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Declínio do Protestantismo (CC)

Introdução:

Tenho à minha frente o número de Janeiro da revista “Portugal Evangélico”,


com interessantes artigos sobre Calvino e outros importantes personagens da história do
Protestantismo. Nunca me interessei muito pela história, pelo que toda a minha atenção
se voltou para o artigo do Pastor Manuel Pedro Cardoso, que convido a ler em primeiro
lugar, bastando para isso “clicar” em Igrejas sem futuro (MC)

Trata-se dum artigo pequeno, mas de grande valor, pois encarou com coragem
e realismo o evidente declínio, ou pelo menos a falta de crescimento, das igrejas do
protestantismo histórico, em vez de tentar encobrir os pontos fracos da sua própria Igreja
com palavras de retórica.

É sempre mais fácil falar sobre o passado, com certo distanciamento e ideias
já estabilizadas e aceites pela grande maioria, do que falar do presente. Mas em algumas
mentalidades, talvez possa surgir a ideia de que, se a igreja do presente parece ter pouco
futuro, então basta aplicar as lições do passado para resolver os problemas do presente.
Certamente que há lições a tirar do passado, mas será que o problema é assim tão
simples?!

O presente artigo, é fruto das importantes questões levantadas pelo nosso


antigo Professor de Teologia, Pastor Manuel Pedro Cardoso, nomeadamente a
necessidade de revitalizar a Igreja sem ceder a métodos que não têm a aprovação do
Senhor da Igreja, nomeadamente o “Evangelho de facilidades, de sucesso e
prosperidade”. Afinal, penso que a tentação de empregar outros meios para servir a Deus,
não é só problema dos nossos dias, pois há registos de métodos fracassados até no Velho
Testamento.

Para base da nossa reflexão, escolhi a passagem em 1º Samuel 4 que


transcrevo a seguir, da tradução da “Boa Nova”:
1 Quando Samuel falava, era para todo o povo de Israel.

Certa altura, Israel estava em guerra com os filisteus e os israelitas


acamparam junto de Eben-Ezer, enquanto os filisteus se encontravam em Afeq. 2 Os
filisteus atacaram duramente e Israel foi vencido, tendo morrido no campo de batalha
uns quatro mil homens. 3 Quando os sobreviventes regressaram ao acampamento, os
anciãos de Israel disseram: “Por que é que o Senhor permitiu que os filisteus nos
vencessem? Vamos buscar a arca da aliança do Senhor a Silo, para que ela nos
acompanhe e nos salve dos nossos inimigos.” 4 Enviaram, pois, mensageiros a Silo,
que trouxeram a arca da aliança do Senhor todo-poderoso, que tem o seu trono sobre
os querubins. E os dois filhos de Eli, Ofni e Fineias, acompanhavam a arca da aliança.

5 Quando a arca chegou ao acampamento, os israelitas irromperam em


enorme gritaria, de tal modo que a terra estremeceu. 6 Os filisteus ouviram aquela
gritaria e disseram: “Que gritos são aqueles?” Compreenderam então que era por
causa da arca da aliança que tinha chegado ao acampamento dos israelitas. 7 Ficaram
cheios de medo e disseram: “Estamos perdidos! Um deus entrou no seu acampamento!
Nada disto nos aconteceu anteriormente! 8 Estamos perdidos! Quem nos livrará de
deuses tão poderosos? São estes os deuses que esmagaram os egípcios com toda a
espécie de castigos, no deserto. 9 Filisteus, sejam valentes! Combatam com coragem,
para não se tomarem escravos dos hebreus, como eles já foram vossos escravos!”

10 Os filisteus combateram corajosamente e venceram os israelitas, que


acabaram por fugir para as suas tendas. A derrota foi muito dura: trinta mil soldados
israelitas caíram mortos. 11 A arca da aliança do Senhor foi apanhada e os dois filhos
de Eli, Ofni e Fineias, morreram.

