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Modulo 4

MODULO 4
PRODUTOS E SERVIÇOS

1
2017 © Secretaria Nacional do Consumidor
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio, salvo
com autorização por escrito da Secretaria Nacional do Consumidor.
Esplanada dos Ministérios, Bloco “T”, Palácio da Justiça Raymundo Faoro, Edifício Sede, 5º andar, Sala 542 – Brasília,
DF, CEP 70.964-900.

Curso Vigilância Sanitária e Defesa do Consumidor

Edição
Ministério da Justiça
Secretaria Nacional do Consumidor
Escola Nacional de Defesa do Consumidor

Equipe Técnica do Ministério da Justiça - MJ

Ministro de Estado da Justiça


Torquato Lorena Jardim

Secretária Nacional do Consumidor


Ana Carolina P. Caram Guimarães (substituta)

Coordenação-Geral
Priscilla Valéria Gianini Santos

Escola Nacional de Defesa do Consumidor - ENDC


Supervisão
Priscilla Valéria Gianini Santos
Andiara Maria Braga Maranhão

Apoio Técnico
Luciana Caetano Silva Fernandes
Ana Cláudia Sant'Ana Menezes

Equipe Técnica da Fundação Universidade de Brasília - FUB

Coordenação Revisão
Prof. Dr. Rafael Timóteo de Sousa Júnior Renatha Choairy
Prof. Dr. Ugo Silva Dias
Ilustração
Coordenação Pedagógica Cristiano Silva Gomes
Janaína Angelina Teixeira
Diagramação
Designer Instrucional e Gestora Pedagógica Sanny Saraiva
Meirirene Moslaves Meira Patrícia Faria

Apoio ao Núcleo Pedagógico


Andréia Santiago de Oliveira
Josiane do Carmo Silva
Nayara Gomes Lima
Suzane Lais de Freitas
Sumário

1 - APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 5

2 - PRODUTOS E SERVIÇOS ........................................................................................ 6

2.1 Vigilância de Produtos.......................................................................................... 9

2.2 Vigilância de Produtos para a Saúde e de Serviços de Interesse para a Saúde. 15

2.3 Vigilância Sanitária do Meio Ambiente e dos Ambientes de Trabalho.................. 17

2.4 Vigilância Sanitária de Portos, Aeroportos e Fronteiras e Recintos


Alfandegados .....................................................................................................17

3 - INTERVENÇÃO SANITÁRIA NO ESCOPO DE PRODUTOS E SERVIÇOS DE


INTERESSE DA SAÚDE................................................................................................... 19

3.1 Regulação............................................................................................................ 19

3.2 Informação........................................................................................................... 29

4 VAMOS RELEMBRAR................................................................................................... 43

5 ENCERRAMENTO ........................................................................................................ 44

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 45
Modulo 4

1 - APRESENTAÇÃO

Ao término deste módulo,


você será capaz de identificar em
Parabéns por ter
diversas ações cotidianas, sobre vigilância
chegado até aqui! Neste
de produtos para a saúde e serviços de
módulo vamos aprender um
interesse para a saúde, que são regulados
pouco mais sobre a
e controlados de forma a não expor os
vigilância sanitária de
consumidores a riscos.
produtos e serviços.

Ao final deste módulo esperamos que você seja capaz de:


• Identificar que em diversas ações cotidianas há produtos e serviços que são regulados
e controlados de forma a não expor os consumidores a riscos.

• Citar a organização das estruturas de vigilância sanitária.

• Exemplificar os instrumentos de regulação sanitária e defesa do consumidor.

• Demonstrar a importância da informação para a gestão.

• Resumir os bancos de dados e sistemas de informações do SNVS.

• Resumir os sistemas de informação do SNDC.

• Citar ações de educação para o consumo.

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2 - PRODUTOS E SERVIÇOS

Em princípio, produtos e serviços disponíveis no mercado podem expor o consumidor


a riscos e essa preocupação é traduzida devidamente pelo CDC. Como o objetivo do curso está
relacionado ao grupo de produtos e serviços regulados pelo setor saúde, vamos nos reportar
unicamente a eles.

Vamos conhecer esse amplo universo de produtos e serviços que hoje são regulados pelo
setor saúde.

Para identificarmos quais produtos e serviços estão relacionados à saúde e fazem parte do
nosso cotidiano, vamos verificar o que ocorre nas 24h do dia de um consumidor:

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Modulo 4

Para essa
dor de
cabeça
você precisa
tomar esse
remédio

Nesse breve relato do cotidiano de um cidadão comum, podemos identificar vários produtos
e serviços como alimentos, produtos de higiene pessoal, de limpeza, cosméticos, medicamentos,
serviços médicos e de alimentação, que se não forem devidamente regulados e controlados,
podem expor o consumidor a riscos.

É para esse amplo conjunto de serviços e produtos que são consumidos diariamente, que
a vigilância sanitária e os órgãos de defesa do consumidor dirigem seus olhares. Esse universo é
apresentado no texto da Lei n. 9.782/99, que institui o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e
cria a Anvisa.

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Escola Nacional de Defesa do Consumidor

Vamos dimensioná-lo:

Alimentos, inclusive bebidas, águas


envasadas, seus insumos, suas embalagens,
1 aditivos alimentares, limites de
contaminantes orgânicos, resíduos de
agrotóxicos e de medicamentos veterinários.

Medicamentos de uso humano, suas


substâncias ativas e demais insumos,
processos e tecnologias. 2

3 Cosméticos, produtos de higiene pessoal


e perfumes

Saneantes destinados à higienização,


desinfecção ou desinfestação em ambientes
domiciliares, hospitalares e coletivos.
4

Conjuntos, reagentes e insumos destinados


5 a diagnóstico.

Equipamentos e materiais médico-hospita-


lares, odontológicos, hemoterápicos e de
diagnóstico laboratorial e por imagem.
6

7 Imunobiológicos e suas substâncias ativas,


sangue e hemoderivados.

Órgãos, tecidos humanos e veterinários para


uso em transplantes ou reconstituições. 8

Radioisótopos para uso diagnóstico in


9 vivo, radiofármacos e produtos radioativos
utilizados em diagnóstico e terapia.

Cigarros, cigarrilhas, charutos e qualquer outro


produto fumígero, derivado ou não do tabaco. 10

Quaisquer produtos que envolvam a


possibilidade de risco à saúde, obtidos por
11 engenharia genética, por outro
procedimento ou ainda submetida a
fontes de radiação.

Serviços voltados para a atenção ambulatorial,


sejam de rotina ou de emergência, são realizados
em regime de internação, os serviços de apoio 12
diagnóstico e terapêutico, bem como aqueles que
impliquem a incorporação de novas tecnologias.

Serviços de interesse para a saúde, como:


creches, asilos para idosos, presídios,
13 cemitérios, salões de beleza, cantinas e
refeitórios escolares, academia de ginástica,
clubes, etc.

As instalações físicas, equipamentos,


tecnologias, ambientes e procedimentos
envolvidos em todas as fases de seus processos
de produção dos bens e produtos submetidos 14
ao controle e fiscalização sanitária, incluindo a
destinação dos respectivos resíduos.

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Modulo 4

Para atuar nesse imenso universo de produtos e serviços de interesse para a saúde,
tradicionalmente as estruturas de vigilância sanitária organizam suas atividades em:

Vigilância de
Vigilância de produtos
produtos e serviços. para a saúde
e de serviços
de interesse
para saúde.

Vigilância
sanitária de
portos, Vigilância sanitária
aeroportos e do meio ambiente
de fronteiras. e dos ambientes
de trabalho.

2.1 Vigilância de Produtos

Pedro, você sabia que


todos os segmentos da Luís, sei de alguns,
cadeia alimentar têm atenção mas quais seriam todos os Produção, rotulagem,
da vigilância sanitária? segmentos? embalagem e
reembalagem, armazenagem,
transporte e comercialização,
até o consumo.

Todos os segmentos da cadeia dos alimentos, desde a produção, rotulagem, embalagem e


reembalagem, armazenagem, transporte, comercialização, até o consumo, devem ser objeto de
atenção da vigilância sanitária.

Em relação às normas, a área de alimentos possui um conjunto bastante expressivo


de regulamentos técnicos, que tem por objetivo contribuir para a garantia da qualidade e das
condições higiênico-sanitárias dos alimentos.

