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PROCESSO PENAL OAB

Prof. Letícia Sinatora das Neves 2ª Fase

OAB 2ª FASE

PROCESSO PENAL

PROF. LETÍCIA

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PROCESSO PENAL OAB
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Sumário
CAPÍTULO I – DO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI.......................................................4
CAPÍTULO II – COMENTÁRIOS À LEI DE EXECUÇÃO PENAL – Lei n. 7.210/84 ....................... 19
CAPÍTULO III - RECURSOS .......................................................................................................... 34
1) AGRAVO EM EXECUÇÃO ............................................................................................................. 34
2) CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO ............................................................................ 46
CAPÍTULO IV – HABEAS CORPUS E RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL ....................... 49
1) HABEAS CORPUS (Art. 5º, LXVIII, CF/88) .................................................................................... 49
2) RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL ................................................................................... 57
CAPÍTULO V - REVISÃO CRIMINAL ............................................................................................. 62
CAPÍTULO VI – EXERCÍCIOS........................................................................................................67
CAPÍTULO VII – EXERCITANDO PEÇAS ....................................................................................... 71

PADRÃO DE RESPOSTAS .............................................................................................................. 75

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1 CAPÍTULO I – DO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI

É o rito procedimento destinado para processar e julgar crimes dolosos contra a vida,
previsto nos artigos 406 a 497 do Código de Processo Penal. A competência constitucional está firmada no artigo
5º, XXXVIII, da Constituição Federal.

O rito procedimental para os processos de competência do Júri comporta duas fases:


a primeira fase se inicia com o oferecimento da denúncia e se encerra com a decisão de pronúncia ( judicium
accusationis ou sumário de culpa); já a segunda tem início com o recebimento dos autos pelo juiz presidente
do tribunal do júri, e termina com o julgamento pelo Tribunal do Júri ( judicium causae).

Procedimento da primeira fase – Sumário da Culpa (judicium accusationis)

Art.406 ao 421 do CPP

1.1) Recebimento da denúncia – Art. 406

O Juiz, ao receber a denúncia, abre prazo para a defesa responder, no prazo de dez
dias.

A defesa poderá arguir preliminares e alegar tudo que interesse à sua defesa, oferecer
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito),
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário; as exceções são processadas em apartado.

Não esqueça: A base legal da Resposta à Acusação no procedimento do Júri é o artigo 406 do CPP e não o
artigo 396 do CPP.

1.2) INDISPENSABILIDADE DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO – Art. 408

Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la
em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos.

1.3) CONTRADITÓRIO – Art. 409 – Específico do Procedimento do Júri

Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre


preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias.

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1.4) Providências judiciais – Art. 410

Recebida a defesa prévia e, eventualmente, a manifestação do órgão acusatório


acerca de preliminares que tenham sido levantadas ou documentos, juntados, deve o magistrado deliberar a
respeito do encaminhamento a ser dado o processo.

Em seguida, determinará as diligências cabíveis (produção de prova pericial,


reconstituição do crime, entre outros). O mais relevante será designar a audiência de instrução e julgamento,
uma vez que as partes, quase sempre, arrolam testemunhas.

Observe que não há previsão expressa de absolvição sumária antes da audiência de


instrução e julgamento, visto que neste procedimento a absolvição sumária está prevista como uma das decisões
que encerram a 1ª fase do Júri. Logo, há discussão doutrinária a respeito do cabimento, existindo dois
posicionamentos:

a) É possível a aplicação da absolvição sumária para evitar a audiência de instrução,


aplicando-se analogicamente o artigo 397 do CPP1.

b) Não é possível, pois somente se utilizam as regras do procedimento comum


ordinário de forma subsidiária. No caso, há previsão expressa de aplicação do
instituto para evitar o Plenário. 2
Dessa forma, já se manifestou o STJ 3.

Inobstante os posicionamentos acima, é importante verificar nos enunciados as


informações constantes, pois somente será o caso de pedir em eventual Resposta à Acusação que seja o
acusado Absolvido Sumariamente, nos termos do artigo 397 do CPP, aplicando-se subsidiariamente a regra do
procedimento comum ordinário (artigo 394, §4º, do CPP), se houver indicação de causa manifesta que
permita um juízo de certeza, antes mesmo da audiência de instrução, do contrário, seguiremos as
regras expressas para o Procedimento Especial do Júri.

1
Nesse sentindo: Nestor Tavora e Rosmar Alencar sustentam: “Entendemos possível a antecipação da absolvição sumária
para momento anterior à audiência de instrução, com esteio no artigo 397 do CPP, aplicado analogicamente com base no
artigo 2º do mesmo Código.” in: Curso de Direito Processual Penal. Editora JusPodivm. 2017. P. 1235.
2
Nesse sentido: Lima, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Volume Único. Editora JusPodivm. 2017. P. 100.
3
Vejamos a ementa do julgado:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME DE HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. NULIDADES.
PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI. 1. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA APÓS A APRESENTAÇÃO DE
RESPOSTA ESCRITA. INAPLICABILIDADE DA REGRA. 2. CITAÇÃO POR EDITAL. NÃO ESGOTAMENTO
DOS MEIOS PARA CITAR O RECORRENTE. TENTATIVAS INFRUTÍFERAS. PROCESSO E PRAZO PRESCRICIONAL
SUSPENSOS. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. 3. PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO. RISCO DE
REITERAÇÃO. NECESSIDADE DE GARANTIR A ORDEM PÚBLICA. FUGA. ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI
PENAL. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 4. RECURSO IMPROVIDO.
1. Caso em que não se aplica a regra do art. 397 do CPP. Nos processos que tramitam pelo rito do
Tribunal do Júri, a avaliação acerca da absolvição é regulada pelo art. 415 do Código de Processo
Penal. Precedentes.
5. Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega provimento.
(RHC 68.765/ES, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 17/11/2016, DJe
28/11/2016).

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1.5) Instrução concentrada – Art. 411

O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das diligências


requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 dias. Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio
requerimento e de deferimento pelo juiz. Todas as provas serão produzidas em uma só audiência, podendo o
juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.

Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, determinando
o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. A audiência terá a seguinte ordem:

1°) declarações do ofendido, se possível; 2°) declarações de testemunhas; 3°) interrogatório do acusado; 4°)
debates; 5°) decisão.

As alegações escritas foram substituídas por debates orais, concedendo-se a palavra,


respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10; havendo mais de
1 acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada um deles será individual; ao assistente do
Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 minutos, prorrogando-se por igual período
o tempo de manifestação da defesa.

1.6) Mutatio libelli: Art. 411, §3º

Mutatio libelli: Ao final da instrução, pode-se constatar que os fatos narrados na


denúncia ou queixa não coincidem com as provas colhidas.

Portanto, pode ser necessário adaptar a peça acusatória ao contexto das provas
produzidas. Evitando-se qualquer surpresa ao réu, segue-se o disposto no art. 384 do CPP.

1.7) Fase de apreciação da admissibilidade da acusação:

O procedimento da 1ª fase, de acordo com o artigo 412 do CPP, terá duração de 90


dias.

Finda a instrução do processo relacionado ao Tribunal do Júri, cuidando de crimes


dolosos contra a vida e infrações conexas, o magistrado possui quatro opções:

a) pronunciar o réu

b) impronunciá-lo

c) absolvê-lo sumariamente

d) desclassificar a infração penal

1.8) Pronúncia – Art. 413

É decisão interlocutória mista não terminativa, que julga admissível a acusação,


remetendo o caso à apreciação do Tribunal do Júri.

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Na pronúncia, há um mero juízo de prelibação, pelo qual o juiz admite ou rejeita a


acusação, sem penetrar no exame do mérito. No caso de o juiz se convencer da existência do crime e de indícios
suficientes da autoria, deve proferir sentença de pronúncia, fundamentando os motivos de seu convencimento.

1.9) Impronúncia – Art. 414

É a decisão interlocutória mista de conteúdo terminativo, visto que encerra a primeira


fase, deixando de inaugurar a segunda, sem haver juízo de mérito. Assim, inexistindo prova da materialidade
do fato ou não havendo indícios suficientes de autoria, deve o magistrado impronunciar o réu, que significa
julgar improcedente a denúncia e não a pretensão punitiva do Estado.

1.10) Absolvição sumária – Art. 415

Absolvição sumária: ocorrerá quando estiver provada a inexistência do fato, provado


não ser o réu autor ou partícipe do fato, o fato não constituir infração penal ou estiver demonstrada causa de
isenção de pena ou de exclusão do crime. No caso de inimputáveis, a absolvição sumária só é possível, agora
por disposição expressa, se a inimputabilidade for a única tese defensiva.

* Recurso de apelação (art. 416) - IMPORTANTE

Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá


apelação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

1.11) Desclassificação – Art. 419

Desclassificação: O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da


acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. Quando o juiz se convencer, em discordância
com a acusação, da existência de crime não doloso contra a vida e não for competente para o julgamento,
remeterá os autos ao juiz que o seja, ficando à disposição deste o acusado preso.

1.12) ADITAMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA PARA INCLUSÃO DE CO-RÉUS – Art. 417

Havendo prova, colhida durante a instrução, de que outras pessoas estão envolvidas
na infração penal pela qual está o juiz pronunciando o acusado, é preciso determinar a remessa dos autos ao
Ministério Público para o necessário aditamento.

1.13) EMENDATIO LIBELLI – Art. 418

O Juiz não está adstrito à classificação feita pelo órgão do Ministério Público e o réu
não se defende da definição jurídica do fato, mas, sim, dos fatos imputados.

Logo, se, porventura, no momento de pronunciar, verificar o magistrado que não se


trata de infanticídio, mas de homicídio, desde que todas as circunstâncias estejam bem descritas na denúncia,
pode pronunciar, alterando a classificação, ainda que o réu fique sujeito a pena mais grave.
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1.14) INTIMAÇÃO DA DECISÃO DE PRONÚNCIA – Art. 420

O acusado será intimado pessoalmente, esteja preso ou solto.

O defensor nomeado (dativo ou defensor público) e o Ministério Público (art. 420, I).

Quanto ao defensor constituído, ao querelante (por seu advogado) e ao assistente do


Ministério Público (também é o advogado contratado pelo ofendido), pode-se fazer a intimação pela imprensa.

No mais, se o acusado estiver solto e não for localizado para a intimação pessoal, far-
se-á por edital.

1.15) Preclusão da decisão de pronúncia – Art. 421

Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao juiz presidente do


Tribunal do Júri. Havendo circunstância superveniente que altere a classificação do crime, o juiz ordenará a
remessa dos autos ao Ministério Público, em seguida, os autos serão conclusos ao juiz para decisão.

Procedimento da segunda fase/ Fase da Causa (Judicium Causae)

Art. 422 ao 497 do CPP

1.16) Preparação e organização do júri.

O libelo foi extinto pela nova redação dada pela Lei 11.689/2008.

No entanto, de acordo com este artigo, o legislador os substituiu por duas novas peças
(inominadas). Assim, ao receber os autos, após a preclusão da pronúncia, o presidente do Tribunal do Júri
determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor,
para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo
de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência.

1.17) DESAFORAMENTO – Art. 427

a) Conceito

É a decisão jurisdicional que altera a competência inicialmente fixada pelos critérios


do art. 69 do CPP, com a aplicação estrita no procedimento do Tribunal do Júri, dentro dos requisitos legais
previamente estabelecidos.

A competência, para tal, é sempre da Instância Superior (Câmara ou Turma do


Tribunal de Justiça).

b) Interesse da ordem pública

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A ordem pública é a segurança existente na Comarca onde o júri deverá realizar-se.


Assim, havendo razoáveis motivos e comprovados de que a ocorrência do julgamento provocará distúrbios,
gerando intranquilidade na sociedade local, constituído está o fundamento para desaforar o caso.

c) Dúvida sobre a imparcialidade do júri

Não há possibilidade de haver um julgamento justo com um corpo de jurados parcial.


Tal situação pode dar-se quando a cidade for muito pequena e o crime tenha sido gravíssimo, levando à
comoção geral, de modo que o caso vem sendo discutido em todos os setores da sociedade muito antes do
julgamento ocorrer.

d) Segurança pessoal do réu

Em casos anormais e excepcionais, de pequenas cidades, onde o efetivo da polícia é


diminuto e não há possibilidade de reforço, por qualquer motivo, é razoável o desaforamento.

e) Iniciativa do desaforamento

Podem pleitear o desaforamento as partes, agora enumerados pela Lei (Ministério


Público, assistente, querelante ou acusado).

O acusado pode propor por intermédio de seu defensor, mas também diretamente,
por petição sua, afinal no processo penal, há a autodefesa.

O Juiz que preside a instrução pode representar pelo desaforamento, exceto quando
houver excesso de prazo.

f) Suspensão do julgamento pelo relator

O CPP permite que seja determinada a suspensão do julgamento pelo júri até que o
Tribunal possa apreciar o pedido de desaforamento.

g) Inadmissibilidade do pedido de desaforamento

Considerando-se que o pleito de desaforamento somente é admissível entre a decisão


de pronúncia, com o trânsito em julgado, e a data de realização da sessão de julgamento em plenário, não há
fundamento para ingressar com o pedido enquanto pende recurso contra a referida decisão de pronúncia. Afinal,
pode esta ser rejeitada pelo Tribunal e o réu, impronunciado ou absolvido.

1.18) EXCESSO DE SERVIÇO – Art. 428

Na regra atual, somente se poderá pleitear o desaforamento pela demora no


julgamento, caso seja ultrapassado o período de seis meses, contado do trânsito em julgado da decisão de
pronúncia, mas fundado em excesso de serviço comprovado.

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1.19) Ausência do defensor – Art. 456

Em primeiro lugar, deve-se frisar que, havendo escusa legítima, adia-se a sessão de
julgamento, sem qualquer outra providência. É preciso que a justificativa seja oferecida ao magistrado até a
abertura da sessão em plenário.

Se não houver motivo razoável, o juiz comunica à OAB, seção local, marcando nova
data para o julgamento. Nesta o réu deverá ser, necessariamente, julgado (§ 1º). Para tanto, pode o réu
apresentar outro defensor constituído, logo após a determinação de adiamento. Não o fazendo, o magistrado
intima a Defensoria Pública para que assuma o patrocínio da defesa, observando o prazo mínimo de 10 dias.

1.20) Ausência do acusado – Art. 457

O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do


assistente ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado.

Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será adiado para o primeiro dia
desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de comparecimento subscrito por ele e
seu defensor.

1.21) IMPRESCINDIBILIDADE DO DEPOIMENTO DA TESTEMUNHA – Art. 461

É fundamental que as partes, entendendo ser indispensável o depoimento de alguma


testemunha, arrolem-na na fase de preparação para o plenário, com o caráter de imprescindibilidade.

Não o fazendo, deixa de haver a possibilidade de insistência na sua oitiva, caso alguma
delas não compareça à sessão plenária.

O momento para arrolar testemunhas, no procedimento preparatório, é o previsto no


art. 422 do CPP, após a intimação determinada pelo juiz.

a) Suspensão dos trabalhos para condução coercitiva ou adiamento da sessão

Somente ocorre se a testemunha tiver sido arrolada com o caráter de


imprescindibilidade e houver sido intimada.

b) Infrutífera condução coercitiva

É possível que, a despeito da tentativa, falhe a condução coercitiva, razão pela qual
não se pode adiar eternamente a realização do julgamento.

Assim, se a testemunha não for localizada para a condução ou tiver alterado o


domicílio, instala-se a sessão.

c) Realização do julgamento, independentemente da inquirição de testemunha arrolada

Caso a testemunha tenha sido arrolada sem o caráter de imprescindibilidade, não


comparecendo, o julgamento realiza-se de qualquer modo, tendo sido ela intimada ou não;

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Caso tenha sido arrolada com o caráter de imprescindibildade, se for intimada e não
comparecer, é cabível o adiamento, como regra, para que possa ser conduzida coercitivamente na sessão
seguinte.

Entretanto, arrolada com o caráter de imprescindibilidade, mas não localizada,


tomando ciência a parte de que não foi intimada e não indicando o seu paradeiro, com prazo hábil para nova
intimação ser feita, perde a oportunidade de insistir no depoimento.

1.22) PREPARO PARA A COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE SENTENÇA – Art. 462

Para a composição do Conselho de Sentença, o juiz presidente deve checar se as


partes estão presentes, assim como todas as testemunhas indispensáveis, convenientemente separadas e
incomunicáveis. Ultrapassada essa fase, poderá voltar-se à formação do Conselho

1.23) Abertura dos trabalhos – Art. 463

Comparecendo ao menos 15 jurados, há quorum para a instalação da sessão, que


será dada por aberta pelo juiz presidente.

O próprio magistrado anuncia o processo a ser julgado (número do processo, nomes


do autor e do réu, classificação do crime) e pede ao oficial que faça o pregão (anúncio na porta do plenário
para que todos tomem ciência, vez que o julgamento é público).

1.24) Ausência de quórum – Art. 464

Se o quorum de 15 jurados não foi atingido, é impossível instalar a sessão. Deve o


magistrado providenciar o sorteio de suplentes e adiar o julgamento para a data seguinte desimpedida.

A partir da edição da Lei 11.689/2008, somente se faz o sorteio dos suplentes, caso
não se atinja o quorum mínimo (quinze) e não mais o número legal (vinte e cinco).

Ou seja, se comparecerem 18 jurados, instala-se a sessão, sem sorteio de suplentes.


Se vierem apenas treze, adia-se a sessão e sorteiam-se suplentes até o número máximo (vinte e cinco).

1.25) REUNIÃO PRÉVIA DO JUIZ COM OS JURADOS – Art. 466

a) Reunião prévia do juiz com os jurados


Somente pode realizar-se, a fim de que o magistrado forneça algumas instruções a
respeito da forma e do julgamento e do procedimento do Tribunal do Júri, se as partes estiverem cientes e,
desejando, possam estar presentes.

b) Incomunicabilidade dos jurados

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Significa que os jurados não podem conversar entre si, durantes os trabalhos, nem
nos intervalos, a respeito de qualquer aspecto da causa posta em julgamento, especialmente deixando
transparecer sua opinião.

Logicamente, sobre os fatos desvinculados do feito podem os jurados conversar,


desde que não seja durante a sessão – e sim nos intervalos -, pois não se quer a mudez dos juízes leigos e sim
a preservação da sua íntima convicção.

A troca de ideias sobre os fatos relacionados ao processo poderia influenciar o


julgamento, fazendo com que o jurado pendesse para um ou outro lado.

A incomunicabilidade dos jurados existe para resguardar o princípio do sigilo das


votações do júri (art. 5º, XXXVIII, “b”), que constitui garantia das liberdades individuais e, por isso, sua violação
configura nulidade absoluta (art. 564, III, j, c/c o art. 458, § 1º (atual, 466, § 1º).

c) Manifestação da opinião acerca do processo


Em razão da incomunicabilidade, deseja-se que o jurado decida livremente, sem
qualquer tipo de influência, ainda que seja proveniente de outro jurado.

Deve formar o seu convencimento sozinho, através da captação das provas


apresentadas, valorando-as segundo o seu entendimento.

Portanto, cabe ao juiz presidente impedir a manifestação de opinião do jurado sobre


o processo, sob pena de nulidade da sessão de julgamento.

d) Fiscalização da incomunicabilidade durante o julgamento


É atribuição do juiz presidente, razão pela qual não pode ele afastar-se do plenário
por muito tempo, o que coloca em risco a validade do julgamento.

Se algum jurado desejar esclarecer alguma dúvida, a ausência do magistrado


prejudica a formação do seu convencimento, além do que o jurado pode fazer alguma observação inoportuna,
gerando nulidade insanável.

e) Certidão do oficial de justiça


A principal autoridade a controlar a manifestação dos jurados é o juiz presidente.
Entretanto, vale-se dos oficiais de justiça presentes para auxiliá-lo.

Ex: na sala especial, quando estiverem reunidos em intervalos, o juiz pode não estar
presente, razão pela qual o oficial incumbe-se de fiscalizar a incomunicabilidade.

Em suma, ao final do julgamento, cumpre ao oficial lançar certidão de que a


incomunicabilidade foi preservada durante todos os momentos processuais.

1.26) Formação do Conselho de sentença – Art. 467

O Conselho de Sentença no Tribunal do Júri é composta por sete jurados, escolhidos


aleatoriamente, por sorteio, dentre os que comparecerem (mínimo de quinze e máximo de vinte e cinco).

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1.27) Recusas motivadas e imotivadas – Art. 468

Para a formação do Conselho de Sentença, essas são as duas possibilidades de recusa


do jurado, formuladas por qualquer das partes.

A recusa motivada baseia-se em circunstâncias legais de impedimento ou suspeição


(arts. 448 e 449, CPP). Logo, não pode ser jurado, por exemplo, aquele que for filho do réu, nem tampouco o
seu inimigo capital.

A recusa imotivada – também chamada peremptória - fundamenta-se em sentimentos


de ordem pessoal do réu, de seu defensor ou do órgão da acusação. Na constituição do Conselho de Sentença,
cada parte pode recusar até três jurados, sem dar qualquer razão para o ato.

