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O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA NARRATIVA NA APRENDIZAGEM HISTÓRICA.

UMA HIPÓTESE ONTOGENÉTICA RELACIONADA À CONSCIÊNCIA MORAL.
A aprendizagem histórica pode se explicar como um processo de mudança
estrutural na consciência histórica. A aprendizagem histórica implica muito mais que
o simples adquirir de conhecimento do passado e a expansão do mesmo.
Visto como um processo pelas quais as competências se adquirem
progressivamente, emerge como um processo de mudança de formas estruturais
pelas quais tratamos e utilizamos a experiência e conhecimento da realidade
passada, passando de formas tradicionais de pensamento aos modos genéticos.
Jom Rusen

1. Uma narração em quatro
versões.
O antigo castelo de Col se
encontra nas terras altas da
Escócia. É a residência
ancestral dos chefes do clã
Maclean e ainda está em
posse de um membro da
família, que vive no castelo.
Sobre a muralha há uma
pedra gravada com a
seguinte inscrição: “Se
algum homem do clã de
Maclonish aparece ante este
castelo, ainda que venha a
meia noite, com a cabeça de
um homem em sua mão,
encontrará aqui segurança e
proteção contra tudo”.
O texto é de um velho
tratado celebrado em
Highlands em uma ocasião
memorável. Em um passado
distante, um dos
antepassados Maclean
obteve do rei da Escócia
uma concessão de terras
que pertenciam a outro clã,
mas que perderam por haver
ofendido ao rei. Maclean,
acompanhado pela sua
esposa, avançou então com
uma força armada de
homens para tomar posse de
suas novas terras. No
confronto e batalha com o
outro clã, Maclean foi
derrotado e perdeu sua vida,
enquanto que sua esposa,
grávida, caiu nas mãos dos
vencedores. O chefe do clã
vitorioso transferiu baixo o
custódio da família
Maclonish à grávida, Lady
Maclean, com uma
estipulação específica: se a
criança nascida fosse um
varão, deveria morrer de
imediato, se fosse uma
menina, se permitiria viver. A
esposa de Maclonish, que
também estava grávida deu
à luz uma menina quase ao
mesmo tempo em que Lady
Maclean deu à luz um varão.
Elas então trocaram as
crianças.
O jovem Maclean havendo
sobrevivido por este ardil à
sentença de morte que
pesava sobre ele antes de
nascer, recuperou com o
tempo seu patrimônio
original. Em agradecimento
ao clã Maclonish, designou
então, a seu castelo como
lugar de refugio para
qualquer membro daquela
família que se achar em
perigo.
Esta narração se encontra
no livro Jaurney to the
Western Islands of Scotland,
de Samuel Johnson,
publicado pela primeira vez
em 1775. É minha intenção
neste trabalho utilizar esta
história para demonstrar a
natureza da competência
narrativa e suas diversas
formas, e a importância de
tal competência para a
consciência moral. Para nos
aproximar de uma maneira
mais concreta, se nos
permita imaginar esta
narração dentro do contexto
de uma situação real na que
se desafiam os valores
morais e de onde seu uso e
legitimação requerem
argumentos com bases
históricas.
Imagine que você é um
membro do clã Maclean e
que vive atualmente no
castelo ancestral. Uma noite
escura, um membro do clã
Maclonish – se nos permita
chamar-lhe Ian – bate à sua
porta pedindo auxilio. A
polícia está seguindo-o –
encontra-o – por causa de
um crime cuja autoria o
acusam. Como você
reagiria? Ajudaria-o a se
esconder da polícia ou
decidiria algum outro curso
de ação?
Imagine que logo perceber
ser necessário explicar a um
amigo o que está passando;
a este amigo encontra-o
casualmente e ele não
conhece a história do clã.
Não importa que atitude
tome com respeito a Ian
Maclonish, você está
obrigado a narrar a seu
amigo o relato dos bebês
trocados, para fazê-lo
convencer-se (e assim
interpretar) a situação na que
vossa senhoria se encontra e
a decisão que deve tomar.
Sua narração desta lenda do
clã provavelmente diferirá
dependendo da natureza da
decisão. Além disso, sua
decisão original depende em
si mesma de sua
interpretação da antiga lenda
do clã em relação às
crianças trocadas.
Identifico, portanto, a
existência de quatro
possibilidades principais para
tal interpretação.
1. Pode esconder a Ian
Maclonish porque sente que
há uma obrigação de sua
parte para honrar o antigo
acordo de Highland. Neste
caso dirá a seu amigo que
você – como um Maclean -
se sente obrigado a ajudar a
Ian porque considera vigente
a antiga narração e então
existem ainda laços entre os
dois clãs. Você continua a
relatar a lenda dos bebês
transpostos, com a
conclusão de que esconderá
Ian Maclonish da polícia para
manter o antigo tratado do
clã, renovando e
continuando assim sua
persistente validade na
relação entre os dois grupos.
2. Pode esconder a Ian
Maclonish fazendo-o por
inúmeras razões. Assim
pode dizer que ajudou a Ian,
porque no passado os

