Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
91
AGUIAR, T. M.; RODRIGUES, F. S.; SANTOS, E. R.; SABAA-SRUR, A. U. O. Caracterização química e avaliação do valor nutritivo de
sementes de acerola. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 35, n. 2, p. 91-102, ago. 2010.
RESUMEN RESUMO
La acerola es una fruta que se destaca por A acerola é uma das frutas que merecem
el agradable sabor de su jugo, una de las destaque em função do sabor agradável de
principales fuentes naturales de vitamina C. seu suco, uma das principais fontes naturais
El éxito de la industrialización de la acerola de vitamina C. O sucesso da industrialização
se relaciona con la cantidad de pulpa que los da acerola está relacionado à quantidade de
frutos producen, pero las semillas no se utilizan polpa que a fruta produz, porém, o restante, as
y son consideradas residuos de la agroindustria. sementes, não são aproveitadas, consideradas
Este estudio analizó la composición química resíduos agroindustriais. Este trabalho analisou
de la semilla de acerola para definir el valor a composição química das sementes da acerola
nutricional y las posibilidades de utilización. para definição do valor nutricional e possível
Las semillas secas fueron transformadas en aproveitamento. Após as sementes serem
harina y esta sometida a determinaciones desidratadas e transformadas em farinha, as
analíticas que mostraron un producto de determinações analíticas foram realizadas e
elevado rendimiento: 100g contienen bajo revelaram que este produto demonstrou elevado
contenido de humedad (9,4%) y elevado rendimento, e que 100g contêm baixo teor de
contenido calórico (332kcal) oriundo de umidade (9,4%) e alto teor calórico (332kcal)
3,2 ± 0,02 g de lípidos, 16,94 ± 0,81g de proteínas oriundo de 3,2 ± 0,02g de lipídios, 16,94 ± 0,81g
y 57,24 ± 2,44g de hidratos de carbono. Además de proteína e 57,24 ± 2,44g de carboidratos.
de presentar un alto contenido de fibra bruta Além de apresentar alto conteúdo de fibra bruta
o cruda (26,54%), cenizas (0,44%), ácido (26,54%), cinzas (0,44%), ácido ascórbico (66mg)
ascórbico (66mg) y minerales como hierro e minerais como ferro (37,23mg.100g-1), cálcio
(37,23mg.100g -1), calcio (41,76mg.100g -1), (41,76mg.100g-1), potássio (41,39mg.100g-1),
p o t a s i o ( 4 1 , 3 9 m g . 1 0 0 g -1) , m a g n e s i o m a g n é s i o ( 2 2 , 2 4 m g . 1 0 0 g -1) , z i n c o
(22,24mg.100g -1 ), zinc (0,09mg.100g -1 ), (0,09mg.100g-1), manganês (0,74mg.100g-1),
m a n g a n e s o ( 0 , 7 4 m g . 1 0 0 g -1) , f ó s f o r o fósforo (0,08mg.100g-1) e cobre (0,15µg.100g-1).
(0,08mg.100g-1) e cobre (0,15µg.100g-1). Su Na fração lipídica estão presentes os ácidos
fracción lipídica tiene los ácidos grasos: oleico graxos: oleico (31,9%), linoleico (29,2%),
(31,9%), linoleico (29,2%), palmítico (21,8%), palmítico (21,8%), esteárico (13,9%) e linolênico
esteárico (13.9%) y linolénico (1,3%). La (1,3%). A farinha desta semente evidencia grande
harina de esta semilla tiene un gran potencial potencial para fins alimentícios desde que seja
para fines alimenticios desde que se descarte la comprovada a inexistência de compostos tóxicos
presencia de compuestos tóxicos o alergénicos, e alergênicos, favorecendo a aplicação racional
posibilitando la aplicación racional de los do resíduo da agroindústria da acerola.
residuos de la industria de la acerola.
Palavras-chave: Resíduos.
Palabras clave: Residuos. Malpighia punicifolia, Linn.
Malpighia punicifolia, Linn. Farinha de Semente.
Harina de Semilla.
92
AGUIAR, T. M.; RODRIGUES, F. S.; SANTOS, E. R.; SABAA-SRUR, A. U. O. Caracterização química e avaliação do valor nutritivo de
sementes de acerola. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 35, n. 2, p. 91-102, ago. 2010.