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Escola Nacional de Defesa do Consumidor

IMPORTANTE
O controle sanitário de alimentos e bebidas é compartilhado por diversos órgãos, em especial,
os da saúde e da agricultura. Cabe aos órgãos da saúde, o controle sanitário dos produtos
alimentícios industrializados, desde a produção até o consumo. Por sua vez, compete à
agricultura a regulação dos produtos de origem animal, vegetal e bebidas, embora a inspeção
do comércio de tais produtos seja também competência do setor saúde.

O controle de águas minerais é compartilhado entre saúde e o setor de Minas e Energia.


Já a água para consumo humano (abastecimento público, poços, etc) é regulada nacionalmente
pelo Ministério da Saúde (Portaria MS nº 2914/2011) e a operacionalização do monitoramento da
qualidade é executada pelas equipes estaduais e municipais das vigilâncias sanitária e ambiental.

A rotulagem de alimentos, tão importante para garantir informações claras e objetivas para
o consumidor, também merece atualização constante.

Exemplos de informações necessárias


nos rótulos de alimentos embalados:

Nome do produto

Lista de ingredientes

Prazo de validade

Origem

Tabela nutricional

As informações nutricionais, o uso de ingredientes transgênicos e de aditivos alimentares,


por exemplo, são elementos que precisam ser apresentados de maneira simples e educativa, para
que os consumidores possam usufruir do seu direito de escolha.

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Modulo 4

DESTAQUE
Atualmente um dos grandes desafios para os servidores públicos de vigilância de alimentos,
é a regulação dos teores de sal, açúcares e gorduras em alimentos industrializados, que são
amplamente consumidos, especialmente por crianças. O consumo excessivo desses nutrientes
vem contribuindo para um quadro de sobrepeso e obesidade na população, considerado
fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, diabetes,
hipertensão, entre outras.

02
Alimentação não
saudável
01
Organização
Mundial de Saúde

03
Gordura trans

04
Doenças crônicas
não transmissíveis

01: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 36 milhões das mortes que
ocorreram no mundo, em 2008, foram causadas por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT),
que possuem quatro fatores de risco comportamental:

(a) tabagismo;
(b) sedentarismo;

(c) alimentação não saudável;

(d) uso abusivo de álcool.

11
Escola Nacional de Defesa do Consumidor

02: No tocante à alimentação não saudável, deve ser observado que atualmente existem evidências
científicas convincentes de que a ingestão de certos nutrientes contribui para o desenvolvimento
de DCNT, especialmente a gordura trans industrial, a gordura saturada, os açúcares e o sódio.

03: De acordo com a revisão das evidências científicas realizada pela OMS em 2003, o excesso de
gordura trans industrial, de gordura saturada e de sódio aumenta o risco de doenças cardiovasculares
(DCV), enquanto a ingestão de açúcares aumenta o risco de obesidade e cáries dentais.

04: Com base nessas evidências e a fim de reduzir o risco de DCNT, a OMS recomendou que:

05
índices

08
Obesidade

ATENÇÃO À 06
GORDURA TRANS
Pesquisas da
OMS

07
Indicadores

05: a) a ingestão de gordura trans industrial fosse inferior a 1% do valor energético total (VET) da
alimentação, ou seja, 2 gramas ao dia;

(b) a ingestão de gordura saturada e de açúcares fosse inferior a 10% do VET, o que representa
aproximadamente 20 e 50 gramas ao dia, respectivamente;

(c) a ingestão de sódio fosse inferior a 2 gramas ao dia, equivalente a 5 gramas de sal ao dia.

06: Diversas revisões sistemáticas, além de recomendações publicadas pela OMS, posteriormente,
confirmaram que esses nutrientes têm um impacto nocivo no desenvolvimento de DCNT.

07: Os dados de consumo alimentar demonstram que a população brasileira consome quantidades
elevadas desses nutrientes. Segundo Louzada et al. (2015), a quantidade média de gordura trans,
gordura saturada e açúcares consumidos diariamente pela nossa população é 1,4%, 9,4% e 15,4%

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Modulo 4

do VET, respectivamente. O consumo diário médio de sódio é de 3,1 gramas.

08: Essas evidências ajudam a explicar a elevada prevalência de DCNT no Brasil. As doenças do
aparelho circulatório, por exemplo, são a principal causa de morte no país, e foram responsáveis,
em 2011, por 30% dos óbitos, o que equivale a mais de 335 mil mortes. Já o excesso de peso atinge
36,3% da população brasileira adulta.

10
09 Composição dos
Vida saudável alimentos

.... ...
............
............
...............

13
Regulamentação 11
da rotulagem Rotulagem

Carboidrato
Proteina
Gordura
Sódio
Açúcar
Colesterol

12
Informações nutricionais
padronizadas

09: Em 2004, a Estratégia Global sobre Alimentação, Atividade Física e Saúde da OMS recomendou
aos governos a adoção de medidas para eliminar a gordura trans industrial, promover a substituição
das gorduras saturadas por insaturadas e limitar o consumo de sódio e açúcares livres.

10: Entre essas medidas, encontra-se o fornecimento de informações precisas, padronizadas


e compreensíveis sobre a composição dos alimentos. Essas ações devem considerar o nível
educacional, a cultura local, as barreiras de comunicação e a necessidade de entendimento das
informações por todos os segmentos da população.

11: Outras estratégias internacionais direcionadas ao combate do excesso de peso e DCNT reforçam
a função da rotulagem de alimentos no incentivo a uma alimentação saudável e aconselham seu
aprimoramento, de acordo com as orientações do Codex Alimentarius.

12: De forma similar, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) reconhece que as
informações nutricionais são parte do elenco de estratégias para promoção da alimentação
adequada e saudável e que a atualização das regras de rotulagem é necessária, a fim de reduzir o

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Escola Nacional de Defesa do Consumidor

excesso de informações técnicas e publicitárias, e proporcionar uma informação mais clara, precisa
e compreensível.

13: A relevância do aprimoramento da regulamentação da rotulagem de alimentos para a


promoção da alimentação adequada e saudável é corroborada pelas estratégias intersetoriais para
o enfrentamento da obesidade e outras DCNT.

Desta forma, a revisão dos regulamentos técnicos sobre rotulagem de alimentos, é uma prioridade
regulatória para a Anvisa, sendo que a matéria consta da Agenda Regulatória e se encontra em
discussão.

As ações de vigilância de alimentos devem estar voltadas para promover o aperfeiçoamento


dos processos técnicos em toda a cadeia alimentar, garantindo a possibilidade do consumo de
alimentos seguros e, consequentemente, diminuindo a morbi-mortalidade por ingestão de
produtos impróprios para o consumo.

Medicamentos

Para garantir a qualidade, segurança e eficácia dos produtos, o controle sanitário de


medicamentos inclui o monitoramento dos riscos em todas as etapas da cadeia produtiva, desde a
importação da matéria prima, fabricação, armazenamento, distribuição, transporte, comercialização
e também uso e/ou consumo do produto.

Mesmo após sua entrada no mercado, um medicamento é monitorado


por meio das análises fiscais dos produtos ou notificações de eventos adversos
ou problemas de qualidade, enviadas por consumidores ou profissionais
de saúde. Essa vigilância pós-comercialização é necessária em virtude da
impossibilidade de se prever todos os problemas que medicamentos podem
causar para saúde.

IMPORTANTE

Segundo estatísticas do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox),


desde 1994 os medicamentos representam o principal agente de intoxicação em seres hu-
manos no Brasil.

Além dos riscos inerentes a esse tipo de produto, outros potenciais riscos estão presentes
em toda a cadeia produtiva que envolve não só o produto, mas também seus insumos, como
matéria prima e excipientes.

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Modulo 4

A vigilância sanitária atua ainda na regulação econômica do mercado de medicamentos, em


conjunto com os Ministérios da Saúde, Fazenda, Justiça, Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior e da Casa Civil, através da Câmara Técnica de Regulação (CMED), órgão responsável por
regular o mercado farmacêutico e estabelecer critérios para a definição e o ajuste de preços.
Compete ainda à vigilância sanitária, por meio da Anvisa, a prévia anuência para concessão de
patentes para produtos e processos farmacêuticos.

Outros Produtos

Existem também outros grupos de produtos igualmente regulamentados e fiscalizados pela


vigilância sanitária, como: insumos farmacêuticos, tecidos, sangue, e hemoderivados, cosméticos,
produtos de higiene e perfumes, e produtos destinados à limpeza e desinfecção de ambientes
(saneantes).

Por fim, cabe à vigilância a regulamentação de um conjunto bastante heterogêneo de


produtos para saúde que engloba equipamentos, aparelhos, materiais e acessórios para fins
diagnóstico, analíticos, ópticos, de acústica médica, odontológicos, de terapia, de apoio médico-
hospitalar, entre outros.