Texto de Jom Rüsen 1

Tradução: Isandra Cristiane Ramalho de Aquino

Maclonish uma vez ajudou a
um membro do clã Maclean
e agora você se sente
obrigado a agir
reciprocamente sobre a base
de um principio geral de
reciprocidade de favores. Ou
pode dizer que acode em
sua ajuda para cumprir a
obrigação de um tratado
entre clãs: que os tratados
devem ser mantidos como
tais, isto é, estão unidos pelo
tratado. Logo lhe conta da
lenda concluindo com a
observação de que a ajuda
mútua ou a manutenção de
um tratado entre clãs é para
você, um guia e um princípio
moral importante, como já foi
provado quando se salvou
ao bebê.
3. pode se negar a esconder
a Ian Maclonish. Então
primeiramente tem que
explicar o pedido de auxilio
daquele, narrando o conto
dos bebês e a pedra com a
inscrição. Mas comenta a
historia afirmando que não
acredita nela, que é através do aprendizado.
meramente um “mito” ou
uma “lenda” desprovida de
qualquer evidencia ou
validade comprometedora, e
que não o obriga moralmente
de nenhuma maneira.
Também pode argumentar
que desde a introdução do
direito inglês moderno,
aqueles velhos tratados
perderam sua validade, a
que tiveram uma vez e são
agora letra morta. Neste
caso, você apresenta uma
serie ou combinação de
argumentos histórico-criticos
pra se desfazer da obrigação
de manter o antigo pacto.
Por tanto, argumenta
historicamente para cortar
qualquer laço de união entre
você e o clã Maclonish, o
qual pode ter sido valido e
obrigatória no passado.
4. Pode se decidir por
convencer a Ian Maclonish
de que é inútil se esconder
da polícia e que seria melhor
para ele se entregar às
autoridades. Você por sua
vez, promete fazer tudo o
que possa para ajudá-lo, por
exemplo, contratando o social como uma obrigação
melhor advogado disponível.
Neste caso, você narra o
Texto de Jom Rüsen
Tradução: Isandra Cristiane Ramalho de Aquino
conto às crianças, mas a
reduz acrescentando o recorrendo ao nosso sentido
seguinte argumento: o de responsabilidade e a
sistema legal se transformou
muito desde o direito do clã
da era pré-moderna até a
época moderna. Você ainda
se sente obrigado a ajudar a
alguém do clã Maclonish,
mas deseja faze-lo em uma
forma baseada em
considerações modernas e
não como determinava o
antigo pacto.
Esta narração ancestral que
nos fala dos Maclean, os
Maclonish e a troca dos
bebês em quatro versões,
nos confere um ponto de
partida para mais
argumentos. O conto indica a
necessidade da consciência
histórica para tratar os
valores morais e a reflexão
moral. Espero demonstrar
que suas quatro variantes
representam quatro versões
essenciais de consciência
histórica, refletindo quatro
etapas de desenvolvimento
2. A relação entre a
consciência histórica, os
valores morais e a reflexão.
Na situação representada
em nossa narração
deveríamos decidir um curso
de ação. Tal decisão
dependia de valores. Estes
valores são geralmente
princípios, guias de
comportamento, idéias ou
perspectivas chaves que
sugerem o que se deveria
fazer em uma situação
determinada onde existem
várias opções. Tais valores
funcionam como uma fonte
de arbitragem nos conflitos e
como objetivos que nos
guiam ao agir.
Que significado tem assinar
a tais valores os termos
“morais”? Nossas
perspectivas enquadram
nossa ação
sistematicamente,
reconhecem a relação social
dentro da qual vivemos e
devem decidir um curso de
ação a tomar. Elas
expressam esta relação
para nós, dirigindo-nos,
assim, para a essência de
2
nossa subjetividade,
nossa consciência.
Como entra a história nesta
relação moral entre nossa
ação, nossa personalidade e
nossas orientações de
valores? A narração
esquematizada ao princípio
deste ensaio pode servir-nos
para proporcionar uma
resposta: quando se supõe
que os valores morais guiam
as ações que tomamos em
uma situação dada, devemos
relacionar os valores a essa
situação, interpretar aos
mesmos e seu conteúdo
moral com referencia à
realidade na qual aplicamos,
e avaliar a situação nos
termos de nosso código de
valores morais aplicáveis.
Para essa mediação entre
valores e realidade orientada
pela ação, a consciência
histórica é um pré-requisito
necessário. Sem tal
consciência, não seríamos
capazes de entender porque
Ian Maclonish nos pediu para
escondê-lo da polícia. Sem
tal consciência como pré-
requisito para a ação,
seriamos incapazes de
analisar a situação e chegar
a uma decisão que resulte
plausível para toas as partes
implicadas, - Ian, meu amigo
que me visita, e eu como um
Maclean.
Mas, porque tem que ser a
consciência histórica um pré-
requisito necessário para a
orientação em uma situação
presente que demanda
ação? Depois de tudo, tal
consciência por definição
aponta para feitos no
passado. A resposta correta
é que a consciência histórica
funciona como um modo
especifico de orientação em
situações reais da vida
presente: tem como função
nos ajudar a compreender a
realidade passada para
compreender a realidade
presente. Sem haver narrado
previamente a antiga historia
dos bebês trocados, haveria
sido impossível explicar a
meu amigo visitante a
“situação atual” e justificar –
o que quer dizer legitimar –
minha decisão. Além disso, o
2

