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capítulo um
o grafo do desejo e a topologia
Vou dedicar a aula de hoje à apresentação do tema sobre o qual vai girar todo
o curso. Começarei levantando algumas questões que serão necessárias manejar bem
para poder aproveitar o que Lacan nos propõe mediante o grafo do desejo.
No ensino de Lacan, a série formada por modelos, esquemas, grafos, nós e
superfícies topológicas ocupa um lugar e uma importância exclusivos. Não há outro
psicanalista que tenha atribuído tanta importância, tanto tempo e tanto espaço a esse
problema das representações em psicanálise. Isso é muito razoável, dado que Lacan foi
o psicanalista que mais estudou e desenvolveu a teoria sobre a representação para o
sujeito humano.
Nessa série, os grafos representam a primeira entrada sistemática da topolo
gia em psicanálise. Sou cuidadoso e digo “a primeira entrada sistemática’ da topologia”
porque, a rigor, já nos modelos e nos esquemas há questões topológicas, mas sendo
sistemáticos, a primeira entrada da topologia no ensino de Lacan é o grafo do desejo e
isso não é óbvio. Vamos trabalhar esse ponto.
Começo com uma questão histórica muito importante que remete a uma
dimensão estrutural. O primeiro estudo sobre grafos foi realizado por Euler (1707-
1783), um dos matemáticos mais prolíficos da história. Esse estudo de Euler sobre os
grafos é a base da topologia. De modo que, em Lacan, os grafos não são somente a
entrada da topologia na psicanálise, mas também das matemáticas.
Imagino que para a maioria de vocês talvez não tenhamos feito mais do
que abrir uma nova pergunta. Se antes a pergunta era sobre o grafo, agora é sobre a
topologia. Por que haveria de nos interessar que os grafos são a entrada sistemática da
topologia no ensino de Lacan e, portanto, na psicanálise?
Tentarei argumentar a favor disso e o farei já incluindo uma consideração clí
nica. Se nosso ponto de partida é a estrutura do real, do simbólico e do imaginário para
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dar conta do sujeito com o qual opera a psicanálise, é necessário, em toda consideração
teórica, partir da perspectiva dessa mesma estrutura. Entáo, se a estrutura é tal como a
concebemos (real, simbólico e imaginário), para darmos conta do sujeito da psicanálise
precisamos nos valer de uma estrutura real, simbólica e imaginária.
Isto que acabo de dizer náo é, na verdade, um argumento teórico. Proponho
tomá-lo como o próprio fundamento da prática analítica lacaniana: sua especificidade.
Para anunciá-lo de forma ainda mais precisa: as elaborações teóricas em psicanálise, as
intervenções do analista e a direção da cura se regem pela estrutura do real, simbólico
e imaginário.
Vou tentar lhes mostrar as dificuldades que surgem quando náo operamos
assim. Para tanto, vamos partir do que considero uma leitura estrutural do modelo
óptico. O argumento é que o modelo óptico responde à teoria lacaniana da tópica do
inconsciente. Qual é a tópica do inconsciente para Lacan? Segundo Lacan, a estrutura
que corresponde ao inconsciente é a do real, do imaginário e do simbólico (ao invés de
inconsciente, pré-consciente e consciente). E verdade que a psicanálise começou por
aquilo, mas Lacan nos propõe que assim convém seguir.
Agora, o que é uma tópica em psicanálise? E mais particularmente, o que
é a tópica freudiana? Uma relaçáo entre instâncias, entre sistemas, concebida como
espacial. Simplesmente que entre o inconsciente e a consciência está e sempre estará o
pré-consciente. Esse “entre” é a metáfora espacial.
Nela, imaginário é onde se produz a imagem que engana o sujeito; real é o corpo
inacessível para o sujeito; e simbólico é o espaço do virtual.
Apenas para visualizar melhor o problema, lhes proponho fazer um giro de um
quarto de volta no sentido anti-horário no esquema acima.