Existem também
outros grupos de produtos
igualmente regulamentados e Cabe à vigilância
fiscalizados pela vigilância a regulamentação de
sanitária, como: um conjunto bastante
heterogêneo de
produtos para saúde
que engloba:

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Escola Nacional de Defesa do Consumidor

2.2 Vigilância de Produtos para a Saúde e de Serviços de Interesse para a Saúde

A vigilância sanitária de produtos para a saúde e serviços de interesse para a saúde tem como
objetivo promover a adesão desses estabelecimentos às normas e aos regulamentos técnicos vigentes,
avaliar as condições de funcionamento e identificar os riscos e os danos à saúde dos pacientes, dos
trabalhadores e ao meio ambiente. A ação da vigilância deve ser capaz de impedir a transmissão de
doenças, reduzir a ocorrência de danos e a morbi-mortalidade relacionada a esses serviços.

Constituem o universo de atuação da vigilância nesta área os seguintes estabelecimentos:


hospitais, clínicas médicas, de diálise, de estética, de recuperação de toxicômanos e odontológicas,
laboratórios de análises clínicas e de meios diagnósticos, hemocentros, bancos de sangue e de leite
humano, etc.

DESTAQUE
Além dos estabelecimentos de saúde, cabe à Vigilância o controle de estabelecimentos de
interesse para a saúde. Trata-se da prática de atividades que prestam assistência ao indivíduo
fora do contexto hospitalar ou clínico, e que pode alterar o estado de saúde do indivíduo.
Dentre essas atividades estão compreendidas as realizadas em salões de beleza, clínicas de
estética, estúdios de tatuagem, instituições de longa permanência para idosos, comunidades
terapêuticas, academias de ginástica, creches, entre outras. Atualmente este setor abarca
mais de um milhão de serviços e uma ampla variedade de atividades que demanda boa parte
do esforço do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária no cumprimento de suas competências
regimentais.
As normas que vêm sendo editadas para a área de serviços não se restringem apenas a fixar
parâmetros para a estrutura física dos estabelecimentos, mas incorporam também aspectos
relacionados ao processo de trabalho e biossegurança e estabelecem indicadores que devem
ser monitorados pelos serviços.

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Modulo 4

Outras Atividades sob Vigilância

Além de ações voltadas


para produtos e serviços, a
vigilância sanitária também assume
outras atividades voltadas ao
A seguir vamos
gerenciamento de risco e
apresentar alguns
prevenção de saúde.
aspectos dessas ações.

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Escola Nacional de Defesa do Consumidor

2.3 Vigilância Sanitária do Meio Ambiente e dos Ambientes de Trabalho

Pedro e Luís observem


que as ações de vigilância
sanitária que tratam sobre o meio
ambiente e ambiente de trabalho
estão sob responsabilidade das
esferas estaduais e municipais.

A vigilância sanitária
em parceria com outros
órgãos da Administração Pública
cuida das questões relacionadas à Além de condições
poluição do ar, da água, dos solos adversas de trabalho e de
e os desastres provocados por saúde do trabalhador.
produtos perigosos.

2.4 Vigilância Sanitária de Portos, Aeroportos e Fronteiras e Recintos Alfandegados

O controle sanitário dos portos, aeroportos e pontos de passagem


e fronteira em todo o território nacional assume enorme relevância
em tempos de globalização, devido à intensa e rápida circulação de
mercadorias e de pessoas.

As ações de vigilância sanitária da área de Portos, Aeroportos e


Fronteiras e Recintos Alfandegados (PAF) conformam hoje uma área de
forte importância para a saúde e também para a economia do país. Seus
principais objetivos são evitar que a transmissão e o contágio de doenças infectocontagiosas se
disseminem por meio das fronteiras e preservar as condições sanitárias nos meios de transportes
aéreos, marítimos e terrestres, condição essencial à circulação de mercadorias e de pessoas. Além
de estabelecer o que deve ser feito para diminuir os riscos um viajante adoecer durante a viagem
(por exemplo) e fiscalizar a entrada e a saída de produtos que estão sob vigilância sanitária.

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Modulo 4

3 - INTERVENÇÃO SANITÁRIA NO ESCOPO DE PRODUTOS E


SERVIÇOS DE INTERESSE DA SAÚDE

Oba! Estamos
avançando com
sucesso e agora vamos ver
os subitens Regulação e
Informação.

3.1 Regulação

A intervenção da vigilância sanitária nesse amplo universo de produtos e serviços é de


natureza regulatória.

Segundo COSTA, 2009, a regulação é uma função mediadora entre os interesses da saúde e
os interesses econômicos, ou seja, constitui uma instância social de mediação entre a produção de
bens e serviços de saúde e a saúde da população.

Compete aos serviços de vigilância:

• avaliar os riscos e executar um conjunto de ações para prevenir, minimizar e eliminar


riscos à saúde;

• estabelecer e fazer cumprir regulamentos técnico-sanitários e normas jurídicas que


fixam as regras para os comportamentos relacionados com os objetos sob vigilância
sanitária.

Por essa razão, as ações são de competência exclusiva do Estado, que deve atuar em prol da
preservação dos interesses sanitários da coletividade, de modo a proteger a saúde da população,

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Escola Nacional de Defesa do Consumidor

dos consumidores e do ambiente.

Nem sempre essas intervenções são fáceis e, portanto, em muitos momentos, é importante
contar com parcerias, sendo que uma das mais importantes são aquelas feitas com órgãos de de-
fesa do consumidor.

IMPORTANTE
Mas afinal o que é regulação?
O conceito de regulação compreende a forma de que dispõe o Poder Legislativo ou Poder
Executivo, com fundamentos na Lei que estabelece normas que afetam a conduta de agentes
do mercado. Essas normas podem limitar, restringir e obrigar esses agentes cabendo ao
agente regulador monitorar e fiscalizar o mercado, adotando medidas que obriguem os
agentes regulados a adotar as normas estabelecidas.

Segundo a Profa. DI PIETRO, o ato de regular significa organizar determinado setor, bem
como controlar as entidades que atuam nesse setor (DI PIETRO, 2006).
“O termo regulação é ainda empregado para designar uma forma de intervenção
do Estado no campo econômico, geralmente ligada ao propósito de mitigar
imperfeições do mercado para melhorar o funcionamento de determinados
setores da vida econômica e social, impedindo que os comportamentos desses
setores variem além de certos limites preestabelecidos pela sociedade”.
(ALBUQUERQUE, 2009).

Para a Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), a regulação


se refere ao conjunto de instrumentos por meio dos quais os governos estabelecem exigências às
empresas e aos cidadãos. A regulação inclui leis e normas subordinadas, emitidas por todos os níveis
de governo e também normas emitidas por organismos não governamentais ou autorreguladores
a quem os governos delegam poderes normativos (OCDE, 2008).

Podem ser identificadas três grandes categoriais de regulação: a econômica, a social e a


administrativa.

Vamos entender o que significam a regulação econômica, a social e a administrativa?

Regulação Econômica: Diz respeito à intervenção governamental direta feita nas decisões
empresariais relativas a determinados mercados, tais como: definição de preços, competição e
entrada e saída de novos agentes nos mercados. Neste campo, o ato de regular tem como principal
propósito o de facilitar, limitar ou intensificar os fluxos e trocas de mercado.

Regulação Social: Refere-se à intervenção governamental para a proteção de interesses públicos


relevantes, como saúde, segurança, meio ambiente, assim como de mecanismos de oferta universal
desses bens e de coesão social.

Regulação Administrativa: Refere-se aos trâmites burocráticos e formalidades administrativas por

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Modulo 4

meio dos quais os governos coletam informações e intervêm em decisões econômicas individuais,
podendo apresentar impacto substancial sobre os administrados e o desempenho do setor privado.

Em qualquer uma das modalidades de regulação, a intenção, como destaca SILVA 2009,
“é garantir o adequado funcionamento do mercado na perspectiva de alcançar a
máxima eficiência na busca do bem-estar social. Para que isto aconteça, o Estado
vale-se de mecanismos, instrumentos e desenhos institucionais capazes de
estabelecer e induzir padrões de comportamento, detectar variações e corrigir
eventuais desvios, segundo as características, singularidades e necessidades de
cada setor regulado”. (SILVA, 2009)

Mas afinal, quem tem


competência para regular?

