JORNAL CATARSE Mês de maio de 2018 Beneditojfc@hotmail.com Nº 79
MAIS UMA TRAGÉDIA URBANA ANUNCIADA
Benedito Carvalho Filho
No mês maio de 2018, na madrugada do o Dia do Trabalho, assistimos,
estarrecidos, mais uma tragédia: o incêndio e o desabamento do Edifício Wilton Paes de Andrade no Largo do Paissandu, região central de São Paulo, em frente à Igreja do Rosário. Foi uma das maiores tragédias, ocorridas na cidade de São Paulo. É preciso não lembrar que o edifício vinha sendo ocupado há seis anos, com apoio do MLSM. As famílias que ali moravam pagavam mensalidade para ocupar um quarto, ratear as despesas. Mais de 70 edifícios em São Paulo se encontram nessa situação, e outras 200 áreas ocupadas. Só nos edifícios paulistas, estariam 4.000 famílias carentes que apelam para esta solução em busca de moradia. 2
É preciso chamar atenção que a ocupação dos prédios em São Paulo
não acontece por obra do acaso. No mês de abril de 2018, o Jornal Catarse publicou uma longa matéria sobre outro edifício no centro de São Paulo chamado de Hotel Cambridge, desapropriado pela prefeitura em 2010 e que foi ocupado em 2012, portanto 12 anos atrás, pelo MSTC como parte de uma ação coletiva de luta por habitação popular. É preciso não esquecer que centenas de ocupações, como do Hotel Cambridge, considerado uma das maiores ocupações da América Latina, abrigando 170 famílias (aproximadamente, 500 pessoas), compostas, na maioria, por brasileiros, mas também por imigrantes e refugiados de países como a Bolívia, Haiti, Palestina, Congo, República dos Camarões e República Dominicana. Esta ocupação no centro da maior capital brasileira tem sido objeto de muitas formas de solidariedade, inclusive de psicanalistas e outros atores sociais que vêm escutando de perto as pessoas abrigadas nesse imenso prédio, procurando compreender os seus desamparos e suas reivindicações, assim como os seus medos, porque a repressão é muito constante naquele ambiente. As ocupações ganham, portanto, novas dimensões, principalmente nesse momento de grandes desmontes das políticas sociais que estão sendo efetuados por esse governo golpistas, hoje mais preocupado em colocar militares nas cidades do que procurar alternativas para essa grave questão social, que, décadas, vem afetando os cidadãos mais pobres de todos as cidades do país. Isso vem ocorrendo não só na cidade de São Paulo. As cidades do Norte e do Nordeste, onde existe uma gigantesca exclusão social, as ocupações vêm se acelerando numa rapidez surpreendente, tornando as cidades cada vez mais repartidas, num país onde, nos dias de hoje, cada vez mais urbano, como mostram recentes estudos. Como exemplo, temos a cidade de Manaus. A cidade adquiriu novas configurações, principalmente depois que ela foi aberta para o capital internacional, que criou a Zona Franca de Manaus, atraindo uma imensa leva de migrantes do interior do Estado e outras regiões do país, muito dos quais originários do Nordeste, que, no passado, na era extrativista da borracha, foram para a selva em busca do chamado “ouro branco”, a seringa e se defrontaram com o trabalho escravo e doenças que dizimaram milhares de pessoas. 3
Quem conhece a cidade de Belém do Pará, fica impressionados com o
crescimento das favelas nas chamadas “baixadas”. O mesmo espanto sentirá ao circular por Fortaleza e quase todas as cidades do país.