12 Um homem da tribo de Benjamim correu, do campo de batalha para Silo


e chegou lá no mesmo dia. Em sinal de luto, “rasgou as suas vestes e pôs terra por rima
da cabeça. 13 Eli estava sentado junto da estrada, em expectativa e cheio de ansiedade
por causa da arca da aliança do Senhor. O homem espalhou a notícia pela cidade e
toda a gente começou a gritar. 14 Eli ouviu o barulho e perguntou: “Que significa todo
este barulho?” Então o homem correu para Eli a anunciar-lhe as noticias. 15 Eli estava
com noventa e oito anos; levantou os olhos, mas já não conseguia ver. 16 Disse-lhe o
homem: “Sou eu que venho da frente da batalha. Hoje mesmo saí de lá e vim á correr
até aqui.” Eli perguntou-lhe: “Que aconteceu, meu filho?”

17 O mensageiro respondeu-lhe: “Israel recuou diante dos filisteus. Foi


uma enorme derrota para o nosso povo. Os teus dois filhos, Ofni e Fineias, também
morreram, e os inimigos levaram a arca da aliança do Senhor.

18 Quando Eli, que estava junto à porta, ouviu o que se tinha passado com
a arca da aliança, caiu para trás e, como estava velho e pesado, partiu o pescoço e
morreu. Eli tinha dirigido Israel durante quarenta anos.

19 A nora de Eli, mulher de Fineias, estava grávida e prestes a dar à luz.


Quando ouviu dizer que a arca da aliança do Senhor tinha sido levada e que o sogro e
o marido tinham morrido, sofreu um choque tão grande que lhe vieram de repente as
dores de parto e deu à luz. 20 Ela estava quase a morrer e as mulheres que a ajudavam
no parto disseram-lhe: “Coragem! Nasceu-te um filho!” Mas ela não lhes respondeu,
nem lhes deu atenção. 21 Deu ao seu filho o nome de Icabod, querendo significar que,
“a glória de Deus abandonou Israel.” Referia-se à perda da arca da aliança e à morte
do sogro e do marido. 22 Mas ela disse que a glória de Deus tinha abandonado Israel,
porque a arca da aliança tinha sido levada.

Escolhi esta passagem, que em princípio parece que pouco nos tem a dizer,
pois trata-se duma das passagens mais tristes da história de Israel, em que uma palavra se
nos destaca, “Icabod” que significa, a glória de Deus nos abandonou.

Mas foi precisamente por isso, pois também nós estamos numa fase da
história em que por vezes parece que a Igreja chegou ao fim e que já não haverá mais
“espaço” para a Igreja na sociedade do futuro, em que esta será olhada (e isso já está a
acontecer), como simples curiosidade do passado, que talvez seja de preservar por
motivos culturais, mas que já nada tem a dizer de importante ao homem culto dos nossos
dias.
Neste início de século e de milénio, vários crentes têm meditado no futuro da
teologia, quando se debatem questões que não é habitual serem abordadas nas igrejas. É
verdade que estamos perante uma passagem veterotestamentária onde nem tudo pode ser
considerado normativo para o cristão, mas penso que algumas importantes lições para os
nossos dias, podemos tirar desta passagem.

Samuel foi educado em Siló, onde nessa época estava a Arca do Senhor e os
principais documentos da história de Israel. É natural que tivesse adquirido uma sólida
cultura, num contexto cultural em que não era possível distinguir entre cultura teológica
ou cultura histórica ou outros ramos do conhecimento como acontece nos nossos dias.
Ele teve portanto os conhecimentos e a sensibilidade necessária para registar os
acontecimentos da sua época que fizeram a história de Israel.

Não tenho dúvidas de que este capítulo 4 terá sido escrito por Samuel, que
possivelmente terá assistido pessoalmente à maior parte destes acontecimentos. Segundo
o historiador Josefo, Samuel nessa altura era um menino de cerca de 12 anos de idade.

Supõe-se que estes factos históricos tenham ocorrido cerca do ano 1070 AC
na Ásia Menor, mais concretamente no Israel dos nossos dias, a sul da actual Tel Aviv,
onde nessa época se localizava a fronteira entre Israel e a Filisteia. Estava-se já no fim da
época dos Juízes, época de grande arrefecimento espiritual, a começar pelos sacerdotes
que serviam no Tabernáculo.