Embora as agências reguladoras apresentem atualmente o formato mais conhecido de


órgão regulador, vale lembrar que a atuação reguladora do Estado é exercida também por inúmeros
órgãos administrativos, como ministérios, secretarias, autarquias, entre outros. Na regulação
sanitária, além da Anvisa, as vigilâncias sanitárias estaduais e municipais, a Secretaria Nacional do
Consumidor, do Ministério da Justiça, algumas Secretarias do Ministério da Agricultura, o Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), entre outros, têm competências
características de regulação, emissão de regulamentos e fiscalização, afetando significativamente
o mercado e as relações de consumo.

Veja as principais agências brasileiras que regulam serviços prestados diretamente aos
consumidores:

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Escola Nacional de Defesa do Consumidor

Segundo RAMALHO (2008), em função dos interesses públicos envolvidos, as agências devem
gozar de características que também estão presentes em outros órgãos governamentais: transparência
de procedimentos, emprego de mecanismos ágeis e eficientes para participação dos interessados na
regulamentação, capacidade e especialização técnica e publicidade de atuação com disponibilização
de informações e dados dos setores e das empresas regulados, de forma a permitir que a sociedade
possa acompanhar a atuação do órgão. Além disso, devem contar com a existência de mecanismos
de controle social, que permitam responsabilizá-las perante a sociedade, evitando sua captura por
interesses dos setores regulados, com vistas ao seu transparente e competente desempenho.

DESTAQUE
Depois de tudo isso resta saber o que é a regulação sanitária?
A regulação sanitária refere-se à regulamentação, controle e fiscalização das relações de
produção e consumo de bens e serviço, formas pelas quais o Estado intervém para impedir
que comportamentos no sistema produtivo causem danos ou riscos à saúde da população,
buscando garantir o adequado funcionamento do mercado, dando maior previsibilidade,
transparência e estabilidade ao processo regulatório, propiciando um ambiente seguro para
a população e favorável ao desenvolvimento social e econômico do país (RAMALHO 2008).
Os setores regulados pela Anvisa e demais órgãos do SNVS envolvem bens e serviços
socialmente estratégicos por serem essenciais à proteção da saúde e à vida da população
brasileira, assim como os demais bens e serviços são caracterizados pela presença de falhas
de mercado, tais como competição imperfeita e assimetria de informação, entre outras.

No que se refere à competição imperfeita, como exemplifica SILVA (2009):


“a estrutura do mercado farmacêutico mundial está caracterizada pela existên-
cia de oligopólios e monopólios, dada a presença de multinacionais que atuam
de forma globalizada e influenciam o comportamento do setor. As dez principais
empresas do setor possuíam, em 1990, 28,4% do mercado, concentração ampli-
ada nos anos seguintes. Em 2000, 45,2% do mercado estavam divididos entre as
dez maiores empresas, ao passo que 14% das vendas se concentravam em ape-
nas duas delas” (SILVA, 2009).

22
Modulo 4

Outra importante falha de mercado nos setores regulados pela Vigilância diz respeito à
assimetria da informação. A publicidade de medicamentos pode ser utilizada como exemplo, na
medida em que é utilizada pelo setor farmacêutico como estratégia de ampliação do consumo.

Segundo SILVA (2009):


“os médicos são o principal alvo das técnicas promocionais da indústria
farmacêutica, já que a escolha por um ou outro medicamento depende
fundamentalmente deles. A isto soma-se o fato de que, para muitos profissionais
de saúde, tais técnicas promocionais representam a principal forma de
atualização de conhecimento” (SILVA, 2009).

IMPORTANTE
É nesse contexto que a regulação sanitária assume relevante papel na proteção e na defesa
da saúde dos cidadãos e, portanto; passa a ser categorizada como regulação social.

O papel de uma agência reguladora ou órgão público regulador é buscar um equilíbrio entre
os interesses dos consumidores, das empresas e dos governos e oferecer à sociedade melhores
condições de vida e desenvolvimento. Através da emissão de normas e regulamentos e da
fiscalização dos setores, o Estado busca proporcionar produtos e serviços seguros e de qualidade,
com preços módicos, buscando ainda evitar práticas predatórias e desleais de concorrência e de
domínio do mercado. Dessa maneira, o Estado pode eticamente promover o desenvolvimento
social e econômico da população e do país. Caso essa função não atinja seus propósitos, pode
prejudicar toda a sociedade, permitindo que apenas interesses restritos sejam protegidos e
beneficiados (LAZZARINI, 2009).

3.1.1 Vigilância Sanitária e Proteção e Defesa do Consumidor

Para cumprir o objetivo de proteger a saúde da população, é necessário que a vigilância


sanitária desenvolva um amplo conjunto de ações que devem guardar estreita relação entre si,
permitindo uma abordagem e compreensão integral acerca do objeto que está sendo regulado.

A seguir apresentaremos os instrumentos de regulação utilizados para produtos e serviços


de interesse da saúde.

Clique em cada um deles para conhecê-los melhor.

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Escola Nacional de Defesa do Consumidor

Regulamentação

Conjunto de normas técnicas e jurídicas que disciplinam os parâmetros para produtos


e serviços sujeitos à vigilância sanitária, com foco na proteção da saúde coletiva e individual. É
instrumento fundamental para o balizamento da atuação da vigilância sanitária, tendo em vista
o Princípio da Legalidade que rege a atuação dos órgãos da Administração Pública. As normas
nacionais estabelecem um patamar de exigências para todo o país e para os produtos importados,
cabendo aos Estados e Municípios contemplar as questões de caráter local, de acordo com suas
singularidades.

Registro

Representa o ato legal que reconhece a adequação dos produtos de interesse da saúde, como
alguns grupos de alimentos, medicamentos, dispositivos médicos, produtos de higiene, cosméticos
e saneantes às normas vigentes. A concessão do registro é formalizada por meio de publicação no
Diário Oficial da União (DOU), expressando, portanto, a permissão por parte da autoridade sanitária
para o início da fabricação do produto. Para a concessão do registro, a vigilância sanitária deve
verificar critérios relativos à segurança e eficácia, em especial no caso de medicamentos e outras
tecnologias em saúde, além do cumprimento dos procedimentos determinados pela legislação
vigente. São avaliados, por exemplo, formulação, estudos científicos, presença de substâncias
permitidas ou proibidas, informações de bulas e de rótulos, embalagens, entre outros itens.

Fiscalização e Inspeção

A fiscalização sanitária verifica o cumprimento das normas de caráter sanitário e pode


ser exercida por meio da inspeção sanitária, de análises laboratoriais de produtos e de peças
publicitárias.

Segundo COSTA, a inspeção sanitária pode ser definida como:


“[...] uma prática de observação sistemática, orientada por conhecimento técnico-
científico, destinada a examinar as condições sanitárias de estabelecimentos,
processos, produtos, meios de transporte e ambientes e sua conformidade com
padrões e requisitos da Saúde Pública que visam a proteger a saúde individual e
coletiva” (COSTA, 2003).

As inspeções sanitárias são realizadas tanto para fins de licenciamento quanto para
monitoramento das condições de estabelecimentos, em situações consideradas especiais por
envolver maior risco sanitário ou ainda para investigação de denúncias.

24
Modulo 4

Licenciamento e Autorização de Funcionamento

Por exigência legal, todos os estabelecimentos com atividades de interesse para a saúde,
antes mesmo de seu funcionamento, devem ser inspecionados e licenciados pela autoridade
sanitária. No ato da inspeção para o licenciamento sanitário, também conhecido como alvará
sanitário, é verificado o cumprimento dos regulamentos técnicos e normas pertinentes. Além da
licença de funcionamento para empresas exercerem quaisquer atividades sob regime de vigilância
sanitária, por exemplo, extrair, produzir, fabricar, transformar, sintetizar, purificar, fracionar, embalar,
reembalar, importar, exportar, armazenar ou expedir produtos, é necessário que elas possuam a
Autorização de Funcionamento, conhecida como AFE. A exceção cabe à área de alimentos, que
exige somente a licença sanitária.

O Alvará ou Licença Sanitária representa a confirmação da vigilância sanitária de que


aquele estabelecimento produtor ou prestador de serviços possui condições de estrutura física e
procedimentos para desempenhar o que se propõe, ficando a cargo do prestador de serviço ou
produtor a responsabilidade pela garantia da qualidade de seu produto (CONASS, 2007).

A Licença Sanitária deverá ser outorgada a todos os estabelecimentos públicos e privados,


que igualmente devem atender as normas específicas editadas pelo órgão regulador, estando os
estabelecimentos públicos apenas desobrigados do pagamento das taxas, mas permanecendo
sujeitos às exigências e penalidades previstas na Lei.