A nova sistemática, introduzida pela Lei 11689/2008, impõe que, havida a recusa
peremptória por qualquer das partes, o jurado está automaticamente excluído da formação do Conselho de
Sentença. Anteriormente, seria preciso coincidir a recusa da defesa com a da acusação.

1.28) Separação do julgamento – Art. 469

Conforme disposto no art. 468, parágrafo único, quando o jurado for recusado
imotivadamente (recusa peremptória) por qualquer das partes será excluída daquela sessão, prosseguindo-se
o sorteio para a formação do Conselho de Sentença.

Logo, a cada recusa de jurado, este não mais permanecerá, independentemente de


haver também recusa por parte de outro defensor ou da acusação.

Em ilustração, computando-se 25 jurados presentes, com dois co-réus. Imaginemos


que o primeiro defensor recuse os três primeiros jurados sorteados. Serão excluídos, com ou sem a recusa do
segundo defensor e do promotor. Após, outros três jurados, sorteados na sequência, são recusados por parte
do segundo defensor. Serão, também, excluídos, independentemente da manifestação do promotor. Serão
afastados.

Ao todo, nove jurados sorteados foram rechaçados e os envolvidos (dois defensores


e um promotor) já não podem exercer o direito de recusa imotivada (são três para cada parte). Logo, dos 16
jurados restantes, por sorteio, serão escolhidos obrigatoriamente 7 para compor o Conselho de Sentença. Não
haverá cisão do julgamento.

Caso estivessem presentes apenas 15 jurados, a exclusão de 9, recusados pelas partes


presentes, faria com que restassem apenas 6 e ocorreria o denominado estouro da urna. Se tal se desse, haveria
então a separação do julgamento.

O juiz verifica qual é o autor do fato. Será ele julgado em primeiro lugar, como
determina o art. 469, § 2º.

Com relação à preferência de julgamento em caso de separação, impõe-se que, em


caso de separação, seja julgado em primeiro lugar o acusado a quem se atribuiu a autoria do fato, ou, em caso

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de coautoria, aplica-se o critério de preferência do art. 429 (presos em primeiro lugar; dentre os presos, os que
estiverem há mais tempo na prisão; em igualdade de condições, os que estiverem há mais tempo pronunciado).

1.29) ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO, SUSPEIÇÃO OU INCOMPATIBILIDADE – Art. 470

Tão logo sejam instalados os trabalhos, deve a parte interessada em levantar qualquer
causa de impedimento ou suspeição do juiz presidente, do promotor (no caso da defesa arguir) ou de qualquer
funcionário fazê-lo de imediato, apresentando as provas que possuir. Assim, cabe levar testemunhas, se for o
caso, ou documentos para exibição em plenário.

Aceita a suspeição, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido.


Rejeitada, realiza-se o julgamento, embora todo o ocorrido – inclusive a inquirição das testemunhas – deva
constar da ata.

Futuramente, caberá ao Tribunal analisar se houve ou não a causa de impedimento


ou suspeição.

Caso seja arguida contra o jurado, deve ser levantada tão logo seja ele sorteado,
procedendo-se da mesma forma, isto é, com a apresentação imediata das provas.

1.30) ESTOURO DA URNA – Art. 471

Outra hipótese de adiamento da sessão para outra data é a impossibilidade de


formação do conselho de sentença por insuficiência do número de jurados presentes, com potencial para o
sorteio.

Se comparecerem, por exemplo, quinze jurados (quantum mínimo para a instalação


dos trabalhos), mas houver a recusa motivada, calcada em causas de impedimento ou suspeição, de vários
deles, é possível que o afastamento ocorra em número tal a ponto de inviabilizar o sorteio de sete jurados para
compor o Conselho.

1.31) Compromisso e entrega de peças aos jurados (art. 472)

Formado o conselho de sentença, os jurados prestarão compromisso e receberão


cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório
do processo. A lei não mais prevê a realização de relatório pelo Juiz, em plenário.

1.32) INSTRUÇÃO EM PLENÁRIO – Art. 473

Em primeiro lugar, ouve-se o ofendido. O Juiz Presidente dirige-lhes as perguntas que


entender necessárias. Em seguida, passa a palavra ao representante do Ministério Público e ao assistente de
acusação, se houver, ou ao querelante (se a ação for privada). Na sequência, poderá a defesa reperguntar.

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Finda a oitiva da vítima, passa-se à inquirição das testemunhas de acusação.


Primeiramente, o juiz faz as perguntas cabíveis. Em seguida, concede a palavra ao Ministério Público e ao
assistente, se houver. Depois, à defesa.

Após, ouvem-se as testemunhas de defesa. Inicialmente, as perguntas são formuladas


pelo juiz. Na sequência, pela defesa. Em seguida, pelo Ministério Público e assistente.

1.33) INTERROGATÓRIO DO ACUSADO – Art. 474

Ao final da colheita das provas em plenário, Ministério Público, o assistente, o


querelante e o defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao acusado; os jurados
formularão perguntas por intermédio do juiz presidente;

Nos termos do § 3º, não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período
em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança
das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes.

Por exceção e quando for absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à


segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes poderá o réu permanecer
algemado.

Por unanimidade, o STF decidiu que o uso de algemas deve ser adotado em situações
excepcionalíssimas, pois, do contrário, violam-se importantes princípios constitucionais, dentre eles a dignidade
da pessoa humana.

1.34) DOS DEBATES – Art. 476

a) Correlação entre acusação e pronúncia

Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Ministério Público, que fará a


acusação, nos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação,
sustentando, se for o caso, a existência de circunstância agravante. O assistente falará depois do Ministério
Público.

b) Manifestação inicial do querelante

Ocorre na hipótese de ação privada, em conexão com ação pública, mas com
desmembramento.

Ex: dois crimes são cometidos no mesmo cenário, um deles é doloso contra a vida e
o outro, de ação exclusivamente privada, ocorrendo o julgamento isolado do delito cujo titular da ação é o
ofendido.

Nesse caso, manifesta-se o querelante (por meio de advogado) e, na sequência, fala


o Ministério Público, como custos legis (fiscal da lei).

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1.35) LIMITE DE TEMPO PARA AS PARTES – Art. 477

A Lei 11.689/2008 alterou o tempo de manifestação reservado às partes. De duas


horas para acusação e defesa, como tempo original, passou-se a uma hora e meia.

Em relação à réplica e à tréplica modificou-se o tempo de trinta minutos para uma


hora.

Havendo mais de um acusado, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido de


uma hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1o deste artigo

1.36) Referências proibidas– Art. 478

É vedado às partes:

a) fazer referência à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram


admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem
ou prejudiquem o acusado, bem como ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de
requerimento, em seu prejuízo (trata-se de dispositivo nitidamente direcionado ao Ministério Público, com
prejuízo à acusação);

b) a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos
autos com a antecedência mínima 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte, abrangendo a leitura de
jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias, laudos, quadros,
croqui ou qualquer outro meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato submetida à
apreciação e julgamento dos jurados.

1.37) DO QUESTIONÁRIO E SUA VOTAÇÃO – Art. 482/483

Questionário é o conjunto dos quesitos elaborados pelo juiz presidente, que serão
submetidos à votação pelo Conselho de Sentença, para obtenção do veredicto final.

Nos termos do artigo 483 do CPP, os quesitos serão formulados na seguinte ordem:

a) Quesito sobre a materialidade do fato.

Se o conselho de sentença responder de forma afirmativa a essa questão, seguirá a


votação com a questão seguinte. Se responder negativamente, encerra-se o julgamento com a absolvição do
réu.

b) Quesito sobre a autoria ou participação

O juiz indagará aos jurados se o réu de qualquer modo contribuiu para o cometimento
do delito.

Respondendo o Conselho de Sentença de forma afirmativa, seguirá com a pergunta


seguinte. Caso contrário, encerra-se o julgamento com a absolvição do acusado pelo júri.

Duas situações podem acontecer aqui:

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I) Caso não haja tese de desclassificação do delito doloso contra a vida para outro que não seja, o quesito
seguinte que deve ser inserido perguntará se “o jurado absolve o acusado?”

II) Se houver alegação de tese de desclassificação para delito diverso do doloso contra a vida, a questão
desclassificatória será dirigida aos jurados sempre antes do quesito que indaga se “o jurado absolve o acusado?”.

É o que se extrai do artigo 483, § 4º, do CPP, ao destacar que uma vez sustentada a
desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, será formulado quesito a respeito, para
ser respondido após o segundo ou terceiro quesito, conforme o caso.

Da mesma forma, deve ser usado para hipótese de tentativa, nos termos do artigo
483, § 5º, do CPP, que enfatiza que se sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada ou
havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz
formulará quesito acerca destas questões, para ser respondido após o segundo quesito.

III) O quesito seguinte será em relação à causa de diminuição da pena alegada pela defesa, que somente será
formulado se o acusado, a essa altura, tiver sido condenado pelos jurados.

IV) Por fim, os jurados são inquiridos sobre a existência de circunstâncias qualificadora ou causa de aumento
de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação.

1.38) SENTENÇA – Art. 492

A sentença pode ser:

a) de condenação, devendo, nesse caso, o juiz fixar a pena.

b) absolvição, caso em que o réu deverá ser posto imediatamente em liberdade, caso esteja preso

c) desclassificação do crime doloso contra a vida para crime não doloso contra a vida, quando o juiz-presidente
terá a competência para julgar os fatos de forma mais ou menos ampla, sendo chamada de desclassificação
própria.

Se, na desclassificação, o Júri indicar o crime que foi cometido, como se dá, por
exemplo, na culpa no homicídio culposo, a desclassificação será imprópria.

Importante!

Aqui o Recurso cabível é APELAÇÃO, nos termos do artigo 593, III, do CPP.

PEDIU PRA PARAR

PEÇA:
RECURSO DE APELAÇÃO Lembrar da Súmula 713 do
STF

PAROU!
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Questões para exercitar o conteúdo

Observação: As questões serão trabalhadas em aula

Questão 01

Cross Fox foi denunciado por homicídio qualificado. Todavia, após a instrução na 1ª fase restou
devidamente comprovada a inexistência da qualificadora, motivo pelo qual o Juiz de Direito afastou a
qualificadora pronunciando o acusado por homicídio simples. Diante da narrativa, é possível que em
Plenário o Ministério Público sustente a incidência da qualificadora, fundamentando na soberania dos
vereditos? Justifique a sua resposta.

Questão 02

(MP-MS-2011) Tício foi denunciado pela prática de homicídio qualificado pelo motivo torpe (art. 121,
§ 2º, inc. I, Código Penal). A denúncia foi recebida e, no decorrer da instrução processual, a defesa
requereu exame de insanidade mental do acusado (art. 149 e seguintes do Código de Processo Penal).
Ao final do referido incidente, restou devidamente comprovado que Tício, ao tempo da ação, em razão
de doença mental, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- se
de acordo com esse entendimento. Nos debates, a defesa apresentou como única tese defensiva a
inimputabilidade de Tício. Lastreado em tal premissa, responda, respectivamente, a seguinte
indagação: Qual decisão deverá ser proferida pelo juiz ao final da primeira fase do procedimento do
júri e qual é o recurso cabível? Justifique

Questão 03

Andriotti, líder local do Movimento dos Sem Terras, foi pronunciado pela prática de homicídio
qualificado tendo como vítima um Fazendeiro chamado João Netto, o qual era muito conhecido na
comunidade por suas benfeitorias à região. O fato ocorreu no município João Gabriel, local conhecido
por constantes conflitos envolvendo terras. Sabe-se que as pessoas da Comarca repercutem o
assunto, sempre se posicionando a respeito do caso, havendo fundadas suspeitas sobre a
imparcialidade do Júri. Desta forma, na condição de advogado de Andriotti, qual seria a medida
adequada para assegurar da melhor maneira os interesses de seu cliente, considerando que o
julgamento foi designado para ocorrer daqui três meses? Justifique a sua resposta.

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Questão 04

Carlitos foi denunciado pela prática de homicídio doloso contra sua esposa, Carmela. Todavia, após a
prova produzida nos autos restou comprovado que a causa mortis foi um ataque cardíaco, ou seja,
uma causa natural, nada tendo haver com Carlitos. Por tal razão, o magistrado da 1ª Vara Criminal
absolveu sumariamente o acusado. A decisão transitou em julgado. Dois meses após, a filha de
Carlitos resolve informar o que ouviu uma conversa de seu pai com um irmão, informando que teria
sido o responsável pela morte de Carmela, tendo ministrado remédio em sua alimentação, gerando a
disfunção que ocasionou a sua morte. Diante dos fatos, é possível reverter essa decisão de absolvição
sumária no júri? Justifique.

Questão 05

Durante os debates orais, o Ministério Público proferiu a leitura de trechos da decisão de pronúncia,
inclusive mencionou que se não estivessem presentes os indícios de autoria e materialidade, os réus
não teriam sido submetidos a julgamento popular por ato do Juiz Presidente. Inobstante, a combativa
defesa ter requerido o encerramento do Júri, o que restou consignado em ata, o magistrado
determinou a continuidade. Ao final, os jurados condenaram o acusado. Diante dos dados trazidos na
questão, o que poderá ser pleiteado na condição de advogado de defesa? Justifique e indique o
recurso e a base legal que respaldam a sua resposta.

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2 CAPÍTULO II – Comentários à Lei de Execução penal – Lei n. 7.210/84

1) Considerações iniciais

A partir da leitura do texto constitucional infere-se que toda e qualquer atuação estatal deverá estar
pautada pelo respeito às formas procedimentais, de forma a atingir os fins de um devido processo. Assim
sendo, tem-se como premissa a exigência de que todas aquelas garantias asseguradas durante o processo de
conhecimento sejam estendidas ao processo de execução criminal, considerando a sua autonomia,
especialmente, após a Constituição Federal de 1988.

De acordo com o artigo 1° da Lei de Execução Penal, o objetivo da lei é efetivar as disposições da
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para harmônica integração social do condenado e
internado.

Durante a execução, deverão ser observados os direitos que são assegurados aos apenados, bem
como os deveres que deverão ser cumpridos (artigo 39 e 41 da Lei n. 7.210/84). A ideia central, que difere
das concepções anteriores, principalmente antes da CF/88, conduz à concepção do apenado/preso ser tratado
como sujeito de direitos e deveres, não mais como mero objeto da administração, ou seja, fantoche a serviço
da ordem e segurança.

Desta forma, sustenta-se que a Execução Penal deverá ser pautada pela observância dos ditames
constitucionais, a fim de implementar os fundamentos do Estado Democrático de Direito, dando ênfase ao
princípio da dignidade da pessoa humana, que jamais poderá ser desprezado.

Por fim, é relevante mencionar que sempre que algum ato for praticado além dos limites fixados na
sentença, em normas legais ou regulamentares, poderá ser suscitado o chamado Excesso ou Desvio de
Execução. Trata-se de um incidente de execução, previsto no artigo 185 da LEP, cuja provocação poderá ser
feita pelo Ministério Público, Conselho Penitenciário, pelo próprio sentenciado ou pelos demais órgãos da
Execução Penal. Salienta-se ainda que a Lei de Execução Penal deverá observar os ditames constitucionais,
uma vez que se trata de legislação anterior à promulgação da Constituição Federal.

2) Finalidade da Lei de Execução Penal

Artigo 1° - finalidade da LEP

 efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal;

 proporcionar condições para harmônica integração social do condenado/ internado

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Importante lembrar que:

Artigo 3° - São ASSEGURADOS TODOS OS DIREITOS NÃO ATINGIDOS pela sentença (sem qualquer distinção)
– art. 39 e 41, LEP

Artigo 4° - DEVER DO ESTADO - buscar a COOPERAÇÃO da sociedade nas atividades que envolvem a execução
penal.

3) Aplicação da Lei de Execução Penal

Artigo 2º, § único – aplicação:

- Aos condenados como aos presos provisórios.

- Aos condenados pela Justiça Eleitoral e pela Justiça Militar quando recolhidos em estabelecimentos sujeitos
à jurisdição ordinária.

OBS.: Vale destacar que o processo de execução criminal (PEC) tramita junto à Vara de Execução Criminal da
Comarca (VEC), cuja jurisdição pertença o estabelecimento prisional em que o apenado cumpre pena. Nele
constará toda e qualquer informação que gere alguma modificação na pena ou na sua forma de cumprimento 4.

OBS.: Súmula 192 do STJ - Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impostas
a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à
administração estadual.

4) Princípio da Individualização da Pena (art. 5°, XLVI, CF) – fase executória

Artigo 5° - os condenados serão classificados segundo os seus antecedentes e personalidade.

Artigo 6° - A classificação será feita por uma Comissão Técnica de Classificação – CTC.

4
Registra-se a importância da Súmula 192 do STJ para fins de competência, importante verificar a natureza do
estabelecimento prisional.
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 A Comissão elaborará o programa individualizador da Pena Privativa de Liberdade (PPL) AO


CONDENADO OU PRESO PROVISÓRIO;

 A CTC será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 chefes de serviço, 1 psiquiatra, 1
psicólogo e 1 assistente social (art. 7°).

 O condenado à PPL, em regime fechado, será submetido ao exame criminológico para uma adequada
classificação. Ainda, poderão ser submetidos o condenado à pena privativa de liberdade, em regime
semiaberto (art. 8°).

Atenção!!!!

Identificação Genética – Art. 9º-A

Leitura Complementar: Recurso Extraordinário 973837

(ver notícia sobre o reconhecimento da Repercussão Social no RExt:

http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=319797)

5) Detração Penal

Artigo 42 do Código Penal - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na


medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro,
o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos
referidos no artigo anterior.

A partir da alteração legislativa provocada pela Lei 12.736/12, tem-se que a detração penal deverá
ser observada, desde logo, na sentença condenatória, conforme previsto no artigo 387 do CPP. Atualmente,
a competência do Juiz da VEC é subsidiária, ou seja, quando não for objeto na sentença, deverá ser observado
pelo Juiz da Vara de Execução. Tal entendimento decorre do artigo 111 da LEP e do artigo 66, III, c, da LEP 5.

Atenção!! A consideração da detração não poderá caracterizar uma conta corrente do


indivíduo com o Estado6. Por exemplo:

5
Art. 111 - Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos,
a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas,
observada, quando for o caso a detração ou a remição.
6
HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. DETRAÇÃO. PERÍODO ANTERIOR AO FATO DELITUOSO.
IMPOSSIBILIDADE. 1. É assente a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que o condenado
não faz jus à detração penal quando a conduta delituosa pela qual houve a condenação tenha sido praticada
posteriormente ao crime que acarretou a prisão cautelar. 2. Ordem denegada. (HC 109599, Relator(a): Min.
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a) X comete um crime e permanece preso durante 1 ano, após é absolvido.

b) X não poderá reaver este período, buscando resgatá-lo. Por exemplo: X comete um delito de furto simples,
na expectativa de não ficar preso, pois teria direito à detração daquele 1 ano, dito acima, referente a outro
delito. Caso seja condenado, pela prática deste delito, não terá direito à detração anterior, pois geraria uma
conta corrente.

6) Regimes Prisionais

Em regra, o regime a ser cumprido vem estabelecido na sentença penal condenatória ou quando for
aplicada a pena em um acórdão pelo Tribunal, inclui uma das fases da individualização da pena (artigo 59,
III, CP e artigo 110 da LEP). Será determinado conforme as regras contidas no Código Penal (arts. 33, §2° e
59).

Caso sobrevenha nova condenação durante o cumprimento de uma pena, a determinação do regime
será feita através da soma do restante da que está sendo cumprida com a nova condenação (art. 111, §2°).

Na aplicação da pena privativa de liberdade, o Juiz para fixar o regime prisional deverá se orientar pela tabela
contida no artigo 33, §2º, do CP7.

Com relação ao regime prisional é importante verificar as seguintes súmulas do Supremo Tribunal
Federal:

Súmula 719 - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige
motivação idônea.

Súmula 718 - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea
para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.

TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 26/02/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-048 DIVULG 12-03-
2013 PUBLIC 13-03-2013)
7
Art. 33, §2º, do CP - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo
o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá,
desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início,
cumpri-la em regime aberto.

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Já o Superior Tribunal de Justiça traz as seguintes súmulas:

Súmula 269 - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual
ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.

Súmula 440: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais
gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.

Importante conhecer o entendimento firmado pelo STF no julgamento do HC 111.840/ES ocasião em


que declarou a inconstitucionalidade, em caráter incidental, do artigo 2º, §1º, da Lei 8.072/90 – Lei dos Crimes
Hediondos. Assim, permitiu no caso em tela que um apenado condenado por tráfico pudesse iniciar o
cumprimento da sua reprimenda em regime inicial semiaberto.

Assim sendo, a previsão legal de regime inicial fechado para delitos hediondos, foi relativizada,
devendo ser observado no caso concreto as mesmas regras previstas no artigo 33, §2º, CP para fixação do
regime.

7) Regime Disciplinar Diferenciado – artigo 52 da LEP

O Regime Disciplinar Diferenciado é uma sanção administrativa, está arrolado no artigo 53 da LEP. É
aplicável aos condenados ou presos provisórios, nacionais ou estrangeiros.