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ALFREDO EIDELSZTEIN
esquema n°2
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que poderia ser ocupada pelo pai ou pela avó, é uma função como no caso da função
pai). Pois bem, o que é um “olhar fascinado”? A primeira coisa que percebemos é que
o olhar fascinado requer, na realidade, a determinação da ordem simbólica porque re
mete à questão do desejo. Mas se nós explicamos isto com espelhos, não fazemos outra
coisa que desmenti-lo.
Bom, até aqui apenas justifiquei que é necessário que a estrutura conceituai
da psicanálise coincida com o que a psicanálise afirma que é a estrutura do sujeito,
mesmo que ainda não tenha dito por que a topologia é adequada para isso. Na verdade,
não afirmei nada sobre a topologia, apenas que a solução lacaniana para este problema
é a topologia. Não disse o porquê e também não irei dizer, apenas darei alguns dados
para começar a pensar sobre esse problema.
Esse aproveitamento da topologia, como forma de conceber a estrutura do
imaginário, do simbólico e do real, implica levar em consideração, no mínimo, cinco
dimensões.
A primeira\ que em topologia se ignora a forma, ou seja, que em topologia
as formas não cumprem nenhuma função. Por isso é denominada, metaforicamente,
como a geometria da lâmina de borracha, porque ainda que se pudesse esticar, dobrar
e apertar a superfície, a forma variaria, mas não sua estrutura. Isto é muito importante
porque nos retifica, no nível conceituai, a noção de estrutura clínica. Até Lacan, cos-
tumava-se trabalhar com “formas clínicas”, isto é, diagnosticar segundo as aparências
(aqueles que têm prática clínica já devem ter descoberto quantas vezes a aparência de
uma neurose obsessiva encobre uma estrutura histérica, por exemplo). Em psicanálise,
as formas não cumprem uma função determinante, é por isso que o imaginário não
pode estar numa posição determinante naquilo que é escolhido para representar a es
trutura.
A segunda: em topologia, nenhuma função de tamanho ou de distância men
surável é levada em consideração. Em psicanálise fazemos extensiva esta propriedade
ao tempo e ao espaço. Proponho articularmos a concepção psicanalítica do tempo e do
espaço com o fato de que em topologia as dimensões de tamanho e distância mensurá
veis não cumprem nenhuma função. Vocês sabem perfeitamente que às vezes um ins
tante não termina nunca, e que outras vezes muitos anos se passam em um momento,
de modo que essas dimensões do tempo já não coincidem em absoluto com nenhuma
categoria de medida: um instante pode ser mais longo do que vários anos. A respeito do
espaço é ainda mais fácil perceber o problema. Em psicanálise, a dimensão do espaço
não vale pela medida. Não estou dizendo que nós psicanalistas não levamos em consi
deração a dimensão do tempo e do espaço, digo que, como na topologia, não podemos
fazê-lo em função da medida. Quem não suspeitaria, mesmo não sendo psicanalista,
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que a separação entre um filho e um pai em conflito é ainda duvidosa se o que ocorreu
foi que o filho foi para a Europa, por exemplo. Desse modo, milhares de quilómetros
podem não cumprir nenhuma função. O problema é que conceber a separação no
nível espacial (sua medida em quilómetros, por exemplo) não resolve o conflito e na
topologia também não resolve. As estruturas com as quais trabalha a topologia não são
determinadas em absoluto pela dimensão da medida.
A terceira\ a topologia nos permite trabalhar com uma relação nova entre
interior e exterior. De novo, assim como com o tempo e o espaço, não digo que as
categorias de interior e exterior não se apliquem, digo que aqui a forma de relaciona
mento é diferente daquela do senso comum. Esta dimensão vai ser muito mais difícil
de explicar que as anteriores. O grafo será uma boa via para pensar sobre esse problema.