poder explicativo da
narração serve para indicar
as características básicas da
situação não só para quem
está fora, mas também para
mim mesmo, um homem do
clã Maclean e para alguma
outra parte implicada.
Então, que é o
especificamente “histórico”
nesta explicação, nesta
interpretação da situação e
sua legitimação? O histórico,
como orientação temporal
une o passado ao presente
de forma tal que confere uma
perspectiva futura à mudanças enchem a taça da
realidade atual. Isto implica
que a referencia ao tempo
futuro está contida na
interpretação histórica do
presente já que essa
interpretação deve nos
permitir atuar – ou seja, deve
facilitar a direção de nossas
intenções dentro de uma
matriz temporal. Quando
dizemos que nos sentimos
compelidos ou obrigados
pelo antigo tratado,
definimos uma perspectiva
futura em nossa relação para
o clã Maclonish. O mesmo é
verdade em relação a todas
as outras explicações e
legitimações históricas
associadas a nossa decisão.
Desejo extrair do exemplo
narrativo dado uma
característica geral da
consciência histórica e sua
função na vida prática. A
consciência histórica serve
como um elemento
orientador chave, dando-lhe
à vida prática um marco e
uma matriz temporais, uma
concepção do curso do
tempo que flui através dos
assuntos mundanos da vida
diária. Essa concepção
funciona como um elemento
nas intenções que guiam a
atividade humana, “nosso
curso de ação”. A Maclean pode traduzir a
consciência histórica evoca
ao passado como um
espelho da experiência no
qual se reflete a vida
presente e suas
características temporais
são, assim mesmo,
reveladas.
Afirmado sucintamente, a
historia é o espelho da
realidade passada no qual o
presente olha para aprender
Texto de Jom Rüsen
Tradução: Isandra Cristiane Ramalho de Aquino
algo sobre seu futuro. A
consciência histórica deve
ser conceitualista como uma
operação do intelecto
humano para aprender algo
neste sentido. A consciência
histórica trata do passado
como experiência, nos revela
tecido da mudança
temporal dentro do qual
estão presas nossas vidas e
as perspectivas futuras para
as quais se dirige a
mudança. Em palavras de
Shakespeare: ”como o dirige justamente para a
destino brinca, e as
transformação, com diversos
licores”.
A historia é um nexo
significativo entre o passado,
o presente e o futuro – não
meramente uma perspectiva
do que foi “wie es eighntlich
gewesen”. É uma tradução
do passado ao presente,
uma interpretação da
realidade passada via uma
concepção da mudança
temporal que abarca o
passado, o presente e a
expectativa de
acontecimentos futuros. Esta
concepção molda os valores
morais a um “corpo
temporal” (por exemplo, o
corpo da validade continua
de um antigo tratado), a
historia reveste aos valores
de experiência temporal. A
consciência histórica
transforma os valores morais
em totalidades temporais:
tradições, conceitos de
desenvolvimento ou outras
forma de compreensão do
tempo. Os valores e as
experiências estão
mediatizadas e sintetizadas
em tais concepções da
mudança temporal.
É assim que a consciência
histórica de um membro
contemporâneo do clã
idéia moral pela qual os
tratado são obrigatórios e
devem ser cumpridos na
forma concreta de um acordo
presente valido mais alem do
tempo. A consciência
histórica amalgama “ser” e
“dever” em uma narração
significante que refere
acontecimentos passados
com o objeto de fazer
inteligível o presente e
3
conferir uma perspectiva
futura a essa atividade atual.
Desta forma, a consciência
histórica faz uma
contribuição essencial à
consciência ética moral. Os
procedimentos criativos da
consciência histórica são
necessários para os valores
morais e o pensamento
moral como si a
PLAUSIBILIDAD dos valores
morais estivesse em perigo.
Aqui a referencia não se
PLAUSIBILIDAD lógica dos
valores (em relação a sua
coerência, por exemplo),
mas também para a
PLAUSIBILIDAD no sentido
de que os valores deve Ter
uma relação aceitável com a
realidade.
A consciência histórica tem
uma função pratica: confere
à realidade uma direção
temporal, uma orientação
que pode guiar a ação
intencionalmente, através da
mediação da memória
histórica. Se pode chamar a
esta função “orientação
temporal”. Essa orientação
tem lugar em duas esferas
da vida concernentes a a) a
vida prática e b) a
subjetividade interna dos
atores. A orientação temporal
da vida tem dois aspectos,
um interno e outro externo. O
aspecto externo da
orientação por via da historia
revela a dimensão temporal
da vida pratica, descobrindo
a temporalidade das
circunstancias enumeradas
pela atividade humana. O
aspecto interno da
orientação por via da historia
revela a dimensão temporal
da subjetividade humana,
outorgando auto-
compreensão e
conhecimento das
características temporais
dentro das quais aqueles
tomam a forma de identidade
histórica, ou seja uma
consistência constitutiva das
dimensões temporais da
personalidade humana.
Por meio da identidade
histórica a personalidade
humana expande sua
extensão temporal mas alem
dos limites do nascimento e
da morte, mas alem da mera
3
 4

mortalidade. Via esta fazendo efetiva uma atividade significante-criativa

consciência histórica, uma orientação temporal na vida da consciência histórica. É a
pessoa se faz parte de um prática presente por meio da fundamental “filosofia da
todo temporal mais extenso recordação da realidade historia” ativa dentro das
que o de sua vida temporal. passada. Esta competência atividade significantes-
Assim, então, o rol de um geral relativa a “dar sentido criativas da consciência
membro atual do clã ao passado” pode se definir histórica, que enumera todo
Maclean pressupõe uma em termos dos três pensamento histórico.
identidade familiar histórica elementos que constituem Em termos de nossa
que se pode rastrear no juntos uma narração narração, implica a
antigo período de batalhas histórica: forma, conteúdo e competência para integrar o
entre clãs pela concessão função. Em relação ao acontecimento da mudança
real de um território. Dando conteúdo, se pode falar de dos bebês em um conceito
hoje assistência a Ian “competência para a de tempo que une aquele
Maclonish, afirmamos esta experiência histórica”, em antigo período com o
identidade, que significa ser relação à forma, de presente, dando a este
um Maclean com respeito ao “competência para a complexo uma significação
futuro. Um exemplo mais interpretação histórica” e em de peso histórico para os
familiar de tal “imortalidade relação a função, de Maclean em sua relação com
temporal” (assim pode ser “competência para a os Maclonish. Esta
caracterizada a identidade orientação histórica” concepção pode ser
histórica) é a identidade a) A consciência histórica se materializada na noção da
nacional. As nações as caracteriza pela validade indestrutível do
vezes localizam suas fontes “competência de tratado, ou na evolução do
em um passado imemorial e experiência”. Esta direito de uma forma pré-
antigo e projetam uma competência supõe uma moderna a sua manifestação
perspectiva de futuro habilidade para Ter moderna.
ilimitado que engloba a experiências temporais. c) a consciência histórica,
própria afirmação e Implica a capacidade de finalmente se caracteriza
desenvolvimento nacional. aprender a olhar o passado e pela “competência de
resgatar sua qualidade orientação”. Esta
3. a competência narrativa temporal, diferenciando do competência supõe ser
da consciência histórica presente. Uma forma mais capaz de utilizar o todo
elaborada de tal temporal, com seu conteúdo
a forma lingüística dentro da competência é a de experiência, para os
qual a consciência histórica “sensibilidade histórica. Em propósitos de orientação da
realiza sua função de termos de nossa narração é vida. Implica guiar a ação por
orientação é a da narração. a competência para entender meio das noções da
Desde esta visão, as a pedra na muralha do mudança temporal,
operações pelas quais a castelo Maclean e a articulando a identidade
mente humana realiza a necessidade de prestar humana com o
síntese histórica das atenção a inscrição, quer conhecimento histórico
dimensões de tempo dizer, que contem misturando a identidade na
simultaneamente com as do informação importante para (URDIMBRE=URDIDURA) e
valor e a experiência, se os membros da família. a própria trama concretas do
encontram na narração: o b) a consciência histórica se conhecimento histórico. Em
relato de uma historia. Uma caracteriza posteriormente termos da narração de
vez aclaradas a forma pela “competência de Highlands, supõe-se a
narrativa dos procedimentos interpretação”. Esta habilidade para utilizar a
da consciência histórica e competência é a habilidade interpretação do tratado pra
sua função como meio de para diminuir diferenças de analisar a situação presente
orientação temporal, é tempo entre o passado, o e determinar um curso de
possível caracterizar a presente e o futuro através ação, ou seja, decidir se vai
competência especifica e de uma concepção de um esconder a Ian ou não, ou
essencial da consciência todo temporal significante vai ajuda-lo em qualquer
histórica e sua função como que abarca todas as outra forma e legitimar
meio de orientação temporal, dimensões de tempo. A usando uma “razão histórica
é possível caracterizar a temporalidade da vida boa” relativa a identidade de
competência especifica e humana funciona como um um membro do clã Maclean.
essencial da consciência instrumento principal desta
histórica como “competência interpretação, desta tradução 4. Quatro tipos de
narrativa”. Essa de experiências da realidade consciência histórica
competência pode se definir passada a uma
como a habilidade da compreensão do presente e No item anterior, tentou-se
consciência humana para a expectativas em relação ao explicar as operações
levar a cabo procedimentos futuro. Essa concepção se básicas da consciência
que dão sentido ao passado, descobre na essência da histórica, sua relação com a