As situações que podem ensejar a inclusão do preso no regime disciplinar penitenciário:

1) prática de fato definido como crime doloso quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina
internas, praticado por preso provisório ou condenado (art. 52, caput, LEP);

2) quando o preso (provisório ou condenado, nacional ou estrangeiro) apresentar alto risco para a ordem
e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade (art. 52,§1°, LEP);

3) quando recair sob o preso provisório ou condenado suspeitas de envolvimento ou participação, a


qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando (art. 52, §2°, LEP).

As características desse regime são:

a) duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma
espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada;

b) recolhimento em cela individual;

c) visitas semanais de duas pessoas, sem contar o número de crianças;

d) banho de sol de duas horas diárias.

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Atenção!!

A inclusão do preso no RDD, de acordo com o artigo 54 da LEP, dependerá de requerimento


circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa.

A decisão judicial que incluir o preso no RDD será precedida de manifestação do Ministério Público e
da defesa e prolatada no prazo máximo de 15 dias, devendo ser fundamentada.

8) Sistema Progressivo – Progressão de Regime

A LEP adotou o sistema progressivo para o cumprimento da pena, ou seja, a transferência do regime
mais rigoroso para um menos rigoroso mediante a observância de alguns requisitos. O artigo 112 da LEP
dispõe que a progressão:

- será determinada pelo juiz, com manifestação da defesa e do MP;

- verificado o cumprimento de ao menos um sexto da pena;

- verificado o bom comportamento, comprovado pelo diretor do estabelecimento.

O Diretor do estabelecimento atesta o comportamento


carcerário através do chamado Atestado de Conduta
Carcerária - ACC

O artigo 112 da LEP é a regra geral, aplicando-se aos delitos não hediondos ou, excepcionalmente,
aos condenados por delitos hediondos praticados antes da alteração legislativa que sofreu o artigo 2º da Lei
8072/90.

Importante frisar que é permitida a progressão de regime mesmo antes do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória, conforme consta na súmula 716 do STF.

A progressão é por etapa, vejamos a Súmula 491do STJ: "É inadmissível a chamada progressão per
saltum de regime prisional."

ATENÇÃO: Progressão de Regime nos casos de Crimes Hediondos e equiparados

A progressão de regime para condenados por crimes hediondos é regulada pela lei 11.464/07 que
alterou a lei 8.072/90, a qual prevê a possibilidade de progressão de regime para condenados por delitos
hediondos desde que haja o cumprimento de 2/5 da pena, se primário, ou de 3/5 da pena, se reincidente.

Quanto à aplicação da Lei 11.464/07, importante destacar que somente é aplicada esta lei para
aqueles apenados que praticarem crimes a partir da sua vigência. Em relação a este ponto, destaca-se a
súmula vinculante n. 26 do STF e a súmula 471 do STJ.
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Caso o delito tenha sido praticado antes do dia 29/03/2007, o lapso temporal a ser aplicado deverá
ser aquele do artigo 112 da LEP, com base no entendimento firmado no julgamento do HC 82959-7/SP pelo
STF.

Condenados por delitos não hediondos Condenados por delitos hediondos e equiparados

Artigo 112 da LEP Primeiro: ver a data da prática do delito

Primário ou Reincidente: 1/6 da pena + bom Antes de 29/03/07: Primário ou Reincidente: 1/6 da
comportamento carcerário pena + bom comportamento carcerário – artigo 112
da LEP – Súmula 471, STJ

A partir do dia 29/03/07: 2/5 – primário ou 3/5 se


reincidente.

Em todas as situações acrescentar o bom


comportamento carcerário.

Importante

Há forte posicionamento sobre progressão de regime e a exigência de exame criminológico no STF e


STJ. Os Tribunais superiores têm entendido que, muito embora a nova redação do artigo 112 da LEP tenha
excluído a exigência de realização de exame criminológico para obtenção de progressão de regime, não
caracteriza constrangimento ilegal a submissão do apenado à realização de exame, desde que devidamente
fundamentada a necessidade pelo Juiz da Vara de Execução Criminal.

Neste sentido, temos as seguintes súmulas:

a) Súmula Vinculante n. 26, STF: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de
25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e
subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.

b) Súmula 439, STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão
motivada.

Falta grave e Progressão de Regime

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Súmula 534, STJ - A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de
cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.

9) Regressão de Regime (art. 118)

A execução da pena está sujeita a forma regressiva quando:

* o apenado praticar fato definido como crime doloso ou falta grave (artigo 50 e 51); Nesses caso, antes da
regressão de regime deverá ser ouvido, previamente, o apenado – art. 118, § 2° - audiência de justificativa.

Súmula 526, STJ - O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime
doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo
penal instaurado para apuração do fato.

* quando o apenado sofrer condenação, por crime anterior, cuja soma da pena restante com a nova
condenação torne impossível a manutenção do regime (art. 111).

Observações importantes – posicionamento jurisprudencial retirado do site do Superior Tribunal de Justiça:

1. (STJ - jurisprudência) Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar, no âmbito da execução penal,
é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional,
assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado. (Tese
julgada sob o rito do art. 543-C do CPC). Precedentes: REsp 1378557/RS, Rel. Ministro MARCO AURELIO
BELLIZZE, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2013, (recurso repetitivo pendente de publicação); HC
175251/RS, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 12/11/2013, DJe 13/12/2013.

Matéria sumulada em 2015: Súmula 533, STJ - Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito
da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou
defensor público nomeado.

2. (STJ - jurisprudência) Diante da inexistência de legislação específica quanto ao prazo prescricional para
apuração de falta grave, deve ser adotado o menor lapso prescricional previsto no art. 109 do CP, ou seja, o
de 3 anos para fatos ocorridos após a alteração dada pela Lei n. 12.234, de 5 de maio de 2010, ou o de 2
anos se a falta tiver ocorrido até essa data. Precedentes: AgRg nos EDcl no REsp 1248357/MS, Rel. Ministra
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REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 25/11/2013; AgRg no REsp
1414267/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe
25/11/2013;

Atenção!!!

Há mais uma hipótese de regressão de regime prevista no artigo 146 – C, § único, LEP, violar os deveres
relacionados ao monitoramento eletrônico.

OBS.: A jurisprudência tem admitido a chamada regressão cautelar, que dispensa a oitiva prévia do
apenado, passando a exigir somente nos casos de regressão definitiva.

10) Prisão Domiciliar (artigo 117)

Para cumprir a pena em residência particular o preso deverá estar em regime aberto e se enquadrar
em uma das quatro hipóteses do artigo 117 da LEP, quais sejam:

• condenado maior de setenta anos;

• condenado acometido de doença grave;

• condenada com filho menor ou deficiente físico ou metal;

• condenada gestante.

Atentar para a Súmula Vinculante n. 56 do STF, vejamos: A falta de estabelecimento penal adequado
não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa
hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.

Precedente representativo da Súmula:

"3. Os juízes da execução penal poderão avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e
aberto, para qualificação como adequados a tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que não se
qualifiquem como 'colônia agrícola, industrial' (regime semiaberto) ou 'casa de albergado ou estabelecimento
adequado' (regime aberto) (art. 33, § 1º, alíneas "b" e "c"). No entanto, não deverá haver alojamento conjunto
de presos dos regimes semiaberto e aberto com presos do regime fechado. 4. Havendo déficit de vagas,
deverão ser determinados: (i) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade
eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta
de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao
regime aberto. Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão
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domiciliar ao sentenciado." (RE 641320, Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em
11.5.2016, DJe de 8.8.2016)

11) Remição de pena – hipóteses legais

A remição é o computo do período trabalhado ou estudado como tempo de pena cumprida, nos termos
do artigo 128 da LEP.

É possível remir tanto pelo trabalho como pelo estudo, inclusive, cumulando as duas possibilidades.
Todavia, é importante se ater nas regras contidas nos artigos 126 e seguintes da LEP.

Por exemplo, remição por trabalho, somente nos casos de regime fechado e semiaberto, a LEP omitiu
a possibilidade de remição no caso de regime aberto. Os Tribunais superiores entendem que como não há
previsão legal e o trabalho é requisito para ingressar no regime aberto, não há direito a remição neste caso.

Já a remição por estudo, é possível em todos os regimes prisionais, inclusive, na última etapa do
cumprimento de pena, ou seja, quando o apenado estiver em livramento condicional.

12) Trabalho prisional: espécies de Trabalho Prisional: serviço interno e serviço externo

* Quanto à forma de serviço:

a) Serviço interno (art. 31) qualquer regime poderá trabalhar internamente e a qualquer momento, desde que
existam vagas.

b) Serviço externo (art. 36)

Em relação ao serviço externo, é importante observar que o artigo 37 da LEP atribui ao Diretor do
Estabelecimento Prisional a concessão da autorização, todavia, é importante registrar que há forte
posicionamento doutrinário e de uso prático no cotidiano forense de que o trabalho prisional no âmbito externo
deverá ser autorizado pelo Juiz da VEC (Neste sentido: Sídio Rosa de Mesquita Júnior, Norberto Avena, entre
outros)8.

8
EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA
ELEITA. REGIME SEMIABERTO. TRABALHO EXTERNO. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL DE
PROPRIEDADE DE OUTRO CONDENADO BENEFICIÁRIO DO REGIME ABERTO. POSSIBILIDADE.
1. [...]
2. A controvérsia a ser resolvida é unicamente de direito e enseja o pronunciamento a respeito da possibilidade de o
condenado prestar serviços em sociedade empresarial cujo proprietário também fora condenado criminalmente.
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13) PERMISSÃO DE SAÍDA (art. 120) E SAÍDA TEMPORÁRIA (art. 122)

Podem obter permissão de saída, os apenados que cumprem pena em regime fechado, semiaberto e
provisórios, mediante escolta, em duas hipóteses:

• falecimento ou doença grave CCADI (cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão);

• necessidade de tratamento médico.

Súmula 520, STJ - O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional
insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.

Já a saída temporária, sem vigilância, poderá ser concedida a apenados que cumprem pena em regime
semiaberto.

Vale destacar que foi introduzida em 2010 a possibilidade da utilização de monitoramento eletrônico,
no artigo 122, parágrafo único, da LEP (redação dada pela Lei n. 12.258/10).

Em outras palavras, a ausência de vigilância direta não impede que o juiz determine a monitoração
eletrônica. Constitui uma faculdade do Juiz, não uma obrigação legal.

Para obtenção da saída temporária, os apenados em regime aberto, deverão preencher os seguintes
requisitos:

• comportamento adequado;

• cumprimento mínimo de 1/6 para apenado primário e de, no mínimo, ¼ para reincidentes;

• compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.

Será concedida por período não superior a 7 dias, podendo ser renovadas por mais 4 vezes, logo faz
jus a 35 dias de saída. Com intervalo de 45 dias entre as saídas.

A Lei n. 12.258/10 também inovou ao estabelecer que o juiz imporá condições ao apenado, para
obtenção das saídas temporárias, permitindo que além das previstas em lei outras poderão ser estabelecidas,
vejamos a nova redação do §1º do artigo 124 da LEP:

3. O paciente pretende prestar serviços em uma empresa de estacionamento de automóveis como lavador, microempresa
individual formalmente constituída, cujo proprietário também está cumprindo pena em regime aberto.
4. O fato de o proprietário do estabelecimento, situado na mesma localidade de cumprimento da reprimenda, estar
cumprindo pena em regime aberto não pode servir, por si só, de fundamento à negativa do trabalho externo ao apenado que
cumpre os requisitos objetivo e subjetivo para a concessão do benefício e se encontra em regime semiaberto.
5. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para restabelecer a decisão proferida pelo magistrado de
primeiro grau. (HC 333.144/RS, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 24/11/2015, DJe
17/12/2015)
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§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras que
entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado:

I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o
gozo do benefício;

II - recolhimento à residência visitada, no período noturno;

III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres.

§ 2o Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o


tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes.

§ 3o Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45
(quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.” (NR)

Importante !!!

Artigo 124, § 2º, da LEP (redação dada pela Lei n. 12.258/2010) - Quando se tratar de freqüência a curso
profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o
cumprimento das atividades discentes.

14) MONITORAÇÃO ELETRÔNCIA

O monitoramento eletrônico é uma faculdade judicial, pois, de acordo com a lei, poderá ser definido
pelo juiz nos casos definidos em lei, desde que seja necessário. O instituto está previsto a partir do artigo 146-
B, LEP.

15) Livramento condicional

Os requisitos para obtenção de livramento estão previstos no artigo 83 do CP em combinação com o


artigo 112, §2º, da LEP.

+ 1/3 Não reincidente em crime doloso

+½ Reincidente em crime doloso

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+ 2/3 Condenados por crimes hediondos, tráfico, tortura, terrorismo e tráfico de pessoas se enquadram
nesta hipótese. Ressaltando que em caso de reincidência em delitos dessa natureza não será possível a
concessão de livramento condicional.

Obs.: Súmula 441 do STJ

# Revogação obrigatória e facultativa – artigos 86 e 87 do CP.

# Efeitos da revogação – artigos: 88 do CP e artigos 141 e 142 da LEP.

Aspectos importantes no tocante ao livramento condicional no tocante ao delito de associação ao tráfico:

1. O crime de associação ao tráfico não é considerado hediondo pelo entendimento do STJ, portanto, todavia
vejamos a manifestação no âmbito do Superior Tribunal de Justiça:

16) Incidentes da Execução Penal

• Conversão da PPL em PRD (art. 180) – PPL não superior a dois anos; condenado em regime aberto;
cumprido pelo menos ¼; antecedentes e personalidade indiquem.

• Conversão da PRD em PPL (art. 181) – ocorrerá na forma do art. 45 do CP.

• Desvio ou Excesso de Execução (artigo 185 da LEP)

17) ANISTIA, GRAÇA, INDULTO

São institutos que extinguem a punibilidade, conforme o artigo 107, II, do CP.

A anistia “é a declaração pelo Poder Público de que determinados fatos se tornam impuníveis por
motivo de utilidade social. O instituto volta-se a fatos, e não a pessoas. Pode ocorrer antes da condenação
definitiva – anistia própria – ou após o trânsito em julgado da condenação – anistia imprópria. Tem a força de
extinguir a ação e a condenação. Primordialmente, destina-se a crimes políticos, embora nada impeça a sua
concessão a crimes comuns.” A anistia somente é concedida através de lei editada pelo Congresso Nacional.

A graça, por sua vez, é “a clemência destinada a uma pessoa determinada, não dizendo respeito a
fatos criminosos. Trata-se de um perdão concedido pelo Presidente da República, dentro de sua avaliação
discricionária, não sujeita a qualquer recurso, deve ser usada com parcimônia. É uma medida de caráter
excepcional, destinada a premiar atos meritórios extraordinários praticados pelo sentenciado no cumprimento
de sua reprimenda ou ainda atender condições pessoais de natureza especial, bem como a corrigir equívocos
na aplicação da pena ou eventuais erros judiciários.” É concedida mediante análise do caso individual.

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De acordo com o artigo 5°, inc. XLIII, não é permitida nem a graça nem a anistia para delitos
considerados hediondos.

Por fim, o indulto também é uma causa extintiva da punibilidade, no entanto é concedido de forma
coletiva, ou seja, tornou-se comum ao final de cada ano a publicação de um Decreto concedendo Indulto para
todos aqueles que preencherem determinadas condições.

No ano de 2007, foi publicado no dia 11 de dezembro o Decreto n. 6.294/07, o qual consta em anexo
para conhecimento.

Assim sendo, qualquer preso que preencher as condições passará a ter direito ao indulto, devendo ser
apenas declarado pelo Juiz da Vara de Execuções.

Destaca-se que no mesmo Decreto há previsão legal para a concessão de Comutação de Pena, porém
esta não se confunde com o Indulto, pois não se trata de extinção da punibilidade, mas sim um abatimento
da pena, desde que haja o preenchimento dos requisitos (ver artigos 2° e 4° do Decreto em anexo – somente
para exemplificar, pois o Decreto não poderá ser objeto de questionamento na prova).

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3 CAPÍTULO III – Recursos

1) AGRAVO EM EXECUÇÃO

1.1) CABIMENTO/CONTEÚDO – ARTIGO 66 DA LEP


É recurso destinado à impugnação de decisões interlocutórias proferidas no curso
da execução criminal, disciplinada na Lei nº 7.210/84. Não há um rol taxativo, sendo cabível para impugnar
qualquer decisão proferida pelo juízo da execução penal, cuja competência é definida no artigo 66 da LEP (Lei
nº 7.210/84), como, por exemplo, em relação aos seguintes temas:

Decisão que concede ou nega a progressão de regime;

Que determina a regressão do regime carcerário e perda dos dias remidos;

Que indefere o pedido de unificação das penas, com base, por exemplo, na continuidade
delitiva;

Que concede ou denega pedido de livramento condicional;

Que indefere o pedido de saídas temporárias;

Concede ou denega o pedido de indulto, comutação, remição.

1.2) BASE LEGAL

Base legal: art. 197 da Lei 7.210/84 (LEP)

1.3) IDENTIFICAÇÃO
PEDIU PRA PARAR

PALAVRA MÁGICA:
PEÇA:
DECISÃO PELO JUÍZO
AGRAVO EM EXECUÇÃO
DA EXECUÇÃO

PAROU!

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1.4) RITO E COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO


A Lei de Execução Penal não definiu o rito a ser seguido no agravo em execução,
definindo, apenas, no seu art. 197, que “Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem
efeito suspensivo”.

Nesse sentido, a doutrina e jurisprudência amplamente dominante adotam o


entendimento no sentido de que deve ser adotado o mesmo rito do recurso em sentido estrito, notadamente
no que se refere ao prazo, ao juízo de retratação e ao processamento.

Tal entendimento restou consagrado na Súmula 700 STF, segundo a qual “É de


cinco dias o prazo para a interposição de agravo contra a decisão do juiz da execução penal.

A interposição do recurso deve ser dirigida ao juiz de primeiro grau que


proferiu a decisão, para que este possa rever a decisão, em sede de juízo de retratação.

As razões de recurso devem ser endereçadas ao Tribunal competente (Tribunal


de Justiça, se da competência da Justiça Comum Estadual; ou Tribunal Regional Federal, se da competência
da Justiça Federal).

1.5) PRAZO

PRAZO

• Interposição: 5 dias
• Razões: 2 dias

1.6) EFEITOS
Assim como no recurso em sentido estrito, o agravo em execução possui efeito
regressivo, uma vez que a interposição do recurso obriga o juiz que prolatou a decisão recorrida a reapreciar
a questão, mantendo-a ou reformando-a, aplicando-se analogicamente o artigo 589, “caput”, do CPP.

Se o juiz manter a decisão, determinará a remessa dos autos à instância superior;


se reformá-la, o recorrido, por simples petição, e dentro do prazo do prazo de cinco dias, poderá requerer a
subida dos autos. O recorrido deverá ser intimado, no caso de retratação do juiz.

Nos termos do artigo 197 da LEP, o agravo em execução, em regra, não tem efeito
suspensivo. Ou seja, as decisões proferidas em sede de execução penal devem ser, via de regra,
imediatamente executadas.

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Agravo em Execução e Medida de Segurança: artigo 179 da LEP – atribui excepcionalmente o


efeito suspensivo nos casos de execução de Medida de Segurança.

1.7) SISTEMA PROGRESSIVO BRASILEIRO


Nos termos do artigo 33, § 2º, do Código Penal, as penas privativas de liberdade
devem ser executadas de forma progressiva, de acordo com o mérito do condenado. Em outras palavras,
adota-se no Brasil o sistema progressivo de cumprimento de pena, no qual o condenado, após cumprir parte
da pena e demonstrar merecimento, passará gradativamente de um regime mais severo para outro mais
brando.

Todavia, para a concessão da progressão de regime exige a lei dois requisitos: um


de caráter objetivo, que é o cumprimento de parte da pena anterior, e um de caráter subjetivo, que se refere
ao mérito do condenado indicando a oportunidade da transferência.

Para se verificar a possibilidade de concessão da progressão de regime e os


respectivos requisitos, mostra-se necessário fazer distinção entre crime não hediondo e crime hediondo ou
equiparado.

I) PROGRESSÃO DE REGIME PARA DELITOS NÃO HEDIONDOS OU EQUIPARADOS

A) Requisito objetivo

Conforme o artigo 112 da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84), em primeiro


lugar, para obter a progressão de regime, deve o condenado ter cumprido 1/6 da pena ou do total das penas
que lhe foram impostas no regime inicial.

De outro lado, se a pena superar 30 anos, é pacífico na jurisprudência que o lapso


temporal para a progressão de regime deverá considerar a pena total, não sendo observado, para tal fim, o
limite de 30 anos previsto no artigo 75 do CP.

Nesse sentido é a Súmula 715 do “A PENA UNIFICADA PARA ATENDER AO LIMITE


DE TRINTA ANOS DE CUMPRIMENTO, DETERMINADO PELO ART. 75 DO CÓDIGO PENAL, NÃO É
CONSIDERADA PARA A CONCESSÃO DE OUTROS BENEFÍCIOS, COMO O LIVRAMENTO CONDICIONAL OU
REGIME MAIS FAVORÁVEL DE EXECUÇÃO.”

B) Requisito subjetivo
Além do cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior, exige a lei, para a
transferência para regime menos rigoroso, que o mérito do condenado indique a progressão.

