedra sabão,
Paquistão, habitava a Civilização do Vale do Indu,
não
uma civilização que foi muito próspera na sua
conseguiram
época e que provavelmente por mudanças
ser decifrados
climáticas, que também foram registradas na
pelos linguistas
mesma época, em outras regiões como o Egito e a
e o muito que os
Mesopotâmia, extinguiu-se, aproximadamente em
drávidas sabiam, infelizmente se perdeu.
2000 A.C..

6
Quando falamos de História, ficamos expostos
às distorções que a passagem do tempo produz.
Por isso, faz-se necessário usar o máximo de
evidências para reduzir o risco de distorção na
releitura dos fatos.

Abaixo você pode ver alguns dos sinetes

deixados pela Civilização do Vale do Indu. São
Há um risco em fazer afirmações históricas sem
imagens que dizem muito pouco sobre o que o
evidências suficientes, pois quando uma
povo pensava, quais eram suas regras, evidência é frágil, ela pode ser usadas para todo
costumes e tipo de narrativa.
valores. Hitler também dizia que os arianos dos Vedas
eram descendentes germânicos.
Usar essas
figuras A suástica é um símbolo hindu, usado pelo
como nazismo para para reforçar essa ideia de que há
evidências milênios os alemães conquistam terras pelo
mundo.
histórica
para datar o
início de uma linha de pensamento ou sistema

7
Talvez aqueles professores de Yoga que dizem
que essas figuras são a representação de Shiva,
o "criador" do Yoga, não saibam que ao mesmo
tempo, outra corrente de pensamentos, os
jainistas, tem uma explicação ainda mais
detalhada sobre o significado das imagens.

Segundo eles, o nome do criador do jainismo,

Rishbha, significa touro, e como você pode ver,
o touro era um animal muito presente nesses
selos.
Além disso, alegam que seus monges, os
digambaras, andavam nus o que também pode ser
"comprovado" nos sinetes do Vale do Indu.
Como vamos tratar de um assunto que começa a
ser debatido 5000 anos antes de inventarem a
primeira câmera de vídeo, precisamos nos apoiar
na documentação mais concreta que dispomos -
as antigas escrituras indianas.