Texto de Jom Rüsen 4

Tradução: Isandra Cristiane Ramalho de Aquino
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consciência moral e suas princípios distintos para a Maclean, sentimos um laço

principais competências. A orientação temporal da vida: de obrigação para um antigo
seção final deste escrito trata a) a afirmação das tratado.
da questão do orientações dadas, b) a Em tal aproximação, tanto
desenvolvimento. regularidade dos moldes nossa interpretação do que
As diferentes teorias sobre o culturais e os moldes de vida ocorreu no passado como
desenvolvimento da (Lebensformen), c) a nosso justificativo para
consciência moral elaborada negação e d) a esconder a Ian Maclonish é
e empiricamente confirmada transformação dos modelos “tradicional”. Alguns outros
por pensadores como Piaget, de orientação temática. exemplos dessa “tradição”
Kohlber e outros, são Todos estes são trazidos por são os discursos
habituais na literatura sobre meio da mediação da comemorativos públicos, os
o desenvolvimento cognitivo. memória histórica. monumentos públicos, ou
Minha intenção aqui é propor Há seis elementos e fatores inclusive as histórias
uma teoria análoga do da consciência histórica particulares narradas entre
desenvolvimento através dos quais se podem as pessoas com o propósito
concernente à realidade ou à descobrir estes tipos: 1) seu de conformar sua relação
moral e à atividade através conteúdo, ou seja, a pessoal. Assim, tanto você
de um ato narrativo: o relato experiência dominante do como sua esposa estarão
de uma historia sobre os tempo, trazida desde o “apaixonados” pela narrativa
feitos passados. passado; 2) as formas de que descreve como
Para descobrir as etapas do significação histórica, ou as chegaram a se apaixonar –
desenvolvimento estrutural formas de totalidades se, claro, vocês ainda se
na consciência histórica, é temporais; 3) o modo de amam.
necessário, antes de tudo, orientação externa, As orientações tradicionais
distinguir as estruturas especialmente em relação às apresentam a totalidade
básicas dentro dos formas comunicativas de temporal que faz significante
processos concernentes à vida social; 4) o modo de ao passado e relevante à
construção do sentido orientação interna, realidade presente e a sua
histórico do passado. particularmente em relação à extensão futura como uma
Proponho explicar estas identidade histórica como a continuidade dos modelos de
estruturas básicas na forma essência da historicidade no vida e os modelos culturais
de uma tipologia geral do conhecimento da prescritos mais além do
pensamento histórico. Esta personalidade humana e a tempo.
tipologia abarca autocompreensão; 5) a As orientações tradicionais
conceitualmente o campo relação da orientação guiam externamente a vida
completo de suas histórica com os valores humana por meio de uma
manifestações empíricas, e morais; 6) sua relação com o afirmação das obrigações
por tanto pode se utilizar raciocínio moral (ver tabela que requerem
para o trabalho comparativo 1). consentimento. Essas
em historiografia, incluindo orientações tradicionais
comparações interculturais. Esquema da tipologia definem a “unidade” dos
A tipologia já está implícita grupos sociais ou das
nos quatro modos diferentes a) o tipo tradicional sociedades em seu conjunto,
de argumentação histórica já entretanto mantém o
referidos brevemente em As tradições são elementos sentimento de uma origem
relação ao pedido de Ian indispensáveis de orientação comum.
Maclonish para se esconder dentro da vida pratica, e sua Em relação à orientação
da polícia. Qual é então o negação total conduz a um interna, essas tradições
significado tipológico destes sentimento de desorientação definem a identidade
quatro modos? massiva. A consciência histórica, a afirmação dos
Meu ponto de partida é a histórica funciona em parte modelos culturais
função da narração histórica. para manter vivas essas predeterminados de
Como já se mencionou, essa tradições. autoconfiança e
narração tem a função geral Quando a consciência autocompreensão.
de servir para orientar a vida histórica nos provem de Enumeram a formação da
prática no tempo. Mobiliza a tradições, nos faz recordar identidade como um
memória da experiência as origens e a repetição de processo no qual se
temporal, desenvolvendo a obrigações, fazendo na assumem e se atuam os
noção de um todo temporal forma de sucessos passados roles. A orientação histórica
abarcador, e confere uma de concretização fática que tradicional define à moral
perspectiva temporal interna demonstram o atributo de como tradição. As tradições
e externa à vida prática. validade e obrigatoriedade expressam a moral como
A consciência histórica dos valores e dos sistemas uma estabilidade
realiza esta função geral em de valores. Tal é o caso inquestionável de
quatro formas diferentes, quando, por exemplo, em Lebensformen de modelos
com base em quatro nosso rol de membros do clã de vida de modelos culturais