Importante destacar nesta hipótese que a exigência de 1/6 da pena é


tanto para os apenados primários, quanto para os reincidentes.

Mérito significa aptidão, capacidade, merecimento. Deve o apenado, portanto,


demonstrar, ao longo do cumprimento da pena, estas características para merecer a progressão.

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A partir da edição da Lei 10.792/2003, que suprimiu o parágrafo único do artigo 112,
passou-se a dispensar o exame criminológico, considerando suficiente para a comprovação do requisito
subjetivo a elaboração de atestado de boa conduta carcerária pelo diretor do presídio.

Logo, a regra para se aferir o requisito subjetivo é no sentido de que basta atestado
de boa conduta carcerária expedido pelo Diretor do Presídio, conforme dispõe o artigo 112 da Lei 7210/84.

Exceção: Dependendo das circunstâncias do caso concreto o Ministério Público


poderá requerer sua realização e o juiz poderá, fundamentadamente, deferir a realização do exame
criminológico. É nesse sentido, aliás, a Súmula 439 STJ, segundo a qual “Admite-se o exame criminológico
pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada”.

Em outras palavras, nos termos da Súmula 439 do STJ, o juiz somente poderá
determinar a realização do exame criminológico mediante decisão motivada.

II) PROGRESSÃO DE REGIME NOS CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS


A partir do disposto no artigo 5º, XLII, da Constituição Federal, o legislador editou
a Lei nº 8.072/90, estabelecendo regras específicas para os crimes hediondos e equiparados (tráfico de drogas,
tortura e terrorismo).

A redação original do artigo 2º, § 1º, da Lei 8.072/90, previa que os condenados
por crimes hediondos ou equiparados deveriam cumprir a pena integralmente em regime fechado. Ou seja,
os condenados por tais delitos não tinham direito à progressão de regime.

Todavia, no dia 23 de fevereiro de 2006, o Supremo Tribunal Federal (STF), nos


autos do HC 82.959/SP, declarou inconstitucional tal dispositivo, considerando que a vedação à progressão de
regime violava o princípio da individualização da pena e da dignidade da pessoa humana.

Diante dessa decisão, todos os condenados por crimes hediondos e equiparados


passaram a ter direito à progressão de regime, desde que preenchidos os requisitos legais. Como, à época, o
único parâmetro para estabelecer o lapso temporal para a obtenção do benefício era o art. 112 da LEP,
entendeu-se que o requisito objetivo seria preenchido se o apenado tivesse cumprido 1/6 da pena. É o que
diz a Súmula 471 do STJ.

Na sequência, sobreveio a Lei nº 11.464, publicada em 29 de março de 2007, que


alterou a redação do artigo 2º da Lei 8.072/90, passando a vigorar a regra no sentido de que o condenado
por crimes hediondos ou delitos equiparados deve iniciar o cumprimento da pena em regime fechado.

Além disso, o lapso temporal para progressão de regime ao condenado por crimes
hediondos e equiparados passou a ser de 2/5, se primário, e 3/5 se reincidente. Convém registrar que
esses lapsos temporais valem somente para os crimes praticados a partir da entrada em vigor da
Lei 11.464/2007, já que a lei nova não pode retroagir para prejudicar o réu. Para crimes
praticados antes da entrada em vigor da Lei 11.464/2007, o tempo de cumprimento de pena
exigido é de 1/6, aplicando-se, nesse caso, o artigo 112 da LEP.

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A aferição do requisito subjetivo segue também a redação do artigo 112 da LEP,


sendo suficiente atestado de bom comportamento carcerário produzido pelo diretor do presídio. Todavia, o
juiz da execução criminal poderá determinar a realização de exame criminológico. É nesse sentido o teor da
Súmula Vinculante 26 do STF e Súmula 439 do STJ.

Súmula Vinculante 26 STF: “Para efeito de progressão de regime no cumprimento


de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º
da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização
de exame criminológico”

1.8) DO LIVRAMENTO CONDICIONAL


I) CONCEITO
Trata-se de um instituto de política criminal, destinado a permitir a redução do tempo
de prisão com a concessão antecipada e provisória da liberdade do condenado, quando é cumprida pena
privativa de liberdade, mediante o preenchimento de determinados requisitos e a aceitação de certas
condições. (NUCCI, 2013, p. 569)

Consiste na última etapa do cumprimento da pena do sistema progressivo, visando


à reinserção antecipada do condenado ao convívio social.

II) REQUISITOS
Os requisitos do livramento condicional, de ordem objetiva e subjetiva, encontram-
se no art. 83 do CP.

A) REQUISITOS OBJETIVOS
a) Natureza e quantidade da pena – Art. 83, “caput”, CP
Tal como ocorre com a suspensão condicional, somente a pena privativa de liberdade
pode ser objeto do livramento condicional. Esse instituto somente poderá ser concedido à pena privativa de
liberdade igual ou superior a dois anos (art. 83 do CP). A soma das penas é permitida para atingir esse limite
mínimo, mesmo que tenham sido aplicadas em processos distintos.

b) Cumprimento de parte da pena – Art. 83, I, II e IV, CP


Nos termos do artigo 83, I e II, do CP, o criminoso primário deve cumprir mais de
1/3 da pena privativa de liberdade.

Assim também o reincidente, desde que não o seja em crime doloso. Para tanto, é
necessário que apresentem bons antecedentes.

Quando o condenado é reincidente em crime doloso, deve cumprir mais da metade


da pena. Por ausência de previsão legal, o agente portador de maus antecedentes deverá cumprir 1/3 para o
livramento condicional, já que o inciso restringe somente à hipótese de reincidente em crime doloso (não é
possível analogia in malam partem).

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Tratando-se de condenado por prática de tortura, crime hediondo, tráfico ilícito de


entorpecentes e drogas afins e terrorismo, desde que não seja reincidente específico em tais delitos, deve
cumprir mais de 2/3 da pena (art. 83, V, CP). Em 2016, houve uma alteração legislativa no inciso V,
acrescentando o tráfico de pessoas, para o quantum diferenciado de pena.

Assim, sendo reincidente específico não é admissível o livramento condicional. Há


reincidência específica, para efeito da disposição, quando o sujeito, já tendo sido condenado por qualquer dos
delitos hediondos por sentença transitada em julgado, vem novamente a cometer um deles.

O art. 84 do CP reza que “as penas que correspondem a infrações diversas devem
somar-se para efeito do livramento”.

B) REQUISITOS SUBJETIVOS – ART. 83, I E IV


Os requisitos subjetivos são: bons antecedentes, comportamento satisfatório
durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho atribuído e aptidão para o trabalho.

Segue, ainda, as mesmas regras para a concessão da progressão de regime:


Atestado de bom comportamento carcerário. Exceção: exame criminológico, desde que devidamente
fundamentada a decisão que o determina (Súmula 439 STJ).

1.9) UNIFICAÇÃO
A unificação das penas ocorre, invariavelmente, nas hipóteses de concurso formal
próprio de crimes e crime continuado.

Via de regra, os crimes praticados em concurso formal próprio ou em crime


continuado são apurados no mesmo processo. Todavia, pode ocorrer que a incidência do concurso de crimes
ocorra em processos distintos, devendo, em razão disso, a unificação das penas ser verificada na fase da
execução criminal.

Nesse caso, compete ao juiz da execução criminal promover a unificação das penas,
valendo-se das regras dos artigos 70, primeira parte, e 71, ambos do Código Penal. Ou seja, adotando o
critério da exasperação da pena: aplicar uma das penas, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, com a
elevação da fração prevista nos respectivos artigos.

Ex: Um agente foi condenado em três processos distintos pela prática do delito de
roubo majorado com emprego de arma (art. 157, § 2º, I, CP), sendo-lhe fixada a pena de 05 anos e 04 meses
em relação ao primeiro processo. 06 anos em relação ao segundo processo e 08 anos e 06 meses em relação
ao terceiro processo, totalizando 19 anos e 10 meses. Verificando-se que os crimes preenchem os requisitos
do artigo 71 do Código Penal, ou seja, que são da mesma espécie, praticados num curto intervalo de tempo,
nas mesmas condições de lugar e modo de execução, o juiz da execução criminal poderá unificar as penas,
aplicando o critério da exasperação das penas, previsto no artigo 71. Assim, poderá se valer da pena mais
grave e aumentar de 1/6 a 2/3. Supondo que utilize a menor fração (1/6), a pena unificada ficará em 09 anos
e 11 meses.

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Se, nesse caso, o juiz da execução criminal indeferir pedido de unificação da pena,
caberá agravo em execução, com a adoção da tese do crime continuado, previsto no artigo 71 do Código
Penal.

1.10) ESTRUTURA DO AGRAVO EM EXECUÇÃO


A estrutura do agravo em execução segue dois momentos: interposição do recurso
(afirmar que pretende recorrer) e as razões de recurso.

A) INTERPOSIÇÃO
a) Endereçamento: Juiz da Vara de Execuções Penais.
b) Preâmbulo: nome, capacidade postulatória (por seu procurador infra-assinado), fundamento legal (art.
197 da Lei nº 7.210/84 – Lei de Execução Penal), nome da peça (Agravo em execução), frase final
(pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos);
c) juízo de retratação, em analogia ao artigo 589 CPP (importante)
d) parte final (Nesses termos, requer o processamento do presente recurso. Pede deferimento, data,
advogado e OAB)
B) RAZÕES
a) Endereçamento:
Tribunal de Justiça
b) identificação: agravante/recorrente, agravado/recorrido, nº processo
c) saudação:
Justiça Estadual: Egrégio Tribunal de Justiça – Colenda Câmara – Eméritos Julgadores – Douta Procuradoria
da Justiça
d) corpo da peça (breve relato, preliminares e mérito)
e) pedido: reforma da decisão + provimento do recurso + pedido específico
f) parte final: termos em que pede deferimento, local, data e OAB

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PEÇA DE INTERPOSIÇÃO: Endereçamento para o juiz de 1º grau


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .....VARA DE EXECUÇÃO PENAL DA
COMARCA ........

Processo nº.....

7 a 10 linhas

FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador
infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a decisão das fls.,
interpor o presente AGRAVO EM EXECUÇÃO, com base no artigo 197 da Lei 7.210/84 (Lei de
Execução Penal).

Nesse sentido, requer seja recebido o recurso e procedido o juízo de retratação, nos
termos do artigo 589 do Código de Processo Penal. Se mantida a decisão, requer seja encaminhado o presente
recurso, já com as razões inclusas, ao Tribunal de Justiça do Estado..., para o devido processamento.

Nestes termos,

pede deferimento

Local... e data...

______________________

ADVOGADO...

OAB...

41
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RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO: Endereçamento ao Tribunal Competente


EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ......

Agravante: Fulano de Tal

Agravado: Ministério Público

Processo nº _____________

RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

Egrégio Tribunal de Justiça

Colenda Câmara

I) DOS FATOS

II) DO DIREITO

* decisão que concede ou nega a progressão de regime;

* que determina a regressão do regime carcerário e perda dos dias remidos;

* que indefere o pedido de unificação das penas, com base, por exemplo, na continuidade delitiva;

* que concede ou denega pedido de livramento condicional;

* que indefere o pedido de saídas temporárias;

* concede ou denega o pedido de indulto, comutação, remição.

Em síntese, hipóteses previstas no artigo 66 da LEP (Lei nº 7.210/84).

III) DO PEDIDO

Ante o exposto, requer seja CONHECIDO E PROVIDO o presente recurso, com a


REFORMA DA DECISÃO DE 1º GRAU, para o fim de que .........

Local... e data...

______________________

ADVOGADO...

OAB...
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QUESTÃO 02 – XXIII EXAME OAB


Gabriel, condenado pela prática do crime de porte de arma de fogo de uso restrito, obteve livramento
condicional quando restava 01 ano e 06 meses de pena privativa de liberdade a ser cumprida.
No curso do livramento condicional, após 06 meses da obtenção do benefício, vem Gabriel a ser novamente
condenado, definitivamente, pela prática de crime de roubo, que havia sido praticado antes mesmo do delito
de porte de arma de fogo, mas cuja instrução foi prolongada.
Diante da nova condenação, o magistrado competente revogou o livramento condicional concedido e
determinou que Gabriel deve cumprir aquele 01 ano e 06 meses de pena restante quando da obtenção do
livramento em relação ao crime de porte, além da nova sanção imposta em razão do roubo.

Considerando a situação narrada, na condição de advogado(a) de Gabriel, responda aos itens a seguir.
A) Qual o recurso cabível da decisão do magistrado que revogou o benefício do livramento condicional e
determinou o cumprimento da pena restante quando da obtenção do benefício? É cabível juízo de retratação
em tal modalidade recursal? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Qual argumento deverá ser apresentado pela defesa de Gabriel para combater a decisão do magistrado?
Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do dispositivo legal
não confere pontuação.

QUESTÃO 04 – XIX EXAME OAB


Carlos foi condenado pela prática de um crime de receptação qualificada à pena de 04 anos e 06 meses de
reclusão, sendo fixado o regime semiaberto para início do cumprimento de pena. Após o trânsito em julgado
da decisão, houve início do cumprimento da sanção penal imposta. Cumprido mais de 1/6 da pena imposta e
preenchidos os demais requisitos, o advogado de Carlos requer, junto ao Juízo de Execuções Penais, a
progressão para o regime aberto. O magistrado competente profere decisão concedendo a progressão e fixa
como condição especial o cumprimento de prestação de serviços à comunidade, na forma do Art. 115 da Lei
nº 7.210/84. O advogado de Carlos é intimado dessa decisão. Considerando apenas as informações
apresentadas, responda aos itens a seguir.
A) Qual medida processual deverá ser apresentada pelo advogado de Carlos, diferente do habeas corpus, para
questionar a decisão do magistrado? (Valor: 0,60)
B) Qual fundamento deverá ser apresentado pelo advogado de Carlos para combater a decisão do magistrado?
(Valor: 0,65)

Questão 02 – XVIII EXAME


No dia 10 de fevereiro de 2012, João foi condenado pela prática do delito de quadrilha armada, previsto no Art.
288, parágrafo único, do Código Penal. Considerando as particularidades do caso concreto, sua pena foi fixada
no máximo de 06 anos de reclusão, eis que duplicada a pena base por força da quadrilha ser armada. A decisão
transitou em julgado. Enquanto cumpria pena, entrou em vigor a Lei nº 12.850/2013, que alterou o artigo pelo
qual João fora condenado. Apesar da sanção em abstrato, excluídas as causas de aumento, ter permanecido a
mesma (reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos), o aumento de pena pelo fato da associação ser armada passou a
ser de até a metade e não mais do dobro.
Procurado pela família de João, responda aos itens a seguir.
A) O que a defesa técnica poderia requerer em favor dele? (Valor: 0,65)
B) Qual o juízo competente para a formulação desse requerimento? (Valor: 0,60)
Obs.: sua resposta deve ser fundamentada. A simples citação do dispositivo legal não será pontuada.

QUESTÃO 2 - XVI EXAME


No dia 03/05/2008, Luan foi condenado à pena privativa de liberdade de 12 anos de reclusão pela prática dos
crimes previstos nos artigos 213 e 214 do Código Penal, na forma do Art. 69 do mesmo diploma legal, pois, no
dia 11/07/2007, por volta das 19h, constrangeu Carla, mediante grave ameaça, a com ele praticar conjunção
carnal e ato libidinoso diverso. Ainda cumprindo pena em razão dessa sentença condenatória, Luan,
conversando com outro preso, veio a saber que ele havia sido condenado por fatos extremamente semelhantes

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a uma pena de 07 anos de reclusão. Luan, então, pergunta o nome do advogado do colega de cela, que lhe
fornece a informação. Luan entra em contato pelo telefone indicado e pergunta se algo pode ser feito para
reduzir sua pena, apesar de sua decisão ter transitado em julgado.
Diante dessa situação, responda aos itens a seguir.
A) Qual a tese de direito material que poderia ser suscitada pelo novo advogado em favor de Luan? (Valor:
0,65)
B) A pretensão deverá ser manejada perante qual órgão? (Valor: 0,60)
Sua resposta deve ser fundamentada. A simples citação do dispositivo legal não será pontuada.

Questão 02 - XIV EXAME OAB


Mário foi condenado a 24 (vinte e quatro) anos de reclusão no regime inicialmente fechado, com trânsito em
julgado no dia 20/04/2005, pela prática de latrocínio (artigo 157, § 3º, parte final, do Código Penal). Iniciou a
execução da pena no dia seguinte. No dia 22/04/2009, seu advogado, devidamente constituído nos autos da
execução penal, ingressou com pedido de progressão de regime, com fulcro no artigo 112 da Lei de Execuções
Penais. O juiz indeferiu o pedido com base no artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90, argumentando que o condenado
não preencheu o requisito objetivo para a progressão de regime.
Como advogado de Mário, responda, de forma fundamentada e de acordo com o entendimento sumulado dos
Tribunais Superiores, aos itens a seguir:
A) Excetuando-se a possibilidade de Habeas Corpus, qual recurso deve ser interposto pelo
advogado de Mário e qual o respectivo fundamento legal? (Valor: 0,40)
B) Qual a principal tese defensiva? (Valor: 0,85)
Obs.: o examinando deve fundamentar corretamente sua resposta. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não pontua.

QUESTÃO 04 XII EXAME


Marcos, jovem inimputável conforme o Art. 26 do CP, foi denunciado pela prática de determinado crime. Após
o regular andamento do feito, o magistrado entendeu por bem aplicar medida de segurança consistente em
internação em hospital psiquiátrico por período mínimo de 03 (três) anos. Após o cumprimento do período
supramencionado, o advogado de Marcos requer ao juízo de execução que seja realizado o exame de cessação
de periculosidade, requerimento que foi deferido. É realizada uma rigorosa perícia, e os experts atestam a cura
do internado, opinando, consequentemente, por sua desinternação. O magistrado então, baseando-se no exame
pericial realizado por médicos psiquiatras, exara sentença determinando a desinternação de Marcos. O Parquet,
devidamente intimado da sentença proferida pelo juízo da execução, interpõe o recurso cabível na espécie.

A partir do caso apresentado, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.


A) Qual o recurso cabível da sentença proferida pelo magistrado determinando a desinternação de Marcos?
(Valor: 0,75)
B) Qual o prazo para interposição desse recurso? (Valor: 0,25)
C) A interposição desse recurso suspende ou não a eficácia da sentença proferida pelo magistrado?
(Valor: 0,25)

QUESTÃO 01 – XI EXAME OAB


O Juiz da Vara de Execuções Penais da Comarca “Y” converteu a medida restritiva de direitos (que fora imposta
em substituição à pena privativa de liberdade) em cumprimento de pena privativa de liberdade imposta no
regime inicial aberto, sem fixar quaisquer outras condições.
O Ministério Público, inconformado, interpôs recurso alegando, em síntese, que a decisão do referido Juiz da
Vara de Execuções Penais acarretava o abrandamento da pena, estimulando o descumprimento das penas
alternativas ao cárcere.
O recurso, devidamente contra-arrazoado, foi submetido a julgamento pela Corte Estadual, a qual, de forma
unânime, resolveu lhe dar provimento. A referida Corte fixou como condição especial ao cumprimento de pena
no regime aberto, com base no Art. 115 da LEP, a prestação de serviços à comunidade, o que deveria perdurar
por todo o tempo da pena a ser cumprida no regime menos gravoso.
Atento ao caso narrado e considerando apenas os dados contidos no enunciado, responda
fundamentadamente, aos itens a seguir.

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A) Qual foi o recurso interposto pelo Ministério Público contra a decisão do Juiz da Vara de Execuções Penais?
(Valor: 0,50)
B) Está correta a decisão da Corte Estadual, levando-se em conta entendimento jurisprudencial sumulado?
(Valor: 0,75)
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.

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2) CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

2.1) INTRODUÇÃO

Das decisões proferidas pelo Juízo da Execução Penal cabe agravo em execução.

A Lei de Execução Penal não definiu o rito a ser seguido no agravo em execução,
constando, apenas, no seu art. 197, que “Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem
efeito suspensivo”.

Nesse sentido, a doutrina e jurisprudência amplamente dominante adotam o


entendimento no sentido de que deve ser considerado o mesmo rito do recurso em sentido estrito,
notadamente no que se refere ao prazo, ao juízo de retratação e ao processamento.

Tal entendimento restou consagrado na Súmula 700 STF, segundo a qual “É de


cinco dias o prazo para a interposição de agravo contra a decisão do juiz da execução penal.”

Nesse sentido, se não concordar com a decisão proferida, a parte irresignada deverá
apresentar a petição de juntada de agravo em execução no prazo de 05 dias. Após, o juízo a quo fará o primeiro
juízo de admissibilidade, recebendo ou não recurso, intimando-se o recorrente para apresentar, no prazo de 02
dias, as respectivas razões de recurso de agravo em execução, se não apresentadas simultaneamente à
interposição.

Na sequência, intima-se o recorrido para oferecer suas CONTRARRAZÕES ou RAZÕES


PARA A MANUTENÇÃO da decisão recorrida, no prazo de 02 dias.

2.2) PRAZO

Considerando que segue o rito do recurso em sentido estrito, o prazo para


contrarrazões é de 02 dias, conforme o artigo 588 do CPP.