Cadastramento

Na ausência de sistemas de informação mais estruturados, o cadastro dos estabelecimentos


sujeitos à vigilância sanitária, em muitos municípios, tem de ser constituído na maior fonte de
informação para o dimensionamento do universo de estabelecimentos e planejamento de ações.
Refere-se ao reconhecimento do universo de atuação do órgão a partir do registro de informações
sobre a identificação, histórico de ações já realizadas nos estabelecimentos, como concessão ou
suspensão de licença sanitária, infrações sanitárias, processos administrativos em tramitação,
penalidades anteriormente impostas, desvios de qualidade de produtos investigados, dentre outras.

Análise Laboratorial

Os laboratórios de saúde pública integram a estrutura do SNVS e representam instrumentos


imprescindíveis para execução de análises fiscais e de controle dos produtos colocados no mercado.
Tais análises buscam avaliar a adequação dos produtos às normas e também podem ser fundamentais
para elucidar denúncias e identificar condições e substâncias prejudiciais à saúde.

25
Escola Nacional de Defesa do Consumidor

Monitoramento de Produtos e Serviços

Corresponde à avaliação mediante acompanhamento, de situações de risco, processos ou


qualidade de produtos, para a identificação de risco iminente ou mesmo virtual de agravos à saúde,
como também os resultados de ações de controle. O principal objetivo de programas de monitoramento
é reduzir a exposição da população a produtos ou serviços que possam acarretar danos ou agravos à
saúde (produtos ou serviços defeituosos). Seus resultados devem subsidiar o gerenciamento do risco,
por exemplo, por meio de programas de inspeção, revisão da legislação, entre outras ações. A título
de exemplo, podemos citar o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA),
que tem por objetivo geral avaliar continuamente os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos
in natura que chegam à mesa do consumidor.

Monitoramento de Mercado

Diz respeito aos aspectos econômicos da regulação do mercado, especialmente o farmacêutico


ou de outras tecnologias em saúde.

Monitoramento de Propaganda e Publicidade

Atividade relativamente recente na Anvisa, a “monitoração e a fiscalização da propaganda/


publicidade de produtos sujeitos à vigilância sanitária compreende ações essenciais para a prevenção
de riscos e agravos à saúde da população. Segundo a Constituição, o Estado deve proteger a pessoa
e a família da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio
ambiente, inclusive com restrições legais à propaganda” (ANVISA, 2009).

O art. 37 do CDC proíbe a publicidade enganosa ou abusiva, ou seja, aquela que induz o
consumidor a erro.

Monitoramento de Eventos Adversos e Outros Agravos

Corresponde ao monitoramento, análise e investigação de eventos adversos e queixas técnicas


relacionadas aos serviços e produtos sob vigilância sanitária na fase de pós-comercialização ou pós-
uso – também denominado vigilância pós-comercialização/pós-uso (Vigipós).

Atendimento a Denúncias

Um serviço de acolhimento de denúncias por parte dos órgãos de vigilância sanitária é


fundamental para o monitoramento da situação sanitária de produtos e serviços. Acima de tudo,
promove a participação social. Por meio desse canal, os serviços de vigilância sanitária podem
identificar produtos e serviços que apresentam problemas e, dessa forma, subsidiar o planejamento
das ações de vigilância.

26
Modulo 4

Chamamento ou Recall

Muitas vezes o defeito que expõe o consumidor a riscos não é previsível antes da disponibilização
do produto ou serviço, no mercado. Neste caso, assim que o fornecedor constatar que um produto
ou serviço já disponível para consumo apresenta defeito, ou seja, apresenta condições que expõem o
consumidor a riscos, ele deve imediatamente tomar medidas para o seu recolhimento mediante troca
ou ressarcimento. É isso que determina o Código de Defesa do Consumidor. A esse procedimento, dá-
se o nome de chamamento ou, na forma mais conhecida mundialmente, recall.

Ao tratar da prevenção e reparação de danos, especialmente aqueles relacionados à saúde


e segurança, o CDC proíbe os fornecedores de ofertar produtos que apresentem alto grau de risco.
Essas obrigações são definidas no art. 10 do CDC e seus parágrafos. Vamos a ele.

LEGISLAÇÃO
“O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou
deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado
de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato
imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa,
rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou
segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão
informá-los a respeito”.

O Recall está relacionado a produtos ou serviços que apresentaram defeitos constatados


posteriormente à sua introdução no mercado de consumo e tem por finalidade evitar ou minorar
acidentes de consumo. Em situações que comportam o Recall, o Código responsabiliza o fornecedor
pela comunicação imediata e ostensiva do fato às autoridades competentes e aos consumidores.

A regulamentação do Recall, pela Portaria nº 487/2012, do Ministério da Justiça, detalha os


procedimentos que devem ser adotados pelo fornecedor: quem deve ser comunicado, a forma de
comunicação, o plano de atendimento aos consumidores, a forma e a celeridade na comunicação,
o plano de monitoramento do Recall, a reparação de eventuais danos, o ressarcimento ao
consumidor, atribuindo à Senacon o monitoramento do cumprimento desses procedimentos.

A Portaria institui o sistema de comunicação de avisos de risco ao consumidor – Sistema


de Alertas Rápidos de Recall, disponível no site da Senacon, onde podem ser observados
recalls de inúmeros produtos, inclusive vários produtos de interesse da saúde, como alimentos,
medicamentos, cosméticos, etc. Adiante, o sistema será tratado em detalhes.

27
Escola Nacional de Defesa do Consumidor

DESTAQUE
Nesse contexto, vale ressaltar o Grupo de Estudos Permanente de Acidentes de Consumo
(Gepac), criado em 2008 pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor. O Grupo
é composto por representantes do Ministério Público Federal em São Paulo, Ministério
Público do Estado de São Paulo, Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Procon
São Paulo, IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Anvisa, Inmetro, Denatran,
Brasilcon (Instituto Brasileiro de Política de Direito do Consumidor), entre outros. O Gepac se
reúne em média quatro vezes ao ano, com o propósito de trocar informações e experiências,
analisar casos relevantes, definir estratégias para coibir a comercialização de produtos com
potencial danoso e monitorar acidentes de consumo, bem como propor ações que diminuam
sua ocorrência.

Periodicamente o Gepac emite Recomendações. A Recomendação nº 01/2012, estabeleceu


que empresas internacionais com atuação no país e importadores de produtos e serviços devem
comunicar às autoridades brasileiras competentes recalls realizados em outros países, permitindo
às autoridades brasileiras o monitoramento da eventual entrada desses produtos no país.

Mesmo existindo legislações sanitárias mais antigas que responsabilizam o fornecedor pelo
recolhimento de medicamentos e produtos para saúde (Lei n° 6.360/76, art. 62, parágrafo único, e
Resoluções da Anvisa mais recentes, como a RDC nº 55/2005, RDC nº 23/2012 e a RDC nº 24/2014,
a utilização do CDC no tocante ao Recall pode agilizar e integrar as ações de vigilância e defesa do
consumidor permitindo maior eficiência na retirada de produtos que podem causar danos à saúde
do consumidor.

DICA
Para facilitar a compreensão das normas relativas ao Recall, a Secretaria Nacional do
Consumidor – Senacon/MJ elaborou o Guia Prático do Fornecedor (http://www.justica.gov.br/
seus-direitos/consumidor/saude-e-seguranca/anexos/recall-guia-pratico-do-fornecedor.pdf).

O texto elaborado em linguagem acessível foi produzido em colaboração com o Grupo


de Estudos de Acidentes de Consumo – Gepac, coordenado pela Secretaria. O Guia pode ajudar
servidores públicos que atuam na defesa do consumidor e na vigilância sanitária a compreender a
importância do Recall para a prevenção de riscos à saúde dos consumidores.

Ao estimular o Recall, as equipes desses dois serviços podem racionalizar suas atividades,
atribuindo aos fornecedores de produtos ou serviços a devida responsabilidade pelo problema
detectado.

28
Modulo 4

3.2 Informação

Para dar a devida dimensão ao tema Informação, vamos abordá-lo sob dois aspectos: a
informação utilizada como instrumento para gestão dos serviços de vigilância sanitária e de defesa
do consumidor e a informação como manifestação de transparência dos serviços que possibilita,
entre outras coisas, a participação e o controle social.

3.2.1 Informação para Gestão

Para a prevenção de situações adversas de saúde, é imprescindível que os serviços de


vigilância sanitária e de defesa do consumidor organizem suas atividades de modo a possibilitar que
os dados gerados cotidianamente forneçam informações que permitam aos serviços a definição de
estratégias para a pronta atuação sobre situações de risco.