As categorias imaginárias —com as quais vocês contam - sobre o interior e o exterior
e suas relações, não permitem de forma alguma pensar afirmações fundamentais de
Lacan, por exemplo: que o inconsciente, sendo o discurso do Outro, é o mais próprio
que tem o sujeito, o mais interno. Como vai ser justamente o mais interno aquilo que
o sujeito recebe do Outro e que se caracteriza precisamente por ser externo? Talvez não
o tenham pensado assim e a frase de Lacan continua sem fazer sentido, mas aquilo
que apresenta problemas, sem dúvida, é a estrutura da experiência analítica. Por que é
preciso um analista para alguém se analisar? A noção de indivíduo (que convém voltar
a lembrar para opor à de sujeito) quer dizer “indivisível”, mas não percam de vista que
se funda sobre a divisão entre o interior e o exterior. Indivíduo é um ente indiviso, mas
dividido como um de dentro em relação a um de fora: o mundo. O que significaria a
noção de indivíduo caso se diga que nada distingue o interior do exterior?
A quarta: a topologia subverte a relação sujeito/objeto. Vou ser mais preciso:
a topologia subverte certa concepção da relação sujeito/objeto, concepção esta que é
universal, que é a mais difundida, a que opera com mais força em todos nós: res ex
tensa!res cogitans (a coisa extensa/a coisa pensante). É a partir da oposição res extensa/
res cogitans que foi produzida a precipitação onde a res extensa é concebida como tri
dimensional —se a coisa é extensa é tridimensional, partes extra partes, onde cada uma
implica exterioridade a respeito da outra - e a res cogitans (o pensamento) é “adimen-
sional”, o conhecido “o saber não ocupa lugar”. Aí incidem as noções da topologia,
porque ela trabalha com objetos, com superfícies bidimensionais, quer dizer que já
não é mais universalmente certo que o objeto seja tridimensional, há objetos, há coisas
bidimensionais. E isso nos serve porque coincide com aquilo que sustentamos em psi
canálise lacaniana: o sujeito e o objeto a da psicanálise são bidimensionais. Assim, do
par tridimensionalidade/a-dimensionalidade, vamos passar a trabalhar, graças à articu
lação psicanálise/topologia, com um objeto bidimensional e com um sujeito também
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V
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bidimensional.
Já devem ter percebido que um objeto de satisfação pulsional não coincide
totalmente com a noção de Lacan do objeto a bidimensional. Tomemos as flores da
metáfora do vaso no modelo óptico. Abraçar as flores assim como um corpo abraça seu
objeto —via zona erógena —,coincide com a noção de objeto a em Lacan? Não, porque
as flores são tridimensionais e o objeto a é bidimensional. Esta não é uma confusão
teórica, é a confusão do sujeito; nós sempre queremos fazer tridimensional o objeto a,
que é bidimensional. Para que? Para poder encontrá-lo na realidade. Então, a direção
da cura ataca a concepção do objeto como objeto tridimensional.
A quinta (e última): a topologia opera com a noção de invariantes. Os inva
riantes são as propriedades estruturais.
Eu não sei se vocês têm a mesma sensação, a sensação de que a partir do
que estamos dizendo tudo vai se desmanchando. Não ficam, nem a distância, nem a
forma, nem o tamanho. Parece que tudo se desmancha. O fato é: tudo se desmancha,
exceto os invariantes, ou seja, fica a estrutura. Em que medida é necessária essa noção
de invariância? Onde encontramos invariantes estruturais no ensino de Lacan? “O
inconsciente está estruturado como uma linguagem” é invariante em Lacan. Apesar do
problema da forma, do tamanho, da distância e da variabilidade subjetiva (dos sujeitos
tomados um por um), resta algo que é invariante: por exemplo, que o inconsciente está
estruturado como uma linguagem, o que é verdade para todo sujeito.
Sei que não explico todas essas frases que exponho como argumento, mas
terão que ser explicadas. São aquelas que justamente vamos trabalhar mediante a elabo
ração do grafo do desejo, mas aqui convém não esquecer (justamente por isso uso como
exemplo “o inconsciente estruturado como uma linguagem”), que não é somente a psi
canálise que pega da topologia a noção de invariantes, os linguistas também, por exem
plo, Roman Jakobson. Ele sustenta que todas as linguagens do mundo, conhecidas
ou por conhecer, têm a mesma estrutura. Que o inconsciente está estruturado como
uma linguagem implica exatamente o mesmo: todo inconsciente que todo psicanalista
deva enfrentar na sua prática terá sempre a mesma estrutura, além de cada sujeito, será
sempre um inconsciente estruturado como uma linguagem. Invariante será a noção
que nos servirá para articular a clínica do caso por caso com as propriedades estruturais.