2.3) CONTEÚDO

Deve-se buscar no enunciado informações que permitem desenvolver teses voltadas


à manutenção da decisão recorrida, bem como refutar os argumentos lançados pelo Ministério Público.

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ESTRUTURA DAS CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE EXECUÇÃO PENAL DA COMARCA
......

7 a 10 linhas

FULANO DE TAL (não inventar dados), já qualificado nos autos, por seu procurador
infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar as presentes
CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO, com base no artigo 588 do Código de Processo Penal,
requerendo sejam recebidas, mantendo-se a decisão recorrida em sede de juízo de retratação, com posterior
remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça

Nestes termos,
Pede deferimento

Local... e data...

____________________
ADVOGADO...
OAB...

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EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO .........

Agravante: Ministério Público


Agravado: Fulano de Tal
Processo nº ....

CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado....


Colenda Câmara Criminal....

I) DOS FATOS9

II) DO DIREITO
* Expor argumentos contrários aos invocados nas razões de Agravo em execução
(informados no enunciado da questão), defendo, em síntese, a manutenção da decisão recorrida.

III) DO PEDIDO10
Ante o exposto, requer seja IMPROVIDO o recurso de agravo em execução, MANTENDO-
SE, por conseguinte, a decisão recorrida nos seus exatos termos.
2 linhas

Local... e data...
2 linhas
______________________
ADVOGADO...
OAB...

9
* Fazer breve relato dos fatos ocorridos, conforme os dados do enunciado (não inventar nada), bem como da
decisão recorrida.
10
Requerer o improvimento do recurso de agravo em execução e a manutenção da decisão recorrida. se extrair
do enunciado informações nesse sentido, buscar, ainda, o não conhecimento do recurso (Ex: recurso de agravo
em execução interposto pelo MP de forma intempestiva).
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4 CAPÍTULO IV – HABEAS CORPUS E RECURSO ORDINÁRIO

CONSTITUCIONAL

1) HABEAS CORPUS (Art. 5º, LXVIII, CF/88)

1.1) CONCEITO - ART. 647

É o remédio judicial que tem por finalidade evitar ou fazer cessar a violência ou a
coação à liberdade de locomoção decorrente de ilegalidade ou abuso de poder.

1.2) BASE LEGAL

Base legal: art. 647, 648 do CPP e art. 5º LXVIII da CF

1.3) ESPÉCIES

A doutrina costuma apontar, basicamente, duas espécies de Habeas Corpus:

a) Habeas corpus liberatório ou repressivo: Havendo violência ou coação em sua liberdade de


locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, pode-se impetrar habeas corpus para afastar o
constrangimento ilegal e restabelecer a liberdade de locomoção do paciente.

b) Habeas corpus preventivo: Se a violência ou coação em sua liberdade de locomoção ainda não ocorreu,
mas há fortes razões para considerar que está na iminência de se configurar, pode-se impetrar habeas corpus
preventivo, buscando o “salvo-conduto”, mediante ordem impeditiva da coação, conforme prevê o artigo 660,
§ 4º, do CPP.

1.4) LEGITIMIDADE ATIVA – ART. 654

Pode ser impetrado por qualquer pessoa, independentemente de habilitação legal


ou representação de advogado (dispensada a formalidade da procuração).

1.5) LEGITIMIDADE PASSIVA

No polo passivo da ação de habeas corpus está a pessoa – autoridade ou não –


apontada como coatora, que deve defender a legalidade do seu ato, quando prestar as informações.

Acrescente-se, ainda, que a Constituição Federal não distingue, no polo passivo, a


autoridade do particular, de modo que é possível impetrar habeas corpus contra qualquer pessoa que
constranja a liberdade de locomoção de outrem.

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Ex: imagine-se os inúmeros casos de internação irregular em hospitais psiquiátricos


ou mesmo da vedação de saída a determinados pacientes que não liquidam seus débitos no nosocômio.

1.6) ADMISSIBILIDADE/CONTEÚDO – ART. 648

a) quando não houver justa causa – art. 648, I, do CPP

Justa causa é a existência de fundamento jurídico e suporte fático autorizadores do


constrangimento à liberdade ambulatória. A hipótese trata da falta de justa causa para a prisão, para o
inquérito e para o processo.

Só há justa causa para a prisão no caso de flagrante delito ou de ordem escrita e


fundamentada da autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão ou crime militar.

Falta justa causa para o inquérito policial quando este investiga fato atípico ou
quando já estiver extinta a punibilidade do indiciado.

b) quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei – art. 648, II, do CPP

A nova reforma processual penal, ao concentrar os atos da instrução numa única


audiência, visou, em especial, concretizar o princípio constitucional da celeridade processual, impedindo, por
consequência, que os réus fiquem sujeitos ao constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo.

c) quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo – art. 648, III, do CPP

Só pode determinar a prisão a autoridade judiciária dotada de competência material


e territorial, salvo caso de prisão em flagrante. A incompetência absoluta do juízo também pode ser
reconhecida em sede de habeas corpus.

d) quando houver cessado o motivo que autorizou a coação – art. 648, IV, do CPP

Ex: sentenciado que já cumpriu sua pena, mas continua preso.

e) quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza – art. 648,
V, do CPP

f) quando o processo for manifestamente nulo – art. 648, VI, do CPP

g) quando extinta a punibilidade – art. 648, VII, do CPP

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1.7) COMPETÊNCIA

a) Do juiz de direito de primeira instância

Basicamente, para trancar inquérito policial. Porém, se o inquérito tiver sido


requisitado por autoridade judiciária, a competência será do tribunal de segundo grau competente, de acordo
com a sua competência.

O juiz não pode conceder a ordem sobre ato de autoridade judiciária do mesmo
grau.

b) Do Tribunal de Justiça

Quando a autoridade coatora for juiz de direito e representante do MP Estadual. Ex:


se o promotor de justiça requisita a instauração de inquérito policial, sem lastro para tanto, o habeas corpus
deve ser impetrado perante o tribunal de justiça. No caso, estando a autoridade policial obrigada a atender a
requisição, o promotor de justiça é o verdadeiro responsável pela coação.

c) Do Tribunal Regional Federal

Se a autoridade coatora for juiz federal (art. 108, I, “d”).

d) Do Superior Tribunal de Justiça

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes
e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados
e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito
Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do
Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do
Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
(...)
c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas
mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição,
Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 23, de 1999)
e) Do Supremo Tribunal Federal
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

(...)

i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou


o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma
jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
22, de 1999)
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1.8) JULGAMENTO E EFEITOS

a) a concessão de habeas corpus liberatório implica seja o paciente posto em liberdade, salvo se por outro
motivo deva ser mantido na prisão.

b) se a ordem for concedida para anular o processo, este será renovado a partir do momento em que se
verificou o vício

c) quando a ordem for concedida para trancar inquérito policial ou ação penal, esta impedirá seu curso normal,
isto é, haverá o trancamento do inquérito policial ou ação penal.

e) a decisão favorável do habeas corpus pode ser estendida a outros interessados que se encontrem na
situação idêntica à do paciente beneficiado.

1.9) ESTRUTURA DO HABEAS CORPUS

A) Endereçamento: Juiz ou Tribunal Competente

B) Preâmbulo: nome e qualificação do impetrante (qualificar, pois se trata de ação - não inventar dados),
fundamento legal (artigo 5º, inciso LXVIII, da CF/88 e art. 648, inciso ...), nome da peça (Habeas
corpus), apontar a autoridade coatora, frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos);

C) corpo da peça (Dos fatos e do direito). Abordagem voltada ao constrangimento ilegal à liberdade de
locomoção

D) pedidos: conforme o fundamento invocado: (a) trancamento do inquérito policial; (b) trancamento da ação
penal (se ainda não existir sentença); (c) extinção da punibilidade; (d) nulidade; (e) revogação da preventiva;
(f) relaxamento da prisão em flagrante; (g) liberdade provisória (todos com alvará de soltura)

E) parte final (local, data, advogado e OAB)

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A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL


DE JUSTIÇA DO ESTADO .......(SE A AUTORIDADE COATORA FOR JUIZ DE DIREITO ESTADUAL,
POR EXEMPLO)

B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA .......REGIÃO (SE A AUTORIDADE COATORA FOR JUIZ
FEDERAL, POR EXEMPLO)

7 a 10 linhas

FULANO DE TAL (nome e qualificação), advogado inscrito na Ordem dos


Advogados do Brasil sob o nº...., com endereço profissional ....., vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência impetrar HABEAS CORPUS, com base no artigo 5º, inciso LXVIII, da CF/88, combinado com
o artigo 647 e 648, inciso __, do Código de Processo Penal, contra ato do BELTRANO DE TAL
(autoridade coatora), em favor de CICLANO DE TAL (nome do paciente), nacionalidade, estado civil,
profissão, RG..., pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:

I) DOS FATOS

II) DO DIREITO

1ª parágrafo: apontar a tese

2º parágrafo: fundamentar a tese

OBS: os fundamentos de mérito do HC encontram-se, invariavelmente, no artigo 648 do CPP.

III) DO PEDIDO

Ante o exposto, o impetrante requer a concessão da ordem de habeas corpus, para


o fim de

* Trancamento do inquérito policial ou ação penal (por falta de justa causa)

* extinção da punibilidade

* nulidade

* revogação da prisão preventiva, com expedição do alvará de soltura

* relaxamento da prisão em flagrante, com expedição do alvará de soltura

* concessão de liberdade provisória, com expedição do alvará de soltura

Local... e data...

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ADVOGADO...

OAB...

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PEÇA RESOLVIDA: HABEAS CORPUS – ADAPTADA DA QUESTÃO 3 – XV EXAME


A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda, causando prejuízo
ao erário no valor de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais). Foi instaurado, então, procedimento administrativo,
não havendo, até o presente momento, lançamento definitivo do crédito tributário. Ao mesmo tempo, a Receita
Federal expediu ofício informando tais fatos ao Ministério Público Federal, que, considerando a autonomia das
instâncias, ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto no Art. 1º, inciso I, da Lei nº
8.137/90. Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após a apresentação de resposta à
acusação pela Defensoria Pública, Raquel contrata Wilson para, na condição de advogado, tomar as medidas
cabíveis. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto
acima, redija a peça cabível, excluindo a possibilidade de impetração de Habeas Corpus, sustentando, para
tanto, as teses jurídicas pertinentes.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL


REGIONAL FEDERAL DA ......REGIÃO

WILSON, nacionalidade, estado civil, advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob
o nº...., com endereço profissional ...., vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência impetrar
HABEAS CORPUS, com pedido liminar, com base no artigo 5º, inciso LXVIII, da CF/88, combinado
com os artigos 647 e artigo 648, inciso I, do Código de Processo Penal, contra ato do Juiz Federal
da Seção Judiciária de...., em favor de RAQUEL, nacionalidade, estado civil, RG..., CPF..., pelos fatos e
fundamentos jurídicos a seguir expostos

I) DOS FATOS

O Ministério Público Federal ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto
no Art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90.

Foi ratificado o recebimento da denúncia após a apresentação de resposta à acusação pela


Defensoria Pública.

II) DO DIREITO

A paciente foi denunciada pela prática do delito previsto no artigo 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90,
sendo o recebimento da denúncia ratificado pela autoridade coatora. Todavia, o fato praticado por Raquel é
atípico porque não houve o efetivo lançamento definitivo do crédito tributário, nos termos do que dispõe a
Súmula Vinculante nº 24 do STF.

Assim, não há justa causa para ação penal, pois o fato atribuído à paciente é atípico.

Logo, verifica-se flagrante constrangimento ilegal a à liberdade de locomoção de Raquel, razão


pela qual o trancamento da ação penal é medida que se impõe.

III) DO PEDIDO

Ante o exposto, o impetrante requer:

a) seja expedido ofício à autoridade coatora, a fim de que preste informações;

b) seja intimado o Ilustre Representante do Ministério Público Federal;

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c) a concessão da ordem de habeas corpus, para o fim de que seja trancada a ação penal, nos
termos do artigo 648, inciso I, do Código de Processo Penal.

Local... e data...

______________________

ADVOGADO...

OAB...

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2) RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

2.1) CONCEITO
Trata-se de recurso destinado a impugnar decisão denegatória de mandado de
segurança, mandado de injunção, habeas data e habeas corpus, decididos em única ou última instância,
interposto no STJ ou STF, conforme a matéria e o tribunal que profere a decisão recorrida.

Diferentemente do recurso especial e extraordinário, o recurso ordinário não exige


prequestionamento para ser conhecido.

2.2) BASE LEGAL

Base Legal: art. 102, inciso II, alínea “a”, CF STF

Base legal: art. 105, inciso II, alínea “a”, CF STJ

2.3) IDENTIFICAÇÃO

PEDIU PRA PARAR

PEÇA:
PALAVRA MÁGICA:
RECURSO ORDINÁRIO
DENEGATÓRIA DE HC
CONSTITUCIONAL

PAROU!

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2.4) CABIMENTO EM MATÉRIA PENAL

I) NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

a) Decisão denegatória de habeas corpus e de mandado de segurança decididas em única


instância pelos Tribunais Superiores (art. 102, II, “a”, CF/88)
Trata-se de recurso destinado a impugnar, em matéria criminal, decisões denegatórias
de habeas corpus e mandado de segurança proferidas em única instância por Tribunais Superiores, ou seja,
Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunal Superior do Trabalho (TST) e
Superior Tribunal Militar (STM).

b) Decisão relativas a crimes políticos (art. 102, II, “b”, CF/88).


Entende-se por crime político o delito praticado contra a ordem política e social,
previstos na Lei 7.170/83.

A competência para julgar o crime político é da Justiça Federal, nos termos do artigo
109, inciso IV, da CF/88.

Considerando a competência firmada no art. 102, II, “b”, da CF, que não se refere
a decisões de única ou última instância, conclui-se que, tratando-se de crime político, o 2º grau será, sempre,
o STF mediante recurso ordinário.

II) NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


a) Decisões dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal ou dos Tribunais Federais,
que, em única ou última instância, denegarem a ordem de habeas corpus (art. 105, II, “a”, da
CF)
Nesse caso, impetrado habeas corpus no Tribunal de Justiça contra decisão de um
juiz, em sendo denegado, cabe à parte ingressar com recurso ordinário constitucional para o STJ.

b) Decisões dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal ou dos Tribunais Federais,
que, em única, denegarem a ordem o mandado de segurança (art. 105, II, “b”, da CF)
Trata-se da hipótese de um determinado Tribunal Estadual ou Federal julgar
mandado de segurança ajuizado em caso de sua competência originária e, ao final, denegar a segurança
pleiteada. Nesse caso, cabe recurso ordinário constitucional para o STJ.

2.5) PRAZO E PROCESSAMENTO DO RECURSO ORDINÁRIO

PRAZO

• Regra:
• 05 dias

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Nos termos do artigo 30 da Lei 8.038/90, quando for decisão denegatória de habeas
corpus, o prazo será 05 dias para apresentar a petição de interposição do recurso ordinário constitucional, já
acompanhado das razões, conforme Súmula 319 do STF.

O recurso ordinário constitucional para o STF deve ser interposto perante o Tribunal
Superior que proferiu a decisão denegatória do habeas corpus ou mandado de segurança, mediante petição
já acompanhada das respectivas razões. As razões recursais devem ser dirigidas às Turmas do Supremo
Tribunal Federal.

O recurso ordinário constitucional para o Superior Tribunal de Justiça deve ser


interposto perante o respectivo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal que proferiu a decisão
denegatória de habeas corpus ou mandado de segurança.

A petição de interposição deve estar acompanhada das respectivas razões do pedido


de reforma da decisão.

Obs: Na hipótese de recurso ordinário constitucional contra decisão denegatória de mandado de segurança,
o prazo será de 15 dias (art. 33 da Lei 8.038/90).

Questão 04 – XIV EXAME OAB


Cristiano foi denunciado pela prática do delito tipificado no Art. 171, do Código Penal. No curso da instrução
criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva do réu, com o intuito de garantir a
ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de tratar-se de um crime grave, que coloca
em risco a integridade social, configurando conduta inadequada ao meio social.”
O advogado de Cristiano, inconformado com a fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou
Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a considerava ilegal, tendo
em vista que toda decisão judicial deve estar amparada em uma fundamentação idônea.
O Tribunal de Justiça, por unanimidade, não concedeu a ordem, entendendo que a decisão que decretou a
prisão preventiva estava corretamente fundamentada.
De acordo com a jurisprudência atualizada dos Tribunais Superiores, responda aos itens a seguir.
A) Qual o recurso que o advogado de Cristiano deve manejar visando à reforma do acórdão? (Valor:
0,65)
B) Qual o prazo e para qual Tribunal deverá ser dirigido? (Valor: 0,65)

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A) PEÇA DE INTERPOSIÇÃO

Endereçamento: Ao Presidente do Tribunal que proferiu a decisão recorrida

A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL


DE JUSTIÇA DO ESTADO...... (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL)

B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL...... (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)

C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO COLENDO SUPERIOR


TRIBUNAL DE JUSTIÇA (QUANDO O HC FOR DENEGADO NO STJ)

D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO COLENDO SUPREMO


TRIBUNAL FEDERAL (QUANDO O HC FOR DENEGADO NO STF)

7 a 10 linhas

FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, vem,
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO ORDINÁRIO
CONSTITUCIONAL, com base no artigo 102, inciso II, alínea “a”, da CF(se for da competência do STF)
ou no artigo 105, inciso II, “a” da Constituição Federal (se for da competência do STJ), combinado com
os artigos 30 e 32 da Lei nº 8.038/90, requerendo seja o recurso recebido e processado e, ao final, remetido
ao Supremo Tribunal Federal (ou Superior Tribunal de Justiça).

Nestes termos,

Pede deferimento

Local... e data...

____________________

Advogado...

OAB...

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B) RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ou COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Recorrente: Fulano de Tal

Recorrido: Ministério Público

RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

Douta Turma

Eminentes Ministros

I) DOS FATOS

II) DO DIREITO

* Os fundamentos de mérito invariavelmente guardam relação com as hipóteses do artigo 648 do CPP.

III) DO PEDIDO

Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, para o fim de
que seja reformado o acórdão, concedendo-se a ordem de habeas corpus, a fim de que (exemplos...)

* Trancamento do inquérito policial ou ação penal (por falta de justa causa)

* extinção da punibilidade

* nulidade

* revogação da prisão preventiva, com expedição do alvará de soltura

* relaxamento da prisão em flagrante, com expedição do alvará de soltura

* concessão de liberdade provisória, com expedição do alvará de soltura

Local... e data...

______________________

ADVOGADO...

OAB...

61
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5 CAPÍTULO V - REVISÃO CRIMINAL

1) CONCEITO
É uma ação penal de natureza constitutiva e sui generis, de competência
originária dos tribunais, destinada a rever decisão condenatória, com trânsito em julgado,
quando ocorrer uma das hipóteses do artigo 621 do CPP.

Permite-se, portanto, pela revisão criminal, que o condenado possa pedir a qualquer
tempo aos tribunais, nos casos expressos em lei, que reexamine o processo já findo, a fim de ser absolvido
ou beneficiado de alguma forma.

PRESSUPOSTO: pressuposto indispensável ao cabimento do pedido que a


sentença condenatória tenha transitado em julgado, ou seja, que da decisão não caiba qualquer recurso,
inclusive extraordinário.

Não há peça de interposição É AÇÃO!

2) IDENTIFICAÇÃO

PEDIU PRA PARAR

PALAVRA MÁGICA:
PEÇA:
SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO/
REVISÃO CRIMINAL
PROCESSO FINDO

PAROU!
3) BASE LEGAL

Base legal: art. 621 do CPP

4) CABIMENTO/CONTEÚDO – Art. 621


a) quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal
A sentença condenatória é contrária à lei quando não procede como ela manda ou
quando nela não encontra respaldo para sua existência.

62
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Ex: réu condenado por fato que não constitui crime ou condenação a pena
superior ao limite máximo previsto em lei.

Quando se tratar de interpretação controversa do texto de lei, não cabe revisão


criminal, para se buscar outra análise do mesmo preceito. A hipótese deste inciso é clara: afronta ao texto
expresso de lei – e não do sentido que esta possa ter para uns e outros.

b) contrariedade à evidência dos autos


Contrária à evidência dos autos é a condenação que não tem apoio em provas
idôneas, mas em meros indícios, sem qualquer consistência lógica e real.

Para ser admissível a revisão criminal, torna-se indispensável que a decisão


condenatória proferida ofenda frontalmente as provas constantes nos autos.

Ex: Seria o equivalente a dizer que todas as testemunhas idôneas e imparciais


ouvidas afirmaram não ter sido o réu o autor do crime, mas o juiz, somente porque o acusado
confessou na fase policial, resolveu condená-lo. Não havendo recurso, transitou em julgado a sentença.

c) quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos


comprovadamente falsos
A lei utiliza a qualificação comprovadamente para denominar o falso dessas peças
constitutivas do conjunto probatório, determinante para a condenação.

Portanto, não é qualquer suspeita de fraude, vício ou falsidade que levará a


reavaliação da condenação com trânsito em julgado. Torna-se nítida a exigência de uma falsidade induvidosa.

Não basta que seja a prova falha, precária ou insuficiente. Não fundamenta a
revisão, por exemplo, simples falta de fundamentação de laudo pericial.