Personagens desta passagem


Em primeiro lugar, temos o sacerdote Eli. Como o próprio nome significa,
era homem grande e forte, mas nessa época já tinha 98 anos e estava velho e pesado. Eli
fora juiz em Israel durante 40 anos, homem piedoso e muito dedicado ao seu ministério,
ao Tabernáculo e à Arca do Senhor. Tinha no entanto uma grande falha, por não ter sabido
educar os seus filhos.

Temos depois os seus dois filhos: Ofni e Fineias. Penso que a deficiência da
sua educação deve ter começado logo na infância, pois eram os filhos do grande juiz Eli
e cedo se devem ter habituado aos privilégios e a uma vida sem dificuldades. Nessa época
a que se refere este capítulo 4, já eram sacerdotes que em princípio deveriam suceder ao
seu pai. No entanto, a sua vida espiritual tinha grandes falhas:

Segundo 1º Samuel 2:12/17 os filhos de Eli mandavam os seus criados retirar,


com um grande garfo de três pontas, os melhores pedaços da carne oferecida em
sacrifício, e se o judeu que oferecia o sacrifício se recusasse a entregar, eles a tiravam à
força.

Segundo 1º Samuel 2:22/25, eles tinham relações sexuais com as mulheres


que trabalhavam no Tabernáculo e Eli não teve autoridade ou não teve coragem suficiente
para os castigar e destituir das funções que exerciam.

Temos também a viúva de Fineias, mas só a descrição da sua morte. Ao saber


que seu sogro e seu marido estavam mortos, teve um parto prematuro e faleceu clamando:
“A glória do Senhor nos abandonou”.

Mas, qual a relação entre todos estes personagens?....


O principal personagem foi Eli. Os seus filhos deviam o cargo que exerciam
ao facto de serem filhos de Eli e ao prestígio de seu pai.

A atitude da viúva de Fineias tem de ser interpretada nesse contexto cultural


em que ela passaria da condição duma esposa dum dos principais sacerdotes, para a
posição de viúva desamparada, destinada a viver de esmolas, sem meios de subsistência
nem familiares que a ajudassem.

Vamos considerar como assunto central do texto em estudo, o facto histórico


da derrota de Israel frente aos filisteus com a consequente perda da Arca da Aliança, e o
facto teológico do afastamento do Senhor e da falta de protecção do Deus de Israel.

Aproximação crítico-teológica

Certamente que os irmãos terão já pensado em várias perguntas relacionadas


com esta passagem, como por exemplo:

Porque não funcionou a presença da Arca da Aliança?

Será que foi Deus que capitulou diante do deus dos filisteus?

Afinal... o que eles fizeram, ao trazer a Arca, não foi um acto de fé?
Qual a diferença entre fé e superstição?

Estas, são somente algumas das perguntas que esta passagem nos pode
suscitar.

O texto não nos dá as respostas, como gostaríamos, pois esta é uma passagem
histórica, que se limita a registar os acontecimentos (segundo a visão e interpretação dos
israelitas), acontecimentos que têm de ser reinterpretados à luz da mensagem de Jesus.

Mas, o “centro de gravidade” da nossa reflexão está no versículo 3, quando


Israel perde os primeiros quatro mil homens e se vê perante uma importante decisão. É
nesse ambiente de grande emoção, incerteza e violência, talvez perante os quatro mil
homens mortos e certamente ainda maior número de viúvas e órfãos a chorar os seus
mortos, numa época em que a poligamia era vista com naturalidade, que se coloca a
importante pergunta que também nos interessa:

Como mudar a situação? Como fazer com que Deus, que já dera tantas provas
do seu poder e da sua fidelidade a Israel, viesse mais uma vez em seu auxílio?

Não acredito, que não tivessem aparecido alguns profetas a exortar Israel ao
arrependimento dos seus pecados e das suas graves transgressões, mas todos estes foram
certamente silenciados para não afectar a moral dos combatentes, e devem ter sido
olhados como traidores, como aconteceu noutras passagens veterotestamentárias. Será
que nos nossos dias não acontece coisa semelhante nas igrejas?
Os anciãos de Israel reúnem-se para meditar na importante questão: “Por que
é que o Senhor permitiu que os filisteus nos vencessem?... (vr. 3)

Nos momentos mais importantes, a Igreja dos nossos dias, também se reúne
para meditar nos seus problemas, em especial no afastamento do Senhor. Isso é salutar,
mas infelizmente, nem sempre é suficiente, pois não nos dá a garantia de se ter encontrado
a resposta correcta.