Texto de Jom Rüsen 5

Tradução: Isandra Cristiane Ramalho de Aquino

mais além do tempo e de
suas vicissitudes.
Em relação ao pensamento
moral, as tradições são
razoes que sustêm e nos ensina as normas, sua
apontam a obrigação moral
dos valores. Se a vida
pratica se orienta
predominantemente em
termos de tradições, a razão
de molda os valores se
encontra na permanência de
sua realidade na vida social,
uma permanência que a
historia ajuda a trazer a
nossa memória.
b) o tipo exemplar
Não são as tradições as que
utilizamos aqui como
argumento, mas também as
regras. A historia das lutas
entre os clãs e a troca dos
dois bebês, exemplificam
aqui uma regra geral
atemporal: nos ensina que
curso de ação tomar e que
devemos evitar fazer.
Aqui a consciência histórica
se refere à experiência do
passado na forma de casos
que representam e pensamento
personificam regras gerais
da mudança temporal e a
conduta humana.
O horizonte da experiência
temporal se descobre
expandida em forma
significante neste modo de
pensamento histórico. A
tradição se move dentro de
um marco de referencia
empírica bastante estreito,
porem a memória histórica
estruturada em termos de
exemplos está aberta para
processos em numero infinito
de acontecimentos
passados, desde o momento
em que estes não possuam
relação com uma idéia
abstrata da mudança
temporal e da conduta
humana, válida para todo o
tempo, ou ao menos cuja
validade não está limitada a
um acontecimento
específico.
O modelo de significação
que nos concerne aqui tem a
forma de regras atemporais.
Nesta concepção se vê a
história como uma
recordação do passado,
como uma mensagem ou
lição para o presente, como
Texto de Jom Rüsen
Tradução: Isandra Cristiane Ramalho de Aquino
algo didático: historiae vitae
maestrae é um apótema
tradicional na tradição
historiográfica ocidental. Ela
derivação de casos
específicos e sua aplicação.
O modo de orientação
realizado pela consciência
histórica neste tipo de
exemplo está enfocado pela
regra: implica a aplicação de
regras provadas e derivadas
historicamente a situações
atuais. Muitos exemplos
clássicos da historiografia
em uma variedade de
culturas diversas refletem
este tipo de significação
histórica. Na antiga tradição
china, o melhor exemplo é o
clássico de Suma-Kuang.
Tzu-chih t’ung-chien (Um
espelho para o Governo).
Seu próprio título indica
como concebe o passado
como exemplo: a moral
política se ensina em forma
de casos de governo que
tiveram êxito ou sucumbiram.
Em relação à orientação
interna da vida, o interpretação que – por meio
histórico
exemplar relaciona os roles
da vida às regras e princípios
e tem como função legitimar
tais roles através do
pensamento abstrato. A
identidade histórica é o
marco dado de prudência
(prudentia). Sua matéria é a
competência dada para
derivar regras gerais de
casos específicos e aplicá-
los a outros casos.
Procedendo deste modo, tal
forma de consciência
histórica faz uma
contribuição significante ao
raciocínio moral. O meio a tudo: um engano dos
pensamento histórico
exemplar revela a moral de
um valor ou de um sistema
de valores, culturalmente
materializados na vida social
e pessoal, através da
demonstração de sua
maioria: ou seja, que tenha
uma validade que se estende
a uma gama de situações.
Se conceitualiza à moral
como possuindo validade
atemporal.
A contribuição deste modo
de interpretação histórica ao
pensamento moral é claro: a
historia ensina o argumento
6
moral por meio da aplicação
de princípios a situações
concretas e especificas – tais
como um golpe na porta por
um membro do clã Maclonish
ao cair da noite.
c) o tipo crítico
O argumento decisivo na
versão critica de nossa
narração é que como um
membro do clã Maclean, nós
não sentimos obrigação
alguma frente ao suposto
atributo do “obrigatório”. Para
nós, é um velho conto que
perdeu toda a relevância
para a ação presente e a
realidade. Entretanto, isto
não é automaticamente
assim: como um Maclean,
somos de certo modo parte
desta história. A antiga pedra
contém certamente sua
inscrição na muralha. Assim,
devemos desacreditar a
historia si não desejamos
ajudar a Ian em sua
desgraça. Devemos
apresentar uma nova
do pensamento histórico –
negue a validade do tratado.
A maneira mais fácil é
declarar que o conto é falso.
Para ser convincentes,
devemos reunir a evidencia e
isso requer que nos torcer a
argumentação histórica
critica estabelecendo que é
plausível a contenção,
entretanto não existem
razoes históricas que
possam motivar-nos a
oferecer-lhe ajuda.
Podemos desenvolver uma
critica ideológica, afirmando
que houve uma treta em
Maclonish para manter aos
Maclean em uma espécie de
dependência moral sobre
eles. Podemos argumentar
também que naquele período
antigo, estava proibido
assassinar bebês, que é o
motivo principal sobre o qual
gira a história. Tal
argumentação se baseia em
oferecer elemento de uma
“contra-narrativa” a aquela
gravada na pedra. Por meio
dessa “contra-narração”
podemos desmascarar uma
historia determinada como
um engano, desprestigia-la
6