Mesmo vivendo na chamada Era da Informação e convivendo com a sedução da tecnologia


da informática e da agilidade da internet, o que se observa é que os serviços produzem e
armazenam grandes volumes de dados, com pouco ou nenhum tratamento estatístico e de análise
e a consequência é um volume de informações muito inferior do que aquele que potencialmente
poderia ser produzido.

Um dos desafios estratégicos colocados para serviços, cuja missão é intervir e prevenir
situações de risco, promovendo a saúde do consumidor, é investir para que os dados produzidos
pelos serviços gerem informações e que essas informações se transformem em conhecimento.

Serviços que utilizam informações bem estruturadas têm possibilidade de aumentar a


sensibilidade para a detecção de situações de risco, ampliar a capacidade técnica de respostas a
essas situações, instituindo ações de investigação, controle e prevenção.

A seguir vamos apresentar alguns bancos e sistemas de informação utilizados pelos serviços
de vigilância sanitária e de defesa do consumidor.

Bancos de Dados e Sistemas de Informação (SNVS)

Hoje os serviços federais de vigilância sanitária contam com diversos bancos de dados, que
permitem algumas consultas simples sobre produtos, empresas e serviços. A maior parte desses
bancos é dirigida a públicos específicos, especialmente relacionados às empresas e a serviços de
vigilância, inclusive com acesso atrelado às senhas.

Entre eles temos:

Clique em cada um para ver sua descrição.

29
Escola Nacional de Defesa do Consumidor

Alimentos: Banco de dados com relação de produtos com registro obrigatório e empresa
responsável.

Medicamentos: Informações de bulas de medicamentos.

Consulta à Situação de Documentos: Documentos administrativos e técnicos sobre: - Alimentos,


Autorizações, Cosméticos, Derivados do Tabaco, Medicamentos, Portos Aeroportos e Fronteiras,
Produtos para Diagnóstico In vitro, Produtos para Saúde – Correlatos, Saneantes e Toxicologia.

Produtos controlados: Informações sobre substâncias psicotrópicas.

Saneantes: Registro, produtos, etc.

Autorização de Funcionamento de Farmácias e Drogarias: Farmácias e drogarias com autorização


de funcionamento, legislação, pagamento de taxa de fiscalização, formulário de petição, etc.

Cadastro de unidades hemoterápicas: Dados cadastrais, atividades exercidas.

Cosméticos: Registro, notificações.

30
Modulo 4

Produtos para saúde: Registro, características dos produtos.

Sistema Interamericano de Alertas Rápidos (Siar): Intercâmbio de informações entre países das
Américas sobre alertas de segurança de produtos.

Sistema de Notificação em Vigilância Sanitária (Notivisa): Sistema informatizado desenvolvido


pela Anvisa para receber notificações de incidentes, eventos adversos (EA) e queixas técnicas (QT)
relacionadas ao uso de produtos e de serviços sob vigilância sanitária.

Fonte: Página Virtual da Anvisa (www.anvisa.gov.br)

Para o monitoramento de situações de risco, a Anvisa conta com o Sistema Nacional de


Notificações para a Vigilância Sanitária (Notivisa) para captação de notificações sobre problemas
referentes ao uso de produtos e serviços sob regulação sanitária.

Descrição da Suspeita

Utilizado
quando?

Sistema de Notificação em Há uma suspeita de


Vigilância Sanitária reação adversa Quem pode fazer
a notificação?

Recebimento da Notificação
da Suspeita e contato Notificação da Suspeita Profissionais da Saúde e Consumidores
com o notificador

Conclusão da Análise Publicação de Informações


de Segurança Interditando e/ou retirando
o produto do mercado

31
Escola Nacional de Defesa do Consumidor

Nele podem ser notificados eventos relacionados a: Medicamentos, Vacinas,


Imunoglobulinas, Artigos Médico-Hospitalares, Equipamentos Médico-Hospitalares, Produtos para
Diagnóstico de uso in vitro, Uso de Sangue ou Componentes, Cosméticos, Produtos de Higiene
Pessoal ou Perfume, Saneantes e Agrotóxicos.

O Sistema dá suporte às atividades de vigilância pós-comercialização, permitindo o


monitoramento de problemas como eventos adversos (aqueles que causam danos à saúde) e
queixas técnicas associadas aos produtos mencionados.

Algumas vigilâncias estaduais, como a do Estado de São Paulo, contam com sistemas
próprios de notificação eletrônica de eventos adversos e também geram alertas sobre produtos e
serviços notificados.

Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec)

O SNDC utiliza como principal suporte para suas informações, o Sistema Nacional de
Informações de Defesa do Consumidor (Sindec). Esse sistema registra “dados de atendimentos
a consumidores, a instrução dos procedimentos de atendimento e dos
processos de reclamação, além da gestão das políticas de atendimento e
fluxos internos dos Procon integrados ao Sistema e a elaboração de Cadastros
Estaduais e Nacional de Reclamações Fundamentadas” (site Senacon). Os dados são desagregados
por Estados e são apresentados sob a forma de listas e gráficos.

O Sistema é nacional e, sob coordenação da Senacon, integra bancos de dados de mais


de 852 Procons, de 27 unidades da Federação. As informações geradas permitem uma visão
panorâmica sobre os principais problemas que afetam os consumidores e podem ser utilizadas para
formulação da Política Nacional das Relações de Consumo, subsidiar os consumidores e os diversos
interessados na proteção e defesa do consumidor. O Sistema possibilita ainda que fornecedores
aperfeiçoem seus produtos e/ou serviços e o relacionamento com os consumidores.

Sistema Nacional de Alertas Rápidos de Recalls

Como já apontado, o Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 10, prevê que o
fornecedor não pode colocar no mercado de consumo produto ou serviço que
apresente risco ao consumidor. Caso o fornecedor tome conhecimento de tal risco,
é sua obrigação comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e à
coletividade de consumidores e promover a retirada do risco do mercado. Essa ação
é conhecida como recall ou processo de chamamento.

32
Modulo 4

DESTAQUE
Como órgão coordenador do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, a Secretaria
Nacional do Consumidor acompanha e fiscaliza todos os procedimentos de recall no Brasil,
nos termos do artigo 10 do Código de Defesa do Consumidor, bem como desenvolve ações
voltadas à prevenção de acidentes de consumo.

A Portaria MJ n. 487/2012, que dispõe sobre o procedimento de recall no país, também instituiu
oficialmente um sistema de comunicação de avisos de risco ao consumidor – o Sistema Nacional de
Alertas Rápidos de Recall. Esse sistema já existia, mas passou a ter mais força com a sua institucionalização.
O Sistema serve para o registro, monitoramento e controle da qualidade e da segurança de produtos e
serviços no território brasileiro, tanto pelas autoridades públicas como pela sociedade.

IMPORTANTE
Com o Sistema, qualquer cidadão pode ter acesso a detalhes de qualquer Campanha de
Chamamento em trâmite no Brasil. Além disso, o usuário pode cadastrar o seu e-mail para
receber os alertas que a Senacon publica toda vez que recebe um recall.

Além disso, o Sistema de Recall é uma ferramenta que disponibiliza a divulgação atualizada
das informações de recall para os consumidores e aprimora uma rede de alertas rápidos para a
população. Pelo Sistema, o fornecedor disponibiliza as informações para o cadastro de seu recall.
O consumidor pode visualizar informações de todas as campanhas realizadas no Brasil sobre
qualquer produto ou serviço. O Sistema também gera relatórios com os dados das campanhas
e possui indicadores públicos sobre recall. As informações podem ser acessadas no endereço da
Senacon na internet.

O consumidor pode se cadastrar para receber no e-mail fornecido alertas sobre novos
Recalls.

Sistema de Informações de Acidentes de Consumo (Siac)

No IX Congresso do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, realizado


em 2013, foi noticiada a criação do Sistema de Informações de Acidentes de
Consumo (Siac), fruto de parceria entre os Ministérios da Justiça e Saúde. O
Sistema foi criado pela Portaria Interministerial n. 3082, de 25 de setembro de
2013, e tem por objetivo o estabelecimento de um banco de dados de acidentes de consumo, com
vistas à identificação de produtos ou serviços potencialmente nocivos ou perigosos colocados no
mercado de consumo, e à consequente atuação eficaz e coordenada dos órgãos governamentais
competentes, para minimizar possíveis riscos à saúde e à segurança dos consumidores.

33
Escola Nacional de Defesa do Consumidor

IMPORTANTE
O ingresso no Sistema exige o fornecimento de registro profissional em Conselho de
Categoria, e os dados a serem preenchidos são os mesmos daqueles constantes na ficha de
notificação supramencionada.