A LÓGICA PERVERSA DE OCUPAÇÃO URBANA
Ao ler a reportagem da revista Carta Capital de 9 de maio de 2018,
assinada pelo jornalista Rodrigo Maia e Tatiana Merlindo passamos a perceber que o prédio de 24 andares pertencia à União. No ano passado, abrigou a sede da Polícia Federal e, atualmente, estava cedido à prefeitura de São Paulo e servia de refúgio para 146 famílias sem-teto ligadas ao Movimento de Luta Social por Moradia, conhecida pela sigla MLSM. Perto de um quarto dos 372 moradores eram estrangeiros. Até a manhã da quinta- feira 3, o Corpo de Bombeiros trabalhava na busca de quatro desaparecidos, entre eles Ricardo, um homem que estava prestes a ser içado do 8º andar quando o edifício, em chamas, desabou. Parentes relataram ainda o sumiço de uma mãe e seus filhos de 9 anos, que estariam no local no momento da tragédia. O número de vítimas pode ter sido bem maior. A prefeitura da capital paulista não sabe o paradeiro de cerca de 40 cidadãos, que figuravam entre os cadastrados da ocupação em 2017. Como a rotatividade do local é alta, talvez eles não morassem mais lá. Da mesma forma, é possível que outros tenham se juntado ao grupo.
O sociólogo Stephen Granham no seu livro chamado Cidades Sitiadas
– O novo urbanismo militar, publicado pela Editora Boitempo (2016), já nos mostrava “como no despertar do século XX, uma em cada dez das 1,8 bilhões de pessoas da terra viviam em cidades”. Mostrava, também, que “no decorrer do século XX, a população da Terra vem crescendo de maneira constante, chegando a 2,3 bilhões de pessoas em 1950, representando 30% do total. Revela, também, que “no meio do século seguinte houve a maior explosão demográfica da história da humanidade. ” Para o autor, “em 2025, de acordo com estimativas recentes, facilmente poderá haver 4 bilhões de urbanoides, dois terços dos quais viverão em nações “em desenvolvimento”. Em 2030 a Ásia, sozinha, vai ter 3 bilhões de citadinos; as cidades da Terra estarão abarrotadas com 2 bilhões de pessoas a mais do que acomodam hoje. Vinte anos mais adiante, em 2050, 75% dos estimados 9,2 bilhões de habitantes do mundo provavelmente vão 4
viver em cidades em franco desenvolvimento, a maioria esmagadora, ou seja,
nas megas cidades da Ásia, da África e da América-Latina. Qual será o futuro dessas populações que, desde de décadas, migram para as cidades? Não vamos aqui fazer um analise das razões mais profundadas que levam uma parte significativa a ocupar um prédio ou terrenos abandonados. Faço referência aqui a uma reportagem que chamou a minha atenção, publicada na revista Carta Capital, de 9 de maio de 2018, assinada pelos jornalistas Rodrigo Martins e Tatiana Merlindo, que ofereceram informações que nos ajudam compreender um pouco os bastidores de uma cidade em transe, como diria Glauber Rocha, onde tudo acontecer e nos surpreender. Num país onde o rentismo determina a lógica de ocupação das cidades é o capital financeiro, que vem predominando. Na mesmo revista citada, duas urbanistas de São Paulo, que conhecem desde muito tempo as grandes desigualdades urbanas, chamadas Ermínia Maricato, professora de pós- graduação da FAU e coordenadora do BigCidades e Ana Gabriela Akaishi, arquiteta e urbanista produziram uma reportagem publicada na mesma Carta Capital, explicando com o boom imobiliário dos últimos anos fez explodir o preço da moradia do aluguel e dos transportes públicos, tornando as cidades inviáveis, Ou seja, inviáveis para a maioria e viáveis para uma minoria que vem migrando desde décadas para as grandes cidades. Elas se referem, em especial, ao rentismo que dão as cartas nessa era do predomínio do chamado capital financeiro. “A histórica especulação rentista baseada na propriedade fundiária e imobiliária foi potencializada a níveis nunca vividos nas cidades. Loteamentos fechados, errada e convenientemente chamado de condomínios horizontais, e os conjuntos horizontais, e os conjuntos habitacionais populares