INTRODUÇÃO
A acerola conhecida também como cereja das Antilhas (Malpighia glabra L.,
Malpighia punicifolia L. ou Malpighia emarginata DC.) é originária das Antilhas, norte
da América do Sul e América Central. Seu maior atrativo é o alto teor de vitamina C,
sendo também rica em outros nutrientes, tais como carotenoides, tiamina, riboflavina
e niacina (ARAÚJO; MINAMI, 1994; ASSIS; LIMA; OLIVEIRA, 2001).
MATERIAL E MÉTODOS
MATERIAL
93
AGUIAR, T. M.; RODRIGUES, F. S.; SANTOS, E. R.; SABAA-SRUR, A. U. O. Caracterização química e avaliação do valor nutritivo de
sementes de acerola. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 35, n. 2, p. 91-102, ago. 2010.
MÉTODOS
O teor de ácido ascórbico foi determinado pelo método de Tillmans, que se baseia
na redução do corante sal sódico de 2,6-diclorofenol indofenol por uma solução ácida
de vitamina C (INSTITUTO ADOLF LUTZ, 2005).
94
AGUIAR, T. M.; RODRIGUES, F. S.; SANTOS, E. R.; SABAA-SRUR, A. U. O. Caracterização química e avaliação do valor nutritivo de
sementes de acerola. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 35, n. 2, p. 91-102, ago. 2010.
RESULTADOS
95
AGUIAR, T. M.; RODRIGUES, F. S.; SANTOS, E. R.; SABAA-SRUR, A. U. O. Caracterização química e avaliação do valor nutritivo de
sementes de acerola. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 35, n. 2, p. 91-102, ago. 2010.
No que concerne ao perfil em ácidos graxos da farinha desta semente, foi verificado
um conteúdo de ácidos graxos insaturados igual a 62,4% composto exclusivamente
pelos ácidos graxos oleico, linoleico e linolênico; os saturados correspondem a 35,6%
do total e estão representados apenas pelos ácidos palmítico e esteárico, como pode ser
observado na tabela 3.
DISCUSSÃO
96
AGUIAR, T. M.; RODRIGUES, F. S.; SANTOS, E. R.; SABAA-SRUR, A. U. O. Caracterização química e avaliação do valor nutritivo de
sementes de acerola. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 35, n. 2, p. 91-102, ago. 2010.
matéria seca encontrado permite que o produto seja armazenado por tempo prolongado
desde que seja convenientemente embalado, já que os teores de matéria seca são
influenciados pelo tempo de exposição à secagem e pelas condições de armazenamento,
pois farinhas são subprodutos bastante higroscópicos (LOUSADA JÚNIOR et al., 2006).
A semente de acerola revela-se como uma boa fonte proteica, 16,94g 100g-1 de farinha,
conteúdo maior do que o verificado por Borges, Bonilha e Cordeiro (2006) para a farinha
da semente de jaca (10,55%) e por Lousada Júnior et al. (2006), cerca de 10,54% para a
semente de acerola e para os subprodutos de algumas frutas como o abacaxi (8,35%), a
goiaba (8,47%) e o maracujá (12,36%), além de ser superior também ao farelo do resíduo da
manga (3,87%) de acordo com Vieira et al. (2008). Em média, a proteína bruta da semente da
acerola ultrapassa valores como o sorgo grão (10,45%), casca de soja (11,94%), gérmen de
milho (9,31%) e farelo de arroz (13,74%) (ROCHA JÚNIOR; VALADARES FILHO; BORGES,
2002). Dentre as partes dos frutos (casca, semente e pedúnculo) aproveitadas para formar
os subprodutos, as sementes são aquelas que contêm teores de proteínas mais elevados.
Como neste trabalho foram utilizadas apenas as sementes na formulação da farinha já era
esperado um conteúdo de proteína superior aos demais subprodutos que utilizam também
outras frações em sua formulação.
A fibra bruta é outra porção que deve ser considerada nessa farinha (26,54%) quando
se compara com a farinha da semente de jaca e do subproduto da manga que contêm 23,07%
e 14,60%, respectivamente (BORGES; BONILHA; CORDEIRO, 2006; VIEIRA et al., 2008).