Samuel não nos descreve tudo que se passou, todos os argumentos


apresentados nessa altura, mas somente a decisão final: ….Vamos buscar a arca da aliança
do Senhor a Silo, para que ela nos acompanhe e nos salve dos nossos inimigos.” (vr. 3)

É verdade que não estamos perante uma passagem didáctica, e não é correcto
firmar doutrina em simples descrições históricas e ainda para mais do Velho Testamento,
mas alguns pormenores desta descrição podem pelo menos servir para nossa meditação.

Penso que, em vez do necessário arrependimento de Israel e em particular dos


sacerdotes do Tabernáculo, eles optaram por uma engenhosa “solução teológica”.
Podemos imaginar o que terão dito:

Onde é que Deus se manifesta? O que nos ensina a teologia? Não é na Arca
do Concerto?

Então, tragam a Arca do Concerto do Senhor para o meio do campo de


batalha, e Ele não terá outra alternativa senão a defesa da sua Arca e assim terá de nos
defender, também a nós. Tragam a Arca, que eu quero ver como Deus se vai “safar”
desta?
Todos nós temos a noção do que é a fé e do que é a superstição. No entanto,
há casos em que não é fácil marcar a diferença entre fé e superstição. Mas, talvez se possa
definir superstição como a tentativa de controlar o poder de qualquer deus ou deusa, ou
de alguma forma pressionar esse deus a actuar em nosso favor, mesmo que seja o Deus
supremo.

Vejo nesta passagem, já a gestação do pensamento que muito mais tarde daria
origem à teoria da eficácia dos sacramentos, por estes actuarem “ex opere operato”
conforme foi proclamado pelo Concílio de Trento (1545-63). Mas também no
protestantismo, quando os nossos rituais ou gestos litúrgicos deixam de ser atitudes
conscientes, fruto da nossa espiritualidade e dependência do Senhor, para passarem a ser
meios de se obter espiritualidade ou meios de desencadear a acção do Senhor. Nestes
casos, estaremos perante a superstição e não a fé, que é sempre uma dádiva do Senhor…

Bem sei as implicações que esta afirmação pode ter na nossa teologia, pois
talvez muito do que se passa nas nossas igrejas, (protestantes ou evangélicas), seja mais
superstição do que fé. Por exemplo, a própria oração, quando fazemos um pedido sem a
necessária submissão à divina vontade e dizemos: Temos de orar muito para que Deus
nos faça isto ou aquilo, não estaremos a utilizar a oração como uma forma de pressão para
a actuação divina? Também o batismo, quando deixa de ser o testemunho consciente
duma realidade espiritual para se tornar um meio de remissão de pecados, como por vezes
tem sido ensinado, ou um sacramento que irá produzir os seus frutos no futuro (batismo
infantil)? Ou a Ceia do Senhor, quando deixa de ser simples memorial, fruto da realidade
espiritual e é utilizada como meio de santificação, ou como meio de se obter a
ressurreição, como afirma a terceira estrofe do hino 114 do hinário “Celebrai com alegria”
que afirma: Se bebermos deste cálice e comermos deste pão, o Senhor nos há-de dar o
dom da ressurreição… tantas vezes entoado nos cultos da Ceia do Senhor, com muito
mais atenção à música do que às doutrinas da Reforma e àquilo que dizemos ao Senhor?
Afinal, qual a diferença entre jejum e greve da fome?
Será que, assim como no passado, a astronomia se confundia com a astrologia
e hoje já ninguém com certa cultura poderá confundir a astronomia, ciência séria e
respeitável, com a superstição da astrologia, também haverá naquilo que nos nossos dias
chamamos de teologia, duas atitudes bem diferentes, uma teologia séria e uma superstição
que continua a ter o mesmo nome?

Será que a imagem de Deus, que apresentamos nas nossas igrejas ainda é a
do Deus supremo? Ou não estaremos já, influenciados pela cosmovisão da modernidade,
a apresentar a imagem dum deus ao serviço do Homem, centro da sua própria cosmovisão,
um deus para resolver os nossos problemas, um deus que pode ser influenciado ou de
certa maneira pressionado pela nossa “teologia”?