Provada, todavia, a falsidade do testemunho, colhido eventualmente até sob coação,


da perícia ou do documento, não se justifica manter-se aquilo que constitui fraude à Justiça, mesmo porque
a CF prevê a inadmissibilidade em juízo de prova ilícita.

Com o pedido, o requerente deve apresentar a prova que possua para demonstrar
a falsificação, já que não se permite na revisão a reabertura do processo para a produção de novas provas.

d) quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de


circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

Prova nova é aquela produzida sob o crivo do contraditório, não se admitindo, por
exemplo, depoimentos extrajudiciais. É também aquela que já existia à época da sentença, mas cuja
existência não foi cogitada.

Surgindo novas provas que indiquem que o condenado deveria ser absolvido, ou de
existirem circunstâncias atenuantes ou causas de diminuição de pena não cogitadas, ou não estarem presentes
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circunstâncias agravantes, qualificadoras ou causas de aumento de pena indevidamente reconhecidas, deve


ser deferido o pedido revisional.

Se as provas inéditas, surgidas depois da sentença condenatória definitiva ter sido


proferida, inocentarem o acusado, seja porque negam ser ele o autor, seja porque indicam não ter havido fato
criminoso, é de se acolher a revisão criminal.

5) REVISÃO E EXTINÇÃO DA PENA – Art. 622

Permite a lei o pedido de revisão a qualquer tempo, inclusive após a extinção da


pena.

Há, na hipótese, interesse de agir, pois, além do aspecto moral ínsito à revisão de
uma condenação, pode a decisão condenatória causar gravames ao condenado, não só na esfera civil e
administrativa, como também no campo penal (por exemplo, caracterização da reincidência).

Impede-se a reiteração do pedido de revisão sem novas provas, evitando-se assim


simples repetição indefinida daquilo que já foi examinado. Assim, apenas um novo pedido com pretensão
diversa, ou alicerçado em novas provas, que possibilite nova apreciação por novos fundamentos de fato e de
direito, merece conhecimento.

6) LEGITIMIDADE – Art. 623

Como demonstra este artigo, trata-se de ação privativa do réu condenado, podendo
ele ser substituído por seu representante legal ou seus sucessores, em rol taxativo – cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão. Nucci entende que companheiro(a) também pode.

Portanto, a revisão pode ser pedida pelo próprio réu, independentemente de estar
representado por seu procurador.

A revisão pode ser proposta por procurador legalmente habilitado, não se exigindo
a outorga ao advogado de poderes especiais.

7) ÓRGÃO COMPETENTE PARA O JULGAMENTO DA REVISÃO CRIMINAL

É da competência originária dos tribunais, jamais sendo apreciada por juiz de


primeira instância. Se a decisão condenatória definitiva provier de magistrado de primeiro grau, julgará a
revisão criminal o tribunal que seria competente para conhecer do recurso ordinário.

Caso a decisão provenha de câmara ou turma de tribunal de segundo grau, cabe ao


próprio tribunal o julgamento da revisão, embora, nessa hipótese, não pela mesma câmara, mas pelo grupo
reunido de câmaras criminais.

Tratando-se de decisão proferida pelo Órgão Especial, cabe ao mesmo colegiado o


julgamento da revisão.

Cabe ao STF o julgamento da revisão criminal de seus julgados, em regra, os de


competência originária.
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Da competência prevista pelo art. 624, deve-se excluir o Tribunal Federal de


Recursos (extinto) e acrescentar o Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, e, da CF) e os Tribunais Regionais
Federais (art. 108, I, B, da CF), que tem competência revisional.

8) DECISÃO NA REVISÃO CRIMINAL – Art. 626


Em princípio, a revisão só pode ser deferida havendo nulidade insanável no processo
ou erro judiciário. Mas, apesar do caráter taxativo do art. 621, a decisão em que se julgar procedente a
revisão pode alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o
processo, tendo como único obstáculo a impossibilidade de se agravar a pena imposta pela
decisão revista.

Assim, além de se rescindir complementarmente a sentença ou acórdão para


absolver o acusado, nada impede, por exemplo, conforme jurisprudência, que se desclassifique a condenação
de tentativa de homicídio culposo para lesão corporal culposa, ou de falsificação de documentos para falsa
identidade; que se reveja e reduza a pena; que se reconheça nulidade absoluta, anulando-se o processo,
embora a nulidade manifesta também possa ser atacada por meio de habeas corpus.

9) ESTRUTURA DA REVISÃO CRIMINAL


A) Endereçamento: Tribunal competente – Art. 624
B) Preâmbulo: nome e qualificação do requerente (qualificar, pois se trata de ação - não inventar dados),
capacidade postulatória (por seu procurador infra-assinado), fundamento legal (art. 621, inciso ...), nome
da peça (Revisão Criminal), frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos);
c) corpo da peça (Dos fatos e do direito). Lembrem-se que se trata de uma ação
d) pedidos: (a) alteração da classificação do crime; (b) absolvição; (c) modificação da pena; (d) nulidade do
processo
Obs: pedido conforme o fundamento invocado (VER ARTIGO 626)
e) parte final (local, data, advogado e OAB)
COMO NÃO SE TRATA DE RECURSO, NÃO HÁ PEÇA DE INTERPOSIÇÃO

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Endereçamento: Presidente do Tribunal de Justiça ou do TRF


A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL
DE JUSTIÇA DO ESTADO ........(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL)

B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ........REGIÃO (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL)

7 a 10 linhas

FULANO DE TAL, nacionalidade, profissão, estado civil, RG... (não inventar dados),
por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência propor REVISÃO
CRIMINAL, com base 621, inciso ..., pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:

I) DOS FATOS

II) DO DIREITO11

III) DO PEDIDO12

Ante o exposto, requer seja julgada procedente a presente ação de revisão criminal,
a fim de que seja:

a) Alterada a classificação para o crime ..., com base no artigo 626 do Código de Processo Penal; e/ou

b) Absolvido o revisando, com base no artigo 626 do Código de Processo Penal;

c) anulado o processo, com base no artigo 626 do Código de Processo Penal;

d) modificada a pena, a fim de que (Exs: seja afastada a majorante; reconhecida a causa de diminuição da
pena);

e) reconhecido o direito do revisando à indenização, nos termos do artigo 630 do Código de Processo Penal.

Local... e data...

ADVOGADO...

OAB...

11
Os fundamentos de mérito da revisão criminal encontram-se, invariavelmente, no artigo 621 do CPP.
12
Pedidos podem ser extraídos do artigo 626 do CPP: Alteração da classificação do crime, absolvição,
modificação da pena ou nulidade do processo.

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6 EXERCÍCIOS

Proposta de Peça Processual

(Defensor MG/2009 – adaptada - FUMARC) Pajero Full, um jovem advogado, estava exercendo a função de
advogado, perante a 1ª Vara de Família de Canoas, RS, por ocasião da contestação apresentada em processo
de investigação de paternidade, imputou à genitora do investigante a prática de atos sexuais com diversos
homens, afirmando ainda que aquela se dedicava habitualmente à prostituição.
Pajero Full foi informado por seu cliente das atividades exercidas pela genitora do investigante durante as
entrevistas necessárias para elaboração da defesa técnica por ele exercida.
Sentindo-se difamada e injuriada com as alegações de Pajero Full, profundamente indignada a mãe do
investigante ofereceu queixa-crime contra o advogado. A queixa-crime foi distribuída ao juízo da 2ª Vara
Criminal comum daquela cidade, ao entendimento de que aquela causa é de maior complexidade, considerando
o acervo probatório, fugindo, portanto, da competência do juizado especial.
Desta forma, o Juiz da 2ª Vara Criminal de Canoas, RS, após ter restada inexitosa a conciliação, recebeu a
denúncia e determinou a citação do querelado, que sustentou, em sua defesa preliminar, não ser possível a
existência e a continuidade do processo por lhe faltar um dos pressupostos de constituição e desenvolvimento
regular do feito.
O magistrado responsável pelo julgamento indeferiu o pedido formulado na defesa preliminar, dizendo que
deixa para apreciar todas as questões de fato e de direito por ocasião da sentença final.
Elabore a peça processual cabível contra a decisão do magistrado, apontando todos os argumentos jurídicos
para a modificação da decisão hostilizada.

Questões

Questão 01. A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda,
causando prejuízo ao erário no valor de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais). Foi instaurado, então,
procedimento administrativo, não havendo, até o presente momento, lançamento definitivo do crédito tributário.
Ao mesmo tempo, a Receita Federal expediu ofício informando tais fatos ao Ministério Público Federal, que,
considerando a autonomia das instâncias, ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto
no Art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90. Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após a
apresentação de resposta à acusação pela Defensoria Pública, Raquel o procura para, na condição de advogado,
tomar as medidas cabíveis. Diante disso, responda aos itens a seguir.
A) Qual a medida jurídica a ser adotada de imediato para impedir o prosseguimento da ação penal? (Valor:
0,60)
B) Qual a principal tese jurídica a ser apresentada? (Valor: 0,65) O examinando deve fundamentar suas
respostas.
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A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Questão 02. (Exame XIV) Cristiano foi denunciado pela prática do delito tipificado no Art. 171, do Código
Penal. No curso da instrução criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva do réu,
com o intuito de garantir a ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de tratar-se de
um crime grave, que coloca em risco a integridade social, configurando conduta inadequada ao meio social.” O
advogado de Cristiano, inconformado com a fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou
Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a considerava ilegal, tendo
em vista que toda decisão judicial deve estar amparada em uma fundamentação idônea. O Tribunal de Justiça,
por unanimidade, não concedeu a ordem, entendendo que a decisão que decretou a prisão preventiva estava
corretamente fundamentada. De acordo com a jurisprudência atualizada dos Tribunais Superiores, responda
aos itens a seguir.
A) Qual o recurso que o advogado de Cristiano deve manejar visando à reforma do acórdão? (Valor: 0,65)
B) Qual o prazo e para qual Tribunal deverá ser dirigido? (Valor: 0,60)

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Questão 3. Fátima foi vítima de acidente fatal no trânsito, na ocasião Fausto dirigia o seu veículo e deu causa
à morte. Inconsolado com a perda, Carmelo, o viúvo, se comprometeu a buscar a responsabilização do autor
do crime. Durante o processo criminal, que tramitou perante a 1ª Vara Criminal de Florianópolis, em que o
motorista Fausto respondeu em liberdade, não foi possível comprovar qualquer modalidade de culpa por parte
de Fausto, logo a absolvição foi a medida imposta. Após o trânsito em julgado da decisão, Carmelo localizou
uma testemunha presencial do delito, de nome Sabrina, que não tinha mais sido localizada, porém estava
presente no momento do fato, tendo sido inclusive ouvida durante a polícia, mas infelizmente na fase judicial
não foi possível, pois estava residindo no exterior. Sabrina informou que Fausto não estava vindo ao lado da via
que indicou em juízo, que o acidente se deu em virtude dele ter feito uma manobra irregular, tendo assim
surpreendido Fátima que estava no local adequado. Sabrina informa ter guardado por cautela uma foto que
tirou logo após o fato que demonstra a parada inicial do veículo na ocasião do acidente. Diante dos fatos
responda:
- Considerando a prova nova, testemunha ocular, é possível oferecer para Carmelo alguma medida ou ação
criminal? Justifique a sua resposta.

Jurisprudência
HABEAS CORPUS. LATROCÍNIO. SENTENÇA CONDENATÓRIA COM TRÂNSITO EM JULGADO. "ERRO MATERIAL"
EM RELAÇÃO AO REGIME PRISIONAL RECONHECIDO PELO JUÍZO DA EXECUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
REFORMATIO IN PEJUS. INDEVIDA REVISÃO CRIMINAL PRO SOCIETATE. ORDEM CONCEDIDA. 1. Se é certo
que a fixação do regime inicial aberto para uma condenação por latrocínio (art. 157, § 3º, do Código Penal)
com reprimenda de 18 (dezoito) anos de reclusão, caracteriza evidente "erro material", não menos certo que,
no caso concreto, houve o trânsito em julgado da sentença sem que o órgão acusador opusesse embargos de
declaração ou interpusesse recurso de apelação. Dormientibus non succurrit jus.
2. Tratando-se, com se trata, de Direito Penal adjetivo não se pode falar em correção ex officio de "erro
material", máxime contra o réu. Tal instituto é próprio do Direito Processual Civil (art. 463, I, do CPC).
3. Na esfera penal prevalece o princípio do non reformatio in pejus que impede o agravamento da situação do
réu sem uma manifestação formal e tempestiva da acusação nesse sentido. Inteligência da Súmula 160/STF.
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4. "Trata-se da cabal confirmação do entendimento de que, neste, como noutros temas, o processo penal não
é estruturado por princípios comuns ao processo civil, senão por regras próprias, em razão da prevalência dos
interesses públicos que constituem a substância e o objeto permanente do conflito jurídico típico que se presta
a decidir e, sobretudo, por força do valor supremo do jus libertatis, do qual o processo é concebido e disciplinado
como instrumento de tutela".(STF, HC 83.545/SP, Rel. Ministro CESAR PELUSO, Primeira Turma, DJ 3.6.2006)
5. Nesse viés, seja por nulidade absoluta, seja por "erro material", não se pode agravar (quantitativamente ou
qualitativamente) a situação do réu sem recurso próprio do acusador, sob pena de configurar indevida revisão
criminal pro societate. Precedentes do STJ.
6. Ordem concedida para, reconhecendo o trânsito em julgado da condenação, manter o regime inicial aberto,
como fixado na sentença.
(HC 176.320/AL, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro JORGE MUSSI, QUINTA
TURMA, julgado em 17/05/2011, DJe 17/09/2012)

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OAB 2ª FASE

PROCESSO PENAL

EXERCITANDO PEÇAS

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CAPÍTULO VI – EXERCITANDO PEÇAS


01. PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL - XVI EXAME OAB
Gilberto, quando primário, apesar de portador de maus antecedentes, praticou um crime de
roubo simples, pois, quando tinha 20 anos de idade, subtraiu de Renata, mediante grave
ameaça, um aparelho celular. Apesar de o crime restar consumado, o telefone celular foi
recuperado pela vítima. Os fatos foram praticados em 12 de dezembro de 2011. Por tal
conduta, foi Gilberto denunciado e condenado como incurso nas sanções penais do Art. 157,
caput, do Código Penal a uma pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses de reclusão
em regime inicial fechado e 12 dias multa, tendo a sentença transitada em julgado para
ambas as partes em 11 de setembro de 2013. Gilberto havia respondido ao processo em
liberdade, mas, desde o dia 15 de setembro de 2013, vem cumprindo a sanção penal que
lhe foi aplicada regularmente, inclusive obtendo progressão de regime. Nunca foi punido
pela prática de falta grave e preenchia os requisitos subjetivos para obtenção dos benefícios
da execução penal. No dia 25 de fevereiro de 2015, você, advogado(a) de Gilberto, formulou
pedido de obtenção de livramento condicional junto ao Juízo da Vara de Execução Penal da
comarca do Rio de Janeiro/RJ, órgão efetivamente competente. O pedido, contudo, foi
indeferido, apesar de, em tese, os requisitos subjetivos estarem preenchidos, sob os
seguintes argumentos: a) o crime de roubo é crime hediondo, não tendo sido cumpridos,
até o momento do requerimento, 2/3 da pena privativa de liberdade; b) ainda que não fosse
hediondo, não estariam preenchidos os requisitos objetivos para o benefício, tendo em vista
que Gilberto, por ser portador de maus antecedentes, deveria cumprir metade da pena
imposta para obtenção do livramento condicional; c) indispensabilidade da realização de
exame criminológico, tendo em vista que os crimes de roubo, de maneira abstrata, são
extremamente graves e causam severos prejuízos para a sociedade. Você, advogado(a) de
Gilberto, foi intimado dessa decisão em 23 de março de 2015, uma segunda-feira. Com base
nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto,
redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo para
sua interposição, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)

Responda justificadamente, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a


fundamentação legal pertinente ao caso.

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02. PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL


Gilberto, quando primário, apesar de portador de maus antecedentes, praticou um crime de
roubo simples, pois, quando tinha 20 anos de idade, subtraiu de Renata, mediante grave
ameaça, um aparelho celular. Apesar de o crime restar consumado, o telefone celular foi
recuperado pela vítima. Os fatos foram praticados em 12 de dezembro de 2011. Por tal
conduta, foi Gilberto denunciado e condenado como incurso nas sanções penais do Art. 157,
caput, do Código Penal a uma pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses de reclusão
em regime inicial fechado e 12 dias multa, tendo a sentença transitada em julgado para
ambas as partes em 11 de setembro de 2013. Gilberto havia respondido ao processo em
liberdade, mas, desde o dia 15 de setembro de 2013, vem cumprindo a sanção penal que lhe
foi aplicada regularmente, inclusive obtendo progressão de regime. Nunca foi punido pela
prática de falta grave e preenchia os requisitos subjetivos para obtenção dos benefícios da
execução penal. No dia 25 de agosto de 2015, você, advogado (a) de Gilberto, formulou
pedido de obtenção de livramento condicional junto ao Juízo da Vara de Execução Penal da
comarca do Rio de Janeiro/RJ, órgão efetivamente competente. O pedido foi deferido pelo
Magistrado. O Ministério Público foi intimado da decisão em 14 de setembro de 2015, uma
segunda-feira, sendo terçafeira dia útil. Inconformado, o Ministério Público apresentou
recurso de agravo em execução perante o juízo competente, acompanhado das respectivas
razões recursais, no dia 30 de setembro de 2015, alegando: a) o crime de roubo é crime
hediondo, não tendo sido cumpridos, até o momento do requerimento, 2/3 da pena privativa
de liberdade; b) ainda que não fosse hediondo, não estariam preenchidos os requisitos
objetivos para o benefício, tendo em vista que Gilberto, por ser portador de maus
antecedentes, deveria cumprir metade da pena imposta para obtenção do livramento
condicional; c) indispensabilidade da realização de exame criminológico, tendo em vista que
os crimes de roubo, de maneira abstrata, são extremamente graves e causam severos
prejuízos para a sociedade. O magistrado, então, recebeu o recurso de agravo em execução
e intimou, no dia 19 de outubro de 2015 (segunda-feira), sendo terça feira dia útil em todo
o país, você, advogado (a) de Gilberto, para apresentar a medida cabível. Com base nas
informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do
prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5.00)

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03. PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

Durante investigação para apurar a prática de roubos a agências bancárias ocorridos em


Volta Redonda/RJ, agentes da polícia civil, embora desconfiados que Pedro Rocha estivesse
envolvido nos crimes, não conseguiram reunir provas suficientes para apontá-lo como um
dos assaltantes de banco. Diante disso, o Delegado de Polícia orientou um dos policiais a
passar a frequentar os mesmos lugares do investigado Pedro Rocha para com ele
estabelecer relação de confiança. Ao manter reiterados contatos com Pedro Rocha, o agente
policial disfarçado convence o investigado a praticarem um roubo em determinada agência
bancária. Diante disso, no dia 15 de outubro de 2012, previamente engendrados, o policial
disfarçado e o investigado dirigem-se ao banco e, no instante em que ingressaram na
agência bancária e anunciaram o assalto, diversos policiais, que monitoravam toda a ação,
prenderam Pedro Rocha em flagrante, sob a acusação da prática do crime de roubo
majorado tentado. Ao final, o Delegado de Polícia lavrou o auto de prisão em flagrante,
observando todas as formalidades legais, e encaminhou à autoridade judiciaria. O
Magistrado converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva, com base no artigo 310,
inciso II, do Código de Processo Penal. Irresignado, Pedro Rocha, por meio do seu
advogado, impetrou Habeas corpus, que foi denegado, por maioria dos votos, pelo Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que
podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado de Pedro Rocha,
redija a peça cabível, exclusiva de advogado, no que tange à liberdade de seu cliente. (Valor:
5,0)

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PADRÃO DE RESPOSTAS

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CAPÍTULO I – DO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI

Questão 01

Cross Fox foi denunciado por homicídio qualificado. Todavia, após a instrução na 1ª fase restou devidamente
comprovada a inexistência da qualificadora, motivo pelo qual o Juiz de Direito afastou a qualificadora
pronunciando o acusado por homicídio simples. Diante da narrativa, é possível que em Plenário o Ministério
Público sustente a incidência da qualificadora, fundamentando na soberania dos vereditos? Justifique a sua
resposta.

Gabarito Comentado

Não poderá o Ministério Público sustentar a incidência da qualificadora em plenário quando ela for afastada na
pronúncia. Importante registrar que de acordo com o artigo 413, parágrafo 1º, do CPP, a pronúncia firma os
limites da acusação, não podendo a acusação extrapolar os limites ali estabelecidos.