funcional como vetores de dispersão e fragmentação urbana”. Mais adiante revelam que “em sete anos, aproximadamente, 788 bilhões de reais provenientes do FGTS, do Orçamento da União ou do setor privado foram investidos nos mercados residenciais urbanos, sem considerar as demais obras urbanas, tais como as de mobilidade e as de saneamento. Em vez da necessária regulação fundiária e imobiliária para aplacar o vendaval especulativo, governos e câmaras municipais flexibilizaram a legislação e ampliaram o perímetro urbano, incluindo verdadeiros latifúndios, principalmente nas cidades de porte médio. ” 5
É só circular pelas grandes e médias cidades de nosso país para ver
como a ocupação urbana aumentou escandalosamente. Isso fez aumentar o preço do metro quadrado de construção e elevação generalizada dos preços dos aluguéis, muito acima do custo de vida. Vejo isso bem claramente aqui na cidade de Fortaleza, principalmente agora com o desaquecimento da economia. São milhares de pessoas endividadas, que não conseguem pagar aluguel ou comprar gás para fazer as suas refeições. Quem circula pela cidade vê placas de aluga anunciadas desde muito tempo, sem que apareça alguém para alugar, pois o preço de um aluguel é proibitivo e impossível para quem está desempregado ou na informalidade. As autoras chamam atenção, também, para a cidade dispersa, que segundo elas “é insustentável do ponto de vista ambiental e econômico”. “Dados da Associação Nacional de Transportes Público, mostram o aumento dos últimos anos do tempo médio das viagens em todos os modais. Os dados indicam ainda uma alta do custo nos transportes individuais e coletivos com a extensão das periferias. ” Os carros particulares, também, vêm tornando o trânsito insustentável em todas as cidades do Brasil e fazem parte dessa cena. “Entre 2003 e 2014, o número de automóveis mais que dobrou nas ruas e avenidas, contribuindo para ampliar a irracionalidade resultante da ocupação do solo orientada pelo rentismo fundiário e imobiliário. ” Também, como observam as autoras, “a cidade dispersa resulta muito mais cara e improdutiva, pois acarreta a elevação do custo de implantação das redes de água, esgoto, drenagem, iluminação pública, dos serviços de coleta de lixo domiciliar, saúde, educação etc. Quem ganha com a especulação imobiliária? Para onde vai a riqueza? Ermínia Maricato e Ana Gabriela nos dão a chave: “Se muitos perdem a extensão da ocupação urbana rarefeita, poucos ganham e ganham muito. O rentismo imobiliário funciona como uma espécie de ralo da riqueza social que se cola no preço das propriedades. A burguesia brasileira parece ter migrado da atividade industrial que cai a partir de 1980, para o rentismo imobiliário e financeiro. As formas como se deram o acordo entre proprietários de imóveis, capital ligados à produção do ambiente construído e investimento público chegaram a promover aumento até 700% 6
no preço dos imóveis, entre 2002-2012, na cidade do Rio de Janeiro, apenas
para citar um caso. ” Elas nos oferecem, também, uma informação valiosa, que é, na verdade, um verdadeiro escândalo. Citam um levantamento feito pela Prefeitura Municipal interessada em saber quem paga o IPT em São Paulo. Isso ocorreu na administração de Fernando Haddad e está demonstrado numa pesquisa chamada Geosampa. O cadastro tem 3,5 milhões de registrados em nome da prefeitura, governo estadual e União. Eis o resultado: “Não mais que 1% dos donos de imóveis na cidade de São Paulo concentra 45% do valor imobiliário de São Paulo. São 749 bilhões de reais em casas, apartamentos, terrenos e outros bens registrados em nome de 22,4 mil proprietários, os mais ricos entre os 2,2 milhões de donos de imóveis da capital. Em dados quantitativos, isto representa 820 mil imóveis”. “Desse 1% se dividiram em três grupos. O primeiro é composto de imóveis caros em áreas ricas da cidade: quase metade desse patrimônio está em 10 distritos paulistanos mais valorizados: Itaim, Jardim Paulista, Pinheiros, Santo Amaro, Moema, Vila Mariana, Morumbi, Consolação, Bela Vista e Vila Andrade. O segundo tem galpões e outras áreas de grande metragem em antigos bairros industriais, como Barra Funda, Brás, Lapa e Vila Leopoldina. Por último, há vários terrenos vazios nas franquias da cidade, em distritos como Cidade Tiradentes”. “O empresário João Carlos Di Gênio, fundador do Grupo Objetivo e da Universidade Paulista, uma das maiores instituições educacionais do País, tem mais de 1 bilhão de reais em imóveis. O segundo no ranking é o empresário Hugo Eneas Salomane, que tem 66 anos de história e é proprietário de ao menos de 180 mil metros quadrado, dos quais 93 mil no Centro da cidade. Dentre eles o Shopping Aricanduva, Shopping Central Plaza, Shopping Interlagos, Galeria Olido e grande parte do Conjunto Nacional. ” “Em terceiro lugar no ranking está o espólio da mãe do deputado federal Paulo Maluf e do empresário Alécio Pedro Gouveia, um dos donos da rede de supermercados Andorinha. Seus 19 imóveis valem quase 450 milhões de reais. Entre eles há terrenos e galpões que pertenciam a Eucatex, empresa fundada por Salim Maluf, pai do ex-prefeito. ” “O desembargador José Antônio de Paula Neto, como salário de 30.471 reais, além de receber auxílio moradia, tem 60 imóveis registrados 7
em seu nome. O patrimônio do desembargador inclui apartamentos em
bairros valorizados da capital paulista, entre eles Bela Vista, Perdizes, Pacaembu, Cerqueira Cesar, Higienópolis e Morumbi”. As autoras concluem: “A questão da terra (rural e urbana) continua há 500 anos, situadas no centro do conflito social no Brasil. Há muitos interesses em jogo, lobbies fortes e bem organizados econômica e politicamente, inclusive internacionalmente. A ING Transparência Internacional realizou pesquisa na qual demonstra que 3,5 mil imóveis de São Paulo avaliados em 8,5 bilhões de reais estão como se tivessem registrados em nome de empresas offshore. Por outro lado, existem os excluídos de sempre que passam horas espremidos na metrópole de São Paulo, sacrifício que tem tudo a ver com processos de valorização imobiliária e segregação urbana”. A socióloga Tereza Pires Caldeira, no seu livro chamado Cidades e Muros – Como a segregação e cidadania em São Paulo, publicado pela Editora 34 em 2000, portanto dezoito anos atrás, já dizia: “A segregação – tanto social quanto espacial – é uma característica importante das cidades. As regras que organizam o espaço urbano são basicamente padrões de diferenciação social e de separação. Essas regras variam cultural e historicamente, revelam os princípios que estruturam a vida pública e indicam como os grupos sociais se inter-relacionam no espaço da cidade. Ao longo do século XX, a segregação social teve três formas diferentes de expressão no espaço urbano de São Paulo. A primeira estendeu- se do final do século XIX até os anos de 1940 e produziu uma cidade concentrada em três grupos sociais que se comprimiam numa área pequena e estavam segregados em três tipos de moradia. A segunda forma urbana, a centro-periferia, dominou o desenvolvimento da cidade dos anos 40 até os anos 80. Nela, diferentes grupos sociais estão separados por distâncias: as classes médias e a alta concentram-se nos bairros centrais com boa infraestrutura, e os pobres vivem nas precárias e distantes periferias. Embora os moradores e cientistas sociais ainda concebam e discutam a cidade em termos do segundo padrão, uma terceira forma vem se configurando desde os anos 80 e mudando consideravelmente a cidade e sua região metropolitana. Sobreposto ao padrão centro-periferia, as transformações recentes estão gerando espaços nas quais os diferentes grupos sociais estão muitas vezes próximos, mas estão gerando separados por muros e tecnologias de segurança, e tendem a não circular ou interagir em áreas comuns. O principal instrumento desse novo padrão de segregação especial 8