8
Onde surgiram o Yoga e a Meditação?

Para responder essa pergunta, é importante

entender que a linguagem sempre acompanhou
as ideologias e religiões do local e época de
criação. O budismo nasceu na Índia, próximo a
cidade de Varanasi, espalhou-se pelo mundo e
Patanjali considerado o primeiro autor do Yoga
continua usando termos em sânscrito, mesmo
em lugares distantes como o Camboja, que
Como o Yoga sempre usou o sânscrito para
nunca falou essa língua. O mesmo acontece com
nomear técnicas e conceitos e não possui
o catolicismo ou com a filosofia do direito romano palavras de origens drávidas, é muito provável
que ainda usam o latim como língua oficial. que o Yoga não teve sua origem no Vale do
Indu.
A língua sânscrita é uma forte evidência sobre
O sânscrito não é uma língua drávida. Sua
quem produziu e onde surgiram os primeiros origem remonta à outra civilização, que
ensinamentos do Yoga e da Meditação. também habitava à Índia há 5000 anos.
.
9
 Os príncipes de Kashi
Cidade de Varanasi, berço da civilização védica
O outro povo que habitava a Índia a partir de 4000
A.C., ocupava uma área um pouco mais para o
leste do subcontinente indiano, onde hoje situa-se
a cidade de Varanasi, também chamada
localmente de Kashi. Os príncipes de Kashi eram
entusiastas do conhecimento. Como era comum
naquela época, acreditavam que havia uma
região que, quem chegasse e habitasse o local,
tornar-se-ia um nobre, uma pessoa com atitudes e
pensamentos nobres.
Seu objetivo era habitar essa região, levando para lá
a cultura presente em Varanasi.
Foi nesse período que os príncipes de Kashi
começaram a patrocinar (talvez eles tenham sido os
primeiros mecenas da História) sábios e poetas que
compunham hinos e que registravam a sabedoria
local.
Dessa forma os príncipes levaram adiante o
conhecimento que era produzido em Varanasi.
Almejavam ser reconhecidos como aqueles que
patrocinaram a construção dessa grande escritura
que depois foi chamada de Rig Veda.
Sua grande obra foi unir um povo pela Cultura local
e em seguida habitar a região das pessoas nobres.
10
 Rig Veda
O Rig Veda é a primeira grande obra literária da
História da Humanidade. Contém mais de 10 mil
versos e foi composto por centenas de autores.
Cada verso do Rig Veda tem a indicação de
quem foi o autor ou da família que fez a inserção
literária.
Os hinos eram cantados e descreviam os rituais
de sacrifício em que acreditavam conseguir
extrair a essência espiritual do objeto ou animal
sacrificado. Imaginavam que com o ritual
transfeririam a essência do objeto sacrificado
para uma bebida ou um alimento que seria
posteriormente ingerida pelos praticantes ou
patrocinadores do ritual.
Quando ingerissem a bebida, ganhariam essa
força espiritual extra, proporcionada pelo ritual. O
Rig Veda é repleto dessas descrições e faz parte
da primeira etapa do pensamento védico,
chamada de Karma Kanda que é caracterizada
por esse tipo de ritual.
O Rig Veda está repleto de descrições desses
estados de consciência atingido pelos rishis. Os
rishis são os sábios que tinham percepções
durante os períodos de isolamento e meditação
e quando retornavam contavam aos escribas o
que tinham vivenciado. Como é impossível
descrever um estado de consciência, eles
usavam cânticos, poesia e mantras.
11
O Rig Veda começa a apresentar conceitos
importantes que serão explorados pelas
próximas correntes literárias do pensamento
indiano, mas ele está longe de ser uma
Enciclopédia Universal da sua época, como
alguns tentam vender.
Comparando a antiguidade dos versos com o
local de origem das famílias que os
produziram, o historiador Shrikant Talageri,
demonstrou que o movimento migratório
desejado pelos príncipes de Kashi realmente
aconteceu.
A família dos Príncipes de Kashi que eram
nobres da época, chamava-se Bharatas.
A região dos nobre que os Bharatas
almejavam alcançar foi progressivamente
habitada, na época chamava-se Brahmavarta,
hoje chama-se Delhi e é capital atual da Índia.
O épico literário mais importante da Índia
chama-se Mahabharata, Maha = Grande,
conta a história da unificação da Grande Índia,
que ainda hoje intitula-se de Bharata.

Os versos mais antigos do Rig Veda foram

compostos próximos a Varanasi e os demais
foram sendo produzidos ao longo das margens
do rio Indo até a região da Caxemira, cerca de
1500km de distância do local original.

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 As Upanishads
Na época da composição dos Vedas, existia ritual
pra tudo, até para legitimar quem seria o dono de
determinada área. Os brâhmanes, responsáveis por
conduzir os rituais, começaram a acumular cada vez
mais poder e abusar das exigências para exercer
seu ofício.
Com o passar do tempo, pensadores que não
concordavam com o excesso de poder na mão de
poucas pessoas, começaram a produzir um outro
tipo de literatura, que em alguns momentos,
contestava os Vedas.
Estes textos, mais práticos e falando mais como
aplicar os ensinamentos no dia a dia chamaram-se
Upanishads que significa sentar junto.
Estes textos descrevem as mensagens que os
sábios passavam após ler os Vedas. As
Upanishads começaram a ser compostas
aproximadamente em 2000 A.C.
A mudança mais importante das Upanishads foi
reduzir a importância dos rituais e trazer essa
força para o indivíduo. O que estava escrito nos
Vedas era importante, mas acima desse
conhecimento está a voz de Brahma que habita o
coração de cada pessoa.
Esse tipo de conceito foi libertador para época.
Esses ensinamentos reduziam a importância dos
rituais e mostravam que o poder libertador está
dentro de cada um.
13
A Katha Upanishat, por exemplo (composta
entre 1400 e 1200 A.C.) possivelmente a mais
antiga referência ao Yoga já começa a
apresentar conceitos que serão melhor
estruturados no primeiro livro que trata apenas
de Yoga, o Yoga-Sutra de Patanjali.
Como você pode ver, recolhimento dos sentido
e o aquietamento da mente já eram
apresentados como essenciais para a
manifestação da Verdadeira Natureza do
Homem.
Abaixo um trecho da Katha Upanishad.
“Quando os cinco sentidos se assentam junto
com a mente, e a inteligência já não se expressa,
a isso chamam ‘o movimento supremo’. Isso é o
que acreditam ser o yoga: a sustentação
(dharana) firme dos sentidos. Atento, então, se
torna (o yogi).”
Compare com o que diz os sutras 54 e 55 do II
capítulo do Yoga-Sutra pela tradução do
professor Carlos Eduardo Barbosa.
54. O recolhimento (pratyahara) dos sentidos,
na ausência da conexão com seus objetos
peculiares, é como uma imitação da natureza
autêntica de citta. [Operando como um
complemento natural do äsana (reduzindo
os esforços da mente) e do pranayama
(recolhendo para o coração o movimento
abstrato da percepção), o pratyahara
prepara a mente do yogui para um
mergulho no processo da meditação – que é
o exercício de sua própria natureza.]
55. Daí provém a completa sujeição dos
sentidos.
14
 Mahabharata
&
Bhagavad Gita