Mas o versículo 4 descreve a entrada da Arca no acampamento dos Israelitas.


Imagino que foi num dia de sol radioso (com o clima que eles têm, quase todos os dias
são assim), em que a Arca do Senhor foi transportada em solene procissão e ao lado da
Arca, em posição de destaque, lá estavam as imponentes figuras de Ofni e Fineias com as
suas vestes sacerdotais, símbolos de devoção, de pureza e de santidade, bem ao lado da
Arca da Aliança.

Os versículos seguintes descrevem o que se passou nesse momento.

Não há dúvidas de que foi um grande sucesso. O exército de Israel recuperou


a sua confiança e entusiasmo. Certamente que muitos disseram: “Graças a Deus por Ofni
e Fineias, dignos sucessores do grande sacerdote Eli.”
Os próprios filisteus ficaram aterrorizados ao saber que a Arca do Senhor
estava no acampamento dos Israelitas. Parece que tudo estava a correr bem para Israel,
mas... há Um que não pode ser iludido, pois vê o íntimo de cada ser humano.

Quais seriam os pensamentos de Ofni e Fineias nessa ocasião? A Bíblia não


nos diz, mas talvez pensassem: Foi boa ideia trazer a Arca. A nossa teologia está tão
desenvolvida, que até já conseguimos controlar o poder de Deus. Chegou a nossa hora,
pois assim, Deus será obrigado a agir, e nós vamos entrar para a história como uns novos
“Moisés” na defesa do nosso povo.

Já sabemos o que aconteceu a seguir....... A derrota de Israel, a perda da Arca


da Aliança e a morte dos trinta mil homens.

Conclusão

Mas que lições podemos tirar para os nossos dias?

1) Deus é o Senhor, e não pode ser manipulado nem de forma alguma


pressionado, nem pela mais elaborada liturgia, nem pelo culto mais barulhento.
2) Autoridade eclesiástica, nem sempre corresponde a uma autoridade
espiritual. Os filhos de Eli, tinham sido devidamente ordenados como sacerdotes, tinham
toda a autoridade eclesiástica, mas o Senhor já os tinha rejeitado. Também nos nossos
dias isso pode acontecer e ficou bem patente com a visita dum antigo Papa à Índia
(suponho que foi Paulo VI), quando teve de ser protegido pela polícia indiana dos
manifestantes hindus contra a sua visita, pois queiram que o Papa pedisse desculpas pelos
crimes cometidos pelos missionários do passado, muitos deles ligados à história de
Portugal no Oriente. Mas nesse mesmo país, eu vi que as seguidoras de Madre Teresa de
Calcutá circulam livremente a pé, ou de bicicleta, em ambientes de fundamentalistas
hindus ou islâmicos, e por todos são respeitadas. O que têm elas que o Papa não tem?

3) A acção, o entusiasmo, e o trabalho dos crentes, embora aspectos positivos,


não podem colmatar o afastamento do Senhor.

Ofni e Fineias trabalharam para o Senhor. Foram eles que trouxeram a Arca
do Concerto, com toda a pompa e dignidade. Com as suas vestes sacerdotais, pareciam
os sacerdotes perfeitos e estavam em grande actividade. Eles eram aceites e aclamados
por todo o povo e pelo exército de Israel. Todo o povo tinha muita fé, mas… Fé em quê?
Na Arca do Concerto? Fé em quem?

Muitas vezes o “crescimento” das igrejas dos nossos dias, não passa do
resultado da “propaganda religiosa” ou da “teologia demagógica”. Também nos nossos
dias, de nada serve trabalhar para a Igreja, se não tivermos uma vida exemplar e fidelidade
ao Evangelho, pois até a religiosidade bem sucedida, nem sempre significa a aprovação
do Senhor.
Não há dúvidas de que Ofni e Fineias foram bem sucedidos sob o aspecto
“religioso”. Eles trouxeram novo ânimo ao exército de Israel, e até os filisteus ficaram
aterrorizados ao verem Ofni e Fineias ao lado da Arca do Concerto.

No acampamento de Israel havia grande alegria e fervor religioso, mas…..


Deus já os tinha rejeitado, e estavam prestes a perder os 30.000 homens.