Para encerrar este primeiro percurso, digamos que o primeiro ponto de im
portância do grafo do desejo é que ele é a via pela qual se introduz a topologia de forma
sistemática em psicanálise, mas ainda não foi dito nada sobre o porquê do grafo do
desejo ser topológico.
Faz algum tempo, eu supus que o grafo do desejo não era topológico. Supu
nha que topologia era banda de Mõbius, o toro, o cross-cap e a garrafa de Klein - as
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quatro superfícies topológicas. Imagino que vários de vocês ainda estão nessa posição.
Isso quer dizer que ainda é preciso fazer um trabalho de articulação entre o que mais
conhecemos da topologia e o grafo do desejo.
O segundo ponto que faz do grafo do desejo uma elaboração crucial no ensino
de Lacan é que ele é a via de entrada forte da noção de letra; é a primeira introdução
sistemática —volto a ser cuidadoso —da noção de letra na psicanálise lacaniana, e tam
bém na psicanálise em geral, a primeira “sistemática”. Ou seja, há antecedentes. Eles
também estão em Freud, por exemplo, lembrem-se do problema da dupla inscrição.
Quanto a Lacan, gostaria que tivessem presente a série que podemos iniciar com “A
carta roubada” e que podemos encontrar também na aula XVI do Seminário 2. Não
devemos perder de vista que no francês lettre é carta e letra.
Pode-se traçar um elo no ensino de Lacan que vai do Seminário 2: o eu na
teoria de Freud e na técnica psicanalítica (1954-1955) até “A instância da letra...”, na
altura do Seminário 5 nos anos 1957-1958. “A instância da letra...” é um dos textos
mais incompreendidos de Lacan, um dos mais lidos e dos menos entendidos. Sempre
supus —eu também —que era um texto linguístico por excelência no ensino de La
can: se queremos ver como se introduz a linguística no ensino de Lacan convém ler
“A instância da letra...”, que é onde aparecem os conceitos de fonema, significante,
metáfora, metonímia, etc., é um texto cheio de referências a Saussure, a Jakobson,
há abundantes referências linguísticas, mas me parece bastante claro que o problema
está muito antecipado pelo próprio Lacan já desde o título. Se realmente tivesse sido
seu texto linguístico por excelência Lacan teria escrito “A instancia do significante no
inconsciente”, mas não é assim que ficou o título, Lacan o intitula “A instância da letra
no inconsciente...”.
Esta série, que começa com “A carta roubada” e segue com “A instância da
letra...”, proponho que se encerre para nós com “Subversão do sujeito...” —à altura
do Seminário 7: a ética da psicanálise e Seminário 8: a transferência, nos anos 60. Não
há dúvida de que a noção de “letra” no ensino de Lacan não permanece fechada nos
anos 60, nem sequer ficará delimitada, porque cada vez irá adquirir mais importância.
Então, estou colocando para vocês que o grafo do desejo é uma ferramenta ideal para
opor significante e letra, ou seja, para opor —para articular e diferenciar —linguística
e psicanálise. A linguística fica do lado do significante e a psicanálise, do lado da letra.
Para justificar o que acabo de dizer, avancemos até o Seminário 17: o avesso da
psicanálise. Aí aparece uma oposição elementar, mas de suma importância: que o signi
ficante se escuta e a letra se lê. Porque, na verdade, o problema é como são entendidos
SI e S2. Essa é uma dimensão do problema da oposição entre linguística e psicanálise,
entre letra e significante. O que ocorre é que, quando Lacan transmite, sempre leva em
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conta que aquilo que ele está transmitindo em conteúdo deve estar também presente
no dispositivo que elege para transmiti-lo. Lacan nunca fala da coisa, fala sempre em
vias da coisa.