As Upanishads trouxeram para os textos algo

que já era tradicional na cultura indiana. O hábito
de contar histórias para ensinar lições.
Andarilhos, chamados de parivrajakas,
caminhavam de um povoado a outro contando
histórias que ouviam e viviam. Incluíam, lendas
Nessa mesma época, os gregos também
no meio dos contos e exageravam no que tinham
escreveram seus principais épicos A Odisséia e
acontecido, mas sempre deixavam uma reflexão
As Ilíadas.

no ar, um ensinamento indireto ou uma
orientação sutil.
Esses épicos gregos são considerados a pedra
fundamental do pensamento ocidental e
Algumas dessas histórias começaram a ser
comparando seu volume literário com as obras
registradas por volta de 700 A.C. e deram origem
indianas podemos ter uma dimensão do quanto o
aos dois maiores épicos indianos, o
registro dos conhecimentos estava mais
Mahabharata e o Ramayana.
desenvolvido na Índia durante aquele período.

15
Épicos Gregos
Odisséia - 12 mil versos
As Ilíadas - 15 mil versos
Total - 27 mil versos
Épicos Indianos
Ramayana - 50 mil versos
Mahabharata - 170 mil versos
Total - 220 mil versos
Um dos questionamentos que começou a
aparecer naquele contexto ideológico foi.
"Antes o ritual representava tudo na nossa
evolução espiritual, agora sabemos que ele pode
ajudar, mas que o que precisamos encontrar está
no coração de cada um, e isso pode-se alcançar
com o aquietamento da mente e dos sentidos. Mas
se estivermos numa situação de vida ou morte,
como encontrar essa voz interior?"
Uma obra literária nunca surge do nada, mas ela
é consequência das ideias presentes, no
ambiente em que surge. Dentro do
Mahabharata, há uma história, que tornou-se o
livro mais lido da Índia, o Bhagavad Gita.
O Gita é um texto de resposta para esse
questionamento da época. Conta a história de
Arjuna, um príncipe guerreiro que é forçado a
declarar guerra contra seus primos e amigos.
Arjuna vive um dilema superior ao de vida ou
morte, o drama de uma guerra contra pessoas
próximas.
No início do livro, antes da batalha começar,
Arjuna vai até o centro do campo de batalha
enquanto ouve os conselhos do condutor da sua
carruagem, Krishna.
16
Krishna é a representação da mais pura voz
interna, a voz que está no coração de cada um
de nós. O Bhagavad Gita é traduzido por Poema
do Senhor ou Canção do Senhor, sendo que
esse Senhor está longe de ser um Deus externo
que dita a Arjuna o que ele deve fazer. O Senhor
é a voz que está dentro do coração dele e o livro
trata de como seria essa voz numa situação
trágica.
O ensinamento mais importante para o Yoga e
para a Meditação que Krishna transmite a Arjuna
é sobre o Karma Yoga ou isolamento da ação.
Isolar a ação e fazê-la por ela mesma,
simplesmente porque a ação escolhida é parte
do seu propósito de vida (dharma).
O envolvimento com a ação passa a ser
tamanho que conduz à expressão da Verdadeira
Natureza do indivíduo que age dessa forma. Por
isso Krishna diz a Arjuna que o Yoga é a
habilidade das ações.
Quando não esperamos nada do que estamos
fazendo e nos concentramos apenas em fazer a
ação bem feita. É nesse momento que está
nossa verdadeira natureza. A pura expressão da
voz do coração.