Objetivo
Quem alimenta? do preenchimento.

Lançado oficialmente em 29 de
janeiro de 2014. O SIAC está Profissionais da saúde, regularmente inscritos Receber informações
disponibilizado nos sites da nos Conselhos de medicina, enfermagem, sobre acidentes graves
Secretaria Nacional do odontologia, farmácia, serviço social, ou fatais sofridos em
Consumidor, da Agência Nacional psicologia, educação física, fisioterapia, razão de uso de produtos
de Vigilância Sanitária e do nutrição e terapia ocupacional. ou serviços defeituosos.
Ministério da Saúde.

Nova ficha de Procedimentos


acidente de consumo
Familias de produtos relatadas mais comuns
Preenchimento de ficha de
notificação, em ambiente virtual pelo
profissional de saúde designado pelas
unidades de saúde, realizando o
atendimento do paciente que sofreu
uma lesão decorrente de serviço ou
produto.

Produtos que mais causaram acidentes

Exemplos de acidentes de consumo

A aluna levou um choque tão


O cabeleireiro aplicou o produto forte na esteira da academia
inadequadamente que foi parar no hospital!
e queimou o cabelo da cliente!

Embalagens também podem causar Algumas pessoas são alérgicas


acidentes de consumo quando sua a certos tipos de alimentos como o
concepção é inadequada. glúten por exemplo.

34
Modulo 4

Nesse sentido, o SIAC


permite, entre outros:

i) registro e o mapeamento dos acidentes de


consumo e a criação de diagnósticos;
ii) ampliação da vigilância de mercado, com
determinação de medidas corretivas, como a
realização de um recall;
iii) identificação das categorias de
consumidores e regiões mais afetadas,
possibilitando políticas públicas mais
direcionadas; e
iv) redução do impacto dos acidentes de
consumo para os cofres públicos, em especial,
para o Sistema Único de Saúde.

Tanto a promoção da saúde como a proteção aos cidadãos nas relações de consumo
são direitos previstos como fundamentais e sociais na Constituição Federal de 1988. Embora, a
princípio, sejam direitos que demandem intervenções em campos distintos, nota-se, atualmente,
a conjugação de esforços de ambas as áreas em políticas relacionadas à promoção do consumo
seguro e saúde, que tem ganhado cada vez mais relevância nos cenários local, regional e global,
motivando diversos Estados a enfrentar o tema de maneira prioritária e articulada.

Após o lançamento do Siac, a Senacon passou a coordenar a articulação com órgãos federais,
estaduais e diretamente com hospitais para efetiva implementação do Sistema. As primeiras
instituições a assinarem um acordo de cooperação com a Senacon foram o Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o maior hospital da América Latina, e
o Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), também entre os maiores
hospitais do país.

Além disso, também foi assinado acordo de cooperação com o Ministério Público do Estado
da Paraíba, cujos objetos centrais foram a criação de um programa estadual, apoiado pela Senacon,
de prevenção de acidentes de consumo, e a atuação do MP-PB em conjunto com a Senacon para
utilização do Siac nos hospitais públicos e privados da Paraíba.

35
Escola Nacional de Defesa do Consumidor

No âmbito do Hospital das Clínicas de São Paulo, o Siac foi concretizado primeiramente no
Instituto da Criança – ICr, como piloto, em seguida em outros institutos.

Em 10 de setembro de 2015, o Hospital das Clínicas registrou o seu primeiro caso de acidente
de consumo no Siac, ocorrido com uma criança de 3 anos que ingeriu pedaços de colher de plástico
que quebrou durante a alimentação. Também em 2015 a Senacon iniciou a primeira investigação
a partir de um registro do Siac. Dizia respeito a uma motocicleta que causara um acidente ao seu
condutor.

Sistema Interamericano de Alertas Rápidos (SIAR)

O Sistema Interamericano de Alertas Rápidos (Siar) é uma plataforma virtual resultante


dos esforços desempenhados pelos países membros da Rede Consumo Seguro
e Saúde (RCSS) da Organização dos Estados Americanos (OEA), no sentido de
promover, em âmbito nacional e hemisférico, a segurança de produtos de
consumo. O Sistema decorre da importância do intercâmbio de informações
para a rápida tomada de medidas adequadas que impeçam ou visem a impedir a
exposição da população a riscos provenientes de produtos inseguros.

A Secretaria-Geral da OEA, em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS),


realizou consultas técnicas sobre a segurança dos produtos de consumo e seu impacto na saúde,
nas quais se ressaltou a importância de se dispor de mecanismos de intercâmbio de informações
ágeis entre as autoridades do continente com competência na vigilância de mercado. Os países
declararam-se conscientes de que a criação de um Sistema Interamericano de Alertas Rápidos
sobre a segurança dos produtos de consumo contribuirá para proteger a saúde dos consumidores
por meio da detecção rápida e da ação coordenada, tendo como objetivo evitar a entrada de
produtos de consumo inseguros nos mercados americanos.

Em 2014, ficou decidido que o Siar é o instrumento para proteção dos consumidores, em
nível nacional e hemisférico, por meio do intercâmbio de informações. Esse Sistema traz vantagens
recíprocas no compartilhamento de dados para promoção da segurança de produtos de consumo.

36
Modulo 4

O SIAR se divide em
três Módulos: público, privado
e seguro. Para saber mais, clique
em cada um deles.

Módulo Público. Esse módulo, acessível a qualquer pessoa ou instituição, serve para
compartilhamento de informações de relevância para toda a população do continente. Estarão
disponíveis os alertas de recall, com campos de busca, inclusive rápida e personalizada, e
informações de análises e gráficos. Nesse Módulo, é possível encontrar, para cada recall: Órgão
Notificante, Categoria do Produto, Fonte do Alerta, Data de Publicação, Nome do Produto, Marca,
Foto do Produto, Número de Série, Código do Produto, País de Origem, Descrição do Defeito, Países
afetados e Descrição do Risco.

Módulo Privado. Nesse Módulo, autoridades trocam experiências contendo, entre


outros elementos importantes: informações comerciais, acidentes reportados, recomendações,
informações técnicas, resultados reportados, certificações, importadores e distribuidores.

37
Escola Nacional de Defesa do Consumidor

Módulo Seguro. Nesse Módulo, autoridades podem trocar informações e questionamentos


entre si, inclusive de investigações e outros procedimentos sigilosos. No ambiente as autoridades,
sob confidencialidade, podem trocar os dados com apenas uma ou outras autoridades: Análises
do risco, resultados de provas técnicas, medidas fiscais e sancionatórias, informações de contato e
situação de fornecedores, outras informações confidenciais e anexos.

Atualmente estão disponíveis seis sistemas de informação ligados à proteção e à defesa do


consumidor. Para saber mais, clique em cada um deles.

01 Sindec 02 Recall
SISTEMA FINALIDADE ACESSO
SISTEMA FINALIDADE ACESSO

• Sistema • Permite o • Aberto para o • Aberto ao


• Sistema • Informações
Nacional de registro, público para público para
Nacional de sobre Recalls de
Informações de acompanhamento consulta. consulta.
Alertas Rápidos produtos.
Defesa do e gestão das Possibilita
de Recall.
Consumidor demandas cadastro para
(Sindec). levadas pelos recebimento de
consumidores informações que
aos Procons são enviadas
integrados. para o e-mail
informado.

03 Siac 04 Siar
SISTEMA FINALIDADE ACESSO SISTEMA FINALIDADE ACESSO

• Sistema • Intercâmbio de • Aberto a


• Sistema de • Notificação de • Profissionais qualquer cidadão
Informações de acidentes graves inscritos em Interamericano informações
e com área
Acidentes de ou fatais qualquer de Alertas entre países das
reservada para
Consumo (SIAC) relacionados ao Conselho Rápidos (SIAR) Américas sobre autoridades dos
uso de produtos profissional da alertas de países das
ou serviços área da saúde. segurança de Américas. No
colocados no produtos. Brasil, Senacon,
mercado de Anvisa, Inmetro e
consumo. Ministério da
Saúde têm acesso.

05 Consumidor.gov.br 06 Sinmac
SISTEMA FINALIDADE ACESSO SISTEMA FINALIDADE ACESSO

• SINMAC • Sistema • http://www.inmet


• Consumidor.gov • Serviço público • Aberto aos ro.gov.br/consumido
gratuito que permite desenvolvido
.br cidadãos r/acidente_consum
a interlocução pelo INMETRO em
brasileiros. o.asp
direta entre que o cidadão
consumidores e pode
empresas para rela-tar/notifica
solução de conflitos r acidentes de
de consumo pela consumo
Internet.