Além de outros alimentos conhecidos por serem boas fontes de fibra bruta, tais como a
matéria seca da casca do grão da soja, farelo de soja, milho moído e farelo de trigo, que
correspondem a 42,76%; 6,18%; 2,06% e 7,24%, respectivamente (ZAMBOM et al., 2001).
97
AGUIAR, T. M.; RODRIGUES, F. S.; SANTOS, E. R.; SABAA-SRUR, A. U. O. Caracterização química e avaliação do valor nutritivo de
sementes de acerola. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 35, n. 2, p. 91-102, ago. 2010.
98
AGUIAR, T. M.; RODRIGUES, F. S.; SANTOS, E. R.; SABAA-SRUR, A. U. O. Caracterização química e avaliação do valor nutritivo de
sementes de acerola. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 35, n. 2, p. 91-102, ago. 2010.
CONCLUSÃO
A composição química da farinha da semente de acerola indica que este resíduo possui
potencial para a suplementação de dietas, principalmente em termos de carboidratos, fibra
alimentar e proteína.
A farinha de semente de acerola contém quantidade apreciável de vitamina C, cálcio,
potássio, ferro e magnésio.
Embora o teor de lipídio seja reduzido, essa porção é nutricionalmente importante
em função do seu grau de insaturação representado principalmente pelos ácidos graxos
oleico e linoleico.
Apesar de conter teores considerados desses macronutrientes, faz-se necessário à
avaliação da biodisponibilidade e estudos que revelem a inexistência de compostos tóxicos
e alergênicos antes de sua incorporação na dieta tradicional.
REFERÊNCIAS/REFERENCES
99
AGUIAR, T. M.; RODRIGUES, F. S.; SANTOS, E. R.; SABAA-SRUR, A. U. O. Caracterização química e avaliação do valor nutritivo de
sementes de acerola. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 35, n. 2, p. 91-102, ago. 2010.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. DANTAS, S. C. Cultivo de aceroleira. Porto Velho:
Resolução RDC nº 360, de 23 de dezembro de EMBRAPA, 1994. 16 p.
2003. Regulamento técnico sobre rotulagem
nutricional de alimentos embalados, tornando DJOUSSE, L. S. C; PANKOU, J. S.; ECKFELDT, J. H.;
obrigatória a rotulagem nutricional. Brasília, 2003. FOLSOM, A. R.; HOPKINS, P. N.; PROVINCE, M.
Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br>. A.; HONG, Y.; ELLISON, R. C. Relation between
Acesso em: 25 jul. 2009. dietary linolenic acid and coronary artery disease
in the national heart, lung, and blood institute
SÃO PAULO (ESTADO). Decreto nº 12.486, family heart study. Am. J. Clin. Nutr., Houston,
de 20 de outubro de 1978. Normas técnicas v. 74, n. 5, p. 612-619, 2001.
especiais relativas a alimentos e bebidas. Diário
Ofi cial do Estado de São Paulo, São Paulo, EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
21 out. 1978. AGROPECUÁRIA. A acerola exige mais cuidados
do que se pensa. Agroindústria Trop., Fortaleza,
BLIGH, E. G.; DYER, W. J. A rapid method v. 15, n. 2, p. 1-5, 1995.
of total lipid extraction and purification.
Can. J. Biochem. Physiol., Ottawa, v. 37, n. 8, FERRARI, R. A.; COLUSSI. F.; AYUB, R. A.
p. 911-917, 1959. Caracterização de subprodutos da industrialização
do maracujá - Aproveitamento das sementes.
BORGES, S. L.; BONILHA, C. C.; CORDEIRO, Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal, v. 26, n. 1,
M. Sementes de jaca (artocapus integrifólia) e p. 101-102, 2004.
de abóbora (curcubita moschata) desidratadas
FIGUEIRÊDO, R. M. F.; GRANDIN, A.;
em diferentes temperaturas e utilizadas como
MARTUCCI, E. T. Armazenamento do suco
ingredientes em biscoitos tipo cookie. Alim.
de acerola microencapsulado. Rev. Bras.
Nutr., Araraquara, v. 17, n. 3, p. 317-321, 2006.