Krishna ensina a Arjuna que ele deve agir

conectado com a voz interna (Brahma). Para
isso, deve atuar sem esperar retorno das suas
ações, sem expectativas, sem medo,
simplesmente agir.

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 O Yoga-Sutra
Depois de alguns séculos de debates e evolução 1. Eis os postulados mais elevados do Yoga.
nas linhas de pensamento da cultura sânscrita,
por volta de IV A.C., textos de registros de
O Yoga-Sutra é uma compilação de tudo o que
diversas áreas começaram a ser produzidos.
estava sendo discutido a respeito do Yoga em
diferentes escrituras até aquela época. Como foi
Especialistas reuniam-se para catalogar o que
demonstrado anteriormente, na comparação de
era importante em cada área. Compuseram
um trecho da Katha Upanishad com o
tratados sobre Matemática, Direito, Astrologia,
Yoga-Sutra, este texto replica vários
Medicina Ayurvédica, Literatura e não foi
ensinamentos da Cultura Sânscrita.
diferente com o Yoga.

Ensinamentos que foram amadurecendo desde

O termo em sânscrito "atha", que inicia o
que os Príncipes de Kashi começaram a
Yoga-Sutra era uma palavra usada nesse tipos
de tratado. Ela significa algo como "após o patrocinar a produção literária em Varanasi.


debate sobre esse tema, chegamos às

seguintes conclusões." Atha é justamente a O Yoga-Sutra foi inovador ao suprir uma outra

primeira palavra do Yoga-Sutra. demanda daquele momento.

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 Patanjali fala de poucas posturas para essa
O Bhagavad Gita havia ensinado que mesmo
quando agimos, é possível expressar nossa prática, fala pouco da respiração, mas introduz
Verdadeira Natureza. O ponto é que para que um importante conceito que chama de samyama.
essa voz esteja clara, é preciso que a mente
se assente e os sentidos reduzam sua
Samyama significa andar junto, progredir e é
interferência.
bem próximo ao que se entende hoje por
Foi preciso criar um ambiente ideal para que Meditação. Samyama seria uma evolução no
isso aconteça. Um momento unicamente processo meditativo, que começa com uma
dedicado a essa busca. Uma técnica que concentração, depois a sustentação dessa
ajudasse o auto estudo e busca da essência
concentração que conduz a percepções mais
pessoal.
sutis, até a verdadeira natureza do objeto
A prática dessa busca é a Meditação. A observado.
inovação proposta por Patanjali é o isolamento
da percepção. Abstrair-se dos movimentos da
mente, para alcançar o que é verdadeiro em
cada manifestação. O isolamento das
percepções conduz ao que está além da
mente, o atman ou purusha também chamado
de não-manifestado.

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No capítulo II ele descreve as 5 primeiras etapas do seu No Sutra VII do 3º capítulo ele mostra que essa
método de Yoga atenção sustentada (samyama) deve ser
trabalhada em todas as partes da prática.

1. Yama - normas de convívio;
 Os três são, para os angas anteriores [VEJA AO

LADO - DHARANA, DHYANA, SAMADHI] , um
anga interno.
2. Nyama - recomendações internas;

Podemos marcar o Sutra VII do 3º capítulo do
Yoga-Sutra como o início da Meditação como uma
3. Asana - assento da mente;
 prática e não apenas como uma atitude para o
autoconhecimento. Desde o surgimento, Yoga e a
Meditação andaram lado a lado.
4. Pranayama - respiração;

Patanjali além de falar de uma técnica meditativa
ainda propôs que essa atitude de meditador fosse
5. Prathyahara - recolhimento dos estendida a todas as partes do seu método de
sentidos.
 Yoga.

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