é o que chamo de “enclaves fortificados”. Trata-se de espaços privatizados,
fechados e monitorados para residência, consumo, lazer e trabalho. A principal justificação é o medo do crime violento. Esses novos espaços atraem aqueles que estão abandonando a esfera pública tradicional das ruas para os pobres e “marginalizados” e os sem tetos. Esse padrão observado por Caldeira pode ser percebido em todas as cidades brasileiras (e mundiais), seja nas cidades sul e sudeste, como as cidades do norte e nordeste. Hoje, o lazer, as praças públicas, os cinemas e tantos serviços estão se concentrado nos Shoppings Centers, hoje considerados “lugares seguros” de sociabilidade. É a chamada “lógica do Condomínio” analisado pelo psicanalista Chistian Ingo Dunker que afirma: “Ao entrar em um desses modernos condomínios projetados com a mais tenra engenharia urbanística, temos um sentimento pacificador de que enfiam encontramos alguma ordem se segurança. Rapidamente nos damos conta de que ali uma forma de vida na qual a precariedade, o risco e a indeterminação teriam sido abolidos. O espaço é homogêneo, conforme certas regras de estilo. Dentro dele, os lugares são bem distribuídos, a posições estão confortavelmente ocupadas. ” Ao se referir ao policiamento sempre presente, as ruas bem pavimentadas e sinalizadas, “em que pese o leve excesso de mensagens indicando o caminho e condições de uso. ” A imagem dessa ilha de serenidade, afirma o autor, “captura a ilusão de um sonho brasileiro mediado de consumo”. Trata-se “de um lugar isolado do resto, onde se poderia livremente exercer a convivência e o sentido de comunidade entre iguais. Um retorno para a natureza, uma vida com menos preocupação, plena de lazer e convivência entre semelhantes. Uma comunidade de destino que se apresenta em inúmeras variantes: verticais, horizontais, residenciais, comerciais, privadas e até mesmo públicas”. (Ver o seu livro chamado Mal- estar, Sofrimento e Sintoma, publicado pela Editora Boitempo em 2015). Stephen Granham no seu livro aqui citado, chamado Cidades Sitiadas – O novo urbanismo militar, já observava esse “urbanismo militar”, que hoje se propaga por todas as cidades, não só do Brasil e do mundo. Ele denomina esse fenômeno de “a colonização da prática e do pensamento urbano por ideias militarizadas de “segurança”, que “emana de uma gama complexa de origem, que englobam vários complexos multinacionais que se estendem para além dos setores militares e de segurança para abranger as indústrias de tecnologia, a vigilância e do entretenimento; um leque amplo de consultores, laboratórios de pesquisa e universidades corporativas que vendem soluções 9
de segurança com bala de prata para solucionar problemas sociais; uma
complexa massa de pensadores militares e de segurança que hoje aumentam mais que a guerra e a violência política nos espaços e circuitos cotidianos da vida urbana.” O mesmo autor vai mais longo ao mostrar como essas ideias segurança “infectam todos os aspectos das políticas públicas da vida social. Assim, “esses emergentes complexos industriais e de segurança atuam junto nos desafios altamente lucrativos de ter o foco constante atividades, espaços e comportamentos cotidianos nas cidades, bem como conectam as conurbações. Em meio do colapso econômico global, os mercados para serviços de tecnologias de segurança estão em ascensão como nunca antes. ” Ou seja, “as empresas de segurança estão envolvidas na venda, na implantação tanto em cidades das zonas de guerra, quanto em países. Muitas vezes, como nas novas políticas de segurança. ” Não é por acaso que, em apenas em três semanas, segundo o Atlas da Violência se matou mais pessoas no Brasil do que o total de vítimas fatais provocadas pelos atentados que ocorrem nos cinco meses deste ano no mundo (Ver artigo do Coronel Ibis Pereira, publicado no livro A violência Policial no Brasil e os desafios para sua superação (Editora Boitempo e Carta Capital, São Paulo, 2015)