Prod. Agroindustrial, Campina Grande, v. 3,
n. 1, p. 1-6, 2001.
CARVALHO, J. T.; GUERRA, N. B. Efeitos
de diferentes tratamentos técnicos sobre as
FRANCO, G. Tabela de composição química
características do suco de acerola. In: SÃO JOSÉ,
dos alimentos. 9. ed. São Paulo: Atheneu, 2001.
A. R.; ALVES, R. E. Acerola no Brasil: produção
e mercado. Vitória da Conquista: UESB, 1995. INSTITUTE OF MEDICINE. Food and Nutrition
p. 96-101. Board. Dietary reference intake for vitamin C,
vitamin E, selenium and carotenoids. Washington:
CARVALHO, R. A. Análise econômica da National Academy Press, 2000. 529 p.
pr odução de acer ola no município de
Tomé-Açú, Pará. Belém: EMBRAPA Amazônia INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-
Oriental, 2000. 21 p. (Documento, 49). químicos para análise de alimentos. 4. ed.
São Paulo - SP, 2005. v. 1, 533 p.
CECCHI, H. M. Fundamentos teóricos e práticos
em análise de alimentos. 2ª ed. rev. Campinas: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA
Ed. UNICAMP, 2003. 207 p. E ESTATÍSTICA. Censo Agropecuário. 1996.
Disponível: <http://www.ibge.gov.br/bda/tabela/
CHAVES, M. C. V; GOUVEIA, J. P. G.; de protabl.asp, 1996>. Acesso em: 13 fev. 2009.
ALMEIDA, F. A.; LEITE, J. C. A.; SILVA, F. L. H. da.
Caracterização físico-química do suco da acerola JOSEPH, J. D.; ACKMAN, R. G. Capillary column
Rev. Biol. Ciênc. Terra, Campina Grande, v. 4, gas chromatographic method for analysis of
n. 2, 2004. Disponível em: <http://eduep.edu. encapsulated fish oil and fish oil ethyl esters:
br/vibet/sumarios/pdf/acerola.pdf>. Acesso em: Collaborative study. J. AOAC Int., Gaithersburg
30 jun. 2009. v. 75, n. 3, p. 488-506, 1992.
100
AGUIAR, T. M.; RODRIGUES, F. S.; SANTOS, E. R.; SABAA-SRUR, A. U. O. Caracterização química e avaliação do valor nutritivo de
sementes de acerola. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 35, n. 2, p. 91-102, ago. 2010.
101
AGUIAR, T. M.; RODRIGUES, F. S.; SANTOS, E. R.; SABAA-SRUR, A. U. O. Caracterização química e avaliação do valor nutritivo de
sementes de acerola. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 35, n. 2, p. 91-102, ago. 2010.
VIEIRA, P. A. F.; QUEIROZ, J. H. de; ALBINO, ZAMBIAZI, R. C.; PRZYBYLSK, R. I.; ZAMBIAZI, M.
L. F. T.; MORAES, G. H. K. de; BARBOSA, D. W.; MENDONÇA. C. R. B. Fatty acid composition
A.; MÜLLER, E. S.; VIANA, M. T. S. Efeitos of vegetable oils and fats. Boletim CEPPA,
da inclusão de farelo do resíduo de manga Curitiba, v. 25, n. 1, p. 111-120, 2007.
no desempenho de frangos de corte de 1 a
42 dias. Rev. Bras. Zootec., Viçosa, v. 37, n. 12, ZAMBOM, M. A.; SANTOS, G. T.; MODESTO, E.
p. 2173-2178, 2008. C.; ALCADE, C. R.; GONÇALVES, G. D.; SILVA, D.
C.; SILVA, K. T.; FAUSTINO, J. Valor nutricional
WARD, A. B.; SHELLENBERGER, J. A.; WETZEL, da casca do grão de soja, farelo de soja, milho
D. L. Particle size and particle size distribution moído e farelo de trigo para bovinos Acta Scient.,
of wheat samples prepared with different Maringá, v. 23, n. 4, p. 937-943, 2001.
grinders. Cereal Chem., Washington v. 56,
n. 5, p. 434-436, 1979. Recebido para publicação em 25/09/09.
Aprovado em 16/06/10.
102