SI e S2: significante 1 e significante 2. S l: significante mestre. S2: significan-
te do saber ou conjunto das articulações significantes. Mas aí, quando Lacan nos diz
isso, ele nos está tomando como sujeitos. O que quero dizer é que Lacan náo escreve a
palavra “significante”, ele escreve uma letra, o “S”, que vocês leem como “significante”
e que creem que é um significante, mas é uma letra com um sub índice, um número.
Não se trata de minúcias, estamos trabalhando o argumento de que o grafo
do desejo é o modo como, pela primeira vez e de forma sistemática, se introduz a função
da letra em psicanálise lacaniana, e ainda em psicanálise em geral.
Analisemos agora o grafo do esquema n°3:
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Agora vamos ter que fazer um trabalho que talvez, para alguns, pode ser
divertido e para outros, talvez muito chato. Mas de qualquer forma temos de fazê-lo se
a gente quer entrar no ensino de Lacan: estudar a teoria matemática de grafos e redes.
Começaremos por “as pontes de Kõnigsberg”. Este seria um mapa aproxi
mativo delas.
esquema n°4
margem do rio
esquema n°5
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V
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esquema n°6
Eu brincava no colégio com este grafo, por isso passei a chamá-lo de “grafo
escolar”. É possível traçar todo seu percurso com somente um traço sem passar duas
vezes pelo mesmo lugar e sem levantar o lápis?
Para poder responder, avançaremos um pouco na teoria matemática dos gra
fos. Chamaremos os círculos de vértices e as linhas de arestas. Percebam que o ponto
de superposição das diagonais é um ponto de falsa interseção, ou seja, esse ponto não é
um vértice (tal como o segundo “grafo escolar” demonstra). Gostaria que observassem
que o vértice de cima à esquerda tem três arestas que chegam ou saem dele; o de baixo
também; o de cima à direita, tem quatro; o de baixo à direita, quatro também; e o que
está mais longe sobre a direita, tem dois. Qual é a forma certa de percorrer esse grafo?
Sair sempre de um vértice cuja soma de arestas seja ímpar, ou seja, neste caso sair de
3. Por isso coloquei o percurso que vai de 3 a 4 primeiro. Então, primeiro de 3 a 4.
O que segue fica claro: primeiro se percorre o perímetro do retângulo, depois se pega
uma diagonal para depois de traçar os dois lados do triângulo, voltar pela outra diago
nal. Quero que observem que, mesmo fazendo o percurso completo, não conseguimos
chegar ao mesmo lugar da partida. Lembrem que a pergunta era: pode um vizinho de
Kõnigsberg sair da sua casa, percorrer todas as pontes e voltar para sua casa? Se a estru
tura das pontes de Kõnigsberg fosse aquela do “grafo escolar”, a resposta seria: “Não.
Pode percorrer todo o circuito, mas não terminará onde partiu”. Observem que neste
“grafo escolar” partimos de um vértice de arestas ímpares (3) e chegamos a outro vértice
de arestas ímpares (3).
Vamos tentar algumas definições. Poderíamos dizer que um grafo é um
terno1(não sei se isso já parece interessante para vocês. A estrutura que estamos traba
1 O vocábulo usado pelo autor é "terna”, que aparece em português nas teorias matemáticas sobre grafos como
“terno" (N.R.).
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ausência de influxo teria ido para o neurônio b , é influída de tal modo pela investidura cola
teral em a , que só libera para b um quociente e, eventualmente não chega nada a b. Portanto,
se existe um eu, por força inibirá processos psíquicos primários5.
Qn
esquema n°7
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peia investidura cola- eu, ao eu como uma “rede de neurônios”. “Neurônios” que depois serão chamados, por
: nada a b. Portanto;
Freud, de “traços mnêmicos” e, mais tarde ainda, de “representações”. Representações
estas que a teoria linguística moderna chama de significantes. Este eu é um grafo de
investidos” significantes, ou seja, o sujeito; é necessário distinguir bem o sujeito do eu como objeto
da captura da libido narcísica.
O primeiro eu, o do “Projeto...” é, entáo, uma rede de representações, ou seja, um
grafo. Lacan encontra o sujeito no mesmo lugar que Freud: o sistema de significantes,
com estrutura de grafo.
“ o ao Narcisismo”, que
do eu como objeto e as
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