como uma informação falsa.
Podemos argumentar
também de outra forma,
afirmando que o tratado
gravado na pedra perdeu
seu valor atual, desde o
momento em que novas
formas do direito surgiram
desde então. Logo podemos
narrar uma “contra-narrativa”
breve, por exemplo, a
historia de como as leis
mudaram com o passar do
tempo.
Quais são as características
gerais de tal modo de
interpretação histórica? Aqui
a consciência histórica busca
e mobiliza uma classe
especifica de experiência do
passado: a evidencia reunida
pelas “contra narrações”,
desvios que fazem
problemáticos aos sistemas
de valores presentes e aos
Lebensformen.
O conceito de uma totalidade
temporal abarcadora que
inclui o passado, o presente
e o futuro se voltam, neste
modo, algo negativo: a
noção de uma ruptura na
continuidade ainda operativa
da consciência. A historia
funciona como a ferramenta
com a que se rompe, “se
destrói”, se decifra tal
continuidade – para que
perca seu poder como fonte
de orientação no presente.
As narrativas deste tipo
formulam pontos de vista
históricos, demarcando-os,
distinguindo-os das
orientações históricas
sustentadas por outros. Por
meio dessas historias criticas
dizemos não às orientações
temporais predeterminadas
de nossa vida.
Em relação a nós e a nossa
própria identidade histórica,
tais historias criticas
expressam uma
negatividade, o que não
queremos ser. Nos
proporcionam uma
oportunidade para definirmos
como não enganados por
roles e formas prescritas,
predefinidas de
autocompreensão. O procedimentos
pensamento histórico-crítico
despeja o caminho para a
constituição da identidade
pela força da negação
Texto de Jom Rüsen
Tradução: Isandra Cristiane Ramalho de Aquino
Sua contribuição aos valores
morais se encontra em sua
critica aos valores. Desafia a
moral apresentando ao seu
contrario. As narrações
críticas confrontam os
valores morais com a
evidencia histórica de suas
origens ou conseqüências
imorais. Por exemplo, as
feministas modernas criticam
o principio da universalidade
moral. Alegam que isso nos
leva a considerar a natureza
do “outro” mas relações
sociais a favor de uma
universalização abstrata dos
valores como condição
suficiente de sua moralidade.
Afirmam que tal
“universalidade” é velho tratado perdeu sua
completamente parcial e
ideológica, servindo para
estabelecer a regra do
homem como a norma
humana geral e que faz caso
omisso da singularidade
através do gênero do homem
e da mulher como condição
necessária da humanidade.
O pensamento histórico
crítico injeta elementos de
argumentação critica ao
pensamento moral. Põe em
questão à moral apontando à
relatividade cultural nos
valores que contrasta com
uma universalidade suposta
e aparente, descobrindo os
fatos de condição temporal
que contrasta com uma
validade atemporal falsa.
Confronta as reclamações de
validade com a evidencia
baseada na mudança
temporal: o relativo poder
das condições e abertas as opções para que
conseqüências históricas.
Em sua variante mais
elaborada, apresenta ao
pensamento moral como
uma critica ideológica da
moral. Dos exemplos
clássicos de tal empresa são
a critica de Marx dos valores
burgueses e a Genealogia
da Moral de Nietzsche.
d) o tipo genético
No centro dos
para dar
sentido ao passado se
encontra em si mesmo a
mudança. Nesta estrutura,
nosso argumento é que “os
tempos mudam”: nos
7
opomos assim à opção de
esconder a Ian devido a
razoes tradicionais ou
exemplares e à opção de
negar criticamente a
obrigação que impõe esta
velha historia como uma
razão para não oculta-la. Ao
contrário, aceitamos a
história, mas a UBICAMOS
em uma estrutura de
interpretação dentro da qual
o tipo de obrigação para
acontecimentos passados
mudou em si mesmo de uma
forma pré-moderna a uma
forma moderna de moral.
Aqui a mudança é a
essência e o que dá a
historia seu sentido. Assim o
primeira validade e tomou
uma nova; em conseqüência,
nosso comportamento
necessariamente difere
agora do que teria que ter
sido no passado distante:
construiu-se dentro de um
processo de
desenvolvimento dinâmico.
Para tanto elegemos ajudar
a Ian Maclonish, mas de
maneira diferente à pré-
figurada no tratado
preservado na pedra da
muralha de nosso castelo.
Permitimos que a história
faça parte do passado,
entretanto, ao mesmo tempo,
concedemos outro futuro. É
a mudança propriamente o
que dá sentido à história. A
mudança temporal se
despojou de seu aspecto
ameaçador e se transformou
no caminho no qual estão
a atividade humana acredite
em um novo mundo. O futuro
supera, sobrepuja
efetivamente ao passado em
seu direito sobre o presente,
um presente conceituado
como uma intersecção, um
nó intensamente temporal,
uma transição dinâmica.
Esta é a forma apurada de
uma espécie de pensamento
histórico moderno
enumerado pela categoria de
progresso, ainda foi ousado
para uma dúvida radical
pelas intimações da pós-
modernidade, pensadas por
certo segmento da elite
intelectual contemporânea.
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Neste modelo a memória superfície de contato de argumentação em relação