Questão 02

(MP-MS-2011) Tício foi denunciado pela prática de homicídio qualificado pelo motivo torpe (art. 121, § 2º, inc.
I, Código Penal). A denúncia foi recebida e, no decorrer da instrução processual, a defesa requereu exame de
insanidade mental do acusado (art. 149 e seguintes do Código de Processo Penal). Ao final do referido incidente,
restou devidamente comprovado que Tício, ao tempo da ação, em razão de doença mental, era inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- se de acordo com esse entendimento. Nos
debates, a defesa apresentou como única tese defensiva a inimputabilidade de Tício. Lastreado em tal premissa,
responda, respectivamente, a seguinte indagação: Qual decisão deverá ser proferida pelo juiz ao final da
primeira fase do procedimento do júri e qual é o recurso cabível? Justifique

Gabarito Comentado

O juiz na 1ª fase deverá absolver sumariamente o acusado, considerando que a única tese defensiva é a
inimputabilidade, nos termos do artigo 415, parágrafo único, do CPP. O recurso cabível nesse caso seria o de
apelação, nos moldes do artigo 416 do CPP.

Questão 03

Andriotti, líder local do Movimento dos Sem Terras, foi pronunciado pela prática de homicídio qualificado tendo
como vítima um Fazendeiro chamado João Netto, o qual era muito conhecido na comunidade por suas
benfeitorias à região. O fato ocorreu no município João Gabriel, local conhecido por constantes conflitos
envolvendo terras. Sabe-se que as pessoas da Comarca repercutem o assunto, sempre se posicionando a
respeito do caso, havendo fundadas suspeitas sobre a imparcialidade do Júri. Desta forma, na condição de
advogado de Andriotti, qual seria a medida adequada para assegurar da melhor maneira os interesses de seu
cliente, considerando que o julgamento foi designado para ocorrer daqui três meses? Justifique a sua resposta.

Gabarito Comentado
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A defesa poderá requerer ao Tribunal de Justiça o desaforamento, nos termos do artigo 427 do CPP, que se
trata de um deslocamento da competência territorial, para uma das Comarcas mais próximas.

Questão 04

Carlitos foi denunciado pela prática de homicídio doloso contra sua esposa, Carmela. Todavia, após a prova
produzida nos autos restou comprovado que a causa mortis foi um ataque cardíaco, ou seja, uma causa natural,
nada tendo haver com Carlitos. Por tal razão, o magistrado da 1ª Vara Criminal absolveu sumariamente o
acusado. A decisão transitou em julgado. Dois meses após, a filha de Carlitos resolve informar o que ouviu uma
conversa de seu pai com um irmão, informando que teria sido o responsável pela morte de Carmela, tendo
ministrado remédio em sua alimentação, gerando a disfunção que ocasionou a sua morte. Diante dos fatos, é
possível reverter essa decisão de absolvição sumária no júri? Justifique.

Gabarito Comentado

A decisão que absolve sumariamente o acusado faz coisa julgada material, não podendo ser modificada ainda
que haja notícias de prova nova. Aliás, não cabe revisão criminal em prol da sociedade.

Questão 05

Durante os debates orais, o Ministério Público proferiu a leitura de trechos da decisão de pronúncia, inclusive
mencionou que se não estivessem presentes os indícios de autoria e materialidade, os réus não teriam sido
submetidos a julgamento popular por ato do Juiz Presidente. Inobstante, a combativa defesa ter requerido o
encerramento do Júri, o que restou consignado em ata, o magistrado determinou a continuidade. Ao final, os
jurados condenaram o acusado. Diante dos dados trazidos na questão, o que poderá ser pleiteado na condição
de advogado de defesa? Justifique e indique o recurso e a base legal que respaldam a sua resposta.

Gabarito Comentado

Deverá ser arguida a nulidade do julgamento, em razão da afronta ao artigo 478 do CPP. No caso houve menção
aos termos da pronúncia com argumentos de autoridade, informando por exemplo que o Juiz Presidente
reconheceu os indícios de autoria e a materialidade. Tais argumentos podem ser decisivos para o jurado,
portanto o reconhecimento da nulidade se impõe. O recurso adequado para essa impugnação seria o de
apelação, nos termos do artigo 593, III, alínea a, do CPP.

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CAPÍTULO II – RECURSOS

1) AGRAVO EM EXECUÇÃO

QUESTÃO 02 – XXIII EXAME OAB


Gabriel, condenado pela prática do crime de porte de arma de fogo de uso restrito, obteve livramento
condicional quando restava 01 ano e 06 meses de pena privativa de liberdade a ser cumprida.
No curso do livramento condicional, após 06 meses da obtenção do benefício, vem Gabriel a ser novamente
condenado, definitivamente, pela prática de crime de roubo, que havia sido praticado antes mesmo do delito
de porte de arma de fogo, mas cuja instrução foi prolongada.
Diante da nova condenação, o magistrado competente revogou o livramento condicional concedido e
determinou que Gabriel deve cumprir aquele 01 ano e 06 meses de pena restante quando da obtenção do
livramento em relação ao crime de porte, além da nova sanção imposta em razão do roubo.

Considerando a situação narrada, na condição de advogado(a) de Gabriel, responda aos itens a seguir.
A) Qual o recurso cabível da decisão do magistrado que revogou o benefício do livramento condicional e
determinou o cumprimento da pena restante quando da obtenção do benefício? É cabível juízo de retratação
em tal modalidade recursal? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Qual argumento deverá ser apresentado pela defesa de Gabriel para combater a decisão do magistrado?
Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação ou transcrição do dispositivo legal
não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) Narra o enunciado que Gabriel cumpria pena privativa de liberdade pela prática de crime de porte de arma
de fogo, quando obteve livramento condicional. No curso do livramento condicional, todavia, vem a ser
condenado pela prática de crime de roubo, tendo o magistrado da execução decidido pela revogação do
benefício e também por desconsiderar o período de pena cumprido em livramento. Da decisão proferida pelo
juízo da execução cabe Agravo em Execução, na forma do Art. 197 da Lei de Execuções Penais, com prazo de
interposição de 05 dias. Não há previsão expressa em lei sobre o procedimento a ser adotado no recurso de
agravo, de modo que pacificou a doutrina e a jurisprudência que o processamento a ser adotado é semelhante
ao do recurso em sentido estrito. Diante disso, cabível o juízo de retratação pelo magistrado competente para
execução.
B) O argumento a ser apresentado pela defesa de Gabriel é que não poderiam ter sido desconsiderados os
dias de livramento condicional como pena cumprida. De fato, Gabriel foi condenado, definitivamente, pela
prática de crime no curso do livramento condicional, logo cabível a revogação do benefício. Trata-se, inclusive,
de hipótese de revogação obrigatória. Ocorre que a condenação que justificou a revogação foi em razão da
prática de delito anterior à obtenção do benefício, e não de novo crime praticado no curso do livramento.
Dessa forma, as condições do livramento condicional vinham sendo regularmente cumpridas pelo apenado,
de modo que os dias em que ficou em livramento deverão ser computados como pena cumprida e não
desconsiderados. Assim, errou o magistrado ao afirmar que deveria Gabriel cumprir 01 ano e 06 meses de
pena, desconsiderando os 06 meses cumpridos de livramento. Nos termos do aqui exposto estão as previsões
dos Art. 86 e do Art. 88, ambos do Código Penal, além do Art. 141 da Lei 7.210/84.

ITEMDISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS PONTUAÇÃO


A. O recurso cabível da decisão é de Agravo de Execução, (0,40) na 0,00/0,15/0,25/0,40/0,50/0,55/0,65
forma do Art. 197 da LEP (0,10), cabendo ao magistrado exercer juízo
de retratação em razão da aplicação, no recurso de agravo, do rito
previsto para o recurso em sentido estrito (0,15)

B. O argumento para combater a decisão é o de que o período em 0,00/0,20/0,30/0,40/0,50/0,60


livramento condicional deveria ser considerado como pena cumprida
(0,20), tendo em vista que o delito que justificou a revogação é
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anterior ao benefício (0,30), nos termos do Art. 88 do CP OU Art. 141


da Lei nº 7.210/84 (0,10).

QUESTÃO 04 – XIX EXAME OAB


Carlos foi condenado pela prática de um crime de receptação qualificada à pena de 04 anos e 06 meses de
reclusão, sendo fixado o regime semiaberto para início do cumprimento de pena. Após o trânsito em julgado da
decisão, houve início do cumprimento da sanção penal imposta. Cumprido mais de 1/6 da pena imposta e
preenchidos os demais requisitos, o advogado de Carlos requer, junto ao Juízo de Execuções Penais, a
progressão para o regime aberto. O magistrado competente profere decisão concedendo a progressão e fixa
como condição especial o cumprimento de prestação de serviços à comunidade, na forma do Art. 115 da Lei nº
7.210/84. O advogado de Carlos é intimado dessa decisão. Considerando apenas as informações apresentadas,
responda aos itens a seguir.
A) Qual medida processual deverá ser apresentada pelo advogado de Carlos, diferente do habeas corpus, para
questionar a decisão do magistrado? (Valor: 0,60)
B) Qual fundamento deverá ser apresentado pelo advogado de Carlos para combater a decisão do magistrado?
(Valor: 0,65)
Gabarito comentado
A) A medida processual a ser apresentada pelo advogado de Carlos é o agravo previsto no Art. 197 da Lei nº
7.210/84, também conhecido como agravo de execução ou agravo em execução. Prevê o mencionado
dispositivo que, das decisões proferidas em sede de execução, será cabível o recurso de agravo. No caso, o
enunciado deixa claro que houve decisão condenatória com trânsito em julgado e que a decisão a ser combatida
foi proferida pelo Juízo da Execução, analisando progressão de regime.
B) O argumento a ser apresentado pelo advogado de Carlos é o de que a decisão do magistrado foi equivocada,
pois não é possível fixar, como condição especial ao regime aberto, o cumprimento de prestação de serviços à
comunidade. O Art. 115 da LEP prevê expressamente que o magistrado, no momento de fixar o regime aberto,
poderá fixar condições especiais, além das obrigatórias e genéricas estabelecidas nos incisos desse dispositivo.
Ocorre que a legislação penal não disciplina quais seriam essas condições especiais, de forma que surgiu a
controvérsia sobre a possibilidade de serem fixadas penas substitutivas em atenção a esta previsão. O tema,
porém, foi pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça, que, no Enunciado 493 de sua Súmula de Jurisprudência,
estabeleceu a inadmissibilidade de serem fixadas penas substitutivas (Art. 44 do Código Penal) como condições
especiais ao regime aberto. A ideia que prevaleceu foi a de que, apesar de ser possível o estabelecimento de
condições especiais, estas não podem ser penas previstas no Código Penal, sob pena de bis in idem ou dupla
punição.
ITEMDISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS PONTUAÇÃO
A. A medida processual a ser apresentada é o Agravo OU Agravo de 0,00/0,50/0,60
Execução OU Agravo em Execução (0,50), na forma do Art. 197 da Lei
nº 7.210/84 (0,10).

B. Inadmissibilidade de ser fixada prestação de serviços à comunidade 0,00/0,15/0,25/0,40/0,50/


(ou pena substitutiva) como condição especial ao regime aberto (0,40),
0,55/0,65
na forma do Enunciado 493 da Súmula do STJ (0,10), sob pena de
configurar dupla punição OU bis in idem (0,15).

QUESTÃO 2 - XVIII EXAME


No dia 10 de fevereiro de 2012, João foi condenado pela prática do delito de quadrilha armada, previsto no Art.
288, parágrafo único, do Código Penal. Considerando as particularidades do caso concreto, sua pena foi fixada
no máximo de 06 anos de reclusão, eis que duplicada a pena base por força da quadrilha ser armada. A decisão
transitou em julgado. Enquanto cumpria pena, entrou em vigor a Lei nº 12.850/2013, que alterou o artigo pelo
qual João fora condenado. Apesar da sanção em abstrato, excluídas as causas de aumento, ter permanecido a

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mesma (reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos), o aumento de pena pelo fato da associação ser armada passou a
ser de até a metade e não mais do dobro. Procurado pela família de João, responda aos itens a seguir.
A) O que a defesa técnica poderia requerer em favor dele? (Valor: 0,65)
B) Qual o juízo competente para a formulação desse requerimento? (Valor: 0,60) Obs.: sua resposta deve ser
fundamentada. A simples citação do dispositivo legal não será pontuada.
GABARITO COMENTADO
A) A defesa técnica de João poderia requerer a aplicação da lei nova, que é mais benéfica para o acusado. A
redação anterior do Art. 288, parágrafo único, do CP previa que, no caso daquele crime ser praticado com armas
de fogo, a pena seria dobrada. Hoje, o dispositivo prevê que a pena, nessa mesma hipótese, será “apenas”
aumentada de, no máximo, metade. Assim, no caso de João, como sua pena base foi aplicada em 03 anos, a
pena final restaria em, no máximo, 04 anos e 06 meses. A nova lei, então, é favorável ao condenado, de modo
que pode retroagir para atingir situações pretéritas, na forma do Art. 2º, parágrafo único, do CP.
B) Considerando que já houve trânsito em julgado da sentença condenatória, o juízo competente para
formulação do requerimento é o da Vara de Execuções Penais, na forma do enunciado 611 da Súmula não
vinculante do STF ou do Art. 66, inciso I, da LEP.

ITEMDISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS PONTUAÇÃO


A) Poderia requerer a redução de sua pena pela 0,00/0,10/0,55/0,65
aplicação da Lei nº 12.850/13 ou pela aplicação da
nova redação do artigo 288, parágrafo único, do
Código Penal, que traz previsão mais favorável ao
acusado e deve retroagir (0,55), na forma do artigo
2º, parágrafo único, do Código Penal OU do artigo
5º, XL, CRFB (0,10).

B) O juízo competente é o da Vara de Execuções 0,00/0,10/0,50/0,60


Penais (0,50), na forma do enunciado 611 da Súmula
não vinculante do STF OU do Art. 66, inciso I, da LEP
(0,10).

QUESTÃO 2 - XVI EXAME


No dia 03/05/2008, Luan foi condenado à pena privativa de liberdade de 12 anos de reclusão pela prática dos
crimes previstos nos artigos 213 e 214 do Código Penal, na forma do Art. 69 do mesmo diploma legal, pois, no
dia 11/07/2007, por volta das 19h, constrangeu Carla, mediante grave ameaça, a com ele praticar conjunção
carnal e ato libidinoso diverso. Ainda cumprindo pena em razão dessa sentença condenatória, Luan,
conversando com outro preso, veio a saber que ele havia sido condenado por fatos extremamente semelhantes
a uma pena de 07 anos de reclusão. Luan, então, pergunta o nome do advogado do colega de cela, que lhe
fornece a informação. Luan entra em contato pelo telefone indicado e pergunta se algo pode ser feito para
reduzir sua pena, apesar de sua decisão ter transitado em julgado. Diante dessa situação, responda aos itens a
seguir.
A) Qual a tese de direito material que poderia ser suscitada pelo novo advogado em favor de Luan? (Valor:
0,65)
B) A pretensão deverá ser manejada perante qual órgão? (Valor: 0,60)
Sua resposta deve ser fundamentada. A simples citação do dispositivo legal não será pontuada.
GABARITO COMENTADO
A) Luan foi condenado pela prática de crimes de estupro e atentado violento ao pudor em concurso material. O
entendimento que prevalecia antes da edição da Lei nº 12.015 era a da impossibilidade de aplicação da
continuidade delitiva entre essas duas infrações, pois não seriam crimes da mesma espécie. Ocorre que, com a

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inovação legislativa ocorrida no ano de 2009, a conduta antes prevista no Art. 214 do Código Penal passou a
ser englobada pela figura típica do Art. 213 do CP. Apesar de não ter havido abolitio criminis, certo é que a lei
é mais benéfica. Sendo assim, poderá retroagir para atingir situações anteriores e caberá a redução de pena de
Luan. A jurisprudência amplamente majoritária entende que, de acordo com a nova redação, o Art. 213 do CP
passou a prever um tipo misto alternativo. Assim, quando praticada conjunção carnal e outro ato libidinoso
diverso em um mesmo contexto e contra a mesma vítima, haveria crime único. Outros, minoritariamente,
entendem que o artigo traz um tipo misto cumulativo, de modo que ainda seria possível punir o agente que
pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso diverso por dois crimes. De qualquer forma, mesmo para essa
segunda corrente, caberia a redução de pena de Luan, pois agora seria possível a aplicação da continuidade
delitiva, já que os crimes são de mesma espécie. O examinando poderá adotar qualquer uma das duas correntes,
desde que assegure a aplicação da nova lei mais benéfica para Luan.
B) O órgão competente perante o qual deverá ser formulado o pedido de aplicação da lei mais benigna e,
consequentemente, da redução da pena é o juízo da Vara de Execuções Penais, considerando que já ocorreu o
trânsito em julgado da sentença condenatória, na forma da Súmula 611 do STF ou do Art. 66, inciso I, da LEP.
ITEMDISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS PONTUAÇÃO
A) A tese adequada é a da aplicação da lei mais 0,00/0,10/0,25/0,30/0,35/0,40/0,55/0,65
benéfica ao condenado, que importará na redução
da sua pena, (0,30) tendo em vista que a alteração
legislativa transformou o tipo penal do estupro em
misto alternativo, portanto crime único OU tendo em
vista que a alteração legislativa transformou o tipo
penal do estupro em misto cumulativo, sujeito à
aplicação da continuidade delitiva (0,25) o que
permite sua aplicação para fatos praticados antes de
sua entrada em vigor, ainda que a decisão seja
definitiva (0,10).
0,00 /0,10/0,50/0,60
B) O pedido deverá ser formulado perante a Vara de
Execuções Penais, pois existe decisão com trânsito
em julgado (0,50), na forma da Súmula 611 do STF
OU do Art. 66, inciso I, da LEP (0,10).
Obs.: a mera citação do dispositivo legal não será
pontuada.

QUESTÃO 02 - XIV EXAME


Mário foi condenado a 24 (vinte e quatro) anos de reclusão no regime inicialmente fechado, com trânsito em
julgado no dia 20/04/2005, pela prática de latrocínio (artigo 157, § 3º, parte final, do Código Penal). Iniciou a
execução da pena no dia seguinte. No dia 22/04/2009, seu advogado, devidamente constituído nos autos da
execução penal, ingressou com pedido de progressão de regime, com fulcro no artigo 112 da Lei de Execuções
Penais. O juiz indeferiu o pedido com base no artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90, argumentando que o condenado
não preencheu o requisito objetivo para a progressão de regime.
Como advogado de Mário, responda, de forma fundamentada e de acordo com o entendimento sumulado dos
Tribunais Superiores, aos itens a seguir:
A) Excetuando-se a possibilidade de Habeas Corpus, qual recurso deve ser interposto pelo
advogado de Mário e qual o respectivo fundamento legal? (Valor: 0,40)
B) Qual a principal tese defensiva? (Valor: 0,85)

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Obs.: o examinando deve fundamentar corretamente sua resposta. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não pontua.
GABARITO COMENTADO
A questão objetiva extrair do examinando conhecimento acerca da lei penal no tempo (regramento legal e
entendimento jurisprudencial), bem como da execução penal.
Nesse sentido, relativamente à alternativa “A”, o examinando deve indicar que o recurso a ser interposto é o
agravo, previsto no artigo 197 da LEP.
Tendo em conta a própria natureza do Exame de Ordem, a mera indicação do dispositivo legal não será
pontuada. No que tange ao item “B”, por sua vez, a resposta deve ser lastreada no sentido de que, de acordo
com os verbetes 26 da súmula vinculante do STF e 471 da súmula do STJ, Mário, por ter cometido o crime
hediondo antes da Lei 11.464/2007, não se sujeita ao artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90, por se tratar de novatio
legis in pejus, devendo ocorrer sua progressão de regime com base no artigo 112 da Lei de Execuções Penais,
observando o quantum de 1/6 de cumprimento de pena.
Cabe destacar que tal entendimento surgiu do combate ao artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90, que previa o
cumprimento de pena no regime integralmente fechado para os crimes hediondos ou equiparados. Após longo
debate nos Tribunais Superiores, reconheceu-se a inconstitucionalidade da previsão legal, por violação ao
princípio da individualização da pena, culminando na progressão de regime com o quorum até então existente,
qual seja, 1/6 com base no artigo 112 da LEP.
O legislador pátrio, após o panorama jurisprudencial construído, alterou a redação do artigo 2º, § 2º, da Lei
8.072/90, autorizando a progressão de regime de forma mais gravosa para aqueles que cometeram crimes
hediondos, por meio do cumprimento de 2/5 para os réus primários e 3/5 para os reincidentes.
No entanto, a nova redação conferida ao artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90, por meio da Lei 11.464/2007, externa-
se de forma prejudicial àqueles que cometeram crimes hediondos em data anterior a sua publicação, tendo em
vista que os Tribunais Superiores autorizavam a sua progressão com o cumprimento de 1/6 da pena.
Diante dessa construção jurisprudencial, os Tribunais Superiores pacificaram o entendimento por meio dos
verbetes 26 da súmula vinculante do STF e 471 da súmula do STJ.

ITEMDISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS PONTUAÇÃO


A) Agravo (0,30), artigo 197 da LEP (0,10).
0,00 / 0,10/ 0,30 / 0,40
Obs.: A mera indicação do artigo não pontua.
B) Mário não se sujeita ao artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90 por se 0,00 / 0,10 / 0,35 / 0,40 / 0,45 / 0,50
tratar de novatio legis in pejus OU com base na irretroatividade da / 0,75 / 0,85
lei penal mais gravosa o artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90 não se
aplica a situação de Mário OU a antiga redação do artigo 2º, da Lei
8.072/90 é inconstitucional (0,35), razão pela qual a progressão
deve ocorrer com base no Art. 112 da LEP, observando o quantum
de 1/6 de cumprimento de pena (0,40). / Tal entendimento é
fundamentado nos verbetes 26 da súmula vinculante do STF ou 471
do STJ (0,10).
Obs.: A justificativa é essencial para atribuição de pontos.