Isto até faz lembrar o que se passa nos nossos dias. Todos nós sabemos de
igrejas “poderosas” com grande número de crentes, com um grande fervor religioso, que
se desfazem dum dia para o outro...... Muitas vezes por motivos que nos fazem lembrar
Ofni e Fineias.

4) Aquilo a que chamamos de “religiosidade”, nem sempre reflecte a


realidade espiritual. Por vezes não passa de encenação, de uma nova forma de liturgia ou
ritualismo que muitas vezes consegue enganar até os próprios crentes, mas não pode iludir
o Senhor da Igreja.

De nada serve um sermão empolgante e arrebatador, com grandes


manifestações de “poder”, se nada disso corresponder a uma verdadeira situação
espiritual.

Deus não está tão interessado nos nossos dotes de oratória, na nossa alegria e
no nosso louvor, mas em primeiro lugar está interessado na nossa fidelidade.

Deus não se importa tanto com a nossa santidade litúrgica, mas com a
santidade espiritual, ou santidade contabilística dos crentes e das igrejas, nem está
interessado na imponência das nossas igrejas se ao lado das mesmas ou entre os próprios
crentes houver crianças com fome.

5) Afinal, Deus acabou por responder ao seu povo, muito mais tarde, e a Arca
voltou para Israel. Nesses momentos tristes e difíceis para Israel, o Senhor já não olhava
para os seus sacerdotes, nem para os anciãos, mas para um menino chamado Samuel, que
a todos passava despercebido.

Deste facto, podemos concluir, que a resposta do Senhor virá, quando, como,
e pelos meios que o Senhor entender. Por vezes virá na altura menos oportuna e muitas
vezes utilizando pessoas não capacitadas pela religião, nem aceites pela hierarquia
religiosa. Quando as igrejas estão em crise, temos a tendência de procurar a solução
através da sua organização, sua liturgia, seus pastores, seus presbíteros e estudantes de
teologia, mas a resposta poderá vir através dum jovem aluno de escola dominical.

6) Assistimos há poucos anos ao caso insólito de igrejas americanas que


apoiaram o seu país no ataque ao Iraque.

De acordo com Mateus 5:9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles


serão chamados filhos de Deus, penso que o Papa católico dessa época, João Paulo II, foi
mais “filho de Deus” do que esses igrejas evangélicas, que já perderam a sua alma.

Mas também assistimos ao caso de igrejas evangélicas portuguesas e


brasileiras que optaram por ignorar o assunto. Preferiram não ser frias nem quentes...
Onde foi que eu já li isto?! Parece que a “Videira do Senhor” (João 15) tem muitas varas
a necessitar de urgente remoção.

7) Há uma palavra que se destaca na parte final deste capítulo 4. A palavra


Icabod, que significa Foi-se a glória de Israel. Demasiado tarde. Já não há solução.

Geralmente o grande problema das igrejas é a falta duma reacção atempada.


Quando surgem os primeiros sintomas de arrefecimento como os que vemos neste início
do século XXI.

Quando ainda é tempo de buscar ao Senhor, há a tendência de se procurar


uma solução técnica, ou uma engenhosa solução “teológica”, fruto da mente humana, de
encobrir as fraquezas com frases feitas, de dar uma aparência de que tudo está bem, de
adiar indefinidamente as grandes mudanças, de encobrir o mal com palavras de retórica...
Até que pode surgir o dia em que perguntamos: Mas afinal, porque é que a assistência aos
cultos diminui, as escolas dominicais encerraram, assim como os Seminários e os
problemas económicos se agravam... Porque é que já nada disto funciona?

Quando esse dia chegar, talvez a resposta seja Icabod.

Camilo - Marinha Grande

Março de 2010
BIBLIOGRAFIA:

Bíblia na tradução “A Boa Nova” da Sociedade Bíblica de Portugal.

Revista “Portugal Evangélico” nº 933 de Janeiro de 2010.

Livro “ICABODE – da mente de Cristo à Consciência Moderna”, de Ruben


Amorese, Presbítero da Igreja Presbiteriana do Planalto - Brasília

Vários artigos com o mesmo título ICABODE, dos Pastores Ricardo Gondim,
Caio Fábio, Carlos Siqueira e outros.

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