histórica prefere representar tempo e feitos, aos valores morais.
a experiência da realidade permanentemente em Esta tipologia se entende
passada como transição. Para seguir sendo como uma ferramenta
acontecimentos mutáveis, o que somos, para nos metodológica e heurística
nos quais as formas de vida evolucionar e mudar, nos para a investigação
e de cultura distantes aparece como um modo de comparativa. Na medida em
evolucionam em autoperda, uma ameaça a que a moral está conectada
configurações “modernas” nossa identidade. Nossa com a consciência histórica,
mais positivas. identidade está em nossa podemos usar esta matriz
Aqui a forma dominante de incessante mudança. tipológica para ajudar a
significação histórica é a do Dentro do horizonte desta categorizar e caracterizar as
desenvolvimento, onde as classe de consciência peculiaridades culturais e as
formas mudam em ordem histórica os valores morais características únicas dos
paradoxalmente, para se temporalizam, a moral se valores morais e os modos
manter seu próprio despoja de sua natureza de raciocínio morais em
desenvolvimento. Assim a estática. O desenvolvimento diferentes épocas e cenários.
permanência toma uma e a mudança pertencem à Desde o momento em que
temporalidade interna, moral dos valores os elementos dos quatro
tornando-se dinâmica. Pelo conceituada em termos de tipos estão operativamente
contrario, a permanência uma pluralidade de pontos mesclados no processo que
através da tradição, pelas de vista e a aceitação da da à vida pratica uma
regras atemporais concreta característica de orientação histórica no
exemplares, pela negação “outro”, do não semelhante, tempo, podemos reconstruir
crítica, isto é, as rupturas da e a mútua aceitação daquele as complexas relações entre
continuidade são todas em “outro”, como a noção estes elementos para
essência de natureza dominante de valorização determinar com precisão e
estática. moral. definir a especialidade
Esta forma de pensamento De acordo com esta estrutural da consciência
histórico vê à vida social em temporalização como um histórica e sua relação com
toda a profusa complexidade princípio, o raciocínio moral os valores morais.
de sua temporalidade depende aqui
absoluta. essencialmente do 5. o desenvolvimento das
Diferentes pontos de vista agrupamento da mudança competências narrativas
podem ser aceitos porque se temporal como necessária
integram em uma ou decisiva para estabelecer Não é minha intenção aqui
perspectiva abarcadora de a validade dos valores focalizar sobre o método
mudança temporal. Voltando morais. Por tanto, um pode comparativo em
a nossa narração, nós como se mover desde a etapa final historiografia. Pelo contrario,
o moderno Maclean ansioso no esquema hohlbergiano do desejo fazer uso da tipologia
de persuadir ao moderno desenvolvimento da para construir uma teoria do
Maclonish de que seria mais consciência moral até o desenvolvimento
sábio para ele se entregar à estádio mais avançado: os ONTOGENETICO da
polícia, e então aceitar nossa princípios morais incluem consciência histórica. Tal
ajuda. Suas expectativas e sua transformação dentro de teoria é familiar desde os
nossa reação devem se um processo de estudos psicológicos sobre o
cruzar. E acreditamos que comunicação. É aqui onde desenvolvimento cognitivo,
esta intersecção é parte da eles se realizam porem segundo o que sei
perspectiva futura que concretamente e não tem havido até agora
derivamos do passado individualmente, nenhuma tentativa seria para
através de nossa decisão no engendrando diferenças: acrescentar esta perspectiva
presente, não para lhe estas, por sua vez ativam psicológica investigando a
oferecer refúgio, mas para procedimentos de consciência histórica e suas
ajuda-lo numa maneira que reconhecimento mútuo, competências cognitivas.
acreditamos está mais de trocando a forma mora Desde o momento em que a
acordo com o TENOR de original. Uma fascinante consciência histórica pode
nossa época: ”conheço um ilustração deste estado da ser conceituada como uma
bom advogado”. argumentação moral, que síntese entre a consciência
Em relação a nossa não se pode elaborar no temporal e moral, poderia se
autocompreensão e contexto deste ensaio, é o supor que desenvolver uma
autoconfiança, este tipo de exemplo de relações entre teoria genética da
consciência histórica os sexos. A idéia dos Direitos consciência histórica fosse
permeia a identidade Humanos Universais é outro um assunto relativamente
histórica com uma exemplo claro que simples. Infelizmente,
temporalização essencial. demonstra a admissão desta entretanto, descobrimos que
Nos definimos estando em forma genética de Piaget e seus seguidores
ponto de cruz, uma têm perseguido a categoria

Texto de Jom Rüsen 8

Tradução: Isandra Cristiane Ramalho de Aquino
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de tempo somente dentro do capacidade para ordenar a temporal para um pluralismo

marco teórico das ciências complexidade. de visões.
naturais, permanecendo de 2. o crescimento em 6. movendo-nos através das
tal modo seu trabalho complexidade pode ser series tipológicas, há uma
basicamente MUDIO especificado e diferenciado complexidade crescente em
respeito a questões da seguindo a ordem relação à identidade
consciência histórica. cronológica das histórica. Começa com a
Para entrar em uma precondições. Assim, a inquestionável forma da
investigação sobre a extensão da experiência e o autocompreensão histórica
consciência histórica e sua conhecimento da realidade impressa pela tradição e que
relação essencial com a passada se expandem se estende para o frágil
consciência moral, é enormemente quando balanço engendrado pelas
necessário primeiramente alguém se move do modo formas genéticas
aclarar as bases, isto é, um tradicional ao exemplar. O multidimensionais e
marco teórico que deve ser tipo crítico requer uma nova multilaterais.
construído e que define o qualificação da experiência Meus argumentos têm sido
campo de ação e explique temporal baseada nas aqui principalmente teóricos,
em termos conceituais quais distinções entre “meu próprio porem me parece que há
são as questões básicas a tempo” e “o tempo dos certa quantidade de
analisar. Sou da opinião de outros”. Finalmente, o tipo evidencia empírica para
que a tipologia acima genético vai, inclusive mais sustentar a hipótese de que
esquematizada pode servir além desta qualidade pela a consciência histórica segue
efetivamente a tal propósito. temporalização do tempo em a ordem tipológica
Isto é assim porque revela e si mesmo, isto é, “meu esquematizada aqui em sua
define fundamentalmente os próprio tempo” é dinâmico, evolução.
procedimentos da mutante, instável, assim 7. As observações diárias
consciência histórica, como “o dos outros”. demonstram que os modos
incluindo dando algumas 3. Há também um tradicionais e exemplares de
noções básicas do que crescimento em consciência histórica estão
poderia implicar o complexidade com respeito bastante estendidos e se
desenvolvimento da às formas de significação podem descobrir com
consciência histórica. histórica. Não existe uma freqüência; os modos críticos
Que conceitos de diferença relevante entre e genéticos, pelo contrario,
desenvolvimento podem de feito e significado na forma são mais raros. Este feito se
fato ser derivados da da consciência histórica correlaciona com o grau de
tipologia? Podemos nos tradicional. Divergem na educação e conhecimentos e
aproximar a uma resposta consciência histórica com o progresso do intelecto
ordenando logicamente os exemplar. Na forma critica, o humano para competências
tipos em uma seqüência significado em si mesmo mais complexas.
definida pelo principio da muda, intensificando-se mais 8. A experiência de ensinar
precondição? ainda em uma complexa historia em escolas indica
O tipo tradicional a) é diferenciação dentro do tipo que as formas tradicionais de
primário e não pressupõe genético. pensamento são mais fáceis
outras formas de consciência 4. Isto é igualmente certo de aprender, a forma
histórica, entretanto constitui quando vai ao grau de exemplar domina a maior
a condição para os outros abstração e complexidade parte dos currículos de
tipos. É a fonte, o começo da das operações lógicas. historia, as competências
consciência histórica. A 5. Existe também uma criticas e genéticas requerem
seqüência lógica de tipos, no crescente complexidade da um grande esforço por parte
entanto cada um é a orientação externa, que se do docente e do aluno.
precondição para o próximo, pode demonstrar pela
é como segue: tradicional, maneira em que a 6. Observações empíricas
exemplar, crítico, genético. consciência histórica sobre o aprendizado
Ainda que está seqüência caracteriza a vida social, as histórico e a investigação
está baseada em critérios tradições são exclusivistas, empírica.
lógicos, pode ter aplicações apresentam seus próprios
empíricas e existe razão modos de vida e de cultura Como resumo eu gostaria de
para supor que é também como os Lebensformen voltar à questão do
uma seqüência estrutural no unicamente aceitável. O aprendizado histórico. O
desenvolvimento da pensamento exemplar aprendizado pode ser
consciência histórica. amplia isto através da conceituado como um
1. primeiramente, a generalização, enquanto que processo de digestão de
seqüência implica uma o pensamento crítico elabora experiências, absorvendo-o
crescente complexidade. As pontos de vista e baixo a forma de
etapas na evolução humana delimitações baseadas na competências. A
também podem ser descritas critica. O pensamento aprendizagem da história é
em termos de uma crescente genético aclara a base um processo de digestão de