Questão 04 - XII EXAME


Marcos, jovem inimputável conforme o Art. 26 do CP, foi denunciado pela prática de determinado crime. Após
o regular andamento do feito, o magistrado entendeu por bem aplicar medida de segurança consistente em
internação em hospital psiquiátrico por período mínimo de 03 (três) anos. Após o cumprimento do período
supramencionado, o advogado de Marcos requer ao juízo de execução que seja realizado o exame de cessação
de periculosidade, requerimento que foi deferido. É realizada uma rigorosa perícia, e os experts atestam a cura
do internado, opinando, consequentemente, por sua desinternação. O magistrado então, baseando-se no exame
pericial realizado por médicos psiquiatras, exara sentença determinando a desinternação de Marcos. O Parquet,
devidamente intimado da sentença proferida pelo juízo da execução, interpõe o recurso cabível na espécie.
A partir do caso apresentado, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir.

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A) Qual o recurso cabível da sentença proferida pelo magistrado determinando a desinternação de Marcos?
(Valor: 0,75)
B) Qual o prazo para interposição desse recurso? (Valor: 0,25)
C) A interposição desse recurso suspende ou não a eficácia da sentença proferida pelo magistrado?
(Valor: 0,25)
GABARITO COMENTADO
A) Como se trata de decisão proferida pelo juiz da execução penal, o recurso cabível é o Agravo, previsto no
Art. 197, da Lei de Execução Penal - 7.210/84.
B) O prazo para a interposição do recurso é de 05 (cinco) dias, contados da data da publicação da decisão no
D.O., conforme dispõem as Súmulas do STF 699 e 700.
SÚMULA 699 - O PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO, EM PROCESSO PENAL, É DE CINCO DIAS, DE
ACORDO COM A LEI 8038/1990, NÃO SE APLICANDO O DISPOSTO A RESPEITO NAS ALTERAÇÕES DA LEI
8950/1994 AO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
SÚMULA 700 - É DE CINCO DIAS O PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO CONTRA DECISÃO DO JUIZ DA
EXECUÇÃO PENAL.
C) Via de regra, o recurso de Agravo em Execução não tem efeito suspensivo, conforme previsão do Art. 197,
da LEP. Todavia, a hipótese tratada no enunciado é a única exceção à regra supramencionada, i.e., o agravo
possui, na hipótese do enunciado, efeito suspensivo, conforme previsto no Art. 179, da LEP. Portanto, a
interposição desse recurso suspende a eficácia da sentença.
OS ADVOGADOS DO BRASIL – OAB
ITEMDISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS PONTUAÇÃO
A - Agravo em Execução (0,55), previsto no Art. 197 da Lei de 0,00/0,55/0,75
Execução Penal - 7.210/84 (0,20).
Obs.: A mera indicação ou reprodução do conteúdo do artigo não
pontua.
B - O prazo para a interposição do recurso é de 05 (cinco) dias (0,15), 0,00/0,15/0,25
conforme previsto na Súmula 700 ou Súmula 699, ambas do STF
(0,10). Obs.: A mera indicação da Súmula não pontua
C - A interposição desse recurso suspende a eficácia da sentença, 0,00/0,25
conforme previsto no Art. 179, da LEP c/c Art. 197, da LEP (0,25).

QUESTÃO 01 - XI EXAME OAB


O Juiz da Vara de Execuções Penais da Comarca “Y” converteu a medida restritiva de direitos (que fora imposta
em substituição à pena privativa de liberdade) em cumprimento de pena privativa de liberdade imposta no
regime inicial aberto, sem fixar quaisquer outras condições.
O Ministério Público, inconformado, interpôs recurso alegando, em síntese, que a decisão do referido Juiz da
Vara de Execuções Penais acarretava o abrandamento da pena, estimulando o descumprimento das penas
alternativas ao cárcere.
O recurso, devidamente contra-arrazoado, foi submetido a julgamento pela Corte Estadual, a qual, de forma
unânime, resolveu lhe dar provimento. A referida Corte fixou como condição especial ao cumprimento de pena
no regime aberto, com base no Art. 115 da LEP, a prestação de serviços à comunidade, o que deveria perdurar
por todo o tempo da pena a ser cumprida no regime menos gravoso. Atento ao caso narrado e considerando
apenas os dados contidos no enunciado, responda fundamentadamente, aos itens a seguir.
A) Qual foi o recurso interposto pelo Ministério Público contra a decisão do Juiz da Vara de Execuções Penais?
(Valor: 0,50)
B) Está correta a decisão da Corte Estadual, levando-se em conta entendimento jurisprudencial sumulado?
(Valor: 0,75)
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não pontua.
Gabarito comentado
A. Agravo em Execução (Art. 197 da LEP).
B. Não, pois de acordo com o verbete 493 da Súmula do STJ, é inadmissível a fixação de pena substitutiva (Art.
44 do CP) como condição especial ao regime aberto.
Ademais, embora ao Juiz seja lícito estabelecer condições especiais para a concessão do regime aberto, em
complementação daquelas previstas na LEP (Art. 115 da LEP), não poderá adotar a esse título nenhum efeito

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já classificado como pena substitutiva (Art. 44 do CPB), porque aí ocorreria o indesejável bis in idem, importando
na aplicação de dúplice sanção.
Ademais, o Art. 44 do Código Penal é claro ao afirmar a natureza autônoma das penas restritivas de direitos
que, por sua vez, visam substituir a sanção corporal imposta àqueles condenados por infrações penais mais
leves. Diante do caráter substitutivo das sanções restritivas, vedada está sua cumulatividade com a pena
privativa de liberdade, salvo expressa previsão legal, o que não é o caso.
Precedente: STJ - Habeas Corpus n. 218.352 - SP (2011/0218345-1)

2) RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

Questão 04 – XIV EXAME OAB


Cristiano foi denunciado pela prática do delito tipificado no Art. 171, do Código Penal. No curso da instrução
criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva do réu, com o intuito de garantir a
ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de tratar-se de um crime grave, que coloca
em risco a integridade social, configurando conduta inadequada ao meio social.”
O advogado de Cristiano, inconformado com a fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou
Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a considerava ilegal, tendo
em vista que toda decisão judicial deve estar amparada em uma fundamentação idônea.
O Tribunal de Justiça, por unanimidade, não concedeu a ordem, entendendo que a decisão que decretou a
prisão preventiva estava corretamente fundamentada.
De acordo com a jurisprudência atualizada dos Tribunais Superiores, responda aos itens a seguir.
A) Qual o recurso que o advogado de Cristiano deve manejar visando à reforma do acórdão? (Valor:
0,65)
B) Qual o prazo e para qual Tribunal deverá ser dirigido? (Valor: 0,65)

GABARITO COMENTADO
De acordo com a jurisprudência atualizada, tanto do STJ como do STF, bem como com o mandamento descrito
no Art. 105, II, “a”, da Constituição Federal, em Habeas Corpus caberá Recurso Ordinário. O Art. 30, da Lei nº
8.038/90, determina ser de 05 (cinco) dias o prazo para interposição de recurso ordinário contra decisão
denegatória de Habeas Corpus proferida pelos Tribunais dos Estados. No caso narrado no enunciado, o recurso
deve ser dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, conforme informa o Art. 105, II, “a”, da Constituição Federal,
já que se trata de decisão proferida pelo Tribunal de Justiça.

ITEMDISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS PONTUAÇÃO


A) Recurso Ordinário (0,65).
0,00 / 0,65
B) O recurso deve ser dirigido ao Superior Tribunal de
0,00 / 0,20 / 0,40 / 0,60
Justiça (0,40), no prazo de 05 (cinco) dias (0,20)

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CAPÍTULO VI – EXERCÍCIOS

Proposta de Peça Processual

(Defensor MG/2009 – adaptada - FUMARC) Pajero Full, um jovem advogado, estava exercendo a função de
advogado, perante a 1ª Vara de Família de Canoas, RS, por ocasião da contestação apresentada em processo
de investigação de paternidade, imputou à genitora do investigante a prática de atos sexuais com diversos
homens, afirmando ainda que aquela se dedicava habitualmente à prostituição.
Pajero Full foi informado por seu cliente das atividades exercidas pela genitora do investigante durante as
entrevistas necessárias para elaboração da defesa técnica por ele exercida.
Sentindo-se difamada e injuriada com as alegações de Pajero Full, profundamente indignada a mãe do
investigante ofereceu queixa-crime contra o advogado. A queixa-crime foi distribuída ao juízo da 2ª Vara
Criminal comum daquela cidade, ao entendimento de que aquela causa é de maior complexidade, considerando
o acervo probatório, fugindo, portanto, da competência do juizado especial.
Desta forma, o Juiz da 2ª Vara Criminal de Canoas, RS, após ter restada inexitosa a conciliação, recebeu a
denúncia e determinou a citação do querelado, que sustentou, em sua defesa preliminar, não ser possível a
existência e a continuidade do processo por lhe faltar um dos pressupostos de constituição e desenvolvimento
regular do feito.
O magistrado responsável pelo julgamento indeferiu o pedido formulado na defesa preliminar, dizendo que
deixa para apreciar todas as questões de fato e de direito por ocasião da sentença final.
Elabore a peça processual cabível contra a decisão do magistrado, apontando todos os argumentos jurídicos
para a modificação da decisão hostilizada.

Gabarito Comentado
A peça a ser elaborada é um Habeas Corpus, para trancamento da ação penal, com base no artigo 648, inciso
I, do CPP e artigo 5º, inciso LXVIII da Constituição Federal.
Tese da atipicidade da conduta considerando o artigo 142 do Código Penal.

Questão 01. A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda,
causando prejuízo ao erário no valor de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais). Foi instaurado, então,
procedimento administrativo, não havendo, até o presente momento, lançamento definitivo do crédito tributário.
Ao mesmo tempo, a Receita Federal expediu ofício informando tais fatos ao Ministério Público Federal, que,
considerando a autonomia das instâncias, ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto
no Art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90. Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após a
apresentação de resposta à acusação pela Defensoria Pública, Raquel o procura para, na condição de advogado,
tomar as medidas cabíveis. Diante disso, responda aos itens a seguir.
A) Qual a medida jurídica a ser adotada de imediato para impedir o prosseguimento da ação penal? (Valor:
0,60)

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B) Qual a principal tese jurídica a ser apresentada? (Valor: 0,65) O examinando deve fundamentar suas
respostas.
A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito comentado
A) Deve o advogado de Raquel impetrar de imediato habeas corpus visando ao “trancamento” da ação penal,
pois o fato ainda não é típico. B
B) A situação narrada representa constrangimento ilegal a Raquel, pois, de acordo com a Súmula Vinculante
24, não se tipifica crime material contra a ordem tributária antes do lançamento definitivo do tributo. Dessa
forma, vêm entendendo os Tribunais Superiores que, antes do esgotamento da instância administrativa com
lançamento do tributo, não pode ser oferecida denúncia pela prática do crime (Art. 1º, incisos I ao IV, da Lei
nº 8.137).

Questão 02. (Exame XIV) Cristiano foi denunciado pela prática do delito tipificado no Art. 171, do Código
Penal. No curso da instrução criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva do réu,
com o intuito de garantir a ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de tratar-se de
um crime grave, que coloca em risco a integridade social, configurando conduta inadequada ao meio social.” O
advogado de Cristiano, inconformado com a fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou
Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a considerava ilegal, tendo
em vista que toda decisão judicial deve estar amparada em uma fundamentação idônea. O Tribunal de Justiça,
por unanimidade, não concedeu a ordem, entendendo que a decisão que decretou a prisão preventiva estava
corretamente fundamentada. De acordo com a jurisprudência atualizada dos Tribunais Superiores, responda
aos itens a seguir.
A) Qual o recurso que o advogado de Cristiano deve manejar visando à reforma do acórdão? (Valor: 0,65)
B) Qual o prazo e para qual Tribunal deverá ser dirigido? (Valor: 0,60)

Gabarito comentado
De acordo com a jurisprudência atualizada, tanto do STJ como do STF, bem como com o mandamento descrito
no Art. 105, II, “a”, da Constituição Federal, em Habeas Corpus caberá Recurso Ordinário. O Art. 30, da Lei nº
8.038/90, determina ser de 05 (cinco) dias o prazo para interposição de recurso ordinário contra decisão
denegatória de Habeas Corpus proferida pelos Tribunais dos Estados. No caso narrado no enunciado, o recurso
deve ser dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, conforme informa o Art. 105, II, “a”, da Constituição Federal,
já que se trata de decisão proferida pelo Tribunal de Justiça.

Questão 3. Fátima foi vítima de acidente fatal no trânsito, na ocasião Fausto dirigia o seu veículo e deu causa
à morte. Inconsolado com a perda, Carmelo, o viúvo, se comprometeu a buscar a responsabilização do autor
do crime. Durante o processo criminal, que tramitou perante a 1ª Vara Criminal de Florianópolis, em que o
motorista Fausto respondeu em liberdade, não foi possível comprovar qualquer modalidade de culpa por parte

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de Fausto, logo a absolvição foi a medida imposta. Após o trânsito em julgado da decisão, Carmelo localizou
uma testemunha presencial do delito, de nome Sabrina, que não tinha mais sido localizada, porém estava
presente no momento do fato, tendo sido inclusive ouvida durante a polícia, mas infelizmente na fase judicial
não foi possível, pois estava residindo no exterior. Sabrina informou que Fausto não estava vindo ao lado da via
que indicou em juízo, que o acidente se deu em virtude dele ter feito uma manobra irregular, tendo assim
surpreendido Fátima que estava no local adequado. Sabrina informa ter guardado por cautela uma foto que
tirou logo após o fato que demonstra a parada inicial do veículo na ocasião do acidente. Diante dos fatos
responda:
- Considerando a prova nova, testemunha ocular, é possível oferecer para Carmelo alguma medida ou ação
criminal? Justifique a sua resposta.

Gabarito comentado
No âmbito criminal não há medida ou ação a ser oferecida a Carmelo, uma vez que não se pode diante de prova
nova desfavorável ao réu relativizar a coisa julgada. Assim sendo, a Revisão Criminal somente poderá ser feita
dos processos com sentença condenatória transitada em julgado, como regra, conforme o artigo 621 do CPP.
A sugestão seria buscar orientação na esfera civil, para fins de eventual responsabilização.

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EXERCITANDO PEÇAS – Padrão de Resposta

01. PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL – XVI EXAME OAB

PEÇA RESOLVIDA – AGRAVO EM EXECUÇÃO

Gilberto, quando primário, apesar de portador de maus antecedentes, praticou um crime de


roubo simples, pois, quando tinha 20 anos de idade, subtraiu de Renata, mediante grave
ameaça, um aparelho celular. Apesar de o crime restar consumado, o telefone celular foi
recuperado pela vítima. Os fatos foram praticados em 12 de dezembro de 2011. Por tal
conduta, foi Gilberto denunciado e condenado como incurso nas sanções penais do Art. 157,
caput, do Código Penal a uma pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses de reclusão
em regime inicial fechado e 12 dias multa, tendo a sentença transitada em julgado para
ambas as partes em 11 de setembro de 2013. Gilberto havia respondido ao processo em
liberdade, mas, desde o dia 15 de setembro de 2013, vem cumprindo a sanção penal que
lhe foi aplicada regularmente, inclusive obtendo progressão de regime. Nunca foi punido
pela prática de falta grave e preenchia os requisitos subjetivos para obtenção dos benefícios
da execução penal. No dia 25 de fevereiro de 2015, você, advogado(a) de Gilberto, formulou
pedido de obtenção de livramento condicional junto ao Juízo da Vara de Execução Penal da
comarca do Rio de Janeiro/RJ, órgão efetivamente competente. O pedido, contudo, foi
indeferido, apesar de, em tese, os requisitos subjetivos estarem preenchidos, sob os
seguintes argumentos: a) o crime de roubo é crime hediondo, não tendo sido cumpridos,
até o momento do requerimento, 2/3 da pena privativa de liberdade; b) ainda que não fosse
hediondo, não estariam preenchidos os requisitos objetivos para o benefício, tendo em vista
que Gilberto, por ser portador de maus antecedentes, deveria cumprir metade da pena
imposta para obtenção do livramento condicional; c) indispensabilidade da realização de
exame criminológico, tendo em vista que os crimes de roubo, de maneira abstrata, são
extremamente graves e causam severos prejuízos para a sociedade. Você, advogado(a) de
Gilberto, foi intimado dessa decisão em 23 de março de 2015, uma segunda-feira. Com base
nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto,
redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo para
sua interposição, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00)

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Responda justificadamente, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a


fundamentação legal pertinente ao caso.

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02.PEÇA.PRÁTICO-PROFISSIONAL
PEÇA RESOLVIDA – CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

Gilberto, quando primário, apesar de portador de maus antecedentes, praticou um crime de


roubo simples, pois, quando tinha 20 anos de idade, subtraiu de Renata, mediante grave
ameaça, um aparelho celular. Apesar de o crime restar consumado, o telefone celular foi
recuperado pela vítima. Os fatos foram praticados em 12 de dezembro de 2011. Por tal
conduta, foi Gilberto denunciado e condenado como incurso nas sanções penais do Art. 157,
caput, do Código Penal a uma pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses de reclusão
em regime inicial fechado e 12 dias multa, tendo a sentença transitada em julgado para
ambas as partes em 11 de setembro de 2013. Gilberto havia respondido ao processo em
liberdade, mas, desde o dia 15 de setembro de 2013, vem cumprindo a sanção penal que lhe
foi aplicada regularmente, inclusive obtendo progressão de regime. Nunca foi punido pela
prática de falta grave e preenchia os requisitos subjetivos para obtenção dos benefícios da
execução penal. No dia 25 de agosto de 2015, você, advogado (a) de Gilberto, formulou
pedido de obtenção de livramento condicional junto ao Juízo da Vara de Execução Penal da
comarca do Rio de Janeiro/RJ, órgão efetivamente competente. O pedido foi deferido pelo
Magistrado. O Ministério Público foi intimado da decisão em 14 de setembro de 2015, uma
segunda-feira, sendo terçafeira dia útil. Inconformado, o Ministério Público apresentou
recurso de agravo em execução perante o juízo competente, acompanhado das respectivas
razões recursais, no dia 30 de setembro de 2015, alegando: a) o crime de roubo é crime
hediondo, não tendo sido cumpridos, até o momento do requerimento, 2/3 da pena privativa
de liberdade; b) ainda que não fosse hediondo, não estariam preenchidos os requisitos
objetivos para o benefício, tendo em vista que Gilberto, por ser portador de maus
antecedentes, deveria cumprir metade da pena imposta para obtenção do livramento
condicional; c) indispensabilidade da realização de exame criminológico, tendo em vista que
os crimes de roubo, de maneira abstrata, são extremamente graves e causam severos
prejuízos para a sociedade. O magistrado, então, recebeu o recurso de agravo em execução
e intimou, no dia 19 de outubro de 2015 (segunda-feira), sendo terça feira dia útil em todo
o país, você, advogado (a) de Gilberto, para apresentar a medida cabível. Com base nas
informações expostas na situação hipotética e naquelas que podem ser inferidas do caso
concreto, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do
prazo, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5.00)
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03.PEÇA.PRÁTICO-PROFISSIONAL
PEÇA RESOLVIDA – RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

Durante investigação para apurar a prática de roubos a agências bancárias ocorridos em Volta
Redonda/RJ, agentes da polícia civil, embora desconfiados que Pedro Rocha estivesse
envolvido nos crimes, não conseguiram reunir provas suficientes para apontá-lo como um
dos assaltantes de banco. Diante disso, o Delegado de Polícia orientou um dos policiais a
passar a frequentar os mesmos lugares do investigado Pedro Rocha para com ele estabelecer
relação de confiança. Ao manter reiterados contatos com Pedro Rocha, o agente policial
disfarçado convence o investigado a praticarem um roubo em determinada agência bancária.
Diante disso, no dia 15 de outubro de 2012, previamente engendrados, o policial disfarçado
e o investigado dirigem-se ao banco e, no instante em que ingressaram na agência bancária
e anunciaram o assalto, diversos policiais, que monitoravam toda a ação, prenderam Pedro
Rocha em flagrante, sob a acusação da prática do crime de roubo majorado tentado. Ao final,
o Delegado de Polícia lavrou o auto de prisão em flagrante, observando todas as formalidades
legais, e encaminhou à autoridade judiciaria. O Magistrado converteu a prisão em flagrante
em prisão preventiva, com base no artigo 310, inciso II, do Código de Processo Penal.
Irresignado, Pedro Rocha, por meio do seu advogado, impetrou Habeas corpus, que foi
denegado, por maioria dos votos, pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Com base
somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto
acima, na qualidade de advogado de Pedro Rocha, redija a peça cabível, exclusiva de
advogado, no que tange à liberdade de seu cliente. (valor: 5,0)

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