Fonte: site Senacon

Além dos sistemas acima relacionados, para o monitoramento de situações de risco, a


38
Modulo 4

Anvisa conta com um Sistema para captação de notificações sobre problemas referentes ao uso de
produtos sob regulação sanitária, Notivisa.

3.2.2 Informação para Cidadania

Um dos mais importantes instrumentos para que o consumidor exerça seus direitos é a
informação. Munido de informações claras e objetivas, o consumidor pode reivindicar direitos e
exercer seu direito de escolha.

Vocês sabiam Com a LAI - Lei


que todos têm direito Geral de Acesso à
à informação, de acordo Informação, tudo melhorou. Verdade! Todos os E as páginas
com a constituição? órgãos públicos devem eletrônicas desses órgãos
disponibilizar seus dados e devem estar estruturadas de
informações em locais com forma simples e organizada, e
condições apropriadas para com linguagem acessível
atender e orientar o para os leigos.
público.

O texto constitucional determina nos incisos de seu art. 5º, que “é assegurado a todos o
acesso à informação...”, resguardando o sigilo da fonte quando necessário ao exercício profissional
e que “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou
de interesse coletivo ou geral que serão prestados no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.

Em novembro de 2011, uma conquista importante da sociedade brasileira foi a promulgação


da Lei Geral de Acesso à Informação – LAI – Lei nº 12.527/2011. A lei entrou em vigor em maio de
2012 e subordinou a seus ditames os

LEGISLAÇÃO
“órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo,
incluindo as Cortes de Contas, do Judiciário e do Ministério Público; as autarquias, as fundações
públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios” ( art. 1º).

39
Escola Nacional de Defesa do Consumidor

Segundo a LAI os órgãos públicos devem disponibilizar seus dados e informações em locais
com condições apropriadas para atender e orientar o público e as páginas eletrônicas desses órgãos
deverão ser estruturadas de forma simples e organizada, com linguagem acessível para os leigos.

O sigilo passou a ser tratado como exceção, para situações previstas na lei, e o interesse
público, a gravidade do dano à segurança da sociedade e do Estado são os principais critérios para
classificar se uma informação é ou não sigilosa.

Quando solicitada, a informação deve ser fornecida imediatamente e quando isto não for
possível o prazo não pode ultrapassar 20 dias, podendo ser prorrogado por mais 10. A negativa de
acesso à informação comporta recurso dos interessados às instâncias superiores da Administração
Pública e caso a negativa se perpetue, o agente público responsável por fornecer as informações
solicitadas estará sujeito às penalidades previstas na lei.

Boletim Consumo Seguro e Saúde

Ainda dentro do
tema Informação, temos o
Boletim Consumo Seguro e
Saúde e o projeto Educanvisa.
Vamos ver um pouco sobre
cada um deles!

40
Modulo 4

O Boletim Consumo e Saúde é fruto da parceria entre Senacon e a Ouvidoria da Anvisa. O


boletim aborda temas relevantes relacionados à saúde e segurança, esclarecendo a diferença entre
as irregularidades que podem ser detectadas em produtos e serviços e as exigências legais.

As edições estão disponíveis nos sites das duas instituições e abordam temas como:

• Cuidado com alisantes

• Falsificação de medicamentos

• Medicamento verdadeiro: fique atento!

• Antibióticos: novas regras para compra

• Rotulagem e informação nutricional – saiba o que você está comendo

• Inseticidas, Repelentes e Raticidas - entenda melhor

• Agrotóxicos e Alimentos – qualidade e segurança

• Segurança do paciente em serviços de saúde

• Entre outros.

SAIBA MAIS
http://www.anvisa.gov.br/institucional/ouvidoria/consumo_saude/index.htm
http://www.justica.gov.br/seus-direitos/consumidor/educacao-para-o-consumo/boletim-
consumo-e-saude/boletim-consumo-e-saude

Educanvisa

A Educação em Vigilância Sanitária (Educanvisa) é um projeto educativo


da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Destina-se à capacitação de
professores da rede pública de ensino em assuntos relativos à Vigilância Sanitária
para serem trabalhados na comunidade escolar.

É uma atividade de promoção da saúde e de prevenção de doenças, cuja


ideia central é prevenir sobre os riscos e os danos associados ao uso inadequado
de produtos sujeitos ao controle sanitário.

Por se tratar de uma ação de cooperação entre duas secretarias – Saúde e Educação – a
Anvisa, na primeira etapa, capacita os profissionais indicados por essas instituições, que se tornam
os coordenadores locais do projeto. Estes atuam como multiplicadores do conhecimento em seus
estados ou municípios, levando a temática aos professores, que serão os responsáveis por aplicar
os conteúdos em sala de aula, aliando a teoria à prática escolar, versando sobre os temas livremente
ou adaptando-os a cada realidade.

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Escola Nacional de Defesa do Consumidor

São discutidos temas como Saúde e Educação, destacando a importância da aproximação


entre essas duas áreas; Vigilância Sanitária, discorrendo sobre o conceito, a história e a abrangência
desse campo do conhecimento; Medicamentos e uso racional, destacando os riscos associados
ao consumo inadequado e à automedicação; Alimentação saudável; Agrotóxicos; e Influência da
propaganda no consumo de alimentos e de medicamentos.

O papel da Anvisa, dentre outras atribuições, é oferecer as ferramentas necessárias para


alavancar o processo educativo em Vigilância Sanitária. Para tanto, e por se tratar de uma temática
muito específica, todo o material de apoio ao desenvolvimento do projeto é produzido por uma
equipe multidisciplinar da área técnica que coordena o Educanvisa.

O projeto oferece um conjunto de materiais educativos, contendo livros para o professor,


jogos, cartilhas, almanaques, cartazes, vídeos em DVD e spots de rádio, com o objetivo de facilitar
o aprendizado em assuntos da Vigilância Sanitária e apoiar o professor no desenvolvimento da
proposta.

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Modulo 4

4 VAMOS RELEMBRAR

Produtos e serviços disponíveis no mercado podem expor o consumidor a riscos. Existem


diversos produtos e serviços como alimentos, produtos de higiene pessoal, de limpeza, cosméticos,
medicamentos, serviços médicos e de alimentação, que se não forem devidamente regulados e
controlados, podem expor o consumidor a riscos. Para esse amplo conjunto de serviços e produtos
que são consumidos diariamente, a vigilância sanitária e os órgãos de defesa do consumidor
dirigem seus olhares.

Nesta extensa lista de produtos regulamentados e fiscalizados pela vigilância sanitária,


encontram-se ainda: insumos farmacêuticos, tecidos, sangue e hemoderivados, cosméticos,
produtos de higiene e perfumes, e produtos destinados à limpeza e desinfecção de ambientes
(saneantes). Podemos englobar nesta lista ainda equipamentos, aparelhos, materiais e acessórios
para fins diagnóstico, analíticos, ópticos, de acústica médica, odontológicos, de terapia, de apoio
médico-hospitalar, entre outros.

O escopo da vigilância sanitária sobre produtos abrange vários segmentos da cadeia


produtiva, desde a produção, rotulagem, embalagem e reembalagem, armazenagem, transporte,
comercialização, até o consumo.

Também constituem o universo de atuação da vigilância a fiscalização e regulação de


Serviços de Saúde e de Serviços interesse da Saúde. Nesta área, podem ser citados os seguintes
estabelecimentos: hospitais, clínicas médicas, de diálise, estética, recuperação de toxicômanos
e odontológicas, laboratórios de análises clínicas e meios diagnósticos, hemocentros, bancos de
sangue e de leite humano, etc.

Por fim, além dos estabelecimentos de saúde, cabe à vigilância o controle de estabelecimentos
de interesse para a saúde. Trata-se da prática de atividades que prestam assistência ao indivíduo
fora do contexto hospitalar ou clínico, e que pode alterar o estado de saúde do indivíduo. Dentre
essas atividades estão compreendidas as realizadas em salões de beleza, clínicas de estética,
estúdios de tatuagem, instituições de longa permanência para idosos, comunidades terapêuticas,
academias de ginástica, creches, entre outras.

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Escola Nacional de Defesa do Consumidor

5 ENCERRAMENTO

Neste módulo você


pôde aprender um pouco Prepare-se para seguir
mais sobre vigilância de com essa mesma garra para
Oba! Chegamos ao o nosso último módulo.
produtos e serviços.
final de mais um módulo.

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Modulo 4

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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