Texto de Jom Rüsen 9

Tradução: Isandra Cristiane Ramalho de Aquino
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experiências do tempo em tradicionais de pensamento histórica não é a extensão do

formas de competências aos modos genéticos. conhecimento implícito, mas
narrativas. A “competência Assim a tipologia oferece bem mais o marco de
narrativa” se entende aqui uma base para uma teoria referencia e os princípios
como a habilidade para útil e diferente do operativos que dão sentido
narrar uma historia pela qual aprendizado histórico. Tal ao passado.
a vida pratica recebe uma teoria combina três Como se pode encontrar
orientação no tempo. Esta elementos centrais da estes na evidencia empírica?
competência consiste em competência narrativa Há uma aproximação básica
três habilidades principais: 1) (experiência, interpretação, e extra ativamente
a habilidade da experiência, orientação) e quatro etapas orientada? Permita às
relacionada com a realidade de seu desenvolvimento. pessoas relatar narrações
passada; 2) a habilidade de Esta teoria pode ser de certa que são relevantes para a
interpretar, relacionada com significação para a teoria do orientação temporal de suas
o todo temporal que combina desenvolvimento da própria vidas, e logo analise
a) a experiência do passado consciência moral e o as estruturas narrativas de
com b) a compreensão do aprendizado moral. tais histórias. Tal
presente e c) as expectativas Infelizmente a teoria investigação busca
concernentes ao futuro; e 3) somente não basta para estabelecer respostas a
a habilidade de orientação analisar as espinhosas perguntas como: que tipo (na
relacionada com a questões da consciência tipologia) parece seguir esta
necessidade prática de histórica e moral. A prova da narração? Há alguma
descobrir um caminho teoria está em amontoar relação entre o tipo
através dos estreitos e muita evidencia empírica que dominante e a idade do
remansos da mudança sustente suas teses e aqui narrador? Que há de seu
temporal. se necessita muito trabalho nível de educação?
Em termos teóricos, não é de investigação. Houve Os experimentos empíricos
difícil explicar o somente alguns trabalhos foram recentemente
desenvolvimento da isolados de investigação analisados usando esta
consciência histórica como empírica até agora sobre a aproximação em relação a
um processo de aprendizagem da historia e a historia das Highlands. Os
aprendizado. O aprendizado consciência histórica e me é alunos e estudantes
é conceituado em seu marco familiar uma focalização souberam o conto do clã
de referencia como uma especial sobre a relação Maclean e do clã Maclonish
qualidade especifica dos entre o aprendizado e a em uma versão altamente
procedimentos mentais da consciência histórica moral. “neutral”. Souberam a
consciência histórica. Tais Uma investigação desta situação atual de Maclean e
procedimentos são natureza enfrenta foram questionados que
chamados “aprendizado” formidáveis obstáculos, em fariam em relação ao pedido
quando as competências são especial a intrincada de ajuda de Maclonish,
adquiridas para a) complexidade da consciência escrevendo uma curta
experimentar o tempo histórica e suas quatro justificativa de sua decisão
passado, b) interpretar-lo na competências. Os quatro que contenha uma referencia
forma de historia e c) utilizar- tipos aqui presentes não são especifica ao motivo das
lo para um propósito pratico estreitas alternativas, crianças trocadas. Estes
na vida diária. permitindo qualquer reconto textos foram analisados logo
Utilizando a tipologia, o simples de sua distribuição em relação às formas de
aprendizado histórico pode nas manifestações da interpretação histórica que
explicar-se como um consciência histórica, eles utilizaram.
processo de mudança normalmente os tipos Empiricamente, os quatro
estrutural na consciência aparecem em misturas tipos foram desde logo
histórica. O aprendizado complexas, e é necessário distinguidos e se provou
implica muito mais que o descobrir sua ordem inclusive diferenciar, mas
simples adquirir de hierárquica e inter relação agudamente estes tipos
conhecimento do passado e em qualquer manifestação básicos da tipologia.
a expansão do mesmo. Visto dada da consciência Estabeleceu-se que havia
como um processo pelo qual histórica. Não obstante, a uma significativa correlação
as competências se tipologia pode dirigir nossa entre as formas narrativas
adquirem progressivamente, atenção e funciona usadas, a idade dos alunos e
emerge como um processo heuristicamente definindo seu nível de educação e
de mudança de formas questões e preparando aprendizado alcançado.
estruturais pelas quais estratégias pra a utilização Isto constitui só um exemplo
tratamos e utilizamos as em estudos empíricos. Tal limitado de investigação
experiências e conhecimento tipologia imprime a idéia aos empírica e as perguntas não
da realidade passada, investigadores de que, o que foram analisadas em relação
passando de formas é importante descobrir em ao componente moral da
relação à consciência consciência histórica. Não

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obstante, sustentaria que

qualquer discussão sobre os
valores morais e o raciocínio
moral devera tentar se
relacionar às dimensões
associadas da consciência
histórica e o aprendizado da
historia.

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